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Porto Alegre, fevereiro de 2012 - Ano 25 - Número 415 Bairros terão novos limites D urante o mês de março a prefeitura realizará oito audiências públicas para apresentar e discutir os novos limites dos bairros da Capital. O anteprojeto de lei foi ela- borado pela Secretaria do Planejamento Municipal e tem o objetivo de facilitar o reconhecimento dos limites dos bairros pelos morador- es, usuários ou prestadores de serviços por meio de uma descrição mais precisa que a atual. Porto Alegre possui atu- almente 81 bairros, defini- dos por 28 leis diferentes. Hoje, existem divergências entre as descrições de limit- es oficiais e a atual configu- ração da cidade. Essas dife- renças aconteceram devido à sobreposição dos limites estabelecidos por leis cria- das em épocas diferentes e mudanças provocadas pela ampliação do sistema viário, construção de viadutos, parques e grandes empreendi- mentos, entre outros motivos. A proposta agora colo- cada vem sendo formulada desde 2005, mas a unifica- çaço das leis dos bairros, já era uma determinaçõ do Pla- no Diretor de Porto Alegre, que entrou em vigor no ano 2000. Em relação ao Bom Fim, o limite com o bairro Independência seria deslo- cado para as ruas Vasco da Gama e Irmão José Otão, ocasionando uma redução da área do Bom Fim Na região central da ci- dade as mudanças propostas são pequenas. As maiores modificações se concentram nas zonas sul e leste, onde cinco novos bairros poderão ser criados. A proposta pretende consolidar as leis vigentes em um único texto, com re- dação clara, padronização e representação em mapas. (Cont. pág. 4) Prefeito Fortunati abre a audiência sobre os novos limites dos bairros. BOM FIM, URGENTE ESTA DECIDIDA a substituição do administra- dor do Parque da Reden- ção, Jorge Pinheiro. Há três anos no cargo, Pinheiro fez uma boa gestão, superando a carência de recursos com muita criatividade e empen- ho. Parte agora para outros desafios. O novo adminis- trador do parque ainda não foi definido. FATORES POLÍTICOS também influíram na de- cisão de adiar a reinaugu- ração do auditório Araújo Viana. Tecnicamente, era possível terminar para a Se- mana de Porto Alegre, como queria Fortunati . E quando concluída a reforma do auditório, o A PARTIR DE seis de março pode ser visitada no Santander Cultural a exposição “O Triunfo do Contemporâneo” - 20 Anos do Museu de Arte Contem- porânea do Rio Grande do Sul. São 150 obras de 65 artistas da coleção do MAC/ RS, com curadoria de Gau- dêncio Fidelis. Até 22 de abril, de terça a sexta, das 10h às 19h.Sábados, domin- gos e feriados, das 11h às tapume externo vai se trans- formar numa cerca. Mais um pedacinho do parque... 19h. Entrada Franca. A FUNDAÇÃO Ecarta recebe até o próximo dia 16 de abril inscri-ções para seleção de espetáculos para o programa Ecarta Musi- cal, que será apresentado de abril a agosto. Também es- tão abertas inscrições para exposições na sua galeria de arte contemporânea. Mais informações podem ser ob- tidas no site: www.funda- caoecarta.org.br.

JÁ BOM FIM 415

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jORNAL JÁ BOM FIM, EDIÇÃO FEVEREIRO DE 2012

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Porto Alegre, fevereiro de 2012 - Ano 25 - Número 415

Bairros terão novos limites

Durante o mês de março a prefeitura

realizará oito audiências públicas para apresentar e discutir os novos limites dos bairros da Capital. O anteprojeto de lei foi ela-borado pela Secretaria do Planejamento Municipal e tem o objetivo de facilitar o reconhecimento dos limites dos bairros pelos morador-es, usuários ou prestadores de serviços por meio de uma descrição mais precisa que a atual.

