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João Castilho Edição 273 | Março 2006 | Belo Horizonte | www.pucminas.br Com um número crescente de alunos, a PUC Minas Virtual lança seu primeiro curso de graduação a distância, o de Ciências Contábeis páginas 8 e 9 Em qualquer tempo e em qualquer lugar Em qualquer tempo e em qualquer lugar NOVO CURSO Engenharia da Computação é a nova oferta do Vestibular para o 2º semestre de 2006 página 3 FELICIDADE NO TRABALHO Pesquisa mostra que altos executivos são escravos de agendas e de fusos horários página 16 NOS TRILHOS O setor ferroviário brasileiro vive um momento de recuperação, recebendo novos investimentos página 5 A jornalista Elis Ramos foi aluna da PUC Minas Virtual

João Castilho Em qualquer tempo e em qualquer lugar · viva do Evangelho da vida na vida ... Barreiro, Betim e São Gabriel Inscrições: 10 a 28 de abril ... Local de inscrições:

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João

Cas

tilho

E d i ç ã o 2 7 3 | M a r ç o 2 0 0 6 | B e l o H o r i z o n t e | w w w . p u c m i n a s . b r

Com um número crescente de alunos, a PUC Minas Virtual lançaseu primeiro curso de graduação a distância, o de Ciências Contábeis

páginas 8 e 9

Em qualquer tempoe em qualquer lugarEm qualquer tempoe em qualquer lugar

NOVO CURSOEngenharia da Computação

é a nova oferta doVestibular para o 2ºsemestre de 2006

página 3

FELICIDADE NO TRABALHOPesquisa mostra quealtos executivos sãoescravos de agendase de fusos horários

página 16

NOS TRILHOSO setor ferroviário brasileiro

vive um momento derecuperação, recebendo

novos investimentos

página 5

A jornalista Elis Ramos foialuna da PUC Minas Virtual

2 PUC MINAS | MARÇO 2006 EDITORIALE

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Reitor: Prof. Eustáquio Afonso Araújo Vice-reitor: Prof.Pe. Joaquim Giovani Mol Guimarães Assessor Especial:Prof. José Tarcísio Amorim Chefia de Gabinete da Reito-ria: Prof. Osvaldo Rocha Tôrres Pró-reitores: Prof. CarlosFrancisco Gomes (Planejamento e Desenvolvimento Insti-tucional), Profª. Maria Inês Martins (Graduação), Prof.João Francisco de Abreu (Pesquisa e Pós-graduação),Profª Vera Maria Neves Victer Ananias (Extensão), Prof.Paulo Sérgio Gontijo do Carmo (Gestão Financeira), Prof.Rômulo Albertini Rigueira (Infra-estrutura), Prof. Sérgio de

Morais Hanriot (Logística) e Prof. Alexandre RezendeGuimarães (Recursos Humanos)Contato: Av. Dom José Gaspar, 500 – Reitoria – Prédio2, sala 109 E-mail [email protected] Telefones (31) 3319-4108 e 3319-4917 Fax (31) 3319-4140 CEP 30.535-901– Belo Horizonte – MG

Secretário de Comunicação: Jornalista Maurício LaraEdição: Marisa Cardoso, com Beatriz Lima e Érick Araújo

Unidades: Adriana Ribeiro (Contagem), Alethéa Casal(Betim), Fernanda Lisboa (Poços de Caldas), JúniaCarvalho (PUC Minas Virtual), Leandro Felicíssimo (Bar-reiro) e Michelle Marie Stammet (São Gabriel)Colaboração: Lydia HermanyEstagiários: Fernanda Dantas, Fernando Ávila, ManaíraAraújo, Rafael Moreno e Vinícius QueirozEdição Gráfica: Flávia GuimarãesImpressão: Fumarc (31) 3249-7400 Tiragem: 61.450 exemplares

A PUC Minas é filiada à Associação Brasileira de Universidades Comunitárias (Abruc).

Maturidade institucional

OEclesiastes (3,9), na Me-ditação sobre a Vida, for-mula-nos a seguinte

questão: “Que proveito tira otrabalhador do seu esforço?”,para, em seguida, responder:“... nada de bom existe senãoalegrar-se e fazer o bem durantea vida”. Que benefício podemoscolher dessa sabedoria? NossaUniversidade, Pontifícia e Católi-ca, é, no presente momento, ummagnífico cenário da maturidade

alcançada através do diálogo.O diálogo é uma relação in-

terpessoal e coletiva que passapor etapas do desenvolvimento.O diálogo, na infância, caracteri-za-se pela demanda da criançaao convívio com o mundo à suavolta, mas de forma dependentee verticalizada. Cabe ao adultotransmitir-lhe as normas e, à cri-ança, socializar-se para integraro conjunto harmonioso da vida,que se chama cultura.

Num segundo momento, quechamaríamos de adolescente, oantigo modo de ser e a novidadese confrontam com forte cargade desejo de afirmação. Ambosos pólos acham-se ameaçadospelo dilema de Hamlet: “Ser ounão ser, eis a questão!”. A novi-

dade clama por espaço e a tradi-ção sublinha suas normas.

Como o ser humano é umser que vive na temporalidade,jamais se furtará de um outro di-lema. Entre o realizado e as de-mandas da complexidade do fu-turo sempre em marcha, comosuperar o conflito do diálogo?Superar, aqui, não significa de-sacontecerem divergências deopiniões, reivindicações e pon-tos de vista. Trata-se, antes, deacrescentar o novo a uma reali-dade consolidada e incorporá-la,pelo diálogo, a uma nova sínte-se, sempre histórica, sempremais abrangente.

É o momento da maturida-de. É disso que dou testemu-nho, quando da oportunidade

atual da discussão sobre nos-so Estatuto, que envolve todosos segmentos de um todo di-nâmico, chamado comunidadeacadêmica. Opiniões diferen-tes, tornadas públicas dentrode regras consensuais, tornampossível que avancemos emrelação à atualidade, divergin-do no plano das idéias, semconflitos personalizados. Pen-so que deveria compartilharesse testemunho e incorporarao novo modo de existir institu-cional o preceito acima recor-dado: “... alegrar-se e fazer obem durante a vida”.

Professor EustáquioAfonso Araújo

Reitor

Ocaminho quaresmal que es-tamos vivenciando inscreveno seu horizonte uma indi-

cação muito fecunda para as mu-danças e transformações a quetodos somos convocados a de-sejar e empregar o melhor denosso empenho. Refiro-me à fes-ta da Anunciação. Sua celebra-ção, neste dia 25 de março, nosevidencia a grandeza e a genero-sidade do Sim de Maria, nossamãe amada, filha predileta do Pai,discípula do seu Filho amado.

Este sim de Maria nos chamaa compreender que o caminho denossa conversão é propriamenteo nosso sim a Deus. Dizer sim aDeus é converter-se. Uma con-versão que nos conquista a atitu-de fundamental de toda verdadei-ra mudança, aquela do serviçoaos outros. Compreender-secomo servidor. Servidor dos ou-tros. Um estado de espírito quenos pede o cultivo de uma pro-

funda espiritualidade mística eprofética. A Igreja nesse seu ca-minho penitencial é, pois, chama-da a renovar e qualificar o seusim a Deus. Esse sim a Deus édado pela Igreja na medida emque cada batizado e batizadacompreende o sentido e o com-promisso de sua vida ofertadacomo dom, tornando-se páginaviva do Evangelho da vida na vidado mundo e de cada pessoa.

No Sim de Maria inscrevemoso nosso sim. Na constelação doSim de todos nós, contempla-mos, com alegria e esperança, osim dos nossos queridos irmãos,Aloísio Jorge Pena Vitral e Joa-quim Giovani Mol Guimarães, or-denados bispos para o serviço daIgreja. Comigo, esses irmãos irãocaminhar à imitação de CristoBom Pastor, alimentando a espe-rança nos corações, no meio daIgreja como sentinelas vigilantes,profetas corajosos, testemunhas

credíveis e servos fiéis. Assim, amissão do Bispo sustenta, inspirae fecunda o caminho de nossaIgreja, na sua aposta de ser uma“Igreja Viva, povo de Deus emcomunhão”. Isto ocorre na medi-da em que sua atitude fundamen-tal e primeira é encher o seu co-ração de compaixão e debruçar-se sobre a dor de cada homem ede cada mulher que sofre, paracuidar de suas chagas, mantendosempre viva a confiança de que aovelha perdida pode ser encon-trada. Assim meu irmão Aloísiodiz o seu sim, com o coração‘movido por entranhada miseri-córdia’, enriquecido pelo sim epela convicção do coração domeu irmão Joaquim Mol, “porqueDeus é amor”, nesta missão emque há dois anos exatamente, ve-nho dizendo o meu sim “para cu-rar os corações feridos”.

O Senhor Jesus nos sustenteno nosso Sim e este fecunde o

caminho de nossa Igreja e suamissão. Tudo seja compreendidoe vivido como verdadeira experi-ência de fé e na confiança incon-dicional na ação da graça de nos-so Deus. Digamos Sim a Deus, aexemplo e confiantes na prote-ção materna de nossa Mãe Ma-ria, a Senhora do Sim.

Dom Walmor Oliveira deAzevedo

Arcebispo Metropolitano deBelo Horizonte, Grão-Chancelerda PUC Minas e Presidente da

SociedadeMineira de Cultura

O Sim de Maria

3PUC MINAS MARÇO 2006 |GRADUAÇÃO

Engenharia da Computação é novidade na unidade São Gabriel; Direito e Enfermagem têm novos turnos

Novo curso na Universidade

Ovestibular da PUCMinas para o 2ºsemestre de 2006

traz como novidade aoferta do curso de En-genharia da Computa-ção na unidade São Ga-briel, em Belo Horizon-te. Já na PUC CoraçãoEucarístico, ganham no-vos turnos os cursos deEnfermagem, agora comopção manhã e tarde, eDireito, que, além demanhã e noite, passa aser ofertado também àtarde.

Com isto, a maioruniversidade particulardo Estado e uma dascinco maiores institui-ções de ensino superiordo País dá seqüência aoincremento da gradua-ção que, no vestibularpassado teve comodestaque o lançamento

do curso de EducaçãoFísica.

As inscrições para ocampus Coração Euca-rístico e as unidadesContagem, Barreiro,Betim e São Gabriel fi-cam abertas de 10 a 28de abril, com provas nosdias 4 e 5 de junho. Ar-cos, Poços de Caldas eSerro recebem inscri-ções de 10 de abril a 4de maio. As provas nointerior acontecem em11 de junho.

MULTIDISCIPLINAR

O curso de Enge-nharia de Computaçãotem conteúdo multidis-ciplinar, estando entre aEngenharia Eletro-ele-trônica e a Ciência daComputação. Em rela-ção a esta última, que

tem foco maior em soft-wares, a diferença éque o engenheiro decomputação terá visãoprofunda também dehardware.

Para ilustrar, o novocurso formará profissio-nais ambivalentes, capa-zes de desenvolver, deforma integrada, tantosoftwares como hard-wares. Além de planejare construir, por exem-plo, um circuito ou equi-pamento, o engenheirode computação vai tam-bém desenvolver o pro-grama para colocá-loem funcionamento. Oobjetivo é usar e trans-formar as tecnologias,buscando novos produ-tos, equipamentos e so-luções modernas parademandas que, na atua-lidade, estão em cons-

Marta Carneiro

Laboratórios do campus Coração Eucarístico, como o de microinformática, poderão ser usados pelocurso de Engenharia da Computação, que será ofertado na Unidade São Gabriel

tante mudança. O curso estará abri-

gado no Instituto de In-formática da PUC Mi-nas, mas o registro doprofissional será feito

no CREA-MG. Ofertadona unidade São Gabriel,no turno da manhã, comaulas de laboratório po-dendo ser ministradasno campus Coração Eu-

carístico, o curso tematividades como visitastécnicas, extensão, pes-quisa e estágio, que po-dem ser realizadas noperíodo da tarde.

