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ANO 8 - Número 1791 Brasília-DF, quarta-feira, 14 de março de 2007 www.camara.gov.br [email protected] Fone: (61) 3216-1666 Fax: (61) 3216-1653 Impresso Especial 11204/2002-DR/BSB CÂMARA DOS DEPUTADOS CORREIOS 6 SAÚDE 4 PLENÁRIO 5 FISCALIZAÇÃO Obstrução transfere votações para hoje Chinaglia é contra redução da maioridade penal GILBERTO NASCIMENTO LUIZ CRUVINEL Instalada comissão do Congresso que analisará mudanças no clima Consolidação das leis brasileiras Para Chinaglia, não há a certeza de que a redução da maioridade diminuiria de fato os índices de criminalidade, mas ele mostrou-se favorável ao aumento da idade máxima de internação do menor con- denado, de 21 para 24 anos de idade. O Presidente da Câma- ra também ressaltou que é pre- ciso discutir melhor o foro pri- vilegiado para autoridades pú- blicas e comentou temas con- siderados prioritários para a OAB, como as mudanças do Código Penal e a reforma polí- tica. Ao comentar a reforma política, Chinaglia disse que a aprovação do voto em listas fe- chadas e o financiamento pú- blico de campanhas represen- tariam um avanço significati- vo para os sistemas eleitoral e partidário brasileiro. Relator de PECs sobre segurança defende redução da maioridade penal para 16 anos Página 8 A consolidação das normas legais brasileiras será retomada por grupo de trabalho coordenado pelo deputado Vaccare- zza. Um levantamento da Casa Civil da Presidência da República constatou que existem 177.673 nor- mas legais federais no País. Muitas são desco- nhecidas da população e dos próprios operadores do direito. Outras são conflitantes com a Cons- tituição. Página 7 Jilmar Tatto afirma que oposição quer impedir votação do PAC na Câmara Comissão quer verificação do TCU sobre compra de radar pelo DNIT Inca pede mais recursos para a prevenção do câncer no País Os partidos de oposição consegui- ram ontem obstruir as votações no Plenário como parte da estratégia de protestar contra a suspensão, definida na semana passada, do funcionamento da CPI do Apagão Aéreo. Os adversá- rios do governo afirmaram que vão manter a obstrução da pauta até a ins- talação da CPI. Na sessão de ontem, a única votação a ter um avanço objeti- vo foi a de um requerimento da base governista para inverter a pauta e co- locar, como itens iniciais, os projetos de lei considerados prioritários pela bancada feminina. Assim, o primeiro projeto em pauta foi o PL 4125/04, da CPMI da Exploração Sexual, que obri- ga os hotéis, bares, restaurantes e si- milares a exibir avisos, mensagens ou cartazes informando que é crime sub- meter crianças ou adolescentes à pros- tituição ou à exploração sexual. Hoje, a CCJ deve analisar recurso do PT contra a instalação da CPI. Oposição usou de manobras regimentais para obstruir as votações Página 3 Página 5 O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e o presidente da Comissão de Trabalho, de Adminis- tração e Serviço Público, deputado Nelson Marque- zelli, participaram ontem da abertura do I Seminário Internacional sobre Previdência Social (foto). Tam- bém integraram a mesa da sessão de abertura o deputado Arnaldo Faria de Sá, o senador Paulo Paim, o presidente da Associação dos Magistra- dos Brasilieiros (AMB), Rodrigo Collaço, e o depu- tado João Campos. Promovido pelo Fórum Per- manente de Carreiras Típicas do Estado, o semi- nário prossegue hoje no auditório Nereu Ramos. Seminário internacional da Previdência Social SALU PARENTE Na OAB, o presidente da Câmara também falou de reforma política ao defender o financiamento público e as listas fechadas Página 2

Jornal da Câmara de 14 de marçoBrasília-DF, quarta-feira, 14 de março de 2007 • [email protected] • Fone: (61) 3216-1666 • Fax: (61) 3216-1653ANO 8 - Número 1791 Impresso

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Page 1: Jornal da Câmara de 14 de marçoBrasília-DF, quarta-feira, 14 de março de 2007 • jornal@camara.gov.br • Fone: (61) 3216-1666 • Fax: (61) 3216-1653ANO 8 - Número 1791 Impresso

ANO 8 - Número 1791Brasília-DF, quarta-feira, 14 de março de 2007 www.camara.gov.br • [email protected] • Fone: (61) 3216-1666 • Fax: (61) 3216-1653

ImpressoEspecial

11204/2002-DR/BSBCÂMARA DOSDEPUTADOS

CORREIOS

6SAÚDE

4PLENÁRIO

5FISCALIZAÇÃO

Obstrução transferevotações para hoje

Chinaglia é contra redução da maioridade penal

GILBERTO NASCIMENTO

LUIZ CRUVINEL

Instaladacomissão do

Congresso queanalisarámudançasno clima

Consolidação dasleis brasileiras

Para Chinaglia, não há acerteza de que a redução damaioridade diminuiria de fatoos índices de criminalidade,mas ele mostrou-se favorávelao aumento da idade máximade internação do menor con-denado, de 21 para 24 anos deidade. O Presidente da Câma-ra também ressaltou que é pre-ciso discutir melhor o foro pri-vilegiado para autoridades pú-

blicas e comentou temas con-siderados prioritários para aOAB, como as mudanças doCódigo Penal e a reforma polí-tica. Ao comentar a reformapolítica, Chinaglia disse que aaprovação do voto em listas fe-chadas e o financiamento pú-blico de campanhas represen-tariam um avanço significati-vo para os sistemas eleitoral epartidário brasileiro.

Relator de PECs sobre segurança defenderedução da maioridade penal para 16 anos

Página 8

A consolidação dasnormas legais brasileirasserá retomada por grupode trabalho coordenadopelo deputado Vaccare-zza. Um levantamento daCasa Civil da Presidênciada República constatouque existem 177.673 nor-mas legais federais noPaís. Muitas são desco-nhecidas da população edos próprios operadoresdo direito. Outras sãoconflitantes com a Cons-tituição.

Página 7

Jilmar Tatto afirmaque oposição quer

impedir votaçãodo PAC na Câmara

Comissão querverificação do TCU

sobre compra deradar pelo DNIT

Inca pede maisrecursos para a

prevenção docâncer no País

Os partidos de oposição consegui-ram ontem obstruir as votações noPlenário como parte da estratégia deprotestar contra a suspensão, definidana semana passada, do funcionamentoda CPI do Apagão Aéreo. Os adversá-rios do governo afirmaram que vãomanter a obstrução da pauta até a ins-talação da CPI. Na sessão de ontem, aúnica votação a ter um avanço objeti-vo foi a de um requerimento da basegovernista para inverter a pauta e co-

locar, como itens iniciais, os projetosde lei considerados prioritários pelabancada feminina. Assim, o primeiroprojeto em pauta foi o PL 4125/04, daCPMI da Exploração Sexual, que obri-ga os hotéis, bares, restaurantes e si-milares a exibir avisos, mensagens oucartazes informando que é crime sub-meter crianças ou adolescentes à pros-tituição ou à exploração sexual. Hoje,a CCJ deve analisar recurso do PTcontra a instalação da CPI. Oposição usou de manobras regimentais para obstruir as votaçõesPágina 3

Página 5

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e opresidente da Comissão de Trabalho, de Adminis-tração e Serviço Público, deputado Nelson Marque-zelli, participaram ontem da abertura do I SeminárioInternacional sobre Previdência Social (foto). Tam-bém integraram a mesa da sessão de abertura odeputado Arnaldo Faria de Sá, o senador PauloPaim, o presidente da Associação dos Magistra-dos Brasilieiros (AMB), Rodrigo Collaço, e o depu-tado João Campos. Promovido pelo Fórum Per-manente de Carreiras Típicas do Estado, o semi-nário prossegue hoje no auditório Nereu Ramos.

