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Jornal do Conselho Nacional de Saúde IMPRESSO Junho/Julho de 1999 - ano 2 - número 4 pág. 08 pág. 02 pág. 11 A solicitação realizada pelo CNS de que fosse evitado o vácuo de recondução dos conselheiros, foi atendida com a publicação do decreto de posse aos novos conselheiros e renomeação dos outros representantes do CNS, para a gestão do governo de 1999/2002. As nove resoluções do ano de 1998 foram homologadas, incluindo agora a que trata do Regimento Interno, e mais cinco outras devolvidas com justificativas baseadas nos critérios definidos pelo CNS, constantes no Regimento Interno e outras decisões. Aprovada ainda a resolução de nº 290, homologada pelo Ministro José Serra, que define as diretrizes para elaboração da proposta orçamentária do Ministério da Saúde para o ano 2.000. Arnaldo Machado de Souza, novo diretor do DATASUS apresentou o projeto de expansão da capacidade de informatização do setor, com base em credenciamento de empresas de informática previamente capacidadas. Descentralização do DATASUS gera polêmica É aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde - CNS e pela Secretaria de Políticas de Saúde uma nova política que garanta a qualidade dos alimen- tos e a prevenção e controle dos distúrbios nutricionais. CNS aprova Política Nacional de Alimentação e Nutrição O SUS e os Hospitais Universitários Esta edição publica os resultados da Oficina de Trabalho do CNS “Inserção do Componente Assistencial dos Hospitais Universitários e de Ensino no Sistema Único de Saúde. CNS debate: previsões e retrospectiva do orçamento da saúde O Secretário Executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri, apresenta sinais de recuperação do orçamento da saúde no país, com o aumento do volume de investimento público, ampliação do atendimento e melhoria de alguns indicadores de oferta de serviços. Enquanto que o CNS lembrou a face da saúde pública do país nestas últimas duas décadas, sem crescimento, aumento da arrecadação e do déficit público e sem investimento em políticas sociais e infra-estrutura de saúde. pág. 06 pág. 04 Ministro homologa resoluções e o Regimento Interno do CNS http://conselho.saude.gov.br controle social controle social

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Jornal do Conselho Nacional de Saúde

IMPRESSOJunho/Julho de 1999 - ano 2 - número 4

pág. 08 pág. 02 pág. 11

A solicitação realizada pelo CNS de que fosse evitado o vácuo de

recondução dos conselheiros, foi atendida com a publicação do

decreto de posse aos novos conselheiros e renomeação dos outros

representantes do CNS, para a gestão do governo de 1999/2002.

As nove resoluções do ano de 1998 foram homologadas,

incluindo agora a que trata do Regimento Interno, e mais cinco

outras devolvidas com justificativas baseadas nos critérios definidos

pelo CNS, constantes no Regimento Interno e outras decisões.

Aprovada ainda a resolução de nº 290, homologada pelo Ministro

José Serra, que define as diretrizes para elaboração da proposta

orçamentária do Ministério da Saúde para o ano 2.000.

Arnaldo Machado

de Souza, novo diretor do

DATASUS apresentou o projeto

de expansão da capacidade de

informatização do setor, com

base em credenciamento de

empresas de informática

previamente capacidadas.

Descentralização

do DATASUS

gera polêmica

É aprovado pelo Conselho

Nacional de Saúde - CNS e pela

Secretaria de Políticas de

Saúde uma nova política que

garanta a qualidade dos alimen-

tos e a prevenção e controle

dos distúrbios nutricionais.

CNS aprova Política

Nacional de

Alimentação e

Nutrição

O SUS e os

Hospitais

Universitários

Esta edição publica os

resultados da Oficina de

Trabalho do CNS “Inserção do

Componente Assistencial dos

Hospitais Universitários e de

Ensino no Sistema Único de

Saúde.

CNS debate: previsões e

retrospectiva do orçamento da saúde

O Secretário Executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri,

apresenta sinais de recuperação do orçamento da saúde no país, com o

aumento do volume de investimento público, ampliação do atendimento e

melhoria de alguns indicadores de oferta de serviços.

Enquanto que o CNS lembrou a face da saúde pública do país nestas

últimas duas décadas, sem crescimento, aumento da arrecadação e do

déficit público e sem investimento em políticas sociais e infra-estrutura

de saúde.

pág. 06

pág. 04

Ministro homologa resoluções e o

Regimento Interno do CNS

http://conselho.saude.gov.br

controle socialcontrole social

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Conselho Nacional de Saúde Junho/Julho de 1999

EXPEDIENTE

O Jornal Controle Social é umapublicação bimestral do Conselho

Nacional de Saúde

Presidente do ConselhoNacional de Saúde

Ministro de Estado daSaúde José Serra

Conselho Editorial

Representantes dos UsuáriosMário SchefferCarlos Martins

Representante do GovernoSílvio Mendes de Oliveira Filho

Representante dosPrestadores de Serviços

Olympio Távora Corrêa

Representante dosProfissonais de Saúde

Temístocles Marcelos Neto

Assessoria deComunicação Social

Fernando Cartaxo

Jornalista ResponsávelCristina Ruas - RG: L.71 - F.1190

FotosGustavo Alexandre

Rubens SilvaLuiz Oliveira

Editoração e Projeto GráficoFernanda M. Junqueira Ottoni

ARS VENTURAImagens & Produções

http://www.arsventura.com.br(061)328-6404

ImpressãoGráfica do Ministério da Saúde

Conselho Nacional de Saúde

Esplanada dos MinistériosBl. G - Anexo Ala B

1º andar - salas 128 a 147cep: 70058-900 Brasília - DF

fones:(061)225-6672/226-8803

315-2150/315-2151fax:

(061)315-2414/315-2472e-mails:

[email protected]://conselho.saude.gov.br

As matérias são de responsabilidadede seus autores

tiragem: 8.000 exemplares

A P R E S E N T A Ç Ã O

CNS aprova PolíticaNacional de Alimentaçãoe NutriçãoASecretaria de Políticas de Saúde submeteu

ao plenário do CNS mais uma, das doze polí-ticas que estão sendo formuladas pelos GruposTécnicos e aperfeiçoadas em oficinas de trabalho.

A “Política Nacional de Alimentação e Nutri-ção” foi encaminhada a Comissão IntergestoresTripartite e CNS.

Algumas das ações desta nova política já vemsendo implementadas, como por exemplo, a incor-poração do incentivo nutricional através do PAB.

No próprio Conselho, o tema suscitou a neces-sidade de reinstalação da Comissão Intersetorialde Alimentação e Nutrição para acompanhamen-to desta ação, em busca de garantir para a socie-dade uma vida saudável, ativa, participativa e dequalidade.

O CNS constituiu uma Comissão Especial com-posta por Maria Leda Dantas, Zilda Arns Neumann,Mozart de Abreu Lima, Albaneide Maria LimaPeixinho e José Carlos Bezerra Passos, que introdu-ziu um elenco de alterações na política, aprimo-rando-a técnica e operacionalmente.

Esta política vem ao encontro da necessidadede garantir ao conjunto da sociedade o acesso ea qualidade dos alimentos, além de promover prá-ticas alimentares saudáveis e a prevenção e ocontrole dos distúrbios nutricionais.

Situação Alimentar eNutricional• hábitos e práticas alimentares inapro-priados em todo o país e desconheci-mento da população a respeito de umaalimentação saudável;• inoperância da vigilância sanitária naefetiva fiscalização dos alimentos pro-duzidos e comercializados no país,incluindo os alimentos importados;• deficiência alimentar de ferro e cálcio;• deficiência de Vitamina A é endêmicanas regiões Nordeste, Norte e em bol-sões de pobreza.• carência de iodo em áreas do Centro-Oeste e Amazônia Legal não abasteci-das por sal iodatado.• baixo aleitamento materno em todo opaís.• evolução epidêmica da obesidade edas dislipidemias.

O Jornal do CNS passapor mudançasEste número do Jornal Controle

Social reflete um momento em queo CNS vem desenvolvendo um con-junto de práticas de comunicação so-cial em saúde, que pretendem refletiros interesses e posicionamentos dosseus segmentos básicos (usuários, pro-fissionais de saúde, prestadores deserviços e governo) e entidades que osrepresentam, incluindo suas divergên-cias, mas também os consensos eavanços na implantação do SUS,gerados dentro do pluralismo do CNS.

A partir de tais pressupostos, o CNScriou o seu Conselho Editorial respon-sável pela definição dos caminhos parauma comunicação ativa, participativa eestimulante do processo do controle so-cial, através dos meios disponíveis doCNS - Jornal, Home-Page, Boletim, Con-ferência On-Line e outras publicações.

