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Jornal Porto Académico (FAP) #06 (05junho2001)

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ta,depois deterconduzido aOrquestra Aca- démica doPorto para uma plateia nãotãovas- taquanto oano passado. mas igualmente entusiasta, osClãeosBlind Zero preparavam- se para um grande concerto. Todos estão de Os Ornatos estavam de parabéns eninguém sabia, foipreciso orepórter XdaQueima des- cobrir que, afinal, ostais boatos deque aban- dairiaseparar-se erammesmo sóboatos. Os namemóriademuitagente. nol:urpoopeso do cansaço enamemória O tempo que já passou e assaudades que ainda . '

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Page 1: Jornal Porto Académico (FAP) #06 (05junho2001)
Page 2: Jornal Porto Académico (FAP) #06 (05junho2001)

Terça-feira I 5 de Junho de 2001

Oito dias e noites voltaram aorgulhar a cidade do Porto. Amaior Queima das Fitas mar-cou momentos inesquecíveisna memória de muita gente.Aqueles que dirão: "a minha

primeira Queima foi em 200 1, a minha últimaQueima foi a de 200 I, ou simplesmente a minhamelhor Queima foi a de 2001". Poderá haverquem assim não o considere, mas O facto é quetodos esti veram lá e encheram a casa que é detodos. Fica o registo do que foi este ano.Um mar de capas negras abanou fitas na SéVelha durante a Monumental Serenata. O res-peito pela tradição fez-se sentir no silêncio danoite que apenas deixou ouvir as vozes dos Gru-pos de Fados que actuaram no dia 6 de Maio,a dar início à semana da Queima das Fitas doPorto, A noite continuou já no outro local, noQueimódromo, com os Tmdersticks. Mornosou não, conforme os apelidou boa parte daimprensa nacioual,o facto é que a legião de iasque não perde uma oportunidade para ouvir alanguidez de Stuart Staples, o vocalista da ban-da, estava lá toda. Cantaram, encantaram algunse desencantaram outros, mas os Tinder enche-ram a casa e deram um bom arranque a umaQueima que se fez em' crescendo. Só foi penaa banda ter tido pouco da tal "british pontua-lity" visto ter marcado uma conferência deimprensa e, depois, por tiruidez ou estupidez,"botou-se" a ir embora "sem dar cavaco às tro-pas". Provavelmente até achou piada à coisa.Enfim ... Humor inglês ... muito lá do sul!Com ou sem conferência, a noite lá prosseguiuà boa maneira. Barraquinhas a abarrotar, foi oque foi. Cerca de 130 barracas representandotodas as associações de estudantes não para-ram de matar saudades àqueles que já não viamum bom "shot" há um ano, desde a última Quei-ma. E houve quem matasse as saudades de talmaneira que anumasse o caso para O ano intei-ro, não fosse o coraçãozinho apertar. Verdademesmo é que este ano os entusiasmos forambem mais contidos e mais racionais. Divertirsim, más passar a noite deitado numa maca,isso é que não, Pelo menos a avaliar pelos resul-tados apresentados pelo apoio mêdico da Quei-ma das Fitas 2001. Os melhores de sempre.Uma redução de casos entre 30 e 40%. "Bra-vo" para aqueles que, este ano, preferiram umaboa noite de diversão sem alucinação.

BATInA E ROCK PORTUGUÊSPassado um dia de sono, o programa de 6 deMaio apresentou-se bem distinto. Concerto Pro-menade, no Rivoli, a abrir a noite e concertos"procapacete'' no Queimódromo. Enquanto omaestro António Saiote arrumava a sua batu-ta, depois de ter conduzido a Orquestra Aca-démica do Porto para uma plateia não tão vas-ta quanto o ano passado. mas igualmenteentusiasta, os Clã e os Blind Zero preparavam-se para um grande concerto. Todos estão deparabéns, a música clássica ganhou mais adep-tos e a bandas roqueiras não desapontaram osseus.Quem não viu os Clã naquela noite é bom quenão falte aos próximos concertos que a bandadará porque, para O ano, não há mais. É que osClã não vão dar concertos em Portugal no pró-ximo ano, pois estão a tratar de vida lá fora. Abunda do Porto quer fazer carreira no estran-geiro e em 2002 a aposta vai por esses cami-

Inh~.Nãopodiamcomeç-armelhor.tt..mlmcon-vidados para abrir o festival de Canncs. Pois é.vão partir naquela estrada ... e quem os quiserver terá de comprar um bilhetito de avião ou O

~ovo álbum, o "L~tro" .

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diaslaila.aites

• Sérgio Codinho (en)cantou, La Union não quiseram cantar

Já os Blind Zero também arrasaram, mas comum som bem diferente. Viajando pelos trêsálbuns, a banda curtiu e o público não se fezrogado em curtir. Curioso será dizer que osBlind Zero e os Clã são bandas amigas de lon-ga data e com algumas afinidades. São ambasda Invicta, os vocalistas estudaram juntos emCoimbra e deixaram a Queima das Fitas doPorto a pedir mais, pelo menos só mais uma ....No mesmo dia em que actuaram estas bandas,aconteceu, de manhã, a Missa da Bênção dasPastas, no Estádio da Maia. Celebrada pelobispo do Porto, como manda a tradição, a estamissa acorreram cerca de trinta mil pessoas.O céu encheu-se de cores numa celebraçãoque o padre Bacelar, responsável pela orga-nização pela parte da igreja, considerou tersido a mais bem organizada de sempre. Umaplauso para os responsáveis académicos pelaorganização.The Gift e Ornatos Violeta, na noite de 7. Umespectáculo multimédia e outro de aniversá-rio. Os "The Gift" prometeram algo diferen-te e não trouxeram Ferrero Rocher, mas simum concerto bem mais sensorial. Imagem, luze um som inconfundível para uma plateia car-regada de gente. Desde as músicas mais anti-gas da banda passando pela do novo álbum,"Filrn", tudo serviu para preencher quase duas

