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Ano 2 • Número Especial • Maio - 2009 • Rio de Janeiro • CIRCULAÇÃO DIRIGIDA • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA CULTURA • EDUCAÇÃO • QUALIDADE DE VIDA NÃO TEM COMPARAÇÃO! Cursos de Roteiro, com Luiz Carlos Maciel, e Locução, com Fernando Borges, invadem o Centro do Rio Página 3 e 4 Página 10 Página 5 Novos testes tentam provar a autenticidade do Santo Sudário Edição Comemorativa dos 48 Anos do Edifício Avenida Central Dicas Legais de Internet Saiba tudo sobre o mais famoso prédio do Centro do Rio e as pessoas que ajudam a construir a sua história. Cultura no Centro da Cidade

Jornal Balaco Cultural - edição nº 02

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Cultura, Educação e Qualidade de Vida Ano 02 - Maio de 2009 - Distribuição Gratuita

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Page 1: Jornal Balaco Cultural - edição nº 02

Ano 2 • Número Especial • Maio - 2009 • Rio de Janeiro • CIRCULAÇÃO DIRIGIDA • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

• CULTURA • EDUCAÇÃO • QUALIDADE DE VIDA •

NÃO TEM COMPARAÇÃO!

Cursos de Roteiro, com Luiz Carlos Maciel, e Locução, com

Fernando Borges, invadem o Centro do Rio

Página 3 e 4

Página 10

Página 5

Novos testes tentam provar a autenticidade do Santo Sudário

Edição Comemorativa dos 48 Anos do Edifício Avenida Central

Dicas Legais de Internet

Saiba tudo sobre o mais famoso prédio do Centro do Rio e as pessoas que ajudam a construir a sua história.

Cultura no Centro da Cidade

Page 2: Jornal Balaco Cultural - edição nº 02

EXPEDIENTEDireção Geral: Mário AzevedoEditora Responsável: Sylvia Carvalho (Mtb/ 25668/RJ)

Diagramação: Daniel Sant’AnnaRepórteres: Mário Azevedo e Vitor DurãoConsultor de Marketing: Gabriel MachadoConsultora Estratégica de Vendas: Glória Rogers

Revisão: Equipe ARWTV

Fotos: Mário Azevedo e Vitor Durão. (Exceto fotos de Flávia Orlando e Luiz Carlos Maciel que são de autoria da fotógrafa Patrícia Santos)

Tiragem: 10.000 exemplares

Distribuição: Município do Rio de Janeiro

Para anunciar: (21) 2533-7265 / 2533-6956

© O Balaco Cultural pertence a ARWTV Multimídia.

Os artigos e colunas assinados são de responsabilidade de seus autores. Proibida a reprodução do conteúdo, em qualquer meio eletrônico ou impresso, sem prévia autorização.

2 • BALACO CULTURAL

NossoEDITORIAL

Do alto dos seus 48 anos, con-temple a Cidade Maravilhosa

que ajudas a dar vida...Talvez esta fosse uma boa maneira de se começar um texto que tente resumir o monumento da arquitetu-ra e sofisticação que há anos ocu-pa lugar na mente e vida do cario-ca, ainda que inconscientemente, quando passa por ele na rotina do dia-a-dia.Dar noção sobre a grandiosidade do logradouro é o que esta edição co-memorativa pretende. A história do Edifício Avenida Central é também a do Centro do Rio. Entrelaçadas, coesas. E como é feita por gente, nada melhor do que falar dos per-sonagens que a tornam bela e real.Através das páginas desta edição do Balaco Cultural, você vai saber de que forma ousadia e trabalho cons-truíram uma cidade dentro da nos-sa cidade. Também vai descobrir o que ela tem de melhor, em termos de cultura e informação. Conhecer e rever muitas pessoas do bem em

nossas páginas. Seguindo este pro-pósito, tivemos a colaboração dos jornalistas Luiz Carlos Maciel e Jor-ge Luiz Calife. Gente que torna essa cidade mais bela de se viver.Afinal, esta edição em homenagem ao Edifício Avenida Central tem a cara do Rio e, inspirada no prédio, quer ir longe, convidando você a conhecer, um pouco mais, o nosso jornal. O Balaco Cultural pretende ser uma espécie de companheiro, quase um amigo de muito tempo. Aqueles que te trazem só notícias boas, que te fazem sorrir!Esse é nosso objetivo. Ter você sem-pre conosco. Colocando suas idéias, opiniões e informando da melhor e mais agradável maneira.Nosso time, com certeza, pensa em você. Sendo assim, preparamos com muito cuidado esse número especial. Então sem querer atrasar sua leitura, vamos entrar no Edifício Avenida Central! Boa leitura!

Balaco Especial “Edifício Avenida Central”

Edifício CentralGigante Vertical

Nada mais naturalVirar cartão postal.

Passado GloriosoPode ficar orgulhosoNão tem nada igual

Parece sonho, mas é real.

Fica no Largo da CariocaReferência da cidade

Está completando idadeQuem conhece não troca.

Parabéns, ícone das alturasHistória que funde passado e futuro

Impressionante suas estruturasNunca vou te esquecer, eu juro!

