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JARDINS HISTÓRICOS: Intervenções na Praça da Independência. COSTA, MARÍLIA JERONIMO. (1); LIMA, GABRIELLA DONATO DE OLIVEIRA. (2); FARIAS, SARAH BRANDEBURSKI. (3); JUNIOR, JOSÉ COELHO DE LEMOS. (4); MACHADO, PASCAL. (5); MONTENEGRO, ALINE PAIVA. (6); TEIXEIRA, DIMAS DE ASSIS ALBUQUERQUE. (7); TEIXEIRA, GEUZA ARAUJO ALBUQUERQUE. (8); TIMOTHEO, JUSSARA BIÓCA DE MEDEIROS. (9); 1. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540 [email protected] 2. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540 [email protected] 3. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540 [email protected] 4. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540 [email protected] 5. . FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540 [email protected] 6. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540 [email protected] 7. UFPB Universidade Federal da Paraíba. Curso de Engenharia Ambiental. Av. Cidade Universitária, s/n. Castelo Branco. João Pessoa/PB. 58051-900 [email protected] 8. UNIPÊ Centro Universitário de João Pessoa. Curso de Design de Interiores. Rodovia BR-230, KM22, s/n. Água Fria. João Pessoa/PB. 58053-000 [email protected] 9. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540 [email protected]

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JARDINS HISTÓRICOS: Intervenções na Praça da Independência.

COSTA, MARÍLIA JERONIMO. (1); LIMA, GABRIELLA DONATO DE OLIVEIRA. (2); FARIAS, SARAH BRANDEBURSKI. (3); JUNIOR, JOSÉ COELHO DE LEMOS. (4); MACHADO, PASCAL. (5); MONTENEGRO, ALINE PAIVA. (6); TEIXEIRA, DIMAS DE ASSIS ALBUQUERQUE. (7); TEIXEIRA, GEUZA ARAUJO ALBUQUERQUE.

(8); TIMOTHEO, JUSSARA BIÓCA DE MEDEIROS. (9);

1. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540

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2. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540

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3. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540

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4. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540

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5. . FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540

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6. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540

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7. UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Curso de Engenharia Ambiental. Av. Cidade Universitária, s/n. Castelo Branco. João Pessoa/PB. 58051-900

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8. UNIPÊ – Centro Universitário de João Pessoa. Curso de Design de Interiores. Rodovia BR-230, KM22, s/n. Água Fria. João Pessoa/PB. 58053-000

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9. FPB - Faculdade Internacional da Paraíba. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Av. Monsenhor Walfredo Leal, 512. Tambiá. João Pessoa/PB. 58020-540

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Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016

