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1 Ano IX O PESQUISADOR O PESQUISADOR O PESQUISADOR O PESQUISADOR MAÇÔNICO MAÇÔNICO MAÇÔNICO MAÇÔNICO O Pesquisador Maçônico O Pesquisador Maçônico O Pesquisador Maçônico O Pesquisador Maçônico Fundação: Janeiro/2001 Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: I.: Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: I.: Registrado na ABIM sob o n.º 060-J Os conceitos emitidos nos artigos aqui apresentados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Informativo Cultural da SESTHO, e A. . . R. . .L. . .S. . . e de Instrução Renascimento n.º 08 Rua Nicola Aslan, 133 / Braga – Cabo Frio (RJ) – CEP: 28.908 - 235 e-mail: [email protected] EDITORIAL Senhor é Maçom?, Esta deve ser a primeira pergunta de um telhamento REAL; ou, ao menos, deveria. Na vida quotidiana (REAL), esta pergunta deverá ser respondida com segurança, independente de qual Grau possua, pois se você: Se preocupa com seu semelhante, procurando abrir-lhe caminhos que lhe assegurem felicidade, justiça, paz, prosperidade, desenvolvimento, liberdade, igualdade e fraternidade; Se o sofrimento alheio o incomoda e indigna; Se “policia” diuturnamente, a fim de evitar magoar seu semelhante. E, quando o magoa, procura amenizar sua angústia, tendo a humildade de lhe pedir desculpas; mas se, ao contrário, é o magoado, procura entender e aceitar as desculpas de quem o ofendeu –sem ser subserviente; Procura, constantemente, se aprimorar ética, moral e espiritualmente; Entende que foi Iniciado, mas que sua verdadeira Iniciação continua por toda a sua vida; Entende que não se paga o ódio com o ódio, mas sim com amor; Procura ser justo e íntegro para com TODOS os que o cercam, independentemente de laços familiares ou de amizade; Entende que o conhecimento adquirido de nada serve, se não puder ser dividido e compartilhado com quem não os possui; Compreende que sua atual posição social, situação financeira – por melhor que seja – os cargos que possua, são todas fugazes; Entende que a procura da Verdade a que nos empenhamos, nada mais é do que a busca da felicidade e a compreensão da grandeza do significado do Grande Arquiteto do Universo (DEUS). Então você poderá responder: _ Os que me conhecem, me reconhecem como MAÇOM, sim! Carlos Alberto dos Santos/ M. . .I. . . ÍNDICE Pág. 2 e 3 Pág. 2 e 3 Pág. 2 e 3 Pág. 2 e 3 Nos Arquivos de Nicola Aslan Pág. 4 Pág. 4 Pág. 4 Pág. 4 e 5 e 5 e 5 e 5 Curiosidades Pág. Pág. Pág. Pág. 6 Para Pensar Pág. 7 Pág. 7 Pág. 7 Pág. 7 Para Pensar 2 Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Gr. Dic.Enciclopédico de Maç. e Simbologia (Nicola Aslan) Biblioteca Pág. 9 Pág. 9 Pág. 9 Pág. 9 Polindo a Pedra Bruta Pílulas Maçônicas Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 a 14 História Pura Pág. Pág. Pág. Pág. 15 15 15 15 Ecos do Passado Pág. 16 Pág. 16 Pág. 16 Pág. 16 Depoimento Pág. 17 a 3 Pág. 17 a 3 Pág. 17 a 3 Pág. 17 a 30 CADERNO DE TRABALHOS – De Estudos e Pesquisas n.º 58Jan./Fev.. 2009 O

Jornal+nº+58

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Ano IX

O PESQUISADOR O PESQUISADOR O PESQUISADOR O PESQUISADOR MAÇÔNICOMAÇÔNICOMAÇÔNICOMAÇÔNICO

O Pesquisador MaçônicoO Pesquisador MaçônicoO Pesquisador MaçônicoO Pesquisador Maçônico

Fundação: Janeiro/2001 Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: I.: Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: I.: Registrado na ABIM sob o n.º 060-J Os conceitos emitidos nos artigos aqui apresentados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Informativo Cultural da SESTHO, e A... R...L...S... e de Instrução Renascimento n.º 08 Rua Nicola Aslan, 133 / Braga – Cabo Frio (RJ) – CEP: 28.908 - 235 e-mail: [email protected]

EDITORIAL

Senhor é Maçom?, Esta deve ser a primeira pergunta de um telhamento REAL; ou, ao menos, deveria. Na vida quotidiana (REAL), esta pergunta deverá ser respondida com segurança,

independente de qual Grau possua, pois se você: • Se preocupa com seu semelhante, procurando abrir-lhe caminhos que lhe

assegurem felicidade, justiça, paz, prosperidade, desenvolvimento, liberdade, igualdade e fraternidade;

• Se o sofrimento alheio o incomoda e indigna; • Se “policia” diuturnamente, a fim de evitar magoar seu semelhante. E,

quando o magoa, procura amenizar sua angústia, tendo a humildade de lhe pedir desculpas; mas se, ao contrário, é o magoado, procura entender e aceitar as desculpas de quem o ofendeu –sem ser subserviente;

• Procura, constantemente, se aprimorar ética, moral e espiritualmente; • Entende que foi Iniciado, mas que sua verdadeira Iniciação continua por

toda a sua vida; • Entende que não se paga o ódio com o ódio, mas sim com amor; • Procura ser justo e íntegro para com TODOS os que o cercam,

independentemente de laços familiares ou de amizade; • Entende que o conhecimento adquirido de nada serve, se não puder ser

dividido e compartilhado com quem não os possui; • Compreende que sua atual posição social, situação financeira – por melhor

que seja – os cargos que possua, são todas fugazes; • Entende que a procura da Verdade a que nos empenhamos, nada mais é

do que a busca da felicidade e a compreensão da grandeza do significado do Grande Arquiteto do Universo (DEUS).

Então você poderá responder: _ Os que me conhecem, me reconhecem como MAÇOM, sim!

Carlos Alberto dos Santos/ M...I...

ÍNDICE

Pág. 2 e 3Pág. 2 e 3Pág. 2 e 3Pág. 2 e 3

� Nos Arquivos de Nicola Aslan

Pág. 4 Pág. 4 Pág. 4 Pág. 4 e 5e 5e 5e 5

� Curiosidades

Pág. Pág. Pág. Pág. 6666

� Para Pensar

Pág. 7Pág. 7Pág. 7Pág. 7

� Para Pensar 2 Pág. 8Pág. 8Pág. 8Pág. 8

� Gr. Dic.Enciclopédico de Maç. e Simbologia (Nicola Aslan)

� Biblioteca

Pág. 9Pág. 9Pág. 9Pág. 9

� Polindo a Pedra Bruta � Pílulas Maçônicas

Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 Pág. 10 aaaa 11114444

� História Pura

Pág. Pág. Pág. Pág. 15151515 � Ecos do Passado

Pág. 16Pág. 16Pág. 16Pág. 16

� Depoimento

Pág. 17 a 3Pág. 17 a 3Pág. 17 a 3Pág. 17 a 30000 � CADERNO DE

TRABALHOS – De Estudos e Pesquisas

n.º 58–Jan./Fev.. 2009

OOOO

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NOS ARQUIVOS DE NICOLA ASLAN

O ESPÍRITO MAÇÔNICO (1ª Parte)

(Palestra realizada no Grande Oriente do Brasil, em 1971)

Nicola Aslan

A Maçonaria, que tem como principal finalidade o aprimoramento moral e intelectual de seus adeptos, busca alcançar a consecução de seus propósitos através da Iniciação. Por meio da ensinança e da disciplina que o método iniciático comporta, o Maçom transforma-se em um pensador; a sua intuição afina-se, permitindo-lhe a percepção clara e imediata das coisas, podendo assim construir por si mesmo o edifício de suas convicções pessoais. Torna-se-lhe, então, mais fácil estabelecer as reais proporções existentes entre a criatura e o Absoluto, entre o conhecimento humano e o Conhecimento, ele mesmo sujeito a limitações frente ao Incognoscível. Resulta deste método a revelação iniciática, a visão interior do Iniciado, adquirida pela mais íntima das emoções, o que a transforma em algo de ordem absolutamente pessoal. O Iniciado compreende, então, com toda clareza, a origem e o destino do homem e este conhecimento é, todavia, secreto e portanto indizível.É o que constitui o famoso e ao mesmo tempo impenetrável segredo da Maçonaria, tão procurado pelo inquisidores e aos quais nunca foi revelado. Pela sua própria natureza, esse segredo não se presta a uma traição. Produto da iluminação subjetiva de cada Maçom, a revelação iniciática transforma-se, como dizia Albet Lantoine, em uma “música interior”, que pode ser ouvida, mas não interpretada. Escrevia a esse respeito Marius Lepage em “L’Ordre et les Obédiences”: “Cada qual não a sente como o seu vizinho e Irmão. Alguns não a sentem nunca. Mas que importa. Pelo único fato de terem sido recebidos no Templo Maçônico, eles entraram na Ordem e, sem o saber, talvez, participam de sua glória. “Quanto aos que vivem realmente a sua vida maçônica interior, podem eles reivindicar estas linhas escritas há mais de duzentos anos: “... Concebo perfeitamente que qualquer outro que um Maçom, entreter-se-ia apenas de muitas coisas que parecem fazer as delícias de sua Sociedade; mas tudo isto é uma questão de sentimento fundado sobre a experiência. Quando se é Maçom, tudo o que concerne à Ordem afeta singularmente o espírito e o coração. O que seria insípido para um profano, torna-se um prazer muito vivo para um Maçom: é um efeito bem definido do que se chama uma graça de estado...” “Estas frases reproduzem com tanta realidade a expressão da verdade espiritual do Maçom que “compreende bem a sua arte”, que somos obrigados a constatar, mais uma vez, que o espírito sopra onde quer. “Graça de estado! É o que outros chamam de “eleição”, o que explica porque tantos títulos maçônicos incorporaram o vocábulo “Eleito”.- É preciso ser “eleito” para incorporar em si o “espírito” da Ordem, para senti-lo penetrar-vos mesmo na mais banal (ousaria dizer “profana” se este termo não fosse, aplicado a uma Loja, quase sacrílego) das Lojas”. Maçonaria é, portanto, disposição de espírito, produzindo uma mentalidade especial, adquirida pelos Maçons ao contato com o Ritual e o convívio maçônico, chamada “o Espírito Maçônico”, segundo alguns, “o maçonismo”, de acordo com Oswald Wirth. Eis como “o Espírito Maçônico” é definido pelo Ir:. Dr. A.Blatin, grande Maçom francês dos princípios do séc. XX:

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“O Espírito Maçônico é feito de sentimento profundo de afeto e solidariedade que deve unir a todos os Maçons, do desprezo dos preconceitos que governam a maioria dos homens, do amor a nossa Ordem e do respeito às tradições que fazem sua força, da submissão às nossas formas ritualísticas que constituem a mesma disciplina, da compreensão dos nossos símbolos donde decorrem os nossos mais elevados ensinamentos de filosofia e de moral”. “Se há uma coisa que os Maçons não devem esquecer é que eles estão solidamente unidos uns aos outros sobre toda a superfície do Globo, unicamente pelos seus rituais e pelos seus símbolos. As questões de ordem profana, sobre as quais eles têm o direito de ter opinião diferente, só podem dividi-los quando não são por eles prudentemente abordados, segundo as prescrições ritualísticas da Ordem, porém jamais poderão contribuir para que a sua união seja fortalecida. A história e a ciência demonstram que o único laço bastante poderoso para manter uma estreita união fraternal entre os homens que diferem, muitas vezes, profundamente uns dos outros pela sua educação, seus conhecimentos, seus costumes, sua nacionalidade, sua raça e sua linguagem, encontra-se na prática de usos comuns”. “A existência de nossa Ordem, a sua influência na Mundo, o aperfeiçoamento dos homens e a aproximação das Nações que ela pretende, dependem, portanto, antes de tudo, do respeito desses usos comuns que nenhum Maçom tem o direito de negligenciar ou de enfraquecer sem faltar aos juramentos livremente prestados. Compreende-se, então, com que escrúpulos e com que perseverança as nossas Oficinas Maçônicas devem estudar os nossos Rituais e os nossos Símbolos e aprender a tirar partido dos ensinamentos que deles decorrerem. Em toda parte onde este estudo foi descuidado, não existem mais Iniciados no verdadeiro sentido da palavra. Não há mais que profanos disfarçado em Maçons.” O Espírito Maçônico forma-se no interior das Lojas. É dentro delas, de fato, que se dá o início ao desbaste da Pedra Bruta e onde se verifica o primeiro contato com outros homens, tão dessemelhantes entre si por tudo aquilo que forma as diferenças entre os homens, e com os quais devem ser estabelecidos laços de união e de fraternidade. O primeiro requisito para a formação do Espírito Maçônico é a humildade. E é para que fique bem gravada no espírito de seus adeptos que os Candidatos à Iniciação são colocados em estado de seminudez e despojados de todos os metais. Por este meio, a Maçonaria simboliza o total abandono de todas as prerrogativas e privilégios alcançados no mundo profano, onde, muitas vezes, as roupas estabelecem as diferenças sociais e hierárquicas. A seguir, o Recipiendário bate à porta do Templo e pede humildemente que lhe seja dada a Luz; passa por provas que a Maçonaria utiliza, não para humilhar o postulante, mas como apelo à sua humildade, ao mesmo tempo que o nivela e iguala aos que o antecederam. Durante o desenrolar da Cerimônia de Iniciação, são ministrados ao Candidato toda espécie de ensinamentos morais e as perguntas a que é submetido têm por finalidade aquilatar os seus sentimentos, moralidade e cultura. Explicam-lhe os ideais perseguidos pela Maçonaria e exigem-lhe um juramento solene com o compromisso de guardar todos os segredos que lhe serão confiados. O juramento é dramático e comporta em seu texto os castigos reservados aos traidores. Muitas Lojas utilizam, ainda, o costume de submeter os Candidatos, antes e durante a Iniciação, a toda espécie de brincadeira de mau gosto e mesmo certas brutalidades. Condenamos veementemente semelhantes procedimentos que, se de um lado afastam da Ordem muitos orgulhosos, afugentam também, do outro, muitas almas particularmente sensíveis. Todo Cerimonial de Iniciação pretende nivelar o Recipiendário aos demais componentes da Ordem, entre os quais será considerado como mais um Irmão. Não obstante, o Neófito é colocado no último degrau de uma hierarquia estabelecida sobre conhecimentos exclusivamente maçônicos, mais facilmente assimilados por aqueles que possuem conhecimentos profanos. É-lhe facultado ascender a todos os degraus da hierarquia maçônica, mas só o conseguirá pela sua dedicação à Ordem, os esforços que desenvolver e os méritos pessoais, não, porém, pelas posses e títulos que ostenta no mundo profano. Isto ocorre algumas vezes, mas são exceções que apenas confirmam a regra. Tão necessária é a humildade na formação do Espírito Maçônico que é recomendada particularmente em alguns Altos Graus, aos quais ela serve de base. Obs:. Continua no próximo número: “O Espírito Maçônico” (2ª Parte). N.: E.: Artigo inédito. Para maiores esclarecimentos, ler explicações na edição de nº 39.

