193
J SENADO FEDERAL DIRETORIA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

J SENADO FEDERAL

  • Upload
    hoangtu

  • View
    266

  • Download
    3

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: J SENADO FEDERAL

J

SENADO FEDERAL

DIRETORIA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Page 2: J SENADO FEDERAL

REVlsrrADE INFORMAÇÃO

LEGISIJ!~rlVJ\

EDITADA PELO

SENADO FEDERAL

DIRETORIA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

FUNDADORES :

SENAOOR AliRO MOURA AlIIDRADEPresidente do senado Federal

0961-1967)

E

DR. ISAAC BROWN

secretArio-Geral da Presidência •0946-1967)

DIREÇAO:

LEYLA CA~~ BRA~OO RANGEL

comporta e Impressa DO

Serviço Gritlco do 81'D&do FedenlBruma - D.'

6'

SUMARIO

COLABORAÇAO

"A autonomia. dos mWúcípios e a segu­rança nacional" - (S!Jmulor Jo-

saphat MarillM) 3

"Pedro Lessa e sua influência na. evo­lução constitucional do Brasil" ­

(Deputado Rubem Nogueira) .... 11

"Obrigação de «>ntratar" - (ProfessorOrlando Gomes) ... , ..... " ..... 21

"Os Decretos-Leis na. Constltulçât> dI!1967" - (Professor Olto de Andra-de Gil) ,27

"A integração do munlclplo no proces-so do desenvolvimento" - (Pro­fessor Rubem de Oliveira Lima) .. 35

BIBLIOGRAFIA

"Segurança nacional c ll.&Sunttls «>r­relatos" - Biblloteca. do senadoFederal , .. , "" .. 41

DOCUMENTAÇAO

"SeRurança nacional" Oegislaçl!.o, pro­jetos, pronunciamentos) - (Fer-

nando Gtubertt Nogueira) 63

PESQUISA

"Menor - um problema pOsto emquestão" <2.& parte: o ml!nor no

Direito Civil) -- (Adolfo Eric deToledoi , , .. , , 79

",Justiça MilHar" - (Sara Ramos d~

"'igucircdoJ 99

"l..cis complementares" -- (RogérioCosta Rodrlgues) .1"-3

ARQUIVO

"Llmítes BraSil-Paraguai" <documentohistórico: "Tratado de AliançaBrasil-A r g e n li n a-Uruguai". de1-5-1865) -- (Lida Maria CardosoNaud) .181

Page 3: J SENADO FEDERAL

<-\. Diretoria de lnfomwçiio LegislatiU!

compete coligir c fOrllcccr tiOS Snwt!orcs ('

(írgüos ti~crlico.\' do S('tl(u!o dados clllCir/ll/iCO\'

c elementos de inter(:.\·sc '}(Ira r!a!Jol'Uç'üo

lcgislatit;,(J c esc1lJrccimcPltos das nwtàills em

tramitaçiio na Casa ou 110 COlll!.n:sWJ,

I Resoluçoes nO, 20. 27 (' 38

de 1963, e n." 59, de 1966)

Page 4: J SENADO FEDERAL

COLABORAÇÃO

A autonomia dos municípiose a Segurança Nacional

S-ruuk, Jo~hat 'fJ1a,inhoProfessor ãa Faculãade de Direito d4

UnlVersletaãe efa Bahia

SUMARIO

o Projeto e a Mensagem - A Constituiçãoe a Autonomia dos Municípios - Interpre­tação da Constituição - Necessidade de Leide Normas Gerais - Concordância da Dou­trina Militar - Unilateralidade Imprudente- Projeto Inadmissível.

o PROJETO l A MENSAGEM

o Projeto de lei n.o 13, de 1968, submetido ao Congresso Nacional pelo PoderExecutivo, declara de interêsse do segurança nac;onol, "nos fêrmos do art. 16, § 1.°,olfnea ta, da Constituiçõo", 68 Municípios, situados uns "na faixa de fronteiro" eoutros "no orla marítimo",

Da mensagem presidencial, com que foi encaminhada a proposição, e do expo­sição de motivos do Ministério da Justiça, que a fundamenta, vê-se que não há leidisciplinadora do processo de dedarar de~rminados Municipios do interesse dasegurança nacional. A seleção retratada no projeto obedeceu, confessodamente, o"razões" extraídos de leis diversos, tôdas anteriores à Constituiçõo de 1967, e depresumida "orientação" do Conselho de Segurança Nacional.

As leis invocadas foram os seguintes, no ordem e no forino preferidos peloexposição ministerial: 2.597, de 12 de setembro de 1955, "que dispõe sõbre oszonas indispensáveis à defesa do País"; 601, de 18 de setembro de 1850, "quedelimitou os bens de domínio da Uniõo, no zona fronteiriço", e o Decreto-lei 1.531,de 16 de junho de 1939, "sõbre as colônias militares de fronteiros".

Page 5: J SENADO FEDERAL

4 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA---------_._--- ----

Como se infere da própria exposição oficial, nenhuma dessas leis regula, espe­cificamente ou de passagem, a matéria contido no preceito constitucional.

A Lei 601, de 1850, nos precisos têrmos de sua ementa, "dispõe sôbre asterras devolutas no Império, e acêrco das que são possuídas por título de sesmariasem preenchimento das condições legais, bem como por simples título de possemansa e pacífica, e determina que, medidas e demarcadas as primeiras, sejam elas ce­didas a título oneroso assim poro emprêsas particulares, como poro o estabelecimentode colônias de nacionais, e de estrangeiros, autorizado o Govêrno a promover a coJo­nização estrangeiro no formo que se declaro". Do ângulo político e administra­tivo, importa destacar nessa lei o dispositivo que prevê a reservo de óreas neces­sórias para "o colonização dos indígenas", "o fundação de povoações, abertura deestrados, e quaisquer outros servidões, e assento de estabeleciment~s públicos",ou "c.onstrução naval" (artigo 12), e o que autorizo o Govêrno o criar a "Repar­tição Geral dos Terras Públicas", "encarregado de dirigir a medição, divisão, e des­crição das terras devolutas, e sua conservação, de fiscalizar o venda e distribuiçãodelas, e de promover a colonização nacional e estrangeira" (art. 21). Nenhumaregra se aproxima do que encerra a atual Constituição.

O Decreto-lei 1.531, de 1939, "cria colônias militares de fronteiros", e lhesregula a organização e o funcionamento, "em locais escolhidos pelo Conselho deSegurança Nacional, dentro do faixa de 150 quilômetros a que se refere o art. 165do Constituição Federal" (art. 1,0), Visam tais colônias o "nacionalizar os frontei­ras do Pois" e a criar nelas "núcleos de população nacional" (art. 1.0 , parágrafoúnico), sem que o objetivo descrito posso inspirar a supressão da autonomia deMunicípios.

A Lei 2.597, de 1955, "dispõe sôbre zonas indispensáveis à defesa do País",assim considerando "a faixa interna de 150 quilômetros de largura, paralela à linhodivisório do território nacional, cabendo à União sua demarcação" (art. 2,0). Maso propósito do legislador, no caso, foi, expressamente, vedar, "nas zonas indis­pensáveis à defeso do País, a prática de atos referentes à concessão de terras,ô abertura de vias de comunicação, à instalaçõo de meios de transmissão, à cons­truçõo de pontes e estradas internacionais e ao estabelecimento ou exploração deindústrias que interessem à segurança da Nação, sem o prévio assentimento doConselho de Segurança Nacional" (art. 1.0). Nado de restrição à autonomia políticados Municípios foi estabelecido, oú declarado necessário.

A CONSTITUIÇAO E A AUTONOMIA DOS MUNI(fPIOS

De certo, segundo o art, 16, § LO, b, da Constituição, serão nomeados peloGovernador, com prévia aprovação do Presidente do República, os Prefeitos dosMunicípios declarados de interêsse da segurança nacional, por lei de iniciativa doPoder Executivo,

Mas êsse parágrafo é integrante do artigo· que assegura a autonomia municipal,inclusive pera eleição direto de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores. Demais, a Cons­tituição encerra outras normas básicas, a que se vincula, intimamente, essa cláu­sula. Alicerço o sistema político na República Federativo, sob o regime representativo(art. 1.0), Proclamo que todo poder emana do povo e em seu nome e exercido (§ 1.0do art, 1,0), Repetindo diretriz firmada desde a Reformo de 1926, ergue a autonomiamunicipal à categoria de princípio constitucional da Uniõo (art. 10, VII, 1). A fimde nõo permitir dúvida quanto à eficócia ou à objetividade da garantia, estipulo que

Page 6: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 5

a autonomia é assegurado, também. pela admistração próprio. no que concerne00 seu peculiar interêsse, especialmente quanto à decretação e arrecadação dostributos de sua competência e à aplicoçôo de suas rendas (art. 16, 11, cr). E, confe­rindo densidade a êsse poder enunciada, enumera os tributos do competência dosMunicípios (arts. 18, 19 e 25), assim como as parcelas dos impostos que lhes devemser distribuídos (art. 28).

O principio da autonomia municipal é, portanto, peja firmeza e amplitude comque foi definido, inerente 00 regime federativo instituído. o qual. por suo vez,nôo pode ser abolido mediante emenda à Constituiç~ (art. 50, § 1.°).

lago. qualquer limitação ó autonomia municipal somente se legitimaró nos estritostêrmos da Constituição, interpretado através do conjunto das preceitos entre siarticulados. e não por exegese isolada de qualquer norma.

INTERPRETAÇAO DA CONSTITUIÇAO

Tôda interpretação de texto constitucional. aliós, como de resto o dos leis emgeral, obedece, por exigência elementar de hermenêutica, 00 processo de análise docomplexo codificado. O critério prevalece, porém, superiormente, no t1preciação dosdispositivos que corporificam o regime político. social e econômico, porque mais serelacionam com .() interêsse do comunidade.

Em recente e vitorioso voto no Supremo Tribunal Federal, 00 examinar e reco­nhecer a inconstitucionalidade do art. 48 da lei de Segurança Nacional. o eminenteMinistro Themistocles Cavalccrlrti, publicista de renome, recordando passagem deum de seus livros, resumiu êsse entendimenta dominante. O trecho do voto é deprecisão singular, dispensando o invocação de outros autoridades.

"A Constituição - acentuou - compreende um conjunto de preceitos lógi­cos. homogêneos, pelo menos quanto à orientação geral do texto. O siste­ma político, O formo de govêrno, o formo de Estado, o mecanismo dos insti­tuições, o regime dos liberdades, a ordem econômico, são elementos perma­nentes a ser considerados.Por sua natureza, O seu texto exprime um sistema harmônico, representoum ideal político, um programa que se completo pelo legislação e peloadministração.Não se pode desligar o interpretação constitucional dêsses pressuposfOS,embora não possam êles constituir uma preocupaçõo prioritário no pro­cesso de interpretação."

E, particularizando o importância do critério no elucidação dos cônones fun-damentais, p'rosseguiu:

"Ter-se-ia, entretanto, de repelir uma interpretação que ferisse os pressu­postos constitucionais do federação, da república, do demdcrocia, do auto­nomia municipal. dos princípios essenciais relativos à economia. à família,à educação etc."

Por fim, esclareceu e advertiu:"Quando se folo em todo harmônico, pressupõe-se o exame do conjunto denormas que regulam cada instituta ou coda matéria e o suo compreensõoem face dos princípios fundamentais do Constituiçõo.A interpretação de uma norma contrariando os boses ~ssenciais do regimenão pode ser tolerado porque atrito com os principias gerais de inter-

Page 7: J SENADO FEDERAL

6 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA .

pretação" (Ac. do Sup. Trib. Fed., de 21·2·1968, no h.c.n. 45.232, daGuanabara).

Oro, a nomeaçõo de Prefeitos é uma forma de redução ou de desfiguração doautonomia municipal.

Na vigência da Constituição de 1891, representou "o aspecto mais debatido noconceituação da autonomia municipal", segundo refere Castro Nunes (00 EstadoFederado e sua Organização Municipal - Rio, 1920, pág. 176). Já nesse período,em que o princípio não tinha o mesmo relêvo de hoje, Pedro Lessa e EdmundGLins, no Supremo Tribunal Federal, opuseram a inviolabilidade do autonomia localaas excessos praticados pelos governadores. "A autonomia municipal desaparece ­objetou o primeiro -, desde que o Executivo Municipal é impôsto pelo Estado. Aotempo do Império, várias vêzes se tentou criar um agente executivo municipal,nomeado pelos Presidentes dos Províncias ou pelo Govêrno geral; e nunca se apro­vou qualquer dos projetos nesse sentido, por se julgarem ofensivos da autonomiamunicipal". O segundo observou que se o Executivo estadual "pode assumir, porempregados de sua confiança, a direção dos Municípios, incontestàvelmente, fereo autonomia municipal, pois, intuitivamente, não é autônomo um poder que se nãodirige por si, mos está submetido a um outro" (In Raul Machado Horta: A Autono­mia do Estado·Membro no Direito Constitucional Brasileiro - Belo Horizonte, 1964,página 117).

Claro que o postulado do autonomia nõo tem caráter absoluto ou de dogma.Não o tem, sobretudo, na configuração do "nôvo federalismo", em que se ampliam,seguidamente, os podêres da União. As funções do Estado moderno, crescentementemúltiplas e diversificados, justificam o alargamento progressivo do poder central.não só no domínio social e econômico, também no político, inclusive em resguardodo soberania nacional.

Já em 1920, no livro citado, Castro Nunes sustentara a relatividade do prin­cípio quanto à escolho do órgão executivo, justificando o critério de nameação dePrefeitos. A seu ver, a "concorrência dos interêsses locais e gerais no Municípioé o fundamento do tutela, da qual o Prefeito nomeado é uma modalidade no esferaexecutória" . .. Corretamente, porém, ressalvou que

"o designação, por via eletiva, dos autoridades municipais, não ofereceigualmente margem o controvérsia, porquanto não se contesta que é êsseo regime mais conforme à noção da autonomia, tomado esta no sentidogenérico de lei próprio, govêrno próprio etc" (Castro Nunes: Ob. clt. págs.173 e 176).

Essa doutrina subsiste, apesar do oumento incessante dos faculdades do Go­vêrno Federal. As Constituições brasileiras posteriores a 1930, à exceçõo da de 1937,consagraram o princípio de autonomia, inclusive pela eletividode do Prefeito, e ofortaleceram em comparaçõo com o Estatuto de 1891. ~ o que assinala o genera·lidade dos estudiosos, dentre os quais alguns dos autores de "Perspectivas doFederalismo Brasileiro" (Eds. da Rev. Brasileira de Estudos Políticos, Univ. de MinasGerais, 195B).

Daí, e pelo conjunto dos preceitos pesquisodos, Victor Nunes Leal ter firmado,a par de outras conclusões, que o Município, no Brasil, "não é essencialmente umaorganização administrativa", mos "uma entidade medularmente político", e que os"limitações" de suo autonomia "devem ser entendidas restritivamente" (Problemasde Direito Público, Rio, 1960, págs. 318 e 331 l.

Page 8: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968------- 7

~ legítimo argulr, portanto, que a declaração de incidência de determinadosMunicípios no área de interêsse da segurança nacional, poro o fim de nomeaçãode Prefeitos, não pode resultar, linear e isoladamente, do disposto no art. 16, § 1.0,b, do Constituição.

Sendo a autonomia municipal a regra e o estrangulamento dela a exceção, ese o autonomia, como principio constitucional do Uniõo, coordena-se com outros prin­cipias diretores do sistema político estabelecido, notadamente a Federação e o regi.me representativo, quaisquer restrições ao postulado amplo hõo de ser aootadas comos cautelas que preservem o funcionamento harmônico das instituições, nesse proces­so compreendido o respeito à competência legislativa do Congresso Nacional.

NECESSIDADE DE LEI DE NORMAS GERAIS

Oro, invocando os leis já referidos, a expaslçao do Ministério da Justiça reco­nhece o insuficiência do normo inscrito no dispositivo constitucional como razôo bas­tante para justificar o projeto. Se o parágrafo, por si só, legitimasse o medido, des­necessário seria citar leis ordinários, e até uma do período imperial, poro assegu­rar·lhe o execução. Se o citação dessas leis se impôs, poro esclarecer o preceitomaior ou para fixar a idéio de segurança nacional, como quer que seja revelou tro­tar-se de regra constitucional que não é de aplicação autônomo - self.executing.

Ocorre. no entanto, que os leis enumerados pelo Govêrno não lhe sustentam o pro­pósito. consoante salientamas liminarmente. Ao contrário: por suas omissões, sobre­tudo, servem poro demonstrar o necessidade de um diplomo de normas gerais. comoinstrumento prévio regulador da medido previsto no dispositivO" constitucional eagora precipitadamente proposto.

A Const.uiçeo preceituo, no parágrafo único do art. 91, que "o lei especificarâos áreas indispensáveis à segurança nacional, regulará suo utilizaçõo e assegurorâ, nosindústrias nelas situadas, predominância de capitais e trabalhadores brasileiros".Por irrecusâvel identidade de fins, também por lei adequado devem ser fixados ospressupostos da declaração de Municípios como âreas de interêsse do segurançanacional, ou, pelo menos, incluidos, taxativamente, no contexto daquele diploma, pre·conizodo no parágrafo único do art. 91.

Inadmissivel é considerar Municípios do interêsse do segurança nacional, poronomeaçõo de seus Prefeitos, sem previa fixaçõo de criterios gerais, normativos,pois isso resulta, como ogoro, em soluções casuísticos, injustas e contraditórias.

Pouco importo que o Constituição nõo exijo, de modo expresso. prévio lei geroldefinidora dos requisitos permissivos da providência prevista no art. 16, § 1.°, b.~ sabido que a interpretaçõo não se escravizo às fórmulas verbais, inclusive porqueas leis, e especialmente as constituições pela generalidode de seus têrmos, pressu­põem sempre disposições implícitos inegáveis.

Jó em 1891, no Senado, Rui Barbosa assinalou, sôbre os artigos de uma Cons-tituição:

"Não sôo disposições que principiem e acabem cada uma em si mesmo;debaixo da lei político de cada país existe uma infinidade de relaçõesemonentes que elo nõo define, uma base comum, uma rêde intrincada esutil de principios que a apóiam, que a orientam, mos que ela não par­ticularizo.

Este conívnto de principias constitui, o respeito da lei fundamental dopaís, a fonte superior de sua intf!rpretaçõo, e às conclusões que dela de-

Page 9: J SENADO FEDERAL

8 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

correm estõo subordinados em suo inteligência tõdas os cl~:.'sulos consti·tucionais.

Não é, portanto, o letra dos disposições constitucionais o oráculo decisivodo seu pensamento; por baixo do letra existe o seu espírito mais alto,mllis poderoso, mais concludente nos grandes questões políticos do quea letra expresso dos preceitos constitucionais" (Coms. à Consto Fed. Bras.- Col. e Ord. por Homero Pires ~ 111 Vol., S. Paulo, 1933, págs. 411-12).

E, nos magistrais razões da Questão Minas - Werneck, em 1917, acrescen-tava, como se escrevesse hoje:

"Em cada Constituição, Ó luz do critério impôsto aos seus hermeneutos eexecutores, lado a lado com as determinações textuais, se hôo de terpor existentes, como disposições inexpressas, tôdas as regras, tôdas asexigências, todos os corolários essenciais o realidade ativa de quaisquerinstituições ou direitos, de quaisquer autoridades ou prerrogativas, dequaisquer jurisdições ou magistraturas consogradas nessa Constituição, eque, se ela articula normas positivas, tão imperativas quanto essas fór­mulas declarados sóo os que, implícitas nestas, subsidiário ou colateral­mente delas decorrerem" (Rui Barbosa: Questéio Minas - Werneck ~ Comp.do 5up. Trib. Fed. - Rio, 1917, pág. 36).

Essa doutrina, de impressionante atualidade, aplica-se, com rigor, 00 exame dopresente projeto. Um parágrafo que restringe a regra do artigo, e em matéria rela­cionada com a estrutura dos instituições políticas, não pode ser erigido em fulcrodo interpretação constitucional, com desprêzo do mecanismo e do espírito do sistema.

Nem o intervenção do Congresso, na delimitação do conceito de segurança nacio­nal, representará novidade ou justificará estranheza. De um lado, a Constituiçãoatual, no seu art. 91, parágrafo único, prevê uma lei definidora dos áreas indis­pensóveis ó segurança nocional. De outro, a lei 2.597, de 1955, no paróg rafo únicode seu art. 2.°, já estabelece que o Congresso Nacional, "ouvido o Conselho deSegurança Nacional", poderá alterar, "a qualquer tempo", o quadro das zonasindispensóveis à defesa do País. Agora, portanto, numa lei de normas gerais arespeito da declaraçóo de Municípios incidentes no interêsse da segurança nacio­nal, apenas se ajustaria a competência do Congresso 00 nôvo regime constitucional.

[sse ajustamento impõe-se claramente, visto que o Constituição anterior só al­cançava a autonomia dos Municípios que fôssem declarados "bases ou portos mili­tares de excepcional importância paro a defesa externo do Pais", e sem que o Presi­dent& da República interferisse na designação do Prefeito (art. 28, § 2.°), não tendo,pois, o poder limitativo do Corto de 1967.

Demais, a norma constitucional discutida, além de redutora do exercício doGovêrno próprio, reveste o Govêrno Federal e o estadual de atribuições especia is,equivalentes às de caráter excepcional. Cumpre estabelecer, par isso mesmo, uma disci·plina severo e permanente pora suo aplicação, à semelhança da que o legisladorrealiza quanto 00 uso dos podêres excepcionais, inclusive na estado de sítio, e comoestipula a Constituiçóo do Brasil (art. 152, § 3.°). E acertada é essa orientação,ainda, porque, conforme lembram Bowie e Friedrich,

"Ies restrictions imposées à I'exercice des pouvoirs exceptionnels consti­tuent une portie importante des arrangements constitutionnels des régi­mes fédéraux modernes". (ttudes sur le Fédéralisme, lib. Gen. de Drort etde Jurisp., Paris, 1962, 2.e Porfie, pago 464).

Page 10: J SENADO FEDERAL

' ......1'.0 ... MARÇO - 196.-------------COHCOIDINCIA DA DOIITIINI MAITAR

9

A confirmor fadas essas rozões jurídicas e políticos, concorre, também. paralegitimar o intervenção do legislador no preparo de uma lej.q.adro sôbre <r maté­ria, o doutrino desenvolvida no Escola Superior de Guerra. ou por militares ilustres.

Realmente, essa doutrina sustenta, entre outros pontos:.) "A Política de Segurança Nacjonal ou Estratégia é uma parte integran­

te do Política Nacional, destinada a garantir a segurança ;ndispensável 6consecução ou salvaguarda dos Objetivas Nacionais. contornondo ou eli­minando os antagonismos que a isso se anteponham. Portanto, a Estra­tégia subordina-se à Política, embora em determinadas circunstôncias pos­so tornar-se dominante. conforme sejam os antagonismos a considerar"(Contro-Almirante lua Ottavio Brasil: Planejamento do Segurança Nacio­nal - Conceitos Fundamentais. 1959 - pág. 5).

b) "O aspecto básico, fundamental. do Poder Nacional. é suo característicc:de integrasão. Suo aplicação importo, por conseguinte. no emprégo detodos os recursos disponlveis da Nação - políticos, econômicos, PSlCOS­

sociais e militares -, os quais, completando-se e inteirando-se, re­percutem UIlS sóbre os outros e, condicionando-se mutuamente, combi­Itom-se poro integrar aquê~e Poder" (Coronel José Brito da Silvei"; Copode Fragata Sylwio CaieUi de Siqueira e 1eo..(el. Allir Benjamin (haloub:Elementos Militares do Poder Nacional - In Rev. Bras. de Estudos Polí­ticos - Univ. Fed. Minas Gero;s - n.o 21 (Especial sôbre a Sego Natio­nal). póg. 211).

c) "A natureza integrado da Estratégia Nacional não permite, pois, que sec()rtsidere uma Estrah~gio Particular com exclusão das demais e, comodecorrência, i~pede que se pense em ações estratégicos isolados e inde­pendentes nos diferentes cal1'pos do Poder."

Dai, fla apreciação dos instrumentos de cada estratégia particular, destacar­se, "no ômbito interno", o "a~io partamentllr, quanto li elaboração dos leis, o co­bertura às iniciativas do Go\'êrno, 00 provimento dos meios indispensáveis 00 eficien­te funcionamento ~o máquina do Estado, e ao favorecimento das soluções mais con­sentôneas com a realidade nocionDI" (Cap.-de-Mor-e-Guerra Herick Marques Coneinho;Cel.-Aviador bmoel da Motta Paes, e Ten,-Cel. Paulo Emillo Souto: Estratégia Nacio­nal - Rev. Bros. de Est. Políticos, cit., pógs. 244-5>.

Tais observações não serão 'Vólidos nem proveitosos, entretonto, se no tonteiohor segurnça Ilocional, paro efeito relevante como o previsto no Drt. 16. § 1.0, b,do Constituição, a Poder Legislativo fir exduldo do tarefa construtiva, e COnYuado.penas na condição de órgão punitivo. Tanto menos oceitóvel é o exclusão quantoo Constituição atribui 00 Congresso Nacional, em têrmos amplos, "disp<l r, mediantelei, sôbre tõdos os matérias de competência da União" (art. 46).

Por ser órgão qualificado e de opinião valiosa. nem por isso o Conselho deSegurança pode substituir o .deliberação (ongres5uol, pois O Constituição lhe atribu ipapel relevante, mos de consulto, ou seja. no conformidade do art. 90, o de "asses­sorar o Presidente da Republico na formulação e no conduta do segurança nacio­nal". Depois, e dentro das diretrizes já mencionadas. "o segurança do Estado deveser encorada em cada um dos sistemas fundamentais que integram o seu orga­nismo: o político, o econômico, o psicossocial e o militar" (Gen. Lyra TavClfes; Segu­rança Nacional - Bib. do Exercito - Editôra, 1958, pág. 90).

Page 11: J SENADO FEDERAL

10 ~ . ~VISTA DE INFORMAÇÁO LEGISL~.!!~~_~ ~~ _

Em conseqüência, não há como suprimir, legitimamente, a ação parlamentarlegislativa, na definição da política de segurança nacional, em particular no queconcerne à autonomia dos Municípios, por se tratar de decisão que atinge a essênciadas instituições do Estado.

UNILATERALlDADE IMPRUDENTE

De resto, e ainda que noo se conjugassem todos esses motivos juridicos e deordem institucionol, ao Gavêrno conviria aliar a responsabilidade do Congresso nofixaçõo da política de segurança nacional.

A ninguém escopo, hoje, que a idéia de segurança nôo se afirmo por si mesmo,abstratamente, nem como simples decorrência de imposição legal, ou de fôrça. Aordem imposta não é segurança, mas obediência constrangido, geradora de rebel­dias irreprimíveis. "A verdadeiro segurança - advertiu o Marechal Castello Branto,em aula no Escola Superior de Guerra - pressupõe um processo de desenvolvimento,quer econômico, quer social", e "o desenvolvimento econômico e SoOcial pressupõeum mínimo de segurança e estabilidade dos instituições" (Segurança e Desenvolvi·menta - In Síntese Político, Econômico, Social, n.o 35, pág. 5).

Mas a supressão da autonomia de Municípios nõo pressupõe nem garante orealizaçõo de um plano de desenvolvimento, enquanto reflete, seguramente, instabi­lidade dos instituições, sobretudo quando adotado em período de paz. Assim, o eliminaçõo arbitrória ou precipitado do governo local próprio nôo beneficia o segurançanacional e amortece nos populações regionais o interêsse pelo aperfeiçoamento regu­lar da vida político. Do mesmo passo, recaindo nas comunas de fronteiro, indicadesconfiança em relação aos países limítrofes e propicio reservas prejudiciais 00

convívio tranqüilo.~sse quadro sombrio é que se desenho no projeto examinado, atentatório

do livre determinação de 68 Municípios. Muitos dêles buscavam encontrar no expio­raçõa de riquezas naturais os condições poro o seu progresso em regime de auto­nomia e liberdade, como, o exemplo, Paulo Afonso e S. Francisco de Conde, no Bahia.

Todos esses Municípios, porém, correm o risco de intervençoo permanente eprec ipitada, diante do procedimento absorvente do Govêrno no conceituação de segu­rança nacional. Demais, o foto se configuro sem nenhuma singularidade de cORiuR.tura que o justifique, pois os eventuais folhas administrativos de alguns Municí·pios, a que alude a exposiçõo oficial, sôo puníveis e corrigíveis por sanções comuns,nõo legítimando a providência fadica!.

Por fim, cumpre ver que a medida poderá estender·se de modo surpreendentea outros Municípios, precisamente pelo falto de disciplino legal adequado.

Mos o Congresso Nacional, que nao participou dos decisões preliminares bósi·cas, nõo pode ser desatento o seus deveres institucionais.

PROJETO INADMISSIVEl

Em presença de tôdas essas razões, parece-nos que um diplomo de conceitosgerais, um instrumento normativo sóbrio e Hexível, deve anteceder à elaboraçãodo lei específico enumerativa dos Municípios incidentes no interêsse do segurançanacional.

Enquanto essa lei-quaclro nôo se fizer, tôdo proposição declaratório do inclusaode Municípios no órea de interêsse da segurança nacional afigura-se.nos ofensiva,como o projeto analisado, ao sistema da Constituição, ameaçando, especialmente,a estrutura da Federação e o regime represento: ivo.

Page 12: J SENADO FEDERAL

Peáro Lessa e sua influência na

evolução constitucional cio Brasil

A reconstituição histórica do pen­samento filosófico que um dia agitoua vida da Faculdade de Direito de SãoPaulo, levou um dos seus mais distin­tos livres-docentes, a doutora Ester deFigueiredo Ferraz, a, estudando a obrado nosso incomparável processualista ­João Mendes Júnior - considerá-lo omaior filósofo que até hoje passou pelasArcadas, (1)

A própria pesquisadora, entretanto,adiante dá o exato sentido em gue co­mo tal considera João Mendes Júnior,

No rigor da concepção, êle não terásido um filósofo, mas "um homem quesabe, que conhece profundamente filo­sofia", e "possui a maior e a mais sólida

'2)QPuiaJo l<ukm 'Y/C1gur.iNlDeputaew Federal e Professor na

Faculdade de Direito daUlliver.~idade Católka da Bahia

cultura filosófica de sua época (~m nossaterra", Filiado à doutrina aristotélico­tomista, "limitou-se a estudar os siste­mas filosófi<:os já elaborados, sem pro­curar desenvolver qualquer esfôrço pes­soal visando a atingir a essência, funda­mento e condi\-'Ões lógicas de evoluçãodo fato jurídico".

Em suma, diz a brilhante profe- Alrapaulista de Direito Penal, "João r-~endes

Junior é precipuamente 11m jurista", cujopensamento filosófico, Ilão muito gratoao ambiente acadcmico daquela época,

(I) erro "A Orlentaçlo FJlosóflca de Joio Men­des J(lnlor", In Ensaio' de Fllo,ofla doDlr~to. &0 Paulo, 1952, pAgo 13-55,

Page 13: J SENADO FEDERAL

12 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

não conseg;uiu exercer nos estudantestão generalizada e forte atração quantoo de Pedro Lcssa.

Estudando, em lúcido ensaio, a obrae a vida de João Mendes Júnior, afirmao notável processualista Prof. AlfredoBuzaid que êle féz uma aplicação dafilosofia aristotélico-tomista à ciência doprocesso, tendo consistido "a sua contri­buição original em elaborar, entre nós.lima filosofia do direito judiciário". (2)

Pedro Augusto Carneiro L essa, minei­ro de origem, doutourou-se em direitona Faculdade Paulista em 1884, e já em1891, depois de tres anos de experiéncialetiva como professor substituto, era al­çado à difícil cátedra de Filosofia doDireito. Acerca de suas fIualidades det'ducador universitário, escreve sóbriohistoriador dos fastos da Academia:"Professor insigne, de uma cultura pro­funda, foi, verdadeiramente, o criadorda cadeira de filosofia do direito, nosnossos cursos jurídicos". (3) Aí estáainda dito que ele era dos professôresmais acatados pelos moços.

€ssc traço da sua individualidadelhe é também assinalado por AntônioGontijo de Carvalho, em admirávp] tra­balho crítico e biográfico acerca dochanceler Raul Femandes. (~)

Traçando o perfil dos lentes do tem­po de Raul Femandes acadêmico,(1895-1898), quando ainda dirigia a ve­tusta Aeudemia do distrito de Piratinin­ga a veneranda autoridade do já entãononagt'nário processualista Barão deRamalho, Gontijo de Carvalho, no seuagradável e bem feito livro, cita emprimeiro lugar Pedro Lessa, de quemafírma ter sido o renovador do pensa­mento filosófico da Academia, o demaior influência no espírito dos moços,entre aquples "vultos (~ue a persp(>ctivado tempo engrandeceu', (")

. De sua posição filosófica deixo li-nos omonumento capital nos ensaios que pu­hlicou na Rerista da Faculdade de Di-

reito, os quais eram desenvolvimentosde seu programa professora1 e que pos­teriormente compuseram os sete exten­sos capítulos de seu livro "Estudos deFilOSOfia do Direito" (notadamente oquarto capitulo, sôbre o determinismopsíquico e a imputabilidade e a respon­sabilidade criminais, (lue só ele dariaum livro autônomo com as suas (luaseduzentas páginas de texto).

Às idéias evolucionistas e empíricasque preponderavam na época do seumagistério superior, deu-lhes Pedro Les­sa grande relho e certo cunho de atua­lidade, conforme o insuspeito depoimen­to de seu atual sucessor na cadeira, oprofessor Miguel Reale, no capítulo XIIdo 29 volume de sua apreciada Filosofiado Direito, (4l) onde dedica algumaspáginas à posição filosófica de PedroLessa.

Para isso há de ter contribuído a lin­~lIagem de (lue se servia o autor. Ana­fisando embora problemas científicos,cujo tratamento não pode simplificar-seao extremo de ser por todos entendido,pois a ciência, e principalmente a filo­sofia, que é a ciência retora. tem a suanomenclatura específica, só acessívelaos iniciados; Pedro Lessa exprimia-secom uma nitidez vocabular muíto capazde torná-lo fàcilmente compreendido (',pois, admirado.

Graças talvez a esse l'sti!o que tantolhe clarificava as idéias - coisa aHAspouco freqüente entre juristas e filoso­fantes, alguns dos quais não raro dissi­mulam na linguagem impenetrável ouconfusa uma tal ou qual deficiência de

(2) AlfrMo Buzaid. "João Mendes de AlmeidaJúnior. aspectos de uma grande t'ma", S.Paulo, pág. 81 e 83.

13} Waldernar Ferreira. "A Congregaçáo da Fa­cutdade de Direito de São Paulo na Cen­túria de 1827 a 1927", S. Paulo, 1928. pl\.g,81/2 .

(4, "Raul Fernande.•. um seJ't'Jdor do Brasil",Agir EditOra Rio, 1956.

(5) üb. clt., pago 47.(6) s. Paulo, 1953, vaI. l, Tomo II, paI,; 291·294.

Page 14: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1961 13

assimilação de idéias - é que PedroLessa chegou à Academia Brasileira deLetras, onae sucedeu a outro juiz, o mi­nistro Lúcio de Mendonça, e teve o en­sejo de pronunciar memoráveis orações,como, por exemplo, a de recepção a Al­fredo PujoJ, seu antigo colega de lidesforenses, pois Pedro !.essa, antes de setomar magistrado, freqüentou os audit6­rios em São Paulo, como advogado mi­litante. (7.)

UM HOMEM COMBATIVO

Advogado, escritor, professor, juiz. S6a política não conseguiu seduzi-lo. Vo­tava-lhe certa ojeriza, diante, é claro,dO" espetáculo brasileiro. Falando em1906 como paraninfo da turma de ba­charelandos da Faculdade paulista, as·sinalou a mediocridade da nossa politi­ca, principalmente por causa da incapa­cidade do elemento humano de queela se nutria.

"~ que, senhores, - dizia êle - comexceções tanto mais nobilitantes, quan­to mais raras se vão tomando. os polí­ticos brasileiros se distin~em, especial­mente, porque timbram em não conhe­cer os mais indispensáveis preparatóriospara o exercício das suas árduas e no­bres funções; a história, a sociologia, amoral, o direito, a economia poHtica. Jáos encargos de legislar e executar as leissão <.'Onferidos, não aos que deram pro­va de maior capacidade, mas por umaespécie de seleção inversa, em que amais condenável abdicação do povo, amais egoística e indecorosa suspeita dosgovernos c as mesquinhas emulaçõesaos políticos profissionais, geram emregra a vit6ria dos menos id6neos inte­lectual e moralmente. (8) E adiante as­sim falou ainda, como se estivesse vi­vendo nos dias que passam: "Hoje,quando no seio de uma famUia nume­rosa há um J'ovcm que, por falta de cer­ta vivacida e de espírito o de outrospredicados naturais, ou dos que se ad­quirem pelo esfôrço e pelo ttabalho,

não pode grangear os meios de sllbsis·tenda, e menos ainda obter qualquercolocação saliente; ou um ancião vt>ll·

cido da vida, para quem a fortuna foidescaroável madrasta nas profissõesque tentou, sem disposição alguma parao exercício de qualquer mister conh«i­do e lícito; dá-se não raro uma espon­tânea conspiração entre os conjuntospor parentesco de um ou outro, os poli­ticos militantes e os detentores do p0­der, para elevar o inclassificável às vá­rias posições políticas, e então, com omais bem-aventurado júbilo dos chefesdas agremiações assim enriquecidas,êsse vai a ser legislador, êsse vai serestadista"...

A aquarela é irreprccns(vel. Dá aimagem acesa do Brasil-político de on­tem e também ainda do de hoje. Eranatural que uma política em tais mol­des não seduzisse uma estrutura de elei­ção como a de Pedro Lessa, sem embar­go do seu feitio pessoal ardente e atémesmo impetuoso. Certa feita, doisanos antes de ingressar na magistratu­ra, inconformado com a desordem rei­nante no ensino e para a qual, segun­:lo Aureliano Leite, êle queria chamara atenção dos podêres públicos, aprovacom distinção a unanimidade de seusalunos de Filosofia do Direito! (11)

No debate era igualmente arrebatado.Experimentou-lhe a maneira peculiarde discutir assuntos científicos, o seuprovecto colega João Mendes Júnior,quando ambos disputaram em tômo dacompetência de legislar, no Brasil da­quela época, sÓbre matéria de processo,

(1) Ctr. "Aca4ffllio SrG.Slklra de Ldru", 8eI;­do 80IeDe em 23 de Julho de 1919. Dt.scur,olU Bi!<:epç~ do Sr. AlfredO Puto!. D~rfOem rupodG ~lQ 5,. Pedro teuG, B. Paulo.MCr.otIX.

(8) Pedro ~. "Dlscu.!o. e CO"f",~ncún".

lUo, 19UI. P'«. M/5.(9) Cfr. Aureliano ~I~. "Hút6rlG dG C(vUI­

e;aç4a POtllutG". Edlçf.o MODumental CO­memorativa do IV Cent4lDArlo da Cidade deS. Paulo, E4. Saraiva, B. Paulo, 195i, p'«!­na 2lIII.

Page 15: J SENADO FEDERAL

14 REVISTA DE INFORMÀÇÃO LEGISLATIVA

em face do (lne dispunha o texto daConstituil~'ão de 1891. Na interpretaçãodé.~st' texto, chegaram um e outro a en­tendimento radicalmente contrário, poist'nquanto João ~lendes Júnior afinnavaa unidade do direito adjetivo ou pro­cessual, eomo uma decorrência da exe­gest' constitucional, Pedro Lessa sóaceitava essa unidade em direito cons­tituendo. Em face do direito positivobrasileiro, sufragava a tese de que aosEstados é (IUC era expBcitamente per­mitido legislar sôbre o processo dasjustiças locais. (10)

A controvérsia extravasou do assun­to específico, graças ao temperamentoum tanto ardoroso de Pedro Lessa, queatacou inclusive a posição filosófica doH'U velho colega c lhe estigmatizou ométodo escolástico, bem como o estudo(Iue fá das noçôes de substância e aci­(entes, matéria e forma, essencia e exis­tencia, potúlcia e ato, - estudo por})edro Lessa desdenhado mas hoje tidocomo exaustivo e profundamente filosó­fico. (ll)

Aí, nessa polemica que fêz época, oestilo refletia corretamente o homemcombativo que por índole sempre foi,ao ponto de raiar mesmo talvez por umcerto (Im" de intolerúncia contra opi­niües adversas, segundo registra O seugrande admirador Levi Carneiro, emartigo escrito após a sua morte. (l~)

PODEROSA ESTRUTURADE MAGISTRADO

A ('ena por exceknda de sua ativida­de, entrdanto, foi a cena judiciária ­no pa]wl de juiz, que (,11.' assumiu já naplena madureza dos 48 anos de idade.Para desempenhar ('sse papel trouxe avisüo ampla, geral e penetrante do ad­vogado, suas técnicas inconfundíveis detratamento dos temas, técnicas cuja fal­ta l' tiio perceptível entre os magistra­dos que não tiveram a insupríve1 expe­ri(\ncia da advocacia militante. Trouxe

ainda a visão J?rofunda do fenômenojwídico, o dommio completo da cien·cia dos principios, que a filosofia, e sóela, pode fornecer. Sem ela - disse-oele próprio, "a tarefa do jwista se reduza um esfôrço inferior por interpretar eaplicar preceitos, de cujo verdadeiro c,profundo sentido não lhe é dado com·penetrar-se". (Prefácio da l." edição deseus "Estudos de Filosofia do Direito·).Trouxe finalmente a queda pelo 'deba­te, o gôsto de enfrentar os temas demais nítido caráter polêmico, cujo dis­cernimento sua cultura básica estavasempre apta a elaborar.

Dando-lhe uma cadeira perpétua dejuiz, aos 26 de outubro de 1907, emsucessão a Lúcio de Mendonça, o Presi­dente Afonso Pena poSSivelmente terátido a consciência de que abria as por­tas do Supremo Tribunal Federal aoque seria, até 1921, quando desapare­ceu, o seu maior juiz.

Não tendo antes jamais vestido a toga,começou pelo fim da carreira judiciá­ria, mas revelou-se, não obstante, umjuiz de primeira grandeza, em treze anosde constante judicatura; constante eprodutiva. Ao interromper a tarefa detodos os dias - conta Levi Carneiro ­estava irremediàvelmente exausto, rela­cionando-se ao esfôrço que lhe custoua sua obra judiciária a vida relativa­mente breve que teve, poís morreu comapenas sessenta anos de idade.

A jurisprudencia brasileira especial­mente no campo do direito constitu­cional, recebeu de Pedro Lessa contri·buição decisiva, que lhe inaugura umaetapa digna de registro.

Foi no seu tempo, e enquanto publi-,cista, talvez mais influente do que, nocampo do direito privado, era ainda há

(10) err. Pedro Lessa, "Duurtaçõu ~ PoMmj­cas", Rio. 1909, pág. 233/279.

(11) Cfr. B8ter de P'lguelredo Ferraz, "E,ualo.de Fllooo!14 do Direito", clt., pÁg. 1~.

Page 16: J SENADO FEDERAL

---- - ------ JANEIRO A MARÇO - 1968---- lS

pouco Oro7.imbo Nonato, Oll eram, hávinte anos, Filadelfo Azevedo e CastroNunes nos campos de suas mais acen­t IIadas espcciaIi7..1ções.

RUY E LESSA, DUASlNFUJf.l\'CIAS GtMEAS

Estudando a nossa organização de­mocrática e o problema das liherdadescivis, no scgundo volume de "Institui­ç6es Políticas Brasileiras", chega Olivei­ra Viana à conclusão de que as liber­dades civis do povo-massa do Brasil nãosoçobraram completamente em eonse­qiJcncia da descentralização política imoplantada com o regiml~ republicano,únicamcnte por causa da aplicação ex­tensiva do habeas.corlJlJS, de sua am­pliaç~1O providencial, inspirada na dou­trina de Huy Barbosa c na jurisprudên­cia do Supremo, sem embargo daquiloque o laureado sociólogo patrIcia consi­dera a "cxegese estrita de Pedro Les-

O' (I~.)sa ,

Pedro Lessa e Ruy Barhosa, entretan­to, se completam na influência incom­parável gue amhos exerceram na cons­trução jurisprudencial responsável pelachamada teoria hrasileira do habeas­corpus, que predominou até 1926 e vcioa determinar o advento dessa formi­dável conquista do nosso direito posi­tivo atual que é o Mandado de Segu­rança.

O desenvolvimento dessa influênciaassumiu proporções monumentais no es­fôrço dc ambos, no sentido de tomar ohabc(Js·corpus o recursO capaz de inva­lidar os atos do poder púhlico não ape­nas cerceadores da simples liberdade deir e vir, mas que criassem qualquer vio­~ência ou coação ao indivíduo, intercep­tando-lhe, em (:onscqiJência, o exercíciode um direito seu, Qualquer que fôsseêsse direito, queria Ruy. Inclusive direi·tos políticos. Foi árdua a batalha parasupcrar a exceção de incompetência do$uprcmo Trihunal Federal no reexame,

mediante JU1beas-corpus, de matéria,JOlítica.

Desde 1892, entretanto, já Ruy distin­guia entrc atos meramente políticos(não controlávei.~ judicialmente) e osque, emhora resultantes de funções po­liticas,envolccm direitos comtituciorwisdo indivíduo, sujeitando-se, assim àcompetencia revisora dos tribunais. Emsuma, proclamava êle que (J feição l,olí­tiw do ato 000 furta à aç{io d(J justiçaos abusos do poder.

Pedro Lcssa tamhém aceitava a excc­ção de incompetência quanto aos casosmeramentc políticos, mas, integradoquanto a isto no pensamento de Ruy,admitia o contrôle judicial do ato ,}OU­tico, desde que este implicasse lesfw deum direito individual. O Supremo Tri­bunal, para êlc, era um Tribunal políti­co, pois podia decretar a inconstitucio­nalidade de atos dos Podêres políticos,l'odos os f~os políticos sujeitos a nor­mas legais, dizia, podem ser discutidose apreciados pelo Tribtmal. (13)

Por isso mcsmo Pedro Lessa sempreconcedeu 1wbeas.corpus para protegerdireitos individuais em l,leno estado desítio e ainda mediante o iJabeas.corpusadmitia o reexame da constitucionalida­de do próprio estado de sítio, a fim deverificar se a sua decretação tinha obser­vado os pressupostos constitucionais ­matéria esta por ele mesmo consideradalJOlftica.

Essa doutrina de Ru)', que PedroLessa corajosamente adotou nos seusgrandes votos, acabou influindo nonÔvo direito positivo brasileiro.

A Constituição de 46 declara, comefeito, que o sítio não suspende tôdas

(12) Cfr. Levl Carneiro, "O Lf~TO de Um Advo­g440", RIo 1943. p(lg. 43/~

(l2a) Ob. clt., p(lg. 231.(13) Cfr. Voto no H.C. n," 3.~5a, Impetrado por

J .I!:. Macrdo Soares, Re\'. (lo SUp. Trlb.Fed., \'01. lI, Parte ),', agOsto a de~bro

de 1914, pAgo 8D.

Page 17: J SENADO FEDERAL

16 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA~--_._-----~------ ~- ._--- ~

a.~ garantias, c a inobservância de qual­(ll1cr das normas regllladoras dêle im­portará na ilegalidade da coação edará ao paciente o direito de recorreraos Tribunais. (Art. 215) (laO

)

Pedro l,essa (lueria (lue a liberdadede locomoc;ão func:ionasse como umprcssu posto do exercído do direito ile­galmente cerceado ou ameaçado, paraentão aplicar-se-Jhe o remédjo do M­beas-corpus, (H)

No caso da :\fesa da Assembléia Le­gislativa do Estado do Rio, julgado a 6de junho de 1914 (H.C. nY 3.554),ficolI isso patente. Os deputados JoãoAntônio de Oliveira Guimarães, Raul deAlmeida Hego c Constância José ~'1ou­

renat, seu presidente e secretários, empreseuça da cOllvocac,,'ão extraordináriada Assemhl(~ia pelo Presidente do Esta­do, consideraram-se ameaçados no seudireito de exercer a1luêles cargos, pelopropósito, que a outra facção anuncia­va, de eIcgt'r nova Mesa sómente parao período da convocaç'ão.

O Supremo Trilmnal Federal, contraos votos apenas dos ministros Godofre­do Cunha e Coelho e Campos, conce­deu a ordem impetrada pelo advogadoAstolfo Hezende, para (lue os pacientespudessem locomover-se livremente, pe­IICtrussem no edifício da Assembléia/-egislatiLa c aí exercessem, licres decOllStrangimento, durante o período dasessüo extraordiruíria e enquanto eladurasse, as funç()es que tinham naMesa.

Pedro Lessa subscreveu (I ac'Órdão,dando, então, como inicialmente frizou,um voto idcntíco ao que sempre vinhadando em casos iguais.

Essa maneira sua de encarar o pro­blema l'onciliar-se-ia, em última análise,com a de Huy. E não é por outra razãoque Arnold \Vald, estudando exaustiva­mente esse a~sunto, assinala (pIe a juris­pmdt'ncia, no particular da aplicaçãoextensiva do halJcas-corpus, adotou a

lição de Pedro Lessa, impirada ('111 R'~!IBarbosa. (I;;)

De fato, segundo a doutrina que Huysustentou sempre, a partir de ahril de1892, o habeas~corpus era o reml'dioaplicável "a todos os casos onde houvercoação ilegal ao irufit:Íduo, onde a personalidade humana, em qualquer dasmanifestações exteriores da liherdade,se achar violentada por uma invasãodo poder".

Quando t'le assim se l'xprimiu, estavaem causa a liherdade de circulação decerto jornal gaúcho. ~Ias, llma vez queo texto constitucional não restringia, an­tes ampliava a concessão do 1wbeas·corTnls a todos os Casos de do!ilncia oucoaçlio por arbítrio da autoridade, cum­pria adotar o instituto segundo a ampli­tude do art, 72, § 22, da Carta Mag­na. (lEI)

Em verdade, o constituinte de 1891não limitou o eonceito de coação 0/1

dolJncia, de sorte que a interpretac,'ãoampliativa de Ruy era legítima, e aca­bou triunfante, embora nüo eorrespon­desse à concepção ortodoxa, anglo-saxô­nica, do lU1beas-corpus. Segundo Ruy,tôda pressão empregada "em condiçõesde eficácia, contra a liberdade no exer­cício de um direito fi uolquer que (11cjôssc", só poderia ser eliminada pelohabeas-corpus. Falando em 1915 noSenado, explicou hem: "Desde (pie noext'rcício de um direito meu, q[wlqlieTque de fôr, intervém uma coa<,'üo exter­na, sob cuja pressão eu me sinto emba­raçado 0\1 tolhido para usar t'sse direito,na liberdade plena de seu exercício,

(l3a) Quase ips" litteri. o texto do art. 156 daConstituIção de 15 de março de 1967.

(14) Cfr. Arnold Wald, "O Man1ado de Segu­rança", Rio 1955, pago 31.

(151 Cfr. Arnold Wald, "D Mandado de Segu­rança". Ed. do Serviço de Documente.çAodo DASP, Rio, 1955, pago 36.

(16) Cfr. Ruy Barbasa, artigo "O HabeaS-Corpuse a Imprensa", no "Jornal do Brasil" de15-8-1893 Obras Completas, vaI. XX. TomoIV, "A Ditadura de 1893", Rio, 19-49, pág.137/143.

Page 18: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968------ 17

estou debaixo daquilo que, em direito,se considera coação. E violência? Vio­lência é o uso da fôrça material ou ofi­ciaI, debaixo de qualquer das duas for­mas, em grau eficiente para evitar,contrariar ou dominar o exercício de11m direito". (17)

Pedro Lessa queria que o direito fôsselíquido e cerio (certeza e liquidez (luea nosso ver a doutrina de Ruy essen­cialmente não dispensa), sob pena deescapar ao contencioso de legalidade dohabeas-corpus. Mas, embora ressalvan­do que êste remédio protegia apenas aliberdade individual no sentido estritode Iiherdade de locomoção, sempre oconcedeu quando o direito incontestáveldo paciente, para ser exercido, precisa­va da garantia daquela liberdade de ire vir.

Os deputados componentes da Mesada Assembléia Fluminense não se (luei­xavam propriamente de ameaça à sualiberdade de entrada e saída no edifícioda Assembléia, senão que temiam nãolhes ser possível exercer as suas funçõC$,porque os seus colegas, solidários comos prop6sitos políticos do Presidente doEstado, pretendiam eleger outra Mesa,e por isso os impetrantes queriam ha­beas-corpus para entrar sem <:oação noedifício da Assembléia Legislativa e láexercerem as funç6es dos seus cargos.

Pedro I,essa não concedeu a ordemapenas para que se lhes garantisse olivre acesso à Assemhléia Legislativa (oCJue estaria mais conforme com a idéiade destinar-se o habeas-corpus unica­mente à proteção da liberdade de loco­moção), mas ainda para que na Assem­bléia o Presidente e os dois Secretáriosdesempenhassem as suas funções. (18)Nesta parte de seu voto êlc afinava coma doutrina de Ruy.

Teoricamente, ou melhor, no corpotios seus silogismos jurídicos, Pedro Les­sa encarava o habeas-corpus segundo oconceito tradicional, ao passo que Ruy

inovou, ou antes, coerente com O textoConstitucional que regulava o im.1ituto,advogou-lhe aquela aplicaç'do ampliati­va a que Oliveira Viana ligou, comovimos, a ~rópria sorte das liberdadescivis e pohticas do nosso povo-massa.

Nas suas conseqüências prátícas,entretanto, talvez as duas concepções ­a de Ruy c a de Pedro Lessa - setenham equivalido.

Haja vista o habeas-corpus que Ruyimpetrou para assegurar a publicaçãodos seus próprios discursos parlamen­tares pela imprensa, onde, quando ecomo lhe conviesse. Como se sabe, o Ma·rechal Hermes, já no último ano de seugovêmo, havia decretado a prorrogaçãoao sítio para durar todo o tempo dasessão anual do Congresso. Ruy Bar­bosa, logo no dia da instalação dostrabalhos do Senado (4 de maio de1914) discursou prote.'itando contra oabsurdo decreto executivo e forneceucópia datilográfica do discurso ao Im­parcial, dirigido por Macedo Soares. OChefe de Polícia porém proihiu.lhe apublicação. Contra êsse ato governa·mental Ruy impetrou uma ordem deliabeas-corpus, que receheu o n.Q 3.536e ao ser julgada deu até motivo a umincidente.

f: que, feito o relatório, o MinistroOliveira Ribeiro pediu fôsse dada a pa­lavra a Ruy, cuja inicial êle acabava dereceber, a fim de () paciente e impe­trante dar {~sdarccimentos que pudes­sem "desenvolver o objeto da matériada petição".

O Presidente, Ministro Hermínio doEspírito Santo, concedeu a palavra aopaciente c impetrante, mas pelo exíguo

417) D1scurso de 22-1-15. In "Comentlirlo. 4CondiCulç40 Fedcal BruUelra··, collgadOlle ordenad08 por Homero PlrM. TOI. V. Rio.1934, pA8, 505/6,

(18) Cfr, RevLata do 8up. Tr1b. Fed.• vol. n. Par­te I. agOsto a deumbl'O, 11114. Rio, pis, M.

Page 19: J SENADO FEDERAL

18 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA-------~~_.- -_.. _-------------

prazo do Hl',l!;i llH'lItO. O Iklator, falandopela ordem, ft"z ver (jue o caso era espe­cial, n:lO pre'vbto no invocado disposi­tivo reginwHtal qne reduzia a 15 minu­tos o tempo de snstcntaç'ão oral, poisiria ouvir-se o pníprio paciente. O Mi­nistro Prt'sidenk H'ndeu-se ti evidl;ncia,(' Ruy ocupou a tribuna por mais dellma hora, atac<lHdo, pod,m, duramente'a inkrvl'Jl(;üo presidl'llcial <jue preten­dl'U hitolar-lhe o din'ito de ddesa oral.(Esse illcidentl' parece revelar (flte LeviCanll'iro HÜO tem razão (piando atribuia Pedro Lessa a iniciativa dI' se COIK'l'­

der. !lO Supremo Tribunal Federal. aRuy Bar1)osa o privilt'-gio de falar Sl'mlimita~,:LO de lI'mpo. É o pn')prio Ruy.no discurso acim.l n·ferido, quem afir­ma jamais lhe haverem no Supremotentado "medir o uso da palavra com ()correr da areia na ampulheta").

Da tri1mna traç'OIl entüo Ruy a lumi­nosa intl'fprda(;ão dos textos constitu­cionais atinentes ao sítio, patenteando airremediúvd inconstitucionalidade dosítio c do cerccamento posto pela })o­lida :1 divulgaç'ão ampla das opiniões,pala\Tas, votos e discursos dos parla­nWIltares. l~ssl' improviso, (Fie ocupavinte c cim'O p(lgiI1ó.ls da Revista ondeSI' cstampCJlI, (' 11m dos instanks maisheios l' grandiosos da e\ollü0ncia forensedo Sl'll autor. (1:»

o relator cOllcede a ordelll, para ficarao impetrante assegllrado (a expressão11.~ada Ilo seu vüto l' exatamente essa) oscu direito n!Hslifuciona[ de publicar os.~<'liS discursos parlamentares, pela im­prensa, "ollde, lluándo e como lheCOH desse".

Pedro Lt'.~sa vota logo depois da im­pllgna~'ão tin pedido pelo \1inistro ~1 u­lliz Barrdo. Procurador Ct'ral da Rc­vúbliea. Acolhe a lt'sc de Hu)' quantoú inconstitucionalidade du decreto exe­cutivo <ll1c prescre\'era o sítio, visto nãohavercm oeorrido os S('lIS pressupostos

(guerra ou comoç'ão inkstina), e citao prúpiro Ruy assim: "Como muitu bemdisse o Sellador Hu)' Barhosa, a como­ção intestina, o iminente perigo quecorre a pátria, deve ser algnma coisa'1ue. pda sua gravidade, sl'ja compad.­VI,1 à guerra illtemacional".

E tamhi'lll conce'de a nrd('rn, semllcll/uww discrepância da extl'llstJO quclhe dera o Relator, contra cuja opini:lofica solitário o ministro CodofrE'doCunha.

Certo l; que, na sustclltaç'ão de seuvoto, PE'dro I,essa, ao estelll!er a ordemnüo só a Hu)', senão a todos os jorna­listas do Imparcitd, admitia haver nocaso uma coa(,.'ão, isto é, dizia de, ''se osjornalistas publicassem os discursos, se­riam presos. como já o foram algunspor oulra.s publicuç'ões". E concluía i;stl'seu raciocínio. "Por conseguinte, pode­se ter certl'za de (pie, se não fór conce­dido haveas-corpus, os jornalistas (IUE'

publicarem os discursos serilo coagidosem sua liberdade individual",

~las, a rigor, o direito de lo('omo<;ãoII;LO funcionava ai como um pressupostodo E'xercício do direito de publicar dis­curso. Contudo, Pedro Lpssa concedeua ordem illlpl'trada, sem (PIC a liberdadeindividual de locomoção l'stivessc prin­cipalmente ameaç'ada. ou exprimisse, naespi'cie, a(pülo que de denominava odircito esn)po. O "direito escôpo", aí,rcsultava da imunidade assegurada noart. HJ da Carta de 91 e llue o sítionão podia interceptar. (Sôbre o direitucscopo falou Pedm I,essa em voto ven­cido no ha[)cas-corprls !l" 3.539, (IUC

Hu)' requereu em favor dos diretores dolmparcú.Jl, Correio </a .\1a/11/(1, A. Nuite,(;az('/a l' a A [~P()('(1, e foi [[("gado peloSupremo.) ("li)

)9) Cfr. Rev. do 8up. Tnb Fed", e.bril a Julhode 1914. \0'01. 1, Parte I, Rio. 1914. pagine.260/285

(20) Cfr. "Rev. do 8up. Tnb Fed"", e.no de 1914.agôsto e. dezembro, \'oL II. Parte I. pagc 294.

Page 20: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 19

Pedro Lessa, portanto, em última aná­lise não se distanciou de Ruy na concep­ção prática do habeas-corpus e seu raiode alcance. Coerente com a sua posiçãodoutrinária em face dêsse problemajurídico, votou pelo deferimento de to­dos os habeas-corpus que Ruy impetroupara a defesa de direitos lwlíticos(exercício de funções govemamentaisc legislativas), quando ocorreram naBahia, em 1912, os tristes epi.~6dios queculminaram no bombardeio de sua Ca­pital. (~I)

A jurisprudencia, até 1926, sufragou,inclusive com o voto de Pedro Lessa,o conceito amplo dêsse Temedium juris,que tão luminosamente assinala a pre­sença de Ru)' Barbosa na história dacivilização política e jurídica de nossaPátria.

Em 5 de maio de 1919, quando Ruy,pelo seu patrono, dr. Artur Pinto daRocha, requereu uma ordem de habeas­corpus para si e para Miguel Calmon,Pedro Lago, Simões Filho, MedeirosNeto, Vital Soares, Lemos Brito, Piresde Carvalho, Altamirando Hequião,Otaviano Sabach, Américo Barreto, Por­to da Silveira, Agenor Chaves, Madureí­ra de Pínho, Mário Leal, Homero Pires,João Mangabeira, Ar<)uimedes Pires,Alfredo Rui e Caio Monteiro de Barros- para fazerem comícios na Bahia eespecialmente na Cidade do Salvador,comícios que o Chefe de Polícia AlvaroCova tinha proibido, o Supremo Tribu­!lal concedeu :J. ordem por unanimidade.(~~) E no acórdão respectivo está ditoprecisamente: "Com efeito, para a maio­ria do Trihunal, é J,1rincípio correnteque o habeas-corpus e competente paraproteger o exercício de qualquer direito,desde CJue êste seja certo, líquido e in­contestavel" - premissa esta que se COII­

tinha no pensamento tanto de Ruy Bar­bosa quanto de Pedro Lcssa.

Quando, por conseguinte, a reformaconstitucional de 1926 reduziu a con-

cessão do habeas-coTJ)tJs aos casos deofensa à liberdade física de ir e vir ­sob o pretexto irrisório de restaurar osentido ortodoxo dêsse instituto ou decoibir supostos exageros da construçãojurisprudencial ampliativa que vinha aoencontro de uma grave lacuna do nossodireito formal, a saber, a falta de umremédio jurídico para a pronta e eficazdefesa dos direitos individuais violadosou ameaçados de violação por atosilegais dos agentes do Poder Público,- quando os constituintes de 192ü assimprocederam, contrariaram tanto o idealdo habeas-corpus de Ruy Barbosaquanto o de Pedro Lcssa.

Ambos (·Ies tinham, porém, impreg­nado de tal forma a conscj{~ncia jurídicabrasileira da inviolabilidade dos direitosindividuais constitucionalmente cansa­~rados e tão firmemente a jurisprudên­cia do Supremo Tribunal Federal lhestinha apoiado a doutrina da aplicaçãoextensiva do lwbeas·corpu.~, que o legis­lador não descansou até que o direitopositivo brasileiro preencheu o clamo­roso espaço vazio deixado pela reformaconstitucional do Governo Bernardes eintroduziu no sistema de defesa dosdireitos individuais o remédio do man­dado de segurança.

Seus mais legítimos precursores são,pois, inegàvelmente, Pedro Lessa e HuyBarbosa.

Para Pedro Lcssa a liberdade de loco­moção Ué m11 meio l}(JTU a consecuçãode um fim, ou de uma multiplicidadeinfinita de fins", c, como acertadamenteobserva Amold Wald. hoje diríamosmandado de segurança, onde aquêlegrande jlliz, nalguns dos seus votos prin­cipais, cogita de habeas-corpus. (23)

(21J Cfr. ··Ob."" CompletCl.' de BUli Barbosa",\'01. XXXIX. 1912, Tomo I. O Caso d4 Ba­/I ~. Rio, 1950.

(22) Clr. "Reui.$ta de Direlfo", vol. 64/288.(2J) Cfr. Arnold Wl\ld. ob. clt. piK. 33.

Page 21: J SENADO FEDERAL

20------

REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA----

Ruy e os votos lapidares de Pedro Lessa

já sugeriam à posteridade. (~.\)

Huy Barbosa com ,t sua luta semquartel pelos interditos clássit.'üs na pro­teção dos direitos pessoais e reivindi­cando a cohertura do habeas-corpus

para proteger o exercício de todo equalquer direito individual contra ostransbordamentos tipicamente brasilei­ros do Poder Executivo, encontrou emPedro Lessa o juiz bravo, culto e ho­nesto, em condições, portanto, de co­

mandar a constmçào jurispmdcncialqUL' tanto serviu ao povo brasileiro, Juizhravo, sim, como a história atesta. Nojulgamento do habeas-corpus 3.539,

que Huy impetrou a henefício dos dire­t(Jre.~ {' rt'datores do Correio da Jfanhã,

Imparcial e outros jornais do Hio, e (lueo Supremo indeferiu sob o fundamentode haver sido suspensa pelo estado desítio a garantia eOllstitudonal da livremanifesta\';w do pCIISamento, PedroLcssa assinou o acórdão l;C flcido, emtudo (textual), e a certa altura de seuvoto classifica de caprichoso, arbitrário,

criminoso o ato do Marechal Hermes da

Fonse(;<! que decretara o sítio "violando

um claro preeeito da Constituição l'

única17!('nte ,)(/ra a satí.sjação de ódios

(' cillgal1ças pcssoaio>".

~as li\úes de HlIY (' Pedro Lessa é

que entre nós se foi buscar a mais deei­

siva inspiração para E'lahorar o nôvo

instituto de def('sa enérgiea E' eficaz dos

direitos do individuo não amparados

pelo habeas-corpus.

o.~ ahusos da Autoridade Públiea vol­

Iam a encontrar no sistema jurídico

brasileiro um veto fulminante, através

do mandado de segurança, cujas formas

embrionárias e perfeitas os trahalhos de

(24. Pouco antes de Pedro Lessa, tamMm teveALBERTO TORRES asslnalavel l'.tu&Çlo noSupremo Tribunal Federal, relativamenteà natureza Jurld1ca e apHcaçio elttenalv8do Instituto do habeas-corpus. De algunade seus prlnc lpals vot06 nesse sentido for­nece-nos circunstanclllda not[cla BarbosaLima Sobrinho no admirável ensalo queacaba de publicar sob o titulo .. Presençade Alberto ~ Sua Vuta e Pensamento" (Edl­tóra Clvllizaçào Brasllelra, 1968, RIo, 520páginas) Em 1903, no h. c. requerido peloPríncipe D. Oastio de Orleans, para quese declarasse a InconstjtuclonlllLdade doDecreto de banimento da Familla Imperial,baixado pelo Oovérno Provisório, coloca­Va-se ALBERTO TORRES ao ladO da dou­trina (ainda nào sufragada entre nós) se­gundo a qual o habeas-cMpu. é a tutelajurld1ca, nlo apenas da llberdade de loco,mo<;ão (doutrlna tradiclonal) mJl.S de todoe qualquer direito indit'ic!ual atingido aliameaçado por coação ou violêncIa decor­rente de Hegalidade ou abuso de poder,Essa doutrlnll ele a confirmou em 1007,quando, vlgendo alnda aquêle Decreto debanimento, o Jurista Silva Costa, medIanteo h.c. n:' 2.437, procurou garantir o de­sembarque, no Brasil, do Prlnclpe D. LuIsde Bragança, então em viagem de cruzeIro aborda do paquete Amazone.Conforme Barbosa Llma Sobrinho assinala,para Alberto Tórres, o habeas-corpus acudi­ria a todos o., direitos que. interessando tiliberdade indIvidual. nao possuírem ne­nhum outro meio de garantia e de elieacia,Era essa a tese de R uy Barbosa a partir deabrH de 1892, qnando passou a sustentarperante o Supremo TrIbunal Federal a ~x­

tensão do habecu.corpus a todos os casos,escrevIa ele, em que um direito nosso,qualquer direito. estiver ameaçado, im­poss.bilitado no seu e;rerclcio pela inter­venção de um abuso de poder ou de umalJegal>dade.Barbo.sa LIma Sobrinho reconhece que "ovoto de Alberto Torres, LOS habeas-corpusrequeridos a favor da Famllla Imperial, co­lncldia com esse ponto de vlsta, atendo-seli amphtude do preceito constituclonal, quenê.o citou, como na leglslaÇê.o do tempo doImpério. a llberdade de locomoção ou Oconstrangimento corporal'>. A defesa dessadoutrina do habeas-corpus, depols da apo­sentadoria de Alberto Torres em 1907, veloa ser patrocinada por Pedro LessaTendo Alberto Torres, como proclama o es­clarecido expositor de sua vida e de seupensamento fundamental, "uma concepçàopor assIm dIzer sociológica do Direito", aqual objetiva a ajudar a colliltrulr a so­ciedade" e "aperfeIçoar a Sua eo;truture."...::.. aInda mais valorll<ada !lca a poslçlodoutrInária que êle Invarii\velmente sufra­gou na esfera de apllcaçio do únIco reme~

dium jurts de desenlace rapldo que entãoexistia no sistema Juridlco brasHelro paraa tutela dos direitos constltuclonals do In­dividuo. Da mesma (orma essa coincidênciaentre o pensamento do jurlBta sociólogoAlberto Torres e do Júrls-tllosóto PedroLesse. com o de Rul Barbosa, em matériade e"egesBe e aplicação do habeas-corpu.,pode ser tomada como o melhor testemunhodo equllibrlo da teoria brasl1elra do h4beas­corpus que Ruy Barbosa entre nÓ/! fundou.,

Page 22: J SENADO FEDERAL

OBRIGA CÃO.)

DECONTRATAR

P,O~jjo" O,.lanJo ÇomrJProfessor da Faculdade de D/rrilo

dez Universidade da Bahia

A liberdade de concluir contratos sofre limitação quanrlo o sujeito dedireito é forçado a se vincular a detenninada pessoa, ou não pode recusar-se atravar relações juridicas unifonnes com os interessados em constituí-Ias.

Diz-se que, nesses casos, tem a obrigação de contTatar.

A supressão da liberdade contratual, nesta sua manifestação, foi analisada,primeiramente, por NIPPERDEY, que a admitiu somente nos casos de umadisposição legal expressa impor a obrigação de contratar, mas a crescente

Page 23: J SENADO FEDERAL

22 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

intervenção do Estado no domínio econômico originou ~itllaçôes nas l]lIais se

tornou Jl('cessária a diminação da liberdade de reclIsa de contratar independen­

temente de determillação legal. ~e~sas situações, passou o contrato a ser, do

mesmo modo, necessário, forçado, coativo,

Classificou-as LARENZ, distribllindo-a~ em tn's grupos:

1.0 contratos fJllC se conc!twlll no setor dos serviços públicos;

2.° con1 ratos (llle St' realizam lia área em (llle se manifesta interesse

t'collômico de natureza geral (economia dirigida);

3,° - contratos cuja recma de estipulação sera contrária aos bons

costumes.

]\'0 primeiro grupo, o problema de maior delicadeza é o da determinação

dos limites da obrigação de l'Ontratar, evidente, como parece, que o simples

fato de exercer alguém certa atividadt' no setor dos serviços de interesse

público não basta para privá-lo da prerrogativa de recusar-se a contratar.

Sugerem-se diversos critérios de limitação dessa prerrogativa. Em primeiro

lugar, o da cxigéncia de ser a atividade exercida em regime de monópolio.

Quem a promove não pode recusar-se a contratar. Se tivesse essa liberdade,

arbitràriamente privaria (!ualqucr pessoa do liSO de servü;o concedido no

intert'sse geral. Pense-se na hipótt'se da recusa do fornecimento de energia

elétrica pela empresa concessionária desse serviço, :'-ião havendo outro forne­

cedor, qllem precisasse de luz ou fôrça não seria atendido, deixando de usufruir

bem considerado vital.

o critério do monopólio revelou-se, entretanto, demasíadamente ('streito.

Reduz a obrigação de contratar à área dos seITiços públicos diretamente

exercidos pelo Estado, ou concedidos, e não permite exigi-Ia nos casos de

monopólio virtual ou ('lD situações que se assemelham, lia prática, it que

decorre da posição de sllper.ioridade de quem exerce atividade em car:tter

exclusivo. Demais destas razões, o conceito de serviço público é restrito,

pOf<!lIanto se sohrepõe à noção civilistica de prestação e se deduz com refe­

rl'ncía aos tri's rC(lllÍsitos fundamentais de titularidade estatal, interesse tutelado

e objeto. Verdade é [pie. recentemente, se vem refutando, não somente a teoria

das prestações administrativas, como o princípio nominalístíco da titlllaridade

do Estado (1), para admitir-se que qualquer atividade, pública ou privada,

dirigida ~l realização de um fim social deve sujeitar-se à disciplina própria dos

(lI OIANINI, verbete "Atth·ité. Ilmmlnlstratlvl\" jn Encidopédia Del Dlntto,' POTOTSCHINO, Ipubbllcl servl~1 apud Ricca, Sul cosldettl rapportl conttratullH di flttt'l

Page 24: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 21

serviços públicos. Mas êsse conceito amplo ainda não conseguiu desbancar anoção tradicional. Por outro lado, há situações que pcàem o contrato coativo,mas não se acomodam ao nôvo conceito, por mais que se o elas teça.

Pretende-se, em conseqüência, que haja obrigação de contratar, não apenasquando dctenninada atividade é exercida em regime de monop6lio, senão,igualmente, quando quem a exerce está, até circunstancialmente, em situação

privilegiada. Deixa, assim, de ser relevante a natureza ou qualidade da pres­tação. Ainda não se trate do fornecimento de bens vitais, quem os forneceserá obrigado a contratar caso se encontre em posição na qual a recusa seriaabusiva.

A extrema latitude dêsse critério constitui obstáculo à sua aceitação. A

obrigação de contratar é exceção ã regra geral da liberdade contratual, violentarestrição à autonomia privada. Não se deve, por conseguinte, alargar o setorem que se apresenta como técnica estritamente indispensável à subordínaçãodo interêsse particular ao intert~sse geral.

Partindo do conceito de LARENZ relativo à existência de um comporta­mento social típico (sozialtypischen Verhalten), como nova fonte de obrigações,BULCK admite que, em relação a prestações ou bens vitais, há o dever de não

recusá-los. Quando se trata de gêneros de primeira necessidade ou prestaçõessocialmente valorizadas como necessárias à. vida de cada cidadão, como otransporte, a eletricidade, a água, o gás e tantas outras, é inadmisslvel a recusa.

A superioridade do critério reside na limitação. Somente em relação àsprestações ou bens vitais haveria obrigação de contratar.

Indaga-se, porém, se a relação juridica, assim constituída, configura verda­deiro contrato.

A primeira difi<:uldadc reside no próprio conceito .tradicional dessa espéciede negÓcio jurídico. Contrato é o livre acôrdo de vontades para constituiçãode uma relação jurídica entre as partes. Nesse esquema, é logicamente impossi­vcl inserir o chamado contrato coativo, por isso que uma das partes é forçadaa constituf-Ia. A própria expressão contrato coativo seria uma "contradictio inadjecto". O adjetivo briga com o substitutivo. Por mais que se distenda a noção

de contrato, não se poderá estendê-la a uma relação juridica, na qual o compor­tamento de llma das partes, para criá-la, é meramente passivo, e está prcc1c­tenninado.

Inclinam-se os escritores mais afastados da linha dogmática tradicionalpela negação da natureza contratual dos vinculos estabelecidos entre quempresta e quem recebe um serviço público. Dividem-se, porém, as opiniões.

Page 25: J SENADO FEDERAL

REVISTA DE INFORMAÇÃ.O LEGISLATIVA

Predomina, nessa volumosa corrente, a tese de (pIe a relação jurídica deriva

de imposição legal, instaurando-se por efeito de uma ordem da autoridade

pública. Rejeita-se a idéia de contrato, explicando os adeptos dessa teoria que

tal relação é regulada pelo direito público c repousa numa situação estatutária.

Essa explicação não é, entretanto, satisfatória, não apenas porque jogaria no

comportamento unilateral do usuário, em última análise. a fonte da obrigal;ão

de prestar o serviço, mas, princípalmente, pela incxist€-nda de critério diferen­

ciai seguro entre as várias formas de gestão dos serviços vitais, de modo especial

quanto às relações que se instauram entre o gestor e o usuário. e). Não é. assim.

solução unitária, nem explica o mecanismo da constituição da relação jurídica

em támos que defiham seus diversos aspectos. !\'ão hasta dizer, com efeito,

que a relação jurídica decorrt' de imposição legal. É preciso qualificar sua

fonte porquanto a lei não cria diretamente obrigações, limitando-se a emprestar

a determinados fatos a significação de causa geradora, à medida que ocorrem.

Se bse fato é o comportamellto obrigatório do gestor, por não preexistir o

direito à prestação, cai-se na figma privatística do quase contrato C).

Procede, no entanto, a ohservação de que o comportamento do gestor do

serviço público, ao se comprometer a prestá-lo, pratica ato devido. ~ão emite,

realmente, declaração de vontade como expressão de autonomia privada. Falta­

lhe, portanto, caráter negociaI.

A objt'ção é séria. Admitem, porém, os contratualistas, que não perde esse

cunho a declaração de simples adesão ao conteúdo preestabelecido de um

contrato, uma vez que o acôrdo de vontades seja indispensável à criação da

rela\'ão jurídica.

Outros sustentam que a obrigação de prestar o serviço preexiste, de sorte

(lue nada mais faz o gestor do que cumpri-Ia. A situação asst:'meIha-se à do

compromisso, em contrato preliminar, de prestar consentimento em futuro

contrato, ddinitivo. A con.stituição desta relação jmídica necessàriamcnte com­

plementar também resulta de ato devido, distinguindo-se apenas pela drcuns­

tànc:ia de (lue sua realiza\'ão se torna obrigatória em virtude de compromisso

voluntário, enquanto o gestor de serviço público está coagido legalmente a

prestar o consentimento.

Funda-se a explica\'ão, porém, numa ficção, ({IW a recambiaria à faixa do

contratualismo, ondt:' enfrentaria (} obstáculo de conciliar a negação da liherdade

de concluir negócios jurídicos com a autonomia privada.

(2) RICCA. Op. clt .• páli[. 68.

(3) von THUR. T~oria Ilen~ral dei dlTicho cil'll alemdn. t. n. vol. 1

Page 26: J SENADO FEDERAL

JAHllRO A. MARÇO - 1961 2S

Pode-se, finalmente, incluir, na corrente anti.contratualista, a teoria de

LARENZ. Afirma êsse eminente civilista que quem usa um serviço público não

se a<.:ha na condição da pessoa a quem se faz oferta de contratar, e, quem é

obrigado a prestá-lo, não está na posição do que pode aceitá-la, ou não, com

direito, indusive, a fazer contraproposta. Assim, o uso de um serviço público

não é aceitação de contrato por fato concludente, mas, sim, comportamento

socialmente típico, que deve ser configurado como fonte autonôma de obriga­

~·õcs. O efeito obrigacional da relação jurídica não deriva, nem da vontade,

nem da consciência do efeito jurídico, isto é, não decorre de um contrato, mas

da conexão entre comportamento e resultado, pouco importando se houve, ou

não, dedaração de vontade válida.

A explicação é sobremodo ilustrativa na sua parte descritiva, mas, reduzida

a suas proporções mais simples, faz do comportamento unilateral do usuário a

fonte da obrigação do gestor. Esbarra, dêsse modo, com séria dificuldade, pois

um comportamento unilateral atípico não pode incidir vàlidamente na esfera

jurídica de outrem (t).

A se aceitar, por outro lado, que o comportamento socialmente típico se

insere na moldura da autonomia privada, como pretendeu posteriormente

LARENZ, seria admitir conceito demasiado amplo dessa autonomia, tomando-a

sin6nima de liberdade, e esvaziando, assim, seu conteúdo, conforme a justa

ponderação de R1CCA. Ademais, não se distinguiriam dois momentos lógicos

inconfundíveis, a manifestaçio negociaI através do comportamento típico e a

execução da relaçio jurídica, consistente na prestação do serviço e pagamentodo preço.

Discrepando de tOdas essas soluções, esclarece SERNA (~) que o problemase coloca em têrmos falsos ao se insp.ri-lo na p~rspectiva da obrigação de contra­tar, e, conseqüentemente, na indagação a respeito da possibilidade da recusade estipular contrato. Assim equacionado, configuram-se, inexatamente, oscasos de orerta ao público. O gestor de serviço público, bem como tôdas as pes­soas que oferecem serviços ao público, propõc, indiscriminadamente, a estipu­laçâo de um contrato, pouco importando que a sua oferta derive de obrigaçãoanterior, contraída com a administração pública, 011 que a formule no exercíciode sua autonomia privada. Ao anunciá-Ia, divulga as condições nas quai') reali­zará o contrato. Quando alguém as aceita, o contrato está formado. Se, após a

(4) RICCA, Op. clt., ptg. 56.(5) Le refUJI 4e con tracter

Page 27: J SENADO FEDERAL

26------REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

aceitação, se recusa a prestar o serviço, está-se recusando a executar o contrato

já concluído com a aceitação. Caso é, pois, de inexecução contratual. l\'ão há

cogitar, por consegüinte, de obrigação de contratar no sentido que se empres­ta à expressão, ncm se pode discutir se tem direíto a recusar o contrato, uma

vez aceito nas condif,'ões'" propostas, Uma vez que, em tais ofertas, se contem

todos os elementos do contrato a cuja conclusão se dirigem, não se qualificam

como simples "invitatio ad offerendwn", São, inequivocamente, propostas "ad

incertam personae". Dizer-se que a oferta não constituí declaração negociaI,

porque o polícit3nte é obrigado a fazê-la por estar explorando um serviçopúblico, não modifica a estrutura da relação jurídica instaurada com a aceitação

do oblato. Para 3 conclusão de um contrato, não são necessárias duas decla­

rações de vontade em sentido próprio, bastando duas manifestações volitivas,

significativas para a criação da relação jurídica em que se inserem direitos c

obrigações recíprocas (6). O intento negociaI pode manifestar-se mediante uma

declaração e uma atuação, ou ate mediante a combinação de dois comporta­mentos, como bem esclarece CAMPAGNA. A aceitação de um contrato medi­

ante comportamento concludente tornou-se usual na vida moderna, Quem

embarca num ônibus realiza, com essa atuação, o contrato de transporte, acei­

tando a oferta ao púbIíco da companhia exploradora do serviço, Quem deposita

na agencia do expedidor um pacote a ser transportado, pagando a tarifa,celebra o contrato de expedição mediante comportamento (lue implica acei­

tação.

A colocação do problema nos seus devidos têrmos facilita a explicação das

diversas situações nas quais se vê uma obrigação de contratar quando, em

verdade, já se trata de uma obrigação de executar o contrato. Tanto nos casos

em (lue se trata de um sen'iço público, nos quais interfere ° aspecto da titula­ridade, como naqueles em que não há sequer qualquer finalidade social naatividade do policitante. O exibidor cinematográfico não tem obrigação de

contratar com a pessoa que se apresenta no seu guichê para comprar o bilhetede ingresso, mas, como faz permanente oferta ao público, quem a aceita tem

direito a exigir (Iue cumpra o contrato, isto é, (lue venda o bilhete como esta­belecido na oferta para aquisição do direito ao ingresso na sala de espetáculos

e cumpra a obrigação de proporcionar ° espetáculo a quem adclllÍriu o direitode assisti-lo

l\'essa perspectiva, () problema da obrigação de contratar e um falsoproblema.

16J CAMPAGNA, I llegozl di attuazlone, pÍ\~. 126.

Page 28: J SENADO FEDERAL

Os Decretos-leis na

Constituicão de 1967~

TEMA 1

Para comemorar o primeiro ano de vigência da Constitui<;ão de 1967, muitooportuno me pareceu discorrer s6hre um dos seus institutos mais polê­micos e de indisfarçável intert~sse para os juristas, sempre preocupados com oaperfeiçoamento do processo legislativo: os decretos que o Chefe do PoderExecutivo pode baixar, com fôrça de lei, ainda quando em pleno funciona­mento o Congresso Nacional, ao qual cabe, embora, hoje, sem exclusiviuade,elaborar as leis.

Os Advogados nada tem com o Poder, recordava RUY, mas tudo t~m

com a lei.

Em verdade, a nossa vida profi.~sional se exercita na constante invocaçãoda lei, para obter proteção jurisdicional dos direitos de nossos Clientes, permi­tindo o nosso Estatuto, até mesmo, advogar contra a letra da lei para argüir asua injustiça ou a sua inconstitucionalidade. .

Os problemas que os decretos-leis vão criar para a ordem jurídica são demonta. E de gravidade, a desafiar a argúcia do hcnnencula.

Reconheço que outros dispositivos há, da Constituição de 1967, a rnerL'eera consideraçiio dos Advogados, como é, v. gr., o que importou numa restriçãoformidável do recurso extraordinário, nos casos em que, na Constituição de 1946,podia ser interposto quando a decisão fósse contrária a dispositivo da Consti­tuição OI! à letra de tratado ou lei federal e, agora ut art. 114, nQ IH - "a",

Page 29: J SENADO FEDERAL

28 REVISTA DE I~FORMAÇÃO LEGISLATIVA

cabe, apenas, das decisões (ltle contrariarem dispositivo da Constituição oulwgarem dgéncia de tratado ou lei federaL

E, negar vigencia, segundo a interpreta<,'ão l.]ue as mais recentes decisõesdo S.T.F. estão dando ao dispositivo, é negar vigência mesmo, e não, sercontrária, por interprda<,'üo errada ou erradíssima, à letra da lei federal!

n~MA II

Os Decretos-Lei<; lUI técnica do direito constitucional:

O Direito Constitllcional da França,

Inicialmente, há que tomar posiçào em tôrno da conceituação de decreto­lei que entendemos ser o diploma legislativo expedido, com fôn,'a de lei, peloChefe do Poder Executivo, num regime político constitucional (pie consagra

a separa<,'üo de podt'rcs,

Por igual, não há como contundir os decretos-leis, com a legislação dele­gada que a Constitui<,';'lo de 1967, inélui no processo de elabora<,'ão legislativa:art, 49, n l

.' IV,

A necessidade de salvar a economia francesa, nos duros tempos da guerrade 1914 a 191H, enriqueceu o direito público frands dos denominados decretos­leis, (lue versavam, de H'gra, sôbre matéria de natureza urgente, {' ligados àdisciplinação da ordem econômica, resultante do estado dt:' guerra.

VerificOlHe ser illdispens(lvl'1 dotar o chefe do Poder Exet:utivo dt'sseinstmmento de ;l(;ão. de modo a poder disciplinar, com a urgência que se fizessenet:essária, qualquer lIIedida ligada à própria segurança nacional. Daí, nas­ceram os primeiros decrdos-leis, proibindo a fahricação de certos produtos;qualificando as t'mpn\sas cuja exploraçiio interessava à defesa nacional; váriasmedidas de ordem militar; a fixa<,'ao do preço da loca~'ão residencial. E, por aiem diante, invocando a "teoría dos podl~res de guerra" foi um não mais acabarde decrdus-Icis, em FraTl<,'a, cujo regime polítieo, da separação dos podi'res,disciplinava, a rigor, o conteúdo das leis e dos regulamentos.

:t:sses decretos-leis. como se sabe, eram incontestàvelmente contrários àletra da ConstitllÍ<,'iío de 1875, que atrihuía, de m~lIwira formal, às Càmaras.o eX('rcício do Pocil'r Legislativo,

))crru1Jada a I lIa Hq1líhlíca e ante a desastrosa situa~'ão militar de maiode UJ40, renasccram os (kcrdos-Ieis, E, com a sllper\'cniência da atual Consti­tui<;ào Francesa de 1958, o Prcsidente DE GA LTLLE obteve se inscrevesse,lIessa t'ollstitui~'ã(l. Ulll dispositi\'() (pIe lhe permite, através do Poder Rq.';ub­menta r, ('Xl'fcer, ('OTll plellitude, as fUlI<,'ües legislativas,

A rq.;ra l' esta: "'le\ matit"n's ~\11trcs (111C celles qui sont dI! (itnllaillc dc laloi ont UI1 caradi'rl' rh~knwntain:''',

Page 30: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 29

ANDRP.. HAURIOU, comparando o regime que vigorava em França, em1948 e o que lá hoje vigora, escreveu no seu recentíssimo çompi~ndio de DroitConstitutionel et Institutions Politiques:

"- Em 1948, a lei parlamentar continuava a ser a regra geral; ela hojenão é mais do que a exceção".

TEMA 111

Os DCCTctos-leiv no direito constitucional brasileiro:

A Carta de 1937 e SClIS artigos 13, 14 e ]80.

Os Decretos-Lei<; que a Constituição de 1967 inclui como processo legis­lativo (art. nQ nJ IV) não constituem, a hem dizer, lima "novidade" emnosso Direito constitucional, pois, enquanto vigorou o Estado Nôvo, a sua legis­lação foi feita através de decretos-leis. Fôrça do disposto no art. 13 da Carta de1937, o Presidente da República, nos períodos de recesso do Parlamento,poderia, se o exigissem as necessidades do Estado, expedir decretos-leis sôbrematérias de competência legislativa da União, com {~xceção de algumas matériasque o art. 13 enumerava. Mas, essa mesma Carta, no art. ISO, dispunha que

"Enquanto não se reunisse o Parlamento Nadonal, o Presidente da Repú­blica tinha o poder de expedir decretos-leis s6bre t6das as matérill.'; decompetência legislativa da União".

E, porque o Parlamento jamais se reuniu na vigência do Estado Nôvo,em todo o período de sua duração foram haixados centenas de Decretos-Leis,desde os principais Códigos que ainda hoje vigoram, até normas de interêsscpessoal e que tiveram efêmera duração.

Mas esses Decretos-Leis, - fôrça do disposto no art. 180 da Carta de1937, não se assemelham, senão na denominação, aos Decretos-Leis da Consti­tuição de 1967, êstes tendo como suporte a urgência na expedição da nonnado direito positivo ou o interêsse público relevante a exigi-la.' Nem suhstituição- à lei - como na Carta de 1937, ncm amplitude de matérias, como se. permitiano Estado Nôvo.

TE"fA IV

A necessidade de acelerar o processo dc e1abor:lção das leis e o "slogan",de que não se libertou o Parlamento, de sua incapacidade para elaborar as leisde maior vulto ou mais complexas, levou os estudiosos de direito constitucional,as Associações de classe e o Congresso de Técnicos, realizado em São Paulo,em 1963, a preconi7.ar soluções que atendessem àquele objetivo e detenninaramO Govêmo Hevolueionário de 1964 a adotar, nos Ato~ Institucionais I e lI, pro­cessos de rápida tramitação para os projetos de lei de interêsse nacional.

Page 31: J SENADO FEDERAL

30 REVISTA. DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

o 11.) Congresso Brasileiro para a Definição das Hefonnas de Base, reunido

em São Paulo em janeiro de 1963, indicou a delegação legislativa. nos moldesdo sistema constitucional ítalíano, - a Comissão de Jllfistas, nomeada peloPresideut~' Clstello Branco, em 1966, propendeu para a aceitação do sistemaadotado 1I0S Atos IllStitucionaís I e II e u Grande Comissão de Juristas, nomeadapor I'Stt' Instituto, para ('Iaborar, em fius de 1966, o Autt'projcto de Constitlliç'~lO

da Ih'pública, inclimm-se por solLH;ões que não se afastavam, dt, todo, daspmb.~ <'m pr:ltica pelo C<)Yerno Revolucionário de 1964, disdplínando, todavia,eIll nuvos IlJolllt-s. o preparo de Códigos e Slla tramibç';lO no CongressoI\'acionaI.

r-,Ias, nelll a Comissào de Especialistas que tomou parte no referido l° Con­gresso Brasileiro para a Defini<;ão das Rdormas de Rase, nem os Jllfistas

nomeados pelo Presilknte Castf'!lo Branco; nem m \1embros dl;Stl' Instituto(qu(' organizaram o Anteprojeto divulgado em o núuwro :3 da Revista (ll'steInstituto), incluíram, llO proces.so de clahoração legislativa. os decretos-leis.Ikconla(;ão da ava1allche legislativa do Estado 1'\ôvo? OH jnsto temor das pers­pectivas de um Co\'(\mo Ditatorial, exercido preponc1crantcmenl{' pelo PodprExccutivo. com a gradativa suprf'ssão dos podi-rl's do Parlamento para l'laboraras !eis, como slIcetlc no atual regime forte do Presidente Dl' Gaulk? A l'xperi(;n­l'Ía pn')pria I' a alheia terão sido motivos da posição adotada pelos rdonnistasde 196.'3 (' 1$)66.

TDIA V

Os Dccrl'tos-Ll'Ís na Constituir,ão de 1967 haviam sido sugeridos. deco !lH'ç'O , por forma muito mais ampla daquela que, afinal, foi inscrita no Ante­projdo Carlos \ledt'Íros Silv,l e por {;le apresentada ao Presidcntl' Castel10Branco. Basta confrontar os tl\rmos do art. 57 do allkprojdo divulgado p('[osJornais (O Globo; o Jornal do BrasiL O ESLado de São Paulo. de 7 tI(' dezembrode Hlfi6) , com a plIhlil'u<;ão oficial do art. 57 do Anteprojeto Oficial, paraSl' verificar <[1I1" d,'.sle último, foi suprimida a expedi\:ào de decretos com fôr\'ad(, leí sôbre;

"llI ~ (/ odmínistraçiiu federal, do D. F. e tios Territórios, dasAutarquias, l'mpn:sas púhlicas e Sociedadt's de Eco1lomia misla",

])l) IlWSIlH! lllodo, se compararmos a rcda\';-lo do art. '-l7 do Auteprojt'toohl'ial com a wdar;ào do art. 5S da C01lstitui\:~1O de 1967. vamos vcrificar '[U"

O Congresso ~ acionaI introduziu uma modificação de maior rel(~v;lnda e (Iuedi largou os podt'T<'s do Presidcntl' da República, no tocante à expedú;ào dl'decretos-leis, eis (FI(', onde o próprio (;OVt'flI0 propunha <llle permitido fôssebaixar decretos-leis em cusos de urgencia e de infcl'ô'se público rc!evante,o Congresso SHustilu iH a conjuntiva pela alternativa "ou", e assim, au em Vl'Zde dois pressnpostos, conjugados e inarredúveis: a urgt'ncia c o inlcrt·sst' público

Page 32: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968-------- 31

relevante, o Presidente da República pode, hoje, escolher entre a urgência ou O

interêsse público relevante pará baixar os decretos-leis sôbre segurança nacionalou finanças públicas.

