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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA
Jerônimo Cardoso Nunes
A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E A PERCEPÇÃO SOBRE
RISCOS AMBIENTAIS EM ÁREA DO ATERRO SANITÁRIO NO
MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS (PA)
BELÉM
2012
Jerônimo Cardoso Nunes
A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E A PERCEPÇÃO SOBRE
RISCOS AMBIENTAIS EM ÁREA DO ATERRO SANITÁRIO NO
MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS (PA)
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente Urbano da Universidade da
Amazônia como requisito para obtenção do
título de Mestre.
Orientadora: Profª. Dra. Ana Maria de
Albuquerque Vasconcellos.
BELÉM
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Marlen Amaral CRB2 1354
628.44 N972g Nunes, Jerônimo Cardoso.
A gestão dos resíduos sólidos e a percepção sobre riscos ambientais em área do aterro sanitário no município de Salinópolis (PA) / Jerônimo Cardoso Nunes. – Belém, 2012.
84 f.; il.; 21 x 30 cm.
Dissertação (Mestrado) – Universidade da Amazônia, Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, 2012.
Orientadora: Profª. Dra. Ana Maria de Albuquerque Vasconcellos.
1. Resíduos sólidos. 2. Aterro sanitário. 3. Impactos ambientais. 4. Lei nº 12.305. I. Vasconcellos, Ana Maria de Albuquerque. II. Título.
A teoria mais acentuadamente objetivista
tem de integrar não só a representação que
os agentes tem do mundo social, mas
também, de modo mais preciso, a
contribuição que eles dão para a construção
da visão desse mundo [...].
Pierre Bourdieu
DEDICATÓRIA
À Deus e Maria Santíssima, meus guias espirituais que me acompanham sempre...
À mãe terra que nos ama incondicionalmente, nos doando o alimento, a água e o ar,
que também poderá doar para nossas gerações futuras, se conseguirmos retribuí-la
com atitudes de amor, respeito e preservação.
Aos meus eternos pais Antônia Gonçalves e Valentim Nunes, a quem tenho grande
amor e carinho. Palavras são insuficientes para expressar os sentimentos que tenho
por vocês. Amo-os para sempre.
À minha namorada Selma Pina, pela dedicação, amor incansável e paciente na
elaboração deste trabalho, e, também aos seus familiares que acompanharam,
direta e indiretamente, o desenvolver desse empreendimento profissional.
AGRADECIMENTOS
À professora Ana Maria de Albuquerque Vasconcellos, minha orientadora, pela sua
dedicação, competência e incentivo na elaboração desse trabalho, seus
ensinamentos ficarão em meu ser para sempre. Muito obrigado.
À todos que, direta e indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, e,
em especial, minha namorada Selma Pina, que esteve presente em todas as fases e
etapas da dissertação do mestrado e do curso como um todo.
RESUMO
A presente dissertação de mestrado aborda a gestão de resíduos sólidos
urbanos no município de Salinópolis (PA), bem como a percepção que os moradores
do entorno do aterro sanitário tem dos riscos socioambientais que a presente obra
de engenharia vem ocasionando aos aspectos bióticos e abióticos da região, uma
vez que esse depende do turismo e da pesca de subsistência para seu
desenvolvimento. Ressalta-se nesse sentido, que a produção dos resíduos sólidos
aumenta assustadoramente nos períodos de feriados e a destinação desses
resíduos está sendo direcionada para o aterro sanitário, sem o tratamento e os
cuidados necessários que venham a amenizar os impactos ambientais. Em resumo,
neste estudo, buscar-se-á entender a percepção dos moradores sobre a
problemática apresentada, como vem ocasionando e como se processa a política, a
produção, a destinação final e o gerenciamento dos resíduos sólidos no município
de Salinópolis, à luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Federal
de nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Para o referido estudo foram utilizados
roteiros, questionários, encontros, entrevistas, visitas domiciliares e observações
diretas no citado local. Como resultado, a gestão, a política dos resíduos sólidos do
município, vem adotando ações/posturas contrárias daquelas instituídas pelas leis
federais e estaduais, haja vista que não há uma lei que trate da política dos resíduos
sólidos, que venha combater a degradação que esse município vem sofrendo nos
diversos aspectos: fauna, flora, água e ar.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Percepção Socioambiental. Gestão.
ABSTRACT
This dissertation approaches the urban solid waste management in the
municipality of Salinópolis (PA/Brazil), as well as the perception which the residents
in the landfill surroundings have on the socioenvironmental impact that this
engineering work has been causing to the biotic and abiotic aspects of the region,
since the city depends on tourism and subsistence fishing for their development. It is
noteworthy that the solid waste production alarmingly increases during holiday
periods and the destination of such waste has been the landfill, without treatment of
any kind or other actions which are necessary to reduce environmental impacts. In
summary, this study will seek to understand the residents’ perceptions on the
presented issue, how it has been occurring and how the politics, the production, the
final disposal and the management of solid waste are being processed in the
municipality of Salinópolis, in light of the National Policy on Solid Waste (PNRS),
Federal Law no. 12305, August 2nd, 2010. For this study, guides, questionnaires,
meetings, interviews, home visits and direct observation were performed at the
referred location. As a result, the management, the municipality’s solid waste policy
has been taking opposed actions to those imposed by federal and state laws, given
that there is no law that addresses solid waste policy, which might combat the
degradation that municipality has been suffering in several aspects: fauna, flora,
water and air.
Keywords: Solid Waste. Socioenvironmental Perception. Management.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Mapa da localização do Nordeste do Pará ............................................... 39 Figura 2 – Mapa limítrofe do município de Salinópolis – PA ..................................... 40 Figura 3 – Mapa da área urbana do município de Salinópolis – PA .......................... 41 Figura 4 – Destinação final dos resíduos sólidos na área do aterro sanitário ........... 51 Figura 5 – Localização do aterro sanitário do município de Salinópolis – PA ........... 53 Figura 6 - Complexo de destino final de resíduos sólidos do município de Salinópolis - Lay-out arquitetônico do projeto de readequação do aterro sanitário 2010 ............ 54 Figura 7- Materiais recicláveis e caminhão coletador da ARSAL na área do aterro sanitário ..................................................................................................................... 58
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Quantitativo de resíduos sólidos coletados no município de Salinópolis (PA) ........................................................................................................................... 48 Tabela 2 - Quantitativo de resíduos sólidos domiciliares coletados pela PMS .......... 49 Tabela 3 - Plano de coleta de resíduos sólidos de Salinópolis.................................. 50 Tabela 4 – Resumo dos convênios do Governo Federal com a Prefeitura Municipal de Salinópolis com relação ao saneamento básico/resíduos sólidos urbanos .......... 57
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - População, área geográfica e densidade demográfica do município de Salinópolis - PA (2000, 2007, 2010) .......................................................................... 26 Quadro 2 - Dados estatísticos da população flutuante do município de Salinópolis-PA. Controle de entrada e saída de veículos e pessoas no município nos principais feriados – ano de 2002 .............................................................................................. 27 Quadro 3 - A nova lei dos resíduos sólidos urbano - Lei nº 12.305/2010 .................. 35 Quadro 4 - Dimensionamento/projeção da coleta domiciliar de resíduos sólidos urbanos em período de 20 anos (2010-2030) ........................................................... 48 Quadro 5 - O que muda com a Lei nº 12.305/2010 e o Decreto nº 7.404/2010 ........ 60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AGRISAL - Agro Industrial de Salinópolis S.A.
ARSAL - Associação dos Recicladores de Salinópolis
CEF - Caixa Econômica Federal
CF - Constituição Federal
CGU - Controladoria-Geral da União
CIPM - Companhia de Polícia Militar
CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CNO – Comitê Nacional de Organização da Rio+20
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DPHAC - Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará
EPI - Equipamento de Proteção Individual
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
KM – Quilômetro
MMA- Ministério do Meio Ambiente
NBR - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ONGs - Organizações Não-Governamentais
ONU - Organização das Nações Unidas
PA - Pará
PGIRS - Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
PMS – Prefeitura Municipal de Salinópolis
PNRH - Política Nacional de Recursos Hídricos
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PRASS - Projeto de Readequação do Aterro Sanitário no Município de Salinópolis
PRODOC BRA – Programa de Documentação - Brasil
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECTAM - Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
SECULT - Secretaria de Estado de Cultura
SEMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente
SESC - Serviço Social do Comércio
UFPA - Universidade Federal do Pará
UFRA - Universidade Federal Rural da Amazônia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14 CAPÍTULO I-A QUESTÃO AMBIENTAL E A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 21
1.1 DISCUSSÕES AMBIENTAIS EM CONFERÊNCIAS MUNDIAIS ........................ 21
1.2 OS DESAFIOS DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .................................. 25
1.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL, DEGRADAÇÃO E SITUAÇÃO DE RISCOS ........ 29
CAPITULO II - LEGISLAÇÕES SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ........... 33 2.1 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS .............................. 33
2.2 DECRETO FEDERAL DE Nº 7.404/2010................................................................ 36
2.3 PLANOS MUNICIPAIS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PGIRS .................................................................................................................................. 36
CAPÍTULO III- LÓCUS DO ESTUDO: O MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS (PA) ....... 38 CAPÍTULO IV - A POLÍTICA DE GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS .......................................................................... 45
4.1 AS LEIS E A POLÍTICA MUNICIPAL ....................................................................... 45
4.2 COLETA E O DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .............................. 47
4.3 ATERRO SANITÁRIO................................................................................................. 51
4.4 OS CONVÊNIOS ......................................................................................................... 56
4.5 OS CATADORES ........................................................................................................ 58
CAPÍTULO V - PERCEPÇÃO DOS MORADORES QUANTO AOS RISCOS SOCIOAMBIENTAIS ................................................................................................ 61 CAPÍTULO VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES .................................. 70 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75 APÊNDICES ............................................................................................................. 80
14
INTRODUÇÃO
A presente dissertação objetiva analisar a gestão dos resíduos sólidos e a
percepção sobre riscos ambientais de moradores que vivem em área formada por
aterro sanitário no município de Salinópolis. Em especial, o estudo busca entender
como os moradores percebem os riscos ambientais a que estão sujeitos, como se
processa a política, a produção, a destinação final e o gerenciamento dos resíduos
sólidos no município e, ainda, quais as ações que eles e o poder público executam
para minimizar tais riscos. Quanto ao poder público, será verificado se a gestão
municipal está seguindo as normas propostas na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), Lei Federal de nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, que se constitui
no principal marco regulatório dos resíduos sólidos no país. Considera-se de
primordial importância compreender a dinâmica de gestão dos resíduos sólidos
urbanos do município, com o intuito de analisar como se processa o gerenciamento,
a política, a produção e a destinação final desses resíduos e se estão em
consonância com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
Toma-se como estudo de caso o município de Salinópolis, mais precisamente
a Vila de Cuiarana ou Orla de Cuiarana, como é conhecida pelos moradores locais,
que está localizada a 15 km da área central do município e tem como via principal de
acesso a PA-124.
Com relação à sua característica geográfica e econômica, o município de
Salinópolis apresenta-se com grande potencial turístico para a pesca esportiva,
competições de regatas, passeio ecológico e visitas em Ilhas localizadas em seu
entorno como as Ilhas de Itaranajá, Japerica, Maria Baixinha, Cruzeiro e do Amor.
Ressalta-se também que o território do município de Salinópolis possui
características diferenciadas e complexas na busca e apropriação de suas terras,
bem estar e status em possuir um imóvel de veraneio, terrenos de grande valor
comercial. A alta procura por imóveis no município ocorre principalmente nas
proximidades das praias litorâneas e nas principais vias de acesso da cidade, com
freqüência maior da população da classe A e B.
O município de Salinópolis assume grande importância na área turística,
principalmente por ter em sua paisagem um leque de elementos da natureza como
15
praias, ilhas, dunas, mangues, rios, furos e igarapés que atraem grande número de
turistas da capital, de municípios vizinhos, de outros Estados e países. Este
município foi escolhido como lócus desta pesquisa pelo fato de ser considerado o
principal município da Microrregião do Salgado, banhado pelo Oceano Atlântico e
que tem uma produção de lixo que aumenta a cada ano, principalmente em épocas
de veraneio, quando aumenta consideravelmente, o número da população flutuante.
Outra motivação na escolha do município de Salinópolis é o fato do pesquisador ter
nascido neste município e desde então estar envolvido com a problemática dos
impactos ambientais que ameaçam o potencial turístico desta localidade. Risco que
é observado pela produção excessiva de resíduos sólidos e da respectiva
destinação final realizada em um aterro sanitário inacabado, construído próximo de
mangue e do rio com a existência de moradores residindo em suas proximidades.
Ressalta-se, ainda, que a institucionalização da Lei Federal de nº 12.305, de 02 de
agosto de 2010, instiga também a pesquisar os planos de gestão que trate sobre os
resíduos sólidos desse município.
O estudo sobre a gestão socioambiental possibilita um conhecimento acerca
da vivência da população nas áreas do entorno do aterro sanitário, de sua relação
com o seu meio natural e cultural, favorecendo subsídios para futuras intervenções
na paisagem urbana e que tenha como objetivo a melhoria da qualidade de vida
desses habitantes. Dada a sua importância busca-se compreender como
estabelecem as interações sociais nestes espaços, entre gestores, técnicos,
planejadores e comunidade, a fim de que ações da gestão municipal sejam capazes
de interferir no meio ambiente de uma maneira positiva e não aumentar as
condições de riscos socioambientais das áreas do aterro.
Neste sentido, o problema central da pesquisa é compreender como ocorre a
gestão dos resíduos sólidos no município de Salinópolis e quais as implicações e
riscos socioambientais que o aterro sanitário vem produzindo, levando em
consideração a percepção que os atores sociais têm do ambiente em que vivem e
as ações que o poder público municipal encaminha para minimizá-los. Com o
propósito de dar maior ênfase à relação entre a gestão de resíduos sólidos e a
percepção dos moradores do entorno, a pesquisa se desdobra em duas questões
que envolvem o problema central, a saber:
16
1- Quais as ações norteadoras da Política Nacional dos Resíduos Sólidos que são
consideradas na gestão municipal atual?
2- Qual a percepção de riscos socioambiental dos moradores situados no entorno do
aterro sanitário de Cuiarana?
Parte-se da hipótese de que o poder público não segue a Política Nacional
dos Resíduos Sólidos ou não criou um plano municipal que trate dos resíduos
sólidos produzidos na cidade porque se observa que estes, são destinados de forma
irregular em área que seria para funcionar um aterro sanitário (o respectivo aterro
está localizado à margem de um rio, mangue e população autóctone); resíduos
esses que não passam por tratamento adequado. Neste sentido, partiu da
compreensão de que a gestão municipal precisa desenvolver um trabalho na
localidade, antes de pensar no aterro sanitário, para levar em consideração os
atores sociais envolvidos com essa problemática. A pesquisa identificou dois grupos
diretamente afetados: os moradores do entorno que não são catadores e os que são
catadores. Neste sentido, importante será a realização de um trabalho planejado
junto aos catadores que atuam na área do aterro de Cuiarana, que desenvolvem
suas atividades sem os parâmetros legais de organização, higiene e uso de
equipamentos de segurança. Embora os catadores possuam uma representação
social, ao fazerem parte da associação dos catadores, precisa de muito trabalho
para fortalecer a organização para influenciar nas decisões dos gestores municipais.
Com relação aos moradores de áreas cobertas por aterro sanitário e que não
desenvolvem a atividade de catação pressupõe-se que eles não percebem os riscos
a que estão expostos, porque se trata da área onde moram e vivem por anos e não
tem condições financeiras para mudar para um novo espaço geográfico.
Diante disso, a presente pesquisa se justifica para entender a percepção de
moradores de uma cidade que está exposta aos riscos ambientais e sociais
mediante a implantação de um aterro sanitário que fora construído de forma irregular
próximo a mangues e rios, e entender também como os sujeitos e o poder público se
posicionam e agem diante disso. A respectiva contaminação poderá causar
prejuízos incalculáveis para eles e para o meio ambiente físico, bem como para o
próprio município que tem hoje como principal economia o desenvolvimento do
turismo.
