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Presidenta do Andes avalia greve das federais Professora da UEM escreve sobre o papel dos slogans nos discursos contra os professores A luta dos docentes do Paraná pela conquista dos 31,73% Autonomia universitária, assistência estudantil e carreira docente p. 02 p. 03 p. 05 O Outubro Rosa é o mês de conscientização e combate ao câncer de mama. No Brasil, esti- mativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer), indicam que a doença será responsável por 52.680 novos casos até o fim do ano. O movimento que dura o mês inteiro busca alertar sobre os riscos e a necessidade de diagnóstico precoce deste tipo de câncer, que é o segundo mais recorrente no mundo, perdendo apenas para o de pele. Por causa do Outubro Rosa, vários prédios públicos e privados do país, entre eles o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, estão iluminados de rosa. A medida é para chamar a atenção das pessoas para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Por este motivo, a edição de outubro do Jornal da Adunicentro recebe também a cor rosa para lembrar da importância do diagnóstico precoce. p. 03 Edição 01, outubro de 2012 PROTESTAR CONTRA OS R.U. TERCEIRIZADOS INSTALADOS NA INSTITUIçãO

Jornal Adunicentro - Outubro de 2012

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INFORMadunicentro é a primeira edição do novo formato do jornal do sindicato dos professores da Unicentro.

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Presidenta do Andes avalia greve das federais

Professora da UEM escreve sobre o papel dos slogans nos discursos contra os professores

A luta dos docentes do Paraná pela conquista dos 31,73%

Autonomia universitária, assistência estudantil e carreira docente

p. 02

p. 03

p. 05

O Outubro Rosa é o mês de conscientização e combate ao câncer de mama. No Brasil, esti-mativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer), indicam que a doença será responsável por 52.680 novos casos até o fim do ano. O movimento que dura o mês inteiro busca alertar sobre os riscos e a necessidade de diagnóstico precoce deste tipo de câncer, que é o segundo mais recorrente no mundo, perdendo apenas para o de pele. Por causa do Outubro Rosa, vários prédios públicos e privados do país, entre eles o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, estão iluminados de rosa. A medida é para chamar a atenção das pessoas para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Por este motivo, a edição de outubro do Jornal da Adunicentro recebe também a cor rosa para lembrar da importância do diagnóstico precoce.

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PROtEstAR CONtRA Os R.U. tERCEIRIzAdOs INstAlAdOs NA INstItUIçãO

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Presidenta do Andes avalia a mais longa greve da história

1- Avaliação da greve?A greve demonstrou a capacidade de

reação da categoria e foi uma das mais fortes já realizadas pelos docentes das instituições federais de eeducação, não só pelo número de dias (124), mas também pela forte adesão da categoria. Muitos professores novos fortaleceram a luta e passaram a conhecer o ANdEs-sN e o nosso projeto de educação. Con-seguimos, com a greve, mostrar para a sociedade como as IFE estão sucateadas, sem condições de oferecer educação de qualidade e com professores desvalori-zados.

O governo foi intransigente durante esse período, nos recebeu para algumas reuniões, mas não dialogou com nossas reivindicações. Pelo contrário, manteve a proposta que ele vinha apresentando há dois anos e que desestrutura, ainda mais, a carreira. Por isso continuamos em greve mesmo após a suspensão das negociações por parte do governo no dia 1° de agosto. Na ocasião, o governo preferiu assinar um acordo com um ente sem representatividade entre a cat-egoria, tanto é assim que os docentes de várias universidades que eles dizem

NOtíCIAs dE BRAsIlIA

Presidente: Denny William da Silva (DEBIO)Vice-Presidente: Najeh Maissar Khalil (DEFAR)1° Secretário: Hélvio Alexandre Mariano (DEHIS)2°Secretário: Mario de Souza Martins ( DEHIS/I)1° Tesoureiro: Marcos Aurélio Fernandes (DECON)2° Tesoureiro: Pierre Alves Costa (DEGEO)

representar continuaram em greve pela pauta de reivindicação do ANdEs-sN.durante o mês de agosto, a partir de de-cisão da categoria, apresentamos uma contraproposta, em que mantínhamos o mesmo piso e o mesmo teto da proposta do governo, mas ele se manteve intran-sigente e não reabriu as negociações. A defesa do nosso projeto de educação se mostrou correta, pois mesmo com os ataques vigorosos do governo, a socie-dade acolheu e apoiou nossas reivindi-cações e se colocou ao nosso lado, en-tendendo que é necessário valorizar a educação e seus trabalhadores.

