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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE GESTÃO ADMINISTRAÇÃO JÉSSICA SOARES FERREIRA AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES TÉCNICOS SOBRE O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO NO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE CARUARU 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO

DE GESTÃO ADMINISTRAÇÃO

JÉSSICA SOARES FERREIRA

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES TÉCNICOS SOBRE O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO NO CENTRO ACADÊMICO

DO AGRESTE

CARUARU 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO

DE GESTÃO ADMINISTRAÇÃO

JÉSSICA SOARES FERREIRA

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES TÉCNICOS SOBRE O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO NO CENTRO ACADÊMICO

DO AGRESTE

Trabalho apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Administração, da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste, como requisito parcial para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: Prof. Dra. Luciana Cramer.

CARUARU 2013

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Catalogação na fonte: Bibliotecária - Simone Xavier CRB/4-1242

F383a Ferreira, Jéssica Soares. Avaliação da percepção dos servidores técnicos sobre o assédio moral no ambiente

universitário no Centro Acadêmico do Agreste. / Jéssica Soares Ferreira. - Caruaru: O Autor, 2013.

76f.: il.; 30 cm.

Orientador: Luciana Cramer Monografia (Trabalho de Conclusão de curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA, Administração, 2013. Inclui referências bibliográficas

1. Assédio moral. 2. Servidores públicos. 3. Universidade Federal de Pernambuco.

4. Centro Acadêmico do Agreste. I. Cramer, Luciana. (Orientador). II. Título.

658 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2013-161)

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JÉSSICA SOARES FERREIRA

AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS SERVIDORES TÉCNICOS SOBRE O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO NO CENTRO ACADÊMICO

DO AGRESTE

Este trabalho foi julgado adequado e aprovado para a obtenção do título de graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do

Agreste

Caruaru, 12 de Setembro de 2013.

Prof. Dr. Cláudio José Montenegro de Albuquerque

Coordenador do Curso de Administração

BANCA EXAMINADORA:

Prof ª. Drª. Luciana Cramer.

Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste Orientador

Prof ª. Drª. Maria Auxiliadora do Nascimento Melo. Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste

Banca

Prof. M. Sc. Antônio de Souza Silva Júnior. Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste

Banca

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Dedico este estudo aos meus pais

Mônica e Izaildo pessoas mais

importantes da minha vida. Ao meu

querido anjo Arthur Fellipe. E as pessoas

que sempre estão contribuindo com o

meu desenvolvimento, que me

transmitem fé, amor, paciência,

esperança e coragem.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, sou grata a Deus, que me permitiu chegar até aqui, que prova

diariamente que me ama infinitamente, que me direciona qual caminho a seguir.

Aos meus queridos pais Mônica e Izaildo, por todo amor, apoio incondicional,

perseverança, determinação e coragem, sem os quais certamente não teria chegado até

aqui, bem como o meu padrasto Antônio que sempre me deu conselhos sábios, aos

meus irmãos e familiares que contribuíram com o seu apoio.

À professora Dra. Luciana Cramer que com muita paciência e dedicação, doou

seu tempo para orienta-me em cada passo desse trabalho.

À minha querida professora Dra. Fabiana Ferreira, profissional por quem tenho

grande admiração, que tanto me inspirou e com quem tanto aprendi. Muito obrigada por

tudo que fez por mim.

Aos professores componentes da banca examinadora, pelo tempo e atenção que

dispensaram pelo meu trabalho e por suas valiosas observações, críticas e sugestões.

Aos professores do Curso de Administração da Universidade Federal de

Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste pelas experiências partilhadas e

conhecimentos repassados que contribuíram consideravelmente no meu

desenvolvimento acadêmico.

Aos técnicos administrativos que participaram da pesquisa.

Aos amigos que cujas companhias, serviram-me como momentos necessários e

agradáveis em meio à produção acadêmica.

Ao Arthur Fellipe meu companheiro, meu amigo, meu anjo. Você me ensinou a

ter determinação na vida; a ser positivo em situações que acreditávamos que não tinha

mais jeito; almejar nossos sonhos, a ter força e perseverança para buscar e conquistar os

nossos objetivos, dando tudo de si, sem desanimar, que estudar era um prazer, que tinha

orgulho da profissão que escolheu – Administrador. Nos momentos difíceis era você

que estava lá, dando força pra seguir em frente, incentivando. Minha eterna gratidão aos

momentos que me proporcionou.

À minha gratidão é para todos, que mesmo não sendo citados, contribuíram para

que o meu sonho se realizasse.

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É possível fugir dos monstros de fora, mas não dos dentro.

Augusto Cury - O vendedor de sonhos

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RESUMO

O problema do assédio moral é tão antigo quanto o trabalho, desde que o homem

levou vantagem do seu semelhante, o assédio esteve presente, manifestando-se em suas

variadas formas. Desta forma, o assédio moral, embora seja um problema inerente à

sociedade, ganha destaque nas discussões em todos os âmbitos, social, médico,

psicológico, judicial e jornalístico. Estudos mostraram que os mecanismos perversos

que o assediador utiliza causam graves prejuízos à saúde mental da vítima, como

depressão, distúrbios psicossomáticos e transtornos. Este trabalho tem por objetivo

avaliar a percepção dos servidores técnicos administrativos sobre o assédio moral no

ambiente universitário. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo, no qual foram

entrevistados os servidores técnicos administrativos. O estudo contribuiu com a reflexão

sobre o assédio moral na universidade, compreendendo-o que este mal não é apenas um

problema dos indivíduos, mas também da organização e sociedade. Verificou-se que

apesar das discussões, denúncias, leis e jurisprudência, ainda falta à consciência do fato

pelos cidadãos e pela sociedade.

Palavra-chave: Assédio moral, violência perversa, técnico administrativo,

Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste.

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ABSTRACT

The problem is as old as the work, since the man took advantage of his neighbor,

harassment was present, manifesting itself in its various forms. Thus, bullying, although it is a problem inherent to society, is highlighted in discussions at all levels, social, medical, psychological, legal and journalistic. Studies have shown that the perverse mechanisms that the stalker uses cause severe damage to the victim's mental health such as depression, psychosomatic disorders and disorders. This study aims to evaluate the perception of technical administrative servers on bullying in the university environment. Therefore, we carried out a field survey in which respondents were technical administrative servers. The study aims to contribute to the discussion about bullying in university, understanding what this evil is not just a problem of individuals, but also the organization and society. It was found that despite the discussions, reports, legislation and jurisprudence, still lack the awareness of the fact the citizens and society.

Keyword: Bullying, violence perverse, administrative technician, Federal University of

Pernambuco, Academic Center of the Wasteland.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Razões do assédio moral… ................................................................... 32

Quadro 2 - Perfil do assediador .............................................................................. 34

Quadro 3 - Tipos de assédio… ............................................................................... 36

Quadro 4 - Etapas do assédio moral…………………………………………; ...... 37

Quadro 5 - Atitudes hostis que evidenciam o assédio moral… ............................. 38

Quadro 6 - Desordens psicopatologia, psicossomática e comportamental… ........ 43

Quadro 7 - Consequências para a família, organização e sociedade ...................... 43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 5.1- Perfil dos entrevistados em relação ao sexo. ...................................... 57

Gráfico 5.2- Perfil dos entrevistados em relação a formação. ................................ 58

Gráfico 5.3- Conhecimento sobre o que é assédio moral. ....................................... 58

Gráfico 5.4- Conhecimento legal sobre as formas de punição. ................................ 59

Gráfico 5.5- Ocorrências de assédio moral. ............................................................. 59

Gráfico 5.6- Conhece alguém que sofre assédio moral. ........................................... 60

Gráfico 5.7- Frequência do assédio moral ................................................................ 63

Gráfico 5.8- Sentimento após o assédio. .................................................................. 64

Gráfico 5.9- Quem prática o assédio. ....................................................................... 65

Gráfico 5.10- Você já falou do assédio para alguém? ............................................. 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1.5 – Situações consideradas assédio, quem pratica, se é vítima ou conhece

alguém. .................................................................................................................... 60

Tabela 5.1.5.1– Problemas acarretados pelo assédio moral ................................ 63

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO… ...........................................................................16

CAPÍTULO 1- DELINEAMENTO DA PESQUISA ................ 18

1.1 Problema de pesquisa…............................................................ 18

1.2 Pergunta de pesquisa… ............................................................. 19

1.3 Objetivos gerais e específicos .................................................. 19

1.4 Justificativa ................................................................................. 19

1.4.1 Justificativa Teórica. ............................................................. 19

1.4.2 Justificativa Prática. .............................................................. 20

CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO ........................... 22

2.1 Organização pública… ............................................................. 21

2.2 Assédio moral ........................................................................... 23

2.3 O que não é assédio moral ........................................................ 25

2.4 Elementos .................................................................................... 26

2.5 Organização internacional do trabalho e o assédio moral. ............ 27

2.6 Organização mundial de saúde e o assédio moral .................... 28

2.7 Assédio moral no Brasil ............................................................ 28

2.8 Assédio moral no ambiente organizacional ............................. 29

2.9 Assédio moral na esfera pública… ............................................ 30

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SUMÁRIO

2.11 Perfil do assediador ................................................................. 34

2.12 Tipos de assédio ..................................................................... 36

2.13 Etapas do assédio moral .......................................................... 37

2.14 Formas de assediar. ................................................................ 38

2.15 Poder ........................................................................................ 40

2.16 Consequências do assédio moral ............................................. 41

2.17 Legislação sobre o assédio moral ........................................... 44

2.18 Punições previstas na lei ........................................................ 46

2.19 Responsabilização pelo assédio moral .................................... 47

2.20 Ônus da prova ........................................................................ 48

2.21 Denúncia… .............................................................................. 48

2.22 Procedimentos diante do problema… .................................... 49

CAPÍTULO 3 - CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO..51

3.1 Universidade Federal de Pernambuco ...................................... 51

3.1.1 Instituição ................................................................................. 51

3.1.2 Histórico ................................................................................... 51

3.1.3 UFPE em números ................................................................ 52

3.1.4 Missão ..................................................................................... 52

3.1.5 Centro Acadêmico do Agreste – CAA .................................. 52

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3.1.6 Técnicos administrativos.......................................................... 53

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA ............................................ 54

4.1 Procedimentos metodológicos .................................................. 54

4.1.1 Fins de Classificação.............................................................. 54

4.1.2 Meios ........................................................................................ 54

4.1.3 Ambiente da coleta de dados ................................................. 55

4.1.4 Amostra da pesquisa… .......................................................... 55

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS DADOS… .............................. 57

5.1 Apresentação e discussão dos resultados da pesquisa ............... 57

CAPÍTULO 6-CONCLUSÕES ................................................... 67

6.1 Limitações ................................................................................. 68

6.2 Sugestões .................................................................................... 68

CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS… ....... 70

ANEXO ............................................................................................. 74

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INTRODUÇÃO

O assédio moral, ilícito por muitas vezes silencioso, com consequências

desastrosas para a vítima e para a sociedade, é tão antigo quanto o próprio trabalho.

Propomo-nos a refletir sobre os danos causados pelo assédio moral e a importância de

combatê-lo a fim de se assegurar um ambiente bom ao indivíduo em desenvolvimento

físico, mental, moral e social.

Dentro das organizações encontram-se diferentes tipos de assédio que ocorrem

em vários níveis hierárquicos e com autores distintos. Como autor a o assediador, que

pretende demonstrar o seu poder e controle de forma perversa e continuada, sem

qualquer culpa, atingindo integridade psicológica do assediado podendo chegar até a

demissão. Para impedir o alastrar do assédio moral, no ambiente de trabalho, deverá ser

tomado um conjunto de medidas, dentro e fora das organizações.

Para compreender o fenômeno do assédio moral dentro das organizações são

levantadas algumas questões: Por que e como acontece? Quem são os agressores? Quais

as consequências? Que proteção legal existe?

Para responder estas perguntas, a discussão teórica desta pesquisa está

fundamentada em autores que nos fazem refletir e apresentam contribuições sobre as

etapas do assédio, formas de assediar, o perfil do assediador e as diferentes faces da

humilhação através do assédio moral.

Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho de pesquisa é avaliar a percepção

dos técnicos em relação ao assédio moral no ambiente universitário. Para tanto, foram

delineados os seguintes objetivos específicos: identificar a ocorrência de assédio moral

no Centro Acadêmico do Agreste, caracterizar as práticas que configuram o assédio

moral, identificar as principais consequências do assédio moral.

A pesquisa classifica-se como quantitativa, uma vez que contemplou uma

pesquisa de campo e os resultados foram expressos através de gráficos e tabelas.

Entretanto, as análises não se limitam à expressão de dados, pois também foram

apresentados comentários qualitativos com reflexões à luz dos teóricos consultados.

Dessa forma, quanto aos fins, realizou-se um estudo exploratório, explicativo e

aplicado; e quanto aos meios, a pesquisa classificou-se como bibliográfica e de campo

realizada com os técnicos do Centro Acadêmico do Agreste, um campus da

Universidade Federal de Pernambuco que tem 72 servidores técnicos administrativos,

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estabelecidos na direção, escolaridade, infraestrutura, biblioteca, contabilidade,

laboratórios, secretária, área psicológica e assistência social. Alguns dados da pesquisa

revelaram que 100% dos entrevistados sabem o que é o assédio moral, 61% tem

conhecimento das formais legais de punições, 32% já sofreram assédio moral e 84%

conhecem alguem que sofreu assédio moral na instituição.