17
Ressalta-se também neste estudo que, independentemente das
características geográficas específicas apresentadas pelo município de Salinópolis,
o mesmo poderá servir de referência para outros municípios do Estado do Pará
banhados por mares ou rios ou para municípios de outros Estados. A questão da
degradação ambiental e dos riscos sociais e ambientais produzidos pelos resíduos
sólidos pode ser uma realidade presente em outras áreas, com as mesmas
características e prejuízos, fato que poderá ser discutido e refletido com a população
que produz e sofre as conseqüências provocadas pelo descarte inadequado de
resíduos sólidos e futuramente buscar soluções conjuntas com o poder público.
Em termos metodológicos, para o presente estudo, foi utilizado o método
qualitativo, pois possibilitou ao pesquisador captar a subjetividade dos sujeitos,
como: valores, crenças, percepções, hábitos, atitudes, opiniões, sentimentos,
expectativas e aspirações acerca do objeto estudado. No entanto, procura-se
também trabalhar com informações coletadas na Prefeitura, Câmara e Secretarias
Municipais, as quais estão apresentadas ao longo do trabalho de forma
quantificadas.
O método de procedimento foi o estudo de caso do município de Salinópolis,
mais precisamente a Vila de Cuiarana, que foi escolhido, dentre vários critérios, pelo
fato de se constituir em uma área de expansão urbana localizada a 15 km do centro
de Salinópolis, possibilitando compreender, em todos os seus aspectos, a
problemática dos riscos ambientais provocados pelo lixo do aterro sanitário e como
esses riscos foram percebidos pelos moradores dessa região. Essa percepção,
segundo Tuan (1980) é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos, como
a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados (TUAN,
1980, p. 4).
Do ponto de vista dos objetivos da pesquisa, esta foi exploratória, haja vista
que proporcionou ao pesquisador maior familiaridade com o problema apresentado e
ser explícito sem limitações/restrições e com o domínio do problema estudado foram
sugeridas possíveis soluções.
Quanto aos procedimentos utilizou-se a pesquisa participante, a documental e
a bibliográfica. Na pesquisa participante foi utilizado o grupo focal na coleta de
18
dados, pois permitiu conhecer o processo de constituição das percepções e atitudes
que os atores sociais tinham do ambiente em que vivem. Este instrumento de coleta
de dados proporcionou ao pesquisador, a análise de como está sendo realizada a
gestão dos resíduos sólidos no município, como os moradores de áreas formadas
por aterro sanitário percebem os riscos ambientais a que estão sujeitos e como
ambos agem para minimizá-los. Para dar conta disso, foi programada a estada do
pesquisador no município, próximo aos moradores locais, com o objetivo de
estabelecer confiança e maior interação com o grupo estudado. Para o momento do
encontro focal foram convidados doze membros/seis famílias (a intenção seria que
cada família fosse representada por duas pessoas – casal), mas no encontro
compareceram quatro pessoas de famílias diferentes (todos eram famílias
moradoras no entorno do aterro sanitário) e os demais faltantes foram entrevistados
“in locu” (dois moradores que representaram duas famílias diferentes) na aplicação
direta do formulário, sendo que ao todo foram representadas seis famílias
moradoras no entorno do aterro sanitário do município.
Um roteiro foi elaborado para direcionar as discussões, definir o
problema/fenômeno a ser avaliado e estabelecer os objetivos que se desejou atingir.
Antecipadamente os participantes foram informados sobre o tema da discussão, no
sentido de favorecer liberdade/desprendimento das suas ideias. Realizou-se, no
início do encontro, uma dinâmica de grupo para trabalhar a integração, o
entrosamento entre os sujeitos da pesquisa e o pesquisador. Explicou-se para os
presentes os objetivos do encontro e informado que todas as opiniões explanadas
seriam importantes e válidas para a pesquisa. Organizou-se, também, no início uma
rodada de falas, possibilitando que todos expressassem suas opiniões e
comentários gerais sobre o tema proposto. Os sujeitos foram estimulados em suas
participações para poder conhecer as suas percepções com relação ao risco
ambiental produzido pelos resíduos sólidos. Vale ressaltar que a pesquisa garantiu o
anonimato dos informantes para evitar qualquer constrangimento de ordem ética.
Realizou-se, também, entrevistas semi-estruturadas com gestores municipais e
representantes políticos da cidade. Foram utilizados um gravador e uma máquina
fotográfica digital para os registros necessários. As gravações foram digitadas na
íntegra o que facilitou realizar a análise de conteúdo. A análise das falas foi
19
organizada em quadros específicos com as expressões-chave e as ideias centrais
dos sujeitos da pesquisa.
Para a observação do lócus de estudo (aterro sanitário, moradias do entorno,
rios e ruas), foi realizado o registro iconográfico (fotográfico), bem como o
mapeamento geográfico da área por meio da captura de imagem por satélite, pelos
programas Wikimapia e Google Earth e arquivos digitalizados que estavam
disponíveis nos arquivos da Câmara Municipal.
Foram realizadas pesquisas documentais do Plano Diretor, da Lei Orgânica e
do Código de Postura do município, para o entendimento de como o aterro sanitário
foi inserido e legitimado na dinâmica da cidade, bem como estava sendo realizada a
discussão sobre a Política dos Resíduos Sólidos.
A presente dissertação está estruturada em 6 (seis) capítulos, incluindo esta
introdução que apresenta a problemática da pesquisa, a motivação do pesquisador
para o estudo, a hipótese, o lócus do estudo e os procedimentos metodológicos para
a realização deste trabalho. Além das considerações finais onde se retoma o
problema e os objetivos para apresentar os resultados alcançados e dar algumas
sugestões para contribuir com futuras pesquisas na temática.
O primeiro capítulo trata dos problemas ambientais apontados em grandes
fóruns/conferências de caráter internacional, onde se discute a proporção e a
importância que a temática tomou tendo em vista os riscos ambientais que os
resíduos sólidos produzem e os desafios da gestão destes resíduos. Ainda neste
capítulo, apresenta-se uma discussão teórica sob o ponto de vista de vários autores,
como por exemplo, Beck (1997), Giddens (1997), Lash (1997), Touraine (1999),
Vilas-Boas (2002), Faggionato (2007), Tuan (1980), Leff (2010) e outros que
abordam as questões sobre percepção ambiental, degradação e situação de riscos.
O segundo capítulo refere-se às Legislações sobre Resíduos Sólidos
Urbanos, onde o pesquisador abriga seu estudo nas leis atuais como a Política
Nacional de Resíduos Sólidos em sua essência, princípios, diretrizes e instrumentos
para seu gerenciamento.
20
O terceiro capítulo trata do Lócus do Estudo: O Município de Salinópolis (PA),
onde se evidencia a caracterização, a localização geográfica do município estudado,
mapas, hidrografia e aspectos urbanísticos entre outros também relevantes à
pesquisa.
O quarto capítulo discute a política de gestão dos resíduos sólidos urbanos no
município de Salinópolis, que fundamenta a pesquisa nas Leis, nos Códigos nos
Estatutos e delineia as discussões relacionadas às políticas federal, estadual e
municipal relacionadas aos resíduos sólidos urbanos, bem como trata sobre a coleta
e o destino final dos resíduos sólidos, do aterro sanitário, dos convênios municipais
e dos catadores de material reciclável.
No quinto capítulo o pesquisador analisa a percepção dos moradores quanto
aos riscos socioambientais, tendo em vista seu mundo social, suas emoções, sua
visão de mundo a partir do ambiente em que vivem e também em relação ao
fenômeno em estudo. Neste sentido, o pesquisador para preservar a identidade dos
informantes que participaram da pesquisa utilizou a simbologia numérica para
identificá-los como Sujeito 1; Sujeito 2 etc., como também, apoiou seu trabalho nos
estudos do teórico, sociólogo e antropólogo francês Bourdieu (2000), que discute o
poder, o valor simbólico e a percepção, elementos essenciais para a presente
análise científica.
Finalmente nas considerações finais o pesquisador reflete quanto ao
resultado do estudo e apresenta sugestões na perspectiva de maior objetividade
para a implantação da educação ambiental no município através de políticas
públicas sobre resíduos sólidos além de apresentar recomendações e sugestões a
partir dos estudos realizados.
21
CAPÍTULO I – A QUESTÃO AMBIENTAL E A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
1.1 DISCUSSÕES AMBIENTAIS EM CONFERÊNCIAS MUNDIAIS
As discussões relativas aos problemas ambientais datam desde o início do
século passado, mas tomaram dimensões mundiais a partir da Conferência das
Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, ocorrida no ano de 1972 na
capital da Suécia, Estocolmo. Nesse encontro reuniram-se 113 países e mais de 400
instituições governamentais e não governamentais que debateram pela primeira vez
na história da humanidade as questões referentes à poluição atmosférica, a
exploração dos recursos naturais e o volume da população global; na ocasião foram
elaborados importantes documentos relacionados aos temas ambientais, ao uso e a
preservação dos recursos naturais em dimensões planetárias. Constituiu-se a
primeira iniciativa em busca de uma nova discussão entre o meio ambiente e o
desenvolvimento, resultando nos primeiros debates sobre o desenvolvimento
sustentável (JACOBI, 2003, p. 194).
Quinze anos depois, em 1987, a ONU por intermédio da Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD apresentou o relatório “Nosso
Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, que teve como
objetivo buscar o equilíbrio entre o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente
com o propósito de atender as necessidades da presente e da futura geração
(BRUNDTLAND, 1991, p. 1-2)
Cinco anos após a promulgação desse documento, em junho de 1992, a ONU
promoveu no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, um evento de escala
mundial, a ECO-92, também conhecida como RIO-92, que apresentou ao mundo um
balanço dos problemas e dos avanços realizados na área ambiental. Após essa
análise, os conferencistas elaboraram inúmeros documentos e acordos, tais como a
assinatura da Agenda 21, que consiste em um plano com metas para a melhoria das
condições ambientais do planeta. Outro documento é a Declaração do Rio,
conhecida também como a Carta da Terra, que trazia em seu conteúdo maior
responsabilidade dos países ricos na preservação do planeta, a Convenção do
Clima, da Biodiversidade, entre outros documentos. O aprofundamento das
discussões iniciadas no RIO-92 sobre as mudanças climáticas resultou na
22
elaboração do Protocolo de Kyoto em 1997, que objetivava a redução da emissão
dos gases causadores do efeito estufa. As determinações oriundas da ECO-92,
após 20 anos, ainda constituem referências nas questões ambientais.
Atualmente, os movimentos em torno do desenvolvimento sustentável se
tornaram uma constância em todos os segmentos da sociedade, seja no âmbito
governamental, acadêmico ou empresarial.
Para marcar os 20 anos da Rio-92, o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento – PNUD, estará promovendo, oficialmente no período de 20 a 22
de junho de 2012 (com discussões/programações a iniciarem desde o dia 13 de
junho), na cidade do Rio de Janeiro. A Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, terá como objetivo assegurar o
comprometimento político com o desenvolvimento sustentável, avaliar o progresso
conquistado até o momento e ou as lacunas que ainda precisam de implementação
dos resultados dos principais encontros sobre o desenvolvimento sustentável
ocorridos anteriormente, além de abordar os novos desafios emergentes. Esses
itens estão presentes, em esboço inicial, em um documento com 128 parágrafos,
conhecido como “O Futuro que Queremos”, apresentado em 10 de janeiro de 2012
pela Organização das Nações Unidas - ONU, os quais serão analisados e discutidos
pelos Estados Membros na Rio+20. Constam entre tantas outras colocações, o
seguinte compromisso:
Preâmbulo I: Nós, os Chefes de Estado e Governo, após nos reunirmos no Rio de Janeiro, Brasil, de 20 a 22 de junho de 2012, decidimos trabalhar com conjunto em busca de um futuro próspero, seguro e sustentável para nossos povos e nosso planeta (ONU, 2012, p.3). Alínea B - Avaliação do progresso até agora e as lacunas restantes na implementação dos resultados das principais reuniões de cúpula sobre o desenvolvimento sustentável e abordagem de desafios novos e emergentes (Integração, Implementação, Coerência) (ONU, 2012, p.4).
Nesse documento é apresentado o que já fora definido na Conferência do Rio
92, estimulando somente a prosseguir com os compromissos que já foram firmados,
não apresenta, concretamente, novos compromissos e ou novo Plano de Ação que
venha a torná-lo realidade. Nesse sentido, o posicionamento do Brasil e outros
23
signatários como África do Sul, China e Índia, que estarão presentes na Conferência
Rio+20, serão de fundamental importância para que essas ações efetivamente se
cumpram e ou tornem viáveis, haja vista que esses países vêm adotando programas
concretos que vem dando certo nas áreas ambiental, energética e social. Embora
ainda seja preciso mais ações ambientalmente corretas para serem adotadas no
Brasil, já se pode apontar algumas destas ações que já deram bons resultados,
como por exemplo, pode-se citar a produção de energia limpa por meio da produção
do etanol que é extraído da cana-de-açúcar e o “Programa Luz para Todos” lançado
no Brasil em 11 de novembro de 2003, com o objetivo de universalizar o acesso à
energia elétrica a 12 milhões de brasileiros, principalmente para a população rural.
Ressalta-se que haverá dois principais focos que serão discutidos na
Conferência Rio+20: a) A economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza e b) O quadro institucional para o
desenvolvimento sustentável.
Essas discussões se levadas a sério e trazidas para a realidade de cada
região, por meio de uma gestão participativa e comprometida com a causa social
e ambiental, poderá apresentar significativos resultados, como bem apresenta
uma reflexão sobre sustentabilidade que está presente em documento elaborado
pelo Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas Sobre
Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, pois são atitudes e práticas ambientalmente
responsáveis que nos levam a:
[...] compreender como a humanidade pode conciliar crescimento e desenvolvimento econômico, inclusão social e gestão de recursos com vistas a minimizar o impacto ambiental negativo das atividades humanas. As bases de um desenvolvimento sustentável podem estar nas ações desenvolvidas localmente, com capacidade de mobilização coletiva e geração de efeitos positivos no seu entorno imediato, de forma autônoma e inclusiva (PRODOC BRA/11/017, 2012, p.3).
Espera-se que as discussões e avaliações internacionais que serão
realizadas na Rio+20, em junho deste ano, venham promover ações viáveis para
as cidades sustentáveis, o desenvolvimento humano e sustentável da população,
bem como o uso consciente do espaço urbano Amazônico.
24
É válido ressaltar, que nesse aspecto, a legislação ambiental brasileira está
avançando. A mais recente é a Lei de nº 12.305/2010 que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, Lei Federal que regula e trata sobre os
resíduos sólidos urbanos no país (MMA, 2012, p.14). Essa lei atua em diferentes
ações e objetiva o que fora determinado nas grandes discussões mundiais:
contribuir para a redução dos gases de efeito estufa gerados pelos resíduos sólidos
urbanos no país, estimular por meio da educação ambiental o consumo consciente
para a redução do desperdício, a extinção dos lixões a céu aberto, promovendo a
construção de aterros sanitários planejados para a captura do metano (para a
produção de energia). Além do reaproveitamento dos resíduos por meio da
reciclagem e a compostagem, ações essas que contribuem para o desenvolvimento
sustentável e o equilíbrio climático do planeta.
A respectiva lei objetiva reforçar o papel da responsabilidade compartilhada
entre governo, empresas e a população. Desta forma, acredita-se que, por meio dos
incentivos do governo, da iniciativa privada, das parcerias e da gestão integrada e
responsável pelos resíduos sólidos é que, possivelmente, se avançará na
preservação do meio ambiente, na construção de um mundo mais sustentável, em
condições de habitabilidade e sobrevivência para esta e as futuras gerações.
Para a quase totalidade de gestão das prefeituras existentes no país, um dos
grandes desafios encontrados é com relação à destinação final dos resíduos sólidos
produzidos e descartados pela população. Contudo, a preocupação redobra quando
se pensa no que fazer com todos esses resíduos produzidos e onde acondicioná-los
de maneira planejada de modo que não venha ameaçar a saúde pública da
população atual e das gerações futuras, bem como, do meio ambiente que tem seus
recursos finitos e esgotáveis.