Porto Alegre possui atu-almente 81 bairros, defini-dos por 28 leis diferentes. Hoje, existem divergências

entre as descrições de limit-es oficiais e a atual configu-ração da cidade. Essas dife-renças aconteceram devido à sobreposição dos limites estabelecidos por leis cria-das em épocas diferentes e mudanças provocadas pela ampliação do sistema viário, construção de viadutos, parques e grandes empreendi-mentos, entre outros motivos.

A proposta agora colo-cada vem sendo formulada desde 2005, mas a unifica-çaço das leis dos bairros, já era uma determinaçõ do Pla-no Diretor de Porto Alegre, que entrou em vigor no ano 2000.

Em relação ao Bom Fim, o limite com o bairro Independência seria deslo-cado para as ruas Vasco da Gama e Irmão José Otão, ocasionando uma redução da área do Bom Fim

Na região central da ci-dade as mudanças propostas são pequenas. As maiores modificações se concentram nas zonas sul e leste, onde cinco novos bairros poderão ser criados.

A proposta pretende consolidar as leis vigentes em um único texto, com re-dação clara, padronização e representação em mapas.

(Cont. pág. 4)

Prefeito Fortunati abre a audiência sobre os novos limites dos bairros.

BOM FIM, URGENTE

ESTA DECIDIDA a substituição do administra-dor do Parque da Reden-ção, Jorge Pinheiro. Há três anos no cargo, Pinheiro fez uma boa gestão, superando a carência de recursos com muita criatividade e empen-ho. Parte agora para outros desafios. O novo adminis-trador do parque ainda não foi definido.

FATORES POLÍTICOS também influíram na de-cisão de adiar a reinaugu-ração do auditório Araújo Viana. Tecnicamente, era possível terminar para a Se-mana de Porto Alegre, como queria Fortunati .

E quando concluída a reforma do auditório, o

A PARTIR DE seis de março pode ser visitada no Santander Cultural a exposição “O Triunfo do Contemporâneo” - 20 Anos do Museu de Arte Contem-porânea do Rio Grande do Sul. São 150 obras de 65 artistas da coleção do MAC/RS, com curadoria de Gau-dêncio Fidelis. Até 22 de abril, de terça a sexta, das 10h às 19h.Sábados, domin-gos e feriados, das 11h às

tapume externo vai se trans-formar numa cerca. Mais um pedacinho do parque...

19h. Entrada Franca.

A FUNDAÇÃO Ecarta recebe até o próximo dia 16 de abril inscri-ções para seleção de espetáculos para o programa Ecarta Musi-cal, que será apresentado de abril a agosto. Também es-tão abertas inscrições para exposições na sua galeria de arte contemporânea. Mais informações podem ser ob-tidas no site: www.funda-caoecarta.org.br.

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Reportagem:Elmar Bones, Patricia Marini

e Tiago [email protected]

FotografiaArfio Mazzei, Tiago Baltz

e arquivo Jornal JÁComercial

Mário Lisboa(51) 3347 7595 / 9877 [email protected]

DiagramaçãoTiago Baltz Tiragem:

10 MIL EXEMPLARESDistribuição gratuita

Impressão:Gráfica CG - (51) 3043-2310

Diretor-Responsável: Elmar Bones

Secretária Executiva: Velci Matias

Redação: Av Borges de Medeiros, 915

Conj 203. Centro Histórico

CEP 90020-025 - Porto Alegre/RS

Fone: 3330-7272

Edições anteriores: R$ 3,00

Porto Alegre, fevereiro de 2012

Editorial2

www. jo rna l ja .com.br

Podas na praça João Paulo I teriam afastado os pássaros, comuns no local.

No inverno passado fizemos uma série de reportagens sobre o parque da Redenção.

Ficou evidente que o problema mais sério do parque é a questão da drenagem para escoamento das águas da chuva.

O parque tinha uma rede bastante eficiente, implantada em 1935 para a Exposição do Centenário Farroupilha. Essa rede deteriorou-se completamente.

Hoje qualquer chuvarada deixa o parque inundado por vários dias.

