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SENADO FEDERAL
DIRETORIA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
REVlsrrADE INFORMAÇÃO
LEGISIJ!~rlVJ\
EDITADA PELO
SENADO FEDERAL
DIRETORIA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
FUNDADORES :
SENAOOR AliRO MOURA AlIIDRADEPresidente do senado Federal
0961-1967)
E
DR. ISAAC BROWN
secretArio-Geral da Presidência •0946-1967)
DIREÇAO:
LEYLA CA~~ BRA~OO RANGEL
comporta e Impressa DO
Serviço Gritlco do 81'D&do FedenlBruma - D.'
6'
SUMARIO
COLABORAÇAO
"A autonomia. dos mWúcípios e a segurança nacional" - (S!Jmulor Jo-
saphat MarillM) 3
"Pedro Lessa e sua influência na. evolução constitucional do Brasil"
(Deputado Rubem Nogueira) .... 11
"Obrigação de «>ntratar" - (ProfessorOrlando Gomes) ... , ..... " ..... 21
"Os Decretos-Leis na. Constltulçât> dI!1967" - (Professor Olto de Andra-de Gil) ,27
"A integração do munlclplo no proces-so do desenvolvimento" - (Professor Rubem de Oliveira Lima) .. 35
BIBLIOGRAFIA
"Segurança nacional c ll.&Sunttls «>rrelatos" - Biblloteca. do senadoFederal , .. , "" .. 41
DOCUMENTAÇAO
"SeRurança nacional" Oegislaçl!.o, projetos, pronunciamentos) - (Fer-
nando Gtubertt Nogueira) 63
PESQUISA
"Menor - um problema pOsto emquestão" <2.& parte: o ml!nor no
Direito Civil) -- (Adolfo Eric deToledoi , , .. , , 79
",Justiça MilHar" - (Sara Ramos d~
"'igucircdoJ 99
"l..cis complementares" -- (RogérioCosta Rodrlgues) .1"-3
ARQUIVO
"Llmítes BraSil-Paraguai" <documentohistórico: "Tratado de AliançaBrasil-A r g e n li n a-Uruguai". de1-5-1865) -- (Lida Maria CardosoNaud) .181
<-\. Diretoria de lnfomwçiio LegislatiU!
compete coligir c fOrllcccr tiOS Snwt!orcs ('
(írgüos ti~crlico.\' do S('tl(u!o dados clllCir/ll/iCO\'
c elementos de inter(:.\·sc '}(Ira r!a!Jol'Uç'üo
lcgislatit;,(J c esc1lJrccimcPltos das nwtàills em
tramitaçiio na Casa ou 110 COlll!.n:sWJ,
I Resoluçoes nO, 20. 27 (' 38
de 1963, e n." 59, de 1966)
COLABORAÇÃO
A autonomia dos municípiose a Segurança Nacional
S-ruuk, Jo~hat 'fJ1a,inhoProfessor ãa Faculãade de Direito d4
UnlVersletaãe efa Bahia
SUMARIO
o Projeto e a Mensagem - A Constituiçãoe a Autonomia dos Municípios - Interpretação da Constituição - Necessidade de Leide Normas Gerais - Concordância da Doutrina Militar - Unilateralidade Imprudente- Projeto Inadmissível.
o PROJETO l A MENSAGEM
o Projeto de lei n.o 13, de 1968, submetido ao Congresso Nacional pelo PoderExecutivo, declara de interêsse do segurança nac;onol, "nos fêrmos do art. 16, § 1.°,olfnea ta, da Constituiçõo", 68 Municípios, situados uns "na faixa de fronteiro" eoutros "no orla marítimo",
Da mensagem presidencial, com que foi encaminhada a proposição, e do exposição de motivos do Ministério da Justiça, que a fundamenta, vê-se que não há leidisciplinadora do processo de dedarar de~rminados Municipios do interesse dasegurança nacional. A seleção retratada no projeto obedeceu, confessodamente, o"razões" extraídos de leis diversos, tôdas anteriores à Constituiçõo de 1967, e depresumida "orientação" do Conselho de Segurança Nacional.
As leis invocadas foram os seguintes, no ordem e no forino preferidos peloexposição ministerial: 2.597, de 12 de setembro de 1955, "que dispõe sõbre oszonas indispensáveis à defesa do País"; 601, de 18 de setembro de 1850, "quedelimitou os bens de domínio da Uniõo, no zona fronteiriço", e o Decreto-lei 1.531,de 16 de junho de 1939, "sõbre as colônias militares de fronteiros".
4 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA---------_._--- ----
Como se infere da própria exposição oficial, nenhuma dessas leis regula, especificamente ou de passagem, a matéria contido no preceito constitucional.
A Lei 601, de 1850, nos precisos têrmos de sua ementa, "dispõe sôbre asterras devolutas no Império, e acêrco das que são possuídas por título de sesmariasem preenchimento das condições legais, bem como por simples título de possemansa e pacífica, e determina que, medidas e demarcadas as primeiras, sejam elas cedidas a título oneroso assim poro emprêsas particulares, como poro o estabelecimentode colônias de nacionais, e de estrangeiros, autorizado o Govêrno a promover a coJonização estrangeiro no formo que se declaro". Do ângulo político e administrativo, importa destacar nessa lei o dispositivo que prevê a reservo de óreas necessórias para "o colonização dos indígenas", "o fundação de povoações, abertura deestrados, e quaisquer outros servidões, e assento de estabeleciment~s públicos",ou "c.onstrução naval" (artigo 12), e o que autorizo o Govêrno o criar a "Repartição Geral dos Terras Públicas", "encarregado de dirigir a medição, divisão, e descrição das terras devolutas, e sua conservação, de fiscalizar o venda e distribuiçãodelas, e de promover a colonização nacional e estrangeira" (art. 21). Nenhumaregra se aproxima do que encerra a atual Constituição.
O Decreto-lei 1.531, de 1939, "cria colônias militares de fronteiros", e lhesregula a organização e o funcionamento, "em locais escolhidos pelo Conselho deSegurança Nacional, dentro do faixa de 150 quilômetros a que se refere o art. 165do Constituição Federal" (art. 1,0), Visam tais colônias o "nacionalizar os fronteiras do Pois" e a criar nelas "núcleos de população nacional" (art. 1.0 , parágrafoúnico), sem que o objetivo descrito posso inspirar a supressão da autonomia deMunicípios.
A Lei 2.597, de 1955, "dispõe sôbre zonas indispensáveis à defesa do País",assim considerando "a faixa interna de 150 quilômetros de largura, paralela à linhodivisório do território nacional, cabendo à União sua demarcação" (art. 2,0). Maso propósito do legislador, no caso, foi, expressamente, vedar, "nas zonas indispensáveis à defeso do País, a prática de atos referentes à concessão de terras,ô abertura de vias de comunicação, à instalaçõo de meios de transmissão, à construçõo de pontes e estradas internacionais e ao estabelecimento ou exploração deindústrias que interessem à segurança da Nação, sem o prévio assentimento doConselho de Segurança Nacional" (art. 1.0). Nado de restrição à autonomia políticados Municípios foi estabelecido, oú declarado necessário.
A CONSTITUIÇAO E A AUTONOMIA DOS MUNI(fPIOS
De certo, segundo o art, 16, § LO, b, da Constituição, serão nomeados peloGovernador, com prévia aprovação do Presidente do República, os Prefeitos dosMunicípios declarados de interêsse da segurança nacional, por lei de iniciativa doPoder Executivo,
Mas êsse parágrafo é integrante do artigo· que assegura a autonomia municipal,inclusive pera eleição direto de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores. Demais, a Constituição encerra outras normas básicas, a que se vincula, intimamente, essa cláusula. Alicerço o sistema político na República Federativo, sob o regime representativo(art. 1.0), Proclamo que todo poder emana do povo e em seu nome e exercido (§ 1.0do art, 1,0), Repetindo diretriz firmada desde a Reformo de 1926, ergue a autonomiamunicipal à categoria de princípio constitucional da Uniõo (art. 10, VII, 1). A fimde nõo permitir dúvida quanto à eficócia ou à objetividade da garantia, estipulo que
JANEIRO A MARÇO - 1968 5
a autonomia é assegurado, também. pela admistração próprio. no que concerne00 seu peculiar interêsse, especialmente quanto à decretação e arrecadação dostributos de sua competência e à aplicoçôo de suas rendas (art. 16, 11, cr). E, conferindo densidade a êsse poder enunciada, enumera os tributos do competência dosMunicípios (arts. 18, 19 e 25), assim como as parcelas dos impostos que lhes devemser distribuídos (art. 28).
O principio da autonomia municipal é, portanto, peja firmeza e amplitude comque foi definido, inerente 00 regime federativo instituído. o qual. por suo vez,nôo pode ser abolido mediante emenda à Constituiç~ (art. 50, § 1.°).
lago. qualquer limitação ó autonomia municipal somente se legitimaró nos estritostêrmos da Constituição, interpretado através do conjunto das preceitos entre siarticulados. e não por exegese isolada de qualquer norma.
INTERPRETAÇAO DA CONSTITUIÇAO
Tôda interpretação de texto constitucional. aliós, como de resto o dos leis emgeral, obedece, por exigência elementar de hermenêutica, 00 processo de análise docomplexo codificado. O critério prevalece, porém, superiormente, no t1preciação dosdispositivos que corporificam o regime político. social e econômico, porque mais serelacionam com .() interêsse do comunidade.
Em recente e vitorioso voto no Supremo Tribunal Federal, 00 examinar e reconhecer a inconstitucionalidade do art. 48 da lei de Segurança Nacional. o eminenteMinistro Themistocles Cavalccrlrti, publicista de renome, recordando passagem deum de seus livros, resumiu êsse entendimenta dominante. O trecho do voto é deprecisão singular, dispensando o invocação de outros autoridades.
"A Constituição - acentuou - compreende um conjunto de preceitos lógicos. homogêneos, pelo menos quanto à orientação geral do texto. O sistema político, O formo de govêrno, o formo de Estado, o mecanismo dos instituições, o regime dos liberdades, a ordem econômico, são elementos permanentes a ser considerados.Por sua natureza, O seu texto exprime um sistema harmônico, representoum ideal político, um programa que se completo pelo legislação e peloadministração.Não se pode desligar o interpretação constitucional dêsses pressuposfOS,embora não possam êles constituir uma preocupaçõo prioritário no processo de interpretação."
E, particularizando o importância do critério no elucidação dos cônones fun-damentais, p'rosseguiu:
"Ter-se-ia, entretanto, de repelir uma interpretação que ferisse os pressupostos constitucionais do federação, da república, do demdcrocia, do autonomia municipal. dos princípios essenciais relativos à economia. à família,à educação etc."
Por fim, esclareceu e advertiu:"Quando se folo em todo harmônico, pressupõe-se o exame do conjunto denormas que regulam cada instituta ou coda matéria e o suo compreensõoem face dos princípios fundamentais do Constituiçõo.A interpretação de uma norma contrariando os boses ~ssenciais do regimenão pode ser tolerado porque atrito com os principias gerais de inter-
6 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA .
pretação" (Ac. do Sup. Trib. Fed., de 21·2·1968, no h.c.n. 45.232, daGuanabara).
Oro, a nomeaçõo de Prefeitos é uma forma de redução ou de desfiguração doautonomia municipal.
Na vigência da Constituição de 1891, representou "o aspecto mais debatido noconceituação da autonomia municipal", segundo refere Castro Nunes (00 EstadoFederado e sua Organização Municipal - Rio, 1920, pág. 176). Já nesse período,em que o princípio não tinha o mesmo relêvo de hoje, Pedro Lessa e EdmundGLins, no Supremo Tribunal Federal, opuseram a inviolabilidade do autonomia localaas excessos praticados pelos governadores. "A autonomia municipal desaparece objetou o primeiro -, desde que o Executivo Municipal é impôsto pelo Estado. Aotempo do Império, várias vêzes se tentou criar um agente executivo municipal,nomeado pelos Presidentes dos Províncias ou pelo Govêrno geral; e nunca se aprovou qualquer dos projetos nesse sentido, por se julgarem ofensivos da autonomiamunicipal". O segundo observou que se o Executivo estadual "pode assumir, porempregados de sua confiança, a direção dos Municípios, incontestàvelmente, fereo autonomia municipal, pois, intuitivamente, não é autônomo um poder que se nãodirige por si, mos está submetido a um outro" (In Raul Machado Horta: A Autonomia do Estado·Membro no Direito Constitucional Brasileiro - Belo Horizonte, 1964,página 117).
Claro que o postulado do autonomia nõo tem caráter absoluto ou de dogma.Não o tem, sobretudo, na configuração do "nôvo federalismo", em que se ampliam,seguidamente, os podêres da União. As funções do Estado moderno, crescentementemúltiplas e diversificados, justificam o alargamento progressivo do poder central.não só no domínio social e econômico, também no político, inclusive em resguardodo soberania nacional.
Já em 1920, no livro citado, Castro Nunes sustentara a relatividade do princípio quanto à escolho do órgão executivo, justificando o critério de nameação dePrefeitos. A seu ver, a "concorrência dos interêsses locais e gerais no Municípioé o fundamento do tutela, da qual o Prefeito nomeado é uma modalidade no esferaexecutória" . .. Corretamente, porém, ressalvou que
"o designação, por via eletiva, dos autoridades municipais, não ofereceigualmente margem o controvérsia, porquanto não se contesta que é êsseo regime mais conforme à noção da autonomia, tomado esta no sentidogenérico de lei próprio, govêrno próprio etc" (Castro Nunes: Ob. clt. págs.173 e 176).
Essa doutrina subsiste, apesar do oumento incessante dos faculdades do Govêrno Federal. As Constituições brasileiras posteriores a 1930, à exceçõo da de 1937,consagraram o princípio de autonomia, inclusive pela eletividode do Prefeito, e ofortaleceram em comparaçõo com o Estatuto de 1891. ~ o que assinala o genera·lidade dos estudiosos, dentre os quais alguns dos autores de "Perspectivas doFederalismo Brasileiro" (Eds. da Rev. Brasileira de Estudos Políticos, Univ. de MinasGerais, 195B).
Daí, e pelo conjunto dos preceitos pesquisodos, Victor Nunes Leal ter firmado,a par de outras conclusões, que o Município, no Brasil, "não é essencialmente umaorganização administrativa", mos "uma entidade medularmente político", e que os"limitações" de suo autonomia "devem ser entendidas restritivamente" (Problemasde Direito Público, Rio, 1960, págs. 318 e 331 l.
JANEIRO A MARÇO - 1968------- 7
~ legítimo argulr, portanto, que a declaração de incidência de determinadosMunicípios no área de interêsse da segurança nacional, poro o fim de nomeaçãode Prefeitos, não pode resultar, linear e isoladamente, do disposto no art. 16, § 1.0,b, do Constituição.
Sendo a autonomia municipal a regra e o estrangulamento dela a exceção, ese o autonomia, como principio constitucional do Uniõo, coordena-se com outros principias diretores do sistema político estabelecido, notadamente a Federação e o regi.me representativo, quaisquer restrições ao postulado amplo hõo de ser aootadas comos cautelas que preservem o funcionamento harmônico das instituições, nesse processo compreendido o respeito à competência legislativa do Congresso Nacional.
NECESSIDADE DE LEI DE NORMAS GERAIS
Oro, invocando os leis já referidos, a expaslçao do Ministério da Justiça reconhece o insuficiência do normo inscrito no dispositivo constitucional como razôo bastante para justificar o projeto. Se o parágrafo, por si só, legitimasse o medido, desnecessário seria citar leis ordinários, e até uma do período imperial, poro assegurar·lhe o execução. Se o citação dessas leis se impôs, poro esclarecer o preceitomaior ou para fixar a idéio de segurança nacional, como quer que seja revelou trotar-se de regra constitucional que não é de aplicação autônomo - self.executing.
Ocorre. no entanto, que os leis enumerados pelo Govêrno não lhe sustentam o propósito. consoante salientamas liminarmente. Ao contrário: por suas omissões, sobretudo, servem poro demonstrar o necessidade de um diplomo de normas gerais. comoinstrumento prévio regulador da medido previsto no dispositivO" constitucional eagora precipitadamente proposto.
A Const.uiçeo preceituo, no parágrafo único do art. 91, que "o lei especificarâos áreas indispensáveis à segurança nacional, regulará suo utilizaçõo e assegurorâ, nosindústrias nelas situadas, predominância de capitais e trabalhadores brasileiros".Por irrecusâvel identidade de fins, também por lei adequado devem ser fixados ospressupostos da declaração de Municípios como âreas de interêsse do segurançanacional, ou, pelo menos, incluidos, taxativamente, no contexto daquele diploma, pre·conizodo no parágrafo único do art. 91.
Inadmissivel é considerar Municípios do interêsse do segurança nacional, poronomeaçõo de seus Prefeitos, sem previa fixaçõo de criterios gerais, normativos,pois isso resulta, como ogoro, em soluções casuísticos, injustas e contraditórias.
Pouco importo que o Constituição nõo exijo, de modo expresso. prévio lei geroldefinidora dos requisitos permissivos da providência prevista no art. 16, § 1.°, b.~ sabido que a interpretaçõo não se escravizo às fórmulas verbais, inclusive porqueas leis, e especialmente as constituições pela generalidode de seus têrmos, pressupõem sempre disposições implícitos inegáveis.
Jó em 1891, no Senado, Rui Barbosa assinalou, sôbre os artigos de uma Cons-tituição:
"Não sôo disposições que principiem e acabem cada uma em si mesmo;debaixo da lei político de cada país existe uma infinidade de relaçõesemonentes que elo nõo define, uma base comum, uma rêde intrincada esutil de principios que a apóiam, que a orientam, mos que ela não particularizo.
Este conívnto de principias constitui, o respeito da lei fundamental dopaís, a fonte superior de sua intf!rpretaçõo, e às conclusões que dela de-
8 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
correm estõo subordinados em suo inteligência tõdas os cl~:.'sulos consti·tucionais.
Não é, portanto, o letra dos disposições constitucionais o oráculo decisivodo seu pensamento; por baixo do letra existe o seu espírito mais alto,mllis poderoso, mais concludente nos grandes questões políticos do quea letra expresso dos preceitos constitucionais" (Coms. à Consto Fed. Bras.- Col. e Ord. por Homero Pires ~ 111 Vol., S. Paulo, 1933, págs. 411-12).
E, nos magistrais razões da Questão Minas - Werneck, em 1917, acrescen-tava, como se escrevesse hoje:
"Em cada Constituição, Ó luz do critério impôsto aos seus hermeneutos eexecutores, lado a lado com as determinações textuais, se hôo de terpor existentes, como disposições inexpressas, tôdas as regras, tôdas asexigências, todos os corolários essenciais o realidade ativa de quaisquerinstituições ou direitos, de quaisquer autoridades ou prerrogativas, dequaisquer jurisdições ou magistraturas consogradas nessa Constituição, eque, se ela articula normas positivas, tão imperativas quanto essas fórmulas declarados sóo os que, implícitas nestas, subsidiário ou colateralmente delas decorrerem" (Rui Barbosa: Questéio Minas - Werneck ~ Comp.do 5up. Trib. Fed. - Rio, 1917, pág. 36).
Essa doutrina, de impressionante atualidade, aplica-se, com rigor, 00 exame dopresente projeto. Um parágrafo que restringe a regra do artigo, e em matéria relacionada com a estrutura dos instituições políticas, não pode ser erigido em fulcrodo interpretação constitucional, com desprêzo do mecanismo e do espírito do sistema.
Nem o intervenção do Congresso, na delimitação do conceito de segurança nacional, representará novidade ou justificará estranheza. De um lado, a Constituiçãoatual, no seu art. 91, parágrafo único, prevê uma lei definidora dos áreas indispensóveis ó segurança nocional. De outro, a lei 2.597, de 1955, no paróg rafo únicode seu art. 2.°, já estabelece que o Congresso Nacional, "ouvido o Conselho deSegurança Nacional", poderá alterar, "a qualquer tempo", o quadro das zonasindispensóveis à defesa do País. Agora, portanto, numa lei de normas gerais arespeito da declaraçóo de Municípios incidentes no interêsse da segurança nacional, apenas se ajustaria a competência do Congresso 00 nôvo regime constitucional.
[sse ajustamento impõe-se claramente, visto que o Constituição anterior só alcançava a autonomia dos Municípios que fôssem declarados "bases ou portos militares de excepcional importância paro a defesa externo do Pais", e sem que o President& da República interferisse na designação do Prefeito (art. 28, § 2.°), não tendo,pois, o poder limitativo do Corto de 1967.
Demais, a norma constitucional discutida, além de redutora do exercício doGovêrno próprio, reveste o Govêrno Federal e o estadual de atribuições especia is,equivalentes às de caráter excepcional. Cumpre estabelecer, par isso mesmo, uma disci·plina severo e permanente pora suo aplicação, à semelhança da que o legisladorrealiza quanto 00 uso dos podêres excepcionais, inclusive na estado de sítio, e comoestipula a Constituiçóo do Brasil (art. 152, § 3.°). E acertada é essa orientação,ainda, porque, conforme lembram Bowie e Friedrich,
"Ies restrictions imposées à I'exercice des pouvoirs exceptionnels constituent une portie importante des arrangements constitutionnels des régimes fédéraux modernes". (ttudes sur le Fédéralisme, lib. Gen. de Drort etde Jurisp., Paris, 1962, 2.e Porfie, pago 464).
' ......1'.0 ... MARÇO - 196.-------------COHCOIDINCIA DA DOIITIINI MAITAR
9
A confirmor fadas essas rozões jurídicas e políticos, concorre, também. paralegitimar o intervenção do legislador no preparo de uma lej.q.adro sôbre <r matéria, o doutrino desenvolvida no Escola Superior de Guerra. ou por militares ilustres.
Realmente, essa doutrina sustenta, entre outros pontos:.) "A Política de Segurança Nacjonal ou Estratégia é uma parte integran
te do Política Nacional, destinada a garantir a segurança ;ndispensável 6consecução ou salvaguarda dos Objetivas Nacionais. contornondo ou eliminando os antagonismos que a isso se anteponham. Portanto, a Estratégia subordina-se à Política, embora em determinadas circunstôncias posso tornar-se dominante. conforme sejam os antagonismos a considerar"(Contro-Almirante lua Ottavio Brasil: Planejamento do Segurança Nacional - Conceitos Fundamentais. 1959 - pág. 5).
b) "O aspecto básico, fundamental. do Poder Nacional. é suo característicc:de integrasão. Suo aplicação importo, por conseguinte. no emprégo detodos os recursos disponlveis da Nação - políticos, econômicos, PSlCOS
sociais e militares -, os quais, completando-se e inteirando-se, repercutem UIlS sóbre os outros e, condicionando-se mutuamente, combiItom-se poro integrar aquê~e Poder" (Coronel José Brito da Silvei"; Copode Fragata Sylwio CaieUi de Siqueira e 1eo..(el. Allir Benjamin (haloub:Elementos Militares do Poder Nacional - In Rev. Bras. de Estudos Políticos - Univ. Fed. Minas Gero;s - n.o 21 (Especial sôbre a Sego National). póg. 211).
c) "A natureza integrado da Estratégia Nacional não permite, pois, que sec()rtsidere uma Estrah~gio Particular com exclusão das demais e, comodecorrência, i~pede que se pense em ações estratégicos isolados e independentes nos diferentes cal1'pos do Poder."
Dai, fla apreciação dos instrumentos de cada estratégia particular, destacarse, "no ômbito interno", o "a~io partamentllr, quanto li elaboração dos leis, o cobertura às iniciativas do Go\'êrno, 00 provimento dos meios indispensáveis 00 eficiente funcionamento ~o máquina do Estado, e ao favorecimento das soluções mais consentôneas com a realidade nocionDI" (Cap.-de-Mor-e-Guerra Herick Marques Coneinho;Cel.-Aviador bmoel da Motta Paes, e Ten,-Cel. Paulo Emillo Souto: Estratégia Nacional - Rev. Bros. de Est. Políticos, cit., pógs. 244-5>.
Tais observações não serão 'Vólidos nem proveitosos, entretonto, se no tonteiohor segurnça Ilocional, paro efeito relevante como o previsto no Drt. 16. § 1.0, b,do Constituição, a Poder Legislativo fir exduldo do tarefa construtiva, e COnYuado.penas na condição de órgão punitivo. Tanto menos oceitóvel é o exclusão quantoo Constituição atribui 00 Congresso Nacional, em têrmos amplos, "disp<l r, mediantelei, sôbre tõdos os matérias de competência da União" (art. 46).
Por ser órgão qualificado e de opinião valiosa. nem por isso o Conselho deSegurança pode substituir o .deliberação (ongres5uol, pois O Constituição lhe atribu ipapel relevante, mos de consulto, ou seja. no conformidade do art. 90, o de "assessorar o Presidente da Republico na formulação e no conduta do segurança nacional". Depois, e dentro das diretrizes já mencionadas. "o segurança do Estado deveser encorada em cada um dos sistemas fundamentais que integram o seu organismo: o político, o econômico, o psicossocial e o militar" (Gen. Lyra TavClfes; Segurança Nacional - Bib. do Exercito - Editôra, 1958, pág. 90).
10 ~ . ~VISTA DE INFORMAÇÁO LEGISL~.!!~~_~ ~~ _
Em conseqüência, não há como suprimir, legitimamente, a ação parlamentarlegislativa, na definição da política de segurança nacional, em particular no queconcerne à autonomia dos Municípios, por se tratar de decisão que atinge a essênciadas instituições do Estado.
UNILATERALlDADE IMPRUDENTE
De resto, e ainda que noo se conjugassem todos esses motivos juridicos e deordem institucionol, ao Gavêrno conviria aliar a responsabilidade do Congresso nofixaçõo da política de segurança nacional.
A ninguém escopo, hoje, que a idéia de segurança nôo se afirmo por si mesmo,abstratamente, nem como simples decorrência de imposição legal, ou de fôrça. Aordem imposta não é segurança, mas obediência constrangido, geradora de rebeldias irreprimíveis. "A verdadeiro segurança - advertiu o Marechal Castello Branto,em aula no Escola Superior de Guerra - pressupõe um processo de desenvolvimento,quer econômico, quer social", e "o desenvolvimento econômico e SoOcial pressupõeum mínimo de segurança e estabilidade dos instituições" (Segurança e Desenvolvi·menta - In Síntese Político, Econômico, Social, n.o 35, pág. 5).
Mas a supressão da autonomia de Municípios nõo pressupõe nem garante orealizaçõo de um plano de desenvolvimento, enquanto reflete, seguramente, instabilidade dos instituições, sobretudo quando adotado em período de paz. Assim, o eliminaçõo arbitrória ou precipitado do governo local próprio nôo beneficia o segurançanacional e amortece nos populações regionais o interêsse pelo aperfeiçoamento regular da vida político. Do mesmo passo, recaindo nas comunas de fronteiro, indicadesconfiança em relação aos países limítrofes e propicio reservas prejudiciais 00
convívio tranqüilo.~sse quadro sombrio é que se desenho no projeto examinado, atentatório
do livre determinação de 68 Municípios. Muitos dêles buscavam encontrar no expioraçõa de riquezas naturais os condições poro o seu progresso em regime de autonomia e liberdade, como, o exemplo, Paulo Afonso e S. Francisco de Conde, no Bahia.
Todos esses Municípios, porém, correm o risco de intervençoo permanente eprec ipitada, diante do procedimento absorvente do Govêrno no conceituação de segurança nacional. Demais, o foto se configuro sem nenhuma singularidade de cORiuR.tura que o justifique, pois os eventuais folhas administrativos de alguns Municí·pios, a que alude a exposiçõo oficial, sôo puníveis e corrigíveis por sanções comuns,nõo legítimando a providência fadica!.
Por fim, cumpre ver que a medida poderá estender·se de modo surpreendentea outros Municípios, precisamente pelo falto de disciplino legal adequado.
Mos o Congresso Nacional, que nao participou dos decisões preliminares bósi·cas, nõo pode ser desatento o seus deveres institucionais.
PROJETO INADMISSIVEl
Em presença de tôdas essas razões, parece-nos que um diplomo de conceitosgerais, um instrumento normativo sóbrio e Hexível, deve anteceder à elaboraçãodo lei específico enumerativa dos Municípios incidentes no interêsse do segurançanacional.
Enquanto essa lei-quaclro nôo se fizer, tôdo proposição declaratório do inclusaode Municípios no órea de interêsse da segurança nacional afigura-se.nos ofensiva,como o projeto analisado, ao sistema da Constituição, ameaçando, especialmente,a estrutura da Federação e o regime represento: ivo.
Peáro Lessa e sua influência na
evolução constitucional cio Brasil
A reconstituição histórica do pensamento filosófico que um dia agitoua vida da Faculdade de Direito de SãoPaulo, levou um dos seus mais distintos livres-docentes, a doutora Ester deFigueiredo Ferraz, a, estudando a obrado nosso incomparável processualista João Mendes Júnior - considerá-lo omaior filósofo que até hoje passou pelasArcadas, (1)
A própria pesquisadora, entretanto,adiante dá o exato sentido em gue como tal considera João Mendes Júnior,
No rigor da concepção, êle não terásido um filósofo, mas "um homem quesabe, que conhece profundamente filosofia", e "possui a maior e a mais sólida
'2)QPuiaJo l<ukm 'Y/C1gur.iNlDeputaew Federal e Professor na
Faculdade de Direito daUlliver.~idade Católka da Bahia
cultura filosófica de sua época (~m nossaterra", Filiado à doutrina aristotélicotomista, "limitou-se a estudar os sistemas filosófi<:os já elaborados, sem procurar desenvolver qualquer esfôrço pessoal visando a atingir a essência, fundamento e condi\-'Ões lógicas de evoluçãodo fato jurídico".
Em suma, diz a brilhante profe- Alrapaulista de Direito Penal, "João r-~endes
Junior é precipuamente 11m jurista", cujopensamento filosófico, Ilão muito gratoao ambiente acadcmico daquela época,
(I) erro "A Orlentaçlo FJlosóflca de Joio Mendes J(lnlor", In Ensaio' de Fllo,ofla doDlr~to. &0 Paulo, 1952, pAgo 13-55,
12 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
não conseg;uiu exercer nos estudantestão generalizada e forte atração quantoo de Pedro Lcssa.
Estudando, em lúcido ensaio, a obrae a vida de João Mendes Júnior, afirmao notável processualista Prof. AlfredoBuzaid que êle féz uma aplicação dafilosofia aristotélico-tomista à ciência doprocesso, tendo consistido "a sua contribuição original em elaborar, entre nós.lima filosofia do direito judiciário". (2)
Pedro Augusto Carneiro L essa, mineiro de origem, doutourou-se em direitona Faculdade Paulista em 1884, e já em1891, depois de tres anos de experiéncialetiva como professor substituto, era alçado à difícil cátedra de Filosofia doDireito. Acerca de suas fIualidades det'ducador universitário, escreve sóbriohistoriador dos fastos da Academia:"Professor insigne, de uma cultura profunda, foi, verdadeiramente, o criadorda cadeira de filosofia do direito, nosnossos cursos jurídicos". (3) Aí estáainda dito que ele era dos professôresmais acatados pelos moços.
€ssc traço da sua individualidadelhe é também assinalado por AntônioGontijo de Carvalho, em admirávp] trabalho crítico e biográfico acerca dochanceler Raul Femandes. (~)
Traçando o perfil dos lentes do tempo de Raul Femandes acadêmico,(1895-1898), quando ainda dirigia a vetusta Aeudemia do distrito de Piratininga a veneranda autoridade do já entãononagt'nário processualista Barão deRamalho, Gontijo de Carvalho, no seuagradável e bem feito livro, cita emprimeiro lugar Pedro Lessa, de quemafírma ter sido o renovador do pensamento filosófico da Academia, o demaior influência no espírito dos moços,entre aquples "vultos (~ue a persp(>ctivado tempo engrandeceu', (")
. De sua posição filosófica deixo li-nos omonumento capital nos ensaios que puhlicou na Rerista da Faculdade de Di-
reito, os quais eram desenvolvimentosde seu programa professora1 e que posteriormente compuseram os sete extensos capítulos de seu livro "Estudos deFilOSOfia do Direito" (notadamente oquarto capitulo, sôbre o determinismopsíquico e a imputabilidade e a responsabilidade criminais, (lue só ele dariaum livro autônomo com as suas (luaseduzentas páginas de texto).
Às idéias evolucionistas e empíricasque preponderavam na época do seumagistério superior, deu-lhes Pedro Lessa grande relho e certo cunho de atualidade, conforme o insuspeito depoimento de seu atual sucessor na cadeira, oprofessor Miguel Reale, no capítulo XIIdo 29 volume de sua apreciada Filosofiado Direito, (4l) onde dedica algumaspáginas à posição filosófica de PedroLessa.
Para isso há de ter contribuído a lin~lIagem de (lue se servia o autor. Anafisando embora problemas científicos,cujo tratamento não pode simplificar-seao extremo de ser por todos entendido,pois a ciência, e principalmente a filosofia, que é a ciência retora. tem a suanomenclatura específica, só acessívelaos iniciados; Pedro Lessa exprimia-secom uma nitidez vocabular muíto capazde torná-lo fàcilmente compreendido (',pois, admirado.
Graças talvez a esse l'sti!o que tantolhe clarificava as idéias - coisa aHAspouco freqüente entre juristas e filosofantes, alguns dos quais não raro dissimulam na linguagem impenetrável ouconfusa uma tal ou qual deficiência de
(2) AlfrMo Buzaid. "João Mendes de AlmeidaJúnior. aspectos de uma grande t'ma", S.Paulo, pág. 81 e 83.
13} Waldernar Ferreira. "A Congregaçáo da Facutdade de Direito de São Paulo na Centúria de 1827 a 1927", S. Paulo, 1928. pl\.g,81/2 .
(4, "Raul Fernande.•. um seJ't'Jdor do Brasil",Agir EditOra Rio, 1956.
(5) üb. clt., pago 47.(6) s. Paulo, 1953, vaI. l, Tomo II, paI,; 291·294.
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assimilação de idéias - é que PedroLessa chegou à Academia Brasileira deLetras, onae sucedeu a outro juiz, o ministro Lúcio de Mendonça, e teve o ensejo de pronunciar memoráveis orações,como, por exemplo, a de recepção a Alfredo PujoJ, seu antigo colega de lidesforenses, pois Pedro !.essa, antes de setomar magistrado, freqüentou os audit6rios em São Paulo, como advogado militante. (7.)
UM HOMEM COMBATIVO
Advogado, escritor, professor, juiz. S6a política não conseguiu seduzi-lo. Votava-lhe certa ojeriza, diante, é claro,dO" espetáculo brasileiro. Falando em1906 como paraninfo da turma de bacharelandos da Faculdade paulista, as·sinalou a mediocridade da nossa politica, principalmente por causa da incapacidade do elemento humano de queela se nutria.
"~ que, senhores, - dizia êle - comexceções tanto mais nobilitantes, quanto mais raras se vão tomando. os políticos brasileiros se distin~em, especialmente, porque timbram em não conhecer os mais indispensáveis preparatóriospara o exercício das suas árduas e nobres funções; a história, a sociologia, amoral, o direito, a economia poHtica. Jáos encargos de legislar e executar as leissão <.'Onferidos, não aos que deram prova de maior capacidade, mas por umaespécie de seleção inversa, em que amais condenável abdicação do povo, amais egoística e indecorosa suspeita dosgovernos c as mesquinhas emulaçõesaos políticos profissionais, geram emregra a vit6ria dos menos id6neos intelectual e moralmente. (8) E adiante assim falou ainda, como se estivesse vivendo nos dias que passam: "Hoje,quando no seio de uma famUia numerosa há um J'ovcm que, por falta de certa vivacida e de espírito o de outrospredicados naturais, ou dos que se adquirem pelo esfôrço e pelo ttabalho,
não pode grangear os meios de sllbsis·tenda, e menos ainda obter qualquercolocação saliente; ou um ancião vt>ll·
cido da vida, para quem a fortuna foidescaroável madrasta nas profissõesque tentou, sem disposição alguma parao exercício de qualquer mister conh«ido e lícito; dá-se não raro uma espontânea conspiração entre os conjuntospor parentesco de um ou outro, os politicos militantes e os detentores do p0der, para elevar o inclassificável às várias posições políticas, e então, com omais bem-aventurado júbilo dos chefesdas agremiações assim enriquecidas,êsse vai a ser legislador, êsse vai serestadista"...
A aquarela é irreprccns(vel. Dá aimagem acesa do Brasil-político de ontem e também ainda do de hoje. Eranatural que uma política em tais moldes não seduzisse uma estrutura de eleição como a de Pedro Lessa, sem embargo do seu feitio pessoal ardente e atémesmo impetuoso. Certa feita, doisanos antes de ingressar na magistratura, inconformado com a desordem reinante no ensino e para a qual, segun:lo Aureliano Leite, êle queria chamara atenção dos podêres públicos, aprovacom distinção a unanimidade de seusalunos de Filosofia do Direito! (11)
No debate era igualmente arrebatado.Experimentou-lhe a maneira peculiarde discutir assuntos científicos, o seuprovecto colega João Mendes Júnior,quando ambos disputaram em tômo dacompetência de legislar, no Brasil daquela época, sÓbre matéria de processo,
(1) Ctr. "Aca4ffllio SrG.Slklra de Ldru", 8eI;do 80IeDe em 23 de Julho de 1919. Dt.scur,olU Bi!<:epç~ do Sr. AlfredO Puto!. D~rfOem rupodG ~lQ 5,. Pedro teuG, B. Paulo.MCr.otIX.
(8) Pedro ~. "Dlscu.!o. e CO"f",~ncún".
lUo, 19UI. P'«. M/5.(9) Cfr. Aureliano ~I~. "Hút6rlG dG C(vUI
e;aç4a POtllutG". Edlçf.o MODumental COmemorativa do IV Cent4lDArlo da Cidade deS. Paulo, E4. Saraiva, B. Paulo, 195i, p'«!na 2lIII.
14 REVISTA DE INFORMÀÇÃO LEGISLATIVA
em face do (lne dispunha o texto daConstituil~'ão de 1891. Na interpretaçãodé.~st' texto, chegaram um e outro a entendimento radicalmente contrário, poist'nquanto João ~lendes Júnior afinnavaa unidade do direito adjetivo ou processual, eomo uma decorrência da exegest' constitucional, Pedro Lessa sóaceitava essa unidade em direito constituendo. Em face do direito positivobrasileiro, sufragava a tese de que aosEstados é (IUC era expBcitamente permitido legislar sôbre o processo dasjustiças locais. (10)
A controvérsia extravasou do assunto específico, graças ao temperamentoum tanto ardoroso de Pedro Lessa, queatacou inclusive a posição filosófica doH'U velho colega c lhe estigmatizou ométodo escolástico, bem como o estudo(Iue fá das noçôes de substância e aci(entes, matéria e forma, essencia e existencia, potúlcia e ato, - estudo por})edro Lessa desdenhado mas hoje tidocomo exaustivo e profundamente filosófico. (ll)
Aí, nessa polemica que fêz época, oestilo refletia corretamente o homemcombativo que por índole sempre foi,ao ponto de raiar mesmo talvez por umcerto (Im" de intolerúncia contra opiniües adversas, segundo registra O seugrande admirador Levi Carneiro, emartigo escrito após a sua morte. (l~)
PODEROSA ESTRUTURADE MAGISTRADO
A ('ena por exceknda de sua atividade, entrdanto, foi a cena judiciária no pa]wl de juiz, que (,11.' assumiu já naplena madureza dos 48 anos de idade.Para desempenhar ('sse papel trouxe avisüo ampla, geral e penetrante do advogado, suas técnicas inconfundíveis detratamento dos temas, técnicas cuja falta l' tiio perceptível entre os magistrados que não tiveram a insupríve1 experi(\ncia da advocacia militante. Trouxe
ainda a visão J?rofunda do fenômenojwídico, o dommio completo da cien·cia dos principios, que a filosofia, e sóela, pode fornecer. Sem ela - disse-oele próprio, "a tarefa do jwista se reduza um esfôrço inferior por interpretar eaplicar preceitos, de cujo verdadeiro c,profundo sentido não lhe é dado com·penetrar-se". (Prefácio da l." edição deseus "Estudos de Filosofia do Direito·).Trouxe finalmente a queda pelo 'debate, o gôsto de enfrentar os temas demais nítido caráter polêmico, cujo discernimento sua cultura básica estavasempre apta a elaborar.
Dando-lhe uma cadeira perpétua dejuiz, aos 26 de outubro de 1907, emsucessão a Lúcio de Mendonça, o Presidente Afonso Pena poSSivelmente terátido a consciência de que abria as portas do Supremo Tribunal Federal aoque seria, até 1921, quando desapareceu, o seu maior juiz.
Não tendo antes jamais vestido a toga,começou pelo fim da carreira judiciária, mas revelou-se, não obstante, umjuiz de primeira grandeza, em treze anosde constante judicatura; constante eprodutiva. Ao interromper a tarefa detodos os dias - conta Levi Carneiro estava irremediàvelmente exausto, relacionando-se ao esfôrço que lhe custoua sua obra judiciária a vida relativamente breve que teve, poís morreu comapenas sessenta anos de idade.
A jurisprudencia brasileira especialmente no campo do direito constitucional, recebeu de Pedro Lessa contri·buição decisiva, que lhe inaugura umaetapa digna de registro.
Foi no seu tempo, e enquanto publi-,cista, talvez mais influente do que, nocampo do direito privado, era ainda há
(10) err. Pedro Lessa, "Duurtaçõu ~ PoMmjcas", Rio. 1909, pág. 233/279.
(11) Cfr. B8ter de P'lguelredo Ferraz, "E,ualo.de Fllooo!14 do Direito", clt., pÁg. 1~.
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pouco Oro7.imbo Nonato, Oll eram, hávinte anos, Filadelfo Azevedo e CastroNunes nos campos de suas mais acent IIadas espcciaIi7..1ções.
RUY E LESSA, DUASlNFUJf.l\'CIAS GtMEAS
Estudando a nossa organização democrática e o problema das liherdadescivis, no scgundo volume de "Instituiç6es Políticas Brasileiras", chega Oliveira Viana à conclusão de que as liberdades civis do povo-massa do Brasil nãosoçobraram completamente em eonseqiJcncia da descentralização política imoplantada com o regiml~ republicano,únicamcnte por causa da aplicação extensiva do habeas.corlJlJS, de sua ampliaç~1O providencial, inspirada na doutrina de Huy Barbosa c na jurisprudência do Supremo, sem embargo daquiloque o laureado sociólogo patrIcia considera a "cxegese estrita de Pedro Les-
O' (I~.)sa ,
Pedro Lessa e Ruy Barhosa, entretanto, se completam na influência incomparável gue amhos exerceram na construção jurisprudencial responsável pelachamada teoria hrasileira do habeascorpus, que predominou até 1926 e vcioa determinar o advento dessa formidável conquista do nosso direito positivo atual que é o Mandado de Segurança.
O desenvolvimento dessa influênciaassumiu proporções monumentais no esfôrço dc ambos, no sentido de tomar ohabc(Js·corpus o recursO capaz de invalidar os atos do poder púhlico não apenas cerceadores da simples liberdade deir e vir, mas que criassem qualquer vio~ência ou coação ao indivíduo, interceptando-lhe, em (:onscqiJência, o exercíciode um direito seu, Qualquer que fôsseêsse direito, queria Ruy. Inclusive direi·tos políticos. Foi árdua a batalha parasupcrar a exceção de incompetência do$uprcmo Trihunal Federal no reexame,
mediante JU1beas-corpus, de matéria,JOlítica.
Desde 1892, entretanto, já Ruy distinguia entrc atos meramente políticos(não controlávei.~ judicialmente) e osque, emhora resultantes de funções politicas,envolccm direitos comtituciorwisdo indivíduo, sujeitando-se, assim àcompetencia revisora dos tribunais. Emsuma, proclamava êle que (J feição l,olítiw do ato 000 furta à aç{io d(J justiçaos abusos do poder.
Pedro Lcssa tamhém aceitava a exccção de incompetência quanto aos casosmeramentc políticos, mas, integradoquanto a isto no pensamento de Ruy,admitia o contrôle judicial do ato ,}OUtico, desde que este implicasse lesfw deum direito individual. O Supremo Tribunal, para êlc, era um Tribunal político, pois podia decretar a inconstitucionalidade de atos dos Podêres políticos,l'odos os f~os políticos sujeitos a normas legais, dizia, podem ser discutidose apreciados pelo Tribtmal. (13)
Por isso mcsmo Pedro Lessa sempreconcedeu 1wbeas.corpus para protegerdireitos individuais em l,leno estado desítio e ainda mediante o iJabeas.corpusadmitia o reexame da constitucionalidade do próprio estado de sítio, a fim deverificar se a sua decretação tinha observado os pressupostos constitucionais matéria esta por ele mesmo consideradalJOlftica.
Essa doutrina de Ru)', que PedroLessa corajosamente adotou nos seusgrandes votos, acabou influindo nonÔvo direito positivo brasileiro.
A Constituição de 46 declara, comefeito, que o sítio não suspende tôdas
(12) Cfr. Levl Carneiro, "O Lf~TO de Um Advog440", RIo 1943. p(lg. 43/~
(l2a) Ob. clt., p(lg. 231.(13) Cfr. Voto no H.C. n," 3.~5a, Impetrado por
J .I!:. Macrdo Soares, Re\'. (lo SUp. Trlb.Fed., \'01. lI, Parte ),', agOsto a de~bro
de 1914, pAgo 8D.
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a.~ garantias, c a inobservância de qual(ll1cr das normas regllladoras dêle importará na ilegalidade da coação edará ao paciente o direito de recorreraos Tribunais. (Art. 215) (laO
)
Pedro l,essa (lueria (lue a liberdadede locomoc;ão func:ionasse como umprcssu posto do exercído do direito ilegalmente cerceado ou ameaçado, paraentão aplicar-se-Jhe o remédjo do Mbeas-corpus, (H)
No caso da :\fesa da Assembléia Legislativa do Estado do Rio, julgado a 6de junho de 1914 (H.C. nY 3.554),ficolI isso patente. Os deputados JoãoAntônio de Oliveira Guimarães, Raul deAlmeida Hego c Constância José ~'1ou
renat, seu presidente e secretários, empreseuça da cOllvocac,,'ão extraordináriada Assemhl(~ia pelo Presidente do Estado, consideraram-se ameaçados no seudireito de exercer a1luêles cargos, pelopropósito, que a outra facção anunciava, de eIcgt'r nova Mesa sómente parao período da convocaç'ão.
O Supremo Trilmnal Federal, contraos votos apenas dos ministros Godofredo Cunha e Coelho e Campos, concedeu a ordem impetrada pelo advogadoAstolfo Hezende, para (lue os pacientespudessem locomover-se livremente, peIICtrussem no edifício da Assembléia/-egislatiLa c aí exercessem, licres decOllStrangimento, durante o período dasessüo extraordiruíria e enquanto eladurasse, as funç()es que tinham naMesa.
Pedro Lessa subscreveu (I ac'Órdão,dando, então, como inicialmente frizou,um voto idcntíco ao que sempre vinhadando em casos iguais.
Essa maneira sua de encarar o problema l'onciliar-se-ia, em última análise,com a de Huy. E não é por outra razãoque Arnold \Vald, estudando exaustivamente esse a~sunto, assinala (pIe a jurispmdt'ncia, no particular da aplicaçãoextensiva do halJcas-corpus, adotou a
lição de Pedro Lessa, impirada ('111 R'~!IBarbosa. (I;;)
De fato, segundo a doutrina que Huysustentou sempre, a partir de ahril de1892, o habeas~corpus era o reml'dioaplicável "a todos os casos onde houvercoação ilegal ao irufit:Íduo, onde a personalidade humana, em qualquer dasmanifestações exteriores da liherdade,se achar violentada por uma invasãodo poder".
Quando t'le assim se l'xprimiu, estavaem causa a liherdade de circulação decerto jornal gaúcho. ~Ias, llma vez queo texto constitucional não restringia, antes ampliava a concessão do 1wbeas·corTnls a todos os Casos de do!ilncia oucoaçlio por arbítrio da autoridade, cumpria adotar o instituto segundo a amplitude do art, 72, § 22, da Carta Magna. (lEI)
Em verdade, o constituinte de 1891não limitou o eonceito de coação 0/1
dolJncia, de sorte que a interpretac,'ãoampliativa de Ruy era legítima, e acabou triunfante, embora nüo eorrespondesse à concepção ortodoxa, anglo-saxônica, do lU1beas-corpus. Segundo Ruy,tôda pressão empregada "em condiçõesde eficácia, contra a liberdade no exercício de um direito fi uolquer que (11cjôssc", só poderia ser eliminada pelohabeas-corpus. Falando em 1915 noSenado, explicou hem: "Desde (pie noext'rcício de um direito meu, q[wlqlieTque de fôr, intervém uma coa<,'üo externa, sob cuja pressão eu me sinto embaraçado 0\1 tolhido para usar t'sse direito,na liberdade plena de seu exercício,
(l3a) Quase ips" litteri. o texto do art. 156 daConstituIção de 15 de março de 1967.
(14) Cfr. Arnold Wald, "O Man1ado de Segurança", Rio 1955, pago 31.
(151 Cfr. Arnold Wald, "D Mandado de Segurança". Ed. do Serviço de Documente.çAodo DASP, Rio, 1955, pago 36.
(16) Cfr. Ruy Barbasa, artigo "O HabeaS-Corpuse a Imprensa", no "Jornal do Brasil" de15-8-1893 Obras Completas, vaI. XX. TomoIV, "A Ditadura de 1893", Rio, 19-49, pág.137/143.
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estou debaixo daquilo que, em direito,se considera coação. E violência? Violência é o uso da fôrça material ou oficiaI, debaixo de qualquer das duas formas, em grau eficiente para evitar,contrariar ou dominar o exercício de11m direito". (17)
Pedro Lessa queria que o direito fôsselíquido e cerio (certeza e liquidez (luea nosso ver a doutrina de Ruy essencialmente não dispensa), sob pena deescapar ao contencioso de legalidade dohabeas-corpus. Mas, embora ressalvando que êste remédio protegia apenas aliberdade individual no sentido estritode Iiherdade de locomoção, sempre oconcedeu quando o direito incontestáveldo paciente, para ser exercido, precisava da garantia daquela liberdade de ire vir.
Os deputados componentes da Mesada Assembléia Fluminense não se (lueixavam propriamente de ameaça à sualiberdade de entrada e saída no edifícioda Assembléia, senão que temiam nãolhes ser possível exercer as suas funçõC$,porque os seus colegas, solidários comos prop6sitos políticos do Presidente doEstado, pretendiam eleger outra Mesa,e por isso os impetrantes queriam habeas-corpus para entrar sem <:oação noedifício da Assembléia Legislativa e láexercerem as funç6es dos seus cargos.
Pedro I,essa não concedeu a ordemapenas para que se lhes garantisse olivre acesso à Assemhléia Legislativa (oCJue estaria mais conforme com a idéiade destinar-se o habeas-corpus unicamente à proteção da liberdade de locomoção), mas ainda para que na Assembléia o Presidente e os dois Secretáriosdesempenhassem as suas funções. (18)Nesta parte de seu voto êlc afinava coma doutrina de Ruy.
Teoricamente, ou melhor, no corpotios seus silogismos jurídicos, Pedro Lessa encarava o habeas-corpus segundo oconceito tradicional, ao passo que Ruy
inovou, ou antes, coerente com O textoConstitucional que regulava o im.1ituto,advogou-lhe aquela aplicaç'do ampliativa a que Oliveira Viana ligou, comovimos, a ~rópria sorte das liberdadescivis e pohticas do nosso povo-massa.
Nas suas conseqüências prátícas,entretanto, talvez as duas concepções a de Ruy c a de Pedro Lessa - setenham equivalido.
Haja vista o habeas-corpus que Ruyimpetrou para assegurar a publicaçãodos seus próprios discursos parlamentares pela imprensa, onde, quando ecomo lhe conviesse. Como se sabe, o Ma·rechal Hermes, já no último ano de seugovêmo, havia decretado a prorrogaçãoao sítio para durar todo o tempo dasessão anual do Congresso. Ruy Barbosa, logo no dia da instalação dostrabalhos do Senado (4 de maio de1914) discursou prote.'itando contra oabsurdo decreto executivo e forneceucópia datilográfica do discurso ao Imparcial, dirigido por Macedo Soares. OChefe de Polícia porém proihiu.lhe apublicação. Contra êsse ato governa·mental Ruy impetrou uma ordem deliabeas-corpus, que receheu o n.Q 3.536e ao ser julgada deu até motivo a umincidente.
f: que, feito o relatório, o MinistroOliveira Ribeiro pediu fôsse dada a palavra a Ruy, cuja inicial êle acabava dereceber, a fim de () paciente e impetrante dar {~sdarccimentos que pudessem "desenvolver o objeto da matériada petição".
O Presidente, Ministro Hermínio doEspírito Santo, concedeu a palavra aopaciente c impetrante, mas pelo exíguo
417) D1scurso de 22-1-15. In "Comentlirlo. 4CondiCulç40 Fedcal BruUelra··, collgadOlle ordenad08 por Homero PlrM. TOI. V. Rio.1934, pA8, 505/6,
(18) Cfr, RevLata do 8up. Tr1b. Fed.• vol. n. Parte I. agOsto a deumbl'O, 11114. Rio, pis, M.
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prazo do Hl',l!;i llH'lItO. O Iklator, falandopela ordem, ft"z ver (jue o caso era especial, n:lO pre'vbto no invocado dispositivo reginwHtal qne reduzia a 15 minutos o tempo de snstcntaç'ão oral, poisiria ouvir-se o pníprio paciente. O Ministro Prt'sidenk H'ndeu-se ti evidl;ncia,(' Ruy ocupou a tribuna por mais dellma hora, atac<lHdo, pod,m, duramente'a inkrvl'Jl(;üo presidl'llcial <jue pretendl'U hitolar-lhe o din'ito de ddesa oral.(Esse illcidentl' parece revelar (flte LeviCanll'iro HÜO tem razão (piando atribuia Pedro Lessa a iniciativa dI' se COIK'l'
der. !lO Supremo Tribunal Federal. aRuy Bar1)osa o privilt'-gio de falar Sl'mlimita~,:LO de lI'mpo. É o pn')prio Ruy.no discurso acim.l n·ferido, quem afirma jamais lhe haverem no Supremotentado "medir o uso da palavra com ()correr da areia na ampulheta").
Da tri1mna traç'OIl entüo Ruy a luminosa intl'fprda(;ão dos textos constitucionais atinentes ao sítio, patenteando airremediúvd inconstitucionalidade dosítio c do cerccamento posto pela })olida :1 divulgaç'ão ampla das opiniões,pala\Tas, votos e discursos dos parlanWIltares. l~ssl' improviso, (Fie ocupavinte c cim'O p(lgiI1ó.ls da Revista ondeSI' cstampCJlI, (' 11m dos instanks maisheios l' grandiosos da e\ollü0ncia forensedo Sl'll autor. (1:»
o relator cOllcede a ordelll, para ficarao impetrante assegllrado (a expressão11.~ada Ilo seu vüto l' exatamente essa) oscu direito n!Hslifuciona[ de publicar os.~<'liS discursos parlamentares, pela imprensa, "ollde, lluándo e como lheCOH desse".
Pedro Lt'.~sa vota logo depois da impllgna~'ão tin pedido pelo \1inistro ~1 ulliz Barrdo. Procurador Ct'ral da Rcvúbliea. Acolhe a lt'sc de Hu)' quantoú inconstitucionalidade du decreto executivo <ll1c prescre\'era o sítio, visto nãohavercm oeorrido os S('lIS pressupostos
(guerra ou comoç'ão inkstina), e citao prúpiro Ruy assim: "Como muitu bemdisse o Sellador Hu)' Barhosa, a comoção intestina, o iminente perigo quecorre a pátria, deve ser algnma coisa'1ue. pda sua gravidade, sl'ja compad.VI,1 à guerra illtemacional".
E tamhi'lll conce'de a nrd('rn, semllcll/uww discrepância da extl'llstJO quclhe dera o Relator, contra cuja opini:lofica solitário o ministro CodofrE'doCunha.
Certo l; que, na sustclltaç'ão de seuvoto, PE'dro I,essa, ao estelll!er a ordemnüo só a Hu)', senão a todos os jornalistas do Imparcitd, admitia haver nocaso uma coa(,.'ão, isto é, dizia de, ''se osjornalistas publicassem os discursos, seriam presos. como já o foram algunspor oulra.s publicuç'ões". E concluía i;stl'seu raciocínio. "Por conseguinte, podese ter certl'za de (pie, se não fór concedido haveas-corpus, os jornalistas (IUE'
publicarem os discursos serilo coagidosem sua liberdade individual",
~las, a rigor, o direito de lo('omo<;ãoII;LO funcionava ai como um pressupostodo E'xercício do direito de publicar discurso. Contudo, Pedro Lpssa concedeua ordem illlpl'trada, sem (PIC a liberdadeindividual de locomoção l'stivessc principalmente ameaç'ada. ou exprimisse, naespi'cie, a(pülo que de denominava odircito esn)po. O "direito escôpo", aí,rcsultava da imunidade assegurada noart. HJ da Carta de 91 e llue o sítionão podia interceptar. (Sôbre o direitucscopo falou Pedm I,essa em voto vencido no ha[)cas-corprls !l" 3.539, (IUC
Hu)' requereu em favor dos diretores dolmparcú.Jl, Correio </a .\1a/11/(1, A. Nuite,(;az('/a l' a A [~P()('(1, e foi [[("gado peloSupremo.) ("li)
)9) Cfr. Rev. do 8up. Tnb Fed", e.bril a Julhode 1914. \0'01. 1, Parte I, Rio. 1914. pagine.260/285
(20) Cfr. "Rev. do 8up. Tnb Fed"", e.no de 1914.agôsto e. dezembro, \'oL II. Parte I. pagc 294.
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Pedro Lessa, portanto, em última análise não se distanciou de Ruy na concepção prática do habeas-corpus e seu raiode alcance. Coerente com a sua posiçãodoutrinária em face dêsse problemajurídico, votou pelo deferimento de todos os habeas-corpus que Ruy impetroupara a defesa de direitos lwlíticos(exercício de funções govemamentaisc legislativas), quando ocorreram naBahia, em 1912, os tristes epi.~6dios queculminaram no bombardeio de sua Capital. (~I)
A jurisprudencia, até 1926, sufragou,inclusive com o voto de Pedro Lessa,o conceito amplo dêsse Temedium juris,que tão luminosamente assinala a presença de Ru)' Barbosa na história dacivilização política e jurídica de nossaPátria.
Em 5 de maio de 1919, quando Ruy,pelo seu patrono, dr. Artur Pinto daRocha, requereu uma ordem de habeascorpus para si e para Miguel Calmon,Pedro Lago, Simões Filho, MedeirosNeto, Vital Soares, Lemos Brito, Piresde Carvalho, Altamirando Hequião,Otaviano Sabach, Américo Barreto, Porto da Silveira, Agenor Chaves, Madureíra de Pínho, Mário Leal, Homero Pires,João Mangabeira, Ar<)uimedes Pires,Alfredo Rui e Caio Monteiro de Barros- para fazerem comícios na Bahia eespecialmente na Cidade do Salvador,comícios que o Chefe de Polícia AlvaroCova tinha proibido, o Supremo Tribu!lal concedeu :J. ordem por unanimidade.(~~) E no acórdão respectivo está ditoprecisamente: "Com efeito, para a maioria do Trihunal, é J,1rincípio correnteque o habeas-corpus e competente paraproteger o exercício de qualquer direito,desde CJue êste seja certo, líquido e incontestavel" - premissa esta que se COII
tinha no pensamento tanto de Ruy Barbosa quanto de Pedro Lcssa.
Quando, por conseguinte, a reformaconstitucional de 1926 reduziu a con-
cessão do habeas-coTJ)tJs aos casos deofensa à liberdade física de ir e vir sob o pretexto irrisório de restaurar osentido ortodoxo dêsse instituto ou decoibir supostos exageros da construçãojurisprudencial ampliativa que vinha aoencontro de uma grave lacuna do nossodireito formal, a saber, a falta de umremédio jurídico para a pronta e eficazdefesa dos direitos individuais violadosou ameaçados de violação por atosilegais dos agentes do Poder Público,- quando os constituintes de 192ü assimprocederam, contrariaram tanto o idealdo habeas-corpus de Ruy Barbosaquanto o de Pedro Lcssa.
Ambos (·Ies tinham, porém, impregnado de tal forma a conscj{~ncia jurídicabrasileira da inviolabilidade dos direitosindividuais constitucionalmente cansa~rados e tão firmemente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal lhestinha apoiado a doutrina da aplicaçãoextensiva do lwbeas·corpu.~, que o legislador não descansou até que o direitopositivo brasileiro preencheu o clamoroso espaço vazio deixado pela reformaconstitucional do Governo Bernardes eintroduziu no sistema de defesa dosdireitos individuais o remédio do mandado de segurança.
Seus mais legítimos precursores são,pois, inegàvelmente, Pedro Lessa e HuyBarbosa.
Para Pedro Lcssa a liberdade de locomoção Ué m11 meio l}(JTU a consecuçãode um fim, ou de uma multiplicidadeinfinita de fins", c, como acertadamenteobserva Amold Wald. hoje diríamosmandado de segurança, onde aquêlegrande jlliz, nalguns dos seus votos principais, cogita de habeas-corpus. (23)
(21J Cfr. ··Ob."" CompletCl.' de BUli Barbosa",\'01. XXXIX. 1912, Tomo I. O Caso d4 Ba/I ~. Rio, 1950.
(22) Clr. "Reui.$ta de Direlfo", vol. 64/288.(2J) Cfr. Arnold Wl\ld. ob. clt. piK. 33.
20------
REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA----
Ruy e os votos lapidares de Pedro Lessa
já sugeriam à posteridade. (~.\)
Huy Barbosa com ,t sua luta semquartel pelos interditos clássit.'üs na proteção dos direitos pessoais e reivindicando a cohertura do habeas-corpus
para proteger o exercício de todo equalquer direito individual contra ostransbordamentos tipicamente brasileiros do Poder Executivo, encontrou emPedro Lessa o juiz bravo, culto e honesto, em condições, portanto, de co
mandar a constmçào jurispmdcncialqUL' tanto serviu ao povo brasileiro, Juizhravo, sim, como a história atesta. Nojulgamento do habeas-corpus 3.539,
que Huy impetrou a henefício dos diret(Jre.~ {' rt'datores do Correio da Jfanhã,
Imparcial e outros jornais do Hio, e (lueo Supremo indeferiu sob o fundamentode haver sido suspensa pelo estado desítio a garantia eOllstitudonal da livremanifesta\';w do pCIISamento, PedroLcssa assinou o acórdão l;C flcido, emtudo (textual), e a certa altura de seuvoto classifica de caprichoso, arbitrário,
criminoso o ato do Marechal Hermes da
Fonse(;<! que decretara o sítio "violando
um claro preeeito da Constituição l'
única17!('nte ,)(/ra a satí.sjação de ódios
(' cillgal1ças pcssoaio>".
~as li\úes de HlIY (' Pedro Lessa é
que entre nós se foi buscar a mais deei
siva inspiração para E'lahorar o nôvo
instituto de def('sa enérgiea E' eficaz dos
direitos do individuo não amparados
pelo habeas-corpus.
o.~ ahusos da Autoridade Públiea vol
Iam a encontrar no sistema jurídico
brasileiro um veto fulminante, através
do mandado de segurança, cujas formas
embrionárias e perfeitas os trahalhos de
(24. Pouco antes de Pedro Lessa, tamMm teveALBERTO TORRES asslnalavel l'.tu&Çlo noSupremo Tribunal Federal, relativamenteà natureza Jurld1ca e apHcaçio elttenalv8do Instituto do habeas-corpus. De algunade seus prlnc lpals vot06 nesse sentido fornece-nos circunstanclllda not[cla BarbosaLima Sobrinho no admirável ensalo queacaba de publicar sob o titulo .. Presençade Alberto ~ Sua Vuta e Pensamento" (Edltóra Clvllizaçào Brasllelra, 1968, RIo, 520páginas) Em 1903, no h. c. requerido peloPríncipe D. Oastio de Orleans, para quese declarasse a InconstjtuclonlllLdade doDecreto de banimento da Familla Imperial,baixado pelo Oovérno Provisório, colocaVa-se ALBERTO TORRES ao ladO da doutrina (ainda nào sufragada entre nós) segundo a qual o habeas-cMpu. é a tutelajurld1ca, nlo apenas da llberdade de loco,mo<;ão (doutrlna tradiclonal) mJl.S de todoe qualquer direito indit'ic!ual atingido aliameaçado por coação ou violêncIa decorrente de Hegalidade ou abuso de poder,Essa doutrlnll ele a confirmou em 1007,quando, vlgendo alnda aquêle Decreto debanimento, o Jurista Silva Costa, medIanteo h.c. n:' 2.437, procurou garantir o desembarque, no Brasil, do Prlnclpe D. LuIsde Bragança, então em viagem de cruzeIro aborda do paquete Amazone.Conforme Barbosa Llma Sobrinho assinala,para Alberto Tórres, o habeas-corpus acudiria a todos o., direitos que. interessando tiliberdade indIvidual. nao possuírem nenhum outro meio de garantia e de elieacia,Era essa a tese de R uy Barbosa a partir deabrH de 1892, qnando passou a sustentarperante o Supremo TrIbunal Federal a ~x
tensão do habecu.corpus a todos os casos,escrevIa ele, em que um direito nosso,qualquer direito. estiver ameaçado, imposs.bilitado no seu e;rerclcio pela intervenção de um abuso de poder ou de umalJegal>dade.Barbo.sa LIma Sobrinho reconhece que "ovoto de Alberto Torres, LOS habeas-corpusrequeridos a favor da Famllla Imperial, colncldia com esse ponto de vlsta, atendo-seli amphtude do preceito constituclonal, quenê.o citou, como na leglslaÇê.o do tempo doImpério. a llberdade de locomoção ou Oconstrangimento corporal'>. A defesa dessadoutrina do habeas-corpus, depols da aposentadoria de Alberto Torres em 1907, veloa ser patrocinada por Pedro LessaTendo Alberto Torres, como proclama o esclarecido expositor de sua vida e de seupensamento fundamental, "uma concepçàopor assIm dIzer sociológica do Direito", aqual objetiva a ajudar a colliltrulr a sociedade" e "aperfeIçoar a Sua eo;truture."...::.. aInda mais valorll<ada !lca a poslçlodoutrInária que êle Invarii\velmente sufragou na esfera de apllcaçio do únIco reme~
dium jurts de desenlace rapldo que entãoexistia no sistema Juridlco brasHelro paraa tutela dos direitos constltuclonals do Individuo. Da mesma (orma essa coincidênciaentre o pensamento do jurlBta sociólogoAlberto Torres e do Júrls-tllosóto PedroLesse. com o de Rul Barbosa, em matériade e"egesBe e aplicação do habeas-corpu.,pode ser tomada como o melhor testemunhodo equllibrlo da teoria brasl1elra do h4beascorpus que Ruy Barbosa entre nÓ/! fundou.,
OBRIGA CÃO.)
DECONTRATAR
P,O~jjo" O,.lanJo ÇomrJProfessor da Faculdade de D/rrilo
dez Universidade da Bahia
A liberdade de concluir contratos sofre limitação quanrlo o sujeito dedireito é forçado a se vincular a detenninada pessoa, ou não pode recusar-se atravar relações juridicas unifonnes com os interessados em constituí-Ias.
Diz-se que, nesses casos, tem a obrigação de contTatar.
A supressão da liberdade contratual, nesta sua manifestação, foi analisada,primeiramente, por NIPPERDEY, que a admitiu somente nos casos de umadisposição legal expressa impor a obrigação de contratar, mas a crescente
22 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
intervenção do Estado no domínio econômico originou ~itllaçôes nas l]lIais se
tornou Jl('cessária a diminação da liberdade de reclIsa de contratar independen
temente de determillação legal. ~e~sas situações, passou o contrato a ser, do
mesmo modo, necessário, forçado, coativo,
Classificou-as LARENZ, distribllindo-a~ em tn's grupos:
1.0 contratos fJllC se conc!twlll no setor dos serviços públicos;
2.° con1 ratos (llle St' realizam lia área em (llle se manifesta interesse
t'collômico de natureza geral (economia dirigida);
3,° - contratos cuja recma de estipulação sera contrária aos bons
costumes.
]\'0 primeiro grupo, o problema de maior delicadeza é o da determinação
dos limites da obrigação de l'Ontratar, evidente, como parece, que o simples
fato de exercer alguém certa atividadt' no setor dos serviços de interesse
público não basta para privá-lo da prerrogativa de recusar-se a contratar.
Sugerem-se diversos critérios de limitação dessa prerrogativa. Em primeiro
lugar, o da cxigéncia de ser a atividade exercida em regime de monópolio.
Quem a promove não pode recusar-se a contratar. Se tivesse essa liberdade,
arbitràriamente privaria (!ualqucr pessoa do liSO de servü;o concedido no
intert'sse geral. Pense-se na hipótt'se da recusa do fornecimento de energia
elétrica pela empresa concessionária desse serviço, :'-ião havendo outro forne
cedor, qllem precisasse de luz ou fôrça não seria atendido, deixando de usufruir
bem considerado vital.
o critério do monopólio revelou-se, entretanto, demasíadamente ('streito.
Reduz a obrigação de contratar à área dos seITiços públicos diretamente
exercidos pelo Estado, ou concedidos, e não permite exigi-Ia nos casos de
monopólio virtual ou ('lD situações que se assemelham, lia prática, it que
decorre da posição de sllper.ioridade de quem exerce atividade em car:tter
exclusivo. Demais destas razões, o conceito de serviço público é restrito,
pOf<!lIanto se sohrepõe à noção civilistica de prestação e se deduz com refe
rl'ncía aos tri's rC(lllÍsitos fundamentais de titularidade estatal, interesse tutelado
e objeto. Verdade é [pie. recentemente, se vem refutando, não somente a teoria
das prestações administrativas, como o princípio nominalístíco da titlllaridade
do Estado (1), para admitir-se que qualquer atividade, pública ou privada,
dirigida ~l realização de um fim social deve sujeitar-se à disciplina própria dos
(lI OIANINI, verbete "Atth·ité. Ilmmlnlstratlvl\" jn Encidopédia Del Dlntto,' POTOTSCHINO, Ipubbllcl servl~1 apud Ricca, Sul cosldettl rapportl conttratullH di flttt'l
JANEIRO A MARÇO - 1968 21
serviços públicos. Mas êsse conceito amplo ainda não conseguiu desbancar anoção tradicional. Por outro lado, há situações que pcàem o contrato coativo,mas não se acomodam ao nôvo conceito, por mais que se o elas teça.
Pretende-se, em conseqüência, que haja obrigação de contratar, não apenasquando dctenninada atividade é exercida em regime de monop6lio, senão,igualmente, quando quem a exerce está, até circunstancialmente, em situação
privilegiada. Deixa, assim, de ser relevante a natureza ou qualidade da prestação. Ainda não se trate do fornecimento de bens vitais, quem os forneceserá obrigado a contratar caso se encontre em posição na qual a recusa seriaabusiva.
A extrema latitude dêsse critério constitui obstáculo à sua aceitação. A
obrigação de contratar é exceção ã regra geral da liberdade contratual, violentarestrição à autonomia privada. Não se deve, por conseguinte, alargar o setorem que se apresenta como técnica estritamente indispensável à subordínaçãodo interêsse particular ao intert~sse geral.
Partindo do conceito de LARENZ relativo à existência de um comportamento social típico (sozialtypischen Verhalten), como nova fonte de obrigações,BULCK admite que, em relação a prestações ou bens vitais, há o dever de não
recusá-los. Quando se trata de gêneros de primeira necessidade ou prestaçõessocialmente valorizadas como necessárias à. vida de cada cidadão, como otransporte, a eletricidade, a água, o gás e tantas outras, é inadmisslvel a recusa.
A superioridade do critério reside na limitação. Somente em relação àsprestações ou bens vitais haveria obrigação de contratar.
Indaga-se, porém, se a relação juridica, assim constituída, configura verdadeiro contrato.
A primeira difi<:uldadc reside no próprio conceito .tradicional dessa espéciede negÓcio jurídico. Contrato é o livre acôrdo de vontades para constituiçãode uma relação jurídica entre as partes. Nesse esquema, é logicamente impossivcl inserir o chamado contrato coativo, por isso que uma das partes é forçadaa constituf-Ia. A própria expressão contrato coativo seria uma "contradictio inadjecto". O adjetivo briga com o substitutivo. Por mais que se distenda a noção
de contrato, não se poderá estendê-la a uma relação juridica, na qual o comportamento de llma das partes, para criá-la, é meramente passivo, e está prcc1ctenninado.
Inclinam-se os escritores mais afastados da linha dogmática tradicionalpela negação da natureza contratual dos vinculos estabelecidos entre quempresta e quem recebe um serviço público. Dividem-se, porém, as opiniões.
REVISTA DE INFORMAÇÃ.O LEGISLATIVA
Predomina, nessa volumosa corrente, a tese de (pIe a relação jurídica deriva
de imposição legal, instaurando-se por efeito de uma ordem da autoridade
pública. Rejeita-se a idéia de contrato, explicando os adeptos dessa teoria que
tal relação é regulada pelo direito público c repousa numa situação estatutária.
Essa explicação não é, entretanto, satisfatória, não apenas porque jogaria no
comportamento unilateral do usuário, em última análise. a fonte da obrigal;ão
de prestar o serviço, mas, princípalmente, pela incxist€-nda de critério diferen
ciai seguro entre as várias formas de gestão dos serviços vitais, de modo especial
quanto às relações que se instauram entre o gestor e o usuário. e). Não é. assim.
solução unitária, nem explica o mecanismo da constituição da relação jurídica
em támos que defiham seus diversos aspectos. !\'ão hasta dizer, com efeito,
que a relação jurídica decorrt' de imposição legal. É preciso qualificar sua
fonte porquanto a lei não cria diretamente obrigações, limitando-se a emprestar
a determinados fatos a significação de causa geradora, à medida que ocorrem.
Se bse fato é o comportamellto obrigatório do gestor, por não preexistir o
direito à prestação, cai-se na figma privatística do quase contrato C).
Procede, no entanto, a ohservação de que o comportamento do gestor do
serviço público, ao se comprometer a prestá-lo, pratica ato devido. ~ão emite,
realmente, declaração de vontade como expressão de autonomia privada. Falta
lhe, portanto, caráter negociaI.
A objt'ção é séria. Admitem, porém, os contratualistas, que não perde esse
cunho a declaração de simples adesão ao conteúdo preestabelecido de um
contrato, uma vez que o acôrdo de vontades seja indispensável à criação da
rela\'ão jurídica.
Outros sustentam que a obrigação de prestar o serviço preexiste, de sorte
(lue nada mais faz o gestor do que cumpri-Ia. A situação asst:'meIha-se à do
compromisso, em contrato preliminar, de prestar consentimento em futuro
contrato, ddinitivo. A con.stituição desta relação jmídica necessàriamcnte com
plementar também resulta de ato devido, distinguindo-se apenas pela drcuns
tànc:ia de (lue sua realiza\'ão se torna obrigatória em virtude de compromisso
voluntário, enquanto o gestor de serviço público está coagido legalmente a
prestar o consentimento.
Funda-se a explica\'ão, porém, numa ficção, ({IW a recambiaria à faixa do
contratualismo, ondt:' enfrentaria (} obstáculo de conciliar a negação da liherdade
de concluir negócios jurídicos com a autonomia privada.
(2) RICCA. Op. clt .• páli[. 68.
(3) von THUR. T~oria Ilen~ral dei dlTicho cil'll alemdn. t. n. vol. 1
JAHllRO A. MARÇO - 1961 2S
Pode-se, finalmente, incluir, na corrente anti.contratualista, a teoria de
LARENZ. Afirma êsse eminente civilista que quem usa um serviço público não
se a<.:ha na condição da pessoa a quem se faz oferta de contratar, e, quem é
obrigado a prestá-lo, não está na posição do que pode aceitá-la, ou não, com
direito, indusive, a fazer contraproposta. Assim, o uso de um serviço público
não é aceitação de contrato por fato concludente, mas, sim, comportamento
socialmente típico, que deve ser configurado como fonte autonôma de obriga
~·õcs. O efeito obrigacional da relação jurídica não deriva, nem da vontade,
nem da consciência do efeito jurídico, isto é, não decorre de um contrato, mas
da conexão entre comportamento e resultado, pouco importando se houve, ou
não, dedaração de vontade válida.
A explicação é sobremodo ilustrativa na sua parte descritiva, mas, reduzida
a suas proporções mais simples, faz do comportamento unilateral do usuário a
fonte da obrigação do gestor. Esbarra, dêsse modo, com séria dificuldade, pois
um comportamento unilateral atípico não pode incidir vàlidamente na esfera
jurídica de outrem (t).
A se aceitar, por outro lado, que o comportamento socialmente típico se
insere na moldura da autonomia privada, como pretendeu posteriormente
LARENZ, seria admitir conceito demasiado amplo dessa autonomia, tomando-a
sin6nima de liberdade, e esvaziando, assim, seu conteúdo, conforme a justa
ponderação de R1CCA. Ademais, não se distinguiriam dois momentos lógicos
inconfundíveis, a manifestaçio negociaI através do comportamento típico e a
execução da relaçio jurídica, consistente na prestação do serviço e pagamentodo preço.
Discrepando de tOdas essas soluções, esclarece SERNA (~) que o problemase coloca em têrmos falsos ao se insp.ri-lo na p~rspectiva da obrigação de contratar, e, conseqüentemente, na indagação a respeito da possibilidade da recusade estipular contrato. Assim equacionado, configuram-se, inexatamente, oscasos de orerta ao público. O gestor de serviço público, bem como tôdas as pessoas que oferecem serviços ao público, propõc, indiscriminadamente, a estipulaçâo de um contrato, pouco importando que a sua oferta derive de obrigaçãoanterior, contraída com a administração pública, 011 que a formule no exercíciode sua autonomia privada. Ao anunciá-Ia, divulga as condições nas quai') realizará o contrato. Quando alguém as aceita, o contrato está formado. Se, após a
(4) RICCA, Op. clt., ptg. 56.(5) Le refUJI 4e con tracter
26------REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
aceitação, se recusa a prestar o serviço, está-se recusando a executar o contrato
já concluído com a aceitação. Caso é, pois, de inexecução contratual. l\'ão há
cogitar, por consegüinte, de obrigação de contratar no sentido que se empresta à expressão, ncm se pode discutir se tem direíto a recusar o contrato, uma
vez aceito nas condif,'ões'" propostas, Uma vez que, em tais ofertas, se contem
todos os elementos do contrato a cuja conclusão se dirigem, não se qualificam
como simples "invitatio ad offerendwn", São, inequivocamente, propostas "ad
incertam personae". Dizer-se que a oferta não constituí declaração negociaI,
porque o polícit3nte é obrigado a fazê-la por estar explorando um serviçopúblico, não modifica a estrutura da relação jurídica instaurada com a aceitação
do oblato. Para 3 conclusão de um contrato, não são necessárias duas decla
rações de vontade em sentido próprio, bastando duas manifestações volitivas,
significativas para a criação da relação jurídica em que se inserem direitos c
obrigações recíprocas (6). O intento negociaI pode manifestar-se mediante uma
declaração e uma atuação, ou ate mediante a combinação de dois comportamentos, como bem esclarece CAMPAGNA. A aceitação de um contrato medi
ante comportamento concludente tornou-se usual na vida moderna, Quem
embarca num ônibus realiza, com essa atuação, o contrato de transporte, acei
tando a oferta ao púbIíco da companhia exploradora do serviço, Quem deposita
na agencia do expedidor um pacote a ser transportado, pagando a tarifa,celebra o contrato de expedição mediante comportamento (lue implica acei
tação.
A colocação do problema nos seus devidos têrmos facilita a explicação das
diversas situações nas quais se vê uma obrigação de contratar quando, em
verdade, já se trata de uma obrigação de executar o contrato. Tanto nos casos
em (lue se trata de um sen'iço público, nos quais interfere ° aspecto da titularidade, como naqueles em que não há sequer qualquer finalidade social naatividade do policitante. O exibidor cinematográfico não tem obrigação de
contratar com a pessoa que se apresenta no seu guichê para comprar o bilhetede ingresso, mas, como faz permanente oferta ao público, quem a aceita tem
direito a exigir (Iue cumpra o contrato, isto é, (lue venda o bilhete como estabelecido na oferta para aquisição do direito ao ingresso na sala de espetáculos
e cumpra a obrigação de proporcionar ° espetáculo a quem adclllÍriu o direitode assisti-lo
l\'essa perspectiva, () problema da obrigação de contratar e um falsoproblema.
16J CAMPAGNA, I llegozl di attuazlone, pÍ\~. 126.
Os Decretos-leis na
Constituicão de 1967~
TEMA 1
Para comemorar o primeiro ano de vigência da Constitui<;ão de 1967, muitooportuno me pareceu discorrer s6hre um dos seus institutos mais polêmicos e de indisfarçável intert~sse para os juristas, sempre preocupados com oaperfeiçoamento do processo legislativo: os decretos que o Chefe do PoderExecutivo pode baixar, com fôrça de lei, ainda quando em pleno funcionamento o Congresso Nacional, ao qual cabe, embora, hoje, sem exclusiviuade,elaborar as leis.
Os Advogados nada tem com o Poder, recordava RUY, mas tudo t~m
com a lei.
Em verdade, a nossa vida profi.~sional se exercita na constante invocaçãoda lei, para obter proteção jurisdicional dos direitos de nossos Clientes, permitindo o nosso Estatuto, até mesmo, advogar contra a letra da lei para argüir asua injustiça ou a sua inconstitucionalidade. .
Os problemas que os decretos-leis vão criar para a ordem jurídica são demonta. E de gravidade, a desafiar a argúcia do hcnnencula.
Reconheço que outros dispositivos há, da Constituição de 1967, a rnerL'eera consideraçiio dos Advogados, como é, v. gr., o que importou numa restriçãoformidável do recurso extraordinário, nos casos em que, na Constituição de 1946,podia ser interposto quando a decisão fósse contrária a dispositivo da Constituição OI! à letra de tratado ou lei federal e, agora ut art. 114, nQ IH - "a",
28 REVISTA DE I~FORMAÇÃO LEGISLATIVA
cabe, apenas, das decisões (ltle contrariarem dispositivo da Constituição oulwgarem dgéncia de tratado ou lei federaL
E, negar vigencia, segundo a interpreta<,'ão l.]ue as mais recentes decisõesdo S.T.F. estão dando ao dispositivo, é negar vigência mesmo, e não, sercontrária, por interprda<,'üo errada ou erradíssima, à letra da lei federal!
n~MA II
Os Decretos-Lei<; lUI técnica do direito constitucional:
O Direito Constitllcional da França,
Inicialmente, há que tomar posiçào em tôrno da conceituação de decretolei que entendemos ser o diploma legislativo expedido, com fôn,'a de lei, peloChefe do Poder Executivo, num regime político constitucional (pie consagra
a separa<,'üo de podt'rcs,
Por igual, não há como contundir os decretos-leis, com a legislação delegada que a Constitui<,';'lo de 1967, inélui no processo de elabora<,'ão legislativa:art, 49, n l
.' IV,
A necessidade de salvar a economia francesa, nos duros tempos da guerrade 1914 a 191H, enriqueceu o direito público frands dos denominados decretosleis, (lue versavam, de H'gra, sôbre matéria de natureza urgente, {' ligados àdisciplinação da ordem econômica, resultante do estado dt:' guerra.
