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Página 6 José Roberto de Souza Dias Página 5 Ildo Raimundo Rosa Página 7 Roberto Alvarez Bentes de Sá Página 3 Colunistas de “o monatran” Restauração sem discussão Vítima ou algoz A cultura do medo Página 7 MONATRAN E SAPIENS PARQUE Convênio garante construção de Centro de Estudos e Pesquisas sobre Trânsito No último dia 14 de abril, final- mente, tornou-se real a materia- lização de um sonho acalentado pela diretoria do MONATRAN - Movimento Nacional de Educa- ção no Trânsito. Foi assinado na sede do Sapiens Parque o convê- nio que garante uma área de 5 mil metros, naquele local, para a im- plantação do projeto que irá be- neficiar toda a sociedade catari- nense. Assinaram o convênio Saulo Vieira e José Eduardo Fiates, pelo Sapiens Parque e, pelo Monatran, seu presidente Roberto Alvarez Bentes de Sá. (Matéria nas páginas centrais). Catarinenses decepcionados com resultado da reunião que discutiu conclusão das obras na BR-101 Edifício-garagem no centro de Florianópolis trará benefícios reais para a cidade? Página 4 Joinville investe na educação dos motoristas Página 12 Mortes no trânsito chegam a 160 por dia 4ª Ponte Ilha/Continente será solução? Editorial

Jornal O Monatran - Março/Abril de 2011

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Jornal O Monatran - Março/Abril de 2011

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Page 1: Jornal O Monatran - Março/Abril de 2011

Página 6

José Roberto

de Souza Dias

Página 5

Ildo Raimundo

Rosa

Página 7

Roberto Alvarez

Bentes de Sá

Página 3

Colunistas de “o monatran”

Restauração sem discussão Vítima ou algoz A cultura do medoPágina 7

MONATRAN E SAPIENS PARQUEConvênio garante construção de Centrode Estudos e Pesquisas sobre Trânsito

No último dia 14 de abril, final-mente, tornou-se real a materia-lização de um sonho acalentadopela diretoria do MONATRAN -Movimento Nacional de Educa-ção no Trânsito. Foi assinado nasede do Sapiens Parque o convê-nio que garante uma área de 5 milmetros, naquele local, para a im-plantação do projeto que irá be-neficiar toda a sociedade catari-nense. Assinaram o convênioSaulo Vieira e José EduardoFiates, pelo Sapiens Parque e,pelo Monatran, seu presidenteRoberto Alvarez Bentes de Sá.(Matéria nas páginas centrais).

Catarinenses decepcionados com

resultado da reunião que discutiu

conclusão das obras na BR-101

Edifício-garagem no

centro de Florianópolis

trará benefícios reais

para a cidade?

Página 4

Joinville investe

na educação

dos motoristasPágina 12

Mortes notrânsito

chegam a160 por dia

4ª Ponte Ilha/Continente será solução? Editorial

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o monatran

2 - o monatran Março/Abril de 2011

EDITORIAL

A quarta ligação serámesmo a solução?

Há pouco mais de 20 anos, era inaugurada a Ponte Pedro IvoCampos com o objetivo de desafogar o tráfego na Colombo Salles,esperando que ninguém mais enfrentasse longos congestionamen-

tos na travessia. No entanto, a terceira ligação, que levou nove anos paraser construída, logo perdeu seu efeito e, há anos, a população continuapresa em filas intermináveis.

Por este motivo, o Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra)já estuda uma quarta ligação. Mas seria a solução para o problema crônicoque tanto aflige a mobilidade da capital catarinense e, consequentemente,toda a Região Metropolitana? Infelizmente, acreditamos que não. Isso por-que se formos levar em conta a proporção com que tem aumentado a frotade veículos no país, não há ponte que dê jeito.

De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), afrota de automóveis brasileiros é, atualmente, de 64.817.974 veículosregistrados. O número mais que dobrou, em relação há dez anos. A frota étão grande que chega a ser superior à população de muitos países, como ados nossos vizinhos Argentina, Paraguai, e Uruguai, e também de algunseuropeus, como Portugal e Espanha.

Na Grande Florianópolis, os municípios de Florianópolis, São José,Palhoça e Biguaçu tiveram um aumento da frota ainda mais acelerado.Segundo estatísticas do Detran/SC, apenas nos últimos cinco anos, os qua-tro municípios pularam de 303.852 veículos em circulação, para 482.530,entre automóveis, caminhões, caminhonetes, motocicletas, etc. Nos muni-cípios de Palhoça e Biguaçu, o aumento, em cinco anos, foi de 100%.Palhoça tinha 33.435 unidades e agora tem 67.054, enquanto, em Biguaçu,o total passou de 15.099 para 29.061 veículos. São José contava com 68.154e agora tem 115.884 veículos. E Florianópolis tem o maior número deveículos: 272.531. Tinha 187.144 há cinco anos.

Expostos estes fatos, questionamos: quantas pontes mais deverão serconstruídas até que os governantes percebam que o que está errado é ofoco de suas ações? Por que eles não entendem que jamais conseguirãoconstruir novas ligações no mesmo ritmo com que cresce a frota de auto-móveis? Por que pensar em uma quarta ligação ao invés de investir em umtransporte de massa de qualidade e no transporte marítimo? Por que não sefalar na implantação do pedágio urbano, estimulando a população para ouso, durante a semana, de um transporte coletivo eficiente, moderno e con-fortável, mais possível com os recursos oriundos do próprio pedágio? Porque os interesses individuais continuam prevalecendo sobre o coletivo?

No último mês de Março, acompanhamos as comemorações dos ani-versários de duas capitais de estados vizinhos – Florianópolis e Curitiba.Enquanto Curitiba apresentava sua nova frota de ônibus biarticulados, quecircularão em seus invejáveis corredores, de fato, exclusivos; Florianópolisinaugurava o elevado do Trevo da Seta que, com meses de atraso, só feztransferir o congestionamento do Sul da Ilha para cima do viaduto.

Grande Florianópolis, que tal economizar com tantas obras, pontes,aterros e elevados e investir num transporte coletivo eficiente? Quem sabeassim, no 286º aniversário de nossa capital, teremos mais a comemorar.

Jornal do MONATRAN -Movimento Nacional de Educação no Trânsito

Sede Nacional: Av. Hercílio Luz, 639 Conj. 911Centro - Florianópolis / Santa Catarina – CEP 88020-000

Fone: (48) 3333-7984 / 3223-4920E-mail: [email protected]

Site: www.monatran.org.br

DIRETORIA EXECUTIVA:

Presidente: Roberto Alvarez Bentes de Sá

Diretores: Romeu de Andrade Lourenção JúniorSergio Carlos BoabaidLuiz Mario BrattiMaria Terezinha AlvesFrancisco José Mattos Mibielli

Jornalista Responsável e diagramador:

Rogério Junkes - Registro Profissional nº 775 - DRT

Redatora: Ellen Bruehmueller - RegistroProfissional nº 139/MS - DRT

Tiragem: 10.000 exemplaresDistribuição: Gratuita

Os artigos e matérias publicados neste jor-

nal são de exclusiva responsabilidade dos

autores que os assinam, não refletindo ne-

cessariamente o pensamento da direção do

MONATRAN ou do editor.

NOTAS E FLAGRANTES

Maior ônibus do mundo começa a

circular em CuritibaComemorando os 318 anos da cida-

de, a Prefeitura de Curitiba colocou emcirculação, no último dia 29 de março,nove ônibus biarticulados, chamados de“Ligeirão”. Com 28 metros de compri-mento, o gigante azul tem capacidadepara 250 passageiros e é movido abiocombustível à base de soja, transpor-tando assim um número maior de pas-sageiros e reduzindo em 50% a emissãode poluentes, além de dispor de sensoresque lhe garantem a prioridade nos se-máforos.

O veículo também tem sinal lumino-so para indicar a abertura das portas, o

que beneficia especialmente pessoascom dificuldade de audição, e plaquetasem braile indicando o nome da linhacolocadas nos braços e encostos dosbancos reservados a portadores de defi-ciência, idosos e gestantes. Segundo aPrefeitura da capital paranaense, a pre-visão é de que ainda neste semestre, acidade tenha um total de 24 ônibus des-te modelo.

Nota do Editor: Nossas felici-tações a capital paranaense que é umexemplo no quesito investimento in-teligente em prol da mobilidade ur-bana. Parabéns!

Em Triciclo Infantil Comediante

aposta corrida contra ônibus de

Nova York e VENCE!Trânsito é trânsito e vice-versa, como di-

ria o comentarista esportivo. O fato é que sevocê fica indignado com o excesso de veícu-los (e lentidão) na sua cidade, saiba que vocênão é o único. O comediante Mark Malkoff,35, resolveu se manifestar por meio de umaespécie de “Corrida Maluca” (lembra do de-senho animado?). Malkoff montou em umtriciclo infantil e apostou corrida contra umônibus de Nova York. E venceu! O trajeto deuma milha (1,6 quilômetros) foi percorrido detriciclo em 12 minutos e 42 segundos, enquan-to o ônibus levou 14 minutos e 20 segundos.

FLAGRANTEPedestres desobedecem sinal fe-

chado e invadem Av. Paulo Fontesenquanto ela ainda está verde paraos veículos.

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Março/Abril de 2011 o monatran - 3

PALAVRA DO PRESIDENTE Roberto Alvarez Bentes de Sá

[email protected]

Restauração sem discussão

Construída em 1927, a ponte Hercílio Luz foia primeira obra fixa que ligou a Ilha ao Con-tinente, ou vice-versa. Um símbolo da

modernidade na época, já que anteriormente a únicamaneira de fazer este trajeto era de barco. Pessoasmais antigas comentam que não era para qualquerum “viajar” até o Continente. Era uma aventura comodaqui até Chapecó nos dias atuais, guardadas as de-vidas proporções. Mas porque falo desse valor his-tórico da nossa mais antiga ponte? Que por sinal opróprio governador Hercílio Luz não chegou a vê-lafuncionando.

Há algumas semanas, o governo do Estado anun-ciou uma série de cortes no orçamento, que acaba-ram atingindo em cheio o assunto principal desteartigo. O racionamento dos recursos para o Consór-cio Monumento, responsável pela obra de restaura-ção da ponte, provocou uma reação: engenheiros doConsórcio foram em diversos gabinetes de deputa-dos para alertar sobre o perigo iminente: a queda daponte Hercílio Luz. E com um agravante: o eventoinesperado poderia protagonizar uma tragédia semprecedentes. A previsão de finalizar a reforma em2012 estava definitivamente enterrada.

