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DO CÃO & DO GATO Radiografia e Ultrassonografia J. KEVIN KEALY HESTER MCALLISTER JOHN P. GRAHAM TRADUÇÃO DA 5 a EDIÇÃO VD AD VE AE

J. KEVIN KEALY CAllister • JoHn P. GrAHAM KEALY …elseviersaude.com.br/wp-content/uploads/2012/09/Kealy-e-sample.pdf · ao conhecimento de estudantes e clínicos veterinários

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DO CÃO & DO GATO

Radiografia e Ultrassonografia

J. KEVIN KEALY

HESTER MCALLISTER

JOHN P. GRAHAM

TRADUÇÃO DA 5a EDIÇÃO

VD

AD

VEAE

Radiografia e U

ltrassonografiaD

O C

ÃO

& D

O G

ATO

5a EDIÇÃO

KEALY

MCALLISTER

GRAHAM

Compreenda facilmente as mais avançadas técnicas de diagnóstico por imagem e suas interpretações.

Escrito pelos especialistas veterinários J. Kevin Kealy, Hester McAllister e John P. Graham, esta obra traz os princípios da radiologia e da ultrassonografia diagnósticas, incluindo instruções claras e com-pletas sobre a interpretação dos exames de imagem. Mostra a anatomia normal dos sistemas orgânicos, e, em seguida, descreve os sinais radiográficos de alterações sistêmicas. O livro também traz descrições de achados ultrassonográficos em muitas doenças que acometem cães e gatos. Atualizado com as mais recentes técnicas digitais, tomografia computadorizada, ressonância magnética e medicina nuclear, e analisando como evitar erros comuns de interpretação, este livro é o que você precisa para aprimorar suas habilidades de planejamento diagnóstico e terapêutico!

Inclui:

• Capítulos totalmente atualizados, com os mais recentes avanços das técnicas de diagnóstico por ima-gem, inclusive shunts portossistêmicos, Doppler colorido, cintilografia de tireoide, tomografia computa-dorizada e radiografia digital.• Mais de 500 radiografias e ultrassonografias detalhadas, ilustrando princípios, ampliando a compre-ensão e ajudando você a interpretar as imagens de forma mais precisa.• A anatomia e o aspecto normal de cada sistema orgânico são mostrados, de modo que você possa iden-tificar alterações, como as provocadas por traumatismos ou doenças.• A abordagem sobre as doenças mais associadas a cada sistema orgânico ajuda você a interpretar pro-blemas comuns e incomuns.• Discussão dos princípios e procedimentos radiográficos, inclusive densidade, contraste, detalhamento e técnicas, para que você possa obter radiografias de alta qualidade, necessárias a um diagnóstico preciso.• Sinais clínicos ajudam você a definir o diagnóstico.

DO CÃO & DO GATO

Radiografia e Ultrassonografia

J. KEVIN KEALY • Hester MCAllister • JoHn P. GrAHAM

TRADUÇÃO DA 5a EDIÇÃO

Classificação Recomendada

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

RADIOLOGIA E ULTRASSONOGRAFIA DE PEQUENOS ANIMAIS

www.elsevier.com.br/veterinaria

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Radiografi ae Ultrassonografi a

do Cão e do Gato

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Radiografi a e Ultrassonografi a

do Cão e do Gato 5 a Edição

J. Kevin Kealy,MVB, MVM, MRCVS, DVR, DECVDI (Hon)

Professor Emeritus Former Professor and Head Department of Veterinary Surgery and Companion Animal Medicine University College Dublin Dublin, Ireland; Former Head of Radiology Iowa State University Ames, Iowa; Sometime Visiting Professor Oregon State University Corvallis, Oregon

John P. Graham,MVB, MSc, DVR, MRCVS, DACVR, DECVDI

Affi liated Veterinary Specialists Maitland, Florida

Hester McAllister,MVB, MRCVS, DVR, DECVDI

Lecturer in Veterinary Diagnostic Imaging University Veterinary Hospital School of Veterinary Medicine University College Dublin Dublin, Ireland

com mais de 500 ilustrações

C0045.indd 3C0045.indd 3 1/10/12 8:38:24 AM1/10/12 8:38:24 AM

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© 2012 Elsevier Editora Ltda. Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Saunders – um selo editorial Elsevier Inc. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação ou quaisquer outros. ISBN: 978-85-352-4510-3

Copyright © 2011, 2005, 2000, 1987, 1979 by Saunders, an imprint of Elsevier Inc. This edition of Diagnostic Radiology and Ultrasonography of the Dog and Cat, fi fth edition, by J. Kevin Kealy, Hester McAllister, John P. Graham, is published by arrangement with Elsevier Inc. ISBN: 978-1-4377-0150-0

Capa Folio Design

Editoração Eletrônica Thomson Digital

Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras

Rua Sete de Setembro, n° 111 – 16° andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Rua Quintana, n° 753 – 8° andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP

Serviço de Atendimento ao Cliente 0800 026 53 40 [email protected]

Consulte também nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br

Nota

Como as novas pesquisas e a experiência ampliam o nosso conhecimento, pode haver necessidade de alteração dos métodos de pesquisa, das práticas profi ssionais ou do tratamento médico. Tanto médicos quanto pesquisadores devem sempre basear-se em sua própria experiência e conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações, métodos, substâncias ou experimentos descritos neste texto. Ao utilizar qualquer informação ou método, devem ser criteriosos com relação a sua própria segurança ou a segurança de outras pessoas, incluindo aquelas sobre as quais tenham responsabilidade profi ssional.

Com relação a qualquer fármaco ou produto farmacêutico especifi cado, aconselha-se o leitor a cercar-se da mais atual informação fornecida (i) a respeito dos procedimentos descritos, ou (ii) pelo fabricante de cada produto a ser administrado, de modo a certifi car-se sobre a dose recomendada ou a fórmula, o método e a duração da administração, e as contraindicações. É responsabilidade do médico, com base em sua experiência pessoal e no conhecimento de seus pacientes, determinar as posologias e o melhor tratamento para cada paciente individualmente, e adotar todas as precauções de segurança apropriadas.

Para todos os efeitos legais, nem a Editora, nem autores, editores, tradutores, revisores ou colaboradores, assumem qualquer responsabilidade por qualquer efeito danoso e/ou malefício a pessoas ou propriedades envolvendo responsabilidade, negligência etc. de produtos, ou advindos de qualquer uso ou emprego de quaisquer métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no material aqui publicado.

O Editor

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

K33r Kealy, J. Kevin Radiologia e ultrassonografi a do cão e do gato / J. Kevin Kealy, H. McAllister, J. Graham ; [tradução de Renata Scavone de Oliveira... et al .]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2012. 594p. : il. ; 28 cm

Tradução de: Diagnostic radiology and ultrasonography of the dog and cat Inclui bibliografi a e índice ISBN 978-85-352-4510-3

1. Radiografi a veterinária - Manuais, guias, etc. 2. Ultrassonografi a veterinária - Manuais, guias, etc. 3. Cão - Anatomia. 4. Gato - Anatomia. I. McAllister, H. II. Graham, J. III. Título.

11-8165. CDD: 636.089611 CDU: 636.029:616-073 01.12.11 08.12.11 031858

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Revisão Científi ca e Tradução Supervisão da Revisão Científi caCarla Aparecida Batista Lorigados Professora Doutora da Disciplina de Diagnóstico por Imagem do Curso de Medicina Veterinária das Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo Doutora em Cirurgia pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Mestre em Clínica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Residência em Clínica Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Graduada em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP)

Revisão Científi ca Brenda de Castro Navarro (Cap. 3 [parte]) Médica Veterinária dos Setores de Ultrassonografi a e Tomografi a Computadorizada do Instituto Veterinário de Imagem

Carla Aparecida Batista Lorigados (Índice) Professora Doutora da Disciplina de Diagnóstico por Imagem do Curso de Medicina Veterinária das Faculda-des Metropolitanas Unidas, São Paulo Doutora em Cirurgia pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Mestre em Clínica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Residência em Clínica Cirúrgica pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Graduada em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP)

Carolina de Oliveira Ghirelli (Cap. 2 [parte]) Mestre em Clínica Cirúrgica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Professora da Disciplina de Diagnóstico por Imagem da Universidade Santo Amaro

Cláudia Matsunaga Martín (Cap. 2 [parte]) Médica Veterinária e Mestre em Clínica Cirúrgica (Ênfase em Diagnóstico por Imagem) pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Coordenadora do Curso de Especialização em Diagnóstico por Imagem em Veterinária da ANCLIVEPA-SP

Flávio Augusto Marques dos Santos (Cap. 6) Professor da Disciplina de Diagnóstico por Imagem da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi-Morumbi e Universidade de Guarulhos Mestre pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP - Botucatu

Gabriela Paola Ribeiro Banon (Caps. 1 e 5 [parte]) Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP)

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Gabriela Silva Rodrigues (Caps. 4 e 5 [parte]) Médica Veterinária Graduada pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mestre em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Especializada em Radiodiagnóstico

Luciana Fortunato Burgese (Cap. 3 [parte]) Mestre em Cirurgia Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) Doutoranda em Clínica Cirúrgica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universi-dade de São Paulo (USP) Médica Veterinária do Serviço de Radiologia do Núcleo Diagnóstico Veterinário, SP Professora da Disciplina de Diagnóstico por Imagem do Curso de Medicina Veterinária da Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (SP)

Tradução

Eduardo Kenji Nunes Arashiro (Caps. 1, 6) Mestre em Medicina Veterinária (Clínica e Reprodução Animal) pela Universidade Federal Fluminense (UFRJ) Doutorando em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Fernanda Fidelis Gonsales (Cap. 5) Graduada em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ USP) Mestranda do Departamento de Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ USP)

Janaína de Lima Georgii (Cap. 2) Doutoranda em Ciências Morfológicas – PCM, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Laboratório de Imunofarmacologia Mestre em Ciências, Programa de Pós-Graduação em Biologia Humana e Experimental – BHEx, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Laboratório de Reparo Tecidual

Renata Scavone de Oliveira (Caps. 3, 4) Médica Veterinária Formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) Doutora em Imunologia pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP)

Sylvio Cláudio Neto (Índice) Mestrando da Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental

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Aos nossos alunos, de ontem e de hoje.

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Da University College Dublin, Cliona Skelly, Emma Tobin, Antonella Puggioni, Eloisa Terzo, Sarah Acton, Frances O’Leary, Catherine D’Helft e Joan Dalton foram generosos com sua paciência, tempo e esforço.

Auxílio valioso foi também dado por Manuel Pinilla, Jan Butler, Aidan Kelly, Terry McCreery e John Kealy. Nos Estados Unidos, agradecemos aos colegas da Iowa State University e da University of Pennsylvania. Em

particular, somos gratos ao Dr. Clifford R. Berry, ao Dr. Scott Tidwell, ao Dr. Eric Ferrell, e especialmente à Dra. Susan Randell, da Affi liated Veterinary Specialists, Flórida.

Somos também gratos, pela paciência, incentivo e apoio contínuos, a Joan Kealy e a toda a família Kealy.

Por fi m, nossos sinceros agradecimentos a todos que nos auxiliaram nas edições anteriores, e a Tony Winkel, Carrie Stetz e a toda a equipe da Elsevier, que orientaram este trabalho até a sua conclusão.

Agradecimentos

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Os desenvolvimentos contínuos das técnicas de diagnóstico por imagem e a crescente disponibilidade de equi-pamentos mais sofi sticados levaram à produção de mais uma edição desse trabalho. Muitas imagens foram substituídas, e imagens novas foram adicionadas. O texto foi extensamente revisto e ampliado. O propósito que norteou a criação do livro desde sua primeira edição permanece inalterado – fazer uma exposição simples e prática sobre os princípios básicos da interpretação de imagens e apresentá-la de modo que possa ser facil-mente compreendida e assimilada. Esperamos que esta versão revista seja satisfatória e que acrescente muito ao conhecimento de estudantes e clínicos veterinários de animais de pequeno porte.

Apresentação

J. Kevin Kealy H. McAllister

J. Graham

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1 A Radiografi a, 1 Densidade e Opacidade, 1 Contraste, 5 Fatores que Afetam a Qualidade da Imagem, 5 Alterações Radiológicas, 5 Projeções Padrões, 5 Direção do Feixe, 6 Técnica, 6 Meios de Contraste, 7 Visualizando a Radiografi a, 7 Tomografi a Computadorizada, 8 Ultrassonografi a, 10

2 O Abdome, 23 A Cavidade Abdominal, 23 A Parede Abdominal, 33 O Espaço Retroperitonial, 36 O Fígado, 38 A Vesícula Biliar, 49 O Baço, 50 O Pâncreas, 57 O Trato Digestivo, 65 O Esôfago, 65 O Estômago, 75 O Intestino Delgado, 94 O Intestino Grosso, 110 As Glândulas Adrenais, 123 O Sistema Urinário, 126 Os Rins, 126 Os Ureteres, 143 A Bexiga Urinária, 148 A Uretra, 169 O Trato Genital Masculino, 172 O Pênis, 172 Os Testículos, 172 A Próstata, 175

Sumário

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Sumárioxii

O Trato Genital Feminino, 181 O Útero, 181 Os Ovários, 191 A Vagina, 192 A Glândula Mamária, 192

3 O Tórax, 199 A Faringe, a Laringe e o Aparato Hioide, 199 A Traqueia, 202 A Cavidade Torácica, 208 A Pele, 208 Os Brônquios, 217 Os Pulmões, 221 O Diafragma, 249 A Pleura, 257 O Mediastino, 270 A Parede Torácica, 278 A Coluna, 279 As Costelas, 279 O Esterno, 279 O Sistema Cardiovascular, 282

4 Ossos e Articulações, 351 Ossos, 351 Articulações, 360

5 O Crânio e a Coluna Vertebral, 447 O Crânio, 447 As Cavidades Nasais, 464 Os Seios Paranasais, 468 O Sistema Auditivo, 472 O Olho, 478 Os Dentes, 480 As Glândulas Salivares, 486 Os Ductos Nasolacrimais, 487 O Cérebro, 487 A Coluna Vertebral, 496 Os Discos Intervertebrais, 513

6 Tecidos Moles, 543 Calcifi cação (Mineralização), 543 Fístula Arteriovenosa, 543 Planos Fasciais, 543 Afecções do Tecido Mole, 544 Tecidos Moles Cervicais, 545 Glândula Tireoide, 545 As Glândulas Paratireoides, 547 Os Músculos, 548 Linfonodos, 550 Aspiração e Biópsia Guiadas por Ultrassonografi a, 551

Índice, 563

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A CAVIDADE ABDOMINAL A cavidade abdominal é revestida pelo peritônio parietal, que é contínuo ao peritônio visceral, que recobre as vísce-ras. O peritônio é recoberto por uma fi na camada de líquido. O espaço entre o peritônio parietal e o visceral é normalmente um espaço virtual. O mesentério e o omento são partes do peritônio. O espaço retroperitonial é a área dorsal ao peritônio e ventral aos músculos sublombares. Os rins estão alojados no espaço retroperitonial.

