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O periódico do Cariri independente PREOCUPAÇÃO GRANDES NOMES REGIÃO DO CARIRI l DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012 l ANO XIV l NÚMERO 2532 R$ 1,50 Preço da cesta básica dispara com a seca JUAZEIRO ELEÇÕES 2012 SAÚDE SEM ESPERANÇA CULTURA POLÍTICA MOTIVAÇÃO MOTO E CIDADANIA ESTIAGEM CRATO Dez bairros concentram maior número de casos de dengue Diálogo avança entre Manuel Santana e o vice Roberto Celestino Sushi causa intoxicação de 30 pessoas no Crato Falta incentivo para produção de rapadura Grupos de tradição popular juntos na Terreirada Arnon ainda acredita em candidatura Mulheres discutem questões de autoestima Crato tem 632 casos confirmados de dengue em 2012 Para o coordenador de endemias do Crato, Marcos Aurélio, os números preocupam, mas o sistema de saúde publica municipal está tomando todas as medidas preventivas de combate ao Aedes Aegypti e, até o próximo mês, a cadeia de transmissão da doença será quebrada. Pequi pode desaparecer no Cariri Soledade Landin e a invasão de Aurora 9 A estiagem não afeta apenas a rotina de subsistência de quem vive no campo. A crise com a falta de chuva no Cariri prejudicou também o bolso de quem mora em centros urbanos da região. Estudo da Urca aponta que valor final da cesta básica cobrada na região disparou. Feijão e tomate lideram a alta produtos. Há expectativa de novos aumentos. Samuel Macedo No próximo dia 5 de maio, será realizado pela primeira vez na região uma palestra exclusiva para as mulheres do Cariri. O evento “Os Caminhos das Poderosas” acontecerá sob o comando de Nelma Penteado, conhecida em todo o país. Caixas d’água não vedadas corretamente, entre outros recipientes, podem se transformar em focos de dengue com o acúmulo de água. Se a população colaborar, tomando os devidos cuidados, seguindo as orientações dos agentes de endemias, o combate à doença se torna mais fácil. 11 5 4 10 4 8 7 9 8 8 Não é preciso ser nenhum perito para constatar que a combinação de moto com bebida mata. Ainda mais se estiver atrelada a não utilização de capacete. Os números são alarmantes. Em 2011, no Cariri, 295 pessoas morreram em acidentes de moto. Todos os anos, segundo o Instituto Médico Legal (IML) de Juazeiro do Norte, que age em 25 municípios do Cariri, 90% das mortes no trânsito estão ligados à motos. Acidentes de moto matam quase 300 pessoas por ano no Cariri 12 APOIO:

Jornal do Cariri Edição de 01 a 07 de maio

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jornal do cariri

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Page 1: Jornal do Cariri Edição de 01 a 07 de maio

O periódico do Cariri independente

PREOCUPAÇÃOGRANDES NOMES

REGIÃO DO CARIRI l DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012 l ANO XIV l NÚMERO 2532 R$ 1,50

Preço da cesta básicadispara com a seca

JUAZEIRO ELEÇÕES 2012

SAÚDESEM ESPERANÇA

CULTURA POLÍTICA

MOTIVAÇÃO

MOTO E CIDADANIA

ESTIAGEM

CRATO

Dez bairros concentram maior número de casos de dengue

Diálogo avança entre Manuel Santana e o vice Roberto Celestino

Sushi causa intoxicação de30 pessoas no Crato

Falta incentivo para produção de rapadura

Grupos de tradição popular juntosna Terreirada

Arnon aindaacredita emcandidatura

Mulheres discutem questões de autoestima

Crato tem 632 casos confirmados de dengue em 2012 Para o coordenador de endemias do Crato, Marcos Aurélio, os números preocupam, mas o sistema de saúde publica municipal está tomando todas as medidas preventivas de combate ao Aedes Aegypti e, até o próximo mês, a cadeia de transmissão da doença será quebrada.

Pequi pode desaparecer no Cariri

Soledade Landin e a invasão de Aurora

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A estiagem não afeta apenas a rotina de subsistência de quem vive no campo. A crise com a falta de chuva no Cariri prejudicou também o bolso de quem mora em centros urbanos da região. Estudo da Urca aponta que valor final da cesta básica cobrada na região disparou. Feijão e tomate lideram a alta produtos. Há expectativa de novos aumentos.

Samuel Macedo

No próximo dia 5 de maio, será realizado pela primeira vez na região uma palestra exclusiva para as mulheres do Cariri. O evento “Os Caminhos das Poderosas” acontecerá sob o comando de Nelma Penteado, conhecida em todo o país.

Caixas d’água não vedadas corretamente, entre outros recipientes, podem se transformar em focos de dengue com o acúmulo de água. Se a população colaborar, tomando os devidos cuidados, seguindo as orientações dos agentes de endemias, o combate à doença se torna mais fácil.

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Não é preciso ser nenhum perito para constatar que a combinação de moto com bebida mata. Ainda mais se estiver atrelada a não utilização de capacete. Os números são alarmantes. Em 2011, no Cariri, 295 pessoas morreram em acidentes de moto. Todos os anos, segundo o Instituto Médico Legal (IML) de Juazeiro do Norte, que age em 25 municípios do Cariri, 90% das mortes no trânsito estão ligados à motos.

Acidentes de moto matam quase300 pessoas por ano no Cariri

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A seca é uma tragédia nordestina. Desde os tempos imemoriais, ela faz parte da realidade de nossa região. Os versos de Luiz Gonzaga, “só deixo o meu Cariri no último pau-de-arara”, são emblemáticos de uma particular rela-ção do caririense com sua terra: só em último caso ele aban-dona a terra, “a vida aqui só é ruim/Quando não chove no chão/Mas se chover dá de tudo/Fartura tem de montão”.

O que não se pode admitir, em pleno século XXI, com a pujança econômica do Brasil e com o crescimento do Nordeste com padrões “chineses”, que a seca ainda cause tamanho transtorno para o Cariri. É uma vergo-nha a falência das políticas públicas, o sentimento de au-tocomplacência dos políticos e dos Governos, a falta de planejamento técnico e econômico para se preparar para esse fenômeno climático tão antigo quanto conhecido de todos. Como não se prever a seca? Como não se preparar para ela? Como se conviver, nos dias de hoje, com tantos avanços tecnológicos, com a perda de lavouras, a fome e a desesperança?

A única explicação é que há pessoas, grupos e blo-cos políticos que não admitem que a seca deixe de ser um

problema. Eles são como bois cevados com ração de pri-meira, esperando pela seca como uma grande empresa aguarda um pedido de grandes proporções para limpar seus estoques. Esses facínoras da desgraça humana, esses eloquentes vendilhões da dignidade humana frequentam a História do Nordeste desde antes de nossos avós have-rem nascido. São os parasitas do flagelo e da desgraça que a seca traz consigo.

O aumento do custo de vida, o crescimento expo-nencial dos valores da cesta básica e a redução na oferta de alimentos, que o Jornal do Cariri apresenta nesta edi-ção, serão sentidos na casa do trabalhador, do homem da classe proletária ou do agricultor. Os aproveitadores da miséria e do flagelo da seca, no Cariri ou em Fortaleza ou em Brasília, nada sentirão. Aliás, sentirão alegria... pois recursos serão destinados para atender “emergencialmen-te” o problema gerado pelo clima. Na verdade, esse di-nheiro será usado para os mesmos fins de sempre. Jamais reverterão em políticas definitivas de combate à seca ou de adaptação da economia local à mudança climática. Es-ses recursos, quando muito, servirão para compra de ali-

mentos de péssima qualidade, com distribuição precária e com desvios ainda mais gritantes. A indignação jamais será ouvida. Os atingidos não têm voz ou vez nos grandes veículos de comunicação. As pessoas que perderam suas lavouras lutarão para não perder sua dignidade. As ima-gens de crianças esquálidas e famintas, tal qual apareciam nas televisões brasileiras dos anos 1980, à semelhança dos etíopes, atingidos pela seca em África, talvez não surjam este ano. Mas, o descalabro e a miséria estão aí, rondando nossas casas e nossas vidas.

Toda e qualquer justificativa para a inércia de tan-tos e por tantos anos é inútil. Falaciosa e ultrajante, para ser bastante direto e realista. A presidente Dilma deveria vir ao Ceará ou mandar seu “ministro” da Integração Na-cional, o pernambucano Fernando Bezerra, ver o quão efi-ciente ele tem sido no cumprimento de seus deveres de Estado. Esse é mais um desalento para todo nordestino, que se vê humilhado pelos demais componentes da fe-deração, como o eterno pedinte de recursos dos Estados ricos. Também pudera, com homens públicos desse jaez, nada realmente mudou ou mudará.

EditorialSECA: UMA INDÚSTRIA BEM-SUCEDIDA

2Opinião

REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

Envie sua carta para [email protected] e dê sua opinião faça sua sugestão, uma crítica. Esse espaço é aberto para você, caro leitor.

SEXTILHA CARTA

O FRIO DA INDIFERENÇACOM A INCOMPREENSÃOO QUEIXUME CONTUDENTENA VIDA DE RELAÇÃOÉ UM ESPINHO QUE FURAE PROVOCA A SEPARAÇÃO!

Welington Costa

Sou agricultor e nunca tinha visto seca tão braba por esse meu Cariri. Eu e meus companheiros perdemos tudo. Do milho mesmo não sobrou nada. Só vai escapar um pouquinho da mandioca, que plantamos ainda no ano passado e pegou alguma chuva. Mas a semente que foi pra terra esse ano ficou tão envergonhada com a falta de chuva que ficou por lá.

Raimundo Filho, Salitre

SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

CHARGE

SEMÁFORO À FRENTEAntes tarde do que nunca. Mais

uma vez essa frase é citada para dar ên-fase a um tema muito importante. Dessa vez o assunto é sobre semáforos, ou seja, semáforo à frente. Dispositivo conhecido popularmente como sinal de trânsito, si-naleira e farol ou sinal luminoso. Instru-mento esse utilizado para controlar o trá-fego de veículos e pedestres nas cidades de médio e grande porte do nosso Brasil.

Feitas as considerações iniciais, a população de toda região metropolita-na do cariri já acompanhou ou sentiu na pele a problemática que era os constan-tes acidentes que aconteciam em alguns trechos das avenidas Padre Cícero e Leão Sampaio.

Inicialmente vieram as sinalizações vertical e horizontal dos retornos e cruza-mentos da Avenida Padre Cícero (Juazei-ro/Crato), principalmente a abertura do retorno e a instalação do semáforo de-fronte a Regional do DETRAN e próximo do Atacadão.