A partir daí, teve início uma discussão descabi-da, onde alguns começaram a argumentar que a res-tauração da ponte seria uma obra muito cara e quenão resolveria o problema da mobilidade. Para estaspessoas, a Hercílio Luz se trataria somente de um mo-numento. De fato, um monumento! Mas que não podeser tratada como “somente” mais um monumento.Uma obra que representou tanto para a comunidadee, com o passar do tempo, tornou-se o símbolo doEstado, não pode ser deixada em segundo plano.

Alguém já imaginou ser questionada a restaura-ção sistemática do Cristo Redentor, símbolo do Riode Janeiro e do Brasil pelo mundo afora? Alguémteria coragem de cogitar que a Torre Eiffel fosseabandonada ao léu, podendo ser desgastada pelasintempéries, por não ter mais serventia funcional? Ea Estátua da Liberdade poderia ser substituída poralgum outro símbolo? Com certeza, qualquer pes-soa responderia um sonoro NÃO a todas estas per-guntas. Assim sendo, como chegar à Ilha sem ter aPonte Hercílio Luz para contemplar? Não vejo como.

Por isso, quando me perguntam o que penso so-bre a possibilidade da paralisação das obras de re-paros da nossa ponte Hercílio Luz, digo logo que

quanto à sua restauração não há o que contestar cus-te o que custar. Posso discutir sua utilização depoisde concluída. Porém, cogitar a interrupção do pro-cesso de restauro está totalmente fora de questão.

Felizmente, já foi anunciada pelo governadorRaimundo Colombo uma série de medidas que per-mitirão a continuidade das obras de restauração daponte Hercílio Luz. Além da destinação de recursosestaduais, o governante vai atrás de recursos fede-rais e se comprometeu ainda em buscar investimen-tos em parcerias público-privadas e da Lei Rouanetde Incentivo à Cultura para terminar a obra.

Uma atitude louvável de alguém que também acre-dita que, em primeiro lugar, é preciso pensar na ne-cessidade urgente da conclusão dessas obras que dei-xarão de pé o símbolo da grandeza da História dopovo catarinense. Afinal, preservar a História é valo-rizar os passos de nossos antepassados e uma formade mostrar de onde viemos para as gerações futuras.

Sendo assim, reafirmo: não há o que discutirquanto à necessidade ou não da revitalização da nos-sa Hercílio Luz. A precisão é tão óbvia quanto à in-dispensável necessidade de se encontrar uma solu-ção para a mobilidade de Florianópolis.

TREVO DA SETAElevado não resolvecongestionamentos de quemvai para o Sul da Ilha

Depois dos 18 meses em obras e cer-ca de R$ 16 milhões gastos, o elevadodo Trevo da Seta foi liberado para desa-fogar o congestionamento sentido Cen-tro–Sul da Ilha. Porém, como era de seesperar e, muitas vezes foi previsto poreste humilde veículo de comunicação, oproblema não foi resolvido.

Isto porque, quando as três faixas depista da Via Expressa Sul se transformamem duas para quem sobe o elevado e umana SC-405, a lei da física é clara: doiscorpos [carros] não ocupam o mesmo lu-gar espaço; então, o jeito, é esperar nafila – agora, em cima do elevado.

Na Secretaria de Obras, há quemacredite que o elevado foi liberado cedodemais. Oficialmente, o secretário LuizAmérico pede paciência e explica que a

liberação do elevado é apenas um doscomponentes para desafogar o trânsito.[Óbvio!]

Nesse conjunto de ações, está a re-tomada das obras da terceira pista na SC-405. Enquanto elas não começam, ospontos de ônibus continuam sem recuoadequado e a entrada e saída dos estaci-onamentos dos estabelecimentos comer-ciais aumenta ainda mais a lentidão.

A notícia boa é que, com exceção dosdias em que há jogo na Ressacada, fi-cou bem mais fácil chegar até o Aero-porto Internacional Hercílio Luz. Obser-vando, no entanto, que o retorno para oCentro (para quem segue pela Av.Diomício Freitas) ficou bem distante.Mas, nesse caso, o jeito é aproveitar a“viagem”.

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4 - o monatran Março/Abril de 2011

Que faltam vagas no centro deFlorianópolis, ninguém pode ne-gar! O problema é que o incremen-to de 256 vagas, distribuídas emoito andares do tecnológico esta-cionamento vertical que está sen-do construído ao lado da CatedralMetropolitana, parece ir na contra-mão da ideia de que é precisodesestimular o uso do transporteindividual no Centro da Capital efocar no transporte coletivo.

Ideia esta defendida pelo coor-denador do Curso de Arquitetura daUniversidade Federal de SantaCatarina (UFSC), Lino Peres, emreportagem publicada no jornalDiário Catarinense. Para ele, o em-preendimento aumentará o fluxo noCentro, podendo acontecer tambémo aumento de filas, por exemplo,em horário de pico, quando os car-ros serão retirados ao mesmo tem-po do estacionamento.

Peres - que também é coorde-nador de um grupo de estudo so-bre mobilidade urbana sustentável- afirma que o problema de mobi-lidade em Florianópolis só será re-solvido com investimento pesadoe vontade política. Para o arquite-to, é necessário um esforço conjun-to entre os poderes municipal, es-tadual e federal.

“Florianópolis precisa investirna descentralização de serviços enão em novos empreendimentos noCentro da Capital. Temos que usaro Continente. O aeroporto, porexemplo, jamais deveria ser naIlha. Poderia ser em Tijucas, que é

Edifício-garagem no centro de Florianópolistrará benefícios reais para a cidade?Anunciada no

início do mês de

janeiro passado,

a construção do

edifício-garagem

no centro da

cidade tem dado

o que falar. De

um lado, a

Prefeitura da

Capital defende

o projeto com

unhas e dentes;

de outro,

especialistas

questionam os

benefícios de se

incentivar a

circulação de

mais veículos na

região.

uma região intermediária”,exemplifica o especialista.

Outras preocupações que afli-giram os pensamentos de muitos“Manézinhos da Ilha” foram a pre-servação da estrutura da Catedral,patrimônio histórico tombado, porcausa do impacto da construção doempreendimento e a tranqüilidadedos prédios residenciais ao redor,que precisariam conviver com obarulho do funcionamento de trêselevadores e 15 robôs.

Para tirar estas e outras dúvi-das, a equipe de reportagem do Jor-nal “O Monatran” conversou como Secretário Municipal de MeioAmbiente e Desenvolvimento Ur-bano, José Carlos Rauen, e trans-creve a entrevista a seguir:

O Monatran: Como surgiu aideia da construção desse edifí-cio-garagem?

José Carlos Rauen: Essa ideiapartiu de uma viagem do entãoGovernador Luiz Henrique daSilveira a China, onde lá verificoueste tipo de estacionamento e umempresário catarinense se propôsa instalar o equipamento no Esta-do. Ele fez um protótipo desseempreendimento em Criciúma, quefoi aprovado pelas autoridades.

O Monatran: Foi feito o pro-cesso de licitação de concessãodesse serviço?

JCR: Sim. Foi feita a licitação,com edital aprovado pelo Tribunalde Contas. Por sorte, a empresacatarinense habilitou-se e ganhouesta licitação

O Monatran: O Plano Dire-tor da cidade permite a constru-ção desse tipo de empreendimen-

to naquela região?JCR: O Plano Diretor naquela

região só permite dois pavimentose essa parte daqui não poderia serpermitida a construção em funçãode estar do lado de um empreendi-mento tombado, que é a Igreja Ma-triz. Mas acontece que nós verifi-camos os benefícios que seriam tra-zidos para a cidade e exigimos queessa empresa fizesse um estudo deimpacto de vizinhança mostrandoas vantagens e as desvantagens. Asvantagens são imensas em cima dasdesvantagens. E, acima de tudoisso, o empreendimento é uma cai-xa de vidro. E como a obra éconcessionada, ao término de suaconcessão, ela pode ser desmonta-da. Se ela pode ser desmontada,então o patrimônio não está sendoimpedido de sua visualização, nãoestá criando impacto.

O Monatran: Esse estudo foisubmetido ao IPUF?

JCR: Foi, claro! Eu tenho oImpacto de Vizinhança aprovadopelo IPUF, tanto que a Prefeiturafoi quem emitiu o alvará de con-cessão e vai emitir o alvará de fun-cionamento da obra quanto ela es-tiver pronta.

O Monatran: Algumas pesso-as comentam que este estaciona-mento incentivaria mais carrosde entrarem no centro, compli-cando ainda mais o trânsito daregião. O que o senhor pensa so-bre isso?

JCR: Não tem esta possibili-dade. Muito pelo contrário. Todoo volume de tráfego que está esta-cionado na Arcipreste Paiva vai su-mir porque eles vão ser estaciona-

dos no edifício-garagem de for-ma inteligente. Na rua, ele nãovai poder estacionar. Vai serproibido. Inclusive para as en-tidades públicas: a Prefeitura,a Justiça Federal que são quemmais ocupam a rua. Por exem-plo, se você tiver um evento naIgreja, ótimo! Agora você temum lugar para estacionar. Ouseja, o edifício-garagem vai be-neficiar inclusive o patrimônio.

O Monatran: Não serãoformadas filas para entradae saída de veículos do estaci-onamento?

JCR: Não. Pois a entradaserá inteligente. A estrutura po-derá guardar até três carros aomesmo tempo e não levará

mais do que 70 segundos para aco-modar cada automóvel. E, na saí-da, a mesma coisa. Então, você nãotem manobrista, não perde tempocom nada. Você não vai sofrer re-manso nenhum. Não vai ter fluxonenhum de veículos de entrada ede saída na Arcipreste Paiva, ape-sar do volume de carros. Isto estácomprovado tecnicamente pelaempresa.

O Monatran: E o barulho? Otrabalho dos elevadores e robôsirá incomodar os prédiosresidenciais localizados próxi-mos ao estacionamento vertical?

JCR: Nenhum. Porque ele vaiestar dentro de uma caixa revestida.Isso foi previsto. Muito menor obarulho do que o ruído de carro quejá existe na rua. O empreendimen-to vai tirar os carros da rua edevolvê-los para rua sem barulho.Melhor benefício, impossível.

O Monatran: Qual o prazoprevisto para conclusão desteprojeto?

JCR: Já era para estar pronto!Eles que atrasaram.