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CURIOSIDADES

SIMBOLISMO MAÇÔNICO NA BANDEIRA DO RIO GRANDE DO SUL

Ir.: Paulo César Lima Tigre / Ap.:(*)

O mês de Setembro tem uma grande importância para o Rio Grande do Sul. É data máxima do Estado e do povo. Reverenciar a Revolução Farroupilha – marco da história e da formação política da sociedade Rio-Grandense. As comemorações da Revolução Farroupilha envolvendo seus diversos segmentos sociais relembram a guerra dos farrapos contra o Império (1835-1845). Por este pavilhão regional lutamos em favor do orgulho de sermos um povo corajoso, com ideais e virtudes, cultivando uma cultura de manter e relembrar-nos 20 de Setembro do sentimento de resistência, liberdade e patriotismo. A 1º aparição do lábaro Rio-Grandense deu-se em Piratini no dia 6/11/1836, no cortejo solene em direção à igreja ,após a eleição do presidente da república, o então Coronel Bento Gonçalves da Silva. Pelo decreto de 12/11/1936, foi adotado oficialmente o pendão da República Rio-Grandense como escudo de armas. A autoria da bandeira Rio Grande do Sul foi do Major José Mariano de Mattos, P∴M∴ da A∴R∴L∴S∴ Philantropia e Liberdade do Vale de Porto Alegre, mas planejada e desenhada pelo profano Bernardo Pires. Foi esta, mandada confeccionar nos Estados Unidos e na França, retornando ao RS só 2 dias depois da paz de Ponche Verde. Ainda sobre a bandeira republicana, discute-se muito o significado de suas cores, entre os tantos significados que atribuem, preferi o que foi editado em 21 de Fevereiro de 1837, no jornal da época chamado "O Republicano", que consta na obra da Revolução Cisplatina, de Alfredo Varela. Diz a nota, que o verde significa a esperança republicana de manter a sua independência, o amarelo é um sinal de firmeza e resolução nos seus planos e o vermelho o prenúncio que lutarão contra quaisquer que os queiram dominar. O Vermelho é a cor republicana. Embora, folcloricamente, se disseminou a idéia do verde e amarelo imperiais separados pelo vermelho republicano. Em seu centro repousa o Escudo Rio-Grandense, este está sobreposto a: Quatro Bandeiras tricolores (verde, vermelho e amarelo) entrecruzadas duas a duas com hastes rematadas de Flor de Lis invertidas, de Ouro. As duas Bandeiras dos extremos estão decoradas com uma Fita Vermelha com bordas de Ouro, atada junto à ponta Flordelisada. Uma Lança de Cavalaria, de Vermelho, rematada por uma Flor de Lis, de ouro, entre quatro fuzis armados de Baionetas de Ouro. Um escudo oval, tendo duas colunas plantadas sobre rochedos, e, no meio delas, um losango com rosáceas às pontas e um quadrado, em que o barrete (cobertura da cabeça) frígio republicano repousa sobre uma haste, em dois ramos. Na Flor de Lis, as três pontas simbolizam Deus, Pátria e Família. O barrete frígio se encontra entre rosáceas simbólicas, que, mais tarde, se transformarão em estrelas. Essas rosáceas são as Sephiroth da Cabala, como se pode facilmente verificar na gravura colorida que abre o cap. XXI da grande obra de Manly P. Hall, "Encyclopedia of Masonic, Hermetic and Rosicrusian Symbolical Philosophy". O losango nada mais é do que a representação dos dois triângulos que formam a chamada Estrela de David. Estão unidos pela base e significam o dualismo maniqueu, a igualdade do Bem e do Mal, em luta constante. O rochedo nada mais é que a representação da Pedra Bruta: “o homem tal qual o fez a natureza e a sociedade", ensina Henri Durville, em "Os Mistérios da Maçonaria e das Sociedades Secretas". O Ir∴ Dario Veloso, em "O Templo Maçônico",

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considera a Pedra Bruta o estado primitivo, ignorância, paixões, egoísmo e, acrescenta: "trabalha com ardor na Pedra Bruta e verás brilhar a Estrela Flamejante". As duas colunas são as que estão em todas as Lojas. As Colunas do Templo simbolizam dois princípios de equilíbrio social: Tolerância e Solidariedade. Na família, representam o Homem e a Mulher, cujo antagonismo se resolve pelo Amor. Analogicamente, representam ainda: a Razão e a Fé; a Ciência e a Religião; o Bem e o Mal; a Luz e as Trevas." Uma delas, J, é o Espírito, e a outra B, é a Matéria: o Ativo e o Passivo, a Liberdade e a Necessidade."(Segundo Gustavo Barroso, in "História Secreta do Brasil", reproduzido por Morivalde Calvet Fagundes, na obra "Rocha Negra, a Legendária"). O Simbolismo da Bandeira segundo o Conde Tito Lívio Zambeccari (republicano italiano que veio para o Rio Grande do Sul e lutou ao lado dos revolucionários, sendo braço direito do General Bento Gonçalves, mas segundo alguns autores, desenhou a bandeira em Buenos Aires).diz que: Na Bandeira, os triângulos retângulos, de cores verde e amarela, figuras geométricas da perfeição; o quadrilongo central em vermelho, representação do mundo na concepção dos antigos. Assim, na linguagem do pavilhão, o mundo das lutas presentes, tinto de sangue, é a base ao mesmo tempo do progresso material, representado pelo triângulo cor de ouro, e da perfeição moral, pelo triângulo cor da esperança. No Escudo, as Colunas de Hércules, o "nec plus ultra" (“O limite não deve ser ultrapassado”) da marcha aparente do Sol, significando que o Poder e a Sabedoria de Deus estão acima dos julgamentos dos homens; as romãs (não balas de canhão antigo como consta da lei que instituiu a Bandeira atual) que as encimam, imagens da harmonia social; nos triângulos do quadrilátero, as estrelas flamígeras de cinco pontas, designação da quinta essência universal, do espírito animador de todas as coisas; o barrete frígio, emblema da República e da liberdade; a espada (e não o sabre) que o sustenta, símbolo da justiça e da inflexibilidade no cumprimento da lei ou ainda relacionado ao Cobridor Externo do Templo; os ramos de acácia (e não de fumo e erva-mate), evocação do florescimento das idéias que devem encher de beleza a vida dos homens. O número três, o número místico das idades sagradas, está nas suas cores, nos seus desenhos e, ainda, ao sopé do escudo, no dístico da República, inspirado na Revolução Francesa. (Da Peça de Arq. do Irm. Maximiano Pombo Cirne em 19/09/1975 na A. R. L. S. "Província de São Pedro", citando "Garibaldi e a Guerra dos Farrapos", obra de Lindolfo Collor.) Sobre o dístico "Liberdade, Igualdade e Humanidade": Sobre o lema "Liberdade, Igualdade e Humanidade" que completa o brasão, uma interpretação fundamentada: ao contrário do que muitos pensam, o lema da I República, instaurada pela Revolução Francesa em 1789, era "Liberdade, Igualdade ou Morte". Somente na II República (1848-1852) é que surgiu a "tríplice divisa", "Liberdade, Igualdade, Fraternidade", depois adotada pela Maçonaria Francesa. Como a Revolução Farroupilha ocorreu entre as I e II Repúblicas Francesas, acredita-se que os Maçons Farroupilhas resolveram substituir a palavra "morte" por um conceito mais adequado às elevadas aspirações maçônicas e à própria revolução. Para a Maçonaria, "Humanidade" representa os ideais de fraternidade e amor entre todos os seres humanos, objetivo permanente a ser alcançado.

“Continuarei no trilho da honra e do dever, na certeza de que o sopro da maldade jamais ofuscurá o brilho da verdadeira

virtude”

Gal. Bento Gonçalves da Silva – 18 de Setembro de 1835 da E∴V∴

Que o G∴A∴D∴U∴ nos mantenha fortes, aguerridos e bravos, construindo templos à virtude, na busca de sermos

sempre homens livres, iguais e fraternos.

(*) Membro da:

AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA CIDADE DE HAMBURGO-110. Jurisdicionada a Muito Respeitável Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul.

Rua Cinco de abril, 298 – Bairro Rio Branco – Novo Hamburgo-RS. Lema: “Virtude et Silentio”.

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PARA PENSAR

PORQUE MORREM AS LOJAS E CORPOS MAÇÔNICOS ?

As Lojas e os Corpos Maçônicos morrem pela observância e inobservância de quaisquer das ações e atitudes seguintes: 01. Por não se frequentar os seus trabalhos; 02. Pela falta de energia do Venerável; 03. Pela falta de atividade do Secretário; 04. Pela falta de empenho do Tesoureiro; 05. Por não se chegar nunca na hora do início dos trabalhos; 06. Por não se querer aceitar cargos; 07. Por se estar sempre disposto a criticar e nunca disposto a fazer; 08. Por procurar-se em encontrar sempre algum defeito nos trabalhos da Oficina; 09. Por desgostar-se em não ser indicado para integrar alguma Comissão; 10. Por não se desempenhar seu trabalho; 11. Por não se emitir opinião franca e leal sobre os assuntos consultados, e, criticar, depois, a alternativa seguida; 12. Por pensar e exteriorizar opinião que desabone oficiais e dignidades; 13. Por ser intempestivo, arrogante, vaidoso ao ponto de não reconhecer seus próprios erros; 14. Por fazer-se uso da palavra para agredir e tratar assuntos políticos e religiosos, proibidos em Loja; 15. Por acreditar-se perfeito, infalível e superior; 16. Por aspirar-se a todos os direitos e não se cumprir com os deveres; 17. Por não se praticar na vida profana a conduta que devemos ter com os Irmãos; 18. Por não se respeitar as opiniões nem os direitos maçônicos e profanos, civis, econômicos e sociais, de todos os Irmãos; 19. Por acreditar-se que o nossos Irmãos tem obrigações e nós, somente direitos; 20. Por semear-se ressentimentos entre os membros; 21. Por exaltar-se a vaidade de um Irmão às custas de outro; 22. Por discutir-se sem ilustrar; 23. Por trabalhar-se sempre para si próprio; 24. Por fazer-se monótonas as reuniões; 25. Por negar-se sistematicamente todo esforço em prol da Oficina; 26. Por falta de disciplina; 27. Por converter-se a Loja, numa sala de conversa após abertos os trabalhos; 28. Por fazermos eco de aversões contra um irmão em vez de defendê-lo; 29. Por converter em sementeira de rivalidades e ódios o que deveria ser um sulco compacto de fraternidade e de perene harmonia; 30. Por dizer-se, hipocritamente, em Loja "O Q:. Ir:. fulano de tal" e dizer, maldosamente na rua "o sem vergonha fulano de tal"; 31. Por ser intransigente em tudo, até para pagar as mensalidades; 32. Por desejar-se ser sempre Venerável ou quando menos Vigilantes e nunca Secretário, Tesoureiro ou Guarda Externo. 33. Por apatia e falta de lealdade aos juramentos. Jose. R. Mira, MI - Traduzido da Revista Masónica de Chile, Ano XXVlll, nºs 1 e 2 — 1951.— 1951.

"A MAÇONARIA é UNIVERSAL - SEM FRONTEIRAS, em qualquer ORIENTE, de qualquer RITO, de qualquer POTÊNCIA, somos todos IRMÃOS".

TFA

Ir Lauro Lustosa Vieira Secretário [61] 81688653

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PARA PENSAR 2

MAÇONARIA E MEDIOCRIDADE Francisco Batista Torres de Melo (*)

A nossa instituição busca a excelência da VIDA e combate a MEDIOCRIDADE . Quando afirmamos que devemos desbastar a pedra bruta, significa que o aperfeiçoamento do nosso interior é o fundamental para a grandeza do HOMEM e da MAÇONARIA. O exercício da ARTE REAL só poderá ser perfeito com o GRANDE HOMEM que é o verdadeiro MAÇOM. O HOMEM GRANDE é tranqüilo, paciente e pensa no futuro. O HOMEM MEDÍOCRE é frio, invejoso e só pensa nele. O HOMEM GRANDE não é vaidoso. O HOMEM MEDÍOCRE tem essa característica; julga-se superior e faz questão de se mostrar o inteligente, mas suas conversas ficam no plano da baixeza moral. No trato com as pessoas, o MEDÍOCRE é arrogante e o HOMEM GRANDE é simples, humilde e capaz de ouvir e entender os problemas humanos. O HOMEM GRANDE orgulha-se de ser político e luta pelo BEM DA HUMANIDADE;o MEDÍOCRE afirma não suportar essa palavra, mas é o grande aproveitador da POLITICAGEM, pois não busca o BEM COMUM. Quando um povo é dirigido por HOMENS MEDÍOCRES sofrem todas as desgraças e quando é governado por HOMENS GRANDES vem o progresso e a felicidade. O HOMEM GRANDE reconhece na mulher a grande companheira e viga mestra de sua vida e da família. O HOMEM MEDÍOCRE a considera como uma pessoa que apenas lhe faz companhia e não valoriza. Normalmente o MEDÍOCRE é o conquistador barato e procura se mostrar como o tal nas rodas que frequenta. O HOMEM GRANDE ama, pois pensa no próximo. O HOMEM MEDÍOCRE odeia, pois não pode admitir a existência de alguém que lhe faça sombra. O primeiro estende a mão aos que necessitam; já o segundo menospreza, denigre e até levanta infâmia contra os mais capazes e humildes. O MEDÍOCRE adora a sombra e o HOMEM GRANDE, idolatra a luz. O HOMEM GRANDE reconhece seus erros, pois não se considera o dono da verdade. O HOMEM MEDÍOCRE é a própria verdade. Quando fala, coloca o peito para fora para que o ar o encha, pois o vazio é a sua característica; no nosso simbolismo temos os seguintes instrumentos: RÉGUA, MAÇO, CINZEL, ALAVANCA, ESQUADRO, MALHO, CORDEL, O LÁPIS E O COMPASSO. Com esses instrumentos o HOMEM GRANDE CONSTRÓI CATEDRAIS e o HOMEM MEDÍOCRE as destrói. No nosso simbolismo os três primeiros instrumentos de trabalho representam a busca do aperfeiçoamento material. Os outros três tentam atingir a grandeza intelectual e os três últimos o brilho da espiritualidade. O HOMEM GRANDE é a síntese da magnificência dos três planos da existência humana. O HOMEM MEDÍOCRE não consegue se despregar do egoísmo do primeiro plano. Nossa Instituição é, portanto, uma GRANDE ESCOLA de formação de homens. Nesta escola, educa-se o HOMEM GRANDE e expurga-se o HOMEM MEDÍOCRE. Não é uma formadora de santos, mas procura engrandecer o BEM e fazer com que o HOMEM GRANDE lute pelo BEM COMUM DA HUMANIDADE e que o espírito seja cheio de LUZ. Observação: Penso que este artigo esclarece muitos pontos que tenho visto na INTERNET. Há os “donos da verdade” que usam termos chulos e grosseiros e há os GRANDES que engrandecem o espírito. É uma ajuda.

