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SINTE-RN defende respeito à identidade dos funcionários da Educação A unificação deve ser uma luta de todos Ano 22 Janeiro de 2013 Nº 64 unificação dos A diversos segmentos dos trabalhadores em Educação em uma só categoria foi um passo muito importante. Entretanto, um elemento merece destaque nesse processo: a necessidade de se ter a identidade de cada segmento definida. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) passou a orientar os sindicatos filiados para sanar esse grande desafio. O SINTE-RN, bem como todos os sindicatos ligados à CNTE, tem em seu estatuto a identidade de cada segmento profissional definida. Uma coisa que não acontece na sociedade. Nas relações de trabalho essa negação é feita pela construção do conceito de trabalho humano: intelectual e manual. Esses conceitos tem suas bases na divisão do trabalho. Quem tem instrução e domínio do conhecimento não faz o trabalho braçal. É um trabalho de esforço diferenciado e geralmente gozam desse status. A busca da identidade reflete na promoção de direito iguais. Os professores tem um plano de carreira, enquanto que, na maioria dos estados e municípios, os funcionários não tem. As jornadas de trabalho para os funcionários são maiores e os salários são menores. O uso de pressão psicológica e do controle no trabalho também é maior para os funcionários. Outro aspecto a ser lembrado é o nível de escolaridade dos funcionários. Esse ponto tem sido determinante para se ter o trabalhador intelectual e o braçal. Uns têm instrução pode ocupar postos de trabalhos considerados mais suaves e outros, sem formação escolar e consequentemente sem oportunidades, são obrigatoriamente os responsáveis pela execução do trabalho manual. luta pela unificação que A respeite a identidade deve ser uma bandeira levantada por todos os trabalhadores. Não é uma luta não é para dar um nome a esse profissional, mas pelo respeito, pelo investimento na sua qualificação e para dar visibilidade ao seu trabalho. Esses são apenas alguns dos pontos que devem ser levados em consideração nessa busca por identidade. A unificação tem promovido uma verdadeira revolução nestes últimos anos. Nos Sindicatos os funcionários estão presentes nas direções sindicais, nas mobilizações, nas pautas de reivindicações e nas lutas promovidas de forma coletiva ou em prol do segmento. Na CNTE foi criado o Departamento dos Funcionários, além disso, foi encaminhada a pauta reivindicatória ao MEC e feita a articulação entre os parlamentares para a elaboração de políticas públicas propositivas para a valorização dos funcionários.

Jornal Extra Classe Especial Funcionários - janeiro de 2013

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Publicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação em Educação Pública do RN.

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SINTE-RN defende respeito à

identidade dos funcionários da

Educação

A unificação deve ser uma luta de todos

Ano 22 Janeiro de 2013 Nº 64

unificação dos Ad i v e r s o s s e g m e n t o s d o s

trabalhadores em Educação em uma só categoria foi um passo muito importante. Entretanto, um elemento merece destaque nesse processo: a necessidade de se ter a identidade de cada segmento definida . A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) passou a orientar os sindicatos filiados para sanar esse grande desafio.

O S INTE-RN, bem

como todos os sindicatos ligados à CNTE, tem em seu estatuto a identidade de cada s e g m e n t o p r o fi s s i o n a l definida. Uma coisa que não acontece na sociedade. Nas relações de trabalho essa n e g a ç ã o é f e i t a p e l a construção do conceito de trabalho humano: intelectual e manual.

Esses conceitos tem suas bases na divisão do trabalho. Quem tem ins t rução e domínio do conhecimento não faz o trabalho braçal. É um trabalho de esforço

diferenciado e geralmente gozam desse status.

A busca da identidade reflete na promoção de d i r e i t o i g u a i s . O s professores tem um plano de carreira, enquanto que, na maior ia dos es tados e municípios, os funcionários não tem. As jornadas de t r a b a l h o p a r a o s funcionários são maiores e os salários são menores. O uso de pressão psicológica e do controle no trabalho também é maior para os funcionários.

