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Christiano Senna Soares
JORNALISMO CULTURAL NA CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS:
análise das características do webjornalismo presentes no site AdoroCinema
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
2010
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Christiano Senna Soares
JORNALISMO CULTURAL NA CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS:
análise das características do webjornalismo presentes no site AdoroCinema
Monografia apresentada ao curso de Jornalismo do CentroUniversitário de Belo Horizonte (UNI-BH) como requisito parcial àobtenção do grau de Bacharel em Jornalismo
Orientadora: Professora Lorena Tárcia.
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
2010
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: barra de links na Home Page ................................................................................. 33 Figura 2: logotipo do site e ferramenta de busca ................................................................... 33 Figura 3: menu de navegação ............................................................................................... 33 Figura 4: menu rotativo ........................................................................................................ 34 Figura 5: cartazes e promoções ............................................................................................ 34 Figura 6: últimas notícias e trailers ....................................................................................... 34 Figura 7: mapa do site Adoro Cinema .................................................................................. 35 Figura 8: Top 10 e mais listas ............................................................................................... 36 Figura 9: últimos comentários, blog e top usuários ............................................................... 36 Figura 10: box mais visitados ............................................................................................... 36 Figura 11: crítica de Francisco Russo ................................................................................... 38 Figura 12: crítica de Roberto Cunha ..................................................................................... 39 Figura 13: área de entrevistas do Adoro Cinema................................................................... 40 Figura 14: entrevista com Laurent Cantet ............................................................................. 40 Figura 15: página de cadastro de usuários ............................................................................ 42 Figura 16: foto na home ....................................................................................................... 44 Figura 17: foto na notícia ..................................................................................................... 44 Figura 18: foto na crítica ...................................................................................................... 44 Figura 19: utilização de hiperlinks........................................................................................ 45 Figura 20: nuvem de tags destaca os termos mais acessados no site ...................................... 46 Figura 21: matéria com os links das notícias, críticas, análises e posts da semana ................. 47 Figura 22: Adoro Cinema no Delicious ................................................................................ 48 Figura 23: Adoro Cinema no Twitter .................................................................................... 49 Figura 24: post no blog ........................................................................................................ 50
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7 2. A EVOLUÇÃO DO JORNALISMO NO SÉC. XXI .......................................................... 9 2.1 De Gutemberg à web ........................................................................................................ 9 2.2. Mudanças nos processos de produção e distribuição da notícia ...................................... 10 2.2.1 Primeiro jornalismo .................................................................................................... 11 2.2.2 Segundo jornalismo..................................................................................................... 11 2.2.3 Terceiro jornalismo ..................................................................................................... 11 2.2.4 Quarto jornalismo ....................................................................................................... 11 2.2.5 No rádio e na TV ......................................................................................................... 12 2.3 Jornalismo Online, webjornalismo e convergência ......................................................... 13 2.4 As características do jornalismo na web ......................................................................... 16 2.5 Jornalismo 2.0 ................................................................................................................ 20 3. JORNALISMO CULTURAL E WEB .............................................................................. 22 3.1 Jornalismo especializado ................................................................................................ 22 3.2 Jornalismo cultural no Brasil .......................................................................................... 23 3.3 Características do Jornalismo Cultural ............................................................................ 25 3.3.1 A crítica ...................................................................................................................... 26 3.3.2 Colunas de opinião...................................................................................................... 26 3.3.3 Reportagem ................................................................................................................. 26 3.3.4 Entrevista .................................................................................................................... 27 3.3.5 Perfil ........................................................................................................................... 27 3.4 O Jornalismo Cultural no “Balanço da Rede” ................................................................. 28 4. WEBJORNALISMO CULTURAL NO ADORO CINEMA ............................................. 31
4.1 Metodologia ................................................................................................................... 31 4.2 Universo de análise ........................................................................................................ 31 4.3 Apresentação do site....................................................................................................... 32 4.4 Descrição do conteúdo e das características .................................................................... 32 4.5 Webjornalismo cultural no Adoro Cinema ...................................................................... 37 4.5.1 A notícia no Adoro Cinema ......................................................................................... 37 4.5.2 A crítica ...................................................................................................................... 38 4.5.3 Entrevista .................................................................................................................... 40 4.5.4 Coluna ........................................................................................................................ 40
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4.6 Análise das características do webjornalismo no Adoro Cinema ..................................... 41 4.6.1 Interatividade .............................................................................................................. 41 4.6.1.1 Contato .................................................................................................................... 43 4.6.1.2 Feedback .................................................................................................................. 43 4.6.2 Multimidialidade ......................................................................................................... 43 4.6.2.1 Vídeos ...................................................................................................................... 43 4.6.2.2 Fotos e infográficos.................................................................................................. 44 4.6.3 Hipertextualidade........................................................................................................ 45 4.6.4 Memória...................................................................................................................... 46 4.6.5 Instantaneidade ........................................................................................................... 47 3.6.6 Personalização............................................................................................................ 47 4.6.7 Redes Sociais .............................................................................................................. 48 4.6.7.1 Delicious .................................................................................................................. 48 4.6.7.2 Twitter ...................................................................................................................... 49 4.6.7.3 Blog.......................................................................................................................... 49 5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 51 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 54 ANEXOS ............................................................................................................................. 57
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1. INTRODUÇÃO
Há muito tempo que o jornalismo online deixou de ser a mera reprodução do conteúdo dos
jornais impressos. O meio assumiu características e estilo próprios, incorporou elementos deoutras mídias e passa por contínuas, e rápidas, evoluções para alcançar os vários segmentos
do público que busca uma determinada linha de informação. O internauta, por sua vez, em
poucos cliques, tem maior domínio sobre o assunto que o interessa.
Partindo dessas premissas, o referente trabalho procurou analisar a interação dos elementos de
webjornalismo com as características de jornalismo cultural presentes no site Adoro Cinema.
Foram abordadas questões como hipertextualidade, multimidialidade e interatividade, além
dos desafios da produção jornalística especializada sobre cultura no ambiente World Wide
Web.
O tema escolhido possui relevância para a comunicação na medida em que novas linguagens
do webjornalismo passam a compor o repertório dos profissionais e precisam ser analisadas e
registradas em sua constante evolução.
O presente estudo se desenvolve em três capítulos, sendo os dois primeiros teóricos e o
terceiro constituído pela análise do objeto em questão. Na primeira parte, serão apresentadas
questões relacionadas ao jornalismo de forma geral, à sua história, à entrada na era da
internet, às mídias convergentes e à incorporação das redes sociais.
Como base dessa parte teórica, foram utilizados autores que abordam as mudanças nos
processos de produção e distribuição da notícia, ao longo das últimas décadas. Para
fundamentar os elementos sobre convergência partiu-se das definições utilizadas por Jenkins
(2008), Canavilhas (2001 e 2006) e Ward (2006), além de complementar com autores comoMarcuschi (2006), Aquino (2007), Palácios (2002) e Mielniczuk (1999 e 2002), que analisam
os elementos do webjornalismo.
Também é levantada a questão do chamado Jornalismo 2.0, voltado para o formato das redes
sociais. Foram utilizados os trabalhos de Zago (2008) e Franco (2009), que discutem,
principalmente, a união do jornalismo com o microblog Twitter.
O segundo capítulo trata do Jornalismo Cultural e a relação com a Web. Começando por um
pela questão histórica da especialização, usando autores como Piza (2003), Carvalho (2007) e
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Abiahy (2000). Depois são expostas as características do estilo, principalmente dos pilares
estudados na análise: crítica, reportagem, coluna, perfil e entrevista, com base nos estudos de
Piza e Teixeira.
Os dilemas do Jornalismo Cultural para web também são apontados no capítulo, sob a
percepção de Alzamora (2007) e Cunha (2004).
No capítulo da análise foi estudado o conteúdo disponível na home page do site, do menu e
das características de convergência e webjornalismo. Para isso foi recolhido material empírico
durante o mês de maio de 2010.
As conclusões iniciais não pretendem esgotar a amplitude de um objeto que se encontra emconstantes mudanças e experimentações. Os resultados apontam para a necessidade de
continuarmos explorando as infinitas possibilidades de se fazer um jornalismo diferenciado,
utilizando todos os recursos disponíveis na rede mundial de computadores.
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2. A EVOLUÇÃO DO JORNALISMO NO SÉC. XXI
2.1 De Gutemberg à web
Desde o início da evolução humana, os processos de comunicação passam por constantes
mudanças, a fim de estabelecer características que se enquadrem no novo perfil da sociedade.
Por se tratar de uma das partes desta ciência, com o Jornalismo não é diferente, seja na mídia
impressa, no rádio, na televisão e mais recentemente na internet.
Nos últimos 200 anos, foram registradas significativas mudanças, não apenas no surgimento
de novas mídias, mas também no aperfeiçoamento das técnicas utilizadas. Por exemplo: ainvenção da litografia para comunicação impressa, datada de 1884 e a chegada da tecnologia
digitais nas redações; o advento da webrádio, no fim do século XX; o aprimoramento das
transmissões televisivas até o modelo digital; a relação dos meios e a convergência.
A cada novidade surge o debate sobre uma possível extinção do veículo mais antigo para a
ascensão da nova mídia. Desde o seu surgimento, a mídia impressa passou por uma série de
suposições sobre seu fim. Primeiro, quando o rádio ganhou força e se tornou um veículo
presente na vida da sociedade. Depois, quando a televisão conquistou espaço no cotidiano
familiar, que representou uma possível nova ameaça ao papel. E, agora, com as tecnologias
digitais e a internet.
Segundo Caldas (2002, p.17), “[...] tudo indica que [o jornal] sobreviverá mais uma vez aos
que apressadamente prenunciaram seu desaparecimento. Seu maior desafio agora é mudar,
preservando seus valores e principais características”.
Até mesmo o jornalismo para internet já passou por significativas mudanças, mesmo tendo
uma história tão recente. Segundo Ferrari (2004), primeiro houve um momento de
deslumbramento e proliferação de projetos mirabolantes, para, só depois, perceber as
possibilidades da nova mídia, no ramo da informação.
Após a fase transpositiva do jornalismo online, em que havia apenas a transcrição, com
poucas modificações, do conteúdo do jornal impresso para o ambiente da World Wide Web,
tem-se o webjornalismo, que assume características próprias para o meio em que é veiculado.
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Nesse novo jornalismo, a linguagem é específica e o uso de recursos próprios da web é
comumente utilizado, no sentido de tornar o material mais dinâmico.
As matérias são compostas por textos curtos, de forma direta, obedecendo ao formato dapirâmide invertida. Para que isso seja possível, os recursos de áudio, vídeo, fotografias e
infografias se tornam necessários.
Esse processo evolutivo das mídias deu origem ao que Jenkins (2008) considera como a
Falácia da Caixa Preta, segundo a qual as velhas mídias não irão acabar e sim assumir um
novo papel na sociedade, além de ajudarem na manutenção da convergência, pois esses meios
satisfazem demandas que continuam a existir.
Para Jenkins (2008), a convergência pode ser encarada como um local onde as velhas e as
novas mídias colidem, a corporativa e a alternativa se cruzam. Ou seja, a mídia que possui
papel dominante (no caso, a radiodifusão) passa a interagir de forma mais frequente com as
mídias recentes (internet, celulares), dando ao receptor também o status de produtor de
conteúdo.
