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Impresso Especial 7317034806/2006-DR/MG LEEPP CORREIOS LEEPP LIVRARIA ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO” JORNAL DA MEDIUNIDADE UBERABA-MG INFORMATIVO MAIO/JUNHO ANO 2010 N.º 23 Temos preços especiais para CLUBE DO LIVRO E D I T O R I A L Lançamentos TEL/FAX: (34) 3322-4873 www.leepp.com.br - Uberaba-MG [email protected] Depois do célebre “Pinga-Fogo”, com a participação de Chico Xavier, em 1971, que foi um autêntico divisor de águas para o Espiritismo, no Brasil, o Movimento Espírita está vivencian- do, na atualidade, através de “Chico Xavier – O Filme”, um período igualmente histórico para a difusão dos postulados da Doutrina. Podemos mesmo dizer que o filme sobre a vida do grande medianeiro, que chega à tela do cinema a exatos oito anos de seu desenlace e que vem batendo todos os recordes de bilheteria, é o coroamento de sua missão em verdadeira aclamação popular. É como se Chico Xavier, embora desencarnado, continuasse a ser o maior propagador da Doutrina no Brasil e no mundo, já que, sem dúvida, o filme dirigido por Daniel Filho extrapolará as nossas fronteiras. Por resposta imediata ao que afirmamos neste Editorial, o livro “Nosso Lar”, da lavra mediúnica de Chico – que também está sendo transformado em filme e começará a ser exibido a partir de setembro –, pela primeira vez está na lista dos mais vendidos da revista “Veja” – o que, por tratar-se de obra essencialmente doutrinária, é um prodígio! Antecipando, porém, toda essa divulgação em torno da Doutrina (leia- se Chico Xavier), que, sem dúvida, tem o “dedo” do Mundo Espiritual Superior, e até mesmo o Congresso do CHICO – ACLAMAÇÃO POPULAR Centenário de Nascimento de Chico Xavier, promovido pela FEB, em Brasília, no último mês de abril, está o ENCONTRO NACIONAL DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER E SUA OBRA, já em sua 3ª edição, que, no início, foi tão criticado por quem não pôde compreender a importância e a profundidade da iniciativa de meia- dúzia de amigos de Uberaba e Pedro Leopoldo. Que, pois, pelo excessivo personalismo de seus adeptos, o Movimento Espírita não perca oportunidade de mostrar-se à altura das expectativas do povo brasileiro que aprendeu a amar Chico Xavier e a reverenciá-lo como um dos mais importantes vultos de toda a nossa história – Chico tornou-se grande demais para pertencer apenas a um segmento religioso! Ao aclamar o abençoado medianeiro em manifestações públicas sem precedentes, o Brasil está proclamando que Chico Xavier, mais que patrimônio do Espiritismo, lhe pertence! Portanto não tenhamos dúvida: se tal continuar acontecendo, ou seja, se os espíritas, a partir do Movimento encetado pelas Federativas, continuar com essa “fogueira das vaidades”, de altíssimas labaredas, o povo há de deixar o Espiritismo dos equivo- cados espíritas de lado para ficar com o Espiritismo verdadeiro de Chico Xavier! Chico Xavier, cujo centenário de nascimento será comemorado em 2010 (2 de abril de 1910 – 2 de abril de 2010), não foi apenas o expoente da mediunidade em todos os tempos da Humanidade. Maior fenômeno mediúnico da História, não lhe coube somente, com os espíritos que com ele trabalharam ao longo dos 75 anos de seu legítimo Mandato Mediúnico, a tarefa de desdobrar e complementar o Pentateuco Kardequiano, mas, também, e, talvez principalmente, a de vivenciar a Doutrina em todos os aspectos! Enquanto, por intermédio de suas excepcionais faculdades, os espíritos escreviam livros e davam inequívocos testemunhos da imortalidade do ser, através de fenômenos que começaram a ocorrer com ele quando contava apenas 5 anos de idade incompletos, Chico revelava ser o Apóstolo da Exemplificação, escrevendo, com a própria vida, uma das mais belas páginas que o homem já pôde grafar sobre a Terra. Coube a Chico Xavier, em caráter definitivo, destacar a feição consoladora do Espiritismo, revivendo o Evangelho de Jesus em sua primitiva pureza. Sob este ângulo de apreciação de sua profícua e abençoada existência, vale ressaltar que foi, então, que se deu o encontro mais amplo da Mensagem Espírita com o povo. Chico foi quem mais popularizou a Doutrina no Brasil e no Mundo e, por assim dizer, a fez crescer em credibilidade e aceitação, pois, como seu representante máximo, chegou, em 1981, a ser indicado ao Nobel da Paz e, antes de desencarnar, elegeu-se o “Mineiro do Século”, sendo ainda apontado, em 2006, pelos leitores da Revista “Época”, ao lado de Ruy Barbosa, como o brasileiro mais importante da História. No combate sistemático ao elitismo, tendência infeliz que se observa em parte do Movimento Espírita, pela postura equivocada de alguns de seus líderes e dirigentes, seja em Pedro Leopoldo ou Uberaba, ele sempre viveu no meio do povo, fazendo com que a Doutrina, “descentralizando-se”, ocupasse espaço na periferia da cidade, tornando célebres as inesquecíveis reuniões “à sombra do abacateiro”... Durante décadas (infelizmente, poucos espíritas sabem disto), Chico manteve um trabalho de receituário mediúnico, chegando a psicografar, em média, nas reuniões públicas das segundas e sextas-feiras, 400 receitas homeopáticas por semana, mescladas de orientações que os Espíritos Amigos endereçavam a seus consulentes, que, em maioria, eram enfermos desenganados pela medicina dos homens. E que dizermos da farta correspondência a que procurava atender pessoalmente, fazendo dele o maior cliente dos Correios em Pedro Leopoldo e Uberaba?! Quantas cartas escritas, de próprio punho, a humildes remetentes, do Brasil e do Exterior, que suplicavam a intercessão de suas preces! Quantas mensagens consoladoras expedidas naquelas caixetas que fazia questão de subrescritar com a sua caligrafia inconfundível! Quantos cartões de Natal e do Dia das Mães, primorosamente confeccionados por suas mãos, das quais se desprendia suave perfume a impregná-los, fazendo a alegria de quem tivesse a ventura de recebê-los!... Emocionou-nos ele, certa vez, ao contar-nos que “Paulo e Estêvão”, da sábia autoria de Emmanuel, um dos livros mais apreciados de sua verve mediúnica, verdadeiro best-seller da literatura espírita, fora psicografado no porão da casa de seu ex-patrão, na Fazenda Modelo, tendo por companhia a presença de um pobre sapo que, caprichosamente, todas as noites, como que era enviado a velar pelo bom andamento do exaustivo labor mediúnico que teve a duração de nove meses, numa autêntica gestação de luz entre os Dois Planos da Vida! Como se não bastassem tais demonstrações de grandeza espiritual e de simplicidade, que os espíritas e médiuns da atualidade carecemos de esforçar-nos por assimilar, a fim de manter o Espiritismo fiel aos seus próprios Princípios, Chico, não raro, ao psicografar, o fazia descalçando os sapatos! Com a cabeça e o coração alçados às estrelas e os pés em contato direto com o chão (apenas, nas noites mais frias, protegidos por meias ou um pedaço de papelão), vacinando-se – quem sabe? – contra a vaidade e o personalismo que a tantos e tantos costumam contaminar, ele deixava que a mão deslizasse vertiginosamente sobre as laudas, grafando as páginas de transcendente beleza que, da Esfera Crística, eram transmitidas ao mundo! Os redivivos poetas de “Parnaso de Além-Túmulo”, os consagrados literatos de “Falando à Terra” e “Vozes do Grande Além”, Emmanuel, André Luiz, Dr. Bezerra de Menezes e tantos outros – uma multidão, em novo e colossal Pentecostes! –, era assim que ia encontrá-lo, de pés descalços, como humilde instrumento da Vida Maior! Quanta luz! Quanta espiritualidade! Não raro, quando a reunião terminava, os amigos o auxiliavam a encontrar os sapatos, que ficavam perdidos sob a mesa, na outra ponta, quando não carregados para o quintal por anônimo vira-lata, que, distraidamente, encontrando a porta aberta, entrara no aconchegante recinto do “Luiz Gonzaga”, em Pedro Leopoldo! Em Uberaba, quando mais idoso, sob a mesa do “Grupo Espírita da Prece”, ele, igualmente ainda descalço, descansava os pés, agora inchados e feridos, em pequeno estrado de madeira que lhe fora mandado confeccionar. Que o Centenário de Chico Xavier, mais que importante efeméride, nos seja, pois, um convite à reflexão em torno do modo com que, por nossa vez, temos apresentado a Doutrina a nossos contemporâneos, já que nos encontramos suficientemente advertidos de que não nos bastará trajar a túnica do Senhor, para sermos considerados seus discípulos. Os exemplos de vida desse autêntico apóstolo do Senhor, que atravessou o século que o viu nascer e soube imolar-se pela Causa do Evangelho, para todos os que se lhe constituem em herdeiros do extraordinário legado espiritual, tem caráter de urgência, já que, há quem muito houver sido dado, bem mais se pedirá! E é inegável que nós, espíritas, em Chico Xavier, recebemos prodigiosamente! CHICO – ACLAMAÇÃO POPULAR CHICO, O MÉDIUM DE PÉS DESCALÇOS v v v CHICO, O MÉDIUM DE PÉS DESCALÇOS Carlos A. Baccelli

