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JORGE LUIZ VIANNA STEGMANN ESTUDO DE CASO - SUSTENTABILIDADE NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção. São Paulo 2006

JORGE LUIZ VIANNA STEGMANN - USPpro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2012/pubs/estudo-de...para o 2o andar do prédio J. O. Monteiro de Camargo, onde está instalado até hoje. Em 1967

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  • JORGE LUIZ VIANNA STEGMANN

    ESTUDO DE CASO - SUSTENTABILIDADE NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA

    ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

    Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção.

    São Paulo 2006

  • JORGE LUIZ VIANNA STEGMANN

    ESTUDO DE CASO - SUSTENTABILIDADE NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA

    ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

    Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção.

    Orientador: Prof. Dr. Laerte Idal Sznelwar

    São Paulo 2006

  • “O futuro dependerá daquilo que fizermos no presente.”

    Mahatma Gandhi

  • AGRADECIMENTOS

    A toda minha família pelo apoio e dedicação indispensáveis, em especial a minha

    mãe, Tereza Vianna, pelo suporte incondicional durante toda minha vida.

    Aos amigos que fiz nesses anos de faculdade, que por mais breve que tenham

    sido os momentos vividos juntos foram eles que me definiram como pessoa,

    profissional e cidadão.

    Aos funcionários do PURE, PURA e USP Recicla, representados nas figuras dos

    engenheiros Leonardo Favato, Humberto Tamaki e o educador Paulo Diaz,

    respectivamente, pela atenção e apoio durante o trabalho e pelo trabalho que

    realizam na universidade.

    Aos funcionários do departamento de Engenharia de Produção e as equipes de

    limpeza, em especial a Maria Olívia e Ana pela ajuda e atenção durante todo o

    trabalho.

    Aos professores da Escola Politécnica, especialmente aos professores do

    departamento de Engenharia de Produção pelos conhecimentos e experiências

    compartilhados, cujos quais ainda não posso avaliar o quanto me serão úteis ao

    longo de minha vida.

    Aos colegas de trabalho pela compreensão e motivação durante todo projeto .

    E em especial ao Professor Doutor Laerte Idal Sznelwar pela proposta do trabalho

    e suporte durante todo ano .

  • RESUMO

    O presente trabalho apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável por

    uma ótica humana. Faz uma análise da situação atual do departamento de

    Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

    quanto à utilização de recursos (uso de materiais, água e energia) e apresenta

    propostas para solucionar os problemas encontrados. O trabalho, em última

    estância, pretende iniciar a discussão sobre desenvolvimento sustentável no

    departamento através do início da implantação do processo de reciclagem e um

    projeto para substituição de equipamentos não favoráveis ao uso racional de

    energia. Os resultados mostram que ainda há diversas ações a serem tomadas

    para que o departamento possa tratar seus resíduos de maneira e usar a energia

    mais racionalmente.

    Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, reciclagem e meio ambiente.

  • ABSTRACT

    This paper presents the concept of sustainable development through its human

    side. It analyzes the use of natural resources (materials utilization, water, energy

    and waste) by the Departamento de Engenharia de Produção da Escola

    Politécnica da Universidade de São Paulo and presents suggestions to solve

    problems found. Ultimately, the paper pretends to start a debate around

    sustainable development in the department through the implementation of the first

    steps of a recycling process and a project to substitute equipment that interfere in

    a rational energy use. The results show that there are several actions to be taken

    in order to the department take good care of its waste correctly and use wisely the

    energy.

    Keywords: Sustainable Development, recycling and environment.

  • LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Figura 1: Cogumelos provenientes dos grãos usados na fabricação de cerveja (ZERI, 2006). ..................................................................................................................... 20 Figura 2: Modelo do desenho dos processos .............................................................. 41 Figura 3: Fluxo para papel A4......................................................................................... 42 Figura 4: Fluxo para copo descartável (180ml)............................................................ 43 Figura 5: Fluxo para papel higiênico.............................................................................. 45 Figura 6: Fluxo para água sanitária ............................................................................... 46 Figura 7: Fluxo para o álcool........................................................................................... 47 Figura 8: Fluxo para o limpador multiuso...................................................................... 48 Figura 9: Fluxo para o detergente .................................................................................. 49 Figura 10: Fluxo para filtro de papel .............................................................................. 50 Figura 11: Fluxo para cartuchos de impressora .......................................................... 51 Figura 12: Fluxo para pilhas e baterias ......................................................................... 52 Figura 13: Fluxo para papel toalha ................................................................................ 53 Figura 14: Ciclo dos principais materiais usados pelos professores........................ 56 Figura 15: Ciclo dos principais materiais usados pelos funcionários da secretaria............................................................................................................................................. 56 Figura 16: Ciclo dos principais materiais usados pelo funcionário da copa............ 57 Figura 17: Ciclo dos principais materiais usados pelos alunos ................................. 57 Figura 18: Coleta de papel.............................................................................................. 58 Figura 19: Coleta de plástico .......................................................................................... 59 Figura 20: Coleta de vidros ............................................................................................. 60 Figura 21: Coleta de metal.............................................................................................. 61 Figura 22: Fluxo de eletrônicos ...................................................................................... 62 Figura 23: Coleta e doação de eletrônicos ................................................................... 64 Figura 24: Compostagem de material orgânico........................................................... 65 Figura 25: Descarte comum ............................................................................................ 66 Figura 26: Descarte de pilhas ......................................................................................... 67 Figura 27: Cartaz para separação de copos ................................................................ 71 Figura 28: Coletores na entrada do departamento ..................................................... 72 Figura 29: Coletores de papel e pilhas.......................................................................... 73 Figura 30: Processo do piloto de reciclagem ............................................................... 75 Figura 31: Processo revisado do piloto de reciclagem ............................................... 76 Figura 32: Comunicação revisada dos coletores do pátio ......................................... 77 Figura 33: Comunicação revisada dos coletores de copos ....................................... 77 Figura 34: Comunicação revisada dos cartazes.......................................................... 78 Figura 35: Processo implementado para coleta de papel.......................................... 82 Figura 36: Processo implementado para coleta de plástico ...................................... 82 Figura 37: Processo implementado para coleta de metal.......................................... 83 Figura 38: Processo implementado para coleta de pilhas e baterias....................... 83 Figura 39: Coletores de lixo com cores (NATURAL LIMP, 2006) ............................. 85 Figura 40: Coletores de lixo em cores (unidades separadas) (NATURAL LIMP, 2006) ................................................................................................................................... 85 Figura 41: Coletor com compartimento para lixo comum (NATURAL LIMP, 2006)............................................................................................................................................. 86 Figura 42: Coletor simples com cesta (NATURAL LIMP, 2006) ............................... 86

  • Figura 43: Coletor simples em tubo (NATURAL LIMP, 2006) ................................... 87 Figura 44: Contêiner (NATURAL LIMP, 2006) ............................................................. 88 Figura 45: Base de gastos com materiais em 2005 (base analisada) ..................... 89 Figura 46: Rede viva do papel........................................................................................ 93 Figura 47: Fluxo do açúcar ............................................................................................ 106 Figura 48: Fluxo do adoçante ....................................................................................... 107 Figura 49: Fluxo do açúcar sache ................................................................................ 108 Figura 50: Fluxo para lanches ...................................................................................... 110 Figura 51: Fluxo para biscoitos e bolachas ................................................................ 111 Figura 52: Fluxo para frutas .......................................................................................... 112 Figura 53: Fluxo para o café ......................................................................................... 113 Figura 54: Fluxo para o chá .......................................................................................... 114 Figura 55: Fluxo para guardanapos ............................................................................. 116 Figura 56: Fluxo para lã de aço .................................................................................... 117 Figura 57: Fluxo para luva cirúrgica............................................................................. 118 Figura 58: Fluxo para sucos.......................................................................................... 119 Figura 59: Fluxo para papel almaço ............................................................................ 120 Figura 60: Fluxo para jornais ........................................................................................ 121 Figura 61: Fluxo para revista Exame ........................................................................... 122 Figura 62: Fluxo para revista Harvard Business Review.......................................... 123 Figura 63: Fluxo para envelopes .................................................................................. 124 Figura 64: Fluxo para bobinas de papel...................................................................... 125 Figura 65: Fluxo para geléia.......................................................................................... 126 Figura 66: Fluxo para refrigerantes.............................................................................. 127 Figura 67: Fluxo para copo descartável (110ml) ....................................................... 128 Figura 68: Fluxo para canetas ...................................................................................... 129 Figura 69: Fluxo para lápis ............................................................................................ 130 Figura 70: Fluxo para clipes de papel.......................................................................... 131 Figura 71: Fluxo para papel lembrete .......................................................................... 132 Figura 72: Fluxo para pastas plásticas........................................................................ 133 Figura 73: Fluxo para transparências .......................................................................... 134 Figura 74: Fluxo para papel toalha .............................................................................. 135 Figura 75: Fluxo para protetor de assento sanitário.................................................. 136 Figura 76: Fluxo para placas de mictório .................................................................... 137 Figura 77: Consumo de energia elétrica de fevereiro a maio de 2006 (PURE-USP, 2006) ................................................................................................................................. 170 Figura 78: Consumo de energia elétrica em maio de 2006 (PURE-USP, 2006) . 170 Figura 79: Luminárias eficientes (ARCOWEB, 2006) ............................................... 172 Figura 80: Consumo de água no dia 30 de maio (PURA-USP, 2006) ................... 176 Figura 81: Consumo de água no ano de 2005 (PURA-USP, 2006) ....................... 176

