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JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES 8 | 9 PRIMAVERA | VERÃO 2005 ISSN 1645-6386 GOVERNO CIVIL DO PORTO | O AUTOMÓVEL | COMUNICAÇÕES | NOTÍCIAS Miniaturas Ciclo de Exposições Temáticas - Rolls Royce

Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

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n.º 8|9 (Primavera | Verão 2005)

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Page 1: Jornal do Museu dos Transportes e Comunicações

JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES’

Nº 8 | 9PRIMAVERA | VERÃO 2005

ISSN 1645-6386

GOVERNO CIVIL DO PORTO | O AUTOMÓVEL | COMUNICAÇÕES | NOTÍCIAS

MiniaturasCiclo de Exposições Temáticas - Rolls Royce

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JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES’O caminhar em que vamos incluídos não obedece àquelas leis da

continuidade que a abstracção intelectual tanto gosta de desenvolver e contemplar. Bem pelo contrário. O caminhar é uma sucessão desconcer-tante de descontinuidades, umas maiores, outras mais pequenas.

Dir-se-á que a superação destas descontinuidades é o desafio perma-nente que nos é pedido. Dir-se-á que a nossa manifestação de vitalida-de é mesmo criar descontinuidades, novas descontinuidades.

Importa, pois, garantir a vitalidade para superar as descontinuidades, para criar descontinuidades.

Temos vindo a garantir essa vitalidade por nós próprios. Sem aqueles simpáticos apoios, supostos de aparecerem nestes casos. Sem aqueles apoios que vemos esbanjar, sob o manto diáfano de critérios alegada-mente sociais e culturais. Sem nenhum apoio, pasme-se, prosseguimos o nosso serviço cívico à comunidade.

Afinal, a única continuidade é mesmo esta: permanentemente sem apoios de quem quer que seja.

Nota deAbertura

EDITORIAL

o presidente do conselho de administração

Eng. Carlos de Brito

ficha técnicaN.º 8 | 9

PRIMAVERA | VERÃO 2005

periodicidadeSazonal

Propriedade da Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações

coordenação editorialSuzana Faro

redacçãoAdriana Almeida, Carla Coimbra, Cecília Amorim, Daniel Santos, Francisco Costa Leite, Isabel Tavares e Paula Moura.

ISSN 1645-6386

tiragem1000 exemplares

imagem da capaDNA Design sobre uma imagem do arquivo AMTC

designDNA Design

impressãoGreca Artes Gráficas

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ASSOCIADOS

Governo Civil do Porto

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Breve Historial do

Distrito do Porto, tornou-se o primeiro Governo Civil Certificado do País de acordo com a Norma de qualidade NP EN ISSO 9001:2000.

Como representante do Governo, compete ao Governador Civil, entre outras, desenvolver todas as diligências necessárias e convenientes a uma adequada cooperação entre os serviços públicos desconcentrados, de acordo com as orientações dos respectivos membros do Governo, e entre aqueles e outros órgãos admi-nistrativos localizados na circunscrição distrital.

Compete ainda ao Governo Civil:- A aproximação entre cidadão e administração;- Tutelar sob o exercício de poderes;- Exercer funções de segurança e de polícia;- Exercer funções no âmbito da protecção e socorro; Os principais serviços prestados pelos Governos Civis estendem-se desde:

- Emissão de passaportes comuns;- Registo e emissão de certidões às As-sociações Civis e Religiosas;

- Recepção das Comunicações sobre reu-niões, comícios, manifestações, desfi-les ou cortejos na sede do Distrito;

- Autorizar a realização de concursos publicitá-rios e de operações, promovidas por entidades sem fins lucrativos, destinados à angariação de fundos para a prossecução de objectivos de interesse público, e sua fiscalização;

- Recolha de dados e distribuição de do-cumentos para os actos eleitorais;

- Registo de alarmes sonoros;- Autorização de peditórios de âmbito distrital;- Fiscalização de leilões de penhores;- Emissão de Alvarás de Armeiro;- Ajuramentações;- Posse Administrativa de Obras Públicas.