A situação é mais complexa ainda em cidades dependentes do turismo
sazonal, que funcionam em temporadas de feriados curtos ou prolongados (alta e
baixa estação). Nestes casos, observa-se a existência da exploração econômica por
meio dos recursos naturais, o que estimula mais ainda a produção e o descarte de
resíduos sólidos por parte de um público que tem hábitos de consumo e descarte de
resíduos sólidos no meio ambiente que, somada à produção dos resíduos sólidos da
população local, constitui-se em maior desafio na gestão dos resíduos sólidos
25
1.2 OS DESAFIOS DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
A gestão dos resíduos sólidos nas pequenas e grandes cidades se tornou um
dos maiores desafios urbanos na atualidade, considerando-se que o crescimento
populacional e o desenvolvimento econômico das cidades requerem a apropriação e
a transformação da natureza e o uso de seus recursos naturais, produzindo,
conseqüentemente, maior quantidade de resíduos sólidos no espaço urbano e sua
degradação ambiental. Isso requer uma nova forma de gestão, mais democrática e
participativa, que segundo Coelho (2006), “a gestão dos problemas ambientais urbanos
implica uma construção social em que o Estado-Governo compartilhe com a sociedade civil
as responsabilidades das decisões e das execuções (COELHO, 2006, p. 41).”
Esse compartilhar do poder, dá maior participação nas decisões e ações na
política do meio ambiente urbano, torna-se uma exigência cada vez maior por parte
de Organizações Não-Governamentais - ONGs, Movimentos Sociais, militâncias
políticas etc., que representam hoje novos atores políticos com forte atuação na
sociedade, e ainda segundo Herculano (2000):
[...] organizações movidas pelo interesse público e sem fins lucrativos, ONGs e Movimentos representam um lado da Sociedade Civil que está em contraposição ao mundo da produção que, de mãos dadas com o Estado, tem sido protagonista até aqui de um crescimento econômico desigual, socialmente injusto e degradador do meio ambiente (HERCULANO, 2000, p. 123).
Com esse entendimento, Machado (1993) discute que a problemática das
questões ambientais e a desigualdade na distribuição dos recursos que “nunca são
resolvidos” levam as pessoas a reivindicarem por gestões mais democráticas.
Sobre essa questão, a citada autora afirma:
A gestão ou governo do território é entendido como processo político que legitima a negociação/interação entre as partes envolvidas na administração da economia e do território, diferenciando-se do planejamento pelo estímulo às inovações e criatividade e pela possibilidade de adaptação à instabilidade decorrente da pluralidade de pontos de vista inerentes ao tecido social (MACHADO, 1993, p. 12).
Com essa reflexão, a autora nos indica que a gestão, as decisões e as ações
deverão partir obrigatoriamente das negociações/interações entre o governo e a
26
sociedade civil organizada. No caso do município de Salinópolis, essa gestão
compartilhada ainda não acontece concretamente, haja vista que não se têm ou
criou-se uma cultura da participação democrática, via a representatividade da
sociedade civil organizada, associações, sindicatos, Conselhos, etc. nas decisões
políticas do município, ficando as decisões e o planejamento urbano a cargo
somente dos gestores, técnicos municipais e ou técnicos contratados pela Prefeitura
Municipal.
O grande desafio enfrentado no município é primeiramente com relação à
participação popular no desenvolvimento e planejamento urbano, mais
especificamente sobre a gestão dos resíduos sólidos urbanos, embora esta ação
esteja instituída na Constituição Federal, artigo 29, alínea XII que define a
“cooperação das associações representativas no planejamento municipal (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, 1998, p. 20)”. Outro desafio é definir a participação democrática na
elaboração do Plano Diretor, garantindo a maior transparência da gestão e no
planejamento dos trabalhos voltados para as reais necessidades da população e
realidades do município.
Mais um desafio enfrentado na gestão municipal é com relação à produção,
tratamento e destinação dos resíduos sólidos no município, como foi anteriormente
refletido acima. Considerando o crescimento da população flutuante do município de
Salinópolis, que na época de veraneio cresce assustadoramente e produz grande
quantidade de resíduos sólidos, têm-se a realidade da população local que também
é grande produtora de detritos.
Quadro 1 - População, área geográfica e densidade demográfica do município de Salinópolis - PA (2000, 2007, 2010)
Anos População (Hab.) Área (Km²) Densidade (Hab./Km²)
2000*(1) 33.449 217,90 152,87
2007*(1) 37.066 217,90 168,27
2010*(1) 37.430 237,48 157,57
Fonte: IBGE. Adaptado pelo autor. * (1) – População estimada
Buscou-se os três últimos levantamentos do IBGE (2000, 2007 e 2010) para
analisar o crescimento da população local do município de Salinópolis, levando-se
27
em consideração que, em uma década, o município apresentou um crescimento
médio de 11,90% (em relação ao Censo de 2000, de 33,4 mil habitantes) e esse
número tende a aumentar, devido à crescente ocupação irregular que vem
ocorrendo na região, o que contribui para a maior degradação do ambiente natural,
além dos resíduos que são gerados por esse e outros núcleos populacionais
anteriormente citados.
Quadro 2 - Dados estatísticos da população flutuante do município de Salinópolis-PA. Controle de entrada e saída de veículos e pessoas no município nos principais feriados – ano de 2002.
Feriados Entrada de veículos
(Total geral)
Entrada de pessoas
(Total geral)
Saída de veículos
(Total geral)
Saída de pessoas
(Total geral)
Operação Reveillon
(De 27.12.2001 a 01.01.2002
19.520
83.535
13.105
45.032
Operação Carnaval
8.652
38.439
8.304
35.421
Operação Semana Santa
11.735
48.205
8.183
3.343
Fonte: Polícia Militar do Pará – 3ª CIPM – Cia Atlântico. Adaptado pelo autor.
Levando em consideração os dados acima identificados, sobre a população
local e a flutuante do município de Salinópolis, apesar deste último ser registro do
ano de 2002, o mesmo não invalida a análise realizada neste estudo, pelo fato de
também serem dados aproximados que condizem com o fluxo anual normal da
população flutuante que freqüenta o município nesses feriados. A análise realizada é
com relação ao número de pessoas que produzem resíduos sólidos no município,
tanto pela população local como pela flutuante, focaremos como exemplo o feriado
do Reveillon 2002, que dos três feriados apresentados é o que atraiu maior número
de turistas no respectivo período. Partindo da análise de que a população local na
época, segundo o IBGE (2000) era de 33.449 habitantes que somado à população
flutuante de 83.535 que correspondeu à entrada de pessoas no município no
Reveillon 2002, registra-se o total geral aproximado de 116.984 pessoas, número
28
esse que equipara-se, a grosso modo, com a população, segundo o IBGE (2010)
dos bairros do Marco e Jurunas, de Belém do Pará, com 65.844 e 64.478
respectivamente, em que ambos totalizam 130.322 habitantes. Com o quesito da
produção dos resíduos sólidos urbanos, segundo dados da PMS (PROJETO DE
READEQUAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS,
2010, p. 65), cada morador local, produz em média 0,700 kg/hab.d, o que equivale
ao cálculo aproximado total de 81.888,80 Kg/d, levando em consideração os dados
de 2001, mas que hoje, segundo a população local (IBGE, 2010) e flutuante (3ª
CIPM, 2001) essa projeção, na produção de lixo no município hoje, seria de
84.675,50 kg/d.
A ocupação das terras no município vem aumentando significativamente e de
forma irregular desde a década de 70, pela implantação do Projeto Agro Industrial de
Salinópolis S.A.- AGRISAL, que tinha como objetivo a plantação e a industrialização
do caju em toda a extensão territorial de Salinópolis; projeto esse que não deu certo
e foi abandonado por mais de 15 anos, mas foi o principal estímulo para a vinda de
trabalhadores e familiares de outras regiões, em busca de trabalho e renda, bem
como de melhores condições de vida. Havia a idéia de que o município tinha grande
potencial turístico e que circulava muito dinheiro, que em Salinópolis ninguém
passava fome pelo fato de existir grande riqueza marinha para a prática da pesca,
da extração de mariscos e crustáceos. Desde essa década o município vem
sofrendo grandes transformações de ordem econômica, social, política, fundiária e
urbanística. A expansão territorial provocada pelas ocupações irregulares delineou
uma nova geografia espacial no município, em que foram criadas sete novos bairros,
a saber: Nova Brasília, Atlântico, Pedrinhas, Bom Jesus, São José, São Tomé
(Barreiro), João Paulo II (Jaderlândia).
Além dos desafios enfrentados pela gestão dos resíduos sólidos urbanos e
pelo aumento da população local e flutuante que respectivamente aumenta essa
produção que impactam o meio ambiente, têm-se os fenômenos da especulação
imobiliária e os conflitos de terras, bem como a segregação urbana, que força a
população pobre a concentrar-se na periferia, estabelecendo moradias em áreas
insalubres (caracterizadas por inúmeras palafitas erguidas em pleno mangue),
transformando e degradando o meio ambiente natural. Isso se caracteriza em um
movimento perverso, em que o homem é agredido pelo próprio homem e o mesmo
29
agride a natureza, que por sua vez retorna para o homem trazendo prejuízos
incalculáveis: na saúde humana/animal e vegetal, na economia do município, na
perpetuação da vida e na fonte esgotável dos recursos naturais que ainda estão
presentes na natureza.
1.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL, DEGRADAÇÃO E SITUAÇÃO DE RISCOS
Para o estudo da percepção ambiental e do sentimento de apego das
pessoas ao ambiente natural ou construído buscar-se-á a fundamentação nos
estudos do geógrafo humanista Tuan Yi-Fu (1980), haja vista que o referido autor
nos remete a compreender os elementos estudados, identificando as respostas
psicológicas comuns das pessoas ao seu processo cultural. O mesmo discute o
conceito de topofilia, o elo afetivo entre as pessoas, o lugar ou ambiente físico.
Outro autor que será estudado é o urbanista e norte americano Kevin Lynch
(1999), um dos precursores nos estudos de percepção ambiental, que nos
proporcionará entender os problemas do espaço e da paisagem urbana (lugar
estudado) e como esses espaços afetam as pessoas, uma vez que esses mesmos
espaços são percebidos, observados e transitados por elas. Del Rio (1996) enfatiza
a respectiva idéia quando aborda: “[...] os atributos do meio ambiente - natural ou
construído - influenciam o processo perceptivo da população, particularmente o
visual, o que possibilita o reconhecimento de qualidades ambientais e a formação de
imagens compartilhadas pela população”.
Também nesse sentido, na busca da compreensão mais profunda do conceito
de percepção, considera-se as reflexões do filósofo francês Merleau-Ponty (1990),
um dos maiores expoentes do estudo da percepção na atualidade. O pensamento
do autor a respeito de percepção é:
Perceber é tornar algo presente a si com a ajuda do corpo, tendo a coisa sempre no seu lugar, num horizonte de mundo e consistindo a decifração em colocar cada detalhe nos horizontes perceptivos que lhe convenha. Mas tais fórmulas são enigmas, a menos que as aproximemos dos desenvolvimentos concretos que elas resumem (MERLEAU-PONTY, 1990, p. 92).
Esse conceito torna-se necessário visto que a percepção sensível, subjetiva
e intima dos sujeitos pesquisados, aliados à sua memória e vivência coletiva, nos
apresenta um parâmetro e um indicador importante para avaliar e examinar a
30
qualidade ambiental do município de Salinópolis, principalmente com relação ao
fenômeno em estudo. Desta forma Faggionato (2007) afirma que:
Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto, resultado das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo (FAGGIONATO, p. 2007).
Essas diferentes percepções, que permeiam o fenômeno em estudo no
município de Salinópolis, é que nos farão compreender como se apresenta o grau de
consciência crítica e ações concretas da população local, com relação a cobrança e
acompanhamento do poder público no que diz respeito a proteção e preservação do
meio ambiente urbano.
Atualmente, um dos maiores desafios encontrados nas grandes e médias
cidades são os impactos causados pela transformação do ambiente natural pelas
intervenções humanas. O impacto pode ser de maior ou menor grau, dependendo
do compromisso ético e consciência ambiental dos planejadores e gestores urbanos,
bem como, o investimento em tecnologia com menor poder impactante e o uso
sustentável dos recursos disponíveis na natureza, como: a água, o ar, o solo, a
fauna, a flora, o sol etc.
Nesse sentido, Vilas-Boas (2002) reflete que:
Partindo do pressuposto, compartilhado por vários autores, de que a problemática da degradação ambiental reside no modelo econômico, cultural e antropocêntrico adotado na modernidade, que caminhos poderemos trilhar para um novo modelo de desenvolvimento? Como conscientizar a humanidade para a necessidade da mudança nos hábitos de produção e de consumo? A complexidade da problemática ambiental poderá conduzir o ser humano a uma nova forma de ver e compreender as relações estabelecidas entre sociedade e natureza? (VILAS-BOAS, 2002, p. 6).
Esses questionamentos são respondidos por Leff (2010) em seu livro
Epistemologia Ambiental que vem propor uma nova forma de pensar a sociedade e
a natureza; no quesito da problemática ambiental, ele afirma que:
A problemática ambiental gerou mudanças globais em sistemas socioambientais complexos que afetam as condições de sustentabilidade do planeta, propondo a necessidade de internalizar as bases ecológicas e os princípios jurídicos e sociais para a gestão democrática dos recursos naturais (LEFF, 2010, p. 61).
31
Essa nova racionalidade ambiental, proposta por Leff (2010) é construída por
meio da articulação de conceitos (racionalidade teórica), princípios (racionalidade
substantiva), técnicas instrumentais, culturais e econômicas, elementos que se
definem como:
Um conjunto de práticas sociais e culturais diversas e heterogêneas, que dão sentido e organizam os processos sociais através de certas regras, meios e fins socialmente construídos, que ultrapassam as leis derivadas da estrutura de um modo de produção (LEFF, 2010, p. 125).
Em vista disso, a degradação ou dano irresponsável provocada pelos
indivíduos, tem nas leis instituídas no país cláusulas que tratam das penalidades e
ações diretivas como as definidas na Lei Federal de nº 12.305, de 2 de agosto de
2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Estatuto da Cidade,
descrito na Lei de nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Nessa perspectiva, busca-se
também o entendimento da política e gestão dos resíduos sólidos do município
estudado, no Plano Diretor e no Código de Postura de Salinópolis, elementos
constantes da presente pesquisa.
Quem melhor conceitua risco social, segundo a perspectiva do presente
trabalho de pesquisa é Egler (1996) que aborda risco social como:
[...] resultante de carências sociais que contribuem para uma degradação das condições de vida da sociedade [...]. A princípio manifesta-se nas condições de habitabilidade, ou seja, a defasagem entre as atuais condições de vida e o mínimo requerido para o desenvolvimento humano, como exemplo, o acesso aos serviços básicos de saneamento, água potável e coleta de lixo, podendo incorporar em longo prazo avaliações das condições de emprego, renda etc. (EGLER, 1996).
Autores pós-modernos como: Beck (1997), Giddens (1997) e Lash (1997)
também são abordados para melhor fundamentar e discutir a sociedade de risco.
Beck (2000), discutindo sobre a sociedade de risco, reflexão contida em seu
livro intitulado “A sociedade global do risco”, apresenta o pensamento da distinção
entre duas modernidades, a primeira modernidade que foi caracterizada pela
industrialização, a sociedade estatal e nacional, o pleno emprego e a exploração da
natureza não “visível”. A segunda modernidade ou "modernidade reflexiva", em que
as insuficiências e as antinomias da primeira modernidade tornam-se objeto de
32
reflexão, apresentando com tudo isso os problemas cruciais da política moderna. O
autor argumenta que nos dias atuais, a sociedade se depara com a “constatação da
sociedade de risco”, inserida em uma “nova ordem” mundial. Momento crítico em
que as atenções do mundo estão voltadas para os danos causados ao meio
ambiente físico, humano e social, em meio ao crescente e complexo crescimento da
tecnologia, do saber nas diversas áreas do conhecimento, da economia e dos
mercados sem fronteiras. Discute-se hoje a retomada dos valores e as ações que a
sociedade contemporânea poderá tomar no enfrentamento das questões ambientais,
e a ciência, hoje, tem importante papel no processo de entendimento e modificação
dessa realidade.
Para tanto, busca-se neste estudo os pensamentos e reflexões de Giddens
(1997), Beck (1997), bem como a de Touraine (1999) e Lash (1997). A partir da
reflexão crítica destes respectivos autores, os mesmos nos farão compreender a
atual crise e a desordem que o mundo está passando e nos apontarão para um novo
caminho, na busca da superação, por meio do desenvolvimento de uma consciência
individual e coletiva.