2.2. Mudanças nos processos de produção e distribuição da notícia
Os processos de mudanças sociais e históricos, pelos quais a sociedade moderna passou,
tiveram interferência direta nos modos de produção e distribuição da notícia. De acordo com
Marcondes Filho (2000), o jornalismo seria resultado da Revolução Francesa - mesmo já
existindo periódicos um século e meio antes -, pois amplia-se a partir da luta pelos direitos
humanos e da afirmação do espírito burguês.
Com a retirada do poder de conhecimento das mãos da Igreja, o Jornalismo passa a ser a fonte
de informação da sociedade, buscando apenas o que é interesse da notícia. Para Marcondes
Filho (2000), daí surge o mito da transparência, resultando da ideologia das Luzes.
O autor defende a divisão do Jornalismo em quatro períodos: o primeiro, de 1789 até metade
do século XIX; o segundo, da metade do século XIX até o início do século XX; o terceiro, até
o fim do século XX; e o quarto e último, a partir da década de 1970.
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2.2.1 Primeiro jornalismo
Nesse período, o pensamento burguês inverte o que era pregado pela Igreja sobre a dominação
do conhecimento e decide expor o que era escondido, ou seja, todos teriam acesso à
informação. Segundo Marcondes Filho (2000, p.11), “é a época da ebulição do jornalismo
político literário, em que as páginas impressas funcionam como caixa acústica de ressonância,
programas político-partidários, plataformas de políticos, de todas as idéias”.
O tipo de jornalismo feito é mais voltado para fins pedagógicos e menos comerciais. Os
jornalistas eram, normalmente, políticos e os jornais forma de divulgar suas ideias. No fim
desse período romântico, o Jornalismo é substituído pelo caráter comercial dos jornaispopulares e sensacionalistas, destaca Marcondes Filho (2000).
2.2.2 Segundo jornalismo
Tendo como ponto de partida a inovação tecnológica da época, o jornal se transforma em uma
grande empresa que deve se auto-sustentar, e para isso deve vender muito. Começa a venda de
espaços publicitários e o valor de troca se torna mais importante que o valor de uso.
Para Marcondes Filho (2000, p.14) “a tendência é a de fazer um jornal progressivamente um
amontoado de comunicações publicitárias permeado de notícias”.
2.2.3 Terceiro jornalismo
Nessa fase, que compreende o início do século XX até a década de 1960, surgem grupos
editoriais, os jornais são produzidos em grandes tiragens e o jornalismo assume um caráter de
síntese do espírito moderno. Toda essa mudança acaba descaracterizando a atividade, como
era conhecida nas fases anteriores.
2.2.4 Quarto jornalismo
É o jornalismo na era tecnológica, resultado da expansão da indústria da comunicação e a
substituição do jornalista pelas formas eletrônicas de comunicação. De acordo com
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Marcondes Filho (2000, p.30), “são várias fontes igualmente tecnológicas, que recolhem
material de todos os lados e produzem notícias”.
A produção de informação, nessa fase, imprime um ritmo e uma forma de trabalho quedefinem os novos profissionais. Como destaca Marcondes Filho (2000), o foco da notícia sai
do informacional para ser o surpreendente.
Dentro dessa mesma nova orientação do jornalismo, assuntos associados aocurioso, ao insólito, ao imageticamente impressionante ganham mais espaçono noticiário, que deixa de ser “informar-se sobre o mundo” para ser “surpreender-se com as pessoas e coisas”. (MARCONDES FILHO, 2000,p.31)
2.2.5 No rádio e na TV
Ao longo das décadas, as transmissões radiofônicas assumiram as mais variadas funções
sendo um veículo de comunicação durante a guerra; meio de propaganda política, como fez
Getúlio Vargas durante a “Era Vargas”; canal de entretenimento familiar e propagandas até a
invenção da televisão.
Os textos longos, do início do rádio, deram lugar a uma oração composta por frases curtas e
de impacto, que passam uma mensagem direta ao ouvinte. O caráter de novela cede espaço
para o perfil informativo.
Segundo Prata (2008), a mídia passou por um momento de tensão com a invenção da TV, na
década de 1950, e teve que encontrar uma nova linguagem para se manter presente na vida
das pessoas.
A televisão surge adicionando ao áudio do rádio o recurso da imagem e assumindo o lugar de
destaque na vida das famílias. A produção e distribuição da notícia passaram a ser voltadas
para o grande público, casando o texto e a imagem de forma sincronizada.
Com o aperfeiçoamento das transmissões, a informação deixa de ser passada apenas em
telejornais e passa a ser construída em reportagens especiais, entrevistas, documentários e
“reality shows”. O jornal para a televisão foi uma variante do jornalismo impresso, o
apresentador não passava de um narrador, com uma linguagem própria.
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A produção é imediata, o fato é levado para o público quase que instantaneamente. Segundo
Marcondes Filho (2000), o que é rápido também pode ser perigoso e pode ter graves
consequências. A TV acaba sendo um retrato do mundo e da realidade.
2.2.6 A vez da internet
O período entre o fim do século XX e início do século XXI marca a ascensão do jornalismo
na web. Uma mídia na qual a notícia é dada de forma mais rápida que na televisão e
envolvendo recursos e estilo de todos os outros meios.
Mas, como ressalta Ferrari (2004), nem sempre foi assim, pois no início surgiram projetos quenão percebiam as possibilidades da internet, no ramo da informação.
A distribuição da notícia na web tem perfil segmentado. Diferente da TV, as notícias devem
ser produzidas para atender os mais variados interesses e públicos. Quem produz a
informação deve saber lidar com as várias mídias para que o texto “dialogue” com as
imagens, áudios e vídeos inseridos.
De acordo com Ward (2007), a dimensão digital tem impacto nas etapas do processo
jornalístico, o jornalista e o leitor acessam as informações de forma mais rápida e ampla, além
da possibilidade do receptor colaborar na construção da narrativa.
Outro ponto importante são as etapas do processo. Segundo Ward (2007), passam a ser duas,
a primeira é de pesquisa e reportagem, e a segunda é de construção e publicação da
reportagem. No começo, o jornalismo on-line não possuía esse perfil, sendo mero canal de
reprodução das reportagens produzidas para os impressos.
2.3 Jornalismo Online, webjornalismo e convergência
Em um contexto histórico, para entender a evolução do jornalismo na Web se faz necessário
compreender a história da internet e a criação do atual ambiente da rede. Ferrari (2004)
ressalta que o avanço da internet demorou, se for levada em consideração a criação do projeto
da Agência de Pesquisa e Projetos Avançados em 1969, nos Estados Unidos da América.
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Canavilhas (2006) cita duas fases de sistematização, o jornalismo online e o
webjornalismo/ciberjornalismo. De acordo com o autor, na primeira, as publicações mantêm
as características dos meios de origem, e na segunda, as notícias são produzidas com recursos
de palavras, sons, vídeos, infografias e hiperligações.
As mídias acabam criando suas próprias características de texto e formato, partindo da
experiência que é adquirida com o passar do tempo. Com a internet, foi notado o mesmo
movimento, com a passagem de outras mídias para o local, mas, inicialmente, não houve
qualquer alteração na linguagem.
Adaptar a linguagem e o estilo do jornalismo ao modelo de comunicação online é um dos
principais desafios dos profissionais perante a mídia digital. Segundo Canavilhas (2006), o
tipo de jornalismo online, feito em Portugal, por exemplo, tem uma nova linguagem, mas
ainda não atingiu as potencialidades da web. Esse fator também pode ser notado no Brasil.
Ward (2007) defende que as frases, no texto para a web, devem ser na ordem direta, curtas e
objetivas, limitando-se a uma ideia básica ou informação. Mas deve-se evitar produzir todas
as frases curtas e quebradas, evitando o “efeito metralhadora”. Além de respeitar os sinais de
pontuação.
Com o passar do tempo, surgiu o modelo de jornalismo online, que posteriormente passou a
ser modificado e alterado no intuito de se adaptar, e dar origem ao webjornalismo. De acordo
com Canavilhas (2001, p.1), “com base na convergência entre texto, som e imagem, o
webjornalismo pode explorar as potencialidades que a internet oferece, oferecendo um
produto completamente novo: a webnotí cia”.
Canavilhas (2001) ainda destaca outros elementos importantes que podem ser utilizados pelowebjornalismo, como a distribuição de informações para assinantes, a personalização dos
fatos a partir de cookies, a constante atualização das páginas de notícias e a parte de
informações úteis.
Mas para que seja implantado um modelo de webjornalismo que funcione, é preciso que
alguns desafios sejam vencidos, tanto na questão estrutural, quanto nos princípios dos
elementos que compõem a notícia para o meio. Canavilhas (2006, p.3) destaca que “recurso
aos hipermédia vai exigir acesso mais rápidos e sabe-se que, apesar do rápido crescimento dos
últimos anos, o número de lares com ligações ADSL ainda é pouco significativo”.
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Atualmente, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking de países com conexão de internet.
No levantamento feito em dezembro de 2009, pelo instituto Ibope/Nielsen, o país possui 67,5
milhões de internautas. Nas áreas urbanas, 44% da população está conectada.
A internet banda larga chegou ao número de 11,3 milhões de conexões no último ano,
registrando um crescimento de 30,4%, em relação a 20081.
Outro grande desafio enfrentado pelos jornalistas da área digital é no quesito estrutural, por
causa da falta de especialização dos estudantes e profissionais para administrar o que é feito
no ambiente web. Por exemplo, com o fortalecimento do jornalismo na internet, os jornalistas
têm que aprender a dinamizar o estilo textual, buscar vídeos, áudios e elementos visuais que
ajudem a tornar a reportagem completa.
Mas a prática de jornalismo na web utilizada ainda enfrenta, na maioria dos casos,
dificuldades de adaptação. Para Canavilhas (2001), é um desperdício tentar reduzir o novo
meio a um simples canal de distribuição dos conteúdos já existentes. O autor compara a
situação com a transmissão de um telejornal em que alguém simplesmente lê um jornal no ar.
A utilização dos elementos de outras mídias traz a necessidade de se analisar os prós e os
contras. Canavilhas (2001, p.4) expõe que a utilização do som consome banda, mas, a notícia
ganha em credibilidade e objetividade. “Mais do que citar, o webjornal pode oferecer o som
original do citado, caminhando assim para um jornalismo mais objectivo”.
Nessa nova característica da comunicação, dois aspectos se sobressaem no entendimento e na
concepção da mídia. O primeiro é a expressão cultura participativa, que consiste em tratar os
consumidores como “participantes ativos da criação e da circulação de novos conteúdos”
(JENKINS, 2008, p.333), sempre interagindo de acordo com os padrões estabelecidos. Osegundo é a idéia de planejamento transmidiático, no qual uma “história tem um desenrolar
em diferentes plataformas, de forma distinta e criando diferentes compreensões sobre o
universo do tema, de acordo com os interesses do produtor”. (JENKINS, 2008, p.338)
Canavilhas (2001, p.2) destaca ainda “o facto dos leitores considerarem que o recurso à
interactividade e a elementos adicionais alteram para melhor a percepção do utilizador acerca
do conteúdo, mesmo que esses elementos não sejam muito usados”.