Outro aspecto a ser lembrado é o nível de e s c o l a r i d a d e d o s funcionários. Esse ponto tem sido determinante para s e t e r o t r a b a l h a d o r intelectual e o braçal. Uns têm instrução pode ocupar p o s t o s d e t r a b a l h o s considerados mais suaves e ou t ro s , s em fo rmação escolar e consequentemente sem oportunidades, são o b r i g a t o r i a m e n t e o s responsáveis pela execução do trabalho manual.

luta pela unificação que A respeite a identidade deve ser uma bandeira levantada

por todos os trabalhadores. Não é uma luta não é para dar um nome a esse profissional, mas pelo respeito, pelo investimento na sua qualificação e para dar visibilidade ao seu trabalho. Esses são apenas alguns dos pontos que devem ser levados em

consideração nessa busca por identidade.

A unificação tem promovido uma verdadeira revolução nestes últimos anos. Nos Sindicatos os funcionários es tão presen tes nas d i reções sindicais, nas mobilizações, nas pautas de reivindicações e nas lutas promovidas de forma coletiva ou em prol do segmento.

N a C N T E f o i c r i a d o o Departamento dos Funcionários, além disso, foi encaminhada a pauta reivindicatória ao MEC e feita a articulação entre os parlamentares para a elaboração de políticas púb l icas p ropos i t ivas para a valorização dos funcionários.

Políticas públicas devem propor o resgate da identidade dos funcionários

Formação: alteração em leibeneficiará funcionários

preciso perceber os

Éa v a n ç o s n e s s e s últimos 10 anos tanto

no campo político quanto no institucional. No governo Lula, tivemos a primeira conquista fruto das nossas lutas, mas só foi possível iniciar esse processo porque o governo federal estava disposto a colaborar.

Basta lembrarmos que o g o v e r n o d e F e r n a n d o Henrique Cardoso tinha outra visão de estado e de servidor público. Para ele, o se rv idor púb l i co dava prejuízo e era incapaz de fazer um bom trabalho. Contratar e terceir izar

serviços seria o melhor a fazer.

Esta precariedade no trabalho foi muito negativa. C a u s o u p r e j u í z o s a o s trabalhadores e não foi possível avançar na luta s i n d i c a l . R e t i r a d a d e d i r e i t o s , a u s ê n c i a d e aumento nos sa lá r ios , incentivo a demissões e valorização da iniciativa privada foram o forte da gestão de FHC.

No Rio Grande do Norte, a l é m d a s d e m i s s õ e s voluntárias, o salário era complementado com abano. Um retrocesso muito grande retratado no último boletim

do SINTE-RN através de recortes de jornais com as reivindicações da categoria.

Desde o plano único de carreira à tabela salarial proposta ao governo e as condições de trabalho foram objeto de luta da categoria. Anos duros e de intensos e m b a t e s b u s c a n d o a identidade e a valorização d o s t r a b a l h a d o r e s e m Educação.

A nova conjuntura com o presidente Lula começou em 2005, com a criação de mais uma área na Educação, denominada de 21ª. Isso foi muito importante porque gerou o curso de formação

técnico, o pro-funcionári,o que habilita os funcionários a exercerem trabalhos em diversas áreas (secretaria, alimentação, infraestrutura, m u l t i m e i o s d i d á t i c o s , b i b l i o t e c o n o m i a e orientação comunitária).

A á rea p rofiss iona l t r o u x e c o n s i g o n o v a s terminologias para a função exercida pelo profissional. Uma forma de forçar o poder público a criar os planos de carreira, além da formação e da geração do conhecimento e r e a l i z a r c o n c u r s o s públicos.

s e n a d o r a AFátima Cleide d o P T d e

Rondônia propôs a alteração da lei 11.892 de 2008 para i n c l u i r o s c u r s o s d e formação de profissionais da Educação em nível médio e superior entre os objetivos dos Institutos de Educação, Ciência e Tecnologia.

Esta alteração significa

mudanças para os planos de car re i ra e para a v ida p r o fi s s i o n a l d o s funcionários. É a nova identidade que a categoria busca. A Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional ( L D B N ) t a m b é m f o i alterada.

A principal modificação foi substituir formação docente por formação dos

profissionais da Educação. A primeira versão restringe a f o r m a ç ã o s ó p a r a professores. A nova variante vai permitir que os estados e os municípios se obriguem a promover a formação para os funcionários. Uma vez aprovada a nova versão fortalecerá o movimento s indical nas pautas de r e i v i n d i c a ç õ e s n o d i z

respeito aos planos de carreira, à obrigatoriedade na oferta de formação e à solicitação de revisões dos Regimes Jurídicos dos municípios e dos estados.