Coração Central

(Vitor Durão) Poema em homenagem ao aniversário de 48 anos do Edifício Avenida Central

Se você produz conteúdo cultural ligado a área da Fotografia, Literatura, Pintura, esse é seu espaço. Fique à vontade. Esse é o lugar para mostrar a sua criatividade. Envie seu material para o Balaco Cultural, através do e-mail: [email protected] criações que estiverem alinhadas com a proposta do jornal serão pu-blicadas.

BALACO DE EXPRESSÃO

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BALACO CULTURAL • 3

Nada mais central do que o Avenida Central

A história do Edifício Avenida Central se confunde com a do Rio de Janeiro. Esse ícone foi

inaugurado no dia 22 de maio de 1961 e está completando 48 anos. O prédio, localizado no número 156 da Avenida Rio Branco, tem sido testemunha silen-ciosa do crescimento da cidade, suas mudanças e progresso.

Como referência na área de informáti-ca, o local tornou-se o point para milhares de pessoas que circulam diariamente em suas galerias e estabelecimentos comer-ciais. Além disso, sua modernização in-fluenciou a do próprio município. Como se fosse uma cidade dentro de outra, o Edifício Avenida Cen-tral tem uma visitação diária de 140 mil pessoas. Seus números impressionam, tanto que acabam despertando a curiosidade até de quem nunca parou para pensar no assunto. As pessoas que trabalham ou frequentam o local somado a sua impo-nência o transformaram em uma espécie de monumento do Centro do Rio.

Era maio de 1961, época do presidente Jânio Quadros, o Brasil estava próximo do golpe de 64 e ainda vivia a esperança de modernização iniciada pelos gover-nos anteriores. Numa espécie de proje-

ção do futuro, surge um prédio de 34 an-dares que estava à frente de seu tempo no nosso país.

A construção de fato começou em 1958, no local onde funcionavam o Hotel Avenida e a Galeria Cruzeiro. O projeto foi do arquiteto Henrique E. Mindlin e as obras duraram três anos, marcados pela velocidade e sofistica-ção. Foi o primeiro edifício construído em estrutura metálica no Brasil, ao in-vés do concreto armado. A Companhia Siderúrgica Nacional forneceu o aço e alumínio para a construção.

Ao longo dos seus 110 metros e 34 an-dares, funcionam 194 lojas e 1.061 sa-las com médicos, dentistas, advogados, administradores de imóveis, cursos de locução, dublagem e oratória, agências de turismo e uma infinidade de em-presas convivendo num diversificado centro de negócios. Esta proximidade permite que os proprietários de salas e lojas tenham a facilidade de conseguir produtos e serviços, sem terem que ir muito longe.

Afinal, são restaurantes, livrarias, papelarias, salões de beleza, barbearia, copiadoras, gráficas, óticas, tabacaria, lojas de roupas e brinquedos, Correios, sex shop, farmácias, loja de artigos es-portivos, loja de tecidos, sapataria e loja de aeromodelismo/miniaturas.

Desde a inauguração até os dias de hoje, figuras ilustres e influentes visita-

ram o prédio. Carlos Drummond de An-drade frequentava a gráfica do subsolo e passava tranquilamente pelas pessoas, sem ser reconhecido. Os ex-presidentes Juscelino Kubitschek, João Baptista Fi-gueiredo e outras personalidades estive-ram no Avenida Central.

Exposições, campanhas beneficentes, torneios de futebol de botão e campeona-to de xadrez também marcaram a história de atividades e eventos do condomínio. Além disso, o Avenida Central realiza, anualmente, a campanha de doação de sangue. Mais um gesto de grandeza e res-ponsabilidade perante a sociedade.

Manter toda essa estrutura funcio-nando exige muito trabalho e um ba-talhão de funcionários que cuidam da segurança e manutenção do local. São 140 funcionários, entre eles bombeiros hidráulicos, eletricistas e uma equipe de segurança, formada por 80 pesso-as, comandada por Espedito dos San-tos. Até uma brigada de incêndio fica de plantão 24 horas. A tranquilidade fica por conta das câmeras que moni-toram cada metro quadrado do gigante de concreto, que já foi comparado aos grandes arranha-céus dos Estados Uni-dos e considerado o mais moderno do mundo e o mais alto do Brasil.

Um projeto em andamento de cli-matização da galeria com sistema de refrigeração vai proporcionar maior conforto aos usuários que circulam dia-riamente nas lojas.

Edifício Avenida Central no Largo da Carioca: 48 anos de história no coração do Centro do Rio.

Uma visitação diária de 140 mil

pessoas!

por grande parte do faturamento. Em 1981, com o advento do Metrô do Largo da Carioca, o número de pessoas multi-plicou, tanto que mais de um bilhão de pessoas já passaram pelos corredores do prédio.

Hotel Avenida e Galeria Cruzeiro: funcionavam no endereço onde hoje está o Avenida Central.

A grande procura é por material de informática. O Edifício Central se tor-nou referência no Rio de Janeiro para esse tipo de produto e ficou também conhecido como “Shopping de Infor-mática”, desde 1990. Atualmente, ocu-pa 17% do edifício com 227 estabeleci-mentos. Hoje, as lojas são responsáveis

Detalhes da construção do prédio, em 1961.

Os números, como foram ditos ante-riormente, são a grande particularidade do Edifício Central. São 34 andares, 18 elevadores, 12 escadas rolantes, 6 usi-nas de ar condicionado e um helipor-to. Uma caixa d’água de um milhão de litros que faz circular 48 mil litros por dia, com um consumo mensal de 20 milhões de litros. Para se ter uma idéia, essa quantidade poderia abastecer uma cidade de 25 mil habitantes.

