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Universidade de Aveiro
2009
Departamento de Electrnica
Telecomunicaes e Informtica
Joo Pedro Pires da Cruz
Desenho de PADs digitais de entrada/sada em tecnologia CMOS
Universidade de Aveiro
2009
Departamento de Electrnica
Telecomunicaes e Informtica
Joo Pedro Pires da Cruz
Desenho de PADs digitais de entrada/sada em tecnologia CMOS
Dissertao apresentada Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Engenharia Electrnica e de Telecomunicaes, realizada sob a orientao cientfica do Doutor Lus Filipe Mesquita Nero Moreira Alves, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Electrnica, Telecomunicaes e Informtica da Universidade de Aveiro, e do Doutor Telmo Reis Cunha, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Electrnica, Telecomunicaes e Informtica da Universidade de Aveiro
Dedico este trabalho aos meus pais e irmos pelo extraordinrio apoio.
o jri
Presidente Professor Doutor Dinis Gomes Magalhes Santos, Professor Catedrtico da Universidade de Aveiro
Doutor Pedro Nuno Mendona dos Santos, Investigador do Instituto de Telecomunicaes de Lisboa
Professor Doutor Lus Filipe Mesquita Nero Moreira Alves, Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro
Professor Doutor Telmo Reis Cunha, Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro
Agradecimentos
Aos meus pais Rosa Maria dos Santos Pires da Cruz e Pedro Anto da Cruz que possibilitaram com enormes sacrifcios a realizao desta caminhada acadmica sempre com um apoio incondicional. Aos meus irmos, pelos sacrifcios e pelo apoio incansvel prestado ao longo da minha vida, em especial a nossa menina de ouro Maria Rosa da Cruz por abdicar de inmeras coisas para me ajudar, permitindo que hoje pudesse estar aqui a finalizar este curso. A minha namorada Terry Monteiro que me acompanhou ao longo deste ltimo ano com um enorme companheirismo, amor e dedicao. Aos meus familiares, em especial ao meu primo Corsino Fonseca pelo apoio prestado principalmente nos primeiros anos, e ao Tury que, apesar de no sermos irmos de sangue foi um verdadeiro irmo neste pequeno tempo da nossa convivncia. Aos meus orientadores pela disponibilidade, ateno e ajuda em todas as dvidas que surgiram ao longo do trabalho. Agradeo os meus amigos que fizeram desta jornada na Universidade de Aveiro, a melhor da minha vida at ento. A Aleida, Zico, Rops, Mams, Minaus, Tetok, Bigie, Ailton, Beto, Nilton, Marley, Allass, Vany, Lidy por terem participado nesta minha caminhada e por serem amigos sempre presentes. Agradeo ainda aos SASUA pelo extraordinrio apoio e ao Instituto de Telecomunicaes pelas condies disponibilizadas para a elaborao desta dissertao. Por fim, a todos os meus colegas da Universidade de Aveiro que de alguma forma contriburam para a minha formao. A todos (incluindo aqueles que no referi), um muito obrigado.
Joo Pedro Pires da Cruz
palavras-chave
Tecnologia CMOS, PADs de entrada/sada, Tcnicas de desenho
Resumo
No presente trabalho estudou-se o desenho de PADs digitais de entrada/sada em tecnologia CMOS. O trabalho composto por uma caracterizao dos PADs digitais (suas principais caractersticas), um estudo de implementao, o desenho de uma biblioteca de PADs digitais em tecnologia CMOS e a caracterizao dos PADs desenhados. Este trabalho motivado pela necessidade de melhorar as caractersticas de transmisso digital de sinais do interior dos circuitos integrados para o exterior, e vice-versa. Deste modo, utilizada uma tecnologia CMOS de canal curto para o desenho da biblioteca de PADs digitais.
Keywords
CMOS technology, I/O PADs, design techniques
Abstract
In this work we studied the design of digital I/O PADs on CMOS technology. The work consists of a characterization of digital PADs (main features), an implementation study, the design of a library of digital PAD on CMOS technology and the characterization of PADs designed. This work is motivated by the need to improve the characteristics of digital transmission of signals within the chip to the outside, and vice versa. Thus, it is used a CMOS short channel to design a digital PADs library.
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS i
ndice
1. Introduo ................................................................................................ 1
1.1 Objectivos e Motivao .......................................................................................... 2
1.2 Metodologia ............................................................................................................ 3
1.3 Estrutura da Dissertao ......................................................................................... 3
2. Caracterizao dos PADs de I/O ........................................................... 5
2.1 Introduo ............................................................................................................... 5
2.2 Classificao dos PADs de Entrada/Sada (I/O) ..................................................... 6
2.3 PADs Digitais ......................................................................................................... 7
2.3.1 PADs de Entrada .............................................................................................. 7
2.3.2 PADs de Sada .................................................................................................. 9
2.3.3 PADs Bidireccionais ...................................................................................... 11
2.3.4 PADs de Alimentao .................................................................................... 12
2.4 PADs Analgicos .................................................................................................. 14
2.4.1 PADs de RF .................................................................................................... 14
2.5 Proteco Electrosttica ........................................................................................ 15
2.5.1 Circuitos bsicos de proteco electrosttica ................................................. 16
2.5.2 Modelos de teste da proteco ESD ............................................................... 21
2.6 Resumo ................................................................................................................. 22
3. Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS .............................. 25
3.1 Introduo ............................................................................................................. 25
3.2 O Inversor CMOS ................................................................................................. 25
3.2.1 Modelo de Desenho ........................................................................................ 28
3.2.2 Capacidade da porta do inversor .................................................................... 30
3.3 Circuitos Combinatrios CMOS ........................................................................... 34
3.3.1 O inversor equivalente ................................................................................... 36
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS ii
3.4 O Buffer no inversor ........................................................................................... 38
3.5 O Buffer com dreno aberto ................................................................................... 40
3.6 O Buffer com controlo de rudo ............................................................................ 41
3.7 O Schmitt-trigger .................................................................................................. 42
3.8 O Buffer tri- state .................................................................................................. 44
3.9 Proteco electrosttica CMOS ............................................................................ 46
3.10 Resumo ............................................................................................................... 50
4. Desenho de PADs digitais ..................................................................... 51
4.1 Introduo ............................................................................................................. 51
4.2 Modelo de Desenvolvimento ................................................................................ 51
4.3 Dimensionamento do Inversor de referncia da UMC130nm .............................. 53
4.3.1 Clculo da capacidade da porta do inversor referncia .................................. 54
4.4 Dimensionamento do PAD de Entrada ................................................................. 55
4.4.1 Dimensionamento do Buffer de Entrada ........................................................ 56
4.4.2 Dimensionamento do Schmitt-trigger ............................................................ 57
4.4.3 Dimensionamento das resistncias de pull-up/pull-down .............................. 58
4.5 Dimensionamento dos PADs de Sada ................................................................. 59
4.5.1 Dimensionamento do Buffer de Sada ........................................................... 60
4.5.2 Dimensionamento do Buffer de Sada com dreno-aberto .............................. 62
4.5.3 Dimensionamento do Buffer de Sada com controlo de rudo ....................... 63
4.6 Dimensionamento dos PADs Bidireccionais ........................................................ 64
4.6.2 Dimensionamento do buffer tri-state ............................................................. 64
4.7 Dimensionamento da proteco ESD dos PADs .................................................. 65
4.8 Dimensionamento dos PADs de VDD/Massa ........................................................ 69
4.9 Resumo ................................................................................................................. 70
5. Anlise e Discusso de Resultados ....................................................... 71
5.1 Introduo ............................................................................................................. 71
5.2 Metodologia Utilizada .......................................................................................... 71
5.3 Resultados ............................................................................................................. 73
5.3.1 Estudo dos tempos de propagao dos PADs de Entrada .............................. 73
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS iii
5.3.2 Estudo dos tempos de propagao dos PADs de Sada .................................. 75
5.3.3 Estudo dos tempos de propagao dos PADs Bidireccionais ........................ 80