Com relação à questão evidenciada acima Beck (1997) faz a seguinte
reflexão:
A sociedade de risco não é uma opção que se pode escolher ou rejeitar no decorrer de disputas políticas. Ela surge na continuidade dos processos de modernização autônoma, que são cegos e surdos a seus próprios efeitos e ameaças. De maneira cumulativa e latente, estes últimos produzem ameaças que questionam e finalmente destroem as bases da sociedade industrial (BECK, 1997, p.16).
Essa contraditória e complexa sociedade contemporânea está produzindo
prejuízos incalculáveis ao meio ambiente, numa crescente exploração dos recursos
naturais para a manutenção da produção e dos mercados, e por outro lado, o
movimento que levará, em pouco tempo, à estagnação e ao caos dessa produção,
arrebatando ao colapso os mercados, atingindo diretamente as bases da sociedade
industrial.
33
CAPITULO II - LEGISLAÇÕES SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 2.1 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS
Para o respectivo estudo utilizou-se como base legal as Legislações atuais,
principalmente a Lei Federal de nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos – PNRS, bem como as edições recentes de normas e resoluções
que dizem respeito à gestão e gerenciamento dos Resíduos Sólidos do país. Tais
leis têm na sua essência, os princípios, as diretrizes e os instrumentos necessários
para o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos no país, utilizando
procedimentos e ferramentas institucionais em busca de soluções práticas,
privilegiando sempre a ação preventiva.
O Estado brasileiro, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, vem
tomando um posicionamento inovador e moderno perante os países do mundo,
regulação essa que é participativa e democrática na resolução dessa problemática,
principalmente dando oportunidade de discussão e participação política de toda a
sociedade civil, governantes e empresários, principalmente garantindo a participação
dos catadores de resíduos sólidos nessa discussão, que representa a base desse
processo.
A Lei nº 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS
que reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e
ações adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação
com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão
integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.
Entre os instrumentos da PNRS encontram-se os planos de resíduos sólidos,
quais sejam: Plano nacional de resíduos sólidos; planos estaduais de resíduos
sólidos; planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos de resíduos sólidos
de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas; planos intermunicipais de
resíduos sólidos; planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos e os
planos de gerenciamento de resíduos sólidos.
34
Tendo em vista a Lei nº 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos
- PNRS, é importante a elaboração dos Planos Municipais de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos – PGIRS no município de Salinópolis, incluindo o programa de
coleta seletiva. Observa-se que a inclusão dos catadores de materiais recicláveis no
processo da coleta seletiva e reciclagem é uma questão de destaque nessa lei, bem
como a preferência de repasse de recursos para Municípios para a implantação da
coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação
de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de
baixa renda.
35
Quadro 3 - A nova lei dos resíduos sólidos urbano - Lei nº 12.305/2010
ANTES DEPOIS Falta de prioridade para o lixo urbano Municípios farão plano de metas sobre resíduos
com participação dos catadores
Existência de lixões na maioria dos municípios
Os lixões precisam ser erradicados em 4 anos
Resíduo orgânico sem aproveitamento Prefeituras passam a fazer a compostagem
Coleta seletiva cara e ineficiente É obrigatório controlar custos e medir a qualidade do serviço
Exploração por atravessadores e riscos à saúde
Catadores reduzem riscos à saúde e aumentam renda em cooperativas
Informalidade Cooperativas são contratadas pelos municípios para coleta e reciclagem
Problemas de qualidade e quantidade dos materiais
Aumenta a quantidade e melhora a qualidade da matéria prima reciclada
Falta de qualificação e visão de mercado Trabalhadores são treinados e capacitados
para ampliar a produção
Inexistência de lei nacional para nortear os investimentos das empresas
Marco legal estimulará ações empresariais
Falta de incentivos financeiros Novos instrumentos financeiros impulsionarão a reciclagem
Baixo retorno de produtos eletroeletrônicos pós-consumo
Mais produtos retornarão à indústria após o uso pelo consumidor
Desperdício econômico sem a reciclagem Reciclagem avançará e gerará mais negócios com impacto na geração de renda
Não separação do lixo reciclável nas residências
Consumidor fará separação mais criteriosa nas residências
Falta de informação Campanhas educativas mobilizarão moradores
Falhas no atendimento da coleta municipal Coleta seletiva melhorará para recolher mais resíduos
Pouca reivindicação junto às autoridades Cidadão exercerá seus direitos junto aos governantes
Fonte: Informativo CEMPRE (2010), com adaptações do autor.
O processo de elaboração dos planos de resíduos deve assegurar a efetiva
participação e o controle social nas fases de formulação e acompanhamento da
36
implantação da política estadual ou municipal de resíduos sólidos, e a avaliação da
consecução das metas do Plano.
2.2 DECRETO FEDERAL DE Nº 7.404/2010
Em 23 de dezembro de 2010 foi regulamentada a PNRS pelo Decreto nº
7.404/2010 que, entre outras normas, esclareceu e detalhou vários pontos
relacionados aos planos de resíduos sólidos elaborados pelo poder público e
aqueles sob a responsabilidade do setor privado.
O artigo 49 do Decreto nº 7.404/2010 dispõe que os Estados poderão
elaborar planos microrregionais de resíduos sólidos e planos de regiões
metropolitanas ou aglomerações urbanas, em que deverão assegurar a participação
de todos os municípios que integram a respectiva microrregião, região metropolitana
ou aglomeração urbana.
Também o decreto, em seu art. 52, estabelece que:
Os Municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos resíduos sólidos estão dispensados da elaboração do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, desde que o plano intermunicipal atenda ao conteúdo mínimo previsto no art. 19 da Lei nº 12.305, de 2010.
O referido decreto veio dar subsídios para a Política Nacional de Resíduos
Sólidos que, entre outros aspectos trata sobre proteção socioambiental, coleta
seletiva, reciclagem, catadores, logística reversa e a responsabilidade pós-consumo.
2.3 PLANOS MUNICIPAIS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PGIRS
O Plano deverá abranger a questão operacional da coleta seletiva, inclusive
para análise da inclusão produtiva dos catadores e das estruturas municipais
necessárias para maior eficiência da prestação dos serviços à população, educação
ambiental e a logística reversa.
O Plano constitui um instrumento que permite ao estado programar e executar
as atividades capazes de transformar a situação atual (no caso, da gestão dos
resíduos sólidos sem o plano) para a condição esperada e manifestada pela
37
população e viável pelo Poder Público, convertida em melhorias e avanços no
sentido de aumentar a eficácia e a efetividade da gestão de resíduos.
A gestão adequada dos resíduos sólidos, objetivo maior dos planos de
resíduos, pressupõe a educação ambiental, a coleta seletiva, o estímulo à
comercialização de materiais recicláveis, a compostagem, a inclusão de catadores e
a adoção de sistema ambientalmente adequado para a disposição final de rejeitos.
38
CAPÍTULO III- LÓCUS DO ESTUDO: O MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS (PA)
Salinópolis, objeto da presente pesquisa, é um município banhado pelo
Oceano Atlântico e se apresenta como um dos principais municípios da Amazônia
Legal que faz parte da Microrregião do Salgado. O mesmo vem assumindo grande
importância na área turística do Estado, principalmente por ter na sua paisagem, um
leque de elementos da natureza como praias, ilhas, dunas, mangues, rios, furos e
igarapés, que atraem grande número de turistas da capital, de outros Estados e
países. Embora seja um município muito atrativo do ponto de vista turístico, vivencia
a problemática da produção e gestão dos resíduos sólidos urbanos.
Quanto à localização geográfica, o município de Salinópolis compõe a
mesorregião do Nordeste Paraense e a microrregião do Salgado, limita-se ao norte e
ao leste com o Oceano Atlântico, ao sul com o município de São João de Pirabas, a
Oeste com o município de Maracanã. Possui uma área total, segundo dados do
IBGE (2000) de 218 km² e está distante em 227 km da capital do Estado, Belém do
Pará; o município de Salinópolis apresenta as seguintes coordenadas geográficas: -
0º63'13"4"' graus de latitude e 47º34' 61"3"' de longitude com a elevação de 19.00
metros acima do nível do mar.
39
Figura 1 – Mapa da localização do Nordeste do Pará.
Fonte: Empresa Paraense de Geografia e Estatística Ordenada do Pará (Georreferenciamento oriundo do Mapa Geops do Pará, 2008. Fontes utilizadas no mapa: Fotos do satélite LANDSAT-5 e bases cartográficas do IBGE, SEINFRA, SETRAN, IDESP e GEOPARÁ. Com adaptações do autor.
O recorte do mapa acima exemplifica o percurso que uma pessoa
precisa realizar para deslocar-se da capital paraense para a área de estudo,
que apresenta um percurso de 227 Km em ruas asfaltadas, ou três horas e
meia de viagem para chegar no município e usufruir dos recursos naturais
que a região oferece, tanto para Salinópolis como para outros municípios
vizinhos presentes na micro região do salgado. Nesse último aspecto é válido
ressaltar que na área costeira da Região do Salgado (como mostra na figura
1) existe uma vasta área banhada pelo Oceano Atlântico e nestes, uma
contínua área de manguezais que se estende por toda a área da Costa
Amazônica, que abrande os Estados do Amapá, Pará e Maranhão.
BELÉM-SALINAS - 227 km
FAIXA DE MANGUEZAIS DA COSTA AMAZÔNICA (AMAPÁ, PARÁ E MARANHÃO) – 9 mil km²
40
Figura 2 – Mapa limítrofe do município de Salinópolis – PA
Fonte: Empresa Paraense de Geografia e Estatística Ordenada do Pará (Georreferenciamento oriundo do Mapa Geops do Pará, 2008. Fontes utilizadas no mapa: Fotos do satélite LANDSAT-5 cartas urbanas do IBGE (1999), 2002 e representações cartográficas da FUNASA/SMSS (2004). Com adaptações do autor.
O recorte do mapa acima exemplifica a área geográfica do município de
Salinópolis, que chega a atingir 218 km² de extensão territorial, e abrange tanto a
EXTENSÃO TERRITORIAL DE SALINÓPOLIS: 218 km²
41
área urbana como a rural. Ressalta-se que segundo IBGE (2010) a área urbanizada
do município é de 89,23%, onde estão presentes as áreas construídas com
arruamentos e ocupações humanas, como mostra o mapa abaixo.
Figura 3 – Mapa da área urbana do município de Salinópolis - PA
Fonte: Empresa Paraense de Geografia e Estatística Ordenada do Pará (Georreferenciamento oriundo do Mapa Geops do Pará, 2008. Fontes utilizadas no mapa: Fotos do satélite LANDSAT-5, cartas urbanas do IBGE (1999), 2002 e representações cartográficas da FUNASA/SMSS (2004).
Quanto à rede hidrográfica, os principais rios que banham o município de
Salinópolis são: Sampaio (onde foi construído uma ponte com o mesmo nome, na
travessia para a Ilha do Atalaia), Destacado, Pirabas, Uirandeua, Arapepó, Japerica,
Arapiranga, São Paulo, Xoacaré e Muramipi.(HISTÓRICO DE SALINÓPOLIS).
As estações do ano no município de Salinópolis não são bem definidas, como
na maioria das regiões da Amazônia Legal, o que existe em Salinópolis são os
meses de maior pluviosidade, mais especificamente os meses de dezembro a março
e os de menor pluviosidade, nos período de maio a agosto. A temperatura média
anual do município é de 27,7º C, com oscilações que variam entre 25° a 31° C, têm-
42
se a característica peculiar de uma cidade costeira, onde o vento constante afasta o
calor. (HISTÓRICO DE SALINÓPOLIS).
Os primeiros habitantes do município de Salinópolis foram os índios
Tupinambás. Com referência ao aspecto demográfico, segundo o IBGE (2010)
Salinópolis tem uma população estimada em 37.430 pessoas, entretanto nas férias
de final de ano (Reveillon), a população flutuante pode chegar a 83 mil habitantes, o
que representa um acréscimo de 45,5 mil pessoas, equivalendo, aproximadamente a
2 vezes mais do que a população local .
A economia do município, nos seus primórdios, era baseada exclusivamente
da retirada do sal das águas salgadas da maré pelos índios Tupinambás, os
mesmos represavam a água por meio de apecuns, uma espécie de represa d’água
localizada entre o mar e a costa; cuja técnica foi aprimorada com a chegada dos
padres jesuítas na região por volta do ano de 1700, os mesmos construíram com os
índios dois grandes tanques com paredes de pedra, assentadas com argamassa de
cal de sernambi, cimento e óleo de baleia: o primeiro foi construído na “ilhota de
Baiacu”, na ilha do Atalaia e o segundo na “ilha do Marco” na região de “Cintra”,
atual município de Maracanã. O respectivo sal era destinado para salgar parte da
produção de peixes para a comercialização e os demais eram trocados por outras
mercadorias através de escambo.
Com a expulsão dos Jesuítas em 1757, a coroa portuguesa tomou conta da
administração das salinas e ampliou sua produção, além dos citados, foi construído
um tanque salineiro na área chamada “baixão”, onde está localizado o lago do
Loteamento Atalaia, conhecido como “Lago do Pedalinho” (tombado como
patrimônio natural pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural –
DPHAC, vinculado à Secretaria de Estado de Cultura - SECULT). O sal produzido na
área, era transportado para Portugal e Espanha. Tais benfeitorias originaram o nome
da cidade de Salinas, que foi desmembrado do município de Cintra (atual Maracanã)
pela lei provincial de nº 1081 de 02 de novembro de 1882.
Hoje, a principal fonte de renda econômica do município é o turismo que
apesar de desenvolver-se em apenas alguns meses, como dezembro, fevereiro e
julho, seus benefícios são estendidos ao longo do ano, gerando uma dinâmica de
43
trabalho que mobiliza toda a população do município. Ressalta-se que além do
turismo, a economia se baseia na pesca artesanal e a agricultura de subsistência
como o arroz, o milho, o feijão, a mandioca e a cultura permanente de coco.
O turismo vem gerando divisas para o município através da exploração de
seus recursos naturais e constitui-se no elemento fundamental que favorece o
desenvolvimento urbano do município. É o principal responsável pelas modificações
das relações sócio-espaciais e das atividades que anteriormente mantinham a
economia do município, a exemplo da pesca.
Brito (2008), abordando sobre essa discussão, comenta:
Com a intensificação da “urbanização turística”, Salinópolis gradativamente ampliou o número de segundos residentes (população não oriundas do município de Salinópolis, grifo nosso) provocando uma (re) organização nas relações sócio-espaciais em que a produção de paisagens turísticas induziu, na população local e população flutuante, possibilidades de consumos dos potenciais do ócio e do lazer.
Devido o início do desenvolvimento urbano do município de Salinópolis não
ter ocorrido dentro de parâmetros urbanísticos (planejamento urbano), não há como
discriminar e identificar as áreas destinadas para o desenvolvimento das atividades
comerciais, agrícolas, de turismo, de construção de moradias etc., características
essas que nos remete a pensar que o município cresce aleatoriamente sem o
planejamento urbano que propicie a qualidade de vida de todos (moradores locais e
turistas). Assim sendo, Salinópolis não possui um espaço determinado para o
assentamento residencial, pela demanda por moradias e a prática da especulação
imobiliária que ocupa as melhores áreas urbanas; muitas vezes essas moradias são
construídas em áreas de preservação ambiental e ou áreas de risco, o que modifica
o espaço natural, afetando diretamente o meio ambiente. Exemplos são as inúmeras
edificações construídas sobre dunas e mangues, consideradas como áreas de
preservação ambiental.
Ressalta-se, inclusive que edificações inadequadas são observadas também
em obras de engenharia pública municipal, como por exemplo, a construção do
aterro sanitário do município de Salinópolis, na localidade de Itapeúa, que fora
44
construído às proximidades de um mangue e rio, assunto que será discutido no
capítulo IV do presente estudo.