RESUMO

O trabalho objetiva analisar a ocupação pós-revitalização da Praça da Independência e sua proposta de intervenção dos seus espaços para atrair a presença de famílias, o lazer e prática esportiva, tornando um novo lugar para novos usuários, contribuindo para o resgate de hábitos e costumes além da segurança do entorno. A área está localizada no trecho de convergência de eixos viários considerados vias de preservação rigorosa inseridas na poligonal de tombamento estadual conforme Decreto nº 25.138, de 28 de Junho de 2004. Medindo mais de 37.000 m², a Praça da Independência foi idealizada em virtude da comemoração do Centenário da Independência do Brasil e inaugurada em 07 de setembro de 1922, dentro de um processo de urbanização e expansão que ocorria no município de João Pessoa, capital paraibana. Considerada um dos ícones do crescimento territorial da cidade, a praça passa a representar, devido à localização, um elo entre a cidade e o mar, sendo declarada como Patrimônio Histórico Artístico Nacional no ano de 1980 e, tendo posteriormente projeto aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP). O arquiteto Hermenegildo di Lascio inspirou-se no traçado geométrico típico francês ao projetá-la, representando a bandeira do Reino Unido na disposição dos jardins e passarelas, em que todos os caminhos levam ao centro, onde existe um obelisco no estilo eclético e o busto de Otacílio de Albuquerque. Em uma das laterais há um coreto erguido no estilo neoclássico. Seu projeto de paisagismo privilegiou a diversidade da flora nativa paraibana, como o Ipê, Acácia, Pau-Brasil, Abricó-de-Macaco e palmeiras nativas da Amazônia, de forma que a vegetação se definisse pelo contraste de cores, massas, intervalos e texturas, mediante perspectivas e soluções espaciais inesperadas. Praças públicas são espaços de contemplação e convivência, e ainda marcos simbólico do tecido urbano. Porém, a falta da devida manutenção e de serviços constantes de melhorias submetem esses patrimônios a contextos diversos de degradação. Estes fatos acarretaram na deterioração dos passeios e jardins da Praça da Independência, por isso em 2015 houve uma intervenção, com o intuito de devolvê-la e torná-la mais atrativa ao uso coletivo da população. O projeto revitalizou o obelisco e o busto existentes; recuperou as calçadas e gradis; no coreto, houve a instalação de novas escadas e de um elevador para os portadores de necessidades especiais; a substituição da iluminação pública; a instalação de bancos; um rigoroso mapeamento dos canteiros verdes, implantação de um sistema de irrigação, melhoramento do solo e plantio de grama, vegetação até então inexistente. Além disso, efetuaram-se podas e o levantamento das espécies, cujo resultado propiciou a especificação de uma cobertura vegetal baseada em exemplares arbóreos, herbáceos e arbustivos, com colorações variadas, contrastando com o verde predominante, porém preservando a intenção do projeto original. O trabalho pretende confirmar que, após a intervenção de 2015, a Praça da Independência configura-se como um novo local, contribuindo para a socialização da população e também de passagem, corroborando com a revitalização do Centro Histórico da capital paraibana.

Palavras-chave: revitalização, convivência, Praça da Independência, manutenção de praças,

manutenção de jardins.

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1 – Introdução

Segundo Carneiro (2009, p.211), os jardins históricos são gestos artísticos do homem na

paisagem, caracterizando uma paisagem cultural e seu conceito, moldado no plano

internacional pela Carta de Florença de 1981, ressaltam a vegetação como principal elemento

da composição arquitetônica que concede o significado cultural na condição de monumento

vivo.

Estes jardins são importantes na organização, disposição e no uso da paisagem cultural,

aonde a vegetação torna-se o elemento relevante na composição arquitetônica, assim como

outros elementos de importância cultural, a exemplo dos traçados, elementos construtivos e

mobiliário; que juntos, somam valor artístico, histórico e social uma determinada época e são

vistos no presente e futuramente, como testemunho de um capítulo da sociedade. São ainda,

elementos fundamentais para atingir a uma melhoria da qualidade de vida no meio urbano,

sendo os elementos naturais detentores de um papel primordial dentro do ambiente

extremamente artificial em que as nossas cidades se transformaram. Estes espaços verdes

são igualmente relevantes para o bem-estar, para as condições de saúde e o equilíbrio mental

da população, por promoverem a convivência e socialização de várias pessoas, por instituir a

manutenção da biodiversidade, constituírem importante parte da paisagem urbana, trazerem

benefícios econômicos significativos e por formar espaços estruturais e funcionais

fundamentais para transformar as nossas cidades, em áreas mais agradáveis de viver. Os

jardins podem assim assumir um papel primordial no que diz respeito à melhoria da qualidade

de vida, ao desenvolvimento sustentável e à cultura local.

O cuidado com estes jardins, por vezes ignorados, é um aspecto importante no

desenvolvimento das cidades. Como as modificações da paisagem figuram-se cada vez mais

em ritmo acelerado, constantemente se perdem importantes espaços naturais ou os ainda

restantes tornam-se verdadeiras ilhas nas cidades dia a dia mais urbanizadas. O processo de

urbanização, ocasionado pela imprescindível necessidade de ajuste às condicionantes

econômicas, demográficas e à situação política, traz consequências significativas, tanto para

o ambiente natural como na composição das sociedades urbanas.