A abordagem, do tema assédio moral no trabalho, pode ser feita em várias

perspectivas. Neste trabalho vão ser abordados os pontos considerados mais pertinentes

O conteúdo desta monografia encontra-se organizado da seguinte maneira: o

capítulo 1 apresenta o problema de pesquisa que a monografia busca analisar, a

justificativa para escolha do tema, a pergunta de pesquisa e os objetivos deste estudo. O

capítulo 2 apresenta o referencial teórico onde se encontra uma revisão da literatura. No

capítulo 3 apresenta a caracterização da organização em estudo, um breve histórico,

algumas informações relevantes. O capítulo 4 apresenta os procedimentos

metodológicos utilizados para operacionalização da pesquisa. No capítulo 5 é

apresentada análise dos dados, a partir dos questionários respondidos, mostrando os

resultados através de textos e gráficos e tendo como base a metodologia descrita e o

referencial teórico. No capítulo 6 apresenta a conclusão dos resultados do estudo, as

implicações gerenciais da pesquisa realizada, suas limitações e as sugestões para futuras

pesquisas. No capítulo 7 são apresentadas as fontes bibliográficas que nortearam a

pesquisa. Após as referências bibliográficas é apresentado o apêndice.

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CAPÍTULO 1- DELINEAMENTO DA PESQUISA

Este capítulo apresenta o problema de pesquisa investigado, a justificativa

teórica e prática da escolha, os objetivos gerais e específicos deste estudo.

1.1 Problema de pesquisa

O trabalho está se tornando cada vez mais penoso, se exige cada vez mais das

pessoas, se trabalha cada vez mais e em condições que são psicologicamente cada vez

mais duras. Talvez, fisicamente o trabalho, hoje, seja mais leve, mas psicologicamente o

trabalho é cada vez mais áspero e pesado (ASSÉDIO MORAL, 2013).

O fenômeno assédio moral não é novo, mas a sua discussão e a sua denúncia, no

mundo empresarial, constituem uma novidade. O assédio no ambiente organizacional é

tão antigo quanto o próprio trabalho, e quando foi reconhecido ele foi diagnosticado

como um fenômeno devastador, não só reduzindo a produtividade como também

favorecendo a ausência dos colaboradores, devido aos desgastes psicológicos que causa.

(HIRIGOYEN, 2002a)

Ainda que considerado, mas antigo quanto o trabalho, somente na década de 90

que o assédio moral realmente foi identificado como um fenômeno devastador do

ambiente organizacional (FREITAS, 2001).

De acordo com Freitas (2001, p. 10), “O dia-a-dia nas empresas é permeado pelo

poder. Nas organizações, a violência e o assédio nascem do encontro entre a inveja do

poder e a perversidade”.

A busca por uma maior produtividade e o distanciamento entre os gerentes e os

colaboradores, resultam na falta de comunicação, tornando o ambiente organizacional

desumanizado, fazendo com que surja entre os colaboradores à competitividade e

acabando com o espírito de equipe, colaboração e de solidariedade. (CARTILHA

ASSÉDIO MORAL, 2013).

Diante desses fatores faz-se necessário refletir-se sobre a ocorrência do assédio

moral desde os elementos do assédio até os procedimentos diante do problema. No

próximo tópico é apresentada a pergunta de pesquisa.

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1.2 Pergunta de pesquisa

Considerando-se a problemática apresentada à pergunta central de pesquisa que

guiou o desenvolvimento deste trabalho foi:

Qual a percepção dos servidores técnicos lotados no Centro Acadêmico do

Agreste sobre o assédio moral no ambiente universitário?

No próximo tópico é apresentado o objetivo geral e os objetivos específicos do

estudo.

1.3 Objetivo geral e objetivos específicos

Considerando a pergunta de pesquisa, o objetivo central é:

Avaliar a percepção dos servidores técnicos sobre o assédio moral no ambiente

universitário no Centro Acadêmico do Agreste.

Os objetivos específicos são:

• Identificar se ocorre assédio moral no ambiente universitário;

• Caracterizar as práticas que configuram o assédio moral no ambiente de

trabalho de maneira geral;

• Apresentar as principais consequências do assédio moral.

1.4 Justificativa

1.4.1 Justificativa teórica O assédio moral é um tema pouco compreendido nas organizações brasileiras e,

normalmente, é confundido com o assédio sexual. A pesquisadora, psicóloga Marie-

France Hirigoyen nos dá uma definição sobre o tema para melhor esclarecer:

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Toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se, sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, por em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho”. (HIRIGOYEN, 2012b).

A importância de se estudar um fenômeno como o assédio moral, nas palavras de

Nascimento 2004, é:

O alcance de uma definição que pode agrupar uma série de comportamentos que suas vítimas, principalmente aquelas que trabalham em empresas de médio e grande porte, notavam como sendo "algo errado", porém pela falta de categoria específica deste mal, muitas vezes submetiam-se e tornavam-se cúmplices de tais práticas perversas. (NASCIMENTO, 2004, p. 922).

O assédio moral é um problema universal que atinge milhares de pessoas em

grande número de vezes de forma silenciosa. Não tem distinção de sexo e não costuma

obedecer a nenhum nível social, econômico, religioso ou cultural específico. Sua

importânciaé relevante devido ao sofrimento indescritível que imputa às suas vítimas, e

porque pode impedir um bom desenvolvimento físico e mental da vítima.

1.4.2 Justificativa prática

O assédio moral é desconhecido pela maioria da sociedade, e pela própria

justiça, pelo fato de inexistir no Brasil lei específica que trate do tema, definindo-o e

estabelecendo quais medidas cabíveis serão aplicadas. Apesar disto, nas inúmeras

pesquisas realizadas para este estudo podemos ver uma enorme quantidade de artigos

sobre o tema, o que facilmente se constata pelo aumento expressivo de denúncias de

casos e, consequentemente, de vítimas. Porém mesmo com este aumento de denúncias,

as pessoas continuam sendo vítimas do assédio moral e, por isso, pode-se perceber a

importância de se estudar o tema.

As situações humilhantes e constrangedoras repetitivas, afeta psicologicamente o

colaborador, prejudicando sua produtividade deixando o ambiente de trabalho

insuportável e as consequências podem ir mais além do ambiente organizacional. Essas

atitudes são cada vez mais frequentes o assédio moral não é um fenômeno moderno,

mas só nas últimas décadas que foram analisadas pode- se dizer que é um dos

problemas mais sérios nas relações de trabalho.

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O principal objetivo deste estudo é contribuir para tornar o assédio moral na

instituição de ensino mais visível, chamar a atenção para a necessidade de ser

combatido, a vítima deve ser encorajada a buscar seus direitos. É preciso buscar a

justiça onde quer que esteja às pessoas clamam pela mesma, pela moralidade e pela

ética. A dor da humilhação provocada pelo assédio moral fere a dignidade do ser

humano reduzindo-o a um quase nada.

A pesquisa está voltada para a reflexão de um problema concreto e se propõe a

conscientização as principais vítimas dessas ocorrências de forma que estas vítimas não

tenham um comportamento passivo comprometendo a sua qualidade de vida. Além

disso, a aplicabilidade desta pesquisa também se justifica com a apresentação de

informações conceituais e legais sobre o tema para que as vítimas possam denunciar as

práticas de assédio e utilizar tais conhecimentos em sua proteção.

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CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta os conceitos centrais sobre a organização pública, a

definição de assédio moral, o que não é assédio moral, perfil do assediador, etapas

do assédio, formas de assediar entre outros conceitos.

2.1 Organização pública

O autor Dias (1998) afirma que o principal objetivo das organizações públicas é

prestar serviços para a sociedade.Elas podem ser consideradas como sistemas

dinâmicos, extremamente complexos, interdependentes e inter-relacionados

coerentemente, envolvendo informações e seus fluxos, estruturas organizacionais,

pessoas e tecnologias. A administração pública é definida segundo Di Pietro (1997):

Em sentido objetivo, material ou funcional, a administração pública

pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve sob regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. Em sentido subjetivo, formal ou orgânico, pode-se definir Administração Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos qual a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado. (DI PIETRO1997, p. 69).

O autor Dias em sua obra “Modelo de sistemas viáveis em organizações públicas” o

autor cita Dussault para caracterizar as organizações públicas.

As organizações de serviços públicos dependem em maior grau do que as demais do ambiente sociopolítico: seu quadro de funcionamento é regulado externamente à organização. As organizações públicas podem ter autonomia na direção dos seus negócios, mas, inicialmente, seu mandato vem do governo, seus objetivos são fixados por uma autoridade externa. (DIAS apud DUSSAULT, 1992, p. 8).

Carbone (2000) relata que as organizações públicas são sistemas complexos

devido ao seu enorme índice de burocracia. Desta forma, as condições e a organização

do trabalho tendem a se tornar padrão no setor público, ou seja, os trabalhadores das

organizações públicas tendem a encontrar-se em idênticas situações laborais. Citam

também que uma vez que os seus administradores são responsáveis perante uma

autoridade externa, consequentemente gera, uma tendência à centralização das decisões.

Carbone (2000) caracteriza as organizações com algumas especificidades:

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As organizações públicas mantêm as mesmas características básicas das demais organizações, acrescidas, entretanto, de algumas especificidades como: apego às regras e rotinas, supervalorização da hierarquia, paternalismo nas relações, apego ao poder, entre outras. Tais diferenças são importantes na definição dos processos internos, na relação com inovações e mudança, na formação dos valores e crenças organizacionais e políticas de recursos humanos. (CARBONE, 2000, p. 161)

Carbone (2000) conclui definindo as características da organização pública que

dificultam a mudança:

a) Burocratismo: excessode controle de procedimentos, gerando uma administração, complicada e desfocada das necessidades do país e do contribuinte;

b) Autoritarismo/centralização: excesso da verticalização da estrutura hierárquica e centralização do processo decisório;

c) Paternalismo: alto controle da movimentação de pessoal e da distribuição de empregos, cargos e comissões, levando em conta os interesses políticos dominantes;

d) Levar vantagem: constante promoção da punição àqueles indivíduos injustos, obtendo vantagens dos negócios do Estado.

A má qualidade percebida no serviço público gera e perpetua uma baixa

expectativa nos serviços, tanto quanto para os cidadãos como pelos funcionários,

gerando a insatisfação e frustação da sociedade e dos servidores.

2.2 Assédio moral

Segundo o dicionário Aurélio (2003)assediar é perseguir com insistência,

importunar, molestar, com perguntas ou pretensões insistentes. Então assediar é uma

ação que só adquire significado pela sua insistência. Em relação a moral o dicionário diz

que é conjunto de costumes e opiniões que um indivíduo ou um grupo de indivíduos

possuem relativamente ao comportamento humano ou o conjunto de regras de

comportamento consideradas como universalmente válidas.

Antes de estudar o que é assédio moral deve-se entender como se originou tal

nomenclatura, segundo a psicóloga francesa Hirigoyen:

A expressão, ao passar à linguagem corrente, terminou por englobar outros problemas que talvez não decorram, no sentido clínico do termo, do assédio moral, mas que expressam um mal-estar mais geral das empresas, que é importante analisarem. (HIRIGOYEN, 2012b, p. 10)

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O autor Molon, (2004, p.7) comenta que a “escolha do termo moral implica a

tomada de decisão de que aquele assédio é repugnado em nossa sociedade, e de que é a

finalidade do assédio atentar contra o mal”.

Em diferentes países adaptaram outros termos para indicar o assédio moral no

local de trabalho (citado em sua língua original): Bullying, Work o Employee Abuse,

Mistreatment, Emotional Abuse, Bossing,Victimization, Intimidation,

Psychologicalterrorization, Psychologicalviolence, Harcèlement Moral,

HarcèlementPsychologique, Assédio no Local de Trabalho,Assédio Moral, Acoso

Moral, Maltrato psicológico. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2004)

Hirigoyen (2012b, p. 85) comenta sobre as características específicas dos

termos, informando que mobbing, bullying e assédio moral possuem diferenças. O

mobbingé “a perseguição coletiva ou à violência ligada à organização, incluindo-se

desvios que podem acabar em violência física”. O bullying “vai das chacotas e

isolamento até condutas abusivas com conotação sexual ou agressões físicas. Refere-se

mais às ofensas individuais do que à violência organizacional”. O assédio moral são as

“agressões individuais mais sutis e, portanto, mais difíceis de caracterizar e provar,

qualquer que seja sua procedência”.

No ambiente organizacional, o pioneiro dos estudos é Doutor Heinz Leymann,

nos anos de 1980 que aproveitou a palavra mobbing “para designar comportamentos

praticados dentro da empresa e que tinham como objetivo a destruição psicológica de

empregados que se encontravam em uma situação de debilidade”. Doutor Leymann

pode observar que a fragilidade que os colaboradores tinham não decorria de algo

atribuído às características daquela pessoa, mas eram consequências de uma série de

ações provenientes da organização que destruíapsicologicamente aquele colaborador.