JORNAL DA MEDIUNIDADE LEEPP file7317034806/2006-DR/MG LEEPP CORREIOS ... do, na atualidade, através de “Chico ... representante máximo, chegou, em 1981, a ser

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7317034806/2006-DR/MG

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LEEPPLIVRARIA ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO”

JORNAL DA MEDIUNIDADE

UBERABA-MG – INFORMATIVO MAIO/JUNHO – ANO 2010 – N.º 23

Temos preços especiaispara

CLUBE DO LIVRO

E D I T O R I A L

Lançamentos

TEL/FAX: (34) 3322-4873

www.leepp.com.br - [email protected]

Depois do célebre “Pinga-Fogo”, com a participação de Chico Xavier, em 1971, que foi um autêntico divisor de águas para o Espiritismo, no Brasil, o Movimento Espírita está vivencian-do, na atualidade, através de “Chico Xavier – O Filme”, um período igualmente histórico para a difusão dos postulados da Doutrina.

Podemos mesmo dizer que o filme sobre a vida do grande medianeiro, que chega à tela do cinema a exatos oito anos de seu desenlace e que vem batendo todos os recordes de bilheteria, é o coroamento de sua missão em verdadeira aclamação popular.

É como se Chico Xavier, embora desencarnado, continuasse a ser o maior propagador da Doutrina no Brasil e no mundo, já que, sem dúvida, o filme dirigido por Daniel Filho extrapolará as nossas fronteiras.

Por resposta imediata ao que afirmamos neste Editorial, o livro “Nosso Lar”, da lavra mediúnica de Chico – que também está sendo transformado em filme e começará a ser exibido a partir de setembro –, pela primeira vez está na lista dos mais vendidos da revista “Veja” – o que, por tratar-se de obra essencialmente doutrinária, é um prodígio!