VerificOlHe ser illdispens(lvl'1 dotar o chefe do Poder Exet:utivo dt'sseinstmmento de ;l(;ão. de modo a poder disciplinar, com a urgência que se fizessenet:essária, qualquer lIIedida ligada à própria segurança nacional. Daí, nasceram os primeiros decrdos-leis, proibindo a fahricação de certos produtos;qualificando as t'mpn\sas cuja exploraçiio interessava à defesa nacional; váriasmedidas de ordem militar; a fixa<,'ao do preço da loca~'ão residencial. E, por aiem diante, invocando a "teoría dos podl~res de guerra" foi um não mais acabarde decrdus-Icis, em FraTl<,'a, cujo regime polítieo, da separação dos podi'res,disciplinava, a rigor, o conteúdo das leis e dos regulamentos.
:t:sses decretos-leis. como se sabe, eram incontestàvelmente contrários àletra da ConstitllÍ<,'iío de 1875, que atrihuía, de m~lIwira formal, às Càmaras.o eX('rcício do Pocil'r Legislativo,
))crru1Jada a I lIa Hq1líhlíca e ante a desastrosa situa~'ão militar de maiode UJ40, renasccram os (kcrdos-Ieis, E, com a sllper\'cniência da atual Constitui<;ào Francesa de 1958, o Prcsidente DE GA LTLLE obteve se inscrevesse,lIessa t'ollstitui~'ã(l. Ulll dispositi\'() (pIe lhe permite, através do Poder Rq.';ubmenta r, ('Xl'fcer, ('OTll plellitude, as fUlI<,'ües legislativas,
A rq.;ra l' esta: "'le\ matit"n's ~\11trcs (111C celles qui sont dI! (itnllaillc dc laloi ont UI1 caradi'rl' rh~knwntain:''',
JANEIRO A MARÇO - 1968 29
ANDRP.. HAURIOU, comparando o regime que vigorava em França, em1948 e o que lá hoje vigora, escreveu no seu recentíssimo çompi~ndio de DroitConstitutionel et Institutions Politiques:
"- Em 1948, a lei parlamentar continuava a ser a regra geral; ela hojenão é mais do que a exceção".
TEMA 111
Os DCCTctos-leiv no direito constitucional brasileiro:
A Carta de 1937 e SClIS artigos 13, 14 e ]80.
Os Decretos-Lei<; que a Constituição de 1967 inclui como processo legislativo (art. nQ nJ IV) não constituem, a hem dizer, lima "novidade" emnosso Direito constitucional, pois, enquanto vigorou o Estado Nôvo, a sua legislação foi feita através de decretos-leis. Fôrça do disposto no art. 13 da Carta de1937, o Presidente da República, nos períodos de recesso do Parlamento,poderia, se o exigissem as necessidades do Estado, expedir decretos-leis sôbrematérias de competência legislativa da União, com {~xceção de algumas matériasque o art. 13 enumerava. Mas, essa mesma Carta, no art. ISO, dispunha que
"Enquanto não se reunisse o Parlamento Nadonal, o Presidente da República tinha o poder de expedir decretos-leis s6bre t6das as matérill.'; decompetência legislativa da União".
E, porque o Parlamento jamais se reuniu na vigência do Estado Nôvo,em todo o período de sua duração foram haixados centenas de Decretos-Leis,desde os principais Códigos que ainda hoje vigoram, até normas de interêsscpessoal e que tiveram efêmera duração.
Mas esses Decretos-Leis, - fôrça do disposto no art. 180 da Carta de1937, não se assemelham, senão na denominação, aos Decretos-Leis da Constituição de 1967, êstes tendo como suporte a urgência na expedição da nonnado direito positivo ou o interêsse público relevante a exigi-la.' Nem suhstituição- à lei - como na Carta de 1937, ncm amplitude de matérias, como se. permitiano Estado Nôvo.
TE"fA IV
A necessidade de acelerar o processo dc e1abor:lção das leis e o "slogan",de que não se libertou o Parlamento, de sua incapacidade para elaborar as leisde maior vulto ou mais complexas, levou os estudiosos de direito constitucional,as Associações de classe e o Congresso de Técnicos, realizado em São Paulo,em 1963, a preconi7.ar soluções que atendessem àquele objetivo e detenninaramO Govêmo Hevolueionário de 1964 a adotar, nos Ato~ Institucionais I e lI, processos de rápida tramitação para os projetos de lei de interêsse nacional.
30 REVISTA. DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
o 11.) Congresso Brasileiro para a Definição das Hefonnas de Base, reunido
em São Paulo em janeiro de 1963, indicou a delegação legislativa. nos moldesdo sistema constitucional ítalíano, - a Comissão de Jllfistas, nomeada peloPresideut~' Clstello Branco, em 1966, propendeu para a aceitação do sistemaadotado 1I0S Atos IllStitucionaís I e II e u Grande Comissão de Juristas, nomeadapor I'Stt' Instituto, para ('Iaborar, em fius de 1966, o Autt'projcto de Constitlliç'~lO
da Ih'pública, inclimm-se por solLH;ões que não se afastavam, dt, todo, daspmb.~ <'m pr:ltica pelo C<)Yerno Revolucionário de 1964, disdplínando, todavia,eIll nuvos IlJolllt-s. o preparo de Códigos e Slla tramibç';lO no CongressoI\'acionaI.
r-,Ias, nelll a Comissào de Especialistas que tomou parte no referido l° Congresso Brasileiro para a Defini<;ão das Rdormas de Rase, nem os Jllfistas
nomeados pelo Presilknte Castf'!lo Branco; nem m \1embros dl;Stl' Instituto(qu(' organizaram o Anteprojeto divulgado em o núuwro :3 da Revista (ll'steInstituto), incluíram, llO proces.so de clahoração legislativa. os decretos-leis.Ikconla(;ão da ava1allche legislativa do Estado 1'\ôvo? OH jnsto temor das perspectivas de um Co\'(\mo Ditatorial, exercido preponc1crantcmenl{' pelo PodprExccutivo. com a gradativa suprf'ssão dos podi-rl's do Parlamento para l'laboraras !eis, como slIcetlc no atual regime forte do Presidente Dl' Gaulk? A l'xperi(;nl'Ía pn')pria I' a alheia terão sido motivos da posição adotada pelos rdonnistasde 196.'3 (' 1$)66.
TDIA V
Os Dccrl'tos-Ll'Ís na Constituir,ão de 1967 haviam sido sugeridos. deco !lH'ç'O , por forma muito mais ampla daquela que, afinal, foi inscrita no Anteprojdo Carlos \ledt'Íros Silv,l e por {;le apresentada ao Presidcntl' Castel10Branco. Basta confrontar os tl\rmos do art. 57 do allkprojdo divulgado p('[osJornais (O Globo; o Jornal do BrasiL O ESLado de São Paulo. de 7 tI(' dezembrode Hlfi6) , com a plIhlil'u<;ão oficial do art. 57 do Anteprojeto Oficial, paraSl' verificar <[1I1" d,'.sle último, foi suprimida a expedi\:ào de decretos com fôr\'ad(, leí sôbre;
"llI ~ (/ odmínistraçiiu federal, do D. F. e tios Territórios, dasAutarquias, l'mpn:sas púhlicas e Sociedadt's de Eco1lomia misla",
])l) IlWSIlH! lllodo, se compararmos a rcda\';-lo do art. '-l7 do Auteprojt'toohl'ial com a wdar;ào do art. 5S da C01lstitui\:~1O de 1967. vamos vcrificar '[U"
O Congresso ~ acionaI introduziu uma modificação de maior rel(~v;lnda e (Iuedi largou os podt'T<'s do Presidcntl' da República, no tocante à expedú;ào dl'decretos-leis, eis (FI(', onde o próprio (;OVt'flI0 propunha <llle permitido fôssebaixar decretos-leis em cusos de urgencia e de infcl'ô'se público rc!evante,o Congresso SHustilu iH a conjuntiva pela alternativa "ou", e assim, au em Vl'Zde dois pressnpostos, conjugados e inarredúveis: a urgt'ncia c o inlcrt·sst' público
JANEIRO A MARÇO - 1968-------- 31
relevante, o Presidente da República pode, hoje, escolher entre a urgência ou O
interêsse público relevante pará baixar os decretos-leis sôbre segurança nacionalou finanças públicas.
TEMA VI
Os pressupostos necessários para que o Presidente da Reptlblica possabaixar decretos-leis:
Ao contrário do que se estatuiu na Carta de 1937, o Presidente da República, na vigcncia da C..onstituição de 1967, poderá baixar decretos-leis, aindaquando em pleno funcionamento o Congresso Nacional. Não se requer o recessodo Parlamento. Ao contrário: pressupõe·se o Congresso em pleno funcionamento, a modo de poder aprovar ou rejeitar o decreto-lei do Executivo, dentrode sessenta dias, admitindo-se a aprovação tácita, se o Congresso, naquêle pra7.o,não tiver dito sim ou não.
Mas o Presidente s6 poderá expedir decretos-leis, com fôrça de lei, atendendo a dois únicos prc.~supostos;
a) urgência na decretação da norma de direito positivo;
ou
b) - intert1sse público relevante, observando-se, tanto num caso comonoutro, que - do decreto-lei expedido não poderá resultar aumento de despesa,ainda que indiretamente, a nosso ver.
E, quanto às matérúls que podem constituir objeto dos decretos-leis a Constituição limitou-as a duas classes:
1 - Seguranç.1 Nacional;
ou
II - Fill3nças públicas. (art. 58)
A Segurança Nacional a que alude () art. 58 da Constituição é a mesmaa (pIe se refere o art. 89, quando declara que por ela são responsáveis tôdas aspessoas naturais ou jurídicas, conceito amplo, que a lei ordinária defínirá.
Melhor seria que a própria Constituição, para evitar o arhítrio, concei·tuasse o que se deve entender por segurança nacional.
Quanto às fillanças públicas o conceito é amplo e compreende não s6 asnormas gerais de direito financeiro (a que alude o art. 8 r, XV II - "c"),como todos os iustitutos que as leis e a doutrina admitem corno integrantes dasfinanças do Estado.
Finanças Públicas, segundo a definição de AI.lOMAR RALEEIRO (in"Uma Introdução à Ciência das Finanças") é a disciplina que, - pda investigação dos fatos, procura explic.'lr os fenômenos ligados à obtenção e dispendio
32 REVISTA DE INFORMAÇÃO lEGISLATIVA- -- --, - - - ,- -~ - .. '- -- - -~ -~ -- - --- - - ~
do dinheiro [l('cc~s<Írio ao funcionamento dos s('fvi~'os a cargo do Estado, ou de
outras pessoas de direito púhlico, assim como os efeitos outro.S r('sultanít's
dessa atívicladc go\·t·rnanwntal".
Invocando t',S" 's prc'.supostns, c com fnndamento no artigo ,Si) da COllst i
tui(;:io dl' 1967, furam haixados ati' .s de fewrciro de 1961-) (dat~l do últimoDecreto·! ,ei di\"1dgado pelo "Diúrio Oficül" de Brasília) 32 decrdos-leis (do])ecreto-Lei :319. de 2i de man,'o de H167 ao Decreto-lei :351. d t , ~ dt, fewfl'iro
ti" 1968), sóhrl' as mais r({ri(J(las nlUlérí(1s, incluindo-se, na maior parte tkles, a\"incnla~'üo ú Sl'guralJl,'a :\facional 011 ao ÍlÜl'rt"Sse púhlico, l'OITlO aconlt'ccll coma mndificac;ão da Lei 3.325/67, (l'I(' instituiu a D['PUCATA FISCAL,
Em um ano de vig(~ncia, contamos trinta e dois dC<Tdos-leis, flue, con jn
gados à faculdade que tem o Presidente da Hepúhlica de ('nviar ao Congrc.ssoNacional projt'lo.s de lei para tramita\'ão dentro de quarenta l' t'ÍlICO dias (comoj:l sucedeu com a mais recente altt'[;l(;:io da lei dl~ ]oca<;,-to predial), dão bem
idéia do acc!eramelito do processo cle elaboração kgislativa que S(' iniciou
com os Atos Institucionais I e II e prosseF;ue com os novos institntos adotados
lwb Constitlli~'ão viF;elll(', cntre os qnais "l' conta a kgísl:HJIO dt'!<'gada (art. 49,1]" IV), ainda 11<10 posta ('m pr(ltic.l.
TE.\/A \'lJ
()" de('!'dos-Ieis haixados pr,jo Presidente da HepúbliC'a tt~m vigl'llda inwdiata ú publica,;:io do H'spedi\'o texto, no U])iúrio Oficia!", ViglO'ncia imediata
sigl,ifica, a 1l0"SO vcr, o1Jrigatorjedllr/e, cis (plt', o decreto. lliz o art. 58 daCOJlStit1li~'ão. t"m fdrça de ld. (' um dos atrihlJtos da lei t· a slla obrigatoriedade,a partir de sua pll blil"J(;~lo, pois ninglll"m se l''(cusa pnr descumpri-Ia ainda qllt'a1t-gl](' ignor(l-la.
\las. o Cfll" n:UJ [(·"ta dú\"id~l l' ljlll' o dt'crdo-ki ít'm vida precúria. l'll!l'lldido ti \,(J('~'thlllo IJI'('("uriu n;-IO 110 sentido de lJDrlCO d!lriÍrd (pois se aprovado])('lo Cougre.sso o te:dll sl'rá definitivo), mas no do til](' n:lO se mostra ddiV"(l,ant<'" l' ft'íto ('li! car(l«'r transitório, de ills!II/)j!idadl' c rtl'0l!.ulJilidoC!e qw' ()<!comp<lllhalll desdi' I. início, vaI" dizcr. (11le só se torna c1f'finitivil ,{uaudo
apro\'ado p"lo Con)..,<r,·sso ;'\aeional.
TOlA nH
o [)t'tTl'lo-[ ,('i pode ,ser rej"itat1o pelo Congresso Nacional. p o forarnalgllll,s dos dt't'fdos-l. 'is emitidos pelo atual Chefe do Poder EX{'Clltivo, cornosucedeu com o de n'! 837, que criava a cédula industrial pignoratícia e discipl i
nava, em novos moldes, a duplicata cOI11('rciaI. (Vid(' Di(lrin do Congresso
Nacional, Se(;ão I, de 14 dI' fevereiro de 19(8),
A rejeição do Dccreto-Lei pelo Congresso Nacional importa na supressãodo texto da Colcçâo das lciç rm ligor. :\1as, daí não ~{' segue que se possa con-
JANEIRO A MARÇO - 1968 33
siderar "como se a lei nunca tivesse existido". Existiu. Criou direitos e obrigações. Quanto aos direitos, se houve apenas expectativa de direito, não surgirãomaiores prohlemas. Mas, com relação aos direitos adquiridos, que a ConstituiçãoFederal garante aos brasileiros e estrangeiros residcntes no país, não admitindo a sua violação: art. 150 - ca]Jut e art. 150 § 3<', é óbvio que terão que serrespeitados. A rejeição do decreto-lei, embora não seja o mesmo que revogaçãoda lei, sob alguns aspectos - ao rejeitar o que vigiu, revoga. Inúmeras sãoas questões que os decretos-leis, por sua vigência pmcária, poderão suscitar,como, entre outras, estas duas que apenas afloramos, como desafio aos estudiosos.
1~) O decreto-lei baixado pelo Presidente da República pode revogara lei elaborada pelo Congrcsso Nacional? E sc podc, a rejeiçãodo decreto-lei, dentro do prazo fatal dos quarenta e cinco dias,restaura a lei anterior ou lhe dá o efeito repristinat6rio, a quealude o § 39 do art. 2<;1 da nossa Lei de Introdução ao CódigoCivil?
2;,1) se o Congresso aprova decreto-lei cujo teor não se enquadrana autori7-<lção constitucional, convalidaria a nulídade que lhe éintrínseca?
PONTES DE MIRANDA já se manifestou sôbre a questão, declarando!lOS seus hreves comentários ao art'" 59 da Constituição de 1967:
"Se a matéria não é de Segurança Nacional, ou de finanças públicas,nula é a aprova~'ão, como nulo é o Decreto Lei". (Com. à Const de1967, \'01. 3 - pág, 157).
TEMA IX
Pode suceder que o Decreto-Lei, submetido ao Congresso Nacional, venhaa ser por êle aprovado expressamcntc, dentro do prazo fatal estabelecido noparágrafo único do art. 58, WlnO poderá resultar a aprovação tácita, por omissão do Congresso.
Essa circunstância, - a da aprovação tácita ou expressa - não dá aodccreto-Iei validade de modo a tomá-lo imune de apreciação pelo Poder Judiciário, eis que, segundo o disposto no art. 150 § 49 da Constituição, nenhumalei poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão dc direitoindividual.
E se o Poder Judiciário podc apreciar a lei, e pô-la cm confronto coma Constituição Federal, desse confronto poderá resultar a decretação de inconstitucionalidade do Decreto-Lei, expedido pelo Poder Executivo, ratificado peloPodcr Legislativo, mas reprovado pelo Poder Judiciária.
34 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
- CO:\CI,CSAü -
CO:\CLU:\DÜ;
I Illún, TdS, (' da ~ mais \'arbdas, st'rão as contl'llH'rsi:ls (jU" a ('\lw<lil,'J,() (' a
apli('~l\',-lll dos (1,'cr\'los-lcis \;10 Sllscdar.
:\ pok'll1iea eTTl 1<)f!HJ dcssc W\\'O processo dc ch1H,r'(';;i() kgd,llÍ\" COIlH'i,'(l1l
em S:iq I':llt!O, o"a", sob o patfOl'ínio du illstituto a(' J)in'ito Público daFac11l,L1dc cle ])in 'ito da l' nÍ\('rsida<lc d(' S,-IO 1'a11 lo, a l:C:llns dlls cm ilH'lI tcs
prot ('''(lrl'S da' !llCLi Fac\l ldadc ch-s,ln('arall1 (l" <1t'cr('(os-l<-is (Li Const it 11 i ,',lO
d(' llJG7:
Celso :\nh\ni(l Bandeira dE' \kl1o e Ceraldo .\t.diha \'Il<':lli'ira SolO osn'slH111.,;iQ'is por c"es mans tratos, :\'J,1l l"1l!1l1Ing.tlllilS, :IS cllPlpl<bs, ('(1111
as SII:I, crític!" di'('llr<1an<1o. frontalm('nte, de al,t!IITll'tS ddit~. \LI, () 11IL" pllr
t"Ic,s n,'IO foi dito, (' 11()S temos COlllO c('rto, l' q\le a pr,ític,l dll~ 1kndíl,s- L('is,
num p'lís ('m '{IH' (J Pnrkr I,cl!is!:lti\"o n:l([ se forLlkl'l' p,'ran!e a llj'ini:lo p,'t1)1i(',I,
(ao SI' dl'sintl'n'ss,ll' d" snas L1n,Ll, dI' I'Ltbora\';lo ,Li \roi 'I, ahr,' (',II1\iIl11IJ ClTlll
;l ditad'lra do EVl'lIti\LL E 'lU"II) "íllcla (sli\lT ('111 <1"[\I<1a, l' l(T (' .I!('líl;tr p~lLl
as (1)s('n'"\Cll',, Cj!!(' IH', fa/Clll dois ,los TTI.\is 1110tlITllll" (' ;l1!torí/'ldll' «()ll,lítlldt)
llalistils fr:llll'('Sl'S: ,\.\"I)IU: ll:il'IHO[', !la lrlíL;:IO d(, 1%7 (k 'l'I' (:'llllj1"IHli o
d.. Dn.it (:ollstitlll'ioll('l. (' .\I.\(·H1CL nrYLllCLll, lla '-)' Iclic;u) (lt- 'lia' "1n'·
t it ut H)II' l'lflitiq11I'S d l)ro it C'l11st it 11 tilJll(r, .1' J prupl'lstl 11 da pr;',til"1 di) n '~illlt'
dlls "I)('ndm" na Cl>mltt11 i,'iIO FralHl'Sa cle E),j,';.
Tt'T1h,llllO,S IH'I', li'.; JlJrist.ls lh'sk illstitlJtn, a l'ora,!I'lll di' illll'l'dir. [)nr 11111,\
crítl(';[ ('nn,tnlti\,l (' IlpOI'I11II:1, IIILI' tal ,"'Oll\v(,;[ 110 Br;lsil ('lllitl"ll[lI'I<lIH'lí,
As lraTlsf(lrrll;[,'iíl'S '111(' se \!Tifi'\lll1 lIILIl1 I'dí~ ('m !rall('11 dl'SI'll\ Ilh illll'llt", (tlnlo
II 1l11~S<l. (\i,t!I'1I1 ,1(11,t1i/a\:IlJ d,' S:L\S kis (' .1 ('\111)]11('11]('111.((,:10 dl""11S dil,l'I!!ldS
ll",-~i';];Iti\()s. \1.1' 11;111 lJ.l 11'll' d,'sl'n'/,l]' ~l ~\Illlíl"llli~l do ])('\1 1• I'llrtllll' II F,latl,)
('\ist<' para dssl'gllr;lr /, 1)('1t\ l',lar do P(J\l) l' .\S SI!:h 11IStitLli<:'-ws, p,lra tllll<'iOll;lJ
a l'lJIlt\-lltll. 11:10 p"d( 111 i~llor,lr o 1ICII1](,1I1. l' II:LI) i:':IIOl'.llllL, LI 11('111"111, d"\"11I
,,,1)('1' 1111(' ~ls lillrllldS !'C:,Li, \ ,ti"11l lluis por SI,1i1 ,l(Til.l\:IL) ("I'(Jllt,III"~L, d ll (jllt'
]l"f'll,l illl!'llSi\:lil, :1 L')l"<," d" S~LII,'(Il'S, COI" i','IlHlS i\') l'"rbill"lltl) ,i ,drih'l!l,;-'"
dI' ,'LilHlr,Lr ~IS kis l' Sll ('\ll'lwilllld1tIll'llk d,1t- rdir("lIl)S II Pjlll'l"'() \':-;isLd i\ \'
II"S (';lSllS l'ln IIILl' I) illlt'rt"'l' PÚh1iI'I) l' ;l SI'<,:'ILlIll,a 11~J('í(lll~d l'\ij;\TII llr'c';('Il!c
liil'ldt', IIll'didils dl' ,;lh ,1\\:<' p'i1l1,', ,:,
1'.ILl i,~o, tOd:l\ id. l'd~t,lji,1 o pr(l('l'''~l1lll'[lf .. 1·1!1 [",!//, l 'Ido. d" L,i, I'
IJlldlS pnljl'l'J,-; Ik ll'i, ,"[lll) l'j{'(IIIIJ/illlltls lio _\lI j l'j1(('jd" d" C/III,ti~llil,:I"
orc.:;llli/;lt!'J pl'f (',>«- 111,1It'i:U, tlll l')6h,
T,'rí,llllus ds ('lllt!íl,"'), S 111'('t'S',ll'ias dI !,1l1 ('{,tll'f F\(llltl\OJ 111]lCillll;l] d"llflll
d" PlJ.,tlILtdos di lIill;1 r\t'lIILl(,L((,lil \'\'Ic1.ld"iLl.
.~. al'i~lI~" :~J_, l':~\ :" .-,; ~-~'~J {\;, ";"l.',;~t'c:to lH).1 A,l'.LI:'_~ld();; H"~\-l:i·~l')~.
1.1\ H:(I, C1J~ : -~ ,:t' In:I:T;J (:t' :~·I~i;.
A integração do municípIo
no processo do desenvolvimento
Profi'JJUf' K!u/II'm th' 06vrif'1I c:iJmllProfessor de Administração Financeira
e Orçamentària da UllÍversidade de BrasíliaProfessor de Moeda e Credito da
U7liversidade do Distrito Federal
Antes de encetar a nossa tarefa, onde procuraremos demonstrar c realçara participação do município no processo do desenvolvimento nacional, queremos patentear o nosso agradecimento pela oportunidade que nos é dada decontribuinnos no sentido de ser o município considerado, em seus váriosaspectos, como a usina em que se forja êsse desenvolvimento. Não abordaremos,porém, os aspectos políticos dessa participação, a não ser no que interessemao desenvolvimento regional, como a política goveruamental de assistência quelhes está programada.
2. Desde cêdo a humanidade compreendeu que somente através da uniâodos indivíduos encontraria fôrças para vencer o meio hostil, sobrepujando, pelainteligência, aliada à fôrça, os maiores perigos, os maiores cataclismas. E aprimeira fôrça aglutinante dt~sses indivíduos, foi, no dizer de Jellinek, a família,quando escreveu:
"A concepção de que o Estado procede historicamente da família e écomo uma aplicação dela, se funda na lembrança llist6rica de muitospovos."
36 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
3. Assim, surgindo dos agrupamentos t'tnicos e sociais, a lIaç~lO, ainda semas Sllas característiC1S essenciais, j:l pressupunha, port'm, uma organi/.a<,\lOpatriarcal, onde o chefe, ou patriarca, decidia, fixava nannas <l Sl'll gnlpo guiadllexclusivamente pelo próprio arbítrio, orientando-se lH'las ('ircuust~lncias en<'cessidadcs intnnsccas da (,olllllllidaL1c. ek penIll'io com a sua vontadc e Op<,':LOincontestadas.
4. Amaral Fontoura. na sua obra ~ Programas de Sociologia, HHO -, escrevia:
"Por mais atrás que se recue llO estudo da história da l'tnolngi~l,
encontram-se sempre os homells vin'nou cm grupos sociais, Em pm'osprimitin)s dos mais antigos, encontram-se l'OIlHl único grupn sodall'onstituíc!() a Ltmília, Em ()lltro~ já se' encllntram as famílias agrupadasem t riho, sob chdia comum, E, portanto, a tribo a unidade pn!íticaelementar. .,
5, Posteriormente, (TL'SlTndo a triho c suas atividades, fi ,aram-sc os grupnsoriundns lIas famílias que se desl'tlvo!n'ralll com seus trahalhos (' a!i\'idades ('o chefe, de simples patriarca. passou il t'ondiç'CLO mais evolllída dt, i1iÍz t' ~'lrhitro,
de condutor e chefe,
6. A tcrra dividiu-se l'lIl glt'has e m'las fixaram-sc as trilllls ('m tt)rn<l tk 11mnúcleo em que estaria mais garantida, pela lI])i~-lll, pela aJlllla llil'ltlla, a sobre'vivência c10s indivídllos, Surgiram, ellLio, as prinwiras Clllllllllidades. as urhsque, por muito tempo, foram a repn'sl'ntac,<lo lTlúxima da sociedade humana,Ainda hoje ellcontralllllS povos "kendo IIcsse estúgin, COlllO em alguma,~
C0l1111llidades africanas l' australianas,
7, A noção do Estado. em que se concehe a na<,'ilo POlltiC<lIllClItt' orgauiz:lda,já pressupüe, pois, a exisll"ncia das urhs Ol! l'lIlll\llJidades e pode-se, selll m("'do,afirmar qut', por muito tempo, desde t'pocas illlclI1oriais, foralll as COrJll111i(ladcs afunçCLO esscncial Jo d{',~cnv()lvimcllto, ljuando a proc1l1<"'-Hl (')'a fmto c\dusi\'o doartesanato ou das atixidades agric<llas e pastoris, Dil'-sc-ia, l'llL\n, ljlH' a grandezade um povo era t!inwtlsitlnada pela pro,~peridad(' de Sll ó1S cic1ac1cs, E, hllje,podemos abalidonar tal l'OIll'ci to'J
8. Já nao mais ]J(ldeJ'l'lIlos conceber as cidades-l'stadll da Crú'ia, Oll lIil'SlllOtlIll~l Homa ou Cartago, ou (;I"nO\'a c \'('tll'/a, ('m qll(' a pWspt'ridadl' dacOlllllnidade lhes deu a soberania Ilt'ct'ssliria a l'ollstittlín'111-sl~ ('m Estados,mas, por outro lado. Il:LO poderelllos csqm'L'cr \fnL', se n:lll atingeltl ('SS~l POSi(;:Il)as cidades modl'mas, tamhém jamais dei"aram de ser a cl"1lth fliIHLt:lll'nt,tlda estrutura social e política dos po\'os,
9. Assim, poís, a urbs. a conllltliebdC ;intiga, l'\Olllill (', huj(', illt('grada !laorgallizaç'ão social L' política de todos m pu\'os, (' a l'(HICJ'dizal;ão do E,L,do,l' aquilo que, IH>S illdi,ídl]os, lIde mais 1I0S apL'fl'c1>l'IllOS; I'~ a pn'scll\'a constantl'em 'Iossa vida da orgalli.l.<lç,lO social a (11]l' pCrklJCerrH]S,
lO. O município, entao, pelas sllas origclls históricas l' pda slla P()Sil;Cln allla1na orgallizaç,io nacional, t' CkllH'lIto flllHlallll'ntal do dL'SI'lI\'o!drnl'llto, cL,participac,'üo dos illtlivídllm lia Cirl'IILll;ÜU das riljlll'.I.aS, (la r'll'ln:HJlll l'UlIH)lniLIde um po\'u.
11. Os embates ill{('rnal'it)]}ai,~, as c1issl']}IJws íntlTllas, as crisl's l' COII\ ilÍ,~fjl";,
poré'm, transferiLlIlI ao F.~tad[), como dcfl'lI,or dns PIl\11S, l'OIllO pro\'('l!nr dol
JANEIRO A MARÇO - 1968 37
bem comum, o direito de organizar-se e de organizar as comunidades, de formaa dar execução aos seus pr6prios fins. Evoluindo o Estado, buscou-se, então,justificar a sua existência, já que as simples tarefas que lhe deram origem nãomais sustentavam os fundamentos das suas atividades e ordenações. O contratosocial, a teoria orgânica, a teoria idealista, tentaram esclarecer os fundamentosprocurados, mas foi mesmo na justificativa jurídica~ na sua identidade com aordem jurídica, que o Estado encontrou tais fundamentos. E Estado é, portanto,a ordem jurídica, identifica-se com ela na melhor expressão, e o Covêmo é asua corporificação.
,12. Com tais fundamentos armou-se O Estado de todos os podêres e assumiu,com '{>1es, obrigações para com as comunidades, inclusive de incentivar-lhes Odesenvolvimento. ."
13. Bem depressa esqueceu-se o Estado, porém, dessas obrigações, tomandoa nação e o território inteiro sob seus cuidados, assumindo, sozinho, a tarefade administrá-lo, ignorando, no mais das v~zes, as necessidades dos municípios.Esqueceu.se o Estado, ainda, de que, para ser forte um todo, é preciso quefortes sejam as suas partes, nos seus limites. Fortaleça-se o município, e teremosum Estado Forte. Se o município é econômicamente forte, o Estado tambémo será. Todos sabemos o destino das nações de reis potentados c faustosos ecomunidades miseráveis.
14. O Brasil Colonial obteve da estrutura forte dos seus munidpios aquelafôrça que lhes deu alento. Desde a Inconfidência Mineira, da RevoluçãoPernambucana, dos Farrapos, da Balaiada e de tantas outras, como o arrojadoepisódio de Teófilo Otoni, foi a ordem social que lhe deu vida e capacidadepara enfrentar a Independcncia e a República. Foi a economia das comunidades,das fazendas, dos engenhos que, sôbre a sangria permanente das minas, lhederam a estabilidade de flue desfrutava. Foi a estrutura forte e sadia dosmunicípios que, nas províncias, sustentaram a estrutura social.
15. O ouro, as minas de pedras preciosas, as bandeiras que penetravam osertão foram o fator mais essencial do desbravamento, da posse da terra, masfoi na agricultura c na pecuária que as populações encontraram a estabilidadenecessária à verdadeira colonização. As minas c a extração de ouro e pedrariasnão exigiam grande emprêgo de capital fixo, dada a sua própria mobilidade deinstalação, mas as fazendas exigiam grandes imobilizações de capital paraconstrução da planta (sede, pontes, currais, cêrcas, dutos. moinhos, etc.).
16. A crise cafeeira da terceira década deste século e o advento da industrialização deram início à transição da nossa economia então essencialmente agrícola,para a sua fase industrial. Ao emprêgo dos capitais pennanentes na terra,preferiu-se empregá.los na planta das emprêsas, c o capital'" circulante avultou,acompanhando a curva dos financiamentos c o gráfico da produção e aoinvestidor pa~~cJtl a ser mais alviçarciro o finam:iamento da prooução industrialcllIe a imobilização dos seus capitais na terra, wja produção já não lheproporcionava Os resultados que o café lhe dava. A indústria procurava osgrandes centros mercê da mão·de-obra ali mais fácil, c a mão·de-obra procuravaOs mesmos centros em Ims<:a de emprêgo. As populações adensaram-se nasmetr6poles e escacearam nas comunidades, e o fenômeno, todo, fazia-se sentirmais ou menos forte, conforme a região.
38 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISL.ATIVA
li. Despidos tTOllUlrli('<lllleIJtl\ e rarl'kitos do 1'],.IJH'ntll hlllll<JJlll, (J~ 11 11 IIH{<I1'10,'caíram no marasTllO dt, lIllla \ i(b \Tgcta!i\ a I' a sua 1'lllltri!l\II\':UI lia prlldll\'-l'1minirnízolL-sl" rednzindll () Sl'!! plH!cr aljnisiti\'tl, c F1SSIIlI ~! kr IIJl'IIIlS 1"jHl'S,':"1(:omo ll11'rcat!o ('oJ!SlJIllidor. EIII Illllra~ p<l la \LIS, i~L IJ:LO lil,lis part jcipa \ ,li I] d,lrenda naciollal l'lrl ra/,'lI1 das Sll:IS IWI'cssidadcs, ] )I'sUlidoll o 1lllllliclplll, l'llbll,da SlI,1 própria l'.strullIra social. cl'rlll 11l' <IUt' II~-«(J I1w ,(lllaIlLI\a (1'lallj1wr
lueparac,:úo para 11111 dl'sl'lI\ tl!"iIllcrilll qUL', para ['k na Ille!"l IIlllpi., _ ":111he interessa\'a ,dlSOI\'l'r clllllrl'cill II'JI! IIS tiTII i['1 IS, i.i '1lll' lI:tll t 11111;1 Olll!t-
elllpn'g,i -los,
18. Esta sitlla<Jlo plTdllra\~1 ak 'jlll', II{IS lt'llljlO,' ,[lu.tis, dl"I)('rlI11] I, gO\"TI'"para a n'alithtut, IIlUlliL'ipaL t' jl;IS"llI ,I ver IH' 1I1111licipio Il fa(or prÍIIlip,t! d'luescn\'o\víllll'nto eCIlIIIJlll i('O ('111 1t'l'Il1 I:S 1I~ll'j(JlI"IS, P]'(JIJ 10\('1\( lo, p' 1rLtll to, ('apcrfl'ic,'()~UIlI'lIto da ~ll" l'stn!!lIra tl'clllca, forlIITI'IIt!O-lhl', ,lilllLt, li' IIIl'HJ~ I'''~I'II
ciais para a rl'tomad~1 do ~I'\l d('~t'lj\(1h'illll'lltll, Lstrad~ls, l'l)('rt~ia ,'ktri('~1.
escolas, sallC;lfllclltO. l'1'1Il11llit'aIJws, S:lO Illdas prt'~eTlte, llllll' l'lIl todos os rl'C,ulto,Sdo país, :\,c(O h;'( Estado da FI'dl 'Ll\"LO, li lIl' IÚII tenha dl'lll:trrado pa ra a SI (;(participac,'ào no t'l't'sl'iTlÍl'Jltll Ilacional c .\, L'ui\<'I'sidadt's (Tl'SI'l'lll I' SI' prcparaltlpara a l'ra (Lt Pl'Il,., pnidadc l'I'(l!lt"J1I li('<l , () (~O""'1110, L'OnS( IlitLtdo 1I~l ,'\/,1
(',Strutma, lí\T{, ~lgora potra tra halhar c (l Iida r dos Sl'lIS olljdi\os piai H' Ja I'organiza, pClIsa (' 1'''l'\'II(,I, jJrtlpllll'illll<lll<!O esq cra que d1l'ga a passl)' 1ar;:;lh() PI)\-O l'st~l agora ([IIISI'iclIti/ado da 11l'I'('ssidat1l' da ,sna participa\'~lll 1111
proccs,so, e, de todc)., os pont,)s llllS \('In o st"Jpro citl it! II dt, lIJlIa lIa\"J') IIUt·trabalha, Ao lllllllil'lpin I'stú rl'SIT\ada tarda essl'ncia! 111) Pltl('I'SS[), <,)lIt' SI'prl'lmn', ('ntelo, rOl'll\~lmL() t' ~lvri\\lor,ll\do os S('US t~""'tllC()S, h\l\'iLmcb ',\'0 ,,',r,'.sillstitlliçües, adaptando-,>,' ao" 11[I"OS llIdllt!os (' criando llnl:1 l".,(rutllra 11"1' pO~S~1
suportar a t'argd ljUI' lhe t'starú alda (,Iil (ilt!as as 11wLtS (' prilll'ipalllll'lltt' l)amais illlportantl' d<' tóda,. jl0rljlll' lJ.'t.,jca, a fi)l'llJa\'~~lll do 11(11)('111,
19, Atingimos, agora, a Lls<' l'lll lI"l' a adlllillbtra~'üo jú IÚO 1Il<lis ,,'r;'l 'll),'li.!'lllll IllL'!0t10, 1·:la L' hOjl' tllIla eit"lIl'i~I, .\linl.?;illlos a na d~l ,1dlllillí,tra\'~Lo l'il'lItitil'a;os tL'l'nicos S;lO agora adllJillistradort·., prulis~itlllais,
20, Amlrl'\\' Carrll'gie j:'1 prl'\ü co I 19,"52:
"Arrcbatl'lll,ntl~ a~ Librica,>, tllllll'ln-IJl1S o l"OIIIITCltl. 1IllSSII," l!leios dctranspork, li{ IS'iO dilllll'ifll, Dei \1 '!l1-1I0S apl 'nas 1111",,1 orgallll.:l\':lO ('1'111 (platro anos esLtrelllos Illi\'anH'!ltl' t'staIH,Il'cid<I,,"
21. O 1.'lllpirisllw. a falaeia do adrnjJlistr~ldor nato FI ll~({1 kllLlIlI m:li, li
t!eSl'nn',,"ill)('llto, B"IICt!ittl Siha, certa fl'lta, declarou,
"O trisll' l'spc!.lculo do atl1llillistrador crnpíric[J l'II1 !Ilta COlil tl~ aturdoallks prohlellus I[U(' hut!il'rll-lllll'll!l' a'iSo]ll'rballl (J Estado, kmllLI ;1sitnaç';-lO de 1I111 dl's\Tlllllrado aprt'lHliz dI' "iolino ([Ul', ('111 \I'/c di' arl''',usaS'i(; ~llll SelTotl' e, ,Iimb por cima, cal"'<lssl' lu",_!' di.' bO\" (l.lra LI/crt'Xl'rc'Il'IO,
() illlpro\'isallll'llto se c''>falb ,'t'm l'ol1~l'guir nada 1c.llizar. II 1'lllJlirisllltl j~í
rúo consegue nelll IIlI'SmIJ lll~ltlter a \'I,lha estrutura. A l'r,l du adlJliltistrat10rprofissional jú l'stÚ ai l' clama por lodos nós. As escolas St' ahrem, os cursosse sm'pelem, e a tcxlos Oll'rl'l'l'mOS t!" ('owçào uherto ~l oportllllidade de, jllll(U anós, cUl1struÍrl'lll U llÚC]CU dessa classe (!'-le já co 111 \,\'<1 a tJt.spcrtar para sllaimportantíssima f III iC,'jO social, o administrador profissional,
JANEIRO A MARÇO - 1968 39
22. Recentemente o CED (Committee for Econonúc Development) publicavao seguinte comentário:
"Onde (luer que você viva - na metr6pole, na cidade, ou na zonarural - é possível que a máquina administrativa esteja obsoleta esuperada pelo tempo. Não raro planejados para atender às necessidadesde uma época mais simples, os governos municipais talvez já nãoestejam capacitados a enfrentar os pr.oblemas do século XX. Encontram-se cobertos por verdadeiras camadas de ineficiência que lhesentravam os esforços para se manterem atuali7..ados."
E isto é necessário realçar num país desenvolvido, na primeira potênciaindustrial do mundol
23. Prossegue aquela publicação com o seguinte comentário que se nos afiguramerecedor de citação:
"Dia após dia as municipalidades vêem enfraquecer o seu papeltradicional de servir às comunidades locais. Carecendo de visão,imaginação ou dedicação tanto quanto de recursos financeiros, asmunicipalidades precisam desesperadamente de reorganização, autoimposta à maioria, se quiscrcm sobredver e não ceder SuBS prerrogativas a uma autoridade mais alta e distante. :E: claro que algunsgovernos municipais acham-se em vias de desintegração. Alguns J'á,tomaram providências no sentido de reduzir o índice de criminalida eem suas areas mrais, suburbanas ou metropolitanas e têm despendidotempo, dinheiro c esforços para reduzir os índices de mortalidade,melhorar as escolas, aumentar a eficiência dos programas de bem-estarsocial, controlar o tráfego e, no caso de unidades urbanas maiores,erradicar as favela~ e remodelar suas cidades mais importantes, porém,não raro os meUlOramentos não acompanham o processo dedeterioração."
24. São palavras ~uase profética.~ no ~uc podem Sl:rvir ao quadro brasi]dro.Dir-se-ia que foram escritas para o nosso país, para o nosso tempol Mas éprofundamente sintomática a afinnativa que se contém no mesmo artigo:
"Finalmente, não deveria o município depender tanto do impôstoimobiliário. O impôsto de circulação de mercadorias e o impôsto derenda (rendas transferidas) são fontes adicionais de receita que nãodeveriam ser relegadas a segundo plano. Estas mudanças deveriamser efetuadas por ato legislativo. Qllando isto não puder ser feitodever-se-ia proceder a emendas constitucionais."
25. Todos sabemos qlle foi esta exatamente a diretiva fiscal que tomamos,através da nova discriminação de rendas instituída inicialmente pela Lein.o 5.172, de 25 de outubro de 1968, e hoje objeto do extenso capítulo V doTítulo I da Constituição Federal de 1967 (V. art. 25).
26. Não basta, todavia, a discriminação de rendas 011 a formação de recursos.~ preciso que a técnica assegure o seu emprêgo atendendo :\ economicidadedas despesas ou, em outras palavras, é preciso que não se usem os recursosfinanceiros apenas em despesas de custeio, ou em operações correntes queconsomem o capital e nada oferecem em troca; que ao; despesas-meio sejamefetivamente meio para obtenção do resultado ou consecução dos fins. :E: verdade
40 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA-"----_._. -- ---~---_.--.-,---------- - -- - --
<pIe nüo se podem considerar apenas como meio as despesas quc, nüo s('traduzindo na aquisição de um fltivO, resultam, porém, em investimentos sociais('orno educaçâo, saúde, ordem pública etc.
27. 1\0 seu anteprojeto de organização municipal, Viogo Lordello de Mello jáescrevia:
"O art. mJ estabelece a obrigatoriedade do orçamento de capital alongo prazo, <JlIe deverá ser enviado pellJ prefeito à Càlllara no primeiroano do seu mandato. Obriga-se, assim, o executivo a elaborar o seuplano de obras e investimentos, o (lual deverú ser previsto para prazonão inferíor a tres anos. Depois de aprovado' pela Càmara, passará aconstituir () Plano de Obras, Serviço e Investimentos do Município,asseguraIldo-se, ainda, através de plurianualidade das dota~'ü{'s, osrecursos (Jr~'amentários necessários a sua execução futura. É a adoçãodo planejamcnto governamental em uma de suas formas mais eficazes,IlO qual se distingut>m as despesas de custeio das de capital."
28. Em outro trabalho o mesmo autor comentava:
"É opinião de muitos estudiosos dos problemas municipais que aaus(~ncia de administradores profissionais e das técnicas modemas daadministraçüo tem constituído sério obstáculo ao elOpf(~go racional dos!laVaS recursos atribuídos ao município."
29. E a nossa meta será exatamente despertar e conscientizar o administradormunicipal para essa técnica racional de administrar, propugnando pelo engrandeeimellto dos municípios e, com êles, do Brasil.
30. N:w ficaremos mais como planejadores à margem da realidade. Planeja[('IIIOS <' executaremos dentro dessa realidade, adaptando os nossos planos aomomento relativo da sua execução. Roberto Campos, na sua facilidade deexpressào. ponderava:
"A escassez de técnícos constitui seno obstáculo à formulação deprogramas de desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo que aescassez de experiência admmistrativa dificulta a transformação dosplallos em realidade."
E mais adiante prossegue:
"O planejador assim como o administrador tem de desenvolver uma"estrategia de planejamento" assim como urna "estratcgia de execlH;ão",procurando, tanto {juanto possível, apresentar os valores e ()bjetiv()~
da planificação sob forma que reduza a resistência e inércia do setorprivado. Neste contexto, assume particular importància nos paísessubdesenvolvidos a criação de uma "mistica de desenvolvimento" capazde provocar formas de comportamento sodaI conducentes a al:eitaçãodos sacrifícios inerentes a qualquer esfôrço de aceleração da fonnaçãode l:apital em economias pouco distanciadas do nível de simplessubsistência."
31. Esta mística já a temos nós, os planos estão adaptados à realidade nacional,e o momento em <Jue vivemos absorve bem qualquer iniciativa de progresso.Que cada um procure a sua formação técnica; que cada um reúna o máximo<lue puder de conhecimentos e parta para a aplicação desses conhecimentoscom coragem e patriotismo.
Segurança nacional
UI nuOG U.'\ FI A,
e
assuntos correlatos
Diretoria da n,blwlecn do SC'lado Federal
Atendendo li delicada .solici~ d4 Diretora desta Revista, oferecemos aos .semleltares a presente bibliografia sórn-e "Segurança Nacional e As.~tlntos Correlatos", trabalho elabor(Uk) pela Seç40 de Classifica.çero e Catalogaçáo duta Diretoria.
DiV1l1gando o que a Biblioteca do Senado possui sôbre o a.ssunto. em livros, folhetose artÍ/1os, eSJleramos estar f)l"e.'tando uma mo<Usta ccmtribuiç(i.o aos trabalhos destaCa.'a.
As obras a..ssirnJladas com a sigla CD (Cámara dos DeJlutados) slio encontradas,exclusivamente, n<Iquela Casa do Congresso. As que seio comuns ds dU4S Casas náofizemos qualquer refert'rU:la. - ADELIA LEITE COELHO, Diretora da Biblioteca doSenado Federal.
SUMARIO
1 - Livros e opúsculos2 - Capítulos3 - Artlgos de revistas4 - Legislação estrangeira4. 1 - América4.2 - Europa5 _. Publicações da Escola Superior de Guerra.
1 - LIVROS E OPúSCUWS
AlX-MARSEILLE. Unlverslté. Institut d~udes Juridlques, Nlce. Centre deSclences Polltlques. La défense nationale, par ga1. Albord [et d'autresl Paris,Presses Unlversltalres de France, 1958. 622 p. (BibHothéque des centresd'ttudes Superieures Speclallsés, 4) CD
ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. A educação e a segurançanacional IBelo Horizonte! Imprensa OHclal, 1966. 42 p. 12.0 Ciclo de EstudosSóbre Segurança Nacionall CD
42 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. Elementos militares do podernacional IBelo Horizonte l Imprensa Oficial, 1966. 29 p. ,2.0 Ciclo de EstudosSàbre Segurança Nacional CD
ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. A estratégia nacional :BeloHorizonte Imprensa Oficial, 1966. 31 p. !2.o Ciclo de Estudos Sõbre Segu-rança Nacional CD
ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte ..~s informações e a segurançanacional ,Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1966. 28 p. '2.0 Ciclo de EstudosSôbre Segurança. Nacional CD
ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. O poder nacional; fundamentos e fatôresBelo Horizontei Imprensa Oficial, 1966. 23 p. :2.0 Ciclo deEstudos Sàbre Segurança Nacional, CD
ASSOCIAÇAO DOS DIPLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Riode Janeiro. Representação de Belo Horizonte. Segurança nacional; conceitosfundamentais 'Belo Horizonte Imprensa Oficial, 1966. 26 p. 12.0 CieJo deEstudos Sôbre Segurança Nacional, CD
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ESTADOS UNIDOS, The Commission on Organization of the Executive Branchof Government. Task force report on national security organization. Appendix G 'Washington, U. S. Govt. Printing Officel 1949. xiv, 121 p. orgdesd. CD
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GUERREIRO RAMOS, Alberto. Ideologias e segurança nacional. Rio de Janeiro,Instituto Superior de Estudos Braslleiros, 1957. 50 p. (Textos brasileirosde sociologia, 1) IConferência pronunciada no Instituto Superior de EstudosBraslleiros em 16 de agõsto de 1957' CD
KENT, Sherman. Informações estratégicas. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, 1967. 213 p. lColeção General Benicio, v. 57, publ. 262)
LASWELL, Harold Dwight. National security and individual freedom. New York,McGraw-Hill Book, 1950. 259 p. (Committee for Economic Development,Research study) CD
LIDDELL HART, Basil Henry. Estratégia. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército,1966. 507 p. mapas (Coleção General Benicio, v. 52, publ. 257 )
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MACHADO, Raul. Dos crimes contra o estado e a sua ordem politica e social (Lein,a 1. 802, de 5 de janeiro de 1953) Comentários e legislação comparada IS.1.,s.ed,: 1953.66 p.
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G - ARTIGOS DE JORNAIS
Os artigos de jornais, abai.ro relacionados. encontram-se no ArQuit'o Vertical. e.riJtentena Diretoria de lnlorm ação Leg~I'HlIXl.. .
AB! repele nova lei de segurança Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 16 mar1967
ABI tIlmbém contra artigo 48. Última flora, Rio de Janeiro, 21 fev. 1968.ADVOGADO vc segurança como lei absolutisLa. Correio da Manhã, Rio de
Janeiro, 26 mar. 1967. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 25126 mar. 1967.AlI: protesto contra a Lei de segurança Fôlha de São Paulo, 29 mar. 1967.ALL RIGHT. A grita contra. a Lei dc segurança. Correio da lUanhã, Rio de
Jane'ro. 29 mar. 1967.ALVES, Hermano. Golpe de mão. Correio da Manhã, Rio de JaneIro, 11 Jan. 1968ALVES, Hermano Responsabllldades. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 6
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ATHAYDE. Trístão de. A Insegurança Nacional. "Jornal do Brasil", Rio de Janelm, 13 abr. 1967
58 REVISTA DE IHFORMAÇÁO LEGISLATIVA
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1 set. 1966.
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CAMARA aprova decreto-lei que reorganiza Conselho de Segurança. Jornal doBrasil, Rio de Janeiro, 15 fev. 1968.
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do Brasil, Rio de Janeiro, 20 maio 1967.CASTELO alinha duas leis para completar ciclo revolucionário. Jornal do Bra
sil, Rio de Janeiro, 24 fev. 1967.CASTELO expõe ° que ê segurança. O Estaao de São Paulo, 14 mar. 1967.CASTELO manda integrar à nova Lei de segurança sugestões de Costa e Silva.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 fev. 1967.
COMENTADA a nova lei O Estado de São Paulo, 19 mar. 1967.COMISSAo parlamentar vê o que segurança ameaça. Correio da Manhã, Rio de
Janeiro, 16 mar. 1967.CONCILIAÇAO impossível. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 mar. 1967.CONSELHO de Segurança. Diário de Noticias, Rio de Janeiro) 16 fev. 1968.
CONSELHO de Segurança diz que não tira poder alheio. Jornal do Brasil, Riode Janeiro, 11 jan. 1968.
COSTA: ARENA não reve carta. Segurança tem projeto de revogaçã.o imediata.Correio da :\Ianha, Rio de Janeiro, 18 mar. 1967.
COSTA vê Lei de segurança, Correio da l\lanhã, Rio de Janeiro, 29 jan. 1967,
COITA, Pery. Nova Lei de segurança incorpora AI-2. Correio da Manhã, Riode Janeiro, 21 set. 1966.
"CSN só tem 8 militares e não manda no govêrno". Diário de Notícias, Rio deJaneiro, 11 Jan. 1968
DEBATE encerra em Niterói primeira fase dos Estudos sôbre segurança nacional.Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. 11 agô. 1967.
DECRETO-lei altera a Lei de segurança Estado de São Paulo, 9 jan. 1968.
DEFESA gasta entre 1 e 2% do produto nacional, diz Campos. Jornal do Brasil,Rio de Janeiro, 3 fev. 1967.
DEFINIDO nôvo conceito de segurança nacional. O Globo, Rio de Janeiro, 8abr. 1965.
DEPUTADOS condE'nam a Lei de segurança. Fõlha de São Paulo, 29 mar. 1967.
DEPUTADOS propõE'm revogação da Lei de segurança Fõlha de São Paulo, 17mar. 1967.
DESMENTIDA a emenda que amplia a ação da Justiça militar. Jornal do Brasil,Rio de Janeiro, 13 j un. 1965.
EURICO REZENDE admite revisão do conceito de segurança nacional. O Globo,Rio de Janeiro, 21 jun. 1967
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GAMA E SILVA quer suprimir artigo da Lei de segurança. O Globo, Rio deJaneiro, 10 fev. 1968
___________JAHEIRO A MARÇO - 1968 59
GOVItRNO admite rever a Lei de segurança. Diário de São Paulo, 31 mar. 1967.GOVtRNO anuncia rigor na Lei de segurança. Estado de São Paulo, 31 dez. 1966.GOVtRNO considera Lei de segurança intocável. Diário de São Paulo, 6 dez. 1967.GOVtRNO corrigirá com a Lei de segurança erros que acha na Lei de Imprema.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 jan. 1967.
GOVtRNO desmente poder de superminlstério do CSN. O Jornal, Rio de Janeiro,11 jan. 1968.
GOVtRNO espera comiclos de Lacerda com Lei de segurança. Jornal do Brasil,Rio de Janeiro, 6 fev. 1008.
GOVtRNO vai ouvir Costa e Silva sóbre a nova Lei de segurança. O Globo, Riode Janeiro, 2 fev. 1967.
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GUERRILHA é uma hipótese admitida pelo Brigadeiro. Jornal do Brasil, Riode Janeiro, 4 jan. 1967.
HOJE o substituUvo do MDB à. Lei de segurança. Jornal do Brasil, Rio dp.Janeiro, 28 mar. 1967.
A IMPLANTAÇAO do m1Utarismo no Pals. O Estado de São Paolo, 12 Cev. 1968.INSTITUTO inicia exame da Lei de segurança. O Estado de São Paulo, 30
mar. 1967.JANISMO quer o fim da Lei de segurança. O Estado de São Paulo, 27 set. 1967.JOBIM, Danton. Lei da tarraxa. (lltlma Hora, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.JOBIM, Danton. paz nusória. Última Bora, Rio de Janeiro, 22 fev. 1968.JOSAFA: Leis discricionárias no fim. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 20
abro 1967.JOSAFA vai sustentar em discurso a llegal1dade do decreto sóbre segurança.
Jornal do Brasil, RIo de Janeiro, 16/17 abr. 1967.JUIZ enquadra deputado na Lei de segurança nacional. O Globo, Rio de Ja
neiro, 30 maio 1967.JULIO MESQu;TA prevê derrubada da nova LeI de segurança. Jornal do
Brasil, Rio de Janeiro, 15 mar. 1967.JURISTA manifesta-se contra a Lei de segurança nacional. O Estado de São
Paulo, 2 abr. 1967.KRIEGER acha que a Lei de segurança será "amena" e não deve causar mêdo.
O Jornal, Rio de Janeiro, 26 jan. 1967.KRIEGER: Decisão sôbre segurança é com juizes. Correio da Manhã, Rio de
Janeiro, 24 mar. 1967.KRIEGER dissipa temor sôbre LeI de segurança. Correio BrazlUense, Brasilla,
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LEI de segurança arrocha ainda mais. Tribona da Imprensa, Rio de Janeiro,14 mar. 1967.
LEI de segurança deve Ir logo ao Congresso. Estado de São Paulo, 14 dez. 1966.
60 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
LEI de segurança: MDB quer que Auro decida. Última Hora, Rio de Janeiro,29 mar. 1967.
LEI de segurança: modificação para evitar o abuso do poder. Diário de SãoPaulo, 4 maio 1967.
LEI de segurança pode mudar. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10 jul. 1965.LEI de segurança reforçará o SNI. Estado de São Paulo, 5 jan. 1967.LEI de segurança tem nôvo projeto. O Estado de São Paulo, 17 out. 1967.LEI não pode ser subjetiva. O Estado de São Paulo, 21 mar. 1967.A LEI que assegura a crise. Tribuna da Imprensa, Rio de JaneIro, 18/19 mar.
1967.
LIÇõES de uma vitória. Estado de São Paulo, 11 fev. 1968.LINS E SILVA afirma que a Lei de segurança é um instrumento contra todos.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. 19 mar. 1967.LIRA prega conceito nôvo para segurança. Última Hora, Rio de Janeiro, 2
mar. 1968.MDB apresenta projeto revogando Lei de segurança nacional. Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 18 mar. 1967.
O MDB insiste em que o Congresso deve homologar a Lei de segurança. O Globo,Rio de Janeiro, 18 abr. 1967.
MDB propõe na Câmara nova Lei de segurança nacional. Jornal do Brasil, Riode Janeiro. 1 novo 1967.
MDB protesta contra Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.MDB quer anular nova segurança. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 15 mar.
1967.MDB quer Lei de segurança ho~ologada pelo Congresso. Jornal do Brasil, Rio
de Janeiro. 29 mar. 1967.MDB vai redigir uma nova Lei de segurança. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
17 mar. 1967.MÁRIO MARTINS: Atual conceito de segurança nacional é lesivo ao Pais.
Diário de São Paulo, 4 jun. 1967.MEDEIROS: Lei de segurança é pior que "rôlha". Última Hora, Rio de Janeiro,
31 dez. 1966.MEDEIROS reúne material: Lei de segurança. Fôlha de São Paulo, 4 jan. 1967.MEM diz que revisão da Lei de segurança é inevitável. Tribuna da Imprensa,
Rio de Janeiro. 22 mar. 1967MINAS aplaude o cxito do ciclo de debates sôbre a segurança nacional, promo-
vido pela ADESG. O Globo, Rio de Janeiro, 7 maio 1965.
MINISTRO nega 3 novas leis. Estado de São Paulo, 8 dez. 1966.
MINISTRO vota contra o art. 48. O Estado de São Paulo, 22 fev. 1968.
MOURAO condena artigo da Lei de segurança que cassa a profissão de indi-ciados Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 fev. 1968.
MOURAO no STM: Segurança faz do pais um pátio de quartel. Tribuna daImprensa, Rio de Janeiro, 18/19 mar. 1967.
MOURAO vê morte da liberdade na Lei de segurança nacional. Jornal doBrasil, Rio de Janeiro, 16 mar. 1967.
NOVA Lei de segurança é assinada e entra em vigor dia 15. Jornal do Brasil,12 mar. 1967
NOVA Lei de segurança poderá frustrar revisáo da Carta e partido de Lacerda.Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 27 jan. 1967.
NOVA Lei de segurança vai ser último ato de Castelo e virá na próximasegunda-feira Jornal do Brasil, 7 mar. 1967.
__________JAHEIRO A MARço - 1968 61
A NOVA Lei fere a Constituição Federal. O Estado de São Paulo, 18 mar. 196'1.NOVAS criticas à Lei de segurança. Diário de São Paulo, 30 mar. 1967.NOVO presidente do STM diz que é contra a Lei de segurança: A democracia
não preclsa d1sso. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.
NOVO projeto contra a Lei de segurança. DiárIo de São Paulo, 18 mar. 1967.OAB repudia art. 48 da Lei de segurança. O Estado de São Paulo, 8 fev. 1968.OPOSIÇAO quer substituir Lei de segurança nacional. O Globo, Rio de Janeiro,
1 nov. 1967.OPOSIÇAO vê militarismo no decreto-lei do C.S.N. O Jornal, Rio de Janeiro,
10 'an. 1967.ORDEM dos advogados quer derrubar o artigo 48 da Lei de segurança nacional.
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 fev. 1968.AS ORDENS religiosas e a segurança nacional. O Estado de São Paulo, 3 agô.
1967.PADRE GODINHO: Lei de segurança só encontra paralelo em Gengis Khan.Diário de São Paulo, 31 mar. 1967.PARA O presidente do STM a Lei de segurança é imprecisa, mas só ao legisla
tivo cabe reformá-la. O Globo, Rio de Janeiro, 18 agô. 1965.PASSAMO à competência da Justiça m1lltar os crimes contra a segurança
nacional. O Globo, Rio de Janeiro, 11 jun. 1965.PEDROSA, Mário. Segurança nacional contra o Brasil. Correio da Manhã, Rio
de Janeiro, 19 mar. 1967.PEDROSO HORTA: Lei de segurança deverá ser revista. Diário de São Paulo,
19 mar. 1967.
PERACCHI estranha a celeuma quanto a ãreas de segurança. O Globo, Rio deJanelro, 4 mar. 1968.
PERALVA, Oswaldo. Contrà.rios. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 18 fev. 1968.PREQCUPAÇAO americana. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10 jan. 1967.PRESENÇA. Jornal do BrasU, Rio de Janeiro, 31 jan. 1967.PRIMEIRO passo. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 10 fcv. 196B.PRISAO preventiva agora é dflerente, diz Lins e Silva. Jornal do Brasil, Rio
de Janeiro, 7 maio 1967.O PROBLEMA estudantu e a segurança nacional. Estado de São Paulo, 9
fev. 1968.PROCURADOR aplaude ampliação da competência da Justiça militar. O Globo,
Rio de Janeiro, 14 jun. 1965.PROCURADOR enquadra Hélio na. nova Lei de segurança. O Globo, Rio de
Janeiro, 3 agõ. 1967.PROJETO do MDB restaura anUga Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro,
18 mar. 1967.PROJETOS da. oposição revogam Lei de segurança e concedem anistia ampla.
O Globo, Rio de Janeiro. 17 mar. 1967.AS PROPORÇOES da crise nacional. Estado de São Paulo, 9 fev. 1968.QUAIS são os novos limites da Uberdade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,23 mar. 1967.RAMALHErE conclui que a Lei de segurança está cheia de InconsUtuclona
lldades. Jornal do BrasU, Rio de Janeiro, 5 abr. 1967.REAPARELHAMENTO das fôrças armadas e a segurança nacional. Diário de
Noticias, Rio de Janeiro, 15 maio 1967.REPULSA total à. Lei de segurança. Diário de São Paulo, 19 mar. 1967.RETROCESSO. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 11 jan. 1968.REVI8AO da Lei de segurança; projeto sal já. Fõlha de São Paulo, 28 mar. 1967.
62 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
ROBERTO LYRA vê segurança à luz do direito penal. Correio da ::\-lanhá, Riode Janeiro, 4 abr. 1967.
STF derruba por unanimidade artigo 48 da Lei de segurança. Correio da Manhã,Rio de Janeiro, 22 fev. 1968.
STF Julga hoje artigo 48 da Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro, 21fev. 1968
STF julgará o artigo 43. O Estado de São Paulo, 13 fev. 1968.
STF recebeu petição contra o art. 48 da Lei de segurança. Fôlha de São Paulo,13 fev. 1968.
STF vê ilegal o artigo 48 da nova Lei de segurança. O Jornal, Rio de Janeiro.22 fev. 1968.
STM nega "Habeas" e ministro acusa a lei. Última Hora, Rio de Janeiro. 8agõ. 1967.
STM reduz pena aplicando a nova Lei de segurança. O Globo, Rio de Janeiro,4 maio 1967.
SEGURANÇA Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 14 juL 1967.
SEGURANÇA democrática. Correio da ~tanhã, Rio de Janeiro, 22 set. 1966
SEGURANÇA c Congre;-;so. Fôlha de São Paulo, 21 mar. 1967.SEGURANÇA e planejamento. O Estado de São Paulo, 15 mar. 1967.
SEGURANÇA. Fôlha de São Paulo, 7 mar. 1967.
SEGURANÇA. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 iev. 1967.SEGURANÇA nacional. Diário de Noticias, Rio de Janeiro. 16 jan. 1968.SEGURANÇA nacional e seu planejamento foi tema de palestra. O Globo, Rio
de Janeiro. 15 agó 1965.SEGURANÇA reorganizada. Diário de São Paulo, 16 fev. 1968.
SEGURANÇA sujeita prisão preventiva ao judiciário. Correio da Manhã, Riode Janeiro, 7 maio 1967.
SEGURANÇA tem nóvo conceito. O Globo, Rio de Janeiro, 14 mar. 1967.
SEGURANÇA vai sair este mês. Correio da M.anhã, Rio de Janeiro, 4 j an, 1967.
SEGURANÇA viola Carta. O Estado de São Paulo, 5 abr. 1967.SERÁ instalado hoje o ciclo sôbre os problemas da segurança nacional. O Globo,
Rio de Janeiro, 5 abr. 1965.
SETORES da ARENA favoráveis à revisão da Lei de segurança, O Globo, Riode Janeiro, 20 mar. 1967.
SIGILO: regulamento entrou em vigor. O Estado de São Paulo, 21 mar. 1967.SOFISMAS. Correio da ~tanhã, Rio de Janeiro. 12 j an. 1968.
Só Senado pode tirar artigo 48 diz advogado . Correio da Manhã, Rio de Janeiro,23 fev, 1968.
SUPERMINISTÉRIO esta aí. Fôlha de São Paulo, 18 fev. 1968
SUPERPRE8IDÉNCIA. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 jan. 1968.
SUPREMO decide: Lel de segurança não pode impedir o exercício profissional.Fôlha de São Paulo, 22 fev. 1968.
SUPREMO derruba artigo 48 da Lei de segurança, Correio da M.anhã, Rio deJaneiro, 22 fev. 1968,
SUPREMO Tribunal julgou inconstitucional em parte o artigo 48 da segurança.Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 fev, 1968.
UMA lei condenada, Diário de São Paulo, 23 mar. 1967.
VICE-L1DER do govêrno defende a revisão da Lei de segurança. O Globo, Riode Janeiro, 5 abr. 1967.
VITÓRIA, Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 23 fev. 1968.
DOCUMENTAÇÃO
SEGURANÇA NACIONAL
LEGISLAÇÃOPROJETOSDISCURSOS
5.,.nan1o ç~t-,.ti 1101"6;1'i2Orientador de Pesllui.s1U Legi.tlalfoo$
Diretoria de lnlonnaçfJo Legl.!lClfiva
LEGISLAÇÃO (.)
CON5TITUlÇAO FEDERAL DE 16-7-19U
"Ari, 159 - TOdas as questôell relativas àeeguJ'U1ça nacional aerAo e6tUdadaa e coordenadas pelo CoDlle1ho Superior de segurança Nacional e pelos órgios eapec1a1scriados pa.ra atender la neeess.1dades da moblllza.çl.o.
I L· - O Conselho Supertor de Se-gunulça Nacional seri presidido pelo PrelI1dente d. Repúbllca e dêle rarAo parte 015M1n1Btros de Estado, o Chefe do EstadoMrJor do Ezérclto e o Chefe do EstadoMaJor da Armada.
I t.,. - A organlZJllÇlo, o func1onamento e a competlncla do Conselho Superior sert.o regulados em let.
A11. 161 - O estado de fUerr& 1mpUcará- susperu;Ao das garantias constit.ucionalsQue po6Sam preJudica.r direta ou indireta
, mente - securanç- naeional.
A11. 1" - Dentro de uma laiU de cemqullllmet.r08 ao longo das trontetra.s. nenhuma CODca.s&o de ten'a.s ou de vtaa de comunlcaçio e .. abertura destas se efetuarãolIIem audl6nda do CoIUle1bo SuperlQl' de SelW"8Dça Naclonal, estabelecendo este o predomtn1o de capitals e t.rabalhadon=s naclo-
na1s e detennlnEUldo as llgações interioresneoesstu1as à defesa das zonas serv1da.s pe]as estradas de penetracAo.
" 1.· - Proceder-se-á do mesmo modoem re1&ç~ ao estabelecimento, nessa Ima,de indústrias, inclusive de transportes, QueInteressem à segurança nadona!.
I 2." - O Conselho Superior de sekW'8l1ca Nadona! organizará a re1&çAo dasindÚlltrtas acima referidas, que revistam &see&ráter, podéndo em todo tempo rever e modificar a Memta relaçAo, que deveri serpor êJe comunicada aos governos locais interessados.
§ ,.. - O Poder Eltecutlvo. t.en<1o emVIsta as necessidades de ordem santlárta,aduaneira e da defesa nacIonal, regulament.ari. a ut.illzaçio das terras públlcas, em reg1f.o de front.elra peJa Unt~ e peloo Estad03, ficando subord1nBda é. aprovação eloPoder Legislativo a sua alienação."
(.) LesUlaçAo &61)1"0 JUBUça MJ.Iltar: 'flde ar\11rOf.~.e:m:IO número llltJtu1&da ",JU6IJl;1I Ml·
Leslalaçlo lIObre Elltt.4o dI! Sltlo: vide artlsoe Da }\e'data de lntormaçlo LeR:lallltlvaD.o ~, P'«. IM; D.o I, pAgo 61; D.O 7. P'«. 121;n.o I, p64f. .,; D.o li, Pi8. 119 11 1\." 12.P's. 22'1.1AI1Lalaçl.o sObre Intenllnçl.o Pe<leraJ: 'fldearU&'08 lI& RevtJlta de Lnformaçlo LeslB1aUn D.O ., P'8;. 101; D.O 5. P'&8. 2. 11 711 11D.o li, p6er. 811.
64 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
CONSTITUlÇAO FEDERAL DE 10-11-1931
".'-rt. 162 - Tôdas a..~ Questões relativas àsegurança nacional serão estudadas peloConselho de Segurança Nacional e pelos órgãos especiais criados para atender à emergência da mobilização.
O Conselho de Segurança Nacional serápresidido pelo Presidente da República econstituído pelos ministros de Estado e pelos chefes de Estado-Maior do Exército eda Marinha.
Art. 165 - Dentro de uma faixa de cento e cinqüenta Quilômetros ao longo dasfronteiras, nenhuma concessão de terras oude vias de comunicação poderá efetivar-sesem audiência do Conselho Superior de Segurança Nacional, e a lei providenciará paraQue nas indústrias situadas no interior dareferida faixa predominem os capitais e trabalhadores de origem nacional.
Parágrafo único - As indústrias Que interessem à segurança nacional só poderãoestabelecer-se na faixa de cento e cinqüenta Quilômetros ao longo das fronteiras, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, queorganizará a relação das mesmas, podendo a todo tempo revê-la e modificá-la."
LEI CONSTITUCIONAL N.· 9, DE 28-2-1945CONSTlTL'lÇAO FEDERAL DE 18-9-1946
"Art. 28 - ..
li 2.· - Serão nomeados pelos Governadores dos Estados ou dos Territórios osPrefeitos dos Municípios que a lei federal,mediante parecer do Conselho de SegurançaNacional, declarar bases ou portos militares de excepcional importância para. a defesa externa do Pais.
Art. 179 - Os problemas relativos à defesa do Pais serão estudados pelo Conselhode Segurança Nacional e pelos órgãos especiais das Fôrças Armada.s, incumbidos deprepará-Ias para a mobilização e ~ operações militares.
li L· - O Conselho de SegurançaNacional será dirigido pelo Presidente da
República, e dêle participarão, no caráter demembros efetivos, os mini~tros de Estado eos chefes de Estado-Maior que a lei determinar. Nos impedimentos, indicará O Presidente da República o seu substituto.
li 2.· - A lei regulará a. organização,a competência e o funcionamento do Conselho de Segurança Nacional.
Art. 180 - Nas zonas indispensáveis à.defesa do Pais, não se permitirá, sem prêvio assentimento do Conselho de SegurançaNacional:
I - Qualquer ato referente à concessão de terras, à aberturade vias de comunicação e àinstalação de meios de transmissão:
11 - a construção de pontes e estrada~ internacionais;
111 - o estabelecimento ou exploração de quaisquer indústriasque interessem a segurançado Pais.
!í 1,. - A lei espe.. ;ficará as wna.s indispensáveis à. defesa nacional, regulará asua utilização e assegurará, nas indústriasnelas situada.s, predomináncia de capitais etrabalhadores brasileiros.
li 2." - As autorizaçôes de Que tratam os nOs I. II e III poderão. em qualquertempo, ser modificadas ou cassadas peloConselho de Segurança NacionaL"
ATO INSTITUCIOSAL N." I, DE 9-4-1964D.O. - 9-4-64 - L" pág.
ATO INSTITUCIONAL N.· 2. DE 27-10-1965D.O. -- 21-10-65 e Rep. D.O. - 5-11-65.
ATO COMPLEMENTAR N.· I, DE 27/10/1965D.O. - 27-10-65 e Ret. D.O. - 28-10-65.
ATO COMPLEMENTAR N.· 3, DE 3-11-1965D.O. - 4-11-65.
ATO COMPLEMENTAR N." lO, DE 4-6-)966D.O. - 1-6-66.
__________J_A_N_EI_R_O_A MARÇO - 1968 65
ATO COMPLEMENTAR N.· 23, DE 20-10-66
D.O. - 20-10-66.
CONSTITUIÇAO .'EDERAL DE 24-1-196'7
"Ari. 89 - Tóda pessoa natural ou JurfdIca é responsável pela segurança nacIonal,nos limItes definidos em leI.
Ali. 90 - O Conselho de Begurançe. Nacional destIna-se a assessorar o PresIdenteda Republlca na fonnuJação e na condutada segurança nacionu1.
fi L- - O Conselho compõe-se doPresidente e do vice-Presidente da República e de todos os MInistros de Estado,
fi Zo° - A lei regulará. a organização.competência e o fWlclonamento do Comelhoe poderá admitir outros membros natos oueventuais,
Art. 91 - Compete ao Conselho de Segurança Nacional:
I - o estudo dos problemas relativos à segurança nacional,com a cooperação dos 6rgãosde infonnação e dos Incumbidos de preparar a mobilização nacional e as operaçõesmilitares;
11 - nas áreas indispensáveis à segurança nacional, dar assentimento prévIo para:
a) concessão de terras. aber.tura de vias de transportee instalação de meios decomunlcaçfu:!;
b) construção de pontes e est r a das 1nternacionais ecampos de pouso;
c) estabelecimento ou ex·ploração de tndústrlas queínterl'.ssem à segurançanaclono.! ;
In - modificar ou cassar as concessões ou autorizações referidas no Item antenor.
PadgTaro único _. A lei espedflcará asáreas 1ndIspensávels à segurança nacional,
regularé. sua utilização e assegurarã, nas in·dÚ6tr1as nelas situadas, predomlnADcla deco.pltals e trabalhadores brasileiros."
DECRETO N,- 17.999, DE 2:9-11-1927
"Providencia s6bre o Conselho de DefesaNacIonal."
D.O. - 3-12-27.
DECRETO N,o Z3.873, DE 15-2-1934
"Dá organização 80 Conselho de Defesa.Nacional, criado pelo Decreto D,O 17.999, de29-11-1927."
D.O. - 2-3-1934.
DECRETO N,o 'I, DF. 3-8-1934
"Modl1lca a denominação do Conselho deDefesa Nacional e de seus órgãos componentes, criados pelo Decreto n.o 17.999, de 1927."
D.O. - 9-8-1934.
LEI N.· 38, DE 4-4-1935 (t')
"Define crimes contra a ordem pollUca eroclal."
D.O. - 6-4, 28-6, 1, 3 e 6-7-1935.
DECRETO N.- 191, DE 18-6·1935
"Manda adotar, a titulo provU6rio, o Regulamento Interno da secretaria-Geral doConselho Superior de Segurança Nacional."
D.O. - 19-7-1935.
LEI N.o 136, DE 14-12-1935 (r.)
"ModIfica vários dlsposttivos da Lei n.o 38,de 4 de abril de 1935, e define novos crimescontra a ordem poUUca e social."
D.O. - 14 e 18-12-1935.
DECRETO N,- 991, DE 2'7-'7-1936
"Organiza. a CómlssAo de Estudos de segurança Nacional:'
D.O, - 30-7 e 3~8-1936.
LEI N.o UI, DE 11-9-1936 (~)
"Institui como 6rgão da Justiça Militar oTrIbWlal de Segurança. Nacional. que fWlclonaré. no Distrito Federal, sempre que fOrdecretado o Estado de Guerra, e dà. outrasprovld~nclas."
D.O, - 12-9-1936,
DECRETO N.o L505, DF. 15-3-1937
"Manda adotar, a titulo provisório, o Regulamento Interno da Comissão de Estudosdo Conselho Superior de Segurança. Nacional."
D.O. - 17-3-1937.
66
DECRETO 1'0'.0 2.036, DE 11-10-1937
"Dá organização à Seção de SegurançaNacional do Ministério da Educação eSaúde."
D.O, -- 16-10-1937,
DECRI<:TO-LU N.O 37, DE 2-12-1937 (:1)
"DIspõe sôbre partidos políticos,"0.0. - 4-12-1937,
Di:CRETO-LH N.o 88. DE 20-12-1937"Modifica a Lei n,O 244, de 11-9-1936, Que
Illstituiu o Tribunal de Segurança Nacional,e dá outras providÉ'ncias,"
D.O. -- 24 e 28-12-1937,
DECRl-:TO-U:I N,o 110. DE 28-12-1937
"Dispõe sóbre o recurso de decisóes doTribunal de Segurança Nacional."
D.O. -- 31-12-1937.
DECRETO-LEI 1'\,0 383, DE 18-4-1938 (1)
"Veda a estrangeirus a atividade poHticano Brasil, e di outras providências."
0.0. ~ 19-4-1938,
DECRETO-LEI :-<.0 392, DE 27-4-1938
"Regula a expulsão de est.rangeiros,"
D.O. - 4-5-1938,
DECRETO-LEI :-".0 394, DE 28-4-1938
"Regula fi. extradição,"0.0. _. 19-5-1938,
DECRETO-LEI "'.0 406, DF. 4-5-1938
"Dispõe sôbre a entrada de estrangeirosno tt'rritório nacional."
CoL Leis do Brasil - VaI. n - 1938 página 92.
UH'RETO-LEI 1'0'.0 428, DE 16-5-1938
"Dispoe sôbre o processo dos crimes definidos nas Leis 11. "s 38 e 136, de 4-4 e .,.,14-12-1935,"
D.O, ... 16, 18 e 19-5-1938,
nECRETO-U:I 1'0'.0 431, DE 18-5-19311 U'l
"Define crimes cuntra a personalidade internaclOllal. a e~Lrlltura e a segm'ança doEstado e contra a ordem sociaL"
D.O. -- 19-5-1938,
DE('RETO-LEI !".D 474, DE 8·6-1938
"Dispõe fôbre (} procl'sso elos crinws decoml'" 'ência do Tribunal de Segurança Nacim'al."
D.O. _. 9-6-1938.
DECRETO-LEI N." ,179, DE 8-6-1938
"Dispõe sôbre a expulsão de estrangeiros,"
0.0. - 11-6-1938.
DECRETO N,o ::1.010, DE 20-8-1938
"Regulamenta o Decreto-Lei n.o 406, de4-5-1938, que dispõe sóbre a entrada de estrangeiros no tRrritório nacional."
0.0. - 22-8-1938.
DECRETO-LEI 1'0'.0 1,164, DE 18-3-1939 (' J
"Dispõe sôbre as concessôes de terras evias de wmunicação na faixa da fronteira,bem como sô1Jre as indústrias aí situadas."
Col. Leis do Brasil - Vol. n, 1939, pág, 118
DECRETO-LEI N.o 1.261, DI<: 10-5-1939
"Dispõe sôbre a composição do Tribunalde Segurança NacionaL"
D.O. - 12-5-1~39,
DECRETO-LEI !'\i.o 1.393, DE 29-6-1939
"Modifica o Decreto-Lei n," 1.261. de10-5-1939, que dispõe sõbre a composição doTribunal de Segurança Nacional."
D.O. ~ 1-7-1939.
DECRETO N." 4.517, DE 12-8-1939
"Dá organizill;ão à Seçã-o de SegurançaNacional do Ministério da Justiça e Negócios Inwriores,"
D.l). - 15-8-1939,
DECRETO N." 4,631, DE 6-9-1939
"Dá orga.niza.ção à. Seção de SegurançaNacional do MinistÉ'rio da Fazenda. criadapelos arts, 3.0 e GO do Decreto nO 23,873,de 15-2-1934."
D.O. - 9-9-IS39.
DECRETO N.o 4.644, DE 6-9-1939
"Regula a Seção de Segurança Nacionaldo Ministério das Relações Exteriores."
D.O. - 9-9-1939.
DECRETO ~;.o 4,696, DE 22-9-1939
"Organiza a Seçã-o de Segurança Nacionaldo Ministério da Viação e Obras Públicas, edá out.ras providências."
D.O. -- 25-9-1939,
DECRETO X.D 4.816, DE 31-10-1939
"Organiza a Seção de Segurança Nacionaldo Ministério do Trabalho, Indústria e Comél'cio,"
D.O. - 3-11-1939.
DECR.ETO-LEI :'\.0 1.9G8. DE li-I~19·10 (~I
"Regula as concessóes de terras e Vla.~ deco;:nunicação, bem como o esi,l belecimentode indústrias, nu fuixa de fronteira.
CoL Leis do Brasil - VaI. I. 1940, pif(, 20
JANEIRO Â MARÇO - 1968 67
DECRETO N.· 5.2.0, DE 3-2-1940"Altera o regulamento baixado cam o De
creto n.o 4.696, de 22-9-1939. da seção de segurança Nacional do Ministério da Viaçlo eObras Públicas."
D.O. - 8-2-1940.
DECRETO N." 5.301, DE 23-2-1940"Aprova o Regimento da Seção de segu
rança NacIonal do Minls~rio da Agricultura."
D.O. - 26-2-1940,
DECRETO-LEI N." 2.188, DE 15-5-1910"Modtrica dL<;poslç{)es do Decreto-Lci nú
mero 88. de 20 de dezembro de 1937, quedispõe sObre o Tribunal de segurança NacLonal.'·
0.0. - 25-5-194C.
DECRETO-LEI N." U42, DE 18-7-19fl (2)
"Cria, no Mlnls~rlo da Justiça. e NegóclosInteriores, o Quadro VIII - Tribunal deSegurança Nacional. e dó. outras providêncIas."
D.O. - 21 e 30-7-1941.
DECRETO-LEI N." 3.808, DE 7-11-1941"Reorganiza a Seção de segurança Nacio
nal do M1nistérlo da Viação e Obras Públicas."
D.O. - 11-11-1941.
DECRETO N." 8.504. DE 27-12-1941'. Aprova o Regulamento Interno da Seção
de Segurança Nacional do Minl~rio dasRelaçõcs Exteriores."
D.O. - 30-12-1941.
DECRETO-LEI N." •.098, DE 6-2-1942"Deflne camo encargos necessários li. de
fesa da Pátria. 00 serviços de defesa passiva antiaérea."
D.O. - 10-2-1942.
DECRETO-LEI N." 4.270. DE 17-4-194.2"Estabelece a prioridade para as exigên
cias da Segurança Nacional. e dê. outras providências,"
D.O. - 20 e 25-4-1942.
DECRETO N.· lU90-A, DE 25-9-1942"Não d1vulgado."