O único momento em que essa cidade vertical para é no domingo. Nada que lembre o decorrer da semana no Centro do Rio e a quantidade de gente e veí-culos circulando freneticamente, como um verdadeiro formigueiro humano. Essa localização do Avenida Central é estratégica, pois fica no Largo da Cario-ca junto à Avenida Rio Branco, no tre-cho onde há o cruzamento da Avenida Nilo Peçanha e Rua da Carioca. Todos os ônibus em direção à Praça Tiraden-tes passam por ela. O Centro do Rio se encontra nele. “Qualquer motorista de táxi sabe onde fica. O Avenida Central tem CEP próprio”, como diz seu síndi-co Rhuy Gonçalves.

Galeria do Edifício Avenida Central. Circulação diária de 140 mil pessoas.

Terraço do Edifício Avenida Central.

O edifício mais famoso do Rio completa 48 anos de história

Mário Azevedo

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4 • BALACO CULTURAL

Vitor Durão

O Marketing é, cada vez mais, uma ferramenta fundamental em em-

presas, condomínios e instituições como um todo. É decisivo para o fortaleci-mento da imagem de uma corporação e geração de um verdadeiro diferencial na percepção do público-alvo.Por isso, se faz necessário que o setor de Marketing seja atuante, competente e dinâmico. O Edifício Avenida Central, com toda a sua história, está atento as mudanças e avanços da sociedade e sin-tonizado com o futuro. Dessa maneira, possui um departamento de Marketing jovem, preparado e ativo, que procura sempre inovar e desenvolver ações que visam divulgar e reforçar todos os atribu-

tos dessa verdadeira cidade vertical.Quem é responsável pelo Marketing do Avenida Central é a Comissão dos Lo-jistas escolhida por Assembléia Geral. É formada por Kelly Athayde, Suely Quin-tella e Adriano Carvalho. Os suplentes são Camila Farani, Marcelo Dias e Pedro Luiz de Lima. A assistente da Comissão de Marketing, Cecilia Quintella, nos conta que “as ações centrais são reali-zadas durante o Carnaval e Aniversário do Edifício” e lista algumas atividades promovidas recentemente (de dois anos para cá) pelo prédio, com o intuito de estreitar, ainda mais, o relacionamento com os seus consumidores e frequenta-dores.

Marketing Ativo do Avenida Central

• Exposição de fantasias de Carnaval;• Eventos musicais com grupos de samba, tais como o Cordão do Bola Preta e o Arranco do Engenho de Dentro;• Palestras de conscientização, no período carnavalesco, sobre os riscos da AIDS e DST. Além de palestras sobre Educação no Trânsito promovidas pelo Detran; • Exposição, no ano passado, sobre a história do Edifício Avenida Central;• Parceria com o Hemorio para doação de sangue;

Kelly Athayde (esquerda), Suely Quintella (centro), integrantes da Comissão de Marketing do Edifício

Avenida Central. Cecilia Quintella, assistente da Comissão (direita).

Síndico Rhuy Gonçalves: liderança e experiência

conduzindo o Avenida Central

Condomínio, segundo a Lei Brasileira, expressa o direito

exercido por mais de uma pessoa sobre o mesmo objeto.O termo define o direito exercido por pessoas (condôminos) sobre suas unidades privativas e as de-pendências de uso comum da edifi-cação, tanto horizontal quanto ver-tical. Parece complicado quando os termos jurídicos são lidos, mas na prática é o uso compartilhado de um imóvel comum. Seja vila, edifí-cio residencial ou comercial.De acordo com o tamanho do lo-cal, número de proprietários ou inquilinos, administrar exige de-dicação, competência e inteligên-cia. Que o diga Rhuy Gonçalves, à frente como síndico do Edifí-cio Avenida Central desde 2002 e conselheiro do condomínio há mais de 23 anos. Rhuy foi testemunha ocular da história do Edifício, participando até mesmo da sua construção, e conta vários casos interessantes. Dono de uma gráfica no subsolo, o síndico empreendedor recorda que, durante 15 anos, atendeu o escritor Carlos Drummond de An-drade em sua loja. Ao descobrir que o cliente era o ilustre poeta, este não mais voltou, por preferir o anonimato.Outra história interessante é sobre a construção. Com os fortes ventos, o edifício envergou e ficou inclina-do. Cabos de aço foram utilizados para colocá-lo na posição correta.Mas a frase que Rhuy utiliza para definir a popularidade do prédio é: “o Edifício Avenida Central tem seu próprio CEP. Qualquer pessoa pode chegar até ele sem informar o endereço. É o prédio mais famo-so do Centro do Rio.”

Antes da construção do Edifício Avenida Central, funcionava, no local, o Hotel Avenida e a Galeria Cruzeiro, onde artistas, escritores, homens de negócios e a boêmia carioca se reuniam. Ambos foram demolidos para a construção do prédio. Até o Barão de Rio Branco frequentava um dos restaurantes do local.Políticos renomados se hospeda-vam no Hotel Avenida e namora-dos marcavam seus encontros no relógio da Galeria Cruzeiro. Os bondes que iam para a Zona Sul faziam ponto lá. Em 1957, a Gale-ria e o Hotel fecharam. Foi inicia-da, então, a obra do edifício que foi batizado com o antigo nome da Avenida Rio Branco e ocupou o número 156.Chegaram a comparar o Edifício Avenida Central com o Rockfeller Center de Nova Iorque, devido a modernização que o acompanha-va, influenciando toda estética dos prédios que viriam a seguir na cidade do Rio de Janeiro.

