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Ano 4 | Edição 4 | Dezembro de 2010 | Versão TABLOIDE Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipa caderno E O que esperar do Rock in Rio 2011 Caxias do Sul quer voos mais altos Biblioteca de bolso e a tecnologia verde U ma imensa produção retornará ao seu país de origem. O maior festival de música e entretenimento do mundo terá o Rio de Janeiro como sede em 2011. página 24 R esponsável por 25% do PIB produzido no estado, a Ser- ra gaúcha cresce num ritmo acelerado e com os olhos no futuro. página 4 E m tempos de informação veloz e crise ambiental o leitor digital de livros chega ao Brasil prometendo conquistar os aficionados em tecnologia e cultura. A “biblioteca de bolso”, como se pode definir este compacto aparelho mundialmente conhecido por e-reader , em princípio, parece apenas mais um novo aparato tecnológico. Contudo, divide opiniões e provoca dis- cussões a respeito do futuro do mercado livreiro, bem como do hábito e incentivo à leitura no país. O e-reader é um aparelho portátil com tamanho semelhante ao de um livro médio (o modelo Al- fa, da Positivo, lançado no Brasil, tem 17 cm de altura por 12,5 de largura). página 8 página 14 FOTO: RAFAEL MARTINS FOTO: LUIZ CHAVES FOTO: DIVULGAÇÃO

Jornal Tabloide Universo IPA #4

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Projeto desenvolvido pelos alunos do 2º semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA, Porto Alegre, RS, Brasil. Ano 4, edição 4, dezembro de 2010.

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Ano 4 | Edição 4 | Dezembro de 2010 | Versão TABLOIDE Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipa

cadernoE

O que esperar do Rock in Rio 2011

Caxias do Sul quer voos mais altosBiblioteca de bolso

e a tecnologia verde

Uma imensa produção retornará ao seu país de origem. O maior festival de música e entretenimento do mundo

terá o Rio de Janeiro como sede em 2011.

página 24

R esponsável por 25% do PIB produzido no estado, a Ser-ra gaúcha cresce num ritmo acelerado e com os olhos no

futuro.

página 4

E m tempos de informação veloz e crise ambiental o leitor digital de livros chega ao Brasil prometendo conquistar os aficionados em tecnologia e cultura. A “biblioteca de bolso”, como se pode definir este compacto aparelho mundialmente conhecido por e-reader, em princípio, parece apenas mais um novo aparato tecnológico. Contudo, divide opiniões e provoca dis-

cussões a respeito do futuro do mercado livreiro, bem como do hábito e incentivo à leitura no país.O e-reader é um aparelho portátil com tamanho semelhante ao de um livro médio (o modelo Al-

fa, da Positivo, lançado no Brasil, tem 17 cm de altura por 12,5 de largura).

página 8

página 14

Foto: RaFael MaRtins

Foto: luiz chaves

Foto: Divulgação

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O s efeitos do mundo globali-zado desta primeira década

do século XXI não parecem ter chegado à América do Sul. Os ultrapassados, utópicos, radicais e principalmente autoritários conceitos socialistas continuam vivos nesta parte do continen-te. Certas atitudes mostram que estes ideais continuam vigentes, ainda que disfarçados.

É claro que o Brasil, por exemplo, não virou um país socialista quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder, em 2003. Inclusive se fortale-ceu economicamente. Porém, as raízes autoritárias daque-les que fazem questão de usar barbas e bigodes ainda são vi-síveis. Desde o ano passado, o governo federal tem protegido, de forma inexplicável, o ati-vista comunista italiano Cesa-re Battisti, condenado a prisão perpétua na Itália, sob acusa-ção de quatro assassinatos na década de 1970. A atitude mais óbvia seria acatar o pedido de

extradição. Não há explicação para manter no país um cri-minoso como Battisti que não seja a proteção a um “compa-nheiro” que luta pelos mesmos ideais. O Brasil também acei-ta, passivamente, as atitudes ditatoriais do presidente ve-nezuelano, Hugo Chávez, con-tra a imprensa, que já censurou emissoras de rádio e televisão no seu país. Incomodado com as denúncias de corrupção à ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, o nosso gover-no tentou, sem sucesso, algo parecido no Brasil. Com estas medidas, a impressão que fi-ca é a de que quando há uma ameaça ao “poder absoluto” do governo, ela deve ser freada a qualquer custo.

Já no resto do mundo, há ou-tros países que também tomam atitudes equivocadas. Cuba e Coréia do Norte estão enfra-quecidos, mas insistem até hoje em impôr um regime totalitário. No país caribenho, o alto ní-

vel da educação e a excelência no esporte não são suficientes para que seus habitantes ido-latrem a própria pátria. O prê-mio da loteria cubana poderia ser, tranquilamente, uma pas-sagem só de ida para fora da ilha. Quem sai uma vez, não quer mais voltar. O mesmo ocorre com os norte-coreanos, que vêem, ao sul, a outra Co-reia, mais rica, desenvolvida, globalizada e principalmente, aberta para o mundo, sem deva-neios autoritários. No entanto, Cuba e Coreia do Norte assu-mem esta posição esquerdista, ao contrário de outros, que pa-recem, talvez, não ter coragem para admitir pelo quê realmente lutam. Apenas o fazem, disfar-çados, inseguros se aquilo que pregam é o correto. O mundo já se deu conta que não há mais espaços para ditaduras e con-ceitos esquerdistas no mundo. A história prova que não dá cer-to. É impossível ignorar.

Sim, ele existe e é ‘comemo-rado’ no dia três de março,

mas é realmente respeitado? O que acontece no terceiro dia do terceiro mês do ano, para que se possam falar todas as verdades que não foram ditas nos outros 364 dias. Todo o cidadão tem direito à informação, segundo a Constituição Federal, mas de que adianta se, nós jornalistas, não podemos repassar a infor-

mação por causa da velha e co-nhecida censura?

Mas o que mais chama a atenção não é a censura ou a quantidade de informação exis-tente. O preocupante é o que acontece com o jornalista quan-do tenta passar por esse filtro e ir contra o ‘sistema’. Segundo a ONG Repórteres Sem Fron-teiras (www.en.rsf.org) só em 2010, enquanto esse texto era

escrito, foram mortos 35 jor-nalistas e dois assistentes de mídia. Outros 154 jornalistas, nove assistentes de mídia e 112 internautas foram presos. On-de está a liberdade de expres-são, ou mesmo nosso direito à informação? Ou será que o Dia Mundial da Liberdade de im-prensa é o dia onde os jorna-listas presos são liberados para um banho de sol?

2 PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaOpinião

A teimosia da esquerdaCarlos Eduardo de la Rocha■

liberdade de imprensaRaphael Oliveira■

IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodistaconselho superior de administração - consad

Presidente: Wilson Roberto Zuccherato Vice-presidente: Paulo Roberto Lima Bruhn Secretário: Nelson Custódio Fer Conselheiros: Augusto Campos de Rezende, Carlos Alberto Ribeiro Simões, Eric de Oliveira Santos, Gerson da Costa, Henrique de Mesquita Barbosa,Maria Flávia Kovalski, Osvaldo Elias de Almeida Conselheiros suplentes: Jairo Werner Junior, Ronald da Silva Lima

reitor: Roberto Pontes da Fonseca

Jornal elaborado por estudantes do2º semestre do curso de Jornalismo IPA

coordenação do curso de jornalismo

Mariceia Benetti

professores(as)Lisete Ghiggi, Michele Limeira e Renata Stoduto.

projeto experimental ii e produção e planejamento editorial e gráfico iieditores-chefes: Michele Limeira

ajor - agência experimental de jornalismo

• arte-final e diagramação: Carlos Tiburski• revisão: Lisete Ghiggi e Michele Limeira endereço ajor: Rua Joaquim Pedro Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS CEP: 90420-060 • contato: 51 3316.1269 e [email protected]ão: Zero Hora (1.000 exemplares)

Experimentar é viverO jornal Universo IPA alcança mais um número, dando con-

tinuidade a um projeto que desafia alunos do início da gradua-ção em Jornalismo a colocar em prática conhecimentos ainda em construção. A edição de número 4 é o resultado do traba-lho desenvolvido pela turma do segundo semestre de 2010, na disciplina de Projeto Experimental II.

O ato de entrar em contato e de interagir com uma deter-minada realidade, informação ou ainda conteúdo diz respeito à experiência. Experimentar é, antes de tudo, viver algo. Exis-tem experiências científicas realizadas em laboratórios para verificação de hipóteses e variáveis. Há outras realizadas em campo, também com o intuito de extrair conclusões válidas. Há ainda experiências religiosas, transcendentais, espirituais....Elas podem ser coletivas, individuais... prazerosas ou sofridas...longas ou passageiras. Porém, indiferentemente, toda experi-ência resulta no amadurecimento do ser humano.

Na experiência, o indivíduo analisa, confronta, duvida, per-gunta, busca respostas, toma decisões e é responsável por elas. Durante o processo experimental, consciente de suas ações, constrói conhecimento sobre a realidade experimentada. E é neste sentido que buscamos criar espaços na disciplina de “Pro-jeto Experimental” para o contato direto com o “mundo do jornalismo”.

Transformamos a sala de aula em uma grande redação de jornal. As aulas tornaram-se reuniões de pauta. As pautas suge-ridas foram discutidas e pensadas coletivamente, por um grupo de alunos que mostrou entusiasmo com as novidades que a pro-fissão, em ambiente experimental, apresentava a cada dia.

Cada estudante cuidou de uma pauta. Alguns, mais deter-minados, planejaram e concretizaram uma ideia. Outros, ainda com indícios de insegurança, natural em começo de curso, se-guiram, mas foram obrigados a revisar suas pautas, mudando o rumo do projeto inicial. De um modo ou outro, todos atingi-ram o objetivo final: produzir uma matéria para o jornal Uni-verso IPA.

Desejamos uma boa leitura!Profª Michele Limeira

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A corr ida à presidên-cia da República no segundo turno das eleições 2010, entre

o candidato José Serra (PS-DB) e Dilma Rousseff (PT), foi motivada por assuntos pou-co abordados antes do pleito do dia três de outubro. Parte das mudanças nos discursos se deu devido ao desempenho inesperado da candidata do Partido Verde Marina Silva. Os mais de dezesseis milhões e seiscentos mil votos dados pelos eleitores à ex-ministra do Meio Ambiente no gover-no Lula não apenas espanta-ram os outros presidenciáveis, mas colocaram em evidência um tema pautado há bastante tempo e que, agora, parece não aceitar mais ser adiado, o de-senvolvimento sustentável.

No próximo primeiro de ja-neiro, o diplomático e po-pulista Luiz Inácio Lula da Silva passará a faixa presidencial a s u a a f i -lhada política, a desen-vol-

vimentista Dilma Rousseff. Com a carreira política liga-da direta e constantemente ao campo das energias, a presiden-te eleita terá o desafio de im-plantar matrizes mais limpas e socioambientalmente responsá-veis no sistema de fornecimento energético.

Atualmente, no Brasil trami-tam projetos e licitações para a implantação de 54 usinas hidre-létricas, uma forma de geração de energia considerada limpa por utilizar recursos naturais renováveis, mas que gera altos impactos ambientais em suas construções. Uma das alterna-tivas seria o aproveitamento da energia solar. Para o professor da Unicamp (SP) e pesquisador da Embrapa Ademar Romeiro,

“em países como o Brasil o po-tencial da energia solar direta é muito grande. A começar pe-

los sistemas baseados na in-dução já disponíveis com

boa eficiência térmica (coletores solares para

aquecimento da água domiciliar). O po-

tencial existente a curto prazo

é de cerca de

4,5 milhões de KW, o equiva-lente a estimada geração da Usina de Belo Monte no Rio Xingu, suficientes para aten-der à demanda de 11,5 milhões de domicílios”.

Ainda, sobre a matriz hídri-ca planejada para o alto Xin-gu, o advogado e coordenador adjunto do Programa Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), Raul Silva Telles do Valle, foi categórico ao ser perguntado sobre a implantação da usina de Belo Monte e a possibilidade de licenciamentos para tecno-logias alternativas, “Enquanto buscamos formas de continu-ar expandindo os parques hi-drelétricos, nos descuidamos de como podemos aproveitar melhor outras fontes limpas, ou mesmo usar melhor a ener-gia que já temos. Veja o caso de Belo Monte. Se construída, vai destinar parte significativa de sua energia para uma side-rúrgica chinesa que se insta-lará no norte. Será que vale a pena? Será que os poucos em-pregos que são gerados com-pensam os danos ambientais, a contaminação das pessoas,

o esgotamento dos recursos, a concentração de renda?”

Políticas para uma economia verde

Para que o país avance agre-gando valores sustentáveis ao desenvolvimento, não basta que sejam implantadas políti-cas públicas e privadas compro-metidas com o meio ambiente. Para o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvi-mento Sustentável (CEBDS),

“o próximo presidente da Re-pública tem o compromisso de fazer o país liderar a economia verde”. Um desses compromis-sos é a busca pela certificação internacional do etanol, que permitiria ao produto atingir seu potencial de oferta mun-dial, através do reconhecimen-to internacional de um padrão de desenvolvimento que seja economicamente viável, so-cialmente justo e ambiental-mente responsável.

Para professor do Departa-mento de Economia da FEA e do Instituto de Relações Interna-cionais da Universidade de São Paulo, Ricardo Abramovay, “De

fora, o Brasil pode ser bem vis-to por ter como principal fonte de energia a hidroeletricidade e por ter estar usando há mais de 20 anos o álcool como com-bustível. Mas se por um lado o avanço na produção de eta-nol é uma conquista, inclusive por estar sendo usado hoje pa-ra uma química “verde” e para o fornecimento de energia para a rede elétrica, por outro, o pa-ís enfrenta dois problemas que não estão equacionados. O ca-so mais emblemático é a ener-gia solar que sequer aparece nos planos governamentais. A pró-pria pesquisa universitária em eólicas, que começa a adquirir certa expressão, como resulta-do dos últimos leilões, ainda é bastante precária”.

Desenvolvimento para quem e para quê, senhora presidente?

No Plano de Aceleração do Crescimento II (PAC II) estão previstas as construções de 54 estações, entre elas 10 usinas e 44 pequenas centrais elétricas, totalizando R$ 116 bilhões de investimos.De acordo com Plano Decenal de Expansão de Energia (PDEE), documento redigido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), extima-se o dispêndio de um trilhão de reais entre 2010 e 2019.

P oucas semanas antes do pri-meiro turno das eleições,

um evento realizado no Plenari-nho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul oficiali-zou o lançamento da Platafor-ma Ambiental 2010 no estado. O conjunto de diretrizes rela-cionadas a preservação do meio ambiente, idealizado pela or-ganização não-governamental Fundação SOS Mata Atlântica, é apresentado a mais de 10 anos,

e que nesta eleição teve seu di-recionamento aos candidatos do RS. O evento reuniu mais se-tenta pessoas - entre políticos, representantes de instituições e membros da sociedade civil.

“Em 35 anos trabalhando com ONGs pelo Brasil todo, nunca vi tanta mobilização”, declarou o diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, que compôs a me-sa ao lado de Kátia Vasconcelos,

representante da Rede de ONGs da Mata Atlântica no RS e de Adão Villaverde (PT), deputa-do estadual e responsável pela abertura da casa para a realiza-ção do evento. Um dos candida-tos que se comprometeu com as diretrizes foi o vice-governador eleito do estado Beto Grill, do PSB. Veja se o seu candidato - eleito ou não - se comprometeu com a plataforma: www.sosma.org.br/plataforma.

ONgs e sociedade civil cobraram comprometimentodos candidatos com a preservação do meio ambiente

273 milhões por dia até 2019

Divulgação

3meio AmbientePORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

guilherme guterres■

Após o embate eleitoral e o resultado nas urnas chamarem atenção para o meio ambiente, a presidente Dilma Rousseff (PT) terá a missão de implantar matrizes energéticas mais limpas e socioambientalmente responsáveis no país

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� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPageral

Caxias, a capital da cultura quer voos mais altosConstruir um aeroporto internacional e ser cidade base para a Copa de 2014 fazem parte dos projetos da cidade

R esponsável por 25% do PIB produzido no estado, a Serra gaú-cha cresce num ritmo

acelerado e com os olhos no fu-turo. Um dos municípios mais prósperos é Caxias do Sul que, além de ser considerado a ca-pital da cultura, tem o segundo pólo metal-mecânico da Amé-rica Latina e conta atualmente com mais de 40 mil empresas. Mas o empreendedorismo que é a marca do município tem es-barrado no problema da logísti-ca. O Rio Grande do Sul tem o maior custo de logística do Bra-sil, e isso corresponde a 17.9 % do PIB gaúcho.