TEMA VI

Os pressupostos necessários para que o Presidente da Reptlblica possabaixar decretos-leis:

Ao contrário do que se estatuiu na Carta de 1937, o Presidente da Repú­blica, na vigcncia da C..onstituição de 1967, poderá baixar decretos-leis, aindaquando em pleno funcionamento o Congresso Nacional. Não se requer o recessodo Parlamento. Ao contrário: pressupõe·se o Congresso em pleno funciona­mento, a modo de poder aprovar ou rejeitar o decreto-lei do Executivo, dentrode sessenta dias, admitindo-se a aprovação tácita, se o Congresso, naquêle pra7.o,não tiver dito sim ou não.

Mas o Presidente s6 poderá expedir decretos-leis, com fôrça de lei, aten­dendo a dois únicos prc.~supostos;

a) urgência na decretação da norma de direito positivo;

ou

b) - intert1sse público relevante, observando-se, tanto num caso comonoutro, que - do decreto-lei expedido não poderá resultar aumento de despesa,ainda que indiretamente, a nosso ver.

E, quanto às matérúls que podem constituir objeto dos decretos-leis a Cons­tituição limitou-as a duas classes:

1 - Seguranç.1 Nacional;

ou

II - Fill3nças públicas. (art. 58)

A Segurança Nacional a que alude () art. 58 da Constituição é a mesmaa (pIe se refere o art. 89, quando declara que por ela são responsáveis tôdas aspessoas naturais ou jurídicas, conceito amplo, que a lei ordinária defínirá.

Melhor seria que a própria Constituição, para evitar o arhítrio, concei·tuasse o que se deve entender por segurança nacional.

Quanto às fillanças públicas o conceito é amplo e compreende não s6 asnormas gerais de direito financeiro (a que alude o art. 8 r, XV II - "c"),como todos os iustitutos que as leis e a doutrina admitem corno integrantes dasfinanças do Estado.

Finanças Públicas, segundo a definição de AI.lOMAR RALEEIRO (in"Uma Introdução à Ciência das Finanças") é a disciplina que, - pda investiga­ção dos fatos, procura explic.'lr os fenômenos ligados à obtenção e dispendio

Page 33: J SENADO FEDERAL

32 REVISTA DE INFORMAÇÃO lEGISLATIVA- -- --, - - - ,- -~ - .. '- -- - -~ -~ -- - --- - - ~

do dinheiro [l('cc~s<Írio ao funcionamento dos s('fvi~'os a cargo do Estado, ou de

outras pessoas de direito púhlico, assim como os efeitos outro.S r('sultanít's

dessa atívicladc go\·t·rnanwntal".

Invocando t',S" 's prc'.supostns, c com fnndamento no artigo ,Si) da COllst i­

tui(;:io dl' 1967, furam haixados ati' .s de fewrciro de 1961-) (dat~l do últimoDecreto·! ,ei di\"1dgado pelo "Diúrio Oficül" de Brasília) 32 decrdos-leis (do])ecreto-Lei :319. de 2i de man,'o de H167 ao Decreto-lei :351. d t , ~ dt, fewfl'iro

ti" 1968), sóhrl' as mais r({ri(J(las nlUlérí(1s, incluindo-se, na maior parte tkles, a\"incnla~'üo ú Sl'guralJl,'a :\facional 011 ao ÍlÜl'rt"Sse púhlico, l'OITlO aconlt'ccll coma mndificac;ão da Lei 3.325/67, (l'I(' instituiu a D['PUCATA FISCAL,

Em um ano de vig(~ncia, contamos trinta e dois dC<Tdos-leis, flue, con jn­

gados à faculdade que tem o Presidente da Hepúhlica de ('nviar ao Congrc.ssoNacional projt'lo.s de lei para tramita\'ão dentro de quarenta l' t'ÍlICO dias (comoj:l sucedeu com a mais recente altt'[;l(;:io da lei dl~ ]oca<;,-to predial), dão bem

idéia do acc!eramelito do processo cle elaboração kgislativa que S(' iniciou

com os Atos Institucionais I e II e prosseF;ue com os novos institntos adotados

lwb Constitlli~'ão viF;elll(', cntre os qnais "l' conta a kgísl:HJIO dt'!<'gada (art. 49,1]" IV), ainda 11<10 posta ('m pr(ltic.l.

TE.\/A \'lJ

()" de('!'dos-Ieis haixados pr,jo Presidente da HepúbliC'a tt~m vigl'llda inw­diata ú publica,;:io do H'spedi\'o texto, no U])iúrio Oficia!", ViglO'ncia imediata

sigl,ifica, a 1l0"SO vcr, o1Jrigatorjedllr/e, cis (plt', o decreto. lliz o art. 58 daCOJlStit1li~'ão. t"m fdrça de ld. (' um dos atrihlJtos da lei t· a slla obrigatoriedade,a partir de sua pll blil"J(;~lo, pois ninglll"m se l''(cusa pnr descumpri-Ia ainda qllt'a1t-gl](' ignor(l-la.

\las. o Cfll" n:UJ [(·"ta dú\"id~l l' ljlll' o dt'crdo-ki ít'm vida precúria. l'll!l'll­dido ti \,(J('~'thlllo IJI'('("uriu n;-IO 110 sentido de lJDrlCO d!lriÍrd (pois se aprovado])('lo Cougre.sso o te:dll sl'rá definitivo), mas no do til](' n:lO se mostra ddiV"(l,ant<'" l' ft'íto ('li! car(l«'r transitório, de ills!II/)j!idadl' c rtl'0l!.ulJilidoC!e qw' ()<!comp<lllhalll desdi' I. início, vaI" dizcr. (11le só se torna c1f'finitivil ,{uaudo

apro\'ado p"lo Con)..,<r,·sso ;'\aeional.

TOlA nH

o [)t'tTl'lo-[ ,('i pode ,ser rej"itat1o pelo Congresso Nacional. p o forarnalgllll,s dos dt't'fdos-l. 'is emitidos pelo atual Chefe do Poder EX{'Clltivo, cornosucedeu com o de n'! 837, que criava a cédula industrial pignoratícia e discipl i­

nava, em novos moldes, a duplicata cOI11('rciaI. (Vid(' Di(lrin do Congresso

Nacional, Se(;ão I, de 14 dI' fevereiro de 19(8),

A rejeição do Dccreto-Lei pelo Congresso Nacional importa na supressãodo texto da Colcçâo das lciç rm ligor. :\1as, daí não ~{' segue que se possa con-

Page 34: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 33

siderar "como se a lei nunca tivesse existido". Existiu. Criou direitos e obri­gações. Quanto aos direitos, se houve apenas expectativa de direito, não surgirãomaiores prohlemas. Mas, com relação aos direitos adquiridos, que a ConstituiçãoFederal garante aos brasileiros e estrangeiros residcntes no país, não admi­tindo a sua violação: art. 150 - ca]Jut e art. 150 § 3<', é óbvio que terão que serrespeitados. A rejeição do decreto-lei, embora não seja o mesmo que revogaçãoda lei, sob alguns aspectos - ao rejeitar o que vigiu, revoga. Inúmeras sãoas questões que os decretos-leis, por sua vigência pmcária, poderão suscitar,como, entre outras, estas duas que apenas afloramos, como desafio aos estu­diosos.

1~) O decreto-lei baixado pelo Presidente da República pode revogara lei elaborada pelo Congrcsso Nacional? E sc podc, a rejeiçãodo decreto-lei, dentro do prazo fatal dos quarenta e cinco dias,restaura a lei anterior ou lhe dá o efeito repristinat6rio, a quealude o § 39 do art. 2<;1 da nossa Lei de Introdução ao CódigoCivil?

2;,1) se o Congresso aprova decreto-lei cujo teor não se enquadrana autori7-<lção constitucional, convalidaria a nulídade que lhe éintrínseca?

PONTES DE MIRANDA já se manifestou sôbre a questão, declarando!lOS seus hreves comentários ao art'" 59 da Constituição de 1967:

"Se a matéria não é de Segurança Nacional, ou de finanças públicas,nula é a aprova~'ão, como nulo é o Decreto Lei". (Com. à Const de1967, \'01. 3 - pág, 157).

TEMA IX

Pode suceder que o Decreto-Lei, submetido ao Congresso Nacional, venhaa ser por êle aprovado expressamcntc, dentro do prazo fatal estabelecido noparágrafo único do art. 58, WlnO poderá resultar a aprovação tácita, por omis­são do Congresso.

Essa circunstância, - a da aprovação tácita ou expressa - não dá aodccreto-Iei validade de modo a tomá-lo imune de apreciação pelo Poder Judi­ciário, eis que, segundo o disposto no art. 150 § 49 da Constituição, nenhumalei poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão dc direitoindividual.

E se o Poder Judiciário podc apreciar a lei, e pô-la cm confronto coma Constituição Federal, desse confronto poderá resultar a decretação de incons­titucionalidade do Decreto-Lei, expedido pelo Poder Executivo, ratificado peloPodcr Legislativo, mas reprovado pelo Poder Judiciária.

Page 35: J SENADO FEDERAL

34 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

- CO:\CI,CSAü -

CO:\CLU:\DÜ;

I Illún, TdS, (' da ~ mais \'arbdas, st'rão as contl'llH'rsi:ls (jU" a ('\lw<lil,'J,() (' a

apli('~l\',-lll dos (1,'cr\'los-lcis \;10 Sllscdar.

:\ pok'll1iea eTTl 1<)f!HJ dcssc W\\'O processo dc ch1H,r'(';;i() kgd,llÍ\" COIlH'i,'(l1l

em S:iq I':llt!O, o"a", sob o patfOl'ínio du illstituto a(' J)in'ito Público daFac11l,L1dc cle ])in 'ito da l' nÍ\('rsida<lc d(' S,-IO 1'a11 lo, a l:C:llns dlls cm ilH'lI tcs

prot ('''(lrl'S da' !llCLi Fac\l ldadc ch-s,ln('arall1 (l" <1t'cr('(os-l<-is (Li Const it 11 i ,',lO

d(' llJG7:

Celso :\nh\ni(l Bandeira dE' \kl1o e Ceraldo .\t.diha \'Il<':lli'ira SolO osn'slH111.,;iQ'is por c"es mans tratos, :\'J,1l l"1l!1l1Ing.tlllilS, :IS cllPlpl<bs, ('(1111

as SII:I, crític!" di'('llr<1an<1o. frontalm('nte, de al,t!IITll'tS ddit~. \LI, () 11IL" pllr

t"Ic,s n,'IO foi dito, (' 11()S temos COlllO c('rto, l' q\le a pr,ític,l dll~ 1kndíl,s- L('is,

num p'lís ('m '{IH' (J Pnrkr I,cl!is!:lti\"o n:l([ se forLlkl'l' p,'ran!e a llj'ini:lo p,'t1)1i(',I,

(ao SI' dl'sintl'n'ss,ll' d" snas L1n,Ll, dI' I'Ltbora\';lo ,Li \roi 'I, ahr,' (',II1\iIl11IJ ClTlll

;l ditad'lra do EVl'lIti\LL E 'lU"II) "íllcla (sli\lT ('111 <1"[\I<1a, l' l(T (' .I!('líl;tr p~lLl

as (1)s('n'"\Cll',, Cj!!(' IH', fa/Clll dois ,los TTI.\is 1110tlITllll" (' ;l1!torí/'ldll' «()ll,lítlldt)­

llalistils fr:llll'('Sl'S: ,\.\"I)IU: ll:il'IHO[', !la lrlíL;:IO d(, 1%7 (k 'l'I' (:'llllj1"IHli o

d.. Dn.it (:ollstitlll'ioll('l. (' .\I.\(·H1CL nrYLllCLll, lla '-)' Iclic;u) (lt- 'lia' "1n'·

t it ut H)II' l'lflitiq11I'S d l)ro it C'l11st it 11 tilJll(r, .1' J prupl'lstl 11 da pr;',til"1 di) n '~illlt'

dlls "I)('ndm" na Cl>mltt11 i,'iIO FralHl'Sa cle E),j,';.

Tt'T1h,llllO,S IH'I', li'.; JlJrist.ls lh'sk illstitlJtn, a l'ora,!I'lll di' illll'l'dir. [)nr 11111,\

crítl(';[ ('nn,tnlti\,l (' IlpOI'I11II:1, IIILI' tal ,"'Oll\v(,;[ 110 Br;lsil ('lllitl"ll[lI'I<lIH'lí,

As lraTlsf(lrrll;[,'iíl'S '111(' se \!Tifi'\lll1 lIILIl1 I'dí~ ('m !rall('11 dl'SI'll\ Ilh illll'llt", (tlnlo

II 1l11~S<l. (\i,t!I'1I1 ,1(11,t1i/a\:IlJ d,' S:L\S kis (' .1 ('\111)]11('11]('111.((,:10 dl""11S dil,l'I!!ldS

ll",-~i';];Iti\()s. \1.1' 11;111 lJ.l 11'll' d,'sl'n'/,l]' ~l ~\Illlíl"llli~l do ])('\1 1• I'llrtllll' II F,latl,)

('\ist<' para dssl'gllr;lr /, 1)('1t\ l',lar do P(J\l) l' .\S SI!:h 11IStitLli<:'-ws, p,lra tllll<'iOll;lJ

a l'lJIlt\-lltll. 11:10 p"d( 111 i~llor,lr o 1ICII1](,1I1. l' II:LI) i:':IIOl'.llllL, LI 11('111"111, d"\"11I

,,,1)('1' 1111(' ~ls lillrllldS !'C:,Li, \ ,ti"11l lluis por SI,1i1 ,l(Til.l\:IL) ("I'(Jllt,III"~L, d ll (jllt'

]l"f'll,l illl!'llSi\:lil, :1 L')l"<," d" S~LII,'(Il'S, COI" i','IlHlS i\') l'"rbill"lltl) ,i ,drih'l!l,;-'"

dI' ,'LilHlr,Lr ~IS kis l' Sll ('\ll'lwilllld1tIll'llk d,1t- rdir("lIl)S II Pjlll'l"'() \':-;isLd i\ \'

II"S (';lSllS l'ln IIILl' I) illlt'rt"'l' PÚh1iI'I) l' ;l SI'<,:'ILlIll,a 11~J('í(lll~d l'\ij;\TII llr'c';('Il!c

liil'ldt', IIll'didils dl' ,;lh ,1\\:<' p'i1l1,', ,:,

1'.ILl i,~o, tOd:l\ id. l'd~t,lji,1 o pr(l('l'''~l1lll'[lf .. 1·1!1 [",!//, l 'Ido. d" L,i, I'

IJlldlS pnljl'l'J,-; Ik ll'i, ,"[lll) l'j{'(IIIIJ/illlltls lio _\lI j l'j1(('jd" d" C/III,ti~llil,:I"

orc.:;llli/;lt!'J pl'f (',>«- 111,1It'i:U, tlll l')6h,

T,'rí,llllus ds ('lllt!íl,"'), S 111'('t'S',ll'ias dI !,1l1 ('{,tll'f F\(llltl\OJ 111]lCillll;l] d"llflll

d" PlJ.,tlILtdos di lIill;1 r\t'lIILl(,L((,lil \'\'Ic1.ld"iLl.

.~. al'i~lI~" :~J_, l':~\ :" .-,; ~-~'~J {\;, ";"l.',;~t'c:to lH).1 A,l'.LI:'_~ld();; H"~\-l:i·~l')~.

1.1\ H:(I, C1J~ : -~ ,:t' In:I:T;J (:t' :~·I~i;.

Page 36: J SENADO FEDERAL

A integração do municípIo

no processo do desenvolvimento

Profi'JJUf' K!u/II'm th' 06vrif'1I c:iJmllProfessor de Administração Financeira

e Orçamentària da UllÍversidade de BrasíliaProfessor de Moeda e Credito da

U7liversidade do Distrito Federal

Antes de encetar a nossa tarefa, onde procuraremos demonstrar c realçara participação do município no processo do desenvolvimento nacional, quere­mos patentear o nosso agradecimento pela oportunidade que nos é dada decontribuinnos no sentido de ser o município considerado, em seus váriosaspectos, como a usina em que se forja êsse desenvolvimento. Não abordaremos,porém, os aspectos políticos dessa participação, a não ser no que interessemao desenvolvimento regional, como a política goveruamental de assistência quelhes está programada.

2. Desde cêdo a humanidade compreendeu que somente através da uniâodos indivíduos encontraria fôrças para vencer o meio hostil, sobrepujando, pelainteligência, aliada à fôrça, os maiores perigos, os maiores cataclismas. E aprimeira fôrça aglutinante dt~sses indivíduos, foi, no dizer de Jellinek, a família,quando escreveu:

"A concepção de que o Estado procede historicamente da família e écomo uma aplicação dela, se funda na lembrança llist6rica de muitospovos."

Page 37: J SENADO FEDERAL

36 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

3. Assim, surgindo dos agrupamentos t'tnicos e sociais, a lIaç~lO, ainda semas Sllas característiC1S essenciais, j:l pressupunha, port'm, uma organi/.a<,\lOpatriarcal, onde o chefe, ou patriarca, decidia, fixava nannas <l Sl'll gnlpo guiadllexclusivamente pelo próprio arbítrio, orientando-se lH'las ('ircuust~lncias en<'cessidadcs intnnsccas da (,olllllllidaL1c. ek penIll'io com a sua vontadc e Op<,':LOincontestadas.

4. Amaral Fontoura. na sua obra ~ Programas de Sociologia, HHO -, escrevia:

"Por mais atrás que se recue llO estudo da história da l'tnolngi~l,

encontram-se sempre os homells vin'nou cm grupos sociais, Em pm'osprimitin)s dos mais antigos, encontram-se l'OIlHl único grupn sodall'onstituíc!() a Ltmília, Em ()lltro~ já se' encllntram as famílias agrupadasem t riho, sob chdia comum, E, portanto, a tribo a unidade pn!íticaelementar. .,

5, Posteriormente, (TL'SlTndo a triho c suas atividades, fi ,aram-sc os grupnsoriundns lIas famílias que se desl'tlvo!n'ralll com seus trahalhos (' a!i\'idades ('o chefe, de simples patriarca. passou il t'ondiç'CLO mais evolllída dt, i1iÍz t' ~'lrhitro,

de condutor e chefe,

6. A tcrra dividiu-se l'lIl glt'has e m'las fixaram-sc as trilllls ('m tt)rn<l tk 11mnúcleo em que estaria mais garantida, pela lI])i~-lll, pela aJlllla llil'ltlla, a sobre'­vivência c10s indivídllos, Surgiram, ellLio, as prinwiras Clllllllllidades. as urhsque, por muito tempo, foram a repn'sl'ntac,<lo lTlúxima da sociedade humana,Ainda hoje ellcontralllllS povos "kendo IIcsse estúgin, COlllO em alguma,~

C0l1111llidades africanas l' australianas,

7, A noção do Estado. em que se concehe a na<,'ilo POlltiC<lIllClItt' orgauiz:lda,já pressupüe, pois, a exisll"ncia das urhs Ol! l'lIlll\llJidades e pode-se, selll m("'do,afirmar qut', por muito tempo, desde t'pocas illlclI1oriais, foralll as COrJll111i(ladcs afunçCLO esscncial Jo d{',~cnv()lvimcllto, ljuando a proc1l1<"'-Hl (')'a fmto c\dusi\'o doartesanato ou das atixidades agric<llas e pastoris, Dil'-sc-ia, l'llL\n, ljlH' a grandezade um povo era t!inwtlsitlnada pela pro,~peridad(' de Sll ó1S cic1ac1cs, E, hllje,podemos abalidonar tal l'OIll'ci to'J

8. Já nao mais ]J(ldeJ'l'lIlos conceber as cidades-l'stadll da Crú'ia, Oll lIil'SlllOtlIll~l Homa ou Cartago, ou (;I"nO\'a c \'('tll'/a, ('m qll(' a pWspt'ridadl' dacOlllllnidade lhes deu a soberania Ilt'ct'ssliria a l'ollstittlín'111-sl~ ('m Estados,mas, por outro lado. Il:LO poderelllos csqm'L'cr \fnL', se n:lll atingeltl ('SS~l POSi(;:Il)as cidades modl'mas, tamhém jamais dei"aram de ser a cl"1lth fliIHLt:lll'nt,tlda estrutura social e política dos po\'os,

9. Assim, poís, a urbs. a conllltliebdC ;intiga, l'\Olllill (', huj(', illt('grada !laorgallizaç'ão social L' política de todos m pu\'os, (' a l'(HICJ'dizal;ão do E,L,do,l' aquilo que, IH>S illdi,ídl]os, lIde mais 1I0S apL'fl'c1>l'IllOS; I'~ a pn'scll\'a constantl'em 'Iossa vida da orgalli.l.<lç,lO social a (11]l' pCrklJCerrH]S,

lO. O município, entao, pelas sllas origclls históricas l' pda slla P()Sil;Cln allla1na orgallizaç,io nacional, t' CkllH'lIto flllHlallll'ntal do dL'SI'lI\'o!drnl'llto, cL,participac,'üo dos illtlivídllm lia Cirl'IILll;ÜU das riljlll'.I.aS, (la r'll'ln:HJlll l'UlIH)lniLIde um po\'u.

11. Os embates ill{('rnal'it)]}ai,~, as c1issl']}IJws íntlTllas, as crisl's l' COII\ ilÍ,~fjl";,

poré'm, transferiLlIlI ao F.~tad[), como dcfl'lI,or dns PIl\11S, l'OIllO pro\'('l!nr dol

Page 38: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 37

bem comum, o direito de organizar-se e de organizar as comunidades, de formaa dar execução aos seus pr6prios fins. Evoluindo o Estado, buscou-se, então,justificar a sua existência, já que as simples tarefas que lhe deram origem nãomais sustentavam os fundamentos das suas atividades e ordenações. O contratosocial, a teoria orgânica, a teoria idealista, tentaram esclarecer os fundamentosprocurados, mas foi mesmo na justificativa jurídica~ na sua identidade com aordem jurídica, que o Estado encontrou tais fundamentos. E Estado é, portanto,a ordem jurídica, identifica-se com ela na melhor expressão, e o Covêmo é asua corporificação.

,12. Com tais fundamentos armou-se O Estado de todos os podêres e assumiu,com '{>1es, obrigações para com as comunidades, inclusive de incentivar-lhes Odesenvolvimento. ."

13. Bem depressa esqueceu-se o Estado, porém, dessas obrigações, tomandoa nação e o território inteiro sob seus cuidados, assumindo, sozinho, a tarefade administrá-lo, ignorando, no mais das v~zes, as necessidades dos municípios.Esqueceu.se o Estado, ainda, de que, para ser forte um todo, é preciso quefortes sejam as suas partes, nos seus limites. Fortaleça-se o município, e teremosum Estado Forte. Se o município é econômicamente forte, o Estado tambémo será. Todos sabemos o destino das nações de reis potentados c faustosos ecomunidades miseráveis.

14. O Brasil Colonial obteve da estrutura forte dos seus munidpios aquelafôrça que lhes deu alento. Desde a Inconfidência Mineira, da RevoluçãoPernambucana, dos Farrapos, da Balaiada e de tantas outras, como o arrojadoepisódio de Teófilo Otoni, foi a ordem social que lhe deu vida e capacidadepara enfrentar a Independcncia e a República. Foi a economia das comunidades,das fazendas, dos engenhos que, sôbre a sangria permanente das minas, lhederam a estabilidade de flue desfrutava. Foi a estrutura forte e sadia dosmunicípios que, nas províncias, sustentaram a estrutura social.

15. O ouro, as minas de pedras preciosas, as bandeiras que penetravam osertão foram o fator mais essencial do desbravamento, da posse da terra, masfoi na agricultura c na pecuária que as populações encontraram a estabilidadenecessária à verdadeira colonização. As minas c a extração de ouro e pedrariasnão exigiam grande emprêgo de capital fixo, dada a sua própria mobilidade deinstalação, mas as fazendas exigiam grandes imobilizações de capital paraconstrução da planta (sede, pontes, currais, cêrcas, dutos. moinhos, etc.).

16. A crise cafeeira da terceira década deste século e o advento da industriali­zação deram início à transição da nossa economia então essencialmente agrícola,para a sua fase industrial. Ao emprêgo dos capitais pennanentes na terra,preferiu-se empregá.los na planta das emprêsas, c o capital'" circulante avultou,acompanhando a curva dos financiamentos c o gráfico da produção e aoinvestidor pa~~cJtl a ser mais alviçarciro o finam:iamento da prooução industrialcllIe a imobilização dos seus capitais na terra, wja produção já não lheproporcionava Os resultados que o café lhe dava. A indústria procurava osgrandes centros mercê da mão·de-obra ali mais fácil, c a mão·de-obra procuravaOs mesmos centros em Ims<:a de emprêgo. As populações adensaram-se nasmetr6poles e escacearam nas comunidades, e o fenômeno, todo, fazia-se sentirmais ou menos forte, conforme a região.

Page 39: J SENADO FEDERAL

38 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISL.ATIVA

li. Despidos tTOllUlrli('<lllleIJtl\ e rarl'kitos do 1'],.IJH'ntll hlllll<JJlll, (J~ 11 11 IIH{<I1'10,'caíram no marasTllO dt, lIllla \ i(b \Tgcta!i\ a I' a sua 1'lllltri!l\II\':UI lia prlldll\'-l'1minirnízolL-sl" rednzindll () Sl'!! plH!cr aljnisiti\'tl, c F1SSIIlI ~! kr IIJl'IIIlS 1"jHl'S,':"1(:omo ll11'rcat!o ('oJ!SlJIllidor. EIII Illllra~ p<l la \LIS, i~L IJ:LO lil,lis part jcipa \ ,li I] d,lrenda naciollal l'lrl ra/,'lI1 das Sll:IS IWI'cssidadcs, ] )I'sUlidoll o 1lllllliclplll, l'llbll,da SlI,1 própria l'.strullIra social. cl'rlll 11l' <IUt' II~-«(J I1w ,(lllaIlLI\a (1'lallj1wr

lueparac,:úo para 11111 dl'sl'lI\ tl!"iIllcrilll qUL', para ['k na Ille!"l IIlllpi., _ ":111he interessa\'a ,dlSOI\'l'r clllllrl'cill II'JI! IIS tiTII i['1 IS, i.i '1lll' lI:tll t 11111;1 Olll!t-

elllpn'g,i -los,

18. Esta sitlla<Jlo plTdllra\~1 ak 'jlll', II{IS lt'llljlO,' ,[lu.tis, dl"I)('rlI11] I, gO\"TI'"para a n'alithtut, IIlUlliL'ipaL t' jl;IS"llI ,I ver IH' 1I1111licipio Il fa(or prÍIIlip,t! d'luescn\'o\víllll'nto eCIlIIIJlll i('O ('111 1t'l'Il1 I:S 1I~ll'j(JlI"IS, P]'(JIJ 10\('1\( lo, p' 1rLtll to, ('apcrfl'ic,'()~UIlI'lIto da ~ll" l'stn!!lIra tl'clllca, forlIITI'IIt!O-lhl', ,lilllLt, li' IIIl'HJ~ I'''~I'II­

ciais para a rl'tomad~1 do ~I'\l d('~t'lj\(1h'illll'lltll, Lstrad~ls, l'l)('rt~ia ,'ktri('~1.

escolas, sallC;lfllclltO. l'1'1Il11llit'aIJws, S:lO Illdas prt'~eTlte, llllll' l'lIl todos os rl'C,ulto,Sdo país, :\,c(O h;'( Estado da FI'dl 'Ll\"LO, li lIl' IÚII tenha dl'lll:trrado pa ra a SI (;(participac,'ào no t'l't'sl'iTlÍl'Jltll Ilacional c .\, L'ui\<'I'sidadt's (Tl'SI'l'lll I' SI' prcparaltlpara a l'ra (Lt Pl'Il,., pnidadc l'I'(l!lt"J1I li('<l , () (~O""'1110, L'OnS( IlitLtdo 1I~l ,'\/,1

(',Strutma, lí\T{, ~lgora potra tra halhar c (l Iida r dos Sl'lIS olljdi\os piai H' Ja I'organiza, pClIsa (' 1'''l'\'II(,I, jJrtlpllll'illll<lll<!O esq cra que d1l'ga a passl)' 1ar;:;lh() PI)\-O l'st~l agora ([IIISI'iclIti/ado da 11l'I'('ssidat1l' da ,sna participa\'~lll 1111

proccs,so, e, de todc)., os pont,)s llllS \('In o st"Jpro citl it! II dt, lIJlIa lIa\"J') IIUt·trabalha, Ao lllllllil'lpin I'stú rl'SIT\ada tarda essl'ncia! 111) Pltl('I'SS[), <,)lIt' SI'prl'lmn', ('ntelo, rOl'll\~lmL() t' ~lvri\\lor,ll\do os S('US t~""'tllC()S, h\l\'iLmcb ',\'0 ,,',r,'.sillstitlliçües, adaptando-,>,' ao" 11[I"OS llIdllt!os (' criando llnl:1 l".,(rutllra 11"1' pO~S~1

suportar a t'argd ljUI' lhe t'starú alda (,Iil (ilt!as as 11wLtS (' prilll'ipalllll'lltt' l)amais illlportantl' d<' tóda,. jl0rljlll' lJ.'t.,jca, a fi)l'llJa\'~~lll do 11(11)('111,

19, Atingimos, agora, a Lls<' l'lll lI"l' a adlllillbtra~'üo jú IÚO 1Il<lis ,,'r;'l 'll),'li.!'lllll IllL'!0t10, 1·:la L' hOjl' tllIla eit"lIl'i~I, .\linl.?;illlos a na d~l ,1dlllillí,tra\'~Lo l'il'lItitil'a;os tL'l'nicos S;lO agora adllJillistradort·., prulis~itlllais,

20, Amlrl'\\' Carrll'gie j:'1 prl'\ü co I 19,"52:

"Arrcbatl'lll,ntl~ a~ Librica,>, tllllll'ln-IJl1S o l"OIIIITCltl. 1IllSSII," l!leios dctranspork, li{ IS'iO dilllll'ifll, Dei \1 '!l1-1I0S apl 'nas 1111",,1 orgallll.:l\':lO ('1'111 (platro anos esLtrelllos Illi\'anH'!ltl' t'staIH,Il'cid<I,,"

21. O 1.'lllpirisllw. a falaeia do adrnjJlistr~ldor nato FI ll~({1 kllLlIlI m:li, li

t!eSl'nn',,"ill)('llto, B"IICt!ittl Siha, certa fl'lta, declarou,

"O trisll' l'spc!.lculo do atl1llillistrador crnpíric[J l'II1 !Ilta COlil tl~ atur­doallks prohlellus I[U(' hut!il'rll-lllll'll!l' a'iSo]ll'rballl (J Estado, kmllLI ;1sitnaç';-lO de 1I111 dl's\Tlllllrado aprt'lHliz dI' "iolino ([Ul', ('111 \I'/c di' arl''',usaS'i(; ~llll SelTotl' e, ,Iimb por cima, cal"'<lssl' lu",_!' di.' bO\" (l.lra LI/crt'Xl'rc'Il'IO,

() illlpro\'isallll'llto se c''>falb ,'t'm l'ol1~l'guir nada 1c.llizar. II 1'lllJlirisllltl j~í

rúo consegue nelll IIlI'SmIJ lll~ltlter a \'I,lha estrutura. A l'r,l du adlJliltistrat10rprofissional jú l'stÚ ai l' clama por lodos nós. As escolas St' ahrem, os cursosse sm'pelem, e a tcxlos Oll'rl'l'l'mOS t!" ('owçào uherto ~l oportllllidade de, jllll(U anós, cUl1struÍrl'lll U llÚC]CU dessa classe (!'-le já co 111 \,\'<1 a tJt.spcrtar para sllaimportantíssima f III iC,'jO social, o administrador profissional,

Page 40: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 39

22. Recentemente o CED (Committee for Econonúc Development) publicavao seguinte comentário:

"Onde (luer que você viva - na metr6pole, na cidade, ou na zonarural - é possível que a máquina administrativa esteja obsoleta esuperada pelo tempo. Não raro planejados para atender às necessidadesde uma época mais simples, os governos municipais talvez já nãoestejam capacitados a enfrentar os pr.oblemas do século XX. Encon­tram-se cobertos por verdadeiras camadas de ineficiência que lhesentravam os esforços para se manterem atuali7..ados."

E isto é necessário realçar num país desenvolvido, na primeira potênciaindustrial do mundol

23. Prossegue aquela publicação com o seguinte comentário que se nos afiguramerecedor de citação:

"Dia após dia as municipalidades vêem enfraquecer o seu papeltradicional de servir às comunidades locais. Carecendo de visão,imaginação ou dedicação tanto quanto de recursos financeiros, asmunicipalidades precisam desesperadamente de reorganização, auto­imposta à maioria, se quiscrcm sobredver e não ceder SuBS prerroga­tivas a uma autoridade mais alta e distante. :E: claro que algunsgovernos municipais acham-se em vias de desintegração. Alguns J'á,tomaram providências no sentido de reduzir o índice de criminalida eem suas areas mrais, suburbanas ou metropolitanas e têm despendidotempo, dinheiro c esforços para reduzir os índices de mortalidade,melhorar as escolas, aumentar a eficiência dos programas de bem-estarsocial, controlar o tráfego e, no caso de unidades urbanas maiores,erradicar as favela~ e remodelar suas cidades mais importantes, porém,não raro os meUlOramentos não acompanham o processo dedeterioração."

24. São palavras ~uase profética.~ no ~uc podem Sl:rvir ao quadro brasi]dro.Dir-se-ia que foram escritas para o nosso país, para o nosso tempol Mas éprofundamente sintomática a afinnativa que se contém no mesmo artigo:

"Finalmente, não deveria o município depender tanto do impôstoimobiliário. O impôsto de circulação de mercadorias e o impôsto derenda (rendas transferidas) são fontes adicionais de receita que nãodeveriam ser relegadas a segundo plano. Estas mudanças deveriamser efetuadas por ato legislativo. Qllando isto não puder ser feitodever-se-ia proceder a emendas constitucionais."

25. Todos sabemos qlle foi esta exatamente a diretiva fiscal que tomamos,através da nova discriminação de rendas instituída inicialmente pela Lein.o 5.172, de 25 de outubro de 1968, e hoje objeto do extenso capítulo V doTítulo I da Constituição Federal de 1967 (V. art. 25).

26. Não basta, todavia, a discriminação de rendas 011 a formação de recursos.~ preciso que a técnica assegure o seu emprêgo atendendo :\ economicidadedas despesas ou, em outras palavras, é preciso que não se usem os recursosfinanceiros apenas em despesas de custeio, ou em operações correntes queconsomem o capital e nada oferecem em troca; que ao; despesas-meio sejamefetivamente meio para obtenção do resultado ou consecução dos fins. :E: verdade

Page 41: J SENADO FEDERAL

40 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA-"----_._. -- ---~---_.--.-,---------- - -- - --

<pIe nüo se podem considerar apenas como meio as despesas quc, nüo s('traduzindo na aquisição de um fltivO, resultam, porém, em investimentos sociais('orno educaçâo, saúde, ordem pública etc.

27. 1\0 seu anteprojeto de organização municipal, Viogo Lordello de Mello jáescrevia:

"O art. mJ estabelece a obrigatoriedade do orçamento de capital alongo prazo, <JlIe deverá ser enviado pellJ prefeito à Càlllara no primeiroano do seu mandato. Obriga-se, assim, o executivo a elaborar o seuplano de obras e investimentos, o (lual deverú ser previsto para prazonão inferíor a tres anos. Depois de aprovado' pela Càmara, passará aconstituir () Plano de Obras, Serviço e Investimentos do Município,asseguraIldo-se, ainda, através de plurianualidade das dota~'ü{'s, osrecursos (Jr~'amentários necessários a sua execução futura. É a adoçãodo planejamcnto governamental em uma de suas formas mais eficazes,IlO qual se distingut>m as despesas de custeio das de capital."

28. Em outro trabalho o mesmo autor comentava:

"É opinião de muitos estudiosos dos problemas municipais que aaus(~ncia de administradores profissionais e das técnicas modemas daadministraçüo tem constituído sério obstáculo ao elOpf(~go racional dos!laVaS recursos atribuídos ao município."

29. E a nossa meta será exatamente despertar e conscientizar o administradormunicipal para essa técnica racional de administrar, propugnando pelo engran­deeimellto dos municípios e, com êles, do Brasil.

30. N:w ficaremos mais como planejadores à margem da realidade. Planeja­[('IIIOS <' executaremos dentro dessa realidade, adaptando os nossos planos aomomento relativo da sua execução. Roberto Campos, na sua facilidade deexpressào. ponderava:

"A escassez de técnícos constitui seno obstáculo à formulação deprogramas de desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo que aescassez de experiência admmistrativa dificulta a transformação dosplallos em realidade."

E mais adiante prossegue:

"O planejador assim como o administrador tem de desenvolver uma"estrategia de planejamento" assim como urna "estratcgia de execlH;ão",procurando, tanto {juanto possível, apresentar os valores e ()bjetiv()~

da planificação sob forma que reduza a resistência e inércia do setorprivado. Neste contexto, assume particular importància nos paísessubdesenvolvidos a criação de uma "mistica de desenvolvimento" capazde provocar formas de comportamento sodaI conducentes a al:eitaçãodos sacrifícios inerentes a qualquer esfôrço de aceleração da fonnaçãode l:apital em economias pouco distanciadas do nível de simplessubsistência."

31. Esta mística já a temos nós, os planos estão adaptados à realidade nacional,e o momento em <Jue vivemos absorve bem qualquer iniciativa de progresso.Que cada um procure a sua formação técnica; que cada um reúna o máximo<lue puder de conhecimentos e parta para a aplicação desses conhecimentoscom coragem e patriotismo.

Page 42: J SENADO FEDERAL

Segurança nacional

UI nuOG U.'\ FI A,

e

assuntos correlatos

Diretoria da n,blwlecn do SC'lado Federal

Atendendo li delicada .solici~ d4 Diretora desta Revista, oferecemos aos .semleltares a presente bibliografia sórn-e "Segurança Nacional e As.~tlntos Correlatos", traba­lho elabor(Uk) pela Seç40 de Classifica.çero e Catalogaçáo duta Diretoria.

DiV1l1gando o que a Biblioteca do Senado possui sôbre o a.ssunto. em livros, folhetose artÍ/1os, eSJleramos estar f)l"e.'tando uma mo<Usta ccmtribuiç(i.o aos trabalhos destaCa.'a.

As obras a..ssirnJladas com a sigla CD (Cámara dos DeJlutados) slio encontradas,exclusivamente, n<Iquela Casa do Congresso. As que seio comuns ds dU4S Casas náofizemos qualquer refert'rU:la. - ADELIA LEITE COELHO, Diretora da Biblioteca doSenado Federal.

SUMARIO

1 - Livros e opúsculos2 - Capítulos3 - Artlgos de revistas4 - Legislação estrangeira4. 1 - América4.2 - Europa5 _. Publicações da Escola Superior de Guerra.

1 - LIVROS E OPúSCUWS

AlX-MARSEILLE. Unlverslté. Institut d~udes Juridlques, Nlce. Centre deSclences Polltlques. La défense nationale, par ga1. Albord [et d'autresl Paris,Presses Unlversltalres de France, 1958. 622 p. (BibHothéque des centresd'ttudes Superieures Speclallsés, 4) CD

ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. A educação e a segurançanacional IBelo Horizonte! Imprensa OHclal, 1966. 42 p. 12.0 Ciclo de EstudosSóbre Segurança Nacionall CD

Page 43: J SENADO FEDERAL

42 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. Elementos militares do podernacional IBelo Horizonte l Imprensa Oficial, 1966. 29 p. ,2.0 Ciclo de EstudosSàbre Segurança Nacional CD

ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. A estratégia nacional :BeloHorizonte Imprensa Oficial, 1966. 31 p. !2.o Ciclo de Estudos Sõbre Segu-rança Nacional CD

ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte ..~s informações e a segurançanacional ,Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1966. 28 p. '2.0 Ciclo de EstudosSôbre Segurança. Nacional CD

ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. O poder nacional; fundamen­tos e fatôresBelo Horizontei Imprensa Oficial, 1966. 23 p. :2.0 Ciclo deEstudos Sàbre Segurança Nacional, CD

ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. Segurança nacional; conceitosfundamentais 'Belo Horizonte Imprensa Oficial, 1966. 26 p. 12.0 CieJo deEstudos Sôbre Segurança Nacional, CD

BENTO DE FARIA, Antonio. Repertório da constituição nacional. Lei de segu­rança. nacional. Rio de Janeiro, F. Briguiet, 1935. 259 p.

BRASIL. Leis, decretos, etc. Lei de segurança Rio de Janeiro: Departamento deImprensa Nacional, 1967. 8 p.

COUTO E SILVA, Golbery do. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro, Ame­ricana, 1955. 320 p. (Biblioteca do Exército, v. 213)

ESTADOS UNIDOS. The Commission on Organization of the Executive Branchof Government. The national security organization IWashington, U. S. Govt.Printing Office, 1949. 30 p. (A Report to the Congresso 1949) CD

ESTADOS UNIDOS, The Commission on Organization of the Executive Branchof Government. Task force report on national security organization. Appen­dix G 'Washington, U. S. Govt. Printing Officel 1949. xiv, 121 p. orgdesd. CD

GARCEZ NETO, Martinho. Democracia, doutrinas políticas e segurança nacional.Rio de Janeiro, Sâo Paulo, Freitas Bastos, 1965, 151 p,

GUERREIRO RAMOS, Alberto. Ideologias e segurança nacional. Rio de Janeiro,Instituto Superior de Estudos Braslleiros, 1957. 50 p. (Textos brasileirosde sociologia, 1) IConferência pronunciada no Instituto Superior de EstudosBraslleiros em 16 de agõsto de 1957' CD

KENT, Sherman. Informações estratégicas. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exér­cito, 1967. 213 p. lColeção General Benicio, v. 57, publ. 262)

LASWELL, Harold Dwight. National security and individual freedom. New York,McGraw-Hill Book, 1950. 259 p. (Committee for Economic Development,Research study) CD

LIDDELL HART, Basil Henry. Estratégia. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército,1966. 507 p. mapas (Coleção General Benicio, v. 52, publ. 257 )

LYRA TAVARES, Aurélio de. Segurança nacional; antagonismos e vulnerabi­lidades :Rio de Janeiro' Biblioteca do Exército, 1958. 247 p. (Biblioteca doExército, v. 252)

MACHADO, Jorge Figueira. Política de segurança nacional e política de educação,Rio de Janeiro, Gráf. Olympica, 1936?: 172 p.

MACHADO, Raul. Dos crimes contra o estado e a sua ordem politica e social (Lein,a 1. 802, de 5 de janeiro de 1953) Comentários e legislação comparada IS.1.,s.ed,: 1953.66 p.

Page 44: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO -_..:..19~6:..:8=---- 43

PAPADATOS. Plerre A. Le délit polltique. Contribut.ion a I'étude des crimescontre rtotat ... Genéve, E. Droz, 1954. xv, 204 p.

PESSOA, Rui. Espionagem e os meios jurídicos de segurança nacional Rio deJaneiro, Biblioteca do Exército, 1966. ] 15 p. (C<lleção General Beníclo, v. 43,publ. 248)

RAYMOND, Jack. O poder do Pentál:"ono. Rio de Janeiro, Saga, 1965. 2 v.

2 - CAPJTUWS

ARARIPE, Tristão de Alencar. ° direito da sobrevivência nacional entrevisto porum mll1tar In: CONGRESSO DE DIREITO PENAL MILITAR. 1.. Rio deJaneiro, 1958. Anais. Rio de Janeiro. Imprensa do Exército, 1958. v. 1, p.121-41.

ARGENTINA. Ministério da Defesa. In: FERRAZ FILHO, LlndoIphl) et aUI.Integração das fôrças armadas IRlo de Janeiro: Escola Superior de Guerra,Departamento de Estudos. 1962. p. 10-2 org. desd. (Brasil. Escola. Superiorde Guerra, C-33-62) CD

BARBALHO, João. "Segurança nacional". In: -. Constituição federal brasileira.Comentários. 2.00. Rio de Janeiro, F. Brlguiet, 1924. Art. 14, p. 68-9; art. 34,n. 16, p. 152-3.

BARBOSA, Ruy. "Segurança da Republlca e commoção intestina. (art. BO)"In: -. Commentarios à constituição fcderal brasileira. São Paulo, Saraiva,1932-34. v. 6, p. 293-304.

CAVALCANTI, João Barbalho Uchoa. Ver BARBALHO, João.

CAVALCANTI, Themlstocles Brandão. "C<lnselho de Segurança Nacional". In:-. Tratado de direito administrativo. 2.ed. rev. e aum. Rio de Janeiro,São Paulo, Freitas Bastos, 1948. v. 1, p. 264-6.

CAVALCANTI, Themlstocles Brandão. "Das fôrças armadas (art. 176-181)".In: -. A constituição federal comentada. 3.ed. Rio de Janeiro, J. Konflno,1956-1959. v. 4, p. 113-21.

DE PLACIDO E SILVA, Oscar José. "Segurança nacional". In: -, Vocabuláriojurídico. RIo de Janeiro, São Paulo, Forense j19631 v. 4, p. 1417.

DUARTE, José. "Das fôrças armadas (art. 176-18l}". In: -. A constituição brasi­leIra de 19(6. Rio de Janeiro IImprensa Nacionalj 1947. v. 3, p. 293-320.

ELLIOTT, Mabel. "The polltlcal oftender". In: . -. Crime in modem society,New York, Harper & Brothers 119521 p. 179-97. CD

ESPINOLA, Eduardo. "Das fôrças armadas (art. 176-181)". In: -, Constituiçãodos Estados Unidos do Brasil (18 de setembro de 19(6). Rio de Janeiro, SãoPaulo, Freitas Bastos, 1952. V. 2, p. 619-24.

ESTADOS UNIDOS. Conselho de Se~rança Nacional. In: FERRAZ FILHO. Lln­dolpho et alU. Integração das forças armadas IRio de Janelrol Escola Supe­rior dc Ouerra, Depa.rtamento de Estudos, 1962. p. 7-10 (BrasU. Escola Supe-rior de Guerra, C-33-68) CD

FALCAO, Alcino Pinto. "Das fôrças armadas (art. 176-181)". In: -. Constituiçãoanotada. Rio de Janeiro, J. Konflno, 1957. v. 3, p. 49-59.

FRANÇA Conselho Superior da. Defesa Nacional. In: FERRAZ FILHO, Lindolphoet alll, Inugração das fôrças annadas iRlo de Janeirol Escola Superior deGuerra, Departamento de Estudos, 1962. p. 12-6 (Brasil. Escola Superior deGuerra, C-33-62) CD

GAMA, Mozart da. "Os crimes contra o Estado". In: -. Os direitos do homemna Constituição Brasileira IRIa de Janeiro, Borso!, s.d.l p. 177-9.

GRA-BRETANHA. Comissão de Defesa. In: FERRAZ FILHO, Llndolpho et alU.Integração das fôrças annadas IRlo de Janeirol Escola Superior de Guerra,

Page 45: J SENADO FEDERAL

44 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Departamento de Estudos, 1962. p. 16-7 IBrasil. Escola Superior de Guerra,C-33-62l CD

JACQUES, Paulino "Da segurança nacional (Art. 89-911". In: - -. A constituiçãodo Brasil explicada. Rio de Janeiro, Forense 1967 p. 94-5.

MACHADO PORTELLA, Joaquim Pires. "Segurança nacional". In: -. Consti­tuição política do imperio do Brazil, confrontada com outras constituições ...Rio de Janeiro. Typ. Nacional, 1876. Art. 102, § 15, p. 92.

MCCLOSKY, Herbcrt & TURNER, John E. "The politica] crime". In: --. TheSoviet dictator~hip" New York letcl McGraw-Hill Book ;l960! p 451-7. CD

MAGALHAES, João Baptista Conselho de Segurança Nacional. In: CARVALHOGANTOS, João Manoel de. Repertório enciclopédico do direito brasileiro. Riode Janeiro, Borsoi195- v. lI, p. 279-93.

MAGALHAES. Rob~'rto Barcellos de. "Da segurança nacional (mt. 89-91)". In;---. A constituiçào federal de 1967 comentada. Rio de Janeiro, J. Konfino,1967. t. I, p. 261-4.

MAGALHÃES, Robert.o Barcellos de. "Segurança nacional. Competência do Pre­sidente da República para expedir decreto-lei (Art. 58, 1)". In: --. A cons­tituição federal de 1967 comentada. Rio de Janeiro, J. Konfino, 1967. t. I,p. 186-7.

MAGALHAES, Robcrto Barcellos de. "Segurança nacional. Planejamento e ga­rantia I Art. 8, I V)". In: - A constituição federal de 1967 comentada. Riode Janeiro, J. Konfino, 1967. t. 1. p. 41-5.

MARQUES DOS REIS, Antonio. "Da segurança nacional (Art. 159-167)". In: -.Constituição federal brasileh"a de 1934. Rio de Janeiro. Coelho Branco, 1934.p. 261-2.

MAXIMILIANO, Carlos. "Segurança nacional". In: -. Commentarios à consti­tuição brasileira. 2.ed. amp!. Rio de Janeiro, J. Ribeiro dos Santos, 1923.art. 14, p. 255-9; art. 34, n. 16, p. 376-8.

MAXIMILIANO, Carlos. "Das forças armadas (Art. 176-181)". In: -. Comen­tários à constituição brasileira. 5. ed. atual. Rio de Janeiro, Sao Paulo, Frei­tas Bastos, 1954. v. 3, p. 219

MENDES DE ALMEIDA, Cândido Antônio. "Os militares e a segurança nacional".In: --. Nacionalismo e desenvolvimento. Rio de Janeiro, Instituto Brasileirode Estudos Afro-asiáticos, 1963. p. 31-2.

MENDONÇA LIMA, Rosah Russomano de. "Fôrças armadas". In: -. Manualde direito constitucional. Rio de Janeiro, J. Konfino, 1964. p. 360-79.

NOGUEIRA ITAGIBA. Ivair. "Das fôrcas armadas (Art. 176-181)". In: --o Opensamento político univers3.1 e a' constituição brasileira. Rio de Janeiro,Grá!. Tupy, 1947-1948. v. 2, capo 9, p. 721.

PACHECO, Claudio. "Fôrças armadas (Art. 176-181)". In: ~. Tratado das cons­tituições brasileiras. Rio de Janeiro, Edigraf, 1965. v, 12, capo 6, p. 318-83.,

PAUPERIO, A. Machado. "Resistência ao poder e segurança do Estado". In: -.O direito político de resistência. Rio de Janeiro, São Paulo, 1962. p. 267-85.

PEREIRA DOS SANTOS. Carlos Maximiliano. Ver MAXIMILIANO. Carlos.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. "Da segurança nacional (art.159-167)". In: --. Comentários à Constituição da República dos E. U. doBrasil. Rio de Janeirol Guanabara, Waissman, Koogan 11936-1937, V. 2, p.421-30.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. "Da segurança nacional (Art. 89a 91)". In: -- Comentários à constituição de 1967 ISão Paulo Revista dosTribunais 1967: v 3, p. 375-82.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. "Das fôrças armadas (art. 176­181)". In: --. Comentários à constituição de 1946. 3. ed. rev" e auro. Riode Janeiro, Borso1, 1960. t. 6, p. 237-55.

Page 46: J SENADO FEDERAL

_______• JÂ_H_E_I_R..:..O_Â_MARÇO~-__19_6_8 _ 45

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. "Segurança nacional. Competên­cia do Presidente dá República para expedir decreto-lei (Art. 58, I)". In: -.Comentários à constituição de 1967 ISão PauloI Revista dos Tribunais 11967jv. 3, p. 156.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. "Segurança nacional. Planeja­mento e garantia (Art. 8, IV)". In: -. Comentários à consUtulção de 1967!São Paulol Revista dos Tribunais )19671 v. 2, p. 1.

SARASATE, Paulo. "Da segurança nacional (Arts. 89 a 91)". In: -. A consti­tuição do Brasil ao alcance de todos. Rio de Janeiro, São Paulo, Freitas Bas­tos, 1967. p. 400-9.

SARASATE, Paulo. "Segurança nacional. Competência do Presidente da Repú­blica para expedir decreto-lei (Art. 58, I)". In: -. A constituição do Brasilao alcance de todos. Rio de Janeiro, São Paulo, Freitas Bastos, 1967. p. 321.

SARASATE, Paulo. "Segurança nacional. Planejamento e garantia (Art. 8, IV)".In: -. A constituição do BrasU ao alcance de todos. Rio de Janeiro, SãoPaulo, Freitas Bastos, 1967. p. 240.

TAVORA, Juarez. "organização da segurança nacional" In: -. Organizaçãopara o Brasil. Rio de Janeiro, J. Olymplo, 1959. cap. I, p. 23-45.

URSS. MInistério de Delesa. In: FERRAZ FILHO, Llndolpho et aliI. Integraçãodas fôrças armadas ;Rlo de Janeirol Escola Superior de Guerra, Departa­mento de Estudos, 1962. p. 17-20 (Brasll. Escola Superior de Guerra, C-33-62) CD

VASCONCELLOS, José Mattos de. "A segurança nacional. Fõrças armadas.Exército e Marinha, Serviço m1l1tar. Inspetoria de fronteiras". In: - -. Di­reito administrativo. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1936. v. 1, p.163-79.

3 - ARTIGOS DE REVISTAS

ARAÚJO, Antonio Andrade de et ali1. Elementos econômicos do poder nacional.Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, 21: 183-208, jul. 1966.

ARRUDA, Antônio de et alll. Elementos psicossociais do poder nacional. RevistaBrasileira de Estudos Politicos, Belo Horizonte, 21: 157-82, jul. 1966.

BRAGA, Antonio Saturnlno. Introdução ao estudo da segurança nacional. PrI­meira parte: Sociedade, Nação, Estado, Poder e Politica. Política nacional.Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, 21: 7-31, jul. 1966

BRAGA, Antánlo Saturnlno et alll. Elementos politlcos do poder nacional. Re­vista Brasileira de Estudos Politicos, Belo Horizonte, 21: 135-56, jul. 1966,

CAMINHA, Herick Marques et aUl. Estratégia nacional. Revista Brasileira deEstudos Polítlcos, Belo Horizonte, 21: 235-55, Jul. 1966.

CONFER'=NCIA DOS DESEMBARGADORES. V. Conclusão. A prisão por motivode ordem e segurança públlcll não pode ser considerada como a provisóriaou a preventiva, quando durante o processo por contravenção ou delitocomum, o Infrator estava detido por aquêle motivo e só ao depois passouà disposição do Juiz. Arquivos do Ministcrio da Justiça e Neg'ócios Interiores,Rio de Janeiro, 2(9): 162-73, out. 1944.

COSTA, Adroaldo Mesquita. Faixa de fronteira do domlnlo da União. - - FaixaIndispensável à segurança nacional - Conceitos - Lei n.o 4.947, de 1966e 601, de 1850. Arquivos do Ministério da Justiça, Rio de Janeiro, 25(102):30-2, jun. 1967. Parecer.

LEVASSEUR, Oeorges. Justlce et sureté de l'~tat. Revue de la Commis!iion Inter-natlonale de Juristes. Paris, 5(2): 265-79, hlver 1964. CD

MACHADO, Raul. A constitucionalidade do Tribunal de Segurança Nacionaldesde a sua Instituição. Revista Forense, Rio de Janeiro, 96 (484): 276-80,out. 1943.

Page 47: J SENADO FEDERAL

46 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISlATI~A__. ._.. - ._._..._------

MARINHO, Josaphat. Inconstitucionalidade da lei de segurança nacional. Re­l'ista de Informação Legislativa, Brasília, 4 (1:t/14): 3-12, jan.ljun. 1967.

MEGRET. Maurice. De la défense natlonale a la promotion des hommes. Revuede Défense Nationale, Paris, 16: 274-85, fcv. 1960.

MOTTA, Ornar Gonçalves da. Introdução ao estudo da segurança nacional. Se­gunda parte: Política de desenvolvimento. Revista Brasileira de EstudosPolíticos, Belo Horizonte, 21: 33-69, jul. 1966.

MOURA, Carlos Arthur da Silva. A segurança nacional e seus reflexos sôbreas atividades econômicas. Carta Mensal, Rio de Janeiro, 7 (77): 3-18, agõ,1961.

OLIVEIRA, Eduardo Domingues de. Segurança nacional; conceitos fundamentais.Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, 21: 71-99, jul. 1966.

OLIVEIRA, Eduardo Domingues de. A Escola Superior de Guerra e algunsconceitos de segurança nacional. Carta Mensal, Rio de Janeiro, 6 (69): 3-16,dez. 1960.

OLIVEIRA, Eduardo Domingues de et alii. O Poder nacional; consideraçõesgerais. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, 21: 101-34,ju!. 1966.

PORTO, José Luiz Nogueira. A economia brasileira e a segurança nacional. CartaMensal, Rio de Janeiro, 5 (52): 3-14, jul. 1959.

PORTO, José Luiz Nogueira. Economia e segurança nacional. Digesto Econômico,São Paulo, 139: 129-139, jan./fev. 1958. CD

REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS POLtTICOS. Belo Horizonte, UniversidadeFederal de Minas Gerais, 1966. 310 p. iNúmero especial sôbre SegurançaNacional nO 21.

SAMPAIO, Nelson de Sousa. As doutrinas políticas contemporâneas e suas rela­ções com a segurança nacional. Revista Brasileira de Estudos Políticos, BeloHorizonte, 1 (1); 70-93, dez. 1956.

SILVEIRA, José Britto da et alii. Elementos militares do poder nacional. RevistaBrasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, 21: 209-33, ju!. 1966.

SIORAT, Lucien. Les sujétions imposées aux citoyens par la défense nationale.Revue de Droit Public et de la Science Politiquc en France ct a l'Étranger,Paris, 76 (3): 461-543, mai/juin 1960. CD

TACITO. Caio. A segurança naclonal no direito brasileiro. Revista de DireitoAdministrativo, Rio de Janeiro, 69: 19-36, jul.lset. 1962.

VIANNA. João Baptista. Aos fanáticos da segurança nacional. Carta Mensal,Rio de Janeiro, 12 (133): 11-8, abro 1966.

VIANNA, João Baptista As fôrças armadas, a segurança e a economia nacional.Carta J\-Iensal, Rio de Janeiro, 11 (125): 19-31, agô. 1965.

VIANNA, João Baptista. A segurança nacional e o campo econômico, CNC:\-Iensário, Rio de Janeiro, (40): 28-36, set. 1964.

4 - LEGISLAÇ.í\o ESTRAl'i'GEIRA

4. 1 - AMÉRICA

ARGENTINA. Leis, decretos. etc. Código Penal. Delito contra la seguridad dela Nación, art. 214-225. Delitos contra los poderes públicos y el orden cons­titucional, art. 226-236. In: JIMENEZ DE ASOA, Luis. Códigos penales ibe­roamericanos.. Caracas, Ed. "Andrés Bello" 1946: V. 1, p. 452 -8.

BOLIVIA Leis. decretos etc. Código Penal. De los delitos contra la Constitu­cion y orden político de la Republica. art. 115-150. Dc los delitos contra laseguridad exterior drl Estado, art. 151-174. De los delitos contra la seguridadinterior dei Estado y contra la tranquilldad y orden publico, art. 175-266.In: JIMENEZ DE ASÜA, Luis. Códigos penales iberoamericanos.. Caracas,Ed. "Andrés Bello" )946: V. 1, p. 495-521

Page 48: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968

CHILE. Leis, decretos, etc. Código ·Penal. Crimenes y simples delloos contra lasegurldad exterior y soberania dei Estado, art. 106-120. Crímenes y simplesdelitos contra la seguridad Interior deI Estado, art. 121-136. In: JIMENEZDE ASOA, Luis. Códigos penales iberoamerlcanos ... Caracas, Ed. "AndrésBelIo" 11946J v. 1, p. 1052-61.

COLOMBIA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Delitos contra la exlstcnc1a y lasegurldad dei Estado, art. 116-138. Delitos contra el régimen constitucionaly contra. Ia seguridad interior deI Estado, art. 139-149. In: JIMENEZ DEASÚA, Luis. Códigos penales iberoamerieanos ... Caracas, Ed. "Andrés BeHo'119461 v. I, p. 698-703.

COSTA RICA. LeiS, decretos, fltc. Código Penal. DeUtos contra la segurldad dela NaciÓn, art. 333-353. OelJtos contra los poderes púbJlcos y el orden cons­titucional, art. 354-361. In: JIMENEZ DE ASÚA, Luis. Códigos penales Ibero­americanos ... Caracas, Ed. "Andrés BeHo" !194e1 v. I, p. 796-800.

CUBA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Delitos contra la segurldad dei Estado,art. 128-161. Delitos contra la paz Internacional, el derecho de gentes y lalIbertad y segurldad de los mares, art. 162-169. In: JIMENEZ DE ASOA, Luis.Códigos penales iberoamericanos ... Caracas, Ed. "Andrés Bello" 119461 v. I,p. 886-93.

EQUADOR. Leis, decretos, etc. Código Penal. De los delitos contra la seguridaddeI Estado, art. 118-145. In: JIMENEZ DE ASÚA, Luis. Códigos penales ibe­roamericanos ... Caracas, Ed. "Andrés Bello" 119461 v. 1, p. 1220-4.

GUATEMALA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Delitos contra la seguridadexterior deI Estado, art. 122-137. Delitos contra la segurJdad Interior deiEstado, contra el orden publico y contra las Instltuclones sociales, art.138-162. In: JlMENEZ DE ASOA, Luis. Códigos penales iberoamerlcanos ..Caracas, Ed. "Andrés BeHo" 119461 v. 1, p. 1317-23.

HAITI. Leis, decretos, etc. Código Penal. Crimenes y delJtos contra la :>eguridaddeI Estado, art. 57-80. In: JIMENEZ DE ASOA, Luis. Códigos penales ibero­americanos... Caracas, Ed. "Andrés Bello" 11946! v. 2, p. 9-12.

HONDURAS. Leis, decretos, etc. Código Penal. Delitos contra la seguridad exte­rior dei Estado, art. 117-140. In: JIMENEZ DE ASÚ'A, Luis. Códigos penalesiberoamerlcanos ... Caracas, Ed "Andrés Bello" 119461 v. 2, p. 87-91.

~ICO. Leis, decretos, etc. Código Penal. Delitos contra la segurldad exteriorde la Naclón, art. 123-132. Delitos contra la seguridad interior de la Naclón,art. 133-145. In: JlMENEZ DE ASOA, Luis. Códigos penales iberoamerlca·nos ... Caracas, Ed. "Andrés Bello" 119461 v. 2, p. 178-83.

NICARAGUA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Delitos contra la seguridad exte­rior dei Estado. art. 126-145. Delitos contra la segurldad Interior deI Estadoy contra el orden publico, art. 146-204. In: JIMENEZ DE ASOA, Luis. Códigospenales Iberoamerieanos... Caracas, Ed. "Andrés BeUo" 119461 v. 2, p. 259­270.

PANAMA. Le\s, decretos. etC. Código Penal. De los deUtos contra la patrla,art. 98-108. DEl. los delitos contra los Poderes de la Naclón, art. 109-114.De los delitos contra las naclones extranJeras y los jefes y representantesde eUas. art. 115-117. Disposlciones comunes a los títulos anteriores, art.118-125. In: JIMENEZ DE ASOA, Luis. Códigos penales Iberoameneanos ...Caracas, Ed. "Andrés Bello" 119461 v. 2, p. 348-52.

PARAGUAI. Leis, decretos, etc. Código Penal. Delltos coutra la patrla, art. 137­140. Delitos contra el derecho de gentes, art. 141-145. De los delitos contrael orden públJco, art. 146-156. Delitos contra la autorldad pública, art. 157­163. In: J1MENEZ DE ASOA, Luis. Códi&,os penales iberoamerlcanos ... Ca­racas, Ed. "Andrés Be11o" 119461 V. 2, p. 418-22.

PERU. Leis. decretos, etc. Código Penal. Delitos contra e1 Estado y la defcnsanacional, art. 289-301. Delitos contra los poderes deI Estado y la autorldadde la Constltuclón, art. 302-313. In: JlMENEZ DE ASÚ'A, Luis. Códigos pena­lrs lberoamericanos ... Caracas, Ed. ~'Andrés Be11o" 11946: v. 2, p. 506-10.

Page 49: J SENADO FEDERAL

48 REVISTA DE INFORMA.ÇÃO LEGISLATIVA

REPUBLICA DOMINICANA. Leis, decretos. etc. Código Penal. Crímenes Y delitoscontra la seguridad deI Estado, art. 75-108. In: JIMENEZ DE ASÜA, Luis.Códigos penales iberoamericanos. Caracas, Ed. "Andrés BeBo" 1946' v, 1.p. 1133-8.

EL SALVADOR. Leis, decretos, ",tc. Código Penal. Delitos contra la seguridadexterior deI Estado, art. 95-119; Delitos contra la seguridad interior deIEstado y contra el orden público, art. 120-200, In: JIMENEZ DE ASÜA, Luis.Códigos penales ibel'oamericanos ... Caracas, Ed "Andrés BeBo" 19461 V. 2,p. 655-68.

URUGUAI. Leis, decretos, etc. Código Penal. De los delitos contra la soberaniadeI Estado. contra los Estados pxtranjeros, sus jefcs o representantes, art132-139. Delitos contra el orden político interno deI Estado, ari. 140-146In: JIMENEZ DE ASÜA, Luis. Códigos penales iberoamericanos. Caracas.Ed, "Andrés Bello" '1946 1 v. 2, p. 747-50.

VENEZUELA, Leis, decretes, etc. Código Penal. De los drlitos contra la inde­pendencia y la scguridad de la nación, art. 128-166. In: JIMENEZ DE ASÜA.Luis. Códigos penales iberoamericanos ... Caracas, Ed. "Andrés BeIlo" ,1946:v 2. p. 817-23.

4.2 -- EUROPA

ALEMANHA. Leis, decretos, ete, Código Penal. De la haute trahison. art. 80-87.Mise en péril de l'État, art. 88-98. Trahlson envers la Patrie. art, 99-101Actes hostiles envers les États étrangers, ari. 102-104. In: ANCEL. Marc& MARX, Yvonne. Les codes pénaux européens. Paris, Centre Françai:> deDroit Comparé, 1958. t. 1, p. 23-32 (Nouvelle Colleetion du Comité de Légís-1atlon Étrangere et de Droit Internatlonal! CD

ÁUSTRIA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Des crimes de haute trahisoniD'oflense f'nvers l'Empereur et les membres de la famille Imperialei et detrouble de la palx publique, art. 58-67. De la rébellion et de I'émeute, art.68-75. In: ANCEL, Marc & MARX, Yvonne. Les t:odl's pénaux europél'nsParis, Centre Françals de Drolt Comparé, 1958. t. 1, p. 105-9 (Nouvellt'Col1ectlon du Comité de Législatlon Étrangere et de Droit Internatlonall CD

BÉLGICA. Leis. decretos, etc. Código Penal. Des ~rimcs et des déllts contre lasuteté de l'État, art. 101-136. In: ANCEL, Mare & MARX. Yvonnc Les codespénaux européens. Paris, Centre Français de Droit Comparé. 1958. t. 1,p. 193-202 iNouvelle Colleetion du Comité de Léglslation Étrangt're ct deDroit lnternationall CD

BULGÁRIA. Leis, decretos, etc Código Penal Déllts eontre la Républíque Popu­lalre, art. 70-99. In: ANCEL, Mare & MARX, Yvonne. Les codes pénaux eu­ropéens. Paris, Centre Françals de Droit Comparé, 1958. t 1, p. 284-9 I Nau­velle Collectlan du Comité de Législation Étrangére et de Droít Intcrna-tlonal) CD

DINAMARCA. Leis. decretos, etc. Código Penal. Crimes et délits contre j'inde­pendance et la securité de l'État, art. 98-110. Crimes et délíts contre laConstltutlol1 et les autorltés supremes de l'État, art. 111-118. In: ANCEL.Mate & MARX. Yvonne. Les codes pénaux européens. Paris. Centre Françaisde Drolt Comparé, 1958. t. I, p. 351-5 iNouvelle Collection du Comité deLégislation Étrangere et de Drolt Internatlonali CD

ESPANHA, Leis, decretos, etc. CódIgo Penal Des délits contre la surcté extc­tleure de l'État, art. 120-141. Des délits eontre la sureté interieure ce l'Ébt,art. 142-164. In: ANCEL, Mare & MARX, Yvonne. Les codes pénaux euro­péens. Paris. Centre Français de Drolt Comparê, 1958. t. 2. p. 447-54 INou­velle ColJection ctu Comité de Léglslatlon Étrangé're et de Droit InterniÁ-tlonall CC,

FINLANDIA Lei.> decrE'tüs. etc. Código Penal De la haute trahison. rap. 11.Dl' la tratJlso:1 ('m'''rr. la Patrie. cap. 12. Des actes delictueux eommis a

Page 50: J SENADO FEDERAL

____________JA_N_E_I...:..R:..::O---:..;A_MARÇO - 1961 .,l'eneontre d'gtats amJ.s, capo 14. In: ANCEL, Marc & MARX. Yvonne. Lescodes pénauz: européens. Paris. Centre FrançaIs de OroU Compare, 1958.t. 2, p. 551-5 (Nouvelle Collection du Coml~ de Lég1s1atlon Qrangere etde Drolt International) CO

FRANÇA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Crimes et déUts eontre la suretéde l'&at, art. 75-108. In: ANCEL, Mare & MARX, Yvonne. Les codes pénauzeuropéens. ParIs, Centre Français de OroU Compa~, 1958. t. 2, p. 648-53(NouveJle Collectfon du Comité de Légtslatlon Étrangere et de Drolt ~nter.national) CO .

GRtCIA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Haute trahlson, art. 134-137. fra.hlson envers le pays, art. 138-151. Infractlons dIrigées eontre des 1:tats étran­gers, art. 153-156. In: ANCEL, Marc & MARX, Yvonne. Les codes pénauxeuropéens. Paris, Centre Françals de Drolt Comparé, 1958. t. 2, p. 741-4(Nouvelle ColIectlon du Comité de Législatlon &rangere et de OroU Inter-national) CO

OROENLANDIA. Leis, decretos, etc. OéUts eontre l'lndependanee et la sécuritéde l'~tat, art. 1.1-\.3. Délits ~()ntte la ~()nst~tut~()n et 1es au\ort~ S'll~r'if~uns

de l'~at, art. 14-15. In: ANCEL, Mace & MARX, Yvonne. Les codes PéDauzeuropéens. Paris, Centre Françals de Orolt Comparé, 1958. t. I, p. 395-6(Nouvel1e COlleetion du Comité de Législation t:trangêre et de Oroit Inter­national) CO

15LANDIA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Trahlson, art. 86-97. Déltts contrela Constltutlon et les autorItés supérieures de l'ttat, art. 98-105. In: ANCEL,Mare & MARX, Yvonne. Les codes péDaux européens. Paris, centre Fran­çals de OroU Comparé, 1958. t. 2, p. 838-40 (Nouvelle Collectlon du Comitéde Législatlon ttrangêre et de Drolt IntematlonaD CD

ITALIA. Leis, decretos. etc. Código Penal. Oes déllts eontre la personnallté del'Êtat, art. 241-313. In: ANCEL, Mare & MARX, Yvonne. Les codes Pénauxeuropéens. Paris, Centre Françals de Drolt Comparé, 1958. t. 2, p. 919-31(Nouvelle COllectlon du Com1~ de Législatlon ttrangére et de OroU Inter-national) CO

LIECHTEN5TEIN. LeIs, decretos, etc. CódIgo Penal. Des crimes de haute tralú­son, d'offense envcrs le Prlnee et les membres de la fam1lle prtnelere, etdes crimes de troublcs apportes à la paIx publlque, art. 58-67. De la rebéll10net de l'émeute, art. 68-75. In: ANCEL, Mare & MARX, Yvonne. Les codespénaux européens. Paris, Centre Français de Orolt Comparé, 1958. t. 3,p. 1035-8 (Nouvelle Colleetlon du Comité de Législatlon :tt.rangére et deDrolt Internatlonal) CO

LUXEMBURGO. Leis. d~cr~t<ls. e~. Códt'g'3 P~na\. ~ enmes et del> d~1its

eontre la sureté de l~tat, art. 101~136. In: ANCEL, Marc &; MARX, Yvonne.Les codes pénauz: européens. Paris. Centre Françals de OroIt Comparé, 1958.t. 3, p. 1133-8 (Nouvelle Colleetlon du ComIté de Législatlon i:trangêre etde Drolt Internatlonal) CO

MONACO. Leis, decretos, etc. Código Penal. Crimes et déllts eontre la suretéde n~tat, art. 70-95. In: ANCEL, Mare & MARX, Yvonne. Les codes pénaazel1ropéens. Paris, Centre Françals de Drolt Comparé, 1958. t. 3, p. 1219-21(Nouvelle ColleeUon du Comité de Législatlon ttrangere et de Orolt Inter­natlonal) CO

NORUEGA. Leis, decretos, etc. Código Penal. Crimes contre l'lndependance etla sureté de l't:tat, art. 83-97. Crimes contre la Constttutlon de la Nonegeet le Chef de l~at, art. 98-104. In: ANCEL, Marc & MARX, Yvonne. Le9codes pénaux européens. Paris, Centre Françals de Droit Compare, 1958.t. 3, p. 1303-8 (Nouvelle CoUectlon du Comité de Léglslatlon ttrangere etde Drolt Internatlonal) CO

PAíSES BAIXOS. Lels, decretos, etc. Código Penal. Oéllts contre la sureté del'ttat, art. 92-107. Déllts contre la digntté royale, art. 108-114. Oéllts contreles chefs et les représentants d~ats amis, art. 115-120. In: ANCEL, Matc

Page 51: J SENADO FEDERAL

50 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

& MARX. Yvonne. Les codes pénault européens. Paris. Centre Français deDroit Compart', 1958 t. 3, p. 1401-6 (Nouvelle Collection du Comité de Légis-!ation €trang&re et de Droit Intrrnational) CD

POL6NIA Leis, decretos, etc. Código Penal. Crimes cantre l'€tat. art. 93-98Infractions contre le5 interêts extérieurs de l'€tat et contn' les relatiansinternationales. art, 99-113. In: ANCEL, Mare & MARX. YVonne. Les codespénaux europêens Paris, Centre Français de Droit Comparé. 1958 t. 3.p. 1.489-91. lNouvelle Colleetion du Comité de Léglslation Etrangere et dE'Droit International) CD

PORTUGAL. Leis, decretos, etc. Código Penal. Drs crimes eontre la sureté derEtat, art. 141~176. In: ANCEL, Mare & MARX, Yvonn€'. Les rodes pénaull.européens. Paris, Centre Français de Droit Comparé. 1958. t. 3, p. 1548-56(Nouvelle Col1f'ction du Comité de Législation €trangere et de Droit Inter-nationa}) CD

URSS. Leis. decretos, etc. Código Penal. Delitos contra el Estado, art. 58, 1 -­53,19. In: -- Legislación sovietica moderna. Traducción directa deI ruso, delos Códigos vigentes en la Unión de Repúblicas Socialistas Soviéticas, porMíg-uel Luban... México, Union típog. ed. Hispana-Americana. 11947' p,277-85.

;; - peBI.ICA(,:õES DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

ALMEIDA, Gastiio Guimarães de. Segurança interna 'Rio de Janeiro' EscolaSuperior de Guerra, Curso de Informações, 1965. 48 p. (Brasil. Escola Supe-rior de Guerra, C4-56-65J CD

ALMEIDA, Gastiio Guimarães de et alii. Planejamento da segurança nacional- Sistemática Rio de Janeiro, Escola Superior de Guerra, Departamento deEstudos, 1963. 2i p. org. desd. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-38-63) CD

AMARAL, Itiberê Gouvêa do. A ação esh:atégica nos campos político, econômicoe psico-sociaI. 1.a Parte. A estratêgia no campo político ,Ria de Janeiro,Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos. 1958. 11 p. (Brasil.Escola Superior de Guerra, C-26-58l CD

ANDRADE, Ayres Cunha de. Influência da ciência e da tecnologia no podernacional Rio de Janeiro: Escola Superior de Guerra. Departamento de Estu­dos, 1959. 31 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C~17-59)

ANDREAZZA, Mario David, Informações estratégicas Rio de Janeiro, EscolaSuperior de Guerra, DellUrtamento de Estudos, 1962. 42 p. (Brasil. EscolaSuperior de Guerra, C-16-62)

ARAUJO, Antonio Andrade de. Elementos econômicos do poder nacional Rio deJaneiro Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1965 31 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C1-07-65) CD

ARRUDA, Antonio de et alii. Elementos psicossociais do poder nacional 'Rio deJaneiro, Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1965. 25 Porg desd, (Brasil. Escola Superior de Guerra, C1-06-65) CD

ARRUDA, Antonio de et alii, Elementos psicossociais do poder nacional; a açãopsicossocial Rio de Janeiro: Escola Superior de Guerra, 1965 43 p. org. desd.lBrasil. Escola Superior de Guerra, C2-07-65, 04-07-65) CD

ARRUDú, Antonio de et alii. A estratégia no campo psiwssocial iRia de Janeiro'Escola Superior de Guerra, Depa:tamento de Estudos, 1963. 18 p. (Brasil.Escola Superior de Guerra, C-13-63) CD

ARRUDA, Antonio de rt aliL A estratégia no campo psicossocial Rio de Janeiro'Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1965. 21 p. (Brasil.'Escola Superior de Guerra, C-08-65) CD

BANDEIRA DE MELLO, Wilson Moreira, A ciência, a tecnologia e poder naciona!,Rio de Janeiro, Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 19G5,26 p. !Brasil. Escola Superior de Guerra, C1-10-65. 02-10-65. C4-1O-651 CD

Page 52: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968------------- 51

BASILIO, Celestino de Sá Freire. AsDectos doutrinários contemporâneos e asegurança nacional no campo psicossocial IRlo de Janeirol Escola Superiorde Guerra, Departamento de Estudos, 1960. 11 p. (Brasil. Escola Superiorde Guerra, C-19-60)

BASILIO, Celestino de Sá Freire. Fundamentos e fawres políticos do podernacional IRlo de Janeirol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estu­dos, 1960. 19 p. (Brasil. EseoIa Superior de Guerra, C-05-60)

BELLO, Ary Pressler. Metodologia para a formulação de uma política de segu­rança nacional IRio de Janeirol' Escola Superior de Guerra, Departamentode Estudos, 1959.·24 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-28-59)

BRAGA, Antonio Satumlno. Introdução ao estudo de segurança nacional. 1._Parte: SocIedade, nação, estado, poder e política - política nacional IRlo deJaneirol Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1965. 28 p.(Brasil. Escola SuperIor de Guerra, CI-01-55) CO

BRAGA, Antonio Saturnino & PAlVA, Alfredo de Almeida. Introdução ao estudoda segurança nacional. 1.& Parte. Conceitos básicos IRio de Janelrol DicolaSuperior de Guerra, Departamento de Estudos, 1965. 20 p. (Brasil. EscolaSuperior de Guerra, C2-01~65, C4-01-65) CO

BRAGA, Antonio Saturnlno et alli. Elementos políticos do poder nacional IRiade Janeirol Escola Superior de Guerra, 1965. 24 p. (Brasil. Escola Superiorde Guerra, CI-05-65) CO

BRASIL. Escola Superior de Guerra. D.A.D.C. Segurança interna IRio de Ja­neirol Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1965. 31 p.(BrasB. Escola Superior de Guerra, CI-88-65) CO

BRASIL. Escola Superior de Guerra. Diretiva cera! para o trabalho especial deplanejamento. Segurança interna. Defesa territorial IRio de Janelrol EscolaSuperior de Guerra, Curso de Estado-Maior e Comando das Fôrças Armadas,1965. 11 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, E2-06-65) CO

BRASIL, Francisco de Souza. A educação como fator do poder naeional IRlo deJanelrol Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1957. 19 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, CI-24-57) CO

BRASIL. Francisco de Souza. A estratégia no campo político IRlo de JaneirolEscola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1960. 22 p. (Brasil.Escola Superior de Guerra. C-13·60)

BRASIL, Francisco de Souza. O poder nacional: influência dos fatôres educa­cional e cultural IRlo de Janelroj Escola Superior de Guerra, Departamentode Estudos, 1958. 17 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-19-58) CD

BRASIL, Francisco de Souza. Poder nacional: seus fundamentos políticos IRlode Janeirol Escola Superior de Guerra, Departamento dc Estudos, 1959. 18 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-09-52)

BRASIL, Luiz OCtavio. Planejamento da segurança nacional. Conceitos funda­mentais IRio de Janeiro I Escola SuperIor de Guerra, Departamento de Estu­dos 119591 21 p. org. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C:27-59)

BRASIL. Luiz OCtavio. A segurança nacional - Conceitos e elementos funda­mentais IRlo de Janelroj Escola Superior de Guerra, Departamento de Estu­dos, 1960. 22 p. org. desd. (BrasU. Escola Superior de Guerra, C-02-60)

BULHOES, OCtavio Gouvêa de. Fundamentos e faiôres econômicos do podernacional IRio de Janeiro: Escola Superior de Guerra, Departamento de Estu­dos 11960i 24 p. (Brasi!. Escola Superior de Guerra, C-07-60)

CABAL, Hélio de Burgos. O Poder nacional: seus fundamentos econômicos !Rlode Janeiro: Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra 119571 16 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl-17-57) CO

CAMINHA, Hcrlck Marques et a111. Elementos econômicos do poder nacional;a ação econômica IRio de Janeirol Escola Superior de Guerra, Departamentode Estudos, 1965. 26 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C2-08-65.C4-08-65) CO

Page 53: J SENADO FEDERAL

52 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

CAMINHA, Herick Marques. A estratégia nacional Rio de Janeiro Escola Superiorde Guerra, Departamento de Estudos, 1965. 19 p. (Brasil, Escola Superior deGuerra, C2-04-65. C4-04-65) CD

CAMINHA, Herick Marques et alii. A estratégia nacional IRio de Janeiro: EscolaSuperior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1965. 26 p. (Brasil. EscolaSuperior de Guerra, Cl-11-65) CD

CAMINHA, Herick Marques et alii. A estratégia no campo econômico 'Rio deJaneiro. Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1965. 16 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-06-65) CD

CAMINHA, Herick Marques et alil. Estudos estratégicos de áreas iRio de JaneirolEscola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1965. 23 p. (Brasil.Escola Superior de Guerra, Cl-13-65. C4-12-65) CD

CARNEIRO, David. A estratégia no campo econômico IRia de Janeiro l EscoiaSuperior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1957. 31 p. (Brasil. EscolaSuperior de Guerra, Cl-27-57) CD

CARNEIRO, David. O Poder nacional e seus fundamentos econômicos IRio deJaneiro. Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1959. 23 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, c-11-59)

CASTRO, Antônio Augusto Cardoso de et alii. Planejamento da segurança na~

cionalRio de JaneirOI Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra,1965. 27 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl-93-65)

AnexaRia de Janeiro' Escola Superior de Guerra, Departamento deEstudos, 1965. 19 r. org. desd. (Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl­93-65) CD

CASTRO, João Augusto de Araujo. Panorama mundial - Sistemas mundiais eregionais de segurança IRio de Janeirol Escola Superior de Guerra, Depar~

tamento de Estudos, 1962. 24 p. (Brasll Escola Superior de Guerra,C-29-62) CD

CASTRO, João Augusto de Araujo. O poder nacional: limitações de ordem in­terna e externa IRio de Janeiro , Escola Superior de Guerra, Departamentode Estudos, 1958. 30 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-18-58) CD

CASTRO, Paulus da Silva. O poder nacional e a política externa :Rio de Janeiro;Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1959, 48 p. org. desd.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-14-59)

CAVALCANTI, Themistocles Brandão. Desenvolvimento e segurança nacional:aspectos políticos Rio de Janeiro Escola Superior de Guerra, Departamentode Estudos 119601 22 p. !Brasil. Escola Superior de Guerra, C-24-60)

DUQUE. Luiz Carlos Vieira. Areas estratégicas e áreas operacionais Rio deJaneiro j Escola Superior de Guerra, Curso de Estado-Maior e Comando dasFôrças .Armadas, 1965. 32 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C2­24-651 'CD

DUQUE-ESTRADA, Hildebrando de Assis. A estratégia militar Rio de Janeiro'Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1965. 26 p. (Brasil.Escola Superior de Guerra, C1-12-65. C2-11-65. C4-11-65) CD

FERRAZ FILHO, Lindolpho et ali!. Integração das fôrças armadas Rio de Ja­neirol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1962. 36 p, org.desd. <Brasil. Escola Superíor de Guerra, C-33-62) CD

FERREIRA, Newton Faria et alii. As informações na política de segurança nacio­nal ,Rio de Janeirol Escola Superior de Guerra, Curso de Infonnaçóes, 1965.14 p, <Brasil. Escola Superior de Guerra, C4-19-65) CD

FIGUEIREDO, Mario Poppe de. A estratégia econômica IRia de Janeiro l EscolaSuperior de Guerra, Departamento de Estudos, 1959. 29 p. (BrasiL EscolaSuperior de Guerra, C-20-59)

Page 54: J SENADO FEDERAL

JÀNEIRO À MÁRÇO - 1968

FRAGOso, Augusto. A estratéaia militar lRlo de Janeiro! Escola Superior deGuerra, Departamento de Estudos, 1959. 33 p. (Brasil. Escola Superior deGuerra, C-2l-59)

FRAGOSO, Augusto. O poder nacional; seus fundamentos militares IRia de Ja­nelrol Escola Superior de Guerra. Departamento de Estudos 119591 2J p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-!2-59>

FREDERICO, José Cláudio Beltrâo. Desenvolvimento cientifico e 1.ecnolórico, ea se,JUl'ança nacional IRia de Janeirol Es<:ola Superior de Guerra, Departll­mento de Estudos 119601 13 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra., C-26-&O)

FROTA, Sylvlo Q)uto Coelho da et al1l. Estrutura de securança nacional IRia deJanelrol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1962. 38 p.org. desd. (Brasil. Escola Superior de Ouerra, C-39-62) CO

GARCIA, lto JusUno da Matta. Aspectos particulares de uma política de sep­rança nacional: orientação da opinião publica IRia de Janelrol Escola 8upe­rio de Guerra, Departamento de Estudos, J960. 29 p. (BrasH. Escola Superiorde Guerra, C-32-GO)

GARCIA, Ito Justlno da Malta. A estratégia )siOOSSOCial IRia de Janelro[ EscolaSuperior de Guerra, Departamento de Estudos, 1959. 26 j). (Brasil. EscolaSuperior de Guerra, C-19-59)

GARCIA, 110 Justlno da Matta. O poder nacional: seus fundamentos pslco-sociabIRto de Janelrol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1959.30 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-la-59)

GASTALDONl, Ivo et alU. Aspectos doutrinários contemporâneos e a serurançanacional IRia de Janeiro Escola Superior de- Guerra, Departamento de Es­tudos. 1960. 20 mapas desd. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-20-60)

GROSS, João Carlos et a11l. Técnica de planejamento da serurança nacional.Demonstração IRio de Janelrol Escola. Superior de Guerra, Departamen\o deEstudos, 1962. 49 p. org. desd. (Brasil. Escola Superior de Guerra,1-08-62) CO

GUERREIRO RAMOS, Alberto. Ideolortas e serurança nacional IRia de JaneirolEscola Superior de Guerra, 1951. 30 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra,CI-79-57) CD

OUIMARAES, Fabio de Macedo &lares. O poder nacional - seus fundamento!Jeo~ficos IRlo de Janeiro: Escola Superior de Guerra, Curso Superior deGuerra, 1954. 40 p. (Brasil. Escola Supcr~or de Guerra, C-08-54) CO

KAHL FILHO, José. O planejamento da segurança nadonal. Metodoloria paraa fonDulação de conceito estratégico nacional. CIclos de planejamento IRiade Janelroi Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1957. 28 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl-33-51) CD

LIMA, Henr..es. Democracia, socialismo, totalitarismo. Repercussões na sep­rança nacional, particularmente no campo da política. interna IRia de Ja·neiro, Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1960. 20 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-16-60)

LIMA, Hermes. Estado e governo. Recimes políticos e relações com a segurançanuionaL O poder do Estado IRia de JaneIro I Escola. Superior de Guerra,Departamento de Estudos, 1959. 14 p. (BrasIL Escola Supertor' de Guerra.C-02-59)

LIMA, Hennes. As idealogias e a sellU'ança nacional IRlo de Janeirol Escol&Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1959. 18 p. (Brasil. EscolaSupenor de Guerra, C-54-59)

LIMA, Miguel Alves de. O poder nacional. Func1lmentos e fatôres reorráflcosIRlo de Janeirol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1960.24 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, 0-04-60)

LIMA, Miguel Alves de. O poder nacional: seus fundamentos ceoçáficos IRiade Janelrol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1958. 40 p.<Brasil. Escola Superior de Guerra, C-13-5B) CD

Page 55: J SENADO FEDERAL

54

LINDENBERG, José Sinval Monteiro A ação estmtégica nos campos político,econômico e psicossocial. 2.a Parte - A estratégia no campo econômico IRiode Janeiro' Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1958. 25 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-26-58) CD

MAIA, Jorge de Oliveira. A estratégia no campo político !Rio de Janeiro, EscolaSuperior de Guerra. Departamento de Estudos 1963! 18 p. tErasil. EscolaSuperior de Guerra, C-12-63) CD

MALAN, Alfredo Souto. Trabalhos preparatórios para o planejamento da segu­mnça nacional Rio de Janeiro; Escola Superior de Guerra, Curso Superiorde Guerra, 1957. 17 p. I Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl-36-57) CD

MARÇAL, Heitor. A estratégia nO campo econômico Rio de Janeiro: EscolaSuperior de Guen-a, Departamento de E~tud(ls, 19(){\ '20 p. í Brasil. Esc'01aSuperior de Guerra, C-15-60)

MARÇAL, Heitor. O poder nacional: conceituação. princípios e elementos funda­mentais Rio de Janeirol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estu­dos. 1959. 25 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-07-59 f

MARÇAL, Heitor. O poder nacional: suas limitações de ordem interna e externaRio de Janeiro Escola Superior de Guerra. Departamento de Estudos, 1960.35 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-10-60)

MELLO, Alcyr d'Avíla. O problema da liderança e da chefia e a segurançanacional 'Rio de Janeiro l Escola Superior de Guerra, Departamento de Estu­dos. 1959. 24 p. IBrasil. Escola Superior de Guerra. C-23-59) CD

MELO FRANCO. Afonso Arinos. As doutrinas políticas contemporâneas e suasrelações com a segurança nacional Rio de Janeiroi Escola Superior de Guerra.Departamento de Estudos, 1958. 14 p. fErasil. Escola Superior de Guerra,C-OS-58f rD

MENDES VIANNA. Antonio. O poder nacional: as relações intunacio;ma.l.s R~o

de Janeiro Escola Superior de Guerra. Departamento de Estudos, 1958. 17 p.fErasil. Escola Superior de Guerra. C-12-58' CD

MENDONÇA CLARK. José de. O poder nacional: seus tipos de estrutura ,Rio deJaneiro Escola Superior de Guerra. Curso Superior de Guerra. 1957. 37 p.(Brasil. Escolrt Superior de Guerra, CI-21-57) CD

MIRANDA NETTO. Antonio Garcia. A estratégia no campo psicossocial ;Rio deJaneiro Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1957. 21 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra. Cl-28-57' CD

MORAES, Armando Bandeira de. Areas estratégicas e seu estudo ;Rio de Janeiro,Escola Superíor de Guerra. Curso Superior de Guerra. 1957. 29 p. mapas desd.I Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl-38-57) CD

MORAES. Armando Bandeira de. O poder nacional: seus fundamentos psico­sociais Rio de Janeiro Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra,1957. 20 p. fErasil. Escola Superior de Guerra, CI-18-57) CD

MORAES. Manoel Henrique Almeida de. A ação estratégica nos campos político,econômico e psico-social. 3.a. Parte: A estratégia no campo psicossocial Riode Janeiro Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos. 1958. 6 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra. C-26-58) CD

MORAES, Manoel Henrique Almeida de. A estratégia no campo psicossocial ;Ríode Janeiro Escola Superior de Guerra. Departamento de Estudos, 1960. 16 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra. C-13-60)

MORAES. Manoel Henrique Almeida de. A opinião pública e o poder nacional;Rio de Janeiro Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 195716 p. IBrasil. Escola Superior de Guerra. CI-23-57) CD

MORAES, Manoel Henrique Almeida de. O poder nacional. Fundamentos e fatõ­res psicossocial Rio de Janeiro: Escola Superior de Guerra, Departamentode Estudos. 1960. 21 p. IBrasil. Escola Superior de Guerra. c-06-60)

MORAES, Manoel Henrique Almeida de. O poder nacional e a influéncia dosfatôres t'ducacional e cuItural IRia de Janeiro; Escola Superior de Guerra.