O Monatran: O senhor acre-dita que serão construídos outrosestacionamentos deste modelo?

JCR: Nós estamos incentivan-do. Mas nossa grande dificuldadeé encontrar possíveis lugares parainstalação de novos estacionamen-tos, porque este é um investimentocaro. Por que este investimento éviável? Porque o terreno não é doproprietário, é do Estado. Ele dei-xou de comprar o terreno. Imaginao quanto que ele economizou. Por-que senão não tem retorno finan-ceiro.

José Carlos Rauen: “Quem critica este projeto é porque não oconhece”

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Março/Abril de 2011 o monatran - 5

Jose Roberto de Souza Dias *

Vítima ou algoz

* Doutor em Ciências Humanas e Mestre em

História Econômica pela USP, Professor

Adjunto da UFSC, criou e coordenou o

Programa PARE do Ministério dos

Transportes e foi diretor do Departamento

Nacional de Trânsito - Denatran. Secretario

Executivo do Gerat, da Casa Civil da

Presidência da República, Diretor de

Planejamento da Secretaria de Transportes

do Rio Grande do Sul, Presidente do

Instituto Chamberlain de Estudos

Avançados e membro do Conselho

Deliberativo do Monatran – Movimento

Nacional de Educação no Trânsito.

Um dos mais importantes de-safios do século XXI é o deencurtar distâncias, sejam es-

tas temporais ou espaciais. Impossívelse faz atingir as etapas superiores dodesenvolvimento social e econômicosem aproximar mercados produtoresde centros consumidores, possibilitan-do que pessoas e mercadorias circu-lem com segurança em espaços de tem-po cada vez menores.

Difícil admitir que um país com8.547.403 km2, o quinto maior domundo, superado em tamanhoterritorial apenas pelos Estados Uni-dos, China, Canadá e Rússia, dependamajoritariamente do transporte rodo-viário. Mais grave ainda quando seconsidera os 7.367 quilômetros de li-nha costeira e a quase inexistência dotransporte de cabotagem ou do trans-porte marítimo de passageiros.

Um exemplo é a cidade deFlorianópolis que em pleno séculoXXI não se utiliza do transporte marí-timo público para servir sua popula-ção entre os diversos pontos da ilha edo continente. Parece até que interes-ses menores se impõem às necessida-des de uma população absolutamentecarente de transporte público de qua-lidade.

Deve se considerar, também, aquestão da navegabilidade de algunsrios, como o Amazonas e o Paraguai,que insistentemente continuam na ida-de da canoa, expondo suas populaçõesa desastres absolutamente evitáveis sea modernização do transporte fluvialnão for levada como prioridade abso-luta para servir a população carentedessas longínquas regiões brasileiras.

Numa época em que as mais altasautoridades se preocupam mais comtransporte de dados que de alimentos,algo está profundamente equivocado.Afinal, o arroz gaúcho continua che-gando às praças do Norte e do Nor-deste, na maioria, no lombo do cami-nhão, gerando desperdício no transbor-do, encarecendo um gênero de primei-ra necessidade e, provavelmente, pro-vocando acidentes pelo esgotamentoda capacidade das vias e pelo longopercurso exigido do caminhoneiro.

suficiente, na formação de seus qua-dros, principalmente dos motoristas,chaves de todo o sistema.

O caminho é longo, mas os primei-ros quilômetros já começam a ser ro-dados. Certamente um maior investi-mento na manutenção preventiva, prin-cipalmente no que se referem a consu-mo, pneus e sistema de frenagem, podereduzir significativamente custos e au-mentar a segurança e a competitividade

A questão da manutenção é crucial,principalmente levando-se em conta aprecária situação das estradas brasilei-ras. Caminhões de idade avançada nãocombinam com estradas esburacadas,o resultado todos conhecem, quebramno caminho, se acidentam com maisfacilidade e baixam constantementepara as oficinas. Isso afeta diretamen-te o chamado Custo Brasil, uma vezque 63 por cento do transporte é feitoatravés do modal rodoviário, afetandoinclusive nossas exportações, gerandoum gasto operacional muito maior doque, por exemplo, nos Estados Unidos,para veículos da mesma idade. Aciden-tes envolvendo veículos pesados sãosempre traumatizantes.

Vale ainda considerar, no que se re-fere à mão de obra no setor de trans-porte que, há pouco tempo atrás, na im-prensa brasileira, através de diferen-tes veículos, repercutiu uma matériaque mostrava o comércio deanfetamina, rebite, cocaína e crack empostos de gasolina. Alguns meios decomunicação chegaram mesmo a afir-mar que 25 por cento dos profissionais,principalmente autônomos, fazem usode algum tipo de droga. A generaliza-ção e a abordagem sem critérios cien-tíficos é uma forma simples, e quasesempre perniciosa de avaliar, pois re-úne características particulares e porinferência atribui a outros que tem amesma semelhança. A linha divisóriaentre a generalização e o preconceitosocial é muito tênue.

Evidente que as condições de tra-balho dos caminhoneiros brasileiros émuito ruim, baixos salários, perigosascompensações por comissões atreladasmuitas vezes ao tempo de entrega damercadoria, fretes nem sempre com-

Mas o que falar do grão de soja e desuas filas intermináveis no porto deParanaguá, que, antes de chegar ao por-to, passa por transbordos desnecessári-os que a ferrovia resolveria. Nada di-ferente do frango que perde preço en-quanto passeia pelo interior do Estado.

O sistema de transporte brasileiro,apesar de importantes esforços reali-zados, ainda está muito longe de che-gar ao século XXI.

Enquanto a multimodalidade não seimpõem, com o transporte ferroviárioe hidroviário ocupando seu espaço paratransportar grandes cargas a grandesdistâncias e redesenhando o desempe-nho do rodoviário, necessário se fazcompreender a importância desse tipode transporte nos dias de hoje.

O Brasil, segundo dados da Asso-ciação Nacional dos Fabricantes de Ve-ículos Automotores possui uma frotade aproximadamente um milhão e seis-centos mil caminhões. A idade médiaé de 15 anos, avançada para os padrõesinternacionais, principalmente se con-siderado o desgaste pelas distancias di-ariamente percorridas e pelas péssimascondições de grande parte das estra-das.

O Portal “Transporta Brasil”, deforma mais especifica, afirma que asfrotas das empresas de transporte pos-suem uma idade média de 11 anos, noagronegócio é de cinco anos, mas en-tre os autônomos, que formam a mai-oria dessa categoria, chega-se a idademédia de 23 anos. Note-se, que segun-do o Portal, isso é uma apenas umamédia, pois existem circulando mui-tos caminhões com mais de 40 anos,como os antigos Scanias e Fenemês.

O lado positivo de toda essa histó-ria é que os operadores privados do sis-tema, empresas e autônomos, desisti-ram de ficar esperando só pelo gover-no, quase sempre lento, tardio eintervencionista, e resolveram avançarno que era possível.

Utilizando-se de modernas técnicasde gestão passarão a investir emtecnologia da informação, na melhorados sistemas de segurança e de comu-nicação, na terceirização de serviçose, principalmente, se bem que ainda in-

pensatórios, longas jornadas e distân-cias, equipamentos sofríveis, estradasmal conservadas, risco de violência ur-bana, distância da família, solidão, ali-mentação de baixa qualidade, enfimmuitos motivos que somados aos pro-blemas pessoais e familiares podem,em um determinado momento compro-meter a saúde fisica e mental dessesmotoristas.

Para Andre Costa, vice presidenteda Federação dos Caminhoneiros doRio Grande do Sul, controlar o tempode descanso é a forma de se evitar osacidentes de trânsito envolvendo veí-culos pesados. Os motoristasregistrados que trabalham para gran-des empresas de transporte se envol-vem menos em acidentes, pois sãomais fiscalizados e possuem maiorcontrole sobre o tempo de descanso,inclusive utilizando modernas técnicasde rastreamento. O mesmo ocorre comos autônomos que são micro empresá-rios, donos do seu próprio negócio,muitos dos quais treinados pelo Sest/Senat. O problema, afirma, está entreos avulsos que trabalham para pseudoautônomos, ou pequenas empresas eque se submetem, à revelia da legisla-ção, a trabalhar por qualquer frete eem qualquer situação.

Necessário se faz jogar todo e qual-quer preconceito na lata de lixo da His-tória e, sem generalizações, enfrentaro problema de frente, afinal o uso dedrogas é muito mais um problema so-cial do que uma doença laboral. O ca-minhoneiro, por sua vez, não é vítimanem algoz, continua como sempre sen-do aquele irmão da estrada, que mui-tos já conheceram em um momento denecessidade.

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6 - o monatran Março/Abril de 2011

Uma comitiva formada por de-zenas de representações políticas,empresariais e de categorias profis-sionais de Santa Catarina viajou, noúltimo dia 12 de Abril, para umaaudiência do Fórum ParlamentarCatarinense, em Brasília. A inten-ção era pressionar os órgãos com-petentes para uma definição da con-clusão da BR-101 Sul, rodovia im-portante para o desenvolvimento doEstado. “Não é uma pressão, masprecisaríamos de um calendário noqual pudéssemos acompanhar o an-damento desta obra”, reclama o pre-sidente da Assembleia Legislativa,Gelson Merisio (DEM).

Mas para tristeza de toda a co-mitiva, o diretor-geral do Departa-mento Nacional de Infraestrutura deTransportes (Dnit), Luiz AntônioPagot, afirmou que não é possívelestabelecer um calendário, princi-palmente para a conclusão dos prin-cipais impasses da BR, que são aspontes e os túneis. Para piorar, oministro dos Transportes, AlfredoNascimento, faltou ao encontro.

Especulações comentavam que aobra seria concluída até 2013, masPagot fez questão de ressaltar queantes do primeiro semestre de 2014

DESCASOReunião sobre BR 101 em Brasília deixadecepcionados todos os catarinenses

não há chance. Um balde de águafria para os políticos, que se uniram,apesar das diferenças partidárias.Apesar de tudo, o diretor afirmouque enviará as autoridades relatóri-os mensais dos avanços da obra,visto com bons olhos por parte dospresentes.

No entanto, a falta de resultados

claros na reunião foi classificadacomo frustrante pelo presidente daFederação das Indústrias (FIESC),Alcantaro Corrêa. “A ausência doministro e do DNIT de SantaCatarina na audiência configuramdesrespeito com nosso estado, es-pecialmente considerando arepresentatividade da comitiva que

se deslocou a Brasília, que incluiuaté o governador”, acrescentouCorrêa, afirmando ainda tudo nãopassara de um teatro.