2- Conquistas?tivemos um ganho na organiza-

ção sindical muito grande. Foi ex-traordinária a adesão de professores novos que nunca haviam participado de greve e ainda alimentavam a esperança que a prioridade desse governo fosse a educação. tivemos também os profes-sores antigos, que estavam afastados da luta, e retornaram ao movimento com a greve. Por outro lado, a sociedade to-mou conhecimento da nossa pauta e apoiou a nossa luta, pois entendeu que a nossa defesa é por um ensino público de qualidade.

Não podemos afirmar que tivemos ganhos materiais, já que a proposta do governo não dialoga com o que é de-fendido pela categoria. Ele também não deu respostas em relação à nossa pauta de melhoria das condições de trab-alho. Mesmo assim, consideramos que a greve foi vitoriosa, pois conseguimos desmascarar o discurso governista de que ela valoriza a educação. A greve se configurou como um marco que sinal-iza o real interesse dos envolvidos e se expressa como luta concreta na defesa e construção de uma educação que reflita o interesse dos trabalhadores, a con-strução de uma sociedade mais justa e igualitária e que seja um mecanismo de construção de autonomia, independên-

cia e de indivíduos cônscios e críticos.3- Próximos Passos?

Com o envio do projeto de lei 4368/12 ao Congresso Nacional, a nossa luta deve se dar num outro patamar. Vamos continuar mobilizados na base, most-rando para a sociedade a precarização do trabalho docente, mas também va-mos trabalhar no Congresso Nacional, buscando aprovar modificações no pro-jeto de lei. Vamos reiniciar o trabalho de tentativa de interlocução com o governo federal, haja vista que nossos salários continuam desvalorizados quando comparados com outras categorias da carreira dos sPF e as condições de tra-balho e de funcionamento das IFE são precárias. Vamos continuar na luta em defesa do nosso projeto de educação.

4- Os riscos do PL?Há alguns pontos que precisam ser

mudados, como os que ferem o artigo 207 de Constituição Federal que trata da autonomia universitária. O Ministério da Educação coloca que para progredir na carreira os professores serão avali-ados a partir de critérios de desempen-ho determinados posteriormente pelo ministério, retirando da universidade a possibilidade de avaliar seus professores segundo as condições existentes. Nós achamos que a avaliação de professores deve se dar a partir de critérios defini-dos dentro de cada universidade.

Outro problema é a manutenção da desestruturação da carreira. Na pro-posta do governo, entre dois níveis de progressão na carreira às vezes não há um critério lógico, variando de nível para nível. Nós reivindicamos percen-tual isonômico para progressão, ou seja, o mesmo percentual de reajuste a cada progressão. dessa forma nós rejeitamos esse Pl da forma como foi enviado ao Congresso, pois desestrutura ainda mais a carreira dos professores das IFE, mas atuaremos reivindicando mudanças substanciais no mesmo.

O jornal Adunicentro é uma publicação do Sindicato dos Docentes da Unicentro. www.adunicentro.org.brSedeR. Frei Caneca, 3510 Santa CruzGuarapuava - Paraná - BrasilFone: 3622-9066Diagramação: Nathana D`Amico

MARINAlVA OlIVEIRA - PREsIdENtE dO ANdEs-sN

O papel dos slogans nos discursos contra os professores ou da guerra de trabalhador contra trabalhador

Por Marta BelliniProfessora do Departamento de Fundamentos da Educação da Uni-versidade Estadual de Maringá