A Constituição de 1822, tendo estabelecido a organização do Reino em Distritos e Con-celhos, previa a alçada dos Administradores Gerais. Por força de um decreto de 1832 foi criada a magistratura do Prefeito, antepas-sado próximo do Governador Civil. Por carta de lei de 25 de Abril de 1835, foi criada a magistratura do Governador Civil. Um ano depois, foi criada a magistratura de Adminis-trador Geral, em substituição do Governador Civil, cargo que foi reposto em 1842, após a aprovação do Código Administrativo.

Ocuparam estas funções 128 personali-dades com mandatos de durações diver-sas, estas relacionadas com as alterações políticas nacionais, o que decorria do seu carácter de representação do Governo.

Houve períodos de mudanças sucessivas, mandatos curtos, sobretudo nos mais contur-bados, como guerras civis, maior instabilidade política, como a Revolta da Maria da Fonte, a Patuleia e a parte final da primeira República.

Exerceram estas funções várias personali-dades que se revelaram como prestigiadas figuras tanto da aristocracia tradicional ou nobilitada pelo Liberalismo, vultos emi-nentes da literatura, da ciência, investiga-ção, jurisprudência, finanças, magistério, diplomacia, actividade castrense, activi-dade económica e social, entre outras.

Dado ter havido períodos na história que tiveram como cenário a região, como o cerco do Porto, a Patuleia, o 31 de Ja-neiro e de alguns momentos da républi-ca, avultou a figura do magistrado com as mais altas funções no Distrito.

Por força de sucessiva legislação, tem diminuído a influência do Governador Civil, embora alguns dos últimos deten-tores do lugar tenham procurado dar um contributo mais interventivo, visando o interesse das populações do Distrito.

Em Dezembro de 2003 o Governo Civil do

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DESTAQUE

No dia 18 de Maio de 2005 o MTC assinalou o Dia Internacio-nal dos Museus com a inauguração do ciclo temático de exposi-ções temporárias da sua colecção de miniaturas automóvel. Lançado o desafio de expor adequadamente este espólio museoló-gico que compreende cerca de 2.500 exemplares, a primeira exposi-ção, dedicada à lendária e centenária marca automóvel Rolls-Royce, sublinha o compromisso de divulgação do património cultural, há muito assumido pelo Museu dos Transportes e Comunicações.

“Procura a perfeição em tudo o que fizeres. Aproveita o que de melhor existe e torna-o ainda melhor. Se não existir, inventa-o!” Henry Royce

Charles Stewart Rolls nasceu em 1877. Oriundo de uma família aris-tocrática de Gales, recebeu uma sólida formação escolar, tendo frequen-tado a Universidade de Cambridge onde se licenciou em Engenharia.Apaixonado pelo mundo automóvel, participou em diversas corridas de bicicletas, motos e de automóveis, tendo conseguido o record mundial de velocidade em 1903, em Dublin, ao volante de um Mors 30 hp. Proprietário da C.S. Rolls & Co., uma das primeiras empresas de venda de veículos em Londres, a maioria importados, a sua paixão pelo mundo da aviação era igualmente notória. Aliás, foi esta mesma paixão que, a

12 de Julho de 1910, apenas com 32 anos, o vitimou num acidente de aviação, estando apenas 6 anos ligado a esta lendária marca automóvel.

Frederick Henry Royce nasceu em Alwalton, em 1863. Contrariamente a Charles Rolls, e para aju-dar a sua família, trabalhou desde muito cedo.A convite de um seu tio, tornou-se aprendiz na Great Northern Railway Works, onde teve a oportunidade de trabalhar directa-mente com grandes engenheiros. Com especial apetência para a engenharia, foi trabalhar para a Electric Light and Power Company, em Londres, enquanto dava continuidade aos seus estudos.Em 1884, com 21 anos, juntamente com Ernest Cla-remont, criou a sua própria empresa: F.H. Royce and Co., dedicada aos componentes eléctricos.Dez anos mais tarde, a empresa assume o nome Royce Ltd.Homem empenhado, a partir de um modesto Decauville 10 hp de dois cilindros em segunda mão, Royce cria o seu pró-prio veículo de três velocidades (custou 138 libras).Contente com o resultado, logo se lançou na constru-ção de outros dois veículos: um para o seu sócio Er-nest Claremont e outro para Henry Edmunds.Morre em 1933, com 70 anos.

