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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME - MDS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO R.G.SUL - FAURGS REDE INTEGRADA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - R E D E S A N CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES PÚBLICOS DE SAN FGP-SAN-2010 MÓDULO II PRODUÇÃO TEXTUAL FINAL (MB) ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN Título: Cozinha Comunitária do Município de Santarém, PB e Políticas Municipais de Segurança Alimentar Nutricional. Autor: Joaquim Miguel Amorim Filho. Palavras Chave: Políticas Municipais; SAN; Cozinha Comunitária. Categoria: MB Cozinha Comunitária do Município de Santarém, PB e políticas municipais de segurança alimentar Nutricional Joaquim Miguel Amorim Filho SANTARÉM (PB) SETEMBRO DE 2010

Joaquim Miguel Amorim Filho - Rede Integrada de Segurança

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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME - MDS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO R.G.SUL - FAURGS

REDE INTEGRADA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - R E D E S A N

CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES PÚBLICOS DE SAN – FGP-SAN-2010 MÓDULO II – PRODUÇÃO TEXTUAL FINAL (MB)

ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN Título: Cozinha Comunitária do Município de Santarém, PB e Políticas Municipais de Segurança Alimentar Nutricional. Autor: Joaquim Miguel Amorim Filho. Palavras Chave: Políticas Municipais; SAN; Cozinha Comunitária. Categoria: MB

Cozinha Comunitária do Município de

Santarém, PB e políticas municipais de

segurança alimentar Nutricional

Joaquim Miguel Amorim Filho

SANTARÉM (PB) SETEMBRO DE 2010

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME - MDS

FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO R.G.SUL - FAURGS

REDE INTEGRADA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - REDESAN-2010

CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES PÚBLICOS DE SAN – FGP-SAN-2010

MÓDULO I – FUNDAMENTOS DE SAN

PRODUÇÃO TEXTUAL FINAL

Cozinha Comunitária do Município de Santarém, PB. e Políticas

Municipais de Segurança Alimentar Nutricional

Joaquim Miguel Amorim Filho Santarém/PB – (83) 9938-8030 [email protected]

Trabalho apresentado como requisito de conclusão do

Curso de Formação de Gestores Públicos de SAN-2010

[O conteúdo e forma do trabalho são de responsabilidade do(s) autor (es)]

SUMÁRIO

1. Introdução - 04

2. Contextualização – 04

3. Identificação do Projeto – 05

3.1 Título do Projeto – 05

3.2 Proponente - 05

4. Política do equipamento – 05

5. Missão do equipamento – 06

6. Público Alvo – 06

6.1 Público beneficiário – 06

7. Objetivos – 07

7.1 Objetivo geral – 07

7.2 Objetivos específicos – 07

8. Equipamentos Públicos na Rede de Políticas de Proteção e Promoção Social – 08

8.1 Políticas de Proteção e Promoção Social em Santarém – 09

9. Estratégias de Implantação – Metodologia – 12

10. Sustentabilidade ambiental – 14

11. Integração e Multifuncionalidade – 15

12. Estratégias de Sustentabilidade Econômica - 17

12.1 Programas Parceiros (Em Potencial) – 19

12.2 Equipe Técnica – 19

12.3 Custo da Refeição – 20

13. Cronograma – 21

14. Estimativa de Custos para Implantação – 21

15. Controles Gerenciais – 22

15.1 Controle Administrativo e Financeiro – 22

15.2 Potencialidades Produtivas do Município – 24

15.3 Monitoramento e Avaliação – 25

15.4 Pontos a serem desenvolvidos ou em faze de desenvolvimento – 26

16 Impactos – Resultados Esperados – 27

17 Considerações Finais – 28

17.1 Relação de Leis, Decretos e Portarias (Anexos) – 28

17.1.1 Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional - 28

17.1.2 Saúde e Alimentação – 229

17.1.3 Produção Agrícola e Segurança Alimentar e Nutricional – 29

18 Referências Bibliográficas – 31

ANEXOS – Leis, Decretos e Portarias

1 – INTRODUÇÃO

Este trabalho faz uma releitura da proposta de instalação de uma Cozinha

Comunitária, que se encontra em fase de construção, no município de Santarém,

Estado da Paraíba e é também o esforço de uma compilação da sistematização

dos estudos realizados, no período de nove semanas, que compõem o módulo II

do Curso de Formação de Gestores Públicos de Segurança Alimentar Nutricional,

disponibilizado para pessoas interessadas e comprometidas com a causa de

erradicação da fome, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome - MDS, Fundação de Apoio da Universidade Federal do RS - Faurgs e

Rede Integrada de Equipamentos Públicos de Segurança Alimentar e Nutricional -

R E D E S A N.

Partindo da contextualização do município e da sua situação atual em

relação a SAN são propostas sugestões que pretendem contribuir para o bom

desempenho de uma Cozinha Comunitária, em fase de implantação neste

município. O projeto leva em consideração a localização geográfica, a situação

econômica da população e a demanda existente no município, visando

contribuir para a erradicação da fome e o cumprimento das responsabilidades

das três esferas da administração pública, prevista na Constituição Federal. Foi

realizado um levantamento dos instrumentos legais que tratam diretamente da

Segurança Alimentar Nutricional do município e daqueles que dialogam com

seus objetivos (anexos), compondo um pré-diagnóstico das potencialidades

para realização de ações integradas, de multifuncionalidade do equipamento e

sustentabilidade, social, econômica e ambiental.

2 – CONTEXTUALIZAÇÃO

O Município de Santarém, PB, está situado na Mesoregião do Sertão

Paraibano e na Microregião de Cajazeiras – semiárido brasileiro/paraibano –

com uma área territorial de 74 km². Seu Índice de Desenvolvimento Humano

(IDH) é de 0.579, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano/PNUD (2000)

e PIB percapita 2.946,00.

A principal atividade econômica é a agricultura familiar. O desequilíbrio

das chuvas, somado à falta de estrutura de produção, entre outros fatores,

coloca o município em situação de subdesenvolvimento, com várias

consequências como problemas de saúde, baixa auto estima, migração, fome,

e fatores consequentes dessa situação. Por esta razão a maioria dos jovens

esperam completar 18 anos para migrarem para os grandes centros em busca

de trabalho e melhores condições de vida, tendo em vista a falta de perspectiva

e a privação de direitos básicos. Dados como estes e a vivência com tantas

pessoas em extrema situação de pobreza e insegurança alimentar, evidenciam

a necessidade de se pensar em políticas e projetos para enfrentamento da

pobreza e da fome que atinge boa parte dos municipes de Santarém.