Antecipando, porém, toda essa divulgação em torno da Doutrina (leia-se Chico Xavier), que, sem dúvida, tem o “dedo” do Mundo Espiritual Superior, e até mesmo o Congresso do

CHICO – ACLAMAÇÃO POPULARCentenário de Nascimento de Chico Xavier, promovido pela FEB, em Brasília, no último mês de abril, está o E N C O N T R O N A C I O N A L D O S AMIGOS DE CHICO XAVIER E SUA OBRA, já em sua 3ª edição, que, no início, foi tão criticado por quem não pôde compreender a importância e a profundidade da iniciativa de meia-dúzia de amigos de Uberaba e Pedro Leopoldo.

Que, po is , pe lo excess ivo personalismo de seus adeptos, o Movimento Espír i ta não perca oportunidade de mostrar-se à altura das expectativas do povo brasileiro que aprendeu a amar Chico Xavier e a reverenciá-lo como um dos mais importantes vultos de toda a nossa história – Chico tornou-se grande demais para pertencer apenas a um segmento religioso!

A o a c l a m a r o a b e n ç o a d o medianeiro em manifestações públicas sem precedentes, o Brasil está proclamando que Chico Xavier, mais que patrimônio do Espiritismo, lhe pertence!

Portanto não tenhamos dúvida: se tal continuar acontecendo, ou seja, se os espíritas, a partir do Movimento encetado pelas Federativas, continuar com essa “fogueira das vaidades”, de altíssimas labaredas, o povo há de deixar o Espiritismo dos equivo-cados espíritas de lado para ficar com o Espiritismo verdadeiro de Chico Xavier!

Chico Xavier, cujo centenário de nascimento será comemorado em 2010 (2 de abril de 1910 – 2 de abril de 2010), não foi apenas o expoente da mediunidade em todos os tempos da Humanidade.

Maior fenômeno mediúnico da História, não lhe coube somente, com os espíritos que com ele trabalharam ao longo dos 75 anos de seu legítimo Mandato Mediúnico, a tarefa de desdobrar e complementar o Pentateuco Kardequiano, mas, também, e, talvez principalmente, a de vivenciar a Doutrina em todos os aspectos!

Enquanto, por intermédio de suas excepcionais faculdades, os espíritos escreviam livros e davam inequívocos testemunhos da imortalidade do ser, através de fenômenos que começaram a ocorrer com ele quando contava apenas 5 anos de idade incompletos, Chico revelava ser o Apóstolo da Exemplificação, escrevendo, com a própria vida, uma das mais belas páginas que o homem já pôde grafar sobre a Terra.

Coube a Chico Xavier, em caráter definitivo, destacar a feição consoladora do Espiritismo, revivendo o Evangelho de Jesus em sua primitiva pureza.

Sob este ângulo de apreciação de sua profícua e abençoada existência, vale ressaltar que foi, então, que se deu o encontro mais amplo da Mensagem Espírita com o povo. Chico foi quem mais popularizou a Doutrina no Brasil e no Mundo e, por assim dizer, a fez crescer em credibilidade e aceitação, pois, como seu representante máximo, chegou, em 1981, a ser indicado ao Nobel da Paz e, antes de desencarnar, elegeu-se o “Mineiro do Século”, sendo ainda apontado, em 2006, pelos leitores da Revista “Época”, ao lado de Ruy Barbosa, como o brasileiro mais importante da História.

No combate sistemático ao elitismo, tendência infeliz que se observa em parte do Movimento Espírita, pela postura equivocada de alguns de seus líderes e dirigentes, seja em Pedro Leopoldo ou Uberaba, ele sempre viveu no meio do povo, fazendo com que a Doutrina, “descentralizando-se”, ocupasse espaço na periferia da cidade, tornando célebres as inesquecíveis reuniões “à sombra do abacateiro”...

Durante décadas (infelizmente, poucos espíritas sabem disto), Chico manteve um trabalho de receituário mediúnico, chegando a psicografar, em média, nas reuniões públicas das segundas e sextas-feiras, 400 receitas homeopáticas por semana, mescladas de orientações que os Espíritos Amigos endereçavam a seus consulentes, que, em maioria, eram enfermos desenganados pela medicina dos homens.

E que dizermos da farta correspondência a que procurava atender pessoalmente, fazendo dele o maior cliente dos Correios em Pedro Leopoldo e Uberaba?! Quantas cartas escritas, de próprio punho, a humildes remetentes, do Brasil e do Exterior, que suplicavam a

intercessão de suas preces! Quantas mensagens consoladoras expedidas naquelas caixetas que fazia questão de subrescritar com a sua caligrafia inconfundível! Quantos cartões de Natal e do Dia das Mães, primorosamente confeccionados por suas mãos, das quais se desprendia suave perfume a impregná-los, fazendo a alegria de quem tivesse a ventura de recebê-los!...

Emocionou-nos ele, certa vez, ao contar-nos que “Paulo e Estêvão”, da sábia autoria de Emmanuel, um dos livros mais apreciados de sua verve mediúnica, verdadeiro best-seller da literatura espírita, fora psicografado no porão da casa de seu ex-patrão, na Fazenda Modelo, tendo por companhia a presença de um pobre sapo que, caprichosamente, todas as noites, como que era enviado a velar pelo bom andamento do exaustivo labor mediúnico que teve a duração de nove meses, numa autêntica gestação de luz entre os Dois Planos da Vida!

Como se não bastassem tais demonstrações de grandeza espiritual e de simplicidade, que os espíritas e médiuns da atualidade carecemos de esforçar-nos por assimilar, a fim de manter o Espiritismo fiel aos seus próprios Princípios, Chico, não raro, ao psicografar, o fazia descalçando os sapatos!

Com a cabeça e o coração alçados às estrelas e os pés em contato direto com o chão (apenas, nas noites mais frias, protegidos por meias ou um pedaço de papelão), vacinando-se – quem sabe? – contra a vaidade e o personalismo que a tantos e tantos costumam contaminar, ele deixava que a mão deslizasse vertiginosamente sobre as laudas, grafando as páginas de transcendente beleza que, da Esfera Crística, eram transmitidas ao mundo! Os redivivos poetas de “Parnaso de Além-Túmulo”, os consagrados literatos de “Falando à Terra” e “Vozes do Grande Além”, Emmanuel, André Luiz, Dr. Bezerra de Menezes e tantos outros – uma multidão, em novo e colossal Pentecostes! –, era assim que ia encontrá-lo, de pés descalços, como humilde instrumento da Vida Maior!