DECRETO-LEI N." t.766, DE 1-10-1942"Define crimes ml1ltares e contra a se
gurança do Estado, e dá. outras providências."
D.O. - 3-10-1&42.
DECRETO-LEI N." •.783, DE 5-10-1942
"DiSpõe sóbre a. organização do Conselhode Seguranç~ Nacional."
0.0. - 7-10-1942.
DECRETO-LEI N." U37, DE 9~11-1M2
"Assegura. o pleno funcionamento dos estabelec1mentos fabris mJlltares e civis. produtores de materiais bélicos."
D.O. - 12-11-1942.
DECRETO N." 11.087, DE 10-12-1942"Declara de interêsse mUltar, para os fins
do Decreto-Lei n.O 4.937, de 9-11-19t2. vários estabelecimentos fabris civis,"
D.O. - 12-12-1942.
DECRETO-LEI N." 5.163, DE 3l-lZ-1m
"DIspõe sôbre a orgar'.1zaçáo do Conselhode Segura.nça Nacional,"
D.O. - 31-12-1942.
DECRETO N.o 12.628. DE 17-6-1943"Regulamenta a execução do Decreto-Lel
n.o 4.098, de 6-2-1943."
D.O. - 19-6-19t3.
DECRETO-LEI N." 6.227, DE 24-1-19+&"Código Penal Militar."
D.O. - 1 e 16-2, e 15-3-1944.
DECRETO-LEI N." U30, DE 17-.-19+& (õ)
"Dispõe sObre as transações imobiliárias eo estabelecimento de Indústria e comérciode estrangeiros na faixa de fronteiras:'
D.O. - 19-4 e Rep. D.O. 14-6-1944.
DECRETO-LEI K" 6.476, DE 8-5-1944 (t)
"Cria, no Conselho de Segurança NacLonal, camo órgão complementar, a Comissãode Planejamento Econômico. e dá outrasprovidências."
D.O. - 13-5-1944.
DECRETO-LEI N." 6.608, DE ZJ-6-1944."Modl!lca o Decreto-Lel n.O 1.393, de 29
de junho de 1939, que dispõe sObre a organizaçoo do Tribunal de Segurança Nacional."
D.O. - 22-5-1944.
DECRETO-LEI N." 7.586, DE 28-5-1945 (3)
"Regula, em todo o Pais, o alistamentoeleitoral e as eleições a Que se refere a leiConstitucional n.o 9, de 28-2-1945."
D.O. - 28-5-1945.
DECRETO-LEI N." 7.724, DE 10-7-1945 (7)
"Submete ao regime de aforamento as terras devolutas dentro da faixa de sessenta eseis qu1l6metros ao longo das fronteiras, edê. outras providências."
D.O. - 12-7-1945.
68 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
DECRETO-LEI :".0 8.908. DE 24-1-1946 (õ)
"Transforma em cargo isolado a funçã.ode Secretário da COll1i~ão Especial da Faixa de Fronteiras."
0.0. - 28-1-1946,
DECRETO-LEI :",0 9.085, DE 25-3-1946
"Dispõe sôbn~ o registro civil das pessoasjurídicas."
D.O. - 27-3-1946.
DECRETO-LEI K· 9.775, DE 6-9-1946 (4)
"Dispoe sobre as atribulções do Conselhode Segurança Nacional e de seus órgãoscomplementares"
0.0. - 10-9-1946
DECRETO-LEI N." 9.775-A, DE 6-9-1946
(Não divulgado.)
DECRETO N." 22.047, UE 13-11-1946
"Apro\'a, o Regimento da Secretaria-Geraldo Conselho de Segurança. Nacional."
D.O - 16-11-1946.
DECRETO 1\.0 22.048, DE 13-11-1946
"Apro\'a o Regimento da Comissão de Estudos do Conselho de Segurança Nacional."
D.O. - 16-11-1946.
RESOLUÇÃO roi.' 1.841, DE 7-5-1947
TRIRUroiAL SLPERIOR ELEITORAL
"Cancela o registro do Partido Comunistado Brasil."
0,0. -- 7-6-1947.
DECRt:TO 1".0 23.315, DE 8-7-1947
"Aprova o Regimento da Seção de Segurança Nacional do ::'vlinistério de Viação eObras Públicas."
0.0. ~- 10-7-1947.
DECRETO N.· 23.419, DI~ :W-7-1947
"Aprova o Regimento Interno da Secretaria de Segurança Nacional do Ministério doTrabalho."
D.U. - 31-7-1947.
DECRETO N,· 23.438, DE 29-7-1947
"Aprova o RegIment.o Interno da Seção deSegurança. Nacional do Mimsténo da. EducaçiiO)"
D.O. - 31-7-HI47,
LEI N.· 121, DE 22-10-1947
"Declara. para fins do art. 28 da Constituição Federal, os MunicípioS que constituembases ou portos militan's de excepcionalImportánda para a defesa externa do País."
n.o. - 24-10-11147.
DECRETO N,o 23.~l44, DE 28-10-1947
"Aprova o Regulamen(o da Seçüo de Sef,':urança Nacional do Millistáio das Belaçoes Exteriores."
D.O, - 30-10-1947.
I,EI N.O 211, Dl: 7-1-1848
"Regula os casos de !:'XllllÇÜO de mandatos dos membmói do" Corpos Lq(i"lativos daUnião, dos Esta4os. do Dlstrito Federal. elosTerritórios e dos ~llmllip!os.·'
0.0. - 8-1-194B
DECRETO roi.· 24.452, DE 4-2-1948
"Aprova o RegImento da SeçCIO de Segurança Nacional do ~1inistério da Agncultura."
D.O. - 6-2-1948.
DECRETO N." 24.468. DE 4-2-1918
"Aprova o Regimento da Seçüo de Segurança Nacional dn Millls(rrjo da Justiça eNegócios Interiores."
D,O. - 9-2-1948.
DECRETO LEGISLATIVO N.o 5, DI·:14-2-1948
"Aprova os textos do Tratado Illleramericano de Assistpncia Heciproca para a manutenção da Paz r da Seguranq do Continente, assinado 1\0 Rio de Janriro. a 2de setembro de 1947. pelo Bra~ll e demaisRepúblicas Alllericanas"
D.O. - 15 e HI-2-1948.
DECRETO N.· 26.524, DE 29-3-19-lH
"Altera os arts. 33 e 34 do Rt'gímento daSeção de Segllrall~'a Nacional do Ministérioda Justiça e :-":egócios Interiores. baixadocom o Decreto n,o ~4.4li!l. de 4-2-1~48."
0,0. ~ 31-3-1848.
DECRETO ~ .• ~7-4H. DE 17-11-19-19
"Altera o Hegimell10 ela Seção ele SCf;ll
rança Nacional do Mltlislél'io da A~ricuJtura, baixado com o Decrr'o n." ::l44:l:.'. dt'4-2-1948."D.O. - 19-11-1949 e Rei. n.o. _. 10-:.'-1950
DECRETO N.· 27.583, DE 14-12- t9-1!J
"Aprova o Regulamento para ;~ Salvaguarda. das 1nfoonaçôes que in(.('f['.,sam àSegurança. Nacional."
D.O. ~ 12-1-1950.
LEI N.o 1.057-.-\, DE ~8-1-1950
"Díspõe sóbre a l'efOrnHl de milit "re~ quepertencerem. forem filiados Oll propaó!:uf'mas doutrina:; de as.'i(}da~'ües ou par(.idos políticos que tenham 51do impedIdo:; de (Ull
ClOnar legalmenti'''
0.0. - 1-3-1950,
JANEIRO A MARÇO - 1968 69
DECRETO N.o 27.903, DE 21-3·1950"Altera a reda.çAo do art. 23 e revoga o
art. 27, ambos do Regimento da Seção deSegurança Nacional do Ministério da Viação c Obras Públicas. baixado com o Decreto n.o 23.315, de 8-7-1947."
D.O. - 23-3-1950.
DECRETO N.o 27.930. DE 27-3-1950"DIspõe sôbre a apllcaçAo do Decreto nú
mero 27.583, de 14-12-1949, que dispõe sObre a salvaguarda das infonnações Que Interessam li. segurança Nacional."
0,0. - 30-3-1950.
LEI N.O 1.079, DE 10-4-1950"Define os crimes de responsabilidade e
regula o respectivo processo e julgamento."0.0.. - 12-4-1950.
DECRETO N.o 28:725, OE 9-10-1950"Aprova o Regimento da Seção de Segu
rança Nadonal do Ministério da Fazenda."D.O. - 11-10-1950,
LEI N.o ).207, DE 25-10-1950"Dispõe sóbre o direito de reunião."D.O, - 27-10-1950.
LEI N.o 1.287, DE 9-12-1950"Dispõe sObre promoção de oficiais e pra
ças das Fõrças Annadas que tenham tomado parte no combate à revolução comunista de 1935."
D.O. - 13-12-J950.
OECRF.TO N.o 29.548, DE 10-5-1951 (r.)
"Regulamenta a aplicaçáo da Lei número 1.267, de 9-12-1950. Que dispõe sObre promoções de oficiais e praças que tenham tomado parte da revolução comunista de 1935,e dá outras providências."
0.0. - 5-6-1951.
DECRETO N.o 29.908, DE 20-8-1951"Dá nova redaçáo ao art. 1.° do Decre
to n.o 22.048. de 13-11-1946, que aprova oRegimento da Coml~ão de Estudos do Conselho de Segurança Nacional."
D.O. - 22 e 23-8-1951.
LEI N.o 1.4«, DE 29-9-1951"Exclui da cla.ssifícação constante do ar
tigo 1.0 da Lei n.O 121, de 22-10-1947. quedeclara os municlplos que constituem basesou portos militares parll. a. defesa. externado Pais, os munJclpios de Põrto Alegre. RioGrande, Santa MlU'lll. Gravatal e Canoas,no Rio Grande do Sul."
D.O. - 2-10-1951.
LEI N.- 1.551, OE'1-2-1952
"Fixa prazo para o Conselho de Begurança Nacional emitir parecer nos t.êrmex. dopa.rágra!o 2.° do art. 28 da Constltulç!(lFederal."
D.O. -- 11-2-1952
OECRETO N.o 30.583, DE 21-2-1952
"Cria a Com1ssA.o de Exporta.çlo de Materiais Estratégicos, e di outras providên·elas."
0.0. -- 28-2-1952.
LEI N.· 1.665, OE 1.9.1952
"Modifica a Lei n.O 121, de 22-10-1947, quedisp6e sObre os munlc!plos que constituembases ou portos de importância para a defesa do Pais."
D.O. - 5-9-1952.
LEI N.o 1.720, OE 3-11-1952"Exclui da cla.ssl!1cação dedarada no ar
tigo 1.0 da Lei n,o 121. de 22-10-1947. oMun1clplo de São Paulo, Estado de SãoPaUlo,"
0.0. - 5-11-1952.
LEI N.o 1.743, DE 26-11-1952
"ExclUI da class1ffcação decla.rad~ no artigo 1.0 da Lei n.o 121, de 22-10-1947, osMunic1pios de Santos. no Estado de S10PaUlo, e o de Natal, no Estado do RioGrande do Norte."
D.O. - 28-11-1952.
LEI N.· 1.'167, DE 18-12-1952"ExclUI da classificação constante do ar
tigo 1.°, da Lei n,o 121. de 22-10-1947, oMunicipio de Conunbã, no Estado de MatoGrosso."
D.a. -- 23-12-1952.
LEI N.o 1.115, DE 27-12-1952"Exclui os Munlclplos de Niterói e An
gra dos Reis, no Estado do RIO de Janeiro,do art. 1.0 da Lei 11.0 121, de 22-10-1947."
0.0 - 29-12-1952.
LEI N.- 1.802, OE 5-1-1953 (5)
"Deflne os crimes contra o Estado e a Ordem Politlca e Socill.l. e dá outras providêncIas."
0.0. - '1 e 8-1-1953.
DECRETO .N.o 32.399, OE 11-3-1953"Altera 06 lU'ts 5,°, 19 e 33 do &eg1men
to da Seção de Segurança. Nacional do MInistério da Justiça e Negócios Int.ertores,baixado com o Decreto n.o 24.468, de ...4-2-1948, e modificado pelo Decreto número 26.524, de 29-3-1948."
0.0 - 14-3-1953.
70 REVISTA DE INFORMAÇAO LEGISLATIVA
LEI ~.o 1.878, DE 5-6-1953
"Exclui da relação contida no art. L" daLei n.o 121. de 1947. o Municipio de Manaus."
D.O. -- 10-6-1953
LEI S.o 1.949, DE 19-8-1953
"Estende. para efeito de pensão. as promOÇües de que trata a Lei nO 1.267, de . ..9-12-1950. aos militares já falecidos que, emidênticas condições hajam tomado parte nocombate contra a revolução comunista de1935."
n.O•._- 22-8-1953.
LEI N.o 1.956. DE 26-8-1953
"Regula a divisão millt.ar do TerritórionacLOnal para o ernpr{ogo combmado dasFôrças Armadas. e cria as Zonas de Defesa."
D.O.- 29-8-1953.
LH :>1'.0 2.083, DE 12-11-1953
"Regula a liberdade dI.' imprensa."0.0. - 13-11-19:-'3.
DECRETO N.o 34.591>, DE 16-11-1953
"Aprova o Regulamento do ~inistérjo daSaúde. criado pela Lei nO 1.920, de 25-7-1953e dá outras providencias."
Arts. 2.° e 6° di>'])(lem sóbre segurançanacional.
D.O. - 19-11-1953.
IlECRETO N.o 35.618, Dl-: 4-6-1954
"Altera a redação do art. L" do Decrcton." 30.583, de 21-2-1952. que cria a Comissão de Exportação de Matpriais Estratégiem. e dá outra.'i providências."
D.O. - 7-6-1954.
DECRETO K" 37.856, DE 5·9-1955 (I:)
"D,'L nova redação ao Decreto n." 29.548,de 10-5-1951. que regulament-ou a aplicaçãoda Lei 11.° 1.267. de ~1-12-195()."
D.O. __o 6-9-1955
LEI N.~ 2.597, de 12-9-1955 I;'
"Dispõe sô\)re zonas indi~pensáveis à defesa. do País, e dá outras providências."
D.O. _ .. 21-9-1955
Df<:CRI·:TO :>1'.0 37.909, DE 16-9-1955
"DlspOc sôbre a criação dos Núcleos deComando de Zonas de Defesa. estabelece suaorganização. e da OU! ras providpllcias."
0.0. - 21-9-1955.
DECRETO S.O 38.232. IH: 10-11-1955
"Altera H. redaçã.o do art. 1." do Decreto[lO 35.618, que alterou o de nO 30.583. de21-2-1952. "
D.O.- 16-11-19(;5.
DECRETO S.o 38.598. DE 17-1-1956
"Aprova as Instruções para a Organização e FunCionamento dos Núcleos de Comando de Zonas de Defesa."
D.O. - 21-1-1956.
LEI ~'.O 2.728, DE 16-2-1956
"Modifica o art 52 da Lei n." 2.083. de12-11-1953, que r('gula a Itberda<\e de imprensa."
0.0. -- 21-2-1956.
DECRETO N.o 39.605-R, DE 16-7-1956
"Aprova o Regulament.o para execuçãoda Lei nO 259'1. de 12-9-1955."
D.O. - 20-7-1956.
LEI :"p 2.905, DE 8.10-1954;
"Revalida a auWrjzação contida !la art. 11da Lei n.O 1.956. de 26 de agôsto de 1953."
D.O. - 11 e 12-10-1956.
DECRETO N." 40.342, Df<: 13-11-1956
"Da nova redaçfw ao DecrE'to n 0 38.5911.de 1956."
D.O. - 16-11-1956.
LEI s,0 3.081. DE 22-12-1956
"Regula o processo !las ações discriminatórias de terras públicas."
D.O. -- 26-12-1956.
DECRETO N.o 40.735. DE 9-1-1957
"Submete ao regime de aforamento a.~
terras devolutas situadas dentro da faíxadE' cento e cinqüenta quilômetros ao longodas fronteiras e nos Territorias Federais."
n.o. -- 11-1-195'1
DI':CRETO N." 42.154, Df<: 27-8-1957
"Modifica a redação dos arts. 35 I' 36 doDecreto n.O 24.468. de 4-2-1948, que aprovouo Regulamelllo da Srção de S('gurança Na('lonal do Minist{irio da Justiça r NegóciosInteriores. "
0.0. -- 28-8-195'1.
UE('RETO N.o -I3.8Q6. UE 26-à-l!l58
"Dispõe sóbre a orgalli~ação e o preparopara utilização na guerra, dos TransportesTerrestres dI" int.erê,s(' rlllliLar."
0.0. - - 29-5-1958
DECRETO 1'\." 44.235, IH; 1-8-1958
"Altera ,L redaçao do art. 25 do Rel(ulamenta da Seção de segurança Nacional doMÍlti5térlo da Vi::v;ào e Obras PúblJcas. baiX;tdo com (> Decreto n." 23-315. de 8-7-1947."
0.0. -- 1-11-1958.
JANEIRO A MARço - 1968-------_.---- 71
DECRETO N.o 44.296, DE 7-8-1958"Altera o Decreto n.o 37.856, de 5-9-1955,
para o fim que espectnca...D.O. - 8-8-1958.
DECRETO N.o «.483, DE 8-9-1958
"Revoga o arL. 6.° e dá nova. redação aoart. 25 do Regimento da seçAo de segurança Nacional do Ministério da ViBÇio eObras Públlcas. aprovado pelo Decreto número 23.315, de 8-7~1947, alterado pelo den.O 44.235, de 1-8-1958."
D.O. - 1-8-1958.
DECRETO N.o ""489-A, DE 15-9-1958(Não divulgado,)
DECRETO N.o 45.040. DE 6-12-1958
"Aprova o Reg1mento da Secretar1a-~
ral do Conselho de Segurança Nacion&l."D.O. - 9 e 18-12-1958.
LEI N.O 3.528, DE 3.1-1959 (8)
"Apllca (l.()6 Prefeitol; mMlcipals. no quecouberem, as d1spo.s1çOes da Lei n,O 1.079.de 10-4-1950, que define os crimes de respon5abllldade e regula o respectivo processo de Julgamento."
D.O. - 7-1-1959.
DECRETO N.o 46.508-A, DE 20-'-1959(Não divulgado.)
DECRETO N.- 46.804, DE 11-9-1959"Aprova instruções que regulam as atiVi
dades e o fW1clonarnento do Grupo de Estudos c Planejamento de Segurança Nacional. de que trata o Decreto n,o 45,()40,de 6-12-1958,"
D.O. - 16-9-1959.
DECRETO N.o 47.445, DE 17-12-19$.9"Dispõe sóbre a organlza.çli.o e regula as
atribuições das Seções de Segurançe. Nacional dos M1n1stérios Civis."
D.O. - 22 e 23-12-1959.
LEI N.- 4.252, DE 10-8-1963
"Dispõe s6bre a diVisão do Território Naclonal em Zona.s Aéreas."
D.O. - 14-8-1963
LEI N.o '.322, DE 7-4-J964
"Dlsp6e sôbre atribuições conferidas àsautoridades de Pollcla. para. fisca11zar e conceder Ingresso em Território Nacional e. estrangeiros."
D.O. - 9-4-1964 - págs. 3.194 e 3.195.
LEI N.· un, DE 13-6-1964"Cria o serviço NI\c1onal de Informações."D.O. - 15 e Ret. D.O. 16-6-1964.
DECRETO N.O 54.301, DE 24-9-19G4
"Altera a redação do Regimento de. secretaria-Geral do Conselho de 8egUrançaNacional, aprovado pelo Decreto n.O 45.04C,de 6-12·1958, e revoga os Decreoos nÚJne·ros 44.4a9-A, de 16-9-1958, e 46.508·A. de20-7-1959."
D.O. - 25-9-1964 - pág. 8,610.
LEI N.- U73, DE 12-U-I9G4"Dispõe sôbre atribuições das autorida.
des para tiscal1zar a entrada de esuangelros no Território Nacional. e dá out.rtlos providências."
D.O. - 17-11 e Ret. D.O. 2-12-1964 eD.O. 3-2-1965.
DECRETO N.· 55.194, DE 10-12-1964
"Aprova Regulamento do servIço Nadonal de infonnaçõcs:'
D.O. - 11-12-1964 e Ret. D.O. 16-12-1964 e D.O. 4-1·1965.
DECRETO N.· 55.644. DE 27.1-1965
"DlspOe sóbre a lista consular de passageiros em Viagem marlt1ma. seu desembarque, e dé. outras providências."
D.O. - 28-1-1965 - pág. 1.069.
DECRETO N.o 56.Z02. DE 30-4-1965
"Aprova e manda executar o RegimentoInterno da 8eçAo de Segurançe. Nacional, doMinistério da Saúde."
D.O. - 6 e 16-8-1965.
DECRETO N.o 58.589, DE 20-7-19&5
"Modifica a divisA0 do Território Nacional em Zonas Aéreas."
D.O. - 21-7-1965 - pág. 6.892.
DECRETO N.- 56.823, DE 1-9-1965
"Altera o Decreto n.o 47.445. de 17-12-1959.para e.tender ao funclona.mento transitórioda 5eçáo de Segurança Naclona.l do Ministério da Viação e Obras PUbllcas,"
D.O. - 2 e 10-9-1965.
DECRETO-LEI N.· 3. DE 27-1-1966"Dlsclpl1n& as relaçócs jurídicas do pes
soal que integra o slstema de aUvidadesportufu1as; altera disposições da Consolldaçáo das Leis do Trabalho. e dá outras proVidências,"
D.O. - 27-1-.1966 - pâg. 987.
DECRETO-LEI N.O 8, DE 16-6-1966"Acrescenta parágrafo ao art. 6.° do De·
ereto-Lei n.o 9.085. de 25-3-1946."D.O. - 17-6-1966 - pâg. 6570,
72 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
LEI ~.o 5.130, DE 1~lO·194;6
"Dispfle sôbr(' as zonas indispenS:Lveis àdefesa do Pais. (' dá outras pl'ovidrnrias"
1).0.-- 5-10-196li - p:\g 11451
DECRETO !'O.o (jI1.1!!2. In: 3-2-I!l6i
"Aprova o R('gulanwn10 do Servi~'o Nanonal de lnfonnaç,"e.'"
D.O. - 8-~-1 %7 pa". 1.5tJl.
presentante da Serrt'taria-Geral do ConseIllo de Segurança I"aclOnal.·
D.O. ,. 2G-G-19ii7
UH'RETO !'O.o flO.9tO. DE t- ~-196~"Tl'ansfonn:t em Dn'lsúo df' Segurança e
Infonna~'ões as alU"ts Seç'Jes d!' Segunll:çaNacional dos ~lll)istrnns Civi,,- e dó ou! l'asprovidencias .,
]l.0. - .'j-7-1~'fi7· - P'·l[:. 7117DECRI:TO·LU ~.o 200. DE 2.~-2-196i
"D1SpÓP sóor(' :, or"al1Jzaçüo da Administração Federal. ('sta!J('!P('1' dlrl'trizes para 11Reforma Admlt\i.'!r~tl\·a. f' d;. outras provid(~ 11 eia:'.·'
DECRJ>:TO ~.o ia.341. UE 13-9-1~JG~
Hln.-litui na Secret:ll'ja-Geral do ('uns!'ll:,.de Segurança NaCIonal. (;ru!lu clt' TrabtdlJO.para o fjm de l'labora:- li Hegul'llnenlo dasDivlsões d(' Se~uranra e Infr,nnaçól's dos....tinistrrios Civis."0.0. Supl. - - ê7-~ (' ReI n.o.
1967 c 17-7-19678. 30-3-
D.O.-- 14-9-1'167 púg 94~3
DECRETO ~." 60.4l7. DE 11-3-1967
"Aprova o Re~Llhllll{'lllo para a Sal\'ilf(Uarda. dI' ASSllnt0~ Si~i!(}.'(l.'"
0.0. - 17-3-1~j(i7 -- pil " 3.23G.
DECRETO-LEI ~." 311. DE 13-3-1967 1"1
"Define os crimes cllntr:, H segurança nacíonal. a ordem politica e social. e d:\ 011lm.s proVIdéncía8.·
0.0. - - 13 e Rei D.O. - 27-3-1967.
DECRETO ~.o 60.892, DE 23-6-1967
"Altera o Decreto nO 60.642, de :n -4-1967,que criou o Corpo Consultivo da IndústriaSiderúr?:ica, paro. indu)!' no Dlesmo o r('-
DECRETO-LE:I ~.o 3-18, DE -1.1-1~l68
"Dispõe sobre a organizaçã,.. a rompet"ll('ia e o funcionamento do Clm~elh() dt' S,·u;urança Nacional, e d" outra;; prOnd{'lh:la~' .
0.0, -- 8, Rd. H.O. - - 11 (' Hep n.o.I2-1-19G8.
U":CRETO LEGISLATIVO 1'\," 15, DE 1968
"Aprova o t{'xto elo Decreto-Lei n.o 348.de 4-1-1968. que dispOp sôore a organização,a competência e o funcionamento elo Conselho de Segurança Nacional. e da outrasprovidências."
n.o. -- 26-3-1968 - pág. ~.425
ti J Bit. lln1 pH~'~~c{'r do CP;)~~l1tur J~l:<dl("(! lIlI ~'llnl:',téno ctn Ju.sliça c Ncl'.óCWS Int(Jr1ores -~o I.RBS-A, de 2:~-1O-5t1. PrUC'(l':-iSO H,r, 86-CO/40 --, sôbre o nS~l:lItO.
121 HcYn~~fl. o a~·t 17 da L(,l %l.f l 244, dl' 11-9-37.
r:\) Rt'VOPl C,I DcC':-('t ...J-I.~'l Il_O 37. dtO ~-12-:3í
(4) Extlll!:UC a C:IJl]i~~,fi.l) de PlaneJ.Hr1ent') l'~n):lú~nl{'o ('~iada pC!ü D{'C'rptll-LE'1 Hei 6_Qí'6, IJpH-S-H
i5J RevugA. 1\ [.Pl :!," :n~ de 4-,1-:35. 3. Ipi :1 C1 l:J6. dr :'1--12-35 c u D('cz-t~to-Lpl nO 43I de 18-5-38
1,6.l Rpl'(I!;R () D,"'f~(Ito ~l.0 2~1 '";48, ele- 10-5-51
~~ ~ Hf"'I/oga us. J)f'Tet(,~·LeLs lllúni''[ns 1.]ij4, d(' 18-3-J9: I 968, de lí-1-40, fi ,no. de 11-4-44:7.724, de jO-7-4~ (" d 008, de 2~-I-o.f6
dJ,j J{rSOI1.lçl\o n_f) :n/Hb do Sl'n:ldo Fpdt'fnl"Sl~Spf>l:de a PX(',:llçftn di,) nrt. 2 o da 1.('1 r~('(leral n,C) 3 ..128, de :~-I<l~J"
D O. -- l-7-6G IM,.':. ,:Si
',9 J O SlIpn'!llp Trlh:"l!~fl.l Federal C'oul'f'dt-'Li., 110 dla 21-2-6K, por llllalllnlldaclc. () pedido dehab.."as f"orptls illlpf1 radc pelo COIlSt'lllu f'ederal da Orden'l dos Ad\'o~ado~ do Brasil. ('Dlfavor ele alto pc...;,sU1tS. f'ulltra a:-: qllai~ foi Rpl1cado O art. 48 da LeL c1~ S~gurfLnçA. NaciolHLl,ql:C Inlp€'de ild 11HllCUtdo t'm IP~1, o Exercicio da profi~~são.
A dCt'H·iw, lia ir:tl\;nt, é a. sl'guitlt('. "Rcjeit.a,dú a ]Jr{'linlina~ clt' incompctcnda (luTr~bunal C'011tr<l. (1 ;'cto d~) ;"!iHi~tI"U Amural Santos. rejeitada ainda a ldoneJdndp dohatJl'as ('orpus. n'~Jtra. l~ H)!O ctll i ..l1nlSi..t'o El(l\ Rochl1~ cO!lcedc'.I-:3f1 p:n parte, o hahfl,;\srorpus, no~~ U'I':lil'S L!o ·;otu do ~'lll:i.stru-Helator, Temlsto('!CS CaVH.kaIltc, dedarandoln('nn::;L~tuCl()H~~ u :-'.['1 ';'H do DC',:n,:ll/-Lt'( nO 314, no quP Se f('.ft-'l"fI' o. profiR.'"iÓt>:s Hberais(' a t.'lllpn~gns ('In o.tl\'Hiude pri\'ada, S~lldo que o ~tjtli.t.;tro E\-'andro lins (~o[l('E'dla o habeasl'orpus, in totUJH. pu!" j'on~l{krar i~ln.'n.stit .... :c1{jnajs todo o IIrt. 43 c Sé-'Il.'1 pan\~rn.fos·'
Ob!oõ.: O Pr-t~':;l(knte dt' STT-'. 1I.11I11stl'(1 Ltdz Gallotti. tan~b(om '·íJtO\' do(' ncôrLin ('orn oHe:lator
JANEIRO A MARÇO -. 1968 73
PHOJETOS
eAMARAPROJETO N.- 3.546, DE 1966
"Define a exportação clandestina de minérios e minerais cOIno crime contra a se·gurança nacional."
(Autor: Dep. Mateus Sehmldt).(D.e.N. - 8.1. - 25·3·1966 - pág. 1.266).
- Enviado às Comissões de Constltuiçlioe Justiça e de segurança Nacional.
- Em 21-3-1966 - fala o autor apresentando o projeto.(D.C.N. - 22-3·1966 pAgo 1.167S.I.>.
CCJ - Em 24·3·1966 - é dlstrlbuldo aoSr. WUson Martins.
(D.e.N. - 25-3-1966 - pág. 1.300 - S.I.>.
Comlsslo de Minas e Enerrla:Em 25·5-1966 - é aprovada. unClnlme·
mente. sugestão do Sr. EmUlo Gomes, sol!citando. Mesa seja êste projeto remetldo aessa ComlssAo. .
(D.e.N. - S.I. - 7-6-1966 - pàg. 3.506>'
Em 20-!H966 - é deferido Oficio número 33/66, de 10-6-1966, da Comissão de Mina.s e Energia. sollcltando seja-lhe remetido êste projeto.
(D.e.N. - 21-6-1966 - pág. 3.956>.
SENADO
PROJETO N." 5, DE 1967"Revoga o art. 018 e seus parágrafos do
Decreto-Lei n.O 314, de 13-3-1967."(Autor; Sen. Antônio Balblno).D.C.N. - S 11 - 17-3-1967 - pAgo 398.
- Enviado As Comissões de Constituiçãoe Justiça e de Segurança. Nacional.
eAMARAPROJETO N.- 010, DE 1967
"Revoga o Decreto·LeI n.o 314, de 13-3-67,que define os crimes contra a segurança na·cional, a ordem polltica e social. e dá outras providências."
(Autor: Dep. Matheus Schmldt)(D.C.N. - S. I - 5-4·1967 - pág. 1.016>'
- Enviado às Comissões de Constltulçáoe Justiça c de Segurança. Nacional.
- Em 16-3-1967 - fala o autor apresentando o projeto.
(D.e.N. - S. I - 17-3-1967 - pág. 685>'
CCJ - Em 5-4-1967 - é dlstribuldo aoSr. Arruda Câmara.
(D.e.N. - S. I - 7·4·1967 - pág. 1097).
- Em 11-5-1967 parecer do Dep. Ar-ruda Câmara pela rejeição, por injurldicldade e falta de técnica. leglsla.tlva. Concedido vista ao Dep. Celestino FiJho. ~ aprovado requerimento doRelator. no sentido de ser sollcltada aanexação do Projeto n.o 57/67 ao pre~
sente projeto. por t.ratarem de matériaanáloga.(D.C.N. - 5. I - 19·5·1967 - página 2.435>'
- Em 19-5-1967 - é deferido o OUclon.o 31/67. da CCJ, solicitando a anexação do Projeto nO 57/67 a esto. proposição.<D.C.N. - 5. I 20·5-1967 - págI-na 2.457>'
- Em 31-10-1961 - fala o Sr. CelestinoFilho. para umA. comunicação.(D.e.N. - S. I - 1·11·1967 - p6gl_tlll. 7.214).
CCJ - Em 20·3·[968 - é aprovado re.querimento do Relator, Sr. Luiz Athayde,no sentido de Que ao presente projeto 6e
jam anexados os de n.os 71/67 e 1.047/68.
(D.e.N. - S. I - 30-3-1968 - pág. 972).
- Em 27-3-1968 - ~ deferido o Oficio daCCJ anexando os Projetos n.Os 71167e 1.047/68 a éste.(D.e.N. - S. I - 28-3-1968 .- págt_na 831>'
CCJ - Em 20-3-1968 - O Relator ArrudaCâmara oferece parecer pela Injuridlcldade.O Sr. Celestino Filho, que pedira vista, apre·sentou voto concordando com o Relator.Rejeitado o requerimento do Sr. NélsonCarneiro, solicitando anelCaçáo dêste projeto ao de n.O 71/67. Rejeitada a prelimInarde InconstitucIonalidade argillda pelo Dep.Tabosa de Almeida. Ressalvada a emendado Sr. Nélson Carneiro. a Comissão aprovou o parecer do Relator peia Injurldlcldadedo projeto. Apro~'adl\ com parecer contrário do Relator. a Emenda substitutiva doSr. Nélson Carneiro (Revogando o art. 48e seus parágrafo~. da Lei de Segurança Naclonal). o Sr. Nélson Carneiro foi designa·do para redigir o vencido.
(D.e.N. - S. I - 30-3-1968 - pág. 972).
(:AMARAPROJt;TO N.O 56, DE 19B7
"Revoga o De<:reto-Lel n.o 314, de 13-3·67,e dá outras provídênclas."
(Autor: Dep. José Carlos Guerra)D.e.N. - s. I. Supl. - 6·4·1967 - pági
na 9.
14 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
Enviado às Comi.",ôes de Constituiçãoe Justiça e de Se,;urança Nacional.
Em 16-3-1967 -- fala o autor apresentando o proJeto.m.c.s. S. I 17-3-1967 - pági-na 685.1.
- CCJ - Em 5-4-1967 -- é distribuído aoVep. Rubem No!,:,ueira.m.e.N. - S. I 7-4-1967 -- pági-na 109BI.
C.HIARA
PROJETO N.· 57. DE 1967
"~voga o Decreto-Lei n_O 314. de 13-3-67(Lei de Segurança Nacional). e dá outrasprovidências."
(Autor: Dep David Lererlm.C.N. - S r Supl. - 6-4-1967 ~ pá
gína UI.
~ Enviado às COlni~s6es de Constituiçãoe Justiça e de Segurança Nacional.
Em 16-3-1967 - fala o autor apresentando o projeto.m.C.N. - S, I 17-3-1967 - p:í.gi-na 6851.
CCJ __ o Em 5-4-1967 -- é distribuído aoSr. Arruda Câmara.
m.C.N. - S. I - 7-l-1967 -- pág. 1.09BI.
~. Em 11-5-1967 i:: aprovado requerimento do Relator Arruda Cãmara, solicitando anexação deste projeto ao denO 40'67.
Em 19-5-19fi7 é deferido o OfícionO 31'67. de 16-5-1967, da. CCJ, solicitando anexação cléste projeto ao de11° 40,67.
m.c'N. S 20-5-1967 pá-gll1a 2.457.1.
Anexado ao }'rojeto n." iO 67
<:A:\I.\ H ..\
PROJt:TO ~·.o 71, DE 19H7
"Re~'uga o Decreto-Lei nO 314, de 13-3-67.e revigo!'a a Lei n." J.80~, de 5-1-1953, quedefinem os ('l1lnCS ('on! r:t a ~egurança nacional e a onlem polltll:a e social."
(Autor: Dep. Mário ('uvasl
m.CS. -- S I- ~1--t-196~ )ág. 1.5531.
Enviado as Comis..,ôes de Constituição(. Justiça (' de Segurança NaCIOnal.
Em 17-3-1%1'· fala o autor apresen,tando o proJeto.
I D.e.N. ~ S. I -, 18-3-1967 - pági111\ 725).
CCJ Em 13-4-1967 e dlstnbllido :10
Sr. Flávio Mareího
ID,C.N. - S. I -- 14-4-1967 - pág. 1.346>_
CCJ Em 17-10-1967 -- é redistribuídoao Sr. Montenegro Duarte.
m.e.N. -- S. I 4-11-1967 -, púg. 7.2641.
. Em lJ-JO-1967 - faJa o alJIDr, Dp}).Mário Covas, para Ullla questão de ordem. sôbre urgência pedida para opresente projeto e ainda não posta emvotaçâo.
m.t.N. --- S. I -- 18-10-1967 - página 6.700 I .
-- Em 18-10-1967 ~ o Sr. Presldrnte responde à questão de ordem do Sr. Mã·rio Covas.
(D.e,N. - S I ~ Supl. --- 19-10-1967- pág. 101.
-- Em 25-10-1967 '- o Sr. Presidente põeem votação o requerimento de urghlcia do Sr. :-.erário Cova.s. 81'\1: 3~:
NAO: 160_ REJEITADO. Nlí.o hOLlvenúmero.
Verificação de vot.aç:io a requerimentodo Sr. João lIerculinn.
Declaração de voto do Sr. Flôres Soa-res voto contra.
(D.e.N. - S. I SllpL 26-10-1967página 211.
Em 25-10-1967 ~ na Sessao Noturna.o Sr. Presidl'nte submete a votos, re·quelimento do Lider :vrário Covas. deURG:E:NCIA para [) projeto.Em votaçãu-- REJEITADO.O Sr. Mário Cova.'i requer vcrificaçáode votação Fpit<t a chamada nominal.vaiaram :!53 Srs. Deputados. sendo 94SIM e 159 NAO.
ESTA REJEITADO O REQUERI-MENTO.
-- O Sr. Mário Covas, em questrto de ordem, requer. dI' acordo com o arl. 175,do Regimellto Intel'llO, que o Sr. Presi·dente fixe prazo para apresPl]taçâo doparecer.
(D.C,:,\. - S. I SlIpl - :!fi-1O-19G7-- página 311.
- Na mesma Sl's~ào, o Sr. Presidente rl's-ponde à questão de ordem acima llCí'ncionada. comunicando que () proJI~to
foi redlstrlimído na CCJ a 17 de ou(libra. em virtude da ausencia do relator; mot.1VO pelo qual a Presidênciaacha justo ~(' dêem mais 30 dias aonovo RelatJ.)r para produzir {] s€u pa-
_____ JAH'EIRO A MARÇO - 1968 75
recer. Não haverá prejuízo algum parae. tramltaçll.o do projeto, uma vez que dee.cc1rdo com o art. 175. se houver necessidade, poderé. êste prazo ser prorrogado peJa Comissão por maJs 30 dias.(D.C.N. - S. I Supl. - 26-10-1967 página. 32).
- Em 8-11-1967 - fala o Sr. Mário Covas, para uma questão de ordem. SOlIcita a colocação do presente projetone. Ordem do Dia. O Sr. PresidenteInfonna que a Presidência se esforçaré. no sentido de atender à solicitação.(D.e.N. - S. I Supl. - 9-11-1967 página 13).
- Oficio n.O 39/68, de 20-3-1968 - DaComlssio de Constituição e' Justiça ...Que os Projetos n.Os 71/67 e 1.047/68,sejam anexados ao de n.o 40/67. portratarem de matéria idêntica.(D.C.N. - S. I - 28-3-1968 - pág.831).
- ANEXADO AO PROJETO N." 40/6'1.
CAMARA.
PROJETO N." 2a9, DE 1967"CotUiJdera de Interêsse da Segurança Na
cional o exercfclo, pela UnJão, do monopólio InsUtu1do pela Lei número 2.004, de3-10-1953,· que dispõe sõbre a polltlca nacional do ~tróleo. e dê. outras providências."
(Autor; Dep. Janarr NllJus)<D.e.N. - S. I - 20-5-1967 - pég. 2.481).
- Envia.do ê.s Comissões de Constltulçl!.oe Justiça, de Minas e Energia e de Segurança NacIonal.
- Em 10-5-1967 - fala o autor apresentando o projeto.(D.C.N. - S. I - 11-5-1967 - págine. 2.124).
CCJ - Em 18-5-1967 - é dlstribuldo aoSr. José Carl05 Guerra.
(D.e.N. - S. I - 23-5-1967 .- p~. 2.577).
CCJ - Em 8-8-1967 - é concedida "vista" ao Dcp. Pedroso l1ortlr..
(D.C.N. - S. I - 15-9-1967 - pâg. 5.516).
CCJ - Em 23-8-1967 - o Sr. PedrosoHorta, que pedira "vista", solicitou a audiência do Estado-Maior das FOrças Annadas (EMFA) e do Conselho de segurançaNacional. Aprova.do.
(D.C.N. - S. I - 2-9-1967 - p~. 5.(95)
- Em 1-9-1967 - é deferido o Oficio den.o 116, de 17-8-1967, da CCJ, solicitando audiência do Conselho de Se-
gurança Nacional e do Estado-Maiordas FOrças Arrna.das.(D.C.N. - S. I - 2-9-1967 - página 5.053).
- Em 6-9-1967 - pelo Oficio n.o 2.830,é transmitido ao Chefe do GabineteMilitar da Presidência da Republlca.<D.C.N. - S. I - 23·9-1967 - página 5.823}'
CCJ - Em 27-9-1967 - é aprova.do parecer do Relator, Sr. José Carl05 Guerra,pela constltucionallda.de e jundlcldade,unAnimemente.
(D.C.N. - 5 I - 5-10-1967 - pág. 6305L
CSN - Em 11-10-1967 - é dlstnbuido aoSr. Floriano Rublm.
(D.C.N. - S. I - 7-11-1.967 - pl\g. 7.324),
CSN - Em 8-11-1967 - o Relator, Sr. Floriano Rublm, oferece parecer favorável, comemenda adiUva ao art. 1.°, Inciso I.
;l;; concedida "vista" aos Srs. Bernardo Cabral. Souza Santos, Carvalho Sobrinho eClóvis Stenu!.
(D.C.N. - S. I - 30-11-1967 - pág. 8.434).
CSN - Em 24·1-1968 - os Sn. CarvalhoSobrinho, Bernardo Cabral, Souza Santos eClóvis Stenzel, Que hav1am pedido "vista"conjunta, conclulrtun peJa sol1clta.çl\o deaudiência do Conselho de Segurança Na.clonal. do Estado-Malor da.s FOrças Armadas,do Ministério das Minas e Energia. do Con.selho Nacional do Petróleo e da PetróleoBrasileiro 5./A. - Petrobrás.
POsto em votaçil.o. o pedido de audiência,foi aprova.do por unanimIdade.
(D.e.N. - S. I - 19-3-1968 - pág. 525).
- Em 26-1-1968 - é deferido OUclo den." 14/68, da Comissão de SegutlmçaNacional. solicitando da Mesa audiência do Conselho de Segurança Nacional, Estado-Malor das FOrças Annadas,Ministério das Minas e Energia, Conselho Nacional do Petróleo e da Petrobrás.(D.C.N. - S. I - 27-1-1968 - págl
·na 379).
- Em 1-2-1968 - pelo Oficio n." 610. de31-1-1968 - ao Ministério das Minase Energia.
- Em 2-2-1968 - pelos Oficios n.os 611 e614, de 31-1-1968 - ao Ministério dasMlna,s e Energia.
- Em 2-2-1968 - pelos Oficios n.OS 612e 613, de 31-1-1968 - ao Gabinete MIlitar da Prcsldêncla da Republlca.
76 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
* LEI N." 2.004, DE 3-10-1953
"Dispõe sôbre a Poli1ica Nacional do Petróleo e define as atribuições do ConselhoNacional do Petróleo, Institui a Sociedadepor Açôes Petróleo Bra"iJeiro S,/A" e dáoutras providencias:'
D.O. - - 3-10-1953,
('AMARA
PROJETO N." 582, DE 1967
"Torna obngatória a prr-vill. autorizaçào doConselho de SeRUl'ança Nacional para a realizaçào das operaçlies que menciona. e dioutras providencias."
(Autora: Dep. l'õysia Carone 1
ID.C.]';. -- S. I 4-10-1967 -- pig. 6.208l.
Enviado às Comissôes de Constituiçãoe Justiça, Sl'gurança Nacional e Economia.
- Em 28-8-1967 ... fala o autor apresl'ntando o projeto.lO.e.N. - S. I - 29-8-1967 - - página 4.9051.
CCJ ~ Em 18-9-1967 - é drslrlbuido aoSr. Geraldo Freire.(D.e.N. - S. I _. 26-9-196, - página 5.878).
-- Em 19-3-1968 - r- recUsLribuido ao SI'.Erasmo Pedro.m.e.N. - S. - n·3-1963 _. pá-gina 707 J.
{'AMARA
PROJETO ~.o 764, DE 1967
"Define segurança nacional e os crimescontra ela perpetrados, e dá outras provldências,"
(Autor: Dep. Celestino Filho)D.e.N. -- S, I SupL .. 28-11-1967 _.. IH~
gina 59,
~ Enviado as Comissões de Const.itulçãoe Justiça e de Segurança Nacional.
._- Em 7-11-1967 -- fala o Sr. CelestinoFilho, para uma comulllcação.\D.C.N. - S. I -- 8-11-1967 -- pá!;'ina 7,361>.
- CCJ - Em 26-3-1968 -- é redistribuídoao Sr. MOlltenegro Duarte.
S.:NADO
PROJETO 1'\.0 19, DE 1968
"Submete à prévia aprova':üo do Conselhode Segurança Nacional as atribuições Quee-"pecifíca."
(Autor: Senador Uno de :Hattos)D.e.N. -- S. TI - :l:!-:!-196H - püg, 459,
-- Enviado às Cmnissõl's dl' Constitui~';l<J
e Justiça, dl' ~eglll'allça NaCIonal e dl'Agricultura.
('/Dli\RA
I'ROJETO N," 1.04•. DE 194;8
"Revoga o art. 48 d() 1)t'rTpto L"i núme·ro 314. de 13-3-I!H)7."
IAutor: Dcp. Wilson i'lartinsl
Ohs.: N;lO foi publicado.
-- EnVIado às Comissôes de Conslltlll~':'io
e Jusl iça " de Seguran~'a NaCional
CCJ- Em 13-3-Hl61l dicl nbllido aoSr. Luiz Athaydr
{D.C.!'\. -- S. I _. 20-3-19f18 - p;lg 5761.
.. - Em 19-3-1!Jíi8 --- o Sr. :\-li\rio Covasapresenta requ~rill1('nto, s(Jlidtnndoimediata dis<:\lssáo e volal:ão para (',teproJeto_Falam, para encatlll111wf a v[Jta~';l() dorequerimenlo, os Srs. Deplltados' llltimo de Can'illho, I\l:irio CO\'ilS I' ('hlvis StelUl'1.
Em votação: (chamada nOlllinall SI;-,f,99, e NAO, 133 - REJEITADO O REQUER1:'vIENTO.
(D.C.:-;'. -- S. r . - 20-3-1!16R - p,lgina. 5631.
CCJ - Em 20-3-1968 - é aprovado o rl'qUl'rimento do Relator, Luiz Atha\'tl<'. nosentido de que o presente projeto -e o den," 7167, sejam anexados ao de 11." 40 1i7,
(D.e.N. - S. I -- 30-3-1968 -- púg, !l7:n.
- Em 27-3-1968 - - ,i drff'rido Ofício cl:\CCJ anexando 1'0,1 e proJdo ao de número 40 67.
Anexado ao Projeto n.O ,10 fi7
PROJETO ~." U}!!O, DE 1968
"Revoga o 3rt. 48 do Denl'lo-Ll'i 11." 314,de 13-3-1967, qlle define os crimes contra. ~1
segurança naciol\al. a [lrdem llolilica e social, e dá outras providl'ncias"
(Autor: Dep Padre Antônio Vieira'D.e.X. -~ S. I - 23-3-)96/3 - - püg, 671.
~ Enviado às CO!lli,s<Jcs cil' COllStit lliçãoe Justiça c dt' 1:iegUranCl NaCIO!lal.
Em 13-2-19fi8 faIa n ;[\lem' aFrl',-f'!l-tando o projeto.(D.C.N. - S. I 14-2-1%11 (l.\-
gilla 876 ' .
JANEIRO A MARÇO - 1968 77
DISCURSOS
Discurso do Sr. Senador CamUlo Norueirada Gama.
- Cassação de novos munlclplos em Mi·nas GeraisD.C.K - S. II - 29-6-1966 - pág. 1.808
Discurso do Sr. SCnador Aurélio Vianna- Decreto-Lei n.O 314/67
D.e..,". - f;. II - 18-3-1967 - pl\g. 419.
Discurso do Sr. Deputado Hermano Alves- Decreto-Lei n.o 314/67
D.C.I\i. -- S. I - 18-3-1967 - pâg. 721.
DL~curso do Sr. Deputado ~lata Machado
- Decreto-Lei n.O 314/6'1 - CriUce.sD.C.N. - S. I - 30-3-1967 - pág. 821.
Dlscurso do Sr. Deputado Paulo Macarlnl- Decrcto-Lel n." 314/67
D.C.S. - S. I - 8-4-1967 - pág. 1.135.
Criticas do Sr. Deputado Mário Covas
- Decreto-Lei n." 314/67D.C.N. - S. I - 13-4-1967 - pâg. 1.278.
Discurso do Sr. SCnador Josaphat Marinho- Decreto-Lei n.o 314/61
- Considera-o InconstltuclonalD.C.S. - - S. 11 - 20-4-1967 - pág. 703.
Questão de Ordem do Sr. Deputado Mário Covas
- Decreto-Lei n.O 314/67
- Apreensão do livro Torturas e Tortu-ra.dos, do Dep. Moreira AlvesD.C.S. - S. I supl. - 1-6-1967 - página 25.
Discurso do Sr. Deputado Márcio Moreira Alves
- Decreto-Lei n." 311/67-- Apreensão do livro Torturas e Tortu-
rad09
- Defesa do autorD.C.S. - S. I - 7-6-1967 - pã.g. 2.992.
Comunicação do Sr. Deputado FranceUnoPereira
- Municípios-- Area. de segurança nacional.
D.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pág. 543.
Comunicação do Sr. Dcputado DJalmaI"al~ão
-- Munlclplo$
- Arca de segurança nacionalD.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pl\.g. 543.
ComunicaÇÍlo do Sr. Depullldo Alceu deCarvalho
- Municípios- Area de segurança nadonal
D.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pág. 543.
Comunicação do Sr. Deputado '{nUmo deCanalho
- MunIcípios- Arca de segurança nacional
D.C.N. - S. I _. 3-2-1968 - pâg. 543.
Comunicação do Sr. Deputado Humberto Lucena
- Municípios- Area de segurança nacional
D.C.N. - S. I - 3-2-1968 - pág. 543.
Comunicação do Sr. Deputado GastoneRighi
- Munlclpios- Area de scgurança nacional
D.C.N. - S. I - 3-2-1968 -- pig. 543.
Discurso do Sr. Deput.ado Geraldo .'reite (como Llder)
- Mwllclpios- Area de segurança nacional
D.C.N. - S I - 3-2-1968 - pág. 543.
Comunicação do Sr. Deputado lIenriquelIenkln
- Municlpios- Area de segurança nacional
D.C.N. - S. I - 6-2-1968 - páginas581/582.
Comunicação do Sr. Deputado WilsonMa.rtin.~
- Municípios- Area dc segurança nacional
D.e.N. - S. I - 6-2-1968 - paginas581/582.
Comunicação do Sr. Deputado João Borges- Municlplos- Area de segurança nacional
D.C.N. - R I - 6-2-1968 - páginas581/582.
Comunicação do Sr. Dcputado Paulo Abreu
- Municípios. - Area de segurança nacionlll
D.C.N. - S. I - ,·2-1968 - pâg. 627.
Comunicação do Sr. Deputado Vital doRêA'O
- Municípios- Area dc scgurança nacional
D.C.N. - S. I - 7-2-1968 - pág. 627.
78 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA-- - ,. --, ,-, - ".- ------_. - -- - .-
Comunicação do SL Deputado GetúlioMoura.
Municipios
Arca de segurança naCIOnalo.e./Ii. - S I ~~ ~-2-1968 --- pago 62'1.
Comunicação do SL Deputado Zaire Nunes
~~ Municípim
Area de segural'Ça :lacionalO.CS. -- S r - 7-2-1968 .--- pago 627.
Comunicaçao do SI'. Deputado :'llário :l-Iaia
Municipio:'>
- Arca de S('gllrança nacionalD.t',N. - S. 1- :\-2-1968 - púg. 613.
Dlscurso do SL Deputado Getulio Moura.~- MUlllCípl(b
-- Area de segnrança llacHJnalD.eS. - S. I ~L2-196B - pag 714
Cunnmicaçao do Sr lkputado Henriqul'lIenkin
MUlllClPIOS
Area de segurança naciunalO.C.I\'. - S. r 10~2-1968 - pago 741
CUlnul1lcaçáo rio Sr'. Deputaelo ('elsoPassos
MuniClplos
Area de .,cgurallça naclOllalD.e.X.- S. r 10-:'-1%8 -- pago 747.
Discursu elo SL l),:pUl.ado I'edro Gomlim
MuniClplOs
Area ele Sl'gllraII(.:a naClt,llalD.C.S, -::-\. I 10-2-19ti8 pág. 14i.
Comullil'a,'[iG d(1 SI'. lJeputado AdylioYianna
:.,.t UIllC iJJlOs
- Area de s('gur.1I1ça :;.,cl(lnalD.C.S. S I 13-2-1968- ~jg, 80S.
CornUlllcaçclO li" S" I )cputado CunhaBueno
MIJllI('Í\llO"
.- Area de :-t';.!',Jran\'a ~la',_l(lnal
Ja foram ouvicl:l S. {'m ~fI MuniCiplOS de Süo Palllo, ;5J20 pc'~soas, e.embora ];l'W l'~lí'ja aLIda concluída a"cnquetp J ,\ jJ1IÜl'lllC" adIantar que 93pur ccn LO d( IS prOlUl)l·· ia In L'11 (('S j oramCUllCl'a)"jlJ$ Ú f'Xr 1Il,fw âa [I utOllOlllW
111 t1lliLl]Ml.·
n.l'.:-; S. I 14-2-1%8 -- pago 8t;8D1SLllr~() d'l S!· U('put clclu (ia:,tunl' Ri~hi
\-tlJl;il' ip" I.,- An'a de ;j1·L;ur~il:(.-a !:~l('iunnl
O.C.S. S T 1~-2-19IiB p'lg 94g
Discurso do Sr. Deputado GI'lúlio Mllura
Conselho de Seguran\'a ~al"ional
Reformulação - CondenaD.e.N. Ses~ão COIlJunta 16-2-196tl- pág. 50.
Dl~ur:;o do SI'. Semidur Jo,aphat l\-Ia~itlh()
--. Decreto-LeI n." 314 6,
InconstItucionalidade do art. 41\, declarada pelo ST.FD.e.N. --- S. II ,. :n-~-1~68 - pág. 493.
Comunicação do SI'. Depul'ldo :'IlarioCovas
Decreto-Lei 11.° 314 6,Art. 48 e paragrafo~
" ... qUl'rO encaminhar à I\le~a prOjetode lei que revogli () art 48 e seus parágrafos do Decl'eto-Lt'i n." 314 6í.",.
D.C.!\'. ::l. I ;!fJ-3-1%8 pat{. 560
Comunica,'üü do Sr Depul a<1o Padre Xobre
Município~
Area de sl'guran~'a wHiunal" ... Não cont~rel'l1Cj{) que um (TovPl"notào hem armado precIse conflllar lllUnjciplOs. tIrar do rum a prl'ITo;.:allvadas hberdadc~ democráticas. lIa mamfe~taç.ão livre do S('U voto."D.C.S. S r 21-3-196tl p,'lg ti06.
ISSTlTUTO DOS .'\nVOGA1l0:-; DE SAOPA{;LO
Sao Paulo. :i d(' maio de 1!Joi," ... () prOlllJl1CJanIC1HO do IJl~t1(uLo dosAdvogados de Si\o Paulo. ~óbrl' fI. novaLei de SrgllnUl\'a NaclOllal. d~vjdaml'n
te aCOlllpalllwlÍo de copIas das conferPllcia, pr0ll111ICl'lda~ pelos t'1l1111ClIt.;sCOllseltlelros. Dl', Tlleoelolllldo Ca:.tlglíoIle e Prol I)/, J B ~':ana de :\1oraes.l' pelo ('l!l('nlo Prof. DI' No<' Azevedo.110 estud" daquela Lel."
D.(l.X. - Ses~'-IO C[1:~.ill:1:a ~~}-:J-19t;7
pi'lg. 574.
REQl.·ERL\lESTO IH: (,O."\'\'O<A<".-\O S.o4,068. DE 191.8
De autnria (lll :--lI' ]),'plitadn Fra.nctS('o.-\maral
C\.111Ilicipl0S ai( 101110.. Tia .L1"l'~l dl' ~\~~ll
r:ll!ça. naCHlnal"Solicila. l:loS ~t'rllll):... reglnll.'lllaLs, ;-il'Ja
cOllVOC'Wu [) E"tllJ. sr. \L 1. 1.' i rn da Ju,tiça, a flrn de prestar. ali Pll,tl:ú·ju daCúltl'lr<t do:. Ikl)\I1 a<il), :111, "'ltlaçües,,(\ore proiet OJ dl' :.. 1 'OJllpl"llH'lli ,.1' a aftjgo (la COtl,llta,,'31) du Bra:.ll .D.C:\". - S I - ti<l-l%B jl:i:! ;,5
PESQUISA
MENOR-UM PROBLEMAPÔSTO EM QUESTÃO
(2'.1 l'ARTE)
Orientador de Pesquisas LegislativasDirtlorio cU lnfoTlnaçlfu Legislativa
"DICA-SE O QUE SE QUEIRA: O ~XITO OU OFRACASSO, O PHOCRESSO OU A INVOLUÇÃOD~STE COMO DE TODOS OS DEMAIS PAlSES DOMUNDO DEPENDEM "ESSENCIALMENTE" DAEFICII!;NCIA COM QUE SUAS CEH.AÇOES JOVENSSÃO PREPARADAS PARA ENFRENTAR AS ATUAISCONDIÇOES DA VIDA HUMANA."
EMILIO MIRA Y LOPES
"Psicologia Evolutiva da Criança c do Adolescente"
o MENOR NO DIREITO CIVIL
SUMARIO - I - O Pátrio Poder. II - Inca·pacidade Civil. 111 - Responsabilidade Civil.IV - O Projeto do Nôvo Código Civil de Auto·ria do Professor Orlando Gomes. V - AlgumasOpiniões. VI - Aspectos da Menoridade, Capacidade Civil, Idade Núbil e Adoção, no Direito Alienígena.
80 REVISTA DE INFQRM.6.ÇÀO LEGISLATIVA
I () 1'\TlUO PODEH
.. Aos Vil1tl' (' 11111 :l1l('S CI 'mIl Idos acabaa menoridade, ficando o individuo habilitado p~ra l()dil~ os atos da vida civil,"IArt. 9.° elo CodJgo CIvil.!
"Tal fixac;'w cil' lclade. que llOderiaser aos vintl' I' cinCI). uu mais tardr,uu entre Vinte' (' um e vinte e cinco.ou antrs de vintL' " 'llll. a\wnas L' expE'diE'n te p~l r~: ~e turnar qll3.n\i ta ti Vil
o qual! t~l tI"iJ I n,pt()(jo d,' sub- rogar:üoaproximaUvil H VO~ JHERIKG. Dl'rBesitzwil!l'. 1:iO I O p('rl.~ar. o querert' ;, con'C:"':lci:, li'l dcv('r I' da rc~
ponsalJilid;vll'. q',lc ~c atrilJuelll it id;ldc.SE'm se :<,Í)('l' qll;mdl) .'C f,)rtalcrcm Sllfi('ien tl'IlH'1l t (', 11 :\(1 p,Jderiam ficar amerc(~ de pl'rJclas. it vpnfi(:aç;'LO in {'asu.Dal cada ~ht('mil !lll'Hlico tE'r de adotarquantitativo a quc liglll.' [] qualitativo damatundadp," '.; I
Nosso kgJslad()r cnt('ndeu que o qualitativo da maturiel:tde só l' attngido "osvinte P Ulll anos ele idade, ll.tc entào,a ('dU('~H:iHl JnOl":tl r fj"ica é dever primordial dns pais df't('ntorrs do pátriopodee ,f:Sll', nCw c lInJa ('rw,eüo artificial do 11'gisiadlJr Artifirta( variúvclsegundo as diferentes urdens morai::; Pcconómic:ls. (' a fixacüo da idade-limitr.a cujo alranc{' fira s'\lll,)rdinado () devcrde protcç:'(CJ di):' pais p~lra com os filhosl11l'l1ores, ua sllpusil:~'lO ele que ést(~s nãoestào, aillcl~l.. bastante fo::taleclelos paraa (Iire~'Cto (!e sc'u" atns, adaptação ~, vidasocial. consc]"V[leClO (' dcsenvolvimento deseus 11U yt.["(.,-;
O artigu :37~! do Cudig,) Civil Brasileirudetermll1a qw' "os filllus l('gJtimos. oslcgi tim "do" (I.' kgallllcn! l' n'conll('ciclos(' os aclotlvlls ('stão Hljeitos 8.0 pátriopoder, Cn(p:llltlJ ml'nort:s".
Qual a siglllfH' ~lÇClI) (':·:a b cJ\ossl' instituto) Qual il SUi, gt;rwse E' l'V'JIUc;ClO?Qual a sua :tlllJllltll(il' dentro de nossoelirPito pOSI\l\'I)~
Ka r1dinicClU elc' CLOViS BEVILAQUA.repetiel:t e a('('iLI por g:'ande rarte dosautôres patrills "c' [) c, ,mplcxD dos direitos que a lei ('1Jl1ferc ao p:l.l. s(jbre apessoa e os bens dos filllOs".
Cumpl'l' lllltar, entretanto, que essadefiniC';-1O - a seu te:llpo cunsicleradaperfcita - jil IÜO se ('O:1duna com omoelerIw 1)ensalllPnto d;l ci{'neia do direiu), cOlidellanUlJ-sc. !Jojr' l'm d~a. or'xelTíeio do pátria potestas l'om exclusividade pejo p:u. A condlçào de exclusi-
vidade paterna era comu ainda o sàotantas outras P:lrt(,,< ele) nusso diplomaeivil ,-- r('~quicio da manifesta influl'ncia do antigo dIreito romano na elabol'arào de IlIJSSO coc!q,o.
É bem n'rclade qur, como corretalllente ensill;l SADY CARDOSO DEGUSMAO. "O ]la triu p,)dcr, no sistemndo Código Civil, nàu cra exercido. comabsol\lti~nlll pelo pnl. (' ml'~mo a ('xclusividade dC'\'b ser entelldida em ti'rIllOS,combinando-sI' as di~p()sic()l"'i elo COdIgo". , I
A atribllict,) di' p:li n:'!u t()rnav:l, assim, despi('Í('llda :l colahoracCw da mãe.A import:-'::C::I di ,"Ja participaçClO no(~fet.ivo eX"l'('wio r!CSS(' podl'l', estava implirita em v:\no.' dbposiUnls,
Fnt rl·tan to. lliJ",n i('~:>Ll(.Ior- a tI'n"dendo às modc mas te'l1Cli'nC'Ías e emc'onsonúncJa ('om a Dc('!aracClo dos Direi tos elo Humem e a COlH'I'!1Cio de 130gotá dr U148. da;; quais fOJ))I)S signatarios - !JOUVf por bem tr:1nsformar essaimpllcitud(', lluma expressa necessidadeela eoopcr3çà() da m:'lc no ~eu exercicio.
A con('retizaç~'lO dósse entendimentoveio atraves (Ll LCI n." 4121. de 27 deagósto ele 1~62. dando nova redaçào aoartJ~o 380 do Código Civil. que passou as('r a seguin te:
"Durante {) easamento. ('ompctl' opátrio lloder aos pais. cxercl.'ndo-oo marielo com a colaboração da mulher. Na falta ou impedimento deum dos pl"og-enitores passarú [] outroa cxercé-l(l com exclusividade,
Parágrafo único - Divcrg-indo osprogenitot"!'s quanto ao exercicio dopátrio puc\cr. prevalccerá a cleeis~'lo
elo pai. fl's.';al vado a màe o direi to derecorrer ao Juiz para sOIUC;'LO da clivergéll('la, ..
O aleanc\' cI a culaborac:ã() da m ullll'r.ali referida, () limitr de ~ua ingerência no eXt'l'cícw por parte do marido, éassun to ainda não dilucidado percucientemente, quer pela doutrina quer pelajurisprudêJlC'ia
WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO dêle se ocupou em seu Curso de Direito Civil, Se1l ('scólio ao artigo 380 eparúgrafo ele\'(' , entrptanto, ser rnrarado
I I) .Pontes el' \l.i.r.fL!lria. "Trat~ldo de Dirf'itnl'riVll<10" VaI. 1. pago 1~2.
'2} "HE'pPt·t~·,:,~1'i I·7~H'tdop(\d.lr~l dll Din-itu Bra-sllpl:'O" \'ed. :H3. pú~. l64 -- P:"drio POdí'f
JANEIRO A MARÇO - 1968 81
sub judice, segundo o entender de SADYCARDOSO DE GUSMAO à página 166,volume 36, do Repertório Enciclopédicodo Direito Brasileiro, verbls:
"Deve ser entendida com reserva aaflnnação de WASHINGTON DEBARROS MONTEIRO, de que "o poder é simultâneo, mas o exercício édo marido com a colaooração damulher", visto como a lei pressupõeo exerciclo em comum, quando diz"divergindo os progenitores quantoao exercicio do pátrio poder", Embora haja de prevalecer a decisão domarido, a mulher terá direIto a recorrer ao juiz."
De qualquer forma, aos jurisconsultosrestará apenas a interpretação dos limiteS da cooperação da mulher e nuncaquanto ao relêvo e necessidade da participação materna.
Vemos, assim, estar desajustada frenteà moderna concepção de pátrio poder,a mencionada definição de CLóVIS BEVlLAQUA. Muito mais atuaLLzado o pensamento de PONTES DE MIRANDA que,em síntese, conceitua o Instituto comosendo o conjunto de direitos concedidosaos pais, a fim de qUe graças a êles, possam desempenhar a sua missão protecUva em relação aos filhos. (3)
Mas nem sempre o patria potestas foIencarado dêsse modo. No antigo direitovisava muito mais ao Interêsse do paido que o do filho. Era exercido comrequintes de arbitrariedade, prepoténctae barbarismo. O pai Unha o direito devida e de morte sóbre os filhos, podendoatê transferir o dominio pela mancipatioc aliená-los. Num rápido repasse sóbreICl';islações antlgas, verifica-se a quebrutal expressão chegou o instituto.
Na Lei das Do7.C Tábuas encontravamse perversas disposições como estas: devia ser morta tõda criança Que nascessedisforme e o pai tinha sóbre ela o direitode lançá-la à prisão, flagelã-Ia e tê-Iaacorrentada nos trabalhos rústicos, vendê-la ou matá-la, mesmo Quando o filhogerisse os mais altos cargos da república. (~)
GOLDSTEIN, "Derecho Hebreo", ensina que no Direito hebraico o pai era aomesmo tempo, magistrado, sacerdote esenhor da vida c dos bens dos filhos. (~)
Entre os chineses. o poder do pai sôbreo fllho era multo grande, emoora nãofôsse absoluto. (r.)
O mestre LINO DE MORAIS LEMElembra, ainda. no seu excelente "DireitoCivil Comparado", que a Lei das SetePartidas de Castela pennltla vender ouempenhar os fIlhos, e até comê-los.
Até o século sexto da era cristã, havIaa permissão aos pais na venda de seusfilhos, cabendo a CARACALLA e a DEOCLECIANO a declaração de IlIcitude dessas transações.
Foi sob o Influxo do Direito germânicoque a antiga concepção romana de pátrio poder se modificou, passando opater familias a perder, gradativamente,seus poderes absolutos. Com a influência das novas ordens morais e econômicas, foi se desenvolvendo o reconhecimento dos direitos dos filhos e a necessidade do amparo aos menores.
Aos direitos dos pais sôbre os filhos,somaram-se proporcionais obrigaçõespara com os mesmos. De Instrumentotirano dos interêsses paternos, transformou-se em escudo prorotor dos Interêsses filiais, destinando a êstcs a tutelajurídica.
E chegou-se, assim, ao moderno conceito em que existe a bllateralldade, umareiação recíproca de direitos e obrigações, unindo pais e fllhos.
Foi-se mais além. Permitiu-se ao Estado a Intervenção na vida familiar, para Impor aos pais - quando estes distorcerem as funções tutelares da institUição - o correto exercício de um poder não mais considerado discricionário.Pode, assIm, o Estado, promover a inibição do pátrio poder, abrangendo essaexpressão a suspensão e a perda deste.
No direIto brasileIro houve uma constante evolução no sentido de se restringir, em benefício dos filhos, o pátriopoder. t o que nos ensina o autorizadoLEMOS BRITO (7), estribando-se emcomentários de JOAO LUIZ ALVES, queassim escrevia:
"O Código CIvil contém preceitosdesenvolvidos e mais precisos Que os
(3) Apud Sndy Cardoso de Ousmlo -- "~J)trtórIo F.nClc\opédlco do Dlrelto Bra5ilelro",Vol. :ui - P{\R 164.
(4) JORGE MUCCrU.o, O l\lenor e o Dlrdto,plg 128 - 1961.
(5) Apud UNO LEME, Dlfflto Cl\'l1 Comparado, p"". 230 - Nota 2. rO<laJl~.
(S) FREI JOAO BATISTA. Se Tdrn Ka6, La...110.ot", s"d~l 1 Pollur" deI Contuclonlsmo - Apud Llno ~me. obr clt. loco clt.
(7) Lemos Brito - "ObraJI COmplct.a.t;" - vol. 1- pllg. 2:'>9.
82 REVISTA DE INFORMAÇÃO lEGISLATIVA
do Direito anterior. Ê:-tc só aclmitiaa suspE'nsi'i.o do pá.trio poder pelaincapacldadc fl:-;j(~a ou moral dequem o exercia lJlI por sua ausênciaprOllJnf':~ld:l em lugar incerto 011 remoto."
O Código Civil P. realmentE', muitomais explíl'i to Seu artí~ü 394 determinaque "se o pai. ou núe. :lbusar do seujJudpr. hlt:lndu aL1S d"V"IT::' paternos, ouarruinando os bens d,)s filhos, rabe aoIui?:. requE'rcnc!o alg;1l11 parente. ou o r..IiluStl"flO Publico. aclnl.:u :l mcdid:l queI1w p~lre(:a r('clal~1aeL\ ;ll']a "egmança do111pnor c seus !lavercs. s·.lspcndendo, até.quando convenha, o patriu poder".
E lJ ."cu ,)ara~raf0 únko amplia os easos de suspells;'lO. prpcdtu;uldo qu(' "sus[lf'ncle-sl' iv;ualmentc () ('xercicio do patrio p"dcr. ao pai ou müe condenadDspor senU'll~'a Irrecorrível. em crime cujapena exrecla de dois ano,; de prisãu.'·
Mais rigiclo. aind:" o a rt igr) 3~5 doCórlíp;o Ci\'il qlW prevI; ll:11a verdadeiraeapitis diminutio ma:dma con tr:l os paisilH':.lpa,es, ísto é', a perda do pátrio podercomo consl'qüfncia da gra vldade dos motwos ali enumerados.
Diz () citado artig'll: "Perder:1. por a tojudicial u patrio jJOder o pai, ou mi'i.c:
qlH' castigar imoderadamenteü filho.
11 que o deixar em abandono;
IH que pra tlcar a t,)S contra rios b.llloral l' aos bons costumls.
O ClHlígo ele Jl.le:lOres ,Decreto númE'fi) 17943-A. 0(' l~~ ele ou1 ulm) d" 1927 ' ,eomo IPi l'spccial. tornou, no dizer deLEMüS 13IUTU. de certo modo aindamaIs Sl'\'('I"OS, por mal;; Cl.l]'(JS I' purmellorizados. Uói dlS~)()'itl\'OS clr. Cúdigo Civil.E registra as p;davra,; el(' JH.PROVANDOFLEURY. em seus "Con;vntarios ao CÓdigu de :\1cllllre:)'. ;lagill~1 7U:
"As Illccl!cbs elo Codwo Civil, pnn~
cipallllcn te :1'; do an i.!':u 3~J5) furam:lmpll,HLls ]l('i;1 I:(I\';L kgisbçao,atenciCl,dr. inclisc\ltinl111enl.t', ele modt! eficaz, ~,s l;('ccs:;k;ldc~ l'vldentesde ordem .111rid:ca e :;lJcial, cll' povobrasil!'Íro" I' J
Todo O Capitulo V do C'Jclig(} cl~ 11enon's r" Con,;:lgraclo i1. inilill':w elo p:í.triopoder (~ a n'mor~LO eia tl\pb. clesc!obranc!u-sp ;l matt"'ria em :24 artigos eSl'll.' p:ll"a~:rarlls ~T~lCJ\lcle cÍlpluma o as.,1I::'!ú fui clC'sc'nvu]Ylciu L' ,':s\l'matll,aclo,
enquanto que o Cóeligo Civil l' (} CodigoPenal limit.aram-se a trrLtá-Io C~J.(I:l qualno campo de direito que llll' e adstrito.
o Código Civil OCUIJCl-sr. primeiramente, da suspensiío do pátrIO podlT. r,em sl'guidCl. d~\ ~tU perda. Inver:-;anwlltl'o faz o Cõdig,) de :-"h'nOfes
Mas isso {o incliferell te. no di!.er deBEATRIZ MINEIRO: "uma qUl'sti'i.o clt'método sem Import:úll'ia. IJllh LlIIto fa!.comee:ar pelo mais gr8.\'l' COll:O jlelO 111Pnos gravc·'. '~'I
Xi'i.o jnrursitJ~1ar('mos pelo ('ampo do.scódIgos Pl~nal (' elos Ml.'norei; Estaríamos ultrapass:mdo 1)'; lill1ll.es clJtaclu~ pelo titulu da pre,'icntc I)('squisa FJqucmos, portanto, com o pátrio ]loder t:l1qual está capitulado no C0l~lgO Civil,passando agora ao estudo clu raio eleat,'iío do instituto.
O artigo 384 clf'tenl1ina as fnlllti'ir:,sd~L competéncia atribuída ao,; p:llS. no~xercicio clo ]ia t riu Iloder Di!. de
"Compete ao~ pais. qu;unu ;t pc,'slIadus fllhus menures:
I - dirigir-lhes a ['fL\('~lO l' educaçi'i.o;
11 - tê-los em sua comlMnll1:l cguarda;
IH - concrder-Ihes, ou llr~ar-lhcs
consentllllento para rusa!'('m;
IV - l1ome:1[-lhe5 tutur. por testamcn to ou clurumcntu a Iltl'll t )(,0, se ooutro dos pais ll:e nelO SObIt'VlVl'r. OHo sobreviVe) n~J.o pudc'r rxercltar o]l~itrio poder:
V - rl'[lresclltá-los. at6 aos ci{'zrsseiS anos. nus a tus da vid~t civil. l'assi.'.;U-]u..." a1)(')~ t's~~a i<i;i.d{' t~o:--: ~I ~ [~;;
UH que furem j1:,rtcs. suprindo-til!':)() con,;entillll"l1to;
VI - redan: :1.-10:-; de quC'm i le~~dmente os cletcnln:
VII - exígu' quc 1l11' prestem obecii"l1ci:1. l'l's]H'i10 E' (Os ."['nicos jJroprj(),; dE' SUJ idade r rnndIC;!ll,"
As"istl-Ihc:,. ~,illd:~ I!ui., um dir,:t"que :lpcsar di' tÜO CIJt:.-Lir eXl)rt":"'\111('nt(' dl's.':t rc!:wClI). ('!l\(' r~l' d:l !l"d:: '<LI I
elo arUgll :.l~'') I' o C!lrejl!l dr C,:>!;!':,r
I;' CL I.E~>Ic)--; l~,n~':'~).
~ll HI'ílIL,' ;,1.I:f c:-.' (·úd~.!.;., dll~ .'kllllrl' ... ('IJ-
fll~'IILulo, ~).l :,....
__________ JANEIRO A MARCO - 1968 83
moderadamente os filhos. Nesse sentido,temos o pensamento de JORGE MUCCILLO:
"Embora não conste do elenco o dIreito de castigar moderadamente osfllhos, reconhece-se aos pais êsse direito, tanto que o art. 395 determinaa perda do pátrto poder ao pai oumáe que "casUgar Imoderadamenteo filho", donde concluir-se que ocastigo moderado é permltldo."
De idêntica opinião, BEATRIZ SOFIAMINEIRO afirma textualmente:
"Entre os direitos que a lei reconhece aos pais está o de corrigir os filhos; essa faculdade é um coroláriodo direito de lhes dirigir a criaçãoe educação. Embora o nosso CódigoCivil não a mencione expressamente, ela se deduz da combinação doseu art. 384, n.1) I, com o art. 395,n.o I; desde que é proibido ao pai eà mãe castigar imoderadamente ofilho, lhes é licito castigà-lo moderadamente.A lei níio se ocupa, e a nosso ver,com tóda a razão, das pequenas punições domésticas infllgidas pelospals aos filhos para emenda .moraldêsWs. Só os pa1B podem conhecerbastante o caráter dos filhos, parasaber quais os meios a empregar nacorreção; c um texto legal precisandoêsses meios, teria podido servir paraencobrir muitos abusos; o papel dolegIslador em tal matéria deve limitar-se a impedir os excessos e reprimIr a punlção imoderada." (tO)
SADY CARDOSO DE OUSMAO, emsíntese que, por sua clareza, identifica apena inteJlgente do autor, equaciona oproblema do exercicio do pátrio podersuborcUnando-o a dois aspectos: Quantoàs relações pessoais e quanto às relaçõespatrtmoIÚaIs .
"O pátrio poder, em seu exerelcio,compreende os seguintes direitos e deveres para os pais em relaçlí.o à pessoae aos bens dos t1lhos.
Quanto às relações pessoais, estas sãoenumeradas no art. 384: a) dirigir-lhesa crtação e educação, dever que decorretambém de outras disposições civis, penais e até constitucionais, compreendendo: a escolha da educação é instruçãoe respectivo mestres e educandários. Emcaso de dIvergência entre os pais cabea intervenção do Juiz. O processo será
o previsto para suprimento do consentimento pelo Juiz de familla, ou de menores, conforme o caso, ou atormal, se h,laver demanda entre os pais; b) tê-los emsua companhia e guarda, ressalvada ahipótese de separação, em se tratandode desquite, anulação do casamento oua sJtuação decorrente de reconheclzziento, ou, ainda, da separação de corpos, oque impUca o iWl corrlcencU, desde quemoderadamente exercido (Cód1go Civilart. 395, I, Código de Menores, arts. S2e seguintes); c) conceder-lhes, ou nelttlrlhes consentimento para casarem observadas as d1spos1ç~ dos a~. ias e186 do Código Civll, que não foram alteradas pela Lei n.1) 4.121; d) nomear-lhestutor, por testamento Ou documento autêntico, valendo a nomeação do adotante, salvo se sobrevivem os pais naturais se puderem exeteer o pátrio poder; e) representá-los, até os dezesseisanos, nos atos da vida civil e a.ssl.stl-Iosapós essa idade, até a maIoridade ouemanclpação, nos atos em que torempartes, suprindo-lhes o consentimento;f) reclamá-los de quem llegaJmente osdetenha, inclusive recorrendo ao habeascorpus, embora êste possa ser Impetradopor quem quer, e até pelo menor púbere,como se vê da 1et; c) exigir que lhep~stem obediência, respeito e os servtçosproprlos de sua idade e situação, semexcessos, porque tais excessos se reputam sevicia. :l!:.stes são de ajuda no domJclJio, ou obsequiais, mesmo porque oCódigo de Menores proibe ou restringeos servIçOS e o trabalho, em detertn1nadas condições: com risco, ou perigo paraa formação intelectual e moral do menor(arts. 26, 34) e fixa a idade de 12 anosalém de outras exigências em relaç~ao trabalho do menor,
Nessas relações patrimoniais deverse-ão ter em conta, no interêsse de paise tuhos, as disposições dos arts. 385 a391 do CódIgo Clvn, tendo presentes asmodificações trazidas ao instltuto pelaLeI n.O 4.121, de 27 de agõsto de 1962.
Na forma do art. 385, o CódIgo estabelece que o pai e, na sua falta, a mãe,são os administradores legais dos bensdos fllhos Que se achem sob o seu poder,com ressalva do disposto no art. 22:'>, ouseja, nos CQSOS de infração do art. 183,XIII, relativo a impedimento impediente, 1mpllcando a perda do usufruto legal.
(tO) Beatriz Mineiro. Obro clt.. Plo«· 55.
84 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
:lste é inerente ao exercício do pátriopoder, de acôrdo com a ressalva supra(Código, art. 389)," (11)
Conforme determina o art. 392 do Código Civil, o pátrio poder extingue-se:
I - pela morte dos pais ou dotuho;
11 - pela emancipação, nos têrmosdo parágrafo único do art. 9,°,Parte Geral;
111 - pela maioridade;
IV - pela adoção.
De clareza meridiana, êste dispositivonão comporta maIores indagações. Apenas quanto ao item IV, não é inútil assinalar que a adoção extingue o pátriopoder do pai natural, art. 378, in verbi.s:
"Os direitos e deveres que resultamdo parentesco natural não se extinguem pela adoção, exceto o pátriopoder, qU€ será transferido do paInatural para o adotivo."
Mas, como vemos, o !Uho adotivo nãotlca por ela emancipado, permanece soba autoridade do adotante, que poderáperdê-la desde que ocorra uma das circunstâncias enumeradas no art. 392,números r, II e ITr,
Cumpre observar que a Lei n.O 3.133,de 8 de malo de 1957, modificou a redação do Código Civil, permitindo a adoção aos maiores de trinta anos de idadee impondo a diferença minima de dezesseis anos entre a idade do adotante e ado adotado. Aos casados, só depols dedecorridos cinco anos de casamento perrnttiu-se a adoção.
Esta última norma não foi incorporada ao projeto do Nôvo Código Civil, osendo, entretanto, as duas primeiras.
Vale mencionar, também, a Lei número 4.665, de 2 de junho de 1965, que permitiu a legitimação adotiva do infanteexposto, cujos pais sejam desconhecidos,ou hajam declarado por escrito queaquêle pode ser dado a outrem; bemassIm do menor abandonado propriamente dito, até a idade de sete anos, ecujos pais tenham sido destituídos dop~trio poder, do órfão da mesma idade,nao reclamado por qualquer parente pormais de um ano; e, ainda, do filho natural reconhecido apenas pela mãe, impossibilitada de prover à sua criação.