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MiniaturasCiclo de Exposições TemáticasRolls-Royce

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Ávido de curiosidade, Charles Rolls foi a Manchester junta-mente com Henry Edmunds com o objectivo de conhecer Hen-ry Royce. O Hotel Midland foi o ponto de encontro.Meios sociais distintos, diferentes idades, mas uma for-te paixão unia estes dois homens: os automóveis.Tudo começou neste dia 4 de Maio de 1904. Era o início da lendária Rolls-Royce.Após experimentar o automóvel, Rolls rendeu-se. O desafio estava lançado: comercializar todos os automóveis que Royce construísse.Com o objectivo de construir o melhor automó-vel do mundo, o automóvel perfeito,no final de 1904, a Rolls-Royce era já uma mar-ca assumidamente conhecida. Os primeiros veículos vendidos foram os modelos 10 HP, mas logo iniciou a produção com motores mais potentes de três (versão 15 HP), quatro (20 HP) e seis cilindros (30 HP).

“Encontrei o melhor engenheiro do mundo” Charles Stewart Rolls

“Rolls-Royce: o melhor carro do mundo”

O Rolls-Royce Silver Ghost, um veículo de luxo totalmente arte-sanal com motor 6 cilindros, apelidado como “o melhor carro do mundo”, foi apresentado no Salão Olímpia de Paris, em 1906. A Rolls-Royce foi crescendo. O êxito do Silver Ghost deter-minou a urgência em encontrar um novo espaço de produ-ção, tendo sido criada uma fábrica em Derby, em 1908.Foram também criados novos espaços de venda, sen-do que alguns ofereciam serviços de reparação.Possuídora de uma qualidade evidente, chegava a or-ganizar cursos com o objectivo de os proprietários sa-berem tirar melhor rendimento dos veículos.

O Símbolo

Sinónimo de status e poder para uma pequena elite, os primeiros automóveis Rolls- Royce não receberam a mascote no cimo da grelha. Por volta de 1910, Mr. Claude Johnson, então director gerente de Rolls-Royce e por muitos apelidado de “hifen” da marca, re-cebeu indicação de criar uma mascote digna e marcante.Lord Montagne, que pretendia algo de especial para o seu novo RR, terá encomendado ao escultor britânico Char-les Sykes uma estatueta para o seu automóvel, cujo mode-lo terá sido a secretária do aristocrata, Eleanor Thornton.Baptizada de “The Spirit of Ecstasy” (nos EUA era conhe-cida como “The Flying Lady”), o escultor terá cedido os di-reitos à RR, tendo sido produzida a partir de 1911.

GESTÃO DE COLECÇÕES E MUSEOLOGIA DO MTC

Rolls-Royce, o melhor carro do Mundo

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COMUNICAÇÕES

Uma viagem ao mundo dos automóveis

No passado dia 19 de Março comemorou-se o Dia do Pai no Museu dos Transportes e Comunicações com uma viagem ao mundo dos automóveis antigos. Esta iniciativa foi o culminar de um Projecto desenvolvido em parceria entre o Museu dos Transportes e Co-municações (MTC), Câmara Municipal do Porto (CMP), Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), Clube Português de Automóveis Antigos (CPAA) e a Escola Superior Artística do Porto (ESAP), que teve como objectivo principal a sensibilização para a segurança rodoviária tendo como pano de fundo os automóveis antigos.

A partir da Exposição “O Automóvel no Espaço e no Tempo”, foram organizadas visitas para alunos do 4º ano das escolas do 1º ciclo do ensino básico do Porto. Num primeiro momento os alunos visitaram a exposição e em seguida, recorrendo a diversos materiais como peças de automóveis antigos e actuais, fotografias e um smartboard, construíram puzzles e resolveram situações simuladas de circulação de peões e au-tomóveis, sempre acompanhados pelos técnicos da PRP e do MTC.