horas de boa música. E também os The Giftandam a tentar a sorte além-fronteiras.Os Ornatos estavam de parabéns e ninguémsabia, foi preciso o repórter X da Queima des-cobrir que, afinal, os tais boatos de que aban-da iria separar-se eram mesmo só boatos. OsOrnatos estavam era de parabéns pois faziam10 anos. Já ninguém faz dez anos, diria o Her-mano Esta banda que se uniu pelo prazer detocar Violent Femmes, deixou ao rubro "n"fãs que não a querem ver terminar, mas sima fazer muito mals vezes anos.Este dia, 7 de Maio, foi também de solida-riedade. Pelas ruas do Porto, os estudantesfizeram um peditório no qual os valores reco-lhidos reverteram para uma instituição de cari-dade, a APPC - Associação Portuguesa deParalisia Cerebral.O cortejo, ua terça-feira, foi sem dúvida o maispolitizado de sempre. Muitos e melhores car-ros alegóricos marcaram este cortejo. Men-sagens políticas e reivindicativas à misturacom as cartolas e bengalas. Mais tarde, sigapara o Queimódromo nem que seja aos"esses" que o arraial continua. Zezé Fer-nandes com a melhor música "prapular" por-tuguesa, Zé Cabra e Tino de Rans. Três fenó-menos inexplicáveis de sucesso entre a massaestudantil. De todos destaca-se o mais recente

Frases de eleição da Quei."a«Uns fazem com gresso, nós fazemos com

vinho»l°dia«Nasce-se, vive-se e morre-se ••.e no inter-

valo passa-se pela queima ...»2° dia"Como é possível a partir daqui da Quei-

ma imaginar que o Manuel Vilarinho estejacom "a cabeça em água" por causa do Benã-ca'!!»

3° dia•..<Zé (Pé) de Cabra vai ser de arromba na

Queima das Fitas! "Fuge' que vem aí bru-celose ... a doença do Bruce Lee,»

4° dia«Lá Uníon taz a forcal»

6b dia

«Play ''liszt'', not list!PS: Por muito que juJguem tê-la ouvido

tomos mesmo nós que criamos a frase»7" dia«Comunicação via circuito interno de

rádio na Queima:Panado 1 para panado 2, chamo

croquete. Passo à escuta .•.Assinado S. Francisco do SIS.S'' dia. - I~frase«É pior a emenda que o cia(netinho)!»8° dia - 2~ frase«PreçárlePortuguês correctamente falado para

todas as bebidas(fiig Breda, perdão, Brother)»80 dia - 3" frase

(ver caixa). Há quem diga que quem canta seusmales espanta. Este espanta até a morte se forpreciso.

DE ESPANHANEM BONS VENTOS".No dia 9 de Maio, o FITA encheu-se de gentee La Union fez a forca, sem cê de cedilha, assimmesmo como está escrito: "forca", Pois que ossenhores espanhóis fizeram birra e mandaram-nos dar "una vuelta al billar grande". O quevale é que o FITA esteve ao rubro e o SérgioGodinho portou-se lindamente e o público eramais do que muito. Nada que se compare aodia seguinte: 45 mil pessoas assistiram aos Xutose Pontapés. Aqui não gastamos mais linhas,leiam as da caixa que bastam.Passa mais um dia, mas não passa a romaria.Siga "Lizete p'ra camionete" que ainda a pro-cissão vai no adro. Netinho! Pois, e lá estevee~e.em grande "con sus muchachas" e com orebolado bem brasileiro. Fartou-se de dançarcom e sem a Mila e com uma plateia que, detão vasta, se perdia de vista.A contrastar, dia 11 foi ainda dia de Baile deGala, no Casino da Póvoa. Um jantar bonitopam a vista, acompanhado por um espectácu-lo igualmente agradável que culminou noitefora com o baile aberto por uma valsa. Pertode 200 pessoas estiveram presentes nesta salareservada.Nessa noite, todos puseram os pezinhos demolho porque no último dia de Queima aindahavia o Chá Dançante seguido de Lloyd Colee EMF. Estes últimos ingleses foram bem maispontuais e simpáticos que os primeiros. LloydCole mostrou que a idade só o havia amadure-cido musicalmente, e timidamente o senhordeslumbrou os jovens portugueses. Os EMFfecharam com chave de ouro e com loucuratotal. Foi "unbelivable".Agora têm um ano inteirinho para recuperar.Porque, depois de oito dias e oito noites. ficano l:urpo o peso do cansaço e na memória Otempo que já passou e as saudades que ainda Inão ternos. Daqui a uns meses elas batem-nosà porta a lembrar 4Ui;:; só se éestudante uma veze que esses serão sempre 0$ melhores anos. Os f

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Terça-feira I 5 de Junho de 2001 ~

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s bilhetes de aces-so às Noi tes daQueima das Fitas .do Porto foram dosmais baratos detodas as Semanas

Académicas de todo o País, querpara estudantes quer para os espec-tadores não estudantes. Os ingres-sos estiveram à venda nas bilhe-teirasperto da entrada da antigafeira popular e nos postos de pré-venda colocados na FAP e em algu-mas faculdades da cidade. 'Comparativamente, ficou maisbarato assistir a um concerto no Quei-módromo portuense do que, por exem-plo, na Semana Académica de Lis-boa. Senão vejamos. Enquanto nacapital, para assistir a um dos espec-táculos o estudante pagava dois milescudos, no Porto, o preço mais altofoi de mil escudos, nas duas últimas

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o mês que agora termina é, aonível da Academia do Porto, umaoportunidade.única para urna refle-xão e um balanço acerca do tra-balho da FAP, Partindo desse mes-mo desiderato devemos avaliarobjectivos, metas alcançadas e ain-da por atingir.

Quatro meses de mandato per-mitiram iniciar, ao nível da polí-tica educativa, um processo deacordar a sociedade, uma socie-dade adormecida-e letárgica quepretendemos mais exigente e defen-sora de uma rqaior aposta na Edu-cação. Este é evidentemente Umprocesso que não agrada a todos,não agrada aos defensores do sis-tema, aos "boys" ea todos aque-les mais interessados na salva-guarda dos seus próprios interessesdo que num país de futuro em queprincípios como a equidade, igual-dade de oportunidades, a frater-nidade e a solidariedade não sejambandeiras fugazmente erguidas porrazões eleitoralistas.