De acordo com o presidente da Câmara da Indústria, Comér-cio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Milton Corlatti, a metró-pole da serra tem grande diver-sidade na produção e, além de um comércio consistente, o mu-nicípio conta com uma área de serviços forte, fabricação de au-topeças entre outros. Com isso, a demanda nacional por produ-tos produzidos na serra, assim como as exportações, é intensa, mas as empresas enfrentam di-ficuldades para atendê-las. “O escoamento é grande e para se ter uma idéia nós não temos um aeroporto de cargas internacio-nal”, analisa. Atualmente, todas as exportações do Rio Grande do Sul primeiro vão de cami-nhão até Campinas para depois embarcarem para o mundo. “É inconcebível hoje que para ter acesso a um aeroporto de car-gas o produto tenha que transitar por mais de mil e poucos qui-lômetros, atravessar vários es-tados. O tempo que você perde nesse transporte faz você perder

negócios”, observa.Além disso, a geografia do

município e as condições das ro-dovias também dificultam. “Pa-ra chegarmos a Porto Alegre e embarcar no aeroporto Salgado Filho demoramos quase quatro horas de carro devido aos con-gestionamentos das nossas ro-dovias que, em muitos trechos, têm estruturas péssimas. A ci-dade de Caxias está ilhada, esta-mos em cima do morro e longe de tudo”, pondera. Corlatti afir-ma que o município seria mais competitivo do que é se existis-se um aeroporto condizente ou mesmo um trem de cargas que pudesse facilitar o transporte de todas as mercadorias.

Aeroporto

Argumentos não faltam para a efetiva construção de um ae-roporto internacional na Serra, assim como não falta o espaço físico. Há muito se analisa esta possibilidade e os estudos téc-nicos que até agora foram fei-tos apontam que o sítio da Vila Oliva, um distrito de Caxias do Sul, poderia ser a área que tecni-camente absorveria o aeroporto que a região necessita. Segun-do Corlatti, os estudos estão em poder do departamento aeropor-tuário do estado e só não foram divulgados até agora por causa políticas, porque estão já estão prontos há muito.

Além do Sítio da Vila Oliva, em Caxias, há outra área que também já foi motivo de estu-do com a mesma finalidade. A região de Mato Perso, no muni-cípio de Farroupilha, seria uma outra opção para a construção de um aeroporto, porém num

tamanho menor e com a des-vantagem de estar próximo ao centro do município. Para Cor-latti, uma construção como essa não faz sentido. “Construir um aeroporto no centro de uma ci-dade é um atraso. O Brasil es-tá crescendo muito rápido e a tendência é de movimentarmos voos para todos os lados do pa-ís”, argumenta. Por sua carac-terística econômica, a Serra precisa de um aeroporto com 4 mil metros de pista para du-rar no mínimo cinquenta anos.

“Nós queremos um aeroporto para o futuro. No mundo dos negócios meia hora perdida é dinheiro perdido. Nós não so-mos contrários a qualquer área, somos a favor do que é tecnica-mente viável e para uma longa vida”, esclarece.

Para o titular do Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) da Serra Gaúcha, Jo-sé Antônio Adamoli, o Corede ainda não tem uma posição fe-

chada com relação a construção do aeroporto no sítio da Vila Oliva, porque não tem os ele-mentos que permitiriam a toma-da de uma decisão regional. “A falta de discussão sobre o tema ocorre porque o governo do Es-tado nunca ofereceu os estudos necessários. O que precisamos é que os órgão técnicos, sejam es-taduais ou federais, tenham um diagnóstico ponderando ques-tões como impactos ambientais, custos na aquisição da área, qual o volume na infra-estrutura que temos que construir”, diz. Ela-borar um estudo que explique como isso vai funcionar na geo-política poderá dar rumos sobre o que seria melhor nesse caso, e também acabaria com a disputa entre Bento Gonçalves e Caxias do Sul. “Nós não temos estudos técnicos, estudos ambientais e a viabilidade econômica e so-cial dos dois sítios estudados”, admite. De acordo com Ada-moli, o governador eleito Tar-

so Genro esteve em Caxias e demonstrou interesse em tomar os rumos desse processo.

Porém antes da construção de um aeroporto de cargas pa-ra o estado, Adamoli enfatiza a necessidade da criação de uma central de logística para orga-nizar as cargas. “À medida que existe uma central de logística organiza-se melhor isso. Sabe-mos que tem muita gente nossa enviando carga para São Paulo para ser exportada a partir de lá. Mas quando necessitamos fazer um levantamento de onde saem essas cargas essas informações não chegam”, questiona.

Com relação à possibilidade de um aeroporto internacional da Serra operar durante o perío-do da Copa de 2014, Corlatti não vê alguma possibilidade. “ Em quatro anos não se constrói um aeroporto desse porte, além dis-so tem todo o aparato burocráti-co. Isso é impossível”, diz.

Cláudia Sobieski■

Caxias do Sul pretende ser uma das cidades sedes da Copa 2014➜

Fotos: luiz chaves

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�geralPORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

Voar alto é se preparar e sonhar com a possibilidade de ser uma cidade base na Copa de 201�U ma cidade base tem por

finalidade receber uma seleção e oferecer a ela uma in-fraestrutura adequada durante o período em que ela ficar no país. Com estas características, Caxias do Sul pode, tranqui-lamente, ser uma cidade base. De acordo com o secretário mu-nicipal do Esporte e Lazer de Caxias do sul, Felipe Gremel-maier, as questões técnicas do município com relação à copa permitem o sonho da vinda de uma seleção à Caxias. “Nós te-mos dois estádios que se colo-cam totalmente a disposição do evento. Além disso, temos dois centros de treinamento em per-feitas condições e o Laboratório de Medicina Esportiva da Uni-versidade de Caxias do Sul, que é um grande diferencial, pois é um dos três melhores da Amé-rica”, identifica.

O secretário também desta-ca que a estrutura da rede ho-teleira conta com cinco hotéis somando quase três mil leitos.

“Também temos o aeroporto que tem condições de fazer vôos re-gulares a são Paulo e Curitiba. As obras que estão acontecen-do somam um investimentos de R$ 2 milhões na reformula-ção e vão permitir que ele seja utilizado para a copa”, sinali-

A Vila Oliva fica a cerca de 45 km ao leste da Cidade de Caxias do Sul. O presidente da CIC de Caxias do Sul, Milton Corlatti, conta que é um terreno plano que tem 462 hectares preservados numa zona rural, de propriedade particular. A área foi descoberta nos anos 80 por via satélite. “É uma área já preservada pelo município. No momento em que for definido que ali será o aeroporto a prefeitura vai tomar as medidas cabíveis, declarar a área como um espaço de utilidade pública. Mas a prefeitura não pode declarar enquanto não recebe aprovação da ANAC (Agência Nacional de

Vila Oliva é um distrito que pertence a Caxias do Sul e tem cerca de 1,3 mil habitantes

za. Se efetivamente Caxias for cidade base ela deverá deve re-alizar investimentos, principal-mente nas rodovias que ligam a capital à Serra. Para o secre-tário, o acesso oficial à Serra partindo de Porto Alegre se-

rá pela RS 122, que ainda não está totalmente duplicada. “A nossa luta é terminar essa du-plicação nos setores que faltam depois de Farroupilha. Então, o maior investimento necessário para acesso com relação à Co-

pa é o término da duplicação de RS 122, do trecho entre São Vendelino e Feliz”, explica. A assessoria de Imprensa do De-partamento de Auto Estrada e Rodagem(DAER) foi contatada e informou que a divulgação de

quaisquer dados referentes às ações do DAER visando a Co-pa 2014 depende de anúncio oficial do projeto pelo Gover-no do Estado. Somente após o anúncio deste programa de ações será possível detalhar as informações.

Mas a população caxien-se tem um grande desafio pela frente: promover o ensino dos idiomas inglês e espanhol. Se-gundo Gremelmayer, uma das maiores dificuldades é o domí-nio de outros idiomas. “É neces-sário saber o inglês e espanhol. O espanhol foi o idioma que fal-tou na África. Além disso, te-mos de organizar preparações dos destinos: placas de informa-ções em inglês e outros idiomas. São situações que apontamos no momento”, reflete. Sonhar com a Copa por aqui não custa na-da, mas e se Caxias não for ci-dade base? Para um município que está melhorando essa é uma grande questão. Gremelmayer responde tranquilo. “Se não vier ninguém estaremos pre-parados para o futuro. Tanto o setor privado quanto público de-cidiu que o investimento serão permanentes até porque a gente vai utilizar após copa do mundo. Ninguém vai fazer investimento para um mês”, pondera.

Vista geral (D) e Igreja da localidade (E)

do Distrito de Vila Oliva, uma localidade

em estudos para a implementação do

aeroporto da Serra Gaúcha

Viaduto da Rótula Nelson Bazei, em Caxias do sul, construído para melhorar o fluxo na entrada do município➜

Page 6: Jornal Tabloide Universo IPA #4

O atual sistema eleitoral brasileiro é um dos mais modernos e rápi-dos já vistos no país e é

tido como exemplo. Entretanto, o que muitas vezes é deixado de lado é a segurança do processo e também o conhecimento so-bre como ele funciona. O voto é direito do cidadão e também um dever, mas qual é a relação do uso da urna eletrônica com tais garantias constitucionais, e de que maneira o eleitor está en-volvido em tudo isso?

A urna eletrônica brasileira foi implantada nas eleições de 1996, em 57 municípios, com o propósito de automatizar e oti-mizar o processo, pois quando o voto ocorria em cédulas de papel a contagem era demorada

e havia desconfiança da veraci-dade do resultado. A vantagem da urna eletrônica, segundo o Secretário de Tecnologia da In-formação (T.I.) do TRE-RS, Da-niel Wobeto, é dar segurança e velocidade ao processo. “Com a urna eletrônica, o voto do elei-tor é o voto que é computado”, afirma Wobeto.

Apesar da modernização do processo e da agilidade, há quem acredite que o uso da ur-na eletrônica nas eleições não é totalmente confiável e segu-ro, apresenta possíveis falhas e o custo é caro para o bolso dos brasileiros. O professor de Ci-ências da Computação, da UNB, e editor do site Segurança Com-putacional, Pedro Antônio Dou-rado de Rezende, pensa que o

que é vantagem para certos in-teresses pode ser desvantagem para outros. “Para interesses com a perspectiva de que a de-mocracia, hoje viável na moda-lidade representativa, é um jogo de manipulação de percepções e de opiniões das massas, as van-tagens são óbvias. Pela forma com que foram aqui informa-tizadas, as eleições no Brasil tem hoje resultados rápidos e inquestionáveis”, explica Re-zende. Ele acredita que tam-bém existe um grupo onde as vantagens são outras. “Já pa-ra interesses que dependem de eleições limpas, no sentido de qualquer eleitor ou candidato poder verificar como os resulta-dos foram obtidos, as desvanta-gens estão ainda obscuras para

a opinião pública. Obscurecidas pelos reais motivos pelos quais os resultados não podem mais ser efetivamente questionados. Nesse contexto podemos então dizer,objetivamente, que o pri-meiro grupo de interesses têm levado vantagem sobre o segun-do”, complementa.

Como funciona

O tipo de urna utilizado no Brasil nas eleições de 2010 foi produzido pela empresa esta-dunidense Dieboldt, escolhida através de uma licitação. O mo-delo é do tipo DRE (Direct Re-cord Electronic), que pertence à primeira geração de urnas ele-trônicas em que a votação ocor-re de modo totalmente virtual.

O que caracteriza essa primei-ra geração de urnas é o fato de-las não disporem de nenhum mecanismo que permita a re-contagem dos votos por meios independentes dos programas que rodam nelas e nos siste-mas de totalização. O código utilizado para computar o voto do eleitor é feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2008, quando o sistema opera-cional utilizado por qualquer pessoa, podendo assim criar o seu próprio sistema), dando maior liberdade para que o TSE faça as coisas do seu jeito.

Segundo o professor, as ur-nas de segunda geração, do tipo VVPAT (Voter-Verifiable Au-dit Trail), tornam detectáveis os ataques via software, mas

Raphael Oliveira■

Fotos: RaPhael oliveiRa

� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaPolítica

Urna eletrônica: é seguro votar?O processo eleitoral brasileiro é totalmente informatizado e tido como exemplo. Entretanto, a comum aceitação do sistema é discutida por muitos que tentam esclarecer a segurança do voto eletrônico

Page 7: Jornal Tabloide Universo IPA #4

ao custo de reintroduzir for-mas de ataque praticáveis no papel, sem no entanto apontar a origem da falha ou da manipu-lação quando houver diferença entre as contagens. Já as urnas de terceira geração, do tipo E2E (End-to-End Chain of Custody), permitem ao eleitor rastrear a correta apuração do seu voto, e aos candidatos detectar a ori-gem de falha ou manipulação significativa, se houver, ao cus-to de uma proteção ao sigilo do voto mais complexa.

Já o Secretário de T.I, Daniel Wobeto, diz que cerca de 120 dias antes da eleição, os fiscais dos partidos têm acesso a parte dos códigos fonte do programa. Pessoas dos partidos ficam no TSE, onde há um ambiente mon-tado para que eles possam traba-lhar e estudar os códigos fontes. Os partidos políticos, o Ministé-rio Público e a Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB) são as três entidade legitimadas a fazer esse tipo de verificação.

A briga

São diversas as opiniões so-bre a urna eletrônica e o mo-delo utilizado no país. Alguns

afirmam ser totalmente confi-ável e infalível, como o próprio TSE, enquanto outros apontam inúmeros problemas e falhas técnicas, dúvidas e até mesmo detalhes do processo que inter-ferem em leis.

“É como se o Brasil, último país a abolir a escravatura na era moderna, que entrou na de-mocracia pelo bico de pena da República Velha, que passou pelas ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar, estivesse em condições de agora ensinar ao mundo como os computado-res podem fazer avançar a de-mocracia. O Brasil quer ensinar principalmente aos que inven-taram os computadores, que se consumiram em guerras para reinventar a democracia mo-derna, e nela se sustentaram por mais de século, erguen-do-se a potências mundiais”, critica Pedro Rezende. Ele ob-serva que outros países como Alemanha, Canadá e Estados Unidos, as eleições com urna eletrônica foram abandonadas e retornaram ao voto manual. Já outros seguiram na informati-zação, só que para os modelos de urna mais avançados como os de segunda e terceira gera-

ção, com sistemas independen-tes de auditoria.

O que pensa

o eleitorApesar de ser obrigado a vo-

tar, existem as pessoas que gos-tam e as que não gostam, mas nada impede o cidadão de se in-formar. “Acredito que o sistema eleitoral brasileiro nas últimas décadas teoricamente vem apre-sentando uma evolução em ter-mos de confiabilidade, rapidez e segurança. Também acredito que o voto se tornou mais sim-ples em relação a outras apura-ções como o próprio EUA que tem uma diversidade imensa de votos, mas dentro das suas próprias evoluções ainda não é 100% confiável pelo menos pa-ra quem vota porque não tem o famoso comprovante”, mencio-na o professor de geografia Ja-ckson Bittencourt. Há inúmeras maneiras de se informar sobre o assunto, sites do governo, ON-Gs, pesquisadores, estudiosos e curiosos, porém como eternizou Josef Stalin: “Quem vota e co-mo vota não conta nada; quem conta os votos é que realmente importa”.

Fatos importantes da história das urnas eletrônicas brasileiras

1982 - caso Proconsult: a primeira aparição de uma máquina responsável pela apuração dos votos ocorreu nas eleições para governador no Rio de Janeiro. O caso ficou conhecido pela tentativa de fraude por agentes militares e que acabou sendo abafado pela justiça.

1995: foi aprovado um projeto de lei que permitia o uso de um computador para a realização do voto e o TSE seria o responsável por regulamentar o seu uso. Optou-se por usar o modelo de gravação eletrônica direta (DRE) sem o comprovante do voto para ser conferido pelo eleitor. Surge assim, a urna eletrônica.

1996: cerca de 35 milhões de eleitores votaram nas novas urnas eletrônicas aprovadas no ano anterior. Nos anos seguintes a proporção de eleitores utilizando a urna eletrônica aumentou até que em 2000 o país inteiro já fazia uso do equipamento.

1999 - 2001: surgiram diversos projetos de lei sobre a fiscalização do voto, alguns que obrigavam a impressão do voto para a conferência do eleitor, também exigia-se o uso de software aberto nas urnas eletrônicas. Todos projetos foram adiados com uma lei criada para que as medidas propostas fossem analisadas somente em 2004 e permitia o uso do código fechado por parte do TSE. A identificação do eleitor é feita em um computador ligado à urna, o que também virou alvo de críticas

2002 - 2006: as urnas que rodavam com o sistema operacional VirtuOS passaram a ser Windows CE, o que ainda impossibilitava alterações no código fonte e era preciso uma licença paga para a utilização do sistema. A troca para um sistema livre e gratuito só ocorreu em 2008 com a mudança para o Linux e significaria uma economia de R$ 15 milhões.