Este é o início de um processo de

crescimento conjunto, que pretende es-tabelecer diretrizes para que as infor-mações produzidas sejam compromis-sadas com a verdade, trabalhadas paradespertar o prazer da leitura e da curio-sidade, alimentando o sentimento e osdireitos de cidadania.

É, pois, com satisfação que o Conse-lho Editorial do Conselho Nacional deSaúde, faz chegar às mãos de todos osconselheiros, assim como os profissio-nais em saúde, usuários e demais inte-grantes da rede SUS, mais um númerodo Jornal do Controle Social, avançan-do seu projeto editorial que, certamen-te, será um instrumento que refletirá o plu-ralismo e o destacado papel do CNS noresgate da cidadania na saúde.

O seguinte formato será experimen-tado a partir deste número, até que no-vas sugestões dos leitores ao ConselhoEditorial venham alterá-lo.

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Junho/Julho de 1999 Conselho Nacional de Saúde

acontece

• Chegando num momento oportuno,quando o país presencia a construção de umanova cultura de ética em pesquisa, o Conse-lho Nacional de Saúde, através da ComissãoNacional de Ética em Pesquisa e a Associa-ção Brasileira de Pós-Graduação e Saúde Co-letiva, lançam mais um número dos “Cader-nos de Ética em Pesquisa”, um instrumentode debate permanente , que valoriza a dig-nidade do ser humano através do resgate dosvalores morais e éticos de nossa sociedade.

• O Conselho Nacional de Saúde lança a publicação “Dire-trizes Nacionais para Capacitação de Conselheiros de Saú-de”, fonte fundamental para todos os conselheiros que tem comoatribuição legal a de atuar na formulação de estratégias de ope-racionalização e no controle da execução da política de saúde.

Encaminhe suas experiências, informações, críticas e su-gestões para o e-mail [email protected]

•XV Congresso Nacional de Secretá-rios Municipais de Saúde será no Esta-do do Rio de Janeiro, de 26 a 30 de agosto,no Pavilhão do Riocentro, na Barra daTijuca.

Maiores informações com o CONASEMS,através do telefone (061)315-2121/2828.

Em decorrência do trabalho competen-te desenvolvido pela Procuradoria Geralda República, o Ministério da Saúde pas-sará em 1999, a ter um aumento de recur-sos da ordem aproximadamente de R$500 milhões.

Com o novo Decreto do Presidente daRepública, desencadeado por ação daProcuradoria, os 45% dos recursos doDPVAT (Seguro Obrigatório de Veículos

C I R C U I T O A B E R T O

• Já se encontra à disposição de todos os conselheiros, aedição dos textos, sistematizados, do Relatório Final do II En-contro Nacional de Conselheiros de Saúde “Efetivando oControle Social”, que pretende contribuir para fermentar essefenômeno crescente de implementação do SUS no país e deefetivação do controle social.

• O Plenário do Conselho Nacional deSaúde aprovou a realização de uma ofici-na de trabalho que envolva além do CNS,MS, CONASS e CONASEMS, outros ór-

Automotores), referentes a assistência àsaúde dos acidentados, passaram a serdepositados diretamente no Fundo Nacio-nal de Saúde, no prazo de dois dias apósseu recolhimento.

As seguradoras que ficaram com 50%do DPVAT serão responsáveis pelo pa-gamento do Seguro de Vida, Invalidez ede Despesas Médicas quando o atendi-mento for feito por serviços de saúde

privados não contratados pelo SUS.A prova do maior aporte de recursos é

que só no mês de fevereiro já se arreca-dou R$ 80 milhões de reais. O dobro damédia mensal de 1998.

Só que, o Art. 66 da proposta da LDO2000 em tramitação no Congresso Nacio-nal propõe a suspensão das vinculaçõese repasses aos Fundo, exceto as vincu-lações constitucionais.

gãos do Governo e de pesquisa aplicada.Com a finalidade de elaborar indicado-

res e instrumentos de fácil entendimento eaplicação por todos os conselheiros, paraacompanhar a complexa execução orça-mentária, em todas as suas formas de gas-tos diretos, de repasses, compra de servi-ços e outras, até onde estão ou não seafastando das diretrizes e da construçãodo Sistema Único de Saúde.

O Programa deste evento encontra-seem fase de elaboração e será divulgado

encontros e eventos

fatos

em breve.

publicações

• Está sendo programado para setem-bro a realização da III Reunião Técnica dasSecretarias Executivas dos ConselhosEstaduais e Nacional de Saúde.

• O CNS editará as primeiras seis publi-cações da série Efetivando o Controle So-cial. Os temas tratarão da Comunicação eo Controle Social e das Bases Legais dosConselhos de Saúde.

Seguro obrigatório de veículos vai para a saúde

• O Conselheiro Carlos Martins lembrouem plenário as denúncias de existência deirregularidades em Conselhos Estaduais eMunicipais de Saúde e a necessidade deconcretizar decisão anterior do CNS de de-signar conselheiros para acompanharem es-tas ocorrências.

• O primeiro grupo composto pelos con-selheiros Silvio Mendes de Oliveira Filho eTemístocles Marcelos Neto já está acom-panhando a situação do Conselho Estadualdo Espírito Santo.

• A Comissão Nacional de Ética em Pes-quisa do CNS, responsável pela criação de213 comitês de ética em pesquisa no país,agora recebe o apoio técnico e gerencialdo Departamento de Ciência e Tecnologiarecém implantado na Secretaria de Políti-cas do MS, resultando um importante pro-jeto conjunto.

• O Conselheiro Artur Custódio deSousa, Coordenador Nacional do Movimen-to de Reintegração das Pessoas Atingidaspela Hanseníase/MORHAN, informou que

recomendação aprovada pelo CNS, emdezembro do ano passado, vem mudan-do o modelo de atenção da hanseníase,antes vista verticalmente para uma atua-ção horizontal.

Segundo ele, agora “esta política éadotada no âmbito nacional e, a partir domês de abril, foi reconhecida pela OMS.

• Já se realizam as primeiras reuniõespara reinstalação da Comissão Interseto-rial de Saneamento e Meio Ambiente doConselho Nacional de Saúde.

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Conselho Nacional de Saúde Junho/Julho de 1999

Novos critérios na homologaçãodas resoluções do CNS

E S P A Ç O C N S

Ministro homologa deliberações do CNS

Aconselheira Rita Barata fezum breve relato do encontroque a Delegação de Conse-

lheiros do CNS manteve com o Mi-nistro da Saúde, José Serra.

“A solicitação realizada peloConselho Nacional de Saúde (CNS)de que fosse evitado o vácuo de re-condução dos conselheiros, foi aten-dida em tempo, com a publicação dodecreto de renomeação.

Foi atendida também o pedido dapresença do MS no CNS, com a no-meação de Maria Angélica comorepresentante.”

Rita lembrou que, na ocasião, acomissão apresentou o RegimentoInterno para ciência do Ministro, cha-mando atenção do caráter democrá-tico de sua construção, expressandoa experiência acumulada do CNS.

O que resultou no compromissodo Ministro de homologar o Regimen-to Interno, tão logo fossem conside-radas pequenas alterações solici-tadas pela consultoria jurídica doMinistério da Saúde, adequando-o aodecreto 99.438/90, ainda vigente.

Outro assunto em questão, foi aproposta de reestruturação do CNS.Segundo Rita, o Ministro teve reaçãocontrária.

Para José Serra, a proposta apre-sentada dava um caráter corporativo,com peso excessivo aos traba-lhadores em geral e aos profissionaisde saúde e, faltava atores como oHospital Universitário, que reputa degrande importância, ou as filantró-picas que não deveria estar em sis-tema de rodízio com os outros pres-tadores privados, já que elas são es-senciais para o Sistema Único deSaúde - SUS.

Por fim, o Ministro reconheceu quehá uma série de matérias encami-

nhadas pelo Conselho Nacional deSaúde que não seriam passíveis dehomologação. Segundo ele, a despei-to de ser presidente do ConselhoNacional de Saúde ele é Ministro daSaúde.

O Conselho Nacional de Saúdeficou de reestudar o encaminhamentodas matérias passíveis de homolo-gação, visando regularizar este trâ-mite, o que passou a ser realizado apartir da reunião ordinária do mês demaio, com a homologação da reso-lução 290.

Em um novo encontro da Comis-são do Conselho Nacional de Saúdecom o Ministro José Serra, Zilda Arnsfez a exposição, reforçando a impor-tância do cumprimento do papel doConselho de ser um espelho do con-trole social, “para isso é importantea homologação de suas resoluções”,disse.

Linha Direta

Ficou acertado uma aproximaçãomais estreita entre o coordenador doCNS e o Ministro, estabelecendo umfluxo direto no trato das resoluções,discussões como a do RegimentoInterno.

O Conselheiro Carlyle Guerra deMacedo, em audiência com o Minis-tro, ficou surpreso ao descobrir queaté aquele momento José Serra, nãohavia recebido as resoluções doConselho Nacional de Saúde.