Dentre os principais problemaspara a conclusão da duplicação darodovia, destacam-se a licitação dotúnel do Morro do Formigão, queenfrenta uma disputa entre dois con-sórcios, e o túnel do Morro dos Ca-valos, em Palhoça, que depende deautorização do Instituto Brasileirodo Meio Ambiente e Recursos Na-turais Renováveis (Ibama) e da Fun-dação Nacional do Índio (Funai).

Para Roberto Bentes, presidentedo MONATRAN - Movimento Na-cional de Educação no Trânsito, ou-tro fato lamentável é a falta de apoioà causa por parte dos estados vizi-nhos – Paraná e Rio Grande do Sul.“Não consigo entender a falta de in-teresse por parte desses dois Esta-dos. Até parece que eles não serãobeneficiados com a conclusão des-sa duplicação”, ressaltou.

O governador Raimundo Colombo acompanhou a comitiva de parlamentares catarinenses em Brasília. Frustração geral.

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Março/Abril de 2011 o monatran - 7

Ildo Raimundo Rosa *

A cultura do medo

* Delegado da Policia Federal. Ex-presidente do

IPUF – Instituto de Planejamento Urbano de

Florianópolis. Ex-secretário da Secretaria de Se-

gurança Públ ica e Defesa do Cidadão de

Florianópolis. Membro do Conselho Deliberativo

do MONATRAN - Movimento Nacional de Educa-

ção no Trânsito.

Olamentável incidente batizado como

“massacre do REALENGO” no Rio de

Janeiro, atinge de forma indelével a

visão por muitos defendida da natureza afável,

humana e otimista do brasileiro.

A notável expansão da violência

inconsequente como mera opção para a solução

de conflitos, infelizmente cada vez prospera

mais no seio da sociedade brasileira.

O medo acumulado a partir da discrimina-

ção, deformando de forma irreparável a perso-

nalidade mais adiante acaba explodindo em de-

trimento de pessoas indefesas, tristes sintomas

do que poderia ter sido e não foi, do tempo cer-

to para sarar, para corrigir , frustrado que foi

pela omissão do Estado e pela crescente falta

de estrutura dos nossos centros educacionais e

de nossos próprios professores.

A mídia por sua vez, recupera imagens, fa-

tos e histórias dessa deformação, fazendo com

que alguém, até então invisível, passe a contar

com crescentes adeptos, identificados com o

mal, com o horror e com a violência.

O certo é que cada vez mais estamos geran-

do uma cultura associada à violência e ao mal,

incentivada por uma legislação permissiva,

despreparada para lidar com cenários tão agra-

vados, renunciamos assim ao próprio direito co-

dificado, cobrando de nossos legisladores leis

aprovadas após os fatos, propondo o agravamen-

to das penas, sem um estudo mais aprofundado

que vise abordar o cerne da questão, qual seja, a

adoção clara de uma cultura de paz.

A opção pela paz por sua vez, não significa

fraqueza, mas pelo contrário, o fortalecimento

do Estado e do império da Lei, reconhecendo

que existem setores mais expostos e que estão a

demandar uma pronta intervenção.

A escola como ambiente de conhecimento e

de qualificação, não pode se deixar dominar pe-

las drogas e pela violência, seu vínculo atávico

com o futuro coloca em risco o nosso próprio

destino como nação.

Contudo, a sociedade civil tão prestimosa e

eficiente após as desgraças deve demonstrar toda

sua efetividade visando preveni-las.

As ruas, a partir da própria mobilidade urba-

na, são um triste reflexo do descaso e da opção

pela impunidade.

No Rio de Janeiro, o simples aumento da fis-

calização nas vias públicas a partir de 2009,

numa campanha associada ao controle da docu-

mentação dos veículos e da ingestão de bebidas

alcoólicas, fez com que, num universo de

450.000 veículos abordados, fossem lavrados

55.000 autos de infração, num preocupante re-

flexo do descaso e da aposta na impunidade,

sendo que inclusive um ex-governador foi

flagrado com a carteira de habilitação vencida,

negando-se na ocasião a submeter-se ao

bafômetro como qualquer um dos mortais.

O BRASIL como potência emergente, cota-

do inclusive para ocupar um assento no CON-

SELHO DE SEGURANÇA DA ONU, não con-

diz com esse BRASIL do descaso, da corrupção

e da violência, reverter essa situação é respon-

sabilidade de todos nós.

São números de guerra: 160pessoas morrem todo dia notrânsito brasileiro. Por que omotorista brasileiro é tão ruime tão imprudente? Seria a sen-sação de impunidade? Muitosespecialistas dizem que a leiexiste e que é boa. A falha esta-ria na fiscalização. É um desfi-le de situações de risco que sevê nas ruas também quase quediariamente. Há falta de aten-ção, imprudência, motoristasalcoolizados, desrespeito à lei.

Segundo dados do DPVAT(seguro obrigatório), nos últi-mos cinco anos, 160 pessoasmorreram por dia em decorrên-cia de acidentes de trânsito nopaís. Na maioria dos casos, asvítimas são os próprios condu-

MORTES NO TRÂNSITOChegam a 160 por dia, alerta pesquisaO dado é da

seguradora que

administra o

DPVAT, o seguro

obrigatório. Na

maioria dos

casos, as vítimas

são os próprios

condutores.

tores, que têm entre 21 e 30 anosde idade. Do total de indeniza-ções pagas em 2010, 31% fo-ram por acidentes com carros.A pior estatística é com as mo-tos: representam 61% do total.

Mas por que tantas mortes?Para o motorista de ônibus

Cícero Muniz, depois de um diainteiro atrás do volante, a von-tade das pessoas é só de chegarprimeiro. “Ninguém cede a vezpara o outro. Quer estar na fren-te e quer chegar na frente”. Háfalta de atenção. “É um poucocansativo para a pessoa queroda o dia todo”,diz outro mo-torista de ônibus.

Com pressa, os motoboysadmitem: eles estão sempre cor-rendo contra o tempo. “A gente

tem hora certa para entregar epara fazer entrega. Se não fizerno horário, a gente é cobradopor isso”, explica o motoboyLucivaldo Bezerra.

Pra piorar, na rua, há muitassituações de risco. Recentemen-te, em Brasília, um grupo foiflagrado por um cinegrafistaamador bebendo e passando agarra uns para os outros. Osmotoristas foram identificadose podem ser obrigados a pagaraté R$ 470 de multa cada um,além de receberem também 19pontos na carteira.

Na opinião do diretor-presi-dente da seguradora LíderDPVAT, Ricardo Xavier, há anecessidade de que as pessoastenham consciência dos núme-

ros e sejam educadas nas esco-las desde pequenas. “Porquesenão a história vai continuar serepetindo e outras160 pessoasmorrerão por acidente de trân-sito no país a cada dia”, alerta.

Já para o professor da Uni-versidade de Brasília (UnB),David Duarte, o grande proble-ma está na fiscalização. “Nossafiscalização é ineficaz, é prati-camente inoperante na maioriadas cidades e o motorista se sen-te impune. Ele pode fazer o quequiser que não vai acontecernada”, observa.

Ainda segundo dados doDPVAT, diariamente, são pagasde 900 a 1 mil indenizações pormorte, invalidez e assistênciamédica a feridos em acidentes.

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8 - o monatran Março/Abril de 2011

Depois de dez anos de lutas,finalmente no último dia 14 deabril, tornou-se mais real amaterialização de um sonho aca-lentado no coração da diretoriado MONATRAN - MovimentoNacional de Educação no Trân-sito: a construção de um CentroEducacional de Trânsito.

Na ocasião, foi assinado umconvênio de cooperação mútuaentre a Sapiens Parque e a en-tidade, que prevê a cessão deuma área de 5.000 m2 para aconstrução de um Centro Edu-cacional de Trânsito e de de-senvolvimento científico,tecnológico, social, ambiental,de pesquisa e de prevenção aacidentes de trânsito.

Orçada em aproximadamen-te R$ 4,2 milhões, a implanta-ção do projeto deve contar comrecursos do Governo Estaduale Federal, além do apoio da ini-ciativa privada, inclusive deempresas e fundações interna-cionais.

Assinaram o convênio, pelaSapiens Parque, os senhores

MONATRAN E SAPIENS PARQAssinado convênio para construção de Cen

Saulo Vieira (Diretor Presiden-te), José Eduardo AzevedoFiates (Diretor Executivo) eCarolina Menegazzo (gerenteExecutiva); enquanto peloMONATRAN, os senhoresRoberto Alvarez Bentes de Sá(Diretor Presidente), JoséCarlos Pacheco, Ildo RaimundoRosa e Rogério Junkes (Con-selheiros da entidade).

Saulo Vieira salientou que oato significou o primeiro passopara a grande jornada que, àfrente, se apresenta. “O primei-ro passo foi dado. Agora, oMONATRAN, como institui-ção, irá em busca de recursosque já existem alinhavados eque apenas necessitavam des-se documento para efetivar acaptação”, explicou.

Confiante, Roberto AlvarezBentes de Sá disse acreditar quenão terá dificuldades em anga-riar os recursos. “Muitas insti-tuições já estão comprometidasem nos apoiar. Além disso, eutenho certeza que, em se tratan-do de trânsito e do objetivo que

Roberto Alvarez Bentes de Sá, presidente do Monatran e Saulo Vieira, diretor

presidente do Sapiens Parque

Saulo Vieira,presidente do Sapiens Parque

“O primeiro passo foi

dado. Agora, o

MONATRAN, como

instituição, irá em

busca de recursos que

já existem

alinhavados e que

apenas necessitavam

desse documento para

efetivar a captação”.

Da esq. p/ dir., Carolina Menegazzo (gerente executiva), José Eduardo Azevedo Fia

Roberto Alvarez Bentes de Sá (presidente), Ildo Raimundo Rosa, José Carlos Pache

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Março/Abril de 2011 o monatran - 9

QUEntro de Estudos e Pesquisas sobre Trânsito

nós estamos defendendo - comum centro de pesquisa de estu-do de acidentes de trânsito e deformação de crianças e de no-vas gerações - tenho a impres-são de que nós não teremos di-ficuldades em conseguir essesrecursos e o mais rápido possí-vel”, afirmou.

