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jornal, abrantes, maio
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Novidades na reforma da administração localOs concelhos com quatro ou menos fregue-sias, afinal, podem mantê-las. Aprovada em Assembleia da República, a lei da re-organização do território que trouxe esta novidade – boa, para o Sardoal – trouxe outras implicações para as freguesias ur-banas. Em Abrantes, as freguesias urba-nas terão que entrar em processo de fu-são. páginas 4 e 5
REGIÃO
Escolas contestam Escolas contestam mega agrupamentos mega agrupamentos mas reagem bem mas reagem bem aos novos examesaos novos exames ESPECIAL EDUCAÇÃO
páginas 13 a 17
Foto
de
Pé
rsio
Ba
sso
jornalDiretora HÁLIA COSTA SANTOS - Editora JOANA MARGARIDA CARVALHO - MENSAL - Nº 5495 - ANO 112 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
abrantesde
MAIO2012 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]
ESTA JORNALNESTA EDIÇÃO
RPP SolarOs vereadores da Câmara Municipal de Abrantes eleitos pelo PSD querem uma co-missão independente para analisar o pro-cesso da RPP Solar para saber “quem ga-nhou grandemente com isto”. A presidente da autarquia, Maria do Céu Albuquerque, lembra que o processo foi visado pelo Tri-bunal de Contas e não encontra nada que “indicie que seja necessário abrir um in-quérito”. página 6
ECONOMIA
António Mor é o presidente do Centro Social do PegoO presidente contou-nos o trabalho desen-volvido desde 1998 para cerca de 62 utentes. Um novo lar já em construção é o objetivo futuro deste complexo que trabalha no âmbito social para a comunidade idosa.página 4
ENTREVISTA
Sete diretores de escolas ou agrupamentos, entre
os dez a quem o Jornal de Abrantes lançou o
desafi o, responderam a um pequeno inquérito para recolher opiniões, aferir
sensibilidades, apresentar a oferta formativa e
divulgar projetos.
ENSuplemento do Curso de Comunicação Social.
Mariza sobe ao palco dos MourõesDe 14 a 17 de junho Abrantes vai estar em festa. Com um orçamento reduzido em 40%, o certame está de regresso ao centro histórico, com anima-ção musical, exposições, tasquinhas e práticas desportivas. O Concurso de Saltos em Hipismo é uma das atrações previstas. página 12
jornaldeabrantes
MAIO20122 ABERTURA
FICHA TÉCNICA
DirectoraHália Costa Santos
(TE-865)[email protected]
EditoraJoana Margarida Carvalho
(CP.9319)[email protected]
Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,
Apartado 652204-909 Abrantes
Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179
E-mail: [email protected]
RedacçãoRicardo Alves
(TP.1499)[email protected]
Mafalda VitóriaAlves Jana
André LopesPaulo Delgado
PublicidadeMiguel Ângelo
962 108 785 [email protected]
SecretariadoIsabel Colaço
Design gráfico António Vieira
ImpressãoImprejornal, S.A.
Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa
Editora e proprietáriaMedia On
Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65
2204-909 Abrantes
GERÊNCIAFrancisco Santos,
Ângela Gil
Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Gabriela Alves
Sistemas InformaçãoHugo Monteiro
Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04
Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 505 500 094
Sócios com mais de 10% de capital
Sojormedia
jornal abrantesde
Que recordação tem do 25 de Abril?
Paulo Jorge Oliveira Funcionário Público, Pego
Foram buscar o meu pai a casa
no dia 25. Ele era chefe de conta-
bilidade no Ri2 de Abrantes. Era Te-
nente na altura e disseram-lhe que
“havia barulho em Lisboa”. Eu tinha
14 anos, fi quei nervoso e com mui-
ta expectativa sobre o que estava a
acontecer. Lembro-me de ter estra-
nhado aquilo tudo e lembro-me de
ver na televisão o Fialho Gouveia,
em direto, que interrompeu as no-
tícias que estava a ler, pediu um
copo de água, virou-se para a câ-
mara e disse: “Liberdade é isto”.
Fusões e mais fusões
FOTO DO MÊS EDITORIAL
INQUÉRITO
No mês em que o ministro da Educação
esteve em Abrantes e Vila Nova da Bar-
quinha, o Jornal de Abrantes decidiu dar
a palavra aos responsáveis pelas escolas
e agrupamentos da região. Os assun-
tos que estão na ordem do dia são as
fusões entre estabelecimentos de ensi-
no, os chamados mega agrupamentos,
e as mudanças propostas pela tutela,
como o aumento do número de alunos
por turma e o regresso dos exames.
Apesar da consciência implícita de
que a decisão está tomada, a criação
de mega-agrupamentos continua a
ser, na generalidade, contestada. Um
dos principais argumentos é a perda
de proximidade, precisamente o mes-
mo que é utilizado pelos presidentes
de Juntas de Freguesia que contestam
as fusões. Neste campo, foi dada uma
reviravolta, com a aprovação de uma
nova lei em Assembleia da República.
E se, nalguns casos, as novidades são
vistas com bons olhos – porque per-
mitem manter todas as freguesias de
concelhos pequenos, como é o caso
do Sardoal – noutros a reação está a ser
negativa. Nomeadamente em fregue-
sias como Alferrarede, que no anterior
cenário não eram afetadas e agora são,
porque se fazem contas à média de ci-
dadãos por quilómetro quadrado.
Mas num caso e no outro, importa su-
blinhar que há vozes que tentam com-
preender as fusões. Ou porque já têm
um historial de vir juntando mais e
mais escolas ao seu agrupamento ou
porque entendem que pode haver
aspetos positivos na fusão de fregue-
sias: “Acima de tudo, é retirar o que há
de bom em cada um. A vivência e a
identidade das freguesias não se per-
dem!” Pensemos sobre o assunto…
HÁLIA COSTA SANTOS
Ana ClaraJornalista, Abrantes
Por via da minha inexistência
aquando do dia, é curioso que a
primeira recordação que me lem-
bro de ter é a senha do Paulo de
Carvalho “E depois do Adeus”, que
me lembro de ter ouvido num rá-
dio velhinho, lá da casa na aldeia
(Louriceira, concelho de Mação),
devia ter uns seis anos. E certa-
mente que deve ter sido numa das
comemorações de Abril.
Maria José SimõesAssistente Social, Abrantes
Tinha 11 anos na altura. Lem-
bro-me das angústias da guerra
de África e do alívio depois do 25
de Abril. O meu pai era capitão na
altura. Lembro-me perfeitamente
do telefone a tocar naquela ma-
drugada e fi quei feliz quando a mi-
nha mãe me explicou que o meu
pai já não ia para a guerra. Pouco
depois do telefonema saiu para o
quartel. Foram buscá-lo num jipe.
Ficou de prevenção. É inesquecí-
vel.
Até pode ser um apelo útil, mas será este o sítio mais indicado para o deixar? A imagem não é agradável para todos aqueles que utilizam ainda este fontenário diariamente.
UMA POVOAÇÃO? Aldeia de
Monsanto – Beira Baixa
UM CAFÉ? Café Paraíso - Tomar
PRATO PREFERIDO? Polvo assado (à
Galega)
UM RECANTO PARA DESCOBRIR?
Mata dos Sete Montes - Tomar
UM DISCO? Por este rio acima - Fausto
UM FILME? Meia noite em Paris –
Woody Allen
UMA VIAGEM? Macau
UMA FIGURA DA HISTÓRIA? Aris-
tides de Sousa Mendes, pela nobre-
za de caráter e coragem ao passar vis-
tos de entrada em Portugal, à revelia
das ordens de Salazar, salvando mi-
lhares de pessoas do holocausto nazi.
UM MOMENTO MARCANTE? 25 de
abril de 1974. A partir desse dia deixei
de ter na escola as actividades da moci-
dade portuguesa, coisa que detestava.
UM PROVÉRBIO? “A felicidade é algo
que se multiplica quando se divide”.
UM SONHO? Voltar à minha terra –
Moçambique.
UM CONSELHO PARA OS JOVENS? Estudem (ainda vale a pena), estejam
atentos e sejam críticos.
UMA PROPOSTA PARA UM DIA DI-FERENTE NA REGIÃO? Descida em
Kayak dos rios Nabão, Zêzere e Tejo.
A canoagem é uma atividade saudá-
vel, divertida e permite conhecer de
uma forma diferente a região. Há várias
ofertas. Aqui fi ca uma: Lácalha Club de
Aventura - www.lacalha.pt
SUGESTÕES
Carlos Moisés, músico
IDADE? 49
RESIDÊNCIA? Tomar
PROFISSÃO? Músico
jornaldeabrantes
MAIO2012 ENTREVISTA 3
ANTÓNIO MOR, PRESIDENTE DO CENTRO SOCIAL DO PEGO
“Perante cada difi culdade estamos todos unidos para um objetivo comum”JOANA MARGARIDA CARVALHO
António Mor: formado em gestão pela Universidade Internacional. Na década de 70 trabalhou na Me-talúrgica Duarte Ferreira, onde se iniciou na Comissão de Trabalha-dores. Entra como vereador na Câ-mara Municipal em Abrantes em 1977, onde se manteve até 1993. Foi membro do Conselho de Ad-ministração dos Serviços Munici-palizados de Abrantes entre 1980 a 1989. Entre 2007 a 2011 foi vogal do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Ainda hoje é membro da Assem-bleia Municipal de Abrantes, pelo PS. Desde 1998 assume a presi-dência do Centro Social do Pego.
Quais são as valências do Cen-tro Social do Pego?
Para a terceira idade, centro
de dia com 30 utentes e apoio
domiciliário com 32. Para os mais
novos, creche com 35 bebés e o jar-
dim-de-infância com 23 crianças.
Este complexo serve sobretudo a
população da freguesia do Pego,
mas temos alguns casos pontuais
de outras localidades. As fregue-
sias envolventes ao Pego são tam-
bém o nosso público-alvo para o
novo lar de idosos, que está ago-
ra a arrancar num investimento de
cerca de 2 milhões de euros e com
um prazo de execução de obra de
20 meses. Esperamos que em De-
zembro de 2013 o equipamento
esteja pronto a inaugurar.
Qual tem sido o trabalho de-senvolvido no Centro Social?
Tudo isto começou em 1991. A
ideia inicial era apenas a constru-
ção do centro de dia. Em 1998,
quando tomei posse, a obra do
centro de dia estava quase parada.
Foi como um iniciar de uma nova
etapa, na qual tínhamos como úni-
co objetivo concluir a obra. A ideia
da creche e jardim-de-infância sur-
ge mais tarde. Ainda não estáva-
mos com a obra do centro de dia
terminada e o projeto para os mais
novos já estava a andar. Tem sido
aliciante todo este trabalho desen-
volvido com uma equipa que re-
sulta. Há um trabalho conjugado
onde perante cada difi culdade es-
tamos todos unidos para um obje-
tivo comum.
Neste trabalho social, quais têm sido as principais difi culda-des?
São as relacionadas com a
sustentabilidade do equipamento.
Em termos operacionais, naquilo
que é a receita direta face à despe-
sa direta, temos sempre prejuízo.
[O saldo imediato entre as recei-
tas e despesas das várias funções
exercidas tem sido negativo.] Toda-
via, desde 1998 até hoje, o resulta-
do líquido do exercício [o total das
contas do Centro Social] foi sem-
pre positivo. [Como?] Temos tido
a capacidade de promover as nos-
sas próprias iniciativas [para gerar
receita] e temos sensibilizado a so-
ciedade para as mesmas. Este exer-
cício tem corrido bem, pois temos
recibo alguns apoios e subsídios da
comunidade que permitem atenu-
ar o tal prejuízo.
Em cada ano surgem difi culda-
des novas. Este ano a receita que
deriva dos utentes e da Segurança
Social foi inferior aos anos anterio-
res. No centro de dia estamos com
pensões mínimas, no jardim-de-in-
fância alguns pais estão desempre-
gados. Tudo isto resulta num rendi-
mento mais baixo na nossa receita
direta. Esta sustentabilidade é o
nosso grande desafi o futuro.
Como é que foi a sua passa-gem pela Câmara Municipal de Abrantes?
Foi um desafi o interessante. Fui
vereador no tempo da criação
das infra estruturas básicas: foi dar
água às populações que não ti-
nham este bem básico, desenvol-
vemos as estradas do concelho e
começámos com um trabalho a
que hoje ninguém dá valor que foi
a recolha do lixo. Depois foi um tra-
balho de introduzir valências no
concelho. Tivemos uma fase que a
grande preocupação das juntas de
freguesia era o alargamento dos
cemitérios nas localidades, a cons-
trução de novas escolas onde hoje
já não reside uma criança, enfi m…
Foram criadas as bases para os dias
de hoje.
Teve um papel decisivo nos Serviços Municipalizados de Abrantes. Em que se centrou o seu trabalho?
Na organização e gestão, uma
gestão que se centrava em dar
água potável à população. Quan-
do entrei tínhamos uma retroesca-
vadora que trabalhava num dia, no
outro estava na ofi cina. Quando saí
tínhamos um efi ciente armazém
de materiais e bom um parque de
máquinas. Estávamos numa fase
de cuidar do antigo e a trabalhar
numa perspetiva futura. O mais in-
teressante disto tudo foi ter lidado
com as pessoas, foi ter trabalhado
por vezes 24 horas com excelen-
tes profi ssionais,. A comunidade
em geral só os vê para lhes dar nas
“orelhas” e são pessoas que sen-
tem, que em muitos casos só serão
melhores ou piores em função da
liderança que têm.
Como é que carateriza a inter-venção política nos dias de hoje, nomeadamente no seu conce-lho?
A intervenção que é feita não
corresponde ao meu sentimento
de participação na vida local. Nos
dias de hoje deviam ser sete pesso-
as a trabalhar em prol da autarquia,
mas há um executivo que é execu-
tivo e outro contra o executivo. Não
consigo entender esta forma de
trabalhar, onde não há um objeti-
vo comum e unido. Pode haver di-
ferentes opiniões, mas a meta deve
ser a mesma. Por isso, não consigo
entender a forma de ser e de es-
tar de alguns agentes políticos no
concelho de Abrantes.
Foi membro do anterior Con-selho de Administração do Cen-tro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT). Como foi essa experiên-cia?
Supostamente, eu era o que co-
nhecia menos o CHMT. Contudo, as
coisas em que me envolvi e apos-
tei valeram pela afi rmação dos ser-
viços. Alcançámos vários objeti-
vos, nomeadamente termos fi ca-
do com uma unidade de cuidados
intensivos polivalente. Não há mui-
tas no país, com qualidade de ser-
viço na maternidade e no atendi-
mento de urgência. Uma unidade
de cuidados paliativos e uma uni-
dade com um serviço de psiquia-
tria bem instaladas foram outros
objectivos alcançados. Não perdi
tempo, foi uma altura em que fi z
algo de positivo pela sociedade.
jornaldeabrantes
MAIO20124 REGIÃO
HÁLIA COSTA SANTOS *
A lei do regime jurídico da reorga-nização administrativa territorial autárquica, aprovada na Assem-bleia da República, a 13 de Abril, provocou diferentes reações. Na região, a boa notícia foi para o Sar-doal, uma vez que as novas regras dizem que os concelhos com qua-tro ou menos freguesias não são obrigadas a fazer fusões nem a ex-tinguir freguesias. As freguesias urbanas acabaram por fi car pos-tas em causa, nomeadamente em Abrantes. A outra novidade é que a decisão fi nal, de acordo com as no-vas regras, terá que ser tomada pe-las Assembleias Municipais, até ao fi nal de junho.
O presidente da Junta de Fregue-
sia de Alferrarede, Pedro Oliveira,
concorda com a necessidade de se
reorganizar o mapa autárquico do
país, mas discorda frontalmente do
processo e dos critérios entretan-
to adotados. Isto porque Abrantes,
pelo facto de ter menos de 100 ha-
bitantes por quilómetro quadrado,
está condenada a ter uma mega
freguesia, que abarcará as atuais
quatro freguesias urbanas, incluin-
do Alferrarede. Esta freguesia, “que
tem mais do que 150 habitantes
por quilómetro quadrado, acaba
por apanhar por tabela”. O presiden-
te acrescenta que a criação de uma
megafreguesia “será um regresso
ao centralismo e as zonas mais ru-
rais fi carão num estado de ultrape-
riferia”.
Pedro Moreira lembra que o me-
morando da Troika apenas indi-
ca uma diminuição de Câmaras e
não de Juntas. Por isso, fala numa
“ataque” ao elo mais fraco, critican-
do ainda o facto de as pessoas in-
teressadas não terem sido ouvi-
das. Quanto aos aspetos negativos
da megafreguesia em Abrantes, o
autarca diz que quem fi car à fren-
te desta estrutura, por muito que
queira, não terá “condições para
atender da mesma forma” os habi-
tantes de toda a região, o que “im-
plicará um afastamento maior das
pessoas em relação ao poder polí-
tico e uma perda de qualidade de
vida”. Isto porque “a Junta de Fre-
guesia é hoje, muitas vezes, a única
porta para os mais variados proble-
mas, nomeadamente de pobreza e
exclusão social”.
Na Aldeia do Mato, freguesia do
concelho de Abrantes com caraterís-
ticas muito distintas das freguesias
urbanas, o problema é outro. Sónia
Lopes, secretária e número dois da
Junta, tem consciência de que a
possibilidade de a freguesia não ser
extinta ou de não entrar num pro-
cesso de fusão é “uma hipótese mui-
to remota”. Mesmo assim, a equipa
está a desenvolver todos os esfor-
ços para que isso não aconteça. Ali-
ás, a secretária lembra que a fregue-
sia de Aldeia do Mato foi “a única do
concelho de Abrantes” que recente-
mente participou, em Lisboa, numa
manifestação contra este processo
de reorganização do território, com
um grupo de mais de 30 pessoas.
Sónia Lopes apresenta argumen-
tos em defesa da continuidade da
freguesia da Aldeia do Mato: “Sa-
bemos que somos dos mais pe-
quenos, mas temos pontos para re-
alçar, como o turismo (com a praia
fl uvial) e a construção de um lar
de terceira idade que vai gerar al-
gum emprego. Sentimos que algu-
mas pessoas estão a voltar. Há uma
nova fi xação, sobretudo de jovens.”
Um outro ponto da argumentação
é o serviço domiciliário que a Jun-
ta faz à sua população, maioritaria-
mente idosa. “Por exemplo, quando
as pessoas precisam de atestados
ou de assuntos relacionados com
o cemitério, nós vamos a casa de-
las, preenchemos os documentos
e depois tratamos do resto do as-
sunto na Junta. Esta relação huma-
na é fundamental e vai-se perder se
houver extinção ou mesmo fusão.”
A questão que se coloca perante a
necessidade de fusão é saber como
é que se fará, e com que outra fre-
guesia. Em termos puramente geo-
gráfi cos, as possibilidades são várias,
uma vez que a Aldeia do Mato tem
várias freguesias vizinhas, nome-
adamente o Souto, Martinchel ou
Rio de Moinhos. Mas as proximida-
des geográfi cas nem sempre signi-
fi cam afi nidades, e isso pode ser um
problema. O cenário que mais agra-
daria à Aldeia do Mato seria uma fu-
são com Rio de Moinhos, por causa
das infraestruturas que esta fregue-
sia tem e considerando que já exis-
te um trabalho conjunto, nomeada-
mente ao nível da saúde. Mas a dis-
tância, em termos de quilómetros,
pode ser um obstáculo. “Mesmo
que tivéssemos acesso às infraes-
truturas e aos serviços, é muito lon-
ge e as pessoas não têm transporte.”
* com Ricardo Alves
Freguesias urbanas de Abrantes condenadas à fusão
• Freguesia de Alferrarede
jornaldeabrantes
MAIO2012 REGIÃO 5
Manuel Silva, presidente da Junta de Freguesia da Praia do Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Bar-quinha, fala num problema de “ba-tata quente”.
Ou seja, as alterações em Assem-
bleia da República passaram a res-
ponsabilidade de extinguir e/ou
fundir freguesias para as Assem-
bleias Municipais. Neste caso, uma
freguesia vai ter que desaparecer
e Manuel Silva sabe que a Praia do
Ribatejo até já estava nesse cami-
nho. Mas a questão política terá
que ser discutida pelos deputados
municipais. “Quem é que vai tomar
uma decisão de extinguir? É politi-
camente incorreto! Isto não é fácil.”
- comenta o presidente.
“A reforma admnistrativa tem que
ser feita”. Disso, Manuel Silva não
tem dúvidas. Mas há aspetos que,
na sua opinião, deveriam ser revis-
tos e que fi cam de fora, como o pro-
cesso eleitoral e as fi nanças locais.
“Uma reforma só para eliminar fre-
guesias é muito pouco; é só para
satisfazer um entendimento que
houve com a Troika.” O presidente
da Junta de Freguesia da Praia do
Ribatejo defende é que “há muita
coisa que se pode fazer em termos
de partilha”. Por exemplo, criar-se
“uma associação ao nível de servi-
ços, para limpeza urbana ou para a
parte administrativa, com partilha
de uma secretária, por exemplo”. O
problema é que “as freguesias ain-
da estão como quintinhas em que
cada um defende o seu território”.
“A solução era que a Praia se juntas-
se a Tancos, até porque há um terri-
tório partilhado, nomeadamente
a zona do Castelo de Almourol. Não
temos problema nenhum em asso-
ciarmo-nos. Acima de tudo, é reti-
rar o que há de bom em cada um. A
vivência e a identidade das fregue-
sias não se perdem!” Apesar de já
ter refl etido sobre a melhor solução
para a Praia do Ribatejo, Manuel Sil-
va diz que “o debate devia ser feito
com tempo”. De uma forma geral, o
que pensa é que as freguesias mais
rurais e as mais afastadas dos centro
de poder é que fi carão mais penali-
zadas. “A fusão ao nível urbano não
me choca tanto.”
No caso do Sardoal, como só tem
quatro freguesias, a fusão só acon-
tecerá se a Assembleia Munici-
pal assim o entender. Mas Miguel
Borges, vicepresidente da Câmara,
adiantou ao JA que a opção de fa-
zer fusões não deverá ser a vontade
dos deputados municipais, apesar
de essa opção corresponder a uma
majoração de 15% no orçamen-
to autárquico durante quatro anos.
Isto porque já existe a experiência
de um grupo de trabalho que reu-
niu pessoas com várias sensibilida-
des político-partidárias e que mani-
festou a importância de se manter
as quatro freguesias.
Mesmo com “o rebuçado” do di-
nheiro extra, durante quatro anos,
Miguel Borges acredita que “no
Sardoal ninguém vai querer me-
xer nas freguesias”. E as razões são
as mesmas já apontadas quando a
fusão parecia inevitável: “Isso signi-
fi caria uma perda clara de políticas
de proximidade. As pessoas já per-
deram os correios, os médicos…
já têm tão pouco. E os gastos para
manter as Juntas de Freguesia não
são assim tão signifi cativos. É unâ-
nime a vontade de que as coisas se
mantenham como estão.” Pelo facto
de a situação do Sardoal ser agora
completamente diferente do que
no momento em que foi divulgado
o Livro Verde, o vicepresidente re-
mata: “Ainda bem que nos ouviram.
Claro que não foi só a nós que nos
ouviram, mas certamente que ouvi-
ram muitas pessoas que se manifes-
taram e ainda bem.”
HCS
Barquinha perde uma freguesia,Sardoal pode fi car como está
Foto
de
Pa
ulo
So
usa
• Valhascos poderá manter-se como freguesia do Sardoal
jornaldeabrantes
MAIO20126 ECONOMIA
PSD quer comissão de inquérito à assembleia municipal no âmbito do projeto RPP SolarRICARDO ALVES
Os vereadores da Câmara Munici-pal de Abrantes (CMA) eleitos pelo PSD querem que seja constituída uma comissão de inquérito, com-posta por pessoas independentes, para analisar o processo que envol-ve o projeto RPP Solar. A presiden-te da autarquia, Maria do Céu Albu-querque, fala em especulação. Des-de 2009 que o assunto se arrasta sem solução.
A proposta de criação de uma co-
missão surgiu no seguimento das
respostas entregues pela autar-
quia, no dia 16 de abril, antes da
reunião de Câmara, sobre o proces-
so RPP Solar. Em causa estão infor-
mações relativas às garantias ban-
cárias supostamente apresentadas
pelo empresário Alexandre Alves e
sobre a ação da Assembleia Munici-
pal durante todo o processo. O PSD
Abrantes quer que esta comissão
seja composta por todos os partidos
representados na Assembleia e li-
derada por pessoas independentes.