Page 56: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 55

Departamento de Estudos, 1959. 17 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra,C-15-59) 8F

MORAES, Manoel Henrique Almeida de. O poder nacional: seus fundamenÜ)spsicossociais IRlo de JaneIrol Escola Superior de Ouerra, Curso SuperIor deOuerra, 1958. 15 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-15-58) CD

MOREIRA, Antonio Augusto Joaquim. Os sistemas internacionais de se&'1U3nçae os compromissos mUltares internacionais do Brasil iRlo de Janeiroi EscolaSuperior de Guerra, Curso de Estado-Maior e Comando das Fôrças Annadas,1965. 33 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, C2-19-65) CO

MOTIA, Omar Q{)nçalves da. Introdução ao estudo de segurança nacional. 2.aParte: Política de desenvolvimento IRio de Janeiro: Escola SuperIor de Guer­ra, Departamento de Estudos, 1965. 41 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra,CI-02-65. C2-01-65. C4-01-G5) CO

NUNES LEAL, Victor. O poder nacional: seus fundamentos políticos IRio deJaneirol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1958. 24 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-14-58) CO

OLIVEIRA, Eduardo Domingues de. Formulação de uma política de segurançanacional. Os estudos estratégicos de áreas - Rio de Janeiro - Escola Supe­rio de Guerra, Curso SuperIor de Guerra, 1954. 27 p. (Brasil. Escola Supe­rior de Guerra, C-30-54) CD

OLIVEIRA, Eduardo Domingues de. MeÜ)dologia para fonnulação e desenvolvi­mento de uma política de segurança nacional IRio de Janeirol Escola Supe­rio de Guerra, Departamento de Estudos, 1963. 39 p. (Brasil. Escola Superiorde Guerra, C-37-63) CO

OLIVEIRA, Eduardo Domingues de. O poder nacional. Considerações lerais IRiade Janeirol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1960. 43 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-03-60)

OLIVEIRA, Eduardo Domingues de. Segurança nacional; conceitos fundamentaisIRia de Janeiro! Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1965.31 p. org. <Brasil. Escola Superior de Guerra, C1-03-65. C2-02-65. C4­02-65) CD

OLIVEIRA, Lul? Clovis de. Areas estraté~cas e seu estudo IRia de JaneirolEscola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1958. 33 p. mapas desd.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-37-58) CD

PAZ, Alberto Ribeiro. O poder nacional - seus fundamenÜ)s psicossocial Aação psiC05SOCial IRlo de Janeirol Escola Superior de Guerra, Curso Superiorde Guerra 119541 12 p. (BrasIl. Escola Superior de Guerra, 1-106-54) CD

PINTO, Luiz Lcivas BasUan. O poder nacional e as relações Internacionais e osantagonismos IRIa de Janeirol Escola Superior de Guerra, Curso Superiorde Guerra, 1957. 24 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl-0S-57) CO

PINTO, Luiz Leivas Bastlan. O poder naclonal: suas llmitações de ordem Internae externa IRia de Janeirol Escola Superior de Guerra, Curso Superior deGuerra, 1957. 17 p. (Brasil. Escola Superior de Querra, CI-20-57) CO

QUEIROZ, Paulo Edmur de Souza. A segurança nacional e as atividades educa­cionais IRio de JaneIrol Escole. Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra,1954. 23 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra, 1-89-54) CO

RAMOS, Athos da Silveira. A ciência e a tecnologia e o poder nacional [Rio deJanelro[ Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1963. 28 p.(Brasl1. Escola Superior de Guerra, C-10-63) CD

REIS, Lauro Moutinho dos. Fundamentos e fatôres militares do poder nacionalIRia de Janelrol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1960.29 p. (Brasil. Escla Superior de Guerra, C-OS-60)

REIS, Lauro Murtinho dos. Planejamento da segurança nacional IRia de JanelrolEscola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1962. 62 p. org. dcsd.(Brasil. Escola Superior de Guerra, C-40-62) CD

Page 57: J SENADO FEDERAL

56 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA--,-- --

REIS, Lauro Moutinho dos et alii. Metodologia para formulação e desenvolvi­mento de uma poJitica de segurança nadonal ,Rio de Janeiro Escola Supe­rio de Guerra, Departamento de Estudos, 1962. 45 p. org. desd. (Brasil.Escola Superior de Guerra, C-38-621 CD

ROLIM. Ignacio de Freitas et aliL Estratégia nacional e militar iRia de Janeiro:Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1963. 27 p. \Brasil.Escola Superior de Guerra, C-1l-63) CD

SAMPAIO, Renato de Araujo. O poder nacional: seus fundamentos econômicosRio de Janeiro' Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudos, 1958.25 p. tab. desde (Brasil. Escola Superior de Guerra, C-16-58) CD

SANTOS, Celso de Azevedo Daltro. As informações estratégicas e a técnica dolevantamento estratégico :Rio de Janeiro! Escola Superior de Guerra, CursoSuperior de Guerra 1957' 30 p (Brasil. Escola Superior de Guerra, Cl­37-57) CO

SECCO. Vasco Alves. Segurança nacional. Conceitos fundamentais Rio de Ja­neiro Escola Superior de Guerra. Curso Superior de Guerra. 1957. 17 p.iBrasil. Escola Superior de Guerra, CI-06-571 CD

SECCO, Vasco Alves A segurança nacional e a Escola superior de guerra ,Riode Janeiro' Escola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1957. 11 p.(Brasil. Escola Superior de Guerra. Cl-01-57) CD

SILVA, Edmundo de Macedo Soares e Desenvolvimento e segurança nacional- considerações gerais iRio de Janeiro' Escola Superior de Guerra. Depar­tamento de Estudos, 1960. 30 p. (Brasil Escola Superior de Guerra, C-23-60)

SILVA, Egberto Miranda da. As doutrinas políticas contemporâneas e suas rela­ções com a segurança nacional 'Rio de Janeiro' Escola Superior de Guerra,Curso Superior de Guerra. 1957. 31 p. iBrasil. Escola Superior de Guerra,Cl-1l-57l CD

SILW\. Golbery do Couto. Planejamento da segurança nacional. Conceitos fun­damentais Rio de Janeiro' Escola Superior de Guerra. Departamento deEstudos, 1958 42 p. rBrasil Escola Superior de Guerra, C-30-58) CD

SILVA, lIdefonso Mascarenhas da. O poder nacional: seus fundamentos polí­ticos 'Rio de Janeiro Escola Superior de Guerra. Curso Superior de Guerra,1957. 62 P I Brasil. Escola Superior de Guerra. CI-16-571 CD

SILVA. Joüo Mendes da. Aspectos atuais da geopolítica, sua importância face aopoder nacional Rio de Janeiro Escola Superior de Guerra, Curso Superiorde Guerra, 1957 36 p. (Brasil. Escola Superior de Cuerra, C1-1O-57> CD

SILVA, João ;"Iend('s da A estratégia no campo político Rio de Janeiro i EscolaSuperior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1957. 28 p. (Brasil. EscolaSuperíor de Guerra. C1-26-571 CD

SILVA. Paulo Bnéas Ferreira da. Trabalhos preparatórios para o planejamentoda ~egunnça nacional Rio de Janeiro' Escola Superior de Guerra, CursoSupE'fior de Guerra. 1~159. 20 p. org. (Brasil. Escola Superior dE' Guerra,CI-02-59,>

TACITO, Caio A It'gislaçiio brasileira e a segurança nacional :Rlo de JaneiroEscola Superior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1962. 26 p. (Brasil.Escola Superior de Guerra, CI-12-62) CD

TAVORA, Juarez do N:lsl'imento Fernrmdes. A segurança nacional: sua concei­tuaçao e seu estudo na ESG Rio de Janeiro Escola Superior de Guerra,Departamento de Estudos, 1959, 27 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra,C-OI-591

TOSCANo, Amoldo. A opinião pública e o poder nacional Rio de Janeiro, EscoiaSuperior de Guerra. Departamento de Estudos, 1959. 26 p. IBrasil. EscolaSuperior de Guerra, C-16-591

TO: '.)ANO, Arnoldo. Planejamento da segurança nacional, conceitos fundamen­tais, metodologia para a formulação do conceito estratégico nacional. Dire­trizes governamcntai~ Rio de Janell'O Escola Superior de Guerra, Depar-

Page 58: J SENADO FEDERAL

______ 57

tamento de Estudos. 1958. 21 p. org. desd. (Brasil. Escola Superior deGuerra, C-31-58l CD

VASCONCELLOS, Adolpho Barroso de. Mdodolo&,ia para a formulação e desen­volvimento de uma polítiea de se{1lrança na.cional IRia de JanelrOI EscolaSuperior de Guerra, Curso Superior de Guerra, 1965 40 p. (Brasil. EscolaSuperior de Guerra, C-02-65) CD

VASCONCELLOS, Adolpho Barroso de et alll. A estrutura da segurança nacionalIRio de Janelrol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estudas, 1965.29 P arg. dcsd. IBra.sll F..scola Super.or de Guerra, C-03-65J CD

VASCONCELLOS, Armando V. Pereira de. Política e estraUgic3. Domínios daestratégia. A estratégia polítíca IRia de Janeiro~ F.scola Superior de Guerra,Departamento de Estudos, 1959. 42 p. (Brasil. Escola Superior de Guerra,C-18-591

VASCONCELLOS, Armando V. Pereira de. Política estratégica. EstratéIÚnacional IRio de Janeirol Escola Superior de Guerra, Departamento de Estu­dos, 1960. 31 p. (Brasil Escola Superior de Guerra, C-Il·60l

VIANNA, Fernando Gonçalves Reis et alli. A estratégia no campo politlco IRiade Janeiro. Escola Superior de Guerra. Departamento de Estudos 11965120 p. (Brasil Escola Superior de Guerra, C-07-65) CO

VIANNA, João Baptista et alii. A estratêgia nos campos politlco, pSicossociale econômico IRia de JaneIro; Escola SuperIor de Guerra. Departamento deEstudos. 196:t. ]2 p. (Brasil Escola Superior de Guerra, C-13-r.2)

G - ARTIGOS DE JORNAIS

Os artigos de jornais, abai.ro relacionados. encontram-se no ArQuit'o Vertical. e.riJtentena Diretoria de lnlorm ação Leg~I'HlIXl.. .

AB! repele nova lei de segurança Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 16 mar1967

ABI tIlmbém contra artigo 48. Última flora, Rio de Janeiro, 21 fev. 1968.ADVOGADO vc segurança como lei absolutisLa. Correio da Manhã, Rio de

Janeiro, 26 mar. 1967. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 25126 mar. 1967.AlI: protesto contra a Lei de segurança Fôlha de São Paulo, 29 mar. 1967.ALL RIGHT. A grita contra. a Lei dc segurança. Correio da lUanhã, Rio de

Jane'ro. 29 mar. 1967.ALVES, Hermano. Golpe de mão. Correio da Manhã, Rio de JaneIro, 11 Jan. 1968ALVES, Hermano Responsabllldades. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 6

Jan. 1967.

ALVES, Hermano. Segurançn naclona\. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 27jan. 1967.

ALVES, Hermano Segurança verbal. Correio da Manhã, RIO de Janeiro, ]5jun 1967.

AMEAÇA potencial. Jornal do Brasil, Rio de JaneIro, 8 abr. 1967.ANDRADA vê Lei de segurança como um exc('sso de poder. Correio da Manhã,

Rio de Janeiro. 11 mar. 1967.

APÓS a Carta a Lei de segurança. Estado de São Paulo, 4 Jan. 1967.ARTIGO 48. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 2 fev. 1968.

ARTIGO 48. Diário de Notícias. Rio de JaneIro, 14 !ev. 1958.ARTIGO 48 é Ilegal. Estado de São Paulo. I !ev 1968.

ATHAYDE. Trístão de. A Insegurança Nacional. "Jornal do Brasil", Rio de Ja­nelm, 13 abr. 1967

Page 59: J SENADO FEDERAL

58 REVISTA DE IHFORMAÇÁO LEGISLATIVA

ATHAYDE, Tristão de. A morte do direito. Fôlha. de São Paulo, 12 jan 1967.CB amplia segurança do Estado: nova Carta. Coneio da Manhã, Rio de Janeiro,

1 set. 1966.

CALDERARO, A. Segurança nacional e a nova Constituição. Diário de SãoPaulo, 2 mar. 1967.

CAMARA aprova decreto-lei que reorganiza Conselho de Segurança. Jornal doBrasil, Rio de Janeiro, 15 fev. 1968.

CAMISA de fôrça. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 jan. 1968."CASSAÇAO" municipal. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 9 tev. 1968.CASTELLO BRANCO. Carlos. Lei de segurança só cairia no Supremo. Jornal

do Brasil, Rio de Janeiro, 20 maio 1967.CASTELO alinha duas leis para completar ciclo revolucionário. Jornal do Bra­

sil, Rio de Janeiro, 24 fev. 1967.CASTELO expõe ° que ê segurança. O Estaao de São Paulo, 14 mar. 1967.CASTELO manda integrar à nova Lei de segurança sugestões de Costa e Silva.

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 fev. 1967.

COMENTADA a nova lei O Estado de São Paulo, 19 mar. 1967.COMISSAo parlamentar vê o que segurança ameaça. Correio da Manhã, Rio de

Janeiro, 16 mar. 1967.CONCILIAÇAO impossível. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 mar. 1967.CONSELHO de Segurança. Diário de Noticias, Rio de Janeiro) 16 fev. 1968.

CONSELHO de Segurança diz que não tira poder alheio. Jornal do Brasil, Riode Janeiro, 11 jan. 1968.

COSTA: ARENA não reve carta. Segurança tem projeto de revogaçã.o imediata.Correio da :\Ianha, Rio de Janeiro, 18 mar. 1967.

COSTA vê Lei de segurança, Correio da l\lanhã, Rio de Janeiro, 29 jan. 1967,

COITA, Pery. Nova Lei de segurança incorpora AI-2. Correio da Manhã, Riode Janeiro, 21 set. 1966.

"CSN só tem 8 militares e não manda no govêrno". Diário de Notícias, Rio deJaneiro, 11 Jan. 1968

DEBATE encerra em Niterói primeira fase dos Estudos sôbre segurança nacional.Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. 11 agô. 1967.

DECRETO-lei altera a Lei de segurança Estado de São Paulo, 9 jan. 1968.

DEFESA gasta entre 1 e 2% do produto nacional, diz Campos. Jornal do Brasil,Rio de Janeiro, 3 fev. 1967.

DEFINIDO nôvo conceito de segurança nacional. O Globo, Rio de Janeiro, 8abr. 1965.

DEPUTADOS condE'nam a Lei de segurança. Fõlha de São Paulo, 29 mar. 1967.

DEPUTADOS propõE'm revogação da Lei de segurança Fõlha de São Paulo, 17mar. 1967.

DESMENTIDA a emenda que amplia a ação da Justiça militar. Jornal do Brasil,Rio de Janeiro, 13 j un. 1965.

EURICO REZENDE admite revisão do conceito de segurança nacional. O Globo,Rio de Janeiro, 21 jun. 1967

FIGUEIREDO, M. Poppe de. Política nuclear e segurança nacional. Diário de!"lotirias, Rio de Janeiro, 19 nov. 1967.

FRANCIS, Paulo. Segurança e regime. Correio da Manha, Rio de Janeiro, 25agõ. 1967.

GAMA E SILVA quer suprimir artigo da Lei de segurança. O Globo, Rio deJaneiro, 10 fev. 1968

Page 60: J SENADO FEDERAL

___________JAHEIRO A MARÇO - 1968 59

GOVItRNO admite rever a Lei de segurança. Diário de São Paulo, 31 mar. 1967.GOVtRNO anuncia rigor na Lei de segurança. Estado de São Paulo, 31 dez. 1966.GOVtRNO considera Lei de segurança intocável. Diário de São Paulo, 6 dez. 1967.GOVtRNO corrigirá com a Lei de segurança erros que acha na Lei de Imprema.

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 jan. 1967.

GOVtRNO desmente poder de superminlstério do CSN. O Jornal, Rio de Janeiro,11 jan. 1968.

GOVtRNO espera comiclos de Lacerda com Lei de segurança. Jornal do Brasil,Rio de Janeiro, 6 fev. 1008.

GOVtRNO vai ouvir Costa e Silva sóbre a nova Lei de segurança. O Globo, Riode Janeiro, 2 fev. 1967.

ORONEWALD, José Llno. Lei de segurança. Correio da Manbã, Rio de Janeiro,16 mar. 1967.

GRONEWALD, José Llno. Nação & Segurança. Correio da Manhã, Rio de Ja­neiro, 21 set. 1966.

GUDIN, Eugênio. O fantasma da "Segurança nacional". O Globo, Rio de Ja­neiro, 12 ju!. 1965.

GUERRA aberta contra Lei de segurança e contra o trânsito. Diário de SãoPaulo, 5 abr. 1967.

GUERRILHA é uma hipótese admitida pelo Brigadeiro. Jornal do Brasil, Riode Janeiro, 4 jan. 1967.

HOJE o substituUvo do MDB à. Lei de segurança. Jornal do Brasil, Rio dp.Janeiro, 28 mar. 1967.

A IMPLANTAÇAO do m1Utarismo no Pals. O Estado de São Paolo, 12 Cev. 1968.INSTITUTO inicia exame da Lei de segurança. O Estado de São Paulo, 30

mar. 1967.JANISMO quer o fim da Lei de segurança. O Estado de São Paulo, 27 set. 1967.JOBIM, Danton. Lei da tarraxa. (lltlma Hora, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.JOBIM, Danton. paz nusória. Última Bora, Rio de Janeiro, 22 fev. 1968.JOSAFA: Leis discricionárias no fim. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 20

abro 1967.JOSAFA vai sustentar em discurso a llegal1dade do decreto sóbre segurança.

Jornal do Brasil, RIo de Janeiro, 16/17 abr. 1967.JUIZ enquadra deputado na Lei de segurança nacional. O Globo, Rio de Ja­

neiro, 30 maio 1967.JULIO MESQu;TA prevê derrubada da nova LeI de segurança. Jornal do

Brasil, Rio de Janeiro, 15 mar. 1967.JURISTA manifesta-se contra a Lei de segurança nacional. O Estado de São

Paulo, 2 abr. 1967.KRIEGER acha que a Lei de segurança será "amena" e não deve causar mêdo.

O Jornal, Rio de Janeiro, 26 jan. 1967.KRIEGER: Decisão sôbre segurança é com juizes. Correio da Manhã, Rio de

Janeiro, 24 mar. 1967.KRIEGER dissipa temor sôbre LeI de segurança. Correio BrazlUense, Brasilla,

26 jan. 1967.

LEI a revogar. Diário de Noticias, Rio de JaneIro, 7/8 maio 1967.

LEI de segurança. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 23 fev. 1966.LEr de segurança. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 20 out. 1967.

LEI de segurança arrocha ainda mais. Tribona da Imprensa, Rio de Janeiro,14 mar. 1967.

LEI de segurança deve Ir logo ao Congresso. Estado de São Paulo, 14 dez. 1966.

Page 61: J SENADO FEDERAL

60 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

LEI de segurança: MDB quer que Auro decida. Última Hora, Rio de Janeiro,29 mar. 1967.

LEI de segurança: modificação para evitar o abuso do poder. Diário de SãoPaulo, 4 maio 1967.

LEI de segurança pode mudar. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10 jul. 1965.LEI de segurança reforçará o SNI. Estado de São Paulo, 5 jan. 1967.LEI de segurança tem nôvo projeto. O Estado de São Paulo, 17 out. 1967.LEI não pode ser subjetiva. O Estado de São Paulo, 21 mar. 1967.A LEI que assegura a crise. Tribuna da Imprensa, Rio de JaneIro, 18/19 mar.

1967.

LIÇõES de uma vitória. Estado de São Paulo, 11 fev. 1968.LINS E SILVA afirma que a Lei de segurança é um instrumento contra todos.

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. 19 mar. 1967.LIRA prega conceito nôvo para segurança. Última Hora, Rio de Janeiro, 2

mar. 1968.MDB apresenta projeto revogando Lei de segurança nacional. Jornal do Brasil,

Rio de Janeiro, 18 mar. 1967.

O MDB insiste em que o Congresso deve homologar a Lei de segurança. O Globo,Rio de Janeiro, 18 abr. 1967.

MDB propõe na Câmara nova Lei de segurança nacional. Jornal do Brasil, Riode Janeiro. 1 novo 1967.

MDB protesta contra Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.MDB quer anular nova segurança. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 15 mar.

1967.MDB quer Lei de segurança ho~ologada pelo Congresso. Jornal do Brasil, Rio

de Janeiro. 29 mar. 1967.MDB vai redigir uma nova Lei de segurança. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,

17 mar. 1967.MÁRIO MARTINS: Atual conceito de segurança nacional é lesivo ao Pais.

Diário de São Paulo, 4 jun. 1967.MEDEIROS: Lei de segurança é pior que "rôlha". Última Hora, Rio de Janeiro,

31 dez. 1966.MEDEIROS reúne material: Lei de segurança. Fôlha de São Paulo, 4 jan. 1967.MEM diz que revisão da Lei de segurança é inevitável. Tribuna da Imprensa,

Rio de Janeiro. 22 mar. 1967MINAS aplaude o cxito do ciclo de debates sôbre a segurança nacional, promo-

vido pela ADESG. O Globo, Rio de Janeiro, 7 maio 1965.

MINISTRO nega 3 novas leis. Estado de São Paulo, 8 dez. 1966.

MINISTRO vota contra o art. 48. O Estado de São Paulo, 22 fev. 1968.

MOURAO condena artigo da Lei de segurança que cassa a profissão de indi-ciados Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 fev. 1968.

MOURAO no STM: Segurança faz do pais um pátio de quartel. Tribuna daImprensa, Rio de Janeiro, 18/19 mar. 1967.

MOURAO vê morte da liberdade na Lei de segurança nacional. Jornal doBrasil, Rio de Janeiro, 16 mar. 1967.

NOVA Lei de segurança é assinada e entra em vigor dia 15. Jornal do Brasil,12 mar. 1967

NOVA Lei de segurança poderá frustrar revisáo da Carta e partido de Lacerda.Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 27 jan. 1967.

NOVA Lei de segurança vai ser último ato de Castelo e virá na próximasegunda-feira Jornal do Brasil, 7 mar. 1967.

Page 62: J SENADO FEDERAL

__________JAHEIRO A MARço - 1968 61

A NOVA Lei fere a Constituição Federal. O Estado de São Paulo, 18 mar. 196'1.NOVAS criticas à Lei de segurança. Diário de São Paulo, 30 mar. 1967.NOVO presidente do STM diz que é contra a Lei de segurança: A democracia

não preclsa d1sso. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.

NOVO projeto contra a Lei de segurança. DiárIo de São Paulo, 18 mar. 1967.OAB repudia art. 48 da Lei de segurança. O Estado de São Paulo, 8 fev. 1968.OPOSIÇAO quer substituir Lei de segurança nacional. O Globo, Rio de Janeiro,

1 nov. 1967.OPOSIÇAO vê militarismo no decreto-lei do C.S.N. O Jornal, Rio de Janeiro,

10 'an. 1967.ORDEM dos advogados quer derrubar o artigo 48 da Lei de segurança nacional.

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 fev. 1968.AS ORDENS religiosas e a segurança nacional. O Estado de São Paulo, 3 agô.

1967.PADRE GODINHO: Lei de segurança só encontra paralelo em Gengis Khan.Diário de São Paulo, 31 mar. 1967.PARA O presidente do STM a Lei de segurança é imprecisa, mas só ao legisla­

tivo cabe reformá-la. O Globo, Rio de Janeiro, 18 agô. 1965.PASSAMO à competência da Justiça m1lltar os crimes contra a segurança

nacional. O Globo, Rio de Janeiro, 11 jun. 1965.PEDROSA, Mário. Segurança nacional contra o Brasil. Correio da Manhã, Rio

de Janeiro, 19 mar. 1967.PEDROSO HORTA: Lei de segurança deverá ser revista. Diário de São Paulo,

19 mar. 1967.

PERACCHI estranha a celeuma quanto a ãreas de segurança. O Globo, Rio deJanelro, 4 mar. 1968.

PERALVA, Oswaldo. Contrà.rios. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 18 fev. 1968.PREQCUPAÇAO americana. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10 jan. 1967.PRESENÇA. Jornal do BrasU, Rio de Janeiro, 31 jan. 1967.PRIMEIRO passo. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10 fcv. 196B.PRISAO preventiva agora é dflerente, diz Lins e Silva. Jornal do Brasil, Rio

de Janeiro, 7 maio 1967.O PROBLEMA estudantu e a segurança nacional. Estado de São Paulo, 9

fev. 1968.PROCURADOR aplaude ampliação da competência da Justiça militar. O Globo,

Rio de Janeiro, 14 jun. 1965.PROCURADOR enquadra Hélio na. nova Lei de segurança. O Globo, Rio de

Janeiro, 3 agõ. 1967.PROJETO do MDB restaura anUga Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro,

18 mar. 1967.PROJETOS da. oposição revogam Lei de segurança e concedem anistia ampla.

O Globo, Rio de Janeiro. 17 mar. 1967.AS PROPORÇOES da crise nacional. Estado de São Paulo, 9 fev. 1968.QUAIS são os novos limites da Uberdade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,23 mar. 1967.RAMALHErE conclui que a Lei de segurança está cheia de InconsUtuclona­

lldades. Jornal do BrasU, Rio de Janeiro, 5 abr. 1967.REAPARELHAMENTO das fôrças armadas e a segurança nacional. Diário de

Noticias, Rio de Janeiro, 15 maio 1967.REPULSA total à. Lei de segurança. Diário de São Paulo, 19 mar. 1967.RETROCESSO. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 11 jan. 1968.REVI8AO da Lei de segurança; projeto sal já. Fõlha de São Paulo, 28 mar. 1967.

Page 63: J SENADO FEDERAL

62 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

ROBERTO LYRA vê segurança à luz do direito penal. Correio da ::\-lanhá, Riode Janeiro, 4 abr. 1967.

STF derruba por unanimidade artigo 48 da Lei de segurança. Correio da Manhã,Rio de Janeiro, 22 fev. 1968.

STF Julga hoje artigo 48 da Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro, 21fev. 1968

STF julgará o artigo 43. O Estado de São Paulo, 13 fev. 1968.

STF recebeu petição contra o art. 48 da Lei de segurança. Fôlha de São Paulo,13 fev. 1968.

STF vê ilegal o artigo 48 da nova Lei de segurança. O Jornal, Rio de Janeiro.22 fev. 1968.

STM nega "Habeas" e ministro acusa a lei. Última Hora, Rio de Janeiro. 8agõ. 1967.

STM reduz pena aplicando a nova Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro,4 maio 1967.

SEGURANÇA Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 14 juL 1967.

SEGURANÇA democrática. Correio da ~tanhã, Rio de Janeiro, 22 set. 1966

SEGURANÇA c Congre;-;so. Fôlha de São Paulo, 21 mar. 1967.SEGURANÇA e planejamento. O Estado de São Paulo, 15 mar. 1967.

SEGURANÇA. Fôlha de São Paulo, 7 mar. 1967.

SEGURANÇA. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 iev. 1967.SEGURANÇA nacional. Diário de Noticias, Rio de Janeiro. 16 jan. 1968.SEGURANÇA nacional e seu planejamento foi tema de palestra. O Globo, Rio

de Janeiro. 15 agó 1965.SEGURANÇA reorganizada. Diário de São Paulo, 16 fev. 1968.

SEGURANÇA sujeita prisão preventiva ao judiciário. Correio da Manhã, Riode Janeiro, 7 maio 1967.

SEGURANÇA tem nóvo conceito. O Globo, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.

SEGURANÇA vai sair este mês. Correio da M.anhã, Rio de Janeiro, 4 j an, 1967.

SEGURANÇA viola Carta. O Estado de São Paulo, 5 abr. 1967.SERÁ instalado hoje o ciclo sôbre os problemas da segurança nacional. O Globo,

Rio de Janeiro, 5 abr. 1965.

SETORES da ARENA favoráveis à revisão da Lei de segurança, O Globo, Riode Janeiro, 20 mar. 1967.

SIGILO: regulamento entrou em vigor. O Estado de São Paulo, 21 mar. 1967.SOFISMAS. Correio da ~tanhã, Rio de Janeiro. 12 j an. 1968.

Só Senado pode tirar artigo 48 diz advogado . Correio da Manhã, Rio de Janeiro,23 fev, 1968.

SUPERMINISTÉRIO esta aí. Fôlha de São Paulo, 18 fev. 1968

SUPERPRE8IDÉNCIA. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 jan. 1968.

SUPREMO decide: Lel de segurança não pode impedir o exercício profissional.Fôlha de São Paulo, 22 fev. 1968.

SUPREMO derruba artigo 48 da Lei de segurança, Correio da M.anhã, Rio deJaneiro, 22 fev. 1968,

SUPREMO Tribunal julgou inconstitucional em parte o artigo 48 da segurança.Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 fev, 1968.

UMA lei condenada, Diário de São Paulo, 23 mar. 1967.

VICE-L1DER do govêrno defende a revisão da Lei de segurança. O Globo, Riode Janeiro, 5 abr. 1967.

VITÓRIA, Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 23 fev. 1968.

Page 64: J SENADO FEDERAL

DOCUMENTAÇÃO

SEGURANÇA NACIONAL

LEGISLAÇÃOPROJETOSDISCURSOS

5.,.nan1o ç~t-,.ti 1101"6;1'i2Orientador de Pesllui.s1U Legi.tlalfoo$

Diretoria de lnlonnaçfJo Legl.!lClfiva

LEGISLAÇÃO (.)

CON5TITUlÇAO FEDERAL DE 16-7-19U

"Ari, 159 - TOdas as questôell relativas àeeguJ'U1ça nacional aerAo e6tUdadaa e coor­denadas pelo CoDlle1ho Superior de segu­rança Nacional e pelos órgios eapec1a1scriados pa.ra atender la neeess.1dades da mo­blllza.çl.o.

I L· - O Conselho Supertor de Se-­gunulça Nacional seri presidido pelo Pre­lI1dente d. Repúbllca e dêle rarAo parte 015M1n1Btros de Estado, o Chefe do Estado­MrJor do Ezérclto e o Chefe do Estado­MaJor da Armada.

I t.,. - A organlZJllÇlo, o func1ona­mento e a competlncla do Conselho Supe­rior sert.o regulados em let.

A11. 161 - O estado de fUerr& 1mpUcará- susperu;Ao das garantias constit.ucionalsQue po6Sam preJudica.r direta ou indireta­

, mente - securanç- naeional.

A11. 1" - Dentro de uma laiU de cemqullllmet.r08 ao longo das trontetra.s. nenhu­ma CODca.s&o de ten'a.s ou de vtaa de comu­nlcaçio e .. abertura destas se efetuarãolIIem audl6nda do CoIUle1bo SuperlQl' de Se­lW"8Dça Naclonal, estabelecendo este o pre­domtn1o de capitals e t.rabalhadon=s naclo-

na1s e detennlnEUldo as llgações interioresneoesstu1as à defesa das zonas serv1da.s pe­]as estradas de penetracAo.

" 1.· - Proceder-se-á do mesmo modoem re1&ç~ ao estabelecimento, nessa Ima,de indústrias, inclusive de transportes, QueInteressem à segurança nadona!.

I 2." - O Conselho Superior de se­kW'8l1ca Nadona! organizará a re1&çAo dasindÚlltrtas acima referidas, que revistam &see&ráter, podéndo em todo tempo rever e mo­dificar a Memta relaçAo, que deveri serpor êJe comunicada aos governos locais in­teressados.

§ ,.. - O Poder Eltecutlvo. t.en<1o emVIsta as necessidades de ordem santlárta,aduaneira e da defesa nacIonal, regulamen­t.ari. a ut.illzaçio das terras públlcas, em re­g1f.o de front.elra peJa Unt~ e peloo Esta­d03, ficando subord1nBda é. aprovação eloPoder Legislativo a sua alienação."

(.) LesUlaçAo &61)1"0 JUBUça MJ.Iltar: 'flde ar\11rOf.~.e:m:IO número llltJtu1&da ",JU6IJl;1I Ml·

Leslalaçlo lIObre Elltt.4o dI! Sltlo: vide artl­soe Da }\e'data de lntormaçlo LeR:lallltlvaD.o ~, P'«. IM; D.o I, pAgo 61; D.O 7. P'«. 121;n.o I, p64f. .,; D.o li, Pi8. 119 11 1\." 12.P's. 22'1.1AI1Lalaçl.o sObre Intenllnçl.o Pe<leraJ: 'fldearU&'08 lI& RevtJlta de Lnformaçlo LeslB1a­Un D.O ., P'8;. 101; D.O 5. P'&8. 2. 11 711 11D.o li, p6er. 811.

Page 65: J SENADO FEDERAL

64 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

CONSTITUlÇAO FEDERAL DE 10-11-1931

".'-rt. 162 - Tôdas a..~ Questões relativas àsegurança nacional serão estudadas peloConselho de Segurança Nacional e pelos ór­gãos especiais criados para atender à emer­gência da mobilização.

O Conselho de Segurança Nacional serápresidido pelo Presidente da República econstituído pelos ministros de Estado e pe­los chefes de Estado-Maior do Exército eda Marinha.

Art. 165 - Dentro de uma faixa de cen­to e cinqüenta Quilômetros ao longo dasfronteiras, nenhuma concessão de terras oude vias de comunicação poderá efetivar-sesem audiência do Conselho Superior de Se­gurança Nacional, e a lei providenciará paraQue nas indústrias situadas no interior dareferida faixa predominem os capitais e tra­balhadores de origem nacional.

Parágrafo único - As indústrias Que in­teressem à segurança nacional só poderãoestabelecer-se na faixa de cento e cinqüen­ta Quilômetros ao longo das fronteiras, ouvi­do o Conselho de Segurança Nacional, queorganizará a relação das mesmas, poden­do a todo tempo revê-la e modificá-la."

LEI CONSTITUCIONAL N.· 9, DE 28-2-1945CONSTlTL'lÇAO FEDERAL DE 18-9-1946

"Art. 28 - ..

li 2.· - Serão nomeados pelos Go­vernadores dos Estados ou dos Territórios osPrefeitos dos Municípios que a lei federal,mediante parecer do Conselho de SegurançaNacional, declarar bases ou portos milita­res de excepcional importância para. a defe­sa externa do Pais.

Art. 179 - Os problemas relativos à de­fesa do Pais serão estudados pelo Conselhode Segurança Nacional e pelos órgãos espe­ciais das Fôrças Armada.s, incumbidos deprepará-Ias para a mobilização e ~ opera­ções militares.

li L· - O Conselho de SegurançaNacional será dirigido pelo Presidente da

República, e dêle participarão, no caráter demembros efetivos, os mini~tros de Estado eos chefes de Estado-Maior que a lei deter­minar. Nos impedimentos, indicará O Presi­dente da República o seu substituto.

li 2.· - A lei regulará a. organização,a competência e o funcionamento do Con­selho de Segurança Nacional.

Art. 180 - Nas zonas indispensáveis à.defesa do Pais, não se permitirá, sem prê­vio assentimento do Conselho de SegurançaNacional:

I - Qualquer ato referente à con­cessão de terras, à aberturade vias de comunicação e àinstalação de meios de trans­missão:

11 - a construção de pontes e es­trada~ internacionais;

111 - o estabelecimento ou explora­ção de quaisquer indústriasque interessem a segurançado Pais.

!í 1,. - A lei espe.. ;ficará as wna.s in­dispensáveis à. defesa nacional, regulará asua utilização e assegurará, nas indústriasnelas situada.s, predomináncia de capitais etrabalhadores brasileiros.

li 2." - As autorizaçôes de Que tra­tam os nOs I. II e III poderão. em qualquertempo, ser modificadas ou cassadas peloConselho de Segurança NacionaL"

ATO INSTITUCIOSAL N." I, DE 9-4-1964D.O. - 9-4-64 - L" pág.

ATO INSTITUCIONAL N.· 2. DE 27-10-1965D.O. -- 21-10-65 e Rep. D.O. - 5-11-65.

ATO COMPLEMENTAR N.· I, DE 27/10/1965D.O. - 27-10-65 e Ret. D.O. - 28-10-65.

ATO COMPLEMENTAR N.· 3, DE 3-11-1965D.O. - 4-11-65.

ATO COMPLEMENTAR N." lO, DE 4-6-)966D.O. - 1-6-66.

Page 66: J SENADO FEDERAL

__________J_A_N_EI_R_O_A MARÇO - 1968 65

ATO COMPLEMENTAR N.· 23, DE 20-10-66

D.O. - 20-10-66.

CONSTITUIÇAO .'EDERAL DE 24-1-196'7

"Ari. 89 - Tóda pessoa natural ou Jurf­dIca é responsável pela segurança nacIonal,nos limItes definidos em leI.

Ali. 90 - O Conselho de Begurançe. Na­cional destIna-se a assessorar o PresIdenteda Republlca na fonnuJação e na condutada segurança nacionu1.

fi L- - O Conselho compõe-se doPresidente e do vice-Presidente da Repúbli­ca e de todos os MInistros de Estado,

fi Zo° - A lei regulará. a organização.competência e o fWlclonamento do Comelhoe poderá admitir outros membros natos oueventuais,

Art. 91 - Compete ao Conselho de Se­gurança Nacional:

I - o estudo dos problemas re­lativos à segurança nacional,com a cooperação dos 6rgãosde infonnação e dos Incumbi­dos de preparar a mobiliza­ção nacional e as operaçõesmilitares;

11 - nas áreas indispensáveis à se­gurança nacional, dar assen­timento prévIo para:

a) concessão de terras. aber.tura de vias de transportee instalação de meios decomunlcaçfu:!;

b) construção de pontes e es­t r a das 1nternacionais ecampos de pouso;

c) estabelecimento ou ex·ploração de tndústrlas queínterl'.ssem à segurançanaclono.! ;

In - modificar ou cassar as con­cessões ou autorizações refe­ridas no Item antenor.

PadgTaro único _. A lei espedflcará asáreas 1ndIspensávels à segurança nacional,

regularé. sua utilização e assegurarã, nas in·dÚ6tr1as nelas situadas, predomlnADcla deco.pltals e trabalhadores brasileiros."

DECRETO N,- 17.999, DE 2:9-11-1927

"Providencia s6bre o Conselho de DefesaNacIonal."

D.O. - 3-12-27.

DECRETO N,o Z3.873, DE 15-2-1934

"Dá organização 80 Conselho de Defesa.Nacional, criado pelo Decreto D,O 17.999, de29-11-1927."

D.O. - 2-3-1934.

DECRETO N,o 'I, DF. 3-8-1934

"Modl1lca a denominação do Conselho deDefesa Nacional e de seus órgãos componen­tes, criados pelo Decreto n.o 17.999, de 1927."

D.O. - 9-8-1934.

LEI N.· 38, DE 4-4-1935 (t')

"Define crimes contra a ordem pollUca eroclal."

D.O. - 6-4, 28-6, 1, 3 e 6-7-1935.

DECRETO N.- 191, DE 18-6·1935

"Manda adotar, a titulo provU6rio, o Re­gulamento Interno da secretaria-Geral doConselho Superior de Segurança Nacional."

D.O. - 19-7-1935.

LEI N.o 136, DE 14-12-1935 (r.)

"ModIfica vários dlsposttivos da Lei n.o 38,de 4 de abril de 1935, e define novos crimescontra a ordem poUUca e social."

D.O. - 14 e 18-12-1935.

DECRETO N,- 991, DE 2'7-'7-1936

"Organiza. a CómlssAo de Estudos de se­gurança Nacional:'

D.O, - 30-7 e 3~8-1936.

LEI N.o UI, DE 11-9-1936 (~)

"Institui como 6rgão da Justiça Militar oTrIbWlal de Segurança. Nacional. que fWl­clonaré. no Distrito Federal, sempre que fOrdecretado o Estado de Guerra, e dà. outrasprovld~nclas."

D.O, - 12-9-1936,

DECRETO N.o L505, DF. 15-3-1937

"Manda adotar, a titulo provisório, o Re­gulamento Interno da Comissão de Estudosdo Conselho Superior de Segurança. Na­cional."

D.O. - 17-3-1937.

Page 67: J SENADO FEDERAL

66

DECRETO 1'0'.0 2.036, DE 11-10-1937

"Dá organização à Seção de SegurançaNacional do Ministério da Educação eSaúde."

D.O, -- 16-10-1937,

DECRI<:TO-LU N.O 37, DE 2-12-1937 (:1)

"DIspõe sôbre partidos políticos,"0.0. - 4-12-1937,

Di:CRETO-LH N.o 88. DE 20-12-1937"Modifica a Lei n,O 244, de 11-9-1936, Que

Illstituiu o Tribunal de Segurança Nacional,e dá outras providÉ'ncias,"

D.O. -- 24 e 28-12-1937,

DECRl-:TO-U:I N,o 110. DE 28-12-1937

"Dispõe sóbre o recurso de decisóes doTribunal de Segurança Nacional."

D.O. -- 31-12-1937.

DECRETO-LEI 1'\,0 383, DE 18-4-1938 (1)

"Veda a estrangeirus a atividade poHticano Brasil, e di outras providências."

0.0. ~ 19-4-1938,

DECRETO-LEI :-<.0 392, DE 27-4-1938

"Regula a expulsão de est.rangeiros,"

D.O. - 4-5-1938,

DECRETO-LEI :-".0 394, DE 28-4-1938

"Regula fi. extradição,"0.0. _. 19-5-1938,

DECRETO-LEI "'.0 406, DF. 4-5-1938

"Dispõe sôbre a entrada de estrangeirosno tt'rritório nacional."

CoL Leis do Brasil - VaI. n - 1938 ­página 92.

UH'RETO-LEI 1'0'.0 428, DE 16-5-1938

"Dispoe sôbre o processo dos crimes defi­nidos nas Leis 11. "s 38 e 136, de 4-4 e .,.,14-12-1935,"

D.O, ... 16, 18 e 19-5-1938,

nECRETO-U:I 1'0'.0 431, DE 18-5-19311 U'l

"Define crimes cuntra a personalidade in­ternaclOllal. a e~Lrlltura e a segm'ança doEstado e contra a ordem sociaL"

D.O. -- 19-5-1938,

DE('RETO-LEI !".D 474, DE 8·6-1938

"Dispõe fôbre (} procl'sso elos crinws decoml'" 'ência do Tribunal de Segurança Na­cim'al."

D.O. _. 9-6-1938.

DECRETO-LEI N." ,179, DE 8-6-1938

"Dispõe sôbre a expulsão de estrangeiros,"

0.0. - 11-6-1938.

DECRETO N,o ::1.010, DE 20-8-1938

"Regulamenta o Decreto-Lei n.o 406, de4-5-1938, que dispõe sóbre a entrada de es­trangeiros no tRrritório nacional."

0.0. - 22-8-1938.

DECRETO-LEI 1'0'.0 1,164, DE 18-3-1939 (' J

"Dispõe sôbre as concessôes de terras evias de wmunicação na faixa da fronteira,bem como sô1Jre as indústrias aí situadas."

Col. Leis do Brasil - Vol. n, 1939, pág, 118

DECRETO-LEI N.o 1.261, DI<: 10-5-1939

"Dispõe sôbre a composição do Tribunalde Segurança NacionaL"

D.O. - 12-5-1~39,

DECRETO-LEI !'\i.o 1.393, DE 29-6-1939

"Modifica o Decreto-Lei n," 1.261. de10-5-1939, que dispõe sõbre a composição doTribunal de Segurança Nacional."

D.O. ~ 1-7-1939.

DECRETO N." 4.517, DE 12-8-1939

"Dá organizill;ão à Seçã-o de SegurançaNacional do Ministério da Justiça e Negó­cios Inwriores,"

D.l). - 15-8-1939,

DECRETO N." 4,631, DE 6-9-1939

"Dá orga.niza.ção à. Seção de SegurançaNacional do MinistÉ'rio da Fazenda. criadapelos arts, 3.0 e GO do Decreto nO 23,873,de 15-2-1934."

D.O. - 9-9-IS39.

DECRETO N.o 4.644, DE 6-9-1939

"Regula a Seção de Segurança Nacionaldo Ministério das Relações Exteriores."

D.O. - 9-9-1939.

DECRETO ~;.o 4,696, DE 22-9-1939

"Organiza a Seçã-o de Segurança Nacionaldo Ministério da Viação e Obras Públicas, edá out.ras providências."

D.O. -- 25-9-1939,

DECRETO X.D 4.816, DE 31-10-1939

"Organiza a Seção de Segurança Nacionaldo Ministério do Trabalho, Indústria e Co­mél'cio,"

D.O. - 3-11-1939.

DECR.ETO-LEI :'\.0 1.9G8. DE li-I~19·10 (~I

"Regula as concessóes de terras e Vla.~ deco;:nunicação, bem como o esi,l belecimentode indústrias, nu fuixa de fronteira.

CoL Leis do Brasil - VaI. I. 1940, pif(, 20

Page 68: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Â MARÇO - 1968 67

DECRETO N.· 5.2.0, DE 3-2-1940"Altera o regulamento baixado cam o De­

creto n.o 4.696, de 22-9-1939. da seção de se­gurança Nacional do Ministério da Viaçlo eObras Públicas."

D.O. - 8-2-1940.

DECRETO N." 5.301, DE 23-2-1940"Aprova o Regimento da Seção de segu­

rança NacIonal do Minls~rio da Agricul­tura."

D.O. - 26-2-1940,

DECRETO-LEI N." 2.188, DE 15-5-1910"Modtrica dL<;poslç{)es do Decreto-Lci nú­

mero 88. de 20 de dezembro de 1937, quedispõe sObre o Tribunal de segurança Na­cLonal.'·

0.0. - 25-5-194C.

DECRETO-LEI N." U42, DE 18-7-19fl (2)

"Cria, no Mlnls~rlo da Justiça. e NegóclosInteriores, o Quadro VIII - Tribunal deSegurança Nacional. e dó. outras providên­cIas."

D.O. - 21 e 30-7-1941.

DECRETO-LEI N." 3.808, DE 7-11-1941"Reorganiza a Seção de segurança Nacio­

nal do M1nistérlo da Viação e Obras Pú­blicas."

D.O. - 11-11-1941.

DECRETO N." 8.504. DE 27-12-1941'. Aprova o Regulamento Interno da Seção

de Segurança Nacional do Minl~rio dasRelaçõcs Exteriores."

D.O. - 30-12-1941.

DECRETO-LEI N." •.098, DE 6-2-1942"Deflne camo encargos necessários li. de­

fesa da Pátria. 00 serviços de defesa passi­va antiaérea."

D.O. - 10-2-1942.

DECRETO-LEI N." 4.270. DE 17-4-194.2"Estabelece a prioridade para as exigên­

cias da Segurança Nacional. e dê. outras pro­vidências,"

D.O. - 20 e 25-4-1942.

DECRETO N.· lU90-A, DE 25-9-1942"Não d1vulgado."

DECRETO-LEI N." t.766, DE 1-10-1942"Define crimes ml1ltares e contra a se­

gurança do Estado, e dá. outras providên­cias."

D.O. - 3-10-1&42.

DECRETO-LEI N." •.783, DE 5-10-1942

"DiSpõe sóbre a. organização do Conselhode Seguranç~ Nacional."

0.0. - 7-10-1942.

DECRETO-LEI N." U37, DE 9~11-1M2

"Assegura. o pleno funcionamento dos es­tabelec1mentos fabris mJlltares e civis. pro­dutores de materiais bélicos."

D.O. - 12-11-1942.

DECRETO N." 11.087, DE 10-12-1942"Declara de interêsse mUltar, para os fins

do Decreto-Lei n.O 4.937, de 9-11-19t2. vá­rios estabelecimentos fabris civis,"

D.O. - 12-12-1942.

DECRETO-LEI N." 5.163, DE 3l-lZ-1m

"DIspõe sôbre a orgar'.1zaçáo do Conselhode Segura.nça Nacional,"

D.O. - 31-12-1942.

DECRETO N.o 12.628. DE 17-6-1943"Regulamenta a execução do Decreto-Lel

n.o 4.098, de 6-2-1943."

D.O. - 19-6-19t3.

DECRETO-LEI N." 6.227, DE 24-1-19+&"Código Penal Militar."

D.O. - 1 e 16-2, e 15-3-1944.

DECRETO-LEI N." U30, DE 17-.-19+& (õ)

"Dispõe sObre as transações imobiliárias eo estabelecimento de Indústria e comérciode estrangeiros na faixa de fronteiras:'

D.O. - 19-4 e Rep. D.O. 14-6-1944.

DECRETO-LEI K" 6.476, DE 8-5-1944 (t)

"Cria, no Conselho de Segurança NacLo­nal, camo órgão complementar, a Comissãode Planejamento Econômico. e dá outrasprovidências."

D.O. - 13-5-1944.

DECRETO-LEI N." 6.608, DE ZJ-6-1944."Modl!lca o Decreto-Lel n.O 1.393, de 29

de junho de 1939, que dispõe sObre a or­ganizaçoo do Tribunal de Segurança Na­cional."

D.O. - 22-5-1944.

DECRETO-LEI N." 7.586, DE 28-5-1945 (3)

"Regula, em todo o Pais, o alistamentoeleitoral e as eleições a Que se refere a leiConstitucional n.o 9, de 28-2-1945."

D.O. - 28-5-1945.

DECRETO-LEI N." 7.724, DE 10-7-1945 (7)

"Submete ao regime de aforamento as ter­ras devolutas dentro da faixa de sessenta eseis qu1l6metros ao longo das fronteiras, edê. outras providências."

D.O. - 12-7-1945.

Page 69: J SENADO FEDERAL

68 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

DECRETO-LEI :".0 8.908. DE 24-1-1946 (õ)

"Transforma em cargo isolado a funçã.ode Secretário da COll1i~ão Especial da Fai­xa de Fronteiras."

0.0. - 28-1-1946,

DECRETO-LEI :",0 9.085, DE 25-3-1946

"Dispõe sôbn~ o registro civil das pessoasjurídicas."

D.O. - 27-3-1946.

DECRETO-LEI K· 9.775, DE 6-9-1946 (4)

"Dispoe sobre as atribulções do Conselhode Segurança Nacional e de seus órgãoscomplementares"

0.0. - 10-9-1946

DECRETO-LEI N." 9.775-A, DE 6-9-1946

(Não divulgado.)

DECRETO N." 22.047, UE 13-11-1946

"Apro\'a, o Regimento da Secretaria-Geraldo Conselho de Segurança. Nacional."

D.O - 16-11-1946.

DECRETO 1\.0 22.048, DE 13-11-1946

"Apro\'a o Regimento da Comissão de Es­tudos do Conselho de Segurança Nacional."

D.O. - 16-11-1946.

RESOLUÇÃO roi.' 1.841, DE 7-5-1947

TRIRUroiAL SLPERIOR ELEITORAL

"Cancela o registro do Partido Comunistado Brasil."

0,0. -- 7-6-1947.

DECRt:TO 1".0 23.315, DE 8-7-1947

"Aprova o Regimento da Seção de Segu­rança Nacional do ::'vlinistério de Viação eObras Públicas."

0.0. ~- 10-7-1947.

DECRETO N.· 23.419, DI~ :W-7-1947

"Aprova o Regimento Interno da Secreta­ria de Segurança Nacional do Ministério doTrabalho."

D.U. - 31-7-1947.

DECRETO N,· 23.438, DE 29-7-1947

"Aprova o RegIment.o Interno da Seção deSegurança. Nacional do Mimsténo da. Edu­caçiiO)"

D.O. - 31-7-HI47,

LEI N.· 121, DE 22-10-1947

"Declara. para fins do art. 28 da Consti­tuição Federal, os MunicípioS que constituembases ou portos militan's de excepcionalImportánda para a defesa externa do País."

n.o. - 24-10-11147.

DECRETO N,o 23.~l44, DE 28-10-1947

"Aprova o Regulamen(o da Seçüo de Se­f,':urança Nacional do Millistáio das Bela­çoes Exteriores."

D.O, - 30-10-1947.

I,EI N.O 211, Dl: 7-1-1848

"Regula os casos de !:'XllllÇÜO de manda­tos dos membmói do" Corpos Lq(i"lativos daUnião, dos Esta4os. do Dlstrito Federal. elosTerritórios e dos ~llmllip!os.·'

0.0. - 8-1-194B

DECRETO roi.· 24.452, DE 4-2-1948

"Aprova o RegImento da SeçCIO de Segu­rança Nacional do ~1inistério da Agncul­tura."

D.O. - 6-2-1948.

DECRETO N." 24.468. DE 4-2-1918

"Aprova o Regimento da Seçüo de Segu­rança Nacional dn Millls(rrjo da Justiça eNegócios Interiores."

D,O. - 9-2-1948.

DECRETO LEGISLATIVO N.o 5, DI·:14-2-1948

"Aprova os textos do Tratado Illlerameri­cano de Assistpncia Heciproca para a ma­nutenção da Paz r da Seguranq do Con­tinente, assinado 1\0 Rio de Janriro. a 2de setembro de 1947. pelo Bra~ll e demaisRepúblicas Alllericanas"

D.O. - 15 e HI-2-1948.

DECRETO N.· 26.524, DE 29-3-19-lH

"Altera os arts. 33 e 34 do Rt'gímento daSeção de Segllrall~'a Nacional do Ministérioda Justiça e :-":egócios Interiores. baixadocom o Decreto n,o ~4.4li!l. de 4-2-1~48."

0,0. ~ 31-3-1848.

DECRETO ~ .• ~7-4H. DE 17-11-19-19

"Altera o Hegimell10 ela Seção ele SCf;ll­

rança Nacional do Mltlislél'io da A~ricuJtu­ra, baixado com o Decrr'o n." ::l44:l:.'. dt'4-2-1948."D.O. - 19-11-1949 e Rei. n.o. _. 10-:.'-1950

DECRETO N.· 27.583, DE 14-12- t9-1!J

"Aprova o Regulamento para ;~ Salvaguarda. das 1nfoonaçôes que in(.('f['.,sam àSegurança. Nacional."

D.O. ~ 12-1-1950.

LEI N.o 1.057-.-\, DE ~8-1-1950

"Díspõe sóbre a l'efOrnHl de milit "re~ quepertencerem. forem filiados Oll propaó!:uf'mas doutrina:; de as.'i(}da~'ües ou par(.idos po­líticos que tenham 51do impedIdo:; de (Ull­

ClOnar legalmenti'''

0.0. - 1-3-1950,

Page 70: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 69

DECRETO N.o 27.903, DE 21-3·1950"Altera a reda.çAo do art. 23 e revoga o

art. 27, ambos do Regimento da Seção deSegurança Nacional do Ministério da Via­ção c Obras Públicas. baixado com o De­creto n.o 23.315, de 8-7-1947."

D.O. - 23-3-1950.

DECRETO N.o 27.930. DE 27-3-1950"DIspõe sôbre a apllcaçAo do Decreto nú­

mero 27.583, de 14-12-1949, que dispõe sO­bre a salvaguarda das infonnações Que In­teressam li. segurança Nacional."

0,0. - 30-3-1950.

LEI N.O 1.079, DE 10-4-1950"Define os crimes de responsabilidade e

regula o respectivo processo e julgamento."0.0.. - 12-4-1950.

DECRETO N.o 28:725, OE 9-10-1950"Aprova o Regimento da Seção de Segu­

rança Nadonal do Ministério da Fazenda."D.O. - 11-10-1950,

LEI N.o ).207, DE 25-10-1950"Dispõe sóbre o direito de reunião."D.O, - 27-10-1950.

LEI N.o 1.287, DE 9-12-1950"Dispõe sObre promoção de oficiais e pra­

ças das Fõrças Annadas que tenham toma­do parte no combate à revolução comunis­ta de 1935."

D.O. - 13-12-J950.

OECRF.TO N.o 29.548, DE 10-5-1951 (r.)

"Regulamenta a aplicaçáo da Lei núme­ro 1.267, de 9-12-1950. Que dispõe sObre pro­moções de oficiais e praças que tenham to­mado parte da revolução comunista de 1935,e dá outras providências."

0.0. - 5-6-1951.

DECRETO N.o 29.908, DE 20-8-1951"Dá nova redaçáo ao art. 1.° do Decre­

to n.o 22.048. de 13-11-1946, que aprova oRegimento da Coml~ão de Estudos do Con­selho de Segurança Nacional."

D.O. - 22 e 23-8-1951.

LEI N.o 1.4«, DE 29-9-1951"Exclui da cla.ssifícação constante do ar­

tigo 1.0 da Lei n.O 121, de 22-10-1947. quedeclara os municlplos que constituem basesou portos militares parll. a. defesa. externado Pais, os munJclpios de Põrto Alegre. RioGrande, Santa MlU'lll. Gravatal e Canoas,no Rio Grande do Sul."

D.O. - 2-10-1951.

LEI N.- 1.551, OE'1-2-1952

"Fixa prazo para o Conselho de Beguran­ça Nacional emitir parecer nos t.êrmex. dopa.rágra!o 2.° do art. 28 da Constltulç!(lFederal."

D.O. -- 11-2-1952

OECRETO N.o 30.583, DE 21-2-1952

"Cria a Com1ssA.o de Exporta.çlo de Ma­teriais Estratégicos, e di outras providên·elas."

0.0. -- 28-2-1952.

LEI N.· 1.665, OE 1.9.1952

"Modifica a Lei n.O 121, de 22-10-1947, quedisp6e sObre os munlc!plos que constituembases ou portos de importância para a de­fesa do Pais."

D.O. - 5-9-1952.

LEI N.o 1.720, OE 3-11-1952"Exclui da cla.ssl!1cação dedarada no ar­

tigo 1.0 da Lei n,o 121. de 22-10-1947. oMun1clplo de São Paulo, Estado de SãoPaUlo,"

0.0. - 5-11-1952.

LEI N.o 1.743, DE 26-11-1952

"ExclUI da class1ffcação decla.rad~ no ar­tigo 1.0 da Lei n.o 121, de 22-10-1947, osMunic1pios de Santos. no Estado de S10PaUlo, e o de Natal, no Estado do RioGrande do Norte."

D.O. - 28-11-1952.

LEI N.· 1.'167, DE 18-12-1952"ExclUI da classificação constante do ar­

tigo 1.°, da Lei n,o 121. de 22-10-1947, oMunicipio de Conunbã, no Estado de MatoGrosso."

D.a. -- 23-12-1952.

LEI N.o 1.115, DE 27-12-1952"Exclui os Munlclplos de Niterói e An­

gra dos Reis, no Estado do RIO de Janeiro,do art. 1.0 da Lei 11.0 121, de 22-10-1947."

0.0 - 29-12-1952.

LEI N.- 1.802, OE 5-1-1953 (5)

"Deflne os crimes contra o Estado e a Or­dem Politlca e Socill.l. e dá outras provi­dêncIas."

0.0. - '1 e 8-1-1953.

DECRETO .N.o 32.399, OE 11-3-1953"Altera 06 lU'ts 5,°, 19 e 33 do &eg1men­

to da Seção de Segurança. Nacional do MI­nistério da Justiça e Negócios Int.ertores,baixado com o Decreto n.o 24.468, de ...4-2-1948, e modificado pelo Decreto núme­ro 26.524, de 29-3-1948."

0.0 - 14-3-1953.

Page 71: J SENADO FEDERAL

70 REVISTA DE INFORMAÇAO LEGISLATIVA

LEI ~.o 1.878, DE 5-6-1953

"Exclui da relação contida no art. L" daLei n.o 121. de 1947. o Municipio de Manaus."

D.O. -- 10-6-1953

LEI S.o 1.949, DE 19-8-1953

"Estende. para efeito de pensão. as pro­mOÇües de que trata a Lei nO 1.267, de . ..9-12-1950. aos militares já falecidos que, emidênticas condições hajam tomado parte nocombate contra a revolução comunista de1935."

n.O•._- 22-8-1953.

LEI N.o 1.956. DE 26-8-1953

"Regula a divisão millt.ar do TerritórionacLOnal para o ernpr{ogo combmado dasFôrças Armadas. e cria as Zonas de Defesa."

D.O.- 29-8-1953.

LH :>1'.0 2.083, DE 12-11-1953

"Regula a liberdade dI.' imprensa."0.0. - 13-11-19:-'3.

DECRETO N.o 34.591>, DE 16-11-1953

"Aprova o Regulamento do ~inistérjo daSaúde. criado pela Lei nO 1.920, de 25-7-1953e dá outras providencias."

Arts. 2.° e 6° di>'])(lem sóbre segurançanacional.

D.O. - 19-11-1953.

IlECRETO N.o 35.618, Dl-: 4-6-1954

"Altera a redação do art. L" do Decrcton." 30.583, de 21-2-1952. que cria a Comis­são de Exportação de Matpriais Estratégi­em. e dá outra.'i providências."

D.O. - 7-6-1954.

DECRETO K" 37.856, DE 5·9-1955 (I:)

"D,'L nova redação ao Decreto n." 29.548,de 10-5-1951. que regulament-ou a aplicaçãoda Lei 11.° 1.267. de ~1-12-195()."

D.O. __o 6-9-1955

LEI N.~ 2.597, de 12-9-1955 I;'

"Dispõe sô\)re zonas indi~pensáveis à de­fesa. do País, e dá outras providências."

D.O. _ .. 21-9-1955

Df<:CRI·:TO :>1'.0 37.909, DE 16-9-1955

"DlspOc sôbre a criação dos Núcleos deComando de Zonas de Defesa. estabelece suaorganização. e da OU! ras providpllcias."

0.0. - 21-9-1955.

DECRETO S.O 38.232. IH: 10-11-1955

"Altera H. redaçã.o do art. 1." do Decreto[lO 35.618, que alterou o de nO 30.583. de21-2-1952. "

D.O.- 16-11-19(;5.

DECRETO S.o 38.598. DE 17-1-1956

"Aprova as Instruções para a Organiza­ção e FunCionamento dos Núcleos de Co­mando de Zonas de Defesa."

D.O. - 21-1-1956.

LEI ~'.O 2.728, DE 16-2-1956

"Modifica o art 52 da Lei n." 2.083. de12-11-1953, que r('gula a Itberda<\e de im­prensa."

0.0. -- 21-2-1956.

DECRETO N.o 39.605-R, DE 16-7-1956

"Aprova o Regulament.o para execuçãoda Lei nO 259'1. de 12-9-1955."

D.O. - 20-7-1956.

LEI :"p 2.905, DE 8.10-1954;

"Revalida a auWrjzação contida !la art. 11da Lei n.O 1.956. de 26 de agôsto de 1953."

D.O. - 11 e 12-10-1956.

DECRETO N." 40.342, Df<: 13-11-1956

"Da nova redaçfw ao DecrE'to n 0 38.5911.de 1956."

D.O. - 16-11-1956.

LEI s,0 3.081. DE 22-12-1956

"Regula o processo !las ações discrimina­tórias de terras públicas."

D.O. -- 26-12-1956.

DECRETO N.o 40.735. DE 9-1-1957

"Submete ao regime de aforamento a.~

terras devolutas situadas dentro da faíxadE' cento e cinqüenta quilômetros ao longodas fronteiras e nos Territorias Federais."

n.o. -- 11-1-195'1

DI':CRETO N." 42.154, Df<: 27-8-1957

"Modifica a redação dos arts. 35 I' 36 doDecreto n.O 24.468. de 4-2-1948, que aprovouo Regulamelllo da Srção de S('gurança Na­('lonal do Minist{irio da Justiça r NegóciosInteriores. "

0.0. -- 28-8-195'1.

UE('RETO N.o -I3.8Q6. UE 26-à-l!l58

"Dispõe sóbre a orgalli~ação e o preparopara utilização na guerra, dos TransportesTerrestres dI" int.erê,s(' rlllliLar."

0.0. - - 29-5-1958

DECRETO 1'\." 44.235, IH; 1-8-1958

"Altera ,L redaçao do art. 25 do Rel(ula­menta da Seção de segurança Nacional doMÍlti5térlo da Vi::v;ào e Obras PúblJcas. bai­X;tdo com (> Decreto n." 23-315. de 8-7-1947."

0.0. -- 1-11-1958.

Page 72: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1968-------_.---- 71

DECRETO N.o 44.296, DE 7-8-1958"Altera o Decreto n.o 37.856, de 5-9-1955,

para o fim que espectnca...D.O. - 8-8-1958.

DECRETO N.o «.483, DE 8-9-1958

"Revoga o arL. 6.° e dá nova. redação aoart. 25 do Regimento da seçAo de seguran­ça Nacional do Ministério da ViBÇio eObras Públlcas. aprovado pelo Decreto nú­mero 23.315, de 8-7~1947, alterado pelo den.O 44.235, de 1-8-1958."

D.O. - 1-8-1958.

DECRETO N.o ""489-A, DE 15-9-1958(Não divulgado,)

DECRETO N.o 45.040. DE 6-12-1958

"Aprova o Reg1mento da Secretar1a-~­

ral do Conselho de Segurança Nacion&l."D.O. - 9 e 18-12-1958.

LEI N.O 3.528, DE 3.1-1959 (8)

"Apllca (l.()6 Prefeitol; mMlcipals. no quecouberem, as d1spo.s1çOes da Lei n,O 1.079.de 10-4-1950, que define os crimes de res­pon5abllldade e regula o respectivo proces­so de Julgamento."

D.O. - 7-1-1959.

DECRETO N.o 46.508-A, DE 20-'-1959(Não divulgado.)

DECRETO N.- 46.804, DE 11-9-1959"Aprova instruções que regulam as atiVi­

dades e o fW1clonarnento do Grupo de Es­tudos c Planejamento de Segurança Na­cional. de que trata o Decreto n,o 45,()40,de 6-12-1958,"

D.O. - 16-9-1959.

DECRETO N.o 47.445, DE 17-12-19$.9"Dispõe sóbre a organlza.çli.o e regula as

atribuições das Seções de Segurançe. Nacio­nal dos M1n1stérios Civis."

D.O. - 22 e 23-12-1959.

LEI N.- 4.252, DE 10-8-1963

"Dispõe s6bre a diVisão do Território Na­clonal em Zona.s Aéreas."

D.O. - 14-8-1963

LEI N.o '.322, DE 7-4-J964

"Dlsp6e sôbre atribuições conferidas àsautoridades de Pollcla. para. fisca11zar e con­ceder Ingresso em Território Nacional e. es­trangeiros."

D.O. - 9-4-1964 - págs. 3.194 e 3.195.

LEI N.· un, DE 13-6-1964"Cria o serviço NI\c1onal de Informações."D.O. - 15 e Ret. D.O. 16-6-1964.

DECRETO N.O 54.301, DE 24-9-19G4

"Altera a redação do Regimento de. se­cretaria-Geral do Conselho de 8egUrançaNacional, aprovado pelo Decreto n.O 45.04C,de 6-12·1958, e revoga os Decreoos nÚJne·ros 44.4a9-A, de 16-9-1958, e 46.508·A. de20-7-1959."

D.O. - 25-9-1964 - pág. 8,610.

LEI N.- U73, DE 12-U-I9G4"Dispõe sôbre atribuições das autorida.­

des para tiscal1zar a entrada de esuangel­ros no Território Nacional. e dá out.rtlos pro­vidências."

D.O. - 17-11 e Ret. D.O. 2-12-1964 eD.O. 3-2-1965.

DECRETO N.· 55.194, DE 10-12-1964

"Aprova Regulamento do servIço Nado­nal de infonnaçõcs:'

D.O. - 11-12-1964 e Ret. D.O. ­16-12-1964 e D.O. 4-1·1965.

DECRETO N.· 55.644. DE 27.1-1965

"DlspOe sóbre a lista consular de passa­geiros em Viagem marlt1ma. seu desembar­que, e dé. outras providências."

D.O. - 28-1-1965 - pág. 1.069.

DECRETO N.o 56.Z02. DE 30-4-1965

"Aprova e manda executar o RegimentoInterno da 8eçAo de Segurançe. Nacional, doMinistério da Saúde."

D.O. - 6 e 16-8-1965.

DECRETO N.o 58.589, DE 20-7-19&5

"Modifica a divisA0 do Território Nacio­nal em Zonas Aéreas."

D.O. - 21-7-1965 - pág. 6.892.

DECRETO N.- 56.823, DE 1-9-1965

"Altera o Decreto n.o 47.445. de 17-12-1959.para e.tender ao funclona.mento transitórioda 5eçáo de Segurança Naclona.l do Minis­tério da Viação e Obras PUbllcas,"

D.O. - 2 e 10-9-1965.

DECRETO-LEI N.· 3. DE 27-1-1966"Dlsclpl1n& as relaçócs jurídicas do pes­

soal que integra o slstema de aUvidadesportufu1as; altera disposições da Consollda­çáo das Leis do Trabalho. e dá outras pro­Vidências,"

D.O. - 27-1-.1966 - pâg. 987.

DECRETO-LEI N.O 8, DE 16-6-1966"Acrescenta parágrafo ao art. 6.° do De·

ereto-Lei n.o 9.085. de 25-3-1946."D.O. - 17-6-1966 - pâg. 6570,

Page 73: J SENADO FEDERAL

72 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

LEI ~.o 5.130, DE 1~lO·194;6

"Dispfle sôbr(' as zonas indispenS:Lveis àdefesa do Pais. (' dá outras pl'ovidrnrias"

1).0.-- 5-10-196li - p:\g 11451

DECRETO !'O.o (jI1.1!!2. In: 3-2-I!l6i

"Aprova o R('gulanwn10 do Servi~'o Na­nonal de lnfonnaç,"e.'"

D.O. - 8-~-1 %7 pa". 1.5tJl.

presentante da Serrt'taria-Geral do Conse­Illo de Segurança I"aclOnal.·

D.O. ,. 2G-G-19ii7

UH'RETO !'O.o flO.9tO. DE t- ~-196~"Tl'ansfonn:t em Dn'lsúo df' Segurança e

Infonna~'ões as alU"ts Seç'Jes d!' Segunll:çaNacional dos ~lll)istrnns Civi,,- e dó ou! l'asprovidencias .,

]l.0. - .'j-7-1~'fi7· - P'·l[:. 7117DECRI:TO·LU ~.o 200. DE 2.~-2-196i

"D1SpÓP sóor(' :, or"al1Jzaçüo da Adminis­tração Federal. ('sta!J('!P('1' dlrl'trizes para 11Reforma Admlt\i.'!r~tl\·a. f' d;. outras provi­d(~ 11 eia:'.·'

DECRJ>:TO ~.o ia.341. UE 13-9-1~JG~

Hln.-litui na Secret:ll'ja-Geral do ('uns!'ll:,.de Segurança NaCIonal. (;ru!lu clt' TrabtdlJO.para o fjm de l'labora:- li Hegul'llnenlo dasDivlsões d(' Se~uranra e Infr,nnaçól's dos....tinistrrios Civis."0.0. Supl. - - ê7-~ (' ReI n.o.

1967 c 17-7-19678. 30-3-

D.O.-- 14-9-1'167 púg 94~3

DECRETO ~." 60.4l7. DE 11-3-1967

"Aprova o Re~Llhllll{'lllo para a Sal\'ilf(Uar­da. dI' ASSllnt0~ Si~i!(}.'(l.'"

0.0. - 17-3-1~j(i7 -- pil " 3.23G.

DECRETO-LEI ~." 311. DE 13-3-1967 1"1

"Define os crimes cllntr:, H segurança na­cíonal. a ordem politica e social. e d:\ 011­lm.s proVIdéncía8.·

0.0. - - 13 e Rei D.O. - 27-3-1967.

DECRETO ~.o 60.892, DE 23-6-1967

"Altera o Decreto nO 60.642, de :n -4-1967,que criou o Corpo Consultivo da IndústriaSiderúr?:ica, paro. indu)!' no Dlesmo o r('-

DECRETO-LE:I ~.o 3-18, DE -1.1-1~l68

"Dispõe sobre a organizaçã,.. a rompet"ll­('ia e o funcionamento do Clm~elh() dt' S,·­u;urança Nacional, e d" outra;; prOnd{'lh:la~' .

0.0, -- 8, Rd. H.O. - - 11 (' Hep n.o.I2-1-19G8.

U":CRETO LEGISLATIVO 1'\," 15, DE 1968

"Aprova o t{'xto elo Decreto-Lei n.o 348.de 4-1-1968. que dispOp sôore a organização,a competência e o funcionamento elo Con­selho de Segurança Nacional. e da outrasprovidências."

n.o. -- 26-3-1968 - pág. ~.425

ti J Bit. lln1 pH~'~~c{'r do CP;)~~l1tur J~l:<dl("(! lIlI ~'llnl:',téno ctn Ju.sliça c Ncl'.óCWS Int(Jr1ores -~o I.RBS-A, de 2:~-1O-5t1. PrUC'(l':-iSO H,r, 86-CO/40 --, sôbre o nS~l:lItO.

121 HcYn~~fl. o a~·t 17 da L(,l %l.f l 244, dl' 11-9-37.

r:\) Rt'VOPl C,I DcC':-('t ...J-I.~'l Il_O 37. dtO ~-12-:3í

(4) Extlll!:UC a C:IJl]i~~,fi.l) de PlaneJ.Hr1ent') l'~n):lú~nl{'o ('~iada pC!ü D{'C'rptll-LE'1 Hei 6_Qí'6, IJpH-S-H

i5J RevugA. 1\ [.Pl :!," :n~ de 4-,1-:35. 3. Ipi :1 C1 l:J6. dr :'1--12-35 c u D('cz-t~to-Lpl nO 43I de 18-5-38

1,6.l Rpl'(I!;R () D,"'f~(Ito ~l.0 2~1 '";48, ele- 10-5-51

~~ ~ Hf"'I/oga us. J)f'Tet(,~·LeLs lllúni''[ns 1.]ij4, d(' 18-3-J9: I 968, de lí-1-40, fi ,no. de 11-4-44:7.724, de jO-7-4~ (" d 008, de 2~-I-o.f6

dJ,j J{rSOI1.lçl\o n_f) :n/Hb do Sl'n:ldo Fpdt'fnl"Sl~Spf>l:de a PX(',:llçftn di,) nrt. 2 o da 1.('1 r~('(leral n,C) 3 ..128, de :~-I<l~J"

D O. -- l-7-6G IM,.':. ,:Si

',9 J O SlIpn'!llp Trlh:"l!~fl.l Federal C'oul'f'dt-'Li., 110 dla 21-2-6K, por llllalllnlldaclc. () pedido dehab.."as f"orptls illlpf1 radc pelo COIlSt'lllu f'ederal da Orden'l dos Ad\'o~ado~ do Brasil. ('Dlfavor ele alto pc...;,sU1tS. f'ulltra a:-: qllai~ foi Rpl1cado O art. 48 da LeL c1~ S~gurfLnçA. NaciolHLl,ql:C Inlp€'de ild 11HllCUtdo t'm IP~1, o Exercicio da profi~~são.

A dCt'H·iw, lia ir:tl\;nt, é a. sl'guitlt('. "Rcjeit.a,dú a ]Jr{'linlina~ clt' incompctcnda (luTr~bunal C'011tr<l. (1 ;'cto d~) ;"!iHi~tI"U Amural Santos. rejeitada ainda a ldoneJdndp dohatJl'as ('orpus. n'~Jtra. l~ H)!O ctll i ..l1nlSi..t'o El(l\ Rochl1~ cO!lcedc'.I-:3f1 p:n parte, o hahfl,;\srorpus, no~~ U'I':lil'S L!o ·;otu do ~'lll:i.stru-Helator, Temlsto('!CS CaVH.kaIltc, dedarandoln('nn::;L~tuCl()H~~ u :-'.['1 ';'H do DC',:n,:ll/-Lt'( nO 314, no quP Se f('.ft-'l"fI' o. profiR.'"iÓt>:s Hberais(' a t.'lllpn~gns ('In o.tl\'Hiude pri\'ada, S~lldo que o ~tjtli.t.;tro E\-'andro lins (~o[l('E'dla o habeasl'orpus, in totUJH. pu!" j'on~l{krar i~ln.'n.stit .... :c1{jnajs todo o IIrt. 43 c Sé-'Il.'1 pan\~rn.fos·'

Ob!oõ.: O Pr-t~':;l(knte dt' STT-'. 1I.11I11stl'(1 Ltdz Gallotti. tan~b(om '·íJtO\' do(' ncôrLin ('orn oHe:lator

Page 74: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO -. 1968 73

PHOJETOS

eAMARAPROJETO N.- 3.546, DE 1966

"Define a exportação clandestina de mi­nérios e minerais cOIno crime contra a se·gurança nacional."

(Autor: Dep. Mateus Sehmldt).(D.e.N. - 8.1. - 25·3·1966 - pág. 1.266).

- Enviado às Comissões de Constltuiçlioe Justiça e de segurança Nacional.

- Em 21-3-1966 - fala o autor apresen­tando o projeto.(D.C.N. - 22-3·1966 pAgo 1.167S.I.>.

CCJ - Em 24·3·1966 - é dlstrlbuldo aoSr. WUson Martins.

(D.e.N. - 25-3-1966 - pág. 1.300 - S.I.>.

Comlsslo de Minas e Enerrla:Em 25·5-1966 - é aprovada. unClnlme·

mente. sugestão do Sr. EmUlo Gomes, sol!­citando. Mesa seja êste projeto remetldo aessa ComlssAo. .

(D.e.N. - S.I. - 7-6-1966 - pàg. 3.506>'

Em 20-!H966 - é deferido Oficio núme­ro 33/66, de 10-6-1966, da Comissão de Mi­na.s e Energia. sollcltando seja-lhe remeti­do êste projeto.

(D.e.N. - 21-6-1966 - pág. 3.956>.

SENADO

PROJETO N." 5, DE 1967"Revoga o art. 018 e seus parágrafos do

Decreto-Lei n.O 314, de 13-3-1967."(Autor; Sen. Antônio Balblno).D.C.N. - S 11 - 17-3-1967 - pAgo 398.

- Enviado As Comissões de Constituiçãoe Justiça e de Segurança. Nacional.

eAMARAPROJETO N.- 010, DE 1967

"Revoga o Decreto·LeI n.o 314, de 13-3-67,que define os crimes contra a segurança na·cional, a ordem polltica e social. e dá ou­tras providências."

(Autor: Dep. Matheus Schmldt)(D.C.N. - S. I - 5-4·1967 - pág. 1.016>'

- Enviado às Comissões de Constltulçáoe Justiça c de Segurança. Nacional.

- Em 16-3-1967 - fala o autor apresen­tando o projeto.

(D.e.N. - S. I - 17-3-1967 - pág. 685>'

CCJ - Em 5-4-1967 - é dlstribuldo aoSr. Arruda Câmara.

(D.e.N. - S. I - 7·4·1967 - pág. 1097).

- Em 11-5-1967 parecer do Dep. Ar-ruda Câmara pela rejeição, por inju­rldicldade e falta de técnica. leglsla.­tlva. Concedido vista ao Dep. Celesti­no FiJho. ~ aprovado requerimento doRelator. no sentido de ser sollcltada aanexação do Projeto n.o 57/67 ao pre~

sente projeto. por t.ratarem de matériaanáloga.(D.C.N. - 5. I - 19·5·1967 - pági­na 2.435>'

- Em 19-5-1967 - é deferido o OUclon.o 31/67. da CCJ, solicitando a anexa­ção do Projeto nO 57/67 a esto. pro­posição.<D.C.N. - 5. I 20·5-1967 - págI-na 2.457>'

- Em 31-10-1961 - fala o Sr. CelestinoFilho. para umA. comunicação.(D.e.N. - S. I - 1·11·1967 - p6gl_tlll. 7.214).

CCJ - Em 20·3·[968 - é aprovado re.querimento do Relator, Sr. Luiz Athayde,no sentido de Que ao presente projeto 6e­

jam anexados os de n.os 71/67 e 1.047/68.

(D.e.N. - S. I - 30-3-1968 - pág. 972).

- Em 27-3-1968 - ~ deferido o Oficio daCCJ anexando os Projetos n.Os 71167e 1.047/68 a éste.(D.e.N. - S. I - 28-3-1968 .- págt_na 831>'

CCJ - Em 20-3-1968 - O Relator ArrudaCâmara oferece parecer pela Injuridlcldade.O Sr. Celestino Filho, que pedira vista, apre·sentou voto concordando com o Relator.Rejeitado o requerimento do Sr. NélsonCarneiro, solicitando anelCaçáo dêste proje­to ao de n.O 71/67. Rejeitada a prelimInarde InconstitucIonalidade argillda pelo Dep.Tabosa de Almeida. Ressalvada a emendado Sr. Nélson Carneiro. a Comissão apro­vou o parecer do Relator peia Injurldlcldadedo projeto. Apro~'adl\ com parecer contrá­rio do Relator. a Emenda substitutiva doSr. Nélson Carneiro (Revogando o art. 48e seus parágrafo~. da Lei de Segurança Na­clonal). o Sr. Nélson Carneiro foi designa·do para redigir o vencido.

(D.e.N. - S. I - 30-3-1968 - pág. 972).

(:AMARAPROJt;TO N.O 56, DE 19B7

"Revoga o De<:reto-Lel n.o 314, de 13-3·67,e dá outras provídênclas."

(Autor: Dep. José Carlos Guerra)D.e.N. - s. I. Supl. - 6·4·1967 - pági­

na 9.

Page 75: J SENADO FEDERAL

14 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Enviado às Comi.",ôes de Constituiçãoe Justiça e de Se,;urança Nacional.

Em 16-3-1967 -- fala o autor apresen­tando o proJeto.m.c.s. S. I 17-3-1967 - pági-na 685.1.

- CCJ - Em 5-4-1967 -- é distribuído aoVep. Rubem No!,:,ueira.m.e.N. - S. I 7-4-1967 -- pági-na 109BI.

C.HIARA

PROJETO N.· 57. DE 1967

"~voga o Decreto-Lei n_O 314. de 13-3-67(Lei de Segurança Nacional). e dá outrasprovidências."

(Autor: Dep David Lererlm.C.N. - S r Supl. - 6-4-1967 ~ pá­

gína UI.

~ Enviado às COlni~s6es de Constituiçãoe Justiça e de Segurança Nacional.

Em 16-3-1967 - fala o autor apresen­tando o projeto.m.C.N. - S, I 17-3-1967 - p:í.gi-na 6851.

CCJ __ o Em 5-4-1967 -- é distribuído aoSr. Arruda Câmara.

m.C.N. - S. I - 7-l-1967 -- pág. 1.09BI.

~. Em 11-5-1967 i:: aprovado requeri­mento do Relator Arruda Cãmara, soli­citando anexação deste projeto ao denO 40'67.

Em 19-5-19fi7 é deferido o OfícionO 31'67. de 16-5-1967, da. CCJ, solici­tando anexação cléste projeto ao de11° 40,67.

m.c'N. S 20-5-1967 pá-gll1a 2.457.1.

Anexado ao }'rojeto n." iO 67

<:A:\I.\ H ..\

PROJt:TO ~·.o 71, DE 19H7

"Re~'uga o Decreto-Lei nO 314, de 13-3-67.e revigo!'a a Lei n." J.80~, de 5-1-1953, quedefinem os ('l1lnCS ('on! r:t a ~egurança na­cional e a onlem polltll:a e social."

(Autor: Dep. Mário ('uvasl

m.CS. -- S I- ~1--t-196~ )ág. 1.5531.

Enviado as Comis..,ôes de Constituição(. Justiça (' de Segurança NaCIOnal.

Em 17-3-1%1'· fala o autor apresen,tando o proJeto.

I D.e.N. ~ S. I -, 18-3-1967 - pági­111\ 725).

CCJ Em 13-4-1967 e dlstnbllido :10

Sr. Flávio Mareího

ID,C.N. - S. I -- 14-4-1967 - pág. 1.346>_

CCJ Em 17-10-1967 -- é redistribuídoao Sr. Montenegro Duarte.

m.e.N. -- S. I 4-11-1967 -, púg. 7.2641.

. Em lJ-JO-1967 - faJa o alJIDr, Dp}).Mário Covas, para Ullla questão de or­dem. sôbre urgência pedida para opresente projeto e ainda não posta emvotaçâo.

m.t.N. --- S. I -- 18-10-1967 - pá­gina 6.700 I .

-- Em 18-10-1967 ~ o Sr. Presldrnte res­ponde à questão de ordem do Sr. Mã·rio Covas.

(D.e,N. - S I ~ Supl. --- 19-10-1967- pág. 101.

-- Em 25-10-1967 '- o Sr. Presidente põeem votação o requerimento de urghl­cia do Sr. :-.erário Cova.s. 81'\1: 3~:

NAO: 160_ REJEITADO. Nlí.o hOLlvenúmero.

Verificação de vot.aç:io a requerimentodo Sr. João lIerculinn.

Declaração de voto do Sr. Flôres Soa-res voto contra.

(D.e.N. - S. I SllpL 26-10-1967página 211.

Em 25-10-1967 ~ na Sessao Noturna.o Sr. Presidl'nte submete a votos, re·quelimento do Lider :vrário Covas. deURG:E:NCIA para [) projeto.Em votaçãu-- REJEITADO.O Sr. Mário Cova.'i requer vcrificaçáode votação Fpit<t a chamada nominal.vaiaram :!53 Srs. Deputados. sendo 94SIM e 159 NAO.

ESTA REJEITADO O REQUERI-MENTO.

-- O Sr. Mário Covas, em questrto de or­dem, requer. dI' acordo com o arl. 175,do Regimellto Intel'llO, que o Sr. Presi·dente fixe prazo para apresPl]taçâo doparecer.

(D.C,:,\. - S. I SlIpl - :!fi-1O-19G7-- página 311.

- Na mesma Sl's~ào, o Sr. Presidente rl's-ponde à questão de ordem acima llCí'n­cionada. comunicando que () proJI~to

foi redlstrlimído na CCJ a 17 de ou­(libra. em virtude da ausencia do re­lator; mot.1VO pelo qual a Presidênciaacha justo ~(' dêem mais 30 dias aonovo RelatJ.)r para produzir {] s€u pa-

Page 76: J SENADO FEDERAL

_____ JAH'EIRO A MARÇO - 1968 75

recer. Não haverá prejuízo algum parae. tramltaçll.o do projeto, uma vez que dee.cc1rdo com o art. 175. se houver ne­cessidade, poderé. êste prazo ser prorro­gado peJa Comissão por maJs 30 dias.(D.C.N. - S. I Supl. - 26-10-1967 ­página. 32).

- Em 8-11-1967 - fala o Sr. Mário Co­vas, para uma questão de ordem. SO­lIcita a colocação do presente projetone. Ordem do Dia. O Sr. PresidenteInfonna que a Presidência se esforça­ré. no sentido de atender à solicitação.(D.e.N. - S. I Supl. - 9-11-1967 ­página 13).

- Oficio n.O 39/68, de 20-3-1968 - DaComlssio de Constituição e' Justiça ...Que os Projetos n.Os 71/67 e 1.047/68,sejam anexados ao de n.o 40/67. portratarem de matéria idêntica.(D.C.N. - S. I - 28-3-1968 - pág.831).

- ANEXADO AO PROJETO N." 40/6'1.

CAMARA.

PROJETO N." 2a9, DE 1967"CotUiJdera de Interêsse da Segurança Na­

cional o exercfclo, pela UnJão, do monopó­lio InsUtu1do pela Lei número 2.004, de3-10-1953,· que dispõe sõbre a polltlca na­cional do ~tróleo. e dê. outras providências."

(Autor; Dep. Janarr NllJus)<D.e.N. - S. I - 20-5-1967 - pég. 2.481).

- Envia.do ê.s Comissões de Constltulçl!.oe Justiça, de Minas e Energia e de Se­gurança NacIonal.

- Em 10-5-1967 - fala o autor apresen­tando o projeto.(D.C.N. - S. I - 11-5-1967 - pá­gine. 2.124).

CCJ - Em 18-5-1967 - é dlstribuldo aoSr. José Carl05 Guerra.

(D.e.N. - S. I - 23-5-1967 .- p~. 2.577).

CCJ - Em 8-8-1967 - é concedida "vis­ta" ao Dcp. Pedroso l1ortlr..

(D.C.N. - S. I - 15-9-1967 - pâg. 5.516).

CCJ - Em 23-8-1967 - o Sr. PedrosoHorta, que pedira "vista", solicitou a au­diência do Estado-Maior das FOrças Anna­das (EMFA) e do Conselho de segurançaNacional. Aprova.do.

(D.C.N. - S. I - 2-9-1967 - p~. 5.(95)

- Em 1-9-1967 - é deferido o Oficio den.o 116, de 17-8-1967, da CCJ, solici­tando audiência do Conselho de Se-

gurança Nacional e do Estado-Maiordas FOrças Arrna.das.(D.C.N. - S. I - 2-9-1967 - pági­na 5.053).

- Em 6-9-1967 - pelo Oficio n.o 2.830,é transmitido ao Chefe do GabineteMilitar da Presidência da Republlca.<D.C.N. - S. I - 23·9-1967 - pá­gina 5.823}'

CCJ - Em 27-9-1967 - é aprova.do pa­recer do Relator, Sr. José Carl05 Guerra,pela constltucionallda.de e jundlcldade,unAnimemente.

(D.C.N. - 5 I - 5-10-1967 - pág. 6305L

CSN - Em 11-10-1967 - é dlstnbuido aoSr. Floriano Rublm.

(D.C.N. - S. I - 7-11-1.967 - pl\g. 7.324),

CSN - Em 8-11-1967 - o Relator, Sr. Flo­riano Rublm, oferece parecer favorável, comemenda adiUva ao art. 1.°, Inciso I.

;l;; concedida "vista" aos Srs. Bernardo Ca­bral. Souza Santos, Carvalho Sobrinho eClóvis Stenu!.

(D.C.N. - S. I - 30-11-1967 - pág. 8.434).

CSN - Em 24·1-1968 - os Sn. CarvalhoSobrinho, Bernardo Cabral, Souza Santos eClóvis Stenzel, Que hav1am pedido "vista"conjunta, conclulrtun peJa sol1clta.çl\o deaudiência do Conselho de Segurança Na.clo­nal. do Estado-Malor da.s FOrças Armadas,do Ministério das Minas e Energia. do Con.selho Nacional do Petróleo e da PetróleoBrasileiro 5./A. - Petrobrás.

POsto em votaçil.o. o pedido de audiência,foi aprova.do por unanimIdade.

(D.e.N. - S. I - 19-3-1968 - pág. 525).

- Em 26-1-1968 - é deferido OUclo den." 14/68, da Comissão de SegutlmçaNacional. solicitando da Mesa audiên­cia do Conselho de Segurança Nacio­nal, Estado-Malor das FOrças Annadas,Ministério das Minas e Energia, Con­selho Nacional do Petróleo e da Pe­trobrás.(D.C.N. - S. I - 27-1-1968 - págl­

·na 379).

- Em 1-2-1968 - pelo Oficio n." 610. de31-1-1968 - ao Ministério das Minase Energia.

- Em 2-2-1968 - pelos Oficios n.os 611 e614, de 31-1-1968 - ao Ministério dasMlna,s e Energia.

- Em 2-2-1968 - pelos Oficios n.OS 612e 613, de 31-1-1968 - ao Gabinete MI­litar da Prcsldêncla da Republlca.

Page 77: J SENADO FEDERAL

76 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

* LEI N." 2.004, DE 3-10-1953

"Dispõe sôbre a Poli1ica Nacional do Pe­tróleo e define as atribuições do ConselhoNacional do Petróleo, Institui a Sociedadepor Açôes Petróleo Bra"iJeiro S,/A" e dáoutras providencias:'

D.O. - - 3-10-1953,

('AMARA

PROJETO N." 582, DE 1967

"Torna obngatória a prr-vill. autorizaçào doConselho de SeRUl'ança Nacional para a rea­lizaçào das operaçlies que menciona. e dioutras providencias."

(Autora: Dep. l'õysia Carone 1

ID.C.]';. -- S. I 4-10-1967 -- pig. 6.208l.

Enviado às Comissôes de Constituiçãoe Justiça, Sl'gurança Nacional e Eco­nomia.

- Em 28-8-1967 ... fala o autor apresl'n­tando o projeto.lO.e.N. - S. I - 29-8-1967 - - pá­gina 4.9051.

CCJ ~ Em 18-9-1967 - é drslrlbuido aoSr. Geraldo Freire.(D.e.N. - S. I _. 26-9-196, - pá­gina 5.878).

-- Em 19-3-1968 - r- recUsLribuido ao SI'.Erasmo Pedro.m.e.N. - S. - n·3-1963 _. pá-gina 707 J.

{'AMARA

PROJETO ~.o 764, DE 1967

"Define segurança nacional e os crimescontra ela perpetrados, e dá outras provl­dências,"

(Autor: Dep. Celestino Filho)D.e.N. -- S, I SupL .. 28-11-1967 _.. IH~­

gina 59,

~ Enviado as Comissões de Const.itulçãoe Justiça e de Segurança Nacional.

._- Em 7-11-1967 -- fala o Sr. CelestinoFilho, para uma comulllcação.\D.C.N. - S. I -- 8-11-1967 -- pá!;'i­na 7,361>.

- CCJ - Em 26-3-1968 -- é redistribuídoao Sr. MOlltenegro Duarte.

S.:NADO

PROJETO 1'\.0 19, DE 1968

"Submete à prévia aprova':üo do Conselhode Segurança Nacional as atribuições Quee-"pecifíca."

(Autor: Senador Uno de :Hattos)D.e.N. -- S. TI - :l:!-:!-196H - püg, 459,

-- Enviado às Cmnissõl's dl' Constitui~';l<J

e Justiça, dl' ~eglll'allça NaCIonal e dl'Agricultura.

('/Dli\RA

I'ROJETO N," 1.04•. DE 194;8

"Revoga o art. 48 d() 1)t'rTpto L"i núme·ro 314. de 13-3-I!H)7."

IAutor: Dcp. Wilson i'lartinsl

Ohs.: N;lO foi publicado.

-- EnVIado às Comissôes de Conslltlll~':'io

e Jusl iça " de Seguran~'a NaCional

CCJ- Em 13-3-Hl61l dicl nbllido aoSr. Luiz Athaydr

{D.C.!'\. -- S. I _. 20-3-19f18 - p;lg 5761.

.. - Em 19-3-1!Jíi8 --- o Sr. :\-li\rio Covasapresenta requ~rill1('nto, s(Jlidtnndoimediata dis<:\lssáo e volal:ão para (',teproJeto_Falam, para encatlll111wf a v[Jta~';l() dorequerimenlo, os Srs. Deplltados' lllti­mo de Can'illho, I\l:irio CO\'ilS I' ('hl­vis StelUl'1.

Em votação: (chamada nOlllinall SI;-,f,99, e NAO, 133 - REJEITADO O RE­QUER1:'vIENTO.

(D.C.:-;'. -- S. r . - 20-3-1!16R - p,lgi­na. 5631.

CCJ - Em 20-3-1968 - é aprovado o rl'­qUl'rimento do Relator, Luiz Atha\'tl<'. nosentido de que o presente projeto -e o den," 7167, sejam anexados ao de 11." 40 1i7,

(D.e.N. - S. I -- 30-3-1968 -- púg, !l7:n.

- Em 27-3-1968 - - ,i drff'rido Ofício cl:\CCJ anexando 1'0,1 e proJdo ao de nú­mero 40 67.

Anexado ao Projeto n.O ,10 fi7

PROJETO ~." U}!!O, DE 1968

"Revoga o 3rt. 48 do Denl'lo-Ll'i 11." 314,de 13-3-1967, qlle define os crimes contra. ~1

segurança naciol\al. a [lrdem llolilica e so­cial, e dá outras providl'ncias"

(Autor: Dep Padre Antônio Vieira'D.e.X. -~ S. I - 23-3-)96/3 - - püg, 671.

~ Enviado às CO!lli,s<Jcs cil' COllStit lliçãoe Justiça c dt' 1:iegUranCl NaCIO!lal.

Em 13-2-19fi8 faIa n ;[\lem' aFrl',-f'!l-tando o projeto.(D.C.N. - S. I 14-2-1%11 (l.\-

gilla 876 ' .

Page 78: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 77

DISCURSOS

Discurso do Sr. Senador CamUlo Norueirada Gama.

- Cassação de novos munlclplos em Mi·nas GeraisD.C.K - S. II - 29-6-1966 - pág. 1.808

Discurso do Sr. SCnador Aurélio Vianna- Decreto-Lei n.O 314/67

D.e..,". - f;. II - 18-3-1967 - pl\g. 419.

Discurso do Sr. Deputado Hermano Alves- Decreto-Lei n.o 314/67

D.C.I\i. -- S. I - 18-3-1967 - pâg. 721.

DL~curso do Sr. Deputado ~lata Machado

- Decreto-Lei n.O 314/6'1 - CriUce.sD.C.N. - S. I - 30-3-1967 - pág. 821.