1 Dados disponíveis no site da Interactive Advertising Bureau no Brasil (IAB Brasil) emwww.iabbrasil.ning.com. Acessado em 26 de maio de 2010
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2.4 As características do jornalismo na web
O jornalismo na web, ao contrário de alguns meios, é instantâneo, a informação deve ser
passada para o receptor quase que em tempo real, algo muito parecido com o rádio. Palácios
(2003, p.20) ressalta que “a rapidez do acesso, combinada com a facilidade de produção e
disponibilização, (...) permitem uma extrema agilidade de atualização do material nos jornais
da web”.
Segundo Ward (2007), um único site de notícias pode divulgar inúmeras atualizações sobre
reportagem a cada poucos minutos.
Ferrari (2004) defende que o texto do jornalismo on-line deve ser sucinto, rápido, obedecendo
ao formato da pirâmide invertida, além de responder as perguntas básicas do lead “quem fez o
quê, quando, onde, como e por que”. Dessa forma o leitor digital consegue absorver o
máximo do fato em poucas linhas, mas o suficiente para deixá-lo a par do que aconteceu. Para
se aprofundar no assunto, o texto deve conter hiperlinks que levam o internauta para um novo
bloco com novas informações.
“A web é baseada no consumo não-linear. Desse modo, as pessoas não precisam ir dainformação 1 para 2, da 2 para a 3. Quando escolhem a reportagem que lhes interessa, elas
podem ir da 4 para a 36, da 36 para a 50 e da 50 para a 2, e assim por diante”, ressalta Ward
(2002, p.23).
A linguagem da webnotícia deverá ser adaptada às exigências do público, que exige maior
rigor e objetividade, além de ter espaço para a interação com o produtor de conteúdo –
interatividade. Segundo Canavilhas (2001, p.2), “a possibilidade de interacção directa com o
produtor de notícias ou opiniões é um forte trunfo a explorar pelo webjornalismo”.
Seguindo o rumo da convergência, associada ao webjornalismo, a webnotícia tem a
possibilidade de utilizar elementos das outras mídias que vai resultar em uma linguagem
própria. Para o jornalista, a introdução de diferentes elementos altera o processo de produção
noticiosa. Já para o leitor, o que muda é a forma de ler, ressalta Canavilhas (2001).
Da televisão o webjornalismo se apropria da imagem, que associa à notícia veracidade maior
do que apenas descrever o fato. Mas uma série de adaptações é feita para que os meios se
diferenciem, de acordo com o público.
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Na televisão, o texto da notícia (voz-off) deve ser totalmente pleonásticocom a imagem. Quer isto dizer que não se deve verificar nenhumaconcorrência semântica entre estes dois elementos da informação. Texto eimagem são um só produto e não têm significado quando separados. (...) Emlugar da redundância, o vídeo assume no webjornal um carácter legitimadorda informação veiculada no texto. Outra diferença pode ser encontrada nopapel da imagem vista a partir das condições técnicas. (CANAVILHAS,2001. p. 4).
Para Canavilhas (2006) são três os pilares que sustentam a notícia na web: multimídia,
hipertextual e memória.
Multimídia – “Ao integrar infografias, vídeos e sons, o webjornalismo implica
conhecimentos técnicos nos campos do tratamento de imagem, animação vectorial, edição de
vídeo/som e html”. (CANAVILHAS, 2006, p.4)
Segundo Ward (2007), para os sites de notícias, o vídeo em especial, aumentará em
importância à medida que a qualidade e a velocidade de distribuição melhorarem. O uso
desses artifícios trazem vantagens como: facilidade de encontrar, flexibilidade de acesso,
alcance e capacidade de armazenamento.
Fotografia: “na Internet, é um dos principais atrativos para acessar os conteúdos do site de
notícias. A foto pode ser utilizada como um link que conduzirá o leitor a uma matéria, a uma
galeria de fotos ou, (...) a um banco de dados com as informações relacionadas ao assunto”
(MARANGONI, PEREIRA E SILVA, 2002, p. 113)
Som e imagem: “as empresas que já trabalham com outras mídias produzem sites que se
espelham nas características dessas mídias (...) Os recursos multimídia nem sempre são
entendidos como fundamentais na prática de jornalismo online”. (MARANGONI, PEREIRA
E SILVA, 2002, p. 114-115)
Hipertextual – Assim como Ferrari (2004), Canavilhas (2006) defende que um novo tipo de
construção textual, “a redacção de notícias requer um novo sistema de construção. A técnica
„pirâmide invertida‟ dá lugar a uma arquitectura noticiosa mais aberta, com blocos de
informação organizados em diferentes modelos, lineares ou complexos”. (CANAVILHAS,
2006, p.4)
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De acordo com Carvalho Alves (2004, p.91), “o elemento principal de um hipertexto é
possibilitar a ação do internauta na construção de conhecimento; ou seja: permitir que ele
passe a ser um sujeito ativo e consiga encadear as informações de f orma clara”.
Para Marcuschi (2006) o uso do hipertexto oferece múltiplos graus de profundidade
simultânea, que não têm sequência nem topicidade, que ligam textos não necessariamente
relacionados. “Neste caso uma leitura proveitosa do hipertexto exige um maior grau de
conhecimentos prévios e maior consciência quanto ao buscado, já que é um permanente
convite a escolhas muitas vezes inconsequentes” (MARCUSCHI, 2006, p.1)
Um outro tipo de informação hipertextual presente no webjornalismo é o uso de tags, que
consiste em uma palavra que classifica um conteúdo ou informação, uma espécie de
marcação, como o nome mesmo já diz “etiqueta”. “Trata-se de um sistema de indexação de
informações que permite a adição de etiquetas que descrevem o conteúdo dos documentos
armazenados”. (AQUINO, 2007, p. 3)
Memória – “A possibilidade de ligar uma nova notícia aos seus antecedentes permite o
enriquecimento do jornalismo graças à contextualização dos fenômenos”. (CANAVILHAS,
2006, p.5)
Para Palácios (2002) a utilização da memória é viável tecnicamente na Web. Ou seja, os
conteúdos estão armazenados em um ambiente virtual, não ocupando espaço físico, e
acessível em um clique. O autor complementa que “o volume de informação anteriormente
produzida e directamente disponível (...) é potencialmente muito maior no jornalismo online,
o que produz efeitos quanto à produção e recepção da informação jornalística”. (p.4)
A Memória no Jornalismo na Web pode ser recuperada tanto pelo Produtorda informação, quanto pelo Utente, através de arquivos online providos commotores de busca (search engines) que permitem múltiplos cruzamentos depalavras-chaves e datas (indexação). Sem limitações de espaço, numasituação de extrema rapidez de acesso e alimentação (Instantaneidade eInteractividade) e de grande flexibilidade combinatória (Hipertextualidade),o Jornalismo tem na Web a sua primeira forma de Memória Múltipla,Instantânea e Cumulativa. (PALÁCIOS. 2002, p. 7)
Além desses fatores, o webjornalismo possui um importante recurso que é a “interatividade”,
que dá ao internauta a possibilidade de participar do processo de comunicação. De acordo
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com Marangoni (2002, p.65), “é um canal que permite ao receptor dos meios de comunicação
romper as amarras de sua condição de paciente e tornar-se também agente deste processo”.
Segundo Mielniczuk (1999), o tempo que demora para o usuário receber uma resposta édeterminante para a interatividade e consequentemente vai caracterizar o diálogo interativo.
“Quanto à complexidade do diálogo, a classificação do nível de interatividade se dá a partir da
comparação com um processo de conversação interpessoal e a capacidade que o sistema
possui de simular o comportamento de um interlocutor real”. (MIELNICZUK, 1999, p.5)
Mas para que realmente exista interatividade, não adianta apenas que exista um espaço para
comentários em uma multimatéria. O emissor deve dialogar com o receptor por meio de
comentários postados. Outro recurso que pode ser utilizado são os chats onde os visitantes
conversam expondo opiniões e fazendo perguntas.
Mas o jornalismo ainda enfrenta dificuldades de lidar com a interatividade. Para Ward (2007),
ela desafia toda a premissa do jornalista como guardião e provedor da informação, além de
promover uma discussão sobre exatidão, veracidade e perspectiva da informação e
reportagem.
Com todas as possibilidades presentes no webjornalismo e na convergência surge uma nova
forma de narrativa, chamada de transmidiática. Segundo Radfahrer (2010), é uma narrativa
que usa várias mídias para contar uma história. “A principal vantagem desse tipo de texto é
que ele não conhece fronteiras: pode ser lido, ouvido, visto, vivido, sentido, alterado,
remixado ou todas essas coisas ao mesmo tempo”. (RADFAHRER, 2010)2
Com essas características, a notícia assume um novo papel, diferente do que era feito no
modelo tradicional de emissor e receptor. Para Canavilhas (2001), deve ser encarada como oprincípio de algo e não um fim em si própria. Deve funcionar apenas como o "tiro de partida"
para uma discussão com os leitores.
Marangoni conclui que “a atual situação das empresas de Internet no Brasil é o de
desenvolvimento e aprendizagem. Não existem fórmulas para serem seguidas, pois o modelo
ideal para essa mídia ainda está sendo construído”. (MARANGONI, PEREIRA, SILVA,
2002, p.65)
2 Disponível em http://www.luli.com.br/2010/02/23/o-texto-tridimensional/#more-3226. Acessado 19 de marçode 2010
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Mielniczuk (2002, p.6) defende que o webjornalismo tem como características a
personalização ou customização de conteúdo e a instantaneidade. Segundo a autora, “a
personalização consiste na existência de produtos jornalísticos configurados de acordo com os
interesses individuais do usuário”.
Também pode-se considerar como personalização a possibilidade de cadaleitor estabelecer um percurso individualizado de leitura a partir danavegação pelo hipertexto. Assim, cada indivíduo construiria um produtoindividualizado, fruto de sua leitura (suas escolhas individuais) peloscaminhos oferecidos na narrativa hipertextual. Ou seja, dois leitores aonavegar pelo mesmo hipertexto, ao final, terão lido textos distintos.(MIELNICZUK, 2002, p.6)
Já a instantaneidade assume uma outra dimensão na web, se comparado com a TV e o Rádio,
expõe Mielniczuk (2002, p.7), “no webjornal, tendo em vista que o material pode ficar
disponível, seria como se as „unidades narrativas‟ fossem acumulando-se para formar uma
única e grande narrativa sobre determinado fato”. Ou seja, uma matéria finalizada seria o
resultado da união de vários blocos de textos.
2.5 Jornalismo 2.0
O exercício do jornalismo passou por transformações, com a inserção das redes sociais, na
produção e divulgação da informação. Normalmente é utilizado na forma colaborativa.
Atualmente, uma das ferramentas mais utilizadas é o microblog, principalmente o Twitter, um
modo de difundir informações, mas com número específico de caracteres (140).
De acordo com Zago (2008, p.3), “as atualizações curtas permitem uma maior portabilidade
das informações. Dada a versatilidade do formato (...)”. Ou seja, pode ser atualizada de
qualquer lugar e de forma rápida. Para Franco (2009, p.159), “os microblogs não teriam
muito sentido se tivessem que ser publicados a partir de um computador e um navegador,
como os blogs tradicionais”.