Depois de uma Queima dasFitas que recebeu ao nível da suaorganização elogios por parte dasmais variadas entidades, depoisda reestruturação do desporto daAcademia, é agora a altura de tra-balhar para concretização de pro-

Editorial'Maio maduro Maio

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Terça-feira I 5 de Junho de 2001

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so às Noites daQueima das Fitasdo Porto foram dosmais baratos detodas as Semanas

Académicas de todo O País, querpara estudantes quer para os espec-tadores não estudantes. Os ingres-sos estiveram à venda nas bilhe-teiras perto da entrada da antigafeira popular e nos postos de pré-venda colocados.na FAP e em algu-mas faculdades da cidade.Comparativamente, ficou maisbarato assistir a um concerto no Quei-módromo portuense do que, por exem-plo, na Semana Acadêmica de Lis-boa. Senão vejamos. Enquanto nacapital, para assistir a um dos espec-táculos O estudante pagava dois milescudos, no Porto, o preço mais altofoi de mil escudos, nas duas últimasnoites.Nas restantes noites portuenses, opreço variou entre os 700 escudos nodia do Cortejo, 900 no primeiro diae na quinta-feira, e 800 no domingo,na segunda-feira e na quarta-feira.O Porto não tinha passe para todasas noites e mesmo aí ficou a ganharpois, apesar de Lisboa oferecer umpara estudantes que custava cincomil escudos, as noites da capitaleram apenas quatro. No Porto, fei-tas as contas, por oito noites os

Z é (pé de) Cabm foi .de "arromba" naQueima das Fitas,na noite de J 2 de

. Maio! "Fuge" quevem aíbrucelose ... 3

doença do Bruce Lee.Como se já não bastasse o surto endé-mico de "febre afectuosa" que temassolado ambos os sexos na Queimadas Fitas, "o apanhar da cabra" 'nasbarraquinhas, jamais alguém ousa-ria pensar que os desejos de ver apersonificação da cabra, em plenopalco, seria algo de materializáveJ.Os lãs incondicionais daquele que éinequivocamente considerado o para-digma da desafinação em pessoa,puderam apreciar em todo o seuesplendor a indumentária que con-sagra ao intérprete um "modus apa-rentis" de piroseira assumida: (re)ves-te-se de um "smoking", cujo tecido

estudantes gastaram somente 6 900escudos.Coimbra ofereceu concertos a milou I 500 escudos para estudantese para não estudantes a dois milou 2 500 escudos por noite.Já no Super Arraial do Técnico deLisboa os estudantes pagavam 1500 por concerto e o passe ficavapor quatro mil escudos. Os não

vermelho e dourado, se encontra pra-guejado de lantejoulas.Para além disso, faz reciclagem (à)permanente, baseada no aproveita-mento quotidiano de gorduras polin-saturadas que sobejam na frigideirae que após um tratado de engenha-ria capilar degenera numa comuc6-pia, vulgo caracol, bem ao jeito deBetty Boop. Sempre em toada de"play-back": "Deixei tudo por ela,deixei, deixei ... ", eis como o acér-rimo defensor musical do gado capá-no se subjuga ao poder de uma cabra.E na verdade, no âmbito da Queima,será legítimo questionarmos se esteinexorável apego não tem seguido-res ... aqueles que toda a semana dei-xam tudo. para "a apanhar".Este artista recusou-se a fazer "check-scund".

João Fernando Arezes

estudantes desembolsavam I 800por noite e o passe custava 4 500escudos.Os não estudantes que quiseram irà Semana Académica de Lisboateriam de desembolsar 2900 escu-dos por cada concerto e o passearredondava a coisa para os setemil escudos.Mais uma vez o Porto fói o mais

barato. Sábado, domingo, segun-da, quarta e quinta custavam I 500escudos para OS "outsíders", a noi-te do Cortejo custava apenas milescudos e as duas últimas noitesficavam por dois mil.Então? Estafei ou não foi uma dasQueimas mais acessíveis?

Arminda Rosa Pereira

VOCês são o melhor

.

. público domundo.Podena ser um elo-

. gio como tantosOUUUS não fosse eledado pelos senho-

res do rock, frente a uma plateia demilhares de pessoas que vieram àQueima das Fitas do Porto, na noitede 10 de Maio, para saltar ao somdos Xutos e Pontapés. Naquelemomento, naquele lugar, não houvede facto melhor público do que o doPorto, nem melhor banda no mundodo que os "velhinhos" Xutos.«Já viste a quantidade de gente queestá lá fora?» perguntava continua-mente quem chegava a este gabine-te. Não fomos só nós que vimos essaquantidade de gente. Todos viram.Eram mais do que muitos. O espa-ço da Queima das Fitas do Porto este-ve à pinha e ao rubro e ninguém pode-ria evitá-lo. porque afinal eram elesque estavam no palco e encheram-

no com o que de melhor se pode darnum bom concerto. Energia, fúria ou'amor, uma cumplicidade com a pla-teia que só alguns conseguem. Anosde estrada puseram calos na postu-ra desta banda que dispensa elogios,apresentações ou "press releases".Mas seria impossível deixar passarum espectáculo memorável da Quei-ma das Fitas do Porto sem uma linhaque fosse. Aqui, ficam mais de 10linhas para registar que a Queima doPorto não teve apenas Xutos. Teveum dos melhores espectáculos domundo e um dos melhores públicosdo mundo. E há milhares de teste-munhas.Eemjeito de "post scriptum" regis-te-se que, se o número "I3" (nomedo último álbum dos Xutos e que foiapresentado naquele concerto) é cono-tado com o azar, os únicos azaradosforam os que ficaram lá fora. •

Arminda Rosa Pereira

EditorialMaio maduro Maioo mês que agora termina é, ao

nível da Academia do Pano, umaoportunidade única para uma refle-xão e um balanço acerca do tra-balho da FAP. Partindo desse mes-mo desideraro devemos avaliarobjectivos, metas alcançadas e ain-da por atingir.

Quatro meses de mandato per-mitiram iniciar, ao nível da polí-tica educativa, um processo deacordara sociedade, uma socie-dade adormecida e letárgica quepretendemos mais exigente e defen-sora de uma rrjaíor aposta na Edu-cação. Este é evidentemente umprocesso que não agrada a todos,não agrada aos defensores do sis-tema, aos "boys" e a todos aque-[es mais interessados na salva-guarda dos seus próprios interessesdo que num país de futuro em queprincípios como a equidade, igual-dade de oportunidades. a frater-nidade e a solidariedade não sejambandeiras fugazmente erguidas porrazões eleitoralisras.