(*) O Irmão é Presidente do GRUPO GUARARAPES

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GRANDE DICIONÁRIO ENC. DE MAÇONARIA E SIMBOLOGIA

NICOLA ASLAN

TÁBUA DE ESMERALDA– Segundo uma tradição, Hermes Trismegistos foi encarregado de condensar a síntese e a substância da sabedoria egípcia, tendo-a resumido em proposições que foram, de acordo com essa tradição, gravadas sobre uma tábua de esmeralda. Desde então, por extensão, deu-se o nome de Tábua de Esmeralda a estas mesmas proposições, que podem ser encontradas no princípio de todos os tratados de alquimia. São os seguintes os axiomas que formam a base do conhecimento hermético:

• De fato: - isto é sem falsidade, certo e mui verdadeiro. O que é embaixo é como o que é em cima e o que é em cima é como o que é embaixo para fazer os milagres de uma só coisa. É como todas as coisas foram originárias de Um, pelo pensamento de Um, assim todas as coisas nasceram desta coisa única, por adaptação. O Sol é seu pai; a Lua sua mãe e o vento a levou ao seu seio, a terra nutre-a; o pai de Tudo, o Telesma, de todo o mundo está nisto; a sua força é total se está convertida em terra. Separará a terra do fogo, o sutil do espesso, docemente, com todo o cuidado. Sobe da terra ao céu e de novo desce do céu à terra e recebe a força das causas superiores e inferiores. Assim terás a glória de todo o mundo e toda a obscuridade se agastará de ti. É a força forte de toda a força porque ela vencerá toda a coisa sutil e penetrará toda a coisa sólida. Assim foi criado o mundo. Daqui saíram admiráveis adaptações, cujo meio é este. Por isso, fui chamado Hermes Trismegistos possuindo as três partes da Filosofia do mundo total. Está concluído o que eu disse da operação do sol .

Muitas foram as interpretações apresentadas sobre os axiomas da Tabula Smaragdina por alquimistas, hermetistas e ocultistas. Em 1940, o Dr. Adolfo Weiss dedicou o seu livro “La Esfinge Develada”, à análise do conteúdo da Tábua, “cujo sentido, diz o autor, não nos foi revelado até o descobrimento da estrutura do átomo”. Este texto, relativamente curto tem sido comentado, desde a sua aparição na Europa, durante a Idade Média, no meio de outras obras atribuídas a Hermes, por todos os alquimistas. Segundo eles, a Tabula Smaragdina, como a chamavam em latim, teria sido gravada sobre uma esmeralda pelo próprio Hermes, tendo sido encontrada no seu túmulo.

Carlos Alberto dos Santos Editor

BIBLIOTECA Manual de BANQUETE RITUALÍSTICO

Ir.: Paulo Roberto Marinho de Almeida

Meus IIr.: Uma excelente obra sobre este tema (Loja de Mesa), que vem se somar à outras, notadamente à do Mestre Castellani sobre o mesmo tema. O livro aborda história, liturgia e resgata antigas tradições, por narrativas do surgimento dos primeiros ágapes fraternais e dos brindes de saúde simulando salvas de tiros e canhões; descreve a origem dos brindes iniciados por nossos Irmãos militares franceses e ingleses e sua propagação pela Europa, Estados Unidos e Brasil. Toda Loja deveria ter um manual de Loja de Mesa; e, se a sua não possui um, recomende que a mesma adquira um exemplar da supracitada obra, pois, quando da necessidade de se realizar uma, este livro poderá ser a “salvação” para um excelente roteiro ritualístico sobre o tema. Abaixo, alguns dos principais tópicos abordados:

• Fogo Maçônico • Dos Ágapes Fraternais aos Banquetes • Terminologia do Banquete • Origens das Festas Solsticiais • O Cerimonial de Loja de Mesa • A Mesa • Comportamento à Mesa • Introdução à Liturgia do Banquete • Liturgia • Cadeia de União • Os Discursos nos Brindes • Etc. Editora Maçônica “A Trolha” Ltda, Londrina, 2008.

Carlos Alberto dos Santos

Editor

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polindo a pedra bruta

DA LEVEZA DA MAÇONARIA Discutíamos sobre a conveniência de a mulher pertencer ou não à Maçonaria Regular. Polarizou-se a discussão: os que defendiam sua participação e os que lhe eram contrários. Sentados estávamos; sentados continuamos. Maçonaria, contudo, foi esse embate. Respeitoso. Tolerante. Fraterno. Igual. Mudar? Permanecer? Eis a questão! Termina a reunião e posso então, falar sozinho. E pensar que a Maçonaria pode ser essa esvoaçante liberdade de pousar onde lhe convenha, sem enraizar-se sobre posições inamovíveis, separadas de outras tantas, também congeladas. Onde for, onde estiver, o espírito (ou a alma ?) maçônico certamente estará bem, desde que seus pressupostos se encaixem harmonicamente com aqueles do receptor. Que esses princípios contenham as noções de BEM e de MAL. Tolerância para as primeiras e intolerância para com as segundas. Todas as outras considerações passam a ser triviais e secundárias. Que a Maçonaria nos seja leve!

Renato Figueiredo de Oliveira (*Membro da ARLS e de Instrução RENASCIMENTO Nº 08 – GOIRJ/COMAB)..

PÍLULAS MAÇÔNICAS

DIVERSOS

• Alguém disse: “o importante não é o que se sabe, mas o que se ensina; não é o que se tem, mas o que se dá; não é o que se pode fazer, mas o que se faz”;

• “Oh! Bendito o que semeia livros, livros à mão cheia, e manda o povo pensar. O livro caindo n’alma é gérmem que faz a palma e é chuva que faz o mar” (Castro Alves);

• O que disseram... • “A coisa mais bela que o ser humano pode experimentar é o mistério. É esta a emoção fundamental que

está na raiz de toda ciência e arte” (Albert Einstein)

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS/ M.:M.(*) (*) Membro da ARLS E DE INSTRUÇÃO RENASCIMENTO N º 08

Nota do Editor: “In Memoriam”

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HISTÓRIA PURA

A MAÇONARIA NO BRASIL – DE 1816 A 1833

Ir.: Antônio da Rocha Fadista

Este trabalho é baseado em questões, cujas respostas se fundamentam nas pesquisas realizadas.

Por que D Pedro foi eleito maçom e em tão pouco tempo Grão- Mestre, e de que forma isso se fazia necessário para a independência?

Dom Pedro era um jovem de temperamento irrequieto, temperamental, e às vezes irascível. Era, sobretudo, inexperiente nas lides políticas e suas malícias. Estas facetas do caráter do príncipe foram muito bem exploradas por J.Bonifácio, que deste modo pôde usar com tamanha habilidade a sua persuasão, que conseguiu que ele, já em 17.02.1822, proibisse o desembarque, no Rio, das tropas portuguesas comandadas pelo general Jorge Avilez. Tudo era válido para influenciar e pressionar o Príncipe, para induzi-lo a fazer a independência do país. Foi isto que levou Bonifácio a convidá-lo para ingressar no Apostolado e na Maçonaria. Para isso, José Bonifácio teve, primeiro, de entrar na Maçonaria, valendo-se do prestígio do seu cargo de Ministro do Interior. Na realidade, J.Bonifácio foi um inimigo da Maçonaria, que nunca foi iniciado, e só aceitou o convite sugerido para nela ingressar visando a trazer a Ordem para a sua área de influência e para fazer dela um instrumento de prestígio junto ao príncipe, a quem convidou para nela ingressar. Em 10.04.1822 J.Bonifácio colocou a sua assinatura em uma Ordem ao Intendente de Polícia “mandando cercar por força armada os ajuntamentos da Maçonaria, prender todas as pessoas encontradas e fazer a apreensão de todos os papéis” Pouco depois de chegar de Portugal, em 1819, J. Bonifácio foi convidado para ingressar na Maçonaria carioca pelo Capitão-Mor, Irmão José Joaquim da Rocha, em cuja residência, à rua da Ajuda, 64, os maçons se reuniam. Ao convite, J. Bonifácio respondeu textualmente: “O entusiasmo da Maçonaria no Brasil não passa de fogo de palha”. E não entrou. “Organizada como estava a Maçonaria no Rio de Janeiro em 1822, foi NOMEADO para GRÃO-MESTRE da Ordem José Bonifácio, que se improvisou maçom, sem o ser” Isto é afirmado num manuscrito de Mello Mattos, contido na obra “Documentos para a História da Independência” de autoria do Cônego Geraldo Leite Bastos, falecido em 1863. Foi o Irmão Mello Mattos, iniciado antes de 1812, que recebeu o Príncipe Dom Pedro à porta do templo, quando foi iniciado maçom em 2.08.1822. Muitas vezes a Maçonaria européia aclamou profanos para o cargo de Grão-Mestre, especialmente em situações políticas difíceis, o que era o caso do Brasil na ocasião. Mesmo aclamado Grão-Mestre do GOB, José Bonifácio não morria de amores por Gonçalves Ledo, seu Primeiro Grande Vigilante, pois o sabia o chefe reconhecido e de fato do partido liberal do Rio de Janeiro, e na realidade o verdadeiro mentor e guia espiritual da Maçonaria no Brasil da época. Na ausência de José Bonifácio, foi Ledo que, dirigindo os trabalhos do GOB, propôs, e a assembléia aprovou por unanimidade, que Dom Pedro assumisse o cargo de Grão- Mestre do GOB. Isto aconteceu na sessão especial de 04.10.1822, esclarecendo Ledo ao início dos trabalhos, que a convocação fora feita para “receber o Juramento do nosso amável e muito amado Irmão Guatimosim, eleito Grão-Mestre da Maçonaria Brasileira, por aclamação, em plena reunião do Povo Maçônico....” como diz textualmente a Ata. São várias as provas de que José Bonifácio usou a Maçonaria para aumentar a sua influência sobre Dom Pedro, visando concretizar os seus projetos pessoais e familiares. Em 05.10.1822, quando o Príncipe D. Pedro dirigia os trabalhos do GOB, na qualidade de seu Grão-Mestre, José Bonifácio transmitiu ao Desembargador João Ignácio da Cunha “denúncias contra a Maçonaria, mandando aumentar o número de espiões e secretas, e ordenando a lei marcial”. Mas foi o próprio Imperador Dom Pedro I que documentou para a história como agia José Bonifácio em relação à Maçonaria. Em artigo que publicou no Diário Fluminense em 1829, sob o pseudônimo de P. Patriota, Dom Pedro escreveu: “Quem poupa os inimigos nas mãos lhes morre. Aí estão os ANDRADAS, com o velho sábio à frente. Cuidado com este, Fluminenses! Ele não fez a Independência, como vivem a basofiar os seus amigos. Foi o Imperador, com o Ledo e o Clemente Pereira, foi o Grande Oriente, do qual J. Bonifácio foi inimigo depois de ter sido seu Grão-Mestre. O velho Andrada apenas acompanhou a onda. Dom Pedro perdoou-lhe. Ele voltou, a agitação começou, o mar está bravo, mas se ele fizer conspiração como em 1823, a lei e o imperador serão inexoráveis, sem piedade para ninguém”. (Revelações Históricas para o Centenário – Assis Cintra). Na 6ª reunião do Grande Oriente, em 19.06.1822, José Bonifácio tomou posse como Grão-Mestre, mesmo sem ter sido iniciado, nem nos graus simbólicos, nem no grau de Rosa Cruz, exigência básica da época para se tornar Grão Mestre.

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Sabia bem J. Bonifácio que Ledo lhe dera o cargo de Grão-Mestre com o objetivo de fortalecer a Maçonaria e aproximá-la da Casa Real e, se aceitou a nomeação, fê-lo com a intenção de “poder fiscalizar a atividade maçônica no Brasil e dirigi-la de acordo com os seus projetos”. Na sessão de 02.08.1822, José Bonifácio propôs o Príncipe Dom Pedro para ser iniciado, proposta que foi aprovada por unânime aplauso. Sob o comando da Loja Comércio e Artes, foi Dom Pedro iniciado no mesmo dia, e em 05.08.1822 a mesma Loja faria a Exaltação do Irmão Guatimosim, que assim ficou pertencendo ao seu Quadro de Obreiros.

Por que Dom Pedro determinou a prisão dos irmãos e o fim dos trabalhos no GOB?

Em sessão realizada no dia seguinte ao de sua posse, a 05.10.1822, o novo Grão-Mestre foi saudado pelo Brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto que, de modo inflamado, o previne “contra os coléricos, os furiosos” e “os embusteiros” que “para seus sinistros fins particulares, buscam minar o edifício constitucional”. Esta já era uma previsão do golpe que estava sendo preparado e iria ser desfechado por José Bonifácio e seus simpatizantes. Seria a sessão seguinte, de 11.10.1822, a 19ª e última sessão do GOB em sua primeira fase. E foi esta também a última sessão presidida por Dom Pedro, isto um dia antes de sua aclamação como Imperador, realizada em 12.10.1822. Três dias depois da aclamação, a 15.10.1822, um grupo a serviço do ministro rancoroso e vingativo, “colérico e furioso”, passou a espalhar o boato de que Ledo e seus simpatizantes pretendiam provocar uma completa reforma no Ministério, com o afastamento dos Andradas. Isto foi suficiente para que fossem expedidas ordens ao Intendente de Polícia para exercer severa vigilância sobre os “perversos carbonários e anarquistas” E, apenas 18 dias depois de ter sido empossado no cargo de Grão-Mestre, o agora Imperador, envolvido pelas intrigas de José Bonifácio, dirigiu a Gonçalves Ledo o seguinte bilhete, em 21.10.1822: Meu Ledo Convindo fazer certas averiguações, tanto Públicas como Particulares na Maçonaria, mando, primo como Imperador, segundo como Grão-Mestre, que os trabalhos Maçônicos se suspendam até segunda ordem Minha. É o que tenho a participar-vos. Agora, resta-me reiterar os meus protestos como Irmão. PEDRO GUATIMOSIM G.’.M.’. P.S. – Hoje mesmo deve ter execução e espero que dure pouco tempo a suspensão porque em breve conseguiremos o fim que deve resultar das averiguações. (Documento encontrado no arquivo do Castelo D’Eu. Mas Gonçalves Ledo não cumpriu a ordem. Preferiu entender-se com o Imperador e Grão-Mestre, que reconheceu ter sido vítima dos ódios do seu próprio ministro, aumentado pelos zelos de haver a Maçonaria conferido a ele, chefe de Estado, o grão malhete. Assim, resolveu o Imperador mudar de rumo, ordenando que o Grande Oriente prosseguisse nos seus trabalhos e cessassem as perseguições. E no dia 25.10.1822 (quatro dias depois da interdição) mandou entregar a Gonçalves Ledo um bilhete que por ser um precioso documento para a História da Maçonaria brasileira, transcrevemos abaixo: Meu Irmão – Tendo sido outro dia suspendidos nossos augustos trabalhos pelos motivos que vos participei, e achando-se hoje concluídas as averiguações, vos faço saber que segunda-feira que vem os nossos trabalhos devem recobrar o seu antigo vigor, começando a abertura pela Grande Loja em Assembléia Geral. É o que por ora tenho a participar-vos para que, passando as ordens necessárias, assim o executeis. Queira o S.’.A.’.do U.’. dar-vos fortunas imensas, como vos deseja o vosso I.’.P.’.M.’.R.’. (Irmão Pedro Maçom Rosacruz). Deste modo, por ordem de Dom Pedro a atividade do GOB ficou suspensa apenas por sete dias. Se depois disso nunca mais se reuniu, não foi por causa do seu Grão-Mestre e sim devido à ausência de seu verdadeiro líder, o Irmão Gonçalves Ledo que, para não ser preso pelos esbirros de José Bonifácio, fugiu para Buenos Aires. Vendo-se desprestigiado com o apoio dado pelo Imperador a Ledo, José Bonifácio pediu demissão do cargo de ministro, no mesmo dia do bilhete de Dom Pedro a Gonçalves Ledo, autorizando o reinício dos trabalhos do GOB, a 25.10.1822. Acompanhou-o na demissão o irmão Martim Francisco. No dia 29.10.1822 apareceu uma PROCLAMAÇÃO elaborada pelos membros do APOSTOLADO, exigindo a volta dos Andradas. O Imperador (sempre indeciso e volúvel), devidamente “trabalhado” pelo grupo de J. Bonifácio, interessado em seu retorno, conseguiu recolocar os Andradas no poder, de acordo com o Decreto de 30.10.1822. (Nabuco – Legislação Brasileira – Tomo III, pág. 347). O ciúme entre o Grande Oriente e o “Apostolado” entrou em sua fase mais crítica e delicada. Ambas as Sociedades procuravam monopolizar as simpatias de D. Pedro, sem que este resolvesse pronunciar-se por uma delas. Fervilhavam as intrigas políticas e insinuavam-se conspirações ora de uma, ora de outra parte, o que devia causar em D. Pedro grande sensação de mal-estar. Se era a independência do país que todos almejavam, e sobre isso ele não tinha dúvida, por que então se envolviam em lutas estéreis ao invés de o ajudarem a realizar a obra que tinham em mente ? Diziam os do Apostolado: “Nós queremos a independência sob a forma de regime monárquico, enquanto que o Grande Oriente conspira para implantar a República”.