2008: além da troca de sistema foram feitos os últimos testes para a implantação do reconhecimento biométrico nas urnas eletrônicas, o teste foi feito nas eleições municipais de Colorado do Oeste/RO, São João Batista/SC e Fátima do Sul/MS. Todas as urnas compradas desde 2006 já possuem suporte para o leitor biométrico.

2010: o total de municípios com o cadastramento biométrico passou de três para 60. A expectativa do TSE é conseguir o total cadastramento em oito anos. As urnas utilizadas nas eleições foram os modelos 2000, 2004 e 2009, com a possibilidade de descarte do modelo 2000 pela dificuldade da adaptação de um pendrive.

D iscussões e opiniões sobre o processo não faltam, mas

outro assunto que não pode ser deixado de lado é a validade do equipamento. Quando a preocu-pação com o meio ambiente tor-nou-se e vale lembrar que a urna eletrônica por ser um computa-dor apresenta peças que são pre-judiciais ao meio ambiente caso sejam descartadas sem nenhum cuidado. “O descarte é todo eco-lógico. As partes são separadas. As partes plásticas são tritura-das para a reciclagem, as pla-cas mães também são todas trituradas, inclusive tem ouro e platina que é recuperado desse material”, garante o secretário de T.I., Daniel Wobeto. Outra maneira de descarte ocorreu em 2005 quando algumas urnas fo-ram doadas para o Paraguai pa-ra serem utilizadas por lá. “Em 2005, cerca de vinte mil urnas DRE foram doadas para o Pa-raguai, as quais foram lá usadas

em um terço das sessões eleito-rais na eleição de fevereiro 2006. Algumas urnas desapareceram do controle da autoridade eleito-ral, que acabaram sendo usadas em testes independentes de pe-netração.”, conta o professor Pe-dro Rezende. Em maio de 2006 circulou um vídeo mostrando um teste de penetração sobre uma urna brasileira, carrega-da com os programas oficiais da eleição paraguaia de 2006 adulterados. Esse vídeo acabou nos noticiários na TV de lá. Se-gundo Rezende, como consequ-ência da demonstração pública de vulnerabilidade das urnas brasileiras, elas foram abandonadas na eleição pa-ra Presidência no Paragua i.

“Os candidatos optaram por re-tornar ao sistema de voto manual, ao invés

de caírem na corrida de gato-e-rato pelo ‘aprimoramento’ do software ou do sistema DRE. Esse caso foi totalmente boi-cotado pela mídia corporativa no Brasil, que prefere repisar a lorota institucional de que ou-tros países admiram ou invejam nosso sistema eleitoral”, enfati-za o professor.

Descarte material e virtual

Equipamentos de identificação do eleitor são ligados à urna➜

Leitores biométricos ja são utilizados desde as eleições municipais de 2008➜

7PolíticaPORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

Fonte: www.tse.gov.br/internet/urnaEletronica www.cic.unb.br/~pedro/sd

Page 8: Jornal Tabloide Universo IPA #4

che-gando por aqu i: Olha o Mp20! Vo-cê pode ouvir música, assis-tir filmes, aces-sar a internet, se conectar nas mí-dias sociais e, caso sobre algum tempo, leia um livro com este magnífico aparelho”, ironiza.

Impacto nas lojas

De fato, a afirmação de Gar-cia foi confirmada pelos comer-ciantes. Em São Paulo, Marco Antônio Canela vendeu e-rea-ders para um público mais curio-so do que leitor propriamente dito. “Muitas pessoas compra-ram sem saber exatamente o que fazer com o novo equipamento.

ter uma boa oferta de títulos em por-tuguês”, enfatiza. Vale ressaltar que, nas lojas brasi-leiras, o e-reader não sai por menos de R$ 700,00.

Mesmo ha-vendo a d ig i-t a l i z ação do cat á logo bra-sileiro, o que aumentaria as opções de títulos em português, es-pecialistas acredi-tam que a disseminação da leitura digital no país depen-derá da superação de um proble-ma anterior a ela: o do interesse pela leitura. Segundo o coorde-nador editorial, Bruno Garcia, antes de se pensar em popula-rização do aparelho leitor deve-se popularizar a leitura de fato.

“Se na classe média as pesso-

A leitura digital ganha força com o e-reader, um aparelho que promete um mundo de informações na palma da mão

E m tempos de informa-ção veloz e crise am-biental o leitor digital de l ivros chega ao

Brasil prometendo conquistar os aficionados em tecnologia e cultura. A “biblioteca de bol-so”, como se pode definir este compacto aparelho mundial-mente conhecido por e-reader, em princípio, parece apenas mais um novo aparato tecnoló-gico. Contudo, divide opiniões e provoca discussões a respeito do futuro do mercado livreiro, bem como do hábito e incenti-vo à leitura no país.

Biblioteca de bolso no bolso

brasileiro?

O e-reader é um aparelho portátil com tamanho seme-lhante ao de um livro médio (o modelo Alfa, da Positivo, lan-çado no Brasil, tem 17 cm de

altura por 12,5 de largura), de-signado para a leitura de e-books, que são livros em formato digi-tal disponibilizados ou vendidos pela internet. Em geral, pesa me-nos que um livro convencional e tem uma incrível capacidade de armazenamento: em poucas gramas carrega-se uma verda-deira biblioteca, ou seja, cerca de 1,5 mil títulos em 2GB de memória, utilizando o apare-lho nacional como exemplo. É o novo fenômeno no mercado livreiro mundial, entretanto, no Brasil, o acesso ao produto ainda é elitizado. Por aqui, o merca-do engatinha, segundo o gerente de uma das maiores livrarias do país, Ricardo Schill. “No Bra-sil, a venda de e-books ainda é muito pequena, principalmente pela falta de aparelhos leitores com preços acessíveis e também pela pouca oferta de títulos em nosso idioma. Esse cenário está mudando e, em 2011, deveremos

as já leem pouco, quanto mais nas classes menos fa-vorecidas, onde as crianças sequer têm professores em sala de aula. Por isso, acre-dito que ainda levará algum tempo para o e-reader se de-mocratizar no Brasil”, afirma. Já para a mestre em Literatu-ra, Roberta Scheibe, leitores em potencial são aqueles que têm o hábito diário de leitura, e neste país o leitor digital fica restrito a esta minúscula fatia de pesso-as. “Esse aparelho não interfere na questão do analfabetismo ou do esparso número de leitores brasileiros. Quem não lê, não se interessa pelo que não conhece”, enfatiza. Entretanto, Scheibe reconhece o valor da novidade no universo literário. “Tudo que incentivar a população a ler – e gostar de ler – será bem vindo. As escolas possivelmente terão aparelhos para oferecer mais uma opção aos alunos. A lás-tima é que uma parcela muito pequena dos discentes frequen-ta a biblioteca – ou os ambien-tes de leitura virtual”, lamenta. Neste contexto, Garcia apon-ta que o aparato é mais atrati-vo a viciados em tecnologia do que a leitores assíduos. “Muitos vão comprar apenas para aces-sar a internet ou para utilizar como videogame portátil. Já imagino os genéricos chineses

Rafael martins■

Detalhes e curiosidades do Alfa Positivo, o e-reader comercializado no Brasil:- Pesa 240g e tem menos de 9mm de espessura;- Tela sensível ao toque, ou touchscreen, que permite ao leitor virar as páginas com um simples toque no visor do aparelho;- Capacidade de até 1,5 mil livros em seus 2GB de memória;

- Dicionário Aurélio integrado, permitindo o usuário pesquisar significados sem ter que interromper a leitura;- Bateria que suporta até 10 mil viradas de página;- Luminosidade da tela semelhante a uma página de papel: não cansa a vista e pode ser lido ao sol;- Teclado virtual, que permite a marcação e anotação de trechos do livro ao usuário;- O valor do produto para o consumidor é de R$ 799,00.

Biblioteca de bolso� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010

Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPatecnologia

Page 9: Jornal Tabloide Universo IPA #4

Quando a explicação do produ-to era iniciada, muitos diziam não entender a sopinha de letras, não conheciam formatos de ar-quivos, não sabiam distinguir os diferentes formatos. Depois de uma semana de uso, alguns clientes simplesmente já deixa-ram de utilizá-lo, até mesmo fa-zendo piadas”, comenta.

O primeiro e-reader brasi-leiro chegou às lojas em agosto de 2010. Em menos de um mês já estava esgotado na Livraria Cultura, que vendeu o produto com exclusividade na primeira semana. Segundo o vendedor Getúlio Daddald, da filial de Porto Alegre, em geral o clien-te que mostrou interesse no apa-relho tinha entre 25 e 50 anos.

“Não atinge os idosos pela falta de intimidade com esse tipo de aparelho. Penso que não atingi-rá os muito jovens também por-que estes são atraídos pelo livro fisicamente, sendo seu conteú-do secundário, conforme gera tendências da moda”. Daddald destaca ainda que a preferên-cia pelo formato digital depen-de do tipo de cliente e de livro buscado. “O cliente que busca prazer, como ficções ou livro de

arte, não irá se satisfazer com a compra do mesmo produto em formato digital”, afirma.

Em novembro, chegou às pra-teleiras uma versão atualizada deste mesmo e-reader, tornando, de certa forma, a versão anterior obsoleta. Katia Raupp, que tra-balha com venda de livros há 14 anos, acredita que num futuro breve a busca por profissionais da sua área será mais seletiva.

“Acredito na especialização da profissão. Creio que, cada vez mais, a exigência por profissio-nais qualificados, que saibam identificar o perfil do cliente e interagir com diversas mídias, sobreviverão as mudanças no mercado. O livreiro ocupará po-sição de consultor”, enfatiza.

A troca do papel pelo clique na tela

Em épocas de crise ambien-tal, a queda na produção de li-vros impressos seria mais um atrativo na migração para o di-gital. Para a professora de jor-nalismo ambiental e bióloga, Lisete Ghiggi, tudo que venha a poupar a natureza do que pos-sa exauri-la deve ser levado em

conta: “Do ponto de vista am-biental avalio como uma reali-dade positiva, pois não vamos esgotar um único bem natural, que são as árvores, para disse-minar a cultura”, comenta. Por outro lado, Ghiggi ressalta que

a reciclagem de papel também é uma realidade no mundo mo-derno, mas envolve diversos fa-tores, inclusive a questão custo.

“Pesquisas apontam para um al-to custo energético no reapro-veitamento. Atualmente o papel reciclado é visto como ecologi-camente correto, mas seu custo é alto. E não há incentivos pa-ra que ele fique mais acessível, porque não existe uma políti-ca energética de compensações. Se o papel fosse reciclado e o seu custo diminuísse, a natu-reza não se ressentiria tanto”, conclui.

E as livrarias, vão sumir?

Segundo Bruno Garcia, tanto a produção quanto a dis-tribuição dos e-books é mais barata. Além disso, o autor ga-nha o mesmo percentual de di-reitos, sendo que na maioria das vezes é a própria editora que sugere o lançamento da obra neste formato. “As novas edi-toras estão apostando muito no digital, enquanto as editoras já consolidadas atuam mais for-temente com o livro impresso, mas estão de olho na fatia dos e-books, que ainda tem muito para crescer”. Se na década pas-sada presenciamos o desapare-cimento das lojas de discos e a crise na indústria fonográfica devido ao sucesso do formato MP3, o mesmo poderia acon-tecer com as livrarias, uma vez que muitas editoras vendem o e-book diretamente ao consu-midor. Porém, Garcia não vê um futuro obscuro para as lo-jas: “De uma forma ou de ou-tra, as editoras não poderão desvincular-se totalmente dos intermediários, pois eles repre-sentam um papel importante,

têm muita capilaridade e ser-vem de vitrine para os produtos. Cada editora deverá buscar um equilíbrio entre vendas diretas aos clientes e vendas através de intermediários, de maneira que seu negócio não tenha prejuí-zo”. Quanto ao livro impresso, Garcia não aceita a compara-ção entre os discos de música e acredita que a pirataria não será tão bem sucedida nesse ra-mo. “Primeiro é preciso dizer que a tecnologia não é a causa da pirataria, e sim a pobreza”, cita, deixando uma pergunta no ar: “Num país onde se lê tão pouco, será que ela (a pirata-ria) é o maior obstáculo para as editoras?”

Em recente visita a Porto Alegre, numa conferência de cultura na UFRGS, o vencedor do prêmio Nobel de literatura de 2010, Mario Vargas Llosa, foi pontual quanto ao destino do livro impresso. “O livro ele-trônico é uma realidade, o de papel ficará anacrônico. O meu temor é que o eletrônico condu-za, quase de uma maneira fatí-dica, a uma certa banalização da literatura”, profetizou.

Quem viver, lerá.

“Num país onde se lê tão pouco, será que a

pirataria é o maior obstáculo para as

editoras?”

9tecnologiaPORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

Fotos: RaFael MaRtins

Page 10: Jornal Tabloide Universo IPA #4

A NASA anunciou, no início de 2010, que a década que termi-nou em dezembro de

2009 foi a mais quente desde 1980. Com o intuito de ameni-zar os danos que o uso diário de um computador causa ao mundo, empresas ligadas a computação desenvolvem softwares que aju-dam a economizar energia e di-minuem os efeitos destruidores que a simples utilização de um computador, como o lazer pode causar.

“Apple e a Microsoft proje-tam produtos para economizar o máximo possível de energia. A Apple desenvolveu basicamen-te três sistemas para diminuir o consumo de energia: utilização de adaptadores de energia mais econômicos, componentes com baixo consumo de energia e sof-tware para gerenciar a energia. Já a Microsoft, atualmente, projetou o sistema Windows 7 (Windows Seven), que reduz de 10% e 20% o consumo de ener-

gia”, afirma a engenheira am-biental, Larissa Alcântara.

A iniciativa das empresas é um motivo para que se faça a previsão de um futuro melhor, mas ainda é necessária uma conscientização maior por parte do usuário, conforme acredita Alcântara: “Para que a socieda-de se torne parte deste progra-ma de preservação, juntamente com as empresas, a questão da educação ambiental é de gran-de importância, precisando ser exercida nas escolas e em âm-bito familiar”. A engenheira também sugere que as empresas invistam na divulgação daquilo que ela chama de “tecnoecolo-gia”. “As empresas de tecnolo-gia que propiciam a preservação do meio ambiente precisam ter uma maior divulgação de seus produtos, expondo os benefí-cios e vantagens na utilização. Assim, a população irá utilizar produtos que de alguma forma ajudem a reduzir os prejuízos ao meio ambiente”, observa a

engenheira ambiental.Fazer parte deste movimento

em prol do planeta parece com-plicado, mas está mais acessível. A estudante de licenciatura em Matemática, da UFRGS, Ema-nuelle Lopes, é prova disso. Ela é usuária de um programa desen-volvido pela equipe do Greenpe-ace, chamado Black Pixel, que após ser instalado no computa-dor ajuda a economizar a energia gasta pelo monitor e a emissão de gás CO2. A estudante afirma ter conhecido o programa atra-vés de um comercial feito pe-la emissora jovem de televisão MTV e está muito satisfeita com o produto: “O gasto da energia do monitor do computador dimi-nui bastante, mas uma diferença que eu sinto é na minha consci-ência. É muito boa a sensação de estar fazendo a sua parte, mes-mo que seja muito pouca coisa usar um software que diminui o consumo de energia, para tentar salvar o mundo”.

Lixo eletrônicoNos últimos anos, o mercado

de venda de produtos eletrôni-cos, principalmente na área da informática, fez com que se ele-vasse significativamente a ven-da de computadores. Entretanto, à medida que mais computado-res são vendidos, mais lixo ele-trônico é produzido. “O resíduo tecnológico ou eletrônico possui uma quantidade elevada de ele-mentos químicos prejudiciais ao ambiente e ao homem e, por es-te fato, tornam-se grandes fontes poluidoras”, explica a engenhei-ra ambiental. Não é fácil saber a proporção do problema causado pelo lixo eletrônico. Larissa enu-mera alguns riscos: “Acarretam a contaminação dos recursos na-turais, afetando o crescimento e desenvolvimento de organismos vivos, e ainda, um aumento de doenças provenientes da conta-minação por estes materiais, co-

mo doenças de pele e problemas respiratórios, consideradas mais comuns, e ainda, podem ainda causar doenças muito mais sé-rias, como o câncer”.

Softwares para salvar o planeta

gabRiel MaRçal

Aliando tecnologia e consciência ecológica , grandes empresas dedicam-se a produzir programas voltados ao bem estar do planetagabriel marçal■

“A questão da educação ambiental torna-se de

grande importância, precisando ser exercida

nas escolas e em âmbito familiar”

10 PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPatecnologia

Caminhos para a conscientizaçãoA ambientalista dá três dicas para que a população saiba o que fazer com o lixo eletrônico:

• alertar a população, expondo os malefícios que estes produtos causam devido a sua composição, e os possíveis impactos ambientais ocasionados por estes quando são descartados inadequadamente;

• separar os resíduos, juntamente, com a criação de pontos de coletas de fácil acesso à população;

• criar política de planejamento para que a destinação final dos resíduos eletrônicos ocorra de forma correta.

