4
MÚSICA .FILME .HQ .SHOW Ano 2 nº 11 João Pessoa, novembro 2012 O que levou você a trocar a sua cidade pelo velho mundo, uma vez que você tinha uma banda já con- hecida em algumas cidades do Nordeste? Desde muito cedo, eu raramente parava em João Pes- soa, sempre estava viajando o máximo que podia, vir pra cá era uma vontade de muito tempo atrás, quanto a banda, por mim, nos a continuaríamos aqui, mas pre- cisaria que Coloral e Nildo viessem... Quais são as melhores recordações que você guarda das suas bandas aqui em João Pessoa? Lembro da Tsé-tsé e depois T.S.E. comigo, Nuna (Des- canse Em Paz, meu amigo de infância e de toda vida), Franklin Bronzeado, Achiles Ramalho e George W. Guedes, o que daria origem ao Agente Laranja. Depois da única demo do T.S.E. gravada no quartinho no fundo da casa do Cego ... lembro de quando você (Adriano) tocou guitarra, nos ensaios no porão da casa da minha mãe, de um som muito legal que você fez o riff, e Nuna fez a letra “O sabor da carne”... lembro de duas déca- das atrás, dos ensaios na casa de Dona Rita, mãe de Nuna, com Bruno Max e Jhonny Peterson, ouvíamos “Afflicted Cries in the Darkness of War”, “The Vikings are coming”, Terveet Kadet’s “Black God”, Rattus’ “Unskonto on Vaara”, Extermínio (RJ), R.D.P.’s Bra- sil, Attack Epileptico, Dorsal Atlantica, etc. Lembro de shows no Nautilus Submarino e Cilaio Ribeiro, de novo Nuna, com o pé engessado (risos)... a propósito, Beto, cadê o V.H.S do Cego? (risos). Lembro da gente gravando a primeira demo em Jr. Natureza, no Nau- tilus Submarino, dos ensaios na Rua das Trincheiras no primeiro estúdio de Colorau com Jeison Peixoto e Saulo Brandão, da gravação da segunda demo em Na- tal. Lembro do Fest Core em Aracaju (esqueci o ano). Do Lixo eu me lembro do EP split com Desastre, dos ensaios no estúdio de Guilherme Borges do Projeto 50... as gravações no Pindorama de Tatá, no dia de uma das gravações do Lixo, pedimos pra ele passar a D.A.T. do Agente Laranja pra CD e, nesse momento, a D.A.T. arrebentou, e ninguém tinha isso mais em uma quali- dade razoável. Recentemente, estive com Saulo, ele me fez lembrar do baixo que tínhamos e que batizamos de “con con con” porque era assim que ele soava... e a guitarrinha cor de madeira, do bracinho pequeno, foi comprada de você, né ? ... lembro do pedal de distorção feito por Jobson (risos)... Qual a vantagem de João Pessoa em relação à Bélgica? O sol, o céu azul, o mar, o calor humano, a família, os amigos, a culinária, e (pelo menos no meu caso) não pagar aluguel. Acreditamos que você chegou a presenciar o poli- ciamento existente na década de 80/90, em João Pes- soa, quando bandas não engajadas no movimento punk não eram bem vistas e até sugeriam que não se usasse o nome hardcore para o tipo de som que fa- ziam. Biff, do Varukers/Sick on the Bus, trata disso numa música chamada Punk Police, por exemplo. Vocês chegaram a enfrentar algo semelhante aí na Europa? Não, nunca. Não se pode atribuir isso a um movimento específico. Aconteceu no mundo inteiro algo equiva- lente, eu mesmo agi assim e me envergonho muito disso. Desculpem-me! O fato de ter dois brasileiros na formação da banda dificultou o acesso ao circuito underground euro- peu? Ate hoje dificulta muita coisa. Quando somos convida- Distribuição gratuita Não se pode falar do Nailbiter, sem falar de seus antecessores nos anos 90: T.S.E., Lixo, Agente Laranja e, algum tem- po depois, mais precisamente em 2004, Motherhell. Menos ainda dos ensaios no porão da casa da mãe de Marcelo Hol- anda, no bairro do Bessa (porão alagado, onde, por sorte, toquei), em uma formação do Agente Laranja, com Nuna na gui- tarra, Jeison no baixo/voz e Marcelo na bateria. Conferi um pouco da história desse cara, que hoje reside no velho mundo, junto com Carlos, outro brasileiro, de Santa Catarina, e o italiano Gianluca. Atualmente, carregam o combo intitu- lado Nailbiter. Agora Marcelo ganhou a alcunha de the beast e nos fala do passado em João Pessoa e o presente na Bélgica. dos para tocar no Reino Unido, eu não posso ir. Outras vezes, pra tocar na Europa, Carlos não pode sair do Reino Unido por estar à espera de visto, por exemplo... isso dura meses, às vezes, anos... outra vez, nos chama- ram pra tocar na Serbia , mas os vistos pra brasileiros lá eram caros e apenas pra um ou dois shows, não compensaria... convites para os Estados Unidos da América, nem preciso dizer... pro México, não teria problema, mas lá eles não podiam nos garantir nenhum reembolso de passagem, pode ser que role Canadá uma hora dessas! E, claro, estamos à espera de convite pro Japão! Por quais tipos de roubadas vocês passaram na Eu- ropa? As situações são semelhantes às do Brasil? Se você toca em banda, sabe que roubadas vão sempre existir em qualquer lugar do planeta. Só a experiência de estar na estrada é que faz qualquer banda amadu- recer e aprender a evitar isso. A Nailbiter já consegue viver da própria música? Quais os trabalhos que cada integrante desenvolve, paralelamente? Nailbiter está muito longe de viver da própria musica, e, na verdade, seria ingenuidade querer esperar por isso, fazemos mesmo porque gostamos. Se a gente faz uma turnê e consegue cobrir todos os nossos gastos, nós e nossas famílias já ficamos bastante aliviados. O mais importante pra nós é tocar música, nos divertir e ver o público curtir o show. Gianluca trabalha com serigrafia, Carlos é chefe de cozinha em meio expedi- ente e tatua meio expediente, e eu tatuo. Vocês têm uma influência declarada do Anti Cimex, que outras bandas influenciam? Já tocaram com algumas delas? Sem dúvidas, nossas maiores influências são: Motor- head, Black Sabbath, Death Side e Anti-Cimex. Nunca tocamos com nenhuma delas, mas o Charlie do Anti- Cimex acompanha e apoia a gente, vem nos ver, tro- camos presentes, etc., ele fica contente de ver os covers nos nossos discos...