Depois de uma Queima dasFitas que recebeu ao nível da suaorganização elogios por parte dasmais variadas entidades, depoisda reestruturaçâo do desporto da

Academia. é agom 8. ll/(W"U de FaJ-

balhar para cOlJcrecizução de pro-jectos que aproximem ainda maisa fAP dos estudantes. Agora. maisdo que nunca. os milhares de con-tos de lucro da Queima das Fitastêm de ter visibilidade. Por isso,

r' discute-se nos dias de hoje nasAssembleias Gerais (AG) da FAPprojectos como o Pólo Zero (espa-ço aberto 24 horas por dia comcomputadores, intemet e salas deestudo), um pavilhão girnnodes-portivo, lojas acadérnicas, a Orques-tra Académica do Porto, projec-tos na área da saúde ou da cultura.

E o que é que podem o Gover-no e a Sociedade esperar dos pró-ximos meses da Academia do Por-to? Para nós torna-se hoje claroque asituação socioeconómica doPaís se degrada, que o Governocada vez menos governa e que amaioria dos portugueses se encon-tram descontentes. Aos estudan-tes compete capitalizar esse des-contentamento conseguindo quetodos se empenhem por uma "maise melhor Educação" num País quedeve tentar ultrapassar o seu atra-so estrutural. É dentro deste enqua-dramento que todos podem espe-rar úma FAP cada vez maisinterventiva, acutilante , incómo-da e activa.

Hugo Nem

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Terça-feira I 5 de Junho de 2001

ENTREVISTA COM FRANCISCO DURÃO, REITOR DA UNIVERSIDADE PORTUCALENSE

1IIa •••••

"Assim como o Estado suporta a propina do aluno do Ensino Público, deve também suportar a propina do aluno do Ensino Privado, numa situaçãoequilibrada e em que os valores estejam em pé de igualdade!"

Numatoada dequem quer pôr ospontos nos "is",o Reitor da Uni-versidade Portu-calense, Francis-

co Durão. redefine as orientaçõesestratégicas para a instituição quelidera, reitera a importância daaposta nos cursos de pós-gradua-ção e na formação contínua e pro-mete defender a aproximação entreos subsisternas público e privadoatravés de uma colaboração comum carácter permanente. Todavia,contesta de forma peremptóriaqualquer solução apresentada comomilagrosa para debelar ajá deno-minada "síndrorna do abaixamentoda natalidade" que vai por certoafectar o número de frequentado-res dos cursos do Ensino Particu-lar e Cooperativo num futuro, bempróximo do presente.

PA - Diz-se que o Ensino Par-ticular e Cooperativo tem sidorelegado para segundo plano. Oque pensa da actual políticaministerial relativamente a estetipo de Ensino'?

FD - Creio que em termos objec-tivos a actual política ministerialé desfavorável ao sector do Ensi-no Privado. Isto porque, devido aum conjunto de atitudes, orienta-ções e lesoluçõe~, o que tem acon-tecido e virá talvez a acontecerainda mais, é que há uma situa-ção de dificuldades crescentes par.o sector. Sente-se perfeitamenteesse efeito.

PA - Com o abaixamento dataxa de natalidade supõe-se quehaverá por nexo de causalidadeum decréscimo das receitas doEnsino Particular e Cooperati-vo no futuro. Que tipo de solu-ções aponta para a resoluçãodeste problema'? ••. Um aumen-to de propinas'?

FD - Há, naturalmente; umnúmero significativo de Institui-ções de Ensino Privado que, faceao ahaixumentc do número de alu-nos que as frequenta, e que é pre-visível pela razão que apontou, aque se pode juntar um acréscimona oferta de lugares/vagas no Ensi-no Público. Portanto, existe um

MoinbosdeMatos

conjunto de Instituições que vã?ter muita dificuldade em sobrevi-ver com o número extraordinaria-mente reduzido de alunos que asvão procurar. E por isso, decorrente

deste facto, tudo aponta para queo universo seja bastante mais redu-zido no que diz respeito ao núme-ro de Instituições de Ensino Supe-rior Particular a operar.

Por outro lado, as Instituiçõesdo Ensino Superior pri vado têm dese adaptar às condições com queirão trabalhar desde há um tempoa esta parte. Sobretudo têm de apren-

der a trabalhar com a procura dosnovos públicos. A procura de for-mação pós-graduada é cada vezmaior pelas exigências actuais,são necessidades de. ordem pro-fissional e não só. Isto vai exi-gindo que as Instituições particu-lares façam um esforço grande naconstituição quanto ao número depessoas e qualificação do seu cor-po docente, no sentido de dar res-posta a essas solicitações, que seprevêem a crescer em termos deprocura.

PA - A fusão entre Universi-dades Privadas é uma soluçãoapontada para o futuro face aesta questão da natalidade?

FD - Tem sido apontada comouma das soluções. Do meu pontode vista. parece-me que é umasolução de difícil concretização,mas pode ser que apareçam fór-mulas para resolver O problema.Confesso que, nesta altura, nãosei qual o caminho para uma solu-ção desse tipo.

l'A - A questão da contratua-lízação, tão badalada pelos estu-dantes do Ensino Particular eCooperativo, em que se faz aponte, a aferição de quando osalunos entram saberem quaissão os montantes a pagar, assimcomo quando saem, tendo em.conta o barómetro das taxas deint1ação, é uma n\edida 'P\ausí-vel'?