Assim, com o intuito de oferecer refeições nutricionais balanceadas e

seguras com todos os nutrientes indispensáveis para uma refeição saudável e

nutritiva, para pessoas que se encontram em estado de insegurança alimentar

e nutricional, preferencialmente pessoas sem renda ou de baixa renda, foi

elaborado um projeto para promover ações de fornecimento de refeições e

intervir no processo de Educação Alimentar, combatendo o desperdício,

introduzindo novas práticas de hábitos alimentares saudáveis, promovendo a

cidadania e prevenindo doenças decorrentes da desnutrição e más hábitos

alimentares, bem como introduzindo noções de preservação e conservação do

meio ambiente.

3 – IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

3.1 – Título do projeto: “COZINHA COMUNITÁRIA DE SANTARÉM” –

apresentado ao MDS para instalação de um equipamento (CC), no município

de Santarém, PB.

3.3 – Proponente: “PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTARÉM”, criando

políticas para combater a fome e a pobreza, no município.

4 – POLÍTICA DO EQUIPAMENTO

No corpo do projeto não há um título, identificado como missão ou

política. O que se apresenta aqui foi construído a partir da leitura do referido

projeto e representa apenas uma proposta que poderá ser substituída ou

eliminada de acordo com a equipe gestora do equipamento em comum acordo

com a gestora municipal. O nosso propósito é apresentar, tanto para a política

de segurança alimentar e nutricional, quanto para a missão do equipamento,

sugestões que possam contribuir para o amadurecimento da vocação do

equipamento. É evidente que os referidos conteúdos não foram colocados aqui

aleatoriamente. Foi feita uma leitura minuciosa do projeto e a partir disso, se

pensou num texto como proposta de política e missão do equipamento. Assim

foi identificado como política a criação, implementação e fortalecimento das

políticas públicas de Segurança Alimentar Nutricional, para a promoção do

acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade

suficiente, sem comprometer o acesso às outras necessidades essenciais,

disseminando práticas alimentares promotoras de saúde, respeitando a

diversidade cultural, incentivando uma produção social, econômica e

ambientalmente sustentável.

.

5 – MISSÃO DO EQUIPAMENTO

Aqui se aplica o mesmo argumento do texto anterior, o que não impede

perceber que a missão do projeto está voltada para o Desenvolvimento de

ações de conscientização de boas práticas alimentares para possibilitar o

acesso à alimentação balanceada e de boa qualidade as pessoas identificados

em situação de maior insegurança alimentar e nutricional do município de

Santarém.

6 – PÚBLICO ALVO

Pessoas em situação de maior insegurança alimentar e nutricional,

pessoas sem renda ou com baixa renda e beneficiários do Programa Bolsa

Família (cadastradas pelo CRAS).

6.1 – Público beneficiário

Pessoas cadastradas, selecionadas e encaminhadas pela equipe técnica

do CRAS (100 pessoas isentas de pagamento), beneficiando também, como

forma de alocar recurso para contribuir na sustentabilidade do projeto

trabalhadores formais, informais, autônomos, comerciários, visitantes,

trabalhadores da construção civil, estudantes, idosos, desempregados,

agricultores, e comunidade em geral.

7 – OBJETIVOS

7.1 – Objetivo geral

Implantar uma cozinha comunitária no município de Santarém

(PB), visando atender diariamente, no mínimo, 100 pessoas em situação

de insegurança alimentar, através da oferta de refeições nutricionais

balanceadas e seguras.

7.2 – Objetivos específicos

Ampliar as condições de acesso aos alimentos por meio da produção,

em especial da agricultura tradicional e familiar;

Promover a saúde, a nutrição e a alimentação adequada da população,

incluindo grupos populacionais específicos em situação de

vulnerabilidade social;

Reduzir os índices de anemia e desnutrição;

Atuar junto ao CRAS com o propósito de enfrentar carências alimentares

e nutricionais, fornecendo uma alimentação adequada aos que não

conseguem suprir por meios próprios suas necessidades alimentares e

nutricionais;

Gerar emprego e renda e desenvolvimento social, econômico e urbano;

Cadastrar beneficiários indicados pelo Centro de Referência e

Assistência Social, realizando atendimento/acompanhamento nutricional,

para garantir a disponibilidade e o acesso diversificado, respeitando

nossa cultura, hábitos alimentares à alimentação sadia;

Realizar atividades de formação em manipulação de alimentos

adequados e bons hábitos alimentares;

Promover o fortalecimento da cidadania através da oferta de refeições

saudáveis, contribuindo para a efetivação dos instrumentos legais de

SAN;

Disponibilizar e estimular o uso do equipamento pela comunidade, bem

como pelos Programas de transferência de Renda;

Buscar parcerias, como forma sustentabilidade.

8 – EQUIPAMENTOS PÚBLICOS NA REDE DE POLÍTICAS DE

PROTEÇÃO E PROMOÇÃO SOCIAL

Os equipamentos públicos (feiras populares, cozinhas e restaurantes)

são uma Rede de Proteção e Promoção Social, na área das políticas públicas

de segurança alimentar, através dos bens serviços disponibilizados, resultando

em maiores impactos quando articulados com outros programas.

Sua vocação está voltada para a promoção, garantia e proteção do

direito humano à alimentação, com fundamentação referenciada na

Constituição Federal (Emenda Constitucional 64 aprovada em Fevereiro de

2010) e participação na construção e implementação de políticas públicas

relacionadas à segurança alimentar Nutricional, com o objetivo de “reduzir as

desigualdades sociais, por meio da prevenção a situações de riscos

decorrentes da pobreza, da privação e do precário acesso aos serviços

públicos, o qual coaduna-se com o objetivo fundamental do Estado Brasileiro

de erradicar a pobreza, a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais (BRASIL, 1988).”