Para esclarecer o fato, Serra soli-citou a presença do Chefe de Gabi-nete, ficando acordado que estasituação seria corrigida imediatamen-te, através da implementação rápidados fluxos CNS - GM previstos noRegimento Interno do ConselhoNacional de Saúde - CNS.

Ministro José Serra participa de Plenária do CNS

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Tomam posse novos membrosdo CNS

OMinistro da Saúde José Serra,deu posse aos novos conse-

lheiros e reconduziu os demais con-selheiros para o período de 1999 a2003.

Na ocasião, estavam presenteso Procurador da República dos Di-reitos do Cidadão, Wagner Gonça-lves, o Chefe de Gabinete OtávioMercadante e o Secretário de Políti-cas de Saúde João Yunes. Segun-do José Serra, a publicação do de-creto com a recondução dos mem-bros do Conselho e designação dosnovos, foi em resposta a solicita-ção apresentada pelo próprio CNS.

O Ministro acredita que “ a únicaforma da saúde caminhar daqui pa-ra frente é com cooperação.

Ficando o Ministério cada vezmais como um agente repassadorde recursos e fixador de política, ea execução direta fica nos braços

executivo dos estados e municípios.Alertou ainda sobre a condição

financeira, “não vamos ter recursospara cobrir buracos em função dacrise econômica, muito governado-res no primeiro ano de mandatoquerem socorro, mas não temos di-nheiro! A nossa luta visa recomporo dinheiro do SUS. Faltam os 700milhões, e esta é a prioridade. Nes-te sentido, é que tenho me empe-nhado na eliminação dos impostosque incidem sobre os insumos.”

Conseguimos um acordo paraisenção do ICMS que tem alíquotade 17%, continua José Serra, “nãofoi fácil, pois queriam aprovar a isen-ção só para o Sistema Único de Saú-de, o que levaria a ter produto comdois preços.

Agora temos que tirar o impostode importação e o IPI, que permitirá30% de economia.”

Conselheiro TitularAlbaneide Maria Lima PeixinhoAna Maria Lima BarbosaAntônio Celso Nunes NassifArtur Custódio M. de SousaAugusto Alves de AmorimCarlos Corrêa MartinsCarlyle Guerra de MacedoClimério da Silva Rangel JúniorDiógenes Sandim MartinsEdenilza de Assis e MendesEnio Antônio Marques PereiraJocélio Henrique DrummondJosé Carlos Bezerra PassosMargareth Martha Arilha SilvaMaria Angélica GomesMaria da Graça Amorim

Maria Leda de R. DantasMário César SchefferNeide Regina Cousin BarriguelliOlympio Távora CorrêaPaulo RomanoRita de Cássia Barradas BarataRoseli Lopes SaadSamuel Monteiro Santos JúniorSérgio Francisco PiolaSérgio Luís MagarãoSilvio Mendes de Oliveira FilhoTancredo Castro SoaresTânia Guimarães e Souza MonteiroTemístocles Marcelos NetoWilliam Saad HossneZilda Arns Neumann

OMinistro da Saúde José Serrahomologou dez resoluções do

CNS, além do novo Regimento Inter-no. Outras cinco estão sendo devol-vidas com justificativas baseadasnos critérios definidos pelo CNS, cons-tantes no Regimento Interno e outrasdecisões.

Foram discutidas em plenário, osparâmetros para homologação deresoluções do Conselho, na tentativade criar mecanismos facilitadorespara aprovação e publicação dasmesmas pelo Ministério da Saúde.

A proposta traz como inovação adispensa de obrigatoriedade de ho-mologação pelo Ministro das maté-rias pertinentes ao campo da fiscali-

zação da execução das políticas desaúde e das relações do CNS com oCongresso, Ministério Público, outrosConselhos Estaduais e Municipais edemais instituições do controle so-cial. E, ficariam suscetíveis de ho-mologação, as políticas, estratégias,diretrizes e atos do sistema de ges-tão dos serviços e, obrigatoriamente,quanto a sua pertinência, relevânciae oportunidade. As decisões susce-tíveis de homologação devem passarpela concordância com os princípiosdo SUS, pelo significado da moder-nização gerencial do setor público eadequação dos instrumentos de orça-mentação e execução orçamentáriaàs diretrizes do SUS e das NOBs.

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Junho/Julho de 1999 Conselho Nacional de Saúde

CNS define prioridades para oorçamento do ano 2000Sobre a questão orçamentária e a nova sistemática de estruturação do orçamento, a Comissão deOrçamento e Finanças do CNS apresentou diretrizes para que sejam incluídas na LDO de 2.000 eno PPA de 2.000 a 2.003. Aprimorada e aprovada em plenário do CNS como Resolução de nº 290e homologada pelo Ministro José Serra, ela define as diretrizes para elaboração da proposta or-çamentária do Ministério da Saúde para o ano 2.000, o seguinte:

regulamentação e vigilância da prestaçãode serviços e da qualidade de insumos efatores;

b) organização dos serviços de urgên-cia e emergência;

c) recomposição de valores para o pa-gamento de serviços e valorização dosmecanismos de pagamento em função decoberturas e resultados (prospectivos).

3 – Controle de problemasespeciais e atenção a grupos maisvulneráveis, com enfoque degêneros:

a) enfermidades preveníveis por imu-nização;

b) endemias principais: malária, tuber-culose, dengue, cólera, chagas e hanse-níase especialmente;

c) DST/AIDS;d) saúde reprodutiva, maternidade e

infância;e) condições crônicas preveníveis: hiper-

tensão, diabetes, formas de câncer, etc;f) atenção específica aos portadores de

deficiência e de patologias;

g) violência no trânsito, no lar, no ambientede trabalho e na escola;

h) drogas, prevenção e tratamento, comênfase na adolescência.

4 – Promoção e participação emsaúde:

a) informação para capacitação emauto-cuidado (hábitos e comportamentos)e para a organização e participação cida-dã e comunitária;

b) fortalecimento do Sistema Nacionalde Controle Social com base no funciona-mento dos Conselhos (Nacional, Estaduaise Municipais) de Saúde;

c) valorização dos mecanismos de co-operação e parceria dentro do Estado (en-tre níveis, instituições e setores) e do Es-tado com a Sociedade Civil.

5 – Continuidade do processo deexpansão e fortalecimento da atençãobásica (PAB e PSF/PACS) e outrosprogramas anexos que devem serarticulados como estratégia reestrutu-radora do modelo de atenção vigente.

Continuar o processo de fortalecimentoe aperfeiçoamento do SUS aumentandosua eficácia social e a satisfação da po-pulação brasileira concentrando esforçosem:

1 – Melhoria de gestão:a) continuar o processo de descen-

tralização aos municípios assegurandocondições para uma progressiva regiona-lização, em rede hierarquizada e integrada,dos serviços de atendimento, incluindo-sea organização dos fluxos de demandas;

b)modernização de processo adminis-trativos de programação, controle e ava-liação;

c)desenvolvimento dos sistemas dainformação;

d) atualização da NOB-96;e) implementação de política de Recur-

sos Humanos.

2 – Melhoria de qualidade doatendimento:

a) aperfeiçoamento das normas deatendimento e do processo e práticas de

As orientações de prioridadesindicadas serão apoiadas por:

1 – Os recursos federais alocadosao MS no Orçamento de 2.000:

a) não serão inferiores, em termos reais,aos aprovados pelo Congresso para 1999e não serão objeto de contingenciamentoem sua liberação e execução orçamentária

e financeira;b) os recursos indicados no item ante-

rior deverão ser aumentados em percen-tual equivalente ao aumento previsto daarrecadação corrente (Tributos, Contribui-ções, Taxas, etc.) da União, mais dois pon-tos percentuais;

c) os recursos adicionais, em termosnominais, excluídos os gastos com pessoal,

serão aplicados necessária e explicitamentenas prioridades indicadas.

2 – Os Estados, o DF e os Mu-nicípios devem aumentar suasalocações para a saúde em propor-ções a serem negociadas com o Go-verno Federal e nas instâncias inter-gestoras do SUS.

A – PRIORIDADES

B - FINANCIAMENTO

C - CONTROLE SOCIAL ESPECÍFICO

O Conselho Nacional de Saúde e osConselhos Estaduais e Municipais de Saú-de, em suas respectivas esferas e solida-riamente entre si, deverão acompanhar aelaboração dos orçamentos dos correspon-

dentes níveis de Governo e sua execuçãopara fiscalizar e controlar o cumprimentodessas orientações.

Para esse efeito os Conselhos se arti-cularão com os órgãos legislativos cor-

respondentes (Câmaras de Vereadores,Assembléias Legislativas e o CongressoNacional) e seus órgãos de apoio e como Ministério Público se for necessário.