Na greve dos funcionários da Universidade Estadual de Maringá fez sucesso o slogan “minoria su-postamente de elite” nos discursos contra os professores. Essa “mino-ria” que “mandaria nos funcionári-os” foi considerada a razão do caráter antidemocrático das IEEs paranaenses. Para esses discursos afoitos a Universidade estaria di-

vidida em pobres (funcionários) e ricos (os professores). Cinco lições para essas patéticas aspas:1 - O caráter antidemocrático

das universidades decorre, antes de tudo, por ser uma instituição do EstAdO burguês. tanto que tem uma burocracia formada por funcionários e professores. E é essa burocracia que liquida professores e funcionários, é formada por pro-fessores e funcionários! Essa buro-cracia tem salários mais altos, tem cargos e, consequentemente, mais poder (contra os outros, é claro!). 2 – A burocracia aparece mais

claramente quando temos eleições para as reitorias. Funcionários e professores burocratas barganham votos. Fazem COMÉRCIO dE

VOtOs. Um comércio tão poder-oso que mantém um grupo por mais de 20 anos no poder admin-istrativo. E essa burocracia é aju-dada por sindicalistas de plantão que domam seus filiados para esse comércio. Mais forte é essa burocracia quanto mais firme é a aliança entre sindicatos e admin-istrações. A moeda do comércio: cargos, funções gratificadas e out-ros quitutes com dinheiro público. O EstAdO, nesses casos, fecha os olhos para as irregularidades co-metidas por docentes e técnicos. É

bom para o EstAdO e é bom para as administrações não mexer em vespeiros. Essa burocracia apoia os governantes.3 - A ideia de que greve é greve e

os professores não podem dar aulas porque nossa atividade é exclusiva-mente com alunos é outro slogan fajuto. seria ótimo se só fosse com alunos! Mas, nós docentes somos apanhados por comissões mais di-versas, damos pareceres e vida às revistas das Universidades. somos orientadores, trazemos centenas de bolsas e recursos para a Univer-sidade. Aliás, fazemos a tarefa do EstAdO. somos nós que captamos recursos que o EstAdO corta ano a ano. se somos tão insignificantes, por que se preocupar conosco?

4 – Alguns atacam os professores dizendo que somos meros presta-dores de serviço. Esse é o discurso do EstAdO. Ora, leiam os dis-

cursos dos governadores. desde lerner passando por Requião e agora por Richa não somos pro-fessores, somos meros prestadores de serviço. tanto é essa filosofia de prestação de serviços que o se-cretário Alípio leal propôs nesse início de ano, na UEM, um banco de professores. tem aula na UEM, um pouco na UEl e disse ele, “dá tempo para dar aulas aí fora (nas privadas)”. Afinal, somos apenas prestadores de serviço. 5 – A lógica de “greve é greve” para combater os docentes é ali-ada do pensamento neoliberal. Efetivamente o EstAdO está vencendo-nos. Com apoio in-terno. Infelizmente.

O caráter antidemocrático das universidades decorre, antes de tudo, por ser uma instituição do ESTADO burguês. Tanto que tem uma burocracia formada por fun-cionários e professores. E é essa burocracia que liquida professores e funcionários, é formada por professores e funcionários! Essa burocracia tem salários mais altos, tem cargos e, consequentemente, mais poder (contra os outros, é claro!).

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MARtA BEllINI PROFEssORA dA UEM

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A luta dos docentes do Paraná e a conquista dos 31,73%

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Comando Estadual de Greve (UEPG, UEM, UNICENtRO e

UNIOEstE) estiveram em Curitiba no dia 20 de agosto de 2012, com o ob-jetivo de discutir o trâmite do Projeto de lei de Equiparação salarial. Na manhã daquela segunda-feira, o co-mando se reuniu com o líder do Gov-erno na Assembleia legislativa, depu-tado Ademar traiano (PsdB). depois de uma longa negociação, o deputado se comprometeu a mediar a trami-tação do projeto na AlEP e afirmou que o governo estava comprometido com a aprovação do Projeto de lei em caráter de urgência: “até quarta-feira (22/8) aprovaremos o Projeto de lei e encaminharemos para a sanção do governador”, garantiu o deputado tu-cano. Assembleia legislativa foi trans-formada em Comissão Geral (o que significa que o Plenário poderia apr-ovar o projeto em três dias). Afirmou, na oportunidade que no máximo até quinta-feira (23), o projeto de lei es-taria aprovado pelos deputados estad-uais e chegaria nas mãos do governa-dor Beto Richa (PsdB) para sanção até sexta feira (24). A luta conjunta dos sindicatos dOCENtEs foi fun-damental para que isso ocorresse. sem um sINdICAtO dOCENtE FORtE isso não teria sido possível.

