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EXMO. SR. PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA. JOILDO SOUZA BRITO, brasileiro, casado, vigilante motorista, portador do documento de identidade RG- 944507492 –SSP-BA e CPF – 010581805-41, filiação Roberto Brito e Eliana Santana Souza, residente e domiciliado na cidade de Salvador -Ba, Rua Getulio Vargas, nº44E, Fazenda Coutos I, CEP: 40730-000, vêm, com o merecido acatamento, perante V. Ex.ª, por intermédio de seu advogado, com procuração em anexo, interpor a presente MANDADO DE SEGURANÇA com pedido de LIMINAR inaudita altera pars, Em face do em face do SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, DO GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, DO COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA, com endereços na 2ª Avenida, nº 200 e 3ª Avenida, nº 390, Plataforma IV, 1º andar, os dois primeiros situados no CAB, Salvador, Bahia, CEP: 41745-003 e 41.745-005, respectivamente, e o último com sede de suas atividades na Praça Azpicueta Navarro, sem núm., Largo dos Aflitos, Campo Grande, Salvador-Ba, CEP 40.060-030, com esteio no art. Art. 5º,

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EXMO. SR. PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA.

JOILDO SOUZA BRITO, brasileiro, casado, vigilante motorista, portador do documento de identidade RG- 944507492 –SSP-BA e CPF – 010581805-41, filiação Roberto Brito e Eliana Santana Souza, residente e domiciliado na cidade de Salvador -Ba, Rua Getulio Vargas, nº44E, Fazenda Coutos I, CEP: 40730-000, vêm, com o merecido acatamento, perante V. Ex.ª, por intermédio de seu advogado, com procuração em anexo, interpor a presente

MANDADO DE SEGURANÇA com pedido de LIMINAR inaudita altera pars,

Em face do em face do SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, DO GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, DO COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA BAHIA, com endereços na 2ª Avenida, nº 200 e 3ª Avenida, nº 390, Plataforma IV, 1º andar, os dois primeiros situados no CAB, Salvador, Bahia, CEP: 41745-003 e 41.745-005, respectivamente, e o último com sede de suas atividades na Praça Azpicueta Navarro, sem núm., Largo dos Aflitos, Campo Grande, Salvador-Ba, CEP 40.060-030, com esteio no art. Art. 5º, LXIX da Constituição Federal e na Lei 12.016/2009, pelos motivos fático-jurídicos que doravante passa a aduzir:, pelos motivos fático-jurídicos que doravante passa a aduzir:

I – PRELIMINARMENTE - DA HIPOSSUFICIEÊNCIA ECONÔMICA

O autor declara-se, através de documento anexo, sem condições financeiras de arcar com os ônus do presente feito sem que com isso sofra consideráveis perturbações em sua economia pessoal, o que comprometeria sobremaneira

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sua subsistência e o de sua família; requer, desta forma, os benefícios da justiça gratuita com fulcro na Lei nº 1.060/50, art. 4º.

II – O FATO

Em 09/12/2012, foram realizadas a primeira etapa do concurso público para provimento de Cargo de Soldado da Polícia Militar do Estado da Bahia, o qual foi executado pela Fundação Carlos Chagas e disponibilizado o total de 2000 (duas mil) vagas para os mais diversos quadros da corporação militar, sendo homologado pela Portaria conjunta da SAEB/PM nº 01/2012, de 02 de outubro de 2012.

Após enfrentar uma rotina de sacrifício e dedicação para conseguir a tão sonhada vaga em um cargo público, o impetrante logrou êxito na primeira etapa do certame na colocação 6706, para Região 01 - Salvador (conforme o documento em anexo), mas na segunda etapa não foi habilitado por conta de ter sua nota de redação atribuída à zero, não sendo corrigida.

Ocorre que ao analisar mais a fundo o seu desempenho, confrontando com o desempenho de seus colegas que também realizaram o mesmo certame, bem como com o desempenho do último convocado, percebeu clarividentemente que a sua não convocação se deveu ao fato da prova de redação não ter sido corrigida.