Assim a alimentação e a produção de alimentos saudáveis, têm

sustentação e viabilidade, principalmente no comprometimento das pessoas

(gestoras) envolvidas, responsáveis pela efetivação das políticas e na

articulação dos programas, que se fortalecem mutuamente. Um exemplo

prático disso é a articulação dos equipamentos com o PAA que se trata da

produção, comercialização e consumo da produção local. Através de recursos

e financiamentos públicos para se comprar a produção da Agricultura Familiar

e abastecer a rede de proteção social, o MDS disponibiliza o PAA para

gestores públicos, comunidades, produtores de alimentos e consumidores

integrados no sistema público agroalimentar, com prioridade para os

equipamentos públicos em funcionamento. É necessário evidenciar que a fome

é uma situação de insegurança alimentar, mas relaciona-se com todo sistema

econômico, sobretudo com o que influencia o poder das pessoas de adquirir

alimentos. 1

A Rede de políticas de proteção e promoção social propõe ampliar as

condições de acesso aos alimentos por meio das várias ações desse sistema

de garantia de direitos, conforme a Lei n. 11.346, de 15 de setembro de 2006,

que no seu artigo 4°, inciso I, trata da “ampliação das condições de acesso aos

alimentos”.2

A Rede de Equipamentos Públicos de Alimentação e Nutrição

(REDESAN) é um grande passo. Contudo, percebe-se que, apesar dos

esforços e conquistas, o processo de integração da PNSAN ainda está em

construção. Há ainda a necessidade de avanços significativos, no sentido de se

pensar num ajustamento para a efetivação nacional das políticas de SAN,

considerando a sua complexidade, o contraste social das diferentes regiões e a

amplitude do território brasileiro.

8.1 – Políticas de Proteção e Promoção Social em Santarém

A população do Município de Santarém tem como principais fontes de

renda a agricultura, aposentadorias, empregos vinculados ao governo

municipal e benefícios de transferência de renda dos Programas Federais. O

mapa de pobreza e desigualdade dos municípios brasileiros de 2003

1 TEXTO DIDÁTICO da SEMANA S-01/II - Módulo II: GESTÃO DE EPAN

2 Idem.

levantados pelo IBGE aponta para o município de Santarém uma incidência de

Pobreza de 55,68 %. O governo municipal está em busca de políticas

municipais voltadas para a realidade das famílias em situação de

vulnerabilidade social e que estão nessa margem de pobreza, inclusive as que

criam condições de oferecer segurança básica como alimentação, nutrição,

educação, saúde e lazer.

Não diferente dos municípios de pequeno porte do alto sertão paraibano,

a realidade sócio-econômica do município de Santarém está relacionada a

agricultura familiar de subsistência, limitada a escassez de chuvas ou pelo

aumento contingencial das precipitações, gerando uma sociedade

economicamente fragilizada e necessitando de apoio e incentivos para a

melhoria da qualidade de vida da população.

O território de abrangência do CRAS, Centro de Referencia da

Assistência Social, que deverá atuar como parceiro deste projeto está

relacionado às famílias em situação de risco e exclusão social. Os maiores

desafios a serem superados por esta entidade estão vinculados às más

condições alimentares e nutricionais de um número significativo de famílias

residentes no território deste município. São conseqüências de maus hábitos

alimentares, dificuldades econômicas, desemprego, e baixa qualidade de vida.

Neste sentido se busca minimizar as insuficiências alimentares e nutricionais,

inicialmente, de no mínimo 100 cidadãos, grande parte deles, moradores no

centro da cidade de Santarém, que não tem acesso a uma alimentação

balanceada. Esta ação pretende elevar a auto estima dos beneficiários,

fortalecendo-os para que reconheçam o seu papel como cidadãos de direito

assegurados, contribuindo para a efetivação do instrumento legal - Lei nº.

11.346 de 15 de Setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança

Alimentar e Nutricional e dos instrumentos legais municipais, inicialmente,

através da implantação de uma Cozinha Comunitária, mas com o propósito de

buscar a implementação de outros programas (deste Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS ou não).

As políticas de proteção e promoção social de Santarém estão

relacionadas com O Programa de Proteção Social Básica e Proteção Especial,

integrado no CRAS, através do Programa de Atenção Integral às Famílias e as

ações relacionadas aos programas como atendimento direto de informações,

cadastramento de famílias ainda não cadastradas, reuniões, palestras e

eventos voltados para elevação da auto-estima da população e garantia de

direitos da Criança e do Adolescente. Também realiza cursos voltados para o

público do CRAS com vistas a contribuir na formação profissional e geração de

renda, assim como levantamento das pessoas cadastradas no Programa Bolsa

Família.

Em 2009 e 2010 foram realizadas algumas ações pontuais de repasse

de gêneros alimentícios, advindos da CONAB para vítimas das enchentes

(2009) e para pessoas em maior situação de insegurança alimentar, em 2010,

por conseqüência da falta de chuvas.

Com base nos dados das gestões municipais anteriores foi detectado

que em 2006 o município foi contemplado com o Programa Compra Direta,

beneficiando a agricultura familiar local e proporcionando oportunidades de

aumento do consumo da produção interna, mas em virtude da ingerência

administrativa não houve resultados significativos com a execução deste

programa, resultando no seu cancelamento. Espera-se, no entanto, que com os

projetos atuais e práticas efetivas, possa-se retomar este tão necessário

Programa no município de Santarém.

É a partir deste contexto que a Prefeitura Municipal, com a participação

do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional e da Câmara

Intersecretarial de Segurança Alimentar e Nutricional, pretende formular

políticas que possam assegurar o direito a alimentação adequada à população,

considerando que isto é direito garantido por lei, indispensável à dignidade da

pessoa humana e cabe aos governantes, em todas as esferas, adotarem ações

inerentes à promoção e garantia da segurança alimentar e nutricional

sustentável da população. Dessa forma, o município de Santarém (PB), está

iniciando o processo de implantação de uma unidade de preparação e

distribuição de refeições para famílias em situação de maior vulnerabilidade –

Cozinha comunitária -, garantindo, gratuitamente, no mínimo 100 (cem)

refeições diárias, tipo jantar, para famílias selecionadas pela equipe técnica do

CRAS. O equipamento também comercializará refeições (para público não

contemplado, nos cadastros do CRAS – visitantes, funcionários públicos e

demais interessados), como forma de alocação de recursos para contribuir com

a sustentabilidade econômica do projeto, como também utilizará o espaço para

formação em produção e manipulação de alimentos e outras possíveis formas

de contribuição para o desenvolvimento da população do município.