Da mesma maneira, JoséEduardo Azevedo Fiates tam-bém está otimista e acredita nosucesso do projeto. “A nossaparceria com o MONATRANvai no sentido de buscar juntossoluções pra construir aqui umcentro de referência nacional emundial em educação no trân-sito, em desenvolvimento detecnologias que melhorem aqualidade de vida e a seguran-ça no trânsito e no estabeleci-mento de propostas e de con-ceitos novos, que estabeleçamuma nova forma de tratar aquestão do trânsito na cidade”,comentou empolgado.

Já os conselheiros JoséCarlos Pacheco, Ildo RaimundoRosa e Rogério Junkesenfatizaram os benefícios queserão oferecidos à sociedade.“Nossa intenção é investir na

educação das crianças e quemmais tem a ganhar é a socieda-de catarinense. Principalmenteporque temos a alegria deacompanhar a instalação demais uma instituição nacionalem nossa bela Ilha de SantaCatarina”, ressaltou Pacheco.

“A implantação de um Cen-tro Educacional de Trânsito éum caso de iniciativa de médioe longo prazo que implica numinvestimento humano muitomaior, mas que pode nos trazer,no futuro, uma realidade dife-rente da que nós temos hoje.Além disso, eu espero que esteCentro seja um referencial den-tro de um sistema que vai in-vestir em pesquisa, em conhe-cimento e em tecnologia, quecertamente vai se refletir nasfuturas gerações”, destacouIldo Rosa.

Em mais uma iniciativa iné-dita no país encabeçada peloMONATRAN, RobertoAlvarez Bentes de Sá explicaque “a realização do projetoserá um grande presente para acapital catarinense, que tantocarece de ações voltadas para amelhoria do trânsito”, concluiu.

“A nossa parceria com

o MONATRAN vai no

sentido de buscar

juntos soluções pra

construir aqui um

centro de referência

nacional e mundial em

educação no trânsito”

José Eduardo A. Fiates,diretor executivo do Sapiens Parque

Os Conselheiros do MONATRAN Ildo Rosa, José Carlos Pacheco e Rogério Junkes também enfatizaram os benefícios

que serão oferecidos a sociedade com a implantação do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Trânsito

ates (diretor executivo), Saulo Vieira (presidente) do Sapiens Parque e,

eco e Rogério Junkes (conselheiros) do Monatran.

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10 - o monatran Março/Abril de 2011

JUDICIÁRIO

A ministra Ellen Gracie, do Su-premo Tribunal Federal (STF), ne-gou liminar em Habeas Corpus (HC107507) para A.C.S., denunciado porter, supostamente, adulterado sinalidentificador de um automóvel.Ele pede que o Supremo reconheçaque os fatos apontados na denúncianão se enquadram no que prevê oartigo 311 do Código Penal.

Ao receber o processo, o juiz da1ª Vara de Frederico Westphalen(RS) julgou improcedente a denún-cia e absolveu o réu, por entender queo fato não constituiria a infração pe-nal prevista no dispositivo do Códi-go Penal. O Ministério Público (MP)do Rio Grande do Sul recorreu aoTribunal de Justiça (TJ) do estadocontra essa decisão do juiz de pri-meiro grau, mas a corte estadual ne-gou o apelo.

A acusação, então, recorreu aoSuperior Tribunal de Justiça (STJ),que deu provimento ao recurso, paraque o processo retornasse à primeirainstância e continuasse tramitando.Para o STJ, é pacífico naquela corteo entendimento de que adulteraçãode chassi ou de qualquer sinalidentificador de veículo se enquadrano tipo penal previsto no artigo 311do Código Penal.

A defesa recorreu dessa decisão

Ministra nega liminarpara acusado poradulteração de sinalidentificador de veículo

ao Supremo, alegando que os fatosapontados seriam atípicos, e que oSTJ teria reapreciado matéria fática,o que seria vedado em se tratandode um recurso.

Ao negar o pedido de liminar, aministra disse que o ato do STJ ques-tionado por meio do habeas corpus“se encontra devidamente motivado,apontando as razões de convenci-mento da Corte”. Nesse sentido, aministra disse entender que as razõesconstantes da decisão do STJ “mos-tram-se relevantes, e num primeiroexame, sobrepõem-se aos argumen-tos lançados no writ (pedido)”. Comesse argumento, a ministra disse nãovislumbrar, no caso, a presença dofumus boni iuris (fumaça do bomdireito), necessária para a concessãoda tutela antecipada.

Os ministros do Supremo Tribu-nal Federal (STF) derrubaram, no dia17 de Março, lei do estado de SãoPaulo que criou faixa exclusiva parao tráfego de motocicletas nas vias degrande circulação na região metro-politana de São Paulo. Cabe recur-so, mas a apelação não muda mais oresultado do julgamento.

A norma, em vigor desde 2001,

Supremo derruba lei de SP quecriou faixa exclusiva para motosCompetência para legislar sobre trânsito é da União, decidiu STF.

Lei chegou a ser vetada pelo governador do estado, em 2001

foi aprovada pela AssembleiaLegislativa do Estado e vetada peloentão governador, Geraldo Alckmin,mas o veto foi derrubado pelos de-putados. Em 2004, o governo do es-tado recorreu ao STF, pedindo que alei fosse declarada inconstitucional.

Segundo o governo local, a lei teriainvadido a competência do municípioao regular o trânsito. O relator do caso,

ministro Joaquim Barbosa, no entanto,argumentou que legislar sobre trânsitoe transporte urbano é responsabilidadeprivativa da União. O voto foi seguidopor todos os ministros.

“É firme a jurisprudência destaCorte no sentido de reconhecer ainconstitucionalidade formal de nor-mas estaduais que tratam sobre trân-sito e transporte”, disse Barbosa.

A batalha foi longa, mas no fim acatarinense Daniely Argenton ven-ceu a gigante francesa Renault. Paraconseguir tal proeza, ela lançou mãode redes sociais e do alcance dainternet para fazer valer os seus di-reitos.

Tudo começou em 2007, quandoo Mégane zero quilômetro recém-comprado pela advogada de Concór-dia apresentou falhas no motor. In-satisfeita com a falta de solução – aassistência técnica não localizou oproblema –, ela acionou a Justiça.Uma perícia constatou, em 2008, queo problema era de propulsão no mo-tor (o carro perdia aceleração de re-

Renault fazacordo apóstentar retirarcríticas na rede

pente). O laudo concluiu que o veí-culo não era seguro. A Justiça, naépoca, foi favorável a Daniely, masa Renault recorreu alegando falhasprocessuais.

Em fevereiro deste ano, quandoo problema com o carro fez quatroanos, Daniely resolveu montar o sitewww.meucarrofalha.com.br, em querelatava todo o episódio e a sua in-dignação com o que considerava in-diferença da montadora. Um conta-dor no site mostra há quanto tempoo carro estava sem uso. Mais de trêsanos e meio.

Em pouco mais de um mês, o siteteve quase 740 mil acessos. As pági-nas no Orkut e no Facebook e o per-fil do Twitter também ficaram popu-lares. A advogada criou um canal noYouTube e postou dois vídeos emque mostra o carro na garagem dasua casa. Juntos, esses vídeos tive-ram mais de 112 mil visualizações.

Para incendiar ainda mais estahistória, o juiz Renato Maurício, da1ª Vara Cível de Concórdia, que jul-gava uma ação por danos moraisajuizada pela Renault contra Daniely,entendeu que a catarinense“extrapolou seu direito de liberdadede expressão, prejudicando a ima-gem da empresa”, e determinou queela retirasse da internet todas as pá-ginas, sob pena de pagamento de R$100 por dia que continuassem online.

A consumidora recorreu e man-teve o material publicado. Finalmen-te, no último dia 22 de Março, aRenault reconheceu que houve falhaem seus procedimentos internos, nãocobrou a multa estipulada pelo juize finalizou o caso de forma concilia-tória.

Além da devolução do valor cor-rigido, Daniely conseguiu que amontadora doasse um carro à AACD,uma associação sem fins lucrativosque atende pessoas com deficiênciafísica.

Daniely Argenton, advogado de Concórdia.

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Março/Abril de 2011 o monatran - 11

Depois de passados 13 anosdesde o acidente, a Terceira Tur-ma do Superior Tribunal de Jus-tiça (STJ) decidiu que “sendo aconduta do motorista réu a únicacausa da colisão, não é possívelreconhecer a existência de culpaconcorrente da autora que condu-zia sua motocicleta de chinelos esem habilitação”. Com esse enten-dimento, o motorista do carro teráde pagar indenização pelos danosmateriais, bem como todas as des-pesas – futuras e já efetuadas –com tratamento médico, além dedanos morais e estéticos sofridospela motociclista.

A motociclista ajuizou ação deindenização por danos materiaise compensação por danos moraise estéticos cumulada com pedidos

STJ não reconhece culpaconcorrente demotociclista que usavachinelos e não tinha CNHno momento da colisão

de lucros cessantes contra o mo-torista e a seguradora, em virtu-de de acidente automobilísticosofrido em julho de 1998 quan-do trafegava com sua moto emuma avenida na cidade de Lajea-do (RS). Na ação, ela alegou queconduzia sua motocicleta em bai-xa velocidade pela direita da pis-ta quando foi surpreendida pelocarro conduzido pelo motorista,que virou à direita sem sinalizar.Argumentou que pela rapidez eimprevisibilidade da manobra,não teve tempo suficiente parafrear, vindo a colidir com o auto-móvel, no que foi jogada combrutalidade contra um poste e ocordão da calçada.

Segundo ela, apesar de trafe-gar em baixa velocidade e usarcapacete no momento do aciden-te, sofreu, além de danos materi-ais, inúmeras lesões corporais,que lhe acarretaram incapacida-de para o trabalho. Entre as le-sões sofridas, relata a perda departe da língua e de oito dentes,fratura no nariz e traumatismo nacoluna vertebral, que, emboraaparentemente recuperada, lheprovoca fortes dores, o que, a seu

ver, seria indicativo de sequelas.Por fim, sustentou que a culpapelo acidente teria sido exclusi-vamente do motorista do carro,que estaria conduzindo seu veí-culo em velocidade acima da per-mitida e não teria adotado as cau-telas necessárias para realizar aconversão à direita.

Decisões - Em primeira ins-tância, o motorista foi condena-do ao pagamento de compensa-ção a título de danos materiais,todas as despesas que vierem aser demonstradas pela autora emfutura liquidação de sentença de-correntes do fatos descritos nosautos, incluídas eventuais despe-sas médicas e cirúrgicas que ain-da se fizerem necessárias para aadequada recuperação da moto-ciclista. Quanto aos danos estéti-cos sofridos, foi condenado apagar a quantia de R$ 80 mil,além de R$ 120 mil pelos danosmorais. Já a seguradora foi con-denada a ressarcir ao réu segura-do, nos limites estabelecidos naapólice, todo o quantitativo queela vier a desembolsar.