A visualização dos órgãos abdominais depende dos seguintes fatores, tomados isoladamente ou em combi-nação: 1. Diferenças na opacidade entre um órgão e outro. 2. A quantidade de gordura — retroperitonial, mesenté-

rica e omental — presente no interior do abdome. Ani-mais magros ou muito novos com pouca gordura abdominal apresentam baixo contraste.

3. Os conteúdos dos órgãos abdominais variam quanto à densidade e, consequentemente, à opacidade. Tais con-teúdos, como ar ou gás no estômago, ou fezes no cólon, podem ajudar a delinear os órgãos. Todos os órgãos intra-abominais têm uma opacidade de

tecido mole ou água. Um órgão não contrasta bem com outro. As gorduras intra-abdominal e perirrenal propor-cionam algum contraste. Não se considerando as anoma-lias do desenvolvimento, mudanças no interior do abdome são causadas por processos fi siológicos ou patológicos. Esses processos são refl etidos como mudanças na opaci-dade, no tamanho, na forma ou na posição das estruturas intra-abdominais. Uma estrutura normal pode estar des-locada por uma anormal ou por uma estrutura normal que tenha aumentado de tamanho como resultado de uma alteração fi siológica. Distúrbios funcionais raramente podem ser avaliados em radiografi as simples. Para demonstração de detalhes no interior do abdome, frequen-temente são necessários procedimentos especiais com con-traste e ultrassonografi a.

Radiografi a As projeções padrões usadas no estudo do abdome são: laterolateral direita, laterolateral esquerda e ventrodorsal. A projeção dorsoventral não é comumente utilizada, por-que, quando o paciente está em decúbito esternal, as vís-ceras são comprimidas e muitas vezes irregularmente deslocadas. Às vezes, pode-se utilizar uma projeção lateral em estação, especialmente se houver suspeita de acúmulo

de líquido peritonial. Deve-se lembrar, no entanto, que nenhum nível líquido será visto a menos que haja um pneumoperitônio (gás na cavidade peritonial) concomi-tante. Projeções oblíquas são úteis em determinadas cir-cunstâncias em que é necessário examinar o esôfago, o estômago, o cólon ou a bexiga com mais detalhes do que o possível em projeções padrões. Para projeções laterais, deve-se apoiar o esterno em almofadas de espuma radio-transparente para mantê-lo no mesmo nível horizontal da coluna vertebral. Os membros pélvicos devem ser estendi-dos caudalmente a uma distância sufi ciente para evitar que os músculos da coxa se sobreponham ao abdome cau-dal. O feixe de raios-X deve ser colimado para incluir o diafragma e a entrada da pelve. Nas projeções ventrodor-sais, em que dobras de pele inguinais podem projetar notáveis sombras, pode ser preferível a posição em “pata de rã” (“frog leg”), com os membros fl exionados e os mem-bros posteriores estendidos caudalmente. Contenção quí-mica pode ser necessária para animais que não cooperam, em ambientes nos quais as normas de radiação local impe-dem a contenção manual.

Devido ao fato de o grau de contraste entre os vários órgãos abdominais ser pequeno, é essencial que sejam pro-duzidas radiografi as de boa qualidade para que se obte-nha o máximo de informações. A preparação adequada do paciente e boa técnica radiográfi ca são importantes. Fato-res de exposição em que se utiliza uma quilovoltagem baixa aumentam o contraste da radiografi a.

Em casos eletivos, o paciente deve estar em jejum por, pelo menos, 12 horas antes da investigação. É permitida a ingestão de água. O uso de um catártico leve, adminis-trado no dia anterior ao exame, é útil. Se a região de inte-resse for o trato gastrointestinal, é melhor não administrar um enema inicialmente, porque isso pode causar altera-ções signifi cativas na imagem radiográfi ca. Um enema pode ser feito após a realização dos estudos convencionais iniciais. Recomendam-se enemas de solução salina isotô-nica. A temperatura do líquido do enema deve ser inferior à temperatura corporal. Essa temperatura menor ajuda a causar a expulsão da maior parte do gás que permaneceria no cólon se fosse administrado um enema mais quente.

Avaliação da Radiografi a Abdominal 1. Uma boa radiografi a abdominal deve mostrar as

estruturas no abdome cranial e caudal e a parede abdominal.

O Abdome

C A P Í T U L O

dois

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Capítulo 2 ■ O Abdome24

2. Deve haver uma boa variação de contraste para que as várias estruturas abdominais possam ser distinguidas umas das outras.

3. As gorduras falciforme e retroperitonial devem ser identifi cáveis.

4. Os corpos das vértebras devem ser nitidamente deli-neados e a densidade óssea claramente identifi cável.

5. O fi lme não deve ser nem superexposto nem subex-posto. Para se determinar a espessura do abdome quando se

utiliza uma tabela técnica, a medição deve ser feita no local de maior profundidade, geralmente sobre a caixa torácica caudal. A exposição deve ser feita durante a pausa expira-tória. Uma grade deve ser usada para animais cujo abdome tenha uma espessura de 10 cm ou mais. Em animais de tórax profundo na projeção ventrodorsal, a visualização

dos órgãos abdominais é frequentemente insatisfatória, devido à grande variação entre a área da caixa torácica e a área da entrada da pelve.

Aspectos Normais Na avaliação radiográfi ca do abdome, o diafragma, a parede abdominal, o estômago, o intestino delgado, o intestino grosso, o fígado e a bexiga urinária geralmente podem ser reconhecidos. Na projeção ventrodorsal e no decúbito lateral direito, o baço também costuma ser iden-tifi cado. Os rins podem ou não estar evidentes, depen-dendo da quantidade de gordura perirrenal presente. O rim esquerdo é visto na maioria dos cães, enquanto apenas o polo caudal do direito costuma ser visível. O contorno completo de ambos os rins geralmente é visto em gatos. O osso peniano é visibilizado em cães machos. O prepúcio

A

C

B

8

8

4

1

2

2

1

3

4

8

8 6

6

D

2

2

1

1 60

4

47

6

388

5

68

Figura 2-1 A e B, Projeções ventrodorsais de um abdome normal. C e D , Projeções laterais de um abdome normal ( B e D : 1 , Estômago; 2 , fígado; 3 , baço; 4 , rins; 5 , bexiga urinária; 6 , cólon; 7 , ceco; 8 , intestino delgado).

C0010.indd 24C0010.indd 24 1/6/12 8:25:50 AM1/6/12 8:25:50 AM

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Capítulo 2 ■ O Abdome 25

do cão macho é geralmente visibilizado por causa do ar que o circunda, e os mamilos das fêmeas, pela mesma razão, também são frequentemente evidenciados. A prós-tata pode ser identifi cada se houver gordura intrapélvica sufi ciente circundando-a. A posição e o aspecto das vísceras normais podem variar com a postura do animal, sua con-formação, movimentos respiratórios, e pela quantidade de conteúdo alimentar presente no tubo digestório ( Fig. 2-1 ).

Ultrassonografi a O ultrassom abdominal é geralmente realizado como uma técnica complementar à radiografi a. A combinação de ambas as modalidades de imagem resulta em mais infor-

mação quanto ao tamanho, à forma e à posição dos órgãos. Além disso, a ultrassonografi a fornece informações preci-sas sobre o contorno e a arquitetura dos tecidos.

A ultrassonografi a pode ser realizada sobre qualquer parte da parede abdominal; os únicos obstáculos seriam ossos e estruturas repletas de gás, os quais devem ser evi-tados. Para a realização de um exame geral, é necessária uma abordagem sistemática. A menos que um transdutor de alta frequência seja utilizado, a parede abdominal não será nitidamente discernível.

A contenção química raramente é necessária, exceto quando estiver presente dor abdominal grave. Os decúbi-tos lateral e dorsal são opções, mas o decúbito dorsal é a

GE

F

H

Figura 2-1, cont. E, Abdome normal de um fi lhote. O contraste é escasso neste fi lhote de 3 meses de vida. F , Sombras normais dos mamilos. G e H , Abdome normal de um cão macho. G Decúbito lateral direito e H Radiografi a ventrodorsal de um abdome normal de um cão macho. Uma quantidade moderada de alimento está presente no estômago, que indica a margem caudal do fígado. O ceco é um segmento do intestino em formato de C preenchido de gás visualizado no abdome médio na radiografi a lateral e no abdome médio direito na radiografi a ventrodorsal. Em G , o rim esquerdo é delineado por gordura. O rim direito não é visualizado, pois está ocultado pela sobreposição do cólon. A cauda do baço aparece como uma estrutura de tecido mole fi na, alongada e fusiforme no abdome médio.

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Capítulo 2 ■ O Abdome26

*

*

K

J

BU

L

I

*

Figura 2-1, cont. I a L , uma série de imagens tomográfi cas mostrando as relações anatômicas normais das estruturas abdominais. O lado direito do abdome está no lado esquerdo da imagem. I , Uma imagem tomográfi ca transversa do abdome cranial em um cão normal é exibida em uma janela de tecidos moles. O fígado tem uma atenuação relativamente uniforme, mas a vesícula biliar e seu conteúdo é hipoatenuante quando comparada ao fígado. As veias hepáticas são ligeiramente hipoatenuantes quando comparadas ao tecido hepático. Note também a gordura falciforme ( seta ) ventralmente ao fígado e à vesícula biliar ( asterisco ). Um pequeno volume de líquido está presente no esôfago torácico caudal pouco ventral ao corpo vertebral, e uma interface ar-líquido é visualizada. Esse não é um achado incomum. O paciente foi examinado em decúbito dorsal. J , Imagem tomográfi ca transversa do abdome de um cão normal na altura da pelve renal esquerda. O tecido renal tem uma atenuação uniforme. É visualizada gordura no hilo renal ( seta ) circundando a pelve renal e os vasos renais. Parte do baço está visível ventral-mente e à esquerda do rim esquerdo. Existe um defeito no lado esquerdo da vértebra, resultante de uma cirurgia espinhal prévia. K , Imagem tomográfi ca transversa do abdome na altura do hilo esplênico. O polo cranial do rim direito ( asterisco ) é em parte visualizado, circundado pela fossa renal do lobo caudado do fígado ( setas ). A cabeça do baço está dobrada medialmente no abdome esquerdo. L , Imagem tomográfi ca trans-versa do abdome de um cão normal na altura das cristas ilíacas. O cólon contém material de atenuação mista e múltiplas pequenas bolhas de gás no centro da imagem. Ele está situado dorsalmente à bexiga urinária e empurra a borda dorsal da bexiga urinária. A urina no interior da bexiga urinária (BU) é ligeiramente hipoatenuante quando comparada à parede da bexiga urinária. Note também as artérias e veias ilíacas externas ( setas ) dorsal e lateral ao cólon e ventral aos músculos iliopsoas.

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Capítulo 2 ■ O Abdome 27

posição habitual. O posicionamento em decúbito lateral esquerdo evita o aumento de gás para a região fúndica do estômago. Quando se utiliza o decúbito lateral, o paciente deve ser virado de um lado para outro para permitir o exame do abdome inteiro. O exame em decúbito lateral, realizado pelo lado apoiado, com apoio em uma mesa ou plataforma cortada, é usado em alguns casos porque a imagem do lado apoiado sobre a mesa ajuda a evitar áreas com gás gastrointestinal. Cães de grande porte podem ser examinados com o animal em estação. O pelo é tosado rente à pele e um gel de acoplamento acústico é aplicado na pele. Recomenda-se a limpeza da pele com álcool, para melhorar a qualidade da imagem. Entretanto, o uso do álcool na pele recém-tosada pode causar desconforto. A ultrassonografi a abdominal pode ser solicitada para o exame de um órgão específi co ou para um exame geral. A área de preparação da pele varia conforme o propósito do estudo.

Para cães de pequeno e médio porte, um transdutor de 5 a 10-MHz será adequado. Para raças grandes e gigantes será necessário um transdutor de 3,5 a 5-MHz. O exame das estruturas no abdome cranial pode exigir um acesso intercostal, e um transdutor com superfície de contato pequena será necessário para evitar as costelas.

Os planos de corte habituais são o transverso, um corte transversal através do corpo, e o sagital ou corte longitu-dinal paralelo à coluna vertebral. Como muitos órgãos são um tanto móveis, os planos de orientação se relacio-narão com o órgão sob exame. Órgãos como os rins mui-tas vezes precisam de um terceiro plano de corte chamado dorsal . Esse plano requer uma orientação do transdutor na direção craniocaudal, porém alinhado à parede direita ou esquerda do abdome. Por convenção, o que for cranial em relação ao animal será exibido no lado esquerdo da imagem.

Anormalidades Massas abdominais . Massas no interior da cavidade abdo-minal ocorrem por aumento de uma ou mais estruturas abdominais. O aumento de um órgão pode ser atribuído a processos fi siológicos ou patológicos. A distensão do estô-mago após a alimentação, o aumento do útero durante a gestação e o aumento do baço durante anestesia com barbi-túricos são exemplos de dilatações fi siológicas. Aumentos patológicos podem ser resultantes de processos infl amató-rios; formação de abscessos ou cistos; hematoma, torção, obstrução; ou neoplasia. Hipertrofi a pode causar o aumento de um órgão.

N

M

O

D

Figura 2-1, cont. M, Abdome de uma cadela normal. Radiografi a abdominal lateral direita. A cauda do baço ( seta ) está situada no abdome ventral central. Há gordura sobreposta entre o estômago e o fígado. N e O , Cão normal magro. Contraste abdominal e detalhe da serosa estão reduzidos neste cão, devido à ausência de gordura. A gordura fornece contraste no interior do abdome. O fígado e o baço não são claramente visualizados. D , Lado direito.

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199

Algumas estruturas, a laringe e a traqueia, diretamente associadas ao trato respiratório, repousam total ou parcial-mente fora do tórax.

A FARINGE, A LARINGE E O APARATO HIOIDE Anatomia A faringe é uma passagem comum aos tratos respiratório e digestório. É dividida pelo palato mole em orofaringe, que se comunica com a boca e o esôfago, e nasofaringe, que se comunica com as câmaras nasais e a laringe. O palato mole se estende caudalmente até a epiglote. O ar presente no inte-rior da faringe atua como contraste, permitindo a identifi ca-ção de tecidos moles ou outras anomalias em seu interior. A ponta da epiglote pode repousar dorsal ou ventralmente ao palato mole e pode chegar ao assoalho da faringe.

A laringe é composta por diversas cartilagens: a epi-glote, a tireoide, a cricoide e as duas aritenoides. Além disso, há a pequena cartilagem sesamoide, de formato ovalado cranial à lâmina cricoide, entre as cartilagens ari-tenoides, e a pequena cartilagem interaritenoide, achatada e caudal à sesamoide. Animais mais velhos às vezes apre-sentam calcifi cação de algumas ou de todas as cartilagens laríngeas.