Jornalmicrofonia#11

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Jornalmicrofonia#11

MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 2 nº 11 João Pessoa, novembro 2012

O que levou você a trocar a sua cidade pelo velho mundo, uma vez que você tinha uma banda já con-hecida em algumas cidades do Nordeste?Desde muito cedo, eu raramente parava em João Pes-soa, sempre estava viajando o máximo que podia, vir pra cá era uma vontade de muito tempo atrás, quanto a banda, por mim, nos a continuaríamos aqui, mas pre-cisaria que Coloral e Nildo viessem...

Quais são as melhores recordações que você guarda das suas bandas aqui em João Pessoa?Lembro da Tsé-tsé e depois T.S.E. comigo, Nuna (Des-canse Em Paz, meu amigo de infância e de toda vida), Franklin Bronzeado, Achiles Ramalho e George W. Guedes, o que daria origem ao Agente Laranja. Depois da única demo do T.S.E. gravada no quartinho no fundo da casa do Cego ... lembro de quando você (Adriano) tocou guitarra, nos ensaios no porão da casa da minha mãe, de um som muito legal que você fez o riff, e Nuna fez a letra “O sabor da carne”... lembro de duas déca-das atrás, dos ensaios na casa de Dona Rita, mãe de Nuna, com Bruno Max e Jhonny Peterson, ouvíamos “Afflicted Cries in the Darkness of War”, “The Vikings are coming”, Terveet Kadet’s “Black God”, Rattus’ “Unskonto on Vaara”, Extermínio (RJ), R.D.P.’s Bra-sil, Attack Epileptico, Dorsal Atlantica, etc. Lembro de shows no Nautilus Submarino e Cilaio Ribeiro, de novo Nuna, com o pé engessado (risos)... a propósito, Beto, cadê o V.H.S do Cego? (risos). Lembro da gente gravando a primeira demo em Jr. Natureza, no Nau-tilus Submarino, dos ensaios na Rua das Trincheiras no primeiro estúdio de Colorau com Jeison Peixoto e Saulo Brandão, da gravação da segunda demo em Na-tal. Lembro do Fest Core em Aracaju (esqueci o ano). Do Lixo eu me lembro do EP split com Desastre, dos ensaios no estúdio de Guilherme Borges do Projeto 50... as gravações no Pindorama de Tatá, no dia de uma das gravações do Lixo, pedimos pra ele passar a D.A.T. do Agente Laranja pra CD e, nesse momento, a D.A.T. arrebentou, e ninguém tinha isso mais em uma quali-dade razoável. Recentemente, estive com Saulo, ele me fez lembrar do baixo que tínhamos e que batizamos de “con con con” porque era assim que ele soava... e a

guitarrinha cor de madeira, do bracinho pequeno, foi comprada de você, né ? ... lembro do pedal de distorção feito por Jobson (risos)...