Page 11: Jornal Tabloide Universo IPA #4

Para um bom convívio em sociedade, use e abuse sempre do bom senso

Cláudia lidiane da Silva moreira■

11ComportamentoPORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

V iver em uma socieda-de livre permite a cada indivíduo decidir o que faz ou deixa de fazer. No

entanto, para a boa convivência é preciso estabelecer limites.

A poluição sonora no ônibus, a relação extravagante de casais em lugares públicos, fumar em lugares fechados, discutir com o cônjuge no local de trabalho podem tornar-se situações cons-trangedoras e desagradáveis. Se-gundo a professora de etiqueta, Grace de la Rocha, em lugares públicos deve-se respeitar o es-paço do outro: “a nossa liber-dade somente começa quando respeitamos a dos outros’’.

A psicóloga Gianna Petrini diz que é importante dar-se con-ta de até onde vai o seu espaço.

“Uma boa técnica nesse caso é colocar-se no lugar do outro, isso chama-se empatia e sensibilida-de social’’. O auxiliar adminis-trativo, Rafael Dutra, concorda, mas acredita que as pessoas pro-curam expressar em lugares pú-blicos aquilo que têm vontade de

expressar em lugares privados, porém não conseguem ou não podem, devido a discordância de tais comportamentos.

As boas maneiras traçam direções comportamentais para todo aquele que decidis-se expressar seus costumes e verdades, delimitando o espa-ço do outro. “Constantemente estamos analisando se a atitu-de do outro está certa ou erra-da, porém se formos pensar em leis e regras, aqui não cabe di-zer que exista o bom ou mau comportamento, o que existe ao vivermos em sociedade é o sen-so comum”, diz Gianna. Grace chama a atenção: “boas manei-ras a gente exercita nos peque-nos detalhes do dia a dia”.

O fundamental para um bom convívio social, na opinião de Grace, é “usar e abusar do bom senso”. A partir do momento em que se vive em sociedade, os limites já são propostos, avalia Gianna, e basta a cada cidadão estar de acordo com eles ou não

“O que vai determinar a nossa

atitude pode ser chamado de senso crítico, é ele que vai aju-dar-nos a avaliar os nossos atos e a partir daí podemos pensar como nos sentiríamos se esti-véssemos na posição das pesso-as que estão a nossa volta”.

Para Grace, pode-se consi-derar uma falta de boas manei-ras ou até mesmo de bom senso, pequenas coisas, que muitas vezes passam desapercebidas como fumar na rua jogando a fumaça no rosto de quem passa, entrar em elevadores apressada-mente, atropelando quem ainda não saiu, e até mesmo entrar em ônibus ou lotação e não cum-primentar o motorista. Além de ser uma área do conhecimento, Grace considera boas maneiras uma disciplina.

Gianna acredita que o ser humano tem a capacidade de evoluir com suas atitudes, tor-nando sua relação social mais harmônica: “Passamos a empa-tizar com as pessoas ao nosso redor nos tornando mais hu-manos e até mais flexíveis, en-

tendemos com mais facilidade os pensamentos diferentes dos nossos; gosto muito de um pen-sador americano chamado Carl

Rogers que diz: “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.

Música em local público: com bom senso, ninguém fica incomodado➜

Limites são fundamentais para evitar para evitar situações constrangeradoras e desagradáveis

Page 12: Jornal Tabloide Universo IPA #4

A Geração Z chegou para virar de “cabeça para baixo” a vida e o futu-ro das demais gerações.

Pessoas antenadas, bem infor-madas, atualizadas, e que estão praticamente em todas as redes sociais, obtém um poder de ação enorme sobre o futuro.

A geração Z faz o dever de casa enquanto ouve um de seus

“mp-tudo” (seja, mp3, p4, mp5 ou IPod), tecla no MSN, en-quanto assiste televisão, troca SMS durante o jantar.

Na incrível e utópica era digital, pais e professores se preocupam com a educação e o futuro dessas mentes multi-tarefas. Segundo a pedagoga e mestre em educação, Elisângela Ribas (28), a sociedade terá que se moldar a essa nova geração, pois são pessoas extremamente dispersas que buscam resulta-

dos imediatos perante as suas ações. “Elas aprendem, elas se comportam, elas pensam de uma forma diferente. Para elas o que está imposto hoje, é visto como uma maneira mui-to tradicional, fechada, é uma forma monótona de po-der trabalhar e estudar.Então, os professores terão que se atualizar. Eu acredito que o que prende a atenção do aluno, seja a constru-ção de materiais no computador, recursos que sejam relaciona-dos ao conteúdo de sala de aula, pois o aluno hoje quer produzir, ele é multimídia, quer fazer ví-deos e animações. O professor tem que estar atento para isso”, afirma ela.

A grande prática dessa ge-ração é zapear (acionar rapida-mente o controle remoto para

encontrar canais de televisão). Daí o Z. Em comum, essa ju-ventude muda de um canal para outro na televisão, vai da inter-net para o telefone, do telefone para o vídeo e retorna à inter-net. A preparação dos professo-

res para lidar coma geração Z é um desafio.

“A escola vai precisar formar o professor em função dessa no-va geração, claro que ele não vai pensar como uma pessoa da geração Z, porque ela foi for-mada em uma outra época, mas ela vai pelo menos saber quais são os principais recursos que os jovens estão lidando para se

inserir neles. É um desafio e é uma capacitação necessários”, acredita Elisângela.

Valores

Outro fator relevante so-bre as características da Geração Z refere-se aos valores funda-mentais. A pedagoga Elisângela afirma que é preciso resgatar os valores humanos. “Há

uma tendência a banalizar cer-tos temas como o próprio sexo, o amor, respeito ao outro. Eu vejo como uma questão que tem que ser discutida com os jovens, talvez até a escola deveria tra-zer esse tema, dentro da sala de aula pra pensar “o que está acontecendo com a gente?” Es-tamos vivendo um momento de transformação, então para po-

der entender que cada um tem um direito e um dever dentro dessa sociedade, o diálogo é ne-cessário”, acredita.

A forma de a Geração Z enxergar o mundo é diferen-te até mesmo da geração que a antecede.

Segundo a psicóloga Giane Schmaedecke, 32, as teorias an-tes impostas pelos nossos pais e educadores, foram trocadas pela inquietação e a curiosidade dos jovens, que no mundo conecta-do tem seu espaço e podem se tornar famosos, ou pessoas de sucesso da noite para o dia.

“Hoje temos a possibilidade de nos comunicar com o mundo através dos cabos de fibra ótica, jogamos algo na rede e sabe se lá onde isso pode parar. Isso faz com que essa Geração Z tenha muito mais poder de influên-cia que as anteriores. No senti-

12 PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaComportamento

De cabeça para baixo com a geração zVanessa■

A Geração Z tem muito mais poder de influência

que as anteriores

Fotos De vanessa

Pais e professores preocupam-se com a educação e o futuro de crianças e jovens com mentes multitarifas

Page 13: Jornal Tabloide Universo IPA #4

• A Geração Baby Boomer surgiu após a Segunda Guerra Mundial entre 1943 a 1964. Eles tiveram como dever recons-truir o mundo. O nome “Boomer” vem do “Boom” que houve com o crescimen-to populacional pós-guerra. Hoje os Baby Boomers são pais, avós e chefes.

• Geração X são os nascidos entre 1965 a

1978. Representam a chamada juventude “Paz e amor”, com o surgimento dos Hip-pies e com a Revolução do sexo, drogas e rock ‘n roll. Protagonizaram uma revolu-ção jamais vista antes, conhecida como a Geração da Revolução.

• Geração Y são os nascidos entre 1979 e

1992, não nasceram com a tecnologia, mas foram aprendendo a lidar com ela e a aper-feiçoá-la. Essa é a Geração caçula nas em-presas. Com um perfil despreocupado e em

busca de resultados imedia-tos, a Geração Y ou a Geração Canguru, não sai da casa dos pais. A principal característi-ca é não se manter por mui-to tempo no mesmo emprego, isso porque não deixam de aproveitar as oportunida-des que lhe aparecem. Este é mais um dos desafios que os chefes Baby Boomers e X das respectivas empresas de um Y, tem de enfrentar. A Geração Y, aquela que subs-tituiu os yuppies, preferia o bermudão e a camisa de flanela: consumista, mas não de roupas, e sim de objetos eletrônicos. A Geração Y, os yuppies dos anos 1980, de gravata colorida e relógio Rolex, assistiu à revolução tecnológica

• Geração Z, estes são os caçulas das 4 Ge-

rações, nascidos a partir de 1993, ainda não saíram da escola. São conhecidos por

inúmeros apeli-dos, Geração F

(facebook; redes so-ciais), Ge-

ração Net, Geração Digital, iGeneration, Geração Silenciosa e etc. Nasceram em meio a pleno avanço tecnológico, não tive-ram migração digital, vivem dos benefícios da tecnologia que outros desenvolveram. Essa Geração tem por característica a su-perficialidade de se ter um compromisso. Por maior parte do seu tempo dedicar-se a vida virtual, provavelmente no futuro, terá problemas com seus colegas de tra-balho e com trabalho em equipe. Muito individualistas, eles querem tudo de for-ma imediata. Eles têm acesso a quase tu-do, como instrumentos de comunicação, internet celulares, MP3 players, iPods, e todos os atuais gadgets.

13ComportamentoPORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

do mais cru, a tendência de cada geração é se antepor a anterior. A prova disso é como viviam os nossos pais e como vivemos ho-je, e como viverão nossos filhos amanhã”, esclarece ela.

Portanto, a tecnologia é deci-siva para criar marcas de tempo, logo, os intervalos entre uma ge-ração e outra ficaram mais curtos. E em casa, na escola, no mercado de trabalho, mais pessoas dife-rentes, estão convivendo.

A Geração Alfa está chegan-do e pelo que o caçula das gera-ções será responsável?

No mundo conectado, a geração Z é inquieta, curiosa e desafia pais e professores➜

Qual a diferença de uma geração para outra? Para entender melhor o que de fato são essas gerações, representadas por letras e apelidos, daremos um rápido giro pela história

O perfil da geração Y no

trabalho- Identificação com a

empresa. A geração Y não espera permanecer em um mesmo local de trabalho durante 20 anos. Por outro lado, eles estão dispostos a trabalhar horas a fio se sentirem uma conexão genuína com os valores da organização.

- A geração Y não espera ter apenas um chefe. Essa é a única geração que nunca quis trabalhar apenas para um chefe ao longo de sua carreira. Os Ys não se sentem incomodados com o job rotation, pois vêem a ferramenta como uma oportunidade de crescimento.

- Sensação de poder com grandes expectativas. Muitos jovens da geração Y se sentem poderosos. Agem como se o chefe devesse algo a eles por sua presença dentro da empresa.

- A geração Y possui acesso a tudo e a todos – desde o fast food até as mensagens instantâneas. Isso os ensinou a ter pouca paciência e uma curta atenção concentrada, buscando progressos contínuos em cada aspecto da vida. Tudo o que desejam saber é o que se espera deles, oferecendo gratificações e benefícios constantes pelo trabalho realizado.

Page 14: Jornal Tabloide Universo IPA #4

C ursar uma faculdade requer muito empe-nho por parte dos es-tudantes. São trabalhos

teóricos e práticos, monografias, TCC s e tantos outros compro-missos da vida acadêmica. Mas, não basta só a vontade, a dispo-sição e o objetivo de concluir o curso. Nem todos conseguem passar numa instituição públi-ca, e acabam cursando o nível superior em faculdades particu-lares. A mensalidade pesa no orçamento familiar e é preciso encontrar um jeito de manter o compromisso financeiro. Me-lhor é quando se consegue aliar uma atividade prazerosa com um trabalho rentável, e assim poder usufruir de independência financeira e, ainda, cumprir com as obrigações acadêmicas.

É o caso do músico Duda

Gasparoni, que faz o curso de música no IPA. Ele consegue manter a faculdade, a escola de sua filha, e todos os outros encar-gos. O músico está no quinto se-mestre e nunca precisou atrasar uma mensalidade devido à falta de serviço. Como já tem muito tempo de trabalho, geralmente não tem nem data na agenda pa-ra todos os compromissos pro-fissionais. Mas ele alerta: “De qualquer forma, quem vive de uma profissão autônoma preci-sa estar sempre preparado para uma entre-safra”.

Normalmente, paga anteci-padamente a faculdade quando o mês foi positivo. Chega a ga-nhar descontos nas parcelas de-vido a sua adimplência. Duda acha que tenha em torno de dez faltas somando todas as disci-plinas desde quando começou.

O motivo é que ele acredita que escolheu o curso no momento certo de sua vida. Afinal, ele faz o nível superior porque re-almente quer aprender: “o di-ploma que pretendo receber no próximo semestre não seria ne-cessário para a atividade que ve-nho desenvolvendo há muito tempo. Na verdade, gosto mui-to das aulas”.

Atualmente, toda a sua ren-da advém de apresentações em bares, restaurantes, festas de aniversário, casamentos e gravações.

O número baixo de faltas é atribuído à escolha correta do turno da tarde, que é o único que permite trabalhar à noite e dormir pela manhã. A família já é de artistas, a sua mãe era cantora e seu pai tocava violão nos bares de Porto Alegre.

Situação parecida é a do trombonista Renato Batista que é funcionário público e faz par-te da Banda Municipal de Por-to Alegre, portanto, diferente de muitos profissionais desta área. Ele tem estabilidade e um salá-rio com o qual pode contar todo mês. Para reforçar o orçamento, Renato faz bicos com outros ar-tistas e bandas. Assim consegue arcar com os custos acadêmicos, ter sua independência financei-ra e obter uma qualidade de vi-da melhor. Ele nunca atrasou as mensalidades do curso de Mú-sica que faz no IPA e não preci-sa da ajuda de pais ou parentes para pagar a faculdade. O pro-fissional enfatiza: “não me ima-gino fazendo outra coisa, adoro o que eu faço. Aprendi aos 10 anos a estudar o instrumento e nunca mais parei.”

Eles trabalham com o que gostam, mas nem sempre conseguem pagar a mensalidade de um curso superior com o dinheiro conquistado com prazer

Filipe Borges■

cadernoE PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

Universitários da música

Trombonista Renato Batista, que toca desde os 10 anos de idade➜

Nem só de prazer

O Dj Jason K normalmente consegue pagar a faculdade com o dinheiro das festas e diz que

“embora não seja um salário fixo, com planejamento dá pra viver bem e ainda investir na empre-sa”. Nos meses mais fracos, co-mo no verão, quando as pessoas tendem a ir para o litoral, o Dj procura trabalho na praia para não deixar cair o orçamento. Afinal a men-salidade da fa-culdade deve ser paga inclu-sive nos meses das férias uni-versitárias, em janeiro e feve-reiro. Devido a esta dificuldade, o Dj Jason K já atrasou algumas parcelas da faculdade, porém, com ne-gociações conseguiu colocá-las em dia.

Outro problema na vida dos profissionais noturnos são as aulas na sexta-feira, quando a maioria dos músicos e Djs tem trabalho. Jason já teve proble-mas com faltas, mas, hoje, evita se matricular em cadeiras neste dia que é um dos mais requi-sitados pelas casas noturnas e clientes.

Porém, nem todos conse-guem arcar com os custos da

faculdade, muitos contam com ajuda de parentes. O Dj Pimpo Contursi, que começou a atu-ar na área musical em festas promovidas na própria facul-dade, diz que adora trabalhar nesta área, mas garante que não consegue pagar o curso de Direito só com as festas que toca. Para isso, ele tem o apoio financeiro dos pais e dos avós. Com o ganho do tra-balho com a música ele con-

segue paga r só as contas b á s i c a s c o -mo gasolina e cartão de cré-dito. E admite:

“se não tivesse essa ajuda não conseguiria pagar as con-tas pessoais”.

As dificuldades de pagar o curso superior não é só um problema das pessoas que tra-balham com música, mas, de uma grande parcela de estu-dantes que precisam equili-brar suas contas para concluir o ensino superior. Os “uni-versitários da música” vivem esta realidade, mas o prazer da profissão facilita a supe-ração das dificuldades. E ga-rantem a emoção de subir em um palco e fazer as pessoas se divertirem, dançarem e can-tarem, é maior que qualquer dificuldade.

“Os ‘universitários da música’ vivem esta

realidade, mas o prazer da profissão facilita a superação

das dificuldades”

O DJ Jason K começou como técnico de iluminação e auxiliar de som

Fotos: FiliPe boRges

Page 15: Jornal Tabloide Universo IPA #4

Saúde

F inal de curso na fa-culdade, trabalho de conclusão, época de provas, formatura, es-

sa correria é um tanto compli-cada. Imagine quando tudo isso se junta com a rotina diária, tra-balho, família e compromissos pessoais. Em meio a tantas ati-vidades, o cansaço, o estresse, a irritação excessiva por qualquer motivo pode trazer consequên-cias em relação à saúde.