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Esta insinuação, que era quase uma denúncia, iria ser o calvário do GOB. que, devido a essas intrigas, teve suspensos os seus trabalhos pelo seu próprio Grão-Mestre. Esta foi a primeira e a última vitória do “Apostolado” Isto porque, embora cerrados os trabalhos do GOB, muita coisa ainda seria capaz de influir no ânimo de D. Pedro. Certo dia, chegou ao Palácio uma carta anônima, escrita em Alemão, trazendo a nota de urgente no envelope. D. Pedro pediu à Imperatriz que a traduzisse, o que mostrou uma grave denúncia! O Apostolado tramava contra a vida do seu Arconte Rei, o próprio Imperador. Nesse mesmo dia, D. Pedro mandou chamar o seu ministro José Bonifácio ao Palácio, por volta das 18:00 horas. Sem nada mencionar a J. Bonifácio, D. Pedro ordenou-lhe que o esperasse, pois estava de saída que não seria demorada. Coberto por espesso capote, montou um cavalo sem ferraduras e dirigiu-se ao quartel de artilharia montada de São Cristóvão de onde, juntamente com o seu Comandante Pardal, de oficiais de confiança e de cinqüenta soldados, todos encapotados e bem armados partiram para a rua da Guarda Velha, no centro na cidade do Rio de Janeiro. O Imperador bateu à porta, com a senha da ordem. O porteiro, embora conhecendo D. Pedro, vacilou em abrir-lhe a porta, sendo rapidamente seguro, o mesmo acontecendo ao segundo porteiro. Era costume, na chegada de um membro da Sociedade, como sinal de ordem, levantarem-se todos os presentes e puxarem do punhal. Ordenando que os que o acompanhavam permanecessem no vestíbulo, o Arconte Rei caminhou em direção ao trono, de onde Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado presidia os trabalhos. De imediato, este lhe ofereceu a cadeira, e se preparou para juntar e guardar os papéis referentes aos trabalhos da Sessão, que nada mais tratavam senão do plano de conjuração e das propostas dos membros da Sociedade a este respeito, no que foi impedido pelo próprio Imperador, que lhe tomou estes papéis. Em seguida, D. Pedro dirigiu-se aos presentes, dizendo: “Podem retirar-se, ficando cientes de que não haverá mais reuniões no “Apostolado” sem minha ordem. E não se realizaram mais reuniões, nem tampouco prisões. Assim acabou a “Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa-Cruz”, ou seja, o Apostolado. E, de novo, José Bonifácio foi demitido de seu cargo de Ministro. Esta era a represália do Grande Oriente, que conseguiu assim acabar com o “Apostolado”. Ressentido, pela Exaltação de D. Pedro e por sua destituição sumária do Grão-Mestrado, em favor de D. Pedro, tudo obra do Ledo, José Bonifácio, juntamente com seu irmão, Martim Francisco e mais alguns maçons, saiu do GOB e fundou uma nova sociedade secreta, meio maçônica e meio carbonária – O Apostolado. José Bonifácio, que viajara por todos os países onde a “Carbonária” lançara os seus tentáculos, deixara-se empolgar pelo sistema de organização da poderosa sociedade, mas simplificara-o de acordo com as possibilidades do momento. Suprimiu, por exemplo, o “Triunvirato”, que era nas organizações européias o centro nervoso de onde provinham as ordens mais importantes. As pequenas assembléias locais (Decúrias), embora se pretendesse corresponderem às “Lojas Maçônicas”, é melhor compreendê-las na categoria de “Choças”, já que os seus altos dignitários não eram eleitos e sim designados de entre as “Colunas do Trono”, nome dado aos membros da original sociedade. O primeiro passo de J. Bonifácio foi ordenar a prisão de todos os que considerava seus inimigos – Ledo e os seus partidários. (Portaria de 11.11.1822). A esse respeito, o Irmão Kant (Cônego Januário da Cunha Barbosa) escreveu a Ledo no dia 30.10.1822: “Ledo – Escrevo, na contingência de ser preso pelos agentes dos Andradas. J. Bonifácio nos intrigou com o Imperador, convencendo-o de que somos republicanos e queremos a sua morte e expulsão. Sei, pelo Clemente, que a ordem de prisão já está lavrada. Esse homem que se tem revelado um tigre, QUE NÃO FEZ A INDEPENDÊNCIA, QUE A IMPEDIU ATÉ O ÚLTIMO INSTANTE, e que somente a aceitou quando a viu feita, agora procura devorar aqueles que tudo fizeram pela Independência da Pátria, que a conseguiram com os maiores sacrifícios. O Drummond disse que o déspota faz questão de prender você para enforcá-lo. Lembre-se do que ele disse na Igreja de São Francisco. Não se exponha, não apareça na Corte, pois o grande ódio dele recai sobre você, que foi, como DIRIGENTE DA MAÇONARIA, o principal obreiro, o verdadeiro construtor de nossa Independência..

Por que a proibição das sociedades secretas e qual o fim do apostolado?

Ordenação, que estabelece Pena de Morte e Confisco dos Bens para a Coroa, ainda que haja filhos ou descendentes dos condenados. Talvez para proteger o patrimônio do GOL – Grande Oriente Lusitano – este Alvará não menciona expressamente a Maçonaria nem os Pedreiros Livres. O objetivo era atingir diretamente o movimento subversivo que no Brasil se utilizava da forma secreta porque trabalhavam as Lojas Maçônicas, para conspirar contra a Monarquia. Diz o Alvará textualmente: “Sou servido Declarar por Criminosas e Proibidas todas e quaisquer Sociedades Secretas, de qualquer denominação que elas sejam, ou com os nomes e formas já conhecidas, ou debaixo de qualquer nome ou forma que de novo se disponha ou imagine Isto significa que a Lei não Em Pernambuco, o movimento nativista ia crescendo, e já em 1816 existia uma Grande Loja Provincial, à qual eram filiadas as Lojas existentes e nas quais estavam sendo feitos os preparativos para uma Revolução Republicana que tinha como objetivo a proclamação da Confederação do Equador, uma república federativa. (História da República de Pernambuco de 1817 – Mons. Muniz Tavares).

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Foi tão drástica a reação do Governo Português que a história chamou de monstro o Conde dos Arcos que, pela sua crueldade, debelou o movimento em 74 dias. Este movimento se transformou num banho de sangue, pois os que escaparam das lutas sangrentas, morreram fuzilados ou na forca. A primeira vítima foi o Padre Roma, fuzilado a 29.03.1817. Aliás, os padres nativos eram maçons de coração e lutavam pela liberdade de sua terra. Dezenas deles morreram na revolução e em outras escaramuças. Porém, em Portugal, os padres viviam delatando os maçons. Para solidificar a vitória, conseguida com o sacrifício de tantas vidas preciosas, e extinguir a Maçonaria de uma vez por todas, o rei D. João VI, convenientemente industriado pelo Conde dos Arcos e por outros inimigos dos filhos da viúva, resolve baixar o Alvará de 30.03.1818, publicado na íntegra no Boletim do GOB de 1898 proibindo todas e quaisquer sociedades secretas em Portugal e em todos os seus domínios (inclusive o Brasil) sob as mais severas penas, inclusive o de lesa-majestade, conforme queria saber o que havia antes, devendo ser punidos os que, de agora em diante, se reunissem em “Lojas, Clubes, Comitês, ou qualquer outro ajuntamento de Sociedade Secreta”. Entretanto, este mesmo Alvará levou, em Portugal, à condenação e fuzilamento, por conspiração contra a monarquia, do Marechal Gomes Freire de Andrade, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, em 1818. O bravo executor deste assassinato foi o General Beresford, maçom inglês que comandava as tropas inglesas que vieram defender Portugal durante as invasões de Napoleão. Em casa de amigos ingleses no Algarve, em 1996, estive com o Avental e o Colar de Grão-Mestre do Marechal Gomes Freire nas mãos. Tenho inclusive o filme que fiz na ocasião mostrando estas alfaias, que têm quase duzentos anos, e que se encontram em muito bom estado de conservação. No Rio de Janeiro, acobertados pelo Clube Recreativo e Cultural da Velha Guarda, fundado por Gonçalves Ledo e mais 42 companheiros, continuava-se a conspirar pela independência do Brasil. Em 1821, descobertos, foram presos numerosos maçons “por serem perigosos alteradores da ordem” como se lia no Aviso expedido pelo Ministro Villa Nova Portugal. Mas muitos mais deixaram de ser presos. A informação do Intendente de Polícia, dada em 04.12.1821 ao Ministro, foi: “Permita V. Excia. que diga ser impossível agir sem tropas fiéis, pois a que temos está na maioria filiada aos conspiradores, sendo conveniente mandar vir outra do Reino de Portugal, pois o movimento da independência é por demasia generalizado pela obra maldita dos maçons astuciosos, com a chefia de Gonçalves Ledo.

José Bonifácio era do apostolado e era maçom, e foi iniciado perto da independência. Como todos José Bonifácio era do apostolado e era maçom, e foi iniciado perto da independência. Como todos José Bonifácio era do apostolado e era maçom, e foi iniciado perto da independência. Como todos José Bonifácio era do apostolado e era maçom, e foi iniciado perto da independência. Como todos

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Como já dito acima, José Bonifácio nunca foi Iniciado. Entrou para a Maçonaria sem nunca passar pela cerimônia da Iniciação. Depois de sua fuga para Buenos Aires em 1822, Gonçalves Ledo retornou ao Brasil em 21.11.1823. Nesse meio tempo, tinham sido deportados os três Andradas e vários outros seus correligionários. A Loja Seis de Março de 1817, fundada em Recife em 1821, foi a única Loja no Brasil a permanecer ativa depois de 1822. Também ela adormeceu em setembro de 1824, ao ser abortada a revolução republicana fomentada pela Maçonaria pernambucana, para instalar a Confederação do Equador. Esta revolução foi afogada em sangue. No Rio e em Pernambuco, foram 17 os enforcados. A principal vítima da Maçonaria foi o Irmão Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, fuzilado em 13.01.1825.. Entre 1825 e 1929 foram escassas as atividades Maçônicas, devido à Lei sobre as Sociedades Secretas. Noticia-se apenas que em 1829 Gonçalves Ledo começou a reunir os maçons dispersos, em uma nova Loja Educação e Moral, cuja instalação foi feita pelo Irmão, então Ten. General, João Paulo do Santos Barreto, já no Rito Escocês. Finalmente, a Carta de Lei de 15.12.1830, com o novo Código Criminal, aliviou a pressão sobre as Sociedades Secretas: Ainda em 1829 é também fundada a Loja Amor da Ordem, que trabalhava no Rito Escocês. Finalmente, em princípio de 1830, é reerguida pelo Cônego Januário da Cunha Barbosa, o Irmão Kant, cujo bilhete de 30.10.1822 tinha salvo Gonçalves Ledo da forca, a Loja Comércio e Artes, que voltou a trabalhar no Rio Francês ou Moderno. Assim, Ledo preparou o terreno para futuramente reinstalar o GOB, antes de terminar o ano de 1830, com estas três Lojas: Educação e Moral, Amor da Ordem e Comércio e Artes. Entretanto, estas Lojas só mais tarde iriam se incorporar ao Grande Oriente, e não foram elas as que reconstituíram o GOB em 1830, e sim as Lojas Vigilância da Pátria, União e Sete de Abril. Estas lojas, que trabalhavam no rito Francês ou Moderno, não pertenciam ao grupo de Gonçalves Ledo. A reinstalação oficial do GOB só viria a ser feita em 24.06.1831, depois da saída de Pedro I - o Grão-Mestre nunca substituído - do Brasil. De direito, o novo Grão-Mestre só poderia ser o seu antigo Grão-Mestre Adjunto, o Irmão Turrene, Brigadeiro Luiz Pereira da Nóbrega Coutinho, nomeado em 17.08.1822. Na ausência deste, o Primeiro Malhete do GOB deveria pertencer a Gonçalves Ledo, seu Grande Primeiro Vigilante, que estava ainda muito vivo. J. Bonifácio havia deixado de ser Grão-Mestre desde 1822, quando entregara o malhete ao seu sucessor, D. Pedro; se os trabalhos recomeçavam depois de suspensos, segundo aparece na prancha convite, por que aparece o seu nome e não o do verdadeiro Grão-Mestre ou o daquele a quem a lei autorizava a substituí-lo em suas faltas?

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O fato de ter sido escrito por Gonçalves Ledo e assinado por J. Bonifácio o Manifesto Maçônico de 05.12.1831, da reinstalação do GOB, significa apenas a trégua, passageira como veremos, feita entre os dois próceres, acertada que estava a incorporação ao GOB das Lojas lideradas pelo Ledo. Aliás, grande foi o escândalo nos meios maçônicos onde “os cultivadores das virtudes, os patriotas honrados, os amigos da liberdade e da independência da Pátria, os genuínos Maçons brasileiros”, nunca se ligariam a um corpo maçônico a cuja frente se acatava o maior perseguidor da maçonaria brasileira”... Em princípios de 1833 a loja Educação e Moral, da qual era Venerável Joaquim Gonçalves Ledo, filiou-se ao Grande Oriente do Passeio, fundado em 1829, por não “suportar o jugo andradino por longos....4 meses”. Esta Loja tinha sido declarada irregular pelo GOB, por se ter recusado a elevar ao Grau 18 diversos obreiros do GOB, alegando, com firmeza, que não poderia conceder aquele grau a Irmãos não iniciados no REAA.