9 – ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO - METODOLOGIA

Elaboração do Projeto Básico de Arquitetura e Relatórios Técnicos (já

executado);

Assinatura de convênio com a Caixa Econômica Federal;

Execução de Obras – Convênio já assinado;

Identificação das famílias em situação de insegurança alimentar e

nutricional – estamos em contato permanente com a equipe técnica do

CRAS, advertindo-a da necessidade de se começar a mapear as pessoas

em situação de maior insegurança alimentar;

Cadastramento das famílias, articulação e integração com o CRAS e

beneficiários do programa Bolsa Família – ação desenvolvida

sistematicamente, pelo CRAS;

Seleção das famílias em situação de insegurança alimentar nutricional e

beneficiários do bolsa família – esta ação deverá ser concluída no final da

execução e equipagem da cozinha, para evitar sentimento de frustração,

caso haja atraso na montagem e entrega do equipamento;

Seleção e qualificação dos profissionais envolvidos. Tendo em vista a

demanda da mão de obra necessária para o equipamento já foi realizado

um curso aberto à comunidade de capacitação para auxiliares de cozinhas,

ministrado pelo SENAC/PB, com duração de 200 horas/aulas, abordando

os seguintes conteúdos: Introdução aos serviços de hotelaria e

restauração, história da gastronomia, boas práticas em manipulação de

alimentos e técnicas de trabalho. Outros conteúdos necessários para o bom

funcionamento do equipamento deverão ser abordados em outro curso, a

partir da necessidade e conveniência da equipe envolvida a ser, ainda

selecionada;

Aquisição dos equipamentos, utensílios e materiais permanentes e de

consumo – etapa a ser desenvolvida no final do cronograma, assim como

as ações a seguir;

Instalação e testes de equipamentos;

Contratação de pessoal

Sensibilização e envolvimento da comunidade local, parceiros e visitantes

no processo de sustentabilidade das ações da Cozinha Comunitária;

Realização de funcionamento experimental da Cozinha Comunitária de

Santarém;

Inauguração;

Monitoramento, avaliação e sistematização pelo COMSEA e equipe técnica

do CRAS, a partir das planilhas de controle e visitas sistemáticas.

Segundo o projeto a implantação da Cozinha Comunitária no município de

Santarém contará, em todas suas fases, com a participação de órgãos da

administração pública e com a atuação dos representantes da sociedade civil

através de instâncias ligadas à Segurança Alimentar e Nutricional.

O cardápio3 deverá ser devidamente planejado, elaborado e orientado pela

nutricionista do município, acompanhado pelo COMSEA e Câmara

Intersecretarial, considerando a produção (local) da época, atendendo as

necessidades nutricionais dos beneficiários e valorizando a cultura local.

Como orientação estratégica recomenda-se a realização de um

levantamento de recursos humanos, que atenda a necessidade do programa,

cuja seleção leve em consideração o perfil profissional, afinidades e

3 Julgou-se inviável investir, neste momento, numa proposta de cardápio, considerando o

formato de sua construção coletiva, apresentada no projeto proposto.

habilidades identificadas com o projeto, durante a fase de execução da obra

(faltam 16 meses). Assim se poderá prevê o tempo para realizar as

capacitações de qualificação profissional nas diversas áreas.

O acompanhamento e monitoramento nutricional deverão ser feitos pela

equipe técnica do Centro de Referência de Assistência Social em parceria com

a Secretaria Municipal de Saúde (nutricionista), pelo COMSEA e Câmara

Intersecretarial. Já as ações de controle deverão ser desenvolvidas,

diariamente, pela equipe executora, utilizando planilhas4 apropriadas para cada

ação, nos diversos setores.

10 – SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

“atualmente, em todo o planeta fala-se muito sobre ecologia, meio

ambiente e manejo sustentado dos recursos naturais renováveis.

Porém, somente uma pequena parte da população possui

conhecimento suficiente para entender a dinâmica e as inter-

relações que ocorrem entre os diferentes ecossistemas que

existem no mundo". (Evania Schneider)

Está previsto um planejamento focado na sustentabilidade ambiental

diretamente ligado ao uso, re-uso e reciclo, dependendo do ciclo de vida de

cada produto utilizado na Cozinha Comunitária de Santarém. Além disso, a

articulação que se prevê estabelecer entre o Equipamento, as diversas

Instituições e a comunidade local, possibilita importantes oportunidades para

um planejamento eficaz das ações de preservação ambiental. Algumas ações

estão, já, em faze de execução: os projetos Escola Limpa e Horta na Escola,

desenvolvidos na escola municipal da sede, trazem, desde já, algumas boas

contribuições práticas, tanto no que se refere a aquisição de noções sobre a

importância de preservação do meio ambiente, quanto na conscientização da

importância de hábitos alimentares saudáveis e ainda a contribuição dos

4 PINTO, Derli Antunes. Gestão de equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional

- Coleção Gente SAN. Volume 2. Passo Fundo. IFIBE, 2009 – Pg. 30-51. Será disponibilizado, junto com 01 cópia deste trabalho, um exemplar do referido livro para a gestora municipal e/ou Secretaria Municipal de Promoção Social.

produtos para a alimentação escolar e outros conteúdos transversais. Embora

projetos de hortas comunitárias e hortas escolares apresentem dificuldades

relativas à continuidade, elas se prestam muito bem a este papel específico,

uma vez que o objetivo principal, neste caso, é usá-la como instrumento para a

educação alimentar, além do fato deste projeto também está relacionado com

preservação do meio ambiente. Desse modo espera-se que os poderes

públicos federal e estadual correspondam aos seus níveis de atuação para que

o governo municípal possa realizar uma excelente execução na gestão do lixo

e disponibilize condições para que a Cozinha Comunitária faça a sua parte, já

que ações isoladas não têm o mesmo impacto de ações desenvolvidas

coletivamente. Assim se deseja intervir na reversão do nosso problema cultural

(lixo na rua) para uma mentalidade de responsabilidade coletiva, na mudança

daquilo que nos incomoda a partir de nós mesmos.

11 – INTEGRAÇÃO E MULTIFUNCIONALIDADE

A integração e multifuncionalidade dos equipamentos possibilitam, além

de maior alcance e estreitamento das relações com usuários, a interação com

as diversas políticas locais, assim como o crescimento das possibilidades de

ações5 que podem ser desenvolvidas junto aos usuários, através de estímulos.