Mais um caso de legitimação adotivacontempla essa lei, no parágrafo 1.0 doart. 1.0: a do menor com mais de seteanos de idade, quando à época em quecompletou essa idade, já se achava soba guarda dos legitimantes, mesmo queestes não preenchessem as condições exigidas,
O projeto do Nôvo Código Civll introduziu o instituto da legitimação adotivano seu texto (arts. 236 a 238), e, justificando-a, disse a Comissão Revisora emseu relatório:
"A fim de proporcionar completaintegração do adotado na família doadotante, exigindo se proceda conjuntamente pelos cônjuges sem fllhos. Para tornar mais perfeita aimitatio familiae, corta os laços dolegitimado com a família de origem.Sua incorporação ao direito pátrioparece aconselhável, não só pela evidente superioridade em relação àforma tradicional da adoção, comoporque, preenchendo uma lacuna,evitará a prática em voga de atribuir-se a filho de criação, mediantefalso registro, a condição de legitimidade,"
O menor, ao atingir a maioridade, adquire o pleno gôzo dos direitos civis, ficando o pátrio poder extinto por faltade finalidade, eis que não mais existeo incapaz, o mesmo sucedendo com a tutela.
A menoridade cessa, e com ela a incapacídade dos menores:
a) ao completar vinte e um anos deidade;
b) por concessão do pai, ou se formorto, da mãe, e por sentença dojuiz, ouvido o tutDr, se o menortiver dezo;to anos cumpridos;
c) pelo casarnenw;d) pelo excrclcio de rmprego llúb1íco
efetivo;
e) pela colação de gra li científi~u
em curso de ensino superior;f) pelo estabt'lecimento civil !>ll co
mercial, com economia prlijlrl.l
Para efeito do alistamento l' do :'iorteiomilitar, cessará a incapacidade do n1Pnor que houver completado dezoito anos.
OI) Repert. cit, pá>;. 166.
JANI'IO A MARÇO - 196. '5
fi - INCAPACIDADE CIVIL
Ineapac1dade é, em DireUo CivU, afalta de aptidão conalderada pela leI Impreaclndivel para pratlcah- vàlldamenteOI atos da neta civU, por ld ou por outrem.
A incapacidade pode ser absoluta ou·~relaUva, de modo que, pela prlmeira, apeuoa, por falta de aptidão, não podeter o exercicl0 peasoal dos seus direitoschia; é a incapacidade de fato; relativamente Incapazes são as pessoas que nãopodem exercer detennlnados atos davida e1vil sem ass18t.êncla e autorizaçõessob forma legal. (12)
Todo homem é capaz de direitos eobrigações na ordem clvU, preceitua oart. 2.° do CódIgo Cinl Brasileiro. Aconteee, porém, que algu.na não podem exercê-la, devido a certas circunstâncias prevlatas em lei, como a menoridade, aloucura etc. Dai a dtattnção da capacidade de ,ÔZO e capacidade de exercício.Os ineapua têm sômente a capacidadede gôzo e os capazes têm esta e ma.ls ade eurcle1o.
Costuma-se elaaalficar a capacidadeda maneira que se segue:
1 - Capacidade de fato ou capacidade reral é a aptidão que temo Individuo de exercitar todosos seus direitos, podendo praticar todo e qualquer ato davida civ1l por ai só;
2 - capacidade de direito ou especial, assim se denominandoaquela que é Inerente a tôdasas pessoas. Compreende o gõzodo direito, ainda que seu titularnão possa exerce-lo por si SÓ.O menor, por exemplo, temcapacidade de direito, 1800 é, ado gôzo de direitos, mas nãotem a de fato, ou I'eral, ou seja,a capacidade de exercer por sisó os aoos da vida civil. Devemos essa distinção ao genialTEIXEIRA DE FREITAS, quetratou do a&SUDto DOS artB. 21e 25 do seu esbôço.
A capacidade civil, essa de que nosfala o art. 2.° do C6digo, já citado, peloqual todo homem é capaz de direitos eobrigações na ordem civil, pode ser plenaou limitada:
a) pleD~ a. atrlbu1da a tôdas as peasoas aptas para gozar e exerceros seus direitos, podendo pratJcar
por ai só todos os atos da vidacivil, sem restrição de espéc1e alguma;
b) limitada ou relativa é aquela quesofre restrições, Inerente à.s pessoas que, para a prática de certosatos, necessitam da assla~ncladeseu representante legal, ou de suaautorização. Ex.: a capacidadedo menor, a da mulher casada, ado s1lvtcola e a dos pródigos. (.)
A capacidade juridlca, ou como diz oCódIgo Ctnl (art. 4.°), com ma18 propriedade, a personalidade civil do homem,começa do nascimento com vida. Mas aleI põe a salvo, desde a concepção, osdireitos do nascJturo. "HA quem aftrmeque a pel'ROnalldade ou capacidade deg6zo, longe de prlnclptar com o nascimento e cessar com a morte, pode considerar-se Independente da vida humana, pelo menos em certos casos, a saber:a) o nascituro ou concepturo pode tercUrettos protegidos pela lei; b) o ausente, ainda que haja tódas as probabllldades de ter morrldo algures, continuaa viver JurldJcamcnte e até pode adquirir heranças e outros direitos, durantea curadoria dos seus bens; c) as doaçõespara casamento aproveitam aos filhosque os nubentes donatários ainda venham a ter; 41) 08 t1detcomlssários são,quase sempre, pessoas ·futuras. 2s&escasos, porém, não autorizam a conclusãode que a personalidade é Independenteda vida humana, porque, no caso daausência, enquanto não decorre o prazo,findo o qual o ausente se presume morto,há uma presunção de estar vivo e umcurador que o representa. Nos outroscasos a personalidade é condicionada,sujeita à condição suspensiva de o nascituro vir a nascer com vida e fJgurahumana." <Cu.nha Gonçalves.)
A capacidade assume modalldades,conforme o fim para o qual se tornenecessária. Assim, temos a capacidadepolitlca, a contratual, a processual, amatrimonial, capacidaJe de dispor, deteatar, etc. (18)
(.) A Lei 11.0 4.121. de 2'7 de acfIsto de 11162,e&clulu, dentl'e u Pfl3IIOU enumen.c1u noart. S.o do Côc11g0 Clv1t, como IncaptlZMrelativamente. as mUlheres C&II6c1u.
(12) Cf. TUa lduller Leite - Dlclo~o 11111dlco BruUdJ'o.
(13) Jc* N'ufel - N&ro DtdolÚrlo larfcUcoBruUelro - Vol. I, pag. 280.
16 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
N0880 Código Civil d1stingue, quanto à1ncapacld~e, do1B tipos de pessoas: asabsoluta e as relativamente Incapazes.Du primeiras, trata0 artigo 5.0:
"São absolutamente incapazes deexercer pessoalmente os atos da vidacivU:
I - 08 menores de 16 anos;
II - os loucos de todo o gênero;11] - os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade;IV - os ausentes, declarados taispor ato do juiz."
As segundas estão arroladas no ar-tigo 6.°:
"São Incapazes, relativamente a certos atos (art. 147, n,o 1), ou à maneira de os exercer:
I - os malores de 16 e menores de21 anos (arts. 154 a 1M);
11 - os pródigos;
111 - os silvícolas."
Com relação ao art. 5.°, CLóVIS BEVILAQUA teceu as seguintes consideraçóes:
"As incapacidades de que tratamêste artigo e o seguinte, são de fatoe não de direito. As pessoas aquiconsideradas, por isso que o são, nosentido jurídico, têm direitos, masnão os podem exercer, ou de modoabsoluto (artigo 5.°), ou relativamente a um certo número dêles (artigo 6.°).
O n.o I dêste artigo, inclui, entre osabsolutamente incapazes, de fato, osmenores de 16 anos, equiparando-seos dois sexos. Diversamente dispunha o direito anterior por influênencia do romano e do canônico, quetomavam por base a puberdade, atribuída à mulher aos 12 anos e aohomem aos 14. Mas, em primeirolugar, nâo é a aptidão para procriar,que nos deve servIr de base, quandotratamos de examinar se o indivíduoestá ou não em condições de tomarparte ativa nas relações da vIda jurídica. lt ao desenvolvimento mental,aJ poder de adaptação às condiçõesda vida social, à fõrça de resistênciacontra os perigos, que a perversidade, profusamente, espalha na sociedade, que se deve atender, paraafrOUXarem-se os liâmes da tutela
da lei, e permitirem-se as experiências da atividade livre. O ponto devista da capacidade genésica é limitado; o campo do direito civil é maisamplo, como reconheceu a inteligência perspicaz de Teixeira de Freitas(Esbôço, art. 63, nota),
Em segundo lugar, não há razãopara distinguir os indivíduos, sexualmente, quando se trata de apreciar a sua aptidão para agir no circulo da vida civil, quando se examina se sua consciência das coisasjá adquiriu certo desenvolvimento,se a sua vontade se afirma dirigidapor uma inteligência normal, se asua adaptação ao meio se efetua, satisfatóriamente .
Os menores de 16 anos não podemexercer por si só os aws da vidacivil. A validade do ato jurídico requer agente capaz (art. 82). As pessoas absolutamente incapazes sãorepresentadas por seus pais, tutoresou curadores (art. 84, primeira parte). Pra tlcados por pessoas absolutamente incapazes, os atos juridicossão nulos (art. 145, Il. Todavia, sealguém, no cumprimento de umaobrigação anulada, tiver pago alguma coisa a um incapaz, poderá reclamar a restituição, provando queêsse pagamento reverteu em proveitodo incapaz (art. 157). Vejam-seainda os arts. 1.259, 1.260 (empréstimos a menores) e 1.627, I (facçãotestamentária, ativa)." (14)
E, com respeito ao art. 6°, comenta omesmo renomado autor:
"Os menores entre dezesseis e dezoito ou vinte e um anos, como os púberes do direito anterior, e melhordo que êles, possuem certo discernimento, já adquiriram, no seio dafamilia e no contato com a sociedade, certas noções de moral, de direito, e de prática da vida, que os habilitam a tomar parte direta nas relações jurídicas, ainda que não possam dispensar o auxílio e a autoridade dos pais ou dos tutores, Sãorepresentados por seus pais ou tutores nos atos que o Código determina (artigo 84); as suas obrigaçõessão anuláveis, quando não autorizadas por seus legítimos representan-
(14) Código Civil Comentado, VoL I, pág, 193.
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tes (art. 154). Vejam-se ainda osarts. ]55 a 158. 387, 388, 390, 391, 424a 428.
O maior de dezesseis .. anos podeser mandatário extrajudicial (artigo 1298); fazer testamento (àrtlgo 1.627, n; contrair casamento. obtendo autorização da pessoa, sobcuja autoridade estlver (art. 183,XI), com a distinção estabelecidapara a idade nupcial dos dois sexos,dezesseis anos para a mulher e dezoito anos para o homem (art. 183,XII); ser testemunha nos atos juridicas (art. 142, llI, e 1.650),"
BULHOES DE CARVALHO, em seu excelente livro "Incapacidade Clvll e Restrições de Direito", procura demonstrarque os menores de dezesseIs anos, pelopróprio sistema do Código, têm, quandoJá capazes de falar (saidos da Infância),capactdade mais ou menos restrita paraa prática de certos atos jurídicos, isto é,têm capacidade relativa.
Aponta, ali, o Insigne doutrtnador, várias exceções quanto à Incapacidade clvUabsoluta dos menores. Entre outras, podemos anotar as seguIntes: o de reaUze.rpequenos negócios jurídicos, comprar,vender jornais, executar serviços: engraxamento, fazer transporte remunerado, excluldos os trabalhos proibidos amenores de 14 anos pelo Código de Menores e Consolidação das Leis do Trabalho (.), aeeltar doações puras. nostêrmos do art. 1.170 do Código Civil,requerer a nul1dade do seu casamento,aceitar empréstimo dentro das fôrças doseu pecúlio (pecúlio castrense e quasecastrense) e numerosos outros.
Alongou-se, ainda, o autor, em oportunas considerações quanto à extensãoda nossa lei aos absolutamente incapazes, demonstrando o problema resultante do artigo 5.° do Código Civil em combinação com os artigos 145 e 146.
Não há como discordar de SADYGUSMAO, quando - no seu verbete"Menoridade", repertório citado, vol. 33,pâg. 174 - afirma que Bulhões de Ce.rvalho, naquele livro. pràticamente esgotou o assunto. Realmente, a obra écompleta e a ela remetemos os Interessados que quiserem se ap.ofundar namatéria.
Julgamos, entretanto, de bom alvitretranscrevermos aqui - pela clareza dasintese - as consIderações em tômo do
art. 6.°, feitas por Sa.dy Gusmão no verbete mencIonado:
"Os menores de vinte e um e maiores de dezesseis anos enumerados no art. 6.°, I, do Código ClvU,são consIderados Incapazes relativose por isso mesmo não são representados' mas assistidos por seus pais(aquêle que exerce o pátrio poder)ou tutores nos atos da vida civll.embora o pai seja o cheCe e representante da famma e tenha a administração e o usuCruto legal dos respectivos bens, ressalvados os enumerados nos arts. 390 e 391 do CódigoCivil c restrita a assistência ao direito de disposição e como suprimento no referente à. capacidade.A lei lhes outorga outros direitos, independentemente de assistência deseus pais ou tutores, tais como odireito de petição e representação(Constituição, art. 141, f 37), (U) ode requerer habeas corpus, o de alistar-se no serviço mllltar ainda antes dos dezoito anos, e nesta idadealistar-se eleitor, inscrever-se emconcursos públicos e estabelecimentos de ensino e hospitalares e outrospermitidos a menores em geral.Podem também contratar empréstimo. administrar pecúlfo seu, ou seja,o conjunto de bens enumerados nosarUi. 390 e 391 do Cód. Civil, nos limites supra e na conCormldade doart. 1.260 do mesmo Código. Podem,ainda, contratar locação de serviços,a aprendizagem, requerer carteiraprofissional, tudo de acõrdo com osarts. 402 e seguintes da ConsoUdação das Leis do Trabalho, fIcando osmenores de dezoito anos sujeitosnão SÓ à fiscalização do M1nistériodo Trabalho como também à do Jufzo de Menores."
De passagem e na finalização dêstesubtitulo, deve-se registrar, ainda, que aIdade núbil é 11 de 16 anos para a mulhere 18 anos para o homem, não se anulando, todavia, o casamento por defeitode Idade. se do mesmo resultou gravidez.
(0) A C<l!l4Utulçlo dll 18e7 fedm:lu essa IdadeILml~ para d07..e aDoa (art. ~7, X).
(00) O autor se retere ali 1 C<lnaUtulçAo de lHe.26M dt~lto. entretanto. sub.latlu com °texto COt1Jõtltuclonal de IlM17, art. ISO. I 31.):"8 &8liCKUl1u10 a qualquer pesaoa o eslreltode repreaentaçlo e de petlçAo &Oll r -deresPObllCOll, em defesa de dlrelColl ou ....entraab~ de autorIdade."
88 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
além de admitir-se o casamento paraevitar a imposição de pena <Código Civil,arts. 214 e 215, os quais não se devemreputar revogados pela legislação especial de menores).
São consideradas sanções penais asque são impostas pelo Juiz de Menores.desde que haja restrição à liberdade, nosdelitos sexuais.
111 - RESPONSABILIDADE CIVIL
o principio gera] da responsabilidadecivil está expresso no artigo 159 do Código Civil:
"Aquêle que, por ação ou omissãovoluntária, negligência, ou imprudência, violar direi to, ou causar prei uízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano."
A violação de um direito ou o danocausado a outrem por dolo ou culpa êato ilícito, portanto.
O dolo consiste na Intenção de ofendero direito ou prejudicar o patrimônio poração ou omissão. A culpa é á negligência ou imprudência do agente, que determina violação do direito alheio oucausa prej uízo a outrem. Na culpa há,sempre. a violação de um dever preexistente. Se êsse dever se funda em umcontrato, a culpa é contratual; se noprincípio geral do direito que mandarespeitar a pessoa c os bens alheios, a~ulpa é extracontratual, ou aquiliana.
tstes os comentários de CLóVIS( obracitada, pág. 449) ao artigo supracitado.
O dispositivo seguinte (art. 160), des'caca atos que. embora possam parecerviolações de direitos, não são atos ilíciws:
'Não constituem atos iLcitos:
I - os praticados em legítima defesa, ou no exercício regular de umdireito reconhecido;
11 - a deterioração ou destruiçãoda coisa alheia, a fim de removerperigo iminente."
E o seu parágrafo único configura oabuso do direito, que, embora de aparência legítima, importa num desvio da ordem j urídjca:
'~este último caso, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o t<Jmarem absolutamente ne-
cessário, não excedendo os limitesdo indispensável para a remoção doperigo."
Assim, são três as figuras jurídicasque excluem a tlicitude do ato: legítimadefesa, estado de necessidade e exercício regular de um direi to.
A legítima defesa, na observação deKOHLER (l;'l não é, em rigor, um direitü distinto, c, sim, uma faculdade queemana, diretamente, da personalidade, eé da mesma categoria das faculdades deexercer o direito e dêle gozar. Se legitima desde que ocorram os seg'..lin tes reqUiSItoS:
a) que a agressão seja injusta. iswé, que constitua um ato contrárioao direito, porquanto qui suo jureutitur neminem lo~dit, contanto,é bem de ver, que i:sse uso dodireito seja regular;
b> que seja atual e não uma apreensão do que possa ou vá acontecer, e, muito menos, o desforçode um mal já passado;
c) que seja inevitável a agressão eimpossível o socõrro oportuno daautoridade;
d) que a repulsa não exceda o necessário para efetuar a defesa,
O Estado de necessidade se retrata nasituação em que o direito de um individuo se acha em conflito com o direito deoutro, e o conflito se há de resolver pelodesaparecimento ou cessação transitóriado direito me'1OS valioso do ponto devista ético e humano.
Pelo nosso diploma civil, art. 156, omenor, entre 16 e 21 anos, equipara-seao maior quanto as obrigações resultantes de atos ilícitos, em que fõr culpado.
Na exegese dêsse artigo, CLóVIS as-sim se pronunciou:
"O menor, que comete um crime oucausa um dano civil, deve responderpelos prejuízos causados a outrem,não em atenção à sua culpa ou aseu dolo, mas porque todo dano deveser reparado por aquêle que lhe deucausa, agindo sem direito, contra odireitü, ou abusando do seu direito.O Código usa da locução em que fôrculpado, não para fazer depewlpr a
(15) Apud Cl6vls. obro clt .. pág. 451.
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responsab1lldade da culpa, mas paraestabelecer o nexo da causalidade,porquanto, se o menor não tem capacidade para agIr licitamente, nãoa deve ter, em regra, para agir 111cltamente."
A capacidade do maior de 16 anoa emenor de 21 anos é presumida. JOS~
«lE AGUIAR DIAS (lC) ensina que "caberá ao representante de ca.da um (nocasa, o representante do rnr.nor) provB.rque o representado não pode ser responsabilizado por lhe faltar o elemento queé a sua própria alma: a lmputabllldade,o que. arma!, terá por efeito ~medlaw atransferência, para o representante, daresponsabllldllde atribuida ao representado".
Resta-nos, finalmente. as con5idera~õcs em tôrno do pa.rágrafo único do artigo 1.518 e do nrt 1.52], 1 e II:
"AJ'i. 1.518 - . .
ParáP'2fo único - ~ão solldàrtamente responsáveis com os auk>rt's,os cúmplices e as p(!~~oa.'i designadas no art. 1.521.""Art. 1.521 - São também responsáveis peUl reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menoresque estiverem sob seu poder e emsua companhia;
11 - o tutor e o curador, pelos pupUos c curatelados; que se B.charemnas mesm~ (;ondlçn(':"."
Em csc6llo dp r.:lnl1;.~s ~.ranscrevemos
por oportun~ e atu9.11zada.s -as palavras de VlCEN'rF. 8AOlNO JaNtOR: (11)
"Achando-s~ .,;ob a guarda do!': pais,respondemo éd.es pelos ato! UicH.[)Sprat1cado~ }'e'o menor de dezp.sselsanos, :o;olld:\.hmente, segundo a regra do ",:.t. 1.518, combinado com oart. 1.5~1. n.O l, do Código Civil. RE>zao último dispositivo: "São tamb~m
responsáveis pela reparação c~vU:
I -- os pais. pelos Ulhos menoresque estlverem sob seu poder e emsua companhia."
O i>rlndpio é o mesmo quanto aos tutorell e curadores, em relação aos atospraticados pelos seus PllpUOS ou curatelado~ (Código, art. 1.521, n.o IlJ.
Para que essa responsablUdade se efetive, necessário se faz Que o menor este~a sob o poder e em companhia dospais, tutores ou euradores. Diz bem
PONTES DE MIRANDA que "0 elementode llgação é a luarda; se ti guarda é indevida, ou quem devia. guardar o menornão o guarda, ligado fica. quem o deviaguardar e não guardou, ou confiou, ouaquiesceu na guarda por outrem. E épossivel que o guardador efetivo também fique responsável pelo ato Uiclto domenor".
Responderá pelo dano c1vU causadopeJo menor o progenitor que o tiver soba sua guarda, conforme acórdo ou determinação Judicial, ainda que o outroviva no mesmo lar. Em caso de desquiteou anulação do casamento, embora persista o pátrIo poder, responderá o progenitor em cujo Ia.r Irá viver o filho (.).A regra é, poIs. que a. responsabil'.(,~e
cabe ao progenitor que tem a guard ... dofilho menor, porque emana ci~ cl.tpain vigilando daquele que () wm <;81 suacompanhia. Aflguro-se esta a soluçãomais consentânea com o preceito do artigo 1521, n.o 1.
Como é natural, a regra admite exceções. Casos há de rcsponsab1l1dadc deambos os pais; quando os tuhos, porvontade dos pais, ou del.crminação dojuIz, fiquem na companhia de outrem,para criar, ou como preposto ou empregado. A razão dessa res;>onsabUidadeestá em que o progenitor que assim procede viola o dever legal de ter o fllhoconsigo. ( ... )
A rcsponsabllldade dos pais pelos atosnocivos dos lllhos menores decorre dasua próprta culpa, porque (a observação é de LUIS DA CUNHA OONÇALVES(1I1)) os atos illcltos dos menores se presumem devIdos à n>lação de dlsclpllna.
Essa responsabUldadc, por~m, s6 dizcom os tlIhos menores de dezesseis anosde Idade, porque o menor entre dezesseise vInte e um anos é eQuiparado, pelocódigo CIvil, art. 156, ao maior, quantoAs obrigações resultantes de atos meltos,em que fôr culpado. Mas, os pais responderão solldàrtamente, se se prova.rque concorreram para. o dano, por culpaou neglIgência de sua parte (art. 1.523).
(.) A R'Uarda d"", rnhos menore.a está rrgUllld&pelos arta. J2S a m do Código ClyU. peloDecr~to-J..el n." P.'01. (le 3 de aetembro de19~ (em ea60 d~ dellQult.e Nl1lcJall e peloCódigo de Menores.
(lI) Apuel JOJ1l;fI Muoclllo, obro clt., p6g. 123.(17) Direito e Guarda do f11ho MenDr, Jléc. n.(18) Cunh.\ aOD~I"'ee. Printfplos de Dtmco
etri1 - Apeld Vicente BablDo Jllnlor. obro~It. p,«. 49.
90 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
Distingue, assim, o Código a responsabilidade direta dos pais, tutores oucuradores pelo dano causado pelo menorabsolutamente incapaz (art. 5.0, n.o I),que estiver sob a sua guarda e em suacompanhia, ou na companhia de outrem mas a sua guarda, da resultante deato danoso praticado por menor relativamente incapaz (art. 6.°, n.o n, sob amesma guarda ou companhia, porque esta é uma responsabilidade solldária, combase na culpa in vigilando.
A propósito. não são unànimes os civilistas. Se. como entendeu Clóvis Bevilaqua. a responsabilidade dessas pessoasse funda na culpa e deve ser objetivamente provada, pensam outros que temorigem na presunção juris tantum daculpa, a ser ilidida pelos meios competentes.
O Código dos Menores dirimiu a questão. em seu art. 68. § 4°, estabelecendo aresponsabilidade dos pais ou da pessoaincumbida legalmente de sua vigilância,enquanto não provarem que não houveculpa ou negllência de sua parte."
IV - O PROJETO DO NOVO CÓDI·GO CIVIL DE AUTORIA DOPROF. ORLANDO GOMES
o projeto estabelece novos limites àincapacidade. Fixa em dezoito anos avenia aetatis da maioridade (art. 5.o!,fazendo cessar aos quatorze anos a incapacidade absoluta (art. 6.01 e aos dezesseis anos, a relativa (art. 7.°).
Segundo o projeto, soment.e serãoanulaveis os atos praticados pelo menorrelativamente incapaz, sem a devida assisténcia, se importarem prejuíw a seupatrimónio (art. 10): a emancipaçãoocorrerá aos dezesseis anos de idade, suJeito o ato à homologação do j l1iz, podendo ser cassado, se o menor emancipado demonstrar incapacidade de geriros bens (art. 11).
A idade núbil passará a ser para ohomem e a mulher, respectivamente, deI.esscis e quatorze anos I art. 91); quemtiver a guarda de menor, responderá.por sua. direção, educação e vigilãnciaI art. 303): aos estabelerimentos destinados à assistência e proteção da infância, conferir-se-ão funcões tutelares (ar-tigo 3041. "
Introduz o instituto da legitimaçãoadotiva.
Essas as principais alterações constantes do projeto, que sistematiza a matéria em quatro livros: Pessoas, Família,Coisas e Sucessões,
As Obrigações não foram ali consignadas, por serem objeto de Código específico.
DISPOSITn'OS DO PROJETO mr'CóDIGO CIVIL DE AUTORIA DOPROFESSOR ORLANDO GOMES(Mensagem posteriormente retiradapelo Govêrno) E REAPRESI>;NTADOPELOS DEPUTADOS NELSON CARNEIRO E JOSÉ MARIA RIBErno,EM JUNHO DE 1966, COMO DE SUAAUTORIA (Projeto h.o 3,771/1966)
LIVRO I
Das Pessoas
TíTULO I - CAPíTULO I
Art. 4.° - Capacidade de fato - Acapacidade de exercer pessoalmenteos atos da vida civil adquíre-se coma maioridade, ou pela emancipação.
Art. 5.° - Majo~'idade - A maioridade começa aos dezoito anos.Art. 6.° - Incapacidade absoluta -~
São absolutamente incapazes:
I - os menores de 14 anos;11 - o., que, por enfermidade mental, não tiverem discernimcntz) paraa ryratica dos atos da vida civil e osqu'e não tiverem a livre disposiçãode sua pessoa e bens.Art. 7.° - Incapacidade relativa São incapazes relativamente à prática de certos atos, ou ao modo deexercê-los. os maiores de qual:<Jrzeanos.
Art. 8.0 - Representação legal ,Os absolutamente incapazes podemexercer direitos ou contrair obrigações por intermédio de seus representantes.Art. 9,° - Assistência -- Os menores relativamente incapazes serãoassistidos por seus pais. ou tutores,nos atos da vida civil.Art. 10 - Atos do Menor sem Assistência ~ Só serão anuláveis os atospraticados pelo menor sem assistência, se lhe trouxerem prej uízo .Art. 11 - Emancipação Voluntária- Ces.sará a incapacidade do menorque cumprir dezesseis anos, se lhe
_________--'J:..:A.:.:N..:..:E:..:..IR:..:..O::...-:.A MARço,__-_1_9_68 ---:..91
fôr concedida pelo pai a emancipação, sujeito o ato à homologação dojuiz.§ 1.° - Se o menor estiver sob tutela, a emancipação s6 se dará porsentença, por iniciativa do tutor.§ 2.° - O ato de emancipação podeser cassado pelo juiZ, a requerimentodos pais, ou tutores, quando o menor emancipado demonstre incapacidade de administrar os bens, re$guardados os direitos de terceiros.Art. 12 - Emancipação Legal - Aemancipação ocorre de pleno direitopelo casamento.
LIVRO 11
Do Direito de FamíliaT1TULO I - CAPíTULO II
Art. 91 - Incapacidade MatrimonialAbsoluta - Não podem casar:1 - os homens menores de dezesseis anos;U - as mulheres menores de quatorze anos;m - os enfermos mentais sem discernimento para a prática dos atosda vida civll.Parágrafo único - será pcrm1tidoo casamento de menor incapaz paraevitar imposição ou cumprlmento depena criminal, com aprovação dojuiz, ou para resguardo da honra damulher que não atingiu a maioridade. Nesses casos o juiz poderáordenar a separação de corpos atéque os cõnjuges alcancem a idadelegal.Art. 93 - Casamento de MenoresOs menores não podem contralr casamento sem autorização dos pais,ou do tutor.§ 1.° - A autorização será concedida por escrito c apresentada ao oficlal para que conste no processo dehablUtação.§ 2.° - A denegação do consentimento pode ser suprida pelo juiz.
TlTULO II
Da Dissohlção da SociedadeConja~al
CAPlTULO nArt. U8 - Efeitos quanto aos Filhosno Desquite por Mútuo Consenti-
mento - No desquite amigáVel, observar-se-á o que os cônjuges acordarem sõbre a guarda. dos filhos.Art. 149 - Efeitos quanto aos FIlhos no Desquite Litigioso - Sendoo desquite litigioso, ficarão os filhosmenores Com a mãe, salvo inconveniência reconhecida pelo juiz.Parágrafo único - A guarda dosfilhos menores poderá ser deferIdaao pai, ou a ascendente, ou a irmãode qualquer dos cônjuges, se assimo Justificar o interesse daqueles.Art. 150 - Podêres do Juiz - Havendo motivos graves, poderá o juiz,em qualquer caso, regular de maneira. dlferente da. estabelecida nosartigos anteriores a situação dos filhos.Parárrafo único - O Juiz fixará acontribuição dos cônjuges para osustento dos menores.
TITULO IV
Do Parentesco
CAPtTULO V
Da Adoção
Art. 225 - Quem pode adotar Qualquer pessoa de mais de trintaanos de Idade pode adotar, sendodezesseis anos mais velho do que oadotado.Parárrafo único - Nenhum doscônjuges pode adotar sem o consentimento do outro, salvo se fôr lmpossivel obtê-lo.E seguintes <até art. 235).
CAPITULO VI
Da Legitimação Adotiva
Art. 236 - Legitimação AdotivaOs menores de sete anos de idade,cujos paIs sejam desconhecidos ouestejam mortos, pndcm ser legitimados por adoção, desde que a promova, em Juízo, um casal sem filhos,correndo o processo em segrêdo dejustiça.
Art. 237 - Efeitos - A legitimaçãoadotiva confere ao adotado os mesmos direitos e deveres do tUho legitimo.
92 REVISTA DE lloUORMAÇÁO LEGISI.ATIVA
TíTULO V
Do Pátrio Podet'
CAPíTULO I
Art. 239 - Sujeiws ao Pátrio Poder- Os filhos estão sujeiws, enquantomenores, ao pátrio poder, que seráexercido em comum, pelos pais.E seguintes (até art. 256).
TÍTULO VII
Da Tutela e da Curatela
CAPíTULO I
Art. Zi4 - Pessoas Sujeitas a Tutela _. Sr o menor não estiver submetido ao Pátrio Poder, será pôstoem tutela.Art. 281 - Tutela Dativa - Na falta de tutor nomeado pelos pais, designado por lei, ou quando êstes forrm excluídos, escusados ou removidus, o juiz nomeará pessoa idônea.
Art. 282 - Tutela de Menores Abandonados -- Aos menores abandonados o jui;: dará tutor ou serão êlesrecolhidos a estabelecimentos públicos a esse fim destinados. Na faltade estabelecimento adequado, ficarãu sob a tutela de pessoas que, voluntàriamente, se encarregarem desua criação.
CAPíTULO II
Da As..~istência aos Menores
Art. 303 - Disposições aplicáveis A assistência aos me:lOres abandonados e àqueles a cuj a subsistêncianão possam prover os pais, regularse-á por normas especiais e pelospreceiws constantes dêste titulo.
Parágrafo único - Quem tenha aguarda de menor, não sendo seu pai,mãe, ou tutor, responde por sua direção, educação e vigilância.
Art. 304 - Funções Tutelares - Osestabelecimenws destinados à assistência e proteção da infância exer-
cem, por seus órgãos administrativos, funções tutelares sôbre os menores recolhidos, regendo-lhes apessoa.
Art. 305 - Guarda do Menor Abandonado ~ O menor abandonado seráentregue, pela autoridade competente, a quem se encarregue de suaguarda, detenninadas as condiçõesjulgadas úteis à sua saúde, segurança e moralidade.
Parágrafo único - No interêsse domenor, pode a autoridade competente determinar o seu internamenw em asll0, instltuto de educaçãoou escola de preservação e reforma.
Além do projeto de Nôvo Código Civil,sem dúvida alguma a proposição quealtera de maneira mais ampla a matérLa pertinente aos menores, existem,ainda, em tramitação no Congresso, vários outros projetos que - embora deforma mais restrita ~ modificam também a legislação vigente.
São exemplos:
Proj. n.o 449/63 - mep. GabrielHermes) - DCN-12.6.63 -- "Alterao art. 16 do Dec.-Lei n.O 3.200, de19/4/41, que dispõe sôbre a guardado filho natural, enquanto menor."
Proj. n.o 1.917/64 - IDep. AdylioViana) - DCN-2114/64 - "Dispõesôbre o InstLtuto de Adoção do Pátrio Poder, e dá outras providências."
Proj. n.o 2.337164 - <Dep. NelsonCarneiro) - DCN-OI-10-64 - "Dispõe sôbre a asslsti'ncia à família, edá outras providências."
Proj. h.O 3.012/65 - <Dep. JaederAlbergaria) - DCN-13 .8.65 - "Mod1fica a Lei n.O 3.133, de 8/5/57, queatuallza o instituto da Adoção."
Proj. n.O 351167 - (Dep. Feu Rosa)- DCN-29/8/67 - "Altera o art. 9.°do Código Civil Brasileiro."
JANEIRO A MARço - 1968 93
v - ALGUMAS OPINIOES
ALBERTO CAVALCANTI DE GUSMAO, Ju.i2 de Menores do Estado daGuanabara, em entrev1Bta concedida ao10mal (llUma Hora, em 21 de outubrode 1965:
"Sou contra a diminuição do nlvelde Idáde para efeito de capacidadecivil e de casamento, da maneiracomo tal proposta na reforma donosso CódIgo O1vU.Os a.rgumentos dos Juristas que elaboraram o anteprojeto de retorma,nos casos do rebabtamento de 1dade,são baseados na constatação de queo desenvolvimento lntelectual dosJovens de hoje é multo mais acelerado do que em épocas passadas, eque a maturidade ocorre multo malscedo. Isto é uma Ilusão perigosa. Acapacidade - seja ela cMI ou criminal - assenta sóbre a responsabUldade moral. E todos sabem quea tormação moral do homem é maL9lenta que a formação intelectual."
Sóbre a Idade núbU, opina que "umamóça de 14 anos e um rapaz de 16 anosnão têm condições de maturidade parapoder casar. Mas é exatamente Isso queo anteprojeto não reconhece, ao perm1t1ra tormação do lar em tais llmltes deidade. Considero verdadeiro absurdoque nos dias de hoje, e à luz dos modernos ensinamentos de psicologia, o legislador braslleiro venha a contribuir,alnda maIs, para a insegurança, para atalta de establlldade da periclitante iruJtttulção da faDÚlis.
Se tal anteprojeto rór transformadoem lei, a conseqüência sem o aumentode desquites, os desaJustamentos de toda ordem com a procissão lnten..~náveldos menores abandonados que passampelos gabinetes dos Juizes de Menores.
Parece que o anteprojeto do CódigoClvll levou em consideração apenas odesenvolvimento fisiológico, o Inicio dapuberdade no homeIIl e na mulher. Se
assim foi, isto é o maior dos absurdos,porque o casamento é, principalmente,união moral ou espiritual, antes de serunião de corpos".
Professor EBER CHAMOUN, da Faculdade Nacional de Direito, em pales~
tra proferida num dos auditórlos da Câmara dos Deputados, respondendo auma interpelação do Deputado UlissesGuimarães, disse, sôbre a antecipaçãoda idade núbll, de 14 anos para a mulher e 16 anos para o homem, que oproblema não é apenas jurldlco, mas,sim, bIológico, social e psicológico. tsseslimites propostos são os próprios llmltesdo Direito Romano, e na tamma moderna dois sáo os fatõres que precisamser consIderados para o casamento (idade nupcial): fator biológico e tator econômico. (111)
NICOLAU NAZO, catedrático aposentado de Direito Civll' da Faculdade deDireito da USP:
"O problema da capacidade matrimonial da mulhel" aos 1. anos,envolvendo, como envolve, a suaemancipação, é bastante complexopara ser resolvido assim como têzo projeto Orlando Gomes.
Alega-se que no Direito Canónlco aIdade matrimonial para a mulherera de 14 anos, lustamente quandoela se toma púbere. Antes do Código Civil não havia restrição sôbrea Idade nupcial desde que a mulhertivesse mais de 14 anos. O problemaé sério, principalmente no Brasil,onde há grande diVersidade de cultura entre o centro urbano C o rural" (:lO)
Pediatra ROSA ALVES TARGINO DEARA'OJO:
"Sou contra o casamento da mulheraos 14 anos, multo menos dos ho-
(19) loma.! do Brull de 16~-1966 - 1.0 catt.- pãs. 1'.
(20) Jornal O Estado de Slo Paulo tte 20-4-611.
94
mens aos 16, embora os dois já estej am aptos biolàgtcamente, Um casamento entre duas pessoas de 14e 16 anos não teria base sólida nemcondições para ser perfeito, Só posso admiti-lo quando é feito paracorrigir "situações de fato". Nessecaso, a educação dos filhos ficariaa cargo dos avós." (~1)
Socióloga lUARIA SíLVIA JARDIM:
"Numa sociedade cada vez maiscomplexa, como a nossa, o ideal seria dar, no mínimo, 20 anos para oindivíduo formar-se e adquirir alnstrução que lhe servirá para o trabalho, Estimular o casamento à jovem de 14 anos é legalizar sua dependência, impossibilitá-la de adquirir a formação l~ experiência quelhe permitirão optar, e estabelece,como seu único desUno, a reprodução." (22)
REGINALDO NUNES (Do IAB), sôbreo art. 91:
"Que considerações teriam levado aComissão a reduzir a idade matrimonial do homem e da mulher para16 e 14 anos, respectivamente, quando os adolescentes ainda estão naprimeira muda, a meio caminho desua formação intelectual e apenasentrando na puberdade?
O Brasil é um Pais cuja populaçãomenor de 21 anos atinge a 52% dotodo.
Com esta antecipação da veniaretatis matrtmonial, estaremos fornecendo meios para uma aceleraçãoainda mais rápida dêsse processo derejuvenescimento nacional, príncipa]aspecro segundo o qual JacquesLambert consIdera o Brasil um paisnovo: - não tanto pela sua idadepolítica, como pela composição extremamente jovem de sua população(Os Dois Brasis, pág. 51).
f:ste fenômeno tem conseqüênciasdesfavoráveis no que toca à riquezageral da Nação e à renda per capitados que a compõem." (~3)
CARLOS RAPOSO, Consultor Jurídicoda Associação Comercjal da Guanabara:
"A redução da idade mínima para ocasamento, de 18 e 16 anos para ohomem, e 16 e 14 para a mulher,não encontra em nenhum princípiode ordem jurídica, psicológica ouhi~iênfca, base irrecusável para suaadoção.
A questão do casamento, seus efeitose sua dissolução, estão solucionadosdentro de teses que a tradição brasileira não comporta.
Entendemos que a própria democracia escuda-se na constituição da família e a sua democratizaçào, comopretende o projeto, náo pode encaminhar-se para a sua decomposição." (24)
SENADOR MILTON CAMPOS, na exposição de motivos que foi seguida doofíclo do Sr. Presidente da República, aoenviar o projeto:
"Também não são mencionados pontos de controvérsia, como por exemplo, no Código Clvil, a maioridadeaos dezoito anos, a idade nupcial eo conceito de êrro essencial para odesquite, em que a própria Comissãomanifestou variedade de pontos devista. Ficou tudo isso inalterado, adespeito da nossa discordância, paraque, neste e noutros pontos discutíveis, entre tantas teses controvertidas, o debate e a decisão do Congresso Nacional fixem a opção final."
(21) Idpm, Idem"
(22) Jornll] O Estado de São I'aulo lie 20-4-66
(23) Jornal do Comércio, de 26-6-66 - 3." cad.
(24) Jomlll Correio da Manhã, de 20-4-66.
JANEIRO A MÁ!,Ç9 - 1968 95
DEPUTADO ARRUDA CAMARA:
"O projeto reduz a maioridade para18 anos e a Idade núbll para 16 e14 anos, respectivamente ao homeme â. mulher.Ora, tal inovação não parece aconselhâvel. ~ preciso ter certa madureza - não é só o vigor físico - ea experiência para um ato jurfdlcode alUsslma relevàncla, qual o casamento. E estas não se adquiremna Idade propugnada.Uma menina do Interior, quase analfabeta, com 1"4 anos, que sabe elada altitude do casamento, das suasflnaUdades, da sua ,Importância, dasua Irretratab1lldade exceto pelamorte?A medida poderia aumentar o número de casamentos Irrefletidos epouco felizes, ocasIonando desajustamentos soclals malores." (211)
VI - ASPEcrOS DA MENORIDADE)CAPACIDADE C~ IDADENúBn. E ADOÇÃO) NO DIREITO AUENICENA
O DIREITO ESCANDIN-\VO
A malorldade é aos 21 anos na Suéciae na Noruega, e aos 25 na Dinamarca.Antes dessa Idade SÓ pelo casamento.Mas o menor com 18 anos completos, ouuma jovem que se tenha casado antesdessa Idade, podem fazer contrato detrabalho, gerir uma emprêsa, com plenacapacldade para explori-Ia.
A adOÇão pode ser feita por quem tenha 25 anos. (28)
o DmElTO mQUS
A maioridade é aos 21 anos, Não hé.distinção entre menores púberes e bnpúberes.~ de 16 anos a Idade minlma para
casamento, desde 1929; antes, era de 14e 12 anos, respecttvamente, para o homem e a mulher,
A adoção é admitida desde 1926. Oadotante deve ter 25 anos pelo menos,e 21 mais do que o adotado. Um homemnão pode adotar pessoa do sexo feminino, a não ser em circunstâncias especla.1s. (21)
O DIREITO AMERICANO
A Idade para casar é igual à de nossoDireito. (28)
O DIREITO RUSSO
A maioridade clvll é flxada aos 18anos, mas, desde a idade de 14 anos, omenor pode dJspor de seu salé.rlo, e éresponsável pelas obrigações decorrentes de atos llieltos.
Aos 18 anos o Individuo pode contraircasamento, apresentando prova de identidade - que pode ser feita por testemunhas -, a declaração, conflrmadapor assinaturas, de que contrai o casamento livremente, não havendo os Impedimentos legais (arts. 66-69).
'C1nlcamente os menores podem seradotados, e no lnterêsse dêles. (~)
o DIREITO MUÇULMANO
O menor púbere pode dispor de suapessoa, mas sàmente aos 25 anos podegerir seus bens, salvo sendo reconhecidoapto. A puberdade é presumida aos 15anos, para ambos os sexos, no rIto hanlfita; aos 18, no malek1ta; aos 15 anospara os homens e aos 19 para as mulheres, no rito chUta. (80)
O DIREITO FRA,NC:ES
A Idade para o casamento é a de 18anos, para o varão, e de 15, para a mulher, podendo, no entanto. ser concedidadispensa, por motivo grave.
(2:1) DeM - 81 - 10-3-1* - p!g. 86e.(2ll) Llno Leme - DIreito Civil Comparado -
p6«. 12 - Bd. 1962.(21) Idem, Idem - p!p. 85/66.(28) Idem, idem - Pi«. G9.(211) Idem, idem - p6p. 81/82.(30) Idem, idem - ~. 109.
96 REVISTA l:!.E INFORMAÇÁO L~~l~LATIVA
Somente o pai exerce o pátrio poder,durante o casamento (Códl~o Civll, ar~
tlgo 373;.
O adotante deve ter 40 anos, pelo menos, e mais 15 do que o adotado. 1!: adMitida a adoção por marido e mulher,conjuntamente. O parentesco resultanteda adcção se estende aos filhos legi'Jmos do adotado. O adotado sucl'de aoadotante, ramo os descendentes legitlmos; não, porém. aos parentes do adotar. te.
A maioridade é aos 21 anos, mas, até05 25, o ~ilho precisa de lI~tnça paracasar-se.
São pupilos ca nação flei de 1917) osórfãos de paI. ou arrimo de famíEa, Quemorreu na guerra, ou cujos pais ou arrimos morreram em eonseqüêneia de feriment.o ou doença resultante c.a guerra. UIl)
o DIREITO AUSTRíACO
A maioridade se verifica aos 24 anos,extingUindo-se com ela. o pátrio podere &. tutela, que perduravam no DireitoRemano. no antigo Direito germãnjcoe no Direito prussiano 13~}. ALCI~O
PINTO FALCAO P:l) i:1fl)nna, entreiantD, que até lei de 6 de junho de 1919, naAustrla, a menoridade ia até os 24 anos,pa.~sando por essa lei a maioridade aakançar-se com os 21 anos.
o DIREITO AU:MAO
A personalidade civil resulta do r.asc1mrnto com vida, não s(' exigindo viabilidade, como no CódiR"O Frar.ccs; amaioridade é fIxada aos 21 anos, permitindo-se a concessão da mesma aos 13anos completos, ficando o emancipadoequiparado ao major, e r.âú com capa·cidade restrita, como no Código Francês.
Os menores, após os SE'te anos, podemcontratar, mediante o consentimento deseus ~presentantes legais.
A Idade para o casamento do varão éa de 21 anos, que pode ser reduzida a 18,se não estiVEr sob patrio poder ou tutela.
Na Alemanha podem ser adotadostambém os !ilhas naturais <contra o Código grego, art. 1.569 e Código ltalla~
de 1942). O adotado tem os mesmosdireitos á sucessào do Rdotante, que seusHlhos, regra à qual fazem rxeeção c DIreito espanho: e o de alguns paises islâmicos. (:1,1)
o DIREITO Sl:lÇO
A maIoridade é fixada aos 21 anos. Oca.samento eman::ipa. O meno: ~om lltanos cumpridus pode ser ('mancipado.
Os menores e Interdites, CajlUZeS dediscernimentü, n~Lo. pedem agir 5em o('onsentimenUl de seu representante legaI. excetü para adquirir a t~:ul'J gratuito ou para l'xercc r direitüs estritamente pessoais.
A ldade pam o casamento e ~ixada em20 € em 18 anos. podendo ser reduzida,em caso de 1"orça maior, a 18 e : 'I.
O adotante deve ter p('lo menos 40anos de idade e 18 ma::> do que o adotado, e a adoção não pode ser felia. conjuntamente pe;os esposos. (:",)
o DIREITO :...ATIKO-AMERICANO
A maioridade e fixada em 21 anos, nosCódigos argentino. unguaio. )1pruano emexicano; em 25 anos no Códi!~o chileno(no Código fr:mcés em 21, r, no espanhoL em 23l; a viabilidade nào é exigida, mas a figura h'Jmana o (O, nos CódIgos do Urug'Jai e da Argentina, st'~ulndo o Códil:O f'spanho: r o portllr.:ul'~
'31, Idem, lct~n1 .- 1J>\~s. 1:'3, J:,4.:321 Idem, icem __ o paI{ 161.133.1 Par1.f' r:~r...1 do (ódlKO Ch'iI 1!1.,9
paI". 9f.lJ~J Uno Lem~. OIr~Lto [IvU Comparado, p~g,
168, 169, 172 e ]73.,J~I Idem. Idem pill;S. 177/~71l
_______--'J:..:..A=N.=EIRO A MARÇO - 1968 97
o Código peruano fixa em dezoItoanos para a mulher e em vinte e umpara o homem. a Idade para o casamenW, e considera o adotado como filho legitimo. pG)
o DIREITO PORTUGU~
O Nóvo Código Civil fixa a maioridadeaos vInte e um anos de idade, para ambos os sexos (art. 122).
A incapacidade dos menores é supridapelo poder paternal e, subsld!àriamente,pela tutela, conforme se dispõe nos lugares respectivos (art. 124l.
Reconhece a adoção como fonte dasrelações de famiUa, suprindo, assim, aomissão dêsse instituto no antigo Código de 1867. Conforme prescreve o artlgo 1.974, a adoção apenas será decretada quando se verifiquem, cumulativamente, os segu1nt~s requisitos:
a) apresentar reaIs vantagens aoadotando;
b) ter o adotando menos de quatorze anos, ou menos de vinte e ume não se encontrar emancipado,quando desde idade não superiora quatorze anos tenha estado, defato ou de dtreito, ao cuidado doadotante;
c) ter o adotante maIs de trinta ecinco anos de idade.
Quando o adotando tenha mais dequatorze anos, é ainda necessé.rio o seuconsentimento, a menos que êle não esteja no uso de suas faculdades mentais.
São Impedimentos dirimentes absolutos para o casamento, as idades inferiores a dezesseis e Quatorze anos, respectivamente para o homem c a mulher (37)
o DIREITO ITALIANODeUe personc fisicheArt. 2 - Magg10re età. Capacità diagire. - La magglore età é fissata ai compimento dei vcntuneslmoanno.Com la maggiore età si acquista lacapacltà di complere tuttt gli attiper I quaU non sla stablllta un'etàdiversa.
Del matrimonioArt, 84 - Non possono contrarrematrimonlo l'uomo che non ha eompluto gli annl sedlcl, la donna chenon ha compiuto gll annl quattordic~ .I1 (Re) o le autorltà a elo delegatepossono per gravi motlvl aecordaredispensa, ammettendo aI matrimonio l'uomo che ha compiuto gll annlQuattordicl e la donna ehe ha compluto gl1 anl dodlcl.
Dell'adozloneArt. 291 - Condizion1 - L'adozloneé pennessa aUe persone che nonhanno dlscendenU leglttiml o legltUmati, e:,he hanno comptuto I cinquanta annl e che superano almenodi dlclotto annl l'età di coloro cheessl intendono adottare.
Quando eccezionall c1rcostanze loconslglla:J.o, la corte di appelo puollutorlzzare la adozione se l'adottante ha raggiunto almeno l'età diQuaranta annl e se la differenza dietà tra l'adottantc e l'adottando écU almeno sedlci llnnL (38)
O DIREITO DA REPÚBLICADOMINICANA
A maioridade civil e matrimônio estão regulados pela Lei n,o 4.999, de 19 desetembro de 1958, que deu a seguinteredação aos artigos do Código Civil pertinentes à matéria:
"Art. 3118 - Se entlende menor deedad el Individuo de uno u otro sexoque no tenga cUeclocho afios cumplidos."
(36) Idem, Idem - pãgs. 202 e 206.(37) JacInto ~rnandes Rodrigues Sutoo
cód1co ClvU Porlucuh de 1966 - UvrarlllAlnlcdlno - Coimbra - 1966.
(38) Waltcr d'Avanv,Q - I\lanuale D'Udlenu 1 'luatuo Co41d - Ecllz.1one ~omata.
5ettembro 1963.
"Art. 488 - Se fija la mayor edaden dieciocho anos cumplidos y porella se adquiere la capacidad paratodos los actos de la vida civil."
Pela mesma lei, os incisos 1, 2 e 5do artigo 56 da Lei sôbre Atos do EstadoCivil, n.O 659, de 17 de julho de 1944,passaram a se redigir assim:
1) De los mayores de edad,
Los mayores de 18 anos puedemcontraer matrimonio librementesim tener que recabar el consentimiento paterno.
2) Menores de 18 anos.
Los menores de 18 anos no podráncontraer matrimonio sen el consen·timiento de sus padres o deI padresuperviviente.
5} Impedinüento para el matrimonio por motivo de menor edad,y dispensas que puede concederf'1 Juez de Primem Instancia.
El hombre, antes de los 16 anoscumplidos y la mujer antes de cumpUr los 15, no puedem contraer matrimonio; pero el Juez de PrimeraInstancia puede, por razones atendibles, conceder la dispensa de edad.
A Lei nO 5.152, de 13 de junho de 1959,modificou as normas do Codígo Civil relativas a adoção, passando estas a tera seguinte redação:
·'.'\rt. 343 - La adopción, ya se haga en forma ordinaria o en formaprivilegiada. no puede ser hecha1;1no cuando haya justos motivos queufrezcan ventajas para el adaptado.
Art. 344 - Se requiere cuarenta anospara poder adaptar. Sín l:'mbargo,la adopcíón puede ser pedida juntamente por dos esposos no separados personalmcnte, de los cuales unotenga más de 35 afios, si se hancasado desde hace más de 10 anos" no han tenido hijo de su matrimania. Los adoptantes no deberãntener en eI dia de la adopción hijos
ni descendientes legítimos. La existencia de hijos adoptivos no constituy obstaculo a una subsigulenteadopción.
El adoptante deberá tener 15 anosmás que la persona que se proponeadaptar, y si ésta fuese el hijo desu cónyuge, bastará con que la diferencia de edad entre ambos seade 10 anos, y aún podrá ser reducidapor dispensa deI Juez de PrimeraInstancia correspondiente." (:l9)
o DIREITO JAPON:gS
"MAJORITY
Artic1e 3 - Majority is atta1ned onthe completion of full twenty yearsof age.
Minor's capacity
Article 4 - A minor shall obtainthe conscnt of his legal representative for doing auy juristic act, unless it is an act rnerely to acquíre adght or to be relieved fram a duty.2. An act done in contravention ofthe preccding paragraph ls voidable.
MARRIAGE
Article 731 - A man may not marry until the complction of his fulleighteen years of age, nor a womanuntil the campletion of hef {ull sixt~en years of age.
ADOPTION
Artícle 792 - Any person who !lasattained majurity may adopt anothl:'r.
Article 793 - No ascendant ar person of older age may be adopted.( ~ "I
139) PlInia Terrero Peúa - Cadiga Civil de LaR~'publíc-a Uoulínicana Santo UOtningo 1961.
140) The Civil rode Df JajJan -- Elb\ln-HorelSha. lne Tok)'o. Jllpan - 1962
Sara r<aMO~ dQ Jifuoil'êJoOrientad<:Jra de Pesquisas LegislativasDiretoria de lnjormaçáo Legislativa
o tema do nosso trabalho, pôsto quefértil no ângulo da vasta literatura, quedêle se ocupa, é, no sentido técnico e jurídico, um dos Que apresentam maioresvariações no tempo e no espaço.
Sente-se, de logo, que a Justiça Milltartem variado. através dos tempos, emfunção da estrutura substancial em quese organizam os Estados.
Sôbre suas origens, não é segura a Infonnação dos escritores. Sabe-se, entretanto, Que essa matéria, mesmo sem adequada sistematização ou cunho cientifico, vem aflorando, entre os povos, desdea mais alta antigüidade. Neste periodohistórico vislumbram-se alguns traços deImposição disciplinar, no que tange àsfôrças annadas, entre os assi rios , osegipcios e os gregos. tsse embrião daJustiça Militar emergia das necessidadesdas guerras continuas em que se empenhavam os povos antigos.
Sady Cardoso Gusmão, em trabalhopublicado no "Repertório Enciclopédicodo Direito Brasileiro", vai. :n, pago 4,alude aos episódios da guerra de Tróiae às punições Infringidas por Mllciadese Aristides, para salientar que a origemda Justiça MilHar quase se perde nanolte dos tempos.
Em Roma, porém, onde havia, dominante e apaixonado, o espirlto das conquistas guerreiras, teve a matéria umtratamento melhor coordenado, já emrazão da Inteligência, cultura e do espírito prático e conso1!dado do grandepovo. Ai, jã se podla falar em Instituição militar. A organização mUltar ajustava-se na organização política e administrativa do Estado. Os juristas entraram em debate no processo de elaboraf,;ão clentiflca da Instituição. E as divergências lIumlnaram o campo doutrinário. Surgiram as escolas, dlsclpl1nandoas Instituições militares. os tribunaisadequados e a jurisdição especifica.
Roma foi a grande fonte de consultas para todos os povos do mundo.
O Corpus Juris não é omisso na. Importante matéria. ~SSl: monumento desabedoria jurídica realça bem as divergências entre as escolas. Ora, se faziaprevalecer, na orientação e processo dosjulgamentos dos m!l1tares, a competência ratione materiae, (crimes mlUtares),ora a ratlone personae (crimes praticados por mtutares).~ Interessante, para melhor apreciaçãodo processo de evolução da Justiça mllltar entre os romanos, transcrevermos
100
alguns trechos das páginas eruditas deEsmeraldino Bandeira, constantes do seulivro "Direito Penal Militar". 1915. págs.474 e seguintes, Não entraremos nas minúcias e detalhes com que tanto se preocupou o autor. no propósito de salientar a grande antigüidade dos tribunaismilitares, a evolução da instituição e tudo quanto se referia à competência ejurisdição vinculadas ao julgamento dosmilitares. Abramos. entretanto. margema citação parcial de trechos do jurista:
"Em Roma, a<J tempo da realeza, ajurisdição tanto civil como militar pertencia ao Rei. assistido de um conselhoformado de membros das familias patricias.
Com o correr dos tempos foi permitido nos casos criminais apelar de suasentença para o povo reunido -- provocatio ad poplllum --, o Qual decidia emúltima instância sob a direção dos duoviri perduellionis.
Além do Rei. os tribuni celerum, investidos ainda de certas funcões sacerdotais, tinham uma atribu'ição quaseabsoluta sôbre as tropas de seu comando.
Com a queda dos Tarquínios. a plenitude do poder judiciário passou paraos cônsules.
Dividiu-se depois, ficando a jurisdIção civil com os pretores, e guardandoos cônsules sàmente a militar.
Nos casos de grave perigo. porém, nomea','a-se um Ditador que, como magistrado excepcional, concentrava entãotodos os podêres j udiciarios, inclusiveum direito absoluto de vida e morte sôbre militares e paisanos. sendo irrestritas e inapehweis as suas decisões."
Chrysólito de Gusmão, "Direito Penal Militar". U115, pá,g, 223 e Sf'guintes,faz notável síntese da formaç:to evolutiva da Justiça Militar entre os Romanos:
"Quanto ao direito romano é que aformação evolutiva da Justiça militar senos apreser,ta sob feições mais interessantes e definidas, principalmer.te emseu desdobramento histórieo, que nos reflek. verdadeiramente, os diversos momentos sociais que atravessou a cidadeeterna.
Sua evolução hist-órica pode ser dividida em quatro grupamentos ou fases:aI a época dos Reis; b) a dos cansulese tribunos militares; e apos a fundaçãodo Império monárquico temos duas outras fases: c) a dos prctores; d) a dos
magistri militum, no tempo de Constantino, como se pode ver em Teillefer. (')
Em conseqüência da falta de uma diferenciação de órgãos e funções. a justiça milítar era exercida pelos Reis, quetudo absorviam, concentrando em suasmãos tôda sorte de poderes; é a primeira fase,
Posteriormente passa a justiça militar por movimentos inversos diferentes,em que ora se verifica o fenômeno dacentralização de podêres, ora se patenteia a lei da diferenciação gradativa esistemática dos órgãos e funçoes,
Assim, na segunda fase, a justiça militar era exercida pelos cônsules, que julgavam, a princípio, como tem lembraTeillefer, os crimes civis também, conhecendo, porém. posteriormente, doscrimes militares.
O C0nsul possuia o impel'ium majus.
Abaixo do Cônsul existia um outro órgão misto de justiça e comando, que erao Tribuno militar. que possuia o chamado imperium militiae, que simbolizava a dupla reunião da justiça e do comando; essa feição mista vêmo-Ia claramente no Digesto do Re Militare.
Como pondera ainda Teillefer, na época imperial, assiste-se uma nova concentração dos diversos podfres nas mãosdos monarcas, aliás natural, como conseqüência da necessidade de alguma inovação profunda que obviasse a desagregação, a lassidão e o desvirtuamento damilícia romana nos últimos tempos daRepública.
"O Imperium torna-se único; o Imperador absorve' nele todos os poderes.porém, pode os delegar a seus aj udantes de ordens, promagistratis . aquelesque êle não pode exercer por si mesmo."
Nessa terceira fase, uma modificaçãose dá, porém. na época de Augusto. Ajustiça militar é exercida, então, pelosprefeitos do prewrio, cuja Jurisdição eramui ampla, apenas se limitando no quedizia respeito à jurisdição sôbre os oficiais superiores.
Na quarta fase, na época de Constantino, é que fundas modificaç'oes sãofeitas,
(I) Telllefer ~ "La Ju'ticc MilJ (alre dan,L'Armt'e de Terrc" -- 1895 - Apud Chrl'óLi to de Gusmão.
JANEIRO Â MARço - 1968 101------------- --..:..._--------------
Em conseqüência da grande fôrçapolitlca que havia adqu1rldo a mIHciaromana. avassalada e conturbada pelaspaixões e interêsses de facção Que delafaziam um fator primordial na tela política. Constantino procurou e usou demeios diversos para enfraquecer a fôrça da legião romana, multiplicando-a.separando as asas da legião, Isto é, acavalana, que, como se sabe, era composta dos elementos nobres, de modoque formasse um corpo à parte. As legiões romanas deixavam de ser os corpos coesos, fortes e sistemáticos, conscientes de sua própria fôrça, para setransformarem numa multiplicidade demembros desagregados. Assim reduzida,cada uma dessas legiões perdeu, com osentimento de sua própria importância,o pensamento de dela abusar para perturbar o Estado. (Crozals)
Constantino, em conseqüência dessassuas reformas, teve necessidade de modificar também a organização da justiça, adaptando-a e moldando-a sob nova feição.
Constantino, afastando, assim, os elementos da legião, foi obrigado a criaruma dupla espécie de magistratura: osmagistri peditum e os magistri equitum,que eram denominados, ambos magistri militum.
No Ocidente, como lembra Telllefer,havia três dêsses juizes, e no Orientehavia cinco, dos quais "trcs estavam nafronteira, per Orientem, per Tbraciam,per Illyriam, e os dois outros permaneciam junto ao Imperador Proesentales."
Constantino Instituiu um Consillum,encarregado de assistir o juiz mUltar.
A opinião do ConsUium era meramente consultiva, não tendo fôrça deliberativa obrigatóría no funcionamento dajustiça militar, conquanto fósse, muitas vêzes. obrigatória a consulta, que podia, então, ser ou não aceita.
Quanto à hierarquia dessas diversasentidades da magistratura mllltar, sofreu, ela, também, diversas modlflcaçôes acordes a cada momento histórico.
Segundo Te1llefer, a Quem vamos recorrer, não havia, até a época Imperial,o recurso de apelação contra as sentenças dos juizes militares.
Na época de AUgusto, algum tempodepois de criada a magistratura autõnoma dos prefeitos do pretória, éstes,paulaUnamente, ampliados, nessa au-
tonomla, não tiveram suas sentençassujeitas ao recurso de apelação.
Na origem, porém, dessa última magistratura houve o recurso de apelaçãointerposto às suas sentenças."
A verdade é que todos os crimes' e.penas mllltares foram previstos na legislação romana.
Considerava-se, jã a êsse tempo, quea necessidade da. disciplina, da ordem,da hierarquia e da própria flnalldadedas fôrças armadas, impunha dar àsinstituições militares. leis próprias e jurisdição específica. No século XIV, navelha Inglaterra, já. encontramos noticias Indicativas da existência da Justiça Militar. (t)
Na Idade Média - refere ainda SadyGusmão (') - usos internos de comando, leis de cavalaria, eram adotados; eno século XVIII "encontramos, em meioa outras ordenanças, os severos e famosos artigos de guerra do Conde de Llppe, aprovados em 1763. Na França, maistarde. chegaram os Constituintes à unificação da justiça comum e da militar.A lei francesa de 1791 cstabeleéeu aseparação das jurisdições civil e militar, o que veio firmar-se através do art.56 do Code de Justicc Militaire, preceito transcrito no art. 291, do antigo Código Mllltar Portugucs."
JUSTiÇA MILITAR NO BRASIL
AO tempo de D. João VI começou aJustiça Militar a ter organização legal.Realmente, pelo Alvará de 1.0 de abrilde 1808, foi críado o Conselho SupremoMilitar da Justiça.
Em 1820 era organizado o Projeto deCódigo Penal Militar, aprovado pelo Alvará de 7 de agôsto do mesmo ano. Emvirtude de acontecimentos polltlcos naMetrópole, obrigando a convocação dasCôrtes. o referído Código não foi aplicado. Gomes Carneiro (Repertórío Enciclopédico do Direito Brasileiro - vaI.9 - pago 211) evidencia o admirável f!Sfórço construtivo dêsse diploma: "O queêsse Côdigo assinala de modo particular,como exemplo do sistema de codificação Integral, do tipo das antigas Ordenanças, é o método de. expondo no
l2) Clnudlo Pacheco - "Trotado dM CansUtlllçOc~ Bf1ISUelru" .- \'01. VII - p6g. 323.
(3) Bady Gusmlo. ap. clt.
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mesmo texto toda a matéria de direitopenal, no quádruplo ponm-de-vista ~da organização dos tribunais e do seuprocesso, ao lado das disposições penaise disciplinares ~ juntamente com asfórmulas dos atos do processo estabelecidas para cada qual dos casos, considerar a norma disciplinar militar nomesmo nivel da norma penal núlltar,para dar-lhe garantias até então desconhecidas nas legislações do gênero, anteriores à Revolução Francesa.
Dadas as relações de dependência entre o direito penal formal e o direitopenal materi~J, de que a disciplinar é,no nosso parecer, importante ramificação, tudo aconselha a tratar com o mesmo método doutrinário os vários problemas que a codificação do direito penal militar suscita, pouco importandoque os regule em um mesmo corpo denormas.
E, conhecidas as condições políticasda época, em que se compos o Código,compreende-se que seus autores. testemunhas do desmantelo das leis e dodescalabro da justiça, se houvessem preocupado em acorrentar a norma do processo às fórmulas que consideravam capazes de garantir a exata aplicação dalei: como igualmente se compreendeque, experimentados nas coisas da milícia, na Metrópole e no Ultramar, procurassem habilitar os militares ~ noexercicio do Comando c no exercicio daJurisdição militar com o meio expedito de terem a mio a legislação quedeviam aplicar. quer no uso de suasatribuições disciplinares, quer no desempenho de suas funçôes i udiciais.
A sistemática do Código amparava-se,))or:anto. em princípios de doutrina queo tempo não envelheceu. e satisfazia aconveniências práticas da vida militarque sao as mesmas em tôdas as épocas. no que concerne ao poder discipliIlar e à função j uri5dicional. enquantoa justiça militar existir"
Sallentam os críticos o pouco interesse, no regime munarquico. pelo allerfeiçoamento da matéria. Tanto assim que50 em 1875. cinccenta (' cinco anos depois daquele projeto. veio o Regulamento Disciplinar para o Exército, baixadopelo Decreto 5.884 desse ano. e em 1890o referente à Armada. e logo depois oCódigo Penal da Arma:ia (1891) organizado por uma comissào presidida porBenjamim Constant. e aplicado aoExército em 1899.
Assim, "o império caiu sem haver dotado a Nação de leis penais militares aonivel político das instituições democráticas do país e da cultura das classesarmadas, em medidas orgânicas, reduzida que ficou a legislação militar a providências sem sistema, sem método, impostas pelas necessidades ocasionais, desorte que um dos mais imperiosos problemas que a República teve que resolver foi o da reforma das leis penais mIlitares." I')
Em 1895, o Governo republicano baixou o Regulamento Processual CriminalMilitar, que vigorou, sem alteração, durante vinte e cinco anos, apesar dosgraves defeitos que lhe apontavam.
Em 1926 tivemos o Código da JustiçaMilitar, que foi ainda substituído peloDecreto-Lei nO 925. de 1938, que pôs emvigor o nôvo Código de Justiça Militar.
A verdade é que sàmente em 1944 erabaixado o Código Penal Militar, sistematizando a matéria e dando-lhe umcunho melhor de perfeição técnica e legislativa.
Não é demais salientar que o espíritocivilista dominou as reforma.s militares,a partir de 1920. como se referem os escritores.
E só depois da influencia de mOVImentos subversivos e de uma melhorconsolidação das Fõrças Armadas. é que,ao elaborar-se a Constituição de 1934,a Justiça Militar foí, pela primeira vez.incorporada ao Poder Judiciário doEstado.
JUSTIÇA :'tlILITAR - CONSTITUlÇót:SBK\SILEIR.\S
Somente em 1801. a Justiça Militarfoi lançada em texto constitucional.atingindo, por essa forma. um nível deestabilidade e sistematização A ConstItuição de 24 de fevereiro daquele anoestabelecia no art. 77:
"Art. 77 ~ Os militares de terrae mar terão foro especial nos delitos militares~ 1.0 ~ liste f1)ro compor -s('-(j, deum Supremo Tribunal Militar, cujosmembros serão vitalícios. e dos COIl
selhos nrcessários para a formaçãoda culpa e julgamento dos crimes.
14) Goml?~ CA.rl1e~ro, op. cir.
JANEIRO A MAR~~.~ 19_'_8 --.:1:...::0-=.3
§ 2.0 - A organlzação e atribulçóe3 do Supremo Tribunal Militarserão reguladas por let"
Destarte. Já não era mllla possivel excluJr âs tórç3:j armadas o apaxelho JUdiciário qué lhes estava destinado pelaLei Matar da República. Possivel seriaapenas, como observa Pontes de Miranda (.). através da politlca juridlca legislativa, aumentá-lo ou dlRúnui-lo, limitá-lo ou estendê-lo. O Supremo 1'11bunal Militar é que não poderia ser el1minado.
Ao elaborar-se a Constituição de 1934,a Justiça Mll1tar foi, pela primeira vez,incorporada 8.0 Poder Judfclárto do Estado. Essa Constituição manteve o fôroespecial nos delitos mUltares. para militares e pessoas Que lhes fôssem assemelhadas. E abrangia os civis:
"Art. 84 - Os mll1tares e as pessoas que lhes são assemelhadaa terão fôr:o esp~ial nos dellws militares. ~te fôro poderá ser estendidoao cIvis, nos casos expressos em lei,para a repressão de crimes contraa segurança externa do pais, oucontra as instituições mllltares.Art. 85 - A lei regulará a jurls·diçáo dos juizes mLUtares e a aplicação das penas da legislação mtular, em tempo de guerra, ou na zona de operações durante grave comoção intestina.Art. 86 - São órgãos da JustiçaMilitar o Supremo Tribunal Militare os tribunais e juizes inferiores,cl1ados por leI.Art. 87 - A Inamovibilidade assegurada aos juizes mUltares não exclui a obrigação de acompanharemas fôrças junto às quais tenham deservir.
Parágrafo único - Cabe ao Supremo Tribunal Militar determinara remoção de juizes mUltares. deconformidade com o art. M, letrab."
A Constituição de 1937, restringindo.como fêz a de 1934, a Inamovlbilldade dosjuizes mLUtares (arUgos 111 a 113)'acresceu, com todo rigor (art. 172), aapl1cação das penas da legislação mUltar e da jurisdiÇão dos tribunais miUtares, nos casos de crimes contra 8 segurança do Estado, a estrutura das lnsUtul r,:ócs , a comoção intestina grave e oestado de guerra (CláudJo Pacheco -
Tratado das Constituições Brasileiras- voI. VII - pág. 325L
Assim estatui essa Constituição:"Art. 111 - Os m1Utares e as pesS083 8 êles a.ssemelhadas terão tôro especial nos delitos miUtares.t.ste fóro poderá e.stender-se aos civis, nos casos definidos em lei, para os crimes contra a segurança externa do pais ou contra as instituições mmtares.
Art. 112 - São órgãos da JusttçaMilitar o Supremo Tribunal MiUtare os tribunais e juizes inferiores,criados em leI.Art. 113 - A inamovibllldade assegurada aos juizes miUtares não osex.lme da obrigação de acompanharas fô~as junto às quais tenha.m deservir.
Parirrafo único - Cabe ao Supremo Tribunal Mllltar determinara remoção dos Julzes milltares,quando o interêsse públ1co o ex1gir.
Art, 11'Z Os crimes cometidoscontra a segurança do Estado e aestrutura das instituições serão sujeitos a justiça e processo especiaisQue a lei prescreverá.§ 1.0 _ A lei poderá determinara apllcação das penas da legislação militar e a jurisdição dos tribunais rnLUtares na zona de operaçõesdurante grave comoção intestina.§ Z!' - O oflc1al da ativa, da reserva ou reformado. ou o funcionário público que haja participadode crime contra a segurança do Estado ou a estrutura das instituições,ou influido em sua preparação intelectual ou material, perderá a suapatente, pósto ou cargo, se condenado a qualquer pena pela d~lsão
da Justiça a que se refere éste artlgo,Art. 173 O estado de guerramotivado por confllto com pais estrangeiro se declarará no decretode mobilização. Na sua vigência. oPresidente da República tem os podêres do art. 166 e os crimes cometidos contra a estrutura das Jnsti-
(5) Pontes de .MIranda - "Com~n""rloa ~
Con&t1tulçAo t1e 1946".
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tuições, a segurança do Estado e doscidadãos serão julgados por tribunais militares."
LEI CONSTITUCIONAL r\.0 7, DE 30 DESETEMBRO DE 1912
"Artigo único C art. 173 daConstituição fica assim redigido:
Art. 173 . - O estado de guerra.motivado por confllto com paísestrangeíro se declarará no decreto de mobilização. Na sua vigência. o Presidente da República tem os poderes do J.rt. 166 e alei determinará os casos em queos crimes cometidos contra a estrutura das instituições, a segurança do Estado e dos cidadãosserão julgados pela Justiça Militar ou pelo Tribunal de SegurançaNacionaL"
A Constituição de 1946, "obra de umaConstituinte formada com deições perfeitas" assim estabelece a organizaçãoda Justiça MJlitar:
"Art. 106 - São orgãos da Justiça Militar o Superior Tribunal Mi1it:.u e os tribunais e j \,ízes inferiores que a lei instituir.
Parágrafo ú.pico A lei disporásôbre o número e a forma de escolha dos juízes militares e togadosdo Superior Tribunal Militar, osquais terão vencimentos iguais aosdos juízes do Tribunal Federal deRecursos, e estabelecerá as condições de acesso dos auditores.
Art. 107 - A inamovibilidade assegurada aos membros da JustiçaMilitar não oS exime da obrigaçâode acompanhar as fôrças junto àsquais tenham de servir.
Art. 108 - A Justiça Militar compete processar e julgar, nos crimesmilitares definidos em lei, os milltares e as pessoas que lhp.s são assemelhadas.
!'\ 1.0 - ~sse fôro '-'special poderáestender-se aos civis, nos casos expressos em lei, para a repressão decrimes contra a segurança externado país ou as instituições militares.
~ Z.o - A lei regulará a aplicação das penas da legislação militarem tempo de guerra,"
A Justiça Militar, na constituição delV67, está analisada em capitulo à par-
te, no final dêste trabalho, em virtudedas várias modificações estabelecidas,provocando uma grande transformaçãona Justiça Castrense.
JUSTIFICAÇAO DA JUSTIÇA MILITAR- INFUJt.NClAS E RE?.Ç()ES-
A criaçáo da Justiça Mililtar tem si·do apoiada e j ustiflcada pelos nossosconstitucionalistas, como uma instituição necessária para manter a disciplinadas fôrças armadas. Cláudio Pacheco(0) ensina que "para sua defesa internae externa, o Estado precisa de armarestas corporações, concedendo-lhes oselementos de um grande poderio material, mas depois precisa de se defender~cmtra el'i\.s j)!oe\1!'C\ndo submeté-las aum duro regime de clisciplina e a umarígida rotina de obediência, de modo aobter a sua submissão e a sua conformação diante do desarmado poder civil.A Justiça Militar é assim uma das institujçôes que visam a assegurar a subordInação das fôrças armadas."
Não há dúvida, como assinala Barbalho que para os crimes previstos pela leimtIJtar, deve existir uma jurisdição espe(',\ó.l, não eom\) prwUeg\o dos ind\'flduos que os praticam mas por fôrça danatureza dêsses delitos que impõem, pelo império da dlsciplina, uma repressâopronta e flnne, além das formas sumárias. para o seu' julgamento .
"E assim o fôro especial é uma condição de boa administração da justiça.Mas êsse fôro, ref1lta~se, não é propriamente para os crimes dos militares esim para os crimes militares; porque nomilitar há também o homem, o cidadão, e os fatos delituosos praticadosnesta qualidade caem sob a alçada dajurisdição comum a todos os membrosda comunidade civil; o fõro especial ésó para o crime que êle praticar comosoldado, uti miJes, na frase do jurisconsulto romano." (')
lt certo, entretanto, que a Justlça Militar tem recebido, em todos os países,sem exceção do nosso, a direta influência dos governos fortes e autoritários.~stes sempre se \nc)inam a ampliar-lhea jurlsdlção e a competência.
Muitos, porém, animados de maior espírito liberal e civilista chegam a com-
(6) Claudlo Pacheco. Oll cltli) BlIl'balho -- "ConstltlllçAo l"ederal Bra.l
leira de 1001" - Comentários.
lOS
bater a existência do fôro privilegiadopara militares e seus assemelhados.Entendem que, a manter-se o fôro especlal, êste deveria restringir-se aoscrimes que só o militar poderia cometer.
A Constituição de 1946 adotou umconceito a que poderiamos chamar deIlllsto, eis que atribui à Justiça MUitara função de processar e julgar não sóos militares mas também às pessoas quelhe são assemelhadas. :E: o aue está expresso no art. 108 daquela Lei Maior. Eno § 1.0 do citado artigo encontramosos próprios civis envolvidos na competência e jurisdição da Justiça Militar.
COMPETtNCIA - CosCt:ITOS
Convém sallentar que vem de longe,entre os povos, a controvérsia a respeito da competência dos tribunais militares. Além dos que propugnam pela competência ratione materiac e pela competência ratione personae, a que nosreferimos, há os Que lutam para definir a competcncia da Justiça mllltar,tendo em vista a ratlone loei. E aindauma quarta corrente, abandonando ostrês critérios ant.criores, adotou a competência ratione legis, isto é, deu ampla liberdade ao legislador ordináriopara definIr o delito militar e subordinado à ação dos pretores militares. Oúltimo critério foi adotado pela Constituição Brasileira de 1946.
Barbalho (') ligava-se bem à escolados que defendiam os crimes militaresem ra7.ão da qualidade militar dos seusagentes, ou seja, atento ao conceito ratione pcrsonac.
Segundo Chrisólito de Gusmão ("),essa é a verdadeira tendência modernaInclinada a só considerar crime militaraquele que só pelo militar possa sercometido. "constltulndo, assim, uma 111fração especiflca, pura, funcional ou deserviço."
No direito brasileiro o mais anllgodocumento conhecido sôbrc essa m,.tcria é a provisão de 27 de outubw de1834, "que reputava crimes meramentemilitares todos os declarados nas leismilitares e que só pelos cidadãos alistados nas fileiras poderiam ser praticados. E tals eram, segundo a dlta provisão: 1.0, os que violam a santidade ereligiosa observância do juramentoprestado pelos que assentam praça; 2..°,os que ofendem a subordinação e boa
disciplina dó'Exérclto e da Armada; 3.°,os que alteram a ordem politlca e econômica do serviço milltar, em tempo deguerra ou de paz; 4.0, o excesso ou abuso de autoridade em ocasião de serviçoou lnfluência de emprégo militar, nãoexcetuados por lei, que positivamenteprive o delinqüente do fôro militar."( '0)
Por outro lado, Castro Nunes (") dIscorda de Chrlsóllto de Gusmflo e ensina que a corrente usual, entre nós, é a"divisão de tais crimes em própria eimpropriamente militares ou em essencial e acidentalmente militares.
Os primeiros supõem a um tempoQualidade militar no ato c caráter millt.ar no agente. São os crimes que, conforme o ensinamento de certa doutrina, constituem um residuo de infraçõesirreduti\'cis ao direito comum.
Os segundos são crimes intrinsecamente comuns, mas que se tornam militares, já pelo caraler militar do agente, já pela natureza militar do local, Jápela anormalidade da época ou do t.empo em que são cometidos."
Esclarece, ainda, que o Supremo Tribunal Federal e o Militar têm entendido que "os crimes militares são os quea lei deftne como tais ._. ralione Jegis."
"Tal doutrina, acentua, explanada noacórdão de 28 de setembro de 1928 doSupremo Tribunal Militar, no Qual sciê: Os demais conceitos diferenciais danatureza dêsse delito, como sejam ra·tíone materiae, rationc personac, ratione loel, ratione tcmporis -- serviram,sem dúvida, de orientação ao legislador,pata a capitulação dos crimes constantes do Código, atuando, ora Isoladamente, ora concomitantemente
Teàrieamente, o crime se torna mmlar pelo concurso de dois ou mais daqueles critérios: um só dêles raramenteé suficiente para sua caracterização,salvo quando contém implicitamente umdos outros. Assim é que o crime de deserção se reputa essencialmente mllltar,raUonc materiae, motivo êsse que nãopode existir no caso sem o -elemento
la) Bar!>olh". op. <'1l.
(9) Chrls611to de GlIsmlo - "DI,,,lto PenalMl1lmc" -- pAI:. 41 - 1915.
(10) Documento cItado por castro Nune~
"T~rll\ e Pr~tlcl\ do I'odl'f Judll'lúrlo" ]943 - pilg 404.
rlll Castro NUlle~, 0I'. c!l
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pe8AOal. ratione ~rsonae. porque, semque o agente seja mil1tar, o crime nãopode ter eMa natureza_
O mesmo se dá. em relação aos crimes de abandono de pôsto, de inobservânda do dever militar, de insubordinação. de traição, de covardia, revolta,todos, essencialmente rnllitares, rationemateríae. Os crimes de morte, lesõescorporaIs. tuTtú, dano, peculato, falsIdade adDÚnistrativa. e outros, só se consideram militares quando praticadospoe militares contra ml11tares. ou noexercício de funções mUltares. Os crImes de libidInagem têm a indicar-lheso caráter mUitar somente o cr1wr.o railune jlenonae. Os dellws previstos noart ? o. § '.\.0. dI) Código Pena\ ~mtar,
consideram-se passiveis de penas militares e são sujeitos ao fôro militar, ratlone temporis e ratione l~i, independentemente do critério pessoal.
Para o juiz -- são ainda palavras doacórdão, do qual foi relator o MinistroEdmundo da Veiga ... para o juiz. porém, o critério regulador e decisivo eladiferenciação do crime militar é o ratione legis. Se o delíw estiver previsto noCódigo Penal Militar i.' militar, e se nêlenão tiver sido incluído. não pede comotal ser considerado." Observa, a seguir,Castro Nunes que assinou veneldo o ministre Bulcão Viana, que, entretar.to,escreveu no seu voto: "Não sou dos queentendem Que o fóro mWtar só é competente para conhecer dos crimes própria ou essencialmente militares isto éos que só peio soldado podem 'ser co~metidos. l)<)t consis:lrem na infraçãoespeciflca e fundonuJ da /lror!s.~ão llIÍ·htar. Pensu, ao contrarIl). que o fóro militar f? também competente para. ccnhecer dos cri:nes imprópria cu acidentalmente mllltarf?s, Isto é. daqueles que.por Sua natureza, cmbcra possam serronsJderados cclJluns. trnham, entretanto. alguma razão especial em sua es:rutura que diretamente possam af(':ara subordlnaç.ão, boa ordem e disciplinamilitar.' E mais: "Ora, o nosso CódigoPenal Militar é quase copia servil doCódigo Penal Comum, e lotar í&<;c um nctável Jurlst.a pátrio, de sàudosa memória, kve ocasião de diur que no Cud:go Penal Militar só ná:) se enccmtravadefinido e previs:.o o cr:me de abôrto_
No direito brasileiro. como diz RuiBarbosa. em seu notávei parec(>:, porocasião da conspIração militar em ]904,o critério do delito rnllltar é, mui acer·
tadamcnte, ao mesmo tempo, real e pessoai: ratione mat~ria~ e ratione personae.