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Estrutura do Departamento de Engenharia da Produção em janeiro de 2006 ...................................................................................................................................... 3 Tabela 2: Redução porcentual nos gastos de processos de reciclagem em relação aos processos de produção com matéria prima virgem (WORLDWATCH INSTITUTE, 1987) ............................................................................................................ 24 Tabela 3: Estimativa de uso de copos descartáveis por mês ................................... 44 Tabela 4: Padrões sugeridos para impressão de documentos ................................. 92 Tabela 5: Impacto nos gastos com papel A4 pelo uso de papel reciclado ............. 94 Tabela 6: Exemplo de informações para requisição de projeto no PURE .............. 98

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    BASF Empresa química

    BTU British Thermal Unit

    CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

    Nível Superior

    CECAE -USP Coordenadoria Executiva de Cooperação

    Universitária e de Atividades Especiais da USP

    CODAGE -USP Coordenadoria de Administração Geral da USP

    COESF-USP Coordenaria do Espaço Físico da USP

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    EPUSP Escola Politécnica da USP

    FAPESP Fundação de Ampara a Pesquisa do Estado de São

    Paulo

    FUNDUSP Fundo de Construção da USP

    IPPC Intergovernmental Panel on Climate Change

    IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

    LSP Laboratório de Sistemas Prediais

    PCC Departamento de Construção Civil da POLI

    PEA Departamento de Energia e Automação da POLI

    PEAD Polietileno de Alta Densidade

    PET Polietileno Tereftalato

    POLI - USP RECICLA Projeto de análise de resíduos da EPUSP

    PURA Programa de Uso Racional da Água

    PURE Programa de Uso Eficiente da Energia

    PUREFA Programa de Uso de Fontes Alternativas de Energia

  • SISGEN Sistema de Gestão da Energia Elétrica

    TR Tonelada Refrigerada

    UNEP United Nations Envinronment Programme

    USP Universidade de São Paulo

    USP RECICLA Programa de reciclagem da USP

    ZERI Zero Emissions Research & Initiatives

  • SUMÁRIO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...........................................................................................................................2

    1.1. HISTÓRICO E ESTRUTURA FÍSICA ................................................................................................................ 2 1.2. FUNDAÇÃO VANZOLINI................................................................................................................................... 4 1.3. SITUAÇÃO ATUAL............................................................................................................................................. 4

    2. CONCEITOS ...........................................................................................................................................................8 2.1. EMPRESA VIVA ................................................................................................................................................ 8 2.2. IMPACTO AMBIENTAL...................................................................................................................................... 9 2.3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CONCEITO.................................................................................... 11 2.4. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - PRÁTICA ....................................................................................... 14

    3. CASOS DE SUCESSO .....................................................................................................................................17 3.1. GENERAL MOTORS DO MÉXICO ................................................................................................................. 17 3.2. BASF .............................................................................................................................................................. 17 3.3. CERVEJARIAS SUSTENTÁVEIS..................................................................................................................... 19 3.4. AMBEV .......................................................................................................................................................... 20

    4. CONCEITOS APLICADOS .............................................................................................................................23 4.1. OS 3 R’S ......................................................................................................................................................... 23 4.2. GESTÃO COMPARTILHADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS............................................................................... 25

    5. ESTUDOS DE CASO ........................................................................................................................................28 5.1. USP RECICLA................................................................................................................................................ 28 5.2. POLI - USP RECICLA .................................................................................................................................. 32

    6. ESTRUTURA DO TRABALHO......................................................................................................................35 6.1. ANÁLISE DO USO DOS MATERIAIS ............................................................................................................... 35 6.2. ANÁLISES DO USO DE ENERGIA E USO DE ÁGUA ..................................................................................... 37

    7. ANÁLISE DO USO DOS MATERIAIS ........................................................................................................39 7.1. LEVANTAMENTO DE DADOS ......................................................................................................................... 39 7.2. FLUXO DOS MATERIAIS ................................................................................................................................. 40 7.3. RECICLAGEM .................................................................................................................................................. 54 7.4. PILOTO DE RECICLAGEM.............................................................................................................................. 69 7.5. DEFINIÇÃO DO PROCESSO DE RECICLAGEM............................................................................................ 81 7.6. REDUÇÃO DO USO E REUTILIZAÇÃO .......................................................................................................... 88

    8. GESTOR DO LIXO .............................................................................................................................................96 9. ANÁLISE DO USO DE ENERGIA ELÉTRICA E DE ÁGUA...............................................................98

    9.1. PROJETO - PURE ......................................................................................................................................... 98 10. CONCLUSÃO .............................................................................................................................................. 101 LISTA DE REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 103 ANEXOS ........................................................................................................................................................................ 106

  • CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    1

    CONSIDERAÇÕES

    INICIAIS

  • CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    2

    1. Considerações iniciais

    1.1. Histórico e Estrutura Física

    O Departamento de Engenharia de Produção foi fundado em 1958, com a

    participação, entre outros, dos professores Ruy Aguiar da Silva Leme, Américo

    Oswaldo Campiglia e Marcos Pontual. Inicialmente, funcionou no Bairro da Luz e

    em 1965 mudou-se para o prédio de Engenharia Mecânica na Cidade

    Universitária, onde ficou até o final de 1973. Em janeiro de 1974, transferiu-se

    para o 2o andar do prédio J. O. Monteiro de Camargo, onde está instalado até

    hoje.

    Em 1967 houve a criação da Fundação Carlos Alberto Vanzolini pelos professores

    do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da

    Universidade de São Paulo, com a finalidade de divulgar os conhecimentos

    científicos e tecnológicos inerentes à Engenharia de Produção e à Administração

    Industrial, visando ao aperfeiçoamento de estudo das disciplinas pertinentes, e

    respectiva didática.

    Na tabela 1 é possível ver a estrutura do Departamento da Engenharia de

    Produção, na estrutura física foi considerado o espaço ocupado pela Fundação

    Vanzolini no campus porque toda a estrutura física é de responsabilidade do

    departamento. E mesmo porque nas considerações de consumo de água e luz a

    estrutura ocupada pela Vanzolini é considerada em conjunto com o departamento .

  • CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    3

    Tipo Nº ComentárioProfessores - Período Integral 25 RDIDPProfessores - Período Parcial 16 RTC / RTPFuncionários Administrativos 7Funcionários - Limpeza 6 TerceirizadosAlunos de Graduação 301Alunos de Pós-Graduação 132

    Salas de Professores 29Salas de Reunião / Projetos 7Salas de Escritório 11 Incluindo salas de secretáriasSalas de Aula 12Copa 2Almoxarifado 1Sala de Café 1Sala de Manutenção de Informática 1Salas de Computadores 2Laboratório LTE 2Banheiros 7

    Salão 1Secretaria 1Salas de Estudo 9Copa 1Banheiro 1

    Telefones 40Impressoras 43Copiadoras 2Computadores 102Projetores 14Bebedouros 10 Apenas 3 são de responsabilidade do DepartamentoMáquinas de Café 2Fogões 2Pias - Copa 3Pias - Banheiros 19Vasos Sanitários 24Mictórios 14

    Biblioteca (responsabilidade do serviço de bibliotecas da POLI)

    ESTRUTURA DE EQUIPAMENTOS (Departamento de Engenharia de Produção)

    ESTRUTURA DE PESSOAL (Departamento de Engenharia de Produção)

    ESTRUTURA FÍSICA (Departamento de Engenharia de Produção e Fundação Vanzolini)

    Tabela 1: Estrutura do Departamento de Engenharia da Produção em janeiro de

    2006

  • CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    4

    1.2. Fundação Vanzolini

    A intenção do trabalho nas análises de materiais era considerar a Fundação

    Vanzolini, mas não houve como coletar as informações de consumo da fundação,

    já que não havia os dados de consumo, havia apenas os dados contábeis.

    No segundo semestre de 2006 foi montada uma equipe da fundação para

    elaborar planos de ação para reciclagem, este trabalho também será base para o

    trabalho desta equipe.

    1.3. Situação atual

    Departamento

    No Departamento de Engenharia de Produção da EPUSP não há ações

    institucionais quanto ao tratamento do lixo gerado, economia de água ou de

    energia. Houve ações do PURE - USP (Programa de Uso Eficiente de Energia da

    Universidade de São Paulo) relativas à economia de energia entre 2001 e 2002

    devidas ao racionamento. A situação atual do departamento não condiz com a

    situação ideal de uma instituição de ensino público, seja pelo papel educador da

    instituição frente à sociedade, seja pelos recursos escassos no ensino público

    superior no país.

    Lixo

    Estima-se que diariamente produz-se 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos

    domiciliares no mundo, o que ao ano significa 730 milhões de toneladas. Nos

    países do norte do hemisfério, a média de geração de resíduos por habitante é

    bastante superior a de países do sul: o Canadá chega a produzir 1,9 kg por

    pessoa/dia, os Estados Unidos 1,5 kg/dia, na Índia já desce para 0,4 kg/dia e no

    Brasil a média é de 0,7 kg/dia. De fato, em alguns segmentos sociais mais

    pobres, com poder aquisitivo mínimo, este número pode baixar para 0,3 kg ou até

    menos. Nos países mais pobres, a média oscila entre 0,4 e 0,9 kg/dia por

    habitante (World Health Organization, 1995).