Vestibular – 2º semestre/2006Campus Coração Eucarístico e unidades Contagem, Barreiro, Betim e São GabrielInscrições: 10 a 28 de abrilCandidatos com necessidades especiais: entrar em contato com a Fumarc (31) 3375-6000 no perío-do de 2 a 5 de maio.Provas: 4 e 5 de junho.Informações: Central de Informações: (31) 3319-4444

Campi de Arcos, Poços de Caldas e SerroInscrições: 10 de abril a 4 de maio de 2006Candidatos com necessidades especiais: entrar em contato com a Fumarc (31) 3375-6000no período de 15 a 19 de maioProvas: 11 de junhoInformações: Arcos: (37) 3352-2600 – 0800 283 0165

Poços de Caldas: (35) 3729-9200 – 0800 283 1030 www.pucpcaldas.brSerro: (38) 3541-1166

Local de inscrições: agências dos Correios e no portal www.pucminas.br

Vice-reitor é ordenado bispo auxiliarA ordenação episcopal dos dois

novos bispos auxiliares da Arquidio-cese de Belo Horizonte, monsenho-res Joaquim Giovani Mol Guima-rães, vice-reitor da PUC Minas, eAloísio Jorge Pena Vitral, professorlicenciado do Instituto Dom JoãoResende Costa, acontecerá em 25de março, sábado, Dia da Anuncia-ção, às 9h, no Ginásio do Mineiri-nho, na capital mineira.

A indicação dos dois novos bis-

pos auxiliares foi feita pela PapaBento XVI, e anunciada, no início defevereiro, durante a celebração dos85 anos da Arquidiocese de BeloHorizonte, pelo arcebispo metropo-litano e grão-chanceler da PUC Mi-nas, Dom Walmor Oliveira de Aze-vedo, que considerou as indicaçõesum presente para a Arquidiocese.

Dom Joaquim Giovani Mol Gui-marães nasceu em 6 de janeiro de1960, em Ponte Nova (MG). Foi or-

denado padre em 16 de julho de1988. Atualmente é vice-reitor daPUC Minas e já atuou como respon-sável pelo Núcleo de Teologia daPUC Minas e pároco da ParóquiaSanta Maria, Mãe de Deus. DomAloísio Vitral nasceu no dia 23 deabril de 1955, sendo ordenado pa-dre em 18 de janeiro de 1986. Foipároco da Paróquia Santa Efigêniados Militares e da Paróquia NossaSenhora das Dores.Dom Joaquim Mol recebeu indicação do Papa

Bento XVI para ingressar no episcopado

Livros indicados

• Dom Casmurro – Machado de Assis

• Amor de Capitu – Fernando Sabino (EditoraÁtica)

• Missa do Galo: Variações sobre o mesmotema – Machado de Assis, Antônio Calado,Autran Dourado, Julieta de Godoy Ladeira,Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon e OsmarLins (Summus Editorial)

• Macau – Paulo Henrique Brito (EditoraCompanhia das Letras)

Opções de língua estrangeira: Inglês, Fran-cês, Espanhol ou Italiano.

4 PUC MINAS | MARÇO 2006 TRABALHO

Início de século 21 eas mulheres, apesardas muitas conquis-

tas, ainda enfrentam di-ficuldades e discrimina-ções em várias esferasda vida, tanto pública,quanto privada. No mer-cado de trabalho, o nú-mero de mulheres cres-ce a cada dia. Entre1992 e 2002, a partici-pação da mulher na Po-pulação Economica-mente Ativa (PEA) noBrasil saltou de 28milhões para 36,5 mi-lhões, passando res-pectivamente de 42%para 52,3% da PEA. Asmulheres vêm fazendoum grande investimen-to na sua formação, seprofissionalizando, eem 2002, 37% das mu-lheres brasileiras tinhammais de 11 anos de es-tudo. Esses dados, daFundação Carlos Cha-

gas, são relatados pelaprofessora do Progra-ma de Pós-Graduaçãoem Ciências Sociais daPUC Minas, Magda deAlmeida Neves, Cientis-ta Política (UFMG) edoutora em Sociologia(USP), que há anospesquisa temas relati-vos ao mundo do traba-lho, incluindo a questãode gênero.

“As mulheres estãoinvestindo em sua for-mação, mas isso aindanão quebrou a segmen-tação no mercado detrabalho. Há, ainda,aqueles guetos profis-sionais, como na peda-gogia, na enfermagem,nas ciências humanas”,avalia Magda Neves.Em 1993, informa a pro-fessora, 94% dos pro-fissionais da área decostura eram mulheres;na enfermagem, esse

Diferença sim, desigualdade nãoA equidade de gênero no mercado de trabalho é um dos principais desafios para o movimento de mulheres nos dias atuais

Marta Carneiro

Movimento femininopromove mudanças

A professora Magda Neves afirma que ainda há guetos profissionais no mercado feminino

índice chegava a 84% eno magistério do ensinofundamental, a 90%. “Ese a gente olhar outronicho importante, o em-prego doméstico, 90%são mulheres que rece-bem até dois saláriosmínimos e a maioria semcarteira assinada. Sen-do que 59% dessas tra-balhadoras são negras”,afirma.

As diferenças salari-ais são apontadas pelaprofessora, que lançamão de pesquisa realiza-da pelo Instituto Ethosde ResponsabilidadeSocial junto a 500 em-presas brasileiras.“Essa pesquisa apontaque, quanto mais altossão os salários nas em-presas, menos mulhe-res ocupam os cargos.Apenas 9% dos cargosde direção nas empre-sas são ocupados por

Mas, se por umlado, os números reve-lam que ainda há umvasto campo para con-quistas, por outro omovimento de mulhe-res tem produzido im-portantes mudançasna sociedade. “Algunssociólogos, como Bo-aventura Souza San-tos, Alain Tourraine eAnthony Giddens,consideram o movi-mento de mulherescomo o grande movi-mento transformadordas relações sociais eculturais do século20”, afirma MagdaNeves. E, exatamentepor isso, a professoraacredita que há moti-vos para a comemora-ção no Dia Internacio-nal da Mulher, no dia 8de março. “Vale a co-memoração, mas pre-cisamos também apro-fundar algumas discus-sões, para que as dife-renças entre homens

e mulheres não sejamsinônimo de desigual-dade”.

PESQUISAS

Na avaliação daprofessora, a Universi-dade está comprome-tida com essa discus-são. “São muitos es-tudantes e pesquisa-dores que, ao olhar otema trabalho e cida-de, enfocam a questãode gênero. Há váriostrabalhos em anda-mento aqui na PUCMinas que estabele-cem um diálogo comessa temática”, escla-rece. Em 2005, Magdade Almeida Neves ela-borou a metodologiado plano de ação doPrograma Pró-Equida-de de Gênero, do go-verno federal, aten-dendo a convite doFundo de Desenvolvi-mento das NaçõesUnidas para a Mulher

(Unifem), da Organiza-ção Internacional doTrabalho (OIT) e da Se-cretaria Especial dePolíticas para as Mu-lheres da Presidênciada República (SPM).O Programa pretende,entre outros objetivos,contribuir para a elimi-nação de todas as for-mas de discriminaçãono acesso, remunera-ção, ascensão e per-manência no emprego.Junto com a professo-ra Paola Capellin, daUniversidade Federaldo Rio de Janeiro(UFRJ), Magda Nevesdefiniu o Plano deAção que, inicialmen-te, será implementadovoluntariamente porempresas públicas e,em seguida, por em-presas privadas. Asempresas que cumpri-rem as metas do Pro-grama receberão daSPM o Selo Pró-Eqüi-dade de Gênero.

mulheres; fazendo umcorte em relação à raça,as mulheres negrasocupam 1% dos cargosde gerência”, relata aprofessora.

DISCREPÂNCIA

De acordo com oInstituto Brasileiro deGeografia e Estatística(IBGE), atualmente orendimento médio men-sal das pessoas ocupa-das no país é de R$

636,50. Mas, separandopor sexo, o rendimentomédio dos homens é deR$ 719,90 e o das mu-lheres é de R$ 505,90.Uma preocupação daprofessora Magda Ne-ves é em relação ao tra-balho informal, pois“está crescendo a pre-sença da mulher na in-formalidade do trabalhoe sem proteção, sem di-reitos”. Um outro fatoressaltado por ela dizrespeito ao crescimento

do número de mulhereschefes de família. Se-gundo a professora, em1992 cerca de 22,3%das mulheres ocupavamo posto de chefes de fa-mília e, em 2002, essenúmero passou para27%. “Esse crescimen-to se dá mais nas cama-das mais pobres e geral-mente uma grande par-te dessas mulheres sãonegras ou pardas e querecebem até dois salá-rios mínimos”, informa.

5PUC MINAS MARÇO 2006 |TRANSPORTES

Lalo de Almeida

Depois de passarlongos anos deinércia, o setor

ferroviário brasileiroestá de volta aos tri-lhos. Somado a umamaior conscientizaçãodos últimos governossobre a importância es-tratégica das ferroviaspara a economia, asempresas concessioná-rias dos corredores fer-roviários no país nuncainvestiram tanto. Ape-nas entre 2003 e 2004,quase R$ 3 bilhões fo-ram desembolsadospara manutenção e ex-pansão de via perma-nente e aquisição dematerial rodante, comolocomotivas e vagões.

“Na fase pré-con-cessionária, até 1996, oPaís produzia menos de200 vagões por ano. Em2005, a produção che-gou a 7.500 vagões porano. Esse é o termôme-tro central de que o se-

tor ferroviário está sereaquecendo. Estamosvivendo uma revitaliza-ção”, comemora Fran-cisco Luiz Baptista Cos-ta, diretor de Planeja-mento e Avaliação dePolíticas de Transportedo Ministério dos Trans-portes.

RETOMADA

Como uma grandelocomotiva puxandocentenas de vagões, aretomada do setor é ex-plicada por diversos as-pectos que se articu-lam. O aumento do pre-ço do minério de ferro,combinado com o favo-recimento do câmbio, oque incentivou a expan-são agrícola para a cul-tura da soja, foram osprincipais motores parao crescimento. “O Paísestá acordando paraesta alternativa. O cus-to do transporte de car-

gas por ferrovia é bemmenor, já que o gastocom combustível é infe-rior. Outra vantagem é abaixa incidência de aci-dentes, o que torna osseguros mais baratos e,além disso, uma maiorprobabilidade no cum-primento dos prazos deentrega”, lembra o pro-fessor da PUC MinasVicente Daniel Vaz daSilva, especialista emsetor ferroviário.

Tais vantagens bara-teiam os preços dosprodutos, tornando-osmais competitivos nomercado estrangeiro,empurrando as exporta-ções brasileiras. Alémdas vantagens econômi-cas, o transporte por viaférrea é menos poluentedo que o rodoviário. Po-rém, as rodovias aindasão responsáveis por60% do transporte decargas e 70% pelo depessoas.

Nos trilhos do desenvolvimentoSetor ferroviário volta a se expandir no País. Universidade forma novos engenheiros especializados

País deixa de ganhar com desequilíbrioEstimativa do Banco Mundial prevê que o

Brasil deixe de arrecadar cerca de R$ 2 bilhõespor ano, devido ao desequilíbrio no setor detransporte. “Somos um país extremamente de-pendente do transporte rodoviário. Temos umamatriz desequilibrada, sobrecarregamos o rodo-viário, em detrimento do ferroviário e do hidroviá-rio”, aquiesce o diretor de Planejamento e Ava-liação de Políticas de Transporte do Ministériodos Transportes, Francisco Luiz Baptista Costa.

Dados de 2002 indicavam que as ferroviasparticipavam em 21% na matriz de transporte do

país. Em 2005, a participação já ultrapassava25%, demonstrando que as ferrovias já estão ga-nhando mercado do modal rodoviário. Porém,ainda é pouco se comparado a países com di-mensões semelhantes às brasileiras, como Ca-nadá e Índia, que chegam a 40%. “Temos poten-cial para expandi-la. A extensão agrícola, o climafavorável e a topografia formam um cenário apro-priado. Não acontece de forma rápida, porque oinvestimento é muito alto. Mas existe uma ex-pectativa de que as Parcerias Público-Privadas(PPS) possam impulsionar o investimento no se-tor”, espera o professor Vicente Daniel, que dáaulas sobre o tema na graduação em EngenhariaMecânica e na especialização em EngenhariaFerroviária do IEC.