Seminário internacional da Previdência SocialSALU PARENTE

Na OAB, o presidente da Câmara também falou de reforma política ao defender o financiamento público e as listas fechadas

Página 2

Page 2: Jornal da Câmara de 14 de marçoBrasília-DF, quarta-feira, 14 de março de 2007 • jornal@camara.gov.br • Fone: (61) 3216-1666 • Fax: (61) 3216-1653ANO 8 - Número 1791 Impresso

Brasília, 14 de março de 200722

Mesa da Câmara dos Deputados - 53a Legislatura

Diretor: William França (61) 3216-1500 - Fax: (61) 3216-1505

SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Endereço: Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - CEP: 70160-900 Brasília - DFwww.camara.gov.br

[email protected]

Jornal da Câmara

Presidente:Arlindo Chinaglia (PT-SP)

1º Vice-Presidente:Nárcio Rodrigues (PSDB-MG)

2º Vice-Presidente:Inocêncio Oliveira (PR-PE)

1º Secretário:Osmar Serraglio (PMDB-PR)

2º Secretário:Ciro Nogueira (PP-PI)

3º Secretário:Waldemir Moka (PMDB-MS)

4º Secretário:José Carlos Machado (PFL-SE)

Suplentes:Manato (PDT-ES), Arnon Bezerra (PTB-CE),Alexandre Silveira (PPS-MG) e Deley (RJ-PSC)

Diretor-Geral:Sérgio Sampaio de Almeida

Secretário-Geral da Mesa:Mozart Vianna de Paiva

Ouvidor Parlamentar:Carlos Sampaio (PSDB - SP)

Procurador Parlamentar:Alexandre Santos (PMDB - RJ)

Diretora: (61) 3216-1651Amneres Pereira

Editor-chefe:Marcondes Sampaio

Diagramadores: (61) 3216-1667Guilherme Rangel Barros,José Antonio Filho,Roselene Figueiredoe Alexandre Valente

Editores: (61) 3216-1666Maria Clarice Dias,Rosalva Nunes eCid QueirozIlustrador: Renato Palet

AGENDA Quarta-feira, 14/3/2007

CCJA Comissão de Constituição e Jus-

tiça e de Cidadania pode discutir re-curso do PT para suspender a CPI doApagão.

Plenário 1, às 9h

RadiodifusãoA Comissão de Ciência e Tecnolo-

gia, Comunicação e Informática reali-za audiência pública para debater asnormas e procedimentos dos atos deoutorga e renovação de concessão deserviço de radiodifusão sonora e desons e imagens com fins comerciais.

Plenário 13, 9h30

PAC 1A Comissão de Desenvolvimen-

to Econômico, Indústria e Comérciorealiza seminário “DesenvolvimentoEconômico Sustentável e o Progra-ma de Aceleração do Crescimento

(PAC)”. Foi convidado o ministro do De-senvolvimento, Indústria e Comércio,Luiz Fernando Furlan.

Plenário 5, às 10h

PAC 2A Comissão de Minas e Energia reali-

za audiência pública para debater o Pro-grama de Aceleração do Crescimento(PAC). Foi convidado o ministro de Minas eEnergia, Silas Rondeau.

Plenário 14, às 10h

TelefoniaA Comissão de Defesa do Consumi-

dor promove audiência pública para dis-cutir as novas regras para o setor de tele-fonia fixa e a metodologia de conversão datarifação local de pulsos para minutos.

Plenário 8, às 10h

Diplomas de CubaA Comissão de Relações Exteriores e

de Defesa Nacional promove audiênciapública sobre o reconhecimento de diplo-mas de medicina expedidos em Cuba.

Plenário 3, às 10h

CongonhasA Comissão de Fiscalização Financeira

e Controle realiza audiência pública paratratar da reforma da pista de pouso do ae-roporto de Congonhas, em São Paulo.

Plenário 9, às 11h

Pregão eletrônicoA Comissão Especial de Licitações e

Contratos (PL 7709/07) realiza audiênciapública para discutir a retirada da urgênciao projeto de lei 7709/07, que prevê o uso depregão eletrônico na compra e contrataçãode produtos e serviços pela administraçãopública, inclusive em relação a obras. Foiconvidado o ministro do Planejamento, Or-çamento e Gestão, Paulo Bernardo Silva.

Plenário 10, às 14h

O presidente da Câmara,Arlindo Chinaglia, disse ontemser contrário à redução da mai-oridade penal e ressaltou a ne-cessidade de discutir melhor oforo privilegiado para autorida-des públicas. Ele deu opiniõessobre vários assuntos em debaterealizado pelo conselho federalda Ordem dos Advogados doBrasil (OAB). Chinaglia co-mentou temas considerados pri-oritários para a Ordem, como asmudanças do Código Penal e areforma política. Em sua reuniãomensal, o conselho discute te-mas da agenda nacional consi-derados prioritários pela OAB.

Em relação à maioridade pe-nal, Chinaglia afirmou que nãohá comprovação de que essamudança diminuiria os índicesde criminalidade. O presidentelembrou que opiniões contrári-

Chinaglia diz na OAB que écontra redução da maioridade

as à redução questionam sua efi-cácia. Ele disse, no entanto, serfavorável ao aumento da idademáxima de internação do me-nor condenado - de 21 anos para24 anos de idade. (Leia mais so-bre o tema na página 8)

Debate na CâmaraO presidente também abor-

dou na reunião as medidas decombate à violência em análisena Câmara. Ele lembrou que adiscussão de mudanças nas legis-lações penal e processual penalsão antigas e foram iniciadas an-tes da morte do garoto João Hé-lio, no Rio de Janeiro. Afirmouque sempre teve resistência a in-cluir propostas na pauta em mo-mentos de episódios de comoçãonacional, mas assinalou que nãopode haver tema proibido para oCongresso Nacional.

Chinaglia garantiu que dará

continuidade à discussão sobreas medidas preventivas e decombate à violência, como a re-formulação do Código Penal,mas advertiu que há um limitepara o papel do Legislativo nes-se processo. “A Câmara tam-bém tem que cobrar dos outrosPoderes que façam com mais ra-pidez seu papel.” O presidenteressaltou que é preciso discutiro papel do Judiciário e das polí-cias no combate ao crime.

Foro privilegiadoSobre a possibilidade de con-

cessão do foro privilegiado paraex-autoridades públicas, China-glia ressaltou que o assunto é po-lêmico. Ele lembrou que era con-trário a esse benefício, mas disseque está revendo o assunto e temouvido opiniões favoráveis.

O presidente da OAB, Ce-zar Britto, afirmou que a enti-

dade defende a modificação oua extinção do foro privilegiadopara autoridades. Esse benefício,segundo ele, tem contribuídopara a impunidade, já que nãohá casos de julgamento no Su-premo Tribunal Federal (STF)de autoridades beneficiadas peloforo privilegiado. “Queremosum Brasil que apure as suas res-ponsabilidades”, disse.

Para Britto, a realidade de-monstra que o foro não é neces-sário. “Se queremos um Brasilque apure as responsabilidadese o foro não está servindo para aapuração dessas responsabilida-des, ele tem que ser modificadoou ser extinto.” Além da extin-ção do foro privilegiado, Brittodefendeu a importância de vo-tar o fim da reeleição. (SílviaMugnatto e Bruno Angrisano,da Rádio Câmara)

Ainda na reunião daOAB, o presidente da Câ-mara, Arlindo Chinaglia,afirmou que a aprovaçãodo voto em listas fechadase o financiamento públicode campanhas já repre-sentariam um avanço sig-nificativo para os siste-mas eleitoral e partidáriobrasileiro.

Para Chinaglia, o fi-nanciamento público decampanha, por exemplo,vai dar condições iguaisa todos os partidos e can-didatos. “Isso, portanto, édemocrático, interfere noresultado, exatamenteporque limitaria a força dopoder econômico no pro-cesso eleitoral, que émuito grande.”

A reforma política pro-posta pela entidade inclui,além de pontos conside-rados prioritários pelo go-verno, como a fidelidadepartidária, o financiamen-to público de campanhaseleitorais e o voto em lis-tas fechadas, temas maispolêmicos como o fim dareeleição, a redução deoito para quatro anos nomandato dos senadorese o “recall” (instrumentoque permite que o eleitorcasse o mandato de polí-ticos eleitos).

Chinaglia reafirmouaos advogados a impor-tância da contribuição deentidades civis, como aOAB, ao processo legis-lativo e afirmou que as crí-ticas ao trabalho parla-mentar são bem-vindas.As críticas justas, segun-do ele, são “todas bem-vindas”, mas avaliaçõesgeneralistas sobre o con-junto do Parlamento “sãodifíceis de assimilar”. Eleadmite, no entanto, queisso não pode ser usadopara esconder as falhasdo Legislativo. (SM e BA)A pauta completa do plenário e das comissões pode ser consultada no endereço eletrônico

www2.camara.gov.br/agendacdSAIBA

Presidente destacalistas fechadas e

financiamento público

REFORMA POLÍTICA

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Brasília, 14 de março de 2007 3

Obstrução deixa Plenário sem votaçõesNo primeiro dia de obstru-

ção feita pelos partidos oposici-onistas, o Plenário da Câmaranão votou projetos ontem. Aestratégia dos adversários dogoverno de obstruir os trabalhosé um protesto, feito por mano-bra regimental, para garantir ainstalação da CPI do ApagãoAéreo. A Ordem do Dia come-çou pontualmente às 16 horas.A única votação a ter um avan-ço objetivo foi a de um requeri-mento da base governista queinverteu a pauta para incluir,como itens iniciais, os projetosde lei considerados prioritáriospela bancada feminina.