Através deste artigo, há o ensejo de auxiliar outras cidades a tratar melhor e com mais

atenção este espaço verde importante do tecido urbano, crendo que este irá elevar a

qualidade de vida, o bem-estar da população e aprimorar os atributos das áreas urbanas e

especialmente de vizinhanças; tornando-os espaços mais aprazíveis e atraindo desse modo,

a comunidade, assim como afirmado por Sitte (1989 trad. 1992, p.165) citado por Oliveira

(2009, p.143):

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Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016

Em tempos imemoriais, nossos antepassados foram homens das florestas.

Hoje somos homens dos edifícios de apartamentos. Apenas isto basta, para

explicar a atração irresistível que a natureza exerce sobre o morador da

metrópole moderna, sempre seduzido pelas áreas verdes, um verdadeiro

refúgio contra o moinho de poeira deste oceano de moradias.

2 - A Praça da Independência

No final do século XIX, o Brasil passa pela transição do modelo governamental do país de

Império para República, entretanto o recém Estado da Paraíba, localizado na região nordeste

do Brasil, não acompanha tal evolução permanecendo em situação de pobreza, ao contrário

da região sudeste do Brasil. À época, o bairro do Tambiá, sito à região central da cidade de

João Pessoa e sede do objeto desse estudo, consistia em região predominantemente

residencial, ocupado por modestas residências e diversas chácaras e sítios.

O fim da década de 1910 e inicio da década de 1920 marca, no contexto paraibano, uma fase

de prosperidade econômica e social. Neste momento, a cultura algodoeira, principal fonte

econômica local, tem grande expansão, visto que os concorrentes ingleses passavam pela

Primeira Guerra Mundial. O período também é favorecido pela gestão de Epitácio Pessoa na

presidência, entre 1919-1922, que passa a designar mais recursos para a região (MELO,

2000, p.162).

Acompanhando o desenvolvimento econômico, são realizadas intervenções urbanas que

visam adequar a capital aos moldes de uma cidade ‘moderna’, como já acontecia em cidades

como Rio de Janeiro e São Paulo. Nessas cidades, por sua vez, são as referências à Belle

Époque francesa que influenciam o traçado adotado nas intervenções urbanas, no intuito de

atender ao desejo corrente de seguir os padrões artísticos e culturais europeus (SILVA, 2009,

p.77). Seguindo esta tendência, e tendo nos espaços públicos importante símbolo deste

momento, em sete de setembro de 1922, no governo do então prefeito da cidade Walfredo

Guedes Pereira (1920-1924), inaugurou-se a Praça da Independência, durante o Centenário

da Proclamação da República, em uma área da cidade ainda pouco ocupada e que,

posteriormente, viria a representar marco da ligação entre a cidade com o mar.

A área de 70.000m² localizada no bairro do Tambiá, propriedade pertencente à família

Guedes Pereira, foi doada ao município por seus proprietários pra que fosse urbanizada

através da construção de uma praça e da abertura de novas vias, sob a condição única e

exclusiva de ser um logradouro sob o aviso de ter a propriedade de volta às mãos das famílias

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doadoras, caso houvesse qualquer modificação no uso previsto para a área, em qualquer

tempo.

Ilustração 1: Mapas de localização da Paraíba, João Pessoa e Praça da Independência

Fonte: http://www.de.ufpb.br/~cbsf2014/local_evento.html. Acesso em: 4 set. 2016.

O projeto original da praça foi do arquiteto Hermenegildo Di Lascio, que a desenhou fazendo

alusão ao traçado radial da bandeira da Inglaterra na disposição dos seus jardins e

passarelas, e tomou como referência o estilo geométrico típico dos jardins franceses.