A Constituição Federal de 1988 foi alterada no seu art. 206, passando a reconhecer o s f u n c i o n á r i o s c o m o profissionais da Educação através da lei 12.014/2009.

Plano Nacional de Educação trará

valorização para os funcionários

ara fortalecer cada vez mais a P luta pelo reconhecimento e pela identidade profissional dos

funcionários, o Plano Nacional de Educação (PNE) institui na Meta 18 a obr iga to r iedade dos es tados e municípios fazerem os planos de carreira em um prazo de dois anos

contados a partir da vigência da lei.A meta resgata o que está no artigo

206, inciso VIII da Constituição Federal: os planos de carreira devem ter um piso salarial nacional profissional definido por lei federal. Esse conteúdo tem grande importância para o conjunto dos funcionários.

Outra conquista foi a mudança no conceito de educador que passou a ser definido como plano de carreira para os profissionais do magistério. Essa modificação no artigo 61 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação modifica a velha ideia de que o funcionário não é um educador.

Aqui no Rio Grande do Norte há a lei 432/2010 que atualmente, em termos da grade salarial, supera o piso do magistério para o final de carreira. É preciso manter a categoria muito bem informada, já que não se sabe como será definido o plano de carreira dos

funcionários previsto na meta 18 do PNE. Não se sabe também como será essa lei federal, nem tão p o u c o q u a l s e r á a referência salarial. A única certeza até agora é que precisamos conquistar a tabela salarial do plano de carreira da lei 432/2010.

“Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os p r o fi s s i o n a i s d a e d u c a ç ã o b á s i c a e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira

dos profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do art. 206, inciso VIII, da Constituição Federal”.

18.4 – Prevê os planos de carreira dos estados, municípios e distrito f e d e r a l , l i c e n ç a s remuneradas para a q u a l i fi c a ç ã o profissional, inclusive e m p ó s - g r a d u a ç ã o stricto sensu.

18.5 – realizar em 02

anos de vigência da lei do PNE, em regime de colaboração, o censo dos profissionais da educação básica e de outros segmentos que não os de magistério.

18.7 – Pr ior izar o repasse de transferência voluntárias na área de

e d u c a ç ã o p a r a o s estados, o D.F e os municípios que tenham aprovado lei específica estabelecendo plano de carreira para os/as func ionár ios /as da educação

18.8 – Estimular a existência de comissões

p e r m a n e n t e s d e p r o fi s s i o n a i s d a educação de todos os sistemas de ensino, em todas as instâncias da unidade federada, para subsidiar os órgãos c o m p e t e n t e s n a e l a b o r a ç ã o e implementação dos planos de carreira.

18 de fevereiro de 2013, às 14 horas na ASSENAssembléia Geral da categoria para aprovação da pauta de reivindicações e encaminhamento de luta. Lembrete: A pauta de reivindicação dos funcionários já foi aprovada em assembleia do segmento e será apresentada dia 18 de fevereiro para aprovação da pauta geral.

22 de fevereiro de 2013, às 14:30 no SINTE-RNReunião mensal dos Funcionários da Educação. O tema do encontro será “Assédio Moral”, além de outros informes sobre a luta.

O que diz as estratégiasda Meta 18

O que diz a meta 18 do PNE O salário no plano de carreira do RN

Agenda dos Funcionários da Educação

Analisando as estratégias do PNE

SINTE-RN luta pelo cumprimento do plano

de carreira

Conquistas e desafios para os trabalhadores

em Educação

Plano de Carreira: direitos e expectativas

Nosso plano já contém

muitos avanços na carreira,

porém nunca é demais ter

uma meta no PNE que

r e f o r c e o d i r e i t o d e

a f a s t a m e n t o p a r a a

qualificação profissional

tendo os mesmos direitos de

quem está trabalhando.

E s t e m o m e n t o d e

construção dos planos vai

d a r o p o r t u n i d a d e a o s

estados que já têm plano de

carreira de fazer uma análise

comparativa e decidir com a

categoria o que é melhor.