Assim, o primeiro item dapauta passou a ser o PL 4125/04,da CPMI da Exploração Sexual,que obriga os hotéis, bares, res-taurantes e similares a exibiravisos, mensagens ou cartazesinformando que é crime subme-ter crianças ou adolescentes àprostituição ou à exploração se-xual. Depois da análise de seisrequerimentos apresentadoscom base no Regimento Inter-no por iniciativa do PFL, doPSDB e do PPS para atrasar ostrabalhos, o presidente ArlindoChinaglia encerrou a sessão às19 horas. Ele convocou outrasessão para hoje, às 14 horas, coma mesma pauta de ontem.

ReuniãoOs líderes oposicionistas

confirmaram nesta terça-feira,em reunião com o presidenteArlindo Chinaglia, que preten-dem obstruir as votações doplenário até a instalação da CPIdo Apagão Aéreo. Apesar daobstrução, Chinaglia afirmou

que a pauta será mantida. “Aobstrução atrasa, mas não im-pede os trabalhos. Todos sabemque as manobras regimentaissão um tipo de enfrentamentopolítico”, afirmou.

O presidente afirmou queconsidera todos os recursos re-gimentais como democráticos.Segundo ele, a obstrução podecontinuar até que o SupremoTribunal Federal (STF) decidasobre o mandado segurançaprotocolado por líderes oposi-cionistas para garantir a insta-lação imediata da CPI. “Não mecabe fazer nenhum julgamentosobre o comportamento de cadabancada. Quem vai julgar é a so-ciedade”, disse.

JustificativaAo justificarem a obstrução,

deputados oposicionistas defen-deram o direito das minorias parapedir a instalação da CPI doApagão Aéreo. Dessa forma, eleprocuraram deixar claro que nãosão contra o mérito dos projetosda bancada feminina. Líder daminoria na Casa, o deputado Jú-lio Redecker (PSDB-RS) rea-firmou que não se tratava de secolocar contra os projetos de in-teresse das mulheres. “O que nãopodemos permitir é a restriçãodos interesses da minoria. Essaobstrução é contra o maniqueís-mo, principalmente do PT, quediz não haver estatuto da mino-ria nesta Casa”, disse.

O deputado José CarlosAleluia (PFL-BA) acrescen-tou que há semanas a oposiçãodefende a entrada desses proje-tos (da bancada feminina) napauta, “e isso só não aconteceu

porque o governo não quis”.Coerente com o discurso docolega, o líder do PFL, deputa-do Onyx Lorenzoni (RS) in-formou que ontem todas as co-missões foram todas obstruídaspela oposição”. Para ele, nomomento em que a Mesa Dire-tora decidiu negar a determi-nação constitucional de retiraro direito da minoria de imple-mentar a CPI, “o Governo Lulareafirma um viés autoritário demuita gravidade”.

Mesmo fazendo parte daoposição, a deputada LucianaGenro (Psol-RS) colocou-secontra os partidos que queriamobstruir a pauta. “O PFL queagora se coloca como o grandedefensor da minoria é o mesmoque é a favor da cláusula de bar-reira”, acusou. Ela sustentouque, “não se pode obstruir a lutadas mulheres”.

Para o líder do PPS, depu-tado Fernando Coruja (SC),“as mulheres só serão respei-

tas quando todas as minoriasforem. E as minorias represen-

tadas nessa Casa têm direito àCPI”, argumentou.

O deputado Beto Albuquer-que (PSB-RS), vice-líder dogoverno, disse que a oposiçãoquer transformar a CPI em umpalanque político. “Eles nãoquerem saber de atraso de avião,e sim de atrasar o Brasil. Vamosenfrentá-los em Plenário”, res-saltou. O deputado Raul Jung-mann (PE), vice-líder do PPS,afirmou que a minoria não podeser responsabilizada pelo fatode matérias importantes nãoserem votadas. Segundo ele,cabe ao governo, que tem amaioria, assegurar os votos ne-cessários para conseguir a apro-vação das propostas em pauta.

A estratégia da oposição deobstruir as deliberações naCâmara em protesto contra asuspensão da instalação daCPI do Apagão Aéreo funcio-nou ontem na Comissão deConstituição e Justiça e de Ci-dadania (CCJ). A reunião dacomissão, com 57 proposi-ções na pauta, foi encerradaapós uma hora de manobrasprotelatórias de deputados daoposição, sem que fosse vo-tado um item sequer. Diversasquestões de ordem foramapresentadas para atrasar ostrabalhos da CCJ.

Durante a reunião, o depu-tado Antonio Carlos MagalhãesNeto (PFL-BA) afirmou que omedo dos resultados das in-vestigações é a única explica-ção para a suspensão da CPI.

Oposição paralisa trabalhos da CCJEle afirmou que a situação atu-al lembra a malsucedida tenta-tiva da base aliada de frustrar aCPMI dos Correios em 2005. “Oargumento [falta de objeto es-pecífico para as investigações]era o mesmo”, reforçou.

O deputado Magela (PT-DF)questionou a estratégia da opo-sição. Para ele, atrasando asdeliberações da CCJ, entre elasa votação do recurso que sus-pendeu a criação da CPI, osoposicionistas adiam aindamais a instalação da comissãode inquérito. O presidente daCCJ, deputado Leonardo Pic-ciani (PMDB-RJ), convocounova reunião para hoje, às 10horas, no plenário 1. A secreta-ria da comissão confirmou queo recurso contra a instalaçãoda CPI estará em pauta.

Parlamentares repercutem intenção do governo de criar TV públicaO vice-líder do PFL, depu-

tado José Carlos Aleluia(BA), criticou em Plenário aintenção do governo de criaruma rede nacional de televi-são e rádio. Para ele, o Partidodos Trabalhadores “está que-rendo, de forma mais ampla,profissional e autoritária, in-fluenciar a mente das pessoas.É assim que se começa um re-gime autoritário”, afirmou.

No entender de Aleluia, oque está em jogo é a democra-

Os deputados aprovaram a inversão da pauta, mas aobstrução feita pela oposição impediu a votação de projetos

cia e a existência da oposição.“Estamos contra a formação deuma rede oficial para dar a no-tícia oficial. Esta tentativa doLula e do seu governo de criaruma rede para capturar asmentes e os corações dos bra-sileiros é o que está em jogo”,ressaltou o parlamentar.

Em resposta a Aleluia, o de-putado Henrique Fontana(PT-RS) avaliou que a estru-turação de uma rede pública detelevisão não trará riscos à de-

mocracia. O parlamentarquestionou o deputado pefelis-ta se houve algum risco para ademocracia quando o governoinglês estruturou a rede públi-ca BBC, ou quanto o governoitaliano instituiu a RAI (redepública italiana), ou aindaquando o governo espanholcriou a rede TVE. “Podemosconviver democraticamentecom redes privadas de televi-são, que são concessões públi-cas, e podemos ter o direito de

ter uma televisão pública quevai exercer um papel que astelevisões privadas não exer-cem”, ressaltou Fontana. Paraele, “quanto mais informação,mais democracia”, afirmou.

Para o deputado Nelson Pe-llegrino (PT-BA), o processode democratização do estadopassa pela possibilidade de ha-ver uma convivência demo-crática entre o público e o pri-vado. “A democracia é a possi-bilidade de livre circulação das

idéias. E o cidadão tem direitoa acessar todas as informa-ções”, afirmou.

Ele afirmou que, no Brasil,há o monopólio dos meios decomunicação, que segundo eleinformam conforme interessesprivados. O deputado disseconsiderar importante a cria-ção de grupos de trabalho queestudem e apresentem alter-nativas à legislação sobre osmeios de comunicação no Bra-sil. (Newton Araújo Jr.)