Bibliografia Achegas para a História da Maçonaria no Brasil – Maçonaria Heróica – Isa Ch’na The English Craft in Brazil – James Martin Harvey Nos Bastidores do Mistério – Adelino de Figueiredo Lima A Maçonaria e a Grandeza do Brasil – A. Tenório D’Albuquerque

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ECOS DO PASSADO

Texto de Fernando Pessoa sobre a Maçonaria Ir.: Gladstone Charles

Este é um trecho do artigo que Fernando Pessoa publicou no Diário de Lisboa, nº 4.388 de 4 de fevereiro de 1935, contra o projeto de lei, do deputado José Cabral, proibindo o funcionamento das associações secretas, sejam quais forem os seus fins e organização. “A Maçonaria compõe-se de três elementos: o elemento iniciático, pelo qual é secreta; o elemento fraternal; e o elemento a que chamarei humano - isto é, o que resulta de ela ser composta por diversas espécies de homens, de diferentes graus de inteligência e cultura, e o que resulta de ela existir em muitos países, sujeita portanto a diversas circunstâncias de meio e de momento histórico, perante as quais, de país para país e de época para época reage, quanto à atitude social, diferentemente. Nos primeiros dois elementos, onde reside essencialmente o espírito maçônico, a Ordem é a mesma sempre e em todo o mundo. No terceiro, a Maçonaria - como aliás qualquer instituição humana, secreta ou não - apresenta diferentes aspectos, conforme a mentalidade de Maçons individuais, e conforme circunstâncias de meio e momento histórico, de que ela não tem culpa. Neste terceiro ponto de vista, toda a Maçonaria gira, porém, em torno de uma só idéia - a "tolerância"; isto é, o não impor a alguém dogma nenhum, deixando-o pensar como entender. Por isso a Maçonaria não tem uma doutrina. Wirth até ao misticismo cristão de Arthur Edward Waite, ambos tentando converter em doutrina o espírito da Ordem. As suas afirmações, porém, são simplesmente suas; a Maçonaria nada tem com elas. Ora o primeiro erro dos Antimaçons consiste em tentar definir o espírito maçônico em geral pelas afirmações de Maçons particulares, escolhidas ordinariamente com grande má-fé. O segundo erro dos Antimaçons consiste em não querer ver que a Maçonaria, unida espiritualmente, está materialmente dividida, como já expliquei. A sua ação social varia de país para país, de momento histórico para momento histórico, em função das circunstâncias do meio e da época, que afetam a Maçonaria como afetam toda a gente. A sua ação social varia, dentro do mesmo país, de Obediência para Obediência, onde houver mais que uma, em virtude de divergências doutrinárias - as que provocaram a formação dessas Obediências distintas, pois, a haver entre elas acordo em tudo, estariam unidas. Segue daqui que nenhum ato político ocasional de nenhuma Obediência pode ser levado à conta da Maçonaria em geral, ou até dessa Obediência particular, pois pode provir, como em geral provém, de circunstâncias políticas de momento, que a Maçonaria não criou. Resulta de tudo isto que todas as campanhas antimaçônicas - baseadas nesta dupla confusão do particular com o geral e do ocasional com o permanente - estão absolutamente erradas, e que nada até hoje se provou em desabono da Maçonaria. Por esse critério - o de avaliar uma instituição pelos seus atos ocasionais porventura infelizes, ou um homem por seus lapsos ou erros ocasionais - que haveria neste mundo senão abominação? Quer o Sr. José Cabral que se avaliem os papas por Rodrigo Bórgia, assassino e incestuoso? Quer que se considere a Igreja de Roma perfeitamente definida em seu íntimo espírito pelas torturas dos Inquisidores (provenientes de um uso profano do tempo) ou pelos massacres dos albigenses e dos piemonteses? E contudo com muito mais razão se o poderia fazer, pois essas crueldades foram feitas com ordem ou com consentimento dos papas, obrigando assim, espiritualmente, a Igreja inteira. Sejamos, ao menos, justos. Se debitamos à Maçonaria em geral todos aqueles casos particulares, ponhamos-lhe a crédito, em contrapartida, os benefícios que dela temos recebido em iguais condições. Beijem-lhe os jesuítas as mãos, por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no século dezoito - quando expulsos de toda a parte, os repudiava o próprio Papa - pelo Maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois que Wellinton e Blucher eram ambos Maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela quem criou a base onde veio a assentar a futura vitória dos Aliados - a "Entente Cordiale", obra do Maçom Eduardo VII. Nem esqueçamos, finalmente, que devemos à Maçonaria a maior obra da literatura moderna - o "Fausto" do Maçom Goeth.Acabei de vez. Deixe o Sr. José Cabral a Maçonaria aos Maçons e aos que, embora o não sejam, viram, ainda que noutro Templo, a mesma Luz. Deixe a Antimaçonaria àqueles Antimaçons que são os legítimos descendentes intelectuais do célebre pregador que descobriu que Herodes e Pilatos eram Vigilantes de uma Loja de Jerusalém”. "Nam et ipsa scientia potestas est"

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DEPOIMENTO MAÇONARIA – MITOS DA IGNORÂNCIA

Por: Ivilisi Soares de Azevedo

Segue um texto retirado de um jornal do Espírito Santo. Relevem o fato de estar cheio de termos e expressões evangélicas, mas é a opinião de uma evangélica sobre a Maçonaria.

Ir.: Lauro Lustosa Vieira

No Brasil, o início da Maçonaria se deu em 1822, sendo D.Pedro I o seu primeiro Grão-Mestre.A falta de

conhecimento e de disposição para buscar os fundamentos de determinados fatos fazem com que muitas pessoas se deixem influenciar por opiniões completamente deturpadas acerca desses fatos. É o que acontece em relação à Maçonaria. Algumas religiões não aprovam os princípios maçônicos e alegam, inclusive, que a Maçonaria é de origem satânica, e que os maçons pertencem ao demônio. Infelizmente muitos cristãos fazem coro com isso, pregando a mesma coisa, distribuindo materiais suspeitos com declarações suspeitas, promovendo com isso a intolerância e a desinformação. Não vou aqui falar sobre os fundamentos da Maçonaria, pois qualquer um pode acessar o google e conhecer essa história. Mas tenho ouvido tantos absurdos serem disseminados que resolvi escrever este artigo. Estou ciente de que, como membro de uma igreja evangélica, corro o risco de ser rotulada de seguidora do demo, mas resolvi pagar o ônus pelo que aqui vou expor.

Não entendo que a Maçonaria seja uma sociedade secreta, pois tem loja em local conhecido de todos e não oculta sua existência. O tal segredo está nas cerimônias empregadas na admissão dos seus membros e os meios usados pelos maçons para se conhecerem. É aqui que a imaginação é prodigiosa. No Brasil, o início da Maçonaria se deu em 1822, sendo D.Pedro I o seu primeiro Grão-Mestre.

Pessoas vindas dos Estados Unidos que se estabeleceram em Santa Bárbara-SP, fundaram em 10 de setembro de 1871 a Igreja Batista de Santa Bárbara, a primeira Igreja Batista estabelecida em solo brasileiro, com o Pastor Richard Ratcliff. Na mesma localidade, em 1874, foi fundada a Loja Maçônica George Whasington, e pelo menos cinco fundadores da Loja também foram fundadores da Primeira Igreja, entre eles o Pastor Robert Porter Thomas. O Pastor Thomas foi interino por diversas vezes tanto na Primeira Igreja quanto na Igreja da Estação (Segunda), fundada em 02 de novembro de 1879. Seu pastorado nas duas igrejas durou cerca de 25 anos de profícuo trabalho.

O primeiro pastor batista brasileiro, Antonio Teixeira de Albuquerque, foi batizado pelo Pr.Thomas, que era maçom, e consagrado ao Ministério da Palavra no salão da Loja Maçônica.

O missionário Salomão Luiz Ginsburg, maçom, membro de diversas Lojas Maçônicas na Bahia, Pernambuco, Rio e Espírito Santo, editor do Cantor Cristão, fundou a Primeira Igreja Batista na cidade de São Fidelis-RJ e, em 1902, o Seminário Teológico Batista do Norte.

Pastor José Souza Marques, presidente da Convenção Batista Carioca e da Convenção Batista Brasileira, cujos frutos todos conhecem, exerceu diversos cargos na Maçonaria e foi, por muito tempo, presidente do supremo tribunal de justiça maçônica.

Bento Gonçalves, Isaac Newton,José Bonifácio, Duque de Caxias, Pastor Martin Luther King Júnior, Rui Barbosa, Thomas Edison, Mozart e Voltaire foram maçons, você sabia?

Em Marataízes (ES), vou citar o nome de dois maçons que conheci ainda criança e que posso testemunhar do incansável trabalho de divulgar o Evangelho de Jesus: Demétrio Machado, farmacêutico que residia próximo a minha casa, e o Reverendo José Gomes Coelho, da Primeira Igreja Presbiteriana da Barra, de quem por várias vezes ouvi da Palavra . Foram homens que deixaram um legado incontestável de serviço e obediência aos ensinamentos de Deus. Alguém que os tenha conhecido, em sã consciência, pode contestar o que aqui estou falando?

Portanto, quando ouvir historinhas que maçom corta a cabeça de bode e bebe o sangue, que usam uma capa preta ou uma armadura de metal para duelar com o capeta, procure, no mínimo, informar-se melhor. Você pode ou não ser maçom, a escolha é sua. O que você não pode é sucumbir a declarações de pessoas que nada conhecem ou que se deixam impregnar por opiniões alheias. E lembre-se: Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus. Livros que foram pesquisados para este texto: - A História dos Batistas no Brasil - JUERP - A Maçonaria e a Igreja Cristã - Carlos Eduardo Pereira - História dos Batistas Fluminenses- Ebenezer Soares Ferreira - Um Judeu Errante no Brasil- Salomão Luiz Ginsburg

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CADERNO DE TRABALHOS

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RUMOS DA MAÇONARIA

Ítalo Aslan/M.:M.:(*)Ítalo Aslan/M.:M.:(*)Ítalo Aslan/M.:M.:(*)Ítalo Aslan/M.:M.:(*)

A definição oficial e mais conhecida da Maçonaria diz ser ela uma sociedade iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista. Relembremos os seus corolários: 1) acompanha muito de perto a evolução da Humanidade; 2) não esquece as suas origens (tradição); 3) pratica com coerência a sua liturgia e ritualística, sem abandonar os propósitos que elas encerram que são o exercício constante, em todos os momentos e lugares, da moral, da ética e da tolerância; 4) busca passar a seus adeptos o amor à sabedoria, ao conhecimento e ao despertar do espírito, procurando fazê-lo sempre prevalecer sobre a matéria; 5) procura fazer entender aos seus membros que há que se combater, com muito denodo e zelo, a ignorância, o fanatismo e a superstição, males que enodoam, inimigos que mancham e retardam o progresso dos povos; 6) como consequência, os seus seguidores estendem e espalham em seu em torno o amor e a caridade, numa preocupação constante com o seu próximo, sem esquecer jamais o seu objetivo maior: TORNAR FELIZ A HUMANIDADE; 7) lembra com constância aos seus afiliados que a inveja e a vaidade são perniciosas ao desenvolvimento espiritual; 8) ensina, desde os primeiros momentos, que o vício é incompatível com a moral que ela, a Maçonaria, prega e que somente as virtudes, em suas diferentes nuances (a justiça, a temperança, a coragem e a fortaleza, constituindo as virtudes cardeais, aliadas à fé, à esperança e à caridade, denominadas de teologais) definem o norte, o foco que o Maçom deve perseguir e buscar; Por via de consequência, a Maçonaria e os Maçons deverão, para a permanência em seu rumo: 1) esmerarem-se, através de seus Mestres mais bem preparados, no ensino e na orientação daqueles novos Irmãos iniciados, fazendo-os entender, desde logo, a finalidade precípua de nossa Augusta Instituição; 2) e, evidentemente, para o êxito desse propósito, necessário é que os Mestres Instrutores, pelo exemplo, façam ver a esses novos Maçons a necessidade e importância da cultura de um modo geral e da maçônica, em particular; 3) e que os Mestres, tão logo alcancem este grau, reconheçam que a eles próprios, e somente a eles, competem a busca do aprimoramento sob todos os aspectos, sejam eles moral, intelectual, ético ou espiritual; 4) também é preciso, a nosso ver, que os Mestres façam entender e apreender, com sutileza, àqueles mais novos que vão chegando, a necessidade do desapego à ambição de cargos, principalmente os de maior projeção dentro de uma Loja. Essa ambição constitui verdadeiro estímulo a desentendimentos futuros que, muitas vezes, culminam em desagregações e cisões, causas de emperramentos e retrocessos no desenvolvimento da Loja, não só de ordem espiritual como também material. Por conta desses desequilíbrios momentâneos, novas Lojas surgem de modo extemporâneo e inadequado, deixando atrás de si um rastro de desentendimentos e incompreensões. Essa falta de sintonia tem a característica de ser persistente e motiva, com bastante frequência, o afastamento de Irmãos que, com razão, não conseguem entender esse jeito negativo e insano de “fazer” Maçonaria, completamente em desacordo com o que nossa doutrina apregoa.

Lembremo-nos que o motivo principal das grandes cisões acontecidas na Maçonaria Brasileira, e somente esta nos interessa neste momento, foram consequências de ambições desmedidas a cargos, numa exacerbação de vaidades, completamente em confronto com o nosso desiderato principal que é a Fraternidade; 5) vemos, igualmente, como é importante e necessário que o profano, futuro candidato à Iniciação, bem como sua esposa/companheira, conheça a Instituição à qual poderá vir a pertencer. Que lhes sejam passados os seus princípios e os seus objetivos, e também os deveres e direitos aos quais o proposto estará sujeito.

Costuma-se, vez por outra, convidar profanos que estejam em vias de serem apresentados à Ordem para comemorações sociais entre Maçons. Consideramos que festinhas, churrascos ou quaisquer outros tipos de

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comemorações, entre um copo de cerveja e outro, não sejam os lugares adequados para se conversar sobre tão relevante assunto.

A Maçonaria, organização constituída de homens “livres e de bons costumes”, é seriíssima e merece um ambiente mais tranquilo, onde se colocará o profano à vontade, bem como a esposa, para fazer perguntas e tirar dúvidas com relação à associação para a qual o estão convidando. É justo e saudável que assim o seja. Manter sob o véu do segredo as finalidades mais importantes da Instituição e os seus objetivos regeneradores é inadequado e soa, por vezes, como infantilidade. Brincadeiras e jocosidades envolvendo a Maçonaria devem ser evitadas.

A Maçonaria não é um clube social. Ela tem princípios sacrossantos, diria eu. Ela tem finalidades a alcançar e deve ser levada a sério. Vamos abrir as suas portas para pessoas “lá de fora”, digamos assim, pessoas que sejam iniciáveis, que estejam em busca de seu aperfeiçoamento, que tenham o perfil de um futuro Maçom. A Maçonaria não está a procura de homens perfeitos. Se existissem, eles não precisariam da Ordem. Os que procuramos são aqueles possíveis de serem melhorados e que, junto conosco, que a ela já pertencemos, possamos, unidos, nós e eles, nos darmos as mãos e, lado a lado, caminharmos em busca do “ouro alquímico, do ouro espiritual”.

