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PALHA DE ARROZ: UMA ESTRATÉGIA NUTRICIONAL PARA REBANHOS DE CRIA Prof. Ricardo Pedroso Oaigen, Prof a. Deise Dalazen Castagnara UNIPAMPA/Campus de Uruguaiana Coautoras: Andrielli T. Pereira, Leticia T. Acosta, Amanda I. Hermes e Barbara C.R.Silveira Acadêmicas do 9º semestre do curso de Medicina Veterinária. A produção de bovinos de corte é muito expressiva no Rio Grande do Sul, em especial na Fronteira Oeste, onde a maioria do rebanho é criada de forma extensiva em campo nativo. No período de inverno, sobretudo de junho a agosto, há escassez de pastos nativos devido às baixas temperaturas e geadas frequentes, o que faz com que os bovinos necessitem de suplementação alimentar para não perderem peso e condição corporal, levando, consequentemente, a baixos índices reprodutivos dos rebanhos de cria. Entre as alternativas existentes de resíduos culturais está a palha de arroz gerada durante a colheita desta cultura. Este alimento é uma excelente alternativa pelo baixo custo e grande oferta, permitindo que as vacas de cria venham a parir em bom estado nutricional em meados de agosto e setembro. Cabe lembrar que o Rio Grande do Sul é responsável por 45% da produção nacional de arroz, o que corresponde a 270 mil hectares plantados e 11 milhões de toneladas produzidas, grande parte oriunda da Fronteira Oeste. Desta forma a palha de arroz apresenta grande potencial de utilização como volumoso para bovinos de corte apesar de sua baixa qualidade nutricional, pois apresenta baixa disponibilidade de compostos nitrogenados, elevados teores de carboidratos fibrosos e baixa digestibilidade da matéria seca. Porém o fornecimento da palha de arroz associada à fontes de nitrogênio não proteíco (uréia) para bovinos é uma alternativa interessante para melhorar seu aproveitamento, com um baixo custo ao pecuarista, sobretudo aquele que trabalha em integração com lavouras orizícolas. Em média uma vaca de cria consome de 5 a 8 quilos de palha/dia, cerca de 1 rolo de 350-400 kg/inverno. O uso da ureia aliada à palha de arroz favorece a digestibilidade da fibra, aumenta o teor de proteína da matéria seca e otimiza a disponibilidade de nutrientes para a fermentação ruminal, aumentando a absorção de carboidratos e aminoácidos, o que dá a palha de arroz tratada um bom potencial de consumo e ganho de peso em relação a palha de arroz não tratada. Inúmeros produtos existentes no mercado, os chamados sais proteinados, atuam desta forma, pois possuem uréia na sua composição. Em média o consumo de sal proteinado para um bovino adulto varia de 200 a 300 g/dia. É importante destacar que a associação de palha de arroz + sal proteionado tende a aumentar o ganho de peso/dia dos animais, pelos fatores já descritos.

Jornal o momento.(11 set2013).n03

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PALHA DE ARROZ: UMA ESTRATÉGIA NUTRICIONAL PARA REBANHOS

DE CRIA

Prof. Ricardo Pedroso Oaigen, Profa. Deise Dalazen Castagnara

UNIPAMPA/Campus de Uruguaiana

Coautoras: Andrielli T. Pereira, Leticia T. Acosta, Amanda I. Hermes e Barbara C.R.Silveira – Acadêmicas do 9º semestre do curso de Medicina Veterinária.

A produção de bovinos de corte é muito expressiva no Rio Grande do

Sul, em especial na Fronteira Oeste, onde a maioria do rebanho é criada de

forma extensiva em campo nativo. No período de inverno, sobretudo de junho a

agosto, há escassez de pastos nativos devido às baixas temperaturas e

geadas frequentes, o que faz com que os bovinos necessitem de

suplementação alimentar para não perderem peso e condição corporal,

levando, consequentemente, a baixos índices reprodutivos dos rebanhos de

cria.

Entre as alternativas existentes de resíduos culturais está a palha de

arroz gerada durante a colheita desta cultura. Este alimento é uma excelente

alternativa pelo baixo custo e grande oferta, permitindo que as vacas de cria

venham a parir em bom estado nutricional em meados de agosto e setembro.

Cabe lembrar que o Rio Grande do Sul é responsável por 45% da produção

nacional de arroz, o que corresponde a 270 mil hectares plantados e 11

milhões de toneladas produzidas, grande parte oriunda da Fronteira Oeste.

Desta forma a palha de arroz apresenta grande potencial de utilização

como volumoso para bovinos de corte apesar de sua baixa qualidade

nutricional, pois apresenta baixa disponibilidade de compostos nitrogenados,

elevados teores de carboidratos fibrosos e baixa digestibilidade da matéria

seca. Porém o fornecimento da palha de arroz associada à fontes de nitrogênio

não proteíco (uréia) para bovinos é uma alternativa interessante para melhorar

seu aproveitamento, com um baixo custo ao pecuarista, sobretudo aquele que

trabalha em integração com lavouras orizícolas. Em média uma vaca de cria

consome de 5 a 8 quilos de palha/dia, cerca de 1 rolo de 350-400 kg/inverno.

O uso da ureia aliada à palha de arroz favorece a digestibilidade da fibra,

aumenta o teor de proteína da matéria seca e otimiza a disponibilidade de

nutrientes para a fermentação ruminal, aumentando a absorção de carboidratos

e aminoácidos, o que dá a palha de arroz tratada um bom potencial de

consumo e ganho de peso em relação a palha de arroz não tratada. Inúmeros

produtos existentes no mercado, os chamados sais proteinados, atuam desta

forma, pois possuem uréia na sua composição. Em média o consumo de sal

proteinado para um bovino adulto varia de 200 a 300 g/dia. É importante

destacar que a associação de palha de arroz + sal proteionado tende a

aumentar o ganho de peso/dia dos animais, pelos fatores já descritos.

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Para finalizar deve ficar claro que o sucesso desta técnica depende de

vários fatores: perfeita compreensão do processo, gerenciamento eficaz,

controle dos custos envolvidos, pessoas capacitadas e comprometidas,

acompanhamento e ajustes constantes, assessoria técnica e infraestrutura

adequada. Portanto, erros em processos-chaves podem vir a comprometer a

viabilidade da tecnologia.

Obs.:

(*) Sugestões, críticas ou questionamentos relacionados a esta coluna devem ser

encaminhados por e-mail para [email protected] ou [email protected]