Qual a vantagem de João Pessoa em relação à Bélgica? O sol, o céu azul, o mar, o calor humano, a família, os amigos, a culinária, e (pelo menos no meu caso) não pagar aluguel.

Acreditamos que você chegou a presenciar o poli-ciamento existente na década de 80/90, em João Pes-soa, quando bandas não engajadas no movimento punk não eram bem vistas e até sugeriam que não se usasse o nome hardcore para o tipo de som que fa-ziam. Biff, do Varukers/Sick on the Bus, trata disso numa música chamada Punk Police, por exemplo. Vocês chegaram a enfrentar algo semelhante aí na Europa?

Não, nunca. Não se pode atribuir isso a um movimento específico. Aconteceu no mundo inteiro algo equiva-lente, eu mesmo agi assim e me envergonho muito disso. Desculpem-me!

O fato de ter dois brasileiros na formação da banda dificultou o acesso ao circuito underground euro-peu?Ate hoje dificulta muita coisa. Quando somos convida-

Dis

tribu

ição

gra

tuita

Não se pode falar do Nailbiter, sem falar de seus antecessores nos anos 90: T.S.E., Lixo, Agente Laranja e, algum tem-po depois, mais precisamente em 2004, Motherhell. Menos ainda dos ensaios no porão da casa da mãe de Marcelo Hol-anda, no bairro do Bessa (porão alagado, onde, por sorte, toquei), em uma formação do Agente Laranja, com Nuna na gui-tarra, Jeison no baixo/voz e Marcelo na bateria. Conferi um pouco da história desse cara, que hoje reside no velho mundo, junto com Carlos, outro brasileiro, de Santa Catarina, e o italiano Gianluca. Atualmente, carregam o combo intitu-lado Nailbiter. Agora Marcelo ganhou a alcunha de the beast e nos fala do passado em João Pessoa e o presente na Bélgica.

dos para tocar no Reino Unido, eu não posso ir. Outras vezes, pra tocar na Europa, Carlos não pode sair do Reino Unido por estar à espera de visto, por exemplo... isso dura meses, às vezes, anos... outra vez, nos chama-ram pra tocar na Serbia , mas os vistos pra brasileiros lá eram caros e apenas pra um ou dois shows, não compensaria... convites para os Estados Unidos da América, nem preciso dizer... pro México, não teria problema, mas lá eles não podiam nos garantir nenhum reembolso de passagem, pode ser que role Canadá uma hora dessas! E, claro, estamos à espera de convite pro Japão!

Por quais tipos de roubadas vocês passaram na Eu-ropa? As situações são semelhantes às do Brasil?Se você toca em banda, sabe que roubadas vão sempre existir em qualquer lugar do planeta. Só a experiência de estar na estrada é que faz qualquer banda amadu-recer e aprender a evitar isso.

A Nailbiter já consegue viver da própria música? Quais os trabalhos que cada integrante desenvolve, paralelamente?Nailbiter está muito longe de viver da própria musica, e, na verdade, seria ingenuidade querer esperar por isso, fazemos mesmo porque gostamos. Se a gente faz uma turnê e consegue cobrir todos os nossos gastos, nós e nossas famílias já ficamos bastante aliviados. O mais importante pra nós é tocar música, nos divertir e ver o público curtir o show. Gianluca trabalha com serigrafia, Carlos é chefe de cozinha em meio expedi-ente e tatua meio expediente, e eu tatuo.

Vocês têm uma influência declarada do Anti Cimex, que outras bandas influenciam? Já tocaram com algumas delas?Sem dúvidas, nossas maiores influências são: Motor-head, Black Sabbath, Death Side e Anti-Cimex. Nunca tocamos com nenhuma delas, mas o Charlie do Anti-Cimex acompanha e apoia a gente, vem nos ver, tro-camos presentes, etc., ele fica contente de ver os covers nos nossos discos...