COMUNICAÇÃO

GILBERTO NASCIMENTO

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4 Brasília, 14 de março de 2007

PINGA-FOGO

FundebRelatora da medida provisó-

ria que regulamenta o Fundeb,Fátima Bezerra (PT-RN) infor-mou que vai apresentar seu pa-recer amanhã, para que a pro-posta possa ser votada peloPlenário já na próxima sema-na. Segundo a deputada, o tex-to final será resultado de umaampla discussão promovidapela Casa, que realizou váriosdebates sobre o assunto, ou-vindo autoridades da União, dosestados e municípios, além derepresentantes da sociedade ci-vil organizada. Fátima Bezerradestacou ainda que a participa-ção financeira da União paramanter o Fundeb será cada vezmaior. Ela afirmou que já estãoassegurados R$ 2 bilhões parao novo fundo neste ano e, a par-tir do quarto ano de vigência, ogoverno federal deve se respon-sabilizar por, no mínimo, 10%dos recursos do Fundeb.

Violência 1A violência é o principal

tema da sociedade e da im-prensa, afirmou Zequinha Ma-rinho (PMDB-PA), lembrandoque a Câmara aprovou recen-temente vários projetos naárea de segurança pública.Mas a questão legal, segundoo deputado, não deve ser aúnica forma de combater a vi-olência. Para ele, a falta de se-gurança convive com outros te-mas igualmente importantes,como o aquecimento global,controle da inflação e outros,“mas nada vai melhorar se ocidadão não sentir que suavida está em segurança”. A vi-olência, que até pouco tempoatrás era maior nos grandescentros, hoje avançou sobre aspequenas e médias cidades,inclusive no Pará, lamentou.

Violência 2Com 20 anos de atuação

como delegado e quase oitocomo chefe da Polícia Civil doDistrito Federal, Laerte Bessa(PMDB-DF) diz que a culpa peloaumento da violência no Brasilnão é das instituições que pro-movem a segurança pública. Nocaso da Polícia Civil, argumen-tou, é difícil melhorar a investi-gação criminal quando 60% docontingente policial no Brasilsão desviados de função paratrabalhar na carceragem dasdelegacias. “ A miséria, o de-semprego, a benevolência dalegislação penal e a situaçãocaótica do sistema penitenciá-rio brasileiro são alguns dos fa-tores que contribuem para au-mentar de forma significativa aviolência no País”, afirmou.

O deputado Jilmar Tatto(PT-SP) criticou a tentativa deinstalação da CPI do ApagãoAéreo e acusou a oposição de sepautar por uma agenda negati-va, não com a intenção de in-vestigar eventuais irregularida-des no setor de aviação, mas paratravar o desenvolvimento doPaís. Na opinião do deputado, ogoverno federal tem mecanis-mos de averiguação e de contro-le, uma vez que houve aumentodo efetivo da Polícia Federal. ACâmara, segundo ele, tambémtem esses mecanismos, pormeio de comissões como a deConstituição e Justiça, “ mas aoposição atrapalha o funcio-namento dessas comissões”, aoexigir a criação de CPIs. “Oque a oposição quer, na verda-de, é atravancar, fazer com queo Plano de Aceleração do Cres-cimento não seja aprovadonesta Casa. E isso não pode-mos admitir. Temos de fazer odebate público transparente,para que o Brasil possa crescercada vez mais”, defendeu.

Jilmar Tatto

Jilmar Tatto afirma que oposiçãoquer inviabilizar votação do PAC

Para Tatto, não se pode fazerdas vítimas do acidente aéreoocorrido com o avião da Gol noano passado um motivo de co-moção social para criar uma CPI.O deputado lembrou que o PTentrou com recurso na CCJ con-tra a criação da comissão, por-que há “ flagrante de ilegalidadeno objeto do pedido, pois nãoexiste fato determinado, o quenos leva a concluir que a oposi-ção nesta Casa, liderada peloPSDB, quer evitar o que inte-ressa ao País, que é o debate so-

bre o PAC”, argumentou.Para o deputado, o PAC cor-

responde aos anseios da socie-dade brasileira, já que prioriza oinvestimento em infra-estrutu-ra. “A partir do momento emque conseguirmos agilizar oprocesso de implantação de in-fra-estrutura, haverá aumentodas exportações e um Brasilcom um dos menores risco-paísda história. Já temos mais deUS$ 100 milhões de reservascambiais” O Brasil tem tudo paracrescer, distribuir renda e melho-rar ainda mais a qualidade devida do seu povo”, acrescentou.

A importância dos investi-mento do PAC em diferentessetores e regiões foi destacadapelo deputado. Ele disse que oPaís deve investir R$ 274,8 bi-lhões no setor energético e R$58,3 bilhões no setor de logís-tica, em portos, aeroportos,rodovias, ferrovias. O deputa-do citou ainda os recursos doMinistério das Cidades, de R$170 bilhões, e destacou queesses investimentos ocorrerão

de forma regionalizada.Jilmar Tatto salientou ain-

da que o primeiro governo dopresidente Lula foi marcadopelos investimentos sociais.“Além do investimento doponto de vista concreto doOrçamento, dos recursos pú-blicos, a auto-estima do povoaumentou bastante. As orga-nizações populares consegui-ram de uma vez por todas se ex-pressar, reivindicar”, avaliou.Para o deputado, o governo fe-deral conseguiu mobilizar opovo para que suas conquistasfossem mantidas e aperfeiçoa-das, mesmo com “forte emba-te” da mídia e dos partidos deoposição. “O governo teve acoragem e a ousadia de apresen-tar à sociedade brasileira, no se-gundo mandato, um governofortalecido pelas urnas e poruma base de coalizão com 11partidos. Em poucos momen-tos da história deste País tive-mos uma base de sustentaçãoassim nesta Casa e no Congres-so Nacional”, afirmou.

Ao abordar o aumento daviolência no País e a gravidadedos crimes cometidos por ado-lescentes, a deputada GoretePereira (PR-CE) destacou que,muitas vezes, a origem do pro-blema está no fato de que asmães presidiárias são impedidasde conviver com seus filhos.Para a parlamentar, a situaçãoda mulher presidiária, que estáausente da educação dos filhos,pode ter reflexos no aumentoda criminalidade entre crian-ças e adolescentes.

Na avaliação de Gorete Pe-reira, não basta aumentar aspenalidades contra os menoresinfratores pois é necessário ha-ver uma revisão de todo o sis-tema prisional. “Precisamosnos preocupar com as manche-tes de jornais que fomentam osmovimentos para a favor do en-durecimento das penas. Ondeestariam esses mesmos adoles-centes infratores se tivessemmães presentes e condiçõesmínimas de educação, saúde e

Gorete Pereira

Gorete Pereira defende direitos de presidiáriaslazer efetivamente garantidaspelo Estado?”, indagou.

Segundo a deputada, o temajá foi tratado em diferentes do-cumentos e leis internacionais,como a Convenção de Belémdo Pará sobre a erradicação daviolência contra a mulher(1994), a Declaração de Pequim(1995) e a Resolução 58/183 daAssembléia Geral da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU).Mesmo assim, afirmou, a análi-se da realidade dos presídiosbrasileiros revela descaso comimplantação de políticas volta-das para a mulher.

Gorete Pereira citou aindadados do Ministério da Justiçade 2003, segundos os quais asmulheres somam apenas 12 milentre os 308 mil presos no País,representando um percentualde 3,89%. A deputada destacouque, no estado de São Paulo, há6.157 mulheres presas, dasquais 62% estão cumprindopena em local inapropriado,embora signifiquem um núme-

ro diminuto da população car-cerária. No seu estado, o Ceará,informou Gorete, há apenasuma penitenciária feminina, oInstituto Penal Feminino De-sembargadora Auri MouraCosta (IPF). “Isso mostra a de-sigualdade de tratamento en-tre homens e mulheres. O Es-tado prioriza o atendimentodos homens. Há clara ação dediscriminação estatal, comfrontal descumprimento dostratados internacionais ratifi-cados pelo Brasil”, avaliou.

Gorete Pereira defendeu aisonomia de tratamento entrehomens e mulheres presos e res-saltou que em muitos presídiosnão existe creche, as mães en-frentam dificuldades para ama-mentar e não há como acom-panhar o desenvolvimentoeducacional de seus filhos, queacabam se tornando margi-nais. “Precisamos pensar se émelhor que fiquem presas ouque saiam para se ressocializa-rem, voltem ao trabalho, cui-dem dos filhos, o que evitariaesse descaso tão grande den-tro da sociedade”, defendeu.