Também foi solicitada a elaboração de um projeto paisagístico por Burle Marx que, contudo,

não foi executado. O material gráfico original faz parte do acervo pessoal da família Di Lascio,

que em entrevista à citada pesquisadora, aponta aspectos políticos e influências relevantes

ao projeto:

Conforme informou o arquiteto Mário Di Lascio, em entrevista, ao conceber o

desenho da praça, seu pai procurou representar as fortes influências políticas

exercidas pela Maçonaria e pela Inglaterra à época da Proclamação da

República, bem como a nossa bandeira, o centenário, as nossas regiões

geográficas e a nossa exuberante flora. O traçado dos caminhos sugeria a

interseção do desenho das bandeiras inglesa com o da nossa; o obelisco,

símbolo universal da vitória, representaria a vitória na luta da independência;

e os cem bancos ali instalados faziam referência ao centenário. Já os

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quadrantes representavam as quatro regiões geográficas do Brasil da época,

com a vegetação especificada contendo exemplares significativos da flora de

cada uma dessas regiões.

Ilustração 2: Vista aérea da Praça da Independência e seu entorno, anos 1930.

Fonte: Arquivo Público Estadual

Nos anos seguintes à implantação da Praça da Independência, o desenvolvimento urbano da

capital cooperou para um novo perfil de ocupação do bairro, com o desmembramento dos

amplos lotes em parcelas menores que abrigariam elegantes residências. A abertura desse

novo espaço público revelou-se como fator preponderante para a expansão urbana, com o

paulatino deslocamento da população de classe econômica abastada. Posteriormente, em

1932, o arquiteto e urbanista Nestor de Figueiredo, após o Plano de Remodelação e

Expansão da Cidade de João Pessoa, considera a referida praça, em relação ao sistema

viário, como um dos principais pontos da cidade (ALMEIDA, 2004, p.138).

A área pertencente à família Guedes Pereira, antes de ser doada ao município de João

Pessoa para a fundação da Praça da Independência, era local de grande concentração de

vegetação nativa, principalmente frutífera, constituída por exemplares nativos da Mata

Atlântica como o Abricó-de-Macaco e palmáceas, plantas da flora nativa da Paraíba como

Pau-brasil, Ipê-amarelo, Ipê-roxo, a Acácia e outros a exemplo das Bromélias, Begônias,

Orquídeas, Cipós, Briófitas, Jacarandá, Peroba, Jequitibá-rosa, Cedro, Tapiriria, Andira,

Ananás e Figueiras.

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O projeto paisagístico original privilegiou e preservou essa diversidade, constituída em sua

maioria, além das árvores frutíferas, por espécies ornamentais, palmeiras, epífitas, arbustos,

forrações, gramíneas e invasoras. As praças tendem a estar situadas em locais privilegiados,

já que seriam os espaços mais usados pelos habitantes; e considerando-a uma área urbana,

a maneira mais eficaz de melhorar o clima ambiental bem como a interação entre as pessoas,

seria através do paisagismo (Lengen apud Bortoli, 2009, p.2).

Seguindo o traçado francês, foi instalado no centro da área, onde todos os caminhos se

encontram, um obelisco de pedra granítica que faz referências à luta da independência do

país como símbolo universal da vitória. Em uma de suas laterais surge outro aspecto histórico:

um coreto em alvenaria de estilo eclético elevado mediante aterro do local de sua fixação,

onde atualmente funciona uma floricultura, ambos tombados pelo Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1980. Sujeitando-se aos princípios clássicos da

geometria dos jardins franceses, as partes arbustivas e os canteiros submetem-se a um rígido

alinhamento. Apresentam-se rigorosamente enfileirados, em posição radial, e a forma circular

é empregada no centro da praça, aonde se localiza o obelisco. Ainda em seu centro,

encontra-se a bandeira do Brasil, a qual todo dia 7 de setembro, dia da independência do

Brasil, é hasteada por soldados do estado; e um busto confeccionado em bronze de Otacílio

de Albuquerque, político paraibano que foi o terceiro prefeito da cidade de João Pessoa entre

1908 a 1911.