O Impetrante, portanto, resta prejudicado por vários fatores: primeiramente pelo fato de ser a disciplina com que o Impetrante tem maior afinidade e habilidade e sempre foi assim por toda sua vida estudantil. Sempre foi a disciplina de maior desempenho em todos os processos seletivos pelos quais o impetrante passou; segundo porque o Impetrante tem a consciência do bom texto que produziu, data vênia, o mesmo vem se preparando para este concurso a anos; terceiro, a publicação da correção das redações em provas de concurso público é prática comum e, sobretudo LEGAL, afinal de contas é um procedimento administrativo de seleção pública, que deverá ser regido pelo princípio da Publicidade, contido, inclusiva na Carta Magna. A violação ao Princípio da Publicidade acaba por cercear o exercício de outros princípios pétreos, quais sejam o da Ampla Defesa e o do Contraditório, vez que, se o candidato não tem como ter conhecimento dos seus erros, não haveria como também se defender de qualquer injustiça havida consigo.

Com isso, o desempenho do Impetrante na redação tem que ser levado em consideração para a classificação do concurso. Não é razoável deixar de convocar um candidato que pode possuir uma nota alta na redação, o que

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mudaria a ordem classificatória, podendo contribuir com sua inteligência lingüista e interpessoal. Foram anos de preparação, sacrifícios e abdicações para conseguir a tão sonhada vaga. E, em amplo sentido, o próprio país sofrerá com uma possível ausência da contribuição social de mais um profissional competente referendado por concurso público, dispostos a fomentar o progresso de sua nação, como tantos outros, elementos imprescindíveis e jamais suficientes para o desenvolvimento nacional, ainda mais na área da segurança pública.

DO PRAZO DECADENCIAL

Nas palavras de Maria Helena Diniz, a Decadência é “a extinção do direito potestativo pela falta do exercício dentro do prazo prefixado, atingindo indiretamente a ação”. É, assim, a perda do direito em si, enquanto objeto material mediato.

A Lei 12.016/09, em seu artigo 23, previu o prazo decadencial de 120 dias para a impetração do Mandado de Segurança. Prazo este que possui, como termo inicial, a ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

SENDO ASSIM, O PRAZO COMEÇA A CONTAR DO DIA QUE ELE SOUBE POR REDES SOCIAIS DAS DECISÕES EM AMBITO JUDICIAL (PROCESSO NÚMERO 0022490-79.2015.8.05.0000) E PROCUROU ASSISTÊNCIA JURÍDICA, NÃO PODENDO SE FALAR ENTÃO EM DECADÊNCIA DO DIREITO DO CANDIDATO IMPETRAR O RESPECTIVO MANDANDO DE SEGURANÇA.

STJ - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA RMS 15788 SC 2003/0002194-1 (STJ)

Data de publicação: 12/04/2004

Ementa: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. CAUSA MADURA. MATÉRIA EXCLUSIVA DE DIREITO. SERVIDOR PÚBLICO. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO. LEGALIDADE DO EDITAL. - O termo de início para contagem do prazo decadencialdo mandado de segurança é a o da publicação do ato impugnado. Não tendo decorrido 120 dias

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da ciência pelo interessado, afastada a decadência. - A matéria impugnada pelo mandamus não se relaciona com critérios de julgamento nem com matéria fática. Como o direito foi discutido de forma satisfatória, a causa encontra-se madura para julgamento. - A jurisprudência dos nossos Tribunais tem admitido a exigência da aprovação em exame psicotécnico no edital de concurso público para provimento de certos cargos, com vistas a avaliação intelectual e profissional do candidato, desde que claramente prevista em lei, renegando, todavia, a sua realização segundo critérios subjetivos do avaliador, susceptível de ocorrer procedimento seletivo discriminatório. - Não havendo previsão legal da realização de exame psicotécnico e não tendo o mesmo sido realizado dentro de critérios objetivos, é de se reconhecer a ofensa a direito líquido e certo do candidato a continuar no certame e à matrícula no curso de formação. - Recurso ordinário a que se dá provimento.

