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Johann Wolfgang von Goethe A Natura Aforístico (por volta do ano 1.780) Natura! Nós somos por ela cingidos e envolvidos – incapazes de sair dela e incapazes de penetrar mais fundo em ela adentro. Inrogados e imprevenidos , acolhe-nos ela no circuito de sua dança e se toca avante conosco, até estarmos fatigados, e do seu braço descairmos. Ela gera eternamente novas feições; o que aí está ainda nunca foi; o que foi, não retorna – tudo é novo e contudo sempre o antigo. Nós vivemos em meio dela e lhe somos estranhos. Ela fala incessantemente conosco e não nos traí seu segredo. Nós virtuamos constantemente sobre ela e temos contudo nenhum poder sobre ela. Ela parece tudo ter disposto sobre individualidade e não se importa dos indivíduos. Ela edifica sempre e destrói sempre, e sua oficina é inacessível. Ela vive em muitíssimas crianças; e a mãe, onde está ela? – Ela é a única artista: ex o mais singelo estofe aos maiores contrastes; sem aparência de esforço à maior perfeição – à exatíssima determinância, sempre revestida de algo macio. Cada das suas obras tem uma essência própria e cada de suas aparições o isoladíssimo conceito: e todavia tudo perfaz Um. Ela deludia um espetáculo; se ela mesma o vê, não sabemos nós, e contudo ela o ludia para nós que estamos postados no canto. É isso um eterno viver, vir-a-ser e mover em ela, e contudo ela não avança. Ela se transforma eternamente e é nela nenhum momento um estar-parado. Para o permanecer tem 1

Johann Wolfgang Von Goethe - A Natura

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Johann Wolfgang von Goethe

Johann Wolfgang von GoetheA Natura

Aforstico (por volta do ano 1.780)

Natura! Ns somos por ela cingidos e envolvidos incapazes de sair dela e incapazes de penetrar mais fundo em ela adentro. Inrogados e imprevenidos , acolhe-nos ela no circuito de sua dana e se toca avante conosco, at estarmos fatigados, e do seu brao descairmos.

Ela gera eternamente novas feies; o que a est ainda nunca foi; o que foi, no retorna tudo novo e contudo sempre o antigo.

Ns vivemos em meio dela e lhe somos estranhos. Ela fala incessantemente conosco e no nos tra seu segredo. Ns virtuamos constantemente sobre ela e temos contudo nenhum poder sobre ela.

Ela parece tudo ter disposto sobre individualidade e no se importa dos indivduos. Ela edifica sempre e destri sempre, e sua oficina inacessvel.

Ela vive em muitssimas crianas; e a me, onde est ela? Ela a nica artista: ex o mais singelo estofe aos maiores contrastes; sem aparncia de esforo maior perfeio exatssima determinncia, sempre revestida de algo macio. Cada das suas obras tem uma essncia prpria e cada de suas aparies o isoladssimo conceito: e todavia tudo perfaz Um.Ela deludia um espetculo; se ela mesma o v, no sabemos ns, e contudo ela o ludia para ns que estamos postados no canto.

isso um eterno viver, vir-a-ser e mover em ela, e contudo ela no avana. Ela se transforma eternamente e nela nenhum momento um estar-parado. Para o permanecer tem ela nenhum conceito, e sua maldio ela lanou ao estar-parado. Ela firme. Seu Passo moderado, suas excees raras, suas leis imutveis.Pensado tem ela e medita constantemente; mas no qual um homem, porm qual Natura. Ela se reservou um peculiar omniabrangente sentido, que ningum lhe pode imitar.

Os homens so todos em ela e ela em todos. Com todos ela pratica um amvel jogo e se alegra, quanto mais dela se ganha. Ela o pratica com todos s escondidas assim, que ela o joga at o fim, antes de eles o notarem.

Tambm o inatural Natura; tambm a mais plmbea filistinagem tem algo do seu gnio. Quem no a v omniures, nenhures a v direito.

Ela ama a si mesma e adere a si mesma eternamente com olhos e coraes sem nmero. Ela se multiplicou para a si mesma fruir. Sempre faz ela novos fruidores nascer, insacivel, para comunicar-se.Ela se alegra junto iluso. Quem est em si e outros destri, esse pune ela o mais severo tirano. Quem confiante lhe segue, esse chega ela como uma criana ao seu corao.

Suas crianas so sem nmero. Para nenhum ela omniures parca, mas ela tem favoritos, para os quais ela muito esbanja e aos quais ela muito sacrifica. Ao grande devotou ela sua proteo.

Ela esguicha suas criaturas de ex o nada c a fora e no lhes diz, de onde elas vm e para onde elas vo. Elas devem meramente correr; a rota conhece ela.

Ela tem poucas molas impulsoras, porm jamais gastas, sempre virtuantes, sempre multivarias.

Seu espetculo sempre novo, porque ela sempre gera novos espectadores. Vida sua mais bela inveno, e a morte seu artifcio, para ter muita vida.

Ela envolve o homem em apatia e o incita eternamente luz. Ela o torna dependente da terra, inerte e pesado e o agita sempre de novo.

Ela d precises, porque ela ama movimento. Milagre, que ela consiga todo este movimento com to pouco! Cada preciso benefcio; rapidamente satisfeita, rapidamente de novo brotando. D ela um a mais, ento o uma nova fonte de prazer; porm ela chega logo ao equilbrio.Ela assesta a todo momento para a mais longa corrida e est a todos os momentos no alvo.Ela a vanidade mesma, mas no para ns, aos quais ela se fez ser a maior importncia.

Ela deixa cada criana burilar junto a si, cada tolo julgar sobre si, milhares embotados passarem por sobre si e nada ver, e tem em todos sua alegria e encontra com todos a sua conta.

Se obedece s suas leis, inda quando se lhes contratende; se virtua com ela, inda quando contra ela se quer virtuar.

Ela faz tudo o que ela d ser benefcio; pois ela primeiramente o torna indispensvel. Ela tarda, para que se a demande; ela corre, para que se no se farte dela.Ela tem nenhuma fala nem oratria; porm ela produz lnguas e coraes, atravs das quais ela sente e fala,Sua coroa o amor. S atravs dele se se aproxima dela. Ela tudo quer entrelaar. Ela isolou tudo, afim de tudo contrair. Atravs de uns sorvos de ex o clice do amor ela compensa uma vida cheia de fadiga.Ela tudo. Ela a si mesma compensa e a si mesma pune, alegra e tortura a si mesma. Ela rude e cndida, mimosa e terrvel, dbil e omnipoderosa. Tudo sempre a est nela. Passado e futuro ela no conhece. Presena lhe eternidade. Ela bondosa. Eu a elogio com todas suas obras. Ela sbia e quieta. Se lhe arranca nenhuma declarao do plexo, lhe extorque nenhuma ddiva, que ela no d voluntariamente. Ela astuta, porm para bom alvo, e o melhor no notar sua astcia.Ela integral, e contudo sempre incompleta. Assim como ela o pratica, pode ela sempre praticar.

A cada um aparece ela em uma peculiar feio. Ela se esconde em mil nomes e termos e sempre a mesma.Ela me postou c dentro, ela ir tambm conduzir-me c a fora. Eu me lhe confio. Ela queira dispor de mim. Ela no ir odiar sua obra. Eu no falei dela. No, o que vero e o que falso, tudo ela o falou. Tudo sua culpa, tudo seu mrito !

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