Para o município de Santarém, considerando a sua área territorial, o

número da população e o nível de interesse da gestão municipal atual,

mobilizar, integrar os diversos setores, tranversalizar e integrar ações e

programas, será uma tarefa relativamente fácil. A dificuldade que se pode

visualizar à médio ou longo prazo, será maior no que diz respeito à

conscientização dos produtores locais. Aqui se apresenta já a necessidade

dessa interação com os diversos programas para que aos poucos se possa

combater práticas indesejáveis, relacionadas à este processo. Desse modo,

5 Hortas comunitárias podem ser trabalhadas com várias famílias e podem tanto ser completar

a outros alimentos na suas próprias casas, como podem ser comercializadas e complementar renda.

considerando o número de secretárias, no município (sete)6, é possível, à nível

de prefeitura, visualizar os setores que podem potencializar os benefícios

oferecidos pelo Equipamento. Quatro delas devem estar sintonizadas com as

ações da Cozinha Comunitária: a Secretaria de Ação Social, Educação, Saúde

e Agricultura. Evidentemente se espera a importante contribuição da Câmara

Intersecretarial de Segurança Alimentar do município de Santarém e do

Conselho Municipal de Segurança Alimentar Nutricional (COMSEA). A

secretaria de Agricultura deverá ser forte aliada nas ações de prevenção,

preservação e manipulação, na produção agrícola local.

Diante disso se pode prevê que não haverá grandes dificuldades na

superação dos desafios, que cabem na realidade deste município,

contemplados no DOCUMENTO SÍNTESE do II ENCONTRO NACIONAL DE

GESTORES DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE ALIMENTAÇÃO E

NUTRIÇÃO.

É possível se prevê que o conjunto das ações que dialogam com os

objetivos do Equipamento, agregará múltiplas experiências que com um

planejamento integrado, executado, monitorado e avaliado em todas as suas

etapas possibilitará maiores possibilidades de acertos, diagnostico e correção

de possíveis falhas na construção e execução do sistema municipal de SAN,

fortalecendo e promovendo o DHAA. O contato permanente com o MDS e a

atenção voltada para as ações do MDA, possibilita o conhecimento de outros

programas e ações disponibilizados para apoiar a operação do Equipamento e

as formas de acesso. Isto estimula a economia local, fortalece o Equipamento

como gerador de renda, como veículo de inclusão social e como potencial para

o desenvolvimento da produção local.

No que diz respeito à institucionalização e normas da Cozinha

Comunitária, algumas ações já estão contempladas na proposta de

implementação do equipamento como: a qualificação da equipe técnica,

6 No município há sete secretarias: Administração, Agricultura, Assistência Social, Cultura,

Educação, Planejamento e Saúde.

criação do CONSEA municipal, Projeto de estrutura física elaborado sob

orientação e aprovação do MDS, garantindo a implantação definitiva do

equipamento de SAN no município, gestão direta do equipamento e

aperfeiçoamento a partir do PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO,

AVALIAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO.

12– ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

A oferta de refeições, ricas em nutrientes, gratuitas (para o público

selecionado pelo CRAS) ou por um valor abaixo do preço do mercado7

contribuirá para a melhoria de hábitos alimentares saudáveis,

promovendo a saúde e reduzindo os índices de anemia e desnutrição.

A Cozinha Comunitária do município de Santarém produzirá, para

distribuição gratuita, no mínimo 100 refeições diárias para o público

beneficiário (famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional

e beneficiário do Programa Bolsa Família), selecionado pela equipe

técnica do CRAS. A matéria prima terá o seu custeio garantido pela

Prefeitura Municipal, conforme projeto proposto e pelas vendas de

refeições a outro público interessado, devendo buscar apoio em outros

Programas federais a exemplo do PPA e outras parcerias. No sentido de

assegurar a sustentabilidade do projeto podem-se destacar as

determinações e possibilidades abaixo:

A cozinha comunitária de Santarém terá como forma de administração a

gestão direta, na qual o responsável - o coordenador – profissional

selecionado pela Prefeitura Municipal deverá atuar nos processos de

planejamento estratégico do funcionamento diário, pesquisa de preços dos

produtos a serem utilizados, compras, higienização, ventilação,

coordenação da equipe da cozinha, recepção de usuários beneficiários,

atendimento ao cliente e articulação com parcerias.

7 Não é possível estabelecer, já um valor, tendo em vista o prazo de 16 meses para se iniciar o

funcionamento do equipamento.

Considerando a falta de restaurantes no município de Santarém, serão

comercializadas, pelo equipamento, refeições tipo almoço e jantar a

funcionários públicos, visitantes e comunidade em geral interessada pelo

consumo diário ou esporádico. Tal serviço pretende contribuir na

sustentabilidade econômica das ações da Cozinha Comunitária implantada,

revertendo todos os recursos financeiros na manutenção das ações

estabelecidas pelo programa, além das condições de parcerias com

Organizações sem fins lucrativos.

Capacitação da equipe de implantação e execução do Programa Cozinha

Comunitária para o atendimento de demandas locais tanto com relação ao

atendimento do público prioritário quanto às outras demandas específicas

como eventos diversos (casamento, aniversários, confraternizações, festas

tradicionais entre outras), assegurando o investimento para a continuidade

do programa.

Envolvimento dos parceiros: órgãos públicos, órgãos não governamentais,

Sociedade Civil Organizada e visitantes, através de divulgação das ações

desenvolvidas pelo projeto.

A sustentabilidade ambiental deverá ser garantida através de

processos de capacitação da equipe, a fim de que possa ser

elaborado um planejamento focado na Política Nacional de Resíduos

Sólidos, que busca, entre outros fatores, agregar valores aos

resíduos. Não obstante, se faz necessário os devidos cuidados no

que diz respeito a redução de gastos e desperdícios.

Aderir e implementar o PAA, como forma de participação das diversas

fontes de recursos, com vistas a redução no custo final da refeição,

ou na distribuição de gêneros alimentícios.