Santana Maia Leonardo, do PSD,
concretiza: “Esta comissão de in-
quérito que pedimos, no âmbito
da Assembleia Municipal, com to-
dos os partidos – PS, PSD, BE e CDS
– é precisamente para se apurar as
responsabilidades, fazer o inventá-
rio e escrutínio a todo o processo de
negociações, desde a formação de
vontade, e depois no que se passou
a seguir até hoje. Para saber onde é
que se falhou, por que é que se fa-
lhou, e quem foi o responsável. Até
achamos que esta comissão deve
ser presidida pelo Dr. João Viana e
pela Dra. Sónia Onofre, que não têm
nada a ver com o PSD e têm forma-
ção jurídica. Não estamos interessa-
dos em fazer uma comissão por ra-
zões político-partidárias.”
Para o vereador eleito pelo PSD,
esta comissão visa perceber “quem
construiu esta fantasia com pés de
barro” e levantou suspeitas sobre
eventuais benefi ciados à custa do
município. “Temos de saber quem
ganhou grandemente com isto. Se
as coisas não tivessem sido apre-
sentadas com as garantias com que
foram, provavelmente alguns não
estariam nos lugares em que estão
hoje. Houve outras pessoas que be-
nefi ciaram diretamente, pois rece-
beram dinheiro e terrenos à conta
do município. Há pelo menos mais
de 1 milhão de euros que o muni-
cípio perdeu com efeitos imediatos,
mas se calhar as consequências ain-
da serão piores!”
Santana Maia Leonardo afi rmou
que a situação chegou a “um pon-
to limite” e que a posição dos ve-
readores do PSD visa descobrir os
pormenores sobre um processo po-
lémico. “Ou achamos que todo o di-
nheiro que foi investido e as expe-
tativas que foram criadas são para
deitar ao lixo ou apuramos as res-
ponsabilidades de quem nos con-
duziu a este ponto.” Continua sobre
a necessidade de se apurarem essas
mesmas responsabilidades: “Isto é
como as empresas, quando tenho
um gestor que tem bons resultados
eu tenho tendência a mantê-lo no
lugar, mas quando vejo que a em-
presa está metida num buraco por
más decisões do gestor, eu corro
com ele. No processo político tem
de ser da mesma forma. O povo,
que é o dono da empresa, tem de
saber se os gestores que escolheu
para a empresa – presidentes da câ-
mara, vereadores e deputados mu-
nicipais – gerem bem ou não a em-
presa. Se não gerirem têm de poder
ter o direito a eleger uma nova di-
recção, como as sociedades anóni-
mas.”
Presidente da autarquia fala em “questão política e especulação”
Maria do Céu Albuquerque reagiu
à proposta de comissão de inqué-
rito apelidando a mesma de espe-
culação. Para a presidente da CMA,
a questão não faz sentido até por-
que “todo o procedimento – da RPP
Solar – foi validado pelo Tribunal de
Contas”. E acrescenta: “Nós não en-
contramos nada no processo que
indicie que seja necessário abrir um
inquérito.” A autarca fez questão de
afi rmar que o seu executivo “traba-
lha com toda a clareza e transparên-
cia” e que o seu objetivo é “que este
processo, neste moldes ou noutros,
possa ter o seu desenrolar e que,
mesmo não criando todos os pos-
tos de trabalho previstos no início,
e nomeadamente com o investi-
mento que já está feito, este ou ou-
tro promotor possa vir a desenrolar
o processo, concluir esta fase, e fa-
zer a instalação desta unidade com
a criação do número de postos de
trabalho previsto para esta fase, cer-
ca de 300”.
Sobre as suspeitas levantadas por
Santana Maia Leonardo de que al-
guém estará a benefi ciar com o pro-
cesso, Maria do Céu Albuquerque
responde: “As declarações são de
quem as faz. A única coisa que pos-
so dizer é que este projeto foi visado
pelo Tribunal de Contas. Nós respei-
tamos as instituições, respeitamos o
Tribunal de Contas e não vemos ra-
zão para esta especulação”.
A 17 de julho de 2009, quan-
do a Assembleia Municipal de
Abrantes, presidida por Jorge La-
cão (PS), aprovou por unanimi-
dade a compra e venda do terre-
no, o ambiente era de esperança
e otimismo. Cedo essa sensação
começou a desvanecer. O terreno
onde se viria a construir o mega
empreendimento, com 82.875
hectares, em Casal Curtido, Con-
cavada, custou um milhão de
euros à Câmara Municipal de
Abrantes (CMA). A polémica tem
início com a venda desse mesmo
terreno à RPP Solar, no próprio dia
da compra por parte da CMA, por
103.586 euros. A autarquia tam-
bém isentou o projeto de todas
as taxas urbanísticas municipais.
A RPP Solar terá recebido incenti-
vos fi nanceiros, mesmo que indi-
retos, de 900 mil euros, propostas
que foram todas aprovadas pela
Câmara e Assembleia municipais
e visadas pelo Tribunal de Contas.
As escrituras datam de 1 de outu-
bro de 2009.
Julho de 2010 foi a data aponta-
da para o começo da produção.
Seriam contratados 670 traba-
lhadores e em 2012 o quadro da
empresa deveria atingir os 1.900.
Não aconteceu. Depois desta
data foram anunciadas outras da-
tas, agendadas reuniões e entre-
ga de documentos por parte do
empresário Alexandre Alves, pre-
sidente da RPP Solar, garantindo
que o projeto avançaria. Numa
das raras aparições do empresá-
rio a comentar o caso, em 2010,
Alexandre Alves garantia ter já
cerca de 100 milhões de euros
em vendas assegurados e que
em carteira teria já contratos as-
sinados com Espanha, Itália, Ale-
manha e “outros oito em fase fi -
nal de assinatura, como seja com
o Japão e China”. “Os contratos
assinados permitem dizer que já
temos tudo vendido e o produto
vai ser todo escoado a partir de
Abrantes numa lógica patriota e
de aposta na exportação, 1.700
camiões por ano, com 600 pai-
néis cada, a carregarem painéis
para toda a Europa”, afi rmou na
altura.
Tal voltou a não acontecer.
No início de 2011 a presiden-
te da CMA pediu explicações
ao promotor sobre o andamen-
to da obra, tendo na altura fei-
to o seguinte ponto de situação:
“Informaram-nos que a ques-
tão do passivo aos fornecedo-
res será resolvida durante maio
[2011], sendo este mês apon-
tado também para o arranque
da primeira linha de produção.”
No dia 17 de julho de 2009, em
Assembleia Municipal, dia em
que as propostas relativas ao
projeto foram aprovadas, o de-
putado social-democrata Belém
Coelho questionou se o proto-
colo não devia ter uma cláusula
de compensação no caso de in-
cumprimento parcial ou total do
promotor. Esta questão ganha
especial relevância para tentar
entender a postura do executi-
vo abrantino no processo. Maria
do Céu Albuquerque tem tenta-
do pressionar o promotor, mas
nunca para além do limite em
que possa pôr em perigo um
avultado investimento do muni-
cípio. Recorde-se que o processo
foi iniciado no último mandato
de Nélson de Carvalho e foi tam-
bém nessa altura que não fi cou
defi nida a cláusula de compen-
sação, situação herdada pela atu-
al autarca.
Um projeto e processo polémicos
No protocolo com o IEFP fi cou estabele-
cido o apoio de 58 milhões de euros para
a criação de 1900 postos de trabalho com
cada emprego a custar 30.500 euros. Os
restantes 70 milhões que perfazem o to-
tal de 128 milhões de apoios seriam con-
seguidos ao abrigo do QREN, em incenti-
vos fi scais; investimento de 1.072 milhões
de euros; mã-de-obra, principalmente a
indiferenciada, seria recrutada ao nível lo-
cal e regional; foi considerado um Projeto
Integrado de Energia Solar e um Projeto
de Interesse Nacional a 14 de Setembro
de 2009; o projeto visava agregar toda a
cadeia de produção de energia solar, com
a instalação de sete unidades industriais,
cinco a sete torres eólicas, painéis solares
e turbinas de cogeração.
Números e dados do projeto
jornaldeabrantes
MAIO2012 SOCIEDADE 7
O BNI Estratégia, organiza-
ção de negócios que envol-
ve empresários de Abrantes,
Mação e Sardoal, anunciou
o volume fi nanceiro no mes-
mo dia em que apresentou
a nova equipa de liderança
e fez o balanço dos primei-
ros 12 meses de atividade.
É durante os pequenos-
almoços no restaurante do
Parque Urbano São Louren-
ço, que começam às 6h15,
que o BNI estratégia desen-
volve a sua atividade em
grupo. No dia 5 de abril, a
organização assinalou um
ano de existência e no mes-
mo dia registou que os seus
membros, em conjunto,
atingiram o valor de três mi-
lhões de euros em negócios.
Com a sala cheia de empre-
sários, comunicação social
e convidados, também foi
anunciada a nova equipa de
liderança, presidida por José
Alves Jana, que substitui o
anterior presidente, Luís Pi-
res, da empresa Grão Café, e
um dos impulsionadores do
grupo.
Luís Pires contou que o
BNI Estratégia foi o único
grupo fora dos Estados Uni-
dos da América que rece-
beu a distinção “Platinum”,
entre cerca de 6.100 gru-
pos constituídos por todo o
mundo, frisando o seu orgu-
lho no resultado. Para José
Alves Jana, novo presiden-
te, “não será fácil alcançar o
sucesso obtido” pelos seus
antecessores, mas o seu ob-
jetivo enquanto líder do gru-
po será “chegar ao milhão
de euros em negócios agra-
decidos até fi nal de Setem-
bro”, numa meta que defi ne
como “ambiciosa e ao mes-
mo tempo realista”.
A estratégia do grupo pas-
sará por continuar a privile-
giar visitas a empresas e or-
ganizar encontros com fi gu-
ras proeminentes do mundo
empresarial, numa perspeti-
va de enriquecimento dos
seus membros. É no segui-
mento destas ideias que
no próximo dia 4 de maio,
no restaurante do Parque
Urbano de São Lourenço,
se vai realizar um encontro
com o administrador da Re-
nova, Paulo Pereira da Silva,
convidado para ser orador
no evento.
A nova equipa de liderança
é composta por José Alves
Jana (presidente), Rui Ser-
ras (vice-presidente) e Rui
Simão (tesoureiro). O BNI Es-
tratégia foi fundado ofi cial-
mente a 6 de maio de 2011,
com um grupo inicial de 30
empresários dos concelhos
de Abrantes, Sardoal e Ma-
ção. Atualmente conta com
37 associados atingindo no
dia 5 de maio os três mi-
lhões de euros em negócios
agradecidos. Os membros
passaram 4.679 referências,
1.283 entrevistas entre si e
fi zeram 327 formações. O
Business Networking (BNI)
está presente em 49 países,
com mais de 6.100 grupos,
que envolvem cerca de 150
mil empresários de todo o
mundo.
Ricardo Alves
BNI Estratégia ultrapassa três milhões de euros em negócios
Um novo equipamento para a ter-ceira idade foi inaugurado no con-celho de Mação, com a presença de Miguel Relvas, ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
O edifício do antigo Centro de
Saúde foi o espaço requalifi cado
para dar lugar a um novo lar, com
capacidade para 20 utentes.
Vasco Estrela, provedor da Santa
Cada da Misericórdia de Mação, em
declarações ao JA, disse que o novo
espaço representa um investimen-
to de 750.000 euros, com 190.000
euros de apoios comunitários. O in-
vestimento garante ainda a criação
dois postos de trabalho.
O novo lar fi ca sediado no centro
da vila, tem dois pisos com 25 divi-
sões no rés-do-chão e mais 22 no
primeiro andar. Divisões que foram
adaptadas para quartos simples e
duplos, com casa de banho priva-
tivas e duas vivendas para casais.
Para além de um espaço físico am-
plo, o lar benefi cia de um refeitório,
lavandaria, salas de estar, gabinetes
de enfermagem e apoio médico,
capela, casa mortuária e serviço de
elevador.
Segundo Vasco Estrela, “este lar é
mais uma alternativa aos idosos de
Mação”, um dos concelhos mais en-
velhecidos do distrito de Santarém.
O novo espaço vai assim “reduzir a
atual lista de espera, com cerca de
200 pessoas, e representa mais um
espaço com conforto e a qualidade
necessária para os nossos idosos”.
Já Miguel Relvas classifi cou o novo
lar como um bom investimento,
“que gera desenvolvimento social
e em que sabemos que o dinheiro
investido vai reproduzir serviço pú-
blico”, acrescentando que o traba-
lho das Misericórdias do país “é um
trabalho bem feito, servindo os in-
teresses e as necessidades das po-
pulações”.
A Misericórdia de Mação é uma
das instituições mais importan-
tes para o concelho pois presta um
conjunto de serviços, desde apoio
domiciliário e integrado, creche, ati-
vidades de tempo livres, com cen-
tro de alojamento temporário, e
uma unidade de apoio integrado. O
orçamento anual da instituição é de
1,6 milhões de euros.
Joana Margarida Carvalho
• Novo lar de Mação permitirá reduzir a lista de espera que estava com 200 pessoas
Idosos de Mação já contam com um novo lar
CHMT garante transporte entre os três hospitais
O Centro Hospitalar do Mé-
dio Tejo (CHMT) tem a fun-
cionar um serviço gratuito
de transporte público para
alguns profi ssionais de saú-
de, que têm de se deslocar
entre as três unidades que
fazem parte do CHMT (Torres
Novas, Tomar e Abrantes).
João Lourenço, vogal do
conselho de administração
do CHMT, explicou que o
Centro fez um acordo com a
Rodoviária do Tejo, para ga-
rantir o transporte entre os
três hospitais. Uma medida
que surge no âmbito da re-
organização feita nos últi-
mos meses. Durante todos
os dias da semana são ga-
rantidas três viagens diárias,
ao início da manhã, início e
fi m da tarde, nos dois sen-
tidos, ligando as três cida-
des. São cerca de trinta lu-
gares disponíveis, uma parte
para os profi ssionais da fun-
ção pública e outra para os
utentes e acompanhantes.
O CHMT garante o paga-
mento das deslocações dos
profi ssionais, uma vez que
a lei assim o prevê. Já os
utentes têm de pagar. Nes-
te caso, são preços defi nidos
pela Rodoviária do Tejo: 5
euros e meio para a viagem
de ida e volta.
Este serviço está a funcio-
nar desde o dia 5 de março.
• Reunião semanal do BNI Estratégia às 6h15
TABELA DE PREÇOS
jornaldeabrantes
MAIO2012
Quando a coordenado-
ra da biblioteca da Esco-
la Secundária com 3º Ciclo
Dr. Solano de Abreu, em
Abrantes, lançou o desafi o
à comunidade escolar, não
esperava tanto. Ana Cata-
rina Pinheiro explica por-
quê: “Começámos com a
expetativa de ter algumas
centenas de livros e acabá-
mos com mais de 3.000 li-
vros.” Ao longo de dois me-
ses, com o objetivo de se
construir uma Torre da Sa-
bedoria com sete metros
de altura, as várias turmas
do estabelecimento de en-
sino recolheram livros, com
a ajuda de professores e as-
sistentes operacionais.
A iniciativa teve dois obje-
tivos: por um lado, “chamar
a atenção dos alunos para
os livros e para a biblioteca”;
por outro lado, tratou-se de
uma “causa solidária”, uma
que vez que os livros vão
ser oferecidos a Instituições
de Solidariedade Social do
concelho. Apesar de a reco-
lha ter tido também a forma
de concurso, com prémios
para as turmas que reco-
lhessem mais livros,Viviana
Cruz, 17 anos, sublinha que
o empenho dos alunos tam-
bém se justifi ca pelo fato
de saberem que estavam a
contribuir com livros para
oferecer para pessoas mais
carenciadas.
Os livros recolhidos da-
vam para fazer três torres
mas, por uma questão de
segurança, manteve-se o
objetivo inicial. Com a ajuda
de funcionários da Câmara
Municipal, que foi parceira
da iniciativa, construiu-se
a Torre da Sabedoria, com
sete metros de altura, para
assinalar o Dia do Livro.A Associação Vidas Cruza-
das lançou um projeto de
apadrinhamento de crian-
ças do concelho de Abrantes
com o nome de “André”. A
ideia é criar uma base de da-
dos com potenciais padri-
nhos e madrinhas. Numa pri-
meira fase, trata-se apenas
de recolher informação so-
bre adultos que estejam dis-
poníveis para ajudar a resol-
ver uma situação de carência
de uma criança. Depois de
inscritas na base de dados, as
pessoas candidatas a apadri-
nhar não fi cam obrigadas a
fazê-lo. Sempre que a Asso-
ciação Vidas Cruzadas identi-
fi car uma criança com difi cul-
dades económicas que esteja
em condições de ser apadri-
nhada, será acionada a rede
de padrinhos, sendo essa in-
formação divulgada a quem
se disponibilizou para ajudar.
Nessa altura, e em função do
valor necessário, os candida-
tos a padrinhos comunicam
a sua intenção de apadri-
nhar aquela criança. As situ-
ações poderão variar, poden-
do ser pontuais ou mais pro-
longadas no tempo, como a
compra de um par de ócu-
los ou o pagamento de aulas
de música. Por questões de
confi dencialidade, os padri-
nhos não terão informação
sobre quem é o seu afi lhado.
No entanto, a Associação Vi-
das Cruzadas, Instituição Par-
ticular de Solidariedade So-
cial (IPSS), garante que o de-
vido acompanhamento da
situação, para que o objeti-
vo deste iniciativa seja cum-
prido.
8 REGIONAL
A Ribeira do Sardoal foi
alvo de uma ação de limpe-
za, numa extensão de um
quilómetro, entre a zona do
Talagenal e a ponte do Cha-
fariz das Três Bicas. A equi-
pa de Sapadores Flores-
tais de Sardoal efetuou tra-
balhos de limpeza do leito,
desobstrução das linhas de
água e regularização dos
caudais. O entulho foi depois
removido, queimado ou tri-
turado. Pretendeu-se, assim,
prevenir os assoreamentos e
melhorar a qualidade e quan-
tidade de água. Este investi-
mento, suportado pelo orça-
mento do município, ascen-
deu a cerca de 5.000 euros.
Os trabalhos foram projeta-
dos e coordenados pelo Ga-
binete Técnico Florestal do
Sardoal, em articulação com
as estruturas concelhias, re-
gionais e nacionais, da Pro-
teção Civil e Bombeiros. En-
tretanto, estas entidades já
têm em curso um projeto
de “Minimização de Riscos“,
fi nanciado pelo PRODER e
custeado a 100% pela União
Europeia e Ministério da Agri-
cultura, no valor de mais de
232 mil euros.
Este projeto de prevenção
de incêndios fl orestais com-
preende uma intervenção de
235 hectares nas freguesias
de Sardoal, Valhascos e San-
tiago de Montalegre. Cons-
ta de cortes controlados de
árvores, cortes e desbastes
de matas, gradagem de ter-
renos e outras ações, em re-
des primárias (fl oresta), redes
secundárias (junto a vias de
comunicação), aglomerados
populacionais e industriais.
A freguesia de Alcaravela não
foi abrangida porque os seus
territórios se encontram sob
gestão da sua ZIF – Zona de
Intervenção Florestal.
Ribeira foi limpa para melhorar a água
Padrinhos para crianças de Abrantes, precisam-se
• A torre da sabedoria uma iniciativa que assi-nalou o Dia Mundial do Livro em Abrantes
A Câmara de Abrantes apro-
vou no dia 16 de Abril, por
maioria, o Relatório de Ges-
tão e Prestação de Contas, re-
ferente ao ano de 2011. A pro-
posta foi aprovada com os vo-
tos a favor da presidente, dos
eleitos pelo PS e pelo ICA e
com os votos contra dos elei-
tos pelo PSD. Em comunica-
do, a autarquia explica que “a
diminuição de 5% nas trans-
ferências do Orçamento de
Estado para as autarquias re-
fl etiu-se na gestão municipal
que teve de assumir encargos
acrescidos para corresponder
às necessidades sociais dos
cidadãos”. Entre outras infor-
mações, o documento mostra
que a média para pagamento
a fornecedores é de 64 dias.
Os dados divulgados indi-
cam que a receita total da
Câmara de Abrantes atin-
giu os €29.309.364, enquan-
to a despesa se cifrou nos
€28.893.103. A receita corren-
te apurada foi de €19.011.793,
enquanto a despesa corren-
te atingiu os €15.723.867, do
que resultou uma poupan-
ça corrente de €3.287.926.
Quanto à receita de capital
atingiu os €10.297.572, en-
quanto a despesa de capital
registou €13.169.237. Em ter-
mos patrimoniais, o resultado
líquido do exercício cifrou-se
em €1.687.401 (+ 566%).
Contas aprovadas na Câmara de Abrantes
Torre da Sabedoria na Solano de Abreu
• Câmara do Sardoal investe 5.000 euros na limpeza da Ribeira
jornaldeabrantes
MAIO2012 REGIONAL 9
Foi em 2006 que um grupo de jo-vens da região de Abrantes se jun-tou para trabalhar no âmbito social. Um trabalho de voluntariado que tinha como objetivo ajudar, desde os mais jovens aos mais idosos.
Ana Lúcia Silvério, presidente da
direção da Associação, contou ao
JA que no início da atividade foram
vários os desafi os que o grupo de
jovens se propôs levar por diante.
“Começámos com o serviço de Psi-
cologia, bastante solicitado de ime-
diato, e que ainda permanece como
uma das atividades principais. O
preço que praticamos é bastante
simbólico pois muitos dos utentes
que recebemos não têm grande
poder económico. Há até algumas
famílias para quem este valor míni-
mo é signifi cativo. Nesses casos, de-
pois de uma avaliação, prestamos o
serviço gratuitamente.” Pessoas de
Tomar, Mação, Ponte de Sôr, Sardo-
al, Entroncamento e Vila de Rei pro-
curam este serviço.
Para além do apoio psicológico,
a Cres. Ser tem um projeto direcio-
nado para os jovens desfavoreci-
dos. “Chama-se Crescer Saudável,
onde desenvolvemos imensas ati-
vidades de âmbito social, cultural
e preservação de património. Ini-
ciativas onde os jovens aprendem,
aproveitam as suas competências
e, mais importante, se sentem va-
lorizados.”
A terceira idade é também um
público a que a Cres. Ser dá privilé-
gio. O Crescer Sénior foi outro pro-
jeto desenvolvido pela Associação
e ainda hoje está no terreno. “Ini-
ciámos atividade para os idosos
da Junta de São Vicente, hoje tra-
balhamos para 11 freguesias. É um
exercício bastante dinâmico, uma
vez que desenvolvemos práticas
desportivas, animação sociocultu-
ral, jogos lúdicos, hidroginástica,
etc. É um projeto direcionado aos
idosos, mas também para aqueles
que estão desempregados, sem
um rumo, que estão na reforma an-
tecipada e que ainda têm capacida-
de e interesse para uma vida mais
ativa.”
Outro grande desafi o que a Cres.
Ser agarrou foi os Campos Interna-
cionais. Jovens de várias partes do
mundo chegavam à Abrantes, fi ca-
vam 15 dias e desenvolviam traba-
lho de voluntariado, proposto pela
Associação. Hoje, e segundo a pre-
sidente, é uma atividade que já não
está em marcha pois a exigência de
recursos humano, a logística e ou-
tros fatores fi zeram com que o pro-
jeto fi casse adormecido. Contudo,
“mesmo agora estamos a tentar ar-
ranjar uma equipa de trabalho que
pegue nele novamente”. Ana Lúcia
Silvério lembra que “o sucesso, na al-
tura, foi tal, que fomos dos campos
internacionais que tivemos mais
adesão no distrito de Santarém”.
A nova mediadora cultural que se
encontra a exercer funções na Câ-
mara Municipal de Abrantes foi ou-
tro objetivo alcançado pela Cres.
Ser, em conjunto com a autarquia.
“Foi um trabalho que chamámos
de Inclusão Étnica e que foi realiza-
do com 29 mulheres, para conhe-
cermos a realidade das famílias de
etnias existentes na região”.
Trabalhar no âmbito social é, se-
gundo Ana Lúcia Silvério, bastante
recompensador, mas também tem
os seus problemas, nomeadamen-
te com as questões burocráticas.
A Cres. Ser tem como objetivo fu-
turo tornar-se uma IPSS, mas devi-
do “a uma falta de esclarecimento
da parte das entidades competen-
tes, ainda não conseguimos atin-
gir este estatuto, tão importan-
te para nós”. Quanto à questão do
voluntariado, Ana Lúcia Silvério re-
feriu ao JA que, por vezes já se tor-
na complicado encontrar pesso-
as para realizar esta prática. “Con-
ciliar o trabalho, a vida pessoal e a
Cres. Ser nem sempre é tarefa fácil,
é uma batalha todos os dias”.