O aparato hioide é uma estrutura óssea que suspende a língua e a laringe. É ligado ao crânio, dorsalmente, e à língua e à laringe, ventralmente. É composto por um único osso basioide, na base da língua, e diversos pequenos ossos — o par de tiroioides, o queratoioide, o epioide e o estiloioide.

Muitas anomalias associadas à faringe foram descritas.

Aspecto Normal A faringe e a laringe são facilmente identifi cáveis em pro-jeções laterais do pescoço adequadamente expostas ( Fig. 3-1 , A e B ). Às projeções ventrodorsais, a laringe recobre as vértebras cervicais, e a maioria dos detalhes é perdida. Boas radiografi as mostram o palato mole, o aparato hioide, a epiglote e a cartilagem cricoide. O diâmetro da laringe é pouco maior que o da traqueia ( Fig. 3-1 , A e B ).

Ultrassonografi a Imagens da laringe podem ser obtidas com um transdutor de alta resolução de 7,5 a 10 MHz. Imagens das cordas vocais são conseguidas por meio da abertura ventral entre as cartilagens cricoide e tireoide. Uma alternativa é exami-

nar as cordas usando a cartilagem tireoide como uma janela acústica. A língua e o assoalho da boca são examinados através do espaço intermandibular. As áreas são tricotomi-zadas e preparadas da maneira habitual. Escaneamentos sagitais e transversais devem ser realizados. A interpreta-ção de referências anatômicas geralmente é difícil.

Alterações Anomalias da laringe são geralmente diagnosticadas por outros métodos, que não os radiológicos. Desloca-mento, compressão ou calcifi cação da laringe podem resultar em alterações radiográfi cas visíveis. Fraturas dos ossos hioides são observadas ( Fig. 3-1 , C ). Corpos estranhos ou massas na faringe ou na laringe são geral-mente visíveis, dado o contraste proporcionado pela presença de ar ( Fig. 3-1 , D ).

Disfagia Faríngea e Acalasia Cricofaríngea . Diversas anomalias podem afetar a orofaringe, e é difícil diferen-ciá-las. Em casos de disfagia, radiografi as simples rara-mente são diagnósticas. Tanto a orofaringe quanto a nasofaringe podem ser examinadas. Essas doenças são distúrbios funcionais e requerem a realização de fl uorosco-pia para o estabelecimento do diagnóstico defi nitivo.

Na disfagia faríngea, resultante de distúrbios neuroló-gicos ou estruturais, a inefi cácia das contrações faríngeas leva à retenção de alimento no interior da faringe. Os ani-mais acometidos se esforçam repetidamente para deglutir o alimento. Pode-se observar tosse. O alimento pode sair pelas narinas. Pneumonia por aspiração é comum. À fl uo-roscopia, o exame com bário revela a retenção do contraste na faringe, apesar dos repetidos esforços de deglutição. O bário pode entrar na traqueia, e com frequência observa-se ar no interior do esôfago.

A acalasia cricofaríngea é provocada pelo não relaxa-mento do músculo cricofaríngeo durante a deglutição ou pela ausência de coordenação dos mecanismos envolvidos nesse processo. Os sinais clínicos são similares aos obser-vados na disfagia faríngea. O estudo com bário mostra a retenção do contraste na faringe e no esôfago cervical. À fl uoroscopia, observam-se contrações faríngeas forçando o bário contra a parede caudal da faringe, e apenas uma pequena quantidade do contraste adentra o esôfago, onde tende a permanecer. O bário pode sair pelas narinas ou entrar na laringe ou na traqueia. O não relaxamento do músculo cricofaríngeo pode ser cirurgicamente tratado. A miotomia cricofaríngea, porém, é contraindicada em

O Tórax

C A P Í T U L O

três

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Capítulo 3 ■ O Tórax200

outros distúrbios dessa região. O diagnóstico preciso, por-tanto, é importante.

A disfagia faríngea e a acalasia cricofaríngea devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de animais jovens que apresentam difi culdade de deglutição.

Paralisia Laríngea . Como resultado da paralisia dos músculos da laringe, as vias aéreas laríngeas não são ade-

quadamente abertas durante respiração. Clinicamente, observa-se tosse úmida e, em casos mais graves, ruído ins-piratório signifi cativo.

A doença pode ser provocada por diversos fatores. Pode ser hereditária, principalmente em raças de porte grande, como Dálmata e Buldogue Inglês. É mais comum em Labra-dor e Golden Retriever. É rara em gatos. Entre as demais causas incluem-se traumatismo, infl amação e neoplasia; a

A

B

Figura 3-1 A e B , A laringe. Laringe normal de um cão. A epiglote e a cartilagem tireoide estão fracamente mineralizadas. A extremidade cranial da epiglote localiza-se ventralmente ao palato mole. O aparato hioide encontra-se em condição normal. A, Palato mole; B, Epiglote; C, Processos estiloides; D, Osso epi-ioide; E, Osso ceratoioide; F, Processo basioide; G, Osso tiroioideo; H, Corno cranial da cartilagem tireoide; I, Processo corni-culado da cartilagem aritenoide; J, Cartilagem cricoide; K, Processo muscular da cartilagem tireoide; L, Ventrículo lateral; M, Cordas vocais.

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Capítulo 3 ■ O Tórax 201

C

E

D

F

Figura 3-1, cont. C, Este Greyhound apresentava sangramento oral, com intenso aumento de volume da língua e da região faríngea. No estudo lateral da laringe, observa-se fratura do hioide, através dos dois epi-ioides, e considerável deslocamento das extremidades fraturadas. Diagnós-tico: fratura dos ossos epi-ioides. D, Corpo estranho radiopaco na faringe de um gato. A faringe está distendida por ar. O corpo estranho está localizado na porção caudal da faringe e no esôfago cranial. Observa-se ar na porção proximal do esôfago, caudal ao corpo estranho, que era parte de um osso de asa de frango. E e F, Síndrome das vias aéreas associada a braquicefalia. E, Este é um Buldogue jovem. A laringe está em ângulo incomum e repousa em posição quase vertical quando comparada ao normal ( A ). A nasofaringe é ocluída pelo palato mole. Observa-se mineralização das cartilagens laríngeas. F, Este é um Pug jovem. A laringe repousa em posição caudoventral anormal, condizente com a grave síndrome das vias aéreas associada a braquicefalia.

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Capítulo 3 ■ O Tórax202

paralisia pode também ser resultante de uma doença sistê-mica, como o hipoparatireoidismo, ou ainda ser idiopática.

Sinais radiológicos podem não ser observados. A obs-trução das vias aéreas superiores pode levar a hiperin-sufl ação dos pulmões. O lúmen da traqueia pode apresentar largura variável. Pode haver desenvolvi-mento de pneumonia por aspiração ou de edema pul-monar.

Síndrome das Vias Aéreas dos Cães Braquicefálicos . Esta síndrome é observada em cães braquicefálicos como uma combinação de alongamento do palato mole e diver-sas anomalias laríngeas, como paralisia. A faringe é pequena e o aparato hioide apresenta direcionamento ver-tical ( Fig. 3-1 E e F ).

Hipoplasia Laríngea . Esta doença é comum em cães de raças braquicefálicas e em Skye Terrier. As cartila-gens laríngeas são moles e subdesenvolvidas. Isto resulta em obstrução parcial das vias aéreas superiores. O grau de desconforto respiratório causado depende da gravidade da anomalia. Achados clínicos e radiológicos são condizentes com a obstrução das vias aéreas supe-riores.

A TRAQUEIA Anatomia A traqueia é uma estrutura tubular que se estende do corpo do axis até aproximadamente a quinta vértebra torácica, onde se bifurca nos brônquios principais, sobre a base do coração. É composta por uma série de cartilagens circula-res. Em cães, os anéis cartilaginosos são dorsalmente incompletos e o teto da traqueia é formado pelo músculo traqueal. O ápice da divisão entre as aberturas dos brôn-quios primários (troncos) é denominado carina, e não é visualizado em radiografi as.

Radiografi a Projeções laterais e ventrodorsais do pescoço e do tórax são necessárias no exame de rotina da traqueia. Projeções oblíquas facilitam a observação da traqueia sem sobreposi-ção das vértebras e do esterno, como ocorre na projeção ventrodorsal. Deve-se ter cuidado para não rotacionar o tórax em projeções laterais, o que provocaria o aparente deslocamento da traqueia. O pescoço deve ser confortavel-mente estendido. A superextensão gera um pseudoestrei-tamento na entrada do tórax, enquanto a fl exão da cabeça ou do pescoço, ou ainda a elevação a partir do tampo da mesa, faz com que a traqueia seja desviada no tórax cranial ( Fig. 3-2 , A e B ).

Exames contrastados podem ser realizados tal como descritos para a broncografi a, mas a deposição de con-traste é mais cranial. Hoje, tais estudos raramente são rea-lizados, já que a endoscopia é mais informativa.

Aspecto Radiográfi co Normal A traqueia é visualizada com mais clareza, em projeções laterais. O ar presente em seu interior funciona como contraste, diferenciando-se da opacidade de tecido mole dos músculos do pescoço e das estruturas no interior do mediastino. Em projeções ventrodorsais ou dorsoven-trais, a visualização da traqueia é mais difícil, dada a sobreposição das vértebras e do esterno. A traqueia, no mediastino cranial, repousa à direita da linha média,

passando a ser centralmente localizada em sua bifurca-ção. Em uma projeção lateral, forma um ângulo agudo com a linha de vértebras torácicas. O ângulo é maior em cães com tórax profundo e estreito, e mais agudo em indivíduos de tórax raso. Uma transparência arredon-dada sobre a base do coração indica o ponto de bifurca-ção, que representa a origem do brônquio lobar cranial direito observado em sua porção terminal. Pode-se observar, uma segunda transparência arredondada, representando a origem do brônquio lobar cranial esquerdo. A traqueia faz uma pequena curva ventral, em direção à sua bifurcação, entre a quinta e a sexta costelas. Apenas os brônquios primários próximos à bifurcação são reconhecidos em radiografi as normais. Brônquios menores não podem ser identifi cados. O diâmetro do lúmen da traqueia é ligeiramente variável durante a ins-piração e a expiração. É ligeiramente inferior à largura da laringe. Foi sugerido que a largura do lúmen deve ser igual ao triplo da largura do terço proximal da terceira costela. Ou então, o diâmetro da traqueia pode ser expresso como a relação desta com a entrada do tórax, mensurada em uma projeção lateral. Normalmente, a traqueia apresenta cerca de um quinto da profundidade da entrada do tórax ( Fig. 3-2, A , e 3-3, D ).

Ultrassonografi a A ultrassonografi a da traqueia cervical pode ser realizada. A traqueia repousa adjacente ao esôfago e é identifi cada como uma estrutura curvilínea, hiperecoica e bem defi -nida. A movimentação de ar é observada no interior do lúmen, durante a respiração. A traqueia intratorácica não pode ser avaliada.

Anomalias Deslocamento . A traqueia pode ser deslocada por lobos pulmonares craniais, massas mediastinais, pleurais ou cervicais, ou pelo coração com volume aumentado. Mas-sas adjacentes tendem a deslocá-la, em vez de com-primi-la. A compressão pode ocorrer na entrada do tórax ou sobre a base do coração. A traqueia pode ser compri-mida entre uma massa e as costelas, a coluna vertebral, a aorta ou o coração, que são estruturas relativamente rígi-das.

O esôfago distendido pode deslocar a traqueia ventral-mente. O coração com volume aumentado desloca a tra-queia em direção dorsal. Massas mediastinais craniais tendem a deslocá-la dorsal e lateralmente, e podem deslocar a traqueia terminal em direção caudal. Massas intratoráci-cas podem deslocar a bifurcação da traqueia cranialmente. Linfonodos traqueobrônquicos com aumento de volume podem deprimir, elevar ou comprimir a traqueia e separar os troncos brônquicos principais.

Antes de estabelecer o diagnóstico de deslocamento da traqueia, deve-se ter certeza de que o animal foi correta-mente posicionado. A extensão indevida pode fazer com que a traqueia pareça comprimida na entrada do tórax ( Fig. 3-3 , A ). A fl exão extrema do pescoço durante a obten-ção da radiografi a pode levar ao deslocamento ventral da traqueia no tórax cranial ( Fig. 3-3 , B e C ). O deslocamento dorsal pode ser observado à fl exão lateral ou ventral do pescoço. Isto resulta em um deslocamento artifi cial da tra-queia no mediastino cranial, simulando a presença de uma massa ( Fig. 3-3 , C e D ). A rotação do tórax à projeção lateral provoca uma elevação aparente. Certo desvio da traqueia à direita é frequentemente observado no tórax cranial de

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Capítulo 3 ■ O Tórax 203

A

B

C

D

Figura 3-2 A, traqueia cervical normal. B, Projeção tangencial, ou horizontal, da traqueia normal, de um cão condrodistrófi co. C, Corpo estranho na traqueia de um gato. Esse gato de 18 meses apresentou tosse por mais de um ano. Pode-se observar um corpo estranho de formato irregular e radiopaco na luz da traqueia, na altura do terceiro espaço intercostal. D, Corpo estranho na traqueia de um cão. Alguns dias antes, esse cão estivera envolvido em uma disputa com outro cão e foi apresentado com difi culdade respiratória. Pode-se perceber um estreitamento mode-rado e não uniforme da traqueia. Isso parece ser o resultado, ao menos em parte, de um espessamento do ligamento dorsal traqueal. Um quarto dente pré-molar encontra-se na luz da traqueia, ventralmente ao espaço dos discos intervertebrais C6-C7. O dente foi removido com sucesso por endoscopia. Observa-se também a presença de ar no esôfago.

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Capítulo 3 ■ O Tórax204

cães normais. Pode ser mais pronunciado em cães de raças braquicefálicas ( Fig. 3-29 , G ). Uma projeção ventrodorsal ou dorsoventral é necessária para mostrar o desvio no plano lateral ( Fig. 3-3 , E ).

Colapso . O colapso da traqueia afeta cães de raças de pequeno porte, de meia-idade ou idosos. Pode ser adqui-rido ou congênito. A forma congênita manifesta-se em fases mais tardias da vida. Os sinais clínicos compreendem graus variáveis de desconforto respiratório e tosse paro-

xística, crônica e seca, similar a um grasnado. Já que o tipo comum de colapso ocorre no plano dorsoventral, as radio-grafi as laterais são as mais informativas. Radiografi as em inspiração ou expiração do comprimento total da traqueia devem ser obtidas com os membros anteriores em ângulo reto em relação à coluna vertebral. A projeção horizontal ou tangencial da entrada do tórax, com o cão em decúbito esternal e em extensão dorsal da cabeça e do pescoço, é ocasionalmente útil ( Fig. 3-2 , B ). Deve-se ter muito cui-dado, já que tal posição pode exacerbar os sinais clínicos.