Dlscurso do Sr. Deputado Paulo Macarlnl- Decrcto-Lel n." 314/67

D.C.S. - S. I - 8-4-1967 - pág. 1.135.

Criticas do Sr. Deputado Mário Covas

- Decreto-Lei n." 314/67D.C.N. - S. I - 13-4-1967 - pâg. 1.278.

Discurso do Sr. SCnador Josaphat Marinho- Decreto-Lei n.o 314/61

- Considera-o InconstltuclonalD.C.S. - - S. 11 - 20-4-1967 - pág. 703.

Questão de Ordem do Sr. Deputado Má­rio Covas

- Decreto-Lei n.O 314/67

- Apreensão do livro Torturas e Tortu-ra.dos, do Dep. Moreira AlvesD.C.S. - S. I supl. - 1-6-1967 - pá­gina 25.

Discurso do Sr. Deputado Márcio Morei­ra Alves

- Decreto-Lei n." 311/67-- Apreensão do livro Torturas e Tortu-

rad09

- Defesa do autorD.C.S. - S. I - 7-6-1967 - pã.g. 2.992.

Comunicação do Sr. Deputado FranceUnoPereira

- Municípios-- Area. de segurança nacional.

D.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pág. 543.

Comunicação do Sr. Dcputado DJalmaI"al~ão

-- Munlclplo$

- Arca de segurança nacionalD.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pl\.g. 543.

ComunicaÇÍlo do Sr. Depullldo Alceu deCarvalho

- Municípios- Area de segurança nadonal

D.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pág. 543.

Comunicação do Sr. Deputado '{nUmo deCanalho

- MunIcípios- Arca de segurança nacional

D.C.N. - S. I _. 3-2-1968 - pâg. 543.

Comunicação do Sr. Deputado Humber­to Lucena

- Municípios- Area de segurança nacional

D.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pág. 543.

Comunicação do Sr. Deputado GastoneRighi

- Munlclpios- Area de scgurança nacional

D.C.N. - S. I - 3-2-1968 -- pig. 543.

Discurso do Sr. Deput.ado Geraldo .'rei­te (como Llder)

- Mwllclpios- Area de segurança nacional

D.C.N. - S I - 3-2-1968 - pág. 543.

Comunicação do Sr. Deputado lIenriquelIenkln

- Municlpios- Area de segurança nacional

D.C.N. - S. I - 6-2-1968 - páginas581/582.

Comunicação do Sr. Deputado WilsonMa.rtin.~

- Municípios- Area dc segurança nacional

D.e.N. - S. I - 6-2-1968 - paginas581/582.

Comunicação do Sr. Deputado João Borges- Municlplos- Area de segurança nacional

D.C.N. - R I - 6-2-1968 - páginas581/582.

Comunicação do Sr. Dcputado Paulo Abreu

- Municípios. - Area de segurança nacionlll

D.C.N. - S. I - ,·2-1968 - pâg. 627.

Comunicação do Sr. Deputado Vital doRêA'O

- Municípios- Area dc scgurança nacional

D.C.N. - S. I - 7-2-1968 - pág. 627.

Page 79: J SENADO FEDERAL

78 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA-- - ,. --, ,-, - ".- ------_. - -- - .-

Comunicação do SL Deputado GetúlioMoura.

Municipios

Arca de segurança naCIOnalo.e./Ii. - S I ~~ ~-2-1968 --- pago 62'1.

Comunicação do SL Deputado Zaire Nunes

~~ Municípim

Area de segural'Ça :lacionalO.CS. -- S r - 7-2-1968 .--- pago 627.

Comunicaçao do SI'. Deputado :'llário :l-Iaia

Municipio:'>

- Arca de S('gllrança nacionalD.t',N. - S. 1- :\-2-1968 - púg. 613.

Dlscurso do SL Deputado Getulio Moura.~- MUlllCípl(b

-- Area de segnrança llacHJnalD.eS. - S. I ~L2-196B - pag 714

Cunnmicaçao do Sr lkputado Henriqul'lIenkin

MUlllClPIOS

Area de segurança naciunalO.C.I\'. - S. r 10~2-1968 - pago 741

CUlnul1lcaçáo rio Sr'. Deputaelo ('elsoPassos

MuniClplos

Area de .,cgurallça naclOllalD.e.X.- S. r 10-:'-1%8 -- pago 747.

Discursu elo SL l),:pUl.ado I'edro Gomlim

MuniClplOs

Area ele Sl'gllraII(.:a naClt,llalD.C.S, -::-\. I 10-2-19ti8 pág. 14i.

Comullil'a,'[iG d(1 SI'. lJeputado AdylioYianna

:.,.t UIllC iJJlOs

- Area de s('gur.1I1ça :;.,cl(lnalD.C.S. S I 13-2-1968- ~jg, 80S.

CornUlllcaçclO li" S" I )cputado CunhaBueno

MIJllI('Í\llO"

.- Area de :-t';.!',Jran\'a ~la',_l(lnal

Ja foram ouvicl:l S. {'m ~fI Muni­CiplOS de Süo Palllo, ;5J20 pc'~soas, e.embora ];l'W l'~lí'ja aLIda concluída a"cnquetp J ,\ jJ1IÜl'lllC" adIantar que 93pur ccn LO d( IS prOlUl)l·· ia In L'11 (('S j oramCUllCl'a)"jlJ$ Ú f'Xr 1Il,fw âa [I utOllOlllW

111 t1lliLl]Ml.·

n.l'.:-; S. I 14-2-1%8 -- pago 8t;8D1SLllr~() d'l S!· U('put clclu (ia:,tunl' Ri~hi

\-tlJl;il' ip" I.,- An'a de ;j1·L;ur~il:(.-a !:~l('iunnl

O.C.S. S T 1~-2-19IiB p'lg 94g

Discurso do Sr. Deputado GI'lúlio Mllura

Conselho de Seguran\'a ~al"ional

Reformulação - CondenaD.e.N. Ses~ão COIlJunta 16-2-196tl- pág. 50.

Dl~ur:;o do SI'. Semidur Jo,aphat l\-Ia~itlh()

--. Decreto-LeI n." 314 6,

InconstItucionalidade do art. 41\, decla­rada pelo ST.FD.e.N. --- S. II ,. :n-~-1~68 - pág. 493.

Comunicação do SI'. Depul'ldo :'IlarioCovas

Decreto-Lei 11.° 314 6,Art. 48 e paragrafo~

" ... qUl'rO encaminhar à I\le~a prOjetode lei que revogli () art 48 e seus pa­rágrafos do Decl'eto-Lt'i n." 314 6í.",.

D.C.!\'. ::l. I ;!fJ-3-1%8 pat{. 560

Comunica,'üü do Sr Depul a<1o Padre Xobre

Município~

Area de sl'guran~'a wHiunal" ... Não cont~rel'l1Cj{) que um (TovPl"notào hem armado precIse conflllar lllU­njciplOs. tIrar do rum a prl'ITo;.:allvadas hberdadc~ democráticas. lIa mam­fe~taç.ão livre do S('U voto."D.C.S. S r 21-3-196tl p,'lg ti06.

ISSTlTUTO DOS .'\nVOGA1l0:-; DE SAOPA{;LO

Sao Paulo. :i d(' maio de 1!Joi," ... () prOlllJl1CJanIC1HO do IJl~t1(uLo dosAdvogados de Si\o Paulo. ~óbrl' fI. novaLei de SrgllnUl\'a NaclOllal. d~vjdaml'n­

te aCOlllpalllwlÍo de copIas das confe­rPllcia, pr0ll111ICl'lda~ pelos t'1l1111ClIt.;sCOllseltlelros. Dl', Tlleoelolllldo Ca:.tlglío­Ile e Prol I)/, J B ~':ana de :\1oraes.l' pelo ('l!l('nlo Prof. DI' No<' Azevedo.110 estud" daquela Lel."

D.(l.X. - Ses~'-IO C[1:~.ill:1:a ~~}-:J-19t;7

pi'lg. 574.

REQl.·ERL\lESTO IH: (,O."\'\'O<A<".-\O S.o4,068. DE 191.8

De autnria (lll :--lI' ]),'plitadn Fra.nctS('o.-\maral

C\.111Ilicipl0S ai( 101110.. Tia .L1"l'~l dl' ~\~~ll­

r:ll!ça. naCHlnal"Solicila. l:loS ~t'rllll):... reglnll.'lllaLs, ;-il'Ja

cOllVOC'Wu [) E"tllJ. sr. \L 1. 1.' i rn da Ju,­tiça, a flrn de prestar. ali Pll,tl:ú·ju daCúltl'lr<t do:. Ikl)\I1 a<il), :111, "'ltlaçües,,(\ore proiet OJ dl' :.. 1 'OJllpl"llH'lli ,.1' a af­tjgo (la COtl,llta,,'31) du Bra:.ll .D.C:\". - S I - ti<l-l%B jl:i:! ;,5

Page 80: J SENADO FEDERAL

PESQUISA

MENOR-UM PROBLEMAPÔSTO EM QUESTÃO

(2'.1 l'ARTE)

Orientador de Pesquisas LegislativasDirtlorio cU lnfoTlnaçlfu Legislativa

"DICA-SE O QUE SE QUEIRA: O ~XITO OU OFRACASSO, O PHOCRESSO OU A INVOLUÇÃOD~STE COMO DE TODOS OS DEMAIS PAlSES DOMUNDO DEPENDEM "ESSENCIALMENTE" DAEFICII!;NCIA COM QUE SUAS CEH.AÇOES JOVENSSÃO PREPARADAS PARA ENFRENTAR AS ATUAISCONDIÇOES DA VIDA HUMANA."

EMILIO MIRA Y LOPES

"Psicologia Evolutiva da Criança c do Adolescente"

o MENOR NO DIREITO CIVIL

SUMARIO - I - O Pátrio Poder. II - Inca·pacidade Civil. 111 - Responsabilidade Civil.IV - O Projeto do Nôvo Código Civil de Auto·ria do Professor Orlando Gomes. V - AlgumasOpiniões. VI - Aspectos da Menoridade, Ca­pacidade Civil, Idade Núbil e Adoção, no Di­reito Alienígena.

Page 81: J SENADO FEDERAL

80 REVISTA DE INFQRM.6.ÇÀO LEGISLATIVA

I () 1'\TlUO PODEH

.. Aos Vil1tl' (' 11111 :l1l('S CI 'mIl Idos acabaa menoridade, ficando o individuo habi­litado p~ra l()dil~ os atos da vida civil,"IArt. 9.° elo CodJgo CIvil.!

"Tal fixac;'w cil' lclade. que llOderiaser aos vintl' I' cinCI). uu mais tardr,uu entre Vinte' (' um e vinte e cinco.ou antrs de vintL' " 'llll. a\wnas L' ex­pE'diE'n te p~l r~: ~e turnar qll3.n\i ta ti Vil

o qual! t~l tI"iJ I n,pt()(jo d,' sub- rogar:üoaproximaUvil H VO~ JHERIKG. Dl'rBesitzwil!l'. 1:iO I O p('rl.~ar. o querert' ;, con'C:"':lci:, li'l dcv('r I' da rc~­

ponsalJilid;vll'. q',lc ~c atrilJuelll it id;ldc.SE'm se :<,Í)('l' qll;mdl) .'C f,)rtalcrcm Sll­fi('ien tl'IlH'1l t (', 11 :\(1 p,Jderiam ficar amerc(~ de pl'rJclas. it vpnfi(:aç;'LO in {'asu.Dal cada ~ht('mil !lll'Hlico tE'r de adotarquantitativo a quc liglll.' [] qualitativo damatundadp," '.; I

Nosso kgJslad()r cnt('ndeu que o qua­litativo da maturiel:tde só l' attngido "osvinte P Ulll anos ele idade, ll.tc entào,a ('dU('~H:iHl JnOl":tl r fj"ica é dever pri­mordial dns pais df't('ntorrs do pátriopodee ,f:Sll', nCw c lInJa ('rw,eüo artifi­cial do 11'gisiadlJr Artifirta( variúvclsegundo as diferentes urdens morai::; Pcconómic:ls. (' a fixacüo da idade-limitr.a cujo alranc{' fira s'\lll,)rdinado () devcrde protcç:'(CJ di):' pais p~lra com os filhosl11l'l1ores, ua sllpusil:~'lO ele que ést(~s nãoestào, aillcl~l.. bastante fo::taleclelos paraa (Iire~'Cto (!e sc'u" atns, adaptação ~, vidasocial. consc]"V[leClO (' dcsenvolvimento deseus 11U yt.["(.,-;

O artigu :37~! do Cudig,) Civil Brasileirudetermll1a qw' "os filllus l('gJtimos. oslcgi tim "do" (I.' kgallllcn! l' n'conll('ciclos(' os aclotlvlls ('stão Hljeitos 8.0 pátriopoder, Cn(p:llltlJ ml'nort:s".

Qual a siglllfH' ~lÇClI) (':·:a b cJ\ossl' insti­tuto) Qual il SUi, gt;rwse E' l'V'JIUc;ClO?Qual a sua :tlllJllltll(il' dentro de nossoelirPito pOSI\l\'I)~

Ka r1dinicClU elc' CLOViS BEVILAQUA.repetiel:t e a('('iLI por g:'ande rarte dosautôres patrills "c' [) c, ,mplcxD dos di­reitos que a lei ('1Jl1ferc ao p:l.l. s(jbre apessoa e os bens dos filllOs".

Cumpl'l' lllltar, entretanto, que essadefiniC';-1O - a seu te:llpo cunsicleradaperfcita - jil IÜO se ('O:1duna com omoelerIw 1)ensalllPnto d;l ci{'neia do di­reiu), cOlidellanUlJ-sc. !Jojr' l'm d~a. or'xelTíeio do pátria potestas l'om exclusi­vidade pejo p:u. A condlçào de exclusi-

vidade paterna era comu ainda o sàotantas outras P:lrt(,,< ele) nusso diplomaeivil ,-- r('~quicio da manifesta influl'n­cia do antigo dIreito romano na elabo­l'arào de IlIJSSO coc!q,o.

É bem n'rclade qur, como correta­lllente ensill;l SADY CARDOSO DEGUSMAO. "O ]la triu p,)dcr, no sistemndo Código Civil, nàu cra exercido. comabsol\lti~nlll pelo pnl. (' ml'~mo a ('xclu­sividade dC'\'b ser entelldida em ti'rIllOS,combinando-sI' as di~p()sic()l"'i elo COdI­go". , I

A atribllict,) di' p:li n:'!u t()rnav:l, as­sim, despi('Í('llda :l colahoracCw da mãe.A import:-'::C::I di ,"Ja participaçClO no(~fet.ivo eX"l'('wio r!CSS(' podl'l', estava im­plirita em v:\no.' dbposiUnls,

Fnt rl·tan to. lliJ",n i('~:>Ll(.Ior- a tI'n"dendo às modc mas te'l1Cli'nC'Ías e emc'onsonúncJa ('om a Dc('!aracClo dos Di­rei tos elo Humem e a COlH'I'!1Cio de 130­gotá dr U148. da;; quais fOJ))I)S signata­rios - !JOUVf por bem tr:1nsformar essaimpllcitud(', lluma expressa necessidadeela eoopcr3çà() da m:'lc no ~eu exercicio.

A con('retizaç~'lO dósse entendimentoveio atraves (Ll LCI n." 4121. de 27 deagósto ele 1~62. dando nova redaçào aoartJ~o 380 do Código Civil. que passou as('r a seguin te:

"Durante {) easamento. ('ompctl' opátrio lloder aos pais. cxercl.'ndo-oo marielo com a colaboração da mu­lher. Na falta ou impedimento deum dos pl"og-enitores passarú [] outroa cxercé-l(l com exclusividade,

Parágrafo único - Divcrg-indo osprogenitot"!'s quanto ao exercicio dopátrio puc\cr. prevalccerá a cleeis~'lo

elo pai. fl's.';al vado a màe o direi to derecorrer ao Juiz para sOIUC;'LO da cli­vergéll('la, ..

O aleanc\' cI a culaborac:ã() da m ullll'r.ali referida, () limitr de ~ua ingerên­cia no eXt'l'cícw por parte do marido, éassun to ainda não dilucidado percucien­temente, quer pela doutrina quer pelajurisprudêJlC'ia

WASHINGTON DE BARROS MONTEI­RO dêle se ocupou em seu Curso de Di­reito Civil, Se1l ('scólio ao artigo 380 eparúgrafo ele\'(' , entrptanto, ser rnrarado

I I) .Pontes el' \l.i.r.fL!lria. "Trat~ldo de Dirf'itnl'riVll<10" VaI. 1. pago 1~2.

'2} "HE'pPt·t~·,:,~1'i I·7~H'tdop(\d.lr~l dll Din-itu Bra-sllpl:'O" \'ed. :H3. pú~. l64 -- P:"drio POdí'f

Page 82: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 81

sub judice, segundo o entender de SADYCARDOSO DE GUSMAO à página 166,volume 36, do Repertório Enciclopédicodo Direito Brasileiro, verbls:

"Deve ser entendida com reserva aaflnnação de WASHINGTON DEBARROS MONTEIRO, de que "o po­der é simultâneo, mas o exercício édo marido com a colaooração damulher", visto como a lei pressupõeo exerciclo em comum, quando diz"divergindo os progenitores quantoao exercicio do pátrio poder", Em­bora haja de prevalecer a decisão domarido, a mulher terá direIto a re­correr ao juiz."

De qualquer forma, aos jurisconsultosrestará apenas a interpretação dos limi­teS da cooperação da mulher e nuncaquanto ao relêvo e necessidade da parti­cipação materna.

Vemos, assim, estar desajustada frenteà moderna concepção de pátrio poder,a mencionada definição de CLóVIS BE­VlLAQUA. Muito mais atuaLLzado o pen­samento de PONTES DE MIRANDA que,em síntese, conceitua o Instituto comosendo o conjunto de direitos concedidosaos pais, a fim de qUe graças a êles, pos­sam desempenhar a sua missão protec­Uva em relação aos filhos. (3)

Mas nem sempre o patria potestas foIencarado dêsse modo. No antigo direitovisava muito mais ao Interêsse do paido que o do filho. Era exercido comrequintes de arbitrariedade, prepoténctae barbarismo. O pai Unha o direito devida e de morte sóbre os filhos, podendoatê transferir o dominio pela mancipatioc aliená-los. Num rápido repasse sóbreICl';islações antlgas, verifica-se a quebrutal expressão chegou o instituto.

Na Lei das Do7.C Tábuas encontravam­se perversas disposições como estas: de­via ser morta tõda criança Que nascessedisforme e o pai tinha sóbre ela o direitode lançá-la à prisão, flagelã-Ia e tê-Iaacorrentada nos trabalhos rústicos, ven­dê-la ou matá-la, mesmo Quando o filhogerisse os mais altos cargos da repú­blica. (~)

GOLDSTEIN, "Derecho Hebreo", ensi­na que no Direito hebraico o pai era aomesmo tempo, magistrado, sacerdote esenhor da vida c dos bens dos filhos. (~)

Entre os chineses. o poder do pai sôbreo fllho era multo grande, emoora nãofôsse absoluto. (r.)

O mestre LINO DE MORAIS LEMElembra, ainda. no seu excelente "DireitoCivil Comparado", que a Lei das SetePartidas de Castela pennltla vender ouempenhar os fIlhos, e até comê-los.

Até o século sexto da era cristã, havIaa permissão aos pais na venda de seusfilhos, cabendo a CARACALLA e a DEO­CLECIANO a declaração de IlIcitude des­sas transações.

Foi sob o Influxo do Direito germânicoque a antiga concepção romana de pá­trio poder se modificou, passando opater familias a perder, gradativamente,seus poderes absolutos. Com a influên­cia das novas ordens morais e econômi­cas, foi se desenvolvendo o reconheci­mento dos direitos dos filhos e a necessi­dade do amparo aos menores.

Aos direitos dos pais sôbre os filhos,somaram-se proporcionais obrigaçõespara com os mesmos. De Instrumentotirano dos interêsses paternos, transfor­mou-se em escudo prorotor dos Interês­ses filiais, destinando a êstcs a tutelajurídica.

E chegou-se, assim, ao moderno con­ceito em que existe a bllateralldade, umareiação recíproca de direitos e obriga­ções, unindo pais e fllhos.

Foi-se mais além. Permitiu-se ao Es­tado a Intervenção na vida familiar, pa­ra Impor aos pais - quando estes dis­torcerem as funções tutelares da insti­tUição - o correto exercício de um po­der não mais considerado discricionário.Pode, assIm, o Estado, promover a ini­bição do pátrio poder, abrangendo essaexpressão a suspensão e a perda deste.

No direIto brasileIro houve uma cons­tante evolução no sentido de se restrin­gir, em benefício dos filhos, o pátriopoder. t o que nos ensina o autorizadoLEMOS BRITO (7), estribando-se emcomentários de JOAO LUIZ ALVES, queassim escrevia:

"O Código CIvil contém preceitosdesenvolvidos e mais precisos Que os

(3) Apud Sndy Cardoso de Ousmlo -- "~J)tr­tórIo F.nClc\opédlco do Dlrelto Bra5ilelro",Vol. :ui - P{\R 164.

(4) JORGE MUCCrU.o, O l\lenor e o Dlrdto,plg 128 - 1961.

(5) Apud UNO LEME, Dlfflto Cl\'l1 Compa­rado, p"". 230 - Nota 2. rO<laJl~.

(S) FREI JOAO BATISTA. Se Tdrn Ka6, La...110.ot", s"d~l 1 Pollur" deI Contuclonls­mo - Apud Llno ~me. obr clt. loco clt.

(7) Lemos Brito - "ObraJI COmplct.a.t;" - vol. 1- pllg. 2:'>9.

Page 83: J SENADO FEDERAL

82 REVISTA DE INFORMAÇÃO lEGISLATIVA

do Direito anterior. Ê:-tc só aclmitiaa suspE'nsi'i.o do pá.trio poder pelaincapacldadc fl:-;j(~a ou moral dequem o exercia lJlI por sua ausênciaprOllJnf':~ld:l em lugar incerto 011 re­moto."

O Código Civil P. realmentE', muitomais explíl'i to Seu artí~ü 394 determinaque "se o pai. ou núe. :lbusar do seujJudpr. hlt:lndu aL1S d"V"IT::' paternos, ouarruinando os bens d,)s filhos, rabe aoIui?:. requE'rcnc!o alg;1l11 parente. ou o r..Ii­luStl"flO Publico. aclnl.:u :l mcdid:l queI1w p~lre(:a r('clal~1aeL\ ;ll']a "egmança do111pnor c seus !lavercs. s·.lspcndendo, até.quando convenha, o patriu poder".

E lJ ."cu ,)ara~raf0 únko amplia os ea­sos de suspells;'lO. prpcdtu;uldo qu(' "sus­[lf'ncle-sl' iv;ualmentc () ('xercicio do pa­trio p"dcr. ao pai ou müe condenadDspor senU'll~'a Irrecorrível. em crime cujapena exrecla de dois ano,; de prisãu.'·

Mais rigiclo. aind:" o a rt igr) 3~5 doCórlíp;o Ci\'il qlW prevI; ll:11a verdadeiraeapitis diminutio ma:dma con tr:l os paisilH':.lpa,es, ísto é', a perda do pátrio podercomo consl'qüfncia da gra vldade dos mo­twos ali enumerados.

Diz () citado artig'll: "Perder:1. por a tojudicial u patrio jJOder o pai, ou mi'i.c:

qlH' castigar imoderadamenteü filho.

11 que o deixar em abandono;

IH que pra tlcar a t,)S contra rios b.llloral l' aos bons costumls.

O ClHlígo ele Jl.le:lOres ,Decreto númE'­fi) 17943-A. 0(' l~~ ele ou1 ulm) d" 1927 ' ,eomo IPi l'spccial. tornou, no dizer deLEMüS 13IUTU. de certo modo aindamaIs Sl'\'('I"OS, por mal;; Cl.l]'(JS I' purmello­rizados. Uói dlS~)()'itl\'OS clr. Cúdigo Civil.E registra as p;davra,; el(' JH.PROVANDOFLEURY. em seus "Con;vntarios ao CÓ­digu de :\1cllllre:)'. ;lagill~1 7U:

"As Illccl!cbs elo Codwo Civil, pnn~

cipallllcn te :1'; do an i.!':u 3~J5) furam:lmpll,HLls ]l('i;1 I:(I\';L kgisbçao,atenciCl,dr. inclisc\ltinl111enl.t', ele mo­dt! eficaz, ~,s l;('ccs:;k;ldc~ l'vldentesde ordem .111rid:ca e :;lJcial, cll' povobrasil!'Íro" I' J

Todo O Capitulo V do C'Jclig(} cl~ 11e­non's r" Con,;:lgraclo i1. inilill':w elo p:í.triopoder (~ a n'mor~LO eia tl\pb. clesc!o­branc!u-sp ;l matt"'ria em :24 artigos eSl'll.' p:ll"a~:rarlls ~T~lCJ\lcle cÍlpluma o as­.,1I::'!ú fui clC'sc'nvu]Ylciu L' ,':s\l'matll,aclo,

enquanto que o Cóeligo Civil l' (} CodigoPenal limit.aram-se a trrLtá-Io C~J.(I:l qualno campo de direito que llll' e adstrito.

o Código Civil OCUIJCl-sr. primeira­mente, da suspensiío do pátrIO podlT. r,em sl'guidCl. d~\ ~tU perda. Inver:-;anwlltl'o faz o Cõdig,) de :-"h'nOfes

Mas isso {o incliferell te. no di!.er deBEATRIZ MINEIRO: "uma qUl'sti'i.o clt'método sem Import:úll'ia. IJllh LlIIto fa!.comee:ar pelo mais gr8.\'l' COll:O jlelO 111P­nos gravc·'. '~'I

Xi'i.o jnrursitJ~1ar('mos pelo ('ampo do.scódIgos Pl~nal (' elos Ml.'norei; Estaría­mos ultrapass:mdo 1)'; lill1ll.es clJtaclu~ pe­lo titulu da pre,'icntc I)('squisa FJquc­mos, portanto, com o pátrio ]loder t:l1qual está capitulado no C0l~lgO Civil,passando agora ao estudo clu raio eleat,'iío do instituto.

O artigo 384 clf'tenl1ina as fnlllti'ir:,sd~L competéncia atribuída ao,; p:llS. no~xercicio clo ]ia t riu Iloder Di!. de

"Compete ao~ pais. qu;unu ;t pc,'slIadus fllhus menures:

I - dirigir-lhes a ['fL\('~lO l' educa­çi'i.o;

11 - tê-los em sua comlMnll1:l cguarda;

IH - concrder-Ihes, ou llr~ar-lhcs

consentllllento para rusa!'('m;

IV - l1ome:1[-lhe5 tutur. por testa­mcn to ou clurumcntu a Iltl'll t )(,0, se ooutro dos pais ll:e nelO SObIt'VlVl'r. OHo sobreviVe) n~J.o pudc'r rxercltar o]l~itrio poder:

V - rl'[lresclltá-los. at6 aos ci{'zrs­seiS anos. nus a tus da vid~t civil. l'assi.'.;U-]u..." a1)(')~ t's~~a i<i;i.d{' t~o:--: ~I ~ [~;;

UH que furem j1:,rtcs. suprindo-til!':)() con,;entillll"l1to;

VI - redan: :1.-10:-; de quC'm i le~~d­mente os cletcnln:

VII - exígu' quc 1l11' prestem obe­cii"l1ci:1. l'l's]H'i10 E' (Os ."['nicos jJro­prj(),; dE' SUJ idade r rnndIC;!ll,"

As"istl-Ihc:,. ~,illd:~ I!ui., um dir,:t"que :lpcsar di' tÜO CIJt:.-Lir eXl)rt":"'\­111('nt(' dl's.':t rc!:wClI). ('!l\(' r~l' d:l !l"d:: '<LI I

elo arUgll :.l~'') I' o C!lrejl!l dr C,:>!;!':,r

I;' CL I.E~>Ic)--; l~,n~':'~).

~ll HI'ílIL,' ;,1.I:f c:-.' (·úd~.!.;., dll~ .'kllllrl' ... ('IJ-

fll~'IILulo, ~).l :,....

Page 84: J SENADO FEDERAL

__________ JANEIRO A MARCO - 1968 83

moderadamente os filhos. Nesse sentido,temos o pensamento de JORGE MUC­CILLO:

"Embora não conste do elenco o dI­reito de castigar moderadamente osfllhos, reconhece-se aos pais êsse di­reito, tanto que o art. 395 determinaa perda do pátrto poder ao pai oumáe que "casUgar Imoderadamenteo filho", donde concluir-se que ocastigo moderado é permltldo."

De idêntica opinião, BEATRIZ SOFIAMINEIRO afirma textualmente:

"Entre os direitos que a lei reconhe­ce aos pais está o de corrigir os fi­lhos; essa faculdade é um coroláriodo direito de lhes dirigir a criaçãoe educação. Embora o nosso CódigoCivil não a mencione expressamen­te, ela se deduz da combinação doseu art. 384, n.1) I, com o art. 395,n.o I; desde que é proibido ao pai eà mãe castigar imoderadamente ofilho, lhes é licito castigà-lo mode­radamente.A lei níio se ocupa, e a nosso ver,com tóda a razão, das pequenas pu­nições domésticas infllgidas pelospals aos filhos para emenda .moraldêsWs. Só os pa1B podem conhecerbastante o caráter dos filhos, parasaber quais os meios a empregar nacorreção; c um texto legal precisandoêsses meios, teria podido servir paraencobrir muitos abusos; o papel dolegIslador em tal matéria deve limi­tar-se a impedir os excessos e repri­mIr a punlção imoderada." (tO)

SADY CARDOSO DE OUSMAO, emsíntese que, por sua clareza, identifica apena inteJlgente do autor, equaciona oproblema do exercicio do pátrio podersuborcUnando-o a dois aspectos: Quantoàs relações pessoais e quanto às relaçõespatrtmoIÚaIs .

"O pátrio poder, em seu exerelcio,compreende os seguintes direitos e de­veres para os pais em relaçlí.o à pessoae aos bens dos t1lhos.

Quanto às relações pessoais, estas sãoenumeradas no art. 384: a) dirigir-lhesa crtação e educação, dever que decorretambém de outras disposições civis, pe­nais e até constitucionais, compreendendo: a escolha da educação é instruçãoe respectivo mestres e educandários. Emcaso de dIvergência entre os pais cabea intervenção do Juiz. O processo será

o previsto para suprimento do consenti­mento pelo Juiz de familla, ou de meno­res, conforme o caso, ou atormal, se h,la­ver demanda entre os pais; b) tê-los emsua companhia e guarda, ressalvada ahipótese de separação, em se tratandode desquite, anulação do casamento oua sJtuação decorrente de reconheclzzien­to, ou, ainda, da separação de corpos, oque impUca o iWl corrlcencU, desde quemoderadamente exercido (Cód1go Civilart. 395, I, Código de Menores, arts. S2e seguintes); c) conceder-lhes, ou nelttlr­lhes consentimento para casarem ob­servadas as d1spos1ç~ dos a~. ias e186 do Código Civll, que não foram alte­radas pela Lei n.1) 4.121; d) nomear-lhestutor, por testamento Ou documento au­têntico, valendo a nomeação do ado­tante, salvo se sobrevivem os pais na­turais se puderem exeteer o pátrio po­der; e) representá-los, até os dezesseisanos, nos atos da vida civil e a.ssl.stl-Iosapós essa idade, até a maIoridade ouemanclpação, nos atos em que torempartes, suprindo-lhes o consentimento;f) reclamá-los de quem llegaJmente osdetenha, inclusive recorrendo ao habeascorpus, embora êste possa ser Impetradopor quem quer, e até pelo menor púbere,como se vê da 1et; c) exigir que lhep~stem obediência, respeito e os servtçosproprlos de sua idade e situação, semexcessos, porque tais excessos se repu­tam sevicia. :l!:.stes são de ajuda no do­mJclJio, ou obsequiais, mesmo porque oCódigo de Menores proibe ou restringeos servIçOS e o trabalho, em detertn1na­das condições: com risco, ou perigo paraa formação intelectual e moral do menor(arts. 26, 34) e fixa a idade de 12 anosalém de outras exigências em relaç~ao trabalho do menor,

Nessas relações patrimoniais dever­se-ão ter em conta, no interêsse de paise tuhos, as disposições dos arts. 385 a391 do CódIgo Clvn, tendo presentes asmodificações trazidas ao instltuto pelaLeI n.O 4.121, de 27 de agõsto de 1962.

Na forma do art. 385, o CódIgo esta­belece que o pai e, na sua falta, a mãe,são os administradores legais dos bensdos fllhos Que se achem sob o seu poder,com ressalva do disposto no art. 22:'>, ouseja, nos CQSOS de infração do art. 183,XIII, relativo a impedimento impedien­te, 1mpllcando a perda do usufruto legal.

(tO) Beatriz Mineiro. Obro clt.. Plo«· 55.

Page 85: J SENADO FEDERAL

84 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

:lste é inerente ao exercício do pátriopoder, de acôrdo com a ressalva supra(Código, art. 389)," (11)

Conforme determina o art. 392 do Có­digo Civil, o pátrio poder extingue-se:

I - pela morte dos pais ou dotuho;

11 - pela emancipação, nos têrmosdo parágrafo único do art. 9,°,Parte Geral;

111 - pela maioridade;

IV - pela adoção.

De clareza meridiana, êste dispositivonão comporta maIores indagações. Ape­nas quanto ao item IV, não é inútil as­sinalar que a adoção extingue o pátriopoder do pai natural, art. 378, in verbi.s:

"Os direitos e deveres que resultamdo parentesco natural não se extin­guem pela adoção, exceto o pátriopoder, qU€ será transferido do paInatural para o adotivo."

Mas, como vemos, o !Uho adotivo nãotlca por ela emancipado, permanece soba autoridade do adotante, que poderáperdê-la desde que ocorra uma das cir­cunstâncias enumeradas no art. 392,números r, II e ITr,

Cumpre observar que a Lei n.O 3.133,de 8 de malo de 1957, modificou a reda­ção do Código Civil, permitindo a ado­ção aos maiores de trinta anos de idadee impondo a diferença minima de dezes­seis anos entre a idade do adotante e ado adotado. Aos casados, só depols dedecorridos cinco anos de casamento per­rnttiu-se a adoção.

Esta última norma não foi incorpo­rada ao projeto do Nôvo Código Civil, osendo, entretanto, as duas primeiras.

Vale mencionar, também, a Lei núme­ro 4.665, de 2 de junho de 1965, que per­mitiu a legitimação adotiva do infanteexposto, cujos pais sejam desconhecidos,ou hajam declarado por escrito queaquêle pode ser dado a outrem; bemassIm do menor abandonado propria­mente dito, até a idade de sete anos, ecujos pais tenham sido destituídos dop~trio poder, do órfão da mesma idade,nao reclamado por qualquer parente pormais de um ano; e, ainda, do filho na­tural reconhecido apenas pela mãe, im­possibilitada de prover à sua criação.

Mais um caso de legitimação adotivacontempla essa lei, no parágrafo 1.0 doart. 1.0: a do menor com mais de seteanos de idade, quando à época em quecompletou essa idade, já se achava soba guarda dos legitimantes, mesmo queestes não preenchessem as condições exi­gidas,

O projeto do Nôvo Código Civll intro­duziu o instituto da legitimação adotivano seu texto (arts. 236 a 238), e, justi­ficando-a, disse a Comissão Revisora emseu relatório:

"A fim de proporcionar completaintegração do adotado na família doadotante, exigindo se proceda con­juntamente pelos cônjuges sem fl­lhos. Para tornar mais perfeita aimitatio familiae, corta os laços dolegitimado com a família de origem.Sua incorporação ao direito pátrioparece aconselhável, não só pela evi­dente superioridade em relação àforma tradicional da adoção, comoporque, preenchendo uma lacuna,evitará a prática em voga de atri­buir-se a filho de criação, mediantefalso registro, a condição de legiti­midade,"

O menor, ao atingir a maioridade, ad­quire o pleno gôzo dos direitos civis, fi­cando o pátrio poder extinto por faltade finalidade, eis que não mais existeo incapaz, o mesmo sucedendo com a tu­tela.

A menoridade cessa, e com ela a inca­pacídade dos menores:

a) ao completar vinte e um anos deidade;

b) por concessão do pai, ou se formorto, da mãe, e por sentença dojuiz, ouvido o tutDr, se o menortiver dezo;to anos cumpridos;

c) pelo casarnenw;d) pelo excrclcio de rmprego llúb1íco

efetivo;

e) pela colação de gra li científi~u

em curso de ensino superior;f) pelo estabt'lecimento civil !>ll co­

mercial, com economia prlijlrl.l

Para efeito do alistamento l' do :'iorteiomilitar, cessará a incapacidade do n1P­nor que houver completado dezoito anos.

OI) Repert. cit, pá>;. 166.

Page 86: J SENADO FEDERAL

JANI'IO A MARÇO - 196. '5

fi - INCAPACIDADE CIVIL

Ineapac1dade é, em DireUo CivU, afalta de aptidão conalderada pela leI Im­preaclndivel para pratlcah- vàlldamenteOI atos da neta civU, por ld ou por ou­trem.

A incapacidade pode ser absoluta ou·~relaUva, de modo que, pela prlmeira, apeuoa, por falta de aptidão, não podeter o exercicl0 peasoal dos seus direitoschia; é a incapacidade de fato; relativa­mente Incapazes são as pessoas que nãopodem exercer detennlnados atos davida e1vil sem ass18t.êncla e autorizaçõessob forma legal. (12)

Todo homem é capaz de direitos eobrigações na ordem clvU, preceitua oart. 2.° do CódIgo Cinl Brasileiro. Acon­teee, porém, que algu.na não podem exer­cê-la, devido a certas circunstâncias pre­vlatas em lei, como a menoridade, aloucura etc. Dai a dtattnção da capaci­dade de ,ÔZO e capacidade de exercício.Os ineapua têm sômente a capacidadede gôzo e os capazes têm esta e ma.ls ade eurcle1o.

Costuma-se elaaalficar a capacidadeda maneira que se segue:

1 - Capacidade de fato ou capaci­dade reral é a aptidão que temo Individuo de exercitar todosos seus direitos, podendo pra­ticar todo e qualquer ato davida civ1l por ai só;

2 - capacidade de direito ou es­pecial, assim se denominandoaquela que é Inerente a tôdasas pessoas. Compreende o gõzodo direito, ainda que seu titularnão possa exerce-lo por si SÓ.O menor, por exemplo, temcapacidade de direito, 1800 é, ado gôzo de direitos, mas nãotem a de fato, ou I'eral, ou seja,a capacidade de exercer por sisó os aoos da vida civil. Deve­mos essa distinção ao genialTEIXEIRA DE FREITAS, quetratou do a&SUDto DOS artB. 21e 25 do seu esbôço.

A capacidade civil, essa de que nosfala o art. 2.° do C6digo, já citado, peloqual todo homem é capaz de direitos eobrigações na ordem civil, pode ser plenaou limitada:

a) pleD~ a. atrlbu1da a tôdas as pea­soas aptas para gozar e exerceros seus direitos, podendo pratJcar

por ai só todos os atos da vidacivil, sem restrição de espéc1e al­guma;

b) limitada ou relativa é aquela quesofre restrições, Inerente à.s pes­soas que, para a prática de certosatos, necessitam da assla~ncladeseu representante legal, ou de suaautorização. Ex.: a capacidadedo menor, a da mulher casada, ado s1lvtcola e a dos pródigos. (.)

A capacidade juridlca, ou como diz oCódIgo Ctnl (art. 4.°), com ma18 proprie­dade, a personalidade civil do homem,começa do nascimento com vida. Mas aleI põe a salvo, desde a concepção, osdireitos do nascJturo. "HA quem aftrmeque a pel'ROnalldade ou capacidade deg6zo, longe de prlnclptar com o nasci­mento e cessar com a morte, pode con­siderar-se Independente da vida huma­na, pelo menos em certos casos, a saber:a) o nascituro ou concepturo pode tercUrettos protegidos pela lei; b) o ausen­te, ainda que haja tódas as probablll­dades de ter morrldo algures, continuaa viver JurldJcamcnte e até pode adqui­rir heranças e outros direitos, durantea curadoria dos seus bens; c) as doaçõespara casamento aproveitam aos filhosque os nubentes donatários ainda ve­nham a ter; 41) 08 t1detcomlssários são,quase sempre, pessoas ·futuras. 2s&escasos, porém, não autorizam a conclusãode que a personalidade é Independenteda vida humana, porque, no caso daausência, enquanto não decorre o prazo,findo o qual o ausente se presume morto,há uma presunção de estar vivo e umcurador que o representa. Nos outroscasos a personalidade é condicionada,sujeita à condição suspensiva de o nas­cituro vir a nascer com vida e fJgurahumana." <Cu.nha Gonçalves.)

A capacidade assume modalldades,conforme o fim para o qual se tornenecessária. Assim, temos a capacidadepolitlca, a contratual, a processual, amatrimonial, capacidaJe de dispor, deteatar, etc. (18)

(.) A Lei 11.0 4.121. de 2'7 de acfIsto de 11162,e&clulu, dentl'e u Pfl3IIOU enumen.c1u noart. S.o do Côc11g0 Clv1t, como IncaptlZMrelativamente. as mUlheres C&II6c1u.

(12) Cf. TUa lduller Leite - Dlclo~o 11111­dlco BruUdJ'o.

(13) Jc* N'ufel - N&ro DtdolÚrlo larfcUcoBruUelro - Vol. I, pag. 280.

Page 87: J SENADO FEDERAL

16 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

N0880 Código Civil d1stingue, quanto à1ncapacld~e, do1B tipos de pessoas: asabsoluta e as relativamente Incapazes.Du primeiras, trata0 artigo 5.0:

"São absolutamente incapazes deexercer pessoalmente os atos da vidacivU:

I - 08 menores de 16 anos;

II - os loucos de todo o gênero;11] - os surdos-mudos, que não pu­derem exprimir a sua vontade;IV - os ausentes, declarados taispor ato do juiz."

As segundas estão arroladas no ar-tigo 6.°:

"São Incapazes, relativamente a cer­tos atos (art. 147, n,o 1), ou à ma­neira de os exercer:

I - os malores de 16 e menores de21 anos (arts. 154 a 1M);

11 - os pródigos;

111 - os silvícolas."

Com relação ao art. 5.°, CLóVIS BE­VILAQUA teceu as seguintes considera­çóes:

"As incapacidades de que tratamêste artigo e o seguinte, são de fatoe não de direito. As pessoas aquiconsideradas, por isso que o são, nosentido jurídico, têm direitos, masnão os podem exercer, ou de modoabsoluto (artigo 5.°), ou relativa­mente a um certo número dêles (ar­tigo 6.°).

O n.o I dêste artigo, inclui, entre osabsolutamente incapazes, de fato, osmenores de 16 anos, equiparando-seos dois sexos. Diversamente dispu­nha o direito anterior por influên­encia do romano e do canônico, quetomavam por base a puberdade, atri­buída à mulher aos 12 anos e aohomem aos 14. Mas, em primeirolugar, nâo é a aptidão para procriar,que nos deve servIr de base, quandotratamos de examinar se o indivíduoestá ou não em condições de tomarparte ativa nas relações da vIda ju­rídica. lt ao desenvolvimento mental,aJ poder de adaptação às condiçõesda vida social, à fõrça de resistênciacontra os perigos, que a perversi­dade, profusamente, espalha na so­ciedade, que se deve atender, paraafrOUXarem-se os liâmes da tutela

da lei, e permitirem-se as experiên­cias da atividade livre. O ponto devista da capacidade genésica é limi­tado; o campo do direito civil é maisamplo, como reconheceu a inteligên­cia perspicaz de Teixeira de Freitas(Esbôço, art. 63, nota),

Em segundo lugar, não há razãopara distinguir os indivíduos, se­xualmente, quando se trata de apre­ciar a sua aptidão para agir no cir­culo da vida civil, quando se exa­mina se sua consciência das coisasjá adquiriu certo desenvolvimento,se a sua vontade se afirma dirigidapor uma inteligência normal, se asua adaptação ao meio se efetua, sa­tisfatóriamente .

Os menores de 16 anos não podemexercer por si só os aws da vidacivil. A validade do ato jurídico re­quer agente capaz (art. 82). As pes­soas absolutamente incapazes sãorepresentadas por seus pais, tutoresou curadores (art. 84, primeira par­te). Pra tlcados por pessoas absolu­tamente incapazes, os atos juridicossão nulos (art. 145, Il. Todavia, sealguém, no cumprimento de umaobrigação anulada, tiver pago algu­ma coisa a um incapaz, poderá re­clamar a restituição, provando queêsse pagamento reverteu em proveitodo incapaz (art. 157). Vejam-seainda os arts. 1.259, 1.260 (emprés­timos a menores) e 1.627, I (facçãotestamentária, ativa)." (14)

E, com respeito ao art. 6°, comenta omesmo renomado autor:

"Os menores entre dezesseis e dezoi­to ou vinte e um anos, como os pú­beres do direito anterior, e melhordo que êles, possuem certo discerni­mento, já adquiriram, no seio dafamilia e no contato com a socieda­de, certas noções de moral, de direi­to, e de prática da vida, que os ha­bilitam a tomar parte direta nas re­lações jurídicas, ainda que não pos­sam dispensar o auxílio e a autori­dade dos pais ou dos tutores, Sãorepresentados por seus pais ou tu­tores nos atos que o Código deter­mina (artigo 84); as suas obrigaçõessão anuláveis, quando não autoriza­das por seus legítimos representan-

(14) Código Civil Comentado, VoL I, pág, 193.

Page 88: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - ]968 87

tes (art. 154). Vejam-se ainda osarts. ]55 a 158. 387, 388, 390, 391, 424a 428.

O maior de dezesseis .. anos podeser mandatário extrajudicial (arti­go 1298); fazer testamento (àrtl­go 1.627, n; contrair casamento. ob­tendo autorização da pessoa, sobcuja autoridade estlver (art. 183,XI), com a distinção estabelecidapara a idade nupcial dos dois sexos,dezesseis anos para a mulher e de­zoito anos para o homem (art. 183,XII); ser testemunha nos atos juri­dicas (art. 142, llI, e 1.650),"

BULHOES DE CARVALHO, em seu ex­celente livro "Incapacidade Clvll e Res­trições de Direito", procura demonstrarque os menores de dezesseIs anos, pelopróprio sistema do Código, têm, quandoJá capazes de falar (saidos da Infância),capactdade mais ou menos restrita paraa prática de certos atos jurídicos, isto é,têm capacidade relativa.

Aponta, ali, o Insigne doutrtnador, vá­rias exceções quanto à Incapacidade clvUabsoluta dos menores. Entre outras, po­demos anotar as seguIntes: o de reaUze.rpequenos negócios jurídicos, comprar,vender jornais, executar serviços: en­graxamento, fazer transporte remunera­do, excluldos os trabalhos proibidos amenores de 14 anos pelo Código de Me­nores e Consolidação das Leis do Tra­balho (.), aeeltar doações puras. nostêrmos do art. 1.170 do Código Civil,requerer a nul1dade do seu casamento,aceitar empréstimo dentro das fôrças doseu pecúlio (pecúlio castrense e quase­castrense) e numerosos outros.

Alongou-se, ainda, o autor, em opor­tunas considerações quanto à extensãoda nossa lei aos absolutamente incapa­zes, demonstrando o problema resultan­te do artigo 5.° do Código Civil em com­binação com os artigos 145 e 146.

Não há como discordar de SADYGUSMAO, quando - no seu verbete"Menoridade", repertório citado, vol. 33,pâg. 174 - afirma que Bulhões de Ce.r­valho, naquele livro. pràticamente es­gotou o assunto. Realmente, a obra écompleta e a ela remetemos os Interes­sados que quiserem se ap.ofundar namatéria.

Julgamos, entretanto, de bom alvitretranscrevermos aqui - pela clareza dasintese - as consIderações em tômo do

art. 6.°, feitas por Sa.dy Gusmão no ver­bete mencIonado:

"Os menores de vinte e um e maio­res de dezesseis anos enumera­dos no art. 6.°, I, do Código ClvU,são consIderados Incapazes relativose por isso mesmo não são represen­tados' mas assistidos por seus pais(aquêle que exerce o pátrio poder)ou tutores nos atos da vida civll.embora o pai seja o cheCe e repre­sentante da famma e tenha a admi­nistração e o usuCruto legal dos res­pectivos bens, ressalvados os enume­rados nos arts. 390 e 391 do CódigoCivil c restrita a assistência ao di­reito de disposição e como supri­mento no referente à. capacidade.A lei lhes outorga outros direitos, in­dependentemente de assistência deseus pais ou tutores, tais como odireito de petição e representação(Constituição, art. 141, f 37), (U) ode requerer habeas corpus, o de alis­tar-se no serviço mllltar ainda an­tes dos dezoito anos, e nesta idadealistar-se eleitor, inscrever-se emconcursos públicos e estabelecimen­tos de ensino e hospitalares e outrospermitidos a menores em geral.Podem também contratar emprésti­mo. administrar pecúlfo seu, ou seja,o conjunto de bens enumerados nosarUi. 390 e 391 do Cód. Civil, nos li­mites supra e na conCormldade doart. 1.260 do mesmo Código. Podem,ainda, contratar locação de serviços,a aprendizagem, requerer carteiraprofissional, tudo de acõrdo com osarts. 402 e seguintes da ConsoUda­ção das Leis do Trabalho, fIcando osmenores de dezoito anos sujeitosnão SÓ à fiscalização do M1nistériodo Trabalho como também à do Juf­zo de Menores."

De passagem e na finalização dêstesubtitulo, deve-se registrar, ainda, que aIdade núbil é 11 de 16 anos para a mulhere 18 anos para o homem, não se anu­lando, todavia, o casamento por defeitode Idade. se do mesmo resultou gravidez.

(0) A C<l!l4Utulçlo dll 18e7 fedm:lu essa Idade­ILml~ para d07..e aDoa (art. ~7, X).

(00) O autor se retere ali 1 C<lnaUtulçAo de lHe.26M dt~lto. entretanto. sub.latlu com °texto COt1Jõtltuclonal de IlM17, art. ISO. I 31.):"8 &8liCKUl1u10 a qualquer pesaoa o eslreltode repreaentaçlo e de petlçAo &Oll r -deresPObllCOll, em defesa de dlrelColl ou ....entraab~ de autorIdade."

Page 89: J SENADO FEDERAL

88 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

além de admitir-se o casamento paraevitar a imposição de pena <Código Civil,arts. 214 e 215, os quais não se devemreputar revogados pela legislação espe­cial de menores).

São consideradas sanções penais asque são impostas pelo Juiz de Menores.desde que haja restrição à liberdade, nosdelitos sexuais.

111 - RESPONSABILIDADE CIVIL

o principio gera] da responsabilidadecivil está expresso no artigo 159 do Có­digo Civil:

"Aquêle que, por ação ou omissãovoluntária, negligência, ou impru­dência, violar direi to, ou causar pre­i uízo a outrem, fica obrigado a re­parar o dano."

A violação de um direito ou o danocausado a outrem por dolo ou culpa êato ilícito, portanto.

O dolo consiste na Intenção de ofendero direito ou prejudicar o patrimônio poração ou omissão. A culpa é á negligên­cia ou imprudência do agente, que de­termina violação do direito alheio oucausa prej uízo a outrem. Na culpa há,sempre. a violação de um dever preexis­tente. Se êsse dever se funda em umcontrato, a culpa é contratual; se noprincípio geral do direito que mandarespeitar a pessoa c os bens alheios, a~ulpa é extracontratual, ou aquiliana.

tstes os comentários de CLóVIS( obracitada, pág. 449) ao artigo supracitado.

O dispositivo seguinte (art. 160), des­'caca atos que. embora possam parecerviolações de direitos, não são atos ilí­ciws:

'Não constituem atos iLcitos:

I - os praticados em legítima de­fesa, ou no exercício regular de umdireito reconhecido;

11 - a deterioração ou destruiçãoda coisa alheia, a fim de removerperigo iminente."

E o seu parágrafo único configura oabuso do direito, que, embora de aparên­cia legítima, importa num desvio da or­dem j urídjca:

'~este último caso, o ato será legí­timo somente quando as circunstân­cias o t<Jmarem absolutamente ne-

cessário, não excedendo os limitesdo indispensável para a remoção doperigo."

Assim, são três as figuras jurídicasque excluem a tlicitude do ato: legítimadefesa, estado de necessidade e exercí­cio regular de um direi to.

A legítima defesa, na observação deKOHLER (l;'l não é, em rigor, um di­reitü distinto, c, sim, uma faculdade queemana, diretamente, da personalidade, eé da mesma categoria das faculdades deexercer o direito e dêle gozar. Se legi­tima desde que ocorram os seg'..lin tes re­qUiSItoS:

a) que a agressão seja injusta. iswé, que constitua um ato contrárioao direito, porquanto qui suo jureutitur neminem lo~dit, contanto,é bem de ver, que i:sse uso dodireito seja regular;

b> que seja atual e não uma apre­ensão do que possa ou vá acon­tecer, e, muito menos, o desforçode um mal já passado;

c) que seja inevitável a agressão eimpossível o socõrro oportuno daautoridade;

d) que a repulsa não exceda o ne­cessário para efetuar a defesa,

O Estado de necessidade se retrata nasituação em que o direito de um indivi­duo se acha em conflito com o direito deoutro, e o conflito se há de resolver pelodesaparecimento ou cessação transitóriado direito me'1OS valioso do ponto devista ético e humano.

Pelo nosso diploma civil, art. 156, omenor, entre 16 e 21 anos, equipara-seao maior quanto as obrigações resul­tantes de atos ilícitos, em que fõr cul­pado.

Na exegese dêsse artigo, CLóVIS as-sim se pronunciou:

"O menor, que comete um crime oucausa um dano civil, deve responderpelos prejuízos causados a outrem,não em atenção à sua culpa ou aseu dolo, mas porque todo dano deveser reparado por aquêle que lhe deucausa, agindo sem direito, contra odireitü, ou abusando do seu direito.O Código usa da locução em que fôrculpado, não para fazer depewlpr a

(15) Apud Cl6vls. obro clt .. pág. 451.

Page 90: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1t61 89

responsab1lldade da culpa, mas paraestabelecer o nexo da causalidade,porquanto, se o menor não tem ca­pacidade para agIr licitamente, nãoa deve ter, em regra, para agir 111­cltamente."

A capacidade do maior de 16 anoa emenor de 21 anos é presumida. JOS~

«lE AGUIAR DIAS (lC) ensina que "ca­berá ao representante de ca.da um (nocasa, o representante do rnr.nor) provB.rque o representado não pode ser respon­sabilizado por lhe faltar o elemento queé a sua própria alma: a lmputabllldade,o que. arma!, terá por efeito ~medlaw atransferência, para o representante, daresponsabllldllde atribuida ao represen­tado".

Resta-nos, finalmente. as con5idera­~õcs em tôrno do pa.rágrafo único do ar­tigo 1.518 e do nrt 1.52], 1 e II:

"AJ'i. 1.518 - . .

ParáP'2fo único - ~ão solldàrta­mente responsáveis com os auk>rt's,os cúmplices e as p(!~~oa.'i designa­das no art. 1.521.""Art. 1.521 - São também responsá­veis peUl reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menoresque estiverem sob seu poder e emsua companhia;

11 - o tutor e o curador, pelos pu­pUos c curatelados; que se B.charemnas mesm~ (;ondlçn(':"."

Em csc6llo dp r.:lnl1;.~s ~.ranscrevemos­

por oportun~ e atu9.11zada.s -as pala­vras de VlCEN'rF. 8AOlNO JaNtOR: (11)

"Achando-s~ .,;ob a guarda do!': pais,respondemo éd.es pelos ato! UicH.[)Sprat1cado~ }'e'o menor de dezp.sselsanos, :o;olld:\.hmente, segundo a re­gra do ",:.t. 1.518, combinado com oart. 1.5~1. n.O l, do Código Civil. RE>zao último dispositivo: "São tamb~m

responsáveis pela reparação c~vU:

I -- os pais. pelos Ulhos menoresque estlverem sob seu poder e emsua companhia."

O i>rlndpio é o mesmo quanto aos tu­torell e curadores, em relação aos atospraticados pelos seus PllpUOS ou curate­lado~ (Código, art. 1.521, n.o IlJ.

Para que essa responsablUdade se efe­tive, necessário se faz Que o menor es­te~a sob o poder e em companhia dospais, tutores ou euradores. Diz bem

PONTES DE MIRANDA que "0 elementode llgação é a luarda; se ti guarda é in­devida, ou quem devia. guardar o menornão o guarda, ligado fica. quem o deviaguardar e não guardou, ou confiou, ouaquiesceu na guarda por outrem. E épossivel que o guardador efetivo tam­bém fique responsável pelo ato Uiclto domenor".

Responderá pelo dano c1vU causadopeJo menor o progenitor que o tiver soba sua guarda, conforme acórdo ou de­terminação Judicial, ainda que o outroviva no mesmo lar. Em caso de desquiteou anulação do casamento, embora per­sista o pátrIo poder, responderá o pro­genitor em cujo Ia.r Irá viver o filho (.).A regra é, poIs. que a. responsabil'.(,~e

cabe ao progenitor que tem a guard ... dofilho menor, porque emana ci~ cl.tpain vigilando daquele que () wm <;81 suacompanhia. Aflguro-se esta a soluçãomais consentânea com o preceito do ar­tigo 1521, n.o 1.

Como é natural, a regra admite ex­ceções. Casos há de rcsponsab1l1dadc deambos os pais; quando os tuhos, porvontade dos pais, ou del.crminação dojuIz, fiquem na companhia de outrem,para criar, ou como preposto ou empre­gado. A razão dessa res;>onsabUidadeestá em que o progenitor que assim pro­cede viola o dever legal de ter o fllhoconsigo. ( ... )

A rcsponsabllldade dos pais pelos atosnocivos dos lllhos menores decorre dasua próprta culpa, porque (a observa­ção é de LUIS DA CUNHA OONÇALVES(1I1)) os atos illcltos dos menores se pre­sumem devIdos à n>lação de dlsclpllna.

Essa responsabUldadc, por~m, s6 dizcom os tlIhos menores de dezesseis anosde Idade, porque o menor entre dezesseise vInte e um anos é eQuiparado, pelocódigo CIvil, art. 156, ao maior, quantoAs obrigações resultantes de atos meltos,em que fôr culpado. Mas, os pais res­ponderão solldàrtamente, se se prova.rque concorreram para. o dano, por culpaou neglIgência de sua parte (art. 1.523).

(.) A R'Uarda d"", rnhos menore.a está rrgUllld&pelos arta. J2S a m do Código ClyU. peloDecr~to-J..el n." P.'01. (le 3 de aetembro de19~ (em ea60 d~ dellQult.e Nl1lcJall e peloCódigo de Menores.

(lI) Apuel JOJ1l;fI Muoclllo, obro clt., p6g. 123.(17) Direito e Guarda do f11ho MenDr, Jléc. n.(18) Cunh.\ aOD~I"'ee. Printfplos de Dtmco

etri1 - Apeld Vicente BablDo Jllnlor. obro~It. p,«. 49.

Page 91: J SENADO FEDERAL

90 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Distingue, assim, o Código a respon­sabilidade direta dos pais, tutores oucuradores pelo dano causado pelo menorabsolutamente incapaz (art. 5.0, n.o I),que estiver sob a sua guarda e em suacompanhia, ou na companhia de ou­trem mas a sua guarda, da resultante deato danoso praticado por menor relativa­mente incapaz (art. 6.°, n.o n, sob amesma guarda ou companhia, porque es­ta é uma responsabilidade solldária, combase na culpa in vigilando.

A propósito. não são unànimes os civi­listas. Se. como entendeu Clóvis Bevi­laqua. a responsabilidade dessas pessoasse funda na culpa e deve ser objetiva­mente provada, pensam outros que temorigem na presunção juris tantum daculpa, a ser ilidida pelos meios compe­tentes.

O Código dos Menores dirimiu a ques­tão. em seu art. 68. § 4°, estabelecendo aresponsabilidade dos pais ou da pessoaincumbida legalmente de sua vigilância,enquanto não provarem que não houveculpa ou negllência de sua parte."

IV - O PROJETO DO NOVO CÓDI·GO CIVIL DE AUTORIA DOPROF. ORLANDO GOMES

o projeto estabelece novos limites àincapacidade. Fixa em dezoito anos avenia aetatis da maioridade (art. 5.o!,fazendo cessar aos quatorze anos a in­capacidade absoluta (art. 6.01 e aos de­zesseis anos, a relativa (art. 7.°).

Segundo o projeto, soment.e serãoanulaveis os atos praticados pelo menorrelativamente incapaz, sem a devida as­sisténcia, se importarem prejuíw a seupatrimónio (art. 10): a emancipaçãoocorrerá aos dezesseis anos de idade, su­Jeito o ato à homologação do j l1iz, po­dendo ser cassado, se o menor emanci­pado demonstrar incapacidade de geriros bens (art. 11).

A idade núbil passará a ser para ohomem e a mulher, respectivamente, de­I.esscis e quatorze anos I art. 91); quemtiver a guarda de menor, responderá.por sua. direção, educação e vigilãnciaI art. 303): aos estabelerimentos desti­nados à assistência e proteção da infân­cia, conferir-se-ão funcões tutelares (ar-tigo 3041. "

Introduz o instituto da legitimaçãoadotiva.

Essas as principais alterações cons­tantes do projeto, que sistematiza a ma­téria em quatro livros: Pessoas, Família,Coisas e Sucessões,

As Obrigações não foram ali consig­nadas, por serem objeto de Código espe­cífico.

DISPOSITn'OS DO PROJETO mr'CóDIGO CIVIL DE AUTORIA DOPROFESSOR ORLANDO GOMES(Mensagem posteriormente retiradapelo Govêrno) E REAPRESI>;NTADOPELOS DEPUTADOS NELSON CAR­NEIRO E JOSÉ MARIA RIBErno,EM JUNHO DE 1966, COMO DE SUAAUTORIA (Projeto h.o 3,771/1966)

LIVRO I

Das Pessoas

TíTULO I - CAPíTULO I

Art. 4.° - Capacidade de fato - Acapacidade de exercer pessoalmenteos atos da vida civil adquíre-se coma maioridade, ou pela emancipação.

Art. 5.° - Majo~'idade - A maiori­dade começa aos dezoito anos.Art. 6.° - Incapacidade absoluta -~

São absolutamente incapazes:

I - os menores de 14 anos;11 - o., que, por enfermidade men­tal, não tiverem discernimcntz) paraa ryratica dos atos da vida civil e osqu'e não tiverem a livre disposiçãode sua pessoa e bens.Art. 7.° - Incapacidade relativa ­São incapazes relativamente à prá­tica de certos atos, ou ao modo deexercê-los. os maiores de qual:<Jrzeanos.

Art. 8.0 - Representação legal ,­Os absolutamente incapazes podemexercer direitos ou contrair obriga­ções por intermédio de seus repre­sentantes.Art. 9,° - Assistência -- Os meno­res relativamente incapazes serãoassistidos por seus pais. ou tutores,nos atos da vida civil.Art. 10 - Atos do Menor sem Assis­tência ~ Só serão anuláveis os atospraticados pelo menor sem assistên­cia, se lhe trouxerem prej uízo .Art. 11 - Emancipação Voluntária- Ces.sará a incapacidade do menorque cumprir dezesseis anos, se lhe

Page 92: J SENADO FEDERAL

_________--'J:..:A.:.:N..:..:E:..:..IR:..:..O::...-:.A MARço,__-_1_9_68 ---:..91

fôr concedida pelo pai a emancipa­ção, sujeito o ato à homologação dojuiz.§ 1.° - Se o menor estiver sob tu­tela, a emancipação s6 se dará porsentença, por iniciativa do tutor.§ 2.° - O ato de emancipação podeser cassado pelo juiZ, a requerimentodos pais, ou tutores, quando o me­nor emancipado demonstre incapa­cidade de administrar os bens, re$­guardados os direitos de terceiros.Art. 12 - Emancipação Legal - Aemancipação ocorre de pleno direitopelo casamento.

LIVRO 11

Do Direito de FamíliaT1TULO I - CAPíTULO II

Art. 91 - Incapacidade MatrimonialAbsoluta - Não podem casar:1 - os homens menores de dezes­seis anos;U - as mulheres menores de qua­torze anos;m - os enfermos mentais sem dis­cernimento para a prática dos atosda vida civll.Parágrafo único - será pcrm1tidoo casamento de menor incapaz paraevitar imposição ou cumprlmento depena criminal, com aprovação dojuiz, ou para resguardo da honra damulher que não atingiu a maiori­dade. Nesses casos o juiz poderáordenar a separação de corpos atéque os cõnjuges alcancem a idadelegal.Art. 93 - Casamento de Menores­Os menores não podem contralr ca­samento sem autorização dos pais,ou do tutor.§ 1.° - A autorização será concedi­da por escrito c apresentada ao ofi­clal para que conste no processo dehablUtação.§ 2.° - A denegação do consenti­mento pode ser suprida pelo juiz.

TlTULO II

Da Dissohlção da SociedadeConja~al

CAPlTULO nArt. U8 - Efeitos quanto aos Filhosno Desquite por Mútuo Consenti-

mento - No desquite amigáVel, ob­servar-se-á o que os cônjuges acor­darem sõbre a guarda. dos filhos.Art. 149 - Efeitos quanto aos FI­lhos no Desquite Litigioso - Sendoo desquite litigioso, ficarão os filhosmenores Com a mãe, salvo inconve­niência reconhecida pelo juiz.Parágrafo único - A guarda dosfilhos menores poderá ser deferIdaao pai, ou a ascendente, ou a irmãode qualquer dos cônjuges, se assimo Justificar o interesse daqueles.Art. 150 - Podêres do Juiz - Ha­vendo motivos graves, poderá o juiz,em qualquer caso, regular de ma­neira. dlferente da. estabelecida nosartigos anteriores a situação dos fi­lhos.Parárrafo único - O Juiz fixará acontribuição dos cônjuges para osustento dos menores.

TITULO IV

Do Parentesco

CAPtTULO V

Da Adoção

Art. 225 - Quem pode adotar ­Qualquer pessoa de mais de trintaanos de Idade pode adotar, sendodezesseis anos mais velho do que oadotado.Parárrafo único - Nenhum doscônjuges pode adotar sem o consen­timento do outro, salvo se fôr lm­possivel obtê-lo.E seguintes <até art. 235).

CAPITULO VI

Da Legitimação Adotiva

Art. 236 - Legitimação AdotivaOs menores de sete anos de idade,cujos paIs sejam desconhecidos ouestejam mortos, pndcm ser legiti­mados por adoção, desde que a pro­mova, em Juízo, um casal sem filhos,correndo o processo em segrêdo dejustiça.

Art. 237 - Efeitos - A legitimaçãoadotiva confere ao adotado os mes­mos direitos e deveres do tUho le­gitimo.

Page 93: J SENADO FEDERAL

92 REVISTA DE lloUORMAÇÁO LEGISI.ATIVA

TíTULO V

Do Pátrio Podet'

CAPíTULO I

Art. 239 - Sujeiws ao Pátrio Poder- Os filhos estão sujeiws, enquantomenores, ao pátrio poder, que seráexercido em comum, pelos pais.E seguintes (até art. 256).

TÍTULO VII

Da Tutela e da Curatela

CAPíTULO I

Art. Zi4 - Pessoas Sujeitas a Tu­tela _. Sr o menor não estiver sub­metido ao Pátrio Poder, será pôstoem tutela.Art. 281 - Tutela Dativa - Na fal­ta de tutor nomeado pelos pais, de­signado por lei, ou quando êstes fo­rrm excluídos, escusados ou remo­vidus, o juiz nomeará pessoa idônea.

Art. 282 - Tutela de Menores Aban­donados -- Aos menores abandona­dos o jui;: dará tutor ou serão êlesrecolhidos a estabelecimentos públi­cos a esse fim destinados. Na faltade estabelecimento adequado, fica­rãu sob a tutela de pessoas que, vo­luntàriamente, se encarregarem desua criação.

CAPíTULO II

Da As..~istência aos Menores

Art. 303 - Disposições aplicáveis ­A assistência aos me:lOres abando­nados e àqueles a cuj a subsistêncianão possam prover os pais, regular­se-á por normas especiais e pelospreceiws constantes dêste titulo.

Parágrafo único - Quem tenha aguarda de menor, não sendo seu pai,mãe, ou tutor, responde por sua di­reção, educação e vigilância.

Art. 304 - Funções Tutelares - Osestabelecimenws destinados à assis­tência e proteção da infância exer-

cem, por seus órgãos administrati­vos, funções tutelares sôbre os me­nores recolhidos, regendo-lhes apessoa.

Art. 305 - Guarda do Menor Aban­donado ~ O menor abandonado seráentregue, pela autoridade compe­tente, a quem se encarregue de suaguarda, detenninadas as condiçõesjulgadas úteis à sua saúde, seguran­ça e moralidade.

Parágrafo único - No interêsse domenor, pode a autoridade compe­tente determinar o seu internamen­w em asll0, instltuto de educaçãoou escola de preservação e reforma.

Além do projeto de Nôvo Código Civil,sem dúvida alguma a proposição quealtera de maneira mais ampla a maté­rLa pertinente aos menores, existem,ainda, em tramitação no Congresso, vá­rios outros projetos que - embora deforma mais restrita ~ modificam tam­bém a legislação vigente.

São exemplos:

Proj. n.o 449/63 - mep. GabrielHermes) - DCN-12.6.63 -- "Alterao art. 16 do Dec.-Lei n.O 3.200, de19/4/41, que dispõe sôbre a guardado filho natural, enquanto menor."

Proj. n.o 1.917/64 - IDep. AdylioViana) - DCN-2114/64 - "Dispõesôbre o InstLtuto de Adoção do Pá­trio Poder, e dá outras providências."

Proj. n.o 2.337164 - <Dep. NelsonCarneiro) - DCN-OI-10-64 - "Dis­põe sôbre a asslsti'ncia à família, edá outras providências."

Proj. h.O 3.012/65 - <Dep. JaederAlbergaria) - DCN-13 .8.65 - "Mo­d1fica a Lei n.O 3.133, de 8/5/57, queatuallza o instituto da Adoção."

Proj. n.O 351167 - (Dep. Feu Rosa)- DCN-29/8/67 - "Altera o art. 9.°do Código Civil Brasileiro."

Page 94: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1968 93

v - ALGUMAS OPINIOES

ALBERTO CAVALCANTI DE GUS­MAO, Ju.i2 de Menores do Estado daGuanabara, em entrev1Bta concedida ao10mal (llUma Hora, em 21 de outubrode 1965:

"Sou contra a diminuição do nlvelde Idáde para efeito de capacidadecivil e de casamento, da maneiracomo tal proposta na reforma donosso CódIgo O1vU.Os a.rgumentos dos Juristas que ela­boraram o anteprojeto de retorma,nos casos do rebabtamento de 1dade,são baseados na constatação de queo desenvolvimento lntelectual dosJovens de hoje é multo mais acele­rado do que em épocas passadas, eque a maturidade ocorre multo malscedo. Isto é uma Ilusão perigosa. Acapacidade - seja ela cMI ou cri­minal - assenta sóbre a responsa­bUldade moral. E todos sabem quea tormação moral do homem é maL9lenta que a formação intelectual."

Sóbre a Idade núbU, opina que "umamóça de 14 anos e um rapaz de 16 anosnão têm condições de maturidade parapoder casar. Mas é exatamente Isso queo anteprojeto não reconhece, ao perm1t1ra tormação do lar em tais llmltes deidade. Considero verdadeiro absurdoque nos dias de hoje, e à luz dos mo­dernos ensinamentos de psicologia, o le­gislador braslleiro venha a contribuir,alnda maIs, para a insegurança, para atalta de establlldade da periclitante iruJ­tttulção da faDÚlis.

Se tal anteprojeto rór transformadoem lei, a conseqüência sem o aumentode desquites, os desaJustamentos de to­da ordem com a procissão lnten..~náveldos menores abandonados que passampelos gabinetes dos Juizes de Menores.

Parece que o anteprojeto do CódigoClvll levou em consideração apenas odesenvolvimento fisiológico, o Inicio dapuberdade no homeIIl e na mulher. Se

assim foi, isto é o maior dos absurdos,porque o casamento é, principalmente,união moral ou espiritual, antes de serunião de corpos".

Professor EBER CHAMOUN, da Fa­culdade Nacional de Direito, em pales~

tra proferida num dos auditórlos da Câ­mara dos Deputados, respondendo auma interpelação do Deputado UlissesGuimarães, disse, sôbre a antecipaçãoda idade núbll, de 14 anos para a mu­lher e 16 anos para o homem, que oproblema não é apenas jurldlco, mas,sim, bIológico, social e psicológico. tsseslimites propostos são os próprios llmltesdo Direito Romano, e na tamma mo­derna dois sáo os fatõres que precisamser consIderados para o casamento (ida­de nupcial): fator biológico e tator eco­nômico. (111)

NICOLAU NAZO, catedrático aposen­tado de Direito Civll' da Faculdade deDireito da USP:

"O problema da capacidade matri­monial da mulhel" aos 1. anos,envolvendo, como envolve, a suaemancipação, é bastante complexopara ser resolvido assim como têzo projeto Orlando Gomes.

Alega-se que no Direito Canónlco aIdade matrimonial para a mulherera de 14 anos, lustamente quandoela se toma púbere. Antes do Códi­go Civil não havia restrição sôbrea Idade nupcial desde que a mulhertivesse mais de 14 anos. O problemaé sério, principalmente no Brasil,onde há grande diVersidade de cul­tura entre o centro urbano C o ru­ral" (:lO)

Pediatra ROSA ALVES TARGINO DEARA'OJO:

"Sou contra o casamento da mulheraos 14 anos, multo menos dos ho-

(19) loma.! do Brull de 16~-1966 - 1.0 catt.- pãs. 1'.

(20) Jornal O Estado de Slo Paulo tte 20-4-611.

Page 95: J SENADO FEDERAL

94

mens aos 16, embora os dois já es­tej am aptos biolàgtcamente, Um ca­samento entre duas pessoas de 14e 16 anos não teria base sólida nemcondições para ser perfeito, Só pos­so admiti-lo quando é feito paracorrigir "situações de fato". Nessecaso, a educação dos filhos ficariaa cargo dos avós." (~1)

Socióloga lUARIA SíLVIA JARDIM:

"Numa sociedade cada vez maiscomplexa, como a nossa, o ideal se­ria dar, no mínimo, 20 anos para oindivíduo formar-se e adquirir alnstrução que lhe servirá para o tra­balho, Estimular o casamento à jo­vem de 14 anos é legalizar sua de­pendência, impossibilitá-la de ad­quirir a formação l~ experiência quelhe permitirão optar, e estabelece,como seu único desUno, a reprodu­ção." (22)

REGINALDO NUNES (Do IAB), sôbreo art. 91:

"Que considerações teriam levado aComissão a reduzir a idade matri­monial do homem e da mulher para16 e 14 anos, respectivamente, quan­do os adolescentes ainda estão naprimeira muda, a meio caminho desua formação intelectual e apenasentrando na puberdade?

O Brasil é um Pais cuja populaçãomenor de 21 anos atinge a 52% dotodo.

Com esta antecipação da veniaretatis matrtmonial, estaremos for­necendo meios para uma aceleraçãoainda mais rápida dêsse processo derejuvenescimento nacional, príncipa]aspecro segundo o qual JacquesLambert consIdera o Brasil um paisnovo: - não tanto pela sua idadepolítica, como pela composição ex­tremamente jovem de sua população(Os Dois Brasis, pág. 51).

f:ste fenômeno tem conseqüênciasdesfavoráveis no que toca à riquezageral da Nação e à renda per capitados que a compõem." (~3)

CARLOS RAPOSO, Consultor Jurídicoda Associação Comercjal da Guanabara:

"A redução da idade mínima para ocasamento, de 18 e 16 anos para ohomem, e 16 e 14 para a mulher,não encontra em nenhum princípiode ordem jurídica, psicológica ouhi~iênfca, base irrecusável para suaadoção.

A questão do casamento, seus efeitose sua dissolução, estão solucionadosdentro de teses que a tradição bra­sileira não comporta.

Entendemos que a própria democra­cia escuda-se na constituição da fa­mília e a sua democratizaçào, comopretende o projeto, náo pode enca­minhar-se para a sua decomposi­ção." (24)

SENADOR MILTON CAMPOS, na ex­posição de motivos que foi seguida doofíclo do Sr. Presidente da República, aoenviar o projeto:

"Também não são mencionados pon­tos de controvérsia, como por exem­plo, no Código Clvil, a maioridadeaos dezoito anos, a idade nupcial eo conceito de êrro essencial para odesquite, em que a própria Comissãomanifestou variedade de pontos devista. Ficou tudo isso inalterado, adespeito da nossa discordância, paraque, neste e noutros pontos discutí­veis, entre tantas teses controverti­das, o debate e a decisão do Con­gresso Nacional fixem a opção fi­nal."

(21) Idpm, Idem"

(22) Jornll] O Estado de São I'aulo lie 20-4-66

(23) Jornal do Comércio, de 26-6-66 - 3." cad.

(24) Jomlll Correio da Manhã, de 20-4-66.

Page 96: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MÁ!,Ç9 - 1968 95

DEPUTADO ARRUDA CAMARA:

"O projeto reduz a maioridade para18 anos e a Idade núbll para 16 e14 anos, respectivamente ao homeme â. mulher.Ora, tal inovação não parece acon­selhâvel. ~ preciso ter certa madu­reza - não é só o vigor físico - ea experiência para um ato jurfdlcode alUsslma relevàncla, qual o ca­samento. E estas não se adquiremna Idade propugnada.Uma menina do Interior, quase anal­fabeta, com 1"4 anos, que sabe elada altitude do casamento, das suasflnaUdades, da sua ,Importância, dasua Irretratab1lldade exceto pelamorte?A medida poderia aumentar o nú­mero de casamentos Irrefletidos epouco felizes, ocasIonando desajus­tamentos soclals malores." (211)

VI - ASPEcrOS DA MENORIDADE)CAPACIDADE C~ IDADENúBn. E ADOÇÃO) NO DIREI­TO AUENICENA

O DIREITO ESCANDIN-\VO

A malorldade é aos 21 anos na Suéciae na Noruega, e aos 25 na Dinamarca.Antes dessa Idade SÓ pelo casamento.Mas o menor com 18 anos completos, ouuma jovem que se tenha casado antesdessa Idade, podem fazer contrato detrabalho, gerir uma emprêsa, com plenacapacldade para explori-Ia.

A adOÇão pode ser feita por quem te­nha 25 anos. (28)

o DmElTO mQUS

A maioridade é aos 21 anos, Não hé.distinção entre menores púberes e bn­púberes.~ de 16 anos a Idade minlma para

casamento, desde 1929; antes, era de 14e 12 anos, respecttvamente, para o ho­mem e a mulher,

A adoção é admitida desde 1926. Oadotante deve ter 25 anos pelo menos,e 21 mais do que o adotado. Um homemnão pode adotar pessoa do sexo femi­nino, a não ser em circunstâncias es­pecla.1s. (21)

O DIREITO AMERICANO

A Idade para casar é igual à de nossoDireito. (28)

O DIREITO RUSSO

A maioridade clvll é flxada aos 18anos, mas, desde a idade de 14 anos, omenor pode dJspor de seu salé.rlo, e éresponsável pelas obrigações decorren­tes de atos llieltos.

Aos 18 anos o Individuo pode contraircasamento, apresentando prova de iden­tidade - que pode ser feita por teste­munhas -, a declaração, conflrmadapor assinaturas, de que contrai o casa­mento livremente, não havendo os Im­pedimentos legais (arts. 66-69).

'C1nlcamente os menores podem seradotados, e no lnterêsse dêles. (~)

o DIREITO MUÇULMANO

O menor púbere pode dispor de suapessoa, mas sàmente aos 25 anos podegerir seus bens, salvo sendo reconhecidoapto. A puberdade é presumida aos 15anos, para ambos os sexos, no rIto hanl­fita; aos 18, no malek1ta; aos 15 anospara os homens e aos 19 para as mulhe­res, no rito chUta. (80)

O DIREITO FRA,NC:ES

A Idade para o casamento é a de 18anos, para o varão, e de 15, para a mu­lher, podendo, no entanto. ser concedidadispensa, por motivo grave.

(2:1) DeM - 81 - 10-3-1* - p!g. 86e.(2ll) Llno Leme - DIreito Civil Comparado -

p6«. 12 - Bd. 1962.(21) Idem, Idem - p!p. 85/66.(28) Idem, idem - Pi«. G9.(211) Idem, idem - p6p. 81/82.(30) Idem, idem - ~. 109.

Page 97: J SENADO FEDERAL

96 REVISTA l:!.E INFORMAÇÁO L~~l~LATIVA

Somente o pai exerce o pátrio poder,durante o casamento (Códl~o Civll, ar~

tlgo 373;.

O adotante deve ter 40 anos, pelo me­nos, e mais 15 do que o adotado. 1!: ad­Mitida a adoção por marido e mulher,conjuntamente. O parentesco resultanteda adcção se estende aos filhos legi'J­mos do adotado. O adotado sucl'de aoadotante, ramo os descendentes legitl­mos; não, porém. aos parentes do ado­tar. te.

A maioridade é aos 21 anos, mas, até05 25, o ~ilho precisa de lI~tnça paracasar-se.

São pupilos ca nação flei de 1917) osórfãos de paI. ou arrimo de famíEa, Quemorreu na guerra, ou cujos pais ou ar­rimos morreram em eonseqüêneia de fe­riment.o ou doença resultante c.a guer­ra. UIl)

o DIREITO AUSTRíACO

A maioridade se verifica aos 24 anos,extingUindo-se com ela. o pátrio podere &. tutela, que perduravam no DireitoRemano. no antigo Direito germãnjcoe no Direito prussiano 13~}. ALCI~O

PINTO FALCAO P:l) i:1fl)nna, entreian­tD, que até lei de 6 de junho de 1919, naAustrla, a menoridade ia até os 24 anos,pa.~sando por essa lei a maioridade aakançar-se com os 21 anos.

o DIREITO AU:MAO

A personalidade civil resulta do r.as­c1mrnto com vida, não s(' exigindo via­bilidade, como no CódiR"O Frar.ccs; amaioridade é fIxada aos 21 anos, permi­tindo-se a concessão da mesma aos 13anos completos, ficando o emancipadoequiparado ao major, e r.âú com capa·cidade restrita, como no Código Francês.

Os menores, após os SE'te anos, podemcontratar, mediante o consentimento deseus ~presentantes legais.

A Idade para o casamento do varão éa de 21 anos, que pode ser reduzida a 18,se não estiVEr sob patrio poder ou tu­tela.

Na Alemanha podem ser adotadostambém os !ilhas naturais <contra o Có­digo grego, art. 1.569 e Código ltalla~

de 1942). O adotado tem os mesmosdireitos á sucessào do Rdotante, que seusHlhos, regra à qual fazem rxeeção c DI­reito espanho: e o de alguns paises islâ­micos. (:1,1)

o DIREITO Sl:lÇO

A maIoridade é fixada aos 21 anos. Oca.samento eman::ipa. O meno: ~om lltanos cumpridus pode ser ('mancipado.

Os menores e Interdites, CajlUZeS dediscernimentü, n~Lo. pedem agir 5em o('onsentimenUl de seu representante le­gaI. excetü para adquirir a t~:ul'J gra­tuito ou para l'xercc r direitüs estrita­mente pessoais.

A ldade pam o casamento e ~ixada em20 € em 18 anos. podendo ser reduzida,em caso de 1"orça maior, a 18 e : 'I.

O adotante deve ter p('lo menos 40anos de idade e 18 ma::> do que o ado­tado, e a adoção não pode ser felia. con­juntamente pe;os esposos. (:",)

o DIREITO :...ATIKO-AMERICANO

A maioridade e fixada em 21 anos, nosCódigos argentino. unguaio. )1pruano emexicano; em 25 anos no Códi!~o chileno(no Código fr:mcés em 21, r, no espa­nhoL em 23l; a viabilidade nào é exi­gida, mas a figura h'Jmana o (O, nos Có­dIgos do Urug'Jai e da Argentina, st'­~ulndo o Códil:O f'spanho: r o portllr.:ul'~

'31, Idem, lct~n1 .- 1J>\~s. 1:'3, J:,4.:321 Idem, icem __ o paI{ 161.133.1 Par1.f' r:~r...1 do (ódlKO Ch'iI 1!1.,9

paI". 9f.lJ~J Uno Lem~. OIr~Lto [IvU Comparado, p~g,

168, 169, 172 e ]73.,J~I Idem. Idem pill;S. 177/~71l

Page 98: J SENADO FEDERAL

_______--'J:..:..A=N.=EIRO A MARÇO - 1968 97

o Código peruano fixa em dezoItoanos para a mulher e em vinte e umpara o homem. a Idade para o casamen­W, e considera o adotado como filho le­gitimo. pG)

o DIREITO PORTUGU~

O Nóvo Código Civil fixa a maioridadeaos vInte e um anos de idade, para am­bos os sexos (art. 122).

A incapacidade dos menores é supridapelo poder paternal e, subsld!àriamente,pela tutela, conforme se dispõe nos lu­gares respectivos (art. 124l.

Reconhece a adoção como fonte dasrelações de famiUa, suprindo, assim, aomissão dêsse instituto no antigo Có­digo de 1867. Conforme prescreve o ar­tlgo 1.974, a adoção apenas será decre­tada quando se verifiquem, cumulativa­mente, os segu1nt~s requisitos:

a) apresentar reaIs vantagens aoadotando;

b) ter o adotando menos de quator­ze anos, ou menos de vinte e ume não se encontrar emancipado,quando desde idade não superiora quatorze anos tenha estado, defato ou de dtreito, ao cuidado doadotante;

c) ter o adotante maIs de trinta ecinco anos de idade.

Quando o adotando tenha mais dequatorze anos, é ainda necessé.rio o seuconsentimento, a menos que êle não es­teja no uso de suas faculdades mentais.

São Impedimentos dirimentes absolu­tos para o casamento, as idades inferio­res a dezesseis e Quatorze anos, respec­tivamente para o homem c a mu­lher (37)

o DIREITO ITALIANODeUe personc fisicheArt. 2 - Magg10re età. Capacità diagire. - La magglore età é fissa­ta ai compimento dei vcntuneslmoanno.Com la maggiore età si acquista lacapacltà di complere tuttt gli attiper I quaU non sla stablllta un'etàdiversa.

Del matrimonioArt, 84 - Non possono contrarrematrimonlo l'uomo che non ha eom­pluto gli annl sedlcl, la donna chenon ha compiuto gll annl quattor­dic~ .I1 (Re) o le autorltà a elo delegatepossono per gravi motlvl aecordaredispensa, ammettendo aI matrimo­nio l'uomo che ha compiuto gll annlQuattordicl e la donna ehe ha com­pluto gl1 anl dodlcl.

Dell'adozloneArt. 291 - Condizion1 - L'adozloneé pennessa aUe persone che nonhanno dlscendenU leglttiml o leglt­Umati, e:,he hanno comptuto I cin­quanta annl e che superano almenodi dlclotto annl l'età di coloro cheessl intendono adottare.

Quando eccezionall c1rcostanze loconslglla:J.o, la corte di appelo puollutorlzzare la adozione se l'adottan­te ha raggiunto almeno l'età diQuaranta annl e se la differenza dietà tra l'adottantc e l'adottando écU almeno sedlci llnnL (38)

O DIREITO DA REPÚBLICADOMINICANA

A maioridade civil e matrimônio es­tão regulados pela Lei n,o 4.999, de 19 desetembro de 1958, que deu a seguinteredação aos artigos do Código Civil per­tinentes à matéria:

"Art. 3118 - Se entlende menor deedad el Individuo de uno u otro sexoque no tenga cUeclocho afios cum­plidos."

(36) Idem, Idem - pãgs. 202 e 206.(37) JacInto ~rnandes Rodrigues Sutoo ­

cód1co ClvU Porlucuh de 1966 - UvrarlllAlnlcdlno - Coimbra - 1966.

(38) Waltcr d'Avanv,Q - I\lanuale D'Udlenu ­1 'luatuo Co41d - Ecllz.1one ~omata.

5ettembro 1963.

Page 99: J SENADO FEDERAL

"Art. 488 - Se fija la mayor edaden dieciocho anos cumplidos y porella se adquiere la capacidad paratodos los actos de la vida civil."

Pela mesma lei, os incisos 1, 2 e 5do artigo 56 da Lei sôbre Atos do EstadoCivil, n.O 659, de 17 de julho de 1944,passaram a se redigir assim:

1) De los mayores de edad,

Los mayores de 18 anos puedemcontraer matrimonio librementesim tener que recabar el consenti­miento paterno.

2) Menores de 18 anos.

Los menores de 18 anos no podráncontraer matrimonio sen el consen·timiento de sus padres o deI padresuperviviente.

5} Impedinüento para el matrimo­nio por motivo de menor edad,y dispensas que puede concederf'1 Juez de Primem Instancia.

El hombre, antes de los 16 anoscumplidos y la mujer antes de cum­pUr los 15, no puedem contraer ma­trimonio; pero el Juez de PrimeraInstancia puede, por razones aten­dibles, conceder la dispensa de edad.

A Lei nO 5.152, de 13 de junho de 1959,modificou as normas do Codígo Civil re­lativas a adoção, passando estas a tera seguinte redação:

·'.'\rt. 343 - La adopción, ya se ha­ga en forma ordinaria o en formaprivilegiada. no puede ser hecha1;1no cuando haya justos motivos queufrezcan ventajas para el adaptado.

Art. 344 - Se requiere cuarenta anospara poder adaptar. Sín l:'mbargo,la adopcíón puede ser pedida jun­tamente por dos esposos no separa­dos personalmcnte, de los cuales unotenga más de 35 afios, si se hancasado desde hace más de 10 anos" no han tenido hijo de su matri­mania. Los adoptantes no deberãntener en eI dia de la adopción hijos

ni descendientes legítimos. La exis­tencia de hijos adoptivos no cons­tituy obstaculo a una subsigulenteadopción.

El adoptante deberá tener 15 anosmás que la persona que se proponeadaptar, y si ésta fuese el hijo desu cónyuge, bastará con que la di­ferencia de edad entre ambos seade 10 anos, y aún podrá ser reducidapor dispensa deI Juez de PrimeraInstancia correspondiente." (:l9)

o DIREITO JAPON:gS

"MAJORITY

Artic1e 3 - Majority is atta1ned onthe completion of full twenty yearsof age.

Minor's capacity

Article 4 - A minor shall obtainthe conscnt of his legal representa­tive for doing auy juristic act, un­less it is an act rnerely to acquíre adght or to be relieved fram a duty.2. An act done in contravention ofthe preccding paragraph ls voidable.

MARRIAGE

Article 731 - A man may not mar­ry until the complction of his fulleighteen years of age, nor a womanuntil the campletion of hef {ull six­t~en years of age.

ADOPTION

Artícle 792 - Any person who !lasattained majurity may adopt ano­thl:'r.

Article 793 - No ascendant ar per­son of older age may be adopted.( ~ "I

139) PlInia Terrero Peúa - Cadiga Civil de LaR~'publíc-a Uoulínicana Santo UOtningo ­1961.

140) The Civil rode Df JajJan -- Elb\ln-Horel­Sha. lne Tok)'o. Jllpan - 1962

Page 100: J SENADO FEDERAL

Sara r<aMO~ dQ Jifuoil'êJoOrientad<:Jra de Pesquisas LegislativasDiretoria de lnjormaçáo Legislativa

o tema do nosso trabalho, pôsto quefértil no ângulo da vasta literatura, quedêle se ocupa, é, no sentido técnico e ju­rídico, um dos Que apresentam maioresvariações no tempo e no espaço.

Sente-se, de logo, que a Justiça Milltartem variado. através dos tempos, emfunção da estrutura substancial em quese organizam os Estados.

Sôbre suas origens, não é segura a In­fonnação dos escritores. Sabe-se, entre­tanto, Que essa matéria, mesmo sem ade­quada sistematização ou cunho cientifi­co, vem aflorando, entre os povos, desdea mais alta antigüidade. Neste periodohistórico vislumbram-se alguns traços deImposição disciplinar, no que tange àsfôrças annadas, entre os assi rios , osegipcios e os gregos. tsse embrião daJustiça Militar emergia das necessidadesdas guerras continuas em que se empe­nhavam os povos antigos.

Sady Cardoso Gusmão, em trabalhopublicado no "Repertório Enciclopédicodo Direito Brasileiro", vai. :n, pago 4,alude aos episódios da guerra de Tróiae às punições Infringidas por Mllciadese Aristides, para salientar que a origemda Justiça MilHar quase se perde nanolte dos tempos.

Em Roma, porém, onde havia, domi­nante e apaixonado, o espirlto das con­quistas guerreiras, teve a matéria umtratamento melhor coordenado, já emrazão da Inteligência, cultura e do es­pírito prático e conso1!dado do grandepovo. Ai, jã se podla falar em Institui­ção militar. A organização mUltar ajus­tava-se na organização política e admi­nistrativa do Estado. Os juristas entra­ram em debate no processo de elabora­f,;ão clentiflca da Instituição. E as diver­gências lIumlnaram o campo doutriná­rio. Surgiram as escolas, dlsclpl1nandoas Instituições militares. os tribunaisadequados e a jurisdição especifica.

Roma foi a grande fonte de consul­tas para todos os povos do mundo.

O Corpus Juris não é omisso na. Im­portante matéria. ~SSl: monumento desabedoria jurídica realça bem as diver­gências entre as escolas. Ora, se faziaprevalecer, na orientação e processo dosjulgamentos dos m!l1tares, a competên­cia ratione materiae, (crimes mlUtares),ora a ratlone personae (crimes pratica­dos por mtutares).~ Interessante, para melhor apreciaçãodo processo de evolução da Justiça mlll­tar entre os romanos, transcrevermos

Page 101: J SENADO FEDERAL

100

alguns trechos das páginas eruditas deEsmeraldino Bandeira, constantes do seulivro "Direito Penal Militar". 1915. págs.474 e seguintes, Não entraremos nas mi­núcias e detalhes com que tanto se pre­ocupou o autor. no propósito de salien­tar a grande antigüidade dos tribunaismilitares, a evolução da instituição e tu­do quanto se referia à competência ejurisdição vinculadas ao julgamento dosmilitares. Abramos. entretanto. margema citação parcial de trechos do jurista:

"Em Roma, a<J tempo da realeza, ajurisdição tanto civil como militar per­tencia ao Rei. assistido de um conselhoformado de membros das familias pa­tricias.

Com o correr dos tempos foi permiti­do nos casos criminais apelar de suasentença para o povo reunido -- provo­catio ad poplllum --, o Qual decidia emúltima instância sob a direção dos duo­viri perduellionis.