De acordo com o exposto, Salinópolis não possui áreas habitacionais
determinadas, ocasionando o crescimento da construção civil indiscriminada e a
busca por imóveis luxuosos por pessoas de alto poder aquisitivo, principalmente
devido à exploração do turismo; estando a população pobre concentrada na periferia
e em grande parte, em áreas próximas a manguezais. Este processo deve-se ao
turismo que impulsiona de forma indireta a especulação imobiliária que acaba
expulsando a população pobre para a periferia, estabelecendo suas moradias em
áreas insalubres, caracterizadas por inúmeras palafitas erguidas em pleno mangue.
Nesse sentido, Ribeiro (2007) reflete que:
... a dinâmica urbana da cidade brasileira tem como base a apropriação privada de várias formas da renda urbana... Ao mesmo tempo, grande parte da população, formada pelos trabalhadores, é espoliada, por não terem reconhecidas socialmente suas necessidades de consumo habitacional (moradia e serviços coletivos), inerentes ao modo urbano de vida... (RIBEIRO, 2007, p.528).
Essa reflexão expressa a realidade do município de Salinópolis, pois as áreas
de maior valor comercial são ocupadas irregularmente pela população pobre e são
posteriormente vendidas para especuladores ou pessoas de classe média alta que
buscam adquirir imóveis para a construção de casas de veraneio e lazer.
45
CAPÍTULO IV - A POLÍTICA DE GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS
4.1 AS LEIS E A POLÍTICA MUNICIPAL
As leis federais instituídas no Brasil são as mais modernas e elogiadas do
mundo e a Constituição Federal é o pilar, a Lei maior na qual todas as outras
deverão estar em consonância. Diversos temas específicos como: crianças e
adolescentes, idosos, vulnerabilidade social/pobreza, trânsito, consumidor, água,
desenvolvimento urbano e meio ambiente etc. são consolidadas, normatizados e
publicadas em códigos e estatutos e as leis municipais não são diferentes. A
principal Constituição Municipal é a Lei Orgânica do Município, que tem igual
importância, no caso específico ao tema estudado (meio ambiente urbano/resíduos
sólidos), os Planos: Diretor, de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e de
Saneamento Básico, os mesmos, orientados pela Legislação Federal, a Lei de nº
12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, que sejam
construídos e implementados com participação da comunidade e de uma gestão
mais democrática para o desenvolvimento de um trabalho voltado para o meio
ambiente urbano.
Em entrevista junto ao gestor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de
Salinópolis (Gestor 1, 31 anos, técnico agrícola), o mesmo apresentou o panorama
da política de gestão dos resíduos sólidos no município de Salinópolis. Na visão do
gestor 1, quando foi questionado sobre como a atual gestão municipal está
encaminhando as definições e as normas contidas na Política Nacional de Resíduos
Sólidos – PNRS, Lei Federal de nº 12. 305/2010?, o mesmo revelou que:
É importante que o município se prepare quanto à Lei Federal dos Resíduos Sólidos com prazo para a elaboração da Política Municipal de Resíduos Sólidos de Salinópolis até o ano de 2012, com objetivo de captar recursos junto ao Governo Federal [...]. Todo município deve ter a sua lei municipal e seu plano dos resíduos sólidos com a participação dos conselhos, é isso que estamos tentando fazer para conseguirmos os recursos para a readequação do aterro sanitário e esse é o principal objetivo hoje. Com relação à coleta seletiva a Prefeitura pretende implantá-la de acordo como o que o Governo Federal sugere: separar o lixo seco do úmido com várias entidades [...].
46
Observa-se na fala do Gestor 1 que ainda não se tem o compromisso e a
visão ampla no processo da “gestão ambiental do desenvolvimento” como foi
referendado pelo teórico Leff (2010):
“(...) a gestão ambiental do desenvolvimento, fundada no potencial ecológico e na conservação da diversidade de modos culturais de aproveitamento de seus recursos, requer uma caracterização da organização especifica de uma formação social. Esta se estabelece por meio da articulação entre diversos processos ecológicos, culturais e históricos, o que obriga a pensar nas complexas relações entre cultura e inconscientes, entre ecologia, economia e cultura, entre diferente disciplinas antropológicas, como antropologia estrutural, cultural e ecológica.” (LEFF, 2010, pág. 80).
Contrário a essa visão, percebe-se no gestor municipal uma visão mais
focada, direcionada para a captação dos recursos federais para a “readequação do
aterro sanitário”, constituindo-se no “principal objetivo” da gestão municipal no
atendimento à temática sobre os resíduos sólidos. É válido ressaltar que as diversas
frentes/problemáticas que são postas à gestão dos resíduos sólidos urbanos no
município de Salinópolis são amplas e complexas. Percebe-se que a degradação
provocada pelos resíduos sólidos está trazendo riscos e prejuízos incalculáveis à
população local em todos os sentidos, à população moradora do entorno do aterro
sanitário, à vida biótica e à economia do município que tem como elemento principal
o desenvolvimento do turismo.
Outro ponto a ser discutido é sobre a mudança de secretaria municipal na
gestão dos resíduos sólidos em Salinópolis, que fora desvinculada da Secretaria de
Obras e Transporte para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, além da Ação
Civil Pública que a Prefeitura Municipal recebeu do Ministério Público, no ano de
2001, pela degradação provocada pelo descarte irregular dos resíduos sólidos à céu
aberto no município, que segundo relatos do Gestor 1:
“No ano de 2006, o Ministério Público abriu uma ação civil pública contra a Prefeitura Municipal com relação ao lixão a céu aberto localizado no bairro Bom Jesus. No acórdão que se chegou, a Prefeitura foi multada no valor de duzentos mil reais [...]. Houve uma falha na gestão anterior, mas temos interesse em estar reparando os danos causados. A dívida foi renegociada, mas ainda não se tem um resultado definido. A Prefeitura recorreu e levou uma nova proposta de apresentar um projeto de readequação do aterro sanitário, antes tivemos que recuperar o projeto antigo junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
47
Segundo informes sobre a gestão dos resíduos sólidos e sobre o aterro
sanitário contidos no Projeto de Readequação do Aterro Sanitário de Salinópolis -
PRASS (2010) é válido comunicar que:
A entidade responsável pelo aterro sanitário é a Prefeitura Municipal de Salinópolis, Estado do Pará. O aterro sanitário já possui licença para instalação, emitida pela SEMA/PA, sob o n° 0061/2004 e licença de instalação emitida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMMA, sob o nº 2043/2010, para as atividades de instalação de aterro sanitário e de sistema de tratamento de líquidos percolados. O objetivo deste documento é a readequação do projeto do aterro sanitário de Salinópolis localizado na estrada do Cuiarana, elaborado em 2001, como parte dos documentos técnicos necessários ao atendimento da Ação Civil Pública, processo nº 2007.39.04.001341-0 e a complementação do projeto com recursos oriundos do Convênio nº 0632/2009, celebrados entre a Prefeitura Municipal de Salinópolis e a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA (PRASS, 2010, p. 13).
A readequação do Projeto dos Resíduos Sólidos no município de Salinópolis
vem compor uma exigência jurídica, para regularizar e adequar o aterro sanitário à
nova legislação ambiental, incluindo a usina de triagem (espaço de trabalho dos
catadores), balança, inclusão de novas células para a destinação de resíduos
sólidos inertes e de serviços de saúde.
4.2 COLETA E O DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
No município de Salinópolis, os serviços de limpeza pública são gerenciados
pela Secretaria Municipal de Transporte e Obras, ou seja, é a Prefeitura Municipal
de Salinópolis - PMS quem se responsabiliza pelos serviços urbanos de
acondicionamento, coleta e transporte dos resíduos sólidos produzidos em sua área
geográfica, uma vez que inexiste um plano específico que trate sobre os Resíduos
Sólidos, muito menos um levantamento detalhado e recente sobre os aspectos
técnicos desses resíduos produzidos naquele município. As informações que
seguem neste estudo foram colhidas dos arquivos existentes na Prefeitura Municipal
de Salinópolis-PMS do ano de 2001, em razão de inexistir dados estatísticos mais
recentes sobre a limpeza pública e dinâmica dos resíduos sólidos; somente um
estudo sobre o dimensionamento e projeção da coleta domiciliar de resíduos sólidos
urbanos contido no Projeto de Readequação do Aterro Sanitário de Salinópolis
(2010), considerando que “a cobertura dos serviços de coleta atende 80% da
48
população de sua sede municipal, entretanto o percentual de resíduos coletados é
de 65% do total gerado” (PRASS, 2010, p. 65). Abaixo é apresentado quadro com a
projeção para 20 anos (2010-2030), levando em consideração a população urbana,
o volume diário de resíduos sólidos produzidos (per capita), o volume semanal, o
percentual de resíduos coletados, cobertura, quantidade semanal, diário e volume
coletado por metros cúbitos:
Quadro 4 - Dimensionamento/projeção da coleta domiciliar de resíduos sólidos urbanos em período de 20 anos (2010-2030)
Ano
População Urbana
Municipal (hab.)
Per Capita (Kg/hab.d)
Volume (Semanal)
Atendimento (%)
Volume de Cobertura
Quantidade Coletado em uma Semana
Quantidade (Kg/d)
Volume de Resíduos Sólidos (m3/d)
2010 37.430 0,700 734 0,65 477 119.215 26201,00 104,80
2011 38.216 0,707 757 0,90 681 170.218 27018,71 108,07
2012 39.019 0,714 780 0,90 702 175.532 27862,30 111,45
2013 39.838 0,846 804 0,90 724 181.009 28731,59 114,93
2014 40.675 0,728 830 0,90 747 186.660 29628,60 118,51
2015 41.529 0,736 855 0,90 770 192.485 30553,18 122,21
2016 42.401 0,743 882 0,90 794 198.492 31506,66 126,03
2017 43.291 0,750 910 0,90 819 204.685 46980,70 129,96
2018 44.200 0,758 938 0,90 844 211.073 33503,59 134,01
2019 45.128 0,766 967 0,90 871 217.659 34549,08 138,20
2020 46.076 0,773 998 0,90 898 224.454 35627,60 142,51
2021 47.044 0,781 1.029 0,90 926 231.461 36739,85 187,92
2022 48.032 0,789 1.061 0,90 955 238.685 37886,56 151,55
2023 49.041 0,797 1.315 0,90 985 295.978 39069,26 156,28
2024 50.071 0,805 1.128 0,90 1.015 253.819 40288,73 161,15
2025 51.122 0,813 1.163 0,90 1.047 261.738 41545,74 166,18
2026 52.196 0,821 1.200 0,90 1.080 269.909 42842,74 171,37
2027 53.292 0,829 1.237 0,90 1.113 278.333 44179,77 176,72
2028 54.411 0,837 1.276 0,90 1.148 287.019 45558,51 182,23
2029 55.554 0,846 1.315 0,90 1.184 295.978 46980,70 187,92
2030 56.721 0,854 1.357 0,90 1.221 305.218 48447,28 193,79
Fonte: PRASS, 2010. Adaptado pelo autor.
A tabela abaixo, expressa a quantidade diária estimada de resíduo sólidos
coletadas no ano de 2001, por tipo de resíduos existente no Município.
Tabela 1 - Quantitativo de resíduos sólidos coletados no município de Salinópolis (PA).
TIPO DE RESÍDUOS QUANTIDADE (ton/dia) PERCENTUAL (%)
Domiciliar 10,15 65
Comercial 0,78 5
Feiras e mercados 0,31 2
Público e entulhos 3,91 25
Serviços de saúde 0,47 3
TOTAL 15,62 100
Fonte: PMS (2001)
49
Conforme os dados acima, a produção de resíduos sólidos domiciliar é o que
possui maior número de resíduos produzidos por toneladas/dia, fez-se necessário
saber qual o tipo de resíduo sólido mais comum produzido por domicílio, que pelo
levantamento realizado é demonstrado na tabela abaixo:
Tabela 2 - Quantitativo de resíduos sólidos domiciliares coletados pela PMS.
TIPO DE RESÍDUOS PERCENTUAL (%)
Matéria Orgânica 60
Plástico 8
Papel/Papelão 9
Vidro 1
Metais 20
Outros Materiais 2
TOTAL 100
Fonte: PMS (2001)
Quanto ao acondicionamento dos resíduos sólidos, segundo dados da PMS, a
população local acondiciona os resíduos sólidos em sacos plásticos o que varia de
20 a 100 litros por pessoa/dia.
O problema que ocorre, segundo a PMS, é o fato da população dispor o lixo
fora dos horários de coleta, permanecendo por longo período em via pública;
fazendo com que os sacos de lixo sejam rasgados por animais em busca de restos
de alimentos, contribuindo possivelmente para a proliferação de insetos, ratos e
baratas que causam sérios prejuízos à saúde da população. Agrava-se ainda mais
quando transborda grande quantidade de lixo e em volta dos coletores para grandes
volumes de resíduos, o que transforma o local em pequenos lixões, ocorrendo
situações de queima do lixo existente dentro e fora desses recipientes.
Observa-se também a insuficiência de recipientes coletores públicos
dispostos nos logradouros (tambores metálicos, lixeiros públicos etc.), o que
acarreta na disposição inadequada no logradouro público de resíduos sólidos
gerados pela população.
50
Quanto aos serviços de coleta de resíduos sólido no município, são efetuados
pela Prefeitura Municipal de Salinópolis. A coleta é feita no período diurno, com
freqüências diárias em alguns bairros (exceto aos domingos) e alternadas em
outros. A coleta é desenvolvida conforme o plano que divide a cidade em 07 (sete)
setores de coleta, conforme estudo de elementos como: diversidade de produção
dos resíduos sólidos, condições de trafegabilidade do sistema viário, a densidade
populacional, o per capta gerado, entre outros aspectos. Na Tabela abaixo se pode
observar a freqüência de coleta dos resíduos, conforme o setor de coleta.
Tabela 3 - Plano de coleta de resíduos sólidos de Salinópolis.
SETOR PERÍODO FREQUENCIA
Setor 1 Diurno Diário
Setor 2 Noturno Diário
Setor 3 Noturno Diário
Setor 4 Diurno Alternado - dias ímpares
Setor 5 Diurno Alternado - dias ímpares
Setor 6 Diurno Alternado - dias pares
Setor 7 Diurno Alternado - dias pares
Fonte: PMS (2009)
Segundo os dados da Prefeitura Municipal de Salinópolis, a cobertura dos
serviços de coleta atualmente atende a 80% da população, exceto no período de
veraneio. Segundo a PMS a produção média per capta de resíduos sólidos urbanos,
que inclui resíduo sólido doméstico, comercial, de serviços de saúde, de feiras e
mercados é de 0,56 kg/hab.dia (PMS, 2001).
A coleta de resíduos sólidos domiciliares é a coleta dos resíduos produzidos
em imóveis domiciliares, assim como em outros estabelecimentos que produzem
resíduo sólido com característica domiciliar, tais como escritórios, prédios
comerciais, entre outros. Nas áreas mais centrais do município, a coleta domiciliar é
feita, através dos caminhões com caçamba basculante, no entanto nas áreas mais
periféricas e de difícil acesso a coleta é efetuada através de trator com carroceria.
Os resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde (hospitais, clínicas
médicas e veterinárias, laboratórios, farmácias, etc.) são coletados em separado do
resíduo sólido doméstico, com destinação feita através de empresa particular.
51
Os coletadores de resíduos sólidos executam esta tarefa sem o treinamento
adequado a fim de precaverem-se dos riscos existentes ao lidar com esse tipo de
resíduos. A coleta se desenvolve sem a utilização, por parte dos coletores de
resíduo sólido, dos EPIs indicados para o desenvolvimento desse trabalho. Os
resíduos de feiras e mercados são basicamente compostos de restos de frutas,
legumes, verduras, papéis e etc. A coleta é feita através dos caminhões que fazem a
coleta do resíduo sólido domiciliar.
Este serviço se constitui-se também na remoção de material do tipo entulhos
de demolições, restos de podações, madeiras, móveis, etc. A coleta desses resíduos
é feita de forma semelhante à coleta do resíduo sólido público.
No município de Salinópolis não existe tratamento do resíduo sólido
adequado, a destinação final é feita sem nenhum cuidado ou critério técnico na área
destinada ao Aterro Sanitário de Salinópolis (ver figura 4).
Figura 4 – Destinação final dos resíduos sólidos na área do aterro sanitário.
Fonte: Autor, 2011.
Os resíduos dispostos dessa forma acarretam problemas à saúde pública,
como a proliferação de animais que são vetores de doenças, a geração de maus
odores, a contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas.
