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.#/ Jornal /-# 4 Um espaço Democrático . nicação e Educação Popular Ano XXII-N 0 219-Janei ^ fevereiro de 1996 - Publicação Mensal ASSESOAR - 30 ANOS AGRICULTORES(AS) E AMIGOS, EM ASSEMBLÉIA, AVALIAM 1995, DEFINEM PRIORIDADES PARA 1996 E REVIVEM, CELEBRANDO, OS 30 ANOS DE VIDA DA ASSESOAR Reforma Agrária Pg. 9 Amigo de Fé, irmão, camarada! ^lÜ Sabemos que continuas torcendo por nós! Adubação Verde: a voz da xperiência Pgs. 10 e 11

Jornal /-# 4

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Jornal /-#

4 Um espaço Democrático . nicação e Educação Popular

Ano XXII-N0 219-Janei ^ fevereiro de 1996 - Publicação Mensal

ASSESOAR - 30 ANOS AGRICULTORES(AS) E AMIGOS, EM ASSEMBLÉIA, AVALIAM 1995,

DEFINEM PRIORIDADES PARA 1996 E REVIVEM, CELEBRANDO, OS

30 ANOS DE VIDA DA ASSESOAR

Reforma Agrária

Pg. 9

Amigo de Fé, irmão, camarada!

^lÜ Sabemos que continuas torcendo por nós!

Adubação Verde: a voz da

xperiência Pgs. 10 e 11

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2 - Jornal Cambota

Editorial

UM BALANÇO DO PLANO *€AL

O Plano Real, tão bem aceito inicialmente pela população, tendo, inclusive, eleito seu idealizador Presidente da República (Fernando Henrique Cardoso) começa a preocupar pelas conseqüências embutidas nele.

Após um ano e meio de lançamento do Plano, podemos avaliar seus êxitos e limites. Como êxito, podemos citar, em primeiro lugar, o controle.da inflação, que permitiu um melhor planejamen- to e gerenciamento econômico e uma menor corrosão do poder aquisitivo da população, sobretudo a de baixa renda, tão castigada pela alta inflação. O segundo êxito do Plano Real refere-se à estabi- lização dos preços (salvo os casos onde existem monopólios, como alguns insumos agrícolas, por exemplo), conseguido pela abertura da economia, juros altos e controle da circulação do dinheiro (compulsórios).

Decorrido este período, podemos analisar os principais limites do Plano Real, nos seguintes aspectos:

Agricultura: foi o primeiro setor fortemente penalizado pelo Plano. Basta dizer que os onze mais importantes produtos agrícolas tiveram uma redução de 22%.

AAGfUCULWM,

PRINCIPALMENTE A FAMILlAfl

f010 PRIMEIRO SSTOR

FORTEMENTE PENALIZADO

PELO PLANO REAL.

Juros: em 1995, os juros brasileiros foram os mais altos do mundo. O aplicador de Renda Fixa, se- gundo dados da Revista Exame, obteve um ganho de 28%, contra 25% na Rússia (o vice campeão), 8% na Argentina, 3% na Alemanha e 3% nos Estados Uni- dos. O problema é que isso tem afetado o crescimen- to econômico (pois é muito mais cômodo especular do que produzir), além de aumentar muito a dívida pública.

Desemprego: a abertura da economia não ge- rou ganhos de produtividade, como o governo queria, por isso, aumentou excessivamente as impor- tações, gerando um déficit de 3,2 bilhões na balança comercial.

A corrida pelos produtos importados, aliado à restrição ao crédito, levaram a uma quebradeira sem precedentes de empresas de todos os tamanhos. Isto, ao lado da reestruturação do setor finan- ceiro e da diminuição do tamanho do Estado, está fazendo crescer o número de desempregados.

O crescente aumento no número de desempregados já preocupa as autoridades, que ameaçam esboçar uma política alternativa de redução do custo de contratação da mão-de-obra. Estas medi- das, além de serem polêmicas do ponto de vista jurídico e político, resolvem apenas parcialmente o problema.

Entendemos que a melhor saída para o desemprego é uma política de diminuição dos altos juros, incentivo à pequena e média empresa (que é a que mais emprega), além de uma boa política agrícola (para conter o crescente êxodo rural) e uma séria reforma agrária que dê oportunidade e condições a quem tem vocação para produzir alimentos.

O JORNAL CAMBOTA é um espaço democrático de comunicação As matérias assinadas não representam, necessariamente, e educação popular no Sudoeste do Paraná. Publicação mensal. a opinião desse jornal. CONSELHO ADMINISTRATIVO: Ademir Dalazem, Ari Tiragem desta edição: 1.200 jornais. Silvestro, Avelino Calegari, Aores da Silva, Zélide Possamai, Aldir Roell, Francisco Rech, Lorimar Berticelli, Paulo de Souza, Maria COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO: Eloni Agnes, João Valdir da Silva, Francisco Quevedo. GRAFIT Artes Gráficas - Fone (046) 523-1998 EQUIPE EDITORIAL: Elir Batistti, Ari de David, Paulo Mayer, Av. General Osório, 500 - Francisco Beltrão - PR Valdir Duarte. Andreia M. Pires

Page 3: Jornal /-# 4

Jornal Cambota - 3

AMIGO DE FE, IRMÃO, CAMARADA!

O^fU PtitM' - Participante assíduo da pastoral em sua comunidade e município (Enéas

Marques), em 1964, o jovem Osni torna-se liberado permanente pela Diocese, ocasião em que atua na Catequese Familiar.