Depois vieram as melhorias através da implementação de sinalização hori-zontal vertical de alguns locais de grande

tráfego de veículos na avenida Leão Sampaio (Juazeiro/Barba-lha), ou seja, os dois trechos principais, sendo o cruzamen-to em frente à churrascaria La Favorita e o outro ao lado do Senai.

Sendo que nos dois pon-tos, a instalação dos semáforos estão contribuindo para a boa fluidez e a segurança do trânsito tanto para os veículos automotores como tam-bém para os pedestres. Onde a sua fun-ção primordial é disciplinar a passagem, o momento de alerta e a vez de parar os veículos.

Para que o nosso leitor possa saber mais sobre os semáforos, eis aqui algu-mas curiosidades: cor verde indica que o cruzamento está livre para passagem. Cor amarela indica que a passagem está prestes a ser fechada. Cor vermelha indi-ca que a passagem pelo cruzamento está momentaneamente impedida. O primei-ro semáforo do mundo foi instalado em Boston, Estados Unidos, em 1840.

Existe também uma infração es-

pecifica de avançar o sinal ver-melho que é: avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória, ou seja, in-fração gravíssima e penalidade multa, conforme o art. 208 do CTB – Código de Trânsito Bra-sileiro.

Por fim, mesmo saben-do da atitude corretíssima do

órgão de trânsito competente DER – Departamento de Estradas e Rodagens com a devida autorização do governo estadual no tocante aos semáforos, faz--se necessário melhorar outros pontos críticos já identificados pela nossa po-pulação. Como por exemplo, a rotató-ria da praça do triangulo Crajubar, visto que mesmo existindo a sinalização ho-rizontal “dê a preferência”, ainda gera grande confusão entre os condutores.

Valdir MedeirosSindicalista e Educador de Trânsito

Como anda a relação da socie-dade com a pre-servação do meio ambiente? No coti-diano, precisamos observar que o ato de poluir, desmatar, ainda persiste. De grosso modo, a produção do lixo, tem sido um grande pro-blema para a administração das cidades. O aterro sanitário para a região do Cariri, que se firmaria de suma importância no proces-so da “usinagem” e reciclagem do lixo, está em processo. En-quanto isso, quem tem dado exemplo de preocupação com a reciclagem, são as empresas que se instalaram no Cariri, para coletar resíduos hospitalares e resíduos oriundos da Construção Civil. A propósito, a responsabili-dade com o meio ambiente não é apenas da “governabilidade”, mas sim, de toda a sociedade.

Por ocasião da realiza-ção do 1º Seminário Araripen-se de Prevenção e Combate a Desertificação no Crato em se-tembro de 1999, nesta época, observou-se a preocupação dos ambientalistas, para a aplica-ção de práticas ecologicamen-te corretas no entorno da área da Chapada do Araripe. Nesse evento ouvi falar pela primeira vez do Projeto “Agrofloresta”, que, ao ser implantado no Cariri pela Associação Cristã de Base (ACB), ensina as comunidades da agricultura familiar, a retirar seu sustento da floresta sem agredir o meio ambiente. Passa-dos 13 anos, constata-se que as ações transformaram o cenário do “eco-bio-desenvolvimento” do vale do Cariri. O agricultor, antes explorador da terra, hoje tem a missão de ser o guardião e co-responsável pela preserva-ção Ambiental, do seu “torrão natal”.

Tempos em tempos, a natureza dá resposta de que precisa de cuida-dos, para minimizar (evitar) os impactos causados ao meio ambiente pela huma-nidade. A natureza

carece de atitudes como: plantar árvores (reflorestar), facilitar o trabalho de coleta seletiva, sele-cionando os resíduos domiciliar.

Mais do que falar boni-to, o meio ambiente clama por ações enérgicas. Assim, empre-sas do pólo Cerâmico do Ca-ririense retiram o material que precisa, sem muito agredir o meio ambiente; cria-se o tijolo ecológico e realiza-se o manejo sustentável das áreas exploradas. A Universidade Regional do Ca-riri (Urca) gerencia o projeto Ge-opark, e tem feito descobertas surpreendentes de sítios arqueo-lógicos de grande valor científico para os estudos da paleontologia na Chapada do Araripe.

“Às vezes tudo é lindo”, porém “às vezes tudo engana”. Os espaços residenciais antes reservados para o cultivo de plantas em jardins particulares, deixam de existir, e dão lugar a garagem para guardar os veícu-los.

A crônica jornalística diz que o “pulmão do Brasil” está ameaçado por destruição das árvores. A biodiversidade Brasi-leira, existente na Amazônia é cobiçada por outros países, que estão de olho na riqueza do po-tencial bio-vegetal do Brasil, e até afirmam que a Amazônia é patrimônio deles (Internacional).

Andson Andrade da SilvaLicenciando em LETRAS

pela URCA

Exped

iente

:

Fundado em 5 de setembro de 1997O Jornal do Cariri é uma publicação

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Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores

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Para não ter suspense você precisa de mais ação.Uma campanha da Prefeitura de Juazeiro do Norte contra o vilão da Dengue.

3REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

PolíticaPublicidade

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REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 20124Política

ELEIÇÕES 2012

DONIZETE ARRUDAPolítica Santana: “Decisão de aliança

passa por Roberto Celestino”Mirelly Morais

“A d e c i s ã o de com-por com o PT pas-

sa por Roberto Celestino e ninguém mais. É ele o líder maior do partido em Jua-zeiro”. A declaração é do prefeito Manoel Santana (PT) ao responder sobre no-vamente estar articulando a dobradinha com Rober-to Celestino, seu vice, com quem tenta uma reaproxi-mação após rompimento. Por uma conversa aconteci-da entre os dois, na última semana, chegou-se a afirmar uma ‘reconciliação’, o que representaria novamente a dobradinha PT-PSB. O fato movimentou o diretório do Partido que foi a público ne-gar a renovação da aliança.

O presidente muni-cipal do PSB, vereador Ro-berto Sampaio engrossou o discurso afirmando que retiraria o direito de legen-da partidária de Celestino, caso optasse por novamen-te apoiar Santana. “Não há a menor possibilidade de aliança com PT novamente, sendo Santana o candidato. O Partido não vai repetir uma aliança que não deu certo”, diz Roberto Sam-paio. Ele entende que o vice-prefeito não deve mais compor chapa com Santana, mas deixa claro que alian-ça ainda pode existir entre as legendas desde que em

outras circunstâncias. “Essa dobradinha só se repetirá se for o PT apoiando o nome do PSB”.

Já Santana diz ter pro-curado Celestino por acre-ditar que “fazer política é além do compromisso com a luta permanente pelo bem estar coletivo, a arte de har-monizar e superar confli-tos”. O prefeito afirma que tem como princípios cons-tantes corrigir o que está errado, melhorar o que está certo e inovar. Sendo assim “procurei o Zé Roberto na casa dele para superar as nossas divergências e colo-

car os interesses da cidade acima de qualquer coisa, revela Santana. Segundo ele o governador Cid Gomes, presidente estadual do PSB disse que “Zé Roberto é a li-derança do seu partido aqui e é pré-candidato a prefei-to”, comenta. Mas isso, de acordo com Santana, não impede que haja entre eles um dialogo civilizado.

Santana acrescenta estar trabalhando para com-por um amplo arco de alian-ça e pretende conversar com personalidades e partidos. “Pois há casos aqui em Ju-azeiro que algumas lideran-

ças são maiores que os par-tidos”, afirmou. Ele, porém, reconhece que “obviamente essa é uma via que tem que haver interesses de ambas as partes”.

Sendo assim, Celesti-no continua como pré-can-didato e encurralado entre um diálogo, que lhe garan-tiria novamente a vaga de vice na chapa do PT e in-sistir, como quer o diretório municipal do seu Partido, em ser cabeça de chapa, mesmo sabendo das difi-culdades em buscar outros apoios ao seu nome para fazê-lo forte.

Arnon vê circulo se fechar, mas ainda acredita

n O atual prefeito, Manoel Santana, e o vice, Roberto Celestino, ensaiam acordo, mas ainda não fecharam união PT-PSB

O deputado Arnon Bezerra (PTB) continua se ar-ticulando em busca de garan-tir apoios que o possibilitem disputar a prefeitura de Jua-zeiro do Norte no pleito que se aproxima. Arnon é aberto a maioria dos atuais concor-rentes, fechando as portas so-mente para o prefeito Santana (PT), para quem já declarou não haver acordo político de aliança. Porém apesar de já ter mantido diálogos com o também deputado Raimun-do Macedo (PMDB) e com o deputado Manoel Salviano (PSD) que inclusive mani-festou abertamente apoiar o nome de Arnon, ele sabe que nada está definido e reconhe-ce as dificuldades em agregar forças em um único projeto.

Arnon até tentou ser uma ponte de união entre os outros dois deputados, construindo uma imprová-

vel aliança entre os três. Mas, com Raimundão admite que essa possibilidade inexiste. “O deputado Raimundo Ma-

cedo não tem intenções de desistir da sua candidatura”. E até o deputado Salviano, que também se lançou pré-

-candidato, agora articula o lançamento da candidatura de seu filho, Samuel Salviano, dando a entender que Arnon já não seria prioridade.

Arnon Bezerra diz que sua conversa é sempre aberta, e ainda acredita no crescimento do seu nome, “sabemos quando estamos retraídos e quando estamos em ascensão”. O deputado acredita ser a sua vez e afirma que não desistirá de tentar convencer aliados. Mas tem consciência de ter que traba-lhar uma candidatura susten-tável, viável. “Temos o pé no chão para evitar forçar uma situação que seja inacessível”, declara.

É diante desse difícil quadro atual que Arnon Be-zerra terá que decidir se há realmente a viabilidade polí-tica para continuar sonhando em ser prefeito de Juazeiro.

A Assembléia Legis-lativa do Ceará está fazendo um novo desenho do Esta-do, um mapeamento geore-ferencial dos municípios. E de acordo com o presiden-te Roberto Cláudio (PSB) a meta estabelecida pela Mesa Diretora para o término dos trabalhos seria até outubro para que plebiscitos fossem realizados juntamente com as eleições municipais. Ou-tra questão que a Assembléia tenta resolver é a emancipa-ção de distritos, alguns deles no Cariri.

Os esforços da AL eram para que as duas si-tuações estivessem resolvi-das até outubro para que as populações pudessem ser consultadas juntamente com a escolha dos prefeitos e ve-readores. “Assim pouparí-amos dinheiro e trabalho”,

afirma Roberto Cláudio. Porém, ele não acredita que haja tempo hábil para que isto ocorra, pois a questão da emancipação de distritos foi barrada pelo Tribunal Regio-nal Eleitoral (TER) que en-tendeu não caber a Assem-bléia legislar esta causa.