4.3 ATERRO SANITÁRIO
Segundo conceito do IBGE (2004), aterro sanitário se caracteriza em:
52
Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos a saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada (IBGE, 2004, p. 39).
Mediante o estudo apresentado, o aterro sanitário de Salinópolis não tem
esse objetivo, está aquém do que realmente objetiva a técnica de engenharia de
disposição adequada dos resíduos sólidos produzidos no município.
O Aterro Sanitário de Salinópolis está localizado em área de expansão do
município, na localidade de Cuiarana, mais especificamente em uma área geográfica
conhecida pelos moradores locais de Ramal São Sebastião (mesmo nome da rua
que dá acesso ao aterro sanitário) às proximidades também de Itapéua. O
respectivo aterro está distante a 7 km do centro urbano do município de Salinópolis.
53
Figura 5 – Localização do aterro sanitário do município de Salinópolis – PA
Fonte: PMS (2001)
O Aterro Sanitário no município de Salinópolis foi implantado e implementado
no ano de 2001, financiado com Recursos da União – Ministério das Cidades,
liberado e acompanhado as obras pela Caixa Econômica Federal – CEF pelo
convênio de nº 422035, no valor de R$ 260.000,00. Projeto que foi parcialmente
construído, mas no momento estão sendo depositados resíduos sólidos do
54
município pela PMS, bem como dejetos sanitários diretamente no local, escoando
para o rio e conseqüentemente desaguando para o mar.
Segundo dados do Projeto de Readequação do Aterro Sanitário de
Salinópolis (2010, p. 84), o aterro sanitário do município possui uma área total de
100.000 m², mas está calculado/programado para ser utilizado no novo Projeto, em
um período de 10 anos, o total de 80.113 m².
Figura 6 - Complexo de destino final de resíduos sólidos do município de Salinópolis - Lay-out arquitetônico do projeto de readequação do aterro sanitário 2010.
Fonte: PRASS, 2010.
55
Tendo por base a extensão geográfica do município, tem-se na porção norte
do aterro sanitário a Praia do Atalaia, ao sul as localidades de Corema e Alto
Pindorama, ao leste a localidade de Cuiarana, a oeste a BR-316, ao sudeste tem-se
o limite com a Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA e ao sudoeste a
localização do Aeroporto de Salinópolis. O citado aterro sanitário constitui-se em
eminente perigo para o tráfego aéreo pela presença de pássaros de grande porte
como urubus e garças que podem tornarem-se obstáculos para a aviação local; na
figura 6 acima, percebe-se a proximidade geográfica que ambas as áreas tem uma
com a outra.
O Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente - SEMA, processo nº2009/0000034902, título nº 1629, concedeu licença
de instalação do aterro sanitário sob o nº 1629/2011 para a Prefeitura Municipal de
Salinópolis, na proposta da readequação do aterro sanitário, no período de 5 anos
compreendido entre 14 de dezembro de 2009 e 26 de dezembro de 2014. Para
tanto, nesse período, será necessário cumprir as determinações/condicionantes, que
constam no anexo I do documento:
1. Apresentar Anotação de Responsabilidade Técnica - ART do profissional técnico responsável pela execução, devidamente atualizada; 2. Informar qual o destino a ser dado aos resíduos oriundos das atividades de execução das obras, conforme dispõe o art. 10 da Resolução CONAMA 307, de 05 de julho de 2002, os quais não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d´ água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei, em consonância com o § 1º, art. 4º, da referida Resolução; 3. Apresentar plano de monitoramento das águas subterrâneas e superficiais, cujos parâmetros devem estar em conformidade com os estabelecidos na Resolução CONAMA n° 357, de 17/03/2005, incluindo pontos de amostragem à jusante e montante do empreendimento (água subterrânea) e do ponto de lançamento do efluente tratado (água superficial), bem como a metodologia a ser aplicada; 4. Apresentar o background do corpo hídrico que receberá os efluentes após tratamento nas lagoas; 5. Apresentar plano de monitoramento dos efluentes oriundos do sistema de tratamento, cujos padrões de lançamento devem estar também de acordo com a Resolução citada anteriormente. Deverá ser identificado o ponto de lançamento do efluente e os poços de monitoramentos em planta baixa, em escala adequada, observando que deverá ser implantado, no mínimo, 4 poços, conforme estabelece a NBR 13896/97; 6. Apresentar cópia do protocolo de solicitação de outorga de uso (captação subterrânea);
56
7. Apresentar o background do solo da área do lixão que se encontra atualmente em uso, com pontos de amostragem que contemplem a área e o entorno, bem como proposta para realização recuperação da mesma, que deverá ser acompanhada de cronograma de execução; 8. Apresentar programa de desapropriação e remanejamento das famílias que residem na área do entorno; 9. Apresentar programa de reinserção social das pessoas que trabalham na coleta de resíduos sólidos no interior do aterro de modo a readequar as atividades dos membros da associação de catadores, garantindo que a área do aterro seja isolada do centro de triagem, ou a proporcionar outras alternativas de geração de emprego e renda para as famílias que ali trabalham; 10. Implantar a atividade em consonância com o projeto apresentado, a legislação ambiental e as normas técnicas aplicáveis em vigência, o que se aplica inclusive, para o uso de áreas de apoio, como canteiro de obra; 11. Apresentar, ao final da obra, relatório técnico consolidado, contendo documentação fotográfica do desenvolvimento das obras, que demonstre as conformidades e não conformidades, bem como as medidas de controle e mitigação adotadas com respeito aos impactos negativos ocasionados pelas mesmas, assim como as ações relativas à desmobilização e/ou recuperação das áreas que sofrerão a intervenção das obras, anexando ao mesmo comprovante(s) de destinação final de todos os resíduos sólidos oriundos da obra, cópia da outorga de lançamento e de captação subterrânea; e 12. Comunicar, imediatamente, à SEMA, a ocorrência de qualquer incidente que venha causar dano ambiental (LICENÇA DE INSTALAÇÃO, 2009, p. 2).
Essas e outras exigências são necessárias para o cumprimento da Lei de nº
12.305/2010, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, que caso
contrário, se não houvesse as respectivas exigências legais, muitos gestores
municipais não as cumpririam.
4.4 OS CONVÊNIOS
No Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União – CGU, no site
www.portaldatransparencia.gov.br, observa-se uma infinidade de convênios que
tiveram como objetivo o saneamento básico de resíduos sólidos urbanos realizados
pela Prefeitura Municipal de Salinópolis – PMS junto ao Governo Federal (Ministério
das Cidades e da Saúde); convênios realizados no período de 2000 a 2012, em que
alguns foram realmente efetivados e outros ainda não, pois estão no aguardo das
prestações de conta dos convênios anteriores.
57
Apresenta-se a seguir uma tabela resumida da situação dos convênios que a
Prefeitura Municipal de Salinópolis realizou com o Governo Federal,
correspondentes a três gestões anteriores.
Tabela 4 – Resumo dos convênios do Governo Federal com a Prefeitura Municipal de Salinópolis com relação ao saneamento básico/resíduos sólidos urbanos.
Número Situação Objeto do Convênio
Órgão Superior
Concedente
Valor Convêni
o (R$)
Valor Liberad
o (R$)
Publicação
Início Vigênci
a
Fim da Vigênci
a
Valor Contrapa
rtida (R$)
Data da Última Liberaç
ão
Valor Última
Liberação
(R$)
422035 Concluído
Ações de Saneamento Básico
Ministério das Cidades
Caixa Econômica Federal - Programas Sociais
260.000,00 260.000,00 2/2/2001 28/12/2000 30/6/2005 26.000,00 24/12/2001 260.000,00
421575 Concluído
Ações de Saneamento Básico
Ministério das Cidades
Caixa Econômica Federal - Programas Sociais
60.000,00 60.000,00 2/2/2001 28/12/2000 31/12/2003 15.000,00 23/12/2001 60.000,00
475062 Excluído Ações de Saneamento Básico
Ministério das Cidades
Caixa Econômica Federal - Programas Sociais
0,00 0,00 27/12/200
2 11/12/2002 30/6/2003 1.146,77 - 0,00
475407 Excluído Ações de Saneamento Básico
Ministério das Cidades
Caixa Econômica Federal - Programas Sociais
0,00 0,00 27/12/200
2 11/12/2002 30/6/2003 2.500,00 - 0,00
725646 Em execução
Elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico
Ministério da Saúde Fundação Nacional de Saúde/FUNASA
323.907,50 161.953,75 20/1/2010 31/12/2009 28/6/2012 10.020,00 14/2/2012 161.953,75
730013 Aguardando a prestação de
contas
Resíduos sólidos urbanos
Ministério da Saúde Fundação Nacional de Saúde/FUNASA
2.940.000,00 0,00 28/1/2010 31/12/2009 31/12/2010 60.000,00 - 0,0
Fonte: Porta da Transparência com a adaptação do autor. É válido ressaltar que o recurso da União oriundo do convênio de nº 422035,
orçado no valor de R$ 260.000,00, captado junto ao Ministério das Cidades, no ano
de 2000, foi destinado para a construção da obra de engenharia do Aterro Sanitário
de Salinópolis que existe hoje em pleno funcionamento, apesar de inacabado, ou
seja, estão sendo destinados os resíduos sólidos sem o tratamento adequado e
depositados de forma direta no meio ambiente físico.
O convênio de nº 730013, publicado no dia 28 de janeiro de 2010, no valor
orçado de 2,9 milhões de reais, será para tratar os resíduos sólidos urbanos,
mediante o novo projeto de readequação do aterro sanitário de Salinópolis. No
momento este recurso ainda não foi liberado, está aguardando a prestação de
58
contas do investimento anteriormente liberado para a construção do atual aterro
sanitário.
4.5 OS CATADORES
Durante a pesquisa in loco, observou-se a existência de pessoas
denominadas catadores, as quais em grande parte estavam residindo no mesmo
espaço do aterro sanitário, onde realizam a separação dos materiais recicláveis que
são comercializados pela Associação dos Recicladores de Salinópolis – ARSAL,
criada em 15 de junho de 2006. A respectiva associação tem um total de 42
associados que pagam o valor mensal de R$ 5,00 (cinco reais); iniciou-se com 30
pessoas, mas segundo o que foi percebido no levantamento de campo, o lucro
dessa associação não é compartilhado entre seus associados, que não recebem
material de segurança ou de higiene apropriado para a execução do trabalho.
Percebeu-se no local de estudo que a respectiva associação tem uma organização
interna desarticulada e desmobilizada, que na realidade não funciona
adequadamente. Os associados não participam das discussões e gestão
compartilhada, não possuem forças políticas e reflexão crítica na busca pelos
direitos que lhe são garantidos pela legislação. É necessário uma intervenção
governamental ou não governamental que seja atuante e que esteja ao lado dos
catadores associados para assessorá-los na atuação adequada, que venha
representá-los em conjunto com os outros órgãos governamentais e que consiga
capacitá-los para a gestão dos resíduos sólidos, tornando-os importantes aliados no
cumprimento da Lei dos Resíduos Sólidos Urbanos.
Figura 7 – Materiais recicláveis e caminhão coletador da ARSAL na área do aterro sanitário.
Fonte: Pesquisa de campo, autor
59
Hoje pela nova Lei dos Resíduos Sólidos Urbanos, Lei de nº 12.305/2010, no
seu art. 36, define a participação das associações ou cooperativas dos catadores,
que diz:
Art. 36. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos, observado, se houver, o
plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:
§ 1o Para o cumprimento do disposto nos incisos I a IV do caput, o
titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos priorizará a organização e o funcionamento de
cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de
baixa renda, bem como sua contratação.
Mas, é pelo Decreto Federal de nº 7.404 que se define como a legislação
deverá ser implementada:
Art. 40. O sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos e a logística
reversa priorizarão a participação de cooperativas ou de outras formas
de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
constituídas por pessoas físicas de baixa renda.
Art. 41. Os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos
definirão programas e ações para a participação dos grupos
interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas
por pessoas físicas de baixa renda.
Art. 42. As ações desenvolvidas pelas cooperativas ou outras formas
de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis no
âmbito do gerenciamento de resíduos sólidos das atividades
relacionadas no art. 20 da Lei nº 12.305, de 2010, deverão estar
descritas, quando couber, nos respectivos planos de gerenciamento
de resíduos sólidos.
Art. 43. A União deverá criar, por meio de regulamento específico,
programa com a finalidade de melhorar as condições de trabalho e as
oportunidades de inclusão social e econômica dos catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis.
60
Art. 44. As políticas públicas voltadas aos catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis deverão observar:
I - a possibilidade de dispensa de licitação, nos termos do inciso XXVII
do art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, para a contratação
de cooperativas ou associações de catadores de materiais reutilizáveis
e recicláveis;
II - o estímulo à capacitação, à incubação e ao fortalecimento
institucional de cooperativas, bem como à pesquisa voltada para sua
integração nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos; e
III - a melhoria das condições de trabalho dos catadores.
As respectivas leis instituídas representam um avanço social em nosso país,
pois definem regulamentos imprescindíveis para o crescimento e valorização do
trabalhador/catador de materiais recicláveis, seja no âmbito federal, estadual e
municipal.
Quadro 5 - O que muda com a Lei nº 12.305/2010 e o Decreto nº 7.404/2010
ANTES DEPOIS Exploração por atravessadores e riscos à saúde.
Menos riscos à saúde e maior renda, com inclusão social.
Informalidade e falta de gestão do negócio.
Inserção das cooperativas no serviço municipal de coleta e reciclagem.
Problemas de qualidade e quantidade dos materiais.
Maior quantidade e melhor qualidade da matéria-prima reciclada.
Falta de qualificação e visão de mercado.
Maior quantidade e melhor qualidade da matéria-prima reciclada.
Fonte: Informativo CEMPRE (2010)
Essa Lei e Decreto se constituem em grandes avanços na área ambiental e
social, pois as associações e cooperativas dos catadores, que além de serem
importantes sujeitos na implementação dessas políticas ambientais, ainda
contribuirão para o avanço social, pois proporcionará a geração de trabalho e renda
para pessoas de baixa renda do país.
61
CAPÍTULO V - PERCEPÇÃO DOS MORADORES QUANTO AOS RISCOS SOCIOAMBIENTAIS
Pesquisar a complexidade do pensamento e da percepção humana não é
tarefa fácil, até mesmo os mais experientes cientistas das diversas áreas das
ciências humanas, biológicas ou mesmo exatas, que buscam enveredar nesse
campo, encontram suas limitações. O estudo da percepção ambiental apresenta-se
como um campo novo da ciência que ainda se depara com controvérsias ou críticas
no meio acadêmico/científico. É interessante saber que o objeto estudado, um ser
vivo pensante, que interage, sente e percebe o ambiente que vive e ou o fenômeno
que lhe é apresentado em determinado espaço ou tempo, (espaço vivido e sentido),
pode servir de análise científica para as respostas/definições na busca de
resoluções e ou novas propostas de superação dos desafios enfrentados pela
sociedade contemporânea, seja no campo ambiental, social, político ou econômico.
Pierre Bourdieu (2000) sociólogo e antropólogo francês referenda a
percepção do mundo social, quando aborda essa discussão pelo pensamento:
A teoria mais acentuadamente objetivista tem de integrar não só a representação que os agentes têm do mundo social, mas também, de modo mais preciso, a contribuição que eles dão para a construção da visão desse mundo e, assim, para a própria construção desse mundo, por meio do trabalho de representação (em todos os sentidos do termo) que continuamente realizam para imporem a sua visão do mundo ou a visão da sua própria posição nesse mundo, a visão da sua identidade social (BOURDIEU, 2000, p. 139).