FD - Acho que é uma medidadiria equilibrada, e com efeitostalvez benéficos para os dois lados:tanto para as instituições comopara os alunos. Também creio quenão é aí que está o problema maior.porque quando se fala de a~tuali-zação , os montantes prat~cad~stêm sido bastante razoáveis , naose têm afastado muito da taxa deinflação. Por outro lado, esta dimi-nuição do número de alunos can-didatos ao ensino privado remetepara uma solução que depende emparte das instituições, no senlld?destas procurarem gerar um equr-

líbrio nas prestações.O problema do financiamento

das instituições do ensino privadonão passa de maneira nenhuma poraí. E o mesmo é válido para a ques-

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Terça-feira r 5 de Junho de 2001 8--entrcevi&tatão da defesa dos alunos do ensine priva-do, no que respeita ao seu esforço finan-ceiro. Há que defender uma solução maisjusta, e essa passa por pugnar junto do Esta-do, e dos seus representantes, para que esteassuma de uma forma plena os encargospara os alunos. E refiro-me aos deveres queele tem em relação aos alunos do ensinopúblico, bem como para corn os do ensinoprivado. Isto é, no capítulo do financiamentodo Estado, defendo que deve ser igual paraos alunos do ensino público e do ensino pri-vado. Isto quer dizer o quê? Quer dizer que,assim como o Estado suporta a propina doaluno do ensino público, deve tarnbém supor-tar a propina do ensino privado, numa situa-ção equilibrada e em que os valores queestejam em causa estejam em pé de igual-dade.

PA - Que projectos existem num pla-no concreto para a Universidade Portu-calense que possam ser tornados públi-cos?

FD - Nesta altura já estamos a reflectirsobre estratégias para o futuro que passarnnecessariamente pela manutenção, tantoquanto possível, dos cursos que temos emfuncionamento, uma vez que são cursos dasáreas tradicionais e são cursos de banda lar-ga. É o caso do Direito, o caso das CiênciasHistóricas. da Matemática, da lntormãtíca,da Economia e da Gestão. Porque não temosdaqueles cursos chamados de banda estrei-ta e que ao fim e ao cabo são especializa-ções rnuitos restritivas relativamente a urnaárea científica e portanto é nossa vontademantermos esses cursos.

Estamos também a perspectivar, com bas-tante alargamento em termos de campo detrabalho, as pós-graduações. Estas não atri-buindo grau académico, mas que necessa-riamente são possuidoras de interesse parao mercado de trabalho, são cursos que nes-ta altura estão a ocupar a nossa meditaçãoe a ocupar-nos em termos de estratégia parao futuro.

Temos já a funcionar, por exemplo. o cur-so de Bibliotecnia e Documentação que éum curso que tem tido boa procura, temosoutros que já estão pensados e alguns queiniciámos na área do Direito, na área da Ges-tão, na área da lnformática, que são cursosern que na realidade as pessoas ou vêm adqui-rir conhecimentos em áreas complementa-res ou vêm actualizar conhecimentos nasáreas da sua formação. No caso da infor-rnãtíca, cuja desactualização é muito rápi-da e por isso estamos u preparar para actua-lizar conhecimentos aos nossos licenciadosou de outras instituições. Outra área em queestamos a procurar dar urna resposta ern ter-mos da procura de que nos apercebemos nomercado é a da formação de professores.No que diz respeito a este tipo de formação.feita a formação inicial, há também um tra-balho de actualização contínua. refiro-meaos professores do ensino básico e secun-dário, que se inserem num conjunto de acções'(ue a Universidade pode e deve pôr à dis-posição dos professores do ensino secun-dário, no sentido de lhes permitir urn desem-penho mais actualizado e mais adequado àscondições actuais do ensino nesses níveis eisso constitui um dos nossos objectives.I

II FD - Em primeiro lugar, talvez um ajus-

tarnento da dimensão do sector face à situa-

I' ção actual. Todos aceitamos que na reali-

dade talvez se tenha ido um pouco longec:ralmente que houve uma con-

PA· Num contexto mais genérico, quefuturo vislumbra para o ensino particu-lar e cooperativo'?

juntura que justificou o que foi feito, masjulgo que estaremos em boa altura para ajus-tamentos. Creio que a breve trecho, o Esta-do vai despertar para esta situação de repora justiça no que diz respeito aos alunos. Querno que concerne à Acção Social Escolar,que temos de reconhecer tem melhoradopara os alunos do ensino privado, mas queainda não tem paralelismo relativamenteaos alunos do ensino público. Por outro lado,o próprio financiamento dos alunos que con-forme há pouco dizia, me parece injusto, namedida em que um aluno do Ensino Públi-co é financiado pelo Estado quase na tota-lidade, tem uma propina de 10% do custo,enquanto o aluno do ensino privado paga a100% esse encargo. Julgo por isso que esseaspecto tem de ser revisto, uma vez quetodos nós de uma forma equilibrada e jus-ta contribuímos para o financiamento dosistema, seja público seja privado atravésdos nossos impostos. A sociedade que narealidade contribui para os encargos do sis-tema público não deve ter urna atitude dife-rente em relação aos alunos do Ensino pri-vado. Por contraponro, no sector do EnsinoPrivado há que pensar e há que procurarconstantemente ir de encontro às necessi-dades que os alunos exteriores à instituiçãolhe pedem, em termos de formarão contí-nua, pós-graduada. ou de actualização daformarão, todos esses aspectos que urnasociedade rnoderna corno a nossa vai exi-gindo às pessoas.

PA - Que tipo de relacionamento ante-vê entre os subsistemas público e priva.do. Há algum tipo de relacionamento que

se possa estabelecer num futuro próxi-mo?

FD - Nós temos vindo a assistir a urnamelhoria nas relações entre os dois siste-rnas. O sistema privado foi inicialmenteolhado, ern termos de reconhecimento, combastante desconfiança. Até pela forma comoapareceu ou como certas coisas apareceramno sector, a verdade é que à medida que deum lado e de outro, especialmente do ladodo sector público se conhece melhor o sec-tor privado, e para isso tern contribuído opresente sistema de avaliação', de resto aspessoas que estão nas comissões de avalia- .ção são constituídas por rnuitos professo-res do ensino público e que portanto pas-sam a conhecer melhor o sector privado,vindo às instituições contactam com o tra-balho que se vai desenvolvendo. Esse é urnelernento a valorizar como potencializadore promotor de uma aproximação' e de umrnelhor entendimento do que é e contribuindonaturalmente para urna maior aproximaçãoentre os sectores. Diria que são sectores quedevem estar em colaboração, e não em opo-sição, e é nesse sentido que vamos com cer-

. teza caminhar.

PA ~Mas ainda neste âmbito, consi-dera que há "investimentos" a fazer quepodem ser de alguma maneira comple-,mentares?