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Conselho Nacional de Saúde Junho/Julho de 1999

Previsões e retrosporçamento da saúd

D E B A T E

Mesmo longe de um cenárioideal, a saúde no Brasilcomeça a dar sinais de

recuperação. Esta é a visão do Se-cretário Executivo do Ministério, Bar-jas Negri. Segundo ele, as alteraçõesse refletem no aumento do volumede investimentos públicos em saúde,na ampliação do atendimento e aténa melhoria de alguns indicadores.Nos últimos quatro anos, por exem-plo, o orçamento do Ministério daSaúde aumentou mais de 60% e, al-guns estudos sugerem que o total derecursos aplicados em saúde nopaís, incluindo gastos das própriasfamílias e das empresas, alcançou7% do Produto Interno Bruto, o queequivale a R$ 70 bilhões por ano.

O Secretário Executivo do Minis-tério da Saúde, Barjas Negri, em suafala no plenário do Conselho, afirmouque outra grande mudança que vemacontecendo no orçamento doMinistério da Saúde, está na formado repasse de recursos. Com a imple-

mentação da Norma Operacional Bá-sica/NOB-96, a tendência é diminuira prática de convênios e aumentar atransferência automática dos recur-sos - do fundo nacional para os fundosestaduais e municipais-.

“A cada município que se qualifi-ca no Piso de Assistência Básica/PAB ou na gestão plena do sistema,é mais uma verba destinada automa-ticamente, logo comprometida parao resto da vida, diminuindo assim, oraio de manobra financeira”, explicaBarjas. Hoje não se pode falar emdiminuição de gastos para a saúde,pois o que existe é uma demandacrescente de recursos.

Atualmente, R$ 4 bilhões estãocomprometidos com o repasse auto-mático e, no caso do controle de en-demias que vem sendo realizadoatravés de convênios, Barjas adiantaque futuramente será pactuado comos Estados, por algum outro meca-nismo, a transferência dos recursosdo orçamento do Ministério da SaúdeBarjas Negri, Secretário Executivo do MS, faz previsões sobre orçamento da Saúde

Recomendação nº002/99O Plenário do Conselho Nacional

de Saúde, em sua OctogésimaSétima Reunião Ordinária, realizadanos dias 09 e 10 de junho de 1999,no uso de suas competências regi-mentais e atribuições conferidas pelaLei nº 8.080, de 19 de setembro de1990, e pela Lei nº 8.142, de 28 dedezembro de 1990, considerando:

- a edição da Portaria ConjuntaSE-SAS/MS nº 07 de 02/06/99;

- as informações prestadas ao Ple-nário do CNS durante a 87ª ReuniãoOrdinária, de 09 e 10/06/99, pelosConselheiros representantes do MS,CONASS e CONASEMS.

Recomenda as três esferas: aoMinistério da Saúde, ao ConselhoNacional de Secretários de Saúde eao Conselho Nacional de SecretáriosMunicipais de Saúde:

- aprofundar as análises conjun-tas não somente do momento mastambém do processo de parceria epactuação permanentes dos três ní-veis de Direção Única do SistemaÚnico de Saúde.

- intensificar conjuntamente oaclaramento dos papéis das três es-feras de Governo na Saúde, tendocomo compromisso básico o fiel cum-primento das diretrizes legais da Uni-

versalidade, Equidade, Integralidade,Descentralização e Participação, e

- retomar o mais breve a interlo-cução e intergestão ao nível Nacionalpelas três esferas, através da Comis-são Intergestores Tripartite, forma re-conhecidamente moderna e avança-da de gestão pública.

Plenário do Conselho Nacionalde Saúde, em sua Octogésima Séti-ma Reunião Ordinária.

A tendência do orçamento nas duas últimas décadas

Carlyle Guerra de Macêdo, Conselheirodo CNS apresenta retrospectiva doorçamento da saúde

O CNS analisou o orçamento sob o ân-gulo da sua tendência no decorrer dosúltimos anos e do cotejo entre o empe-nhado, liberado e executado. Reconhe-ceu os avanços no Orçamento de 1999,mas lembrou que nestas duas décadassem crescimento, aumentou a arreca-dação e o déficit público e, ao mesmotempo não se investiu em políticas so-ciais e em infra-estrutura.

ContingenciamentoO Orçamento (R$ 14,918 bi) já des-

contados o pagamento de dívidas e afolha de pessoal do MS, está totalmenteliberado para movimentação e empe-nho, conforme o Anexo I do decreto.

Entretanto, está previsto um montan-te de liberação financeira corresponden-te apenas ao Orçamento de 1999, em-

bora os limites incluam também R$734mi de restos a pagar de 98, em 1999.Existe, portanto uma limitação financeirareferente a restos a pagar no montantede R$734 mi.

É necessário conseguir esta libera-ção, bem como das suplementações jáanunciadas como necessárias, princi-palmente em função das desvalorizaçãodo real frente ao dólar.

Encargos financeiros da União- EFUe o Orçamento do Ministério daSaúde

A Dotação Geral de EFU é de R$ 91,3bi, o que representa mais de R$250 mi-lhões/dia. A parcela do EFU para juros eamortização da dívida é de R$ 89,7 bi, oque representa R$ 246 milhões/dia.

O dotação orçamentária total do

MS, incluindo pessoal e dívida, é deR$ 19,5 bi, o que corresponde à 78 diasda dotação de EFU.

A questão das últimas portarias do MSAo final do mês de abril e início de

maio, a publicação de quatro portariasdo GM, SE e SAS suscitou a discussãoe aprovação no plenário do CNS, daRecomendação 01/99 . Um mês após,é publicada portaria nº7 de 02/06/99da SE e SAS, que suscitou, novamente,discussão na reunião de junho doCNS, o que resultou na aprovação daRecomendação nº 002/99.

Esta questão permanece em discus-são no CNS e entre o MS, CONASS eCONASEMS, e será novamente abor-dada no próximo número do JornalControle Social.

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Junho/Julho de 1999 Conselho Nacional de Saúde

pectiva dode

e a responsabilidade pelas ações.“Na leitura do orçamento de 1999,

vê-se claramente esta diferença naforma do repasse”, constata o Secre-tário Executivo. Segundo ele, asações automáticas, fundo a fundo,são empenhadas e liquidadas ime-diatamente, mas aquelas que estãosob forma de convênio, a exemplode saneamento básico e infra-estru-tura, muitas das vezes só vão serexecutadas no final do ano, “os pro-jetos são feitos nos primeiros trêsmeses do ano, apresentados emmaio, e avaliados em junho, conve-niados em julho e na melhor dashipóteses a primeira parcela começaa ser paga em agosto”, finaliza.

Barjas, fez previsões futuras, “umdia, o orçamento do Ministério daSaúde será reduzido, haverá um pro-jeto de lei que transformará os recur-sos atuais em receita dos estados emunicípios, e o repasse poderá serfindado automaticamente nos próxi-mos anos”. Mas para Barjas, ainda écedo para esta discussão, devido afalta de estrutura tributária e de esta-bilidade, mas esta é uma tendênciaque, segundo ele, dará ao Ministérioa possibilidade de cumprir melhor asua função de coordenador, planeja-dor, arrecadador de recursos, finan-ciador e avaliador.

O Plenário do Conselho Nacionalde Saúde em sua 86º Reunião Or-dinária, realizada nos dias 5 e 6 demaio, no uso de suas competênci-as regimentais e atribuições con-feridas pela Lei nº 8.080, de 19 desetembro de 1999, e pela Lei nº8.142, de 28/12/90, tomando conhe-cimento da publicação das Portari-as GM nº 531 e SAS nº 184 de 30/04/99, e conjuntas nº 01 de 01/05/99, que incidem marcadamente noscritérios e revisões de tetos, sub-te-tos, incentivos e desincentivos as-sistenciais de Estados e Municípi-os, mais uma vez discutiu a ques-tão a luz dos preceitos legais ane-xados a esta e, independentementedo mérito desses atos, constata ví-cio de origem na forma de trami-tação, ao não definir previamentecom o Conselho, os critérios bási-cos. RECOMENDA: ao Ministério daSaúde a suspensão do efeito dosreferidos atos e a apresentação daquestão ao plenário do ConselhoNacional de Saúde.

Recomendação 001/99

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Conselho Nacional de Saúde Junho/Julho de 1999

D E S T A Q U E E M S A Ú D E

Descentralização doDATASUS gera polêmica

Arnaldo Machado de Souza éo novo diretor do DATASUS,departamento vinculado a

Secretaria Executiva do Ministério daSaúde, não mais pertencendo a Fun-dação Nacional de Saúde.

Convidado pelo CNS, Arnaldo dis-correu sobre a proposta de descen-tralização do Datasus, que objetivaexpandir a sua capacidade de infor-matização.