A5s1m, nem o critério ratione lt-gis,apreclado isoladamente. nem o critérioratione [oci, apreciado em conjunto, node, como se pretende, na hlplltese vertente, caracterizar o delito mUitar. para relegar à competencia dos tribunaismilitares."
A orientação deste acórdão do Supremo Trjbunal Mimar r connrmada rmacórdão do Supremo Tribunal Federal("I no qual se li>: '
"Como se vê, o qU(. sejam delitos mIlitares as suas dir'!rsas espêcles (lU
classes, se estas se devem constituirobedecend<J aos critérios ratione materia~, ratione loci aut temporis, ou seao contrário, é de necessidade reduzirêsses delitos as mfrações esprcificas efuncionais do soldado, aquelas em quel:á dupla concorrência de qualidade militar -- no ato e no agente, tudo issoricou a cargo das legislaturas ordiná·:'las. sendo nestt' ponto restaurado opensamento da pnmeira parte do (l.ft.100 do Projew da Comis.são nome:>,dapelo Governo Provisorio que excluiu dofõro comum os erimes definidos em Ie:militar.
Se a ConstituiJ~te hOl]\'l'SSe dehherado desatender a esse pensamento, teria colocado entre o ~,Jbstantivo delitose o adj('tlvo militares, modificando i~s
te, um dos seguintes advérbios: propriamente, puramente. essencialmente,privativam('nte".
Afirma, ainda. Cas~ro NUl1('s I"): "0que sr. lx)de ca:j('!uir do que acaba deser exposto e quI:' crimes mIlitares sãoos que a. lei define como tais OI;. ';Iljeitos ao julgamento dos tribunais militares Não rx!s~e para () legislador qualquer limite fundado na natureza da infração. Esta. qualell.:er q UI.' se) a, podE'em clrcunst:inclas prefiguradas na leI,constituir um dt'li~ militar e caber na!ur~sdlção militar. Por isso é que o crime cDmum, pratira()D l'm dada DcasJãoou em certo lugar . ratione temporisaut loci -- toma " feição lle, ainda queacidentalmente, militar.
Assim. o crime comum, comlé'tido (!Jn
certos recintos. repl:t:l-se miHtar.'
L2) Acórd§'o çltQ,d~) r~;!" t"Qstrf' ~~.!',t·...;. np ê~~
113) Castro N~Jn~s. op :-H
JANEIRO A MARÇO - 1968 107
A Constituição de 1946 adotou o critério da ratione legis. Dando assim pleno arbitrio ao legislador ordinárioquanto à definição dos crimes m1lltares, talvez procurando fugir das dificuldades da conceituação dos mesmos.
Cláudio Pacheco (") observa que náQaceita "esta conclusáQ, sem ressalvas erestrições. Ao nosso ver, - diz - acompetência do legislador para definircrimes m1lltares não será absoluta, antes será relativa. no sentido do respeitoàs competências da justiça comum edas outras justiças especiaIs. às liçõescertas e fundadas da doutrina, especialmente aquelas que assinalam e encarecem o caráter restrlto. Improrrogável,excepcional, da jurisdição mllltar. Também devem ser considerados os precedentes e a tradição. Entendemos asstmque não prevalecerá a disposição da leiQue defina como crime mllltar ato quetenha um outro caráter, ou que venha sendo considerado tradicionalmente como de outra natureza, como de outra j urtsdlção, cuja prática em nadaprej udlQue ou afete a hierarquia, a disciplina, a obediência das fôrças mllltares, a segurança externa do pais e asInstituições mll1tares."
Em 1958, o Superior Tribunal MUltarcomemorava o sesquicentenário de suafundação reunindo, no Rio de Janeiro,o Primeiro Congresso Nacional de Direito Penal. DIscutiu-se, então, o conceitode crime militar. A tese foi apresentadapelo Cel. Dr. Ernâni Adalberto de Cunto e teve como Relator o Capo Dr. Herminio Gomes da SUva, que assim se expressou:
"A tese apresentada ao I Congressode Direito Penal Militar pelo Cel. Dr.Ernáni Adalberto de Cunto, professorde Direito da Academia Militar dasAgulhas Negras, Intitulada "Conceitode Crime Militar", versa, de modo geral,sôbre o delito m1l1tar, tendo em vistaa extensão do fôro militar aos civis e àsua competência no crime de militarcontra mllltar, por motivo não milltar.
De inicio, o autor procura deixar bemdefinida a sua posição diante do problema da dIlatação demasiada do conceito do crIme mUltar, considerando Biei substantiva que rege a matérta (Código Penal Ml11tar - Decreto-lei n.O ••
6.227, de 24 de janeiro de 1944), nessescasos, "num flagrante paradoxo, dianteda vocação civlUsta do Brasll".
Discordando fundamentalmente deautores que adotam a tese da amplla-
ção da legislação penal militar, declara-se S. Exa. em oposição a qualquerampliação do Direito Penal Militar.
Diz S. Exa.: "A lei é Indispensável àsegurança nacional, mas não é tudo. Sedevêssemos põr essa segurança, sob aégide exclusiva da Lei Penal Militar.decretarlamos a falência de tõdas as organizações que, direta ou Indiretamente, a ela estão ligadas. Mais um passoaudacioso no sentido da militarizaçãodas leis, chegaríamos ao absurdo detornar o Código Penal Militar o verdadeiro Código Penal Comum e o CódigoPenal comum o Código Especial."
Confessa ainda o autor: "Não podemos aceitar como democrático submeter o cidadão civil; por atos não espe~
clais, a tribunais especiais. O prtncíplodemocrático é a igualdade e não a exceção. Em matéria criminal. socialmentefalando, o Código Penal comum o reall~
za, pois a ele estão sujeitos todos os cidadãos, civis ou m1l1tares, e, só em funções irredutíveis às da. vida clvU, expllcam democràtlcamente um Código excepcIonal."
Em prosseguimento ao seu trabalho,passa. o autor à justtrlcaUva de sua posição em contrário à conceituação legalde crtme mllltar, não aceitando. doutrtnàrlamente, o critério rattone legis para conceituar o delito miUtar.
IWssalva S. Exa. como é óbvio: "Oquanto afirmamos, é claro, não Importaem negar o Direito Penal Militar."
Expõe ainda S. Exa., com a propriedade e a agudeza que lhe são peculiares:
A Justiça Mllltar "é uma justiça determinada por funções especiais e deveres especiais, da qual o cidadão,alheio a essas funções e a esses deveres,não deve sofrer os rigorismos, por vêlesabsurdos para o próprio m1l1tar, comoo da negação do "sursls" em penas demínIma significação.
Sintetiza o autor seu trabalho nos se·gulntes itens:
1.° - Se é exato que as leis m1l1taresexprimem a cultura civil de um povo, anossa legislação especial é um paradoxo, frente ao civilismo nacional.
2.° - A legislação penal mll1tar desviou-se da orientação primitiVa, e, im-
(14) ClAuc!lo Pacheco, op. clt.
perando o critério ratione legis paraconceituação do delito militar, contradiz as tendências democrática e liberaldo povo.
3.° - Tôda a nossa evolucâo, histórica e política contraria os Códigos Militares, adj eUvos e substantivos.
4.° - €sses Códigos. produtos de decretos-leis, exculpam-se, por serem Códigos de momentos anormais do mundoe do Brasil.
5.° - Os civis só excepcionalmentedeveriam estar sujeitos à jurisdição mi~
litar em tempo de paz.6.° - O militar apenas deve subme
ter-se a essa jurisdição quando delinqüe, uti miles.
7.° - A Constituit:;ão Federal nãopode deixar à lei ordinária um campoilimitado para conceituar o crime militar e importava definir que vem a ser"Instituições militares". para restrmgiro delito militar.
8.° - A segurança nacional deve estar precipuamente posta na disciplinaconsciente do povo, preocupando-se osgovernos com a sua educação, reformando-se para isso a péssima legislaçãoeducacional.
Afinal, defende-se o autor, com j ustas razões: "Dirão que a nossa tese éantiquada, obsoleta: que o MinistroAcyndino Vicente de Magalhães assimvotou em 1915: que duas guerras mundiais já eclodiram. Sim, a tese é antiga. De moderno. nela só a nossa coragem de ressuscitá-Ia. Concordamos.Mas a lei vigente. retrocedendo a tempos mais bárbaros do que o do Condede Lippe. é mais antiga ainda. É medievalesca! E essa lei atual, atualíssima.sob o critério ratione legis, impera numregime que se pretende democrático,nascido após a luta da democracia contra os selvagens civilizados que inventaram a segunda catástrofe mundial r
Isto posto:Considerando que a militarização das
leis deve ser encarada com muitas reservas, para o que deve sempre estarpresente a lição de Esmeraldino Bandeira: "Nada reflete melhor a culturacivil de um povo do que as suas leis militares. Quanto mais militarista fôr umanação. tanto mais militarizadas serãosuas leis;"
Considerando que tao-só o criterioratione legis para a eoncei tuaçao do
crime militar é, doutrinàriamente. inaceitável, data venia, porque a lei pode ser arbi trárla:
Considerando Que continua de pé alição de Rui Barbosa: "O critério dedelito militar é mui acertadamente, aomesmo tempo, real e pessoal, rationemateriae e ratione personae. Assim, nemo critério ratione legis, apreciado isoladamente, nem o critério ratione loci,apreciado em conj unto, pode caracterizar o delito militar. para o relegar àcompetência dos tribunais militares"(José Frederico Marques, da Competência em matéria penal, pág. 146);
Considerando que não pode ter acolhida o critério exclusivo ratione legis,por ferir profundamente o nosso sentimento jurídico, embora rendamos imenso respeito ao determinado na lei penalsubstantiva:
Considerando que em apoio na lógicajurídica que ressalta do desenvolver dotema surgem grandes mestres do Direito como Nelson Hungria, cuja lição impecável sobre a matéria ainda ressoaem nossos ouvidos. lição essa por demais recente. porquanto proferida nasessãa solene de abertura do I Congresso de Direito Penal Militar (8.6.1958):
Considerando que a tese é, sem dúvida, de uma atualidade palpitante.devendo ser considerada de grande interêsse;
Considerando que a matéria deve serventilada sempre que houver oportunidade, como é o caso. para que melhor sefirme doutrina a respeito:
Concluimos pela procedência da teseapresentada, julgando, pois. data venia,que os civis só excepcionalmente. portanto, deveriam estar suj eitos a i urisdição militar em tempo de paz; que omilitar sômente deve submeter-se a essa jurisdição quando delinqüe uti miles;finalmente, que a Constituição Federalnão pode deixar à lei ordinária umcampo ilimitado para conceituar o crime militar e importava, sem dúvida definir. explicitamente. o que vem a ser"Instituições Militares", para restringiro delito militar."
PESSOAS QL'E ESTAO SUJEITAS AJURISDIÇAO )1IL1TAR
É preciso otservar quP () ato definido em lei como c.rime militar. nem sempre está sUJ eito à jurisdição militar. De
JANEIRO A MARço - 1968 109.- - ----------
Bcôrdo com o art. 108 da Constituiçãode 194& é necessário que êle seja praticado, em regra, por mBltar ou pessoaque lhe seja assemelhada.
Entretanto, quais são as pessoas assemelhadas aos m1l1tares?
Pontes de Miranda ('.) ensina: "Já oCódigo Penal da Armada, art. 3.°, dlzla que as suas disposIções haviam deser apllcadas a todo Individuo mllltarou seu assemelhado. O RegulamentoProcessual Criminal Mllltar 06 de julho de 1895>, art. 32, usou da mesma expressão, e o Código de Organização Judiciária e Processo Milltar (Decreto n.o14.450, de 30 de outubro de 1920, art.96>, definiu: "São assemelhados, paraos efeitos da lei penal, os que exercerem funções de caráter militar a bordodos navios da Armada ou embarcaçõessujeitas a êsse regime, nas fortalezas,quartéis, acampamentos, estabelecimentos, repartições, lugares, em geral, decaráter proprtamente militar, e os sujeitos, em razão de serviço que desempenham, devidamente especificado emleis ou regulamenkls, a preceito de subordinação ou disciplina". Mas o Decreto n,O 4.988, de 8 de janeiro de 1926,art. 2.°, corrigiu-o: "São assemelhadosos individuas que, não pert.encendo àclasse ml1ltar dos combatentes, exercem funções de caráter civil, ou mllltar, especificados em leis ou regulamentos, a bordo dos navios de guerra ouembarcações 31 êsses equiparadas, nosarsenais de guerra, fortalezas, quartéis,acampamentos, repartições, lugares eestabelecimentos de natureza e jurisdição mUltar e sujeitos, por isso, a preceIto de subordinação e dlsclpUna." ODecreto n.O 24.803, de 14 de julho de1934, que alterou o Código, manteve essa regra. Por onde se vé que a natureza das funções não Importa, - o queImporta é a subordinação, a disclpllna.Assim, a. lei penal, sob a ConstituiÇãode 1946."
Com o objetivo de melhor esclarecero assunto, publlcaremos, a seguir, a tese "Conceito de Assemelhado Estabelecido por Preceito Constitucional e seusCorolártos lógicos e Jurídicos", debatida no I Congresso de Direito Penal. ('")em 1958:
Autor: Ministro Márto Tibúrclo Gomes Carneiro.
Relator: Prof. José Salgado Martins.
CONCLUSOES DA TESE
I - Assemelhado é o civil que, diretaou indiretamente, exerce função de natureza civil ou m!Utar nas Fôrças Armadas, nas Fôrças Auxiliares ou nos órgãos administratlvos que delas seocupam, c, em razão dessa circunstãncia, adquire estado juridIco especial quea Constituição equiparou ao de militarpara os efeitos da jurtsdIção mlUtar.
11 - t a condição de sujeito à jurisdição núlitar. em virtude de sua equiparação ao "militar", por preceito constitucional, que submete o "assemelhado"ao regime disclpUnar militar, e não àcondição de sujeito ao regime disciplinar militar que classifica de mil1tar aInfração (crtme ou contravenção disciplinar) em que o "assemelhado" figuracomo agente ou vítima, em slt~ação
igual à do ml1ltar.
111 - A lei penal formal, elaboradapelo Congresso Nacional, é o diplomaque, regulamentando o preceIto constitucional sôbre os Umltes da j urlsdlÇãomilitar (penal e dlsclpUnar>, pode detinir a sujeição do "assemelhado" àssuas normas, por constituirem normaspenais e as normas disciplinares matérta de natureza essencialmente estatutárta.
IV - O Código Penal Mllitar. de 1944,embora com fórmula Imperfeita, no fazer remissão à norma dlsclpUnar comoa fonte legal para definir o "assemelhado", há de valer como a regulamentação do preceito constitucional sôbre oInstituto estabelecido nas Cartas de1937 e 1946, na parte em que considera"assemelhados" oS funcionártos dos ministérios mlUtares; e, assim sendo, nãopode ser modificado por simples ato doPoder Executivo, no uso da atrtbulçãode regulamentar as leis, porque foi expedido com apoio na disposição constitucional que, na época, atrtbuía ao Presidente da República legislar por meiode Decretos-leis, na alisêncla do Congresso Nacional.
V - Por conseqüência, são jurIdicamente inoperantes os atos do PoderExecutivo que, em matérta disclpUnarmUltar, modificaram as normas sôbre
(15) Pontes de MIranda - "Comentlu1oa •Constltulçl.o de 1946" - Tomo m - 4.&edlç60 - 1963 - pAg. m.
(UI) ..Anais do I ConçesllO de DIreIto PenalML11w" - :l.a volume - 19$8 - pAgo U.
110 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
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Ll'l-'islaU'.'o n,' 4,!I~)iL UI' fl di' plll'im elc'1!J26, l' nu art, n," de (;.)rll',;1I Pl'ILÜ :V1ilitar de 1+4-1, q\ll' 11;"1') de S"!" illll'l'PF'tarlils a luz cb COll:;ti(lIicllO l]() PI'L'I'l'IU(Íl\ :lrt. 10H I' ~I"'l pill ilgrafo
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Ofl'U'l'(' au I ('Ol1gT\'"S() de IJil',.jlu 1'('nal Ivlilltar n Il\l~trl' '.\ini,! rI) l\Ltrjo Ti·búrciu GOll1l'S C~Hnl'Íro Iltll;1 11ll[l'Jr1 ant(' cOll\ri1)lIküQ ell1 ma 1,"ri:1 qUL' slIbs(ancia!ml'lltt' Illtl'rl'S,~;1 ,'I apJica'-:;'w dal('i IWlli11 nulJt;Jr. qll:ll sei;l a tll'(' dil.respeito ,'l 1'1g'llLl di) a,'"cml'lllad,l.
Ü t'tn11 H'lltl' :lllt"r d,l t..'>L' ,~:diL'nl:I, demÍl'io, qlil' (J l'(Jll('('::U de :lss,'ml'liliHI"passou, entre lllJS, (1:1 ],'gisLll,;'IU ul'dm:l"ria para o cl'llllll1111 d,t lloriH;1 clIlIsll1llCil)llaL ;1 ]J:lrtir di' I (:1 ~
[{I'curda, .l ~I'.~lIlr, "'> 1\'xL's l'1I1l.'>tltlil'iun,li~ elc' EI3í v dc l~;46 qUl' 1'()1l1111U;I
ram a ('ditar U llH',',JllO Jll'indJl'i!.
A eqlliparac:l(J do civil :lI! lll!l1t~tr. admil ida pl'l~l COl]StitlIJo'i-iO di' 1!I,Hl. CIln:ofora pelos EstatcLl,ls di' l~':H (' 1!d7, secfl'tu;lril. ]Jurl'l11, scg\;[;c!o a 1"1, L' Ilaopor illu:; cmanados elu I'ocil'r EX.'l'lll1\'11l1a sua esfvLl l'ef;lll~llnlnLH,
Rccorda l'llLll) qUL' II ('; ,!'C,'I,i) dI' assenH'lllac!o, ai) [J;;S,-;,ll' P,ll'il II :\m\1itr:constitucional. ctn 1:13~, c;'a u ('''IlSil~',r;l
clo pelo Dt'crl't1J Ixg.sl:\l i Vi) n," 4,!i3a dea de j~ll1('irlJ (;c 1!!:.!G.
Cum IWCl'li'Ii:\S ;\ltel'[\c'lll'S, c,-;se ("Inccito fUi rCl'cilLld'J 111) ,\I'L :~(J d.) CudigIJ(1:\ Justit:il :-.rilibL d,' I: 3,l. :linila vigl'!1tI', e no art B' dlJ ;,tu:d Cudig,) PeIlal :-.lilitaL
J',';l pk!l:l \':~.·IH'i,l dl'';sl' rq!,.Ilil' .illl'l
clico, no tl'can(e ali ;l,-.'il'llll'lludll, ~:lnÜ\1
o l1cc'l"d,) 11" :::l ~iJ:l cl, lO dL' 11111hl)' di'1!,15í, l'CVOg;\lh!O ;\ ;;lil:I';1 I) I d;) ;Irl 111cio RDE Cjll(, lIll'luü U ':,S,'l'1ll1'11lact<l naeSlua clhl'ipli n;lr "
Sllstt'nt;l U :lul"r dil 1,.'.'(' :1 illl',)]]stitélClu11alidadl' l!u DlT1Tlu 11" :':L:.!(-:l, PO!:isegul1du o seu p"I\'~;llnl'l1t'l '0 a Ll'jemanada do ('on;':Tl'sso ~arion;t1 pedi'dispor ,,(',1)1'1' a sillli\CLU ,iundic;l do) ci,'jlequiparav{'[ ao mUitar i' l'sLl I:' 0'11'
jdtam i .iurisdi6111 1'1'1::\1 r a c;h"lpllnar. J)p rl'stl1, [la!":, l) a'.lkr d~l j,'"l', "dada a natul'cz~, prnal cio dil\'itJ\ disciplinar", so\)n' ('ste SJ\ l) COn'2'lT,~.';o, na "dil
tarda legisla li '.. ~ f'Spl'C i i IV :1, j10dl,ra di,spor, i'sc,lpando ;l~ liUl'lJl;L" Ll('~:ie dil'!'ltu
(llsdpllll;l1' a C'llnpc\.i'lina dli p()(il'1' !':xc,Cl/tl vo
Volt,lndo ;1 insbUr q\le I) t:linn'lto do;,S,~('I1l('IlJ;ldo d{",'r s('r () f\)rnccicto pel:,ln, () :lustre :>llll, Clil1ll'S Cal'tll'!ro proCld':,-. (l!~!~-l.(). rl'~di,'a:' a Sll.~l I ')l..Pgc:-.;C'. {'Ul
T"l'llll das clts]lf1.'i<'(-)(,':' legaIs, arlic',ilanel.l ü ("mci'lto l'elitadll pdl) 'll't. g" dodiploma lW!lil! ll11litar C'illl t, Ilurmal'OllsI1tuc;un:l! colbt~ltl\(' do ;lrt 108,r'lpul. d,l CI)nsLtuic,-,O F\'lkral.
A scu Vi'l" "nL(I) (', LI l"Jt1C!JI'CIO de S\l
JI'lto ao 1'1 '!.!, i 1111' disl'ipllllar ,p'l\, das~iril'a de lllilil.l: a 1l1fra i:à'J "lll q\lt' () "assl'l1ll'lllaelo" i-' ;q,(i'nte IlU vitllll:l: ao I'llli
tr:iril) disso, é a colHilc;'w dc SUJcito aofum militaI'. ;i Illr:sll1~';lo mtllt:;r, I'lllvir111l!e ck Sllil qua];cLu!e <I,' "l'ouillilração do militar", que o submete ao regiI1W di'iClplillar militar"
DI'1l t ru cit'~S;l.s pn'lllh:,a,'i, 11 :1 lltor da\r:-;c CCll1cllil lj!\[' aS,'ieILdlladu (, () 1'lVilqUI', dIreta u\! indJrd:UllL'l1l(', ('XI'rl'C
fUIlC:lO d,' liaL'.lrl'/a CIvil iJll millt:u n:lsFi JJ"('a~ ,\ t"m:ll!.ts nas F,lrc:\::: lI. u ,:i li:1l"p:i
(J I, IlClS Ul'!!:'t( ':i adllli Ii ist LI ti ':11:-; (J'.:C IH'
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n:i.lJ depend!' "d:l CII!1(!JC:1O ele Stljl'itú aort'gime disciplinar militar", PO]S esta "tlid(:[w é s[l1lpl{',~ pfPltO l' !li-lU l'al1:-::l ela
equiparac;-(() do Civil ao miltLlr. .iá reallI.;\C\;l por [lj'('l'l'ltu (',)11:-:1 itUCillllil l.
:\Iigll1':I-:,I'-Il",", lj!l{':t c.'l:cl,,~CI" dpilll~trc au(u1' i;jVl'l'k os Ic'rlllOS du [lI'O
bldna, 1\ IWS jJ.ll'l'CC ql,e I' prtl'ls:ullell\t' lia cOIllJie;'t1l di' StljCltll ;1 pl'cccitu dI'sllbordi llac~'t(J l' dlsciplina (i UL' ,-;l' t'!l\'Pt1tra a ('all~a CL1 cq\ll]lara.'~ll) d" ('[,'il ;wtlllhbr. para qu.' pll~sa de sn sl:IJmetido i1 j urisctieC\u 1H'na l da JIlstil':t \1ilital' e a J\lri"dic;w ~,dl1linlstr:lti':~l elisd·plinar das FlÍ!'l:as :\1'II1'lcla"
A ConstitukCll) apl'lLlS c!!sp,-)[' que aJusti<'a J\Iilit:ll' l'om])('tr procI's,':u e i\lll!.:IL !lOS C'l'lIllIS milit:u'es Ildit:ic!'ls' t'lllte'i, 0:-; militar,'s l' a" ]lcs,'ioas [jlil' liwsSClO as"eJnclh;l.(l:\s Ia;'t. 108"
N:1O dl"póe li (('x(1) COllStltIlC!\lIl;1l Ülbrc os ('<lSOS em que' se' oprra I'SS;, equi-
JANEIRO Â MARÇO - 1968 111
paração. Deferiu essa tarefa à lei ordinária e aos regulamentos militares.
O art. 8.° do Código Penal Militar definiu a figura do a:lsemclhado. Nele está assim a explicitação e o complemento do dispositivo constitucional. E, segundo o art. 8.° do CPM, "considera-sellSSemelhado o funcionário do Mlnlslélio da Guerra, da Marinha. e da Aeronáut.ica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento, ou peSS<la a ele equIparadapelos regulamentos miUtares."
Como se vê. a cláusula da sujeição apreceito de disciplina é condicionadorado conceito de asseme~hado. Ora, quemdispõe sóbre essa sujeição será a pr6prla lei, nos casos Que especificar, ou oregulamento que funcionará. como fonropenal. Assim. a condição juridica do assemelhado deve ser estabelecida pelalei ou pelo regulamento.
No nosso regime jurídico penal mili·tar, encontramos, no próprio contextoda lei penal, a definição de assemelliado. Ao Invés de silenciar, como poderiafazê-lo, o ~eglslador preferiu expticltaro conceito. Mas. ainda assim, explicltamenw atribuiu ao regulamento a função Integradora do preceito penal.
Não há novidades neste passo da leipenal militar. As chamadas leis penaisem branco deIerem a outra lei ou, asvêzes, a meros atos administratIvoS aintegração do preceito incrlmInador.
Assim, no art 269 do CPC, o preceitosomente se int.egra na sua plenitudecom disposiçáo de regulamento san1ta~
rio em que constem as moléstias contagiosas que exijam a notificação compulsória por parte do médico.
Ainda relativamente aos funcionáriospúblicas, a lei penal comum define oQue se deva entender por funcionáriopúblico para os efeitos da legislação penal, o que entretanto não exclui a complementação de outras leis ou regulamentos em que figurem elementos integradores do conceito de servidor pú~
bllco.
Assim, com o maior respeito ao emlr.ente Ministro Gomes Carneiro, queconsideramos um mest.re na dlsclplmapenal m1l1tar, ousamos divergtr da tesequando nega ao poder regulamentar doPresidente da República a competenclapara editar normas disciplinares concernentes aos assemelhados. Pode faze-
lo, como é óbvio, tanto no sentldo desubmeter os civis que exercem ativIdades em servlçcs ou estabelecimentosm1lltares, como no sentido de exclui-losdo regimento discJpllnar ali dominante.
Foi o que ocorreu com o Decreto h.O
23.203, que o autor argüi de inconstitucional. A tradição do nosso Direito, como mos~ra o próprio autor da tese, ClIIge a referida cláusula da subordInaçãoa preceIto cisclpllnar por parte do civilque exerça atividade Junto às FôrçasArmadas.
Interessar.te será, agora. realçar que,havendo o Decreto n.o 23.203 excluidodo âmbito disciplinar os assemelhadosaos militares do Exército. Isto é, "os Indivíduos que, não sendo mll1tares, exercem, em virtude de cargo. emprêgo oucontrato, Qualquer função ou trabalhonos quartéis, repartIções, estabelecimentos ou lugares submetidos às leis, reguLamentos ou dJsposlçõcs em vigor noMinistério da Guerra" (art. 11 do RDEJ,fêz desaparecer essa. classe de pessoasrelat~vamente a aplicaçãc das leIs penais milltares. Pois, ainda que não houvessem sido modificados nessa parte osregulamentos disciplinares da Marinha.e da Aeronáutica, como foi o RDE, peloDecreto n.O 23.203, não poderia subslstlr a figura do assemelhado nos dois últimos ramos das Fôrças Armadas. porfôrça do próprio prlnc íplo de igualdadede todos perante a 1el.
Desaparecida a figura do assemelhado s6 há cogitar do civil, como sujeitoativo da lei penal militar, quando fôragente de crime contra a segurança externa ou contra as Instituições m1lltares. E o Código Penal Mllltar, no art..6.0, n.o lU, nos fornece o critério e oselemento9 para identificar os delitoscontra as Insti~ul:;ões ml11tares. Em todos os casos especificados pelo n.o nrdo referido art. 6.° ficam os civis sujeItos à jurisdição penal miUtar. Dêsse modo. o cIvil que exerce atividade nas Fôrças Armadas, embora não esteja sujeItoao regime disciplinar, estará submetidoà le1 pena. mllltar, quando o delito poréle praticado fôr de natureza mllltar,Isto é, sc encontrar entre os especifica.dos pela lei a. que nos referimos.
O Ilustre Ministro Gomes Carneiropostula uma definição de assemelhadomulto ampla, em cujo contexto se incluiriam todos os civIs que exerçamQualquer atJvidade, direta ou Indiretamente, junto às Fôrças Armadas, aindaque a ativIdade 1ósse de natureza civIl.
111 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
Concluindo, propomos as seguintesconclusões, em substituição às constantes da brilhante tese do eminente autor:
l.a - A Constituição Federal não definiu o que seja assemelhado, Deferiuà legislação ordinária ou aos regulamentos disciplinares das Fôrças Armadas o encargo de dizer em que condições os civis poderão ser consideradoscomo assemelhados aos militares.
2.a - A lei ordinária que é o CP},!,ao conceituar o assemelhado, consideroucomo integrante dêsse conceito, a sujeição do civil ao regime disciplinar dasFôrças Armadas.
3. 01 - A exclusão dos civis do âmbitodisciplinar. como assemelhados aos militares, realizada pelo Decreto n,o , ...23.203, fêz desaparecer a figura do as-
4.a - A inexistência do assemelhaduno atual direito disciplinar não importa na exclusão do civil do império dalei penal militar, pois. consoante o art.6,0, n.O lU do CPM, ele está sujeito üjurisdição penal. quando agente de crime mihtar, como tal definido em lei.
5.a - Só serú legítimo falar de asse~
melhado quando a lei ou regulamentosubmeta o civil que exerça atividade nasForças Armadas, à dlsciplma militar."
Claudio Pacheco (" l esclarece quesempre se tem considerado e assím c,tá inscriUl no art. 11 do Código Militar(decreto-lei nO 6.227, de 24,1.441, "queo militar de reserva ou reformado, conserva as responsabilidades e as prerrogativas do posto ou graduações, paraefeito de aplicaçãu da l"i penal militar,quando pratica ou contra êle é praticado crime militar" Assinala, também,que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal "considerou sujeito à jurisdição militar o reformado que se encontra em situaçüo de atividade, ou nodesempenho de função militar, comotal considerada a direçà(l de um tiro deguerra. que tl'l11 organização militar,embora se lhe atribua caráter de sociedade civil." l I
A jurisprud('ncia. tudavia. não é unânime quando se trata cle "militar reformado que se mantém afastado dequalquer funçâo militar." Cláudio Pacheco (; ) afirma que "o militar reformado conserva direitos (' regalias quenêles mantêm a essencialidade da qualidade de militar, Com efeito. O art. 128da Cons!.ituiç:w de 1H4li dispõe, comfJ
dispunham as Constituições de 1934 e1937, aproximadamente, que as patentes, com as vantagens, regalias e prerrogativas a elas inerentes, são garantidas em tôda a plenitude, assim aos oficiais da ativa e da reserva, como aos reformados e que os titulos, postos e uniformes militares são privativos do militar da ativa ou da reserva e do reformado, Assim, entendemos que nada impede, desde 1934, que a lei ordináriapossa definir como militares crímes imputáveis a militares reformados e sujeitá-los à jurisdição militar,"
Adverte, ainda. que apreciando modalidade especial, já decidiu o SupremoTribunal Federal, "que o militar da Polícia Estadual, quando em função civil.
117) CláudIO Pacheco. op <,il, Pt.ll. 33R.
(IR) Acórdão elo S T F, citado por CláudioPachem, profendo em 13 de setembro de1951: VoU, do Ministro Orozlmbo :-10 ne. to ,relator: "Esforçado nesse disposItivo é queo emJnenle Procurador-Geral de. RepúblIca. no parccer de fls, opIna lia sentIdodf' fie c1irintir o ronfHtn, proclamada acompetêllda, no <,asa, da JustIça MUltar
A objeção de so:' trntar de otidal retornlado sena procedente. mã.s Irrelevante.
Fala n dispOS1Civo ci~ado em militar emsituat;ã.o de ath'idadf>, o qlle abranl;c- oreforma.do se se encontra. corno no caso,em desempenho de função mjlltar. C"moa r'ireçáo de um Tiro de Guerra. que temor~anização n1ili l.-ar, enlbora se lhe at.ribuacaráter de sodedade C["l!.
É que, corno observou O MM. Juiz deSerrinha, SUIl Lmçíí.o ~. nlt:damente, c1vico-mllltar e sua crIação prerrogatlvn do1\.1inist(irlo da. Guerra, llOS tprmos do regulamento e.)1rol'lLdo p~lo Decreto nO 19.694.de 10 de o\lC\lbj"o de 1945. E do próprIoart. 181, ~ 40. da Comtltulçáo F~der"l sede8.511me ser o Tiro de Guerra ,')rgáo integrante das ~"órças Armadas. pois nele sedispóe que
"Pi.1fU. favorc·cer o cl.lIllprinlent.o dat;olnigaçües mIUta"eb, são pe~mltidus O~
tiros de g\wrru e OUU'o.s Ón~lil)S de forr.laç&.d d{~ rC}ierVlstUf'i.."
Suhmel1do~i ~c ncharn ('l('s à o.drninistração nlilJtar. vermos enl que a citaçãodo luto 6°, H.Q li. letla b. do CÓ(.1i~o Pen~d :"Hl.tar. r' pernncl1t.c pRrn a crl1~c)u.~o
dll. cllmp('tl'llcia. no ca.so, da Justiça. Militar, emhora ao tempo das infrações, odiretor e o lnstruwr d00 tiros de ~uerra
sóuH:nte fósben1 !·e~;ponsúvel.s, peranle Radnlilllstraçii.o n11ll'tar, Pç'lo o.nnG.n1f~nto,
nluniçé.o. a~V(lS e cOll&'rvação dt' materia.lll~ado thretarncnte a In~";'l}ct{)ril.L.
Prcva.l(·{·(-~, entretnn~--O. a. (~Ollsld('raç-ão cít':-:.,cr o TifO e1e Guerra órgão )nt.e~rante d~i.~
Fórça:-; Arrnatias, PULS n{~IE's. com.o noExército, no. :Marlnhll. e lla Aeronúuticl::t,cumprclll uS cldadãos o .'-iervlço das o.rtnH.S'vede Seailra Fagundt~s. "Al-;. Fórçfl.~ Arnulàa.i na Const:tuiçã\l··, in "Rc\-iSLa .Füren>€", vol 115, pág;s 5 e 3661."
I 191 Cláudio Pnch,'<'''' "]l. Clt.. pà~b. :;30, 339 e::I3'j.
JANEIRO Â MARÇO - 19" lU
não tem fôro especial. porque a competência da Justiça Mll1tar só se estendeaos crimes praticados em razão de pessoas, de causas ou de lugar, por condição mllltar."
ÓRG1l0S DA roSTlÇA MILITAR ESUA COMPETANCIA
De acõrdo com a aft. 106 da Constltulção de 1946 "são órgãos da JustiçaMilitar o Superior Tribunal Militar eos juizes Inferiores· que a lei Instituir."Sady Gusmão (m) esclarece que são "remetidas para as leis ordinártas as disposições sõbre número e forma de escolha dos Juizes mllltares e togados doTribunal Supremo, os quais são equiparados, em vencimentos, aos 1utl.es ouministros do Tribunal Federal de Recursos, bem assim o acesso dos auditores."
A competência do Supertor TribunalMilitar não está prescrita na Constituição de 1946. Mas, como observa CláudioPacheco ("). "nenhum órgão Judiciárioprescinde de uma competência especWcae expllclta e por Isso continua prevalecendo a que Já estava estabelecidaem lei para o Superior Tribunal Milltar."
O Código da Justiça Militar, aprovadopelo Decreto-Lei n.o 925, de 2 de dezembro de 1938, estabelece essas competências, dentre as quais destacaremos asseguintes:
a) processar e julgar orlginàrlamente os Ministros do mesmo TrIbunal, o Procurador Geral e os oficiais generais do Exército e da Armada, sendo que êstes últlmosnos crimes m1lltares e de responsab1lldade; os juizes inferiores, ospromotores, advogados, oficiais eescrivães, nos crimes de responsabllldade;
b) declarar o oficial do Exército ouda Armada Indigno do oficialatoou com êle IncompaUvel, nos rermos do art. 160, parágrafo único,da Constituição da República:
c) 'Pr~eSS9.r e julgar pet~ções de habeas corpus, quando a coação ouameaça emanar de autoridademilitar, administrativa ou judiciária, ou Juntas de Al1stamentoe Sorteio Militar;
d) conhecer dos recursos interpostosdos despachos de auditor e das
decisões e sentenças dos Conselhos de Justiça;
e) Julgar os embargos Op05tos aosseus aeórdãos;
f) julgar os conflitos de jurlsdiçio,suscitados entre os Conselhos deJustiça Mll1tar; .
.> exercer o poder dlscipllnar sóbreos Juizes inferiores e runcionirtosque lhes são subordinados;
h> exercer em grau de recurso, dosprocessos de anelais e praçuoriundos dos Conselhos de Justiça das Policias Militares da Uniãonos têrmos da legtslaçio v1gen~;
i) julgar os recursos de al1stamentommtar na lorma da leglBlaçáo emvigor;
j) processar e julgar as rev1sões criminais de condenações proferidaspela Justiça MIlltar.
Entretanto algumas destas competências desapareceram com o advento daConstituição de 1946. Publicaremos, aseguir, a brilhante análise de CláudioPacheco (") sõbre a matéria.
"Ho)e, ~m face da atua\ CONU\m~(refere-se li Constituição de 1~) algumas destas competências estão afastadas. Agora, por fôrça do disposto noart. 101, n.O I, letra Co não cabe ao Superior Tribunal Militar julgar os seusmembros e sim ao Supremo Tribunal.Não mais poderá caber ao Superior Tribunal Militar julgar crimes de responsabilidade de seus membros, de juizesInferiores, promotores, advogados e oficiais e escrivães. salvo se estiverem deUn1dos em le1 como cnmes mUltares,ou como crimes contra a segurança externa do pais ou as instituições mUltares a que a lei tenha tomado extensivel o fôro especial da Justiça Militar,tudo em conformidade com o art. 108e seu parágrafo 1.0 da atual Constituição.
O Código da Justiça Mllitar instituiainda como órgãos da mesma Justiça,três auditorias na 3.& Região Militar,duas na 2.& e uma em cada uma das outras, além de Conselhos de Justiça detrês calegarias: Conselho Especial deJustiça, nas auditorias, para processo e
(20) &c1.y OusmlLo, op. clt.(21) C1!ludlo PacbC'CO. op. clt., pie. 320.(22) C1ludlo PacbC'CO, op. clt.• pàg!l. jJo 11 331.
114 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA---
julgamento de oficiais, excetuados osgenerais; Conselho Permanente de Justiça, nas auditorias, para processo ejulgamento de acusados que não sejamoficiais; Conselhos de Justiça, nos corpos, formações e estabelecimentos doExército, para processos de desertores einsubmissos.
Está ainda prescrito que o ConselhoEspecial de Justiça compor-se-á do auditor e de quatro juízes mUltares de patente superior à. do acusado ou de suagraduação militar sob a presidencia deofielal combatente, superior ou general,ou do mais antigo no caso de Igualdade de pôsto; que o Conselho Permanente de Justiça compor-se-á. de três oficiais até à patente de capitão ou capitão-tenente, além do auditor e de umoficial superior que será. o Presidente eque os conselhos de justiça para julgamento de desertores ou de insubmissos,serão constituídos por capitão, comaPresidente, e dois oficiais, de preferência de patente inferior à do Presidente,sendo relator o Que se seguir em graduação ou antiguidade a êste
Ainda o Código de Justiça Militar,modificado pelo decreto-lei n.O 4.235, de6 de abrU de 1942, prescreve Que o Superior Tribunal Militar compor-se-á deonze juízes vitalícios com a denominação de ministros, nomeados pelo Presidente da República, "dos quais tres escolhidos entre os generais efetivos doExércIto, dois dentre os oficiais genpraisda Armada, dois dentre os oficiais generais da Aeronáutica e quatro civis."
EXTENSAO DO FORO MILITAR AOSCIVIS
A Constituiçâo de 1946 (art. 108, §1.0), bem como as de 1934 e 1937, estabelece a extensão do fôro especial daJustiça Militar aos civis, nos casos expressos em lei, para a repressão de cnmes contra a liegurança externa do paísou das instituições mllítares. Dá, dessamaneira, pleno arbítrio ao legislador ordlná.rio para determinar essa extensibilidade e os casos em que ela se dará..O decreto-lei n.O 510, de 22 de junho de1938, "definiu os cas,Js em que o fôrom1lltar se exwnde aos civis", nos têrmosabaixo transcritos:
"Art, 1.0 - Serâo processados e julgados no fôro militar, em tempo de paz,os civis que, como autores, co-autores
ou cúmplices, cometerem crimes definidos em lei como:
1) crimes contra o dever m1lltar, inclusive os crimes contra o serviçomilitar e de insubmissão;
2) crimes de usurpação de autoridade mJlltar;
3) crimes contra a disciplina das fôr~
ças armadas, assim entendidos 03crJmes contra a honestJdade ebons costumes e a segurança dapessoa e da vida;
4) crimes contra a propriedade militar e a ordem econômica doExército e da Marinha.
Pa.rágrafo único - Nos casos a quese referem os incisos n.os 2, 3 e 4, o disposto nesta lei apUca-se aos crimes praticados contra as fôrças policiais.
Art. 2,° - O fõro mll1tar abrangeráos civis que, em lugar sujeito à jurisdl~
ção militar, cometerem crime definidoem lei militar, ou na lei penal comum,contra pessoa Investida de autoridademilitar.
Art. 3.° - Para o efeito da aplicaçãoda pena, os civis serão, sem qualquerexceção, considerados praças de pré.
Art. 4.° - Revogam-se as disposiçõesem contrário."
A inconstitucionalidade dêsse decretolei foi argüida ao Supremo Tr1bunalFederal, pois entendiam alguns Que olegislador ordinário havia exorbitado.O Ministro Orozimbo Nonato, examina a matérla e esclarece que não ocorre inconstitucionalidade. "A Constltuição apenas deu o critério geral para extremar o delito militar do comum. Nãoos enumerou e não definiu a exwnsãodo delito militar, isto é, dos delitos contra as Instituições militares ~ deflnlçâoque cabe ao legislador ordinário.
1!:ste, no caso, não transcendeu do critério geral estabelecido na Constitulção." (")
Assim, também, pensa Castro Nunes(OI) quando profere o seu voto, no mesmo acórdão, quanto ao conteúdo da locução constltucional "crimes contra asinstltuições m1l1tares": "Podem ser considerados crimes contrários às instituições militares os crimes contrários doponto-de-vista da eficiência, do cariterbélico dessas instituições; podem ser as-
123) Oro\':imbo Nonato, citado por C... tro Nunes, op. clt.. pâg> 414.
(24) Castro Nunes, op. clL, pllg. 414.
JANEIRO A MARÇO - 1968 l1S
s1m considerados do ponto-de-vlsta daeconomia das instituições. De qualquermaneira, a1nda é sempre o critério legislativo, o critério do legislador. ~ êstequem vai dizer, dentro do critério lato,o que considera capaz de comprometeras instituições m1lltares, o que considera como contrário às instituições m1Utares, Eu não consideraria inconstitucional êsse preceito."
Jã CláudIo Pacheco (-) comentandoo § 1.° do art. 108 da Constituição de1946, faz uma ressalva a respeito dacompetência do Congresso para definIros crimes mllltares: "Ressalve-se desdelogo que esta extensão não é obrigatória, O Poder Legislativo tem apenasuma faculdade para estendê-la, umaopção entre se omitir ou estender, semnenhuma 'obrlgação em um ou outrosentido.
Parece-nos, além disto, ser necessáriosempre considerar que se trata de umafaculdade excepcional e perigosa deuma extraordInária agravação de intuitos repressivos, de uma extensão algoimprópria de fOro militar aos civis, envolvendo nova queb!}l do principio deigualdade, peio que seria pre1erivel que,em sua vigência, o Congresso encarasseo assunto para uma nova e atual opção.Assim, não prevaleceria qualquer legislação anterior à sua promulgação. Aúnica legislação aplicável seria aquelaque viesse a concretizar a opção do Congresso constttuido por fôrça da Constituição e na sua vigência, seria assim aopção pronunciada no tempo futuro daConstituição, depois da sua promulgação."
Entende que, "enquanto faltar a nova legislação, só com cautela e cUscriminadam~nte se considere em vigor oDecreto-lei n.o 510', de 22 de junho de1939."
Cita, também, decisão do SupremoTribunal Federal no sentido de que "oscrimes culposos não podem ser tidos como crimes m1l1tares, quando praticadospor civis desde que lhes falta o ânimohostil contra as instituJções mllltareS"',(Acórdão do S.T.F. proferido em li dejunho de 1954).
JUSTIÇA MILITAR NACONSTlTUlÇAO DE 1967
ANTECEDENTES
Como•premissas necessárias à análiseda Justiça Militar na Constituição de
1967, Julgamos interessante dizer que,de muito, se falava numa reformulaçãoda Justiça Castrense. Opinavam um. nosentido de ser modificado o Código daJustiça MIl1tar visando a atender a ummelhor aparelhamento da própria Justiça dos Militares. Entendiam outrosque se devia modtf1car o art. 108, § 1.°,da Constlu1ção de 194e, a fim de estender o fôro especIal aos civis acusados"de prática de delitos de natureza politlca e contra a segurança Interna dopais."
Sõbre êsse assunto, Te6crito Mirandanuma crônIca intitulada "A Competincia da Justiça Militar", p..) assim se expressa:
"Fala-se, com insistência, no envio demensagelll ao parlamento nacional, propondo a modIficação do preceIto constitucional -... art. 108, parágrafo 1.° a fim de possib1l1tar a extensão do tôrom1l1tar aos civis acusados de prática dedelitos de natureza polltlca e contra asegurança interna do pais.
Transformados que sejam em realidade os comentários, o que é, aliás. pouco provável, os legisladores das duas casas do Congresso estarão a braços comuma enorme responsab1l1dade, tal seja,a de evitar que vigore uma lei, sobretudo antldemocrática, ferindo em cheio asensib1l1dade social e contrariando umatradIção juridlca que conta, apenas,com a exc~ão de periodo inexpressivo,não só pela Insigntf1cância de sua duração. como também tendo-se em vista aanormalidade da situação polltlco-soeial então vigente. De feito, com a exUnção do Tribunal de Segurança Nacional, através da let constitucional n.o14, de 17 de novembro de 1945, o Decreto-lei n.O 8.186, de 19 do mesmo mêsdeferiu à Justiça Militar competênciapara apreciar os crimes contra a segurança do estado, previstos e definIdosna Lei de Segurança Nacional, então vigente. (Decreto-lei n.o 431, de 18 demaio de 1938).
Mas, com a promulgação da CartaPolltlca de 16 de setembro de 1946, novamente e por fôrça do disposto no seuart. 108, parágrafo 1.0, foi estabelecIdoo principio clássico segundo o qual os
(~~) ClAudio Pacbcco. op. clt., p~. :ue l! &c.gulnto.
(26) "~vl4ta ~"""lIelra de CrlmlnolOllla e DIreito Penal". n,o la, julhO-lIet. - 186:1 pAp. I~ e se«e.
116 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISlATIVA
civis não podem responder a processoperante as Côrtes Militares, em tempode paz, a não ser quando os crimes aêles atribuídos, de caráter doloso, atentem contra as instituições militares, defInidos no art. 6.°, n.o IH, letra "a" doCódigo Penal Militar, ou contra a' segurança externa do país.
Vê-se, pois, que ocorreu um ligeiro interregno, compreendido entre 19 de novembro de 1945 e 16 de setembro de1946, momento histórico realmente deexceção, afinal normalizado com o advento da Constituição ainda vigorante,interregno único durante roda a história do direito pátrio.
Acentue-se, a par disso, que em todosos tempos, a partir da primeira constituição republicana de 1891 (art. 77),consagrou-se, manifestadamente, a incompetencia da Justiça Militar parajulgar paisanos. De início, não se admitia, sequer, fôsse o civil processado perante os tribunais especiais, nem mesmo quando transgredia infrações queatingiam as instituições militares.
Na França, um dos mais atualizadospublicistas da matéria, o General Pedoya, em sua festejada e sempre atualobra "La Reforme des Conseils de Guerre," pág. 135, vai muito maís além,quando leciona: "I!: um dever dos legisladores não deixar aos Conselhos deGuerra senão o conhecimento dos crimes e delitos militares (essencialmente)e dar aos Tribunais Comuns o conhecimento dos crimes e delitos de direitocomum cometidos por militares sobbandeiras".
Também, entre nós, a princípio, oconceito relativo à competência do foromilitar obedeceu ti várias wodjfjcações,ampliando-se, gradativamente, até atingir a um estágio definitivo que é, j ustamente, o estabelecido na atual legislaçào.
Esta competência recebeu o .>eu primeiro esquema, bem restrito, na Lei 631,de 18 de setembro de 1851, abrangendosomente os casos de guerra externa assim mesmo cifrada aos crimes de e~pionagem. tentativa de sedição de praças,ataques a sentinela e entrada nas fortalezas por lugares defesos, regra quepredominou no curso da legislaçào imperial.
Posteriormente, isto é, pelo uecreton.o 1.681, de 28 de fevereiro de 1894 ajurisdição militar passou a alcançar' os
civis, em tempo de paz, exclusivamentenos casos que atentassem contra as instituições militares.
Hoje o assunto é disciplinado, de modo genérico, pelo mandamento constitucional e, especificamente e ainda, pormeio do art. 6.° do Código Penal Militar e alguns dispositivos da chamadaLei de Segurança Nacional, de 2 de janeiro de 1953.
Sujeitat-se o civil ao fôro militar pelaj)tã,UC'é\ de in{r'é\~õcs ~\le nã~ as ca})it\lladas no diploma substantivo penal militar e outras de indisfarçável gravidade contempladas na Lei de Segurançae atentatórias à segurança externa dopaís representa uma patente negaçãode todos os princípios e tendências modernas que disciplinam a matéria.
A não ser em casos isolados e rarosem países que atravessam fases anôma~las e não fundam o sistema político nasamplas garantias individuais, tolera-sea implantação de um sistema diferentetransformando-se uma Justiça Especlaiem justiça de exceção, não compativelcom um regime democrático.
Além do mais, logrando trIunfar ainconveniente idéia, operar-se-á, não hánegar, uma invasão do âmbito da.s garantias do cidadão civil, como melhorgarantido está o soldado ao ser julgado por uma justiça específica, integrad~ pelos seus companheiros de proflssao das anuas, e se ocorresse o contrário, estaria comprometida, de maneiraintima, a própria substância do organismo militar. Com efeito, a Justiça Militar tem em mira preservar o dever adisciplina, e a subordinação milita~esa fim de assegurar o primado da ordem:e do acatamento à. hierarquia, cernedas corporações annadas.
Inspirado neste entendimento. (j insigne BrunioIs assim se manifesta: "Ai~stituição armada implica a institulçao da Justiça Militar, destinada a assegurar a obediência aos chefes e o respeito às hierarquias". (La supressiondes Conseils de Guêrre).
Em decorrência da sua finalidade osTribunais Militares surgiram para j ulgar os integrantes de uma determinadaclasse que exerce, na comunidade social, função de superior significação cconsiderada anormal com relação àsdemais.
Assim é que, para ser atingido um nível alto de perfeito equilíbrio nas rela-
JANEIRO A MARÇO - 1968 117
çées entre membros dos corpos de tropa de superior para inferior Ou mesmoentre elementos de igual categoria hierárquica, torna-se impresclndivel umadisciplina permanente, o que só se consegue com o auxilio de uma leg1slaçãoprópria, contendo normas restritivasdas garantias c dos direitos comuns aosindividuos estranhos à caserna.
Mas, o que é posItivamente Insustentável e não se justifica nem concebe, éa iniqua suspensão do fôro ordináriopara os civis, fora dos casos previstosnas regras pertinentes fixadas na Constituição, medida que reflete sobrevivêncIas históricas de há multo proscritas etaz recordar as antigas justJças consulares.
O poder criminal contra os civis pode perfeitamente ser exercido, comovem acontecendo até agora, com absoluta eficiência e até sacrifício. para coibir as violações ao direito na parte relativa à defesa da estrutura do estado,ordem poliUco-soclal, pelos órgãos daJustiça Ordinária, com os beneficios,vantagens ou rigores que a sua sistemática processual oferece, ao Jnverso dofôro especial (militar) onde, como salientou Rui Barbosa "as garantias dadefesa são menos amplas, as formas juridlcas mais estreitas e as corn1naçÕeBlegais mais severas", em função da suaorigem e dos fins a que se destina.
Sabe-se, por exemplo, que na JustiçaM1lltar, pelas mesmas razões antes argüidas, não existem, entre outros, osInstitutos da flança, liberdade provisórJa para os Juridicamente miseráveis,tamOém chamada de fiança sem dinheiro, e a suspensão condicional da execução da pena que, na órbita do direitocriminal comum, representam conquistas há muito tempO incorporadas àsfranquias individuais impostergáveisconferidas a certa classe de delinqüentes.
l!: de meridiana evidência, portanto,que o legislador, sobretudo em uma democracia, deve procurar modelar as leisde Interêsse coletivo, no bom senso, nosconceitos equilibrados e nas fontes eprincipios juridicos mais salutares, evitando, com Isso, que a Justiça se transforme em Instrumento de perseguição cvlndita, pois, como se dIZ sempre compropriedade "Justiça e arbitrio é o binômio social, através de que se podeavaliar a saúde moral dos povos e a leié o ponto de estabtlldade superior aos
caprichos e flutuações da onda humana".
Em suma, constituirá uma autênticadlsformldade juridica e a negação completa da concepção mais primárllt. dacompetência criminal até agora adotada pelos códigos de todos os palses civilizados, deferir-se à Justiça Militarcompetência para julgar paisanos quenão adotarem comportamento antijuridica, atingindo, especificamente, à ordem ou instituições militares e nem àsegurança externa do pais.
Finalmente, o entendimento em contrário à tese formulada, não encontralastro em tõda a doutrina construída emredor do texto da primeira constituiçãorepublicana e das que se seguiram sõbre o problema, nem na Jurisprudência,sempre interpretando o esplrito da disposição constltuclonal, de modo a garantir a tranqü1lldade do povo e a segurança individual.
A par dos argumentos de ordem jurídica, antecedentemente alinhados, amedida. se efeUvada. determinará umasérie interminável de inconveniências,ligadas às dificuldades da aplicação dalei, face ao Insignlflcante número deauditorias, em relação à Imensa extensão territorial brasileira, sem falar noimprevisivel aumento do volume de trabalho.
Antes, portanto, da ampliação da áreajurisdicional da Justiça Castrense, impunha-se uma série de providências. entre as Quais, avulta a criação de váriasauditorias no interior do pais. Com asatuais, apenas, seria Impraticável onormal curso da ação penal. Um processo originário de uma cidade longínqua do interior, por exemplo, nas ad.lacênclas de Foz do Iguaçu, seria julgadoem Curitiba, sede da Auditoria competente, localizada a uma distância de 700(setecentos) quilômetros. Os réus e testemunhas, geralmente homens de condJção modesta e desprovidos de fortuna,seriam forçados a dispender importâncias de vulto para atender às despesasde locomoção, abandonando, por outraface, as suas ocupações normais, com oque deixariam de ganhar o necessáriopara atender aos encargos de subsistência da familia, o que seria, antes demais nada, desumano. Com os militaresisto não acon~e. São requisitados enada dlspendem para comparecer à. sede do Juizo, percebendo regularmente osseus vencimentos.
118 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
Se se deseja reformar a legislação militar, em o\.;.tro sentido, nada mais justonem mais necessário. Os juízes e demais auxilla,res da Justiça Militar clamam por esta reforma há mais de vinte anos, pelo menos em setor de importância vital para a função de distribuição de Justiça, por isso seriamente dificultada. ~ inacreditável que ocorra, nanossa Justiça, um verdadeiro absurdo,justamente ligado a uma peça essencialao bom andamento dos trabalhos judiciários. Trata·se da lei processual militar de espírito e letra caducos, desatualizada e inteiramente divorciada da nova política criminal que' vem vigorandodesde 1942 e consagrada no Código Penai Comum e, o que e de pasmar, nopróprio diploma Legal Militar Substantivo. Como se compreende que em umamesma Justiça, esteja vigorando umalei substantiva - o código dos velhacos -~ contendo novos institutos e asnormas processuais da lei adjetiva, queFerri crismou de Código dos Homens debem, seja antiga - 1938 - desconhecendo, por inteiro, as medidas de segurança, a reabilitação, o livramentocondicional nos novos moldes e ainda,o que e grave e inacreditável, exija onúmero minimo de 3 (trêsl testemunhas para a intentação da ação penal,coisa que pertence ao passado.
o Código da Justiça Militar é criminosamente omisso no que respeita à regulamentação daqueles institutos que jáconstam do textD do Código Penal Militar, tornando mais complexa e árduaa missão do juiz, forçado a recorrer atodo instante para o Código de ProcessoPenal Comum, estatuto subsidiário.
É inadiável, dêsse modo, a necessidade e conveniência de ser modificado, emtôda a sua extensão, o Código da Justiça Militar, para que a Justiça dos Militares fique melhor aparelhada paradesempenhar a sua função na sociedadeque e das mais significativas e de relevância inegável para a estabilidade dasinstituições.
Esta afigura-se a única reforma sériae imperiosa exigida há mais de vinteanos, mas sempre mal sucedida refletindo êsses insucessos. constantes prejuízo" reais a Justiça Militar, atormentando os que nela atuam e comprometendo o seu conceito.
Conservando as atuais dimensões doperimE'tro jurisdicional do fôro especial
e acelerando a reforma do vetusto e bolorento Código da Justiça Militar, ospodêres executivo e legislativo, aí sim,ao mesmo passo, respeitarão uma anUga tradição jurídica tão preciosa para oregime e prestarão indispensável amálio às Fôrças Armadas e aos que pertencem aos quadros da Justiça dos soldados, que continuarão pugnando, quase em desespero, pela reorganização doseu estatuto formal, tão necessário àprática judiciária, a fim de que continuecomo realidade aquêle ideal de equilíbrio entre a balança e a espada de quefalava Iherlng nesta lapidar sentença:"A Balança sem a Espada é o desmaiodo Direito; a 'Espada sem a Balança éa fôrça bruta. Na combinação dos doisprincípios está o "Segredo da Justiça".
Em 4 de outubro de 1963, o PresidenteJoão Goulart envia Mensagem ao Congresso Nacional pedindo a decretaçãodo Estado de Sítio, e cujo art. 3° assimestatui: "Durante a vigência do estadode sitio, ficam suj ei tos a jurisdição elegislação militares, como faculta o art.207 da Constituição, os crimes definidos na Lei n.o 1.802, de 5 de janeiro de1953, arts. 2.°, n.O IV, 4°, n° 1, 5.°, 9°,14, 16, 17, 25, 26, 27 e 29," ("") Acompanha a mensagem exposição de motivosdos Ministros da Justiça e Negócios Interiores, da Marinha, da Guerra e daAeronáutica, todos acentuando a necessidade do sítio a fim de se manter aprópria legalidade democrática. No parecer da Comissão de Constituição eJustiça, sôbre essa Mensagem. o deputado Vieira de Mello, quanto ao art. 3.°,acentua: "Se o Govêrno pede a decretação do estado de sítio, com fundamentono art. 206, inciso I (caso de comoçãointestina grave ou de fatos que evidenciam está a mesma a írromper), e claro que não poderia catalogar as garantias individuais que permaneceriam emvigor, nem cuidar de suj eição à jurisdição e legislação militares de crimesdefinidos na Lei nO 1.802, porqL<C' nestahipótese (sítio preventivo). as únicasmedidas a adotar contra as pe5soas estão taxativamente enumeradas pelaprópria Constituição em seu art. 209". OSenador João Agripino le, no Senado.nota da U.D.N. e do P.L. protestandocontra a decretação do estado de sitioe advertindo à Nação do propósito "ma-
12~ ) Véde "RevlstR de Informaçâo Lc~l,lall"""11,0 9, pâg. lI!) "Estndu de SItiO" 15."parte I.
JANEIRO A MARÇO - 1968 119
nifesto no projeto do Govêrno, de ampliar, contra a segurança dos cidadãos,a juriscUção militar de exceção."
A Mensagem do estado de sitio foI,entretanto, retirada pelo PresidenteGoulart.
Agrava-se a crise nacional e em abrilde 1964, um Movimento Militar destituio Presidente G<lulart. Investindo-se doPoder Constituinte êsse movImento revolucionário edita um Ato Institucional.Em outubro de 1965 é editado um outro,o de n,o 2, cujos artigos 7.° e 8.°, comseus respectivos parágrafos, dispõem sõbre a Justiça Militar:
ATO INSTITUCIONAL N.o 2
Art. 7.° - O Superior Tribunal Mllltarcompor-se-á de quinze juizes vitallcios,com a denominação de Ministros, nomeados pelo Presidente da República,dos quais quatro escolhidos dentre osgenerais efetivos do F.xército, três dentre os oficiais generais efetivos da Armada, três dentre os oficiais generaisefetivos da Aeronáutica e cinco civis.
Parágrafo único - As vagas de ministros togados serão preenchidas porbrasileiros natos, maiores de 35 anos deIdade, da forma seguinte:
I - três por cidadãos de notório saber juridlco e reputação ll1bada, comprática forense de mais de dez anos, dalivre escolha do Presidente da República;
11 - duas por auditores e ProcuradorGeral da Justiça MiUtar.
Art. 8.° - O parágrafo 1,0 do artigo108 da Constituição passa a vigorar coma seguinte redação:
"Parárrafo 1.0 - tsse tõro especialpoderê. estender-se aos civis, nos casosexpressos em lei para repressão de crimes contra a segurança nacional ou aslnstltuiçÓ("s m1lltares."
§ 1.° - Competem à Justiça Militar,na forma da legislação processual. oprocesso e julgamento dos crimes pre~
vistos na Lei n.o 1.802, de 5 de janeirode 1953.
11 2.° - A competéncia da Justiça MIlltar nos crimes referidos no parágrafoanterior,com as penas aos mesmos atribuidas, prevalecerá sóbre qualquer outra estabelecida em leis ordinárias, ainda que tais crimes tenham Igual definição nestas leis,
§ 3.° - Compete orig1nàr1amente aoSuperior Tribunal Militar processar ejulgar os Governadores de Estados eseus Secretários, nos crtmes referidos noparágrafo primeiro, e aos Conselhos deJustiça nos demais casos,
Assim, a Justiça Militar brasileira, commais de século e meio de existência, "sóganha maior relevância no quadro judiciário do pais depois da Revolução de31 de março de 1964, quando passa aapreciar milhares de processos de natureza polltlca, envolvendo civis e militares.
Ao Superior TrIbunal MUltar cabemaior volume de responsabUldade nojulgamento de centenas de habeas-corpus, embargos, agravos, conrutos de jurisdição, bem assim as apelações e recursos procedentes das Auditorias doExército, Marinha e Aeronã-utica.
O chamado Processo dos AlmIrantes,o caso dos chineses, o pedido de prisãopreventiva do Governador Negrão deLima, os julgamentos de habeas-corpusem favor do ex-G<lvernador Mauro Borges, do d1r1gente comunista GregórioBezerra e do ex-cabo Anselmo foram ascausas de mais viva repercussão noS ,T ,M., depois da Revolução.
O caso dos chineses, por. exemplo,atraiu as atenções do mundo inteiro,merecendo a mais ampla cobertura,tanto na nossa imprensa como por parte de vários Jornais estrangeiros". (-)
A composição do Superior TribunalMilitar. também, é comentada por Alberto Romero: (-)
os MINISTROS
"O mlllta.r quando atinge o generala.to(e 8Õmente nesse põsto é que chega aoTrIbunal), tem ele adquirido na caserna, nos vários postos de comando, umavivência excepcional, no que diz respeito ao principio de punir, aplicando oRDE às pequenas faltas regulamentares,bem como dispondo quanto à remessados casos à Justiça comum e 'militar,conforme a hipótese, quando a falta excede os limites do Código das Transgressões e cal na esfera das Infrações àlei penal.
(28) Report.aeem de Alberto Romero - "Jornaldo Brasil" - 2:l-g.G6,
(29) Reporta~m de A1~rto Romero - "Jornaldo BruU" - 2S·9~,
120 REVISTA D~~FORMAÇÃO LEGISLATIVA
l!: nesse trato diário que o oficial adquIre vivência especializada, obrigando-o a recorrer aos Códigos, aos usos,aos costumes, à praxe, com consultas,inclusive à jurisprudência dos nossosTribunais, de modo a sair-se, de cadacaso, na caserna, com humanidade ejustiça, os dois maiores fatõres que entram na formação da mentalidade deum juiz.
Os Tribunais de Justiça Militar, destinados a processar e julgar crimes denatureza militar e só acidentalmentecivis, tinham que ser compostos e integrados de juízes togados, técnicos especializados em Direito Penal, e juízesmilitares, técnicos em assuntos da militança, vividos na tropa, esclarecidosquanto às regras discipllnares, sempree sempre envolvidos em todos os processos que batem às portas da Justiçacastrense. ( ... )
PROCURADOR GERAL
Serve a essa Justiça um MinistérioPúblico Militar especializado, organizado em carreira, absolutamente indl':pendente e em cujo quadro se ingressa mediante concurso, sendo o seu chefe oProcurador Geral da Justiça Militar,candidato natural ao preenchimento deuma das vagas de ministro togado doS. T. M., a exemplo do que acontece naJustiça comum.
O atual Procurador-Geral, sr. EraldoGueiros Leite. vez por outra afirma, desua tribuna, que não constrange os seuscomandados, "todos conscientes de quenão são Sistemáticos acusadores, massim Promotores de Justiça", Icrnbrandoos de que "o Ministério Público é a Magistratura de pé."
O JUIZ-AUDITOR
A função de Juiz-Auditor náo é menos árdua. Eis aqui, para terminar, assuas atribuições no corpo da Justiça Militar, segundo informou o Juiz Teócritode Miranda, da la Auditoria do Exército:
"Administrar a Auditoria, receber ourf'ieitar denúncias oferecidas 'Jelo MInistério Público, decretar arquivamentode inquéritos ou autos de prisão preventiva em flagrante, orientar os juízes milltares nas questões de Direito por ocasião dos julgamentos, redigir tôdas asdecisões e sentenças proferidas pelos
Conselhos Permanentes de Justiça eConselhos Especiais de Justiça, conceder livramento condicional, decretarprisão preventiva em inquérito e quando o indiciado fôr oficial até o pôswde Coronel, proceder às justificações requeridas e determinar o cumprimentodas cartas precatórias, inqueritórias ecitatórias,"
CRIMES CONTRA A ECONOMIA
POPULAR
Ressalte-se, ainda, a competência daJustiça Militar para processar e julgaros crimes contra a Economia Popular,de acôrdo com o Decreto-lei n.o 2, de Hde janeiro de 1966: C")
"Autoriza a requisição de bens ouserviços essenciais ao abastecimento da população e dá outras providências."
"Art. 3,0 - O náo cumprimentodas obrigações estabelecidas no art.2,° (lt) e a oposição de quaisquer dificuldades ou embaraços à consecução dos obj etivos do presente Decreto-lei, bem como a Infração aosdispositivos da Lei Delegada nO 4,I") de 26 de setembro de 1962, serão processados e julgados pelaJustiça Militar, na forma da legislação processual vigente. sujeitando os infratores ou os responsáveisàs sanções previstas no art. ]3, daLei n.O UJ02, de 5 de janeiro de]953". ("')
Visando a um esclarecimento melhorda matéria publicaremos, a seguir. decisões do Supremo Tribunal Federal C'nvolvendo o Decreto-lei n° 2 e a Lei n.O1.802.
(30) Decr,,!{)-L"j nO 2 -- DO. de 17-1-66 .Ret 11 O. d" ]1-2-66.
(31} .\rt. ~.~ - As autoridades r"d<'fais, e"l.aduais e mUlIldpals o(Lmprestn.rão A SUPf'rintendêncie. Nadonal do Abaste('lmentoI HUNAB I " colaboração que lh~s tór 8011~ltada pam () tj~l cumprlm"nto dêste Decreto-LeL.
(32) L..1 Del~;mda n" 4. d~ 26-9-82 "Dispô"sóbre a lnte~vençã.o no dumínio ecollórnl~o
pura o.sse!-':'urar B. !l\'t~ dlstribulçâ'j de p::-odlitos necessfLrlos ao consumo du p0\,().'l
-- D.O. 27-9-62 -- Ret. D.O. 2-LC-62.
(33c~ LL'Í n.o 1.802. de ~-l-.'l:~· "DefIne oS ('Tunescontra () E..-:.tado e a Ordenl Pü) iUca r- 80C'la~, e dá. outras provldi'nc1as," - D. ().de 7-1-53-- Ret. DO. de 8-8-~J.
JANEIRO /t!. MARçO - 1968 12'
CONFLITO DE lURlSDIÇAON.o 3.182 - GB (Tribunal Pleno)
Relator: O Sr. MInistro Hermes Lima.SuscItante: 2.- Auditoria da Aeronáu
tica - Guanabara. Suscitado: JuJz deDIreIto da 3.& Vara Criminal da Guanabara.
"Conruto de Jurisdição. DL. 2, de14.1.66. Não se aplica aos fatos tidos como delituosos ocorridos antesdêle. Aplicação Imediata de lei processual não pode acarretar para osréus da ação penal pena superlor àQue estavam sujeitos, segundo a leivigorante ao tempo em que teriamcometido o delito. Competência doJuiz de Direito da 3.- Vara Criminalda Guanabara."
AC6RDAO
Vistos e relatados êstes autos, acordam os Ministros do Supremo TribunalFederal, em sessão plenária, por unanimidade de vows, julgar procedente oconflito, e competente a Justiça Comum,na conformidade da ata do julgamentoe das notas taquIgráflcas.
Brasllia, 31 de agõsto de 1966 - Cândido Motta Filho, Presidente. - Hermes Lima, Relator.
RELAT6RIO
O Sr. Ministro Hermes Lima: - O Dr.Juiz da 3.- Vara CrimInal da Guanabara, Invocando o art. 3.° do DL 2, de ..14 .1. 66, deu-se por Incompetente parajulgar ação penal movida contra Antero PInto de Resende e Jo?-o Pereira daCosta, e determinou a remessa dos autos à Corregedoria da Jusuçã Militar edai encaminhados à Audltorta.
O Auditor da 2.& Auditoria da Aeronáutica, considerando que a Infração aopreceIto da LeI de Economia Popular deque dão noUcIa os autos ocorreu antesda vigêncIa do DL 2, de 14.1.66, considerando-se incompetente, suscitou opresente conflito de jurisdIção.
O pareeer da douta Procuradoria épela competência do juizo suscitante,em face do principIo da aplicação Imediata da lei processual.~ o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hermes Lima (Relator): - O DL 2, de 14.1.66, no art. 3.°,detenninou que as Infrações dos d1spo-
slt1vos da LeI Delegada n.o 4, de 26.9.62,passariam a ser processados e Julgadospela Justiça MIlitar, sujeItando os Infratores ou responsáveis às sanções previstas no art. 13 da L. 1.802, de 5.1. 53,isto é, à pena de dois a cinco anos dereelusão. Portanto, a nova lei aumentoua pena que, na legjslação anterior, erade seis meses a dois anos de detenção.
No caso em aprêço, a denúncia datade 9.7.63, descreve o fato tido como deutuoso, como ocorrido em 13.6.60, anterior, assim. à Lei Delegada n.o 4, que éde 26.9.62.
Em face dessas razões c considerandoque a leI postertor ao fato tido como delituoso exacerba a penalidade a 'que omesmo está sujeIto, julgo competente osuscitado, JuJz de DlreIoo da 3.a VaraCriminal da Guanabara.
A aplicação Imediata da lei processualnão pode acarretar para os réus da açãopenal pena superior à Que eles estavamsujeitos, segundo a lei vigorante ao tempo em que teriam cometido o delito. Oart. 141, § 27, da C.F. dispõe que ninguém será processado, nem sen;enclado, senão pela autortdade competente ena forma de leI anterior.
A aplicação da nonna processual nova no caso Implicarta em aumento dapena. Julgo competente o Juiz da 3.aVara Criminal da Guanabara (Nota: Oparecer é da autorta do Procurador Dr.Salazar) .
DECISAOComo consta da ata, a decIsão tal a
seguinte: Procedente o conflito, competente a Justiça Comum, à unanimIdade.
Presidência do Exmo. Sr. MinistroCândIdo Motta Filho. Relator, o Excelentisslmo Sr. M1n1stro Hermes Lima.Tomaram parte no julgamento osExmos. Srs. Ministros Aliomar Baleeiro,Prado Kelly, Adallcio Nogueira, EvandroUns e SIlva, Hermes Uma, Pedro Chaves, Victor Nunes Leal, Gonçalves deOliveira, VUas Boas, LuIz Gallotti eHahnemann Guimarães. Ausentes, Justificadamente, o Exalo. Sr. MInistro oswaldo TrtgueIro e Latayette de Andrada. Licenciado, o Exmo. Sr. Ministro A.M. RIbeiro da Costa.
Brasilia, 31 de agõsto de 1966 - Alvaro Ferreira dos Santos, Vice-DiretorGeral.
(RTJ - vaI. 39 - fev. 1967 - pág.286) .
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HABEAS CORPUS N.O 42.515 - RJ(Tribunal Pleno)
Relator: O Sr. Ministro Evandro Linse Silva.
Impetrante: Edmilson Jorge de 011veira. Pacientes: Rayil Peçanha, Joaquim Mayrlnk Filho, Horst José Bezerra, Arthur Martins Filho, Manoel Martins e Affonso Celso Nogueira Monteiro.
"O legislador ordinário só pode sujeitar civis à Justiça Militar, emtempo de paz, nos crimes contra asegurança externa do país ou asinstituições mihtares" (Sum. 298)
ACóRDAO
Vistos, relatados e discutidos üS autosacima identificados. acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, emsessão plenária, na conformidade daata do julgamento e das notas taquigráficas, unãnimemente, conceder a ordem nos têrmos do voto do Relator.
Brasília, 14 de outubro de 1965.Cândido Motta Filho, Presidente.Evandro Lins e Silva, Relator.
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Evandro Lins: -~ Oadvogado Edmilson Jorge de Oliveirapede habeas corpus em favor de RayilPeçanha, Joaquim Pedro Mayrink Filho, Horst José Bezerra, Arthur MartinsFilho, Manoel Martins e Affonso Ce1.soNogueira Monteiro, todos civis, que seencontram com prisào preventiva decretada por decisão do Conselho Permanente de Justiça da 2." Auditoria deGuerra da L" Reg~ão M!lltar, tf'ndo sidodenunciados como incursos no art. 2.°.inC.lII da L. 1.802, de 5.1 53.
A petição é longa e alega que os padentes foram indiciados no IPM instaurado na Loteria Estadual e CaixaEconômica do Estado do Rio de Janeiro,com a finalidade de apurar atos de corrupção e possiveis ato:, subversivos,
No encerramento do referido inquérito, foram indiciadas mais de 70 pessoas,entre as quais o ex-Governador BadgerSilveira.
O Promotor Publico que recebeu osautos em primeiro lugar pronunciou-sepela incompetência da Justiça Militar,
conclusão que não foi aceita pelo Juizoda 2.a Auditoria, sendo então designadoum substituto, que formulou a denúncia, entendendo que cêrca de 60 indiciados deviam ser processados na JustiçaComum e os pacientes e outros deviamser processados na Justiça Militar.
A petição desenvolve argumentos nosentido de demonstrar que, sendo os pa·cientes civis, e não tendo cometido crime contra a segurança externa do pais,ou contra as instituições militares, devem ser processados perante a JustiçaComum.
Sustenta que o inc. III do art. 2." daL. 1.802. quando fala em ajuda ou subsidio de Estado estrangeiro, ou de organização estrangeira de caráter internacional, quer dizer que eSSa ajud3. ousubsídio deve ser de caráter concreto enão através de simples presunções, dada a severidade da sanção dessa disposição penal, que oscila entre 15 e 30 anosde reclusão. Analisa detidamente a denúncia e pede que a ordem seja concedida, para declarar a incompetência daJustiça Militar para julgar os pacientes
Solicitei informações, que foram prestadas pelo Exmo. Sr. General de Exército Floriano de Lima Brayner, Ministro Relator do habeas corpus denegado.por maioria de votos, pelo ego SuperiorTribunal Militar.
Essas informações. depois de fazeremapreciações sôbre a petição do advogado, dizem o seguinte:
"IV - Ora. eminente Sr. Presidentedo S. T .F <, a ninguém é dado Ignoraro ambiente de podridão politica, administrativa e ideológica que imperava navelha Provincia fluminense antes de31.3.64. A mercantilização dos Pod{>res Públicos, a mais profunda corrupçâoe a subversão generalizada, a serviço daideologia moscovita, eram a moeda corrente no desumparo dos mais elementares int.erêsses da sociedade, sob a égide de um famoso Governador chamadoBadger Silveira. Alguns dos instrumentos dessa corrupçãn eram a Loteria Estadual e a Caixa Econômica do Estadodo Rio de Janeiro, que entregavam amancheias, pelos processos mais criminosos, aos agentes da cotrupC~w c d[l.subversão. as minguadas economias dopovo fluminense.
V - Iniciado o IPM para apurar I'S
sas irregularidades, a fim de se constatar até onde chegava, na área militar,
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sua Influência deletéria, ficou logo constatada a amplltude dos males disseminados, Já então colocados sob o Império da Lei de Segurança n.O 1.802, de ..5. 1. 53 . Dal a mudança de orientaçãoda Justiça Milltar, na atuação de seuMinistério Publico, que tanto contrariouos interésses do causídico Impetrante.Esta alta cOrte de Justiça Castrense,tem sempre considerado, doutrlnàrlamente, que ser comunista, por convicção ideológica, não é crime, à luz dostextos da nossa Lei Maior. Mas, pertencer .ao Partido Comunista, organizaçãocspuria, Já colocada fora da Lei Brasileira, por seu caráter internacional queu:m por base a destruição das tnsÍltuIçoes nacionais; utll1zar essa condiçãoabastecido por Idéias e recursos allení:genas para trair os Interêsses da: ordem polltlca e social de sua Pátria éc~me de alta traição, por mancomuriaçao com estrangeiro. Não é por outromotivo que êsses comparsas, que tãodenodadamente alegam sua condição decivis, para fugir às malhas da JustlçaMill_tar, acabam enredados nas especltlcaçoes da Lei de Segurança do Estado(L. 1.802, de 5.1.53) e levados ao pretório da Justiça Castrense.
VI - Certamente a Lei cltada contémImperfeições, princIpalmente se considerarmos que tõda a trama vermelhaem nosso pais, desde 1953, já se organiza tendo em vista dltlcultar, senão destruir, qualquer prova que se tente reunir, para levar os criminosos ao processo e ao julgamento, à luz dos seus dispositivos. Exigem, os defensores a exibição de recibos com data, e nima reconhecida, das espórtulas que lhes teriam sido enviadas pelo Chefe espiritualFldel Castro ou pelos MIkoyans e Kozlghlns. Estranha aparentemente o causidlco impetrante <copo IV) a afirmação da Promotoria da 2.& Aud. da 1.R. M., na fundamentação da denúnciaa denominação "Partido Comunista d~Brasil." São éles, os vermelhos fidellstas, que fazem questão dessa diferenciação. Não se trata de um Partido Brasileiro e sim, da sucursal de uma organização Internacional, Instalada no Bra.sU. E o lntercámblo da Orei Comunistado BrLUlU, com os seus comparsas deCuba ou da Cortina de Ferro, antes de31.3.64, era tão público, notório e ostensivo que, talvez no nosso Pais o único a Ignorar seja o signatário da petição Inicial. tIe exige que a prova da"ajuda ou subsidio de organização e8-
trangeira se faça por atos Inequlvocose efetivos, livres de simples presunções.Sem comentãrios."
Junto com as informações velo oacórdão proferido no habeas co;Pus denegado pelo ego Superior TrIbunal Milltar, pelo qual se vê que foram votosvencidos os dos Exmos. Senhores Ministros Orlando Ribeiro da Costa e PeryBev1l;acqua <f. 18 a 20).
A Auditoria de Guerra prestou também Informações, enviando cópia da denúncia e do despacho de prisão preventiva.
A denuncia é longa (f. 33-45) e desenvolve largas considerações sôbre ocomunismo Internacional, acentuando,de comêço: "o Partido Comunista doBrasil é, sem sombra de dúvidas umaorganização de caráter Internaélonal,tendo por principio o marxismo e o lenintsmo e como fim a ditadura do proletariado. O comunismo, por sua própriaessência e natureza, é um movimentoInternacional, visando abolir tôdas asclasses sociais e constnúr uma sociedade sem classes. Para êste efeito, misterse faz a conquistado poder polltlco, afim de posslbll1tar a Implantação daditadura do proletariado. A abolição daforma burguesa da propriedade privada e Instauração da propriedade socialsôbre os meios de produção, são as soluções porque lutam, de rodas as formas ao seu alcance. os comunistas domundo Inteiro." <f. 33) .
!. o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Evandro Lins (Relator). - Os votos vencidos dos senhoresMinistros Orlando Ribeiro da Costa cPery Bevllacqua afinam-se com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
A súm. 298 consigna que o legisladorordInário SÓ pode sujeitar civis à JusUça Mil1tar, em tempo de paz, nos crimes contra a segurança externa do Paisou as instituIções ml11tares.
compreendo os alto.> propósitos patrióticos do Exmo. Sr. Gcn. Lima Brayner, nas Informações prestadas a esteTrIbunal, mas a diferença que existe,exatamente, entre o regime democrático e os regimes totalitários, é que naqueles se assegura a todos os cidadãosdireitos e garantias, entre os quais seencontra o de serem julgados perante a
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Justiça competente, com ampla defesa. enquanto, nos países totalitários, oindivíduo não goza de garantias constitucionais semelhantes e está sujeito aoarbitrio da ditadura dominante.
A Lei de Segurança Nacional submete a maior parte das infrações nela previstas à jurisdição da Justiça Comum.
Só excepcionalmente é que o crimeprevisto nessa lei se desloca para acompetência da Justiça Militar.
São exatamente os crimes contra asegurança externa do País e contra asinstituições militares.
Ora. no caso dos autos, o de que secogita. é de um processo de subversãogeneralizada, em que as característicasdo internucionalismo do Partido Comunista não refletem aquela ajuda ou subsidio, que deve ser de ordem material,para que se retire da competência daJustiça Comum o julgamento dos civis.
A Justiça Comum deve reprimir e punir todos os que pratiquem atos tendentes à mnclança do re~ime. nos têrmosda Lei de Segurança. Não é, contudo, aposição ideológica do autor dêsses atentados que o faz submeter à j urisdiçãcmilitar.
A regra geral, nos crimes políticos, éa competi'ncia da justiça comum. Sóexcepcionalmente é que esses crimes sedeslocam para a competência da justiça militar. como já dissemos. ~sse, aliás,é o sentido de nossa jurisprudência predominante.