(REZENDE, 2006, p. 130)

A psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen, uma das primeiras estudiosas a se

preocupar com o assédio moral no trabalho, define o mesmo como:

Qualquer conduta abusiva, configurada através de gestos, palavras, comportamentos inadequados, escritos que possam trazer dano á personalidade ou a integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho. E atitudes que fogem do que é comumente é aceito pela sociedade. (HIRIGOYEN, 2012b, p.65).

O site Assédio Moral traz a seguinte definição de assédio moral:

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É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistirem do emprego (ASSÉDIO MORAL, 2013).

Nas definições acima, pode-se ver quais são as principais características do

assédio moral. A primeira característica é a degradante, onde a humilhação e o

constrangimento são as características que mais são encontradas nas relações de assédio

moral, sendo necessário o sentimento de humilhação por parte da vítima. Outra

característica é a repetição, constituindo sucessivas agressões. Além dessas

características, existe a intenção de atingir alguém. Independente de qual for o conceito

devemos sempre lembrar que o importante é entender que o assédio moral é uma

violência sutil, que pode não ser evidentemas é altamente devastador para vítima.

2.3 O que não é assédio moral

É importante definir quais situações que não constituem o assédio moral, para

entender melhor o conceito. Segundo a autora Hirigoyen (2002a, p.59-61), não constitui

assédio moral, as seguintes situações.

a) O stress;

b) Os conflitos normais (conflitos interpessoais e organizacionais);

c) As injúrias dos gestores;

d) As agressões (verbais) ocasionais não premeditadas;

e) Outras formas de violência como o assédio sexual, racismo, etc.;

f) As condições de trabalho insalubres, perigosas, etc.;

g) Os constrangimentos profissionais, ou seja, o legítimo exercício do poder

hierárquico e disciplinar na empresa (exemplo: a avaliação de desempenho,

instaurar um processo disciplinar, etc.).

A autora Hirigoyen (2002a, p.59-61) aponta que o assédio moral no ambiente de

trabalho emerge mais facilmente em ambientes submetidos ao estresse, porém mesmo

que o estresse constitua verdadeiro desgaste psíquico e sofrimento, não constitui, em si,

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assédio moral, mas somente o terreno fértil que pode favorecer sua instalação. Em um

conflito as recriminações são faladas já no assédio existe o não falado e o escondido. A

diferença da gestão por injúria do assédio moral é que esta é notada por todos e todos os

empregados são maltratados sem distinção. Uma agressão verbal que não seja

premedita, a menos que tenha sido precedida de múltiplas pequenas agressões, é um ato

de violência. Trabalhar em um espaço mal iluminado e mal instalado não constitui

assédio em si, porém se um único funcionário for tratado desta forma é considerado

assédio. O assédio moral no trabalho não pode ser confundido com as decisões do

trabalho que como transferências e mudanças de função, no caso de estarem de acordo

com o contrato de trabalho. Da mesma forma, críticas e avaliações sobre o trabalho

executado, contanto que não sejam utilizadas com um propósito derepresália.

2.4 Elementos

Do ponto de vista etimológico, o substantivo assédio e o verbo assediar vem do

latim adsediu ou adsedium, os quais advêm do latim obsidiu ou obsidium, e podem ser

traduzidos, como cerco; cercar; permanecer assentado diante de insistência importuna e,

não raro, desrespeitosa; molestar com perguntas, propostas, toques; perseguir com

insistência. (SOARES, 2006).

Os elementos do assédio moral segundo Soares (2006, p.42) são:

a) Meio de manifestação: E feito por meio de uma variedade de ações

violentas podendo ser física ou psicológica;

b) Protagonistas: De um lado um (a) ou mais trabalhadores (as) como

assediador (es) e do outro, um(a) ou mais trabalhadores(as) como

assediado(s);

c) Periocidade: As ações que configuram o assédio moral se dão de

maneira frequente. Um dos principais elementos para a

caracterização do assédio moral no ambiente de trabalho é a repetição

da conduta abusiva ou humilhante;

d) Finalidade: O objetivo principal do assédio moral é a exclusão da

vítima no seu ambiente de organizacional.

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2.5 Organização internacional do trabalho e o assédio moral

A Convenção 155, de 1981, elaborada pela Organização Internacional do

Trabalho (OIT) sobre segurança, saúde dos trabalhadores e meio ambiente aprovada na

67ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho em Genebra em 1981, entrando

em vigor no plano internacional em 1983. No Brasil foi aprovado no Decreto

Legislativo n° 2, de 17 de março de 1992 do Congresso Nacional, ratificado em 18 de

maio de 1992, promulgada pelo Decreto n° 1.254, de 29 de setembro de 1994 com

vigência nacional no dia 18 de maio de 1993. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

DO TRABALHO, 2013).

No artigo 3º estabelece o termo saúde:

Art. 3 — e) o termo ‘saúde’, com relação ao trabalho, abrange não só a ausência de afecções ou de doenças, mas também os elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a higiene no trabalho. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2013).

Então como o assédio moral causa sérios danos à saúde mental e física dos

trabalhadores, a mencionada convenção tem o objetivo de evitar que essa prática se

desenvolva nos locais de trabalho.

No artigo 4º as organizações devem pôr em prática e reexaminar periodicamente

uma política nacional coerente em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores e o

meio-ambiente de trabalho que terá como objetivo:

Art. 4 - Essa política terá como objetivo prevenir os acidentes e os danos à saúde que forem consequência do trabalho tenham relação com a atividade de trabalho, ou se apresentarem durante o trabalho, reduzindo ao mínimo, na medida em que for razoável e possível, as causas dos riscos inerentes ao meio-ambiente de trabalho. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2013).

A OIT também defende o direito do trabalhador ao trabalho decente:

O trabalho decente é a eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação, a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2013).

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Ao defender o trabalho produtivo e em condições de liberdade e segurança aos

trabalhadores, repudia a ideia do assédio moral que constitui um dos fatores prejudiciais

à ideia do trabalho decente.

2.6 Organização mundial de saúde e o assédio moral

Na cartilha sobre assédio moral “Sensibilizando sobre el Serie Protección de la

Salud de los Trabajadores: Acoso psicológico em el trabajo” a Organização Mundial

de Saúde (OMS) define assédio moral:

Assédio moral é uma forma de comportamento dos empregados abusos decorrentes antiéticos e leva a vitimização do trabalhador. É um problema crescente em todo o mundo que é ainda em grande parte desconhecido e subestimado. Ele pode produzir graves conseqüências impacto negativo na qualidade de vida e saúde do indivíduo, especialmente nas áreas emocionais, psicossomáticos e comportamentais. Além sociedade como um todo torna-se a vítima por toda a pressão crescente sobre serviços de cuidados e bem-estar social. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2004, tradução nossa)

Segundo a OMS este comportamento está relacionado com uma variedade de

fatores incluindo discriminação de gênero, religiosa, étnica, idade, nacionalidade,

deficiência, orientação de fundo, sexual e outras variedades, bem como as razões

socioeconômicas.

2.7 Assédio moral no Brasil

O autor Heloani (2004) nos mostra que desde o Brasil colônia que as pessoas

eram assediadas, ou como ele afirma humilhadas.

No Brasil colônia, índios e negros foram sistematicamente assediados, ou melhor, humilhados por colonizadores que, de certa forma, julgavam-se superiores e aproveitavam-se dessa suposta superioridade militar cultural e econômica para impingir- lhes sua visão de mundo, sua religião, seus costumes. (HELOANI, 2004, p. 2).

Pode-se observar que as pessoas assediadas antigamente não tinham nenhuma

qualificação profissional. Atualmente abrange todas as áreas, classes, podem ser juízes,

professores universitários, médicos, funcionários público, colaboradores de várias áreas

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que são qualificados, mas também sofrem desse mal, infelizmente houve uma

democratização (no mau sentido). (HELOANI, 2004, p.6).

Estudos sobre o tema são recentes no Brasil, e ganhou força após a divulgação

da pesquisa brasileira realizada por Dra. Margarida Barreto que teve como tema da sua

dissertação de Mestrado em Psicologia Social sob o título “Uma jornada de

humilhações” quefoi defendida em 22 de maio de 2000 na Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo (PUC/ SP). A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na

Folha de São Paulo, no dia 25 de novembro de 2000, na coluna da jornalista Mônica

Bérgamo. Desde então o tema gerou diversos artigos e matérias nos jornais, revistas,

rádio e televisão, em todo país. Em agosto de 2000, foi publicado no Brasil o livro de

Marie France Hirigoyen “Harcèlement Moral: La violence perverse au quotidien”. O

livro foi traduzido pela Editora Bertrand Brasil, com o título Assédio moral: a violência

perversa no cotidiano. (ASSÉDIO MORAL, 2013).

No âmbito organizacional, o estudo sobre o assédio moral foi introduzido por

diversos pesquisadores. No âmbito do assédio moral na Administração Pública, tem a

autora Lilian Ramos Batalha com o livro “Assédio Moral em face do Servidor Público”,

que principiou o conhecimento do fenômeno dentro das esferas públicas

administrativas.

2.8 Assédio Moral no ambiente organizacional

Dentre os segmentos da sociedade que mais tem se ocupado com o tema estáo

setor do trabalho. O assédio moral no âmbito laboral tem sido protegido porinúmeras

legislações específicas deixando o trabalhador instrumentalizado. O Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE) apresenta a seguinte definição e exemplos de assédio moral

nas empresas:

É toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, escritos, comportamento, atitude, etc.) que, intencional e frequentemente, fira a dignidade e a integridade física ou psíquica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. As condutas mais comuns, dentre outras, são: instruções confusas e imprecisas ao (à) trabalhador (a); dificultar o trabalho; atribuir erros imaginários ao (à) trabalhador (a); exigir, sem necessidade, trabalhos urgentes; sobrecarga de tarefas; ignorar a presença do (a) trabalhador (a), ou não cumprimentá- lo (a) ou, ainda, não lhe dirigir a palavra na frente dos outros, deliberadamente; fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto ao(à) trabalhador(a) em público; impor horários injustificados; retirar-lhe, injustificadamente, os instrumentos de trabalho; agressão física ou

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verbal, quando estão sós o(a) assediador(a) e a vítima; revista vexatória; restrição ao uso de sanitários; ameaças; insultos; isolamento (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2013).

A autora Freitas (2011) afirma que o assédio nasce nas organizações de uma

forma insignificante:

O assédio moral nas organizações, geralmente, nasce de forma insignificante e propaga-se pelo fato de as pessoas envolvidas (vítimas) não quererem formalizar a denúncia e encararem na de maneira superficial, deixando passar as insinuações e as chacotas; em seguida, os ataques multiplicam- se, e a vítima é regularmente acuada, colocada em estado de inferioridade, submetida a manobras hostis e degradantes por longo período. Essas agressões, não infligidas diretamente, provocam uma queda de autoestima, e, cada vez mais, a pessoa sente-se humilhada, usada, suja. (FREITAS, 2001, p.11).

De acordo com as citações acima, pode-se observar que o assédio moral no

ambiente de trabalho pode manifestar-se de diferentes formas, desde as humilhações

explícitas como revistas vexatórias, isolamento do funcionário. E propaga-se pelo fato

das vítimas não denunciarem seus agressores.

2.9 Assédio moral na esfera pública

O autor Lomba discorre sobre o assédio no serviço público:

No serviço público, este fenômeno ganha mais forçae espaço. Paradoxalmente, são nos cargos intermediários de chefia, ocupados por funcionários de carreira, que se proliferam, com maior incidência os tiranos, que não podendo demitir à toa, passam a perseguir e humilhar. Soma-se a isto, desvalorização social, baixos salários, exclusão das decisões institucionais, sendo o trabalhador concebido como mero executor de propostas e ideias elaboradas por outros, falta de investimentos e sucateamento das condições de trabalho. (LOMBA, 2008 p.3)

Freitas (2001, p.10) comenta que “nas universidades e nas instituições públicas

em geral, as práticas de assédio são muito mais estereotipadas que na esfera privada e

são também onde elas têm sido mais denunciadas por suas vítimas”.

O ex-servidor federal e advogado Vacchiano (2007, p.8) afirma que “a

humilhação repetitiva e prolongada tornou-se prática quase que considerada natural no

interior das repartições públicas, onde predomina o menosprezo e indiferença pelo

sofrimento dos servidores.” E ainda continua:

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Apesar de o setor público transmitir a impressão que tudo é muito bom e maravilhoso “interno corporis” predominam práticas abomináveis de assédio moral e de desvalorização do servidor que muitas vezes sequer é visto como ser humano, mas uma coisa em razão de pessoas que ocupam cargos elevados terem perdido a noção do que é ser gente i.e., embora vivam no meio de seres humanos, sua psique encontra-se posicionada no reino vegetale animal – possuem um corpo e um cérebro, mas ainda não atingiram o estado humano (VACCHIANO, 2007, p.9).

Na reportagem “Assédio moral – A sombra que ronda o serviço público” a

jornalista Ayub diz que “O setor público é um dos ambientes de trabalho onde o

problema se apresenta de forma mais marcante, em razão da garantia da estabilidade no

vínculo funcional e às mudanças de governo.” Em entrevistaao escritório paulista

Wagner Advogados Associados o escritório explica que umas das causas é“Como o

chefe não dispõe sobre o vínculo funcional do servidor, não podendo demiti-lo, passa a

humilhá-lo e sobrecarregá-lo com tarefas inócuas”. Outra causa é que a maioria das

vezes os chefes são nomeados devido aos seus laços de amizade ou de relações

políticas, e não por sua qualificação para o desempenho da função, destaca o Escritório

Wagner Advogados Associados. (AYUB, 2013).

