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7/26/2019 JOGO-SIMULADOR KIMERA COMO PROPOSIO GEOTECNOLGICA PARA O ENTENDIMENTO DE ESPAO
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIAPR-REITORIA DE PESQUISA E ENSINO DE PS-GRADUAO
DEPARTAMENTO DE EDUCAO/ CAMPUS IPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO E CONTEMPORANEIDADE
ANDR LUIZ ANDRADE REZENDE
JOGO-SIMULADOR KIMERACOMO PROPOSIO GEOTECNOLGICA PARAO ENTENDIMENTO DE ESPAO
Salvador - BA2015
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ANDR LUIZ ANDRADE REZENDE
JOGO-SIMULADOR KIMERACOMO PROPOSIO GEOTECNOLGICA PARAO ENTENDIMENTO DE ESPAO
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Educao eContemporaneidade, Departamento deEducao/Campus I da Universidade Estadualda Bahia, como requisito final para a obteno
do grau de Doutor em Educao eContemporaneidade.
Orientadora: Professora Doutora Tnia MariaHetkowski.
Salvador - BA2015
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FICHA CATALOGRFICASistema de Bibliotecas da UNEB
Bibliotecria: Jacira Almeida Mendes CRB: 5/592
Rezende, Andr Luiz Andrade.Jogo-simulador Kimera como proposio geotecnolgica para o entendimento de
Espao / Andr Luiz Andrade Rezende - Salvador, 2015.142f. : il.
Orientadora: Tnia Maria Hetkowski.Tese (Doutorado) Universidade de Estado da Bahia. Departamento de Educao.
Programa de Ps-Graduao em Educao e Contemporaneidade. Campus I.
Contm referncias.
1. Flight simulator (Programa de computador). 2. Pesquisa espacial. 3. Simuladores de voo.4. Jogos para computador. 5. Computao grfica. I. Hetkowski, Tnia Maria. II. Universidadedo Estado da Bahia, Departamento de Educao.
CDD: 629.4
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AGRADECIMENTOS
Agradeo s pessoas que, direta ou indiretamente, contriburam para a concluso destetrabalho. Desde j, peo desculpas, caso tenha me esquecido de citar o nome de algum:
- Aos meus filhos (Lucca e Lana) e minha esposa (Nina Flora), que compreenderam minhas
ausncias na busca deste sonho;
- professora e amiga Tnia Maria Hetkowski, que me acalmou e orientou, nos momentos
em que precisei;
- A Chico, Fabi, Meiroca e Inai: sou f de vocs;
- Ao grupo GEOTEC, pelos momentos inenarrveis;
- Banca Examinadora que, com senso crtico, indicou-me preciosas sugestes para
abrilhantar esta pesquisa;
- professora Lynn Alves, que sempre entendeu as minhas agonias relacionadas
pesquisa;
- Aos meus amigos de bairro, que, mesmo no entendendo o motivo de estudar tanto, sempre
me apoiaram.
- Aos colegas da DGTI/IF Baiano, pela parceria construda ao longo destes 4 anos;
- direo, professores e funcionrios do curso de Ps-Graduao em Educao e
Contemporaneidade da UNEB.
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Quando uma criatura humana desperta para um
grande sonho e sobre ele lana toda a fora de sua alma,
todo o universo conspira a seu favor.
Johann Goethe. Escritor, cientista e filsofo alemo (1749 -
1832).
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RESUMO
Esta pesquisa situa-se na proposio do jogo-simulador Kimera:Cidades Imaginrias, como
uma possibilidade Geotecnolgica para o entendimento de Espao. Assim, articula-se, atravsdo redimensionamento das Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC), a aproximaoentre as Geotecnologias e os Jogos Digitais, argumentando-se que os constructos supracitadospossuem como gnese os processos criativos dos homens. Dessa maneira, concebe-se o jogo-simulador Kimera como potencial Geotecnolgico, capaz de modificar o modus operandi(pensar/fazer) dos diferentes sujeitos, neste caso, a respeito da compreenso de Espao. Essaestruturao terica constituiu-se em virtude da existncia de um hiato entre a EducaoCartogrfica e o entendimento de Espao, este ltimo fortemente atrelado aos limitestecnicistas (cores, smbolos e traos) estabelecidos nas cartas geogrficas. Essa situao ecoa,no cotidiano da sala de aula, por meio da materializao limitada e descontextualizada doscontedos didticos, uma vez que desconsiderada a complexidade desse espao de
relaes predominantemente humanas, institudo no meio. Neste contexto, as Geotecnologiastornam-se potenciais na ruptura das prticas escolares que vinculam exclusivamente o espaogeogrfico aos mapas. Ante o exposto, esta investigao buscou apontar as caractersticas quedirecionem o jogo-simulador Kimera como uma possibilidade Geotecnolgica nacompreenso de Espao. Para tanto, tornou-se imprescindvel identificar quais concepessustentam o jogo-simulador como potencial Geotecnolgico. Ademais, preciso verificarquais conceitos, a respeito de Espao, permeiam a gnese do jogo Kimera. E, por fim,reconhecer quais os pressupostos relativos ao espao geogrfico que podem ser articulados nainterao com o jogo-simulador citado. Para refutar ou confirmar a tese defendida, estapesquisa pautou-se em uma anlise qualitativa, atravs do estudo de caso, utilizandoquestionrios como dispositivos de coleta. Tais instrumentos intencionaram obter aspercepes dos sujeitos especialistas, aps a explorao do locusde observao, neste caso, o
jogo-simuladorKimera.
Palavras-chave: Geotecnologias; Entendimento de Espao; jogo-simuladorKimera.
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ABSTRACT
This research is based on the proposition of the game-simulator Kimera: Cidades
Imaginrias, as a geotechnological possibility for the understanding of Space. Thus theapproach between the Geo and Digital Games, is articulated by the resizing of Informationand Communication Technologies (ICT) stating that the above constructs have as a source,the creative processes of men. In this manner the Kimera game-simulator is conceived as ageotechnological potential, capable of modifying the modus operandi (thinking / doing) of thedifferent subjects, in this case, regarding the comprehension of space. This theoreticalframework was formed, due to the existence of a gap between the Cartographic Education andthe understanding of Space, the latter strongly linked to limits of the technical world (colors,symbols and lines) established in geographical maps. This situation echos, in the classroomeveryday, through limited and decontextualized materialization of educational content, where,the complexity of this "spatial relation" predominantly human, set in the middle is
disregarded. In this context, the Geotechnologies become potential to the rupture of schoolpractices, which link exclusively the geographic space to the maps.Before the exposed, this investigation sought to point out the characteristics that direct thegame SimulatorKimeraas a geotechnological potential for the comprehension of Space. Forthis, it became essential to identify which conceptions support the game-simulator as ageotechnological potential. Additionally it is necessary to verify the concepts about Space thatpermeates the genesis of the Kimera game. And, at last, recognize what assumptionsconcerning the geographical space can be articulated in the interaction with the game-simulator cited.To refute or confirm the thesis defended, this research was based in a qualitative analysis,through a study case, using as collection devices questionnaires. Such instruments intend toobtain the perceptions of subject experts after the exploration of the observation locus, in thiscase, the game-simulatorKimera.
Key-words:Geotechnology; understanding of Space; game-simulator Kimera
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Interface principal do Salvador Em Passos ........................................................ 20
Figura 2 - Participantes da oficina de aproximao dos Games............................................. 27
Figura 3 - Reunio para definio do nome do jogo-simulador ............................................. 27
Figura 4 - Organizao formal da equipe do projetoKimera................................................. 28
Figura 5 - Articulao interna da equipe do jogo-simuladorKimera..................................... 29
Figura 6 - Opes do menu jogo-simuladorKimera: Cidades Imaginrias .......................... 73
Figura 7 - Criao de uma picareta ......................................................................................... 83
Figura 8 - Algumas tcnicas de minerao do jogoMinecraft............................................... 87
Figura 9 - Representa o fluxo das informaes/teor relacionado ao jogo .............................. 94Figura 10 - Cena do jogo que retrata a problemtica da violncia ........................................... 95
Figura 11 - Cena do jogo que retrata a problemtica da sade pblica .................................... 96
Figura 12 - Imbricamento entre mundos ................................................................................ 108
Figura 13 - Edificaes que remetem a contedos da Educao Ambiental .......................... 111
Figura 14 - Relao entre os problemas a serem enfrentados e os respectivos benefcios pela
completude do desafio ........................................................................................ 112
Figura 15 - Relao entre os desafios propostos e os respectivos feedbacksao jogador ....... 114Figura 16 - cones no intuitivos ............................................................................................ 115
Figura 17 - cones que representam a populao do reino de Kimera ................................... 121
Figura 18 - Simulao de noes de escala ............................................................................ 121
Figura 19 - Noes de lateralidade no jogo ............................................................................ 123
Figura 20 - Noes de lateralidade no modo livre ................................................................. 124
Figura 21 - Noes de escala no mdulo livre ....................................................................... 124
Figura 22 - Possibilidade de explorar conceitos relacionadas topologia do terreno ............ 125Figura 23 - Elementos do Espao retirados do jogo-simuladorKimera.................................126
Figura 24 - Alternncia de funes dos elementos do Espao no mundo de Kimera ............ 127
Figura 25 - Simulao da Violncia ....................................................................................... 128
Figura 26 - Organizao da cidade mediante o poder econmico .......................................... 129
Figura 27 - Reflexo das polticas pblicas de sade ............................................................. 130
Figura 28 - Formas de sobreposio de objetos do jogo-simuladorKimera.......................... 132
Figura 29 - Acesso s informaes georreferenciadas atravs da consulta por texto livre .... 133
Figura 30 - Acesso s informaes georreferenciadas atravs da consulta pelo conjunto de
coordenadas ......................................................................................................... 133
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Figura 31 - Visualizao na opo de Rota......................................................................... 134
Figura 32 - Visualizao na opo de Terreno ................................................................... 134
Figura 33 - Visualizao na opo de Satlite .................................................................... 134
Figura 34 - Visualizao na opo de Hbrida .................................................................... 135
Figura 35 - Simulao da organizao espacial...................................................................... 135
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caractersticas dos especialistas selecionados ..................................................... 102
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Perspectivas de anlise do jogo-simuladorKimera............................................. 101
Quadro 2 - Verso final dos questionrios por perspectiva ................................................... 103
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SUMRIO
1 INTRODUO............................................................................................................. 12
1.1 O caminho trilhado: entre livros e cdigos................................................................. 13
1.2 Intervenes e proposio sobre o objeto a ser investigado...................................... 21
1.3 Objetivo .......................................................................................................................... 24
1.4 Contextualizando a investigao a ser delineada....................................................... 24
1.5 Abordagemmetodolgica desta investigao.............................................................. 30
1.6 Organizao deste trabalho.......................................................................................... 30
2 ENTENDIMENTO DE ESPAO................................................................................ 32
2.1 Espao: multiplicidade de sentidos e significados ..................................................... 332.2 Educao cartogrfica: possibilidades agregadas s geotecnologias........................ 46
3 GEOTECNOLOGIAS: DA VISO INSTRUMENTAL AO POTENCIAL
CRIATIVO .............................................................................................................................. 57
3.1 Concepes e redefinies: acerca das geotecnologias............................................... 58
3.2 Jogos digitais: propositiva geotecnolgica no entendimento de espao.................... 68
3.3 Jogos digitais como sistema social e de aprendizagem: desvelando um percurso... 82
4 JOGO SIMULADORKIMERA: DESVELANDO OS RESULTADOS DE UMAPROPOSIO GEOTECNOLGICA...................................................................... 91
4.1 Aporte metodolgico...................................................................................................... 91
4.2 Adelimitao do espao emprico ................................................................................ 98
4.3 Dispositivos de coleta ................................................................................................... 102
5 KIMERAEM ANLISE: EVIDNCIAS, CONSTATAES E
CONTESTAES...................................................................................................... 105
5.1 O olhar dos sujeitos especialistas............................................................................... 1055.1.1 A anlise na perspectiva da aprendizagem escolar ........................................................ 105
5.1.2 A anlise na perspectiva dogame design ...................................................................... 111
5.1.3 A anlise na perspectiva do entendimento de espao .................................................... 118
5.1.4 A anlise na perspectiva das geotecnologias ................................................................. 122
6 CONCLUSES DESTA TESE ................................................................................ 138
REFERNCIAS.......................................................................................................... 143
ANEXO A - MANUAL DO JOGO............................................................................ 148
ANEXO B - MANUAL DO K-MAPS E K-AMPLUS.............................................. 168
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1 INTRODUO
Ao longo dos tempos, as civilizaes, independentemente do nvel de
desenvolvimento, tm sido fortemente influenciadas pelos diversos movimentos que se
estabelecem no seu cotidiano, a exemplo da dinmica social, poltica, econmica, cultural,
tcnica, simblica, entre outras. Cabe ressaltar que algumas dessas instncias tm
acompanhado as sociedades ao longo da histria, instituindo processos que se tornam
contemporneos, dentre os quais, destacam-se as Tecnologias da Informao e Comunicao.