- Dois anos depois, participa do grupo que funda a ASSESOAR, - Em 1969, casa-se com Terezinha G. Prim e transfere-se para a Diocese de

Toledo, onde, durante dois anos, assessorou o serviço pastoral naquela Diocese. - Em 1972, de volta à ASSESOAR, continua seu trabalho de assessoria

pastoral aos Grupos de Reflexão e Ministros da Eucaristia, participando também na elaboração de subsídios pastorais, como, por exemplo os livretos: "Bíblia e Terra" e o "Projeto de Deus". Neste período atua também em outras frentes, como a assessoria sindical,

- Em 1986, muda-se para o Mato Grosso, buscando viabilizar-se como agri- cultor, pois foi na agricultura que Osni nasceu e cresceu. Seu despreendimento e disponibilidade ao coletivo, o impedem de seguir seu desejo. Osni passa a presidir a COTRIJURUENA (Cooperativa de Pequenos Agricultores).

- Sem chance de se viabilizar economicamente no chão matogrossense, em 1992, Osni retoma ao Sudoeste, onde passa atuar na divulgação do jornal Cambota, até adoecer no final de 1994. Após um ano de tratamento intensivo, Osni veio a falecer em 26 de dezembro de 1995. t ~— *

Parece que foi ontem que você partiu, mas já faz 2 meses. Sinto muito a tua falta, mas respeito a vontade de Deus pois a ele pertencemos.

Tio, a sua existência foi muito pouca pelo muito, ainda, que queria aprender conti- go. Você foi muito marcante em minha vida, pelo seu sorriso sempre sincero, pela simpatia e o carisma que sempre teve como tio, amigo e até um pouco paizão. Sei que está muito bem, porque criaturas como você, Deus quer muito perto Dele.

Várias vezes olho para o céu na certeza incessante de que o encontrarei. A sua imagem de amor está sempre presente, em todas as coisas e lugares. Na sua casa sua imagem perambula por todos os cantos, ela está presente em todas as pessoas que passam por mim, pessoas estas que vejo que eram como você. Pois para você, querido tio, salvar alguém era importante, ajudar o próximo era essencial, estar de hem com a vida era ponto fundamental, levar alegria à todos era contigo mesmo.

Tudo isso é um pedaço de você, deste homem muito gente, que posso dizer com muito orgulho: estive perto de você, e isso é o motivo da grande saudade.

Como dói escutar essa dura verdade: - na terra nunca mais haveremos de nos ver. A não ser através desta imensa saudade, que tornou imortal, para mim, o teu ser.

E como agora só me resta recordar, sonhar e pensar, quando a noite é longa, ao sentir um clarão perto de mim, pensarei que sais do céu e vens me abençoar...

Com saudades, sua sobrinha Raquel

TRÊS COOPERATIVAS DE CRÉDITO ABREM AS

PORTAS

Os agricultores familiares de Dois Vizinhos e Marmeleiro no Su- doeste e Laranjeiras no Centro- Oeste do Estado, abriram as portas das suas Cooperativas de Crédito, integradas ao Sistema CRE$OL.

O Sistema CRE$OL integra várias cooperativas que dispõe de uma base de serviços - BASER.

A CRE$OL Dois Vizinhos abriu suas portas no dia 10 de ja- neiro. Tem, hoje, 170 sócios em 6 (seis) municípios.

A CRE$OL Marmeleiro foi inaugurada no dia 5 de fevereiro. Tem, hoje, 190 sócios dos 5 (cinco) municípios de sua abrangência.

A CRE$OL Laranjeiras entrou em funcionamento no último dia 04 de março e abrange 3 (três) muni- cípios da região Centro-Oeste do Estado.

Essas cooperativas de Crédi- to já realizaram operações de mo- vimentação de conta-corrente, apli- cações a prazo, de crédito pessoal e crédito rural. "A vida da coopera- tiva depende de seus associados. Ela será cada vez mais forte à me- dida que os associados realizarem suas operações financeiras nela. O pouco de cada um torna-se muito quando reunido num só monte", afir- ma Assis Miguel do Couto, membro da BASER.

O maior desafio dessas coo- perativas, no momento, é realizar um levantamento sócio-econômico dos seus associados. Com esse le- vantamento em mãos, poderão pla- nejar e buscar os recursos neces- sários para o crédito de custeio das próximas safras. Poderão, também, prever a quantidade de recursos ne- cessários para o crédito de investi- mento nos próximos 3 anos.

"A Cooperativa de Crédito é, sem dúvida, um importante passo para nós agricultores. Mas estamos só no começo, temos muito cami- nho a percorrer. O sucesso depen- de do esforço e vigilância de todos: associados, diretores, funcionários e apoiadores", assim disse o Sr. Aores da Silva, presidente da CRE$OL Dois Vizinhos, no dia da sua inauguração.

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4 - Jornal Cambota

EDUCAÇÃO RURAL A Assembléia Geral Ordinária

de janeiro de 1996 deliberou que o Programa de Educação Rural da ASSESOAR é estratégico e deverá ser fortalecido buscando um maior equi- líbrio com as ações no campo das tec- nologias. Enquanto a direção dará os passos necessários para cumprir esta orientação, as ações para 96 já estão em andamento.

Avançam os últimos acertos en- tre a ASSESOAR e as entidades lo- cais de Realeza, Pranchita, Santa Izabel D'Oeste e Ampére visando o início da fase de estruturação dos gru- pos de base da 3a turma das ECAs (Escolas Comunitárias de Agriculto- res).