5.3.5 Estudo comparativo dos tempos de propagao ............................................ 81
5.3.5 Potncia dissipada dos PADs ......................................................................... 82
5.4 Resumo ................................................................................................................. 84
6. Concluses .............................................................................................. 87
6.1 Linhas de Investigao futuras ............................................................................. 88
Referncias Bibliogrficas ........................................................................ 89
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS iv
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS v
ndice de Figuras
Figura 2.1 Diagrama de classificao dos PADs 6
Figura 2.2- Diagrama de blocos de um PAD de Entrada 8
Figura 2.3 PAD de Entrada com resistncia de pull-up/pull-down 8
Figura 2.4 PAD de Entrada Schmitt-trigger 8
Figura 2.5 PAD de Entrada Schmitt-trigger com resistncia de pull-up/pull-donw 9
Figura 2.6 - Diagrama de blocos do PAD de Sada 10
Figura 2.7 - Diagrama de blocos do PAD bidireccional 11
Figura 2.8 - Esquemtico de um PAD de VDD 13
Figura 2.9 - Esquemtico de um PAD de Massa 13
Figura 2.10 Esquemtico da Proteco ESD em CMOS com dodos 17
Figura 2.11- Esquemtico da Proteco ESD em CMOS com transstores 17
Figura 2.12 Snapback mode num transstor NMOS 18
Figura 2.13- Tcnica de gate-bouncing para o NMOS e o modelo equivalente 19
Figura 2.14- Proteco ESD com transstores e resistncia de difuso 20
Figura 2.15 - Proteco ESD em CMOS com dois andares de proteco 20
Figura 2.16 Teste HBM 21
Figura 3.1 O inversor CMOS 26
Figura 3.2 Modelo de anlise das correntes nos transstores para a) Transio
ascendente b) transio descendente da entrada 26
Figura 3.3 Modelo simplificado do inversor para entrada a) alta e baixa b) 28
Figura 3.4 Capacidades do MOSFET: vista em corte do transstor NMOS 31
Figura 3.5 Capacidades da porta para o canal do MOSFET 32
Figura 3.6 Capacidades de sobreposio da porta com as regies do dreno e da fonte
32
Figura 3.7 Constituio de um circuito combinatrio 35
Figura 3.8 Porta NOR de n entradas 36
Figura 3.9 Porta NAND de n entradas 37
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS vi
Figura 3.10 - Buffer com N inversores 38
Figura 3.11 - Esquemtico tpico do Buffer no inversor com dreno aberto (NMOS) 40
Figura 3.12 - Esquemtico de um Buffer de sada com controlo de rudo 41
Figura 3.13 - VTC de um Schmitt-trigger 42
Figura 3.14 - VTC de buffer no inversor 42
Figura 3.15 CMOS Schmitt-trigger 43
Figura 3.16 Buffer tri-state 45
Figura 3.17 Proteco ESD em CMOS 46
Figura 3.18 Caracterstica I-V do dodo a)no linearizada b) linearizada 47
Figura 3.19 Comportamento I-V do NMOS com a base ligada a massa 48
Figura 4.1 Utilizao do CADENCE como ferramenta de desenvolvimento 52
Figura 4.2 - Inversor CMOS INV1X da tecnologia UMC130nm (Inversor de referncia)
53
Figura 4.3 - Esquemtico do PAD de entrada 55
Figura 4.4 - Buffer de entrada do PAD de entrada PE 57
Figura 4.5 Schmitt-trigger no inversora 58
Figura 4.6 Resistncias implementadas com resistncias a) pull-up b) pull-down 59
Figura 4.7 - Esquemtico tpico do PAD de Sada 60
Figura 4.8 Buffer de sada implementado para o PAD de sada PS1X 61
Figura 4.9 Buffer com dreno-aberto implementado para o PAD de sada PSDAU1X 62
Figura 4.10 Buffer com controlo de rudo implementado para o PAD de Sada
PSCR1X 63
Figura 4.11 Esquemtico do buffer tri-state 65
Figura 4.12 Caracterstica I-V do dodo ESD_DION com W=600nm e L=10m 66
Figura 4.13 - Teste de do efeito na sada da proteco ESD de vrios valores de
resistncias R3 67
Figura 4.14 Teste da corrente suportada pelos transstores de proteco ESD 68
Figura 5.1 Mtodo de determinao dos tempos de propagao 72
Figura 5.2 Atraso de propagao e transio ascendente dos PADs de Entrada 73
Figura 5.3 Desequilbrio dos tempos de propagao dos PADs de entrada 74
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS vii
Figura 5.4 Atraso de propagao ascendente dos PADs de sada com buffer no
inversor 75
Figura 5.5 Desequilbrio dos tempos de propagao dos PADs de sada 76
Figura 5.6 Tempos de propagao dos PADs de Sada com e sem controlo do rudo 77
Figura 5.7 - Variao do tempo de propagao com a resistncia 78
Figura 5.8 Variao de VOH e VOL com a resistncia 79
Figura 5.9 Tempos de atraso dos PADs bidireccionais no sentido da sada 80
Figura 5.10 - Desequilbrio dos tempos de propagao dos PADs bidireccionais 81
Figura 5.11 Diferena entre os tempos de propagao dos PADs bidireccionais e de
sada 82
Figura 5.12 Potncia dissipada pelos PADs de entrada 83
Figura 5.13 - Potncia dissipada pelos PADs de sada 83
Figura 5.14 Potncia dissipada pelos PADs bidireccionais 84
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS viii
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS ix
ndice de Tabelas
Tabela 2-1 Tabela de verdade de um PAD bidireccional 11
Tabela 2-2 Classificao da proteco ESD de circuitos integrados de acordo com o
HBM 22
Tabela 3-1 Resumo das capacidades do MOSFET dependente da regio de
funcionamento 33
Tabela 3-2 Tabela de verdade do buffer tri-state 44
Tabela 3-3 Tabela da variao dos parmetros Vt1, It1, Vt2, It1 com o aumento de W e
L 48
Tabela 4-1 Valores ptimo para vrios inversores de dimenses diferentes 54
Tabela 4-2 Variveis utilizadas no clculo de CG e o respectivo calculo 54
Tabela 4-3 Valores de tp em funo de N e 56
Tabela 4-4 Dimenses dos transstores NMOS do schmitt trigger 58
Tabela 4-5 Dimenses dos transstores PMOS do schmitt trigger 58
Tabela 4-6 Capacidade Cload, e as dimenses dos transstores para diferentes valores
de fan-out 61
Tabela 4-7 Valores de VD, W e L dos transistores de proteco para varios valors de
VDC 58
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS x
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS xi
Lista de Acrnimos
CMOS Complementary Metal-Oxide Semiconductor
VLSI Very Large Scale Integration
ADE Analog Design Environment
RFID Radio Frequency IDentification
ESD ElectroStatic Discharge
EOS Electrical OverStress
UMC United Microelectronics Corporation
CAD Computer-Aided Design
DRC Design Rule Check
LVS Layout Versus Schematic
MOS Metal-Oxide Semiconductor
NMOS N-type Metal-Oxide Semiconductor
PMOS P-type Metal-Oxide Semiconductor
MOSFET Metal-Oxide Semiconductor Field-Effect Transistor
PDN Pull-Down Network
PUN Pull-Up Network
RCX Resistance/Capacitance and Inductance Extraction
VTC Voltage Transfer Characteristic
IC Integrated Circuit
RAM Random Access Memory
BJT Bipolar Junction Transistor
HBM Human-Body Model
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS xii
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS xiii
Lista de Smbolos
razo de desenho
CDB capacidade dreno-substrato
CG capacidade intrnseca da porta
CGB capacidade porta-substrato
CGD capacidade porta-dreno
CGS capacidade porta-fonte
CGDO capacidade de sobreposio porta-dreno
CGSO capacidade de sobreposio porta-fonte
Cload capacidade de carga
Cox capacidade porta-substrato por unidade de rea
desequilbrio entre os tempos de propagao
iD,n corrente de dreno do NMOS
iD,p corrente de dreno do PMOS
k parmetro de transcondutncia
k transcondutncia do MOSFET
L comprimento do canal de um transstor
Leff comprimento efectivo do canal de um transstor
ReqN resistncia equivalente do transstor de tipo N
ReqP resistncia equivalente do transstor de tipo P
tox espessura do oxido da porta (oxido fino)
ox permitividade do xido
tp tempo (atraso) de propagao
tpHL tempo de propagao high-to-low
ndice/Lista de Figuras/Lista de Tabelas
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS xiv
tpLH tempo de propagao low-to-high
VDD tenso de alimentao positiva
Vin tenso de entrada
VM tenso de comutao do inversor
Vout tenso de sada
VTH tenso de limiar
W largura do canal de um transstor
Xd difuso lateral
Z Alta impedncia
Captulo 1 Introduo
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 1
Captulo 1
Introduo
Os circuitos integrados constituem actualmente uma fora revolucionria da
vida, uma vez que os equipamentos electrnicos de informao e de comunicao fazem
parte do quotidiano das pessoas.
Em 1958 Jack Kilby da Texas Instruments, e Robert Noyce da Fairchild
Semicondutor desenvolveram em separado o primeiro circuito integrado. Jack Kilby foi
o primeiro a apresentar um circuito integrado onde, numa nica pastilha, conseguiu
juntar resistncias, capacidades e transstores formando um oscilador. Meses depois foi
a vez de Robert Noyce apresentar o seu circuito integrado sendo o material
semicondutor utilizado o silcio [1], [2]. A utilizao do silcio proporcionou o
aparecimento do conceito CMOS essencial na evoluo das aplicaes VLSI, que foi
apresentado por Frank Wanlass da Fairchild em 1963. O desenvolvimento dos circuitos
integrados evoluiu desde ento de acordo com as previses de Gordon Moore. Gordon
Moore vaticinava, em 1965, que a capacidade de integrao num s chip duplicaria a
cada dois anos [3]. Essa previso tem-se mantido, apesar de alguns ajustes, fazendo com
que na actualidade o nvel de integrao seja muitssimo elevado. Os avanos
tecnolgicos permitiram o desenvolvimento de circuitos integrados de grande
integrao com frequncia elevada e potncia dissipada baixa.
As tecnologias actuais de circuitos integrados possibilitam a integrao de mais
transstores com tamanhos reduzidos e maiores velocidades de processamento. No
entanto a diminuio das dimenses mnimas das tecnologias para valores cada vez
menores dentro dos chips faz com que a diferena entre a velocidade de processamento
interno do circuito integrado e a velocidade de comunicao com o exterior seja maior,
limitando assim a velocidade global dos dispositivos. A necessidade de circuitos com
capacidade para atenuar essa diferena (aumentando a velocidade da comunicao com
Captulo 1 Introduo
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 2
o exterior) tem elevada importncia no desenho de circuitos integrados, levando a
criao dos circuitos denominados de PADs de I/O.
Os PADs de I/O so circuitos electrnicos perifricos utilizados para
comunicao entre um circuito integrado (IC) e o exterior. Estes circuitos assumem um
papel cada vez mais importante no mundo dos circuitos integrados pelo facto de se
pretender velocidades de transferncia de informao cada vez maiores.
1.1 Objectivos e Motivao
A necessidade do estudo dos PADs de I/O digitais deriva da busca constante por
frequncias de funcionamento dos circuitos digitais cada vez mais elevadas, com
potncias dissipadas gradualmente mais baixas.