Além do Rei. os tribuni celerum, in­vestidos ainda de certas funcões sacer­dotais, tinham uma atribu'ição quaseabsoluta sôbre as tropas de seu comando.

Com a queda dos Tarquínios. a ple­nitude do poder judiciário passou paraos cônsules.

Dividiu-se depois, ficando a jurisdI­ção civil com os pretores, e guardandoos cônsules sàmente a militar.

Nos casos de grave perigo. porém, no­mea','a-se um Ditador que, como magis­trado excepcional, concentrava entãotodos os podêres j udiciarios, inclusiveum direito absoluto de vida e morte sô­bre militares e paisanos. sendo irrestri­tas e inapehweis as suas decisões."

Chrysólito de Gusmão, "Direito Pe­nal Militar". U115, pá,g, 223 e Sf'guintes,faz notável síntese da formaç:to evoluti­va da Justiça Militar entre os Romanos:

"Quanto ao direito romano é que aformação evolutiva da Justiça militar senos apreser,ta sob feições mais interes­santes e definidas, principalmer.te emseu desdobramento histórieo, que nos re­flek. verdadeiramente, os diversos mo­mentos sociais que atravessou a cidadeeterna.

Sua evolução hist-órica pode ser divi­dida em quatro grupamentos ou fases:aI a época dos Reis; b) a dos cansulese tribunos militares; e apos a fundaçãodo Império monárquico temos duas ou­tras fases: c) a dos prctores; d) a dos

magistri militum, no tempo de Constan­tino, como se pode ver em Teillefer. (')

Em conseqüência da falta de uma di­ferenciação de órgãos e funções. a jus­tiça milítar era exercida pelos Reis, quetudo absorviam, concentrando em suasmãos tôda sorte de poderes; é a primei­ra fase,

Posteriormente passa a justiça mili­tar por movimentos inversos diferentes,em que ora se verifica o fenômeno dacentralização de podêres, ora se paten­teia a lei da diferenciação gradativa esistemática dos órgãos e funçoes,

Assim, na segunda fase, a justiça mi­litar era exercida pelos cônsules, que jul­gavam, a princípio, como tem lembraTeillefer, os crimes civis também, co­nhecendo, porém. posteriormente, doscrimes militares.

O C0nsul possuia o impel'ium majus.

Abaixo do Cônsul existia um outro ór­gão misto de justiça e comando, que erao Tribuno militar. que possuia o cha­mado imperium militiae, que simboliza­va a dupla reunião da justiça e do co­mando; essa feição mista vêmo-Ia cla­ramente no Digesto do Re Militare.

Como pondera ainda Teillefer, na épo­ca imperial, assiste-se uma nova con­centração dos diversos podfres nas mãosdos monarcas, aliás natural, como con­seqüência da necessidade de alguma ino­vação profunda que obviasse a desagre­gação, a lassidão e o desvirtuamento damilícia romana nos últimos tempos daRepública.

"O Imperium torna-se único; o Im­perador absorve' nele todos os poderes.porém, pode os delegar a seus aj udan­tes de ordens, promagistratis . aquelesque êle não pode exercer por si mesmo."

Nessa terceira fase, uma modificaçãose dá, porém. na época de Augusto. Ajustiça militar é exercida, então, pelosprefeitos do prewrio, cuja Jurisdição eramui ampla, apenas se limitando no quedizia respeito à jurisdição sôbre os ofi­ciais superiores.

Na quarta fase, na época de Constan­tino, é que fundas modificaç'oes sãofeitas,

(I) Telllefer ~ "La Ju'ticc MilJ (alre dan,L'Armt'e de Terrc" -- 1895 - Apud Chrl­'óLi to de Gusmão.

Page 102: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Â MARço - 1968 101------------- --..:..._--------------

Em conseqüência da grande fôrçapolitlca que havia adqu1rldo a mIHciaromana. avassalada e conturbada pelaspaixões e interêsses de facção Que delafaziam um fator primordial na tela po­lítica. Constantino procurou e usou demeios diversos para enfraquecer a fôr­ça da legião romana, multiplicando-a.separando as asas da legião, Isto é, acavalana, que, como se sabe, era com­posta dos elementos nobres, de modoque formasse um corpo à parte. As le­giões romanas deixavam de ser os cor­pos coesos, fortes e sistemáticos, cons­cientes de sua própria fôrça, para setransformarem numa multiplicidade demembros desagregados. Assim reduzida,cada uma dessas legiões perdeu, com osentimento de sua própria importância,o pensamento de dela abusar para per­turbar o Estado. (Crozals)

Constantino, em conseqüência dessassuas reformas, teve necessidade de mo­dificar também a organização da justi­ça, adaptando-a e moldando-a sob no­va feição.

Constantino, afastando, assim, os ele­mentos da legião, foi obrigado a criaruma dupla espécie de magistratura: osmagistri peditum e os magistri equitum,que eram denominados, ambos magis­tri militum.

No Ocidente, como lembra Telllefer,havia três dêsses juizes, e no Orientehavia cinco, dos quais "trcs estavam nafronteira, per Orientem, per Tbraciam,per Illyriam, e os dois outros permane­ciam junto ao Imperador Proesentales."

Constantino Instituiu um Consillum,encarregado de assistir o juiz mUltar.

A opinião do ConsUium era meramen­te consultiva, não tendo fôrça delibe­rativa obrigatóría no funcionamento dajustiça militar, conquanto fósse, mui­tas vêzes. obrigatória a consulta, que po­dia, então, ser ou não aceita.

Quanto à hierarquia dessas diversasentidades da magistratura mllltar, so­freu, ela, também, diversas modlflca­çôes acordes a cada momento histórico.

Segundo Te1llefer, a Quem vamos re­correr, não havia, até a época Imperial,o recurso de apelação contra as senten­ças dos juizes militares.

Na época de AUgusto, algum tempodepois de criada a magistratura autõ­noma dos prefeitos do pretória, éstes,paulaUnamente, ampliados, nessa au-

tonomla, não tiveram suas sentençassujeitas ao recurso de apelação.

Na origem, porém, dessa última ma­gistratura houve o recurso de apelaçãointerposto às suas sentenças."

A verdade é que todos os crimes' e.penas mllltares foram previstos na le­gislação romana.

Considerava-se, jã a êsse tempo, quea necessidade da. disciplina, da ordem,da hierarquia e da própria flnalldadedas fôrças armadas, impunha dar àsinstituições militares. leis próprias e ju­risdição específica. No século XIV, navelha Inglaterra, já. encontramos noti­cias Indicativas da existência da Justi­ça Militar. (t)

Na Idade Média - refere ainda SadyGusmão (') - usos internos de coman­do, leis de cavalaria, eram adotados; eno século XVIII "encontramos, em meioa outras ordenanças, os severos e famo­sos artigos de guerra do Conde de Llp­pe, aprovados em 1763. Na França, maistarde. chegaram os Constituintes à uni­ficação da justiça comum e da militar.A lei francesa de 1791 cstabeleéeu aseparação das jurisdições civil e mili­tar, o que veio firmar-se através do art.56 do Code de Justicc Militaire, precei­to transcrito no art. 291, do antigo Có­digo Mllltar Portugucs."

JUSTiÇA MILITAR NO BRASIL

AO tempo de D. João VI começou aJustiça Militar a ter organização legal.Realmente, pelo Alvará de 1.0 de abrilde 1808, foi críado o Conselho SupremoMilitar da Justiça.

Em 1820 era organizado o Projeto deCódigo Penal Militar, aprovado pelo Al­vará de 7 de agôsto do mesmo ano. Emvirtude de acontecimentos polltlcos naMetrópole, obrigando a convocação dasCôrtes. o referído Código não foi apli­cado. Gomes Carneiro (Repertórío En­ciclopédico do Direito Brasileiro - vaI.9 - pago 211) evidencia o admirável f!S­fórço construtivo dêsse diploma: "O queêsse Côdigo assinala de modo particular,como exemplo do sistema de codifica­ção Integral, do tipo das antigas Orde­nanças, é o método de. expondo no

l2) Clnudlo Pacheco - "Trotado dM CansU­tlllçOc~ Bf1ISUelru" .- \'01. VII - p6g. 323.

(3) Bady Gusmlo. ap. clt.

Page 103: J SENADO FEDERAL

102 REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA

mesmo texto toda a matéria de direitopenal, no quádruplo ponm-de-vista ~da organização dos tribunais e do seuprocesso, ao lado das disposições penaise disciplinares ~ juntamente com asfórmulas dos atos do processo estabele­cidas para cada qual dos casos, consi­derar a norma disciplinar militar nomesmo nivel da norma penal núlltar,para dar-lhe garantias até então desco­nhecidas nas legislações do gênero, an­teriores à Revolução Francesa.

Dadas as relações de dependência en­tre o direito penal formal e o direitopenal materi~J, de que a disciplinar é,no nosso parecer, importante ramifica­ção, tudo aconselha a tratar com o mes­mo método doutrinário os vários pro­blemas que a codificação do direito pe­nal militar suscita, pouco importandoque os regule em um mesmo corpo denormas.

E, conhecidas as condições políticasda época, em que se compos o Código,compreende-se que seus autores. teste­munhas do desmantelo das leis e dodescalabro da justiça, se houvessem pre­ocupado em acorrentar a norma do pro­cesso às fórmulas que consideravam ca­pazes de garantir a exata aplicação dalei: como igualmente se compreendeque, experimentados nas coisas da mi­lícia, na Metrópole e no Ultramar, pro­curassem habilitar os militares ~ noexercicio do Comando c no exercicio daJurisdição militar com o meio expe­dito de terem a mio a legislação quedeviam aplicar. quer no uso de suasatribuições disciplinares, quer no de­sempenho de suas funçôes i udiciais.

A sistemática do Código amparava-se,))or:anto. em princípios de doutrina queo tempo não envelheceu. e satisfazia aconveniências práticas da vida militarque sao as mesmas em tôdas as épo­cas. no que concerne ao poder discipli­Ilar e à função j uri5dicional. enquantoa justiça militar existir"

Sallentam os críticos o pouco interes­se, no regime munarquico. pelo allerfei­çoamento da matéria. Tanto assim que50 em 1875. cinccenta (' cinco anos de­pois daquele projeto. veio o Regulamen­to Disciplinar para o Exército, baixadopelo Decreto 5.884 desse ano. e em 1890o referente à Armada. e logo depois oCódigo Penal da Arma:ia (1891) orga­nizado por uma comissào presidida porBenjamim Constant. e aplicado aoExército em 1899.

Assim, "o império caiu sem haver do­tado a Nação de leis penais militares aonivel político das instituições democrá­ticas do país e da cultura das classesarmadas, em medidas orgânicas, reduzi­da que ficou a legislação militar a pro­vidências sem sistema, sem método, im­postas pelas necessidades ocasionais, desorte que um dos mais imperiosos pro­blemas que a República teve que resol­ver foi o da reforma das leis penais mI­litares." I')

Em 1895, o Governo republicano bai­xou o Regulamento Processual CriminalMilitar, que vigorou, sem alteração, du­rante vinte e cinco anos, apesar dosgraves defeitos que lhe apontavam.

Em 1926 tivemos o Código da JustiçaMilitar, que foi ainda substituído peloDecreto-Lei nO 925. de 1938, que pôs emvigor o nôvo Código de Justiça Militar.

A verdade é que sàmente em 1944 erabaixado o Código Penal Militar, siste­matizando a matéria e dando-lhe umcunho melhor de perfeição técnica e le­gislativa.

Não é demais salientar que o espíritocivilista dominou as reforma.s militares,a partir de 1920. como se referem os es­critores.

E só depois da influencia de mOVI­mentos subversivos e de uma melhorconsolidação das Fõrças Armadas. é que,ao elaborar-se a Constituição de 1934,a Justiça Militar foí, pela primeira vez.incorporada ao Poder Judiciário doEstado.

JUSTIÇA :'tlILITAR - CONSTITUlÇót:SBK\SILEIR.\S

Somente em 1801. a Justiça Militarfoi lançada em texto constitucional.atingindo, por essa forma. um nível deestabilidade e sistematização A ConstI­tuição de 24 de fevereiro daquele anoestabelecia no art. 77:

"Art. 77 ~ Os militares de terrae mar terão foro especial nos deli­tos militares~ 1.0 ~ liste f1)ro compor -s('-(j, deum Supremo Tribunal Militar, cujosmembros serão vitalícios. e dos COIl­

selhos nrcessários para a formaçãoda culpa e julgamento dos crimes.

14) Goml?~ CA.rl1e~ro, op. cir.

Page 104: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MAR~~.~ 19_'_8 --.:1:...::0-=.3

§ 2.0 - A organlzação e atribul­çóe3 do Supremo Tribunal Militarserão reguladas por let"

Destarte. Já não era mllla possivel ex­cluJr âs tórç3:j armadas o apaxelho JU­diciário qué lhes estava destinado pelaLei Matar da República. Possivel seriaapenas, como observa Pontes de Miran­da (.). através da politlca juridlca le­gislativa, aumentá-lo ou dlRúnui-lo, li­mitá-lo ou estendê-lo. O Supremo 1'11­bunal Militar é que não poderia ser el1­minado.

Ao elaborar-se a Constituição de 1934,a Justiça Mll1tar foi, pela primeira vez,incorporada 8.0 Poder Judfclárto do Es­tado. Essa Constituição manteve o fôroespecial nos delitos mUltares. para mi­litares e pessoas Que lhes fôssem asseme­lhadas. E abrangia os civis:

"Art. 84 - Os mll1tares e as pes­soas que lhes são assemelhadaa te­rão fôr:o esp~ial nos dellws milita­res. ~te fôro poderá ser estendidoao cIvis, nos casos expressos em lei,para a repressão de crimes contraa segurança externa do pais, oucontra as instituições mllltares.Art. 85 - A lei regulará a jurls·diçáo dos juizes mLUtares e a apli­cação das penas da legislação mtu­lar, em tempo de guerra, ou na zo­na de operações durante grave co­moção intestina.Art. 86 - São órgãos da JustiçaMilitar o Supremo Tribunal Militare os tribunais e juizes inferiores,cl1ados por leI.Art. 87 - A Inamovibilidade asse­gurada aos juizes mUltares não ex­clui a obrigação de acompanharemas fôrças junto às quais tenham deservir.

Parágrafo único - Cabe ao Su­premo Tribunal Militar determinara remoção de juizes mUltares. deconformidade com o art. M, letrab."

A Constituição de 1937, restringindo.como fêz a de 1934, a Inamovlbilldade dosjuizes mLUtares (arUgos 111 a 113)'acresceu, com todo rigor (art. 172), aapl1cação das penas da legislação mUl­tar e da jurisdiÇão dos tribunais miUta­res, nos casos de crimes contra 8 segu­rança do Estado, a estrutura das lnsU­tul r,:ócs , a comoção intestina grave e oestado de guerra (CláudJo Pacheco -

Tratado das Constituições Brasileiras- voI. VII - pág. 325L

Assim estatui essa Constituição:"Art. 111 - Os m1Utares e as pes­S083 8 êles a.ssemelhadas terão tô­ro especial nos delitos miUtares.t.ste fóro poderá e.stender-se aos ci­vis, nos casos definidos em lei, pa­ra os crimes contra a segurança ex­terna do pais ou contra as institui­ções mmtares.

Art. 112 - São órgãos da JusttçaMilitar o Supremo Tribunal MiUtare os tribunais e juizes inferiores,criados em leI.Art. 113 - A inamovibllldade as­segurada aos juizes miUtares não osex.lme da obrigação de acompanharas fô~as junto às quais tenha.m deservir.

Parirrafo único - Cabe ao Su­premo Tribunal Mllltar determinara remoção dos Julzes milltares,quando o interêsse públ1co o ex1­gir.

Art, 11'Z Os crimes cometidoscontra a segurança do Estado e aestrutura das instituições serão su­jeitos a justiça e processo especiaisQue a lei prescreverá.§ 1.0 _ A lei poderá determinara apllcação das penas da legisla­ção militar e a jurisdição dos tribu­nais rnLUtares na zona de operaçõesdurante grave comoção intestina.§ Z!' - O oflc1al da ativa, da re­serva ou reformado. ou o funcioná­rio público que haja participadode crime contra a segurança do Es­tado ou a estrutura das instituições,ou influido em sua preparação in­telectual ou material, perderá a suapatente, pósto ou cargo, se conde­nado a qualquer pena pela d~lsão

da Justiça a que se refere éste ar­tlgo,Art. 173 O estado de guerramotivado por confllto com pais es­trangeiro se declarará no decretode mobilização. Na sua vigência. oPresidente da República tem os po­dêres do art. 166 e os crimes come­tidos contra a estrutura das Jnsti-

(5) Pontes de .MIranda - "Com~n""rloa ~

Con&t1tulçAo t1e 1946".

Page 105: J SENADO FEDERAL

104 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA----~-~--------- .._._-----_.~-

tuições, a segurança do Estado e doscidadãos serão julgados por tribu­nais militares."

LEI CONSTITUCIONAL r\.0 7, DE 30 DESETEMBRO DE 1912

"Artigo único C art. 173 daConstituição fica assim redigido:

Art. 173 . - O estado de guerra.motivado por confllto com paísestrangeíro se declarará no de­creto de mobilização. Na sua vi­gência. o Presidente da Repúbli­ca tem os poderes do J.rt. 166 e alei determinará os casos em queos crimes cometidos contra a es­trutura das instituições, a segu­rança do Estado e dos cidadãosserão julgados pela Justiça Mili­tar ou pelo Tribunal de SegurançaNacionaL"

A Constituição de 1946, "obra de umaConstituinte formada com deições per­feitas" assim estabelece a organizaçãoda Justiça MJlitar:

"Art. 106 - São orgãos da Justi­ça Militar o Superior Tribunal Mi­1it:.u e os tribunais e j \,ízes inferio­res que a lei instituir.

Parágrafo ú.pico A lei disporásôbre o número e a forma de esco­lha dos juízes militares e togadosdo Superior Tribunal Militar, osquais terão vencimentos iguais aosdos juízes do Tribunal Federal deRecursos, e estabelecerá as condi­ções de acesso dos auditores.

Art. 107 - A inamovibilidade as­segurada aos membros da JustiçaMilitar não oS exime da obrigaçâode acompanhar as fôrças junto àsquais tenham de servir.

Art. 108 - A Justiça Militar com­pete processar e julgar, nos crimesmilitares definidos em lei, os mill­tares e as pessoas que lhp.s são asse­melhadas.

!'\ 1.0 - ~sse fôro '-'special poderáestender-se aos civis, nos casos ex­pressos em lei, para a repressão decrimes contra a segurança externado país ou as instituições militares.

~ Z.o - A lei regulará a aplica­ção das penas da legislação militarem tempo de guerra,"

A Justiça Militar, na constituição delV67, está analisada em capitulo à par-

te, no final dêste trabalho, em virtudedas várias modificações estabelecidas,provocando uma grande transformaçãona Justiça Castrense.

JUSTIFICAÇAO DA JUSTIÇA MILITAR- INFUJt.NClAS E RE?.Ç()ES-

A criaçáo da Justiça Mililtar tem si·do apoiada e j ustiflcada pelos nossosconstitucionalistas, como uma institui­ção necessária para manter a disciplinadas fôrças armadas. Cláudio Pacheco(0) ensina que "para sua defesa internae externa, o Estado precisa de armarestas corporações, concedendo-lhes oselementos de um grande poderio mate­rial, mas depois precisa de se defender~cmtra el'i\.s j)!oe\1!'C\ndo submeté-las aum duro regime de clisciplina e a umarígida rotina de obediência, de modo aobter a sua submissão e a sua confor­mação diante do desarmado poder civil.A Justiça Militar é assim uma das ins­titujçôes que visam a assegurar a subor­dInação das fôrças armadas."

Não há dúvida, como assinala Barba­lho que para os crimes previstos pela leimtIJtar, deve existir uma jurisdição es­pe(',\ó.l, não eom\) prwUeg\o dos ind\'fl­duos que os praticam mas por fôrça danatureza dêsses delitos que impõem, pe­lo império da dlsciplina, uma repressâopronta e flnne, além das formas sumá­rias. para o seu' julgamento .

"E assim o fôro especial é uma con­dição de boa administração da justiça.Mas êsse fôro, ref1lta~se, não é propria­mente para os crimes dos militares esim para os crimes militares; porque nomilitar há também o homem, o cida­dão, e os fatos delituosos praticadosnesta qualidade caem sob a alçada dajurisdição comum a todos os membrosda comunidade civil; o fõro especial ésó para o crime que êle praticar comosoldado, uti miJes, na frase do juriscon­sulto romano." (')

lt certo, entretanto, que a Justlça Mi­litar tem recebido, em todos os países,sem exceção do nosso, a direta influên­cia dos governos fortes e autoritários.~stes sempre se \nc)inam a ampliar-lhea jurlsdlção e a competência.

Muitos, porém, animados de maior es­pírito liberal e civilista chegam a com-

(6) Claudlo Pacheco. Oll cltli) BlIl'balho -- "ConstltlllçAo l"ederal Bra.l­

leira de 1001" - Comentários.

Page 106: J SENADO FEDERAL

lOS

bater a existência do fôro privilegiadopara militares e seus assemelhados.Entendem que, a manter-se o fôro es­peclal, êste deveria restringir-se aoscrimes que só o militar poderia co­meter.

A Constituição de 1946 adotou umconceito a que poderiamos chamar deIlllsto, eis que atribui à Justiça MUitara função de processar e julgar não sóos militares mas também às pessoas quelhe são assemelhadas. :E: o aue está ex­presso no art. 108 daquela Lei Maior. Eno § 1.0 do citado artigo encontramosos próprios civis envolvidos na compe­tência e jurisdição da Justiça Militar.

COMPETtNCIA - CosCt:ITOS

Convém sallentar que vem de longe,entre os povos, a controvérsia a respei­to da competência dos tribunais milita­res. Além dos que propugnam pela com­petência ratione materiac e pela com­petência ratione personae, a que nosreferimos, há os Que lutam para defi­nir a competcncia da Justiça mllltar,tendo em vista a ratlone loei. E aindauma quarta corrente, abandonando ostrês critérios ant.criores, adotou a com­petência ratione legis, isto é, deu am­pla liberdade ao legislador ordináriopara definIr o delito militar e subordi­nado à ação dos pretores militares. Oúltimo critério foi adotado pela Consti­tuição Brasileira de 1946.

Barbalho (') ligava-se bem à escolados que defendiam os crimes militaresem ra7.ão da qualidade militar dos seusagentes, ou seja, atento ao conceito ra­tione pcrsonac.

Segundo Chrisólito de Gusmão ("),essa é a verdadeira tendência modernaInclinada a só considerar crime militaraquele que só pelo militar possa sercometido. "constltulndo, assim, uma 111­fração especiflca, pura, funcional ou deserviço."

No direito brasileiro o mais anllgodocumento conhecido sôbrc essa m,.tc­ria é a provisão de 27 de outubw de1834, "que reputava crimes meramentemilitares todos os declarados nas leismilitares e que só pelos cidadãos alis­tados nas fileiras poderiam ser pratica­dos. E tals eram, segundo a dlta provi­são: 1.0, os que violam a santidade ereligiosa observância do juramentoprestado pelos que assentam praça; 2..°,os que ofendem a subordinação e boa

disciplina dó'Exérclto e da Armada; 3.°,os que alteram a ordem politlca e eco­nômica do serviço milltar, em tempo deguerra ou de paz; 4.0, o excesso ou abu­so de autoridade em ocasião de serviçoou lnfluência de emprégo militar, nãoexcetuados por lei, que positivamenteprive o delinqüente do fôro militar."( '0)

Por outro lado, Castro Nunes (") dIs­corda de Chrlsóllto de Gusmflo e ensi­na que a corrente usual, entre nós, é a"divisão de tais crimes em própria eimpropriamente militares ou em essen­cial e acidentalmente militares.

Os primeiros supõem a um tempoQualidade militar no ato c caráter mill­t.ar no agente. São os crimes que, con­forme o ensinamento de certa doutri­na, constituem um residuo de infraçõesirreduti\'cis ao direito comum.

Os segundos são crimes intrinseca­mente comuns, mas que se tornam mi­litares, já pelo caraler militar do agen­te, já pela natureza militar do local, Jápela anormalidade da época ou do t.em­po em que são cometidos."

Esclarece, ainda, que o Supremo Tri­bunal Federal e o Militar têm entendi­do que "os crimes militares são os quea lei deftne como tais ._. ralione Jegis."

"Tal doutrina, acentua, explanada noacórdão de 28 de setembro de 1928 doSupremo Tribunal Militar, no Qual sciê: Os demais conceitos diferenciais danatureza dêsse delito, como sejam ra·tíone materiae, rationc personac, ratio­ne loel, ratione tcmporis -- serviram,sem dúvida, de orientação ao legislador,pata a capitulação dos crimes constan­tes do Código, atuando, ora Isoladamen­te, ora concomitantemente

Teàrieamente, o crime se torna mm­lar pelo concurso de dois ou mais da­queles critérios: um só dêles raramenteé suficiente para sua caracterização,salvo quando contém implicitamente umdos outros. Assim é que o crime de de­serção se reputa essencialmente mllltar,raUonc materiae, motivo êsse que nãopode existir no caso sem o -elemento

la) Bar!>olh". op. <'1l.

(9) Chrls611to de GlIsmlo - "DI,,,lto PenalMl1lmc" -- pAI:. 41 - 1915.

(10) Documento cItado por castro Nune~

"T~rll\ e Pr~tlcl\ do I'odl'f Judll'lúrlo" ­]943 - pilg 404.

rlll Castro NUlle~, 0I'. c!l

Page 107: J SENADO FEDERAL

106 REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA----- ~_. ~- -. ---- --------

pe8AOal. ratione ~rsonae. porque, semque o agente seja mil1tar, o crime nãopode ter eMa natureza_

O mesmo se dá. em relação aos cri­mes de abandono de pôsto, de inobser­vânda do dever militar, de insubordi­nação. de traição, de covardia, revolta,todos, essencialmente rnllitares, rationemateríae. Os crimes de morte, lesõescorporaIs. tuTtú, dano, peculato, falsI­dade adDÚnistrativa. e outros, só se con­sideram militares quando praticadospoe militares contra ml11tares. ou noexercício de funções mUltares. Os crI­mes de libidInagem têm a indicar-lheso caráter mUitar somente o cr1wr.o ra­ilune jlenonae. Os dellws previstos noart ? o. § '.\.0. dI) Código Pena\ ~mtar,

consideram-se passiveis de penas mili­tares e são sujeitos ao fôro militar, ra­tlone temporis e ratione l~i, indepen­dentemente do critério pessoal.

Para o juiz -- são ainda palavras doacórdão, do qual foi relator o MinistroEdmundo da Veiga ... para o juiz. po­rém, o critério regulador e decisivo eladiferenciação do crime militar é o ratio­ne legis. Se o delíw estiver previsto noCódigo Penal Militar i.' militar, e se nêlenão tiver sido incluído. não pede comotal ser considerado." Observa, a seguir,Castro Nunes que assinou veneldo o mi­nistre Bulcão Viana, que, entretar.to,escreveu no seu voto: "Não sou dos queentendem Que o fóro mWtar só é com­petente para conhecer dos crimes pró­pria ou essencialmente militares isto éos que só peio soldado podem 'ser co~metidos. l)<)t consis:lrem na infraçãoespeciflca e fundonuJ da /lror!s.~ão llIÍ·htar. Pensu, ao contrarIl). que o fóro mi­litar f? também competente para. ccnhe­cer dos cri:nes imprópria cu acidental­mente mllltarf?s, Isto é. daqueles que.por Sua natureza, cmbcra possam serronsJderados cclJluns. trnham, entre­tanto. alguma razão especial em sua es­:rutura que diretamente possam af(':ara subordlnaç.ão, boa ordem e disciplinamilitar.' E mais: "Ora, o nosso CódigoPenal Militar é quase copia servil doCódigo Penal Comum, e lotar í&<;c um nc­tável Jurlst.a pátrio, de sàudosa memó­ria, kve ocasião de diur que no Cud:­go Penal Militar só ná:) se enccmtravadefinido e previs:.o o cr:me de abôrto_

No direito brasileiro. como diz RuiBarbosa. em seu notávei parec(>:, porocasião da conspIração militar em ]904,o critério do delito rnllltar é, mui acer·

tadamcnte, ao mesmo tempo, real e pes­soai: ratione mat~ria~ e ratione perso­nae.

A5s1m, nem o critério ratione lt-gis,apreclado isoladamente. nem o critérioratione [oci, apreciado em conjunto, no­de, como se pretende, na hlplltese ver­tente, caracterizar o delito mUitar. pa­ra relegar à competencia dos tribunaismilitares."

A orientação deste acórdão do Supre­mo Trjbunal Mimar r connrmada rmacórdão do Supremo Tribunal Federal("I no qual se li>: '

"Como se vê, o qU(. sejam delitos mI­litares as suas dir'!rsas espêcles (lU

classes, se estas se devem constituirobedecend<J aos critérios ratione mate­ria~, ratione loci aut temporis, ou seao contrário, é de necessidade reduzirêsses delitos as mfrações esprcificas efuncionais do soldado, aquelas em quel:á dupla concorrência de qualidade mi­litar -- no ato e no agente, tudo issoricou a cargo das legislaturas ordiná·:'las. sendo nestt' ponto restaurado opensamento da pnmeira parte do (l.ft.100 do Projew da Comis.são nome:>,dapelo Governo Provisorio que excluiu dofõro comum os erimes definidos em Ie:militar.

Se a ConstituiJ~te hOl]\'l'SSe dehhera­do desatender a esse pensamento, te­ria colocado entre o ~,Jbstantivo delitose o adj('tlvo militares, modificando i~s­

te, um dos seguintes advérbios: pro­priamente, puramente. essencialmente,privativam('nte".

Afirma, ainda. Cas~ro NUl1('s I"): "0que sr. lx)de ca:j('!uir do que acaba deser exposto e quI:' crimes mIlitares sãoos que a. lei define como tais OI;. ';Iljei­tos ao julgamento dos tribunais mili­tares Não rx!s~e para () legislador qual­quer limite fundado na natureza da in­fração. Esta. qualell.:er q UI.' se) a, podE'em clrcunst:inclas prefiguradas na leI,constituir um dt'li~ militar e caber na!ur~sdlção militar. Por isso é que o cri­me cDmum, pratira()D l'm dada DcasJãoou em certo lugar . ratione temporisaut loci -- toma " feição lle, ainda queacidentalmente, militar.

Assim. o crime comum, comlé'tido (!Jn

certos recintos. repl:t:l-se miHtar.'

L2) Acórd§'o çltQ,d~) r~;!" t"Qstrf' ~~.!',t·...;. np ê~~

113) Castro N~Jn~s. op :-H

Page 108: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 107

A Constituição de 1946 adotou o cri­tério da ratione legis. Dando assim ple­no arbitrio ao legislador ordinárioquanto à definição dos crimes m1llta­res, talvez procurando fugir das difi­culdades da conceituação dos mesmos.

Cláudio Pacheco (") observa que náQaceita "esta conclusáQ, sem ressalvas erestrições. Ao nosso ver, - diz - acompetência do legislador para definircrimes m1lltares não será absoluta, an­tes será relativa. no sentido do respeitoàs competências da justiça comum edas outras justiças especiaIs. às liçõescertas e fundadas da doutrina, especial­mente aquelas que assinalam e encare­cem o caráter restrlto. Improrrogável,excepcional, da jurisdição mllltar. Tam­bém devem ser considerados os prece­dentes e a tradição. Entendemos asstmque não prevalecerá a disposição da leiQue defina como crime mllltar ato quetenha um outro caráter, ou que ve­nha sendo considerado tradicionalmen­te como de outra natureza, como de ou­tra j urtsdlção, cuja prática em nadaprej udlQue ou afete a hierarquia, a dis­ciplina, a obediência das fôrças mlllta­res, a segurança externa do pais e asInstituições mll1tares."

Em 1958, o Superior Tribunal MUltarcomemorava o sesquicentenário de suafundação reunindo, no Rio de Janeiro,o Primeiro Congresso Nacional de Direi­to Penal. DIscutiu-se, então, o conceitode crime militar. A tese foi apresentadapelo Cel. Dr. Ernâni Adalberto de Cun­to e teve como Relator o Capo Dr. Her­minio Gomes da SUva, que assim se ex­pressou:

"A tese apresentada ao I Congressode Direito Penal Militar pelo Cel. Dr.Ernáni Adalberto de Cunto, professorde Direito da Academia Militar dasAgulhas Negras, Intitulada "Conceitode Crime Militar", versa, de modo geral,sôbre o delito m1l1tar, tendo em vistaa extensão do fôro militar aos civis e àsua competência no crime de militarcontra mllltar, por motivo não milltar.

De inicio, o autor procura deixar bemdefinida a sua posição diante do pro­blema da dIlatação demasiada do con­ceito do crIme mUltar, considerando Biei substantiva que rege a matérta (Có­digo Penal Ml11tar - Decreto-lei n.O ••

6.227, de 24 de janeiro de 1944), nessescasos, "num flagrante paradoxo, dianteda vocação civlUsta do Brasll".

Discordando fundamentalmente deautores que adotam a tese da amplla-

ção da legislação penal militar, decla­ra-se S. Exa. em oposição a qualquerampliação do Direito Penal Militar.

Diz S. Exa.: "A lei é Indispensável àsegurança nacional, mas não é tudo. Sedevêssemos põr essa segurança, sob aégide exclusiva da Lei Penal Militar.decretarlamos a falência de tõdas as or­ganizações que, direta ou Indiretamen­te, a ela estão ligadas. Mais um passoaudacioso no sentido da militarizaçãodas leis, chegaríamos ao absurdo detornar o Código Penal Militar o verda­deiro Código Penal Comum e o CódigoPenal comum o Código Especial."

Confessa ainda o autor: "Não pode­mos aceitar como democrático subme­ter o cidadão civil; por atos não espe~

clais, a tribunais especiais. O prtncíplodemocrático é a igualdade e não a exce­ção. Em matéria criminal. socialmentefalando, o Código Penal comum o reall~

za, pois a ele estão sujeitos todos os ci­dadãos, civis ou m1l1tares, e, só em fun­ções irredutíveis às da. vida clvU, expll­cam democràtlcamente um Código ex­cepcIonal."

Em prosseguimento ao seu trabalho,passa. o autor à justtrlcaUva de sua po­sição em contrário à conceituação legalde crtme mllltar, não aceitando. doutrt­nàrlamente, o critério rattone legis pa­ra conceituar o delito miUtar.

IWssalva S. Exa. como é óbvio: "Oquanto afirmamos, é claro, não Importaem negar o Direito Penal Militar."

Expõe ainda S. Exa., com a proprie­dade e a agudeza que lhe são peculia­res:

A Justiça Mllltar "é uma justiça de­terminada por funções especiais e de­veres especiais, da qual o cidadão,alheio a essas funções e a esses deveres,não deve sofrer os rigorismos, por vêlesabsurdos para o próprio m1l1tar, comoo da negação do "sursls" em penas demínIma significação.

Sintetiza o autor seu trabalho nos se·gulntes itens:

1.° - Se é exato que as leis m1l1taresexprimem a cultura civil de um povo, anossa legislação especial é um parado­xo, frente ao civilismo nacional.

2.° - A legislação penal mll1tar des­viou-se da orientação primitiVa, e, im-

(14) ClAuc!lo Pacheco, op. clt.

Page 109: J SENADO FEDERAL

perando o critério ratione legis paraconceituação do delito militar, contra­diz as tendências democrática e liberaldo povo.

3.° - Tôda a nossa evolucâo, históri­ca e política contraria os Códigos Mi­litares, adj eUvos e substantivos.

4.° - €sses Códigos. produtos de de­cretos-leis, exculpam-se, por serem Có­digos de momentos anormais do mundoe do Brasil.

5.° - Os civis só excepcionalmentedeveriam estar sujeitos à jurisdição mi~

litar em tempo de paz.6.° - O militar apenas deve subme­

ter-se a essa jurisdição quando delin­qüe, uti miles.

7.° - A Constituit:;ão Federal nãopode deixar à lei ordinária um campoilimitado para conceituar o crime mi­litar e importava definir que vem a ser"Instituições militares". para restrmgiro delito militar.

8.° - A segurança nacional deve es­tar precipuamente posta na disciplinaconsciente do povo, preocupando-se osgovernos com a sua educação, reforman­do-se para isso a péssima legislaçãoeducacional.

Afinal, defende-se o autor, com j us­tas razões: "Dirão que a nossa tese éantiquada, obsoleta: que o MinistroAcyndino Vicente de Magalhães assimvotou em 1915: que duas guerras mun­diais já eclodiram. Sim, a tese é anti­ga. De moderno. nela só a nossa cora­gem de ressuscitá-Ia. Concordamos.Mas a lei vigente. retrocedendo a tem­pos mais bárbaros do que o do Condede Lippe. é mais antiga ainda. É medie­valesca! E essa lei atual, atualíssima.sob o critério ratione legis, impera numregime que se pretende democrático,nascido após a luta da democracia con­tra os selvagens civilizados que inven­taram a segunda catástrofe mundial r

Isto posto:Considerando que a militarização das

leis deve ser encarada com muitas re­servas, para o que deve sempre estarpresente a lição de Esmeraldino Ban­deira: "Nada reflete melhor a culturacivil de um povo do que as suas leis mi­litares. Quanto mais militarista fôr umanação. tanto mais militarizadas serãosuas leis;"

Considerando que tao-só o criterioratione legis para a eoncei tuaçao do

crime militar é, doutrinàriamente. ina­ceitável, data venia, porque a lei po­de ser arbi trárla:

Considerando Que continua de pé alição de Rui Barbosa: "O critério dedelito militar é mui acertadamente, aomesmo tempo, real e pessoal, rationemateriae e ratione personae. Assim, nemo critério ratione legis, apreciado isola­damente, nem o critério ratione loci,apreciado em conj unto, pode caracteri­zar o delito militar. para o relegar àcompetência dos tribunais militares"(José Frederico Marques, da Competên­cia em matéria penal, pág. 146);

Considerando que não pode ter aco­lhida o critério exclusivo ratione legis,por ferir profundamente o nosso senti­mento jurídico, embora rendamos imen­so respeito ao determinado na lei penalsubstantiva:

Considerando que em apoio na lógicajurídica que ressalta do desenvolver dotema surgem grandes mestres do Direi­to como Nelson Hungria, cuja lição im­pecável sobre a matéria ainda ressoaem nossos ouvidos. lição essa por de­mais recente. porquanto proferida nasessãa solene de abertura do I Congres­so de Direito Penal Militar (8.6.1958):

Considerando que a tese é, sem dú­vida, de uma atualidade palpitante.devendo ser considerada de grande in­terêsse;

Considerando que a matéria deve serventilada sempre que houver oportuni­dade, como é o caso. para que melhor sefirme doutrina a respeito:

Concluimos pela procedência da teseapresentada, julgando, pois. data venia,que os civis só excepcionalmente. por­tanto, deveriam estar suj eitos a i uris­dição militar em tempo de paz; que omilitar sômente deve submeter-se a es­sa jurisdição quando delinqüe uti miles;finalmente, que a Constituição Federalnão pode deixar à lei ordinária umcampo ilimitado para conceituar o cri­me militar e importava, sem dúvida de­finir. explicitamente. o que vem a ser"Instituições Militares", para restringiro delito militar."

PESSOAS QL'E ESTAO SUJEITAS AJURISDIÇAO )1IL1TAR

É preciso otservar quP () ato defini­do em lei como c.rime militar. nem sem­pre está sUJ eito à jurisdição militar. De

Page 110: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1968 109.- - ----------

Bcôrdo com o art. 108 da Constituiçãode 194& é necessário que êle seja pra­ticado, em regra, por mBltar ou pessoaque lhe seja assemelhada.

Entretanto, quais são as pessoas as­semelhadas aos m1l1tares?

Pontes de Miranda ('.) ensina: "Já oCódigo Penal da Armada, art. 3.°, dl­zla que as suas disposIções haviam deser apllcadas a todo Individuo mllltarou seu assemelhado. O RegulamentoProcessual Criminal Mllltar 06 de ju­lho de 1895>, art. 32, usou da mesma ex­pressão, e o Código de Organização Ju­diciária e Processo Milltar (Decreto n.o14.450, de 30 de outubro de 1920, art.96>, definiu: "São assemelhados, paraos efeitos da lei penal, os que exerce­rem funções de caráter militar a bordodos navios da Armada ou embarcaçõessujeitas a êsse regime, nas fortalezas,quartéis, acampamentos, estabelecimen­tos, repartições, lugares, em geral, decaráter proprtamente militar, e os su­jeitos, em razão de serviço que desem­penham, devidamente especificado emleis ou regulamenkls, a preceito de su­bordinação ou disciplina". Mas o De­creto n,O 4.988, de 8 de janeiro de 1926,art. 2.°, corrigiu-o: "São assemelhadosos individuas que, não pert.encendo àclasse ml1ltar dos combatentes, exer­cem funções de caráter civil, ou mlll­tar, especificados em leis ou regulamen­tos, a bordo dos navios de guerra ouembarcações 31 êsses equiparadas, nosarsenais de guerra, fortalezas, quartéis,acampamentos, repartições, lugares eestabelecimentos de natureza e juris­dição mUltar e sujeitos, por isso, a pre­ceIto de subordinação e dlsclpUna." ODecreto n.O 24.803, de 14 de julho de1934, que alterou o Código, manteve es­sa regra. Por onde se vé que a nature­za das funções não Importa, - o queImporta é a subordinação, a disclpllna.Assim, a. lei penal, sob a ConstituiÇãode 1946."

Com o objetivo de melhor esclarecero assunto, publlcaremos, a seguir, a te­se "Conceito de Assemelhado Estabele­cido por Preceito Constitucional e seusCorolártos lógicos e Jurídicos", debati­da no I Congresso de Direito Penal. ('")em 1958:

Autor: Ministro Márto Tibúrclo Go­mes Carneiro.

Relator: Prof. José Salgado Martins.

CONCLUSOES DA TESE

I - Assemelhado é o civil que, diretaou indiretamente, exerce função de na­tureza civil ou m!Utar nas Fôrças Ar­madas, nas Fôrças Auxiliares ou nos ór­gãos administratlvos que delas seocupam, c, em razão dessa circunstãn­cia, adquire estado juridIco especial quea Constituição equiparou ao de militarpara os efeitos da jurtsdIção mlUtar.

11 - t a condição de sujeito à ju­risdição núlitar. em virtude de sua equi­paração ao "militar", por preceito cons­titucional, que submete o "assemelhado"ao regime disclpUnar militar, e não àcondição de sujeito ao regime discipli­nar militar que classifica de mil1tar aInfração (crtme ou contravenção disci­plinar) em que o "assemelhado" figuracomo agente ou vítima, em slt~ação

igual à do ml1ltar.

111 - A lei penal formal, elaboradapelo Congresso Nacional, é o diplomaque, regulamentando o preceIto consti­tucional sôbre os Umltes da j urlsdlÇãomilitar (penal e dlsclpUnar>, pode de­tinir a sujeição do "assemelhado" àssuas normas, por constituirem normaspenais e as normas disciplinares maté­rta de natureza essencialmente estatu­tárta.

IV - O Código Penal Mllitar. de 1944,embora com fórmula Imperfeita, no fa­zer remissão à norma dlsclpUnar comoa fonte legal para definir o "asseme­lhado", há de valer como a regulamen­tação do preceito constitucional sôbre oInstituto estabelecido nas Cartas de1937 e 1946, na parte em que considera"assemelhados" oS funcionártos dos mi­nistérios mlUtares; e, assim sendo, nãopode ser modificado por simples ato doPoder Executivo, no uso da atrtbulçãode regulamentar as leis, porque foi ex­pedido com apoio na disposição consti­tucional que, na época, atrtbuía ao Pre­sidente da República legislar por meiode Decretos-leis, na alisêncla do Con­gresso Nacional.

V - Por conseqüência, são jurIdica­mente inoperantes os atos do PoderExecutivo que, em matérta disclpUnarmUltar, modificaram as normas sôbre

(15) Pontes de MIranda - "Comentlu1oa •Constltulçl.o de 1946" - Tomo m - 4.&edlç60 - 1963 - pAg. m.

(UI) ..Anais do I ConçesllO de DIreIto PenalML11w" - :l.a volume - 19$8 - pAgo U.

Page 111: J SENADO FEDERAL

110 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

"a~,~('ml'lllad\l" l'xi:<l('Il\i}' 1\:1 Dt:lTL'~!1

Ll'l-'islaU'.'o n,' 4,!I~)iL UI' fl di' plll'im elc'1!J26, l' nu art, n," de (;.)rll',;1I Pl'ILÜ :V1i­litar de 1+4-1, q\ll' 11;"1') de S"!" illll'l'PF'­tarlils a luz cb COll:;ti(lIicllO l]() PI'L'I'l'IU(Íl\ :lrt. 10H I' ~I"'l pill ilgrafo

l{ n ,,\'1'1 lHlO

Ofl'U'l'(' au I ('Ol1gT\'"S() de IJil',.jlu 1'('­nal Ivlilltar n Il\l~trl' '.\ini,! rI) l\Ltrjo Ti·búrciu GOll1l'S C~Hnl'Íro Iltll;1 11ll[l'Jr1 ant(' cOll\ri1)lIküQ ell1 ma 1,"ri:1 qUL' slIbs­(ancia!ml'lltt' Illtl'rl'S,~;1 ,'I apJica'-:;'w dal('i IWlli11 nulJt;Jr. qll:ll sei;l a tll'(' dil.respeito ,'l 1'1g'llLl di) a,'"cml'lllad,l.

Ü t'tn11 H'lltl' :lllt"r d,l t..'>L' ,~:diL'nl:I, demÍl'io, qlil' (J l'(Jll('('::U de :lss,'ml'liliHI"passou, entre lllJS, (1:1 ],'gisLll,;'IU ul'dm:l"ria para o cl'llllll1111 d,t lloriH;1 clIlIsll1ll­Cil)llaL ;1 ]J:lrtir di' I (:1 ~

[{I'curda, .l ~I'.~lIlr, "'> 1\'xL's l'1I1l.'>tltli­l'iun,li~ elc' EI3í v dc l~;46 qUl' 1'()1l1111U;I­

ram a ('ditar U llH',',JllO Jll'indJl'i!.

A eqlliparac:l(J do civil :lI! lll!l1t~tr. ad­mil ida pl'l~l COl]StitlIJo'i-iO di' 1!I,Hl. CIln:ofora pelos EstatcLl,ls di' l~':H (' 1!d7, secfl'tu;lril. ]Jurl'l11, scg\;[;c!o a 1"1, L' Ilaopor illu:; cmanados elu I'ocil'r EX.'l'lll1\'11l1a sua esfvLl l'ef;lll~llnlnLH,

Rccorda l'llLll) qUL' II ('; ,!'C,'I,i) dI' as­senH'lllac!o, ai) [J;;S,-;,ll' P,ll'il II :\m\1itr:constitucional. ctn 1:13~, c;'a u ('''IlSil~',r;l­

clo pelo Dt'crl't1J Ixg.sl:\l i Vi) n," 4,!i3a dea de j~ll1('irlJ (;c 1!!:.!G.

Cum IWCl'li'Ii:\S ;\ltel'[\c'lll'S, c,-;se ("In­ccito fUi rCl'cilLld'J 111) ,\I'L :~(J d.) CudigIJ(1:\ Justit:il :-.rilibL d,' I: 3,l. :linila vi­gl'!1tI', e no art B' dlJ ;,tu:d Cudig,) Pe­Ilal :-.lilitaL

J',';l pk!l:l \':~.·IH'i,l dl'';sl' rq!,.Ilil' .illl'l­

clico, no tl'can(e ali ;l,-.'il'llll'lludll, ~:lnÜ\1

o l1cc'l"d,) 11" :::l ~iJ:l cl, lO dL' 11111hl)' di'1!,15í, l'CVOg;\lh!O ;\ ;;lil:I';1 I) I d;) ;Irl 111cio RDE Cjll(, lIll'luü U ':,S,'l'1ll1'11lact<l naeSlua clhl'ipli n;lr "

Sllstt'nt;l U :lul"r dil 1,.'.'(' :1 illl',)]]stitél­Clu11alidadl' l!u DlT1Tlu 11" :':L:.!(-:l, PO!:isegul1du o seu p"I\'~;llnl'l1t'l '0 a Ll'jemanada do ('on;':Tl'sso ~arion;t1 pedi'dispor ,,(',1)1'1' a sillli\CLU ,iundic;l do) ci,'jlequiparav{'[ ao mUitar i' l'sLl I:' 0'11'

jdtam i .iurisdi6111 1'1'1::\1 r a c;h"lpll­nar. J)p rl'stl1, [la!":, l) a'.lkr d~l j,'"l', "da­da a natul'cz~, prnal cio dil\'itJ\ discipli­nar", so\)n' ('ste SJ\ l) COn'2'lT,~.';o, na "dil

tarda legisla li '.. ~ f'Spl'C i i IV :1, j10dl,ra di,s­por, i'sc,lpando ;l~ liUl'lJl;L" Ll('~:ie dil'!'ltu

(llsdpllll;l1' a C'llnpc\.i'lina dli p()(il'1' !':xc,Cl/tl vo

Volt,lndo ;1 insbUr q\le I) t:linn'lto do;,S,~('I1l('IlJ;ldo d{",'r s('r () f\)rnccicto pel:,ln, () :lustre :>llll, Clil1ll'S Cal'tll'!ro pro­Cld':,-. (l!~!~-l.(). rl'~di,'a:' a Sll.~l I ')l..Pgc:-.;C'. {'Ul

T"l'llll das clts]lf1.'i<'(-)(,':' legaIs, arlic',ilan­el.l ü ("mci'lto l'elitadll pdl) 'll't. g" dodiploma lW!lil! ll11litar C'illl t, Ilurmal'OllsI1tuc;un:l! colbt~ltl\(' do ;lrt 108,r'lpul. d,l CI)nsLtuic,-,O F\'lkral.

A scu Vi'l" "nL(I) (', LI l"Jt1C!JI'CIO de S\l­

JI'lto ao 1'1 '!.!, i 1111' disl'ipllllar ,p'l\, das~iri­l'a de lllilil.l: a 1l1fra i:à'J "lll q\lt' () "as­sl'l1ll'lllaelo" i-' ;q,(i'nte IlU vitllll:l: ao I'llli­

tr:iril) disso, é a colHilc;'w dc SUJcito aofum militaI'. ;i Illr:sll1~';lo mtllt:;r, I'lllvir111l!e ck Sllil qua];cLu!e <I,' "l'ouillilra­ção do militar", que o submete ao regi­I1W di'iClplillar militar"

DI'1l t ru cit'~S;l.s pn'lllh:,a,'i, 11 :1 lltor da\r:-;c CCll1cllil lj!\[' aS,'ieILdlladu (, () 1'lVilqUI', dIreta u\! indJrd:UllL'l1l(', ('XI'rl'C

fUIlC:lO d,' liaL'.lrl'/a CIvil iJll millt:u n:lsFi JJ"('a~ ,\ t"m:ll!.ts nas F,lrc:\::: lI. u ,:i li:1l"p:i

(J I, IlClS Ul'!!:'t( ':i adllli Ii ist LI ti ':11:-; (J'.:C IH'­

I:ts se (JCllp;i1n, ,', I'!ll 1'a'<", dl'-",a dl'­('unst ;IIH'la, :l(lq lI!!P l'sL!do .I11rid;I~[l l'~­

pedal qUl' a COT1slitllit:üo ('quiJlarou aode m'li,ar l':n';l I',' dl'iti" d~l ~l,llSdl<'ClOmilil ar. .

:';1:' l:elll ;\jH'i'Cllliclll ::, (J ]WnS,lllll'll tildo L'minclltl' ~l\:tllr éb ti'Si', S Ex:! SllS­(I'nta que (1 ("II1l'I'it" de as"elHclllLHio

n:i.lJ depend!' "d:l CII!1(!JC:1O ele Stljl'itú aort'gime disciplinar militar", PO]S esta "tl­id(:[w é s[l1lpl{',~ pfPltO l' !li-lU l'al1:-::l ela

equiparac;-(() do Civil ao miltLlr. .iá reall­I.;\C\;l por [lj'('l'l'ltu (',)11:-:1 itUCillllil l.

:\Iigll1':I-:,I'-Il",", lj!l{':t c.'l:cl,,~CI" dpilll~trc au(u1' i;jVl'l'k os Ic'rlllOS du [lI'O­

bldna, 1\ IWS jJ.ll'l'CC ql,e I' prtl'ls:ullell­\t' lia cOIllJie;'t1l di' StljCltll ;1 pl'cccitu dI'sllbordi llac~'t(J l' dlsciplina (i UL' ,-;l' t'!l\'Pt1­tra a ('all~a CL1 cq\ll]lara.'~ll) d" ('[,'il ;wtlllhbr. para qu.' pll~sa de sn sl:IJmeti­do i1 j urisctieC\u 1H'na l da JIlstil':t \1ili­tal' e a J\lri"dic;w ~,dl1linlstr:lti':~l elisd·plinar das FlÍ!'l:as :\1'II1'lcla"

A ConstitukCll) apl'lLlS c!!sp,-)[' que aJusti<'a J\Iilit:ll' l'om])('tr procI's,':u e i\ll­l!.:IL !lOS C'l'lIllIS milit:u'es Ildit:ic!'ls' t'lllte'i, 0:-; militar,'s l' a" ]lcs,'ioas [jlil' liwsSClO as"eJnclh;l.(l:\s Ia;'t. 108"

N:1O dl"póe li (('x(1) COllStltIlC!\lIl;1l Ül­brc os ('<lSOS em que' se' oprra I'SS;, equi-

Page 112: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Â MARÇO - 1968 111

paração. Deferiu essa tarefa à lei ordi­nária e aos regulamentos militares.

O art. 8.° do Código Penal Militar de­finiu a figura do a:lsemclhado. Nele es­tá assim a explicitação e o complemen­to do dispositivo constitucional. E, se­gundo o art. 8.° do CPM, "considera-sellSSemelhado o funcionário do Mlnlslé­lio da Guerra, da Marinha. e da Aero­náut.ica, submetido a preceito de disci­plina militar, em virtude de lei ou re­gulamento, ou peSS<la a ele equIparadapelos regulamentos miUtares."

Como se vê. a cláusula da sujeição apreceito de disciplina é condicionadorado conceito de asseme~hado. Ora, quemdispõe sóbre essa sujeição será a pr6­prla lei, nos casos Que especificar, ou oregulamento que funcionará. como fonropenal. Assim. a condição juridica do as­semelhado deve ser estabelecida pelalei ou pelo regulamento.

No nosso regime jurídico penal mili·tar, encontramos, no próprio contextoda lei penal, a definição de assemellia­do. Ao Invés de silenciar, como poderiafazê-lo, o ~eglslador preferiu expticltaro conceito. Mas. ainda assim, expliclta­menw atribuiu ao regulamento a fun­ção Integradora do preceito penal.

Não há novidades neste passo da leipenal militar. As chamadas leis penaisem branco deIerem a outra lei ou, asvêzes, a meros atos administratIvoS aintegração do preceito incrlmInador.

Assim, no art 269 do CPC, o preceitosomente se int.egra na sua plenitudecom disposiçáo de regulamento san1ta~

rio em que constem as moléstias conta­giosas que exijam a notificação com­pulsória por parte do médico.

Ainda relativamente aos funcionáriospúblicas, a lei penal comum define oQue se deva entender por funcionáriopúblico para os efeitos da legislação pe­nal, o que entretanto não exclui a com­plementação de outras leis ou regula­mentos em que figurem elementos inte­gradores do conceito de servidor pú~

bllco.

Assim, com o maior respeito ao eml­r.ente Ministro Gomes Carneiro, queconsideramos um mest.re na dlsclplmapenal m1l1tar, ousamos divergtr da tesequando nega ao poder regulamentar doPresidente da República a competenclapara editar normas disciplinares con­cernentes aos assemelhados. Pode faze-

lo, como é óbvio, tanto no sentldo desubmeter os civis que exercem ativIda­des em servlçcs ou estabelecimentosm1lltares, como no sentido de exclui-losdo regimento discJpllnar ali dominante.

Foi o que ocorreu com o Decreto h.O

23.203, que o autor argüi de inconstitu­cional. A tradição do nosso Direito, co­mo mos~ra o próprio autor da tese, ClII­ge a referida cláusula da subordInaçãoa preceIto cisclpllnar por parte do civilque exerça atividade Junto às FôrçasArmadas.

Interessar.te será, agora. realçar que,havendo o Decreto n.o 23.203 excluidodo âmbito disciplinar os assemelhadosaos militares do Exército. Isto é, "os In­divíduos que, não sendo mll1tares, exer­cem, em virtude de cargo. emprêgo oucontrato, Qualquer função ou trabalhonos quartéis, repartIções, estabelecimen­tos ou lugares submetidos às leis, regu­Lamentos ou dJsposlçõcs em vigor noMinistério da Guerra" (art. 11 do RDEJ,fêz desaparecer essa. classe de pessoasrelat~vamente a aplicaçãc das leIs pe­nais milltares. Pois, ainda que não hou­vessem sido modificados nessa parte osregulamentos disciplinares da Marinha.e da Aeronáutica, como foi o RDE, peloDecreto n.O 23.203, não poderia subsls­tlr a figura do assemelhado nos dois úl­timos ramos das Fôrças Armadas. porfôrça do próprio prlnc íplo de igualdadede todos perante a 1el.

Desaparecida a figura do assemelha­do s6 há cogitar do civil, como sujeitoativo da lei penal militar, quando fôragente de crime contra a segurança ex­terna ou contra as Instituições m1llta­res. E o Código Penal Mllltar, no art..6.0, n.o lU, nos fornece o critério e oselemento9 para identificar os delitoscontra as Insti~ul:;ões ml11tares. Em to­dos os casos especificados pelo n.o nrdo referido art. 6.° ficam os civis sujeI­tos à jurisdição penal miUtar. Dêsse mo­do. o cIvil que exerce atividade nas Fôr­ças Armadas, embora não esteja sujeItoao regime disciplinar, estará submetidoà le1 pena. mllltar, quando o delito poréle praticado fôr de natureza mllltar,Isto é, sc encontrar entre os especifica.dos pela lei a. que nos referimos.

O Ilustre Ministro Gomes Carneiropostula uma definição de assemelhadomulto ampla, em cujo contexto se in­cluiriam todos os civIs que exerçamQualquer atJvidade, direta ou Indireta­mente, junto às Fôrças Armadas, aindaque a ativIdade 1ósse de natureza civIl.

Page 113: J SENADO FEDERAL

111 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Concluindo, propomos as seguintesconclusões, em substituição às constan­tes da brilhante tese do eminente autor:

l.a - A Constituição Federal não de­finiu o que seja assemelhado, Deferiuà legislação ordinária ou aos regula­mentos disciplinares das Fôrças Arma­das o encargo de dizer em que condi­ções os civis poderão ser consideradoscomo assemelhados aos militares.

2.a - A lei ordinária que é o CP},!,ao conceituar o assemelhado, consideroucomo integrante dêsse conceito, a sujei­ção do civil ao regime disciplinar dasFôrças Armadas.

3. 01 - A exclusão dos civis do âmbitodisciplinar. como assemelhados aos mi­litares, realizada pelo Decreto n,o , ...23.203, fêz desaparecer a figura do as-

4.a - A inexistência do assemelhaduno atual direito disciplinar não impor­ta na exclusão do civil do império dalei penal militar, pois. consoante o art.6,0, n.O lU do CPM, ele está sujeito üjurisdição penal. quando agente de cri­me mihtar, como tal definido em lei.

5.a - Só serú legítimo falar de asse~

melhado quando a lei ou regulamentosubmeta o civil que exerça atividade nasForças Armadas, à dlsciplma militar."

Claudio Pacheco (" l esclarece quesempre se tem considerado e assím c,­tá inscriUl no art. 11 do Código Militar(decreto-lei nO 6.227, de 24,1.441, "queo militar de reserva ou reformado, con­serva as responsabilidades e as prerro­gativas do posto ou graduações, paraefeito de aplicaçãu da l"i penal militar,quando pratica ou contra êle é pratica­do crime militar" Assinala, também,que a jurisprudência do Supremo Tribu­nal Federal "considerou sujeito à juris­dição militar o reformado que se en­contra em situaçüo de atividade, ou nodesempenho de função militar, comotal considerada a direçà(l de um tiro deguerra. que tl'l11 organização militar,embora se lhe atribua caráter de socie­dade civil." l I

A jurisprud('ncia. tudavia. não é unâ­nime quando se trata cle "militar re­formado que se mantém afastado dequalquer funçâo militar." Cláudio Pa­checo (; ) afirma que "o militar refor­mado conserva direitos (' regalias quenêles mantêm a essencialidade da qua­lidade de militar, Com efeito. O art. 128da Cons!.ituiç:w de 1H4li dispõe, comfJ

dispunham as Constituições de 1934 e1937, aproximadamente, que as paten­tes, com as vantagens, regalias e prer­rogativas a elas inerentes, são garanti­das em tôda a plenitude, assim aos ofi­ciais da ativa e da reserva, como aos re­formados e que os titulos, postos e uni­formes militares são privativos do mili­tar da ativa ou da reserva e do refor­mado, Assim, entendemos que nada im­pede, desde 1934, que a lei ordináriapossa definir como militares crímes im­putáveis a militares reformados e sujei­tá-los à jurisdição militar,"

Adverte, ainda. que apreciando moda­lidade especial, já decidiu o SupremoTribunal Federal, "que o militar da Po­lícia Estadual, quando em função civil.

117) CláudIO Pacheco. op <,il, Pt.ll. 33R.

(IR) Acórdão elo S T F, citado por CláudioPachem, profendo em 13 de setembro de1951: VoU, do Ministro Orozlmbo :-10 ne. to ,relator: "Esforçado nesse disposItivo é queo emJnenle Procurador-Geral de. Repú­blIca. no parccer de fls, opIna lia sentIdodf' fie c1irintir o ronfHtn, proclamada acompetêllda, no <,asa, da JustIça MUltar

A objeção de so:' trntar de otidal retor­nlado sena procedente. mã.s Irrelevante.

Fala n dispOS1Civo ci~ado em militar emsituat;ã.o de ath'idadf>, o qlle abranl;c- oreforma.do se se encontra. corno no caso,em desempenho de função mjlltar. C"moa r'ireçáo de um Tiro de Guerra. que temor~anização n1ili l.-ar, enlbora se lhe at.ribuacaráter de sodedade C["l!.

É que, corno observou O MM. Juiz deSerrinha, SUIl Lmçíí.o ~. nlt:damente, c1vi­co-mllltar e sua crIação prerrogatlvn do1\.1inist(irlo da. Guerra, llOS tprmos do regu­lamento e.)1rol'lLdo p~lo Decreto nO 19.694.de 10 de o\lC\lbj"o de 1945. E do próprIoart. 181, ~ 40. da Comtltulçáo F~der"l sede8.511me ser o Tiro de Guerra ,')rgáo inte­grante das ~"órças Armadas. pois nele sedispóe que

"Pi.1fU. favorc·cer o cl.lIllprinlent.o dat;olnigaçües mIUta"eb, são pe~mltidus O~

tiros de g\wrru e OUU'o.s Ón~lil)S de for­r.laç&.d d{~ rC}ierVlstUf'i.."

Suhmel1do~i ~c ncharn ('l('s à o.drninis­tração nlilJtar. vermos enl que a citaçãodo luto 6°, H.Q li. letla b. do CÓ(.1i~o Pe­n~d :"Hl.tar. r' pernncl1t.c pRrn a crl1~c)u.~o

dll. cllmp('tl'llcia. no ca.so, da Justiça. Mi­litar, emhora ao tempo das infrações, odiretor e o lnstruwr d00 tiros de ~uerra

sóuH:nte fósben1 !·e~;ponsúvel.s, peranle Radnlilllstraçii.o n11ll'tar, Pç'lo o.nnG.n1f~nto,

nluniçé.o. a~V(lS e cOll&'rvação dt' materia.lll~ado thretarncnte a In~";'l}ct{)ril.L.

Prcva.l(·{·(-~, entretnn~--O. a. (~Ollsld('raç-ão cít':-:.,cr o TifO e1e Guerra órgão )nt.e~rante d~i.~

Fórça:-; Arrnatias, PULS n{~IE's. com.o noExército, no. :Marlnhll. e lla Aeronúuticl::t,cumprclll uS cldadãos o .'-iervlço das o.rtnH.S'vede Seailra Fagundt~s. "Al-;. Fórçfl.~ Arnul­àa.i na Const:tuiçã\l··, in "Rc\-iSLa .Füren­>€", vol 115, pág;s 5 e 3661."

I 191 Cláudio Pnch,'<'''' "]l. Clt.. pà~b. :;30, 339 e::I3'j.

Page 114: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Â MARÇO - 19" lU

não tem fôro especial. porque a compe­tência da Justiça Mll1tar só se estendeaos crimes praticados em razão de pes­soas, de causas ou de lugar, por condi­ção mllltar."

ÓRG1l0S DA roSTlÇA MILITAR ESUA COMPETANCIA

De acõrdo com a aft. 106 da Constl­tulção de 1946 "são órgãos da JustiçaMilitar o Superior Tribunal Militar eos juizes Inferiores· que a lei Instituir."Sady Gusmão (m) esclarece que são "re­metidas para as leis ordinártas as dis­posições sõbre número e forma de es­colha dos Juizes mllltares e togados doTribunal Supremo, os quais são equipa­rados, em vencimentos, aos 1utl.es ouministros do Tribunal Federal de Re­cursos, bem assim o acesso dos audito­res."

A competência do Supertor TribunalMilitar não está prescrita na Constitui­ção de 1946. Mas, como observa CláudioPacheco ("). "nenhum órgão Judiciárioprescinde de uma competência especW­cae expllclta e por Isso continua pre­valecendo a que Já estava estabelecidaem lei para o Superior Tribunal Mill­tar."

O Código da Justiça Militar, aprovadopelo Decreto-Lei n.o 925, de 2 de dezem­bro de 1938, estabelece essas competên­cias, dentre as quais destacaremos asseguintes:

a) processar e julgar orlginàrlamen­te os Ministros do mesmo TrIbu­nal, o Procurador Geral e os ofi­ciais generais do Exército e da Ar­mada, sendo que êstes últlmosnos crimes m1lltares e de respon­sab1lldade; os juizes inferiores, ospromotores, advogados, oficiais eescrivães, nos crimes de respon­sabllldade;

b) declarar o oficial do Exército ouda Armada Indigno do oficialatoou com êle IncompaUvel, nos rer­mos do art. 160, parágrafo único,da Constituição da República:

c) 'Pr~eSS9.r e julgar pet~ções de ha­beas corpus, quando a coação ouameaça emanar de autoridademilitar, administrativa ou judi­ciária, ou Juntas de Al1stamentoe Sorteio Militar;

d) conhecer dos recursos interpostosdos despachos de auditor e das

decisões e sentenças dos Conse­lhos de Justiça;

e) Julgar os embargos Op05tos aosseus aeórdãos;

f) julgar os conflitos de jurlsdiçio,suscitados entre os Conselhos deJustiça Mll1tar; .

.> exercer o poder dlscipllnar sóbreos Juizes inferiores e runcionirtosque lhes são subordinados;

h> exercer em grau de recurso, dosprocessos de anelais e praçuoriundos dos Conselhos de Justi­ça das Policias Militares da Uniãonos têrmos da legtslaçio v1gen~;

i) julgar os recursos de al1stamentommtar na lorma da leglBlaçáo emvigor;

j) processar e julgar as rev1sões cri­minais de condenações proferidaspela Justiça MIlltar.

Entretanto algumas destas competên­cias desapareceram com o advento daConstituição de 1946. Publicaremos, aseguir, a brilhante análise de CláudioPacheco (") sõbre a matéria.

"Ho)e, ~m face da atua\ CONU\m~(refere-se li Constituição de 1~) al­gumas destas competências estão afas­tadas. Agora, por fôrça do disposto noart. 101, n.O I, letra Co não cabe ao Su­perior Tribunal Militar julgar os seusmembros e sim ao Supremo Tribunal.Não mais poderá caber ao Superior Tri­bunal Militar julgar crimes de respon­sabilidade de seus membros, de juizesInferiores, promotores, advogados e ofi­ciais e escrivães. salvo se estiverem de­Un1dos em le1 como cnmes mUltares,ou como crimes contra a segurança ex­terna do pais ou as instituições mUlta­res a que a lei tenha tomado extensi­vel o fôro especial da Justiça Militar,tudo em conformidade com o art. 108e seu parágrafo 1.0 da atual Constitui­ção.

O Código da Justiça Mllitar instituiainda como órgãos da mesma Justiça,três auditorias na 3.& Região Militar,duas na 2.& e uma em cada uma das ou­tras, além de Conselhos de Justiça detrês calegarias: Conselho Especial deJustiça, nas auditorias, para processo e

(20) &c1.y OusmlLo, op. clt.(21) C1!ludlo PacbC'CO. op. clt., pie. 320.(22) C1ludlo PacbC'CO, op. clt.• pàg!l. jJo 11 331.

Page 115: J SENADO FEDERAL

114 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA---

julgamento de oficiais, excetuados osgenerais; Conselho Permanente de Jus­tiça, nas auditorias, para processo ejulgamento de acusados que não sejamoficiais; Conselhos de Justiça, nos cor­pos, formações e estabelecimentos doExército, para processos de desertores einsubmissos.

Está ainda prescrito que o ConselhoEspecial de Justiça compor-se-á do au­ditor e de quatro juízes mUltares de pa­tente superior à. do acusado ou de suagraduação militar sob a presidencia deofielal combatente, superior ou general,ou do mais antigo no caso de Igualda­de de pôsto; que o Conselho Permanen­te de Justiça compor-se-á. de três ofi­ciais até à patente de capitão ou capi­tão-tenente, além do auditor e de umoficial superior que será. o Presidente eque os conselhos de justiça para julga­mento de desertores ou de insubmissos,serão constituídos por capitão, comaPresidente, e dois oficiais, de preferên­cia de patente inferior à do Presidente,sendo relator o Que se seguir em gra­duação ou antiguidade a êste

Ainda o Código de Justiça Militar,modificado pelo decreto-lei n.O 4.235, de6 de abrU de 1942, prescreve Que o Supe­rior Tribunal Militar compor-se-á deonze juízes vitalícios com a denomina­ção de ministros, nomeados pelo Presi­dente da República, "dos quais tres es­colhidos entre os generais efetivos doExércIto, dois dentre os oficiais genpraisda Armada, dois dentre os oficiais gene­rais da Aeronáutica e quatro civis."

EXTENSAO DO FORO MILITAR AOSCIVIS

A Constituiçâo de 1946 (art. 108, §1.0), bem como as de 1934 e 1937, esta­belece a extensão do fôro especial daJustiça Militar aos civis, nos casos ex­pressos em lei, para a repressão de cn­mes contra a liegurança externa do paísou das instituições mllítares. Dá, dessamaneira, pleno arbítrio ao legislador or­dlná.rio para determinar essa extensibi­lidade e os casos em que ela se dará..O decreto-lei n.O 510, de 22 de junho de1938, "definiu os cas,Js em que o fôrom1lltar se exwnde aos civis", nos têrmosabaixo transcritos:

"Art, 1.0 - Serâo processados e jul­gados no fôro militar, em tempo de paz,os civis que, como autores, co-autores

ou cúmplices, cometerem crimes defini­dos em lei como:

1) crimes contra o dever m1lltar, in­clusive os crimes contra o serviçomilitar e de insubmissão;

2) crimes de usurpação de autorida­de mJlltar;

3) crimes contra a disciplina das fôr~

ças armadas, assim entendidos 03crJmes contra a honestJdade ebons costumes e a segurança dapessoa e da vida;

4) crimes contra a propriedade mi­litar e a ordem econômica doExército e da Marinha.

Pa.rágrafo único - Nos casos a quese referem os incisos n.os 2, 3 e 4, o dis­posto nesta lei apUca-se aos crimes pra­ticados contra as fôrças policiais.

Art. 2,° - O fõro mll1tar abrangeráos civis que, em lugar sujeito à jurisdl~

ção militar, cometerem crime definidoem lei militar, ou na lei penal comum,contra pessoa Investida de autoridademilitar.

Art. 3.° - Para o efeito da aplicaçãoda pena, os civis serão, sem qualquerexceção, considerados praças de pré.

Art. 4.° - Revogam-se as disposiçõesem contrário."

A inconstitucionalidade dêsse decreto­lei foi argüida ao Supremo Tr1bunalFederal, pois entendiam alguns Que olegislador ordinário havia exorbitado.O Ministro Orozimbo Nonato, exami­na a matérla e esclarece que não ocor­re inconstitucionalidade. "A Constltui­ção apenas deu o critério geral para ex­tremar o delito militar do comum. Nãoos enumerou e não definiu a exwnsãodo delito militar, isto é, dos delitos con­tra as Instituições militares ~ deflnlçâoque cabe ao legislador ordinário.

1!:ste, no caso, não transcendeu do cri­tério geral estabelecido na Constitul­ção." (")

Assim, também, pensa Castro Nunes(OI) quando profere o seu voto, no mes­mo acórdão, quanto ao conteúdo da lo­cução constltucional "crimes contra asinstltuições m1l1tares": "Podem ser con­siderados crimes contrários às institui­ções militares os crimes contrários doponto-de-vista da eficiência, do cariterbélico dessas instituições; podem ser as-

123) Oro\':imbo Nonato, citado por C... tro Nu­nes, op. clt.. pâg> 414.

(24) Castro Nunes, op. clL, pllg. 414.

Page 116: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 l1S

s1m considerados do ponto-de-vlsta daeconomia das instituições. De qualquermaneira, a1nda é sempre o critério le­gislativo, o critério do legislador. ~ êstequem vai dizer, dentro do critério lato,o que considera capaz de comprometeras instituições m1lltares, o que conside­ra como contrário às instituições m1U­tares, Eu não consideraria inconstitu­cional êsse preceito."

Jã CláudIo Pacheco (-) comentandoo § 1.° do art. 108 da Constituição de1946, faz uma ressalva a respeito dacompetência do Congresso para definIros crimes mllltares: "Ressalve-se desdelogo que esta extensão não é obrigató­ria, O Poder Legislativo tem apenasuma faculdade para estendê-la, umaopção entre se omitir ou estender, semnenhuma 'obrlgação em um ou outrosentido.

Parece-nos, além disto, ser necessáriosempre considerar que se trata de umafaculdade excepcional e perigosa deuma extraordInária agravação de intui­tos repressivos, de uma extensão algoimprópria de fOro militar aos civis, en­volvendo nova queb!}l do principio deigualdade, peio que seria pre1erivel que,em sua vigência, o Congresso encarasseo assunto para uma nova e atual opção.Assim, não prevaleceria qualquer legis­lação anterior à sua promulgação. Aúnica legislação aplicável seria aquelaque viesse a concretizar a opção do Con­gresso constttuido por fôrça da Consti­tuição e na sua vigência, seria assim aopção pronunciada no tempo futuro daConstituição, depois da sua promulga­ção."

Entende que, "enquanto faltar a no­va legislação, só com cautela e cUscri­minadam~nte se considere em vigor oDecreto-lei n.o 510', de 22 de junho de1939."

Cita, também, decisão do SupremoTribunal Federal no sentido de que "oscrimes culposos não podem ser tidos co­mo crimes m1l1tares, quando praticadospor civis desde que lhes falta o ânimohostil contra as instituJções mllltareS"',(Acórdão do S.T.F. proferido em li dejunho de 1954).

JUSTIÇA MILITAR NACONSTlTUlÇAO DE 1967

ANTECEDENTES

Como•premissas necessárias à análiseda Justiça Militar na Constituição de

1967, Julgamos interessante dizer que,de muito, se falava numa reformulaçãoda Justiça Castrense. Opinavam um. nosentido de ser modificado o Código daJustiça MIl1tar visando a atender a ummelhor aparelhamento da própria Jus­tiça dos Militares. Entendiam outrosque se devia modtf1car o art. 108, § 1.°,da Constlu1ção de 194e, a fim de esten­der o fôro especIal aos civis acusados"de prática de delitos de natureza po­litlca e contra a segurança Interna dopais."

Sõbre êsse assunto, Te6crito Mirandanuma crônIca intitulada "A Competin­cia da Justiça Militar", p..) assim se ex­pressa:

"Fala-se, com insistência, no envio demensagelll ao parlamento nacional, pro­pondo a modIficação do preceIto cons­titucional -... art. 108, parágrafo 1.° ­a fim de possib1l1tar a extensão do tôrom1l1tar aos civis acusados de prática dedelitos de natureza polltlca e contra asegurança interna do pais.

Transformados que sejam em reali­dade os comentários, o que é, aliás. pou­co provável, os legisladores das duas ca­sas do Congresso estarão a braços comuma enorme responsab1l1dade, tal seja,a de evitar que vigore uma lei, sobretu­do antldemocrática, ferindo em cheio asensib1l1dade social e contrariando umatradIção juridlca que conta, apenas,com a exc~ão de periodo inexpressivo,não só pela Insigntf1cância de sua dura­ção. como também tendo-se em vista aanormalidade da situação polltlco-so­eial então vigente. De feito, com a ex­Unção do Tribunal de Segurança Na­cional, através da let constitucional n.o14, de 17 de novembro de 1945, o De­creto-lei n.O 8.186, de 19 do mesmo mêsdeferiu à Justiça Militar competênciapara apreciar os crimes contra a segu­rança do estado, previstos e definIdosna Lei de Segurança Nacional, então vi­gente. (Decreto-lei n.o 431, de 18 demaio de 1938).

Mas, com a promulgação da CartaPolltlca de 16 de setembro de 1946, no­vamente e por fôrça do disposto no seuart. 108, parágrafo 1.0, foi estabelecIdoo principio clássico segundo o qual os

(~~) ClAudio Pacbcco. op. clt., p~. :ue l! &c.gulnto.

(26) "~vl4ta ~"""lIelra de CrlmlnolOllla e DI­reito Penal". n,o la, julhO-lIet. - 186:1 ­pAp. I~ e se«e.

Page 117: J SENADO FEDERAL

116 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISlATIVA

civis não podem responder a processoperante as Côrtes Militares, em tempode paz, a não ser quando os crimes aêles atribuídos, de caráter doloso, aten­tem contra as instituições militares, de­fInidos no art. 6.°, n.o IH, letra "a" doCódigo Penal Militar, ou contra a' se­gurança externa do país.

Vê-se, pois, que ocorreu um ligeiro in­terregno, compreendido entre 19 de no­vembro de 1945 e 16 de setembro de1946, momento histórico realmente deexceção, afinal normalizado com o ad­vento da Constituição ainda vigorante,interregno único durante roda a histó­ria do direito pátrio.

Acentue-se, a par disso, que em todosos tempos, a partir da primeira consti­tuição republicana de 1891 (art. 77),consagrou-se, manifestadamente, a in­competencia da Justiça Militar parajulgar paisanos. De início, não se admi­tia, sequer, fôsse o civil processado pe­rante os tribunais especiais, nem mes­mo quando transgredia infrações queatingiam as instituições militares.

Na França, um dos mais atualizadospublicistas da matéria, o General Pe­doya, em sua festejada e sempre atualobra "La Reforme des Conseils de Guer­re," pág. 135, vai muito maís além,quando leciona: "I!: um dever dos legis­ladores não deixar aos Conselhos deGuerra senão o conhecimento dos cri­mes e delitos militares (essencialmente)e dar aos Tribunais Comuns o conheci­mento dos crimes e delitos de direitocomum cometidos por militares sobbandeiras".

Também, entre nós, a princípio, oconceito relativo à competência do foromilitar obedeceu ti várias wodjfjcações,ampliando-se, gradativamente, até atin­gir a um estágio definitivo que é, j us­tamente, o estabelecido na atual legis­laçào.

Esta competência recebeu o .>eu pri­meiro esquema, bem restrito, na Lei 631,de 18 de setembro de 1851, abrangendosomente os casos de guerra externa as­sim mesmo cifrada aos crimes de e~pio­nagem. tentativa de sedição de praças,ataques a sentinela e entrada nas for­talezas por lugares defesos, regra quepredominou no curso da legislaçào im­perial.

Posteriormente, isto é, pelo uecreton.o 1.681, de 28 de fevereiro de 1894 ajurisdição militar passou a alcançar' os

civis, em tempo de paz, exclusivamentenos casos que atentassem contra as ins­tituições militares.

Hoje o assunto é disciplinado, de mo­do genérico, pelo mandamento constitu­cional e, especificamente e ainda, pormeio do art. 6.° do Código Penal Mili­tar e alguns dispositivos da chamadaLei de Segurança Nacional, de 2 de ja­neiro de 1953.

Sujeitat-se o civil ao fôro militar pelaj)tã,UC'é\ de in{r'é\~õcs ~\le nã~ as ca})it\l­ladas no diploma substantivo penal mi­litar e outras de indisfarçável gravida­de contempladas na Lei de Segurançae atentatórias à segurança externa dopaís representa uma patente negaçãode todos os princípios e tendências mo­dernas que disciplinam a matéria.

A não ser em casos isolados e rarosem países que atravessam fases anôma~las e não fundam o sistema político nasamplas garantias individuais, tolera-sea implantação de um sistema diferentetransformando-se uma Justiça Especlaiem justiça de exceção, não compativelcom um regime democrático.

Além do mais, logrando trIunfar ainconveniente idéia, operar-se-á, não hánegar, uma invasão do âmbito da.s ga­rantias do cidadão civil, como melhorgarantido está o soldado ao ser julga­do por uma justiça específica, integra­d~ pelos seus companheiros de profls­sao das anuas, e se ocorresse o contrá­rio, estaria comprometida, de maneiraintima, a própria substância do organis­mo militar. Com efeito, a Justiça Mili­tar tem em mira preservar o dever adisciplina, e a subordinação milita~esa fim de assegurar o primado da ordem:e do acatamento à. hierarquia, cernedas corporações annadas.

Inspirado neste entendimento. (j in­signe BrunioIs assim se manifesta: "Ai~stituição armada implica a institul­çao da Justiça Militar, destinada a as­segurar a obediência aos chefes e o res­peito às hierarquias". (La supressiondes Conseils de Guêrre).

Em decorrência da sua finalidade osTribunais Militares surgiram para j ul­gar os integrantes de uma determinadaclasse que exerce, na comunidade so­cial, função de superior significação cconsiderada anormal com relação àsdemais.

Assim é que, para ser atingido um ní­vel alto de perfeito equilíbrio nas rela-

Page 118: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 117

çées entre membros dos corpos de tro­pa de superior para inferior Ou mesmoentre elementos de igual categoria hie­rárquica, torna-se impresclndivel umadisciplina permanente, o que só se con­segue com o auxilio de uma leg1slaçãoprópria, contendo normas restritivasdas garantias c dos direitos comuns aosindividuos estranhos à caserna.

Mas, o que é posItivamente Insusten­tável e não se justifica nem concebe, éa iniqua suspensão do fôro ordináriopara os civis, fora dos casos previstosnas regras pertinentes fixadas na Cons­tituição, medida que reflete sobrevivên­cIas históricas de há multo proscritas etaz recordar as antigas justJças consu­lares.

O poder criminal contra os civis po­de perfeitamente ser exercido, comovem acontecendo até agora, com abso­luta eficiência e até sacrifício. para coi­bir as violações ao direito na parte re­lativa à defesa da estrutura do estado,ordem poliUco-soclal, pelos órgãos daJustiça Ordinária, com os beneficios,vantagens ou rigores que a sua siste­mática processual oferece, ao Jnverso dofôro especial (militar) onde, como sa­lientou Rui Barbosa "as garantias dadefesa são menos amplas, as formas ju­ridlcas mais estreitas e as corn1naçÕeBlegais mais severas", em função da suaorigem e dos fins a que se destina.

Sabe-se, por exemplo, que na JustiçaM1lltar, pelas mesmas razões antes ar­güidas, não existem, entre outros, osInstitutos da flança, liberdade provisó­rJa para os Juridicamente miseráveis,tamOém chamada de fiança sem dinhei­ro, e a suspensão condicional da exe­cução da pena que, na órbita do direitocriminal comum, representam conquis­tas há muito tempO incorporadas àsfranquias individuais impostergáveisconferidas a certa classe de delinqüen­tes.

l!: de meridiana evidência, portanto,que o legislador, sobretudo em uma de­mocracia, deve procurar modelar as leisde Interêsse coletivo, no bom senso, nosconceitos equilibrados e nas fontes eprincipios juridicos mais salutares, evi­tando, com Isso, que a Justiça se trans­forme em Instrumento de perseguição cvlndita, pois, como se dIZ sempre compropriedade "Justiça e arbitrio é o bi­nômio social, através de que se podeavaliar a saúde moral dos povos e a leié o ponto de estabtlldade superior aos

caprichos e flutuações da onda huma­na".

Em suma, constituirá uma autênticadlsformldade juridica e a negação com­pleta da concepção mais primárllt. dacompetência criminal até agora adota­da pelos códigos de todos os palses ci­vilizados, deferir-se à Justiça Militarcompetência para julgar paisanos quenão adotarem comportamento antijuri­dica, atingindo, especificamente, à or­dem ou instituições militares e nem àsegurança externa do pais.

Finalmente, o entendimento em con­trário à tese formulada, não encontralastro em tõda a doutrina construída emredor do texto da primeira constituiçãorepublicana e das que se seguiram sõ­bre o problema, nem na Jurisprudência,sempre interpretando o esplrito da dis­posição constltuclonal, de modo a ga­rantir a tranqü1lldade do povo e a se­gurança individual.

A par dos argumentos de ordem jurí­dica, antecedentemente alinhados, amedida. se efeUvada. determinará umasérie interminável de inconveniências,ligadas às dificuldades da aplicação dalei, face ao Insignlflcante número deauditorias, em relação à Imensa exten­são territorial brasileira, sem falar noimprevisivel aumento do volume de tra­balho.

Antes, portanto, da ampliação da áreajurisdicional da Justiça Castrense, im­punha-se uma série de providências. en­tre as Quais, avulta a criação de váriasauditorias no interior do pais. Com asatuais, apenas, seria Impraticável onormal curso da ação penal. Um pro­cesso originário de uma cidade longín­qua do interior, por exemplo, nas ad.la­cênclas de Foz do Iguaçu, seria julgadoem Curitiba, sede da Auditoria compe­tente, localizada a uma distância de 700(setecentos) quilômetros. Os réus e tes­temunhas, geralmente homens de condJ­ção modesta e desprovidos de fortuna,seriam forçados a dispender importân­cias de vulto para atender às despesasde locomoção, abandonando, por outraface, as suas ocupações normais, com oque deixariam de ganhar o necessáriopara atender aos encargos de subsistên­cia da familia, o que seria, antes demais nada, desumano. Com os militaresisto não acon~e. São requisitados enada dlspendem para comparecer à. se­de do Juizo, percebendo regularmente osseus vencimentos.

Page 119: J SENADO FEDERAL

118 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Se se deseja reformar a legislação mi­litar, em o\.;.tro sentido, nada mais justonem mais necessário. Os juízes e de­mais auxilla,res da Justiça Militar cla­mam por esta reforma há mais de vin­te anos, pelo menos em setor de impor­tância vital para a função de distribui­ção de Justiça, por isso seriamente di­ficultada. ~ inacreditável que ocorra, nanossa Justiça, um verdadeiro absurdo,justamente ligado a uma peça essencialao bom andamento dos trabalhos judi­ciários. Trata·se da lei processual mili­tar de espírito e letra caducos, desatua­lizada e inteiramente divorciada da no­va política criminal que' vem vigorandodesde 1942 e consagrada no Código Pe­nai Comum e, o que e de pasmar, nopróprio diploma Legal Militar Substan­tivo. Como se compreende que em umamesma Justiça, esteja vigorando umalei substantiva - o código dos velha­cos -~ contendo novos institutos e asnormas processuais da lei adjetiva, queFerri crismou de Código dos Homens debem, seja antiga - 1938 - desconhe­cendo, por inteiro, as medidas de se­gurança, a reabilitação, o livramentocondicional nos novos moldes e ainda,o que e grave e inacreditável, exija onúmero minimo de 3 (trêsl testemu­nhas para a intentação da ação penal,coisa que pertence ao passado.

o Código da Justiça Militar é crimi­nosamente omisso no que respeita à re­gulamentação daqueles institutos que jáconstam do textD do Código Penal Mi­litar, tornando mais complexa e árduaa missão do juiz, forçado a recorrer atodo instante para o Código de ProcessoPenal Comum, estatuto subsidiário.

É inadiável, dêsse modo, a necessida­de e conveniência de ser modificado, emtôda a sua extensão, o Código da Jus­tiça Militar, para que a Justiça dos Mi­litares fique melhor aparelhada paradesempenhar a sua função na sociedadeque e das mais significativas e de rele­vância inegável para a estabilidade dasinstituições.

Esta afigura-se a única reforma sériae imperiosa exigida há mais de vinteanos, mas sempre mal sucedida refle­tindo êsses insucessos. constantes pre­juízo" reais a Justiça Militar, atormen­tando os que nela atuam e comprome­tendo o seu conceito.

Conservando as atuais dimensões doperimE'tro jurisdicional do fôro especial

e acelerando a reforma do vetusto e bo­lorento Código da Justiça Militar, ospodêres executivo e legislativo, aí sim,ao mesmo passo, respeitarão uma anU­ga tradição jurídica tão preciosa para oregime e prestarão indispensável amá­lio às Fôrças Armadas e aos que per­tencem aos quadros da Justiça dos sol­dados, que continuarão pugnando, qua­se em desespero, pela reorganização doseu estatuto formal, tão necessário àprática judiciária, a fim de que continuecomo realidade aquêle ideal de equilí­brio entre a balança e a espada de quefalava Iherlng nesta lapidar sentença:"A Balança sem a Espada é o desmaiodo Direito; a 'Espada sem a Balança éa fôrça bruta. Na combinação dos doisprincípios está o "Segredo da Justiça".

Em 4 de outubro de 1963, o PresidenteJoão Goulart envia Mensagem ao Con­gresso Nacional pedindo a decretaçãodo Estado de Sítio, e cujo art. 3° assimestatui: "Durante a vigência do estadode sitio, ficam suj ei tos a jurisdição elegislação militares, como faculta o art.207 da Constituição, os crimes defini­dos na Lei n.o 1.802, de 5 de janeiro de1953, arts. 2.°, n.O IV, 4°, n° 1, 5.°, 9°,14, 16, 17, 25, 26, 27 e 29," ("") Acompa­nha a mensagem exposição de motivosdos Ministros da Justiça e Negócios In­teriores, da Marinha, da Guerra e daAeronáutica, todos acentuando a neces­sidade do sítio a fim de se manter aprópria legalidade democrática. No pa­recer da Comissão de Constituição eJustiça, sôbre essa Mensagem. o depu­tado Vieira de Mello, quanto ao art. 3.°,acentua: "Se o Govêrno pede a decreta­ção do estado de sítio, com fundamentono art. 206, inciso I (caso de comoçãointestina grave ou de fatos que eviden­ciam está a mesma a írromper), e cla­ro que não poderia catalogar as garan­tias individuais que permaneceriam emvigor, nem cuidar de suj eição à juris­dição e legislação militares de crimesdefinidos na Lei nO 1.802, porqL<C' nestahipótese (sítio preventivo). as únicasmedidas a adotar contra as pe5soas es­tão taxativamente enumeradas pelaprópria Constituição em seu art. 209". OSenador João Agripino le, no Senado.nota da U.D.N. e do P.L. protestandocontra a decretação do estado de sitioe advertindo à Nação do propósito "ma-

12~ ) Véde "RevlstR de Informaçâo Lc~l,lall"""11,0 9, pâg. lI!) "Estndu de SItiO" 15."parte I.

Page 120: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 119

nifesto no projeto do Govêrno, de am­pliar, contra a segurança dos cidadãos,a juriscUção militar de exceção."

A Mensagem do estado de sitio foI,entretanto, retirada pelo PresidenteGoulart.

Agrava-se a crise nacional e em abrilde 1964, um Movimento Militar destituio Presidente G<lulart. Investindo-se doPoder Constituinte êsse movImento re­volucionário edita um Ato Institucional.Em outubro de 1965 é editado um outro,o de n,o 2, cujos artigos 7.° e 8.°, comseus respectivos parágrafos, dispõem sõ­bre a Justiça Militar:

ATO INSTITUCIONAL N.o 2

Art. 7.° - O Superior Tribunal Mllltarcompor-se-á de quinze juizes vitallcios,com a denominação de Ministros, no­meados pelo Presidente da República,dos quais quatro escolhidos dentre osgenerais efetivos do F.xército, três den­tre os oficiais generais efetivos da Ar­mada, três dentre os oficiais generaisefetivos da Aeronáutica e cinco civis.

Parágrafo único - As vagas de mi­nistros togados serão preenchidas porbrasileiros natos, maiores de 35 anos deIdade, da forma seguinte:

I - três por cidadãos de notório sa­ber juridlco e reputação ll1bada, comprática forense de mais de dez anos, dalivre escolha do Presidente da Repú­blica;

11 - duas por auditores e ProcuradorGeral da Justiça MiUtar.

Art. 8.° - O parágrafo 1,0 do artigo108 da Constituição passa a vigorar coma seguinte redação:

"Parárrafo 1.0 - tsse tõro especialpoderê. estender-se aos civis, nos casosexpressos em lei para repressão de cri­mes contra a segurança nacional ou aslnstltuiçÓ("s m1lltares."

§ 1.° - Competem à Justiça Militar,na forma da legislação processual. oprocesso e julgamento dos crimes pre~

vistos na Lei n.o 1.802, de 5 de janeirode 1953.

11 2.° - A competéncia da Justiça MI­lltar nos crimes referidos no parágrafoanterior,com as penas aos mesmos atri­buidas, prevalecerá sóbre qualquer ou­tra estabelecida em leis ordinárias, ain­da que tais crimes tenham Igual defini­ção nestas leis,

§ 3.° - Compete orig1nàr1amente aoSuperior Tribunal Militar processar ejulgar os Governadores de Estados eseus Secretários, nos crtmes referidos noparágrafo primeiro, e aos Conselhos deJustiça nos demais casos,

Assim, a Justiça Militar brasileira, commais de século e meio de existência, "sóganha maior relevância no quadro ju­diciário do pais depois da Revolução de31 de março de 1964, quando passa aapreciar milhares de processos de natu­reza polltlca, envolvendo civis e mili­tares.

Ao Superior TrIbunal MUltar cabemaior volume de responsabUldade nojulgamento de centenas de habeas-cor­pus, embargos, agravos, conrutos de ju­risdição, bem assim as apelações e re­cursos procedentes das Auditorias doExército, Marinha e Aeronã-utica.