3 – A intervenção

Sendo um dos marcos históricos de João Pessoa, a Praça da Independência passou por um

processo de revitalização composta por várias etapas que envolveram questões técnicas e

artísticas, e acompanhadas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento. O projeto

previu a realização, manutenção e reparos nos passeios públicos, mobiliários urbanos,

jardins, monumento central (Obelisco) e busto. Diante do espaço em questão ser um bem

tombado foi elaborada, pelos arquitetos que compõem o setor de Planejamento da Prefeitura

Municipal de João Pessoa, uma proposta de intervenção que valorizasse os elementos que

compõem sua identidade: os passeios, jardins e o monumento.

Os trabalhos de requalificação deram início a partir de uma análise tanto da vegetação, como

dos elementos construídos existentes, tendo como base o projeto original. A partir daí, as

propostas convergiram na definição das áreas de intervenção que, devido ao mal estado em

que a praça encontrava-se, atingiu praticamente toda a sua extensão.

Os monumentos do obelisco central e o busto de Otacílio de Albuquerque, erguidos em pedra

granito, que se encontravam sujos e pichados, tiveram seus danos existentes mapeados e

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posteriormente restaurados, a fim de retomar seu caráter original, e receberam destaque com a

colocação de quatro holofotes próximos a eles.

No passeio, foram reformadas as calçadas externas e internas, respeitando as três tipologias

anteriormente existentes: o piso intertravado que cercava todo o perímetro da praça; o piso de

areia batida que se encontra na área interna da praça formando um desenho radial; e o piso

de mosaico em pedra sivalita, localizado em uma pequena extensão da mesma.

O projeto luminotécnico buscou valorizar as principais peças do acervo da praça, a exemplo do

busto, obelisco e coreto, bem como a sinalização dos jardins. A iluminação pública, antes com

lâmpadas de vapor de sódio que conferiam um tom de iluminação amarelada à praça, foi

substituída por lâmpadas de vapor metálico (brancas), porém conservando os mesmos

equipamentos (postes) e o método de fiação subterrânea.

Com relação ao mobiliário urbano, a praça que tinha seus bancos descaracterizados e

deteriorados, teve os mesmos substituídos por novos exemplares e com modelo igual aos que

estão sendo instalados nas praças históricas da cidade também localizadas na região central, a

exemplo da Praça João Pessoa e Parque Sólon de Lucena (Lagoa), compostos por assentos em

madeira e base de sustentação em ferro; reparo dos gradis que delimitavam o perímetro da praça,

antes retorcidos e enferrujados; inserção de novas rampas de acessibilidade e de novas lixeiras.

O coreto ganhou lavagem, limpeza das fissuras e consolidações e reconstruções, pintura,

recuperação de suas escadas, visando a recompor visualmente. Recebeu também a

instalação de um elevador plataforma para os portadores de deficiência ou com mobilidade

reduzida e rampas de acessibilidade, respeitando as recomendações da legislação e normas

vigentes.

O trabalho com a vegetação também recebeu atenção especial. A quantidade e a variedade

das espécies encontradas durante o início da intervenção era pouco diversificada.

Provavelmente, à medida que estas foram morrendo, não houve uma reposição das massas

vegetais e acredita-se que, muitas foram removidas para melhorar as condições de higiene e

segurança dos transeuntes, uma vez que os volumes altos e densos eram utilizados como

“banheiros públicos” ou locais de assaltos.

A primeira etapa das intervenções no plano paisagístico se deu pelo mapeamento, retirada ou

poda de limpeza de espécies. A Secretaria do Meio Ambiente (Semam) da cidade de João

Pessoa, órgão municipal responsável, elaborou um inventário florístico e arbóreo de todo o

plantel dos 24 canteiros internos e externos da praça, com a situação de toda a vegetação

existente; indicação do manejo de alguns exemplares por questões fitossanitárias; sugestão

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de plantio de nova vegetação, para compor os que foram sendo perdidos ao longo dos anos,

além da manutenção e limpeza das espécies que foram mantidas. Segundo o referido órgão

municipal, de acordo com o inventário e pesquisas realizadas, constatou-se que a

conformação florística da Praça da Independência variou ao longo de sua existência,

contendo poucas plantas que poderiam ser datadas da época da inauguração da praça e

muitos exemplares plantados aleatoriamente ao longo do século XX.