Rhuy Gonçalves: síndico e administrador do Edifício Avenida Central.

Mário Azevedo e Vitor Durão

• Parceria com a Secretaria de Saúde na Campanha Contra a Dengue;• Campeonato de futebol de mesa;• Torneio de xadrez.

Jaime Ribeiro, 77 anos, e Vicente Ma-chado, 70 anos, foram os primeiros funcionários do Salão Central que existe desde 1964 e relembram as ce-lebridades que já visitaram o local. Os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Baptista Figueiredo foram algu-mas. Eles cortaram o cabelo de várias figuras ilustres, tais como o jurista So-bral Pinto. João Paulo dos Reis Velloso, ex-ministro do Planejamento, e Jamil Haddad, que foi ministro da Saúde, ainda são clientes. “O prédio mais co-nhecido do Rio de Janeiro. É uma ci-dade!” Sintetizaram, com essa frase, a relevância do prédio.

O porteiro Oswaldo Francisco do Nas-cimento guarda histórias interessan-tes do logradouro. Aos 74 anos, ele é o funcionário mais antigo do prédio e também acompanhou a sua cons-trução. “Isso para mim foi uma vida. 48 anos de portaria e 2 anos de obra. Servi Pelé, Lula e o ex-ministro Mário Andreazza. Eles frequentavam o res-taurante do quarto andar.”

História viva do Edifício Avenida Central

Oswaldo Nascimento: funcionário mais antigo do Avenida Central.

Jaime e Vicente, primeiros fun-cionários do Salão Central.

Ações promovidas pelo Marketing

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BALACO CULTURAL • 5

Segundo estudo realizado pelo quími-co americano Ray Rogers (1927-2005)

publicado na revista científica “Thermo-chimica Acta” e divulgado recentemente em um documentário do Discovery Chan-nel, o Sudário de Turim teria entre 1.300 e 3.000 anos. A pesquisa rejeita a datação feita em 1988, segundo a qual o lençol de linho seria uma farsa da Idade Média. No estudo, Rogers analisou e comparou a mostra usada em 1988 com outras reti-radas do Sudário. Testes químicos mos-traram que o material analisado havia, na verdade, sido retirado de um remendo feito na Idade Média para reparar um dano provocado por um incêndio. Este teria sido restaurado por freiras com re-mendos de um outro material, conhecido como tecido holandês.Os testes revelaram a presença de uma substância chamada Vanilina, tanto na amostra de 1988 quanto no tecido holandês, mas não no resto do Sudário. Os níveis de Vanilina em tecidos de lin-ho caem ao longo do tempo. O fato da Vanilina não ser detectada nas fibras do Sudário, nos Manuscritos do Mar Morto e em outros linhos antigos indica que o Sudário é muito antigo. A determinação da perda de Vanilina sugere que o tecido tenha entre 1.300 e 3.000 anos de idade.Durante décadas, a trajetória do Sudário foi conturbada. Somente com a invenção da fotografia, o assunto tomaria novos ru-mos. Sobre o tecido de linho, de 4,30m de comprimento por 1,10m de largura, existem duas imagens desmaiadas, cor de palha, uma frontal e a outra dorsal, de um homem nu, que foi flagelado, coroado de espinhos e crucificado pelo sistema romano. Em 1898, o advogado e fotógrafo amador Secondo Pia recebeu autorização do Vaticano para fotografar a relíquia. Essa seria a primeira fotografia do Sudário. Pia estava no seu sótão revelando a chapa e não acreditou no que seus olhos viram. A figura, antes desmaiada, indistinta e fan-tasmagórica, tornou-se nítida. Foi uma es-pécie de revelação às avessas. A imagem vista na chapa era a de um positivo. Isso significava que a imagem do pano tinha as qualidades de um negativo.

O primeiro registro conhecido do Sudário foi descoberto, por volta do ano 38, em Edessa, Turquia.O pano foi levado para Turim em 1957 e colocado na Catedral de São João Batista. Foi lá que Secondo Pia tirou a famosa foto.De 1932-1933 o médico francês Pierre Barbet realizou experiências para consta-tar a veracidade dos ferimentos do ponto de vista anatômico.Em 1973, o criminalista Max Frei iden-tificou, pelo pólen, 49 plantas diferentes no tecido, das quais 33 só existem na Pal-estina.Nos anos 70, os cientistas John Jackson e Eric Jumper, que trabalhavam para a NASA, fundaram o “Shroud of Turim Re-search Project” (STURP). Jackson e Jump-er encontraram dados tridimensionais na figura. Em 1978, o Vaticano deu autori-zação para que o STURP, formado por 40 cientistas, fizesse uma série de testes no Sudário. O químico americano Ray Rog-ers concluiu que a imagem foi formada por um processo rápido de luz e calor, que não destruiu o tecido.Barry Schwartz, fotógrafo que documen-tou a viagem do STURP a Turim nos anos 70, criou um website com vários artigos, documentos e fotos sobre o Sudário. Os links estão na página do Balaco com di-cas de Informática.