Page 2: Jornalmicrofonia#11

MICROFONIA2

EXPEDIENTEEditores Responsáveis: Adriano StevensonOlga Costa(DRT – 60/85)

Colaboradores: Josival Fonseca /Beto L. /Erivan Silva / Fred-Não Conformismo /Joelson Nascimento

Editoração:Olga Costa

Ilustração:Josival Fonseca

Revisão: Juliene Paiva Osias

E-mail:[email protected]

Facebook.com/jornalmicrofonia

Twitter:@jmicrofonia

Tiragem:4.000 exemplares

Todos os textos dos nossos colaboradores são assinados e não necessariamente re-fletem a opinião da redação

Na hora de compor, como vocês dividem a tarefa?Carlos escreve tudo praticamente, letras e riffs; Gianluca contribui com riffs. Eles me enviam tudo em vídeo, eu vejo e ouço, ponho a bateria, às vezes, su-giro mudanças e devolvo o vídeo com um esboço de bateria. Assim, quando vamos pro estúdio ensaiar, o que é raro, já sabemos praticamente como tudo vai ser. Depois disso, se houver alguma melhora ou mudança, é coisa mínima.

No álbum Faded Brain Age, tem algumas letras em português. Existe preferência por compor em inglês, já que, no trabalho mais recente, não tem nenhuma letra em português? Ou é outro motivo?Puramente casual... particularmente, eu gostaria de ter mais letras em português ou mesmo espanhol...

O LP que juntou os dois primeiros trabalhos do Nailbiter foi lançado apenas no Japão?Não, esse LP foi lançado no Reino Unido. Por ‘la vida es un mus’ do nosso amigo Paco, ele tem lançado ou ajudado a lançar tudo que a banda tem produzido, mas ele está sempre no Japão e distribui muita coisa lá. O nosso primeiro trabalho foi um split EP de 7 polegadas com Viimeinem Kolonna da Finlândia, lançado pelo selo finlandês Kamaset Levyt em parceria com a Fight Records e não está presente nesse LP coletânea.

No que difere o novo disco The Bait dos anteriores? Houve mudanças?

Em The Bait, estamos mais pesados, todos três engor-daram pra caramba (risos). Mas, falando sério, não vejo grandes mudanças na nossa música. O que difere mais é a forma de compor. Como disse acima, nos discos anteriores, escrevíamos tudo nos ensaios nor-malmente, já que vivíamos na mesma cidade. Hoje, não apenas pra discos, mas pra turnês, tudo tem que ser preparado de antemão, em casa, um ensaio ou dois antes de sair e/ou gravar, e pronto.

Como foi escolhido o desenho da capa de Abused? Todos na banda gostam do trabalho de Boris Valle-jo?Na época, nós tínhamos um livro de ilustrações do Boris Vallejo em casa. Nós utilizamos a imagem sem pedir, e, embora conste o nome dele nos créditos do LP, hoje em dia, não pegaríamos o trabalho dele, nem de qualquer outra pessoa, para uma capa ou o que quer que seja, sem lhes pedir. Em todo caso, comigo e Car-los tatuando/desenhando, acho muito pouco provável que nos falte capa!

Você tem alguma preferência pelo formato com que são lançados os seus trabalhos? Lançar em vi-nil, atualmente, tem alcance maior do que o CD? Como é esse mercado de vinil na Europa?Sim, vinil! Nós não lançamos CD oficialmente, e não tem nada a ver com o fato de que ninguém compra mais CD, mas sim pelo fator qualidade: o vinil tem permanecido imbatível, vinil é feito pra durar cente-nas de anos. Não sei se o alcance de um é maior que do outro, mas eu não creio que o mercado do vinil seja mais cotado que o CD, nem o grande mercado da música nem os consumidores estão focados em qualidade. Amantes de música em diferentes gêneros demandam o vinil... mas o mercado do vinil em geral é fraco na Europa e acho que no mundo.

No mercado japonês, por exemplo, o formato em vinil é mais procurado? Sinceramente, eu não sei.

O selo Jornal Microfonia lançará, em 2013, a banda Madness Factory, da qual você já fez parte. Conta pra gente como foi essa história...Eu fiz vocal na banda quando ainda se chamava Over-cast. Grande banda, excelentes músicos e, mais que tudo, meus amigos! Grande abraço pra Diego, Peta, Boca, Vanuci e também Luis e Cleber, que eram da formação que participei! Fico muito feliz em poder acompanhar o progresso da banda e mais ainda lan-çando disco novo! Esses “malucos de fábrica” são os caras, o que eles fazem corre na veia deles!

Você continua com o projeto Les Sardines? Já lan-çaram algum material?Les Sardines acabou, só temos uma demo (enviarei algumas cópias pro Jornal Microfonia), mas Daniel e eu continuamos ensaiando músicas novas e esta-mos muito contentes de como está soando, eu queria que fosse “The Uga Ugas” mas Daniel não gostou – (risos), decidimos por Fartus. Não sabemos ainda se continuaremos só os dois ou se teremos mais gente na banda, mas o que é certo é a diversão de tocar e uma gravação com os primeiros sons da banda em breve. Muito obrigado pelo interesse e a oportunidade e muito sucesso ao Jornal Microfonia!

