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A SUSPENSÃO É UMA OBRA DE ARTE. O SEDÃ ATÉ INCLINA, MAS NÃO DESGARRA DA PISTA. MINHA FAMÍLIA JÁ DORMIU DENTRO DO FORD EM VIAGENS, DE TÃO CONFORTÁVEL QUE ELE É Exemplar de 1982 do luxuoso sedã da Ford é parte importante da história da família do engenheiro Nelson Ott Classificados Jornal doCarro Thiago Lasco O engenheiro Nelson Ott se- guiu um caminho muito pare- cido com o do pai. Herdou de- le o gosto pelo ofício, a paixão por carros antigos e a admira- ção pela Ford, empresa na qual ambos trabalharam em épocas diferentes. O legado dessa relação tão especial é um Landau de 1982. “Meu pai trabalhou a vida inteira para a Ford. Primeiro em uma concessionária, depois em diversas fábricas e em um es- critório regional”, conta. “Ele era amigo de um engenheiro de lá que, a cada ano, tirava um Lan- dau novo da fábrica.” O último exemplar dessa se- quência de sedãs – parte da safra derradeira do modelo, que saiu de cena em abril de 1983 – passou para as mãos do pai de Ott em 1990, com apenas 20 mil km ro- dados. “O amigo ficou com pou- co espaço na garagem e vendeu o Landau para o meu pai.” O Ford teve o viço preservado pelos dois engenheiros ao longo de mais de três décadas. E sem grandes sobressaltos, a não ser um problema pontual no alterna- dor. Uma boa limpeza no carbu- rador e a manutenção básica re- gular são tudo o que o sedã preci- sa para continuar na labuta. Com 42 mil km no hodôme- tro, o Landau sai da garagem se- manalmente e atrai cliques de ce- lulares de curiosos. “Os entendi- dos reconhecem que o carro está impecável. Acabamento, estofa- do e pintura são originais.” Mas é o rodar macio a virtude mais apreciada por Ott. “A sus- pensão é uma obra de arte. O se- dã até inclina, mas não desgarra da pista. Minha família já dormiu dentro do Ford em viagens, de tão confortável que ele é”, diz. Apesar do alto grau de origina- lidade, o Landau não tem placas pretas. O pai de Ott, falecido em 2013, chegou a iniciar o processo, mas o filho não teve interesse em concluí-lo. “Placa preta virou um negócio”, afirma. Isso não significa que falte ao engenheiro amor pelo Ford. Ele inclusive participou da elabora- ção de um livro dedicado ao mo- delo, a convite de um amigo gaúc- ho. “O Landau é parte da história da minha família e do antigomo- bilismo brasileiro.” Sinônimo de luxo. Revelado no Salão do Automóvel de São Pau- lo de 1966 e lançado em 1967, o Galaxie 500 foi o primeiro auto- móvel feito pela Ford no Brasil. O sedã era baseado na terceira geração do Galaxie norte-ameri- cano, que foi vendida entre 1965 e 1968. Com amplo espaço para seis pessoas em dois bancos in- teiriços, rodar macio e motor si- lencioso, o modelo logo conquis- tou a reputação de carro de luxo. O primeiro motor, um V8 de 4,5 litros e 164 cv, deu lugar a um 4.8 de 190 cv em 1969, com o lan- çamento da versão LTD, ainda mais sofisticada. No ano seguin- te, a gama ganhou uma opção básica, sem rádio, direção hi- dráulica ou ventilador, para con- correr com o Chevrolet Opala. Em 1971, surgiu o Landau. Sedã mais requintado da li- nha, tinha itens como teto de vinil, cabine revestida de velu- do, vigia traseiro menor e ban- cos de couro ou cetim. Em 1976, a família foi reesti- lizada e recebeu frente com quatro faróis na horizontal, além de motor 5.0 de 199 cv. Dois anos depois, com o fim do Galaxie 500, apenas o Lan- dau e o LTD permaneceram em produção, com melhorias como ignição eletrônica. A partir de 1980, o Ford ganhou opção de motor a etanol. LTD e Landau saíram de ce- na em 1982 e 1983, respectiva- mente. Durante os 16 anos de produção, foram vendidas cer- ca de 80 mil unidades. Landau é herança de pai a filho (11) 3855.2001 ENGENHEIRO Nelson Ott PARA ANUNCIAR + Imóveis Impecável. Sedã de Ott rodou meros 42 mil km e, tanto a carroceria quanto a cabine estão perfeitas FOTOS: FELIPE RAU/ESTADÃO %HermesFileInfo:Co-1:20190630: O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 30 DE JUNHO DE 2019 1

[JCARRO BR - 1] EST SUPL2/JORNAL DO CARRO/P GINAS

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EST_SUPL2 - JCARRO_BR - 1 - 30/06/19 CA01 -

Suporte Grafico - ESTADOCOR - 10-10-2010

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A SUSPENSÃO É UMA OBRA DEARTE. O SEDÃ ATÉ INCLINA, MAS NÃO DESGARRA DA PISTA. MINHA FAMÍLIA JÁ DORMIU DENTRO DO FORD EM VIAGENS, DE TÃO CONFORTÁVEL QUE ELE É

Exemplar de 1982 do luxuoso sedã da Ford é parte importante da história da família do engenheiro Nelson Ott

ClassificadosJornaldoCarro

Thiago Lasco

O engenheiro Nelson Ott se-guiu um caminho muito pare-cido com o do pai. Herdou de-le o gosto pelo ofício, a paixão por carros antigos e a admira-ção pela Ford, empresa na qual ambos trabalharam em épocas diferentes. O legado dessa relação tão especial é um Landau de 1982.