A Associação exerce funções no
Edifício Carneiro e, neste sexto ani-
versário, pretende realizar algum
trabalho de restauro, reparação,
limpeza e manutenção do espaço,
que já se encontra bastante enve-
lhecido. Para que esta tarefa seja
possível, Ana Lúcia Silvério adian-
ta que é necessário o apoio do se-
tor empresarial da região e juntar
voluntários para o trabalho pre-
tendido. “Era ótimo no aniversário
termos a nossa casa mais limpa e
agradável e podermos fazer uma
festa com todos aqueles que con-
tribuíram para este objetivo, que
se chama Crescer de Cara Lavada.”
Joana Margarida Carvalho
A Cres. Ser há seis anos
ASSOCIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL E COMUNITÁRIO CRES. SER
Foi com emoção que Jor-
ge Gaspar, presidente da As-
sembleia Geral da Associação
de Assistência Domiciliária de
Alcaravela (AADA), agradeceu
a iniciativa do Rotary Club de
Abrantes, que entendeu pro-
mover um jantar para anga-
riar fundos para aquela insti-
tuição. Com a participação de
cerca de 100 pessoas foi pos-
sível adquirir um LCD para a
sala de estar da associação,
assim como louça para as re-
feições, uma bicicleta para os
idosos se exercitarem e um
aparelho de higiene.
A AADA está a funcionar
como centro de dia e apoio
domiciliário, prestando servi-
ços a idosos não só na fregue-
sia de Alcaravela, mas tam-
bém em Entrevinhas, ambas
no concelho do Sardoal. Ao
todo tem 44 utentes, sendo
17 deles apoiados nas suas
próprias casas. A instituição
tem atualmente 15 funcio-
nárias, “as melhores do mun-
do”, e duas pessoas em está-
gio profi ssional. Jorge Gaspar
destacou o empenho destas
pessoas, apesar dos salários
“francamente baixos” que re-
cebem: “Temos um serviço de
excelência, que resulta do cari-
nho e da relação afetiva entre
as funcionárias e os utentes.”
Jorge Gaspar destacou as di-
fi culdades com que a AADA
se debate. As receitas são pou-
cas, porque as reformas dos
idosos são baixas e porque a
Segurança Social só comparti-
cipa 20 dos 27 idosos que es-
tão no centro de dia. Por ou-
tro lado, a particularidade de
a associação estar aberta 365
dias por ano também signi-
fi ca mais encargos. Daí a “a
grande difi culdade em consti-
tuir reservas para fazer face a
despesas futuras”. O principal
desafi o é agora angariar 200
mil euros para fi nanciar 50%
de uma obra já aprovada e co-
fi nanciada pela Tagus: um lar
com dez quartos.
Rotários solidários com associação de Alcaravela
• Jantar dos Rotários em São Lourenço
• Núria Serrano, Susana Narciso e Ana Lúcia Silvério da Cres.Ser
Números
• Fundação: 2 Junho de 2006
• Sócios: 155
• Sede fi scal: Junta de
Freguesia de São João
• Sede com os serviços:
Edifício Carneiro
jornaldeabrantes
MAIO201210 REGIONAL
A Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes entregou um novo equipa-mento à Unidade de Cuidados Inten-sivos.
Trata-se de um ecocardiógrafo que
permite verifi car a efi cácia dos medi-
camentos nos doentes, assim como
perceber se o paciente tem uma pa-
tologia aguda ou crónica para que os
médicos possam decidir se é necessá-
rio, ou não, fazer uma intervenção ci-
rúrgica. Nuno Catorze, diretor daquela
unidade, explica que este equipamen-
to permite dar “um salto qualitativo”.
A entrega do ecocardiógrafo, que
custou 35 mil euros, foi feita numa ce-
rimónia aberta à comunicação social,
ao contrário do que tem acontecido
com outras ofertas feitas pela Liga ao
Hospital. Luís Fernandes, presiden-
te da Liga dos Amigos do Hospital de
Abrantes, explica que o objetivo é mo-
tivar mais pessoas a se tornarem asso-
ciadas da Liga, assim como “manifes-
tar mais desejo de mecenato local”. Ali-
ás, o mecenato tem sido determinante
para as dádivas que a Liga tem vindo
a fazer ao Hospital, nomeadamente
a montagem de um sistema de este-
rilização e a aquisição de camas com
tecnologia de ponta. Ao todo, a Liga
dos Amigos contribuiu já com equipa-
mentos que totalizam cerca de 400 mil
euros.
Com o novo ecocardiógrafo, os do-
entes já não necessitam de se deslocar
a outras unidades de saúde para faze-
rem determinados exames. Mas tam-
bém os profi ssionais de saúde ganham
com este equipamento. Como refere
Paulo Vasco, diretor clínico do Centro
Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), do
qual faz parte o Hospital de Abrantes,
o novo equipamento “vai melhorar as
condições de trabalho e motivar os
profi ssionais para prestarem um tra-
balho ainda melhor” a quem precisa
de atendimento médico.
Nuno Catorze conta que “tem sido
muito gratifi cante trabalhar com a
Liga”. No caso concreto do novo apa-
relho, o “salto qualitativo” será não só
para os doentes, mas também para os
profi ssionais que prestam os cuida-
dos de saúde. Isto porque muitos de-
les têm vindo a fazer formação espe-
cífi ca, que poderá ser potenciada com
o ecocardiógrafo que agora foi ofere-
cido. Por outro lado, este responsável
acredita que, com esta melhoria nas
condições de trabalho, será possível
“fi xar mais médicos jovens a este de-
partamento e a este Hospital”.
A presidente da Câmara, Maria do
Céu Albuquerque, evidenciou o fac-
to de Abrantes ter uma “comunidade
muito empenhada, uma sociedade ci-
vil que não fi ca à espera que lhe resol-
vam os problemas e que vai ao encon-
tro de soluções para resolver os pro-
blemas dos outros”. A autarca reiterou
a sua disponibilidade para continuar a
encontrar mais soluções na prestação
dos cuidados, dentro das possibilida-
des do município.
A Unidade de Cuidados Intensivos do
Hospital de Abrantes recebe doentes
críticos de todo o CHMT com necessi-
dades de suporte vital em funções bá-
sicas, como a respiratória, a cardiocir-
culatória e a renal. Chegam também
a este serviço doentes de trauma, de
ortopedia ou com graves infeções pul-
monares ou renais.
MÉDICOS DO HOSPITAL DE ABRANTES COM MAIS CONDIÇÕES DE TRABALHO
Liga dos Amigos oferece ecocardiógrafo de 35 mil euros
• Presidente da Liga faz apelo para que mais pessoas se tornem sócias
Com mais condições
de trabalho será
possível fi xar
médicos jovens
O “I Challenge – Rota do
Pão” decorre no próximo dia
12 de maio com um duplo
objetivo: por um lado, pro-
porcionar às pessoas da re-
gião divertimento numa ac-
tividade diferente; por outro
lado, “prestigiar e dar a co-
nhecer o concelho do Sar-
doal, explorando as suas
valências e potencialidades”.
Trata-se de uma iniciativa
da Associação de Melhora-
mentos dos Amigos de En-
trevinhas (AMAE) e da Asso-
ciação Recreativa da Presa
(ARP) que inclui um conjun-
to de provas, jogos de equi-
pa, brincadeiras, jogos tradi-
cionais e outros desafi os e
surpresas. Podem concorrer
equipas de três a cinco ele-
mentos. A maior parte das
provas será nos Moinhos de
Entrevinhas e na Lapa, onde
a organização terá montado
um serviço de bar e almoços
rápidos de baixo custo, para
quem quiser assistir. A noite
terminará com um jantar se-
guido de um espectáculo de
Música Portuguesa e Dança
Flamenga, a cargo dos Gru-
pos “Informáticos & Com-
panhia” e “Sentir Flamengo”
de Lisboa. Mais informações
em www.arp.com.sapo.pt .
Também na sua primeira
edição, a “I Grande Descida
em Carrinhos de Rolamen-
tos” vai animar algumas ar-
térias da vila de Sardoal, no
próximo dia 1 de maio, a
partir das 14 horas. Neste
caso, a organização é do Clu-
be de Motards “Os Últimos
do Ribatejo” e destina-se a
atletas de todas as idades.
Haverá uma prova especial
para menores de 12 anos.
Provas e animação no Sardoal
O Centro Escolar do Tramagal foi inaugurado no feriado na-cional, 25 de Abril. Na cerimónia esteve presente a comu-nidade escolar e tramagalense, Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal e Vitor Hugo, presidente da Junta de Freguesia. Uma escola que nasceu na época do Estado Novo e que foi agora totalmente requalifi cada.
jornaldeabrantes
MAIO2012 ABRANTES 11
Clara Maia, professora de uma turma do 4º ano da Escola da Chainça, em Abrantes, não tem dúvidas: participar no Animaio, produzindo um fi lme de animação, é uma clara forma de enri-quecimento curricular.
Porque para obter um resultado fi nal
é preciso passar por um processo de re-
colha de informação sobre um tema, de
produção de texto, de aquisição de co-
nhecimentos técnicos e de desenvol-
vimento da criatividade através da ex-
pressão plástica.
O Animaio vai estar no Cineteatro São
Pedro entre os dias 16 e 18 de maio. Pela
sexta vez, a Associação Cultural Palha de
Abrantes, através do Espalhafi tas, lan-
çou o desafi o às escolas do 1º ciclo. O
número de turmas envolvidas na produ-
ção de fi lmes de animação tem vindo a
crescer e, este ano, são já dez (quatro da
Chainça, das do Pego, uma de S. Facun-
do, uma do Carvalhal e uma do ATL do
Espalhafi tas). Ao todo são cerca de 250
miúdos que, ao longo de meses de tra-
balho, acompanhados por seis forma-
dores, produzem animação.
Lurdes Martins, do Espalhafi tas, é
quem está na génese do projeto. Expli-
ca que este é um processo de meses,
embora só na fase fi nal é que os forma-
dores estejam diariamente nas escolas
a trabalhar com os alunos. Na Chainça
têm estado Graça Gomes, do Cineclube
de Viseu, e João Paulo Dias, do Cineclu-
be de Avanca. Este formador, que des-
pertou para a animação ainda em miú-
do, diz que “o Animaio é provavelmen-
te o único festival infantil de animação
feito nas escolas”. Aliás, este é um proje-
to reconhecido pelo Ministério da Cul-
tura como de interesse cultural, estando
abrangido pela Lei do Mecenato.
No ano passado, o tema do Animaio
andou à volta dos rios. Por isso, os mi-
údos fi zeram trabalho de campo junto
aos rios, estudando tudo o que os en-
volve. Este ano, o tema central é a ar-
queologia, por isso tudo começou com
o workshop com Pedro Cura, do Mu-
seu de Mação. Os miúdos perceberam o
tipo de vida dos pré-históricos e lança-
ram mãos à obra. Inês, aluna da Escola
da Chainça, explica que tiveram que sa-
ber “como é que eles moíam os cereais”
para poderem fazer o fi lme de anima-
ção. Para além disso, aprenderam mui-
tas palavras novas, como “sinopse” ou
mesmo “storyboard”.
Na turma da Inês está também o Diogo,
a Lúcia, o Marco, a Jessica e tantos ou-
tros meninos e meninas. São muito di-
ferentes, até nas idades, que variam en-
tre os oito e os 12 anos. Mas as diversida-
des, neste tipo de desafi o, esbatem-se. A
professora evidencia o facto de terem de
trabalhar em equipa, o que “exige muita
coordenação”. Todos estão empolgados
com o fi lme que estão a fazer. Quase to-
dos querem falar sobre o projeto. Falam
em “alegria”, “felicidade” e “orgulho”. Es-
tão ansiosos pelo momento em que o
fi lme possa ser visto por todos.
Em anos anteriores cada turma fez o
seu fi lme, tendo sido apresentados nou-
tros festivais. Um foi mesmo premiado.
Este ano o fi lme é conjunto, ou seja, todas
as turmas estão a trabalhar para o mes-
mo. Lurdes Martins explica que se trata
de desenvolver conceitos importantes,
como o de comunidade e de vizinhança.
A outra novidade deste ano é que o
subsídio do Fincult (programa da Câ-
mara de Abrantes que apoia este tipo
de iniciativas) passou de 75% para 25%
do orçamento global, que era de 17.000
euros. A autarquia lembra que “em vir-
tude do grave período de austeridade
que o país está a atravessar e dos con-
dicionalismos legais impostos, houve a
necessidade de reduzir despesa, tam-
bém no que respeita aos contratos de
apoio ao associativismo”. Lembrando
que a opção “poderia ter sido a de can-
celar os programas na totalidade ou de
não aprovar alguns dos projetos apre-
sentados”, como aconteceu noutro mu-
nicípios, a Câmara de Abrantes prefe-
riu continuar a “fazer um esforço” para
apoiar associações e projetos locais”.
Porque considera o Animaio “um pro-
jeto de referência”, adianta que “não po-
díamos deixar de apoiar esta iniciativa”.
O desafi o, agora, é apelar à criatividade
efazer mais com menos.
Lurdes Martins diz “que é possível fazer
um projeto com poucos recursos e, mes-
mo assim, fazer-se magia”. No entanto,
se soubesse que o corte ia ser maior do
que aquele que previa teria optado por
outras soluções. A responsável pelo pro-
jeto conclui: para que as coisas estejam
prontas a tempo “ou se avança e se arris-
ca ou não se faz nada”. O Espalhafi tas ar-
riscou e o festival vai acontecer.
ANIMAIO, ENTRE OS DIAS 16 E 18, NO CINETEATRO SÃO PEDRO
Dez turmas fazem fi lmes em Abrantes
“Ou se avança e
se arrisca ou não
se faz nada”
Números
• Dez turmas
• 250 miúdos
• Seis formadores
• 4.250 euros de subsídio
• Seis anos de vida
jornaldeabrantes
MAIO201212 ABRANTES
Com um orçamento reduzido em 40%, as Festas da Cidade de Abrantes estão de regresso de 14 a 17 de junho.
No primeiro dia do certame a
fadista Mariza sobe ao palco dos
Mourões e marca, assim, o arran-
que de quatro dias de festa.
Em conferência de imprensa, no
passado dia 2 de Abril, Maria do
Céu Albuquerque, presidente da
Câmara Municipal de Abrantes,
apresentou o fi gurino do evento
que este ano conta com um inves-
timento de cerca de 70 mil euros,
30 dos quais vão para o concerto
da fadista.
Com apenas quatro dias de fes-
ta, menos um dia em relação aos
anos anteriores, o certame vai dis-
tanciar-se das Festas de Vila Nova
da Barquinha, (o Barquinha Non
Stop) e das Festas de Constância
com (as Pomonas Camonianas).
A autarca Maria do Céu Albu-
querque sublinhou a importância
do certame para a economia local.
“Promover um momento de lazer,
atrair turistas à região, contribuir
para o desenvolvimento e para a
economia local foram os motivos
que nos levaram a realizar esta
festa de grande importância”.
O dia do feriado do conce-
lho, 14 de junho, arranca com as
cerimónias ofi ciais, onde decor-
rerá uma homenagem aos cida-
dãos e a algumas instituições. Vai
ser inaugurada mais uma antevi-
são do Museu Ibérico de Arqueo-
logia e Arte de Abrantes (MIIIA) e
a noite será abrilhantada com a fa-
dista Mariza.
Este ano a festa conta com uma
novidade: o Concurso de Saltos
em Hipismo, que decorre entre
15 e 17 de junho, no hipódromo
dos Mourões. Esta é uma ativida-
de que vai passar a marcar agen-
da das festas de Abrantes. “Pensa-
mos que é uma iniciativa que vai
atrair muitos turistas à região. Te-
mos a pretensão de dar a conhe-
cer esta prática desportiva, com
uma exposição patente a partir do
dia 15, no Centro de Acolhimento
do Tejo.” - adianta a presidente da
Câmara.
Maria do Céu Albuquerque ga-
rantiu que no centro histórico se
vai manter o mesmo ambiente,
com os palcos a dividirem-se pe-
las praças da cidade. Quanto aos
artistas musicais, há novamente
uma aposta clara nos músicos da
região: The Scart, Kwantta, The Ka-
viar, Apple Pie, The Joe´s, Projecto
Amar, Ana Lains e Dora Maria são
os músicos que vão atuar nos dife-
rentes palcos. Em local ainda por
defi nir, estão também previstos
uma atuação de bandas de gara-
gem, um Festival de Folclore e a
presença das Associações Juvenis.
A já antiga Feira de Artesanato
não vai voltar ao largo 1º de maio
devido às obras do novo Merca-
do Diário, sendo este ano dividi-
da entre o Mercado Criativo e o
centro da cidade. As tasquinhas
vão ter lugar no Jardim da Repú-
blica, com a animação das bandas
Carlos Catarino, Toc`Abrir e Fer-
nando Forte.
No que diz respeito às práticas
desportivas, vai realizar-se os tor-
neios de voleibol, rugby de praia,
futebol, águas abertas, caça ao
pato, torneio das escolinhas e o
festival de canoagem.
Nas lojas desocupadas do centro
histórico estarão patentes exposi-
ções de pintura e escultura de ar-
tistas locais. Encontros com auto-
res e apresentações de livros são
outras iniciativas previstas para os
dias de festa.
A presidente da Câmara Muni-
cipal classifi ca esta edição 2012
como “diversifi cada, com um pro-
grama vasto que valoriza essencial-
mente o que se faz em Abrantes e
se faz bem”.
Joana Margarida Carvalho
Mariza sobe ao palco dos Mourões
FESTAS DA CIDADE
As bandas e os artistas do
concelho convidados pela Câ-
mara Municipal de Abrantes
(CMA) para participar nas fes-
tas da cidade vão ter um ca-
chê substancialmente infe-
rior ao dos anos anteriores.
Mesmo assim, as bandas e
artistas Kwanta, The Kaviar,
Apple Pie, The Scart, Projeto
Amar, The Joe’s, Dora Maria e
Ana Laíns marcarão presença
no evento anual abrantino. A
autarquia diz que o investi-
mento com a promoção dos
talentos de Abrantes “ronda
os 30 mil euros”, verba que in-
clui equipamento, infraestru-
turas, luzes e som e a compo-
nente desportiva.
Confrontada com algum
desconforto em relação às
quantias pagas a cada grupo
ou artista, a CMA estranha a
questão, até porque garante
que as bandas locais apresen-
taram o seu cachê, que foi ne-
gociado, como sempre acon-
tece. As reações das bandas e
dos seus membros são varia-
das: uns aceitam a proposta
da autarquia compreenden-
do a situação de crise, mas há
quem tenha optado por não
participar. Em causa parece
estar não só os valores dos
cachês, como também a dis-
crepância entre o que é ofe-
recido à fadista Mariza e aos
músicos locais.
Filipa Mota, vocalista dos
tramagalenses Hyubris, de-
fende que a distribuição das
verbas foi “má”. “Para nós não
valia a pena ir. O cachê quase
não dava para pagar aos téc-
nicos que nos acompanham
nos concertos e, para além
disso, já temos agendado um
concerto no Crucifi xo”. Ape-
sar deste compromisso, Filipa
Mota admite que poderiam
tocar nas festas de Abrantes
se recebessem “em consen-
tâneo com o que pedimos”.
Como consumidora de es-
petáculos e concertos, Filipa
está desiludida com o cartaz
das festas. “É triste não haver
variedade de estilos. Há di-
nheiro para uma excelente
artista, não ponho em cau-
sa a importância e talento da
Mariza, mas também há uma
minoria, ou minorias, que
não fi caram satisfeitas.”
Também em tom de críti-
ca é a reação da fadista Dora
Maria, que pela primeira vez
foi convidada a atuar nas fes-
tas do concelho. Quando foi
abordada fi cou contente,
mas a alegria passou quando
soube o valor proposto, uma
vez que a verba oferecida é
metade do que costuma re-
ceber. Quer “acreditar que há
uma intenção de valorizar os
artistas da terra”, mas comen-
ta: “Se me dissessem que es-
tamos em crise e pedissem
para ir de borla para as fes-
tas não morrerem… mas não
posso conceber que uns vão
bem tratados e outros não”.
A fadista não põe em causa
ao valor da cabeça de car-
taz, mas “pagam-lhe 30 mil
euros e a nós andam a pedin-
char”. Dora Maria conta ainda
que a ida às festas do conce-
lho acontecerá “pela conside-
ração” que os músicos que
a acompanham têm por si,
pois “a organização nem os
jantares oferece”.
Posição diferente tem
Humberto Felício, vocalista
e guitarrista dos The Kaviar:
“Tenho-me apercebido de re-
ações negativas por parte de
outras bandas, mas eu não
as acompanho”. O músico
acrescenta que “temos é de
agradecer o convite da CMA
e acho meritório convidar os
artistas locais”. Felício afi rma
mesmo que “se a CMA nos
pedisse para actuar mesmo
sem nos pagar, nós aceitáva-
mos, porque nos têm apoia-
do no nosso esforço por cres-
cer”. Sobre Mariza e a verba
destinada à fadista, comenta:
“Se acharam por bem convi-
dar uma artista de primeira li-
nha, acho que tudo bem”.
A CMA, através do Gabi-
nete de Comunicação, re-
corda que “este ano foi pen-
sado um modelo de festas
adaptado às contingências
económico sociais que atra-
vessamos”. A opção foi mui-
to clara: “Sob o mote ‘made
in Abrantes’ apostar no re-
conhecimento, valorização
e reforço da produção cultu-
ral local, trazendo os talentos
locais para os nossos palcos,
dando-lhes mais visibilidade.”
Quanto à opção pela fadista
Mariza, “tem como objetivo
evocar a elevação do Fado a
Património da Humanidade”.
A autarquia acredita “que um
espetáculo de maior dimen-
são pode atrair mais públi-
co a Abrantes, principalmen-
te com a natural articulação
com o Concurso Nacional de
Saltos, que volta este ano aos
Mourões”.
Ricardo Alves
CÂMARA ESTRANHA POLÉMICA E DIZ QUE OS CACHÊS FORAM NEGOCIADOS
Bandas abrantinas divididas sobre participação nas festas do concelho
• Mariza vai atuar dia 14 de junho em Abrantes
EditorialOs riscos de um jornal laboratório Este é um número especial do ESTAJornal, porque apenas tem entrevistas. Apesar da hipotética monotonia em termos de género jornalístico, decidimos fazê-lo, porque corresponde a uma etapa do trabalho desenvolvido pelo grupo de alunos que está no 2º ano do curso de Comunicação Social. Porque se trata de um jornal laboratório, arriscamos também quando respeitamos o tipo de linguagem de alguns entrevistados, porque os caracteriza. Procurar sinónimos seria desvirtuar os discursos que lhes são próprios. Finalmente, resta dizer que todas as entrevistas são apenas uma parte de cada uma delas. A limitação em termos de espaço obrigou-nos a fazer opções. As versões integrais serão disponibilizadas em www.estajornal.com, assim como os restantes trabalhos que não puderam ser publicados neste suporte em papel.
MAIO DE 2012EDIÇÃO Nº 27WWW.ESTA.IPT.PT
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES
Gente que contaNa música, no espectáculo, na literatura, na tourada, no desporto, na política, na religião ou simplesmente na vida. Gente que fala na primeira pessoa porque tem algo para contar que desperta atenções. Cada um fala de si, daquilo que faz, daquilo que gos-ta e daquilo em que acredita. Testemunhos em discurso directo.
02 ESTA JORNALMAIO 2012
O CÓNEGO JOSÉ DA GRAÇA é uma perso-nagem incontornável de Abran-tes. A sua interpretação do amor ao próximo, radicado no amor de Deus, é um dever. A opção preferencial pelos po-bres, nascida do Concílio Vatica-no II, consome-lhe a alma. A sua obra social em prol dos desfavo-recidos parece revelar por si só esta opção.Nascido de família pobre, desde pequeno que compreendeu as dificuldades sentidas por aqueles que nada têm. Marcou-lhe a vida. De ar descontraído, com um olhar paternal, sorridente e jovial, sob o fogo cruzado de telefones e tele-móveis, concedeu-nos esta entre-vista que pretende dar a conhecer uma outra faceta, mais intimista, do pároco e do homem de fé. En-fim, um pouco daquilo que lhe vai na alma, dos seus projectos, do seu percurso, do seu dia-a-dia e das rotinas que o caracterizam. As 24 horas do dia são escassas para os desafios a que não sabe dizer não.