A segunda etapa contemplou a preparação do solo, com a eliminação das espécies daninhas, a

remoção das espécies vegetais que prejudicavam a leitura da unidade do ambiente, e a instalação

de um sistema de irrigação automatizado no subsolo, que dificulta a ação de vândalos. Fez-se

necessário também, uma análise das potencialidades do uso dos diferentes tipos de arbustos, de

modo que seu posicionamento e sua formação não prejudicassem a segurança da praça, devido a

possíveis formações de massas contínuas. Em seguida, foram abertos os canteiros, feito o

nivelamento do solo, a colocação da terra de jardim e de grama-esmeralda, e a fase de

acabamento. As espécies utilizadas na cobertura vegetal são um mosaico multicor em meio ao

verde predominante: são exemplares arbóreos, herbáceos e arbustivos, contando com ixóras

vermelhas e amarelas, helicônias, dianelas, dracenas, arcas de Noé, panamás vermelhos e

assistácias.

Ilustração 3 : Projeto paisagístico da Praça da Independência, 2014.

Fonte: Adaptado a partir de planta cedida pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura

Municipal de João Pessoa.

A intervenção da Praça da Independência não se limitou ao campo visual. O agrupamento das

qualidades de diferentes texturas, temperatura e luz, em união com as sensações táteis e

visuais por meio da escolha de espécies variadas, proporcionam aos usuários sensações que

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buscam envolve-los com o espaço. Dentro desta forma de composição, a vegetação assume

posição de destaque e é considerado o principal elemento da composição paisagística do

jardim histórico, pois da maneira que foram dispostas, através da alternância dos contrastes

de cores de diferentes tonalidades, aromas e texturas, formas e volumes, constroem-se os

importantes elementos em projetos de praças: a dinâmica dos movimentos, a surpresa e a

expectativa; caracterizando-a como monumento vivo que une natureza e cultura.

Ilustração 4: Praça da Independência após a intervenção.

Fonte: BARBOSA, Ítalo. Dezembro, 2015. Disponível em:

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=133302854. Acesso em: 30 ago. 2016.

4 - Análise pós- ocupação da praça da Independência

A vocação inicial da Praça da Independência era de manifestações políticas e sociais, tendo o

coreto como palco para os discursos, e passando posteriormente, a abrigar festas e feiras

municipais. O antigo palco de discursos, em 1968, passou a abrigar a Floricultura da

Independência. Com o passar dos anos, para atender as necessidades que surgiram com a

evolução da cidade, o caráter residencial foi cedendo lugar para estabelecimentos comerciais,

institucionais e de serviços, principalmente com o desenvolvimento da cidade na década de

1970, tendo o entorno da Praça da Independência acompanhado esta evolução imobiliária

(SOBREIRA, 2011).

Atualmente, os lotes periféricos à praça em questão são principalmente ocupados por

comércio, serviço ou instituições, mas ainda existem algumas edificações remanescentes da

época da inauguração da praça, com características ecléticas, conforme relatado por Tinem

(2006, p. 194).

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Ilustração 5: Mapa de uso e ocupação.

Fonte: Elaboração dos autores, 2016.

A primeira fase da pesquisa procurou reunir não só elementos relativos à pesquisa, análise e

interpretação inicial dos dados, mas também considerações a serem utilizadas nas etapas

posteriores, buscando compreender o desenvolvimento de projetos de recuperação da

qualidade espacial de ambientes urbanos.