Quanta luz! Quanta espiritualidade! Não raro, quando a reunião terminava, os

amigos o auxiliavam a encontrar os sapatos, que ficavam perdidos sob a mesa, na outra ponta, quando não carregados para o quintal por anônimo vira-lata, que, distraidamente, encontrando a porta aberta, entrara no aconchegante recinto do “Luiz Gonzaga”, em Pedro Leopoldo!

Em Uberaba, quando mais idoso, sob a mesa do “Grupo Espírita da Prece”, ele, igualmente ainda descalço, descansava os pés, agora inchados e feridos, em pequeno estrado de madeira que lhe fora mandado confeccionar.

Que o Centenário de Chico Xavier, mais que importante efeméride, nos seja, pois, um convite à reflexão em torno do modo com que, por nossa vez, temos apresentado a Doutrina a nossos contemporâneos, já que nos encontramos suficientemente advertidos de que não nos bastará trajar a túnica do Senhor, para sermos considerados seus discípulos.

Os exemplos de vida desse autêntico apóstolo do Senhor, que atravessou o século que o viu nascer e soube imolar-se pela Causa do Evangelho, para todos os que se lhe constituem em herdeiros do extraordinário legado espiritual, tem caráter de urgência, já que, há quem muito houver sido dado, bem mais se pedirá! E é inegável que nós, espíritas, em Chico Xavier, recebemos prodigiosamente!

CHICO – ACLAMAÇÃO POPULAR

CHICO, O MÉDIUM DE PÉSDESCALÇOS

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CHICO, O MÉDIUM DE PÉSDESCALÇOS Carlos A. Baccelli

Página 2 MAIO/JUNHOJORNAL DA MEDIUNIDADE

Márcia Queiroz Silva Baccelli

Nós vivenciamos as palavras de Léon Denis, quando concebeu para a posteridade:

Tende por templo - o Universo;Por altar - a Consciência;Por imagem - Deus;Por lei - a Caridade.Olhando em torno, somos

pequenos demais perante o Universo.

De um lado, sentimo-nos capazes de construir as coisas, criar o belo e transportar as ideias para tantas dimensões da vida.

Cada estrela é um sol e tem diversos planetas em sua órbita.

Temporariamente, estamos no Planeta Terra, onde passamos por inúmeras tribulações e problemas.

Ao olharmos o Universo, não somos nada, mas, em contra-partida, podemos passar a ser tudo.

Deus é o criador de todas as coisas.

É necessário que nós, os seres humanos, busquemos Deus, para vivenciarmos a experiência de vida eterna.

Portanto os homens desligam-se transitoriamente para ligarem-se a Deus, através da oração e da meditação

Procuramos os templos religiosos ou um recinto solitário, para tentarmos um encontro pessoal com Deus.

Muitas criaturas iluminadas pela graça divina sustentam a fé inabalável, dando continuidade à formação religiosa.

Se Deus está em nós, somos deuses em potência.

No desenvolvimento da vida humana, devemos cumprir aos desígnios de Deus e, se Ele pôs em nós sua marca, a ideia de Deus em nós é inata.

Allan Kardec mostra-nos como apreender o sentido da caridade:

Benevolência para com todos,Indulgência para com as

imperfeições alheias,Perdão das ofensas.Neste trio de bênçãos, ergue-

se o pilar do Amor e da Sabedoria.E, assim, Jesus vem fertili-

zando a terra dos nossos corações com a semente da fé, compreendendo os outros, sendo tolerantes, não nos antagoni-zando com ninguém.

Abrace, pois, o seu inimigo para conquistar a paz.

Busque o equilíbrio interno, na perfeita relação com o próximo.

Abençoe a compreensão e a incompreensão e siga à frente, aprendendo e amando, sofrendo e erguendo-se para o bem, no esforço de atender a vontade redentora do Cristo.

O homem está no mundo com o f im de desenvolver, na experiência da vida de relação, as suas potencialidades internas.

A ligação do homem com Deus se faz através do amor ao próximo, na prática da Caridade, que é o Amor em Ação!

O capítulo 3, do livro Missionários da Luz, escrito por André Luiz (espírito) e psicografado por Chico Xavier, aborda a questão do desenvolvimento mediúnico. André Luiz acompanha o instrutor Alexandre a um centro espírita. Ao aproximarem-se de um rapaz que tenta desenvolver a habilidade da psicografia, André Luiz indaga a Alexandre a respeito de certos corpúsculos negros que vergastavam o corpo do moço. Aquele, então, explica a causa:

— (...) A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o sexo nada tem que ver com a espiritualidade, (...). O erro de nosso amigo é o de todos os religiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, (...) (2009, p. 35)

Em seguida, o capítulo 5, dando continuidade ao problema do desenvolvimento mediúnico, narra a influência benéfica da oração recebida pelos frequentadores desse centro espírita, inclusive o rapaz, candidato ao desenvolvimento mediúnico, citado no capítulo 3. Ao mesmo tempo, mostra como algumas dessas mesmas pessoas voltam aos braços de entidades que as perturbam, ao saírem do centro, a caminho de casa.

Ao retornarem do centro espírita, esse rapaz, em diálogo com a mãe e a irmã, desabafa: apesar de estar casado há apenas 8 meses, não deixa de ter o coração repleto de tentações descabidas.