Assim, os avanos tecnolgicos oportunizam uma perspectiva ampliada para inmeras
reas do conhecimento. Em se tratando da Educao, desvela-se uma variedade de novas
possibilidades, desde a comunicao na rede mundial de computadores (Internet) at osvideogames, sendo estes inicialmente concebidos para outros fins, como instrumentos para
guerra e o entretenimento.
Dessa maneira, considera-se como questo fundante neste trabalho a investigao a
respeito das potencialidades das Geotecnologias1 (HETKOWSKI, 2010; BRITO 2010) no
entendimento de Espao2 (SANTOS, 2006; 2008 e 2008a). Defende-se que essa articulao
tambm pode ser oportunizada por meio dos Jogos Digitais (QUINN, 2005; SQUIRE, 2008;
BAKAR et al., 2005; SHFFER et al., 2005; BECK; WADE, 2005; ALVES, 2008),particularmente quando associados ao jogo-simulador Kimera: Cidades Imaginrias3
(ANDRADE et al., 2012).
Diante desse contexto, articula-se nesta tese a aproximao conceitual das
Geotecnologias e dos Jogos Digitais, fundamentada em uma concepo redimensionada das
Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC) (ALVES, 2002; 2009; LIMA JR;
HETKOWSKI, 2006; LIMA JR, 2007; 2005). Argumenta-se que esse engendramento
extrapola o vis instrumental que se encontra arraigado nestes pressupostos, no fito deapresentar o jogo-simulador supracitado como uma proposio Geotecnolgica na
1Nesta tese, a inicial em letras maisculas da palavra Geotecnologias indica o avano dessa base conceitual paraalm dos instrumentos tecnolgicos. A discusso terica a respeito dessa categoria de anlise ser desenvolvidano Captulo 3, nomeado como GEOTECNOLOGIAS: DA VISO INSTRUMENTAL AO POTENCIALCRIATIVO.2Nesta tese, a inicial em maisculo da palavra Espao ou o termo espao geogrfico indicam seu avano paraalm da codificao e decodificao das notaes presentes nas cartas geogrficas, enfatizando-o como espao
de relaes predominantemente humanas. A discusso terica a respeito dessa categoria de anlise serdesenvolvida no Captulo 2, nomeado como ENTENDIMENTO DE ESPAO.3Maiores esclarecimentos no Captulo 4, nomeado como JOGO-SIMULADOR KIMERA: DESVELANDO OSRESULTADOS DE UMA PROPOSIO GEOTECNOLGICA.
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compreenso de Espao e das relaes humanas que nele perpassam e que, cotidianamente,
ressignificado.
1.1
O caminho trilhado: entre livros e cdigos
Esta seo tem como objetivo esclarecer ao leitor de que lugar este pesquisador
reporta suas bases conceituais. Desse modo, surge a necessidade de contextualizar a minha
trajetria acadmica e profissional, antes de adentrar na tessitura das argumentaes que
constituem esta tese.
Desde 1995, ano em que comecei a trabalhar, venho construindo meu Curriculum
Vitae, este fundamentado em uma anlise crtica-reflexiva e nos (des)encontros do lugar emque vivenciamos a dinmica do cotidiano. Deste modo, na tentativa de resumir a minha
carreira profissional (tcnico-docente), percorri o caminho de reconstruo da prpria
experincia, por meio deste breve memorial descritivo. Logo, no algo trivial, pois, de
acordo com Boaventura4, [...] memorial no somente crtico, como autocrtica [...]. Crtica
que conduz, forosamente, avaliao dos resultados obtidos na trajetria da carreira
cientfica. Destarte, ao longo deste tpico, busco enfatizar vivncias relacionadas temtica
em questo, no sentido de apresentar subsdios que identificam uma proximidade com oobjeto investigado.
Mestrado: para alm da tcnica
Em junho de 1994, ingressei no curso superior em Tecnologia de Processamento de
Dados, na Faculdade Ruy Barbosa, localizada na cidade de Salvador (BA), onde me formei
em 1999.
O perodo entre 1999 e 2002 foi marcado pelo aperfeioamento profissionaldirecionado pelas tendncias da rea de Tecnologia da Informao e Comunicao (TIC), em
particular, as solues para a Internet, o Sistema de Informaes Geogrficas (SIG) e as
Tcnicas de Geoprocessamento. Ainda nessa poca, conclu inmeros treinamentos, com o
objetivo de solidificar meus conhecimentos no campo da anlise, projeto e desenvolvimento
de softwares.
Em meados de 2002, sentindo a necessidade de explorar elementos considerados
transversais ao campo da Tecnologia, com o intuito de agregar rea de Educao, ingressei
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como aluno regular no Programa de Ps-Graduao do Mestrado Interdisciplinar em
Modelagem Computacional no Centro de Ps-Graduao e Pesquisa Visconde de Cairu
(CEPPEV) Salvador (BA).
Dessa maneira, no perodo entre agosto de 2002 e dezembro de 2005, cursei o
Mestrado, canalizando o enfoque da pesquisa para a temtica da Educao a Distncia e a
Deficincia Visual, sob a orientao da professora Doutora Lynn Rosalina Gama Alves
(Educao - UNEB) e coorientador, o professor Doutor Jos Garcia Vivas (Geofsica -
UFBA).
No final de 2005, defendi minha dissertao intitulada Do baco ao EASY:
Mediando Novas Formas de Aprendizado do Deficiente Visual. Atravs dessa pesquisa,
concebe-se a Tecnologia como um elemento capaz de minimizar as barreiras que seapresentam no cotidiano dos deficientes visuais. Foi nesse contexto que a investigao buscou
trs objetivos: desenvolver uma tecnologia em coerncia com o conceito do desenho
universal, possibilitando a interao dos limitados visuais com o Ambiente Virtual de
Aprendizagem Moodle; a criao de novos espaos para a formao profissional dos no
videntes, atravs da participao em cursos a distncia; e a criao de novos canais de
comunicao e acessibilidade, colaborando para a integrao social e a independncia dos no
videntes. Na definio do processo metodolgico para o desenvolvimento da pesquisa, foramutilizadas tcnicas exploratrias e de observao dos indivduos na interao com a
ferramenta EASY, com o objetivo de alcanar a construo de um software baseado nos
padres de acessibilidade para a rede mundial de computadores (WCAG51.0), que tem como
caracterstica principal facilitar o acesso ao contedo do ambiente Moodle.
As concluses da investigao de Mestrado foram apresentadas em alguns eventos
cientficos, dentre os quais, destaco:
- II Colquio Internacional Saberes e Prticas, com apresentao, para o Grupo deTrabalho (GT) de abordagem multirreferencial e difuso do conhecimento em espaos de
aprendizagem, do projeto de pesquisa do Mestrado Interdisciplinar em Modelagem
Computacional, intitulado Do baco ao EASY: Mediando Novas Formas de Aprendizado do
Deficiente Visual.
4 BOAVENTURA, E. M. Memorial. 1995. Disponvel em: .
Acesso em: 12 dez. 2014.5 Web Content Accessibility Guidelines. Conjunto de diretrizes de acessibilidade para a Web, definidas peloW3C Consrcio de empresas multinacionais quem padronizam a Internet. Disponvel em:. Acesso em: 18 fev. 2015.