INVESTIMENTO

Em 2005, o BNDES, pela primeira vez na his-tória, investiu mais no setor ferroviário que no ro-doviário, injetando R$ 724 milhões. Mas quemresponde pela maior parte dos investimentos,atualmente, são as concessionárias, empresasprivadas que receberam do governo o direito deexplorar as estradas de ferro do País, desde quecumprindo metas e resultados estipulados pelogoverno federal. As concessionárias de ferroviaspretendem investir R$ 2,351 bilhões em 2006.

Com o custo de transporte inferior ao de rodovias, o setor ferroviário está vivendo uma revitalização

As ferrovias fo-ram sustentadas pormuito tempo pormestres. Os conheci-mentos eram passa-dos de geração parageração. Nas últimasdécadas, com maioracesso à informaçãoe às bibliografias,houve penetração depessoas novas nessemercado, antes muitofechado e restrito.Desde 2005, o IECfirmou parceria com aCompanhia Vale doRio Doce, formandotrainees da empresacom um curso depós-graduação emEngenharia Ferroviá-ria, único no País.

“Sempre houvenecessidade de mão-de-obra qualificadanessa área. Com orenascimento das fer-rovias, a demanda fi-cou mais aparente. O

mais importante éacelerar a formaçãodo profissional, já queantes eram formadosna prática e sem vi-são do todo de umaferrovia”, explicaEduardo Bartolomeo,diretor de Operaçõesde Logística da Vale.

Em 2005, a parce-ria entre IEC e Valedo Rio Doce formou,na turma pioneira docurso de especializa-ção, 39 engenheirosferroviários para tra-balharem em diver-sas áreas de suastrês ferrovias - Ferro-via Centro-Atlântica(FCA), Estrada deFerro Vitória a Minas(EFVM) e Estrada deFerro Carajás (EFC).Neste ano, outros 26profissionais (25 bra-sileiros e um moçam-bicano) irão se formarpelo programa.

Nova mão-de-obrasendo formada

Professor Vicente Daniel: expectativa de investimento no setor

Marta Carneiro

possível caso não sejaescolhido o modelo dealta definição, que nãopermite a entrada dosnovos canais. Atual-mente, discute-se aadoção de um entretrês sistemas interna-cionais de TV Digital -americano, europeu ejaponês - ou de um sis-tema desenvolvido noBrasil, o chamadoSBTVD (Sistema Brasi-leiro de TV Digital).

É em torno da sele-ção desse sistema quevem ocorrendo a maiorparte dos debates. Asgrandes emissoras searticulam para não per-derem o monopólio quesempre esteve emsuas mãos, e defen-dem o sistema japonês(de alta definição), ale-gando a melhoria naqualidade da imagemque ela representa.Mas a verdade é queessa imagem só pode-ria ser desfrutada porquem tivesse televiso-res de alta resolução,ou seja, uma parcelamínima da população.Para as empresas demídia, a interatividadesó atenderia aos seusinteresses se permitirserviços que gerem lu-cro (comércio eletrôni-co, por exemplo).

VERSÃO BRASILEIRA

Já um sistema de-senvolvido no Brasilpode representar no-vos empregos, mão-de-obra qualificada, desen-volvimento do setor depesquisas, diminuiçãoda dependência externae o não pagamento deroyalties de patentes.Portanto, uma decisãoequivocada poderácomprometer o desen-volvimento da indústrianacional de televisão.

Antes da definiçãosobre o padrão a seradotado, há outra açãomais urgente: a mudan-ça na legislação brasi-leira de radiodifusão etelecomunicações. A lei

atual separa a radiodifu-são de telecomunica-ções, medida adotadano governo FernandoHenrique Cardoso parapoder privatizar a tele-fonia e que é hoje con-siderada um erro colos-sal. É necessária umanova regulamentaçãoque lide com necessida-des tecnológicas atuais,como a convergênciade mídias (fundamental,devido ao caráter inte-rativo que a TV Digitalpossibilita); impeça aconcentração da mídiae possibilite a democra-tização da comunica-ção. Mas a urgência em

definir o sistema podedeixar a legislação paraum segundo plano, oque pode provocar no-vos erros colossais.

Até o momento, asdiscussões sobre o pro-cesso vinham aconte-cendo em circuitos res-tritos, sem que houves-se um debate públicorealmente transparentesobre o assunto. HélioCosta, à frente do Mi-nistério das Comunica-ções, vinha assumindoas decisões, todas deinteresses privados, es-pecialmente das Organi-zações Globo. Nos últi-mos dias, porém, suaautonomia no processodiminuiu, pois o governocriou um comitê de mi-nistros para tratar do as-sunto, provavelmentedando atenção às criti-cas freqüentes que o

comportamento deCosta vinha recebendopor parte de diversossetores da sociedade.

Outra ação de am-pliação do debate ocor-reu em fevereiro, nareunião da ComissãoGeral da Câmara dosDeputados para deba-ter a TV Digital. Repre-sentantes dos mais di-versos setores interes-sados e envolvidos naquestão estiverampresentes. As diver-gências ficaram bemclaras, mas, em linhasgerais, podem-se dividiresses setores em doisgrandes grupos: os quelutam pela prevalênciado interesse público eos que lutam pela pre-valência do interesseprivado.

Dia 10 de março, foia data escolhida parauma definição do mode-lo a ser adotado. Gusta-vo Gindre, do coletivoIntervozes, define bemo momento atual do de-bate: "Precisamos re-solver se o Brasil pre-tende deixar esse novobem público nas mãosdo oligopólio de mídiaque, há anos, controlaas comunicações noPaís ou se pretende real-mente democratizar acomunicação, estimu-lando a diversidade cul-tural e regional e a pro-dução independente".

O Intervozes lançouum abaixo-assinado porum sistema brasileirode TV Digital de inte-resse público, quepode ser acessadopelo site ww.intervo-zes.org.br

João Benedito dosSantos Junior*

Doutor em Ciência daComputação.Pesquisador,

Membro do SistemaBrasileiro de Televisão

Digital (SBTVD).Professor Adjunto IIIdo curso de Ciênciada Computação da

PUC Minas emPoços de Caldas.

6 PUC MINAS | MARÇO 2006 ARTIGO

Aimplantação daTV Digital noBrasil vem sen-

do, há alguns meses,um dos assuntos maisdebatidos pela mídia(especialmente a inde-pendente) e por diver-sos setores da socie-dade. Boa parte da dis-cussão tem sido cen-trada na escolha do pa-drão tecnológico queserá utilizado. Provavel-mente, a maior parte dasociedade brasileiraque já ouviu falar sobreo assunto imagina quea TV Digital significaráapenas uma melhoriana qualidade de ima-gem e som dos televi-sores de suas casas.Na verdade, desconhe-cem as mudanças pro-fundas que esse siste-ma poderá representarpara o cotidiano dosbrasileiros.

Os pontos mais ur-gentes desse debate

estão relacionados àdemocratização da co-municação, a difusãoda diversidade culturalbrasileira, ao desenvol-vimento da indústria na-cional (e não somente aaudiovisual), ao acessoà informação e educa-ção, à inclusão digital eà garantia de direitosfundamentais, previs-tos na nossa Constitui-ção.

Alguns poucos da-dos revelam o quadroatual de monopólio natelevisão brasileira.Apenas duas emisso-ras de TV concentramcerca de 77% da audi-ência, e apenas seis re-des privadas, atravésde 138 grupos afilia-dos, controlam 668 veí-culos de mídia, entreTVs, rádios e jornais.

O significado detoda a discussão ganhaainda mais relevânciase considerarmos que

TV Digital: debate movimenta setor culturala televisão é o meio decomunicação mais pre-sente e influente no Bra-sil, e pensarmos no po-tencial interativo que aTV Digital representa.Através desse sistema,todo brasileiro com tele-visão em casa (87,7%dos domicílios no Brasil,segundo pesquisa de2002 feita pelo Epcom)poderia ter acesso aserviços educacionais,conta de e-mail, acessoà Internet, declaraçãode imposto de renda,transações bancárias ecomerciais, extrato dofundo de garantia, vota-ção, citando apenas al-gumas possibilidades.

MULTIPROGRAMAÇÃO

Outra característicada TV Digital, que vemsendo pouco debatida,é a multiprogramação. Osistema permite que, nomesmo espaço ondehoje se transmite um

único canal, se-jam inseridos qua-

tro novos canais.Ao final do proces-

so de implantação, aTV Digital deverá

ocupar do ca-nal 7 ao 69 doVHF, o quepermitiria umaampliação, emlarga escala,dos emissoresde programaçãoe, conseqüente-mente, dos pro-dutores de con-teúdo televisivo.

Isso significa-ria que ONGs, sin-dicatos, movimen-tos coletivos e si-milares poderiamter seus próprioscanais, tirando aconcentração (e ocontrole) da televi-são brasileira dasemissoras públicas e

privadas, dando espaçopara a difusão da culturabrasileira e voz a seg-mentos marginalizadospela TV atual.

No entanto, a multi-programação só será

"ALGUNS POUCOS

DADOS REVELAM

O MONOPÓLIO

NA TELEVISÃO

BRASILEIRA.

APENAS DUAS

EMISSORAS DE TV

CONCENTRAM

CERCA DE 77%

DA AUDIÊNCIA."

Valf

7PUC MINAS MARÇO 2006 |QUALIDADE

Professores e estu-dantes de Enferma-gem e Odontologia

da PUC Minas, em Be-tim e no Coração Euca-rístico, começam o anode 2006 com uma vitó-ria: a inclusão de seuscursos no Programa Na-cional de Reorientaçãoda Formação Profissio-nal em Saúde – Pró-Saú-de. Fruto de parceria en-tre os ministérios daSaúde e da Educação, oprograma busca integrara formação do profissio-nal da área à realidadedo Sistema Único deSaúde (SUS), contribu-indo tanto para a melho-ria do ensino quanto doatendimento na rede pú-

blica em todo o País.

RECURSOS

Inspirado na experiên-cia precursora do Pro-med, realizado de 2001 a2005 junto a 19 escolasde Medicina do Brasil, oPró-Saúde vem, agora,contemplar também en-fermeiros e cirurgiões-dentistas. Lançado emnovembro de 2005, oedital de seleção recebeu300 inscritos nas trêsáreas. Desses, 170 con-seguiram elaborar os pro-jetos exigidos em tempohábil. O resultado foi di-vulgado em 22 de de-zembro passado, com 90cursos selecionados em

todo o País – 38 de Medi-cina, 27 de Enfermageme 25 de Odontologia.

O Programa contacom recursos para man-tê-lo durante seus trêsanos de operação. Oscursos de quatro anos emeio de duração, comoOdontologia e Enferma-gem, pertencem à faixade R$ 1 milhão e 350 mil.Dessa quantia, apenas10% devem permanecercom a instituição de ensi-no para ações acadêmi-cas voltadas para o SUS.Os outros 90% serãodestinados à preparaçãoda rede para receber osestagiários, o que se tra-duzirá principalmente emequipamentos.

Enfermagem e Odontologia integram Pró-SaúdeCursos da PUC Minas estão entre os selecionados para participar do programa nacional que aproxima as escolas do SUS

O Pró-Saúde vemcontribuir para acele-rar a implantação deuma das exigênciasdo MEC, segundo aqual 20% da cargahorária dos cursos daárea de saúde devemser cumpridas em es-tágios – o que estápróximo de ser alcan-çado, tanto pela En-fermagem, quantopela Odontologia daPUC Minas.

Os alunos tam-bém não terão dificul-dades de se adaptar,uma vez que muitosjá buscam estágiosextra-curriculares. É ocaso da estudante Si-mone de Faria Amor-nino, do 8º período

de Odontologia, quedurante todo o anode 2005 trabalhoucomo estagiária noprojeto ProvidênciaVila Maria, instaladoem uma escola muni-cipal do bairro JardimVitória, na periferiade Belo Horizonte,onde atendia alunoscom idades de 4 a18 anos e realizavaações preventivas.