Nestes U;rmos, concedo a ordem para declarar a incumpetência da Justiça Militar, devendo os autos serem remetidos à Justiça Comum, para o procedimento penal contra os pacientes.
É o meu voto,
DEcrSAO
Como consta da ata, a decisáo foi aseguinte: Concedida a ordem nos têrmos do voto do eminente Relator, àunanimidade.
Presidência do Exmo. Sr. MinistroCàndido Motta Filho, no impedimentodo Exmo. Sr. Ministro A. M, Ribeiro daCosta. Relator. o Exmo. Sr. MinistroEvandro Lins e Silva Tomaram parteno julgamento os Excelentissimos Srs.Ministros Evandro Lins e Silva, Hermes Lima, Victor Nunes Leal, Gonçalves de Oliveira. Vilas Boas, HahnemannGuimarães e Lafayettc de Andrada. Li-
cenciados, OS Exmos. Srs. Ministr08Luiz Gallotti e Pedro Chaves.
Em 14 de outubro de 1965 - AlvaroFerreira dos Santos, Vice-Diretor-Geral.
(RTJ - voI. 34 -- Dez. 1965 -- pág.684 e segs,).
APELAÇAO CRIMINAL N,o 1.585 - SP(Tribunal Pleno)
Relator: O Sr. Ministro Luiz Gallotti.Apelante: Justiça Pública. Apelado:
Júlio da Costa Bueno.
Apelação criminal.
Questão de saber se, proferida sentença sôbre o mérito na primeirainstãncia, a segunda deve ser a quelhe correspondia pelo direito antigo,ou pode ser outra, conforme o direito nôvo.Adota-se a primeira solução (Roubier, Les Conflits de Lols dans Letemps, voI. 2.°, p. 662, n.O 138).Assim, competente para julgar estaapelação é o Supremo Tribunal Federal e não o Superior Tribunal Militar, só declarado competente pelo art. 8.", § 1.0, do A.I. 2, que éposterior à sentença condenatória.Apelação do Ministério Públlco, nãoprovida.
ACóRDAO
Vistos e relatados estes autos de Apelação Criminal nO 1.585, de São Paulo,em que é apelante a Justiça Pública eapelado Júllo da Costa Bueno, decide oSupremo Tribunal Federal conhecer dorecurso por maioria de votos e, por W1anlmidade, negar-lhe provimento, deacôrdo com as notas junta5.
Distrito Federal, 3 de março de 1966,- A. 11:. Ribeiro da Costa, Presidente- Luiz Gallotti, Relator.
RELATéRlO
O Sr, Ministro Luiz Gal1ottl: - Estaa sentença, do ilustre Juiz Antônio Marzagão Barbuto (f. 185-187):
"Júlio Costa Bueno, qualificado à f.108, foi denunciado como incurso no art.12 da L. 1.802, de 5.1.53, sob a alegação de que cêrca das 16,45 horas. do dia15.8.62, durante uma das crises políticas que naquela época agitaram o país,foi surpreendido prestando ajuda à parallsação do serviço de transportl'S cole-
JANEIRO A MARçO - 1968 125
tlvos de 8ão Paulo (marcada para aquela data pelo sindlcato pronsslonal acuja orientação seguIa), quando estavaempenhado em cortar os flos das alavancas dos bondes da Companhia Municipal de Transportes Coletivos, na Ruada Glória, esquIna da Rua Conde de PtnhaI, justamente no momento em quecortara o cordão do bonde n.o 1.619. Adenúncia foi recebida por despacho def. 101 v. 102, o réu interrogado a f. 10'7198. A F. 112 consta o rol de suas testemunhas. Na Instrução foram ou.idasquatro testemunhas arroladas pela denúncia (t. 121-130), com algumas relnqu1r1çôes (t. 139-141). A detesa promoveu a inquirição de quatro testemunhas(t. 141 - V. 142 v. e 162 v. 163). A Promotoria Pública manifesta-se pela procedência da ação, após cuidadoso exame da prova (t. 161). A detesa argumenta em sentIdo contrário, ressaltando,principalmente, as circunstâncias socIais e politlcas da época, defendendo atese de que houve apenas uma talta trabalhIsta, resultante a ação do réu, nãobem provada, de uma deficiência legislativa, em detrimento do direIto degreve.
i o relatório. Decido.
O réu realmente foi surpreendido, nodia, hora e local, quando acabava decortar o cordão da alavanca de umbonde da. C.M.T.e., tomando parteativa como dirigente sindical, num estôrço para forçar a paraltsação dostransportes coletivos na cidade de SãoPaulo. tsse tato pode, realmente, colneldtr com uma Situação quase caóticana vida polltlca do pais, em que os órgãos sindicaIs, desviados das suas finalIdades especificas, intervinham espontlneamente ou através de pressáo deórgãos politlcos, na criação de ambiente para fins exclusivamente polltlcos,em detrimento, talvez, das finalidadesespecificas, slndtcais. Não cabe ao Jui10 examinar o mérito dêsses argumentos, mormente no Ambito das suas atribuições especltlcas, nem também no caBO concreto examinar a Intenção do denunciado, allfls, ressaltada na defesa enos depoimentos de seus colegas de sindicato. Exercendo atividade polltica, como se alega, com o melhor Intuito, desde que, segundo se argumenta, tendo emTtsta o bem socIal, não se poderia negar ao denunciado um tratamento diferente ao daquele correspondente aosdelinqüentes comuns. sem se examinaro mérito dos objetivos do denunciado,
se justo ou Injusto, se êle estava certoou errado, é forçoso reconhecer a possiblUdade dêle ter agido pensando ousupondo alcançar o bem da comunidade. Esta apreciação, todavia, para o juiz,não pode influir no exercício das suasfunções jurisdicionais, senão nos têrmos do art. 42 do C. Penal. No mais, cabe ao juiz apenas verificar a existênciado fato e aplicar a norma cabivel, emsuma, verificar a correspondência cntreo tato e a lei penal, a existência da tlpicidade. No mais, qualquer correção dasentença judJclal, estranha à função jurisdicional, cabe apenas a outro poderou a outros podêres, como no caso daanistia, da graça ou do Indulto. O réu,como já se referiu, e não é negado, emtese, estava cooperando no sentido deforçar a paralisação do transporte coletivo em São Paulo. Foi preso em flagrante, quando fugia após cortar o cordão de um sustentador da alavanca deum bonde, tendo já cortado outro. Estaação corresponde ao disposto no art. 13mencionado na denúncia, pois êle estava ajudando ou cooperando para quehouvesse parallsação de transporte coletivo, de natureza pública, tanto que érealizado por concessão do Estado. AparaUsação do servIço objetivada nãoera simplesmente a tipificada no art.201 do e. Penal. Alt, é imotlvada. Quaiquer paraltsação faz incidir o autor ouautores no art. 201. Aqui, no caso dosaulos, de acôrdo com o sIstema da Lei1.802, o objetivo é influir na ordem potitica e social. A ação do rêu, dentro dasfinalidades confessadas pelos demais dJretores do sindicato, era agir com êssefim, dependendo de ordem superior. Otato de haver divisão entre os diretores,uns favoráveis e outros contrários aação, não afasta a responsabllldade doréu, desde que ele exteriorizou a sua intenção tomando parte ativa nos acontecimentos. Apenas o dispositivo mencionado não parece ter sido atingido emcheio, com a consumação <io delito. Dizo artIgo 13 mencionado, de acôrdo comtexto, edição Saraiva, 1953, que o crimese Integra com o instigar, preparar, dirigir ou ajudar a parallsação do serviço públlco. Supõe, portanto, salvo engano, a paraltsação do serviço, para queo dellto seja consumado. No caso nãoparece ter havIdo a paralisação. O réue alguns dos seus companheiros tomaram tôdas as medidas que entenderamnecessárias para êsse fim, mas, por circunstâncias independentes das suasvontades, a paralJsação não se efetivou
126 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
('m tôda amplitude, o sf'rvi(:o de transllort(', ao que parece, como decorre daprova. clJntinuou. dada:, as providl'ncias da empresa i:' do poder públicoTrat:1-Si:' jlortanto. apenas de uma tentativa. de aCIJrdo com (\ art. 12. incisolI. <lu C Penal. O reu é primário c t('na agielo sob pressão psicológil'a cnada artifirialnH'lltc em momento a~l.Ido
ele nossa lii ..,li'Jria p'Jlitica.
Diante elo rxpostl' c do mais que dosautos consta, jul~o procedente em parte a elenúlwia. inc\ll'so Júlio d~, CostaBlH'lIfl llO art 13 d:1 L. 1802. elc 5 1.53.comhinad(1 COl11 () :lrt~. 12, inciso n, doC Pl'n:d e em conseqüência o C'ondenoa C'ul1lpnr f·m prisüo adrqllnda a pênadf' oito !tWSl'S de rf'l~lusão, isto ti, a pcna mínima do art. 13 menclOnaclo, reduzida clt' dois tlTC:os nos tümos do parúgrafo único (lo art 12 do C. PenaLPaguf' ameia a taxa pcnitcncbria df'Cr$ ;')00 (' as custas do procf'Sso. LanccUlf' o lHlllW no rol cios culp;ldos. l'XJWdinclo-sf' o compt'tf'ntf' mandado dt' prisao. "
Apelou o promotor. pleiteando a maj IJraç'-u) da pena.
A Procuradoria-Gf'ral opina pelo I'rovimt'nto da ape!açuo.
É o rdaU,río
Distnto F!'dcral. 1 de sl'tcmbro dI.'1965 Luiz Gallotti.
VOTO PRELI:\'!IKAR
O Sr. Ministro Luiz GalJotti rRPla-tOr!: Nas notas que li ao Tribunal noJulgamento do RE 57 fl 17, llá um trrchoem que SI.' aplica à C:'l)('cif' or:l em julgarnf'nto.
Depois df' dar as LlZI-)f'S lwlas quaisseria admissivf'1 o cabinlPnto de ernbflrgos contra d!'clsóes df' Turmas que conlw('cram do rf'curso extraordinárioIcaso em que, pelo dll'('i'J) enL-lO vigellte, tais acordr-los eram ('ll1bargUVC1S.ll1Psnw não 11a v!'lldo di v,'rg('ncias cntr('as Turmas ou dl' uma (],'las COll1 o Tribunal Pl"IlOI, aCTr'scpntci:
"S!'r;'l mat,;ria ('s.-;a a s('r decididaoportunal11(,Il!l', como no caso anterior,pl.'lo TrilJunal Plrno, que é qUCI:l jalgaos embargos r !l1rS verIfica o cabimento, facultada às partrs sust('ntaçiio oral.
O nlf'smo fariamos quanto às arwlaçóes criminab is,l!)('l' se profrnda sen-
tf'nca sóbre o mérito na i)rJmpira instância. a segunda dcvf' ser :l quc lhecorrespondia pelo dirf'ito <lnti[.':o, 0\1 pode ser outra, conforme [) dirf'ito nóvo,
qUfstuo levantada pelo Mlllist·l'oEvand!'ll Lins. Roubif'!' adota a prll1wimsoluça0 ILes Confllts de lois dans lptemps, vol. 2.", pago 662, nO 138 \ F(licomo opinPÍ quando Procllradnr-Orr,llda Rcpública no RE 125:'7 (' foi ('omo'decidill a 1." Tllrma do Suprl'ml! Tnbunal. UnânlllWtlH'ntr. spnd(J Reb:or II
Mll1isf.rn RIbeiro da Cil.';ta E o pnl'C'ltonlÍvo era constitucional"
Assim, entf'ndo qUi:' COllllH'( cn(l' paraJulgar esta apl'1aç:-lo é () Supremo Tribunal Federa I c nr'lO (l Superior Trihunal Militar. 50 declaradr, competenteprlo ar!. HO, ~ 1 ". do A 1 2, que (; posterior à srntt'n~'a l'olldf'na(,)rLl
VOTO PRFL I ~II:'-l AR
o Sr l\lin istrn "ilas Bn:iS I R,',' 1:;1 ,r I .
SI'. Presidente, SP a F.. C. 11; n;lo nosdessr compl.'! rncia para (,(JIlllrl'rr lie r('curso ordin,üio ctns rritlH's políticos, poder-sc-ia aplicar o clisp(lsitivn do art.8° do A. I. 2. q\H' deu todo [) )lmc1'ssor Julgarnrnto a J llstiça T\mi ta r Mas.aqui, ja Li lima srntcnca IJroknda: oerimr Já CSt;'l ddllll(j() como CntlH' 111)11
tico, fOI aforado na Just!ça ('olllpclpll!l'
Lf'mhraria () ca.<;o daqudr ('X-81'crrbno do TrIbunal de Jusltc:t do Estado doRio, que matou o Prf'sid('ntr do Tribunal. O crime ficoll carartf'l'i1.ado Comodrlito político Vf'io a rlnjstia c aplicamos o decreto da anistia f:lr foi considerado anistiado O fato já tPIll a df'filHÇão.
Agora. o prinCI()]lJ da COllCl'lJtra(:ão ('um prlllci]110 que tamlJl'lll podt' ser invocado em ctch'sa
O réu Já (('In a srll favor lllll,\ srntf'nça Sc a ('olll]Jrtrl1cia jr'l 1'"ta df'fllllda,onde o Juizo foi arrito, ai de elc\'c trrminar
Foi colocada a qUl'st:lO na Justi~:a Comum, com rccurso para (1 Suprl'mo Tribunal Fl'drral. Esta deflllida a SitU:lÇ;-W
Acho quP o f'Inirwntc l\!inistro L,lizGallotti, Relator, tem tóda a razã" neste ponul.
Se não houvessl.' sentença all!:Ullla, pntão, sim. Mas, agora, a via pwcPssllalji está tnlhada em grandr' parte. Nocaso, há sentença condenatória
JANEIRO A MARÇO - 1968 127
o Sr. Ministro Lolz GaUottl (Relator): - O Ministério Público é que Quermajorar a peno..
O Sr. Ministro Vilas Boas (Revisor):Poderíamos dar a refonnatio ad pejas.
De sorte Que estou de inteiro acôrdo,com o eminente Relator.
VOTO PRELIMINAR
O Sr. Ministro Carlos Medeiros Silva:- Acompanho o voto, na preliminar,dos eminentes Ministros Relator e Revisor.
Entretanto. desejo fazer uma consideração, qual a de Que o art. 8.° do A.I.2, no seu § 2.°, declara que "a compe'têncla da Justiça Mllltar, nos crimes referidos no parágrafo anterior, com aspenas aos mesmos atribuídas, prevalecerá sõbre qualquer outra estabelecidaem leis ordinárias, ainda que tais crimes tenham Igual definição nestas leis."
No caso, o eminente Relator quer queprevaleça uma competência anterior,estabelecida na Constituição. De modoque a solução me parece perfeitamentejurídica e condizente com o próprio art.8.0, § 2.° do A. 1. 2, que faz essa distinção, com remissão à competência estabelecIda em leis ordinárias; portanto,supõe que haja outras competências estabelecIdas em leis de outra hierarquia.
Nesta conformidade, acompanho o voto do eminente Relator e do não menoseminente Revisor.
VOTO PRELIMINAR
O Sr. MinIstro Pedro Chaves: - Sr.Presidente, data venla, voto em sentidocontrário.
Para mim, é matéria de competenciaconstitucional. O Ato Institucional nãofaz distinção alguma entre processosjulgados c não julgados, pendentes dejulgamento. A nossa competência pensoque foi subtraida, expressamente.
Peço vênia aos eminentes MinistrosRelator e Revisor e insignes juízes queos acompanharam em seus votos, paramanter minha opInião em sentido contrá.rlo, pela competência da Justiça MilItar.
VOTO
O Sr. Ministro Luiz GalloUi (Relator): - Reportando-me aos fundamentos da sentença apelada, nego provimento ao rccurso Interposto pelo Ministério Público.
VOTO (NO M1:RITO)
O Sr. Ministro Vilas Boas (Revisor):- Sr. Presidente, estou de inteiro acôrdo com o voto do eminente MinistroRelator.
DECISAO
Como consta da ata, a decisão toi aseguinte: Conheceram, prelIminannente, do recurso, contra o voto do Ministro Pedro Chaves. De meritis, negaramprovimento, à unanimidade.
Presidência do Exmo. Sr. MinIstro A.M. Ribeiro da Costa. Relator, o Exmo.Sr. Ministro Luiz Oallottl. Revisor, oExmo. Sr. Ministro Vilas Boas. Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs.Ministros Carlos Medeiros, Allomar Baleeiro, Prado Kelly, Adalicio Nogueira,Evandro Lins, Hennes Lima, Pedro Chaves, G<lnçalves de Oliveira, Vilas Boas,CândidO Motta, Luiz Oallotu, Hahnemann Guimarães c Latayette de Andrade. Impedido, o Exrno. Sr. MinistroOswaldo Trigueiro. Licenciado, o Excelentlssimo Sr. Ministro Vlctor NunesLeal.
Brasilla, 3 de março de 1966 - Alvaro Ferreira dos Santos, Vice-Diretor-Geral.
<RTJ - vaI. 39 - Jan. 1967 - pág.97).
ELABORAÇAO CONSTrruCIONAL
Quando se começa a cogitar da elaboração de uma nova Constituição para o Brasil, englobando todos os AtosInstitucIonais, surgem divergênciasquanto à continuidade da extensão dofõro mll1tar aos civis. Não são poucosos que entendem que essa medida sOmente seria admissivel no perlodo revolucionário, "mas nunca em têrmosconstitucionais."
O Oovêmo, entretanto, no Projetoque envia ao Congresso Nacional, ln-
128 REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA---- ~_._------ ----~-------------------- ---------
clui disposições decorrentes do Ato Institucional nO 2, quanto à Justiça Militar:
Seção V
Dos Tribunais e Juízes Militares
Art. 118 - São órgãos da Justiça MIlitar o Superior Tribunal Militar e osTribunais e Juízes inferiores instituídos por lei.
Art. 119 --~ O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze juízes vitalícios. com a denominação de Ministros,nomeados pelo Presidente da República.dos quais quatro escolhidos dentre osoficiais-generais da ativa do Exército,três dentre os oficiais-generais da ativa da Marinha de Guerra, três dentreos oficiais-generais da ativa da Aeronáutica e cinco civis.
Parágrafo único -- As vagas de Ministros civis serão preenchidas por brasileiros natos, maiores de trinta e cincoanos de idade, da forma seguinte:
a) três por cidadãos de notório satler j uridico e idoneidade moral.com prática forense de mais dedez anos, de livre escolha do Presidente da República;
b) duas por auditores c membros doMinistério PúblIco da Justiça Militar de comprovado saber juridica
Art. 120 - A Justiça Militar competeprocessar (' julgar. nos crimes militaresdefinidos em lei. os mIlitares e as pessoas que lhe sio assemelhadas.
'" L" - ii:S:;(' U)ro E'~p('cial poderá estC'nder-se aos civis. nos C.1S0S expressosem lei para rE'pressáo ele crimf-S contraa :;egur:mça nacional 0\1 as instituiçõesnlllít.are:"'; neSSI' caso a lei assegurarare~urs() para (j Supremo Tribunal FederaL I" 1
~ 2." - Competc' onf;ínariamE'nte aoSuperior Tri\)unal Militilr proeessar ej lllgar ()s Governadores ele Estad·) e seusSccrl'túríos nos crimes rderidos no panigrafo primeiro_
l::l 3.0 - A lei regulara a aplicação daspenas da If'gisb\âo militar em tempode guerra.
Durante a discussão do projeto deConstituiçào. na Comissão Mista, sãoapresenta,das pelos Srs. Congressistasvirias emendas, ao art. 120, ~ 1.0. Publi-
caremos, a seguir, algumas dessasemendas e trechos dos debates travadossôbre a matéria.
Deputado Martins Rodrigues - Apresenta emenda ao art. 120, § LO, modificando a expressão "segurança nacional" para "segurança externa" ("). Entende que se permanecer o texto doprojeto a "lei poderá estender, amanhã,la jurisdição militar, que é jurisdiçãode caráter excepcional pela sua natureza, a todos os crimes praticados pelos civis em relação à segurança nacional demodo amplo. e não apenas com relação àsegurança interna ou às instituições militares." Esclarece que o texto do projetotalvez fôsse admissivel no período revolucionário, "mas não em termos de permanência. em têrmos de Constituição".Assinala que mesmo com a garantia derecurso para o Supremo Tribunal Federal. "a justiça militar é justiça de exceção, é justiça de caráter violento emesmo quando um recurso chega ao S.T.F. os civis já terão sofrido as torturas,os vexames e as violências dos inquéritospoliciais-militares" Grifa que a Oposição não apoiará uma violi~ncia dessanatureza, contra um direito individual.Defende sua emenda (n° 7171 acen-
134} o Senador Afonso Arinos, e-nl diM"UTS{) proferido perante o Senado r'edcral, na sessão d~ 16-12-66. ao exanünllr o projeto deConstituição. re<'onhece um fator. ao seu,,-cr, aitam.ente df"staC'ó.vel, que é I) da nlam,lençâo da integridade do JudiciArlo. Asslnala dcpoi!-;: '<Certa,,; atrlbulçõ~S espeda1sc{lJlr-eclida.., no Supremo Tribunal Federal.cOlno, por (,xf'mplo. Il de se ma.nl!e~tar
sôbre (lS dCCIWl'S tomadas. pela JUStiÇIl;.,milar. em relaçãD a acusados civis. Jái>: inovaçáo muito ê~tranhR Não C'OrriE"s·ponde il tradIção Hem à t€>cn1cB da con1lwt{i-nCla. do SlIpremo TribllJII\l ?o.!fL~. d.eq~lalquer nlRnfil'irfL, é umu. lI)l)vaçl\o sallltar. Se- llB.lJ pudernlos eVItar esta inlplantaçAo, que f'onsldero absurda. da jurl&Hção militar sôbre oS ('lVIS, en) qli.alsqur.-rca"<Jh. dadR R nalure~a de jnrlS(liçl\o mUilar -- e cu na.) V01J, IUllll, nH' estclldor.-r~óbrf' ('In. -- ~l' não p'ddennof- f'vLl,ar Isso.então ~ssa nH'didA., tomada tiro pouco aoarreplO da n(ISSn tradJçA\I j l~rídlCB., "- a.ntesctp SP ILCCltll!"" d~ > qUf" d('" H' repelir. embora.se poS,.'-;JJ, estr!lllhar.··
135) IEmcndR 'L" "il71 11) - RediJR-se. Rssim.(,1 ~, Ln do art. 120.
~ 1.0 - fi;sse fôro especiaL pod~rà estcn~
der-si' ao:,. clviH, nos CfiSüS expr~&'Sos. emlei. para a repre&<u\.o de crim('s cuntra &
segurança externa. do Pai.s, ou as 1n~ti
tUlções militltres, rom recurso ordináriopara. o Suprf'mo Tribunal F'cdcral.121 - Sllbslltlla-se ° § 2 o do art. 120 p"lI)seguinte'
~ 2"· - A lei r ..gllll\ni a apllcaçw daRpenas da I"g;j~l"çê.o nuHlar em tempo deguerTtl.
JANEIRO A MÃRÇO - 1968 129
tuando que ela restaura o art. loa, f 1.°,da Constituição de 46, que é a tradiçãodo Direito brasllelro: "a garantia do d1~
relto individual contra a coação e a v10~
lêncla." Essa garantia é de tal ordemque a própria ComUtulção de 46 só admIte a extensão da "JusUça Militar aoscivis fora daquela hipótese de defesa ede resguardo contra os crlmes praticados contra a segurança externa ou a.sInsUtuições militares, em caso de estado de sitio, determinado por guerra externa ou civil" (art. 207).
Deputado Chagas Rodripes - Protesta, veementemente, contra o Julgamento de civis por mllltares. Afirmaque o Brasll está se afastando do DIreito OCidental e cita, para exemplificar, a Constituição Italiana, que entrouem vigor em 1948, e que estatui no seuart. 3.0: "Os tribunais militares, emtempo de guerra, têm a jUI'Úldição estabelecida pela lei e em tempo de paz têmjurisdiçio somente para os delitos militares cometidos por membros das fôrças armadas." AssInala que êste é o preceito fun4amental no campo do Direito e que t1.0S Estados Unidos da América o Superior Tribunal Militar s6 podejulgar militares e é constltuIdo por civis, na sua totalidade. Entende que sedeve acabar, de uma vez por tódas, noBrasll, "com essa competência de MInistro militar julgar civis, porque Isso éum atentado à boa doutrina e às práticas dos países civlllzados do Ocidente," Entretanto, não sendo possivel acabar com essa jurisdição insólita e antldemocrática, dos males o menor, daiapoiar a emenda do Deputado MartinsRodrigues.
Senador Eurico Rezende - Adverteque se tem de considerar, ao examinaro art. 120 e seu I 1.°, "a figura da unidade processual. se o mtUtar praticouum cr1me civil, obviamente, êle não vaiser julgado pelo tribunal m1lltar; se umcivll praticou um cr1me militar o lugardêle ser julgado é no tribunal m.llltar,porque, para isso, a Constituição estabeleceu a especialização judiciária. Querer inverter a JurtsdIçáo é subverter aprópria ordem constitucional. De modoque, preliminarmente, não se deve estranhar o fato de um civil estar numtribunal militar,"
Senador AuéUo Vianna - Ponderaque "está provado que os tribunais civis, em determinadas drcunstAncia.s,são tão severos ou mais severos do quetribunais m1l1tares no julgamento de cl-
vis ou de mllltares", logo "não haverianecessidade, num Estado organizado, deuma Justiça Mllltar para impedir crimes contra a segurança nacional" Esclarece que luta contra o dispositivo(art. 120 § 1,°) por convicção, pois aquestão mesmo toma-se um tanto ouquanto dlticU, por que se êle fôsse daEscola Superior de Guerra, diria psicossocial. "Civil julgado por militares? Mimar julgado por civis? bso seria inadmissível, como se, realmente fôssemdua.s nações, a nação clvU e a naçãomllitar. Entretanto, a nação é uma só."
Deputado Adolpho de OliveIraApresenta, também, emenda ao art. 120I 1.°:
Emenda n.O 798:
Onde se lê: "nos casos expressos emlei", leia-se "nos casos expressos em leicomplementar:'
JUSTIFICA-A:
"Ql1onun qualificado, de maioria absoluta, para Que se definam os casos emQue poderão ser os civis submetidos aoprocesso e julgamento pela Justiça Militar."
Nos debates da Comissão MIsta, oDeputado Adolpho de ~live1ra tornapúblico que sua emenda nao é de redação, ao revés do que se possa imaginarà primeira vtsta, e não tem o objetivode Incluir apenas a expressão lei complementar. Aflrma que o objetivo damesma é consagrar a obrigatoriedadede que a Lei de Segurança Nacional seJa considerada uma Lei Complementar."Lei COmplementar que não está sujeita à elaboração e aprovação de matorias eventuais, porque a lei complementar, com a nova Constituição, temquase a caractcrlstica de um texto comfôrça constitucional e com a.s mesmasdificuldades e caracteristlcas de votação que a própria emenda à Constituição." Patenteia que se os crimes contraa segurança nacional ou as instituiÇÕeSmilitares forem detlnidos em lei complementar, e não em decreto-lei ou emlei ordinária, está de ac6rdo com o pro1eto.
Deputado Nelson Carneiro - Propõeemenda, que transcreveremos abaixocom a respectiva jusUflcação:
Emenda n.o 130/50.
130 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
Art. 119 - Redija-se assim;
"O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze juízes vitalícios,com a denomLnação de Ministros,nomeados pelo Presidente da Repú-'blica, depois de aprovada a escolhapelo Senado, dos quais quatro escolhidos dentre os oficiais-generaisda ativa do Exército" etc.
Art. 120, § l°
Onde se diz - "segurança nacional",diga-se - "segurança externa".
Art. 120, § 1.0
Onde se diz:
"nesse caso a lei assegurará recurso para o Supremo Tribunal Federal", diga-se:
"com recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal".
JUSTIFICAÇAO
"As presentes emendas são oferecidasdiante da convicção de que a maioriaparlamentar manterá o texto do projeto. Nessa desgraçada contingência,urge torná-lo menos pior.
Passando a julgar os civis, é naturalque os juízes do STM tenham suas escolhas aprovadas pelo Senado.
A segunda sugestão é, apesar da descrença acima expressa, uma oportunidade, que se abre à maioria, de corrigir o êrro da proposição oficial.
Mantido que desgraçadamente seja otexto do § l° do art. 120, justo será quese torne auto-executável a possibilidadedo recurso ordinário (art. 112, lI, c) para o STF, independentemente de votação de qualquer lei."
Deputado Accioly Filho - Divide suaexposição em três temas: primeiro "se deve a extensão do fôro especial aoscivis estender-se, por lei complementarou por lei civil; segundo - se essa extensão deve ser efetivada para repressão de crimes contra a segurança externa ou contra a segurança nacional;3.° -'- se deve ou não haver recurso para o ST.F."
Com relação ao primeiro tem::l. assinala que "já na Constituição de 34 eraprevista regulamentação do fóro espe-
cial para os civis por meio de lei ordinária." Assim, também, se fêz na Constituição de 46 e "não se tem noticia deQue o legislador se tivesse excedido nacompetência que recebeu da Constituição. O que está ocorrendo, afirma, naelaboração desta Carta é que ela acabará por se transformar numa carta dedesconfianças." Entende que é certo "alei ordinária dispor sóbre essa extensãodo fôro especia1."
Quanto ao segundo Tema, adverte queo conceito de segurança externa ficousuperado com a Guerra Civil espanhola.Acha que "segurança nacional define eacautela melhor o interêsse do Estadobrasileiro. Aliás, lembra, a Carta de 46já fala em segurança da nação", no art.207. "Não vê como distinguir segurançaexterna de segurança interna, desde queesteja em jôgo a segurança nacional."
Com respeito ao terceiro tema, esclarece que não há razão para levantaresta questão "face ao que está dispostono art. 112, lI, letra c: uÉ da competência do S.T.F. julgar em recurso ordinário os casos previstos no art. 120,parágrafos 1° e 2.°." "Já está, portanto, decidido no próprio corpo da Constituição" e assim vai votar "de acôrducom o texto o projeto, porque acha queele atende melhor aos interesses do Paise não põe em perigo a liberdade doscidadãos."
Senador Eurico Rezende - Assinalaque se comparando o texto da Constituição de 1946 com o texto do projeto,chega-se a seg'J.inte conclusão: A Constituição de 1946 "não dá acesso, não fornece nenhuma escada, nenhuma plnguela para o S.T.F. e o projeto dá êsse recurso ordinário, graças à EmendaNelson Carneiro", demonstrando quefoi melhorado nesse setor. Afirma quea Justiça Militar não é uma justiça violenta e que o que se tem visto é "o honrado S.T.M. não mandar prender,mas imperativamente mandar soltar",concedendo habeas corpus. Dessa maneira vem sendo alvo dos maiores louvores da própria imprensa oposicionista. Esclarece que o projeto foi melhorado e irá servir "sob a égide do direitoe da justiça aos interesses fundamen·tais dêste país e principalmente da segurança nacional."
Deputado Ulysses Guimarães - Salienta que a formulação contida no art.120 não foi feliz mas dentro da rigidezda conceituação lniclal, não se podedeixar de reconhecer que as cautelas
JANEIRO Ã MARÇO - 1968 131
foram tomadas, inclusive '8 de "possibilitar o pronunciamento conclusivo e final da Instáncla suprema do Jurllciáriodo Pais." Mas, ainda assim, não considera o texto o melhor para a espécie.Pondera que "o êrro da matéria estána rigidez do seu enunciado, porque emdetennlnadas clrcunstánclas o Estado,poderá usar a Instrumentação referen'te à segurança, Inclusive nacional através de medidas excepcionais, mas nãodeseja ir ao ponto de detennlnar queo julgamento conseqüente se faça pelaInstância Militar. O próprio Govêmo, opróprio Estado poderá ter êsse problema dada a rigidez do texto." Adverteque "o que caracteriza debelar uma dificuldade que se situe na área da segurança nacional não é julgar o crime,isso se faria a posterlorl já para exemplar aquêles que ousassem tanto. Há asmerlldas de pronto, de imediato, as medidas excepcionais, não sendo conveniente, porém, que fôsse sempre a Instância Militar a julgar civis." Dessamaneira demonstra sua inconformidadecom a redação do art, 120 e se ela fáraprovada ficará na expectativa de queseja possivel se tomar mais maleávelsas configurações que Irão surgir quando da elaboração da lei que irá regulamentar ou tornar auto-exeqüivel o art.120.
Senador Antônio Carlos - Expressaseu ponto de vista favorável à manutenção do texto com a aceitação daemenda do Deputado Nelson Carneiro,de n.o 130/50. Afinna que assim ageporque tem absoluta confiança que está "defendendo uma fónnula. que, naprática, quando fôr exercitada pela Justiça, não pennlt1rá quaisquer abusosou injustiças" pois entende que o recurso ordinário ao S.T.F. e a escolhados juizes do S.T.M., precedida de manifestação do Senado, dão ao sistemaaquelas garantias capazes de enchê-lode entusiasmo e convicção para exaltaro texto com as emendas. Assinala queao decidir sóbre as emendas, como relator, examinou o texto sóbre o qualelas Incidem, as suas repercussões, mas,também, olhou para todo o trabalho daelaboração constltuclonal, pois o dispositivo do art. 120, § 1.0 diz bem de pertoaos direitos e às Rarantias, à liberdadedo q~ as Juizes civis. Assinala que.assim, examinou o projeto no campodêsses direitos e entende que êles estãoperfeitamente acautelados no projetocom as emendas. Lembra artigo do jornalista Danton Jobin que diz no seu
contexto - que os mInistros do S.T.M.têm se mostrado, em muitos casos, maissensíveis que os do Supremo, de umasenslbllldade gritante, e que naqueletribunal superior mais sewivels a~nda
se têm manifestado os juizes milltaresdo que os juizes civis. Assinala que :>Importante no caso não é discutIr conceito de segurança nacional e de segurança externa, o "Importante é se estabelecer uma regra que pennlta um sistema de segurança. E isto foi feito, porque a última palavra. será do S.T.F.,onde a matéria chegará através de recurso ordinário. O Supremo terá, pois,ampla competência para examinar tódaela." O Importante é que uma vez quese altere a competência dos tribunaismilitares que a sua composição sejaprecedida de manifestação do SenadoFederal.
CONSTlTUIÇAO DE 1967
Seção V
Dos Tribunais e Juizes Militares
Art. 120 - São órgãos da Justiça MIlitar o Superior TrIbunal Militar e osTribunais e juizes inferiores iwtituldospor leI.
Art. 121 - O Superior Tribunal M1l1tar compor-se-á de quinze Ministros vItalicias, nomeados pelo Presidente daRepúbUca, depois de aprovada a escolhapelo .Senado Federal, sendo três entreoUclals-generals da ativa da Marinhade Guerra, quatro entre oficiais-generais da ativa do Exército, três entre oficiaIs-generais da ativa da AeronáuticaMilitar e cinco entre civis.
§ 1.° - Os Ministros civis serão brasileiros natos, maiores de trinta e cincoanos, livremente esco1hldos pelo Presidente da República, sendo:
a) três de notório saber juricUco eidoneidade moral, com prática forense de mais de dez anos;
b) dois auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar, de comprovado saber juricUco.
§ 2.° - Os juizes militares e togadosdo Superior Tribunal Militar terão vencimentos Iguais aos dos Ministros dosTribunais Federais de R~cursos.
Art. 122 - A Justiça Militar competeprocessar e julgar, nos crtmes mllllaresdefinidOS em lei, os miUtares\e as pessoas que lhes são assemelhadas.
132
§ 1.0 - ~sse fôro especial poderá estender-se aos civis, nos casos expressosem lei para repressão de crimes contraa segurança nacional ou as instituiçõesm1litares, com recurso ordinário para oSupremo Tribunal Federal.
§ 2.0 - compete originariamente aoSuperior Tribunal Militar processar ejulgar os Governadores de &itado e seusSecretários, nos crimes referidos no§ LO.
Art. 3.0 - A lei regulará a aplicaçãodas penas da legislação militar em tempo de guerra.
Como se vê, a Constituição de 1967inovou, em vários pontos, os textosconstitucionais anteriores referentes àJustiça Milltar.
O Superior Tribunal Militar, cujacomposição era anteriormente matériade competência da legislação ordináriaintegrou-se no texto constitucional consubstanciado no artigo 121 e seu parágrafo 1.0 da nova Constituição, que eleva de onze parn quinze o número dosministros do Superior Tribunal Militar.Neste ponto foi, aliás, reproduzido odisposto no aft. 7.0 e seu parágrafo único do Ato Institucional n.O 2
Quanto aos órgãos inferiores da Justiça Militar, referidos no art. 120, é certo que eles têm a situação regulada pelo Código da Justiça Militar baixado pelo Decreto-Lei n.o 925, de 2.12.38, modificado pelo Decreto-Lei n.O 4.235, de6.4.42.
Outra inovação sõbre a matéria deque tratamos está na obrigatoriedadeda audiência do Senado Federal no tocante à escolha dos membros do Tribunal. Deve-se isso a emenda do DeputadoNelson Carneiro, aprovada pelo Congresso ao ensejo em que se discutia evotava a nova Constituição.
Ainda no tocante à competência daJustiça Militar encontramos novidade.t. que foi aquela ampliada no sentidode envolver o julgamento de cIvis, incluslve Governadores e Secretários deEstado, cujas responsabilidades nos crimes contra a Segurança Nacional escaparam, por essa forma, da órbita dospodêres estaduais, legislativo e judiciário.
Estabeleceu, entretanto, a Constituição de 1967 a norma salutar do RecursoOrdinário, (OI) para o Supremo Tribunal
Federal, das decisões do Superior Tribunal Militar.
Não é demais, dada a importânciaque encerra, transcrevermos aqui os comentários de Paulo Sarasate (~7) quedIz o seguinte, com relação a extensãodo fôro militar aos civis: "Um dos preceitos do Ato Institucional nO 2 quemereceram a mais severa critica dllJoposição foI precisamente o art. 8.°,que serviu de inspiração aos parágrafos1.0 e 2.° do art. 122 do nôvo EstatutoPolítico do país. Por essa norma do AtoInstitucIonal n.O 2 deu-se nova redaçãoao § 1.0 do art. 100 da Constituição de1946, o qual, reproduzindo a segundaparte do art. 84 da Lei Magna de 1934,prescrevia textualmente: ."~e fôro especial poderá estender-se aos civIs, noscasos expressos em lei, para a repressão de crimes contra a segurança ex-'terna do país ou as instituIções militares."
A diferença, como se vê, entre essetexto e o que se contém na Constituição de 1967, na parte trazida do Ato Institucional n.O 2, consiste na substituiçãoda expressão "segurança externa dopaís" por "segurança nacional". Porquea norma, como em 1946, continua "facultativa" ("poderá estender-se") e depende da leI ordinária, que estabeleceráos casos em que, a seu juizo, ocorrerá aextensão, prevIsta, do fôro militar aoprocesso e julgamento de civis.
Quanto à referida substituição, porém, não pretendemos nem fazer-lhe aapologia, nem examinar aqui a sua procedência ou improcedência, porque eladecorre do nôvo conceIto de segurançafixado pela Constituição vigente, e sôbre o assunto já tecemos amplos comentários no local próprio. Não se cuidamais de "segurança externa" em particular, porém de "segurança nacional"como um conjunto.
Desejamos apenas frisar que, à parteesse aspecto da questão, o Estatuto de1967 melhorou, e muito, o de 1946, através da cláusula adicionada ao parágrafoem lide, que faculta "recurso ordInáriopara o Supremo Tribunal Federal contra qualquer decisão tomada pela Jus-
(36) o projeto do Governo ji falava em recursopara ° 8. T.F. A emenda n.o 130/50, doDeputado Nelson Cllrnelro e5t&beleceu °recurso ordInárIo.
(37) Paulo S6rll8llte - "A Con5tltulçAo do Brll511 ao alcance de todoa" - 1967 - ptr.glJ.452 e 4S3.
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tlça M1lltar em desfavor de elementoscivis.
Dessa maneira, a critica ao dlspositlvo, para ser feita em têrmos Juridlcos,que devem ser serenos, e não polltlcos,que são via de regra exagerados, teráque estender-se aos textos anteriores ebasear-se, principalmente, na "margem~e decisão" conferida ao Poder Legtslatlvo de que Já falava ClAudio Pacheco,relativamente ao preceito semelhantede 1946, que o mesmo autor quallficavade "dIspUcentemente ampllaUvo" e que,realmente, se reveste dêsse vicio de origem. E, para arrematar, diremos, comaQuêle tratadista, que, de qualquer forma, a competência do legislador ordinárIo para definir os crimes milltares "érelativa, é restrita, não pode exorbitardas conceltuações doutrJnánas, dos precedentes e tradições e até mesmo de umcerto teol' de razoabllldade."
A ComtltuIção de 1967, no que dizrespeito à fixação da competência nãoInovou o critério estabelecido na anterior, ou seja, a de 1946: " ... evitou a fixação da competência ratione materiae,raUone personae e ratlone loei, preferindo confiar à legislação ordJnária àatribuição, de definIr os crimes pratlcados por cJvJs sujeitos ao tôro milHar."(..)
CRITICAS
O Julgamento pela JusU9a Mllltar decivis acusados de subversao e Incursosna Lei de segurança Nacional tem ensejado severas criticas à Constituiçãode 1967. Membros do próprio SuperiorTribunal Mll1tar protestam contra essadisposição. (..) O General Olimplo Mourão Filho (00) entende que o S.T.M.não é fôro para civis: "A Justiça Militar não é própria para julgamento decivis impllcados na ampla subversão.Não se sabe de outro código do mW1doque permita um tamanho atentado contra a llberdade do cidadão, por parte daautoridade administrativa. O art. 156do Código Penal MiUtar é uma excrescência JUrídica, não sendo aceitável queum encarregado de IPM possua semelhante poder sôbre os civis." E mais:"Desejo deixar bem claro ser jndIspensável lB2Crmos a sã. doutrIna do DireitoPenal extravasar da esfera da alta cultura dos Juristas e derramar-se sôbreas outras camadas sociais, a fim de servir de base sóUda ao pensamento pol1t1co nacIonal, desencorajando, Impedindomesmo, que falsos lideres ou lideres tg-
norantes levem a Nação a dar guinadas odiosas para a direita, para o absolutismo, matando a llberdade em nomeda própria liberdade." Em nova declaração (41) o General Mourão Ftlhoanuncia a revisão do Código da JustiçaMilltar "instituto que nasceu nas trevas
(38) Rclbert.o Maplb"ea - "A Conlltltulç'o JPe..deraJ de 1967" - Comentada - n - artll.10'7 a 189 - P'ss. 328 e 327.
(39) O pelllllUnllnto do elemento clvll, tanlb6m,nl,) tem II1do dh·oreo. O Proresaor HelenoFragoao, representante <Ia OTdem doe Ad·voga<l08. na pOllBe do Prell1dente do 6T.M.,em deelataçOllll publlcadaa no "CorreIo <IaManhl" de 18·3-81, ..Inala:
"Nio Ylmos. em momento algUm. estaCOrte de Justiça traDMonnar-1Ie emInstrumento da açAo re90luelon4r1a eeUbgel'lllva du le.. e <Ia I~demoenttlca, efe r_to ue rudlJlDelJtllaUngtc1a pela açlo de certaa autortdadllll perturbadae pelo poder 4I1lCrlclor.lrlo." Em outro treào atum.:"Leis oomo a <Ia Se1furança Nacional,Inter_rn de perto ~ Ilberc1a4e docldadlo em lIIIUB uPect.os de maJort.nnac:end~ncla do Estfodo Delbocri·tlco o oon.atttul a anUga llçio de quenlo podem aer elaborad.aa no momente) da crJ.ae, ti mUlto menllll outorgadaa por ato dlllCrlclonâr1o doe ga.vernaDtea. Viola a regnr, tundantentaldo Estado de direito, a legtslacl.o elaborada e Imposta pelo ExecutlYo, Rma PArtlclllaclo d()jJ repreeentantee elopovo, 1I9remente ncolh1doe em auhigio universal. t;, 1lOIs, uma les1&laçAodltatorla1 que deaaflari o R~ dej \leUça, o eqUlllbrto ti '8 pondel'flÇl.odesta EJPigla Côrte. te&14laçio quflcorrellponde a um Eatado polte1lll enia 11 um prols detnoer!t1a). ~Jaçlo que corre&pollde , 81tuaçl.o dealtlo como ae o Pata 113tlY_ na lmln~ncla de agreeosAo lllttema ou Ge revoluçlo, pois IIÔm~te em tais oondlç6eti 6 posslvel. eom seriedade, &rIr·mar Que tOdaa aa pegoea, llaturalsou j ur1dlcae, alo respoIlN\vels pela Mgurallça nacional. Depois IntrocSuz-811um conceito totallUP.rlo, trulo de umterror plnloo ao oomunl6II1o. que tfl:desaJ)llrecer a lItnpl<la e adml~vel
colleel tuaç&o liberaI. de Que oe tr1melJ)Olltlcos 610 5Ômente aQu~lee queare Iam a J)er&oDall<lade do Eatlldo ea eegurança do re«tme e do OOv~rno,
oom 11 tutela dtl Interh:ees reladonadoe oom 8 e:cls~ncla, a Integrtc1a4e,li unidade. a IndllpeDd~ncJa do Estadoli a deresa mUltar conU1l a Iljffeea&outerlor, e, no plano Interno. a In....olabllldade do reg1..lne polltlco ngente,li llltlu~ncla e 8 Incolumidade dos Orllios /lullremOll do Eatado, coDllllCradoena COIUUtuIÇIo."
Protesta, veementemente, contra a 91gl!ncla da. lei Que ,·&tIIbelece tÔro militarpaa crlrne polltlco, por respeito • Juatlça MlIltar e ao direito doa cl<lad&a8". oJornallste Carloe Lacerda ("Jornal doDraall" de 22-6-67).
(4()) Declaraç6es do ~neral Mourlo PUbo, aoassumIr 11 Preetd~ncla do 8. T. M.. Ilubllcac1aa no "Correio da Manb...., de 18-3-«7.
(41) "Comlo dA M&nhl", 28-4-«7.
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da ditadura de 1938 e está obsoleto eimpróprio para o regime democrático,cuja modificação já está em estudos poruma comissão de juristas nomeados pelo S.T.M."
O General Pery Bevilacqua, em reportagem publicada no "O Jornal" de 8. g.67, "também não quer civll preso pormmtares" :
"Ao condenar, ontem, a prisão de civis pelas autoridades militares, o ministro do S. T .M., General Pery Bevilacqua, disse que "contra essa pernicIosa distorção da missão das Fôrças Armadas, tenho clamado e continuarei aclamar, e ninguém poderá recusar-meautoridade moral para assim proceder,pois sempre detestei as ditaduras, tantoda esquerda como da direita, por seremambas llberticidas e, por isso, igualmente execráveis" e a prepotência, civil oum1l1tar, que sempre verberel, constitui ocaminho direto para a ditadura.
O pronunciamento surgiu em conseqüência de uma resolução normativa -derrotada pela segunda vez .- que Perypedira ao S. T.M. fôsse baixada, declarando que "militar não pode prendercivil com base no Código da Justiça, anão ser em flagrante delito" e que "militar não tem autoridade legal parainstaurar inquérito policial contra civisque sejam acusados ou suspeitos daprática de crimes políticos ou contra asegurança interna do País. competindoa iniciativa e a execução de tais inquéritos à Polícia Civil." O Egrégio S T. M.por maioria de votos, rejeitou essa proposta, decidindo, no entanto, apreciara questão em cada caso de per si, dandoa solução que cada um exigir.
Justificando, disse o General Pery Bevilacqua que. se oS. T. M. continuar areceber pedido de "habeas corpus" emfavor de civis Uegalmente presos porautoridades militares e, em muitos casos, sujeitos a IPMs, "julguei oportunoe conveniente à economia processual,renovar a apresentação. que. posta emdiscussão, recentemente, foi rejeitadacom a mesma votação anterior". "Tenho a esperança -- acentuou -- de queem breve venha a se tornar desnece;;saria tal recomendação, que teria a virtude de servir para orientar e esclarecer autoridades militares zelosas e também autoridades policiais igualmentebem intencionadas e que inadvertidamente, vinham agindo ao arrepio de
preceitos legais em vigor". As concessões feitas ultimamente pelo S. T.M.,de vários pedidos de "habeas corpus",nos casos de coação ilegal previstos noprojeto de Resolução normativa, ao quese constata, têm tido como resultado aredução do número de prisões de civispor militares e também de indevidasinstaurações de IPMs contra aquêles, ad.que parece pelo melhor esclarecimentodas autoridades militares que vinhampraticando tais a tos ~ disse o Ministro do Tribunal Militar.
HARMONIA E REFORMA
"O S. T. M. -- prosseguíu - com aautoridade que lhe dá o conhecimento
~xperimental da extensão da JustiçaMilitar aos civis acusados da prática decrimes não previstos no Código PenalMilitar, se o art. 50 da Constituição doBrasll o permitisse, poderia levar aoCongresso Nacional parecer mostrandoponderáveis razões que desaconselhamtal extensão que lhe foi dada ultimamente. Essa espécie de militarização daJustiça não concorrerá, por certo, paraapressar o encerramento da atual fasede transição e ingresso do País na plenitude do regime democrático, com o almejado restabelecimento do princípioda harmonia dos Podêres da União entre si e o retôrno das Fôrças Armadasàs suas funções normais."
"Reintegrado completamente o Paísna posse de si mesmo - prosseguiu -será, então reformada a atual Constituição, escoimada dos defeitos que aprejudicam, dos quais o principal é ahipertrofia do Poder Executivo, granderesponsável pelas distorções do regimerepubllcano, democrático e federativo,tão auspiciosamente estabelecido em 15de novembro de 1889 pelos seus fundadores que o visionavam puro, fecundo cbenfazejo, regime orgànico da liberdadee da fraternidade, da conciliação sistemática da Ordem e do Progresso, deconfiança plena, a par da mais completa responsabilidade, de respeito meticuloso iJ. dignidade e às convicções políticas ou fllosóficas dos cidadãos, regime de separação definida entre o poderespiritual c fôrça temporal, regime deliberdade espiritual." A subversão, Ucorrupção e a inflação, que tantos males têm acarretado ao pais. são descendentes diretos do excesso de poder concentrado nas mãos do Poder Executivo.
FORO MILITAR
JANEIRO A MARço - 1968
MI88AO DISTORCIDA
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A certa altura. o membro da maisalta Côrte de Justiça Militar diz que "aextensão do fôro mllltar aos civis Incursos na LeI de Segurança Nacional, feitapelo Ato n,o 2 e, lamentàvelmente, tornada permanente pela Constituição doBrasIl, não importa em transferir paraas autoridades mllltares as funções policiais exercidas pelas Delegacias de Ordem Polltica e Social - DOPS - e pelaPolicia Federal, que está sendo organizada" - "Aquelas autoridades policiais- prosseguiu - nâo foram demitidas desuas atribuições legais; nada obstante,cada comandante' de Guarnição, permitindo-se a Iniciativa de instaurar IPMscontra civis e ordenar a sua prisão combase no Código de Justiça Militar, porsuspeitos de crime contra a Segurano;aNacional, vinha, pràtlcamente, exercendo funções que o tornam delegados empotencial do DOPS,
BRASIL: UM VASTO QUARTEL
"Em cada guarnição, as autoridadesmllltares competindo entre si em Iniciativas pollciais, e competindo tódascom as autoridades pollciais civis, coma instauração de IPMs contra civis deambos os sexos e a prisáo dos indiciados durante as investigações policiaispor 30 dias. prorrogáveis por mais 20com a apUcação do C6d!go da JustiçaMilitar - feito para garantir a disciplina nas Fôrças Armadas, e aplicávelsómente pelos comandantes aos seus comandados - vinha convertendo virtualmente o pais, num vasto quartel, ou osalto mUhócs e 5<J0 mU quIlômetros qua-
. drados de território nacional em pátiode quartel, comprometendo - essa espécie de estado poUcial-mlUtar - adignidade do regime republicano e opróprio prestigio de que sempre desfrutaram, merecidamente, na sociedade 33
nossas Fôrças Armadas."
"Contra essa perniciosa distorção daml3sáo daa Fôrças Armadaa, tenho clamado e continuarei a clamar enquantotiver alento; antes de m1lltar, sou cldadão e amo o ExércIto a que me orgulhode pertencer por amor de minha Pátria.E ninguém poderá recusar-me autoridade moral para asslm proceder. Sempreverberel a prepotência, cIvil ou mllltar.O despotismo é o caminho direto paraa ditadura e sempre detestel 8.8 ditaduras, tanto da esquerda como da direita,por serem liberticidas e, por isso, Igualmente, execráveis", dlsse o mInistro doS.T.M., que cita o Fundador da República, Benjamin Constant, que, em 2 defevereiro de 1887, em plena Questão Milltar, disse: " ...se no regime democrático é condenada e preponderância dequalquer classe, muito maior condenação deve haver para o predominlo da espada que tem sempre mais fáceis e melhores meios de executar os abusos eas prepotênclas."
Lembra o ministro que a êsse respeitoescreveu, em 1939, o saudoso general A.Tasso Fragoso - "Não se pode ler hojesem emoção tão elevado pensamentoenunciado por um soldado! O conceitoé indestrutIvel, está de pé e estar' emtodos os tempos. 8ó não o reconhecerãoos que não tiverem alma de subserviente ou de tirano", ("Revolvendo o Passado", Augusto Tasso Fragoso, gen, dIv.Ref. Natal de 1939).
Concluindo, o ministro Per}' Bev1lacqua observa: "Fellzmente a apontadadistorção da missão daa Fõrçaa Armadas parece estar chegando ao fim. Afase aguda Já... passou. A perfelta nor
-malIzação da vida democrática nado-nal, entretanto, 8Ómente poder' advircom o fortalecimento do principio conJt1tuclonal de independêne1a e harmonia dos Podêres da União. O Julgamentode cidadãos civ1B pela Justiça MiUtarpor crimes polltlcos contra. a .segurançainterna, evidentemente, não deverá permanecer: não prestlgla o Poder Civll,especialmente o Poder JudJcllrto."
136 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
o jornal "última Hora" publica em3.1.68 os julgamentos do Superior Tribunal MiUtar em 1967:
"STM BATEU RECORDE DEJULGAMENTOS EM 67
o Superior Tribunal Militar realizou,em 1967, o maior número de julgamentos registrados num só período da suahistória~ A quantidade de condenações,absolviçoes e habeas corpus concp.didosfoi bem maior que em anos anteriores.Em apenas um habeas coletivo - omaior já julgado pelo STM - foram excluidos de processo 104 trabalhadoresdas Minas de Mórro Velho, em MinasGerais.
Quase sempre o Tribunal anulou decisões das dez auditorias existentes nopais. Dezenas de penas foram diminUÍdas, muitas em pelo menos um quartode século. Doze IPMs foram arquivadospor falta de provas. O maior índice decondenações foi registrado nas Auditorias de Curitiba, Juiz de Fora e Recife._- 5.a, 4. a e 7."' Regiões Militares.
BALANÇO
Eis uma súmula dos principais acontecimentos na Justiça Militar duranteo ano de 1967, mês por mês:
JANEIRO - O Mínistro Murgel deRezende, do STM, - se pronuncia contra o proj eto da nova Lei de Imprensa,que afinal foi decretada pelo Presidente Castel10 Branco. • O Procurador-Geral da Justiça Militar. Sr. Eraldo Gueiros opina em parecer no sentido de queo IPM da Rêdc da Legalidade seja remetido à. Auditoria da 4.a. RM, em Juizde Fora: o principal indiciado no inquérito é o Arcebispo D. José Newton, deBrasília. • O Procurador-Geral EraldoGuelras nega. em parecer. fôro privilegiado no STM para os ex-Governadoresdo Amazonas, Srs. Gilberto Mestrinho ePlínío Coelho, alegando que os acusadostivr.'ram os seus direitos políticos cassados, • Já com o parecer do Procurador-Gerai da Justiça Militar, o IPM doJSEB é encaminhado ao STM, fi gurandoeomo principais indlCiados os ex-Presidentes Juscelino Kubitschek, J5.nioQuadros e Joao Goulart. • Eraldo Gueiros defende o Juiz Gilberto Lamõnaco,da La. Auditoria da Marinha, censuradopelo Capitão Ataliba Galvão Neto, quechefiou o IPM da fuga do ex-cabo Anselmo dos Santos. • O STM, contra o
voto do MinIstro Peri Bevilacqua, negao quarto habeas-corpus impetrado emfavor do mais antigo prêso político doPaís - Gregório Lourenço Bezerra recolhido na Casa de Detenção do Recife. • Ao relatar o habeas-corpus pedido em favor do pianista Joaquim Tomás Jaime, o MInistro Alcides Carneiro denuncia que o pacIente, juntamentecom seis outros companheiros, acusadosde delitos políticos, está recolhido num"depósiw de animais", no Forte de SãoJoão, desde outubro de 1966. • Por 7 votos contra 6 o STM concede habeas-corpus ao cabo Francisco Dorismar - Arraes, prêso no Forte de São João, porter dado fuga e posteriormente se asilado com quatro estudantes detidos naquela unidade mmtar, acusados de "ati_vidades subversivas". O EmbaixadorSanchez Amorim, do Uruguai, não concedeu asilo politico ao cabo, mas apenasaos estudantes, tendo o militar sido entregue aos seus ~uperiores, gerando oepisódio uma série de problemas diplomáticos. • O Conselho Permanentede Justiça da 1,ll. Auditoria da Aeronáutica, julgando 12 operários do Serviçode Transporte da Baia de Guanabara,acusados de "subversão", condena a doisanos de reclusão José Batista da Costae Fernando Ferreira Marinho, • Habeascorpus concedido ao cabo Arraes não écumprído e o mllltar continua prêso noForte de São João, • O Almirante DlogoBorges Fortes, Presidente do STM,anuncia o fim do ano JudIcIário Militarde 1966, dando a conhecer que a Suprema Côrte Militar julgou naquele período 607 habeas-corpus, 743 apelações e1.603 processos de outra natureza. A fimde dar cunho legal à continuidade daprisão do cabo Arraes, a 2.a Auditoriada La RM, decretou a prisão preventivado militar. • O Ministro Peri BevHacquadeclara à Imprensa que a futura ConstituIção da República não deve permitir o julgamento de civis por m1lltares,senão quando se tratar de crimes contraa segurança externa do País. • O Procurador Eraldo Gueiros pede ao BTM oarquivamento do IPM que apurou "omovimento separatista do Govêrno deGoiás, Sr. Mauro Borges", por falta deindício de crimlnalidade. • O BTM condena a 17 anos de reclusão quatro fazendeiros que assassinaram um fannacêutico, no dia l""de abril de 1964, sob aalegação de ser "um perigoso comunista". • O Ministro PerI Bevilacqua ma·nifesta-se favorável à anistia para alicrimes políticos, a fim de "corngtr in-
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justiças e extinguir ódios". • Começa na3.a Auditoria da La RM O sumário deculpa dos denunciados no chamado"Processo do Trem da Esperança". •Eraldo Gueiros pede ao STM o arquivamento do IPM do Congresso de SolIdariedade Q Cuba, cujo único Indiciado éo General Lms Gonzaga de OnveJraLeite.
FEVEREIRO - O MJnistro da Justiça, Sr. Gama e Silva, anuncIa que, deacôrdo com o § 1.° do art. 122 da novaConstituição Federal, compete ao Superior Tribunal Mllltar julgar os recursos oriundos de decisões de primeirainstância - Auditorias - ao invés dêsse julgamento ser feito diretamente pelo Supremo Tribunal Federal. • Acusados de ativistas do PartJdo ComunJsta,28 civis dos munlcipios de NUópol1s eNova Iguaçu, Estado do Rlo, são denunciados pelo Promotor Otávio DurvalMeyer, da La Auditoria da La RM. • OConselho Permanente de Justiça da 2.Auditoria da Aeronáutica absolve porunanImidade quatro clvis acusados de"subversão" na cidade de ltaguai, Estado do Rio. • Por ter sido consideradorevel no processo a que responde por"subversão", o Jornallsta Agllberto Vieira teve a prisão preventlva decretadapela Auditoria da 5.a RM, em Curitiba.• O Professor Sobral Pinto pede à Auditoria do Recife para adiar o julgamento do septuagenário Gregórlo Bezerra, alegando motivo de doença Justificado, mas o pedIdo não foi considerado. • O advogado Alexandre Gedey Informa que vai anular de dlreito a condenação de cInco anos de reclusão Imposta ao aeroviário Adílson PinheiroPimentel, pelo Conselho Permanente deJustiça da 3.- Auditoria da 1.- RegiãoMil1tar, acusado de tentar assassinar oPresidente Castello Branco. • PrimeiraAuditoria da AeronáutIca recebe do MJnistério da JusUça o processo relativo àproibição do jornal "Fôlha da Semana",baseado num expediente do sm. • OIPM das Companhias de Navegação édlstribuido à 1.11 Auditoria da Marinha,e depois, com parecer do Promotor Robério Albuquerque, ao STM; figuram como principaIs indiciados o presJdentedeposto João Goulatt e os AlmirantesLuís de Araújo Susano c Eduardo Sêco.
MARÇO - O jurlsta Raul Lins e Silva aponta duas nulidades no julgamento de Gregório Bezerra: - cerceamentode defesa e incompetência da JustiçaMilitar. • O Advogado Modesto da Sl1-
velra lmpetra habeas-corpus em favordo septuagenário Franclsco Rux, prêso, na PE, em Vila Isabel, por ordem doCapitão José Rlbamar Zamlth. • O General Ollmplo Mourão Filho, pr('sidenteeleito do STM, faz pronunciamento contra a nova Lei de Imprensa, afirmandoQue "uma democracia forte e estávelnão preclsa de nenhuma medida de exceção." • O Governador do Estado daParaíba, Sr. João Agripino, em audiência na Auditoria da Aeronáutica defende, como testemunha, o Coronel Neivade Figueiredo, processado por "subversão". • O General Peri Bevllacqua, Ministro do STM, declara que a nova Leide Imprensa "equivale a um Estado deSítio". • O General Olimpio Mourão Filho toma posse na presldêncla do STM,fazendo um 11belo contra a nova LeJ deImprensa, assim como aos processosfascistas oriundos da Alemanha nazistade Hitler. • O General Ernesto Geisel toma posse como ministro do STM. • OMinistro Magalhães Pinto, das RelaçõesExteriores, VisIta o STM e diz que "aRevolução já acabou", • O STM mandaarquivar representação do Comandanteda 7.- RM, no Recife, contra o Juiz-Auditor Amilcar Cardoso de Meneses. •MlnJstro Saldanha da Gama, votandoem habeas corpus no STM, declara que"estamos viVendo a tutela. da nação pelo militar, um caso típico de tropa deocupação".
ABRIL - O ex-Deputado Doutel deAndrade pede habeas·corpus ao STMpara ser excluido de processo a que responde por "subversão" na Auditoria dlls.a RM, em CuritIba. • Depois de veementes debates o STM determina o arquivamento do IPM da Ri:dc da Legalldade, com o voto do MJnJstro DlimpJoMourão Filho; os dois principais lnd.1ciados no inquérito são o Arcebispo deBrasilia e o presidente deposto JoãoOoulart. • O STM arquiva outro IPM .feIto contra o General Maurílio Lemesde Avelar e dezenas de candangos deBrasilla. • O Ministro Saldanha manifesta-se novamente contra a atual Leide Segurança NacIonal, saUentando que"discutimos entre duas !llosoflas de G<Jvemo, entre dois destinos nacionaIs: ode republiqueta e o de grande nação". •O Professor Bayard Bolteux é le"lado para Juiz de Fora, acusado de participardas "guerrlllias" de Caparaó. • O JuizJosé Gar<:1a. Freitas, da 3.- Auditoria da1.- RM, manda arquivar o IPM da CompanhIa Sldenirgica. Naclonal, por "lnsuficiêncIa de provas". O Ministro Mou-
138 REVISTA DE INFORMAÇÃO UG~~':.ATIV~__
rão Filho determina a abertura de inquérito administrativo contra o Promotor Benedito Felipe Rauen, que classificou os funcionários da Auditoria da5.a. RM, em Curitiba, de "venais". • OJuiz da 2.a Vara Criminal de BrasiUa,Sr. Geraldo Tarso de Andrade Rocha,manda arquivar IPM aberto contra opresidente deposto João Goulart. • OPromotor Eudo Guedes Pereira, da 1,aAuditoria da La RM, denuncia 36 dos300 universitários envolvidos no IPM daFANFI da Guanabara. • O STM declaraque civil só pode ser preso por juiz competente. • Ao votar num pedido de habeas corpus, o Ministro Alcides Carneiro diz que "a imprensa não só é a liberdade do mundo, corno também a trincheira das liberdades públicas".
MAIO -- Chega ao STM o IPM dojôgo do bicho no Estada do Rio. • Mourão Filho declara-se contrário a qualquer Tribunal Especial para decidir sóbre a situaçâo dos cassados pela Revolução. o O STM nega habeas corpus aoEngenheiro Moisés Kuppermann, que aoregressar do asilo politico, no Uruguai,foi prêso e levado para Juiz de Fora,acusado de participar das "guerrilhas"de Caparaó. • O Juiz José Garcia Freitas, da 3." aud\toría da La RM, determina o arquivamento elo IPM do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carmo,K'>tado do Rio, por falta de elementosde convicção. o O STM nega habeascorpus ao Professor Bayard DemariaBoiteux. • Na 1a Auditoria da Marinhasao condenados três ex-marinheiros cabsolvidos 14, todos do Cruzador Tamandaré, acusados df~ "sabotagem e indisciplina". • Na l'l Auditoria da Marinha são absolvidos o presidente doSindicato dos Trabalhadores em Fiacãoe Tecelagem de Nova Friburgo, Sr. Francisco de Assis Bravo. e o comercianteManuel Pereira Leitc'
JUNHO . - O operáriLl Odilon de Sousa Pacheco (' absolvido na 1.1\ Auditoria da I" RM. no processo em que éacusado de tl'ntar "reorganizar o PCB".• A 2./\ Audítmi:l d;], M.lfinha, julgando90 pftra-q uedistas c ri vis do Corpo deFuzileiros Navais. acusados de "atividades subversl vas". absolveu 85 e condenou ('mco. O STM considerou-secompetentt' para processar e julgar SC!xas Doria e seus Secrttirios de Estado.o Carlos Lacerd~L depoe na 3.a. Auditoria da I " RM, como testemunha de defesa dos jornalistas Jairo de Araúj o Regis c Agliberlo Vieira de Azevedo, • O
STM manteve o acórdão em que condenou os líderes sindicais Clodsmith Rianie José Gomes Pimenta, a 7 e 2 anos dereclusão respectivamente, • A Sra. Glória dos Santos Monteiro, espõsa do cenógrafo Francisco das Chagas Monteiro, denuncia ameaças de violências contra o seu marido, por parte do CapitãoZamith. o O IPM do ISEB é remetido ao.STF por ser aquela Côrte competentepara julgar os ex-Ministros da Educação Clóvis Salgado e Oliveira Brito. •Acórdão do STF estabelece que osacusados de crimes políticos praticadosantes da vigência do Ato Institucionaln.O 2 deverão ser julgados pela JustiçaComum. o O STM não aplicou os termos do acórdão alegando que êle aindanão firmou jurisprudência. • O STMconcede habeas corpus ao EngenheiroMoisés Kuppermann, mas a ordem só é.cumprida depois que o Comandante da4.a. RM interveio para exigir do encarregado do IPM, em Juiz de Fora, quecumprisse a decisão do Tribunal. • A l.a
Auditoria da La RM condena três lavradores de Macaé, Estado do Rio. a umano de reclusão, com base na antiga Leide Segurança Nacional. • Por "falta deelementos de convicção", 30 operáriosdos Estaleiros Ishikawajime são absolvidos na La Auditoria da Aeronáutica.
JULHO O ex-Coronel JeffersonCardim denuncia torturas que sofreu nafase do Inquérito Policial-Militar. • OProcurador Mílton Meneses é designadopara oferecer denúncia no IPM da Imprensa Comunista, • Jefferson Cardimapela ao ST1.f contra a sua condenaçãoa 9 anos de reclusão pela Auditoria deCuritiba. o A 1.a Auditoria da La RM,por unanimidade, absolve sete civis eum cabo, cruelmente torturados na fase do IPM chefiado pelo Capitão JoséRibamar Zamith. • A Procuradoria-Geral da Justiça Militar recebe o IPM da"Ação Popular", com 32 estudantes indiciados. • O Juiz-auditor de Curitibaquer nôvo depoimento de Lacerda, como testemunha dp defesa de Jairo Rêgis e Agliberto Vieira: o STM, porc-m,decide que o primeiro depoimento é válido e encerra a questão. • Na 2." Auditoria da Aeronáutica três estudantes sãoabsolvidos do crime de "pregar cartazespoliticos". o Na 3." Auditoria da 1" RM,o Coronel NicIL,; da Silva é absolvido,porque "nio é crime empregar comunista na Comissão Nacional do Carváo". o
A 2.a. AudItoria da La. RM encaminhfl arelaçâo dos indiciados do IPM do PC àsde Auditorias Militares.
JANEIRO A MARÇO - 1968 139
AOOSTO - Os estudantes SebastiãoRodrigues Paixão e Lúcia Marinha Moutinha, e o Professor José Valentim Lorenzettl são condenados a seis meses dereclusão na 3.& Auditoria da 1.6 RM,acusados de fazer propaganda poliUcade "caráter subversivo" na UniversidadeRural do Brasil. • Na 1.- Auditoria daLa RM, 12 camponeses são absolvidospor unanimidade, acusados de subversão no Estado do Rio. • A DOPS de Niterói prende o ex-Prefeito de Natal, Sr.Luis Gonzaga dos Santos, e o entrega àsautoridades m1J1tares do Recite, ondefoi condenado a 15 meses de reclusão naAuditoria da 7.a RM; meses depois omesmo morre na Casa de Detenção doRecife, em virtude de distúrbios cardiacos, ao que Informam as autoridades da7.- RM. • O STM nega habeas corpuspara o Professor Bolteux e estabeleceQue não há prazo para a prisão preventiva na fase do processo. • O escritorBarbosa Lima Sobrinho e o ProfessorCândido Jucá Filho prestam depoimento na Justiça Militar em defesa do Professor Bolteux. • O STM rejeita denúncia feita contra o Jornalista Heitor Conlenquadrado na Lei de Segurança Nacional. • O STM rejeita proposta do Ministro Perl BevUacqua, no sentido de queo mllltar não pode prender civil.
SETEf\.ffiRO - O advogado RômuloGonçalves faz denúncias de violênciasfísicas no IPM das "guerrilhas de Uberlândla". • Em Itauçu, Goiás, é feito umIPM contra 26 lavradores expulsos pelos latifundiários das terras que cultivavam há 30 anos: houve numerosasprisões. • A 3.a Auditoria da l.a RM absolve três lavradores de Itaperuna, Estado do Rio, por "falta de lUcito penal".• Conforme parecer do Procurador-Geral da Justiça Militar, Sr. Eraldo Gueiros, a pena a que foi condenado Gregório Bezerra pela Auditoria do Recife 19 anos de reclusão - deve ser aquelaprevista no art. 21 da nova Lei de Segurança Nacional, que varia de 4 a 12anos. • O advogado José Carlos Correiadenuncia o terrorismo desencadeado noParaná pelo Coronel Ferdlnando deCarvalho, chefe de um IPM, prendendoa sua mais representativa tntelectualldade. • O IPM de Barra Ma.nsa, Estadodo Rio, aberto contra 15 lavradores, émandado arquivar pelo juiz Te6critoMiranda, da l.a Auditoria da 1.- RM. •O MJnlstro Perl Bevllacqua denuncia oque chama de "arbítrio dos mlnl-lnquéritos" .
OUTUBRO - Com base em acórdãodo STF, a 2.1' Auditoria da Marinha dáse por incompetente para processar eJulgar nOve civis acusados de "subversão". • A Auditoria da. 7.& RM, no Recife, absolve um camponês e um tenentedo Exército acusados de "subversão". •O Juiz Te6crito Miranda entrega ao STMo Inquérito que fêz para apurar atividades políticas do seu colega de São Paulo,Tinoco Barreto: o inquérito foi realizado por determinação do presidente doSTM em virtude de representação doComando do II Exército. • Advogadoscontinuam denunciando violências doCoronel Ferdlnando de Carvalho. emCuritiba. • O Ministro Ribeiro da Costa, do STF faleceu de enfarte do miocárdio. • O STM concede habeas corpusa Darci Ribeiro, asIlado no Uruguai emais 11 pessoas, por "falta de fundamentação do decreto de prisão preventiva". • O jornallsta Flávio Tavares per·de habeas corpus no STM.
NOVEf\.ffiRO - A 2.6 Auditoria daMarinha absolve 18 marinheiros do Contratorpedeiro "Bauru", acusados de lerem praticado, nos dias 31 de março e1.0 de abril, "motim e sabotagem" naquele barco de guerra. • Chega na 2.6
Auditoria da La RM O IPM aberto contra os estudantes que lutaram pelo nôvo Restaurante do Calabouço. • O JuizTeócrito Miranda manda arquivar oIPM feito no Sanatório de Itatlala, Estado do Rio. • O STM, pela via do habeas-corpus, exclui do processo a querespondia com mais quatro estudantes,por fazer um comielo no Largo doCACO, no dia 31 de março de 1964, oProfessor Francisco Mangabeira. • Dante Pelacanl apresenta-se à La Auditoria da Marinha. de regresso do exílio,tendo a sua prisão preventlva relaxada.• Quatro lavradores de Macaé, Estado doRio, sào absolvidos na 1.- Audltorta da1.1' RM, por "falta de elementos de convicção para condenar". • A 2.- Auditoria da Marinha, numa segunda decisão,estabelece que é Incompetente para pro~
cessar e julgar civis que cometeram crimes poliUcos antes do AI-2, conformeacórdào do STF. • O STM dá prazo aTinoco Barreto para se defender. • OSTM nega habeas corpus a Quatro religiosos de Volta Redonda, presos por"distribuírem panfletos atentatórios àsegurança do Estado. • O STF dá habeas corpus a Flávio Tavares. • A 2.Auditoria da Aeronáutlca decreta a prisão preventiva dos quatro religiosos deVolta Redonda.
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DEZEMBRO - O Juiz Teódu)o Miranda, da 2.a Auditoria da Aeronáutica, expede alvará de soltura em favor dos religiosos de Volta Redonda. • O STMconcede, para exclusão da denúncia, omaior habeas-corpus coletivo de tôda asua existência: 104 trabalhadores dasMinas de Môrro Velho, em Minas Gerais, são beneficiados. • Mourão Filhosolidariza-se com o Comandante da Policia Militar do Estado do Rio. • O STMextingue o chamado "Processo doCACO", com a concessão de habeas-corpus aos denunciados que restavam. • OI Exército ainda não devolve o IPM dosreligiosos de Volta Redonda à 2.a Auditoria da Aeronáutica. • O STM absolveo Coronel Pedro Arbues Martins Alvares, do Rio Grande do Sul. • O operário João Zeferino da Silva está recolhido na Fortaleza de Santa Cruz há 20meses e ainda não sabe da sua condcnação, oficialmente_ • Os jornalistaselegem Ministros do Ano: Peri BevílacQua e Alcides Carneiro. • O IPM com 13intelectuais chega à 2.a Auditoria daMarinha, figurando como principal indiciado o pensador católico Alceu deAmoroso Lima - Tristão de Ataydc_ •O Juiz Alvarenga Viana, da 2.a Auditoria da l-l~ RM, manda arquivar o IPMcontra Lacerda. • O IPM contra Abelardo Jurema também é arquivado. • Mourão Filho quer saber sóbre violênciascontra os condenados do CaparaÓ. • A2" Auditoria da Aeronáutica intima oCapitão Zamith a explicar torturas contra presos pol1tiros sob sua guarda."
JUSTIÇA MILITAR ~ LEGISLAÇAO
DECRETO N-" 17.231-A, de 26.2.26 "Manda observar o Código da JustiçaMilitar." D.O. 3.3.26.
DECRETO N.o 17.513, de ~i .1126 -"Manda observar o Formulário do Processo Criminal Militar, a que se refereo Dec_ nO 17.231-A, de 262.26, em seuart_ 386." D. O. 23 11. ::6.
DECRETO N-" 19453, de 4_12.30 -"Revoga o § 1-" do art. 3° do regulamento anexo ao De[~. nO 17.231-A, de26.2.1926, que determina que na 1." circunscrição haverá também um auditorde 1 A. entrância com a,~ funções de corregedor dos processos findos." D, o.10.1230. Ret. 17.1230.
DECRETO N.o 24.803, de 14.7.34 "Modifica diversos artigos do Código deJustiça Militar". 0.0. 16.7.34 (SupU.
DECRETO N.o 71, de 27.2.35 -- "Aprova e manda observar o Formulário parao Processo e Julgamento dos crimes deinsubmissão e deserção de praças." D.O.11.5.35.
DECRETO-LEI N.o 925, de 2.12.38"Aprova o Código da Justiça Militar."D.O. 9.12.38 - Rep. 26.1.39.
DECRETO-LEI N.o 2.234, de 27.5.40 "Modifica um dispositivo do Código deJustiça Militar." D.O. 29.5.40.
DECRETO-LEI N.o 2.746, de 5.1140 ~"Altera as disposições do Código da Justiça Militar, baixado com o Dec.-Iei nO925, de 1938, relativa ao Conselho deJustificação." D. O. 7.11.40.
DECRETO-LEI N.o 3.020, de 1.2.41 -"Prorroga à Aeronáutica a jurisdição daJustiça Militar do Exérclto." D. O.4.2.41.
DECRETO-LEI N.o 3_038, de 10.2.41 "Dispõe sôbre a declaração de Indignidade para o oficialato." DO. 12.2.41 Ret.24.2.41.
DECRETO-LEI N.o 3.581. de 3.9.41 "Dispõe sóbre a substituição de ocupantes de cargos da Justiça Militar. (Ficam revogadas as alíneas b, c, d, e, f,g, h, do art. 54, o art. 55 e seus parágrafos 1.0 e 2°. do Dec.-lei nO 925, de ..2.12.38, e mais disposições em contrário_" D.O_ 5.9.41. Ret. 4.1041.
DECRETO-LEI N° 4.023, de 15.1.42 "Altera os artigos 102 e 103, do Dec.-]einO 925, de 2.12.38, que aprovou o Código da Justiça Militar." D O 16.1.42.
DECRETO-LEI N.O 4.225. de 23.42 "Modifica o art. 24 do Dec.-lei n.a 925,de 2.12.38, que aprova o Código da Justiça Militar." D O de 6.4.42. Ret.15.4.42.
DECRETO-LEI N° 4.235, de 6.4_42-"Altera a composição do Supremo Tribunal Militar e da outras providências_fDec.-Iei n.o 925, de 2.12.381". D. O.8.4 .42. Ret. 11.4.42
JÂHEIRO Â MARÇO - 1968 141
DECREI'O-LEI N.o 4.470, de 14.7.42"Altera a redação do I 1.0 do art. 1.° doDee.-LeI D.o 3.581, de 3.9.41, que dispõesôbre a substituição de ocupantes decargos da Justiça Militar." D.O. 16.7.42.
DECRETO-LEI N.o 5.857, ~e 28.9.43 "Altera a redação do art. 34 do Dec.-IeIn.o 925, de 2.12.38. Código da JustiçaMilitar." D.O. 30.9.43.
DECRETO-LEI N.o 8.186, de 19.11.45- "DJ3põe sôbre o processo e Julgamento dos crimes da competêncIa do extinto Tribunal de Segurança." D.O. de ..24.11.45.
DECRE.'I'O-LEI N.o 8.758, de 21.1.~ "Dá nova redação ao art. 7.° do Dec.-Iein.O 925, de 2.12.38, e dá outras providências." 0.0. 30.1.46.
DECRETo-LEI N.o 8.913, de 24.1.~
"Altera o Código da Justiça Mllltar,aprovado pelo Dec.-Iei n.O 925, de ....2.12.38:' D.O. 30.1.~.
DECRgrQ-LEI N.o 9.421, de 28.6.46"Altera d1sposlção do Dee.-Iel n.o 3.581,de 3.9.41, modificado pelo de n.o 4.470,de 14.7.42. (SubStituição de ocupantesde cargos da Justiça M1lltar):' D. O. ..29.6.46.
LEI N.o 966, de 9.12.49 - "Reorganiza os Cartórios das Auditorias M1lltares,e dá outras providêncIas:' 0.0......15.12.49.
LEI H.o 1.341, de 30.1.51 - ''Lei OrgAn1ca do M1nJstério Público". D.O. ..1.2.51.
DECRETO-LEI H.O 30.959, de 9.6.52 "Manda adotar formulários para processo e Julgamento dos erimes de 1nBubm1asio e deserção tomando lnBubslatentes os Decretos D.Os 17.513, de 5.11.26 e71, de 27.2.1936." D.O. 11.6.52.
LEI H.o 2.197, de 5.4.54 - "Modificao I 2.° do art. 19 do Dec.-Iel D.o 925, de2.12.38 (Código da Justiça Mlllta.r". D.O. 8.4.54.
LEI H.O 2.738, de 20.2.56 - "Dispõesôbre o afastamento do oficIal que serevelar lDcompatlvel com o exercido desuas funçóe3, quer em Situação normal,quer por ocasião de provas de instrução,de manobras ou operações de guerra, edá outras providências." D. O. 22. 2 . 56 .
LEI H.o 2.933, de 31.10.56 - "Modifica o art. 33 do CódIgo da Justiça Militar." D.O. 31.10.56.
LEI N.o 3.836, de 14.12.60 - "D1Bpóesôbre a entrega de autos aos advogados,e dá outras providências." D.O. 14 .12.60- Ret. D.O. de 20.12.60.
LEI DELEGADA N.o 4, de 26.9.62 "Dispõe sôbre a intervenção no domimo econômico para assegurar a livred1stribuição de produtos necessártc?s aoconsumo do povo". D.O. 27.9.62 - Ret.2.10.62.
LEI H.o 4.162, de 4.12.62 - "Altera 8
redação da letra "I" do art. 88 do Código da Justiça Militar. (Dec.-Iei D.O 925,de 2.12.38)". D.O. 7.12.62. Ret......28.1.63.
LEI N.o 4.389, de 28.8.64 - "Altera osa.rts. 273 a 283 do Código da Justiça Militar, aprovado pelo Dec.-lei n.O 925, de2.12.38". D.O. 5.1. de 31.8.64.
LEI N.o 4.517, de 29.12.64 - "Alterao Código da Justiça MiUtar, aprovadopelo Dec.-Iel n.o 925, de 2.12.38." 0.0.7.12.64.
DECRE:rO·LEI N.o 2, de 14.1.66 "Autoriza a requls.lção de bens ou serviços essenclals ao abasteclmento da população, e dá outras providências:' D.O. 17.1.66.
LEI N.o 4.984, de 18.5.66 - ''Dá novaredação aos arts. 263 e 266 do Código da.Justiça Militar, aprovado pelo Dec.-leln.o 925, de 2.12.38, e dá outras providênc1a8." D,O. 23.5.66.
DECRErO-LEI H.o 215, de 27.2.67 "Altera o CódJgo da Justiça Milltar (Dec.-Ie1 n.O 925, de 2.12.38)". D: O.27.2.67.