    No Brasil são produzidas 130 mil toneladas de resíduos domiciliares ao dia, por

    ano são 47,5 milhões de toneladas. Uma parcela mínima dos municípios destina

  • CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    5

    seus resíduos para reciclagem, são cerca de 135 municípios com sistemas de

    coleta seletiva no país . (CEMPRE, 2006).

    Já São Paulo, produz 15 mil toneladas de lixo por dia e como menos de 1% é

    reciclado, o aterro sanitário acaba sendo o destino de quase todo ele. Acontece

    que os dois aterros sanitários estão no limite. No maior, as camadas de lixo e

    terra já atingiram 130 metros de altura. Os aterros não têm mais para onde

    crescer, estão cercados por estradas, a cidade e a mata atlântica, o que é um

    péssimo sinal. Pelo estudo da empresa de controle ambiental do Estado, a

    capacidade dos aterros esta se esgotando e até agora não se tem um plano para

    definir o que fazer com o lixo nos próximos anos e não há mais terrenos

    adequados para serem transformados em aterros sanitários no município de São

    Paulo. (CEMPRE, 2006).

    Energia

    A crise energética no Brasil teve seu momento mais crítico entre 2001 e 2002 com

    os apagões, todo o país se mobilizou para economizar energia naquele período

    quando se sentiram ameaçados pela sua escassez num futuro próximo. Poucos

    anos se passaram e a questão foi esquecida e só relembrada agora com o

    período eleitoral, graças às propostas de crescimento econômico dos candidatos.

    A grande questão é como o Brasil será capaz de crescer o quanto os políticos

    prometem sem um plano energético adequado a este crescimento. O primeiro

    passo seria reduzir o consumo de energia atual. Convencer os maiores

    gastadores, a indústria nacional, é mais simples, pois reduzir seu consumo leva a

    reduzir significativamente seus gastos, o que pode ser feito para ajudá-las é

    incentivar a compra de equipamentos mais eficientes, através de redução de

    impostos, por exemplo. Já convencer as pessoas de mudarem seus hábitos, tanto

    em seus domicílios quanto em seus ambientes de trabalho se torna mais

    complicado.

    Compreender que a energia elétrica não é um recurso simples de gerar é um

    passo enorme para que as pessoas passem a entender que os seus custos

    tendem a aumentar consideravelmente se o seu uso não for racional.

  • CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    6

    Água

    A situação dos recursos hídricos no país ainda não foi exposta da mesma

    maneira que o problema energético, pois se trata de um recurso em abundância

    para parte da população brasileira. Os problemas que ocorrem são isolados e, em

    geral, devidos a problemas climáticos que se refletem no esvaziamento de

    reservatórios, impedindo que algumas cidades e comunidades tenham acesso a

    água tratada, mas não que este problema seja pequeno ele é relevante e mostra

    que há problemas no gerenciamento dos recursos hídricos no país.O que pode

    ser feito é evitar o desperdício, que é o que todo cidadão e toda instituição pode

    fazer, através de mudanças de hábitos e troca de equipamentos.

  • CONCEITOS

    7

    CONCEITOS

  • CONCEITOS

    8

    2. Conceitos

    2.1. Empresa Viva

    O mercado, conforme evoluiu com o capitalismo, se tornou imprevisível, dinâmico

    e em permanente busca pelo crescimento econômico, o qual se caracteriza pelo

    aumento progressivo de lucros e valores das ações das empresas. Já estas, na

    figura dos seus líderes, se mostram inseguras pela falta da plena compreensão

    das regras que ditam esse mercado e, logo, não conseguem prever o que deve

    ser feito para se adequar ao que ainda está por vir.

    Para atender o dinamismo desse mercado foram criados sistemas complexos,

    que representam avanço tecnológico e o aumento de possibilidades que para o

    ser humano. Mas, com o passar do tempo, estes sistemas passaram a reger o dia

    a dia das pessoas, da sociedade, das empresas e demais organizações e hoje se

    percebe que a falta de controle desses sistemas criados por nós mesmos resulta,

    concomitantemente, num temor da destruição do nosso habitat, ameaçando a

    própria sobrevivência da humanidade.

    Uma empresa viva para poder solucionar esse problema muda sua concepção,

    deixa de priorizar o lucro e valor das ações e passa a focar nos seres humanos,

    institucionalizando projetos de auto-sustento.

    Os líderes das empresas não conseguem extrair o resultado esperado das

    propostas implementadas nesse sentido e apontam obstáculos para essa

    mudança. Segundo Capra (2002), há um paradoxo nas organizações atuais

    quanto suas intenções: aumentar o lucro, o valor das ações, o poder político e ao

    mesmo se constituírem por grupos de pessoas (ou comunidades) que interagem

    entre si buscando atingir seus objetivos pessoais, que cada vez mais se

    distanciam dos interesses das empresas.

    Isso nos esclarece a dificuldade das organizações quanto à unidade de ação

    frente às transformações. As pessoas têm uma resistência natural às imposições

    e isso torna mais dificultoso o processo de mudança, e é isso que os líderes

    desconhecem, que as transformações devem ser vivenciadas como um processo,

    ou seja, as pessoas são atraídas pelas mudanças ao seguir um percurso mais

    natural possível.

  • CONCEITOS

    9

    Para isso Capra (2002) sugere que compreender a vida na natureza é passo

    fundamental para estabelecer essa transformação, porque num sistema vivo as

    mudanças sempre são absorvidas por todos seus elementos e toda força está na

    rede criada dentro do sistema, é ela que dissemina a transformação e torna a

    adaptação do sistema viável. Num sistema vivo maduro nada é desperdiçado,

    tudo se transforma, o que um elemento da rede considera resíduo o outro

    considera alimento assim tornando tudo cíclico e todos interdependentes. Assim o

    grande salto está em inserir esse conceito nas empresas, encarando a empresa

    como um sistema vivo dentro de um sistema maior em que todos participam, e

    que uma mudança em qualquer elemento da rede requer transformações e

    adaptações em todos seus elementos. Com essa rede em funcionamento todos

    seus elementos ficam mais sólidos e preparados para mudanças porque a

    informação e os materiais fluem naturalmente entre eles tornando todos sensíveis

    ao estado global do sistema.

    Essa concepção de empresa contrasta com a visão atual, na qual a empresa é

    tida como uma máquina que tem seus processos independentes do sistema a sua

    volta, que tem um fluxo linear que deve ser seguido a todo custo e impossibilita a

    flexibilidade e criatividade de quem a controla.

    Enquanto na organização viva se articulam os conceitos de compreensão,

    parceria, renovação, flexibilidade e reconhecimento, na organização máquina

    utilizam-se conceitos de controle, demandas, exigências, hierarquia e coerção.

    2.2. Impacto ambiental

    Segundo os economistas, líderes políticos e líderes empresariais a nova

    economia global, ratificada com o desmoronamento do socialismo no fim da

    década de 1990, leva a uma expansão que beneficia em cadeia todas as pessoas

    com o crescimento econômico.

    Porém percebe-se um equívoco, pois o capitalismo atual, por eles formulado,

    somente agravou a pobreza e a exclusão social. (Capra apud Castells, 2000). A

    nova economia não previu esse resultado porque foram desconsiderados pelos

    economistas os custos sociais e ambientais na busca contínua e indiferenciada

    pelo crescimento econômico.

  • CONCEITOS

    10

    As novas atividades financeiras privilegiaram quem já possuía o capital,

    concentrando-o ainda mais nas mãos destes indivíduos, contrário do previsto

    pelos neoliberalistas, acentuando a exclusão social. Da mesma forma o meio

    ambiente natural foi prejudicado, com o crescimento econômico, também cresce,

    a necessidade do uso de recursos naturais, seja na forma de matéria prima,

    energia, água, combustíveis, etc. A falta de consciência e prioridade ao atender

    as demandas crescentes do mercado em expansão levou as empresas a tomar

    iniciativas unilaterais sem se preocupar com os problemas ambientais que

    surgiriam das suas ações.

    Nesse sentido, os países ricos, representados por suas empresas, acabaram se

    utilizando dos recursos naturais dos países pobres, que por sua vez se

    submeteram a essa exploração, pois se tratava da única maneira de participar da

    economia global e tentar compartilhar deste crescimento. Essas empresas se

    aproveitaram de leis ambientais menos rígidas, mais abrangentes ou de falta de

    fiscalização adequada (poucos fiscais, subornos, pressões políticas, etc.) de

    países subdesenvolvidos e protegeram seus lucros com a desculpa do livre

    comércio. Da mesma maneira, com a exaustão dos mercados nos países ricos,

    essas empresas entraram nos mercados destes países pobres interferindo no

    estilo de vida das pessoas, impondo um consumismo incompatível com a

    sustentabilidade do planeta. Segundo Capra (2002), “é instrutivo comparar essas

    situações a das redes ecológicas... A dominação (ou soberania) existe, mas é

    sempre exercida dentro de um contexto maior de cooperação, mesmo nas

    relações entre predador e presa. As múltiplas espécies do ecossistema não se

    distribuem em hierarquia, como se diz equivocadamente, mas existem melhores

    dentro de redes. Há uma diferença crucial entre as redes da natureza e as redes

    empresariais da sociedade humana. Num ecossistema nenhum ser é excluído da

    rede, até mesmo as menores dentre as bactérias, contribuem para a

    sustentabilidade do todo, já no mundo humano da riqueza e do poder, grandes

    segmentos da população são excluídos das redes globais e se tornam

    insignificantes do ponto de vista global”. Logo, a exclusão desses grupos, cada

    vez mais numerosos, impossibilitam o sucesso do sistema como um todo.