A deputada fez ainda umapelo aos líderes da Oposiçãopara que não obstruam a pautade votações do Plenário, já queestão em debate projetos de in-teresse da bancada feminina.“Havia acordo para votarmostodos esses projetos, que tra-mitam na Casa há muito tem-po; além disso, a sociedadeclama por vê-los aprovadosnesta Casa”, ressaltou.

GILBERTO NASCIMENTO

GILBERTO NASCIMENTO

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Brasília, 14 de março de 2007 5

PINGA-FOGO

A Câmara vai retomar otrabalho de consolidação dasnormas legais brasileiras. Opresidente Arlindo Chinagliadesignou o deputado Vaccare-zza (PT-SP) para coordenar oGrupo de Trabalho de Conso-lidação da Legislação Brasilei-ra, mais conhecido como GT-Lex. Nas próximas semanas ospartidos devem indicar os de-putados que vão integrar o gru-po. A idéia é inserir as banca-das nesse debate.

As normas (leis, decretosexecutivos e decretos legislati-vos) serão separadas por tema.Haverá, por exemplo, uma con-solidação para as leis ambientais,outra para as leis político-elei-torais, outra para as leis da segu-ridade social. No momento, já háum grupo técnico trabalhandono levantamento de toda a le-gislação federal, que deve acabarem meados de julho.

Nessa primeira fase, o obje-tivo é reunir as normas que nãoforam expressamente revoga-das, para depois separá-las portemas. A princípio os técnicospretendem repartir as normasentre 14 temas, mas eles mes-mos reconhecem que o númeropode subir. Durante essa fasedevem surgir as normas que po-derão ser revogadas.

O “inventário” da legislaçãofederal não é uma tarefa fácil.Um levantamento da Casa Ci-vil da Presidência da Repúblicaconstatou que existem 177.673

Grupo de trabalho retomaconsolidação das leis brasileiras

Vaccarezza

normas legais federais no país.Muitas são desconhecidas dapopulação e dos próprios opera-dores do direito. Outras são con-flitantes com a Constituição.

“Hoje ninguém sabe o que élegal e o que não é legal. Temos 177mil leis em vigor. Milhares delassão obsoletas, outras não chegaramnem a entrar em evidência, por-que não pegaram, outras colidementre si e outras milhares coli-dem com a Constituição”, afir-mou Vaccarezza. “Vamos revogaras leis que são injurídicas e quesão colidentes com a Constitui-ção. Às demais, vamos dar raci-onalidade, deixando mais claroo que é legal e o que não é”, ex-plicou o parlamentar, que prevêque o GT-Lex levará três anospara concluir a tarefa.

O trabalho não é novidadepara o deputado. Ele executouuma tarefa semelhante quan-do era deputado estadual, emSão Paulo. Vaccarezza coorde-

nou o grupo que consolidou asleis estaduais e que em doisanos de atividade conseguiurevogar 13 mil leis paulistas.

Vaccarezza afirma que aconsolidação da legislação portemas facilitará o trabalho dosoperadores de direito, como ju-ízes, advogados e promotores, emelhorará o acesso do cidadãoà legislação federal. O grupo detrabalho deverá ainda conver-sar com a Ordem dos Advoga-

A Câmara aprovou em2000 projeto de lei comple-mentar prevendo a possibili-dade de consolidação dasleis. Transformada em normajurídica no ano seguinte, a LeiComplementar 107/01 prevêque as leis federais serãoreunidas em codificações econsolidações, integradaspor volumes contendo maté-rias conexas ou afins, consti-tuindo em seu todo a Consoli-dação da Legislação Federal.A consolidação integrará todasas leis pertinentes a determi-nada matéria num único diplo-ma legal, revogando formal-mente as leis incorporadas àconsolidação, sem modifica-ção do alcance nem interrup-ção da força normativa dosdispositivos consolidados.

O GT-Lex está previsto noRegimento Interno da Casa efoi criado pela primeira vez em1997. Na época a coordena-ção ficou com o deputado Bo-nifácio de Andrada (PSDB-

Lei complementar prevê consolidação

A Comissão de Fisca-lização Financeira e Con-trole aprovou, na semanapassada, requerimentopara inspeção extraordiná-ria do Tribunal de Contasda União (TCU) em edi-tais para instalação deequipamentos de monito-ramento de velocidade deveículos. Os editais forampublicados pelo Departa-mento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes(DNIT), na modalidade deconcorrência pública, paracontratação de empresaespecializada em monito-

Comissão pede inspeção do TCU em licitações de radaresramento de velocidade por meiode radares fixos e lombadas ele-trônicas nas rodovias federais.

Para o autor do requerimen-to, deputado Arnaldo Jardim(PPS-SP), “essa inspeção ex-traordinária se faz necessáriae urgente devido à gravidadedas denúncias veiculadas naimprensa nacional sobre falhasno processo licitatório”. O de-putado alerta para as suspeitasdivulgadas pela imprensa deque os editais teriam sido di-recionados para beneficiar asmaiores e mais antigas empre-sas do mercado, excluindo asmenores e mais jovens.

SobrepreçoUma das empresas do ramo

denunciou, com ampla reper-cussão na mídia, que há sobre-preço nos itens licitados. “Paraas lombadas eletrônicas, a di-ferença chega a 100,8%, en-quanto para os radares fixos adiferença atinge 187%”, ressal-ta Arnaldo Jardim. Além dis-so, o parlamentar aponta outraimprecisão no edital, que exigena fase de habilitação experi-ência de, no mínimo, 232 fai-xas de rolamento. “Posterior-mente, na fase de pontuaçãotécnica, o licitante fica obriga-do a comprovar o monitora-

mento de uma a 232 fai-xas de rolamento”, diz.

Por causa das denúnci-as, os processos licitatóri-os estão suspensos desde odia 30 de janeiro. Entre-tanto, na avaliação de Ar-naldo Jardim, “a suspensãonão basta, pois trata-se demedida administrativaque não implica o esclare-cimento de todas as dúvi-das”. Portanto, a seu ver, ainspeção do TCU é funda-mental para garantirtransparência e lisura naslicitações públicas doDNIT. (Vânia Alves)

dos do Brasil (OAB), o Execu-tivo e o Judiciário, que têm in-teresse no trabalho.

Há casos também de leis que“perderam o objeto”, ou seja,tratam de questões há muitoabandonadas, mas que não fo-ram formalmente excluídas dalegislação nacional. É o caso daLei 380, de 1937, que trata daaposentadoria e pensão dos tra-balhadores em trapiches e arma-zéns de café. (Janary Jr.)

MG), que chegou a apresen-tar dois projetos de consoli-dação – os PLs 151/99 e2277/99. O primeiro abarca alegislação mineral e aguardavotação no plenário. O outrotrata das leis eleitorais e foiarquivado ao final da legisla-tura passada.

Em 2000, a Casa Civil ini-ciou um trabalho semelhan-te, que não chegou a ser con-cluído, gerando, no entanto,11 projetos, dos quais trêsestão efetivamente tramitan-do na Câmara (PLs 4000,4202 e 4402, todos de 2001).O PL 4202 é um bom exem-plo do que se pretende com otrabalho de consolidação. Deuma só tacada ele revoga 270normas, entre leis, decretoslegislativos e decretos-lei. Omais antigo é de 1919. O maisrecente de 1994. Segundo ogoverno, as normas elenca-das encontram-se em confli-to com leis posteriores e coma própria Constituição. (JJ)

Vaga para idosoProjeto de lei objetiva

emendar o Estatuto do Ido-so, concedendo duas va-gas em aviões para pesso-as de baixa renda com maisde 65 anos. O autor do pro-jeto, deputado BarbosaNeto (PDT-PR), considerouuma falha da lei a obrigato-riedade de vagas apenaspara o transporte ferroviá-rio e rodoviário. Outras duasvagas, segundo o projeto,serão oferecidas pelasempresas de aviação comdesconto de 50%. Na visãode Barbosa Neto, a medi-da busca facilitar a integra-ção social dos idosos,além de oferecer uma alter-nativa de transporte maisrápida. O parlamentar ob-servou que as vagas sãoadequadas, inclusive porqueas empresas aéreas têmfeito promoções constantesno preço das passagens.