Arnaldo colocou alguns dos mo-tivos que levaram a redefinição dopapel do DATASUS, como a falta deexpansão dos serviços prestados,“até a presente data, apenas 55 hos-pitais da rede pública foram efetiva-mente informatizados, além, da faltade integração e a diversidade dos sis-temas de informação.”

A nova proposta é torná-lo um pro-vedor de serviços de informação, res-pondendo a necessidades dos esta-dos e municípios, ao invés de forne-cedor federal de sistemas de informa-ção. Apesar disso, irá manter a suafunção de fornecer de estatísticas desaúde para o governo federal.

Segundo Arnaldo, este projeto dedescentralização tornou-se público,quando o Secretário Executivo Bar-jas Negri, publicou a portaria que nor-matiza o credenciamento de empre-sas privadas para implantar os pro-

dutos Datasus, habilitando-as a pres-tar serviços de administração hos-pitalar. Os produtos, SIGAB/Sistemade Gerenciamento da Unidade Am-bulatorial Básica, HOSPUB/Sistemade Administração de HospitaisPúblicos, CMC/Sistema Central deMarcação de Consulta e HEMOVIDA/Sistema de Hemocentro serão disse-minados nas entidades públicas, fe-derais, estaduais, municipais, entida-des filantrópicas, e conveniadas aoSUS e nos hospitais, laboratórios ehemocentros.

Para empresas estatais e esta-duais, credenciadas pelo SUS, esta-mos buscando incentivar parcerias erealizar convênios, explica Arnaldo.A política do governo é de transferiras suas ações ao setor privado, atra-vés do Datasus, que antes o oferta-va, acarretando graves prejuízos. “Adecisão de disponibilizar os produtospara qualquer um que queira utilizá-los, foi do Ministério. Após a descen-tralização, o Datasus voltará a atuarem sua função especifica que é de-senvolver sistemas”, finaliza.

Buscou-se seguir os parâmetrosda Lei 8666 para a habilitação destasempresas, com publicação de editalque é voltado para empresa privadasem exclusão para as públicas, queconsta de inscrição com apresenta-ção de documentos necessários.

A análise será feita num prazo dequinze dias, por uma comissão de-signada pela Secretaria Executiva. ODatasus promoverá o treinamentodestas empresas que, só serão habi-litadas após comprovação de capa-cidade para exercer a função, quandolhe será conferido certificado, comvalidade de 24 meses. A operacio-nalização financeira será através derecursos próprios dos interessadosou de programas já existentes no MScomo o Reforsus, como é o caso doSistema HOSPUB. Os contratantesdas empresas habilitadas deverãoser as Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

Responsabilidades do DATASUS– treinamento, dirimir as dúvidas, su-porte ao contratante, fornecer docu-mentação do software, fornecer o pro-duto em meio magnético persona-lizado, definir os pontos de avaliaçãoda empresa, definir os indicadores deempenho e desempenho da empresa.

Obrigações da Credenciada: arcarcom a despesa do treinamento, de-senvolver projetos para implantação,capacitar profissionais e usuários,submeter serviço ao Datasus, garantirsuporte técnico por 12 meses, apre-sentar relatório de avaliação.

Moção do Conselho Nacional de SaúdeO Plenário do Conselho Nacional

de Saúde, tendo sido informado peloDiretor do DATASUS sobre a políticaem execução para a organização(documento “Termo de Referência doDepartamento de Informática doSUS), e considerando:

1 – a importância da informaçãopara o desenvolvimento do SUS, eespecialmente, para o aperfeiçoa-mento da gestão dos serviços desaúde;

2 – o progresso alcançado naestruturação e funcionamento doDATASUS cuja capacidade e produ-ção técnicas são propriedades pú-blicas;

3 – que a administração dos sis-temas de informação em saúde, par-ticularmente, dos sistemas de infor-mação sobre situação de saúde esuas tendências e para a gestão dosserviços públicos, constitui umaresponsabilidade essencial do SetorPúblico incluindo a utilizaçãoindispensável da Informática;

4 – que é necessário expandir oacesso dos serviços públicos de

saúde aos produtos de informáticadesenvolvidos pelo DATASUS.

Decide:1 – agradecer a informação rece-

bida pela Direção do DATASUS;2 – lamentar que essa informação

tenha sido dada quando a respectivapolítica já estava em execução, o queprescinde de qualquer contribuição doConselho a respeito;

3 – expressar sua preocupaçãopela estratégia preferencial adotadapara a implantação dos produtos doDATASUS na rede do SUS, atravésda terceirização privatizante dessafunção, o que implica em:

a) aumento de custos do proces-so com a transferência desses cus-tos às unidades prestadoras, que jáenfrentam dificuldades críticas ecrescentes para financiar suasfunções essenciais de atendimentoà população;

b) o risco de uma mistura exage-rada de interesses privados com res-ponsabilidades públicas, de difícil

controle e significativo potencial dedistorções funcionais e éticas emdetrimento do interesse público;

c) a negação da responsabilida-de pública, e do Ministério da Saú-de, em particular, de apoiar a expan-são da informatização dos serviços“públicos” de saúde como ins-trumento essencial de gestão.

4 – defender a tese de que a es-tratégia nesse campo deveria ser, emprimeiro lugar, prioridade para ofortalecimento das organizaçõespúblicas, envolvendo apoio àcapacitação de seus recursos huma-nos, sua mobilização e gerencia-mento, ficando a utilização de em-presas privadas para açõescomplementares, que cobririam asdeficiências temporárias e insuficien-tes do Sistema Público;

5 – Chamar a atenção para que apossibilidade de “abrir mercado” nosetor especializado podem obscu-recer o objetivo essencial nessecampo, que é a melhoria da gestãodos serviços para atender sempremelhor à população.

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Junho/Julho de 1999 Conselho Nacional de Saúde

A G E N D A S A Ú D E

Impasse na implantação do cartão SUS

OMinistério da Saúde, desdemeados de 98, vem desen-volvendo o projeto do “Cartão

SUS” como é mais conhecido, uminstrumento individual que trará infor-mações básicas do usuário e serviráde ferramenta de gestão. Segundo ocoordenador Benedito Nicotério Filho,“o projeto visa superar as dificuldadesencontradas hoje no fluxo de infor-mações, como o levantamento de in-formações gerenciais, a estrutura nãoinformatizada, o padrão tecnológicosuperado e a fragilidade da individua-lização da informação.”

Todavia, não se pode pensar queo cartão, verdadeira alavanca opera-cional para demonstrar as iniquidadedo sistema de saúde, fará seu papelautomaticamente. O conteúdo das in-formações de saúde a serem inte-gradas pelo Cartão SUS é uma ques-tão da maior importância para o futurodo sistema de saúde. Sem mudança

no conceito poderia servir apenas pa-ra discutir finanças e não saúde.

DENÚNCIA

Jocélio Drumond, representanteda CUT no Conselho, lembrou que aproposta do Cartão Nacional da Saú-de foi aprovada e referendada na 10ºConferência Nacional de Saúde. Mas,colocou em plenário da sua preocu-pação quanto a denúncia que chega-va as suas mãos, da Sociedade Bra-sileira de Informação e Saúde, pre-sidida por Beatriz de Faria Leão.

O seu teor, tratava da mudançade tecnologia do Cartão, antes sim-ples e barata, com base no códigode barra, levando em conta a rica evariada experiência acumulada deinformação de saúde nos municípios,estados e no Ministério da Saúde(DATASUS), com participação efetivana sua formulação e implementação.

520 Conselheiros debatem em Brasília

AVII Plenária Nacional de Conselhos de Saúde, realizada emBrasília, nos dias 18 e 19 de

maio, contou com a participação dequase 520 representantes de 24 Es-tados e do Distrito Federal, 166 muni-cípios. Somente não se fizeram re-presentar os Estados do Amapá e deRoraima. Essa participação expres-siva de conselheiros, superando asexpectativas iniciais, fez com que oAuditório Emílio Ribas, onde estavaprevisto o encontro, fosse insuficientepara abrigar os participantes, tornan-do necessária a transferência da Ple-nária para o Teatro dos Bancários.

Na programação do encontro, cu-ja abertura contou com a participa-ção do Chefe de Gabinete do Ministroda Saúde,. Aloisio Mercadante, foram

discutidos: a conjuntura nacional emfunção da saúde; o orçamento da saú-de; a capacitação de conselheiros; acomunicação e c controle social; eas competências dos Conselhos deSaúde, Comissões Intergestores eas Secretarias de Saúde. Além dis-so, foram eleitos e empossados osnovos representantes regionais nacoordenação das Plenárias Nacio-nais de Conselhos.

O relatório final da VII Plenáriaapresenta diversas recomendaçõese moções sobre as questões aprofun-dadas nas discussões, bem comooutras de extrema atualidade na orga-nização do SUS e no controle social.