Franco defende que a reprodução de notícias nos microblogs não é a melhor prática dos meios
de comunicação na rede:
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(...) De fato, a „microblogagem‟ é algo tão novo que ninguém ainda se atrevea pontificar sobre o que foi feito bem ou mal nestas plataformas. Porém, sãosaudáveis as experiências de alguns jornalistas e meios de comunicação quevão além e tentam aproveitar as características do Twitter e semelhantes,com usos como a transmissão online e ao vivo de eventos, conferências oufatos, troca de opiniões entre os espectadores de eventos e discussões sobrefatos da atualidade. (FRANCO, 2009, p. 163)
Segundo Zago (2008, p.9), um outro tipo de utilização dos microblogs pode ser exemplificado
com o uso feito pelo “The New Wire Alert”, que publica alertas de últimas notícias só quando
há grandes acontecimentos e “com produção de conteúdo adaptada às limitações de tamanho
do formato – apenas texto, sem link –, o que resulta em verdadeiras „notícias em 140
caracteres‟”.
Apesar de relativamente recente, o jornalismo para a web já passou por grandes mudanças de
forma e estilo, reunindo o que já foi feito para as outras mídias e adaptando para o atual
cenário da informação. Todas as áreas de especialização estão no mesmo caminho, cada uma
mantendo suas características, como no caso do Jornalismo Cultural.
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3. JORNALISMO CULTURAL E WEB
3.1 Jornalismo especializado
O jornalismo possui vertentes e tipos que o torna uma ciência segmentada e de abrangência
para vários públicos. Ao ler um jornal impresso ou uma revista, assistir a um telejornal,
escutar um programa de rádio e acessar um portal de internet o leitor/espectador recebe uma
gama de possibilidades editoriais, como cultura, economia, esportes, policial, turismo, entre
outras. Essas editorias constituem o chamado Jornalismo Especializado.
Segundo Abiahy (2000), o desenvolvimento do jornalismo especializado tem relação direta
com a lógica de segmentação do mercado, com o objetivo de atingir os grupos que se
encontram tão dissociados entre si.
Carvalho (2007, p.7) defende a análise da segmentação sob o olhar da divisão do mercado –
“os tipos de empresas que se dedicam a diferentes ramos de atividades, os jornais, por
exemplo, estão inseridos no segmento da informação”-, e da classificação do consumidor –
“que se constituem em indivíduos de gostos e preferências específicas, que podem ser
classificados conforme variáveis predeterminadas”.
De acordo com Carvalho (2007, p.10), “no Brasil, os primeiros indícios de jornalismo
especializado compreendem o período que vai de 1808 a 1880, com a crônica (de costumes) e
o ensaio (político e literário) no lugar da reportagem”. Os textos eram apresentados no
formato de narrativas longas e carregados de informações.
Entre as décadas de 1980 a 1990, o jornalismo especializado se consolida nasociedade industrial como uma oportunidade de negócios e de reorganizaçãodo trabalho jornalístico, levando a notícia ao mesmo tipo de exploração queoutros campos da ação humana. (CARVALHO; 2007: 12).
De forma mais ampla, essa segmentação pode ser entendida a partir da associação de
indivíduos com interesses em determinada linha de acontecimentos e fatos. Para Abiahy
(2000), nesse momento o jornalismo se torna uma atividade que atende não a generalidade,
mas as características especificas dos grupos.
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Cada grupo tem seus interesses pessoais, e até grandes acontecimentosquando focados pela mídia são rapidamente considerados ultrapassados. (...)Nesse estágio em que as escolhas individuais prevalecem sobre oengajamento com a coletividade, faz sentido que a informação procureatender às especificidades ao se dirigir aos públicos diferenciados.(ABIAHY, 2000, p 5)
O jornalismo acaba desempenhando, também, o papel de agregar indivíduos com mesmas
afinidades, ao invés de tentar nivelar a coletividade em um padrão de interesses. (ABIAHY;
2000, p.6) Atualmente, essas características podem ser facilmente percebidas com o
crescimento da quantidade de publicações voltadas para certos grupos sociais, por exemplo:
revistas, sites e programas sobre futebol, esportes radicais, saúde, comportamento, culinária,
cultura, entre outros.
Mas, apesar do surgimento de veículos voltados para certos grupos da sociedade, a grande
mídia ainda enfrenta dificuldades em agregar o jornalismo especializado ao cotidiano de
produção de informação. De acordo com Abiahy (2000), isso acaba não seguindo a tendência
atual de investir na personalização:
A valorização dessa linguagem que pretende atender a todos semdiferenciação revela não estar de acordo com a tendência atual de investir napersonalização. Com o volume cada vez maior de informações que nosatinge essa tentativa de abarcar e expor o todo ou o “mais importante” dosassuntos jornalísticos em uma só linguagem, segundo a visão abrangente donoticiário, pode levar os telespectadores a uma desinformação. Essa atitudefrenética de noticiar uma gama espetacular de assuntos pode levar à exaustãoporque as matérias vêm sendo construídas quase numa linguagem devideoclipe (ABIAHY; 2000, p. 11).
Diante desse panorama, as opções de informação segmentada acabam ganhando espaço e
força no cotidiano do receptor. Usando como exemplo a TV chamada de aberta e a
fragmentada (por assinatura), Abiahy (2000, p.12) expõe que “a televisão fragmentada
estimula a formação de audiência direcionada à linha de um canal específico (...) a preferência
do telespectador não depende de uma brecha no universo de programações variadas”.
3.2 Jornalismo cultural no Brasil
Talvez, um dos maiores problemas enfrentados pelo Jornalismo Cultural na atualidade seja adiferenciação do que é, realmente, cultura e o que não passa de agenda cultural ou valorização
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de celebridades, nos cadernos destinados ao tema. De acordo com Piza (2003, p.53), os
cadernos diários estão superficiais, contendo “reportagens” que são apresentações de eventos,
e abordando assuntos como o cinema americano, a TV brasileira e a música pop.
O Jornalismo Cultural, no mundo, tem como marco inicial a fundação da revista The
Spectator , por Joseph Addison e Richard Steele. A publicação falava de tudo relacionado a
cultura da época, como livros, costumes, óperas etc. Segundo Piza (2003, p.12), tudo era
tratado de forma culta sem ser formal, com texto acessível a todos e de características
irônicas.
No Brasil, esse segmento jornalístico só começa a ganhar força com as críticas de teatro de
Machado de Assis, no fim do século XIX. No início do século seguinte, “os jornais e revistas
vão dar mais espaço ao crítico profissional e informativo, que não só analisa as obras
importantes (...), mas também reflete sobre a cena literária e cultural”. (PIZA, 2003, p.32)
Um dos principais pontos da história cultural brasileira do século XX é a criação da revista O
Cruzeiro. Nas décadas de 1930 e 1940, a revista se destacou pelo formato inovador para a
época e pela capacidade de atingir a todos os tipos de público. De acordo com Piza (2003,
p.43), “as revistas culturais se multiplicaram a partir dos anos 20 e as seções culturais dagrande imprensa (...) se tornaram obrigatórias a partir dos anos 50”.
Na década de 80, a Folha de S. Paulo e o Estado de São Paulo criaram os cadernos culturais
diários – a Ilustrada e o Caderno 2, respectivamente – que até hoje figuram entre as principais
publicações do gênero, no Brasil.
Segundo Piza (2003), na década de 90, assuntos que não faziam parte das chamadas sete artes
– literatura, teatro, pintura, escultura, música, arquitetura e cinema - ganharam espaço noscadernos culturais, como no caso da moda, da gastronomia e do design.
Especialmente, a partir dos anos 90, alguns assuntos que pertencemobviamente ao universo cultural, embora não sejam exatamente linguagensartísticas ou intelectuais, ganharam mais e mais espaço nos cadernosculturais. Moda e gastronomia, destacadamente, aumentaram seu público e,pois, sua relevância simbólica. (...) Tudo isso é, de certo modo, um ganhopara o jornalismo cultural, pois abre suas fronteiras. (PIZA, 2003, p. 57)
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Este cenário permanece até os dias atuais, mas com adaptações para as redações mais enxutas
e para o perfil adotado pela maioria dos veículos, de publicar agenda cultural, ou jornalismo
de fofoca, como argumenta Teixeira (2007).
3.3 Características do Jornalismo Cultural
O perfil do Jornalismo Cultural na atualidade brasileira é repleto de dilemas. Tanto na questão
de ensino como na questão estrutural. Segundo Souza (2007, p.83), essa especialização não
deve se espelhar somente na cultura de uma minoria social, mas dar visibilidade às
manifestações populares da cultura do país.
A produção de matérias para o chamado segundo caderno, ou caderno B, acabou se
transformando, em grande parte, em uma reprodução de releases ou então em uma
programação da cena de entretenimento das cidades. De acordo com Teixeira (2007, p.4), o
que se vê é um “reducionismo que incorre em redações enxutas, textos curtos e
entretenimento asséptico”.
De maneira mais ampla o dever do Jornalismo Cultural deveria ser outro. Para Piza:
A imprensa cultural tem o dever do senso crítico, da avaliação de cada obracultural e das tendências que o mercado valoriza por seus interesses, e odever de olhar para as induções simbólicas e morais que o cidadão recebe.(PIZA, 2003, p.45)
Anchieta (2008) defende a ideia de que cabe ao Jornalismo Cultural escapar à limitação
temática de lançamentos de CDs, livros e exposições para compreender o sentido forte da
cultura. Em outras palavras, o que deve ser feito é um resgate da identidade cultural, levandoem consideração as características antropológicas, mas sem deixar de lado os temas que
possam gerar interesse do grande público.
Três premissas regem a formação do jornalista da área cultural, segundo Anchieta (2007):
Primeiro: papel que particulariza o jornalismo como forma de conhecimento;
Segundo: interferência da narrativa jornalística no dia a dia da sociedade;
Terceiro: papel de revelar aspectos culturais que nem todos conhecem.
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Alguns gêneros merecem destaque no fomento da produção cultural dos dias atuais, são eles:
a crítica, a coluna de opinião, as reportagens, as entrevistas e os perfis.
3.3.1 A crítica
Muitas vezes, o jornalista deve mostrar ao público os prós e os contras de uma produção
cultural. A capacidade de sintetizar e mediar as ideias em um texto, com características
próprias, faz com que a crítica seja um importante gênero. Segundo Piza (2003), as
características são: clareza, coerência, agilidade, resumir a história em linhas gerais e uma
análise de modo sintético.
O crítico ainda assume um papel de expor uma ideia e formar uma opinião comembasamento. De acordo com Piza (2003), deve-se evitar o banal:
O que se deve exigir de um crítico é que saiba argumentar em defesa de suasescolhas, não se bastando apenas em adjetivos e colocações do tipo “gostei”ou “não gostei” (...), mas indo também às características intrínsecas da obra
e situando-a na perspectiva artística histórica. A tentativa é fundamentar essaavaliação. (PIZA, 2003, p. 77)
Teixeira (2007) complementa que “além de emitir juízo de valor sobre a obra, o texto crítico,
com base em elementos destacados, deve exatamente compartilhar com leitor o trajeto
percorrido pelo crítico (...) o que importa é que a construção da argumentação fique clara ”.