A análise da avaliação pós-ocupacional da Praça da Independência após a intervenção

realizada pela Prefeitura de João Pessoa, baseou-se no método de mapa comportamental,

que se constitui em registro gráfico a partir de observações do comportamento e atividades

dos usuários em um determinado ambiente (RHEINGANTZ, 2009, p. 35). Os objetivos da

análise são a identificação dos usos, interações, movimentos, relações espaciais e

distribuição das pessoas em um determinado ambiente. Por se tratar de um objeto de estudo

de grandes dimensões a metodologia é adequada por permitir a produção de resultados

imediatos, conseguidos a partir da análise dos comportamentos constatados.

Desta maneira, realizou-se coleta das informações através de observação direta em

diferentes turnos e dias da semana objetivando-se a identificação dos diferentes tipos,

atividades, horários mais utilizados e perfil dos usuários (sexo, faixa etária, quantidade),

demarcando-se em planta baixa esquemática da praça e os espaços mais ocupados. De

acordo com Bernardi (2006, p.105) essa interpretação técnica auxilia na compreensão da

cidade comparando dados e informações socioeconômicas, ambientais e de infraestrutura,

sob o olhar dos cidadãos das mais diversas áreas e lugares, respeitando-se as memórias e

lembranças dos moradores e de diversos grupos sociais.

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No período de um mês foram realizadas doze visitas, as quais seis delas nos sábados e

domingos, e as outras seis durante às quartas e quintas. Os horários e turnos de observação

ocorreram da seguinte maneira:

a) No turno da manhã, as observações ocorreram entre 7h30 e 12h00;

b) No turno da tarde, as observações ocorreram entre 12h00 e 16h00;

c) No turno da noite, as observações ocorreram entre 19h00 e 22h00;

Quanto aos demais procedimentos de pesquisa relacionados ao uso anterior do referido

espaço público, devido à dificuldade de registros, recorreu-se a suposições embasadas em

dados indiretos referentes ao uso da praça ao longo dos anos, tais como arquivos de

instituições locais, material iconográfico, informações gerais disponíveis sobre o uso destes

espaços na cidade de João Pessoa em sites, blogs e notícias em meio eletrônico, e

referenciais bibliográficos de autores locais, para estabelecer um comparativo da avaliação

pós-ocupação.

Através do levantamento de informações baseadas na observação em dias e horários

alternados, e em conversas informais durante as visitações, constatou-se que os dias e

horários de maior utilização do espaço são aos finais de semana, no período da tarde,

principalmente entre às 15:30 e 18:00 horas, e durante a semana, das 16:00 às 17:30 horas,

com uso mais intenso na parte oeste da praça associado ao fato de que nesta região da praça,

que compreende a rua lateral do colégio Marista Pio X, existe um grande estacionamento

público, que facilita o acesso daqueles que vêm de veículos motorizados, como também um

fluxo constante de estudantes devido a proximidade deste trecho da praça com a referida

instituição.

Após a análise dos dados coletados nas visitas à praça e confrontando com dados anteriores

oriundos de relatos de antigos moradores das cercanias, percebeu-se que após a intervenção

realizada, a frequência, a quantidade de usuários e a origem dos frequentadores do espaço,

sofreram significativa alteração devido a maior atratividade conferida pela requalificação.

Outro tipo de uso que já existia e foi intensificado é o de alunos que estudam nas diversas

instituições localizadas nas imediações da praça, e que continuam a frequentar o ambiente

para namorar ou conversar. Parte da atratividade diurna se deve à recomposição e

revalorização dos jardins através do novo projeto paisagístico, que teve o acréscimo de

vegetação arbustiva, cooperando para o sombreamento e conforto térmico, bem como a

inserção de novo mobiliário urbano, a exemplo dos bancos.

Além da atração do público habitante dos bairros mais próximos ou trabalhadores da região,

observou-se a partir das conversas informais com visitantes na Praça da Independência, que

o referido local passou a receber pessoas oriundas de municípios de regiões metropolitanas

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como Bayeux, Santa Rita e Cabedelo, e que estas passaram a realizar um número maior de

deslocamentos até local com a finalidade de lazer e descanso. A opinião dos usuários

cooperou para a formulação da análise pós-ocupacional.

