Bauru, 01 de Abril de 2010 3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp

O preço da culturaDos R$4.35 milhões repassados a secretaria da cultura, 76% é utilizado para

honrar salários e gastos administrativosMurilo Fermino

Por lei, todos os cidadãos têm direito a conhecer os gastos públi-cos de seu município. Entretanto, devido à dificuldade de acesso, ou falta de interesse, nem sempre es-ses números ficam claros a popu-lação, talvez por isso a maioria dos bauruenses não saibam que apenas 0,77% da receita Munici-pal se destina ao incentivo a cul-tura, e que 73% dessa receita é utilizada só para manter custos op-eracionais da secretaria da cultura.

Perguntado sobre o alto gasto da secretaria da cultura de Bauru, o acessor de imprensa Mar-cos Fernando acha isso normal: ”Temos mais ou menos 100 fun-cionários na secretaria” explica o assessor, afirmando que os R$2,33 milhões destinados ao pagamento

de salários da secretaria, pagam desde o secretario de cultura, aten-dentes de biblioteca e centros cul-turais da cidade. Após várias visi-tas, o secretário Pedro Romualdo de Oliveira não foi encontrado.

O valor que sobra de 27%

da verba vai para o real incentivo a formais culturais e de artes bauru-enses. Essa verba destina-se a for-mação cultural de grupos perman-entes, como por exemplo a Divisão de Ensino às Artes (DEA) ofere-cendo durante todo o ano, cursos

de iniciação às artes, como dança, capoeira, música, teatro e artes plásticas. Também coordena gru-pos artísticos dessas áreas, como o “Nós da Dança” e o “Ballerina”, além de apoiar o projeto “ÂNI-MA”, de trabalhos com cerâmica. Temos também apoio ao fomento cultural, segundo a lei do estimulo a cultura, a chamada democratiza-ção das artes disponibilizando ser-viços e exposições a comunidade em geral. O fundo especial de pro-moção de atividades culturais, que é destinado ao Teatro Municipal, onde é empregado em espetáculos, cursos e exposições para a popula-ção. Existe também as seis biblio-tecas municipais de bauru, sendo também mantidas (custos opera-cionais, materiais e aquisições) por essa fatia da verba cultural.

APEARTE tem papel importante no incentivo à dança

A dança é uma das três prin-cipais artes cênicas da Antiguida-de, ao lado do teatro e da música. Marcada pelo uso do corpo e movi-mentos previamente estabelecidos, é também um meio de relaxamento e prazer para quem a pratica. Pen-sando nos benefícios que uma aula de dança pode trazer, a Secretaria Municipal da Cultura oferece para a população bauruense cursos de balé clássico, street dance e jazz.

A Secretaria conta com o apoio da APEARTE (Associação de Pais e Arte Educadores), uma asso-ciação criada pelos pais e professores voluntários, tendo como objetivo dar apoio ao projeto. Hoje, a única pro-fessora de dança disponível é uma colaboradora associada, o que inclu-sive desperta certa revolta. Daniele Vasconcelos, mãe de aluno, comen-

tou que a associação é a principal responsável por ainda existirem au-las, já que falta apoio da Prefeitura.

Segundo a Diretora da Divi-são de Ensino às Artes, Cristiá Jar-

dim, a Secretaria da Cultura pretende abrir vagas para professores, pois a cada ano o número de interessados aumenta, mas a quantidade de aulas não, o que sobrecarrega os colabora-

dores que só recebem parte de uma contribuição facultativa de R$10.

Aqueles alunos que alcançam um nível mais avançado na dan-ça participam da Cia Nós da Dan-ça, coordenada pela professora Ana Karina Cruz Oliboni e responsá-vel por representar o município de Bauru em diversos eventos den-tro e fora do estado de São Paulo.

Crianças com idade a partir de 6 anos podem participar dos cursos oferecidos pela Secretaria da Cul-tura. As inscrições acontecem se-mestralmente e são gratuitas. No último ano cerca de 1.600 alunos foram atendidos. Mais informações podem ser obtidas através do telefo-ne 3235-1072 ou na própria sede da Secretaria que funciona na Avenida Nações Unidas, 8-9 das 8h às 18h.