A B

C D

Figura 3-3 A, Pseudoestreitamento da traqueia na abertura torácica por hiperextensão do pescoço. B, Projeção lateral do tórax com o pescoço fl exionado ilustrando um leve deslocamento da traqueia na abertura torácica devido a hiperfl exão. C e D, Deslocamento traqueal artifi cial em um cão. C, Quando se obteve a radiografi a inicial, o pescoço do paciente estava parcialmente fl exionado. Pode-se perceber que há um desloca-mento dorsal da traqueia torácica, cranialmente aos arcos aórticos. Esse deslocamento imita um desvio traqueal dorsal associado a uma massa mediastinal cranial. D, A segunda radiografi a foi obtida com a cabeça e o pescoço do cão em uma posição neutra. A traqueia pode agora ser observada em uma posição normal, sem nenhuma evidência de deslocamento.

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Capítulo 3 ■ O Tórax 205

F

G

E

Figura 3-3, cont. E, A traqueia é deslocada para a esquerda por uma massa no pescoço. Era uma massa na tireoide. F e G, Colapso traqueal. Um Yorkshire Terrier de 7 anos apresentava tosse, com espasmos intensos havia alguns meses. Estudos laterais da traqueia em expiração ( F ) e inspira-ção ( G ). O lúmen do segmento intratorácico da traqueia estreita-se acentuadamente à expiração, e a diferença entre as duas fases da respiração é bem ilustrada.

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Capítulo 3 ■ O Tórax206

H

I

J

Figura 3-3, cont. H e I, Um Boston Terrier de 9 anos estava deprimido, cianótico e taquipneico. H, Uma radiografi a lateral ilustra um estreita-mento acentuado da traqueia intratorácica. Os pulmões apresentam uma infi ltração disseminada, devido a hemorragia. Há um pouco de ar no esôfago cervical. Essa foi uma hemorragia submucosa na traqueia causada por envenenamento com anticoagulante. I, Após quatro dias, a situação já estava quase completamente resolvida (é o mesmo caso ilustrado na Fig. 3-25, I e J ). J, Este Pug de 1 ano de idade apresentava desde o nascimento um histórico de colapso repetitivo após exercício. Pode-se observar que o lúmen traqueal é fortemente estreitado por todo o seu comprimento. Diagnóstico: hipoplasia traqueal.

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Capítulo 3 ■ O Tórax 207

Sinais Radiográfi cos 1. O lúmen da traqueia é signifi cativamente reduzido. 2. A margem dorsal apresenta contorno indistinto, dada a

inversão do músculo traqueal dorsal. 3. A porção cervical, torácica, ou ambas podem ser aco-

metidas. Caso o colapso ocorra na traqueia cervical, é observado à inspiração. Se o colapso for intratorácico, ocorre durante a expiração e pode acometer o brônquio principal ( Fig. 3-3 , F e G ).

4. A indução de tosse, por delicada pressão da traqueia na entrada do tórax ou por oclusão das narinas, pode aju-dar a tornar o colapso mais aparente. A fl uoroscopia e/ou a endoscopia facilitam o estabele-

cimento do diagnóstico sugerido pelos sinais clínicos e podem mostrar o colapso até mesmo quando as radiogra-fi as em inspiração ou expiração são negativas. A fl uorosco-pia é principalmente utilizada no diagnóstico de colapso do brônquio principal.

Alguns animais obesos podem apresentar um estrei-tamento da traqueia, dada a sobreposição de tecido adi-poso ou a fl acidez do músculo traqueal, fazendo com que este se projete no lúmen da estrutura. Em animais obesos, a traqueia é menos nitidamente visualizada do que nos indivíduos magros. O esôfago pode sobrepor-se à traqueia de forma a dar uma aparência de colapso. Um exame cuidadoso pode mostrar o verdadeiro contorno da traqueia.

Hepatomegalia foi associada ao colapso da traqueia, assim como aumento de volume do átrio esquerdo, exer-cendo pressão sobre o tronco brônquico esquerdo. Varia-ções razoáveis na posição do pescoço não afetam o lúmen da traqueia normal. A hiperextensão pode causar um pseudoestreitamento. Deve-se distinguir colapso da tra-queia de hipoplasia congênita.

Ultrassonografi a . A ultrassonografi a da traqueia cervi-cal pode mostrar a coluna de ar achatada e a variação do diâmetro da traqueia entre a inspiração e a expiração.

Hipoplasia . A hipoplasia congênita (estenose congê-nita) é observada em alguns cães de raças braquicefáli-cas, como Buldogue Inglês e Bullmastiff. É ocasionalmen-te observada em outras raças, como Pastor-alemão, Labrador Retriever e Basset Hound. É rara em gatos. O lúmen da traqueia é bastante afunilado, geralmente por todo o comprimento do órgão. O diâmetro pode ser inferior à metade do diâmetro da laringe, ou menor que a largura do terço proximal da terceira costela. Com a hipoplasia, não há variação de diâmetro nas radiografi as em inspi-ração ou expiração, nem durante a fl uoroscopia ( Fig. 3-3 , J ). A pneumonia por aspiração pode ser um fator complicador. A traqueia pode ser afunilada como resul-tado de uma hemorragia intramural ( Fig. 3-3 , H e I ).

Neoplasia . Neoplasias da traqueia raramente são obser-vadas em cães e gatos. Foi relatada a ocorrência de osteossar-coma, condroma, adenocarcinoma e carcinoma espinocelu-lar. Pode ser observada a massa neoplásica se projetando no lúmen da traqueia, dado o ar adjacente. O uso de contraste (broncografi a) auxilia, às vezes, na diferenciação entre mas-sas intraluminais e extraluminais. A endoscopia, porém, superou os exames de contraste tradicionais.

Ultrassonografi a . Uma massa intraluminal ou intramu-ral localizada na traqueia cervical pode ser identifi cada, já que desloca o ar intraluminal.

Calcificação . A calcificação dos anéis da traqueia é, às vezes, observada em cães idosos, principalmente nos pertencentes a raças condrodistróficas. Aparente-mente, essa calcificação não tem qualquer significado ( Fig. 3-4 , A ).

Ruptura . Caso a traqueia seja perfurada, o ar escapa para os tecidos peritraqueais e o enfi sema subcutâneo pode ser reconhecido nas radiografi as como opacidades aéreas abaixo da pele. O ar pode também ser observado dissecando os planos fasciais de tecidos moles. Pode haver formação de pneumomediastino caso a ruptura ocorra no interior do tórax. O ar também pode seguir para o medias-tino a partir de uma ruptura extratorácica. Danos aos anéis da traqueia podem resultar em estreitamento do lúmen e, por fi m, estenose.

Estenose . A estenose, ou estreitamento da traqueia, pode ser observada em estudos laterais. Pode ocorrer em cães ou gatos após lacerações, traumatismo contundentes diretos ou feridas por mordedura ( Fig. 3-4 , B ).

Oslerus osleri . Irregularidades no lúmen da traqueia e projeções de opacidade de tecidos moles, com aumento de radiopacidade peribrônquica na área peri-hilar, foram associadas à infestação por Oslerus osleri (Filaroi-des osleri) . O diagnóstico é estabelecido, com mais cer-teza, por meio do achado de larvas em amostras de fezes ou lavados traqueais, ou ainda por endoscopia ( Fig. 3-4 , C ).

Avulsão . Esta é uma ruptura da continuidade dos anéis da traqueia no interior do tórax. É observada em gatos, após traumatismos. Os sinais clínicos incluem dispneia, intolerância ao exercício e cianose ao exercício. No momento da lesão, os sinais respiratórios podem estar ausentes. Radiologicamente, há perda de continuidade do lúmen da traqueia e contorno irregular das margens da traqueia. Com frequência, observa-se um aumento de volume preenchido por ar dorsalmente ao sítio de rup-tura. Avulsão do brônquio principal esquerdo ou direito também é observada. Foram descritos casos de reparo cirúrgico.

Obstrução . A obstrução da traqueia por corpos estra-nhos não é comum. Os principais achados clínicos são súbitos ataques de tosse grave. A traqueia preenchida por ar é um bom fundo contrastante, contra o qual o corpo estranho geralmente pode ser observado ( Fig. 3-2, C e D e 3-5, A e B ). Caso o corpo estranho seja radiotrans-parente, a endoscopia pode trazer mais informações. A obstrução da traqueia pode resultar em hiperinsufl ação dos campos pulmonares, devido ao efeito de bola em valva, resultante da difi culdade de expelir ar. Caso um corpo estranho passe por um brônquio, a atelectasia resultante pode obscurecê-la. Broncogramas aéreos não são observados no lobo em atelectasia, já que a presença de líquido oblitera o contraste entre o brônquio e o pul-mão. A fl exão do pescoço em animais submetidos à colo-cação de um tubo endotraqueal pode causar o dobramento do dispositivo e a obstrução das vias aéreas ( Fig. 3-5 , C ).

Traqueíte . Observa-se geralmente ausência de sinais radiográfi cos de traqueíte. A exsudação intratraqueal e o aumento de volume da mucosa podem fazer com que

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Capítulo 3 ■ O Tórax208

o lúmen da traqueia pareça menos defi nido do que o normal.

A CAVIDADE TORÁCICA ■

A PELE A pele é responsável por parte da radiopacidade de fundo das radiografias do tórax. Alterações cutâneas ou materiais aderidos a pele podem provocar opacidades radiográficas sobrepostas à sombra torácica, simulando, assim, anormalidades. Em casos de dúvida, a pele deve ser examinada visual e manualmente. Pregas cutâneas proe minentes geralmente levam à formação de linhas bem definidas, que atravessam o tórax em direção cra-niocaudal em projeções ventrodorsais. Essas linhas podem parecer as bordas pulmonares, gerando um falso diagnóstico de pneumotórax e colapso pulmonar. Tais pregas cutâneas geralmente podem ter sua trajetória traçada além dos limites da cavidade torácica. Em pro-jeções radiográficas laterais, podem também ser obser-vadas no terço ventral do tórax, associadas aos membros torácicos (ver Fig. 3-23 , I e J ). As sombras dos mami los

ou massas cutâneas sobrepostas às sombras pulmo-nares não devem ser confundidas com opacidades intrapulmonares ( Fig. 3-6 , P a S ). O enfisema subcutâ-neo faz com que a cavidade torácica pareça mais radio-transparente e pode provocar a formação de linhas ou um efeito semelhante a favo de mel. Os pulmões preen-chidos por ar dão um bom contraste para a observação das estruturas intratorácicas.

Radiografi a Para o exame de rotina, pelo menos duas projeções são necessárias: uma projeção lateral e uma projeção dorsoven-tral ou ventrodorsal. Um estudo abrangente deve incluir duas projeções laterais opostas e uma projeção dorsoventral ou ventrodorsal. As radiografi as devem ser obtidas durante a pausa inspiratória, já que o preenchimento dos pulmões por ar maximiza o contraste entre as diferentes estruturas no interior do tórax. O feixe deve ser colimado de modo a incluir todo o tórax, de um ponto 2 cm cranial à primeira costela (imediatamente cranial ao manúbrio) a um ponto caudal da primeira vértebra lombar (até à porção média da segunda vértebra lombar). Uma grade deve ser usada caso o tórax apresente espessura igual ou superior a 15 cm.

A

BC

Figura 3-4 A,Calcifi cação da traqueia. B, Este Spaniel estivera envolvido em uma briga de cães 14 dias antes. O lúmen da traqueia é marcada-mente afunilado por uma massa de tecido mole, e o contorno dos anéis traqueais não é contínuo. Diagnóstico: estenose traqueal. C, Este Dandie Dinmont Terrier de 11 meses de vida foi apresentado com um histórico de grave intolerância ao exercício e ronco respiratório acentuado. Opacidades discretas de tecido mole são evidentes no interior do lúmen traqueal intratorácico ( setas ). Diagnóstico: infestação por Oslerus osleri .

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Capítulo 3 ■ O Tórax 209

O uso de um equipamento com capacidade de pelo menos 1/30 – ou, melhor, 1/60 –, de segundo é desejável. Écrans de terras-raras reduzem os tempos de exposição. Em tempos mais curtos, a movimentação não é efetiva-mente excluída, a não ser que o animal seja anestesiado e submetido a ventilação artifi cial. A movimentação faz com que as estruturas intratorácicas pareçam indefi nidas, impossibilitando a visibilização de detalhes menores. A subexposição dá a impressão de aumento de radiopaci-dade pulmonar. As radiografi as de pacientes obesos são relativamente subexpostas, o que pode simular alterações pulmonares. A superexposição omite os padrões vascula-res normais e pode mascarar alterações patológicas. O uso de técnica com alta quilovoltagem combinada a baixa miliamperagem por segundo proporciona uma faixa maior de contraste do que o emprego de baixa quilovol-tagem. Uma boa técnica irá apenas delinear os processos espinhosos das vértebras torácicas craniais na projeção lateral.

É essencial que seja elaborada uma técnica que torne pos-sível a realização de radiografi as de qualidade no dia a dia e que sejam passíveis de reprodução, de forma que possam ser feitos estudos comparativos. Caso contrário, não é possível monitorar alterações progressivas das estruturas pulmonares. O emprego de um padrão técnico e a medida precisa da espessura do tórax com espessômetros são ferramentas essen-ciais para a produção de radiografi as de boa qualidade.

Em fi lmes obtidos à expiração, os campos pulmonares parecem mais opacos, e muitos dos detalhes da vasculari-zação pulmonar são perdidos. Tais fi lmes, porém, podem ser valiosos em casos de enfi sema pulmonar, em que o ar não pode ser expelido dos pulmões. Além disso, fi lmes em expiração facilitam a identifi cação de pequenos volumes de ar ou líquidos pleurais e de colapso dos brônquios ou da traqueia ( Fig. 3-3 , F ).

Projeção Lateral . O animal é colocado em decúbito late-ral. Os membros torácicos são tracionados cranialmente e

C

A

B

Figura 3-5 A, Este Boxer de 3 meses de vida apresentava tosse crônica. Foi detectado um corpo estranho radiopaco bem defi nido na traqueia distal. Há um pouco de ar no esôfago. Um pedaço de cascalho foi removido com sucesso durante a endoscopia. B, Presença de um corpo estra-nho radiopaco na traqueia. C, O pescoço é fl exionado, causando a obstrução do tubo endotraqueal ( B, Cortesia Dr. Colin Healy).

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351

OSSOS O osso é facilmente observado ao exame radiográfi co. Sendo composto, principalmente, por cálcio e fósforo, é relativamente denso e sua opacidade radiográfi ca con-trasta com os tecidos adjacentes. Como um tecido vivo, frequentemente refl ete alterações metabólicas, embora o desenvolvimento destas possa levar tempo.