Ilustração 6: Mapa de

Fonte: Elaboração dos autores, 2016.

A revitalização e manutenção do mobiliário urbano e espaços verdes contribuiu para maior

conforto dos usuários. As melhorias no ambiente também alcançaram o quesito segurança.

Ressalta-se a presença de guardas-municipais no local, além da ampliação da quantidade de

frequentadores o que contribui para sensação de segurança, visto que quanto mais

frequentado é um lugar, mais vigiado e seguro torna-se o local. (JACOBS, 2000, p.32).

Segundos relatos coletados no local, antes da intervenção era comum a presença de usuários

de drogas frequentando a praça, o que concorria para o desestímulo ao compartilhamento do

espaço por outras pessoas, situação que se inverteu após a intervenção.

Apesar de não contar com infraestrutura adequada à prática de esportes, foi possível observar

com as visitas in loco, crianças e adolescentes jogando futebol na área gramada; andando de

bicicleta e praticando exercícios aeróbicos em circuito, atividades estas que reforçam a

socialização.

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Ilustração 7: Diferentes atividades desenvolvidas na praça: reunião de amigos, jogo de futebol,

exercícios aeróbicos e piquenique.

Fonte: Arquivo dos autores

De acordo com a análise dos dados anteriores à ação no espaço público oriundos de relatos e

testemunhos de moradores antigos da região, a quantidade de visitantes bem como

frequência de retorno destes aumentou. Além de passagem ou permanência, algumas

práticas que não eram observadas antes na praça, como a permanência na grama e a

realização de festividades e piqueniques, foram frequentemente registradas após a

intervenção. Estes fatos são atribuídos à inserção da natureza em um contexto urbano, cujo

fator é um dos principais atrativos da praça.

5 – Considerações finais

A existência da vontade de se voltar a utilizar os espaços públicos a exemplo das praças,

como locais de permanência, e não com a finalidade simples de caminhar dos transeuntes,

onde exista a possibilidade de socialização, onde todos possam conviver em segurança e

harmonia, onde possa discutir assuntos diversos, continua sendo constitutiva da cidade como

fato social por mais que o uso do espaço público venha se alterando. Pode-se perceber que,

estes espaços quando revitalizados, acarretam em melhorias do entorno como um todo, na

qualidade de vida de seus usuários diretos e indiretos, e também no convívio e relações entre

os mesmos.

A manutenção e boa conservação destes espaços objetivam preservar a identidade cultural

local, estabelecendo uma relação de referência comum entre os diversos habitantes de uma

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região, gerando a ideia de afinidade, identidade e unidade, transmitidos de geração a geração

e estabelecendo o sentido de memória.

Assim como todo jardim histórico, temos na Praça da Independência a revelação de um

passado político, econômico, botânico e urbano, ao passo que é uma obra de arte e um

documento. Uma praça mal conservada impossibilita o cidadão de conhecer um pouco mais

de sua cultura e de usufruir deste espaço. Intervenções em jardins históricos devem expor e

valorizar suas características singulares e permitir que estes espaços sejam assinalados

como obras de arte, sem prejudicar o valor documental que a passagem do tempo deixou

marcada nesses lugares. Estes espaços, quando cuidados, podem potencializar as

edificações e a paisagem do entorno, e influenciar no uso intenso destes.

A participação da população como continuidade do processo de manutenção, é que poderá

garantir a boa gestão do jardim e a preservação do patrimônio cultural; não devendo os

trabalhos de manutenção e recuperação das praças serem tratados apenas no tocante às

atividades sazonais, como corte de gramados e podas de árvores. Assegurar a coesão

projetual da área é a maior contribuição a ser deixada para as gerações futuras; entendendo

que a conscientização para a conservação e o respeito ao patrimônio paisagístico devem ser

constantes na ação contra a descaracterização e possível destruição de obras importantes de

nossa paisagem.

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