Toda esta experiência tinha como propósito a visita das famí-lias ao Museu no dia 19 de Março. Neste dia seria a vez dos mais pequenos guiarem os pais pela exposição, assistirem a uma peça de teatro “Diz-me como conduzes e eu dir-te-ei quem és”, representada por alunos do curso de Teatro da ESAP e pintarem t-shirts alusivas à temática do automóvel.E eis que chega o momento mais aguardado do dia – a via-gem das famílias nos automóveis antigos e modernos pela marginal da cidade do Porto. Marcas como Ford, Bentley, Ply-mouth, Citroën, datados dos anos 20, 30, 50, até automóveis modernos de marca Volvo, encantaram miúdos e graúdos.Escusado será dizer que “os veteranos” foram os mais procurados, já que ninguém queria perder oportuni-dade de experimentar os verdadeiros clássicos. Entretanto... a cidade parava para vê-los transitar.

SERVIÇO EDUCATIVO E DE ANIMAÇÃO

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A 30 de Outubro 1938, no seu programa de rádio - Mercury Theater (um programa de teatro radiofónico), Orson Welles colocou milhões de Americanos em estado de sítio, quando relatou uma invasão marciana sob forma de (fictício) boletim informativo em directo para os microfo-nes da rádio. Baseando-se na obra “Guerra dos Mundos” de H.G. Wells, Orson Welles provocou uma autêntica derrocada no entendimento que os americanos tinham sobre os meios de comunicação social.

Na mesma altura, deste lado de cá do Oceano Atlântico, no cora-ção da Europa, um líder político colocava a Alemanha aos pés dos seus ideais. A ascensão democrática de Adolph Hitler à formação do III Reich deveu-se muito ao seu grande poder de manipulação de massas. Hitler fora exímio nos apelos que fazia via rádio.

Antes da 2ª Guerra Mundial, talvez Welles quisesse já alertar para o peri-go da propaganda e pelo menos nos EUA conseguiu que a credibilidade que os ouvintes depositavam na rádio nunca mais fosse a mesma. Os Anos de Ouro da rádio, acabavam ali. Mas o alerta ficou, nenhum outro meio de comunicação de massas viria a ter a mística que a rádio tivera.O tom nostálgico ou mesmo póstumo dos primeiros parágrafos deste texto foi inevitável. É um facto que a rádio não morreu aquando o aparecimento da TV - tal como muitos especialistas da época prog-nosticavam. Não morreu, mas também não tem a vida que teve, nem a vida que potencialmente pode ter. Os principais agentes de latência na rádio são: a publicidade massiva, que muitas vezes ape-nas serve como tónico para reforçar os anúncios que passam na Televisão, a música que como qualquer modo de expressão artística se desvirtua na totalidade quando passa somente a obedecer a in-teresses comercias e, por fim, os espaços de Informação, cada vez mais espaços de sensação, que pontualmente vai transformando a rádio numa feira de vaidades de políticos e treinadores de futebol.

Não pensemos que os ouvintes de há 65 anos atrás seriam na sua essência muito diferentes dos ouvintes da actualidade. Os desejos dos ouvintes não se alteraram. Podem no mundo ter aparecido centenas de novas tecnologias e grandes metamorfoses. Mas, a curiosidade natural dos ouvintes não se alterou. É cada vez mais fácil conhecer-se pessoas. Mas ainda não há companhia como a de um locutor que nunca conhecemos. Podemos viver numa sociedade de imagens. Mas, nada estimula tanto a imaginação como o som da rádio. Não acredita? Então, venha imaginar connosco, “Falando na Rádio” com um condutor de palavras que embala a imaginação de quem ouve essa magia.

Daniel SantosAMTC

garcia camargo, jimmy. La radio por dentro e por fuera. Quito, Ciespal, 1980.