As semanas-aula, em alter- nância, iniciarão em fevereiro de 1997. Até lá, os grupos de base serão cons- tituídos e discutirão e aprovarão o regimento interno e os temas de estu- do. Ao mesmo tempo, o conselho ne- gociará com entidades do Estado e outras o apoio necessário ao funcio- namento da ECA.

Em Francisco Beltrão, a partir de março de 1996, a Associação das Casas Familiares Rurais do município

colocará em funcionamento a Ia Casa Familiar Rural do município, ainda com sede provisória na comunidade do Rio do Mato.

A Ia CFR de Beltrão nasce au- tônoma em relação a governos e par- tidos devido à qualificação do Conse- lho e ao caráter participativo com que foi trabalhada desde o início das dis- cussões. Conta, hoje, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, da Emater (regional e local), da Se- cretaria Municipal

o Conselho está negociando com a ARCAFAR/GOVERNO DO PARANÁ os recursos necessários.

A Ia CFR de Francisco Beltrão nasceu forte por mais um motivo. As entidades e agricultores que assumem hoje a Casa passaram, anteriormente, pelo processo desenvolvido pela

" ECAS1B, uma das turmas das Esco- las Comunitárias de Agricultores, que capacitou agricultores, técnicos e en- tidades para pensar seus processos

educacionais e

de Agricultura, Paróquias, ASSESOAR e di- versas Associa- ções de Morado- res dos distritos.

Para o anda- mento da Casa Fa- miliar Rural do Rio do Mato, a ASSESOAR fir- mou convênio com o Conselho da Associação das CFRs, onde pres- tará assessorià pedagógica.

Para viabilizar o restante da es- trutura e a contratação de monitores.

de profissio- nalização. A ECAS1B foi uma iniciativa da ASSESOAR e do Sindicato dos Trabalhado- res Rurais, apoi- ada pela Emater Regional e Lo- cal, pela Secre- taria Municipal de Agricultura e

8a Regional de Saúde É possível imaginar desenvolvi-

mento e bem estar sem investir nos recursos humanos?

A educação rural

deverá ser,

nos próximos anos,

o sangue a correr

nas veias da

agricultura familiar

do Sudoeste do Paraná,

VISITA DE JOVENS HOLANDESES A ASSESOAR

Um grupo de 16 jovens holanucscG chegou na ASSESOAR no dia 09 de fevereiro, tendo como objetivo, conhecer a realidade da vida dos agricultores brasileiros.

As diferenças que eles encontraram aqui em relação à forma de agricultura foi na distribuição de renda, no ta- manho das propriedades, na agricultura familiar e na utili- zação da tecnologia.

Na Holanda, somente um filho tem direito de herdar de seu pai a propriedade, os outros se quiserem continuar como agricultores tem que comprar a sua parte, o que se torna quase impossível, devido aos altos preços das terras.

A pequena propriedade holandesa têm no mínimo 12 ha. mas a maioria dos agricultores possui mais de 100 ha de terra. Apesar de não existir lei, não há concentração de renda como no Brasil, pois todas as propriedades são conduzidas pela própria família sem o trabalho de empre- gados.

A utilização da alta tecnologia é usada para a pro- dução de trigo, verduras, batatas, beterraba, leite e cria- ção de suínos.

A questão da educação entre os jovens agricultores holandeses é bastante rigorosa, pois os mesmos são obri- gados a estudar até no mínimo 18 anos. Isto faz com que eles tenham acesso a informações que lhes possibilitam ter uma maior capacitação técnica e uma maior participa- ção na vida econômica, social e política do país.

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Jornal Cambota - 5

ASSESOAR - 30 ANOS Os agricultores, em Assembléia,

avaliam 1995, definem prioridades para 1996

e revivem os 30 anos de vida da ASSESOAR

"O que mais marcou foi a preocupação da ASSESOAR com a natureza".

Aores da Silva

"Depois que conheci a ASSESOAR. minha vida mudou para melhor". Constantino Libardi

"A ASSESOAR conseguiu manter-se fiel aos seus princípios".

Célio Bonetti

"A ASSESOAR aglutinou e aglutina gente corajosa, competente e batalhadora".

Pedro Tonelli

Natalino Faust frisou o "momento critico" sofrido pelos pioneiros da ASSESOAR em 1968. com a edição do AI-5 e destacou o

trabalho realizado pelo Pe. Jef e Daniel.

No dia 31 de janeiro último, a ASSESOAR realizou sua trigésima Assembléia Geral Ordinária Esta Assembléia tinha sua importância au- mentada em função da comemoração dos 30 anos de vida da ASSESOAR.

Na presença de 112 agricultores associados dos diversos municípios da região e 38 convidados, apreciou-se as atividades e contas/95, plane- jou-se o ano de 1996 e, por fim, refletiu-se/comemorou-se os 30 anos da ASSESOAR.

A ASSEMBLÉIA APONTOU AS PRIORIDADES PARA 1996

1° Continuação do acompanhamento técnico às 30 associações, já inici- adas em 1995, via Projeto Gestão dos Sistemas Produtivos, buscando melho- rar o relacionamento entre técnico e agricultor.

2o Sistematizar o acompanhamento técnico realizado nas cinco proprie- dades, no período de 1986 a 1988

3C Elaborar subsídios nas áreas de solo, avicultura alternativa e piqueteamento de potreiros.

4o Contribuir com assessoria nas áreas de: legislação para a agroindustrialização; construção de uma proposta técnica para produtos or- gânicos; apoio pedagógico; secretaria de produção familiar da micro-sindical; gestão dos sistemas de produção.

5o Elaborar um projeto de capacitação técnica para agricultores em áre- as específicas (formação de monitores agrícolas), em parceria com entidades interessadas (populares e públicas).