As tecnologias CMOS actuais apresentam transstores de canal muito curto que
permitem velocidades de processamento muito rpidas no interior dos circuitos
integrados, pelo que necessrio aproveitar essa valncia interna e extrapol-la para a
comunicao entre o interior e o exterior.
O objectivo desta dissertao consiste no estudo e na construo de uma
biblioteca de PADs digitais utilizando o design kit 130nm da UMC com uma tenso de
alimentao de 1.2V. Pretende-se minimizar os efeitos causados na velocidade de
processamento devido s cargas externas normalmente de valor elevado. Ambiciona-se
que os componentes da biblioteca apresentem baixos valores de potncia dissipada e de
rea ocupada.
Captulo 1 Introduo
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 3
1.2 Metodologia
A biblioteca de componentes foi desenvolvida utilizando o design kit 130nm da
UMC, ao abrigo do protocolo entre a Universidade de Aveiro e o Europractice1.
O trabalho desenvolvido em vrias fases. efectuada uma classificao dos
PADs, e a identificao dos vrios blocos que os constituem. Estuda-se a construo
destes blocos em tecnologia CMOS e faz-se o seu projecto e dimensionamento. No
desenho dos PADs utiliza-se o ambiente integrado do Cadence DFII tambm ele
fornecido pela Europractise configurado com o design kit acima mencionado. A sua
simulao concretizada no Cadence, utilizando o simulador Spectre e a sua interface
com o utilizador Analog Design Environment (ADE).
1.3 Estrutura da Dissertao
Esta dissertao encontra-se organizada em seis captulos. No primeiro captulo faz-
se uma breve introduo histrica sobre os circuitos digitais e sobre a tecnologia
CMOS. Apresenta-se ainda a necessidade do estudo e da utilizao dos PADs. Para
finalizar so referidos os objectivos e as motivaes, bem como a metodologia utilizada.
O captulo 2 descreve-se a classificao dos vrios PADs existentes com especial
ateno aos PADs digitais. So apresentados os diagramas de blocos dos diferentes
PADs digitais, o seu princpio bsico de funcionamento. So tambm abordadas as
aplicaes dos PADs analgicos em especial dos PADs de RF. Por fim, feita uma
anlise sobre conceitos bsicos de proteco electrosttica de circuitos integrados.
O conceito chave do captulo 3 tecnologia CMOS. Neste captulo analisada a
implementao dos vrios blocos que compem os PADs digitais em tecnologia CMOS.
Inicialmente analisa-se o inversor esttico e o seu mtodo de desenho clssico. De
seguida o estudo sobre a implementao dos buffers de entrada, de sada, tri-state e
1 Europractice o Europractice oferece condies especiais as universidades e aos institutos de
investigao europeus, disponibilizando, atravs de um acordo estabelecido com a Comisso Europeia,
design kits para uso acadmico, o acesso a ferramentas de CAD e descontos no fabrico de prottipos.
Captulo 1 Introduo
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 4
schmitt-trigger correspondentes aos vrios blocos constituintes dos PADs. O estudo do
mtodo de implementao da proteco electrosttica finaliza o captulo.
No captulo 4 faz-se o projecto e dimensionamento dos PADs que constituem a
biblioteca de componentes. So tomadas vrias decises de acordo com a discusso
sobre circuitos, apresentada no captulo 3.
A apresentao e anlise dos resultados obtidos so efectuadas no captulo 5. Faz-se
uma anlise das caractersticas mais importantes dos vrios PADs, dando especial
ateno aos atrasos de propagao.
Por fim, feito um resumo desta dissertao, apresentando-se as concluses mais
importantes retiradas do trabalho desenvolvido. Faz-se referncia contribuio deste
trabalho para o tema em questo e apresenta-se algumas linhas de investigao futuras
de modo a dar continuidade ao estudo efectuado.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 5
Captulo 2
Caracterizao dos PADs de I/O
2.1 Introduo
O desenvolvimento da indstria dos circuitos integrados fez com que se
verificasse um aumento significativo da velocidade de processamento dos circuitos em
tecnologia CMOS. A utilizao de tenses de alimentao cada vez menores motivou o
aparecimento dos PADs de I/O (entrada/sada), cada vez mais complexos visando
melhorar a comunicao entre o circuito integrado e o exterior.
Tais circuitos so utilizados em todos os circuitos integrados. As suas
caractersticas variam de acordo com o seu objectivo de utilizao. Deste modo, neste
captulo, optou-se em primeiro lugar por qualific-los em termos globais de diagrama de
blocos, explorando o seu princpio bsico de funcionamento. Sero abordadas, ainda
neste captulo, as caractersticas especficas normalmente utilizadas em alguns destes
circuitos, que passam por: i) utilizao de sadas com dreno-aberto; ii) controlo do
tempo de transio; iii) utilizao de circuitos schmitt-trigger; iv) utilizao de buffers
tri-state.
Para finalizar o captulo, abordar-se- a questo da proteco electrosttica que
est sempre associada aos circuitos de entrada/sada. As avarias provocadas por
descargas electrostticas representam uma parte significativa de todas as avarias em
circuitos integrados. Sendo os PADs de I/O circuitos que comunicam com o exterior,
esto sujeitos a descargas electrostticas pelo que devem incluir mecanismos de
proteco eficaz a esse tipo de problemas. So apresentadas as diversas solues
utilizadas para o desenho de circuitos de proteco electrosttica nos circuitos
integrados e os testes utilizados para aferir do desempenho dos mesmos.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 6
2.2 Classificao dos PADs de Entrada/Sada (I/O)
A complexidade dos PADs de I/O pode variar desde uma simples placa metlica
chamada de bonding PAD, aos circuitos complexos utilizados em portas de
entrada/sada. Actualmente os PADs so especficos, no entanto podem ser classificados
em duas categorias principais quanto ao tipo de aplicaes:
PADs Digitais
PADs Analgicos
Na figura seguinte representa-se um diagrama de onde possvel verificar os
vrios PADs existentes.
PADs
Digitais Analgicos
Sada
(PS)
Entrada
(PE)
Bidireccionais
(PB) Alimentao
Schmitt
trigger
(PEST)
Com
pull-up
/
pull-down
(PEU/PED)
Buffer com
Dreno-
Aberto
NMOS/PMOS
(PSDAD
/
PSDAU)
Com
controlo
de rudo
(PSCR)
MassaVDD
Aplicaes
banda largaRF
Schmitt
trigger
(PBST)
Com
pull-up
/
pull-down
(PESTU
/
PESTD)
Com
pull-up
/
pull-down
(PBU/PBD)
Com
pull-up
/
pull-down
(PBSTU
/
PBSTD)
Figura 2.1 Diagrama de classificao dos PADs
Nos PADs digitais da figura 2.1 so apresentadas as abreviaturas utilizadas para
os referir ao longo desta dissertao.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 7
2.3 PADs Digitais
A tecnologia CMOS detm o monoplio do mundo de circuitos integrados
digitais, essencialmente pelo facto de permitir elevadas taxas de integrao, potncia
dissipada menor e velocidade de processamento elevada. O nvel de integrao nesta
tecnologia tem vindo a aumentar vertiginosamente chegando-se a integrar dezenas a
centenas de milhes de transstores em circuitos integrados digitais. A sua utilizao
vasta, por exemplo em microprocessadores, micro controladores, memrias RAM e
muitas outras aplicaes digitais. As suas principais vantagens so o custo reduzido,
desempenho e fiabilidade [4]. Os PADs digitais so utilizados para fazer a ligao do
circuito integrado com o exterior, fornecendo a proteco necessria contra eventos
ESD e a adequao dos sinais de entrada/sada aos valores pretendidos como por
exemplo, a capacidade de carregar uma capacidade de sada elevada num tempo
aceitvel. Deste modo, os PADs digitais podem ser divididos nas seguintes categorias:
PADs de Entrada
PADs de Sada
PADs Bidireccionais
PADs de Alimentao
Nas seces seguintes descrevem-se as principais caractersticas destes circuitos.
2.3.1 PADs de Entrada
O PAD de entrada essencialmente um circuito de entrada que recebe um sinal
e que na sua sada apresenta uma rplica do sinal recebido com nveis de tenso
adaptados. O PAD de entrada tem a funo de circuito de entrada de sinais no circuito
integrado e de proteco do mesmo. Nesta seco apresentado um diagrama de blocos
bsico sobre a constituio do PAD de Entrada. Faz-se tambm uma anlise de alguns
circuitos derivados do circuito bsico com maior interesse e utilizao.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 8
O diagrama de blocos representativo de um PAD de entrada apresentado na figura 2.2.
Bonding PAD Proteco ESD BufferExterior
ao CI
Interior
ao CI
Figura 2.2- Diagrama de blocos de um PAD de Entrada
O circuito constitudo pela placa metlica (bonding PAD) seguido da proteco
electrosttica (proteco ESD) e de um buffer de entrada.
Nestes circuitos o bloco de proteco electrosttica desempenha um papel
essencial. Sendo circuitos de entrada necessrio proteger o resto do circuito, limitando
as tenses de entrada para valores normais. Deste modo efectuada na parte final do
captulo uma anlise detalhada sobre as vrias formas de execuo do bloco de
proteco ESD.
O buffer normalmente constitudo por dois inversores que fazem a adaptao
do sinal de entrada aos nveis utilizados na tecnologia em questo.
O diagrama de blocos da figura 2.2 representa o PAD de entrada na sua forma
mais bsica. Contudo, h PADs de entrada em que no circuito (entre a proteco ESD e
o buffer) introduzido um bloco com resistncias de pull-up ou resistncias de pull-
down e /ou um Schmitt-trigger como ilustrado nas figuras 2.3, 2.4 e 2.5.