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Ementa: RECURSAIS PREJUDICADA ¬ RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. Tendo em vista que o ato efetivamente atacado pelo mandado de segurança é o próprio edital que regulamentou o concurso, é a partir da data de sua publicação que tem início o prazo decadencial previsto no artigo 23 da Lei nº 12.016/2009. Tendo transcorrido o prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias, impõe-se o reconhecimento da ocorrência da decadência. Via de consequência, resta prejudicada a análise das demais teses recursais. (TJPR - 5ª C.Cível - AC 0533260-7 - Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. José

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Marcos de Moura - Unânime - J. 15.06.2010) (grifou-se). Vê-se nos autos principais[1], que a decisão que não conheceu o Recurso Inominada foi lida pelo impetrante em 20.01.2015 (mov. 73). Constituiu-se ali o ato coator, isto porque o prazo é contado a partir da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Ademais, frise-se que prazo para interposição do Mandado de Segurança é de 120 dias, contados a partir da data em que ointeressado tiver ciência do ato a ser impugnado, conforme artigo 23 da Lei 12.016/09. O prazo decadencial é peremptório e fatal, não se interrompe, nem suspende. Da data em que a impetrante tomou ciência do ato até a data em que foi impetrado o presente mandado de segurança decorreram mais de 300 dias. O ato impugnado é o que inicialmente se negou conhecimento ao Recurso e não o que mantem a decisão já exarada. Nestas condições, não conheço do mandado de segurança, indeferindo de plano a inicial, com fulcro no artigo 10 e 23 da Lei nº 12.016/09. Custas pelo impetrante, ficando isento do pagamento de honorários advocatícios, nos termos do artigo 25 da Lei nº 12.016/09. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Oportunamente, arquivem-se os autos. [1]Item 2.21.3.7. 1 do Código de Normas Nos recursos e nas ações que tramitam no Tribunal de Justiça, os desembargadores, juízes de Direito substitutos em 2º grau e juízes de Turmas Recursais, que possuírem acesso integral aos autos virtuais de origem, poderão se valer das informações e documentos produzidos nos processos eletrônicos para prolação de suas decisões, dispensando a requisição formal de informações dos respectivos magistrados, escrivanias ou secretarias. Curitiba, 20 de Agosto de 2015. Fernando Swain Ganem Magistrado (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0001267-30.2015.8.16.9000/0 - Curitiba - Rel.: Fernando Swain Ganem - - J. 20.08.2015)...

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STJ - RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA RMS 11257 SP 1999/0094244-2 (STJ)

Data de publicação: 27/08/2001

Ementa: PROCESSUAL CIVIL - MANDADO DE SEGURANÇA - ATO JUDICIAL - CONCESSÃO DE LIMINAR, CONDICIONADA A DEPÓSITO PRÉVIO - CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL (ARTIGO 18 DA LEI 1533 /51 - INÍCIO A PARTIR DO CONHECIMENTO DO ATO CONSIDERADO LESIVO E NÃO DA DECISÃO QUE INDEFERIU PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO - PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS - SÚMULA Nº 430 DO STF. O prazo de decadência, legalmente previsto para a impetração do mandado de segurança, é de 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da data em que o interessado tomar ciência do ato impugnado. O pedido de reconsideração, na espécie, não interrompe o prazodecadencial. Recurso improvido.

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STJ - MANDADO DE SEGURANÇA MS 10995 RJ 2005/0150822-9 (STJ)

Data de publicação: 07/10/2013

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL. ART. 23 DA LEI N. 12.016 /2009. CIÊNCIA PELO INTERESSADO. DECADÊNCIA. VERIFICADA. 1. A data de início do prazo decadencial, para impetração, previsto no art. 23 da Lei n.