Denúncias sobre irregularidadese insuficiências no funcionamentodos Conselhos de Saúde, incluindo

o Conselho Estadual de Saúde doEspírito Santo, dão amostras da vigi-lância das entidades da sociedadecivil sobre o processo de implantaçãodo SUS. Quanto ao controle social,os conselheiros participantes da Ple-nária elaboraram recomendações so-bre a criação de conselhos gestoresnas unidades de saúde, e conselhosregionais, bem como propuseramfluxos e ações para o fortalecimentoda participação da sociedade nas de-finições sobre as políticas e no acom-panhamento e avaliação das açõesde saúde.

Em relação ao tema da organiza-ção e funcionamento dos serviçospúblicos de saúde, as moções e re-comendações da Plenária reforçamas diretrizes de gestão descentrali-

zada e integralidade da atenção defi-nidas legalmente, denunciando eacompanhando os municípios e esta-dos em que a orientação programáti-ca dos gestores não aponta nessadireção.

De outra parte, diversos gestoresmunicipais e estaduais tiveram suasações de fortalecimento do SUSapontadas e reconhecidas pelos con-selheiros participantes.

E, finalmente, considerando a de-terminação legal de realizar Conferên-cias de Saúde a cada quatro anos,os Conselheiros participantes da VIIPlenária recomendaram ao ConselhoNacional de Saúde o desencadeamen-to do processo da 11ª Conferência Na-cional de Saúde, a ser realizada nosegundo semestre do próximo ano.

RECOMENDAÇÃO Nº 003/99considerando:

- a existência das conclusões con-tidas no Relatório do Grupo de Traba-lho do Cartão SUS, constituído pelaPT 1.509/GM de 09 de outubro de1997, que contou com a participaçãodo Ministério da Saúde, CONASS eCONASEMS;

- a Declaração Conjunta do Mi-nistério da Saúde e dos SecretáriosEstaduais de Saúde, de 02 de marçode 1999, em seu item 22, letra “o”; e

- o Ministério da Saúde ter divul-gado edital de Concorrência Interna-cional nº 001/99 – Projeto Cartão Na-cional de Saúde, que não atende aoproposto no referido Relatório do GT(PT 1.509/GM).

RECOMENDA AO MINISTÉRIO DASAÚDE:

1. A adoção do constante noRelatório do GT do Cartão SUS (PT1.509/GM/97) que recomenda:

a) cartão simples com utilizaçãode código de barras que identifique ocidadão junto aos serviços de saúde;

b) cadastramento pelos serviçoslocais de saúde, realizado com a apli-cação de Ficha Cadastral Mínima co-mum em todo território nacional, cons-tituindo o Cadastro de toda a popula-

ção do município, a partir de censo po-pulacional municipal;

c) utilização de computadores nasunidades de saúde; e

d) interligação via INTERNET dos5.507 municípios, as unidades federa-das e o Ministério da Saúde.

2. A utilização do Cartão Nacionalde Saúde (Cartão SUS) apenas comoa chave de acesso ao banco de dadosde usuários SUS e às bases dos demaisSistemas de Informações em Saúdeexistentes, compatibilizando-os e for-talecendo-os, garantindo sua completapreservação, constituindo assim a basedo Sistema Nacional de Informaçõesem Saúde. Nenhuma variável dos SISexistentes deverá ser processada emparalelo pelo aplicativo de processa-mento do Cartão Nacional de Saúde,evitando-se gasto desnecessário.

3. A abertura de processo de discus-são conjunta (MS, CONASS eCONASEMS) sobre os critérios e as es-pecificações que orientem a operaciona-lização do Projeto do Cartão, o que incluia revisão do edital de ConcorrênciaInternacional nº 001/99 e da PT 219/99.

4. A articulação de todo o Projetodo Cartão com os processos em anda-mento da RIPSA e da RNIS.

5. A consideração do posicionamen-to final do CNS após o resultados doseu Grupo de Trabalho do Cartão SUSdo CNS.

VANTAGENS

Para o paciente:• Cadastramento do usuário no sis-

tema;• identificação imediata e acesso a

uma base de cadastro integrada pelasunidades de saúde;

• facilidade no atendimento e refe-renciamento;Para a gestão:

• desenvolvimento da câmara decompensação financeira entre os mu-nicípios;

• integração entre os diferentes sis-temas nacionais de informações desaúde;

• criação de filtros de crítica, inibin-do ou impedindo procedimentos in-compatíveis.Para a Vigilância Epidemiológica:

• automação das notificações

compulsórias de doenças;• criação de uma base consolida-

da de dados;• alimentação descentralizada dos

dados pelas unidades de saúde e indi-vidualizados pelo Cartão;

• agilidade na disponibilidade dainformação gerencial;

• facilidade da identificação dasnecessidades das ações preventivasem saúde coletiva;

RECURSOS

Grande parte do projeto é financia-do pelo Reforsus. A primeira etapa,voltada para 13 milhões de habitantes,já está com o dinheiro comprometidoe aprovado.

Caberá ao Ministério da Saúde acompra do equipamento, dos cartões,e treinamento de pessoal.

Agora, a implantação é de um modelomais centralizador e de custo maisalto. Para tanto, revogou-se a portariade fevereiro de 98, publicando em no-vembro do mesmo ano, nova porta-ria seguida de licitação internacionalmarcada para março de 1999 que,segundo a denúncia, desmancha aestrutura que já existe de informaçãoem saúde no País; privilegia a com-pra de equipamentos de point of salepara a leitura do cartão; estabelece

um sistema de informações nos mo-delos de seguros privados para au-torizar o atendimento e estabeleceuma infra-estrutura baseada em redediscada, concentradores, etc, con-versando em protocolos não abertos.

O CNS deliberou a recomendaçãonº 003/99 e a composição de Grupode Trabalho, composto pelos conse-lheiros Olympio Távora, Artur Custó-dio, Mozart de Abreu e Gilson Canta-rino, para investigação da denúncia.

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Conselho Nacional de Saúde Junho/Julho de 1999

A G E N D A S A Ú D E

CNS revê processos de abertura denovos cursos na área da saúde

Em 98, num acordo entre aSesu/MEC e o CNS, foi composto um grupo bilateral para

elaborar parecer sobre os novos cur-sos de saúde (medicina, psicologiae odontologia) a serem instalados nopaís. Os integrantes do Comissão doCNS analisariam sob a ótica das ne-cessidades sociais dos novos cursosde medicina, psicologia e odontolo-gia, segundo critérios definidos peloCNS no início de 1997. Os do MECveriam o preenchimento de qualidadetécnica, além de dar parecer nos maisde 500 processos acumulados. Porproblemas operacionais, este gruponão obteve o funcionamento desejá-vel durante o ano, apesar de haverconseguido reduzir o número de pro-cessos acumulados.

Para o conselheiro Antônio CelsoNunes Nassif, Presidente da Asso-

ciação Médica Brasileira/AMB, o queliquidou a atuação deste grupo, foi alei 2306, que regulamenta as disposi-ções apenas para o sistema federalde ensino, deixando descoberto es-tados e municípios. Assim, “apesardo Conselho Nacional de Educaçãonegar a abertura de novas escolas,como é o caso do estado de SantaCatarina que no momento bate o re-corde, elas entram em funcionamentopois não há lei estadual que as proíbede abrir as portas, mesmo sem ne-cessidade e sem garantia de qua-lidade” indigna-se Nassif.

Como presidente da AMB, Nassifoficiou ao Ministério da Educação so-licitando correção em tempo hábil,estendendo a regulamentação paratodo o sistema nacional de ensino.Mais indignado ficou com a respostaobtida, admitindo impotência de ação

já que segundo a lei de diretrizes ebases da educação nacional, a com-petência da União está expressa-mente limitada ao sistema federal deensino superior.

Cabe à União promover a avalia-ção do ensino em toda a área federal,sem ingerência nos estados e muni-cípios Enquanto isto mais de 9000médicos saem por ano das mais de94 escolas médicas no país, a buscade mercado de trabalho.

O Conselheiro William SaadHossne, lembra que duas escolas mé-dicas tiveram sua abertura negada noCNS e mesmo assim foram criadas.

A lei 1999, obriga a fazer reco-nhecimento periódicos destes cur-sos. Iniciativa da comissão do Con-selho, diz Saad, que visitou as 75escolas, e entregou relatório a SESU.Apesar de conclusões preocupantes,

como, a inversão na distribuição dosprofissionais de saúde, o preconizadopela OMS é de 8 enfermeiras paracada médico, hoje temos 32 médicospara cada enfermeira, até o momentonão se obteve nenhum retorno porparte do SESU.