Exterior
ao CI
Bonding
PAD
Proteco
ESDBuffer
Interior
ao CI
Resistncia de
Pull up
/
Pull down
Figura 2.3 PAD de Entrada com resistncia de pull-up/pull-down
Bonding
PAD
Proteco
ESDSchmitt Trigger
Exterior
ao CI BufferInterior
ao CI
Figura 2.4 PAD de Entrada Schmitt-trigger
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 9
Exterior
ao CI
Bonding
PAD
Proteco
ESD
Schmitt
Trigger
Resistncia de
Pull up
/
Pull down
BufferInterior
ao CI
Figura 2.5 PAD de Entrada Schmitt-trigger com resistncia de pull-up/pull-donw
Utilizam-se as resistncias de pull-up ou pull-down quando se pretende polarizar
o circuito forando um valor sada do PAD de entrada quando o mesmo se encontra
aberto. Quando se faz pull-up fora-se o valor VDD (valor lgico 1) e pull-down fora-se
o valor GND (valor lgico 0). uma soluo utilizada por exemplo em micro
controladores. Por questes prticas faz-se o pull-up/pull-down do circuito utilizando
transstores.
O Schmitt-trigger um circuito comparador com realimentao positiva com um
efeito regenerativo. Por vezes o sinal de entrada pode ter adquirido rudo prejudicial aos
circuitos seguintes, como por exemplo tempos de subida/descida lentos. Nestes casos
necessrio utilizar um Schmitt-trigger para regenerar o sinal [5]. No captulo seguinte
efectuada uma anlise detalhada sobre o funcionamento destes circuitos.
Nesta classe de dispositivos existem ainda os PADs de entrada para sinais de
clock utilizados quando se pretende introduzir num chip sinais de relgio (clock). Este
tipo de sinais requer especial cuidado porque necessrio minimizar o efeito dos atrasos
do sinal e tambm das suas transies, ou seja, os tempos de subida e de descida do
sinal a sada devero ser aproximadamente iguais. importante equilibrar estes tempos
para no se perder a integridade do sinal.
2.3.2 PADs de Sada
Os PADs de Sada so circuitos de sada do circuito integrado cuja funo
adaptar os sinais internos s condies no exterior, preservando as suas caractersticas
essenciais. Essencialmente, pretende-se que tais circuitos tenham tempos de propagao
adequados na presena de cargas capacitivas normalmente elevadas. O diagrama de
blocos de um PAD de sada apresentado na figura 2.6.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 10
BufferProteco
ESD
Bonding
PADInterior
ao CIExterior
ao CI
Figura 2.6 - Diagrama de blocos do PAD de Sada
Da figura possvel verificar que o PAD de Sada constitudo por um buffer de
sada, seguido da proteco electrosttica e do bonding PAD. O buffer tem a funo de
adequar os tempos de subida e descida do sinal a ser fornecido sada. A proteco
ESD como referido anteriormente tem a funo de proteger o circuito contra descargas
electrostticas.
Os PADs de Sada existentes no mercado tm a capacidade para atacar cargas na
ordem das poucas dezenas de pico-Farads com tempos de propagao na ordem dos
nano-segundos. Os buffers que os constituem so constitudos normalmente por quatro
inversores, cada um com dimenses maiores que o anterior aumentando assim o dbito
de corrente na sada sem que a velocidade do dispositivo seja consideravelmente
afectada. A carga que cada buffer pode carregar com tempos aceitveis controlada
atravs das dimenses dos transstores que compem os inversores. O aumento das
dimenses dos transstores que compem o buffer permite fornecer uma corrente maior
sada e consequentemente aumentar o valor da carga que se pode carregar/descarregar.
Os tempos de subida e descida do buffer e a potncia dissipada aumentam com o valor
da carga que se pretende colocar na sada e com a frequncia. Normalmente o transstor
que liga ao bounding PAD largo pelo que o circuito requer anis de guarda2 para
proteger de latchup3. Os transstores em causa so feitos com vrios transstores em
paralelo.
Existem PADs de Sada em que o buffer substitudo por um buffer tri-state ou
por um buffer dreno-aberto. Isto motivado pela especificidade de algumas aplicaes.
O controlo do tempo de transio do sinal de sada outra caracterstica normalmente
utilizada em alguns PADs de Sada.
2 Anis de guarda- anel utilizado a volta de partes crticas de circuitos integrados para os isolar.
3 Latch up Fenmeno de conduo de correntes elevadas que destroem o chip.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 11
2.3.3 PADs Bidireccionais
Os PADs bidireccionais so circuitos de entrada/sada que permitem o
funcionamento como entrada ou sada. Esses circuitos possuem dois blocos, um de
entrada e outro de sada, accionados de acordo com um sinal de seleco. Deste modo
utilizado um buffer tri-state para permitir fazer a seleco. O diagrama de blocos
apresentado na figura 2.7.
Proteco
ESD
Bounding
PADInterior
ao CI
Exterior
ao CI
Buffer
Buffer
Tri-state
EN
A
Y
Figura 2.7 - Diagrama de blocos do PAD bidireccional
O circuito composto pelo buffer tri-state, o buffer de entrada e pela proteco
ESD caracterstica dos PADs. O sinal de seleco, EN, determina o funcionamento do
circuito como se apresenta na seguinte tabela de verdade:
EN A Bonding PAD Y Funcionamento
0 0 0 X Output PAD
0 1 1 X Output PAD
1 X 1 1 Input PAD
1 X 0 0 Input PAD Tabela 2-1 - Tabela de verdade de um PAD bidireccional
Da tabela 2-1 verifica-se que o sinal de seleco impe uma transmisso do sinal
ou do ponto A para o bonding PAD (PAD de sada), ou do bonding PAD para o ponto Y
(PAD de entrada).
Existem aqui variaes ao diagrama de blocos da mesma forma que nos PADs
de Entrada e de Sada pelo que os PADs bidireccionais podem ser complexos e englobar
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 12
as vrias caractersticas de entrada/sada pretendidas. Pode-se fazer o controlo dos
tempos de transio atravs do buffer de sada, introduzir resistncias de pull-up/pull-
down e Schmitt-trigger no buffer de entrada.
2.3.4 PADs de Alimentao
Os PADs de alimentao tm uma funo muito especfica nos circuitos
integrados que consiste no fornecimento de linhas de alimentao, e da proteco dessas
mesmas linhas para casos em que as alimentaes do circuito sejam inadvertidamente
trocadas. Nesta seco apresentado um esquemtico geral de um PAD de VDD e de um
PAD de massa. A necessidade da utilizao de vrias linhas de alimentao nos
circuitos integrados prende-se com o facto de diferentes tipos de circuitos presentes no
circuito integrado precisarem de correntes diferentes. Deste modo os PADs de
alimentao dividem-se em trs categorias. Existem PADs de core logic, PADs de
buffers de sada e PADs de clulas perifricas).
No circuito da figura 2.8 apresentado o esquemtico de um PAD de VDD que
poder ser utilizado em circuitos integrados de core logic, buffers de sada e clulas
perifricas. Deste circuito possvel obter quatro linhas de alimentao podendo assim
alimentar os vrios tipos de circuitos acima descritos. Os dodos utilizados no circuito
tm a finalidade de proteco dos circuitos alimentados pelo PAD.
Quando se faz a correcta utilizao das alimentaes do circuito integrado (VDD
ligado ao bonding PAD), os dodos encontram-se inversamente polarizados e no
conduzem, pelo que no interferem o funcionamento normal do circuito. Quando as
alimentaes so trocadas (VDD no lugar de GND e vice-versa) os dodos ficaro
directamente polarizados e conduziro para o bonding PAD, protegendo assim as linhas
de alimentao.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 13
GND
VDD3r1
VDD3r2
VDD3o
VDD3r
R
R
R
R
D1 D2 D3 D4 D5 D6
Bonding
PAD
Figura 2.8 - Esquemtico de um PAD de VDD
No circuito da figura 2.9 apresentado um PAD de Massa cujo comportamento
idntico ao PAD de VDD, isto , quando as alimentaes so trocadas os dodos fazem
a proteco das linhas de massa ao entrarem em conduo.
VDD3o
R R
GND3oGND3r
D1 D2 D3 D4
Bonding
PAD
Figura 2.9 - Esquemtico de um PAD de Massa
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 14
2.4 PADs Analgicos
A tecnologia CMOS, desde algum tempo tem vindo a permitir aumentar cada
vez mais a velocidade da transferncia de informao essencialmente orientada para
aplicaes digitais. No entanto avanos da tecnologia levaram ao maior
desenvolvimento de tcnicas que pudessem ajudar na implementao de dispositivos
analgicos em CMOS, em particular dispositivos de rdio frequncia que permitiram a
implementao de sistemas de grande integrao como o bluetooth e aplicaes de
banda larga (broadband) [6].
Os PADs analgicos em tecnologia CMOS aparecem integrados nos
amplificadores operacionais, conversores de dados, osciladores, sensores, entre outros.
Fazem a ligao entre os sinais do mundo exterior com o circuito integrado e vice-versa,
fazendo com que o sinal adquirido ou a ser transmitido tenha as condies pretendidas.
Outra das funes dos PADs a proteco do circuito integrado de descargas
electromagnticas. Existem actualmente PADs de entrada/sada e de alimentao
aplicados aos equipamentos analgicos e analgicos/digitais. Os mesmos encontram-se
associados a circuitos de aquisio e tratamento de sinais analgicos e cada vez mais a
equipamentos essenciais em aplicaes de elevada integrao em RF e de banda larga.