Roberto Cláudio ex-plica que esse é um proces-so antigo, inclusive com a modificação da Constitui-ção Estadual que permite agora que a Assembléia re-alize parte desse processo, recebendo a solicitação de uma associação que pleiteia a emancipação, seguido por uma avaliação técnica dos critérios, se estão ou não de acordo com a Lei. Em segui-da, aprovado os critérios, o processo é distribuído para um parlamentar relatar e sa-ber se mesmo estando com

os critérios em dia a Assem-bléia aprova ou não a reali-zação de um plebiscito.

“Até aí a Assembléia cumpriu todos os critérios”, afirma Roberto Cláudio “e temos hoje 30 distritos em condições de realizarem os plebiscitos de emancipação, entretanto o plebiscito em si, o Tribunal de Contas dos Municípios (TRE) entendeu que a AL não pode realizar porque dependeria de uma Lei Federal”, lamenta. Mas, a Procuradoria da Assem-bléia tem uma percepção diferente da visão do TRE e, por isso, apresentou recurso ao Tribunal Superior Eleito-ral (TSE) para avaliar se a AL deve ou não realizar os ple-biscitos.

Já a questão do Geore-ferenciamento este está sen-do barrado pelos próprios

gestores municipais que em muitos casos não conseguem acordo. No Cariri, Brejo San-to Abaiara e Barbalha discor-dam do novo mapeamento e não dão sinais de acordo. Ele diz que neste caso a AL tem previsão legal para legislar e definir os limites intermu-nicipais, o que está havendo agora é uma discussão técni-ca entre os municípios, ques-tões de ordem geográfica de saber o que é definitivamen-te o limite e o que é legitimi-dade social. .

Os estudos são rea-lizados por uma Comissão formada pelo Instituto Bra-sileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE), Instituto de Pesquisa Estratégica e Eco-nômica do Ceará (Ipece) e pelo Instituto de Desenvol-vimento Agrário do Ceará (Idace).

Plebiscitos não devem acontecer nas eleições 2012

n O deputado federal Arnon Bezerra (PTB) alimenta sonho de candidatura

Salviano tenta chapa de calourosDepois de ter desistido de concorrer à prefeitura de Juazeiro, Manoel Salviano lançou a pré-candidatura do seu filho Samuel Salviano. Rápido, Samuel já escolheu até o seu vice: o também jovem Nelinho Cordeiro, filho do prefeito de Russas, Raimundinho Cordeiro. A dobradinha não durou nem 24 horas. Nelinho tem problemas de dupla filiação e é inelegível. Na verdade, Samuel pode acabar mesmo é como vice de Manoel Santana.

Ciro trabalha para ajudar SantanaO fim das brigas entre o prefeito Manoel Santana com o seu vice, Roberto Celestino, é obra do ex-ministro Ciro Gomes. O detalhe desse acordo de pacto é que ele foi formalizado também com o respaldo do governador Cid Gomes. Cid e Ciro juntamente com o deputado José Guimarães estimularam que Santana e Celestino esquecessem as divergências e abrissem caminhos para uma reaproximação. Os dois estão bem, mas quem não gostou desse união foi o vereador Roberto Sampaio. Apesar dele, o PSB pode apoiar a reeleição de Santana.

Frente ampla contra Zé LeiteDepois de idas e vindas, o ex-prefeito Romel Feijó sustenta que agora a frente de oposição tem as condições necessárias para lançar um candidato único com dez partidos em Barbalha. Satisfeito com os rumos das articulações, Romel disse estar disposto a apoiar a candidatura do ex-prefeito João Hilário, do PMDB. “Temos conversado”. O lançamento do nome de João Hilário coloca em sério risco à reeleição do prefeito Zé Leite. Assustado, Zé Leite quer a interferência do secretário Camilo Santana junto ao governador Cid Gomes para convencer o senador Eunício Oliveira a barrar a candidatura de João Hilário. Perderá tempo se tentar esse movimento político. Caso queira ser candidato, João Hilário terá o apoio integral do senador Eunício Oliveira.

Guimarães tenta unir PT a PSBComeçou no final de semana o esforço do deputado José Guimarães para levar o PT do Crato a apoiar a candidatura do deputado Sineval Roque. Guimarães atende a um pedido de Ciro Gomes. Todas as alas petistas compareceram ao encontro, e até o pré-candidato Marcos Cunha não criará embaraços para a aliança. Apenas avisou que se o partido decidir fechar com Sineval, ele não aceita ser vice. Defende a candidatura própria para o PT. Quem já se lançou para a vaga de companheiro de chapa de Sineval foi Amadeu Freitas, um dos mais influentes petistas no Crato.

Ronaldo fica isolado no CratoApós a visita de Ciro Gomes ao Cariri, o empresário Ronaldo Matos ficou impressionado com o impulso dado a candidatura de Sineval Roque. Assustado, temeu ter que sua candidatura fosse retirada numa decisão de cúpula. Decidiu ir a Brasilia conversar pessoalmente na semana que passou com o senador Eunício Oliveira. Na bagagem, levou muita preocupação com o que tinha escutado de Ciro em diversas declarações. Temia mesmo perder a legenda do PMDB. Regressou tranquilo: terá partido para concorrer em outubro, porém foi instruído a buscar as lideranças políticas do Crato para construir uma ampla aliança para se contrapor as candidaturas do deputado Sineval Roque e do secretário Cicinho, apoiado pelo prefeito Samuel Araripe.

Chique da moda chega ao CaririOusado, jovem e empreendedor. É assim Mauro Macedo que sem se intimidar e sem se importar com o preconceito, vence desafios e se impõe como um empresário de sucesso. Inaugurou no último díia 27 a Mrs. Rob, uma loja que por suntuosidade já está sendo conhecida como a Daslu do Cariri. Mais um empreendimento do grupo JDMM que tem a frente Mauro Macedo, filho do deputado federal Raimundo Macedo. Essa loja é um investimento próprio de alguns milhões de reais. O próximo empreendimento a ser entregue será o shopping center.

Disse me disse...

• A repercussão negativa de que tinha discriminado Juazeiro do Norte obrigou a um recuo do deputado Raimundo Macedo.

• Raimundão deu R$ 4 milhões de suas emendas individuais para o município de Parambu, na região dos Inhamuns.

• E resolveu incluir Juazeiro com R$ 1 milhão para a saúde. Deveria ser o inverso. Bastava Raimundão usar o critério de onde ele teve mais votos.

• Romel Feijó está em campanha para retornar à Câmara dos Deputados em 2014. Não decidiu ainda por qual partido. Está analisando a sigla que irá se filiar.

• Carlos Macedo desafiando Ciro Gomes. Mesmo sem ser eleitor de Juazeiro ando declarando que o PSB jamais se unirá novamente ao PT

• A disposição de Ciro Gomes é fechar o acordo para que os socialistas apoiem a reeleição de Manoel Santana. Quanto a Carlos Macedo, o conselho: não percam tempo com esse senhor.

• Desculpe a ignorância, o prefeito Manoel Santana e o vice Roberto Celestino serão agora amigos para sempre?

Page 5: Jornal do Cariri Edição de 01 a 07 de maio

Márcio Dornelles

Um pai de família mais desaten-to pode não dar muita atenção à

seca que devasta o Ceará, principalmente as regiões do Cariri e Sertão Central, mas a estiagem ignorada por muitas pessoas que re-sidem na zona urbana tem reflexos diretos no bolso do consumidor. Um estudo de-senvolvido por estudantes da Universidade Regional do Cariri (Urca), sob coor-

denação do professor do departamento de Econo-mia, Áydano Ribeiro Leite, comprova que a escassez de chuva faz doer não apenas o coração do agricultor, que vê suas plantações murcha-rem, mas o bolso e a conta bancária de muita gente.

Então, um homem passa diante da última capa do Jornal do Cariri, alertan-do para os prejuízos da seca, dá de ombros como se a rea-lidade fosse muito distante, e segue ao supermercado para comprar os alimentos

que nunca faltam à mesa do brasileiro. O primeiro deles, e que sofreu a maior alta, foi o feijão. É possível que tam-bém se faça desatento para a diferença de centavos, mas no final do mês faz falta ao orçamento familiar.

O estudo é desen-volvido por 50 acadêmicos em uma pesquisa de exten-são, seguindo os mesmos critérios de avaliação do Departamento Intersindi-cal de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Nove municípios são acom-panhados pelo grupo de estudantes: Juazeiro, Crato, Barbalha, Missão Velha, Jar-dim, Caririaçu, Nova Olin-da, Farias Brito e Santana do Cariri.

Em janeiro deste ano, a cesta básica composta por 12 alimentos custava R$ 175,38. No mês seguinte, fevereiro, passou para R$ 197,79 e fe-chou março ao preço de R$ 207,54. O crescimento, ao longo dos três meses, foi de 18,5%. “Os vilôes desse au-mento da cesta bási ca, en-tre fevereiro e março, foram o feijão e a tomate, que são produtos que tem relação direta com problemas climá-ticos, principalmente com a escassez da chuva”, explica o professor Áydano Ribeiro.

Mais carosO estudo aponta um

aumento de 11% do feijão e 15% da tomate, os princi-pais produtos afetados pela seca. “Dado esse problema climático que a gente tá tendo de irregularidade de chuva, de escassez mesmo, a produção diminui, então o preço vai aumentar”, conta Áydano, acrescentando que nenhum dos 12 produtos pesquisados teve redução, “nenhum sofreu variação de queda”.

O coordenador da pesquisa também avisa que a projeção para os próximos meses não é boa, já que a estiagem continua, a chuva não vem e o agricultor se desespera. “A expectativa é que para os próximos meses o valor da cesta continue a subir em função desse pro-blema. Já é um problema que não é só da nossa re-gião, é de todo o Ceará, in-felizmente”, comenta.

NúmerosAvaliando por mu-

nicípio, a cesta básica mais cara está em Fa-rias Brito, custando R$ 216,37, valor de março. Em seguida vem Juazei-ro, com R$ 216,29 e Bar-balha, R$ 212,77. A cesta mais barata é encontrada em Jardim, R$ 152,71, logo atrás Nova Olinda, R$ 166,20, e Caririaçu, R$ 176,75.

ProdutosO produto mais caro

da cesta básica continua sendo a carne. Em fevereiro custava R$ 26,59 e no mês seguinte R$ 27,90. Mesmo assim, o feijão continua no topo, passando de R$ 9,90 para R$ 10,97. A tomate foi de R$ 10,00 para R$ 11,64.

Se a estiagem persis-tir e a terra continuar seca, os preços vão continuar su-bindo.

5REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

CidadesURCA

Seca deixa cesta básica 18,5% mais cara em nove municípios

n O feijão pesou no valor final de cesta básica, assim como a tomate, os mais caros

Moradores sem água e meio ambiente prejudicadoSerena Morais

Questões relaciona-das à utilização da água são debatidas com mais frenquência a cada dia em todo o mundo e apesar da preocupação sobre o futu-ro desse bem tão precioso, para grande parte da po-pulação a ficha ainda não caiu. Enquanto uns des-perdiçam água outros lu-tam para tê-la. Na região do Cariri, onde as nascen-tes ainda são abundantes, é possível encontrar tais contrariedades.

A fonte das Guari-bas, localizada na Chapa-da do Araripe, virou cená-rio de uma briga judicial. A comunidade próxima à fonte, pedindo para ter acesso à água (bem de do-mínio público) em deba-te com o proprietário das terras, justificando que a intervenção traria prejuízo ao meio ambiente. Duas partes lutando por seus direitos, cada uma em seu grau de importância.

Segundo Cícero Lu-ciano Ferreira Alves, ex--vice-presidente da Asso-ciação de Moradores do Sítio Guaribas, a comu-nidade foi a primeira da

região a receber a outorga de direito de uso de água do estado, mas a distri-buição nunca aconteceu. A comunidade teve o apoio da Companhia de Ges-tão dos Recursos Hídricos (Cogerh), que realizou o estudo dos impactos am-bientais no local. Como a avaliação apontou que não haveria impacto, um proje-to para fazer a captação e distribuição para distribuir a água da fonte aos mora-dores em torno foi criado, dentro das leis ambientais.

Outros meios A associação buscou

ainda outros métodos para conseguir água para a co-munidade, como foi o caso do Projeto São José, conse-guido por eles em 2001. No ano seguinte eles cavaram o poço profundo, mas o resultado foi um reserva-tório seco. A ideia era uti-lizar parte do dinheiro do projeto para puxar a água da fonte para uma caixa d’água no alto da comuni-dade e fazer a distribuição somente por gravidade. Luciano conta que isso não aconteceu pois houve de-sinteresse da comunidade em organizar a ação, sen-

do assim eles perderam o prazo e o dinheiro teve que ser devolvido ao projeto. O ex-vice fala com pesar so-bre o desgaste de lutar sem apoio dos maiores interes-sados, as pessoas da comu-nidade.

Atualmente, a água que os moradores da área consomem é adquirida de duas formas. Quem tem condições, cava uma ca-cimba, mas os que não têm são obrigados a buscar água diretamente na fonte e carregá-la em baldes.

ConservaçãoO proprietário da

terra, Jário Duarte, optou por não falar sobre o as-sunto. A única coisa que deixou clara é que ele não impede os moradores de buscarem água no local e até lavarem suas roupas na fonte. O problema, nes-se caso, passa a ser a falta de consciência de algumas pessoas da comunidade, que usam a fonte dessa forma, pois estão poluindo a própria água que utili-zam. O local está repleto de lixo, muita sujeira e é possível notar, em alguns pontos a presença de sa-bão. Luciano fala que a as-

sociação tentou fazer um trabalho de reeducação com as pessoas, mas que não obteve sucesso e mais uma vez cita a dificuldade de conseguir a compreen-são de algumas pessoas da comunidade, que acabam por aumentar os proble-mas durante as tentativas de conseguir a água.

O caso da fonte das Guaribas dura há anos e hoje encontra-se parado, pela falta de uma senten-ça final das autoridades responsáveis pela ação na época. Atualmente, a co-munidade não tem água encanada da fonte e nem o meio ambiente é preserva-do. A luta das duas partes pode ser considerada uma derrota, em ambas, até que um novo movimento seja iniciado.

Por enquanto, resta torcer para que a fonte das Guaribas, uma das mais procuradas da região, não fique totalmente poluída, dada a rapidez com que é maltratada. Além de locais onde a água está pratica-mente branca pelo uso de sabão nas lavagens de rou-pa, a equipe de reporta-gem observou pacotes de biscoito e garrafas d’água

em vários trechos, empres-tando ao cenário um ar de tristeza e depredação. O proprietário de terra prefe-

re ignorar a discussão, en-quanto os moradores con-tinuam fazendo mal uso da fonte.

Serena Morais

Samuel Macedo

FONTE DAS GUARIBAS

n Pacotes de biscoito e garrafas d’água espalhados na fonte das Guaribas

Page 6: Jornal do Cariri Edição de 01 a 07 de maio

6 REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

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7REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

PolíticaCidadesMULHERES

Ingrid Monteiro

Palestras, debates, livros abordam, cada vez mais, a questão da au-

toestima, sentimento que contribui para a sensação de felicidade e realização pessoal de grande par-te da população. Muito se fala sobre autoestima, mas poucas pessoas en-tendem o seu verdadeiro significado. Psicólogos afirmam que cuidar deste sentimento, que na maio-ria das vezes está associa-do à figura da mulher, vai além da preocupação com o corpo, pois ele consiste no valor interno que se atribui e não tem relação com o externo, com o físi-co.

A autoestima surge através de relações posi-tivas e negativas presen-tes desde o nascimento de cada pessoa, com isso, especialistas afirmam que quanto mais a criança se sentir amada e segura, maior será a chance dela se tornar um adulto confian-te. No entanto, se a mesma cresce ouvindo que não é desejada, há uma gran-de possibilidade dela se tornar um adulto insegu-ro com sérios problemas psicológicos e afetivos.

Muitos são os sinais de baixa autoestima, como a necessidade de aprova-ção, dependência financei-ra e emocional, inseguran-ça, depressão, ansiedade, agressividade, sentimento de inferioridade. Pesqui-sas apontam que o maior índice destes sintomas está presente entre as mulhe-res que sofrem violência, seja física ou psicológica.

De acordo com a as-sistente social do Centro de Referência Regional da Mulher de Juazeiro do Nor-te (CRRM), Tinciane Me-deiros, o maior número de mulheres que são atendi-das sofre violência psicoló-gica, geralmente praticada pelos seus companheiros, em sua própria casa. “Mui-tas relatam histórico de ameaças, injúrias, difama-ções, isto tudo afeta dire-tamente a sua autoestima”, explica Tinciane. Inaugu-rado em agosto de 2011, o Centro atende as mulheres vítimas de violência, que podem contar com ser-viço de psicologia, assis-tência social e advocacia.

EventoCom o objetivo de

discutir sobre a autoesti-ma feminina na região do Cariri, será realizada, no próximo dia 5 de maio, uma palestra com Nel-ma Penteado, conhecida pelo trabalho desenvol-vido principalmente com as mulheres, por meio do estudo da área comporta-mental e neurolinguística. O evento, denominado “O Caminho das Poderosas”, acontece no Hotel Verdes Vale, em Juazeiro do Norte.

Conhecida como a “Diva da autoestima”, Nelma abordará temas como, a importância de adquirir mais força e con-fiança diante dos desafios, conhecer dicas para inten-sificar seu poder feminino, aumentar sua confiança e autoestima e transformar sua vida para melhor e ser feliz. “O que me move para continuar esse trabalho so-bre a autoestima é a ideia

de que através do meu dom, que Deus me deu, eu continue levando ale-gria e felicidade às pesso-as e seus relacionamentos. Estou ansiosa para chegar ao Cariri. Já ouvi falar que é terra de gente guerrei-ra!”, diz Nelma Penteado.

Triste realidadeA região do Cariri,

principalmente Juazeiro, Crato e Barbalha, apresen-ta números preocupantes de violência doméstica,

onde a vítima é a mulher. O Sul cearense carrega esta triste cicatriz, embora seja considerada terra de gente de fé e acolhedora. Em fevereiro, apenas para ilustrar, 81 boletins de ocorrência foram lavrados na Delegacia de Polícia Ci-vil do Crato.

No mês seguinte, março, quatro mulheres foram mortas no Cari-ri, elevando para 10 o número de vítimas em 2012. A lamentável mar-

ca já passa de 200 em dez anos. Enquanto os índi-ces seguem crescendo, as mulheres se fortalecem e brigam por mais cons-cientização e ações dos governos Federal e Esta-dual para coibir a prática. Mas as discussões esbar-ram na falta de coragem de muitas mulheres em denunciar seus próprios companheiros. Temem represálias e mais violên-cia dentro de casa.

Dentro deste cenário

assustador, ações para elevar a au-toestima feminina servem de alento e recarregam as ener-gias de mulheres guerreiras.

Sai violência, entra autoestima

AGORA É LEI:CIGARRO TEM PREÇO MÍNIMO. NINGUÉM PODE VENDER CIGARROS ABAIXO DE R$ 3,00. O não cumprimento da lei traz ao varejista sanções que incluem a apreensão do produto e proibição do direito de vender cigarro por um prazo de 5 anos.

PARCERIA:

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Intoxicação de 30 pessoas por sushi exige maior fiscalização

Primeiro oito pesso-as se sentiram mal e foram internadas com suspeita de in-

toxicação após o consumo de sushi na filial do Crato do grupo Mercadinhos São Luiz. Em poucas horas o número duplicou e dois dias depois já chegava a 30. O número redondo e assustador foi con-firmado pelo coordenador da Vigilância Sanitária do Cra-to, Assilon Lindoval Freitas, após o acompanhamento de clientes que também apre-sentaram sintomas como dor de cabeça, náuseas, febre, do-res abdominais e vômito. As pessoas foram internadas nos hospitais São Miguel e São Francisco de Assis, no Crato, e em outras unidades de saú-de de Juazeiro. Todas susten-tavam que consumiram sushi entre segunda e terça-feira (24).

A notícia, publicada com exclusividade pelo por-tal de notícias Ceará Agora, ganhou repercussão nacional, e reacendeu a preocupação com o cuidado no preparo de alimentos. O alimento já foi recolhido e passa por estudos no Laboratório Central (La-cen).

Para Assilon, o nú-mero de intoxicados pode ser ainda maior, já que mui-tas pessoas se trataram em casa e preferiram não prestar

queixa. E a baixa quantida-de de denúncias na área ali-mentar é o ponto-chave da discussão. Por comodidade, muitos clientes esquecem de denunciar estabelecimentos comerciais, principalmente quando se recuperam do mal estar. “Infelizmente a maior parte de reclamações se refe-re a esgotos, terrenos baldios, criatório de animais e animais soltos na cidade. Pode ter cer-teza que de cada dez denún-cias, nove são desse tipo”, ga-rante Assilon Freitas.