À guisa de conclusão, diria que, pelo fato de passarmos pelo Cerimonial de Iniciação, isto não nos torna um INICIADO, com letras maiúsculas. Está muito longe disto. A nossa querida Ordem nos disponibiliza, no entanto, todos os instrumentos, todas as ferramentas para sê-lo. Só depende de cada um. Fico preocupado, um tanto assustado até, em ver alguns Irmãos defenderem o posicionamento da Instituição Maçônica na liderança de movimentos “pró alguma coisa”. Fico preocupado e desconfiado. Argumentam que a “Maçonaria não está fazendo nada” com relação a isso ou aquilo. Que “é preciso agir”. Lembram-se, então, saudosistas, dos grandes movimentos políticos libertários do passado. Pensam em “usar o poder da Maçonaria” e resolver uma série de problemas da sociedade. Maçonaria transformada em ONG. A mais antiga e importante ONG que a história jamais registrou. A Maçonaria mostrando a cara. Quando vejo em revistas e jornais Maçons paramentados desfilando, em datas cívicas, pelas ruas da cidade, confesso que ruborizo. Até em desfiles de escolas de samba em pleno carnaval, já foram vistos. É a Maçonaria mostrando a cara. A Maçonaria se diferencia de uma associação comum pela primeira condição enumerada acima, no primeiro parágrafo deste trabalho, na definição. Ela é uma “sociedade Iniciática”, essencialmente Iniciática. Ao tomar parte no dramático Cerimonial de Iniciação, e se descobrir como ator principal desse espetáculo, o recipiendário talvez não tivesse percebido, ainda, devido às condições em que se encontrava, o rico manancial que se lhe apresentava, daquele momento em diante. Poderá ele, então, se nutrir de conhecimentos até onde lhe for possível à exaustão, o quanto lhe aprouver. Ele determinará o seu limite. A Maçonaria prepara o homem para o mundo. Pronto! Façamos BONS MAÇONS e o mundo mudará. Coloquemos os BONS MAÇONS nos pontos chaves dos países e o mundo mudará. Votemos nos BONS MAÇONS, insisto, BONS MAÇONS. Enchamos de BONS MAÇONS os Congressos, as Câmaras Municipais, as Assembléias Legislativas, as Prefeituras, os serviços públicos... e o mundo mudará. Para Platão, competia aos governantes e aos filósofos a direção, a legislação e a educação das outras classes em que havia dividido a cidade-estado que imaginou. Os BONS MAÇONS são os filósofos do presente. Preparemos os Neófitos, façamo-los BONS MAÇONS... Os BONS MAÇONS não dirão que são Maçons. Agirão como BONS MAÇONS e o mundo mudará. A Maçonaria pode fazer muito. A Maçonaria pode agir muito. A Maçonaria tem tudo para fazer muito. Sejamos BONS MAÇONS e ela já terá feito o que tinha que fazer. Mantenhamos as Bandeiras e os Estandartes desfraldados... nos Templos. O resto se reveste de interesses escusos e inconfessáveis, vaidades... receio eu. São atitudes em total confronto com a ortodoxia da Ordem. Não têm nada de Maçônicas. São absolutamente profanas. Certamente não será este o rumo da Maçonaria. A “praxis” maçônica por si só se basta. O destino da Maçonaria já foi traçado. Ela não foi definida por um grupo de pessoas que, um belo dia, se sentaram entorno de uma mesa e resolveram: “agora vamos criar a Maçonaria”. Não! Ela veio sendo formatada ao longo de muitos séculos, elaborada por muitos povos e engendrada pela inteligência humana, o dom divino. Nem nasceu com esse nome. Simplesmente foi se formando... e aconteceu. Deve ter surgido com o “Big Bang”, exagerando um pouquinho.. Seus alicerces têm raízes profundas. Nunca se conseguirá mudar o curso da Maçonaria. Suas bases são muito sólidas, são inamovíveis. E o seu futuro também.

(*) Membro da ARLS e de Instrução RENASCIMENTO Nº 08 (GOIRJ / COMAB).

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MAÇONARIA DA CAPITAL E MAÇONARIA DO INTERIOR?

Ir.’. Sérgio Quirino Guimarães(*)

Saudações, estimados Irmãos.

Vocês acham que há diferença entre MAÇONARIA DA CAPITAL E MAÇONARIA DO INTERIOR? Talvez fosse melhor eu perguntar se há diferença entre a Maçonaria nas grandes cidades e Maçonaria nas pequenas cidades. Provavelmente muitos Irmãos tenham respondido que não há, pois sendo ela universal não há como ter algo que as diferencie conforme as coordenadas geográficas que marcam a localização de uma Oficina.

Lógico que não estamos tratando de ritos, normas e procedimentos adotados pelas Potências. Um dos princípios da Maçonaria disponibilizado no site da GLMMG (“Os ensinamentos maçônicos, induzem seus adeptos a dedicarem-se à felicidade a seus semelhantes, não porque a razão e a justiça lhe imponham esse dever, mas porque o sentimento de solidariedade é qualidade inata, que os faz filhos do Universo e amigos de todos os homens”) já nos encaminha à resposta mais adequada e a procura da batida correta do malho no cinzel.

A alma da Maçonaria não está na conquista de Graus, cargos, instruções, medalhas ou títulos. O enlevo vem pela PRÁTICA do maior sentimento maçônico que devemos ter. Será que este sentimento é o de sermos Irmãos? Acredito que não, pois Irmandade significa “parentesco de irmãos”, semelhança, igualdade e se pararmos para pensar veremos que tanto profanamente como maçonicamente não escolhemos nossos Irmãos.

Nossos pais nos deram Irmãos de sangue sem nos pedir o consentimento, diariamente várias Lojas nos “dão” novos Irmãos e a maioria deles nem os conheceremos. Quem sabe então seja a Fraternidade?

Afinal Maçonaria é uma Instituição que quer melhorar a humanidade pelo amor! Primeiramente devo esclarecer que fraternidade é o parentesco entre irmãos, é o amor ao próximo. Neste fim de semana estou em Montes Claros-MG onde fiz contato com Irmãos da ARLS Acácia Montesclarense/GLMMG e da Fraternidade Acadêmica Gênesis do Norte/GOEMG e presencio um sentimento muito mais forte, muito mais belo e que sabiamente nos instrui.

Este sentimento é mais percebido e praticado pelos Irmãos que moram nas pequenas e médias cidades. Eles sempre se encontram nas ruas, dão preferência em fazerem transações profissionais entre si, frequentam juntos clubes e associações, muitos colaboram nas mesmas instituições religiosas, promovem atividades festivas que favorecem a união das cunhadas e sobrinhos.

Todos trabalham, estudam, se dedicam à família, mas não deixam passar nenhuma oportunidade de praticar o maior sentimento maçônico. Nas grandes cidades, também trabalhamos, estudamos, amamos esposa e filhos, mas no fundo dedicamos grande parte do nosso tempo a nós mesmos. Os Irmãos que habitam as pequenas cidades PRATICAM o maior sentimento maçônico, este sentimento é a AMIZADE. Para quem não sabe, amizade é afeição mútua, dedicação, benevolência.

Nas grandes cidades, no dia da Sessão, nos abraçamos e dizemos: - Querido Irmão! Mas, após a reunião saímos correndo e toda irmandade e fraternidade ficou no Templo. Muitas vezes a irmandade é circunstancial ou situacional e a fraternidade é uma via de mão única, mas a amizade é o sentimento puro da reciprocidade; o sistema de mutualidade é o conjunto de instrumentos de previdência, socorro e auxílio mútuo no âmbito físico, moral e espiritual.

Posso até estar errado, mas acredito que a Ordem floresceria mais se ao invés de sermos “Irmãos” fôssemos “Mutualistas”. A intenção deste pequeno artigo é lembrar aos Irmãos que o período de recesso que se aproxima é apenas das atividades nos Templos, não nos esqueçamos de manter contato, de procurar os Irmãos, de estudar e divulgar o que aprendemos. De sair para tomar uma cerveja, mas também compartilhar momentos de espiritualidade. Que cada Loja comece a preparar sua “rede de contato”, às vezes algum Irmão fica tão necessitado que nem forças tem para fazer uma simples ligação, em compensação quando recebe um telefonema se sente revigorado. Lembrem-se que todos nós, independente do Grau ou do Cargo, somos responsáveis pela integridade de nossa Sublime Ordem.

No site http://picasaweb.google.com/irquirino estão algumas fotos que tirei de alguns Templos aqui de Montes Claros, não lhe enviei diretamente para não sobrecarregar sua caixa postal.

(*)Membro da ARLS Presidente Roosevelt 025 (Segundas feiras), Templo 801 - Palácio Maçônico – Grande Loja Belo Horizonte – Minas Gerais

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EM LOJA, MEUS IRMÃOS!

Ir.: Antônio do Carmo Ferreira(*)

O cortejo ingressou no Templo. Cada qual fazendo a caminhada que lhe era devida. O Mestre de Cerimônias,

zeloso por seu ofício, postado entre as colunas, marca a divisão dos espaços. Quem trabalha e se hospeda no setentrião demanda essa coluna. Luz, oficiais e hóspedes do meio-dia tomam aquele rumo. E, finalmente, autoridades, oficiais e o Presidente vão aos respectivos postos de trabalho ao oriente. Cumprida, com admirável desempenho, esta parte inicial das atividades que lhe são atinentes, o Mestre de Cerimônias também ocupa o seu lugar.

Todos de pé, entreolham-se, e alguns, fitando para o pavimento mosaico, fingindo que não, ainda arriscam, discretamente, com o Irmão ao lado, uma conversinha. Aí, o Presidente larga sobre a sua mesa de trabalho os papéis que os tinha à mão, reexamina e repõe o chapéu sobre a cabeça, estende um olhar atento como que varrendo todo o ocidente, toma do malhete e com ele bate sobre a mesa, dizendo:

“Em Loja, meus Irmãos! Sentemo-nos!”

Outro dia, um recém-Iniciado, encontra-me no salão de banquetes, abre o livrinho do REAA, aponta a frase dita pelo Presidente das reuniões e me pergunta se é só aquilo mesmo que está escrito e foi dito, ou se a autoridade queria com a frase transmitir alguma sugestão? O Aprendiz alimenta a sua dúvida no que já foi instruído de que a “A Maçonaria é um sistema de moral velado por alegorias e ilustrado por símbolos”. Ensinamentos que se colhem pela interpretação...

Bravo, meu pertinente Aprendiz! Continue assim: perguntando. Seu futuro, na Ordem, será brilhante. O Presidente falou somente aquelas palavras, mas queria dizer muito mais. Muitas outras palavras. Decerto um pedido de reflexão, antes de convidar a todos para o efetivo início dos trabalhos, invocando a presença e o auxílio de Grande Arquiteto do Universo.

Por que e para que fomos à Loja? É só fazer essa breve reflexão sobre isto e pronto. Atendemos aos anseios do Presidente contidos naquela frase. Os maçons se reúnem em Loja para se estimularem uns aos outros na prática da virtude. Na aprendizagem ao servir a Deus, pois serve ao Criador quem vive no bem e pratica a virtude.

É bom recordar as respostas a um interrogatório posto em nosso ritual. Numa das perguntas, deseja-se saber o que o maçom vai fazer na reunião da Loja. “O que se faz em sua Loja?” Pense nisto ao ensejo daquela pausa: eu preciso me lapidar. Minha vontade, minhas paixões, talvez sejam elas que me põem em estado de pedra bruta, quando devia estar num estado evoluído. Então, a reunião é a oportunidade para rever tudo isto. Para criar as condições de submissão da vontade e das paixões.

O refletir sobre estas idéias, vai ver que está implícito na frase do Presidente. A reunião é o laboratório. Os Irmãos, os mestres. Não temer sobre o êxito da pretensão. Recordemos a tibieza inicial de Moisés, quando Jeová o convocou para retirar o povo de Deus do cativeiro do Faraó! Moisés se achava fraco para aquela grande missão. Até gago se dizia e por isto com séria dificuldade de comunicação. Mas Jeová lhe garantiu: “EU serei contigo”. O Presidente, na reunião, também vai pedir o amparo do Grande Arquiteto do Universo para a felicidade de todos. Para “ser” com os presentes.

Vamos alertar a consciência para o fato de que aquele é o momento facultado para a aprendizagem da prática da virtude, o qual exige nossa melhor disposição para isto. E, nesta harmonia de idéias, ajudarmos o Presidente a dar curso aos trabalhos que nos cabe na construção social. Daí por que estamos ali, “em Loja, meus Irmãos!”.

(*)Presidente da ABIM e Grão-Mestre do GOÍPE

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MAÇONARIA E RELIGIÃO, CONEXÃO PERIGOSA

Ir.: Valfredo Melo e Souza(*)

Da idéia do “espaço Hilbert” (David Hilbert, 1862-1943), isto é, um espaço matemático cujo número de

dimensões é infinito, infiro que a religião é uma imagem fractal que, ampliada pode atingir o todo nesse “espaço Hilbert”. A parte contém o todo, prega a filosofia oriental. A religião é um fragmento (fractus) nesse imenso espaço universal que é a humanidade se levarmos em conta as estruturas dos sistemas religiosos. São numerosas aas religiões em todos os tempos. Foram os homens que a criaram. E, como invenção humana, tem trazido, por vezes, sérios conflitos, derramamento de sangue, ódio e genocídio. Mentalizem as dezenas desses conhecidos conflitos intermináveis. Observem que igrejas, templos sinagogas, mesquitas, centros espíritas, cabem, em idéias, dentro de uma Loja Maçônica. Neste aspecto, conflito, intolerância e escuridão têm ocorrido na Maçonaria ao longo dos anos. A cizânia da Maçonaria é a cizânia das idéias. Somos todos religiosos. A Luz e a espiritualidade são a nossa direção. Aspecto notável e cuidadoso, portanto, esta conexão velada, de Maçonaria e Religião. As religiões mudaram a humanidade e, neste contexto, a Maçonaria. A religião é a mais antiga prática cultural do homem. A história da humanidade se confunde com a prática religiosa desde o início dos tempos. Por isto, alguns escritores proclamam o início da Maçonaria nessa época. Por volta do Século VII a.C., o povo sumeriano tinha uma Biblioteca, na cidade de Tello, contendo manuscritos em “tijolos” com a epopéia do dilúvio babilônico, contada por Utnapistim (semelhante ao de Noé). Cerca de 30.000 “livros de tijolos” empilhados, contam histórias épicas, lendas de naufrágios, parábolas, fábula e provérbios. Ensinamentos que se confundem, tantas vezes, com o simbolismo maçônico. Os princípios gerais e postulados ficaram plantados nas diversas civilizações. Vejamos:

O Budismo adotado como religião em grande parte da Ásia. O Dhammapada, um de seus livros contém os provérbios de Sidharta Gautama, o Buda (560-480 a. C.). “Jamais se extingue o ódio com ódio. O ódio só se extingue com o amor; esta é a Lei eterna”.

O Confuncionismo, a religião de o Kung-Fu-Tsu (551-479 a.C.) pregada nos Anacletos, conjunto de normas e comportamentos. Um código de ética. “Existe uma palavra que sintetize a base de toda a boa conduta?” Resposta de Confúncio: “Não será a reciprocidade esta palavra? O que não desejas para ti, não o faças aos demais”.