2.4.1 PADs de RF
As aplicaes de RF tm vindo a sofrer uma enorme evoluo, levando a que os
sistemas sem fios ganhem um protagonismo cada vez maior. A adaptao cada vez mais
conseguida da tecnologia CMOS para circuitos analgicos permitiu o aparecimento de
sistemas RF de grande integrao de entre os quais se destaca os sistemas RFID (Radio
Frequency IDentification), bluetooth, Wi-Fi, ZigBee. Os PADs de RF so componentes
de grande importncia nos circuitos integrados utilizados neste tipo de tecnologias uma
vez que possibilitam uma adaptao das impedncias de entrada e de sada e a
diminuio das capacidades parasitas e proteco de eventos ESD. Deste modo, o
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 15
circuito integrado ter um melhor desempenho s altas frequncias e menor
susceptibilidade as avarias provocadas pela ocorrncia de eventos ESD. Os PADs de RF
so constitudos por elementos passivos exceptuando a proteco contra descargas
electrostticas que contem elementos activos.
2.5 Proteco Electrosttica
Ao longo deste captulo, falou-se sobre proteco ESD e a sua importncia na
indstria de circuitos integrados. Essa proteco essencial e transversal a todos os
circuitos de ligao perifrica. Nesta seco faz-se um apanhado geral sobre a
necessidade da utilizao da proteco electrosttica e sobre os circuitos utilizados para
o fazer, bem como os testes normalmente efectuados para que se possa verificar a sua
eficcia.
Na indstria de circuitos integrados as avarias derivadas da descarga
electrosttica (ESD) e sobrecarga elctrica (Electrical OverStress - EOS) representam
de entre 30% a 50% da totalidade das avarias. No entanto, as avarias devido s
descargas electrostticas so muito mais significativas em comparao com a
sobrecarga elctrica e outras causas de avarias, devido ao facto dos componentes actuais
se apresentarem com dimenses reduzidas, sendo assim mais vulnerveis.
A sobrecarga elctrica (EOS) definida como um dano sofrido por um
componente quando se excede os valores mximos previstos para o seu normal
funcionamento. Resulta de descargas electrostticas, pulsos electromagnticos,
relmpagos, ou da inverso dos pinos de alimentao positiva e negativa. Os danos
causados por sobrecarga elctrica nos circuitos integrados so geralmente graves,
dependendo da durao da sobrecarga que se situa entre 1ns a 1ms ou mais [7].
Quando a sobrecarga elctrica tem uma durao menor que 100ns chamada de
descarga electrosttica (ESD) e quando maior chamada de sobrecarga elctrica (EOS)
A descarga electrosttica no mais do que uma sobrecarga elctrica de durao
mxima de 100ns.
As correntes normalmente elevadas na ocorrncia de um evento ESD tem
tendncia a ser conduzidas para pontos do circuito relativamente subtis com espessura
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 16
inferior a 10m. Existem dois perigos principais decorrentes do esforo devido ESD.
Em primeiro lugar o perigo da avaria dielctrica do xido da porta devido alta tenso
vista durante a ocorrncia do evento ESD. Dada a utilizao em circuitos CMOS de
transstores cada vez mais pequenos, um esforo de aproximadamente 8V suficiente
para danificar o xido da porta de um transstor pelo facto da fora dielctrica do xido
de silcio ser de 8x106
V/cm e da espessura do mesmo ser da ordem dos 10nm [7].
O segundo perigo da ocorrncia de um evento ESD o dano causado pelo
aquecimento dos materiais condutores que poder levar fundio dos mesmos. A
consequncia em geral a danificao do circuito, uma vez que quando uma corrente
elevada suficientemente localizada numa rea de campo elctrico elevado, existir um
aumento da temperatura que poder dar um lugar a um fenmeno denominado de
second breakdown. Tal fenmeno iniciado quando atingida uma temperatura na
juno dreno-porta (corrente elevada implica um aumento da temperatura), em que a
carga deslocada devido ao efeito trmico igual a densidade da dopagem do lado de
maior resistividade da juno. Desta forma, forma-se uma regio condutora onde a
maior parte da corrente flui atravs do transstor.
2.5.1 Circuitos bsicos de proteco electrosttica
Os circuitos de proteco ESD tm duas finalidades essenciais: o fornecimento
de um caminho alternativo por onde a corrente elevada devido ocorrncia de uma ESD
possa circular sem que o circuito integrado seja danificado; a proteco do xido de
silcio das portas dos transstores. Desta forma, nesta seco so apresentados alguns
dos circuitos mais simples utilizados para fazer a proteco contra este tipo de avarias.
A figura 2.10 apresenta a soluo que serve de base utilizando dodos. Quando o
circuito ligado, o dodo D1 ir conduzir para qualquer valor de entrada superior a
VDD+Vd sendo Vd a queda de tenso directa do dodo, o dodo D2 conduzir para
qualquer valor inferior a -Vd. Tal estrutura possibilita a limitao da tenso mxima
sada do circuito para valores compreendidos entre Vd e VDD+Vd. No entanto o valor
mximo (no caso de um pico ESD positivo) em que esse circuito limita as tenses a tais
valores encontra-se limitado pela tenso mxima inversa suportada pelos dodos.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 17
VDD
D1
Input Output
GND
D2
D1
D2
Bonding
PAD
Bonding
PAD
Figura 2.10 Esquemtico da Proteco ESD em CMOS com dodos
No circuito da figura 2.11 apresentada uma soluo em que os dodos D1 e D2
so substitudos por transstores M1 e M2 respectivamente. Nestes transstores a juno
dreno-substrato dos mesmos tem a funo dos dodos da figura 2.11. Desta forma, o
princpio de funcionamento dos dois circuitos semelhante. Neste caso a sada
protegida pelos transstores de sada. A grande diferena prende-se com o facto da
existncia de capacidades parasitas nos transstores. No caso da ocorrncia de um pulso
ESD positivo o transstor NMOS conduzir corrente atravs do transstor BJT parasita
(num modo chamado de snapback mode - com o dreno a fazer de colector, o substrato
de base e a fonte de emissor) e o transstor PMOS tambm conduzir porque a juno
dreno-substrato deste transstor ficar directamente polarizada. De forma anloga ser o
comportamento para um evento ESD negativo.
VDDInput Output
GND
M2
M1 M3
M4
Bonding
PAD
Bonding
PAD
Figura 2.11- Esquemtico da Proteco ESD em CMOS com transstores
Na figura 2.12 ilustram-se o transstor parasita existente num transstor NMOS
fabricado em tecnologia CMOS e a sua caracterstica I-V, quando este se encontra
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 18
ligado para funcionar como dodo e na presena de um evento ESD. Durante a operao
normal o transstor est cortado. Na ocorrncia de um evento ESD positivo, aparecer
no dreno do transstor NMOS um campo elctrico de valor elevado atravs da juno
inversa dreno-substrato, provocando a sua ruptura e dando origem corrente Igen que
flui do dreno para o substrato. Esta condio demonstrada na figura 2.12b) pelo ponto
(Vt1,It1). O sufixo t1 representa o tempo necessrio para atingir esse ponto, que
dependente da tenso e do tempo de subida do sinal da descarga electrosttica. Neste
ponto verifica-se uma queda de tenso atravs da resistncia de substrato, Rsub, e
aumenta a tenso base-emissor (VBE) do BJT. Quando o valor de VBE atinge 0,7V o
transstor parasita comea a conduzir. Atinge-se o ponto Vh,Ih onde o processo de
avalanche de cargas atravs do BJT parasita inicia-se (corrente Ib). Nesta fase, a
corrente aumenta com um factor inversamente proporcional a resistncia dinmica do
substrato (1/Rsub) num modo de funcionamento chamado de snapback mode [8]. C
orr
en
te (
A)
Tenso (V)
(Vh, Ih)
(Vt1, It1)
(Vt2, It2)
1/Rsub
Porta
DrenoFonte
n+ n+IgenIb
IsubRsub
Substrato p
IESD
Figura 2.12 a)Snapback mode num transstor NMOS b) Caracterstica I-V do transstor NMOS
ligado como dodo e na presena de um evento ESD
O funcionamento no modo snapback no destrutivo enquanto o nvel de corrente no
atingir o ponto (Vt2,It2) da figura 2.12b), chamado de second breakdown. O sufixo t2
representa o tempo necessrio para atingir esse ponto. No entanto, o modo de proteco
predominante para correntes elevadas a conduo pelo modo snapback porque os
sinais de descarga ESD apresentam tempos muito curtos e no permitem normalmente
que se atinja o second breakdown. No ponto (Vt2,It2), a temperatura elevada devido a
elevada corrente. A partir deste ponto a resistividade aumenta devido a degradao da
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 19
mobilidade aumentando ainda mais a temperatura. O aumento da temperatura provoca o
aumento exponencial da concentrao intrnseca do material dopante atingindo
eventualmente o ponto mximo. Deste modo a resistividade atinge o ponto mximo e
diminui, aumentando a corrente a temperatura levando a destruio do componente [7],
[8].
Os dodos fabricados em tecnologia CMOS tm aproximadamente a mesma
tenso de ruptura que a juno dreno-substrato dos MOSFETs, no entanto possvel,
utilizando o mtodo gate-bouncing, para activar o MOSFET com tenses menores.
Vporta
VinVin
Vporta
Rporta
CDG
Bonding
PAD
Rp
ort
a
Figura 2.13- Tcnica de gate-bouncing para o NMOS e o modelo equivalente
O mtodo de gate-bouncing apresentado na figura 2.13 consiste na introduo de
uma resistncia entre a porta do transstor (NMOS ou PMOS) e a tenso de referncia
(negativa ou positiva). Esta tcnica permite controlar a tenso para a qual o transstor
inicia o modo snapback. Desta forma, em tecnologias de tenses baixas favorvel a
utilizao dos MOSFETs.
Substituindo os transstor M1 da figura 2.11 pelo esquema apresentado na figura
2.13 possvel activar o snapback mode no transstor a tenses menores e desta forma
efectuar uma proteco mais eficiente das portas dos transstores de entrada do circuito.