Além do incômodo das poças e do barro, há o

efeito mais grave da lenta degradação dos canteiros, das sarjetas, dos passeios, provocada pela água que se acumula. Agora, nas primeiras “águas de março”, já se viu que nada foi feito e, portanto, a situação está um pouco pior. Pode-se imaginar como será no inverno.

Consta que há um projeto, mas o custo seria alto, mais de R$ 10 milhões. Mas será que entre tantos bilhões de investimentos para preparar a cidade para a Copa de 2014, não se consegue esse dinheiro para recuperar o parque mais querido da cidade?

A REDENÇÃO E A COPA

Está acontecendo na Cidade Baixa um processo semelhante ao que ocorreu no Bom Fim, há uma década. A pressão contra os estabelecimentos noturnos, por conta de um

pretenso descontrole, acabou com a vida noturna na Osvaldo Aranha, matou uma referência cultural da cidade. Que, justamente, se transferiu para a Cidade Baixa.

A noite da Cidade Baixa

Os moradores próxi-mos da Praça João Paulo I, no bairro Santana, estão inconformados com as po-das recentemente realizadas pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), quando foram retiradas três árvores de porte grande do local.

Conhecido corredor dos pássaros, especialmente ca-turritas, as aves sumiram da Praça. “Além disso, a som-bra também sumiu”, salien-taram.

Segundo relatos dos usuários, a Unimed já tentou junto a Prefeitura a adoção da Praça, mas desistiu dian-

te das inúmeras exigências feitas pelo Executivo Mu-nicipal.

A poda e o corte de ár-vores foram interrompidas a partir da queixa dos mo-radores e da visita da verea-dora Sofia Cavedon ao local. Ela também está gestio-nando junto à Smam a rea-lização de uma reunião com a comunidade do entorno da Praça, a fim de que seja apresentado aos moradores o plano de podas da área.

De acordo com a Sman as remoções e podas no bairro Santana são preventi-vas, para proteger cidadãos e rede elétrica.

Até o fim de março es-tão programados poda e re-moção em 398 árvores lo-calizadas na Rua Jerônimo de Ornelas e nas praças Ma-jor Joaquim de Queiroz, na praça João Paulo I estão sen-do feitas 43 podas e quatro remoções.

Os vegetais removidos serão repostos com o plantio de 63 mudas de quaresmei-ra. Os serviços deverão estar concluídos até o final do mês e estão sujeitos à interrup-ção em caso de mau tempo e fluxo intenso de veículos. No inverno, a Smam exe-cutará novas intervenções nestes locais.

Moradores questionam podas no Santana

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3Porto Alegre, fevereiro de 2012

100 anos de tradição Ano escolar começou com a formatura dos alunos e a posse do novo comandante, Cel Gonçalves.

Com destacada tradição no setor de ensino, o Colé-

gio Militar de Porto Alegre (CMPA) completa no próxi-mo dia 22 de março cem anos. Para comemorar a data a in-stituição prepara uma série de atividades.

Ao longo de sua existên-cia o CMPA vem se firmando como uma das melhores insti-tuições educacionais do país. No estado, desde a criação do Enem o CMPA é a escola publica com maior indíce de aprovação. Seus formandos têm o mais alto índice percen-tual de aprovação no vestibu-lar da UFRGS entre as escolas gaúchas.

Há vários anos, é uma das poucas escolas gaúchas a aprovar alunos para o Instituto Militar de Engenharia (IME), para o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), para a Aca-demia Militar das Agulhas Ne-gras, para a Academia da For-

ça Aérea (AFA), para a Escola Naval e para a Escola de For-mação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM).

O Colégio possui cento e vinte professores, dos quais setenta e cinco são civis con-cursados e quarenta e cinco militares. Tendo cerca de 60% de mestres e doutores entre seus docentes.

Com 1110 alunos, o colé-gio foi criado em 1912, para atender filhos de militares, mas hoje é aberto ao publico em geral, 43% dos alunos são filhos de civis, que entram na instituição através de um dis-putado concurso.

Anualmente são abertas vagas pra ingressar na sexta série e no primeiro ano do se-gundo grau, há em media 40 candidatos por vaga.