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- III Encontro Regional ABED de Educao a Distncia na Regio Nordeste, com a
apresentao do projeto de pesquisa do Mestrado Interdisciplinar em Modelagem
Computacional, intitulado Do baco ao EASY: Mediando Novas Formas de Aprendizado do
Deficiente Visual, para o GT - EAD e mediao pedaggica.
No final de dezembro de 2006, fui convidado pela Pr-Reitoria de Extenso da
Universidade do Estado da Bahia (UNEB-PROEX), atravs do Ncleo de Educao Especial
(UNEB-NEDE), para colaborar no desenvolvimento de um dos captulos do livro intitulado
Incluso educacional a partir do uso de Tecnologias Assistivas. Esse projeto foi uma
parceria com a Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura
(UNESCO), em que o enfoque principal a capacitao de pessoas para atuarem como
monitoras em Tecnologias Assistivas para Infocentros (Centro Digital de Cidadania), nosentido de qualific-las para o trabalho de incluso digital das Pessoas com Necessidades
Especiais (PNE).
Ainda imerso na temtica da Educao a Distncia para Deficientes Visuais, tive a
oportunidade de publicar alguns artigos em eventos cientficos, a seguir ressaltados:
- EASY: Mediando as Interaes dos Deficientes Visuais com o Ambiente Virtual de
Aprendizagem Moodle (III Congreso OnlineDel Ocs. Espanha, 2006);
- EASY: Novas Perspectivas na Educao a Distncia para o Deficiente Visual(XVIII Simpsio Brasileiro de Informtica na Educao, So Paulo, 2007).
Em novembro de 2007, no XVIII Simpsio Brasileiro de Informtica na Educao
(SBIE), sediado em So Paulo, fui premiado com o terceiro lugar na categoria de Melhores
Dissertaes de Mestrado.
Em meados de outubro de 2008, o artigo intitulado Uma Experincia no Ensino de
Lgica de Programao para Alunos Surdos no Nvel Tcnico foi aceito no III Congresso
Brasileiro de Educao Especial (CBEE), sediado na Universidade de So Carlos, interior deSo Paulo.
No final de dezembro de 2008, fui convidado pela professora Doutora Lynn Alves
para elaborar um dos captulos do livro MOODLE - Estratgias Pedaggicas e Estudos de
Caso, sendo publicado em dezembro de 2009. Esse projeto aborda as diversas possibilidades
pedaggicas na Educao a Distncia, por meio do Ambiente Virtual de Ensino-
Aprendizagem Moodle.
As participaes e publicaes em eventos cientficos, no perodo de 2006 a 2008,
despertaram o interesse pelo aprofundamento de pesquisas relacionadas Tecnologia e como
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ela pode influenciar e/ou intensificar no processo formativo dos diferentes sujeitos. Diante da
inquietao externada, surge o desejo de trilhar a ps-graduao, em nvel de doutoramento.
Cabe ressaltar que, aps um perodo de seis anos (2003 a 2008) imerso na temtica
relacionada s pessoas com deficincia visual, em particular nas solues de Acessibilidade
Virtual, pude perceber que estava trilhando um percurso mais tcnico (instrumental). Ao
trmino do Mestrado, minhas pesquisas foram centradas na construo de softwares e na
utilizao de hardwarespara resoluo ou equacionamento das dificuldades/impossibilidades
dos no videntes no acesso a contedos virtuais. Esse contexto tornou-se frustrante, vez que
provocou o esvaziamento de ideias que corroborassem a proposio de conjecturas que
sustentassem as minhas pretenses doutorais. Diante de tal cenrio, busquei o caminho da
reconstruo, no entanto, alicerado nas experincias adquiridas ao longo dos anos, comopesquisador e analista de sistemas.
Professor analista ou analista professor: o comeo da jornada
Desde 1995, tenho trabalhado em empresas do segmento de tecnologia da informao,
atuando como projetista de sistemas e analista de tecnologia. Essa ltima funo permitiu
desenvolver atividades de prospeco, direcionadas preparao de capacitaes internas e
externas.Meu primeiro contato com a sala de aula, prximo condio de professor, ocorreu
em julho de 2003, atravs dos inmeros treinamentos direcionados aos prprios funcionrios
da empresa. Nesta mesma poca, ocorreu um fato, profissionalmente, marcante. Em paralelo
ao trabalho de analista de tecnologia, iniciei minhas atividades pedaggicas na Faculdade
Ansio Teixeira (FAT), instituio de ensino superior, localizada na cidade de Feira de
Santana (BA), onde lecionei disciplinas bsicas e avanadas no curso de graduao em
Tecnologia de Redes de Computadores.Durante os dois anos e seis meses que ministrei aulas na FAT, pude perceber que a
docncia era algo a ser construdo, e o papel do educador mais amplo, transcendendo, assim,
as barreiras fsicas da instituio. Esse novo mundo despertou um olhar diferenciado sobre
as relaes educando e educador. O dinamismo na troca de experincias em sala era algo
muito instigante e as interaes com os discentes traziam tona questes no exploradas no
mbito comercial, o que, de certa maneira, complementava minha formao, indo alm das
prticas mercadolgicas.
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No incio de 2006, fui convidado pelo coordenador do curso de Bacharelado em
Sistemas de Informao, da Unio Metropolitana de Educao e Cultura (UNIME), a integrar
o quadro de docentes como professor titular das disciplinas de Engenharia e Projetos de
Softwares. Na mesma poca, surgiu a oportunidade de fazer parte do colegiado do curso, com
o objetivo de discutir a formao dos discentes e a estruturao do curso, bem como delinear a
infraestrutura necessria para fomentar atividades de ensino, pesquisa e extenso da
instituio.
A oportunidade de lecionar no curso de Bacharelado em Sistemas de Informao
permitiu criar uma linha de investigao no campo da Tecnologia, no Ncleo de Pesquisa
Cientfica (NUPEC). A abordagem dessa temtica possibilitou a interao com outros
pesquisadores, principalmente no Rio Grande Sul, onde, em parceria com o Centro Federal deEducao Tecnolgica de Bento Gonalves (CEFET-BG), fomos contemplados pelo
programa INCLUIR, da Secretaria de Educao Superior (SESU) e Secretaria de Educao
Especial (SEESP).
O projeto nominado Em busca de uma universidade acessvel tinha como propsito
a adequao fsica das edificaes do CEFET-BG para Pessoas com Necessidades Especiais
(PNE). Alm disso, fomentou a codificao das diretrizes de acessibilidade (WCAG) no
Ambiente Virtual de Aprendizagem TELEDUC6
, utilizado como suporte pedaggico discenteem interaes a distncia.
O dilema entre abandonar a rea tcnica e direcionar minha carreira profissional
docncia era um processo em amadurecimento. A aprovao no concurso pblico, como
professor efetivo do Ensino Bsico, Tcnico e Tecnolgico (EBTT) da Escola Agrotcnica
Federal de Catu (EAFC), veio ratificar a minha pretenso.
Em outubro de 2007, o caminho da docncia trilhado ao longo dos anos se
concretizou. Um desejo de outrora confirmado com minha aprovao, em 1
o
lugar, para ocargo de professor efetivo, com dedicao exclusiva, da Escola Agrotcnica Federal de Catu,
localizada na cidade de Catu, na Bahia. Nessa instituio, lecionava as disciplinas
relacionadas informtica para os seguintes cursos: Tcnico e Subsequente em Agropecuria,
Tcnico em Agrimensura e Tcnico em Petrleo e Gs. Alm disso, ministrei aulas de
ferramentas de automao de escritrio (Word, Excel, PowerPoint, entre outros) no Programa
Nacional de Integrao da Educao Profissional com a Educao Bsica, na Modalidade de
Educao de Jovens e Adultos (PROEJA).
6 Ambiente de Educao a Distncia, baseado em cdigo livre, desenvolvido pelo Ncleo de InformticaAplicada Educao da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
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Em 29 de dezembro de 2008, as Escolas Agrotcnicas Federais da Bahia se uniram s
Escolas Mdias de Agropecuria Regional da CEPLAC (Comisso Executiva do Plano da
Lavoura Cacaueira) e formaram o Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia Baiano
(IF Baiano), uma autarquia criada pela Lei n. 11.892, cuja Reitoria encontra-se localizada na
cidade de Salvador (BA).
Diante desse contexto, amplia-se a oferta de vagas nos diversos nveis de formao,
desde o Ensino Mdio at a Ps-graduao Stricto Sensu. Nesse movimento de expanso, fui
convidado a participar do Grupo de Trabalho para a estruturao do Curso Superior em
Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (CST-ADS), que seria ofertado pelo
campus de Catu e, posteriormente, designado como coordenador, atravs da Portaria n. 83,
de 16 de junho de 2009.Em fevereiro de 2010, fui removido para a Reitoria, sendo designado para assumir a
Diretoria de Gesto de Tecnologia da Informao (DGTI), onde atuei at maro de 2014,
assessorando o Reitor em projetos relacionados respectiva rea. Como exemplo, pode-se
citar a implantao do Sistema Integrado de Gesto Acadmica.
Insero na comunidade cientfica: articulando outras possibilidades
No perodo de agosto de 2003 a dezembro de 2010, articulei-me com diversos gruposde pesquisa, no intento de delinear o desenvolvimento de projetos relacionados rea de
tecnologia. Tinha por objetivo auxiliar no processo formativo dos diferentes sujeitos, dentre
os quais, destaco:
Secretaria de Cincias, Tecnologias e Inovao (SECTI). Fomenta a
discusso sobre o desenvolvimento de tecnologias assistivas, com a
finalidade de identificar demandas e discutir aes que subsidiem a criao,
na Bahia, de um centro tecnolgico para o desenvolvimento da pessoa com
deficincia.
Secretaria de Educao Especial (SEESP), Programa de Informtica na
Educao Especial (PROINESP), alm das contribuies expressivas
articuladas por alguns Ncleos como: o Ncleo de Informtica na Educao
(NIED), da Unicamp, o Ncleo de Informtica na Educao Especial
(NIEE), da UFRGS.
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Grupo de Pesquisa em Geotecnologias, Educao e Contemporaneidade
(GEOTEC). Discute as potencialidades das Geotecnologias no
entendimento de Espao.