CIÊNCIA E INFORMÁTICA

INFORMÁTICA PARA ATERCEIRA IDADE

Segundo o Núcleo de Estudos da Ter-ceira Idade da Universidade Federal de Santa Catarina (NETI/UFSC), nos últimos anos, cerca de 150 pessoas da Terceira Idade tem o desejo de apren-der Informática. Alguns, que não ti-nham vínculo com o NETI, se queixa-vam pelo fato da turma ser composta por jovens e idosos. Isso fez com que muitos abandonassem o curso, por não conseguirem acompanhar o ritmo do grupo. Isso fez com que surgisse o projeto de extensão, intitulado “Ofici-nas de Internet para Terceira Idade”. Com o apoio do NETI e do Departa-mento de Informática e Estatística da UFSC, que o abrigou.O livro ensina, utilizando o método de diminuir a carga de trabalho no apren-dizado dos idosos com os conteúdos básicos de Informática.O constrangimento e estresse dimi-nuíram e os idosos passaram a ver o computador de forma diferente. Essa independência facilitou a assimilação do conteúdo e das ferramentas de In-formática. O contato do idoso com o computa-dor proporciona independência, me-lhor interação social e um excelente exercício para a mente.Esta inclusão social do idoso, através do universo digital, cria um mundo novo e cheio de possibilidades, até pouco tempo restrita aos mais novos.

Márcia Barros de Sales Antônio Carlos Mariani Ângela Maria Alvarez

136 páginas - 1ª edição - 2009

ISBN: 9788573938029

Formato: 16 x 23

WINDOWS XP: INFORMÁTICA EM QUADRINHOS PARA CRIANÇAS, SEUS PAIS E AVÓS

Esse sem dúvida é o livro mais des-contraído e fácil para quem deseja aprender a usar o sistema Windows XP que já foi publicado. Através da linguagem dos quadrinhos, encanta crianças e adultos e, de quebra, solu-ciona as maiores dúvidas que afligem os iniciantes adultos e jovens.André Diniz, desenhista de mão cheia, autor de histórias em quadrinhos e li-vros de Informática, consegue literal-mente unir o útil ao agradável. Já fatu-rou 12 prêmios com o trabalho da sua editora, a Nona Arte, especializada em quadrinhos feitos no Brasil.Balaco Cultural recomenda!

André Diniz96 páginas 1ª edição - 2004ISBN: 857393350x Formato: 16x23

DOMINANDO O SCANNER

Aqui, o usuário do scanner e o leigo encontram todas as dicas e recursos para aproveitar, ao máximo, a ferra-menta. Explorando, passo-a-passo, re-cursos como: otimização, correção de cor, resolução e conceitos gráficos.Preservar documentos digitalizados e “escanear” com qualidade é apenas uma das possibilidades que o livro apresenta. Ótimo para profissionais, estudantes de Artes Gráficas e Dese-nho. O livro traz diversos projetos e idéias. Dave Huss, o autor, trabalha com scanners desde a época em que começaram a ser vendidos e já foi consultor de três grandes empresas que os fabricam. Tem, no currículo, vários livros sobre o assunto.

Dave Huss312 páginas 1ª edição - 2004ISBN: 8573933143 Formato: 16x23

LIVROS - Lançamentos da Editora Ciência Moderna Novas evidências sobre a idade do Sudário de Turim

Imagem em 3D do Sudário.

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Susan Boyle. Mais do que15 minutos de fama!

Desde o dia 11 de abril, várias pessoas, principalmente os in-ternautas, vem se curvando e se emocionando diante do ta-lento, simplicidade e voz da escocesa Susan Boyle.Uma espécie de “patinho feio”, Susan deixou de boca aberta e atônitos platéia e jurados do programa de TV “Britain’s Got Talent”, espécie de “Ídolos” do Reino Unido. Aos 47 anos e já desiludida do sonho de ser cantora, essa desengonçada e fora de forma senhora decidiu seguir os conselhos da falecida mãe (grande incentivadora) e se inscreveu no programa. O resultado foi um “tapa na cara” do preconceito e rigor de ju-

rados como Simon Cowell, do “American Idol”.Susan cantou “I dreamed a dream”, do musical “Les mi-sérables” (“Os Miseráveis”), com uma propriedade que deixou todos boquiabertos. Os aplausos, ao longo da canção, foram de pé.Agora o sonho de ser canto-ra de Susan Boyle pode acontecer de fato e você tem a opor-tunidade de conferir sua performance no YouTube através do link: http://www.youtube.com/watch?v=iFSqD3BVxSA

INFORMÁTICAPapo de Internet

Mário Azevedo

SANTO SUDÁRIOAs pesquisas e descobertas científicas no manto que, supostamente, teria envolvi-do o corpo de Jesus Cristo no sepul-tamento e, misteriosamente, guarda uma imagem que intriga há décadas os estudiosos. São dois sites que contam a história desta relíquia, em matérias e artigos de alto nível.http://www.shroud.comhttp://www.sudario3d.hpg.ig.com.br