DenúnciasA epidemiologista

Marina Vasconcelos, da Vi-gilância Sanitária de Juazei-ro do Norte, informa que um monitoramente mais rigoroso deste tipo de co-mércio é feito desde o iní-cio do ano, mas avisa que a reclamação do cliente é fundamental para ajudar nas fiscalizações. “O consu-midor tem que ficar atento para o alvará sanitário do estabelecimento, se ele está certinho, na data correta”, diz. Marina também explica como é feita a vistoria du-rante uma visita da equipe epidemiológica. “Vamos na cozinha, averiguar o estoque da produção, que alimento foi consumido, que horas a pessoa comeu, o que exata-mente foi, com que tempero.

Verificamos matéria-pri-ma, armazenamento, tem-po de exposição, quando foi preparado, tudo. Qual-quer falha pode ser fatal para as pessoas adoece-rem”, completa.

ExplicaçõesUm dos proprietários

do grupo, Fernando Ramalho, confirmou que houve “algum problema” e interrompeu a venda de sushi ainda no dia 23. “Mesmo antes de Vigilân-cia Sanitária, suspendemos a produção. Mandamos a nossa gerente de qualidade para en-tender o que aconteceu e em momento algum vamos nos omitir do fato”, disse. Rama-lho garante que foi um fato isolado, sem referência ao pa-drão de qualidade emprega-do nas lojas.

A gerente de qualida-de do grupo, Vancy Maria, responsável pelos 12 estabe-lecimentos, desembarcou no Cariri para investigar o fato. Ela afirma que está apurou tudo, desde câmaras refrige-radas, temperaturas, valida-des, até do estado de saúde dos funcionários, se apresen-tam alguma virose que possa ter contaminado o alimento. “Não há certeza do que acon-teceu. Estamos considerando que o produto pode ter pro-blema. Verifiquei instalação, salmão, arroz. Não há sobra

de produto, tudo é des-cartado, porque não tem como manter esse produto

AlertaOs consumidores pre-

cisam estar sempre atentos ao

tipo de alimento consumido e reclamar quando perceber algo errado. O episódio, que ainda aguarda desfecho, serve de alerta para intensificar as fiscalizações e impedir novos casos de intoxicação alimentar.

n O sushi que intoxicou 30 pessoas foi vendido no Mercadinho São Luiz do Crato. Laboratório Central inspeciona alimento

Samuel Macedo

REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 20128Cidades

CONTAMINAÇÃO

Combate à dengue requer mobilização das secretarias municipais de Saúde

Wilson Rodrigues

Dos cratenses, 25% trabalham em Juazeiro do Norte. Mais da metade des-se percentual teve dengue no ano passado. Isto fez com que o Crato iniciasse 2012 re-gistrando casos importados da doença. A declaração é do coordenador de endemias do Crato, Marcos Aurélio. Ele in-formou que hoje o município tem 921 notificações de den-gue, 632 casos confirmados – dois dos quais hemorrágicos e um de alta complexidade –, alem de 231 exames no Labo-ratório Central (Lacen) à es-pera de diagnóstico.

O coordenador admi-tiu que não há barreira física para o controle da dengue no Cariri e é necessário que to-dos os municípios façam sua parte. Até o final de abril, se-gundo ele, a doença estará sob

controle no Crato, a exemplo de 2011, quando o município chegou a 0,65 % de casos de dengue, número muito abai-xo do que é preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de 1 %. Para o coordenador, fica muito difícil o Crato manter o controle de transmissibili-dade se Juazeiro e Barbalha não priorizarem o combate do mosquito transmissor, o Ae-des Aegypti, que é transporta-do nos automóveis, devido o grande fluxo de veículos entre as cidades do Crajubar.

Marcos Aurélio infor-mou também que 90 % dos focos de dengue no Crato em 2012 foram encontrados em residências, predomi-nantemente em tanques, bal-des, filtros, cisternas e caixas d’água, porque esses depósi-tos não foram inspecionados frequentemente por seus pro-prietários. Para ele, o descui-

do da população, em não ve-rificar esses ambientes, é fatal para o surgimento de focos e poderá colocar em risco todo o processo preventivo feito pelo setor de endemias.

Neste ano, foram regis-trados casos de dengue em 19 Bairros do Crato. O maior per-centual está na Vilalta, com 15 % das 632 notificações. O Par-que Recreio vem em segundo lugar, com 13 %. O restante está distribuído nas comunida-des do Seminário, Alto da Pe-nha, São Miguel, Pinto Madei-ra, Zacarias Gonçalves, Parque Grangeiro e Ossian Araripe.

Marcos Aurélio infor-mou que é intenção, até o mês de junho, quebrar a cadeia de transmissão da doença em toda a cidade. Aguarda, para isso, a chegada dos recursos (100 mil reais) solicitados pela Secretaria Municipal de Saúde ao Ministério da Saúde.

n O combate ao foco do mosquito da dengue precisa começar em casa

Samuel Macedo

Chagas Lima

Apesar das constantes campanhas realizadas, com objetivo de conscientizar a população quanto à neces-sidade de se reduzir casos de dengue no município de Juazeiro do Norte, a impres-são que se tem é que não tem surtido muito efeito.

“Iniciamos 2012 com um princípio de epidemia, sendo preciso o apoio do go-verno do estado, que enviou oito carros fumacê, comba-tendo o mosquito transmis-

sor da doença. Não atingiu ainda o índice preconizado pelo Ministério da Saúde, ou seja, índice de infestação de 1%. Entre 1% e 3% é médio e, acima disso, considerado caso grave”, diz o supervi-sor de endemias de Juazeiro, José Valter Ferreira Bonfim.

Segundo ele, equipes do Departamento de En-demias utilizam dois car-ros fumacê, desenvolvendo ações onde existe suspeita de transmissão da dengue. Acrescenta que o ano de 2012 começou com 1,4% de

infestação (situação média), mas mesmo com o trabalho emergencial que foi realiza-do, observa-se que não hou-ve uma redução dos casos de dengue como se imaginava.

Pelo contrário, hou-ve um avanço. Atualmente, os bairros que apresentam maior número de infes-tação são: Aeroporto (20 casos confirmados); Pira-já (32); Franciscanos (42); Centro (12); Parque Triân-gulo (38); Parque Antônio Vieira (57); Romeirão (21); Salesianos (75); São Miguel

(47); Tiradentes (45). “Hoje temos na zona

urbana 1.625 casos de dengue confirmados e 608 notifica-dos. Já algumas localidades da zona rural, como Vila Pa-dre Cícero (Palmeirinha), Vila Marrocos, Sítios São Gonçalo, Catolé, Chumbada, Leite, re-gistram um total de 626 casos, conforme o setor de epide-miologia”, relata José.

O aumento dos casos de dengue este ano em Ju-azeiro do Norte, deve-se às chuvas registradas no mês de dezembro de 2011. “Na-

quela ocasião, já prevíamos que poderia ocorrer um aumento de casos de den-gue. E foi exatamente o que aconteceu. É que os ovos do mosquito Aedes Aegypti permanecem em depósitos vazios que podem acumu-lar água, até durante um ano ou mais. Então, em muitos desses depósitos houve a eclosão de mosqui-tos aumentando os casos de dengue”, explica o supervi-sor de endemias.

Segundo José Valter, 95% dos focos de dengue

são encontrados dentro dos domicílios, ou seja, de den-tro de casa para o quintal, principalmente em caixas d’ água e outros depósitos que não são vedadas cor-retamente. “Todos os depó-sitos devem ser mantidos vedados e não apenas tam-pados, porque não adianta ter uma caixa d’ água ape-nas coberta. Tem que ser colocada também uma tela, porque somente tomando esses e outros cuidados é que poderemos diminuir a dengue”, apela.

Residências sustentam 95% dos focos de dengue em Juazeiro

Qualquer irregularidade em Juazeiro do Norte deve ser denunciada à Vigilância Sanitária no telefone (88) 3511.2657 ou na rua Tabelião João Machado, bairro Santa Teresa.

Page 9: Jornal do Cariri Edição de 01 a 07 de maio

9REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

Cidades

Falta de incentivos e chuvas ameaçaprodução de rapadura no Cariri

PREJUÍZOS

Rua Senador Pompeu, Nº 429 - Centro - Crato-CEFone/Fax (88) 3253.1080

Diretora TécnicaDrª Fabiana Pereira Rodovalho Alencar Gomes

ALFARMA, a primeira farmácia de manipulação genuinamente Cratense.

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O periódico do Cariri independente

ANTONIO M. LACERDA – MECNPJ: 10.658.608/0001-61

Torna público que recebeu à Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE Licença de Operação para Comercio Varejista de Madeira e Artefatos, na Rua. Monsenhor Rocha, Nº 73, Bairro Centro no Município de Potengi – CE.

Foi determinado o cumprimento das exigências contidas nas Normas e Instruções de Licenciamento da SEMACE.

Chagas Lima

A cultura do pequizei-ro corre o risco de desapare-cer não só na região do Cariri, mas em todo o Nordeste, ten-do em vista que os recursos naturais, tanto a flora quanto a fauna, como a água, vêm sendo muito depredados e não conservados. Tanto por quem vive na zona rural como na zona urbana dos diversos municípios, onde os pequizei-ros são cultivados, provocan-do constantes desmatamentos que agridem negativamente o meio a ambiente.

“O desmatamento in-discriminado faz com que o solo fique desnudo. Em con-seqüência disso, muitas ve-zes a fauna fica desprotegi-da. Muitos roedores naturais, que antigamente existiam e funcionavam como propaga-dores das sementes de árvo-

res, não existem mais”, diz o engenheiro agrônomo Ado-nias Sobreira.

Segundo ele, associa-do a esse fato, as queimadas indiscriminadas na região do Cariri, reduz a cobertura florística, não somente do topo da Chapada do Araripe, mas também de sua encosta, principalmente, no terço su-perior. Lamentavelmente, conforme Adonias, não te-mos uma política consistente e duradoura para que todos os municípios do Cariri ti-vessem um horto florestal.

Por esta razão, espera--se que trabalhos de pesquisa e assistência técnica desen-volvidos pelas universidades e outras instituições venham melhorar o nível educacio-nal, tanto das pessoas resi-dentes na zona rural como na zona urbana. Fazendo com que não somente os pequi-

zeiros, mas diversas outras árvores, que estão cada vez mais difíceis de encontrar na região do Cariri sejam recu-

peradas adequadamente.“Sabemos que o todo

da Serra do Araripe, com seus 38 mil hectares de reser-

va florestal, é que dá recarga de água aos nossos aqüíferos, principalmente, para algumas cidades, como é o caso de Jua-zeiro. Cada vez mais estamos observando que esse nível fre-ático está baixando”, afirma o engenheiro agrônomo.