Como lhe surgiu a sua vocação sacerdotal?Eu nasci e vivi numa terra, o Ar-neiro, do concelho de Nisa, onde o padre, raras vezes, visitava a loca-lidade. Habituei-me a ver um pa-dre só nos funerais. Fui crescendo e entrei para a escola primária. Mais tarde, conheci um semina-rista e relacionei-me muito com ele e, assim, começou a desper-tar o sonho de poder tornar-me sacerdote também. Logo que fiz a quarta classe dei entrada no se-minário do Gavião. Aos doze anos frequentei o de Alcains e depois o seminário maior, de Portalegre.Quando andava no 5º Ano foi nomeado o primeiro padre para a minha terra: O padre Francis-co Belo. Com ele estabeleci uma relação muito forte. Nas férias, andava sempre com ele e sem o seu apoio e ajuda suponho que não chegaria ao fim desta vocação. Só depois de entrar no seminário é que eu comecei a ter catequese e a ir à missa. Na minha terra não havia missa pelo que tinha que me deslocar ao Fratel. Agora, é mui-to fácil passar o Tejo para o outro lado, o que eu fazia junto à estação de caminhos-de-ferro do Fratel, para depois subir por aquelas ri-banceiras no inverno. Em criança, apanhava o barco na margem es-querda do Tejo e ia cair à margem direita, quase a um quilómetro de distância, devido às corren-tes. Hoje não, tudo é mais calmo.
FRANCISCO ROCHAESTA D ABRANTES
Uma vida ao serviço dos outros
Com doze anos fazia esse percurso sem me queixar. Levava uma bol-sinha com pão e depois da missa lá comia e vinha sozinho para casa. Nos anos seguintes, já o padre me convidada para comer com ele e tudo isso começou a criar uma certa empatia e relação amistosa. O padre Belo vivia na minha ter-ra. As pessoas tratavam-no muito bem e era muito acarinhado por todos. Praticamente não tinha di-nheiro, mas não o deixavam pas-sar fome; havia batatas, feijões, carne de porco, galinhas. Na aldeia rezava o terço, celebra-va a missa, falava com as pessoas. Nas férias, eu acompanhava-o sempre. Dormíamos numa casa de um paroquiano qualquer e lá comíamos. Era absolutamente necessário que os padres de hoje fizessem o mesmo. Hoje, a vida de padre entrou mui-to no profissional, e o resto já não interessa. Isto marcou muito o meu concei-to de pastoral, esta sensibilida-de em relação às pessoas pobres. Foi um despertar para as neces-sidades daquelas pessoas que eu encontrava, quando em criança, com o Padre Belo visitava aquelas aldeias, pessoas que viviam difi-culdades e na miséria. E depois da sua ordenação …
Ficha TÉCNICADIRECTORA: Hália Costa Santos
EDITORA EXECUTIVA:Raquel Botelho
REVISÃO DE TEXTO:Sandra Barata
REDACTORES:Ana Cláudia Damas, Ana Gomes, Cátia Filipe,
David Leal, Fabiana Bioucas, Flávia Frazão, Francisco Rocha, João Lopes, Miguel Freire, Patrícia Rogado, Sara Cruz
PROJECTO GRÁFICO: José Gregório Luís
PAGINAÇÃO: Elisabete Febra
Tiragem: 15000 exemplares
Eu fui ordenado em Julho de 1967. Estive um ano em Ponte de Sôr como coadjutor, depois fui para a Sertã, também como coadjutor, durante dois anos. De seguida, vim para a paróquia de S. Facun-do. Em 1981, fui fazer o curso de Teologia Pastoral para a Universi-dade Católica e ao mesmo tempo que estava na Universidade estava a paroquiar S. Margarida. Depois em 1985 entrei em Abrantes, no dia 29 de Setembro e até hoje. A sua preocupação com os mais desfavorecidos. Gostaria que nos falasse um pouco da sua Obra So-cial. Como disse, a minha sensibili-dade para estas questões vem do tempo que passei com o Padre Belo. Sendo, nessa altura, aluno de Teologia, apreciava esse tem-po de missionação nas visitas aos doentes e aos pobres. Vi, muitas as vezes, o Padre Belo a dar tudo aquilo que tinha. O seu exemplo começou também a sensibilizar--me para situações, muitas vezes, degradantes das pessoas, sobretu-do daqueles que são mais pobres.Depois, já na Católica, escolhi para tese de licenciatura a pro-blemática da droga.Uma vez em Abrantes, tomei contacto com alunos a quem eu tinha dado aulas e que andavam envolvidos na droga. Daí, desper-tei para a recuperação de jovens toxicodependentes, lançando o “Projecto Homem”. Entretanto, fundei outra Comunidade nas Sentieiras e abri três apartamen-tos de reinserção social; um em Abrantes, outro em Ponte de Sôr e outro em Castelo Branco. Houve uma outra área em que eu senti de perto as dificuldades: as crianças maltratadas e vítimas de violência. Decidi, por isso, abrir um Centro de Acolhimento para
Crianças em Risco, Casa de S. Mi-guel, situada no Rossio ao Sul do Tejo. Entretanto apareceu o Cen-tro Convívio “Recordar é viver” ligado às pessoas idosas; assim como o Centro de Enfermagem, projecto ligado às pessoas com dificuldades de se deslocarem ao hospital para obterem cuidados de enfermagem. Recentemente, criei um Banco de Medicamentos. Que projectos tem para o futuro?Fiz uma proposta para a criação de um Centro de Acolhimento de Crianças e Jovens para ado-lescentes dos 12 aos 18 anos, em sequência do centro já existente para crianças dos 0 aos 12 anos. Pretende-se que aquele seja uma continuidade para o trabalho ini-ciado com as crianças mais novas. Outra iniciativa é a construção de um Lar para sessenta idosos junto do centro de emprego. Além dis-so, vou lançar um projecto para seis residências assistidas, num total de 10. Tento dar uma resposta quando esta se torna premente. Neste as-pecto, estou muito em sintonia com a Teologia da Libertação.Mas isso foi bastante polémico na altura …Sim, é um facto. A verdade é que não é marxista. Se se considerar a verdade e a defesa da dignidade da pessoa humana como marxista, então ela é marxista. De outra for-ma, se se considerar que a defesa da pessoa humana que é o puro do cristianismo, que a libertação dos pobres tem que afectar a nossa consciência crítica crista, então é cristã, no absoluto. Esta é a rea-lidade. É evidente que na prática isto não acontece nestas obras so-ciais nem na Igreja, o que é pena. A justificação é o tempo que o padre gasta nessas coisas em de-trimento das missas e da adminis-
L Cónego José da Graça: “Gosto de compreender a vida e o pensamento dos grandes líderes políticos mundiais”
tração dos sacramentos. O padre não perde tempo. O padre actua de acordo com uma doutrina no exercício da caridade. Irrita-me que se queixem de falta de tempo. Eu tenho tempo para tudo. Não tem férias. Não fez viagens. Quais os seus livros preferidos?Durante alguns anos até fiz algu-mas viagens, mas agora não tenho disponibilidade para isso. Tenho o hobby de coleccionar antiguida-des e arte sacra. Ainda comecei a fazer uma colecção, mas agora não tenho tempo… gosto muito de antiguidades. Sobre os livros, procuro estar a par dos documen-tos da Igreja: encíclicas, os docu-mentos dos Bispos, concretamen-te os do Bispo Diocesano. Entendo que é uma maneira de estar em sintonia com a vida e pensamento da Igreja. É para mim, o redes-cobrir dos sinais dos tempos que são a relação de Deus na história dos homens. Gosto de conhecer e compreender a vida e o pensa-mento dos grandes líderes polí-ticos mundiais. Não apenas pela sua biografia, interessa-me muito mais conhecer o seu pensamento no campo político, no campo so-cial, no campo económico e reli-gioso. O mais curioso é verificar que, independentemente da sua declaração de fé, mostram as ra-ízes de decisões muito profundas e muito fortes. Creio que a Histó-ria contemporânea, lida a partir destes homens, que são marcos na vida das nações e dos povos, revela a riqueza extraordinária do mundo actual. É uma maneira de aprofundar o nosso conhecimento sobre as razões que determinam aqueles homens que são che-fes das nações na orientação do mundo. Gosto imenso de inter-pretar a actuação destes políticos a nível mundial para perceber as razões que os fazem escolher este ou aquele caminho. Pena tenho, que nem sempre possa ter tempo para desenvolver esta actividade.Quais os grandes desafios que se põem à Igreja, nos dias de hoje?Parece-me que a Igreja continua a ter um papel preponderante na vida dos homens sobretudo agora, nestes tempos de crise. Mais do que nunca a fé nos valores tem que vir ao de cima e a Igreja tem que anunciar valores, tem que viver os valores, tem, ela própria, que apostar nos valores para que de-pois os crentes os sintam. É im-portante que o homem sinta esta capacidade de viver estes valores, mesmo que não tenham como re-ferência Jesus Cristo em absoluto, mas não há dúvida que a Igreja tem que contribuir de forma deci-siva para a mudança da história e, sobretudo, para uma história que seja vivida para o bem e a cons-trução dum mundo novo. Esta é a missão da Igreja. Ela não pode abdicar daquilo que o seu funda-dor lhe confiou. Essa obra é obra do Espírito Santo. Se, porventu-ra, a Igreja estivesse entregue aos homens , há muito tempo que teria deixado de existir. Conta-se até uma história de um jornalista que referia que a Igreja era mes-mo para acabar e começava por um ataque cerrado ao Vaticano. Dizia ele, que cortada a cabeça, o resto seria muito mais fácil. Em resposta um Cardeal afirmou: - “digo-lhe que não consegue por-que se ela fosse para acabar, nós, os cardeais, já a teríamos acabado há muito tempo.” (risos)
03WWW.ESTAJORNAL.PT
“Sinto que gostaria de ajudar ainda mais”MANUEL PAULO SILVA, presidente do Rotary Club de Abrantes, sente--se grato e com vontade de apoiar mais pessoas através de um clu-be que, criando boa vontade no próximo, se preocupa sobretudo com crianças e jovens carencia-dos. Assume que no clube, além de membros, encontra amigos com os mesmos objectivos, o que os une ainda mais. Dividido entre a família, o movimento rotário e a sua profissão, lamenta a impos-sibilidade de alongar o compasso de tempo do dia-a-dia. Porém, acredita que o mais importante é ter vontade, empenho e dedicação para ‘dar de si antes de pensar em si’.
Quais são os valores defendidos pelo Rotary Club de Abrantes?De forma sucinta, devemo-nos pautar pela honestidade. Nós te-mos uma tabela de valores que nos diz que tudo o que fazemos não deve prejudicar os outros, mas sim criar no outro boa von-tade, ou seja, bem-estar. O valor mais importante que gere todos os rotários é dar de si antes de pensar em si. É um valor trans-versal à sociedade, mas nós não o deixamos morrer tentando que seja praticado. Queremos manter este tipo de valores de humanis-mo e de respeito pelo próximo sempre a guiar-nos. E de que forma o Rotary Club de Abrantes selecciona novos mem-bros?O movimento rotário é formado por clubes que têm normalmente entre os 20 e os 30 elementos, ha-vendo excepções. Esses clubes são formados por profissionais que de uma forma ou de outra se desta-cam na comunidade em que estão
PATRÍCIA ROGADOESTA D ABRANTES
L Manuel Paulo: “Sinto que somos reconhecidos pela comunidade”
inseridos. Os novos membros são, por assim dizer, escolhidos por elementos que já pertencem ao clube. Esses elementos fazem uma selecção e pesquisa de campo para saber quem poderá ter perfil para se enquadrar no clube, contando não só com os seus objectivos, mas também com as capacidades de se entrosar bem, participar e ser facilmente relacionável com outros membros.O clube recruta mulheres?Recruta. Ainda não recrutou (ri-sos). No movimento rotário há muitos clubes com mulheres. Há muito tempo houve esse tipo de restrição, em que os rotários eram só para homens. Hoje em dia isso não faz sentido, mas é difícil encontrar disponibilida-de para integrar um clube que é maioritariamente de homens. É essa a maior dificuldade, pois as senhoras dão maior importância ao apoio aos filhos, não se sen-tindo tão vocacionadas para se reunirem todas as semanas com um conjunto de “maduros” (ri-sos). Mais fácil seria que as nossas esposas fizessem parte do clube, mas isso poderia criar algum tipo de incompatibilidades, porque o tempo que seria absorvido pelo clube tornaria difícil a vida fami-liar e pessoal.Na sua opinião os objectivos es-tipulados anualmente pelo clube são atingidos?O clube vai tendo vários objecti-vos e alguns são transversais aos diferentes anos. Outros vão sendo escolhidos anualmente. Dos pro-jectos que nunca estão concre-tizados, que passam de ano para ano - rastreios visuais, atribuição de bolsas de estudo - o objectivo é sempre concretizado. Nesse as-pecto acho que temos conseguido atingir as metas a que nos propo-mos ano após ano.
Considera que o tempo e trabalho investidos no clube são recom-pensados?Se não sentíssemos isso não es-taríamos com disponibilidade de nos reunirmos todas as semanas.
Para além da amizade que nos vai unindo e do que essas reuniões se-manais nos vão proporcionando, o facto de irmos realizando coisas, mês após mês, também é muito gratificante. E isso é o cimento
que vai unindo as pessoas ao clu-be. Sinto que somos reconhecidos pela comunidade.O seu mandato termina em Julho, visto que só tem a duração de um ano. Já se sabe qual é o membro do clube que o irá suceder?Sim, já está seleccionado. Será o Engenheiro Maia Alves, das Mou-riscas.Uma vez que é oftalmologista, como concilia a sua profissão e vida familiar com as actividades do Rotary Club de Abrantes?Nós temos sempre mais um pou-quinho de tempo para qualquer coisa (risos). O que é preciso é ter vontade e isso é o mais im-portante. Além disso, a própria família vai percebendo que não vamos propriamente para o café ou para o bar falar com os ami-gos, mas sim contribuir para uma acção pró-activa em benefício da sociedade. Assim também se sen-tem motivados e empenhados no movimento. Por outro lado, temos a noção de que no movimento ro-tário quanto mais ocupadas estão as pessoas, mais empenhadas elas são nestas actividades paralelas. Se queremos atribuir uma tarefa importante, devemos atribuí-la a alguém que já está muito ocu-pado, pois essa pessoa terá mais vocação para levá-la a bom porto (risos). As pessoas que estão muito ocupadas sabem gerir o tempo e conseguem arranjar mais um bo-cadinho.Tendo em conta a situação actual do país, como é que se sente sa-bendo que pertence a um clube com a enorme capacidade de aju-dar as pessoas?Sinto que gostaria de ajudar ain-da mais. Temos limitações e como não conhecemos suficientemen-te as carências, sei que deixamos passar coisas onde poderíamos actuar e não actuamos. Daí a necessidade de dar a conhecer o movimento rotário na população, porque quanto mais formos co-nhecidos, mais nos chegam essas informações. Mas de uma forma geral sinto-me bem porque con-sigo, com uma actividade que não é a minha profissão, ajudar mais um pouco a sociedade a tornar--se melhor.
“Tiveram de comprar um garrafão de água para lavarmos as mãos”
SENDO ESTUDANTE de Engenharia Me-cânica na ESTA, Augusto Gaspar tinha a possibilidade de realizar um estágio e decidiu que o seu teria “contornos diferentes”. Por isso mesmo, foi para o Quénia ajudar a melhorar e desenvolver infra-estruturas que no nosso país são tão banais. Para ele, a situação que Portugal atravessa depende de arregaçarmos as mangas e procurarmos intervir para que tudo possa melhorar. Augusto Gaspar é oriundo de Alcaravela, Sardoal, mas vive actualmente em Abrantes. Considera que o curso é apenas uma ferramenta com-plementar que acrescenta ao seu cargo de comandante da GNR em Manteigas.
ANA GOMESESTA D ABRANTES
Porque se auto-propôs fazer o es-tágio no Quénia?Como falta de condições sanitárias e a falta de água são um problema em África, achei por bem desenhar um estágio com estes contornos. Como foi esse processo?Procurei alguma ONG (Organi-zação Não Governamental) que interviesse em África. Encontrei a ADDHU (Associação de Defesa dos Direitos Humanos) que inter-vém no Quénia. Reunimo-nos (a ESTA e os representantes da ONG) e definimos os objectivos e a área de intervenção. Foi assim que fui parar ao Quénia.Quais eram os seus objectivos?Os principais objectivos eram di-mensionar painéis térmicos para um orfanato, redimensionar a fossa, encontrar soluções para o transporte de água, olhar sobre os bairros de lata e visitar algumas
empresas intervenientes no sector da água e das energias alternativas. Na fossa acabou por não ser neces-sário intervir, porque a ONG já ti-nha planos para o fazer no início deste ano. A recolha de água lá é uma tarefa que cabe às mulheres e crianças, leva muito tempo, percorrem mui-tos metros ou quilómetros para chegar à água. As mulheres trazem 20 litros à cabeça o que provoca muitas lesões. Pensámos que seria interessante utilizar um cilindro de 90 litros que se enche de água e, ao deitá-lo no chão, prende-se um ferro e arrasta-se, vai a rolar até às casas deles. Achámos que seria im-portante adquirir alguns.O que fez no Quénia?Estive meia dúzia de dias com uma congregação de monges. Com eles tive a oportunidade de conhecer algumas escolas das zonas mais
remotas, perto da fronteira com o Uganda, fruto de uma das suas missões. Deu para perceber as di-ferenças entre as nossas escolas e as deles. Para eles uma sala de 16 metros quadrados servia para dar aulas a 60 miúdos, o professor dis-se-me que não consegue ter todos lá dentro, em simultâneo, saem uns e entram outros. Depois regressei a Nairobi onde fui a um orfanato para perceber quais eram as condições e necessidades lá existentes. Também estive em dois bairros de lata, visitei algumas em-presas que intervêm no sector das energias alternativas e da água e fui para fora de Nairobi, para visitar uma quinta e uma vila em que deu para perceber as condições de vida e a falta de infra-estruturas.O que fica desta experiência para a sua vida?Esse é um hábito que nós ociden-
tais temos, de quantificar tudo. O que fica é que me deu alguma auto-confiança, ter sido capaz de desenhar um estágio diferente e ter conseguido levá-lo a cabo, o saber que sou capaz. O que pretende fazer no futuro?Eu vou concretizar esta fase de ter-minar o curso. Quando tiver esta ferramenta vou perceber de que forma é que posso capitalizá-la. Uma das minhas áreas de interesse é tudo o que ande à volta da temá-tica da água. Acho que é um tema emergente e que nos devia preocu-par a todos. Nós cá não nos aper-cebemos disso, mas em África eu percebi o que é a escassez de água. Para exemplificar, houve uma vez em que umas pessoas de uma ONG nos convidaram para almoçar em casa deles e tiveram de comprar um garrafão de água para lavarmos as mãos!
04 ESTA JORNALMAIO 2012
FÁBIO JORGE, 24 anos, nasceu em Maianga, província de Luanda na República de Angola. É actualmente aluno da ESTA e conta com o apoio de instituições da região. O pai de-sapareceu na guerra e a mãe morreu de cancro. Apesar disso, diz que teve uma infância feliz, com o amor da mãe. Construía os brinquedos com o que encontrava no lixo e viu coi-sas que não devia ter visto, durante a guerra. A mãe optou por colocá-lo num seminário. Foi lá que passou a maior parte do tempo e lá apren-deu valores que o ajudariam a ser e a conquistar o que é hoje. Depois de descobrir os documentos do pai, conseguiu obter a nacionalidade por-tuguesa. Trabalhou para conseguir o bilhete de avião e cá teve o apoio de uma família aveirerense. Preparou--se para os exames de acesso ao en-sino superior e, com média de 15,8 valores, entrou no curso de Vídeo e Cinema Documental da ESTA, para concretizar o sonho de uma profissão no campo do cinema.
Que filmes gosta de ver?Eu tenho muitos. Gosto de filmes que tenham um pouco de roman-ce, drama, comédia, gosto de fic-ção científica, filmes de animação, tudo um pouco. Sou um amante de cinema.
DAVID LEALESTA D ABRANTES
“Lembro-me de ter ficado dias e dias sem ver a luz do sol”
L Fábio Jorge: “Crise é passar fome, isso é que é crise”
E documentários, o que o fascina mais?Não sou muito ligado a documentá-rios. Estou em cinema documental, mas não pretendo fazer nenhum documentário na minha carreira. Eu gosto de escrever as histórias, inventadas por mim com persona-gens criadas por mim. E o curso é versátil, pode-se fazer carreira do-cumental como se pode fazer uma carreira ficcional. Há quanto tempo escreve?Desde os meus 15 anos.As suas histórias relacionam-se com o quê?Ficção, aventura.Vidas que gostava de viver?Não. Quem cresce num seminário, onde as novas tecnologias não são bem aceites, porque os padres são muito conservadores, é obrigado a ocupar o tempo com livros. Não me arrependo disso, até hoje tenho uma paixão pela literatura e gabo--me por isso. E esses livros faziam--me escapar um pouco da realidade triste que eu vivia. Então porque foi para um seminá-rio? Teve sempre amor, nada lhe faltava...Amor sempre tive. Mas Angola viveu uma guerra, a que eu infe-lizmente assisti. Vi coisas que não devia ter visto (silêncio).Que coisas?Vi cadáveres, mortes.Viu onde, ao pé da sua casa?
Claro! Aquilo foi uma chacina em todo lado! Em Luanda durou pou-co tempo, mas fizeram estragos. Eu lembro-me de ver blindados por cima de carros, ouvir dispa-ros. A sorte é que tínhamos uma cave, não me recordo bem porque tinha seis anos, mas lembro-me de ter ficado dias e dias sem ver a luz do sol a comer pão e beber água.
O seminário deixou algumas mar-cas?Quando saí tive dificuldade em in-tegrar-me. Mas ganhei o gosto pela leitura, sentido de responsabilida-de, disciplina, ganhei muito. Passou fome no seminário?Não. A comida era sempre dividida, mas quando saí cá para fora passei. Uma coisa boa que aprendi lá den-
“A vida não é esperar que a tempestade passe, é aprender a dançar à chuva”
FOI NA REPRESENTAÇÃO que Manuel Melo se deu a conhecer ao público, mas é também na música que está a sua grande paixão. Para além de ter participado em peças de teatro, já passou pela televisão como actor em novelas, filmes e fez publicida-de e é no novo formato televisivo “A Tua Cara Não Me é Estranha”, na TVI, que Manuel regressa ao grande écran.
O que tem andado a fazer nos úl-timos tempos?Tenho andado a explorar a minha onda musical. Tenho alguns traba-lhos a nível musical que já estavam na gaveta há algum tempo, e apro-veitei estes dois anos que não esti-ve em televisão, para organizar os temas originais, organizar as coi-sas de maneira a que seja possível avançar com essa parte musical. Tenho montados dois projectos acústicos, um deles com músicas dos anos 80.
CÁTIA FILIPEESTA D ABRANTES
Iniciou a sua carreira como actor quando? Na novela Saber Amar?Não. Na “Academia de Estrelas”, em 2002, que era um reality show, onde eu concorri para a TVI, pela Endemol. Fiquei, fui finalista e depois é que apareceu o “Saber Amar” e a hipótese de endereçar, numa novela como aquela, a per-sonagem “girafa”.As pessoas ainda hoje o ligam a essa personagem?Sim, completamente! Agora vou entrar no programa “A Tua Cara Não Me é Estranha”. Pode ser a pri-meira oportunidade de dissociar a palavra ‘girafa’ e pôr um bocado no mapa o meu nome, Manuel. Talvez, nesse aspecto, seja um de-safio interessante.E também lhe vai dar a possibilida-de de verem o seu trabalho como cantor?As pessoas viram algumas caracte-rísticas minhas como vocalista na “Academia de Estrelas”, mas acho que sempre me ligaram como actor e eu gosto de fazer um bocado das duas coisas.