A psicóloga Simone Sirovec, 34 anos, concorda que a corre-ria de final de curso e a função de trabalho de conclusão junto com a rotina diária de trabalho e família podem sim trazer pre-juízos para a saúde. Ela conta que já atendeu casos de estu-dantes que estavam terminando o curso e entraram em depres-são. Dentre os motivos Simo-ne cita o mais comum: “Têm alunos que se apavoram quan-do estão acabando a faculdade, pois em todo o curso não tive-ram nenhuma experiência e o que mais assusta é o que fazer quando se formar”.

Conforme a psicóloga Dina-mara Selbach, 40 anos, é mui-to comum as pessoas no início do quadro de depressão verba-lizar em: “Não sei o que está acontecendo comigo, sinto um aperto no peito, uma angústia...”. Quando a pessoa está predispos-ta a ter a doença, começa a ter distúrbios no sono e no apetite, afirma a psicóloga.

Segundo Sirovec, os sinto-mas de depressão são variados, mas para fazer um diagnóstico é

necessário observar alguns sin-tomas como perda de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, al-terações de apetite ou sono, en-tre outros.

Formada em Direito na Rit-ter dos Reis desde 2009, Caro-line Werner, 24 anos, conta que, apesar de ter tido depressão no último semestre e de, na semana de entrega do trabalho de con-clusão do curso, ter contraído o vírus H1N1, fato que a levou a apresentar seu trabalho para a banca com febre alta, tosse e voz rouca, acredita que so-mos capazes de ultrapassar to-das as barreiras que aparecem no caminho e que quando apa-rentemente perdemos as forças, ainda temos, no mínimo, mais 50% de reserva.

Carina Simões Pires, 24 anos, estudante de Administração com habilitação em Marketing na ESPM enfrenta, além dos de-safios do trabalho de conclusão, a insatisfação com a graduação cursada. “Desde o 7º semestre, (são 10), eu não estava satisfei-

ta com o meu curso, mas como já era tarde para desistir, muito tempo e dinheiro envolvido, re-solvi terminar. No segundo se-mestre de trabalho de conclusão tive tendência à depressão, por não gostar do que estava fazen-do. Era muita pressão envolvida, muito trabalho para algo que eu não queria seguir como carrei-ra”, diz Carina, que vai se for-mar no meio de 2011.

Contudo, as psicólogas es-clarecem: não é só o estress ex-cessivo que causa a depressão, mas sim um conjunto de sin-tomas que precisam ser diag-nosticados e analisados por um especialista.

Lazer e esportes para amenizar

Mathias Repetto, 22 anos, estudante de Administração de Empresas da Fundação Ge-túlio Vargas, está em proces-so de trabalho de conclusão de curso. Ele conta que é compli-cado conciliar todas as ativida-des, mas tenta fazer tudo sem

deixar nada de lado, nem mes-mo o lazer com os amigos nos finais de semana. Em relação à saúde, teve uma notável ele-vação de estresse causado pelo nível reduzido de sono e sua au-to cobrança com a monografia e com o trabalho, pois no iní-cio do ano entrou como estagiá-rio do Grupo Gerdau, o que ele tanto queria. Com a sua vida profissional está bem, satisfei-to por estar terminando o cur-so e poder evoluir na carreira, pretende continuar na Gerdau, porém progredindo sempre. O exemplo de Mathias é para ser seguido.

A psicóloga Simone dá a di-cas para o equilíbrio entre a vi-da profissional e a vida pessoal: pratique esportes e atividades de lazer, programe horários e se dedique à família e amigos, para manter uma boa qualida-de de vida. “Um dos momentos mais relaxantes do meu dia é ir à academia, se o dia foi corri-do e não puder malhar me sin-to tenso e agitado”, comprova o estudante Mathias.

1�PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

Exigências de final de curso trazem efeitos à saúde do estudanteAlimentação adequada, exercícios físicos e uma boa noite de sono podem ajudar o universitário a superar o estresse causado em épocas de correria na vida acadêmica

Nathalia gomes■

Final de curso exige muita dedicação aos estudos e pode levar ao estresse➜

nathalia goMes

DicasPara combater o estresse, a psicóloga Simone Sirovec deixa as dicas para melhorar a qualidade de vida, reduzir os níveis de ansiedade e manter um equilíbrio saudável na vida afetiva, familiar, profissional:

- passar um tempo com você mesmo, fazendo o que precisa fazer, é uma defesa contra o estresse.

- equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal: Pratique esportes e atividades de lazer, programe horários e se dedique à família e amigos, para manter uma boa qualidade de vida.

- evite sobrecarga: estabeleça uma lista de objetivos a curto e médio prazo, para ter mais informações sobre os projetos em desenvolvimento e evitar o estresse.

- a administração do tempo é o caminho para o sucesso: planeje as tarefas que precisam de mais tempo e delegue quando necessário, estabelecendo prazos para a execução das atividades. Estas são algumas das principais chaves para o gerenciamento do tempo que levarão ao sucesso.

- descanso = produtividade: é aconselhável fazer pequenas pausas durante a jornada de trabalho para permitir que a pessoa se desconecte brevemente e, em seguida, execute uma nova tarefa com maior concentração. Por outro lado, é vital dormir cerca de oito por dia para relaxar e, assim, enfrentar os próximos desafios com energia.

Page 16: Jornal Tabloide Universo IPA #4

A dupla rotina dos estudantes

A vida corrida e um mercado competiti-vo fazem com que as pessoas durmam cada

vez menos. Esta rotina é comum entre os estudantes. Uma noite mal dormida provoca cansaço físico e mental, afeta a memó-ria e a capacidade de absorção das informações, altera a dis-posição para praticar atividades físicas, além de gerar estresse e até mesmo depressão. Entre-tanto, existem dicas, sugeri-das por especialistas a alunos e professores, para melhorar o problema.

Cada indivíduo necessita de horas de repouso diferentes pa-ra se sentir descansado ao acor-dar. Esse é o termômetro para saber se a pessoa está com uma boa qualidade de sono. Segun-do o neurologista, Jorge Win-ckler, o ideal é dormir de seis a oito horas por noite. Caso isso não ocorra, o correto é recupe-rar as horas perdidas nos finais de semana, repousando de 10 a 12 horas.

Winckler explica que o me-lhor momento para o descan-so é no silêncio, no escuro e de preferência à noite. “A malato-nina é o hormônio natural do sono, sempre que se entra em um ambiente escuro a hipófese produz esse hormônio”, explica o neurologista.

Entretanto, o ideal está longe da realidade de muitos estudan-tes. A universitária Thaiane Py costuma dormir cinco horas e sempre que possível toma chi-marrão ao acordar para driblar as poucas horas de repouso. A vantagem da estudante é que ela tira uma cesta em torno de meia hora depois do almoço, o que é recomendado segundo o neurologista. Outra estratégia de Thaiane é tomar bebidas a ba-se de cola para despertar. Essas bebidas, entre outros alimentos, não devem ser ingeridas antes de dormir, segundo o otorri-nolaringologista, Luis Alberto

Osowski. “Para uma boa noite de sono é preciso comer duas horas antes de ir deitar e evi-tar dormir com a barriga cheia. É importante, também, não in-gerir chocolates, carboidratos, bebidas a base de cola, café e álcool”, adverte o médico.

Quem segue algumas dicas do especialista é a universitária Franciele Pass. Ela costuma fa-zer um lanche leve no intervalo, preferindo ingerir sucos e frutas e deixando os doces e carboidra-tos para as primeiras horas do

dia. Porém, Pass costuma des-cansar em média seis horas por noite, pois acorda às oito horas, vai direto do trabalho para uni-versidade e chega em casa por volta da meia noite, consequen-temente, acaba dormindo tarde. O momento de maior sonolên-cia é após o almoço e no fim da tarde, horário que já está na fa-culdade e sente dificuldade de acompanhar as aulas, principal-mente, “as monótonas”. “Sinto muito sono na aula se o profes-sor fala o tempo inteiro, fala sem

nenhuma didática e nada dife-rente”, reclama a estudante.

Num levantamento realiza-do no Centro Universitário do IPA, dos 20 estudantes entrevis-tados sobre qual o momento de maior distração durante as au-las, 20 relataram ser quando o professor utiliza vídeos, slides e a oratória o tempo todo.

Dicas

A distração em sala de aula afeta também professores, pois,

muitas vezes se deparam com alunos sonolentos e até mes-mo cochilando. Segundo a psi-copedagoga, Mauren Stribel, é interessante que os alunos be-bam bastante líquido durante as aulas. Outra alternativa é escrever a matéria e partici-par com perguntas opinando sobre o tema estudado. Quem concorda com as sugestões de Maurem é o professor univer-sitário, Everton Cardoso, que costuma persuadir os estudan-tes a tomar notas durante as au-las e fornece provas somente com consulta ao material. “As-sim, eles se vêem obrigados a escrever, o que contribui para que não se distraiam e sintam sono”, relata o professor. Outra estratégia de Cardoso é orga-nizar as aulas de maneira que entre o conteúdo haja peque-nos “intervalos”, desta forma os universitários conseguem interagir. Fornecer exemplos e histórias que complementem o assunto ajuda e torna o conteú-do um pouco menos cansativo, ensina o mestre. Stribel sugere ainda que os professores bus-quem envolver os alunos na te-mática de sua aula, trazendo exemplos aplicáveis à realida-de do grupo, pois desta forma dará significado ao que estão aprendendo. Motivar a pesqui-sa fora do ambiente acadêmico, elaborar questionamentos e in-teragir sempre, pois o aprender não é passivo.

Recursos aud iov isua is também são indicados, pois aguçam a atenção, o foco e consequentemente melhoram a assimilação do conteúdo. Des-ta forma, torna o curso mais interessante e menos monóto-no. Assim como variar a di-dática, o elemento surpresa é sempre estimulante. “Um am-biente iluminado, arejado, on-de o professor se movimenta e também pode mexer com a po-sição das classes, colabora para uma aula mais dinâmica, pro-dutiva e menos sonífera”, ex-plica a psicopedagoga.

Acordar cedo para trabalhar e ir direto para a faculdade é o dia-a-dia de muitos estudantes. No entanto, dormir pouco prejudica a qualidade de vida

Horários após o almoço e fim de tarde são os momentos que o sono aparece com mais intensidade➜

MaRlise

1� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPa

marlise■

Page 17: Jornal Tabloide Universo IPA #4

Carolina Negreiros

Pessoas já com uma vida pessoal bem estrutura-da, que não dependem mais de uma forma-

ção acadêmica para atingir as suas metas consumistas, deci-dem voltar a estudar. Por quais motivos?

“Estudar é a melhor coisa do mundo, pois você se atualiza vo-cê se sente ‘inserido’ e não vê o tempo passar”. É o que conta Luíza Nunes, 49 anos, estudan-te do 8º semestre de Jornalismo do IPA. Como Luíza são muitas as pessoas que puderam retomar os estudos depois de dar priori-dade a outros aspectos da vida, como a criação dos seus filhos, ou após conquistar as condições financeiras ou, ainda, sentirem-se preparadas para encarar a vi-da universitária.

Em uma dessas situações es-tá Gessi Santos. Moradora da ci-dade de Alvorada, casada e com dois filhos. A dona de casa está sempre buscando conhecimen-

■ tos novos, pois a seu ver o “co-nhecimento é eterno”. Aos 51 anos, decidiu realizar um so-nho antigo: cursar a faculdade de Direito.

A decisão, também, encora-jar filhos, maridos e até amigos. Foi vendo a sua mãe recome-çar a estudar que, Fábio San-tos, 22, filho de Gessi, resolveu ingressar na universidade tam-bém: “Muito bom, foi por causa disso que eu me animei a fazer o vestibular e voltar a estudar”.

O apoio da família, nestes casos, é fundamental, apesar de muitos não acreditarem que elas irão conseguir chegar até o fi-nal do curso. Foi exatamente o que aconteceu com Gessi: “No início não levaram muito a sério, quando cheguei dizendo que ia fazer vestibular, acharam que eu estava brincando, mas no dia que sai para fazer a prova viram que eu estava decidida, resolve-ram me apoiar”.

A universitária Luiza Nunes concorda: “Todos apoiam e até admiram, pois alguns já não têm

disposição para enfrentar a ro-tina acadêmica. Mas o apoio da família é total”.

No dia em que Gessi soube que tinha passado no vestibular para Direito seus familiares a apoiaram mais ainda. Ela está adorando ter reiniciado os es-tudos e gostando muito do cur-so que optou para se qualificar. Deixa ainda um recado: “Todos deveriam cursar Direito, para conhecer seus direitos e deveres e para mais tarde saber também a defender-se”.

Luiza Nunes relata que o que lhe ajudou a escolher o jornalismo foi a “afinida-de com a escrita e a leitura”. Passa pela cabeça de algumas pessoas, se esses universitários de maior idade irão exercer a profissão que optaram cursar. Luiza dá certeza está decidida a exercer a profissão que esco-lheu: “Vou seguir trabalhando em Comunicação, na próxima semana ingresso numa assesso-ria de Comunicação, e a expec-tativa é das melhores”.

Universitários na maturidadeJá passaram da idade símbolo de um universitário, mas com disposição e vontade de obter novos conhecimentos encaram a vida acadêmica

“Vou seguir trabalhando em comunicação, na próxima

semana ingresso numa assessoria e a expectativa

é das melhores”

Universidades com o projeto Em Porto Alegre e região metropolitana, instituições

de ensino superior tem programas específicos para pessoas com mais idade:

- Ulbra, há 15 anos oferece o Ulbrati (Ulbra e a Terceira Idade);

- Unisinos oferece desconto de 50% de desconto para as pessoas com mais de 65 anos que cursarem qualquer curso diário;

- Unilasalle dá 40% de desconto para pessoas de 50 anos e para pessoas com 60 anos para cima o desconto é de 50%;

- Faculdade São Marcos (Alvorada) dá a isenção da taxa de inscrição do vestibular para pessoas com mais de 35 anos;

- Faccat dá o direito para as pessoas com mais de 25 anos realizarem somente as provas de português e redação e as pessoas com mais de 45 anos têm 40% de desconto para as graduações (o desconto não inclui aulas realizadas aos sábado);

- Faculdade São Judas Tadeu dá direito para as pessoas com mais de 35 anos ingressarem sem o vestibular (isso só se sobrarem vagas do vestibular normal e não abrange todas as graduações).

vanessa FaJaRDo

De volta às salas de aula, os universitários da maturidade buscam no ensino superior qualificação e realização de sonhos➜

17PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

Page 18: Jornal Tabloide Universo IPA #4

Porto Alegre, destino preferido de estudantes do interior

Porto Alegre é uma das cidades gaúchas mais procuradas por estu-dantes do interior que

buscam cursar o ensino supe-rior. O número de instituições de ensino e as chances ofereci-das pelo mercado de trabalho da capital fazem com que estu-dantes encontrem em Porto Ale-gre a cidade ideal para viver. Os principais fatores que fazem os jovens deixarem suas cidades é a falta de opções de cursos nas universidades regionais e a situ-ação da empregabilidade.

Em Porto Alegre, eles encon-tram a oportunidade de crescer profissionalmente, fato que está cada vez mais difícil de aconte-cer no interior, principalmente, nas cidades da fronteira oeste do Estado, que sofrem com a fal-

ta de investimentos. “Em Porto Alegre encontrei mais oportu-nidades de trabalho, principal-mente na área que eu quero. Já que na minha cidade não encon-tro espaço, vim buscar aqui”, diz Filipe Simões Pires, estudante de Educação Física, natural de Santana do Livramento.

Deixar a cidade natal pa-ra viver em um lugar diferen-te não é fácil. Dificuldades são enfrentadas diariamente, dentre elas estão a saudade da famí-lia, dos amigos, dos costumes e tradições e ainda a adaptação ao agito da capital. Alguns es-tudantes não conseguem driblá-las e acabam retornando para sua cidade. É o caso de Leo-nardo Soares, que morou um ano em Porto Alegre e acabou retornando para São Borja, sua

cidade natal: “Eu não consegui me adaptar com a vida corrida de Porto Alegre. Em São Bor-ja é tudo mais tranquilo, me-nos agitado. E ainda a saudade que eu sentia de casa fez com que eu optasse por voltar”, con-ta Leonardo, que encontrou na Unipampa de São Borja a opor-tunidade de estudo na sua pró-pria cidade.

Outro fator que dificulta a adaptação são os compromissos e deveres domésticos, pois os estudantes tem que cuidar das tarefas de casa, da limpeza das roupas e das contas a serem pa-gas, trazendo maior responsabi-lidade a jovens que geralmente tinham o apoio dos pais em casa.