Em 2006, tive contato com os colaboradores do programa TEC NEP. Esta ao foi
coordenada pela Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica do Ministrio da
Educao (MEC/SETEC), que visava insero das Pessoas com Necessidades Educacionais
Especficas (PNE) (deficientes, superdotados, altas habilidades e com transtornos globais do
desenvolvimento) em cursos de formao inicial e continuada, tcnicos, tecnolgicos,
licenciaturas, bacharelados e ps-graduaes da Rede Federal de Educao Profissional,
Cientfica e Tecnolgica, em parceria com os sistemas estaduais e municipais de ensino. Em
maio de 2009, fui convidado a ministrar a disciplina Tecnologias Assistivas, no curso de
especializao,Lato Sensu, ofertado pelo referido programa.
Em agosto de 2008, foi implantado no campus de Catu (BA) o Ncleo de
Acessibilidade Virtual (NAV), o qual tem como objetivo prospectar e implantar a
acessibilidade virtual a solues desenvolvidas e utilizadas pelo Governo Federal. Essa clula
est ligada ao Mdulo de Acessibilidade, que pertence Rede de Pesquisa e Inovao em
Tecnologias Digitais (RENAPI), onde coordenei as atividades de prospeco, anlise e
desenvolvimento de projetos de sistemas de informao. A equipe era composta por um (01)
professor gestor, trs (03) professores orientadores e oito (08) bolsistas de nvel mdio e
superior.
Em setembro de 2009, iniciei o resgate da rea de Geoprocessamento, canalizando
meus estudos para as questes de geolocalizao, agregando os conhecimentos tcnicos
adquiridos anteriormente. Entre 2009 e 2010, mesmo que incipiente, direcionei minhas
pesquisas ao processo de orientao espacial. Desse modo, foi desenvolvido um prottipo
chamado Salvador Em Passos7, que apresentava em uma interface Web as informaes
extradas do Sistema de Informaes Geogrficas da Companhia de Desenvolvimento Urbano
do Estado da Bahia (INFORMS/CONDER). De posse desse mapeamento, os alunos
brincavam de calcular o nmero de passos entre a sua residncia/ponto de nibus8 at a
escola. Nesse trajeto, era possvel registrar a perspectiva dos sujeitos sobre o percurso
realizado. A Figura 1, a seguir, exibe a pgina de acesso:
7 Disponvel em: . Acessoem: 18 fev. 2015.8 Neste caso, o ponto de nibus era a referncia das crianas que no residiam prximo escola, porconsequncia, precisavam de transporte para chegar ao destino.
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Figura 1- Interface principal do Salvador Em Passos
Fonte: Salvador em Passos.
Ainda sobre este novo/velho mundo, foi concebida a proposio de um mapa
digital que materializaria algumas estruturas fsicas (banheiros, laboratrios, salas de aulas e
secretaria) de uma instituio de ensino, sendo tais instalaes geolocalizadas por meio de
componentes RFID9. Os alunos/funcionrios/visitantes, ao adentrarem em uma rea
predeterminada, poderiam realizar o upload do software para o seu dispositivo mvel
(androide10). A partir desse momento, o indivduo teria acesso s estruturas mapeadas, por
consequncia, s opes de trajetos, sendo informado do percurso em nmero de passos e a
respectiva orientao at o local desejado.
Apesar de introdutrias, as iniciativas supracitadas serviram de alicerce fundante, na
inteno de tentar uma aproximao com grupos de pesquisas que discutissem o Espao e/ou
a sua forma de materializao/simulao digital e como esse possui um potencial
multifinalitrio.
Desde 2011, ano do incio do doutoramento, encontro-me vinculado ao Grupo de
Pesquisa em Geotecnologias, Educao e Contemporaneidade (GEOTEC11
), cadastrado noConselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPQ) e pertencente
Universidade do Estado da Bahia (UNEB). O referido grupo discute e prope aes
relacionadas ao ensino, pesquisas e extenso nos diversos nveis de formao, a respeito do
entendimento de Espao mediado pelas Geotecnologias, a exemplo dos mapas digitais,
9RFID (Radio-Frequency IDentification) um mtodo de identificao automtica atravs de sinais de rdio,que recupera e armazena dados remotamente utilizando dispositivos chamados de Tags RFID.10Sistema operacional (SO) mantido pela empresa de tecnologia Google, amplamente utilizado em dispositivosmveis, a exemplo de celulares, tablets entre outros.11Disponvel em: . Acessoem: 18 fev. 2015.
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sensoriamento remoto, Sistema de Informaes Geogrficas (SIG), Sistema de Navegao por
Satlite (GNSS), entre outros.
Ante o exposto, as bases tericas que fundamentam o desenvolvimento desta pesquisa
tm como alicerce basilar a ampliao e o fortalecimento das reflexes estabelecidas durante a
investigao de Mestrado. Assim, mais uma vez, percorro um caminho desafiador e prspero
em possibilidades, no qual as Tecnologias da Informao e Comunicao tornam-se
potencializadoras no processo formativo dos sujeitos para o entendimento de Espao. Dessa
maneira, conceitos complexos podem ser tratados sob uma perspectiva ampliada no cotidiano
da sala de aula, atravs das Geotecnologias, que, mediadas pelos jogos digitais, tendem a
agregar elementos ldicos. Argumenta-se que esse contexto possibilita o redimensionamento
da criatividade e dos saberes relacionados compreenso de Espao, o que contribui pararessignificar os sentidos atribudos s Tecnologias, com ateno ao potencial da construo do
conhecimento mediada pelas tecnologias digitais e telemticas.
1.2Intervenes e proposio sobre o objeto a ser investigado
Na histria da humanidade, o entendimento de Espao vem sendo materializado
atravs dos mapas. Esses artefatos Geotecnolgicos esto presentes no cotidiano das pessoas,mediando diferentes tipos de relao, desde as simplrias, como a brincadeira de caa ao
tesouro, at as complexas, a exemplo das estratgias de guerra e dominao econmica. Dessa
maneira, percebe-se que essa dinmica acontece ao longo da vida em vrias situaes
distintas. Mesmo assim, algumas aes que parecem triviais, como estabelecer a melhor rota
para chegar ao trabalho ou encontrar uma determinada loja em um shopping center, tornam-se
um desafio muitos sujeitos.
De acordo com Moraes (2002), a ausncia de interesse em entender os mapas e afuno desempenhada na organizao espacial so os principais fatores de rejeio por parte
dos alunos. Logo, imprescindvel articular meios que suplantem as lacunas referenciadas,
sendo as Geotecnologias concebidas como uma possibilidade, no sentido de auxiliar crianas
e adolescentes na compreenso/aproximao do/com seu Espao.
Em complemento ao autor supracitado, Francischett (2004, p. 124) afirma que [...] a
maioria dos professores que trabalham com o ensino concebem a Cartografia como a tcnica
de representar e ler mapas, desvinculada do contexto da Geografia. Talvez por isso haja uma
desvinculao entre o universo cartogrfico e a dinmica espacial do cotidiano, por parte de
professores e alunos. Melhor ainda, existe um hiato entre o que estabelecido nas cartas
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geogrficas e o que vigora no locus propriamente dito. Esse descolamento repercute na
impossibilidade de estabelecer uma relao de pertencimento, quando da aproximao do
indivduo com os mapas.
Santos (2002) refora a problemtica ao pontuar que a Cartografia est bem distante
da realidade das instituies de ensino no Brasil. Esta assertiva justificada, uma vez que a
maioria das habilidades de escrita, leitura e visualizao dos elementos grficos, relacionadas
s cartas geogrficas, desconhecida pelos educadores e, por consequncia, pelos educandos.
Loch e Fuckner (2005), em sintonia com Santos (2002), afirmam que esse panorama
no reflete exclusivamente os professores que possuem formao em outras reas do
conhecimento, a exemplo da Pedagogia e Histria, que, apesar de no serem alfabetizados em
tais conceitos, lecionam Geografia. A problemtica em questo tambm recai sobre osdocentes formados em Geografia, que apresentam as mesmas dificuldades no ensino da
Cartografia.
Diante disso, percebe-se que a formao docente relacionada ao entendimento de
Espao e compreenso da importncia da Educao Cartogrfica no processo formativo em
distintos campos de saberes encontra-se em uma condio embrionria. Portanto, emerge a
necessidade de compreender essa transversalidade, alm de aprofundar a discusso nos
diferentes cenrios pedaggicos, seja na educao bsica e/ou nos processos de capacitaoinicial e permanente de professores.
Segundo Schffer (2003), ainda existem instituies de ensino aliceradas na voz do
professor e na passividade do aluno, sendo a construo do conhecimento conduzida
exclusivamente pelo livro didtico. Em tal estratgia, verifica-se que elementos de grande
potencial didtico-pedaggico, como as Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC),
no so utilizados em sala de aula, em virtude do desconhecimento por parte do professor.
Dessa maneira, conceber a Cartografia mediada por tais tecnologias, em particular, os jogosdigitais, agregaria valor ao processo formativo dos diferentes sujeitos, vez que, em certa
medida, possvel simular os elementos e as relaes cotidianas do espao vivido, concebido
e percebido.
De acordo com Bettega (2004), a alternncia de paradigma condio sine qua non
para acompanhar as transformaes em uma sociedade que busca oportunizar novas
perspectivas em relao ao mundo virtual. Essa justificativa respaldada no atual processo
formativo, no qual se entremeiam inmeras possibilidades que reafirmam a constante
necessidade de mudana de hbitos arraigados nas prticas educacionais, assim como a
mediao dos aparatos tecnolgicos. Fundamentada nesta compreenso, Hetkowski afirma:
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[...] potencializar as tecnologias significa ampliar as possibilidades criativas dohomem, ampliar os olhares explorao de situaes cotidianas relacionadas aoespao geogrfico, ao lugar da poltica, representao de instncias conhecidase/ou desconhecidas, ampliao das experincias e condio de identificao com
o espao vivido (rua, bairro, cidade, Estado, pas) (HETKOWSKI, 2010, p.6).