SITES LEGAIS

A ARTE DE JACK KIRBYÉ um site que presta homenagem a este avatar dos quadrinhos que revolucionou ao criar personagens memoráveis para a Marvel Comic Books nos anos 60. A grande virada em sua carreira ocorreu em 1961, quando ele e o escritor e editor Stan Lee criaram “Quarteto Fantástico”.http://www.pigdog-productions.com/jack%20kirby.html

CASASCasas/prédios abandonados e fotografados por Kevin Bau-man recriam o clima melancólico e triste causado pelo abandono dos imóveis, em contraste com a falta de moradia para muitos. http://www.100abandonedhouses.com/

PLANETASNo site de Paul Neave é pos-sível viajar com o mouse pelas estrelas.http://www.neave.com/plan-etrium/

CCBBEm cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil: “MARIA STUART”-texto de Friedrich Schiller. Direção de Antônio Gilberto. Com Julia Lemmertz, Clarice Niskier e elenco. O encontro fictício entre a rainha Maria Stuart da Escócia e Elizabeth da Inglaterra. O Centro Cultural Banco do Brasil fica na Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Telefone: 3808-2020. Quarta a domingo, às 19h. R$ 10. Estudantes e idosos pagam meia. 12 anos. Duração:2h50 (com intervalo). Até 17 de maio.

FUNDIÇÃO PROGRESSONa Fundição: “INVEJA DOS ANJOS”- texto de Paulo de Moraes e Maurício Arruda Mendonça. Direção de Paulo de Moraes.Com a Armazém Cia. de Teatro. Passado, presente e futuro de seis personagens se cruzam. A Fundição Progresso fica na Rua dos Arcos, 24, Lapa. Telefone: 2210-2190. Quinta a domingo, às 20h. R$30. Estudantes e idosos pagam meia.14 anos. Duração:1:45h. Até 31 de maio.

Também na Fundição: “SONHOS DE EINSTEIN”- criação e realiza-ção da Intrépida Trupe. Direção de Cláudio Baltar. Consultoria dram-atúrgica de Moacir Chaves. Músicas originais de Felipe Rocha. O espetáculo lança um olhar lúdico sobre a física través de uma leitura dos atores-acrobatas sobre a obra Sonhos de Einstein, de Alan Light-man. Fundição Progresso/Espaço Intrépida Trupe. Sábado e domingo, às 18:30. Segunda às 20h. R$ 30. Estudantes e idosos pagam meia.livre. Duração: 1h.

CAIXA CULTURAL / TEATRO NELSON RODRIGUESNo teatro Nelson Rodrigues: “ROCK´N ROLL” - Texto de Tom Stopp-ard. Tradução e direção Felipe Vidal e Tato Consorti. Com Otávio Au-gusto, Thiago Fragoso, Gisele Fróes e elenco. A peça se vale do rock para falar sobre a desestruturação do comunismo no Leste Europeu.Na trilha sonora, clássicos dos Rolling Stones ao U2 e também a banda The Plastic People of the Universe, grupo surgido em Praga em 1968. A Caixa Cultural Teatro Nelson Rodrigues fica na Avenida República do Chile, 230, Centro.Telefone: 2262-8152. Quarta a domingo, às 20h. R$ 30. Estudantes e idosos pagam meia. 14 anos. Duração 2h40.

Cultura no Centro

Anuncie no BALACO CULTURALTel.: (21) 2533-7265 • 2533-6956e-mail: [email protected]

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10 • BALACO CULTURAL

Por muitas vezes, deparamos com situações que nos obrigam profissionalmente a fazermos o que, na verdade, está longe

de ser parte do que realmente gostamos.É preciso que você tire do seu vocabulário o “não gosto” e as-suma a tarefa com o mesmo carinho que você dedicaria à tare-fa dos seus sonhos. Partindo desse pensamento, procure tirar proveito, aprendendo cada dia mais um pouco. Crie dentro de si a sensação de que essa tarefa era tudo o que você queria e, com um bom jogo de cintura, drible todos os pontos, até então, considerados negativos.Agora, relaxe e, com certeza, o aprendizado terá sido benéfico, pois você percebeu que fazer o que gosta não tem o mesmo de-safio e sensação de vitória!

Chega de não gosto!Glória Rogers

Escrever histórias é sem dúvidas uma

grande arte, seja teatro, cinema ou TV. O bom texto já proporcionou mui-tas emoções e até modificações sociais.

Para isso, contou com a ajuda de bons escritores.

Afinal o que é necessário para se fazer um bom texto?

Segundo Luiz Carlos Maciel, o impor-tante é aprender os fundamentos, come-çar do básico. Este gaúcho, formado em filosofia, escritor, roteirista de TV, diretor de teatro, jornalista e um dos fundadores do Pasquim, se transformou em ícone ca-rioca. Em 68, ganhou o apelido de “Guru da Contracultura”, por escrever páginas dedicadas ao underground. Após dirigir várias peças e trabalhar durante muito tempo na Rede Globo, Maciel passou a dar aulas em locais diversos. Roteiro para TV e cinema é o curso que leva para a ARWTV, ao lado da roteirista e cineasta Flávia Orlando.

Nesta entrevista em sua casa, ele fala so-bre a profissão de roteirista e sua amizade com Glauber Rocha.

O que você pretende ensinar e o que os alunos da ARWTV podem esperar do seu curso com a Flávia Orlando?