PequiDe acordo com Ado-

nias Sobreira, o pequizeiro é uma planta que não possui um percentual de germina-ção com muita facilidade. “O caroço do pequi tem um tegumento que o envolve, necessitando, muitas vezes, de ter a sua membrana que-brada para que a umidade entre na semente e venha a germinar”, explica.

Acrescenta que a cidade do Crato tem um horto florestal que há mui-tos anos vem produzindo mudas de pequi. Mas isso

não é suficiente para suprir todo o Cariri. As prefeituras de outros municípios têm de produzir mais mudas, para que toda a região vol-te a ter muitos pequizeiros novos.

Com relação às mudas de pequi que estão sendo re-plantadas na região do Cariri, Adonias Sobreira diz desco-nhecer que existe enxerto em pequi. “Quando a gente sabe que se tem uma planta enxer-tada, ela reduz o tempo em termo de produção. Mas de uma forma generalizada, o pequizeiro começa a produ-zir frutos a partir do quarto ou quinto ano, pelo fato de não ter um crescimento tão rápido. Mas isso varia mui-to, porque depende também da quadra invernosa. Quanto tem chuva, as plantas cres-cem com maior rapidez”, co-menta.

Aglécio Dias

Aos poucos eles vão chegando. Já passa das dez da manhã, um pouco tarde

para começar o trabalho, principalmente por causa do calor. Mas os trabalhado-res não precisam chegar tão cedo, conseguem dar conta da tarefa do dia antes que o sol se esconda atrás da serra.

O trabalho é pesado, mas os funcionários do en-genho Santa Terezinha, em Barbalha, assim como a má-quina de moagem, centená-ria, conseguem produzir os dois mil quilos diários de um dos alimentos mais tradicio-nais do Ceará: a rapadura.

A produção de rapa-dura no Nordeste é secular. Inicio-se junto com o Ciclo do Açúcar, ainda no tempo do império e fez do Ceará o maior fabricante do produto no país, tendo o Cariri como destaque nessa produção.

Mas, ao longo dos anos, a região e o Estado viram essa cultura definhar, ao ponto de quase desaparecer.

Para se ter uma ideia, no inicio do século passado, somente na cidade de Barba-lha, existiam mais de 126 en-genhos de rapadura, segun-do os atuais proprietários de engenhos, e hoje esse núme-ro não passa de seis ou sete, ainda em funcionamento.

Filho de uma família tradicional de “senhores de engenho”, o dono do Sitio Santa Terezinha, Antônio Sampaio se emociona quan-do fala dos tempos em que os engenhos tinham vida, onde os trabalhadores realizavam suas funções com alegria e a comercialização das rapadu-ras e batidas ultrapassavam o continente. Seu Antonio, que recebeu o engenho de seu pai, já não acredita na so-brevivência dos engenhos na região. Os motivos para essa descrença são muitos. Falta

incentivo do governo, falta interesse dos empresários, faltam empregados e, prin-cipalmente, falta de chuva. “Tá chegando o momento em que não poderemos mais sobreviver dos engenhos de rapadura. A cana-de-açúcar tá falida na região. Isso sem falar que não vem nenhum incentivo da parte governa-mental”, lamenta.

O declínio da pro-dução já era um problema, mas uma decisão da Supe-rintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) trouxe ainda mais preocu-pação para os agricultores. É que o órgão notificou os produtores de cana de açú-car e de rapadura para re-gularizarem seus engenhos, que, de acordo com uma normativa do Conselho do Meio Ambiente, devem se enquadrar como indústria, não mais como produtores agrícolas ou artesanais. A notícia pegou de surpresa os

produtores, que entendem o engenho como sendo apenas um processador de cana de açúcar, e não usina como de-termina o Conselho Estadu-al. “Isso foi novidade para gente, pois não sabíamos que estávamos enquadrados

como indústria. Até porque, os engenhos tem estrutura arcaica, que é do tempo do império”, comentou João Averardo de Albuquerque Sampaio, produtor de cana--de-açúcar no Sítio São Pe-dro em Barbalha.

Para os produtores, a informação pode ser o tiro de misericórdia para os en-genhos, pois a situação que já estava complicada, agora ficou pior, principalmente porque terão que investir para se regularizarem.

Cultura do pequi pode desaparecer

Ingrid Monteiro

Nascer, crescer, ama-durecer, envelhecer e morrer são mudanças que fazem par-te do ciclo da vida, que agem independente da vontade humana. Torna-se preciso aprender a conviver com es-tas transformações impostas pelo tempo, sobretudo em relação à terceira idade. Mas como defini-la? De acordo com a Lei Federal nº 8.842/94, o idoso é a pessoa que possui mais de 60 anos de idade.

A região do Cariri conta com dezenas de insti-tuições como estas, que aten-dem as necessidades desse segmento etário, por meio do trabalho de funcionários

capacitados. Em Juazeiro do Norte, ao longo dos últimos anos, muitos abrigos foram construídos sob a coordena-ção de pessoas que identi-ficaram na cidade a grande demanda para este serviço. É o caso da enfermeira aposen-tada Francisca Benício, que possui uma história marcada pelo seu empenho em ajudar idosos que precisam de aco-lhimento.

Desde a mocidade, Francisca sonhava em cons-truir o seu próprio lar para idosos, onde pudesse aco-lher e cuidar da maior parte de pessoas possível. “Tra-balhei por muito tempo em hospitais em Fortaleza, mas quando vinha a Juazeiro e via

aqueles velhinhos doentes, pedindo esmolas nas ruas da cidade, sentia que precisava fazer algo por eles”, explica.

Após muitas orações e pedidos, Francisca Benício alcançou seu grande desejo por meio da ajuda do seu amigo Francisco Cornélio, que lhe ofereceu uma casa para a Fundação do Lar do Ancião Feliz Dona Dondon, inaugurado ainda na déca-da de 80. Hoje, depois de 25 anos de atividade, a ins-tituição fecha as suas portas. No entanto, a aposentada, hoje com 74 anos, garante que continuará a cuidar dos idosos, que serão transfe-ridos para o núcleo de sua propriedade, localizado no

bairro Tiradentes. A sua instituição atende

aproximadamente 25 pessoas e consegue se manter através de doações e solidariedade de pessoas como a professora Te-reza Neuma, que não deixa de fazer as suas doações todos os anos. “Fiquei emocionada em saber que o Lar do ancião es-tava fechando, mas fiquei sa-bendo da existência dessa casa coordenada pela Francisca Be-nício, que desenvolve um tra-balho lindo ao acolher todos esses idosos”, declara. “Aju-dar a estas pessoas é muito importante, pois o sentimento de partilha é bastante gratifi-cante”, finaliza emocionada.

De acordo com os da-dos do censo 2010, divulga-

dos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro está maior, ou seja, nos últimos anos, o nú-mero de idosos está aumen-tando. Segundo projeções, a população idosa brasileira deverá triplicar nas próximas quatro décadas, aproximada-mente 20 milhões, em 2010, para cerca de 65 milhões, em 2050. Dado significativo que desperta o interesse de dife-rentes áreas da sociedade.

O envelhecimento da população representa não só uma profunda transfor-mação demográfica, mas também socioeconômica. Na maioria das vezes, a pessoa idosa necessita de cuidados

especiais, mas nem sempre os familiares conseguem atendê-los devidamente por conta dos compromissos profissionais ou até mesmo condições financeiras.

Desta forma, o serviço oferecido pelas instituições de longa permanência (abrigo, asilo, lar, casa de repouso, clí-nica geriátrica) é considerado uma boa possibilidade para atender de forma integral os seus entes queridos. Estes es-tabelecimentos, particulares ou públicos, proporcionam desde a alimentação até o atendimento médico, psicoló-gico, fisioterapeuta, além do acolhimento necessário por meio do convívio social e ati-vidades recreativas.

Lar do Ancião Feliz Dona Dondon fecha as portas

n Os pés de pequi estão cada vez mais raros

Samuel Macedo

n Além da falta de chuva, os produtores reclamam da ausência de incentivo dos governos Federal e Estadual

Samuel Macedo

Page 10: Jornal do Cariri Edição de 01 a 07 de maio

10 REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

Social Cultura

Sociedade em FocoPOR WALESKA MARROCOS [email protected]

A empresária Roberta Sampaio reuniu a mais fina sociedade caririense para a inauguração de sua loja na cidade de Juazeiro. Os convidados conferiram os lançamentos em um desfile.A recepção foi inpecável. A loja é a expressão do bom gosto, sofisticação e glamour. Na foto, Roberta com seu filho Miguel e seu esposo Mauro Filho.

AGRADECIMENTO ESPECIAL PARABÉNS!!!

Com uma linda festa, Cely Martins e Daniel Alencar comemoraram o aniversario de seis anos de Daniel Filho. Daniel brincou muito com seu irmão Mateus e todos os coleguinhas que se divertiram a noite toda... Parabéns!!!!

Meu querido DJ Jorjão comemora seus 21 anos de carreira com um super CD. É musica pra dançar a noite inteira... Adorei.

FASHION

Belas e sofisticadas. Assim são minhas queridas amigas Sally e Kamily. Na foto com a linda Giullia, que segue os passos da tia quando o assunto é moda. Bom gosto!

LINDO!

Quem esteve visitando nossa região foi o ex-BBB Jonas Sulzbach. Muito gentil e cortez, ele atendeu todos os pedidos de fotos e autógrafos. Lindo!

COQUETEL- DESFILE

21 ANOS DE CARREIRA

Terreirada reúne grupos de tradição popular Raphael Barros

Primeiro é preciso uma mangueira para regar todo o terreiro, método utilizado para que a poeira não suba durante a apresentação. Depois de tudo pronto, grupos de diversas tra-dições populares do Cariri en-tram em cena. É a terreirada. A iniciativa desta vez contou com três dias de festa (sábado, domingo e segunda), montada pela ONG Base Educultural de Ação e Trabalho de Organiza-ção Social (Beatos), com sede no Crato.

De uma linhagem brin-cante herdada da vó e da mãe, Mestra Wanda comanda a La-pinha Santa Clara, que este ano vai completar cem anos. A apresentação do grupo, com-

posto por 34 crianças, revive o nascimento do menino Jesus e a posterior fuga da família (Je-sus, Maria e José) para o Egito. “Esse tipo de evento é muito importante, porque a gente está tentando ser reconhecido, a gente mal sai de Juazeiro do Norte. Quando tem um even-to fora da cidade, as meninas do grupo ficam entusiasmadas para se apresentar”, se emocio-na Wanda.

Para o produtor musi-cal e músico, Betão Aguiar, a Beatos surge no Cariri como um novo espaço onde os grupos tradicionais podem se apresentar como anti-gamente, nos terreiros das casas. “São as matrizes cul-turais do nosso país. Isso influenciou Luiz Gonzaga,

Gilberto Gil, Alceu Valença e Fagner. Perceber que esses movimentos tem influência direta na música de artistas passados e contemporâneos é importante para entender-mos nossa identidade cultu-ral” explica.