Na mesma reunião, o líder do Gov-erno afirmou que o pagamento da parcela de 7,14% em outubro, estava garantida: “há entendimento no gov-erno de garantir a equiparação salarial docente e em outubro efetuar o paga-mento da primeira parcela”.

A lUtA É AGORA. CONQUIstAMOs O REAJUstE. MAs FAltA MUItO AI-NdA. PRECIsAMOs AVANçAR EM RElAçãO AO Att À dIsCUssãO dA ClAssE dE tItUlAR E tIdE

O histórico da nossa luta...durante o ano de 2011, os sindica-

tos se reuniram diversas vezes com o governo Beto Richa para discutir a defasagem salarial e produzir uma

proposta para corrigir este problema. Em março de 2011 o governo criou um Grupo de trabalho para construir tal proposta. Participaram deste grupo os sindicatos de docentes, represent-antes do governo e representantes das Reitorias. As reuniões começaram em março e se prolongaram até julho de 2011, quando a proposta foi finalizada e assumida pelo secretário de Ciência, tecnologia e Ensino superior, Alípio leal.

A partir de julho de 2011, a propos-ta tramitou em diversas secretarias do governo, mas não foi oficializada. Os sindicatos de docentes se reuni-ram com o governo repetidas vezes e pediram explicações sobre a situa-ção. Quando, diante da imobilidade do Governo, os docentes ameaçaram paralisar as atividades em setembro, o Governador Beto Richa concedeu audiência e encaminhou a proposta às secretarias. Entretanto, o processo permaneceu engavetado por quase dois meses. diante disto, A UNICEN-tRO e algumas universidades real-izaram fizeram greve em 27 de outu-bro de 2011 com o objetivo de alertar o governo da demora na oficialização da proposta. Com as universidades em greve o governo agendou reunião para o dia 11 de novembro e lá propôs um reajuste de 31,73%, dividido em três parcelas anuais de 9,62% a serem pagas até o mês de março de 2012, 2013 e 2014.

Contudo, em fevereiro de 2012, o se-cretário de Ciência, tecnologia e En-sino superior, Alípio leal e o Chefe da Casa Civil, durval Amaral, reuniram-se com os representantes dos sindica-tos docentes para comunicar que o governo não implementaria o reajuste de 31,73%. A justificativa do rompi-mento do acordo partiu da secretaria da Fazenda, ocupada por luiz Carlos Hau-ly, que alegou problemas de natureza técnica acerca dos limites da lRF.

Ao longo do mês de fevereiro de 2012, os docentes realizaram assembleias na

UNIOEstE, UEM, UEPG, UNICEN-tRO, UENP, FECEA e UEl para dis-cutir a situação e decidiram que era inaceitável que o governo, depois de apresentar a proposta ele mesmo a re-tirasse. Os docentes concluíram que o governo havia ludibriado os docentes e os reitores das universidades estad-uais do Paraná durante um ano. Por fim, os docentes aprovaram paralisa-ção para o dia sete de março e greve por tempo indeterminado caso o gov-erno não mantivesse a proposta.