Desenvolvimento Os ossos se desenvolvem de duas formas: por (1) ossifi ca-ção endocondral ou (2) ossifi cação intramembranosa. Na ossifi cação endocondral, o osso se desenvolve a partir de matriz cartilaginosa pré-formada. Desta forma, os ossos longos crescem em comprimento. A ossifi cação intramem-branosa ocorre em bandas de tecido conjuntivo, sem qual-quer estrutura cartilaginosa. Assim são formados os ossos chatos, como aqueles encontrados no crânio. O aumento no diâmetro dos ossos longos se dá por ossifi cação intra-membranosa, que é iniciada pelas camadas mais profundas do periósteo.

Os ossos longos apresentam três centros principais de ossifi cação: um para a diáfi se (haste) e um para cada epí-fi se (extremidade). As matrizes cartilaginosas são elabo-radas nas placas de crescimento e nas cartilagens articulares. As apófi ses são centros acessórios de ossifi ca-ção que não contribuem para o crescimento em compri-mento de um osso. São pontos de inserção para músculos e ligamentos. Um exemplo é o trocanter maior do fêmur. A cartilagem é radiotransparente e o primeiro sinal radiográfi co de formação óssea em um osso longo é o aparecimento de um colar de matriz mineralizada ao redor da haste cartilaginosa. Mais tarde, surgem outros centros de ossifi cação.

Ossos curtos, que se desenvolvem por ossifi cação endo-condral, são encontrados nos carpos e tarsos. Ossos chatos, que se desenvolvem por ossifi cação intramembranosa, são encontrados no crânio e na pelve. Ossos de formato irregular são observados no crânio, na coluna vertebral e na pelve.

Os ossos sesamoides se formam em tendões, onde a dire-ção destes se altera ou onde há fricção. Os sesamoides possuem superfícies articulares voltadas para o osso longo. A patela é um osso sesamoide.

O termo fabela descreve uma pequena ossificação nas cabeças medial e lateral do músculo gastrocnêmio. As fabelas podem ser bipartidas. Há uma fabela ou osso sesamoide no músculo poplíteo, no aspecto caudolate-ral da tíbia proximal. Dois ossos sesamoides são obser-

vados proximais ao aspecto palmar (plantar) de cada articulação metacarpofalangiana e metatarsofalangi-ana. Eles são numerados de 1 a 8, de medial para lateral. O segundo e o sétimo sesamoides são geral-mente bipartidos, com bordas regulares e bem defini-das. Essa anomalia do desenvolvimento, frequentemente observada em Greyhounds, não deve ser confundida com fraturas. Em Rottweilers, sesamoides fragmenta-dos são ocasionalmente observados no segundo e no quinto dedos. Os fragmentos apresentam contorno irre-gular, mas geralmente não têm significado clínico ( Fig. 4-1 , C ). Um único sesamoide repousa no aspecto dorsal de cada articulação metacarpofalangiana e meta-tarsofalangiana.

Observa-se, às vezes, um pequeno osso sesamoide no aspecto craniolateral do rádio proximal. Esse osso repousa no músculo supinador, mas também já foi observado no ligamento colateral lateral, no ligamento ulnar lateral e no ligamento anular ( Fig. 4-1 , D ). No carpo, observa-se um pequeno sesamoide no aspecto mediodistal do osso radial do carpo, proximal ao primeiro metacarpo, em correspon-dência ao músculo abdutor longo do polegar.

Variações anatômicas no número e na localização das fabelas (que são os pequenos sesamoides localizados na cabeça do músculo gastrocnêmio), no aspecto caudal da articulação do joelho, podem ocorrer em cães e gatos. Com frequência, estes ossos são ausentes ou deslocados distal-mente, principalmente em cães de raças de pequeno porte ( Fig. 4-12 , I ). Fraturas ou deslocamentos dos ossos sesa-moides são, algumas vezes, resultantes de traumatismos ( Fig. 4-1 , E ).

Os ergôs , ou primeiros dedos, normalmente possuem um osso metatarso (ou metacarpo) e duas falanges. São geralmente encontrados nos membros torácicos e, com menor frequência, nos membros pélvicos. Ossos sesamoi-des podem ou não estar associados a esses dedos. Os ergôs do membro torácico se articulam com o carpo, enquanto os dos membros pélvicos geralmente apresentam uma inser-ção de tecido mole. Algumas raças, como os cães das mon-tanhas dos Pireneus, apresentam ergôs duplos nos membros pélvicos como uma característica racial. Isso também pode ser observado em gatos.

Estrutura Durante o desenvolvimento, cada osso longo é composto por uma haste (diáfi se), duas metáfi ses e duas extremidades (epífi ses). A diáfi se é composta por osso denso e compacto.

Ossos e Articulações

C A P Í T U L O

quatro

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Capítulo 4 ■ Ossos e Articulações352

Este osso denso circunda a cavidade medular, que contém a medula óssea. As epífi ses são centros de crescimento em ambas as extremidades da diáfi se. Entre as epífi ses e a diá-fi se, encontra-se a cartilagem fi sária, ou placa de crescimento, e a metáfi se, uma área de osso esponjoso entre a fi se e a diá-fi se. A cartilagem fi sária é, às vezes, radiografi camente deno-minada placa fi sária ou placa de crescimento Quando um osso amadurece, as epífi ses se fundem às metáfi ses e as cartila-gens fi sárias desaparecem.

O osso imaturo, também chamado osso reticulado, não apresenta uma estrutura lamelar. Ele está presente apenas no início da vida ou onde há rápida proliferação óssea, como nas fraturas em cicatrização. O osso maduro possui uma estrutura lamelar. Dois tipos de osso podem ser

radiografi camente reconhecidos: o osso compacto é denso, radiopaco e observado no córtex ósseo; o osso esponjoso é menos denso e observado nas metáfi ses e epí-fi ses. Este último apresenta graus variáveis de trabecula-ção. Devido à sua radiopacidade, o osso compacto não demonstra trabeculação. Ele cerca a cavidade medular, que é menos opaca.

O osso vivo sofre constante remodelamento. As células formadoras de osso são os osteoblastos. Estas células pro-duzem a matriz, geralmente chamada osteoide, onde ocorre a mineralização. Sintetizam fosfatase alcalina, um indica-dor da atividade osteoblástica. Os osteoclastos são respon-sáveis pela reabsorção óssea. Os osteócitos são osteoblastos que foram cercados por osteoide mineralizado. Eles são

A

B C

Figura 4-1 A, Um padrão trabecular marcante pode ser visto em cada extremidade do osso. B, Uma sombra linear oblíqua, radiotransparente, no córtex lateral da tíbia, é um forame nutrício e não deve ser confundida com uma fratura. C, Sesamoides bipartidos ( setas ). O segundo e o sétimo sesamoides são mais comumente afetados por essa anomalia.

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Capítulo 4 ■ Ossos e Articulações 353

encontrados em lacunas no interior do osso e ajudam a manter a matriz calcifi cada. Por isto, o osso funcional nor-mal, depende da manutenção de um equilíbrio entre as atividades dessas diversas células.

O periósteo é uma camada de tecido conjuntivo que recobre o osso, exceto nas superfícies articulares. Estas superfícies são recobertas pela cartilagem articular. O periósteo possui uma camada fibrosa externa, onde se inserem músculos e ligamentos, e uma camada interna capaz de elaborar osteoblastos. Os osteoblastos deposi-tam novo osso conforme este cresce em largura (ossifi-cação intramembranosa); eles também atuam em processos de reparação óssea. O endósteo é uma mem-brana que reveste a cavidade medular. Ele é composto por osteoblastos e osteoclastos. Tanto o periósteo quanto o endósteo elaboram as células necessárias ao reparo ósseo.

Vasos sanguíneos entram em um osso longo através do forame (canal) nutrício. O forame nutrício é obser-vado como uma linha radiotransparente, bem definida, no aspecto caudal do córtex. Sua direção é oblíqua, cranial e distalmente. É observada no terço medial a proximal da diáfise óssea. Em suas adjacências, certa irregularidade endosteal pode ser observada. O forame nutrício não deve ser confundido com uma linha de fratura; geralmente observa-se um em cada osso ( Fig. 4-1 , A e B ).

Radiografi a Pelo menos duas projeções, obtidas em ângulos retos uma em relação à outra, são necessárias para a avaliação ade-quada de um osso. É importante que os estudos do esque-leto sejam feitos em posições padronizadas. As proje-ções-padrão para os ossos dos membros são a craniocaudal (dorsopalmar, dorsoplantar) e mediolateral. Estudos oblí-quos, em fl exão, em sustentação do peso e sob estresse podem ser úteis. Os estudos sob estresse são aqueles reali-zados quando uma alavanca lateral ou medial é aplicada distalmente à articulação examinada. São usados na ava-liação da instabilidade articular. O leitor deve consultar livros-texto de técnica radiográfi ca para detalhes do posi-cionamento adequado.

A cintilografi a óssea pode ser usada para identifi car lesões não visíveis às radiografi as convencionais, como fraturas sutis, focos infl amatórios ou metástases.

Aparência Normal No osso normal, as diáfi ses são observadas como uma banda de osso compacto e opaco ao redor da cavidade medular, que é mais radiotransparente. As epífi ses e metá-fi ses apresentam trabeculações relacionadas ao osso esponjoso. As trabeculações desaparecem nas diáfi ses. Em animais jovens, as cartilagens fi sárias (placas de cresci-mento) surgem como bandas ou linhas radiotransparentes

D E

Figura 4-1, cont. D, Projeção craniocaudal da articulação do cotovelo, mostrando o sesamoide supinador ( seta ) na face lateral da epífi se proximal do rádio. Este osso sesamoide é ocasionalmente observado, sendo uma variante anatômica normal no interior do músculo supinador. Não deve ser confundido com um fragmento de fratura. E, Este gato apresenta um sesamoide ( seta curta ) em localização normal, na face lateral do fêmur distal. O sesamoide medial ( seta longa ) é muito pequeno e está posicionado na face medial da articulação do joelho.

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Capítulo 4 ■ Ossos e Articulações354

que separam as epífi ses das metáfi ses ( Fig. 4-2 ). Quando o crescimento cessa, as epífi ses se fundem às metáfi ses, e as cartilagens fi sárias não são mais observadas. Por algum tempo, uma banda de maior opacidade é observada na junção entre a epífi se e a metáfi se, representando a placa de crescimento fechada. Essa banda é, às vezes, denomi-nada cicatriz epifi sária ou fi sária ( Fig. 4-3 , A ).

É importante conhecer a localização dos diversos cen-tros de ossifi cação dos animais jovens e o tempo de fecha-mento de cada cartilagem fi sária. Centros de ossifi cação secundários podem ser confundidos com anomalias. Ani-mais jovens parecem ter espaços articulares muito espes-sos, já que os modelos cartilaginosos de desenvolvimento das epífi ses e dos pequenos ossos do carpo e do tarso são radiotransparentes. As cartilagens fi sárias são espessas. O crescimento se completa em cães aproximadamente entre 10 a 14 meses de idade. No entanto, consideráveis variações podem ocorrer no momento do fechamento das placas de crescimento, até em animais da mesma raça. Nos ossos longos, as epífi ses proximais do úmero são as últi-mas a serem mineralizadas. A sínfi se pélvica pode fi car muitos anos sem se fundir. As cartilagens fi sárias de gatos, particularmente naqueles castrados, tendem a se fechar um pouco mais tarde do que nos cães ( Tabela 4-1 ). Em

ESCÁPULAESCÁPULA

CARTILAGEMFISÁRIA

TUBEROSI-DADE ESCAPULAR

CARTILAGEMCARTILAGEMFISÁRIAFISÁRIA

EPÍFISEEPÍFISE

METÁFISEMETÁFISE

DIÁFISEDIÁFISE

Figura 4-2 Articulação normal do ombro imaturo.

A

Figura 4-3 A, Cicatriz fi sária ( seta ) na extremidade distal do rádio. Trabeculações são observadas no osso esponjoso da metáfi se e da epífi se.

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Capítulo 4 ■ Ossos e Articulações 355

algumas raças, observam-se diferenças na aparência dos ossos, como em animais condrodistrófi cos. Variações, como o contorno irregular entre o rádio e a ulna em cães de raças de pequeno porte, geralmente não têm signifi cado clínico, sendo consideradas normais ( Fig. 4-3 , C ).

Resposta Óssea à Lesão ou à Doença O osso pode responder à lesão ou à doença de diversas formas. Afecções ou traumatismos podem causar qual-quer uma das ou todas as alterações descritas a seguir. Em muitos casos, vários processos reativos são visíveis no foco da lesão.

Opacidade Reduzida . Os ossos podem ser reabsorvidos ou destruídos como resultado de traumatismos, desuso, doenças metabólicas, infecções ou neoplasias. Quando há perda de tecido ósseo, a radiopacidade é reduzida no local da lesão. Em casos em que há uma única lesão óssea, isso é facilmente observado, já que o osso adjacente serve como elemento de comparação. Os padrões trabeculares se tor-nam enevoados ou grosseiros e, em alguns casos, desapa-recem por completo. A diminuição da opacidade pode ser localizada em um osso, em parte de um osso ou ser gene-ralizada, observada em todo o esqueleto. A diminuição na opacidade da cortical é mais facilmente observada do que

a redução na opacidade da região medular. Ocasional-mente, uma linha cortical dupla pode ser observada nas diáfi ses dos ossos acometidos. Nas vértebras, as placas epifi sárias se tornam mais proeminentes e parecem escle-róticas, quando na verdade são os corpos vertebrais que apresentam radiopacidade diminuída. A redução generali-zada (esqueleto) da opacidade óssea, principalmente quando não intensa, pode ser difícil de determinar, uma vez que não há elemento de comparação no animal acome-tido. A comparação entre radiografi as do animal acome-tido com radiografi as de um animal similar normal pode ser útil. Caso tenham sido obtidas radiografi as do animal acometido antes do desenvolvimento da doença, estas devem ser consultadas. O osso tem que perder mais do que 50% de seu conteúdo mineral antes que as alterações radiográfi cas sejam discerníveis.

O termo osteopenia indica a redução da opacidade em um osso, a qual pode se manifestar como osteoporose ou osteomalacia. A osteoporose é a defi ciência de mineralização assim como de tecido osteoide. A osteomalacia implica a quantidade sufi ciente de osteoide, porém mineralização inadequada. A osteoporose e a osteomalacia são radiogra-fi camente indistinguíveis. Deve-se ter cuidado com as exposições radiográfi cas, porque estudos superexpostos podem simular a osteopenia.

B C

Figura 4-3, cont. B, Um fi lhote de São-bernardo com 9 meses de idade apresentou grave retardo de crescimento. Uma radiografi a lateral do membro torácico direito mostra as placas de crescimento abertas, o que é anormal em um animal dessa idade. Opacidades lineares radiopacas e transversais são observadas nas metáfi ses do rádio e do úmero proximal, correspondendo a linhas de crescimento interrompido. C, Este Jack Russell Terrier apresenta defeitos radiotransparentes de margens defi nidas no interior do córtex do rádio e da ulna, junto à inserção do liga-mento interósseo ( setas ). Tais defeitos geralmente são achados incidentais.