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12.016 /2009 - e no revogado art. 18 da Lei n. 1.5533/1951) - é de 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da ciência do ato impugnado. 2. Cuida-se de mandado de segurança manejado contra ato judicial, cujaciência do impetrante se deu em 8.4.2005 e a impetração em 25.8.2005, logo, deve-se considerar fluído o prazo decadencial. Precedentes: AgRg no MS 16.109/DF, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe 26.9.2011; MS 13.818/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Corte Especial, DJe 10.8.2010; e MS 6.945/DF, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Corte Especial, DJ 15.12.2003, p. 172. Segurança denegada. Mandamus extinto sem resolução do mérito. Liminar revogada.

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STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AgRg no REsp 1309578 AM 2012/0032019-3 (STJ)

Data de publicação: 24/11/2014

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. ATUALIZAÇÃO DE VANTAGENS. LEI DE EFEITOS CONCRETOS. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO APÓS CENTO E VINTE DIAS CONTADOS A PARTIR DO INÍCIO DA VIGÊNCIA DO ATO NORMATIVO. DECADÊNCIA. 1. É cabível o mandado de segurança impetrado contra os efeitos concretos de ato normativos. O direito de requerer mandado de segurança, porém, extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei nº 12.016/09). 2. Segundo o princípio da actio nata, ocorrendo a supressão de vantagem remuneratória, é nesse momento que surge a pretensão do autor, data a partir da qual será contado

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o prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias para impetração de mandado de segurança. 3. Agravo regimental não provido.

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STJ - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL EDcl no AREsp 354010 DF 2013/0174642-1 (STJ)

Data de publicação: 22/05/2014

Ementa: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. ANULAÇÃO DE AUTO DE INFRAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. DECADÊNCIA CONFIGURADA. PROVAS QUE EVIDENCIAM O INÍCIO DO PRAZODECADENCIAL. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Em virtude do nítido caráter infringente, com fundamento no princípio da fungibilidade recursal, recebo os presentes Embargos como Agravo Regimental. 2. O Tribunal a quo concluiu pela decadência do direito da recorrente a partir da análise dos fatos e provas constantes do processo, levando em consideração a data da ciência, pelointeressado, do ato impugnado. 3. Inexiste omissão na decisão vergastada, porquanto esta evidencia que a modificação do entendimento quanto ao prazo para impetração do Writ demanda reexame de provas, o que é obstado pelo disposto na Súmula 7/STJ. 4. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, via de regra, a apreciação da existência ou não de direito líquido e certo amparado por Mandado de Segurança não tem sido admitida em Recurso Especial, pois exige reexame de matéria fático-probatória. 5. Embargos de Declaração recebidos como Agravo Regimental, ao qual nego provimento.

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Ocorre que ao analisar mais a fundo o seu desempenho, confrontando com o desempenho de seus colegas que também realizaram o mesmo certame, bem como com o desempenho do último convocado, percebeu clarividentemente que a sua não convocação se deveu ao fato da prova de redação não ter sido corrigida.

O Impetrante, portanto, resta prejudicado por vários fatores: primeiramente pelo fato de ser a disciplina com que o Impetrante tem maior afinidade e habilidade e sempre foi assim por toda sua vida estudantil. Sempre foi a disciplina de maior desempenho em todos os processos seletivos pelos quais o impetrante passou; segundo porque o Impetrante tem a consciência do bom texto que produziu, data vênia, o mesmo vem se preparando para este concurso a anos; terceiro, a publicação da correção das redações em provas de concurso público é prática comum e, sobretudo LEGAL, afinal de contas é um procedimento administrativo de seleção pública, que deverá ser regido pelo princípio da Publicidade, contido, inclusiva na Carta Magna. A violação ao Princípio da Publicidade acaba por cercear o exercício de outros princípios pétreos, quais sejam o da Ampla Defesa e o do Contraditório, vez que, se o candidato não tem como ter conhecimento dos seus erros, não haveria como também se defender de qualquer injustiça havida consigo.