“Meu pai trabalhou a vida inteira para a Ford. Primeiro

em uma concessionária, depois em diversas fábricas e em um es-critório regional”, conta. “Ele era amigo de um engenheiro de lá que, a cada ano, tirava um Lan-dau novo da fábrica.”

O último exemplar dessa se-quência de sedãs – parte da safra derradeira do modelo, que saiu de cena em abril de 1983 – passou para as mãos do pai de Ott em 1990, com apenas 20 mil km ro-dados. “O amigo ficou com pou-co espaço na garagem e vendeu o Landau para o meu pai.”

O Ford teve o viço preservado pelos dois engenheiros ao longo de mais de três décadas. E sem grandes sobressaltos, a não ser um problema pontual no alterna-dor. Uma boa limpeza no carbu-rador e a manutenção básica re-

gular são tudo o que o sedã preci-sa para continuar na labuta.

Com 42 mil km no hodôme­tro, o Landau sai da garagem se-manalmente e atrai cliques de ce-lulares de curiosos. “Os entendi-dos reconhecem que o carro está impecável. Acabamento, estofa-do e pintura são originais.”

Mas é o rodar macio a virtude mais apreciada por Ott. “A sus-pensão é uma obra de arte. O se-dã até inclina, mas não desgarra da pista. Minha família já dormiu dentro do Ford em viagens, de tão confortável que ele é”, diz.

Apesar do alto grau de origina-lidade, o Landau não tem placas pretas. O pai de Ott, falecido em 2013, chegou a iniciar o processo, mas o filho não teve interesse em concluí­lo. “Placa preta virou um negócio”, afirma.

Isso não significa que falte ao engenheiro amor pelo Ford. Ele inclusive participou da elabora-ção de um livro dedicado ao mo-delo, a convite de um amigo gaúc­ho. “O Landau é parte da história da minha família e do antigomo-bilismo brasileiro.”

Sinônimo de luxo. Revelado no Salão do Automóvel de São Pau-lo de 1966 e lançado em 1967, o Galaxie 500 foi o primeiro auto-móvel feito pela Ford no Brasil. O sedã era baseado na terceira geração do Galaxie norte-ameri-cano, que foi vendida entre 1965 e 1968. Com amplo espaço para seis pessoas em dois bancos in-teiriços, rodar macio e motor si-lencioso, o modelo logo conquis-tou a reputação de carro de luxo.

O primeiro motor, um V8 de 4,5 litros e 164 cv, deu lugar a um 4.8 de 190 cv em 1969, com o lan-çamento da versão LTD, ainda mais sofisticada. No ano seguin-te, a gama ganhou uma opção básica, sem rádio, direção hi-dráulica ou ventilador, para con-correr com o Chevrolet Opala.

Em 1971, surgiu o Landau. Sedã mais requintado da li-nha, tinha itens como teto de vinil, cabine revestida de velu-do, vigia traseiro menor e ban-cos de couro ou cetim.

Em 1976, a família foi reesti-lizada e recebeu frente com quatro faróis na horizontal, além de motor 5.0 de 199 cv.

Dois anos depois, com o fim do Galaxie 500, apenas o Lan-dau e o LTD permaneceram em produção, com melhorias como ignição eletrônica. A partir de 1980, o Ford ganhou opção de motor a etanol.

LTD e Landau saíram de ce-na em 1982 e 1983, respectiva-mente. Durante os 16 anos de produção, foram vendidas cer-ca de 80 mil unidades.

Landau é herança de pai a filho

(11) 3855.2001

ENGENHEIRO

Nelson Ott

PARA ANUNCIAR

245KM/Hfoi a

velocidade

máxima

alcançada

na rodovia.

A BMW

declara 240

km/h de

máxima

é o tempo

que o motor

2.0 de 4

cilindros,

turbo, leva

para atingir

a velocidade

de 100 km/h.

Acabamento

tem materiais

de aspecto

pobre, caso

dos plásticos

do painel, para

um SUV dessa

faixa de preço

+ Imóveis

MCLAREN SENNA MOTOR 4.0, V8, 32V, BITURBO, GAS.

POTÊNCIA (CV) 800 A 7.250 RPM

TORQUE (MKGF) 81,6 A 5.500 RPM

CÂMBIO AUTOMATIZADO, 7 M. 0 A

100KM/H 2,8 S. VELOCIDADE MÁXI­

MA 335 KM/H PESO 1.198 QUILOS .

Impecável. Sedã de Ott rodou meros 42 mil kme, tanto a carroceria quanto a cabine estão perfeitas 6,3

SEGUNDOS

CONTRAS

FOTOS: FELIPE RAU/ESTADÃO

%HermesFileInfo:Co-1:20190630:O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 30 DE JUNHO DE 2019

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