Para Simone, aexperiência no SUS(também exercidadentro da grade curri-cular atual) contribuipara associar as teo-rias sobre o serviçopúblico, abordadasem cadeiras duranteo curso, à prática na

realidade do siste-ma.“Ficando só nafaculdade, a genteacaba tendo uma for-mação mais elitiza-da”, avalia.

Tanto as novas di-retrizes curricularesem implantação noPaís, quanto os pro-gramas Saúde da Fa-mília e Pró-Saúde, es-tão afinados pelasmesmas idéias. Comeles, além de aprimo-rar a formação doprofissional e o aten-dimento ao público, oMinistério da Saúdeespera alcançar umaredução nos custosdo SUS, atingida emoutros países comações semelhantes.

Cotidiano da profissão

João Castilho

Para Simone, a experiência no SUS contribui para associar as teorias sobre o serviço público à prática

Projeto pedagógico favorece a PUCO Pró-Saúde vem

contribuir para consolidaridéias sobre como devefuncionar o sistema públi-co de saúde e como deveser o perfil do futuro pro-fissional: um sistema quepromova também a “pro-dução social da saúde”,ou seja, estimule hábitosque propiciem qualidadede vida, e não se ocupeapenas de enfermidadesjá instaladas, e um pro-fissional apto a atuar emequipe e considerar arealidade social, econô-mica e cultural de seumeio.

Esse novo entendi-mento, expresso nas di-retrizes curriculares na-cionais do MEC a partirdos anos 2000, já estácontemplado nos proje-tos pedagógicos doscursos de Enfermageme Odontologia da PUCMinas. Uma das exigên-cias das DCNs, a intera-ção da entidade forma-

dora com a rede deatendimento público,constituiu critério de se-leção do Pró-Saúde econtou pontos a favordos cursos da PUC, quejá exercitam essa intera-ção há algum tempo.

LINGUAGEM ÚNICA

A coordenadora dagraduação em Odontolo-gia, Franca Arenare Jeu-non, resume o Pró-Saúdecomo um programa quebusca “atingir um mo-mento em que a instânciaformadora e a instânciade atendimento públicofalem uma linguagemsó”. Para isso, tanto oPró-Saúde quanto o Pro-grama Saúde da Famíliacontribuem para mudaridéias arraigadas em tor-no da profissão: “Se háalguns anos o dentista seformava para atuar comconsultório próprio, hojejá existe espaço para

esse profissional na saú-de pública.”, conclui.

A coordenadora dagraduação em Enferma-gem da PUC Betim, Ma-ria José Moraes Antu-nes, também destaca aintegração com o SUScomo algo que já vemsendo trabalhado: “A in-tegração com o SUS éo marco referencial donosso projeto político-pedagógico. Desde oprimeiro período, a gen-te já trabalha com proje-tos integrados”, afirma.Ela acredita que o Pró-Saúde contribuirá para aformação de um enfer-meiro “crítico-reflexi-vo”, outra das diretrizespresentes no projeto daEnfermagem em Betim.

Maria José tambémdestaca que o campo detrabalho do enfermeiro,“tradicionalmente técni-co-hospitalar”, com oSUS vem ganhando no-vos espaços.

8 PUC MINAS | MARÇO 2006 ESPECIAL

APUC Minas ofere-cerá, este ano, oseu primeiro cur-

so de graduação total-mente virtual, o de Ciên-cias Contábeis. A flexi-bilidade e a qualidade doensino a distância daUniversidade são osmaiores atrativos paraos alunos que apostamno ensino virtual. E osnúmeros revelam a con-solidação dessa modali-dade. Em 2000, eram97 alunos no ensino vir-tual da PUC Minas.Neste primeiro semes-tre de 2006, a PUC Mi-nas Virtual já contabiliza

mais de 5.500 alunosem cursos de extensão,pós-graduação e emdisciplinas de gradua-ção, nas diversas áreasdo conhecimento.

Quando os alunosdo primeiro curso total-mente virtual de gradua-ção em Ciências Contá-beis começarem as au-las, no segundo semes-tre deste ano, eles farãoparte do universo demais de 25 mil alunosque já experimentaram,desde 2000, do ensinoa distância oferecidopela PUC Minas Virtual.E, voltando os olhos

com mais atenção paraessa modalidade de en-sino, que tem crescidoexponencialmente nosúltimos anos no país, oque não se vê é exata-mente a tal da “distân-cia”. A diretora da PUCMinas Virtual, professo-ra Maria Beatriz de Oli-veira Gonçalves, apontao ensino virtual comouma modalidade querompe as barreiras dotempo e do espaço eque já se consolidou noBrasil e na PUC Minascomo um poderoso ins-trumento de democrati-zação do ensino. “Dis-

tância é um lugar quenão existe”, afirma, jus-tificando assim o sloganda PUC Minas Virtual,“Educação sem Distân-cia”.

DEMANDA CONCRETA

A oferta do cursovirtual de Ciências Con-tábeis resultou da ca-racterização de uma de-manda concreta, combase em dados forneci-dos pelo Conselho Re-gional de Contabilidadeà PUC Minas Virtual.Há, atualmente, no Es-tado, 26 mil técnicos

em contabilidade regis-trados no Conselho eestima-se que outrosdez mil trabalhem semregistro. “Esse é o nos-so público-alvo, masnada impede que outraspessoas interessadasparticipem da seleçãoque será feita junto como Vestibular das unida-des do interior”, explicaMaria Beatriz Gonçal-ves. No primeiro perío-do, serão ofertadas trêsdisciplinas e os profes-sores já estão traba-lhando na elaboraçãodo conteúdo e do mate-rial didático.

Rompendo as barreiras do tempA Universidade oferecerá, este ano, o primeiro curso de graduação a distância, o de Ciências Contábeis; número

Mais de 25 cursos oferecidos

Neste primeiro semestrede 2006, a PUC Minas Virtualdisponibiliza 32 disciplinas degraduação e mais de 16 cur-sos de Especialização e Atuali-zação, contabilizando cerca de5.500 alunos de Minas Geraise de vários outros estados. Nocaso das disciplinas de gradu-ação, o Ministério da Educa-ção prevê que 20% da cargahorária dos cursos presenciaispodem ser feito à distância.“Construímos uma metodolo-gia interativa, não trabalhamoscom o formato auto-instrucio-nal. No nosso modelo, fizemosuma opção pela internet como

mídia principal, porque ela per-mite uma capilaridade invencí-vel. E, para incrementar, utiliza-mos a mídia impressa e mídiaseletrônicas diversas: CD-ROMs, DVDs e vídeoconfe-rências”, explica Beatriz Gon-çalves. Para ela, a qualidadeacadêmica não tem sido, demaneira alguma, comprometi-da nessa modalidade. “O ensi-no virtual da PUC Minas é to-talmente coerente com a quali-dade do ensino presencial dainstituição”, argumenta. Bea-triz Gonçalves ressalta, ainda,que a educação a distânciapermite que o conhecimento

de qualidade seja acessado ra-pidamente, por um númeromaior de pessoas.

SISTEMA INTERATIVO

Com o objetivo de ampliara proposta educativa da PUCMinas Virtual, foi criado umambiente de ensino-aprendi-zagem baseado em tecnolo-gia IBM Lotus. Segundo Bea-triz Gonçalves, o sistema émuito interativo e atende aosrequisitos do modelo pedagó-gico adotado, que não pres-cinde da figura do professor.Atualmente, 32 professores

João Castilho

ÍndicSegundo a diretora

da PUC Minas Virtual,Beatriz Gonçalves,quando as disciplinasda graduação passarama ser ofertadas na mo-dalidade virtual, houveuma grande procura porparte dos estudantes.Inicialmente, entretan-to, a participação efeti-va do aluno foi bastantebaixa, resultando emum alto índice de repro-vação. “Atualmente,essa situação já se mo-dificou, pois nossosalunos comparecem as-siduamente ao sistemae os índices de aprova-ção aumentaram subs-tancialmente. O ensinoa distância exige muitomais do aluno, pois eleprecisa ter duas carac-terísticas indispensá-veis: a disciplina e auto-nomia”, afirma Beatriz.

Graças a essas ca-racterísticas, a jornalis-ta Elis Maria de FariaRamos, 30 anos, obte-ve 100 pontos em seutrabalho final do cursode especialização virtualem Gestão da Comuni-cação Empresarial, rea-lizado pela PUC Minas

Wander Barbosa fez três disciplinas a distância do curso presencial de Administração: mais flexibilidade de horáriosDesafio tam

Mas os desafiosdesse modelo de ensi-no não estão colocadosapenas para os alunos.Os professores tam-bém encontram umcampo fértil para novasexperiências e aprendi-zados. A professoraMaria Aparecida dePaula, da Faculdade deComunicação e Artes edo Instituto de Educa-ção Continuada (IEC),afirma que, ao assumira disciplina de Planeja-mento de Estratégiasde Comunicação, docurso virtual de Gestãode Comunicação Em-presarial oferecido a

dos cursos de graduaçãopresenciais estão envolvidosno ensino a distância e con-tam com o apoio de tutorespara o acompanhamento dasdiversas atividades pedagógi-cas. Os alunos podem fazero curso ou a disciplina dequalquer lugar e em qualquerhorário, desde que tenhamacesso a um computador. Foiessa flexibilidade que levou ocontabilista, Wander Barbo-sa da Silva, 40 anos, a sematricular em três disciplinasvirtuais do curso presencialde Administração (ênfase emEmpreendedorismo e GestãoEstratégica). “Eu precisavafazer essas matérias e os ho-rários não eram compatíveis.Além disso, viajo muito a tra-balho. Então, optei por fazeras matérias a distância e paramim foi muito dinâmico e bemorganizado”, avalia Wander,que diariamente acessava osistema na internet paraacompanhar os comunicadose as novidades. Para ele, noensino a distância o aluno“tem que correr atrás. Nãopode deixar para a últimahora, até porque se você forentregar as atividades depoisdo prazo, o sistema trava. Noensino a distância, a possibili-dade de aprender é maior,pois há um rigor muito gran-de, o que exige muito com-promisso. E todas as provassão presenciais”.

9PUC MINAS MARÇO 2006 |ESPECIAL

po e do espaçoro de alunos do ensino a distância é crescente

ce de aprovação elevado

Virtual para uma turma de30 alunos, funcionáriosda Companhia Vale doRio Doce (CVRD). Como curso a distância, ElisMaria, há seis anos con-sultora de Comunica-ção, diz ter descobertoque “o que faz a dife-rença no curso virtual éa capacidade de discipli-na. O curso me desafiouduplamente, tanto doponto de vista acadêmi-co, quanto pessoal, aoexigir a construção deuma rotina de estudo.Eu defini que tinha deestudar pelo menos trêshoras por semana e que

mbém para professores

O ensino a distância teveinício na PUC Minas em2000, com a oferta de 25vagas para o curso de Ener-gia Solar Térmica e quatrocursos de especialização,um em Direito Público e osoutros três voltados para acapacitação de professoresem Inglês, Português e Di-dática. Na fase de diagnós-tico e planejamento, em1999, a diretora da PUCMinas Virtual, professoraBeatriz Gonçalves, visitoudiversos países para conhe-

cer os sistemas de ensino adistância. Em 2000, um gru-po de professores da PUCMinas fez estágio na Ingla-terra para ter contato comas possibilidades tecnológi-cas e metodológicas do en-sino a distância. Em 2000,97 alunos se matricularamno ensino a distância naPUC Minas. Em 2001, aconvite da Casa Civil daPresidência da República, aPUC Minas Virtual ofereceuo curso de Formação deMultiplicadores de Desen-

volvimento Local Sustentá-vel para 1.800 alunos detodo o país. Os númerosnão pararam de crescer e,neste primeiro semestre de2006, cerca de 5.500 alu-nos estão matriculados naPUC Minas Virtual. Para darconta de todas as ofertasde cursos e disciplinas, aPUC Minas Virtual contacom uma equipe de 42 pes-soas, que atuam nas áreaspedagógica, de tecnologia,de comunicação e de admi-nistração.

não podia deixar acu-mular”. Para ela, apossibilidade de utilizartodas as tecnologiaspara produção intelec-tual foi desafiante.“Nunca imaginei que ocomputador pudesseser uma plataforma deestudo”, diz. Outroponto ressaltado porElis Maria foi o fato deter colegas de turmaem vários estados doPaís. “Fazer trabalhoem grupo com um co-lega em Carajás, outrono Rio de Janeiro e ou-tro em Belo Horizontenão foi fácil, mas muito

interessante”, afirma.Por isso, de acordocom a jornalista, osprofessores tiveramque se reinventar e osque apresentaram ummelhor desempenho,na sua avaliação, fo-ram aqueles que pro-puseram metodologiasdiferentes, alternativasmenos formais paramobilizar a atenção daturma. “No ensino adistância, a gente temque ter uma capacida-de incrível de aprendere o compromisso temque ser muito maior”,avalia.