Dessa maneira, a alternncia de sentidos asseverada pela autora referenciada
anteriormente tende a potencializar as TIC, como possibilidade para impulsionar a construo
do conhecimento. No que se refere presena dessas tecnologias no entendimento de Espao,
fundamental letrar12 professores e alunos para a interao com as diversas
Geotecnologias13. Como exemplo, podem-se citar os mapas, na Internet, do Sistema de
Informaes Geogrficas (SIG), sensoriamento remoto, Sistema de Navegao por Satlite
(GNSS), entre outros.Chaves e Loch (2007) complementam, enfatizando que uma parte significativa do
alunado considera os conceitos cartogrficos um bicho de sete cabeas. Como exemplo,
podem-se citar a orientao espacial, a escala, a lateralidade e a simbologia. Dessa maneira,
surge a seguinte inquietao: se realmente essas dificuldades esto relacionadas ao processo
de construo sobre o entendimento de Espao, por que no criar condies e artefatos que
tornem o aprendizado fascinante e significativo, aproximando docente e discente do contedo
em questo?Diante dessa reflexo apresentada, torna-se necessrio conceber estratgias
metodolgicas alternativas e/ou criativas, no intento de auxiliar as crianas e os adolescentes
no entendimento de Espao. Essa estruturao perpassa por um processo de letramento das
tecnologias existentes para a compreenso do espao geogrfico. Assim, uma possibilidade
que poderia despertar o interesse e desejo dos educandos so os jogos digitais, uma vez que
fazem parte do universo desses sujeitos. Nessa perspectiva, articular os conceitos
cartogrficos no jogo pode oportunizar o processo formativo desse contexto para professorese alunos.
Para Shaffer et al.:
[...] atravs dessas e de similares experincias em mltiplos contextos, os aprendizespodem compreender complexos contextos sem perderem a conexo entre as ideiasabstratas e os problemas reais que eles podem resolver. Em outras palavras, osmundos virtuais dos games so poderosos, porque fazem o possvel paradesenvolver a compreenso situada (2005, p. 106).
12Francisco Jorge de O. Brito assume e justifica, em sua tese, que os professores precisam ser alfabetizados compreenso da Educao Cartogrfica. Tese: Anlise crtica da cartografia: potencialidades do uso de
mapas na contemporaneidade. UNEB, Salvador, 2013. Disponvel em: < http://kimera.pro.br/publicacoes >.Acesso em: 18 fev. 2015.13 Solues computacionais baseadas em mltiplos conhecimentos cientfico-tecnolgicos, operacionalizadas pormeio de tcnicas, mtodos e procedimentos para anlise e entendimento de Espao.
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Em complemento a Shaffer et al. (2005), Alves (2008) enfatiza a necessidade de
aproximar os docentes das diferentes tecnologias. No caso dos games, preciso que haja o
interesse e o desejo do educador em percorrer o caminho trilhado pelas crianas eadolescentes, imergindo nesse universo de saberes ressignificados. Cabe ressaltar que apoiar-
se exclusivamente na ludicidade dos jogos digitais, sem o devido conhecimento e a
preparao necessria para a construo/interao prvia dos conceitos, alinhada conjuntura
escolar, tende a tornar o dilogo aluno-professor extremamente frgil e os jogos,
subutilizados.
Nesse contexto, torna-se relevante investigar:
Como o jogo-simulador Kimera concebido como proposio Geotecnolgica
para o entendimento de Espao?
O estudo em questo contribuir para o aprofundamento dos pressupostos relacionados
compreenso do espao geogrfico, sendo essa estruturao terica sugestionada atravs das
Geotecnologias, em particular, por meio do jogo-simulador supracitado.
1.3Objetivo
Intenciona-se, nesta pesquisa, conduzir o desenvolvimento do jogo-simulador Kimera
como proposio Geotecnolgica no entendimento de Espao. O percurso em questo tem
como objetivo apontar as caractersticas que tornam o jogo-simulador Kimera: Cidades
Imaginriasuma possibilidade Geotecnolgica na compreenso de Espao. Para tanto, torna-
se imprescindvel identificar quais concepes sustentam o jogo-simulador como potencial
geotecnolgico. Ademais, preciso verificar quais conceitos, a respeito de Espao, permeiam
a gnese do jogo Kimera. E, por fim, reconhecer quais pressupostos relativos ao espao
geogrfico podem ser articulados na interao com o jogo-simulador citado.
1.4Contextualizando a investigao a ser delineada
Para compreender a organizao formal instituda e como ela se articula a equipe
responsvel pela concepo do jogo-simulador Kimera: Cidades Imaginrias torna-se
necessrio historiar alguns movimentos que antecederam a consolidao do processo
colaborativo (participante) que vigora, pois esse percurso materializa o amadurecimento do
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conjunto (equipe e metodologia), a respeito da dinmica empreendida no desenvolvimento do
jogo digital educacional supracitado.
Dessa maneira, na tentativa de contextualizar o jogo-simulador Kimera, faz-se
premente referenciar, em primeira instncia, a aproximao entre o Grupo de Pesquisa em
Geotecnologias, Educao e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia
(GEOTEC/UNEB) e o Laboratrio de Estudos em Linguagem, Interao e Cognio da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LELIC/UFRGS), coordenado pela Professora
Margarete Axt. Essa parceria dar-se- na elaborao e execuo do projeto Citt
Cosmopolitta14: Simulador de Redes de Cidades, aprovado no Edital 28/ 2010 - MEC/CAPES
e MCT/CNPq/FINEP, coordenado pelo professor Doutor Daniel Nehme Muller, scio-diretor
da empresa Conexum, em Porto Alegre/RS.O projeto em questo intenciona discutir o entendimento de Espao, mediado pelas
possibilidades do simulador de cidades nominado como Citt. Essa proposio perpassa pela
compreenso do espao geogrfico, cidades e Educao Cartogrfica com os alunos da Rede
Pblica de Ensino de Porto Alegre/RS (ANDRADE et al, 2012).
O primeiro encontro entre os grupos de pesquisa ocorreu em novembro de 2010,
quando estive com os professores Tnia Hetkowski (GEOTEC), Lynn Alves (Comunidades
Virtuais) e Francisco Brito (IBGE), visitando a UFRGS/Conexum. A inteno foiconhecer/discutir com a equipe (tcnica e pedaggica) a respeito das expectativas e
encaminhamentos para o desenvolvimento do projeto, porm adequado a realidade da UNEB
e da cidade de Salvador (BA).
Ao retornar para Salvador (BA), o grupo trouxe tambm algumas inquietaes que
instigaram os participantes dessa reunio inicial a contra-argumentarem os requisitos (apenas
simulao) e as bases tecnolgicas15 em que o software se assentava. Esses contrapontos
foram fortalecidos nos depoimentos e vivncias da professora Doutora Lynn Alves, queexternou as experincias do grupo Comunidades Virtuais no desenvolvimento de jogos
digitais educacionais para a Rede Pblica de Ensino do Estado da Bahia. A realidade que se
apresenta nica, desde a regio metropolitana ao serto semirido, evidenciando nas escolas
a ausncia ou atendimento precrio nas questes de infraestrutura tecnolgica bsica, a
exemplo de conectividade (link) deInternete computadores.
14 Existe uma parceria entre o LELIC e a empresa de tecnologia Conexum para a construo dos mdulos decomunicao, interao e geolocalizao para o simulador de cidades Citt.15 O simulador foi desenvolvido na linguagem de programao Java, criada na dcada de 90 e amplamenteutilizada na codificao de solues computacionais comerciais.
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Diante desse contexto, foram realizadas inmeras reunies, inclusive com a
participao de pesquisadores e bolsistas do projeto, em que a pauta principal fundamentou-se
na concepo (tcnica e de funcionamento) do simulador de cidades Citt. Partindo-se da
premissa de que apenas o ato de simular a administrao de uma cidade no seria suficiente
para canalizar o tempo e a energia das crianas, no processo formativo sobre entendimento de
Espao, optou-se por avanar para alm da condio externada, agregando caractersticas
hbridas (jogo e simulador). Para tanto, definiu-se o desenvolvimento de um jogo-simulador
(no nomeado) alicerado em uma Tecnologia16 voltada s aplicaes multimdias, sendo o
lastro pedaggico articulado em uma perspectiva do Espao17, que se materializa no cotidiano
das relaes humanas.
Apesar dos direcionamentos gerais serem estabelecidos para o jogo-simulador, o nomeno havia sido definido. Essa questo permeou as discusses do grupo de forma exaustiva, ao
longo de vrias reunies, sem perder de vista a concepo hbrida asseverada nas deliberaes
iniciais. Dessa maneira, visando sistematizar a escolha do nome, foi enviada uma mensagem
eletrnica lista de e-mailsdos membros do grupo GEOTEC. Esta ao tinha como objetivo
a coleta de sugestes para, posteriormente, encaminhar escola, que tambm agregou outras
possibilidades, com a inteno de eleger o nome do jogo-simulador.
Nesse nterim, o grupo Comunidades Virtuais realizou uma oficina para aproximar ospesquisadores interessados em adentrar no universo dos Games. Como alguns componentes
do GEOTEC no possuam essa insero, eles foram convidados a participar, como se
observa na Figura 2, a seguir.
16Optou-se pela linguagem de programao Flash para criar o jogo-simulador. A escolha fundamentou-se nas
experincias do Grupo de Pesquisa Comunidades Virtuais (CV) no desenvolvimento de jogos digitaiseducacionais para Rede Pblica de Ensino. A base (framework) de funcionamento seria norteada pelo jogo Copa2014, desenvolvido pelo CV.17O entendimento de Espao ser abordado no Captulo 2.
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Figura 2 - Participantes da oficina de aproximao dos Games
Fonte: GEOTEC.
A partir deste evento, o GEOTEC se autoriza e constri autonomia e identidade
prprias, com uma dinmica colaborativa e menos dependente do Grupo Comunidades
Virtuais e do Laboratrio de Estudos em Linguagens, Interao e Cognio. Ainda nessa
oficina, houve uma breve reunio com os envolvidos no projeto Citt Cosmopolitta,
objetivando apresentar os nomes coletados na escola (o mais votado foi "Cidade Espelho") e
na troca de mensagens eletrnicas entre o grupo. Aps analisar as indicaes, optou-se
inicialmente por Quimera, entretanto, aps as intervenes do orientando Ricardo Garcia, foi
acatada a troca da letra Q por K, sendo chamado de Kimera. A Figura 3 retrata a
dinmica em questo.