    Uma análise racional mostra a insustentabilidade da nova economia global. Esse

    capitalismo tem que ser revisado desde suas bases tendo em vista a

  • CONCEITOS

    11

    imprevisibilidade e o caráter auto-destruidor que ameaça a sobrevivência do

    sistema no qual vivemos.

    Toda ação gera uma reação, e a natureza sempre converge para um equilíbrio

    dinâmico, uma situação estável, mas as ações atuais estão gerando reações que

    aos poucos tornam o meio-ambiente inóspito. O desmatamento, crescimento

    populacional, o não tratamento de rejeitos industriais (sólidos, líquidos e gasosos),

    tudo isso fragiliza os ecossistemas e desregula as condições climáticas.

    Para muitos não há como mudar o sistema capitalista em que vivemos, alegam

    que apesar de ser o mais correto rever os valores que imperam hoje não há como

    mudar as regras atuais, entretanto o sistema foi criado por homens e assim pode

    ser revisto ou repensado, há diversos estudos com propostas de meios para

    inserir esses novos valores na sociedade, o que falta é vontade política para a

    viabilização.

    Os primeiros passos para estabelecer a direção deste novo modelo seriam uma

    legislação rigorosa, uma atividade empresarial ética e tecnologia (processos) eco-

    eficientes.

    A comunidade sustentável se constitui de maneira que seu tipo de vida ou seu

    jeito de viver não se oponha à capacidade intrínseca da natureza sustentar a vida.

    Como membros da comunidade global, que inclui todos os seres vivos e os

    ambientes que os hospedam, é preciso ter essa consciência, mesmo como

    cidadãos, de buscar e garantir a qualidade de vida, da nossa e de gerações

    futuras, sendo este o significado da sustentabilidade.

    2.3. Desenvolvimento Sustentável - Conceito

    O conceito de sustentabilidade foi criado na década de 1980 por Lester Brown,

    fundador do Worldwatch Institute que definiu a sociedade sustentável como

    aquela que é capaz de satisfazer suas necessidades sem comprometer as

    chances de sobrevivência das gerações futuras.

    Como já foi discutido o atual modelo de crescimento econômico gerou enormes

    desequilíbrios; se, por um lado, nunca houve tanta riqueza no mundo, por outro

    lado, a pobreza, a degradação ambiental aumentam dia-a-dia. Diante desta

    constatação, surgiu a idéia do Desenvolvimento Sustentável, buscando conciliar o

  • CONCEITOS

    12

    desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e com o fim da

    pobreza no mundo.

    Para se garantir a sustentabilidade, a proteção do ambiente tem que ser

    ressignificada como parte do processo de desenvolvimento , ela não pode ser

    considerada isoladamente. Para tal, passa a ser importante entender a diferença

    entre crescimento e desenvolvimento, o primeiro não conduz automaticamente à

    igualdade nem à justiça social, pois não leva em consideração nenhum outro

    aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas

    mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimento, por sua

    vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem a intenção de

    distribuí-las e de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em

    consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta. O desenvolvimento

    foca o todo enquanto o crescimento somente o indivíduo.

    Capra (2002) sugere dois passos para as organizações chegarem ao

    desenvolvimento sustentável usando os conceitos básicos da vida. O primeiro

    passo é o que ele chama de alfabetização ecológica, ou seja, a compreensão dos

    princípios dos sistemas vivos. Entender o desenvolvimento dos ecossistemas

    para sustentar a vida através de seis princípios básicos:

    • Redes: as redes são as ligações que os sistemas vivos fazem entre si para

    atingir o equilíbrio do sistema maior a qual pertencem;

    • Ciclos: para sobreviver, os sistemas, recebem fluxos contínuos de matéria

    e energia do ambiente, mas no processo também são gerados resíduos,

    que desaparecem no sistema maior, como um todo, já que o resíduo de um

    sistema é o alimento de outro, logo, os resíduos circulam continuamente

    dentro da rede, dentro de ciclos;

    • Energia solar: fonte primária de toda a energia;

    • Parcerias: a cooperação, através das redes formadas, promove a

    sustentabilidade de todos dentro de um sistema;

    • Diversidade: quanto maior a diversidade de seus elementos (sistemas

    menores) mais forte é o sistema e mais capaz é ele de se recuperar de

    eventuais desequilíbrios, quanto mais sistemas vivos em rede um sistema

  • CONCEITOS

    13

    possuir, menor é o impacto da falta de funcionamento de um de seus

    sistemas;

    • Equilíbrio dinâmico: cada sistema não pretende chegar num valor máximo,

    todos estão interligados dentro de redes e buscam o valor ótimo do sistema

    maior no qual estão inseridos.

    Esses conhecimentos devem estar alinhados em todas as esferas da sociedade

    para que seja possível a implementação do desenvolvimento sustentável. Aqui

    eles estão apresentados de maneira genérica, mas caso a caso é possível

    organizar as redes formadas entre as organizações.

    O segundo passo se trata de estabelecer um projeto ecológico e aplicar esses

    conhecimentos da alfabetização ecológica na reformulação de tecnologias e das

    organizações. É a moldagem de fluxos de energia e de materiais feita em vista

    dos fins humanos, é montar os processos de interesses econômicos dentro da

    grande rede e fluxos do meio-ambiente, em seu estado natural.

    Ainda não há unidade de concepção e ação de desenvolvimento sustentável entre

    os grupos envolvidos: governos, empresas, grupos que atuam com o meio-

    ambiente e grupos interessados em acabar com a exclusão social, isso impede

    que o movimento ganhe força chegando ao grande público. Visto que grupos

    ambientais questionam o termo desenvolvimento e também ressentem não terem

    sido ambientalistas os criadores do conceito, a UNEP (United Nations

    Environment Programme) também tem as mesmas restrições por não ter

    participado da concepção do modelo, grupos desenvolvimentistas não acham que

    o modelo atenderá às necessidades atuais da população, governos evitam o tema

    por não se enquadrar dentro de um ministério ou departamento sendo um

    conceito que exige um nível de integração e alinhamento inatingíveis pela

    estrutura atual das instituições públicas, acadêmicos não gostam do tema por não

    conseguirem enquadrá-lo em uma disciplina e por considerar o tema vago com

    várias definições recorrentes, e por último, o grande público se incomoda com as

    mudanças necessárias não só nas organizações, mas no estilo de vida delas

    mesmas que na visão delas será afetado retirando o conforto e acrescentando

    tarefas (separar o lixo, reduzir o uso de água e energia, etc.). (Capra, 2002).

  • CONCEITOS

    14

    2.4. Desenvolvimento Sustentável - Prática

    O que foi apresentado até aqui foi uma visão ideológica do desenvolvimento

    sustentável, que não reflete as razões reais pelas quais as corporações investem

    neste conceito .

    O conceito por trás da sustentabilidade que as empresas empregam é o conceito

    dos 3P’s, Planet, People e Profit (planeta, pessoas e lucro). Sempre a

    sustentabilidade está vinculada ao lucro, nenhuma ação é levada à frente por ser

    uma boa ação ou um ato altruísta.

    Medidas sustentáveis podem ajudar uma corporação a aumentar os lucros de

    diversas maneiras: diminuindo custos, eliminando desperdícios, aumentando o

    faturamento e aumentando a produtividade dos processos da empresa em geral.

    Aqui estão algumas maneiras pelas quais a sustentabilidade se paga e levam as

    empresas a investirem no conceito.

    Empresas sustentáveis conseguem atingir um público mais criterioso, que vê

    valor nessas ações e está disposto a pagar mais por produtos destas empresa,

    logo as empresas que investem em sustentabilidade tem uma estratégia de

    diferenciação com foco no mercado de consumidores eco-conscientes. O ganho

    com essa melhoria de imagem e subseqüente valorização da marca é difícil de

    ser mensurado, mas é possível ver o reflexo do valor de medidas sustentáveis

    nas estratégias de precificação de empresas que promovem o desenvolvimento

    sustentável.

    A sustentabilidade envolve utilizar os recursos da melhor maneira possível, logo

    envolve trabalhos para a redução do uso e reutilização de matérias primas, água

    e energia, por exemplo, e assim leva a empresa a gastar menos com esses

    recursos, reduzindo gastos e/ou aumentando a produtividade de seus processos.

    Da mesma maneira as empresas sustentáveis trabalham para reduzir e tratar

    seus resíduos, assim elas evitam gastos com multas, reduzindo o risco do

    negócio e diminuindo também os prêmios de seguro para riscos ambientais.

    Em alguns casos as empresas também conseguem ganhar através de créditos

    ambientais, estes créditos funcionam da seguinte maneira, empresas de um setor

  • CONCEITOS

    15

    da indústria recebem bônus negociáveis, metas e prazos para redução de

    emissão de poluentes das agências reguladoras, as empresas que falharem em

    atingir as metas nos devidos prazos são obrigadas a comprarem os bônus das

    empresas que obtiveram sucesso.

    Segundo Scharf (2004), há três meios que fazem com que as empresas mudem,

    passando a seguir um modelo sustentável: mecanismos de comando e controle,

    instrumentos econômicos e auto-regulação.