Ao ouvir a queixa do irmão, a moça pergunta se, por acaso, ele não estaria sob a influência de entidades menos esclarecidas. A solução proposta pelo moço está no desenvolvimento mediúnico, que reproduzo abaixo:

— Sim – suspirou o rapaz –, por isso mesmo, venho tentando o desenvolvimento da mediunidade, a fim de localizar a causa de semelhante situação. (2009, p. 64)

Após a resposta, supostamente esclarecedora, os espíritos que acompanhavam o diálogo resolvem intervir de maneira positiva através da irmã. No entanto a

Aflição da FéAflição da Fé

Constatamos diariamente pelos noticiários que a nossa situação social é ruim.

O Brasil possui a segunda pior concentração de renda do mundo, altíssimos índices de violência, criminalidade infiltrada e, muitas vezes, operando as mais altas esferas de nosso poder público. Escândalos são sucedidos por outros escândalos, e estes nos fazem esquecer aqueles, antes que sejam esclarecidos e os responsáveis legalmente punidos.

Felizmente, temos a certeza plena, com Jesus, de que aqueles por quem os escândalos vêm terão que colher o que plantaram em experiências educativas nos processos reencarnatórios. Aprendemos com Kardec que por escândalos devemos entender todos os atos que lesem o próximo ou a nós mesmos, sejam do universo público ou privado; portanto juízo! Jesus também nos revela a Lei Divina que determina seja dado a cada um segundo suas obras. O plantio é opção; a colheita, obrigação. Melhor plantar melhor.

Esta certeza plena nos confere paz para não permitirmos que a indignação, saudável, descambe para a revolta, piorando nosso campo vibratório e anulando reação equilibrada, orando pelos que tropeçam moralmente, mas exigindo a aplicação da lei, na construção da sociedade civilizada que almejamos.

A boa notícia é que já progredimos muito.Em “Obras Póstumas”, Allan Kardec nos relembra

nossa organização social antiga anunciando o surgimento futuro da aristocracia intelecto-moral, como consequência do processo evolutivo no qual todos estamos amorosamente matriculados. “Das ovelhas que o meu Pai Celestial me confiou, nenhuma se perderá”. Bom, né?!

Informa o Codificador que as Aristocracias, do grego “poder dos melhores”, já foram dos patriarcas, em tempos

DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICOMaria Cristina Botelho Marinho Baracat

solução apontada pelos espíritos esclarecedores dirige-se em sentido contrário, ou seja, em situação de obsessão; o último recurso seria o desenvolvimento mediúnico:

— Neste caso, concordo em que o desenvolvimento mediúnico deve ser a última solução, porque, antes de enfrentar os inimigos, filhos da ignorância, deveríamos armar o coração com a luz do amor e da sabedoria... Não poderíamos contar com uma boa mediunidade, sem a consolidação de nossos bons propósitos; (...) (2009, p. 64)

Cabe esclarecer que a irmã do rapaz, sem grandes dificuldades, é envolvida por entidades benfazejas que a orientam com sabedoria para que o irmão repense se o desenvolvimento mediúnico naquele momento seria a melhor alternativa. Diante da perplexidade de André Luiz, mediante a facilidade com que a menina recebia tais pensamentos, seu amigo espiritual, Alexandre, lhe responde, indicando a mocinha:

(...) Suas células ainda se encontram absolutamente livres de influências tóxicas; seus órgãos vocais, por enquanto, não foram viciados pela maledicência, pela revolta, pela hipocrisia... Vivendo muito mais pelo espírito, nas atuais condições em que se encontra, basta a permuta magnética para que nos traduza as ideias essenciais. (2009, p. 72).

Esse fato lembrou-me as constantes e bem humoradas advertências dos livros escritos pelo Dr. Inácio Ferreira (espírito) e psicografados pelo Dr. Carlos A. Baccelli. Em vários casos, o Dr. Inácio recomenda a seus pacientes, quando estão em condições de fazê-lo, uma atividade útil, através do trabalho edificante: varrer um centro espírita, servir sopa, ajudar alguém necessitado, dar um passe, fazer artesanato, ler um livro, aprender uma língua estrangeira, etc.

Diante das situações narradas, não fica difícil concluir que desenvolvimento mediúnico pressupõe mudança de hábito num sentido bem preciso: Precisamos nos tornar úteis aos nossos semelhantes!

LEI DE SOCIEDADE Marcos Papa – [email protected]

primitivos. Depois, por força das guerras, a da força bruta, liderada pelos mais fortes; a do ouro, liderada pelos mais ricos, os reis e seus descendentes. Evoluímos para a aristocracia da inteligência, mais justa, mas não a ideal.

Os piores malfeitores da humanidade eram muito instruídos, mas não eram moralizados ou educados, se preferirmos a visão espírita de educação; o mesmo acontece hoje.

À medida que o homem aprender e praticar os princípios éticos universais ensinados por Jesus e explicados por Kardec, teremos uma aristocracia moral e intelectualmente desenvolvida.

Nosso olhar panorâmico em direção ao passado nos dá coragem em trabalhar o presente e sonhar com a “ciência e o amor a favor do futuro com o respeito, os humanos direitos fazendo pensar os pilares de uma nova era”.

As circunstâncias mudaram, mas, na essência, nosso desafio continua o mesmo: reformar o nosso caráter! Combater nossas más tendências e trabalharmos no bem, no limite das nossas forças! Alinhar as nossas atitudes às recomendações do Mestre. “Amar com ardente caridade” o trabalho, a solidariedade e a tolerância. Ter para com os outros a mesma paciência que adoramos que tenham conosco.

Como realizar esse progresso em nós, sem vivermos em sociedade? Isolados, vamos perdoar a quem? Ajudar a quem? Aprender com quem? Construir a democracia plena para quem?

Como prescindir da instituição da família no nosso acolhimento cristão-espírita nos retornos à arena terrena?

Deus sabe o que faz e nos pôs a viver em sociedade para, juntos, realizarmos a construção de nós mesmos, rumo à felicidade com Ele, para sempre!