Portanto, na ocorrncia de um pulso ESD positivo a tenso transitria, Vin, acoplada
porta, Vporta, atravs da capacidade CDG existente entre o dreno e a porta. A tenso
transitria Vporta activa o transstor temporariamente fazendo com que o modo snapback
ocorra a valores mais baixos de tenso comparativamente no existncia da resistncia
[8]. Considerando Vin(t) =Vt , o valor da tenso Vporta dado por:
DGPORTA
DGPORTAPORTACR
tCVRtV exp1)(
2-1
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 20
No circuito da figura 2.14 apresentado um outro circuito de proteco que
consiste na combinao do mtodo apresentado na figura 2.11 com uma resistncia de
difuso. A resistncia de difuso faz com que a tenso nas portas dos transstores de
entrada seja menor.
VDDInput
GND
M2
M1
Rdiff
Bonding
PAD
Figura 2.14- Proteco ESD com transstores e resistncia de difuso
Por fim apresentado o circuito mais utilizado nos PADs de I/O para fazer a
proteco electrosttica que consiste numa combinao de alguns dos circuitos
anteriormente apresentados e que se encontra representado na figura 2.15. Neste circuito
possvel verificar a utilizao de dois andares de proteco.
M2
M1
VDD
VDD
VD
D
VDD
RdiffM3
M4
Bonding
PAD
Figura 2.15 - Proteco ESD em CMOS com dois andares de proteco
O primeiro feito pelos transstores M3 e M4 com dimenses reduzidas. Os
transstores bipolares parasitas prprios destes transstores entraro em conduo a
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 21
tenses menores protegendo assim o circuito posterior de pulsos ESD de curta durao.
O segundo andar (transstores M1 e M2 e resistncia Rdiff) protege o circuito de pulsos
ESD de longa durao. Os transstores M1 e M2 tero dimenses maiores fazendo com
que entrem em funcionamento em tempos superiores aos dos transstores M3 e M4.
Assim na ocorrncia de um pulso ESD de longa durao M1 e M2 encontrar-se-o em
conduo, conduzindo a maior parte da corrente do pulso ESD. Quanto resistncia de
difuso, Rdiff, esta servir para baixar a tenso aos terminais do buffer de entrada que se
seguir ao circuito de proteco e limitar a corrente [8].
2.5.2 Modelos de teste da proteco ESD
Quando se produz circuitos integrados com capacidade de proteco contra
eventos nocivos necessrio efectuar testes para aferir da sua real capacidade de
proteco. No caso dos PADs de I/O necessria a utilizao de modelos que simulam
condies reais de ocorrncia de eventos ESD. Nesta seco so apresentados os
modelos utilizados para testar os PADs na ocorrncia de descargas electrostticas.
Diferentes modelos so utilizados para testar diferentes tipos de descargas
electrostticas.
O modelo mais utilizado na indstria para se aferir da robustez de um circuito
integrado o human-body model (HBM).
KR 5.1
DCV
100pF
Proteco ESD
+-
MR 10
Figura 2.16 Teste HBM
Na figura 2.16 encontra-se representado o modelo HBM (tambm conhecido por
finger model). Este consiste em carregar um condensador de 100pF a uma tenso
elevada (250 a 8000V). Este condensador depois descarregado, atravs de uma
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 22
resistncia de 1.5K, num pino de I/O ou de alimentao de um circuito integrado
estando um outro pino do mesmo circuito conectado massa e os outros todos
desligados. O valor das resistncias e do condensador foram escolhidos para que o pulso
gerado seja idntico a uma descarga electrosttica provocada por um toque de um
humano nos pinos de um circuito integrado. O pulso gerado ter um tempo de subida de
poucos ns e de descida de cerca de 150ns. Mede-se a corrente nos pinos que no dever
exceder um valor previamente estabelecido. Se o valor for superior ao estipulado ento
o componente no aprovado no teste HBM [7] . Segundo a norma ANSI/ESD
STM5.1-2007, os circuitos so classificados em escales de proteco HBM de acordo
com a tenso do evento ESD suportada sem se danificar. Na tabela 2-2 apresentada a
classificao dos componentes segundo capacidade de proteco contra eventos ESD de
determinado valor de tenso pelo teste HBM.
2.6 Resumo
Neste captulo foi efectuada uma caracterizao dos vrios PADs de I/O
existentes. Numa primeira fase foi feita uma classificao geral de acordo com a
funcionalidade dos vrios circuitos. Existem dois grupos de PADs: PADs digitais e
PADs analgicos. De entre digitais temos os PADs de Entrada, PADs de Sada, PADs
bidireccionais e PADs de Alimentao. De seguida foram apresentados os conceitos
gerais associados aos PADs digitais. O foco deste trabalho foi a sua composio em
termos de diagramas de blocos. Posteriormente foram expostos os vrios diagramas de
blocos possveis dentro das categorias acima apresentados e as caractersticas de maior
importncia.
Classificao Tenso
0 < 250
1A de 250 at
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 23
Para finalizar o captulo efectuou-se uma anlise sobre a necessidade da
utilizao da proteco electrosttica nos PADs, bem como os circuitos normalmente
utilizados para se efectuar esse tipo de proteco. Apresentou-se ainda o teste human-
body-model (HBM) utilizado para aferir da capacidade de proteco do circuito
integrado.
Captulo 2 Caracterizao dos PADs de I/0
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 24
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 25
Captulo 3
Fundamentos sobre desenho de
circuitos CMOS
3.1 Introduo
Neste captulo, so apresentados os conceitos fundamentais sobre o desenho de
circuitos digitais em tecnologia CMOS. Apresenta-se uma anlise do inversor, focando
aspectos sobre o modelo de desenho e caractersticas. Segue-se uma anlise aos
circuitos combinatrios com varias entradas seguindo uma abordagem similar.
Os blocos constituintes dos vrios PADs so analisados comeando pelo buffer
de sada no inversora, passando pelo buffer com dreno aberto, o buffer com controlo
do tempo de transio, o schmitt-trigger e finalizando com o buffer tri-state. A fechar o
captulo, estuda-se o circuito CMOS de proteco ESD normalmente utilizado e as suas
caractersticas essenciais.
3.2 O Inversor CMOS
O inversor CMOS considerado um circuito fundamental no desenvolvimento
de circuitos digitais em tecnologia CMOS. O conhecimento das suas propriedades e
caractersticas de operao permite analisar outros circuitos com maior complexidade.
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 26
VDD
NMOS
PMOS
Vin Vout
CL
Figura 3.1 O inversor CMOS
O inversor CMOS esttico apresentado na figura 3.1. composto por um
transstor MOSFET (Metal-Oxide Semicondutor Field-Effect Transistor) tipo N
(NMOS) e um transstor MOSFET tipo P (PMOS) com ambas as gates ligadas entrada
e ambos os drenos ligados sada, contendo uma capacidade de carga CL. O
funcionamento do circuito bem simples: o transstor NMOS faz o pull-down da sada
do circuito quando a entrada igual ao nvel lgico 1 e o transstor PMOS faz o pull-up
quando a entrada apresenta o nvel lgico 0.
VDD
NMOS
PMOS
Vin Vout
CL
Ai pD 0,
nDi ,
VDD
NMOS
PMOS
Vin Vout
CLAi nD 0,
pDi ,
)a )b
Figura 3.2 Modelo de anlise das correntes nos transstores para a) Transio ascendente
b) transio descendente da entrada
O modelo de anlise das correntes nos transstores e na capacidade de carga
apresentado na figura 3.2 simplifica o estudo das caractersticas do inversor no domnio
do tempo. Os tempos de propagao que definem o atraso sofrido por um sinal ao
passar por uma porta lgica caracterizam a resposta transitria do dispositivo. Pode-se
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 27
estimar os tempos de propagao se considerarmos que se relacionam com os tempos de
carga e de descarga do condensador CL. A corrente que flui atravs do condensador no
domnio do tempo dada pela equao 3.1 em que pDi , e nDi , representam as correntes
de dreno dos transstores PMOS e NMOS respectivamente [9], [10].
nDpDout
Lc iidt
dVCti ,,)(
3-1
Considerando uma transio abrupta da entrada de GND para VDD (figura 3.2 a)) o
transstor NMOS fica activo, comeando a descarregar a capacidade de carga enquanto
que o PMOS se encontra cortado ( Ai pD 0, ). Deste modo o processo de descarga
descrito pela seguinte equao:
nDout
L idt
dVC ,
3-2
Caracteriza-se ento o tempo de propagao descendente tpHL da sada do inversor
relativamente a entrada ascendente. O transstor NMOS funciona na zona linear e na
saturao pelo que necessrio adicionar essas duas contribuies e integr-las. O
resultado final revela que tpHL dado por:
14
ln2
' DD
THnDD
THnDD
TtHn
THnDDn
LpHL
V
VV
VV
V
VVL
Wk
Ct
3-3
sendo CL a capacidade concentrada na sada, VDD a tenso de alimentao do circuito,
kn a transcondutncia do transstor NMOS e VTHn a sua tenso de limiar [11].
O tempo de propagao ascendente da sada tpLH estimado de forma anloga,
considerando agora o caso em que o sinal de entrada transita de VDD para GND (figura
3.2 b)). O transstor NMOS estar cortado pelo que a equao da corrente na carga :
pDout
L idt
dVC ,
3-4
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 28
Calcula-se ento atravs da integrao da equao 3.4 o tempo de propagao
ascendente da sada tpLH. A integrao feita para as regies linear e de saturao do
transstor PMOS e o seu valor dado por:
1||4
ln||
||2
||' DD
THpDD
THpDD
THp
THpDDp
LpLH
V
VV
VV
V
VVL
Wk
Ct
3-5
sendo kp a transcondutncia do transstor PMOS e VTHp a sua tenso de limiar [11].