Mais sobre o Nailbiter:www.inailbiter.comwww.lavidaesunmus.com EDITORIAL

Nós somos uma pedra no sapato. Boa leitura e até o ano que vem, se o mundo não acabar!

Muitos riffs... característica que marca a sonoridade do Power trio que traz nas suas influências nomes como Black Sabbath, Motorhead e Anti Cimex. Nesse trabalho, lançado este ano em vinil (LP) pelo selo La Vida Es Um Mus, a predominância entre as citadas bandas fica ao cargo do Black Sabbath, pois a maio-ria das músicas tem um clima soturno, característica marcante dos criadores do heavy metal.Carlos Hiro-shima, guitarrista do Nailbiter, é um riffman no melhor sentido, conciliando peso e velocidade – velocidade essa que remete ao melhor momento do Anti Cimex. Aliás, a música The Bait, que dá nome ao álbum, tem uma referência ao EP Victims of Bombraid da banda sueca. As citações ao Anti Cimex não param por aí: o nome da banda é, também, nome da última música do último trabalho gravado pelo quarteto sueco, in-titulado Scandinavian Jawbreaker. Marcelo thebeast (bateria) e Gianlucca (baixo) fazem uma cozinha destruidora, a música Falling Down demostra isso numa pegada motorheadiana ... enfim, Sabbath, Moto-rhead e Anti Cimex...putz...os caras têm pedigree.A.S.

Page 3: Jornalmicrofonia#11

MICROFONIA 3

COMEDORES DE LIXO – AOS MORTOS CD 2012 (PB) A princípio, pensei se tratar de uma banda engraçadinha, por causa da bela capa no estilo walkingdead e, principalmente, pelo título, “Aos Mortos”, que, de acordo com o que li em algum lugar, seria apenas um trocadilho sobre álbuns ao vivo. Ledo engano, meu camarada! A banda é de atitude séria! Letras en-gajadas e o som fazem com que toda a honestidade da banda fique latente durante a audição. Aliás, honestidade sempre foi um forte das bandas nor-destinas, desde os tempos do Câmbio Negro HC e Karne Krua até os dias de hoje, com o Rotten Flies, por exemplo. O C.D.L. trilha naquele HC direto, rápido, na cara e com letras muito boas. Músicas curtas, com a batera no estilo 1 x 1, vocal arranhado, excelente trampo de guitarra e baixo, nos remetendo ao tempo em que as bandas não se preocupavam com modas passageiras e estilos duvidosos. Inevitável não lembrar imediatamente do clássico primeiro disco do Desordeiros, mas com um trampo mais apurado de guitarra. Parabéns ao C.D.L. e ao selo Microfonia pelo excelente tra-balho, desde a arte gráfica em digipack, até o som em si. Honestidade de sobra. Um prazer enorme dar de cara com uma obra assim. Altamente re-comendado! comedoresdelixo.bandcamp.com/album/aos-mortos F-N.C.

OPIUM COLIN – INCULTOS EP CD-R 2012 (PB) Em se tratando de bandas de death metal, João Pessoa está muito bem servida! É justamente isso que iremos encontrar nesse trabalho do quarteto Opium Colin, que é um EP com apenas três músicas, mas, nem por isso se deixa de perceber uma boa qualidade. As letras, cantadas em português, podem ser encara-das como uma história de um filme de terror, saindo, inclusive, da mes-mice de falar só do capeta. A parte instrumental (guitarra/baixo/bateria) ficou bem gravada, enquanto o vocalista prova que tamanho não é docu-mento. Pecando-se apenas na forma de apresentação da capa (não no de-senho), quer queira ou não, é o cartão de visita de qualquer banda. De-staque para todas as três músicas! www.myspace.com/opiumcolin B.L.