    Mecanismos de comando e controle são normas governamentais que definem

    padrões máximos de emissões ou limites para toxicidades de um determinado

    produto ou processo, estes mecanismos pressupõe uma estrutura eficaz de

    fiscalização.

    Instrumentos econômicos são também ações do governo, se tratam de impostos,

    taxas e subsídios diretos ou indiretos. São incentivos do governo para que as

    empresas tomem o rumo da sustentabilidade.

    A auto-regulação se trata de ações das empresas sem incentivo do governo,

    estas ações são realizadas para se aproximar dos stakeholders de modo a reduzir

    algum efeito negativo sobre os lucros da empresa, seja através de certificações

    ou de um trabalho para melhorar a sua imagem.

    Portanto as empresas têm diversas razões para buscar a sustentabilidade, razões

    estas que envolvem ganhos ou evitam gastos, mas nunca se tratam de ações de

    caridade. Logo, os principais impulsos em direção da sustentabilidade estão nas

    mãos da sociedade e seus representantes, o governo, que deve regular e

    incentivar as ações das empresas.

  • CASOS DE SUCESSO

    16

    CASOS DE SUCESSO

  • CASOS DE SUCESSO

    17

    3. Casos de sucesso

    Nesta seção serão apresentados casos de sucesso de empresas que

    conseguiram modificar as maneiras de realizar suas atividades considerando o

    sistema a sua volta, mudando paradigmas e atingindo novos patamares de

    sustentabilidade.

    3.1. General Motors do México

    O complexo Automotivo Ramos Arzipe está localizado numa região árida do

    México, onde a única e pequena fonte de água contém um alto grau salino. Com

    o crescimento do complexo industrial, cresceu a sua necessidade de água, mas,

    ao mesmo tempo, decresciam os níveis de água, assim como os limites de

    retirada e os nível de efluentes que poderiam ser despejados na água.

    Com esse cenário, foram definidos passos para economizar o consumo de água

    dos poços. O primeiro passo foi buscar oportunidades de economia da água

    através da busca por vazamentos e desperdícios. O segundo passo foi reduzir o

    consumo de água para eliminar dejetos sanitários e industriais, e reutilizar essa

    água tratando os efluentes.

    Mesclando técnicas simples como bacias de evaporação solar e técnicas com alta

    tecnologia como filtragens por membranas, foi possível reutilizar quase 70% das

    águas desperdiçadas anteriormente.

    Assim, de 1986 para 2000 o consumo de água do poço caiu de 1.470.000 m³ de

    água para 700.000 m³, o consumo de água para fabricação de um veículo caiu de

    32 m³ para 2,2 m³ e o mais impressionante é que esses indicadores caíram e a

    produção de veículos da fábrica aumentou em sete vezes, a produção de motores

    subiu 50% em volume e foi aberta uma nova fábrica de transmissões em 2000

    (SCHMIDHEINY et al., 2002).

    Com a água se tornando um recurso escasso na região, a General Motors se viu

    obrigada a buscar alternativas para reutilização e redução do uso deste recurso,

    fazendo isso evitou o investimento em uma nova fábrica em outro local e ainda

    criou uma referência para o uso de água nas suas outras fábricas.

    3.2. BASF

  • CASOS DE SUCESSO

    18

    A BASF em conjunto com a consultoria Roland Berger criou uma ferramenta

    estratégica para incluir os custos ambientais em análises de diversos projetos

    relacionados a importantes produtos e processos da empresa.

    A ferramenta gera um gráfico de dois eixos, um com o custo ambiental e outro

    com o custo total do produto ou processo. Assim é possível comparar vantagens

    ecológicas e econômicas dos projetos.

    A avaliação ambiental do projeto leva em consideração:

    • Consumo de matérias-primas;

    • Consumo de energia;

    • Emissões e descarte de resíduos;

    • Toxidade potencial dos materiais;

    • Riscos potencias; e

    • Uso da terra.

    A ferramenta foi utilizada, por exemplo, para avaliar a maneira mais barata e

    menos danosa ao meio-ambiente de transportar 25.000 toneladas de estireno por

    115 quilômetros entre duas cidades holandesas, havia as opções de levar de trem

    ou de caminhão. Economicamente o transporte rodoviário era mais vantajoso,

    mas ao avaliar o consumo de energia, as emissões de resíduos e danos a saúde

    dos trabalhadores, o meio de transporte escolhido foi o ferroviário.

    Com a ferramenta a BASF, desde 2000, consegue aprimorar seus produtos e

    processos. Ao mesmo tempo permite que ela crie condições de monitorar as

    metas de pesquisa e desenvolvimento (SCHMIDHEINY et al., 2002).

    A avaliação do custo ambiental por empresas químicas como a BASF não pode

    ser considerada uma boa ação, se trata um movimento que faz parte de um

    trabalho para reconstruir a imagem da empresa frente a um crescente público

    eco-consciente. A indústria química foi uma das primeiras a sofrer com críticas de

    ambientalistas nas décadas de 1970 e 1980, logo hoje ela é a indústria que mais

    evoluiu no caminho da sustentabilidade, modificando seus processos e tratando

    seus resíduos. Outras indústrias só estão começando a sofrer impactos

  • CASOS DE SUCESSO

    19

    significativos na sua imagem agora, na medida em que a consciência ecológica

    de seus consumidores evoluiu.

    3.3. Cervejarias sustentáveis

    Uma cervejaria tradicional produz cerveja, mas também produz lixo orgânico

    jogando fora um material rico em nutrientes. Como o lixo é orgânico ele poderia

    ser considerado de baixo impacto ambiental, mas devido ao alto uso de água na

    produção de cerveja (mais de 20 litros de água para 1 litro de cerveja) ele é

    considerado um problema.

    No processo muitas proteínas e nutrientes dos grãos não são aproveitados, os

    grãos usados poderiam servir de alimento para animais, só que estes grãos não

    são facilmente digeridos por eles e o resultado dessa indigestão é a emissão de

    gás metano por esses animais.

    Os grãos usados são ricos em fibras e proteínas, logo são um excelente

    substituto para farinha em pães. Outra oportunidade é misturar esses grãos com

    outras fibras, nessas condições os grãos se tornam um ingrediente valioso para a

    produção de cogumelos. A figura 1 mostra um saco com cereais usado para

    produzir cogumelos.

    A vantagem de usar os grãos para produzir cogumelos é que os cogumelos

    tornarão os grãos digeríveis para os animais aumentando sua quantidade de

    proteínas, e ajudando no crescimento dos animais e a qualidade da carne deles.

    Em seguida, os dejetos dos animais podem ser levados a um biodigestor junto

    com a água desperdiçada na produção da cerveja. O biodigestor gera biogás e

    uma solução nutritiva, por sua vez esta pode ser levada a um dique raso onde

    algas, através de fotossíntese, poderão digerir a solução e mais tarde serem

    levadas a um viveiro de peixes, onde os peixes comerão as algas e o sistema do

    viveiro já estará preparado para lidar com os futuros dejetos desta e tapa.

    Agregando valor, foram usados todos os resíduos da produção da cerveja e os

    resíduos dos processos subseqüentes de maneira a criar mais empregos, maior

    receita e um ambiente melhor. Existem cervejarias funcionando desta maneira no

    Canadá, na Namíbia e na Suécia (ZERI, 2006).

  • CASOS DE SUCESSO

    20

    Essas cervejarias já foram criadas com os conceitos de sustentabilidade, mas ao

    mesmo tempo que ela nasce com um sistema completo, onde todo resíduo é

    reaproveitado de alguma maneira, ele também fornece mais fontes de receita

    para empresa e gera diferenciação da marca.

    Figura 1: Cogumelos provenientes dos grãos usados na fabricação de cerveja

    (ZERI, 2006).

    3.4. AMBEV

    Poucos negócios no país têm resultados financeiros tão bons quanto a AMBEV,

    com 70% do mercado de cervejas no país teve, nos últimos três anos, um

    aumento de 50% da produção e dobrou o seu faturamento.

    Nessa busca por melhores resultados uma diretriz foi definida pelos executivos da

    empresa: produzir mais com menos. Foi essa idéia fixa que levou a empresa a se

    tornar um modelo de eco-eficiência.

    Energia

    Para reduzir o uso de óleo combustível e gás natural algumas fábricas da

    empresa passaram a usar o biogás, a partir da decomposição do material

    orgânico gerado no processo de tratamento de água, e a queima de biomassa,

    queimando paletes velhos de madeira, cascas de babaçu e serragem. Com essas

    medidas foi gerada uma economia de 5,6 milhões de reais em 2005.

  • CASOS DE SUCESSO

    21

    Resíduos

    Para a empresa o processo de fabricação de cerveja não gera mais resíduos,

    mas sim subprodutos. O bagaço do malte é vendido para fábricas de rações, o

    fermento rejeitado pode ser vendido tanto para fábricas de rações quanto para a

    produção de sopas e caldos, e as embalagens como latas e cacos de vidros são

    100% reaproveitadas, tendo seus rótulos retirados e vendidos como matéria-

    prima para empresas de papel. Com a venda desses subprodutos a AMBEV

    conseguiu, em 2005, 51milhões de reais.