MAIO/JUNHO Página 3 JORNAL DA MEDIUNIDADE

DOUTRINA LIVREComo se pode definir a Justiça?— A justiça consiste no respeito

aos direitos de cada um.(“O Livro dos Espíritos”, questão 875)

Deus não proíbe quem duvida de sua existência que se manifeste, falando ou escrevendo.

A liberdade de pensamento e de expressão é atributo da lei natural divina.

Evidente que cada qual se submeterá aos resultados da própria semeadura, arcando com as conse-quências de seus erros, premeditados ou não.

O Espiritismo não cerceia a liberdade de pensar e de expressar de seus adeptos, mesmo quando contrariem seus princípios doutri-nários, pois, em nosso atual estágio evolutivo, somos todos passíveis de equívocos no campo da interpretação da Verdade.

Encarnados ou desencarnados, os espíritos devem ter toda a liberdade de externarem ideias e emitirem opiniões, sem que, na condição de médiuns ostensivos ou não, padeçam de qualquer tipo de patrulhamento ideológico.

Na condição de doutrina livre, baseada no Evangelho, o Espiritismo enseja especulação, análise, diálogo

Antonio Baracat

e, até mesmo, debate no campo das ideias, sem que este exercício se transforme em contenda inconse-quente.

Deve-se ter cautela para – a pretexto de pureza doutrinária – espí-ritas não reeditarem os tribunais da Inquisição, fomentando intolerância, preconceito e desunião contra quem, em exercícios analíticos e críticos, aponta erros e incorreções doutriná-rias e sugere mudanças.

Convenhamos que os Espíritos Superiores e Allan Kardec não tiveram a pretensão de última palavra, dentro do natural dinamismo com que a Doutrina se apresenta.

O Espiritismo existiu em todos os tempos e apresenta-se em cada esfera conforme a capacidade de entendi-mento dos seus habitantes, devendo-se admitir que se ampliará conti-nuamente por meio de novas revelações, vistas como polêmicas, pelos menos abertos ao estudo e à reflexão.

Mas, para que seja realmente o Consolador Prometido por Jesus – que efetivamente –, permanecendo para sempre conosco, o Espiritismo tem que avançar e se desenvolver, pois, sem evoluir, não poderá cumprir este papel.

Todos nós, em algum momento da vida, já ouvimos falar de obsessão. A palavra obsessão para muitos, é assustadora; dá o sentido de alguém sob forte perturbação espiritual ou mental. Entretanto a obsessão não é bem assim.

Ka rdec , o Cod i f i cado r do Espiritismo, estudou esta questão com bastante profundidade (O Livro dos Médiuns, cap. XXIII). Classificou-a, para efeito de estudo e para nos fazer compreendê-la melhor, em três níveis: obsessão simples, fascinação e subjugação. Com base nesta classificação, a obsessão se nos apresenta não como um fato alienante, qual alguns supõem, mas como um processo que pode agravar-se se não for devidamente tratado.

Kardec, logo que começou a pesquisar o fenômeno espírita, compreendeu que o espírito, não sendo senão a alma dos homens, não poderia possuir todas as virtudes nem toda a sabedoria. Possui as virtudes e o saber relativos ao seu grau de evolução. O raciocínio do Mestre de Lyon não poderia ser mais justo!

Se entre os homens existem aqueles que gostam de perturbar e de fazer outros sofrerem, por que esse comportamento deixaria de existir, após sua desencarnação? E, se essas tendências negativas acompanham o espírito, por que não admitir que ele influencie um ser humano, e vice-versa? A influência não se dá através do pensamento? Este não é um atributo tanto do ser encarnado como do desencarnado?

Kardec avançou mais nesta questão, ao formular a seguinte pergunta: Os espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações? A resposta obtida não poderia ser mais contundente: — Mais do que supondes... (O Livro dos Espíritos, questão 459).

Assim como entre os homens, há os que são inteligentes, ardilosos e vingativos; no mundo espiritual, o

De “O Livro dos Espíritos” 355. Há, como o indica a Ciência, crianças que desde o ventre da mãe não têm possibilidades de viver? E com que fim acontece isso? — Isso acontece frequentemente, e Deus o permite como prova, seja para os pais, seja para o espírito destinado a encarnar.

De “O Livro dos Médiuns” “Nos mundos superiores, naqueles em que as ligações do espírito com a matéria são muito fracas, a manifestação é quase tão fácil como no estado errante e em todos os casos mais fácil do que nos mundos onde a matéria corporal é mais densa.” (Cap. XXV – Das Evocações)

De “O Evangelho Segundo o Espiritismo” “Hoje, na vossa sociedade, para serdes cristãos, não se vos faz mister nem o holocausto do martírio nem o sacrifício da vida, mas única e exclusivamente o sacrifício do vosso egoísmo, do vosso orgulho e da vossa vaidade.” (Cap. XI – Amar o Próximo Como a Si Mesmo)

De “O Céu e o Inferno” “O arrependimento abranda as dores da expiação, no que traz a esperança e prepara os caminhos da reabilitação; mas unicamente a reparação pode anular o efeito, em destruindo a causa; o perdão seria uma graça e não uma anulação.” (Cap. VII – As Penas Futuras Segundo o Espiritismo)

De “A Gênese” “As renovações rápidas e quase instantâneas que se operam no elemento espiritual da população, como consequência dos flagelos destruidores, aceleram o progresso social; sem as imigrações e emigrações que ocorrem de tempos a tempos viessem dar-lhe um violento impulso, progrediria com extrema lentidão.” ( Cap. XI, item 36 – Gênese Espiritual)

Eu, Obsedado?! Geraldo Ribeiro

mesmo fato ocorre. O espírito obsessor pode reunir todas estas caracter ís t icas e , a t ravés do pensamento, desviar-nos do bom caminho e fazer-nos sofrer.