Dar continuidade às parcerias estabelecidas e buscar novos parceiros

como:

1. Prefeitura Municipal de Santarém – PB;

2. Câmara Intersecretarial de Segurança Alimentar do município de

Santarém;

3. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

4. Secretaria do Desenvolvimento Humano do Estado da Paraíba;

5. Secretaria Municipal de Promoção Social;

6. Secretaria Municipal de Saúde;

7. Secretaria Municipal de Educação;

8. Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo;

9. Secretaria Municipal de Agricultura;

10. Emater-PB

11. Instituições relacionadas à capacitação na área de segurança

alimentar SEBRAE, SENAC, SINE-PB;

12. Conselho Municipal de Segurança Alimentar Nutricional;

13. Horta comunitária.

12.1 – Programas parceiros (EM POTENCIAL)

1. Programa Aquisição de Alimentos;

2. Agricultura Familiar;

3. Banco de Alimentos;

4. Projeto “Horta na Escola”.

12.2 – Equipe técnica

01 cozinheira

01 Auxiliar de cozinha

02 auxiliares de serviços gerais

01 técnico responsável

O equipamento deverá contar ainda com a contribuição dos seguintes

profissionais do quadro do município: 01 Coordenador de projetos, 01

nutricionista e 01 Assistente Social. Conforme é recomendado acima, é

importante que esta equipe seja formada com antecedência e conforme consta

na proposição do projeto, para que seus integrantes possam se capacitar ou

concluírem sua formação em suas respectivas áreas e darem as suas

contribuições na preparação do equipamento para a fase experimental e

inaugural

12.3 – Custo da refeição

Tendo em vista a sensibilidade da gestora municipal com a problemática

da Segurança Alimentar e a forma de gestão direta pela prefeitura municipal, é

importante que conste na LOA, no exercício financeiro/fiscal, recurso para a

manutenção e custeio das atividades operacionais do equipamento, a partir da

análise de sua capacidade de manutenção de subsídios a curto e médio prazo,

considerando a quantidade de refeições diárias constante no projeto. Neste

caso, prevendo o início das ações para 2012, será possível prevê orçamento,

na LOA, pela atual gestão, para 02 (dois) anos. É importante identificar, neste

período, as outras fontes de recursos (doações, convênios e outras possíveis

parcerias), visando diminuir os recursos, pela Prefeitura Municipal. Essa

estimativa e projeção de despesas deverão levar em consideração os custos

variáveis e custos fixos, direto e indireto (mensal e anual), detalhados livro do

Professor Derli Antunes, citado anteriormente, sobre “Gestão Financeira e

Administrativa de Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Bancos de

Alimentos”, além de outros materiais que orientem neste sentido e que serão

disponibilizados para a Prefeitura Municipal e Secretaria de Promoção Social,

com a proposição de servir como material de consulta. Para realizar este

levantamento, recomendamos que seja tomado como parâmetro, a experiência

da Cozinha Comunitária do vizinho Município de Poço Dantas, que vem

atuando há vários anos.

13 – CRONOGRAMA (Período máximo sugerido)8

14 – ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO

ESPECIFICAÇÃO TOTAL (R$) CONCEDENTE

(R$)

PROPONENTE

(R$)

Elaboração do Projeto Básico de

Arquitetura e Engenharia. R$ 20.500,0 R$ 20.500,0

Aquisição de Utensílios,

Materiais de Consumo e

Inauguração da

Cozinha Popular.

R$ 40.000,00 R$ 40.000,00

Aquisição de Equipamentos e

Materiais Permanentes R$ 102.500,00 R$ 102.500,00

8 O presente cronograma foi encaminhado pelo MDS.

9 De acordo com este cronograma o a obra deverá ficar pronta num período de 10 meses. No

entanto o convênio prevê o prazo de entrega do equipamento em novembro de 2011, restando portanto 16 meses.

ATIVIDADES PERÍODO (MESES)9

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Elaboração do Projeto Básico de Arquitetura e Relatórios Técnicos

x X

Execução de Obras x x x

Aquisição dos equipamentos, materiais permanentes e de consumo

x X

Instalação e testes de equipamentos

X

Contratação de pessoal x

Inauguração x

Execução de Obras e

Instalações R$ 287.000,00 R$ 287.000,00

VALOR DO REPASSE: R$ 450.000,00 R$ 450.000,00

VALOR DA CONTRAPARTIDA: R$ 10.000,00 10.000,00

VALOR DO INVESTIMENTO 460.000,00

15 – CONTROLES GERENCIAIS

Outra ação que deve ser adotada na gestão do equipamento de SAN

enquanto estratégia de sustentabilidade são os Controles Gerenciais. Eles

contribuirão para evitar desperdícios e possibilitam uma gestão mais assertiva

na hora das decisões.

O processo de controle deverá ser composto pelas ações que vão desde

a escolha das planilhas que devem ser preenchidas e/ou alimentadas

diariamente pelos diversos departamentos, até o monitoramento destas e

reuniões com Instituições – COMSEA, Secretarias envolvidas e membros da

equipe para planejamento e avaliação dos serviços prestados, despesas,

alocação dos recursos, bem como elaboração de uma planilha que contenha

as especificações técnicas dos gêneros alimentícios e insumos, com vistas a

criar uma estrutura de controle integralizada.

15.1 – Controle Administrativo e Financeiro

A sistematização do fluxo de informações, a partir dos diferentes

instrumentos que deverão ser adotados, contribuirá para esclarecer dúvidas, no

momento de tomar decisões. Por esta razão é necessário prevê quais

informações serão necessárias para dar suporte em tal situação e a partir disto

determinar quais instrumentos serão utilizados na rotina do equipamento.

Tendo em vista que todos os recursos financeiros, relativos à Prefeitura,

são geridos pela Secretaria de Administração, recomendamos que seja aberta

uma conta bancária especifica para os depósitos de caixa. O gestor do

equipamento poderá solicitar dessa equipe, cópia das notas fiscais e recibos,

bem como extratos dessa conta, para que se tenha condições de acompanhar

e avaliar os custos, assim como desenvolver todas as atividades que

dependam das informações contidas nesse documento. Outras atividades e

instrumentos, como as planilhas de uso interno exclusivo do equipamento e o

monitoramento sistemático do gestor, deverão compor o conjunto de controles,

visando contribuir para o bom desempenho do planejamento financeiro. Neste

sentido, como ponto de partida, poder-se-á contar com modelos de planilhas

fornecidos no livro do Professor Derli, inclusive, usar as planilhas do Excel para

sistematização dessas informações e com o amadurecimento, adquirir um

programa específico adequado ao movimento do equipamento. A gestão

financeira necessita, para gerenciar as finanças do equipamento, de controles

de despesas com informações precisas, assim como devem ser todos os

instrumentos utilizados.