Com isso, o desempenho do Impetrante na redação tem que ser levado em consideração para a classificação do concurso. Não é razoável deixar de convocar um candidato que pode possuir uma nota alta na redação, o que mudaria a ordem classificatória, podendo contribuir com sua inteligência lingüista e interpessoal. Foram anos de preparação,

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sacrifícios e abdicações para conseguir a tão sonhada vaga. E, em amplo sentido, o próprio país sofrerá com uma possível ausência da contribuição social de mais um profissional competente referendado por concurso público, dispostos a fomentar o progresso de sua nação, como tantos outros, elementos imprescindíveis e jamais suficientes para o desenvolvimento nacional, ainda mais na área da segurança pública.

III – O DIREITO

Em vista a situação do impetrante, denota-se o direito líquido e certo do mesmo, uma vez que se inscreveu no concurso público para Soldado da Polícia Militar da Bahia, ainda dentro do limite da idade estabelecida pelo Edital e não pode ser excluído do certame por não ter sua redação corrigida e, caso sua nota seja suficiente para modificar a classificação do concurso, o candidato deve ser convocado para a realização das etapas pré-admissionais, caso logre êxito em todas as referidas etapas, deve sim, ser matriculado no curso de formação e, no futuro, formar-se em Soldado da Polícia Militar, é isto que este writ busca garantir, enquanto remédio Constitucional.

É importante salientar à Vossa Excelência algo fundamental: a pontuação obtida na prova de redação gera enormes consequências na esfera jurídica do Impetrante, declarando-o apto ou não a ocupar uma vaga na Corporação de Polícia, pelo menos para prosseguir nas outras etapas do certame. Assim sendo, a Administração fica obrigada a observar, na realização de seus atos em tal procedimento, todos os princípios atinentes à Administração Pública em geral, dispostos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, entre os quais o da Legalidade e Puplicidade.

Adilson Abreu Dallari (1998, p. 68-69) afirma que a desconstituição de ato anteriormente praticado é condicionada “à justificação cabal da legitimidade dessa mudança de entendimento [da Administração], arcando a Administração Pública com o ônus da prova.”

Nesse sentido, corroboram os entendimentos abaixo colacionados:.

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STJ - RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA RMS 2402 RJ 1992/0032122-4 (STJ)

Data de publicação: 30/06/1997

Ementa: ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - REVISÃO DE PROVAS. - CONCEDE-SE A REVISÃO DE PROVAS EM CONCURSO PÚBLICO COM O FITO DE PRESERVAR A PROBIDADE ADMINISTRATIVA. - RECURSO PROVIDO. Encontrado em: /6/1997 POSSIBILIDADE, CANDIDATO, REVISÃO, PROVA,CONCURSO PÚBLICO, PRESERVAÇÃO, PROBIDADE, ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA... A SUA PROVA REVISADA. T5 - QUINTA TURMA DJ 30.06.1997 p. 31042 RSTJ vol. 99 p. 329 - 30

Dessa forma, tornaram-se inegáveis a obrigatoriedade de a Administração possibilitar ao candidato o acesso a sua prova corrigida, ali constando as pontuações atribuídas por todos os corretores a cada competência avaliada, e de facultar, aos que se sentirem prejudicados, a apresentação de recurso voluntário, seja administrativo ou judicial, para impugnar a nota final, caso seja mais baixa que a nota originária atribuída pelos corretores de sua prova.

Recentemente, o país viveu vários episódios relacionados ao mesmo mérito deste writ, no EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO – ENEM.

A situação de patente insegurança jurídica acima exposta gerou uma variedade de ações judiciais, mediante as quais os participantes prejudicados buscaram obter da Justiça Federal decisão no sentido de ordenar ao Inep (ou seu Presidente, autoridade coatora em caso de Mandado de Segurança) que apresentasse as provas de redação dos Autores ou Impetrantes com as devidas correções, e que abrisse prazo para apresentar recurso voluntário em caso de se detectar erro material ou qualquer falha na correção.