    Água

    A empresa passou a reaproveitar a água do processo industrial para lavar o chão

    por exemplo, passou a enxaguar os engradados com a mesma água que havia

    enxaguado as garrafas e passou a utilizar a mesma água que, na pasteurização,

    aquece a cerveja para esfriá-la. Com isso a AMBEV conseguiu criar uma nova

    referência mundial para uso de água na fabricação de cerveja, 3,4 litros de água

    para cada litro de cerveja produzido (a referência anterior era de 3,7 litros).

    Para empresa isso representou ganhos financeiros claros, e ao mesmo tempo

    trouxe benefícios ambientais para a sociedade com suas medidas.

  • ESTUDOS DE CASO

    22

    CONCEITOS

    APLICADOS

  • ESTUDOS DE CASO

    23

    4. Conceitos Aplicados

    4.1. Os 3 R’s

    Os 3 Rs: Redução, Reutilização e Reciclagem - são os passos para que

    indivíduos, instituições e governos, segundo a Agenda 211, consigam realmente

    minimizar a exploração de recursos naturais, o impacto ambiental de nossa

    sociedade urbano-industrial e, enfim, a quantidade do nosso lixo (USP RECICLA,

    2006).

    A redução é o passo inicial e mais efetivo na diminuição do impacto ambiental, é a

    adoção de medidas para se reduzir o gasto na outra ponta em relação à geração

    do lixo, implica uma diminuição no próprio uso, no consumo e no desperdício de

    materiais. Assim, a redução é uma revisão nos atuais padrões de consumo.

    A reutilização, por sua vez, é representada pelas atividades que aproveitam

    produtos antes de seu descarte como reuso direto (usar o verso de folhas de

    papel e guardar vasilhames, por exemplo), restauros, trocas de usados,

    artesanato com sobras, etc.

    A reciclagem é o tratamento dos materiais descartados, com alteração de suas

    características físicas. Diferente da reutilização, a reciclagem envolve um

    reprocessamento do material. A reciclagem pode ser direta (pré-consumo) ou

    indireta (pós-consumo), a direta é mais comum em processos industriais quando

    são reprocessados materiais descartados na própria linha de produção, como

    aparas de papel, rebarbas metálicas, etc., já os indiretos se trata da reciclagem

    mais comum quando são reprocessados materiais que foram descartados como

    lixo por seus usuários.

    Como é possível observar, os 3 Rs estão numa seqüência relacionada ao impacto

    ambiental de cada ação. É melhor evitar o descarte de materiais do que reutilizar

    os materiais usados, que por sua vez é melhor que separar os materiais

    1 “A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de orientar para u m novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas”. (Ministério do Meio Ambiente, 2006).

  • ESTUDOS DE CASO

    24

    descartados para reciclagem. Deixar de produzir lixo é mais interessante do que

    reciclá-lo, parece óbvio, mas quando começou a onda de reciclagem no mundo

    isso deixou de ser claro, as pessoas tendiam a se concentrar em buscar

    oportunidades de reciclagem em vez de diminuir o uso desses materiais

    descartáveis. Quando o consumo e o desperdício diminuem, a própria

    necessidade de produção de bens e, portanto, o uso de matéria-prima, água e

    energia diminuem conjuntamente, preservando diversos outros recursos naturais.

    A reciclagem, ainda que contribua para diminuir o volume de lixo destinado aos

    lixões e aterros e contribua para a recuperação de materiais, água e energia, não

    deve ser uma ação desvinculada dos 2 primeiros Rs, pois caso contrário ela

    poderia servir para legitimar o desperdício. (USP RECICLA, 2006).

    Na tabela 2 é possível ver que apesar de apresentar menor impacto ambiental

    que o processo de produção original de cada material, a reciclagem, como

    atividade industrial, também consome água e energia, polui o ar e a água, e gera

    seus próprios resíduos. A reciclagem de papel, por exemplo, embora polua o ar e

    a água menos que o processo tradicional (35% e 74%, respectivamente), produz

    um efluente com fibrículas e sulfato de alumínio e libera gases como monóxido de

    carbono e dióxido de enxofre, quando da queima de combustíveis durante a

    secagem, e fuligem, se for usada lenha (CEMPRE, 1995).

    Papel Vidro Ferro Alumínio Plástico

    Uso de energia 23-74 % 4-32 % 47-74 % 90-97 % 89 %

    Uso de água 58 % 50 % 40 % - -

    Poluição de

    água

    35 % - 76 % 97 % -

    Poluição do ar 74 % 20 % 85 % 95 % -

    Uso de

    matéria-prima

    Redução de

    20 árvores /

    ton. papel

    100 % 90 % 75 % -

    Tabela 2: Redução porcentual nos gastos de processos de reciclagem em relação aos processos de produção com matéria prima virgem (WORLDWATCH

    INSTITUTE, 1987)

  • ESTUDOS DE CASO

    25

    Uma ressalva se torna necessária, apesar da redução do uso e a reutilização

    serem amplamente favoráveis ambientalmente, elas perdem força socialmente

    quando atrapalham a economia que envolve os processos de reciclagem, nas

    grandes cidades brasileiras existem milhares de pessoas que vivem da economia

    do lixo. Elas vivem de recolher, separar, vender e reciclar lixo, sejam catadores

    autônomos, cooperativas ou recicladores (empresas ou cooperativas que

    transformam o material descartado em matéria-prima para as empresas que

    produzem e comercializam os materiais). A redução drástica do uso afeta

    diretamente a subsistência desse grupo.

    4.2. Gestão Compartilhada de Resíduos Sólidos

    Antes a gestão de resíduos era vista como uma questão de engenharia. A coleta

    do lixo e sua destinação estariam resolvidas se houvesse um eficiente sistema de

    limpeza urbana.

    Embora, segundo a Constituição Brasileira, o poder público municipal seja

    responsável pela coleta de lixo nas cidades, o acondicionamento e,

    principalmente, a geração dos resíduos compete a cada um de nós. Neste

    sentido, profissionais da área ambiental e saneamento têm mudado o foco de

    seus esforços. Mais do que aprimorar sistemas e investir em tecnologias,

    equacionar o problema do lixo depende da co-responsabilização da comunidade,

    de um novo modelo de gestão socialmente compartilhada dos resíduos.

    Os programas de gestão compartilhada de resíduos enfrentam hoje alguns

    desafios que não foram e dificilmente poderiam ser previstos há alguns anos.

    Estas iniciativas de parcerias entre prefeituras e cooperativas/associações de

    catadores de materiais recicláveis, criadas visando a eficiência dos programas de

    coleta seletiva de lixo e a valorização do trabalho feito por grupos organizados de

    catadores, defrontam-se com uma redução significativa na quantidade e na

    qualidade de resíduos coletados. A principal causa deste cenário é o aumento do

    número de catadores autônomos, de organizações da sociedade civil e de

    empresas privadas interessadas na coleta e comercialização deste material.

    Assim, embora o aumento de interesse pelos resíduos recicláveis se apresente

    como positivo face à lógica do mercado, esta nova realidade ameaça a

    sustentabilidade destes projetos de gestão compartilhada que dependem de um

  • ESTUDOS DE CASO

    26

    fluxo constante de resíduos para as centrais de triagem. (Demajorovic et al.,

    2005).

  • ESTUDOS DE CASO

    27

    ESTUDOS DE CASO

  • ESTUDOS DE CASO

    28

    5. Estudos de caso

    5.1. USP Recicla

    O USP Recicla é um programa interno da Universidade de São Paulo,

    coordenado pelo CECAE-USP2, que contribui por meio de iniciativas de gestão

    ambiental e de formação de pessoas capazes de compreender e aceitar este

    desafio nos campi da universidade.

    Usando os princípios dos 3 R's e os ideais da participação, autonomia,

    tecnologias ambientalmente adequadas e avaliação continuada, o programa

    caracteriza-se por:

    • Um modelo de gestão ambiental que se constrói por meio de Comissões

    Internas nas unidades e órgãos dos 6 campi da Universidade; por

    estudantes interessados que atuam como estagiários, por contribuições de

    docentes e por uma equipe de Coordenação, técnicos e educadores.

    • Um trabalho que requer envolvimento de todos, e que, por isso, forma e

    fortalece os envolvidos, como o debate, a reflexão, o resgate e a

    constituição de valores, a revisão de hábitos e costumes e a modificação

    de comportamentos.

    O programa tem como missão: "contribuir para a construção de sociedades

    sustentáveis através de ações voltadas à minimização de resíduos, conservação

    do meio ambiente, melhoria da qualidade de vida e formação de pessoas

    comprometidas com esta missão". (USP RECICLA, 2006).

    O USP Recicla desenvolve na comunidade universitária, (alunos, servidores e

    visitantes) uma mentalidade voltada para a recuperação, conservação e melhoria

    do ambiente e da qualidade de vida com o objetivo de estimular e apoiar a

    formação de práticas voltadas à sustentabilidade, através da gestão

    2CECAE-USP (Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e Atividades Especiais) é um órgão da Reitoria da Universidade de São Paulo que atua como centro aglutinador e articulador de atividades que envolvem pesquisa, extensão e ensino, e como uma estrutura de interface facilitadora dos projetos de cooperação da universidade com os diversos segmentos da sociedade, gerando assim novas soluções e projetos para a Universidade e para a Sociedade. (CECAE-USP, 2006)

  • ESTUDOS DE CASO

    29

    compartilhada e integrada de resíduos. Em linhas gerais, o programa tem como

    objetivos:

    • Estimular valores, atitudes e comportamentos voltados à minimização de

    resíduos e à adoção de práticas ambientalmente adequadas, mediante a

    implementação de um programa educativo na USP;

    • Articular e fomentar o desenvolvimento de projetos em torno do tema,

    englobando aspectos de pesquisa, ensino, extensão e gestão cotidiana da

    Universidade;

    • Contribuir para o estabelecimento de diretrizes para uma política interna de

    conservação, recuperação, melhoria do meio ambiente e da qualidade de

    vida na USP, no seu entorno e interfaces.