Nesse sentido buscou-se realizar uma pesquisa de campo com seis (6)
moradores (de famílias diferentes) residentes no entorno do aterro sanitário de
Salinópolis, mais precisamente às proximidades de Cuiarana. O lugarejo é bem
tranqüilo e ainda preserva suas belezas naturais e mantêm algumas características
da geografia rural, em que seus moradores ainda adotam, na cultura local, as
plantações em seus quintais (plantas frutíferas, hortas e plantações de macaxeira
para a produção de farinha etc.), bem como a criação de aves, pesca artesanal,
coleta de frutos do mar (mexilhão e sarnambi), caça de animais silvestres, haja vista
que há presença de macacos, tatus, quatis e cutias que ainda vivem na mata virgem
presente nas imediações do aterro sanitário. Mas, segundo relatos do Sujeito 1:
62
“O pessoal daqui já comeram muita caça. Na beira do porto tem muita mata e tem uma área que dá muitas cutias, quatis, tatus, vez por outras aparecem uns aqui no quintal, uma vez tinham dois no cajueiro, talvez para pegar as galinhas... Só vocês vendo os papagaios cantando, é muito lindo... Com essa imundície toda no lixão, até os bichos vão embora...” (60 anos; moradora há 32 anos na área).
Registra-se na observação da moradora, que a dinâmica da vida natural dos
animais sofreu ou está passando por processo de mudanças, sendo percebido e
associado pela mesma que é devido a existência do aterro sanitário, que os
residentes do lugar associam e verbalizam como lixão.
A busca por esse pensamento nos proporcionou entender por meio da
linguagem e percepção dos moradores, como se dá a luta simbólica do grupo social
estudado, que segundo Bourdieu (2000), em seu livro “O Poder Simbólico” nos
esclarece que:
A percepção do mundo social é produto de uma dupla estruturação social: do lado “objetivo”, ela está socialmente estruturada porque as autoridades ligadas aos agentes ou às instituições não se oferecem à percepção de maneira independente, mas em combinações de probabilidades muito desigual [...], do lado ”subjetivo”, ela está estruturada porque os esquemas de percepção e de apreciação susceptíveis de serem utilizados no momento considerado, e, sobretudo os que estão sedimentados na linguagem, são produto das lutas simbólicas anteriores e exprimem, de forma mais ou menos transformada, o estado das relações de força simbólicas (BOURDIEU, 2000, págs. 139 e 140).
No grupo focal e nas entrevistas individuais realizadas juntos aos moradores,
observam-se repetidamente verbalizações que dizem respeito aos riscos
socioambientais causados pela destinação irregular dos resíduos sólidos e pela
construção do aterro sanitário na área. As colocações freqüentes foram: morte e
mudança de território dos caranguejos para mangues um pouco mais afastados;
fuga de animais silvestres para áreas bem mais afastadas em que aparecem
esporadicamente na área em pequenos bandos (a exemplos de macacos-prego,
pássaros e papagaios); água contaminada com mau odor e coloração
esbranquiçada; derramamento de dejetos (esgotamento sanitário) na área do aterro
sanitário em que o líquido desce diretamente para as margens dos rios e mangues
presentes no entorno; água de poço que antes era límpida e pura, agora é preciso
fervê-la, tratá-la com hipoclorito ou buscar em casas de parentes que residem
63
distantes da moradia local; mudança de alguns moradores para áreas mais
afastadas do aterro sanitário; desvalorização do valor do imóvel pelas características
negativas do aterro sanitário (área degradada e contaminada pelo descarte irregular
dos resíduos sólidos); medo de alguns moradores pelo aparecimento de casos de
furtos no interior das residências e fora dela (roubos de galinhas, cordões, celulares
etc.); riscos de infecção causada por cortes e furos nos corpos das crianças que vão
para a área do aterro sanitário para brincar/empinar pipas; consciência dos
moradores que residir no entorno do aterro sanitário reduzirá o nível e qualidade de
vida dos mesmos, pelo fato de respirar ar contaminado e expor-se a todo os tipos de
doenças causadas pelos vários vetores como moscas, carapanãs, ratos e baratas.
Esse último, é confirmado pelo relato do Sujeito 1, que expressou:
“Morando perto do lixão se eu tiver mais dez anos de vida, na realidade vai reduzir para dois ou três anos, respirando esse ar contaminado... Se o pessoal tirasse esse lixão daqui, eu iria morar aqui o resto da minha vida, com boa saúde e vivendo melhor.” (60 anos; moradora há 32 anos na área).
Essa consciência, de associar os riscos do aterro sanitário com a redução da
qualidade e expectativa de vida, foi registrada somente na fala de uma moradora, os
demais citam a questão das doenças, mas não verbalizaram e ou realizaram uma
reflexão na projeção futura, o Sujeito 3, aproximou-se dessa discussão, mas sua
fala foi mais direta e imediatista do que a colocação anterior:
“Aqui antes eu não tinha preocupação com nada. Hoje esse lixão nos traz preocupação e doenças, no tubo lá embaixo eu colocava o biquíni e ia lavar roupa e tomar banho, agora não faço isso; ninguém sabe como essa água está” (57 anos; nascida na área).
Tem-se a consciência dos riscos da água contaminada que passa no rio do
seu quintal, que o sentimento manifestado no momento de sua fala era de medo e
ao mesmo tempo de saudosismo da vida tranqüila/pacata que levava antes do risco
da disposição dos resíduos sólidos no aterro sanitário, que havia a simbiose e a
“intimidade” com a água que até então lhe trazia paz, tranqüilidade e harmonia com
a natureza.
O elemento água constitui-se no principal item de maior citação/discussão no
grupo focal, além dos sentimentos citados acima, de medo e saudosismo,
64
apresentaram também na sua totalidade as emoções de entristecimento e raiva,
haja vista que percebem a agressão que lhes causam quando a água também é
“agredida” e essa relação homem-natureza é muito presente. A água se apresenta
para os moradores como fonte de vida e os mesmos (moradores) se sentem
ameaçados em saber que essa fonte “está doente”. A água era o elemento
fundamental que estava presente na consciência coletiva dos moradores e era parte
integrante da paisagem do lugar (representada pelos “igarapés”, “mangais” e “olhos
d’água”), que ao mesmo tempo, representava o lazer, a saúde, a higiene e o
alimento. Como se pôde contactar os respectivos sentimentos nas falas:
“A água do poço era azul e fria, era a coisa mais linda do mundo, eu bebia água no balde... Hoje é fervida; nessa época (verão) é branca e barrenta. É cruel...” (Sujeito 1; a referência da pesquisada foi citada anteriormente). “A pesca diminuiu, o mangal está mudando... O caranguejo está descendo para o mar, alguns estão morrendo... Antes era aqui perto, agora está distante. Meus filhos não tomam mais banho no igarapé, está tudo contaminado.” (Sujeito 2; 39 anos, nasceu no município de Salinópolis - Área Urbana -, mas reside há 5 anos na área em estudo). “No meu terreno tem um igarapé. O olho d’água vem lá de cima...” (Sujeito 3; a referência da pesquisada foi citada anteriormente). “A água é fervida, minha água antes não era fervida, mas agora eu faço isso...” (Sujeito 3; a referência da pesquisada foi citada anteriormente). “Hoje a água é ruim para beber...” (Sujeito 4; 65 anos, nasceu no município de Vizeu - PA, reside há 12 anos na área em estudo). “A água que bebíamos era diretamente do poço...” (Sujeito 5; 76 anos, nasceu na área). “Se chover a água do poço fica amarelada, igual a tucupi... (Sujeito 6; 65 anos, nasceu no município Bragança, reside há 8 anos na área em estudo).
Também com relação à água e à consciência política do direito a esse bem, a
moradora (Sujeito 1) fez uma referência no grupo focal que merece uma análise
mais aprofundada, com base na Lei, em que realizou o seguinte afirmativa:
“Se a água está contaminada, a prefeitura tem a obrigação de dar água tratada pra gente” (60 anos; moradora há 32 anos na área).
Para tanto, o direito à água é universal, foi instituído no dia 22 de março de
1992 em um documento elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), a
Declaração Universal dos Direitos da Água (2012), que apresenta em seus artigos a
seguinte determinação:
65
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social (IBGE, 2012, p.1).
Do direito à água, a legislação brasileira tem avançado. Foi implementada, no
dia 8 de janeiro de 1997, a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, instituída
pela Lei de nº 9.433/97 (mediante essa Política criou-se o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos), conhecida como a “Lei das Águas”, que se
constitui em importante Lei que vem garantir esse direito à água potável e o lixo
produzido nas cidades, principalmente os casos em que a destinação irregular dos
resíduos sólidos é depositada diretamente e sem o tratamento adequado em aterros
sanitários que colocam em risco a segurança ambiental dos corpos d’água dos rios,
lagos, mangues, mares e lençol freático/água subterrânea.
Nesse sentido a Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu artigo 2º
(1997), define como principais objetivos:
I - Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
III - A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais (PNRH, 1997, p. 1).
Que apresenta, na Alínea II da respectiva Lei, a seguinte diretriz:
II - A adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País (PNRH, 1997, p. 2).
Mas também apresenta as penalidades para quem não as cumpre:
66
Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referente à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração: § 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato (PNRH, 1997, p. 15).
O elemento terra, que diz respeito à destinação final dos resíduos sólidos
produzidos pelos moradores locais; o sentimento de apego à área geográfica; o
cuidado com o manejo da terra/arado e plantações, também aparece na discussão
do grupo focal, mas em menor proporção do que o elemento água que fora
abordado anteriormente.
Com relação à destinação final dos resíduos sólidos produzidos pelos
moradores, registrou-se que 90% dos entrevistados adotam o antigo hábito de
queimar o lixo seco e enterrar o lixo orgânico. Este último é depositado no “pé das
plantas para servir de estrumo” (Sujeito 1), frase essa foi exposta para o grupo no
seguinte raciocínio:
“O lixo produzido pela minha família, como resto de verdura, de comida... coloco todos no pé das plantas para servir de estrumo e os sacos eu queimo tudo. Somos pobres e não temos caixas e mais caixas com coisas que não usamos...” (60 anos; moradora há 32 anos na área).
Registra-se também nessa fala que não existe o hábito de acúmulo de
supérfluos e ou de consumo excessivo, confirmando que consomem somente o
necessário para a subsistência familiar e ou manter o mínimo para atender as
necessidades de conforto; somente uma moradora (Sujeito 3) verbalizou que
adquiriu o hábito de armazenar os resíduos domésticos em saco plástico e deixar na
beira da rua para o carro coletador da prefeitura levar para o aterro sanitário. Hábito
esse que fora imitado dos moradores da área urbana, a mesma relata:
“O lixo de casa eu coloco no saco e jogo no lado da rua e “eles” (coletador da prefeitura) levam para o lixão” (57 anos; nascida na área).
67
Com relação ao apego à área em que se vive, percebe-se que todos (100%
dos moradores) têm as raízes, sua subsistência e os sentimentos fortes no e pelo
espaço geográfico, essas características foram observadas no grupo focal pelas
seguintes falas:
“Quando eu vim para cá era para criar, plantar... eu gosto muito de trabalhar assim... tirar lenha, cuidar de galinha, cuidar da terra... Sou da terra, sou igual a meu pai, ele gostava de trabalhar na terra... Olha, eu tenho coco que não compro...açaí que não compro... murucí que não compro...caju que não compro, agora que não tenho mais batata doce..., antes tinha muito, para comer com café da manhã era tão bom...Tudo, tudo, tudo... eu produzo aqui. Quando é época de manga, é “manga, manga, manga que não acaba mais”. Eu também tenho minha couve, minha pimentinha, minha cebolinha... eu compro essas caixas de geladeira e coloco terra preta, dá umas couves tão bonita...” (Sujeito 1). “Gosto daqui, gosto do interior, não gosto da cidade”. (Sujeito 4)
Mas também foram registradas falas de insatisfações pela realidade como a
área está hoje, pela existência do aterro sanitário e os perigos socioambientais que
lhes cercam, esse sentimento foi registrado em uma entrevista direta a um jovem de
18 anos (será identificado como Sujeito 7, mas o mesmo não participou do grupo
focal), que é filho de uma moradora autóctone (a mesma participou do grupo focal,
foi identificada como Sujeito 3) que nos revelou intimamente seu desejo, quando foi-
lhe dirigidas duas perguntas: “Você gosta de morar neste lugar? O “lixão” causa
algum incômodo para você ou para sua família?” em que obtivemos como resposta:
“Quando eu arranjar um emprego bom, vou tirar eles daqui (os pais), quero sair daqui; aqui é bom, mas se saísse esse lixão daqui, nós ficava aqui, eu queria dar uma segurança a mais pra minha família” (18 anos; nascido na área).
E o mesmo, apesar do posicionamento citado acima, não se direcionou
somente para o seu núcleo familiar, mas também para a coletividade, sentimento
amplo que fora identificado quando relatou:
“Nossos vizinhos que moram mais próximo do lixão são os mais prejudicados, as crianças gostam de brincar no rio e tomar banho e isso pode fazer algum mal.”
A genitora do entrevistado (Sujeito 3), também em algum momento no grupo
focal, verbalizou:
68
“Se a prefeitura quiser me botar pra fora, eu saio, mas tem que ser o dinheiro que eu estou pedindo, tem que ser um dinheiro que dê para comprar outra casa. Não avaliei ainda quanto eu quero...” “Gosto desse lugar, não gosto da cidade, na cidade não podemos criar e nem plantar, lá roubam tudo...”
Nessa família específica (Sujeitos 3 e 7), apesar de relatos realizados em
momentos e dias diferentes, com gerações também diferentes, as percepções
aglutinam-se, revelando que apesar de gostarem de viver no lugar, ter os laços
afetivos fortalecidos no lugar, estão dispostos a mudar para outro local em
decorrência dos perigos, ameaças e riscos socioambientais que o aterro sanitário
vem produzindo no meio ambiente em que vivem.
O elemento ar foi outro aspecto que fora verbalizado pelo grupo focal e pelos
pesquisados nas entrevistas realizadas individualmente, constitui-se no terceiro item
de maior discussão depois dos assuntos que dizem respeito à água e à terra.
O relato do mais jovem do grupo pesquisado (Sujeito 7), nos apresentou a
seguinte observação: “O barulho dos caminhões de lixo não incomoda muito, é mais o mau
cheiro...”. Informação essa que somando à observação de outro morador, que
participou do grupo focal (Sujeito 1) que disse:
“Quem entra aqui, já no início do Ramal São Sebastião (rua de acesso ao aterro sanitário onde os moradores residem) já se sente o mal cheiro, tem vezes que cai lixo do carro e aqui fica uma imundície...Com esse cheiro, quem mora perto, não pode nem buscar uma lenha...Eu acho que a comunidade do Laranjal sofre muito com esse fedor (comunidade um pouco afastada).”
O mau cheiro é uma característica que é percebida pelos moradores ainda de
forma isolada, é pelo fato de os coletores e caminhões passarem na principal rua de
acesso ao aterro sanitário onde os moradores residem e pelo fato dos odores serem
levados pela corrente de ar/ventilação em direção contrária ao espaço onde os
mesmos residem.
Outro agravante é com relação à fumaça que é oriunda do aterro sanitário,
como nos revela o Sujeito 1 que diz:
“Aí no lixão eles queimam o lixo no verão, a fumaça não pára. Graças a Deus a fumaça não passa pra cá.” “Passo o dia na cozinha fazendo as coisas, eu já teria ido na Polícia denunciar se eu sentisse o fedor de fumaça...”
69
Ressalta-se junto aos moradores locais a existência de um outro fenômeno
atípico com relação a mudança de meios de vida/trabalho, exemplificado na
atividade do filho do Sujeito 5, que antes da implantação do aterro sanitário na área,
o mesmo exercia o trabalho de pesca e agricultura, mas devido suas habilidades
artísticas, o mesmo agora passou a utilizar resíduos sólidos do aterro sanitário na
construção de souvenir para ser vendido na praia e cidade, o mesmo relatou:
"Agora pesco e planto pouco, estou me dedicando em fazer objetos como lembranças da cidade para vender em julho nas praias, consigo pedaços de madeira e outros materiais no lixão..." (Sujeito 8, 35 anos, nascido na área).
O mesmo é favorável a um trabalho direcionado com os catadores do local,
que venha a beneficiá-los e gerar renda para essas pessoas, haja vista que sabe da
existência da exploração desse material por uma pessoa que possui um caminhão,
comercializa e que se apropria da maior parte do lucro.