6o Elaboração de um Projeto de Sementes, articulado com a Rede de Tecnologias Alternativas, para a obtenção de recursos e sua viabilidade práti- ca.

7o.Viabilizar convênios com órgãos públicos e privados no setor de so- los, visando atingir 3500 análises de solos, mantendo a qualidade anterior.

8o Iniciar o trabalho de organização de base, para a constituição da ter- ceira turma das ECAs (Escolas Comunitárias de Agricultores), nos municípi- os de Ampére, Santa Izabel D'Oeste, Realeza e Pranchita.

9o Prestar assessoria - mediante convênio - à Secretaria de Educação Rural, da micro sindical, e Casa Familiar Rural de Capanema e Francisco Beltrão.

10° Produção de 11 edições do jornal Cambota e de 3 vídeos técnicos, 1 institucional (30 anos de ASSESOAR) e 1 em convênio com a Rede Pixurum.

11° Integração do Fundo de Crédito Rotativo (FCR) ao Sistema CRESOL, através da doação condicionada dos recursos do FCR ao Sistema CRESOL, porém, anterior a doação, faz-se necessário deixar mais claro a função do atual Conselho de Entidades.

12o Adoção de um conjunto de medidas e iniciativas para a redução de gastos e busca de novas receitas, com vistas a adequação da entidade dentro da nova conjuntura do país.

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6 - Jornal Cambota Jornal Cambota - 7

A ASSEMBLÉIA REVIVE E COMEMORA OS 30 ANOS DE ASSESOAR E ste era, provavelmente, o

ponto mais esperado da Assembléia. Na presença dos 112 associados e dos 38 convidados presentes, além da equipe da ASSESOAR, este mo- mento iniciou com uma reflexão de

* Arni Hall destacou a capacidade da ASSESOAR em "decodificar o saber e transmiti- lo às pessoas".

\ "A ASSESOAR não é uma pessoa, nãoé uma corporação, mas uma proposta que vem sendo construída, desde a sua

fundaçàcTpór homens valorosos e idealistas".

Claudino Veronese

Pe. Isidro Perín é Superior Geral da Congregação de Na Sa da Salette, reside em Roma (Itália), mas esteve na

| Assembléia Geral, ocasião em que recebeu seu Título de Sócio Honorário pelos serviços prestados à ASSESOAR

Enzo e Rosa Grando recebem o Título de Sócio Honorário em nome do memorável Silvino, pai e esposo.

dois acontecimentos. O primeiro li- gado à Bíblia, quando Jesus propi- ciou o milagre da multiplicação dos pães O segundo referiu-se ao pro- cesso de colonização do Sudoeste, a vinda dos padres belgas e a cria- ção da ASSESOAR. A conclusão foi de que em ambos os acontecimen- tos houve uma proposta de solução do problema do povo.

Em seguida, os agricultores depositaram alimentos produzidos por eles numa mesa inclinada para que todos pudessem ver. Uma diver- sidade enorme de produtos in natura ou industrializados artesanalmente foram postos na mesa, demonstran- do que, apesar do abandono impos- to, a agricultura familiar é rica na produção de alimentos.

O terceiro passo da reflexão comemorativa foi a montagem de uma roda de carroça, visando mos- trar que os princípios históricos da ASSESOAR, ou seja, União, Soli- dariedade e Cooperação continu- am vivos na vida da entidade.

• Por fim, o Conselho de Admi- nistração entregou Títulos de Só- cio Honorário a 20 pessoas que, na história da ASSESOAR, se destaca- ram pela qualidade e quantidade da colaboração prestada, e Moções de Agradecimento a aproximadamen- te uma centena de outras pessoas (ex-funcinários, ex-diretores, pro- fissionais liberais e outros) que tam- bém foram importantes para a con- solidação da ASSESOAR.

Os contemplados com o Títu- lo de Sócio Honorário são: Daniel Meurer; Pe. Jef Caekelbergh; Aimé Caelkelbergh; Deni Schwartz; Euclides Scalco; Pedro Tonelli; Claudino Veronese; Pe. Isidro Perin; Pe. Ângelo Perin; Pe. Afonso de Nijs; Pe. Natalício Weschenfelder; Célio Bonetti; Natalino Faust; Terezinha Schmitz; Ir. Cirilo Kõrbes; Délcio Perin; Adelino Antunes Cordeiro; Aquiles Costenaro; Silvino Grando (in me- mória) e Osni Prim (in memória).

Apesar do abandono imposto, a agricultura familiar é rica na produção de alimentos

Só a União, a Solidariedade e a Cooperação, poderão salvar a agricultura familiar do estado de abandono em que se encontra

Impossibilitados de estarem presentes que se manifestaram

Dos convidados que gostariam de estar presentes, mas, por algum mo- tivo, foram impossibilitados, cinco escreveram e dois comunicaram verbal- mente ou por outras pessoas. O Irmão Cirilo, em visita a nossa sede, comu- nicou sua impossibilidade de estar na Assembléia por motivo de outro com- promisso previamente assumido no Rio Grande do Sul. O Dr Scalco, atra- vés do Sr. Natalino Faust, também comunicou os motivos de sua ausência. A seguir, trazemos as correspondências das quatro pessoas (Dr. Deni; Pe. Ân- gelo, Salete e Aquiles) e uma entidade (Pão Para o Mundo) que escreveram explicando suas ausências e/ou nos cumprimentando pela passagem dos 30 anos de existência.