E se pudesse escolher entre repre-sentar ou cantar?Nesta altura escolhia cantar. Já muitas vezes escolhi representar. É um dilema que me vai acompa-nhar sempre. Em diferentes fases da vida apetecem-me coisas di-ferentes.Já fez novelas, participou em fil-mes, peças de teatro. Qual a expe-riência que mais gostou de fazer?Sim. Fiz novelas, filmes, peças de teatro, publicidade, um pouco de tudo. Já tenho a carteirinha dos cromos toda completa (risos). Ci-nema foi extremamente interes-sante, mas sem dúvida que cantar é das coisas que mais me tem pre-enchido. Que projectos tem para o futuro?Eu acho que tudo se vai desenrolar a partir de agora. Eu estive ador-mecido em termos mediáticos e em termos de trabalhos com ex-posição muito tempo e acho que a partir de agora as coisas vão-se desenrolar. Tenho algumas pro-postas já, tenho alguns produto-res que me contactaram, não por
causa do programa “A Tua Cara Não Me é Estranha”, mas veio ao mesmo tempo. Fazer um CD seu é um dos objec-tivos?Eu tenho vindo a editar as minhas coisas à medida que o tempo vai passando e que tenho oportu-nidade. Já editei dois temas, um deles com a ajuda do guitarrista do Robbie Williams, e tenho outro
tema que está a ser feito na gara-gem. Tudo na garagem, não houve nenhum dinheiro investido nestes temas só a amizade e a perseve-rança. Se eu tiver a oportunidade de alguém me ajudar, obviamente que aceito. Qual é o seu lema de vida?A vida não é esperar que a tempes-tade passe, é aprender a dançar à chuva.
tro foi a cultivar a terra, podíamos ir apanhar e comer umas frutas. Não teve medo de sair de Luanda?Não. Quem viveu em Luanda está pronto para viver em qualquer par-te do mundo. As pessoas cá recla-mam porque não têm dinheiro para carregar o telemóvel, para ligar a TV Cabo ou almoçar em restauran-tes. Eu rio-me disso. Crise é passar fome, isso é que é crise. As pessoas reclamam com o rendimento mí-nimo, mas esse valor dá para eu viver muito bem. Não quero viver às custas de subsídios, quero ter um trabalho.Mas preferiu estudar...Quero-me formar. Eu agarrei a oportunidade de estudar, estou a ter boas notas. As notas que tive garantiram-me o apoio da Câma-ra de Abrantes, que me ajuda com roupas, e de outras instituições que também me estão a ajudar. Eu mos-trei que queria estudar. Esforcei--me, tirei notas melhores do que os que estiveram aqui a estudar a vida toda. Nunca tinha ouvido falar de Salazar ou de Camões, e mesmo assim tiro uma boa nota. Isso prova que estou aqui para estudar.Sente-se apoiado pelo IPT?Sim. Eu tratei de tudo em Tomar. Eles deram-me as orientações to-das, tenho muito que agradecer. Agora estou a economizar para quando sair daqui ir à vida.
L Manuel Melo: “Estive adormecido em termos mediáticos”
05WWW.ESTAJORNAL.PT
“Sou um animal político”NASCEU a 21 de Abril de 1954 no Bra-sil, mas foi Felgueiras que a viu crescer e tornar-se numa das mu-lheres mais mediáticas dos últimos anos. Tem dupla nacionalidade, mas é uma apaixonada por Felguei-ras. Diz que o sistema político “está muito doente” e que “os partidos políticos perderam a noção da pro-ximidade, das expectativas, dos an-seios das pessoas”. Reconhece que algumas pessoas podem ter uma imagem distorcida de si, mas deixa uma certeza: “O meu trabalho e a minha obra estão à vista de todos.”
É uma mulher de quem se falou muito, mas se calhar não se sabe muito de si…Penso que neste momento a curio-sidade, quanto mais não seja, leva a que toda a gente queira saber quem sou, como sou, de onde venho. Em Felgueiras toda a gente sabe que venho da família de Belém. É uma família por demais conhecida, que participou sempre em tudo em Fel-gueiras, desde teatro, música, fute-bol. Sou a filha de uma das meninas de Belém. É do conhecimento de todos. Mas aqueles que não me co-nhecem, não sabem quem eu sou e porventura terão uma imagem completamente distorcida. Aque-les que me conhecem sabem quem eu sou, sabem onde eu estou e o que eu faço.A sua mãe era professora primária. Na 1ª classe saltou logo para a 3ª, o que faz com que tivesse dado nas vistas, porque foi algo fora do co-mum…Quando fui para a escola primária já sabia aquilo tudo, dadas as ve-zes que ia com a minha mãe para a escola. A professora via-se com di-ficuldade para me motivar. A meio do ano propôs à minha mãe que eu fizesse um exame para a 2ª classe. Fiz o exame e passei para a 2ª classe. No final do 2º ano fiz um exame e eu passei para o 3º. Foi uma situação que decorreu dessas circunstâncias, porque tive essa oportunidade. Em casa tinha a professora que era a minha mãe que nos acompanhava, ensinava e líamos muito.Falou muito na sua tia-madrinha numa entrevista que deu. É alguém por quem tem um grande apreço?A minha tia-madrinha é como se fosse minha mãe. Senti muita di-ficuldade em saber qual é que era a relação mais intensa, se com a mi-nha mãe ou com a minha madrinha. O meu pai estava muitas vezes no Brasil e a minha mãe estava mais tempo lá do que em Portugal. Eu ficava com a minha madrinha. A minha ligação com a minha madri-
SARA CRUZESTA D ABRANTES
L Fátima Felgueiras “A crise maior é a crise de valores”
nha é uma recordação muito forte, marcou-me muito. Aprendi mui-tas coisas com ela. Tive a sorte de ter o acompanhamento na minha infância, na minha adolescência, na minha construção enquanto ser humano de duas pessoas fabulosas: a minha mãe e a minha madrinha, sem prejuízo de todos os outros, mas essas foram duas marcas mui-to intensas.A sua infância foi feliz?Foi uma infância extraordinaria-mente feliz, com marcas muito bo-nitas, como o Cuco. Logo a seguir ao Natal, a minha madrinha, para nos ensinar a fazer o tricô, malhas e a bordar, começava a ensinar-nos a fazer a mantinha para o Cuco, que vinha de longe, tinha frio e precisa-va de uma mantinha para os cucos pequeninos que iam nascer. No dia 21 de Março colocávamos a manti-nha numa cestinha que existia em casa e recebíamos de prémio do Cuco os guarda-chuvas de choco-late e as línguas-de-gato que ainda hoje adoro. Era o imaginário que a minha mãe e a minha madrinha iam criando para nos estimularem a bordar, a fazer malhas, a ler, a aprender a fazer tudo, a gostar de tudo e a saber tudo.Em casa, com os seus pais, falavam de política? Ou era tabu?Não era tabu, mas era sempre con-versa com muito cuidado. Muito pouca gente conversava sobre po-lítica. Em minha casa sempre se fa-lou abertamente, mas sempre com cuidado de dizer “isto não se fala”, “isto não se diz” e com algumas si-tuações que nos eram apontadas. Tive familiares que foram presos pela PIDE e eram-nos dados como exemplo.Foi para o PS ou hesitou qual o par-tido a escolher?Não hesitei. Foi uma aproximação natural. Sempre estive com o PS com consciência de que era onde me sentia bem, naquilo que eram os objectivos para servir e criar um povo com melhores condições de vida. Fazer parceria com grandes riquezas onde a fraternidade, so-lidariedade o bem-estar de toda a gente, a assistência aos mais careci-dos eram a primazia da nossa inter-venção. Tive a feliz oportunidade de ter algumas ligações que me permi-tiram ter uma intervenção extraor-dinária que nunca mais me esqueço.O que acha do sistema político?Está muito doente, os partidos po-líticos perderam a noção da pro-ximidade, das expectativas, dos anseios das pessoas. Pensam mais nos votos, como ganhar as eleições e como chegar ao poder, do que propriamente no bem-estar, cres-cimento e desenvolvimento do país. A crise maior é a crise de valores.
Hoje há muita gente na política que não olha a meios para atingir fins. Vale tudo para eles, até tirar olhos. Se tiverem de mentir, de inventar, de lançar suspeições fazem-no. A minha grande expectativa é que os jovens comecem a aproximar-se e que as coisas sejam alteradas.Acha que pôs Felgueiras no mapa?Não tenho dúvida, e não apenas no mapa das auto-estradas. A primei-ra vez que tive uma intervenção pública e disse que Felgueiras era o maior exportador de calçado, os governantes acharam que estava a inventar para chamar a atenção.
Dentro de Portugal ninguém sa-bia onde ficava Felgueiras. Hoje, é conhecida por muitas coisas boas, como o calçado, os vinhos verdes, os patrimónios, o pão-de-ló de Margaride, o mosteiro de Pombei-ro. O meu trabalho e a minha obra estão à vista de todos. Foi preciso executá-la e fi-lo com muito gosto e empenho. Tenho um enorme or-gulho de fazer de Felgueiras o que ela é hoje.Quiseram-na matar politicamente?Não tenho dúvida e acho que hoje ninguém tem dúvida disso. Uma mulher na política com a notorie-dade que eu tinha incomoda muita gente, sobretudo aqueles que são mais medíocres. Continuamos a viver cada vez mais numa socieda-de de invejas, de gente que em vez de procurar fazer melhor, procura matar quem faz bem porque senão nunca mais lá chega. É o gran-de problema que vamos tendo no nosso país.A verdade é que mesmo assim con-tinua apaixonada pelas suas causas.Sem dúvida! Nunca virei costas a Felgueiras nem virarei! É a minha terra de coração e de nome! Nunca virarei costas a uma causa desde que ela valha a pena!É uma mulher mais fragilizada por
tudo aquilo que aconteceu na sua vida política?Não. Diria que sou uma mulher bem mais fortalecida. Os momen-tos difíceis também nos ajudam a crescer. Naturalmente que dói, mas sinto-me seguramente bem mais forte.Quem é a Fátima Felgueiras fora do mundo da política?Eu acho que é difícil distinguir a Fá-tima Felgueiras do mundo políti-co, porque às tantas eu sou mesmo “um animal político”, leia-se nisto que sou incapaz de ser insensível àquilo que me rodeia, incapaz de não olhar para aqueles que preci-sam de mim à minha volta. Gosto que tudo que esteja à minha volta esteja feliz, e se eu puder contribuir eu faço. Sou uma pessoa disponível para as instituições, para a família, para os amigos, uma pessoa feliz que gosta de fazer o bem.Vai voltar a candidatar-se?Não vou pedir nada a ninguém, também nunca virei costas a Fel-gueiras. Mas o futuro a Deus per-tence, e são os felgueirenses que vão ter de saber gerar as alternativas que quiserem para a sua terra. E as que gerarem estarão certas segu-ramente!
“”
Uma mulher na políti-ca com a notoriedade que eu tinha incomoda muita gente, sobre-tudo aqueles que são mais medíocres.
06 ESTA JORNALMAIO 2012
Começou a tocar acordeão muito cedo, com apenas quatro anos. O que a levou a isso?Foi a brincar com os acordeões! O meu pai era afinador e tinha mui-tos acordeões em casa, o meu brin-quedo preferido era aquilo. Assim que me entendi ser gente comecei logo a gostar muito de música, tudo quanto fosse sons eu corria para ou-vir e para ver. Tanto brinquei, tanto brinquei que acabei por começar a tocar e acabei por aprender.Embora fosse muito nova, a partir desse momento percebeu que que-ria ser acordeonista?A partir dos quatro anos, eu nunca tive vocação para outra coisa. Eu costumo dizer que as pessoas que acertam com a vocação que têm são muito felizes. Às vezes perdem-se pessoas inteligentíssimas, porque não vão enveredar no caminho que era o delas. Eu tive a sorte de acer-tar, eu gostava muito de música e gostava muito de acordeões.Foi fundadora da Orquestra Típica Albicastrense. Isto é importante para si?É verdade. Foi talvez a coisa mais bonita que eu fiz na vida! Se é que eu tenho algum valor e algum mé-rito, acho que a melhor coisa e mais bonita foi realmente a Orquestra Típica Albicastrense. A orquestra continua e ainda lá está para ale-gria minha, ainda muito boa a to-car muito bem, com um maestro muito competente. Eu fico muito contente quando passo por lá e vejo a orquestra a tocar.O acordeão é um instrumento mui-
FLÁVIA FRAZÃOESTA D ABRANTES
“Nunca tive vocação para outra coisa”
L Eugénia Lima: “O acordeão está bem posicionado em Portugal”
COM 86 ANOS DE IDADE E 82 DE ACORDEÃO, em Eugénia Lima permanece o talento, a dedicação e o amor por este instrumento. Com apenas quatro anos, a “Miúda de Castelo Branco” já sabia qual era a sua vocação. Hoje, é conhecida e reco-nhecida nacional e internacionalmente.
to presente na nossa cultura, mas de facto não é tão procurado entre os jovens como por exemplo uma gui-tarra ou bateria. Qual a sua opinião acerca disso?É próprio dos tempos. O acordeão há 50 anos atrás era um instrumen-to por excelência em todo o mundo e em alguns países deixou de ser, como é o caso de Portugal. Houve uma transformação muito grande na cultura, inclusive na cultura mu-sical. A partir de uma certa altura o acordeão começou a ser um boca-dinho esquecido, mas agora, já há outra vez muita juventude a tocar. Nesta altura o acordeão está bem posicionado em Portugal. É muito gratificante, ver tanta juventude a tocar acordeão.O seu nome consta no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis. De que forma vê este reconhecimento? É um orgulho para si?Com certeza é um orgulho, fico muito feliz, muito contente por isso. Não posso dizer como é que isso foi, porque eu não sei. Houve alguém amigo que me disse: “Olha o teu nome está no Dicionário das Mulheres Notáveis”. Comprei o li-vro e vi que estava lá uma pequena biografia daquele tempo, que já é muito antigo esse livro. Na últi-ma enciclopédia da Porto Editora também lá puseram uma pequena biografia minha.Recebe muitas homenagens, nome-adamente uma feita no programa “Companhia das Manhãs”…Foi dos programas mais bonitos que eu fiz na televisão. Eu fiquei tão co-movida, tão enternecida, não es-tava nada a contar com aquilo. Da televisão telefonaram-me para eu
ir colaborar no programa, para che-gar lá dizer meia dúzia de palavras e tocar uma musiquinha ou duas. Eu ia predisposta a isso, nada mais! Quando aparece aquela surpresa toda, ai meu Deus! Eu estava a ver que o meu coração não aguentava. E o jardim em frente à sua casa, ape-lidado com o seu nome…Outra surpresa, que eu também não sabia. Quando soube foi no dia que me chamaram para ir ali destapar as placas.Como é ter esse carinho por parte das pessoas?
É preciso ter um coração um boca-dinho forte para aguentar isto tudo. E agora ultimamente têm-me feito homenagens muito lindas. É uma amálgama de sentimentos que não há palavras que descrevam isso. Só quem passa por isso é que sente.É reconhecida como a “Miúda de Castelo Branco” e na cidade de Rio Maior é vista como uma filha da cidade. Como recebe o carinho das pessoas?O epíteto de “Miúda de Castelo Branco” foi porque eu comecei a tocar muito novinha e havia muita
“Quero fazer filmes dos livros que escrevo”
ISABELLA SANTOS nasceu em Abran-tes, a 26 de Agosto de 1992, estuda na Escola Secundária Dr. Solano de Abreu onde segue a vertente de Línguas e Humanidades.Com apenas 14 anos começou a escrever pequenos romances e, agora, com 19 anos, vê editado o seu primeiro romance, “7Véus”, uma história de amor, que se passa na Arábia Saudita, entre Ahmet e Naadirah. O livro já está disponível on-line, tanto em Portugal como no Brasil, e 200 exemplares serão vendidos nas livrarias portuguesas.
Desde que idade é que escreve his-tórias?Desde pequenina que na minha mente faço histórias. Lembro-me de estar num quarto, que era uma sala que a minha mãe tinha, e pen-sava que estava a fazer um teatro, estava a falar sozinha. Escrever a sério é desde os 14 anos.Essas histórias que escreve desde pequena são contos, biografias…?
FABIANA BIOUCASESTA D ABRANTES
São romances, ficção, terror, co-média… De onde vem a sua inspiração?A inspiração tanto pode vir de música, de imagens, dos famosos. Já aconteceu estar na disciplina de História e ver uma imagem de umas escadas e daí vir uma inspi-ração para uma história, um ro-mance. O que sente quando escreve?Quando escrevo, sinto o que escre-vo. Se a personagem está a chorar ou a sorrir, eu sou capaz de cho-rar ou sorrir com ela. Uma vez eu estava a escrever uma cena no “7Véus” em que o Ahmet apertou o pescoço de uma outra personagem e eu senti alguém a apertar o meu pescoço. Obviamente foi a minha imaginação, mas é uma demons-tração daquilo que acontece.Tem algum ritual ou costume antes de começar a escrever?Quase sempre a música é obriga-tória. Um cantor que me inspirou para esta obra foi o Tarkan. Parecia que a história e a imaginação não evoluíam se não houvesse a música por trás.
Como se sente em relação ao seu livro já estar à venda no Brasil?Eu sinto-me muito feliz, porque eu sabia que esta editora tinha uma parceria com a editora do Brasil, mas a editora também teve que ler o livro para aceitar. Eu estava um bocadinho com medo que ela não aceitasse, que não gostassem, mas aceitou e eu estou muito contente.Quais são as suas influências na literatura?Sinceramente pouco me inspiro em literatura, é sem dúvida muito mais em cinema e televisão. Nunca consigo ler muito, não que ache aborrecido, porque a leitura é tão boa quanto o acto da escrita, mas porque depois apetece-me logo pegar nas minhas histórias e es-crever. Não lhe chamo inspiração, penso que em vez de gastar o tem-po a ler prefiro gastá-lo a escrever.Qual é o seu livro preferido?O meu livro preferido é o “Segre-do”, porque é aquele tipo de livro que dá esperança às pessoas, que nós podemos ter aquilo que qui-sermos se tivermos fé. Não a fé em Deus nem nada disso, mas sim aquela fé que temos em nós pró-prios, e crença que nós podemos fazer e ter aquilo que queremos.Qual é o seu autor preferido?O meu autor preferido é o DanBrown, porque dois dos livros que ele escreveu, que foram “Anjos eDemónios” e “Código da Vinci”,
viraram filmes. É o que eu queroatingir: fazer filmes dos livros que escrevo.Qual é o seu maior sonho?Saúde e dinheiro, como toda a gente! Mas um sonho que eu te-nho mesmo é de conhecer os meus artistas favoritos.Como por exemplo?O Johnny Depp, o Tarkan que é um
cantor que nasceu na Alemanha, mas vive na Turquia. Com que escritor português gos-taria de passar uma tarde?Fernando Pessoa, porque para mim é mesmo o melhor, uma pes-soa conseguir fazer tudo o que ele fez, criar heterónimos e caligra-fias diferentes para cada um deles, para mim é excepcional.
gente que quando não se lembrava do meu nome dizia que era a miúda de Castelo Branco. Com o passar do tempo, fui criando muitas raí-zes em Rio Maior, fui criando uma convivência muito sã. Fiquei agre-gada ao povo do concelho de Rio Maior como se fosse daqui, porque aqui eu não me sinto estranha, jus-tamente pela amizade e simpatia que as pessoas me dedicam. É aqui que eu estou bem e é aqui que eu gosto de estar. Rio Maior ajuda--me a viver.
L Isabella Santos: “Pouco me inspiro na literatura”
07WWW.ESTAJORNAL.PT
“O futebol é de todos”
ANDRÉ FURTADO ALVES GRALHA tem 35 anos e é actualmente árbitro de 1ª divisão. Oriundo de uma família de árbitros, desde cedo começou a revelar a sua paixão pela arbi-tragem. Aos 15 anos foi assistente do pai num jogo no Inatel e desde aí prosseguiu com o que viria a ser o seu futuro. Admite que ser árbitro de primeira categoria lhe permite ter uma melhor vida, mas defende que o importante é ter paixão pelo que se faz. Defensor das novas tecnologias no futebol e da profissionalização dos árbi-tros, é da opinião que “o futebol é de todos”.
Grande parte dos miúdos sonha ser jogador de futebol profissio-nal. Alguma vez teve esse sonho ou sempre quis ser árbitro?Para gostar de arbitragem tive pri-meiro de gostar de futebol. Jogava à bola na escola, cheguei a jogar fu-tebol na Moita e na Barquinha, mas acho que eu não tinha muito jeito para o futebol, no sentido de um dia chegar a patamares superio-res. Como em minha casa se falava muito de arbitragem e acompa-nhava o meu pai nos jogos comecei a gostar da arbitragem. Acho que até tinha algum jeito para a função e segui em frente.
MIGUEL FREIREESTA D ABRANTES
Quando subiu a árbitro de primei-ra categoria notou muitas diferen-ças em relação aos escalões mais baixos?Sim, notei. O futebol hoje começa a ser muito gratificante para a pes-soa que exerce a função. Não estou a falar no início de carreira, mas a nível dos nacionais. Eu, presente-mente, ganho mais na arbitragem do que no meu trabalho e, pare-cendo que não, já me proporciona outras coisas na vida. Mas também há situações a ter em conta: não podemos estar a assumir compro-missos na nossa vida com aquilo que ganhamos na arbitragem. Pri-meiro do que tudo é necessário ter paixão pela arbitragem, ter paixão pelo que fazemos.Qual a sua opinião acerca da intro-dução ou não de novas tecnologias no futebol como forma de auxílio à arbitragem? Eu sou a favor das novas tecnolo-gias, mas as pessoas têm de perce-ber que no futebol, a nível de arbi-tragens, com novas tecnologias ou mesmo sem elas, o erro vai sempre existir. Eu sou apologista de, no caso de um jogo grande, em lances específicos, existir um monitor na zona do meio campo para o 4º ár-bitro verificar o lance. Não poderia ser por tudo e por nada que se iria verificar se não, qualquer dia, te-mos lá um robô e não um árbitro. É a favor ou contra a profissiona-lização dos árbitros?
A profissionalização envolve mui-tas coisas. Assim como no futebol, na arbitragem há subidas e des-cidas. Para haver novos árbitros de 1ª divisão, outros vão ter de ser despromovidos. Imaginando que agora assumia o profissiona-lismo... Será que a entidade para onde trabalho tem o lugar à minha espera? É preciso ter em atenção que, mesmo que os árbitros se tornem profissionais, o erro vai continuar a existir. O que poderá acontecer é dar mais condições aos árbitros para fazer um melhor trabalho e terem uma melhor pre-paração para o jogo. Mas claro que sou a favor da profissionalização.E quais são os seus projectos para o futuro?O meu projecto para o futuro, a nível de arbitragem, é manter-me na 1ª divisão. Não está fácil, reco-nheço. Depois é pensar Domingo a Domingo, treino a treino. Dizem que o maior inimigo do árbitro é o próprio árbitro e, apesar de antes não pensar desta forma, já começo a acreditar nisto. As pes-soas começam a fazer de tudo para se manterem na arbitragem. Isto acontece por causa dos valores e não pela paixão pela arbitragem, o que acho mal. Posso dizer que o André que hoje está na 1ª divisão é o mesmo que estava nas distri-tais e é esse André que quero ser sempre.
L André Gralha: “Ganho mais na arbitragem do que no meu trabalho”
“Sou o único que nunca matou um toiro”
AOS 47 ANOS, Rui Salvador é um dos toureiros mais con-ceituados do panorama taurino português. Com uma carreira longa e duradoura, fortemente impulsionada por nomes como Gustavo Zenkl ou Mestre Baptista, sem esquecer o pai, José Salvador, correu um pouco por todo o lado, desde os Estados Unidos até Macau, embora sem participar em corridas com toiros de morte, algo que classifica de “opção de vida”. Conhe-cido como “o cavaleiro dos ferros impossíveis” devido à espectacularidade e empolgância que transmite na arena, garante que irá continuar enquanto se sentir bem e o público continuar a gostar de si. Casado e pai de dois filhos, hoje em dia concilia a tauromaquia com a arquitectura e a gestão de eventos: “Sou o tipo de pessoa que tem várias situações para complementar e não é fácil ter só uma actividade na minha vida.”
O QUE MAIS O FASCINA NA TAUROMAQUIA? É um conjunto de situações. A tauromaquia é re-almente uma paixão única. É o tipo de actividade à qual se tem de dar uma dedicação extrema e só se pode singrar quando se tem uma paixão imensa por ela. O cavalo, o toiro e depois a junção dos dois com o cavaleiro faz com que se travem determinados jogos ali dentro que são planeados pela racionalidade do homem com a junção da bravura do animal. O toiro é um animal único. Depois há o cavalo, que é um animal extraordinariamente maravilhoso, com uma graciosi-dade e uma boa vontade únicas também. Quando se consegue agarrar nas características destes cavalos e encontrar um toiro bravo e agressivo é realmente uma coisa maravilhosa.A CRISE SENTE-SE NESTA ACTIVIDADE?Sente-se. As corridas custam dinheiro e este ano vai de certeza haver menos corridas. Este é o único es-pectáculo que não tem nenhum subsídio do Estado, nunca teve nenhum apoio Estatal e tem sobrevivido sempre positivamente. Continuam a ver-se corridas cheias, quando é também criada essa expectativa e quando são bem montadas, e faz com que também nos dê alento. COMO É QUE CONCILIA A TAUROMAQUIA COM A SUA VIDA FA-MILIAR?Hoje é mais fácil. A minha vida familiar ainda tinha outro problema, porque eu tenho uma firma de cons-trução e faço também arquitectura. Mas neste preciso momento quase que abdiquei da construção e da arquitectura, quase que optei só pela quinta, pelos eventos que fazemos e pelo toureio. Portanto, a fa-mília acabou por ganhar um pouco mais de espaço.COMO É QUE VÊ A QUESTÃO DOS TOIROS DE MORTE?Não faço, mas respeito quem o faz. Os meus colegas fazem. Sou o único que nunca matou um toiro. De-claradamente, respeito quem o faz, mas não consigo compreender a morte de um toiro a cavalo. A pé há uma igualdade de circunstâncias, um equilíbrio em tudo. Mas a cavalo não vejo que exista a necessidade de o fazer. O toureio a cavalo é complementado com o forcado. A corrida de toiros à portuguesa não tem nada a ver com a morte do toiro.QUAL A SUA OPINIÃO ACERCA DOS MOVIMENTOS ANTI-TOU-RADAS?Respeito. Aliás, tenho pena que eles não me respeitem da mesma maneira que eu os respeito a eles. Eu passo a vida a dizer que convido quem quiser vir aqui a casa para perceber a realidade e como tratamos todos os animais que temos. Vêm aqui muitas pessoas que não gostam e outras que não se importam, mas acabam por sair completamente elucidadas. É importante per-ceberem que mesmo a parte menos positiva que nós temos para com os toiros, onde os castigamos, onde cravamos um ferro e provocamos dor, é um factor para limitarmos a raça no sentido de continuar pura geneticamente. É provocando mais essa agressividade que percebemos se os touros são bravos ou não, se servem para reprodutores. Tenho a certeza absoluta que se deixasse de haver toureiros neste momento, iria deixar de haver toiros também.