O chamado Processo dos AlmIrantes,o caso dos chineses, o pedido de prisãopreventiva do Governador Negrão deLima, os julgamentos de habeas-corpusem favor do ex-G<lvernador Mauro Bor­ges, do d1r1gente comunista GregórioBezerra e do ex-cabo Anselmo foram ascausas de mais viva repercussão noS ,T ,M., depois da Revolução.

O caso dos chineses, por. exemplo,atraiu as atenções do mundo inteiro,merecendo a mais ampla cobertura,tanto na nossa imprensa como por par­te de vários Jornais estrangeiros". (-)

A composição do Superior TribunalMilitar. também, é comentada por Al­berto Romero: (-)

os MINISTROS

"O mlllta.r quando atinge o generala.to(e 8Õmente nesse põsto é que chega aoTrIbunal), tem ele adquirido na caser­na, nos vários postos de comando, umavivência excepcional, no que diz respei­to ao principio de punir, aplicando oRDE às pequenas faltas regulamentares,bem como dispondo quanto à remessados casos à Justiça comum e 'militar,conforme a hipótese, quando a falta ex­cede os limites do Código das Trans­gressões e cal na esfera das Infrações àlei penal.

(28) Report.aeem de Alberto Romero - "Jornaldo Brasil" - 2:l-g.G6,

(29) Reporta~m de A1~rto Romero - "Jornaldo BruU" - 2S·9~,

Page 121: J SENADO FEDERAL

120 REVISTA D~~FORMAÇÃO LEGISLATIVA

l!: nesse trato diário que o oficial ad­quIre vivência especializada, obrigan­do-o a recorrer aos Códigos, aos usos,aos costumes, à praxe, com consultas,inclusive à jurisprudência dos nossosTribunais, de modo a sair-se, de cadacaso, na caserna, com humanidade ejustiça, os dois maiores fatõres que en­tram na formação da mentalidade deum juiz.

Os Tribunais de Justiça Militar, desti­nados a processar e julgar crimes denatureza militar e só acidentalmentecivis, tinham que ser compostos e inte­grados de juízes togados, técnicos espe­cializados em Direito Penal, e juízesmilitares, técnicos em assuntos da mili­tança, vividos na tropa, esclarecidosquanto às regras discipllnares, sempree sempre envolvidos em todos os pro­cessos que batem às portas da Justiçacastrense. ( ... )

PROCURADOR GERAL

Serve a essa Justiça um MinistérioPúblico Militar especializado, organiza­do em carreira, absolutamente indl':pen­dente e em cujo quadro se ingressa me­diante concurso, sendo o seu chefe oProcurador Geral da Justiça Militar,candidato natural ao preenchimento deuma das vagas de ministro togado doS. T. M., a exemplo do que acontece naJustiça comum.

O atual Procurador-Geral, sr. EraldoGueiros Leite. vez por outra afirma, desua tribuna, que não constrange os seuscomandados, "todos conscientes de quenão são Sistemáticos acusadores, massim Promotores de Justiça", Icrnbrando­os de que "o Ministério Público é a Ma­gistratura de pé."

O JUIZ-AUDITOR

A função de Juiz-Auditor náo é me­nos árdua. Eis aqui, para terminar, assuas atribuições no corpo da Justiça Mi­litar, segundo informou o Juiz Teócritode Miranda, da la Auditoria do Exér­cito:

"Administrar a Auditoria, receber ourf'ieitar denúncias oferecidas 'Jelo MI­nistério Público, decretar arquivamentode inquéritos ou autos de prisão preven­tiva em flagrante, orientar os juízes mi­lltares nas questões de Direito por oca­sião dos julgamentos, redigir tôdas asdecisões e sentenças proferidas pelos

Conselhos Permanentes de Justiça eConselhos Especiais de Justiça, conce­der livramento condicional, decretarprisão preventiva em inquérito e quan­do o indiciado fôr oficial até o pôswde Coronel, proceder às justificações re­queridas e determinar o cumprimentodas cartas precatórias, inqueritórias ecitatórias,"

CRIMES CONTRA A ECONOMIA

POPULAR

Ressalte-se, ainda, a competência daJustiça Militar para processar e julgaros crimes contra a Economia Popular,de acôrdo com o Decreto-lei n.o 2, de Hde janeiro de 1966: C")

"Autoriza a requisição de bens ouserviços essenciais ao abastecimen­to da população e dá outras provi­dências."

"Art. 3,0 - O náo cumprimentodas obrigações estabelecidas no art.2,° (lt) e a oposição de quaisquer di­ficuldades ou embaraços à conse­cução dos obj etivos do presente De­creto-lei, bem como a Infração aosdispositivos da Lei Delegada nO 4,I") de 26 de setembro de 1962, se­rão processados e julgados pelaJustiça Militar, na forma da legis­lação processual vigente. sujeitan­do os infratores ou os responsáveisàs sanções previstas no art. ]3, daLei n.O UJ02, de 5 de janeiro de]953". ("')

Visando a um esclarecimento melhorda matéria publicaremos, a seguir. de­cisões do Supremo Tribunal Federal C'n­volvendo o Decreto-lei n° 2 e a Lei n.O1.802.

(30) Decr,,!{)-L"j nO 2 -- DO. de 17-1-66 .­Ret 11 O. d" ]1-2-66.

(31} .\rt. ~.~ - As autoridades r"d<'fais, e"l.a­duais e mUlIldpals o(Lmprestn.rão A SUPf'­rintendêncie. Nadonal do Abaste('lmentoI HUNAB I " colaboração que lh~s tór 8011­~ltada pam () tj~l cumprlm"nto dêste De­creto-LeL.

(32) L..1 Del~;mda n" 4. d~ 26-9-82 "Dispô"sóbre a lnte~vençã.o no dumínio ecollórnl~o

pura o.sse!-':'urar B. !l\'t~ dlstribulçâ'j de p::-o­dlitos necessfLrlos ao consumo du p0\,().'l

-- D.O. 27-9-62 -- Ret. D.O. 2-LC-62.

(33c~ LL'Í n.o 1.802. de ~-l-.'l:~· "DefIne oS ('Tunescontra () E..-:.tado e a Ordenl Pü) iUca r- 80­C'la~, e dá. outras provldi'nc1as," - D. ().de 7-1-53-- Ret. DO. de 8-8-~J.

Page 122: J SENADO FEDERAL

JANEIRO /t!. MARçO - 1968 12'

CONFLITO DE lURlSDIÇAON.o 3.182 - GB (Tribunal Pleno)

Relator: O Sr. MInistro Hermes Lima.SuscItante: 2.- Auditoria da Aeronáu­

tica - Guanabara. Suscitado: JuJz deDIreIto da 3.& Vara Criminal da Gua­nabara.

"Conruto de Jurisdição. DL. 2, de14.1.66. Não se aplica aos fatos ti­dos como delituosos ocorridos antesdêle. Aplicação Imediata de lei pro­cessual não pode acarretar para osréus da ação penal pena superlor àQue estavam sujeitos, segundo a leivigorante ao tempo em que teriamcometido o delito. Competência doJuiz de Direito da 3.- Vara Criminalda Guanabara."

AC6RDAO

Vistos e relatados êstes autos, acor­dam os Ministros do Supremo TribunalFederal, em sessão plenária, por unani­midade de vows, julgar procedente oconflito, e competente a Justiça Comum,na conformidade da ata do julgamentoe das notas taquIgráflcas.

Brasllia, 31 de agõsto de 1966 - Cân­dido Motta Filho, Presidente. - Her­mes Lima, Relator.

RELAT6RIO

O Sr. Ministro Hermes Lima: - O Dr.Juiz da 3.- Vara CrimInal da Guanaba­ra, Invocando o art. 3.° do DL 2, de ..14 .1. 66, deu-se por Incompetente parajulgar ação penal movida contra Ante­ro PInto de Resende e Jo?-o Pereira daCosta, e determinou a remessa dos au­tos à Corregedoria da Jusuçã Militar edai encaminhados à Audltorta.

O Auditor da 2.& Auditoria da Aero­náutica, considerando que a Infração aopreceIto da LeI de Economia Popular deque dão noUcIa os autos ocorreu antesda vigêncIa do DL 2, de 14.1.66, consi­derando-se incompetente, suscitou opresente conflito de jurisdIção.

O pareeer da douta Procuradoria épela competência do juizo suscitante,em face do principIo da aplicação Ime­diata da lei processual.~ o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Hermes Lima (Rela­tor): - O DL 2, de 14.1.66, no art. 3.°,detenninou que as Infrações dos d1spo-

slt1vos da LeI Delegada n.o 4, de 26.9.62,passariam a ser processados e Julgadospela Justiça MIlitar, sujeItando os In­fratores ou responsáveis às sanções pre­vistas no art. 13 da L. 1.802, de 5.1. 53,isto é, à pena de dois a cinco anos dereelusão. Portanto, a nova lei aumentoua pena que, na legjslação anterior, erade seis meses a dois anos de detenção.

No caso em aprêço, a denúncia datade 9.7.63, descreve o fato tido como de­utuoso, como ocorrido em 13.6.60, ante­rior, assim. à Lei Delegada n.o 4, que éde 26.9.62.

Em face dessas razões c considerandoque a leI postertor ao fato tido como de­lituoso exacerba a penalidade a 'que omesmo está sujeIto, julgo competente osuscitado, JuJz de DlreIoo da 3.a VaraCriminal da Guanabara.

A aplicação Imediata da lei processualnão pode acarretar para os réus da açãopenal pena superior à Que eles estavamsujeitos, segundo a lei vigorante ao tem­po em que teriam cometido o delito. Oart. 141, § 27, da C.F. dispõe que nin­guém será processado, nem sen;encla­do, senão pela autortdade competente ena forma de leI anterior.

A aplicação da nonna processual no­va no caso Implicarta em aumento dapena. Julgo competente o Juiz da 3.aVara Criminal da Guanabara (Nota: Oparecer é da autorta do Procurador Dr.Salazar) .

DECISAOComo consta da ata, a decIsão tal a

seguinte: Procedente o conflito, compe­tente a Justiça Comum, à unanimIdade.

Presidência do Exmo. Sr. MinistroCândIdo Motta Filho. Relator, o Exce­lentisslmo Sr. M1n1stro Hermes Lima.Tomaram parte no julgamento osExmos. Srs. Ministros Aliomar Baleeiro,Prado Kelly, Adallcio Nogueira, EvandroUns e SIlva, Hermes Uma, Pedro Cha­ves, Victor Nunes Leal, Gonçalves deOliveira, VUas Boas, LuIz Gallotti eHahnemann Guimarães. Ausentes, Jus­tificadamente, o Exalo. Sr. MInistro os­waldo TrtgueIro e Latayette de Andra­da. Licenciado, o Exmo. Sr. Ministro A.M. RIbeiro da Costa.

Brasilia, 31 de agõsto de 1966 - Al­varo Ferreira dos Santos, Vice-Diretor­Geral.

(RTJ - vaI. 39 - fev. 1967 - pág.286) .

Page 123: J SENADO FEDERAL

122 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISL.ATI~~ _

HABEAS CORPUS N.O 42.515 - RJ(Tribunal Pleno)

Relator: O Sr. Ministro Evandro Linse Silva.

Impetrante: Edmilson Jorge de 011­veira. Pacientes: Rayil Peçanha, Joa­quim Mayrlnk Filho, Horst José Bezer­ra, Arthur Martins Filho, Manoel Mar­tins e Affonso Celso Nogueira Monteiro.

"O legislador ordinário só pode su­jeitar civis à Justiça Militar, emtempo de paz, nos crimes contra asegurança externa do país ou asinstituições mihtares" (Sum. 298)

ACóRDAO

Vistos, relatados e discutidos üS autosacima identificados. acordam os Minis­tros do Supremo Tribunal Federal, emsessão plenária, na conformidade daata do julgamento e das notas taqui­gráficas, unãnimemente, conceder a or­dem nos têrmos do voto do Relator.

Brasília, 14 de outubro de 1965.Cândido Motta Filho, Presidente.Evandro Lins e Silva, Relator.

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Evandro Lins: -~ Oadvogado Edmilson Jorge de Oliveirapede habeas corpus em favor de RayilPeçanha, Joaquim Pedro Mayrink Fi­lho, Horst José Bezerra, Arthur MartinsFilho, Manoel Martins e Affonso Ce1.soNogueira Monteiro, todos civis, que seencontram com prisào preventiva de­cretada por decisão do Conselho Per­manente de Justiça da 2." Auditoria deGuerra da L" Reg~ão M!lltar, tf'ndo sidodenunciados como incursos no art. 2.°.inC.lII da L. 1.802, de 5.1 53.

A petição é longa e alega que os pa­dentes foram indiciados no IPM ins­taurado na Loteria Estadual e CaixaEconômica do Estado do Rio de Janeiro,com a finalidade de apurar atos de cor­rupção e possiveis ato:, subversivos,

No encerramento do referido inquéri­to, foram indiciadas mais de 70 pessoas,entre as quais o ex-Governador BadgerSilveira.

O Promotor Publico que recebeu osautos em primeiro lugar pronunciou-sepela incompetência da Justiça Militar,

conclusão que não foi aceita pelo Juizoda 2.a Auditoria, sendo então designadoum substituto, que formulou a denún­cia, entendendo que cêrca de 60 indicia­dos deviam ser processados na JustiçaComum e os pacientes e outros deviamser processados na Justiça Militar.

A petição desenvolve argumentos nosentido de demonstrar que, sendo os pa·cientes civis, e não tendo cometido cri­me contra a segurança externa do pais,ou contra as instituições militares, de­vem ser processados perante a JustiçaComum.

Sustenta que o inc. III do art. 2." daL. 1.802. quando fala em ajuda ou sub­sidio de Estado estrangeiro, ou de or­ganização estrangeira de caráter inter­nacional, quer dizer que eSSa ajud3. ousubsídio deve ser de caráter concreto enão através de simples presunções, da­da a severidade da sanção dessa dispo­sição penal, que oscila entre 15 e 30 anosde reclusão. Analisa detidamente a de­núncia e pede que a ordem seja conce­dida, para declarar a incompetência daJustiça Militar para julgar os pacientes

Solicitei informações, que foram pres­tadas pelo Exmo. Sr. General de Exér­cito Floriano de Lima Brayner, Minis­tro Relator do habeas corpus denegado.por maioria de votos, pelo ego SuperiorTribunal Militar.

Essas informações. depois de fazeremapreciações sôbre a petição do advoga­do, dizem o seguinte:

"IV - Ora. eminente Sr. Presidentedo S. T .F <, a ninguém é dado Ignoraro ambiente de podridão politica, admi­nistrativa e ideológica que imperava navelha Provincia fluminense antes de31.3.64. A mercantilização dos Pod{>­res Públicos, a mais profunda corrupçâoe a subversão generalizada, a serviço daideologia moscovita, eram a moeda cor­rente no desumparo dos mais elemen­tares int.erêsses da sociedade, sob a égi­de de um famoso Governador chamadoBadger Silveira. Alguns dos instrumen­tos dessa corrupçãn eram a Loteria Es­tadual e a Caixa Econômica do Estadodo Rio de Janeiro, que entregavam amancheias, pelos processos mais crimi­nosos, aos agentes da cotrupC~w c d[l.subversão. as minguadas economias dopovo fluminense.

V - Iniciado o IPM para apurar I'S­

sas irregularidades, a fim de se consta­tar até onde chegava, na área militar,

Page 124: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO 1968 123

sua Influência deletéria, ficou logo cons­tatada a amplltude dos males dissemi­nados, Já então colocados sob o Impé­rio da Lei de Segurança n.O 1.802, de ..5. 1. 53 . Dal a mudança de orientaçãoda Justiça Milltar, na atuação de seuMinistério Publico, que tanto contrariouos interésses do causídico Impetrante.Esta alta cOrte de Justiça Castrense,tem sempre considerado, doutrlnàrla­mente, que ser comunista, por convic­ção ideológica, não é crime, à luz dostextos da nossa Lei Maior. Mas, perten­cer .ao Partido Comunista, organizaçãocspuria, Já colocada fora da Lei Brasi­leira, por seu caráter internacional queu:m por base a destruição das tnsÍltuI­çoes nacionais; utll1zar essa condiçãoabastecido por Idéias e recursos allení:genas para trair os Interêsses da: or­dem polltlca e social de sua Pátria éc~me de alta traição, por mancomuria­çao com estrangeiro. Não é por outromotivo que êsses comparsas, que tãodenodadamente alegam sua condição decivis, para fugir às malhas da JustlçaMill_tar, acabam enredados nas especltl­caçoes da Lei de Segurança do Estado(L. 1.802, de 5.1.53) e levados ao pre­tório da Justiça Castrense.

VI - Certamente a Lei cltada contémImperfeições, princIpalmente se consi­derarmos que tõda a trama vermelhaem nosso pais, desde 1953, já se organi­za tendo em vista dltlcultar, senão des­truir, qualquer prova que se tente reu­nir, para levar os criminosos ao proces­so e ao julgamento, à luz dos seus dis­positivos. Exigem, os defensores a exi­bição de recibos com data, e nima re­conhecida, das espórtulas que lhes te­riam sido enviadas pelo Chefe espiritualFldel Castro ou pelos MIkoyans e Kozl­ghlns. Estranha aparentemente o cau­sidlco impetrante <copo IV) a afirma­ção da Promotoria da 2.& Aud. da 1.­R. M., na fundamentação da denúnciaa denominação "Partido Comunista d~Brasil." São éles, os vermelhos fidells­tas, que fazem questão dessa diferencia­ção. Não se trata de um Partido Brasi­leiro e sim, da sucursal de uma organi­zação Internacional, Instalada no Bra­.sU. E o lntercámblo da Orei Comunistado BrLUlU, com os seus comparsas deCuba ou da Cortina de Ferro, antes de31.3.64, era tão público, notório e os­tensivo que, talvez no nosso Pais o úni­co a Ignorar seja o signatário da peti­ção Inicial. tIe exige que a prova da"ajuda ou subsidio de organização e8-

trangeira se faça por atos Inequlvocose efetivos, livres de simples presunções.Sem comentãrios."

Junto com as informações velo oacórdão proferido no habeas co;Pus de­negado pelo ego Superior TrIbunal Mi­lltar, pelo qual se vê que foram votosvencidos os dos Exmos. Senhores Minis­tros Orlando Ribeiro da Costa e PeryBev1l;acqua <f. 18 a 20).

A Auditoria de Guerra prestou tam­bém Informações, enviando cópia da de­núncia e do despacho de prisão pre­ventiva.

A denuncia é longa (f. 33-45) e de­senvolve largas considerações sôbre ocomunismo Internacional, acentuando,de comêço: "o Partido Comunista doBrasil é, sem sombra de dúvidas umaorganização de caráter Internaélonal,tendo por principio o marxismo e o le­nintsmo e como fim a ditadura do pro­letariado. O comunismo, por sua própriaessência e natureza, é um movimentoInternacional, visando abolir tôdas asclasses sociais e constnúr uma socieda­de sem classes. Para êste efeito, misterse faz a conquistado poder polltlco, afim de posslbll1tar a Implantação daditadura do proletariado. A abolição daforma burguesa da propriedade priva­da e Instauração da propriedade socialsôbre os meios de produção, são as so­luções porque lutam, de rodas as for­mas ao seu alcance. os comunistas domundo Inteiro." <f. 33) .

!. o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Evandro Lins (Rela­tor). - Os votos vencidos dos senhoresMinistros Orlando Ribeiro da Costa cPery Bevllacqua afinam-se com a ju­risprudência do Supremo Tribunal Fe­deral.

A súm. 298 consigna que o legisladorordInário SÓ pode sujeitar civis à Jus­Uça Mil1tar, em tempo de paz, nos cri­mes contra a segurança externa do Paisou as instituIções ml11tares.

compreendo os alto.> propósitos pa­trióticos do Exmo. Sr. Gcn. Lima Bray­ner, nas Informações prestadas a esteTrIbunal, mas a diferença que existe,exatamente, entre o regime democráti­co e os regimes totalitários, é que na­queles se assegura a todos os cidadãosdireitos e garantias, entre os quais seencontra o de serem julgados perante a

Page 125: J SENADO FEDERAL

124 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA----"---

Justiça competente, com ampla defe­sa. enquanto, nos países totalitários, oindivíduo não goza de garantias consti­tucionais semelhantes e está sujeito aoarbitrio da ditadura dominante.

A Lei de Segurança Nacional subme­te a maior parte das infrações nela pre­vistas à jurisdição da Justiça Comum.

Só excepcionalmente é que o crimeprevisto nessa lei se desloca para acompetência da Justiça Militar.

São exatamente os crimes contra asegurança externa do País e contra asinstituições militares.

Ora. no caso dos autos, o de que secogita. é de um processo de subversãogeneralizada, em que as característicasdo internucionalismo do Partido Comu­nista não refletem aquela ajuda ou sub­sidio, que deve ser de ordem material,para que se retire da competência daJustiça Comum o julgamento dos civis.

A Justiça Comum deve reprimir e pu­nir todos os que pratiquem atos tenden­tes à mnclança do re~ime. nos têrmosda Lei de Segurança. Não é, contudo, aposição ideológica do autor dêsses aten­tados que o faz submeter à j urisdiçãcmilitar.

A regra geral, nos crimes políticos, éa competi'ncia da justiça comum. Sóexcepcionalmente é que esses crimes sedeslocam para a competência da justi­ça militar. como já dissemos. ~sse, aliás,é o sentido de nossa jurisprudência pre­dominante.

Nestes U;rmos, concedo a ordem pa­ra declarar a incumpetência da Justi­ça Militar, devendo os autos serem re­metidos à Justiça Comum, para o pro­cedimento penal contra os pacientes.

É o meu voto,

DEcrSAO

Como consta da ata, a decisáo foi aseguinte: Concedida a ordem nos têr­mos do voto do eminente Relator, àunanimidade.

Presidência do Exmo. Sr. MinistroCàndido Motta Filho, no impedimentodo Exmo. Sr. Ministro A. M, Ribeiro daCosta. Relator. o Exmo. Sr. MinistroEvandro Lins e Silva Tomaram parteno julgamento os Excelentissimos Srs.Ministros Evandro Lins e Silva, Her­mes Lima, Victor Nunes Leal, Gonçal­ves de Oliveira. Vilas Boas, HahnemannGuimarães e Lafayettc de Andrada. Li-

cenciados, OS Exmos. Srs. Ministr08Luiz Gallotti e Pedro Chaves.

Em 14 de outubro de 1965 - AlvaroFerreira dos Santos, Vice-Diretor-Geral.

(RTJ - voI. 34 -- Dez. 1965 -- pág.684 e segs,).

APELAÇAO CRIMINAL N,o 1.585 - SP(Tribunal Pleno)

Relator: O Sr. Ministro Luiz Gallotti.Apelante: Justiça Pública. Apelado:

Júlio da Costa Bueno.

Apelação criminal.

Questão de saber se, proferida sen­tença sôbre o mérito na primeirainstãncia, a segunda deve ser a quelhe correspondia pelo direito antigo,ou pode ser outra, conforme o di­reito nôvo.Adota-se a primeira solução (Rou­bier, Les Conflits de Lols dans Letemps, voI. 2.°, p. 662, n.O 138).Assim, competente para julgar estaapelação é o Supremo Tribunal Fe­deral e não o Superior Tribunal Mi­litar, só declarado competente pe­lo art. 8.", § 1.0, do A.I. 2, que éposterior à sentença condenatória.Apelação do Ministério Públlco, nãoprovida.

ACóRDAO

Vistos e relatados estes autos de Ape­lação Criminal nO 1.585, de São Paulo,em que é apelante a Justiça Pública eapelado Júllo da Costa Bueno, decide oSupremo Tribunal Federal conhecer dorecurso por maioria de votos e, por W1a­nlmidade, negar-lhe provimento, deacôrdo com as notas junta5.

Distrito Federal, 3 de março de 1966,- A. 11:. Ribeiro da Costa, Presidente- Luiz Gallotti, Relator.

RELATéRlO

O Sr, Ministro Luiz Gal1ottl: - Estaa sentença, do ilustre Juiz Antônio Mar­zagão Barbuto (f. 185-187):

"Júlio Costa Bueno, qualificado à f.108, foi denunciado como incurso no art.12 da L. 1.802, de 5.1.53, sob a alega­ção de que cêrca das 16,45 horas. do dia15.8.62, durante uma das crises políti­cas que naquela época agitaram o país,foi surpreendido prestando ajuda à pa­rallsação do serviço de transportl'S cole-

Page 126: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARçO - 1968 125

tlvos de 8ão Paulo (marcada para aque­la data pelo sindlcato pronsslonal acuja orientação seguIa), quando estavaempenhado em cortar os flos das ala­vancas dos bondes da Companhia Muni­cipal de Transportes Coletivos, na Ruada Glória, esquIna da Rua Conde de Pt­nhaI, justamente no momento em quecortara o cordão do bonde n.o 1.619. Adenúncia foi recebida por despacho def. 101 v. 102, o réu interrogado a f. 10'7­198. A F. 112 consta o rol de suas tes­temunhas. Na Instrução foram ou.idasquatro testemunhas arroladas pela de­núncia (t. 121-130), com algumas reln­qu1r1çôes (t. 139-141). A detesa promo­veu a inquirição de quatro testemunhas(t. 141 - V. 142 v. e 162 v. 163). A Pro­motoria Pública manifesta-se pela pro­cedência da ação, após cuidadoso exa­me da prova (t. 161). A detesa argumen­ta em sentIdo contrário, ressaltando,principalmente, as circunstâncias so­cIais e politlcas da época, defendendo atese de que houve apenas uma talta tra­balhIsta, resultante a ação do réu, nãobem provada, de uma deficiência legis­lativa, em detrimento do direIto degreve.

i o relatório. Decido.

O réu realmente foi surpreendido, nodia, hora e local, quando acabava decortar o cordão da alavanca de umbonde da. C.M.T.e., tomando parteativa como dirigente sindical, num es­tôrço para forçar a paraltsação dostransportes coletivos na cidade de SãoPaulo. tsse tato pode, realmente, coln­eldtr com uma Situação quase caóticana vida polltlca do pais, em que os ór­gãos sindicaIs, desviados das suas fina­lIdades especificas, intervinham espon­tlneamente ou através de pressáo deórgãos politlcos, na criação de ambien­te para fins exclusivamente polltlcos,em detrimento, talvez, das finalidadesespecificas, slndtcais. Não cabe ao Jui­10 examinar o mérito dêsses argumen­tos, mormente no Ambito das suas atri­buições especltlcas, nem também no ca­BO concreto examinar a Intenção do de­nunciado, allfls, ressaltada na defesa enos depoimentos de seus colegas de sin­dicato. Exercendo atividade polltica, co­mo se alega, com o melhor Intuito, des­de que, segundo se argumenta, tendo emTtsta o bem socIal, não se poderia ne­gar ao denunciado um tratamento di­ferente ao daquele correspondente aosdelinqüentes comuns. sem se examinaro mérito dos objetivos do denunciado,

se justo ou Injusto, se êle estava certoou errado, é forçoso reconhecer a pos­siblUdade dêle ter agido pensando ousupondo alcançar o bem da comunida­de. Esta apreciação, todavia, para o juiz,não pode influir no exercício das suasfunções jurisdicionais, senão nos têr­mos do art. 42 do C. Penal. No mais, ca­be ao juiz apenas verificar a existênciado fato e aplicar a norma cabivel, emsuma, verificar a correspondência cntreo tato e a lei penal, a existência da tl­picidade. No mais, qualquer correção dasentença judJclal, estranha à função ju­risdicional, cabe apenas a outro poderou a outros podêres, como no caso daanistia, da graça ou do Indulto. O réu,como já se referiu, e não é negado, emtese, estava cooperando no sentido deforçar a paralisação do transporte co­letivo em São Paulo. Foi preso em fla­grante, quando fugia após cortar o cor­dão de um sustentador da alavanca deum bonde, tendo já cortado outro. Estaação corresponde ao disposto no art. 13mencionado na denúncia, pois êle esta­va ajudando ou cooperando para quehouvesse parallsação de transporte co­letivo, de natureza pública, tanto que érealizado por concessão do Estado. AparaUsação do servIço objetivada nãoera simplesmente a tipificada no art.201 do e. Penal. Alt, é imotlvada. Quai­quer paraltsação faz incidir o autor ouautores no art. 201. Aqui, no caso dosaulos, de acôrdo com o sIstema da Lei1.802, o objetivo é influir na ordem po­titica e social. A ação do rêu, dentro dasfinalidades confessadas pelos demais dJ­retores do sindicato, era agir com êssefim, dependendo de ordem superior. Otato de haver divisão entre os diretores,uns favoráveis e outros contrários aação, não afasta a responsabllldade doréu, desde que ele exteriorizou a sua in­tenção tomando parte ativa nos aconte­cimentos. Apenas o dispositivo mencio­nado não parece ter sido atingido emcheio, com a consumação <io delito. Dizo artIgo 13 mencionado, de acôrdo comtexto, edição Saraiva, 1953, que o crimese Integra com o instigar, preparar, di­rigir ou ajudar a parallsação do ser­viço públlco. Supõe, portanto, salvo en­gano, a paraltsação do serviço, para queo dellto seja consumado. No caso nãoparece ter havIdo a paralisação. O réue alguns dos seus companheiros toma­ram tôdas as medidas que entenderamnecessárias para êsse fim, mas, por cir­cunstâncias independentes das suasvontades, a paralJsação não se efetivou

Page 127: J SENADO FEDERAL

126 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

('m tôda amplitude, o sf'rvi(:o de trans­llort(', ao que parece, como decorre daprova. clJntinuou. dada:, as providl'n­cias da empresa i:' do poder públicoTrat:1-Si:' jlortanto. apenas de uma ten­tativa. de aCIJrdo com (\ art. 12. incisolI. <lu C Penal. O reu é primário c t('­na agielo sob pressão psicológil'a cna­da artifirialnH'lltc em momento a~l.Ido

ele nossa lii ..,li'Jria p'Jlitica.

Diante elo rxpostl' c do mais que dosautos consta, jul~o procedente em par­te a elenúlwia. inc\ll'so Júlio d~, CostaBlH'lIfl llO art 13 d:1 L. 1802. elc 5 1.53.comhinad(1 COl11 () :lrt~. 12, inciso n, doC Pl'n:d e em conseqüência o C'ondenoa C'ul1lpnr f·m prisüo adrqllnda a pênadf' oito !tWSl'S de rf'l~lusão, isto ti, a pc­na mínima do art. 13 menclOnaclo, re­duzida clt' dois tlTC:os nos tümos do pa­rúgrafo único (lo art 12 do C. PenaLPaguf' ameia a taxa pcnitcncbria df'Cr$ ;')00 (' as custas do procf'Sso. Lancc­Ulf' o lHlllW no rol cios culp;ldos. l'XJW­dinclo-sf' o compt'tf'ntf' mandado dt' pri­sao. "

Apelou o promotor. pleiteando a ma­j IJraç'-u) da pena.

A Procuradoria-Gf'ral opina pelo I'ro­vimt'nto da ape!açuo.

É o rdaU,río

Distnto F!'dcral. 1 de sl'tcmbro dI.'1965 Luiz Gallotti.

VOTO PRELI:\'!IKAR

O Sr. Ministro Luiz GalJotti rRPla-tOr!: Nas notas que li ao Tribunal noJulgamento do RE 57 fl 17, llá um trrchoem que SI.' aplica à C:'l)('cif' or:l em jul­garnf'nto.

Depois df' dar as LlZI-)f'S lwlas quaisseria admissivf'1 o cabinlPnto de ernbflr­gos contra d!'clsóes df' Turmas que co­nlw('cram do rf'curso extraordinárioIcaso em que, pelo dll'('i'J) enL-lO vigell­te, tais acordr-los eram ('ll1bargUVC1S.ll1Psnw não 11a v!'lldo di v,'rg('ncias cntr('as Turmas ou dl' uma (],'las COll1 o Tri­bunal Pl"IlOI, aCTr'scpntci:

"S!'r;'l mat,;ria ('s.-;a a s('r decididaoportunal11(,Il!l', como no caso anterior,pl.'lo TrilJunal Plrno, que é qUCI:l jalgaos embargos r !l1rS verIfica o cabimen­to, facultada às partrs sust('ntaçiio oral.

O nlf'smo fariamos quanto às arwla­çóes criminab is,l!)('l' se profrnda sen-

tf'nca sóbre o mérito na i)rJmpira ins­tância. a segunda dcvf' ser :l quc lhecorrespondia pelo dirf'ito <lnti[.':o, 0\1 po­de ser outra, conforme [) dirf'ito nóvo,

qUfstuo levantada pelo Mlllist·l'oEvand!'ll Lins. Roubif'!' adota a prll1wimsoluça0 ILes Confllts de lois dans lptemps, vol. 2.", pago 662, nO 138 \ F(licomo opinPÍ quando Procllradnr-Orr,llda Rcpública no RE 125:'7 (' foi ('omo'decidill a 1." Tllrma do Suprl'ml! Tn­bunal. UnânlllWtlH'ntr. spnd(J Reb:or II

Mll1isf.rn RIbeiro da Cil.';ta E o pnl'C'ltonlÍvo era constitucional"

Assim, entf'ndo qUi:' COllllH'( cn(l' paraJulgar esta apl'1aç:-lo é () Supremo Tri­bunal Federa I c nr'lO (l Superior Trihu­nal Militar. 50 declaradr, competenteprlo ar!. HO, ~ 1 ". do A 1 2, que (; pos­terior à srntt'n~'a l'olldf'na(,)rLl

VOTO PRFL I ~II:'-l AR

o Sr l\lin istrn "ilas Bn:iS I R,',' 1:;1 ,r I .

SI'. Presidente, SP a F.. C. 11; n;lo nosdessr compl.'! rncia para (,(JIlllrl'rr lie r('­curso ordin,üio ctns rritlH's políticos, po­der-sc-ia aplicar o clisp(lsitivn do art.8° do A. I. 2. q\H' deu todo [) )lmc1'ssor Julgarnrnto a J llstiça T\mi ta r Mas.aqui, ja Li lima srntcnca IJroknda: oerimr Já CSt;'l ddllll(j() como CntlH' 111)11­

tico, fOI aforado na Just!ça ('olllpclpll!l'

Lf'mhraria () ca.<;o daqudr ('X-81'crrb­no do TrIbunal de Jusltc:t do Estado doRio, que matou o Prf'sid('ntr do Tribu­nal. O crime ficoll carartf'l'i1.ado Comodrlito político Vf'io a rlnjstia c aplica­mos o decreto da anistia f:lr foi con­siderado anistiado O fato já tPIll a df'­filHÇão.

Agora. o prinCI()]lJ da COllCl'lJtra(:ão ('um prlllci]110 que tamlJl'lll podt' ser in­vocado em ctch'sa

O réu Já (('In a srll favor lllll,\ srntf'n­ça Sc a ('olll]Jrtrl1cia jr'l 1'"ta df'fllllda,onde o Juizo foi arrito, ai de elc\'c trr­minar

Foi colocada a qUl'st:lO na Justi~:a Co­mum, com rccurso para (1 Suprl'mo Tri­bunal Fl'drral. Esta deflllida a SitU:lÇ;-W

Acho quP o f'Inirwntc l\!inistro L,lizGallotti, Relator, tem tóda a razã" nes­te ponul.

Se não houvessl.' sentença all!:Ullla, pn­tão, sim. Mas, agora, a via pwcPssllalji está tnlhada em grandr' parte. Nocaso, há sentença condenatória

Page 128: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 127

o Sr. Ministro Lolz GaUottl (Rela­tor): - O Ministério Público é que Quermajorar a peno..

O Sr. Ministro Vilas Boas (Revisor):Poderíamos dar a refonnatio ad pejas.

De sorte Que estou de inteiro acôrdo,com o eminente Relator.

VOTO PRELIMINAR

O Sr. Ministro Carlos Medeiros Silva:- Acompanho o voto, na preliminar,dos eminentes Ministros Relator e Re­visor.

Entretanto. desejo fazer uma consi­deração, qual a de Que o art. 8.° do A.I.2, no seu § 2.°, declara que "a compe­'têncla da Justiça Mllltar, nos crimes re­feridos no parágrafo anterior, com aspenas aos mesmos atribuídas, prevale­cerá sõbre qualquer outra estabelecidaem leis ordinárias, ainda que tais cri­mes tenham Igual definição nestas leis."

No caso, o eminente Relator quer queprevaleça uma competência anterior,estabelecida na Constituição. De modoque a solução me parece perfeitamentejurídica e condizente com o próprio art.8.0, § 2.° do A. 1. 2, que faz essa distin­ção, com remissão à competência esta­belecIda em leis ordinárias; portanto,supõe que haja outras competências es­tabelecIdas em leis de outra hierarquia.

Nesta conformidade, acompanho o vo­to do eminente Relator e do não menoseminente Revisor.

VOTO PRELIMINAR

O Sr. MinIstro Pedro Chaves: - Sr.Presidente, data venla, voto em sentidocontrário.

Para mim, é matéria de competenciaconstitucional. O Ato Institucional nãofaz distinção alguma entre processosjulgados c não julgados, pendentes dejulgamento. A nossa competência pensoque foi subtraida, expressamente.

Peço vênia aos eminentes MinistrosRelator e Revisor e insignes juízes queos acompanharam em seus votos, paramanter minha opInião em sentido con­trá.rlo, pela competência da Justiça Mi­lItar.

VOTO

O Sr. Ministro Luiz GalloUi (Rela­tor): - Reportando-me aos fundamen­tos da sentença apelada, nego provi­mento ao rccurso Interposto pelo Mi­nistério Público.

VOTO (NO M1:RITO)

O Sr. Ministro Vilas Boas (Revisor):- Sr. Presidente, estou de inteiro acôr­do com o voto do eminente MinistroRelator.

DECISAO

Como consta da ata, a decisão toi aseguinte: Conheceram, prelIminannen­te, do recurso, contra o voto do Minis­tro Pedro Chaves. De meritis, negaramprovimento, à unanimidade.

Presidência do Exmo. Sr. MinIstro A.M. Ribeiro da Costa. Relator, o Exmo.Sr. Ministro Luiz Oallottl. Revisor, oExmo. Sr. Ministro Vilas Boas. Toma­ram parte no julgamento os Exmos. Srs.Ministros Carlos Medeiros, Allomar Ba­leeiro, Prado Kelly, Adalicio Nogueira,Evandro Lins, Hennes Lima, Pedro Cha­ves, G<lnçalves de Oliveira, Vilas Boas,CândidO Motta, Luiz Oallotu, Hahne­mann Guimarães c Latayette de An­drade. Impedido, o Exrno. Sr. MinistroOswaldo Trigueiro. Licenciado, o Exce­lentlssimo Sr. Ministro Vlctor NunesLeal.

Brasilla, 3 de março de 1966 - Alva­ro Ferreira dos Santos, Vice-Diretor-Ge­ral.

<RTJ - vaI. 39 - Jan. 1967 - pág.97).

ELABORAÇAO CONSTrruCIONAL

Quando se começa a cogitar da ela­boração de uma nova Constituição pa­ra o Brasil, englobando todos os AtosInstitucIonais, surgem divergênciasquanto à continuidade da extensão dofõro mll1tar aos civis. Não são poucosos que entendem que essa medida sO­mente seria admissivel no perlodo re­volucionário, "mas nunca em têrmosconstitucionais."

O Oovêmo, entretanto, no Projetoque envia ao Congresso Nacional, ln-

Page 129: J SENADO FEDERAL

128 REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA---- ~_._------ ----~-------------------- ---------

clui disposições decorrentes do Ato Ins­titucional nO 2, quanto à Justiça Mi­litar:

Seção V

Dos Tribunais e Juízes Militares

Art. 118 - São órgãos da Justiça MI­litar o Superior Tribunal Militar e osTribunais e Juízes inferiores instituí­dos por lei.

Art. 119 --~ O Superior Tribunal Mili­tar compor-se-á de quinze juízes vitalí­cios. com a denominação de Ministros,nomeados pelo Presidente da República.dos quais quatro escolhidos dentre osoficiais-generais da ativa do Exército,três dentre os oficiais-generais da ati­va da Marinha de Guerra, três dentreos oficiais-generais da ativa da Aero­náutica e cinco civis.

Parágrafo único -- As vagas de Mi­nistros civis serão preenchidas por bra­sileiros natos, maiores de trinta e cincoanos de idade, da forma seguinte:

a) três por cidadãos de notório sa­tler j uridico e idoneidade moral.com prática forense de mais dedez anos, de livre escolha do Pre­sidente da República;

b) duas por auditores c membros doMinistério PúblIco da Justiça Mi­litar de comprovado saber juri­dica

Art. 120 - A Justiça Militar competeprocessar (' julgar. nos crimes militaresdefinidos em lei. os mIlitares e as pes­soas que lhe sio assemelhadas.

'" L" - ii:S:;(' U)ro E'~p('cial poderá es­tC'nder-se aos civis. nos C.1S0S expressosem lei para rE'pressáo ele crimf-S contraa :;egur:mça nacional 0\1 as instituiçõesnlllít.are:"'; neSSI' caso a lei assegurarare~urs() para (j Supremo Tribunal Fe­deraL I" 1

~ 2." - Competc' onf;ínariamE'nte aoSuperior Tri\)unal Militilr proeessar ej lllgar ()s Governadores ele Estad·) e seusSccrl'túríos nos crimes rderidos no pa­nigrafo primeiro_

l::l 3.0 - A lei regulara a aplicação daspenas da If'gisb\âo militar em tempode guerra.

Durante a discussão do projeto deConstituiçào. na Comissão Mista, sãoapresenta,das pelos Srs. Congressistasvirias emendas, ao art. 120, ~ 1.0. Publi-

caremos, a seguir, algumas dessasemendas e trechos dos debates travadossôbre a matéria.

Deputado Martins Rodrigues - Apre­senta emenda ao art. 120, § LO, modi­ficando a expressão "segurança nacio­nal" para "segurança externa" ("). En­tende que se permanecer o texto doprojeto a "lei poderá estender, amanhã,la jurisdição militar, que é jurisdiçãode caráter excepcional pela sua nature­za, a todos os crimes praticados pelos ci­vis em relação à segurança nacional demodo amplo. e não apenas com relação àsegurança interna ou às instituições mi­litares." Esclarece que o texto do projetotalvez fôsse admissivel no período revo­lucionário, "mas não em termos de per­manência. em têrmos de Constituição".Assinala que mesmo com a garantia derecurso para o Supremo Tribunal Fe­deral. "a justiça militar é justiça de ex­ceção, é justiça de caráter violento emesmo quando um recurso chega ao S.T.F. os civis já terão sofrido as torturas,os vexames e as violências dos inquéritospoliciais-militares" Grifa que a Oposi­ção não apoiará uma violi~ncia dessanatureza, contra um direito individual.Defende sua emenda (n° 7171 acen-

134} o Senador Afonso Arinos, e-nl diM"UTS{) pro­ferido perante o Senado r'edcral, na ses­são d~ 16-12-66. ao exanünllr o projeto deConstituição. re<'onhece um fator. ao seu,,-cr, aitam.ente df"staC'ó.vel, que é I) da nla­m,lençâo da integridade do JudiciArlo. As­slnala dcpoi!-;: '<Certa,,; atrlbulçõ~S espeda1sc{lJlr-eclida.., no Supremo Tribunal Federal.cOlno, por (,xf'mplo. Il de se ma.nl!e~tar

sôbre (lS dCCIWl'S tomadas. pela JUStiÇIl;.,milar. em relaçãD a acusados civis. Jái>: inovaçáo muito ê~tranhR Não C'OrriE"s·ponde il tradIção Hem à t€>cn1cB da con1­lwt{i-nCla. do SlIpremo TribllJII\l ?o.!fL~. d.eq~lalquer nlRnfil'irfL, é umu. lI)l)vaçl\o salll­tar. Se- llB.lJ pudernlos eVItar esta inlplan­taçAo, que f'onsldero absurda. da jurl&H­ção militar sôbre oS ('lVIS, en) qli.alsqur.-rca"<Jh. dadR R nalure~a de jnrlS(liçl\o mUi­lar -- e cu na.) V01J, IUllll, nH' estclldor.-r~óbrf' ('In. -- ~l' não p'ddennof- f'vLl,ar Isso.então ~ssa nH'didA., tomada tiro pouco aoarreplO da n(ISSn tradJçA\I j l~rídlCB., "- a.ntesctp SP ILCCltll!"" d~ > qUf" d('" H' repelir. embora.se poS,.'-;JJ, estr!lllhar.··

135) IEmcndR 'L" "il71 11) - RediJR-se. Rssim.(,1 ~, Ln do art. 120.

~ 1.0 - fi;sse fôro especiaL pod~rà estcn~

der-si' ao:,. clviH, nos CfiSüS expr~&'Sos. emlei. para a repre&<u\.o de crim('s cuntra &

segurança externa. do Pai.s, ou as 1n~ti­

tUlções militltres, rom recurso ordináriopara. o Suprf'mo Tribunal F'cdcral.121 - Sllbslltlla-se ° § 2 o do art. 120 p"lI)seguinte'

~ 2"· - A lei r ..gllll\ni a apllcaçw daRpenas da I"g;j~l"çê.o nuHlar em tempo deguerTtl.

Page 130: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MÃRÇO - 1968 129

tuando que ela restaura o art. loa, f 1.°,da Constituição de 46, que é a tradiçãodo Direito brasllelro: "a garantia do d1~

relto individual contra a coação e a v10~

lêncla." Essa garantia é de tal ordemque a própria ComUtulção de 46 só ad­mIte a extensão da "JusUça Militar aoscivis fora daquela hipótese de defesa ede resguardo contra os crlmes pratica­dos contra a segurança externa ou a.sInsUtuições militares, em caso de esta­do de sitio, determinado por guerra ex­terna ou civil" (art. 207).

Deputado Chagas Rodripes - Pro­testa, veementemente, contra o Julga­mento de civis por mllltares. Afirmaque o Brasll está se afastando do DI­reito OCidental e cita, para exemplifi­car, a Constituição Italiana, que entrouem vigor em 1948, e que estatui no seuart. 3.0: "Os tribunais militares, emtempo de guerra, têm a jUI'Úldição esta­belecida pela lei e em tempo de paz têmjurisdiçio somente para os delitos mi­litares cometidos por membros das fôr­ças armadas." AssInala que êste é o pre­ceito fun4amental no campo do Direi­to e que t1.0S Estados Unidos da Améri­ca o Superior Tribunal Militar s6 podejulgar militares e é constltuIdo por ci­vis, na sua totalidade. Entende que sedeve acabar, de uma vez por tódas, noBrasll, "com essa competência de MI­nistro militar julgar civis, porque Isso éum atentado à boa doutrina e às prá­ticas dos países civlllzados do Ociden­te," Entretanto, não sendo possivel aca­bar com essa jurisdição insólita e antl­democrática, dos males o menor, daiapoiar a emenda do Deputado MartinsRodrigues.

Senador Eurico Rezende - Adverteque se tem de considerar, ao examinaro art. 120 e seu I 1.°, "a figura da uni­dade processual. se o mtUtar praticouum cr1me civil, obviamente, êle não vaiser julgado pelo tribunal m1lltar; se umcivll praticou um cr1me militar o lugardêle ser julgado é no tribunal m.llltar,porque, para isso, a Constituição esta­beleceu a especialização judiciária. Que­rer inverter a JurtsdIçáo é subverter aprópria ordem constitucional. De modoque, preliminarmente, não se deve es­tranhar o fato de um civil estar numtribunal militar,"

Senador AuéUo Vianna - Ponderaque "está provado que os tribunais ci­vis, em determinadas drcunstAncia.s,são tão severos ou mais severos do quetribunais m1l1tares no julgamento de cl-

vis ou de mllltares", logo "não haverianecessidade, num Estado organizado, deuma Justiça Mllltar para impedir cri­mes contra a segurança nacional" Es­clarece que luta contra o dispositivo(art. 120 § 1,°) por convicção, pois aquestão mesmo toma-se um tanto ouquanto dlticU, por que se êle fôsse daEscola Superior de Guerra, diria psicos­social. "Civil julgado por militares? Mi­mar julgado por civis? bso seria inad­missível, como se, realmente fôssemdua.s nações, a nação clvU e a naçãomllitar. Entretanto, a nação é uma só."

Deputado Adolpho de OliveIra­Apresenta, também, emenda ao art. 120I 1.°:

Emenda n.O 798:

Onde se lê: "nos casos expressos emlei", leia-se "nos casos expressos em leicomplementar:'

JUSTIFICA-A:

"Ql1onun qualificado, de maioria ab­soluta, para Que se definam os casos emQue poderão ser os civis submetidos aoprocesso e julgamento pela Justiça Mi­litar."

Nos debates da Comissão MIsta, oDeputado Adolpho de ~live1ra tornapúblico que sua emenda nao é de reda­ção, ao revés do que se possa imaginarà primeira vtsta, e não tem o objetivode Incluir apenas a expressão lei com­plementar. Aflrma que o objetivo damesma é consagrar a obrigatoriedadede que a Lei de Segurança Nacional se­Ja considerada uma Lei Complementar."Lei COmplementar que não está sujei­ta à elaboração e aprovação de mato­rias eventuais, porque a lei comple­mentar, com a nova Constituição, temquase a caractcrlstica de um texto comfôrça constitucional e com a.s mesmasdificuldades e caracteristlcas de vota­ção que a própria emenda à Constitui­ção." Patenteia que se os crimes contraa segurança nacional ou as instituiÇÕeSmilitares forem detlnidos em lei com­plementar, e não em decreto-lei ou emlei ordinária, está de ac6rdo com o pro­1eto.

Deputado Nelson Carneiro - Propõeemenda, que transcreveremos abaixocom a respectiva jusUflcação:

Emenda n.o 130/50.

Page 131: J SENADO FEDERAL

130 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Art. 119 - Redija-se assim;

"O Superior Tribunal Militar com­por-se-á de quinze juízes vitalícios,com a denomLnação de Ministros,nomeados pelo Presidente da Repú-'blica, depois de aprovada a escolhapelo Senado, dos quais quatro esco­lhidos dentre os oficiais-generaisda ativa do Exército" etc.

Art. 120, § l°

Onde se diz - "segurança nacional",diga-se - "segurança externa".

Art. 120, § 1.0

Onde se diz:

"nesse caso a lei assegurará recur­so para o Supremo Tribunal Fe­deral", diga-se:

"com recurso ordinário para o Su­premo Tribunal Federal".

JUSTIFICAÇAO

"As presentes emendas são oferecidasdiante da convicção de que a maioriaparlamentar manterá o texto do pro­jeto. Nessa desgraçada contingência,urge torná-lo menos pior.

Passando a julgar os civis, é naturalque os juízes do STM tenham suas es­colhas aprovadas pelo Senado.

A segunda sugestão é, apesar da des­crença acima expressa, uma oportuni­dade, que se abre à maioria, de corri­gir o êrro da proposição oficial.

Mantido que desgraçadamente seja otexto do § l° do art. 120, justo será quese torne auto-executável a possibilidadedo recurso ordinário (art. 112, lI, c) pa­ra o STF, independentemente de vota­ção de qualquer lei."

Deputado Accioly Filho - Divide suaexposição em três temas: primeiro ­"se deve a extensão do fôro especial aoscivis estender-se, por lei complementarou por lei civil; segundo - se essa ex­tensão deve ser efetivada para repres­são de crimes contra a segurança ex­terna ou contra a segurança nacional;3.° -'- se deve ou não haver recurso pa­ra o ST.F."

Com relação ao primeiro tem::l. assi­nala que "já na Constituição de 34 eraprevista regulamentação do fóro espe-

cial para os civis por meio de lei ordi­nária." Assim, também, se fêz na Cons­tituição de 46 e "não se tem noticia deQue o legislador se tivesse excedido nacompetência que recebeu da Constitui­ção. O que está ocorrendo, afirma, naelaboração desta Carta é que ela acaba­rá por se transformar numa carta dedesconfianças." Entende que é certo "alei ordinária dispor sóbre essa extensãodo fôro especia1."

Quanto ao segundo Tema, adverte queo conceito de segurança externa ficousuperado com a Guerra Civil espanhola.Acha que "segurança nacional define eacautela melhor o interêsse do Estadobrasileiro. Aliás, lembra, a Carta de 46já fala em segurança da nação", no art.207. "Não vê como distinguir segurançaexterna de segurança interna, desde queesteja em jôgo a segurança nacional."

Com respeito ao terceiro tema, escla­rece que não há razão para levantaresta questão "face ao que está dispostono art. 112, lI, letra c: uÉ da compe­tência do S.T.F. julgar em recurso or­dinário os casos previstos no art. 120,parágrafos 1° e 2.°." "Já está, portan­to, decidido no próprio corpo da Consti­tuição" e assim vai votar "de acôrducom o texto o projeto, porque acha queele atende melhor aos interesses do Paise não põe em perigo a liberdade doscidadãos."

Senador Eurico Rezende - Assinalaque se comparando o texto da Consti­tuição de 1946 com o texto do projeto,chega-se a seg'J.inte conclusão: A Cons­tituição de 1946 "não dá acesso, não for­nece nenhuma escada, nenhuma pln­guela para o S.T.F. e o projeto dá ês­se recurso ordinário, graças à EmendaNelson Carneiro", demonstrando quefoi melhorado nesse setor. Afirma quea Justiça Militar não é uma justiça vio­lenta e que o que se tem visto é "o hon­rado S.T.M. não mandar prender,mas imperativamente mandar soltar",concedendo habeas corpus. Dessa ma­neira vem sendo alvo dos maiores lou­vores da própria imprensa oposicionis­ta. Esclarece que o projeto foi melhora­do e irá servir "sob a égide do direitoe da justiça aos interesses fundamen·tais dêste país e principalmente da se­gurança nacional."

Deputado Ulysses Guimarães - Sa­lienta que a formulação contida no art.120 não foi feliz mas dentro da rigidezda conceituação lniclal, não se podedeixar de reconhecer que as cautelas

Page 132: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Ã MARÇO - 1968 131

foram tomadas, inclusive '8 de "possibi­litar o pronunciamento conclusivo e fi­nal da Instáncla suprema do Jurllciáriodo Pais." Mas, ainda assim, não consi­dera o texto o melhor para a espécie.Pondera que "o êrro da matéria estána rigidez do seu enunciado, porque emdetennlnadas clrcunstánclas o Estado,poderá usar a Instrumentação referen­'te à segurança, Inclusive nacional atra­vés de medidas excepcionais, mas nãodeseja ir ao ponto de detennlnar queo julgamento conseqüente se faça pelaInstância Militar. O próprio Govêmo, opróprio Estado poderá ter êsse proble­ma dada a rigidez do texto." Adverteque "o que caracteriza debelar uma di­ficuldade que se situe na área da segu­rança nacional não é julgar o crime,isso se faria a posterlorl já para exem­plar aquêles que ousassem tanto. Há asmerlldas de pronto, de imediato, as me­didas excepcionais, não sendo conve­niente, porém, que fôsse sempre a Ins­tância Militar a julgar civis." Dessamaneira demonstra sua inconformidadecom a redação do art, 120 e se ela fáraprovada ficará na expectativa de queseja possivel se tomar mais maleávelsas configurações que Irão surgir quan­do da elaboração da lei que irá regula­mentar ou tornar auto-exeqüivel o art.120.

Senador Antônio Carlos - Expressaseu ponto de vista favorável à manu­tenção do texto com a aceitação daemenda do Deputado Nelson Carneiro,de n.o 130/50. Afinna que assim ageporque tem absoluta confiança que es­tá "defendendo uma fónnula. que, naprática, quando fôr exercitada pela Jus­tiça, não pennlt1rá quaisquer abusosou injustiças" pois entende que o re­curso ordinário ao S.T.F. e a escolhados juizes do S.T.M., precedida de ma­nifestação do Senado, dão ao sistemaaquelas garantias capazes de enchê-lode entusiasmo e convicção para exaltaro texto com as emendas. Assinala queao decidir sóbre as emendas, como re­lator, examinou o texto sóbre o qualelas Incidem, as suas repercussões, mas,também, olhou para todo o trabalho daelaboração constltuclonal, pois o dispo­sitivo do art. 120, § 1.0 diz bem de pertoaos direitos e às Rarantias, à liberdadedo q~ as Juizes civis. Assinala que.assim, examinou o projeto no campodêsses direitos e entende que êles estãoperfeitamente acautelados no projetocom as emendas. Lembra artigo do jor­nalista Danton Jobin que diz no seu

contexto - que os mInistros do S.T.M.têm se mostrado, em muitos casos, maissensíveis que os do Supremo, de umasenslbllldade gritante, e que naqueletribunal superior mais sewivels a~nda

se têm manifestado os juizes milltaresdo que os juizes civis. Assinala que :>Importante no caso não é discutIr con­ceito de segurança nacional e de segu­rança externa, o "Importante é se esta­belecer uma regra que pennlta um sis­tema de segurança. E isto foi feito, por­que a última palavra. será do S.T.F.,onde a matéria chegará através de re­curso ordinário. O Supremo terá, pois,ampla competência para examinar tódaela." O Importante é que uma vez quese altere a competência dos tribunaismilitares que a sua composição sejaprecedida de manifestação do SenadoFederal.

CONSTlTUIÇAO DE 1967

Seção V

Dos Tribunais e Juizes Militares

Art. 120 - São órgãos da Justiça MI­litar o Superior TrIbunal Militar e osTribunais e juizes inferiores iwtituldospor leI.

Art. 121 - O Superior Tribunal M1l1­tar compor-se-á de quinze Ministros vI­talicias, nomeados pelo Presidente daRepúbUca, depois de aprovada a escolhapelo .Senado Federal, sendo três entreoUclals-generals da ativa da Marinhade Guerra, quatro entre oficiais-gene­rais da ativa do Exército, três entre ofi­ciaIs-generais da ativa da AeronáuticaMilitar e cinco entre civis.

§ 1.° - Os Ministros civis serão bra­sileiros natos, maiores de trinta e cincoanos, livremente esco1hldos pelo Presi­dente da República, sendo:

a) três de notório saber juricUco eidoneidade moral, com prática fo­rense de mais de dez anos;

b) dois auditores e membros do Mi­nistério Público da Justiça Mili­tar, de comprovado saber juricUco.

§ 2.° - Os juizes militares e togadosdo Superior Tribunal Militar terão ven­cimentos Iguais aos dos Ministros dosTribunais Federais de R~cursos.

Art. 122 - A Justiça Militar competeprocessar e julgar, nos crtmes mllllaresdefinidOS em lei, os miUtares\e as pes­soas que lhes são assemelhadas.

Page 133: J SENADO FEDERAL

132

§ 1.0 - ~sse fôro especial poderá es­tender-se aos civis, nos casos expressosem lei para repressão de crimes contraa segurança nacional ou as instituiçõesm1litares, com recurso ordinário para oSupremo Tribunal Federal.

§ 2.0 - compete originariamente aoSuperior Tribunal Militar processar ejulgar os Governadores de &itado e seusSecretários, nos crimes referidos no§ LO.

Art. 3.0 - A lei regulará a aplicaçãodas penas da legislação militar em tem­po de guerra.

Como se vê, a Constituição de 1967inovou, em vários pontos, os textosconstitucionais anteriores referentes àJustiça Milltar.

O Superior Tribunal Militar, cujacomposição era anteriormente matériade competência da legislação ordináriaintegrou-se no texto constitucional con­substanciado no artigo 121 e seu pará­grafo 1.0 da nova Constituição, que ele­va de onze parn quinze o número dosministros do Superior Tribunal Militar.Neste ponto foi, aliás, reproduzido odisposto no aft. 7.0 e seu parágrafo úni­co do Ato Institucional n.O 2

Quanto aos órgãos inferiores da Jus­tiça Militar, referidos no art. 120, é cer­to que eles têm a situação regulada pe­lo Código da Justiça Militar baixado pe­lo Decreto-Lei n.o 925, de 2.12.38, mo­dificado pelo Decreto-Lei n.O 4.235, de6.4.42.

Outra inovação sõbre a matéria deque tratamos está na obrigatoriedadeda audiência do Senado Federal no to­cante à escolha dos membros do Tribu­nal. Deve-se isso a emenda do DeputadoNelson Carneiro, aprovada pelo Con­gresso ao ensejo em que se discutia evotava a nova Constituição.

Ainda no tocante à competência daJustiça Militar encontramos novidade.t. que foi aquela ampliada no sentidode envolver o julgamento de cIvis, in­cluslve Governadores e Secretários deEstado, cujas responsabilidades nos cri­mes contra a Segurança Nacional esca­param, por essa forma, da órbita dospodêres estaduais, legislativo e judi­ciário.

Estabeleceu, entretanto, a Constitui­ção de 1967 a norma salutar do RecursoOrdinário, (OI) para o Supremo Tribunal

Federal, das decisões do Superior Tri­bunal Militar.

Não é demais, dada a importânciaque encerra, transcrevermos aqui os co­mentários de Paulo Sarasate (~7) quedIz o seguinte, com relação a extensãodo fôro militar aos civis: "Um dos pre­ceitos do Ato Institucional nO 2 quemereceram a mais severa critica dllJoposição foI precisamente o art. 8.°,que serviu de inspiração aos parágrafos1.0 e 2.° do art. 122 do nôvo EstatutoPolítico do país. Por essa norma do AtoInstitucIonal n.O 2 deu-se nova redaçãoao § 1.0 do art. 100 da Constituição de1946, o qual, reproduzindo a segundaparte do art. 84 da Lei Magna de 1934,prescrevia textualmente: ."~e fôro es­pecial poderá estender-se aos civIs, noscasos expressos em lei, para a repres­são de crimes contra a segurança ex-'terna do país ou as instituIções mili­tares."

A diferença, como se vê, entre essetexto e o que se contém na Constitui­ção de 1967, na parte trazida do Ato Ins­titucional n.O 2, consiste na substituiçãoda expressão "segurança externa dopaís" por "segurança nacional". Porquea norma, como em 1946, continua "fa­cultativa" ("poderá estender-se") e de­pende da leI ordinária, que estabeleceráos casos em que, a seu juizo, ocorrerá aextensão, prevIsta, do fôro militar aoprocesso e julgamento de civis.

Quanto à referida substituição, po­rém, não pretendemos nem fazer-lhe aapologia, nem examinar aqui a sua pro­cedência ou improcedência, porque eladecorre do nôvo conceIto de segurançafixado pela Constituição vigente, e sô­bre o assunto já tecemos amplos comen­tários no local próprio. Não se cuidamais de "segurança externa" em parti­cular, porém de "segurança nacional"como um conjunto.

Desejamos apenas frisar que, à parteesse aspecto da questão, o Estatuto de1967 melhorou, e muito, o de 1946, atra­vés da cláusula adicionada ao parágrafoem lide, que faculta "recurso ordInáriopara o Supremo Tribunal Federal con­tra qualquer decisão tomada pela Jus-

(36) o projeto do Governo ji falava em recursopara ° 8. T.F. A emenda n.o 130/50, doDeputado Nelson Cllrnelro e5t&beleceu °recurso ordInárIo.

(37) Paulo S6rll8llte - "A Con5tltulçAo do Brll­511 ao alcance de todoa" - 1967 - ptr.glJ.452 e 4S3.

Page 134: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1"1 133

tlça M1lltar em desfavor de elementoscivis.

Dessa maneira, a critica ao dlspositl­vo, para ser feita em têrmos Juridlcos,que devem ser serenos, e não polltlcos,que são via de regra exagerados, teráque estender-se aos textos anteriores ebasear-se, principalmente, na "margem~e decisão" conferida ao Poder Legtsla­tlvo de que Já falava ClAudio Pacheco,relativamente ao preceito semelhantede 1946, que o mesmo autor quallficavade "dIspUcentemente ampllaUvo" e que,realmente, se reveste dêsse vicio de ori­gem. E, para arrematar, diremos, comaQuêle tratadista, que, de qualquer for­ma, a competência do legislador ordiná­rIo para definir os crimes milltares "érelativa, é restrita, não pode exorbitardas conceltuações doutrJnánas, dos pre­cedentes e tradições e até mesmo de umcerto teol' de razoabllldade."

A ComtltuIção de 1967, no que dizrespeito à fixação da competência nãoInovou o critério estabelecido na ante­rior, ou seja, a de 1946: " ... evitou a fi­xação da competência ratione materiae,raUone personae e ratlone loei, prefe­rindo confiar à legislação ordJnária àatribuição, de definIr os crimes pratlca­dos por cJvJs sujeitos ao tôro milHar."(..)

CRITICAS

O Julgamento pela JusU9a Mllltar decivis acusados de subversao e Incursosna Lei de segurança Nacional tem en­sejado severas criticas à Constituiçãode 1967. Membros do próprio SuperiorTribunal Mll1tar protestam contra essadisposição. (..) O General Olimplo Mou­rão Filho (00) entende que o S.T.M.não é fôro para civis: "A Justiça Mili­tar não é própria para julgamento decivis impllcados na ampla subversão.Não se sabe de outro código do mW1doque permita um tamanho atentado con­tra a llberdade do cidadão, por parte daautoridade administrativa. O art. 156do Código Penal MiUtar é uma excres­cência JUrídica, não sendo aceitável queum encarregado de IPM possua seme­lhante poder sôbre os civis." E mais:"Desejo deixar bem claro ser jndIspen­sável lB2Crmos a sã. doutrIna do DireitoPenal extravasar da esfera da alta cul­tura dos Juristas e derramar-se sôbreas outras camadas sociais, a fim de ser­vir de base sóUda ao pensamento pol1t1­co nacIonal, desencorajando, Impedindomesmo, que falsos lideres ou lideres tg-

norantes levem a Nação a dar guina­das odiosas para a direita, para o abso­lutismo, matando a llberdade em nomeda própria liberdade." Em nova decla­ração (41) o General Mourão Ftlhoanuncia a revisão do Código da JustiçaMilltar "instituto que nasceu nas trevas

(38) Rclbert.o Maplb"ea - "A Conlltltulç'o JPe..deraJ de 1967" - Comentada - n - artll.10'7 a 189 - P'ss. 328 e 327.

(39) O pelllllUnllnto do elemento clvll, tanlb6m,nl,) tem II1do dh·oreo. O Proresaor HelenoFragoao, representante <Ia OTdem doe Ad·voga<l08. na pOllBe do Prell1dente do 6T.M.,em deelataçOllll publlcadaa no "CorreIo <IaManhl" de 18·3-81, ..Inala:

"Nio Ylmos. em momento algUm. estaCOrte de Justiça traDMonnar-1Ie emInstrumento da açAo re90luelon4r1a eeUbgel'lllva du le.. e <Ia I~demoenttlca, efe r_to ue rudlJlDelJtllaUngtc1a pela açlo de certaa autort­dadllll perturbadae pelo poder 4I1lCrl­clor.lrlo." Em outro treào atum.:"Leis oomo a <Ia Se1furança Nacional,Inter_rn de perto ~ Ilberc1a4e docldadlo em lIIIUB uPect.os de maJort.nnac:end~ncla do Estfodo Delbocri·tlco o oon.atttul a anUga llçio de quenlo podem aer elaborad.aa no mo­mente) da crJ.ae, ti mUlto menllll outor­gadaa por ato dlllCrlclonâr1o doe ga.vernaDtea. Viola a regnr, tundantentaldo Estado de direito, a legtslacl.o ela­borada e Imposta pelo ExecutlYo, Rma PArtlclllaclo d()jJ repreeentantee elopovo, 1I9remente ncolh1doe em auhi­gio universal. t;, 1lOIs, uma les1&laçAodltatorla1 que deaaflari o R~ dej \leUça, o eqUlllbrto ti '8 pondel'flÇl.odesta EJPigla Côrte. te&14laçio quflcorrellponde a um Eatado polte1lll enia 11 um prols detnoer!t1a). ~Ja­çlo que corre&pollde , 81tuaçl.o dealtlo como ae o Pata 113tlY_ na lml­n~ncla de agreeosAo lllttema ou Ge re­voluçlo, pois IIÔm~te em tais oon­dlç6eti 6 posslvel. eom seriedade, &rIr·mar Que tOdaa aa pegoea, llaturalsou j ur1dlcae, alo respoIlN\vels pela M­gurallça nacional. Depois IntrocSuz-811um conceito totallUP.rlo, trulo de umterror plnloo ao oomunl6II1o. que tfl:desaJ)llrecer a lItnpl<la e adml~vel

colleel tuaç&o liberaI. de Que oe tr1melJ)Olltlcos 610 5Ômente aQu~lee queare Iam a J)er&oDall<lade do Eatlldo ea eegurança do re«tme e do OOv~rno,

oom 11 tutela dtl Interh:ees reladona­doe oom 8 e:cls~ncla, a Integrtc1a4e,li unidade. a IndllpeDd~ncJa do Estadoli a deresa mUltar conU1l a Iljffeea&outerlor, e, no plano Interno. a In....o­labllldade do reg1..lne polltlco ngente,li llltlu~ncla e 8 Incolumidade dos Or­llios /lullremOll do Eatado, coDllllCradoena COIUUtuIÇIo."

Protesta, veementemente, contra a 91­gl!ncla da. lei Que ,·&tIIbelece tÔro militarpaa crlrne polltlco, por respeito • Jua­tlça MlIltar e ao direito doa cl<lad&a8". oJornallste Carloe Lacerda ("Jornal doDraall" de 22-6-67).

(4()) Declaraç6es do ~neral Mourlo PUbo, aoassumIr 11 Preetd~ncla do 8. T. M.. Ilubll­cac1aa no "Correio da Manb...., de 18-3-«7.

(41) "Comlo dA M&nhl", 28-4-«7.

Page 135: J SENADO FEDERAL

134

da ditadura de 1938 e está obsoleto eimpróprio para o regime democrático,cuja modificação já está em estudos poruma comissão de juristas nomeados pe­lo S.T.M."

O General Pery Bevilacqua, em repor­tagem publicada no "O Jornal" de 8. g.67, "também não quer civll preso pormmtares" :

"Ao condenar, ontem, a prisão de ci­vis pelas autoridades militares, o mi­nistro do S. T .M., General Pery Bevi­lacqua, disse que "contra essa pernicIo­sa distorção da missão das Fôrças Ar­madas, tenho clamado e continuarei aclamar, e ninguém poderá recusar-meautoridade moral para assim proceder,pois sempre detestei as ditaduras, tantoda esquerda como da direita, por seremambas llberticidas e, por isso, igualmen­te execráveis" e a prepotência, civil oum1l1tar, que sempre verberel, constitui ocaminho direto para a ditadura.

O pronunciamento surgiu em conse­qüência de uma resolução normativa -­derrotada pela segunda vez .- que Perypedira ao S. T.M. fôsse baixada, decla­rando que "militar não pode prendercivil com base no Código da Justiça, anão ser em flagrante delito" e que "mi­litar não tem autoridade legal parainstaurar inquérito policial contra civisque sejam acusados ou suspeitos daprática de crimes políticos ou contra asegurança interna do País. competindoa iniciativa e a execução de tais inqué­ritos à Polícia Civil." O Egrégio S T. M.por maioria de votos, rejeitou essa pro­posta, decidindo, no entanto, apreciara questão em cada caso de per si, dandoa solução que cada um exigir.

Justificando, disse o General Pery Be­vilacqua que. se oS. T. M. continuar areceber pedido de "habeas corpus" emfavor de civis Uegalmente presos porautoridades militares e, em muitos ca­sos, sujeitos a IPMs, "julguei oportunoe conveniente à economia processual,renovar a apresentação. que. posta emdiscussão, recentemente, foi rejeitadacom a mesma votação anterior". "Te­nho a esperança -- acentuou -- de queem breve venha a se tornar desnece;;­saria tal recomendação, que teria a vir­tude de servir para orientar e esclare­cer autoridades militares zelosas e tam­bém autoridades policiais igualmentebem intencionadas e que inadvertida­mente, vinham agindo ao arrepio de

preceitos legais em vigor". As conces­sões feitas ultimamente pelo S. T.M.,de vários pedidos de "habeas corpus",nos casos de coação ilegal previstos noprojeto de Resolução normativa, ao quese constata, têm tido como resultado aredução do número de prisões de civispor militares e também de indevidasinstaurações de IPMs contra aquêles, ad.que parece pelo melhor esclarecimentodas autoridades militares que vinhampraticando tais a tos ~ disse o Minis­tro do Tribunal Militar.

HARMONIA E REFORMA

"O S. T. M. -- prosseguíu - com aautoridade que lhe dá o conhecimento

~xperimental da extensão da JustiçaMilitar aos civis acusados da prática decrimes não previstos no Código PenalMilitar, se o art. 50 da Constituição doBrasll o permitisse, poderia levar aoCongresso Nacional parecer mostrandoponderáveis razões que desaconselhamtal extensão que lhe foi dada ultima­mente. Essa espécie de militarização daJustiça não concorrerá, por certo, paraapressar o encerramento da atual fasede transição e ingresso do País na ple­nitude do regime democrático, com o al­mejado restabelecimento do princípioda harmonia dos Podêres da União en­tre si e o retôrno das Fôrças Armadasàs suas funções normais."

"Reintegrado completamente o Paísna posse de si mesmo - prosseguiu -­será, então reformada a atual Consti­tuição, escoimada dos defeitos que aprejudicam, dos quais o principal é ahipertrofia do Poder Executivo, granderesponsável pelas distorções do regimerepubllcano, democrático e federativo,tão auspiciosamente estabelecido em 15de novembro de 1889 pelos seus funda­dores que o visionavam puro, fecundo cbenfazejo, regime orgànico da liberdadee da fraternidade, da conciliação siste­mática da Ordem e do Progresso, deconfiança plena, a par da mais comple­ta responsabilidade, de respeito meti­culoso iJ. dignidade e às convicções po­líticas ou fllosóficas dos cidadãos, regi­me de separação definida entre o poderespiritual c fôrça temporal, regime deliberdade espiritual." A subversão, Ucorrupção e a inflação, que tantos ma­les têm acarretado ao pais. são descen­dentes diretos do excesso de poder con­centrado nas mãos do Poder Executivo.

Page 136: J SENADO FEDERAL

FORO MILITAR

JANEIRO A MARço - 1968

MI88AO DISTORCIDA

lU

A certa altura. o membro da maisalta Côrte de Justiça Militar diz que "aextensão do fôro mllltar aos civis Incur­sos na LeI de Segurança Nacional, feitapelo Ato n,o 2 e, lamentàvelmente, tor­nada permanente pela Constituição doBrasIl, não importa em transferir paraas autoridades mllltares as funções po­liciais exercidas pelas Delegacias de Or­dem Polltica e Social - DOPS - e pelaPolicia Federal, que está sendo organi­zada" - "Aquelas autoridades policiais- prosseguiu - nâo foram demitidas desuas atribuições legais; nada obstante,cada comandante' de Guarnição, permi­tindo-se a Iniciativa de instaurar IPMscontra civis e ordenar a sua prisão combase no Código de Justiça Militar, porsuspeitos de crime contra a Segurano;aNacional, vinha, pràtlcamente, exercen­do funções que o tornam delegados empotencial do DOPS,

BRASIL: UM VASTO QUARTEL

"Em cada guarnição, as autoridadesmllltares competindo entre si em Ini­ciativas pollciais, e competindo tódascom as autoridades pollciais civis, coma instauração de IPMs contra civis deambos os sexos e a prisáo dos indicia­dos durante as investigações policiaispor 30 dias. prorrogáveis por mais 20com a apUcação do C6d!go da JustiçaMilitar - feito para garantir a disci­plina nas Fôrças Armadas, e aplicávelsómente pelos comandantes aos seus co­mandados - vinha convertendo virtual­mente o pais, num vasto quartel, ou osalto mUhócs e 5<J0 mU quIlômetros qua-

. drados de território nacional em pátiode quartel, comprometendo - essa es­pécie de estado poUcial-mlUtar - adignidade do regime republicano e opróprio prestigio de que sempre desfru­taram, merecidamente, na sociedade 33

nossas Fôrças Armadas."

"Contra essa perniciosa distorção daml3sáo daa Fôrças Armadaa, tenho cla­mado e continuarei a clamar enquantotiver alento; antes de m1lltar, sou clda­dão e amo o ExércIto a que me orgulhode pertencer por amor de minha Pátria.E ninguém poderá recusar-me autorida­de moral para asslm proceder. Sempreverberel a prepotência, cIvil ou mllltar.O despotismo é o caminho direto paraa ditadura e sempre detestel 8.8 ditadu­ras, tanto da esquerda como da direita,por serem liberticidas e, por isso, Igual­mente, execráveis", dlsse o mInistro doS.T.M., que cita o Fundador da Repú­blica, Benjamin Constant, que, em 2 defevereiro de 1887, em plena Questão Mi­lltar, disse: " ...se no regime democrá­tico é condenada e preponderância dequalquer classe, muito maior condena­ção deve haver para o predominlo da es­pada que tem sempre mais fáceis e me­lhores meios de executar os abusos eas prepotênclas."

Lembra o ministro que a êsse respeitoescreveu, em 1939, o saudoso general A.Tasso Fragoso - "Não se pode ler hojesem emoção tão elevado pensamentoenunciado por um soldado! O conceitoé indestrutIvel, está de pé e estar' emtodos os tempos. 8ó não o reconhecerãoos que não tiverem alma de subservien­te ou de tirano", ("Revolvendo o Passa­do", Augusto Tasso Fragoso, gen, dIv.Ref. Natal de 1939).

Concluindo, o ministro Per}' Bev1lac­qua observa: "Fellzmente a apontadadistorção da missão daa Fõrçaa Arma­das parece estar chegando ao fim. Afase aguda Já... passou. A perfelta nor­

-malIzação da vida democrática nado-nal, entretanto, 8Ómente poder' advircom o fortalecimento do principio conJ­t1tuclonal de independêne1a e harmo­nia dos Podêres da União. O Julgamentode cidadãos civ1B pela Justiça MiUtarpor crimes polltlcos contra. a .segurançainterna, evidentemente, não deverá per­manecer: não prestlgla o Poder Civll,especialmente o Poder JudJcllrto."

Page 137: J SENADO FEDERAL

136 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

o jornal "última Hora" publica em3.1.68 os julgamentos do Superior Tri­bunal MiUtar em 1967:

"STM BATEU RECORDE DEJULGAMENTOS EM 67

o Superior Tribunal Militar realizou,em 1967, o maior número de julgamen­tos registrados num só período da suahistória~ A quantidade de condenações,absolviçoes e habeas corpus concp.didosfoi bem maior que em anos anteriores.Em apenas um habeas coletivo - omaior já julgado pelo STM - foram ex­cluidos de processo 104 trabalhadoresdas Minas de Mórro Velho, em MinasGerais.

Quase sempre o Tribunal anulou deci­sões das dez auditorias existentes nopais. Dezenas de penas foram diminUÍ­das, muitas em pelo menos um quartode século. Doze IPMs foram arquivadospor falta de provas. O maior índice decondenações foi registrado nas Audito­rias de Curitiba, Juiz de Fora e Recife._- 5.a, 4. a e 7."' Regiões Militares.

BALANÇO

Eis uma súmula dos principais acon­tecimentos na Justiça Militar duranteo ano de 1967, mês por mês:

JANEIRO - O Mínistro Murgel deRezende, do STM, - se pronuncia con­tra o proj eto da nova Lei de Imprensa,que afinal foi decretada pelo Presiden­te Castel10 Branco. • O Procurador-Ge­ral da Justiça Militar. Sr. Eraldo Guei­ros opina em parecer no sentido de queo IPM da Rêdc da Legalidade seja re­metido à. Auditoria da 4.a. RM, em Juizde Fora: o principal indiciado no inqué­rito é o Arcebispo D. José Newton, deBrasília. • O Procurador-Geral EraldoGuelras nega. em parecer. fôro privile­giado no STM para os ex-Governadoresdo Amazonas, Srs. Gilberto Mestrinho ePlínío Coelho, alegando que os acusadostivr.'ram os seus direitos políticos cas­sados, • Já com o parecer do Procura­dor-Gerai da Justiça Militar, o IPM doJSEB é encaminhado ao STM, fi gurandoeomo principais indlCiados os ex-Presi­dentes Juscelino Kubitschek, J5.nioQuadros e Joao Goulart. • Eraldo Guei­ros defende o Juiz Gilberto Lamõnaco,da La. Auditoria da Marinha, censuradopelo Capitão Ataliba Galvão Neto, quechefiou o IPM da fuga do ex-cabo An­selmo dos Santos. • O STM, contra o

voto do MinIstro Peri Bevilacqua, negao quarto habeas-corpus impetrado emfavor do mais antigo prêso político doPaís - Gregório Lourenço Bezerra ­recolhido na Casa de Detenção do Re­cife. • Ao relatar o habeas-corpus pe­dido em favor do pianista Joaquim To­más Jaime, o MInistro Alcides Carnei­ro denuncia que o pacIente, juntamentecom seis outros companheiros, acusadosde delitos políticos, está recolhido num"depósiw de animais", no Forte de SãoJoão, desde outubro de 1966. • Por 7 vo­tos contra 6 o STM concede habeas-cor­pus ao cabo Francisco Dorismar - Ar­raes, prêso no Forte de São João, porter dado fuga e posteriormente se asi­lado com quatro estudantes detidos na­quela unidade mmtar, acusados de "ati_vidades subversivas". O EmbaixadorSanchez Amorim, do Uruguai, não con­cedeu asilo politico ao cabo, mas apenasaos estudantes, tendo o militar sido en­tregue aos seus ~uperiores, gerando oepisódio uma série de problemas di­plomáticos. • O Conselho Permanentede Justiça da 1,ll. Auditoria da Aeronáu­tica, julgando 12 operários do Serviçode Transporte da Baia de Guanabara,acusados de "subversão", condena a doisanos de reclusão José Batista da Costae Fernando Ferreira Marinho, • Habeas­corpus concedido ao cabo Arraes não écumprído e o mllltar continua prêso noForte de São João, • O Almirante DlogoBorges Fortes, Presidente do STM,anuncia o fim do ano JudIcIário Militarde 1966, dando a conhecer que a Supre­ma Côrte Militar julgou naquele perío­do 607 habeas-corpus, 743 apelações e1.603 processos de outra natureza. A fimde dar cunho legal à continuidade daprisão do cabo Arraes, a 2.a Auditoriada La RM, decretou a prisão preventivado militar. • O Ministro Peri BevHacquadeclara à Imprensa que a futura Cons­tituIção da República não deve permi­tir o julgamento de civis por m1lltares,senão quando se tratar de crimes contraa segurança externa do País. • O Pro­curador Eraldo Gueiros pede ao BTM oarquivamento do IPM que apurou "omovimento separatista do Govêrno deGoiás, Sr. Mauro Borges", por falta deindício de crimlnalidade. • O BTM con­dena a 17 anos de reclusão quatro fa­zendeiros que assassinaram um fanna­cêutico, no dia l""de abril de 1964, sob aalegação de ser "um perigoso comunis­ta". • O Ministro PerI Bevilacqua ma·nifesta-se favorável à anistia para alicrimes políticos, a fim de "corngtr in-

Page 138: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Â MARÇO - 1968 137

justiças e extinguir ódios". • Começa na3.a Auditoria da La RM O sumário deculpa dos denunciados no chamado"Processo do Trem da Esperança". •Eraldo Gueiros pede ao STM o arquiva­mento do IPM do Congresso de SolIda­riedade Q Cuba, cujo único Indiciado éo General Lms Gonzaga de OnveJraLeite.

FEVEREIRO - O MJnistro da Justi­ça, Sr. Gama e Silva, anuncIa que, deacôrdo com o § 1.° do art. 122 da novaConstituição Federal, compete ao Su­perior Tribunal Mllltar julgar os recur­sos oriundos de decisões de primeirainstância - Auditorias - ao invés dês­se julgamento ser feito diretamente pe­lo Supremo Tribunal Federal. • Acusa­dos de ativistas do PartJdo ComunJsta,28 civis dos munlcipios de NUópol1s eNova Iguaçu, Estado do Rlo, são denun­ciados pelo Promotor Otávio DurvalMeyer, da La Auditoria da La RM. • OConselho Permanente de Justiça da 2.­Auditoria da Aeronáutica absolve porunanImidade quatro clvis acusados de"subversão" na cidade de ltaguai, Esta­do do Rio. • Por ter sido consideradorevel no processo a que responde por"subversão", o Jornallsta Agllberto Viei­ra teve a prisão preventlva decretadapela Auditoria da 5.a RM, em Curitiba.• O Professor Sobral Pinto pede à Au­ditoria do Recife para adiar o julga­mento do septuagenário Gregórlo Be­zerra, alegando motivo de doença Justi­ficado, mas o pedIdo não foi considera­do. • O advogado Alexandre Gedey In­forma que vai anular de dlreito a con­denação de cInco anos de reclusão Im­posta ao aeroviário Adílson PinheiroPimentel, pelo Conselho Permanente deJustiça da 3.- Auditoria da 1.- RegiãoMil1tar, acusado de tentar assassinar oPresidente Castello Branco. • PrimeiraAuditoria da AeronáutIca recebe do MJ­nistério da JusUça o processo relativo àproibição do jornal "Fôlha da Semana",baseado num expediente do sm. • OIPM das Companhias de Navegação édlstribuido à 1.11 Auditoria da Marinha,e depois, com parecer do Promotor Ro­bério Albuquerque, ao STM; figuram co­mo principaIs indiciados o presJdentedeposto João Goulatt e os AlmirantesLuís de Araújo Susano c Eduardo Sêco.

MARÇO - O jurlsta Raul Lins e Sil­va aponta duas nulidades no julgamen­to de Gregório Bezerra: - cerceamentode defesa e incompetência da JustiçaMilitar. • O Advogado Modesto da Sl1-

velra lmpetra habeas-corpus em favordo septuagenário Franclsco Rux, prê­so, na PE, em Vila Isabel, por ordem doCapitão José Rlbamar Zamlth. • O Ge­neral Ollmplo Mourão Filho, pr('sidenteeleito do STM, faz pronunciamento con­tra a nova Lei de Imprensa, afirmandoQue "uma democracia forte e estávelnão preclsa de nenhuma medida de ex­ceção." • O Governador do Estado daParaíba, Sr. João Agripino, em audiên­cia na Auditoria da Aeronáutica defen­de, como testemunha, o Coronel Neivade Figueiredo, processado por "subver­são". • O General Peri Bevllacqua, Mi­nistro do STM, declara que a nova Leide Imprensa "equivale a um Estado deSítio". • O General Olimpio Mourão Fi­lho toma posse na presldêncla do STM,fazendo um 11belo contra a nova LeJ deImprensa, assim como aos processosfascistas oriundos da Alemanha nazistade Hitler. • O General Ernesto Geisel to­ma posse como ministro do STM. • OMinistro Magalhães Pinto, das RelaçõesExteriores, VisIta o STM e diz que "aRevolução já acabou", • O STM mandaarquivar representação do Comandanteda 7.- RM, no Recife, contra o Juiz-Au­ditor Amilcar Cardoso de Meneses. •MlnJstro Saldanha da Gama, votandoem habeas corpus no STM, declara que"estamos viVendo a tutela. da nação pe­lo militar, um caso típico de tropa deocupação".

ABRIL - O ex-Deputado Doutel deAndrade pede habeas·corpus ao STMpara ser excluido de processo a que res­ponde por "subversão" na Auditoria dlls.a RM, em CuritIba. • Depois de vee­mentes debates o STM determina o ar­quivamento do IPM da Ri:dc da Legall­dade, com o voto do MJnJstro DlimpJoMourão Filho; os dois principais lnd.1­ciados no inquérito são o Arcebispo deBrasilia e o presidente deposto JoãoOoulart. • O STM arquiva outro IPM .­feIto contra o General Maurílio Lemesde Avelar e dezenas de candangos deBrasilla. • O Ministro Saldanha mani­festa-se novamente contra a atual Leide Segurança NacIonal, saUentando que"discutimos entre duas !llosoflas de G<J­vemo, entre dois destinos nacionaIs: ode republiqueta e o de grande nação". •O Professor Bayard Bolteux é le"lado pa­ra Juiz de Fora, acusado de participardas "guerrlllias" de Caparaó. • O JuizJosé Gar<:1a. Freitas, da 3.- Auditoria da1.- RM, manda arquivar o IPM da Com­panhIa Sldenirgica. Naclonal, por "ln­suficiêncIa de provas". O Ministro Mou-

Page 139: J SENADO FEDERAL

138 REVISTA DE INFORMAÇÃO UG~~':.ATIV~__

rão Filho determina a abertura de in­quérito administrativo contra o Promo­tor Benedito Felipe Rauen, que classi­ficou os funcionários da Auditoria da5.a. RM, em Curitiba, de "venais". • OJuiz da 2.a Vara Criminal de BrasiUa,Sr. Geraldo Tarso de Andrade Rocha,manda arquivar IPM aberto contra opresidente deposto João Goulart. • OPromotor Eudo Guedes Pereira, da 1,aAuditoria da La RM, denuncia 36 dos300 universitários envolvidos no IPM daFANFI da Guanabara. • O STM declaraque civil só pode ser preso por juiz com­petente. • Ao votar num pedido de ha­beas corpus, o Ministro Alcides Carnei­ro diz que "a imprensa não só é a liber­dade do mundo, corno também a trin­cheira das liberdades públicas".

MAIO -- Chega ao STM o IPM dojôgo do bicho no Estada do Rio. • Mou­rão Filho declara-se contrário a qual­quer Tribunal Especial para decidir só­bre a situaçâo dos cassados pela Revo­lução. o O STM nega habeas corpus aoEngenheiro Moisés Kuppermann, que aoregressar do asilo politico, no Uruguai,foi prêso e levado para Juiz de Fora,acusado de participar das "guerrilhas"de Caparaó. • O Juiz José Garcia Frei­tas, da 3." aud\toría da La RM, determi­na o arquivamento elo IPM do Sindica­to dos Trabalhadores Rurais de Carmo,K'>tado do Rio, por falta de elementosde convicção. o O STM nega habeascorpus ao Professor Bayard DemariaBoiteux. • Na 1a Auditoria da Marinhasao condenados três ex-marinheiros cabsolvidos 14, todos do Cruzador Ta­mandaré, acusados df~ "sabotagem e in­disciplina". • Na l'l Auditoria da Ma­rinha são absolvidos o presidente doSindicato dos Trabalhadores em Fiacãoe Tecelagem de Nova Friburgo, Sr. Fran­cisco de Assis Bravo. e o comercianteManuel Pereira Leitc'

JUNHO . - O operáriLl Odilon de Sou­sa Pacheco (' absolvido na 1.1\ Audito­ria da I" RM. no processo em que éacusado de tl'ntar "reorganizar o PCB".• A 2./\ Audítmi:l d;], M.lfinha, julgando90 pftra-q uedistas c ri vis do Corpo deFuzileiros Navais. acusados de "ativi­dades subversl vas". absolveu 85 e con­denou ('mco. O STM considerou-secompetentt' para processar e julgar SC!­xas Doria e seus Secrttirios de Estado.o Carlos Lacerd~L depoe na 3.a. Audito­ria da I " RM, como testemunha de de­fesa dos jornalistas Jairo de Araúj o Re­gis c Agliberlo Vieira de Azevedo, • O

STM manteve o acórdão em que conde­nou os líderes sindicais Clodsmith Rianie José Gomes Pimenta, a 7 e 2 anos dereclusão respectivamente, • A Sra. Gló­ria dos Santos Monteiro, espõsa do ce­nógrafo Francisco das Chagas Montei­ro, denuncia ameaças de violências con­tra o seu marido, por parte do CapitãoZamith. o O IPM do ISEB é remetido ao.STF por ser aquela Côrte competentepara julgar os ex-Ministros da Educa­ção Clóvis Salgado e Oliveira Brito. •Acórdão do STF estabelece que osacusados de crimes políticos praticadosantes da vigência do Ato Institucionaln.O 2 deverão ser julgados pela JustiçaComum. o O STM não aplicou os ter­mos do acórdão alegando que êle aindanão firmou jurisprudência. • O STMconcede habeas corpus ao EngenheiroMoisés Kuppermann, mas a ordem só é.cumprida depois que o Comandante da4.a. RM interveio para exigir do encar­regado do IPM, em Juiz de Fora, quecumprisse a decisão do Tribunal. • A l.a

Auditoria da La RM condena três lavra­dores de Macaé, Estado do Rio. a umano de reclusão, com base na antiga Leide Segurança Nacional. • Por "falta deelementos de convicção", 30 operáriosdos Estaleiros Ishikawajime são absolvi­dos na La Auditoria da Aeronáutica.

JULHO O ex-Coronel JeffersonCardim denuncia torturas que sofreu nafase do Inquérito Policial-Militar. • OProcurador Mílton Meneses é designadopara oferecer denúncia no IPM da Im­prensa Comunista, • Jefferson Cardimapela ao ST1.f contra a sua condenaçãoa 9 anos de reclusão pela Auditoria deCuritiba. o A 1.a Auditoria da La RM,por unanimidade, absolve sete civis eum cabo, cruelmente torturados na fa­se do IPM chefiado pelo Capitão JoséRibamar Zamith. • A Procuradoria-Ge­ral da Justiça Militar recebe o IPM da"Ação Popular", com 32 estudantes in­diciados. • O Juiz-auditor de Curitibaquer nôvo depoimento de Lacerda, co­mo testemunha dp defesa de Jairo Rê­gis e Agliberto Vieira: o STM, porc-m,decide que o primeiro depoimento é vá­lido e encerra a questão. • Na 2." Audi­toria da Aeronáutica três estudantes sãoabsolvidos do crime de "pregar cartazespoliticos". o Na 3." Auditoria da 1" RM,o Coronel NicIL,; da Silva é absolvido,porque "nio é crime empregar comunis­ta na Comissão Nacional do Carváo". o

A 2.a. AudItoria da La. RM encaminhfl arelaçâo dos indiciados do IPM do PC àsde Auditorias Militares.

Page 140: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 139

AOOSTO - Os estudantes SebastiãoRodrigues Paixão e Lúcia Marinha Mou­tinha, e o Professor José Valentim Lo­renzettl são condenados a seis meses dereclusão na 3.& Auditoria da 1.6 RM,acusados de fazer propaganda poliUcade "caráter subversivo" na UniversidadeRural do Brasil. • Na 1.- Auditoria daLa RM, 12 camponeses são absolvidospor unanimidade, acusados de subver­são no Estado do Rio. • A DOPS de Ni­terói prende o ex-Prefeito de Natal, Sr.Luis Gonzaga dos Santos, e o entrega àsautoridades m1J1tares do Recite, ondefoi condenado a 15 meses de reclusão naAuditoria da 7.a RM; meses depois omesmo morre na Casa de Detenção doRecife, em virtude de distúrbios cardia­cos, ao que Informam as autoridades da7.- RM. • O STM nega habeas corpuspara o Professor Bolteux e estabeleceQue não há prazo para a prisão preven­tiva na fase do processo. • O escritorBarbosa Lima Sobrinho e o ProfessorCândido Jucá Filho prestam depoimen­to na Justiça Militar em defesa do Pro­fessor Bolteux. • O STM rejeita denún­cia feita contra o Jornalista Heitor Conlenquadrado na Lei de Segurança Nacio­nal. • O STM rejeita proposta do Minis­tro Perl BevUacqua, no sentido de queo mllltar não pode prender civil.