São apresentadas aqui algumas sugestões de controles10 que poderão

ser adotadas na fase de implantação da cozinha, com a finalidade de garantir a

sistematização do maior número possível de informação. As planilhas poderão

ser substituídas ou aprimoradas, adequando-se à realidade local, com o passar

do tempo:

Apuração das vendas mensais;

Apuração do resultado do exercício11;

Controle bancário;

Controle das sobras

Controle de acessos12;

10

Vê nota 1 de rodapé, pg. 12). O livro descreve o papel e a importância de vários desses

instrumentos, bem como, custo de produção, custo fixo, variável, direto e indireto. 11

Foi considerado desnecessário, apresentar aqui uma simulação do DRE ou ARE, tendo em vista a fase em que se encontra o equipamento. Em todo caso, houve leitura e compreensão sobre o preenchimento da planilha e informações necessárias para o seu preenchimento.

Controle de contas a pagar;

Controle de doações;

Controle de doadores;

Controle de entrada de recursos através de convênios;

Controle de estoque/almoxarifado;

Controle de fornecedores;

Controle de patrimônio;

Controle de Planejamento do cardápio (semanal, quinzenal e mensal)

Controle de usuários;

Controle diário de caixa;

Ficha técnica de produção;

Contas a Receber13

Sugerimos ainda, a lista de especificações técnicas, como uma forma de

controle da qualidade dos produtos. Poderá representar junto aos

fornecedores – produtores locais -, uma referência para a sua forma de

produção, como também servir de estímulo a uma produção

ambientalmente sustentável.

15.2 – Potencialidades produtivas do município

Dados do IBGE, Produção Agrícola Municipal 2007; Malha municipal

digital do Brasil: situação em 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008, revela que a

produção local é muito básica. O consumo por este equipamento poderá ser

uma ferramenta de estímulo e incentivo aos pequenos produtores,

desenvolvendo atividades de formação e conscientização das possibilidades de

produção de alimentos, inclusive adequando o cardápio de acordo com ciclo da

produção local.

12

É importante que os acessos não sejam calculados a partir do número de refeições comercializadas. É possível que usuários entrem para outro fim que não seja fazer refeição, mas é igualmente possível que ele entre e não goste do cardápio, por exemplo. Por isso é importante que os acessos sejam descritos para identificarmos a possível causa do usuário não ter feito a refeição. 13

É uma prática local de se consumir e pagar no final do mês ou nas datas de pagamento do município e estado.

Nesse contexto podem-se destacar os benefícios que trará a aquisição

do equipamento, visto que impulsionará o consumo interno, gerando aumento

de vendas dos produtores locais, melhorando a qualidade de vida dos

beneficiários como também de toda população, tendo em vista que o município,

não dispõe de nenhum restaurante.

15.3 – Monitoramento e avaliação

O planejamento, monitoramento, avaliação e sistematização das

atividades e das ações exclusivas do projeto serão realizados pelo órgão

Executor, Secretaria Municipal de Promoção Social, que deverá

responsabilizar-se pela articulação e parceria entre o equipamento e a

Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria de Educação, Secretaria de

Agricultura, Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional e

Câmara Municipal intersecretarial de Segurança Alimentar e Nutricional. Desta

forma é possível diagnosticar os potenciais que dialogam com Segurança

Alimentar e Nutricional e observar os indicadores sociais que serão

apresentados no cotidiano das Comunidades envolvidas. O monitoramento e a

avaliação devem ser permanentes, considerando o diagnóstico inicial realizado

sobre a demanda crescente na comunidade, de pessoas em situação de

insegurança alimentar e nutricional de Santarém. No final de cada ano deverá

haver uma avaliação das ações desenvolvidas, metas atendidas e

levantamento dos aspectos positivos e negativos, propondo novas formas de

intervenção e repensando o dia-a-dia dos envolvidos

Atualmente, entre os fatores que representam ameaça para o bom

funcionamento do equipamento podem-se destacar os seguintes pontos

(fraqueza):

Tempo de gestão do equipamento garantido por médio prazo (a troca de

gestor municipal pode comprometer o funcionamento do equipamento);

Possíveis troca de membros (qualificadas) da equipe;

Dificuldades de acesso à Universidades (cerca de 500km da capital e

distante de outros centros);

Por outro lado, dispomos de um vasto número de potencialidades

(pontos fortes ou Fortalezas) para implantação do equipamento:

Estrutura física construída para funcionamento da cozinha;

Possibilidade da realização de concurso público para atuação exclusiva no

equipamento. Deverá haver concurso até 2012;

Município de pequeno porte, com maior possibilidade de acertos, se

tratando de identificar o público alvo, e possíveis dificuldades;

Gestor sensível à causa – vontade política e interesse na implantação da

Cozinha Comunitária;

“Facilidade” e interesse em formar parcerias;

Administração direta;

Capacitação e apoio técnico (módulo I, II e IV) pela REDESAN/MDS;

Potencial (a cozinha ainda será implantada) capacidade de investir em

fornecedores locais, contribuindo para o desenvolvimento do município e

fomentando o envolvimento de produtores locais, intervindo na forma de

produção sustentável e de qualidade;

Fácil acesso aos possíveis fornecedores;

Possibilidades para a implementação e execução de outros programas,

como PPA, Banco de Alimentos, entre outros;

Tempo (16 meses) para articular parcerias e doadores para o equipamento;

15.4 – Pontos a serem desenvolvidos ou em faze de desenvolvimento Dar continuidade à capacitação da equipe especializada em serviços de

restaurante;

Constituição e capacitação da equipe administrativa e executora da

Cozinha;

Sustentabilidade – compromisso da gestora municipal em subsidiar as

refeições;

Implantação e continuidade do sistema de controles, visando garantir, com

êxito, a continuidade do projeto;

Adesão aos Programas de Aquisição de Agricultura Familiar e Banco

de Alimentos;

Dar continuidade as parcerias já estabelecidas e buscar novas

parcerias:

Governo Federal – Ministérios, Secretarias e outros órgãos da administração indireta; Governo Estadual – Secretaria de Desenvolvimento Humano do Estado da Paraíba, CONAB/PB, Defesa Civil, Ministério do Trabalho.

Governo Municipal – Secretarias Municipais, Câmara de

Vereadores, Conselho Municipal de Segurança Alimentar

de Nutricional, Câmara Intersecretarial de Segurança

Alimentar do município de Santarém e Conselho de

Assistência Social;

Sociedade Civil Organizada – Organizações não Governamentais, Sindicatos e igrejas; Empresas/Doadores.