O motorista e a seguradoraapelaram da sentença. O Tribu-

nal de Justiça do Rio Grande doSul (TJRS) proveu os recursos deapelação interpostos pelo moto-rista e pela seguradora para di-minuir a indenização referenteaos danos morais e estéticos so-fridos para R$ 50 mil e R$ 30 mil,respectivamente.

Inconformado, o motoristarecorreu ao STJ, sustentando,entre outras teses, que o Tribunalde origem teria errado ao enten-der que a culpa havia sido exclu-siva do motorista, apesar da com-provação de que a motociclistaconduzia a moto de chinelos, nãotinha carteira de habilitação e te-ria ultrapassado pela direita.

Voto - Ao decidir, a relatora,ministra Nancy Andrighi, desta-cou que foi acertada a decisão doTribunal de origem emdesconsiderar outras condutas –condução de motociclista semcarteira de habilitação e de chi-nelos – que não apresentaram re-levância no curso causal dosacontecimentos. Para ela, sendoa conduta do motorista a únicacausa do acidente, não é possívelreconhecer a existência de culpaconcorrente.

Ministra Nancy Andrighi

A Quinta Turma do Superior Tri-bunal de Justiça (STJ) negou habeascorpus ao deputado José Antônio No-gueira de Souza (PT-AP) e a José LuísNogueira de Souza, seu irmão, paratrancar a ação penal a que respondempor emissão irregular de carteira de ha-bilitação. Eles são acusados, juntamen-te com mais 11 pessoas, de fraudar aemissão de carteiras no estado doAmapá, num caso que ficou conheci-do como “Carteira N”.

A denúncia é datada de 2002. Quan-do ainda vereador, o deputado teriamontado um esquema de aliciamentode eleitores e utilização de máquinapública em benefício próprio. Ele en-caminhava listas de candidatos, paraque o Centro de Formação de Condu-tores do Detran/AP providenciasse aretirada da carteira.

A defesa impetrou habeas corpusno STJ para anular o processo crimi-nal julgado pelo Tribunal de Justiça doAmapá (TJAP), com o argumento deque haveria conexão entre o crime elei-toral, os crimes comuns e um proces-so julgado pelo Tribunal RegionalEleitoral (TRE), por compra de votos.Além de aduzir a usurpação de com-petência, a defesa apontou a prescri-ção em relação ao crime de formaçãode quadrilha.

Os réus respondem por tráfico deinfluência, inserção de dados falsos emsistema de informações, falsidade ide-ológica e formação de quadrilha. Emum julgamento proferido pelo Tribu-nal de Justiça estadual, em 17 de de-zembro de 2009, eles foram condena-dos a oito anos e seis meses de reclu-são e trezentos dias-multa, com base

no artigo 288 e 313 - A e 332, do Có-digo Penal.

José Antônio Nogueira de Souzafoi eleito deputado federal em 2002,e, em 2004, o TRE decidiu por suacassação, decisão confirmada peloTSE, em 2006. Ele tomou posse comoprefeito de Santana (AP), em janeirode 2005, e foi reeleito para o cargo dedeputado federal em 2008. No âmbitoda Justiça eleitoral, ele responde porcompra devotos.

ENTENDIMENTOSegundo o relator, desembargador

convocado Adilson Macabu, o fato ju-rídico ilícito pode redundar na aplica-ção de sanções diversas, sem que umdos processos inviabilize a existênciade outro. “No processo eleitoral apu-rou-se a existência de compra de vo-

tos, proibidas pelo disposto no art. 21,da Lei 9504/97, enquanto na ação pe-nal originária discute-se a ocorrênciade infração de natureza penal, relacio-nada à expedição irregular da carteirade habilitação”, assinalou.

A Quinta Turma, no entanto, con-cedeu habeas corpus para declarar aprescrição do crime quanto à forma-ção de quadrilha em relação à denún-cia de 2002. A denúncia recebida em14 de fevereiro de 2007, em relaçãoao deputado, e a recebida em 5 de no-vembro de 2008, pelo Tribunal de Jus-tiça estadual, não estão prescritas. Nomomento, segundo voto dodesembargador, as ações penais estãoconclusão ao vice-presidente do TJpara que se pronuncie acerca daadmissibilidade dos recursos interpos-tos no STJ e no STF.

Deputado acusado de fraudar CNH paraaliciar eleitor tem Habeas Corpus negado

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12 - o monatran Março/Abril de 2011

A Companhia de Desen-volvimento e Urbanização deJoinville (Conurb) apresentou,no dia 04 de Abril, o plano deação da companhia a ser colo-cado em prática ao longo des-te ano. Uma das principais ini-ciativas é o direcionamentodos agentes de trânsito paraeducação dos condutores, dei-xando de lado o aspecto puni-tivo que traziam até agora.Outra é a contratação de maisagentes.

Segundo o presidente doórgão, Francisco de AssisNunes, a proposta é trabalharcom ênfase na educação.“Queremos mudar o foco.Multaremos quando for neces-sário. Mas queremos que aspessoas nos vejam com outrosolhos”, disse. Na primeira se-mana de Abril, foram realiza-das barreiras educativas e, emvez de multar, os agentes en-tregaram panfletos educativose avaliaram o modo como os

Joinville investe naeducação dos motoristas

motoristas estão dirigindo.Outra boa notícia é a con-

tinuidade do Programa AlunoGuia, que tem como objetivopromover a educação para otrânsito e garantir a segurançados alunos em frente às esco-las nos horários de entrada esaída. Além disso, o Programatrabalha pela conscientizaçãopara formação de pedestres,ciclistas, passageiros e futurosmotoristas responsáveis.

Para tanto, 24 alunos decada uma das oito escolas par-ticipantes aprendem as leis detrânsito e são treinados parafazer um papel parecido como de um guarda de verdade. Si-nalizam a rua, controlam a tra-vessia de pedestres, bloqueiama passagem de carros. Semprecom o apoio de um agente detrânsito da Conurb ou de umpolicial militar.

Segundo a assessoria deimprensa da Conurb, desde aimplantação do Aluno Guia,

pode-se verificar ótimos resul-tados, como a redução a zerodas ocorrências de acidentesperto de escolas, ajudando nadiminuição do número de mor-tes no trânsito, e também, amaior participação dos pais noprocesso educativo

Para um dos monitores doprograma, o agente de trânsitoAlexandre Roger Demaria, os“agentes de trânsito mirins”têm um papel fundamental.“Além de fazer o trabalho desegurança na escola, eles pas-sam adiante as lições. Sem fa-lar que os motoristas têm mui-to mais simpatia quando ospequenos estão no controle”,brinca.

Além de tudo isso, o pre-feito da cidade, Carlito Merss,disse que há planos de trans-formar a Conurb numa grandecompanhia de trânsito. Nestequesito, as mudanças previstasno órgão devem ser visíveis jáeste ano.

“Queremos mudar o foco.

Multaremos quando for

necessário. Mas queremos que as

pessoas nos vejam com outros

olhos”, afirmou Francisco de Assis

Apresentado pelo deputadoHugo Leal, o Projeto de Lei 535/2011 permite que vários tipos deprova, além do bafômetro, sirvampara caracterizar crime de trânsi-to, e não apenas infração admi-nistrativa. A caracterização docrime poderá ser obtida, porexemplo, por meio de perícia, eaté mesmo pelo depoimento detestemunhas, vídeos ou produçãode qualquer prova em direito ad-mitida.

Leal, que também é o autorda Lei Seca, explica que o textotambém proíbe a condução deveículo automotor, sob influênciade qualquer concentração de ál-cool ou substância psicoativa.Neste caso, a pena será de deten-ção de seis meses a três anos,multa e suspensão ou proibiçãode se obter a permissão ou habi-litação para dirigir.

Mas se da conduta resultar

Regras rígidas para quem dirigir alcoolizado

Dentre outras

questões, o texto

permite que vários

tipos de prova,

além do bafômetro,

sirvam para

caracterizar crime

de trânsito.

lesão corporal leve, a pena seráde detenção de um a quatro anos,multa e suspensão ou proibiçãode se obter a permissão ou a ha-bilitação para dirigir. Se a lesãocorporal for de natureza grave, apena será de reclusão de três aoito anos, multa e suspensão ouproibição de se obter a permis-são ou habilitação para dirigir.

E se da conduta resultar mor-te, reclusão de quatro a dozeanos, multa e suspensão ou proi-bição de se obter a permissão oua habilitação para dirigir. Se ocondutor não tiver carteira dehabilitação ou permissão paradirigir, a pena aumenta de um ter-ço à metade.

O deputado Hugo Leal desta-ca que o projeto é fruto da expe-riência acumulada com a LeiSeca. “Essa proposta foi discuti-da com os Detrans dos vários es-tados da Federação, foi debatida

com pessoas que atuaram nasfrentes de fiscalização da LeiSeca, e a ideia foi concentrar todono artigo 306 esses dispositivosque estavam esparsos no Código,com relação ao aumento de pena,qualificação do crime, a diversassituações que o próprio policialenfrenta no seu dia a dia, nas fis-calizações. Uma outra questão foiintroduzir nesse artigo 306 a pos-sibilidade de você fazer qualquertipo de prova, não só mais obafômetro.”

De acordo com o deputado, oBrasil ocupa hoje a quinta posi-ção mundial em quantidade ab-soluta de fatalidades no trânsito.Ele lembra que 35 mil pessoasmorrem anualmente por aciden-tes de trânsito no País, e mais dametade dessas mortes tem causasassociadas ao uso de álcool.

O professor de Direito deTrânsito Marcelo Araújo, da

OAB do Paraná, destaca que oprojeto traz uma inovação im-portante. “Na parte administra-tiva, a ingestão de álcool já estábem atualizada, já encontrauma sustentação boa mesmoquando a pessoa se recusa a re-alizar o exame bafométrico. Oagente de trânsito, pela merarecusa ou pelo estado que apessoa se apresenta, indepen-dentemente da realização ounão do exame, está legitimadoa promover a autuação. Então,na parte administrativa, emprincípio não há o que se me-xer. Na parte criminal, o depu-tado está estabelecendo outrasformas de prova.”