Em muitas dessas ações foram deferidas liminares em favor dos participantes. Para representar todas, concedidas tanto em primeiro grau quanto em sede de Agravo de Instrumento, abaixo segue a seguinte decisão proferida pelo Eg. Tribunal Regional Federal da Primeira Região:

“Narra o agravante que obteve nota muito aquém da esperada na prova de redação do ENEM 2011, visto que seu

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desempenho curricular sempre foi exemplar, e assim, requereu vista da prova, acompanhada de informações detalhadas sobre a correção, mas seu pedido foi indeferido.

Deixar de dar acesso a correção da prova constitui-se flagrante violação aos princípios da publicidade, do contraditório e da ampla defesa e independe de previsão editalícia. (...)

Assim, é certo o direito do impetrante de obter correção e vista de sua prova de redação, como também de apresentar recurso na via administrativa, independentemente de previsão no Edital, providência esta compatível com a razoabilidade, insuscetível de causar prejuízo à Administração.

Em vista de tudo o quanto foi elencado acima, denota-se o principio da razoabilidade ou da proporcionalidade, e a sua não aceitação viola o princípio da isonomia, em observância até mesmo do princípio do controle jurisdicional dos atos administrativos.

Quanto a violação do princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade reza o art. 2º da Lei 9784/99 o seguinte:

"A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade (grifo nosso), moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência".

Trata-se de dispositivo contido em lei que dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal. De qualquer sorte, os princípios que aí estão previstos devem nortear a atuação de qualquer Administrador Público, sendo, portanto, aplicáveis nas esferas estadual e municipal. Dentre os diversos princípios previstos, destaca-se o da isonomia, legalidade, proporcionalidade ou da razoabilidade.

Ressalte-se, outrossim, que o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade encontra assento no Texto Constitucional, a despeito de ser implícito. O citado postulado deriva do art. 5º, § 2º do texto magno ou mesmo da própria estrutura do Estado de Direito. Nesse sentido, pode-se colacionar o seguinte escólio:

"O princípio da proporcionalidade é, por conseguinte, direito positivo em nosso ordenamento constitucional. Embora não haja sido ainda formulado como norma jurídica global, flui do espírito que anima em toda sua extensão e profundidade o § 2º do art. 5º (grifo nosso), o qual abrange a parte não-escrita ou não expressa dos

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direitos e garantias da Constituição, a saber, aqueles direitos e garantias cujo fundamento decorre da natureza do regime, da essência impostergável do Estado de Direito e dos princípios que este consagra e que fazem inviolável a unidade da Constituição" (BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 396.)

O princípio da razoabilidade preceitua a administração pública deve ou aplicar a lei a partir da perspectiva do resultado que corresponde à concretização da justiça, a professora Lúcia Figueiredo conclui, ainda, que “razoabilidade vai se atrelar à congruência lógica entre as situações postas e as decisões administrativas. Vai se atrelar às necessidades da coletividade, à legitimidade, à economicidade, isto é, à relação de custos e benefícios”, (grifos nossos. Curso de Direito Administrativo, cit. P.47).

Já o princípio da proporcionalidade obriga que a Administração Pública atue de maneira a adequar os meios aos fins, afastando medidas abusivas ou aquelas com intensidade superior aos estritamente necessários, o publicista Juarez Freitas, ao tratar sobre o referido princípio, assim dispôs: “O administrador público, dito de outra maneira, está obrigado a sacrificar o mínimo para preservar o máximo de direitos” (O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais, 2. ed., São Paulo: Malheiros, 199, p. 57)

É TRANSLÚCIDA A INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE DA NÃO CORREÇÃO DA REDAÇÃO DO CANDIDATO, UMA VEZ QUE FOGE A TODOS OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, QUAIS SEJAM O DA LEGALIDADE, PUBLICIDADE, RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE, CONFORME EXPOSTO LOGO ACIMA, BEM COMO O DA EFICIÊNCIA, MORALIDADE, DENTRE OUTROS. SENDO ASSIM O IMPETRANTE RESTA DESFAVORECIDO EM SUA CLASSIFICAÇÃO, POIS SUA NOTA DE REDAÇÃO SERÁ DETERMINANTE, MATERIA A QUAL MAIS SE DESTACA, FRENTE AOS DEMAIS CANDIDATOS.