O Conselho dispôs em plenário,que a totalidade dos novos processossejam encaminhados a SecretariaExecutiva, que a partir de uma Co-missão composta por representantesdo MEC, MS, AMB, CNC e entida-des nacionais de outros profissionaisda área de saúde atualizará os dadosexistentes para deliberação do Ple-nário do CNS. Em paralelo, será rea-lizado por um conjunto de conselhei-ros a atualização do documento bá-sico e revisão da portaria pelo MECe, por fim, a realização de uma ofici-na de trabalho.

Senador alerta riscos contraa consolidação do SUS

O senador Lúcio Alcântara(PSDB-CE), parlamentarcom 28 anos de combate

em defesa da saúde pública e umdos mais compromissados com aReforma Sanitária no Brasil, acabade declarar no trabalho “ O SUS naAgenda Política Brasileira”, apresen-tado no III Encontro de SecretáriosMunicipais de Saúde da Região Nor-deste, realizado em Fortaleza na últi-ma semana de maio, que se vive,como poucas vezes, um momentodelicado na sobrevivência dos ideaise das esperanças da Reforma Sani-tária. Ao mesmo tempo que identificaos riscos no percurso da consolida-ção do SUS, acredita que é precisomobilizar forças para resistir e avan-çar sob o lema emblemático de que“É preciso ter a ousadia de cumprir efazer cumprir a lei”.

Segundo as conclusões do parla-mentar:

AS DIFICULDADES

“A crise do Estado e o ajuste fis-cal retiram recursos já insuficientese sufocam os serviços de saúde. AReforma da Previdência jogou a páde cal que faltava no conceito de Se-guridade Social e no sistema tecidona Constituição de 88 para o seu fi-

nanciamento. As organizações popu-lares estão desmobilizadas. Os tra-balhadores de saúde cansados e de-sestimulados.

As instâncias de controle socialmanipuladas e os novos profissionaisde saúde que a academia põe nomercado estão, a cada ano, menospreparados.”

O DESFINANCIAMENTO

“Outro objetivo essencial é a re-versão do quadro de desfinanciamen-to do setor. As despesas com saúdecresceram, nos últimos quatro anos,apenas 1,2%, não podendo os gas-tos do setor serem responsabilizadospelo déficit público. Isso, no entanto,não evitou que, mais uma vez, asdotações orçamentárias do Ministérioda Saúde sofressem drásticos cor-tes, conforme palavras dos própriostécnicos do Ministério da Saúde.”

O REPASSE

“É preciso encontrar e testar so-luções que permitam contornar os in-convenientes das chamadas trans-ferências negociadas, dependentesda celebração de convênios, histori-camente feitas sem critérios trans-parentes, favorecedoras de práticas

casuistas e clientelistas e, principal-mente, mantenedoras da situação dedependência de Estados e Municí-pios do Governo Federal, transfor-mando assim, em verdadeiro tutordas políticas e da atuação em saúdedos estados e Municípios.”

A DEFESA

“A defesa intransigente dos princí-pios que fundamentam o SUS se faznecessária em todas as instâncias,mas em especial junto aos legislati-vos, contrapondo-se às propostasque visam a reduzir os avanços so-ciais conquistados.”

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Junho/Julho de 1999 Conselho Nacional de Saúde

O SUS e os hospitais universitáriosSérgio Magarão, Representante do MEC no Conselho Nacional de Saúde

Éfácil constatar que no Brasilos hospitais se tornaram opólo principal do sistema de

saúde. Isso é o resultado do desen-volvimento desordenado, não plane-jado, do sistema de saúde ao longode muitas décadas, em que não fo-ram levados em conta valores nacio-nais e regionais dos pon-tos de vista econômico,cultural e social, e muitomenos indicadores epi-demiológicos quantoaos nossos principaisproblemas de saúde. Es-ta é a situação dos Hos-pitais Universitários deEnsino, que ainda en-frentam circunstânciaagravantes neste quadro.

A noção e a prática do hospital co-mo centro de gravidade para o aten-dimento de qualquer demanda da po-pulação ainda persistem na maior par-te do país, mesmo quando o próprioSistema Único de Saúde – implantadoem 1990 – preconiza que:

1. Municípios e Estados devemassumir a assistência de saúde dapopulação – de modo descentralizadoe regionalizado

2. Que a rede primária, os hospi-tais gerais e os hospitais universitá-rios ( quando existentes na região) se-jam organizados de modo a tender aospacientes obedecendo a uma hierar-quia em termos da complexidade deassistência. O Sistema para funcio-nar com acerto, deve ter como portade entrada a rede primária ou básicade saúde. Os pacientes, quando ne-cessário, devem ser encaminhadosaos hospitais gerais ou universitáriosque, após atendê-los, os mandariamde volta à origem para continuidade econtrole (a chamada contra-referên-cia). Este sistema, portanto, valorizae enfatiza a atenção básica ou pri-mária da saúde da população. Maisclaramente ainda, os hospitais só de-vem receber para atendimento aquelespacientes para os quais não se con-tam com outras alternativas na rede.Mas não é o que acontece ainda.

Desde 1978 – com a ConferênciaInternacional de Saúde de Alma-Ata,na URSS – vem sendo enfatizada, emâmbito mundial, a importância docuidado primário de saúde. Na Decla-ração de Alma-Ata consagrou-se anoção de que a atenção primária desaúde era a chave para alcançar asaúde de todos. No ano seguinte, a32º Assembléia da OMS aprovou aDeclaração considerando que pratica-mente a metade da população mun-dial estava absolutamente desassisti-da, com centenas de milhões de pes-

soas à margem dos serviços de saú-de. A meta lançada naquele momentofoi “Saúde para todos no ano 2000”,visando especialmente aos paísessubdesenvolvidos.

Em 1985, o comitê de especialis-tas da OMS se reuniu em Genebra,debruçados sobre o mesmo assunto.

Os especialistas concluíram que “oshospitais e a atenção na comunida-des devem ser interdependentes a fimde reduzir ao mínimo o emprego des-necessário do hospital. A menos queos hospitais assim o reconheçam eestendam suas ações a toda a redede serviços da comunidade, se tor-narão isolados e insuportavelmenteonerosos”.

Em torno de oito anos depois daimplantação do SUS, a descentrali-zação dos serviços de saú-de para Estados e Municí-pios é um fato incontestá-vel: participam do Sistema94% dos municípios e to-dos os estados. Os recur-sos repassados em 1999pelo Governo federal pas-sam de onze bilhões dereais e, só para a atençãobásica prestada pelos mu-nicípios, são dois bilhões e meio dereais. O caminho do SUS, previamen-te estabelecido e melhorado ao longodos anos, está sendo cumprido comeficiência. Muito foi e muito há parase fazer. A descentralização dos ser-viços precisa ser mantida como prio-ridade, sendo imperioso que o Minis-tério e os demais gestores atendama essa filosofia básica do SUS, per-mitindo (e estimulando) que cada vezmais os Estados e Municípios res-pondam pelos serviços de saúde emsuas áreas de abrangência. Modelosde avaliação precisam ser discutidos,pactuados e implantados. O ControleSocial, através dos Conselheiros deSaúde, deve ser visto como ação fun-damental e indispensável no atendi-mento às demandas da população.

No topo da pirâmide da hierarquiade atendimento está o Hospital Uni-versitário. Desejando saber como osHospitais Universitários de Ensino/HUE, estavam participando do SUS,e qual era o grau de comprometimen-

to como o Sistema de Saúde, o Con-selho Nacional de Saúde realizou nosdias 14 e 15 de abril último, uma ofici-na de trabalho. Debateram o assuntoas mais representativas instituiçõesda área de saúde e do ensino, taiscomo, o Ministério da Saúde, o MEC,a Associação Nacional de Dirigentes

de Instituições Univer-sitárias, o ConselhoNacional de Educação,o Conselho Nacionalde Secretários Es-taduais de Saúde e oConselho Nacional deSecretários Municipaisde Saúde. O resultadodesta oficina está numdocumento básico que

mostra com clareza que, lamentavel-mente, os Hospitais Universitários eos de Ensino, em sua grande maioria,não estão trabalhando de forma inte-grada com o SUS.

Continuam com suas portas aber-tas, recebendo para atendimento ademanda espontânea, como se nãoexistisse um sistema de saúde como qual devessem se integrar, em cadaregião e que deve apoiá-lo como for-ma imprescindível da melhoria da

qualidade de todo o conjunto.A conclusão é de que o Sistema

Único de Saúde deve ser reafirmadocomo solução para o problema desaúde no Brasil e que é premente anecessidade dos HUE participaremda elaboração das políticas local eregional de saúde, através de pactua-ção, principalmente com os gestorespúblicos, nas comissões Bipartite, Tri-partite e Conselhos de Saúde. Repe-tindo: é fundamental que os HUE con-siderem a rede básica como porta deentrada do Sistema de Saúde e dis-ponibilizem suas consultas clínicase cirúrgicas, serviços de apoio diag-nóstico e terapêutico, facilitando oacesso da rede básica aos HUE.