Figura 3 - Reunio18para definio do nome do jogo-simulador
Fonte: GEOTEC.
18Foto da reunio (direita para a esquerda). Professora Doutora Tnia Hetkowski (Coordenadora), mestrandoRicardo Garcia (Equipe de Marketing), mestrando Saulo Leal (Equipe de Programao), Professor Doutor AndrSilva Betonnasi (Equipe de Design) e doutorando Andr Rezende (Equipe de Programao).
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Portanto, o jogo-simulador Kimera: Cidades Imaginrias se articula como um
simulacro, no qual as crianas tm a possibilidade de pensar e representar cidades vivenciadas
por ele, explorando a dinmica do cotidiano que permeia o entendimento de Espao. Logo, o
jogo supracitado oportuniza aos jogadores a construo de noes sobre lateralidade, escala,
dentre outros conceitos fundamentados na relao entre o mundo vivido e o mundo
imaginrio (ANDRADE et al. 2012).
Ante o exposto, torna-se evidente que as bases tericas do jogo-simulador Kimera:
Cidades Imaginrias haviam sido delineadas. No entanto, foi necessrio materializar tais
conceitos em bytes e bits. Para tanto, dentro do projeto Kimera, houve a necessidade de se
estruturarem equipes multireferenciais19, vez que, a exemplo do desenvolvimento de Games,
um jogo digital tambm envolve, diretamente, diversas reas do conhecimento, a saber:design, udio, marketing, transmdia, programao, roteiro, entre outros. Cabe enfatizar que,
por abordar contedos escolares, acrescentou-se o corpo pedaggico em sua composio,
conforme se verifica na Figura 4.
Figura 4 - Organizao formal da equipe do projetoKimera
Fonte: GEOTEC.
Assim, os pesquisadores do GEOTEC, nos diferentes nveis de formao (iniciao
cientfica ao ps-doutoramento), foram se assentando nas estruturas organizacionais
previamente estabelecidas. Esse enquadramento fundamentou-se na expertise de cada
19 Possuem integrantes dos diversos campos do saber, a exemplo da computao, marketing, matemtica,pedagogia, artes, entre outros. Os produtos materializados (roteiro, informao, documentos, designe etc.) pelo
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integrante e/ou rea de atuao (Tcnico e Acadmico), ficando a dinmica de funcionamento
e/ou interao representada na Figura 5.
Figura 5 - Articulao interna da equipe do jogo-simuladorKimera
Fonte: GEOTEC.
A minha trajetria profissional e acadmica possibilitou fazer parte da equipe de
programao, a qual foi composta, inicialmente, por trs mestrandos. Foram exercidas
atividades relacionadas coordenao do desenvolvimento do motor (POTAPCZUK20, 2013),
extenses (SANTOS21, 2013; SANTIAGO JNIOR22, 2014) e do jogo propriamente dito.
Cabe destacar que, mesmo ocupando uma posio tcnica formalmente instituda na
organizao das equipes, o objetivo desta pesquisa extrapolou a viso instrumental, arraigada
grupo, independentemente da rea de conhecimento, so discutidos e/ou influenciados nas diferentesperspectivas/referncias.20POTAPCZUK, Diego de Oliveira. K-engine: Desenvolvimento do Motor do Jogo-Simulador KimeraCidadesImaginrias. 2013. 72 f. Dissertao (Mestrado em Gesto e Tecnologias Aplicadas Educao) - Universidadedo Estado da Bahia. Disponvel em: .Acesso em: : 18 fev. 2015.21 SANTOS, Saulo Leal dos. O voo do Kimera: uma proposta de extenso baseada nos conceito deSensoriamento Remoto aplicada ao jogo-simulador Kimera. 2013. 56 f. Dissertao (Mestrado em Gesto eTecnologias Aplicadas Educao) - Universidade do Estado da Bahia. Disponvel em:.Acesso em: 18 fev.2015.22SANTIAGO Jnior, Humberto Atade. K-Amplus: uma proposta de extenso para potenciar o entendimentode Espao aplicado ao jogo-simulador Kimera. 2014. 57 f. Dissertao (Mestrado em Gesto e TecnologiasAplicadas Educao) - Universidade do Estado da Bahia. Disponvel em:. Acesso em: 18 fev. 2015.
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nos aparatos tecnolgicos, avanando no fito de conceber o jogo-simulador Kimera: Cidades
Imaginriascomo potencial Geotecnolgico para o entendimento de Espao.
1.5Abordagem metodolgica desta investigao
No desenvolvimento desta pesquisa, foi estabelecido a classificao quanto a natureza
e abordagem. No que tange natureza desta investigao, caracterizou-se como aplicada,
devido sua inteno de produzir informao e conhecimento para aplicao prtica na
soluo de determinadas dificuldades. Em relao sua abordagem, foi definida como
qualitativa, uma vez que buscou analisar o jogo-simulador Kimera fundamentado nas
experincias dos diferentes sujeitos.
Por fim, tem-se a classificao dos procedimentos tcnicos envolvidos neste trabalho.
Optou-se pelo Estudo de Caso, que se caracteriza pela observao detalhada de um
determinado contexto, aqui compreendido como as percepes registradas na
interao/explorao do jogo.
1.6Organizao deste trabalho
Esta tese organizar-se- em seis (6) captulos. Os dois (2) captulos posteriores ao
Captulo 1 Introduo contm a fundamentao terica e a reviso da literatura
relacionada temtica em questo. A descrio das etapas que foram desenvolvidas nesta
investigao encontra-se no quarto captulo. No quinto captulo, tem-se a anlise das
informaes sistematizadas, que foram coletadas em campo. O Captulo 6 reservado
concluso e, em seguida, so apresentadas as referncias utilizadas, os apndices e anexos
contendo material suplementar desta pesquisa. Ante o exposto, o presente trabalho estdividido da seguinte maneira:
Captulo 1 Introduo anuncia os objetivos; o contexto da pesquisa; a
justificativa da escolha do tema e a organizao desta tese. Ademais, o meu
percurso profissional e acadmico, no intento de situar e fundamentar a
insero na investigao desenvolvida;
Captulo 2 descreve uma abordagem ampliada, a respeito do
entendimento de Espao. Para tanto, resgata conceitos tecnicistas e para
alm destes, visando subsidiar o avano conceitual a respeito da
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compreenso de Espao. O arcabouo em questo procura sustentar a
impossibilidade das cartas geogrficas materializarem, por meio de linhas,
cores e figuras, toda a complexidade de relaes que se encontram
imbricadas nos seus contornos;
Captulo 3 apresenta uma perspectiva redimensionada sobre as
Geotecnologias. Traz concepes lastreadas em uma base tcnica, que,
posteriormente, extrapolam o carter instrumental fortemente arraigado nos
seus artefatos. Assim, a premissa em questo articulada por meio da
ampliao conceitual das Tecnologias, com vistas a sustentar a
aproximao com os jogos digitais educacionais, em particular, o jogo-
simuladorKimera: Cidades Imaginrias;
Captulo 4 descreve os processos metodolgicos que contriburam para o
direcionamento da pesquisa;
Captulo 5 apresenta os resultados obtidos e a anlise dos dados;
Captulo 6 Concluso apresentam-se as contribuies deste trabalho
provenientes dos resultados coletados nas interaes e validaes realizadas
pelos sujeitos da pesquisa, bem como as perspectivas para o
aperfeioamento e evoluo do jogo-simulador.
Aps desvelar a Introduo desta pesquisa, o leitor est convidado a compreender o
Espao sob uma vertente que extrapola os limites tcnicos delineados pelas cartas geogrficas.
Essa proposio amplia o Espao para alm das simbologias (figuras, linhas, cores e etc.),
presentes nos mapas e converge no sentido de pensar esse locuscomo espao de relaes do
cotidiano dos diferentes sujeitos.
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2 ENTENDIMENTO DE ESPAO
Este captulo pretende contextualizar o espao geogrfico23 em uma perspectiva que
amplia seu entendimento, tornando frgil ou mesmo insustentvel sua compreenso
exclusivamente pelas cartas geogrficas, independentemente da abordagem classificatria24.
Esta argumentao encontra sustentao na premissa de que o Espao mediado,
essencialmente, pelas relaes humanas. Logo, existe uma limitao dos mapas em conter a
pluralidade de dimenses que esto presentes no meio, destacando-se a dinmica do
cotidiano, vivenciada e percebida pelos sujeitos que ali habitam, por consequncia,
perpassando por inmeras instncias, a exemplo da social, poltica, econmica, cultural,
tcnica, simblica, de poder, entre outras.Desse modo, sero elencados conceitos que, de alguma maneira, constituem e/ou
fundamentam este objeto de estudo. Portanto, na tentativa de manter a consistncia terica,
torna-se condio sine qua nonestabelecer o lastro que salvaguarda a proposio previamente
delineada. Assim, os anteparos conceituais esto embasados no aporte de Moraes (1982),
Carlos (2002) e, sobretudo, nas contribuies do gegrafo Milton Santos25 (2006; 2008 e
2008a).
Tal aproximao oportuniza advogar que o entendimento de Espao, fundamentadonos mapas, no consegue abarcar a multiplicidade de sentidos que se estabelecem. Ou seja, a
compreenso do espao geogrfico, em sua totalidade, no encontra amparo, exclusivamente,
nas simbologias da cartografia.
Assevera-se ainda que a categoria em anlise pode ser melhor compreendida pelo
redimensionamento das Geotecnologias26. Nesta pesquisa, articulada na concepo27 de
Tecnologias da Informao e Comunicao (ALVES, 2002; 2009; LIMA JR; HETKOWSKI,
2006; LIMA JR, 2007; 2005), no intento de se aproximar dos Jogos Digitais (GALLO, 2007;
23Nesta tese, a expresso espao geogrfico ou a inicial em maisculo da palavra Espao referem-se ao locusque compreende as vrias instncias (sociais, polticas, econmicas, culturais, tcnicas, simblica, de poder,entre outras) que constituem o cotidiano dos diferentes sujeitos.24Os mapas podem ser classificados como fsicos (geomorfolgicos, climticos, hidrogrfico, biogeogrfico) ehumanos (poltico, econmico, demogrfico, histrico e rodovirio). Este ltimo, apesar da proximidade social,no consegue abranger a vivncia das pessoas em seu meio, ou seja, as notaes (linhas, cores e smbolos) dascartas geogrficas no abarcam as relaes do cotidiano dos sujeitos.25Milton Almeida dos Santos, ou simplesmente Milton Santos, alm de gegrafo, graduou-se em Direito.26 A discusso terica a respeito dessa categoria de anlise ser desenvolvida no Captulo 3, nomeado comoGEOTECNOLOGIAS: DA VISO INSTRUMENTAL AO POTENCIAL CRIATIVO.27 A estruturao desta aproximao conceitual desenvolvida no Captulo 3, nomeado comoGEOTECNOLOGIAS: DA VISO INSTRUMENTAL AO POTENCIAL CRIATIVO.