FD - Considero que sim. Desde quese reconheça que uma Instituição sejaela pública ou privada, tem umadeterminada valoração, num determinado

sector e que a aposta deve ser feita aí.Em relação aos investimentos públicos

colaborando no caso de uma instituição pri-vada, apoiando em condições que estão pre.-vistas nas próprias leis, quer em termos dospróprios alunos ou forrnaudos de uma for-rna geral, porque se é aí que se vai buscarurna mais-valia, também deve ser aí que sevai buscar o apoio. Nesse aspecto da com-plementaridade, num aspecto de associa-ção, no sentido de potencializar meios evalores à disposição da sociedade, portan-to dos nossos estudantes. É lógico que deveser feito onde pode ser mais rentável em ter-mos de uma visão rnacro, isto é em termosde um país e não em termos de uma Insti-tuição ou de uma região e daí que estejaconvicto que a colaboração vai aumentar.E que dessa colaboração resultará, poten-cializado , todo O esforço que, de num ladoe do outro, tem sido desenvolvido para estar-mos cada vez mais próximos, e cada vezmais dentro daqueles padrões europeus deque tanto se fala e dessa mesma Europa queestamos a ajudar a construir, com o nível dedesenvolvimento do qual ainda estamos umbocado afastados, mas que continua a ser ameta de todos nós.

PA - Para finalizar, concorda com aideia já posta em prática da avaliação dosíndices qualitativos do ensino que é minis-trado ao nível das instituições do ensinosuperior, designadamente quer por inqué-ritos quer por pesqnisa de alguém ligadoao ministério ...

FD - Temos assistido ao seguinte: há umsistema de avaliação com urn processo legis-lativo que é conhecido, e que foi amadure-cido durante anos, que está nesta altura noterrenu.já num segundo ciclo. e nesta fasecorn esta característica que considero fun-damental. É um sistema que faz o proces-so de avaliação sem distinguir se a institui-ção é do ensino público ou privado, se é dopolitécnico ou se é do universitário. Há duascomponentes fortes, por urn lado, o siste-ma de avaliação. para o ensino politécnicopúblico ou privado. Por outro lado, o siste-rna de avaliação universitário público ouprivado. De resto, as comissões de avalia-ção que são nomeadas por escolha conjun-ta dos Conselhos do Ensino Público edo Privado, numa conjugação de esforçose de entendimento, vão às instituições inde-pendenternente da sua natureza, quer dizera Comissão de Avaliação que visitouaqui a Universidade Portucalense parao Curso de Matemática é exactamentea mesma que vai à Faculdade de Ciênciasfazer a avaliação do curso de Matemática.isso leva a uma possibilidade de avaliarcom rigor e com os mesmos 'critérios todasas instituições. Isso é diferente, na verda-de, de iniciativas rnuito louváveis quetentam fazer a avaliação de uma instituiçãocom parãmetros que podem não ser muitocompletos. que até podem distorcer arealidade da situação e enviesar as conclu-sões. Por conseguinte, tenho para mirnque nesta situação em que estarnos , emque se está a proceder a uma avaliaçãoprofunda, global, com todos cuidados,não será muito desejável que outros siste-mas de avaliação, validação, ou de acredi-tação interfiram com este. Vamos deixar queeste sistema de avaliação que foi pensadocom a preocupação de colher bons resulta-dos. vamos ver o que é que ele nos diz e sódepois, no final, talvez a partir daí, tenha-rnos possibilidade de aperfeiçoar. de criaroutros mecanismos para melhurar este sis-tema.

João Feruando Arezes

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I

IIi

Terça-feira I 5 de Junho de 2001

ARTIGO DE OPINIÃO

.0 8.I.FIIbnReceita para dias melhores

-subjazem a toda a problemática-c o que nãoé muito vulgar; depois, é necessário quesejam humildes o suficiente para se abne-garem de vaidades pessoais que por vezescegam e turvam as próprias virtudes e quepõem em causa o alcance do objectivo pro-posto; e por fim, é fundamental que todosse empenhem verdadeiramente na constru-ção de algo que não se esgote numa mani-festação, numa conferência de imprensa,

São três condições sine qua lIonpara que finalmente se crie uma basesólida de trabalho; mas note-se: é apenas abase, depois é preciso pôr a máquina a tra-balhar. E O trabalho em equipa é assim: esta-belece-se um objectivo que seja antes demais realmente consensual entre quem paraele vai trabalhar; determina-se com rigorquais os passos é preciso dar para O atingir;a que custo; quais as variáveis determina-das ou não que estão envolvidas; quem éo mais indicado para o quê; e tnalmente,.arte e engenho para gerir respeito e discor-dância para com o coordenador da equipa,sem nunca perder de vista que o fimúltimo é apenas e só o objectivo, fria e calcu-lada:mente.

Batemo-nos ano sim ano não pelamelhoria das condições desse Ensino, dizemos

A criação de condições para selevar a cabo, de forma séria e consistente,uma contestação ao estado consabidamen-te caótico do Ensino Superior exige estabi-lidade nas estruturas e unanimidade na von-tade dessa criação.

É essencial que todos os dirigen-tes associarívos consigam, em primeiro lugar,manter durante pelo menos três minutos umdebate sobre qualquer um dos temas que

O QUE SUGERE. .. CHEFE HÉLIO LOUREIRO

que ele está doente, Mas como pode. o doenteser curado se quem havia de chamar o médiconão sabe ou não quer saber convencer o médi-co da gravidade da doença? De que nos valedizer aos Directores, aos Reitores ou aos Minis-tros que muitas das bolsas são uma miséria,que não há residências para todos os que pre-cisam, que não há sítio para todos comerem,que não há emprego para todos os que anda-ram ti sonhar 3, 4, 5 anos. que é um erro eras-so criar cursos de que o mercado está já saru-rado, que muitos dos cursos ministrados sãode qualidade duvidosa, que muitos docentessimplesmente não deviam dar aulas - porquenão o sabem, que há muita gente a trabalhar ea estudar em instalações sem mínimas condi-ções? .. De que nos vale tentarmos frisar quequalquer sociedade de qualquer parte do mun-do depende sobretudo da educação que é dadaàs gerações mais jovens, que o Ensino é umdireito, não é um serviço?