Para o centenário, o Colé-gio Militar planeja atividades até o final do ano. O lançamen-to da programação ocorreu no

dia 22 de fevereiro, quando houve o plantio de mudas de ipê em canteiros do pátio e a abertura de um concurso de redação.

No dia 9 de março, ocor-rerá o lançamento de uma medalha comemorativa, confeccionada pela Casa da Moeda do Brasil e, dois dias depois, inicia o projeto Portas Abertas, a instituição receberá os visitantes com atrações cul-turais, artísticas e militares.

A grande comemoração será na noite de 22 de março, data do centenário, quando uma formatura militar no pátio da instituição contará com a presença de autoridades, uma comitiva do Instituto dos Pu-pilos do Exército de Portugal, convidados e ex-alunos. Ao final, haverá a apresentação da Banda Marcial dos Fuzileiros Navais, sediada no Rio de Ja-neiro. Haverá ainda o Baile do Centenário, dia 24 de março.

O Colégio Militar de Por-to Alegre (CMPA) foi criado em 28 de fevereiro de 1912. Seu aniversário é comemo-rado em 22 de março, data em que houve a primeira aula.

O prédio em que fun-ciona faz parte do patrimônio histórico da cidade desde sua fundação em 1872.

A arquitetura que o carac-teriza, onde predomina o estilo neoclássico, mudou a “fision-omia” da várzea onde foi con-struído, até hoje é conhecido como o “Velho Casarão da Várzea”.

As estátuas de Marte/Ares (deus da guerra) e Mi-nerva/Atena (deusa guerreira da sabedoria), existentes no seu frontispício, são as maio-res estátuas de adorno de Por-to Alegre e foram colocadas quando da primeira ampliação em 1914/15.

Várias instituições de ensino funcionaram no edifí-cio desde a Escola Militar da Província do RS (1883-88),

até 1912 quando virou o Colé-gio Militar de Porto Alegre.

A Escola Militar foi o pri-meiro curso de ensino supe-rior do Estado e que contribui de forma decisiva, através de seus fundadores e primeiros professores, para a criação e a evolução da UFRGS.

Pelo Velho Casarão da Várzea transitaram, como alunos, oficiais ou praças, oito presidentes da república (João de Deus Menna Barreto, Getúlio Dornelles Vargas, Eu-rico Gaspar Dutra, Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emí-lio Garrastazu Médici, Er-nesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo), o que o fez ser alcunhado como o “Colégio dos Presidentes”.

Entre outros ilustres civis, estudaram ali o poeta Mário Quintana, o artista plástico Vasco Prado, o escritor e advo-gado Darcy Pereira de Azam-buja.

(T.B.)

O Casarão da Várzea

Foto de 1882, ano da construção da 1 Escola Militar do RS.

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Inauguração é adiadaAliviou a tensão no

canteiro de obras do auditório Araújo Vianna com a decisão de adiar a reabertura da casa, marcada para a Semana de Porto Ale-gre, como queria o prefeito José Fortunati.

A inauguração, que ain-da não tem data, agora vai para o meio do ano e o ritmo dos trabalhos voltou ao normal.

No momento já iniciou

a etapa final da cobertura, com a colocação da manta plástica, produzida pela Fi-restone, que reveste o teto.

O trabalho agora se con-centra na parte interna – ins-talação dos equipamentos de ar condicionado, rede elétrica, reforma do palco, etc. Ainda está pendente a decisão sobre os assentos – se serão mesmo poltronas, como se previu no início, ou se serão cadeiras.

Continua sem definição a situação do Morro

Santa Teresa, um dos cartões postais de Porto Alegre, que tem parte de sua área invadida por vilas irregulares e há dois anos esteve na iminência de ser transferido para uma empresa imobiliária.

O p r o j e t o d e l e i 388 previa a permuta do morro por vários terrenos onde se implantariam as sedes descentralizadas da Fase. Foi barrado, já na fase final de votação na Assembleia Legislativa, por um movimento de opinião que envolveu Sindicato dos Engenheiros, Instituto dos Arquitetos, Ajuris, associações de moradores e outras 40 entidades da sociedade civil.