Condutor de palavras

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As fotografias assumem um duplo papel num Museu dos Transportes e Comunicações. Por um lado, as fotografias constituem um supor-te documental importantíssimo de fixação da imagem de meios de transporte e de comunicação já desaparecidos ou actualmente pouco utilizados e de eventos relevantes para a história dos transportes. Por outro lado, as fotografias são, elas mesmas, importantes meios de comunicação, transmitindo uma multiplicidade de informação.As fotografias encontram-se protegidas por direitos de autor, en-quanto criações intelectuais do seu autor. O direito de autor sobre a fotografia, como qualquer outra obra protegida, abrange direitos de carácter patrimonial e direitos de natureza pessoal, denomina-dos direitos morais. No âmbito dos primeiros, o autor da fotogra-fia tem direito exclusivo de dispor dela, de reproduzi-la, fruí-la e utilizá-la ou autorizar a sua fruição ou utilização por terceiro.Os direitos morais consubstanciam-se no direito de reivindicar a respectiva paternidade e assegurar a sua genuinidade e integrida-de. O autor de uma fotografia mesmo que a aliene (vendendo-a ou doando-a) mantém o direito de ser reconhecido, e referido, como seu autor. Do mesmo modo, o direito moral do autor não caduca pelo decurso do tempo, ao contrário do direito patrimonial. Assim, ainda que tenha decorrido o período de tempo em que o direito de autor (na sua vertente patrimonial) é protegido – no caso, e em Portugal, 70 (setenta) anos após a morte do seu criador – mantém-se os direi-tos morais. Daí que, ainda que a fotografia tenha caído no domínio público, e possa ser livremente utilizada, haverá sempre que fazer referência ao seu autor e não poderá ser alterada ou adulterada.Uma especialidade importante no domínio dos direitos de autor sobre fotografias consiste no facto de que a fotografia só será pro-tegida se “pela escolha do seu objecto ou pelas condições da sua execução possa considerar-se como criação artística pessoal do seu autor”. Não basta assim que exista uma fotografia e um fotógra-fo para que exista uma protecção daquela com base em direitos de autor. Exige-se a natureza artística da sua criação, excluindo-se assim a mera operação puramente mecânica e automática. A destrinça entre fotografias banais e aquelas que merecem protecção terá que ser averiguada caso a caso, pontualmente, e em última instân-cia terá que ser o tribunal a decidir da qualificação da fotografia. Sendo certo que a segurança e certeza vêm-se largamente diminuídas com um critério tão abstracto e subjectivo, tem a vantagem de permitir uma adequação ao caso concreto e às inimagináveis situações da realidade, facilitando também a adaptação da análise às evoluções tecnológicas.Existem algumas decisões curiosas dos nossos tribunais sobre esta matéria. Assim, o Tribunal da Relação do Porto considerou que a simples escolha de um objecto como um edifício camarário e parte de um conjunto arbóreo, sem um mínimo de criatividade, não cons-

titui obra protegida, sendo uma fotografia vulgar. O mesmo tribunal, recentemente, entendeu que a reprodução de um coração humano, sob encomenda de um laboratório, para efeitos de exposição num congresso de cardiologia, não tem originalidade suficiente para ser considerada uma obra artística. Para o fundamentar, o tribunal refere que uma obra para poder ser protegida “deve resultar de uma activi-dade intelectual e ser a expressão do seu autor, logo ela deverá ser ‘a emanação de um esforço criador da inteligência, do espírito humano”. Como refere o Prof. Oliveira Ascensão “a presunção de qua-lidade criativa cessa quando se demonstrar que foi o objec-to que se impôs ao autor, e este afinal nada criou”.Um acórdão muito recente de um Tribunal Francês, em que es-tava em causa a avaliação de uma fotografia da Senhora Marine Le Pen durante um debate televisivo durante a campanha eleito-ral (onde, portanto, o fotógrafo não tinha liberdade de escolha da pessoa a fotografar ou do cenário) considerou essa fotografia digna de protecção atendendo ao enquadramento, ao contras-te, à claridade transmitido pelo rosto, o efeito de movimento, a captura do olhar, tudo isso revelando uma actividade criativa.Os exemplares de obra fotográfica devem conter o nome do fo-tógrafo, e só pode ser reprimida como abusiva a reprodução irregular das fotografias em que figure esse nome, excepto se quem fez a reprodução estava de má-fé. Deverá, portanto, ter-se particular atenção a esta exigência em caso de reprodução de fo-tografias em catálogos, panfletos, livros e outras publicações. Problema de particular acuidade é a reprodução de fotografias na Internet. Pela sua própria característica digital, a cópia de fotografias de qualquer site na internet e o seu uso noutro local é extremamente fácil. Uma simples busca aleatória permitirá verificar que a grande maioria das fotografias não tem a referência ao seu autor, o que dificultará a repreensão da utilização por terceiros. As normas contidas nos códigos de direitos de autor dificilmente se adequam aos meios tecnológicos hodierno, pois estão pensados para uma realidade que já não é a actual. A título de exemplo, o nosso Código de Direitos de Autor determina que a alienação do negativo de uma obra fotográfica importa a transmissão dos direitos relativos a essa fotografia. Porém, essa disposição legal tem actualmente pouca utilidade atendendo ao facto de hoje em dia a grande maioria das fotografias ser de base digital e não terem negativo.Resta ainda salientar que se a fotografia for efectuada em exe-cução de um contrato de trabalho ou por encomenda, o direi-to de reproduzir e utilizar a fotografia presume-se que pertence à entidade patronal ou à pessoa que fez a encomenda.