(TEIXEIRA, 2007, p.98)
3.3.2 Colunas de opinião
Com um caráter mais pessoal, as colunas de opinião assumem papel importante na
constituição da opinião do público. Piza (2003) indica que “o autor pode assumir um tom
mais pessoal, mais solto, como um diário de suas opiniões e reflexões, até porque lida
também com a continuidade do leitor (...) que vai sendo cativado por aquela „amizade
intelectual‟”. (PIZA, 2003, p.79)
3.3.3 Reportagem
A reportagem, no Jornalismo Cultural, é diferente do factual, pois o noticiário quente émenor. Os fatos são mais voltados para “o que vai acontecer” do que “o que está
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acontecendo”. As matérias, normalmente, têm objetivo de familiarizar o leitor com algo que
desconhece. Segundo Piza (2003), o motivo da reportagem pode ser o mais variado possível:
O jornalista pode revelar uma ação-entre-amigos numa premiação ou o valorde um novo contrato de algum famoso. Pode denunciar uma falcatrua napolítica cultural, ou adiantar o nome do novo secretário ou ministro do setor,ou demonstrar como os recursos públicos não estão chegando aos produtoresculturais. Ou pode mapear os problemas dos museus da cidade, asdificuldades técnicas e financeiras de produzir um disco de qualidade noBrasil etc. Ou, ainda, antecipar inéditos de um grande escritor ou revelar queele, digamos, colaborou com algum regime autoritário. (PIZA, 2003, p. 80)
3.3.4 Entrevista
A entrevista é um dos principais gêneros do Jornalismo Cultural. É a oportunidade de saber,
de forma mais direta, a opinião ou visão de alguém sobre algum assunto. Para Piza (2003), o
mais importante é que o jornalista se prepare para o encontro com o entrevistado:
O jornalista tem de estar bem preparado, não pedir por dados que uma
simples pesquisa antes já lhe traria e, principalmente, evitar as perguntasfúteis. No Brasil, dois erros são comuns: primeiro, temer fazer questões maiscontestadoras, que façam o entrevistado se defender de algumas críticas.Segundo, não insistir no esclarecimento de uma resposta, “suitando” umapergunta à outra. (PIZA, 2003, p. 85)
3.3.5 Perfil
O quinto gênero é também o que não deve ser usado em excesso. Trata de um retrato, em
forma de texto, de uma personalidade, valorizando determinados fatos e caraterísticas. Deacordo com Piza (2003), um dos motivos para o uso com parcimônia, é porque ele exige
bastante espaço.
De forma geral, no jornalismo brasileiro, os perfis seguem uma tendência de glamourizar o
personagem. Piza (2003; p.84) defende que “o bom perfil nunca esquece que aquele criador
está em destaque pelo que fez ou pela reputação que ganhou fazendo o que fez. É intimista,
sem ser invasivo; e interpretativo, sem ser analítico”.
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3.4 O Jornalismo Cultural no “Balanço da Rede”
É inevitável perceber os impactos da internet nas formas de produção jornalística e tambémno Jornalismo Cultural. Principalmente, a partir da segunda metade da década de 1990, o
jornalismo digital assumiu um papel importante no modelo de emissão e recepção da notícia.
De acordo com Alzamora (2007; p.3), “o jornalismo cultural passou a se caracterizar menos
pelo debate de idéias que pelo entretenimento e, em especial, pelo culto às celebridades. A
perspectiva informativa tornou-se dominante, levando a certa padronização dos textos e das
abordagens”.
Alzamora (2007; p.3) destaca ainda que “com a internet dá-se a proliferação de websites não
jornalísticos de conteúdo cultural, que passam a cumprir função semelhante àquela
desempenhada pelo jornalismo cultural ao longo do século XX”. Ou seja, um dos exemplos
são os sites que divulgam gratuitamente a agenda cultural das cidades.
Segundo Cunha (2004), são três, os tópicos que destacam a relação do jornalismo e a internet:
ativo e passivo, interativo e reativo, e ativismo e passividade. Mas, neste trabalho, vamos
abordar apenas os dois primeiros, devido a relevância apresentada.
3.4.1 Ativo e passivo
Com origem nos Estados Unidos da América, esta teoria trata o receptor como um agente
passivo da informação, manipulável pela comunicação de massa. Os produtores de
informação teriam o papel de ativos, fornecendo grande quantidade de conteúdo, mas sem se
preocupar com a opinião do público.
Essa teoria ficou muito ligada à produção de notícias durante grande parte do século passado.
O modelo segue a ideia de transmissão de informação “de cima para baixo”:
Emissor (ativo)
↓
Receptor (passivo)
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3.4.2 Interativo e reativo
Mais ligado ao jornalismo “digital”, os conceitos de interativo e reativo ainda geram dúvidas
sobre o alcance e o que realmente são. Cunha (2004; p.69) considera que “pesquisadores
ligados ao hipertexto tendem a aproximar conceitualmente a interatividade e o hipertexto”.
Essa narrativa seguiria vários elementos como a não-linearidade (o leitor pode ler os
desdobramentos da informação da maneira que achar conveniente, com o auxílio do uso de
matérias hiperlinkadas).
O caráter reativo seria o uso de hipertexto de forma limitada, parcial, previsível, “reduzindo a
interatividade a opções binárias” (CUNHA; 2004, p.71), tipo sim ou não, um ou dois, este ouaquele.
Outras três subdivisões foram identificadas nos níveis de interatividade. Segundo Cunha
(2004) o primeiro estaria mais próximo do caráter reativo, com links para leitura não linear e
formas de contato com o responsável pelo site. No segundo, seriam oferecidas listas de
discussão, chats e enquetes. O terceiro é o mais avançado, e misturaria as características dos
dois anteriores e troca efetiva entre o emissor e o receptor.
Para Alzamora (2007) o desenvolvimento na web possibilitou um aumento nessa
interatividade e, também, na reatividade:
O desenvolvimento da internet 2.0 na primeira década dos anos 2000impulsionou a disseminação de formatos colaborativos de informação, comoblogs, flogs, vlogs e podcasts, além de ambientes de compartilhamento deinformação, como o YouTube. A informação cultural passou, então, a
circular intensamente por esses formatos emergentes, que não apenastensionam como também expandem as perspectivas editoriais e delinguagem do jornalismo cultural. (ALZAMORA; 2007, p. 3)
Os sites se tornaram espaços de uma nova forma de comunicação entre o leitor e o produtor
da informação. A interatividade se torna parte fundamental desta área por ser a ferramenta
para que esse diálogo seja estabelecido.
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4. WEBJORNALISMO CULTURAL NO ADORO CINEMA
4.1 Metodologia
A partir do levantamento teórico sobre os conceitos e características do webjornalismo,
convergência de mídias, o campo construtivo do jornalismo cultural e os pilares da indústria
cultural, no âmbito da cobertura de cinema, será desenvolvida a análise do conteúdo, a
estrutura e os elementos presentes no site “Adoro cinema”, principalmente nos menus e nas
homes.
Os elementos serão abordados de acordo com as áreas constitutivas da parte teórica destetrabalho, como o tipo de jornalismo cultural feito no site, os níveis de interatividade,
multimidialidade e hipertextualidade empenhados.
4.2 Universo de análise
O objeto de análise deste trabalho é o site Adoro Cinema 3. Considerando o universo atual,
esse veículo mantém a característica de destacar exclusivamente notícias relacionadas ao
cinema, além de ter uma periodicidade de atualização.
Com relação ao critério de escolha do objeto, com tantos veículos destinados e especializados
no tema, após uma pesquisa, optou-se pelo que atendia às exigências de atualização e que
tivesse características de webjornalismo cultural, além de levar em consideração preferências
pessoais, qualidade de texto e acessibilidade, características de hipermídia e webjornalismo.
Por se tratar de uma análise do conteúdo disponível na home page4 do site, do menu e das
características de convergência e webjornalismo, não foi fixado um período exato para o
recolhimento do material empírico. A apreciação tomou como base o perfil do objeto no mês
de maio de 2010. (Anexo I)
3 http://www.adorocinema.com.br4 Página inicial de um website
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4.3 Apresentação do site
O site Adoro Cinema surgiu a partir da união de um grupo de pessoas que se conheceram pela
internet e que compartilhavam o interesse pelo cinema. A finalidade era divulgar todas as
informações sobre o mundo cinematográfico.
Ele já foi indicado pelo jornalista Ricardo Noblat como “o maior e mais completo site sobre a
sétima arte no Brasil”, no O Globo, em outubro de 20095.
O veículo aborda temas relacionados ao cinema mundial, com um enfoque maior para as
produções norte-americanas e as brasileiras. Ele utiliza de vários canais para propagar a
informação no ambiente web, tanto dentro do próprio veículo, quanto fora dele, - como o
blog, o Twitter e o RSS.
O Adoro Cinema possui, entre suas principais características jornalísticas, a produção de
críticas e a notícia. Esporadicamente, a equipe do site faz a cobertura dos festivais (Cannes,
Grande Cinema Brasil, Globo de Ouro, Oscar, entre outros).
Atualmente, a equipe é composta por Francisco Russo (Diretor de Conteúdo), Roberto Cunha
(Diretor de Conteúdo), Augusto P. Gonçalves (Pesquisador Cinematográfico), Carla Marinho
(Coluna Clássicos e Cults), Renato Martins (Coluna Cena de Cinema), Saulo Sisnando
(Coluna Tirando o Mofo), Henry Bugalho (Matérias Especiais) e Rodrigo Fernandes (Coluna
Diários Cinéfilos / Matérias Especiais).
No dia 23 de maio, por exemplo, a home page trazia: quatro críticas, 12 notícias, nenhuma
reportagem e três posts do blog em destaque. Das notícias, duas eram relacionadas ao cinema
brasileiro, e dez notícias de produções internacionais.
4.4 Descrição do conteúdo e das características
A home page do Adoro Cinema é constituída pelo apanhado dos principais elementos que o
site oferece. No alto da página existe uma barra onde o leitor encontra links para redes sociais
5 Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2009/10/06/dica-site-adoro-cinema-229573.asp
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(Twitter6 e Delicious7), o mapa do site (Fig. 7), conheça a equipe, canais de comunicação
direta com a equipe (Feedback e contato), além da área de login e senha, para ter acesso a
conteúdos “exclusivos” (Fig. 1).
Figura 1: barra de links na Home PageFonte: http://www.adorocinema.com/
Diante da logo “Adoro Cinema”, o internauta encontra a ferramenta de busca do site. Uma das
características notadas é a presença de um exemplo para auxiliar quem acessa o canal no
momento de fazer uma pesquisa sobre determinado filme ou assunto (Fig. 2).