16 – IMPACTOS – RESULTADOS ESPERADOS

Esperam-se, com a instalação desse equipamento, vários benefícios

para a população local, uma vez que atuará diretamente no combate à fome, e

influi na erradicação da pobreza fortalecendo outros programas do Ministério

do Desenvolvimento, promovendo o acesso às pessoas a uma alimentação

Saudável e Nutritiva, além de intervir positivamente nos hábitos alimentares do

público beneficiário, direto e indireto, através de possíveis atividades de

informação e formação, conscientizando a população da importância de uma

alimentação saudável, redução de desperdício de alimentos – promovendo a

(re)educação alimentar e criando noções de conservação e preservação do

meio ambiente. Outros resultados que poderão ser relacionados à resultados

são: a realização de cursos abertos à comunidade, geração (imediata) de

postos de trabalho e outros serviços disponibilizados, no projeto, para a

comunidade, repercutindo de várias formas, na vida da população, inclusive da

equipe executora do projeto que evolui com a formação que terá para atuar no

equipamento, inclusive, com a inclusão no tão competitivo mundo do trabalho,

impacto que incidirá indiretamente nos membros da família dessas pessoas.

Outro resultado que se espera, à médio prazo, é o fortalecimento aos

pequenos produtores locais, que poderão garantir a comercialização da sua

produção com a adesão ao Programa de Aquisição da Agricultura Familiar.

Espera-se ainda que este projeto seja o pontapé inicial para a realização de

outros projetos que culminem no exercício pleno da cidadania, pelos

“moradores” do município de Santarém, na Paraíba e para o desenvolvimento

econômico, social e ambiental do município.

17 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em consideração a afirmação de que estamos

permanentemente em processo de formação, considera-se que alguns tópicos

merecem um aprofundamento maior e que certamente, no decorrer da

execução do projeto será buscado tal aprofundamento, através do contato que

deverá ser mantido com a REDESAN e o MDS, inclusive das leituras dos

materiais adquiridos.

A falta do contato com a rotina do equipamento exige das pessoas,

nessa situação, um esforço maior na compreensão dos conteúdos. Contudo, a

partir dessa vivência se torna notável a consciência que se desenvolve em

relação a Segurança Alimentar Nutricional.

O levantamento realizado dos instrumentos legais relacionados a

Segurança alimentar e Nutricional representa também o início da retomada de

uma injeção de ânimo, a fim de que toda instância envolvida possa ter uma

participação ativa, na relação com o equipamento e consequentemente nas

suas respectivas áreas, uma vez que o sucesso da Cozinha Comunitária de

Santarém, depende também, da efetivação dessas participações.

17.1 – Relação de Leis, Decretos e Portarias (anexos)

17.1.1 – Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional

Lei Municipal nº 010/2009 de 18 de Junho de 2009 – Institui a Lei Orgânica

de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN e cria o Sistema Municipal

de Segurança Alimentar e Nutricional – SIMSAN.

Portaria nº 118C/2009 – nomeia a composição da Câmara Intersecretarial

de Segurança Alimentar e Nutricional de Santarém;

Lei Municipal nº 0024 de 13 de Fevereiro de 1997 – Institui o Conselho de

Alimentação Escolar do Município de Santarém;

Lei Municipal nº 009/2009 – dispõe sobre a criação do Conselho Municipal

de Segurança Alimentar e Nutricional – COMSEA;

17.1.2 – Produção Agrícola e Segurança alimentar e Nutricional

Lei Municipal nº 0044 de 23 de Setembro de 1997 – dispõe sobre a

instituição do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural;

Lei Municipal nº 0096, de 08 de agosto de 2001 - dispõe sobre a instituição

do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural;

Lei Municipal nº 016, de 08 de Setembro de 2009 – Cria o Dia Municipal do

Agricultor e da Agricultora do Município de Santarém;

Lei Municipal nº 0177/2007 – reconhece de utilidade pública o sindicato dos

Trabalhadores Rurais de Santarém;

Lei Municipal nº 0047, de 19 de Fevereiro de 1998 – reconhece de utilidade

pública a Associação dos Produtores Rurais da Comunidade de Santa Rita,

Santarém;

Lei Municipal nº 0069 de 03 de Novembro de 1999 – Torna público o dia da

semana para a realização de Feira Livre;

Lei Municipal nº 0097, de 08 de Agosto de 20001 – Dispõe sobre a

implantação de um escritório da EMATER no Município de Santarém;

17.1.3 – Saúde e Alimentação

Decreto 0018 de 01 de Junho de 1998 – cria o Sistema de Investigação e

Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN;

Lei Municipal nº 0141/2004 – dispõe sobre o Código Sanitário do Município

de Santarém, PB. O capítulo IV trata exclusivamente da higiene e

alimentação.

Lei Municipal 0039 de 01 de Setembro de 1997, Dispõe sobre a criação do

Departamento de Vigilância Sanitária de Saúde e Promoção Social do

Município de Santarém;

18 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PINTO, Derli Antunes. Gestão de Equipamentos Públicos de Segurança

Alimentar e Nutricional. Coleção Gente SAN. Volume 2. Passo Fundo: IFIBE,

2009.

CONTI, Irio Luiz. Segurança alimentar e nutricional: noções básicas.

Coleção Gente SAN. Volume 1. Passo Fundo: IFIBE, 2009.

BURITY, Valéria. Direito humano à alimentação adequada no contexto

da segurança alimentar nutricional. Brasília: Abrandh, 2010.

Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de

outubro de 1988.Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso

em: 16 jul. 2009.

_______. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2001 (Lei de

Responsabilidade Fiscal). Estabelece

normas de finanças publicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal

e da outras providencias.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/LCP/Lcp101.htm>.

Acesso em: 16 jul. 2009.

_______. Lei nº 4.320, de 17 de marco de 1964. Estatui normas gerais de

direito financeiro para elaboração e controle

dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito

Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L4320.htm>.

Acesso em: 16 jul. 2009.

SILVA, Lino Martins da. Contabilidade governamental: um enfoque

administrativo. 5. ed. São Paulo:

Atlas, 2002.

STN – Secretaria do Tesouro Nacional STN / Ministério da Fazenda.

Legislação sobre Contabilidade

Governamental. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/ legislação/leg_contabilidade.asp>. Acesso em: 12 fev. 2010.

Aulas interativas, textos e vídeos disponibilizados.