No dia sete de março de 2012, os docentes paralisaram todas as uni-versidades e realizaram caravana até Curitiba, junto com os estudantes. Além do rompimento do acordo o governo havia cortado as verbas de custeio das Universidades e afirmava não haver expectativa de contratar novos docentes. Entendendo-se sob ataque a comunidade universitária do estado paralisou as universidades e fez grande passeata pelo centro de Curiti-ba em sete de março. Naquele mesmo dia, o governo Beto Richa autorizou a suplementação dos recursos para o custeio das universidades e determi-nou a criação de um grupo técnico de trabalho para apresentar uma pro-posta de equiparação salarial docente em uma semana. logo em seguida determinou também a contratação de novos docentes para todas as IEEs. O grupo técnico foi coordenado pelo vice-governador Flávio Arns e, no dia 20 de março, o governo Beto Richa di-vulgou duas propostas de equiparação salarial. Os sindicatos docentes dis-cutiram tais propostas em assembleias e novamente acreditaram no governo, aceitando o pagamento de 31,73% em quatro parcelas iguais de 7,14% a serem pagas no mês de outubro dos anos de 2012, 2013, 2014 e 2015. No dia 28 de março, na secretaria de Ciência, tecnologia e Ensino supe-rior, os sindicatos docentes (AdUNI-CENtRO, sEsdUEM, sINdUEPG, AdUNIOEstE e sINdIPROl) as-sinaram o acordo com o governo, que se comprometeu, por escrito, a trans-formar a proposta em projeto de lei e enviá-lo para a Assembleia legislativa até o dia 1º de Maio de 2012.

A sEtI elaborou Projeto de lei mas,

lamentavelmente, o governo não en-viou o projeto no prazo acordado. Os docentes aguardaram o final de maio e o Projeto de lei não foi enviado. Os sindicatos de docentes buscaram explicações do governo para o atraso e em resposta foi dito que o Projeto estava pronto, mas aguardava alguns ajustes na secretaria da Fazenda, do secretário luiz Carlos Hauly, o mes-mo secretário que havia boicotado a proposta de reajuste apresentada em novembro de 2011. Novamente, a sEtI informou que o Projeto de lei chegaria até a Assembleia legislativa na primeira quinzena de junho, o que não aconteceu.

No dia 10 de julho de 2012, em re-união com a sEtI, foi anunciado que a demora no trâmite deve-se a algum tipo de dificuldade em função do “limite prudencial” da lei de respon-sabilidade fiscal. Os representantes da sEtI deixaram claro que estavam negociando para que o projeto de lei fosse encaminhado para a Assembleia legislativa o mais rápido possível, mas que não havia previsão oficial para a solução do problema. No mesmo dia, os representantes dos sindicatos conversaram com o vice-governador Flávio Arns que disse que estava nego-ciando dentro do governo para garan-tir que a proposta fosse encaminhada mas, no momento, o governo estaria também trabalhando com as deman-das de outras categorias. Por fim, o vice-governador mencionou a relação entre o pagamento da primeira par-cela da proposta de equiparação sala-rial e o limite prudencial da lei de Re-sponsabilidade Fiscal, não garantindo o cumprimento do acordo.

O que chamou a atenção na demora da tramitação do projeto de equipa-ração salarial foi o fato NOVO de o governo condicionar o pagamento da proposta ao limite prudencial da lRF. Aspecto que já havia sido vencido com a assinatura do acordo em março. Porém, o governo Beto Richa insistiu em requentar este argumento. Neste momento os sindicatos orientaram a categoria docente sobre três fatos: a) o governo “inflava” contabilmente os gastos com salários do funcional-ismo de modo que o “limite pruden-

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AUtONOMIA UNIVERsItÁRIA, AssIstÊNCIA EstUdANtIl E CARREIRA dOCENtE: ElEMENtOs FUNdAMENtAIs PARA A UNIVERsIdAdE PÚBlICAA autonomia universitária, in-separável da democracia interna das universidades, tem sido, ao longo da história do Movimento docente, uma de suas principais bandeiras de luta, constituindo um dos princípios orientadores para a implementação do Padrão Unitário de Qualidade para a Universidade Brasileira. Esses princípios abran-gem, ainda, além da autonomia e da democracia já citadas, a indisso-ciabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.da concepção de autonomia uni-

versitária adotada, são derivados diversos aspectos da estrutura e da dinâmica da instituição uni-versitária como, por exemplo, a definição do financiamento, da car-reira docente, da política de pesso-al, do regime jurídico, do processo de escolha de dirigentes e da as-sistência estudantil. se por um lado a universidade,