De nada, dirão os desiludidos. Denada, dirão os cépticos. Mas a razão de oobjectivo não ser alcançado reside única eex.clusivamente em nós, dirigentes associa-tivos, que não acreditamos em nós próprios,que não fomos sequer capazes de construira tal base sólida para conseguirmos algo deconcreto, sobretudo num contexto de um

governo fraquíssimo e de um país supli-cando por um verdadeiro abanão!

Porém, hoje,na Academia do Porto.assiste-se a uma conjuntura assocíativa que jáhá muito se não via. Pessoas oriundas de asso-ciações corno a do ICBAS, de Nutrição, doISCAP, de Direito, de Gestão e de Biotecno-logiada Católica, da ESE, da ESElG, deArqui-tectura, de Psicologia, da Portucalense, entreoutras, têm demonstrado um potencial extraor-dinário pam construírem essa tal base. Porquesão pessoas que não pensam nelas próprias emprimeiro lugar, mas sim nos objectivos. Porisso se conseguiu o sucesso da manifestação eoutros sucessos de reivindicações "locais". Efelizmente que, após tanto tempo que levou aconseguir-se repor estabilidade na Federaçãoe sobretudo após as tristes convulsões e recor-dações de há dois anos, todos partilhamos estedesafio comum: melhorar o 'estado da Educa-ção em Portugal. E ninguém pode nem tem odireito de parar a máquina. O bem colectivoantes do bem individual. No associativismoestudantil deve ser assim. sempre.

Nuno MendesPresidente da Direcção da Associaçãode Estudantes da Faculdade de Direito

da Universidade do Porto

nandes e perco-me de amorespor um éc\air de chanti ll y,aproveito e trago um saco denatas naqueles sacos de cerabranca que fecham com um cor-del e que podiam servir de bol-sa de toilette num desses desfi-les de moda.

Ao lado na padaria Ribeiro,compro aí uns cacos, umas fatiasde carpinteiro e como um lan-che quente, já estou preparadopara descer a Rua dos Clérigose parar na livraria Lello em bus-ca de uns livros de gastronomiaou um bom romance histórico.

Continuo a descida entro narua da Fábrica e naArcádia com-pro os meus Bonbons que maistarde em casa farão a delícia daminha filha Barbara.

Preparo-me agora para des-cer até ao Palácio da Bolsa maspela Rua das Flores com para-gem obrigatória no Chaminé daMota sempre em busca de umlivro de receitas daquelas dosnossos avós que o tempo reme-teu para uma prateleira, masquando confeccionadas saciamumgounnet.

Perco-me em olhares no casa-ria e na fachada da Misericór-dia, finalmente estou no Palácio

"...aproveito e trago umsaco de natas naquelessacos de cera brancaque fecham com umcordel e que podiamservir de bolsa de

toilette num dessesdesfiles de moda."

Percorri em memória o quefiz, e faço muitas vezes, sempreque a vontade de voltar à infân-cia me persegue ou um gostosuave às vezes doce, me faz sali-var.

Em cada recanto do Portoencontramos receitas seculares,

. monumentos à gastronomia comosejam na Ribeira a Rosa das Iscas,taberna tradicional net a si pró-pria, ou O Louro na Rua de Cimade Vila.

Prefiro contudo um passeiomais doce que começa na Pra-ça Moinho do Vento com umcafé de saco para despertar noProgresso, depois desço até àPraça Guilherme Gomes Fer-

e vou deliciar-me num almo-ço com vista para as caves eO largo da igreja de S. Fran-cisco, a refeição é de peixebem fresco acompanbado deum arroz de favas que no res-taurante Telégrafo é sempreacompanhado por um bomvinho sempre entre Douro eMinho.

De saída apanho um eléc-trico até Massare\os e pre-paro-me para a subida da Res-tauração, a meio faço um cortee vou pelas traseiras do Palá-cio de Cristal entro na portalateral e sigo os jardins, pas-seio-me pela Avenida dasTílias, saio, volto à esquerdadescendo até ao solar do vinhodo POrlOonde folheio os livrosque comprei, descanso O olharno 1;0 e aprecio um (ou dois)cálice de Vinho do Portobebendo devagar e inalandoos aromas únicos.

Peço a conta, a embala-gem de natas, que pedi paraguardar no frio, e vou paracasa saciado pelo prazer úni-co de um passeio gasrronõ-mico em que em cada momen-to me sinto mais Tripeiro emais feliz. • É chefe do restaurante "Porto Palácío'~ um dos melhores cozinheiros dopaís

Batemo-nos ano sim anonão pela melhoria das

condições desse Ensino,dizemos que ele está

doente. Mas como pode o

doente ser curado se quem

havia de chamar o médiconão sabe ou não quer saber

convencer o médico dagravidade da doença?

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Terça-feira I 5 de Junho de 2001

IÍIdices pitagóricos ...alguns apontamentos

Aomemorar os "ainda frescos23 anos de existência", umavez que foi fundada precisa-mente no dia 29 de Maio de1978,a Universidade de Évo-a pretende ser um pólo res-

peitável entre a antiguidade histórica da urbealentejana e uma renovada mentalidade que visafixar as populações da actual geração universi-tária.

Comecemos pela avaliação das estruturas.No âmbito das instalações, os módulos univer-sitários repartem-se por 20 edifícios, de entreos quais 9 são residências estudantis. Mas aacção educativa da Universidade de Évora dis-semina-se para além dos muros, em concelhosperiféricos, através de 5 pólos que em Mirra,Estremoz, Sines, Marvão e Alter do Chão con-sagrarn aos serviços um plano de descentrali-zação, e onde são ministrados ensinos de espe-cialidades e se desenvolvem projectos deinvestigação, isto para além de duas HerdadesExperimentais no Baixo Alentejo.

O Ensino superior em Évora congrega cer-ca de 7500 alunos inscritos, 577 docentes e 377funcionários não docentes. O leque de cursosdisponíveis atinge cifras muito razoáveis, sen-do que existem) neste momento 35 de forma-

ção inicial. 2 de complemento de formação, 33de formação avançada (mestrados e outros cur-sos de pós-graduação) e 40 áreas de doutora-rnento.

Acção Social em ServiçoNesta vertente, as preocupações do passado

têm vindo a surtir efeito, e na actualidade asdirectrizes passam pela manutenção e aumen-to dos vectores numéricos e qualitativos atingi-dos.Assim, qualquer estudante que frequente aUniversidade de Évora está automaticamenteabrangido pelos Serviços de Acção Social, aosquais pode recorrer para resolver qualquer situa-ção pendente.