Mulher policialNa visão do deputado

Antônio Roberto (PV-MG),defendeu a aprovação doprojeto de lei que regula-menta a aposentadoria damulher policial, que segun-do o texto poderia se apo-sentar depois de 25 anosde contribuição. AntônioRoberto citou matéria publi-cada pelo Estado de Minas,onde registra que, entre osanos de 2000 a 2006, maisde 1.500 mulheres foramassassinadas no estado,sem que os crimes tenhamsido apurados e os respon-sáveis punidos. Diante dosdados, Antônio Roberto co-brou do poder público açõesafirmativas contra a violên-cia doméstica e familiar.

Incentivos em TOO governo de Tocantins

aposta na concessão debenefícios sociais e no in-centivo a novos empreen-dimentos, segundo teste-munhou o deputado JoãoOliveira (PFL-TO). De acor-do com o deputado, com ainiciativa o estado deixa deter a economia baseadaapenas no setor agropas-toril para ampliar as opor-tunidades econômicas.João Oliveira avaliou que apolítica desenvolvida pelogoverno demonstra seusucesso a partir dos resul-tados do tesouro estadual.Tocantins fechou o anopassado, disse o deputa-do, como o 4º estado commaior economia de recur-sos públicos.

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6 Brasília, 14 de março de 2007

Ministro debaterá mudanças em concessõesO calendário de audiências

públicas da subcomissão especi-al criada para analisar mudançasnas normas de apreciação dosatos de outorga e renovação deconcessão, permissão ou autori-zação de serviço de radiodifusãosonora e de sons e imagens in-cluirá uma audiência com o Mi-nistro das Comunicações, HélioCosta. As audiências começamamanhã, com a discussão sobreas outorgas para emissoras co-merciais, e prosseguem até abril.

Na tarde de ontem, deputa-dos que integram a subcomissãoreuniram-se com consultoreslegislativos da Câmara para ana-lisar o marco regulatório da ra-diodifusão no Brasil. O consul-tor Cristiano Aguiar Lopesmostrou aos deputados o com-plexo conjunto de diferentes leisque regulam as atividades do se-tor, entre elas o Código Brasi-leiro de Telecomunicações (Lei4117/62), a Lei da TV a Cabo

Luiza Erundina

(Lei 8977/95), a Lei Geral de Te-lecomunicações (Lei 9472/97),entre outros dispositivos legais.

Realidades estabelecidasO consultor ressaltou que le-

gislação brasileira acabou mol-dada por realidades já estabele-cidas pelo mercado, pois o Esta-do sempre regulamentou ativi-dades já implantadas. A presi-dente da subcomissão, deputa-da Luiza Erundina (PSB-SP),afirmou que os parlamentares jáperceberam que o marco regu-latório da radiodifusão está de-satualizado e reiterou a impor-tância do debate sobre a digita-lização das comunicações paraque o Legislativo antecipe-se.

Artigo 223Erundina afirmou que a reu-

nião foi “bastante proveitosa”para que os deputados tenhamcompreensão da legislação exis-tente. Ela destacou que um dosprincipais problemas do marcolegal atual é a falta de regula-

mentação do artigo 223 daConstituição. Segundo a parla-mentar, a regulamentação desteartigo poderá definir as compe-tências e prerrogativas das dife-rentes instâncias governamen-tais no processo de outorga dasconcessões de rádio e TV.

A deputada também afirmouque, além da radiodifusão digi-tal, a radiodifusão comunitária

- tema da audiência públicamarcada para quinta-feira (15)-, e a radiodifusão educativa -que será discutida em 20 de mar-ço -, são assuntos prioritáriospara a subcomissão.

A subcomissão, criada noâmbito da Comissão de Ciência

e Tecnologia, Comunicação eInformática, tem 30 dias, pror-rogáveis por mais 30, para con-cluir seus trabalhos. Enquantoisso, está suspensa a apreciaçãodos atos de outorga das emisso-ras de rádio e TV pela comissão.(Cristiane Bernardes)

O deputado LeandroSampaio (PPS-RJ), integran-te da subcomissão, lembrouque, atualmente, muitas em-presas de televisão por assi-natura “alugam” canais paraempresas, entidades e atémesmo igrejas, sem quehaja controle do Poder Públi-co ou concessão. Segundoele, ao debater novas regraspara análise dos processosde outorga ou renovação daconcessão, os parlamenta-res precisam estar atentospara situações como essas.

Deputado aponta falta de controleOs consultores enfatiza-

ram o caráter genérico danorma constitucional que atri-bui ao Congresso a aprecia-ção dos processos de outor-gas e concessões de radio-difusão. Segundo eles, oCongresso pode propor nor-mas e critérios para que hajafiscalização das empresasdurante o tempo da conces-são, subsidiando os parla-mentares para uma avalia-ção mais correta dos pro-cessos de renovação dasconcessões. (CB)

(J. BATISTA

Presidente do Inca propõe maior ênfase a prevençõesO Brasil precisa mudar o perfil

de seus gastos no combate ao cân-cer. Essa foi a tônica da apresenta-ção do presidente do Instituto Na-cional do Câncer, Luiz AntônioSantini, na audiência pública quea Comissão de Seguridade Social eFamília promoveu em comemo-ração aos 70 anos da instituição.Santini afirmou que essa é uma daslinhas principais da Política Naci-onal de Controle do Câncer, ela-borada por profissionais da saúdepública e entidades científicas,apresentada ontem à comissão.

Santini explicou que o Brasilainda gasta a maior parte de seusrecursos no tratamento de doen-tes em fase clínica, quando deve-

ria investir em informação, pre-venção e detecção precoce da do-ença, quando o tratamento temmais chances de cura.

O Brasil teve 472 mil casos decâncer em 2006. Em todo mundoa incidência cresce por causa doaumento na expectativa de vida .A Aids, em 24 anos acumulou omesmo número de pacientes nopaís, muito por causa do eficienteprograma de prevenção da doençano País.

Do total de casos no país, 50,3%são em homens. A maior parte doscasos é de câncer de próstata, pul-mão e estômago. Nas mulheres,49,7% dos casos, a maior incidên-cia é de mama, colo do útero e colo

retal. De acordo com Santini, es-ses dados ilustram a importânciada prevenção. Se tratado precoce-mente, o câncer de próstata, é, se-gundo ele , de baixa mortalidade.O de colo do útero, é evitável ecurável. Isso porque é transmitidosexualmente e a informação po-deria evitar a maior parte dos ca-sos.

A incidência do câncer de estô-mago vem caindo, resultado pro-vável, acredita o presidente do Inca,da melhoria das condições de ar-mazenamento dos alimentos. Isso

Combate à doença exige investimentos maioresO presidente do Inca defen-

deu os aumentos dos gastospara o País alcançar os níveisde sobrevida atingidos nos pa-íses desenvolvidos. Na Euro-pa e Estados Unidos, o paci-ente sobrevive de 12 a 16 anos,no Brasil, com diferenças regi-onais, de 2 a 4 anos. Na Áfricae Oriente Médio, menos de 2anos. Ele mostrou pesquisanorte-americana que mostrouque, em 1996, para um paci-ente sobreviver 11 meses,eram gastos US$ 500 Hoje,são US$ 250 mil para sobrevi-da de 24 meses, por causa daincorporação de tecnologia e o

aumento no preço dos medica-mentos usados.

Dr. Nechar (PV-SP) criticou oscortes nos recursos para a Saú-de e o deputado Nazareno Fon-telles (PT-PI) disse ser precisoregulamentar a vinculação deverbas para a área.

Santini afirmou que a detec-ção precoce da doença passanecessariamente pela qualifica-ção de toda a rede de saúde.“Quem detecta o câncer não é ooncologista, que trata a doença,mas o médico de família, do pos-to de saúde e ele precisa estarpreparado para fazer os exames,como papa nicolau, mama etc”. A

melhoria dos serviços de ma-mografia e disponibilização debiópsia para todos os casosque necessitam do exame fo-ram metas expostas pelo pre-sidente do Inca.

O presidente do Inca infor-mou que o instituto tem enfrenta-do questionamentos do Tribunalde Contas da União, que nãoconcorda com o uso de uma fun-dação para contratar parte dopessoal que trabalha hoje noInca. O deputado Darcísio Pe-rondi (PMDB-RS), que presidiua audiência, colocou a comissãoà disposição para buscar umasolução para o problema. (VA)

SÔNIA BAIOCCHI

COMBATE AO CÂNCER

Presidente do Inca, Luiz Antônio Santini, e o deputado Darcísio Perondi

mostra, afirmou, a importância deadministração dos fatores de riscoque, evitados, podem diminuir oscasos da doença. Ele enfatizou que éimportante alertar para as causasprováveis e também informar so-bre como as pessoas podem ter aces-so á prevenção e tratamento.