Na presente pesquisa, observou-se que nos relatos apresentados pelos
moradores locais, que residem no entorno do aterro sanitário do município de
Salinópolis, os mesmos nos proporcionam compreender a realidade e o fenômeno
apresentado, haja vista que, segundo Bourdieu (2000):
“O trabalho científico tem em vista estabelecer um conhecimento adequado não só do espaço das relações objetivas entre as diferentes posições constitutivas do campo, mas também das relações necessárias estabelecidas, pela mediação dos habitus dos seus ocupantes, entre essas posições e as tomadas de posição correspondentes, quer dizer, entre os pontos ocupados neste espaço e os pontos de vista sobre este mesmo, que participam na realidade e no devir deste espaço (BOURDIEU, 2000, p. 150).”
Essa concepção de Bourdieu (2000) representa muito bem o que objetiva
essa pesquisa que perpassa não só pelas relações objetivas do grupo estudado,
mas pelas diferentes relações estabelecidas e intermediadas pelos hábitos
(consciência cultural do grupo que fora adquirida de acordo com o meio em que
vivem), o espaço geográfico estudado e o ponto de vista daqueles que vivenciam e
percebem a problemática/fenômeno em estudo.
70
CAPÍTULO VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES
As discussões referentes aos impactos causados pelos resíduos sólidos
urbanos e o manejo irresponsável da natureza pelo Homem, é assunto complexo,
árduo e vem causando ainda polêmicas em todo o mundo; mobiliza conferencistas,
cientistas das mais diversas áreas do conhecimento, filósofos, políticos, industriais,
empresários, ONGs/sociedade civil organizada e também pessoas do cotidiano (do
senso comum), que vivenciam de perto ou estão inseridas direta ou indiretamente na
problemática discutida. Se essas discussões forem direcionadas, hábitos,
pensamentos e ações poderão ser transformados e fazerem a diferença na redução
desses impactos, pois os novos hábitos e pensamentos podem moldar os
comportamentos e os mesmos comportamentos constituírem-se em tradições, que,
quando instaladas, serão transmitidas de geração para geração.
Essa discussão reporta para pensar axiomas aparentemente simples, mas
que na sua essência, apresentam contradições que levam a profundas reflexões
humanas: “a sociedade de consumo da qual faço parte, está tratando a natureza
com os cuidados necessários que venham garantir os mesmos recursos naturais
para minha e a futura geração?”, “O que eu estou fazendo para combater ou
amenizar os impactos causados à natureza, uma vez que muitas vezes contribuo
consciente e inconscientemente para essa destruição?” “Tenho consciência dos
riscos socioambientais causados pelos resíduos sólidos à natureza, bem como da
possibilidade do colapso energético e do esgotamento dos recursos ainda presentes
na natureza?”. Essa e outras perguntas são pertinentes quando são tratados
assuntos sobre o meio ambiente, no qual estamos inseridos e fazemos parte dele
como atores que o transformam e ou modificam.
É com esse enfoque, mas com amplitude maior, que conclui-se o presente
trabalho, que envolveu as percepções e as ações dos moradores residentes no
entorno do aterro sanitário localizado no município de Salinópolis, assim como as
percepções e ações dos gestores que administram o saneamento básico,
especificamente o tratamento e o destino final dos resíduos sólidos produzidos na
cidade, se estes estão condizentes com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. O
município tem forte tradição turística pelos elementos naturais que se fazem
presentes no cenário geográfico, como praias oceânicas, ilhas, rios, igarapés,
mangues, bosques e mata virgem, que fomentam e fortalecem a economia do
71
município e o não tratamento dos resíduos sólidos produzidos na cidade, se forem
descartados diretamente na natureza, sem os cuidados necessários, voltarão
negativamente para o município, interferindo no turismo e conseqüentemente na
economia local, na saúde e qualidade de vida de sua população.
Nesse sentido, com relação ao problema central da pesquisa que era
compreender como ocorre a gestão dos resíduos sólidos e quais as implicações e
riscos socioambientais que o aterro sanitário vem produzindo no município de
Salinópolis, bem como para os moradores que residem no entorno do aterro
sanitário, levando em consideração a percepção que esses atores sociais têm do
ambiente em que vivem e quais as ações/atitudes que o poder público municipal
encaminha para minimizá-los, o estudo constatou que, neste último, não há
compromisso dos gestores com relação à implantação da política dos resíduos
sólidos no município, uma vez que as energias e as atenções estão voltadas para a
captação dos recursos que lhes são destinados e há pouco interesse na
problemática socioambiental apresentada. Constatação essa percebida pela falta de
proximidade dos gestores junto aos moradores locais, aos catadores de material
reciclável que estão inseridos diretamente na área do aterro, na falta de buscas de
parcerias de Centros de Pesquisas, associações, Igrejas, Escolas, ONGs, rádios
comunitários, empresas e dos próprios turistas que se beneficiam dos recursos
naturais que lhes são agraciados, tanto os que possuem imóveis no município como
os que o visitam.
Quanto à hipótese de que o poder público não segue a Política Nacional dos
Resíduos Sólidos ou não criou um plano municipal que trate dos resíduos sólidos
produzidos na cidade, esta foi confirmada, pois observou-se que os resíduos sólidos
coletados no município são destinados de forma irregular, resíduos esses, que não
passam por tratamento adequado, muito menos por um trabalho planejado dos
catadores presentes na área do aterro, onde acontece a catação, a mesma ocorre
sem os parâmetros legais de: organizações, higiene e cuidados no local de trabalho,
pois os catadores não usam equipamentos de segurança. Percebeu-se também que
não ocorre a gestão compartilhada na administração da presente associação dos
catadores, pois, mesmo que os trabalhadores tenham verbalizado que fazem parte
da respectiva associação, não foram observadas as exigências, as normas legais de
72
funcionamento na realidade concreta, que estão descritas na Política Nacional de
Resíduos Sólidos.
Referente aos objetivos da pesquisa que é entender como os moradores
percebem os riscos ambientais a que estão sujeitos, como se processa a política, a
produção, a destinação final e o gerenciamento dos resíduos sólidos no município e
quais as ações que eles e o poder público executam para minimizar tais riscos
detectou-se que os moradores têm consciência dos riscos socioambientais do local,
necessitando trabalhar a conscientização dos mesmos para a busca de seus direitos
e melhor representatividade perante o poder público, pois ainda colocam-se numa
postura de aguardar as decisões do poder municipal para a resolução da
problemática apresentada. E o poder público por outro lado, não possui os recursos
necessários para gerir ou resolver a situação, permanecendo em busca da captação
de recursos financeiros através do Governo Federal e vem apresentando atitudes
pontuais como a elaboração do projeto de readequação do aterro sanitário,
aquisição de terreno do aterro mediante decisão do Ministério Público. Para isso
vem adotando encaminhamentos sem apoio necessário de outros órgãos e ações
sem planejamento para alcançar o objetivo maior que é a captação/aquisição do
citado recurso.
O processo de elaboração dos planos de resíduos deve assegurar a efetiva
participação e o controle social nas fases de formulação e acompanhamento da
implantação da política estadual ou municipal de resíduos sólidos, bem como na
avaliação da consecução das metas do Plano. A gestão adequada dos resíduos
sólidos, objetivo maior dos planos de resíduos, pressupõe a Educação Ambiental, a
coleta seletiva, o estímulo à comercialização de materiais recicláveis, a
compostagem, a inclusão de catadores e a adoção de sistema ambientalmente
adequado para a disposição final de rejeitos.
Mediante o estudo realizado algumas propostas/ações são sugeridas para a
gestão dos resíduos sólidos com o objetivo de reduzir e prevenir os impactos
urbanos na vida das pessoas:
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• Avaliação do Impactos Ambientais pela Secretaria de Estado de Meio
Ambiente – SEMA/PA e caso seja positiva a liberação para o funcionamento
do aterro sanitário, discutir com os moradores que residem no seu entorno,
sobre a decisão legal, indenizações e possíveis transferências de suas
residências para localidades assemelhadas ao seu habitat natural, levando
em conta os aspectos naturais, culturais e outros;
• Realizar parcerias com Instituições Não Governamentais (ONGs), públicas,
privadas e de pesquisa como a UFPA, UFRA, SECTAM, EMATER, SEBRAE,
SESC, Associações Comunitárias, Igrejas, Rádio Comunitária, Escolas,
Secretarias Municipais, Empresariado Local, etc. para discutir e propor
soluções viáveis em parceria com a Prefeitura Municipal de Salinópolis, no
sentido da capacitação técnica continuada em gestão de resíduos sólidos dos
gestores locais, trabalhadores/recicladores de materiais recicláveis, assim
como trabalhar a consciência ambiental junto à população local e flutuante
(turistas) que visita o município;
• Promover cursos, palestras, oficinas de iniciação e formação profissional
(confecção de artesanatos com produtos regionais de praia e reciclagem de
material, horta comunitária, fruticultura, beneficiamento de alimentos como
pescado e frutas regionais, alimentação alternativa, cooperativismo e
associativismo), através das Instituições parceiras, visando a inclusão dos
mesmos no mercado de trabalho e auto sustentação das famílias
beneficiárias pelo projeto que deverá ser criado para essa finalidade;
• Promover ações educativas e preventivas sobre a educação ambiental,
sanitária e de saúde, visando estimular a formação da consciência crítica dos
moradores locais, bem como a adoção de padrões sustentáveis de consumo;
• Realizar o cadastro dos catadores de resíduos sólidos na área do aterro
sanitário, por comissões criadas pelos conselhos municipais e ou associações
comunitárias no sentido de identificá-los e viabilizar estudos dos familiares na
identificação das necessidades dos mesmos, possibilitando benefícios
sociais, focando a mudança da situação de exclusão e pobreza que permeia
essa categoria de trabalho;
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• Incentivar a construção da indústria da reciclagem no espaço do aterro
sanitário, para os catadores locais, por meio da criação de uma cooperativa,
onde seus cooperados sejam atuantes no sentido de buscar infraestrutura
adequada e em condições de higiene, segurança, de equipamentos e de
veículos, além do controle da produção pelos Conselhos Municipais;
• Possibilitar a educação da coleta seletiva junto a todos os moradores e
população flutuante que visita o município de Salinópolis;
• Criar estratégias para o controle social, assim como elaborar estudo e
pesquisas sobre a realidade dos resíduos sólidos urbanos no município de
Salinópolis, pelo governo e sociedade civil organizada no sentido de entender
com maior profundidade a problemática dos resíduos sólidos no município,
possibilitando a criação de políticas públicas voltadas para atender essa
realidade;
• Promover a criação participativa do plano municipal dos resíduos sólidos no
município de Salinópolis e a mobilização social/divulgação do respectivo
documento por meio de recursos midiáticos disponíveis no município (rádio
comunitária, jornal e internet) como também elaborar cartilhas educativas
para a população sobre a importância do referido plano e da contribuição que
cada um dos atores sociais poderá realizar na efetivação desse trabalho de
saneamento público (população local, flutuante e gestores municipais).
75
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80
APÊNDICES
1. ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O GESTOR MUNICIPAL
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO
1) O que se tem definido no Plano Diretor da cidade com relação à Política dos Resíduos Sólidos?
2) Qual o seu pensamento com relação aos riscos ambientais produzidos pelo aterro sanitário do município e os prejuízos que ele pode provocar para o ambiente físico (rios e mangues), a população, o desenvolvimento do turismo e à economia do município?
3) Qual é a assistência/atenção que a população residente no entorno do aterro sanitário vem recebendo do poder público?
4) Houve estudo de impacto ambiental antes da construção do aterro sanitário no município de Salinópolis?
5) Por que ele está inacabado?
6) Há algum planejamento/plano para a conclusão e funcionamento do aterro sanitário do município?
7) Em sua opinião, a localização do aterro sanitário está adequada? Se a resposta for negativa, onde você pensa que deveria ser construído?
8) Com o aumento da população flutuante, qual o planejamento para atender a demanda de lixo produzido no município, incluindo praias e cidade?
9) Atualmente existe contrapartida da Associação dos Recicladores de Salinópolis – ARSAL em favor do poder público municipal no sentido da comercialização dos resíduos sólidos coletado no aterro sanitário?
10) Em caso negativo, haveria possibilidade de futura readequação do aterro sanitário na busca de parcerias visando contrapartida da Associação dos Recicladores de Salinópolis – ARSAL no sentido da comercialização dos resíduos sólidos, coletados no aterro sanitário, em favor do município?
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2. ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO
1) Qual o seu pensamento com relação aos riscos ambientais produzidos pelo aterro sanitário do município e os prejuízos que ele pode provocar para o ambiente físico (rios e mangues), a população, o desenvolvimento do turismo e à economia do município?
2) Qual é a assistência/atenção que a população residente no entorno do aterro sanitário vem recebendo do poder público?
3) Em sua opinião, a localização do aterro sanitário está adequada? Se a resposta for negativa, onde você pensa que deveria ser construído?
4) Haveria possibilidade de futura readequação do aterro sanitário na busca de parceria visando contrapartida da Associação dos Recicladores de Salinópolis – ARSAL, já atuando no aterro sanitário, no sentido da comercialização dos resíduos sólidos, coletados na área, em favor do município?
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3. ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O PRESIDENTE E VEREADORES DA
CÂMARA MUNICIPAL
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO
1) O que tem definido no Plano Diretor da cidade com relação à Política dos Resíduos Sólidos?
2) Sobre o Aterro Sanitário do município existe algum projeto elaborado pela Câmara Municipal?
3) Em caso positivo, qual o período de execução do Projeto?
4) Quais são as suas prioridades?
5) O projeto contará com incentivo financeiro de quais entidades?
6) Qual o seu pensamento com relação aos riscos ambientais produzidos pelo aterro sanitário do município e os prejuízos que ele pode provocar para o ambiente físico (rios e mangues), a população, o desenvolvimento do turismo e à economia do município?
7) Em sua opinião, a localização do aterro sanitário está adequada? Se a resposta for negativa, onde você pensa que deveria ser construído?
8) Haveria possibilidade de futura readequação do aterro sanitário na busca de parceria visando contrapartida da Associação dos Recicladores de Salinópolis – ARSAL, já atuando no aterro sanitário, no sentido da comercialização dos resíduos sólidos, coletados na área, em favor do município?
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4. ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA A COMUNIDADE
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
URBANO
OBJETIVO: O presente roteiro de entrevista de tipo aberto servirá para a coleta de dados da pesquisa: “A Gestão dos Resíduos Sólidos e a Percepção Sobre Riscos Ambientais em Área do Aterro Sanitário no Município de Salinópolis (PA)”, pesquisa essa que se propõe entender a dinâmica e os riscos ambientais que o aterro sanitário do município poderá trazer ou estará trazendo para os moradores de Salinópolis. Esse roteiro contém algumas perguntas que estarão de acordo com a realidade e as vivências cotidianas dos moradores.
1. Local de nascimento (município de origem):
2. Há quanto tempo você mora em Salinópolis?
3. Há quanto anos você reside em Cuiarana?
4. O que levou você e sua família a escolher ou vir morar nesse lugar?
5. Quantas pessoas residem nesta casa?
6. Quem são elas e quais suas idades?
7. Como a família se sustenta?
8. Quem trabalha?
9. Quais são as ocupações exercidas por essas pessoas?
10. Você gosta de morar nesse lugar?
11. O que representa a cidade de Salinópolis para você e sua família?
12. O que representa a localidade de Cuiarana para você e sua família?
13. Como você descreveria a cidade de Salinópolis e a Vila de Cuiarana?
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14. Você poderia associar/comparar a Vila de Cuiarana, a um objeto, seres ou sentimentos?
15. O que seria? 16. No mesmo sentido como você compara o “lixão” de Itapéua?
17. O que você acha da construção e localização do “lixão” de Itapéua?
18. O “lixão” causa algum incômodo para você ou para sua família?
19. Caso a resposta seja positiva, o que mais lhe incomoda no “lixão”?
20. Você sabe dos riscos que o “lixão” pode causar?
21. Cite alguns e associe a algum fato ocorrido com você ou sua família.
22. Quais as doenças que vem se apresentando com mais freqüência na família?
23. A água utilizada pela sua família vem de onde?
24. Como você consegue o alimento para o sustento familiar?
25. Qual é o principal meio de transporte utilizado pela família?
26. Qual a diversão preferida pela família?
27. O que está sendo feito com o “lixo” que a família desta casa produz?
28. Qual a destinação final desse “lixo”?
29. Você pensa/imagina que o “lixo” colocado no terreno do “lixão” ao lado ou que é produzido em sua casa pode trazer prejuízos para vocês, ou para o meio ambiente?
30. De que forma?