Se você quer dominar uma expressão artística, não adianta nada querer co-

meçar por onde os outros terminam. Eu acho que há essa tendência nos jovens e adolescentes, que é uma tendência muito comum. Eu lembro da minha própria ado-lescência e sou capaz de aceitar isso. Sei que é assim. Você acha que já nasceu sa-bendo e está prestes a alcançar o sucesso, a glória, fortuna e tudo mais. É preciso ser realista. Se você quer ser roteirista, tem que aprender os fundamentos da compo-sição de roteiro.

Em que se baseia o seu método?O meu método parte do fundamental.

Que é o fundamento de todos os sistemas de screenwriter: a estrutura dramática, usada pelos americanos. Eles codificaram esses métodos. Se preocuparam em criar um knowhow dessas atividades artísticas. Antigamente bastava o talento, inspira-ção. Caía do céu. Você era considerado um gênio. Com o mercado atual, que não é tão amplo assim, e com o crescen-te número de candidatos aumentando a concorrência, há necessidade do domínio das técnicas fundamentais, chegando-se a uma competência profisional, naquilo que você quer fazer.

Aliar a competência à técnica?Isto é fundamental. O negócio de você

fazer coisas geniais, depende de cada um. Se você nasceu dotado, com talen-to, vai logo mostrar. Aprende a técnica em pouco tempo. Se você não for um gênio, aprende a técnica e vai ser um profissional competente.

Como está o mercado? Está favorável ou depende da técnica e do talento?

Sempre depende da técnica. E, para vôos mais altos, do talento. Existe uma Fernanda Montenegro. Nem todas as atri-zes brasileiras são Fernanda Montenegro. Apesar disso, há lugar no merca-do pra todas elas. Que também tem sua competência. Sabem fazer.

Falamos em roteiro e con-sequentemente vem a cabeça “ci-nema”. Na sua ju-ventude, quando estudou teatro na Bahia, conheceu João Ubaldo Ribeiro, Caetano Veloso e Glauber Rocha. Nessa época, surgiu uma amizade com Glauber, que o fez ator principal de curta metra-gem inédito “ A Cruz na Praça”. Como foi essa experiência?

O Glauber estava começando a fazer cinema. Fez dois curtas-metragens, o primeiro foi “O Pátio” que existe na fil-mografia dele. E o segundo que fiz como ator, infelizmente desapareceu. Foi feito na Bahia e era um curta de uns quinze minutos, com dois atores: eu e um baia-no que se chamava Anatólio Oliveira. Foi uma experiência fantástica. Esse filme fi-cou desaparecido, porque Glauber depois que o filmou, mandou o negativo aqui pro Rio de Janeiro após a revelação, manda-ram um copião para a Bahia, pra ele mon-tar. Como não tinha moviola, ele montava

no olho. O Luis Paulino era o montador dele. Os dois usavam uma cortadeira e cola. Ainda tinha que raspar o filme com a gilete, pra passar cola senão não pegava. O Glauber, com os pedaços de filme no pescoço, olhava contra a luz e ia passando pro Luis. Eles montavam na sala de jantar da casa do Glauber. Ele esticava o braço, media e perguntava “Paulinho você acha que um braço deste plano está bom?”

Você vê que a duração do plano era medida pelo tamanho do braço. Quan-do o Glauber exibiu o filme, ele não fi-cou satisfeito com a montagem. Embora eu tivesse visto e achado que tinha ficado bem interessante, mas ele não aprovou. Talvez, porque tenha acontecido uma cir-cunstância assim completamente louca. Nós assistíamos num cinema de Salvador, de manhã. Como era um copião mudo, o projecionista botou uma música , que era do George Gershwin, “Um americano em Paris”. Começou a passar “Cruz na Praça” e a tocar “Um americano em Paris”. Glau-ber ficou louco! Começou a gritar “Corta o som!” .

Mas nada do raio do projecionista cor-tar o som, daquele curta do cineasta até então desconhecido. Ao final, ele disse: “Maciel, essa merda ficou com o ritmo do “Americano em Paris”. Eu sempre digo: se me dessem a responsabilidade de fazer a edição de “A cruz na praça” caso surgissem os negativos, ou pelo menos o copião, eu sonorizaria esse filme com a trilha sonora de “Um americano em Paris” de George Gershwin.

Um guru na arte de escreverLuiz Carlos Maciel e Flávia Orlando ensinam na ARWTV os segredos de como ser um bom roteirista.Figura das mais conhecidas no meio artístico e intelectual, o escritor, jornalista e diretor, que já foi chamado de “guru da contracultura” nos anos 60, diz que “técnica e competência devem caminhar juntas para a formação de um bom profissional.”

Mário Azevedo

BALACO PAPO

Flávia é parceira de Maciel no curso de

roteiro.

Luiz Carlos Maciel.