Uma das armas prediletas do espírito obsessor é fazer-nos acreditar que somos inatacáveis, seres especiais. Se a sugestão dele for aceita, pronto! A partir daí, somos presas fáceis em suas mãos. O orgulho acende-se em nossa alma, e passamos a achar-nos os melhores. A humildade, que é o contraponto do orgulho, passa a ser algo imaginário, uma virtude característica dos fracos.

Como reconhecer se estamos obsedados? Os sintomas são muitos. Enumeramos a seguir, alguns deles: irritação contínua, reclamar de tudo, isolamento, não ouvir conselhos dos outros, sentimento de inutilidade, desânimo, pensamentos sombrios recorrentes (desastres, assaltos, mortes iminentes, etc.), excessos de toda ordem, sentir-se constantemente injustiçado, etc.

Podemos prevenir-nos contra a obsessão? Podemos, desde que estejamos dispostos a incorporar a Moral Cristã em nossa vida e renunciar aos vícios.

Independente das virtudes que tenhamos conquistado até agora, é necessário orarmos e vigiarmos, conforme nos recomenda o Mestre de Nazaré e de que ele mesmo nos deu o exemplo. Por quê? Para não cairmos em tentação. Por vezes, imaginando-nos pessoas virtuosas, achamos que não devemos mais orar nem vigiar... Esta atitude, todavia, é um equívoco. A expe r i ênc ia mos t ra -nos que , diariamente, precisamos meditar e avaliar se as virtudes que imaginamos ter estão, de fato, consolidadas em nosso coração.

Eu, obsedado?! Em verdade, todos nós! O que distingue minha obsessão da dos outros são o tipo e grau.

Os dois Códigos Civis já existentes no Brasil não adotaram, obviamente, a teoria reencarnacionista.

O de 1916, escrito pelo imortal e jurista cearense Clóvis Bevilacqua, com inspirações francesas, austríacas e alemãs, e o de 2002 (atual), formulado por uma comissão coordenada pelo fi lósofo e imortal Miguel Reale, expressamente dispõem que a morte é o fim. Ninguém renasce e ninguém é imortal.

A lei dos homens, passageira e oscilante, refletindo, na medida do possível, as aspirações sociais de um povo, naturalmente não pode acatar uma hipótese ainda rechaçada por grande parte dos brasileiros, seja por medo, ignorância ou má-fé. Pressões externas à parte, sabemos que a legislação humana está anos-luz de alcançar a lei básica do Cristo, nosso legítimo Governante: a do Amor. Como sintoma disso, nos 2.046 artigos do Codex, o léxico Amor não existe.

Já a Lei de Deus, eterna e imutável, desde a psicografia primitiva do Decálogo, pelo médium Moisés, ditado por Jeová, espírito protetor dos hebreus, a reencarnação já era grafada em seu artigo 1º (mandamento): “(...) sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geração (...)”. Os pais expiarão seus erros reencarnando, como netos, bisnetos, ou mesmo depois, na mesma família ou não.

É certo que os inimigos de Jesus não se lembram de sua advertência apocalíptica e, com isso, inserindo uma preposição inexistente na passagem acima, fizeram constar, salvo raríssimas traduções (SBB e Zamenhof): “até a terceira/quarta geração”. E se os pais não reencarnarem até a quarta geração? Esta pequenina palavra ajudou a

A Reencarnação e o Código Civil“A existência da pessoa natural termina com a morte.”

(Arts. 6º e 10º, 1ª parte, Código Civil de 1916 e 2002)

emperrar o progresso por longos séculos. Mas isto é outra história.

Por outro lado, ensinou Kardec, o Espiritismo não é da alçada da Ciência e a Reencarnação, como um de seus postulados básicos, também não o é. Contudo, como grande parte da população reluta em não aceitar o que não é aceito pela Academia, quando esta confirmar a vida além da morte, certamente as leis espelharão a realidade inconteste da Lei Universal de todos os tempos e mundos.

Assim, enquanto a chancela oficial não chega, atentemos para o que disse o médium e profeta Chico Xavier a algumas pessoas, fato presenciado, dentre elas, por Geraldo Lemos Neto: “Olhe, gente, aproximadamente em 2050, a Ciência vai descobrir, “por acaso”, a Reencarnação. E isso vai se dar pela televisão. Conseguiremos conversar com nossos familiares desencarnados.” E completa, gracejando: “Os médiuns vão ficar desempregados!...”.

Lembremos que esse aparelho já existe em Nosso Lar, como o cientista Carlos Chagas, digo, André Luiz, nos informou no capítulo 48 da referida obra. E isso em 1943!

Pois bem. Se pudéssemos propor uma alteração legislativa, recorreríamos às artimanhas dos adulteradores das E s c r i t u r a s , c o m a c r e s c e n t a r , legitimamente, um advérbio de negação no texto legal: “A existência da pessoa natural não termina com a morte”.

Não sei se a reencarnação e a imortalidade da pessoa natural seriam aceitas hoje pelos nossos dois imortais da Academia Brasileira de Letras, mas com uma coisa eu tenho certeza que ambos concordariam: um advérbio faz toda a diferença!

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Leonardo Vieira - Advogado

Página 4 MAIO/JUNHOJORNAL DA MEDIUNIDADE

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Em “O Livro dos Médiuns”, capítulo III, item 18, observamos no segundo parágrafo uma recomendação importantíssima do seu autor, Allan Kardec, que pedimos licença para citar na íntegra:

Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia; aquele que quer seriamente conhecê-lo deve, pois, como pr imeira condição , sujeitar-se a um estudo sério e persuadir-se de que, como toda outra ciência, não pode aprender brincando. ... ... A crença nos espíritos, sem dúvida, forma-lhe a base, mas não basta para fazer um espírita esclarecido, da mesma forma que a crença em Deus não basta para fazer um teólogo.

Allan Kardec, em sua genialidade, recomendou-nos o estudo sério da Doutrina que abraçamos como modelo de vida, modelo este que tem de ser fundamentado nos preceitos de Jesus Cristo.