Figura 2: logotipo do site e ferramenta de buscaFonte: http://www.adorocinema.com/
Existe um menu de navegação, no formato horizontal, no qual se encontram as principais
páginas do site – filmes, personalidades, colunas, top 10, blog, notícias, comunidade,
promoções, festivais, programação e cadastre-se aqui (Fig. 3). Quando se passa o cursor sobre
alguns destes temas, submenus podem ser abertos: em filmes são disponibilizados inéditos,
estreia, em cartaz, gênero, curtas e todos; em personalidade tem-se acesso aos atores, diretores
e todos; em colunas estão sétima arte, panorâmica, cinema em casa, clássicos e cults, diários
cinéfilos, especiais e arquivos; e em top 10 estão as listas dos 10 filmes mais vistos no Brasil,
nos Estados Unidos da América, e mais listas.
Figura 3: menu de navegaçãoFonte: http://www.adorocinema.com/
O site possui uma área de menu rotativo com quatro destaques, no formato Flash. A seleçãomuda, em média, a cada 10 segundos. Normalmente é utilizado para apresentar as últimas
críticas escritas pela equipe e os lançamentos que chegaram aos cinemas, mas pode também
ser utilizado como “vitrine” para uma matéria especial (Fig. 4).
6 Microblog lançado em 2006, que consiste em postagem de mensagens curtas (até 140 caracteres). Inicialmente, possuía o slogan (o que você está fazendo). No final de julho de 2009, o slogan foi atualizado para “Compartilhee descubra o que está acontecendo neste momento, em qualquer lugar do mundo”.7 Site lançado em 2003 que permite que se adicione e compartilhe favoritos (bookmarks) on-line.
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Figura 4: menu rotativoFonte: http://www.adorocinema.com/
O Adoro Cinema disponibiliza em sua home espaços dedicados às promoções abertas, os
cartazes de alguns filmes – quando clica neles, o leitor abre a página com informações da
produção -, uma coluna com as últimas notícias postadas e a área com os vídeos de longas-
metragens que ainda serão lançados. Na linha dos cartazes, basta clicar sobre as setas para
passar as opções disponíveis. (Figs. 5 e 6)
Figura 5: cartazes e promoçõesFonte: http://www.adorocinema.com/
Figura 6: últimas notícias e trailersFonte: http://www.adorocinema.com/
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Figura 7: mapa do site Adoro CinemaFonte: http://www.adorocinema.com/page/mapa/
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O internauta pode consultar a lista dos 10 filmes mais vistos no Brasil e nos EUA, na página
inicial do site. O ranking ainda traz dados sobre a média das notas dadas por quem opinou
sobre o filme e a quantidade de comentários sobre a produção. Vale ressaltar que esse espaço
é fixo em todo o site, ou seja, quando se clica em outros ambientes do Adoro Cinema a lista
continua disponível. (Fig.8)
Figura 8: Top 10 e mais listasFonte: http://www.adorocinema.com/
Na parte final da página estão presentes as áreas que expõem as características mais
interativas entre o site e os leitores. Nesse ambiente, estão as seções dos últimos comentários
feitos pelos internautas, o “Top Usuários”, o blog Adoro Cinema e as tags – relação das
palavras-chaves mais acessadas em determinado período (Fig. 9).
Figura 9: últimos comentários, blog e top usuários
Fonte: http://www.adorocinema.com/
O último conteúdo da home page é a área dos mais visitados (Fig.10), que tem a listagem de
filmes, atores, diretores, colunas e notícias mais acessadas do site. Também estão disponíveis
links para o mapa, contato, equipe, login e cadastre-se – categorias que disponíveis, também,
no alto da página.
Figura 10: box mais visitadosFonte: http://www.adorocinema.com/
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4.5 Webjornalismo cultural no Adoro Cinema
O Adoro Cinema possui os cinco gêneros em destaque no fomento da produção cultural
contemporânea, defendida por Piza (2003). Mas, apenas três deles são explorados mais
profundamente pela equipe produtora - a crítica, a entrevista e a coluna – e serão analisadas
neste trabalho. Sendo que a maior parte das atualizações do site fica a cargo da produção de
pequenas notícias.
Vale destacar que as notícias do site seguem uma direção contrária a maioria dos veículos
culturais da atualidade, pois não são meras reproduções de releases ou a programação de
entretenimento das cidades, como destaca Teixeira (2007).
4.5.1 A notícia no Adoro Cinema
A notícia é a base da atualização do site. O que é produzido pelo Adoro Cinema se assemelha
ao tipo de matérias feitas pelo jornalismo factual. Os temas são, na maior parte das vezes,
voltados para “o que vai acontecer” do que “o que está acontecendo”. A produção é apurada
on-line pela equipe e não há repórteres nas coberturas.
A estrutura das notícias é, em geral, muito parecida, sendo curtas, com fotos e tendo, em
média, quatro blocos textuais. O parágrafo inicial não segue a padronização do lead , em que
são respondidas as perguntas Quem? O que? Quando? Onde? Como? e Por quê?. Ele se
aproxima ao “nariz de cera” ou, em alguns casos, uma localização histórica. Pegando a notícia
“Herói de Guerra nas Estrelas vai rodar seu filme” como exemplo, pode-se observar que:
- O primeiro parágrafo serve como localização histórica sobre o ator em questão: “Não
precisa ser fã de Guerra nas Estrelas para reconhecer a figura ao lado”, “ Mark Hamill (foto)
será para muitos o eterno Luke Skywalker e nunca mais conseguiu emplacar nada que fizessesucesso”.
- A informação divulgada no título não é repetida ao longo da notícia, sendo apenas
complementada com outros pontos necessários sobre a produção.
- O texto é assinado (por Roberto Cunha) e, por possuir informações de outros sites, dá
créditos.
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4.5.2 A crítica
A crítica pode ser considerada como o segundo produto do Adoro Cinema, pois são
publicadas com menor frequência. No site, o gênero fica hospedado em três áreas dentro da
área denominada “colunas”, segundo o autor e o tipo da obra: “Sétima Arte”, de Fran cisco
Russo, e “Panorâmica”, de Roberto Cunha, analisam as estreias nos cinemas. Já a área
“Cinema em Casa” é relacionada aos filmes que chegam às lojas e locadoras.
Os textos são densos e com muitas informações, expondo os prós e contras do filme. Tendo a
capacidade de sintetizar e mediar as ideias ao longo dos parágrafos, com características
próprias. Mantendo os pontos destacados por Piza (2003) como essenciais para o gênero, que
são a clareza, coerência, agilidade, resumir a história em linhas gerais e uma análise de modosintético.
O gênero, no site, também segue a premissa apontada por Teixeira (2007) que, além de emitir
juízo de valor sobre a obra, compartilhar com o leitor o trajeto percorrido pelo crítico, fazendo
clara a argumentação.
Em alguns casos, o Adoro Cinema publica duas críticas sobre o mesmo filme. Normalmente
os longas-metragens mais esperados, ou mais comentados pela grande mídia, são escolhidospara serem duplamente analisados pela equipe. Um texto com posicionamento um pouco mais
favorável sobre a produção e o outro com uma visão mais crítica sobre o filme.
Para exemplificar, o filme “Robin Hood”, de Ridley Scott, ganhou duas crí ticas, uma de
Francisco Russo (Fig. 11) e outra de Roberto Cunha (Fig. 12).
Figura 11: crítica de Francisco RussoFonte: http://www.adorocinema.com/coluna/setima-arte/
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Figura 12: crítica de Roberto CunhaFonte: http://www.adorocinema.com/coluna/panoramica/
Russo adotou uma postura mais favorável ao longa, apontando os prós e os contras,
justificando os pontos e deixando claro o posicionamento no parágrafo conclusivo do texto:
Robin Hood é um filme que surpreende pelos caminhos trilhados pela história
e pela realocação de personagens conhecidos, como o frei Tuck e João
Pequeno. Todos presentes e facilmente reconhecíveis, apesar de não
participarem tanto. Destaque também para a homenagem prestada à famosa
cena da câmera acompanhando a trajetória da flecha, que se tornou marca
registrada do Robin Hood de Kevin Costner. Aqui ela reaparece, duas vezes,
mas também trazendo novidades. Um bom filme, que soube usar uma história
batida para produzir algo de novo. Ou nem tanto assim, já que há também
várias referências a trabalhos anteriores de Ridley Scott e Russell Crowe.
Independente disto, vale a pena. (RUSSO, 2010)8
Cunha já teve uma opinião mais severa sobre o filme, sendo claro e fazendo uma análise de
modo sintético, além de expor o posicionamento no parágrafo final do texto:
Contudo, diante de tantos elogios, não espere uma obra prima porque Robin
Hood é um longa simples sobre um personagem famoso. Mas quer coisamelhor do que chegar ao fim do filme com a certeza de que foi um ótimo
começo para a lenda?(CUNHA, 2010)9
8 Disponível em http://www.adorocinema.com/colunas/robin-hood/ , acesso em 15 de maio de 2010
9 Disponível em http://www.adorocinema.com/colunas/robin-hood-1/ , acesso em 15 de maio de 2010
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4.5.3 Entrevista
As entrevistas ficam arquivadas na área matérias especiais e são publicadas no estilo pingue-
pongue, como defende Piza (2003). Elas não são produzidas com frequência, a última
produção analisada foi no dia 15 de abril (Fig. 13).
Figura 13: área de entrevistas do Adoro CinemaFonte: http://www.adorocinema.com/coluna/materias-especiais/
O gênero tem como característica, no site, dar grande visibilidade para artistas e produções
nacionais. Mas há também entrevistas com personalidades do cinema mundial. (Fig. 14)
Figura 14: entrevista com Laurent CantetFonte: http://www.adorocinema.com/colunas/entrevista-com-laurent-cantet/
4.5.4 Coluna
É o gênero menos explorado pelo Adoro Cinema, sendo raramente publicado. Normalmente é
relativo ao papel e a interferência que alguma personalidade teve sobre a sociedade. O textosegue um caráter pessoal e histórico, tornando-se uma produção reflexiva. Ou seja, faz um
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paralelo de qual foi influência de um artista/diretor na história social e como isso reflete nos
dias atuais.
4.6 Análise das características do webjornalismo no Adoro Cinema
4.6.1 Interatividade
O Adoro Cinema possui uma vasta gama de ações interativas com o leitor. Ou seja, questões
em que a participação do público é necessária e têm como finalidade expor pontos de vista,
além de debater determinado tema.
Essas ações já podem ser encontradas na home page do site no formato dos últimos
comentários postados pelos leitores, a nota média dada aos filmes que estão no top 10, a
adoção do trailer como favorito e as promoções.
Pegando como exemplo o longa-metragem “O preço da traição”, a interatividade é
demonstrada com os comentários dos leitores, sendo que estes podem ser respondidos por
outros internautas, assumindo um formato de fórum de discussão. Também existe a
possibilidade de dar uma nota ao filme, adicionar a produção como favorito e participar de
promoção de ingressos.
Na promoção, a interação consiste em responder uma pergunta sobre “O preço da traição”.
Mas para participar de todos os produtos interativos do site é necessário que o leitor preencha
um cadastro.