A jornalista Elis Ramos: o curso virtual exige disciplina

funcionários da Compa-nhia Vale do Rio Doce,se sentiu estimulada acriar novas metodolo-gias para mobilizar osalunos. “Para isso, tivede aprender a lidar comtodas as possibilidadesque as tecnologias po-deriam oferecer”, expli-ca Maria Aparecida, quetem acumulada uma ex-periência de 27 anos emsala de aula. Como otrabalho no curso se dátotalmente no espaçovirtual, Maria Aparecidadiz que o desafio maiorera “estar permanente-mente presente no es-paço virtual. Isso foi

possível com a utiliza-ção das diversas ferra-mentas do sistema, queajudavam muito. Eu ten-tava o tempo todo pro-por discussões e dar re-tornos individualizadospara os alunos, além derealizar avaliações par-ciais da disciplina”. Emrelação ao desempenhodos alunos, a professo-ra acredita que, emqualquer modalidade deensino, virtual ou pre-sencial, os alunos preci-sam estar comprometi-dos e o professor “émais necessário comoalguém que acompanhae instiga”.

Modelo inspira outras instituiçõesO modelo de en-

sino a distância de-senvolvido pelaPUC Minas Virtualtem inspirado diver-sas outras universi-dades do País etambém a credenci-ou para participar doprograma Pró-licen-ciatura II, financiadopelo Ministério daEducação (MEC).Em parceria com ou-tras seis universida-des do Estado, aPUC Minas Virtualcoordenará a RedeUniminas, responsá-vel pela capacitaçãode cerca de 6.500professores do sis-tema público de en-sino, em 16 pólosno Estado.

CEFOR

A PUC Minas Vir-tual também venceu

a licitação do MECpara o programa deFormação Continua-da de Professoresde Ciências Huma-nas e Sociais para osistema público. OCefor já estruturouum primeiro cursona área de EducaçãoEspecial Inclusiva eestá preparando seusegundo curso, inti-tulado Ensino deHistória e CulturaAfricana e Afro-bra-sileira. O parecer dacomissão assessoradesignado pela Se-cretaria de Educa-ção Básica do MEC,que avaliou os ma-teriais do primeirocurso, indicou como“exemplar” o mate-rial produzido pelaPUC Minas Virtual,que inclui livro-texto,manual, vídeo e vi-deoconferência.

Mensalmente, aPUC Minas Virtualproduz 12 horas deconteúdo gravadopara a Biblioteca Di-gital Multimídia, pro-jeto do Instituto Em-bratel 21, em parce-ria com a FundaçãoBiblioteca Nacional.A PUC Minas Virtualfoi um dos 25 Cen-tros de Capacitaçãoselecionados pelaEmbratel para produ-zir material que podeser acessado porcem bibliotecas pú-blicas de todo oPaís. De acordo comBeatriz Gonçalves,“utilizamos esse sis-tema não apenaspara divulgação cul-tural e científica daPUC Minas, mastambém para a gra-vação de videocon-ferências utilizadasnos nossos cursos”.

O início da PUC Minas Virtual

Inscrições: dia 10 de abril a 5 de maioProvas: dia 11 de junhoNúmero de vagas: [email protected]: (31) 3274-1862Central de informações: (31) 3319-4444

Informações sobre o curso de Ciências Contábeis a Distância:

Tome nota

10 PUC MINAS | MARÇO 2006 ENTREVISTA

� Qual o impacto da medi-da do governo federal deincluir na educação bási-ca, que era de oito anos,mais um ano letivo?Estamos antecipando a en-trada das crianças da redepública no ensino funda-mental, dando a elas umaoportunidade maior de ad-quirirem as habilidades ecompetências com suces-so. Porque muitas já fica-vam nove anos no ensinofundamental, mas não comsucesso. A maioria de nos-sas crianças não tinha enem tem condição de fre-qüentar uma pré-escola. Eembora a pré-escola sejauma obrigação do sistemapúblico municipal, ainda háuma deficiência muito gran-de de vagas para atendi-mento de todas as crian-ças. A entrada mais cedono ensino fundamental trou-xe um ganho social e tam-bém na formação do aluno.

� Como as escolas e osprofessores da rede esta-dual reagiram à medida?Embora tenha sido uma de-cisão de governo, em 2003,fizemos primeiro um semi-nário com os professoresdas séries iniciais, e consta-tamos a necessidade de re-estruturar a educação noensino fundamental. A partirdesse seminário, estabele-cemos parceria do Centrode Leitura e Alfabetização(Ceale), da UFMG, paraconsultoria na elaboraçãode materiais, na formação ena capacitação de profes-sores. Em função dessadiscussão, fizemos váriosfascículos orientando osprofessores como lidar comessa nova realidade. Por

isso, nós não tivemos e nãoestamos tendo problemascom a decisão.

� Todos os municípios deMinas Gerais já aderiramao ensino básico de noveanos?Quando nós começamos,alguns municípios do Esta-do, mais ou menos em tor-no de 65 municípios, já ado-tavam o ensino fundamentalde nove anos. Quando odecreto do governador es-tabeleceu que o ensino fun-damental no estado de Mi-nas Gerais seria de noveanos, todos os municípiosaderiram à proposta. E asreuniões de capacitações e omaterial que a Secretaria fazpara as escolas estaduaistambém são estendidos àsescolas municipais.

� Qual é o principal ganhopedagógico dessa medidapara as crianças?Em uma avaliação que fize-mos, percebemos que nos-sos alunos tiveram um ga-nho em relação à aquisiçãodas habilidades e compe-tências da leitura e da mate-mática. Nossas criançasestavam chegando à quartasérie, ou à oitava série, semo domínio básico da leitura.Nós fizemos no ano passa-do uma avaliação com osalunos que entraram em2003. Em maio de 2005,60% dessas crianças já es-tavam lendo. Do ponto devista pedagógico, elas ga-nharam muito, pois é umtempo maior em que elasestão tendo a oportunidadede estudar.

� A inclusão de mais umano na educação básica in-

terfere na formação dosprofessores?Com certeza. As institui-ções formadoras terão querever a sua proposta peda-gógica, porque não pode-mos perder de vista que ascrianças estão chegandomais cedo no ensino funda-mental, mas nós não pode-mos tirar o direito delas deserem crianças. A propostapedagógica, a orientação ea formação do professortêm que prever esse outrolado também. Se não, nósiremos massificar essascrianças. Por isso, estamosfazendo, na nossa forma-ção continuada, com osprofissionais do Ceale, ela-borando documentos parapreparar e orientar os pro-fessores de como lidar comessas crianças, como deveser o trabalho na transfe-rência da educação infantilpara o ensino fundamental,sem tirar dela aquela partelúdica que é muito impor-tante para o seu desenvolvi-mento.

� A medida inclui um anolá na infância, mas interfe-re nas universidades queformam os professores... Não se podem perder devista as fases do desenvol-vimento das crianças e dapreparação do profissionalque irá lidar com a criança.Os profissionais estavamhabituados a trabalhar comalunos de sete a quatorzeanos e hoje estão traba-lhando com crianças deseis. No Estado de MinasGerais, por exemplo, a nos-sa primeira proposta é deque a criança, que comple-tar seis anos até 30 deabril, entre para a o primeiro

ano do primeiro ciclo. Por-tanto, quando ela iniciasse,estaria com cinco anos eoito meses. Já em determi-nados lugares, haverá crian-ça, por exemplo, que nuncaentraram na escola comsete ou oito anos. Então, oprofessor tem que estaratento a essa diferença deidade, para não atrapalhar,porque, sem esse cuidado,isso pode repercutir na vidadessa criança lá na frente.

� Vai haver uma diminui-ção da distância entre aqualidade, o tempo e a for-mação que os estudantesda rede básica têm na es-cola privada em relação àescola pública? Com certeza. O aluno darede privada tem uma dife-rença muito grande em rela-ção ao da rede pública, por-que tem outras alternativasde aprendizado, tanto pelaclasse social, quanto pelaprópria escola. Na rede pú-blica, estamos tentando criarmelhores oportunidades. In-clusive, de fazer com queas escolas públicas voltema ser referência como já fo-ram. Em décadas passadas,

a escola pública era “a es-cola”. Era muito mais difícilvocê entrar na escola públi-ca do que na particular.Hoje, se inverteu, mas agente está trabalhando pararecuperar a posição. E jáestamos tendo algumasconquistas. Hoje temos umpercentual muito grande dealunos que saem da redepública e vão direto para asuniversidades. Nós temoscompetições no País, ondealunos da rede pública têmbrilhado também. Estamostrabalhando para que a es-cola pública volte a ser refe-rência em todos os aspec-tos: na rede física, naaprendizagem, na formaçãode profissionais e na forma-ção humana.

� Os noves anos vão re-percutir positivamente nosproblemas da evasão e darepetência? Nós organizamos os anosiniciais em ciclos. São cincoos anos iniciais, divididosem dois ciclos: os três pri-meiros anos, a fase introdu-tória I e II, são o ciclo inicialde alfabetização. Depois,temos dois anos, o ciclocomplementar de alfabeti-zação, período da sistemati-zação da alfabetização e oletramento. Quando os alu-nos terminam esse quintoano, vão para a quinta sériee aí os anos finais estão or-ganizados em séries: quin-ta, sexta, sétima e oitavaséries. Com essa organiza-ção trabalhamos para quenenhum aluno nosso che-gue à quinta série com defi-ciência de leitura e escrita.Assim, acreditamos que arepetência e a evasão cer-tamente diminuirão.

Raquel Elizabete de Souza Santos

Um ano a mais para ampliar o futuroO Plano Nacional de Educação definiu, em 2001, a inclusão de mais um ano no ensino básico

para todo o sistema de educação, tanto público quanto privado. Os Estados têm até 2010 paraimplementar a medida que, em Minas Gerais, vigora desde 2003 na rede pública estadual e que,a partir deste ano, está sendo incorporada pela rede privada. A diretora da Superintendência deEducação do Estado, professora Raquel Elizabete de Souza Santos, proferiu, no início de março,aula inaugural do curso de Pedagogia e falou sobre o tema. Mestre em Novas Tecnologias de In-formação e Comunicação pela Universidade de Educação a Distância de Madri (Espanha) e fun-cionária pública estadual há 28 anos, Raquel abordou, no teatro do campus Coração Eucarístico,a organização e a estrutura de funcionamento do ensino fundamental de nove anos.

Para Raquel de Souza, novo sistema trouxe ganhospara o aprendizado da leitura e da matemática

Marta Carneiro

“NA REDE PÚBLICA,

ESTAMOS TENTANDO

CRIAR MELHORES

OPORTUNIDADES.

INCLUSIVE, DE FAZER

COM QUE AS ESCOLAS

PÚBLICAS VOLTEM A SER

REFERÊNCIA COMO

JÁ FORAM.”