A pressão das entidades levou a governadora Yeda Crusius a retirar o projeto. Desde então consolidou-se um movimento comunitário, para debater a regularização do Santa Teresa, onde além de quatro vilas irregulares, estão instalados prédios da Fundação de Assistência Sócio Educacional (Fase) e até estações de televisão.

Inicialmente bem recebido pelo atual governo do Estado, que se comprometeu a formar um grupo de trabalho para tratar do assunto, o movimento agora se queixa da falta de informações sobre o que realmente está acontecendo.

Em recente reunião na Secretaria de Meio Ambiente, os líderes do movimento ficaram sabendo de um projeto completo para urbanização do morro, com teleférico, teatro ao ar livre, passarela sobre a mata, mantendo-se os prédios públicos que já ocupam a área do morro.

“O projeto pode ser até viável, mas não considera premissas que vem sendo discutidas há muito tempo, como a regularização das vilas e a reestruturação da Fase”, disse o Sindicato dos Engenheiros em ofício dirigido ao chefe da Casa Civil, Carlos Pestana.

Falando em nome do Movimento em Defesa do Morro, o sindicato pede que o governo forme um grupo de trabalho envolvendo várias secretarias para tratar o mais rápido possível do assunto.

(E.B.)

Morro Santa Teresa, futuro incerto

Há dois anos moradores esperam uma solução para o Morro Santa Teresa.

A Associação dos Amigos do Bairro Bom Fim está

convocando moradores, tra-balhadores, empresários e fre-quentadores para participar do debate sobre os novos limites do bairro.

De acordo com o presi-dente da Associação, Carlos Alexandre Randazzo, a comu-nidade foi surpreendida com a possibilidade do encolhimento do Bom Fim, que perderá parte da sua área para o bairro Inde-pendência. Com isso o Bom Fim ficaria sendo o menor bairro de Porto Alegre.

A mudança se daria em razão do ajustamento da linha imaginária de corte, hoje exis-tente entre os dois bairros, da linha da Santa Casa em direção à rua Castro Alves, mais para baixo, deixando o limite junto à Vasco da Gama e Irmão José Otão.

“A proposta é absurda e deve ser combatida. Se querem ajustar os limites que ele então se dê na linha da Independên-cia. É estranho que o bairro In-dependência cresça para áreas do Bom Fim e também do Flo-resta. Temos de nos mobilizar e garantir o maior número de pessoas presentes e contra esse absurdo”, alertou Randazzo. convocando a população a não aceitar a solução apresentada pela prefeitura.

Randazzo também citou uma pesquisa de 2012, publi-cada pelo jornal Zero Hora, onde o Bom Fim era apontado como o bairro que mais tinha a cara da cidade.

Na audiência de apre-sentação da proposta, ouve

um grande número de parti-cipantes que questionaram a falta de comunicação com as comunidades.

Foi ainda enfaticamente pedida a extinção do bairro Farroupilha, que corresponde ao parque da Redenção e mais as quadras entre a José Bonifa-cio e a Venâncio Aires. O espa-ço seria então incorporado ao Bom Fim. Assim como a rua

Ramiro Barcelos, consagrada popularmente como Bom Fim.

Você sabia?

O atual limite do Bom Fim vai da Avenida Osvaldo Aranha, da esquina da Rua Sarmento Leite até a Rua Felipe Camarão; desta, até a Rua Castro Alves; desta e seu prolongamento em direção

leste-oeste, sempre paralelo à Avenida Independência até encontrar o extremo da Praça Dom Sebastião, daí pela Rua Sarmento Leite até a Avenida Osvaldo Aranha.

Assim sendo, atualmente, o Parque Farroupilha, o Brique da Redenção, o Instituto de Educação General Flores da Cunha, a rua Ramiro Barcelos, o Hospital de Pronto Socorro,

Moradores querem a Redenção no Bom Fim

a Praça Dom Sebastião, a Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim, o Mercado do Bom Fim e a Igreja Santa Teresinha não se encontram dentro dos limites territo-riais do bairro.