SETEf\.ffiRO - O advogado RômuloGonçalves faz denúncias de violênciasfísicas no IPM das "guerrilhas de Uber­lândla". • Em Itauçu, Goiás, é feito umIPM contra 26 lavradores expulsos pe­los latifundiários das terras que culti­vavam há 30 anos: houve numerosasprisões. • A 3.a Auditoria da l.a RM ab­solve três lavradores de Itaperuna, Es­tado do Rio, por "falta de lUcito penal".• Conforme parecer do Procurador-Ge­ral da Justiça Militar, Sr. Eraldo Guei­ros, a pena a que foi condenado Gregó­rio Bezerra pela Auditoria do Recife ­19 anos de reclusão - deve ser aquelaprevista no art. 21 da nova Lei de Se­gurança Nacional, que varia de 4 a 12anos. • O advogado José Carlos Correiadenuncia o terrorismo desencadeado noParaná pelo Coronel Ferdlnando deCarvalho, chefe de um IPM, prendendoa sua mais representativa tntelectuall­dade. • O IPM de Barra Ma.nsa, Estadodo Rio, aberto contra 15 lavradores, émandado arquivar pelo juiz Te6critoMiranda, da l.a Auditoria da 1.- RM. •O MJnlstro Perl Bevllacqua denuncia oque chama de "arbítrio dos mlnl-lnqué­ritos" .

OUTUBRO - Com base em acórdãodo STF, a 2.1' Auditoria da Marinha dá­se por incompetente para processar eJulgar nOve civis acusados de "subver­são". • A Auditoria da. 7.& RM, no Reci­fe, absolve um camponês e um tenentedo Exército acusados de "subversão". •O Juiz Te6crito Miranda entrega ao STMo Inquérito que fêz para apurar ativida­des políticas do seu colega de São Paulo,Tinoco Barreto: o inquérito foi realiza­do por determinação do presidente doSTM em virtude de representação doComando do II Exército. • Advogadoscontinuam denunciando violências doCoronel Ferdlnando de Carvalho. emCuritiba. • O Ministro Ribeiro da Cos­ta, do STF faleceu de enfarte do mio­cárdio. • O STM concede habeas corpusa Darci Ribeiro, asIlado no Uruguai emais 11 pessoas, por "falta de funda­mentação do decreto de prisão preven­tiva". • O jornallsta Flávio Tavares per·de habeas corpus no STM.

NOVEf\.ffiRO - A 2.6 Auditoria daMarinha absolve 18 marinheiros do Con­tratorpedeiro "Bauru", acusados de le­rem praticado, nos dias 31 de março e1.0 de abril, "motim e sabotagem" na­quele barco de guerra. • Chega na 2.6

Auditoria da La RM O IPM aberto con­tra os estudantes que lutaram pelo nô­vo Restaurante do Calabouço. • O JuizTeócrito Miranda manda arquivar oIPM feito no Sanatório de Itatlala, Es­tado do Rio. • O STM, pela via do ha­beas-corpus, exclui do processo a querespondia com mais quatro estudantes,por fazer um comielo no Largo doCACO, no dia 31 de março de 1964, oProfessor Francisco Mangabeira. • Dan­te Pelacanl apresenta-se à La Audito­ria da Marinha. de regresso do exílio,tendo a sua prisão preventlva relaxada.• Quatro lavradores de Macaé, Estado doRio, sào absolvidos na 1.- Audltorta da1.1' RM, por "falta de elementos de con­vicção para condenar". • A 2.- Audito­ria da Marinha, numa segunda decisão,estabelece que é Incompetente para pro~

cessar e julgar civis que cometeram cri­mes poliUcos antes do AI-2, conformeacórdào do STF. • O STM dá prazo aTinoco Barreto para se defender. • OSTM nega habeas corpus a Quatro re­ligiosos de Volta Redonda, presos por"distribuírem panfletos atentatórios àsegurança do Estado. • O STF dá ha­beas corpus a Flávio Tavares. • A 2.­Auditoria da Aeronáutlca decreta a pri­são preventiva dos quatro religiosos deVolta Redonda.

Page 141: J SENADO FEDERAL

140 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA------_. -------

DEZEMBRO - O Juiz Teódu)o Miran­da, da 2.a Auditoria da Aeronáutica, ex­pede alvará de soltura em favor dos re­ligiosos de Volta Redonda. • O STMconcede, para exclusão da denúncia, omaior habeas-corpus coletivo de tôda asua existência: 104 trabalhadores dasMinas de Môrro Velho, em Minas Ge­rais, são beneficiados. • Mourão Filhosolidariza-se com o Comandante da Po­licia Militar do Estado do Rio. • O STMextingue o chamado "Processo doCACO", com a concessão de habeas-cor­pus aos denunciados que restavam. • OI Exército ainda não devolve o IPM dosreligiosos de Volta Redonda à 2.a Audi­toria da Aeronáutica. • O STM absolveo Coronel Pedro Arbues Martins Alva­res, do Rio Grande do Sul. • O operá­rio João Zeferino da Silva está recolhi­do na Fortaleza de Santa Cruz há 20meses e ainda não sabe da sua condc­nação, oficialmente_ • Os jornalistaselegem Ministros do Ano: Peri Bevílac­Qua e Alcides Carneiro. • O IPM com 13intelectuais chega à 2.a Auditoria daMarinha, figurando como principal in­diciado o pensador católico Alceu deAmoroso Lima - Tristão de Ataydc_ •O Juiz Alvarenga Viana, da 2.a Audito­ria da l-l~ RM, manda arquivar o IPMcontra Lacerda. • O IPM contra Abelar­do Jurema também é arquivado. • Mou­rão Filho quer saber sóbre violênciascontra os condenados do CaparaÓ. • A2" Auditoria da Aeronáutica intima oCapitão Zamith a explicar torturas con­tra presos pol1tiros sob sua guarda."

JUSTIÇA MILITAR ~ LEGISLAÇAO

DECRETO N-" 17.231-A, de 26.2.26 ­"Manda observar o Código da JustiçaMilitar." D.O. 3.3.26.

DECRETO N.o 17.513, de ~i .1126 -­"Manda observar o Formulário do Pro­cesso Criminal Militar, a que se refereo Dec_ nO 17.231-A, de 262.26, em seuart_ 386." D. O. 23 11. ::6.

DECRETO N-" 19453, de 4_12.30 -­"Revoga o § 1-" do art. 3° do regula­mento anexo ao De[~. nO 17.231-A, de26.2.1926, que determina que na 1." cir­cunscrição haverá também um auditorde 1 A. entrância com a,~ funções de cor­regedor dos processos findos." D, o.10.1230. Ret. 17.1230.

DECRETO N.o 24.803, de 14.7.34 ­"Modifica diversos artigos do Código deJustiça Militar". 0.0. 16.7.34 (SupU.

DECRETO N.o 71, de 27.2.35 -- "Apro­va e manda observar o Formulário parao Processo e Julgamento dos crimes deinsubmissão e deserção de praças." D.O.11.5.35.

DECRETO-LEI N.o 925, de 2.12.38­"Aprova o Código da Justiça Militar."D.O. 9.12.38 - Rep. 26.1.39.

DECRETO-LEI N.o 2.234, de 27.5.40 ­"Modifica um dispositivo do Código deJustiça Militar." D.O. 29.5.40.

DECRETO-LEI N.o 2.746, de 5.1140 ~"Altera as disposições do Código da Jus­tiça Militar, baixado com o Dec.-Iei nO925, de 1938, relativa ao Conselho deJustificação." D. O. 7.11.40.

DECRETO-LEI N.o 3.020, de 1.2.41 -­"Prorroga à Aeronáutica a jurisdição daJustiça Militar do Exérclto." D. O.4.2.41.

DECRETO-LEI N.o 3_038, de 10.2.41 ­"Dispõe sôbre a declaração de Indigni­dade para o oficialato." DO. 12.2.41 ­Ret.24.2.41.

DECRETO-LEI N.o 3.581. de 3.9.41 ­"Dispõe sóbre a substituição de ocupan­tes de cargos da Justiça Militar. (Fi­cam revogadas as alíneas b, c, d, e, f,g, h, do art. 54, o art. 55 e seus parágra­fos 1.0 e 2°. do Dec.-lei nO 925, de ..2.12.38, e mais disposições em contrá­rio_" D.O_ 5.9.41. Ret. 4.1041.

DECRETO-LEI N° 4.023, de 15.1.42 ­"Altera os artigos 102 e 103, do Dec.-]einO 925, de 2.12.38, que aprovou o Có­digo da Justiça Militar." D O 16.1.42.

DECRETO-LEI N.O 4.225. de 23.42 ­"Modifica o art. 24 do Dec.-lei n.a 925,de 2.12.38, que aprova o Código da Jus­tiça Militar." D O de 6.4.42. Ret.15.4.42.

DECRETO-LEI N° 4.235, de 6.4_42-­"Altera a composição do Supremo Tri­bunal Militar e da outras providências_fDec.-Iei n.o 925, de 2.12.381". D. O.8.4 .42. Ret. 11.4.42

Page 142: J SENADO FEDERAL

JÂHEIRO Â MARÇO - 1968 141

DECREI'O-LEI N.o 4.470, de 14.7.42­"Altera a redação do I 1.0 do art. 1.° doDee.-LeI D.o 3.581, de 3.9.41, que dispõesôbre a substituição de ocupantes decargos da Justiça Militar." D.O. 16.7.42.

DECRETO-LEI N.o 5.857, ~e 28.9.43 ­"Altera a redação do art. 34 do Dec.-IeIn.o 925, de 2.12.38. Código da JustiçaMilitar." D.O. 30.9.43.

DECRETO-LEI N.o 8.186, de 19.11.45- "DJ3põe sôbre o processo e Julgamen­to dos crimes da competêncIa do extin­to Tribunal de Segurança." D.O. de ..24.11.45.

DECRE.'I'O-LEI N.o 8.758, de 21.1.~ ­"Dá nova redação ao art. 7.° do Dec.-Iein.O 925, de 2.12.38, e dá outras provi­dências." 0.0. 30.1.46.

DECRETo-LEI N.o 8.913, de 24.1.~­

"Altera o Código da Justiça Mllltar,aprovado pelo Dec.-Iei n.O 925, de ....2.12.38:' D.O. 30.1.~.

DECRgrQ-LEI N.o 9.421, de 28.6.46­"Altera d1sposlção do Dee.-Iel n.o 3.581,de 3.9.41, modificado pelo de n.o 4.470,de 14.7.42. (SubStituição de ocupantesde cargos da Justiça M1lltar):' D. O. ..29.6.46.

LEI N.o 966, de 9.12.49 - "Reorgani­za os Cartórios das Auditorias M1lltares,e dá outras providêncIas:' 0.0......15.12.49.

LEI H.o 1.341, de 30.1.51 - ''Lei Or­gAn1ca do M1nJstério Público". D.O. ..1.2.51.

DECRETO-LEI H.O 30.959, de 9.6.52 ­"Manda adotar formulários para pro­cesso e Julgamento dos erimes de 1nBub­m1asio e deserção tomando lnBubslaten­tes os Decretos D.Os 17.513, de 5.11.26 e71, de 27.2.1936." D.O. 11.6.52.

LEI H.o 2.197, de 5.4.54 - "Modificao I 2.° do art. 19 do Dec.-Iel D.o 925, de2.12.38 (Código da Justiça Mlllta.r". D.O. 8.4.54.

LEI H.O 2.738, de 20.2.56 - "Dispõesôbre o afastamento do oficIal que serevelar lDcompatlvel com o exercido desuas funçóe3, quer em Situação normal,quer por ocasião de provas de instrução,de manobras ou operações de guerra, edá outras providências." D. O. 22. 2 . 56 .

LEI H.o 2.933, de 31.10.56 - "Modifi­ca o art. 33 do CódIgo da Justiça Mili­tar." D.O. 31.10.56.

LEI N.o 3.836, de 14.12.60 - "D1Bpóesôbre a entrega de autos aos advogados,e dá outras providências." D.O. 14 .12.60- Ret. D.O. de 20.12.60.

LEI DELEGADA N.o 4, de 26.9.62 ­"Dispõe sôbre a intervenção no domi­mo econômico para assegurar a livred1stribuição de produtos necessártc?s aoconsumo do povo". D.O. 27.9.62 - Ret.2.10.62.

LEI H.o 4.162, de 4.12.62 - "Altera 8

redação da letra "I" do art. 88 do Códi­go da Justiça Militar. (Dec.-Iei D.O 925,de 2.12.38)". D.O. 7.12.62. Ret......28.1.63.

LEI N.o 4.389, de 28.8.64 - "Altera osa.rts. 273 a 283 do Código da Justiça Mi­litar, aprovado pelo Dec.-lei n.O 925, de2.12.38". D.O. 5.1. de 31.8.64.

LEI N.o 4.517, de 29.12.64 - "Alterao Código da Justiça MiUtar, aprovadopelo Dec.-Iel n.o 925, de 2.12.38." 0.0.7.12.64.

DECRE:rO·LEI N.o 2, de 14.1.66 ­"Autoriza a requls.lção de bens ou ser­viços essenclals ao abasteclmento da po­pulação, e dá outras providências:' D.O. 17.1.66.

LEI N.o 4.984, de 18.5.66 - ''Dá novaredação aos arts. 263 e 266 do Código da.Justiça Militar, aprovado pelo Dec.-leln.o 925, de 2.12.38, e dá outras provi­dênc1a8." D,O. 23.5.66.

DECRErO-LEI H.o 215, de 27.2.67 ­"Altera o CódJgo da Justiça Milltar ­(Dec.-Ie1 n.O 925, de 2.12.38)". D: O.27.2.67.

Page 143: J SENADO FEDERAL

141 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

DECRETO-LEI N.o 267, de 28.2.67 -­"Introduz alteração no Ministério PÚ­blico da União junto à Justiça Militar edá outras providências." D. O. 28.2.67.

DECRETO-LEI N° 314, de 13.3 67 -­"Define os crimes contra a segurançanacional, a ordem política e social, e dáoutras providências." D.O. 13.3.67.

DECRETO-LEI N.o 317, de 13.3.67 ­"Reorganiza as Polícias e os Corpos deBombeiros Militares dos Estados, dosTerritórios e do Distrito Federal, e dáoutras providências." D. O. 14.3.67 eRet. 17 3.67.

LEI N.o 5.256, de 6.4.67- "Dispõe sõ­bre a prisão especial". D.O. 7.4.67.

LEI N° 5.300. de 29.6.67 _. "Dispõesôbre o Conselho de Justificação. esta­belece normas para o seu funcionamen­to, e dá outras providências." D. O.3.7.67.

LEGISLAÇAO CÓDIGO PENAL MILI­TAR.

DECRETO N° 949, de 5.11.1890 ­"Estabelece um Código Penal Militarpara a Armada". L.B. 1890, VaI. V.

DECRETO N,a 18, de 7,3.1891 - "Es­tabelece nôvo Código Penal para a Ar­mada (de acôrdo com o Decreto n.a 14,de fevereiro deste anol ", L,B, 1891,VoI. 1.

LEI N° 612, de 29.91899 - "Aprovae amplia ao Exército Nacional, o Códi­go Penal para a Armada, que acompa­nhou o Decreto n.o 18, de 7.4.1891. L.B.1899, VaI. 1.

DEC. (P.L.) N° 4.988,de8.1.26-"Pu­ne com as penas de suspensão e multatodo indivíduo ao serviço da Armada cdo Exército que, por frouxidão, indolên­cia, negligência ou omissão, cometerqualquer crime do art. 170 do CódigoPenal Militar, e dá outras providências."D.O. 14,1.26,

DEC. (P.L.) n.o 5.285, de 13.10.27 ­"Determina que o crime previsto no art.117, n.Os 1 a 7, inclusive, do Código Pe­nal Mílítar, seja punível com a pena deprisão, com trabalho de seis meses a

dois anos." D.O. 22.10.27. Ret. D. O.27.10,27.

LEI N° 38, de 4.4,35 -- "Define cri­mes contra a ordem política e social."D.O. 6.4,35. Retificados nos D.O, ".1.7,35,3,7.35,6,7.35 e 28.6.35.

LEI N.o 136. de 14.12.35 - "Modificavários dispositivos da Lei nO 38, de .. ,4,4,35 e define novos crimes contra aordem política e social." D. O. de ...14.12.35. Ret. D.O, 18,12,35.

DECRETO-LEI N.o 431, de 18.5,38 ­"Define crimes contra a personalidadeinternacional, a estrutura e a seguran­ça do Estado e contra a ordem social."D. O. 19.5.38.

DECRETO-LEI N.o 4.766, de 1.10.42 ­"Define crimes militares e contra a se­gurança do Estado, e dá outras provi­dencias." D.O, 3 10.42.

DECRETO-LEI N,o 6,227, de 24.1. 44 ­"Código Penal Militar," D.O. 1.2.44.Ret. 16.2.44 e 15.3.44.

LEI N.o 1.802, de 5. L 53 - "Define oscrimes contra o Estado e a Ordem Po­lítica e Social, e dá outras providências.Revogam-se as disposições em contrárioe, em especial a Lei n,o 38, de 4.4.1935,a Lei n.a 136, de 14.12 do mesmo ano eo Decreto-lei n.O 431, de 18.5.38", D,O.7. 1. 53. Ret. D. O. 8 1. 53.

LEI N.a 2.505, de 11,6.66 - "Modificao art. 180 e seu parágrafo 3.° do Decre­to-Lei nO 2.848, de 7.12,1940. (CódigoPenal) e artigo 208 do Decreto-Lei nO6.227, de 24 1.1944 (Código Penal Mili­tar)". D.O. 16.6.55,

ANTEPROJETO do Código Penal Mi­litar, de autoria do Prof. Ivo D'Aqui­no Fonseca, mandado publicar pelo Sr,Ministro da Justiça e Negócios Interio­res, para receber sugestões de acôrdocom o dispositivo do art. 4° do Decreton.a 1.490, 8.11.1962. D,O. 6,5,63 (su­plemento) ,

LEI N.a 5.346-67 - Altera dispositivosdo Código Penal, visando a proteger ser­viços de utilidade pública" - D.O, "7.11.67.

Page 144: J SENADO FEDERAL

LEIS

COMPLEMENTARES

K?og/rio LOJ{n. !?oJrigltl'JOrientador de Pesquisas Legislatívas

Diretoria de Informação Legislativa

Embora usada com freqüência, a ex­pressão "lei complementar" até data re­cente sempre foi empregada com Impro­priedade. Assim foram chamadas nopassado diversas normas a que se pre­tendia emprestar especial destaque, semQue, todavia, se lhes outorgasse quais­quer características que Justificassemuma designação específica.

No dizer de Paulo Sarasate (I) a figu­ra das lels complementares era, até 1967,despida de feição constitucional em nos­so Pais, porquanto as Leis Magnas dopassado "nenhuma referêncIa fizeram aleis complementares", Esclarece o autorque "apenas a de 1891 e a de 1934, aotratar da competência do Poder Legisla­hvo, aludiram à atribuição de decretarleis orgânicas para a execução completada Constituição, mas não as definiramatravés de rito ou quorum especial devotação, Não passaram, assim, de leis or­dinárias com um nome pomposo.

"Podia ser intitulada assim - escla­rece Paulo Sarasate - qualquer lei quevisasse a regulamentar um preceito cons­titucional Inerte, Isto é, sem fõrça paravaler por si mesmo, Mas era uma deno­minação arbitrária, porque despida umaleI dessas de qualquer característica denatureza formal capaz de distingui-ladas demais leis ordinárias."

O aparecImento de "leIs complementa­res" deve-se ao fato de que a Constitui­ção nem sempre é uma leI auto-executá­vel. São muitos os seus dispositivos quenecessitam de uma norma que os com­plete. Existe entre a Constituição e asleLs complementares uma relação seme­lhante a que ocorre entre as leis ordlná­rias e os decretos, cujo elo reside na de­pendência de regulamentação de umaspelos outros.

(1) Paulo SaraMt.c - "A CoWltltulçAo do Bra­511 ao alcance de todos". pis. 332.

Page 145: J SENADO FEDERAL

_l44 ~ R_EV_ISTA DE INFORMAÇÃO L~GISLATlVA

SOmente na Carta de 1967 é que apa­receu pela primeira vez no elenco de quetrata o art. 49 a expressão lei comple­mental' da Constituição como uma dasespécies de normas compreendidas noprocesso legislativo. E é o art. 53 queconfere a essa figura o conteúdo formal,que a vem diferenciar da lei ordinária:

"As leis complementares da Consti­tuição serão votadas por maioria ab­soluta dos membros das duas Casasdo Congresso Nacional, observados osdemais têrmos da votação das leisordinárias. "

Paulo Sarasate deflne as "leis comple­mentares como aquelas que aprovadas nomínimo- pela maioria absoluta dos mem­bros das duas Casas do Congresso Na­cional, e observados, na sua elaboração,os demais têrmos de votação das leisordinárias, têm por obj etlvo regular ospreceitos constitucionais cuja aplicaçãodelas depende expressamente",

"Com essa noção _. esclarece Sarasa­te -, fIca bem entendido, nem pode serde outra forma, que somente serão leiscomplementares ~ e por isso mesmo su­jeitas àquele quorum especial - aquelasa que a Constituição expressamente serefere, no curso de seus articulados."

Muito embora somente em 1967 a leicomplementar se tenha transformadonuma realidade constitucional, em 1962,nela falou-se por ocasião da Emendan.o 4 à Carta de 1946, que instituiu oParlamentarismo no País. Nessa épocaassinalava Miguel Reale que constituiela "um tertium genus de leis, que nãoostentam a rIgidez dos preceitos consti­tucionais, nem tampouco deve compor­tar a revo(ação por fôrça de qualquerlei ordInária superveniente: é a catego­ria das leis de complementação do textoconstitucional ou de estruturação do Es­tado, as chamadas leis orgânicas, paracuja aprovação ou reforma se crê pre­ferivel exigir-se um QUORUM ESPE­CIAL".

Analisando o conceito e o objetivo dasleis complementares, Paulíno Jacquesmenciona o pensamento de Afonso Ari­nos de Melo Franco FJ que distingueentre "leis complementares por destino"(as que dizem respeito aos órgãos do Es­tado), e "leis complementares por ori­gem" (as que dizem respeito aos súditofdo Estado), admite que as "chamadasleis orgânicas, que se destinam a estabe­lecer o mecanismo administrativo do Es­tado", integram as leis complementares.I!: certo que Duguit inverte os dados doproblema, quando sustenta que "leis or­gànicas são tôdas quantas criam os ór­gáos do Estado e lhes fixam li estrutu­ra", absorvendo, portanto, as leis com­plementares; mas não menos certo é queHauriou as restringe às que "lirn1tam asliberdades individuais".

"Entre nós - continua Paulino Ja­cques - também os autôres não se en­tendem: João Barbalho considera leisorgânicas as que organizam serviços, asque regulamentam (completam) a Cons­tituição. Pontes de Miranda e Temísto­eles Cavalcanti, à sua vez, não dão maiorsignificação ao assunto.

Em 6 de maio de 1947, através do Re­querimento n.o 144/1947 (:l), o Sr. AfonsoArinos e mais sessenta e um deputadossugerem a criação de uma Comissão deLeis Complementares da Constituição. Eo fazem nos seguintes têrmos:

Considerando;

Que é assunto de grande importân­cia e reconhecida urgência o das leiscomplementares da Constituição;

Que esta tarefa incumbe precipua­mente ao Poder Legislativo;

Que o Sr. Presidente da República,na mensagem dirigida ao Congres­so, bem como os Senhores DeputadoS'Cirilo Júnior e Prado Kel1y, em dls-

(2) Paul1no Jacques - "A Conatltulcfoo doBrasll Expl1cad..... , pago 59.

(J] Publicado no Diário do Con(resso Nadonalde 7 de maio de 1947.

Page 146: J SENADO FEDERAL

___________JA_N_E_I._RO_A_MA:....R..:!ço~-__1..;.9..:..68,;,.,._ ___=.1..:..:...U

CU1'8OS pronunciados respectivamen­te nas sessões de 23 e 28 de abrilpassados, salientaram particular­mente 08 problemaa da elaboraçãod88 leia complementares da Consti­tuição;

Que, esta elaboração é um esfôrçoque exige a cooperação de todos ospartidos, por se sobrepor, em virtu­de do seu caráter permanente e na­cional, a Quaisquer divergências po­litlco-partidárias;

Que é necessár:lo, para tal trabalho,um estudo tanto quanto posslvelcoordenado, simultâneo e de con­junto, a fim de que se possa organi­zar um sistema harmOnlco e rápidode lels complementares da Constitui­ção;

Indicamos:

1.°) Fica criada a Com1s8ão de LeisComplementares da Constituição.

2.°) A Comissão se comporá de 21(vinte e um) membros, nela repre­sentados proporcionalmente todos ospartidos.

3.°) O funcionamento da Comissãose regerá pelas nonnas regimentaisreferentes às Comlasões especiais.4.°) Tão logo se organize a Comlsaão,o seu Presidente dtatribulré. aosmembros da mesma. Quer indivi­dualmente, quer reunidos em subco­missões, segundo o vulto e a com­plexidade do trabalho, o encargoda apresentação das leis comple­mentares da Constituição.

5.°) A distribuição referida no itemanterior seguirá a ordem de refe­rência dos artigos da Constltuiçãoque aludem a leis complementares;6.°) Os relatores terão o prazo dedois meses para apresentar à Co­m1S8ão os projetos que lhes foremdtstrlbuidos.

'7.0) Serão aproveItados os projetosjá em trânsito pela Câmara, e Que

versem assunto da competência daComlssão;

8.°) A proporção que fôr recebendoos projetos o Presidente da Comis­são os remeterá à Mesa, a fim delhes ser dado o destino regimental.

Na sessão do dia 12 de maio de 1947,encaminhando a votação do Requeri­mento que apresentou, propondo a cria­ção de uma Comissão de Leia Comple­mentares da Constituição, o Sr. AfonsoArinos pronunciou o seguinte d~urso:

"Sr. Presidente, é ponto assentado, en­tre os melhores cultores do Direito Pú­blico, que a divisão clássica das Cons­tituições em escritas e não escritas nãopode ser tomada rlgidamente. A Cons­tituição Inglêsa, paradigma de lei fun­damental costumeira, apóia-se, de fato,em numerosos textos escritos. Reclpro­camente, a ConstItuição Americana, mo­dêlo reconhecido de lei constitucionalescrita, Incorporou à sua prática mais deum elemento introduzido pelo costume.

E nio é somente por incorporar cos­tWDes ao texto formal que as Constitui­ções chamadas escritas deixam de cor­responder à designação. t também porque, em muItos casos, as suas provisõesnão bastam, por elas mesmas, para as­segurar a execução das medidas Que· as­sentam. O texto escrito da Constituiçãodeixa, assim, de ser auto-SUficiente, oupara empregar a expressão técnica con­sagrada, deIxa de ser auto-aplicável, exi­gindo o auxilio de tôda uma legislaçãocomplementar. Pode-se, portanto, atlr­mar que nenhuma Constituição é com-

4pletamente escrita. Tõdas necessitam,para a construçii.o do seu mecanismo, detextos complementares que as interpre­tem e as enriqueçam."

Le~lação C(Jmplementar

Devemos acentuar'desde logo o caráterextraordinário desta legislação comple­mentar. Não se pode Identlt1car a leicomplementar da Constituição com a lei

Page 147: J SENADO FEDERAL

146 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

constitucional. Esta última é a própriaConstituição, ou com ela se confunde. Oconceito de Constituição escrita - ob­serva CarI Schmídt na sua "Teoria daConstituição" -, "não enuncia outracoisa senão que a Constituição é igual auma série de leis constitucionais. Maisalém do conceito de lei constitucional seperde o conceito de Constituição". A leiconstitucional, por conseguinte, no re­gime de Constituição escrita que é o nos­so, corresponde exatamente a umaemenda à Constituição. e só com as cau­telas expressas dentro desta pode serelaborada.

Entre as aberrações mais espantosas,as incongruências legais mais extraor­dinárias do chamado Estado no Brasil,salienta-se, sem dúvida, a expedição deleis constitucionais em flagrante deso­bediência aos próprios preceitos da Cartade 1937 sôbre as emendas, ao seu texto.A chamada Constituição de 1937 era rí­gida, isto é, a sua reforma só se fariapor processo especial, diferente do da le­gislação ordinária. O então Chefe doGovêmo estava impedido, pelo art. 13 daConstituição que outorgou, de expedirdecretos-leis modif1cativos da mesma,ainda no período de recesso do Parla­mento. No entanto, baseado no art. 180que não lhe dava competência para isto,o ditador reformou por nove vêzes a leimagna que de resto só pôs em vigor asexceções.

Voltando à legislação complementarexigida pelas Constituições, insistamosem que ela é tôda de caráter ordinário,e, por isto mesmo, a sua confecção é dainteira competência do Legislativo ordi­nário.

A êste propósito Tomaz Cooiey, famosoconstitucionalista americano, escreve noseu clássico livro "Tratado das Limita­ções Constitucionais":

"AInda que nenhuma das disposi­ções de uma constituição possa serconsiderada simplesmente esclarece­dora, a verdade é que algumas exls-

tem que são tão íncapazes de exe­cução compulsória quanto geralmen­te as provisões que traçam diretri­zes. A razão disto é que, embora opropósito seja de estabelecer direitose impor deveres, não contém elas re­gras por meio das quais tais direitospossam ser protegídos ou tais deve­res impostos. Neste caso, antes quea medida constitucional possa serefetivada, deve Ser provida de legis­lação complementar."

As próprias Constituições solicitammuitas vêzes, no seu texto, o auxílio dalegislação complementar, ao se referi­rem ã regulamentação por lei ordinária.dêste ou daquele dispositivo. No Brasll aConstituição de 1891, instrumento deuma época feliz de estabilidade econô­mica e paz social, estabeleceu apenas asgrandes linhas da organização do Esta­do. Já o naturai aumento da complexi­dade dos negócios públícos e a instablli­dade geral do mundo contemporâneo fi­zeram com que as Cartas modernas ti­vessem o seu âmbito de ação muito de­senvolvido e, conseqüentemente, o seumaterial dispositivo muito mais variado.A Constituição de 1891 possuía 91 arti­gos, enquanto a de 1934 continha 137 e avigente apresenta não menos de 218.Evidentemente, tendo de prever a tantose tão diversos assuntos, as modernasConstituições generalizam o mais possi­vel as suas regras, e fazem, por isto mes­mo, apelo largo à colaboração do PoderLegislativo ordinário. Se fizermos umacomparação, sob este aspecto, das Cartasrepublicanas, veremos que, enquanto ade 1891 apelou menos de vinte vézes parao concurso da lei ordinária, a de 1934deixa a cargo desta lei a regulamentaçiode quase cem dos seus dispositivos, en­quanto a de 1946 eleva este número aci­ma da centena.

Disposições auto-aplicáveis

O primeiro trabalho exigido pela Cons­tituição de 1946 é reconhecer quais sãoas suas disposições auto-aplicaveis.

Page 148: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Â MARÇO - 1968 147

Esta expressão pode ser compreendidano sentido geral ou no particular. No ge­raI, são auto-apllcáveis tôdas as disposi­ções constitucionais que contenham emsi mesmas os elementos suflcientes paraa execução das medidas que promovem.Habitualmente pertencem a êste gêneroos artigos que se referem à organizaçãofederal e à definição e atribuições dosmais altos podêres políticos do Estado.

No sentido restrito são sempre consi­deradas auto-aplicáveis, segundo a llçãode Rui Barbosa, as disposições constitu­cionais que versem sôbre os seguintes as­suntos:

1.0} Ai; proibitivas, porque, como ad­verte Rui, "a norma proibitivaencerra em si mesma tudo quan­to se há mister para que desdeiogo se tome obrigatória a proi­hição, embora a sanção contra oato que a violar ainda não es­teJa deflnlda".

2.°) Ai; declaratórias de direitos, por­que. sempre ainda nas palavrasde Rui, "a deciaração de um di­reito Individual pela Constitui­ção importa na imediata aqui­sição do direito assegurado e naproibição aos particulares c àsautoridades de o violarem".

3.0 } Ai; que contêm Isenções fiscaisexpressamente declaradas, mes­mo que a lei fiscal ordinárianão tenha ainda disposto sôbreo assunto.

DIsposições não apUcávelsautomàticamente

COoley, na obra citada, assim se ex­pressa sõbre a caracterização das dispo­sições constitucionais que exigem com­plemento legal:

"Uma provisão constitucional não éauto-executável quando Indica slm­piesmente princípios. sem estabele­cer regras por melo das quais a éstesprinclplos possa ser atribuida fô~a

de leL"

Rui Barbosa se expressa sôbrc o as-sunto Quase com as mesmas palavras:

"As determinações constitucionaisque apenas estabelecem principlosnão se podem executar enquantouma lei não as tomar executáveis,organizando-lhes êsse mecanismo deque a Constttuição. no seu texto. asdeixou destituldas."

Na COnstituição de 1946, conforme ti­ve ocasião de recordar, numerosas sãoas determinações incapazes de se faze­rem executar por si mesmas. Ma~, pormais variados que sejam êstes princl­pios, pertencem todos a um mesmo cor­po que é a Constitulçào Federal. Eisporque o trabalho de elaboração legis­lativa, visando a transformação de taisprlnciplos em leis, deve obedecer ao cri­tério da homogeneidade. Se estudar emconjunto as leis que se fazem necessá­rias, o Poder Legislativo estará apare­lhando o Pais com um sistema coerentede normas Indispensáveis, sistema ela­borado sob as mesmag Influencias histó­ricas, os mesmos ideais polítieos que re­geram a criação da Lei Magna cujo apri­moramento se procura. O atual PoderLegislativo é mais do que indicado pa­ra esta alta função, visto que foi élepróprio, na sua fase COnstituinte, quecriou a COnstituição. Estará, portanto,em condições excepcionais para comple­tá-la sem lhe desvirtuar o espírito deQue é autêntico intérprete.

Aspectos da nossa evoluçãoeonstitucjonal

A primeira Constituição republlcanaera uma lei de caráter marcadamentepolítico, no sentido menos extenso daexpressão. Sua preocupação dominantefoi a de organizar o aparelho do Estadono que conceme ao estabelecimento, àdefinição e às atribuições dos podércspolltlcos, isto é. dos podéres públicos to­mados na sua estrutura mais formal doque substancial, mais está.tica do Que dl­námica, operativa ou social. Devemos.

Page 149: J SENADO FEDERAL

148 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

aliás, reconhecer que, nas condições his­tóricas mundiais e nacionais que cer­caram o advento da Constituição de1891, o problema brasileiro era tambémpredominantemente político. A Consti­tuição estava, pois, plenamente de acor­do com a sua época. Mas as épocas mu­dam. Por Isto a prática da Constituiçãode 1891 foi, aos poucos, lhe desvendandoos pontos vulneráveis. A princípio êstespontos foram todos de ordem política, ediziam respeito a situações formais, co­mo o estado de sítio, a intervenção nosEstados, a temporariedade dos manda­tos eletivos não federais. Porém, sob apressão de acontecimentos históricosque abalaram o mundo, sobretudo a par­tir da primeira grande guerra, outrosproblemas, êstes de ordem econômico­social, foram se erguendo para os exege­tas da Constltuiçào. Daí os têrmos dareforma de 1926 que, ao lado de altera­ções de cunho político. como a que sereferia à intervenção nos Estados (art.6,°), introduziu outras que procuravamdisciplinar situaçôes de caráter econô­mico ou social, como a Que modificouo regime de propriedade das mlnas (art,72, § 171, a que previu uma legislaçãoespecial para o trabalho. (art. 34, núme­ro 28 \. ou a que deu ao govêrno autori­dade para intervir no livre jôgo das fôr­ças econômicas (art. 34, n.o 5). Bastaconsiderarmos estas duas emendas pre­paratórias da legislação trabalhista e daeconomia dirigida. para se ver como amutação dos tempos tinha tornado im~

pcriosa a evolução do nosso EstatutoBásico de maneira que assombraria aopensamento liberal e à c.rtodoxia contis­ta dos homens de 1891

Estas alterações nio impediram que aCarta de 18n COllservaSse seus linea­mentos gerais marcadamente políticos.A revolução de 1930, cujos Jundamentoseconórnicos e SOClalS ainda nao forambem estudados, é que velo fixar, naConstituição que engendrou. a multipli­Cidade dos novos interesses nacionals,quc exigiam expressão c dcfesn. df'ntro

da organização do Estado. Ê por istoQue a Constituição de 1934, seguindomais ou menos a ordem adotada pelasua antecessora na disposição dos assun­tos relativos à organização política,acrescenta ao texto vários títulos novos,de que aquela não cogitou, referentesaos grandes problemas humanos em quea ação do Estado moderno se faz sentircom intensidade cada vez maior.

A Constituição de 1946 é feita no mo­dêlo da de 1934, com algumas coisasmelhores e outras piores. Entre as me­lhores salienta-se a supressão do PoderLegislativo classista, experiência fascis­tizante bem característica da confusamentalidade política da época que ficouentre as duas guerras mundiais. Entreas coisas piores pode ser citada a supres­são da delegação de podêres, tal comose encontra redigida. conseqüência tal­vez de um demasiado escrúpulo na de­fesa do Legislativo. De Qualquer forma,tomada em conjunto, a Carta Vigente édesenvolvimento histórico da Que foi vo­tada em seguida á Revolução de 1930,podendo-se mesmo considerá-la como aexpressão apurada das tendências poli­tico-sociais daquele movimento. as Quaispodem ser resumidas na expressão "li­beralismo do século XX". Isto é, libera­lismo que visa não somente à liberdadepolítica, mas também à libertação eco­nômica e social das grandes massas.

A Constituição de 1946 e as leis

complementares

Sem o intuito de estudar pormenoriza­damente o assunto. e apenas para for­necer ao Plenario uma idéía mais con­creta dos motivos Que favorecem a cria­ção de uma Comissão Especial de LeisComplementares da Constituição, indi­carei a seguir alguns aspectos mais rek­vantes do problema, tal como se aprf'­senta na Constituição de 1946.

O Titulo I, destinado à Organizaç:loFederal, embora com os seus 123 artigoscontenha mais da metade da Constitui-

Page 150: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 149

ção, é o que menos solicita a colabora­ção da lei ordinária. Fato que se explicapela clrcunstllncia de ser o Título I emgrande parte destinado a estabelecer oaparelho polltIco do Estado, e, como vi­mos, serem as disposições de naturezapolltIca geralmente auto-aplicáveis. En­tretanto, na parte não estritamente po­lítica dêste Titulo, parte Inexistente naConstituição de 1891, exige a Carta de1946 complementos importantes. Assimocorre, por exemplo, quanto à re!onnaindispensável da legislação eleitoral e daorganização dos partidos políticos.

O Titulo lI, referente à Justiça dosEstados, nâo impõe deveres ao Legislati­vo federal, mas aos estaduais. O TítuloUI trata do Mlnlstérlo Público, e nãooferece exigência marcante para o nos­so tema. Já o TItulo IV que correspondeà Declaração de Direitos, reclama umasérie de leis Importantes ao legisladorordinário, seja Inteiramente novas, sejavIsando a alterar as existentes. Entre elasa de naturalização, a de Imprensa, a dedireitos autorais, a de adaptação ao tnelonacional de profissionais diplomados noestrangeiro.

Muito importante para o nosso casoé, sem dúvida, o Titulo V, que dispõesôbre a ordem econômica e social.

O problema da coexistência da demo­cracia política com as nonnas que aten­dam à melhor dlstribulÇâo das oportuni­dades econômicas e com a elevação so­cial dos trabalhadores se encontra nabase de tôdas as tentativas refonnistasdo Direito ConstitucIonal. O resultadoconcreto dessas tentatlvas pode ser tra­duzido nesta observação: as Constitui­ções mOdernas não procuram somentecontrolar as condições econômicas e so­clals da vida coletiva, mas o fazemcriando no seu texto e fora dêle órgâosespeciais de controle econômico e so­elal, que exerçam, no campo de açãorespectivo, funç:io semelhante à conferi­da aos órgãos politicos para o exercí·elo das atrIbuições políticas.

O século dezenove foi caracterlzadopela conquista constitucional dos direi­tos lndtvlduais de natureza polltlca, for­mulados com largueza e eloqüência nelospensadores do século dezoito. O séculovinte se vem caracterizando pela con­quista constitucional dos direitos sociais,também de ordem politlca, fonnuladoscom igual amplitude e vibração pelospensadores do século dezenove. Cadaépoca moderna vai realizando, assim, nodireIto positivo, as fonnulaçóes teóricasda época precedente. Creio que foi Re­nan quem disse: lentamente, mas inces­santemente, a Humanidade executa osonho dos sábios.

Pode-se considerar a Constituição ale­mã de 1919 como sendo a pioneira donóvo constitucIonalismo detnocrátlco doséculo vinte, visto que a Constituição so­viética de 1918 já Impunha a confessadaditadura de classe, que até hoje afastaaquela nação da prática da demooraclapolitlca, tal como a entende a d<Jutrlnaocidental. Foi a Constituição de Welmarque inaugurou os Conselhos Econômicos(art. 165) destinados a Impulsionar asfôrças da produção e a primeira que re­conheceu expressamente a evolução doconceIto de propriedade do estágIo sub­jetivo - o dominium tradicional -, pa­ra a noçíio de função social que não po­de ser exercida em prejuízo dos interês­ses coletivos.

tstes e outros grandes principlos dodireito moderno, passaram da COnstitui­ção alemã para a admirável Constituiçãoespanhola de 1931, brutalmente suprimi­da pela ditadura fascista de Franco, epara várias outras Leis BásIcas moder­nas, Inclusive a francêsa e a brastlelrade 1946.

Referindo-se â. aplicação do Titulo Vda Constituição vigente, escreve o pro­fessor Cesartno Júnior no trabalho "ODlrelto Social na Nova Constituição'"

"A tarefa dos LegIsladores ordIná­rios se reveste, no momento, de im­portância quase tão grande como a

Page 151: J SENADO FEDERAL

150 REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA-----------=-----------~--_.-------

dos constituintes. Oxalá saibam êlesestar à altura dessa responsabilida­de, colocando acima dos interêssespolíticos do momento as mais ele­vadas preocupações com a manu­tenção da paz social."

Vejamos algumas leís importantes tor­nadas necessárias pelo Título V, dasquais o Poder Legislativo deve se ocupardesde logo.

O art. 148 exige uma lei que reprima oabuso do poder econômico. Quem conhe­ce a influência das leis anti-trust nosEstados Unidos, pode bem aquilatar oalcance desta medida. O art. 155 reco­menda a fixação do homem desajustadono campo. É outro gravíssimo problemanacional, acentuado nestas épocas de in­flação e concentração urbana. O art. 157conta com numerosas inovações.

No n.o I cria o salário mínimo familiar,medida da maior justiça mas que pre­cisa de uma lei especial que a execute.Quer adotemos o sistema das caixas decompensações, quer qualquer outro, éindispensavel agirmos logo. para pre­miar a família, protegida pela Constitui­ção. O n.o IV estabelece obrigatória­mente a participação do trabalhador noslucros da emprêsa. Eis aí outro assuntoda maior relevância que necessita ime­diato estudo e solução. O nO XII inovaa estabilidade do trabalhador rural, es­tendendo a éste grande pária da civill­zação brasileira, uma das garantias jáconferidas ao seu irm:ío das cidades.

Os arts. 158 e 159 tratam dos delica­dos assuntos da regularização legal dodireito de greve e da autonomia sindi­caL Ambos ticaram a critério da lei or­dinárias, e tão importantes são que nin­guém poderá negar a urgência da suasolução.

Pa:a completarmos esta enumeraçãoque já vai longe, apesar de não contersenão o essencial e talvez nem todo éle,podemos aludir ainda a futura lei queregule a instrução dos empregados

custeada pelas emprêsas, prevista noTítulo VI, da Educação e Cultura e aque instituirá o Conselho Nacional deEconomia, órgão fundamental de plane·jamento econômico previsto no TítuloIX, das Disposições Gerais.

A Comissão Especial de LeisComplementares

Eis, em poucas palavras, algumas dasrazões determinantes da iniciativa quesubmeto à aprovação dos meus nobrescolegas.

A Comissão Especial, no meu enten-.der, não deve nem pode centralizar comexclusividade o trabalho da legislaçãocomplementar da Constituição. Sua exis­tência em nada interfere com a inicia­tiva, seja individual dos senhores Depu­tados, seja das Comissões permanentesou especiais<

O que a vai caracterizar é apenas aobrigação de trabalhar com afinco numsetor que até agora está como os demais.deixado livre à iniciativa parlamentar.

O Sr. Aliomar Baleeiro - Todos podeme ela deve.

O Sr. Afonso Arinos - Evidentemente.l!:ste o propósito. Vossa Excelência aca­ba de, em feliz aparte, sintetizar meupensamento.

E o que me parece Incontestável é quea Câmara deve criar um órgão com ju­risdição obrigatória neste terreno, quenão pode ser deixado ao acaso das ini­ciativas esparsas. Que me seja permitidoinsistir no dever que nos cabe, lembran­do mais duas opiniões de Cooley e RuiBarbosa. Algumas vêzes ..- observa Coo­ley -, a Constituição requer expressa­mente do Legislativo que adote leis sô­bre determinados assuntos. e é óbvio quetal requerimento tem apenas uma fôr­ça moral, mas o Legislativo deve obede­cer-lhe". E Rui concorda: "As Consti­tuições não têm o caráter analítico dascodificações legislativas ... Ao legislador

Page 152: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 151

cumpre, ordtnàriamente, revestir-lhe aossatura del1neada ... e lhes dar capaci­dade de ação".

t minha sincera convicção, senhoresDeputados, que ao terminardes o grandetrabalho que vos é requerido pela Cons­tituição, tereis bem merecido da Pátria eprestigiado. aos olhos de tôda a Nação,a democracia republlcana. (Muito bem!Muito bem! Palmas.)

"Documentos Parlamentares - XCVIII"Leis Complementares da Constituição,

I, pág. 175 e seguintes.

• • •Em 13 de maio de 1947 o Sr. João VH­

lasboas e 12 outros senhores Senadoresapresentaram o Requerimento n.o 40, de1947, de seguinte teor:

Senhor Presidente

"A Constituição Federal, para ser exe­cutada em tóda a sua plenitude, depen­de da legislação complementar regula­mentadora de vários de seus dispositi­vos. E o Congresso Nacional está no de­ver de votar aquelas Leis, no mais breveprazo possivel, a fim de que se norma­lize a vida jurídica do Pais, dentro dosprincípios basilares do regime Inaugu­rado 11. 18 de setembro de 1946.

A legislação votada pelo Congresso Na­cional, de 1934 a 1937, teve por base 11.

Constituição de 1934, da qual multo seafasta a que neste momento rege osdestinos do Brasil. Os decretos-leis, bai­xados de 10 de novembro de 1937 atésetembro do ano passado, enquadram-seem um regime diametralmente oposto aoinaugurado com esta terceira Repúbllca.

Na ausência da legislação especlticaordenada pela nossa Constituição, oExecutivo e até mesmo .0 JudJclárlo vêmprocurando adaptar aquelas leis do pas­sado à. vida presente, dando, assim,oportunidade a dúvidas e a Incertezassóbre a legitimidade de um tal procedi­mento, divergindo as opiniões dos ju­ristas na conclusão de se acharem ou

não revogados tais diplomas. E é sôbreo Congresso Nacional que se passará aresponsablUdade do prolongamento dés­se estado de colsas, que produz, In­d18cutivelmente, inquietação e intran­qüllldade no espírito público, se desdelogo não tomar a si a tarefa de elaboraraquelas leis, cuja feitura decorre, Im­perativamente, da Constituição.

O Ilustre Deputado Afonso Arinos, emrequerimento, ontem aprovado pela Câ.­mara Federal, propõs a nomeação deuma Comissão Especial, composta de 21deputados, para elaborar os projetos da­quelas leis. tsses projetos, porém, terãoseu andamento nonnll.l em ambas asCasas do Congresso Nacional. Há, por­tanto, conveniência IndecUnável, em queda sua elaboração participe o SenadoFederal.

O nosso Regimento Interno, no artigo63, autoriza, para casos como êsse, acriação de Comissões mistas de Senado­res e Deputados. Idêntica faculdade seencontra no artigo 30 do Regimento In­terno da Câmara dos Deputados. Eis,porque, requeremos que seja ouvido oSenado:

1.°) seja constltuida uma Comissãomista, de 37 membros. sendo 16 Senado­res e 21 Deputados, para elaborar os pro·jetos das leis complementares da Cons­tituição;

2.°) Seja autorizada a Mesa do Sena­do a convidar a Câmara dos Deputadosa participar daquela Comissão e a Indi­car 21 Deputados para a sua composi­ção."

O Requerimento foi aprovado em ses­são de 14 do mesmo més. Foram desig­nados para participar da Comissão osseguintes Senadores:

Aloysio de Cárvalho, Arthur Santos.Alfredo Nasser, Ferreira de Souza Atl1loVivaqua, Alexandre Marcondes Filho,Euclydes Vieira. Vitorlno Freire, Walde­mar Pedrosa, Pinto Aleixo, Filinto Mül­ler, Roberto Slmonsen, Augusto Meira,

Page 153: J SENADO FEDERAL

152 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Santos Novaes, Flávio Guimarães e Apo­lônio Sales.

Na Câmara foram nomeados para in­tegrar a comissão:

Acurclo Torres, Agamenon Magalhães,Benedito Valladares, Bastos Tavares,Gustavo Capanema, Lameira Bitten­court, Leite Neto, Souza Costa, Vieira deMello, Alde SampaIo, Alencar Araripe,Afonso Arinos, Argemiro de Figueiredo,Luiz Vianna, Plinio Barreto, Bertho Con­dê, Gurgel do Amaral, Hermes Lima,Deodoro de Mendonça, Raul Pilla e Car­los Campos.

Na primeira reuniâo da Comissão, em10 de setembro de 1947, foram e~eitos

por aclamação os Senhores Cirilo Jr. eFerreira de Souza para ocuparem, res­pectivamente. os cargos de Presidente eVice-Presidente do novo órgão parla­mentar.

Por proposta do Sr. Presidente foi, na­quela data, constituída uma subcomis­são destinada a elaborar o plano dostrabalhos integrada pelos SenadoresWaldemar Pedrosa e Atílio Vivaqua eDeputados Joao Mangabeira, Afonso Ari­nos e Gustavo Capanema.

Na qualidade de Relator desta subco­missão. o Sr. Joio Mangabeira apresen­tou em 22 de setembro do mesmo anoo seguinte Parecer:

"Antes de tudo deve a Comissão fixaros limites de sua competência, definindoo que são "leis complementares da Cons­tituição."

Nas Constituições de 1891 e de 1934atribuía-se expressamente ao Poder Le­gislativo "decretar leis orgânicas para acompleta execuçao da Constituição". Adisposição era evidentemente supérflua,pois ainda quando assim não se houves~

se declarado, óbvio que tal faculdade im­plicitamente se continha no poder geralde legislar.

É que "as constituições - diz Rui emAção Cível Originária -, "nao têm o ca-

ráter analítico das codificações leglsla­Uvas. São, como se sabe, largas sínteses,sumas de princípios gerais, onde, por viade regra, só se encontra o substractumde cada instituição nas suas normas do­minantes, a estrutura de cada uma re­duzida, as mais das vêzes, a uma carac­teristica, a uma Indicação, a um traço.Ao legislador cumpre, ordinàriamente,revestir-lhes a ossatura delineada, im­por-lhes o organismo adequado, ou dar­lhes capacidade de ação".

E os comentadores da constituição de91, inclusive Rui, aceitaram como defi­nição de lei orgânica a dada por Domin­gos Vieira, em seu "Dicionário", nestestêrmos: Leis Orgânicas são as que têmpor objeto regular o modo e a ação dasinstituições ou estabelecimentos, cujoprincípio foi consagrado por uma leiprecedente.

Duguit, porém, define com precisioabsoluta: "Leis orgânicas são tôdas asleis Que criam os órgãos de Estado e quelhes fixam a estrutura". E continua: "Es­ta categoria compreende não somente asleis constitucionais rigidas, mas tambémas de organização política, administra­tiva e judiciária", E pouco depois: "A leiorgânica é uma lei material, embora nãocontenha verdadeiramente um coman­do; ela é imperativa porque tem por fimorganizar o Estado de Direito, isto é, darao Estado a organização que pareça de­ver garantir, nas melhores condiçõespossíveis, o cumprimento pelo Estadodas obrigações Que lhe impõe a regra dedireito".

Eis aí a definição e o conceito de leiorgânica formulados por um dos maioresconstltuclonalistas de todos os tempos.

Assim, dentro do nosso regime consti­tucional, lei orgânica será, por exemplo,a que, nos têrmos do § 2° do art. 99 daConstituição, estabelecer o modo por quese procederá à eleição do Presidente eVice-Presidente, quando ambos os car­gos vagarem, na segunda metade do pe­ríodo presidencial; ou a que, em obe-

Page 154: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 153

diênc1a ao art. 125, "organizar o Minis­tério Público da Uniio", ou - "regulara. organização, a competência e o fun­cionamento do Conselho de SegurançaNacional", como determina o I 2.0 doart. 179, ou cllspuser sôbre a superinten­dência em "todo o território nacional dosserviÇOS de policia marítima aérea e defronteiras", ou "sôbre a organização doCOnselho Nacional de Economia". Estase outras são caracterizadamente leis or­gânlcas, porque respeitam a órgãos ouserviços do Estado, que a Constituiçãocriou e deixou ao legtslador dar-lhes aestrutura ou lhes regular o funciona­mento.

Mas a órbita da nossa competência éma1s ampla - a das leis complementa­res, em cuja extensão as orgânicas seIncluem.

Todavia, se as leis são apenas comple­mentares, nelas não deve, em regra, ca­ber a matéria de leg1slação geral, nostêrmos que a própria constituição esta­beleceu. Se assim não fõsse, teríamossubmetido à alçada desta comissão t0­do o campo legislativo, e eliminado poresta usurpação o trabalho e a compe­tência de quase t6das as comissões par­lamentares.

As51m, temos de conalderar como ex­tranha à nossa competência, quase tôdaa matéria de Jegtslação geral, precisa­mente d1stribulda e expressamente enu­merada no artigo 65, em cujo f1nal seInclui o enunciado em o n.O XV do art.5.° Evidente que, por exemplo, a refor­ma do Código C1vll ou do Penal não éobjeto de lei complementar.

Assim, a nosso ver, Jel complementaré a que compõe, completa, afeiçoa ouremata a lei especial, que a. Cónstltuiçãodetermina seja feita ou a que se reterepartlculannente em artigo especifico doseu texto.

Assim, por exeIUplo, o art. 156 pres­creve: "A lei facllJtará a fixação do ho­mem no campo, estabelecendo os planos

de colonIzação e o aproveitamento dasterras públicas. Para êsse tim serão pre­feridos os nacionais e dentre êles os ha­bitantes das zonas empobrecidas e osdesempregados". E o artigo desdobra-seem três parágrafos. 1: preciso, portanto,compor, completar a lei especial, cujaslntese a COnstituição nos oferece e cujoesbõço nos delinea. t a reforma agrária.Não se trata de uma lei orgânica, por­que não se refere a órgãos ou serviços doEstado. 1: tipicamente o caso de uma leicomplementar.

Dado assim o conceito, formulada adefinlção e exempllficado um caso de leicomplementar, estamos aptos a fazer oesquema que a esta subcomissão se de­terminou apresentar.

São estas, segundo o nosso parecer, asleis complementares à Constituição:

1.&) a de superintendência em todoo território nacional do servi­ço de policia marítima aérea ede fronteiras;

2.&) a de dlretrl~ e bases da edu­cação nacional;

3.&) a do regime dos portos e danavegação de cabotagem;

f.&) a reguladora da distribuiçãodas arrecadações referidas no§ 4.° do n.o VI do art. 15 daConstituição e no art. 13 dasDIsposições Transitórias;

5.&) a de organização administrati­va e Judiciária do Distrito Fe­deral e dos Territórlos;

6.&) a de organização do Tribunalde COntas;

7.&) a de eleição, pelo COngresso, doPresidente e Vice-Presidenteda RepúbUca, quando ambos oscargos. vagarem na segundametade do período presiden­cial;

8.&) a de definição dos crlme-<> deresponsabiUdade do Presldenteda RepúbUca, bem como do seup~esso e Julgamento por ês-

Page 155: J SENADO FEDERAL

154 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA.~---------~------_.. ---_.._--- -_.-

ses crimes, assim como o dosministros nos delitos conexose dos ministros do SupremoTribunal Federal no caso doart. 100;

9.") a da Justiça do Trabalho;

10.a ) a de organiza.ção do MinistérioPúblico da União;

11.") a de suspensão e perda dos di­reitos políticos e requisiçãodêstes e da nacionalidade;

12.") a orgânica dos partidos;

13.") a de imprensa;

H.") a de direitos autorais;

15.a) a de organização do júri;

16.") a de assistência judiciária aosnecessitados;

17.a ) a reguladora do seqüestro eperdimento de bens no caso deenriquecimento ilícito, por in­fluência ou com abuso de car­go ou função pública ou deemprêgo em entidade autár­quica;

18.a ) a repressora do abuso do podereconômico:

19.") a relativa a regime dos bancosde depósitos, emprêsas de se­guros, de capitalizaçào e finsanálogos;

20.") a criadora de estabelecimentode crédito especializado de am­paro à lavoura e à pecuária;

21.a } a reguladora do regime dasemprêsas concessionárias dosserviços públicos;

22.a ) a de minas e riquezas do sub­solo; águas e energia;

23.a) a agrária;

24.") a do trabalho e da previdênciasocial;

25.") a reguladora da greve;

26.a ) a reguladora dos sindicatos eassociações profissionais;

27.a ) a reguladora do exercício dasprofissões liberais e da reval1~

dação do diploma expedido porestabelecimento estrangeiro deensino;

28.a J a de imigração;

29.;1.) a de assistência à maternida­de, à infància, à adolescência ede amparo às famílias nume­rosas;

30,a) a que define e pune a usura;

31,A) a de organização, competênciae funcionamento do Conselhode Segurança Nacional;

32.a ) a do Estatuto do FuncionariaPúbllco;

33. a) a de orga.niza.çã.o do ConselhoNacional de Economia.

Das leis complementares, constantesdêste esquema, muitas já se encontramformuladas em projetos estudadOS porcomissões parlamentares, ou sob seu es­tudo. Não podemos portanto delas co­nhecer, a menos que as comissões emque tais projetos se encontram, ou qual­quer das Casas do Congresso, no-Jos re­metam, por serem êles de nossa compe­tência.

Por outro lado, não podemo,s recu,sar oconhecimento do projeto que, emboranão conste do esquema acima traçado,nos seja enviado, por deliberação dequalquer dos ramos do Congresso. É quesomos um órgão a êle subalterno c àssuas determinações só nos cumpre obe­decer. É o que acontece com a chamadaLei de Segurança, cujo projeto. de inl­dativa do Governo, nos foi enviado, pordeliberação parlamentar. Em boa técni­ca, tal lei deverá constituir um capítulodo Código Penal. Seja porém como fôr,o Estado não pode ficar indefeso, emface de agressões cometidas contra ele,seus podêres ou seus agentes. Temos, apartir de 1934, várlas leis de segurança.,tódas elas mais ou menos nazifascistas,porque promulgadas na enchente ou napreia-mar do fascismo. Todas elas, pelabrutalidade de suas penas e de seus pro­cessos, antagõnicas à democracia e à

Page 156: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1968 155

nossa cultura Juridlca. Cumpre, pois, aoPaIs repudiá-las, substituindo-as poruma lei de defe3a do Estado, adequadaà nossa Constituição e às nossas tradi­ções de povo llvre. A própria denomina­ção de lêl de segurança, tão odiada e detão triste fama em nosso melo, deve ser~ubstituida pela de Lei de Defesa do Es­tado, caso não vingue o alvitre de apen­sá-lo ao CódIgo Penal, como um dos seuscapltulos. O certo porém, é que o Esta­do nio pode ficar Indefeso, nem a ll­berdade individual desamparada, nemafrontada a cultura Jurldlca do Brasil.A lei, portanto, tem caráter urgente e acomJssão deve empenhar-se em fazê-laquanto antes.

Na formação das leis complementares,deve-se atender às mais urgentes. En­tre estas podem ser enquadradas desdelogo: a de defesa do Estado; a dos cri­mes de responsab1I1dade do Presidenteda República e do seu processo e Julga­mento; a de eleição do Presidente e Vi­ce-Presidente, pelo Congresso; a regula­dora da distribuição das arrecadaçõesreferidas no I 2.° do n.O VI do art. 15da Constituição; a reguladora dos sindi­catos e 8S3OClaçõcs proflssjonais; a agrá­ria; a repressora do abuso econõmico; areguladora do regime das emprésas con­cessionárias de serviços públicos; a deorganização do Conselho Nacional deEconomia.

A Comissão deve pôr todo o seu empe­nho em formular dentro do menor pra­ZO posslvel tais projetos. Todos éles sãourgentes e quase todos de grande com­plexidade. A reforma agrárla por exem­plo. num pais semifeudal, de latifún­dios, aforamentos e laudémlos, de traba­lhadores rurais desprotegidos, analfabe­tos, miseriveis, é o problema máximoque a democracia brasileira tem de en­frentar e resolver. O abuso do poder eco­nômico, que em tóda parte se procurarest.rtngtr, nio pode, entre nós; conti­nuar com os seus desmandos. A lei queestabelece o regime das companhias mo-

nopollzadoras de serviços públicos deveter sempre em vista que "power over thepubllc Is public power", isto é, poder 00­bre o púbUco é poder públlco. Por 1ssomesmo, a fLscallzação do Estado, a suaintervenção, em casos tais, deve serenérgica e vigilante, contra as manlpu"lações habituais dêsses potentados, queorganizam verdadeiros governos priva­dos dentro de uma Nação.

Parece-nos que a Comissão deve Ini­ciar os seus trabalhos devotando-se àelaboração de tais projetos. E, somentedepois dJsso, lormular os que na ordemda necessidade lhes devam suceder."

• • •Na vigência da Constituição de 1946

muitos juristas defendiam o ponto devista de que não exisUam leis comple­mentares e que tal rótulo não poderiaser pôsto em quaiquer norma entre asmencionadas anteriormente, porquanto,tratavam-se elas de meras leis ordiná­rias. O único verdadeiro complementoà Constituição, segundo éles, seria a leiorgânica do DIstrito Federal, que nãodJspõe de órgão legislativo próprio paraelaborar a sua organização.

Era opinião dominante que, ao falarem regulamentação por lei, a CartaMagna referia-se a norma pré-existenteou em vias de reforma.

Para tais juristas, o legislador caiunum vicio de linguagem ao utilizar noart. 22 da Emenda Constitucional n.O 4a expressão complementar ("Poder-se-ácomplementar a organização do sistemaparlamentar de govêmo ora InsUtuido,mediante lei votada nas duas Casas doCongresso Nadonal, pela maioria abso­luta dos seus membros"), como Impro­priamente têm sido consideradas leiscomplementares, algumas normas ordi­nárlas existentes ao tempo da Carta de1946.

Todos os dispositivos constitucionais aque se pretende complementar atravésde leis ordinárias, não necessitam, na

Page 157: J SENADO FEDERAL

156 REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA

visão dos juristas de então, de qualquercomplementação especial.

• • •No Projeto da Nova Constituição inú­

meros dispositivos referiam-se expressa­mente à legislação complementar.

Assim está expresso no art. 3.° do Pro-jeto:

"A criação de novos Estados e Terri­tórios, assim corno a alteração dasrespectivas áreas, somente poderáser feita por lei complementar."

Embora o artigo tenha sido objeto deemendas, não foi, entretanto, por elasatingido no tocante à legislação comple­mentar. Manteve o art. 3.0 a exigênciado projeto conforme se lê na Carta de1967:

"Art. 3.° - A criação de novos Es­tados e Territórios dependerá de leicomplementar."

O Item V do artigo 8.° do Projeto, aoestabelecer a competência da União pa­ra "permitir que fôrças estrangeirastransitem pelo território nacional ou nê­le permaneçam transitoriamente", nãomencionava, como faz a Constituiçãoexpressamente, a utilização de lei com­plementar.

Foram as emendas de números 787, deautoria do Senador Manoel VUlaça, e.especialmente, 843, de autoria do Sena­dor Wilson Gonçalves que IntroduzIramno texto constItucIonal as expressões"Lei complementar".

Reza a Emenda n.O 787:

"Art. 8.0- Inciso V

Acrescente-se in fine:

"na conformidade das hipótesesreguladas na lei complementar."

Estabelece a Emenda n.o 843 ao tratardo inciso V do art. 8°:

"permItir que fôrças estrangeIrastransitem pelo territórIo nacIonal ounêle permaneçam temporàriamente

nos casos previstos em lei comple­mentar."

Foi esta. aliás, a redação mais próxi­ma da consagrada na Carta Magna:

"Art. 8.° - Compete à União:1- .

• •••.••. ,., •.•.•..••. " •.•••• ·1

V - permitir, nos casos previstosem lei complementar. que for­ças estrangeiras transltem pe­lo território nacional ou nêlepermaneçam temporàriamen­te."

Estabelecia o § 2.0 do art. 14 do Pro-jeto:

"Lei Federal estabelecerá os requi­sitos mínimos de população e rendapública e a fórmula de consultaprévia às populações locais, para acriação de novos Municípios."

Esclarecendo que "o objetivo da nor­ma é evitar a reprodução de excessos eabusos na criação de Municípios", o Se­nador Josaphat Marinho, ficou o art. 14

"Como se trata, porém, de restriçãoa faculdades próprias de podêresconstitucionais do Estado-Membro,é de tôda conveniência que a leí pre­vista seja de caráter complementar,nos têrmos do art. 52."

É esta a j ustlficação do parlamentarbaiano para a emenda de sua autoria,que recebeu o número 454 e que deter­mina:

"Ao art. lf, ~ 2,0

Onde se diz:"lei federal".

diga-se:

"lei complementar"."

Aprovada a emenda de autoria do Se­nador Josaphat Marinho, ficou o art. 14da Constituição assim redigido:

"Lei complementar estabelecerá osrequisitos mínimos de população erenda pública e a forma de consultaprévIa às populações locais, para acrIação de novos Municipios."

Page 158: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1968 '57

Determinava o § 2.° do art. 15 do Pro­Jeto:

"Os vereadores não perceberão re­muneração"

Recomenda a Emenda n.o 83, de auto-ria do Sr. Britto Velho:

"I - Redija-se, assim, o § 2.° doartigo 15:

"§ 2.° - Os vereadores não perce­berão remuneração, salvo os das Ca­pitais e dos Munlcipios de rendaigualou superior a um trigésimo dareceita orçamentá.ria do Municipl0da Capital do respectivo Estado. Aremuneração n':!stes casos, não ex­cederá a 50% da percebida pelosDeputados do Estado, e o total gastocom os vereadores não poderá pas­sar de um por cento da renda doMunicípio."

A Emenda n.o 804-D do DeputadoAdolpho Oliveira ainda era mais deta­lhada:

"Ao art. 15, § 2.°

Redija-se assim:u§ 2.0 _ Os vereadores não perce­berão remuneração, salvo ajuda. decusto a ser paga exclusivamente nosmeses de funcionamento ordinárioda Camara MunicIpal, segundo dis­puser a COnstituição do Estado, nun­ca ultrapassando a seguInte propor­ção:a) Munlciplos de menos de vinte mil

habItantes: cinqüenta por centodo salário minlmo vIgente na re­gião;

b) Munlciplos de mais de vinte mile menos de cinqüenta núl habi­tantes: um salário-minlmo vi­gente na região;

c) Mun1cíplos de mais de cinqüentae menos de cem mil habitantes:dois salários-minlmos vigentes naregião;

d) Municlplos de maJs de cem mHe menos de quinhentos mil habl-

tantes: três salé.rios-minlmos vi­gentes na região;

e) MunIciplos de maIs de quinhen­tos mil habitantes e Capitais dosEstados: Quatro salários-mínimosvigentes na região:'

Mais objetiva foi a Emenda n.o 354/3,de autoria do Sr. Oswaldo Lima Filho,que preferiu delegar à lei complementara dIscIpUna da remuneração dos verea­dores. Aproximou-se dos têrmos em quefoi aprovado o dispositivo da Carta Mag­na. Trata-se do § 2.° do art. 16, Que re­za:

"somente terão remuneração os ve­readores das capitais e dos Municí­pios de população superior a cemmil habItantes, dentro dos limites ecritérios fixados em lel complemen­tar."

A Emenda n.o 354/3 foi uma entre ou­tras que aconselharam a regulamenta­ção da matéria por parte de legislaçãocomplementar. Foi o mesmo pensamen­to que motivou os Srs. Nelson Car~

neIro (Emenda n.o 130/6), Oscar Passos(Emenda n.O 479/10), e Ruy Santos, quemulto embora não se tenha referido ex­pressamente à leI complementar, em suaEmenda de n.O 521/12 aconselhou demodo genérico que "a le. estabelecerá aremuneração dos vereadores, Que, nasCapitais, não poderá ultrapassar a me­tade dos subsidios dos deputados esta­duais ... "

Ao tratar do s1.stema tributário, o Pro­jeto da Nova Constituição voltou a falarem lei complementar.

Diz o art. 17 da proposta Constitucio­nal:

"O sistema tributário nacional com­põe-se de Impostos, taxas e contri­buições de melhoria, e é regido pelodisposto neste Capitulo, em leis com­plementares, em resoluçõcs do Se­nado Federal e, nos limites das res­pectivas competências, em leis fe­derais, estaduais e municIpaIs."

Page 159: J SENADO FEDERAL

_1 !B R!~I.~TA DE I~FORMAÇÃ.O LEGISLAT!'IA

A redação foi mantida no art. 18 daConstituição de 1967.

"Lei c:omplementar -- dizia o § 1.0 doart. 18 do Projeto -- estabelecerá nor­mas gerais de direito tributário, resol­verá os conflitos de competência tribu­tária entre a União, os Estados, o Dis­trito Federal e os Municípios, e regula­rá as limitações constitucionais do po­der tributário."

Foi a redação quase que totalmentemantida no § 1." do art. 19 do textoaprovado.

O mesmo ocorreu com a redação dos§§ 3.° e 4.0 do mesmo artigo.

Rezam êles:

"A lei (subentende-se a lei comple­mentar) fixara os limites e a formada cobrança de contribuição de me­lhoria a ser exigida de cada imóvel.e o total da sua arrecadação não po­derá exceder o custo da obra públi­ca que lhe der causa.

"Somente a União, nos casos excep­cionais definidos em lei complemen­tar, podera instituir empréstimocompulsório."

No § 2.0 do art. 19 do Projeto tambémaparece a lei complementar A Consti­tUição manteve a expressão no disposi­ti vo correspondente:

"Art. 20 -

i=i 2." - A União. mediante lei com­plementar, atendendo a relevanteinteresse social ou econômico nacio­nal. poderá conceder isenções de im­postos federais, estaduaIs e munici­pais."

O ~ 4." do ari 23 da proposiçào do Go­verno Castello Branco nio se referia alei complementar. Dizia ele:

"a aliquota do impósto a que sc rc­fcre o nO II será uniforme para tô­das as mercadorias e nào excederá.nas operações que as destinem a ou­tro Estado e ao exterior, os limitesfixados em resolução do Senado, nostt'rmos do disposto em leI."

Foi através da Emenda nO 2S3. de au­toria do Deputado Ernani Sátiro, quesurgiu a palavra complementar, que selê ao final do dispositivo que veio a sero § 4.° do artigo 24 da Constituição.

Veio do Projeto do Executivo (art. 24,item lI) a redaçào repetida na Consti­tuição (art. 25, item lI):

"Compete aos Municípios decretarimpostos sôbre:

1- ..

11 - serviços de qualquer naturezanão compreendidos na compe­tência tributária da União oudos Estados, definidos em leicomplementar. "

Também o paragrafo único do artigo63 da Constituição, que se relere à obe­diência das despesas de capital aos or­çamentos plurianuais, lala em lei com­plementar, sendo a sua redação exata­mente a mesma do parágrafo único doartigo 62:

"As despesas de capital obedecerãoainda a orçamentos plurianuais deinvestimento, na forma prevista emlei complementar."

O § 3.° do art. 64 do Projeto da Cons-tituição estabelecia:

"Ressalvados os impostos únicos e asdisposições desta Constituição, ne­nhum tributo terá a sua arrecada­ção vinculada a determinado órgão.lundo ou despesa. A lei poderá, to­davia, instituir tributos cuja arreca­dação constitua receita do orçamen­to de capital. vedada sua aplicaçâono custeio de despesas correntes."

Através de uma emenda do DeputadoPaulo Sarasate, de n.O 363/D foram colo­cadas ao lado das expressões "impàstoúnico" e "as disposições desta Constitui­ção", as palavras "e de leis complemen­tares".

Ao disciplinar a composição e o funcio­namento do colégio eleiwral, o Projetodo Executivo no § 3.° do art. 74, preferiu

Page 160: J SENADO FEDERAL

____________JA_H_EI_R_O_A MARÇO - 1968 159

estabelecer Que os mesmos seriam regu­lados por lei complementar. Não foi al­terada a redação e a materIa assim apa­rece no § 3.° do art. 76:

"A composição e o funcionamento docolégio serão regulados em lei com·plementar."

Estabeleceu o § 2.° do art. 77 do Pro-jeto:

"O Vice-Presidente da República,tendo sómente voto de qualldade,exercerá as funções de Presidente doCongresso Nacional, e outras que lheforem conferidas em lei complemen­tar."

Foi mantida a redação no que diz res­peito a parte llnal do dispositivo no § 2.°do art. 79 da Lei maior.

O § 4.° do art. 114 do Projeto estabe-lecia:

"A lei complementar poderá criaroutros tribunais de Recursos, fixan­do-lhes sede e Jurisdição."

A Constituição, entretanto, foi maisdetalhada:

"Art. 116 - .

~ 1.° - "A lei complementar poderácriar mais dois Tribunais FederaIsde Recursos, um no Estado de Per­nambuco e outro no Estado de SãoPaulo. fixando-lhes a jurisdição emenor número de Ministros, cuja es­colha se fará com o mesmo critériomencionado neste artigo."

O § 1.0 do art. 116 da Proposição esta-belecIa:

"Cada Estado, ou Território, assImcomo o Distrito Federal, constituirãouma seção judielárIa, que terá porsede a capital respectiva."

A Emenda n.o 873/4, de autoria do Sr.Deputado Adaucto Cardoso acrescentouao texto do Projeto o seguinte final:

"A lei complementar poderá criarnovas seções."

Com tal acréscimo foi aprovado o § 1.°do art. 118 da Carta Magna.

Foi a Emenda D.O 848, de autorIa doSenador Eurico Rezende Que InstituiumaIs um caso de uso de lei complemen­tar à Constituição:

"Adite-se ao art. 157 o seguInte pa­rágrafo:

"§ 9.° - A União, mediante lei com­plementar, poderá estabelecer re­giões metropolitanas, consUtuldaspor munlc1pios que, Independente­mente de sua vinculação administra­tiva, Integrem a mesma comunida­de sócio-econômica, visando à reaH­zação de serviços de interêsse co­mum."

Foi essa a redação do § 10 do art. 157da Constituição.

"A lei complementar poderá estabc­mencionada no art. 148 do texto cons­tltucional:

"A leI complementar poderá estabe­lecer outros casos de InelegiblUdade vi­sando a preservação

I - do regime democrático;

11 - da probidade administra­tiva;

111 - da normalidade e legimI­dade das eleições contra oabuso do poder econômicoe do exerciclo dos cargosou funções públicas."

Tal redação é a mesma do art. 147 doprojeto.

~, portanto, a seguinte a relação deleIs complementares exigidas pela Cons­tituição:

I - Leis politicas - assunto: trân­sito .e permanência de fôrças estran­geIras em território nacional

Art. 8.° - "Compete à União:

v - permitir, nos casos previstos emlei complementar, que fôrças estrangel-

Page 161: J SENADO FEDERAL

160 REVISTA DE IHFDR~O LiGiSUTlVA

ras transitem pelo território nacional ounêle permaneçam tempOràriamente,"

Art. 47 - É da competência exclusivado Congresso Nacional:

11 - autorizar o Presidente da Repú­blica a declarar guerra e a fazer paz;e a permitir que fôrças estrangeirastransitem pelo território nacional ounêle permaneçam temporàriamente, noscasos previstos em lei complementar

.~rt. 83 - Compete privativamente aoPresidente:

XI - permitir, nos casos previs­tos em lei complementar,que f ô r ç a s estrangeirastransitem pelo territórionacional ou nêle permane­çam temporàriamente.

b) assunto: eleição do Presidente daRepública

Art. 76, !:i 3.°

"A composição e o funcionamento docolégio elei toral serão regulados em leicomplementar."

c) assunto -- funções do Vice-Pre­sidente da RepúbHca:

Art. 79, !:i 2.°

"0 Vice-Presidente exercera as fun­ções de Presidente do Congresso Nacio­naL tendo somente voto de qualidade,além de outras atribuições que lhe foremconferidas em lei complementar."

d) assunto: inelegibilidade

"Art. 148 - A lei complementar po­derá estabelecer novos casos de inele­gibilidade visando à preservação

I - do regime democrático;

11 - da probidade adminis­trativa:

111 - da normalidade e legiti­midade das eleições, con­tra o abuso do poder eco-

nômico e do exercíclo doscargos ou funções públi­cas."

11 - Leis financeiras

a) assunto: sistema tributário

Todo o Capítulo V: "Do Sistema Tri­butário", uma vez que diz o art. 18: "osistema tributário nacional compõe-sede impostos, taxas e contribuições demelhoria e é regido pelo disposto nesteCapitulo (V), em leis complementares,em resoluções do Senado e nos limitesdas respectivas competências em leisfederais, estaduais e municipais.

b) assunto: conflitos de competênciatributária.

Art. 19, § 1.0

"Lei complementar estabelecerá nor­mas gerais de direito tributário,disporá sôbre os conflitos de com­petência tributária entre a União,os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios, e regulará as limitaçõesconstitucionais do ooder tributário."

c) assunto: empréstimo compulsório

Art. 19, § 4.0

"Somente a União, nos casos excep­cionais definidos em lei complemen­tar, poderá instituir empréstimocompulsório."

d) assunto: isenção de impostos

Art. 20, § 2.°

"A União, mediante lei complemen­tar, atendendo a relevante interêssesocial ou econômico nacional, poderáconceder isenções de impostos fe­derais, estaduais e municipais."

e) assunto: circulação de mercadorias

"Art. 24 - Compete aos Estados eao, Distrito Federal decretar impos­tos sôbre:

11 - operações relativas à circula­ção de mercadorias. inclusive lubri-

Page 162: J SENADO FEDERAL

__....:..JÂME~~O~_~Rço.__-_l_9_6I l_'_1

f1cantes e combustlvels liquldos naforma do art. 22, § 6.°, real1zadas porprodutores, industriais e comercian­tes.

§ ~.o - A allquot.a do impôsto a quese refere o n.O II será uniforme paratôdas as mercadorias nas operaçõesinternas e interestaduais, e não ex­cederá, naquelas que se destinem aoutro Estado e ao exterior, os 11mJ­tes fixados em resolução do Benado,nos têrmos do disposto em lei com­plementar."

f) assunto: impostos municipais

Art. 25 - "COmpete aos Municlpiosdecretar impostos sõbre:

I - ServiÇOS de qualquer natu­reza não compreendidos nacompetêpcia. tributária. da.Unllo ou dos Estados, defi­nidos em Lei complemen­tar."

r) assunto: orçamento plurianual

Art. 63, parárnfo único:

"As despesas de capital obedecerãoainda a orçamentos plurianuais deinvestimento, na forma prevista emlei complementar."

r) assunto: arrecadação vinculada.

Ad. 65, tl 3.°

"Ressalvados os Impostos únicos eas disposições desta COnstituição ede leis complementares, nenhum tri­buto terá a sua arrecadação vin­culada a determinado órgão, fundoou despesa.. A lei poderá, todavia,instituir tributos cuja arrecadaçãoconstitua receita do orçamento decapital, vedada sua aplicação nocusteio de despesas correntes.~'

111 - Lei econômica

a) assunto: realização de serviços delnterêsse comum.

Art. 157, § 10

"A União, mediante lei complementar,poderá estabelecer regiões metropolita­nas, constituídas por munIcfpIos Que, In­dependentemente de sua vinculação ad­mlnistratlva, integrem a mesma comu­nIdade sócio-econômIca, visando à rea­l12ação de serviços de interêsae comum."

IV - Leis admlnlstrativas

a) assunto: Criação de Novos Estadose Territórios.

Art. 3.° - "A criação de novos Estadose TerrItórios dependerá de lei comple­mentar."

b) assunto: criação de novos Munl­clplos

Art. 14 - "LeI complementar eatabe­lecerá os requisitos m1nimos de popula­ção, de renda púbUca e a. forma de con­sulta prévia. às populações locais, paraa criação de novos muntclptos."

c) assunto: remuneração de vereado­res

Art. 16, fi 2.°

"Sômente terão remuneraçlo os verea­dores das Ca.pitais e dos MunlcipIos depopulação superior a cem mil habitan­tes, dentro dos llml~ e critérios flxadosem lei complementar."

d) assunto: criação de Tribunais Fe­derais de Recurso

Art. 116, fi 1.° - "A lei complementarpoderá criar mais dota Tribunals Fe­derais de Recursos, um no Estado dePernambuco e outro no Estado de SãoPaulo, fixando-lhes a Jur1ad1çio e n6me­ro de Ministros. cuja escolha se fará como mesmo critério menclonado neste ar­tigo,"

e) assunto: juizes tedera1a

Art. 118 - t 1.°

"Cada Estado ou TerrItório, aastm comoo Distrito Federal, constituirá uma seçãoJudiciária, que terá por sede a respectiva

Page 163: J SENADO FEDERAL

162 REVISTA DE INFORMAÇÃO. LEGISLATIVA o

Capital. Lei complementar poderá criarnovas seções."

x x x

Em 31 de maio de 1967 reclamava "ODiário de Notícias" em editorial intitu­lado Leis Complementares a necessáriaurgência de formulação das normas pe­didas pela Lei Maior. E o fazia nos se­guintes têrmos:

"O deputado por São Paulo, Sr. Mar­cos Kertzmann. requerendo à Mesada Câmara a constituição de umacomissão especial para elaborar,dentro de noventa dias, as leis com­plementares necessárias, arrolou osdezoito casos em que a Carta Magnadetermina e s s a complementação,Quando a Constituição, em tais dis­positivos, fala em "casos previstosem lei complementar", "reguladosem lei complementar", "definidosem lei complementar" ou que "a leicomplementar estabelecerá" e coisasassim -- é claro que se tem de tratarquanto antes de elaborar tais leis.Tais remissões estão nos artigos 3.°,8.0, 14, 16, 19, 20. 24, 25, 47, 63. 65,76, 79, 83, 116. 148, 157 e o Capí­tulo V.

"A Constituição já tem quatro mesesde promulgação e dois meses e melode vigência. Já é tempo. e mais quetempo, de se cuidar dessa comple­mentação Mas que se proceda comprudência. Não se abuse, como setem abusado -- inclusive no própriogoverno atual - da deturpada in­terpretação dos decretos-leis, fugin­do à estrita restrição constitucional."

Informava o "Jornal do Brasil" em2 de junho do mesmo ano que "para oMinistério da Justiça, o fundamental naelaboração das leis complementares nãoé o encaminhamento rápido de Mensa­g2ns ao Congresso, pois não há porqueacusa-lo de moroso se já foram Iniciadostodos os estudos necessários. mas ela­borá-las em nível técnico perfeito. A

apresentação do Anteprojeto exige, noentender de setores do Ministério, queo Executivo o tenha estudado em todosos sentidos e forneça ao Congresso omelhor instrumento que puder para aelaboração das leis,"

Informava ainda o matutino cariocaque "em seu discurso de posse o Minis­tro Gama e Silva anunciou a disposiçãode determinar estudos para a apresen­tação dos anteprojetos de tôdas as leiscomplementares à nova Constituição,havendo criado a Comissão de EstudosLegislativos que superlntende esta ela­boração, nos primeiros quinze dIas desua administração."

Em 15 de j unho, o Ministro de Estadoda Justiça divulgava à imprensa que "osestudos relativos às leis complementaresforam atribuídos, pelo Decreto n.o 60.528,à Comissão de Estudos Legislativos, que.no desempenho de suas funções, temmantido estreíto e eficIente contato comos diversos Ministérios diretamente in­teressados, ao mesmo tempo que. a con­vite do Ministro de Estado, alguns juris­tas de nomeada estudam determinadasleis.

"Assim, quaisquer trabalhos alheios àComissão e aos juristas especialmenteconvidados não representam o pensa­mento do Ministério da Justiça e sãorecebidos como simples contribuição pes­soal de seus autores, não tendo sido, atéo momento, divulgado qualquer antepro­jeto de lei complementar dos que estãoem estudo no MinistéI10 da Justiça".

O "Jornal do Brasil" em 27 de junhode 1967 noticiava que já fôra fixado orito para as leis complementares e escla­recia:

"O MlnistrQ Gama e Silva, na visitaque fêz há dias ao Congresso, esta­beleceu com a liderança da ARENAum processo para a elaboração dasleis complementares que a:;scgura,ao mesmo tempo, rapidez para atramitação dos projetos e perfeito

Page 164: J SENADO FEDERAL

_________ ---.!À"EI~O~ MARÇO -_1_'_'_. -=-"=3

conhecimento da matéria pelos par­lamentares que terão de se mantres­tal a respeito.

Firmada essa espécie de acõrdo,deve o Govêrno, logo em agôsto, ini­ciar a sua execução, de tal 'modo quese torne garantida a votação demuitas, senão de tôdas as leis com­plementares antes de encerrar-se aatual sessão legislativa, compondo­se, por êsse melo, um nôvo quadroInstitucional que dê o máximo deapllcab1l1dade ao texto da Consti­tuição e concorra para O revlgora­mento do prestigio do Congresso.

o ajuste entre o Ministro da Jus­tiça e os llderes parlamentares im­pôs uma profunda alteração no quese chama no gabinete ministerial defluxograma de encaminhamento dasleis complementares. Essa estranhapalavra corresponde mais ou menosa uma tática para o envio dos pro­jetos ao Legislativo e a sua trami­tação nas duas Casas do .Congresso.Pelo nôvo fluxograma, o MinIstroda Justiça, tão logo tenha em mãosos anteprojetos de leis complemen­tares que encomendou a vários dosmaiores juristas do Pais, se reunlrácom o Senador Daniel Krieger, Pre­sidente da ARENA, o Deputado Er­nani Sátiro, Lider do Govêrno naCâmara, e o Deputado DJalma Ma­rinho, Presidente da Comissão deJustiça da Câmara, para um exameprelimInar, durante o qual serãoponderadas e, quando fôr o caso,aproveitadas sugestões de cada umdos presentes, compondo-se, assim,nesta primeira fase, já um nôvo an­teprojeto.

o texto resultante do debate inicialserã, então, publicado, oferecendo-seo Ministro da Justiça para recebersugestões dos parlamentares e dossetores juridIcos competentes. O con­junto dessas sugestões, que então jA

estará espelhando o pensamentomédio da classe política, serA obJetode nova reunião daquelas mesmasautoridades, com o possivel concursode outras, cuJa presença seja julgadarecomendável.

O resultado dêsse encontro serA, en­tão, o texto definItivo do projeto aser encamInhado pelo Presidente daRepública ao Congresso, para tra­mitação, segundo um dos ritos cons­titucIonaiS em vIgor. ProvAvelmen­te, o rito menos rigoroso, qual sejao que concede à Câmara quarenta ecinco cUas para apreciar o projeto e,vencido êsse prazo, maIs quarenta ecinco dias para o Senado. Como essahipótese, conclui para posslbllldadede pennanecer cada projeto por trêsmeses nas Casas do Congresso antesde ser vencido o prazo constitucio­nal, o Oovémo deverA estar atentoà necessidade de que todos éssesprojetos sejam encaminhados aoCongresso até o último cUa de agôsto.

Depois disso, o prazo JA ultrapassaráo limite da sessão legislativa, quese encerra em 30 de novembro. Emtal hipótese, a de tardar o envIo, oGovêrno flcarã obrigado a recorrerao segundo rito, o do prazo total dequarenta dias para apreciação pelasduas Casas em sessões conjuntas, oque, entre outros Inconvenientes,terá o de descontentar a maioria dosparlamentares, que anseia dispor demaior espaço de tempo possivel paraapreciar tais projetos."

Histórico da Lei Complemeniar n.o 1

Através da Mensagem n.o 612/67, doPoder Executivo, chega ao CongressoNacional (Vide D.C.N. (Seção 1) de 12de setembro de 1967), o Projeto de LeiComplementar Que "estabelece os requi­sitos m1nlmos de população e renda pú­blica e a forma de consulta prévia àspopulações locais, para a criação de no­vos municiplos."

Page 165: J SENADO FEDERAL

164 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Recebeu a proposta na Câmara dosDeputados a designação de Proj eto deLei Complementar nY 26, de 1967, e é oseguinte o seu teor:

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1.° - Nenhum município serácriado sem o preenchimento dos seguin­tes requisitos minimos:

I - Quanto à população:

a) número de habitantes superior adez mil ou não inferior a cincomilésimos da população total doEstado;

b) número de eleitores não inferiora dez por cento dos habitanteslocais;

c) densidade populacional mínimana área territorial considerada,de cinco habitantes por quilôme­tro quadrado, além de um centrourbano já constituído;

11 - Quanto à renda pública:

a) terem sido arrecadados no terri­tório do município a ser cria­do, cinco milésimos no mínimodos impostos estaduais, calcula­dos com base no ano fiscal ante­rior;

b) previsão de renda própria corres­pondente, no mínimo, a cInqüen­ta por cento da despesa anualprovável, necessária à manuten-ção de :-viços públicos muni-cipais,. se computando, paraefeito do cálcl:' , as receitas pre­vistas nos arts. 24, § 7.°, 25, § 1.0,26, 27 e 28 da Constituição.

Parágrafo único - O Instituto Brasi­leiro de Geografia e Estatística apro­vará os requisitos do inciso I dêste artigoe o Tribunal de Contas do Estado os es­tabelecidos no inciso 11.

Art. 2.° - A criação de municípios,por desmembramento ou desanexação,será precedida de consulta, através deconsulta individual e secreta, à popu-

lação de área a ser abrangida pelo ter­ritório do município a ser criado.

§ 1.° - Somente poderão votar osalfabetizados, maiores de 18 anos, elei­tores há mais de dois anos da data doplebiscito, na área a ser desanexada oudesmembrada.

li 2.° - A Justiça Eleitoral regularáatravés de instruções, o processo de vo­tação, observadas, no que forem cabíveis,as disposições da legislação eleitoral.

§ 3.° - Na forma da legislação elei­toral serão apurados os votos procla­mando-se o resultado da votação quedecidirá da criação, ou não, do muni­cípio.

§ 4.° - Se a votação fôr favorávelà criação do municipio, as eleições parapreenchimento dos cargos eletivos deve­rão ser convocadas no prazo minimo de180 dias, contados da data da proclama­ção do resultado da consulta plebisci­tária.

li 5.° - Se a votação fôr contráriaà criação do município será consideradainexistente a lei estadual que deter­minou a sua criação e que deu origemà consulta.

§ 6.° - As Assembléias estaduais sópoderão dispor sôbre as respectivas or­ganizações territoriais de quatro em qua­tro anOS.

§ 7.° - Na fixação do prazo do pri­meiro mandato eletivo deverão ser ob­servados os dispositivos da ConstituIçãoFederal, que detenninam a simultanei­dade dos pleitos eleitorais e a coinci­dência de mandatos.

Art. 3.° - Salvo no que depender dacompetência dos Estados, a fusão de doisou mais municipios obedecerá apenas oque prescreveram as leis ou resoluçõeslegislativas mUnicipais pertinentes, sen­do, entretanto, obrigatórIa a consulta àpopulação dos municípios abrangidospela medida, aplicando-se na que couberos n 1.° a 7.° do artigo 2.° anterior.

Page 166: J SENADO FEDERAL

JANIIRO A MARço - 1968 165

Parárrafo único - Poderão tambémos muntciplos reallzar a fusão dos órgãosconstltuciona.1s de seu govêrno e dosquadros da sua admJnlstração por prazonão superior a cinco anos, salvo prorro­gação ulterior, conservando, cada qual,durante êsse perlodo, sua e~ncla dls­tinta.

Art. 4.° - Esta Lei entrará em vigorna data de sua publlcação, revogadasas disposições em contráI1o.

Ao Projeto de Lei Complementar D.o~.de 1967, são apresentadas na Comissãode Constituição e Justiça 26 emendas,sendo as duas primeiras de caráter subs­titutivo. (Vide Diário do Congresso Na­cional - Seção I - de 15 de setembrode 1967, página 5.498 e seguintes).

É apresentado Parecer da Comtssão deConstituição e Justiça com substitutivo.(Vide D.e.N. (Seção U, de 22 de setem­bro de 1967, página 5.750 e seguintes),que é aprovado pelo Plenã.rIo em 28 desetembro de 1967 (Vide D.e.N. - SeçãoI - Suplemento, de 29 de setembro de1967, página 16).

No Senado o projeto recebe parecerpor sua aprovação de autoria do Sr.Aloysio de Carvalho, Relator na Comis­são de censtltulção e Justiça (VideD.e.N. (SCção 11), de 20 de outubro de1967, página 2.526).

O projeto é aprovado por 45 votos fa­voráveis e nenhum contrário e vai àsanção. (Vide D.C.N. (Seção ll) de 26de outubro de 1967, pág. 2.658).

A Lei complementar é sancionada nosseguintes termos, conforme se lê no Diá­rio Oficial de 10 de novembro de 1967:

LEI CO~IPLEl\IENTARN.o J,

DE 9 DE NOVEMBRO DE 1967

Estabelece os requisitos mínimosde população e renda pública e aforma de consulta prévia às popu­lações locais, para a criação de no­vos munícípios.

o Presidente da Repúbllca:

Faço saber que o Congresso Nacionaldecreta e eu sanciono a seguinte LeiComplementar:

Art. 1.° - A criação de munlciplo de­pende de Lei Estadual que será prece­dIda de comprovação dos requisitos es­tabelecidos nesta Lei e de consulta àspopulações Interessadas.