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Capítulo 4 ■ Ossos e Articulações356

Tabela 4-1 Idade de Aparecimento dos Centros de Ossifi cação e da Fusão Óssea em Cães Jovens

Sítio anatômico Idade de Aparecimento do Centro de Ossifi cação Idade de Ocorrência da FusãoEscápulaCorpo NascimentoTubérculo supraglenoide 7 semanas 4-7 mesesUmeroDiáfi se Nascimento ?Epífi se proximal 1-2 semanas 10-13 mesesEpífi se distalTróclea do côndilo (medial) 2-3 semanas 6-8 meses para a diáfi seCapítulo do côndilo (lateral) 2-3 semanas 6 semanas para a trócleaEpicôndilo medial 6-8 semanas 6 meses para os côndilosRádioDiáfi se Nascimento 6-10 mesesEpífi se proximal 8 semanas 8-12 mesesEpífi se distal 8 semanasUlnaDiáfi se Nascimento 6-10 mesesEpífi se proximal 8 semanas 8-12 mesesEpífi se distal 8 semanasOlécranoCarpoUlnar 4 semanas 4 mesesRadial 3-4 semanasCentral 4-5 semanasIntermediário 3-4 semanasAcessório Corpo 2 semanas Epífi se 7 semanasPrimeiro 3 semanasSegundo 4 semanasTerceiro 4 semanasQuarto 3 semanasOsso sesamoide 4 mesesMetacarpoDiáfi se NascimentoEpífi se distal (2-5) * 4 semanas 6 mesesEpífi se proximal (1) * 5 semanas 6 mesesFalangePrimeira falange Diáfi se (1-5) * Nascimento Epífi se distal (2-5) * 4 semanas 6 meses Epífi se distal (1) * 6 semanas 6 mesesSegunda falange Diáfi se (2-5) * Nascimento Epífi se proximal (2-5) * 5 semanas 6 mesesSegunda falange Ausente ou fundida com a primeira no primeiro

dedoTerceira falangeDiáfi se NascimentoSesamoide palmar 2 mesesSesamoide dorsal 4 mesesPelvePúbis Nascimento 4-6 mesesÍlio Nascimento 4-6 mesesÍsquio Nascimento 4-6 mesesOssos do acetábulo 7 semanas 5 mesesCrista ilíaca 4 meses 1-2 anosTuberosidade isquiática 3 meses 8-10 mesesArco isquiático 6 meses 12 mesesSínfi se púbica caudal 7 meses 5 anosSínfi se púbica 5 anosFêmurDiáfi se Nascimento 7-11 mesesEpífi se proximal (cabeça) 6-10 mesesTrocanter maior 8 semanas 8-13 mesesTrocanter menor 8 semanas 8-11 meses (para a diáfi se)

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Capítulo 4 ■ Ossos e Articulações 357

Osteólise é o termo usado para descrever as áreas de menor opacidade óssea resultantes da destruição do osso. Dependendo da agressividade da lesão, três cate-gorias amplas são reconhecidas: focal, também denomi-nada geográfi ca ; “roída por traça”; e permeativa. A osteólise focal é uma lesão osteolítica bem-defi nida e de margens evidentes, acompanhada ou não por expansão cortical e geralmente benigna, como, por exemplo, um cisto ósseo. A osteólise “ roída por traça” descreve a pre-sença de várias pequenas áreas de osteólise, que são menos defi nidas e apresentam maior zona de transição. A erosão cortical pode ou não ser observada. Esse tipo de osteólise é observado em neoplasias malignas e infec-ções. Na osteólise permeativa , há uma série de áreas de lise óssea, indistintas e quase puntiformes. O córtex apresenta erosão. Essa é a forma mais agressiva de osteólise, sendo observada em neoplasias malignas e na osteomielite grave e aguda.

O termo zona de transição é dado à área entre a lesão e o osso normal. Em casos benignos, essa zona é geralmente estreita e bem-defi nida. Em lesões mais agressivas, a zona de transição é espessa e maldefi nida, tornando difícil determinar a margem exata da lesão.

Aumento de Opacidade . O aumento de opacidade óssea é associado ao aumento de mineralização ou à pro-dução de novo tecido ósseo. Pode ser resultante de afec-ções no interior do osso, como neoplasias, infarto ósseo, hipervitaminose A e osteopetrose. Pode também ser uma resposta a traumatismos ou estresses. O estresse anormal contínuo em um osso resulta em espessamento cortical ao longo da linha de maior estresse. Esclerose é o termo geral-mente usado para descrever o aumento de opacidade radiográfi ca em um osso. Margens escleróticas frequente-mente cercam áreas de infecção — um mecanismo de defesa para confi nar a infecção. A esclerose do osso sub-condral pode ser observada como uma resposta à lesão e ser associada a alterações articulares infl amatórias. A sobreposição ou a impactação de ossos podem dar a impressão de aumento da opacidade óssea.

Se, por alguma razão, o crescimento for atrasado, tal período de desenvolvimento retardado irá se refl etir no esqueleto como linhas transversais de maior opacidade nas diáfi ses de ossos longos, adjacentes e paralelas às car-tilagens fi sárias; sendo conhecidas como linhas de retardo de crescimento , e, isoladamente, não tendo signifi cado clínico ( Fig. 4-3 , B ).

Sítio anatômico Idade de Aparecimento do Centro de Ossifi cação Idade de Ocorrência da Fusão

Epífi se distal Tróclea 2 semanas 3 meses para os côndilos à

tróclea Côndilo medial 3 semanas Côndilo lateral 3 semanasPatela 9 semanasTíbiaDiáfi se NascimentoCôndilos Medial 3 semanas 6 semanas para lateral Lateral 3 semanas 6-12 meses para a diáfi seTuberosidade 8 semanas 6-8 meses para os côndilosEpífi se distal 3 semanas 6-12 meses (diáfi se)Maléolo medial 3 meses 8-11 meses

5 mesesFíbulaDiáfi se NascimentoEpífi se proximal 9 semanas 8-12 mesesEpífi se distal 2-7 semanas 7-12 mesesTarsoTalo (tarso da tíbia) Nascimento-1 semanaCalcâneo (tarso da fíbula) Nascimento-1 semanaTuberosidade do calcâneo 6 semanas 3-8 mesesCentral 3 semanasPrimeiro 4 semanasSegundo 4 semanasTerceiro 4 semanasQuarto 2 semanasOs metatarsos e as falanges do membro pélvico são similares aos metacarpos e às falanges do membro torácicoSesamoidesFabelar 3 mesesPoplíteo 3 mesesFalange plantar 2 mesesFalange dorsal 5 meses

* Número dos dedos. De Ticer JW: Radiographic techniques in small animal practice, Philadelphia, 1975, WB Saunders.

Tabela 4-1 Idade de Aparecimento dos Centros de Ossifi cação e da Fusão Óssea em Cães Jovens—cont.

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447

O CRÂNIO A radiografi a é comumente utilizada no estudo da estru-tura óssea do crânio. Técnicas de contraste são aplicadas para demonstrar a estrutura dos tecidos moles adjacentes. As afecções generalizadas ou difusas do sistema nervoso central são normalmente diagnosticadas por outros méto-dos e não pela radiografi a.

O crânio é uma área de difícil estudo radiológico. A estru-tura óssea é muito complexa, e a sobreposição de importantes estruturas difi culta uma avaliação mais detalhada de suas partes. O exame radiográfi co deve ser considerado comple-mentar às avaliações física e neurológica adequadas às mani-festações clínicas. O formato do crânio é muito variado nas diferentes raças de cães. Já nos felinos, essa variação é menor.

Anatomia Há três tipos de formato de cabeça reconhecidos para os cães: o tipo longo e estreito, em Collies, é denominado doliocefálico (dolicocefálico) ; o formato médio, como dos Retrievers do Labrador, denomina-se mesaticefálico ; e o for-mato curto e largo, como a cabeça do Pequinês ou do Bos-ton Terrier, recebe, assim, a denominação de braquicefálico . Algumas raças de gatos são braquicefálicas. A maioria dos problemas para os radiologistas, tanto radiografi camente quanto radiologicamente, ocorre no tipo braquicefálico.

O crânio é constituído por cerca de 50 ossos, cuja des-crição anatômica detalhada não oferece acréscimo ao pro-pósito deste livro. Em vez disso, a atenção é direcionada à anatomia radiográfi ca.

Radiografi a . Diversas projeções radiográfi cas são utili-zadas para demonstrar as estruturas ou regiões no interior do crânio. As projeções básicas são a lateral, a dorsoventral ou ventrodorsal, as laterais oblíquas direita e esquerda, a rostrocaudal e a oclusal (intraoral). A anestesia geral é indicada para toda radiografi a de crânio. Isto porque um bom posicionamento radiográfi co pode ser difi cultado ou impossibilitado se for realizada somente a sedação do ani-mal. Para as projeções intraoral, rostrocaudal e com a boca aberta, a anestesia geral é obrigatória.

A imagem seccional em três planos por meio de tomo-grafi a computadorizada (TC) e as imagens obtidas pela ressonância magnética (RM), quando disponíveis, são téc-nicas superiores para a localização e defi nição de afecções dos ossos e tecidos moles.

Projeção Lateral . O paciente é posicionado em decúbito lateral. Um apoio de espuma deve ser colocado sob o

focinho e a mandíbula do animal para que o plano sagital do crânio fi que paralelo à mesa. O feixe é centralizado entre o conduto auditivo e o olho, dorsal ao arco zigomático (laterolateral direita ou laterolateral esquerda). A mandí-bula deverá estar aberta se as articulações temporomandi-bulares forem as áreas de interesse ( Fig. 5-1 , A , B e I ).

Projeção Ventrodorsal . O animal é posicionado em decúbito dorsal. Um bloco de material radiotransparente deve ser posicionado sob o pescoço, por trás do crânio. A articulação atlantoccipital deve ser estendida de modo que o palato duro fi que paralelo ao fi lme. O feixe de raios X deve ser centralizado entre os olhos e os canais auditivos numa linha média. Os seios são evidenciados melhor nesta projeção do que na dorsoventral, embora seja mais difícil obter simetria no posicionamento ventrodorsal. Essa é a projeção de escolha para demonstrar a abóbada craniana devido à sua proximidade com o fi lme ( Fig. 5-1 , C e D ).

Um fi lme intraoral, ou a combinação cassete fi lme- écran , em um envelope fl exível pode ser utilizado para eviden-ciar a mandíbula. O posicionamento ventrodorsal pode ser utilizado com um fi lme intraoral para demonstrar os dentes incisivos inferiores . O feixe de raios X deve ser dire-cionado em um ângulo de 20° (V20°R-DCdO). Com a boca amplamente aberta, com o maxilar paralelo ao tampo da mesa e com a mesma angulação de feixe centralizada na mandíbula, as regiões nasais e etmoidais podem ser demonstradas.

Projeção Dorsoventral . O animal é posicionado em decúbito esternal, com a cabeça apoiada sobre o cassete, de modo que o palato duro fi que paralelo ao tampo da mesa. Esse posicionamento pode ser mantido por uma banda-gem colocada em volta do pescoço, por detrás do crânio e fi xada na mesa. Em alguns casos, o posicionamento da cabeça poderá ser facilitado se o cassete estiver sobre um suporte. O feixe de raios X deve ser centralizado entre os olhos e os canais auditivos numa linha média. Nessa posi-ção, a simetria é visibilizada melhor do que no posiciona-mento ventrodorsal, porém a abóbada craniana fi ca mais distante do fi lme e, consequentemente, mais distorcida nesta projeção, o que, entretanto, não possui relevância prática ( Fig. 5-1 , E ).

As conchas nasais maxilares também podem ser avalia-das nessa posição através da introdução de um fi lme intraoral colocado o mais fundo possível na boca, iniciando por um de seus ângulos. Como alternativa, uma combina-ção fi lme- écran de alta resolução em um envelope plástico

O Crânio e a Coluna Vertebral

C A P Í T U L O

cinco

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Capítulo 5 ■ O Crânio e a Coluna Vertebral448

pode ser utilizada ( Fig. 5-1 , L ). O feixe de raios X deve ser centralizado sobre o septo nasal. Este posicionamento pode ser utilizado com um fi lme intraoral para demons-trar os dentes incisivos maxilares. O feixe de raios X deve ser direcionado em um ângulo de 20° (V20°R-DCdO).

Projeções Oblíquas . As projeções oblíquas possibilitam a demonstração de algumas estruturas sem a sobreposição do lado contralateral e são principalmente utilizadas na

avaliação das articulações temporomandibulares, bolhas timpânicas, seios frontais e borda dorsal das órbitas. No posicionamento com a boca aberta, as arcadas dentárias maxilar e mandibular são delineadas quando realizadas as projeções oblíquas. A estrutura isolada varia conforme o estudo oblíquo selecionado ( Fig. 5-1 , F e K ).

As projeções oblíquas são específi cas, na dependência da variabilidade anatômica e das afecções discutidas sub-sequentemente.

Foramementoniano

Canal mandibular

Mandíbula

Palato mole

Base da língua

Aparelho hioide

Labirinto etmoidal

Órbitas

Conchas nasais

Seio frontal

Abóbada craniana

Palato duro

Ramo vertical da mandíbula

Arco zigomático

Cavidade cerebral

Meato acústico externo

Bolha timpânica

Atlas

Áxis

A

B

Figura 5-1 Crânio normal. A e B, Projeção lateral.

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Capítulo 5 ■ O Crânio e a Coluna Vertebral 449

Figura 5-1, cont. Crânio normal. C e D, Projeção ventrodorsal. E, Projeção dorsoventral. F, Projeção oblíqua. Realizada em decúbito lateral direito, a projeção oblíqua demonstra a articulação temporomandibular direita ( seta preta ). A bolha timpânica ( seta aberta ) é visibilizada melhor nessa projeção do que na projeção lateral.

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Capítulo 5 ■ O Crânio e a Coluna Vertebral450

Projeção Rostrocaudal (Frontal) . O paciente é posicio-nado em decúbito dorsal, com o pescoço fl exionado, de maneira que o palato duro fi que perpendicular ao fi lme. A cabeça do paciente é mantida no posicionamento com o uso de bandagens ou com fi tas ao redor do focinho. O feixe é direcionado perpendicularmente ao tampo da mesa, ao longo da linha do palato duro e centralizado entre os olhos (rostrocaudal). O seio frontal, o processo odontoide ou dente do áxis e o forame magno podem ser demonstrados nessa projeção. Para os felinos, uma técnica similar tam-bém pode ser utilizada para demonstrar a bolha timpânica, que se encontra ventral à mandíbula. O paciente é posicio-nado em decúbito dorsal, e a cabeça é fl exionada. Em vez de orientar o palato duro perpendicular ao tampo da mesa, a cabeça deve ser ligeiramente inclinada dorsalmente, de modo que o palato duro forme um ângulo de aproximada-mente 70 graus a 80 graus com a mesa, e o feixe deve ser centralizado imediatamente ventral à sínfi se mandibular ( Fig. 5-1 , N ). Essa projeção frontal, com a boca do animal aberta, pode ser modifi cada para demonstrar os ossos da bolha e, as articulações temporomandibulares, e, neste caso, o feixe deve ser direcionado rostrocaudalmente num ângulo de 20 a 30 graus em relação ao palato duro (Ro20°V-CdDO). Ao variar o ângulo do palato duro em relação ao tampo da

mesa, a projeção frontal também pode ser usada para deli-near a abóbada craniana ( Figs. 5-1 , G e M e 5-13 , C e F ).