3.2.1 Modelo de Desenho
No desenho do inversor CMOS usa-se o princpio base de equilibrar as
resistncias equivalentes dos transstores NMOS e PMOS [12]. Esta tcnica
normalmente utilizada pelos desenhadores de circuitos integrados pois aquela que
permite obter uma curva caracterstica simtrica e tempos de propagao equilibrados.
Manipulando os valores de W e de L possvel obter tal equilbrio. O desenho feito
pensando na minimizao do pior tempo de propagao.
VDD
NMOS
off
CL
VDD
CL
pDi ,
)a )b
PMOS
offeqPR
eqNR
0outV 0inVDDout VV DDin VV
nDi ,
Figura 3.3 Modelo simplificado do inversor para entrada a) alta e baixa b)
Idealmente num inversor CMOS quando um dos transstores conduz o outro
encontra-se ao corte. Desta simplificao e de acordo com a figura 3.3 possvel
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 29
verificar que para igualar as equaes 3.3 e 3.5 considerando || THpV = THnV , basta igualar
as transcondutncias dos transstores NMOS e PMOS.
Os valores das resistncias equivalentes dos transstores so inversamente
proporcionais s dimenses W e L dos transstores [9] de acordo com as equaes 3.6 e
3.7.
N
n
eqN
L
Wk
R
'
1
3-6
Pp
eqP
L
Wk
R
'
1
3-7
O parmetro 'k dependente da mobilidade dos portadores de carga e da
capacidade por unidade de rea do xido da porta do transstor, oxC , de acordo com a
equao 3-8:
oxCk '
3-8
O valor da capacidade Cox dado pela equao 3.9 em que ox e tox representam a
permitividade e espessura do xido da porta.
ox
oxox
tC
3-9
Pelo facto da mobilidade dos electres ser maior do que a das lacunas o
transstor PMOS ter de ser mais largo do que o NMOS para compensar esse factor,
permitindo desta forma obter uma razo de transcondutncias dos transstores kn/ kp
aproximadamente igual a 1. Considerando o comprimento L dos transstores fixo e
descartando o efeito da degradao da mobilidade dos portadores os valores de n e de
p so constantes para uma determinada tecnologia e pode-se compensar o desequilbrio
dos mesmos atravs dos valores de Wn e Wp. Na equao 3.10 apresentado o princpio
bsico utilizado no desenvolvimento de circuitos CMOS em que o transstor PMOS ser
vezes mais largo do que o NMOS para compensar o desequilbrio dos parmetros.
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 30
n
p
p
n
P
N
n
p
eqPeqNW
W
L
W
L
W
k
kRR
'
'
3-10
3.2.1.1 Influncia da transio da entrada e da capacidade de carga
Na seco anterior consideraram-se as transies instantneas do sinal de
entrada pelo que o transstor NMOS e o PMOS nunca se encontram simultaneamente
em funcionamento. No entanto um sinal real transita de um estado lgico para o outro
ao longo de um intervalo de tempo. Deste modo, por instantes teremos os dois
transstores em conduo levando a que exista uma dependncia dos tempos de
propagao com o tempo da transio da entrada. Os tempos de propagao de um
inversor so tambm dependentes do fan-out e da porta precedente. difcil quantificar
a influncia da transio da entrada nos tempos de propagao, no entanto existe um
modelo proposto por Hedenstierna e Jeppson [13] que postula que num inversor i
inserido numa cadeia de inversores, o tempo de propagao dado por:
1 istepi
step
i
p ttt 3-11
sendo i
stept o tempo de propagao no inversor de um degrau de entrada e um
parmetro de ajuste emprico [13].
3.2.2 Capacidade da porta do inversor
A resposta dinmica dos inversores est intimamente ligada ao conjunto de
capacidades intrnsecas dos transstores e das suas ligaes. Deste modo essencial um
conhecimento destas capacidades. Na figura 3.4 apresenta-se um transstor NMOS e as
suas capacidades constituintes.
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 31
n+ n+
p
S DG
SiO2
B
Barreira de potencial
Canal N induzido
CGSOCGB
CGS CGDCGDO
CDBCSB
Figura 3.4 Capacidades do MOSFET: vista em corte do transstor NMOS
Os tempos de propagao so ditados pelas capacidades do transstor e em
especial pela capacidade da porta.
De acordo com a figura 3.4 possvel identificar dois tipos de capacidades no
transstor. As capacidades intrnsecas (CGB, CGS, CGD, CDB, CSB) e ainda as capacidades
estruturais CGSO e CGDO (de overlap da porta). No MOSFET as capacidades da porta
existem devido a separao fsica entre a porta e o substrato e relacionam-se com a
espessura do xido debaixo da porta, tox, e com a rea da regio de difuso. A
capacidade da porta para o canal CGC dada por:
WLt
WLCCox
oxoxGC
3-12
3.2.2.1 Capacidades da porta para o canal
Na figura 3.5 so apresentadas as capacidades da porta para o canal. Estas
dependem da regio de funcionamento do transstor e da tenso aos terminais do
dispositivo pois dependem da inverso do canal.
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 32
GCC
effL
S D
G
GCCS D
G
GCCS D
G
)a Linear)bCorte )c Saturao
Figura 3.5 Capacidades da porta para o canal do MOSFET
Deste modo, para as diferentes regies de funcionamento teremos capacidades
com valores diferentes. Da figura verifica-se que no existe inverso do canal quando o
transstor se encontra ao corte pelo que a capacidade CGC surge entre a porta e o
substrato. Na regio linear existe um canal entre a fonte e o dreno, no existindo assim
capacidade CGB e por simetria a capacidade CGC estar igualmente distribuda por CGS e
CGD. Na saturao temos o canal estrangulado do lado do dreno, a simetria deixa de
existir, pelo que a capacidade CGC que aparece entre a porta e a fonte tipicamente
2/3CoxWL [14].
3.2.2.2 Capacidades de overlap
As capacidades CGDO e CGSO chamadas de capacidades de overlap so lineares
por dependerem exclusivamente da estrutura fsica do transstor. Estas capacidades
aparecem devido a sobreposio numa zona de fronteira entre a porta e o dreno e a porta
e a fonte de acordo com a figura 3.6.
effL
S D
G
nn dx
oxt
Figura 3.6 Capacidades de sobreposio da porta com as regies do dreno e da fonte
Existe uma poro xd das regies da fonte e do dreno denominada de difuso
central que se estende por debaixo do xido da porta reduzindo o comprimento efectivo
do canal, que passa a ser:
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 33
deff xLL 2 3-13
O valor da capacidade de overlap CGDO dado por [18]:
WCWxCCC odoxGSOGDO 3-14
Na tabela apresenta-se um resumo das capacidades da porta CG dos transstores
de acordo com a sua regio de operao.
Num inversor soma-se a capacidade da porta do NMOS e do PMOS pois
encontram em paralelo, de acordo com a equao 3.15
GPMOSGNMOSGINVCCC
3-15
3.2.2.3 Capacidades das junes PN
Fonte, n+
(juno
da base)
(juno lateral)
(juno lateral)CanalLs
xj
W
Substrato, P
Porta
Barreira, p+
Figura 3.7 Vista em detalhe da juno PN da fonte do MOSFET
Na figura 3.7 representa-se outra das componentes das capacidades intrnsecas
do MOSFET e que est relacionada com as regies de depleo que envolvem a fonte e
o dreno. Estas regies formam com o substrato junes PN inversamente polarizadas
Regio CGB CGS CGD CGC CG
Corte CoxWL 0 0 CoxWL CoxWL+2CoW
Linear 0 CoxWL/2 CoxWL/2 CoxWL CoxWL+2CoW
Saturao 0 (2/3)CoxWL 0 (2/3)CoxWL (2/3)CoxWL+2CoW Tabela 3-1 Resumo das capacidades do MOSFET dependente da regio de funcionamento
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 34
[15]. Estas capacidades das junes PN (fonte-substrato, CSB, e dreno-substrato, CDB)
formam-se devidas as diferentes dopagens da fonte, n+, do substrato, p, e da barreira
lateral, p+. Incluem o efeito da juno da base e da juno lateral [14]. A capacidade
total das junes PN, tambm designada por capacidade de difuso dada por:
sjswsjdiff LWCWLCC 2 3-16
em que Cj a capacidade de rea da juno da base, Ls o comprimento da juno lateral
e Cjsw a capacidade por unidade de permetro da juno lateral da regio de depleo.
As capacidades Cj e Cjsw dependem exponencialmente das tenses aplicadas a
juno por se tratar de capacidades de depleo. Genericamente a capacidade Cj dada
por:
Bm
Bjj
VCC
0
0 1 3-17
onde Cj0 a capacidade da juno sob condies de polarizao nula, VB a tenso
aplicada a juno, 0 o potencial da juno e mB o coeficiente que classifica o tipo de
juno quanto a dependncia com a tenso aplicada [14], [16].
3.3 Circuitos Combinatrios CMOS
Os circuitos de lgica combinatria CMOS so obtidos adicionando em serie
e/ou em paralelo transstores topologia do inversor. Deste modo obtm-se circuitos
com mltiplas entradas capazes de realizar mltiplas funes lgicas. Existem duas
partes distintas e complementares no circuito: uma rede composta pelos transstores tipo
N (PDN, pull-down network) e a outra composta pelos transstores tipo P (PUN, pull-
down network). Combinando essas duas redes possvel realizar funes lgicas em
que a sada uma funo de vrias entradas [17].
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 35
PUN
PDN
VDD
1In2In
NIn
NIn
1In2In
NInInInF ,...,, 21
Figura 3.8 Constituio de um circuito combinatrio
Na figura 3.8 apresentada a constituio de um circuito combinatrio. O PUN
tem a funo de fazer o pull-up da sada (ligar a sada a VDD) para todas as combinaes
de entradas em que a sada F 1. O PDN tem a funo de fazer o pull-down da sada
(ligar a sada a massa) para todas as combinaes de entrada em que a sada F 0.