“Meu filho tinha tudo que pre-cisava, casa limpa, roupa lava-da e comida na mesa. Agora ele

teve que aprender a fazer tudo isso, e eu estou gostando muito, porque uma hora ele teria que aprender a crescer sozinho e a ganhar responsabilidade”, conta Ivone Martins, mãe de um es-tudante que está há oito meses em Porto Alegre.

Os estudantes que escolhe-ram seguir em frente e conti-nuam em Porto Alegre, tentam superar as dificuldades com constantes ligações para casa, e as conversas pela internet vi-ram rotina:“Eu ligo quase que diariamente para casa, e ainda passo boa parte dos meus dias conversando com meus familia-res e amigos pelo MSN”, conta Filipe, que também viaja uma vez por mês até Livramento, ma-tando assim um pouco da sau-dade de casa: “Todo mês eu vou

pra casa, só assim consigo ter força para continuar aqui”.

Além disso, procuram dimi-nuir a saudade dos costumes e tradições que trazem do inte-rior convivendo com pessoas conhecidas da mesma cidade, que muitas vezes moram juntos, dividindo o aluguel da moradia. Também fazem reuniões, festas, rodas de chimarrão e churras-cos com os outros conterrâneos, trazendo um pouco do interior para a capital

O sotaque e a admiração com que falam das suas cidades ca-racterizam estes estudantes, que mesmo enfrentando a distância e a saudade estão na luta, em busca de um futuro melhor, e encontram em Porto Alegre a morada perfeita para alcança-rem este objetivo.

O chimarrão e as conversas pela internet fazem parte do dia a dia dos jovens interioranos➜

Todo ano jovens deixam suas cidades no interior para morar e estudar na capital, sem esquecer das tradições e lembranças da terra natal

luis FeRnanDo MaRtins

luís Fernando martins■

1� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaRotinas

Page 19: Jornal Tabloide Universo IPA #4

Custo médio dos tratamentosMassagens - R$ 250,00 (pacote com 10 sessões)Limpeza de pele com massagem facial - R$ 50,00Rejuvenescimento facial - R$ 50,00Redução de medidas em 1 hora - R$ 40,00 a sessão

Fonte: Estética Grazy Body And Hair

Q uando o assunto é beleza, mulheres não medem esfor-ços à procura de

técnicas estét icas para eli-minar gorduras localizadas. Hoje existem diversos tipos de tratamentos estéticos ofereci-dos em clínicas especializadas, dentre as técnicas está à drena-gem linfática, que ficou conhe-cida por ser um método indicado para a melhoria do organismo em tratamentos pós-operatórios, especialmente após a gestação e em redução de medidas. Tor-nou-se uma das técnicas mais requisitadas nos últimos anos, graças à eliminação do exces-so de líquidos. Trata-se de uma massagem leve e localizada cujo objetivo é estimular a cir-culação. A duração da drena-gem linfática varia de 40 a 50 minutos por sessão.

Drenar os líquidos e que-brar as gorduras localizadas do organismo é o que a drena-gem faz no organismo, expli-ca massoterapeuta Ana Paula Correira Santos, que atua em

uma estética em Porto Alegre. “O processo da drenagem é es-timular os seus linfonódolos e toda a parte linfática do orga-nismo. O ideal seria se a cliente fosse o ano todo, pois o resulta-do seria mais eficaz, não sendo possível, a partir de agosto, dá para ter um ótimo resultado no verão”, explica.

A estudante de Jornalis-mo, Júlia Aguiar Cazani Pe-reira, não resistiu e se rendeu aos tratamentos estéticos. “Não sou gorda, mas sempre tive mui-ta tendência em ter celulite e ganhar peso fácil. Cheguei ao extremo, cansei delas. Fico re-parando nas outras meninas, e nunca coloco as pernas de fora. Decidi que iria começar com drenagem linfática e redutores de medidas”, conta.

Modelar o corpo e reduzir a celulite foi o que levou a jor-nalista Estefânia Martins à dre-nagem linfática: “Eu também tinha retenção de líquido e sabia que a drenagem linfática tinha como principal objetivo dimi-nui-la. O meu principal objetivo

é reduzir a celulite e diminuir medidas. Faço massagem mo-deladora com drenagem linfá-tica há mais de um ano”.

Entretanto, a drenagem linfática tem seus resultados aliados a outros cuidados. “A primeira coisa que fiz foi pa-rar de beber refrigerante. Mudei totalmente minha alimentação. Hoje me alimento de três em três horas para não sentir fomes absurdas, como muita fruta, ge-latina e barras de cereal. Água eu também bebo bastante por-que ajuda a combater a celulite”, relata a estudante Júlia.

Os hábitos também fazem parte da rotina de Estefânia.

“Há um bom tempo cuido da mi-nha alimentação, evito frituras e como bastante verdura, mas tenho momentos em que aca-bo escapando um pouco. Volta e meia acabo tendo que voltar a uma dieta mais rígida. A ati-vidade física é também muito importante no combate as celu-lites e em aumento de medidas, por isto, corro quatro vezes na semana.”

O milagre da drenagem linfática

Anielle Pereira dos Santos■

A massagem pode reduzir em média 80% dos líquidos retidos no organismo com apenas cinco sessões. É o que prometem especialistas

19SaúdePORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

As práticas de Júlia e de Es-tefânia são recomendadas por especialistas. A nutricionista, Zaira Nunes dos Santos, afir-ma que a drenagem linfática de-ve ser acompanhada por uma nutricionista e outros tipos de cuidados. Deve ter um comple-

mento bastante rigoroso. Beber bastante água, cortar ou evitar certos alimentos que tendem a engordar e criar celulites terão que ser cortados, como refri-gerantes e frituras, e fazer ca-minhadas é necessário para a redução de celulites.

A massagem drena líquidos e quebra gorduras localizadas do organismo➜

Efeitos da massagem são melhores quando há cuidados alimentares➜

Contra indicaçõesInfecções agudas

Insuficiência cardíaca descompensada

Flebites e trambosesHipotensão arterialTumores malignos

Afecções cutâneas agudasTranstornos do baixo ventre

Doenças cardíacas congestivasFonte: Nutricionista Zaura Nunes dos Santos

Fotos: anielle PeReiRa Dos santos

Page 20: Jornal Tabloide Universo IPA #4

Os perigos que se escondem por trás dos produtos de beleza podem trazer problemas à saúde

Os riscos da vaidade

N o mundo de va i-dades que se vive atualmente, buscar sat isfação com a

aparência é algo normal. E isso não ocorre mais apenas com as mulheres, muitos homens tam-bém se tornaram extremamente vaidosos. Porém, os cosméticos podem apresentar alguns ris-cos. Os principais estão no uso de maquiagens, esmaltes, tin-turas de cabelos e tratamentos capilares.

Unhas

Com a grande variedade de cores e tons de esmaltes dispo-níveis atualmente no mercado, fica quase impossível resistir a tentação de estar com as unhas a cada semana de uma cor.

Entretanto, algumas pesso-as podem apresentar alergia a algum componente dos esmal-tes. Os mais comuns a causarem alergia são: o formaldeído, que é um gás incolor que se encon-tra na resina dos esmaltes e é responsável pela conservação do produto; o tolueno, que é um solvente tradicional; e a mica, o pigmento presente em esmaltes perolados ou cintilantes. Além destes três componentes, a re-sina poliéster, o metacrilato e a nitrocelulose também podem causar reações, segundo infor-

mações disponibilizadas no site da dermatologista Daniela Gra-ff (www.danielagraff.com.br).

Para pessoas alérgicas a estes componentes, os efeitos causados nas unhas são o en-fraquecimento, a quebra, a esca-mação e/ou o descolamento das unhas. Em algumas pessoas es-tas reações ocorrem com o uso a longo prazo e não imediata-mente após a aplicação. Como conta a estudante Aline Men-des, que usa esmaltes desde a adolescência e hoje, aos trinta anos, passou apresentar alguns sintomas: “minhas unhas ficam extremamente fracas, parecem papel, logo depois quebram. Se eu pintar com esmaltes comuns não consigo ficar com as unhas compridas”.

Nos casos mais graves de hipersensibilidade, os sinto-mas não ocorrem nas unhas ou nos dedos, e sim, na pele. Pes-soas com pele sensível podem apresentar inchaço nas pálpe-bras, coceira no rosto, pescoço e mãos, vermelhidão e peque-nas bolhas ao entrarem em con-tato com esmaltes. Esta reação é mais conhecida por alergia de contato, ou então, eczema de contato. Para pessoas com este tipo de hipersensibilidade, existem os esmaltes hipoaler-gênicos, que segundo Daniela Graff, não contêm em sua fór-

mula o formaldeído e o tolueno. Estes componentes são substitu-ídos por outras resinas, menos agressivas.

Outro fator que contribui pa-ra o enfraquecimento, quebra e escamação das unhas é o uso de acetona, pois ela as resseca. O ideal é que se use os remove-dores de esmalte, pois eles são mais fracos e possuem menos concentração de acetona.

Alguns outros mitos sobre o uso de esmaltes devem ser es-clarecidos: cores escuras não fortalecem as unhas; as unhas não respiram, ou seja, não há problema em se usar esmaltes continuamente; e, bases fortale-cedoras também podem causar alergias. A concentração de for-maldeído é maior do que nos es-maltes convencionais, pois este componente contribui para o fortalecimento das unhas.

Rosto

Para as mulheres, acordar, lavar o rosto e se maquiar é al-go normal e corriqueiro. E, ao contrário do que se pode ima-ginar, o problema não está em usá-las diariamente, e sim no uso inadequado.

O maior problema está nas maquiagens vencidas. Segun-do pesquisa realizada pela loja de departamentos Debenhams, da Inglaterra, 89% das mulhe-res não se preocupam com a va-lidade das maquiagens e nem com os riscos à saúde pelo uso inadequado. Mas o uso de ma-quiagens dentro do prazo de validade também pode causar alergias.

A área do rosto mais afeta-da por alergias é a dos olhos, se a maquiagem estiver venci-da, então, maior é a chance de se contrair uma conjuntivite. O médico oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Hospital Israe-lita Albert Einstein de São Pau-lo, em artigo publicado em seu site (www.drqueirozneto.com.br), conta que o uso incorreto de

maquiagem atinge cerca de 15% das mulheres brasileiras.

É o caso da estudante de ad-ministração Bruna de Oliveira Marcos, que teve alergia após o uso de um lápis de olho: “Fiquei com os olhos inchados, verme-lhos e coçava bastante”.

Na pele, as alergias podem causar vermelhidão, coceira, feridas e/ou bolhas. Nos olhos, desenvolve-se uma conjuntivi-te química que pode ser perigo-sa, pois pode causar alterações na superfície da córnea, devi-do a coceira provocada pela alergia. Além da coceira, ou-tros sintomas comuns são: la-crimejamento ou ressecamento dos olhos, vermelhidão, ardên-cia, visão embaçada e inchaço das pálpebras, ressalta Quei-roz Neto.

O médico alerta para o perigo de se usar maquiagens de outras pessoas, pois os produtos são fon-tes de bactérias e vírus. Explica também que a escolha de produ-tos de qualidade é essencial para que não haja este tipo de proble-ma e que a remoção correta da maquiagem também ajuda a pre-venir irritações nos olhos.

CabelosHá uma grande variedade de

produtos para coloração e pa-ra alisamento de cabelos dis-poníveis no mercado. Porém, apresentam fatores de risco. Al-gumas pessoas podem ter aler-

gias a esses produtos devido ao mau uso deles ou por apresen-tarem maior sensibilidade a um determinado componente des-tas químicas.

Nas tintas de cabelo, o pa-rafenilenodiamina, que é a ba-se das tinturas, é o componente com maior incidência de aler-gias. As tinturas podem causar: coceira, irritação, vermelhidão e feridas no couro cabeludo, in-chaço na face, além de preju-dicar os fios, tornando-os mais fracos, ressecados, sem elas-ticidade e sem brilho, é o que explica o dermatologista Ade-mir Junior em texto no seu si-te pessoal (www.ademirjr.com.br). “Meu couro cabeludo ficou bem vermelho, ardia bastante. Eu tinha a impressão que esta-va queimando”, relata a dona de casa Rose Piccoli, que aplicou a tintura em casa.

Já nos alisamentos, o maior vilão é o formol. Segundo a So-ciedade Brasileira de Dermato-logia, o uso do formol é proibido pelo Ministério da Saúde, pois o uso em excesso pode causar feridas no couro cabeludo, quei-maduras, ferimentos nas vias respiratórias, danos aos olhos, além de ser altamente cance-rígeno. A atual preocupação do Ministério da Saúde é pe-lo uso do Glutaral, que entrou no mercado como substituto do formol, porém é dez vezes mais cancerígeno.

20 PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaSaúde

Componentes de tintura para cabelos podem deixar os fios fracos➜

Região dos olhos merece atenção especial na hora da maquiagem➜

michele Ribeiro■

Fotos: Michele RibeiRo

Page 21: Jornal Tabloide Universo IPA #4

O abuso dos complexos alimentares para enfrentar dias de trabalhos em excesso e reduzir o cansaço pode ter efeitos graves sobre a saúde e, inclusive, causar alterações cardíacas

comum e perigosa, como um há-bito, pois as pessoas buscam isso por comodidade, desinforma-ção ou impossibilidade de assis-tência médica. “Devido a estes motivos, acabam adquirindo es-ses suplementos para solucionar quadros físi-cos de fadi-ga, desânimo e ind isposi-ção, por se autodiagnos-ticarem com déficit de vi-taminas (por vezes errone-amente), o que muitas vezes pode ser solu-cionado com uma dieta ba-lanceada”, comenta, ressaltando que “o grande problema não é o fato de o suplemento causar efeitos colaterais, mas de “mas-carar” o real quadro clínico pa-ra o qual este indivíduo deveria estar sendo tratado”.

A farmacêutica reconhece os perigos, porém afirma que de-vido aos raros efeitos colaterais muitas farmácias não informam aos consumidores seu efeitos e

necessidades. “É dever do pro-fissional farmacêutico alertar os consumidores sobre os pos-síveis efeitos indesejáveis, que, neste caso, estão mais ligados a hipersensibilidade a algum dos componentes da fórmula”, aler-

ta. Ela explica, por exemplo, que a Vitami-na A e E em excesso são prejudiciais à saúde. “A vita-mina A (beta-caroteno) tem efeitos cola-tera is quan-do utilizada em grandes quantidades. As principais

manifestações são problemas de pele, como descamação, queda de cabelo, sangramentos no na-riz e problemas nos olhos. Já a vitamina E (tocoferol), mesmo em altas doses não representa risco significativo à saúde, so-mente é contra indicado para pessoas que fazem tratamento com anticoagulantes, pois a vi-tamina E pode aumentar os ris-cos de sangramentos”, explica.

21SaúdePORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

C ompostos de vitaminas vilões ou suplementos alimentares? Muitas pessoas consomem

compostos vitamínicos sem in-formar-se sobre o risco que ca-da vitamina, em excesso, pode causar ao organismo.

Com a correria do dia-a-dia, procuram a solução para supe-rar o cansaço diário nos com-plexos vitamínicos, minerais e naturais, com o objetivo de se manter acordados por mais tempo. Contudo os laborató-rios responsáveis não alertam aos consumidores que os pro-dutos podem causar diversos riscos à saúde.

Da vitamina A ao zinco, nacionais e importados, os su-plementos com vitaminas e mi-nerais fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas em todo o planeta. Segundo a Organi-zação Mundial da Saúde, pelo menos um terço da população global toma estes complexos diariamente. Só nos EUA exis-tem 29 mil marcas à venda.

Tanto lá, como aqui no Bra-sil, pouco se sabe sobre o fun-cionamento ou a necessidade destes micronutrientes. A nu-tricionista Zilda Albuquerque explica que é preciso ter mui-to cuidado com as vitaminas. Ela sempre procura trabalhar antes com a melhoria dos há-

bitos alimentares, mas alerta que vitaminas são necessárias ao organismo em quantidades pequenas, assim, uma alimen-tação variada supre a falta. No entanto, em algumas situações pode haver a necessidade de su-plementação. Para muitos pa-cientes, dependendo a ausência de alguma vitamina, é feita uma avaliação criteriosa, e indica-se o uso de vitaminas. “Vale res-saltar que vitaminas em exces-so também podem apresentar efeitos colaterais indesejáveis, por isso não devem ser ingeri-das indiscriminadamente sem a orientação de um profissional”, salienta. Albuquerque explica que, na maioria dos casos, es-ses medicamentos são indica-dos para doenças causadas pela ingestão alimentar inadequada, períodos de convalescença, ges-tação, lactação, atletas em fase de treinos intensos. Períodos de estresse também podem ne-cessitar de uma suplementação dependendo das queixas que o paciente apresenta.