Com a nova proposta, o colégio do Rosário também não seria mais parte do Bom Fim.

(T.B.)

Novo mapa proposto pela comissão da secretaria de planejamento: pela reconfiguração o Bom Fim perderia as quadras que vão da Jose Otão até a Independencia, conhecido como alto Bom Fim.

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Porto Alegre, fevereiro de 20126

O BOM FIMPASSA POR AQUI

O adeus do Seu Nilo, o barbeiro do Bom Fim

O herdeiro de Nilo, Sil-vio, frequenta o salão desde criança. Estudou, trabalhou como office-boy, auxiliar ad-ministrativo na Unimed até que se rendeu à sua vocação. Mas primeiro frequentou um curso de cabeleireiro. Ficou um tempo fazendo cortes para mulheres, em outros salões, até aceitar o convite do pai, para reforçar a barbearia, em 1987, aos 23 anos. E viu que seu talento mesmo era ser bar-beiro. Nesse quarto de século,

Um dos pontos com-erciais mais tradi-

cionais do Bom Fim é o Salão Joni, barbearia localizada na avenida Venâncio Aires, en-tre as ruas Jacinto Gomes e Santa Teresinha. Gerações de moradores do Bom Fim e ad-jacências cortaram o cabelo ou fizeram a barba no local.

A casa funciona desde 1966 e nesses 46 anos a-tendeu a uma boa parcela da comunidade judaica de Porto Alegre, comerciantes tradi-cionais do bairro, vizinhos ilustres e desconhecidos, médicos, artistas, políticos, jornalistas, estudantes...

A história da barbearia se confunde com a do seu fundador Nilo Mota Farias, a ponto de ele ser conhecido por muita gente como Joni, inclusive por alguns clientes de décadas. Mas no salão ele era chamado Seu Nilo.

Querido e conhecido na região - uma pequena cami-nhada de algumas quadras para almoçar em um restau-rante do bairro era suficiente para ele retribuir uma dezena de cumprimentos nas ruas -, o barbeiro do Bom Fim mor-reu em 24 de janeiro, aos 78 anos, por problemas no cora-ção.

“Ele trabalhou até o úl-timo dia, antes de ir para o hospital”, lembra o filho e sucessor Silvio Melo Far-

ias, 47 anos, que destaca a alegria do pai no serviço. Foi uma vida dedicada à bar-bearia, ofício que ele apren-deu ainda na adolescência. Mas Nilo começou a tra-balhar mais cedo, aos nove anos. Natural de Alegrete, o pai colocou os filhos na lide campeira ainda na infância e o futuro barbeiro do Bom Fim foi auxiliar em tarefas de uma fazenda. Quis o destino que sua função fosse a de tosqueador de ovelhas.

Poucos anos depois, já no meio urbano de Alegrete, ele foi ajudar um tio, dono de uma barbearia na sua cidade natal. Ali, ele aprendeu tudo da profissão.

E já na juventude abriu seu próprio salão. Sem avisar ninguém, Nilo foi a Porto Alegre, nos anos 1950, e a falta de notícias sobre seu paradeiro alimentou boatos. Até que um conhecido, que tinha ido à Capital, contou que Nilo estava bem e fazen-do o que ele sabia: atuando em uma barbearia.

Era no salão do Floriano, na avenida Osvaldo Aranha. Ainda como empregado, Nilo trabalhou em outra barbearia na Felipe Camarão, quase es-quina com a Osvaldo, em fr-ente ao lendá-rio Bar Fedor. Passou ainda por estabeleci-mentos na Ramiro Barcelos, Venâncio Aires em frente ao

Hospital de Pronto Socorro, até criar seu negócio com um sócio, João, em 1966, no ponto atual na Venâncio. “O nome da barbearia foi sug-estão de um amigo israelita que disse: ‘Por que vocês não usam os dois nomes e colo-cam Joni’”, conta Silvio.