Santini afirmou que os custoscom o câncer no Brasil, que cres-ceu 121% de 2000 a 2006, não vãodiminuir. Ele afirmou que não sóos números da doença e do acessoao tratamento cresce permanen-temente, mas também que o cân-

cer é uma doença que convive coma incorporação permanente de no-vas tecnologias, seja de remédios,seja de equipamentos.

Santini explicou que é precisodiscutir a legislação na área de for-ma a permitir que os remédios nãocheguem tão caros à ponta final. Apesquisa e a permanente evoluçãodos remédios impõem preços altos.Ele exemplificou com o caso da va-cina do HPV, uma das causas do cân-cer de colo de útero, que custa R$900 e a vacina contra o sarampocusta R$ 0,01. (Vânia Alves)

RÁDIO E TELEVISÃO

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Brasília, 14 de março de 2007 7

Em ato que contou com apresença do Presidente da Câ-mara, Arlindo Chinaglia, foiinstalada ontem na Câmara,a Comissão Mista Especial deMudanças Climáticas elegeuseus dirigentes e definiu a li-nha de debates sobre o tema.O presidente eleito da comis-são, deputado Eduardo Go-mes (PSDB-TO), disse queela deverá ajudar na adoçãode políticas públicas relativasao clima, após a análise dasvárias iniciativas legislativasque já tramitam nas duas Ca-sas. Como exemplo, ele citouo Projeto de Lei 261/07, deautoria do deputado AntonioCar los Mendes Thame(PSDB-SP), que estabeleceuma Polít ica Nacional deMudanças Climáticas.

Eduardo Gomes ressaltouque a discussão sobre as mu-danças climáticas precisa serrealizada sob diferentes pers-

Instalada comissão mista sobre o climapect ivas , a lém daambiental. “Os as-pectos sociais e eco-nômicos do proble-ma também serãoanalisados”, afirmou

Peso internacionalNa abertura do

evento, o presidenteda Câmara, ArlindoChinaglia, afirmouque a comissão vaiproduz i r conheci-mento e sistematizarpropostas para que oBrasil possa imprimirseu peso junto à co-munidade internaci-onal quanto a esse tema. ParaChinaglia, os trabalhos dacomissão vão ajudar o Parla-mento a ter uma inserção su-perior nas relações com ou-tros parlamentos do mundo.Ele citou notícia publicadaontem na imprensa segundoa qual se a temperatura do

Brasil aumentar em 3 a 4graus centígrados 60% do querestou da Mata Atlânticatende a desaparecer. “Isso émais uma evidência de que oaquecimento global colocaem risco a humanidade. Hojequalquer criança tem a di-mensão sobre o problema

AudiênciaSegundo Eduardo Gomes, na

próxima terça-feira (20) a co-missão definirá sua agenda detrabalho e deve ser marcadauma audiência pública com aparticipação da ministra doMeio Ambiente, Marina Sil-va. Essas iniciativas, disse,

mostram que “a dispo-sição da comissão nãoé apenas retórica”.

IntegrantesComposta por sete

deputados e sete sena-dores, a comissão tam-bém escolheu ontem osenador Fernando Co-llor de Mello (PTB-AL)como vice-presidente,e o senador Renato Ca-sagrande (PSB-ES),como relator. Além dosdirigentes integram ogrupo os deputados IranBarbosa (PT-SE), JoãoPizzolatti (PP-SC),

Luiz Carreira (PFL-BA), Ro-drigo Rollemberg (PSB-DF),Rose de Freitas (PMDB-ES) eSarney Filho (PV-MA); e ossenadores Delcidio Amaral(PT-MS), Inácio Arruda(PCdoB-CE), Jefferson Peres(PDT-AM), João Ribeiro (PFL-MT) e Romeu Tuma(PFL-SP).

Presidente da comissão mista, deputado Eduardo Gomes, e vice-presidente, senador Fernando Collor

SALU PARENTE

A adoção de culturas gene-ticamente modificadas propor-ciona vários tipos de ganhospara os agricultores brasileiros,como redução dos custos deprodução, aumento da produti-vidade e redução do uso de agro-tóxicos. A análise foi feita peloprofessor da Universidade Esta-dual de Campinas (Unicamp)Edgard Pereira, durante audiên-cia pública promovida pela Co-missão de Agricultura, Pecuária,Abastecimento e Desenvolvi-mento Agrário sobre os produ-tos transgênicos. “Estima-seque os lucros obtidos, entre1998 e 2007, pelos produtoresde soja geneticamente modifi-cada cheguem a 2,9 bilhões dedólares (cerca de R$ 6,09 bi-lhões)”, explicou.

O professor, que é autor do es-tudo “Benefícios econômicos dasculturas geneticamente modifi-cadas no Brasil”, ressaltou aindaque os ganhos poderão aumentarcom o uso de transgênicos naprodução de algodão e milho, ain-da em fase inicial no Brasil.

Benefícios ambientaisEm relação ao aspecto ambi-

ental, o pesquisador destacou aredução do usos de herbicidas ede inseticidas nas culturas

Pesquisador destaca lucratividade da produção

Professor Edgard Pereira e presidente da comissão, deputado Marcos Montes

transgênicas. Ele lembrou queo controle de ervas daninhas ede pragas pelos métodos con-vencionais requer o uso inten-sivo de produtos químicos,além de máquinas e combustí-veis. “Nas culturas transgêni-cas, além de reduzir os custos eaumentar a produtividade, aemissão de produtos tóxicos ede poluentes é reduzida signi-ficativamente, o que é muitopositivo em termos ambientais,pois evita o risco de contami-nação do solo, dos rios e len-çóis freáticos”, frisou.

A resistência a herbicidas éprincipal tipo de gene comer-cializado atualmente (68%),seguido pela resistência a inse-

tos (19%) e tratamentos com-binados (13%).

Conhecimento da áreaOs argumentos do pesquisa-

dor foram avalizados por depu-tados que participaram do de-bate. Para o presidente da co-missão, deputado Marcos Mon-tes (PFL-MG), a participaçãode cientistas e pesquisadores éfundamental no debate sobre osavanço do conhecimento sobreos transgênicos.

O deputado Abelardo Lupi-on (PFL-PR), autor do reque-rimento da audiência, afirmouque, no caso do algodão, a redu-ção dos impactos ambientais émuito significativa, pois as cul-turas convencionais utilizam

cerca de 11 pulverizações de in-seticidas e herbicidas, enquan-to o algodão transgênico requerapenas uma pulverização. O de-putado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) alertou que os estudos po-derão ajudar a desmistificar os“tabus ambientais”.

Perspectivas otimistasA cultura dos transgênicos

no Brasil é recente. Em 1998,com a aprovação da venda desoja resistente ao herbicida gli-fosato, a Comissão TécnicaNacional de Biossegurança(CTNBio) abriu caminhospara o cultivo da soja transgê-

nica, que passou a ser plan-tada legalmente, com auto-rização provisória, em 2003.Dois anos depois, com aaprovação da Lei de Biosse-gurança (Lei 11105/05), ocultivo de soja e algodão ge-neticamente modificados foilegalizada de forma definiti-va. Agora, os produtores rei-vindicam a liberação do cul-tivo de milho transgênico.“Precisamos liberar esse cul-tivo imediatamente, pois éum produto essencial na ali-mentação dos brasileiros”,defendeu Abelardo Lupion.

O estudo realizado peloprofessor Edgard Pereira mos-tra que as lavouras genetica-mente modificadas registraramum crescimento, no mundo, deaté 60 vezes o total da áreaplantada entre 1996 e 2006. OBrasil é o terceiro maior produ-tor, com 11,5% da produçãomundial de soja e algodão, prin-cipalmente. Os Estados Uni-dos ocupam o primeiro lugar,com 53,5%, seguidos da Ar-gentina, com 17,6%. O Cana-

Brasil é o terceiro maior produtordá fica em quarto lugar, com 6%.

A soja é a principal culturageneticamente modificada,com 57% da produção mun-dial. No caso do Brasil, osmaiores produtores são RioGrande do Sul, Mato Grosso,Mato Grosso do Sul, Paraná,Goiás e Minas Gerais, querespondem por 85% das la-vouras nacionais. No caso doRio Grande do Sul, 97% daárea plantada da safra 2006/2007 é de soja transgênica.