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SATO, 2009; JUUL, 2003; 2009; GEE, 2010; JOHNSON, 2005), materializados no jogo-
simuladorKimera: Cidades Imaginrias.
vista disso, a estruturao apresentada no transcorrer do trabalho tem como objetivo
fundante subsidiar o embasamento conceitual para os demais captulos desta tese.
2.1Espao: multiplicidade de sentidos e significados
A necessidade de entender o Espao, encontra-se presente no cotidiano das sociedades,
mediando interesses distintos, independentemente do nvel sociopoltico e cultural institudo.
Portanto, as relaes dos/entre sujeitos no espao geogrfico acontecem em circunstncias
diversas, como nos jogos. Como exemplo, pode-se citar a escolha de um terreno paraminerao ou a delimitao de reas para preservao ambiental. Ressalta-se que, em ambas
as situaes, existem intenes subliminares que simulam contextos e condies que tambm
so estabelecidas pelos grupos hegemnicos, na dominao econmica dos pases em
desenvolvimento.
Diante desta breve introduo, na qual o objeto de investigao retratado em
instncias diferenciadas, torna-se oportuno formalizar uma definio. Assim, seguir-se- a
recomendao de Santos (2008) de que, a despeito das inmeras anlises atribudas ao espaogeogrfico, determinar o seu sentido premissa fundamental, conforme se pode constatar a
seguir:
A palavra espao uma dessas que abrigam uma multiplicidade de sentidos. Nossodesacordo aparente e nosso quase desespero fundamental vm menos do fato decada qual dizer e impor uma definio do nosso objeto de trabalho o espaohabitado e muito mais que frequentemente dele no tenhamos nenhumadefinio. Impe-se uma clara inteno epistemolgica na conceituao do espao ena busca de seus materiais analticos. Devemos, em segundo lugar, nos precaver dacrtica sem anlise, atitude frequente entre parcelas volumosas da esquerda. Aanlise tem que preceder a crtica, para que esta possa ser eficaz e para que se possa
elaborar um discurso eficaz. Devemos, em terceiro lugar, nos precaver de pensar olugar sem o mundo. Por tudo isso, e esta a quarta precauo, devemos abandonartodo preconceito, ao risco de sermos apontados exatamente por no ter preconceito(SANTOS, 2008, p.85).
A proposio encaminhada por Santos (2008) destaca a existncia de numerosos
aspectos a serem considerados no espao geogrfico. Esse contexto encontra-se imbricado na
perspectiva dos sujeitos que o vivenciam, ou seja, o cotidiano das prticas materiais (fazer) e
imateriais (pensar), institudas nesse locus. Ante o exposto, para tecer qualquer considerao
sobre o meio geogrfico, preciso compreender toda a sua extenso, sendo esta formada porvariadas dimenses. Dessa maneira, na tentativa de caracteriz-las e/ou entend-las atravs
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dos mapas, as relaes humanas que permeiam o Espao so obliteradas. Esta abordagem
apresenta-se como contraditria, na medida em que na relao do homem (operar) que o
meio adquire significado. Do contrrio, ao ser desconsiderada a dinmica desse espao
vivo, a anlise do objeto de estudo fundamentar-se- em uma estrutura vazia (morta). Melhor
dizendo, desprovida de forma (organizao dos elementos) e contedo (relaes que se
estabelecem no locus), contrapondo-se s argumentaes defendidas a respeito da influncia
do indivduo sobre o ambiente e como este se organiza em resposta s aes desencadeadas.
Resgatando a multiplicidade de percepes contidas no espao geogrfico, entende-se
que essas remetem a perspectivas que podem variar, a depender do campo terico ao qual essa
categoria esteja associada. Portanto, apesar dessa pesquisa estar relacionada Educao e
Contemporaneidade, optou-se por no delimitar o dilogo com outros domnios, justamentepela necessidade de compreenso do Espao na totalidade, mantendo assim uma aproximao
argumentao de Moraes (1982, p.66). Para o autor, no cabe cincia geogrfica construir
uma redoma lgica para justificar exclusividade sobre o objeto.
Assevera-se a proposio defendida por Moraes (1982) e reitera-se com Santos (2006).
Para esse autor, perfeitamente aceitvel que o espao geogrfico possa dialogar com reas
distintas do conhecimento, por consequncia, dar-se- a ampliao de possveis cenrios sobre
objetos similares.Santos (2006, p.48-49) refora a argumentao anterior, ao enfatizar a possibilidade de
agregar diferentes pontos de vistas a respeito do Espao. Esse posicionamento oportuniza que:
Diante do mesmo objeto, podemos atribuir-lhe diferentes estatutos epistemolgicos, sempre
lembrados de que o processo social como um todo indivisvel (SANTOS, 2006, p.58).
Entende-se que intrnseca ao Espao a capacidade de engendrar uma pluralidade de
sentidos. No entanto, embora esteja instituda essa multissignificao, o locusde observao
e/ou interao o mesmo, qualquer que seja o campo intelectual. Assim, os diferentes sujeitoscoadunam-se em torno da dinmica vivenciada e percebida no cotidiano. O panorama
multifacetado, atribudo ao espao geogrfico, resulta do processo de anlise sobre o meio,
sempre fundamentado nas premissas (experincias de vida) trazidas por seus interlocutores.
Continuando a discusso introduzida, advoga-se que h incontestvel necessidade do
entendimento de Espao. Entretanto, enfatiza-se que preciso, inicialmente, compreender os
seus elementos e as relaes que o permeiam para, posteriormente, tentar estabelecer o
dilogo com as proposies delineadas por Santos (2006; 2008 e 2008a) quanto ao construto
em questo.
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De acordo com Santos (2008a, p. 25), [...] somente a relao que existe entre as
coisas nos permite realmente conhec-las e defini-las. Fatos isolados so abstraes e o que
lhes d concretude a relao que mantm entre si. O autor enfatiza, de maneira
contundente, a exigncia fundante a respeito da compreenso das relaes institudas no
espao geogrfico. A argumentao trazida corrobora a reflexo ampliada sobre a dinmica
que se articula entre partes de um determinado contexto, independentemente da rea do
conhecimento. justamente por meio dessa condio que se torna possvel entender, na
totalidade, os atores e as aes, e como estes externam o seu operar, influenciando ou sendo
influenciados, em um determinado cenrio retratado nesta pesquisa, pela organizao do
Espao.
Pretende-se, atravs da observao dos atores e das respectivas aes, caracteriz-los eentend-los de forma unitria. Ademais, tornam-se perceptveis as relaes engendradas entre
eles e como se coadunam na estruturao do espao geogrfico, em uma perspectiva unssona.
Esta argumentao encontra amparo na afirmao de Santos (2008a), conforme possvel
constatar:
O espao deve ser considerado como uma totalidade, a exemplo da prpriasociedade que lhe d vida. Todavia, consider-lo assim uma regra de mtodo cujaprtica exige que se encontre paralelamente, atravs da anlise, a possibilidade dedividi-lo em partes. Ora, a anlise uma forma de fragmentao do todo que se
caracteriza pela possibilidade de permitir, ao seu trmino, a reconstituio dessetodo. Quanto ao espao, sua diviso em partes deve poder ser operada segundo umavariedade de critrios. A que vamos aqui privilegiar e tentar, atravs do quechamamos os elementos do espao, apenas uma dessas diversas possibilidades(SANTOS, 2008a, p. 15).
Torna-se oportuno enfatizar que os variados sentidos que se apresentam no
entendimento de Espao esto imbricados nas relaes humanas, manifestando-se atravs da
sociedade, sendo necessrio que esse conjunto seja analisado de forma unissonante. No
entanto, permite-se a anlise fragmentada desde que, ao trmino desse processo, seja possvel
compreender, na totalidade, como se organizam. Dessa maneira, iniciando a apreciao
individualizada, abordar-se- o autor supramencionado que afirma ser o espao geogrfico
formado pelos [...] homens, as firmas, as instituies, o chamado meio ecolgico e as
infraestruturas (SANTOS, 2008a, p. 16). Tal desmembramento proposto totalidade, no qual
o Espao se organiza, revela caractersticas de suas partes, que, no decorrer desta seo, sero
aprofundadas.
Portanto, adentrando nas particularidades dos elementos nominados, possvel afirmar
que todos possuem uma diversidade de funes no espao geogrfico. Como exemplos, tm-
se os homens, que articulam interesses e desejos diversificados; as firmas, que so empresas
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ou conglomerados multinacionais que objetivam a produo de bens, servios e
conhecimento; as instituies so responsveis por determinar a legislao e as normas. O
meio ecolgico o ambiente, onde as aes dos elementos se instituem. Por fim, as
infraestruturas, que so a corporificao do prprio fazer sobre o meio ecolgico, se
materializam em indstrias, plantaes, estradas, ferrovias, rodovias, hidreltricas, entre
outros.
Apesar da argumentao relacionada s funes, essa atribuio no mutuamente
excludente. Ou seja, os diferentes elementos podem assumir e/ou alternar o modus operandi
na dinmica viva do Espao. Logo, existe entre eles o deslocamento ou intercmbio das aes
exercidas no espao geogrfico, no obstante, preservando sempre o sentido de totalidade.
Assim, as firmas deliberam as leis, os homens podem gerar conhecimento e as instituiestm a possibilidade de produzir bens, servios e direcionar interesses na dinmica desse locus.
Outra caracterstica desses elementos a possibilidade de lhes atribuir valores
qualitativos e quantitativos. A variao qualitativa dar-se- pelo acrscimo ou decrscimo de
qualidades ou funes, atribudas a partir da influncia que exercem no espao geogrfico.