Uma proposta como a do SUSimpõe sérios desafios à Universida-de, que não pode ignorar, em sua fun-ção básica de formadora de recursoshumanos e de pesquisa, a existênciade um sistema de saúde extenso, ri-co, complexo e resolutivo, importan-tíssimo no campo de aprendizagem,

treinamento e pesquisa, em relaçãoaos serviços primários e secundáriosde saúde. Embora o documento nãotrate especificamente do tema finan-ciamento, ficou claro que os HUE, comatribuições variadas, desde as que lhesão específicas, como a atenção aonível terciário e atendimento de altacomplexidade, formação de recursoshumanos e pesquisa, além das deapoio aos níveis primário e secundá-rio, precisam de recursos de manu-tenção e de investimentos proporcio-nais à suas atribuições de pólos deexcelência, que os permita atuaremcomo verdadeiras cabeças dos sis-temas regional e local. Em termos derecursos para manutenção e finan-ciamento dos HUE, é urgente que semude o modelo vigente, baseado naprestação de serviços na forma deprocedimentos, habitualmente comvalores abaixo dos seus custos reais,insuficientes sequer para a manu-tenção institucional.

É importante que o modelo atualseja transformado num modelo pac-tuado, baseado em metas a serematingidas e compromissos quanto àutilização plena da capacidade instala-da do HUE. Tudo isso apoiado em um

modelo de avaliaçãoinstitucional, em fun-ção das respostasàs demandas da so-ciedade. O docu-mento, encaminha-do imediatamenteao CNS, ainda situaos HUE como cen-tros de capacitaçãoe educação conti-

nuada para os profissionais da redeprimária e secundária, com enfoqueinterdisciplinar através de cursos,seminários, oficinas e estágios orga-nizados, atividade que não vem sendorealizada pela maioria esmagadora dosHUE. E ainda enfatiza a necessidadede apoio ao SUS por parte do MEC,do Ministério da Saúde e do Ministérioda Ciência e Tecnologia.

O CNS parte agora para o estabe-lecimento de diretrizes para aplicaçãoimediata das conclusões. Mas aquino Rio, o Secretário de Estado de Saú-de já acolheu a proposta da realizaçãoo mais rápido possível de uma reuniãoenvolvendo as Secretarias Municipaisdo Rio e de Niterói e os diretores dosquatro grandes Hospitais Universitá-rios do Rio (Gaffrée e Guinle, Uni-Rio,Pedro Ernesto/UERJ, Antônio Pedro/UFF e Clementino Fraga/UFRJ), a fimde partir imediatamente para umaanálise detalhada da integração dosHUE com a rede básica no Estado enos municípios do Rio e Niterói.

o Sistema Único de Saúdedeve ser reafirmado como

solução para o problema desaúde no Brasil

É importante que o modeloatual seja transformado nummodelo pactuado, baseadoem metas a serem atingidas

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Conselho Nacional de Saúde Junho/Julho de 1999

C O N T R O L E S O C I A L

Tripartite e bipartites: exemplo demodernização da gestão e da reformado Estado

Ahistória da Comissão Intergestora Tripartite começa muitoantes da criação do Conselho,

surge da articulação das três esferasde governo, municipal, estadual e fe-deral.

Entre os anos de 1983 a 1990, doisconvênios foram assinados entre ogoverno federal com estados e muni-cípios, as Ações Integradas de Saú-de e o SUDS. Época em que cresce,ano a ano, a pressão dos municípiose estados junto ao poder federal, nosentido de poder compartilhar a utili-zação dos recursos federais queestavam sendo repassados. Apesardos recursos financeiros estaremvinculados diretamente a compra deserviços, isto é, produto de uma ven-da, os estados e municípios reivin-dicavam o compartilhamento com ogoverno federal não só dos gastosmais também das responsabilidadesde gestão.

O Governo Federal se opunhacom grande resistência a ter qual-quer tipo de pacto com os estados,representados pelo CONASS, e maisno final da década, o CONASEMSrepresentando os municípios.

Com a promulgação da Lei Orgâ-nica da Saúde, Lei 8080, na décadade 1990, as esferas de governo pas-saram de compra e venda para umaparticipação com parâmetros deigualdade.

Ao mesmo tempo, CONASS eCONASEMS, já sediados no prédiodo Ministério, pressionavam de for-ma mais próxima e informada, alian-do-se com técnicos e dirigentes dosprimeiros escalões, numa articulaçãodireta com o governo para implemen-tar a discussão da partilha dos recur-

sos e das responsabilidades. Apesar da proibição do Minis-

tro da Saúde, a época, de qual-quer contato que pudesse ter co-mo conseqüência a divisão de po-der e/ou interesses com a esferafederal, surge um primeiro docu-mento elaborado pelo CONASS eCONASEMS e técnicos do Minis-tério da Saúde, esboçando comoconteúdo a linha de interação dastrês esferas de governo.

Em abril de 1991,o presidentedo CONASEMS traz para o CNSuma proposta de resolução queé aprovada em plenário, e servecomo força de pressão para oMinistro reconhecer a necessidadede interagir com estados e municí-pios. Assim, é publicada uma portariaministerial instituindo uma Comissãode representantes do MS, CONASS eCONASEMS para elaborar tais pro-postas, o que nunca aconteceu defato. No final daquele ano, surge outrodocumento, exercendo nova pressão,quando é publica uma segunda por-taria, já designando nomes para re-presentar as três esferas de governona citada comissão.

Mais uma vez, jamais foi convo-cada.

Em paralelo, cresce dentro doMinistério o número de técnicos edirigentes favoráveis a este enten-dimento das três esferas de gover-no. Com a divulgação da NormaOperacional Básica 91, aumenta ograu de influência sobre esta situa-ção e, posteriormente, a NOB 92 jáé discutida quase que abertamentecom o CONASS e CONASEMS.

Em 92, com a mudança de Mi-nistro reascendeu-se as esperanças

do tão esperado entendimento, sur-gindo um terceiro e quarto documen-tos pela primeira vez traz estampadoo rótulo de Tripartite, porém, por mo-tivos desconhecidos, o primeiro es-calão não o fez chegar as mãos doMinistro. Nova portaria é publicada,designando outros nomes das trêsesferas de Governo para formar a co-missão de elaboração de propostase, pela quarta vez não é convocadapara se reunir.

Surge então, como forma depressão, um quinto documentooriundo de uma reunião informal dosintegrantes desta comissão.

Em 1993, toma posse novo Minis-tro da Saúde e, seu primeiro escalãoincorpora as propostas dos referidosdocumentos, convocando oficialmen-te pela primeira vez o CONASS eCONASEMS.

As três instituições, finalmente,sentam, discutem e produzem umpaper histórico “A descentralizaçãodas ações e serviços de saúde: aousadia de cumprir e fazer cumprir a

lei”, que é levado ao CNS e por elereferendado, gerando a seguir ahistórica NOB 93.

A NOB 93 é o primeiro documentooficial que cria a Tripartite, as Biparti-tes, as condições de gestão dos mu-nicípios, dos estados e disciplina adescentralização através de um pro-cesso que vem até os dias de hoje.

E, somente agora, na gestão doMinistro José Serra, discutiu-se umanova proposta de estrutura orgânica doMinistério que reconheça oficialmentepelo Governo Federal, a ComissãoIntergestora Tripartite, esta grandeinovação e modernização da gestão.

A Comissão Intergestora Tripartite(CIT) não é por isso, Comissão doCNS, nem as Comissões Intergesto-ras Bipartites (CIBs) são Comissõesdos Conselhos Estaduais. Mas são aprópria gestão, vista através da suasface “intergestores”, face esta neces-sariamente dinâmica, de construçãopermanente, de pactuações e re-pactuações entre os três níveis dedireção única do SUS.

Matéria discutida e aprovada pelo Plenário do CNS em março de 1999

CNS recomenda retomada dainterlocução da Comissão Tripartite

O plenário do CNS aprovou,em sua reunião ordinária dejunho, recomendação no sen-tido de que o Ministério da Saú-de, o CONASS e o CONASEMSaprofundem, conjuntamente, oprocesso de parceria e pactua-ção permanente das três esfe-

ras de gestão do SUS.Esta decisão reflete uma

preocupação apresentada como impasse e adiamento dasreuniões da Comissão Inter-gestores Tripartite.

Aponta, ainda, que o mo-mento é propício para o acla-

ramento dos papéis das trêsesferas de governo, tendo-secomo parâmetro o fiel cumpri-mento das diretrizes legais daUniversalidade, Equidade, Inte-gralidade, descentralização e aparticipação.

Estas preocupações fazem

parte da recomendação nº 002/99, que reconhece a ComissãoTripartite como um mecanismomoderno e avançado de gestãopública, portanto imprescindí-vel que seja retomada o maisbreve essa interlocução.

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