LAYCER TOMAZ

TRANSGÊNICOS

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8 Brasília, 14 de março de 2007

Relator defende maioridade penal aos 16O deputado

Marcelo Itagiba(PMDB-RJ), rela-tor de 21 propostasde emenda à Cons-tituição (PECs) quetratam da maiorida-de penal, afirmouontem, em bate-papo na inter-net promovido pela AgênciaCâmara, que é favorável à re-dução de 18 para 16 anos. En-quete promovida pela Agência,que ainda está no ar(www.agencia.camara.gov.br), re-vela que 38% dos 583 votantestambém são a favor da reduçãoda maioridade penal para 16anos. Outros 36% preferem aredução para 14 anos e 26% sãocontrários à diminuição. AsPECs analisadas sugerem a re-dução da maioridade penal para16, 14 e até 12 anos.

“O jovem de 16 anos não éo mesmo da época do CódigoPenal [de 1940]. Os meios decomunicação globalizaram o

Deputado pede mais recursospara o sistema penitenciário

O deputado Marcelo Itagi-ba também advertiu que ocombate à violência se faz cominvestimentos na reforma dosistema penitenciário. “Inves-timentos precisam ser feitospara a construção de presídi-os, casas de detenção e colôni-as penais agrícolas, para darmelhores condições de recu-peração aos presos recuperá-veis. Encher os presídios depessoas não resolve o proble-ma, apenas agrava.”

Sobre a sugestão de priva-tização dos presídios, o que jáacontece com sucesso em ou-tros países, o relator avaliou nobate-papo promovido pelaAgência Câmara que é umadiscussão interessante. Embo-ra, em sua opinião, o Estadonão deva abrir mão do seu po-der de executar a pena.

Estatuto da CriançaOutros internautas cobra-

ram a revisão do Estatuto daCriança e do Adolescente(ECA, Lei 8069/90). O depu-tado concordou com a neces-sidade de aperfeiçoamento dalei, mas disse que o estatuto é

Grupo de trabalho discute projetos

mundo e de-ram a ele maisinformação”,disse o relator.“Com 16 anos,no Brasil, o jo-vem pode es-colher verea-

dores, deputados, senadores,governadores e presidente daRepública. Acredito que eletambém possa assumir a res-ponsabilidade pelos seus atos,podendo, inclusive, ser autori-zado a dirigir automóveis.”

Falta puniçãoMuitos dos participantes,

porém, argumentaram que a re-dução da idade penal não adi-antará de nada caso a puniçãonão seja garantida. “A razão deo crime estar desenfreado noPaís não é a maioridade penalaos 18 anos, mas a certeza daimpunidade e o excesso de re-cursos judiciais, como habeascorpus, redução de pena e li-berdade condicional”, afirmou

a participante Adriana.O deputado respondeu que

esses recursos fazem parte doDireito e, muitas vezes, corri-gem injustiças. Por outro lado,disse, a impunidade é um dosfatores que geram a inseguran-ça vivida pelo País. “Os proces-sos judiciais devem ser mais cé-leres, dando a certeza de que,para cada ato ilegal praticado,existe uma reprimenda por par-te do Estado”, defendeu. Elelembrou que a Câmara dos De-putados tem 46 alterações aoCódigo Penal para analisar, queprevêem aumento de penas e oenquadramento de novos cri-mes antes não previstos. “Es-peramos com isso ampliar agama de possibilidades de pu-nição a todo e qualquer delitocometido no País”, disse.

Passo a passoMarcelo Itagiba explicou

que, no caso da maioridade pe-nal, a primeira discussão a serfeita pelos parlamentares é se

O grupo de trabalho da se-gurança pública se reúne hojepara discutir os projetos de lei4209/01, 4207/01 e 4205/01,que propõem alterações noCódigo de Processo Penal re-lativas à investigação crimi-nal. O PL 4205/01 proíbe a pro-dução de provas por meios ilí-citos ou obtidas a partir de pro-vas ilícitas e torna mais clarosos conceitos de provas anteci-padas, pericial e testemunhal.

O PL 4207/01 garante ocontraditório na emendatio li-belli (procedimento pelo qualo juiz pode dar ao fato defini-ção jurídica diversa da queconstar da queixa ou da denún-cia, ainda que aplique penamais grave), estabelece novasistemática na mutatio libelli(procedimento pelo qual o juizaltera o fato imputado ao acu-sado), estabelece o procedi-mento ordinário para os cri-mes com pena igual ou superi-or a quatro anos e procedimen-to sumário para os crimes compena inferior a quatro anos.

O PL 4209/01 altera pro-cedimentos da investigaçãopolicial e estabelece com fun-ções da polícia judiciária o re-

Marcelo Itagiba

mal compreendido e executa-do. Os estados brasileiros, res-saltou, não investem em esta-belecimentos destinados à re-educação de menores.

EducaçãoNa avaliação do parlamen-

tar, é fundamental modificartodo o sistema socioeducativo,para dar condições aos infra-tores de receberem educaçãobásica e profissional e, destaforma, serem reabilitados aoconvívio junto à sociedade.

Ao ser questionado se não

seria importante que o juiz pu-desse analisar, caso a caso,quando o menor deve ou nãoser punido, Itagiba disse queessa é uma idéia que tambémdeve ser discutida. “Mas euacredito que talvez fosse maisbenéfico que esse exame, cha-mado exame criminológico,também viesse a ser feito quan-do do término da pena, parasaber se o menor está apto aser reinserido na sociedade”,complementou.

Amanhã, a Comissão deConstituição e Justiça e de Ci-dadania realiza audiência pú-blica para discutir a PEC 171/93, que reduz a maioridade pe-nal para 16 anos. O debate foiproposto por Marcelo Itagibae sua realização está maicadapara as 10 horas no plenário 1.

Serão convidados para oevento os juristas René ArielDotti, que já se manifestoucontrário à redução da maio-ridade penal, e Miguel RealeJúnior, favorável à mudança nalei, além do presidente da Or-dem dos Advogados do Brasil(OAB), Cezar Britto.

gistro e a investigação da in-fração penal pública.

Subcomissão especialO relator da subcomissão

especial da Câmara que anali-sa os projetos sobre legislaçãopenal, deputado Flávio Dino(PCdoB-MA), defendeu nasexta-feira em audiência públi-ca na sede da Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB), noRio de Janeiro, mudanças nalegislação para combater a vi-olência urbana.

Segundo o deputado, é fal-sa a tese de que bastaria aplicaras normas já existentes. “Pre-cisamos aperfeiçoar a aplicaçãodas leis atuais, mas é necessá-rio também aprimorar a legis-lação”, argumentou.

No centro dos debates, fi-caram as medidas para acele-rar o funcionamento da Justi-ça e as mudanças no sistemade punição dos criminosos. Deacordo com Flávio Dino, ostemas que geraram mais polê-mica foram a redução da mai-oridade penal e a adoção da vi-deoconferência em interroga-tórios e depoimentos - esta úl-tima já aprovada pela Câmara(PL 7227/06).

essa cláusula constitucional épétrea ou não. Vencida essapreliminar, de acordo com o de-putado, o debate será para a de-finição da melhor legislação in-fraconstitucional que trate daquestão. “A redução da maiori-dade não é uma solução para aviolência, é apenas o reconhe-cimento da capacidade de o jo-vem de 16 anos ter o discerni-mento do ato ilegal que prati-cou. A questão da violência estáligada à desigualdade social noPaís, à falta do crescimentoeconômico, à miséria, à pobre-za e principalmente pela totalfalta de educação que leva à per-da de valores éticos e moraispor parte da sociedade”, acre-dita. Para mudar esse quadro,Itagiba defendeu a manutençãodas crianças nas escolas nosdois turnos. “Quanto mais cri-anças nós tivermos na escolaem período integral, menospessoas teremos que colocaratrás das grades”, resumiu.

SEFOT

Maioridade PenalAmérica do Norte

Estados Unidos entre 6 e 18 anos*México 11 ou 12 anos**

América do SulArgentina 16 anosBrasil 18 anosChile 16 anosColômbia 18 anos

EuropaAlemanha 14 anosFrança 13 anosEscócia 8 anosRússia 14 anos

Oriente MédioIrã 9 anos (mulheres)

15 anos (homens)África

África do Sul 7 anosEgito 15 anosQuênia 8 anos

ÁsiaChina 14 anosÍndia 7 anosJapão 14 anosTailândia 7 anos* Conforme a legislação estadual**Para a maioria dos estadosFONTE: FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AINFÂNCIA (UNICEF) DE 2005