Curitiba, 14/01/96

Caríssimos amigos da ASSESOAR:

Me uno a vocês na celebração dos 30 anos da ASSESOAR. Tive a gra- ça e a alegria de participar desta histó- ria de 1970 a 1978. Foram anos de bus- cas corajosas e de muito entusiasmo.

A ASSESOAR sempre buscou contribuir no fortalecimento da Agricul- tura Familiar, ajudando o homem do campo a ser "sujeito de seu próprio de- senvolvimento e artífice de sua cami- nhada de libertação".

Parabéns! Continuem unidos, corajosos e esperançosos.

Infelizmente não será possível participar da Assembléia Geral. Mas estarei unido a vocês neste momento rico de celebração e de busca de novos caminhos

Re. Ângelo Avelino Perin, MS

Prezados amigos e amigas:

,hamos a alegna de um ^ 0AR

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ração com a ^sS.EaS°e

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"Fortaleza, 31 de janeiro de 1996

À ASSESOAR:

No ano de 1966, no Colégio i assale, ocorreu a Assembléia de Fun- dação da ASSESOAR. 30 anos marca- Sfpor muito trabalho, mas prinapa- mente, pelo resultado deste trabalho un

to ao pequeno produtor ~rat Parabéns. Lamentamos não podermos es-

tar presentes para comemorar luntos os 30 anos de existência.

ATniog P Salete Costenaro

Curitiba, 31/01/96

Senhor Presidente:

Foi com grande satisfação que re- cebi o convite para participar da Assem- bléia Geral. Sem dúvida alguma, esta casa representou muito e ainda representa a conquista de grandes ideais, onde unidos ainda chegaremos lá.

Entretanto, por força de compromis- sos inadiáveis, assumidos anteriormente, apresento-lhe minhas escusas por não po- der comparecer ao importante evento (...).

Deni Lineu Schwartz Sec. de Estado

"A ASSESOAR vingou

por méritos de muitos homens

e mulheres valorosos

que fizeram a

história da Entidade,

enfrentando o medo,

processos militares e a

desconfiança"

Pe. Jef

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8 - Jornal Cambota

Executiva Ademir Luiz Dallazen

(Presidente)

Ari Silvestro (Secretário)

Lorimar Berticelli (Tesoureiro)

DIRETORIA ELEITA PARA O EXERCÍCIO DE 1996

Conselho Diretor

Aores da Silva Avelino Calegari Zélide Possamai Ari Silvestro Aldir Roell Francisco Rech

Efetivos

Lorimar Berticelli Paulo de Souza Ademir Luiz Dallazen Maria Eloni Agnes João Valdir da Silva Francisco Quevedo

Conselho Diretor - Suplentes

Nair da Silva Idalino Candiotto Nelcindo Hoffmann José Korb Euclides Giovelli Adair Possan

Jairo Hergessel João C. Antunes Otávio Wieczorek Valdir Cirino Levi Lira Adindo Sebastiani

Adelino Cordeiro

Minha saudação a todos Que aqui marcaram presença Participantes da região Também de outras querências Estou aqui para dizer Que a minha alegria é imensa Por participar da ASSESOAR Desde a sua existência.

Acompanhei desde o início Por isso, posso falar Tem o Departamento Técnico Também o Sócio-Cultural Sempre atento aos problemas Do trabalhador rural O objetivo maior é a agricultura familiar.

Outro trabalho importante É a organização Cursos e palestras Trouxe aos sócios formação Aos poucos foram nascendo Entidades na região Pra discutir os problemas E encontrar solução.

Nestes 30 anos de luta Vividos pela ASSESOAR Cada um tem um motivo Pra hoje comemorar É uma história longa Difícil de relatar Mas uma certeza temos Que ela veio para ficar.

Esperamos muitas conquistas Neste ano de 1996 Principalmente o pequeno Que possa ter voz e vez Para dar os parabéns Por tudo o que a ASSESOAR fez Esta mensagem eu fiz Em homenagem a vocês.

O ex-Diretor da ASSESOARe Poeta Popular

Adelino Cordeiro, recita a poesia

"ASSESOAR - 30 anos1

feita no ato, no dia da Assembléia

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Jornal Cambota - 9

IIRASIL «l»f» pela Reforma Agrária 0 País dos Grandes Contrastes

O Brasil, maior pais da América do Sul em território e ha- bitantes. 5o colocado na escala mundial, 9o na economia é tam- bém, infelizmente, o Io lugar na concentração de renda.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os 1% mais ricos abocanham 13,9% da renda do país, enquanto que, os 50% mais pobres ficam com apenas 12% da renda.

Os cálculos oficiais reconhecem que cerca de 32 milhões de brasileiros vivem na mais completa miséria. Durante sua campa- nha, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil não é um país subdesenvolvido, mas sim, um país injusto.

Desde que assumiu o Poder no início de 1995, Fernando Henrique decepcionou seus eleitores adotando a modernização Neo- Liberal, dizendo estar decidido a adotar a política financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial para ajustar a economia do País.

Quando parecia que o cenário era todo seu. o país se viu sacudido pelo problema da distribuição de terras. O impacto foi tal, que o governo se viu forçado a incluir o tema da Reforma Agra ria na Agenda Política e a reconhecer o M. S T. como um ator chave ha luta por esta causa.

A Concentração da Terra

No Brasil, existem 4,8 milhões de famílias de trabalhado- res rurais Sem Terra, enquanto que 1% dos proprietários possuem 46% do total de todas as propriedades.

Os grandes problemas existentes são resultado da espécie de desenvolvimento implantado no país, especialmente na agricul- tura, que prejudica os pequenos, mas significa lucro e poder para os mais ricos.