Na mesma reportagem a presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça de 1ª

Instância de Minas Gerais, Sandra Silvestrini avaliou a institucionalização do assédio

moral. Umas das formas utilizadas pelos assediadores estão à avaliação de desempenho

e o processo administrativo, que deveriam servir unicamente ao interesse público e ao

bom funcionamento do órgão, mas Silvestrini explica que “A carreira do servidor

depende da avaliação de seu superior hierárquico, mas se for um assediador, ele utiliza o

instrumento para prejudicá-lo. Uma avaliação insuficiente (menos de 70% dos pontos

distribuídos) retira do servidor o direito a progressões e promoções”. (AYUB, 2013).

Já o processo administrativo, Silvestrini explica que ele pode ser utilizado com

fim diverso daquele ao qual se destina. “Ele deveria servir para apurar uma eventual

falta funcional que, caso ficasse comprovada após processo legal e ampla defesa, aí sim,

ensejaria a punição do servidor faltoso. Mas há inúmeros casos em que os servidores

sofrem processos administrativos por mera perseguição, sendo considerados culpados

antes mesmo da fase comprobatória, com o fim específico de punir, e não de apurar”.

(AYUB, 2013).

O autor Vacchiano afirma que o assédio moral tende a ser mais frequentena

esfera pública em razão de algumas peculiaridades:

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Quadro 1 -Razões do assédio moral

Chefias por indicação e falta de

preparo dos mesmos

Os chefes são indicados em decorrência

de seus laços de amizade, nepotismo ou de

suas relações políticas. Geralmente

despreparado para o exercício do cargo ou

função confiado, e muitas vezes sem o

conhecimento mínimo necessário para

tanto, mas escorado nos relacionamentos

que garantiram a sua indicação, o chefe

pode se tornar extremamente arbitrário, a

fim de compensar suas evidentes

limitações, mas resguardado por uma

considerável intocabilidade. Este

despreparo é bastante caracterizado por

certas atitudes e posturas que são um

verdadeiro desastre. Como não dispõe de

um vínculo funcional do servidor, não

podendo demiti-lo, passa a humilhá-lo e

sobrecarregá-lo de tarefas inócuas.

Origem financeira – cobiça

Em muitos casos a origem da situação está

no dinheiro; promoções, gratificações,

viagens, vantagens, representações, ajudas

de custo, locomoção.

Preconceitos enraizados

Pode ainda originar-se em algum

preconceito enraizado, como preconceito

contra racial, física ou em razão da

orientação sexual.

Anonimato em virtude do excesso de contingente

Uns dos maiores motivos que originam o

grande número dos que sofrem por

assédio moral na Administração Pública é

o exacerbado número de pessoas que

compõe o quadro da administração

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pública, o que torna o anonimato uma

constante.

Julgamento das ações

No serviço publico quem julga as ações

relativas aos servidores é alguém pago

pelo próprio estado, alguém que tem o

dever de defender os interesses do ente

estatal muito embora este dever não possa

se sobrepor a própria justiça, aquela que o

cidadão elegeu de fato para ser defendido,

ou seja, a preservação da dignidade da

pessoa humana.

Prejuízos no serviço público

O serviço público tem uma particularidade

que faz com que o assédio seja visto de

forma mais grave. Basta lembrar que os

serviços tidos como atividade fim são

todas de acesso vias concurso públicas.

Logo mesmo que haja recursos (o que é

muito raro), em caso de afastamento do

servidor em razão de doença causada por

assédio moral, não há como haver uma

contratação imediata, pois deve haver

vacância para tanto, que se da pela

aposentadoria ou pela exoneração. Neste

caso o serviço público acaba por estar

prejudicado, não atende como deveria os

beneficiários dos seus serviços.

Fonte: VACCHIANO (2007, p. 36), adaptado pelo autor.

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2.10 Assédio moral no ensino

Considerando que as Instituições de Educação Superior (IES), enquanto

ambientes de trabalho, não estão imunes às situações de violência, que podem conduzir

ao assédio moral, torna-se necessário estabelecer uma relação entre o assédio moral no

trabalho e o assédio moral no ambiente escolar das Instituições de Educação Superior. A

autora Hirigoyen (2002, p.42) relata que "O meio educativo é um dos mais afetados

pelas práticas de assédio moral.” A mesma autora continua afirmando que as

universidades não estão imunes ao assédio moral:

"Podemos encontrá-los (os processos perversos de assédiomoral) em todos os grupos em que indivíduos podem entrar em rivalidade, particularmente nas escolas e universidades. A imaginação humana é ilimitada quando se trata de matar no outro a boa imagem que tem de si mesmo; mascaram-se, assim, as próprias fraquezas e pode-se assumir uma posição de superioridade." (HIRIGOYEN, 2002a, p.17).

Em um artigo publicado na internet por Áurea Guimarães (1996) “Escola:

espaço de violência e indisciplina” diz que é importante argumentar que as instituições

de ensino produzem sua própria violência e sua própria indisciplina e que, para

compreender esta situação, é necessário aceitar a escolacomo um lugar em que se

expressa uma extrema tensão entre forças opostas:

2.11 Perfil do assediador

A juíza do trabalho Martha Halfeld Furtado de Mendonça Schmidt, em sua obra

“O assédio moral no Direito do Trabalho” apud SILVA (2002; 8-9), apresenta o perfil

do assediador (baseado em observações de trabalhadores):

Quadro 2 – Perfil do assediador

Profeta

Considera como missão demitir

indiscriminadamente os trabalhadores.

Para ele demitir é uma “grande

realização”. Gosta de humilhar com

cautela, reserva e elegância.

Humilha os subordinados por prazer, é

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Pit-bull agressivo, violento e até perverso no que

fala e em suas ações.

Troglodita

É uma pessoa brusca, que sempre tem

razão. As normas são implantadas sem

que ninguém seja consultado, pois acha

que os subordinados devem obedecer sem

reclamar.

Tigrão

Quer ser temido para esconder sua

incapacidade. Tem atitudes grosseiras e

necessita de público para conferi-las.

Mala-babão

Bajula o patrão e controla cada um dos

subordinados com “mão de ferro”.

Também gosta de perseguir aos que

comanda.

Grande Irmão

Finge que é sensível e amigo dos

trabalhadores. Quer saber dos problemas

particulares de cada um para depois

manipular o trabalhador, usando o que

sabe para assediá-lo.

Garganta

Vive contando vantagens, apesar de não

conhecer bem o seu trabalho e não admite

que seus subordinados saibam mais que

ele.

Tasea(“tá se achando”)

Confuso e inseguro, não sabe como agir

em relação às demandas de seus

superiores. Não tem clareza de seus

objetivos, dá ordens contraditórias. Se

forem feitos elogios ao trabalho, está

sempre pronto para recebê-los; contudo se

é criticado, coloca a culpa nos

subordinados.

Fonte: SCHMIDT, apud SILVA (2002; 8-9) adaptado pelo autor.

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2.12 Tipos de assédio

Grande parte dos estudos acerca do assédio moral nas organizações tem

apontado basicamente para quatro tipos diferentes de assédio moral em vários níveis

hierárquicos: vertical descendente, horizontal, ascendente e misto. A autora Hirigoyen

(2012a) defineestes quatros tipos de assédio:

Quadro 3- Tipos de assédio

Vertical descendente

Provêm da hierarquia, condutas abusivas de

um superior para com um subordinado. A

subordinação hierárquica pode induzir o

superior abusar do seu poder e ter prazer em

submeter o subordinado às suas vontades.

Ocorre com maior frequência e acontecem

consequências mais graves que as

psicológicas para o assediado, pois é uma

situação entre subordinados e superiores,

uma relação de desigualdade, fazendo com

que o subordinado se sinta solitário e tenha

dificuldades para resistir ao assédio.

Horizontal

Provém dos próprios subordinados, este tipo

ocorre por motivos de competição ou por

discriminação.

Ascendente

Provém de um ou mais subordinados que

assediam um superior.

Misto

Um assédio horizontal que passa a assédio

vertical descendente. O assédio horizontal

prolongado e sem a interferência da

hierarquia, que desta forma se torna

cúmplice, passa a ser um assédio vertical

descendente.

Fonte: Hirigoyen (2002).

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Há controvérsias entre alguns autores sobre o tipo de assédio moral mais

frequente. De um lado encontra- se estudiosos que sustentam que efetivamente o

assédio moral vertical é mais frequente, tal como Guedes (2003), que afirma que “o

tipo, mais frequente de terrorismo psicológico é aquele denominado vertical”. Há

autores como Abajo-Oliveres (2004), que afirmam que estudos realizados por Leymann

apontam que existem maiores ocorrências de assédio moral horizontal. Porém em vista

dos resultados variados que podem ser encontrados em outros estudos, entendesse que

não pode-se afirmar quais tipos são mais frequentes, pois variam de cada caso.

2.13 Etapas do assédio moral

Hirigoyen (2012b) descreve as etapas do assédio moral:

Quadro 4 – Etapas do assédio moral

Recusa da comunicação direta

O conflito não é direto, mas sim através

de atitudes de desqualificação. Nada é dito

abertamente.

Desqualificar

É uma agressão feita de forma sutil,

Normalmente através de linguagem não

verbal ou mesmo com críticas

dissimuladas utilizando brincadeiras, o

que não permitefacilmente replicar.

Desacreditar

Ligeiras insinuações, construir

malentendidos, falsos argumentos,

difamações, calúnias, etc.

Isolar

Quebra todas as alianças possíveis. Desde,

a vítima nãoser convidada para as

reuniões formais e informais, ser

postanum espaço físico isolado e só,

privada de informação, ficar semacessos

privilegiados no seu computador, etc.

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Vexar

Atribuir à vítima tarefas inúteis ou

degradantes, objetivosnão concretizáveis,

solicitar tarefas a executar fora do horário

normal, exigir a realização urgente de

tarefas que depois derealizadas não são

valorizadas sendo até desprezadas, etc.

Faz com que o outro cometaerros

É uma maneira habilidosa de desqualificar

o outro e de seguida o criticar ejustificar a

sua despromoção. Isto origina na vítima

sentimentosnegativos. Passa a ter uma má

imagem de si própria deixandomesmo de

acreditar nas suas capacidades. A vítima

pode ficar agressiva e o abusador

aproveita para justificar o seu

comportamento abusador.

Fonte: Hirigoyen (2012b), adaptado pelo autor.

Nas etapas descritas acima é visto que nada é dito abertamente o que torna difícil

a defesa da vítima e por vezes, tem dificuldades em compreender ou pensa que estar a

dar valor exagerado aos fatos deixando a vítima fragilizada e com dificuldades em se

defender, o que facilita o assédio. Tud o isto a tornamais vulnerável e debilita a sua

posição no seu local de trabalho. Estas atitudes levam a vítima a revoltar-se e a ser

agressiva, o que o assediador aproveita para justificar o seu comportamento abusador.

2.14 Formas de assediar

Baseada nos estudos de outros autores e nos relatos de vítimas de assédio,

Hirigoyen (2002a) organizou uma lista de atitudes hostis, que pode ser utilizada para

detectar a existência de assédio moral divididas em quatro grandes dimensões:

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Quadro 05 – Atitudes Hostis que Evidenciam o Assédio Moral 1) Deterioração proposital das

condições de trabalho

Retirar da vítima a autonomia;

Não lhe transmitir mais as informações úteis

para realização de tarefas;

Contestar sistematicamente todas as suas

decisões;

Criticar seu trabalho de forma injusta ou

exagerada;

Privá-la do acesso aos instrumentos de

trabalho: telefone, fax, computador, etc.

Retirar o trabalho que normalmente lhe

compete;

Dar-lhe permanentemente novas tarefas;

Atribuir-lhe proposital e sistematicamente

tarefas inferiores às suas competências;

Pressioná-la para que não faça valer seus

direitos (férias, honorários, prêmios);

Atribuir à vítima, contra a vontade dela,

trabalhos perigosos;

Atribuir à vítima tarefas incompatíveis com

sua saúde;

Causar danos em seu local de trabalho;

Dar-lhe deliberadamente instruções

impossíveis de executar;

Induzir a vítima ao erro.

3) Atentado contra a dignidade Utilizam insinuações desdenhosas para

qualificá-la;

Fazem gestos de desprezo diante dela

(suspiros, olhares desdenhosos, levantar de

ombros);

É desacreditada diante dos colegas, superiores

ou subordinados;

Espalham rumores a seu respeito;

Atribuem-lhe problemas psicológicos (dizem

que é doente mental);

Zombam de suas deficiências físicas ou de seu

aspecto físico; ou é imitada e caricaturada;

Criticam sua vida privada;

Zombam de suas origens ou de sua

nacionalidade;

Implicam com suas crenças religiosas ou

convicções políticas;

Atribuem-lhe tarefas humilhantes;

É injuriada com termos obscenos ou

degradantes.