No capítulo do Alojamento - ResidênciasUniversitárias, os Serviços de Acção Social daUniversidade de Évora colocam ao dispor dosalunos 589 camas que correspondem às referi-das 9 residências estudantis.

Para aqueles( as) estudantes euja pretensãonão passa s6 pelo curso a tirar (o que pode tercustos adicionais quer em termos financeirosquer de dimensão temporal) há ainda razõesapelativas de sobra para eleger a cidade da miti-ea Diana: pois de entre as opções de alojamen-to privado é possível arrendar um quarto numade casa de família a wn preço dentro do inter-valo entre os 25 mil e os 30 mil escudos pormês. Por outro lado, para aqueles(as) que pre-tendam partilhar o tecto com colegas, que o mes-mo é dizer: ter pelo menos a possibilidade de

trocar uns ósculos daqueles de "pôr os lábiosno estaleiro e os dentes em andaimes" com as(os)caloiros sem se ser acusado de pertencer aosfiéis do "Big Brother", saber que se pode "cha-mar o padroeiro S. Gregório" à vontade, sem-pre que as lides académicas os remeterem parao "Doutoramento RODOriSNarsa", sem qual-quer incómodo de ouvir recriminações pater-"nalistas por causa do denominado "efeito Títa-nic", enfim um manancial de boémia académíca João FemandoArezes

DESTAQUE CULTURA

(mas com juízo ...como diria o saudoso Diáco-no Remédios), tudo isto, caros leitores, a pre-ços do avantajado sol alentejano.

Lugar (h)à cultura ou a cultura dos lugaresPara aqueles(as) cuja imediata noção

de cultura não seja sinónima imediato da pala-vra "vinha", ÉVOl'd assume múltiplas facetas deum pulsar cultural que a Universidade em simesma consubstancia: no caso das artes plás-ticas, são frequentes as exposições no Paláciodo Vimioso, promovem-se Ciclos de Confe-rências com personalidades nacionais e inter-nacionais dos domínios da cultura e da políti-ca. A realização de Conferencias é de igual modoprática habitual na Sala das Belas Artes da Biblio-teca.Geral, A distinção mais elevada no domí-nio literário concedida pela Universidade é oprémio Vergilio Ferreira instituído em home-nagem ao autor dos notáveis "Alegria Breve"e "Para Sempre" e que é atribuído anualmenteao conjunto da obra literária de wn autor de lín-gua portuguesa. A Associação de Estudantesnão fica à margem eaproveita O ensejo da "Recep-ção ao Caloiro" e a "Semana Acadérnica" paradar expressão ao fulgor cultural. Évora, convémnão esquecer, é Património Mundial ...daí quefique um universo de coisas por dizer.Todavia,há uma que queremos (re)lembrar: ParabénsAEUE!

OTeatro Experimental doPorto estreou no passa-do dia 10 de Maio, a 9'Peça, desde de quemudou de sede para a

I outra margem do rio. Tra-ta-se. na verdade do 185' espectáculo daCompanhia, dá pelo nome de "GAlAD' ouro' e o tema versado, sendo de enor-

Ime abrangência histórica, incide na sáti-ra moldada em episódios divertidos como·0 rapto da Broa de Avintes". A acçãodecorre neste caso, em plena Pedra deAudiência. lugar de um certo peso judí-

! cíal, junto da comunidade daquela fre-

I guesia Gaiense, num período históricoque medeou entre 1742 e 1832.

I~ O mote de homenagem às padei-ras de Avintes está bem patente nesta

I·obra com a chancela de Manuel Dias.sob coordenação e concepção drama-túrgica de Norberto Barroca e música

! original de Paulino Garcia. De resto, O! exercício de justiça social e O ritual de

I apreciação do pão constituem fórmulasda glorificação das padeiras de Avintesquer no labor de produção da renoma-

\ da Broa, bem como através do esforço

TEPnagem à fecundidade do TeatroAmador Avintense. Mas, o mais recen-te espectáculo do TEP, vai mais longe.está recheado de histórias associadas avila Nova de Gaia. Para isso, a produçãoconta com um elenco que se desdobraem cerca de 200 personagens (dai quenão seja justo destacar individualmen-te a prestação dos actores, mas sim colec-tivo).

"GAlA D·OURO· pode ser vistono AuditÓrio Municipal de Gaia até 9 deJunho. As representações decorrem deQuarta-feira a Domingo, sendo que nes-te dia. o espectáculo tem direito a mati-né e por isso inicia às 16 horas e nos res-tantes dias da semana às 21h30.

O 'Porto Acadérníco' em con-junto com o Teatro Experimental doPorto.vai oferecer até ao dia 9 de Junho.dia da última representação, 50 bilhetes.Para este efeito. aos interessados em verpeça, basta contactar o TEP. na pessoada Produtora Executiva - Eugénia Cunha.através do telemóveJ n" 917286628 e mani-festar interesse.diário que tinham de dispender na tra-

vessia do Rio Douro.Contudo. seria redutor, não

deduzir que no âmago de intençóes sub-jacentes à própria peça deixasse de exis-tir um pendor de celebração, de home- João Femando Arezes

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~ ~~I-'ÚLTIMA PÁGINA I Terça-feira I 5 de Junho de 2001

• Ainda se pef1SQU na $IIbsütuiçãD dDSla union peJas Doce "Vem CO/II quatl'll tia manhã. .." • Tino de Hans, um prodigío a (desen)cantap CO/II "duas estéticas mesas du cabeceira"

• Antes da actuaçãll dllS "domadol'eS de á/coor; estiveram os domadores dB fogo • Cardoso Bl7trevlatado pela equipa da 7V AnImação Queima: o canal PortD é uma miragem

Ficha Técnica Director: Hugo Nelo;Director-Adjllllto: Gil Almeida; Redacção: João Femando Arezes e Arminda Rosa-Pereira;Colaboradores: Maria da Luz Ovelheiro, Chefe Hélio Pereira,NunoMendes, Cristina Rocha e Vasco Gonçalves; Fotografia: Moínhos de Matos e O Comércio do pono! Gr(1jismo e Produção: ?C~mérc~~_Porto . _

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