A Utilização da Terra

Dos 400 milhões de ha titulados como propriedade privada, apenas 60 milhões são utilizados para a lavoura. A imensa maio- ria das terras está ociosa ou mal utilizada. Segundo o INCRA, existem hoje, 100 milhões de ha de terra em condições de serem desapropriadas para a Reforma Agrária.

0 Que se Produz

A produção obtida nos 60 milhões de ha é insuficiente para abastecer o país. Sendo que, em outros países de solos e condições climáticas semelhantes ás nossas a produtividade chega a ser 04 vezes maior.

Êxodo Rural e Migração

Segundo estatísticas oficiais, cerca de 30 milhões de traba- lhadores rurais deixaram o campo entre os anos 70 e 90 em busca de melhores condições de vida, especialmente nas grandes cida- des, gerando vários problemas de ordem social e econômica para os mesmos.

As Condições de Trabalho

As condições de trabalho no Brasil, em especial com res- peito aos trabalhadores rurais são uma afronta à dignidade huma- na. Os direitos trabalhistas e sociais estabelecidos na Constitui- ção são desrespeitados, muitas vezes sendo desconhecidos dos próprios trabalhadores.

65% dos assalariados rurais nem sequer são registrados. Os salários pagos estão sempre aquém das necessidades

básicas de alimentação. Os agricultores familiares vivem uma das maiores crises. Mesmo os que trabalham, em média, 14 horas por dia (inclusive as crianças) não estão conseguindo ter uma vida mais digna e tranqüila.

As Condições de Vida no Campo

Tem melhorado em algumas regiões, especialmente no Sul e Sudeste, mas a grande maioria continua á margem dos benefíci- os do progresso econômico. No meio rural também existe a fome. Dos 32 milhões de brasileiros que passam fome diariamente, mais da metade vive no campo.

A Situação da Mulher no Campo

Entre as pessoas que vivem no campo, as que mais sofrem são as mulheres. Elas realizam uma dupla jornada de trabalho, dedicando-se às atividades domésticas e ao trabalho da produção A maioria não recebe nada por seu trabalho e não participa das defcisões da Economia Familiar. São as mulheres que mais sofrem pela falta de atendimento à saúde para si e para os filhos. São elas que também mais sofrem com a cultura machista que as submete a uma condição de inferioridade,

0 Modelo Tecnológico do Desenvolvimento da Agricultura

O modelo de desenvolvimento adotado na Produção Agrí- cola Brasileira é meramente uma cópia dos países capitalistas cen- trais que responde unicamente a lógica de consumo dos insumos industriais ofertados pelas empresas multinacionais.

Esse modelo representa hoje um enorme problema que com- promete o potencial de produção, assim como, as disponibilidades de recursos naturais para as gerações futuras. Tal concepção de desenvolvimento agrícola, baseada no pacote tecnológico irá oca- sionar enormes prejuízos sociais e ao meio ambiente.

A Dominação Política e ideológica

O resultado da concentração de propriedades, dos meios de produção, da renda e do poder econômico por parte de uma mino- ria que domina o meio rural, se traduz em um regime de explora- ção e dominação dos trabalhadores rurais, pelo qual, são submeti- dos a todos os tipos de injustiças e discriminações. A democracia, a liberdade, os direitos e a cidadania são sonhos que, apesar disso tudo, poderão tomar-se realidade.

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10 - Jornal Cambota

ASSESOAR acredita na adubação verde

ADUBAÇÃO VERDE: uma prática barata e saudável para o solo

Texto elaborado pelos Engenheiros Agrônomos Ari de David e Paulo Mayer com a colaboração do Agricultor Constantino Libardi

Há pelo menos 15 anos a ASSESOAR incentiva sistemati- camente a utilização da aduba- ção verde como uma das práti- cas importantes para superar graves problemas dos solos dessa região.

O modelo de agricultura ba- seado na revolução verde foi amplamente incorporado pela maioria dos agricultores famili- ares dessa região. Hoje eles sofrem conseqüências brutais, permanecendo atrelados e de- pendentes de uma proposta tec- nológica incompatível e cara demais.

Para a agricultura familiar o solo cumpre função estratégi- ca, pois ele é o sustentáculo bá- sico para o sucesso dos demais sistemas da propriedade.

O esforço da ASSESOAR para a elaboração de uma pro- posta de recuperação de solos vai além da utilização da aduba- ção verde. A recuperação dos solos deve estar incluída num projeto de desenvolvimento para a região. Dois princípios funda- mentais estão presentes nesse projeto: sustentabilidade e bai- xos custos.

O sucesso dessa proposta, depende sobretudo dos agricul- tores, por isso, o investimento da ASSESOAR na capacitação dos mesmos (Formação de Monitores, Escolas Comunitári- as, acompanhamento aos gru- pos), através da experimenta- ção, demonstração, trocas de experiências e aprofundamentos teórico/prático, fazendo do agri- cultor um cidadão capaz e cons- ciente e ao mesmo tempo geran- do novas tecnologias, tornando um processo educativo e perma- nente.

A adubação verde está se espalhando

O início do processo de difusão da adubação verde na região se deu de maneira pouco organizada, dependia dos técnicos da entidade, que nos momentos de visitas aos agricultores deixavam pequenas quantidades de sementes. O processo foi tomando um novo rumo, e cada vez mais des- pertava o interesse dos agricultores, porque percebiam mudanças signifi- cativas na produtividade do milho e feijão.