2) Isolamento e recusa de

comunicação

A vítima é interrompida constantemente;

Superiores hierárquicos ou colegas não

dialogam com a vítima;

4) Violência verbal, física ou sexual Ameaças de violência física;

Agridem-na fisicamente, mesmo que de leve, é

empurrada, fecham-lhe a porta na cara;

Falam com ela aos gritos;

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A comunicação com ela é unicamente por

escrito;

Recusa todo contato com ela, mesmo o

visual;

É posta separada dos outros;

Ignoram sua presença, dirigindo-se apenas

aos outros;

Proíbem os colegas de lhe falar;

Já não a deixam falar com ninguém;

A direção recusa qualquer pedido de

entrevista.

Invadem sua vida privada com ligações

telefônicas ou cartas;

Seguem-na rua, é espionada diante do

domicílio;

Fazem estragos em seu automóvel;

É assediada ou agredida sexualmente (gestos

ou propostas);

Não levam em conta seus problemas de saúde.

Fonte: Hirigoyen (2002a), adaptado pelo autor.

2.15 Poder

Freitas afirma que o assédio moral tem início pelo abuso do poder:

Geralmente, o assédio moral começa pelo abuso de um poder (qualquer que seja a sua base de sustentação), segue por um abuso narcísico no qual o outro perde a auto-estima e pode chegar, às vezes, ao abuso sexual. O que pode começar como uma leve mentira, uma flagrante falta de respeito, torna-se uma fria manipulação por parte do indivíduo perverso, que tende a reproduzir o seu comportamento destruidor em todas as circunstâncias de sua vida: local de trabalho, com o cônjuge, com os filhos, etc. (FREITAS, 2001, p. 9).

O excesso de poder acontece quando a autoridade, embora seja competente para

praticar o ato, vai além e ultrapassa do uso de suas faculdades administrativas. O

excesso de poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo trata-se de uma das modalidades de

abuso de poder que retira a legitimidade da conduta do administrador público

colocando-o na ilegalidade incidindo, inclusive, no crime de abuso de autoridade

quando enquadrado nas previsões penais da lei 4.898/65. (VACCHIANO, 2007).

O mesmo autor Vacchiano (2007) que é advogado, servidor público e vítima de

assédio moral, descreve os tipos de poder:

a) Poder hierárquico: primeiro é definido o que éhierarquia: vínculo de autoridade

que une órgãos e agentes, através de escalões sucessivos, numa relação de

autoridade, de superior a inferior, de hierarca a subalterno. Opoder hierárquico

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tem por objetivo ordenar, fiscalizar, avocar e delegar. Ao ordenar e controlar as

atividades reparte e escalona as funções entre os agentes do poder, fiscaliza,

inspeciona as atividades dos órgãos e agentes, velando pelo “cumprimento da

lei” e das instruções; pelas vias do poder de revisão os atos dos superiores sobre

os atos dos inferiores. O poder hierárquico é impessoal e tem como finalidade é

estar sempre voltado ao bem comum. O poder para ser legítimo deve ser

exercido com extrema humildade sob pena de configurar-se como abuso de

autoridade. Então, o gestor deve exercer o poder, que lhe foi confiado pela

sociedade, nos limites da lei e de forma a não causar constrangimentos e

humilhações injustificadas ao servidor público.

b) O poder disciplinar: este poder distingue-se do poder hierárquico, pelo fato de

que enquanto este distribui as funções executivas aquele controla o desempenho

destas funções e a conduta interna de seus servidores, responsabilizando-os pelas

faltas cometidas. A utilização do poder disciplinar só se legitima no exercício

que se direcione ao benefício do serviço público e não na perseguição ao

servidor, o que é vedado.

2.16 Consequências do assédio moral

As principais consequências do assédio moral são as doenças:

As doenças do trabalho são todas aquelas adquiridas durante operíodo de exercício de trabalho em uma determinada instituição, que provoquem lesão corporal ou que perturbem o funcionamento homeostático do indivíduo; que lhe cause redução temporária ou permanente da capacidade de desenvolver suas atividades ou até mesmo levem a morte. (BERNARDES, GASDA, PEZENTI e PINHEIRO, 2013, p.2).

No Brasil existe uma Política Nacional de Saúde do Trabalhador, que está em

vigor desde 2004, que visa diminuir as doenças e os acidentes relacionados ao trabalho,

mediante a execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde.

As questões de saúde e segurança dos trabalhadores devem receber atenção constante as

doenças e os acidentes de trabalho não atingem apenas o trabalhador em si, mas geram

conseqüência para a família, as organizações (a diminuição da produtividade, alteração

na qualidade de seu produto/serviço, doenças, demissão e admissão de profissionais

ocasionando o aumento das despesas), o governo e para todos os cidadãos, porém, nada

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é comparável e nem pode ser mensurável como o sofrimento das vítimas. À saúde é um

direito de todos, e a saúde do trabalhador é prevista legalmente. (BERNARDES,

GASDA, PEZENTI e PINHEIRO, 2013).

Surgi uma nova área de estudo denominada Saúde do Trabalhador é de

fundamental importância, se o colaborador está bem consigo e com o ambiente de

trabalho, terá um desenvolvimento de qualidade em suas atividades de acordo com o

esperado.Porém, ainda existe uma ausência de preocupação, por grande parte das

organizações, em relação à saúde de seus colaboradores. Competições, ambientes de

trabalho muito estressantes, jornada de trabalho ampliada, desvalorização profissional,

desigualdades salariais, sobrecarga de trabalho entre tantos outros fatores que estão na

etiologia de inúmeras doenças que atingem os trabalhadores. (BERNARDES, GASDA,

PEZENTI e PINHEIRO, 2013).

O assédio repetitivo e duradouro interfere diretamente na vida do colaborador,

comprometendo suas relações afetivas e sociais. Esses danos podem evoluir para a

incapacidade de trabalho, para o desemprego ou até mesmo para a morte. Dentre as

principais consequências, podem ser citadas:

1. Dificuldades emocionais: irritação constante, falta de confiança em si, cansaço exagerado, diminuição da capacidade para enfrentar o estresse, pensamentos repetitivos; 2. Alterações do sono: dificuldades para dormir, pesadelos, interrupções frequentes do sono, insônia; 3. Alterações da capacidade de concentrar-se e memorizar (amnésia psicógena, diminuição da capacidade de recordar os acontecimentos); 4. Anulação dos pensamentos ou sentimentos que relembrem a tortura psicológica, como forma de se proteger e de residir; 5. Anulação de atividades ou situações que possam recordar a tortura psicológica. 6. Também a diminuição da capacidade de fazer novas amizades. A morte social: com a redução do afeto, sentimento de isolamento ou indiferença com respeito ao sentimento alheio. A tristeza profunda; 7. Interesse claramente diminuído em manter atividades consideradas importantes anteriormente; 8. Sensação negativa de futuro e a vivência depressiva; 9. Mudança de personalidade, passando a praticar a violência moral; 10. Sentimento de culpa, pensamentos suicida, tentativa de suicídio; 11. Aumento do peso ou emagrecimento exagerado. Distúrbios digestivos, hipertensão arterial, tremores, palpitações; 12. Aumento do consumo de bebidas alcoólicas e ou outras drogas. 13. Diminuição da libido; 14. Agravamento de doenças pré-existentes, como dores de cabeça; Estresse, na maioria dos casos associados a tortura psicológica.(CARTILHA, 2008).

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Tais consequências tendem a aumentar à medida que o tempo do assédio é

prolongado. O ambiente de trabalho saudável é fundamental ao bem estar e à qualidade

de vida das pessoas. (CARTILHA, 2008).

A Organização Mundial de Saúde (2004), lista algumas desordens psicopatologia, psicossomáticas e comportamentais causadas pelo assédio moral.

Quadro 6-Desordens psicopatologia, psicossomática e comportamental.

Psicopatológicos Psicossomático Comportamentais

•Reações de ansiedade • Apatia • Dificuldade de concentração • Humor deprimido • Reações de medo • Histórias de retrospectiva •Insegurança • Insônia • Pensamento introvertido • Irritabilidade • Falta de iniciativa • Melancolia • Mudanças de humor • Pesadelos recorrentes

• Hipertensão • Ataques de asma • Palpitações do coração • Doença cardíaca coronária • Dermatite • Perda de cabelo • Dor de cabeça • Dor nas articulações e músculo • Perda de equilíbrio • Enxaqueca • Dor de estômago • Úlceras estomacais

•Reações agressivas • Transtornos Alimentares • Uso de drogas e álcool • Tabagismo • Disfunção Sexual • Isolamento social

Fonte: Organização Mundial de Saúde, (2004, p. 16), adaptado pelo autor, tradução nossa.

O assédio moral tem o potencial de causar ou contribuir para muitas desordens

psicopatologias, psicossomáticas e comportamentais. No entanto, não se sabe quantos

indivíduos experimentam uma situação de assédio, realmente desenvolvem efeitos na

saúde. Isso provavelmente depende a duração e intensidade de estímulos de stress, mas

a peculiaridade da personalidade da vítima pode desempenhar um papel protetor ou

agravante. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2004)

O assédio moral afeta a auto-estima eficácia da vítima em todos os domínios e

em todas as áreas da vida, como a família, amigos, relacionamentossocial e ambiente de

trabalho. No quadro abaixo e mostrado as possíveis consequências para a família,

organização e sociedade.

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Quadro 7 - Consequências para a família, organização e sociedade.

Consequências para a família

Evita encontros sociais. Abandona compromissos sociais. Desapego de laços familiares. Negligência do seu papel e responsabilidade como pai, marido / esposa, filhos e filhas. Intolerância com problemas familiares.

Perda de amizades. Perda de renda. Perda de participação em projetos.

Problemas conjugais e divórcio. Custos Médicos Explosões de raiva. Violência. Piora o desempenho escolar das crianças.

Consequências para os

empregadores

Os custos adicionais de aposentadoria. Danos à imagem da empresa. Diminuição da competitividade. Diminuição da qualidade do produto. Deficiência Aumenta as pessoas incapacitadas para o

trabalho. Aumenta trabalhadores em turnos. A deterioração do clima interpessoal. Custos de litígio. Perda de trabalhadores qualificados.

Redução da produtividade individual e em grupo. Redução da motivação, satisfação e criatividade. Redução do número de clientes.

Transferências. Os custos adicionais para as substituições.

Formação de novos trabalhadores.

Consequências para a sociedade

Custo dos benefícios de proteção social. Altos custos de desemprego. Perda de recursos humanos. Altos custos médicos. Perda potencial de trabalhadores produtivos.

Fonte: Organização Mundial de Saúde, (2004), adaptado pelo autor, tradução nossa.

2.17 Legislação sobre o assédio moral

Os principais pontos abordados nas leis sobre o assédio moral são:

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Aspecto subjetivo: a grande maioria direciona a vedação do assédio moral a todos os servidores, não fazendo distinção entre superiores hierárquicos ou funcionários entre si, exceto a lei da cidade de Natal, a qual sujeita tão-somente aqueles nomeados para cargos de confiança, excluindo os efetivos.

Sanção: estabelecem as seguintes penalidades: advertência, suspensão, a qual pode ser cumulada com a participação em curso de aprimoramento profissional e multa, e exoneração/demissão, obedecendo a um critério de gradação. Procedimento: a parte ofendida ou a autoridade que tiver conhecimento da infração poderá de ofício, iniciar procedimento administrativo para apuração daquela, sendo assegurada a ampla defesa. (NASCIMENTO SONIA, 2013).

O projeto de lei 4591/2001 que acrescenta ao art. 117 do Regime Jurídico Único

(RJU) – Lei 8112/90 (estatuto dos servidores federais), punição de quem assedia moral

mente define o assédio moral desta forma:

“§ 1º Para fins do disposto neste artigo considera-seassédio moral todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a autoestima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, implicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução profissional ou à estabilidade física, emocional e funcional do servidor incluindo, dentre outras: marcar tarefas com prazos impossíveis; passar alguém de uma área de responsabilidade para funções triviais; tomar crédito de idéias de outros; ignorar ou excluir um servidor só se dirigindo a ele através de terceiros; sonegar informações necessárias à elaboração de trabalhos de forma insistente; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência; segregar fisicamente o servidor, confinando o em local inadequado, isolado ou insalubre; subestimar esforços.” (VACCHIANO, 2007, p.14).

O Código Penal brasileiro no capítulo II dos crimes praticados por particular

contra a administração em geral traz noArt. 331 -Desacatar funcionário público no

exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou

multa. (CÓDIGO PENAL, 2012).

Atualmente existem mais de oitenta projetos de lei em diferentes municípios do

país. Vários projetos já foram aprovados e, entre eles, destacamos: São Paulo, Natal,

Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel, Sidrolândia, Reserva do Iguaçu,

Guararema, Campinas, entre outros. No âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que, desde

maio de 2002, condena esta prática. Existem projetos em tramitação nos estados de São

Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia, entre outros. No âmbito federal,

há propostas de alteração do Código Penal e outros projetos de lei. (ASSÉDIO

MORAL, 2013).

Porém o assédio moral constitui um problema que ainda não tem uma legislação

específica, de nível nacional, para punir as pessoas que praticam o assédio moral, mais

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há pretensões no âmbito federal de reprimir o assédio moral com o projeto de Lei

Federal nº 4.742/2001, introduzindo o artigo 146-A no Código Penal

Brasileiro. Segundo o site www.assediomoral.org, existem os projetos de reforma da

Lei nº 8.112, Lei nº 8.666 e o do Decreto-Lei nº 5.452, sobre coação moral. Existem

também leis municipais e até estaduais, a exemplo dos estados de Pernambuco, São

Paulo e Rio de Janeiro, que coíbem o assédio moral no serviço público. Os direitos são

assegurados pelos artigos 1º, 3º e 5º da Constituição de 1988, que tratam sobre a honra e

a dignidade das pessoas. Já o artigo 186 do Código Civil define ao assédio moral como

ato ilícito, e o artigo 927 obriga a quem o pratica a repará-lo. (AYUB, 2013).