Segundo a sócia fun-dadora da Beatos, Dane de Jade, a ONG vem trabalhan-do com o intuito de fomentar as manifestações da cultura popular que são tão presen-tes na região. As terreiradas agregam todos os grupos em forma de festa. “Mas vai para além disso, antes do evento, tem toda uma ação proposta dentro do espaço, como ofici-nas para confecção das vesti-mentas dos grupos”, conclui Dane.

BRINCANTES

Foi nos salões do Crato Tenis Clube que Hugo Linard comemorou os seus 65 anos de vida. Em um agradecimento especial, ele escreveu a nossa coluna: “Com enorme gratidão me dirijo a todas as pessoas que proporcionaram a comemoração dos meus 65 anos, 60 dos quais dedicados à música. Agradeço em especial a Deus, presente na minha fé; a amiga Socorro Moreira, idealizadora e organizadora do evento; aos amigos músicos que contribuiram com suas talentosas participações, incluindo os integrantes da orquestra Azes do Ritmo; a diretoria do Crato Tênis Clube; aos meus familiares e todas as pessoas que com suas presenças e alegria prestigiaram a festa”. Uma noite inesquecível para um artista maravilhoso. Parabens!

Samuel Macedo

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11REGIÃO DO CARIRI(CE), DE 01 A 07 DE MAIO DE 2012

Grandes Nomes

Maria da Soledade Landin nasceu em 1865, mas há dúvidas sobre o local exato onde isso ocorreu. Segun-

do a professora Glória Maria do Ramos Tavares em seu artigo “Papel das Mulhe-res na sociedade”, publicado em http://www.aurora.ce.gov.br/cultura/texto.asp?id=84, ela teria nascido em Aurora, mais precisamente no Distrito de Tipi.

Já o texto baseado na pesquisa “Ma-triarcas do Ceará”, de autoria de Rachel de Queiroz e Heloísa Buarque de Hollanda, apoiado nas informações de Joaryvar Ma-cedo em “A estirpe de Santa Tereza” e pos-tado por Jonas Klebio Landim Santana, no site http://familiavasqueslandim.blogspot.com.br/2011_08_01_archive.html,explica que ela teria nascido “em Missão Velha, no Sítio Gameleira, logo mudando-se para Au-rora, onde se casou com José Antônio Mace-do, ou Cazuza Macedo dos Terésios”.

Deixando de lado a questão do lo-cal de nascimento, o estudo “Matriarcas do Ceará” narra que o marido de Dona Marica morreu cedo, “deixando-a com cerca de dez filhos ainda pequenos, nove homens e uma mu-lher, Joana da Soledade, a preferida de Dona Marica”.

Mas, ela não ficou só por muito tempo. Voltou a casar--se, apesar da oposição dos filhos, com Antônio Abel, oriundo de Barbalha, junto à Serra do Araripe. Ele, também viúvo, co-nhecido por sua burrice incomum, sua tolice sem tamanho e sua grande ingenuidade. Quando os filhos alegaram junto à mãe a imbecilidade do padrasto, ouviram esta resposta ríspida:

-”Não quero saber se é besta, não quero saber de nada. Quero saber que ele me dê o que eu quero”.

Segundo o estudo, “a cerimônia do casamento de Mari-ca foi uma verdadeira apologia ao entrelaçamento de famílias. Casaram-se, conjuntamente, seu irmão, Manoel Inácio da Cruz (Sobrinho-Neto de seu homônimo, sendo este homônimo pai do Major Liberato Manoel da Cruz pg 1093), com Maria Abel, filha de Antônio, e Raimundo Macedo, o Mundoca, filho de Marica, com a prima, filha de Manoel Inácio da Cruz. A festa realizou-se no dia 3 de janeiro de 1903, em Lavras”.

Contemporânea de outra matriarca caririense, Dona Federalina, historiadores ressaltam que as duas tinham uma espé-cie de aliança de defesa mútua que ia des-de a ajuda com cabras, em determinadas questões, até o acobertamento de parentes que tivessem cometido crimes.

Embora lideranças reconhecidas em seus territórios, elas não alimentaram nenhuma rivalidade. Tinham em comum, in-clusive, muitos traços de personalidade. De acordo com o perfil traçado em “Matriarcas do Ceará”, “ambas eram situacionistas ferrenhas, sempre no partido do governo, e exerciam com gran-de violência o seu matriarcado”. A notoriedade de Marica, no entanto, está diretamente ligada à “Questão de 1908”.

Para se entender melhor o que aconteceu, é preciso uma explicação que está em outra postagem de Jonas Klebio Landim Santana , no site http://familiavasqueslandim.blogspot.com.br/2011/09/d-marica-macedo-e-invasao-de-aurora.html , em texto extraído do livro “Aurora – História e Folclore”, do escri-tor Amarílio Gonçalves Tavares e Capturado de: http://www.aurora.ce.gov.br/cultura/texto.asp?id=93 em 10 de setembro de 2011.“Em 1908, exercia a Intendência Municipal de Aurora o ‘co-ronel’ Antônio Leite Teixeira Netto, vulgo Totonho Leite. Toto-nho havia substituído o seu sobrinho Antônio Leite de Oliveira, grande amigo de José Antônio Macedo, finado marido de Dona Marica. Até então, Dona Marica Macedo e o Coronel Totonho eram correligionários no âmbito estadual, de vez que apoiavam a mesma facção política, que era a de Nogueira Acioli, presidente do Estado, mas adversários a nível municipal, pois havia disputa pela chefia do município”.

O próprio Amarílio Gonçalves Tavares reconhece que era de estranhar que houvessem divergências entre Dona Marica e o Coronel. Totonho, “pois havia estreitos laços de parentesco entre os dois: Ana Isabel de Macedo, Naninha, esposa de Totonho Lei-te, era sobrinha de José Antônio de Macedo, primeiro marido de Dona Marica, e a única filha mulher de Dona Marica, Joaninha, era casada com Vicente Leite, filho do mesmo Totonho Leite”.

“O município de Aurora limitava-se com o de Milagres, no sítio Taveira. Ali viviam os Santos, que pertenciam ao reba-nho eleitoral do Coronel Domingos Furtado. As autoridades de Aurora, que eram Antônio Leite Teixeira Netto (Intendente Mu-

nicipal), Manuel Gonçalves Ferreira (1º Suplente de Juiz) e Ró-seo Torquato Gonçalves (Delegado), já faziam planos de atacar o Taveira, tendo em vista a prática, por pessoas dali de agressões, ora às pessoas, ora ao patrimônio de correligionários do Coronel Totonho. Estas autoridades não tinham mais o que esperar, dian-te do esbulho causado pela demarcação do Coxá”.

O texto prossegue: “Um grave incidente foi o espanca-mento de um correligionário do Coronel Totonho, de nome José Gonçalves Pescoço, praticado por dois filhos de Dona Idalina Santos, cunhada de Seu Cândido do Pavão, revidando agressão sofrida tempos atrás por Joaquim dos Santos. Ante a queixa apresentada por Gonçalves Pescoço, o delegado Róseo Torquato fez o processo e tratou de prender os Paulinos. O Coronel Cândido transferiu os sobrinhos para o sítio Taveira, onde o “coronel.” Domingos os garantiria”.

“Em dezembro de 1908, observou-se movimentação de jagunços na faixa Taveira Coxá, em vista do trabalho de demarcação coordenado por Floro Bartolomeu. Por esse tem-po, correram rumores de que os homens reunidos no Tavei-ra preparavam-se para atacar Aurora, em represália à ofensa causada a Joaquim dos Santos”.

“Manuel Gonçalves chamou Róseo Torquato e lhe disse:--“Antes que eles venham almoçar aqui, vamos tomar o café lá”. O número de capangas a serviço de Totonho Leite era insignifi-cante. Sem um número de guarda-costas com os quais pudesse enfrentar um inimigo que se sabia ser extraordinariamente forte, Teixeira Netto pediu e conseguiu do presidente Nogueira Acioli a vinda dos destacamentos policias de Iguatu e Lavras, num total de 60 praças sob comando do tenente Florêncio. A pretensão do coronel Totonho era capturar os homens que haviam espancado seu correligionário Gonçalves Pescoço e que se achavam refugia-dos no Taveira, em casa do Capitão José dos Santos”.

Como explica o escritor Amarílio Gonçalves Tavares, “Dona Marica Mace-do – peça chave do episódio – foi avisada pela filha Joaninha de que a sua proprie-dade Tipi seria atacada. A fim de pedir apoio ao Cel. Antônio de Santana e a João Raimundo de Macedo (Joça do Brejão), seus parentes, ela retirou-se com a famí-lia, a cavalo, para Missão Velha, indo per-noitar no Taveira, exatamente de 16 para 17 de dezembro de 1908”.

Segundo o texto, quando a força policial chegou ao Tavei-ra, na madrugada de 17 de dezembro, foi recebida a bala. Houve um tiroteio que durou das três horas da manhã até uma da tarde. Quando os tiros começaram, todo mundo cuidou de correr para dentro de casa. “José Antônio, de 14 anos, filho de Dona Mari-ca, lembrou-se do cavalo que estava amarrado num pé de juá, e correu para soltá-lo. Não deu tempo, e o rapaz, estando do lado de fora, foi mortalmente atingido por uma bala”. Marica não se deixou abalar. Aos filhos que choravam a morte do irmão disse: “Não, deixa disso. Encosta ele num pé de parede e vamos lutar”. E ela mesma levou o filho até a parede, retornando à briga.

Ainda de acordo informações de Amarílio Gonçalves Tavares, a morte do filho, naquelas circunstâncias, desenca-deou a fúria de Dona Marica Macedo, que, incontinente, foi se valer de Doutor Floro Bartolomeu, que se encontrava nas ime-

diações. “Doutor Floro foi com Dona. Marica até a presença de Domingos Furtado, e este, sob as alegações de Floro, redigiu um telegrama, para o presidente Nogueira Acioli, pedindo a retirada da tropa estacionada em Aurora. No referido telegra-ma, que foi assinado por Domingos Furtado, José Inácio e An-tônio Joaquim de Santana, e opropósito era destruir a sede do município. Imediatamente, - na mais evidente demonstração de pusilanimidade, Nogueira Acioli – apelido de Babaquara, ordenou a saída do contingente policial”.

Por sua vez, Marica Macedo contava com o apoio dos seus parentes Antônio Joaquim de Santana e João Raimundo de Macedo, bem como dos amigos Domingos Leite Furtado e Zé Inácio do Barro, junto aos quais instou para que atacassem Aurora e derrubassem da chefia municipal o Coronel Teixeira Neto devendo, para esse fim, reunir o maior número possível de homens armados.