Em 1986, com o objetivo de sistematizar melhor o trabalho, criou- se um Banco de Sementes Nativas, e em torno dessa proposta, incenti- vou-se o processo de resgate e preservação de outros materiais crioulos de importância econômica para a região, além dos adubos verdes.

Com o avanço do processo de organizaão regional, as associações de agricultores, os Sindicatos de Trabalhadores Rurais e as Centrais de Associações, passaram a se somar na defesa e difusão da proposta de re- cuperação de solos e uso da adubação verde. Por outro lado, estabeleceu- se um mercado crescente de venda de sementes de diferentes tipos de adubos verdes de inverno e verão, bem como de insumos relacionados a essa nova proposta

Do ponto de vista técnico, se analizarmos a relação custo/benefício da utilização da adubação verde, leremos inúmeras vantagens, para isso vamos ver o que diz o agricultor Constantino Libardi, do município de Planalto-PR, que possui uma longa experiência de recuperação de solo e manejo da adubação em sua pequena propriedade.

A palavra de quem tem 12 anos de experiência

monitores da ASSESOAR, onde a gente começou a se convencer de que tinha que mudar, pois do jeito que es- tava não dava mais para prosseguir. Essa mudança começou a partir do melhor aproveitamento da adubação orgânica, estéreo de suínos, do gado e o plantio de adubação verde. Eu comecei plantando tremoço, pois acho que pra terra acabada, o tremoço é uma das melhores adubações verdes que existe, mas tem uma coisa, se o camarada plantar para adubação, não pode poupar semente, deve plantar bem povoado para cobrir melhor a terra. Quando o soja começava a ama- durecer, eu passava com a carroça cheia de semente e semeava o

"Faz mais ou menos 12 anos que tremoço, quando colhia o soja o eu uso adubação verde. Começamos tremoço vinha embora. Eu tive com essa prática através do curso de tremoço que um trator não aparecia

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Jornal Cambota - 11

no meio. Uma das vantagens do tremoço é a perfuração do solo pela raiz, quando plantamos bem povoado o solo fica bem perfurado, ajuda a infiltrar a água, descompacta. Se você botar 04 sementes, vai ter 04 furos, se colocar 08 sementes, vai ter 08 plantas trabalhando a terra.

Eu trabalhei a maior parte da adubação verde, fazendo cobertura morta para fazer o cultivo mínimo, eu lavrava o mínimo possível, meu mai- or implemento era uma grade de dis- co puxada a boi, tanto o tremoço como a mucuna eu dava uma gradea- da e envergava para plantar. Envergava com um pé de pato puxa- do a boi, onde praticamente não vira- va a terra.

A minha terra mesmo sem ter- raço e murundum era difícil correr água, mas eu sempre plantei em nível, porque o nível eu sabia onde era.

Eu sempre fazia rotação depois do soja, com tremoço e em cima do tremoço plantava milho e mucuna, feijão e soja entre outras.

A produtividade aumentou bas- tante, eu não tenho esses dados em porcentagem, mas dava para notar ano a ano que a produtividade aumenta- va. O importante também é a qualida- de das plantas, tinha uma planta mais sadia, agüentando mais o sol, resistin- do melhor à seca, Eu tive uma experi- ência boa também com a viça, e a melhor maneira foi plantando ela e deixando em cima da terra, sem incor- porar, como cobertura morta.

A mucuna é outra adubação muito boa, e o manejo dela não é difí- cil, eu sempre plantava no meio do milho quando este estava "embo- necando" quando o milho estava seco eu colhia, por-

(subsolador tração animal) e plantei. A minha mão-de-obra diminuiu bastante também, pois eu poupei o serviço de lavra e gradear. Nunca tive proble- ma de faltar umida- de na hora de plan- tar, sempre tinha umidade para a se- mente nascer. Outra coisa que facilitou, foi o controle de inços, que no siste- ma tradicional era preciso fazer duas ou três limpas e com a adubação verde controlou 70 a 80% dos inços, então uma passada rá- pida, catando um pé aqui, um pé ali, para não deixar sementar, deixava a lavoura limpa. Quando a cobertura for boa, o inço é pouco, e eu tenho visto resultados ótimos no controle de milha e papuã. O picão sempre vem porque gosta de terra forte, mas é de fácil controle.

Eu trabalhei também com quebravento de guandu, aquele gran- de (arbóreo) principalmente para o feijão que não gosta de vento forte

Eu nunca fiz muita cerimônia com a rotação de cultura, fazia rota- ção meio sem planejar, um ano era milho e mucuna, outro era soja e tremoço, feijão e soja, milho e feijão de porco, porque a terra quando tá boa, equilibrada, as plantas produzem bem.

Eu usava muito a crotolária, pois além de ser uma excelente adu- bação verde, podia tratar os animais, e ela pode ser plantada no meio do

que logo depois a mucuna cobre tudo. Eu tive anos que uma pesada não achava terra para cortar de tanta mucuna que tinha. En- tão, para facili- tar, eu cortei os pés com a foicinha e quando ela morreu eu passei a grade, enverguei com o "pé-de-pato"

milho tran Eu acho que quilamente.

Para produzir se- mente, não é difícil, tem alguns pro- blemas, mas nada que não possa ser resolvi-

do e produzindo a semente da aduba- ção verde na própria propriedade, a gente não tem custo nenhum, a não

essas práticas são

a solução para

muitos problemas dos

pequenos agricultores

ser um pouco de mão-de-obra.