Com prestações dos e-quipamentos para pagar e um aluguel a honrar, a dupla dava expediente de domingo a domingo, das 7h às 22h. “O pai conta que uma vez um vizinho perguntou, meio intrigado: ‘Vem cá, vocês nunca dormem? Eu vou pra casa vejo vocês trabalhando, acordo e já tão aí’. E ele era muito habilidoso e rápido, chegou a fazer 30 cortes de cabelo em alguns dias”, re-lata o filho de Nilo.

No final dos anos 1960, Seu Nilo comprou a parte de João na sociedade e trabalhou por algum tempo sozinho. Retomou a segunda cadeira com vários colegas, mas encontrou o parceiro defini-tivo em 1980, quando Altair Araujo começou a trabalhar na barbearia, onde prossegue até hoje, aos 75 anos.

“Eu tinha saído do salão onde eu trabalhava e pas-sei aqui na frente, não tinha anúncio nem nada. Falei com Seu Nilo, comecei a trabal-har e estou aqui até hoje”, diz Araújo.

Silvio viu passarem pelo salão personalidades como o presi-dente do Superior Tribunal de Justiça, Ari Parglender, o ecologista José Lutzenberger, Dilamar Machado, Ibsen Pin-heiro, Toninho do Escaler, Re-nato Borghetti (e seu pai), Ivo Salton (Lancheria do Parque), Nei Lisboa e Jaime Lubianka. “O pai cortou o cabelo de Maurício Sirotsky Sobrinho, Isaac Ainhorn, Osvaldo de Lia Pires, uma infinidade de gente”.

Guilherme Kolling

Sílvio toca o Salão Joni, do pai, Nilo, falecido em janeiro.

Filho dá continuidade ao trabalho do pai

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Porto Alegre, fevereiro de 2012 7

Acusações e quei-xas marcam a extinção da Fundação Educacional San-ta Rosa de Lima. O caso foi parar na Justiça e não tem solução à vista.

A posse do prédio, dada à UFRGS no dia 8 de feve-reiro, foi revogada cinco dias depois, por determina-ção do Tribunal de Justiça, e passada ao município, que havia decretado sua desa-propriação.

No dia 27, começou ali o ano letivo para os cerca de mil alunos do Centro Mu-nicipal de Educação de Tra-balhadores (CMET) Paulo Freire, de 1a a 8a série para maiores de 15 anos.

Não se sabe até quando se mantém a situação. A Fundação entrou com uma ação contestando a desa-

Vai longe a disputa judicialpelo prédio do Santa Rosa

propriação decretada pela Prefeitura. “Queremos que o prédio seja devolvido à Uni-versidade ou à Fundação, ou, no mínimo, que o Mu-nicípio aumente o valor da desapropriação”, diz o dire-tor jurídico, Roberto Abreu. Para ele, “o caso foi mal conduzido”.

A avaliação mais atu-alizada é de R$ 7 milhões, valor depositado em juízo pela UFRGS, enquanto a Prefeitura depositou R$ 5,3 milhões. O valor refere-se apenas ao imóvel, não inclui o mobiliário da escola que, no entender da promotora de justiça Gislaine Rossi Luckmann, que conduziu o processo no Ministério Pú-blico, deve ser restituído à Fundação.

No meio do imbróglio

judicial, os históricos esco-lares e outros documentos da fundação acabaram des-organizadamente jogados num canto. O vice-diretor da escola municipal, Luis Sec-chin, afirma que encontrou tudo ensacado, mas o dire-tor da fundação garante que foram os novos ocupantes. Agora ninguém quer assum-ir a responsabilidade pelo material.

Enquanto isso, ex-professores e funcionários do Santa Rosa aguardam o pagamento de salários atrasados e das rescisões, que depende de autorização judicial.

Começam a pipocar na Justiça cobranças bancárias e trabalhistas. “E já não sei onde estão os documentos”, conta Abreu.

Rua Santo Antônio será ampliada

No dia 06 de feve-reiro inaugurou mais uma farmácia na Ave-nida Osvaldo Aranha, no Bom Fim. Segundo o grupo Drogabel, res-ponsável pela loja, o espaço oferece um lay-out diferenciado, dan-

do aos clientes maior comodidade, variedade.