JOÃO LOPESESTA D ABRANTES
Última08 ESTA JORNALMAIO 2012
“Quando estou em cima do palco, acho que tenho que estar ‘tesuda’”
L Blaya: “Gosto do calor do público, gosto de estar a “puxar”. Gosto desse feeling!”
COINCIDÊNCIA OU NÃO, de qualquer lugar soava a música “We stay (up all night)”, dos Buraka Som Sistema, enquanto Blaya e o ES-TAJornal se aproximavam do lo-cal da entrevista. A sentir o sol que bem se fez mostrar naquele dia, e do qual tanto gosta, deu--se início a uma conversa onde a própria confirmou que não tem nada a esconder.
Quem a segue, tem assistido, nos últimos anos, a várias mudanças no seu visual. É um mero gosto pessoal, portanto?Sim. A minha mãe é cabeleirei-ra e, até eu ter cerca de 14 anos, nunca deixei a minha mãe tocar no meu cabelo. Mas depois, quan-do ela tocou, comecei a gostar, e a partir daí quase que, de três em três meses, mudo o visual. Quanto à maneira de vestir, eu tento estar um bocado dentro da moda. Bom, toda a gente tem uma moda diferente, mas eu tento es-tar sempre… Por exemplo, hoje estou um bocado fluorescente e florida (ri). Mas não sei de onde é que isso vem.Tem algum cuidado com a sua imagem em termos profissionais? Pensa nisso?Penso. Eu acho que, quando estou em cima do palco, tenho que estar “tesuda”. Faz parte. O físico, acho que faz parte. E também acho que estar dentro da moda faz parte, até para as outras pessoas, mesmo que não gostem da música, come-çam só a ver a imagem, o que já é bom. Começam a ouvir a música por causa da imagem.Em palco, o seu visual, a sua ener-gia, a dança, já se tornaram ele-mentos indispensáveis, tal como o jogo de luzes ou a própria mú-sica. Considera que, ao entrar nos Buraka Som Sistema (BSS), esse era um dos objectivos, ou isso foi acontecendo?Acho que acabou por acontecer, porque eu sempre tive muita energia, seja onde for. Então, nos concertos, as coisas foram acon-tecendo, não era obrigatório eu fazer aquilo. À medida dos con-certos é que vou tendo ainda mais energia. Agora, o meu “live” não tem nada a ver com o de há cinco anos atrás. Antes era muito mais calma, e agora sou muito mais es-pontânea. Foi acontecendo.Isso também não terá a ver com a experiência que foi adquirindo?Sim. Agora passo uma hora e um quarto - tempo de um concerto - no palco, e antes, ia três vezes e saía. Agora eu tenho mais oportu-nidade de mostrar o que consigo fazer.Antes de integrar os BSS, teve que dar provas do seu talento como dançarina. Sente que também teve que dar provas como can-tora?Antes de ser bailarina, eu era ra-
ANA CLÁUDIA DAMASESTA D ABRANTES
pper – comecei aos 14 anos -, e então, um deles já sabia que eu rimava. E na altura em que entrei para o grupo, eles precisavam de alguém para ir para o estrangei-ro, mas não estavam a encontrar ninguém, e então eu disse: “Eu vou!”. Cá em Portugal, eu per-guntei: “Posso cantar? Posso can-tar o ‘Aqui Para Vocês’?”, e eles disseram que sim. A partir daí, fui sempre subindo (sorri).Em termos musicais, já passou pelo hip-hop, pelo reggae, pelo kuduro. Com qual destes estilos se identifica mais?Eu sou uma mistura (sorri). Por exemplo, eu estou a fazer uma mixtape que envolve tudo, não é um estilo específico, é uma salada de frutas, mas sou eu que quero que seja uma salada de frutas, porque eu gosto de diferentes es-tilos de música. E se gosto, porque não fazer?Há cerca de seis ou sete anos, imaginava a sua vida tal como é agora?Eu sempre estive no mundo da música, nunca trabalhei em mais nada. Sempre pensei que iria estar na música, mas onde estou hoje, nunca imaginei. Até houve uma vez em que fui ver Buraka ao Su-doeste, em 2007, e gostei muito,
e nunca pensei… até porque to-das as vocalistas que eles tinham tido eram angolanas, e eu não sou. Então, antes, estar a cantar com um sotaque que não era o meu, era estranho. Agora já não acho estranho, porque agora tenho sons meus nos Buraka.Sentiu essa estranheza por parte do público?Eu senti. Até para mim era estra-nho. Aliás, era mais para mim do que para as outras pessoas, mas tinha que ser. E depois eles (BSS) diziam: “Não tenhas vergonha”, e fui-me acostumando. Mas é estra-nho para as pessoas. Ainda agora, às vezes, comparam-me com as outras, e eu não gosto, porque so-mos diferentes. Eu sou completa-
mente diferente delas. E mesmo entre elas, cada uma é diferente. Mas eu sou mesmo a “mais dife-rente”, não tenho mesmo nada a ver.Como é que surgiu a oportunidade de fazer a mixtape “Teikauei”?À medida que o tempo vai passan-do, vou arranjando mais pesso-as para fazerem instrumentais… Mas vai ser misturada pelo João (J-Wow). Já lá tenho instrumen-tais do J-Wow, do Riot (BSS), do Ride, do Klipar, de um rapaz que é de Los Angeles, o Zac-Matic, do Andro (Conductor, também dos Buraka) - foi ele que fez o reggae, o “Fortaleza”. Acho que não está lá mais ninguém... Agora começo a pensar assim: “Se calhar, é melhor eu fazer um EP, em que tenho só os sons, que são instrumentais de outras pessoas, como ‘Blaya fea-turing… alguém’”. Em vez de ter uma mixtape. Já não sei, já é muita coisa. Estou confusa! (ri) Eu tinha que fazer alguma coisa, e acho que esta altura é a ideal para lançar a minha “qualquer coisa”.Neste momento, pensa cimentar a sua carreira a solo?Este ano, é o ano Buraka, por isso estou dedicada a eles a 100%, mas quando tenho tempo livre, tam-bém me dedico a mim e às minhas
músicas, e vou tentando avançar cada vez que tenho tempo.E para além da mixtape, dos Bu-raka, tem mais planos para o fu-turo?Não! Música, dança, viajar muito…É por ter essas ideias todas que aceitou ir com os Buraka para o estrangeiro? Para além de que também faz parte do Holy Ship. É por isso que vai à aventura? Claro que sim! Ainda por cima, sou a única rapariga no meio da-queles homens todos, mas eu sou um homem, também (ri)! Mas a ‘cena’ é ir, ir com o flow! Eu gosto é de viajar, e quero ter a oportu-nidade de fazer o que estou a fazer com os Buraka, mas sozinha, por exemplo: “Blaya que vai fazer MC de… ‘DJ Tinoni’”, e ir lá para fora cantar para uma data de pessoas.Mas agora está acompanhada por quatro homens em palco. Não a assusta a ideia de ficar sozinha e ter que ‘agarrar’ um mar de gente durante aquele tempo?É um desafio. É mais complicado, porque com os Buraka, nos tem-pos mortos, eu posso estar a brin-car com eles. Sozinha, só com um DJ, já é muito mais complicado. Mas é um desafio, eu gosto. Gosto do calor do público, gosto de estar a “puxar”. Gosto desse feeling!
“”
Este ano, é o ano Buraka, por isso estou dedicada a eles a 100%
jornaldeabrantes
Especial EducaçãoSete diretores de escolas
ou agrupamentos, entre
os dez a quem o Jornal
de Abrantes lançou o
desafi o, responderam a
um pequeno inquérito
para recolher opiniões,
aferir sensibilidades,
apresentar a oferta
formativa e divulgar
projetos. São
testemunhos que
marcam esta época,
poucos dias depois
de a região ter sido
visitada pelo ministro
da Educação e
Ciência, Nuno Crato.
A requalifi cação dos
espaços escolares é uma
das principais bandeiras
dos municípios e os
projetos educativos são
o orgulho dos diretores.
Surge o reconhecimento
de que uma escola
renovada estimula
os participantes no
processo educativo e
acumulam-se críticas
às medidas propostas
pelo atual executivo.
Nomeadamente, na
criação de mega-
agrupamentos e no
aumento do número
de alunos por turma.
Foto
de
Pers
io B
asso
jornaldeabrantes
MAIO201214 ESPECIAL EDUCAÇÃO
Duas das medidas anunciadas pela atual equipa ministerial têm vindo a ser especialmente discutidas, tan-to ao nível dos estabelecimentos de ensino, como na própria comunica-ção social: o aumento do número de alunos por turma e a introdução de provas nacionais. Se em relação à primeira medida parece haver um coro de críticas, já a ideia dos exa-mes tem um acolhimento diferen-te, incluindo reações positivas.
Pessoalmente, o diretor do agru-
pamento de Escolas do Sardoal,
Fernando Matos, considera que a
introdução de provas nacionais no
fi nal dos dois primeiros ciclos (4º e
6º anos) é “uma boa medida porque
é reguladora do processo de ensi-
no-aprendizagem”. O facto de ainda
não ter recolhido, junto dos colegas,
muitas reações a este anúncio, “po-
derá signifi car aceitação e compre-
ensão pela medida”. José Almeida,
do agrupamento de Escolas Verde
Horizonte, de Mação, também está
convicto de que “esta nova valora-
ção será benéfi ca para a melhoria
dos resultados no 1º ciclo”, acrescen-
tando que “muda apenas o nome e
a sua importância na avaliação fi nal
dos alunos”.
No caso do agrupamento de Es-
colas Dr. Manuel Fernandes, o dire-
tor, Alcino Hermínio, diz que as opi-
niões se dividem, quando se trata
de concordar ou não com os novos
exames. Sobretudo porque ainda
não é possível aferir “o seu efeito no
trabalho dos alunos”. Por isso, rema-
ta dizendo que “o tempo dirá qual o
seu real impacto”. Apesar de o agru-
pamento de Escolas D. Miguel de
Almeida, em Abrantes, já ter um
projeto sobre aferição de aprendi-
zagens que prepara os alunos para
este tipo exames, o diretor, Jorge
Beirão, prefere aguardar “orienta-
ções mais específi cas para se fazer
uma refl exão mais profunda”.
Quanto ao aumento do número
de alunos em sala de aula, a reação
de Fernando Matos “é de espanto”,
até porque “o desejável seria o con-
trário, para que se pudessem im-
plementar práticas educativas mais
centradas no aluno”. José Almeida
acrescenta que “o aumento do nú-
mero mínimo de alunos por turma
tem, forçosamente, refl exos nega-
tivos na qualidade das aprendiza-
gens”. Isto porque “o tempo a dis-
ponibilizar a cada aluno é, forçosa-
mente, inferior” e “é mais difícil aos
professores detetarem as necessi-
dades de cada aluno”. Alcino Hermí-
nio concorda com a difi culdade em
se prestar um apoio mais individu-
alizado aos alunos e, por isso, com-
preende que “junto de pais e pro-
fessores haja preocupações acres-
cidas relativamente ao próximo ano
lectivo”.
No caso da Escola Secundária Dr.
Solano de Abreu, o aumento do nú-
mero de alunos por turma “não terá
qualquer efeito, uma vez que, na
generalidade, o número de alunos
por turma que temos já estava den-
tro desse padrão”, conforme adian-
ta o diretor. No entanto, Jorge Cos-
ta admite que “um número muito
elevado de discentes por turma co-
loque mais difi culdades aos docen-
tes para cumprirem metas de suces-
so efetivo e difi culte um ensino que
queremos centrado no aluno”.
Jorge Beirão reforça a ideia defen-
dida pelos outros diretores e acres-
centa a questão da disciplina: “Para
além do prejuízo em termos peda-
gógicos no que respeita ao apoio
individualizado, por exemplo, tam-
bém o aspeto disciplinar não pode
ser descurado, porque pode ser
agravado.” Este responsável levan-
ta ainda a questão dos docentes, na
medida em que “a perspetiva a re-
dução do número de turmas” terá
como consequência a “perda de al-
guns lugares docentes”.
Para além de também contestar
o aumento do número de alunos
por turma, sobretudo “num contex-
to em que a diversidade do público
escolar é uma constante”, Anabela
Grácio, diretora do agrupamento de
Escolas de Constância, lembra uma
outra mudança proposta pela atual
tutela que tem vindo a criar difi cul-
dades aos professores: “As alterações
da estrutura curricular retiraram a
possibilidade de adequação do cur-
rículo às necessidades de cada tur-
ma, o que torna mais difícil construir
respostas adequadas às turmas.”
Irene Guedes, Escola Profi ssional
Gustave Eiff el (EPGE), do Entronca-
mento, prefere não se pronunciar
de uma forma particular sobre as
novas medidas anunciadas: “Não
nos cabe julgar nem avaliar as de-
cisões e medidas que têm sido to-
madas ao nível político. Os tempos
são difíceis e também o Ensino Pro-
fi ssional tem sentido a austeridade.”
Esta responsável acrescenta que a
EPGE “continua a fazer o seu traba-
lho com base no mesmo objetivo:
a qualifi cação e formação, de quali-
dade, de bons alunos e bons profi s-
sionais que contribuam para a pro-
dutividade e crescimento económi-
co do nosso país”.
Dúvidas, mas também certezas sobre a efi cácia dos novos exames
Quatro razões para contestar o aumento de alunos por turma: 1. Difi culdade me prestar apoio
individualizado aos alunos
2. Refl exos negativos no processo de aprendizagem
3. Possibilidade de aumentar a indisciplina
4. Diminuição de lugares para docentes
A inauguração do Centro
Integrado de Educação e Ci-
ência (CIEC) foi presidida por
Nuno Crato, ministro da Edu-
cação e Ciência. O projeto é
considerado pioneiro na área
da educação e serve toda
a população estudantil do
concelho.
O projeto estava previsto
na Carta Educativa em 2006
e passou agora a ser realida-
de, num complexo moder-
no que privilegia a investiga-
ção científi ca. Resultado de
vários protocolos de coope-
ração, o CIEC torna-se “num
caso único no país de sim-
biose entre a escola, a comu-
nidade e a ciência”, afi rmou
Miguel Pombeiro, presidente
da Câmara Municipal de Vila
Nova da Barquinha (CMVNB).
A obra teve um investimen-
to de cerca de 10 milhões de
euros que englobaram tam-
bém a construção do novo
centro escolar do 1.º ciclo e
a remodelação da escola bá-
sica e secundária D. Maria II,
numa área de seis hectares.
Ao nível das parcerias, a
conceção do centro esco-
lar teve o apoio da Universi-
dade de Aveiro (UA) através
da consultoria pedagógica
no planeamento da esco-
la, supervisionando a cons-
trução do projeto educativo
concelhio e atividades de
formação. O CIEC, projetado
pelo arquiteto Aires Mateus,
é dedicado à ciência, e tem
como público-alvo prefeen-
cial as crianças. Mas também
o resto da comunidade o po-
derá utilizar, nos períodos
não letivos.
Manuel Assunção, reitor da
UA, congratulou-se com o re-
sultado do projeto, nomea-
damente com a parceria da
UA com o município barqui-
nhense. “O início da colabo-
ração com a CMVNB remon-
ta já a 2007. Cada vez mais
câmaras apostam no futuro,
como é este o caso. É funda-
mental pôr a importância do
conhecimento no imaginá-
rio da nossa população, das
nossas crianças e jovens”. So-
bre a importância da partilha
de conhecimento, adiantou
que “a UA confere muita im-
portância à colaboração com
a sociedade, nomeadamen-
te na divulgação da ciência e
aplicação do conhecimento
que desenvolve”.
Já Nuno Crato, ministro da
Educação e Ciência, afi rmou
ser um “dia feliz”, por se tra-
tar de “uma nova escola, am-
pla”. Nuno Crato tem reafi r-
mado a importância da ciên-
cia na educação dos alunos e,
ao presidir à inauguração do
CIEC, voltou a reforçar a ideia.
“É preciso dar mais atenção
à ciência, mas não só. Tam-
bém ao português, geogra-
fi a, matemática, inglês... Es-
tamos na altura de melhorar
a educação, maior exigên-
cia e qualidade. Queremos
um Portugal como grande
potência mundial, que te-
nha uma dimensão muitíssi-
mo maior.” O ministro refor-
çou esta ideia contando um
encontro que nesse mesmo
dia tinha tido com empresá-
rios em Abrantes. “Almocei
com empresários, a convite
da presidente da Câmara de
Abrantes. Eles investiram 800
milhões na região, mas quei-
xam-se de falta de recursos
humanos qualifi cados. Nós
precisamos de mais técnicos.”
Miguel Pombeiro, presiden-
te da CMVNB, por seu lado,
detalhou as muitas altera-
ções que as obras trouxeram
tanto ao espaço como à qua-
lidade da educação no con-
celho e elogiou as parcerias
e o trabalho dos professores.
Apesar da inauguração dos
equipamentos, o autarca dis-
se que “falta ainda o pavilhão
desportivo, que está em con-
dições muito más”. E acres-
centou: “Esperamos poder
começar ainda durante o ve-
rão.”
Durante a cerimónia foi as-
sinado um protocolo entre a
Agência Ciência Viva, Agru-
pamento de Escolas, Muni-
cípio de Vila Nova da Bar-
quinha e Universidade de
Aveiro, para a integração da
Escola do 1º CEB de Vila Nova
da Barquinha na Rede de Es-
colas Ciência Viva.
Ricardo Alves
Barquinha inaugura projeto inovador na educação e ciência
jornaldeabrantes
MAIO2012 ESPECIAL EDUCAÇÃO 15
Escolas da região com inúmeros projetosQuando, no passado dia 17 de abril, esteve em Abrantes, o ministro da Educação salientou a importância dos prémios atribuídos aos alunos.
Na Escola D. Miguel de Almeida,
Nuno Crato entregou diplomas aos
melhores alunos em diferentes áre-
as, desde a escrita até à ciência. Foi
com especial entusiasmo que o mi-
nistro deu os parabéns aos jovens
premiados.
O “Quadro de Valor e Mérito” é ape-
nas uma das facetas deste agrupa-
mento, que tem vindo a desenvol-
ver um vasto conjunto de projetos,
muitos deles com o envolvimento
dos encarregados de educação e
caracterizando-se por uma abertu-
ra do agrupamento à comunidade.
São exemplo disso o “Jornal Arca de
Noé”, um dos jornais escolares mais
antigos do país, e o projeto “Adoles-
cer”, em parceria com a Associação
Vidas Cruzadas. Da lista constam,
entre outros, “ Educação Para a Saú-
de”, “Aferição das Aprendizagens”;
“Igualdade de Género e Não Discri-
minação em Abrantes”, “Clube dos
Cientistas”, “Plano de Ação da Mate-
mática” e “Plano Nacional de Leitura”.
No agrupamento de Escolas Ver-
de Horizonte, em Mação, o diretor
destaca três projetos. Um chama-se
“Matemática Elementar”e “pretende
recuperar os conteúdos básicos que
hipotecam aprendizagens futuras”.
O projeto “ Aluno 100%” permite re-
conhecer e premiar os alunos em
três áreas fundamentais: aproveita-
mento, comportamento e assidui-
dade. Com este projeto foi possível
diminuir o absentismo e a indiscipli-
na e, consequentemente, aumentar
o sucesso escolar. A Educação para o
empreendedorismo é outra dimen-
são à qual o agrupamento dedica
especial atenção. Graças a este tra-
balho, no último ano, o Nersant con-
siderou que a melhor ideia empre-
sarial do distrito de Santarém per-
tence a alunos do agrupamento.
Um dos princípios orientadores da
Escola Profi ssional Gustave Eiff el é “a
abertura à comunidade envolven-
te”. Por isso, para além dos profi ssio-
nais que forma e insere no mercado
de trabalho, promovendo mão-de-
obra qualifi cada, esta instituição de
ensino organiza diversas iniciativas
abertas ao público em geral, onde
são abordados temas tão diversifi -
cados como o voluntariado, a paren-
talidade, as Novas Tecnologias da In-
formação e Comunicação, a Reabili-
tação Urbana, o Teatro, a Música, as
Necessidades Educativas Especiais.
“A comunidade dá sentido à nossa
existência: é ela que nos acolhe, que
acolhe os nossos alunos e que con-
tribui para que a nossa missão seja
cumprida na íntegra. Por isso, nunca
esquecemos de retribuir à nossa co-
munidade aquilo que ela nos ofere-
ce e proporciona.”
Também num relacionamen-
to próximo com a comunidade, o
agrupamento de Escolas de Cons-
tância tem vindo a realizar as Po-
monas Camonianas e outro tipos
de trabalho, como o que é posto em
prática pelo grupo de ginástica e rit-
mos. Ao nível pedagógico, Anabela
Grácio destaca a reorganização da
lecionação das disciplinas de Inglês,
Língua Portuguesa e Matemática
por nichos de aprendizagem. “Em-
bora não concordemos com a cons-
tituição de turmas de nível, estamos
há dois anos a lecionar estas discipli-
nas de uma forma diferenciada, per-
mitindo que os alunos vão progre-
dindo ao seu ritmo, construindo as
suas aprendizagens de acordo com
as suas reais progressões.”
Também o agrupamento de Esco-
las Dr. Manuel Fernandes desenvol-
ve um vasto conjunto de iniciativas.
A quantidade e diversidade faz com
que o diretor sugira uma consulta
do sítio do agrupamento na inter-
net, onde essas atividades vão sen-
do divulgadas. São atividades “pen-
sadas e concretizadas para todos os
níveis, mas também para a comu-
nidade abrantina”. No caso da Dr.
Solano de Abreu, o diretor destaca
“todos os projetos que têm sido le-
vados a cabo por várias equipas de
professores da escola” que se têm
revelado “muito importantes para a
construção de uma escola melhor”.
Finalmente, o diretor do agrupa-
mento de Escolas do Sardoal salien-
ta a “aposta num ensino com rigor
e qualidade, centrado nas crianças
e nos alunos, aberto para a comu-
nidade e dominado pelo conheci-
mento e cultura”.
Estimular o mérito, ajudar os que têm mais difi culdades, promover valores e envolver a comunidade são alguns dos objetivos das atividades
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uc
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ão
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cia
Escola Profi ssional Gustave Eiff el do Entroncamento
jornaldeabrantes
MAIO201216 ESPECIAL EDUCAÇÃO
A propósito da requalifi cação do
parque escolar, Alcino Hermínio, di-
retor da Dr. Manuel Fernandes, res-
ponde com uma pergunta: “Quem
não gosta de ensinar e aprender num
espaço novo, limpo e agradável?” É
precisamente nesta questão, apa-
rentemente simples, que se centra
o tema das instalações. Um espa-
ço adequado pode contribuir para
melhores resultados, quanto mais
não seja pelo aspeto da motivação.
A primeira fase das obras de re-
qualifi cação da escola sede daquele
agrupamento está a terminar, tendo
sido a segunda fase suspensa até ja-
neiro, de acordo com as informa-
ções divulgadas pela presidente da
Câmara, no dia em que o ministro
da Educação esteve em Abrantes.
Enquanto espera que a obra prossi-
ga, Alcino Hermínio deixa uma cer-
teza: “A melhoria das condições ao
nível das instalações e equipamen-
tos é sempre uma mais valia pois
funciona como um fator de estímu-
lo para alunos e professores”.
Com a ‘sua’ obra já terminada e
inaugurada, Jorge Beirão, da D.