Francisco Costa LeiteGABINETE JURÍDICO DA AMTC

Fotografias e Direitos de Autor

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“Nova Arquitec-tura Alemã. Uma Modernidade Reflexiva”

Entre os dias 2 de Março e 30 de Abril, esteve patente na Sala dos Despachantes a exposição “Nova Arquitec-tura Alemã. Uma Modernidade Reflexiva”, promovida pelo Goethe Institut; Câmara Nacional de Arquitec-tos; Ordem Oficial dos Arquitectos de Hamburgo. 25 Projectos que tentam conciliar tecnologia com tradição e modernidade sem esquecer a função a que se destina e o ambiente em torno de cada construção foram alguns dos aspectos patentes nos módulos e nas maquetes expostos. Um total de 1.025 visitantes contactou com a exposição, destacando-se alguns grupos do ensino superior, profis-sional e secundário associados à área da arquitectura, da gestão do património, do design e construção civil.Um programa de conferências alusivo à nova ar-quitectura alemã e organizado pela Ordem dos Ar-quitectos, que teve lugar no MTC e em diferentes locais do país, complementou esta exposição.

Notíciasdo Museu

HORÁRIOde Terça a Sexta10h > 12h e 14h > 18h

Sab. | Dom. | Feriados15h > 19h

R. Nova da AlfândegaEdifício da Alfândega4050-430 Porto

Tel: 22.340 30 00Fax: 22.340 30 [email protected]

Domingos no

Porto Palácio Hotel

Restaurante Madruga Promove Almoços em Família

Privilegiar a gastronomia portuguesa e recuperar o conceito de almoço de domingo em família são os dois grandes objectivos do Porto Palácio Hotel que desafia todos os seus clientes e fre-quentadores a aderir à iniciativa “almoços buffet em família”.

Todos os domingos, é possível degustar no restaurante Madru-ga, em ambiente íntimo e acolhedor, o melhor da gastronomia portuguesa, que vai sendo enriquecida e variada de semana para semana, uma vez que novas iguarias são introduzidas se-manalmente no buffet de domingo.

Com esta acção, o Porto Palácio Hotel reúne à mesa aquilo que de melhor se pode partilhar: uma boa refeição na companhia da-queles que são mais próximos.

Almoços buffet em Família Restaurante Madruga Preço pax: 26,00 (bebidas não incluídas)Crianças dos 4 aos 8 anos: 50 por cento de descontoAlmoço (12h30 às 15h00)Reservas: tel: 22 608 66 00 / 36, fax: 22 608 66 08, e-mail: [email protected]

Motorclássico Nos passados dias 1, 2 e 3 de Abril de 2005 o MTC marcou presença no Salão Internacional de Automóveis e Moto-ciclos Clássicos na FIL, em Lisboa, com a apresentação da exposição itinerante “Viajar com o Museu”. Aos visitantes deste certame, que atingiu um total de 33.000 entradas, foram distribuídos materiais de divulgação do Museu no sentido de informar e cativar públicos na região centro e sul do país.

“Da (in)Diferença à Integração”

O Museu tem levado a efeito um conjunto diverso de iniciativas que visam problematizar a acessibilidade nos espaços culturais por parte da pessoa com deficiência. Para além da tradução para língua gestual do conto de António Torrado “Como se faz côr de laranja”, no dia 4 de Dezembro de 2004, realizaram-se quatro acções de sensibilização que contaram com técnicos de diversas estruturas culturais (museus, bibliotecas, ludotecas) e técnicos que lidam com as questões da deficiência. As temáticas escolhidas abordaram as várias necessidades espe-ciais, motora, visual, auditiva, mental e sobredotação e questões como a mobilidade, a experimentação e a criatividade foram alvo de conversação e de partilha de experiências.No passado dia 11 de Abril deu-se início à segunda edição do curso “Introdução à Língua Gestual Portuguesa” em estreita cola-boração com a Associação de Surdos do Porto.É desta forma que o Museu tem procurado estimular a participa-ção e o envolvimento de todos os cidadãos nos espaços culturais.