Ao analisarmos evidências legais contra o assédio moral, constatou-se que a

primeira Lei Brasileira é datada de 2000 no município de Iracemápolis-SP de autoria do

Professor João Renato Alves Pereira, autor do Primeiro Livro publicado no Brasil

envolvendo essa temática. Em Pernambuco, o assédio moral é regulamentado pela Lei

Estadual nº 13.314, de 15 de outubro de 2007, de autoria do deputado Isaltino

Nascimento foi regulamentada pelo governador Eduardo Campos através do nº 30.948,

de 26 de outubro de 2007. Essas leis trazem punições para os agressores e tentam

minimizar os impactos dessas ocorrências especialmente nos ambientes de trabalho,

estes que constituem atualmente, os principais espaços de poder da sociedade.

(ASSÉDIO MORAL, 2012).

2.18 Punições previstas nas leis

O Assédio moral pode gerar punição disciplinar (administrativa e trabalhista). O

Regime Jurídico Único prevê, no Título IV, as condutas proibitivas e deveres do

servidor, que são pertinentes ao tema. Em relação aos deveres impostos:

Art. 116, inciso IX: Manter conduta compatível com a moralidade administrativa; Art. 116, inciso XI: Tratar as pessoas com respeito. (LEI Nº 8.112, 1990).

Em relação às proibições impostas:

Art. 117, inciso V: Promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto público; Art. 117, inciso IX: Valer-se do cargo para obter proveito pessoal ou de outra pessoa, em prejuízo da dignidade da função pública; Art. 117, inciso XVII: Designar ao servidoratribuições estranhas ao cargo que ocupa, porém só é permitido em situações de emergência e transitórias;

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Art. 117, inciso XVIII: Exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho. (LEI Nº 8.112, 1990)

O Regime Jurídico Único também prevê as penalidades disciplinares que podem

ser aplicadas aos servidores:

Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada.

Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. (LEI Nº 8.112, 1990).

Quanto a essas penalidades, dependendo das situações, pode até ocasionar a

demissão do servidor assediador.

Art. 132. A demissão será aplicada no seguinte caso: V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição. (LEI Nº 8.112, 1990).

No ambiente público, o assediador pode receber punições disciplinares. Apesar

da Lei nº. 8.112 de 1990 (RJU - Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos da

União, Autarquias e Fundações Públicas Federais) não abordar a questão do assédio

moral, a conduta do assediador pode ser enquadrada no RJU, pois afronta o dever de

moralidade. (VACCHIANO, 2007, p. 57).

2.19 Responsabilização pelo assédio moral

O assediador pode ser responsabilizado na esfera civil (indenização por danos

materiais e morais) ena esfera administrativa/laboral (desde a advertência até a

demissão). Sendo o assediador o servidor público, o Estado (União Federal, Estado ou

Município) pode ser responsabilizado pelos danos morais sofridos pela vítima.

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Comprovado o fato e o dano, o Estado pode indenizar a vítima, podendo, entretanto,

processar o assediador. (VACCHIANO, 2007).

2.20 Ônus da prova

O ônus da prova pertence a quem está acusando, no âmbito civil, trabalhista e

administrativo. Quem assedia nega a agressão, as testemunhas (geralmente trabalham

com o assediador) não querem interferir, pois temem possíveis represálias. Podem ser

utilizados como exemplo de provas, bilhetes e mensagens eletrônicas. (VACCHIANO,

2007).

Em relação à indenização tanto por danos materiais e morais Vacchiano (2007,

p.60) explica que a indenização por danos materiais depende da comprovação do fato

(assédio) isso porque não há como produzir prova da dor, do sofrimento, da

humilhação; assim, uma vez provado o assédio, presumem-se os danos morais.

2.21 Denúncia

O servidor público pode fazer a denúncia do assédio ao setor de recursos

humanos, à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, ao Serviço Especializado de

Segurança e Medicina do Trabalho do órgão ou instituição e ao sindicato. Se em

nenhum desses locais obtiver êxito, a vítima deve denunciar na Delegacia Regional do

Trabalho e no Ministério Público do Trabalho. (AYUB, 2013).

Na Delegacia Regional de Trabalho, a denúncia deve ser feita por escrito pela

própria vítima. Através de notificações formais, a delegacia irá marcar o dia e a hora

para esclarecimentos. Na ocasião, devem estar presentes o empregado e a denunciada,

que na maioria das vezes envia advogado ou representante legal, e o mediador da mesa,

que é um funcionário designado pela delegacia. Quando não há entendimento entre as

partes, a Delegacia do Trabalho orienta a vítima a procurar a Justiça do Trabalho, para

que ingresse com uma ação judicial por danos morais. A Justiça do Trabalho é o órgão

responsável por processar e julgar as reclamações trabalhistas referentes ao assédio

moral e conseqüentemente pedido de indenização pelos danos morais causados ao

empregado pelo empregador. Como previsto no art. 114, inciso VI da CF/88, que

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estabelece: “Compete a Justiça do Trabalho processar e julgar as ações de indenização

por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho.” (AYUB, 2013).

Após receber a denúncia no Ministério Público, o procurador toma

conhecimento dos fatos e chama a denunciada para ouvi-la. Logo após, começa a

investigação para verificar os acontecimentos. Uma vez constatado o assédio moral, o

MP tenta firmar um termo de compromisso, que é um procedimento extrajudicial,

conhecido como Termo de Ajustamento de Conduta. Se não for aceito pelo órgão,

inicia-se uma ação civil pública. (AYUB, 2013).

Em Pernambuco os locais onde se podem realizar a denúncia são os seguintes:

a) Delegacia Regional do Trabalho - Núcleo de Combate à Discriminação

nas Relações de Trabalho. Endereço:Av. Agamenon Magalhães nº 2000,

Espinheiro - Recife (PE) CEP: 52021-170 - Fone: (81) 3427-7900/ Fax (81)

3427-3799

b) Subdelegacia Regional do Trabalho em Caruaru - Núcleo de Combate à

Discriminação nas Relações de Trabalho. Endereço: Rua Padre Felix Barreto nº

50, Centro - Caruaru (PE) CEP: 55014- 300 -Fone: (81) 3721-3258/ Fax: (81)

3722-2900

2.22 Procedimentos diante do problema

A lista de procedimentos e atitudes é extensa, segundo a Cartilha Assédio Moral

(2008), a vítima deve:

1. Anotar tudo o que acontece fazer um registro diário e detalhado do dia-a-dia do trabalho, procurando, ao máximo, coletar e guardar provas do assédio (bilhetes do assediador, documentos que mostrem o repasse de tarefas impossíveis de serem cumpridas ou inúteis, documentos que provem a perda de vantagens ou de postos, etc.); 2. Procurar conversar com o agressor sempre na presença de testemunhas, como um colega de confiança ou mesmo um integrante do sindicato; 3. Reforçar a solidariedade no local de trabalho, como forma de coibir o agressor,criando uma rede de resistência às condutas de assédio moral; 4. Buscar ajuda dentro dopróprio órgão público. Procurar o departamento de recursos humanos para relatar os fatos é uma boa saída. 5. Também podem ser exigidas explicações do agressor por escrito, enviando carta ao departamento de recursos humanos do órgão, guardando sempre comprovante do envio e da possível resposta. 6. Simultaneamente é necessário procurar o sindicato, que pode contribuir nessas situações, através da busca da soluçãodo conflito e da prevenção de novas situações dessa espécie. (CARTILHA ASSÉDIO MORAL, 2008).

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Se isso não resolver o problema, deve-se buscar o apoio dafamília o apoio

médico de psicólogos ou psiquiatras, procurar orientação jurídica junto aos sindicatos

da categoria, para denunciar a situação de assédio moral.

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CAPÍTULO 3 - CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Este capítulo apresenta a Universidade Federal de Pernambuco e o Campus

Centro Acadêmico do Agreste.

3.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

3.1.1 Instituição

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é considerada uma das

melhores universidades do Brasil, em ensino (graduação e pós-graduação) e pesquisa

científica, sendo a melhor do Norte-Nordeste, segundo avaliações dos Ministérios da

Educação (MEC) e de Ciência e Tecnologia (MCT). Nos últimos anos, a UFPE

expandiu a sua atuação, hoje são três campi, localizados no Recife, em Vitória de Santo

Antão e em Caruaru. Nestes três campis estão distribuídas mais de 40 mil pessoas, entre

professores, servidores técnico-administrativo e alunos de graduação e pós-graduação.

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2013).

3.1.2 Histórico

A história da UFPE tem início em 11 de agosto de 1946, data de fundação da

Universidade do Recife (UR), criada por meio do Decreto-Lei da Presidência da

República nº 9.388, de 20 de junho de 1946. A UR reunia a Faculdade de Direito do

Recife, a Escola de Engenharia de Pernambuco, a Faculdade de Medicina do Recife,

com as escolas anexas de Odontologia e Farmácia, a Escola de Belas Artes de

Pernambuco e a Faculdade de Filosofia do Recife. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PERNAMBUCO, 2013).

Passados 19 anos, a Universidade do Recife é integrada ao grupo de instituições

federais do novo sistema de educação do País, recebendo a denominação de

Universidade Federal de Pernambuco, autarquia vinculada ao Ministério da Educação.

Em 1948, começa a construção do campus universitário. A discussão sobre a

localização da obra foi iniciada um ano antes. Entre os lugares cogitados, estavam

terrenos nos bairros de Joana Bezerra, Santo Amaro e Ibura, a área da Faculdade de

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52

Direito, no Centro do Recife; e um loteamento na Várzea, mesmo espaço onde antes

funcionou o Engenho do Meio e hoje está a UFPE. Essa escolha ocorreu em razão de

existir uma avenida projetada para o local. Também foram consideradas as condições

climáticas e a topografia do terreno. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PERNAMBUCO, 2013).

3.1.3 UFPE em números

• 03 Campis - Recife, Caruaru e Vitória de Santo Antão;

• 27.753 alunos nos cursos de graduação, sendo23, 447 no Campus Recife, 3.256

alunos no Centro Acadêmico do Agreste, 1.050 alunos no Centro Acadêmico de

Vitória;

• 2.209 professores;

• 4.144 servidores técnicos- administrativo, nos três campi, incluindo o Hospital

das Clínicas; (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2013).

3.1.4 Missão

A missão da UFPE é promover um ambiente adequado ao desenvolvimento de

pessoas e à construção de conhecimentos e competências que contribuam para a

sustentabilidade da sociedade, através do ensino, pesquisa, extensão e gestão.

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2013).

3.1.5 Centro Acadêmico do Agreste - CAA

O Centro Acadêmico do Agreste (CAA) foi o primeiro campus da UFPE no

interior, inaugurado em março de 2006, funcionando nas instalações do Pólo Comercial

de Caruaru,tendo como objetivo de contribuir com o desenvolvimento social,

econômico e cultural do Estado. A escolha do município de Caruaru foidevido a sua

importância no contexto atual da região do Agreste, que tem como principais

características: cadeias e arranjos produtivos predominantes nas áreas da confecção e da

agroindústria, e principal centro de serviços e negócios e de distribuição de mercadorias.

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2013).

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53

O CAA iniciou suas atividades com cinco graduações, nas áreas de

Administração, Economia, Engenharia Civil, Pedagogia e Design, que integram quatro

Núcleos de Ensino (Gestão, Design, Formação Docente e Tecnologia). Atualmente,

funcionam também as licenciaturas em Química, Física e Matemática, o curso de

Engenharia de Produção e a Licenciatura Intercultural, direcionada à população

indígena de Pernambuco. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2013).

Na sede definitiva, localizada no Sítio Juriti, Rodovia BR 104, Km 59 – Zona

Rural, Nova Caruaru, há Laboratórios Integrados de Ciência e Tecnologia, onde são

desenvolvidos projetos de pesquisa e extensão e a formação continuada. O CAA dessa

forma contribui no atendimento às demandas da região, interiorizando o conhecimento

científico, preparando a população para o desenvolvimento adequado das atividades

produtivas por ela assumidas e incentivando iniciativas que venham garantir melhores

condições de vida. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2013)

3.1.6 Técnicos administrativos

O técnico administrativo é integrante da estrutura administrativa

federal brasileira, a carreira é composta de cargos de nível médio

de técnico administrativo, com atribuições voltadas para o exercício de atividades

administrativas e logísticas relativas ao exercício das competências constitucionais e

legais a cargo das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras referidas no

Anexo I da Lei 10.871/2004, fazendo uso de todos os equipamentos e recursos

disponíveis para a consecução dessas atividades. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PERNAMBUCO, 2013)

No Centro Acadêmico do Agreste está trabalhando 72 servidores técnicos

administrativos, estabelecidos na direção, infraestrutura, biblioteca, contabilidade,

escolaridade, laboratórios, psicóloga, assistente social, secretária. (GESTÃO DE

PESSOAS - CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE, 2013).

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54

CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para

operacionalização da pesquisa.