141 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
DECRETO-LEI N.o 267, de 28.2.67 -"Introduz alteração no Ministério PÚblico da União junto à Justiça Militar edá outras providências." D. O. 28.2.67.
DECRETO-LEI N° 314, de 13.3 67 -"Define os crimes contra a segurançanacional, a ordem política e social, e dáoutras providências." D.O. 13.3.67.
DECRETO-LEI N.o 317, de 13.3.67 "Reorganiza as Polícias e os Corpos deBombeiros Militares dos Estados, dosTerritórios e do Distrito Federal, e dáoutras providências." D. O. 14.3.67 eRet. 17 3.67.
LEI N.o 5.256, de 6.4.67- "Dispõe sõbre a prisão especial". D.O. 7.4.67.
LEI N° 5.300. de 29.6.67 _. "Dispõesôbre o Conselho de Justificação. estabelece normas para o seu funcionamento, e dá outras providências." D. O.3.7.67.
LEGISLAÇAO CÓDIGO PENAL MILITAR.
DECRETO N° 949, de 5.11.1890 "Estabelece um Código Penal Militarpara a Armada". L.B. 1890, VaI. V.
DECRETO N,a 18, de 7,3.1891 - "Estabelece nôvo Código Penal para a Armada (de acôrdo com o Decreto n.a 14,de fevereiro deste anol ", L,B, 1891,VoI. 1.
LEI N° 612, de 29.91899 - "Aprovae amplia ao Exército Nacional, o Código Penal para a Armada, que acompanhou o Decreto n.o 18, de 7.4.1891. L.B.1899, VaI. 1.
DEC. (P.L.) N° 4.988,de8.1.26-"Pune com as penas de suspensão e multatodo indivíduo ao serviço da Armada cdo Exército que, por frouxidão, indolência, negligência ou omissão, cometerqualquer crime do art. 170 do CódigoPenal Militar, e dá outras providências."D.O. 14,1.26,
DEC. (P.L.) n.o 5.285, de 13.10.27 "Determina que o crime previsto no art.117, n.Os 1 a 7, inclusive, do Código Penal Mílítar, seja punível com a pena deprisão, com trabalho de seis meses a
dois anos." D.O. 22.10.27. Ret. D. O.27.10,27.
LEI N° 38, de 4.4,35 -- "Define crimes contra a ordem política e social."D.O. 6.4,35. Retificados nos D.O, ".1.7,35,3,7.35,6,7.35 e 28.6.35.
LEI N.o 136. de 14.12.35 - "Modificavários dispositivos da Lei nO 38, de .. ,4,4,35 e define novos crimes contra aordem política e social." D. O. de ...14.12.35. Ret. D.O, 18,12,35.
DECRETO-LEI N.o 431, de 18.5,38 "Define crimes contra a personalidadeinternacional, a estrutura e a segurança do Estado e contra a ordem social."D. O. 19.5.38.
DECRETO-LEI N.o 4.766, de 1.10.42 "Define crimes militares e contra a segurança do Estado, e dá outras providencias." D.O, 3 10.42.
DECRETO-LEI N,o 6,227, de 24.1. 44 "Código Penal Militar," D.O. 1.2.44.Ret. 16.2.44 e 15.3.44.
LEI N.o 1.802, de 5. L 53 - "Define oscrimes contra o Estado e a Ordem Política e Social, e dá outras providências.Revogam-se as disposições em contrárioe, em especial a Lei n,o 38, de 4.4.1935,a Lei n.a 136, de 14.12 do mesmo ano eo Decreto-lei n.O 431, de 18.5.38", D,O.7. 1. 53. Ret. D. O. 8 1. 53.
LEI N.a 2.505, de 11,6.66 - "Modificao art. 180 e seu parágrafo 3.° do Decreto-Lei nO 2.848, de 7.12,1940. (CódigoPenal) e artigo 208 do Decreto-Lei nO6.227, de 24 1.1944 (Código Penal Militar)". D.O. 16.6.55,
ANTEPROJETO do Código Penal Militar, de autoria do Prof. Ivo D'Aquino Fonseca, mandado publicar pelo Sr,Ministro da Justiça e Negócios Interiores, para receber sugestões de acôrdocom o dispositivo do art. 4° do Decreton.a 1.490, 8.11.1962. D,O. 6,5,63 (suplemento) ,
LEI N.a 5.346-67 - Altera dispositivosdo Código Penal, visando a proteger serviços de utilidade pública" - D.O, "7.11.67.
LEIS
COMPLEMENTARES
K?og/rio LOJ{n. !?oJrigltl'JOrientador de Pesquisas Legislatívas
Diretoria de Informação Legislativa
Embora usada com freqüência, a expressão "lei complementar" até data recente sempre foi empregada com Impropriedade. Assim foram chamadas nopassado diversas normas a que se pretendia emprestar especial destaque, semQue, todavia, se lhes outorgasse quaisquer características que Justificassemuma designação específica.
No dizer de Paulo Sarasate (I) a figura das lels complementares era, até 1967,despida de feição constitucional em nosso Pais, porquanto as Leis Magnas dopassado "nenhuma referêncIa fizeram aleis complementares", Esclarece o autorque "apenas a de 1891 e a de 1934, aotratar da competência do Poder Legislahvo, aludiram à atribuição de decretarleis orgânicas para a execução completada Constituição, mas não as definiramatravés de rito ou quorum especial devotação, Não passaram, assim, de leis ordinárias com um nome pomposo.
"Podia ser intitulada assim - esclarece Paulo Sarasate - qualquer lei quevisasse a regulamentar um preceito constitucional Inerte, Isto é, sem fõrça paravaler por si mesmo, Mas era uma denominação arbitrária, porque despida umaleI dessas de qualquer característica denatureza formal capaz de distingui-ladas demais leis ordinárias."
O aparecImento de "leIs complementares" deve-se ao fato de que a Constituição nem sempre é uma leI auto-executável. São muitos os seus dispositivos quenecessitam de uma norma que os complete. Existe entre a Constituição e asleLs complementares uma relação semelhante a que ocorre entre as leis ordlnárias e os decretos, cujo elo reside na dependência de regulamentação de umaspelos outros.
(1) Paulo SaraMt.c - "A CoWltltulçAo do Bra511 ao alcance de todos". pis. 332.
_l44 ~ R_EV_ISTA DE INFORMAÇÃO L~GISLATlVA
SOmente na Carta de 1967 é que apareceu pela primeira vez no elenco de quetrata o art. 49 a expressão lei complemental' da Constituição como uma dasespécies de normas compreendidas noprocesso legislativo. E é o art. 53 queconfere a essa figura o conteúdo formal,que a vem diferenciar da lei ordinária:
"As leis complementares da Constituição serão votadas por maioria absoluta dos membros das duas Casasdo Congresso Nacional, observados osdemais têrmos da votação das leisordinárias. "
Paulo Sarasate deflne as "leis complementares como aquelas que aprovadas nomínimo- pela maioria absoluta dos membros das duas Casas do Congresso Nacional, e observados, na sua elaboração,os demais têrmos de votação das leisordinárias, têm por obj etlvo regular ospreceitos constitucionais cuja aplicaçãodelas depende expressamente",
"Com essa noção _. esclarece Sarasate -, fIca bem entendido, nem pode serde outra forma, que somente serão leiscomplementares ~ e por isso mesmo sujeitas àquele quorum especial - aquelasa que a Constituição expressamente serefere, no curso de seus articulados."
Muito embora somente em 1967 a leicomplementar se tenha transformadonuma realidade constitucional, em 1962,nela falou-se por ocasião da Emendan.o 4 à Carta de 1946, que instituiu oParlamentarismo no País. Nessa épocaassinalava Miguel Reale que constituiela "um tertium genus de leis, que nãoostentam a rIgidez dos preceitos constitucionais, nem tampouco deve comportar a revo(ação por fôrça de qualquerlei ordInária superveniente: é a categoria das leis de complementação do textoconstitucional ou de estruturação do Estado, as chamadas leis orgânicas, paracuja aprovação ou reforma se crê preferivel exigir-se um QUORUM ESPECIAL".
Analisando o conceito e o objetivo dasleis complementares, Paulíno Jacquesmenciona o pensamento de Afonso Arinos de Melo Franco FJ que distingueentre "leis complementares por destino"(as que dizem respeito aos órgãos do Estado), e "leis complementares por origem" (as que dizem respeito aos súditofdo Estado), admite que as "chamadasleis orgânicas, que se destinam a estabelecer o mecanismo administrativo do Estado", integram as leis complementares.I!: certo que Duguit inverte os dados doproblema, quando sustenta que "leis orgànicas são tôdas quantas criam os órgáos do Estado e lhes fixam li estrutura", absorvendo, portanto, as leis complementares; mas não menos certo é queHauriou as restringe às que "lirn1tam asliberdades individuais".
"Entre nós - continua Paulino Jacques - também os autôres não se entendem: João Barbalho considera leisorgânicas as que organizam serviços, asque regulamentam (completam) a Constituição. Pontes de Miranda e Temístoeles Cavalcanti, à sua vez, não dão maiorsignificação ao assunto.
Em 6 de maio de 1947, através do Requerimento n.o 144/1947 (:l), o Sr. AfonsoArinos e mais sessenta e um deputadossugerem a criação de uma Comissão deLeis Complementares da Constituição. Eo fazem nos seguintes têrmos:
Considerando;
Que é assunto de grande importância e reconhecida urgência o das leiscomplementares da Constituição;
Que esta tarefa incumbe precipuamente ao Poder Legislativo;
Que o Sr. Presidente da República,na mensagem dirigida ao Congresso, bem como os Senhores DeputadoS'Cirilo Júnior e Prado Kel1y, em dls-
(2) Paul1no Jacques - "A Conatltulcfoo doBrasll Expl1cad..... , pago 59.
(J] Publicado no Diário do Con(resso Nadonalde 7 de maio de 1947.
___________JA_N_E_I._RO_A_MA:....R..:!ço~-__1..;.9..:..68,;,.,._ ___=.1..:..:...U
CU1'8OS pronunciados respectivamente nas sessões de 23 e 28 de abrilpassados, salientaram particularmente 08 problemaa da elaboraçãod88 leia complementares da Constituição;
Que, esta elaboração é um esfôrçoque exige a cooperação de todos ospartidos, por se sobrepor, em virtude do seu caráter permanente e nacional, a Quaisquer divergências politlco-partidárias;
Que é necessár:lo, para tal trabalho,um estudo tanto quanto posslvelcoordenado, simultâneo e de conjunto, a fim de que se possa organizar um sistema harmOnlco e rápidode lels complementares da Constituição;
Indicamos:
1.°) Fica criada a Com1s8ão de LeisComplementares da Constituição.
2.°) A Comissão se comporá de 21(vinte e um) membros, nela representados proporcionalmente todos ospartidos.
3.°) O funcionamento da Comissãose regerá pelas nonnas regimentaisreferentes às Comlasões especiais.4.°) Tão logo se organize a Comlsaão,o seu Presidente dtatribulré. aosmembros da mesma. Quer individualmente, quer reunidos em subcomissões, segundo o vulto e a complexidade do trabalho, o encargoda apresentação das leis complementares da Constituição.
5.°) A distribuição referida no itemanterior seguirá a ordem de referência dos artigos da Constltuiçãoque aludem a leis complementares;6.°) Os relatores terão o prazo dedois meses para apresentar à Com1S8ão os projetos que lhes foremdtstrlbuidos.
'7.0) Serão aproveItados os projetosjá em trânsito pela Câmara, e Que
versem assunto da competência daComlssão;
8.°) A proporção que fôr recebendoos projetos o Presidente da Comissão os remeterá à Mesa, a fim delhes ser dado o destino regimental.
Na sessão do dia 12 de maio de 1947,encaminhando a votação do Requerimento que apresentou, propondo a criação de uma Comissão de Leia Complementares da Constituição, o Sr. AfonsoArinos pronunciou o seguinte d~urso:
"Sr. Presidente, é ponto assentado, entre os melhores cultores do Direito Público, que a divisão clássica das Constituições em escritas e não escritas nãopode ser tomada rlgidamente. A Constituição Inglêsa, paradigma de lei fundamental costumeira, apóia-se, de fato,em numerosos textos escritos. Reclprocamente, a ConstItuição Americana, modêlo reconhecido de lei constitucionalescrita, Incorporou à sua prática mais deum elemento introduzido pelo costume.
E nio é somente por incorporar costWDes ao texto formal que as Constituições chamadas escritas deixam de corresponder à designação. t também porque, em muItos casos, as suas provisõesnão bastam, por elas mesmas, para assegurar a execução das medidas Que· assentam. O texto escrito da Constituiçãodeixa, assim, de ser auto-SUficiente, oupara empregar a expressão técnica consagrada, deIxa de ser auto-aplicável, exigindo o auxilio de tôda uma legislaçãocomplementar. Pode-se, portanto, atlrmar que nenhuma Constituição é com-
4pletamente escrita. Tõdas necessitam,para a construçii.o do seu mecanismo, detextos complementares que as interpretem e as enriqueçam."
Le~lação C(Jmplementar
Devemos acentuar'desde logo o caráterextraordinário desta legislação complementar. Não se pode Identlt1car a leicomplementar da Constituição com a lei
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constitucional. Esta última é a própriaConstituição, ou com ela se confunde. Oconceito de Constituição escrita - observa CarI Schmídt na sua "Teoria daConstituição" -, "não enuncia outracoisa senão que a Constituição é igual auma série de leis constitucionais. Maisalém do conceito de lei constitucional seperde o conceito de Constituição". A leiconstitucional, por conseguinte, no regime de Constituição escrita que é o nosso, corresponde exatamente a umaemenda à Constituição. e só com as cautelas expressas dentro desta pode serelaborada.
Entre as aberrações mais espantosas,as incongruências legais mais extraordinárias do chamado Estado no Brasil,salienta-se, sem dúvida, a expedição deleis constitucionais em flagrante desobediência aos próprios preceitos da Cartade 1937 sôbre as emendas, ao seu texto.A chamada Constituição de 1937 era rígida, isto é, a sua reforma só se fariapor processo especial, diferente do da legislação ordinária. O então Chefe doGovêmo estava impedido, pelo art. 13 daConstituição que outorgou, de expedirdecretos-leis modif1cativos da mesma,ainda no período de recesso do Parlamento. No entanto, baseado no art. 180que não lhe dava competência para isto,o ditador reformou por nove vêzes a leimagna que de resto só pôs em vigor asexceções.
Voltando à legislação complementarexigida pelas Constituições, insistamosem que ela é tôda de caráter ordinário,e, por isto mesmo, a sua confecção é dainteira competência do Legislativo ordinário.
A êste propósito Tomaz Cooiey, famosoconstitucionalista americano, escreve noseu clássico livro "Tratado das Limitações Constitucionais":
"AInda que nenhuma das disposições de uma constituição possa serconsiderada simplesmente esclarecedora, a verdade é que algumas exls-
tem que são tão íncapazes de execução compulsória quanto geralmente as provisões que traçam diretrizes. A razão disto é que, embora opropósito seja de estabelecer direitose impor deveres, não contém elas regras por meio das quais tais direitospossam ser protegídos ou tais deveres impostos. Neste caso, antes quea medida constitucional possa serefetivada, deve Ser provida de legislação complementar."
As próprias Constituições solicitammuitas vêzes, no seu texto, o auxílio dalegislação complementar, ao se referirem ã regulamentação por lei ordinária.dêste ou daquele dispositivo. No Brasll aConstituição de 1891, instrumento deuma época feliz de estabilidade econômica e paz social, estabeleceu apenas asgrandes linhas da organização do Estado. Já o naturai aumento da complexidade dos negócios públícos e a instabllidade geral do mundo contemporâneo fizeram com que as Cartas modernas tivessem o seu âmbito de ação muito desenvolvido e, conseqüentemente, o seumaterial dispositivo muito mais variado.A Constituição de 1891 possuía 91 artigos, enquanto a de 1934 continha 137 e avigente apresenta não menos de 218.Evidentemente, tendo de prever a tantose tão diversos assuntos, as modernasConstituições generalizam o mais possivel as suas regras, e fazem, por isto mesmo, apelo largo à colaboração do PoderLegislativo ordinário. Se fizermos umacomparação, sob este aspecto, das Cartasrepublicanas, veremos que, enquanto ade 1891 apelou menos de vinte vézes parao concurso da lei ordinária, a de 1934deixa a cargo desta lei a regulamentaçiode quase cem dos seus dispositivos, enquanto a de 1946 eleva este número acima da centena.
Disposições auto-aplicáveis
O primeiro trabalho exigido pela Constituição de 1946 é reconhecer quais sãoas suas disposições auto-aplicaveis.
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Esta expressão pode ser compreendidano sentido geral ou no particular. No geraI, são auto-apllcáveis tôdas as disposições constitucionais que contenham emsi mesmas os elementos suflcientes paraa execução das medidas que promovem.Habitualmente pertencem a êste gêneroos artigos que se referem à organizaçãofederal e à definição e atribuições dosmais altos podêres políticos do Estado.
No sentido restrito são sempre consideradas auto-aplicáveis, segundo a llçãode Rui Barbosa, as disposições constitucionais que versem sôbre os seguintes assuntos:
1.0} Ai; proibitivas, porque, como adverte Rui, "a norma proibitivaencerra em si mesma tudo quanto se há mister para que desdeiogo se tome obrigatória a proihição, embora a sanção contra oato que a violar ainda não esteJa deflnlda".
2.°) Ai; declaratórias de direitos, porque. sempre ainda nas palavrasde Rui, "a deciaração de um direito Individual pela Constituição importa na imediata aquisição do direito assegurado e naproibição aos particulares c àsautoridades de o violarem".
3.0 } Ai; que contêm Isenções fiscaisexpressamente declaradas, mesmo que a lei fiscal ordinárianão tenha ainda disposto sôbreo assunto.
DIsposições não apUcávelsautomàticamente
COoley, na obra citada, assim se expressa sõbre a caracterização das disposições constitucionais que exigem complemento legal:
"Uma provisão constitucional não éauto-executável quando Indica slmpiesmente princípios. sem estabelecer regras por melo das quais a éstesprinclplos possa ser atribuida fô~a
de leL"
Rui Barbosa se expressa sôbrc o as-sunto Quase com as mesmas palavras:
"As determinações constitucionaisque apenas estabelecem principlosnão se podem executar enquantouma lei não as tomar executáveis,organizando-lhes êsse mecanismo deque a Constttuição. no seu texto. asdeixou destituldas."
Na COnstituição de 1946, conforme tive ocasião de recordar, numerosas sãoas determinações incapazes de se fazerem executar por si mesmas. Ma~, pormais variados que sejam êstes princlpios, pertencem todos a um mesmo corpo que é a Constitulçào Federal. Eisporque o trabalho de elaboração legislativa, visando a transformação de taisprlnciplos em leis, deve obedecer ao critério da homogeneidade. Se estudar emconjunto as leis que se fazem necessárias, o Poder Legislativo estará aparelhando o Pais com um sistema coerentede normas Indispensáveis, sistema elaborado sob as mesmag Influencias históricas, os mesmos ideais polítieos que regeram a criação da Lei Magna cujo aprimoramento se procura. O atual PoderLegislativo é mais do que indicado para esta alta função, visto que foi élepróprio, na sua fase COnstituinte, quecriou a COnstituição. Estará, portanto,em condições excepcionais para completá-la sem lhe desvirtuar o espírito deQue é autêntico intérprete.
Aspectos da nossa evoluçãoeonstitucjonal
A primeira Constituição republlcanaera uma lei de caráter marcadamentepolítico, no sentido menos extenso daexpressão. Sua preocupação dominantefoi a de organizar o aparelho do Estadono que conceme ao estabelecimento, àdefinição e às atribuições dos podércspolltlcos, isto é. dos podéres públicos tomados na sua estrutura mais formal doque substancial, mais está.tica do Que dlnámica, operativa ou social. Devemos.
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aliás, reconhecer que, nas condições históricas mundiais e nacionais que cercaram o advento da Constituição de1891, o problema brasileiro era tambémpredominantemente político. A Constituição estava, pois, plenamente de acordo com a sua época. Mas as épocas mudam. Por Isto a prática da Constituiçãode 1891 foi, aos poucos, lhe desvendandoos pontos vulneráveis. A princípio êstespontos foram todos de ordem política, ediziam respeito a situações formais, como o estado de sítio, a intervenção nosEstados, a temporariedade dos mandatos eletivos não federais. Porém, sob apressão de acontecimentos históricosque abalaram o mundo, sobretudo a partir da primeira grande guerra, outrosproblemas, êstes de ordem econômicosocial, foram se erguendo para os exegetas da Constltuiçào. Daí os têrmos dareforma de 1926 que, ao lado de alterações de cunho político. como a que sereferia à intervenção nos Estados (art.6,°), introduziu outras que procuravamdisciplinar situaçôes de caráter econômico ou social, como a Que modificouo regime de propriedade das mlnas (art,72, § 171, a que previu uma legislaçãoespecial para o trabalho. (art. 34, número 28 \. ou a que deu ao govêrno autoridade para intervir no livre jôgo das fôrças econômicas (art. 34, n.o 5). Bastaconsiderarmos estas duas emendas preparatórias da legislação trabalhista e daeconomia dirigida. para se ver como amutação dos tempos tinha tornado im~
pcriosa a evolução do nosso EstatutoBásico de maneira que assombraria aopensamento liberal e à c.rtodoxia contista dos homens de 1891
Estas alterações nio impediram que aCarta de 18n COllservaSse seus lineamentos gerais marcadamente políticos.A revolução de 1930, cujos Jundamentoseconórnicos e SOClalS ainda nao forambem estudados, é que velo fixar, naConstituição que engendrou. a multipliCidade dos novos interesses nacionals,quc exigiam expressão c dcfesn. df'ntro
da organização do Estado. Ê por istoQue a Constituição de 1934, seguindomais ou menos a ordem adotada pelasua antecessora na disposição dos assuntos relativos à organização política,acrescenta ao texto vários títulos novos,de que aquela não cogitou, referentesaos grandes problemas humanos em quea ação do Estado moderno se faz sentircom intensidade cada vez maior.
A Constituição de 1946 é feita no modêlo da de 1934, com algumas coisasmelhores e outras piores. Entre as melhores salienta-se a supressão do PoderLegislativo classista, experiência fascistizante bem característica da confusamentalidade política da época que ficouentre as duas guerras mundiais. Entreas coisas piores pode ser citada a supressão da delegação de podêres, tal comose encontra redigida. conseqüência talvez de um demasiado escrúpulo na defesa do Legislativo. De Qualquer forma,tomada em conjunto, a Carta Vigente édesenvolvimento histórico da Que foi votada em seguida á Revolução de 1930,podendo-se mesmo considerá-la como aexpressão apurada das tendências politico-sociais daquele movimento. as Quaispodem ser resumidas na expressão "liberalismo do século XX". Isto é, liberalismo que visa não somente à liberdadepolítica, mas também à libertação econômica e social das grandes massas.
A Constituição de 1946 e as leis
complementares
Sem o intuito de estudar pormenorizadamente o assunto. e apenas para fornecer ao Plenario uma idéía mais concreta dos motivos Que favorecem a criação de uma Comissão Especial de LeisComplementares da Constituição, indicarei a seguir alguns aspectos mais rekvantes do problema, tal como se aprf'senta na Constituição de 1946.
O Titulo I, destinado à Organizaç:loFederal, embora com os seus 123 artigoscontenha mais da metade da Constitui-
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ção, é o que menos solicita a colaboração da lei ordinária. Fato que se explicapela clrcunstllncia de ser o Título I emgrande parte destinado a estabelecer oaparelho polltIco do Estado, e, como vimos, serem as disposições de naturezapolltIca geralmente auto-aplicáveis. Entretanto, na parte não estritamente política dêste Titulo, parte Inexistente naConstituição de 1891, exige a Carta de1946 complementos importantes. Assimocorre, por exemplo, quanto à re!onnaindispensável da legislação eleitoral e daorganização dos partidos políticos.
O Titulo lI, referente à Justiça dosEstados, nâo impõe deveres ao Legislativo federal, mas aos estaduais. O TítuloUI trata do Mlnlstérlo Público, e nãooferece exigência marcante para o nosso tema. Já o TItulo IV que correspondeà Declaração de Direitos, reclama umasérie de leis Importantes ao legisladorordinário, seja Inteiramente novas, sejavIsando a alterar as existentes. Entre elasa de naturalização, a de Imprensa, a dedireitos autorais, a de adaptação ao tnelonacional de profissionais diplomados noestrangeiro.
Muito importante para o nosso casoé, sem dúvida, o Titulo V, que dispõesôbre a ordem econômica e social.
O problema da coexistência da democracia política com as nonnas que atendam à melhor dlstribulÇâo das oportunidades econômicas e com a elevação social dos trabalhadores se encontra nabase de tôdas as tentativas refonnistasdo Direito ConstitucIonal. O resultadoconcreto dessas tentatlvas pode ser traduzido nesta observação: as Constituições mOdernas não procuram somentecontrolar as condições econômicas e soclals da vida coletiva, mas o fazemcriando no seu texto e fora dêle órgâosespeciais de controle econômico e soelal, que exerçam, no campo de açãorespectivo, funç:io semelhante à conferida aos órgãos politicos para o exercí·elo das atrIbuições políticas.
O século dezenove foi caracterlzadopela conquista constitucional dos direitos lndtvlduais de natureza polltlca, formulados com largueza e eloqüência nelospensadores do século dezoito. O séculovinte se vem caracterizando pela conquista constitucional dos direitos sociais,também de ordem politlca, fonnuladoscom igual amplitude e vibração pelospensadores do século dezenove. Cadaépoca moderna vai realizando, assim, nodireIto positivo, as fonnulaçóes teóricasda época precedente. Creio que foi Renan quem disse: lentamente, mas incessantemente, a Humanidade executa osonho dos sábios.
Pode-se considerar a Constituição alemã de 1919 como sendo a pioneira donóvo constitucIonalismo detnocrátlco doséculo vinte, visto que a Constituição soviética de 1918 já Impunha a confessadaditadura de classe, que até hoje afastaaquela nação da prática da demooraclapolitlca, tal como a entende a d<Jutrlnaocidental. Foi a Constituição de Welmarque inaugurou os Conselhos Econômicos(art. 165) destinados a Impulsionar asfôrças da produção e a primeira que reconheceu expressamente a evolução doconceIto de propriedade do estágIo subjetivo - o dominium tradicional -, para a noçíio de função social que não pode ser exercida em prejuízo dos interêsses coletivos.
tstes e outros grandes principlos dodireito moderno, passaram da COnstituição alemã para a admirável Constituiçãoespanhola de 1931, brutalmente suprimida pela ditadura fascista de Franco, epara várias outras Leis BásIcas modernas, Inclusive a francêsa e a brastlelrade 1946.
Referindo-se â. aplicação do Titulo Vda Constituição vigente, escreve o professor Cesartno Júnior no trabalho "ODlrelto Social na Nova Constituição'"
"A tarefa dos LegIsladores ordInários se reveste, no momento, de importância quase tão grande como a
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dos constituintes. Oxalá saibam êlesestar à altura dessa responsabilidade, colocando acima dos interêssespolíticos do momento as mais elevadas preocupações com a manutenção da paz social."
Vejamos algumas leís importantes tornadas necessárias pelo Título V, dasquais o Poder Legislativo deve se ocupardesde logo.
O art. 148 exige uma lei que reprima oabuso do poder econômico. Quem conhece a influência das leis anti-trust nosEstados Unidos, pode bem aquilatar oalcance desta medida. O art. 155 recomenda a fixação do homem desajustadono campo. É outro gravíssimo problemanacional, acentuado nestas épocas de inflação e concentração urbana. O art. 157conta com numerosas inovações.
No n.o I cria o salário mínimo familiar,medida da maior justiça mas que precisa de uma lei especial que a execute.Quer adotemos o sistema das caixas decompensações, quer qualquer outro, éindispensavel agirmos logo. para premiar a família, protegida pela Constituição. O n.o IV estabelece obrigatóriamente a participação do trabalhador noslucros da emprêsa. Eis aí outro assuntoda maior relevância que necessita imediato estudo e solução. O nO XII inovaa estabilidade do trabalhador rural, estendendo a éste grande pária da civillzação brasileira, uma das garantias jáconferidas ao seu irm:ío das cidades.
Os arts. 158 e 159 tratam dos delicados assuntos da regularização legal dodireito de greve e da autonomia sindicaL Ambos ticaram a critério da lei ordinárias, e tão importantes são que ninguém poderá negar a urgência da suasolução.
Pa:a completarmos esta enumeraçãoque já vai longe, apesar de não contersenão o essencial e talvez nem todo éle,podemos aludir ainda a futura lei queregule a instrução dos empregados
custeada pelas emprêsas, prevista noTítulo VI, da Educação e Cultura e aque instituirá o Conselho Nacional deEconomia, órgão fundamental de plane·jamento econômico previsto no TítuloIX, das Disposições Gerais.
A Comissão Especial de LeisComplementares
Eis, em poucas palavras, algumas dasrazões determinantes da iniciativa quesubmeto à aprovação dos meus nobrescolegas.
A Comissão Especial, no meu enten-.der, não deve nem pode centralizar comexclusividade o trabalho da legislaçãocomplementar da Constituição. Sua existência em nada interfere com a iniciativa, seja individual dos senhores Deputados, seja das Comissões permanentesou especiais<
O que a vai caracterizar é apenas aobrigação de trabalhar com afinco numsetor que até agora está como os demais.deixado livre à iniciativa parlamentar.
O Sr. Aliomar Baleeiro - Todos podeme ela deve.
O Sr. Afonso Arinos - Evidentemente.l!:ste o propósito. Vossa Excelência acaba de, em feliz aparte, sintetizar meupensamento.
E o que me parece Incontestável é quea Câmara deve criar um órgão com jurisdição obrigatória neste terreno, quenão pode ser deixado ao acaso das iniciativas esparsas. Que me seja permitidoinsistir no dever que nos cabe, lembrando mais duas opiniões de Cooley e RuiBarbosa. Algumas vêzes ..- observa Cooley -, a Constituição requer expressamente do Legislativo que adote leis sôbre determinados assuntos. e é óbvio quetal requerimento tem apenas uma fôrça moral, mas o Legislativo deve obedecer-lhe". E Rui concorda: "As Constituições não têm o caráter analítico dascodificações legislativas ... Ao legislador
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cumpre, ordtnàriamente, revestir-lhe aossatura del1neada ... e lhes dar capacidade de ação".
t minha sincera convicção, senhoresDeputados, que ao terminardes o grandetrabalho que vos é requerido pela Constituição, tereis bem merecido da Pátria eprestigiado. aos olhos de tôda a Nação,a democracia republlcana. (Muito bem!Muito bem! Palmas.)
"Documentos Parlamentares - XCVIII"Leis Complementares da Constituição,
I, pág. 175 e seguintes.
• • •Em 13 de maio de 1947 o Sr. João VH
lasboas e 12 outros senhores Senadoresapresentaram o Requerimento n.o 40, de1947, de seguinte teor:
Senhor Presidente
"A Constituição Federal, para ser executada em tóda a sua plenitude, depende da legislação complementar regulamentadora de vários de seus dispositivos. E o Congresso Nacional está no dever de votar aquelas Leis, no mais breveprazo possivel, a fim de que se normalize a vida jurídica do Pais, dentro dosprincípios basilares do regime Inaugurado 11. 18 de setembro de 1946.
A legislação votada pelo Congresso Nacional, de 1934 a 1937, teve por base 11.
Constituição de 1934, da qual multo seafasta a que neste momento rege osdestinos do Brasil. Os decretos-leis, baixados de 10 de novembro de 1937 atésetembro do ano passado, enquadram-seem um regime diametralmente oposto aoinaugurado com esta terceira Repúbllca.
Na ausência da legislação especlticaordenada pela nossa Constituição, oExecutivo e até mesmo .0 JudJclárlo vêmprocurando adaptar aquelas leis do passado à. vida presente, dando, assim,oportunidade a dúvidas e a Incertezassóbre a legitimidade de um tal procedimento, divergindo as opiniões dos juristas na conclusão de se acharem ou
não revogados tais diplomas. E é sôbreo Congresso Nacional que se passará aresponsablUdade do prolongamento désse estado de colsas, que produz, Ind18cutivelmente, inquietação e intranqüllldade no espírito público, se desdelogo não tomar a si a tarefa de elaboraraquelas leis, cuja feitura decorre, Imperativamente, da Constituição.
O Ilustre Deputado Afonso Arinos, emrequerimento, ontem aprovado pela Câ.mara Federal, propõs a nomeação deuma Comissão Especial, composta de 21deputados, para elaborar os projetos daquelas leis. tsses projetos, porém, terãoseu andamento nonnll.l em ambas asCasas do Congresso Nacional. Há, portanto, conveniência IndecUnável, em queda sua elaboração participe o SenadoFederal.
O nosso Regimento Interno, no artigo63, autoriza, para casos como êsse, acriação de Comissões mistas de Senadores e Deputados. Idêntica faculdade seencontra no artigo 30 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Eis,porque, requeremos que seja ouvido oSenado:
1.°) seja constltuida uma Comissãomista, de 37 membros. sendo 16 Senadores e 21 Deputados, para elaborar os pro·jetos das leis complementares da Constituição;
2.°) Seja autorizada a Mesa do Senado a convidar a Câmara dos Deputadosa participar daquela Comissão e a Indicar 21 Deputados para a sua composição."
O Requerimento foi aprovado em sessão de 14 do mesmo més. Foram designados para participar da Comissão osseguintes Senadores:
Aloysio de Cárvalho, Arthur Santos.Alfredo Nasser, Ferreira de Souza Atl1loVivaqua, Alexandre Marcondes Filho,Euclydes Vieira. Vitorlno Freire, Waldemar Pedrosa, Pinto Aleixo, Filinto Müller, Roberto Slmonsen, Augusto Meira,
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Santos Novaes, Flávio Guimarães e Apolônio Sales.
Na Câmara foram nomeados para integrar a comissão:
Acurclo Torres, Agamenon Magalhães,Benedito Valladares, Bastos Tavares,Gustavo Capanema, Lameira Bittencourt, Leite Neto, Souza Costa, Vieira deMello, Alde SampaIo, Alencar Araripe,Afonso Arinos, Argemiro de Figueiredo,Luiz Vianna, Plinio Barreto, Bertho Condê, Gurgel do Amaral, Hermes Lima,Deodoro de Mendonça, Raul Pilla e Carlos Campos.
Na primeira reuniâo da Comissão, em10 de setembro de 1947, foram e~eitos
por aclamação os Senhores Cirilo Jr. eFerreira de Souza para ocuparem, respectivamente. os cargos de Presidente eVice-Presidente do novo órgão parlamentar.
Por proposta do Sr. Presidente foi, naquela data, constituída uma subcomissão destinada a elaborar o plano dostrabalhos integrada pelos SenadoresWaldemar Pedrosa e Atílio Vivaqua eDeputados Joao Mangabeira, Afonso Arinos e Gustavo Capanema.
Na qualidade de Relator desta subcomissão. o Sr. Joio Mangabeira apresentou em 22 de setembro do mesmo anoo seguinte Parecer:
"Antes de tudo deve a Comissão fixaros limites de sua competência, definindoo que são "leis complementares da Constituição."
Nas Constituições de 1891 e de 1934atribuía-se expressamente ao Poder Legislativo "decretar leis orgânicas para acompleta execuçao da Constituição". Adisposição era evidentemente supérflua,pois ainda quando assim não se houves~
se declarado, óbvio que tal faculdade implicitamente se continha no poder geralde legislar.
É que "as constituições - diz Rui emAção Cível Originária -, "nao têm o ca-
ráter analítico das codificações leglslaUvas. São, como se sabe, largas sínteses,sumas de princípios gerais, onde, por viade regra, só se encontra o substractumde cada instituição nas suas normas dominantes, a estrutura de cada uma reduzida, as mais das vêzes, a uma caracteristica, a uma Indicação, a um traço.Ao legislador cumpre, ordinàriamente,revestir-lhes a ossatura delineada, impor-lhes o organismo adequado, ou darlhes capacidade de ação".
E os comentadores da constituição de91, inclusive Rui, aceitaram como definição de lei orgânica a dada por Domingos Vieira, em seu "Dicionário", nestestêrmos: Leis Orgânicas são as que têmpor objeto regular o modo e a ação dasinstituições ou estabelecimentos, cujoprincípio foi consagrado por uma leiprecedente.
Duguit, porém, define com precisioabsoluta: "Leis orgânicas são tôdas asleis Que criam os órgãos de Estado e quelhes fixam a estrutura". E continua: "Esta categoria compreende não somente asleis constitucionais rigidas, mas tambémas de organização política, administrativa e judiciária", E pouco depois: "A leiorgânica é uma lei material, embora nãocontenha verdadeiramente um comando; ela é imperativa porque tem por fimorganizar o Estado de Direito, isto é, darao Estado a organização que pareça dever garantir, nas melhores condiçõespossíveis, o cumprimento pelo Estadodas obrigações Que lhe impõe a regra dedireito".
Eis aí a definição e o conceito de leiorgânica formulados por um dos maioresconstltuclonalistas de todos os tempos.
Assim, dentro do nosso regime constitucional, lei orgânica será, por exemplo,a que, nos têrmos do § 2° do art. 99 daConstituição, estabelecer o modo por quese procederá à eleição do Presidente eVice-Presidente, quando ambos os cargos vagarem, na segunda metade do período presidencial; ou a que, em obe-
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diênc1a ao art. 125, "organizar o Ministério Público da Uniio", ou - "regulara. organização, a competência e o funcionamento do Conselho de SegurançaNacional", como determina o I 2.0 doart. 179, ou cllspuser sôbre a superintendência em "todo o território nacional dosserviÇOS de policia marítima aérea e defronteiras", ou "sôbre a organização doCOnselho Nacional de Economia". Estase outras são caracterizadamente leis orgânlcas, porque respeitam a órgãos ouserviços do Estado, que a Constituiçãocriou e deixou ao legtslador dar-lhes aestrutura ou lhes regular o funcionamento.
Mas a órbita da nossa competência éma1s ampla - a das leis complementares, em cuja extensão as orgânicas seIncluem.
Todavia, se as leis são apenas complementares, nelas não deve, em regra, caber a matéria de leg1slação geral, nostêrmos que a própria constituição estabeleceu. Se assim não fõsse, teríamossubmetido à alçada desta comissão t0do o campo legislativo, e eliminado poresta usurpação o trabalho e a competência de quase t6das as comissões parlamentares.
As51m, temos de conalderar como extranha à nossa competência, quase tôdaa matéria de Jegtslação geral, precisamente d1stribulda e expressamente enumerada no artigo 65, em cujo f1nal seInclui o enunciado em o n.O XV do art.5.° Evidente que, por exemplo, a reforma do Código C1vll ou do Penal não éobjeto de lei complementar.
Assim, a nosso ver, Jel complementaré a que compõe, completa, afeiçoa ouremata a lei especial, que a. Cónstltuiçãodetermina seja feita ou a que se reterepartlculannente em artigo especifico doseu texto.
Assim, por exeIUplo, o art. 156 prescreve: "A lei facllJtará a fixação do homem no campo, estabelecendo os planos
de colonIzação e o aproveitamento dasterras públicas. Para êsse tim serão preferidos os nacionais e dentre êles os habitantes das zonas empobrecidas e osdesempregados". E o artigo desdobra-seem três parágrafos. 1: preciso, portanto,compor, completar a lei especial, cujaslntese a COnstituição nos oferece e cujoesbõço nos delinea. t a reforma agrária.Não se trata de uma lei orgânica, porque não se refere a órgãos ou serviços doEstado. 1: tipicamente o caso de uma leicomplementar.
Dado assim o conceito, formulada adefinlção e exempllficado um caso de leicomplementar, estamos aptos a fazer oesquema que a esta subcomissão se determinou apresentar.
São estas, segundo o nosso parecer, asleis complementares à Constituição:
1.&) a de superintendência em todoo território nacional do serviço de policia marítima aérea ede fronteiras;
2.&) a de dlretrl~ e bases da educação nacional;
3.&) a do regime dos portos e danavegação de cabotagem;
f.&) a reguladora da distribuiçãodas arrecadações referidas no§ 4.° do n.o VI do art. 15 daConstituição e no art. 13 dasDIsposições Transitórias;
5.&) a de organização administrativa e Judiciária do Distrito Federal e dos Territórlos;
6.&) a de organização do Tribunalde COntas;
7.&) a de eleição, pelo COngresso, doPresidente e Vice-Presidenteda RepúbUca, quando ambos oscargos. vagarem na segundametade do período presidencial;
8.&) a de definição dos crlme-<> deresponsabiUdade do Presldenteda RepúbUca, bem como do seup~esso e Julgamento por ês-
154 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA.~---------~------_.. ---_.._--- -_.-
ses crimes, assim como o dosministros nos delitos conexose dos ministros do SupremoTribunal Federal no caso doart. 100;
9.") a da Justiça do Trabalho;
10.a ) a de organiza.ção do MinistérioPúblico da União;
11.") a de suspensão e perda dos direitos políticos e requisiçãodêstes e da nacionalidade;
12.") a orgânica dos partidos;
13.") a de imprensa;
H.") a de direitos autorais;
15.a) a de organização do júri;
16.") a de assistência judiciária aosnecessitados;
17.a ) a reguladora do seqüestro eperdimento de bens no caso deenriquecimento ilícito, por influência ou com abuso de cargo ou função pública ou deemprêgo em entidade autárquica;
18.a ) a repressora do abuso do podereconômico:
19.") a relativa a regime dos bancosde depósitos, emprêsas de seguros, de capitalizaçào e finsanálogos;
20.") a criadora de estabelecimentode crédito especializado de amparo à lavoura e à pecuária;
21.a } a reguladora do regime dasemprêsas concessionárias dosserviços públicos;
22.a ) a de minas e riquezas do subsolo; águas e energia;
23.a) a agrária;
24.") a do trabalho e da previdênciasocial;
25.") a reguladora da greve;
26.a ) a reguladora dos sindicatos eassociações profissionais;
27.a ) a reguladora do exercício dasprofissões liberais e da reval1~
dação do diploma expedido porestabelecimento estrangeiro deensino;
28.a J a de imigração;
29.;1.) a de assistência à maternidade, à infància, à adolescência ede amparo às famílias numerosas;
30,a) a que define e pune a usura;
31,A) a de organização, competênciae funcionamento do Conselhode Segurança Nacional;
32.a ) a do Estatuto do FuncionariaPúbllco;
33. a) a de orga.niza.çã.o do ConselhoNacional de Economia.
Das leis complementares, constantesdêste esquema, muitas já se encontramformuladas em projetos estudadOS porcomissões parlamentares, ou sob seu estudo. Não podemos portanto delas conhecer, a menos que as comissões emque tais projetos se encontram, ou qualquer das Casas do Congresso, no-Jos remetam, por serem êles de nossa competência.
Por outro lado, não podemo,s recu,sar oconhecimento do projeto que, emboranão conste do esquema acima traçado,nos seja enviado, por deliberação dequalquer dos ramos do Congresso. É quesomos um órgão a êle subalterno c àssuas determinações só nos cumpre obedecer. É o que acontece com a chamadaLei de Segurança, cujo projeto. de inldativa do Governo, nos foi enviado, pordeliberação parlamentar. Em boa técnica, tal lei deverá constituir um capítulodo Código Penal. Seja porém como fôr,o Estado não pode ficar indefeso, emface de agressões cometidas contra ele,seus podêres ou seus agentes. Temos, apartir de 1934, várlas leis de segurança.,tódas elas mais ou menos nazifascistas,porque promulgadas na enchente ou napreia-mar do fascismo. Todas elas, pelabrutalidade de suas penas e de seus processos, antagõnicas à democracia e à
JANEIRO A MARço - 1968 155
nossa cultura Juridlca. Cumpre, pois, aoPaIs repudiá-las, substituindo-as poruma lei de defe3a do Estado, adequadaà nossa Constituição e às nossas tradições de povo llvre. A própria denominação de lêl de segurança, tão odiada e detão triste fama em nosso melo, deve ser~ubstituida pela de Lei de Defesa do Estado, caso não vingue o alvitre de apensá-lo ao CódIgo Penal, como um dos seuscapltulos. O certo porém, é que o Estado nio pode ficar Indefeso, nem a llberdade individual desamparada, nemafrontada a cultura Jurldlca do Brasil.A lei, portanto, tem caráter urgente e acomJssão deve empenhar-se em fazê-laquanto antes.
Na formação das leis complementares,deve-se atender às mais urgentes. Entre estas podem ser enquadradas desdelogo: a de defesa do Estado; a dos crimes de responsab1I1dade do Presidenteda República e do seu processo e Julgamento; a de eleição do Presidente e Vice-Presidente, pelo Congresso; a reguladora da distribuição das arrecadaçõesreferidas no I 2.° do n.O VI do art. 15da Constituição; a reguladora dos sindicatos e 8S3OClaçõcs proflssjonais; a agrária; a repressora do abuso econõmico; areguladora do regime das emprésas concessionárias de serviços públicos; a deorganização do Conselho Nacional deEconomia.
A Comissão deve pôr todo o seu empenho em formular dentro do menor praZO posslvel tais projetos. Todos éles sãourgentes e quase todos de grande complexidade. A reforma agrárla por exemplo. num pais semifeudal, de latifúndios, aforamentos e laudémlos, de trabalhadores rurais desprotegidos, analfabetos, miseriveis, é o problema máximoque a democracia brasileira tem de enfrentar e resolver. O abuso do poder econômico, que em tóda parte se procurarest.rtngtr, nio pode, entre nós; continuar com os seus desmandos. A lei queestabelece o regime das companhias mo-
nopollzadoras de serviços públicos deveter sempre em vista que "power over thepubllc Is public power", isto é, poder 00bre o púbUco é poder públlco. Por 1ssomesmo, a fLscallzação do Estado, a suaintervenção, em casos tais, deve serenérgica e vigilante, contra as manlpu"lações habituais dêsses potentados, queorganizam verdadeiros governos privados dentro de uma Nação.
Parece-nos que a Comissão deve Iniciar os seus trabalhos devotando-se àelaboração de tais projetos. E, somentedepois dJsso, lormular os que na ordemda necessidade lhes devam suceder."
• • •Na vigência da Constituição de 1946
muitos juristas defendiam o ponto devista de que não exisUam leis complementares e que tal rótulo não poderiaser pôsto em quaiquer norma entre asmencionadas anteriormente, porquanto,tratavam-se elas de meras leis ordinárias. O único verdadeiro complementoà Constituição, segundo éles, seria a leiorgânica do DIstrito Federal, que nãodJspõe de órgão legislativo próprio paraelaborar a sua organização.
Era opinião dominante que, ao falarem regulamentação por lei, a CartaMagna referia-se a norma pré-existenteou em vias de reforma.
Para tais juristas, o legislador caiunum vicio de linguagem ao utilizar noart. 22 da Emenda Constitucional n.O 4a expressão complementar ("Poder-se-ácomplementar a organização do sistemaparlamentar de govêmo ora InsUtuido,mediante lei votada nas duas Casas doCongresso Nadonal, pela maioria absoluta dos seus membros"), como Impropriamente têm sido consideradas leiscomplementares, algumas normas ordinárlas existentes ao tempo da Carta de1946.
Todos os dispositivos constitucionais aque se pretende complementar atravésde leis ordinárias, não necessitam, na
156 REVISTA DE INFORMAÇÁO LEGISLATIVA
visão dos juristas de então, de qualquercomplementação especial.
• • •No Projeto da Nova Constituição inú
meros dispositivos referiam-se expressamente à legislação complementar.
Assim está expresso no art. 3.° do Pro-jeto:
"A criação de novos Estados e Territórios, assim corno a alteração dasrespectivas áreas, somente poderáser feita por lei complementar."
Embora o artigo tenha sido objeto deemendas, não foi, entretanto, por elasatingido no tocante à legislação complementar. Manteve o art. 3.0 a exigênciado projeto conforme se lê na Carta de1967:
"Art. 3.° - A criação de novos Estados e Territórios dependerá de leicomplementar."
O Item V do artigo 8.° do Projeto, aoestabelecer a competência da União para "permitir que fôrças estrangeirastransitem pelo território nacional ou nêle permaneçam transitoriamente", nãomencionava, como faz a Constituiçãoexpressamente, a utilização de lei complementar.
Foram as emendas de números 787, deautoria do Senador Manoel VUlaça, e.especialmente, 843, de autoria do Senador Wilson Gonçalves que IntroduzIramno texto constItucIonal as expressões"Lei complementar".
Reza a Emenda n.O 787:
"Art. 8.0- Inciso V
Acrescente-se in fine:
"na conformidade das hipótesesreguladas na lei complementar."
Estabelece a Emenda n.o 843 ao tratardo inciso V do art. 8°:
"permItir que fôrças estrangeIrastransitem pelo territórIo nacIonal ounêle permaneçam temporàriamente
nos casos previstos em lei complementar."
Foi esta. aliás, a redação mais próxima da consagrada na Carta Magna:
"Art. 8.° - Compete à União:1- .
• •••.••. ,., •.•.•..••. " •.•••• ·1
V - permitir, nos casos previstosem lei complementar. que forças estrangeiras transltem pelo território nacional ou nêlepermaneçam temporàriamente."
Estabelecia o § 2.0 do art. 14 do Pro-jeto:
"Lei Federal estabelecerá os requisitos mínimos de população e rendapública e a fórmula de consultaprévia às populações locais, para acriação de novos Municípios."
Esclarecendo que "o objetivo da norma é evitar a reprodução de excessos eabusos na criação de Municípios", o Senador Josaphat Marinho, ficou o art. 14
"Como se trata, porém, de restriçãoa faculdades próprias de podêresconstitucionais do Estado-Membro,é de tôda conveniência que a leí prevista seja de caráter complementar,nos têrmos do art. 52."
É esta a j ustlficação do parlamentarbaiano para a emenda de sua autoria,que recebeu o número 454 e que determina:
"Ao art. lf, ~ 2,0
Onde se diz:"lei federal".
diga-se:
"lei complementar"."
Aprovada a emenda de autoria do Senador Josaphat Marinho, ficou o art. 14da Constituição assim redigido:
"Lei complementar estabelecerá osrequisitos mínimos de população erenda pública e a forma de consultaprévIa às populações locais, para acrIação de novos Municipios."
JANEIRO A MARço - 1968 '57
Determinava o § 2.° do art. 15 do ProJeto:
"Os vereadores não perceberão remuneração"
Recomenda a Emenda n.o 83, de auto-ria do Sr. Britto Velho:
"I - Redija-se, assim, o § 2.° doartigo 15:
"§ 2.° - Os vereadores não perceberão remuneração, salvo os das Capitais e dos Munlcipios de rendaigualou superior a um trigésimo dareceita orçamentá.ria do Municipl0da Capital do respectivo Estado. Aremuneração n':!stes casos, não excederá a 50% da percebida pelosDeputados do Estado, e o total gastocom os vereadores não poderá passar de um por cento da renda doMunicípio."
A Emenda n.o 804-D do DeputadoAdolpho Oliveira ainda era mais detalhada:
"Ao art. 15, § 2.°
Redija-se assim:u§ 2.0 _ Os vereadores não perceberão remuneração, salvo ajuda. decusto a ser paga exclusivamente nosmeses de funcionamento ordinárioda Camara MunicIpal, segundo dispuser a COnstituição do Estado, nunca ultrapassando a seguInte proporção:a) Munlciplos de menos de vinte mil
habItantes: cinqüenta por centodo salário minlmo vIgente na região;
b) Munlciplos de mais de vinte mile menos de cinqüenta núl habitantes: um salário-minlmo vigente na região;
c) Mun1cíplos de mais de cinqüentae menos de cem mil habitantes:dois salários-minlmos vigentes naregião;
d) Municlplos de maJs de cem mHe menos de quinhentos mil habl-
tantes: três salé.rios-minlmos vigentes na região;
e) MunIciplos de maIs de quinhentos mil habitantes e Capitais dosEstados: Quatro salários-mínimosvigentes na região:'
Mais objetiva foi a Emenda n.o 354/3,de autoria do Sr. Oswaldo Lima Filho,que preferiu delegar à lei complementara dIscIpUna da remuneração dos vereadores. Aproximou-se dos têrmos em quefoi aprovado o dispositivo da Carta Magna. Trata-se do § 2.° do art. 16, Que reza:
"somente terão remuneração os vereadores das capitais e dos Municípios de população superior a cemmil habItantes, dentro dos limites ecritérios fixados em lel complementar."
A Emenda n.o 354/3 foi uma entre outras que aconselharam a regulamentação da matéria por parte de legislaçãocomplementar. Foi o mesmo pensamento que motivou os Srs. Nelson Car~
neIro (Emenda n.o 130/6), Oscar Passos(Emenda n.O 479/10), e Ruy Santos, quemulto embora não se tenha referido expressamente à leI complementar, em suaEmenda de n.O 521/12 aconselhou demodo genérico que "a le. estabelecerá aremuneração dos vereadores, Que, nasCapitais, não poderá ultrapassar a metade dos subsidios dos deputados estaduais ... "
Ao tratar do s1.stema tributário, o Projeto da Nova Constituição voltou a falarem lei complementar.
Diz o art. 17 da proposta Constitucional:
"O sistema tributário nacional compõe-se de Impostos, taxas e contribuições de melhoria, e é regido pelodisposto neste Capitulo, em leis complementares, em resoluçõcs do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, estaduais e municIpaIs."
_1 !B R!~I.~TA DE I~FORMAÇÃ.O LEGISLAT!'IA
A redação foi mantida no art. 18 daConstituição de 1967.
"Lei c:omplementar -- dizia o § 1.0 doart. 18 do Projeto -- estabelecerá normas gerais de direito tributário, resolverá os conflitos de competência tributária entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e regulará as limitações constitucionais do poder tributário."
Foi a redação quase que totalmentemantida no § 1." do art. 19 do textoaprovado.
O mesmo ocorreu com a redação dos§§ 3.° e 4.0 do mesmo artigo.
Rezam êles:
"A lei (subentende-se a lei complementar) fixara os limites e a formada cobrança de contribuição de melhoria a ser exigida de cada imóvel.e o total da sua arrecadação não poderá exceder o custo da obra pública que lhe der causa.
"Somente a União, nos casos excepcionais definidos em lei complementar, podera instituir empréstimocompulsório."
No § 2.0 do art. 19 do Projeto tambémaparece a lei complementar A ConstitUição manteve a expressão no dispositi vo correspondente:
"Art. 20 -
i=i 2." - A União. mediante lei complementar, atendendo a relevanteinteresse social ou econômico nacional. poderá conceder isenções de impostos federais, estaduaIs e municipais."
O ~ 4." do ari 23 da proposiçào do Governo Castello Branco nio se referia alei complementar. Dizia ele:
"a aliquota do impósto a que sc rcfcre o nO II será uniforme para tôdas as mercadorias e nào excederá.nas operações que as destinem a outro Estado e ao exterior, os limitesfixados em resolução do Senado, nostt'rmos do disposto em leI."
Foi através da Emenda nO 2S3. de autoria do Deputado Ernani Sátiro, quesurgiu a palavra complementar, que selê ao final do dispositivo que veio a sero § 4.° do artigo 24 da Constituição.
Veio do Projeto do Executivo (art. 24,item lI) a redaçào repetida na Constituição (art. 25, item lI):
"Compete aos Municípios decretarimpostos sôbre:
1- ..
11 - serviços de qualquer naturezanão compreendidos na competência tributária da União oudos Estados, definidos em leicomplementar. "
Também o paragrafo único do artigo63 da Constituição, que se relere à obediência das despesas de capital aos orçamentos plurianuais, lala em lei complementar, sendo a sua redação exatamente a mesma do parágrafo único doartigo 62:
"As despesas de capital obedecerãoainda a orçamentos plurianuais deinvestimento, na forma prevista emlei complementar."
O § 3.° do art. 64 do Projeto da Cons-tituição estabelecia:
"Ressalvados os impostos únicos e asdisposições desta Constituição, nenhum tributo terá a sua arrecadação vinculada a determinado órgão.lundo ou despesa. A lei poderá, todavia, instituir tributos cuja arrecadação constitua receita do orçamento de capital. vedada sua aplicaçâono custeio de despesas correntes."
Através de uma emenda do DeputadoPaulo Sarasate, de n.O 363/D foram colocadas ao lado das expressões "impàstoúnico" e "as disposições desta Constituição", as palavras "e de leis complementares".
Ao disciplinar a composição e o funcionamento do colégio eleiwral, o Projetodo Executivo no § 3.° do art. 74, preferiu
____________JA_H_EI_R_O_A MARÇO - 1968 159
estabelecer Que os mesmos seriam regulados por lei complementar. Não foi alterada a redação e a materIa assim aparece no § 3.° do art. 76:
"A composição e o funcionamento docolégio serão regulados em lei com·plementar."
Estabeleceu o § 2.° do art. 77 do Pro-jeto:
"O Vice-Presidente da República,tendo sómente voto de qualldade,exercerá as funções de Presidente doCongresso Nacional, e outras que lheforem conferidas em lei complementar."
Foi mantida a redação no que diz respeito a parte llnal do dispositivo no § 2.°do art. 79 da Lei maior.
O § 4.° do art. 114 do Projeto estabe-lecia:
"A lei complementar poderá criaroutros tribunais de Recursos, fixando-lhes sede e Jurisdição."
A Constituição, entretanto, foi maisdetalhada:
"Art. 116 - .
~ 1.° - "A lei complementar poderácriar mais dois Tribunais FederaIsde Recursos, um no Estado de Pernambuco e outro no Estado de SãoPaulo. fixando-lhes a jurisdição emenor número de Ministros, cuja escolha se fará com o mesmo critériomencionado neste artigo."
O § 1.0 do art. 116 da Proposição esta-belecIa:
"Cada Estado, ou Território, assImcomo o Distrito Federal, constituirãouma seção judielárIa, que terá porsede a capital respectiva."
A Emenda n.o 873/4, de autoria do Sr.Deputado Adaucto Cardoso acrescentouao texto do Projeto o seguinte final:
"A lei complementar poderá criarnovas seções."
Com tal acréscimo foi aprovado o § 1.°do art. 118 da Carta Magna.
Foi a Emenda D.O 848, de autorIa doSenador Eurico Rezende Que InstituiumaIs um caso de uso de lei complementar à Constituição:
"Adite-se ao art. 157 o seguInte parágrafo:
"§ 9.° - A União, mediante lei complementar, poderá estabelecer regiões metropolitanas, consUtuldaspor munlc1pios que, Independentemente de sua vinculação administrativa, Integrem a mesma comunidade sócio-econômica, visando à reaHzação de serviços de interêsse comum."
Foi essa a redação do § 10 do art. 157da Constituição.
"A lei complementar poderá estabcmencionada no art. 148 do texto constltucional:
"A leI complementar poderá estabelecer outros casos de InelegiblUdade visando a preservação
I - do regime democrático;
11 - da probidade administrativa;
111 - da normalidade e legimIdade das eleições contra oabuso do poder econômicoe do exerciclo dos cargosou funções públicas."
Tal redação é a mesma do art. 147 doprojeto.
~, portanto, a seguinte a relação deleIs complementares exigidas pela Constituição:
I - Leis politicas - assunto: trânsito .e permanência de fôrças estrangeIras em território nacional
Art. 8.° - "Compete à União:
v - permitir, nos casos previstos emlei complementar, que fôrças estrangel-
160 REVISTA DE IHFDR~O LiGiSUTlVA
ras transitem pelo território nacional ounêle permaneçam tempOràriamente,"
Art. 47 - É da competência exclusivado Congresso Nacional:
11 - autorizar o Presidente da República a declarar guerra e a fazer paz;e a permitir que fôrças estrangeirastransitem pelo território nacional ounêle permaneçam temporàriamente, noscasos previstos em lei complementar
.~rt. 83 - Compete privativamente aoPresidente:
XI - permitir, nos casos previstos em lei complementar,que f ô r ç a s estrangeirastransitem pelo territórionacional ou nêle permaneçam temporàriamente.
b) assunto: eleição do Presidente daRepública
Art. 76, !:i 3.°
"A composição e o funcionamento docolégio elei toral serão regulados em leicomplementar."
c) assunto -- funções do Vice-Presidente da RepúbHca:
Art. 79, !:i 2.°
"0 Vice-Presidente exercera as funções de Presidente do Congresso NacionaL tendo somente voto de qualidade,além de outras atribuições que lhe foremconferidas em lei complementar."
d) assunto: inelegibilidade
"Art. 148 - A lei complementar poderá estabelecer novos casos de inelegibilidade visando à preservação
I - do regime democrático;
11 - da probidade administrativa:
111 - da normalidade e legitimidade das eleições, contra o abuso do poder eco-
nômico e do exercíclo doscargos ou funções públicas."
11 - Leis financeiras
a) assunto: sistema tributário
Todo o Capítulo V: "Do Sistema Tributário", uma vez que diz o art. 18: "osistema tributário nacional compõe-sede impostos, taxas e contribuições demelhoria e é regido pelo disposto nesteCapitulo (V), em leis complementares,em resoluções do Senado e nos limitesdas respectivas competências em leisfederais, estaduais e municipais.
b) assunto: conflitos de competênciatributária.
Art. 19, § 1.0
"Lei complementar estabelecerá normas gerais de direito tributário,disporá sôbre os conflitos de competência tributária entre a União,os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios, e regulará as limitaçõesconstitucionais do ooder tributário."
c) assunto: empréstimo compulsório
Art. 19, § 4.0
"Somente a União, nos casos excepcionais definidos em lei complementar, poderá instituir empréstimocompulsório."
d) assunto: isenção de impostos
Art. 20, § 2.°
"A União, mediante lei complementar, atendendo a relevante interêssesocial ou econômico nacional, poderáconceder isenções de impostos federais, estaduais e municipais."
e) assunto: circulação de mercadorias
"Art. 24 - Compete aos Estados eao, Distrito Federal decretar impostos sôbre:
11 - operações relativas à circulação de mercadorias. inclusive lubri-
__....:..JÂME~~O~_~Rço.__-_l_9_6I l_'_1
f1cantes e combustlvels liquldos naforma do art. 22, § 6.°, real1zadas porprodutores, industriais e comerciantes.
§ ~.o - A allquot.a do impôsto a quese refere o n.O II será uniforme paratôdas as mercadorias nas operaçõesinternas e interestaduais, e não excederá, naquelas que se destinem aoutro Estado e ao exterior, os 11mJtes fixados em resolução do Benado,nos têrmos do disposto em lei complementar."
f) assunto: impostos municipais
Art. 25 - "COmpete aos Municlpiosdecretar impostos sõbre:
I - ServiÇOS de qualquer natureza não compreendidos nacompetêpcia. tributária. da.Unllo ou dos Estados, definidos em Lei complementar."
r) assunto: orçamento plurianual
Art. 63, parárnfo único:
"As despesas de capital obedecerãoainda a orçamentos plurianuais deinvestimento, na forma prevista emlei complementar."
r) assunto: arrecadação vinculada.
Ad. 65, tl 3.°
"Ressalvados os Impostos únicos eas disposições desta COnstituição ede leis complementares, nenhum tributo terá a sua arrecadação vinculada a determinado órgão, fundoou despesa.. A lei poderá, todavia,instituir tributos cuja arrecadaçãoconstitua receita do orçamento decapital, vedada sua aplicação nocusteio de despesas correntes.~'
111 - Lei econômica
a) assunto: realização de serviços delnterêsse comum.
Art. 157, § 10
"A União, mediante lei complementar,poderá estabelecer regiões metropolitanas, constituídas por munIcfpIos Que, Independentemente de sua vinculação admlnistratlva, integrem a mesma comunIdade sócio-econômIca, visando à real12ação de serviços de interêsae comum."
IV - Leis admlnlstrativas
a) assunto: Criação de Novos Estadose Territórios.
Art. 3.° - "A criação de novos Estadose TerrItórios dependerá de lei complementar."
b) assunto: criação de novos Munlclplos
Art. 14 - "LeI complementar eatabelecerá os requisitos m1nimos de população, de renda púbUca e a. forma de consulta prévia. às populações locais, paraa criação de novos muntclptos."
c) assunto: remuneração de vereadores
Art. 16, fi 2.°
"Sômente terão remuneraçlo os vereadores das Ca.pitais e dos MunlcipIos depopulação superior a cem mil habitantes, dentro dos llml~ e critérios flxadosem lei complementar."
d) assunto: criação de Tribunais Federais de Recurso
Art. 116, fi 1.° - "A lei complementarpoderá criar mais dota Tribunals Federais de Recursos, um no Estado dePernambuco e outro no Estado de SãoPaulo, fixando-lhes a Jur1ad1çio e n6mero de Ministros. cuja escolha se fará como mesmo critério menclonado neste artigo,"
e) assunto: juizes tedera1a
Art. 118 - t 1.°
"Cada Estado ou TerrItório, aastm comoo Distrito Federal, constituirá uma seçãoJudiciária, que terá por sede a respectiva
162 REVISTA DE INFORMAÇÃO. LEGISLATIVA o
Capital. Lei complementar poderá criarnovas seções."
x x x
Em 31 de maio de 1967 reclamava "ODiário de Notícias" em editorial intitulado Leis Complementares a necessáriaurgência de formulação das normas pedidas pela Lei Maior. E o fazia nos seguintes têrmos:
"O deputado por São Paulo, Sr. Marcos Kertzmann. requerendo à Mesada Câmara a constituição de umacomissão especial para elaborar,dentro de noventa dias, as leis complementares necessárias, arrolou osdezoito casos em que a Carta Magnadetermina e s s a complementação,Quando a Constituição, em tais dispositivos, fala em "casos previstosem lei complementar", "reguladosem lei complementar", "definidosem lei complementar" ou que "a leicomplementar estabelecerá" e coisasassim -- é claro que se tem de tratarquanto antes de elaborar tais leis.Tais remissões estão nos artigos 3.°,8.0, 14, 16, 19, 20. 24, 25, 47, 63. 65,76, 79, 83, 116. 148, 157 e o Capítulo V.
"A Constituição já tem quatro mesesde promulgação e dois meses e melode vigência. Já é tempo. e mais quetempo, de se cuidar dessa complementação Mas que se proceda comprudência. Não se abuse, como setem abusado -- inclusive no própriogoverno atual - da deturpada interpretação dos decretos-leis, fugindo à estrita restrição constitucional."
Informava o "Jornal do Brasil" em2 de junho do mesmo ano que "para oMinistério da Justiça, o fundamental naelaboração das leis complementares nãoé o encaminhamento rápido de Mensag2ns ao Congresso, pois não há porqueacusa-lo de moroso se já foram Iniciadostodos os estudos necessários. mas elaborá-las em nível técnico perfeito. A
apresentação do Anteprojeto exige, noentender de setores do Ministério, queo Executivo o tenha estudado em todosos sentidos e forneça ao Congresso omelhor instrumento que puder para aelaboração das leis,"
Informava ainda o matutino cariocaque "em seu discurso de posse o Ministro Gama e Silva anunciou a disposiçãode determinar estudos para a apresentação dos anteprojetos de tôdas as leiscomplementares à nova Constituição,havendo criado a Comissão de EstudosLegislativos que superlntende esta elaboração, nos primeiros quinze dIas desua administração."
Em 15 de j unho, o Ministro de Estadoda Justiça divulgava à imprensa que "osestudos relativos às leis complementaresforam atribuídos, pelo Decreto n.o 60.528,à Comissão de Estudos Legislativos, que.no desempenho de suas funções, temmantido estreíto e eficIente contato comos diversos Ministérios diretamente interessados, ao mesmo tempo que. a convite do Ministro de Estado, alguns juristas de nomeada estudam determinadasleis.
"Assim, quaisquer trabalhos alheios àComissão e aos juristas especialmenteconvidados não representam o pensamento do Ministério da Justiça e sãorecebidos como simples contribuição pessoal de seus autores, não tendo sido, atéo momento, divulgado qualquer anteprojeto de lei complementar dos que estãoem estudo no MinistéI10 da Justiça".
O "Jornal do Brasil" em 27 de junhode 1967 noticiava que já fôra fixado orito para as leis complementares e esclarecia:
"O MlnistrQ Gama e Silva, na visitaque fêz há dias ao Congresso, estabeleceu com a liderança da ARENAum processo para a elaboração dasleis complementares que a:;scgura,ao mesmo tempo, rapidez para atramitação dos projetos e perfeito
_________ ---.!À"EI~O~ MARÇO -_1_'_'_. -=-"=3
conhecimento da matéria pelos parlamentares que terão de se mantrestal a respeito.
Firmada essa espécie de acõrdo,deve o Govêrno, logo em agôsto, iniciar a sua execução, de tal 'modo quese torne garantida a votação demuitas, senão de tôdas as leis complementares antes de encerrar-se aatual sessão legislativa, compondose, por êsse melo, um nôvo quadroInstitucional que dê o máximo deapllcab1l1dade ao texto da Constituição e concorra para O revlgoramento do prestigio do Congresso.
o ajuste entre o Ministro da Justiça e os llderes parlamentares impôs uma profunda alteração no quese chama no gabinete ministerial defluxograma de encaminhamento dasleis complementares. Essa estranhapalavra corresponde mais ou menosa uma tática para o envio dos projetos ao Legislativo e a sua tramitação nas duas Casas do .Congresso.Pelo nôvo fluxograma, o MinIstroda Justiça, tão logo tenha em mãosos anteprojetos de leis complementares que encomendou a vários dosmaiores juristas do Pais, se reunlrácom o Senador Daniel Krieger, Presidente da ARENA, o Deputado Ernani Sátiro, Lider do Govêrno naCâmara, e o Deputado DJalma Marinho, Presidente da Comissão deJustiça da Câmara, para um exameprelimInar, durante o qual serãoponderadas e, quando fôr o caso,aproveitadas sugestões de cada umdos presentes, compondo-se, assim,nesta primeira fase, já um nôvo anteprojeto.
o texto resultante do debate inicialserã, então, publicado, oferecendo-seo Ministro da Justiça para recebersugestões dos parlamentares e dossetores juridIcos competentes. O conjunto dessas sugestões, que então jA
estará espelhando o pensamentomédio da classe política, serA obJetode nova reunião daquelas mesmasautoridades, com o possivel concursode outras, cuJa presença seja julgadarecomendável.
O resultado dêsse encontro serA, então, o texto definItivo do projeto aser encamInhado pelo Presidente daRepública ao Congresso, para tramitação, segundo um dos ritos constitucIonaiS em vIgor. ProvAvelmente, o rito menos rigoroso, qual sejao que concede à Câmara quarenta ecinco cUas para apreciar o projeto e,vencido êsse prazo, maIs quarenta ecinco dias para o Senado. Como essahipótese, conclui para posslbllldadede pennanecer cada projeto por trêsmeses nas Casas do Congresso antesde ser vencido o prazo constitucional, o Oovémo deverA estar atentoà necessidade de que todos éssesprojetos sejam encaminhados aoCongresso até o último cUa de agôsto.
Depois disso, o prazo JA ultrapassaráo limite da sessão legislativa, quese encerra em 30 de novembro. Emtal hipótese, a de tardar o envIo, oGovêrno flcarã obrigado a recorrerao segundo rito, o do prazo total dequarenta dias para apreciação pelasduas Casas em sessões conjuntas, oque, entre outros Inconvenientes,terá o de descontentar a maioria dosparlamentares, que anseia dispor demaior espaço de tempo possivel paraapreciar tais projetos."
Histórico da Lei Complemeniar n.o 1
Através da Mensagem n.o 612/67, doPoder Executivo, chega ao CongressoNacional (Vide D.C.N. (Seção 1) de 12de setembro de 1967), o Projeto de LeiComplementar Que "estabelece os requisitos m1nlmos de população e renda pública e a forma de consulta prévia àspopulações locais, para a criação de novos municiplos."
164 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
Recebeu a proposta na Câmara dosDeputados a designação de Proj eto deLei Complementar nY 26, de 1967, e é oseguinte o seu teor:
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1.° - Nenhum município serácriado sem o preenchimento dos seguintes requisitos minimos:
I - Quanto à população:
a) número de habitantes superior adez mil ou não inferior a cincomilésimos da população total doEstado;
b) número de eleitores não inferiora dez por cento dos habitanteslocais;
c) densidade populacional mínimana área territorial considerada,de cinco habitantes por quilômetro quadrado, além de um centrourbano já constituído;
11 - Quanto à renda pública:
a) terem sido arrecadados no território do município a ser criado, cinco milésimos no mínimodos impostos estaduais, calculados com base no ano fiscal anterior;
b) previsão de renda própria correspondente, no mínimo, a cInqüenta por cento da despesa anualprovável, necessária à manuten-ção de :-viços públicos muni-cipais,. se computando, paraefeito do cálcl:' , as receitas previstas nos arts. 24, § 7.°, 25, § 1.0,26, 27 e 28 da Constituição.
Parágrafo único - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aprovará os requisitos do inciso I dêste artigoe o Tribunal de Contas do Estado os estabelecidos no inciso 11.
Art. 2.° - A criação de municípios,por desmembramento ou desanexação,será precedida de consulta, através deconsulta individual e secreta, à popu-
lação de área a ser abrangida pelo território do município a ser criado.
§ 1.° - Somente poderão votar osalfabetizados, maiores de 18 anos, eleitores há mais de dois anos da data doplebiscito, na área a ser desanexada oudesmembrada.
li 2.° - A Justiça Eleitoral regularáatravés de instruções, o processo de votação, observadas, no que forem cabíveis,as disposições da legislação eleitoral.
§ 3.° - Na forma da legislação eleitoral serão apurados os votos proclamando-se o resultado da votação quedecidirá da criação, ou não, do município.
§ 4.° - Se a votação fôr favorávelà criação do municipio, as eleições parapreenchimento dos cargos eletivos deverão ser convocadas no prazo minimo de180 dias, contados da data da proclamação do resultado da consulta plebiscitária.
li 5.° - Se a votação fôr contráriaà criação do município será consideradainexistente a lei estadual que determinou a sua criação e que deu origemà consulta.
§ 6.° - As Assembléias estaduais sópoderão dispor sôbre as respectivas organizações territoriais de quatro em quatro anOS.
§ 7.° - Na fixação do prazo do primeiro mandato eletivo deverão ser observados os dispositivos da ConstituIçãoFederal, que detenninam a simultaneidade dos pleitos eleitorais e a coincidência de mandatos.
Art. 3.° - Salvo no que depender dacompetência dos Estados, a fusão de doisou mais municipios obedecerá apenas oque prescreveram as leis ou resoluçõeslegislativas mUnicipais pertinentes, sendo, entretanto, obrigatórIa a consulta àpopulação dos municípios abrangidospela medida, aplicando-se na que couberos n 1.° a 7.° do artigo 2.° anterior.
JANIIRO A MARço - 1968 165
Parárrafo único - Poderão tambémos muntciplos reallzar a fusão dos órgãosconstltuciona.1s de seu govêrno e dosquadros da sua admJnlstração por prazonão superior a cinco anos, salvo prorrogação ulterior, conservando, cada qual,durante êsse perlodo, sua e~ncla dlstinta.
Art. 4.° - Esta Lei entrará em vigorna data de sua publlcação, revogadasas disposições em contráI1o.
Ao Projeto de Lei Complementar D.o~.de 1967, são apresentadas na Comissãode Constituição e Justiça 26 emendas,sendo as duas primeiras de caráter substitutivo. (Vide Diário do Congresso Nacional - Seção I - de 15 de setembrode 1967, página 5.498 e seguintes).
É apresentado Parecer da Comtssão deConstituição e Justiça com substitutivo.(Vide D.e.N. (Seção U, de 22 de setembro de 1967, página 5.750 e seguintes),que é aprovado pelo Plenã.rIo em 28 desetembro de 1967 (Vide D.e.N. - SeçãoI - Suplemento, de 29 de setembro de1967, página 16).
No Senado o projeto recebe parecerpor sua aprovação de autoria do Sr.Aloysio de Carvalho, Relator na Comissão de censtltulção e Justiça (VideD.e.N. (SCção 11), de 20 de outubro de1967, página 2.526).
O projeto é aprovado por 45 votos favoráveis e nenhum contrário e vai àsanção. (Vide D.C.N. (Seção ll) de 26de outubro de 1967, pág. 2.658).
A Lei complementar é sancionada nosseguintes termos, conforme se lê no Diário Oficial de 10 de novembro de 1967:
LEI CO~IPLEl\IENTARN.o J,
DE 9 DE NOVEMBRO DE 1967
Estabelece os requisitos mínimosde população e renda pública e aforma de consulta prévia às populações locais, para a criação de novos munícípios.
o Presidente da Repúbllca:
Faço saber que o Congresso Nacionaldecreta e eu sanciono a seguinte LeiComplementar:
Art. 1.° - A criação de munlciplo depende de Lei Estadual que será precedIda de comprovação dos requisitos estabelecidos nesta Lei e de consulta àspopulações Interessadas.
Parárrafo único - O processo de criação de município terá inicio medianterepresentação dIrigida à Assembléia Legislativa, assinada, no minlmo, por 100(cem) eleitores, residentes ou domiclllados na área que se deseja desmembrar,com as respectivas f1rmas reconhecidas.
Art. 2.° - Nenhum munlcipto s e r ácriado sem a verificação da existência,na respectiva área territorial, dos seguintes requisitos:
I - população estimada, superior a 10.000 (dez mil) habitantes ou não inferior a5 (cinco) milésimos daexIstente no Estado;
11 - eleitorado não Inferior a10% (dez por cento) dapopulação;
111 - centro urbano já constituído, com número de casassuperior a 200 (duzentas);
IV - arrecadação, no ú I t i moexercício, de 5 (cinco) milésimos da receita estadualde Impostos.
§ 1.° - Não será permitida a criação de município, desde que esta medidaimporte. para o municiplo ou munlclpiosde origem, na perda dos requisitos exigidos nesta LeI.
!:j 2.° - Os requisitos dos Incisos Ic 111 serão apurados pelo Instituto Bra.sUelro de Geografia e Estatística, o den.o II pelo Tribunal Regional Eleitoraldo respectivo Estado e o de n.O IV, peloórgão fazendárto estadual.
166 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
~ 3.° - As Assembléias Legislativasdos Estados requisitarão, dos órgãos deque trata o parágrafo anterior, as informações sobre as condições de que tratamos incisos I a IV e o § 1° dêste artigo,as quais serão prestadas no prazo de 60(sessenta) dias, a contar da data do recebimento.
Art. 3.° - As Assembléias Legislativas, atendidas as eKigências do artigoanterior, determinarão a realização deplebiscito para consulta à. população daárea territorial a ser elevada à categoriade município.
Parágrafo único - A forma da consulta plebiscitária será regulada mediante resoluções expedidas pelos Tribunais Regionais Eleitorais, respeitadosos seguintes preceitos:
I - residência do votante hámais de 1 (um) ano, naárea a ser desmembrada;
11 - cédula ofldal, que conteráas palavras Sim ou Não,indicando respectivamentea aprovação ou rejeição dacriação do município.
Art. 4,° - Para a criação de município que resulte de fusão de área territorial integral de dois ou mais municípios. com a extinçào dêstes, é dispensada a verHicação dos requisitos do artigo 2°
Parágrafo único - No caso dêste artigo. o plebiscito consistirá na consultaàs populações interessadas sóbre suaconcordância com a fusão e a sede donôvo municipio.
Art. 5.° - Somente será admitida aelaboração de lei que crie município, seo resultado du plebiscito lhe tiver sidofavorável pelo voto da maioria absolutados eleitores.
!:i 1,0 - Os municípios somente serão instalados com a posse do Prefeito,Vice-Prefeito e Vereadores, cuja eleiçãoserá simultânea com a daqueles muni-
cípiOS já existentes ressalvado o disposto no art. 16, § 1.0, da Constituição:
~ 2.° - A eKigência dêste artigo seestende ao caso de fusão de municípios.
Art. 6.° - A criação do município esuas alterações territoriais só poderãoser feitas quadrienalmente. no ano anterior ao da eleição municipal.
Art. 7.° - Não se inclui nas exigências desta Lei a criação de municípiosnos territórios federais
Art. 8.° - A Lei que criar o nôvo município definirá seus limites segundolinhas geodésicas entre pontos bemidentificados ou acompanhando acidentes naturais.
Art. 9.° - Esta Lei entra em vigor nadata de sua publicação.
Art. 10 - Revogam-se as disposiçõesem contrário
Brasília, 9 de novembro de 1967; 146.°da Independência e 79° da República.- A. Costa c Silva - Luis Antônio daGama e Silva."
Sôbre a mesma matéria foi apresentado na Câmara em maio de 1967 (VideD.e.N. ISeção li, de 12 de maio de 1967,pág. 2.139) o Projeto de Lei Complementar n.o 11, de 1967, de autoria do Sr.Justino Pereira.
Também uma proposta de autoria doSr. Celestino Filho, Projeto de Lei Complementar nO 3, de 1967 - publicadano Diário do Congresso Nacional (SeçãoI) de 26 de abril de 1967, pág. 1 669) versa s:,bre os requisitos para a criaçãode municípios.
Ambas as propostas não chegaram areceber parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados
Hbtórico da Lei Complementarn.O 2
Em 28 de março de 1967, o SenadorCa ttete Pinheiro através do Projeto
JANEIRO A MARÇO - 1961 167
n.O 7i67, "regula a. execução do dIspostono art. 16, § 2.°, dâ Constituição Federal." t o seguinte o teor da proposição:
"O COngresso Nacional decreta:
Art. 1.0 - O sistema de remuneraçãodos Vereadores das Capitais e dos MunJcíplos de população superior a cem ml1habitantes é fixado segundo os critériose limites estabeleeidos por esta lei complementar.
Art. 2.° - Os subsídios dos Vereadores, respeitados os limites e crttértosdesta Lei, serão fixados em Resoluçõesdas Câmaras Municipais, no fim de cadalegislatura para a subseqüente.
§ 1.0 _ Na fixação do Quantum dosub,sld1o do Vereador, ter-se-lÍ como tetoa soma até 12 <doze) salártos-mínlmosregionais.
§ 2.° - Em qualquer caso, o subsIdio do Vereador não poderá ser superiora dois terços do subsidio atrtbuido aoDeputado membro da Assembléia Legislativa do Estado, a que pertence o Município.
Art. 3.° - t vedada a concessão deajuda de custo, sob qualquer titulo.
Art. 4.0 - Até que se realize nõvo recenseamento s6 poderão enquadrar-senas disposições desta Lei, mediante reronna regimental, as Câmaras legislaUvas das Capitais dos Estados e os Municípios Que possuam mais de cem milhabitantes nos têrmos do último censogeral, realizado pelo InsUtuto Brasllelrode Geogra!la e EstatísUca, em 1960.
§ 1.° - Os recenseamentos a seremrealizadas com base na Lei n.o 4.789, de14 de outubro de 1965, serão publicadosno órgão oUclal da União, eom destaquedas Capitais dos Estados e Municípiosque atingirem nível populacional superior a cem mll habitantes.
§ 2.° - Publicados os resultados dosrecenseamentos a que se refere êste ar-
Ugo, poderão as Câmaras Municipais,compreendidas nas disposições desta Lei,adaptar os seus Regimentos independentemente de quaisquer outras formalidades.
Art. 5.° - A alteração dos niveis desalário-mínimo vigentes no Pais, nãoimplicará, em nenhuma hipótese, namodlrtcação automática dos valôres dossubsídios fixados pelas Câmaras Municipais, os quais s6 poderão ser revistos,tendo em conta a sua atuallzação, emResoluções das referidas Câmaras, obedecidos os critértos e limites desta Lei.