Miguel de Almeida, lembra que a
intervenção feita naquele espaço
“veio ao encontro das políticas atu-
ais de reorganização das institui-
ções escolares, permitindo a pro-
moção da utilização partilhada de
recursos, uma gestão mais efi cien-
te e contribuindo com as novas in-
fraestruturas para a criação de um
espírito comum”. Este professor
defende que “os espaços que são
disponibilizados pela escola, tanto
aos alunos como ao corpo docen-
te e não docente, têm repercussões
no seu desempenho, sendo muitas
as opções que a escola pode tomar
de modo a tornar o espaço num re-
fl exo do seu projeto educativo”.
Quem também não tem dúvidas
de que “a melhoria das condições fí-
sicas da escola, aliada a práticas do-
centes corretas, favorece o processo
ensino/aprendizagem” é Jorge Cos-
ta, diretor da Dr. Solano de Abreu.
Dito isto, importa frisar que antes
das obras esta escola “já se encon-
trava bastante degradada, com sa-
las muito frias e equipamentos ob-
soletos”. Em situação idêntica esta-
va o parque escolar de Constância.
Por isso, Anabela Grácio garante
que as obras de requalifi cação trou-
xeram “um novo mundo de possibi-
lidades” aos mais diversos níveis. “Os
antigos edifícios já não conseguiam
responder aos novos desafi os e ne-
cessidades com que as escolas se
confrontam atualmente, nomeada-
mente as novas áreas do saber que
é necessário explorar, a necessidade
de as famílias terem as crianças e jo-
vens mais tempo no espaço escolar,
as maiores exigências do ponto de
vista da segurança, entre outros”.
Embora reconhecendo a impor-
tância da requalifi cação/manuten-
ção do parque escolar, Fernando
Matos, do Sardoal, considera que
“tem de haver critérios na execu-
ção das intervenções de forma a
não comprometer o equilíbrio e
igualdade de oportunidades en-
tre as comunidades educativas”. O
diretor adianta que “escolas como
aquelas que integram o parque es-
colar do concelho de Sardoal ne-
cessitam de ser requalifi cadas”. No
fundo, trata-se de reivindicar con-
dições iguais. Por outro lado, Fer-
nando Matos lembra que “as tecno-
logias de apoio à prática educativa
e os recursos didáticos evoluíram
sem que as instalações escolares o
tenham feito”. E o risco que se cor-
re é o da degradação desse mesmo
equipamento, “em consequência
da taxa e natureza da sua utiliza-
ção”.
“São os critérios económicos a sobrepor-se aos critérios pedagógicos”
CRIAÇÃO DE MEGA AGRUPAMENTOS
A generalidade dos diretores de agrupamentos ou escolas que par-ticiparam neste inquérito vê com preocupação a criação de mega-agrupamentos.
José Almeida, de Mação, ques-
tiona a efi cácia da medida: “Te-
nho muitas dúvidas que consiga-
mos manter a qualidade de ensino.
Perde-se a gestão de proximida-
de, o contacto pessoal dos respon-
sáveis com os professores, alu-
nos e funcionários. A celeridade
na resolução de problemas tam-
bém fi cará comprometida. São
os critérios económicos a sobre-
por-se aos critérios pedagógicos.”
Anabela Grácio, de Constância,
diz que não conhece qualquer es-
tudo que comprove que, “mesmo
a nível económico, este movimen-
to trará evidentes benefícios que
contrabalancem os pesados encar-
gos sociais destas ‘aglomerações’”.
Por isso, discorda “completamente”
da criação de mega-agrupamentos,
tanto na forma como os processos
estão a ser conduzidos, “como nos
profundos constrangimentos que
estas novas organizações trarão ao
desenvolvimento do trabalho das/
nas escolas”.
Fernando Matos, do Sardoal, tam-
bém é contra a criação de mega
agrupamentos, “na medida em que
a formação de estruturas educativas
de grande dimensão e dispersas ge-
ografi camente vai implicar uma de-
sumanização da intervenção edu-
cativa das escolas”. Na mesma linha
de pensamento, Alcino Hermínio,
da Dr. Manuel Fernandes, lembra
que “a criação de grandes organiza-
ções escolares comporta um eleva-
do risco de afetar seriamente a co-
municação entre todos os interve-
nientes no processo educativo, o
trabalho colaborativo e a articula-
ção vertical e horizontal, fundamen-
tais no trabalho docente, e ainda a
ligação escola-família”.
É também com preocupação que
Jorge Costa, da Dr. Solano de Abreu,
em Abrantes, receando que se per-
ca alguma da identidade daquele
estabelecimento de ensino, assimo
como o seu espírito de grupo. No
entanto, reconhecendo que o cami-
nho dos mega agrupamentos pare-
ce ser inevitável, este responsável
prefere “olhar para os aspetos po-
sitivos, nomeadamente uma maior
interligação entre ciclos, que bem
desenvolvida, poderá promover o
sucesso educativo”.
O diretor da D. Miguel de Almeida,
Jorge Beirão, tem a perceção de que
“existe nestas atuais propostas um
défi ce de princípios e critérios cla-
ros e objetivos”. Mesmo admitindo
que a criação de mega-agrupamen-
tos através das atuais agregações
tenha “preocupações de proximida-
de, de relação pedagógica e de ges-
tão”, Jorge Beirão defende que esta
estratégia signifi cará “grandes cons-
trangimentos nestas instituições es-
colares, se tiverem um número exa-
gerado de alunos, de docentes, de
funcionários e grandes áreas geo-
gráfi cas”. E este diretor pronuncia-se
com conhecimento de causa: “Para
além do agrupamento que geri-
mos ser já há alguns anos um me-
ga-agrupamento, já fomos sujeitos
a três fusões (agregações no termo
atual), com dois agrupamentos ver-
ticais e um horizontal”.
“Com melhores instalações temos melhores alunos e até melhores professores”
• O agrupamento D. Miguel de Almeida já passou por três fusões
Perante o inevitável,
“olhar para os
aspetos positivos”
“Quem não gosta
de ensinar e
aprender num
espaço novo, limpo
e agradável?”
• Escola Dr. Manuel Fernandes está em obras
jornaldeabrantes
MAIO2012 ESPECIAL EDUCAÇÃO 17
A Escola D. Miguel de Al-
meida foi inaugurada. Novas
valências e um complexo total-
mente requalifi cado foi o que
Nuno Crato, ministro da Educa-
ção e Ciência, pôde encontrar
no passado dia 17 de abril, em
Abrantes.
Dois anos de requalifi cação,
com aulas a decorrer ao mes-
mo tempo, não foi tarefa fácil,
reconhece Jorge Beirão, diretor
da escola. “Hoje o sentimento
que se vive é de grande emo-
ção e de dever cumprido. Dois
anos com aulas para 700 alunos
e obras a decorrer foi compli-
cado, mas agora é um objetivo
concluído”, disse o diretor ao JA
à margem da cerimónia.
A intervenção foi feita pela
empresa Tecnorém, sob a res-
ponsabilidade da Câmara Mu-
nicipal de Abrantes (CMA), que
assinou um protocolo com a
Direcção Regional da Educa-
ção. Esta é uma obra que inicial-
mente estava prevista para “2
milhões de euros passou a cer-
ca de 4 milhões”, referiu Maria
do Céu Albuquerque, presiden-
te da CMA. A autarca carateri-
zou o equipamento como uma
escola capaz de servir a comu-
nidade escolar e civil e “que vai
permitir uma educação de ex-
celência”.
Nuno Crato, que foi convidado
a entregar prémios que distin-
guiram os alunos da D. Miguel
de Almeida em diversas áreas,
disse ao JA que este é o exem-
plo de um bom investimento.
“Gostei imenso de visitar esta
escola pelo seu espaço físico,
pela valorização que esta faz às
diferentes disciplinas, onde há
um empenho bem visível de
toda a comunidade docente e
não docente. Um bom investi-
mento que gostaríamos de apli-
car a todas as escolas no país.”
A Escola D. Miguel de Almei-
da sofreu uma profunda re-
qualifi cação e ganhou novas
valências: um auditório, 14 sa-
las de aulas, quatro laboratórios
de ciência, quatro salas de edu-
cação visual e tecnológica, qua-
tro salas dedicadas à informá-
tica, duas salas de música, uma
biblioteca, um polidesportivo e
um pavilhão gimnodesportivo.
JMC
Foto
de
Pers
io B
asso
Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Fernandes, AbrantesNúmero de alunos
Pré-escolar 186
1º Ciclo do Ensino Básico 552
2º Ciclo do Ensino Básico 322
3º Ciclo do Ensino Básico 338
Ensino Secundário 210
FormaçãoAlém do ensino regular, desde o pré-escolar
ao 12º ano, que tem permitido o prossegui-
mento de estudos no ensino superior, desta-
ca-se a qualidade do ensino profi ssional que
assegura o funcionamento de dois cursos:
Técnico de Energias Renováveis e Técnico de
Apoio à Infância, sendo que o primeiro tem
contado com a colaboração de múltiplas em-
presas da região que têm vindo a assegurar
os estágios e a contratar alguns dos alunos.
Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida, AbrantesNúmero de alunos
Pré-escolar 313
1º Ciclo do Ensino Básico 665
2º Ciclo do Ensino Básico 352
3º Ciclo do Ensino Básico 323
FormaçãoPara além do ensino regular, existem duas
Unidades de Ensino Estruturado (uma para o
1º Ciclo e outra para o 2º e 3º ciclos, com seis e
sete alunos, respetivamente), um CEF (Curso
de Educação e Formação – Tipo 2) de Eletrici-
dade com 19 alunos, um PPE (Curso de Portu-
guês Para Falantes de Outras Línguas) com 18
alunos e um Curso de Aquisição de Compe-
tências Básicas com 15 alunos.
Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, AbrantesNúmero de alunos
3º ciclo do Ensino Básico 285
Ensino Secundário 691
CEF 11
EFA 13
Candidatos a RVCC 304
FormaçãoA Escola Secundária Dr. Solano de Abreu,
para além dos cursos do ensino regular, ofe-
rece, também, Cursos de Educação e Forma-
ção (CEF), Cursos Profi ssionais, Educação e
Formação de Adultos (EFA) e Certifi cação em
RVCC. Atualmente, o Centro de Novas Opor-
tunidades desta escola é o único a funcionar
na região de Abrantes, continuando a desen-
volver a sua atividade quer encaminhando os
candidatos para formação específi ca, quer re-
conhecendo as competências profi ssionais
ao nível do 9º e do 12º anos de escolaridade.
Agrupamento de Escolas do SardoalNúmero de alunos
Pré-escolar 97
1º Ciclo do Ensino Básico 150
2º Ciclo do Ensino Básico 95
3º Ciclo do Ensino Básico 153
Ensino Secundário 117
FormaçãoAlém do ensino regular, este agrupamento tem
a seguinte oferta: no ensino básico, turmas de
percursos curriculares alternativos e turmas de
cursos de educação e formação; ao nível do en-
sino secundário, a oferta passa pelo funciona-
mento de cursos profi ssionais em áreas de in-
teresse dos alunos e com inserção na vida ativa.
Agrupamento Verde Horizonte, MaçãoNúmero de alunos
Pré-escolar 100
1º Ciclo do Ensino Básico 130
2º Ciclo do Ensino Básico 120
3º Ciclo do Ensino Básico 220
Ensino Secundário 230
FormaçãoPara além do ensino regular, existem mais
três tipos de formação: Cursos de Educação
e Formação de Jovens (CEF) de Mecânico de
Automóveis Ligeiros e Serviço de Mesa e Bar;
Cursos Profi ssionais (Marketing, Higiene e Se-
gurança no Trabalho, Reparação de Equipa-
mentos Informáticos e Animação Social) e
Cursos de Formação de Adultos – EFA.
Agrupamento de Escolas de ConstânciaNúmero de alunos
Pré-escolar 140
1º Ciclo do Ensino Básico 200
2º Ciclo do Ensino Básico 150
3º Ciclo e Secundário 180
Educação de Adultos 50
FormaçãoNo ensino regular incluem-se duas turmas
de ensino articulado da música, que se têm
revelado verdadeiros casos de sucesso. Para
além disso, há o Percurso Curricular Alterna-
tivo de 5º Ano, com turmas de educação-for-
mação tipo II (Cozinha e Eletricidade), e de en-
sino secundário profi ssional (uma turma de
restauração–restaurante/bar e uma turma de
restauração –cozinha/pastelaria), assim como
uma turma de técnico de gestão de equipa-
mentos informáticos. Além desta oferta para
jovens estão, ainda, em funcionamento tur-
mas de educação-formação de adultos de
nível secundário, para além de ofertas para
adultos no âmbito das formações modelares
certifi cadas de Inglês e de Informática.
Escola Profi ssional Gustave Eiff el (EPGE), EntroncamentoNúmero de alunosA EFGE tem em funcionamento 16 turmas,
num total de 247 alunos distribuídos pelos
seguintes cursos: Curso Profi ssional de Técni-
co de Gestão de Equipamentos Informáticos;
Curso Profi ssional de Técnico de Higiene e Se-
gurança no Trabalho e Ambiente; Curso Pro-
fi ssional de Técnico de Proteção Civil; Curso
Profi ssional de Técnico de Apoio à Infância;
Curso Profi ssional de Técnico de Construção
Civil – Topografi a; Curso Profi ssional de Técni-
co de Mecatrónica; Curso Profi ssional de Téc-
nico de Energias Renováveis; Curso Profi ssio-
nal de Técnico de Comunicação – Marketing,
Relações Públicas e Publicidade; Curso de Ins-
talação e Reparação de Computadores – Tipo
2; Curso de Práticas Administrativas – Tipo 2;
Curso de Práticas Técnico Comerciais – Tipo 3.
FormaçãoA EPGE tem também em funcionamento mo-
dalidades de educação e formação destina-
das à população adulta da região, como os
cursos de Educação e Formação de Adultos
e as Formações Modulares Certifi cadas, bem
como o CQA (Centro de Qualifi cação de Ac-
tivos) e o Centro Novas Oportunidades, ser-
viços através dos quais centenas de adultos
têm melhorado as suas qualifi cações profi s-
sionais e habilitações académicas.
A curto prazo esta Escola Profi ssional terá
oferta formativa ao nível dos CET – Cursos
de Especialização Tecnológica, que conferem
uma qualifi cação profi ssional pós-secundária,
de nível 5.
Escola está pronta a servir a comunidade escolar
• Nuno Crato. “Um bom investimento que gos-taríamos de aplicar a outras escolas do país”
D. MIGUEL DE ALMEIDA
jornaldeabrantes
MAIO201218 SAÚDE
Qualidade do ar interior e saúde pública Secção da responsabilidade da Unidade de Saúde Pública do ACES do Zêzere
As preocupações associa-
das aos efeitos da qualidade
do ar na saúde pública têm
geralmente em conta a po-
luição atmosférica, no exte-
rior dos edifícios, contudo
tem aumentado a preocu-
pação com a qualidade do ar
nos espaços interiores, uma
vez que, a grande maioria das
pessoas passa cerca de 90%
do seu tempo em ambientes
interiores.
Uma boa qualidade do ar
interior é tida como um dos
parâmetros que mais con-
tribui para a produtividade,
conforto, saúde e bem-estar.
Pode ser infl uenciada pelo
desenvolvimento de micror-
ganismos, produtos de lim-
peza, materiais e equipa-
mentos poluentes, número
de ocupantes e a defi ciente
ventilação e renovação do ar.
A qualidade do ar con-
siste, na concentração de
poluentes existente (como
dióxido carbono, monóxido
carbono, partículas, entre ou-
tros), e no nível de conforto
térmico (temperatura, humi-
dade relativa e velocidade
do ar). Mas a qualidade do
ar, não é percecionada por
todas as pessoas da mesma
forma.
Como fontes responsáveis
pela degradação da qualida-
de do ar interior poderemos
referir: mobiliário, materiais
de construção (ex: vernizes,
tintas, espumas de isolamen-
to), produtos de limpeza, sis-
temas de aquecimento, ven-
tilação, sistemas de ar con-
dicionado, seres humanos
(suores, ar expirado), emissão
de diversos gases e humida-
de relativa elevada, favore-
cendo a formação de bolo-
res.
A realização de estudos em
vários edifícios tem demons-
trado que os ocupantes de
edifícios com ar interior con-
taminado apresentam mui-
tas vezes sintomas de apatia
ou cansaço, dores de cabeça,
tonturas, vómitos, irritação
das mucosas, sensibilidade a
odores, irritação dos olhos e/
ou garganta, congestão na-
sal, difi culdade de concen-
tração, indisposições físicas e
psicológicas, etc.
Para reduzir possíveis riscos
para a saúde dos ocupantes
é necessário implementar al-
gumas medidas preventivas/
correctivas como por exem-
plo: ajustar os níveis de ven-
tilação à intensidade de utili-
zação; reorganização interior
dos espaços; dispositivos que
permitam uma abertura con-
trolada das janelas; promover
a ventilação do edifício em
períodos de baixa ocupação;
se possível, assegurar a lim-
peza do edifício ao fi m da tar-
de, seguida de intensa venti-
lação; instalar fi ltros adequa-
dos para controlar a entrada
de partículas e substitui-los
regularmente e alteração de
produtos de limpeza se ne-
cessário.
A Qualidade do Ar Interior
deve, assim, ser avaliada pe-
riódica e sistematicamente,
com o objetivo de garantir ní-
veis mínimos de qualidade.
Elsa Duarte Curado Licenciada em Saúde Ambiental
SAÚDE É ...
jornaldeabrantes
MAIO2012 EDUCAÇÃO 19
O Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família do
Agrupamento Escolar de Tramagal vai realizar o
IV Encontro do GAAF, no dia 3 de maio de 2012,
na Sociedade Artística Tramagalense. O tema
geral do IV Encontro é “Aposta +” e pretende-
se que seja uma aposta positiva no contexto
socioeconómico atual. À semelhança dos anos
anteriores, o encontro destina-se, entre outros
técnicos, a psicólogos, assistentes sociais, pro-
fessores, pais e encarregados de educação, as-
sim como a toda a comunidade em geral. Cátia
Peres de Matos, Carmen Ludovino, Paulo Sar-
gento e Nuno Colaço são os oradores. As ins-
crições estão abertas até 30 de abril.
Formação no Tramagal
Na presença do ministro da
Educação, Nuno Crato, a ESTA,
escola do Instituto Politécnico
de Tomar (IPT), assinou um pro-
tocolo de colaboração com
as principais empresas da re-
gião. O documento foi tam-
bém assinado pela Nersant
e pela Câmara Municipal de
Abrantes, que funcionou como
elo de ligação entre o ensi-
no superior e os empresários.
Nuno Crato lembrou que “es-
tamos a passar por tempos di-
fíceis, mas vamos conseguir”,
sobretudo se usarmos como
‘armas’ o conhecimento e o tra-
balho. E a propósito do proto-
colo, que reúne, precisamente,
essas duas ‘armas’, o ministro
deixou elogios pela capacida-
de de antecipação: “Não preci-
saram de uma diretiva, fi zeram
por vós porque sabem que isto
é decisivo para o futuro do país”.
Na cerimónia, em que tam-
bém foi apresentado o Manu-
al de Competências da ESTA,
Luís Ferreira, diretor da institui-
ção, deu a conhecer a todos os
empresários presentes os diver-
sos cursos e as áreas em que a
ESTA está apta a fazer prestação
de serviços ao exterior. Um dos
exemplos que foi apresentado
foi o LINE, laboratório da ESTA/
IPT que tem vindo a resolver pro-
blemas concretos das empresas.
Já Eugénio de Almeida, presi-
dente do IPT, realçou a impor-
tância de os alunos e os pro-
fessores se envolverem mais
com o setor empresarial. “Este
é o momento de fi rmarmos
a importância da ESTA para o
desenvolvimento económi-
co e social da região, que está
em risco de desertifi cação. Vi-
vemos num mundo em que o
facto da mudança está intrín-
seco. Contudo, para mudar-
mos para melhor é necessário
haver estas estruturas como os
politécnicos que dão escala às
regiões e às autarquias, e con-
tribuem para a reconstrução do
tecido empresarial, para a cria-
ção de emprego sustentável
para a mobilização de recursos
para projetos não evidentes”.
Por sua vez, Maria do Céu Al-
buquerque, presidente da Câ-
mara Municipal, referiu que a
ESTA é uma aposta do municí-
pio e que a sua mudança para
o edifício Milho está prevista
para o início do próximo ano le-
tivo. Sobre o protocolo e tudo
que ele signifi ca, a autarca dis-
se estar convicta de que “este
é o caminho para termos uma
boa colheita na nossa seara”.
A ESTA reúne o curso de Co-
municação Social, Engenha-
ria Mecânica, Tecnologias de
Informação e Comunicação,
Vídeo e Cinema Documen-
tal, mestrado em Informação
na Saúde e Manutenção Téc-
nica de Edifícios, pós-gradua-
ções em Gestão de Informa-
ção para a Saúde e Produção
Industrial. Quanto aos cursos
de Especialização Tecnológica,
são diversos e vão desde a área
da eletrónica às tecnologias
de informação e à multimédia.
A cerimónia de protocolo de-
correu no passado dia 17 de
Abril, nas instalações do Tec-
nopólo do Vale do Tejo. Entre
as empresas que assinaram o
documento estão a Tejo Ener-
gia, a Foundation Brakes Por-
tugal, as Fundições do Rossio
de Abrantes, a Mistsubishi Fuso
Truck Europe, a Momsteellpor,
a Sociedade Metalúrgica An-
ti–Corrosão, a Sofalca, a TRM
- Tratamento e Revestimen-
to de Metais e a Vítor Guedes.
JMC
• Nuno Crato assiste à apresentação do LINE, laboratório da ESTA/IPT com ligação às empresas
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES
ESTA estabelece protocolo com as empresas da região
As 7ª Jornadas de Gestão do
Território e as 2ª Jornadas Téc-
nicas dos Sistemas de Informa-
ção Geográfi ca (SIG) decorrem
no Instituto Politécnico de To-
mar, entre 28 e 29 de maio. O
evento pretende ser “o palco
onde se possam discutir e de-
bater todas as questões relacio-
nadas com o papel que os SIG
desempenham e terão que de-
sempenhar, para uma gestão e
monitorização efi caz do territó-
rio intermunicipal”. A organiza-
ção do encontro pretende que,
através do debate, “se possa
responder de uma forma efeti-
va e responsável a imperativos
legais”. Entre outros aspetos,
evidencia-se o papel reforçado
com que as comunidades inter-
municipais aparecem no Do-
cumento Verde da Reforma da
Administração Local (DVRAL).
Conferência sobre Gestão do Território
jornaldeabrantes
MAIO2012
Em Constância maio é o mês
das Coletividades e do Associa-
tivismo celebrado com os “Jo-
gos Concelhios”. De 5 a 27 de
maio são sete as Coletividades
que recebem nas suas sedes vá-
rias actividades como os jogos
tradicionais, danças de Salão,
concurso musical, Chinquilho
e Gincana, Sueca e Ténis de
Mesa. O Clube Estrela Verde re-
cebe na sua sede um torneio de
Matraquilhos, no dia 5 de maio,
às 14h30. A 6 de maio é a vez
da Sociedade Recreativa Por-
telense realizar torneios de Té-
nis de Mesa e Sueca, às 14h30
e no dia 11do mesmo mês ha-
verá um workshop de Danças
de Salão, às 21h30, na sede da
Associação Cultural e Desporti-
va Aldeiense. A 25 de maio os
“Quatro Cantos do Cisne” or-
ganiza um Raid Noturno, às
22 horas, na Escola da Portela.
A música é celebrada nos dois
últimos dias do evento, a 26 e
27 de maio. A Associação Filar-
mónica Montalvense 24 de ja-
neiro leva a efeito um concurso
musical, às 15 horas na Quinta
D. Maria, em Montalvo e a fes-
ta de encerramento, que terá
lugar no Parque ambiental de
Santa Margarida, contará com
a animação do Grupo Cultural
“Emoções” de Malpique e do
Rancho Folclórico “Os Campo-
neses”, também de Malpique.
Para poder participar nas acti-
vidades terá de se inscrever na
coletividade que realiza a ativi-
dade que pretende.