MUTRETAS – MOLEQUE FAVELADO CD-R 2012 (PB) Feliz-mente, o nível de gravação melhorou muito em relação às décadas pas-sadas aqui em João Pessoa. Antigamente, teríamos que ir para Recife ou Natal se quiséssemos uma gravação, no mínimo, decente; a prova disso

El Mariachi

Em 2010, a editora Mythos anunciou que lançaria, aqui no Brasil, uma edição especial com histórias de horror baseadas na série Eerie Archives e creepy, publicadas lá fora pela editora Dark Horse. Não só uma, mas duas ed-ições, saíram em 2011. O seu nome? Cripta! A primeira edição tem 240 páginas, e a segunda, 270. E, com ca-pas cartonadas, formato de álbum e papel de luxo, cor-respondem às edições 1 a 10 das edições originais.E o preço de capa de R$49,00. Um valor que eu considero em conta, já que as duas edições trazem desenhos dos mestres Eugene Colan, Jack Davis, Reed Crandall, Steve Ditko, Frank Frazetta, Rocco Mastroserio, Gray Morrow, Joe Orlando, John Severin, Jay Taycee, An-gelo Torres, Alex Toth, Al Williamsom, Wallace Wood, Donald Norman e Dan Adkins. Os textos ficam a cargo de Archie Goodwin, Ron Parker, Carl Wesser, E. Nelson Bridwell, Eando Binder e Larry Ivie. É um verdadeiro clássico de horror e que entrou na lista dos mais vendi-dos pelo The New York Times. Originalmente, a série saiu lá fora na década de 1960 e, aqui no Brasil, nos anos 1970 e 1980 na revista “Cripta”,pela editora RGE. Agora, para não falar que eu não fiz nenhuma critica negativa, a qualidade do papel de luxo, apesar de ser muito bonito, não resgata aquele clima de revista velha que tem tudo e ver com as histórias. Mas, sem dúvida, são edições que merecem estar na sua estante. J.N.

são as bandas que chegam aqui na redação, como Os Mutretas, for-mada por Bocão (guitarra/voz), Gabriel (baixo/voz) e o “tiranos-sauro rex” Victor Rocco (bateria). Esse trio faz um funk/metal, no qual se notam várias influências, e o entrosamento é latente. Gravação com guitarra na cara, bateria e baixo pesados com vocal bem audível. As letras abordam vários temas, lembrando bandas de white metal. A capa do CD é um reflexo de como tem ladrão na política desse país: mostra um garoto dormindo angelicalmente ao relento. Destaque para: Todohomemtemumdeusdentrodesi, Moleque Favelado e Cidadão. soundcloud.com/mutretas. B.L.

INÉRCIA – MANIFESTO! DISCOGRAFA 1998 – 2007 + FAIXA BÔNUS INÉDITA CD-R 2012 (RJ) Com uma produção bem simples de CD e capa, essa compilação, que é uma junção de duas demo tapes, que remete aos anos 1980, pois as letras retratam todo o protesto e indignação que existiam naquela época – pena que muitas coisas não mudaram, em nada! Em relação ao som, os caras tocam um punk rock/hardcore amargo. Baixo, guitarra e ba-teria são bem gravados com vocal que chega a lembrar Mao, dos Garotos Podres. Nessa compilação, vamos escutar Sem Futuro, de 1998, e Sem Preço para a Liberdade, de 2007, no total de 24 faixas. Se você gosta de som simples e direto, é um prato cheio! Lembrando que nem só de funk e samba vive o Rio. Destaque para: Nos Deixe em Paz, FHC, Coração de Pedra e Liberdade Social. B.L.

BANG BANG BABIES CD LOVE AND BULLETS (GO)Cantado em inglês, Love and Bullets,álbum lançado pela Monstro Discos segue a tradição do Estado de Goiânia e faz o chamado ga-rage rock. Stones, Stooges e New York Dolls, com pedal Biggmuff num liquidificador, criando uma acústica de boteco sujo e esfuma-çado, que mais parece cenário de um filme francês sem glamour. São dez faixas, mas parecem cinco! De tão contagiante, o disco passa ligeiro. Destaque pra capa do disco, que foi feita pela produ-tora Bicicleta sem Freio, dos caras do Black Drawing Chalks – o bom e velho cooperativismo, de vez em quando, dá as caras. Se que-res escutar rock sem mi mi mi , esse CD é uma boa pedida. A.S.