A nutricionista afirma que o objetivo dos consumidores é sempre melhorar os processos metabólicos, pois as vitaminas são cofatores enzimáticos, e o uso delas não apresenta um efei-to visível e palpável. Talvez a referência mais comentada por pacientes em uso é a melhoria da

disposição e do apeti-te, em alguns casos há relatos de me-lhoria em algum aspecto da pe-le, firmeza das unhas e brilho nos cabelos. A nutricionista ressalta que o cansaço e o es-tresse não são indicações para o uso de suplementação vitamínica, pois não há benefício algum nesta conduta.

O consumidor Gerson Cen-teno afirma que um dos com-plexos vitamínicos que utiliza tira todo o cansaço que o corpo adquire com o passar das horas de trabalho, além de melhorar o poder de concentração em ativi-dades diárias. Mas em relação ao outro, ele não ficou desper-to e nem acordado como consta na bula. Mesmo ele que utili-za os suplementos alerta que devemos procurar um médico especialista antes de ingerir di-versos suplementos, porque ele sentiu diversas vezes sintomas como irritabilidade, algo que ele nunca teve quando não os consumia.

A normas para venda

A farmacêutica Alexandra Biazus explica que quem nor-matiza a venda destes com-plexos é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria). É um orgão Federal regu-lador que controla a produção e a comercialização de medica-mentos. No caso dos suplemen-tos, a Anvisa esclarece que eles são isentos de prescrição médi-ca, porque não causam efeitos colaterais e reações adversas importantes.

Alexandra afirma que a cul-tura popular transforma a au-tomedicação em uma prática

Janaina Foss■

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Suplementos são vendidos em farmácias sem exigência de prescrição médica

“O grande problema não é o fato de o

suplemento causar efeitos colaterais,

mas de “mascarar” o real quadro clínico

para o qual este indivíduo deveria

estar sendo tratado”

Dra. Zilda em análise de trabalhos sobre complexos vitamínicos➜

Perigo: complexos vitamínicos

Page 22: Jornal Tabloide Universo IPA #4

22 PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaComportamento

A tatuagem não é uma coisa de agora, é um modo de expressão antigo, modificado e

aperfeiçoado ao longo dos anos. Surgiu em rituais, na mitolo-gia polinésia, como símbolo de prosperidade, prestígio e feli-cidade. Hoje, é usada para as mais diversas manifestações, entretanto, deve ser encarada como assunto sério. Você não pode ter dúvidas ou arrepen-dimento. É o que alertam os tatuadores.

Segundo os tatuadores Gus-tavo Fernandes Machado (Gu-to) e André dos Santos (Deco), 70% dos trabalhos que fazem ou é para tapar algum nome de ex-namorado (a) ou ajeitar al-gum trabalho mal feito por ou-tros profissionais. “Hoje em dia é muito comum as pessoas co-meçarem a namorar e um mês depois fazer uma tattoo como prova de amor. Mas elas não têm consciência de que o na-moro acaba e a tatuagem fica, é uma coisa para toda a vida. Mesmo que você cubra com ou-tro desenho ou use laser a mar-ca fica e o trabalho é em dobro”, explica Guto.

Foi o que aconteceu com o Fabrício Barbosa de Jesus. Ele fez uma tattoo com o nome da

namorada e agora vai ter que cobrir com um desenho bem maior, pois o namoro acabou e agora ele já está com outra pessoa. “Minha atual namora-da não gosta muito, mas ela sabe que vou retirar daqui a pouco. E aprendi a lição: tatuagem com nome de namorada nunca mais, no máximo, da minha mãe e só

se ela merecer”, brinca. Outro fator importante é a

situação do estabelecimento prestador do serviço. É preci-so verificar se tem autorização para funcionar, se a pessoa tem o certificado como tatuador e, principalmente, as condições de higiene e limpeza do local. Se-gundo as regras o piso deve ser

de azulejo e branco, os mate-riais, de preferência, todos des-cartáveis. O cliente deve cuidar se o profissional está abrindo a embalagem com a agulha na sua frente e se, no final do pro-cesso, ele dobra e coloca-a no lixo. Além disso, os equipamen-tos devem estar embalados se-paradamente, as tintas devem

ser propícias para tatuagem e o profissional, estar usando lu-vas e máscara. “Existem mate-riais que podem ser reutilizados e, têm outros, que de maneira al-guma podem ser reaproveitados, por isso sempre pesquise bem o local onde você irá fazer a sua tatuagem, pois o barato de hoje pode sair caro amanhã”, pon-dera Deco.

Mas assim como têm pesso-as que fazem e arrependem-se têm outras que tatuam e amam sua tatuagem. É o caso da Ga-briela Colle que tem tatuado um tribal no pulso e uma flor na perna. Segundo ela a sua fa-mília não gosta muito, porém a Gabriela não leva em conta a opinião dos outros por achar que é preconceito: “Uma pessoa não deixa de ter caráter ou de ser efi-ciente no trabalho por ser tatua-do ou não, isso é bobagem”.

Após a tatuagem feita, tam-bém são necessários alguns cuidados, tais como: lavar o local tatuado com sabão neu-tro, usar plástico em cima da tatuagem por, no mínimo, uma semana, pois evita que o atri-to com a roupa tire a casqui-nha, usar uma camada fina de pomada propícia para o caso e não expor ao sol sem filtro so-lar. Depois de cicatrizada, bas-ta manter passando um creme hidratante no local.

Arte na pele é coisa séria e definitivaTatuadores alertam que quando uma pessoa decide fazer uma tatuagem não deve ter dúvidas para não correr o risco de se arrepende depois

Registros históricosOs primeiros registros contam que, segundo a mitologia polinésia, os humanos aprenderam a tatuar com os Deuses.

No ritual, os desenhos eram sinal de prosperidade, prestígio e felicidade, aumentando a chance de a pessoa encontrar um parceiro e obter sucesso em batalhas.

A máquina de tatuagem moderna foi criada por Percy Waters em 1929. Em 1979, Carol Nightingale reinventou a máquina de Percy Waters, desta vez mais potente, robusta e constituída por mais peças, semelhantes às máquinas modernas e atuais. A máquina de tatuagem não sofreu muitas mudanças desde sua invenção que foi feita pelo Samuel O’Relly que projetou a máquina, baseando-se em uma caneta de autographia.

A figura tribal foi tatuada há 12 anos e Gabriela diz que gosta cada vez mais da tatuagem➜

Fotos: Daiana cauDuRo Da silva

Daiana Cauduro da Silva■

Page 23: Jornal Tabloide Universo IPA #4

A volta do cinema de ruaCom inauguração prevista para 2011, o antigo Cine Teatro Capitólio reabrirá suas portas, resgatando as origens do cinema de rua

MaRiane MaDuell FReitas

O s amantes do cinema poderão contar com mais um novo espa-ço cultura e no centro

da cidade de Porto Alegre. Após 16 anos, um dos principais pré-dios históricos, o Cine Teatro Capitólio, irá reabrir suas portas. Depois de um processo longo e burocrático, o prédio tornou-se Patrimônio Histórico e Artístico, sendo assim feita uma reforma estrutural interna e externa. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2011. De-verá funcionar no local uma ci-nemateca, que contará com um acervo cinematográfico, restau-ração e preservação de obras e arquivos fílmicos, tornando-se referência nesta área.

Buscando expandir a difu-são e a promoção cultural do cinema, dentre suas novida-des, destacam-se ciclos temáti-cos, mostras, sessões de estréia, eventos de lançamentos de fil-mes, cursos e seminários, entre outras atividades do gênero. A prefeitura de Porta Alegre, junto com a Associação dos Amigos do Cinema Capitólio (AAMI-CA) e a Fundação Cinema RS (Fundacine) são os principais responsáveis pela recuperação das atividades do Cine Teatro.

A cinemateca será um cen-tro de referência para estudos e pesquisas voltada para todo o tipo de público que busque a cultura cinematográfica.

“A parte de restauração vai funcionar utilizando procedi-mentos de avaliação das neces-sidades de cada material. Nem todos os filmes podem ser res-taurados numa cinemateca. É preciso analisar a relevância do material e o quanto de restau-ração é preciso, quais as tecno-logias a serem empregadas. Os procedimentos básicos poderão ser feitos aqui. Os casos de res-tauração mais complexas serão encaminhados para a Cinema-teca Brasileira, em SP”, explica o vice-presidente da Fundacine,

Cinemateca Capitólio com sua resturação externa quase concluída➜

João Guilherme Barone.O Cinema Capitólio será a

primeiro no Estado e segunda no país a desenvolver este ti-po de projeto. Segundo Barone, para resgatar a cultura do ci-nema de rua a Cinemateca Ca-pitólio contará com atividades com uma sala para exibição em 35mm e digital, uma sala mul-timídia, uma pequena sala para assistir filmes em DVD, uma bi-blioteca sobre cinema, computa-dores para pesquisa conectados ao sistema internacional de ci-nematecas e arquivos fílmicos e uma área de preservação, to-talmente isolada das demais, na qual haverá um acervo de filmes e atividades de catalo-gação e preservação. Essa ativi-dade será feita em convênio com a Cinemateca Brasileira que é o centro de referencia na área de preservação no Brasil, afir-ma Barone.

Histórico- O Cine Theatro Capitólio foi inaugurado em 12 de outubro 1928 com o filme Casanova.

Nesta época era o cinema mais importante da capital.- O prédio foi projetado e construído pelo engenheiro Domingos Rocco, nesta época

possuía em média de 1.295 lugares, para espetáculos variados. - Mantinha convênio com os produtores United Artists e a R. K. O. Radio, dois dos maiores

produtores da época, sendo marco deste convênio o filme “Voando para o Rio”. Em 1969, o Grupo Serrador de São Paulo, em que passa a se chamar Cine Premiére.

- Em meio a muitas crises, em 30 julho de 1994, o Cine Teatro fecha suas portas definitivamente.

23CulturaPORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

mariane maduell Freitas■

Page 24: Jornal Tabloide Universo IPA #4

O que esperar do Rock in Rio 2011

U ma imensa produção retornará ao seu país de origem. O maior festival de música e

entretenimento do mundo te-rá o Rio de Janeiro como sede em 2011. Ide-alizado pelo empresário brasileiro Roberto Me-dina, o festi-val promete recuperar os grandes mo-m e n t o s r e -gistrados nas três edições realizadas na capital ca-rioca. Porém, com um conjunto diferente de atrações e um regresso tardio, uma dúvida paira sobre os es-pectadores: o Rock in Rio vol-

tará a ser o que foi? Não há palavras que descre-

vam os sentimentos gerados em 1985, 1991 e 2001. A improvi-sada Cidade do Rock, instala-da em Jacarepaguá, presenciou

performan-ces inesquecí-veis, atrações expressivas e uma cone-xão perfeita de momento, loca l e pes-soas. O res-ponsável por esse aconte-cimento, Ro-berto Medina, queria dar ao R i o d e J a -

neiro apenas o prazer de ser a cidade de um bom festival, porém o resultado foi maior, foi gigantesco.

Um milhão e trezentas mil pessoas construíram um mo-mento histórico para o certa-me musical do Brasil, em 1985 Celebravam todos a conquista da democracia restaurada, em-balados pelo som potente de Iron Maden, Queen, Ozzy Os-bourne e outras atrações inter-nacionais que se apresentaram na América do Sul pela primei-ra vez. Em 2011, não se prevê nenhum fator político tão forte que dê mais alma ao festival, como a reconquista da democra-cia de um país. Por isso, Roberto Medina criou uma ideologia ao Rock in Rio. Seu slogan enfati-za um Mundo melhor, a marca, segundo a sua assessoria, visa uma atuação sustentável e so-cialmente responsável. A mis-são não é apenas trazer uma semana de entretenimento e, sim, acompanhar uma preocu-

pação do mundo, atualmente. O Rock in Rio volta ao Bra-

sil por um desejo pessoal do seu fundador. Críticos acredi-tam que a imagem e o valor do festival tenha se transfigurado devido a sua migração pa-ra Espanha e Portugal, du-rante dez anos. Uma inevitá-vel mudança de estilo afe-tou o festival, de acordo com observado-res musicais, foi preciso se tornar um típico evento musi-cal para ser bem aceito em ou-tro campo.

O Rock in Rio 2011 preten-de proporcionar um parque de diversões completo a todos que

forem. Está sendo construída, com certa urgência, a nova Ci-dade do Rock. O projeto arqui-tetônico é desafiador. A cidade preencherá 150 mil m² e está lo-calizada próxima ao autódromo

de Jacarepa-guá, com di-versos palcos que acolherão todas as v i-bes. O palco Mundo será para os prin-c ipa i s sho -ws, o palco Sunset rece-berá grandes encontros

musicais, um espaço fashion realizará desfiles de modas e djs de diferentes países coman-darão a Tenda Eletrônica. Não bastasse a estrutura para sho-ws, o Rock in Rio implantará

Um mundo de diversões e conscientização social aguarda por você no Rio de Janeiro, no fim de setembro de 2011Foto: Divulgação

lucas mattos ■

“O empresário acredita que com as

últimas edições o evento ganhou

proporções maiores que poderia

imaginar”

“Em 2011, não se prevê nenhum fator

político tão forte que dê mais alma

ao festival, como a reconquista da

democracia de um país”

2� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaCultura

Page 25: Jornal Tabloide Universo IPA #4

um parque de diversões com direito à Roda Gigante de 28 metros de altura, Freefall, Mon-tanha-Russa e Tirolesa. Por su-as grandes dimensões, a Cidade do Rock se tornará, por inter-venção da Prefeitura do Rio, o Parque Olímpico Cidade do Ro-ck, uma futura instalação que servirá para o lazer dos atletas nas Olimpíadas do Rio de Ja-neiro de 2016.

A acessibilidade é outra prioridade para a organização do Rock in Rio. Com um al-to investimento, o festival se torna obrigado a buscar um re-torno financeiro, além de pa-trocínios e parcerias. Porém, o custo do ingresso será disponí-vel para todos os bolsos. Com o título de Rock in Rio Card, qualquer pessoa pode garan-tir seu ingresso para um dia de show por R$ 190,00, sendo estudante, por R$ 95,00. Um único ingresso terá acesso a to-dos os brinquedos e shows re-alizados no dia. Por proceder pela igualdade, o festival não disponibilizará área vip e hie-rarquia de ingressos.

Em entrevista coletiva rea-lizada em outubro de 2010, o responsável pelo Rock in Rio, Roberto Medina se diz confian-te com a volta da festa musical para o Rio de Janeiro. O em-presário acredita que com as últimas edições o evento ga-nhou proporções maiores que poderia imaginar. Segundo Medina, o Rock in Rio foi um fator principal para o cenário do show business musical bra-sileiro. E afirma: “No final de setembro, milhares e milhares de jovens de espírito, não im-porta a idade que tragam escrita no papel, chegarão de todas as partes para um encontro ines-quecível no Rock in Rio. E ali, na pátria temporária de todos, os fãs das mais diversas cor-rentes musicais compartilharão alegrias, num território livre pa-ra todas as paixões. Porque essa é a essência do festival, concebi-do e produzido a partir de uma filosofia que pode ser resumi-da em três palavras luminosas: convergência, convivência e permanência.”

O Rock in Rio 2011 será re-alizado nos dias 23, 24, 25, 30 de setembro e nos dias 01 e 02 de outubro de 2011.

Luís Fernando Feller tem 23 anos, mora em Canoas e estuda Nutrição. Esboçou um certo interesse quando soube da confirmação do Rock in Rio 2011 no Brasil. Porém, Luís só foi ter a plena certeza de que irá participar do evento quando soube que era oficial o rumor do show da banda californiana Red Hot Chilli Peppers, da qual é fã desde os 13 anos. Além do show da banda favorita, Luís tem certeza que o festival irá satisfazê-lo por inteiro. Menciona ser uma experiência única, um momento para relaxar a mente e se despreocupar com as questões do dia a dia.

Quando informado sobre a idéia da responsabilidade social que propõe o Rock in Rio, Luís deu uma risada sorrateira e complementou que pelo menos ele não estaria tão interessado nesta situação. Ele reconhece “um pouco” o que significou para o Brasil, as edições anteriores do Rock in Rio. Comentou que já acompanhou algumas imagens e se lembra vagamente do último ano de shows no Rio, em 2001: “Acho que a situação será diferente, mesmo assim, eu acredito que vai ser um momento histórico também”.

Sobre mais atrações que gostaria de ver na festa, Luís deseja enormemente ir ao show do cantor e guitarrista Ben Harper e da Banda Irlandesa, U2.