Art. 6.0 - Para o estabelecimento dosvalõres dos atuais subsidias de Vereadores, respeitados os crItérios e limitesdesta Lei, tornar-se-ão os constantes daTabela, a que se refere o Decreto número 60.231, de 18 de fevereiro de 1967.
Art. 1.° - Esta Lei entra em vigor nadata de sua publicação, revogadas asdisposições em contraria.
O Diário do Congresso Nacional (Seção n, pág. 713), de 21 de abrll de 1967,publicou o parecer do senador JosaphatMarinho, Relator da COmissão de COnstituição e Justiça, favorável à aprovaçãoda matérIa com as seguintes emendas:
Emenda n.o 2 (C.CJ.)
No § 1.0 do art. 4.°, onde se lê:- com destaque das capitais dosEstados e Municípios ... , dLga-se- com destaque dos Municípios.
Emenda n.o 1 <C.C.J.)
No art. 4.0 , onde se diz "Câmaras Legislativas, diga-se "Câmaras Municipais".
Emenda n.o 3
Acrescente-se ao art. 4.°, um parágraro que passarâ. a ser o LO, alterandose a numeração dos demals.
§ 1.° - O disposto neste artigo nãose aplica aos Municípios de mals decem mil habitantes referidoS na Re-
168
solução 0.° 7.943, de 27 de setembrode 1966, do Tribunal Superior Eleitoral, nos quais poderão ser fixadosos subsidias dos Vereadores, obedecidos os critkrios e limites desta Lei.
Mais quatro emendas foram apresentadas a matéria em sua fase de discussão; são elas as de números 4, 5, 6e 7, as tres primeiras de autoria do Senador Vasconcelos Tôrres e a última doSr Cattete Pinheiro (Vide Diário doCongresso Nacional de 4 de maio de1967 (Seção lIl, pág. 834).
Estabelece a Emenda n.o 4:
o Congresso Nacional decreta:
Art. 1.° - Os Vereadores das Capitaise dos Municípios de população superiora 100.000 (cem mil) habitantes receberão subsídios e representação obedecidosos critérios fixados na presente Lei.
Parágrafo único - Os subsidias previstos neste artigo constarão da partefixa e variável.
AI't. 2.° - O dado estatistico sóbre apopulação municipal, para efeitos da incidência das disposições desta Lei, seráfornecido pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatistica, com base na estimativa estadual que ésse órgão faz dapopulação brasileira.
Art. 3.° - Os subsídios e a representação dos Vereadores e das municipalidades que estejam nas condições indicadas no art. 1° desta Lei serão fixados.em cada exercício, em valôres anuais,com base na recelta municipal respectiva do exercíCio anterior. observada aseguinte relação:
1) Municípios de Receita até NCr$50.000,00:NCr$ 1.500.00 c NCr$ 1.200,00
2) Municípios de receita superior a50 (cinqüenta) mil cruzeiros novos até 100 (ccml mil:
NCr$ 2 000.00 c NCr$ 1.500,00
3) Municípios de receita superior a100 (cem) mil cruzeiros novos,até 200 (duzentos} mil:NCr$ 2.400,00 e NCr$ 1.800,00
4) Municípios de receita superior a200 (duzentos) mil cruzeiros novos até 400 (quatrocentos) mil:NCr$ 3.000,00 e NCr$ 2.400,00
5} Municípios de receita superior a400 (quatrocentos) mil cruzeirosnovos, até 1 (hum) milhão:NCr$ 3.600,00 e NCr$ 3.000,00
6) Municípios de receita superior a(hum) milhão de cruzeiros novos, até 1,5 (hum e meio) milhões:NCr$ 4.200,00 e NCr$ 3.600,00
7) Municípios de receita superior a1,5 (hum e meiol milhões decruzeiros novos, até 2,5 (dois emeio) milhões:NCr$ 6.000.00 e NCr$ 4.200,00
8) Municipios de receita superior a2.5 (dois e meio) milhões de cruzeiros novos, até 4 (quatro) milhões:NCr$ 7.200,00 e NCr$ 6 000,00
9) Municipios de receita superior a4 (quatro) milhões de cruzeirosnovos: o subsidio e a representação poderão ser acrescidos até30',~~ (trinta por cento) dos valóres previstos no inciso anterior.
Art. 4.° - As disposições desta Leiseria aplicü.das a partir de 15 de marçode 1967.
Art. 5.° - Revogadas as disposiçõesem contrário. esta Lei ent.ra em vigorna data de sua publicação.Determina a Emenda n,u 5
Onde con vier:
Art. .. - Aos Vereadores de Municípios com população inferior a 100.000I cem mil I habitantes será atribuída umagratificação de função, como njllda decusto. cujo valor seri est.ipulado pelasAssembléias Legislativas
169JANEIRO A MARço - 1968--_._--------'--
Reza a Emenda n.O 6
Ao art. 4.°, In fine
Onde se lê:
"do último censo geral, reallzadopelo Instituto Brasllelro de Geogralia e Estatística, em 1960."
Leia-se:
"da estimativa anual da populaçãoprocessada pelo Instituto Brasileirode Geografia e Estatistlcs"
Estabelece a Emenda n.o '7
Ao art. 6.°:
Inclua-se o seguinte:
"Parágrafo único - O reajustamento dos valôres dos subsidias de quetrata êste artigo poderá ser declarado pelas atuais Câmaras Municipais, compreendidas nas disposlçõc!;desta Lei, com vigência a partir de15 de março de 1967"
O Senador Josaphat Marinho, Relatorda matéria na Comissão de Constituiçãoe Justiça, através do Parecer n.o 317, de1967 (Vide Diário do Congresso Nacional(Seção 11), de 20 de maio de 1967 pág. 1. 011), manifesta-se pela aprovação parctal da Emenda Substitutivan,o 4, com a aprovação de algumas sugestões das emendas de números 1 e 2;pela rejeição da emenda de número 5;pela aprovação da Emenda n.O 6, nostêrmos da Subemenda n.o 1 e pela aprovação da Emenda n.o 7, na forma daSubemenda n.o 2.
Colocada a proposta em votação noSenado (Vide Diário do Congresso Nacional (Seção lI), de 25 de mala de 1967,pág. 1.047) é aprovado um requerimento de autoria do Senador Cattete PInheiro, que solicita preferência para oprojeto. independente das emendas quelhe foram apostas. O projeto é aprovadopor 42 votos. Em seguida são votadas eaprovadas as emendas de números 1 e 2(da Comlssâo de Constituição e Justiça)-- ambas aprovadas por 49 votos; a
emenda de número 3 (da mesma Comissão) - aprovada por 47 votos - e assubemendas de números 1 (à Emendan.O 3) e 2 (à Emenda n.O 7, que fica,conseqüentemente. prejudicada)
Por 46 votos contrários são rejeitadasas emendas de números 5 e 6.
Após receber parecer do Sr. FlllntoMüller na Comissão de Redação (n.o 342,de 1967), inicia-se a discussão em segundo turno (Vide Diário do CongressoNacional (Seção lI), de 1.0 de Junho de1967 - pág. 1.127), sendo o projetoaprovado por 42 votos.
Na Câmara dos Deputados, o Relatorda Comissão de Constituição e Justiça,Sr. Acctoly Filho, apresenta substitutivo(publicado no Diário do Congresso Nacional (Seção 1), de 24 de junho de 1967- pág. 3.690). Na fase de discussão sãoapresentadas novas emendas (Vide Diário do Congresso Nacional (Seção I), de29 de junho de 1967 - pág. 3.896). Posta em votação a matéria, é aprovado oart. 1.0, e em seguida os demais, dosubstltutlvo apresentado pelo Relator daComissão de Constituição e Justiça naCâmara dos Deputados (Vide Diário doCon....esso Nacional (Seção I), de 9 deagõsto de 1967 - págs. 4.286 e 4.295).
A proposta volta ao Senado. O Sr.Josaphat Marinho, Relator na Comissãode Constituição e Justlça, no Parecern.o 539, de 1967, manifesta-se pela rejeição da emenda substitutiva da Câmara,salvo quanto ao § 3.° do art. 2.°, queconsidera Incorporável (Vide Diário doCongresso Nacional (Seção 11), de 26 deagõsto de 1967 - página 1.837)
Iniciada a discussão em turno único(Vide Diário do Congresso Nacional (Seção 11), de 31 de agõsto de 1967 - pág.1.893), após falarem os Senadores Aurelio Vianna, AntôniO Carlos, JosaphatMarinho e Eurico Rezende. já na fase devotação é apresentado o Requerimenton.O 747, de 1967, de autoria do Sr. Cattele Pinheiro, que requer a votação em
170 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA----~
globo do substitutivo aprovado na Cámara dos Deputados. Aprovado o requerimento, é colocado o substitutivo à deliberação do Plenário, que o rejeita, salvoquanto ao § 3.° do art. 2.0, que, votadoem seguida, tem o mesmo destino.
O projeto é aprovado em seguida evai à sanção.
O Poder Executivo nega a sanção aoprojeto por considerá-lo inconstitucional(' contrário ao lnterêsse público. (Vide aMensagem nO 488, de 1967 - n.O 617/67,na origem - publicada no Diário doCongresso :-.racional (Seção II), de 13 desetembro de 1967, pago 2.005).
Tal veto foi mantido pelo CongressoNacional. (Vide Diário do CongressoNacional, de 11 de outubro de 1967, pág.887)
Foi. entretanto, o Projeto de Lei Complementar nO 36, dl' 1967, de autoria doSr Geraldo Freire. que "Dispõe sóbrea execução do disposto no art. 16, § 2.0
,
da Constituição, relativamente a remuneração dos Vereaclores", que veio aconstituir a Lei Complementar nO 2, de1967.
A proposta foi publicada no Diário doCongresso Saeional (Seção I _. Suplemento I, de 12 de outubro de 1967, pág,12 Recebeu parecer favoni.vel com quatro emendas na Comi:;são de Constituição e Justiça. A matéria foram apresentadas ainda mais uma emenda daComissão de Finanças c sete emendasele Plenário n3, fase de discussão única.I Vide Diário do Congresso ~acional (Seçáo lJ· Suplemento, de 26 de outubroele 1967, pág. 28). As emendas de números 1, 2 c 3 da Comissão de Constituiçãoe Justiça, bem como a da Comissão deFmanças e a de número ;) do Plenárioforam aprovadas com o projeto, por 279votos favoraveis, 7 contrários e duas abstenções. Foi rejeitada a Emenda n.o 4,da Comissão de Constituição e Justiça.I Vide Diário do Congresso rolacional Seção I -- Suplemento, págs. 11 e se-
guintes), Foram também rejeitadas asemendas de Plenário de números 1, 2,3, 4, 6 e 7.
Aprovada a redação final o projetoé encaminhado ao Senado, onde entraImediatamente em discussão, devIdo aum requerimento de urgência (urgentíssima) .
São apresentadas 4 emendas. O Sr.Wílson Gonçalves manifesta-se tavoràvelmente ao projeto, que "não apresentaaspecto algum que possa ser consideradoInconstitucional ou injurídlco. No quediz respeito ao mérito, a providência édas mais urgentes e mais justas." Manífesta-se, ainda, o Relator da Comissãode Constituição e Justiça contràriamente às quatro emendas apresentadas noSenado.
O projeto é aprovado pelo Plenáriopor 40 votos, havendo duas abstenções.Em seguida são rejeitadas as emendaspor 28 votos contrários, onze favoráveise duas abstenções. Aprovada a RedaçãoFinal. a matéria vai à sanção. (VideDiário do Congresso Nacional de 15 e 16de novembro de 1967, página 2.961 e paginas 2.965 e seguintes.
É o seguinte o texto da Lei Complementar nO 2, conforme publicado noDiário Oficial de 1° de dezembro de 1967:
"LEI COl\lPLE~IErolTAR rol.o 2, DE 29 DE
rolOVE~IBRO DE 1967
Dispõe sôbre a execução do disposto no art. 16, !'\ 2.°, da Constituição Federal, relativamente à remuneração dos Vereadores.
O Presidente da República.
Faço saber que o Congresso Nacionaldecreta e cu sanciono a seguinte LeiComplemen tal':
Art. 1.0 - As Càmaras Munldpals dasCapitais e dos Municípios de populaçãosuperior a 100.000 (cem mil) habitantes,poderão atribuir remuneração aos seus
JANEIRO A MARço - 1961 171
Vereadores dentro dos limites e critériosrtxados nesta Lei.
Art. 2.° - A remuneração dlvidlr-se-áem parte fixa e variável e será estabelecida no tlnal de cada legislatura, paravigorar na subseqüente.
§ 1.° - ~ vedado o pagamento dequalquer outra vantagem pecuniária emrazão do mandato, inclusive ajuda decusto, representação e gratificações.
§ 2.° - A parte variável da remuneração não será Inferior à fixa e corresponderá às sessões a que comparecero Vereador, não podendo ser paga maisde uma por dia.
li 3.° - Durante a legislatura nãose poderá elevar a remuneração a qualquer titulo.
Art. 3.° - A remuneração dos Vereadores não ultrapassará, no seu total, àsseguintes proporções com relação aossubsidias atribuidos aos Deputados à Assembléia Legislativa do respectivo Estado, excluida a remuneração das sessõesextraordInárlas:
I - nos Munic1plos com população de mais de 100.000(cem mm até 300.000 (trezentos mU) habitantes, umquarto;
11 - nos Munlclplos com população de mais de 300 000{trezentos ml1l até 500.000(quinhentos mil) habitantes, um terço;
111 - nos MunIclplos com pôpulação de mais de 500 000(quinhentos mil) até .....1.000.000 (hum mt1hão) dehabitantes, metade;
IV - noS Munlclplos com população superior ai. 000 .000(hum milhão) de habitantes, dois terços;
V - nas Capitais com população superior a I .000.000(hum milhão) de habltan-
tes, dois terços, e nas outras Capitais, metade.
Art, •.0 - Para efeIto do disposto noartigo anterior, os subsidlos dos Deputados às Assembléias Legislativas dosEstados serão os rtxados em resoluçãoque respeite a proibição expressa noart. 13, VI, da ConstItuição Federal.
§ 1.° - As Câmaras Municipais, quese instalarem pela primeira vez, e asque ainda não tiverem tlxado a remuneração de seus Vereadores, poderão determiná-Ia para a legislatura em curso,dentro dos limites e critérios fixadosnesta Lei.
§ 2,° - Ficará prorrogada para alegislatura seguinte a vigência da remuneração que não fôr alterada antes dotérmino da anterior.
Art. 5.° - A população do Munlclpl0será aquela estimada pela FundaçãoInstituto BraslIelro de Geografia e Estatística (IBGE), que fornecerá, por cer~
tldão, os dados às Câmaras interessadas.
Art. 6,° - A despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá. ultrapassar, anualmente, de 3% (três porcento) da arrecadação orçamentária dorespecttvo Munlciplo, realizada no exercicio Imediatamente anterior.
Parágrafo único - Se a fixação daremuneração nos llmites previstos nestaLei importar despesa superior à estabelecida, será ela reduzida quanto bastepara não exceder a percentagem de quetrata éste artigo.
Art. '7.0 - Será considerado serviçopúblico relevante o exercicio gratuito domandaw de Vereador.
Art. 8.° - A presente Lei Complementar entra em vigor na data de suapubllcação .
Art. 9.° - Revogam-se as dlsposlçõcsem contrário.
Brasília, 29 de novembro de 1967; 146.°da Independência e 79.0 da República.
172 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
- A, Costa e Silva - Luiz Antônio daGama e Silva."
Regulando o mesmo dispositivo daCarta de 1967, foram, ainda, apresentados na Câmara dos Deputados os seguintes projetos:
Projeto de Lei Complementar n.o I, de1967, de autoria do Sr, Celestino Filho,que foi publicado no Diário do CongressoNacional (Seção Il, de 4 de abril de1967, pág. 955.
Projeto de Lei Complementar n.o 2, de1967, de autoria do Sr. Luiz Viana Neto,publicado no Diário do Congresso Nacional (Seção I -- Supl.), de 6 de abrilde 1967, pág. 4.
Projeto de Lei Complementar 0,° 4, de1967, de autoria do Sr, Gastone Righi,publicado no Diário do Congresso Nacional (Seção I), de 3 de maio de 1967,pág. 1. 847,
Projeto de Lei Complementar n,o 5, de1967, de autoria do Sr. Francisco Amaral, publícado no Diário do CongressoNacional (Seção Il, de 3 de mala de1967, pág. 1 848.
Projeto de Lei Complementar n,o 7, de1967, de autoria do Sr Simão da Cunha,publicado no Uiário do Congresso Nacional lSeção 11, de 6 de maio de 1967,[lág 1.946.
Projeto de Lei Complementar n,o 10,de 1967, de autoria do Sr. Osmar Cunha,llublicado no Diário do Congresso Nacional (Seção n. de 11 de maio de 1967,pág.2.106.
I'rojeto de Lei Coml,lementar n,o 12,de 1967, de autoria do Sr, Ario Theodoro. publicado no I>iário do Congresso!lóal'ional ISf'çào I I, dp 31 de maio de1[167. pág. 2.734
Projeto de Lei Complementar n.o 13,
de 1967, de autoria do Sr. Anac!ctoCumpanella. publicado no Diário do{'ongrl'SSO ro;acional 18(,(,:::'0 11. de 31 demaio de HH37, pág. 2 735.
Projeto de Lei Complementar n,o %8,de 196'7, de autoria do Sr. Vinicius Can·sanção, publicado no Diário do ConJTes·50 Nacional (Seção 1), de 27 de setembro de 1967, pâg, 5.890.
Projeto de Lei Complementar n,o 34,de 1967, de autoria do Sr. José Llndoso"publicado no Diário do Congresso Nacional de 6 de outubro de 1967, página6331.
Em 13 e 14 de junho de 1967, atravesdos ofícios de números 67 e 71, de 1967,a Comissão de Constituição e Justiça daCâmara dos Deputados sollcltou a anexação dos projetos de números 4, 5, 7e 10, e 12 e 13 ao Projeto de Lei Complementar n.o I, de 1967, por versaremaquelas propostas sõbre matérias correlatas e análogas.
Histórico da Lei Complementarn.o 3, de 1967
Através da Mensagem n,o 17, de 1967(n. D 732/67, na origem), o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional oProjeto de Lei Complementar que "dispõe sõbre os Orçamentos Plurianuais deInvestimentos, e dá outras providências."
Nos termos da mensagem, a matériatem tramitação conjunta, recebendo adesignação de Projeto de Lei n.O 17, de1967 - Congresso Nacional, conforme selê no Diário do Congresso Nacional (Seção lI), de 26 de outubro de 1967, página2.637.
Lida a matéria, é designada uma Comissão Mista lVide D. C. N. - SeçãoConjunta - de 27 de outubro de 1967,página 922).
A Comissão Mista apresenta trinta coito emendas à matéria (publicadas noDiário do Congresso Sacional ISeçàolI), de II de novembro de 1967, pagina2.919) .
o Deputado Rafael Mugall1ües, Rl'lator da Combsão :\,fista no Parecer nú-
JANEIRO A MARço - 1961 173
mero 30/67 (C.N.), apresenta um substitutivo à proposição. (Vide Diário doConrresso Nacional (Seção 11), de 22 denovembro de 1967, página 3.079).
Em 7 de novembro, atendendo a umaquestão de ordem levantada pelo Deputado Mlirlo Covas sôbre a natureza daMensagem n.O 17/67, do Poder Executivo, assim se manifesta o Sr. Pedro Aleixo, Presidente do Congresso Nacional:
"O que se pede na mensagem é queo projeto referente ao OrçamentoPlurianual seja apreciado pelo Congresso Nacional nos têrmos do I 3.°,do art. 54, combinado com o art. 53da Constituição. Destaca-se do textodo art. M e seus parágrafos, umUnico parágrafo, o 3.°. Não se têzqualquer referencla, quer ao própriotexto do art. M, quer ao texto dosdemais parágrafos do mesmo artigo54. ... Não há uma mensagem aser devolvIda, mas há um projeto aser considerado. E na consideraçãodeste projeto, a Câmara e o Senadopoderão, dentro do prazo de quarenta dias, ou tora do prazo de 40dias, apreciar a matéria. Se não ofizerem no prazo de 40 dias, Isto nãosignifica que se dê por aprovada amatéria, que poderá vir a ser aprovada até mesmo depois dos quarentadias. Isto p6sto, acredito tenhamosencontrado a perfeita compatlbiU.zação entre os principlos constantesda Constituição e as sollcltaçõeBconsignadas na mensagem que encaminhou o projeto." (Vide D.C.N.(seção Conjunta). de 8 de novembrode 1987. pAgo 945).
Em 10 de novembro. o Diário do Congresso Nacional publlca na página 962,uma questão de ordem do Sr. Uno deMatos, na qual afirma que "considerando extinta a ComIssão MIsta, encaminhará, em seguIda, um ProJeto de LeiComplementar que dispõe 8Ôbre orçamentos plurianuais de investimentos acada uma das Casas, para que as mes-
mas examInem a matéria obedientes aorigor dos preceitos constitucionais."
Respondendo à questão de ordem levantada pelo Sr. Llno de Matos, o Sr.Pedro Alelxo afirma que "o projeto sôbre o orçamento plurianual deverá continuar seu curso, conforme o ItlnerárfoJá estabelecido. . .. mantenho em substâncIa a decisão anterior'.
O Sr. Lino de Matos recorre da decisãodo Presidente do Congresso Nacionalpara a Comissão de Justiça e o Plenário. O Sr. Pedro Alelxo defere o recurso.(Vide D.C.N. de 10 de novembro de1967, página 962).
O Sr. Wilson Gonçalves, através doParecer n.O 32/67 (C. N. ), opina no sentido de que deve ser negado provimentoao recurso do Senador Uno de Matos.
li: lldo o Parecer n.o 32/67 (C.N.) deautoria do Deputado Montenegro Duarte, Relator na Comissão de Constituiçãoe Justiça, que conhece do recurso, negando-lhe, todavia, provimento pelosfundamentos que expõe. (VIde D.C.N.de 25 de novembro de 1967, página 1.111).
PÔ8to em votação, o projeto é rejeitadopelos Integrantes da Câmara e do Senado, sendo, em seguida. aprovado pelasduas Casas o seu substitutivo, que vaIà sanção.
Fica, assim, redigida a Lei Complementar n.o 3, conforme publlcada noDiário Oticlal de 11 de dezembro de 1967,página 12.399:
"LEI COMPLEMENTARN.o 3. DE '-12-6'
Dispõe sôbre os Orçamentos Plurianuais de Investimentos, e dá outras providências .
O Presidente da República,Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sancIono a seguinte LeiComplementar:
Art. 1.0 - Na forma do cUsposto noart. 43, Inciso m, da Constituição, serão
174 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA_. _~__________ _ ••• ".,_•• ~r
elaborados planos nacionais, observadasas regras estabelecidas nesta Lei.
Art. 2.° - Entende-se por Plano Nacional o conjunto de decisões harmônicas destinadas a alcançar, no períodofixado, determinado estágio de desenvolvimento econômico e social.
~ 1.° - O Plano Nacional será apresentado sob a forma de diretrizes geraíse dele constarão as definições básicasadotadas, os elementos de informaçãoque as justificarem e a determInação dosobjetivos globais pretendidos.
li 2.° - O Plano Nacional deveráindicar as decisões alternativas que poderão ser adotadas durante sua execução, a fim de que o resultado finalseja efetivamente alcançado.
Art. 3.° - O Poder Executivo elaborará Planos Nacionais Qüinqüenais, queserão submetidos à deliberação do Conselho Nacional até o dia 1.0 de marçodo ano imediatamente anterior ao término do Plano Nacional que estiver emvigor.
li 1.° - O Congresso Nacional apreciará cada Plano Nacional no prazo de120 dias.
três anos, será. elaborado sob a formade orçamento-programa e conterá:
I - os programas s e t o r i a i s ,seus subprogramas e projetos e o respectivo custo,especificados os recursosanualmente destinados àsua execução;
11 - os programas setoriais determinarão os objetivos aser atingidos em sua execução.
Art. 7.° - O Orçamento Plurianualde Investimentos indicará os recursosorçamentários e extra-orçamentários necessários à reallzação dos programas,subprogramas e projetos, inclusive os flnanciamentos contratados ou previstos,de origem interna ou externa.
Art. 8.° - ... Vetado ".
Parágrafo único - ... Vetado
Art. 9.° - O Poder Executivo, atravésde proposição devidamente justiflcada eacompanhada de relatório sôbre a faseexecutada, poderá, anualmente, solicitarao Congresso Nacional seja reajustadoo Orçamento Plurianual de Investimentos, compreendendo:
!'l 2.° - Esgotado o prazo no parágrafo anterior, sem deliberação, a matéria será considerada aprovada.
!'\ 3.°- Vetado
a) Inclusão de novos projetos;
b) alteração dos existentes;
c) exclusão dos não-Inlclados, comprovadamente inoportunos ou Inconvenientes; e
Art. 4.° - Em decorrência do PlanoNacional. os projetos a serem executados, sob a responsabilidade do PoderPúblico, serão ordenados em programassetoriais e regionais.
ArL 5.° - O Orçamento Plurianual deInvestimentos é a expressão financeirados programas setoriais regionais, consideradas, exc1usivam('nte. as despesasde capital.
Art. 6.° - O Orçamento Plurianual deInvestimentos, que abrangerá período de
d) retificação dos valôres das despesas previstas.
§ 1.0 - O reajustamento far-se-ápelo acréscimo de um exercício, desdeque não ultrapasse o periodo de vigênciado Plano Nacional Qüinqüenal a que serefere.
§ 2.° - Os projetos a que se refereêste artigo estão sujeitos às mesmas normas de procedimento aplicáveis aos projetos de Orçamento Plurianual de Investimentos.
JANEIRO Â MARÇO- 1968 175
Art. 10 - ... Vetado
Art. 11 - O Poder Executivo estimará, quando fôr o caso, o acréscimo doscustos de operação resultantes dos Investimentos previstos.
Art. 12 - Preservada a consistência ecoerêncIa dos programas, subprogramase projetos canUdos no Orçamento Plurianual de Investimentos, o Poder Legislativo dellberará sóbre:
I - o mérito dos objetivos selecionados, sua compatibIlIdade e adequação com osobjetivos do Plano Nacional;
11 - o mérlto das prioridadesfixadas;
lU - .. , Vetado ...
IV - a previsão dos recursos indicados para atender àsdespesas de capital.
Art. 13 - Vetado
1- Vetado
11- Vetado
u- Vctado
111- Vetado
Arto 14 - O Congresso Nacional dcverá apreciar os orçamentos Plurianuaisde Investimentos no prazo de 120 (centoe vinte) dias.
Paráil'afo único - Esgotado o prazoprevisto neste artigo, sem dellberação,a matéria sp.rá considerada aprovada.
Art. 15 - Em caráter excepcional, pornão eXistir Plano Nacional aprovado pelo Congresso Nacional, o Podcr Executivo instruirá. o primeiro projeto de Orçamento Plurianual de Investimentos coma enunciação dos princípios de políticaeconômico-financeira que orIentarão suaatividade no período e com a definiçãodos objetivos gerais, setoriais e regionaisque pretende alcançar através da execução dos programas e projetos Incluidos
no Orçamento Plurianual de Investimentos.
Art. 16 - Na mensagem a que se refere o inciso XIX do art. 83 da ConstitlÚção Federal, o Poder Executivo apresentará elementos de Informação quepermitam analisar os resultados obtidoscom a execução do Plano NacIonal e dosprogramas, subprogramas c projetos Incluldos no Orçamento Plurianual de Investlmentos.
Pará(J'afo único - . .. Vetado ...
Art. 17 - Não será. objeto de tramita<;ão, devendo ser arquivada, por atodo Presidente do Senado Federal e daCâmara dos Deputados, qualquer proposição que implique em alterar o PlanoNacional aprovado pelo Congresso Nacional, a não ser as de ln1ciativa doPoder Executivo, na forma estabelecidanesta Lei.
Art. 18 - Os Estados, os Municiplos eo Distrito Federal adaptarão seus orçamentos, no que fôr aplicável, ao dispostonesta Lei.
Art. 19 - O primeiro Plano NacionalQüinqüenal será encaminhado ao Congresso Nacional até o dia 1.0 de marçode 1969.
Art. 20 - O primeiro projeto de Orçamento Plurianual de Investimentosdeverá ser encaminhado ao CongressoNacional até o dia 1.° de março de 1968,e abrangerá os anos de 1968, 1989 e 1970.
Parágrafo único - Na elaboração legislativa do primeiro projeto de Orçamento Plurianual de investimentos, observar-se-á o seguinte:
a) o prazo para apreciação do proj eto será de 90 dias;
b) o projeto será considerado aprovado se não houver deliberaçãono prazo de 90 (noventa) dias.
Art. 21 - A presente Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadasas disposições em contrário.
116 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
"O ponto de vist.a oposicionista resulta em essência que o Executivoao cumprir o dlsposit~vo constitucional excedeu-se, determinando q~c
uma lei complementar, cuja dUe-
2) art. 8° E' seu pará~ra.fo unieo -lidem) .
3) art. 10 -. contrário ao interêssepúblico;
4) item In do art. 12-contrário aointerêsse público e inconstitucional;
Brasilia, 7 de dezembro :ie 1967; 146.0da Independência e 7f1." da República.-- :\. Costa (' Silva - Hélio Beltrão.
Atraves da Mensagem 11.0 35, de 1968(:lO 834/G7. na nri~{'m I, o Presidente daRepública apõe veto parcial à Lei Complementar n." 3, ao declarar:
1) § 3.° do art. 3.0 --- contrário aoInterêsse público e Inconstitucional;
6) parágrafo úni~o do art. 16 con-trário ao interêsse público.
A Comissão Mista volta a estudar amatéria. (Vide Diário do Conçesso Nacional (Seçâo 1I1, dt' 18 de janeiro de1968, página 6) .
Em 20 ce março do corrente ano todosos vetos do Presidente da República sãorejeitados e c projeto é enviado à sanção. Para maiores esclarecimentos sôbreos trabalhos da Comissão Mista, ver osUiãrios do (;ongresSQ Nacional de 15 demarç:) de ]968, (Seção lI), ;>âgina 670.e de 21 de março de 1968. ptig-inas 188 eseguintes.
Surgem divergencias nos melas políticos, quanto a interpretução do Executivo, que entendeu que a lei complementar possa. ser considerada aprovadapetO decurso do prazo A respeIto escreve Otacillo Lopes, em :11 de outubro no'Diário de Notícias":
Projeto de Lei n,o 24, de 1961, de aut.oria do Sr. Cattete Pinheiro, que "estabelece normas para reaquisição dos dl-
f('nça da lei ordinária é o quorumqualifieado de dois tkrços, possa seraprovada por decurso de prazo. Ascontestações, sena ocioso rememorá-las tal c aspecto formal das distorções silogistas em que são estribadas Em sintese, trata-se de substituir por efeito igualou semelhanteaos dos decretos-leis uma lei para aqual é exigido o voto de maioriaabsoluta de cada Casa do Congresso.A oposiçã.o antes de examinar o mérito do projcto do Executlvo, armasc de argumentes que poderão, consumados os prazos, levá-la ao Supremo Trl'::Junal Federal para a argüú;ã.a de lnconstitudona.lidade."
"Num esfõrço de formulação política -- comcnta o "Jornal do BraslJ"em 8 de r:ovembro __o, o Sr. Rafa~l
de Almeida Magalhães pretende sustentar que. ao mencionar prazo, D
Govérno não quis obter a aprovaçãoautor.1.át:cEl por decurso de tempo.mas teve em mira apenaa advertiro Congresso para a. neces$daàe deque nâo haja protelação na elaboração da le:."
O mesmo jornal comenta ainda queo Sr. Carvalho PInto observo'.! ao Sr.Rafael de Almeida Magalhães que, "aoadmit:r a tramitação sImultânea nasduas Casas. o Conj.(resso dá ao Govêrnomotivos para promulgar o projeto pordffurso de prazo.
o'É log;.co-- conclui o edltorlalse o Congresso admite a forma detramitação prevista para os projetosass~nalados para decisão em prazocertc, admite também a (lOssibllldade de sua aprovação automáticapor decurso de tempo."
No Senado Federal foram ainda apresentados dOiS projetos de leI complementar. São êlcs:
ldem:5) art. 13
JANEIRO A MARço :-. 1968 177
reltos polltlcos e regula a concessão deanistia". Essa proposta encontra-se publicada no Diário do Congresso Nacional
- seção II - de 16 de maio de 1967,página 949. Através do Parecer n.o 907,
de 1967, da Com1ssão de Constltulção eJustiça, de autoria do Sr. Aloysio deCarvalho, o projeto 101 declarado inconstitucional, injurídtco, inconveniente einoporturm. (VIde D.C.N. (Seção D),
de 25 de novembro de 1967, pág. 3.166).O Sr. Josaphat Marinho apresentou umaemenda substitutiva à matéria na fasede dIscussâo e o projeto voltou à Comissão de Constituição e Justiça para apreciação da emenda. <D.C.N. (Seção lI).
de 30 de novembro de 1967, página3.280).
!"l'ojeto de Lei n.o 28, de 1967, que regulamenta a aplicação do art. 3.° (criação de Estados e Territórios) da Constituição. A matéria, que foi publicadano Diário do Congresso Nacional <seção1I), de 19 de maio de 1967, página 1.003,é de autoria do Sr. Vasconcelos Tõrrese aguarda Parecer da Comissão de Constituição e Justiça.
Entre os muitos projetos de Lei Complementar apresentados na Câmara,cinco versam sõbre a Isenção do Impõstosôbre Circulação de Mercadorias. Sãoêles:
Projeto de Lei Complementar n.o 6,
de 1967, de autoria do Sr. Adhemar Fi
lho, que "dispõe sõbre Isenção do lm
pêsto sôbre Circulação de MercadorIas".Vide D.C.N. (Seção I), de 10 de maiode 1967, página 2.052.
Projeto de Lei Complementar n.o 8,
de 1967, de autoria do Sr. Cardoso deAlmeida, que "isenta áa incidência do
Impõsto sôbre Circulação de Mercadorias, o bagaço de cevada destinado à
alimentação do gado leiteiro e à sulnocultura", Vide D.e.N. (Seção I), de 10
de mala de 1967, página 2,053.
Projeto de Lei Complementar n.o 21,
de 1967, do Sr. Amaral Peixoto, queisenta do lmpôsto sõbre Circulação deMercadorias a primeira operação de venda de produtos destinados à. alimentação humana e dá outras providências."Vide D. e. N. (Seç&o I), de 5 de agôstode 1967, página 4.186,
Projeto de Lei Complementar n.o %5,
de 1967, de autoria do Sr. Jonas Carlos,que "concede aos produtores rurais isenção do lmpôsto sôbre Circulação de Mercadorias e de taxas federais, estaduaise municipais," Ver o D.C.N. (Seção n,de 29 de agôsto de 1967, página 4,893,
Projeto de Lei Complementar n.o 27,
de 1967, de autoria do Sr. Antônio Bueno, que "Isenta o produtor do Impêstosôbre Circulação de Mercadorias em operações relatlvas a produtos agropecuários e dá. outras providências." VerD .C.N. (Seção I), de 27 de setembro de1967, página 5.890.
Tôdas estas proposições aguardam opronunciamento da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.
Também aguarda o parecer da mesmaComissão o Projeto de Lei Complementar n,o 9, de 1967, de autoria do Sr.Paulo Macarlni, que "modifica a base decálculo para incidência do Impôsto sõbre Circulação de Mercadorias, na primeira operação relativa a produtos agropecuários". Ver D, C, N. (Seção I), de10 de maio de 1967, pAgina 2.053.
178 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
Também sôbre isenção tributária foram apresentados na Câmara diversosprojetos de Leis Complementares, categoria, que nem sempre coaduna-se perfeitamente com a natureza da matériaproposta, porquanto versam algumas dasproposições sôbre matéria da legislaçãoordinária.
São os seguintes os projetos em tela:Projeto de Lei Complementar n.o 17,
de 1967, de autoria do Sr. Gabriel Her
mes, que "Isenta de tributos as socieda
des de economia mista, de âmbito esta
dual, estabelecidas na Região Amazô
nica para explorar a distribuição deenergia elétrica". Ver D. C. N. (Seção
I), de 8 de junho de 1967, página 3.023.
Projeto de Lei Complementar n.o 14,
de 1967, de autoria do Sr. João Menezes,
que "isenta de tributos a CompanhiaHidrelétrica de Boa Esf:leranç.a (CQHE
BE), a Companhia de Eletrificação Ru
ral do Nordeste (CERNE) e as sociedades
de economia mista, de âmbito estadual,organizadas para explorar a distribuição
de energia elétrica nas áreas de atuaçãoda SUDENE e SUDAM", Q projeto recebeu parecer da Comissão de Constituiçáoe Justiça pela constitucionalidade, comsubstitutivo. As Comissões de Economia
e Finanças pronunciaram-se favoràvelmente ao substitutivo de autoria daquele órgão técnico da Câmara. Ver D.e.N.
(Seção Il, de 31 de maio de 1967, página2.735 e de 31 de outubro de 1967, página7.148.
Projeto de Lei Complementar D.o 39,
de 1967, de autoria do Sr. Padre Vieira,que "isenta de tributos as propriedadesrurais de baixa produtividade". VerD.e.N. (Seção Il, de 29 de novembrode 1967, página 8.283
Projeto de Lei Complementar n.o 40,
de 1967, de autoria do Sr. Alípio de Car
valho, que "isenta de tributos as pro
priedades das entidades esportivas". Ver
D .C. N. (Seção 1), de 29 de novembro de1967, página 8.286.
Projeto de Lei Complementar n.o 42,
de 1968, de autoria do Sr. Paulo Abreu,
que "isenta de impostos e taxas federais,estaduais e municipais, as Sociedades
Cooperativas de "Seguro-Saúde", e dá
outras providências". A Comissão deConstituição e Justiça da Càmara dos
Deputados manifestou-se pela inconsti
tucionalidade da proposta, que contrariao art. 150, § 1.0, da Carta Política do
País. Ver D.C.N. (Seção n, de 31 dejaneiro de 196B, página 449 e de 15 demarço de 1968, págína 390.
Projeto de Lei Complementar n.O 43,
de 1968, de autoria do Sr. Alberto Costa,que "isenta de tributos a compra de ouropelo Ministério da Fazenda, e dá outrasprovidências". Ver D. C. N. (Seção n,de 8 de fevereiro de 1968, página 666.
Excetuando os Projetos de Lei Complementar n.a 14, de 1967 e 42, de 196B,
todos os demais, aguardam, ainda, o pronunciamento das Comissões competentes.
Além do Projeto de Lei Complementarn.O 17, de 1967, duas outras proposiçõesda mesma natureza versam sôbre a Região Amazônica:
Projeto de Lei Complementar n.O 19,de 1967, de autoria do Sr. Haroldo Carvalho, que "estende à Região Amazônica
os incentivos, favores creditícios e demais vantagens concedidas pela legislação à Região Nordeste do Brasil". Ver
JANEIRO' Â MARço - 196' 179
D.C.N. (Seção I), de 22 de Junho de1967, página 3.582.
Projeto de Lei Complementar n.o 20,
de 1967, de autoria do Sr. Nunes LeaJ,que "cr:la incentivos ao desenvolvimentoda construção civil e das emprêsas con:ess1onárias de serviços públicos naAmazônia OCidental e dá outras providêncIas." Ver D.C.N. (Seção 1), de 5 deagôsto de 1967, página 4. 185 .
Relativamente à instituição de Regiões Metropolitanas foram apresentados na Câmara diversos projetos, dos
•quais apenas um, o de n.D 31, de 196'7,apresenta o caráter essencialmente complementar à Constitulção. Disciplina aproposição, de autoria do Sr. Paulo Ma
carini, o disposto no I lO, do art. 157,da Constituição do Brasil, relativo à Instituição de regiões metropolitanas e dáoutras providências. A matéria, queaguarda os pareceres das Comissões deConstituição e Justiça; Transportes, Comunicações e Obras Públicas e Finanças, encontra-se publlcada no DlárIo doCongresso Nacional (Seção n, de 4 deoutubro de 1967, página 6.227.
São as seguintes as outras proposições
em questão:
Projeto de Lei Complementar n.o 15,de 1967, de autoria do Sr. Edgardo deAlmeida, que "estabelece a região metropolitana da Baixada Fluminense".Ver D.e.N. (Seção I), de 3 de junho de1967, página 2.886. O proleto recebeuparecer da COmissão de Constituição eJustiça pela inconstitucionalldade e Injurldlcidade. Ver D.e.N. (Seção !), de1.° de setembro de 1967, página 5.016.
Projeto de Lei Complement.ar D.O 23,
de 1967, de autoria do Sr. Paulo Biar,
que "estabelece região metropolltanaconstitulda pelos Municipios de NovaIguaçu, Duque de Caxias, São João de
Meritl, NHópolis, Magé, Itagual e ltaborai, no Estado do Rio de Janefro". VerD.e.N. <Seção I), de 24 de agôsto de1967, página 4.752.
Frojeto de Lei Complementar n.o 32,
de 1967, que "estabelece regiões metropolItanas constttuidas pelos MUJÚclpiosque menciona, e dá outras providências".~e projeto, que é de autoria do Sr. Raul
Brunlnl, encontra-se publlcado no D.N.e.
(6eção I), de 4 de outubro de 1967, àpágina 6.228.
Projeto de Lei Complementar n.o 35,
de 1967, de autoria do Sr. AdhemarOhJsl, que "cria região metropolitana soba denominação de "Granja Florianópolis", no Estado de Santa Catarina". VerD.e.N. (seção I), página 6.558, e
Projeto de Lei Complementar n.o 38,
de 196'7, de autoria do Sr. MUton lWis,que "estabelece a Região Metropolitanaconstituida dos Municiplos de Ipatlnga,Timóteo e Coronel Fabriciano, no Estadode Minas Gerais". Ver D. e. N. (SéçãoI), de 29 de novembro de 1967, página8.283.
Ao declarar a Inconstitucionalidade doProjeto de Lei Complementar n.o 23, de1967, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, atravésdo Parecer relatado pelo Sr. PedrosoHorta, deu um pronunciamento que seapl1:a também aos demais projetos mencionados:
"O I 10 do art. 157 da ConstituiçãoFederal não é auto-apl1cável. Enquanto a Lei Complementar não de-
180~~~--~~-
REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
finir o que seja "região metropoli
tana", não poderá o legislador fe
deral criar regiões metropolitanas."
Ver D.C.N. (Seção n, de 23 de se
tembro de 1967, página 5.805.
Além das proposições já mencionadas
encontram-se em tramitação na Câmara
dos Deputados os seguintes projetos:
Projeto de Lei Complementar n.o 16,
de 1967, de autoria do Sr. Cunha Bueno,
que "regulamenta os parágrafos 2.° e 3°
do art. 161 da Constituição Federal". A
proposição refere-se à indenização a ser
paga ao proprietário do solo no caso de
exploração de minas e jazidas por parte
do Estado. Ver D.C.N. (Seção n, de 7
de junho de lS67, página 2.977.
Projeto de Lei Complementar n.o 22,
de 1967, de autoria do Sr. José Penedo,
que "fixa as alíquotas máximas do im
pósto de propriedade predial e territo
rial urbana". Ver D. C N. (Seção I), de
15 de agôsto de 1967, página 4.453. A
Comissão de Constituição e Justiça da
Càmara dos Deputados pronunciou-se
pela inconstitucionalidade (art. 97 da
Constituição) da proposta conforme se
lê no Diário do Congresso Nacional (Se
ção 1), de 19 de setembro de 1967, página5.573.
Projeto de Lei Complementar n.o 24,
de 1967, de autoria do Sr. Montenegro
Duarte, que "dispõe sôbre os juízes clas
sistas temporários, referidos no art. 133
da Constituição, alterando a redação dos
arts. 663, 668 e 693 da Consolidação das
Leis do Trabalho". Ver D.C.N. (Seção
1), de 29 de agôsto de 1967, página 4.892.
Projeto de Lei Complementar n.o 29,
de 1967, de autoria do Sr. Adhemar Fi-
lho, que concede às empresas agrícolas
e industriais o direito de complementar
até 70% o crédito fiscal correspondente
às mercadorias entradas nos respectivos
estabelecimentos". Ver D. C.N. (Seção
I), de 27 de setembro de 1967, página
5.890. A Comissão de Constituição e Jus
tiça da Câmara dos Deputados, em pa
recer publicado no D, C.N. (Seção I), de
20 de janeiro de 1968, página 139, pro
nunciou-se pela inconstitucionalidade do
projeto, Que fere a norma constante do
§ 4.° do art. 24 da Constituição do Brasil.
Projeto de Lei Complementar n.o 30,
de 1967, de autoria do Sr. Osmar Dutra,
que "complementa o item IlI, do art. 4°
da Constituição do Brasil, definindo a
plataforma submarina". Ver D.C.N.
(Seção 1), de 27 de setembro de 1967,
página 5.890.
Projeto de Lei Complementar n.o 33,
de 1967, que "revoga o art. 4,° do Ato
Complementar n.O 36, de 13 de março de
1967". Essa proposição, de autoria do
Sr. Adhemar Filho encontra-se publi
cada no D.C.N. (Seção 1), de 6 de outu
bro de 1967, página 6.331.
Projeto de Lei Complementar n,o 37,
de 1967, de autoria do Sr. Floriano Ru
bim, Que "dispõe sóbre a criação .de no
vos Estados e Territórios, e dá outrasprovidências", Ver D.C.N. (Seção n,de 29 de novembro de 1967, página 8.281.
Projeto de Lei Complementar n.o 41,
de 1967, de autoria do Sr. Lacôrte Vltale,
que "complementa o inciso II do art. 101,
da Constituição Federal, facultando a
aposentadoria do funcionário público
com 3D ou mais anos de serviço". Ver
D.C.N. (Seção I), de 18 de janeiro de
1968, página 19.
ARQUIVO
LIMITES BRASIL· PARAGUAIDOCUMENTO HISTÓRICO
Tratado de Aliança(Brasil- Argentina - Uruguai)de 1.o de maio de 1865
RMatoraDiretoria de InlormlU;óo Legis!ativa
No e.no de 1865 a Guerra do Paraguai enseJou a asslnatura de um Tratado de Aliança entre o Brasll, a República Argentina ca Republlca Oriental do Urogual.
Os dois primeiros pa1ses estavam em gucrra com o Paraguai, sendo que o Uruguaiestava cm estado (fc host111dade por verameaçada sua 6egurança Interna e pela violação de tratados Internacionais.
O Tratado de Aliança - ofensiva e defensiva - teve como plenlpotenclárl06 escolhidos pelo Imperador do Brasil:
Francisco Octavlano de Almeida Rosa cseu Conselho;pelo Presidente da RepubUca Ar'ljenUna:Dom Ruflno Ellzalde, seu Ministro e SecretárIo de Estado dos Negócios Estrangeiros;pelo Govcrnador Provisório da República Oriental do Uruguai:Dom Carlos de Castro, 6eU Ministro esecretArio de Estado dos Negócios Estrangeiros .
Concorrendo com todos os meios dc guer·ra de que pudessem dispor em terra ou riosque julltasscm necessários. dispunha o Tratado que. começando operaçio de guerra naRepubllca Al'!entlna ou parte do Território
paraguaio, limitado com csta, o comandoem chefe e dlreçAo dos exércitos aliados ficariam subordinados à República Argenl1na.
Convencidas as partes contratantes de quenão mudaria o terreno das operações deguerra, para salvar os direitos soberanos dastrês nações, flnnavam o principio de reciprocidade para o comando em chefe. casoas operações traspassassem para. territóriobrasllelro ou oriental.
Detennlnava o Trnl.ado que as fOrças manUmas aliadas ficariam sob o comando doAlmirante Tam~ndaré c que as fOrças terrestres do Brasil fonnarlam um exército sobas ordens do Gencral-Brlgadelro Me.noelLuis OSório.
As fOrças terrestres da República Orientaldo Uruguai. uma DivisA0 de fOrças brasileiras e outra de fOrças argentinas dcverlamfonnar exército sob ordens imediatas doGovernador Prov1sórlo do UruguaI. General-Brigadeiro Venâncio FlOres.
A ordem e economia m!lltar dos exércitosaUados dependeriam unicamente de seuspróprios chefes. enquanto 8S despesas desOldo, subsistência. munlçio de guerra. ar·mamento. vestuário e meios de mobilizaçãodas tropas aliadas 6erlam feitas à custa dos
182-------REVISTA DE .....FORMAÇÁO LEGISLATIVA
respectivos Estados, prestando-se mutuamente as Partes Contratantes todos os auxflios ou elementos de guerra.
Os aliados se comprometeriam a não depor as armas senão de comum acõrdo, SÓmente depois de derrubada a autoridade doentão atual Govêrno do Par~ai, bem comonão negociar separadamente com o inimigocomum. Além disso, não celebrariam Tratados de Paz, trégua ou armistício, nem Convenção alguma para suspender ou flndar aguerra, a não ser em conjunto.
Não sendo a guerra contra o povo doParaguai e sim contra seu Governo, os aliados poderiam admitir em uma legião paraguaia os cidadãos dessa nacionalidade quequisessem concorrer para derrubar o Govêrno daquele Pais e lhes dariam os elementos necessários para tal.
Obrlgar-se-iam os aliados Igualmente arespeitar a independência, soberania e Integridade territorial da República do Paraguai, podendo o povo paraguaio escolher oGovêrno e instituições que lhe aprouvessem,mas não podendo incorporar-se a nenhumdos aliados e nem pedir o seu protetoradoem conseqüência da guerra.
As franqUias, privilégios ou concessões queobtivessem do Govêrno do Paraguai seriamcomuns às partes contratantes.
Derribado o Governo paraguaio, os aHados fariam os ajustes necessários com a autoridade que aI! se constituísse para assegurar livre navegação dos rios Paraná e Paraguai, de maneira que os regulamentQs eleis daquela República não pudessem estorvar, entorpecer ou· onerar o trânsito e anavegação direta dos navios mercantes e deguerra dos Estados aliados, dirigindo-se paraseus territórios respectivos ou para territórios que não pertencessem ao ParaguaI. Para isto seriam tomadas as garantias convenientes para efetividade dos ajustes à basede que os regulamentos de polícia fluvialpara os dois rios referidos e para o riO Uruguai fõssem feitos de comum acôrdo entreos aliados.
Os aliados reservar-se-iam combinar entre si os meios mais próprios para garantira paz com a Repúbllca do Paraguai, depoisde derribado o Govêrno, sendo nomeadosoportunamente os plenlpotenclárl06 que celebrr-riam os ajustes com os novos governantes, de quem seriam exigidos 06 paga~
mentos das despesas de guerra, bem comoreparação e Indenização dos danos e prejulzos causados às suas propriedades públicas e particulares.
A República Oriental do Uruguai exigiriatambém uma inden~ão proporcional aosdanos e prejulzos causados pelo Govêrno do
Paraguai pela guerra em que se viu obrigado a entrar para defender SUII. segurançaameaçada.
Quanto às questóes de limites, parll. evitar dissençóes de guerra, flcaria estabelecido que os aliados exigissem do Govêrno doParaguai que fôsse celebrado com os respectivos Governos tratados definitivos delimites, sob as seguintes bases:
O Império do Bl'ull se dividiria da República do Paraguai:- Do lado do Paraná pelo primeiro rioabaiXo do Salto das sete Quedas IIgurey) ;- do lado da margem esquerda do Paraguai, pelo rio Apa;- no interior, pelos cursos do serradoMaracaju, sendo as vertentes de Lestedo Brasil e as de Deste do Paraguai,e tirando-se da mesma serra as maisretas em direção às nascentes do Apa edo Igurey.A República Al'gentina se dividiria daRepública do Paraguai:- pelos rios Paraná e Paraguai a encontrar os limites com o Império doBrasil, sendo estes do lado da margemdireita do rio Paraguai à Bala Negra.
Os aliad05 se garantiriam reciprocamenteo fiel cumprimento dos convenios, ajustes etratados que se devessem celebrar com oGovêrno a estabelecer-se na Repúbllca doParaguai, para isto envldando todos os esforços.
O Tratado de Aliança se conservaria secreto até a consecução do flm principal daAliança, sendo as resoluçôes que não dependessem de aprovação legislativa postasem prática imediatamente e as outras, apósquarenta dias contados da data do Tratado.
O Tratado de Aliança foi assinado emBuenos Aires, em 1.G de maia de 1865.
Finda a Guerra do Paraguai, tratou-se doproblema de fronteiras.
A fronteira do Brasil com o Paraguaifoi definida pelo Tratado de 1872, que crioua Comissão Mista Demarcadora (reunidaentre êste mesmo ano e o ano de 1874) eo Tratado de 1927, complementar daquele.
De acôrdo com o Tratado de 1872, foi nomeado para Comissário Brasileiro da Comissão Mista Rufino Eneas Gustavo GalvãoPara. Comissário de seu pais, o Govêmoparaguaio nomeou o cidadão Don Domingoo Ortiz.
A partir de outubro de 1874, estava definitivamente fixada a fronteira, de conformidade com a demarcação feita, nos têrmosdo Tratado de 1872.
JANEIRO A MARÇO - 1968 183
Daf por diante, qualquer dos dois pafBeapodIa ocupar o território de &eU lado daUnha encarnada do mapa, e nêle plenamente estabelecer-se - all81m como nas Ilhas aum e a outro adJudicadas, conronne a mesma linha encarnada, naa plantas.
A demarcação, reconhecida pelos governos do Paraguaf e do Braall, velo a serconf1rmada ulteriormente em Atos Internaclonala firmados peloo dole paÍSes.
Em 27 de malo de 1927, assinou-se no RIode Janeiro o "Tratado de LImItes Complementar do de 1872."~ Tratado em nada p& em causa a
primitiva linha de limIte, definida pelo Tratado de 1872 e fixada pela DemarcaçAo de1872174, mu tratou do seu prolongamento,Isto é, da linha de límlte entre a foz dorio Ap.. e '0 desaguadouro da Bala. Negra.
Dlzla o ArtIgo m do Tratado de 1927:"Uma ComlssAo Mista brasileIro-paraguaia, nomeada pelos doia Governos nomais breve prazo possível ap6s troca dasratlflcaçôes do presente Tratado. levantará a planta do rio Paraguay, comas suas .Ilhas e cana.ls, desde a confluência do Apa até o desagllBdouro da BaiaNegra.Essa comlssAo efetuará as sondagensnecessé.rlas e as operações topogriflcase geodésicas Indlspensi.vels para a determinação da fronteira, e colocaré.marcos nu tlhas prtnciPB.1s e pontosque julgar ma.ls convenIentes.paripato únloo. Os dois Governos, emprotocolo especlal, a ser firmado IDtfOdepois da troca das ratlflca.ç6es dêsteTratado, estabelecerAQ o modo por quea comlssio mista será constituída e B8
Instruções por que se regerá para a execução dos seus trabllolhos."
Em obediência ti. detenntnaçll.o do Parigrafo único do Artlgo 111 do Tratado deLimites Complementar, acima transcrito,firmou-se, no Rio de Janeiro. em 9 de malode 1930, um aJuste; o PROTOCOLO DEINSTRUÇOES para a Demarcação e CaracterizaçAo da Fronteira Brasil-ParaguaI.~ Protocolo, no seu prelmbulo. diz:
"Os Governos da Repúbllca dos Estados Unidos do Brasil e da República doParaguai, no Intuito de dar cumprimento ao estipulado no parágrafo único doartigo terceiro do tratado de limites,complementar ao de 1872, flnnado noRio de Janeiro a 21 de maio de 1927,e por outro lado, no de atender à necessidade de serem reparad06 algunsdos marcos da fronteira. entre os doispaiscs, demarcada. de 1872 a 1874, por
uma ComlssAo mista brasUelro-paraguata, de serem llubstltuldos os marcosda mesma fronteira, que hajam deuparecido, e de serem colocados marcosintermediários nos pontos que forem Jul.gados convenientes, resolveram celebraro presente ajuste, no qual, tOdas essasprovidências se acham indicadas."
Em 27 de março de 1872, o DECRETO N.o4.911 promulgou o tratado de limites entreo Império do BrasU e a Replibllca do ParaguaI.
Decreto n.- 4.911, ele n ele mal'QG de 1872Promulp o tratado de limites entre o Impérlo do BrasU e a República do Paraguai.
Tendo-se conc1uldo e asslgn&do em AssumpçAo, aos nove de Janeiro do correnteanno, um tratado de limites entre o Imperloe a Republlca do paraguay; e achando-seeste acto mutuamente ratificado, havendose trocado as ratificações nesta cOrte em 28do corrente mez: Sua Alteza a Prlnceza Imperial Regente, em Nome de Sua Magestade o Imperador o senhor D. Pedro n, Hapor bem Ordenar que o dito tratado sejaobservado e cumprido tio Inteiramente 00mo neUe se contém.
Manoel Francisco Correia, do Conselho deSua Magestade o Imperador, MInistro e secretario de Estado dos Negoclos Estrangeiros, o tenha assim entendido e expeça paraeste fim os despachos necessarl06. Palaclodo Rio de Janeiro, aos vinte e sete dias domez de Março de mil oitocentos setenta edous, quinquageslmo primeiro da Independencla e do Imperlo.
PRINCEZA IMPERIAL REGENTE.Manoel FraPc1500 Correta.Nós a Prlnceza Imperial. herdeira pre
sumptlva da Corôa, Regente em Nome deSua Magestade o senhor D. Pedro lI, porGraça de Deus e Unanlme a.ccl&mação dospovos. Imperador Constltuclonal e DefensorPerpetuo do BrasU, ete.
Fazemos saber a todos os que a presentecarta de conflrmaçAo, approvaçll.o e ratiflcação virem, Que aos nove dias do mez deJaneiro de 1872, concluiu-se e asslgnou-sena cidade de AssumpçA.o entre Nós e S. Ex.o Sr. Presidente da Republlca do Paraguay,pelos respectlV06 plenlpotenclartos, munidosdos competentes plenos poderes, um tratadodo teor seguinte;
TRATADO DE LIMITESSua Alteza a Princeza Imperial do Bra
sU, Regente em Nome do Imperador o senhor D. Pedro n, de uma parte, e, da outra,a Republlca do Paraguaf, reconhecendo Queas q'lest6es e duvidas levantadas sobre oslimites de seus respectivos terrltorlos multo
184
contrlbulram para a guerra que desgraçadamente se fizeram 06 dous EStad06, e animad06 do mais sincero desejo de evitar queno futuro sejam por qualquer forma perturbadas 8JS boas relações de amizade que entre elles existem, resolveram com este objecto celebrar um tratado de limites, e paraeste fim nomearam seus plenipotenciarlos,a saber:
Sua Alteza a Princeza Imperial do Brasil, Regente em Nome do Imperador o Senhor D. Pedro lI, a S. Ex. o Sr. João Mauricio Wanderley, Barâo de Cotegipe, Senador e Grande do Imperio, membro do seuConselho, commendador da Sua. ImperialOrdem da R06a, Grã-Cruz da Ordem deNossa Senhora da Conceição de Villa ViÇ06a de Portugal, da Real Ordem de Izabela Catholica de Hespanha, e da de Leopoldoda Belgica, Seu Enviado Extraordinario eMinistro Plenlpotenciario em miS1>ão especial.
S. Ex. o Sr. D. Salvador Jovellanos, VicePresidente da. Republica do Paraguay, emexercido do poder executivo, ao Sr. D. Carlos Lolzaga, Senador da Republica.
Os quaes depois de terem reciprocamentecomunicado seus plenos poderes, a.chandoos em boa e devida forma, convieram nosartig06 seguintes:
Ari. 1.°. Sua Alteza a Princeza Imperialdo Brazil, Regente em Nome do Imperadoro Senhor D. Pe<lro n. e a Republica do Paraguay, estando de accordo em a.~signalar
seus respectivos limites, convieram em de·claral-os. definil-os, e reconhecei-os do modo seguinte:
O territorl0 do Imperio do Brazil divide-secom o da Republ1ca do Paraguay pelo alveodo rio Paraná, desde onde começam as pos~sões brasileiras na foz do Ip;uassú até oSalto Grande das Sete Quedas do mesmofto Paraná.
Do Salto Grande das Set€ Quedas continua a linha divisoria pelo mais alto daSerra de Maracajú até onde ella finda.
Daht segue em Jinha recta, ou Que maisse lhe aproxime, pelos terrenos mais elevados a encontrar a Serra Amambahy.
Pr06SegUe pelo mais alto desta Serra atéfi. nascente principal do rio Apa, e baixapelo alveo deste até sua foz na margemoriental do rio Paraguay
Todas as verten~s Que correm para nortee leste pertencem ao Brasil e as que correm para sul e oeste pertencem ao Paraguay.
A ilha do Fecho dos Morros é do dominiodo flrazil.
Art. 2°. Tres mezes ao mais tardar contados da troca das ratificações do presente
tratado. as altas partes contractantes nomearáo commissarios, Que, de commum a.ccorda e no mais breve prazo possivel, procedam á demarcação da linha. divisoria, onde fór necessario e de conformidade com oque fica estipulado no artigo precedente.
Ari. 3.°. Se acontecer (o que não é deesperar) que uma das altas partes contractantes, por qualquer motivo que seja, deixede nomee.r o seu commissario dentro doprazo acima marcado, ou que, depois de nomeal-o, sendo mister substituil-o, o nãosubstitua dentro de igual prazo, o comissario da outra parte contractante procederá á demarcação, e esta será julgada vÍllida, me<liante a inspecção e parecer de umcommissario nomeado pelos Governos daRepublica Argentina e da Republica Oriental do Uruguay.
Se os ditos Governos não puderem acceder á solicitação que para esse fim lhes se·rá dirigida, começará ou prosseguirá a demarcação da fronteira, da qual será levantado por duplicado um mapa individual comtodas as indicações e esclarecimentos precisos para ser um delles entregue á outraparte contractant€, ficando a esta marcadoo prazo de seis mezes para mandar, se assim lhe convier, verificar a sua exactidão.
Decorrido esse prazo. não havendo reclamação fundada, ficará definitivamente afronteira fixada de conformidade com ademarcação feita.
Art. 4.°. Se no prosseguimento da demarcação da fronteira os commissarios acharempontos ou balisas naturaes, que em nenhumtempo se confundam, por onde mais conve·nientemente se possa assignalar a linha.f6ra, mas em curta distância da qUe ficoUacima indicada, levantarao a planta comos esclarecimentos indispensáveis e a sujeitarão ao conhecimento de seus respectivosGovernos, sem prejuízo ou interrupção dostrabalhos encetados. As duas al~as partescontractantes li. vista das informações assentarão no que mais conveniente fôr aseus mutuos interesses.
Art. 5°. A troca das ratificações do presente tratado sera feita na cidade do Riode Janeiro dentro do mais bre~'e pra;o:o possivel.
Em testemunho do Que os plenipotenciarios respedivos a.~signaram o presente tratado em duplicata e lhe puzeram o se1lo desuas armas.
Feito na cidade de Assumpçáo, aos nov~
dias do mez de Janeiro do anno do Na.~Cl~
mento de Nosso Senhor Jesus Christo d~
mil oitocent05 setenta e dous c
lL.S ..' Barão de ('otegipe.(L.S . .1 - Carlos Loizaga.
JANEIRO A MARÇO - 1968 185
''&:: sendo-n09 presente o mesmo tratadocujo teor fica ac1ma inserido e bem visto,considerado e examinado por NOs tudo Oque nelle se con~m. o approvamos. ratlflcam06 e contlnnamos, assim no todo. comoem cada um kios seus artigos e estipulaçõese pela presente o damos por flnne e valioso para produzIr o seu devido effelto, promettendo em fé e palavra. ímperlal cum·prtl-o lnViolavelmente e fa.zel-o cumprir eobservar, por qualquer modo que pOSSa ser.
Em testemunho e flrme'Zll. do que fizemospassar a presente carta por nós assignada,sellada com o sello grande das annas doImpel10 e referenda.dll. pelo Ministro e Se·cretario de Estado dos Negoclos &strangelros abaixo asslgnado.
Dada no Palacio do Rio de Janeiro, aos26 dJas do mez de Março do anno do NBScimento de Nosso senhor Je3US Chrtsto de1872.
<L.S.> - IZABEL, PRINCEZA IMPE·RIAL REGENTE.
Manoel Fnnclseo Correia.Leis do BrasU, vai. 1, 1872, pág. 109
Dn 1965, o Parague.1 levantou quesl.Aorelacionada com a caracterização da fronteira brasllelro-parnguala na região do Salto das Sete Quedas, so:icltando o pais vi·zlnho a reUrada do destacamento ml1Jtarbrasileiro na zona de POrto Coronel Renato.
Frizou ainda o govêmo parague.lo que aComissão Mista de Limites e caracter1zaçãode fronteiras prosseguisse seus trabalhos e.em caso de desacOrdo entre os governos doBrasU e do Paraguai no selo da referIdaComissão, ambos 06 governos reco1TeSSem atodos os meios de solução pac!f1ca para aresolução do problema.
A questio suscitou acaloradas discussões,tendo a impnnsa da época dedJcado grandeatenção ao assunto.
Em fevereiro de 1966, atendendo a pedidode informação do deputado Lyrlo Bertoli,relativo ao.'i problemas suscitados pelo Paraguai na regIão do Guaira, o ministro Juracy Magalhães, do Exterior, expôs 0.<; principais pontos que o Brasil defendia naquestão.
Entre outros aspectos, explicou que a pre·sença de pequeno contingente mUitar braslJerro aH nAo representava nenhum ato deanlmosidade contra o povo paraguaIo.QCupando-se I\, tropa em reparar marcosfrontelrlços danilicados apenas. Além damedida de proteçll.o normal de fronteIras.pretendia o govémo brBSllelro, igualmente,promover a. denslf1cação da ocupação do.l\rea.
Quanto a noticias de posslvel movimentação de fOrças do exéreito brasllelro e paraguaIo. aflnnou o Ministro. estavam elassendo provocadas por questões relativas aHmites entre os dois paises.
Em comunicado distrlbuldo à imprensa,em fins de 1965, Jé. o ltamaratl definira aposição brasileira relaUva a limites, dizendoque o govêrno brasileiro não admitia a existência. de "litígio" uma V~ que a fronteirada Barra do Iguaçu, no Parané., até li. BOcado Apa, no Paraguai, ficou exata, escrupulosa e definitivamente demarcada em 1874.nos tênnos do Tratado de Limites de 1872pela "Comissão Mista Demarcndora Bras!lelro-ParaguaJa", tendo sido a demB.rcaçiiosolenemente reconhecida pelo Paraguai.
Não exfstlndo "fOrças brasileiras em território não-delimitado", a atual comissãomlst.a demarcadora foI cr1ada com a flnalldade de efetuar a demarcaçllo no rio ParaguaI 005 têrmos do Tratado Complementar de 1927, consistindo sua. tarefa apenas"ne. reparação ou substituição dos marcosda fronteira comum demarcada de 1872 a1874 que estivessem danificados ou destruidos, mantendo suas respectlvas situações,"
Além disso. observadas as prescrições doTratado de Llmltes de 9 de janeiro de 1872,contidas na ata da 18· Confer~ncla da ComissAa Mista executora do dUo TrauwQde 1872, assinada em Assunção em 24 deoutubro de 1874. cabia à atual comissãoerigir novos marcos entre os já existentesnas terras altas da referida frontelr~ a fimsimplesmente de melhor cllrRcterlú,-Ia..
Informou lI.inda o ltamarati que o Ministério tentara entendimentos com o govêmoparaguaio sObre o possível aproveitamentodo potencial hidroenergétlco dos Saltos dasSete Quedas do Rio Parané. em Guaira.manltestando o govêmo brasileIro. desde1962, disposIção de examinaI' ", po.'lSíbtlidadede participar a República do Paraguai dautlll2ação cios recursos energéticos e dequaisquer outros projetos a serem desenvolvidos n06 Saltos das SCte Quedas.
Não obstante a afirmação brasileira deQue não existia nenhum problema fronteiriço entre :Brasil e Paraguai, a imprensaestrangeira destacou o fato. dizendo quelideres paraguaios exilados em Montevidéue Buenos Aires estariam dL~postos FI tomarposição frente às tropas brRsllelra.~. repetindo a Guerra do Chaco com a Bolivla.
Alegando li necessidade da Intervenção daOEA no problema. a liderança paraguaiaem Buenos Aires distribuiu comunicado àimprensa dizendo não estarem definidos oslimites entre o Paraguai e o Bra~11 estabelecidos pelo Tratado de 1872 sóbre a. zona
186 REVISTA DE INFORMAÇÃO LEGISLATIVA
dos 8altos do Guaíra, estando a questãoaberta até a atualldade, já. que as cascatasque lIndam com terra paraguaia constitui·riam condominlo dos dois países.
Por ocasião da leitura de sua mensagemanual na abertura do período parlamentarde 1966, o Presidente Stroessner, do Para·gual, afinnou que a cordlalldade das relações do Paraguai com o Brasil estavam gravemente alteradas em conseqüência daocupação, por parte de fôrças ml1ltares brasileiras, de uma zona contígua ao Salto deGuaíra, ao sul da linha dlvls(>rla da Serrade Baracayu, estabelecida como limite peloartigo primeiro do tratado subscrito com oImpério do Brasil aos 9 de janeiro de 1872,slmultàneamente com o tratado de paz quecolocou têrmo à. guerra da Trlpllce Aliança.
Afirmou ainda o presidente paraguaio queseu govêrno desejava o seguinte:
a) concluir a demarcação da fronteira. nazona do Salto de Guaíra;
b) chegar a um acôrdo com o govêrnobrasileiro sôbre o aproveitamento conjunto e em igualdade de condições, dopotencial hldroelétrlco do Salto doGuaíra.
Mais adiante, afirmou o Presidente Stroessner que o Paraguai não considerava cancelado o l1tlgto com o Brasil, relativamenteA demarcação de fronteiras, na zona do Salto de Guaíra, devido à. presença. de tropasna uma não demarcada e, ainda, que o Paraguai estaria disposto a debater com oBrasil o problema. ante qualquer organismoInternacional.
Rebatendo as criticas paraguaias, o Chanceler Juracy Magalhães disse, Inicialmente,que o Brasil não se prevaleceu da Guerra doParaguai para se apoderar do território deSete Quedas.
Afirmou, igualmente, que os nossos direitos eram indlscutlvels, pelo que "na defesa dêles não se arredaria nosso govêrno, seja pela ameaça., seja pela intriga."
Reafirmando a. definição de fronteiras pelo Tratado de limites assinado entre os doispalses em 1872, complementado pelo de 1927,frisou ainda o ministro Juracy Magalhãesque a alegação do Paraguai de que o Tratado de 1872 "foi conseqüêncIa duma. guerrade extermlnlo da Trlpllce Aliança contraaquêle Pais, tendo havido divisão prévia dosterritórios de que seria despojado", erauma alegação Injusta.
O ministro Jura.cy Magalhães terminouressaltando que o que devia unir paraguaiose brasileiros era a perspectiva de colaboração numa via particularmente promissora.como era a do aproveitamento integral dos
recursos energéticos e hidráulicos do rio Paraná.
Prosseguindo os debates sôbre a questãodo Guaíra, o problema evoluiu para umaproposta do Brasil no sentido de, no casoda insistência paraguaia quanto li região dasSete Quedas, conceder o nosso pais IJÔrtomarltlmo para a. BoUvia.
O Brasil propusera. algum tempo atrás aoParaguai o direito de usar o pôrto de Paranaguá, mas, com a crlre motivada pelafronteira, tal proposta caiu no esquecimento.
Dependente econOmicamente da Argentina, o Paraguai tem que usar o rio da Pratapara o seu comércio, sendo que a construção da Ponte da Amizade, ligando paraguaios e brasileiros, reduziu bastante a Influência argentina.
A questão colocada ao paraguai com apossível abertura do pôrto li Bollvia seria. ade não poder contrabalançar a. influênciaargentina e, ainda, a competição com asexportações bolivianas. Além disso, Paraguai e BoUvia questionam, desde a guerrado Chaco, no sentido de demonstrar maiorprestígio internacional.
Em maio de 1966, o Ministro Juracy Magalhães compareceu à Càmara dos Deputados, atendendo convocação feita por aquela Casa. do Congresso.
Referindo-se aos diversos Tratados de LimItes assinados entre o Brasil e o Paraguai, afinnou o Ministro das Relações Exteriores ser injusta a pretensão paraguaiaquanto A regláo das Sete Quedas.
Concluindo, disse;
"Somos um Pais soberano. cônscio nãosó de nossos deveres, mas também denossos direitos. No caso presente, vejo,entre os primeiros, o encargo de preservar a obra política de nossos antepassados e o território que nos legaram.E entre os segundos está, Ineludivelmente, a faculdade de colocar destacamentos militares em qualquer ponto denosso território, onde quer que sintamosameaçada a segurança nacional, assimcomo podemos removê-los quando, anosso juizo, se tomem desnecessários.Esperamos que o governo paraguaio seconvença de nossa boa. disposição e dasinceridade com que lhe oferecemos juntar-se a nós para, em beneficio denossos povos Irmãos, conjuntamente explorarmos quaisquer recursos que ofereça o Salto de Sete Quedas. Não queremos polêmica ou divergência de nenhuma espécie com o Paraguai, a cUJopovo nos sentimos fraternalmente liga-
JANIIRO A MARÇO -=- 1968 187
dos e ao qual renovo, neste Instante, doalto desta. Tribuna, a. expressA0 de meumaior aprêço."
Logo a seguir, processaram-se os entendimentos entre os dois palses visando a conversaçóes oficiais slJbre a questão de fronteira, entendlmentos êstes reallu.dos no encontro da Foz do 19uaçu, presentes os cha.n·celeres do Brasil e do Par~ai e suas respectivas delegaÇÓes.
O iJúclo das conversações mareou logo apredisposição do Brasil de fazer certas concessões, tendo como ponto paclrico, entre·tanto, não abrir mão, sob qualquer hipótese, de nossa soberania, Isto é, não admitirdiscussões liObre o Tratado de 1872.
O roteiro elaborado para os entendimentoscontinha. dez pontos principais entre osquais, figurando como fundamental, a retirada do destacamento milltar de Guaíra. ea. exploração conjunta do potencial energético das sete Quedas.
Saudando o Chanceler Sapena Pastor, doPe.ra.gual. o Ministro Juracy Magalhl'les afirmou que por parte do govérno brasUelroencontraria o Paraguai "a melhor dlspas!çA.o para a adoção de soluçóes que, sem terir a dIgnidade, a soberania e o Interêssedos dois palses, fornecessem as bases construtivas para. um trabalho conjunto v1sandoao desenvolvlmento econOmlco, o progressosoclaJ e à realiu.ção do Ideal pan-americano de paz."
Agradecem:lo a. saudação, o chanceler Sapena Pasror c1eclarou que "o povo paraguaiodesejava, Igualmente. um amistoso e fraterno entendimento com a Nação brasileira.,sObre a base de soluções decorosas que respeitassem a dignidade, a soberania. e os Interésses de ambas as nações."
Apesar da. cordialidade Intelal do primeiro encontro dos chanceleres, não decorreude maneira inteiramente pactuca a reuniãoda Foz do 19uaçu, pois já no segundo diadlUi reuniões, o chanceler Sapena Pastor levantou um obstilculo aparentemente Intransponivel para o encontro de um denominador comum, quando estabeleceu - t0mo preliminar para qualquer entendimento- a discussão do problema de !rontelrlUi.
Como diretrizes dos entendimentos a serem processados. o Ministro Juracy Magalhães entregara. ao Chanceler Sapena uma.agenda contendo dez pontos principais:
1. Reaflrmaçli.o de amizade;2. superação das dificuldades;3. estudo e levantamento das posslbUl
dades econômicas da região de Guaíra;
.. . exploração do potencial energéticodas sete Quedas em co-partlclpar;Ao;
5. participação nos estudos da Bacia doPrata;
6. destrulçlio ou remoçA0 dos cascos soçobrados que ofereces.<õem risco..o; à navegação internacional em águas doRJo Paragual;
'2. adiamento da dens1f1cação dos marcos nOli trechos alnda não caracterlzat:los da fronteira;
8. mudança do nosso embaixador noParaguai;
9. deslocamento do destacamento doPOrto Coronel Renato;
10. conjugaçAo de esforços no trabalho daConferência.
NAo ressaltando em nenhum ponto destaagenda a. discussão do problema de fronteira, a preliminar levantada pelo chanceler paraguaio conduziu a discussão a serprocessada para um Impasse. afírmando ochanceler Juracy Magalhães que "o Brasilnão admitia que se diScutisse soberania numterritório de ocupação mansa e pacifica há9-4 anos," E mais: que "abdicação de soberania sômente se poderia tazer por arbitragem Internacional, ou através de umaguerra", propondo "para a redação de umanota em que declarassem o desacOrdo."
Após estas aflrm~ do chanceler Juracy MagalhAes, o ministro Sapena Pastorapresentou proposte. singular que consistiana criação de uma espécie de "Estado-Tam·páo", na rona contestada, Estado êste queserie. governado por ume. comlsslio mista deAlto Nfvel que 1111 se Instalaria. para. solucionar o problema das fronteiras.
De &Côrdo com a proposta paraguaia, nenhuma autoridade brasileira, civil ou mlUta.r poderia entrar naquele território, e. nãoser com permissão expressa da ComLo;sAo Especial e com o referendo da parte paraguaia..
Antevendo um posslvel malógro da Conferência, devido à posição paraguaia, o ministro Juracy Magalhães exibiu ao chanceler Palitor o projeto de uma nota-conjuntaque encerraria definitivamente as conversaçOes.
A partir dêste momento, entretanto, houve um recuo na posição paraguaia, afirmando o chanceler Sapena Pastor que "a República. do Paraguai considerava que o Tratado de Limites firmado entre os dois Estados em 9 de fevereiro de 1872 e l\ realidade geográfica. constatada. pelos trabalhosda "Comissão Mista. de Limites e Caracterlzaçio da Fronteira. Paraguai-Brasil" f'C
conhecera ao Paraguai dominlo e soberania5Ôbre a mesma 7.ona em que se achava localizado o destacamento militar brasileiro."
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A nota paraguaia foi elaborada em resposta ao "memorando" brasileIro que, unilateralmente e em pleno exerclclo de suasoberania, resolveu como fórmula conciliatória e demonstração de boa-vontade, retirar o destacamento militar do Porto Coronel Renato_
A etapa seguinte no andamento da conferência foram os entendimentos relativosa uma nota conjunta que teve o nome de"Ata das Cataratas", e que foi o documento que encerrou um dos episódios mais critic os das relações brasilelfo-paragu a ias.
"ATA DAS CATARATAS"(assinada em 22 de junho de 19661
"O Ministro de Relações Exteriores dosEstados Unidos do Brasil, Juracy Magalhães.e o ministro de Relações Exteriores da República do Paraguai, Raul Rapena Pastor.se havendo reunido às margens do rio Parana. alternadamente !las cidades de Foz doIguaçu e Porto Presidente Stroessner. nosdias 21 e 22 do corrente, passaram em revista os vários aspectos das relações entreos dois países, inclusive aquêles pont-os sõbreos quais têm surgido ultimamente divergências entre as duas chancelarias e chegaramàs seKuintes conclusões: 11 manifestaram-seacordes os dois chanceleres em reafirmar atradicional amizade entre os dois povos irmãos, amizade fundada no respeito mútuoe que constitui a base indestrutível das relações entre o.~ dois Paises: 21 expres~aram
o vivo desejO de superar, dentro de um mesmo espírito de boa-vontade e concórdia,quaisquer dificuldades e problemas, encon·trando-lhes soluções compatíveis com os inten;ssl'S de ambas as nações; 31 proclamaram a disposIção de seus respectivos {(oVenlos de proceder, de comum arônio, oestudo c levantamento das pos.»ibilidadeseconômicas. em partido., dos H'cUrsos hidroelétricos, pertl'llCentes em condominio aosdois países: 41 concordaram em restabelecer. desde Já, qllea enerf.(ia elptrica eventualmente produzida pelos desnÍ\Tis no rioParaná, desde c indu:iive os Salto~; das Sete Quedas, ou Salto d!' Guaira. até a foldo no Iguaçu. seni dividida em partes igualsem I'e OS dois países. s('ndo reconhecido acada um dêlcs o direito de preferência paraa aqulsi~'ao desta energia a Justo preço, queserá oportunamente fixado por espedalistasdos dois países, de qualquer quantidade quenào venha a ser lltilv:ada para o suprimento das nl'cessid<ldes do l'onsumo de outroPais; 51 convieram, ainda. os dois chance·leres, em participar da reunIão de mini,trosde RelHçües Exl~riorps dos Est.ados flbpiri!lhos da Bacia do Prata, " rcaUzar-se emBuenos Aires. a convite do l:0verno <lrgent i-
na, a fim de estudar os problemll5 comunsda área, com vista a promover o pleno aproveitamento dos recursos naturais da região,e o seu desenvolvimento econômico, em benefício da prosperidade e bem-estar da população, assim como a rever os problemasjurídicos relativos à navegação, balizamento, dragagem, pilotagem, e pratIcagem dosrios pertencentes ao sistema lIidrográfico doParaná, a exploração do potencial energético dos membros e a canalização, represamento e captação de suas águas, seja parafins de irrigação, ou para os de regularização das respectivas descargas. de proteçãodas margens, ou facilitação do tráfego fluvilil; 61 concordaram em que as respectivasMarinhas procederão, sem demora, à destruição ou remoção dos cascos soçobradosque atualmente oferecem riscos à navega·ção internacional nas águas do rio Paraguai:7) Em relação aos trabalhos da COlnlssãomista de limites e caracterização da fron·teira Brasil-Paraguai, convieram os doischanceleres em que tais trabalhos prosseguirão na data que ambos os governos est imarem conveniente: 81 congratulam-se, porfim, os dois chanceleres pelo espírito construtivo que prevaleceu durante as duas conversações e formulam V(It.OS pela semprecrescente e fraternal união entre o Brasile o Paraguai, comprometendo-se ainda anão regatear ('sforços para es(reilar cadavez mais os laços de amizade quI' lInpm osdois países."
Apesar de ter havido vitoria da nossa dIplomacia na questão do Guaíra, o "Estadode São Paulo", tecendo consideraçôrs sôbrea "Ata das Cataratas" afirmou continuarpendente o problema fronteiriço entre oBrasil e o Paraguai, problema este solucionável sómente por meio de arbitra~em 111
ternacional, vist.o que, os paraguaIOS . - ]('vando em cont a uma realidade geogrúfica- - consideram que o Salto Grande das SeteQuedas passaria a pertencer à República doParaguai. O Brasil, por seu turno. conSIderaque a linha dlvisóna corre pl'lo alto c:a ~crra
do Maracaju, até a Quinta das Sete Quedas, o que coloca as cachoeiras em n()s~o
territorio. O ParagUai. por 5ua vez, tem como ponto-de-vista que a linha diVisória (,OI"
re pelo alto do contraforte da serra. o quedesloca a frcmtPlra em cêrca de dOIS qUI
lômetros para leste. dando-lhe a maior parll'das quedas
Reprnduzimos. a segUll-. o artigo Hi rioTRATADO DE ALIANÇA a5~inado peloBrasil, pela Repúbllca Argentina l' pl'la IIppública Oriental do Uruguai, n" atll> d.'1865, c Que trata, espt'l'lfll'amet1te, da qlle'·t<io de limites na região do Salto das Se!,'Quedas.
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