O Cristianismo, com dezenas de derivações, encontra na Bíblia os fundamentos de todas. “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros”.

Hinduísmo. Fundamentado nos Upanishads (Vedantas) vindo do mais antigo texto hindu (os Vedas). Junto com o Mahabharata e o Ramayana soa os pilares da cultura hindu. “Amar todas as coisas, grandes ou pequenas, tal como Deus as ama, eis a verdadeira religião” (Hiropadexa).

Janismo. Uma reforma do Bramanismo (tal qual o Budismo). Os Agamas, tornaram-se as escrituras sagradas dessa religião. Seu criador: Vardamma ou Mahavira – o Grande Herói. “Todos os seres amam a vida e abominam a dor; logo, não se deve maltratá-los nem matá-los. Eis a quinta-essência da Sabedoria: Não se deve matar nada”.

Judaísmo. Sua base é o Velho Testamento. Basicamente repousa em três colunas: A Lei (Tora), A Repetição da Lei (Mishnah) e o Estudo da Lei (Gemara). “Não faças aos outros o que te é detestável. Nisto está toda a Lei; tudo o mais são comentários” (Talmude).

Maometismo. Dividido em duas seitas: Sunitas e Chiitas. Suas doutrinas estão no Corão ou Alcorão. “Ninguém é verdadeiro crente enquanto não almejar para seu irmão o que para si mesmo almeja”. (Hadith).

E por aí vai. Tauismo: “Apto para governar está quem ama ao seu povo tanto quanto a si próprio”. Xintoísmo: “Não se deve ser sensível ao sofrimento em sua própria vida e negligente ao sofrimento na vida dos outros”. Zoroastrismo: “Atentai sempre para três coisas excelentes: bons pensamentos, boas palavras e bons atos”. (Vendidad XVIII, 17).

Maçonaria não é religião, temos afirmado, porém convive com este pluralismo religioso. A Instituição é laica e democrática; demonstra uma postura de neutralidade e independência. Sua laicidade é

o símbolo da liberdade, igualdade e fraternidade abraçado pelos pedreiros livres na construção do Templo da Humanidade.

Membro da Academia Maçônica de Letras do DF(*)

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HIERARQUIA E PODER NA MAÇONARIAHIERARQUIA E PODER NA MAÇONARIAHIERARQUIA E PODER NA MAÇONARIAHIERARQUIA E PODER NA MAÇONARIA Ir.: Valdemar Sansão

O maçom deve aceitar as distinções hierárquicas com humildade e assim, exercitar a virtude do bom viver e

do amor fraternal.

HIERARQUIA MAÇÔNICA – Uma sociedade para

ser poderosa e útil, necessita possuir força moral bastante para se impor, dando e exigindo dos seus membros direitos e deveres; e é o respeito zeloso da sua tradição o maior fator para criar essa força moral.

Sociedade que viola e habitua-se a modificar os seus princípios fundamentais, o direito de outorga, e o dever que exige, degenera-se gradualmente, torna-se decadente e perde a sua razão de ser.

Daí, a necessidade de conservação do seu passado, do interesse em torná-lo conhecido e amado a fim de inculcar o exemplo de veneração pela causa da instituição e, para assegurar os direitos e deveres de cada um, à imprescindibilidade de selecionar, estimular e classificar os mais dedicados associados a quem galardoa, distingue e se destina funções especiais.

A Maçonaria, pois, como instituição que necessita possuir força moral suficiente para poder cumprir a sua missão social e exigir dos seus membros o cumprimento de deveres, tem, por meio do respeito aos seus ritos, conservado a sua tradição e, pelos seus graus, classificado seus associados, ajustando-os a uma hierarquia ora formalística, ora dirigente. Essa hierarquia, porém, não significa a superioridade individual exigindo a subordinação passiva.

Ela não é mais do que uma classificação, como fonte inspiradora da obediência natural e voluntária de indivíduos e agrupamentos a outros com funções e conhecimentos especiais, para que marchem os negócios sociais sistematizados e com as responsabilidades definidas.

Deste modo há, na Maçonaria, a hierarquia moral ou litúrgica e a administrativa ou de cargos. A primeira se baseia no sistema dos graus e representa o dever que tem o Maçom de respeitar a situação que outro adquire com a posse de uma distinção conferida e significativa apenas de honras e de responsabilidades, para com o ideal associativo. A segunda, isto é, administrativa ou dos cargos, assegura a unidade, vigilância, execução e regularidade das formas sociais. O Maçom investido de um grau adquire e assume compromissos não só para com a instituição como para com os Irmãos menos graduados.

Obrigado a conhecer os direitos e deveres, a sua responsabilidade maçônica aumenta, e o dever de guiar, aconselhar e ensinar os menos galardoados, se impõe. E então, para ser ouvido, respeitado e seguido, preciso é que tenha certas prerrogativas, e como prêmio de sua aptidão e esforço, conferem-se-lhes honras e considerações. (Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Nicola Aslan).

A HUMILDADE – Podemos entender a humildade como reconhecimento da existência de uma potência

superior a nós, a qual rege nossas vidas. Alguns chamam de Deus, outros de Alá, ou qualquer outro nome que queiram dar. Para os Maçons, Deus é o Grande Arquiteto do Universo (porque construiu o Universo e tudo o que ele contém).

Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerrogativas profanas, de privilégios que a Sociedade confere. Esta igualdade não fere o princípio hierárquico maçônico porque os Irmãos postos em evidência o foram pelo voto dos obreiros; todos têm o direito de serem eleitos Veneráveis Mestres ou outros cargos; sempre chega a vez de todos, no rodízio recomendável.

À vista do texto supracitado vamos, também, examinar como complemento do assunto, o direito de dispor de força ou autoridade para deliberar, agir e mandar; isto é ter poder.

PODER – Mais prejudicial que o orgulho é o que o poder inspira. Por poder entendemos aqui todo o domínio que um homem tem sobre outro, quer esse domínio seja extenso ou limitado.

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O poder exerce uma fortíssima influência sobre aquele que o tem. É preciso que uma cabeça seja bem forte para não ser perturbada por ele. Dentro de cada homem dormita um tirano que só espera para despertar uma ocasião propícia. Ora, o tirano é o pior inimigo da autoridade, porque nos dá dela uma intolerável caricatura. Daí uma multidão de complicações sociais, de irritações e de ódios. Faz uma obra má, todo aquele que diz aos que estão na sua dependência: “faça isto porque é essa a minha vontade, ou melhor, porque é esse o meu desejo”. Em todos nós há qualquer coisa que nos incita a resistir ao poder pessoal, e essa qualquer coisa é muito respeitável. Porque, no fundo, somos iguais, e ninguém há que tenha o direito de exigir a nossa obediência por ele ser quem é, e nós sermos quem somos; neste caso as suas ordens aviltam-nos, e não é permitido que nos deixemos humilhar.

É preciso termos vivido nas escolas, nos escritórios, no exército, termos seguido de perto as relações entre patrões e criados, termos parado um pouco onde quer que a supremacia do homem se exerça sobre o homem, para se formar uma idéia do mal que fazem aqueles que praticam o poder com arrogância. De cada alma livre, fazem uma alma escrava, isto é, uma alma de revoltado. E parece que este efeito funesto, anti-social, se produz com mais certeza quando quem manda está mais aproximado pela sorte, daquele que obedece. O mais implacável dos tiranos é o tirano em ponto pequeno. Um chefe de setor de uma oficina emprega mais ferocidade nos seus processos que o diretor da fábrica, ou o patrão. O cabo é mais duro para os soldados que o sargento e este que o coronel. Em certas casas onde a senhora não tem muito mais educação que a criada, há entre uma e outra as relações de cão e gato. Infeliz daquele que cai, onde quer que seja nas mãos de um subalterno ébrio de autoridade. Pode se adornar de virtudes que não possuem, mas, sua consciência, na hora certa, saberá mostrar que são vazios e nocivos.

Esquece-se que o primeiro dever de quem quer que exerça o poder, é a humildade. A soberba não é a autoridade. Nós não somos a lei. A lei está acima de todas as cabeças. O que fazemos é interpretá-las, mas para fazer valer aos olhos dos outros, é preciso que primeiramente nos tenhamos submetido a ela. O mando e a obediência na sociedade não passam afinal da mesma virtude: a sujeição voluntária. A maior parte das vezes não somos obedecidos, porque não obedecemos primeiro.

O segredo do ascendente moral pertence aos que mandam com simplicidade, adoçando pelo espírito a dureza do fato. O seu poder não está na fortuna, nem na função, nem no título, nem nas faixas ou medalhas, mas unicamente nele mesmo. O que confere a um homem o direito de pedir a outro homem o sacrifício do seu tempo, de seu dinheiro, das suas paixões, e até da sua vida, é que não só ele mesmo está resolvido a esses sacrifícios, mas que já se antecipou a fazê-los interiormente.

Nos nossos mais de trinta anos de caserna, fomos comandados e comandamos (mandamos com). Em todos os domínios da atividade militar e humana, há chefes que lideram, inspiram, amparam, encantam, arrebatam e entusiasmam seus comandados; debaixo de sua direção as tropas fazem prodígios. Com eles, sentimo-nos capazes de todos os esforços, prontos a entrar em combate com entusiasmo. Há, também, déspotas, arbitrários, que são detestados.

RESUMAMOS PARA CONCLUIR: A única distinção necessária é a que consiste em uma pessoa querer ser melhor. O homem que se esforça por vir a ser melhor torna-se mais humilde, mais abordável, mais familiar. Mas, a hierarquia nada perde com isso, e ele recolhe tanto mais respeito quanto menos orgulho semeou.

O maçom vale pela sua personalidade, seu comportamento, sua filosofia, sua disposição de “servir” seu Irmão. Nem a posição social, nem o dinheiro, nem a cultura o destacarão dos demais. A tendência dos mais humildes será a de lutarem para alcançar os portadores de atributos e virtudes excepcionais, e jamais haverá a exigência de um nivelamento por baixo, ou seja, que o virtuoso abra mão de suas qualidades para igualar-se ao menos dotado.

Como se cumpririam melhor os deveres de cidadão, se o mais humilde e o mais altamente colocado aproximassem mãos e corações, permitindo que se entendam, estimem e amem. Eis o verdadeiro cimento que a Maçonaria adotou, como um símbolo de amor fraternal que liga os Maçons de todos os países do mundo, numa única e comum Fraternidade.

Valdemar Sansão – M.’.M.’. [email protected]

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O HOMEM E SEUS VALORES: BIOÉTICA

José Ferreira Lopes(*)

Não podemos falar de ética sem antes falar do Homem, este ser enigmático que pode ser antes um cientista que objetiva o melhor para a Humanidade quanto aquele que cria instrumento para a destruição. O homem pode pertencer a diferentes categorias como neuróticos, ladrões, loucos, mentirosos, como bondosos, serenos, sinceros, dignos. É por conta daquelas peças mal feitas que testemunhamos o surgimento de vários males da sociedade: a falta de segurança, os problemas de educação, os políticos sem caráter, entre outros malefícios. Há, entretanto, aqueles que desejam um mundo sem violência, sem miséria, sem privações. A questão que se impõe, é a intencionalidade do indivíduo, suas ações oriundas de suas decisões, de seu livre arbítrio!

Livre arbítrio tem uma ligação direta com o ser livre! Surge, então, perguntas: o que é ser livre? Como ser livre? Você já olhou sobre a vida que passa? Já fez uma análise positiva dos seus próprios erros? É necessário uma visão compreensiva que percebe os desvios, os equívocos, mas percebe também as razões legítimas que conduzem ao erro, quando o comportamento do homem não consegue fazer corresponder a ordem das intenções válidas com a forma adequada de conduzir suas ações.

Na perspectiva biológica, por exemplo, a liberdade se refere às condições de sanidade física que permitem a atividade do homem contando com os recursos de seu próprio corpo. Na perspectiva psicológica, o problema aparece sob o aspecto da impressão ou sentimento de liberdade. Sentir-se livre é ser livre? Não sentir-se não é ser livre? O sentimento da ausência de obstáculo é liberdade? Um estado eufórico produzido por uma droga é liberdade? Na perspectiva social e política a liberdade aparece em termos pela ausência de coação ou condicionamento. A coação, que educa e permite o desenvolvimento do homem no contato e superação das dificuldades, será ausência de liberdade? O homem escolhe, e ainda a não escolha é escolha; trata-se de saber se quando escolhe é livre de escolher, ou escolhe determinado por alguma causa necessária que o impele à escolha! Na perspectiva moral, o livre arbítrio surge em relação com a noção de bem, ou seja, o que permite ao ser humano o maior desenvolvimento e domínio de si mesmo, a sua integridade, sua autonomia e responsabilidade. A dimensão moral do problema dos valores – Bioética, Biodireito e Ética Profissional, por exemplo – se definem pelos critérios ou exigência que se fazem necessários como garantia dos atos livres como expressão da responsabilidade do fazer ou não, ou seja, dos atos que permitem a continuidade de atos livres.

Os valores! Estes só se realizam no homem ético e na sociedade; na consciência humana e no processo cultural de uma comunidade. Ao imaginar o bem, nós os tornamos um objeto para nós, da mesma forma como ao imaginarmos o mal, este se apresenta à nossa consciência como algo objetivo, na sua idealidade. Bem e mal são modos constitutivos da condição humana. É evidente que estes modos de ser do homem representam a tensão mais radical na orientação da sua conduta. As práticas orientadas para o bem e as práticas orientadas para o mal constituem o universo de possibilidades constitutivas do homem enquanto animal tido com racional. Daí a necessidade de aparatos normativos e de poder coercitivo para garantir a coexistência (ou a própria sobrevivência deste animal). Vê-se, então, que a racionalidade humana não é garantia para a coexistência fora dos padrões normativos que ela cristaliza. Senão vejamos: se um dos modos de ser do homem é ser racional, também um dos seus modos de ser é ser irracional!

A tutela jurídica da vida, da honra, da liberdade, do patrimônio e tantas outras tutelas denunciam simplesmente que existem valores fundamentais concebidos pelo homem que não podem ser deixados ao sabor de sua suposta racionalidade. Ainda que não concordemos com o absolutismo da afirmação de que o Estado é a realização da idéia ética, não vemos como afastar da reflexão o fato de que valor e eticidade se articulam em todos os horizontes da vida histórica, Surge, então, a questão do Utilitarismo. E o que significa isto? O utilitarismo é uma ética teleológica, isto é, uma ética que visa a uma finalidade. Um dos estudiosos do utilitarismo foi John Stuart Mill que afirmou: “o utilitarismo somente pode atingir os seus fins pelo cultivo geral da nobreza de caráter”. Logo, virtudes como a coragem, o autocontrole e a justiça passam a constituir uma vida feliz. Ele reconhece que os seres humanos são capazes de procurar a própria perfeição como um fim em si; que não somente procuramos prazer, mas também que somos capazes de excelência moral. Ele não nega que as virtudes possam ser desejadas por si, pelo valor intrínseco à sua própria natureza, mas anota, em contrapartida,

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que as virtudes servem, funcionam como meio, a um tipo de felicidade que é prioritariamente alcançado pela elevação máxima de um gênero especial de prazer: o prazer intelectual.