Amor à Queima Roupa

Editora: MythosCripta - Vol. 1 e 2

Formato: 20,5 x 27,5 cmPáginas: 240

Capa cartonadaR$ 48,90

Daytripper é uma história com várias possibilidades. Possibilidades reais imaginadas, talvez, pelo Robert Frost, quando começou seu famoso poema The Road Not Taken (A Estrada não trilhada). A dife-rença é que, no poema de Frost, temos apenas uma escolha quando a estrada diverge na nossa frente. Frost impossibilita uma volta, quando constatamos que a escolha não era bem aquilo que imaginávamos. Na vida real, não podemos retornar ao ponto de di-vergência e tomar o outro caminho. Viajar ao passado é apenas uma teoria. Daytripper é ficção real, são as possibilidades existentes na cabeça de Fábio Moon (nome sugestivo à “viagem” da história) para Brás de Oliva Domingos, um personagem que tanto pode ser um escritor famoso, quanto viver no ostracismo ou ter uma morte prematura. Em cada capítulo, ele tem uma idade diferente, como se a linha do des-tino tivesse dezenas de opções, como as saídas das freeways na Califórnia, só que todas as histórias são ambientadas em cidades brasileiras: Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, além de incorporar casos verídi-cos. Em Daytripper, todas as escolhas são viáveis e vivenciadas, mas, assim como o significado do nome destino, existe um ponto de chegada, um final, igual à vida que conhecemos...Em tempo: Ganhou o prêmio Eisner que é o Oscar dos quadrinhos O.C

Editora: VertigoPáginas: 500

Formato: 25x33 cmColorido/preto e

brancoCapa dura

Preço de capa: R$ 49,00

Quase Famosos

Banda pessoense formada em janeiro de 2012 por cinco amigos que gostam de ouvir muito punk rock. Todos já com experiências musicais de outras bandas: Rober é ex-vocalista do Dead Nomads; Elmon já emprestou as baquetas algumas bandas, como Elmo, E.R.R.O. ;Thiago Costa é ex-guitarrista da banda Naideos; Dann Costara é vocalista e guitarrista da banda Little Heads; Jansen é ex-baixista do No-Way e Dead No-mads e atual vocalista/guitarrista dos Reis da Cocada Preta. O quinteto envereda pelo estilo punk rock, com batidas hardcore influenciadas pela vibe californiana dos anos 90 e explora muito harmonias de cordas e backing vocals, com influência das bandas Bad Reli-gion, NOFX, Ramones e Pennywise. O Retroline tem como temas centrais questionamentos, conflitos pes-soais, violência e, ao mesmo tempo, esperança. O vo-calista descreve a música do Retroline como algo que estabelece uma conexão de quem a ouve com bons sentimentos e boas sensações, mesmo quando estão fa-lando de temas socialmente pesados, como violência e vícios. O primeiro disco já está gravado e está prestes a ser lan çado com o título de “Mídia Caos” por um selo independente. E-mail: [email protected]

Page 4: Jornalmicrofonia#11

MICROFONIA4

Fahrenheit 451

Editora: RoccoPáginas:368

Ano: 2010Preço: R$ 30,00

a R$ 45,00

Tex já é uma figura bem conhecida dos quadrinhos. Foi criado na Itália, em 1948, por Gian Luigi Bonelli (1908-2001) e Aurélio Gallepini (1917-1994). É publicado em vários países, inclusive no Brasil. Aqui, o principal título, TEX, foi iniciada em 1971 pela Editora Vecchi, passando pelas editoras RGE / Globo, estando, atualmente, Mythos, com sua nu-meração continuada, no momento, ultrapassando mais de quinhentas edições e passando de mensal a quinzenal. Mas tem em torno de outros cinco ou mais títulos nas bancas para todos os gostos e bol-sos. Há também alguns livros de outros autores em torno deste. O Ranger tem uma enorme legião de fãs, destes, aqui em João Pessoa, destacando-se GG Car-san, leitor e colecionador de Tex desde os dez anos de idade. Podemos dizer que ele veste, literalmente, a “camisa” do herói, ou melhor, veste a “fantasia” inteira. E é desta forma que GG se popularizou entre os aficcionados por HQs do personagem. Sua mais nova façanha foi lançar, em setembro último, seu novo livro Tex no Brasil – Justiça a Qualquer Preço –, no qual conta muitos detalhes, suas várias e muitas publicações aqui no Brasil, excelente para os admi-radores do herói, funcionando como uma espécie de manual. E será melhor ainda para leitores que preten-dem conhecer mais ainda sobre este universo. Para adquiri-lo via facebook, entre no grupo Tex Willer – Águia da Noite – ou pelo e-mail [email protected]. Em 2010, já tinha lançado seu primeiro livro: Tex no Brasil. Além destes, ele criou, já com seis edições, a ExpoTex, onde anualmente expõe gi-bis nacionais e importados, pôsters, livros e outros souvenires sobre o caubói. Marca presença em even-tos como HQPB (João Pessoa) e Fest Comix (SP). Na medida do possível, ainda arranja tempo para participar de lançamentos, palestras e exposições em outras localidades Brasil afora e ainda tem tempo de tietar com os artistas de Tex, diretos da Itália em visitas ao Brasil. Isso é que é fã. Participei do lan-çamento deste e deu pra sentir a emoção quando o autor se refere ao personagem, que ele tem prazer em colecionar e admirar. Tex é sinônimo de “justiça, honestidade e amizade”! Os leitores de Tex sabem muito bem do que estou falando, e seria muito bom se nossos políticos “honestos” lessem também. J.F.