    Para atingir esses objetivos o USP Recicla realiza, com suas equipes, projetos

    nas entidades da USP. Os projetos consistem basicamente de quatro etapas

    descritas abaixo:

    • 1a ETAPA: Explorando o lixo

    A implantação do Programa em cada Unidade ou órgão da USP começa

    pela caracterização dos resíduos produzidos.

    Neste "diagnóstico" amostras de lixo são estudadas para:

    o Desvendar hábitos de consumo e desperdício dos geradores;

    o Identificar a quantidade (peso e volume) e a qualidade dos materiais

    descartados;

    o Estimar o potencial de minimização de resíduos (3 Rs): quais

    materiais podem ser evitados, reutilizados e/ou reciclados;

    o Obter um parâmetro para avaliação da diminuição do lixo gerado, já

    que novos diagnósticos são feitos periodicamente após a

    implantação do programa nas unidades; desta forma, os dados

    comparativos do lixo (antes e depois da implantação) refletem a

    evolução das mudanças comportamentais almejadas.

  • ESTUDOS DE CASO

    30

    Ainda com esse diagnóstico fica-se mais próximo da realidade de

    "descarte" da Unidade, enriquecendo a discussão a ser desenvolvida

    durante as atividades educativas com os geradores.

    Na Unidade onde o programa será implantado, além do diagnóstico do lixo,

    são levantadas informações acerca:

    o Da comunidade, identificando-se o número de servidores, alunos,

    visitantes, associações e lideranças

    o Das linhas de pesquisa em resíduos sólidos, realizando-se um

    mapeamento dos pesquisadores que atuam na área e a maneira

    com que poderiam integrar-se ao programa

    o Das iniciativas anteriores de coleta seletiva, resgatando (se houver)

    seu histórico e funcionamento

    o Das fontes de desperdício

    o Dos locais para armazenamento provisório dos recicláveis, antes do

    recolhimento dos materiais na unidade

    o Das alternativas de destinação dos materiais (catadores?

    sucateiros? indústrias recicladoras? programas municipais de coleta

    seletiva?

    • 2a ETAPA: Conversando com os geradores de lixo

    Após os levantamentos, os servidores e alunos da Unidade são convidados

    a participar de um dos vários encontros educativos realizados pelos

    educadores do Programa.

    Os encontros, que duram aproximadamente 90 min., abordam tópicos

    como geração, acondicionamento e destinação do lixo, impacto ambiental

    na exploração de recursos naturais, redução, reutilização e reciclagem,

    compostagem, consumismo, desperdício etc.

    Os encontros são momentos de maior sensibilização e incentivo à

    mobilização da comunidade, durante os quais, valoriza-se o fortalecimento

    de vínculos afetivos e a revisão de valores para com o ambiente. Desta

  • ESTUDOS DE CASO

    31

    forma, a participação nestes encontros é considerada fundamental para o

    sucesso do programa de minimização dessa unidade.

    • 3a ETAPA: Mudando rotinas

    Após os levantamentos, e com as sugestões apresentadas pelos

    participantes dos encontros educativos, é estruturado o Programa de

    minimização de resíduos da Unidade, incluindo a coleta seletiva de

    materiais, de acordo com a situação de cada campus.

    Um exemplo de mudança de rotina é a implementação do descarte seletivo

    de papéis, realizado pelos servidores que nos encontros educativos

    receberam coletores para estes fins. Estes papéis são coletados

    seletivamente pelas equipes de limpeza, beneficiados em centrais

    preparadas para este fim em cada campus, e encaminhados a sucateiros,

    entidades assistenciais ou empresas recicladoras.

    A opção pela coleta seletiva do papel em todos os campi da USP se deu

    pela facilidade de escoamento desse material e pelo fato dele representar

    cerca de 70% do peso total do lixo uspiano.

    Os demais resíduos são descartados em cestos de lixo, coletados e

    destinados como tal.

    Nos campi de Ribeirão Preto e Bauru, onde o USP Recicla está integrado

    aos programas municipais de coleta seletiva, as caixas distribuídas

    também recebem outros recicláveis como metais, plásticos e vidros, uma

    vez que o escoamento destes materiais está garantido.

    • 4a ETAPA: Avaliando e divulgando o Programa

    Passado o período de implantação, a equipe do USP Recicla retorna às

    unidades periodicamente para acompanhar o desenvolvimento do

    programa, realizando atividades como:

    o "Pentes-finos": visitas regulares para verificação de mudanças de

    hábitos e rotinas e da geração de resíduos. Busca-se, nestes

    momentos, reforçar a motivação e participação ativa das pessoas

    junto ao programa de minimização de sua unidade. Recolhem-se

    comentários e sugestões (veja nossas conquistas).

  • ESTUDOS DE CASO

    32

    o Re-diagnósticos de lixo: novas pesagens e triagens são realizadas

    para comparação destes dados com os obtidos na fase de

    implantação.

    As informações coletadas são repassadas à comunidade pelos meios de

    comunicação da Universidade (boletins internos, Jornal e Rádio USP, etc.).

    O USP Recicla também tem ampla divulgação fora da Universidade. É

    regularmente apresentado em seminários e congressos no Brasil e exterior. Tem

    sido tema de monografias e dissertações acadêmicas e citado em diversos artigos

    e publicações. O contato do USP Recicla se encontra no anexo B.

    5.2. POLI - USP Recicla

    A comissão da EPUSP no USP Recicla criou o projeto POLI – USP Recicla que

    foi iniciado na segunda quinzena de maio. O projeto conta com total apoio da

    diretoria da Escola. Com o projeto a POLI se distancia do padrão de atuação do

    USP Recicla buscando um rumo que atenda melhor as suas reais necessidades.

    O projeto visa diagnosticar a situação atual dos resíduos gerados na Escola

    Politécnica da Universidade de São Paulo, incluindo os tipos de resíduos gerados,

    locais de geração, quantidades geradas, tratamentos e destinos atuais. O objetivo

    é fornecer embasamento para a implantação de um programa de gerenciamento

    de resíduos sólidos.

    O trabalho será realizado em etapas, conforme descrito a seguir:

    • Planejamento: O planejamento tem como objetivo orientar a execução do

    projeto, de forma a otimizar a coleta e consolidação dos dados. Os

    instrumentos utilizados foram:

    o Questionários e entrevistas com professores, funcionários e alunos;

    o Observação do material descartado na EPUSP;

    o Inspeções de área para verificar os locais de descarte;

    o Caracterização física dos prédios da EPUSP;

    o Análise de documentos.

    • Coleta de Dados:

  • ESTUDOS DE CASO

    33

    o Visitas aos departamentos, laboratórios, restaurantes, xerox, bem

    como todas às áreas geradoras de resíduos da Escola;

    o Levantamento dos resíduos gerados em condições de rotina de

    todos os departamentos, bem como os já armazenados;

    o Avaliação das práticas atuais relacionadas à gestão de resíduos,

    incluindo os processos de reciclagem existentes;

    o Exame de documentos, incluindo autorizações e documentação dos

    receptores de resíduos (caso exista);

    o Levantamento da legislação relativa aos resíduos perigosos

    gerados.

    o Consolidação dos dados obtidos.

    • Conclusão, entrega do relatório final contendo:

    o Levantamento dos resíduos gerados nas atividades de ensino,

    pesquisa e extensão e seus agentes;

    o Classificação e quantificação destes resíduos, especialmente, os

    potencialmente perigosos e potencialmente recicláveis e/ou re-

    aproveitáveis levantados, estabelecendo prioridades para o

    tratamento e destinação dos mesmos.

    o Avaliação das necessidades para implantação da coleta seleti va,

    incluindo recursos humanos, equipamentos, benfeitorias e serviços

    externos;

    o Avaliação do nível de adesão para futura implantação de um

    sistema de gerenciamento de resíduos na Escola.

    Assim o trabalho resultará numa série de propostas que serão avaliadas pela

    diretoria e comissão do POLI – USP Recicla, em seguida serão levados em frente

    os projetos considerados prioritários, sempre considerando a escola como um

    todo.

  • ESTRUTURA DO TRABALHO

    34

    ESTRUTURA DO TRABALHO

  • ESTRUTURA DO TRABALHO

    35

    6. Estrutura do trabalho

    6.1. Análise do uso dos materiais

    Uma estrutura de trabalho aplicado no Departamento de Engenharia de Produção

    foi desenvolvida considerando os estudos de caso observados na USP.

    O trabalho foi dividido nas seguintes etapas:

    • Levantamento de dados: nesta etapa procurou-se entender qual a situação

    da coleta do lixo e qual a origem dos materiais, isso através do:

    o Entendimento de como é realizada a coleta interna do lixo (quem a

    realiza, freqüência, onde o lixo é armazenado, etc.);

    o Entendimento do processo de compras (quem a realiza, quais são

    as fontes, como as compras são aprovadas);

    o Montagem de uma base de dados dos materiais comprados, suas

    quantidades e preços para o período regular selecionado (é

    importante que o período selecionado seja representativo do lixo

    gerado no ano).