Ainda para Marcelo Araújo,uma medida importante do pro-jeto é permitir que a prova relati-va ao consumo de álcool possaser produzida não apenas pelobafômetro.

Deputado Hugo Leal, autor do

projeto de lei nº 535/2011.

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Março/Abril de 2011 o monatran - 13

Debates estéreis

Há alguns dias ao ligar o rádio do carro, passei a

ouvir um debate que discorria sobre a grave situaçãopela qual passa o trânsito na Capital. Cada qual dosinterventores sugeria uma solução. Incontáveis são tais

reuniões e painéis que tentam resolver os eternos pro-blemas públicos, notadamente do trânsito. Ora reúnem-se renomados especialistas para discutir sobre o preço

das passagens, ora se promove novo debate com insig-nes “peritos” para resolver outro desafio qualquer.

Solucionar os transtornos deste caótico e angustian-

te tráfego da cidade não é tarefa de somenos importân-cia, mas um hercúleo desafio, razão da existência deuma permanente comissão com tal propósito. O incon-

cebível é ver a inocuidade dos resultados, pois a des-peito das “boas intenções”, não se vê nenhuma açãopragmática e objetiva. Os anos se passam e nenhuma

ação se constata, a não ser projetos e debates que searrastam interminavelmente. Quem não se recorda daproposta do transporte coletivo, via marítima? Até

trapiche de atracação foi construído. Qual o resultado?Sugerem-se novos túneis. Só a longo prazo e a custosintangíveis. E o que falar sobre o uso de teleféricos?

Idéias é o que não faltam. No painel acima referido,discutiu-se incansavelmente sobre todas estas alternati-vas.

Contudo, após exaustivo debate, ninguém - nenhu-ma pessoa sequer, em qualquer momento, levantou ahipótese mais tangível – utilizar a ponte Hercílio Luz,

agilizando os trabalhos que ali se arrastam há anos, des-pertando-a de vez de seu letárgico sono, como meio deminimizar a situação. Prevê-se para sua utilização ain-

da, três longos anos. Pode? Tampouco se insinuou ace-lerar a implantação do tráfego na Beira-Mar do Conti-nente que já concluída, encontra-se há meses bloquea-

da aos usuários.A simples utilização da Ponte Hercílio Luz, sugere,

até mesmo para um leigo, uma significativa redução do

fluxo nas demais pontes e nova via de escape,notadamente para quem se destina aos bairros do Con-tinente Norte. Não! Imperou a falta de objetividade, e a

solução comodista foi a de se fechar mais algumas ruas,das tão poucas ainda remanescentes.

ESPAÇO LIVREDaltro Halla*

Leitores que queiram opinar sobre assuntos

relacionados ao trânsito, podem encaminhar seus artigos para

[email protected]

* Cirurgião Dentista. Membro da

Academia Catarinense de Odontologia

[email protected]

Na semana em que se come-mora o Dia Mundial da Saúde(07 de abril), o caos no trânsitodos grandes centros urbanos re-vela uma preocupação que vemse agravando nos últimos anos:o declínio da qualidade de vidae das relações humanas. Os ma-les causados à saúde de quemmora em grandes metrópoles jánão se resumem apenas àsconsequências da poluição. Acrescente frota de veículos pro-voca mais acidentes (e, porconsequência, mais traumas emortes), mais estresse e altera-ções no comportamento.

As mortes no trânsitototalizam quase um milhão e tre-zentas mil, agregam-se 50 mi-lhões de feridos e incapacitadosem decorrência da imprudênciano volante a cada ano. Segundoo Ministério da Saúde, 37 milbrasileiros morreram no trânsi-to em 2008 - outros 100 mil fo-ram internados desde setembrode 2009, conquistando o primei-ro lugar no ranking de procedi-mentos mais custosos ao SUS:são 113,4 milhões por ano. Es-tima-se que 20% dessas vítimascarregam sequelas para o restode suas vidas e 4% simplesmen-te não sobrevivem.

A redução dos acidentes e,consequentemente, das mortesno trânsito, são prerrogativasincluídas na Década de Açãopela Segurança no Trânsito –campanha global criada pelaOrganização Mundial da Saú-de, que inicia este ano. ParaJosé Mario de Andrade, espe-cialista em trânsito e diretor daPerkons - primeira entidade pri-vada a assumir compromissocom esta ação - é importanteque instituições na esfera públi-ca e privada se comprometamformalmente e definam políti-cas públicas e ações efetivas emdefesa da segurança no trânsi-to e da prevenção das mortes e

DIA MUNDIAL DA SAÚDEriscos para quemenfrenta o trânsito

dos traumas.“Esse quadro revela um país

doente. A gestão do trânsito tor-nou-se uma questão de saúdepública. É preciso deixar de pen-sar o acidente de trânsito comoum fato pontual, uma ocorrên-cia de algo banal. Não caem avi-ões todo dia, não se travam guer-ras todo dia – mas as pessoastemem quando acontece. Já otrânsito mata muito mais e osacidentes viários acontecemtodo dia”, diz Andrade.

O médico Dirceu RodriguesAlves Jr, diretor do Departamen-to de Medicina do TráfegoOcupacional da Abramet tam-bém alerta para os prejuízosmais comuns à saúde de quemencara o trânsito. Segundo ele,os riscos a que estão submeti-dos os motoristas no trânsitopodem ser classificados em, pelomenos, quatro: riscos físicos,químicos, ergonômicos e bioló-gicos.

RISCO FÍSICOOs ruídos, tanto do veículo

quanto da movimentação emvolta, são perigosos. “Ao longodo tempo, esses ruídos desenca-deiam problemas que podemcausar danos irreversíveis. Ozumbido é um processodegenerativo que pode evoluirpara a perda auditiva e, em ca-sos mais graves, para a surdez.É uma perda, além de crônica,incapacitante”, aponta Alves Jr.

RISCO QUÍMICOO crescimento das cidades e

o consequente aumento no nú-mero de veículos nas ruas fize-ram com que as fontes móveisde poluição (veículos leves e pe-sados) se tornassem um proble-ma ainda maior para o agrava-mento da poluição atmosférica.“Os gases, a fuligem, a poeira,enfim, todos esses agentes sãoaltamente agressivos. Provocam

doenças respiratórias, em casosmais simples, que podem levara formação de tumores – exata-mente como acontece com fu-mantes”, explica o médico daAbramet.

RISCO ERGONÔMICOMuitos motoristas enfrentam

diariamente o trânsito não ape-nas para ir de casa para o traba-lho, mas como profissão. Moto-ristas de caminhão, ônibus ouvans passam horas sentados, oque compromete a postura,como explica Alves Jr. “O esfor-ço faz com que ele sobrecarre-gue a musculatura de braços,pernas, ombros e, principalmen-te, da coluna vertebral. O esfor-ço repetitivo da troca de marchase das manobras ao volante levama um processo degenerativo,agravado ainda mais pela vibra-ção do veículo”, aponta.

RISCO BIOLÓGICOAinda no que diz respeito a

motoristas profissionais, há quese ressaltar que muitos transpor-tam produtos perigosos ou mes-mo passageiros. “A exposição amicroorganismos é constante,seja no transporte de pessoas,animais, combustíveis ou mate-riais radioativos. É um trabalhoextremamente penoso e que co-loca em risco a saúde do moto-rista”, alerta Alves Jr.

ACIDENTESOs acidentes de trânsito têm

impacto direto na saúde públi-ca, seja pelos danos físicos oupsicológicos sofridos pelas víti-mas e seus familiares, que po-dem gerar seqüelas permanen-tes. De forma inversa, a má con-dição de saúde física e mental(sono, influência de entorpecen-tes e álcool, stress, medo, redu-ção dos reflexos, visão etc.)pode levar à incidência de aci-dentes viários.

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14 - o monatran Março/Abril de 2011

CARTAS

Palavra do Presidente“Como bem escreveu o presidente do

MONATRAN, nem todo ser humano é racional.

No trânsito então, esta afirmação fica ainda mais

evidente. A bordo de uma potente máquina de

dirigir, tem muita gente que põe pra fora a besta

fera que existe dentro de si.”

Lucas Ribeiro – Campo Grande/MS

Devassa“Concordo em gênero, número e

grau com as palavras do articulista Jose

Roberto Dias. Como dizem por aí, ele

escreveu o texto que eu gostaria de ter

escrito. Achei absurdamente ridícula a

campanha publicitária protagonizada

pela ex-inocente Sandy. Pior do que

isso, foi constatar que o público que

ingere bebida alcoólica em geral achou

bacana se encaixar com o perfil ‘devas-

so’. Triste!”

Ana Lemes – São Paulo/SP

Congratulação“Sou técnica em Educação de Trânsito da

SMTT/Maceió, bem como Agente de Trânsito.

Gostaria de parabenizá-los pelo brilhante traba-

lho de conscientização e informação. UM

ABRAÇO!”

Aldinete Dantas Alexandre – Maceió/AL

Alagamentos“Esclarecedoras as dicas de como salvar o

carro de alagamentos. Muitas vezes, no calor do

momento, é difícil raciocinar o que fazer. Po-

rém, através da divulgação de conteúdos

educativos como este, fica mais fácil nos prepa-

rarmos previamente”.

Douglas Borges – Rio de Janeiro/RJ

Política“Achei estranho ouvir na CBN esses dias, o

prefeito Dário Berger culpando o Estado pelos

problemas de mobilidade em Florianópolis. Pra

mim, ele está cuspindo no prato que comeu, de-

pois de ter pegado carona em um monte de in-

vestimentos que o governado Luiz Henrique fez

pela nossa capital.”

Lauro Bremen – Florianópolis/SC

Editorial“Fiquei impressionada com os dados

divulgados no editorial da última edição

do Jornal O Monatran. Mais do que isso,

fiquei profundamente entristecida por

constatar o descaso das autoridades e até

de minha parte com os mortos no trânsi-

to. A partir de agora, quero contribuir para

mudar esta realidade trágica.”

Franciele Silveira – São José/SC

Espaço Livre“Achei demais ler a opinião de uma

jovem como eu no Jornal do Monatran.

É muito bom saber que outras pessoas

da minha geração também se preocu-

pam com a questão do trânsito. Tam-

bém não consegui engolir este tipo de

atitude como a ocorrida em Jurerê. Pa-

rabéns Beatriz!”.