Assim sendo, na véspera do ataque à Aurora, estavam concentrados no Barro cerca de 600 homens armados – do cabra ao cangaceiro – vindos, a saber, de Milagres (Domingos Furta-do), Missão Velha (Antônio Joaquim de Santana), Barbalha (João Raimundo de Macedo), Barro (José Inácio de Souza), Juazeiro (Floro Bartolomeu), Brejo dos Santos (Chico Chicote), Porteiras (Raimundo Cardoso dos Santos), Santana do Cariri (Felinto da Cruz Neves), Lavras (Gustavo Augusto Lima) e Caririaçu (Padre Augusto Barbosa de Menezes).

Por ordem do presidente Acioli, a tropa foi evacuada na manhã do dia 23 de dezembro, de modo que, às 4 horas da tar-de, um verdadeiro exército de bandoleiros pôde entrar na sede municipal, sob o comando do “major” José Inácio. A jagunçada entrou em Aurora sem encontrar qualquer resistência porque embora a vila de Aurora tivesse uma população de pouco mais de mil pessoas, no dia da invasão estava vazia. A maior parte da população retirou-se para os sítios e fazendas. Quem não fugiu sofreu as mais terríveis violências, com perseguições aos paren-tes e amigos de Totonho Leite e Manuel Gonçalves.

“Houve assaltos a residências e casas comerciais, cujas portas foram arrombadas a coices de rifles e a golpes de macha-do, valendo salientar que os roubos se estenderam às proprieda-des rurais, onde foram depredadas, pilhadas e varridas por in-cêndios, nada menos de vinte e cinco fazendas, em cujo número, se incluíam todas as propriedades do Coronel Totonho”.

Depois de ter conseguido reunir seu exército de cabras, Marica Macedo ganhou o respeito do povo e dos coronéis, tendo sido uma das únicas mulheres, senão a única na época, a ocupar um cargo de decisão. Quando seu filho, Antônio Macedoesteve à frente da prefeitura, de 1919 a 1921,o município foi dividido em partes para ser melhor administrado. Coube uma dessas áreas, a que se estendia em direção à Paraíba, à Marica, que aliás foi excelente administradora.

Magra, rosto fino, onde se destacava um nariz grande, comprido e afilado, es-tatura mediana, tinha uma riqueza apoia-da no tripé engenho/agricultura/pecuária, que orientava a produção de suas proprie-dades. Fez do Tipi um famoso coito de cangaceiros, esconderijo perfeito para o espaço ocioso entre uma pilhagem e ou-tra; com eles Marica mantinha ótimo re-lacionamento, tendo-os à disposição sem-pre que precisasse.

A matriarca dos Macedo teve estranha morte, no dia 6 de janeiro de 1924. Muito religiosa,Marica rezava todos os dias, e em suas preces diárias, pedia que Deus lhe concedesse a graça de jamais ver a morte de outro filho. Certo dia foram chamá-la às pressas no Tipi, pois Joana estava muito doente.

As preces de Marica não foram em vão: quando en-trou no quarto da filha, foi acometida de estranho ataque que a levou à morte instantânea. Não viu morrer a filha, que só veio a falecer três ou seis dias depois. Quando foi feita a exu-mação dos ossos de Marica, encontraram sua dentadura na altura das costelas. Acredita-se que morreu asfixiada após engolir os dentes postiços.

MARIA DA SOLEDADE LANDIN,A MARICA MACEDO DO TIPI

Ela ficou conhecida como uma das matriarcas do Cariri, mulheres valentes que desafiaram a sociedade da época, igualando-se aos homens em poder, coragem e capacidade de lutar. Mas, Dona Marica Macedo passou à história

também por sua relação com um dos episódios mais controversos do Cariri: a invasão de Aurora.

http://familiavasqueslandim.blogspot.com.br/2011/08/marica-macedo-do-tipi.htmlhttp://familiavasqueslandim.blogspot.com.br/2011/09/d-marica-macedo-e-invasao-de-aurora.htmlhttp://cariricangaco.blogspot.com.br/2010/05/cariri-cangaco-visita-o-tipi-de-marica.htmlhttp://www.aurora.ce.gov.br/cultura/texto.asp?id=84

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ESTACA ZERO O Guarani está acéfalo após a renúncia do presidente José Moura. O vice,

Cícero Davi, assumiu o time. Mas diante de tantas dificuldades financeiras, o vice também renunciou. A torcida leonina aguarda com ansiedade que o Conselho Deliberativo marque as eleições. O nome mais cotado é de Luciano Basílio, que já dirigiu o clube há cinco anos. A próxima diretoria do Guarani precisa de muita habilidade para mudar rapidamente esse momento de transição, onde tudo parte da estaca zero.

PAULISTÃOJogar com o regulamento embaixo do braço. Essa

frase é muito usada por alguns comentaristas de futebol. O Corinthians, na fase classificatória, somou mais pontos do que a Ponte Preta. A vantagem do Timão era jogar em casa, mas o tiro saiu pela culatra e a Macaca, depois de alguns anos, chegou na semifinal do Paulistão.

ERRO PRIMÁRIO Imperdoável o erro cometido pela supervisão

do time do Crateús. Contagem de cartões é uma coisa primária no futebol. Dizem que tudo acontece com o Ferroviário em termos negativos, mas nesse momento a torcida do Ferrim comemora a permanência do time na primeira divisão. No tapetão, o nocauteado ganhou a luta.

CONTRATAÇÕES A torcida do Icasa aguarda com ansiedade as

novas contratações para a série C. O treinador Tarcisio deverá apontar alguns jogadores da sua confiança para formar um elenco de qualidade. A diretoria do Verdão trouxe de volta Ocilio Guru para auxiliar nas contratações, já que Guru tem trânsito livre em vários clubes do futebol brasileiro.

CALENDÁRIOO futebol cearense tem um ótimo calendário para

o segundo semestre. O Ceará trouxe de volta o treinador P.C. Gusmão, que deu uma nova cara para o time. O Fortaleza, pela estrutura que tem, pode voltar para a série B, o treinador Nedo Xavier pode ajudar muito pela experiência que tem. O Icasa, além da queda para série C, fez um péssimo campeonato cearense. A exemplo do Verdão, o Guarany de Sobral não ficou atrás e fez uma campanha vergonhosa no estadual. O time do Horizonte pela base que tem, poderá surpreender na série D.

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Raphael Barros

Tudo começou em 19 de abril de 2002, quando a mulher de um colega mor-

reu e ele guardou o convite da missa de sétimo dia dela, conhecido também como santinho. Outras pessoas fo-ram morrendo e ele não pa-rou de guardar os santinhos, virou uma coleção. Roberto Brito, 44, taxista há 18 anos, tem mais de cinco mil des-ses convites, dos quais mais de mil são de pessoas que morreram em acidentes de moto. Mas esses não são nú-meros corretos, porque nem sempre é possível ir a todas as missas.

“Às vezes, eu pas-so na casa da pessoa para uma visita de condolência e pego um santinho, às vezes, as pessoas me procuram para entregar, porque sa-bem que eu coleciono. Tem gente que vai para missa e joga o santinho no lixo. Eu não, eu guardo. Quando alguém me procura no pos-to de táxi onde trabalho, na Praça Cristo Rei, no Crato, e não me encontra, deixa com algum colega meu”, explica o taxista.

Este ano, Roberto já pegou muitos santinhos de gente que morreu em aci-dente de moto. “É uma fre-quência grande, todo dia tem gente morrendo por causa de moto. Até agora, abril, tenho uns 50. Quase todos os aci-dentes que eu tenho notícia estão ligados ao consumo de álcool e ao não uso de capa-cete”, lamenta.

Dados Segundo levantamento

feito pelo Departamento de Trânsito do Ceará (Detran/CE), de 2002 a 2011, 4.106 mo-tociclistas morreram em aci-dentes de trânsito no estado. As vítimas não fatais, no mes-mo período, foram 46.193. Os números são alarmantes e estão ligados diretamente ao consumo de bebida alcoólica e a não utilização de capacete. A principal infração registra-da pelo Núcleo de Planeja-mento e Controle do Detran é a condução de motocicletas sem o uso de capacete. Em 2010, foram 7.847 autuações. Já em 2011, 23.040. Com o aumento da fiscalização, o número de autuação também cresce e evitam-se mortes.

Em números mais es-pecíficos para a região do Cariri, foram 295 mortes em 2011, resultado dos 402 aci-dentes com moto registra-dos pela regional do Detran em Juazeiro do Norte. Até o mês de março deste ano, o Instituto Médico Legal (IML) de Juazeiro do Norte, que tem ação em 25 municí-pios do Cariri, computou 62 mortes de motociclistas. Da-dos do IML informam que 90% das mortes com relação a acidentes de trânsito estão ligadas à moto.

IndenizaçãoO seguro chamado Da-

nos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) serve para indenizar vítimas de acidente de trânsito. O número total de mortes registradas no Nor-deste por acidente de motoci-cletas chega a 4.500, em 2011, com gasto avaliado pelo segu-ro de R$ 65.394.717

Existem três tipos de cobertura do DPVAT: morte, invalidez permanente e da-nos (reembolso de despesas médicas hospitalares). No caso de morte, o valor da in-denização é R$13.500 por víti-ma (o dinheiro é entregue aos herdeiros legais); o prazo para pedir o seguro é de três anos, a contar da data do aciden-te. Com relação à invalidez, o valor é de até R$13.500, de acordo com o grau da seque-la da vítima. Já a cobertura de reembolso de despesas mé-dicas serve para indenizar as vítimas com relação a gastos com medicamentos, tratamen-to médico, consultas, exames, podendo ser pedido o valor de até R$2.700, de acordo com as notas fiscais apresentadas.

Qualquer pessoa que tem veículo é obrigada a pagar o seguro, sendo beneficiados todos os cidadãos. Por exem-plo: se sou um pedestre, estou na rua e sou atropelado, mes-mo não sendo proprietário de veículo e sem pagar o seguro, tenho o direito à indenização.

O seguro DPVAT con-tribui com a manutenção da saúde pública e a política na-cional de trânsito. Do total ar-recadado pelo Seguro DPVAT, 45% são destinados ao Fun-do Nacional de Saúde (FNS), para custeio da assistência médico-hospitalar dos segu-rados vitimados em acidentes de trânsito; e 5% ao Departa-mento Nacional de Trânsito (DENATRAN), para aplica-ção em programas destinados à prevenção de acidentes de trânsito.

Motos causam 90%dos acidentes detrânsito no Cariri

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