4.1 Procedimentos Metodológicos

4.1.1 Fins de classificação

Para fins de classificação, utilizou-se o modelo de Vergara (2007). Quanto aos

fins, trata-se de uma pesquisa exploratória, explicativa e aplicada:

- Exploratória, pois contemplou a investigação de um tema pouco explorado em

nossa região;

- Explicativa, devido ao fato de esclarecer fatos e dados importantes sobre

assédio moral;

- Aplicada, porque está voltada para a reflexão de um problema concreto e se

propõe a conscientização as principais vítimas dessas ocorrências de forma que estas

vítimas não tenham um comportamento passivo comprometendo a sua qualidade de

vida. Além disso, a aplicabilidade desta pesquisa também se justifica com a

apresentação de informações conceituais e legais sobre o tema para que as vítimas

possam denunciar as práticas de assédio e utilizar tais conhecimentos em sua proteção.

4.1.2 Meios

Quanto aos meios trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de campo:

- Bibliográfica, porque contempla um estudo sistematizado do tema desenvolvido com

base em materiais publicados em livros, cartilhas, artigos, revistase internet.

- Pesquisa de Campo, uma vez que buscou dados através da aplicação de um

questionário junto aos técnicos administrativos que trabalham na Universidade Federal

de Pernambuco- CAA .

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55

4.1.3 Ambiente da coleta de dados

Os sujeitos desta pesquisa foram constituídos por técnicos administrativos da

Universidade Federal de Pernambuco lotado no Centro Acadêmico do Agreste.

Técnicos que estão instalados nos setores da direção, escolaridade (tem como função

atender o Corpo Discente no gerenciamento da sua vida acadêmica, bem como auxiliar

docentes e coordenadores/as na administração dos cursos), infraestrutura (têm como

competência coordenar a execução das áreas de infraestrutura, finanças e compras do

Centro Acadêmico do Agreste), biblioteca (oferece suporte informacional às atividades

de ensino e pesquisa à comunidade acadêmica da UFPE e UPE (Caruaru), através do

seu acervo e serviços, com a finalidade de incentivar e aprimorar o aprendizado

científico nas respectivas áreas), contabilidade, laboratórios, secretária, área psicológica

e assistência social (que tem como objetivo atender alunos em vulnerabilidade social,

intermediando o acesso destes aos diversos programas e auxílios desenvolvidos pela

Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis).

O universo da pesquisa foi constituído por 31 técnicos administrativos. O

questionário foi distribuído para os técnicos que estavam na universidade do dia 11 ao

dia 17 de abril de 2013.

4.1.4 Amostra da pesquisa

A população da pesquisa é formada de 72 técnicos a sua amostra é:

� = [�� � �, � � �, � (�, ��)²]

[�, � � �, � � (�, ��) ² + (��) � (�, ��) ²]

= ��, ����

��, ����

�, ���� + �, ����

= ��, �� ��

Com base nos aspectos descritos no referencial teórico, as situações de assédio

moral podem evidenciar dimensões desfavoráveis a organização, cuja divulgação

poderia representar riscos para sua imagem. Desta forma, constitui um tema difícil para

as organizações, o que demanda uma metodologia de pesquisa que permita o acesso a

esses dados da forma mais independente possível. O questionário foi respondido por

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56

apenas 31 técnicos, pois alguns técnicos se recusaram a responder o questionário, outros

receberam o questionário e não devolveram, alguns não foram encontrados, outros estão

de férias.

Para a coleta de dados foi elaborado um questionário com 12 questões, sendo

onze fechadas e uma aberta. As perguntas foram elaboradas com base em critérios de

avaliação para que as informações conseguidas pudessem responder e explicar os

objetivos delineados para a pesquisa. Também é pertinente destacar que o instrumento

de coleta dos dados foi validado através do pré-teste fazendo com que a versão final do

questionário fosse facilmente interpretada pelas pessoas consultadas. As informações

coletadas foram apresentadas qualitativamente através de gráficos e acompanhadas de

considerações sobre o tema investigado relacionando os dados com a bibliografia

consultada.

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57

CAPÍTULO 5-ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo apresenta a análise dos dados, a partir dos questionários

realizados e tendo como base a metodologia utilizada e o referencial teórico elaborado.

5.1 Apresentação e Discussão dos Resultados da Pesquisa

Com base nas informações coletadas através dos questionários aplicados com os

técnicos administrativos, esta seção sistematiza os resultados observados na pesquisa de

campo. No Gráfico 5.1 e 5.2 tem-se uma ilustração do perfil de todos os entrevistados.

Gráfico 5.1- Perfil dos entrevistados em relação ao sexo Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

No gráfico 5.1 tem-se a ilustração do gênero (masculino/ feminino) dos

entrevistados,65% dos respondentes foram mulheres e 35% foram homens.

No próximo gráfico veremos a formação acadêmica (ensino médio/ curso

técnico/ graduação/pós-graduação) dos entrevistados.

Gênero dos entrevistados

Feminino Masculino

35%

65%

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58

Gráfico 5.2- Perfil dos entrevistados em relação a formação Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

No gráfico 5.2 a ilustração é sobre a formação dos técnicos administrativos, 59%

temgraduação, 35% têm pós- graduação e 3% têm o ensino médio e um curso técnico.

A segunda parte do questionário contemplou perguntas diretamente relacionadas

ao tema deste estudo. O gráfico 03 é ilustrado pelo conhecimento dos entrevistados

acerca do assédio moral.

Gráfico 5.3- Conhecimento sobre o que é assédio moral Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

Observa-se, no Gráfico 5.3, que 100% dos entrevistados têm o conhecimento

sobre o que é assédio moral. Porém como veremos no próximo gráfico a maioria

desconhece as formas legais para punir o agressor. O gráfico 5.4 é ilustrado pelo

conhecimento legal sobre as formas de punição.

Formação dos entrevistados

Ensino Médio Curso Técnico Graduação Pós-Graduação

3% 3%

35%

59%

Conhecimento sobre o assédio

moral Sim

0%

100%

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59

Gráfico 5.4- Conhecimento legal sobre as formas de punição Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

No Gráfico 5.4 expõe-se o conhecimento dos entrevistados acerca da legislação

vigente, constatando-se que a maioria dos técnicos administrativos (61%) desconhece as

formas legais para a punição dos agressores. Diante disso, percebe-se a necessidade de

uma maior divulgação sobre o tema para esclarecer à população, conscientizando os

servidores sobre os seus direitos.

Gráfico 5.5- Ocorrências de assédio moral Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

Já o Gráfico o 5.5 traz as ocorrências de assédio, evidenciando que apenas 32%

dos técnicos administrativos não sofreram assédio. E 68% não sofreram assédio moral

na instituição. Com já foi descrito no referencial teórico, as situações de assédio moral

podem evidenciar dimensões desfavoráveis a organização, e até aos trabalhadores cuja

divulgação poderia representar riscos para a imagem de ambos. Algumas pessoas têm

vergonha de dizer que sofreu o assédio moral.

Conhecimento legal sobre as

formas de punição

Sim Não

39%

61%

Você já sofreu assédio moral?

Sim Não

32%

68%

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60

Gráfico 5.6- Conhece alguém que sofre assédio moral Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

No Gráfico 5.6 é ilustrado se os técnicos administrativos conhecem alguém que

já sofreu assédio moral na instituição, é possível constatar que 84% dos técnicos

afirmaram conhecer alguém que já sofreu esse tipo de violência e apenas 16% dos

técnicos disseram que não conhecem alguém que sofreu o assédio.

Na tabela 5.1.5 logo abaixo, é descrito algumas situações que são consideradas

assédio moral, por quem é praticado e se o entrevistado é vítima ou conhece alguém

vítima desta situação. Apartir dela analisaremos quais situações são mais recorrentes na

instituição, está dado ênfase de vermelho para as situações, por parte de quem e se é

vítima ou conhece alguém que foram mais assinaladas pelos entrevistados.

Tabela 5.1.5 – Situações consideradas assédio, quem pratica, se é vítima ou

conhece alguém.

PERGUNTAS

SIM

N Ã O

NÃO SEI

POR PARTE DE QUEM?

Pode assinalar mais de uma opção

Você é vítima

dessa situação?

Você conhece alguém que é vítima dessa

situação?

Chefe Subordinad

o Técnic

o Prof. Aluno SIM NÃO SIM NÃO

a) Existem pessoas que não cumprimentam os técnicos na instituição?

58%

36 %

6%

9%

6%

31%

51%

12%

71%

29%

84%

16%

b) Existem pessoas que são ignoradas na frente das outras na instituição?

55%

3 %

42%

16%

9%

25%

54%

9%

48%

52%

29%

71%

c) Existem pessoas que falam mal das outras em público na instituição?

52%

29 %

19%

9%

12%

45%

19%

9%

19%

80%

54%

45%

Você conhece alguém que já sofreu

assédio moral?

Sim Não

16%

84%

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61

PERGUNTAS

SIM

N Ã O

NÃO SEI

POR PARTE DE QUEM?

Pode assinalar mais de uma opção

Você é vítima dessa situação?

Você conhece alguém que é vítima dessa

situação?

Chefe

Subordinad o

Técnic o

Prof.

Aluno

SIM

NÃO

SIM

NÃO

d) Existem agressões verbais às pessoas de forma reservada na instituição?

67%

9%

6%

6%

16%

9%

3%

97%

19%

81%

e )Existem pessoas que se dirigem a outras utilizando apelidos depreciativos na instituição?

13%

22 %

65%

_

_

13%

4%

_

9%

91%

13%

87%

f) Existem pessoas que têm seus trabalhos bloqueados por outras na instituição?

32%

29 %

38%

6%

3%

32%

13%

_

23%

77%

10%

90%

g) Existem pessoas que impõem tarefas difíceis de executar na instituição?

32%

26 %

42%

13%

_

3%

16%

_

16%

84%

16%

64%

h) Existem pessoas que prescrevem tarefas inferiores à competência do técnico na instituição?

48%

16 %

35%

23%

_

26%

52%

_

26%

74%

23%

77%

i) Existem pessoas que criticam o trabalho do técnico, mesmo quando este atende satisfatoriamente à demanda na instituição?

48%

23 %

29%

19%

10%

26%

29%

16%

16%

84%

32%

68%

j) Existem pessoas que discriminam a origem regional do técnico na instituição?

3%

19 %

78%

3%

_

_

3%

_

_

100%

3%

97%

l) Existem pessoas que discriminam a classe social do técnico na instituição?

23%

45 %

32%

3%

3%

19%

26%

_ 3%

97%

19%

81%

m) Existem pessoas que discriminam as características pessoais do técnico na instituição?

52%

16 %

32%

3%

7%

19%

39%

16%

3%

97%

48%

52%

n) Existem pessoas que discriminam a raça do do técnico na instituição?

_

39 %

61%

_

_

_

_

_

_

100%

_

100%

o) Existem pessoas que discriminam a religião do técnico na instituição?

16%

26 %

58%

3%

_

_

10%

3%

6%

94%

10%

90%

p) Existem pessoas que discriminam a orientação sexual do técnico na instituição?

48%

13 %

39%

6%

6%

19%

26%

10%

_

100%

48%

62%

q)Existem pessoas que discriminam pelo gênero (homem/mulher) do técnico na instituição?

19%

19 %

61%

3%

3%

3%

13%

3%

13%

87%

6%

94%

Fonte: Dados da pesquisa (abr/2013).

Na tabela acima é ilustrado as situações consideradas assédio moral e serão

comentadas as que tiveram mais ocorrências pelos entrevistados.

Na letra a) da tabela foi perguntado se existem pessoas que não cumprimentam

os técnicos, 58% responderam que sim e por parte de quem ocorre esta situação, em

51% dos casos quem não cumprimenta os técnicos são os professores e 31% pelos

próprios técnicos. Perguntado se o entrevistado era vítima desta situação 71%

responderam que sim e se conheciam alguém vítima 84% responderam que sim.

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Na letra b) foi perguntado se existem pessoas que são ignoradas na frente das

outras, 55% responderam que sim e por parte de quem ocorre esta situação, em 25% dos

casos quem ignora os técnicos são os professores e 25% os próprios técnicos.

Perguntado se o entrevistado era vítima desta situação 48% responderam que sim.

Na letra c) foi perguntado se existem pessoas que falam mal das outras em

público 52% responderam que sim e por parte de quem ocorre esta situação, em 45%

dos casos quem fala mal dos outros são os técnicos. Perguntado se o entrevistado

conheciam alguém vítima 54% responderam que sim.

Na letra h) foi perguntado se existem pessoas que prescrevem tarefas inferiores a

competência do técnico na instituição 48% responderam que sim, perguntado por parte

de quem 52% responderam que os professores prescrevem tarefas inferiores e 26% dos

técnicos. Perguntados sesim 26% responderam que sim.

Na letra i) foi perguntado se existem pessoas que criticam o trabalho do técnico

mesmo quando este atende a demanda. 48% responderam que sim. E são criticados em

29 % dos casos pelos professores e 26% dos casos pelos técnicos e 32% dos

entrevistados conhecem alguém que é vítima desta situação.

Na letra m) foi perguntando se existem pessoas que discriminam as

características pessoais dos técnicos em 52% dos casos responderam que sim e 39%

dos casos são realizados pelos professores. E 48% dos casos responderam que

conhecem alguém que sofre esta situação.