Públicos do Museu em 2004

Para além da actividade permanente, o Museu promoveu um conjunto de outras actividades de índole temporária que con-tribuiu para a diversificação e aumento dos seus públicos. Des-te modo, num total de 38.271 visitantes registados em 2004, a maior percentagem vai para as exposições permanentes “O Automóvel no Espaço e no Tempo” e “Comunicação do Conhe-cimento e da Imaginação”, onde, uma vez mais, se salienta o público em grupo composto pelas visitas escolares.De entre as exposições temporárias destacamos “Edgar Car-doso, Mecanismos de Génio” - 8.438 visitantes; “Brinquedos Sem Fronteiras”, promovida pela Fundação da Juventude - 1.320 participantes; “A Bíblia Manuscrita”, promovida pela Sociedade Bíblica de Portugal - 3.250 participantes; “Leixões: Memória e Identidade de um Porto”, promovida pela APDL - 2.122 visitantes.A análise destes dados revela a importância da programação complementar para o enriquecimento da actividade perma-nente do Museu e para a captação de novos públicos.

“Viajar com o Museu”

A exposição itinerante “Viajar com o Museu” iniciou a sua viagem em Janeiro de 2005. Na companhia do Sr. Teixeira e da Rita Gralha, a exposição procura aguçar a vontade de visitar o MTC, chegando aos que, por vários motivos, não têm possibili-dade de ao museu chegar. No seu diário de bordo conta já com estadias como: Instituto Português de Oncologia do Porto; Es-tabelecimento Prisional de Custóias; Estabelecimento Prisional Especial de St.ª Cruz do Bispo; Estabelecimento Prisional de St.ª Cruz do Bispo; Hospital Magalhães Lemos, entre outros. Com o calendário preenchido até final de 2005, a exposição procurará continuar a abrir caminhos entre museu e a comunidade.

Contos para todos – histórias contadas num sítio com história

Magia e encanto que através de 6 contos deliciou miúdos e graúdos. “Como se faz cor de laranja”; “A Floresta”; As “Histó-rias de tempo vai, tempo vem”; “O Ajudante do Pai); “A Zebra Camila”; “A que sabe a lua”, foram as histórias animadas pelas vozes de Clara Nogueira e Alexandra Gabriel que proporcio-naram momentos de boa disposição e muita gargalhada.

Oficinas Sazonais As Oficinas de Natal 2004 “Do lado de lá da muralha…” tiveram a Muralha Fernandina e o Douro como ponto de parti-da para a descoberta dos misteriosos espaços de Miragaia e a oficina finalizou com um jogo da glória no último dia.Oficinas de Páscoa 2005 - “É a vez do teatro!”, final-mente entrando em cena, neste caso como nos sonhos, tudo se tornou possível. Tendo como palco a estrutura da companhia de teatro “Panmixia”, deu-se corda à criatividade para o espectáculo entrar em cena.Oficinas de Verão 2005 – “Cinco Dias…Cindo aventuras”, desta vez cindo temas para 5 dias diferentes: “A imagem em movimento: ilusão ou diversão?”; “Vamos Blogar”; “Quantos cabem no meu automóvel”; “ciência+Imaginação =comunicação?”; “E das pedras nascem flores!”. Foi assim possível escolher as actividades e multiplicar as hipóteses de experimentar diferentes temas e fazer novos amigos.

Circuito da Boavista

O MTC assinalou a sua presença no Circuito da Boa-vista nos dias 8, 9 e 10 de Julho através da presença da exposição itinerante “Viajar com o Museu” e da inscrição do modelo DKW no Passeio do Pitlane, pro-priedade do Eng.º Aurélio Neves, patente na exposição permanente “O Automóvel no Espaço e no Tempo”.