EU VOU! Uma viagem de ônibus cansativa, noites passadas sobre uma barraca, condições do tempo nada favoráveis e muitas aventuras pra contar. O professor de Matemática, de 45 anos, Antonio Nunes da Rosa, mais conhecido como Rosa, sente-se honrado por ter feito parte do Rock in Rio 1991. A princípio era a opção mais louca e ideal de passar as férias com os colegas, mas em pouco tempo percebeu que aquilo se tornariam parte da sua vida. Comenta entusiasmado que não tinha uma idéia de quanto dinheiro seria necessário para viagem. Antonio levou uma única quantia de dinheiro que teria para se alimentar e para possivelmente pagar os ingressos do show. Ele lembra queo não sabia ao certo se a entrada era gratuita.

Mas a diversão se sobressaiu diante das preocupações. De acordo com o professor, o show de Billy Idol e dos Engenheiros do Hawaí no mesmo dia foi simbólico. Afirma ainda que o show do Guns N’ Roses provocou uma euforia na galera que ele nunca tinha visto antes. “São lembranças que compartilhadas com amigos, poderiam dar um bom livro.”

O professor ainda não decidiu se vai prestigiar a edição 2011. Dependendo das atrações, pensa em ir, mas acredita que certamente não passará pelas mesmas emoções, até por causa das condições, que, hoje em dia, estão mais seguras e “menos sem graças”. A idade, segundo ele, também conta. “Não teria mais pique pra passar por tudo que passou”, ri.

EU FUI!James Hetfield, vocalista e guitarrista da banda Metallica, empolgou multidões no Rock in Rio Lisboa 2004➜

Bandas confirmadas!As bandas Red Hot Chili Peppers, Snow Patrol, Capital Inicial, NX Zero, Metallica, Motörhead, Coheed and Cambria,

Sepultura, Angra, Coldplay e Skank já estão confirmadas para os principais shows do festival. A organização do evento divulga periodicamente as atrações que comandarão o Rock in Rio 2011, no site oficial: www.rockinrio.com.br.

2�CulturaPORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

Page 26: Jornal Tabloide Universo IPA #4

A euforia em forma de músicaCriado na década de 90, o Trance, pouco conhecido no Brasil, possibilita as pessoas a experimentarem uma série de sentimentos e emoções

Carlos Eduardo de la Rocha■

Q uando o som come-ça a ecoar, é preciso respirar fundo, pois o coração acelera. Os

segundos seguintes farão vo-cê sorrir, chorar, pular, relaxar. Há várias maneiras de se deixar envolver pelo Trance, umas das principais vertentes da música eletrônica. O ritmo pode fazer você ficar eufórico, mas ao mes-mo tempo, calmo. É assim que o Trance pode ser definido: inten-so, melódico e emocionante. O estilo é uma mistura equilibrada entre melodia e batidas acele-radas, que leva o apreciador ao significado literal do nome da vertente, que significa “transe”, em português.

Para Jordan Suckley, nasci-do em Liverpool, na Inglaterra e entre os dez DJ’s mais promis-sores do mundo segundo a loja de músicas online Beatport e pe-la revista Trance Internacional,

o estilo é baseado em sentimen-tos: “Eu definiria o Trance como emoção e energia.” E a prova de que a música causa diferen-tes percepções em cada ouvinte está no fã de música eletrônica, Daniel Heemann, que diferen-te de Suckley, é mais tranquilo ao escutar Trance: “Prestando atenção na música você entra nela e a sua cabeça vai longe.” E completa: “A sensação é ex-tremamente relaxante.”

No entanto, ambos acre-ditam que o estilo teve alte-rações. Sucley explica que “o Trance tem mudado desde sua criação” (no início da década de 90), enquanto que Heemann afirma que a vertente “está sen-do resgatada”, mesmo que artis-tas famosos tenham optado por adaptações: “DJ’s como Armin van Buuren, Tiësto e Paul van Dyk tornaram o Trance mais comercial e popular, trazendo

músicas mais dançantes e não apenas ‘viajantes’”.

Jovem promessa da cena ele-trônica mundial, Suckley revela como faz as pessoas dançarem na pista, em busca do perfeito equilíbrio entre a emoção e a intensidade: “Quando produzo uma música, amo ter um forte bassline (elemento mais grave e rítmico da melodia), que é o importante para que as pesso-as fechem os olhos e dancem.” Muito se fala sobre sensações e sentimentos no Trance e, co-mo o cansaço é um deles, o bri-tânico brinca quando se refere à produção da música: “O café também ajuda”.

Generalização

Apesar de ser um estilo de música popular em vários luga-res do mundo, aqui no Brasil a situação do Trance é diferente. E

ainda conta com um agravante, já que nas poucas vezes em que o ritmo é lembrado, ele é con-fundido com uma de suas sub-divisões: O Psy (nome que tem origem na palavra “psicodéli-co”). De acordo com Heemann, o Psy, predominante em festas rave, é um som ainda mais agita-do: “Diferente do Trance, o Psy me deixa mais aceso.” Para ele, a subvertente é “moda” no Pa-

ís, e por isso, causa a confusão. “A verdade é que o assunto está misturado com raves e drogas e a essência se perdeu”, lamenta.

Os significados e sensações são muitos. O ritmo conduz aos extremos, da euforia ao transe e da tranquilidade ao agito. E é isso que os DJ’s e fãs tanto apreciam, pois o Trance não é uma música para ouvir, mas pa-ra sentir.

DJ’s holandeses como Tiësto (acima) e Armin van Buuren, alemães como Paul van Dyk e Dash Berlin e ingleses como Gareth Emery e Paul Oakenfold provam a popularidade do norte europeu➜

Eleito melhor DJ do mundo por quatro vezes, Armin van Burren agita o público➜

Fotos De caRlos eDuaRDo De la Rocha

2� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaCultura

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lei complementa o estatuto do torcedor

Eduardo Cardozo■

A Lei 12.299, que com-plementa o chamado Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03), veio

em boa hora. Essas novas nor-mas visam claramente dar segu-rança jurídica para a celebração da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O futebol é paixão na-cional, mas precisava de normas para garantir sua organização e funcionamento. São regras éti-cas e de transparências que o es-tatuto criou, inclusive, tornando relação de consumo o vínculo entre torcedor e entidades res-ponsáveis (federação e clube) da prática desportiva.

De acordo com a Lei, está-dios com capacidade acima de 10 mil torcedores devem ter cen-tral técnica de monitoramento de todo o público presente, in-clusive nas catracas. Está proi-

bido o acesso de bandeiras e símbolos com mensagens ofen-sivas ou discriminatórias, fogos de artifício, bebidas ou substân-cias que possam incitar a vio-lência. Também fica proibido entoar cânticos xenófobos ou racistas, e as torcidas organi-zadas passam a responder por danos causados por seus mem-bros dentro do evento, nas ime-diações ou no trajeto de ida e volta, o torcedor infrator poderá ser processado civil e criminal-mente. Segundo o comandante do policiamento nos jogos em Porto Alegre, Major Fernando, existe um fenômeno nos jo-gos de futebol: “a massa quer proteger uma fatia pequena de torcedor infratores, e no final todos acabam se prejudicando”. Qualquer indivíduo suspeito de cometer infração será sarquea-

do pelo comando do evento. O principal problema é fora do es-tádio, onde há muita provocação e acaba em confrontos entre os torcedores e policiamento.

“Não adianta só prever pena para o torcedor, é preciso que a polícia esteja mais prepara-da. A polícia tem que ser mais ríspida, e precisa ter profissio-nais preparados, treinados para lidar com multidão, e o coman-do da brigada está trabalhando neste sentido”, garantiu o Major Fernando.

O Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francis-co Novelleto Neto, argumenta que para ter mais segurança em eventos esportivos deve-se to-mar cuidado com a fiscalização:

“A maior dificuldade que vamos ter é identificar o torcedor infra-tor, por esse motivo que essa lei

vem para complementar o es-tatuto, a torcida organizada irá responder por qualquer ato in-fracional do torcedor”. Ainda de acordo com Novelleto, atitudes posteriores ou de repressão não são a melhor saída para a segu-rança: “Devemos ter reforço nas medidas preventivas relaciona-das com o evento, dessa forma teremos mais controle sobre os torcedores”.

Para o presidente da torci-da organizada do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Geral do Grêmio, Rodrigo Flores, o Ale-mão, quase nada foi mudado na prática: “O novo Estatuto do Torcedor entrou em vigor em julho de 2010, mas as mudan-ças pouco existem na prática, os clubes e a polícia ignoram parte da lei e o torcedor acaba sofrendo”. Durante o campeo-nato de 2010, torcida e polícia entraram em confronto no meio da multidão nos jogos em Por-to Alegre. O grande problema não é controlar a conduta indi-vidual, e sim a coletiva. A lei vem para complementar essa lacuna que faltava no estatuto, a punição para infrações. Se-gundo o Presidente Miguel Re-côba, líder de uma organizada

muito popular do Sport Clube Internacional, ainda há muito que ser mudado: “Enfrentamos muitos problemas, às vezes a polícia não fica do nosso lado, e tudo se torna mais difícil. Te-mos o Estatuto do torcedor na nossa sede, e assim compreen-demos melhor o mundo do fu-tebol e seus atributos.” Muitas perguntas surgem então após uma primeira análise da lei. As respostas poderão chegar por meio de decisões judiciais. Sem dúvida, a introdução des-ta responsabilidade objetiva e solidária da torcida responde ao objetivo de prevenção dos danos, de responsabilização do torcedor e de coletivização do risco das ações individuais. Entretanto, o Brasil não pode perder tempo nos ajustes do es-tatuto, é preciso agir de forma eficaz e rápida.

Briga entre torcedores colorados durante Grenal no Estádio Olímpico➜

Policiamento da Brigada Militar atenta em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 2010➜

Além da punição aos torcedores organizados,

novo texto prevê punição a árbitros e cambistas. E o policiamento tem

como tarefa prevenir tumultos nos grandes

eventos esportivos.

cRéDito ????

Alterações vetam “cânticos discriminatórios, xenófobos ou racistas” nos estádios de futebol brasileiro

27EsportePORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do centro universitário Metodista do iPa

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mulher para mais de frase

letícia ReMião

Ana Priscila Costa■

D esde seu primeiro li-vro, Dez Quase Amo-res, que foi adaptado para o teatro, ela via

na escrita literária a válvula de escape para o angustiante ofício de escrever pouco. Quando na maioria das vezes a criação para a publicidade não passava de fra-ses e provocações, Cláudia que-ria - ou tinha de ir além. Muita criatividade e um senso de hu-mor de dar inveja vêm de berço; o ritmo acelerado - ela garan-te - vem da rotina nas agências. O sucesso que resulta da so-ma fica claro em seus sete li-vros publicados - alguns deles já traduzidos em países co-mo Itália e Croácia. Não é à toa que ela coleciona elogios de autores de peso como Sér-gio Faraco e Nelson Motta. Sempre envolvida em mais de uma tarefa ao mesmo tempo, ela concilia há anos a profis-são de redatora com suas demais criações e isso não comprome-teu outras atividades inusitadas. Há mais de 10 anos ela é pre-sença garantida no Sarau Elé-trico, que ocorre semanalmente no Bar Ocidente, em Porto Ale-gre, e brinca de consultório sentimental no site da editora L&PM com uma frequência de profissional.

Seu talento para a ficção lhe rende frutos além das edi-toras. Cláudia agora escreve pa-ra televisão e um de seus livros ganha formato de seriado que ainda não foi ao ar e já tem sua segunda temporada garantida. Conheça um pouco mais dessa publicitária que se arrepende de não ter insistido no jornalismo mas que não escapou à sina de escrever muito. E para muitos.

Universo IPA - Conte-me um pouco de sua história. Sei que você chegou a cursar ge-

ologia e jornalismo antes de chegar à Publicidade. Como foi essa trajetória?

Claudia Tajes - Eu sempre gostei de escrever, mas meu pai era jornalista e escrevia muito bem. Fugi do destino –e da com-paração com ele- o quanto pude, mas a geologia não tinha nada a ver comigo. Já no Jornalismo me arrependo de não ter ficado.

Universo IPA - E como sur-

giu a vontade de ser escritora? O que a motivou?

Claudia - Cada vez se es-creve menos em Propaganda. Foi por isso, e pela frustração de não fazer mais que um titulo ou uma frase para os anúncios, que comecei a escrever minhas histórias todas as noites, depois que chegava da agência. Até que um dia me atrevi a entregar al-guns originais na L&PM e, pa-ra minha surpresa, a editora se interessou em publicar.

Universo IPA - Em Dez (quase) Amores e Só as Mu-lheres e as Baratas Sobrevive-rão há conflitos que envolvem mulheres e suas fragilidades, mulheres e relacionamentos. Já Vida Dura é uma ficção de um dilema masculino com uma trama muito envolvente. De onde vem inspiração para uma ficção desse tipo?

Claudia - Eu gosto de as-suntos que estão por aí, na vida de todo mundo. Nunca saberia escrever um romance histórico, por exemplo. Meu assunto é o dia-a-dia, um pouco exagerado e fantasiado, porque a vida co-mo ela é, já costuma ser triste.

Universo IPA - Em A Vida Sexual da Mulher Feia temos a história de uma mulher desde sua adolescência, passando por todos os contratempos de não

ser bela. O que lhe serviu de ins-piração? Você conheceu muitas mulheres feias em sua vida?

Claudia - Conheci ainda mais mulheres bonitas ou, ao menos, bem aceitáveis dentro de qualquer padrão que se esta-beleça, que se acham horrendas. E se comportam como feias, e são tratadas assim pelo mundo. É um chavão, mas a gente é o que se sente, acho.

Universo IPA - Como é o seu método de criação? Você chega a estabelecer uma roti-na de trabalho?

Claudia - Escrevo de noi-te e nos finais de semana por-que durante o dia trabalho em uma agência de propaganda. Mas agora, que estou deixan-do a Publicidade depois de 20 anos, pretendo escrever muito e o tempo inteiro para garantir o sustento da família...

Universo IPA - Que auto-res mais lhe influenciaram ou influenciam na literatura?

Claudia - Todos os autores que eu leio e dos quais gosto me influenciam pelo talento com que escrevem, mesmo que não tenham nada a ver com o meu estilo. Todos são uma grande inspiração. Só para citar alguns: Paul Auster, Ian McEwan, Philip Roth, Luis Fernando Veríssimo, Marçal Aquino, Gabriel Garcia Marques, Mario Benedetti, Bu-cowski, Reinaldo Moraes, Pedro Juan Gutierrez e mil outros.

Universo IPA - A internet se tornou uma importante fer-ramenta de democratização da escrita, muitos autores bra-sileiros se renderam ao Twit-ter, aos blogs e outras redes. Você não é muito presente nas redes. Isso é estratégico? Qual a sua opinião sobre isso?

Claudia - Escrever nas redes sociais ou alimentar um blog exige tempo. Se eu fizer isso, não consigo escrever meus ro-teiros e livros. Sou muito deva-gar para escrever.

Universo IPA - Para vo-cê, o que faz um livro ser prazeroso?

Claudia - O enredo, o tex-to, os personagens, a mistura de tudo.

Universo IPA - Você acha que a juventude lê pouco? Gostaria de dar algum reca-do para os jovens?

Claudia - Acho que as pes-soas lêem pouco de modo geral. Meu recado seria: se quem acha que ler é chato superar esse pre-conceito e abrir um livro, certa-mente vai descobrir um mundo que não imagina.

Universo IPA - Quanto de você tem em suas novelas?

Claudia - Esses dias, na con-ferência que fez aqui em Porto Alegre, Mario Vargas Llosa dis-se que tudo o que um autor es-creve é, de um jeito ou de outro, autobiográfico. Mesmo o que ele não viveu é autobiográfico, por-que passa pelas sensações dele. Então, é isso: do melhor ao, prin-

cipalmente, pior, tem muito de mim no que eu escrevo.

Universo IPA - Você escre-veu o texto para o segundo epi-sódio da série As Cariocas e existe um projeto de adapta-ção de seu livro Louca Por Homem para o Canal HBO. Conte-me um pouco como surgiram esses convites.

Claudia - As Cariocas foi um convite do Euclydes Mari-nho, autor da Globo de quem sou amiga, por ele gostar dos meus livros. A série da HBO foi um lance de sorte. A Casa de Cinema precisava de uma ideia para apresentar e falou comigo. Minha única idéia era a do li-vro que eu estava escrevendo na época, o Louca por Homem. Apresentamos, a emissora gos-tou e a série está produzida, vai ao ar em 2011. O mais incrível: a HBO já nos encomendou a se-gunda temporada, antes mesmo de estrear a primeira.

Universo IPA - Você é co-nhecida por muitos como uma mulher modesta, tímida. Co-mo era a Cláudia Tajes crian-ça... adolescente?

Claudia - Mais modesta. Mais tímida. E com um cabelo muito mais feio.

Depois de 20 anos na Publicidade, Claudia Tajes, 47 anos, parte para novos voos. Outros projetos a

desafiam a continuar escrevendo cada vez mais

2� PORtO AlEgRE, DEzEmBRO DE 2010Jornal do curso de Jornalismo do

centro universitário Metodista do iPaCultura