Na letra p) foi perguntado se existem pessoas que discriminam a orientação

sexual do técnico em 26% dos casos quem prática são os professores e os técnicos em

19% dos casos. Em 48% dos casos os técnicos conhecem alguém que sofre desta

situação.

Na sexta questão do questionário, foi perguntado se a pessoa ou algum colega

sofre com outras situações desagradáveis no ambiente que não estão descritas no quadro

5.1 acima. Algumas situações relatadas são “Condições precárias em relação a estrutura

física, ambiente insalubre e as decisões relacionadas ao setor tem sido tomadas de forma

autoritária.” Outro relato é “alterações de trabalho de um setor.”

No próximo gráfico 5.7 é ilustrado a frequência do assédio moral em relação as

situações anteriores.

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63

Gráfico 5.7- Frequência do assédio moral Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

No gráfico 5.7 pode-se verificar que em 45% das situações descritas

anteriomente na tabela ocorre esporadicamente 45%, porémem 39% dos casos ocorre

semanalmente, que pode ser considerado um alto índice de frequência. Alguns

entrevistados relataram que “de um modo geral é difícil saber sobre esta situação,

quando é relacionado a outras pessoas, que o assédio pode ocorrer em um momento em

que eles não estejam com a pessoa”.

A próxima tabela, é ilustrado os tipos de problemas pessoais e de saúde que

tais situações descritas anteriomente na tabela acima, estão acarretando para a vida do

entrevistado ou de seus colegas de trabalho.

Tabela 5.1.5.1 – Problemas acarretados pelo assédio moral.

CONSEQUÊNCIAS SIM NÃO a) Insônia 42% 58% b) Falta de Apetite 26% 74% c) Aumento de peso 10% 90% d) Depressão 19% 81% e) Aumento do consumo de bebidas 7% 93% f) Desmotivação 68% 32% g) Diminuição da concentração 61% 39% i) Dores de cabeça 58% 42% j) Cansaço exagerado 55% 45% l) Outros. Qual? Insatisfação

Irritabilidade Ansiedade

Fonte: Dados da pesquisa (abr/2013). Como foi visto no referencial teórico as consequências do assédio moral são as

desordens psicopatologia, psicossomática e comportamental. Podemos ver que 68%dos

entrevistado responderam que estão desmotivados ou conhecem alguém que esta nesta

Diariamente

Frequência do assédio

Semanalmente Mensalmente

6%

Esporadicamente

45%39%

10%

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situação, 61% diminuição de concentração, 58% dores de cabeça, 55% cansaço

exagerado e 42% sofrem ou conhecem alguém que estão sofrendo de insônia. Outros

sintomas relatados são a insatisfação, irritabilidade e ansiedade. Os resultados

apresentados nesta seção ratificam a importância desta temática seja para a punição dos

assediadores, mas, principalmente, para a qualidade de vida desta parcela da população

que sofre silenciosamente com um problema. No próximo gráfico veremos o sentimento

após o assédio.

Gráfico 5.8- Sentimento após o assédio Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

Já o Gráfico 5.8 expressa os sentimentos revelados pelos servidores após a

ocorrência do assédio: 27% afirmaram que sentiram revoltados com tal situação;

enquanto que o sentimento humilhação está presente em 5% dos entrevistados; já o

sentimento de tristeza está em 5% dos entrevistado 10% disseram ter ficado com outros

tipos de sentimento medo, indiferença, impotência, frustação, raiva e vergonha.

Sentimento após o assédio

Humilhação Tristeza Revolta Outros

10% 21%

11%

58%

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Gráfico 5.9- Quem prática o assédio Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

No gráfico 5.9 é ilustrado por quem é práticado o assédio moral em relação a

gênero(homem/mulher) na instituição , é visto que 58% é praticado por ambos os sexos,

30% é cometido por homens, 18% é cometido por mulheres.

Gráfico 5.10-Você já falou do assédio para alguém? Fonte: Dados da Pesquisa (abr/2013).

No gráfico 5.10 é ilustrado se a vítima já falou do assédio para alguém, é visto

que em 28% dos casos ninguém procurou falar do mal que sofre. Em 24% dos casos

eles falaram com os amigos das situações que vêm sofrendo. Em 17% dos casos

comentaram com a família em outros 17% com outros como gestor, equipe, colegas de

trabalho. E finalizando 14% conversou com o RH da instituição.

Quem prática o assédio

Homem Mulher Os dois

30%

52%

18%

Você já falou do assédio para

alguém?

Ninguém Com minha família Com meus amigos com RH Outros

17% 28%

17%

14%

24%

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66

No próximo capítulo é apresentado as conclusões da pesquisa realizada, trazendo

também, suas limitações e as sugestões para pesquisas futuras.

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67

CAPÍTULO 6- CONCLUSÕES

O presente estudo teve como objetivo saber se ocorre assédio moral no Centro

Acadêmico do Agreste, por meio de análises é foi constato que existem ocorrências do

fenômeno, praticados por parte dos próprios técnicos epelos professores.

Dentre as práticas mais recorrentes que marcaram as situações de assédio moral

na instituição, foram constatas as práticas: Existem pessoas que não cumprimentam os

técnicos na instituição; Existem pessoas que são ignoradas na frente das outras na

instituição; Existem pessoas que falam mal das outras em público na instituição;

Existem pessoas que prescrevem tarefas inferiores à competência do técnico na

instituição; Existem pessoas que criticam o trabalho do técnico, mesmo quando este

atende satisfatoriamente à demanda na instituição; Existem pessoas que discriminam as

características pessoais do técnico na instituição; Existem pessoas que discriminam a

orientação sexual do técnico na instituição.

Em 39% das situações ocorre semanalmente, que pode ser considerado um alto

índice de frequência.Dentre as consequências para o assediado, podemos mencionar:

68%dos entrevistados responderam que estão desmotivados ou conhecem alguém que

esta nesta situação, 61% estão ou conhecem alguém com diminuição de concentração,

58% dores de cabeça, 55% cansaço exagerado e 42% sofrem ou conhecem alguém que

estão sofrendo deinsônia. Outros sintomas relatados são a insatisfação, irritabilidade e

ansiedade. O sentimento revelado pelos servidores que mais ocorreu na pesquisa foi a

revolta com a situação em 27% dos casos. É visto também que 58% dos assédios é

praticado por ambos os sexos, 30% é cometido por homens, 18% é cometido por

mulheres.

A conscientização e a divulgação de informações sobre a prática do assédio

moral são os primeiros passos para que se possa lutar contra ele.Somente um eficiente

processo de humanização do trabalho poderá fazer com que as pessoas não sofram deste

mal. Se na sociedade umas das bases fosse a fraternidade, o assédio moral simplesmente

não existiria. Porém, enquanto vivermos em uma sociedade que valoriza a competição,

com certeza esse tipo de coação moral continuará acontecendo. Com isto afirmo que a

punição a esses agressores, que agem de maneira torpe – egoísta e covarde – é bem-

vinda.

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Finalmente, concluo este trabalho registrando a minha expectativa de que o

mesmo possa somar-se a outros estudos já realizados, com o intuito de contribuir ao

combate e prevenção deste fenômeno.

6.1 Limitações

Como foi vistoanteriormente, as situações de assédio moral podem evidenciar

dimensões desfavoráveis para a instituição, cuja divulgação do resultado poderia

representar riscos para sua imagem. A maioria dos técnicos administrativos não quis

respondera pesquisa, quando lhe eram explicadas sobre o que era o estudo, foi

respeitada as suas negativas, porém prejudicou para uma melhor ratificação se ocorre o

assédio moral na instituição.

6.2 Sugestões

Sabemos que não será a justiça que solucionará todo o problema, mas, sim a

conscientização tanto da vítima que não sabe o mal que está sofrendo, quanto do

agressor, que acredita que suas ações são normais, e da sociedade, que precisa saber o

que acontece.

A informação é um métodoeficaz e tem que ser acessível a todos na instituição.

Divulgando casos e conscientizando os trabalhadoressobre a gravidade do assédio

moral, é possível esperar uma significativa redução de ocorrências.

Portanto, é fundamental que diversos grupos organizacionais sejam envolvidos

na definição e na criação de instrumentos para se lidar com as ocorrências. Várias ações

são possíveis, como a constituição de um comitê multidisciplinar formado por pessoas

que passem confiança dentro da organização (médicos, psicólogos, assistentes sociais);

a dissuasão de ocorrências; a criação de ferramentas para denúncia e apuração, como

caixa de sugestões ou plataformas informatizadas para denúncia anônima; o uso de

cartilhas, informativos, palestras e da intranet para mensagens explicativas sobre o tema

e indicações de como proceder caso uma pessoa seja vítima ou testemunhe a ocorrência

do fenômeno; entre outras possibilidades.Implementação de políticas para a redução de

fatores que possam estar contribuindo para a ocorrência do assédio moral. Realização de

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uma pesquisa mais ampla, com todos os servidores federais da universidade, com o

intuito de averiguar os possíveis focos de manifestação do assédio.

É necessário afirmar que, quanto maior o compromisso de todos, mais a

organização poderá orgulhar-se de ter feito o que é moralmente certo, economicamente

mais barato e legalmente mais justo. Finalizando, é fundamentalescutar a vítima é, pois

humaniza e propicia um melhor entendimento do processogerador do sofrimento

psíquico, permitindo superar a dor imposta pelas condições laborais.

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CAPÍTULO 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO

QUESTIONÁRIO

Este questionário é parte de uma pesquisa sobre assédio moral no Centro

Acadêmico do Agreste/UFPE, parte integrante do TCC de Jéssica Soares, orientada pela

Professora Luciana Cramer. Trata-se de uma pesquisa sigilosa com fins acadêmicos.

Contamos com a sua colaboração respondendo a nossa pesquisa. Desde já, agradecemos

a colaboração.

Sexo: ( ) F ( ) M

Escolaridade: ( ) Ensino Médio ( ) Curso Técnico ( ) Graduação ( ) Pós-graduação

1) Você sabe o que é assédio moral? ( ) SIM ( ) NÃO

2) Você sabe quais as formas legais para punir quem pratica assédio moral no ambiente de trabalho? ( ) SIM ( ) NÃO

3) Você já sofreu assédio moral? ( ) SIM ( ) NÃO

4) Você conhece alguém que já sofreu assédio moral? ( ) SIM ( ) NÃO

5) No quadro abaixo, assinale um X na resposta que expressa a sua opinião.

PERGUNTAS

SIM

NÃO

NÃO SEI

POR PARTE DE QUEM?

Pode assinalar mais de uma opção

Você é vítima

desse problema?

Você conhece alguém que é vítima dessa

situação?

Chefe Subordinado Técnico Professor Aluno SIM NÃO SIM NÃO

a) Existem pessoas que não cumprimentam os técnicos na instituição?

b) Existem pessoas que são ignoradas na frente das outras na instituição?

c) Existem pessoas que falam mal das outras em público na instituição?

d) Existem agressões verbais às pessoas de forma reservada na instituição?

e) Existem pessoas que se dirigem a outras utilizando apelidos depreciativos na instituição?

f) Existem pessoas que são acusadas, injustamente, de erros “imaginários” na instituição?

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g) Existem pessoas que têm seus trabalhos bloqueados por outras na instituição?

h) Existem pessoas que impõem tarefas difíceis de executar na instituição?

i) Existem pessoas que prescrevem tarefas inferiores à competência do técnico na instituição?

j) Existem pessoas que criticam o trabalho do técnico, mesmo quando este atende satisfatoriamente à demanda na instituição?

l) Existem pessoas que discriminam a origem regional do técnico na instituição?

m) Existem pessoas que discriminam a classe social do técnico na instituição?

n) Existem pessoas que discriminam as características pessoais do técnico na instituição?

o) Existem pessoas que discriminam a raça do técnico na instituição?

p) Existem pessoas que discriminam a religião do técnico?

q) Existem pessoas que discriminam a orientação sexual do técnico?

r)Existem pessoas que discriminam pelo gênero (homem/mulher) do técnico?

6) Você ou algum colega sofre com outras situações desagradáveis no ambiente de

trabalho que não estão descritas no quadro acima?

7) Frequência das ocorrências das situações anteriores:

( ) Diariamente ( ) Semanalmente ( ) Mensalmente ( ) Esporadicamente

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8) Que tipos de problemas pessoais e de saúde tais situações estão acarretando a sua vida ou a de seus colegas?

CONSEQUÊNCIAS SIM NÃO

a) Insônia

b) Falta de Apetite

c) Aumento de peso

d) Depressão

e) Aumento do consumo de bebidas

f) Desmotivação

g) Diminuição da concentração

i) Dores de cabeça

j) Cansaço exagerado

l) Outro. Qual?

9) Qual o seu sentimento após sofrer estas situações?

( ) Humilhação ( ) Tristeza ( ) Medo ( ) Revolta ( ) Outros. Qual?

10) Quantas pessoas já assediaram, moralmente, você ou seus colegas?

( ) 01 pessoa ( ) De 02 a 04 pessoas ( ) + de 4 pessoas

11) Geralmente, quem pratica o assédio moral são:

( ) Homens ( ) Mulheres ( ) Os dois

12) Já falou desta situação com alguém?

( ) Não ( ) Com minha família ( ) Com meus amigos ( ) Ao setor de RH

( ) Outros. Quem?

Agradecemos a sua participação.