A farmácia pos-sui tele-entrega e am-bulatório no local, onde pode ser realizados al-guns procedimentos rá-pidos como: curativos, aplicação de injeção,

Nova fármácia no bairro

medição de pressão ar-terial, medição de gli-cose e até colocação de brincos e piercings.

Também no ini-cio de fevereiro uma farmácia Drogabel foi aberta na rua Cel Bordi-ni, bairro Auxiliadora.

A prefitura au-torizou o início das obras da ampliação da rua Santo Antonio, en-tre entre as avenidas Farrapos e Voluntários da Pátria. A melho-ria na mobilidade da região promete ser o principal benefício do prolongamento. A pre-visão é de que a obra

fique pronta em cerca de 6 meses. Serão e-xecutadas ações de in-fra-estrutura completa, inclusive os sistemas de água, luz, esgo-tos sanitário, pluvial e pavimentação asfáltica. Com investimentos da ordem de R$ 700 mil, a via será de 180 metros, o dobro da confugraçao

atual com largura de 9 metros e passeios de 4 metros, cada lado.

A cosntrução será financiada pelo Shop-ping Total, e será rea-lizada pela empresa PAVITEC. O trabalho será executado em con-trapartida ao impacto da construção do Shopping, inaugurado em 2003.

Aulas começam com cursos da prefeitura.

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Porto Alegre, fevereiro de 20128

Grupo propõe novos horários para noite da Cidade Baixa

O Grupo de Trabalho (GT) criado para discutir as soluções para os problemas do bairro Cidade Baixa, apresentou a prefeitura sua proposta para os horários dos bares e restaurantes do bairro.

Pelo estudo, a abertura estará autorizada até às 1h da manhã, de domingo a quinta-feira, com tolerância de 30 minutos.

Atualmente a lei per-mite o funcionamento até a meia-noite. A ocupação de espaços externos com mesas e cadeiras será permitida so-mente até a meia-noite.

Às sextas-feiras, sába-dos e vésperas de feriado, o funcionamento será permiti-do até às 2h, com o mesmo tempo de tolerância de 30 minutos, incluindo aí ocupa-ção de espaços externos.

Desde julho do ano pas-sado, um decreto estabelece o funcionamento até a meia-noite, o que gerou protestos de frequentadores e com-erciantes. O decreto surgiu após intensa mobilização de moradores que reclamam do barulho e de assaltos na região durante a madrugada.

A Cidade Baixa se tor-nou nas últimas duas décadas o principal bairro boêmio de Porto Alegre, ocupando o lugar que já foi do Bom Fim, que curiosamente teve sua noite suprimida pela pressão dos moradores, alegando os mesmo problemas.

Em novembro pas-sado, foi criado o Grupo de Trabalho (GT) para buscar soluções dos problemas do bairro Cidade Baixa. O GT conta com representação dos moradores, empresári-

os, vereadores e Brigada Militar.

Além da questão dos horários, outros temas ainda serão avaliados pelo GT; tais como dispensa de Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), e níveis de ruídos, para definir pontos como isolamento acústico, e áreas de interesse turístico.

Outra preocupação é a distinção dos tipos de esta-belecimentos e facilitação

na concessão dos alvarás por parte da Prefeitura.

Há lugares que há 17 anos esperam a liberação dos alvarás e não conse-guem.

Assim como restauran-tes que não tem música não podem entrar na restrição de funcionamento como se fos-sem casas noturnas.

Uma posição final do GT só será determinada quando todas estas questões

tiverem sido enfrentadas. De acordo com o titular

da Smic, Valter Nagelstein, o projeto será apresentado ao prefeito José Fortunati no início de março.

A Smic diz que até a aprovação na nova proposta segue em vigor o decreto que estabelece fun-ciona-mento até a meia noite, e que as fiscalização continu-ará normalmente.

(T.B.)

Grupo tem até final de março para buscar soluções para a noite da Cidade Baixa.