Pode-se concluir que o PUN e o PDN so circuitos mutuamente exclusivos e duais entre
si. Logo um conjunto de transstores NMOS em serie no PDN corresponde a um
conjunto de transstores em paralelo no PUN e vice-versa [14]. Esta uma das regras
bsicas para a construo de circuitos combinatrios CMOS. A ligao de transstores
PMOS em paralelo realiza a funo NAND, pois existe um caminho efectivo entre a
sada e o VDD sempre que uma das entradas se encontra no nvel lgico 0. Enquanto
que a ligao em srie realiza a funo NOR, pois existe um caminho entre a sada e
VDD somente quando todas as entradas se encontram no nvel lgico 0. De forma
anloga a ligao de transstores NMOS em srie produz a funo NAND e em paralelo
a funo NOR. Deste modo possvel construir variadssimas funes partindo da
construo ou do PUN ou do PDN. Uma vez definida uma das redes, a outra a sua
dual. De salientar que os circuitos combinatrios construdos neste esquema so
circuitos de lgica negativa. Portanto, quando se pretende uma configurao em lgica
positiva necessrio introduzir um inversor na sada, como o caso das portas AND e
OR.
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 36
3.3.1 O inversor equivalente
Como j foi referido anteriormente a anlise efectuada ao inversor pode ser
estendida para circuitos mais complexos. Deste modo, possvel construir o chamado
inversor equivalente, que reflecte o comportamento da porta completa e torna mais
simples o seu estudo. Sendo assim, o dimensionamento dos transstores das portas
lgicas com vrias entradas tem por base este inversor equivalente.
A regra bsica de dimensionamento das portas lgicas de mltiplas entradas diz-
nos que se deve equilibrar as resistncias equivalentes dos piores percursos do PUN e
do PDN, fazendo com que a caracterstica de transferncia esteja o mais centrado
possvel e os tempos de propagao, no pior caso, sejam aproximadamente iguais ao do
inversor tido como referncia. Portanto, a resistncia associada ao PUN, ReqPUN , deve
ser sempre menor ou igual resistncia do PMOS do inversor de referncia. O mesmo
deve ser aplicado quanto a resistncia associada ao PDN, ReqPDN, e a resistncia do
NMOS do inversor de referncia.
Figura 3.9 Porta NOR de n entradas
Assim, no dimensionamento da porta NOR de n entradas da figura 3.9 as
equaes 3-18 e 3-19 devem ser respeitadas.
VDD
nInInInF ,...,211P
2P
nP
1N 2N nN
1In
2In
nIn
nIn2In1In
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 37
nPPP
eqPUN
L
W
L
W
L
W
L
W
1......
11
1
21
3-18
nNNNeqPDNL
W
L
W
L
W
L
W
1.........
111
21 3-19
Na figura 3.9 encontra-se representada uma porta NAND de n entradas.
Figura 3.10 Porta NAND de n entradas
Os transstores da figura 3.10 devem respeitar as equaes 3-20 e 3-21.
nNNN
eqPDN
L
W
L
W
L
W
L
W
1........
11
1
21 3-20
nPPPeqPUNL
W
L
W
L
W
L
W
1.........
111
21 3-21
VDD VDD VDD
1P 2P nP
1N
2N
nN
nInInInF ,...,21
1In 2In nIn
nIn
2In
1In
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 38
Os circuitos de topologia NAND so mais utilizados comparativamente aos
circuitos NOR [11] por apresentar melhor resposta transitria na presena do mesmo
nmero de entradas.
3.4 O Buffer no inversor
O buffer um inversor constitudo por transstores de relao (W/L) vezes
maior do que o inversor de referncia da lgica interna de acordo com a figura 3.11.
2 N1
gC dC gC dC2gC
2dC gN C d
N C loadC
Buffer
Inversor
Referencia
Figura 3.11 - Buffer com N inversores
A capacidade Cg representa a capacidade de entrada do primeiro inversor e a
capacidade Cd representa a capacidade de dreno no inversor de referncia.
O aumento das dimenses (W/L), multiplicado pelo factor , implica que a capacidade
de entrada de cada inversor maior que o anterior, multiplicado pelo factor e a
resistncia equivalente menor, dividido pelo mesmo factor . Os tempos de
propagao mantm-se por serem directamente proporcionais as resistncias
equivalentes dos transstores e suas capacidades de entrada e de sada.
Assim, se a capacidade de carga Cload considerada for igual a capacidade de entrada do
ltimo inversor da cadeia, temos ento:
loadg
N CC 1 3-22
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 39
Todos os inversores tm o mesmo tempo de propagao de acordo com a
equao 3-23:
gd
gd
ppCC
CCtt
0
3-23
em que tp o tempo de propagao de cada inversor do buffer e tp0 representa o tempo
de propagao do inversor de referencia quando ligado a um outro inversor idntico. O
tempo total de propagao da entrada at a carga dado pela equao 3-24:
gd
gd
ptotalCC
CCtNt
01 3-24
Da equao 3-25 possvel verificar a relao entre o nmero de inversores do
buffer N e o factor dado pela equao 3-24:
ln
ln
1
g
load
C
C
N 3-25
Combinando as equaes 3-24 e 3-25 obtm-se:
gd
gd
p
g
load
totalCC
CCt
C
C
t
0
ln
ln
3-26
De modo a minimizar o tempo de propagao necessrio calcular o valor
ptimo de [11]. A equao 3-26 ento derivada em ordem a , igualada a zero
obtendo a equao 3-27.
0
ln
1
ln
1
ln20
gd
g
gd
gd
g
load
p
total
CC
C
CC
CC
C
Ct
t
3-27
Resolvendo a equao 3-27 obtm-se o valor ptimo de :
g
d
C
C1ln 3-28
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 40
Se desprezarmos o valor de Cd teremos um caso especial em que = = 2.718.
No entanto se considerarmos essa capacidade o valor de ptimo ser
aproximadamente igual a 3.6 [18].
3.5 O Buffer com dreno aberto
Em certas aplicaes necessria a capacidade de configurao externa do valor
sada, pelo que nos PADs utiliza-se o buffer com dreno aberto apresentado na figura
3.12. Tal aplicao , utilizada essencialmente quando se pretende ter a capacidade de
configurao pelo utilizador, ou seja, permitir que o utilizador possa, atravs de
resistncias de pull-up/pull-down exteriores, adaptar o fan-out da porta s condies de
cargas reais.
M7
A
Buffer Dreno Aberto
Y
Figura 3.12 - Esquemtico tpico do Buffer no inversor com dreno aberto (NMOS)
Quando o transstor utilizado para se fazer o dreno aberto um transstor tipo N,
como apresentado na figura 3.12 com o transstor M7, a sada Y encontra-se em alta
impedncia quando o valor presente na entrada A do circuito equivalente ao valor
lgico 1. Para o valor de entrada equivalente ao nvel lgico 0, o valor sada do
mesmo 0. De modo anlogo se o transstor M7 do tipo P, para o valor lgico 0
presente entrada, a sada encontra-se em alta impedncia e para o valor lgico presente
entrada 1, o valor lgico presente a sada corresponde ao nvel lgico 1. O
dimensionamento dos buffers com dreno aberto efectuado de acordo com a carga que
se pretende atacar, sendo por isso da responsabilidade do utilizador final.
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 41
3.6 O Buffer com controlo de rudo
Nesta seco do trabalho apresentada uma das solues, muito frequentemente
utilizada nos PADs de sada que permite que o rudo presente das alimentaes no
aparea sada do circuito. Trata-se do buffer com controlo do rudo. O controlo do
rudo das alimentaes efectuado no buffer de sada de acordo com o circuito da
figura 3.13.
VDD3r
M6
M5
A
VDD3o
M8
M7
Y
Figura 3.13 - Esquemtico de um Buffer de sada com controlo de rudo
Da figura possvel verificar que o existem dois circuitos de pull-up / pull-down do
circuito associados sada em substituio de um inversor nico (no caso de um buffer
de sada de quatro inversores). As fontes de alimentao VDD3r e VDD3o so ligeiramente
diferentes, sendo fornecidas pelo PAD de VDD, conforme se apresentou na seco 2.3.4.
Deste modo, se uma das alimentaes apresentar oscilaes a outra corrigir o sinal. Por
exemplo, ao pretendermos colocar sada o valor VDD (valor lgico 1), os transstores
M5 e M7 conduziro fazendo o pull-up da sada. No entanto se uma das alimentaes
VDD3r ou VDD3o oscilar a outra alimentao utilizada para compensar, fazendo com que
a sada se mantenha estvel e imune ao rudo da alimentao. Quando existe um buffer
como o da figura 3.11 onde no existe o controlo do rudo, o facto de a alimentao
oscilar produz uma oscilao na sada.
Captulo 3 Fundamentos sobre desenho de circuitos CMOS
Desenho de PADs digitais de I/O em tecnologia CMOS 42
A diviso do andar de sada provoca um abrandamento das transies e limita os
efeitos das harmnicas de segunda e terceira ordem presentes normalmente em circuitos
integrados com tempos de propagao reduzidos.
3.7 O Schmitt-trigger
De entre os circuitos utilizados no projecto de PADs salienta-se o Schmitt-
trigger. O Schmitt-trigger utilizado nos PADs de entrada em substituio do buffer de
entrada no inversora. Os PADs de entrada recebem sinais que dependem de outros
circuitos com condicionantes exteriores. Estes sinais podem estar afectados pelo rudo,
alm de exibirem transies lentas. Nestas condies necessria a utilizao do
circuito Sch