Projeção Caudorrostral . Com o animal em decúbito esternal, a cabeça é posicionada acima do nível do pescoço, utilizando um suporte e permitindo, assim, que o palato duro fi que em paralelo com o tampo da mesa. Um feixe horizontal, direcionado caudorrostralmente, é utilizado paralelo ao tampo da mesa e centralizado no crânio, com o cassete posicionado na frente do focinho do animal. Os seios frontais são delimitados. Uma vantagem da projeção caudorrostral é que possibilita demonstrar o nível de fl uido nos seios frontais.

Aspecto Normal O aspecto normal do crânio é demonstrado melhor pelas ilustrações ( Fig. 5-1 ).

Anormalidades Devido à simetria bilateral das estruturas ósseas do crânio, frequentemente é possível comparar a anormalidade uni-lateral com a estrutura normal contralateral correspon-dente.

Figura 5-1, cont. Crânio normal. G e H, Projeções rostrocaudais. G, Seio frontal normal em cão. Essa é uma projeção skyline rostrocaudal. Ambos os seios frontais estão preenchidos por ar. O osso frontal tem sua opacidade uniforme e possui margem interna com um recorte ligeiramente curvado. H, Projeção com a boca aberta, demonstrando as bolhas timpânicas ( setas ). I e J, Projeções lateral e ventrodorsal do crânio de um gato.

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Capítulo 5 ■ O Crânio e a Coluna Vertebral 451

Figura 5-1, cont. Crânio normal. K, Bolha timpânica normal — projeção oblíqua. Observam-se a fi na parede e a cavidade preenchida por ar ( seta ). L, Projeção oclusal do maxilar. M, Bolhas timpânicas normais em gato. Esta é uma projeção rostrocaudal com a boca aberta. As bolhas possuem paredes ósseas fi nas e bem-defi nidas. As bolhas em felinos possuem compartimentos medial e lateral separados por uma fi na parede óssea. Uma sonda endotraqueal está sobreposta ao crânio entre as duas bolhas.

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Capítulo 5 ■ O Crânio e a Coluna Vertebral452

Fraturas . As fraturas cranianas em cães não são muito comuns, exceto as fraturas em mandíbulas. A sobreposição óssea difi culta a evidenciação das fraturas. As projeções oblíquas laterais são úteis na defi nição do ramo mandibu-lar. A sínfi se mandibular é frequentemente o local de lesões separativas em gatos que sofreram quedas altas ( Fig. 5-2 , G ). As fraturas que envolvem a abóbada craniana, ossos frontais ou ossos nasais são geralmente fraturas em depres-são, e projeções oblíquas da lesão (tangenciais) podem ser necessárias para evidenciá-las. A sobreposição dos frag-mentos das fraturas pode causar uma opacidade linear, enquanto uma fratura com as extremidades deslocadas ocasiona uma falha radiotransparente linear. Aumento do volume de tecidos moles está frequentemente presente. Fraturas podem ser a causa de disfunções focais de nervos cranianos. As fraturas envolvendo os ossos nasais e fron-tais podem ser acompanhadas por hemorragia no interior do seio frontal ou da cavidade nasal. A hemorragia causa opacidade de tecidos moles no interior das cavidades, que são normalmente preenchidas por ar ( Fig. 5-2 ).

As linhas de sutura não devem ser confundidas com fraturas. Em cães e gatos, as linhas de sutura se fecham poucas semanas após o nascimento, embora em algumas raças de pequeno porte possam permanecer abertas. É o caso das fontanelas (áreas de tecido não ossifi cado) encon-tradas na junção de diversas linhas de sutura. Nestas raças de pequeno porte, como o Maltês e o Chihuahua, o seio frontal pode não ser evidente.

Luxação Temporomandibular . A articulação temporo-mandibular é formada entre o côndilo da mandíbula e a fossa mandibular da porção escamosa do osso temporal. A superfície rostral do processo retroglenoide é parte da fossa mandibular.

O diagnóstico de luxação da articulação temporoman-dibular pode ser radiografi camente problemático. As seguintes projeções devem ser utilizadas: 1. Ventrodorsal. 2. Projeção lateral com a boca aberta. 3. Duas projeções oblíquas laterais (ou Esq20°V-DirDO ou

Dir20°V-EsqDO). Duas projeções oblíquas devem ser obtidas. Com o animal posicionado em decúbito lateral direito, o crânio é rotacionado axialmente 20 graus para a direita em relação ao verdadeiro posicionamento late-ral. Deste modo, temos a projeção da articulação tempo-romandibular esquerda sobre o crânio, e a articulação direita pode ser vista com maior clareza ventralmente. Para a articulação temporomandibular esquerda, o ani-mal deve ser posicionado em decúbito lateral esquerdo, e o procedimento deve ser repetido, rotacionando o crâ-nio axialmente para a esquerda. Uma técnica alternativa para a obtenção da projeção oblíqua consiste em elevar o focinho do animal em decúbito lateral. No decúbito late-ral direito, a articulação temporomandibular direita é projetada rostralmente para a esquerda; já no decúbito lateral esquerdo, a articulação é projetada rostralmente para a direita. O ângulo de elevação varia conforme o tipo racial. Um crânio doliocefálico requer uma elevação de 10°, enquanto um crânio braquicefálico requer uma elevação de 30°. As projeções com a boca aberta e fechada são particularmente úteis para demonstrar a subluxação ou fratura do processo retroglenoide ( Fig. 5-3 , E e F ).

4. Uma projeção rostrocaudal com a boca aberta, com o feixe de raios X na bissetriz do ângulo da articulação temporomandibular. A luxação traumática ( Fig. 5-3 , D ) da articulação temporo-

mandibular não é muito comum em cães, podendo estar associada a fraturas mandibulares, particularmente em gatos.

Figura 5-1, cont. Crânio normal. N, Bolhas timpânicas normais em um gato. Esta é uma projeção rostrocaudal com a boca fechada e a cabeça inclinada 10 graus a 15 graus dorsalmente (para trás) em relação ao plano vertical. O feixe de raios X é centralizado ventral à sínfi se mandibular. As bolhas são visibilizadas ventralmente à mandíbula. O, Bolhas timpânicas normais em um cão. Nesta imagem transversal de TC, as duas bolhas timpânicas são visibilizadas como estruturas ósseas de paredes fi nas contendo ar, ventrais à porção petrosa dos ossos temporais no crânio caudal. Ar pode ser observado na nasofaringe, entre as bolhas e dorsalmente à sonda endotraqueal. As duas estruturas ósseas pequenas e arredonda-das, ventral e lateralmente à sonda endotraqueal, fazem parte do aparelho hioide.

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Capítulo 5 ■ O Crânio e a Coluna Vertebral 453

Clinicamente, os animais afetados mantêm a boca aberta, e a manipulação da mandíbula é dolorosa. O deslocamento é geralmente unilateral. O côndilo mandibular deslocado pode ser visto radiografi camente em projeção adequada. Ele é observado rostral e dorsalmente deslocado em relação ao processo retroglenoide (retroarticular). Se a luxação for unila-teral, a comparação com o lado oposto será útil. As mandíbu-las devem ser deslocadas para o lado normal. Pode haver uma fratura associada. Se o processo retroglenoide estiver fraturado, o côndilo poderá estar deslocado caudalmente.

Displasia Temporomandibular . A displasia temporo-mandibular é uma condição congênita descrita em jovens Setters Irlandeses, Bassett Hounds e em algumas outras raças. A fossa mandibular é rasa. Se a boca for amplamente aberta, poderá ocorrer uma subluxação da articulação temporomandibular. O processo coronoide da mandíbula de um dos lados torna-se fi xo lateralmente ao arco zigo-mático, resultando, assim, na permanente abertura da boca pelo bloqueio da mandíbula. Clinicamente, isso ocorre quando o animal boceja ou apreende um objeto em movi-mento. Em alguns casos, a condição se resolve espontanea-mente. Contudo, alguns pacientes necessitam de in-tervenção cirúrgica para a remoção de parte do arco zigomático ou do processo coronoide da mandíbula. A condição é demonstrada melhor em estudos oblíquos com a boca aberta e fechada.

Artrose Temporomandibular . A osteoartrose da articu-lação temporomandibular é ocasionalmente visibilizada. Ela pode ser decorrente de traumatismo ou uma sequela de condições, como a osteopatia craniomandibular, oti-tes médias ou displasia temporomandibular. Osteófi tos periarticulares são vistos em projeções laterais oblíquas e dorsoventrais. A diminuição do espaço articular também pode ser observada.

Corpos Estranhos . Os corpos estranhos radiopacos são facilmente visibilizados dentro do crânio; estão geralmente localizados na boca, faringe ou cavidades nasais. Os corpos radiotransparentes podem requerer um meio de contraste para serem delineados ( Figs. 5-4 , 5-5 ; e 5-11 ).

Infecção . Qualquer um dos ossos do crânio pode sofrer infecção. Entretanto, ela é incomum, exceto como extensão de uma infecção em cavidade nasal, em seios frontais ou em raízes dentárias, ou ainda em decorrência de um trau-matismo direto.

Sinais Radiográfi cos 1. A infecção causa destruição óssea e promove perda da

opacidade normal na área afetada. 2. Circundante à área destruída, frequentemente há uma

área de maior opacidade (esclerose) que demarca nitida-mente os limites entre a área afetada e o osso normal.

3. Pode haver a formação de um sequestro (Cap. 4). 4. Reação periosteal é frequentemente evidenciada. 5. Uma infecção fúngica pode simular alterações neoplá-

sicas. Entretanto, lesões fúngicas são normalmente multifocais.

6. A infl amação do osso (osteíte) pode ocasionar espessa-mento das paredes da bolha timpânica, resultando em redução em seu conteúdo aéreo.

7. O aumento do volume das partes moles é frequente-mente presente.

Neoplasia . A neoplasia primária dos ossos cranianos não é comum. O cão é mais frequentemente acometido do que o gato. O osteossarcoma pode afetar qualquer um dos ossos do crânio. O aspecto apresentado é de uma lesão destrutiva, normalmente acompanhada por uma reação periosteal profusa e agressiva. Se o tumor for superfi cial, haverá aumento do volume de tecidos moles associado.

Figura 5-2 Fraturas. A, Fratura das mandíbulas rostrais e maxilares. Há também uma fi ssura ( seta ) do osso nasal.

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543

CALCIFICAÇÃO (MINERALIZAÇÃO) Calcifi cação é um processo no qual os sais de cálcio são depositados no tecido. A calcifi cação distrófi ca é a deposi-ção de sais de cálcio em tecido anormal ou tecido morto, em degeneração, ou danifi cado. A calcifi cação metastática é a deposição de sais de cálcio em um tecido no qual não está ocorrendo o processo patológico. Resulta de anorma-lidades nos níveis de cálcio e fosfato no sangue e nos tecidos. Está associada a distúrbios metabólicos como hiperparatireoidismo (hipercalcemia) ou hipovitaminose D. Depósitos calcifi cados podem ser encontrados em teci-dos moles como os pulmões, a mucosa gástrica e os rins (Cap. 2), assim como naqueles ao redor de articulações (Cap. 4 e Fig. 4-45, A a C ) e nas paredes dos vasos sanguí-neos ( Fig. 6-1 ).

A calcifi cação dos condutos auditivos externos pode ocorrer em cães idosos ( Fig. 6-1 , A ). Hematomas ou bursas podem calcifi car-se, assim como tecidos tumorais ( Fig. 6-1 , B ). A ocorrência de calcifi cação do menisco medial do joe-lho já foi relatada em cães e gatos (Fig. 4-5, B e C ).

O cálcio pode depositar-se na pele e no tecido subcutâ-neo na síndrome de Cushing (Cap. 2) e secundário ao hiperparatireoidismo ( calcinose cutânea ). Os anéis traqueais e as paredes brônquicas podem ser afetados, e pode haver mineralização difusa do parênquima pulmonar (Fig. 3-12, E , e Fig. 6-1 , F e G ).

A mineralização das artérias coronárias pode ser vista como tênues linhas radiopacas, estendendo-se caudoven-tralmente a partir da raiz da aorta. A mineralização do bulbo aórtico é ocasionalmente vista na altura do quarto espaço intercostal, na região craniodorsal da silhueta car-díaca ( Fig. 6-1 , O ).

A ultrassonografi a do tecido calcifi cado pode ser insa-tisfatória se uma estrutura estiver calcifi cada apenas em parte. Os depósitos serão visualizados como focos hipere-coicos dispersos nos tecidos ( Fig. 6-1 , M ). Na miosite ossifi -cante , placas ósseas depositam-se nos músculos, ou o músculo por si só pode tornar-se ossifi cado. Opacidades ósseas trabeculadas podem ser vistas. Pode ocorrer como resultado de traumatismo crônico. A calcifi cação não pode ser distinguida da ossifi cação a menos que um padrão trabecular possa ser identifi cado ( Fig. 6-1 , Q ).

Na calcinose circunscrita (gota cálcica, calcinose tumoral), depósitos de material calcifi cado amorfo depositam-se no tecido subcutâneo e na pele. Lesões são usualmente encon-tradas nos membros, sob os coxins plantares, ou sobre proeminências ósseas. Lesões similares foram descritas na

boca. A etiologia permanece obscura. Doença renal crônica, hiperparatireoidismo e hipovitaminose D foram sugeridas como possíveis causas. Aproximadamente metade dos casos observados ocorre em Pastores-alemães novos que estão aparentemente normais ( Fig. 6-2 ).

FÍSTULA ARTERIOVENOSA Uma fístula arteriovenosa é uma comunicação direta entre uma artéria e uma veia sem a interposição de um leito capilar. Numerosos pequenos vasos desenvolvem-se na área afetada. Tais fístulas podem ser encontradas central-mente, como no ducto arterioso patente ou no defeito do septo ventricular, ou podem ser periféricas.

Fístulas periféricas podem ser congênitas ou adquiridas, em consequência de lesão. A ocorrência de fístulas arterio-venosas periféricas já foi relatada em cães e gatos, mas é incomum. Os sinais clínicos variam. Podem aparecer como edemas pequenos, indolores e quentes, com um pulso fra-camente palpável, ou podem ser grandes e dolorosas. Pode ocorrer ulceração. Se for exercida pressão proximal a uma fístula arteriovenosa, o retorno venoso para o coração é diminuído e a frequência cardíaca diminui. Isto é conhecido como sinal de bradicardia de Branham . Com o tempo, fístulas grandes provocam mudanças cardíacas compensatórias.