como importante patrimônio so-cial, caracteriza-se pela sua ne-cessária dimensão de universali-dade na produção e transmissão da experiência cultural e científica da sociedade, por outro, ela é, essen-cialmente, um elemento constituti-vo de qualquer processo estratégico e de construção de uma identidade social, além de uma instituição so-

cial de interesse público, indepen-dentemente do regime jurídico a que se encontre submetida. Esta dimensão pública das insti-

tuições de ensino superior se efe-tiva simultaneamente pela sua ca-pacidade de representação social, cultural, intelectual e científica. Assim entendida, a universidade pode também contribuir para a adequação das estruturas do Esta-do às aspirações democráticas em

curso na vida política, sendo um dos elementos fundamentais de in-tervenção democrática na vida da sociedade brasileira. Em um momento em que a so-

ciedade brasileira sofre com o aumento do custo de vida e cuja permanência no ensino por parte de estudantes das mais diversas ca-madas sociais está no limite da sua sobrevivência, cabe as instituições de ensino superior públicas garan-tir em seus planos de desenvolvi-mento rúbricas para assistência estudantil, objetivando assegurar material pedagógico, alimentação

em restaurantes universitários, subsídios para transporte, moradia estudantil e, como parte do trabal-ho acadêmico, bolsas de iniciação científicas para todos os estudantes que atenderem aos requisitos dem-ocraticamente estabelecidos pela instituição de ensino e com ampla participação do movimento estu-dantil autônomo na confecção dos planos de assistência estudantil.também devemos garantir uma

carreira docente condizente ao trabalho do professor com carga horária adequada ao ensino, pes-quisa e extensão, devendo ser ga-rantidos espaços físicos para que os docentes desenvolvam suas atividades de forma autônoma e democrática, com equipamentos e laboratórios necessários para que a produção acadêmica alcance níveis de excelência, colaborando para o desenvolvimento do estado e do país.Além disso, a total gratuidade

do ensino público deve ser ob-jeto constante de nossa luta, para que este patrimônio da sociedade brasileira, que é a universidade pública, continue pública, gratuita e de qualidade, socialmente refer-enciada, sendo direito de todos e dever do estado a sua manutenção.1- Quanto tempo durou todo este pro-

cesso de negociação com o governo? Vimos mantendo contato com o go-verno desde a gestão anterior, quando nossa proposta de recomposição da car-reira foi encaminhada, tramitando até a Secretaria da Administração. Quan-do o atual governo assume, iniciamos os contatos tão logo houve a indicação do atual Secretário da SETI. Em 23 de novembro de 2011 foi constituido o Grupo de Trabalho da Carreira Docen-te, com representates dos sindicatos das universidades estaduais.

REstAURANtE UNIVERsItÁRIO 07

 2-Qual o papel que a Adunicen-tro teve em todo este processo? Acompanhamos desde o início na fase de contatos, na constituição do Grupo de Trabalho, no encaminhamento dos estudos e na definição da proposta apresentada pelo Governo – estivemos participando, junto com os demais companheiros das demais universidades estaduais, em todas a atividades que geraram a proposta. 

3-A Unicentro realizou grandes manifesta-çòes e Assembleias nos últimos meses, como vc avalia este processo de luta travado na Unicentro?

Em todas as etapas da negociação com o Governo, foram necessárias reuniões, assembléias para esclarecer e tomar po-

sição ampliada no encaminhamento das negociações. Foi notório a todos que par-ticiparam, o crescimento na participação dos professores nessas oportunidades. Nas mobilizações que se fizeram necessá-ria também estiveram presentes grupos de alunos, nos auxiliando na mobiliza-ção e engrossando a participação – no caso da marcha de 07/03/2012 em Curi-tiba, junto com as demais Universidades. Em Guarapuava e Irati foram realizadas Assembléias com significativa participa-ção dos professores e com a presença de grupos de alunos – demonstrando o nível de compreensão da parte dos mesmos da importância da questão. Como uma luta dos trabalhadores (professores) e o patrão de plantão (Governo).