Essa flutuao implica uma diferena quantitativa, sendo o seu valor estimado em virtude das
necessidades sociais institudas num certo momento. Cabe ressaltar que, para quantific-los,
torna-se condio sine qua non qualific-los, sendo esse processo acompanhado de umaanlise da totalidade, ou seja, dos elementos que compem o Espao e como eles esto
vinculados ao lugar em termos de importncia. justamente essa valorao, dependente do
meio, que oportuniza estruturar o entendimento no que tange dinmica instaurada em um
determinado contexto. Pode-se citar como exemplo a realizao da Copa do Mundo de
Futebol no Brasil, no ano de 2014, e como ela proporcionou o empoderamento da Federao
Internacional de Futebol Associado (FIFA).
A FIFA a entidade responsvel pela organizao e administrao de campeonatos defutebol envolvendo vrios pases. Dessa maneira, concebida inicialmente como Firma,
capaz de produzir bens, servios e conhecimento. No entanto, ao se definir o Brasil como sede
da Copa do Mundo, a FIFA tornou-se importante para o Pas, uma vez que o dito evento
consegue captar recursos financeiros internos e externos. Essa proeminncia produto do
movimento institudo, por consequncia, permite FIFA agregar outras funes, em
particular, a de Instituio. Portanto, por meio do acrscimo de qualidades, foi oportunizado
propor alteraes na legislao vigente, relacionadas ao consumo de bebidas alcolicas nos
estdios de futebol. Esse incremento (novas qualidades) advm da importncia que esse
acontecimento esportivo repercute para o Brasil, atravs de investimentos em todas as reas.
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A estruturao dessa dinmica acaba por pressionar as esferas do Poder Pblico (municipal,
estadual e federal), com o objetivo de declinarem, mesmo que temporariamente, do
cumprimento da lei que vigora.
Diante da ideia apresentada, entende-se que a fundamentao para argumentar a lgica
exemplificada encontra-se abrigada nas relaes que permeiam o espao geogrfico. Assim,
os homens, as firmas, as instituies, o meio ecolgico e a infraestrutura esto mutuamente
relacionados, atravs da possibilidade de alternarem o respectivo modus operandi, sendo essa
concepo ditada pela dinmica vivenciada e percebida no lugar. Defende-se que, para
compreender a complexidade instaurada, imperativo entender o Espao em sua totalidade,
partindo da premissa da multiplicidade de sentidos, sempre imbricados relaes humanas.
nessa teia de relacionamentos que a valorao (quantitativa e qualitativa) de cada elementodifere, exatamente em razo da importncia que se apresenta no contexto em questo. Desse
modo, na tentativa de entender o Espao em uma perspectiva que se alicera nos mapas,
materializa-se um descolamento da realidade, tornando-o frgil e incompleto.
Diante disso, redundante afirmar que esses elementos no so homogneos, uma vez
que a prpria variao que lhes atribuda enfatiza esse processo como desigual. Destarte, em
um determinado momento da existncia, eles tendem a possuir oscilaes de relevncia para o
meio. Diante de tal processo, entende-se que o espao geogrfico encontra-se em um estadocontnuo de expanso, alicerado em uma variante, fruto do cotidiano das sociedades, que lhe
definem determinada relevncia, a partir das necessidades sociais instauradas.
E, por fim, tem-se a perspectiva do imbricamento entre os elementos que esto
abrigados no Espao e as relaes que o perpassam, como se pode observar na afirmao de
Santos (2008a):
Os diversos elementos do espao esto em relao uns com os outros: homens efirmas, homens e instituies, firma e instituies, homens e infraestrutura, etc. Mas,
como j observamos, no so relaes apenas bilaterais, uma a uma, mas relaesgeneralizadas. Por isso, e tambm pelo fato de que essas relaes no so entre ascoisas em si ou por si prprias, mas entre as suas qualidades e os seus atributos,pode-se dizer que eles formam um Verdadeiro Sistema (SANTOS, 2008a, p. 15).
Em continuidade contextualizao dos elementos do Espao, acrescenta-se, neste
percurso, a anlise deles, no que concerne influncia recproca. Assim, partindo do
pressuposto de que a funo pode desencadear numerosas aes capazes de modificar o meio
e quaisquer outros elementos, inclusive a si mesmo, evidencia-se uma relao generalizada
entre eles, instituindo uma rede na qual os partcipes dessa dinmica influenciam e/ou so
influenciados. A condio externada explicita como se apresenta a comunicao entre os
componentes que formam o locus, que, independentemente de qualquer lgica estruturada,
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encontra-se imbricada na relao do homem sobre o Espao. Argumenta-se que essa
totalidade remete a uma infinidade de relacionamentos (elementos versusrelaes, elementos
versuselementos e etc.), por consequncia, h uma pluralidade de (des)encontros, ou seja, um
sistema vivo.
Em sua obra, intitulada A Natureza do Espao: Tcnica e Tempo, Razo e Emoo,
Santos (2006) apresenta a primeira contribuio a respeito da formalizao sobre o
entendimento de Espao. Nessa abordagem, o autor posiciona-o como um conjunto formado
por elementos fixos e fluxos. De acordo com ele, essa organizao conceitual pode ser
concebida assim:
Os elementos fixos, fixados em cada lugar, permitem aes que modificam o prpriolugar, fluxos novos ou renovados que recriam as condies ambientais e as
condies sociais, e redefinem cada lugar. Os fluxos so um resultado direto ouindireto das aes e atravessam ou se instalam nos fixos, modificando a suasignificao e o seu valor, ao mesmo tempo em que, tambm, se modificam. Fixos efluxos juntos, interagindo, expressam a realidade geogrfica e desse modo queconjuntamente aparecem como um objeto possvel para a geografia. Foi assim emtodos os tempos, s que hoje os fixos so cada vez mais artificiais e mais fixados aosolo; os fluxos so cada vez mais diversos, mais amplos, mais numerosos, maisrpidos (SANTOS, 2006, p.38).
Partindo da argumentao engendrada por Santos (2006), estruturar-se- a seguinte
aproximao terica: os fixos esto representados pelos elementos que formam o espao
geogrfico (homens, firmas, instituies, meio ecolgico e infraestrutura), que, atravs dasprprias aes, podem introduzir qualidades no locus, corporificadas nesse contexto pelos
fluxos.
Assevera-se ainda que justamente o operar dos fluxos sobre os fixos que
oportuniza sua multiplicao, cada vez mais artificializados e menos naturais. Como exemplo,
podem-se citar as Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC), concebidas a partir dos
processos humanos e criativos e, no agir desses sobre si, acabaram por modific-los
sucessivamente, tornando-os cada vez mais fixos e distantes da natureza inicial. justamente nessa dinmica que se fundamentam os avanos cientficos e tecnolgicos da
sociedade, melhor dizendo, pela modificao constante dos fluxos, esses, por sua vez, foram
agregando outras (novas) funes, afastando-se, por consequncia, da forma primeiramente
idealizada.
Segundo Santos (2006), os fixos e os fluxos so intercambiantes na construo e/ou
modificao dos movimentos institudos no Espao. Portanto, agem e/ou afetam mutuamente
e (in) diretamente as relaes estabelecidas nesse Espao de convivncia no qual os sujeitos
habitam.
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Neste mesmo trabalho, apresenta-se outro redimensionamento na definio do objeto
em discusso. De acordo com Santos (2006, p. 38), possvel trabalhar com outro par de
categorias: de um lado, a configurao territorial e, de outro, as relaes sociais. Ainda
seguindo essa lgica, o autor complementa ao enfatizar que a configurao territorial, ou
configurao geogrfica, tem, pois, uma existncia material prpria, mas sua existncia social,
isto , sua existncia real, somente lhe dada pelo fato das relaes sociais (SANTOS, 2006,
p. 38-39).
Dando prosseguimento estruturao conceitual introduzida, tem-se a organizao do
Espao, ou melhor, dos seus elementos e das relaes que perpassam por ele, no cotidiano.
Logo, existe uma atribuio de sentidos que transcorre da vivncia dos sujeitos no locus. Por
conseguinte, pode-se conceber essa relao como o(s) ponto(s) de contato (material eimaterial) do homem com o meio, sendo este capaz de (re)produzir alteraes nas mais
variadas instncias.
Diante do exposto, explorar a totalidade que se apresenta no entendimento do espao
geogrfico, pautada, essencialmente, nas simbologias presentes nos mapas, torna-se uma
estratgia frgil e descolada da realidade instituda. Assim, enfatiza-se a necessidade em
articul-lo, de modo que permita a estruturao terica fundamentada no imbricamento entre
os partcipes da dinmica cotidiana, sempre permeada pela questo do sujeito. Talvez, umapossibilidade esteja na aproximao das TIC do contexto escolar, em particular, das
Geotecnologias.
Prosseguindo com a argumentao trazida por Santos (2006), defende-se que a
proposta conceitual engendrada perpassa pelas relaes humanas, sendo elas estabelecidas
entre os elementos que constituem esse locus. Essa tessitura tem uma origem social, portanto,
a organizao terica sugestiona o Espao como um organismo dinmico, ou seja, em
constante movimento, resultante das aes desencadeadas pelas necessidades do prpriohomem.
O autor apresenta sua ltima proposio, no que tange definio do objeto em
discusso. A contribuio fundamenta-se em uma perspectiva analtica do espao geogrfico,
trazendo uma aproximao entre as diversas reas do saber. Essa afirmao pode ser
constatada a seguir:
Nossa proposta atual de definio da Geografia considera que a essa disciplina cabeestudar o conjunto indissocivel de sistemas de objetos e sistemas de ao queformam o espao. No se trata de sistemas de objetos e sistemas de aes tomadosseparadamente. (...). O espao formado por um conjunto indissocivel, solidrio etambm contraditrio, de sistemas de objetos e sistemas de aes, no considerados
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isoladamente, mas como o quadro nico no qual a histria se d (SANTOS, 2006, p.39).
Ao se analisar a teorizao do Espao, delineada por Santos (2006, 2008 e 2008a) no
decorrer de sua trajetria, observa-se o entrelaamento de proposies apresentad