Radiografi camente, fístulas arteriovenosas nos mem-bros podem causar alterações no padrão trabecular dos ossos circunjacentes. O padrão trabecular torna-se gros-seiro. O leito vascular pode ser demonstrado por arterio-grafi a ( Fig. 6-3 ; veja também Fig. 4-25 e Cap. 4).

PLANOS FASCIAIS Os planos fasciais entre os músculos são frequentemente visíveis em radiografi as, devido à gordura que está pre-sente no tecido conjuntivo entre os músculos. O uso de uma luz clara ajuda na visualização desses planos (Cap. 4 e Fig. 4-11, A ). Se os planos fasciais forem de interesse particular, usa-se uma técnica para tecidos moles para demonstrá-los. Ar pode ser injetado na fáscia subcutânea, onde se espalhará para os planos fasciais intermusculares e se tornará visível radiografi camente.

O deslocamento dos planos fasciais tem importância diagnóstica. Por exemplo, o deslocamento do plano fascial usualmente visível caudal à articulação do joelho indica edema intra-articular da articulação do joelho. O coxim adiposo infrapatelar pode perder sua radioluminescência se uma hemorragia ou edema intracapsular estiver pre-sente ( Fig. 6-4 ).

Tecidos Moles

C A P Í T U L O

seis

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Capítulo 6 ■ Tecidos Moles544

AFECÇÕES DO TECIDO MOLE O aumento de volume ou massas de tecido mole são fre-quentemente vistos em radiografi as. Uma informação mais detalhada é normalmente obtida através de exame clínico. O enfi sema é visualizado como opacidade gás no interior dos tecidos moles, ou abaixo da pele. Opacidades gás são vistas no interior de tecidos moles após a perfura-ção da pele, como, por exemplo, em uma fratura exposta (aberta). Ar é observadono interior de tecidos mo les após cirurgia. Corpos estranhos radiopacos em tecidos moles são visíveis radiografi camente ( Fig. 6-5 , A a E ).

Massas de tecido mole podem ser reconhecidas devido ao fato de deslocarem estruturas adjacentes. Por exemplo, uma massa retrofaríngea deslocará a laringe ventralmente; uma massa tireóidea deslocará a traqueia cervical ventral-

mente ou lateralmente (Fig. 3-3, E ). Detalhes mais específi -cos acerca de tecidos moles são abordados em capítulos anteriores deste livro.

Ultrassonografi a Uma massa de tecido mole nos tecidos subcutâneos é fácil de ser examinada ultrassonograficamente com um transdutor de alta frequência. Pode-se fazer uma ava-liação observando-se sua ecotextura e se ela contém líquido. O grau de infiltração ou marginação ajuda a diferenciar doença neoplásica, cisto, abscedação ou hemorragia.

Os hematomas possuem um padrão ecogênico variável, dependendo da idade da lesão e do grau de retração do coágulo. Os abscessos são predominantemente anecoicos,

A B

C D

Figura 6-1 Calcifi cação. A, Calcifi cação ( setas ) dos condutos auditivos externos em um cão idoso. B, Calcifi cação em uma bursa infraespinhal cronicamente infl amada no aspecto lateral da articulação do ombro. C, Calcifi cação em um tumor mamário. O aumento de volume de tecido mole está bem demonstrado. D, Cataratas calcifi cadas ( setas ).

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Capítulo 6 ■ Tecidos Moles 545

com fl óculos representando debris celulares. Áreas focais hiperecoicas podem indicar a presença de gás livre ou mineralização.

Corpos estranhos podem estar localizados nos teci-dos moles. Corpos estranhos não metálicos causam graus variados de sombreamento acústico, enquanto corpos estranhos metálicos são altamente ecogênicos, causando grandes sombras acústicas e múltiplos artefatos de rever-beração. O fato de não se conseguir demonstrar um corpo estranho não exclui sua presença ( Fig. 6-5 , G ).

TECIDOS MOLES CERVICAIS Ultrassonografi a As estruturas de tecido mole no pescoço ou nos membros prestam-se ao exame ultrassonográfi co, desde que estru-turas preenchidas por ar ou ósseas sejam evitadas. A pro-

fundidade de tecido a ser penetrada varia de 1 a 10 cm. Dependendo da profundidade do tecido, será necessário um transdutor de alta resolução de 10 a 15 MHz. Para estruturas localizadas próximas à superfície, será necessá-rio um standoff se for utilizado um transdutor de baixa resolução.

GLÂNDULA TIREOIDE A glândula tireoide localiza-se caudal à laringe e adjacente à traqueia. É uma estrutura pareada que se localiza de cada lado da traqueia, e cada parte encontra-se medial à artéria carótida. As duas metades podem estar conectadas ven-tralmente à traqueia. A tireoide não é visualizada em radiografi as simples até que se torne aumentada. Uma tireoide aumentada desloca a traqueia em uma variedade de formas, dependendo da localização do aumento.

E F

G

Figura 6-1, cont. Calcifi cação. E, Calcifi cação do trato biliar, um achado incidental. F, Esse cão apresentava um abdome pendular, polidipsia e poliúria. A radiografi a lateral mostra uma mineralização generalizada dos tecidos moles, particularmente bem visualizada nos tecidos moles da área inguinal. Diagnóstico: síndrome de Cushing – hiperadrenocorticismo. G, Uma gata fêmea, de 3 anos de idade, com grave dispneia, polidip-sia e estertores respiratórios durante ausculta. Pode ser observada extensa mineralização dos tecidos moles. Note-se a aorta proeminente, que está mineralizada em toda a sua extensão. Diagnóstico: calcifi cação distrófi ca causada por doença renal.

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Capítulo 6 ■ Tecidos Moles546

Ultrassonografi a O exame da glândula tireoide proporciona uma informa-ção anatômica mas não funcional. Assim como em outros tecidos, não é possível avaliar se as lesões são benignas ou malignas.

A glândula tireoide é encontrada através da localização da artéria carótida como uma estrutura anecoica, linear e pul-sante profundamente ao forame jugular. O ângulo do trans-dutor é de aproximadamente 45 graus entre os aspectos lateral e ventral do pescoço. Os lobos localizam-se medial-mente às artérias carótidas e são estruturas fusiformes, bem

defi nidas e homogêneas, contidas na bainha carotídea. São isoecoicas ou hipoecoicas, com uma ecotextura granular. Em cães, cada lobo tem 2,5 a 3,0 cm de comprimento e 0,4 a 0,6 cm de largura. Em gatos, o comprimento é de cerca de 2 cm, e a largura é de aproximadamente 0,2 cm ( Fig. 6-6 , A ).

Adenomas ou carcinomas de tiroide são frequentemente observados. É difícil diferenciar o tecido tireoidiano ectó-pico de linfonodos. Adenomas funcionais de tireoide oca-sionalmente envolvem ambas as glândulas, e são a causa mais comum de hipertireoidismo em cães. As glândulas apresentam-se aumentadas e hipoecoicas, tanto com uma

Figura 6-1, cont. Calcifi cação. H, Este Labrador Retriever de 1 ano de idade apresentava claudicação no membro torácico esquerdo há 2 meses. O carpo estava hiperestendido, e suspeitou-se de uma lesão no tendão. As radiografi as no momento da lesão não apresentavam nada digno de nota. O estudo subsequente ilustra uma extensa mineralização dos tecidos moles proximal ao osso acessório do carpo. Esse tecido mineralizado estende-se distalmente para envolver o corpo do osso acessório do carpo. Diagnóstico: calcifi cação pós-traumática. I e J, Um fi lhote de gato de 5 meses de vida com história de dispneia. Vistas lateral ( I ) e dorsoventral ( J ) mostram infi ltrações puntiformes, dispersas e simétricas por todo o campo pulmonar, obscurecendo as estruturas torácicas normais. O diafragma está achatado, e a parede gástrica está mineralizada. Pregas tumefeitas estão visíveis em forma de linhas radiopacas paralelas. Era uma calcifi cação metastática causada por insufi ciência renal.

I

H J

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Capítulo 6 ■ Tecidos Moles 547

ecotextura homogênea ou mista. Infi ltrados nodulares discre-tos ou aumento generalizado de um lobo é visto ( Fig. 6-6 , B ).

Os carcinomas de tireoide são vistos em cães, mas rara-mente em gatos. Em geral são unilaterais e hipoecoicos. Tendem a ter margens pouco defi nidas e ecotextura mista. A invasão do tecido local frequentemente signifi ca que estruturas vitais, como a veia jugular ou a artéria carótida, estão estreitamente associadas à massa, ou diretamente envolvidas nela. Linfonodos locais também devem ser exa-minados. Uma aspiração por agulha fi na guiada por ultras-sonografi a é particularmente útil para se conseguir um diagnóstico defi nitivo de doença tireoidiana benigna ou maligna. Causas menos comuns de massas na tireoide incluem cistos, hemorragia e doença infl amatória. Os cistos da tireoide são algumas vezes observados em gatos com hipertireoide. Aparecem como estruturas anecoicas no interior da glândula, com septos hiperecoicos ( Fig. 6-6 ).

A cintigrafi a com o uso de marcadores radioativos (iodo ou tecnécio) pode ser utilizada para localizar tecido tiroi-diano ectópico. Uma absorção aumentada do fármaco radioativo pode ser observada em tecido tireoidiano anor-mal ( Fig. 6-6 , C a E ).

AS GLÂNDULAS PARATIREOIDES As glândulas paratireoides estão intimamente associadas à tireoide. Cada metade da glândula tireoide está asso-ciada a duas glândulas paratireoides. Estas podem estar localizadas no interior da tireoide. Uma frequentemente localiza-se logo adjacente ao polo cranial de cada seg-mento tireóideo. A outra geralmente localiza-se na porção caudal da glândula. Ambas geralmente são, estruturas anecoicas ou hipoecoicas, bem delimitadas, com menos de 2 mm de tamanho. A ultrassonografi a com transdutores de alta frequência pode identifi car glândulas paratireoides

M

L

K D

Cr

Rim

Figura 6-1, cont. Calcifi cação. K a M, Um Yorkshire Terrier de 12 anos de idade apresentava polidipsia, poliúria e abdome aumentado. Radiogra-fi as lateral ( K ) e ventrodorsal ( L ) mostram hepatomegalia, um abdome pendular e pouco detalhe seroso. Existe uma opacidade de tecido mole vagamente circular no abdome dorsal esquerdo. Este apresenta uma margem mineralizada. Esta localiza-se craniomedial ao rim, com o qual mostra uma sobreposição de margens. M, A ultrassonografi a mostra uma massa heterogênea de 5 cm de largura ( M ) invadindo o polo cranial do rim esquerdo. Este possui áreas anecoicas e focos hiperecoicos ( ponta de seta ) causados por calcifi cação no interior da massa. Essa massa neoplásica pode ter surgido tanto da glândula adrenal quanto do rim.

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Capítulo 6 ■ Tecidos Moles548

aumentadas como discretas estruturas hipoecoicas. Anor-malidades incluem neoplasia e hiperplasia. Os adenomas de paratireoide são uma causa de hipercalcemia. Em geral, essas lesões são únicas e aparecem como nódulos bem defi nidos, esferoides, de 5 mm ou mais de tamanho, e estão fortemente associadas a glândula tireoide ipsolateral ( Fig. 6-6 , F e G ).

MÚSCULOS As lesões musculares raramente resultam em mudança radiográfica além de edema do tecido mole. Entretanto, uma lesão na origem ou na inserção de um músculo

pode causar mudança no osso subjacente. Defeitos lu-centes pequenos e bem definidos podem ser vistos no tubérculo maior do úmero como resultado de lesão na inserção do músculo infraespinhoso. A avulsão da in-serção do músculo cleidobraquial resulta em uma pro-liferação óssea periosteal exuberante e indefinida no córtex cranial da porção medial da diáfise do úmero ( Fig. 6-7 , A e B ). Proliferação óssea no aspecto craniodis-tal lateral do úmero ocorre com a avulsão na origem do extensor radial do carpo. Proliferação pode estar pre-sente na origem do gastrocnêmio na porção caudodistal do fêmur.

O

P

Q

N

Figura 6-1, cont. Calcifi cação. N, Um Kerry Blue Terrier de 9 anos de idade apresentava letargia. Havia proteinúria. Áreas discretas de minerali-zação localizavam-se ventralmente à vértebra torácica. Diagnóstico: era uma glândula adrenal mineralizada. O, Mineralização da artéria coro-nária em um cão. Observa-se uma estrutura linear mineralizada, tortuosa, sobreposta à base do coração, a uma projeção lateral do tórax ( setas ). Isto representa a mineralização dos vasos na região do seio coronário. P, Diversas opacidades minerais bem delimitadas são observadas nos tecidos moles distolaterais ao trocanter maior do fêmur. Foram um achado incidental. Diagnóstico: calcifi cação distrófi ca. Q, Este Pastor-alemão em atividade de 2 anos de idade, apresentava uma ação não usual do membro pélvico. À palpação, ambos os músculos gastrocnêmios estavam endurecidos distalmente. Uma ultrassonografi a longitudinal mostra as fi bras musculares normais ( G ) infi ltradas por um tecido ecogênico, cau-sando sombreamento acústico ( setas ) (a região proximal localiza-se à esquerda da imagem). Diagnóstico: miosite ossifi cante.

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DO CÃO & DO GATO

Radiografia e Ultrassonografia

J. KEVIN KEALY

HESTER MCALLISTER

JOHN P. GRAHAM

TRADUÇÃO DA 5a EDIÇÃO

VD

AD

VEAE

Radiografia e U

ltrassonografiaD

O C

ÃO

& D

O G

ATO

5a EDIÇÃO

KEALY

MCALLISTER

GRAHAM

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Escrito pelos especialistas veterinários J. Kevin Kealy, Hester McAllister e John P. Graham, esta obra traz os princípios da radiologia e da ultrassonografia diagnósticas, incluindo instruções claras e com-pletas sobre a interpretação dos exames de imagem. Mostra a anatomia normal dos sistemas orgânicos, e, em seguida, descreve os sinais radiográficos de alterações sistêmicas. O livro também traz descrições de achados ultrassonográficos em muitas doenças que acometem cães e gatos. Atualizado com as mais recentes técnicas digitais, tomografia computadorizada, ressonância magnética e medicina nuclear, e analisando como evitar erros comuns de interpretação, este livro é o que você precisa para aprimorar suas habilidades de planejamento diagnóstico e terapêutico!

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J. KEVIN KEALY • Hester MCAllister • JoHn P. GrAHAM

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DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

RADIOLOGIA E ULTRASSONOGRAFIA DE PEQUENOS ANIMAIS

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