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BALACO CULTURAL • 11

Meu sobrinho adora aquele desenho animado da “Guerra dos clones”

que passa na Globo todo dia de manhã. Num episódio recente, a senadora Padmê Amidála ficou presa dentro da espaçonave do terrível general Grievous e começou a falar com a mesma voz da Chloe Sullivan, aquela loirinha do seriado “Smallville”. Meu sobrinho notou dizendo “Tio, ela tá com a voz da Chloe”, e a explicação estava nos créditos. Flavia Saddy, a dubladora da Allison Mack em “Smallville” também faz a voz da versão animada da mocinha de Na-boo. Parece que a crise reduziu o elenco de dubladores e só restou umas três vozes para todas as mocinhas dos seriados e dos desen-hos animados.Tivemos uma experiência semelhante ao assistir a versão dublada de “Stardust - O mistério da estrela”, onde a personagem Yvainne da Claire Dannes fala com a voz da Lois Lane. As duas foram dubladas pela Sílvia Salusti. Nada contra e acho até diver-tido ver a senadora Padmê se dirigindo ao asqueroso Jabba the Hutt com a mesma voz com que a Chloe costuma dizer: “Ah Jimmy, me desculpa.” A gente fica imaginando que a senhorita Sullivan caiu num buraco ne-gro, como aquele que ela descobriu depois de dançar um tango com o James Olsen, e foi parar na galáxia de “Star Wars”. É como

assistir a um “crossover”, aquelas histórias que juntam personagens de universos difer-entes. No final ficamos aliviados ao ver que a “Chloe” tinha conseguido fugir daquela nave tenebrosa sem a ajuda do Clark ou do Jimmy (Anakin Skywalker os substituiu).Antigamente, esse tipo de coisa era muito difícil porque havia um monte de estúdios fazendo dublagem, como o Herbert Rich-ers e a A.I.C, e era preciso assistir dezenas de filmes para encontrar a mesma voz em personagens diferentes. As distribuidoras e os canais de tevê investiam nisso, fazendo questão de ter sempre o mesmo dublador para os mesmos artistas. Na televisão não dá para botar legendas e, nos casos dos filmes para crianças, a dublagem é essencial. Os esnobes não gostam, mas os dubladores contribuem, e muito, para a popularidade dos personagens e seriados.Um caso clássico foi o de Borges de Barros, que dublou o doutor Smith no antigo seri-ado “Perdidos no espaço”, nos anos 60. Ele inventou algumas das expressões que Smith usava para ofender o robô, como “sua lata de sardinha”, já que o original era intraduzível para o português. Naquela época, o trabal-ho dos dubladores era anônimo e eles nem apareciam nos créditos finais dos seriados. Mas Barros fez um trabalho tão bom que Jonathan Harris, o ator que fazia Smith, fez

questão de conhecê-lo quando esteve no Brasil. Foram buscar Barros em casa e os dois foram juntos no programa da Hebe e Barros no do Jô Soares. Harris considerava a sua versão brasileira a melhor de todas.No caso dos personagens de ficção, tem até algumas dublagens que ficam melhores do que as vozes originais. A voz de Mar-cio Seixas para o computador Hal 9000, na versão dublada do clássico “2001: Uma odisséia no espaço” passa mais emoção do que a versão inglesa do Douglas Rain. E Hal, o computador auto-consciente, é o personagem mais emotivo daquela história. Infelizmente, parece que essa dublagem não foi preservada e a edição em DVD do filme de Stanley Kubrick ganhou uma dub-lagem nova, bem inferior a que passou na televisão nos anos 80. Outro caso de voz brasileira que ficou melhor que a ameri-cana foi a Giovanna Antonelli dublando a Marina no desenho “Simbá – A lenda dos sete mares”. Conseguiu ser mais sensual e encantadora que a original da Catherine Zeta Jones. Quando ela diz para o Simbá, “eu te protejo”, é uma gracinha.Os desenhos animados precisam ser dub-lados até mesmo nos Estados Unidos, já que seus personagens não possuem voz própria. A atriz nova-iorquina Helen Slater costuma chamar esse trabalho de “voice work” e geralmente os dubladores gravam separada-mente as vozes dos personagens em dias dif-erentes e tudo é misturado depois. Durante anos, Helen Slater fez a voz da vilã Talia, na série animada do Batman. Depois, quando

a personagem foi para a Liga da Justiça, a filha de Ras Al Gul ganhou a voz da Olivia Hussey. E perdeu muito de seu charme. Há atrizes que tem vozes inimitáveis, como é o caso de Slater e da Tery Hatcher. Na série “Lois e Clark – As novas aventuras do Su-perman”, Monica Pinho fez o possível para dar uma voz brasileira para a senhora Su-perman, mas não conseguiu reproduzir a capacidade que a Teri Hatcher tem de criar uma porção de vozes diferentes, como no divertido episódio em que Lois é afetada pelo gás dos ratos espaciais atômicos. As duas versões, a original e a dublada, estão disponíveis em DVD. Felizmente. E o talen-to vocal da senhora Hatcher também pode ser conferido no desenho “Coraline” onde ela faz a voz da mãe da menina.Hoje, o trabalho dos dubladores é mais reconhecido, eles dão entrevistas em revis-tas especializadas e seus nomes aparecem nos letreiros finais, pelo menos nas versões em DVD, já que na tevê aberta é tudo cortado pela “editite” e nem as aberturas são poupa-das. Embora eu acredite que devia ter mais gente fazendo esse tipo de trabalho, aprovo e acho ótimas as vozes da atual geração.Eu e meu sobrinho já decidimos. Quan-do sair a versão em DVD da “Guerra dos Clones”, nós só compramos se tiver a “voz da Chloe”. (Ela está disponível no DVD do longa-metragem que passou no cinema ano passado).

As vozes brasileiras dos heróis da tevêJorge Luiz Calife

Jorge Luiz Calife é jornalista e escritor de ficção científica

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