O usuário cadastrado tem acesso a uma página onde pode personalizar alguns itens, a exemplo
do que se é feito com algumas redes sociais. Onde se podem escolher filmes favoritos, artistas
favoritos e inserir foto, além de criar um pequeno texto com o perfil. (Fig. 15)
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Figura 15: página de cadastro de usuáriosFonte: http://www.adorocinema.com/profile/profile/edit/40997/
Os comentários postados em cada filme não passam por aprovação prévia, ficando a cargo de
outros membros denunciarem qualquer tipo de irregularidade. Após ser cadastrado, o usuário pode “votar” nos comentários de outros leitores. Mas não se vê um dos princípios defendidos
por Marangoni (2002) e Ward (2006), que é a “conversação” entre as partes envolvidas na
informação. O primeiro argumenta que a interatividade faz o “receptor” se tornar agente da
produção de notícias, por meio do diálogo com o “emissor”. O segundo expõe que essa
interação põe em discussão a exatidão, a veracidade e a perspectiva da informação.
Outro recurso importante, exposto pelos autores, é a utilização de chats onde os visitantes
conversam expondo opiniões e fazendo perguntas. Para Cunha (2004), a ferramenta faz parte
da segunda subdivisão de interatividade junto com as listas de discussão e as enquetes. Mas, o
site Adoro Cinema não possui área de chat.
Os comentários feitos em qualquer página do site podem ser visualizados na home, no
container “últimos comentários”.
Nota-se que o site segue o conceito de interatividade, exposto por Cunha (2004). As notícias,críticas, entrevistas e colunas utilizam de elementos de não-linearidade, como o uso de
matérias hiperlinkadas.
São notadas duas subdivisões nos níveis de interatividade do site: os links para leitura não
linear e formas de contato com o responsável pelo site (contato); e as enquetes (sob a forma
de promoções). Esses elementos foram abordados por Cunha (2004).
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4.6.1.1 Contato
Caso seja necessário, o usuário pode fazer contato com a equipe do site por meio do link
contato, disponível no site. Basta preencher um pequeno formulário com nome, e-mail, a
mensagem que deseja enviar e confirmar digitando o código CAPTCHA10.
Normalmente algum responsável pela equipe responde à solicitação, se for necessário, com
uma mensagem específica para o pedido, não sendo uma resposta automática, e assinada.
Apenas neste aspecto, percebe-se a possibilidade de um diálogo com a equipe do site,
conforme sugere o autor Cunha (2004), que defende que esse diálogo deve ter uma troca
efetiva entre o emissor e o receptor.
4.6.1.2 Feedback
O site disponibiliza um canal em que o público dá uma resposta à produção sobre o trabalho
desenvolvido, faz críticas, denuncia falhas de layout, erros de sistema e problema com
cadastro, o feedback. É um espaço onde se pode dizer se gostou ou não do conteúdo
disponibilizado no site, dar sugestões do que deve ser alterado, entre outras coisas. O
internauta preenche uma área com nome, e-mail, dá uma nota para o site – em uma cotação de
1 a 5 – , tipo de sugestão de feedback e descrição.
A resposta que o internauta que utiliza deste canal é automática e impessoal: “Obrigado pela
sua ajuda! Vamos trabalhar com base no seu feedback para ajustar tudo o mais rápido
possível”.
4.6.2 Multimidialidade
O Adoro Cinema utiliza, basicamente, duas características de multimidialidade: as fotografias
e os vídeos, normalmente trailers. As atividades multimídia podem ser encontradasdiretamente na home do site.
4.6.2.1 Vídeos
Por se tratar de um veículo de conteúdo cinematográfico, é grande a quantidade de vídeos
presentes, normalmente trailers de filmes com tempo médio de duração de 1 minuto e 30
segundos. Em alguns casos, o mesmo longa-metragem tem vários trailers e teaser (prévias
10 CAPTCHA é um acrônimo da expressão "Completely Automated Public Turing test to tell Computers and
Humans Apart " (teste de Turing público completamente automatizado para diferenciação entre computadores ehumanos): um teste de desafio cognitivo, utilizado como ferramenta anti-spam.
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das produções menores que um trailer) com diferentes informações. Mas não possuem vídeos
produzidos pela equipe do site.
Na home page, na área destinada ao trailer, quando o internauta clica no player de vídeo, paraassistir ao conteúdo disponibilizado, ele funciona como um link para a página com
informações sobre a produção, e lá é possível assistir à prévia. Nas páginas dos filmes, a
informação do visual serve como complemento ou até mesmo como reforço da informação
textual presente.
As notícias e as críticas não possuem vídeos, não caracterizando totalmente os três pilares que
sustentam a produção jornalística para a web, defendidos por Canavillas (2006).
4.6.2.2 Fotos e infográficos
As fotografias estão presentes em todos os elementos jornalísticos do Adoro Cinema. Na
home, as fotos servem de link que conduz o leitor para notícias e críticas. (Fig . 16) Nas
notícias, as imagens ganham caráter ilustrativo como complemento da informação. (Fig. 17) E
nas críticas, as fotos presentes são os cartazes dos relativos filmes. (Fig. 18).
Figura 16: foto na homeFonte: http://www.adorocinema.com
Figura 17: foto na notíciaFonte: http://www.adorocinema.com/cinenews/kung-fu-panda-2-ganha-reforco/
Figura 18: foto na críticaFonte: http://www.adorocinema.com/colunas/robin-hood/
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Na página de cada filme, mais fotos podem ser acessadas nas galerias criadas, com cenas dos
longas-metragens, os cartazes e imagens de bastidores. Mais uma vez, não há produção
fotográfica e originais feitas pela equipe do site.
Nas páginas do site, não há uso de infografias e infográficos. Esses elemenotos são apontados
por Canavilhas (2006) como características da segunda fase de sistematização onde as
notícias são produzidas com recursos de palavras, sons, vídeos, infografias e hiperligações.
4.6.3 Hipertextualidade
Todas as matérias e críticas postadas no site fazem uso do hipertexto. Normalmente, esses
links estão em termos-chave como: nomes de atores, filmes, diretores, produtoras e
distribuidoras, além das notícias relacionadas.
A maior presença de hipertextos pode ser notada nos dois primeiros parágrafos da notícia e da
crítica. Os links recebem formatação diferente do restante do texto, ficando na cor marrom,
em negrito e sublinhado.
Quando o leitor clica nesses hiperlinks é aberta uma nova página com a informação
relacionada. Em vários casos, a notícia tem muitos hipertextos repetidos ao longo de poucosparágrafos. Por exemplo, na matéria “Samuel L. Jackson anuncia filme da S.H.I.E.L.D.” 11
(em três parágrafos, existem duas vezes o link para a página sobre o Samuel L. Jackson (Fig.
19)
Figura 19: utilização de hiperlinksFonte: http://www.adorocinema.com/cinenews/samuel-l-jackson-anuncia-filme-da-shield/
11 Disponível em http://www.adorocinema.com/cinenews/samuel-l-jackson-anuncia-filme-da-shield/, acesso emMaio de 2010
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Marcuschi (2006) desaprova, em parte, o uso recorrente do hipertexto, principalmente quanto
à fragmentação da informação em pequenos blocos, que se tornam longos caminhos na
construção da notícia. Ou seja, o leitor necessita de uma maior atenção e conhecimento do que
deseja buscar.
A hipertextualidade se transforma em um fenômeno virtual que não desmembra um tópico,
mas vira um deslocamento indefinido, no qual assuntos variados são correlacionados e o leitor
deve garimpar o que tem valor, partindo da informação inicial.
Ao fim da notícia, o Adoro Cinema faz um pequeno apanhado de informações relacionadas
com algum tópico da matéria, denominado de “Leia mais”, links para outras produções feitas
no site (Fig. 19).
O site possui um outro tipo de hipertextualidade, ainda pouco usada em sites nacionais, mas
muito comum em blogs, que é o uso das tags – palavra de origem inglesa que, em uma
tradução literal, significa etiquetas. Na internet, as tags servem como uma marcação que
agrupa as notícias por assuntos. Como aborda Aquino (2007), as etiquetas se transformam em
um sistema de indexação de informações, que descrevem o conteúdo dos documentos.
Uma mesma notícia pode receber várias tags se possuir vários assuntos. No Adoro Cinema,
por exemplo, as matérias recebem como assunto o nome do ator ou diretor envolvido, a fase
de produção, entre outros. O leitor consegue ter acesso aos assuntos mais lidos do veículo, na
home page na área intitulada tags (Fig. 20).
Figura 20: nuvem de tags destaca os termos mais acessados no siteFonte: http://www.adorocinema.com/
4.6.4 Memória
O site Adoro Cinema faz o uso do hipertexto, também, como uma forma de memória, ligando
a notícia aos seus antecedentes, para gerar uma informação mais completa. Pode-se encontrar
também a relação de todas as matérias já publicadas, basta clicar no item “notícias” no menu de navegação.
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Para as informações mais recentes, o site disponibiliza uma multimatéria com o resumo dos
fatos noticiados durante a semana. Essa produção é publicada exclusivamente aos sábados.
Nesta página, também são disponibilizados os links para as últimas críticas produzidas, as
análises feitas e post no blog (Fig.21).
Figura 21: matéria com os links das notícias, críticas, análises e posts da semanaFonte: http://www.adorocinema.com/cinenews/resumo-da-semana-6/
O histórico de notícias também está disponível no container “últimas notícias” e na área de
“mais visitados”, ambos na home page. Como aponta Palácios (2002), o uso de memória é
viável nos sites, pois, técnica e economicamente, a acumulação do volume de informação
produzida e disponível é maior. Mas para que a memória funcione é necessário que haja
elementos de indexação como palavras-chaves ou datas.
4.6.5 Instantaneidade
O conceito de instantaneidade no site é compreendido pela publicação diária de notícias,
dando o aspecto de contínua atualização e periodicidade. Mas existe a preocupação de postar
em determinadas datas certo tipo de conteúdo, como por exemplo, na sexta-feira, os trailers
dos filmes que estreiam no fim de semana, as críticas, ou seja, o conteúdo considerado mais
factual.Para Mielniczuk (2002) a instantaneidade tem a dimensão de construir uma “grande” matéria
a partir da união dos textos já publicados sobre determinado fato, porém não é este o caso do
Adoro Cinema, cuja periodicidade não condiz com a construção de notícias ao longo de um
determinado dia, por exemplo.
3.6.6 Personalização
O Adoro Cinema oferece recursos de personalização de conteúdo para o internauta. Esseartifício pode ser conseguido com a assinatura de RSS (Really Simple Syndication) que reúne
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informações de sites em uma única tela com as novidades publicadas. Ou seja, é um feed que
apresenta conteúdo atualizado com frequência.
Com a RSS, o usuário não precisa acessar a página do site para saber quais matérias forampublicadas. E quando ele clica sobre o título de uma notícia, abre a página do conteúdo
específico.
O portal ainda oferece outros dois tipos de personalização, ambos para usuários cadastrados: a
newsletter e o perfil. O primeiro é o envio de informações para o e-mail. O segundo é a
possibilidade de adequar algumas ferramentas ao gosto pessoal, como receber informações de
comentários postados sobre filme preferido ou na página de um ator favorito, e da adoção de
produções como “favoritas”.
Vale ressaltar que o usuário cadastrado tem maiores possibilidades de personalização do site,
desde pequenos artifícios, como a adoção de “favoritos”, até ferramentas de maior amplitude
como a inserção de comentários e o uso de fotos no perfil.