Luana Favero – Florianópolis/SC

Recursos

“Gostei muito da discussão proposta

pelo Dr. Ildo Rosa! Sem dúvida, está mais

do que evidente a necessidade de encami-

nhar melhor os recursos advindos das mul-

tas de trânsito. Faz-se necessário que algo

seja feito em prol da população e, pelo que

nós entendemos, a única saída é a educa-

ção. Mas uma educação constante e não

pontual como as raras campanhas publici-

tárias produzidas pelo Denatran”.

João Bezerra – Florianópolis/SC

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Março/Abril de 2011 o monatran - 15

A Comissão de Viação eTransportes aprovou no últimodia 16 de março a aplicaçãode multa ao proprietário quedeixar animais soltos em viaspúblicas. Essa conduta passa-rá a ser considerada infraçãode trânsito grave e acarretarátambém o recolhimento doanimal.

Foi aprovado o substitu-tivo do relator, deputadoCarlos Alberto Leréia (PSDB-GO), ao Projeto de Lei 3737/08. O texto original previa,além de multa, a detenção doinfrator por dois anos, em casode acidente. Se ocorresse mor-te, a pena passaria a ser de re-clusão de dois a quatro anos emulta.

MULTApara dono de animal solto em estrada

Leréia argumenta que asmedidas de caráter penal pro-postas originalmente são des-necessárias, porque quatro leisjá cuidam do assunto – Códi-go Penal (Decreto-lei 2.848/40), Lei das ContravençõesPenais (Decreto-lei 3.688/41),Código de Defesa do Consu-midor (Lei 8.078/90) e o pró-prio Código de Trânsito Bra-sileiro (CTB - Lei 9.503/97).

O deputado ressalta que oMinistério Público já aplica oCódigo Penal a proprietáriosde animais que provocam aci-dentes de trânsito. De acordocom ele, se há morte, o crimeé considerado homicídioculposo, para o qual se prevêdetenção de três anos. Quan-

do ocorre apenas lesão corpo-ral, a detenção varia de doismeses a um ano. “Não será umpequeno aumento das penasque reduzirá o problema”, afir-ma.

O parlamentar acrescentaque, embora o CTB já deter-mine às autoridade de trânsitoo recolhimento dos animaissoltos nas vias públicas, não háprevisão de punição para osproprietários. Por isso, propõea mudança na lei.

TRAMITAÇÃOO projeto ainda será anali-

sado pela Comissão de Cons-tituição e Justiça e de Cidada-nia, antes de ser votado peloPlenário.

Uma irregularidade notrânsito está se espalhandopelas ruas brasileiras. Edson,motorista de táxi em Belo Ho-rizonte há 20 anos, utiliza umGPS para se deslocar commais facilidade. E aproveitouo aparelho para instalar umdispositivo extra, que alertasobre a localização exata detodos os radares fixos na ci-dade. “O mesmo programaque eu tenho é o programa queé o mapeamento da própria ci-dade”, contou ele.

De acordo com o Dena-tran, a função de um GPS é in-dicar ao motorista qual cami-nho ele vai seguir para chegara determinado endereço: se vaivirar à esquerda, à direita, se

Dispositivo que alerta motoristassobre presença de radares é proibido Projeto aumenta

prazo de permissão

provisória para dirigir

O texto do Projeto, de autoria do deputado Dr.

Ubiali, também reduz as exigências para a emissão da

Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para os mo-

toristas com permissão temporária.

A permissão é a primeira autorização concedida

pelo Detran ao motorista aprovado no exame de habi-

litação. Atualmente, o motorista com permissão só tem

direito à carteira se, no período de um ano, não come-

ter infração de natureza grave ou gravíssima ou duas

infrações médias.

A proposta muda essa regra e determina que só não

receberá a CNH quem, nesse período, cometer uma

infração gravíssima, mais de uma infração grave ou

mais de três infrações médias.

O autor argumenta que a introdução da permissão

temporária no Código de Trânsito contribuiu para

conscientizar os motoristas sobre os riscos de condu-

ção perigosa. Os índices de acidentes, no entanto, se-

gundo ele, continuam altos. Ele acredita que a ampli-

ação do prazo da permissão temporária obrigará os

novos motoristas a tomar mais cuidado, e a

consequência será a redução do número de acidentes.

A Câmara analisa o Projeto de Lei

7835/10, que aumenta de um para

três anos o prazo de validade da

permissão temporária para dirigir.

vai seguir em frente. Se o equi-pamento tiver um dispositivoque alerta sobre a presença deradares, então ele é proibido.

Dirigir com dispositivoantirradar é infração gravís-sima. A multa é de R$ 191,sete pontos na carteira eapreensão do veículo.

Para o engenheiro OsiasBatista, consultor em trânsito,o dispositivo funciona somen-te como um banco de dados etem a mesma função das pla-cas que são obrigatórias antesde cada radar. “Qualquer equi-pamento que produza umaonda que possa interferir noequipamento radar, ele deveser proibido. Agora o GPS nãoproduz essa onda. Ele entra em

contato com o satélite que in-forma para ele dentro de umbanco de dados existente ondeque tem radar. Então, o GPSem si não interfere com o ra-dar”, afirmou.

Segundo o Denatran, mes-mo sendo apenas um banco dedados, o GPS com alerta deradares é considerado irregular.

Em algumas lojas, o GPSjá é vendido com o antirradar.“A gente vende com as outrasfunções. Se o cliente vai usarela ou não fica a critério dele”,disse o instalador Júlio Silva.

O Denatran informou, noentanto, que não tem compe-tência para proibir ou liberara venda do GPS com o alertade radares.

Os veículos fabricados a partir de1º de janeiro de 2012 já deverão uti-lizar obrigatoriamente as placas etarjetas confeccionadas com pelícu-las refletivas, de acordo com a reso-lução 372. Os demais veículos complaca de identificação em desacordocom as especificações de dimensão,película refletiva, cor e tipologia de-verão adequar-se até o fim do ano.

A película refletiva ‘’deverá cobririntegralmente a superfície da placa,sendo flexível, com adesivo sensívelà pressão, conformável para suportar

A determinação ébaseada naresolução 372 doConselho Nacionalde Trânsito(Contran),publicada noDiário Oficial daUnião do dia 24de março.

elongação necessária no processoprodutivo de placas estampadas’’,segundo a resolução.

MOTOSOutra mudança publicada no DO

é o aumento das placas de motocicle-tas, triciclos e motonetas, para facili-tar a identificação. De acordo com aresolução, as dimensões da placa te-rão 170 milímetros de altura e 200 mi-límetros de comprimento, e a alturado corpo dos caracteres da placa seráde 53 milímetros.

Veículos deverão usar placas refletivas a partir de 2012

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16 - o monatran Março/Abril de 2011

Os feriados nacionais costumam

deixar um saldo elevado de aciden-tes nas rodovias estaduais e federaisque, em geral, acontecem por conta

da imprudência dos motoristas notrânsito, sobretudo, pelo consumo debebidas alcoólicas. Para tentar redu-

zir a mortalidade, a gravidade e onúmero de acidentes no país, o go-verno federal dispõe do Fundo Naci-

onal de Segurança e Educação noTrânsito (Funset), cujo orçamentoprevisto para este ano chega a R$

690,9 milhões. No entanto, R$ 494,2

Neste ano foram

aplicados R$ 13,2

milhões em projetos

que visam aumentar a

conscientização e

promover a educação

no trânsito.

ver a educação no trânsito. A cifracorresponde a 7% dos R$ 196,7 mi-lhões disponíveis para uso, após o

bloqueio de 72% da verba autoriza-da.

O sistema de informações do Sis-

tema Nacional de Trânsito (STN) re-cebeu a maior parte dos recursos,quase R$ 8,4 milhões. A ideia é as-

segurar confiabilidade, segurança e

Programa para reduzir acidentes no trânsitotem 72% dos RECURSOS BLOQUEADOS

milhões (72%) sequer che-

garão a ser usados, já queestão na chamada reservade contingência, que auxi-

lia a formação do superá-vit primário do governo fe-deral, necessário para o pa-

gamento dos juros da dívi-da.

O congelamento dos re-

cursos não é fato novo.Desde 2003, pelo menosum terço da verba prevista

no Funset foi contingen-ciada. Assim, dos R$ 3,1bilhões previstos em orça-

mento neste período, pou-co mais de R$ 1 bilhão es-teve bloqueado, não poden-

do ser aplicado no fomento de proje-tos de redução de acidentes. Os re-cursos efetivamente desembolsados

ao longo dos últimos oito anos so-maram R$ 863,6 milhões, em valo-res corrigidos pela inflação.

Neste ano, até a primeira semanade março, foram aplicados R$ 13,2milhões em projetos que visam au-

mentar a conscientização e promo-

a atualização dos sistemas de dados

e informações de gestão com a ma-nutenção e operação de registros,controle, monitoramento e acompa-

nhamento das informações de com-petência do Departamento Nacionalde Trânsito (Denatran).

Contudo, em ações como a de fo-mento a pesquisa e desenvolvimentona área de trânsito, não foram apli-

cados nenhum centavo dos R$ 4,7milhões programados. A verba é des-tinada à promoção da segurança, ges-

tão operacional e a fiscalização detrânsito por meio da melhoria de pro-cessos e dos instrumentos, equipa-

mentos ou produtos utilizados na áreade trânsito,

No ano passado, o contingen-

ciamento foi menor, o equivalente aR$ 81,8 milhões. Mas foram aplica-dos somente R$ 208,4 milhões dos

R$ 574,6 milhões previstos em orça-mento. Assim, a execução atingiu opatamar de somente 36%. As cam-

panhas publicitárias, cujos objetivossão informar, esclarecer, orientar,mobilizar, prevenir ou alertar a po-

pulação sobre comportamentos notrânsito, foram o carro-chefe, comgastos de R$ 126 milhões, ou 60%

da totalidade dos recursos desembol-sados.

O Funset é formado a partir do

percentual de 5% do valor das mul-tas de trânsito que é depositado men-salmente na conta do fundo. A maior

parte dos recursos é gerida peloDenatran, do Ministério das Cida-des.

Segundo a assessoria de impren-sa do órgão, o ministro do Ministé-rio Cidades, Mário Negromonte, tem

se esforçado no sentido de tentardescontingenciar os recursos. Mas,por outro lado, a assessoria garante

que, mesmo após o bloqueio da ver-ba, os projetos previstos no Funsetnão serão afetados, já que houve um

redimensionamento para adequar asações ao orçamento disponível, apóso contingenciamento.

Mário Negromonte, Ministro das Cidades