Parece-nos que Kardec já sabia que muitos iriam abraçar a Doutrina por

No excelente livro biográfico “100 ANOS DE CHICO XAVIER – FENÔMENO HUMANO E MEDIÚNICO”, de Carlos A. Baccelli, todos podemos colher importantes ensinamentos a respeito do trabalho daquele espírito de escol.

Confesso que, em diversas oportuni-dades, fiquei emocionado, ao ler as respectivas laudas da obra.

Inclusive, constatei que nela havia várias histórias que ainda não eram de meu conhecimento.

Penso que muita gente não sabe que quando o padrinho de Chico desencarnou, o mesmo estava para ser sepultado pela família como indigente.

Tratava-se do marido de sua madrinha, aquela a qual sua mãe designou entregá-lo aos cuidados, após sua desencarnação.

No entanto esta senhora era espiri-tualmente doente e lhe causou graves constrangimentos na infância...

Por mais de dois anos consecutivos, ele passou pelos mais diversos suplícios físicos e morais, tais como: levar três surras por dia com vara de marmelo, ter o ventre espetado por garfos, ficar privado de alimentos...

De fato, Chico passou fome nessa época, além de ter sido obrigado a lamber – por crendice curativa – a ferida na perna do meninote Moacir – que morava junto a ele na casa da madrinha e também o judiava.

Estes são apenas alguns exemplos dos muitos dissabores que o “Mineiro do Século” enfrentou, quando criança.

Realmente, é difícil acreditar que o padrinho nada soubesse a respeito dos maus-tratos, já que o convívio entre ambos era diário, sob o mesmo teto.

Empenha-te no bem,Vencendo os obstáculos.

Não esperes seguirEm tapete de flores.

Onde a luz resplandece,Fica a treva ao redor.

A árvore frutíferaÉ atacada com pedras.

A embarcação ao marSofre o assédio das ondas.

Se não queres lutar,Não procures vencer.

Irmão José

Pois o menino Xavier chegou ao ponto de não poder usar calças, devido aos muitos ferimentos e hematomas nas pernas e quadris.

Após, ele foi resgatado por Cidália Batista, a qual impôs como condição para se casar com João Cândido, pai de Chico, que trouxesse todos os nove filhos dele com Maria João de Deus, que estavam espalhados em diversas casas de parentes e amigos, para que ela tomasse conta!

Sua segunda mãe – como Chico gostava de se referir a D. Cidália – foi o anjo que o retirou daquela casa de tão tristes lembranças, porém ele ainda manteve convívio com seus algozes do passado...

Ele chegou a trabalhar por alguns anos no empório de seu padrinho, de nome José Felizardo Sobrinho, até o mesmo vir à falência.

Mas, diante da desencarnação de seu ex-patrão, Chico se sentiu com a obrigação de saldar uma grande dívida, em relação à oportunidade de trabalho que lhe havia sido outrora concedida.

Sem dinheiro para comprar um caixão dos mais simples, ele não titubeou em tirar o chapéu da cabeça e, virando-o de boca para cima, passou a bater de porta em porta, nas ruas de Pedro Leopoldo... Chico chegou a esmolar nas vias públicas de sua cidade, para poder dar um enterro digno àquele senhor que, para espanto de muitos, ele tinha na conta de seu benfeitor.

No livro citado no introito deste texto, encontraremos significativas histórias como está acima – além de amplo material sobre a vida e a obra daquele homem de hábitos simples, que foi e continua sendo autêntico Missionário da Luz na Terra!

Aprendendo com ChicoThiago Silva Baccelli

Amai-vos e Instruí-vos Marcos – Itatiba (SP)

convicções errôneas, por interesses descabidos, que somente os esclare-cidos dentro da Razão não seriam vítimas fáceis desses ditos “espíritas”.

Considerando que o amparo do Alto nunca nos faltou, algum tempo depois da publicação de “O Livro dos Médiuns” (1861), recebemos “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (1864), onde o Espírito de Verdade também nos adverte, no item 5 do capítulo 6, para duas condições que consideramos imprescindíveis dentro do Espiritismo: “Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.

Comparando estas recomendações, que datam mais de um século, com o atual cenário vivenciado pela Doutrina, fica-nos claro que a Espiritualidade Superior já previa uma grande desunião entre os espíritas. Desunião esta como fruto das divergências de pensamentos, que são naturais, residindo o problema nos ataques descabidos que visam a desmoralizar irmãos queridos e de boa vontade, mas que também acabam repercutindo negativamente para toda a Doutrina e seu Movimento.

Constantemente , recebemos recomendações do Plano Espiritual para

estudarmos as obras do estimado Chico Xavier, obras essas de valia inigualável, e que compactuamos plenamente com as recomendações do Além, mas não esqueçamos de que também somos recomendados a agirmos dentro da fraternidade e do amor.

O Espírito de Verdade recomenda-nos primeiramente o Amor, e acreditamos que o primeiro gesto de amor para com nossos confrades de ideal é o respeito, sendo a desmora-lização uma falta de caridade para com nosso próximo. O estudo vem como segunda recomendação, mas não menos importante, pois, com o estudo sério que Kardec nos recomenda em “O Livro dos Médiuns”, teremos base suficiente para sabermos filtrar o que nos convém, assim como recomendado por Paulo.

Estudemos com seriedade tudo que temos em nossas mãos, rogando que o Excelso Senhor ampare e fortaleça os corações abnegados que são alvos de imerecidos ataques. Lembremo-nos de Chico Xavier, que, mesmo mal se locomovendo, continuava servindo, a exemplo de Jesus carregando sua cruz.

Jesus: da manjedoura à cruz, caminho a ser seguido!... (Irmão José)

LUTA E VITÓRIA

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã do dia 6 de dezembro de 2009, em Uberaba - MG)