Parárrafo único - O processo de cria­ção de município terá inicio medianterepresentação dIrigida à Assembléia Le­gislativa, assinada, no minlmo, por 100(cem) eleitores, residentes ou domicllla­dos na área que se deseja desmembrar,com as respectivas f1rmas reconhecidas.

Art. 2.° - Nenhum munlcipto s e r ácriado sem a verificação da existência,na respectiva área territorial, dos se­guintes requisitos:

I - população estimada, supe­rior a 10.000 (dez mil) ha­bitantes ou não inferior a5 (cinco) milésimos daexIstente no Estado;

11 - eleitorado não Inferior a10% (dez por cento) dapopulação;

111 - centro urbano já constituí­do, com número de casassuperior a 200 (duzentas);

IV - arrecadação, no ú I t i moexercício, de 5 (cinco) mi­lésimos da receita estadualde Impostos.

§ 1.° - Não será permitida a cria­ção de município, desde que esta medidaimporte. para o municiplo ou munlclpiosde origem, na perda dos requisitos exi­gidos nesta LeI.

!:j 2.° - Os requisitos dos Incisos Ic 111 serão apurados pelo Instituto Bra.­sUelro de Geografia e Estatística, o den.o II pelo Tribunal Regional Eleitoraldo respectivo Estado e o de n.O IV, peloórgão fazendárto estadual.

Page 167: J SENADO FEDERAL

166 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

~ 3.° - As Assembléias Legislativasdos Estados requisitarão, dos órgãos deque trata o parágrafo anterior, as infor­mações sobre as condições de que tratamos incisos I a IV e o § 1° dêste artigo,as quais serão prestadas no prazo de 60(sessenta) dias, a contar da data do re­cebimento.

Art. 3.° - As Assembléias Legislati­vas, atendidas as eKigências do artigoanterior, determinarão a realização deplebiscito para consulta à. população daárea territorial a ser elevada à categoriade município.

Parágrafo único - A forma da con­sulta plebiscitária será regulada me­diante resoluções expedidas pelos Tri­bunais Regionais Eleitorais, respeitadosos seguintes preceitos:

I - residência do votante hámais de 1 (um) ano, naárea a ser desmembrada;

11 - cédula ofldal, que conteráas palavras Sim ou Não,indicando respectivamentea aprovação ou rejeição dacriação do município.

Art. 4,° - Para a criação de muni­cípio que resulte de fusão de área terri­torial integral de dois ou mais muni­cípios. com a extinçào dêstes, é dispen­sada a verHicação dos requisitos do ar­tigo 2°

Parágrafo único - No caso dêste ar­tigo. o plebiscito consistirá na consultaàs populações interessadas sóbre suaconcordância com a fusão e a sede donôvo municipio.

Art. 5.° - Somente será admitida aelaboração de lei que crie município, seo resultado du plebiscito lhe tiver sidofavorável pelo voto da maioria absolutados eleitores.

!:i 1,0 - Os municípios somente se­rão instalados com a posse do Prefeito,Vice-Prefeito e Vereadores, cuja eleiçãoserá simultânea com a daqueles muni-

cípiOS já existentes ressalvado o dis­posto no art. 16, § 1.0, da Constituição:

~ 2.° - A eKigência dêste artigo seestende ao caso de fusão de municípios.

Art. 6.° - A criação do município esuas alterações territoriais só poderãoser feitas quadrienalmente. no ano ante­rior ao da eleição municipal.

Art. 7.° - Não se inclui nas exigên­cias desta Lei a criação de municípiosnos territórios federais

Art. 8.° - A Lei que criar o nôvo mu­nicípio definirá seus limites segundolinhas geodésicas entre pontos bemidentificados ou acompanhando aciden­tes naturais.

Art. 9.° - Esta Lei entra em vigor nadata de sua publicação.

Art. 10 - Revogam-se as disposiçõesem contrário

Brasília, 9 de novembro de 1967; 146.°da Independência e 79° da República.- A. Costa c Silva - Luis Antônio daGama e Silva."

Sôbre a mesma matéria foi apresen­tado na Câmara em maio de 1967 (VideD.e.N. ISeção li, de 12 de maio de 1967,pág. 2.139) o Projeto de Lei Comple­mentar n.o 11, de 1967, de autoria do Sr.Justino Pereira.

Também uma proposta de autoria doSr. Celestino Filho, Projeto de Lei Com­plementar nO 3, de 1967 - publicadano Diário do Congresso Nacional (SeçãoI) de 26 de abril de 1967, pág. 1 669) ­versa s:,bre os requisitos para a criaçãode municípios.

Ambas as propostas não chegaram areceber parecer da Comissão de Consti­tuição e Justiça da Câmara dos Depu­tados

Hbtórico da Lei Complementarn.O 2

Em 28 de março de 1967, o SenadorCa ttete Pinheiro através do Projeto

Page 168: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1961 167

n.O 7i67, "regula a. execução do dIspostono art. 16, § 2.°, dâ Constituição Fe­deral." t o seguinte o teor da propo­sição:

"O COngresso Nacional decreta:

Art. 1.0 - O sistema de remuneraçãodos Vereadores das Capitais e dos MunJ­cíplos de população superior a cem ml1habitantes é fixado segundo os critériose limites estabeleeidos por esta lei com­plementar.

Art. 2.° - Os subsídios dos Vereado­res, respeitados os limites e crttértosdesta Lei, serão fixados em Resoluçõesdas Câmaras Municipais, no fim de cadalegislatura para a subseqüente.

§ 1.0 _ Na fixação do Quantum dosub,sld1o do Vereador, ter-se-lÍ como tetoa soma até 12 <doze) salártos-mínlmosregionais.

§ 2.° - Em qualquer caso, o subsI­dio do Vereador não poderá ser superiora dois terços do subsidio atrtbuido aoDeputado membro da Assembléia Legis­lativa do Estado, a que pertence o Mu­nicípio.

Art. 3.° - t vedada a concessão deajuda de custo, sob qualquer titulo.

Art. 4.0 - Até que se realize nõvo re­censeamento s6 poderão enquadrar-senas disposições desta Lei, mediante re­ronna regimental, as Câmaras legisla­Uvas das Capitais dos Estados e os Mu­nicípios Que possuam mais de cem milhabitantes nos têrmos do último censogeral, realizado pelo InsUtuto Brasllelrode Geogra!la e EstatísUca, em 1960.

§ 1.° - Os recenseamentos a seremrealizadas com base na Lei n.o 4.789, de14 de outubro de 1965, serão publicadosno órgão oUclal da União, eom destaquedas Capitais dos Estados e Municípiosque atingirem nível populacional supe­rior a cem mll habitantes.

§ 2.° - Publicados os resultados dosrecenseamentos a que se refere êste ar-

Ugo, poderão as Câmaras Municipais,compreendidas nas disposições desta Lei,adaptar os seus Regimentos indepen­dentemente de quaisquer outras forma­lidades.

Art. 5.° - A alteração dos niveis desalário-mínimo vigentes no Pais, nãoimplicará, em nenhuma hipótese, namodlrtcação automática dos valôres dossubsídios fixados pelas Câmaras Muni­cipais, os quais s6 poderão ser revistos,tendo em conta a sua atuallzação, emResoluções das referidas Câmaras, obe­decidos os critértos e limites desta Lei.

Art. 6.0 - Para o estabelecimento dosvalõres dos atuais subsidias de Vereado­res, respeitados os crItérios e limitesdesta Lei, tornar-se-ão os constantes daTabela, a que se refere o Decreto núme­ro 60.231, de 18 de fevereiro de 1967.

Art. 1.° - Esta Lei entra em vigor nadata de sua publicação, revogadas asdisposições em contraria.

O Diário do Congresso Nacional (Se­ção n, pág. 713), de 21 de abrll de 1967,publicou o parecer do senador JosaphatMarinho, Relator da COmissão de COns­tituição e Justiça, favorável à aprovaçãoda matérIa com as seguintes emendas:

Emenda n.o 2 (C.CJ.)

No § 1.0 do art. 4.°, onde se lê:- com destaque das capitais dosEstados e Municípios ... , dLga-se- com destaque dos Municípios.

Emenda n.o 1 <C.C.J.)

No art. 4.0 , onde se diz "Câmaras Le­gislativas, diga-se "Câmaras Munici­pais".

Emenda n.o 3

Acrescente-se ao art. 4.°, um pará­graro que passarâ. a ser o LO, alterando­se a numeração dos demals.

§ 1.° - O disposto neste artigo nãose aplica aos Municípios de mals decem mil habitantes referidoS na Re-

Page 169: J SENADO FEDERAL

168

solução 0.° 7.943, de 27 de setembrode 1966, do Tribunal Superior Elei­toral, nos quais poderão ser fixadosos subsidias dos Vereadores, obede­cidos os critkrios e limites desta Lei.

Mais quatro emendas foram apresen­tadas a matéria em sua fase de dis­cussão; são elas as de números 4, 5, 6e 7, as tres primeiras de autoria do Se­nador Vasconcelos Tôrres e a última doSr Cattete Pinheiro (Vide Diário doCongresso Nacional de 4 de maio de1967 (Seção lIl, pág. 834).

Estabelece a Emenda n.o 4:

o Congresso Nacional decreta:

Art. 1.° - Os Vereadores das Capitaise dos Municípios de população superiora 100.000 (cem mil) habitantes recebe­rão subsídios e representação obedecidosos critérios fixados na presente Lei.

Parágrafo único - Os subsidias pre­vistos neste artigo constarão da partefixa e variável.

AI't. 2.° - O dado estatistico sóbre apopulação municipal, para efeitos da in­cidência das disposições desta Lei, seráfornecido pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatistica, com base na es­timativa estadual que ésse órgão faz dapopulação brasileira.

Art. 3.° - Os subsídios e a represen­tação dos Vereadores e das municipa­lidades que estejam nas condições indi­cadas no art. 1° desta Lei serão fixados.em cada exercício, em valôres anuais,com base na recelta municipal respec­tiva do exercíCio anterior. observada aseguinte relação:

1) Municípios de Receita até NCr$50.000,00:NCr$ 1.500.00 c NCr$ 1.200,00

2) Municípios de receita superior a50 (cinqüenta) mil cruzeiros no­vos até 100 (ccml mil:

NCr$ 2 000.00 c NCr$ 1.500,00

3) Municípios de receita superior a100 (cem) mil cruzeiros novos,até 200 (duzentos} mil:NCr$ 2.400,00 e NCr$ 1.800,00

4) Municípios de receita superior a200 (duzentos) mil cruzeiros no­vos até 400 (quatrocentos) mil:NCr$ 3.000,00 e NCr$ 2.400,00

5} Municípios de receita superior a400 (quatrocentos) mil cruzeirosnovos, até 1 (hum) milhão:NCr$ 3.600,00 e NCr$ 3.000,00

6) Municípios de receita superior a(hum) milhão de cruzeiros no­vos, até 1,5 (hum e meio) mi­lhões:NCr$ 4.200,00 e NCr$ 3.600,00

7) Municípios de receita superior a1,5 (hum e meiol milhões decruzeiros novos, até 2,5 (dois emeio) milhões:NCr$ 6.000.00 e NCr$ 4.200,00

8) Municipios de receita superior a2.5 (dois e meio) milhões de cru­zeiros novos, até 4 (quatro) mi­lhões:NCr$ 7.200,00 e NCr$ 6 000,00

9) Municipios de receita superior a4 (quatro) milhões de cruzeirosnovos: o subsidio e a represen­tação poderão ser acrescidos até30',~~ (trinta por cento) dos való­res previstos no inciso anterior.

Art. 4.° - As disposições desta Leiseria aplicü.das a partir de 15 de marçode 1967.

Art. 5.° - Revogadas as disposiçõesem contrário. esta Lei ent.ra em vigorna data de sua publicação.Determina a Emenda n,u 5

Onde con vier:

Art. .. - Aos Vereadores de Muni­cípios com população inferior a 100.000I cem mil I habitantes será atribuída umagratificação de função, como njllda decusto. cujo valor seri est.ipulado pelasAssembléias Legislativas

Page 170: J SENADO FEDERAL

169JANEIRO A MARço - 1968--_._--------'--

Reza a Emenda n.O 6

Ao art. 4.°, In fine

Onde se lê:

"do último censo geral, reallzadopelo Instituto Brasllelro de Geogra­lia e Estatística, em 1960."

Leia-se:

"da estimativa anual da populaçãoprocessada pelo Instituto Brasileirode Geografia e Estatistlcs"

Estabelece a Emenda n.o '7

Ao art. 6.°:

Inclua-se o seguinte:

"Parágrafo único - O reajustamen­to dos valôres dos subsidias de quetrata êste artigo poderá ser decla­rado pelas atuais Câmaras Munici­pais, compreendidas nas disposlçõc!;desta Lei, com vigência a partir de15 de março de 1967"

O Senador Josaphat Marinho, Relatorda matéria na Comissão de Constituiçãoe Justiça, através do Parecer n.o 317, de1967 (Vide Diário do Congresso Nacional(Seção 11), de 20 de maio de 1967 ­pág. 1. 011), manifesta-se pela aprova­ção parctal da Emenda Substitutivan,o 4, com a aprovação de algumas su­gestões das emendas de números 1 e 2;pela rejeição da emenda de número 5;pela aprovação da Emenda n.O 6, nostêrmos da Subemenda n.o 1 e pela apro­vação da Emenda n.o 7, na forma daSubemenda n.o 2.

Colocada a proposta em votação noSenado (Vide Diário do Congresso Na­cional (Seção lI), de 25 de mala de 1967,pág. 1.047) é aprovado um requerimen­to de autoria do Senador Cattete PI­nheiro, que solicita preferência para oprojeto. independente das emendas quelhe foram apostas. O projeto é aprovadopor 42 votos. Em seguida são votadas eaprovadas as emendas de números 1 e 2(da Comlssâo de Constituição e Justiça)-- ambas aprovadas por 49 votos; a

emenda de número 3 (da mesma Comis­são) - aprovada por 47 votos - e assubemendas de números 1 (à Emendan.O 3) e 2 (à Emenda n.O 7, que fica,conseqüentemente. prejudicada)

Por 46 votos contrários são rejeitadasas emendas de números 5 e 6.

Após receber parecer do Sr. FlllntoMüller na Comissão de Redação (n.o 342,de 1967), inicia-se a discussão em se­gundo turno (Vide Diário do CongressoNacional (Seção lI), de 1.0 de Junho de1967 - pág. 1.127), sendo o projetoaprovado por 42 votos.

Na Câmara dos Deputados, o Relatorda Comissão de Constituição e Justiça,Sr. Acctoly Filho, apresenta substitutivo(publicado no Diário do Congresso Na­cional (Seção 1), de 24 de junho de 1967- pág. 3.690). Na fase de discussão sãoapresentadas novas emendas (Vide Diá­rio do Congresso Nacional (Seção I), de29 de junho de 1967 - pág. 3.896). Pos­ta em votação a matéria, é aprovado oart. 1.0, e em seguida os demais, dosubstltutlvo apresentado pelo Relator daComissão de Constituição e Justiça naCâmara dos Deputados (Vide Diário doCon....esso Nacional (Seção I), de 9 deagõsto de 1967 - págs. 4.286 e 4.295).

A proposta volta ao Senado. O Sr.Josaphat Marinho, Relator na Comissãode Constituição e Justlça, no Parecern.o 539, de 1967, manifesta-se pela rejei­ção da emenda substitutiva da Câmara,salvo quanto ao § 3.° do art. 2.°, queconsidera Incorporável (Vide Diário doCongresso Nacional (Seção 11), de 26 deagõsto de 1967 - página 1.837)

Iniciada a discussão em turno único(Vide Diário do Congresso Nacional (Se­ção 11), de 31 de agõsto de 1967 - pág.1.893), após falarem os Senadores Au­relio Vianna, AntôniO Carlos, JosaphatMarinho e Eurico Rezende. já na fase devotação é apresentado o Requerimenton.O 747, de 1967, de autoria do Sr. Cat­tele Pinheiro, que requer a votação em

Page 171: J SENADO FEDERAL

170 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA----~

globo do substitutivo aprovado na Cá­mara dos Deputados. Aprovado o reque­rimento, é colocado o substitutivo à deli­beração do Plenário, que o rejeita, salvoquanto ao § 3.° do art. 2.0, que, votadoem seguida, tem o mesmo destino.

O projeto é aprovado em seguida evai à sanção.

O Poder Executivo nega a sanção aoprojeto por considerá-lo inconstitucional(' contrário ao lnterêsse público. (Vide aMensagem nO 488, de 1967 - n.O 617/67,na origem - publicada no Diário doCongresso :-.racional (Seção II), de 13 desetembro de 1967, pago 2.005).

Tal veto foi mantido pelo CongressoNacional. (Vide Diário do CongressoNacional, de 11 de outubro de 1967, pág.887)

Foi. entretanto, o Projeto de Lei Com­plementar nO 36, dl' 1967, de autoria doSr Geraldo Freire. que "Dispõe sóbrea execução do disposto no art. 16, § 2.0

,

da Constituição, relativamente a remu­neração dos Vereaclores", que veio aconstituir a Lei Complementar nO 2, de1967.

A proposta foi publicada no Diário doCongresso Saeional (Seção I _. Suple­mento I, de 12 de outubro de 1967, pág,12 Recebeu parecer favoni.vel com qua­tro emendas na Comi:;são de Constitui­ção e Justiça. A matéria foram apre­sentadas ainda mais uma emenda daComissão de Finanças c sete emendasele Plenário n3, fase de discussão única.I Vide Diário do Congresso ~acional (Se­çáo lJ· Suplemento, de 26 de outubroele 1967, pág. 28). As emendas de núme­ros 1, 2 c 3 da Comissão de Constituiçãoe Justiça, bem como a da Comissão deFmanças e a de número ;) do Plenárioforam aprovadas com o projeto, por 279votos favoraveis, 7 contrários e duas abs­tenções. Foi rejeitada a Emenda n.o 4,da Comissão de Constituição e Justiça.I Vide Diário do Congresso rolacional ­Seção I -- Suplemento, págs. 11 e se-

guintes), Foram também rejeitadas asemendas de Plenário de números 1, 2,3, 4, 6 e 7.

Aprovada a redação final o projetoé encaminhado ao Senado, onde entraImediatamente em discussão, devIdo aum requerimento de urgência (urgen­tíssima) .

São apresentadas 4 emendas. O Sr.Wílson Gonçalves manifesta-se tavorà­velmente ao projeto, que "não apresentaaspecto algum que possa ser consideradoInconstitucional ou injurídlco. No quediz respeito ao mérito, a providência édas mais urgentes e mais justas." Ma­nífesta-se, ainda, o Relator da Comissãode Constituição e Justiça contràriamen­te às quatro emendas apresentadas noSenado.

O projeto é aprovado pelo Plenáriopor 40 votos, havendo duas abstenções.Em seguida são rejeitadas as emendaspor 28 votos contrários, onze favoráveise duas abstenções. Aprovada a RedaçãoFinal. a matéria vai à sanção. (VideDiário do Congresso Nacional de 15 e 16de novembro de 1967, página 2.961 e pa­ginas 2.965 e seguintes.

É o seguinte o texto da Lei Comple­mentar nO 2, conforme publicado noDiário Oficial de 1° de dezembro de 1967:

"LEI COl\lPLE~IErolTAR rol.o 2, DE 29 DE

rolOVE~IBRO DE 1967

Dispõe sôbre a execução do dis­posto no art. 16, !'\ 2.°, da Consti­tuição Federal, relativamente à re­muneração dos Vereadores.

O Presidente da República.

Faço saber que o Congresso Nacionaldecreta e cu sanciono a seguinte LeiComplemen tal':

Art. 1.0 - As Càmaras Munldpals dasCapitais e dos Municípios de populaçãosuperior a 100.000 (cem mil) habitantes,poderão atribuir remuneração aos seus

Page 172: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1961 171

Vereadores dentro dos limites e critériosrtxados nesta Lei.

Art. 2.° - A remuneração dlvidlr-se-áem parte fixa e variável e será estabe­lecida no tlnal de cada legislatura, paravigorar na subseqüente.

§ 1.° - ~ vedado o pagamento dequalquer outra vantagem pecuniária emrazão do mandato, inclusive ajuda decusto, representação e gratificações.

§ 2.° - A parte variável da remu­neração não será Inferior à fixa e cor­responderá às sessões a que comparecero Vereador, não podendo ser paga maisde uma por dia.

li 3.° - Durante a legislatura nãose poderá elevar a remuneração a qual­quer titulo.

Art. 3.° - A remuneração dos Verea­dores não ultrapassará, no seu total, àsseguintes proporções com relação aossubsidias atribuidos aos Deputados à As­sembléia Legislativa do respectivo Es­tado, excluida a remuneração das sessõesextraordInárlas:

I - nos Munic1plos com popu­lação de mais de 100.000(cem mm até 300.000 (tre­zentos mU) habitantes, umquarto;

11 - nos Munlclplos com popu­lação de mais de 300 000{trezentos ml1l até 500.000(quinhentos mil) habitan­tes, um terço;

111 - nos MunIclplos com pôpu­lação de mais de 500 000(quinhentos mil) até .....1.000.000 (hum mt1hão) dehabitantes, metade;

IV - noS Munlclplos com popu­lação superior ai. 000 .000(hum milhão) de habitan­tes, dois terços;

V - nas Capitais com popula­ção superior a I .000.000(hum milhão) de habltan-

tes, dois terços, e nas ou­tras Capitais, metade.

Art, •.0 - Para efeIto do disposto noartigo anterior, os subsidlos dos Depu­tados às Assembléias Legislativas dosEstados serão os rtxados em resoluçãoque respeite a proibição expressa noart. 13, VI, da ConstItuição Federal.

§ 1.° - As Câmaras Municipais, quese instalarem pela primeira vez, e asque ainda não tiverem tlxado a remu­neração de seus Vereadores, poderão de­terminá-Ia para a legislatura em curso,dentro dos limites e critérios fixadosnesta Lei.

§ 2,° - Ficará prorrogada para alegislatura seguinte a vigência da remu­neração que não fôr alterada antes dotérmino da anterior.

Art. 5.° - A população do Munlclpl0será aquela estimada pela FundaçãoInstituto BraslIelro de Geografia e Es­tatística (IBGE), que fornecerá, por cer~

tldão, os dados às Câmaras interessa­das.

Art. 6,° - A despesa com a remune­ração dos Vereadores não poderá. ultra­passar, anualmente, de 3% (três porcento) da arrecadação orçamentária dorespecttvo Munlciplo, realizada no exer­cicio Imediatamente anterior.

Parágrafo único - Se a fixação daremuneração nos llmites previstos nestaLei importar despesa superior à estabe­lecida, será ela reduzida quanto bastepara não exceder a percentagem de quetrata éste artigo.

Art. '7.0 - Será considerado serviçopúblico relevante o exercicio gratuito domandaw de Vereador.

Art. 8.° - A presente Lei Comple­mentar entra em vigor na data de suapubllcação .

Art. 9.° - Revogam-se as dlsposlçõcsem contrário.

Brasília, 29 de novembro de 1967; 146.°da Independência e 79.0 da República.

Page 173: J SENADO FEDERAL

172 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

- A, Costa e Silva - Luiz Antônio daGama e Silva."

Regulando o mesmo dispositivo daCarta de 1967, foram, ainda, apresen­tados na Câmara dos Deputados os se­guintes projetos:

Projeto de Lei Complementar n.o I, de1967, de autoria do Sr, Celestino Filho,que foi publicado no Diário do CongressoNacional (Seção Il, de 4 de abril de1967, pág. 955.

Projeto de Lei Complementar n.o 2, de1967, de autoria do Sr. Luiz Viana Neto,publicado no Diário do Congresso Na­cional (Seção I -- Supl.), de 6 de abrilde 1967, pág. 4.

Projeto de Lei Complementar 0,° 4, de1967, de autoria do Sr, Gastone Righi,publicado no Diário do Congresso Na­cional (Seção I), de 3 de maio de 1967,pág. 1. 847,

Projeto de Lei Complementar n,o 5, de1967, de autoria do Sr. Francisco Ama­ral, publícado no Diário do CongressoNacional (Seção Il, de 3 de mala de1967, pág. 1 848.

Projeto de Lei Complementar n,o 7, de1967, de autoria do Sr Simão da Cunha,publicado no Uiário do Congresso Na­cional lSeção 11, de 6 de maio de 1967,[lág 1.946.

Projeto de Lei Complementar n,o 10,de 1967, de autoria do Sr. Osmar Cunha,llublicado no Diário do Congresso Na­cional (Seção n. de 11 de maio de 1967,pág.2.106.

I'rojeto de Lei Coml,lementar n,o 12,de 1967, de autoria do Sr, Ario Theo­doro. publicado no I>iário do Congresso!lóal'ional ISf'çào I I, dp 31 de maio de1[167. pág. 2.734

Projeto de Lei Complementar n.o 13,

de 1967, de autoria do Sr. Anac!ctoCumpanella. publicado no Diário do{'ongrl'SSO ro;acional 18(,(,:::'0 11. de 31 demaio de HH37, pág. 2 735.

Projeto de Lei Complementar n,o %8,de 196'7, de autoria do Sr. Vinicius Can·sanção, publicado no Diário do ConJTes·50 Nacional (Seção 1), de 27 de setem­bro de 1967, pâg, 5.890.

Projeto de Lei Complementar n,o 34,de 1967, de autoria do Sr. José Llndoso"publicado no Diário do Congresso Na­cional de 6 de outubro de 1967, página6331.

Em 13 e 14 de junho de 1967, atravesdos ofícios de números 67 e 71, de 1967,a Comissão de Constituição e Justiça daCâmara dos Deputados sollcltou a ane­xação dos projetos de números 4, 5, 7e 10, e 12 e 13 ao Projeto de Lei Com­plementar n.o I, de 1967, por versaremaquelas propostas sõbre matérias corre­latas e análogas.

Histórico da Lei Complementarn.o 3, de 1967

Através da Mensagem n,o 17, de 1967(n. D 732/67, na origem), o Poder Exe­cutivo enviou ao Congresso Nacional oProjeto de Lei Complementar que "dis­põe sõbre os Orçamentos Plurianuais deInvestimentos, e dá outras providên­cias."

Nos termos da mensagem, a matériatem tramitação conjunta, recebendo adesignação de Projeto de Lei n.O 17, de1967 - Congresso Nacional, conforme selê no Diário do Congresso Nacional (Se­ção lI), de 26 de outubro de 1967, página2.637.

Lida a matéria, é designada uma Co­missão Mista lVide D. C. N. - SeçãoConjunta - de 27 de outubro de 1967,página 922).

A Comissão Mista apresenta trinta coito emendas à matéria (publicadas noDiário do Congresso Sacional ISeçàolI), de II de novembro de 1967, pagina2.919) .

o Deputado Rafael Mugall1ües, Rl'la­tor da Combsão :\,fista no Parecer nú-

Page 174: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço - 1961 173

mero 30/67 (C.N.), apresenta um subs­titutivo à proposição. (Vide Diário doConrresso Nacional (Seção 11), de 22 denovembro de 1967, página 3.079).

Em 7 de novembro, atendendo a umaquestão de ordem levantada pelo Depu­tado Mlirlo Covas sôbre a natureza daMensagem n.O 17/67, do Poder Executi­vo, assim se manifesta o Sr. Pedro Alei­xo, Presidente do Congresso Nacional:

"O que se pede na mensagem é queo projeto referente ao OrçamentoPlurianual seja apreciado pelo Con­gresso Nacional nos têrmos do I 3.°,do art. 54, combinado com o art. 53da Constituição. Destaca-se do textodo art. M e seus parágrafos, umUnico parágrafo, o 3.°. Não se têzqualquer referencla, quer ao própriotexto do art. M, quer ao texto dosdemais parágrafos do mesmo artigo54. ... Não há uma mensagem aser devolvIda, mas há um projeto aser considerado. E na consideraçãodeste projeto, a Câmara e o Senadopoderão, dentro do prazo de qua­renta dias, ou tora do prazo de 40dias, apreciar a matéria. Se não ofizerem no prazo de 40 dias, Isto nãosignifica que se dê por aprovada amatéria, que poderá vir a ser apro­vada até mesmo depois dos quarentadias. Isto p6sto, acredito tenhamosencontrado a perfeita compatlbiU.zação entre os principlos constantesda Constituição e as sollcltaçõeBconsignadas na mensagem que en­caminhou o projeto." (Vide D.C.N.(seção Conjunta). de 8 de novembrode 1987. pAgo 945).

Em 10 de novembro. o Diário do Con­gresso Nacional publlca na página 962,uma questão de ordem do Sr. Uno deMatos, na qual afirma que "consideran­do extinta a ComIssão MIsta, encami­nhará, em seguIda, um ProJeto de LeiComplementar que dispõe 8Ôbre orça­mentos plurianuais de investimentos acada uma das Casas, para que as mes-

mas examInem a matéria obedientes aorigor dos preceitos constitucionais."

Respondendo à questão de ordem le­vantada pelo Sr. Llno de Matos, o Sr.Pedro Alelxo afirma que "o projeto sô­bre o orçamento plurianual deverá con­tinuar seu curso, conforme o ItlnerárfoJá estabelecido. . .. mantenho em subs­tâncIa a decisão anterior'.

O Sr. Lino de Matos recorre da decisãodo Presidente do Congresso Nacionalpara a Comissão de Justiça e o Plená­rio. O Sr. Pedro Alelxo defere o recurso.(Vide D.C.N. de 10 de novembro de1967, página 962).

O Sr. Wilson Gonçalves, através doParecer n.O 32/67 (C. N. ), opina no sen­tido de que deve ser negado provimentoao recurso do Senador Uno de Matos.

li: lldo o Parecer n.o 32/67 (C.N.) deautoria do Deputado Montenegro Duar­te, Relator na Comissão de Constituiçãoe Justiça, que conhece do recurso, ne­gando-lhe, todavia, provimento pelosfundamentos que expõe. (VIde D.C.N.de 25 de novembro de 1967, página 1.111).

PÔ8to em votação, o projeto é rejeitadopelos Integrantes da Câmara e do Se­nado, sendo, em seguida. aprovado pelasduas Casas o seu substitutivo, que vaIà sanção.

Fica, assim, redigida a Lei Comple­mentar n.o 3, conforme publlcada noDiário Oticlal de 11 de dezembro de 1967,página 12.399:

"LEI COMPLEMENTARN.o 3. DE '-12-6'

Dispõe sôbre os Orçamentos Plu­rianuais de Investimentos, e dá ou­tras providências .

O Presidente da República,Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sancIono a seguinte LeiComplementar:

Art. 1.0 - Na forma do cUsposto noart. 43, Inciso m, da Constituição, serão

Page 175: J SENADO FEDERAL

174 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA_. _~__________ _ ••• ".,_•• ~r

elaborados planos nacionais, observadasas regras estabelecidas nesta Lei.

Art. 2.° - Entende-se por Plano Na­cional o conjunto de decisões harmôni­cas destinadas a alcançar, no períodofixado, determinado estágio de desen­volvimento econômico e social.

~ 1.° - O Plano Nacional será apre­sentado sob a forma de diretrizes geraíse dele constarão as definições básicasadotadas, os elementos de informaçãoque as justificarem e a determInação dosobjetivos globais pretendidos.

li 2.° - O Plano Nacional deveráindicar as decisões alternativas que po­derão ser adotadas durante sua exe­cução, a fim de que o resultado finalseja efetivamente alcançado.

Art. 3.° - O Poder Executivo elabo­rará Planos Nacionais Qüinqüenais, queserão submetidos à deliberação do Con­selho Nacional até o dia 1.0 de marçodo ano imediatamente anterior ao tér­mino do Plano Nacional que estiver emvigor.

li 1.° - O Congresso Nacional apre­ciará cada Plano Nacional no prazo de120 dias.

três anos, será. elaborado sob a formade orçamento-programa e conterá:

I - os programas s e t o r i a i s ,seus subprogramas e proje­tos e o respectivo custo,especificados os recursosanualmente destinados àsua execução;

11 - os programas setoriais de­terminarão os objetivos aser atingidos em sua exe­cução.

Art. 7.° - O Orçamento Plurianualde Investimentos indicará os recursosorçamentários e extra-orçamentários ne­cessários à reallzação dos programas,subprogramas e projetos, inclusive os fl­nanciamentos contratados ou previstos,de origem interna ou externa.

Art. 8.° - ... Vetado ".

Parágrafo único - ... Vetado

Art. 9.° - O Poder Executivo, atravésde proposição devidamente justiflcada eacompanhada de relatório sôbre a faseexecutada, poderá, anualmente, solicitarao Congresso Nacional seja reajustadoo Orçamento Plurianual de Investimen­tos, compreendendo:

!'l 2.° - Esgotado o prazo no pará­grafo anterior, sem deliberação, a ma­téria será considerada aprovada.

!'\ 3.°- Vetado

a) Inclusão de novos projetos;

b) alteração dos existentes;

c) exclusão dos não-Inlclados, com­provadamente inoportunos ou In­convenientes; e

Art. 4.° - Em decorrência do PlanoNacional. os projetos a serem executa­dos, sob a responsabilidade do PoderPúblico, serão ordenados em programassetoriais e regionais.

ArL 5.° - O Orçamento Plurianual deInvestimentos é a expressão financeirados programas setoriais regionais, con­sideradas, exc1usivam('nte. as despesasde capital.

Art. 6.° - O Orçamento Plurianual deInvestimentos, que abrangerá período de

d) retificação dos valôres das des­pesas previstas.

§ 1.0 - O reajustamento far-se-ápelo acréscimo de um exercício, desdeque não ultrapasse o periodo de vigênciado Plano Nacional Qüinqüenal a que serefere.

§ 2.° - Os projetos a que se refereêste artigo estão sujeitos às mesmas nor­mas de procedimento aplicáveis aos pro­jetos de Orçamento Plurianual de Inves­timentos.

Page 176: J SENADO FEDERAL

JANEIRO Â MARÇO- 1968 175

Art. 10 - ... Vetado

Art. 11 - O Poder Executivo estima­rá, quando fôr o caso, o acréscimo doscustos de operação resultantes dos In­vestimentos previstos.

Art. 12 - Preservada a consistência ecoerêncIa dos programas, subprogramase projetos canUdos no Orçamento Plu­rianual de Investimentos, o Poder Le­gislativo dellberará sóbre:

I - o mérito dos objetivos se­lecionados, sua compatibI­lIdade e adequação com osobjetivos do Plano Nacio­nal;

11 - o mérlto das prioridadesfixadas;

lU - .. , Vetado ...

IV - a previsão dos recursos in­dicados para atender àsdespesas de capital.

Art. 13 - Vetado

1- Vetado

11- Vetado

u- Vctado

111- Vetado

Arto 14 - O Congresso Nacional dc­verá apreciar os orçamentos Plurianuaisde Investimentos no prazo de 120 (centoe vinte) dias.

Paráil'afo único - Esgotado o prazoprevisto neste artigo, sem dellberação,a matéria sp.rá considerada aprovada.

Art. 15 - Em caráter excepcional, pornão eXistir Plano Nacional aprovado pe­lo Congresso Nacional, o Podcr Executi­vo instruirá. o primeiro projeto de Orça­mento Plurianual de Investimentos coma enunciação dos princípios de políticaeconômico-financeira que orIentarão suaatividade no período e com a definiçãodos objetivos gerais, setoriais e regionaisque pretende alcançar através da exe­cução dos programas e projetos Incluidos

no Orçamento Plurianual de Investi­mentos.

Art. 16 - Na mensagem a que se re­fere o inciso XIX do art. 83 da Consti­tlÚção Federal, o Poder Executivo apre­sentará elementos de Informação quepermitam analisar os resultados obtidoscom a execução do Plano NacIonal e dosprogramas, subprogramas c projetos In­cluldos no Orçamento Plurianual de In­vestlmentos.

Pará(J'afo único - . .. Vetado ...

Art. 17 - Não será. objeto de trami­ta<;ão, devendo ser arquivada, por atodo Presidente do Senado Federal e daCâmara dos Deputados, qualquer propo­sição que implique em alterar o PlanoNacional aprovado pelo Congresso Na­cional, a não ser as de ln1ciativa doPoder Executivo, na forma estabelecidanesta Lei.

Art. 18 - Os Estados, os Municiplos eo Distrito Federal adaptarão seus orça­mentos, no que fôr aplicável, ao dispostonesta Lei.

Art. 19 - O primeiro Plano NacionalQüinqüenal será encaminhado ao Con­gresso Nacional até o dia 1.0 de marçode 1969.

Art. 20 - O primeiro projeto de Or­çamento Plurianual de Investimentosdeverá ser encaminhado ao CongressoNacional até o dia 1.° de março de 1968,e abrangerá os anos de 1968, 1989 e 1970.

Parágrafo único - Na elaboração le­gislativa do primeiro projeto de Orça­mento Plurianual de investimentos, ob­servar-se-á o seguinte:

a) o prazo para apreciação do pro­j eto será de 90 dias;

b) o projeto será considerado apro­vado se não houver deliberaçãono prazo de 90 (noventa) dias.

Art. 21 - A presente Lei entra em vi­gor na data de sua publicação, revogadasas disposições em contrário.

Page 177: J SENADO FEDERAL

116 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

"O ponto de vist.a oposicionista re­sulta em essência que o Executivoao cumprir o dlsposit~vo constitu­cional excedeu-se, determinando q~c

uma lei complementar, cuja dUe-

2) art. 8° E' seu pará~ra.fo unieo -­lidem) .

3) art. 10 -. contrário ao interêssepúblico;

4) item In do art. 12-contrário aointerêsse público e inconstitucio­nal;

Brasilia, 7 de dezembro :ie 1967; 146.0da Independência e 7f1." da República.-- :\. Costa (' Silva - Hélio Beltrão.

Atraves da Mensagem 11.0 35, de 1968(:lO 834/G7. na nri~{'m I, o Presidente daRepública apõe veto parcial à Lei Com­plementar n." 3, ao declarar:

1) § 3.° do art. 3.0 --- contrário aoInterêsse público e Inconstitucio­nal;

6) parágrafo úni~o do art. 16 con-trário ao interêsse público.

A Comissão Mista volta a estudar amatéria. (Vide Diário do Conçesso Na­cional (Seçâo 1I1, dt' 18 de janeiro de1968, página 6) .

Em 20 ce março do corrente ano todosos vetos do Presidente da República sãorejeitados e c projeto é enviado à san­ção. Para maiores esclarecimentos sôbreos trabalhos da Comissão Mista, ver osUiãrios do (;ongresSQ Nacional de 15 demarç:) de ]968, (Seção lI), ;>âgina 670.e de 21 de março de 1968. ptig-inas 188 eseguintes.

Surgem divergencias nos melas polí­ticos, quanto a interpretução do Exe­cutivo, que entendeu que a lei comple­mentar possa. ser considerada aprovadapetO decurso do prazo A respeIto escre­ve Otacillo Lopes, em :11 de outubro no'Diário de Notícias":

Projeto de Lei n,o 24, de 1961, de aut.o­ria do Sr. Cattete Pinheiro, que "esta­belece normas para reaquisição dos dl-

f('nça da lei ordinária é o quorumqualifieado de dois tkrços, possa seraprovada por decurso de prazo. Ascontestações, sena ocioso rememo­rá-las tal c aspecto formal das dis­torções silogistas em que são estri­badas Em sintese, trata-se de subs­tituir por efeito igualou semelhanteaos dos decretos-leis uma lei para aqual é exigido o voto de maioriaabsoluta de cada Casa do Congresso.A oposiçã.o antes de examinar o mé­rito do projcto do Executlvo, arma­sc de argumentes que poderão, con­sumados os prazos, levá-la ao Su­premo Trl'::Junal Federal para a ar­güú;ã.a de lnconstitudona.lidade."

"Num esfõrço de formulação polí­tica -- comcnta o "Jornal do BraslJ"em 8 de r:ovembro __o, o Sr. Rafa~l

de Almeida Magalhães pretende sus­tentar que. ao mencionar prazo, D

Govérno não quis obter a aprovaçãoautor.1.át:cEl por decurso de tempo.mas teve em mira apenaa advertiro Congresso para a. neces$daàe deque nâo haja protelação na elabo­ração da le:."

O mesmo jornal comenta ainda queo Sr. Carvalho PInto observo'.! ao Sr.Rafael de Almeida Magalhães que, "aoadmit:r a tramitação sImultânea nasduas Casas. o Conj.(resso dá ao Govêrnomotivos para promulgar o projeto pordffurso de prazo.

o'É log;.co-- conclui o edltorlalse o Congresso admite a forma detramitação prevista para os projetosass~nalados para decisão em prazocertc, admite também a (lOssiblll­dade de sua aprovação automáticapor decurso de tempo."

No Senado Federal foram ainda apre­sentados dOiS projetos de leI comple­mentar. São êlcs:

ldem:5) art. 13

Page 178: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARço :-. 1968 177

reltos polltlcos e regula a concessão deanistia". Essa proposta encontra-se pu­blicada no Diário do Congresso Nacional

- seção II - de 16 de maio de 1967,página 949. Através do Parecer n.o 907,

de 1967, da Com1ssão de Constltulção eJustiça, de autoria do Sr. Aloysio deCarvalho, o projeto 101 declarado incons­titucional, injurídtco, inconveniente einoporturm. (VIde D.C.N. (Seção D),

de 25 de novembro de 1967, pág. 3.166).O Sr. Josaphat Marinho apresentou umaemenda substitutiva à matéria na fasede dIscussâo e o projeto voltou à Comis­são de Constituição e Justiça para apre­ciação da emenda. <D.C.N. (Seção lI).

de 30 de novembro de 1967, página3.280).

!"l'ojeto de Lei n.o 28, de 1967, que re­gulamenta a aplicação do art. 3.° (cria­ção de Estados e Territórios) da Cons­tituição. A matéria, que foi publicadano Diário do Congresso Nacional <seção1I), de 19 de maio de 1967, página 1.003,é de autoria do Sr. Vasconcelos Tõrrese aguarda Parecer da Comissão de Cons­tituição e Justiça.

Entre os muitos projetos de Lei Com­plementar apresentados na Câmara,cinco versam sõbre a Isenção do Impõstosôbre Circulação de Mercadorias. Sãoêles:

Projeto de Lei Complementar n.o 6,

de 1967, de autoria do Sr. Adhemar Fi­

lho, que "dispõe sõbre Isenção do lm­

pêsto sôbre Circulação de MercadorIas".Vide D.C.N. (Seção I), de 10 de maiode 1967, página 2.052.

Projeto de Lei Complementar n.o 8,

de 1967, de autoria do Sr. Cardoso deAlmeida, que "isenta áa incidência do

Impõsto sôbre Circulação de Mercado­rias, o bagaço de cevada destinado à

alimentação do gado leiteiro e à sulno­cultura", Vide D.e.N. (Seção I), de 10

de mala de 1967, página 2,053.

Projeto de Lei Complementar n.o 21,

de 1967, do Sr. Amaral Peixoto, queisenta do lmpôsto sõbre Circulação deMercadorias a primeira operação de ven­da de produtos destinados à. alimenta­ção humana e dá outras providências."Vide D. e. N. (Seç&o I), de 5 de agôstode 1967, página 4.186,

Projeto de Lei Complementar n.o %5,

de 1967, de autoria do Sr. Jonas Carlos,que "concede aos produtores rurais isen­ção do lmpôsto sôbre Circulação de Mer­cadorias e de taxas federais, estaduaise municipais," Ver o D.C.N. (Seção n,de 29 de agôsto de 1967, página 4,893,

Projeto de Lei Complementar n.o 27,

de 1967, de autoria do Sr. Antônio Bue­no, que "Isenta o produtor do Impêstosôbre Circulação de Mercadorias em ope­rações relatlvas a produtos agropecuá­rios e dá. outras providências." VerD .C.N. (Seção I), de 27 de setembro de1967, página 5.890.

Tôdas estas proposições aguardam opronunciamento da Comissão de Cons­tituição e Justiça da Câmara dos Depu­tados.

Também aguarda o parecer da mesmaComissão o Projeto de Lei Complemen­tar n,o 9, de 1967, de autoria do Sr.Paulo Macarlni, que "modifica a base decálculo para incidência do Impôsto sõ­bre Circulação de Mercadorias, na pri­meira operação relativa a produtos agro­pecuários". Ver D, C, N. (Seção I), de10 de maio de 1967, pAgina 2.053.

Page 179: J SENADO FEDERAL

178 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

Também sôbre isenção tributária fo­ram apresentados na Câmara diversosprojetos de Leis Complementares, cate­goria, que nem sempre coaduna-se per­feitamente com a natureza da matériaproposta, porquanto versam algumas dasproposições sôbre matéria da legislaçãoordinária.

São os seguintes os projetos em tela:Projeto de Lei Complementar n.o 17,

de 1967, de autoria do Sr. Gabriel Her­

mes, que "Isenta de tributos as socieda­

des de economia mista, de âmbito esta­

dual, estabelecidas na Região Amazô­

nica para explorar a distribuição deenergia elétrica". Ver D. C. N. (Seção

I), de 8 de junho de 1967, página 3.023.

Projeto de Lei Complementar n.o 14,

de 1967, de autoria do Sr. João Menezes,

que "isenta de tributos a CompanhiaHidrelétrica de Boa Esf:leranç.a (CQHE­

BE), a Companhia de Eletrificação Ru­

ral do Nordeste (CERNE) e as sociedades

de economia mista, de âmbito estadual,organizadas para explorar a distribuição

de energia elétrica nas áreas de atuaçãoda SUDENE e SUDAM", Q projeto rece­beu parecer da Comissão de Constituiçáoe Justiça pela constitucionalidade, comsubstitutivo. As Comissões de Economia

e Finanças pronunciaram-se favoràvel­mente ao substitutivo de autoria daque­le órgão técnico da Câmara. Ver D.e.N.

(Seção Il, de 31 de maio de 1967, página2.735 e de 31 de outubro de 1967, página7.148.

Projeto de Lei Complementar D.o 39,

de 1967, de autoria do Sr. Padre Vieira,que "isenta de tributos as propriedadesrurais de baixa produtividade". VerD.e.N. (Seção Il, de 29 de novembrode 1967, página 8.283

Projeto de Lei Complementar n.o 40,

de 1967, de autoria do Sr. Alípio de Car­

valho, que "isenta de tributos as pro­

priedades das entidades esportivas". Ver

D .C. N. (Seção 1), de 29 de novembro de1967, página 8.286.

Projeto de Lei Complementar n.o 42,

de 1968, de autoria do Sr. Paulo Abreu,

que "isenta de impostos e taxas federais,estaduais e municipais, as Sociedades

Cooperativas de "Seguro-Saúde", e dá

outras providências". A Comissão deConstituição e Justiça da Càmara dos

Deputados manifestou-se pela inconsti­

tucionalidade da proposta, que contrariao art. 150, § 1.0, da Carta Política do

País. Ver D.C.N. (Seção n, de 31 dejaneiro de 196B, página 449 e de 15 demarço de 1968, págína 390.

Projeto de Lei Complementar n.O 43,

de 1968, de autoria do Sr. Alberto Costa,que "isenta de tributos a compra de ouropelo Ministério da Fazenda, e dá outrasprovidências". Ver D. C. N. (Seção n,de 8 de fevereiro de 1968, página 666.

Excetuando os Projetos de Lei Com­plementar n.a 14, de 1967 e 42, de 196B,

todos os demais, aguardam, ainda, o pro­nunciamento das Comissões competen­tes.

Além do Projeto de Lei Complementarn.O 17, de 1967, duas outras proposiçõesda mesma natureza versam sôbre a Re­gião Amazônica:

Projeto de Lei Complementar n.O 19,de 1967, de autoria do Sr. Haroldo Car­valho, que "estende à Região Amazônica

os incentivos, favores creditícios e de­mais vantagens concedidas pela legisla­ção à Região Nordeste do Brasil". Ver

Page 180: J SENADO FEDERAL

JANEIRO' Â MARço - 196' 179

D.C.N. (Seção I), de 22 de Junho de1967, página 3.582.

Projeto de Lei Complementar n.o 20,

de 1967, de autoria do Sr. Nunes LeaJ,que "cr:la incentivos ao desenvolvimentoda construção civil e das emprêsas con­:ess1onárias de serviços públicos naAmazônia OCidental e dá outras provi­dêncIas." Ver D.C.N. (Seção 1), de 5 deagôsto de 1967, página 4. 185 .

Relativamente à instituição de Re­giões Metropolitanas foram apresenta­dos na Câmara diversos projetos, dos

•quais apenas um, o de n.D 31, de 196'7,apresenta o caráter essencialmente com­plementar à Constitulção. Disciplina aproposição, de autoria do Sr. Paulo Ma­

carini, o disposto no I lO, do art. 157,da Constituição do Brasil, relativo à Ins­tituição de regiões metropolitanas e dáoutras providências. A matéria, queaguarda os pareceres das Comissões deConstituição e Justiça; Transportes, Co­municações e Obras Públicas e Finan­ças, encontra-se publlcada no DlárIo doCongresso Nacional (Seção n, de 4 deoutubro de 1967, página 6.227.

São as seguintes as outras proposições

em questão:

Projeto de Lei Complementar n.o 15,de 1967, de autoria do Sr. Edgardo deAlmeida, que "estabelece a região me­tropolitana da Baixada Fluminense".Ver D.e.N. (Seção I), de 3 de junho de1967, página 2.886. O proleto recebeuparecer da COmissão de Constituição eJustiça pela inconstitucionalldade e In­jurldlcidade. Ver D.e.N. (Seção !), de1.° de setembro de 1967, página 5.016.

Projeto de Lei Complement.ar D.O 23,

de 1967, de autoria do Sr. Paulo Biar,

que "estabelece região metropolltanaconstitulda pelos Municipios de NovaIguaçu, Duque de Caxias, São João de

Meritl, NHópolis, Magé, Itagual e lta­borai, no Estado do Rio de Janefro". VerD.e.N. <Seção I), de 24 de agôsto de1967, página 4.752.

Frojeto de Lei Complementar n.o 32,

de 1967, que "estabelece regiões metro­polItanas constttuidas pelos MUJÚclpiosque menciona, e dá outras providências".~e projeto, que é de autoria do Sr. Raul

Brunlnl, encontra-se publlcado no D.N.e.

(6eção I), de 4 de outubro de 1967, àpágina 6.228.

Projeto de Lei Complementar n.o 35,

de 1967, de autoria do Sr. AdhemarOhJsl, que "cria região metropolitana soba denominação de "Granja Florianópo­lis", no Estado de Santa Catarina". VerD.e.N. (seção I), página 6.558, e

Projeto de Lei Complementar n.o 38,

de 196'7, de autoria do Sr. MUton lWis,que "estabelece a Região Metropolitanaconstituida dos Municiplos de Ipatlnga,Timóteo e Coronel Fabriciano, no Estadode Minas Gerais". Ver D. e. N. (SéçãoI), de 29 de novembro de 1967, página8.283.

Ao declarar a Inconstitucionalidade doProjeto de Lei Complementar n.o 23, de1967, a Comissão de Constituição e Jus­tiça da Câmara dos Deputados, atravésdo Parecer relatado pelo Sr. PedrosoHorta, deu um pronunciamento que seapl1:a também aos demais projetos men­cionados:

"O I 10 do art. 157 da ConstituiçãoFederal não é auto-apl1cável. En­quanto a Lei Complementar não de-

Page 181: J SENADO FEDERAL

180~~~--~~-

REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

finir o que seja "região metropoli­

tana", não poderá o legislador fe­

deral criar regiões metropolitanas."

Ver D.C.N. (Seção n, de 23 de se­

tembro de 1967, página 5.805.

Além das proposições já mencionadas

encontram-se em tramitação na Câmara

dos Deputados os seguintes projetos:

Projeto de Lei Complementar n.o 16,

de 1967, de autoria do Sr. Cunha Bueno,

que "regulamenta os parágrafos 2.° e 3°

do art. 161 da Constituição Federal". A

proposição refere-se à indenização a ser

paga ao proprietário do solo no caso de

exploração de minas e jazidas por parte

do Estado. Ver D.C.N. (Seção n, de 7

de junho de lS67, página 2.977.

Projeto de Lei Complementar n.o 22,

de 1967, de autoria do Sr. José Penedo,

que "fixa as alíquotas máximas do im­

pósto de propriedade predial e territo­

rial urbana". Ver D. C N. (Seção I), de

15 de agôsto de 1967, página 4.453. A

Comissão de Constituição e Justiça da

Càmara dos Deputados pronunciou-se

pela inconstitucionalidade (art. 97 da

Constituição) da proposta conforme se

lê no Diário do Congresso Nacional (Se­

ção 1), de 19 de setembro de 1967, página5.573.

Projeto de Lei Complementar n.o 24,

de 1967, de autoria do Sr. Montenegro

Duarte, que "dispõe sôbre os juízes clas­

sistas temporários, referidos no art. 133

da Constituição, alterando a redação dos

arts. 663, 668 e 693 da Consolidação das

Leis do Trabalho". Ver D.C.N. (Seção

1), de 29 de agôsto de 1967, página 4.892.

Projeto de Lei Complementar n.o 29,

de 1967, de autoria do Sr. Adhemar Fi-

lho, que concede às empresas agrícolas

e industriais o direito de complementar

até 70% o crédito fiscal correspondente

às mercadorias entradas nos respectivos

estabelecimentos". Ver D. C.N. (Seção

I), de 27 de setembro de 1967, página

5.890. A Comissão de Constituição e Jus­

tiça da Câmara dos Deputados, em pa­

recer publicado no D, C.N. (Seção I), de

20 de janeiro de 1968, página 139, pro­

nunciou-se pela inconstitucionalidade do

projeto, Que fere a norma constante do

§ 4.° do art. 24 da Constituição do Brasil.

Projeto de Lei Complementar n.o 30,

de 1967, de autoria do Sr. Osmar Dutra,

que "complementa o item IlI, do art. 4°

da Constituição do Brasil, definindo a

plataforma submarina". Ver D.C.N.

(Seção 1), de 27 de setembro de 1967,

página 5.890.

Projeto de Lei Complementar n.o 33,

de 1967, que "revoga o art. 4,° do Ato

Complementar n.O 36, de 13 de março de

1967". Essa proposição, de autoria do

Sr. Adhemar Filho encontra-se publi­

cada no D.C.N. (Seção 1), de 6 de outu­

bro de 1967, página 6.331.

Projeto de Lei Complementar n,o 37,

de 1967, de autoria do Sr. Floriano Ru­

bim, Que "dispõe sóbre a criação .de no­

vos Estados e Territórios, e dá outrasprovidências", Ver D.C.N. (Seção n,de 29 de novembro de 1967, página 8.281.

Projeto de Lei Complementar n.o 41,

de 1967, de autoria do Sr. Lacôrte Vltale,

que "complementa o inciso II do art. 101,

da Constituição Federal, facultando a

aposentadoria do funcionário público

com 3D ou mais anos de serviço". Ver

D.C.N. (Seção I), de 18 de janeiro de

1968, página 19.

Page 182: J SENADO FEDERAL

ARQUIVO

LIMITES BRASIL· PARAGUAIDOCUMENTO HISTÓRICO

Tratado de Aliança(Brasil- Argentina - Uruguai)de 1.o de maio de 1865

RMatoraDiretoria de InlormlU;óo Legis!ativa

No e.no de 1865 a Guerra do Paraguai en­seJou a asslnatura de um Tratado de Alian­ça entre o Brasll, a República Argentina ca Republlca Oriental do Urogual.

Os dois primeiros pa1ses estavam em gucr­ra com o Paraguai, sendo que o Uruguaiestava cm estado (fc host111dade por verameaçada sua 6egurança Interna e pela vio­lação de tratados Internacionais.

O Tratado de Aliança - ofensiva e defen­siva - teve como plenlpotenclárl06 escolhi­dos pelo Imperador do Brasil:

Francisco Octavlano de Almeida Rosa cseu Conselho;pelo Presidente da RepubUca Ar'ljenUna:Dom Ruflno Ellzalde, seu Ministro e Se­cretárIo de Estado dos Negócios Estran­geiros;pelo Govcrnador Provisório da Repú­blica Oriental do Uruguai:Dom Carlos de Castro, 6eU Ministro esecretArio de Estado dos Negócios Es­trangeiros .

Concorrendo com todos os meios dc guer·ra de que pudessem dispor em terra ou riosque julltasscm necessários. dispunha o Tra­tado que. começando operaçio de guerra naRepubllca Al'!entlna ou parte do Território

paraguaio, limitado com csta, o comandoem chefe e dlreçAo dos exércitos aliados fi­cariam subordinados à República Argenl1na.

Convencidas as partes contratantes de quenão mudaria o terreno das operações deguerra, para salvar os direitos soberanos dastrês nações, flnnavam o principio de reci­procidade para o comando em chefe. casoas operações traspassassem para. territóriobrasllelro ou oriental.

Detennlnava o Trnl.ado que as fOrças ma­nUmas aliadas ficariam sob o comando doAlmirante Tam~ndaré c que as fOrças ter­restres do Brasil fonnarlam um exército sobas ordens do Gencral-Brlgadelro Me.noelLuis OSório.

As fOrças terrestres da República Orientaldo Uruguai. uma DivisA0 de fOrças brasi­leiras e outra de fOrças argentinas dcverlamfonnar exército sob ordens imediatas doGovernador Prov1sórlo do UruguaI. Gene­ral-Brigadeiro Venâncio FlOres.

A ordem e economia m!lltar dos exércitosaUados dependeriam unicamente de seuspróprios chefes. enquanto 8S despesas desOldo, subsistência. munlçio de guerra. ar·mamento. vestuário e meios de mobilizaçãodas tropas aliadas 6erlam feitas à custa dos

Page 183: J SENADO FEDERAL

182-------REVISTA DE .....FORMAÇÁO LEGISLATIVA

respectivos Estados, prestando-se mutua­mente as Partes Contratantes todos os au­xflios ou elementos de guerra.

Os aliados se comprometeriam a não de­por as armas senão de comum acõrdo, SÓ­mente depois de derrubada a autoridade doentão atual Govêrno do Par~ai, bem comonão negociar separadamente com o inimigocomum. Além disso, não celebrariam Trata­dos de Paz, trégua ou armistício, nem Con­venção alguma para suspender ou flndar aguerra, a não ser em conjunto.

Não sendo a guerra contra o povo doParaguai e sim contra seu Governo, os alia­dos poderiam admitir em uma legião pa­raguaia os cidadãos dessa nacionalidade quequisessem concorrer para derrubar o Go­vêrno daquele Pais e lhes dariam os ele­mentos necessários para tal.

Obrlgar-se-iam os aliados Igualmente arespeitar a independência, soberania e In­tegridade territorial da República do Para­guai, podendo o povo paraguaio escolher oGovêrno e instituições que lhe aprouvessem,mas não podendo incorporar-se a nenhumdos aliados e nem pedir o seu protetoradoem conseqüência da guerra.

As franqUias, privilégios ou concessões queobtivessem do Govêrno do Paraguai seriamcomuns às partes contratantes.

Derribado o Governo paraguaio, os aHa­dos fariam os ajustes necessários com a au­toridade que aI! se constituísse para asse­gurar livre navegação dos rios Paraná e Pa­raguai, de maneira que os regulamentQs eleis daquela República não pudessem estor­var, entorpecer ou· onerar o trânsito e anavegação direta dos navios mercantes e deguerra dos Estados aliados, dirigindo-se paraseus territórios respectivos ou para territó­rios que não pertencessem ao ParaguaI. Pa­ra isto seriam tomadas as garantias conve­nientes para efetividade dos ajustes à basede que os regulamentos de polícia fluvialpara os dois rios referidos e para o riO Uru­guai fõssem feitos de comum acôrdo entreos aliados.

Os aliados reservar-se-iam combinar en­tre si os meios mais próprios para garantira paz com a Repúbllca do Paraguai, depoisde derribado o Govêrno, sendo nomeadosoportunamente os plenlpotenclárl06 que ce­lebrr-riam os ajustes com os novos gover­nantes, de quem seriam exigidos 06 paga~

mentos das despesas de guerra, bem comoreparação e Indenização dos danos e pre­julzos causados às suas propriedades públi­cas e particulares.

A República Oriental do Uruguai exigiriatambém uma inden~ão proporcional aosdanos e prejulzos causados pelo Govêrno do

Paraguai pela guerra em que se viu obriga­do a entrar para defender SUII. segurançaameaçada.

Quanto às questóes de limites, parll. evi­tar dissençóes de guerra, flcaria estabeleci­do que os aliados exigissem do Govêrno doParaguai que fôsse celebrado com os res­pectivos Governos tratados definitivos delimites, sob as seguintes bases:

O Império do Bl'ull se dividiria da Re­pública do Paraguai:- Do lado do Paraná pelo primeiro rioabaiXo do Salto das sete Quedas IIgu­rey) ;- do lado da margem esquerda do Pa­raguai, pelo rio Apa;- no interior, pelos cursos do serradoMaracaju, sendo as vertentes de Lestedo Brasil e as de Deste do Paraguai,e tirando-se da mesma serra as maisretas em direção às nascentes do Apa edo Igurey.A República Al'gentina se dividiria daRepública do Paraguai:- pelos rios Paraná e Paraguai a en­contrar os limites com o Império doBrasil, sendo estes do lado da margemdireita do rio Paraguai à Bala Negra.

Os aliad05 se garantiriam reciprocamenteo fiel cumprimento dos convenios, ajustes etratados que se devessem celebrar com oGovêrno a estabelecer-se na Repúbllca doParaguai, para isto envldando todos os es­forços.

O Tratado de Aliança se conservaria se­creto até a consecução do flm principal daAliança, sendo as resoluçôes que não de­pendessem de aprovação legislativa postasem prática imediatamente e as outras, apósquarenta dias contados da data do Tratado.

O Tratado de Aliança foi assinado emBuenos Aires, em 1.G de maia de 1865.

Finda a Guerra do Paraguai, tratou-se doproblema de fronteiras.

A fronteira do Brasil com o Paraguaifoi definida pelo Tratado de 1872, que crioua Comissão Mista Demarcadora (reunidaentre êste mesmo ano e o ano de 1874) eo Tratado de 1927, complementar daquele.

De acôrdo com o Tratado de 1872, foi no­meado para Comissário Brasileiro da Co­missão Mista Rufino Eneas Gustavo GalvãoPara. Comissário de seu pais, o Govêmoparaguaio nomeou o cidadão Don Domin­goo Ortiz.

A partir de outubro de 1874, estava defi­nitivamente fixada a fronteira, de confor­midade com a demarcação feita, nos têrmosdo Tratado de 1872.

Page 184: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 183

Daf por diante, qualquer dos dois pafBeapodIa ocupar o território de &eU lado daUnha encarnada do mapa, e nêle plenamen­te estabelecer-se - all81m como nas Ilhas aum e a outro adJudicadas, conronne a mes­ma linha encarnada, naa plantas.

A demarcação, reconhecida pelos gover­nos do Paraguaf e do Braall, velo a serconf1rmada ulteriormente em Atos Inter­naclonala firmados peloo dole paÍSes.

Em 27 de malo de 1927, assinou-se no RIode Janeiro o "Tratado de LImItes Com­plementar do de 1872."~ Tratado em nada p& em causa a

primitiva linha de limIte, definida pelo Tra­tado de 1872 e fixada pela DemarcaçAo de1872174, mu tratou do seu prolongamento,Isto é, da linha de límlte entre a foz dorio Ap.. e '0 desaguadouro da Bala. Negra.

Dlzla o ArtIgo m do Tratado de 1927:"Uma ComlssAo Mista brasileIro-para­guaia, nomeada pelos doia Governos nomais breve prazo possível ap6s troca dasratlflcaçôes do presente Tratado. le­vantará a planta do rio Paraguay, comas suas .Ilhas e cana.ls, desde a confluên­cia do Apa até o desagllBdouro da BaiaNegra.Essa comlssAo efetuará as sondagensnecessé.rlas e as operações topogriflcase geodésicas Indlspensi.vels para a de­terminação da fronteira, e colocaré.marcos nu tlhas prtnciPB.1s e pontosque julgar ma.ls convenIentes.paripato únloo. Os dois Governos, emprotocolo especlal, a ser firmado IDtfOdepois da troca das ratlflca.ç6es dêsteTratado, estabelecerAQ o modo por quea comlssio mista será constituída e B8

Instruções por que se regerá para a exe­cução dos seus trabllolhos."

Em obediência ti. detenntnaçll.o do Pari­grafo único do Artlgo 111 do Tratado deLimites Complementar, acima transcrito,firmou-se, no Rio de Janeiro. em 9 de malode 1930, um aJuste; o PROTOCOLO DEINSTRUÇOES para a Demarcação e Ca­racterizaçAo da Fronteira Brasil-ParaguaI.~ Protocolo, no seu prelmbulo. diz:

"Os Governos da Repúbllca dos Esta­dos Unidos do Brasil e da República doParaguai, no Intuito de dar cumprimen­to ao estipulado no parágrafo único doartigo terceiro do tratado de limites,complementar ao de 1872, flnnado noRio de Janeiro a 21 de maio de 1927,e por outro lado, no de atender à ne­cessidade de serem reparad06 algunsdos marcos da fronteira. entre os doispaiscs, demarcada. de 1872 a 1874, por

uma ComlssAo mista brasUelro-para­guata, de serem llubstltuldos os marcosda mesma fronteira, que hajam deu­parecido, e de serem colocados marcosintermediários nos pontos que forem Jul.gados convenientes, resolveram celebraro presente ajuste, no qual, tOdas essasprovidências se acham indicadas."

Em 27 de março de 1872, o DECRETO N.o4.911 promulgou o tratado de limites entreo Império do BrasU e a Replibllca do Pa­raguaI.

Decreto n.- 4.911, ele n ele mal'QG de 1872­Promulp o tratado de limites entre o Im­pérlo do BrasU e a República do Paraguai.

Tendo-se conc1uldo e asslgn&do em As­sumpçAo, aos nove de Janeiro do correnteanno, um tratado de limites entre o Imperloe a Republlca do paraguay; e achando-seeste acto mutuamente ratificado, havendo­se trocado as ratificações nesta cOrte em 28do corrente mez: Sua Alteza a Prlnceza Im­perial Regente, em Nome de Sua Magesta­de o Imperador o senhor D. Pedro n, Hapor bem Ordenar que o dito tratado sejaobservado e cumprido tio Inteiramente 00­mo neUe se contém.

Manoel Francisco Correia, do Conselho deSua Magestade o Imperador, MInistro e se­cretario de Estado dos Negoclos Estrangei­ros, o tenha assim entendido e expeça paraeste fim os despachos necessarl06. Palaclodo Rio de Janeiro, aos vinte e sete dias domez de Março de mil oitocentos setenta edous, quinquageslmo primeiro da Indepen­dencla e do Imperlo.

PRINCEZA IMPERIAL REGENTE.Manoel FraPc1500 Correta.Nós a Prlnceza Imperial. herdeira pre­

sumptlva da Corôa, Regente em Nome deSua Magestade o senhor D. Pedro lI, porGraça de Deus e Unanlme a.ccl&mação dospovos. Imperador Constltuclonal e DefensorPerpetuo do BrasU, ete.

Fazemos saber a todos os que a presentecarta de conflrmaçAo, approvaçll.o e ratifl­cação virem, Que aos nove dias do mez deJaneiro de 1872, concluiu-se e asslgnou-sena cidade de AssumpçA.o entre Nós e S. Ex.o Sr. Presidente da Republlca do Paraguay,pelos respectlV06 plenlpotenclartos, munidosdos competentes plenos poderes, um tratadodo teor seguinte;

TRATADO DE LIMITESSua Alteza a Princeza Imperial do Bra­

sU, Regente em Nome do Imperador o se­nhor D. Pedro n, de uma parte, e, da outra,a Republlca do Paraguaf, reconhecendo Queas q'lest6es e duvidas levantadas sobre oslimites de seus respectivos terrltorlos multo

Page 185: J SENADO FEDERAL

184

contrlbulram para a guerra que desgraça­damente se fizeram 06 dous EStad06, e ani­mad06 do mais sincero desejo de evitar queno futuro sejam por qualquer forma pertur­badas 8JS boas relações de amizade que en­tre elles existem, resolveram com este ob­jecto celebrar um tratado de limites, e paraeste fim nomearam seus plenipotenciarlos,a saber:

Sua Alteza a Princeza Imperial do Bra­sil, Regente em Nome do Imperador o Se­nhor D. Pedro lI, a S. Ex. o Sr. João Mau­ricio Wanderley, Barâo de Cotegipe, Sena­dor e Grande do Imperio, membro do seuConselho, commendador da Sua. ImperialOrdem da R06a, Grã-Cruz da Ordem deNossa Senhora da Conceição de Villa Vi­Ç06a de Portugal, da Real Ordem de Izabela Catholica de Hespanha, e da de Leopoldoda Belgica, Seu Enviado Extraordinario eMinistro Plenlpotenciario em miS1>ão espe­cial.

S. Ex. o Sr. D. Salvador Jovellanos, Vice­Presidente da. Republica do Paraguay, emexercido do poder executivo, ao Sr. D. Car­los Lolzaga, Senador da Republica.

Os quaes depois de terem reciprocamentecomunicado seus plenos poderes, a.chando­os em boa e devida forma, convieram nosartig06 seguintes:

Ari. 1.°. Sua Alteza a Princeza Imperialdo Brazil, Regente em Nome do Imperadoro Senhor D. Pe<lro n. e a Republica do Pa­raguay, estando de accordo em a.~signalar

seus respectivos limites, convieram em de·claral-os. definil-os, e reconhecei-os do mo­do seguinte:

O territorl0 do Imperio do Brazil divide-secom o da Republ1ca do Paraguay pelo alveodo rio Paraná, desde onde começam as pos­~sões brasileiras na foz do Ip;uassú até oSalto Grande das Sete Quedas do mesmofto Paraná.

Do Salto Grande das Set€ Quedas conti­nua a linha divisoria pelo mais alto daSerra de Maracajú até onde ella finda.

Daht segue em Jinha recta, ou Que maisse lhe aproxime, pelos terrenos mais eleva­dos a encontrar a Serra Amambahy.

Pr06SegUe pelo mais alto desta Serra atéfi. nascente principal do rio Apa, e baixapelo alveo deste até sua foz na margemoriental do rio Paraguay

Todas as verten~s Que correm para nortee leste pertencem ao Brasil e as que cor­rem para sul e oeste pertencem ao Para­guay.

A ilha do Fecho dos Morros é do dominiodo flrazil.

Art. 2°. Tres mezes ao mais tardar con­tados da troca das ratificações do presente

tratado. as altas partes contractantes no­mearáo commissarios, Que, de commum a.c­corda e no mais breve prazo possivel, pro­cedam á demarcação da linha. divisoria, on­de fór necessario e de conformidade com oque fica estipulado no artigo precedente.

Ari. 3.°. Se acontecer (o que não é deesperar) que uma das altas partes contrac­tantes, por qualquer motivo que seja, deixede nomee.r o seu commissario dentro doprazo acima marcado, ou que, depois de no­meal-o, sendo mister substituil-o, o nãosubstitua dentro de igual prazo, o comis­sario da outra parte contractante proce­derá á demarcação, e esta será julgada vÍl­lida, me<liante a inspecção e parecer de umcommissario nomeado pelos Governos daRepublica Argentina e da Republica Orien­tal do Uruguay.

Se os ditos Governos não puderem acce­der á solicitação que para esse fim lhes se·rá dirigida, começará ou prosseguirá a de­marcação da fronteira, da qual será levan­tado por duplicado um mapa individual comtodas as indicações e esclarecimentos pre­cisos para ser um delles entregue á outraparte contractant€, ficando a esta marcadoo prazo de seis mezes para mandar, se as­sim lhe convier, verificar a sua exactidão.

Decorrido esse prazo. não havendo recla­mação fundada, ficará definitivamente afronteira fixada de conformidade com ademarcação feita.

Art. 4.°. Se no prosseguimento da demar­cação da fronteira os commissarios acharempontos ou balisas naturaes, que em nenhumtempo se confundam, por onde mais conve·nientemente se possa assignalar a linha.f6ra, mas em curta distância da qUe ficoUacima indicada, levantarao a planta comos esclarecimentos indispensáveis e a sujei­tarão ao conhecimento de seus respectivosGovernos, sem prejuízo ou interrupção dostrabalhos encetados. As duas al~as partescontractantes li. vista das informações as­sentarão no que mais conveniente fôr aseus mutuos interesses.

Art. 5°. A troca das ratificações do pre­sente tratado sera feita na cidade do Riode Janeiro dentro do mais bre~'e pra;o:o pos­sivel.

Em testemunho do Que os plenipotencia­rios respedivos a.~signaram o presente trata­do em duplicata e lhe puzeram o se1lo desuas armas.

Feito na cidade de Assumpçáo, aos nov~

dias do mez de Janeiro do anno do Na.~Cl~

mento de Nosso Senhor Jesus Christo d~

mil oitocent05 setenta e dous c

lL.S ..' Barão de ('otegipe.(L.S . .1 - Carlos Loizaga.

Page 186: J SENADO FEDERAL

JANEIRO A MARÇO - 1968 185

''&:: sendo-n09 presente o mesmo tratadocujo teor fica ac1ma inserido e bem visto,considerado e examinado por NOs tudo Oque nelle se con~m. o approvamos. ratlflca­m06 e contlnnamos, assim no todo. comoem cada um kios seus artigos e estipulaçõese pela presente o damos por flnne e valio­so para produzIr o seu devido effelto, pro­mettendo em fé e palavra. ímperlal cum·prtl-o lnViolavelmente e fa.zel-o cumprir eobservar, por qualquer modo que pOSSa ser.

Em testemunho e flrme'Zll. do que fizemospassar a presente carta por nós assignada,sellada com o sello grande das annas doImpel10 e referenda.dll. pelo Ministro e Se·cretario de Estado dos Negoclos &strangel­ros abaixo asslgnado.

Dada no Palacio do Rio de Janeiro, aos26 dJas do mez de Março do anno do NBS­cimento de Nosso senhor Je3US Chrtsto de1872.

<L.S.> - IZABEL, PRINCEZA IMPE·RIAL REGENTE.

Manoel Fnnclseo Correia.Leis do BrasU, vai. 1, 1872, pág. 109

Dn 1965, o Parague.1 levantou quesl.Aorelacionada com a caracterização da fron­teira brasllelro-parnguala na região do Sal­to das Sete Quedas, so:icltando o pais vi·zlnho a reUrada do destacamento ml1Jtarbrasileiro na zona de POrto Coronel Renato.

Frizou ainda o govêmo parague.lo que aComissão Mista de Limites e caracter1zaçãode fronteiras prosseguisse seus trabalhos e.em caso de desacOrdo entre os governos doBrasU e do Paraguai no selo da referIdaComissão, ambos 06 governos reco1TeSSem atodos os meios de solução pac!f1ca para aresolução do problema.

A questio suscitou acaloradas discussões,tendo a impnnsa da época dedJcado grandeatenção ao assunto.

Em fevereiro de 1966, atendendo a pedidode informação do deputado Lyrlo Bertoli,relativo ao.'i problemas suscitados pelo Pa­raguai na regIão do Guaira, o ministro Ju­racy Magalhães, do Exterior, expôs 0.<; prin­cipais pontos que o Brasil defendia naquestão.

Entre outros aspectos, explicou que a pre·sença de pequeno contingente mUitar bra­slJerro aH nAo representava nenhum ato deanlmosidade contra o povo paraguaIo.QCupando-se I\, tropa em reparar marcosfrontelrlços danilicados apenas. Além damedida de proteçll.o normal de fronteIras.pretendia o govémo brBSllelro, igualmente,promover a. denslf1cação da ocupação do.l\rea.

Quanto a noticias de posslvel movimen­tação de fOrças do exéreito brasllelro e pa­raguaIo. aflnnou o Ministro. estavam elassendo provocadas por questões relativas aHmites entre os dois paises.

Em comunicado distrlbuldo à imprensa,em fins de 1965, Jé. o ltamaratl definira aposição brasileira relaUva a limites, dizendoque o govêrno brasileiro não admitia a exis­tência. de "litígio" uma V~ que a fronteirada Barra do Iguaçu, no Parané., até li. BOcado Apa, no Paraguai, ficou exata, escrupu­losa e definitivamente demarcada em 1874.nos tênnos do Tratado de Limites de 1872pela "Comissão Mista Demarcndora Bras!­lelro-ParaguaJa", tendo sido a demB.rcaçiiosolenemente reconhecida pelo Paraguai.

Não exfstlndo "fOrças brasileiras em ter­ritório não-delimitado", a atual comissãomlst.a demarcadora foI cr1ada com a flnall­dade de efetuar a demarcaçllo no rio Pa­raguaI 005 têrmos do Tratado Complemen­tar de 1927, consistindo sua. tarefa apenas"ne. reparação ou substituição dos marcosda fronteira comum demarcada de 1872 a1874 que estivessem danificados ou destrui­dos, mantendo suas respectlvas situações,"

Além disso. observadas as prescrições doTratado de Llmltes de 9 de janeiro de 1872,contidas na ata da 18· Confer~ncla da Co­missAa Mista executora do dUo TrauwQde 1872, assinada em Assunção em 24 deoutubro de 1874. cabia à atual comissãoerigir novos marcos entre os já existentesnas terras altas da referida frontelr~ a fimsimplesmente de melhor cllrRcterlú,-Ia..

Informou lI.inda o ltamarati que o Minis­tério tentara entendimentos com o govêmoparaguaio sObre o possível aproveitamentodo potencial hidroenergétlco dos Saltos dasSete Quedas do Rio Parané. em Guaira.manltestando o govêmo brasileIro. desde1962, disposIção de examinaI' ", po.'lSíbtlidadede participar a República do Paraguai dautlll2ação cios recursos energéticos e dequaisquer outros projetos a serem desenvol­vidos n06 Saltos das SCte Quedas.

Não obstante a afirmação brasileira deQue não existia nenhum problema frontei­riço entre :Brasil e Paraguai, a imprensaestrangeira destacou o fato. dizendo quelideres paraguaios exilados em Montevidéue Buenos Aires estariam dL~postos FI tomarposição frente às tropas brRsllelra.~. repe­tindo a Guerra do Chaco com a Bolivla.

Alegando li necessidade da Intervenção daOEA no problema. a liderança paraguaiaem Buenos Aires distribuiu comunicado àimprensa dizendo não estarem definidos oslimites entre o Paraguai e o Bra~11 estabe­lecidos pelo Tratado de 1872 sóbre a. zona

Page 187: J SENADO FEDERAL

186 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA

dos 8altos do Guaíra, estando a questãoaberta até a atualldade, já. que as cascatasque lIndam com terra paraguaia constitui·riam condominlo dos dois países.

Por ocasião da leitura de sua mensagemanual na abertura do período parlamentarde 1966, o Presidente Stroessner, do Para·gual, afinnou que a cordlalldade das rela­ções do Paraguai com o Brasil estavam gra­vemente alteradas em conseqüência daocupação, por parte de fôrças ml1ltares bra­sileiras, de uma zona contígua ao Salto deGuaíra, ao sul da linha dlvls(>rla da Serrade Baracayu, estabelecida como limite peloartigo primeiro do tratado subscrito com oImpério do Brasil aos 9 de janeiro de 1872,slmultàneamente com o tratado de paz quecolocou têrmo à. guerra da Trlpllce Aliança.

Afirmou ainda o presidente paraguaio queseu govêrno desejava o seguinte:

a) concluir a demarcação da fronteira. nazona do Salto de Guaíra;

b) chegar a um acôrdo com o govêrnobrasileiro sôbre o aproveitamento con­junto e em igualdade de condições, dopotencial hldroelétrlco do Salto doGuaíra.

Mais adiante, afirmou o Presidente Stro­essner que o Paraguai não considerava can­celado o l1tlgto com o Brasil, relativamenteA demarcação de fronteiras, na zona do Sal­to de Guaíra, devido à. presença. de tropasna uma não demarcada e, ainda, que o Pa­raguai estaria disposto a debater com oBrasil o problema. ante qualquer organismoInternacional.

Rebatendo as criticas paraguaias, o Chan­celer Juracy Magalhães disse, Inicialmente,que o Brasil não se prevaleceu da Guerra doParaguai para se apoderar do território deSete Quedas.

Afirmou, igualmente, que os nossos di­reitos eram indlscutlvels, pelo que "na defe­sa dêles não se arredaria nosso govêrno, se­ja pela ameaça., seja pela intriga."

Reafirmando a. definição de fronteiras pe­lo Tratado de limites assinado entre os doispalses em 1872, complementado pelo de 1927,frisou ainda o ministro Juracy Magalhãesque a alegação do Paraguai de que o Tra­tado de 1872 "foi conseqüêncIa duma. guerrade extermlnlo da Trlpllce Aliança contraaquêle Pais, tendo havido divisão prévia dosterritórios de que seria despojado", erauma alegação Injusta.

O ministro Jura.cy Magalhães terminouressaltando que o que devia unir paraguaiose brasileiros era a perspectiva de colabora­ção numa via particularmente promissora.como era a do aproveitamento integral dos

recursos energéticos e hidráulicos do rio Pa­raná.

Prosseguindo os debates sôbre a questãodo Guaíra, o problema evoluiu para umaproposta do Brasil no sentido de, no casoda insistência paraguaia quanto li região dasSete Quedas, conceder o nosso pais IJÔrtomarltlmo para a. BoUvia.

O Brasil propusera. algum tempo atrás aoParaguai o direito de usar o pôrto de Pa­ranaguá, mas, com a crlre motivada pelafronteira, tal proposta caiu no esqueci­mento.

Dependente econOmicamente da Argenti­na, o Paraguai tem que usar o rio da Pratapara o seu comércio, sendo que a constru­ção da Ponte da Amizade, ligando para­guaios e brasileiros, reduziu bastante a In­fluência argentina.

A questão colocada ao paraguai com apossível abertura do pôrto li Bollvia seria. ade não poder contrabalançar a. influênciaargentina e, ainda, a competição com asexportações bolivianas. Além disso, Para­guai e BoUvia questionam, desde a guerrado Chaco, no sentido de demonstrar maiorprestígio internacional.

Em maio de 1966, o Ministro Juracy Ma­galhães compareceu à Càmara dos Depu­tados, atendendo convocação feita por aque­la Casa. do Congresso.

Referindo-se aos diversos Tratados de Li­mItes assinados entre o Brasil e o Para­guai, afinnou o Ministro das Relações Exte­riores ser injusta a pretensão paraguaiaquanto A regláo das Sete Quedas.

Concluindo, disse;

"Somos um Pais soberano. cônscio nãosó de nossos deveres, mas também denossos direitos. No caso presente, vejo,entre os primeiros, o encargo de pre­servar a obra política de nossos ante­passados e o território que nos legaram.E entre os segundos está, Ineludivel­mente, a faculdade de colocar destaca­mentos militares em qualquer ponto denosso território, onde quer que sintamosameaçada a segurança nacional, assimcomo podemos removê-los quando, anosso juizo, se tomem desnecessários.Esperamos que o governo paraguaio seconvença de nossa boa. disposição e dasinceridade com que lhe oferecemos jun­tar-se a nós para, em beneficio denossos povos Irmãos, conjuntamente ex­plorarmos quaisquer recursos que ofere­ça o Salto de Sete Quedas. Não que­remos polêmica ou divergência de ne­nhuma espécie com o Paraguai, a cUJopovo nos sentimos fraternalmente liga-

Page 188: J SENADO FEDERAL

JANIIRO A MARÇO -=- 1968 187

dos e ao qual renovo, neste Instante, doalto desta. Tribuna, a. expressA0 de meumaior aprêço."

Logo a seguir, processaram-se os entendi­mentos entre os dois palses visando a con­versaçóes oficiais slJbre a questão de fron­teira, entendlmentos êstes reallu.dos no en­contro da Foz do 19uaçu, presentes os cha.n·celeres do Brasil e do Par~ai e suas res­pectivas delegaÇÓes.

O iJúclo das conversações mareou logo apredisposição do Brasil de fazer certas con­cessões, tendo como ponto paclrico, entre·tanto, não abrir mão, sob qualquer hipóte­se, de nossa soberania, Isto é, não admitirdiscussões liObre o Tratado de 1872.

O roteiro elaborado para os entendimentoscontinha. dez pontos principais entre osquais, figurando como fundamental, a reti­rada do destacamento milltar de Guaíra. ea. exploração conjunta do potencial energé­tico das sete Quedas.

Saudando o Chanceler Sapena Pastor, doPe.ra.gual. o Ministro Juracy Magalhl'les afir­mou que por parte do govérno brasUelroencontraria o Paraguai "a melhor dlspas!­çA.o para a adoção de soluçóes que, sem te­rir a dIgnidade, a soberania e o Interêssedos dois palses, fornecessem as bases cons­trutivas para. um trabalho conjunto v1sandoao desenvolvlmento econOmlco, o progressosoclaJ e à realiu.ção do Ideal pan-america­no de paz."

Agradecem:lo a. saudação, o chanceler Sa­pena Pasror c1eclarou que "o povo paraguaiodesejava, Igualmente. um amistoso e fra­terno entendimento com a Nação brasileira.,sObre a base de soluções decorosas que res­peitassem a dignidade, a soberania. e os In­terésses de ambas as nações."

Apesar da. cordialidade Intelal do primei­ro encontro dos chanceleres, não decorreude maneira inteiramente pactuca a reuniãoda Foz do 19uaçu, pois já no segundo diadlUi reuniões, o chanceler Sapena Pastor le­vantou um obstilculo aparentemente In­transponivel para o encontro de um deno­minador comum, quando estabeleceu - t0­mo preliminar para qualquer entendimento- a discussão do problema de !rontelrlUi.

Como diretrizes dos entendimentos a se­rem processados. o Ministro Juracy Maga­lhães entregara. ao Chanceler Sapena uma.agenda contendo dez pontos principais:

1. Reaflrmaçli.o de amizade;2. superação das dificuldades;3. estudo e levantamento das posslbUl­

dades econômicas da região de Guaí­ra;

.. . exploração do potencial energéticodas sete Quedas em co-partlclpar;Ao;

5. participação nos estudos da Bacia doPrata;

6. destrulçlio ou remoçA0 dos cascos so­çobrados que ofereces.<õem risco..o; à na­vegação internacional em águas doRJo Paragual;

'2. adiamento da dens1f1cação dos mar­cos nOli trechos alnda não caracterl­zat:los da fronteira;

8. mudança do nosso embaixador noParaguai;

9. deslocamento do destacamento doPOrto Coronel Renato;

10. conjugaçAo de esforços no trabalho daConferência.

NAo ressaltando em nenhum ponto destaagenda a. discussão do problema de fron­teira, a preliminar levantada pelo chance­ler paraguaio conduziu a discussão a serprocessada para um Impasse. afírmando ochanceler Juracy Magalhães que "o Brasilnão admitia que se diScutisse soberania numterritório de ocupação mansa e pacifica há9-4 anos," E mais: que "abdicação de sobe­rania sômente se poderia tazer por arbi­tragem Internacional, ou através de umaguerra", propondo "para a redação de umanota em que declarassem o desacOrdo."

Após estas aflrm~ do chanceler Ju­racy MagalhAes, o ministro Sapena Pastorapresentou proposte. singular que consistiana criação de uma espécie de "Estado-Tam·páo", na rona contestada, Estado êste queserie. governado por ume. comlsslio mista deAlto Nfvel que 1111 se Instalaria. para. solu­cionar o problema das fronteiras.

De &Côrdo com a proposta paraguaia, ne­nhuma autoridade brasileira, civil ou mlU­ta.r poderia entrar naquele território, e. nãoser com permissão expressa da ComLo;sAo Es­pecial e com o referendo da parte para­guaia..

Antevendo um posslvel malógro da Con­ferência, devido à posição paraguaia, o mi­nistro Juracy Magalhães exibiu ao chance­ler Palitor o projeto de uma nota-conjuntaque encerraria definitivamente as conversa­çOes.

A partir dêste momento, entretanto, hou­ve um recuo na posição paraguaia, afirman­do o chanceler Sapena Pastor que "a Re­pública. do Paraguai considerava que o Tra­tado de Limites firmado entre os dois Es­tados em 9 de fevereiro de 1872 e l\ reali­dade geográfica. constatada. pelos trabalhosda "Comissão Mista. de Limites e Caracte­rlzaçio da Fronteira. Paraguai-Brasil" f'C­

conhecera ao Paraguai dominlo e soberania5Ôbre a mesma 7.ona em que se achava lo­calizado o destacamento militar brasileiro."

Page 189: J SENADO FEDERAL

188 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA---- .~------- --.-._.- -- - ._.- ---- .- ._.

A nota paraguaia foi elaborada em res­posta ao "memorando" brasileIro que, uni­lateralmente e em pleno exerclclo de suasoberania, resolveu como fórmula concilia­tória e demonstração de boa-vontade, reti­rar o destacamento militar do Porto Coro­nel Renato_

A etapa seguinte no andamento da con­ferência foram os entendimentos relativosa uma nota conjunta que teve o nome de"Ata das Cataratas", e que foi o documen­to que encerrou um dos episódios mais cri­tic os das relações brasilelfo-paragu a ias.

"ATA DAS CATARATAS"(assinada em 22 de junho de 19661

"O Ministro de Relações Exteriores dosEstados Unidos do Brasil, Juracy Magalhães.e o ministro de Relações Exteriores da Re­pública do Paraguai, Raul Rapena Pastor.se havendo reunido às margens do rio Pa­rana. alternadamente !las cidades de Foz doIguaçu e Porto Presidente Stroessner. nosdias 21 e 22 do corrente, passaram em re­vista os vários aspectos das relações entreos dois países, inclusive aquêles pont-os sõbreos quais têm surgido ultimamente divergên­cias entre as duas chancelarias e chegaramàs seKuintes conclusões: 11 manifestaram-seacordes os dois chanceleres em reafirmar atradicional amizade entre os dois povos ir­mãos, amizade fundada no respeito mútuoe que constitui a base indestrutível das re­lações entre o.~ dois Paises: 21 expres~aram

o vivo desejO de superar, dentro de um mes­mo espírito de boa-vontade e concórdia,quaisquer dificuldades e problemas, encon·trando-lhes soluções compatíveis com os in­ten;ssl'S de ambas as nações; 31 proclama­ram a disposIção de seus respectivos {(o­Venlos de proceder, de comum arônio, oestudo c levantamento das pos.»ibilidadeseconômicas. em partido., dos H'cUrsos hidro­elétricos, pertl'llCentes em condominio aosdois países: 41 concordaram em restabele­cer. desde Já, qllea enerf.(ia elptrica even­tualmente produzida pelos desnÍ\Tis no rioParaná, desde c indu:iive os Salto~; das Se­te Quedas, ou Salto d!' Guaira. até a foldo no Iguaçu. seni dividida em partes igualsem I'e OS dois países. s('ndo reconhecido acada um dêlcs o direito de preferência paraa aqulsi~'ao desta energia a Justo preço, queserá oportunamente fixado por espedalistasdos dois países, de qualquer quantidade quenào venha a ser lltilv:ada para o suprimen­to das nl'cessid<ldes do l'onsumo de outroPais; 51 convieram, ainda. os dois chance·leres, em participar da reunIão de mini,trosde RelHçües Exl~riorps dos Est.ados flbpiri­!lhos da Bacia do Prata, " rcaUzar-se emBuenos Aires. a convite do l:0verno <lrgent i-

na, a fim de estudar os problemll5 comunsda área, com vista a promover o pleno apro­veitamento dos recursos naturais da região,e o seu desenvolvimento econômico, em be­nefício da prosperidade e bem-estar da po­pulação, assim como a rever os problemasjurídicos relativos à navegação, balizamen­to, dragagem, pilotagem, e pratIcagem dosrios pertencentes ao sistema lIidrográfico doParaná, a exploração do potencial energéti­co dos membros e a canalização, represa­mento e captação de suas águas, seja parafins de irrigação, ou para os de regulariza­ção das respectivas descargas. de proteçãodas margens, ou facilitação do tráfego flu­vilil; 61 concordaram em que as respectivasMarinhas procederão, sem demora, à des­truição ou remoção dos cascos soçobradosque atualmente oferecem riscos à navega·ção internacional nas águas do rio Paraguai:7) Em relação aos trabalhos da COlnlssãomista de limites e caracterização da fron·teira Brasil-Paraguai, convieram os doischanceleres em que tais trabalhos prossegui­rão na data que ambos os governos est i­marem conveniente: 81 congratulam-se, porfim, os dois chanceleres pelo espírito cons­trutivo que prevaleceu durante as duas con­versações e formulam V(It.OS pela semprecrescente e fraternal união entre o Brasile o Paraguai, comprometendo-se ainda anão regatear ('sforços para es(reilar cadavez mais os laços de amizade quI' lInpm osdois países."

Apesar de ter havido vitoria da nossa dI­plomacia na questão do Guaíra, o "Estadode São Paulo", tecendo consideraçôrs sôbrea "Ata das Cataratas" afirmou continuarpendente o problema fronteiriço entre oBrasil e o Paraguai, problema este solucio­nável sómente por meio de arbitra~em 111­

ternacional, vist.o que, os paraguaIOS . - ]('­vando em cont a uma realidade geogrúfica- - consideram que o Salto Grande das SeteQuedas passaria a pertencer à República doParaguai. O Brasil, por seu turno. conSIderaque a linha dlvisóna corre pl'lo alto c:a ~crra

do Maracaju, até a Quinta das Sete Que­das, o que coloca as cachoeiras em n()s~o

territorio. O ParagUai. por 5ua vez, tem co­mo ponto-de-vista que a linha diVisória (,OI"­

re pelo alto do contraforte da serra. o quedesloca a frcmtPlra em cêrca de dOIS qUI­

lômetros para leste. dando-lhe a maior parll'das quedas

Reprnduzimos. a segUll-. o artigo Hi rioTRATADO DE ALIANÇA a5~inado peloBrasil, pela Repúbllca Argentina l' pl'la IIp­pública Oriental do Uruguai, n" atll> d.'1865, c Que trata, espt'l'lfll'amet1te, da qlle'·t<io de limites na região do Salto das Se!,'Quedas.

Page 190: J SENADO FEDERAL
Page 191: J SENADO FEDERAL
Page 192: J SENADO FEDERAL
Page 193: J SENADO FEDERAL

.#2l.t.g/"'-r-7-""/oJ.t.tZ..';-7;.L....:.+"'/c.II-~ 41f ~'~ "","_",,~_k;

J--r--;l.k..-., ...oJ/-.4Ji7

4.-.... ­

~;.;..r..d~/...f. ",.:~...;..L_ d.,.J,.,d.77~~-

.-d",;,,", _.,v~,.)/U_~.."..-:"~_ W"" .ot."..~~ 1"Jo1'-'~~