    • Fluxos dos materiais: com a base de dados montada foram selecionados

    os materiais com volumes e valores relevantes ou com descarte crítico

    (exemplos: pilhas e baterias) que devam ser avaliados melhor, esta análise

    passou por:

    o Identificar qual a principal fonte de recursos para cada material;

    o Identificar onde cada material é armazenado;

    o Identificar quem são os principais usuários;

    o Entender como é o acesso desses usuários aos materiais (há algum

    controle de uso, há regras para o uso dos materiais, etc.);

    o Entender quais os principais usos de cada material;

    o Identificar o material do produto, de sua embalagem e se há

    resíduos no seu uso para definir os elementos recicláveis;

  • ESTRUTURA DO TRABALHO

    36

    o Estimar os tempos do fluxo e assim entender, para cada material,

    qual o tempo entre a compra e o descarte (de todos os elementos:

    produto, embalagem e resíduo);

    o Entender como e onde os materiais são descartados.

    • Processo de reciclagem: com os fluxos dos materiais estabelecidos se

    definiu como fazer a separação deles. Esta etapa seguiu da seguinte

    maneira:

    o Identificar onde são os focos principais de descarte de cada

    material;

    o Analisar onde é necessário focar a coleta para algum material

    específico e onde deve haver separação mais genérica dos

    materiais, considerando os espaços necessários e a localização dos

    usuários;

    o Procurar parceiros para realizar a coleta dos materiais gerados;

    o Identificar onde é possível armazenar o material separadamente até

    a sua coleta;

    • Piloto de reciclagem: realizou-se um piloto em menor escala para

    sensibilizar a comunidade, para testar o processo elaborado e para

    identificar os materiais que não foram observados no diagnóstico. Esta

    etapa teve o intuito de reduzir o escopo do processo de reciclagem, de

    acordo com os recursos disponíveis, para ter uma resposta prévia sobre o

    diagnóstico realizado, ela passou pelos seguintes passos:

    o Identificar materiais críticos para o processo;

    o Identificar principais locais de passagem para analisar o descarte

    (para identificar os materiais trazidos de fora);

    o Comunicar para a comunidade o piloto;

    o Realizar o piloto;

    o Avaliações intermediárias;

    o Analisar os resultados do piloto.

  • ESTRUTURA DO TRABALHO

    37

    • Definir programação passo a passo para sair do piloto e estabelecer

    processo final de reciclagem: o processo elaborado foi revisado a partir das

    análises sobre o piloto e projetar a expansão do piloto até o processo final.

    • Avaliar propostas de redução e reutilização dos materiais: com a base de

    dados dos materiais montada, foram feitas, para os materiais críticos (em

    quantidade ou em valor), propostas para redução e reutilização e foram

    avaliadas estas propostas com os usuários:

    o Entrevistar usuários e e laborar propostas para os materiais críticos;

    o Validar as propostas com os usuários;

    o Implementar propostas validadas.

    A ordem das etapas do trabalho não foi necessariamente cronológica, sendo que

    parte das etapas ocorreram paralelamente.

    A intenção desta estrutura, montada para a implementação da reciclagem e de

    propostas redução do uso e reutilização de materiais no Departamento de

    Engenharia de Produção da EPUSP, é de, ao contrário dos outros modelos,

    iniciar o processo pela reciclagem e levantar o interesse da comunidade a partir

    dele, para que depois, com o processo de reciclagem já em funcionamento,

    levantar o interesse da comunidade para oportunidades de diminuir o lixo gerado,

    levantando os hábitos da comunidade.

    6.2. Análises do uso de energia e uso de água

    Nos casos de energia e água não foi feita uma análise estruturada, porque o

    Departamento de Engenharia de Produção tem suas medições feitas

    conjuntamente com o Biênio, o que torna difícil fazer uma análise exclusiva para o

    departamento.

    Logo, o que se verificou foi a aderência do departamento às indicações de

    funcionamento do PURE e PURA.

  • ANÁLISE DO USO DOS MATERIAIS

    38

    ANÁLISE DO USO DOS MATERIAIS

  • ANÁLISE DO USO DOS MATERIAIS

    39

    7. Análise do Uso dos Materiais

    7.1. Levantamento de dados

    Compras

    O Departamento de Engenharia de Produção teve disponíveis em 2005 três

    fontes de verbas para compra de materiais. Há a verba do orçamento da EPUSP,

    dos reembolsos aprovados pela Fundação Vanzolini e do PROAP (verba cedida

    pela CAPES para compra de materiais para projetos de pós-graduação).

    As compras são centralizadas na secretária, professores e funcionários

    encaminham seus pedidos e a secretaria destina a compra à verba mais

    adequada para a situação, com a validação do professor responsável por

    controlar o orçamento do departamento, responsável pelo orçamento da EPUSP e

    reembolsos da fundação, e/ou do professor responsável pelos programas de pós-

    graduação que também é responsável pelo orçamento da PROAP. Cabe a estes

    professores validar as compras de acordo com o orçamento prévio elaborado

    para o departamento no ano em questão.

    Coleta interna do lixo

    No departamento há cinco diferentes órgãos ocupando o espaço comum, o

    departamento, a Fundação Vanzolini, a lanchonete, o centro acadêmico e a

    biblioteca. As salas de professores, de projetos, salas de computadores, salas

    administrativas e reunião do departamento são limpas pela empresa terceirizada

    contratada pela EPUSP, as salas administrativas da Fundação Vanzolini, todas as

    salas de aula e pátio são limpas pela empresa terceirizada contratada pela

    fundação e a área da biblioteca é limpa pela mesma equipe de limpeza contratada

    pela EPUSP. O lixo de cada equipe de limpeza é misturado e levado para um

    espaço externo ao departamento (onde a coleta simples da prefeitura o recolhe)

    pela equipe contratada pela fundação.

    As equipes recolhem o lixo duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde, e

    diariamente o lixo é levado, no fim da tarde, ao contêiner para ser recolhido pela

    prefeitura.

  • ANÁLISE DO USO DOS MATERIAIS

    40

    O área do Centro Acadêmico da Engenharia de Produção é limpa pelo pessoal

    que trabalha no xérox e o lixo é recolhido por uma outra equipe da empresa

    contratada pela EPUSP, responsável pela limpeza do prédio do Biênio por isso

    não está considerado neste trabalho.

    A lanchonete não é de responsabilidade do departamento nem da fundação, a

    sua limpeza é realizada pelos próprios funcionários e o lixo é recolhido pela

    equipe de limpeza contratada pela fundação, ela não será considerada nesta

    análise, mas os materiais descartados lá estão na discussão sobre os próximos

    passos, após o fim deste trabalho.

    Base de dados de compras 2005

    A montagem da base de dados foi elaborada de acordo com os pedidos do

    departamento ao setor de compras da EPUSP (almoxarifado POLI), que são

    registrados no sistema Mercúrio, com as notas fiscais reembolsadas pela

    Fundação Vanzolini e com os materiais comprados com a verba do PROAP.

    O material para os banheiros são comprados por reembolso da fundação e são

    comprados por um contrato com a Kimberly Clark, por isso na identificação dos

    fluxos abaixo eles estão com a fonte diferenciada (Kimberly Clark), mas a verba

    para as compras é da fundação.

    Não foram considerados na base de dados os copos fornecidos pela empresa que

    aluga a máquina de café por não haver detalhes do volume no contrato e notas

    fiscais do ano de 2005.

    A base de dados inclui os materiais, suas quantidades e valores das compras, os

    dados são referentes ao ano de 2005, a base completa de compras do

    departamento esta no anexo C.

    7.2. Fluxo dos materiais

    Na figura 2 o modelo dos fluxos pelos quais os materiais passam no

    departamento, com as informações relativas a cada material.

  • ANÁLISE DO USO DOS MATERIAIS

    41

    PRODUTO

    Volume anual: (Volume de material comprado)Valor anual: (Valor anual comprado)Embalagem: (Tipo de material da embalagem)

    Fonte: (Fontes principais de recursos para compra)

    Responsável: (Responsável pelo lixo)Usuários principais: (Usuários que mais usam o produto)

    Armazenagem: (Onde o material fica o estocado)

    EstoqueAção

    Dia

    Ator

    Ação

    Dia

    Ator

    Resíduo: (Tipo de resíduo causado pelo uso do produto, exceto o descarte da embalagem e do produto. Exemplo: o resto de café no copo descartável)

    Destino Resíduo: (Destino desse resíduo)Produto: (Tipo de material do produto)

    XCondição

    Este campo diz o dia em que ocorre a ação. D0 representa o primeiro dia, DX representa X dias após D0, MY representa Y meses após D0. Dn é usado quando não há uma definição precisa do dia.

    Local de estoque do produto.

    Quem realiza a ação.Quando necessário, uma condição é criada para o fluxo, para que ele siga de uma ou outra maneira.

    Direcionamento para os fluxos de reciclagem de cada tio de material (papel, plástico, metal, etc.).

    Figura 2: Modelo do desenho dos processos

    O objetivo de desenhar o fluxo dos materiais no departamento é clarificar os seus

    caminhos até o descarte. Desta maneira é possível também definir os

    responsáveis pelo descarte, o tempo entre o uso e o descarte e identificar

    oportunidades dentro dos conceitos dos 3 R’s (Redução, Reutilização e

    Reciclagem).

    A análise não será feita par