Com o sucesso do filme Edward Mãos de Tes-oura, o diretor Paul Norman, que de besta não tem nada, inclusive, além de dirigir também atua no filme como o pai da família, resolveu tirar uma casquinha, lançando Edward Penis-hands. O filme tem como base a história origi-nal, só mudando algumas coisas. Ao encontrar Edward num casarão abandonado, a atriz Sikki Sixx não resiste à tentação das mãos do garoto, transando enlouquecidamente com ele. Edward, ao invés de tesouras, tem um pênis em cada mão. Depois, ela o leva para a casa dela. No decorrer do enredo, sua filha, interpretada por Jeanne Fire, inicia uma transa profunda com sua amiga Alexandria Queen, por sinal, uma das melhores cenas do filme. À noite, Jeanne toma um susto ao se deparar com Edward, mas sua mãe a tranquiliza, dizendo que só quer ajudar o rapaz. No outro dia, as amigas de Sikki levam Edward, alegando que prepararam um jantar para ele, mas, na verdade, todas querem des-frutar das mãos do rapaz, transando de todas as formas imaginadas. O filme termina com Jeanne levando Edward para a sala da casa, onde existe uma lareira e utilizando-se das mãos habilidosas de Edward. Em termos de paródia, esse filme foi o mais comentado na década de 1990.B.L.

Editora: Independente Páginas: 228

Formato: 15x 21Ano: 2012

Preço : R$ 40,00

Max Brooks, autor do genial Guia de Sobrevivên-cia aos Zumbis, fez a lição de casa e, num tom in-vestigativo, reuniu testemunho dos sobreviventes ao holocausto que durou 10 anos. O livro conta a história de um agente americano da comissão pós guerra das Nações Unidas que coleta informações de vários cantos do mundo, afim de entender o que realmente aconteceu. O primeiro relato começa com a história de um zumbi que mordeu um garoto na China, daí começa a proliferação do vírus. O gov-erno tenta conter (lembra a gripe suína),e acontece o contrário: o vírus ultrapassa fronteiras e segue mundo afora. Daí em diante, só mazela, começando o que é chamado de “O Grande Pânico”: a invenção de uma vacina fraudulenta, dando a sensação de segurança, a mídia corporativa com descaso quanto ao assunto, canibalismo humano, reality shows macabros. O governo consegue negociar com a melhor mercadoria do mundo, o medo. As coisas ficam de mal a pior, até encontrarem a alma que elabora o plano para erradicar os mortos-vivos: Paul Redeker. O cara que bolou o apartheid, perfeito! Quer se livrar de negros? Chame o Paul. Quer se livrar de zumbis?Chame o Paul. O plano consistia em sacrificar pessoas para um bem maior, mais ou menos como em um naufrágio onde o bote salva-vidas simplesmente não teria espaço para todos. Redeker chegou a ponto de calcular quem deveria “subir a bordo”, numa lista que incluía renda, QI, fertilidade e “características desejáveis”.Daí em diante, o mundo adota o plano Redeker ou versões melhoradas. O livro trata da inabilidade governa-mental, em que nações saem vitoriosas, e outras, não, com o inimigo que não tem trégua ou termo de paz, como disse o próprio autor: “A falta de pensa-mentos racionais sempre me amedrontou quando se trata de zumbis, a ideia de que não há meio-termo ou espaço para negociação. Isto sempre me aterrorizou. Claro que isto pode ser aplicado a um terrorista, mas também pode ser empregado a um furacão, ou a uma pandemia de gripe, ou ainda a uma ameaça de ter-remoto com a qual eu convivi tendo crescido em Los Angeles.Todo e qualquer tipo de extremismo des-cerebrado me assusta, e estamos vivendo em tempos bem extremos”. O grande mérito são os relatos de uma honestidade que finge ser não ficcional, ponto para Brooks. A produtora Plan B, do ator Brad Pitt, já comprou os direitos do livro, e o filme sai em julho de 2013. Mais outro ponto para Brooks.A.S.

Enquanto isso, na redação...

Zumbilandia Atrás da PortaVerde

JARDIM ELÉTRICO

Todas as quintas, das 20 às 22 horas, na Tabajara FM -

105,5

www.radiotabajara.pb.gov.br