O Professor Marcos Aurélio Fernandes do depar-tamento de Economia da Unicentro, responde as perguntas sobre a paralisação que teve na Universidade Estadual do Centro-Oeste.

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cial” fosse ultrapassado em ridículos 0,34%!; b) isto aconteceu porque a secretaria da Fazenda, por escolha própria, não deduziu corretamente os valores referentes ao Imposto de Renda retido na fonte e incluiu in-corretamente os gastos com aposen-tadorias e pensões do funcionalismo na despesa com pessoal; c) corrigindo isto a despesa com pessoal em rela-ção à receita corrente líquida recuaria para 44,6%, visivelmente abaixo do “limite prudencial” de 46,55%. Além disso, a lei de Responsabilidade Fis-cal permite que governos gastem até 49% de sua receita corrente líquida com o funcionalismo (46,55% é ape-nas um “limite prudencial”). Portan-to, a decisão do governo de utilizar o argumento da lRF era uma decisão política contra os docentes! Assim, a categoria docente da UNICEN-

tRO, UEPG, UNIOEstE, UEM e da UNEsPAR (campi de FECIlCAM, FAFIPAR e FAP) decidiram, em as-sembleias, por entrar em greve por tempo indeterminado. A UEPG foi a primeira entrar em greve, no dia 17 de agosto.

No dia 20 de agosto finalmente o projeto foi lido na AlEP e seguiu para votação em Plenário, sendo aprovado por unanimidade e sancionado pelo Governador já no dia seguinte e ato contínuo, publicado no diário Ofi-cial do Estado. Mas isso só foi possível graças a nossa luta e a deflagração da Greve dos docentes do Ensino supe-rior do Paraná. Mais uma vez ficou claro que é com a categoria docente forte e unida, organizada no seu sin-dicato que avançamos nas lutas e ob-temos conquistas.

Limites e avanços da PropostaA proposta que foi aprovada pela

AlEP e enviada para sanção do Gov-ernador Beto Richa (PsdB), conce-deu aumento de 31,73%, divididos em quatro parcelas de 7,14% na tabela de vencimentos da Carreira do Magis-tério do Ensino superior das Institu-ições Estaduais de Ensino superior, confome tabela abaixo:

Os limites da atual proposta são a ausência da modificação do Att e a não solução definitiva da Carreira de titular e o fim do corte do tIdE para docentes que se afastam por motivos de saúde e a imediata definição das regras para ascensão a Classe de titu-lar na carreira docente. As discussões junto à sEtI precisam ser reabertas.

A luta é agora. Conquistamos o reajuste. Mas falta avançarmos em relação ao ATT, classe de Titular e a discussão do TIDE

Esta página nasceu da necessidade de manter viva a memória das lutas do nosso sindicato. sabemos que uma das características fundamentais da história das lutas dos trabalhadores é o conhecimento da sua história, o que nos permite entende a construção da nossa identidade de classe. desta forma, a criação em 2003 da seção sindical do Andes na Unicentro, representava algo inédito na história do movimento sindical na Univer-sidade: pela primeira vez, os docentes

MEMÓRIA dA lUtA

MANIFEstAçãO lIdERAdA PElA AdUNICENtRO E dCE CRIAtIVIstA dA UNICENtRO (MARçO 2004)

MEMÓRIA08

da Unicentro se reuniam a partir do seu local de trabalho, para fundar seu próprio sindicato que nascia como parte do maior sindicato de docen-tes da América latina, o Andes-sN. Um sindicato de professores, dirigido por professores e com foco na luta dos docentes da Unicentro. Como uma das primeiras lutas, a Adunicentro em conjunto com o dCE Criativista, foram os grandes protagonistas pelo fim da suspensão dos vestibulares im-posto pelo Governo Requião a partir

de 2003. Vencemos e os cursos foram mantidos, uma grande vitória dos do-centes e estudantes que marcharam rumo ao Palácio do Governo em defesa do ensino público, gratuito e de qualidade, com forte presença de estudantes de Comunicação social, História, Geografia, Biologia, le-tras, serviço social e outros cursos de Guarapuava e Irati. Uma vitória que mantém viva nossa luta.

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