Mariana Mansano

Secretaria da Cultura de Bauru

Associação de Pais e Arte Educadores se esforça sozinha para que aulas não acabem

Integrantes da Cia Nós da Dança

Foto: Arquivo Pessoal Integrantes

Foto: Murilo Ferm

ino

Cultura Diagramação: Bruno Ferrari e Mariana Mansano Jorn. resp.: Mauro Ventura - MTB: 6235

Biblioteca Municipal investe em cursosAulas de culinária e artesanato, palestras e passeios atraem pessoas

Marina Crespo

Os livros são a forma mais anti-ga de se guardar e transmitir o conhe-cimento que a humanidade adquiriu em milhares de anos. Graças a eles que nossa sociedade, junto a nossas tecno-logias, evoluíram até chegar ao ponto em que estamos hoje. Apenas através da fala, não seria possível haver este acúmulo de informações. Mas tam-bém não é sempre que a maior parte de população pode gastar mais de R$50 em um livro, por isso a grande im-portância das bibliotecas municipais.

A Biblioteca Municipal de Bauru Rodrigues de Abreu conta com um acervo de 56.000 exempla-res, entre eles revistas, gibis, livros e livros infantis. Além de mais oito bibliotecas ramais que são divididas entre os bairros da cidade. O biblio-tecário desta unidade, Nilson Bap-tista Junior, que também é Diretor

nato e culinária) e passeios que le-vam às pessoas ao Horto Florestal de Bauruo do DAE (Departamen-to de Água e Esgoto), todos eles de graça. Segundo Nilson, “antes existiam projetos esporádicos, po-rém, em 2010 nós fizemos uma agenda para o ano inteiro, e já está havendo retorno, principalmente os passeios que estão fazendo mui-to sucesso”. Ele ainda acrescenta que a única forma de divulgação que eles estão fazendo é o “boca-a-boca”, e mesmo assim muitas pes-soas vêm procurar as bibliotecas.

Para quem se interes-sar e quiser fazer a carteirinha da Biblioteca, basta levar na hora o RG, CPF e comprovan-te de residência para o cadastro.

sitantes e 60 livros retirados diaria-mente, existem projetos iniciados em janeiro deste ano para aumentar ainda mais esses números, como os cursos de geração de renda (artesa-

da Divisão, diz que a procura pelos livros é grande, mesmo nas ramais, onde às vezes os estudantes não tem como ir até a biblioteca central.

Com uma média de 150 vi-

Teatro em Bauru: Sementes estão plantadas, mas falta verbaApesar de existirem projetos, o investimento do governo ainda não é ideal

O teatro pode ser considerado, após séculos de sua criação, uma das artes que menos foi influenciada pela cultura de massa. A televisão e o cinema afastam a maior parte da população das pla-téias e isso faz do teatro uma atividade cada vez mais elitista. Em Bauru, a Prefeitura apóia projetos teatrais, e algumas companhias independentes como o grupo Mandrágora, agem para disseminar sua arte de forma mais acessível a todos. De acordo com o Diretor de Ação Cultural de Bauru, José Roberto Marçal, a Secretaria de Cultura possui o projeto “Escola vai ao Teatro”. As peças ofereci-

das gratuitamente para alunos do Ensino Fundamental são encena-das apenas por crianças, no Teatro Municipal. A professora do grupo infantil, Lidiane Lunardelli, diz que falta recursos para viabilizar as peças e que é sempre ela quem cus-

teia tudo. “Muitas vezes trabalho sem receber nada, pois meu salário depende da contribuição espon-tânea dos alunos”, conta Lidiane. No grupo de teatro adulto do Teatro Municipal encontramos o mesmo problema. Todos os gas-

tos com apresentações são pagos pelos alunos. Apesar disso, uma das integrantes, Flávia Vascon-celos, diz que a dedicação torna as aulas muito boas. “Comecei a participar no ano passado e ainda continuo, pois realmente gostei. A energia de lá é muito positiva”, diz. Segundo José Marçal, a Prefeitura promove peças gratui-tas, através da parceria com o Pro-grama de Ação Cultural da Secre-taria do Estado. As demais atrações do Teatro Municipal custam ao público de cinco a cinqüenta reais. Entretanto, levando em conta os recentes investimentos recebidos pela Prefeitura de Bauru para a Cultura, podemos prever que esses projetos já existentes devem ganhar mais força e novos devem surgir.

Alunos assistem “O Mágico de Oz”, sua próxima peça.

Biblioteca Municipal de Bauru conta com acervo de 56.000 exemplares-

Foto: Marina R

odrigues Crespo

Paula Lopes

Foto: Mariana M

ansano Maginador