Segundo Mielniczuk (2002), a personalização tem ligação com os interesses individuais de
cada usuário, a partir da existência de produtos jornalísticos. A característica também se dá
com a possibilidade de cada leitor estabelecer um percurso de leitura na navegação pelo
hipertexto.
4.6.7 Redes Sociais
O Adoro Cinema possui, oficialmente, três redes sociais: Delicious, Twitter e Blog.
4.6.7.1 Delicious
É uma rede social que funciona como um arquivo de endereços de sites preferidos, mas quefica exposto na web para outras pessoas terem acesso, ao contrário dos “favoritos” no
computador que ficam restritos à máquina. O Delicious12 figura na área conhecida pelo termo
de “social bookmarks” , que é um sistema de favoritos ou marcadores online, público e
gratuito (Fig. 22).
Figura 22: Adoro Cinema no Delicious
12 Disponível em www.delicious.com
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Fonte: www.delicious.com
4.6.7.2 Twitter
A conta do Adoro Cinema no microblog Twitter 13 possuía, em maio, mais de 9,6 mil
seguidores e 581 listas. Na descrição do perfil está a frase “Porque cinema é muito mais que
pipoca!” (Fig. 23)
O Twitter do site, normalmente, é usado como um veículo para a postagem dos links das
matérias publicadas. Mas também serve como um canal para dar explicações sobre possíveis
problemas tecnológicos e pequenas notas de 140 caracteres sobre algum evento.
O perfil também segue uma linha de interatividade com o internauta, respondendo algunscomentários postados para o @adorocinema. Mas é utilizado de forma considerada “errônea”,
segundo Zago (2008), ao postar seguidamente todas as matérias publicadas no site, com links.
Para a autora, esse tipo de utilização não explora as potencialidades (como mobilidade,
atualizações rápidas, etc.) do microblog, “na medida em que não há produção própria voltada
para as especificidades da ferramenta, e sim a mera reprodução de um conteúdo criado
originalmente para outro dispositivo”. (p. 11)
Figura 23: Adoro Cinema no TwitterFonte: www.twitter.com/adorocinema
4.6.7.3 Blog
O Adoro Cinema possui um blog14, no próprio servidor do site, onde são postadas notícias
curtas, mas com muitas fotos. Normalmente, são os pôsteres e imagens de filmes que ainda
serão lançados (Fig. 24). A parte de texto tem características mais de comentários do que
jornalísticas. A área acaba se tornando uma espécie de galeria de fotos diversas.
13 Disponível em www.twitter.com/adorocinema 14 Disponível em http://blog.adorocinema.com
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Figura 24: post no blogFonte: http://blog.adorocinema.com
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5. CONCLUSÃO
Após a análise desenvolvida neste trabalho sobre os elementos e recursos do site Adoro
Cinema, conclui-se que o objeto em questão possui duas instâncias de concepção: a primeira,
relacionada ao jornalismo cultural na rede e, a segunda, relativa às características do
webjornalismo e a convergência de mídias.
O tipo de jornalismo cultural produzido pelo site apresenta os pilares apontados como a base
do gênero – crítica, entrevista, reportagem, coluna e perfil – , mas a maioria é pouco explorada
pela equipe. O conteúdo principal é formado pela elaboração de notícias, normalmente, curtas
e críticas sobre os filmes.
Sobre a crítica, nota-se que o Adoro Cinema sintetiza o texto no formato de apresentar os prós
e contras de um longa-metragem, e no último parágrafo faz uma conclusão do posicionamento
sobre o material cinematográfico. Isso está presente de forma enraizada na produção, e acaba
se tornando uma espécie de padronização, fazendo com que maioria delas sejam muito
semelhantes.
As notícias são compostas por textos mais curtos e objetivos, sem aparentar uma
padronização quanto à estrutura adotada. Normalmente, elas não repetem a informação
presente no título de forma literal no corpo da nota.
A entrevista, a reportagem, a coluna e o perfil raramente são produzidos, não havendo uma
periodicidade. Quando um desses gêneros é publicado, os textos são grandes e densos,
apresentados em vários blocos de informação.
O objeto de estudo deste trabalho segue um caminho diferenciado da produção cultural para a
web notada nos dias atuais. Ele não é um produto que tem como essência divulgar agenda ou
serviço de mero entretenimento. Sendo que esse segundo tem a representatividade do Blog
inserido no site, que é alimentado pela postagem de imagens de celebridades e de filmes.
No segundo patamar, sobre o jornalismo na web, são notados três pontos principais para a
produção feita pelo Adoro Cinema: inexistência de recursos de convergência midiática, uso de
ferramentas exclusivas do webjornalismo e a presença do “Jornalismo 2.0”.
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De fato, não há o artifício de planejamento transmidiático, apontado por Jenkins como um dos
fundamentos básicos da convergência de mídias, ou seja, onde uma história é produzida com
diferentes informações para várias mídias. Em síntese, é a produção de vídeo, áudio,
fotografias e infográficos que complementem o que foi dito no texto, e não apenas mera
repetição.
O site é constituído com base nos recursos do webjornalismo, utilizando de maneira
superficial os elementos de interatividade, hipertextualidade e multimidialidade. A maior
parte dos elementos interativos ficam restritos aos usuários que possuem o cadastro gratuito
no veículo. Entende-se que isso seja um empecilho no exercício do webjornalismo de forma
plena, pois até para uma ação simples de reação ou interação, como postar um comentário,fica limitada a quem tem um login.
Outro aspecto de interatividade que está disponível para o usuário, mas que não é aproveitado
pela equipe, é a questão de diálogo por meio da área de comentários. Os produtores de
conteúdo não respondem às discussões levantadas pelos próprios internautas no site sobre os
filmes – a área, em alguns casos, transforma-se em fórum de discussão, mas sem o
levantamento de questões por parte da equipe responsável pelo veículo.
A hipertextualidade é utilizada de forma recorrente e indiscriminada nas produções, e faz com
que o leitor seja conduzido por um caminho de links que se desmembram em várias
informações, que originalmente poderiam não ser de seu interesse, e que normalmente não
tem relação ou agrega valor à primeira notícia visualizada. Ou seja, os hipertextos não são
utilizados na forma que pequenas notícias se transformem em uma grande informação.
Nota-se que os recursos de multimidialidade são utilizados de maneira reprimida, sendo
representadas apenas por vídeos e fotografias, ambos de pouca expressividade de acréscimo
informacional ao conteúdo textual. Algumas poucas fotos, inseridas nas entrevistas, são
produzias pela equipe do site, mas todos os vídeos são de trailers dos filmes.
Três características de webjornalismo do Adoro Cinema merecem apenas ser citadas: a
utilização de memória como recurso de recuperação de informações e produções antigas; a
instantaneidade que faz com que o objeto tenha uma renovação periódica; e as ferramentas de
personalização disponíveis.
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Com base nas redes sociais utilizadas pelo Adoro Cinema, principalmente o Twitter, constata-
se que o uso do jornalismo chamado de 2.0 é feito de maneira desaconselhável, tendo como
base a perspectiva de que elas são utilizadas como meras plataformas de divulgação do
material disponível no site, ou seja, uma replicação de links. Não há uma produção de
conteúdo que leve em consideração a potencialidade do microblog, por exemplo.
Diante dos aspectos analisados, conclui-se que o Adoro Cinema possui um perfil de
webjornalismo cultural que não valoriza todos os pilares do jornalismo cultural, sendo um site
constituído em grande parte por notícias e críticas. Sobre as características da produção para a
web e convergência, o objeto teve uma iniciação sobre as ferramentas que podem ser
utilizadas, mas falta aprofundamento no momento de interligar esses aspectos, a fim de umconteúdo convergente.
Com base no que foi apresentado neste trabalho, o ideal seria que fosse investido tempo na
produção dos outros conteúdos do jornalismo cultural, se desvencilhando do perfil de ter
apenas notícias e críticas. Mas este produto deve contar com os artifícios convergentes de
áudio, vídeo e imagem como forma de buscar uma informação completa.
O tipo de interatividade utilizada também pode ser alterado, dando espaço para a participaçãolivre de identificação e principalmente com a presença dos produtores de conteúdo no diálogo
com internauta e levantamento de questões relevantes.
Por fim, o trabalho desempenhado nas redes sociais deve ser reavaliado, para que seja postado
um conteúdo diferenciado e produzido de acordo com as características, necessidades e
limitações das ferramentas. Ou seja, no Twitter, que seja feito um jornalismo de 140
caracteres, ou então, que o microblog seja um canal em que o público colabore de forma
direta com o conteúdo do site.
Recomenda-se um avanço nas pesquisas deste tipo de jornalismo na internet, cuja bibliografia
mostrou-se escassa. Outras pesquisas podem verificar, por exemplo, a utilização dos
elementos em sites de editorias diferentes ou, até mesmo, diagnosticar alterações na área do
jornalismo para a web, contribuindo para ampliar os debates sobre o webjornalismo cultural
em sites de cinema.
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ANEXOS
A – Home do site Adoro Cinema
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B – Entrevista com o Professor Nísio Teixeira
Nísio Teixeira fala sobre a situação do jornalismo cultural na internet
Atualmente, quase tudo pode ser feito on-line, principalmente, a busca por notícias, que está aum clique do leitor. Na área do jornalismo cultural, estudiosos fazem críticas ao caráter que o
gênero assumiu. Um desses estudiosos é o professor Nísio Teixeira.
Em entrevista, Nísio falou sobre a situação dos chamados “segundo caderno”, o papel do
leitor na atualidade on-line e como as redes sociais podem interferir no resgate de alguns
pilares, como a crítica e a entrevista.
O jornalismo cultural está sentenciado a virar uma coluna que cobre fatos da vida dosfamosos e divulga a agenda de shows de uma cidade?
Sim, se ele continuar mais a cobrir os produtos que os processos culturais. A dimensão de
serviço é importante no jornalismo cultural, mas não é tudo. A crítica e a reportagem surgem
para detectar e discutir com o leitor aqueles destaques que o caderno considera interessante
apontar. Agora, se for mesmo pra fazer um agendão, é melhor acabar com o jornalismo
cultural diário e fazer um grande caderno semanal, que tenha, pelo menos, algum espaço
para essa análise. Sobre os famosos: não há problema do jornalismo cultural cobrir o
entretenimento e a cultura de massa, desde que isso inclua, também, uma dimensão crítica,
como deveria ocorrer - e ocorre - nas outras esferas (música, teatro, cinema...).
Você acha que, por causa do jornalismo para web, alguns sites com conteúdo de cinema
têm feito críticas, sobre os filmes, de forma superficial?
Acho que muitas críticas são superficiais, mas não necessariamente pelas características dowebjornalismo, mas do uso que se faz dele. Afinal, por que imprimir a mesma velocidade de
apuração e redação de um jornal impresso diário (o que lhe vale o risco da crítica mais
superficial) em um site, quando aí, no ambiente online, você pode ter, teoricamente, mais
espaço e tempo para elaborar o seu texto, com a chance de poder conectar ainda a um trecho
do filme ou remeter a outra crítica? O problema está, portanto, no uso superficial do
webjornalismo semelhante ao impresso e não em suas características.
O crescimento da participação do leitor na produção de notícias pode ser um caminho
para o fortalecimento do jornalismo cultural?
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