20 CULTURA
Abrantes Até 4 de maio – Exposição de pintura e cerâmica de Fer-
nando D´F. Pereira e Ricardo Casimiro – Galeria de Arte
Até 15 de maio – Exposição “O Azulejo em Abrantes –
Um Percurso de 5 Séculos” – Museu Dom Lopo de Al-
meida – Castelo de Abrantes
4 de maio a 1 de junho – Exposição “Beleza Natural”,
trabalhos realizados pelos alunos da escola de artes
Amarte – Biblioteca António Botto30
4 de maio – Concerto de Paulo de Carvalho, 50 Anos
de Carreira – Cine-Teatro S. Pedro, às 21h
5 de maio – Tertúlia “Riscos e Rabiscos: A Arte na Pré-
história” com Vânia Carvalho
5 a 12 de maio – VI Mostra de Teatro do Grupo de Te-
atro Palha de Abrantes
11 de maio a 3 de junho – Exposição “A Arte da Ani-
mação” – Galeria de Arte
14 de maio – Encontro com Pedro Seromenho – Bi-
blioteca António Botto, às 18h
14 a 19 de maio - ANIMAIO – Cine-Teatro S. Pedro
20 de maio – Concerto com a Banda Filarmónica
Mourisquense – Sociedade Instrução Musical Rossien-
se, às 16h
21 de maio a 1 de junho – Exposição de Pintura e Ar-
tes decorativas da UTIA – Biblioteca António Botto
23 de maio – IV Gala Comic Award, pela Escola Su-
perior de Tecnologia de Abrantes – Cine-Teatro São
Pedro, às 21h
25 de maio – Conferências do Liceu “A História: para
que serve o tempo de crise”, com Eduardo Catroga –
Edifício da Assembleia Municipal, às 21h12
Cinema, Espalhafi tas, Cine-Teatro S. Pedro, às 21h30:
2 de maio – “O Artista”
5 de maio – “Rango” (11h)
9 de maio – “Um Filme Português”
16 de maio – “A Invenção de Hugo”
30 de maio – “Os Descendentes”
Barquinha Até 5 de maio – Exposição de desenho e pintura dos
alunos do Atelier do Município de Vila Nova da Barqui-
nha – Centro Cultural, de Segunda a Sexta-feira, das
14h às 17h30 e Sábados das 15h às 18h
Constância Até 6 de maio – Exposição “Tejo Sentido”, fotografi a
de fotógrafos amadores do Ribatejo – Posto de Turis-
mo
2 a 31 de maio – Mostra bio-bibliográfi ca sobre J. R. R.
Tolkien – Biblioteca Alexandre O´Neill, das 10h às 18h30
5 a 27 de maio – Jogos Concelhios - Mês das Coletivi-
dades e do Associativismo – Vários locais do concelho
de Constância
12 de maio a 3 de junho – Exposição de Tampos e de
Cadeiras em trapilhos, por Luís Sirgado – Posto de Tu-
rismo – Segunda-feira a Sábado das 9h às 18h, Domin-
gos e feriados, das 11h às 13h e das 14h às 18h
19 e 20 de maio – Festa da Primavera
DVDteca à sexta, Biblioteca Alexandre O´Neill, às 15h:
4 de maio – “O Estranho”
11 de maio - “Os Robonsons”
18 de maio – “Desclassifi cado”
25 de março – “O Rei Leão”
Mação 26 de maio – Feiras de Artesanato – Largo dos Bom-
beiros, 10h às 19h
Sardoal 26 de maio – Teatro “Máquina de Mil Botões”, pela
Companhia de Teatro Poucaterra, do Entroncamento
– Centro Cultural Gil Vicente, às 21h30
Cinema, Centro Cultural Gil Vicente, às 16h e 21h30:
5 de maio – “Moneyball”
19 de maio – “Os Marretas”
AGENDA DO MÊS
Paulo de Carvalho, que ce-
lebra 50 anos de carreira, vai
apresentar o seu reportório
musical em Abrantes, num es-
petáculo que se realiza no Ci-
ne-Teatro S. Pedro, no dia 4 de
maio, às 21h30. Em palco, o
cantor e compositor vai revi-
sitar os grandes temas do seu
percurso musical com “E De-
pois do Adeus”, tema marcante
para a revolução de Abril de
1974, “Gostava dos Vos Ver
Aqui”, “Nini dos Meus Quin-
ze Anos”, “Dez Anos”, “Prelúdio
(Mãe Negra)”, “Os Meninos de
Huambo” ou “O Cacilheiro”, en-
tre outros. Paulo de Carvalho
celebrizou-se ao longo destes
anos não só como músico, que
cruza estilos que vão do fado
ao jazz ou da música ligeira
aos ritmos africanos, mas tam-
bém como autor, dando ritmo
e emprestando a sua voz a po-
emas de Ary dos Santos, José
Niza, Fernando Assis Pache-
co ou Joaquim Pessoa. Nesta
digressão “50 Anos”, Paulo de
Carvalho é acompanhado por
Victor Zamora (piano), Tiago
Oliveira (guitarra), Leo Espi-
noza (baixo), Ruca Rebordão
(percussão) e Marcelo Araújo
(bateria).
Os bilhetes custam 10 euros
e já estão à venda no Posto de
Turismo de Abrantes.
Paulo de Carvalho revisita 50 anos de carreira em Abrantes
Pelo sexto ano consecuti-
vo, o Grupo de Teatro Palha
de Abrantes organiza a Mos-
tra de Teatro, que decorre a 5
e 12 de maio pelo concelho
de Abrantes. O Cine-Teatro S.
Pedro recebe a peça de aber-
tura “Raul, Rei, Doido, Brandão”,
dia 5 de maio, pelas 21h30.
Com colagem de textos de
Raul Brandão, esta peça vai ser
representada por membros
do grupo Palha de Abrantes
e tem a encenação de Hele-
na Bandos. Das cinco peças
que fazem parte do programa,
quatro vão ser realizadas em
freguesias diferentes do con-
celho de Abrantes, no dia 12
de maio, às 21h30. A Casa do
Povo de S. Miguel do Rio Torto
recebe o teatro “Um Pedido de
Casamento e o Urso”, pelo Gru-
po de Teatro Sobre Tábuas, de
Benavente, enquanto “A Sala
de Espera” é representada pelo
Grupo de Teatro de Tomar Es-
paço Zero, na Casa do Povo de
Rio de Moinhos. Já o Centro So-
cial e Paroquial de Vale das Mós
acolhe “O Pimpão”, pelo Grupo
de Teatro O Cidral, de Alter do
Chão e na Casa do Povo de São
Facundo é representada a peça
“Memónica”, pelo Grupo de Te-
atro Opsis em Metamorphose,
de Cabeção.
VI Mostra de Teatro de Abrantes
Constância celebra mês das Coletividades e do Associativismo
“Máquina de Mil Botões” no Centro Cultural de Sardoal
O Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal, recebe a Companhia
de Teatro Poucaterra para representar a peça “Máquina de Mil Bo-
tões”, dia 26 de maio, às 21h30. Esta Companhia de teatro do En-
troncamento vai apresentar a peça da autoria de João Ricardo
Aguiar, que encena e também representa a par com Maria de Je-
sus Rocha. “Máquina de Mil Botões “é uma estória de amor que
é capaz de nos transformar completamente para nos poder-
mos apaixonar várias vezes pela mesma pessoa… como se fos-
se a primeira vez.” O preço do bilhete é de 5 euros e a bilhetei-
ra do Centro Cultural funciona entre 22 e 26 de maio, entre as
16h e as 18 horas ou 45 minutos antes do início do espetáculo.
José FigueiredoAdvogado
Pós-Graduado em Direito Fiscal das EmpresasPós-Graduado em Fiscalidade
Áreas de ActividadeDireito Fiscal | Direito Administrativo | Direito Comercial | Direito da Insolvência
Av. Combatentes da Grande Guerra, 43 - 2.º C2400-123 Leiria - Portugal
Tel.: 244 823 755 • Fax: 244 813 522josefi [email protected] • www.josefi gueiredoadvogado.com
jornaldeabrantes
MAIO2012
O encontro foi às cinco da
tarde do dia 21 de abril, à
porta da Escola Dr. Manuel
Fernandes, em Abrantes. A
visita de estudo era ao Teatro
D. Maria II, em Lisboa, para
assistir à peça “A Morte de
Danton”, encenada por Jorge
Silva Melo, que recentemen-
te esteve presente na Con-
ferência do Liceu “Cenogra-
fi as”. Os ânimos estavam ani-
mados e as duas turmas que
organizaram as Conferências
do Liceu já estavam no auto-
carro.
A viagem foi calma e à
chegada ainda houve tem-
po para passear e apreciar
a zona dos Restauradores,
onde se encontra o grandio-
so Teatro D. Maria II. A peça
teve início às nove da noite
e durou duas horas e meia,
com um curto intervalo.
Um dos aspetos mais fas-
cinantes e que diferenciam
esta peça de outra qualquer
é o grande número de ato-
res, 44 ao todo, que estão
presentes em palco ao mes-
mo tempo. A peça propor-
ciona uma mistura de ações
e situações diversas, uma
constante de movimentos
imprevistos. Toda a ação e
movimentação criam um
grande envolvimento entre
a história e o público.
Esta peça é apresentada
como uma “peça desequili-
brada, insólita, premonitória,
desarrumada e desalinhada”.
Existem várias cenas de mul-
tidão às quais se sucedem as
insónias mais íntimas. Os pe-
sadelos e o negro da noite
estão constantemente pre-
sentes, é uma peça violenta
em que a personagem prin-
cipal é um rapaz fi xado na
morte.
O cenário é a Revolução
Francesa e “A morte de Dan-
ton” conta a história de um lí-
der das forças antimonárqui-
cas pós-revolucionárias que
se encontra em estado de
depressão, sem vontade de
viver e cansado da vida. “Sa-
bemos tão pouco um do ou-
tro. Somos elefantes de pele
grossa, estendemos as mãos,
mas é uma perda de tempo,
roçamos só os nossos couros
um contra o outro - estamos
muito sós.”
Danton revolta-se contra
o poder exercido pelos seus
correligionários (nomeada-
mente Robespierre) e tenta
parar as medidas que trazem
tanto sofrimento ao povo.
No entanto, o seu cansaço
não permite que tenha uma
atitude sobre o que se está
a passar e só quando é con-
denado à guilhotina começa
a assumir responsabilidade
sobre a revolução que aju-
dou a criar. Uma das frases
que mais refl etem o idealis-
mo de Danton no decorrer
da peça é “prefi ro ser guilho-
tinado a mandar guilhotinar”.
Nesta peça a iluminação
tem um papel fundamental,
é um fazer parecer sem ne-
cessidade de mudar todo o
cenário. A iluminação conse-
gue fazer com que o públi-
co compreenda que a ação
está a decorrer noutro lado
sem mudar nada no cenário.
Esta é uma obra envolven-
te em que se pode prever o
fi nal. Toda a ação gira em tor-
no da morte, da tristeza e da
depressão de Danton.
O encenador, Jorge Silva
Melo, fi cou muito satisfeito
com a iniciativa dos alunos
de ir assistir à peça e fez ques-
tão de os receber depois do
fi nal do espetáculo. Após o
baixar do pano, os alunos do
Liceu fi caram mais um pouco
na sala Garrett e o encenador
proporcionou-lhes um mo-
mento de conversa em que
eles tiveram hipótese de fa-
zer perguntas e esclarecer
dúvidas sobre todo o enredo.
Mafalda Vitória
CULTURA 21
AS CARAS DA RÁDIO
Emissão - Das 22h00 às 24h00 - quarta-feiras“Radar” é o nome do novo espaço de opinião/comentário da Rádio Antena Livre. Estreou no passado dia 25 de Abril e está
no ar todas as quartas-feiras, das 22h às 24h, moderado pela jornalista Patrícia Seixas.
“Radar” conta com os comentadores residentes José Alves Jana (formador), Vânia Grácio (assistente social) e João Pedro
Céu (professor), podendo eventualmente contar também com a presença de comentadores pontuais. Os acontecimentos
mais importantes da última semana na região, no país e no mundo estarão em destaque em duas horas de emissão.
Um olhar sobre “A Morte de Danton”
A banda Quinta do Bill
está a comemorar 25 anos
de carreira. Para assinalar
a data, lançou um CD com
baladas, incluindo dois ori-
ginais: “D’Alma” e “No silên-
cio do teu olhar”, com letra
de Pedro Malaquias. Carlos
Moisés, o vocalista da banda
de Tomar compôs estes dois
temas propositadamente
para este novo trabalho. Este
lado mais intimista da Quin-
ta do Bill é apenas uma das
facetas da banda, que se di-
vide entre “a magia da folk e
a garra do rock”. As bodas de
prata marcam uma carreira
que teve como reta de lança-
mento um concurso televisi-
vo que deu direito a gravar o
primeiro disco. Os temas dos
vários álbuns que lançaram
percorreram gerações . O
incontornável “Filhos da Na-
ção” acabou por ser o tema
com mais destaque e mais
conhecido. O grupo está em
fase de promoção do novo
CD, uma “coleção única de
clássicos pop editados em
Portugal ao longo dos úl-
timos 25 anos”. A próxima
época de espetáculos está a
ser agendada, aguardando-
se que a banda volte a mar-
car presença em todo o tipo
de palcos.
Disco comemorativo dos 25 anos da Quinta do Bill
• No passado dia 14 de Abril o grupo de Amigos Mo-tares de Abrantes, GAMA, aceleraram pelo concelho.Foi o terceiro encontro deste grupo que decorreu na Associação do Paúl e que contou com motares de várias regiões do país em pura animação.
jornaldeabrantes
MAIO201222 CULTURA
Quando chegou à rádio quis ser
tudo. E foi. Faz crónicas, mas já fez
reportagens, moderou debates e
editou noticiários. Jornalista e fun-
dador da TSF, premiado sem nunca
ter concorrido a qualquer prémio,
Fernando Alves é um dos mais im-
portantes nomes da rádio portu-
guesa. “Um dia alguém me cha-
mou poeta da rádio e eu fi quei afl i-
to, mas algumas vezes também
me emocionei. Há coisas especiais
que escapam a qualquer cerimó-
nia, são da hora da pura empatia.”
As Conferências do Liceu, orga-
nizadas por alunos e professores
da Escola Dr. Manuel Fernandes,
trouxeram a Abrantes, no passado
dia 20 de Abril, Fernando Alves, re-
conhecido pela sua forma peculiar
de fazer rádio. Quase como poesia,
os seus comentários no programa
“Sinais” fl uem com a esperança de
se fazerem ouvir por um ou outro
ouvinte mais atento. Esperança de
que a mensagem fi que na memó-
ria de alguém e que esse alguém
tenha curiosidade em investigar e
sede de se informar. “Às vezes é a
partir de algo particular e original
que se apanha o gancho de toda
a história”, conta o jornalista, acres-
centando, a propósito das suas cró-
nicas: “Chateia-me acabar o progra-
ma com uma moral da história”.
A conversa desenvolveu-se pelo
tema do jornalismo. O convidado
fez questão de sublinhar que é pre-
ciso ter a noção de que o jornalis-
mo é um ofício duro e trabalhoso
em que é preciso ter muita cultura
e ler muito. Nunca se pode abdicar
da curiosidade, é preciso exercitá-la
e fazer dela uma ferramenta, ques-
tionando sempre os resultados. Fa-
lou ainda da componente relacio-
nal que o jornalismo tem. “Esta pro-
fi ssão supõe envolvimento com as
pessoas a que nos dirigimos, não há
aqui uma redoma de vidro do inte-
rior da qual debitamos uns bitaites
para desconhecidos a que chama-
mos audiência, mas há pessoas que
têm espantos iguais aos nossos,
têm medos e certeza semelhantes
aos nossos, têm perguntas a fazer.”
Um dos temas mais em desta-
que nesta conversa foi a crítica à
banalização da palavra, ao descui-
do com a língua. “Houve um tem-
po, antes da palavra se ter degrada-
do, em que poesia e palavra eram
um. O uso empobrecido da língua
banalizou a palavra e estragou a
poesia, contribuiu para o empobre-
cimento da linguagem.”
Os novos meios de comunicação
são um dos fatores para esta de-
composição linguística, no entanto,
Fernando Alves acredita que esta
não é a única causa: “Há também
uma sobrevalorização da imagem,
da ideia espetáculo, ideia de leve-
za e velocidade, há uma tirania do
efémero, uma preguiça no modo
de consumir. É inevitável que essa
cultura da facilidade se instale no
modo como nos relacionamos com
a palavra e com a linguagem, solu-
ções de facilidade também. Se a
cultura é de facilidade, as soluções
são de facilidade.”
O jornalista da TSF referiu ain-
da que atualmente se tem vindo
a acentuar a importância da apa-
rência, que a aparência tem vindo
a tomar um lugar de relevo sobre a
cultura. Podemos dizer que atual-
mente se vive numa sociedade de
aparências e pouca cultura, onde a
aparência é sobrevalorizada e a cul-
tura menosprezada.
Fernando Alves refere ainda que
o melhor sentimento de reconheci-
mento não é saberem quem ele é
na rua, mas sim ele conseguir dei-
xar a marca nas outras pessoas. “Re-
cebemos prémios formidáveis, sen-
do para mim os relevantes aqueles
que vêm dos ouvintes, do ganho
afetivo que os ouvintes nos dão
com a preferência que têm em re-
lação ao nosso trabalho”.
Mafalda Vitória
CARTÓRIO NOTARIAL. TOMARNotária - Paula Cristina Viegas Rodrigues Ferreira
EXTRACTOCertifi co, para efeitos de publicação, que por escritura de Justifi cação de 09/04/2012, exarada a folhas 139 e seguintes, do Livro de Notas para Escri-turas Diversas número 38, deste Cartório, compareceu como outorgante:EUGÉNIA DA CONCEIÇÃO ROSA LOPES, NIF 183.902.610, natural das freguesia de Olalhas, concelho de Tomar, habitualmente residente na Rua Principal, n.º 9 A, Torre, Casais, Tomar, casada sob o regime da comunhão de adquiridos com José Carlos Lopes Serôdio, NIF 107.731.371 e declarou que com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora, dos seguintes prédios rústicos, sitos na freguesia de Fontes, concelho de Abrantes:1-Prédio sito em Feteira, composto de pinhal, com a área de 24.600 m2, a confrontar do norte com Idalina do Carmo Rosa e outros, do sul com herdeiros de Joaquim Pedro e outros, do nascente com João Neves e do poente com Rogério Manuel Machado Mendes, inscrito na matriz em nome da justifi cante sob o artigo 10 secção AE, com o valor patrimonial e atribuído de € 151,66; 2- Prédio sito em Barrancão, composto de pinhal, com a área de 4.000 m2, a confrontar do norte e poente com Manuel Rosa e herdeiros de João António, do sul com estrada e do nascente com Manuel do Carmo Pedro, inscrito na matriz em nome da justifi cante sob o artigo 74 secção AR, com o valor patrimonial e atribuído de € 24,74; e,3- Prédio sito em Vales, composto de pinhal, com a área de 2.000 m2, a confrontar do norte com Benvinda Francisca Machado, do sul com António Rosa Machado, do nascente com ribeiro e do poente com caminho, inscrito na matriz em nome da justifi cante sob o artigo 94 secção AR, com o valor patrimonial e atribuído de € 12,49;Todos não descritos na Conservatória do Registo Predial de Abrantes.Que, adquiriu os referidos prédios, no estado de solteira, menor, no inicio de 1977, por doação verbal de seu pai Manuel Rosa, divorciado, então residente em Olalhas, Tomar, após o que, de facto, passou a possuir os aludidos prédios em nome próprio, cultivando-os e plantando árvores, posse que foi exercida, até atingir a maioridade, por sua mãe, Maria José da Conceição Roberto, divorciada, em seu nome, no exercício do poder paternal, e desde então por ela de forma a considerar tais prédios como seus, sem interrupção, intromissão ou oposição de quem quer que fosse, à vista de toda a gente do lugar e de outros circunvizinhos, sempre na convicção de exercer um direito próprio sobre coisa própria.Que, esta posse assim exercida ao longo de 35 anos, se deve reputar de pública, pacífi ca e contínua.Assim, na falta de melhor título, ela outorgante adquiriu os mencionados prédios para seu património, por usucapião, que aqui invoca, por não lhe ser possível provar pelos meios extrajudiciais normais.Está conforme.Tomar, 09/04/2012
A Colaboradora,(Sílvia Lopes Ferreira)
(em Jornal de Abrantes, edição 5495 de Maio de 2012)
MINISTÉRIO DA ECONOMIA E DO EMPREGODIREÇÃO GERAL DE ENERGIA E GEOLOGIA
AVISOFaz-se público, nos termos e para efeitos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 88/90, de 16 de março e do nº 1 do art.º 1º do Decreto-Lei n.º 181/70, de 28 de abril, que MedGold Resources Ltd, requereu a atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais de ouro e metais comuns, numa área “Vila de Rei”, localizada nos concelhos de Penela do distrito de Coimbra, Ansião, Alvaiázere e Figueiró dos Vinhos do distrito de Leiria, Ferreira do Zêzere, Abrantes, Sardoal e Tomar do distrito de Santarém, Vila de Rei e Sertã do distrito de Castelo Branco, delimitada pela poligonal cujos vértices se indicam seguidamente, em coordenadas Hayford-Gauss, DATUM 73 (Melriça):Área total do pedido: 322,06 KM2
VÉRTICE MERIDIANA (m) PERPENDICULAR (m) A - 20608,520 31281,310 B - 14282,820 31396,340 C - 8647,200 20585,100 D - 6807,030 8853,820 E 438,767 1723,030 F 208,770 - 347,206 G - 3011,580 - 10583,340 H - 6692,000 - 10468,330 I - 12902,700 2873,150 J - 14282.820 17364,770
Convidam-se todos os interessados a apresentar reclamações, ou a mani-festarem preferência, nos termos do n.º 4 do artº 13º do Decreto-Lei 90/90, de 16 de março, por escrito com o devido fundamento, no prazo de 30 dias a contar da data do presente Aviso no Diário da República.O pedido está patente para consulta, dentro das horas de expediente, na Direção de Minas e Pedreiras da Direção-Geral de Energia e Geologia, sita na Avª 5 de Outubro, 87-5º Andar, 1069-039 LISBOA, entidade para quem devem ser remetidas as reclamações. O presente aviso e planta de localiza-ção estão também disponíveis na página eletrónica desta Direção-Geral.
Direção-Geral de Energia e Geologia, em 5 de março de 2012
O subdiretor geralCarlos A.A. Caxaria
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“Sinais de Alerta” com Fernando Alves
Filmes da ESTA selecionados no Panorama
Dois trabalhos de alunos do
curso de Vídeo e Cinema Do-
cumental da ESTA foram se-
lecionados para participar no
Festival Panorama. Os fi lmes
escolhidos foram “Pão Nosso”
(documentário realizado por
Mónica Ferreira e João Luz re-
lativo à Festa dos Tabuleiros de
Tomar) e “O Sétimo Andar” (fi l-
me de Olga Alfaiate, realizado
em Paris, que retrata os momen-
tos e a vida de uma emigran-
te portuguesa). Para além des-
tes fi lmes de produção da Es-
cola, foram ainda selecionados
dois fi lmes de alunos do curso:
“Uma Nova Página” (de Móni-
ca Ferreira e João Luz) e “Qua-
se Meio Dia” de João Luz. A se-
leção destas produções é mais
um reconhecimento do traba-
lho desenvolvido pela ESTA, em
particular pela licenciatura em
Video e Cinema Documental.
jornaldeabrantes
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AgradecimentoSeu fi lho, nora, netos, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente como era seu desejo, vêm por este meio agradecer a todos aqueles que se incorporaram no funeral da sua ente querida ou que de alguma forma manifestaram o seu apoio e carinho neste momento difícil.
ABRANTES
Joaquim Jesus AntónioN. 04-01-1948 - F. 11-04-2012
AgradecimentoSua esposa, fi lhos, genro e netos na impossibilidade de o fazerem pessoalmente vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que se interessaram pelo seu estado de saúde durante a sua doença, que o velaram e acompanharam à sua última morada.Agradecem também a toda a equipa Médica da Medicina II, enfermeiros e auxiliares, pela maneira carinhosa que o trataram durante o seu internamento.A todos o nosso profundo reconhecimento.
ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL
EDITAL Nº 04 / 2012MIGUEL JORGE ANDRADE PITA MORA ALVES
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE SARDOAL
FAZ PÚBLICO que, para efeitos do artº 91º da Lei nº 169/99, de 18 de Setembro, na redacção dada pela Lei nº 5-A/2002, de 11 de Janeiro e, dando cumprimento ao artº 16º do Decreto – Lei nº 442/91, de 15 de Novembro, com as alterações introduzidas pela Lei nº 6/96, de 31 de Janeiro, se realiza no próximo dia 27 de abril de 2012, pelas 20 horas, no Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal, a sessão ordinária da Assembleia Municipal, com a seguinte Ordem de Trabalhos:Período Antes da Ordem do DiaOrdem de Trabalhos
1. Informação do Presidente da Câmara, em cumprimento da alínea e) do n.º 1 do art.º 53º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, com a nova redacção dada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro;
2. Prestação de Contas 2011;
Período de Intervenção do Público
E para constar, se lavrou o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos de estilo.
Paços do Município de Sardoal, 17 de abril de 2012
O Presidente da Assembleia MunicipalMiguel Jorge Andrade Pita Mora Alves