11PUC MINAS MARÇO 2006 |CULTURA

Oaluno da PUC Mi-nas em Conta-gem, Daniel Péri-

cles, conhecido no rapcomo Vulgo Elemento,foi um dos nove partici-pantes da 1ª SeleçãoNacional de Arte e Cul-tura Hip Hop. O eventofoi realizado pela Secre-taria Especial de Políti-cas de Promoção daIgualdade Racial da Pre-sidência da República(Seppir) na cidade deSanto Amaro (SP), emfevereiro. Sob a temáti-ca Pense no Haiti, Zelepelo Haiti, o evento con-tou com a presença de

grandes nomes do rapnacional, como RappinHood, Negra Gizza,DMN, entre outros.Também se apresenta-ram DJs, grupos dedança e grafiteiros.

INTERCÂMBIO

O concurso tevecomo objetivo estabele-cer o intercâmbio cultu-ral entre a juventudebrasileira e a haitiana,buscando o diálogoatravés da música, dadança e da plasticidadeda linguagem do movi-mento hip hop. Para o

Após 15 anos deminucioso traba-lho, a professora

da PUC Minas nos cur-sos de Comunicação ePedagogia e no Mestra-do em Educação, San-dra de Fátima PereiraTosta, acaba de lançar olivro Pedagogia e comu-nicação no registro da li-berdade, pela EditoraPUC Minas. O trabalhoé produto da sua tesede mestrado em Educa-ção na UFMG, concluí-da em 1989, sob a coor-denação do professorJamil Cury.

Em 248 páginas, aautora descreve suas in-

vestigações sobre as re-lações da Igreja Católicacom a educação no Bra-sil, especialmente com aformação de comunica-dores sociais e revisitaos eventos históricosque mudaram a face daIgreja no País e em Mi-nas Gerais, de 1930 a1970. “Usei da pesquisahistórica, consultando ar-quivos, inclusive da CúriaMetropolitana, jornais daépoca, principalmente o‘Estado de Minas’ e ‘ODiário Católico’, além deconsultar livros, disserta-ções e teses que são re-ferências sobre a temáti-ca da Igreja em Minas e

no Brasil no período”,explica Sandra.

PROJETO INOVADOR

Um dos focos dapesquisa é a criação daEscola de Comunicaçãoda PUC Minas, em1971, cujo inovadorprojeto político-pedagó-gico despertou atençãonacional, levando outrasescolas de comunica-ção do país a reformula-rem suas estratégiasacadêmicas. De acordocom a professora, du-rante a ditadura militar auniversidade preferiuusar o diálogo às mídias,

com a “perspectiva deformar jornalistas, publi-citários e relações públi-cas como críticos da so-ciedade e dos própriossistemas midiáticos ecriativos, na busca dealternativas de comuni-cação mais condizentescom a realidade latino-americana”.

O lançamento do li-vro coincide com umaimportante comemora-ção: o aniversário de 35anos da Faculdade deComunicação. Para aautora, esse trabalhoserve de releitura doprojeto fundacional dafaculdade e para se

compreender o percur-so pedagógico e políticono campo da formaçãoem comunicação nestesanos, marcados por for-tes mudanças tecnológi-cas, culturais e políticas.“A escola ousou buscaruma pedagogia crítica elibertária para a forma-ção que oferecia. Cabeindagar: passados 35anos, o que permanece?O que muda?”, comentae sugere a doutora emAntropologia Social.

Mesmo estando mui-to próxima de seu obje-to de estudo, já que,além de ter sido aluna,era professora e tam-

bém coordenadora docurso de Comunicaçãoquando concluiu o mes-trado, Sandra “conse-guiu a proeza de guar-dar o necessário distan-ciamento científico”,como observa o padreGeraldo Magela Teixeirana apresentação do li-vro. Segundo ela, umdos fatores que contri-buiu para isso foi o exer-cício jornalístico de apu-ração da informação, depesquisa, de entrevis-tas, pautado pela ética epelo rigor metodológicoque o percurso acadê-mico, profissional e pes-soal lhe propiciaram.

Diálogo com o HaitiAluno da PUC Minas em Contagem participa da 1ª Seleção Nacional de Arte e Cultura Hip Hop

Livro discute pedagogia e comunicaçãoObra expõe relações da Igreja Católica com a educação no Brasil, especialmente com a formação de comunicadores sociais

Daniel Péricles, aluno de Serviço Social da PUC Minas em Contagem: música com caráter educativo

O negro e a cultura popular é otema com o qual Wanderley Moreirados Santos concorre a uma vaga emquatro universidades. A oportunida-de surgiu a partir do programa debolsas de pós-graduação da Funda-ção Ford. Wanderley, um dos 46 be-neficiados, participa atualmente dafase pré-acadêmica em que freqüen-ta cursos de idiomas subsidiadospela Fundação. Caso seja aprovadoem uma das quatro universidades,no Brasil ou no exterior, poderá co-meçar o curso já no próximo ano.

ETNIA

O programa procura estar atentoà igualdade de gênero e ofereceroportunidades a pessoas negras ouindígenas. No Brasil, 95% dos fina-listas eram negros e 5% indígenas.O programa se estende também aoutros países da América Latina,além da África, Ásia, Oriente Médioe Rússia.

Recém-formado pelo curso de

Psicologia na unidade São Gabriel,Wanderley concorreu com mais dedois mil candidatos em 2005. O de-senvolvimento do projeto começoupelo seu interesse na área da psicolo-gia social. Aos poucos, ele observouque não existiam muitos professorese alunos negros na Universidade. Em2002, surgiu a possibilidade de criarum grupo de discussão sobre váriostemas em torno da etnia, o GEAB.

O projeto apresentado, intituladoO movimento hip hop no processode subjetivação e emancipação denegros e negras na periferia de BeloHorizonte, é um recorte do seu pro-jeto de iniciação científica que rece-beu, em 2004, Menção Honrosa naárea de Ciências Humanas, duranteo Seminário de Iniciação Científica,realizado pela Pró-reitoria de Pesqui-sa e Pós-graduação. “Numa partedo meu projeto de iniciação eu de-fendi a possibilidade de o negro setornar negro através da cultura po-pular, daí a escolha pelo estudo domovimento hip hop”, relata.

Iniciação Científica: caminhopara o mestrado

rapper Vulgo Elemento,sua canção, Povo Haitia-no, tem um caráter edu-cativo. “Ela incentiva aspessoas a sair do sensocomum e buscar a es-sência da problemáticana qual o Haiti vive. Elanão só denuncia proble-mas, como aponta cami-nhos, faz sugestões”.Segundo ele, que é estu-dante do curso de Servi-ço Social da PUC Minasem Contagem, um dosfatores que o ajudou nacomposição da músicafoi o fato de ele ser parti-cipante do Grupo de Es-tudos Afro-brasileiros

(GEAB), formado dentroda PUC Minas. “Foi delá que eu tirei todo o em-basamento teórico paraa minha canção”, afirma.

Vulgo Elemento res-

salta que essa não foiuma vitória pessoal.Segundo ele, a partici-pação em um eventode âmbito nacional foiuma conquista coletiva,

já que incentiva outrosgrupos e rappers acontinuar compondo ebuscando seu espaçono cenário da músicanacional.

Divulgação

12 PUC MINAS | MARÇO 2006 PSICOLOGIA

Optar por uma car-reira é uma tarefadifícil para o ado-

lescente entre 16 e 18anos. Nessa idade, sãopoucos os que se co-nhecem o suficientepara tomar uma decisãocerteira. Por isso, nãoraramente, muitos des-cobrem já adultos quegostariam de ter outraprofissão. O grupo deAtendimento em Orien-tação Profissional, coor-denado pelo professore pró-reitor WanderleyChieppe Felippe, plane-ja atender, em março,cerca de 30 pessoas deArcos, com idade acimade 15 anos.

Para o professor,são muitos os proces-sos psicológicos que di-ficultam escolhas profis-sionais. Questões famili-ares, culturais e sociaispodem ser as causas deescolhas incertas. Mui-

tos elegem uma carreirapelo glamour que elaoferece ou pelo alto índi-ce de empregabilidade.

“Quando as pesso-as vão tomar uma deci-são, elas não podemser levadas pelo char-me, pela visão românti-ca da carreira. É neces-sário pensar em comoserá seu cotidiano. Oorientando será levadoa pesquisar e conhecermais sobre a profissão

almejada”, explica opró-reitor. Ele lembraque uma pessoa nãoserá incentivada apenasa escolher uma profis-são de nível superior,mas pode apresentarhabilidades para ser umartesão, um jardineiroou se identificar comoutras atividades.

Aumentar o nível deauto-conhecimento,aperfeiçoar habilidades eampliar a percepção dos

possíveis campos profis-sionais são também osobjetivos do trabalho.De acordo com a esta-giária Raquel de AlencarAndrade, o mercadoestá carente desse tipode especialista: “Estetrabalho certamentecontribuirá muito para ofuturo das pessoas aten-didas, mas também seráde grande importânciapara o nosso crescimen-to profissional”.

Modalidades de estágio em Psicologia levam universitários a campo

Orientação profissional para a comunidade

Além de OrientaçãoProfissional, o curso dePsicologia também ofe-rece estágios na áreade saúde e de serviçosde assistência jurídica.As professoras AdrianaRodrigues e FernandaSimplício, coordenado-ras dos grupos de Inter-venção Psicossociológi-ca em OrganizaçõesAsilares, Assistenciais ede Saúde em geral e In-tervenção Psicossocio-lógica em Serviços deAssistência Jurídica,respectivamente, têmboas expectativas quan-to às atividades que se-rão realizadas. “Acredi-to que o crescimentovirá tanto para o aluno,quanto para a institui-

ção”, diz Adriana.O coordenador de

Estágio Supervisionado,Paulo Prazeres, afirmaque a Universidade pos-sui convênio com cercade 15 municípios da re-gião onde os alunos fa-rão atendimento. “A re-gião está bem suscetí-vel ao trabalho. Esta-mos mais próximos dascomunidades e os estu-dantes mais próximosdas realidades de suascidades”, diz o profes-sor. Ele lembra que osmunicípios de Pains, La-goa da Prata e Arcos jáoferecem estágio remu-nerado aos estudantes.O SAJ está recebendoinscrições para os aten-dimentos

Projetos em saúdee assistência jurídica

O grupo de Orientação Profissional se reúne semanalmente para a preparação da metodologia a ser aplicada

Cláudia Vasconcelos

13PUC MINAS MARÇO 2006 |COMUNIDADE

Em 2005, o ConselhoMunicipal da Criançae do Adolescente de

Betim solicitou à PUCMinas uma pesquisa,cujo objetivo era retratara situação da criança edo adolescente do muni-cípio. Um estudo compa-rativo amplo foi realizadopela PUC Minas em Be-tim. “Os resultados de-monstraram a região doCitrolândia como a depiores condições sociaisno município de Betim emenor Índice de Desen-volvimento Humano(IDH) da região metropo-litana de Belo Horizon-te”, destaca o professorGilberto Damasceno, so-ciólogo, cientista políticoe um dos coordenadoresda pesquisa.

O processo de ex-clusão da região acom-panha o histórico daColônia Santa Izabel,mais antigo sanatóriopara hansenianos deMinas Gerais, localizadano bairro. Diante dessequadro, o Núcleo Uni-versitário implantou umprograma de extensão

na região, que envolve18 projetos dos dez cur-sos do Núcleo Universi-tário. Há projetos den-tro de temas como ter-ceira idade, educação,meio ambiente e saúde,trabalho e renda e ne-cessidades especiais,com mais de cem alunose 30 professores envol-vidos, beneficiando umapopulação de cerca de25 mil habitantes.

FORMAÇÃO

Alunos e professo-res passaram por umprograma de formaçãopara atuarem na regiãoentre 20 e 22 de feverei-ro. A formação incluiu vi-sita à Colônia Santa Iza-bel. A PUC Minas emBetim, através do cursode Enfermagem, ganhouum espaço dentro daColônia, que será trans-formado em um centrode atenção permanenteaos pacientes. O pro-grama conta com oapoio da Prefeitura Mu-nicipal, da FundaçãoHospitalar de Minas Ge-

rais (Fhemig), do Minis-tério da Saúde e da Se-cretaria Estadual deSaúde.