A gente sem- pre fez também o consórcio de plan- tas, como o milho e adubação verde, o feijão e milho, soja e milho. No consórcio de feijão e milho, eu nunca vi não produzir o milho, pois ele pode estar sofridinho no meio do feijão, mas na hora que o feijão

começa a amadurecer, o milho vem embora e produz e isso tem uma ex- plicação bem clara porque quando o feijão começa a morrer começa a li- berar o Nitrogênio da raiz e o milho aproveita e produz. Em relação aos custos de produção eles diminuíram bastante, porque diminuiu a mão-de- obra, a terra não se desgastou mais, diminuímos a adubação convencional em 70 a 80%, as plantas vinham mais sadias, dava menos pragas e doenças Outra coisa que a gente sempre pro- curou fazer foi a semente própria e a conservação da semente própria, é uma prática muito mais simples, usa- mos toneis com tampa para vedar a entrada de ar, litros plásticos de refri- gerantes com tampa com rosca, pois não entrando ar o caruncho não se de- senvolve.

Eu acho que essas práticas são a solução para muitos problemas dos pequenos agricultores, usando o es- téreo, adubação verde, etc, só que isto é uma questão de ter uma consci- ência formada e saber o quê que a pessoa quer, porque deve se ter per- sistência, porque isso ajuda, mas não faz milagre, o milagre vai começar a aparecer dentro de 03 a 04 anos de- pois, não é um resultado imediato, que apareça de uma hora para outra com grandes vantagens, é uma questão do agricultor ter força de vontade, por- que senão ele não continua, mas difi- cilmente ele vai permanecer na terra, com as técnicas modernas de agricul- tura que até tem boa produtividade mas tem alto custo. E importante pro- duzir bem com baixo custo".

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COMO SABER SE UMA COBRA É VENENOSA

Uma cobra venenosa, quando é persegui- da, se enrodilha e arma o bote para seu perseguidor. A cobra que não é venenosa foge logo. Existem outras diferenças:

Cobras venenosas - cabeça chata, de formato triangular, ligada ao corpo por um pescoço fino; - olhos pequenos, com pupilas parecendo um tracinho em pé; - cauda fina e curta; - escamas finas, como palha de arroz; - quando atacam, deixam o sinal bem fundo de suas presas; - tem duas presas, bem maiores que os outros dentes.

Cobras não-venenosas - cabeça estreita, arredondada ou alongada, sem pescoço; - olhos grandes, com pupilas arredondadas: - cauda longa que vai afinando aos poucos; - escamas achatadas; - sua picada não deixa reações, só um sinal na pele: - tem dentes pequenos, mais ou menos iguais (10).

Fonte: Almanaque do Alua

A AGRICULTURA E A LUA

ADIVINHAÇÕES 1. O que a gente vê, pois é coisa de olhar, mas não há ninguém que a possa pegar? 2. O que tem uma boca e um só dente, chama a atenção de toda a gente? 3. Quando o leite é música? 4. Como o aluno deseja achar a escola? 5. O que deixa o alfinete muito triste? 6. O que é uma coisinha amarela atrás da porta? 7. Qual a semelhança entre o professor e o termômetro? 8. Como é que um preguiçoso consegue chegar em cima da hora? 9. Qual a semelhança entre o mimeógrafo novo e uma pessoa desinibida? 10. Quando um pato disputa um jogo com outro pato, o que acon- tece?

Respostas: opEjcduia BOIJ oi íoBSsaidun Boq Biun uiaznpoid

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Quarto Crescente: nesta fase, a luminosidade lunar cada vez maior e a força gravitacional atraem a seiva dos vegetais para cima da terra favorecendo o crescimento das partes aéreas das plantas. Período propício para o plantio de cereais, frutas e flores. Bom também para a colheita de ervas, transplantes e enxertos.

Lua Cheia: seguindo o fluxo da fase anterior, luminosidade e seiva alcançam sua força máxima. Período ide- al para a colheita de plantas curativas e frutos que nesta fase estão mais suculentos. A semeadura resulta em abundante frutificação.

Quarto Minguante: neste período a luminosidade lunar começa a diminuir e há um refluxo da seiva em direção às raízes. De modo geral, esta fase é favorável a tudo o que cresce debaixo da terra (batata, cebola, cenoura), assim como para o plantio de hortaliças. É ideal para o corte de madeira e bambus para cons- trução. Favorece também as capinas e as adubações.

Lua Nova: período máximo de refluxo da seiva e de mí- nima luminosidade. De um modo geral, esta fase favorece as partes subterrâneas das plantas, porém é ruim para qualquer plantio pois é uma fase de baixa resistência às pragas.

Fonte: Almanaque do Alua

Bela saída O paciente estava muito mal de saúde. Magro e nervoso, queixa-se de insônia e fraqueza. O médico, então, o examina e aconselha: - Vamos parar de fumar. O senhor poderá fumar, no máximo, um cigarro após cada refeição. Quinze dias depois o paciente retorna, com outra aparência e bem mais gordo - Vejam só, que beleza, como o senhor engordou! - Também, doutor, com 10 refeições por dia!

Sem vícios - O senhor tem que parar de tomar comprimidos para dormir. Caso contrá- rio, isso poderá se tornar um vício - advertiu o médico ao paciente. - O quê? - retrucou o paciente. - Pois saiba que tomo esses comprimidos há mais de 10 anos e ainda não me viciei!

No bar - Quanto custa o café? - Cinqüenta centavos. - E o açúcar? - O açúcar é de graça. - Bem... então, me dê dois quilos de açúcar.

Boa de olhos - Minha mulher é um caso sério. - Por quê? - Ah, ela quer ver tudo o que eu compro! - Pois saiba que a minha é pior: ela quer comprar tudo o que vê!