Os estados e municípios

sempre negam direitos aos

trabalhadores. A estratégia

que trata de transferências

voluntárias agrega um valor

muito grande para a nossa

luta. A lupa grande dos

governan tes por ma i s

dinheiro vai favorecer as

nossas reivindicações. Eles

não poderão dizer que o

governo federal está criando

despesas para eles e nós

vamos exigir que eles sejam

corretos na aplicação desses

recursos para valorizar

fi n a n c e i r a m e n t e o s

profissionais.

A i n s t i t u i ç ã o d e u m a

comissão permanente tem

s i d o o u t r a b a n d e i r a

defendida. No RN temos

u m a c o m i s s ã o c o m

r e p r e s e n t a ç ã o d a s

secretarias. Quando foi

formada a comissão da lei

432/2010, a direção do

SINTE conquistou um

assento dentre os indicados

p e l a S E E C . F o i u m a

c o n q u i s t a , j á q u e a

Secretaria poderia nomear

seus nomes e deixar o

Sindicato de fora.

Todo indica que o perfil da

c o m i s s ã o q u e t r a t a a

e s t r a t é g i a d o P N E é

diferente da comissão que

atua aqui no estado do RN.

Tudo isso deve ser objeto de

análise com o conjunto da

categoria, que fará decisões

baseadas no que for melhor

para a coletividade.

A greve de 2011 teve uma curta duração, mas foi suficiente para mostrar que é possível fazer a luta em t o d o s o s c a m p o s : o movimento reivindicatório com as lutas de pressão para negociação e o jurídico com ações judiciais.

No campo político, as promessas da governadora Rosalba se tornaram rotina. A c a d a m o m e n t o d e discussão o governo diz que quer pagar e logo vem a c o n t r a d i ç ã o : n ã o t e m condições financeiras ou a lei de responsabilidade fi s c a l n ã o d e i x a . A s promessas não passam de tentativas de manipulação da categoria.

N a A s s e m b l e i a Legislativa a cena não é diferente. Quando estamos reivindicando alguns se comprometem em defender a causa e outros tratam de

defender o governo.Apesar de todos esses

empecilhos, precisamos enfrentar mais um: o tal fogo amigo. Uma pessoa da categoria tem utilizado a internet para propagar inverdades e difamar a direção do Sindicato. Uma at i tude las t imável que prejudica a luta e nos leva a questionar se essa pessoa quer mesmo ver a categoria vitoriosa.

Tanto o governo quanto a justiça questionarão a consistência de uma luta que nem todos da categoria estão empenhados em conseguir. E no final das contas quem perde sai perdendo com esse f o g o a m i g o s ã o o s funcionários.

Por outro lado, a direção do SINTE-RN não planta mentiras nem ilusões e vai continuar lutando pela categoria e com a categoria.

A c o n q u i s t a é u m d e s a fi o . N ã o e x i s t e c o n q u i s t a s e m o envolvimento pessoal, de grupos, de coletivos, de c o m u n i d a d e s e d e sociedades in te i ras . A conquista é a liberdade.

O desafio é provocante. É atrevido. É coragem é um es tado de res is tência . Quando unimos desafio e busca da liberdade, vamos fazer o encontro com a conquista. Até atingirmos todo esse percurso iremos nos deparar com espinhos, pedreiras, inimigos, má von tade , en t re ou t ros transtornos.

A l u t a d o s trabalhadores já é uma conquista. Não foi fácil

conquistar os espaços de luta e ter um sindicato. Mui to s companhe i ro s d e r a m o s m e l h o r e s momentos de suas vidas para lutar e defender os i n t e r e s s e s d o s trabalhadores.

A h i s t ó r i a f o i construída por homens e mulheres. Por poderosos e oprimidos. Esse último representa o desafio. O desnível do poder. O poder p o l í t i c o , e c o n ô m i c o , cultural. É esse poder entre as classes sociais que movimenta a lu ta dos trabalhadores. É esse poder que nos desafia e nos leva a lutar para obtermos as conquistas.

A história de luta pelo plano de carreira é antiga. Um

desafio que começou em 2010 quando o plano foi feito enquanto

ocorria a campanha salarial da categoria e nem o SINTE-RN

nem outros sindicatos participaram da sua construção.

Um plano que trouxe muitas expectativas acerca dos

direitos funcionais a serem implantados e da imediata

instituição da tabela salarial. O não cumprimento dessa tabela

tem sido um dos maiores desafios do momento.