Para o pró-reitor daPUC Minas em Betim,professor Miguel Valle,o programa na regionalCitrolândia é o reflexo dapreocupação da Univer-sidade com as questõessociais da comunidade asua volta. A iniciativa,para a pró-reitora de ex-tensão, professora VeraVicter, destaca a pes-quisa e a extensãocomo parte inerente dofazer acadêmico: “Nãopodemos separar ensi-no, pesquisa e extensãono processo de produ-ção do conhecimento”.

Da pesquisa à extensãoPUC Minas em Betim leva programa para região do Citrolândia, baseado em dados de pesquisa da Universidade

Alethéa Casal

Responsabilidadesocial

José Roque Iná-cio tem 82 anos e re-side na Colônia San-ta Izabel desde 1958.Ele conta que morano local desde queteve o diagnóstico dehanseníase confirma-do. “Na época, opreconceito era gran-de e a gente vivia iso-lado”, lembra. Felizcom a presença dealunos e professo-res, José desabafa:“Desde que vim paracá, ninguém da minhafamília veio me ver.Hoje, minha famíliasão os moradores daColônia”.

A professora Ma-ria José Antunes, co-ordenadora do pro-grama de extensãona Colônia Santa Iza-

bel, lembra a respon-sabilidade de cadaum dos envolvidosno programa: “Ativi-dades desse portemexem profundamen-te com a vida de to-dos os envolvidos”.Lidiane GuimarãesSouza, aluna do 6ºperíodo de CiênciasBiológicas, é umadas estagiárias en-volvidas no progra-ma. Ela atua em umprojeto de extensãoem ecologia e saúde.“Acreditava que sóficaria em sala deaula e aprenderia noslivros. Hoje, vejo queaprendo muito maisquando estou emcontato com o outro,nas atividades junto àcomunidade”, frisa.

Morador da colônia Santa Izabel recebe orientações de alunas de Direito

A terceira onda... a idade da sabedoriaTerceira Idade Atendimento fisioterápico individual e coletivo ao idoso institucionalizado

Terapia assistida por animais (TAC): qualidade de vida de idososEducação ambiental na comunidade dos ArturosExtramat: Programa de extensão do curso de Matemática

Educação Fala Sério: construindo estratégias de prevenção na escolaInclusão digital para adolescentes de escola públicaLições de CidadaniaNúcleo de Educação de Jovens e Adultos - NEJAAntitabagismoHúmus – Programa Transdisciplinar de Ecologia e Saúde

Meio Ambiente e Saúde Intervenção do curso de Medicina Veterinária no acompanhamentoprofilático, sanitário e melhoramento genético da população de animais de tração do município de BetimSAIT – Serviço de Atendimento Integrado ao Trabalhador

Trabalho e Renda Parcerias em Gestão Social: projeto comunitário para capacitação degestores, inserção laboral e geração de rendaEducação ambiental para crianças que apresentam necessidadeseducacionais especiais: DownSemeando esperança, colhendo vidas

Necessidades Especiais Esperança: promoção à saúde e qualidade de vida aos portadores de seqüelas físicas e emocionais da hanseníase e de seus familiaresmoradores da Colônia Santa IzabelFisioterapia em atenção à saúde mental

Projetos para a região do Citrolândia

Do isolamento à integraçãoPara o médico Shigeru Ri-

cardo Sekiya, diretor da Colô-nia Santa Izabel, o processode empobrecimento da regiãodo Citrolândia advém do pre-conceito: “A idéia de isola-mento dos hansenianos emsanatórios veio com a políticasanitária da década de 20.Com a descoberta da cura,houve uma abertura para que

os pacientes voltassem a viverem sociedade, mas não foidada nenhuma estrutura paraque eles se reintegrassem dig-namente. Muitos deixaram aColônia e passaram a viver noseu entorno em condições depobreza”.

De acordo com o médico,a região do Citrolândia éexemplo das discrepâncias so-

ciais não só em Betim, masem todo o País. “Toda pessoaque se aproxima da realidadecresce como profissional ecomo ser humano. O progra-ma da PUC Betim é um dosmelhores projetos de integra-ção entre universidade e co-munidade que conheço e éuma iniciativa esperada pornós há muito tempo”, analisa.

14 PUC MINAS | MARÇO 2006 COMUNICAÇÃO

RECURSOS HUMANOS

Se você deseja in-formações sobrevestibular, tecle 3.

Transferências, tecle 4.Cursos, tecle 5. Concur-sos, tecle 6. Atendimen-to à comunidade, tecle7. Ou aguarde na linhapara falar com um denossos atendentes”.Poderia ser assim: a vozmetálica dando instruçõ-es, os pulsos correndoao som de música deelevador, o “cliente”lembrando dos bonstempos em que telefo-nes eram atendidos porseres humanos.

Desde que criou a

Central de Informaçõesda PUC Minas, em1998, a Secretaria deComunicação tem aten-dido às demandas deseu público de forma hu-manizada. A novidade éque, a partir de abril, en-tram em funcionamento,em todas as unidades ecampi, projetos de siste-matização para tratar asinformações recebidas:ferramentas de proces-samento de dados, con-trole do fluxo da infor-mação, mapeamento dopúblico atendido, inte-gração com o Portal daPUC Minas. Todas as

ações sempre pensandoem contribuir para apro-ximar o público da insti-tuição. “Tudo isso signi-fica agilidade no atendi-mento, cuidado com ainformação e a tentativade personalizar cada vezmais, evitando a auto-matização”, explica Flá-via Cordeiro Tonelli, as-sessora de RelaçõesPúblicas e responsávelpelo setor.

INTERAÇÃO

A proposta consoli-dou-se em 2001, com ainstalação de uma siste-

Central de Informações expande serviçosSetor responsável pelo atendimento aos públicos da PUC Minas leva sua proposta de atendimento personalizado a outros campi e unidades

Ferramentas de trabalhoA execução do pro-

jeto de ampliação e ex-pansão da Central sófoi possível graças àparceria feita com aPUC Minas Virtual, quedesenvolveu todo o sis-tema de atendimento e,desde então, vem pres-tando manutenção.

O mapeamento do

público, tanto internoquanto externo, contri-buiu para a publicaçãodo sistema de pergun-tas mais freqüentes, o“FAQ”. Em breve, oPortal estará apresen-tando também as per-guntas mais freqüentesfeitas pelo público ex-terno, enquete sobre o

atendimento prestado emuitas outras novida-des. Após a implanta-ção da central de infor-mação em todas as uni-dades e sua integraçãocom a unidade principal,no Coração Eucarístico,o setor buscará desen-volver o atendimentovia chat, on-line.

Coração Eucarístico: (31) 3319-4444São Gabriel: (31) 3439-5200Betim: (31) 3539-6800PUC Minas Virtual: (31) 3274-1862Instituto de Educação Continuada:(31) 0800-283-3280

Arcos: (37) 3352-2600 e 0800-283-0165Poços de Caldas: 0800-283-1030Central de Informações:www.pucminas.br link “Fale com a PUC”.

Novas práticas na UniversidadePrimeiras turmas do Programa de Desenvolvimento Gerencial apresentam trabalhos que refletem sobre processos administrativos da Instituição

Aprimorar proces-sos existentes ousugerir novas prá-

ticas dentro do ambienteadministrativo da PUCMinas. Esse foi o desa-fio proposto como proje-to de conclusão de cur-so para os mais de 80funcionários que partici-param das duas primei-ras turmas do Programa

de Desenvolvimento Ge-rencial (PDG), oficina detreinamento para funcio-nários do corpo gerenci-al, promovido pela Pró-Reitoria de Recursos Hu-manos em parceria como Instituto de EducaçãoContinuada (IEC).

Com base nos con-teúdos do curso, que in-cluiu aulas sobre planeja-

mento estratégico, ges-tão financeira e de pesso-as, marketing e comuni-cação, e sob orientaçãodos professores do PDG,os funcionários desenvol-veram projetos que abor-daram formas criativas,inovadoras e otimizadasde lidar com os desafiosdo dia-a-dia da Universi-dade. “O formato do cur-

matização que beneficiaessa interação entre aUniversidade e seus di-versos públicos. “Con-sultamos várias empre-sas antes de desenvol-ver o sistema, e a maio-ria recomendou o aten-dimento automático. Fo-mos contra a corrente, ecom a parceria da PUCMinas Virtual, foi possí-vel criar uma alternati-

va”. Flávia Tonelli relataque, até então, não exis-tia nenhuma ferramentade atendimento: ”Como programa, passamos ater controle do que erarealizado”.

Com o grande cres-cimento no número deatendimentos prestadospelo setor – somente noúltimo ano, quase 90mil, entre pessoalmen-

te, por e-mail e telefone–, a PUC Minas estáagora expandindo o ser-viço para outros campi eunidades, além do Cora-ção Eucarístico. “Nossaintenção é criar pontosde atendimento. Já te-mos o serviço operandoem Betim, São Gabriele Arcos, e deveremosagora preparar os de-mais”, explica Flávia.

Evaldo e Luciana apresentaram projetos com soluções criativas para setores administrativos da Universidade

Marta Carneiro

so foi inovador na acade-mia, em sua forma, mas,sobretudo, em seu públi-co-alvo”, afirma o pró-rei-tor de Recursos Huma-nos, professor AlexandreRezende Guimarães. Eleexplica que a pró-reitoria

já tem programadas ativi-dades periódicas paraesse grupo, com o objeti-vo de promover uma for-mação contínua. “A PUCviveu a satisfação detransmitir e produzir co-nhecimento no corpo ad-

ministrativo, dando aoportunidade a seus fun-cionários de apresentartrabalhos científicos eaplicáveis à melhoria dagestão e dos processosque dão suporte à Uni-versidade”, considera.

Roteiro para realização de eventosO grupo composto

por Luciana Justi, LuizEustáquio Campos, Ma-ria de Fátima Salgueiro eWanderley Avelar, porexemplo, utilizou o proje-to de conclusão para ela-borar um roteiro de pro-cedimentos e normaspara realização de even-tos na PUC Minas.“Esco-lhemos o tema em funçãoda proposta do PDG, queé melhorar processosdentro da Universidade”,diz Luciana, funcionáriada Gestão de Eventos daPró-reitoria de Logística eOperações.

Ela explica que, como

o setor é recente na Insti-tuição, muitos usuáriosainda têm dúvidas sobreas planilhas de orçamen-to, agendamento de espa-ços físicos e apoio na or-ganização e planejamentode eventos. “Por isso, re-solvemos fazer um roteiroque padronizasse e nor-malizasse os processospara realização de even-tos”, diz a funcionária.

Foram apresentados20 projetos, produzidospor funcionários de todosos campi e unidades, abor-dando temas relacionadosà biblioteca, Datapuc, co-municação, apoio comuni-

tário, infra-estrutura, Pre-pes e às secretarias aca-dêmicas. A projeção orça-mentária das receitas dagraduação foi o tema dotrabalho de Evaldo Araújo,Adriano Martins e PetrinaMazarelo.

No projeto, o grupopropõe uma previsão dereceita com um prazo su-perior ao atual, que é deum ano. “Ampliar o hori-zonte do planejamentoorçamentário da receitajá era uma demanda ob-servada em nosso dia-a-dia nas Pró-Reitorias deGestão Financeira e dePlanejamento”, conclui.

A Central de Informações está presente nos seguintes locais:

15PUC MINAS MARÇO 2006 |EXTENSÃO

Iniciação CientíficaO curso de Administração da unidadeBarreiro realiza o 1º Simpósio de Inicia-ção Científica com sessões temáticasno auditório da unidade, nos dias 27 deabril, 2 e 10 de maio, sempre de 19h às20h40. O objetivo é socializar informa-ções, conhecimentos e saberes produzi-dos pelos alunos do curso, com a pro-posta de discutir temas relacionados àgestão empresarial, sob forma de relatosde experiência de pesquisa, comentárioscríticos de livros e abordagens teóricasinovadoras. As inscrições devem ser fei-tas até o dia 25 de abril. A programaçãocompleta está disponível no portalwww.pucminas.brInformações: 3328-9502 ou 3328-9506.