DA PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA

A prova pré-constituída do direito líqüido e certo do autor, tanto para o ajuizamento, quanto para receber a prestação jurisdicional apresenta-se inequívoca, formada de plano, e fundamentada por documentação acostada a esta inicial.

A prova em questão é cabal, inexistindo a necessidade de qualquer dilação no curso do processo.

DA CONCESSÃO DA LIMINAR

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De acordo com o artigo 7º, III da lei 12.016/09

“Art 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

...

III – que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica”.

Dessa forma, uma vez determinada a existência do “periculum in mora” e do “fumus boni iuris” é cabível a concessão da liminar, conforme preceitua o artigo supra-citado.

DO “FUMUS BONI IURIS” E DO “PERICULUM IN MORA”

Juntamente com os fatos e o direito acima explicitados, o que já demonstra o “fumus boni iuris”, há também o “periculum in mora”, vez que caso o Impetrante não tenha sua redação devidamente corrigida e sua classificação devidamente alterada, não poderá ser convocado para as demais etapas do concurso, sendo peremptoriamente excluído do certame, injusto que será, ao final, irreparável para o candidato e para o cidadão. Foram meses de preparação, sacrifícios e abdicações para conseguir a tão sonhada vaga. E, em amplo sentido, o próprio país sofrerá com a ausência da contribuição social de mais um profissional competente referendado por concurso público, disposto a fomentar o progresso de sua nação, como tantos outros, elementos imprescindíveis e jamais suficientes para o desenvolvimento nacional, ainda mais na área da segurança pública.

Por todos esses motivos, Excelência, o “ periculum in mora” resta demonstrado e a concessão da liminar faz-se indispensável ao caso em análise.

Comparecem, portanto, ao caso presente, todos os elementos condicionais e necessários para a obtenção da liminar, tal como está a perseguir o Impetrante, vez que de fato existe a lesão e o fundado receio de dano irreparável ao não ser submetido aos exames pré - admissionais.

IV – DOS PEDIDOS

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Ex positis, requerem a Vossa Excelência que se digne de:

I – Deferimento da justiça gratuita;

II - A concessão da liminar “inaudita auterapars”, com fundamento no Art. 273, inciso I do CPC, combinado com o Art. 5º da CF e a Lei 12.016/09, para determinar que a redação do candidato seja corrigida, em obediência ao princípio da isonomia, legalidade, moralidade e eficiência, caso logre êxito na classificação final de sua nota, que seja convocado para os exames pré-admisssionais, e, caso logre êxito, que seja convocado para a matrícula no curso de formação para o cargo de Soldado da Polícia Militar.

IV – A citação da parte Ré, para que, querendo, apresente contestação.

V – Requer a oitiva do representante do Ministério Público, devendo após, os autos irem à conclusão para a decisão do magistrado;

VI – Finalmente, requer a concessão definitiva da tutela, reconhecendo o direito do impetrante de ter a sua prova de redação corrigida, em obediência ao princípio da isonomia, legalidade, moralidade e eficiência, caso logre êxito na classificação final de sua nota, que seja convocado para os exames pré-admisssionais, e, caso logre êxito, que seja convocado para a matrícula no curso de formação para o cargo de Soldado da Polícia Militar.

Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais) para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos.

Pede deferimento.

Salvador, 24 de novembro de 2015.

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Ivã Magali da Silva Neto

OAB/BA 30.801