Casa do Estudante Durante o mês de março, serão realizadasdiversas oficinas de arte na Casa do Estu-dante DCE PUC Minas. A proposta doprojeto, que tem o apoio da Diretoria deArte e Cultura da Universidade, é a de

promover o acesso a atividades artístico-culturais para a comunidade local e paraos estudantes da PUC Minas. As inscri-ções devem ser feitas no DCE campusCoração Eucarístico ou na Casa do Estu-dante.Informações e programação: www.puc-minas.br

Congelamento de embriõesDe 3 a 7 de abril, acontece a 3ª ediçãodo Curso Teórico e Prático de Transfe-rência e Congelamento de Embriões daunidade Betim. Destinado a médicos ve-terinários e alunos do último ano da gra-duação, o curso acontece na FazendaExperimental da Universidade, no muni-cípio de Esmeraldas (MG), com aloja-mento incluído. O programa inclui temascomo anatomia e fisiologia do sistemareprodutor de bovinos, superovulação dedoadoras, sincronização de receptoras,seleção de receptoras e doadoras, mani-pulação e classificação de embriões, cri-opreservação de embriões e aspectos

econômicos. Haverá também aulas práti-cas sobre manejo de peças de abate-douros, coleta, transferência e congela-mento de embriões e ultra-sonografiaaplicada.

Geografia aplicadaGeografia, Ciência Plural: os múltiplosolhares da Geografia são o tema centraldo 4º Seminário Cláudio Peres de práti-ca de ensino e geografia aplicada, queacontece entre os dias 18 e 20 de maiono campus Coração Eucarístico. Oevento pretende estimular o desenvolvi-mento do uso de novas linguagens parao ensino da Geografia e avaliar novasabordagens da disciplina, como ciênciaplural, através de conferências, mesastemáticas e mostra de painéis. Alunos,professores e outros profissionais inte-ressados em apresentar painéis devemenviar o tema e o resumo do trabalhoaté 19 de abril para o e-mail [email protected]. As inscrições para o seminário ficam

abertas entre os dias 1º e 26 de abril peloportal www.pucminas.br. Alunos do cursode Geografia são isentos da taxa de ins-crição.Informações:3319-4187 / 4193 / 4194

Reabilitação cardiopulmonarAté o dia 19 de maio, estarão abertasas inscrições para o curso de especiali-zação em reabilitação cardiopulmonar,oferecido pelo Departamento de Fisio-terapia. O curso visa aprimorar a forma-ção de fisioterapeutas através da atuali-zação científica da metodologia vigente,tornando-os mais críticos e aptos aprestar atendimento de excelência aopaciente cardiopata ou pneumopata.São oferecidas 30 vagas, que serãopreenchidas através de análise de currí-culo. O resultado da seleção será divul-gado no dia 31 de maio, as aulas come-çam no dia 3 de agosto e vão até julhode 2007.Informações: 3319-4316 ou pelo e-mail:[email protected]

AGENDA

Aceitam-se pes-soas interessa-das para as 500

vagas nos cursos gra-tuitos de sistema ope-racional, planilha eletrô-nica, editor de texto einternet na PUC MinasBarreiro. A ação de ex-tensão da unidade, quecomeçou com 92 va-gas, ampliou em cincovezes o número de va-gas para o curso de in-trodução à informáticaoferecido à populaçãode baixa renda, atendi-da no Projeto Inclusão,através do curso de

Sistemas de Informa-ção e da coordenaçãode Extensão. Os inte-ressados devem procu-rar as instituições par-ceiras localizadas na re-gião, que são respon-sáveis pelo encaminha-mento dos interessa-dos ao curso: ParóquiaSanta Gemma Galgani,Escola Municipal LuizGatti e a Associação deApoio Comunitário doConjunto Túnel de Ibiri-té – AACCTI (veja box).

Os alunos que parti-ciparam no semestrepassado das primeiras

Inclusão Digital amplia vagas no BarreiroProjeto da Unidade possibilita à população carente da região o aprendizado dos princípios da informática

Aline Rodrigues: estudo de informática vai fazer diferença

Flávia Brandão

turmas receberam, noúltimo 22 de fevereiro,certificados de conclu-são do curso, expedi-dos pela PUC Minas.Segundo o professorPedro Ivo, o projeto dedar acesso ao aprendi-zado da informática,qualificando pessoascarentes para mercadode trabalho, tende à ex-pansão.

Aline Oliveira Rodri-gues, 18 anos, ficou sa-bendo do projeto atra-vés da Escola MunicipalLuiz Gatti. A estudanteconta que não sabia nemligar o computador eagora, depois do curso,conseguiu um emprego,que exige conhecimen-tos de informática. “Euacho que, no meu futuro,tudo que eu aprendi aquivai fazer bastante dife-rença”, diz ela.

Com duração de 30 ho-ras/aula, o curso conta com oapoio de dez monitores, estu-dantes da PUC Minas no Barrei-ro. “É uma satisfação ver osmeninos conseguindo atingir osobjetivos. Alguns deles já estãotrabalhando com a ajuda de nos-sos certificados”, diz SôniaAparecida Gomes da Silva, es-tudante do 2º período de Admi-nistração, uma das primeirasmonitoras do projeto. Ela ajudouna organização e acompanhou,desde o início, o desenvolvi-mento dos alunos. A estudanteafirma que não só ensinou, mastambém aprendeu com a Inclu-são Digital. Além do aprendiza-do prático na área de adminis-tração adquirido com a organiza-ção do projeto, Sônia afirma queaprimorou seus conhecimentosde informática.

CERTIFICADO

Para a coordenadora peda-gógica da Escola, Sofia de Fá-tima Ribeiro Morais, a idéia doprojeto é “fantástica”, pois oaluno de baixa renda que nãotem condições de arcar comum curso de informática pode,agora, “contar com o certifica-do de uma instituição sériacomo a PUC Minas para o in-gresso no mercado de traba-lho”.

O coordenador de extensão,professor Pedro Paulo MoreiraPettersen, afirma que a InclusãoDigital atende a tradição da Uni-versidade, que é a de se inte-grar com a comunidade onde seinstala. “É um projeto relevante,pois atinge realmente um públi-co que necessita desse tipo dequalificação”.

Primeiro emprego

Instituições parceiras• Paróquia Santa Gemma Galgani - R. MadrePaulina, 48 - Bairro Diamante - telefones: 3385-2028 e 3385-1622 • Associação Comunitária do Conjunto Túnel deIbirité - R. V, s/nº - Bairro Conjunto Túnel de Ibiri-té - telefones: 3382-0520 e 3382-4398

• Escola Municipal Luiz Gatti - R. O Garimpeiro,45 - Conjunto Ademar Maldonado / Barreiro - te-lefones: 3277-5830 e 3277-5831 • Escola Estadual Professora Maria Belmira deTrindade - R. Clementina de Jesus, 99 - BairroBonsucesso - telefone: 3336-1041

16 PUC MINAS | MARÇO 2006 ADMINISTRAÇÃO

Ao contrário doque se esperava,a tecnologia não

tem feito o homem ga-nhar tempo, e sim per-der. E o homem-de-ne-gócios mais poderoso éhoje escravo de agen-das e fusos horários osmais diversos. Essessão alguns sinaisobservados por espe-cialistas em questõesdo mundo do trabalho,tema que, em breve, re-ceberá uma contribui-ção substancial com adivulgação dos dadosda pesquisa Felicidadeno trabalho do executi-vo, produzida no âmbi-to do programa de Pós-Graduação em Admi-nistração.

A pesquisa vem sen-do realizada há doisanos por dois professo-res-doutores do progra-

ma: Antônio de CarvalhoNeto, autor do livro Re-lações de trabalho e ne-gociação coletiva na vi-rada do milênio (Vozes),e Betânia Tanure, autorade Gestão à brasileira eO (des) equilíbrio entrevida pessoal e profissio-nal (Atlas).

QUALIDADE DE VIDA

O enfoque é a quali-dade de vida do altoexecutivo das maioresempresas operando noBrasil: presidentes, vice-presidentes, diretores eprofissionais do escalãologo abaixo. Na fasequantitativa, foram ouvi-dos 965 executivos decerca de 300 dessasempresas, 90% dasáreas de indústria e ser-viços. Outros 8% estãono setor público (energia

elétrica e petróleo), e os2% restantes no comér-cio (grandes varejistas).Na fase qualitativa, fo-ram entrevistados 230executivos de dez cor-porações durante umano.

Os dados colhidosestão agora em análi-se, devendo resultarem livro com lança-mento previsto parajulho deste ano. Comoo mestrado, a pesqui-sa é uma parceria en-tre a PUC e a Funda-ção Dom Cabral. Naacademia, ela já servede base para a disser-tação da mestrandaLeila Canfone, quetambém participa daequipe. O trabalhoconta com recursosdo Banco Real, quedemonstrou interessepela idéia.

Felicidade do alto executivo no trabalho é tema de pesquisa da PUC Minas e da Fundação Dom Cabral

No coração do mundo dos negócios

Mal-estar na civilizaçãoAs 50 questões apresenta-

das aos executivos na primeirafase da pesquisa levaram osprofissionais a uma reflexãoprovavelmente proveitosa paramuitos: a avaliação sobre a car-ga de trabalho, o tempo investi-do na vida profissional e na vidaprivada, as relações no ambien-te da empresa, sua forma de li-dar com as constantes mudan-ças no mundo dos negócios, osmotivos de estresse, as relaçõesfamiliares, os problemas de saú-de, as crises pessoais: tudoisso esteve na pauta dos pes-quisadores.

DISPONIBILIDADE

O tempo despendido no tra-balho inclui os deslocamentosconstantes e atendimento desolicitações via celular e e-mail,que tornam o profissional dis-ponível a qualquer hora e lugar.“Eles ficam surpresos por com-putarmos esse tempo em aero-portos ou em casa”, relata An-tônio de Carvalho Neto. A mé-dia diária –14 horas– já pode serapontada como uma das primei-ras conclusões da pesquisa, eestá relacionada a outro dado: amaioria masculina nos altos car-gos – 70%. “As causas são co-nhecidas, principalmente as difi-culdades da mulher em relaçãoà maternidade”, considera.

Ele lembra que o trabalhadorem geral está muito sobrecarre-gado em todas as áreas, mas nocaso dos executivos existemdados específicos a serem con-siderados, como o estressecausado pelos processos queatingem as grandes corporaçõesno mundo globalizado. “Visiteidez grandes empresas, todaspassando por reestruturações e

fusões, que obrigam o profissio-nal a se reportar a superioresem outros países do mundo.Como fica a vida desse indiví-duo, que tem que se reportar atanta coisa?”, questiona opesquisador.

ALUCINADOS

A conhecida característicada agressividade no mundo dosnegócios foi um critério para ospesquisadores escolherem emquais empresas iriam fazer asentrevistas. “Quisemos entre-vistar os executivos que estãoinseridos na lógica da empresaprivada, por entendermos que édiferente. Entrevistamos empre-sas em crise e empresas combons resultados. Em ambas, osexecutivos estão 'alucinados',mas existe o 'alucinado amargo'e o 'alucinado satisfeito', o quejá é uma diferença enorme”, re-lata Carvalho Neto.

A conclusão final sobre otema exigirá muita análise. “Ain-da não sabemos o que significa'felicidade' para esse profissio-nal. Já percebemos que o traba-lho não é só sofrimento, muitasvezes ele não sente tudo comocarga. Em outros momentos, noentanto, recolhemos relatosdramáticos. “É um mundo queprecisa ser repensado”, avalia opesquisador.

Com a pesquisa, CarvalhoNeto e Betânia Tanure esperamjustamente contribuir para queisso ocorra: “Estamos falando deAdministração, que é uma ciênciasocial aplicada: esperamos contri-buir para mudanças na culturadentro das empresas, pois da for-ma como está, está difícil de su-portar. É o velho 'Mal-Estar na Ci-vilização'.”

Fernando Morais Saltares / Folha Imagem

O alto executivo trabalha, em média, 14 horas diárias, de acordo com as primeiras conclusões da pesquisa