O Homem racional, ao longo de sua história, utilizando o seu intelecto, tem procurado as mais diferentes explicações para ele mesmo. A nossa história é cercada de controvérsias e são exatamente estas que impulsionam o homem a buscar explicações. Daí ter surgido estudos distintos sobre ÉTICA. Para este trabalho, achamos por bem termos optado pela abordagem das questões morais a partir das éticas das virtudes que nos dão uma compreensão das qualidades morais de que devemos ser dotados para agir eticamente.

Uma permanente disposição para querer o bem, tal é a idéia fundamental sobre a ética: um hábito, uma disciplina. Ética supõe uma longa familiaridade com a prática dos deveres, a tal ponto que o ato moral se tornou próprio do Ser, e parece espontaneamente corresponder às disposições interiores. Aristóteles já dizia que “uma andorinha só não faz verão”, ou seja, um ato moral isolado – mesmo de grande valor – não basta para fazer um homem virtuoso. As virtudes são potências, disposições naturais que somente a prática moral faz passar a “ato”. A virtude é o hábito de ser na ordem, e o desenvolve com felicidade.

A virtude é a coragem do bem e a coragem supõe a mobilização de todas as nossas energias. Não existe virtude sem conhecimento da hierarquia do bem. O amor à ordem não é somente a principal entre as virtudes morais, mas é a única virtude, virtude-mãe, fundamental, universal, uma disposição adquirida e durável para agir de maneira voluntária e refletida. Um ato voluntário refletido está ligado diretamente à liberdade que se liga à virtude com liame à ética. As criaturas – inclusive nós mesmos – vivemos no que chamamos de “mundo” que é uma estrutura conceitual de espaço e tempo na qual acontecimentos ocorrem, e se resolvem em situações das quais surgem novos acontecimentos, mais ou menos espetaculares: esse desenvolvimento é a regra de causa e efeito como a concebemos, e o que desenvolve é Realidade, a teia de fatos gerados pelos nossos atos que podem ser éticos ou aéticos!

BIBLIOGRAFIA ARISTÓTELES. Ética aNicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 2000. BORGES, Maria de Lourdes. DALL’AGNOL, Darlei e DUTRA, Delamar Volpato,. Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. FREIRE, Elias e MOTTA, Sylvio. Ética na Administração Pública. Niterói, RJ: Impetus, 2004. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2004. GUIMARÃES, Aquiles Côrtes. Filosofia do Direito. Rio de Janeiro: Lumens Júris, 2003. JR, Lynn Whitte. Frontiers of Knowledge, in the study of man. New York, Harper & Brothers, 1956. LOPES, José Ferreira- Dissertação de Mestrado. A felicidade em Aristóteles no livro V da Ética a Nicômaco, Rio de Janeiro: UGF, 2005. HUISMANN, Denis e VERGEZ, André. A Ação. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1966. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE ENSINO JURÍDICO. Organização: José Ribamar Garcia e Vitor Marcelo Rodrigues, OAB – Seção do Estado do Rio de Janeiro. MENDONÇA, Eduardo Prado de. Filosofia dos Erros. Rio de Janeiro: Agir, 1977. PESSINI, Léo e BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Fundamentos da Bioética.São Paulo: Paulus, 1996. (*) Professor de Direito e de Filosofia. M:. I:. da A:. R:. L:. S:. LIBERTADORES Nº 1 (G:. O:. I:. R:. J:. / COMAB)

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A CHAMADA DA MAÇONARIA

(A Magia da Franco-Maçonaria. Arthur E. Powell. Cap. I)

Todo aquele que sente os ideais da Franco- Maçonaria deve se ter perguntado, alguma vez, por que esta Ordem o atrai, e o que nela o retém. Em realidade, somos muitos os que fazemos esta pergunta continuamente e formulamos respostas que não afetam senão as bordas do problema, porque sempre há um elemento que se nos escapa: algo intangível e indefinido que podemos localizar, definir ou analisar, apesar de que é absolutamente real, de que está definido de um modo perfeito, e que existe, sem dúvida alguma, algo que exerce inconfundível sedução; algo que, ao mesmo tempo em que acalma o homem interior, aumenta-o em grau extraordinário algo misterioso, sedutor e estimulante; que nos impele perpetuamente para diante, como finito impulso para um infinito objetivo.

Mais notável, entretanto, é que, muito tempo antes de sabermos o que é, na realidade, a Franco-Maçonaria (que, não obstante, sentimos no fundo de nosso coração), já nos damos conta disso, pois, ainda que a maioria dos candidatos à Maçonaria tenha uma idéia vaga e geral de que esta é digna de respeito e crêem que é uma venerável instituição que inculca elevados ideais relativos à vida, não lhes é possível saber muito mais acerca desta associação. Pouco ou nada pode saber o profano de suas cerimônias, embora saiba que estas existam. Não obstante, a absoluta ignorância dos ensinamentos e métodos da Franco-Maçonaria – não é obstáculo para que os homens se iniciem em sua Fraternidade. Tão pouco explica o problema, a cínica afirmação de que à atração que os homens sentem pela Ordem, se deve à mera curiosidade, pois quase todos os MM.'. sabem, por experiências própria, que isto não é verdade.

Em todas as demais coisas costumamos olhar, antes de dar um salto, e procuramos nos informar, antes de dar um passo definido ou lançar-nos a alguma empresa. A mais elementar prudência nos aconselha que averiguemos em que consiste a instituição a qual desejamos nos aderir, ou o plano que havemos de seguir. Não obstante, pouco ou nada podemos saber de antemão a respeito da Franco-Maçonaria, pois até os mesmos MM.'. seriam as últimas pessoas do mundo a revelar algo referente a eles ou à sua instituição. Apesar de tudo isso entra em sua Fraternidade convencido, plenamente, de que não vai por mau caminho, e nos submergimos nas trevas sem sentir escrúpulos nem timidez, respondendo a uma chamada interior que não sabemos explicar nem compreender.

Ainda mais; sabido é que nenhum homem sensato é capaz de opinar sobre os assuntos da corrente da vida, antes de haver feito um detido exame. Pois bem, quando se trata da Franco-Maçonaria, ocorre o contrário, porque todos costumamos ter uma idéia favorável e preconcebida de nossa Ordem que é a que nos induz a penetrarmos nela. Isso prova que a Franco-Maçonaria tem um selo característico que a diferencia de todas as demais coisas do mundo, mesmo antes que dê começo nossa vida maçônica.

No entanto, antes de sondarmos profundamente este fator misterioso e intangível que constitui o coração e a entranha da atração que nos impulsiona para a Maçonaria, é conveniente que passemos revista a uns quantos dos demais aspectos desta atração, cujo isolamento e exame não é difícil fazer.

O ritual simples, dignificado e belo, já desapareceu quase por completo do mundo moderno. É certo que a Igreja Católica e a alta Igreja Anglicana conservam ainda grande parte do ritual. Na vida cívica, subsistem ainda algumas cerimônias, como as de abertura do Parlamento, coroações, jubileus, inaugurações de está tuas e algumas outras, porém estes acontecimentos são relativamente escassos, além disso, nada há em sua natureza que forme parte da vida regular do cidadão corrente. Com efeito, durante muitas gerações, a crescente influência do materialismo procurou eliminar de nossa vida as cerimônias, como se tratasse de uma superstição.

Não cabe dúvida de que esta tendência é sã e boa, enquanto impedem que os homens tomem parte em cerimônias ritualísticas que, não tendo senão aparato externo, não se baseia em nenhuma realidade interna, nem s e fundamentam no que, nos tempos primitivos, recebia o nome de magia e se considerava como a chamada, para que estudassem as forças mais ocultas e internas da natureza, e os seres pertencentes a um mundo distinto do nosso.

No entanto, é indubitável que quase todo o mundo abriga um secreto amor pelas cerimônias ou o ritual. Prova disso é a adesão do povo a certas instituições, como por exemplo, a extravagante e desconcertante guarda de corpos, as procissões do Lorde Maior, as perucas dos Juízes e coisas deste estilo. O entusiasmo pelas exibições históricas, assim como os caprichosos vestidos que as mães idealizam para seus filhos, e a perene fantasia do traje dos jovens e dos anciãos, são outros tantos exemplos deste irreprimível amor pelas cerimônias.

Este é, indubitavelmente, um dos principais atrativos que tem a Maçonaria para a maioria de seus iniciados. Há na vida moderna tanto bulício, tanta precipitação, tanta barafunda, tanta indecência, tanta atividade, tanta insistência pelos direitos próprios, tão pouca consideração pelos sentimentos alheios e tão pouca dignidade ou cortesia que brota espontaneamente de bondosos corações, que nos causa extraordinário prazer, o fato de entrar na atmosfera tão oposta das Lojas, onde reina a dignidade e a ordem em vez da indigna inquietude a que estamos acostumados no mundo externo . Maravilhoso tônico para os nervos fatigados pela tensão da vida ordinária e a entrada no recinto de uma Loja maçônica, onde tudo é quietude, ordem e paz; onde cada cargo da Oficina e cada irmão têm o seu lugar fixo e o seu dever prescrito; onde ninguém usurpa as funções alheias, onde uma vez que tenha sido eleita ou determinada à forma do drama, todos cooperam harmoniosamente e de bom grado, para levar a cabo as cerimônias, de tal forma que, se crie o ambiente que algum dia há de caracterizar até mesmo o mundo externo, quando os homens cessem sua disputa, aprendam a lição da fraternidade, e

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cooperem para a suprema Vontade da evolução, a fim de ordenar todas as coisas, bela, forte e sabiamente. Também é agradável o gozo estético que produz o tomar parte em uma cerimônia bem dirigida, em que todos os

irmãos, não só tenham estudado intensamente os atos e palavras que lhes correspondem, mas também, que compreendam sua significação e ponham o melhor de sua alma em tudo quanto façam ou digam. A própria disposição da Loja, a ordenada e digna colocação das colunas, os Oficiais e suas insígnias especiais que enfeitam a assembléia com pinceladas de cores agradáveis, a situação das Luzes e todas as demais coisas adjuntas com as quais estamos familiarizados, contribuem para formar “um tout ensemble” que conforta a vista, agrada aos sentidos, apraz à mente, satisfaz à natureza religiosa e, ao mesmo tempo em que contrasta com a maioria, com a maior parte de nossa vida diária, e uma esperança para o porvir do nosso mundo. Outro elemento de grande beleza que move todo aquele que sente a poesia e a música, é o esquisito ritmo de eufonia de nosso antigo ritual, cujas palavras e frases não há igual na literatura inglesa com exceção da Bíblia e das obras de Shakespeare. O antigo provérbio inglês de que “uma coisa bela proporciona gozo eterno” pode aplicar-se às simples e profundas palavras de nosso ritual, porque, apesar de serem ouvidas continuamente, todos os anos, nas diferentes cerimônias, nunca perdem seu atrativo, nem cansam, nem envelhecem; melhor, sua beleza, sua majestade, sua significação, aumentam à medida que nos familiarizamos com elas que são verdadeira prova de suprema literatura de satisfação ética e de religioso significado. Quão admirável é a tradição de que as palavras de nosso ritual hão de repetir-se sem acrescentar, omitir nem alterar nada, porque, a maioria das sentenças foram redigidas de f o r m a tão perfeita que, qualquer variação romperia sua sonoridade e corromperia sua significação. A formosura da linguagem contribui tanto com os demais fatores para que as palavras do ritual os produzam intensa impressão. Estes amplos e profundos ensina mentos não devem seu poder a sutilezas metafísicas nem a análises filosóficas, nem a sua novidade i n trínseca, senão melhor, à sua simplicidade, concisão e universalidade. Propriedade comum de todos os sistemas religiosos conhecidos e a identidade dos preceitos éticos, não obstante, o método de apresentação às antigas verdades de moral e de amor fraternal, assim como a franqueza, a restrição, a grandeza e verdadeira sinceridade do ritual maçônico, com seu transcendental significado, fazem com que estes ensinamentos nos pareçam sempre novos, vividos, inspiradores e práticos.

Muitos intelectuais modernos que acha m curas, estreitas e anti-científicas as idéias de certas ortodoxias religiosas, aceitam com verdadeira complacência e carência absoluta de dogmas teológicos e de outros gêneros de que se jacta a Maçonaria. Grande parte dos pensadores de cultura média reconhece a fraternidade, aceitam, uma lei ética e um código moral baseado na fraternidade; porém não deriva esta de preceitos religiosos externos, senão dos ditames de seus corações e da inata benevolência que sentem por seus camaradas.

A Franco-Maçonaria expõe estes ensina mentos com tanta universalidade e catolicidade, que os homens pertencentes a qualquer dos credos assim como os que não aceitam nenhum podem aceitá-los sem escrúpulos, reconhecendo-os como norma de verdade que eles conhecem por experiência interna, sem necessidade de apoio de muletas teológicas.

Além disso, já não é possível negar que nos tempos modernos existe muita gente que não professa uma fórmula definida de crença religiosa, quiçá, porque está convencida, de que não pode aceitar honradamente os credos que satisfaziam os homens ao passado. A necessidade de expressão de fé religiosa que esta gente experimenta sem podê-lo evitar e que todos sentimos praticamente, pode satisfazer-se em grande parte com a sinceridade simples da ética maçônica e sua declaração de fraternal benevolência. O conjunto desta ética, verdadeiro coração e nervo da Franco-Maçonaria, constituem a palavra Fraternidade, a palavra sem par em todos os idiomas. Se o maçom a aceita sem evasivas, equívocos nem reservas mentais de nenhuma espécie, alcançará o pleno desenvolvimento maçônico; porém, se a rechaça, não terá direito de penetrar no sagrado recinto do Templo ainda que ostente o mais elevado dos graus. A fraternidade é para o maçom o que a luz do sol é para os seres vivos; e assim como a luz do sol pode dividir-se em infinitos matizes e cores, e seu poder transmutar-se em incontáveis forças e manifestações de vida, assim o espírito de Fraternidade resplende no coração do homem, pode iluminar sua natureza e inspirar suas ações de modos tão infinitos como as areias do mar e tão diversos como as flores do campo. O espírito fraternal é tão penetrante como o éter existente em todas as formas de matéria, porque se infunde em toda a vida do franco- maçom, iluminando-a com sua Sabedoria, sustentando-a com sua Força e fazendo com que sua Beleza se irradie até os confins mais longínquos da terra.

Os homens seguidamente se vêem obrigados a agir sob normas éticas de nível inferior às que desejariam por inumeráveis razões. Os motivos a que se deve este estado de coisas são sutis e complexos. Assim, por exemplo, muitos temem que sua bondade se tome por debilidade ou a sua generosidade por sentimentalismo. Outros têm medo de que se acredite que são mais virtuosos que seus camaradas e, violentando suas idéias e emoções, não desenvolvem a virtude que sentem pulsar em seu coração. Muitas vezes os homens não se atrevem a realizar um ato virtuoso em público, porém experimentariam grande alegria se pudessem realizá-lo sem que ninguém se inteirasse dele. A Franco-Maçonaria proporciona aos homens deste gênero – dos quais há muitos no mundo - um meio de expressão seguro e secreto. O fato de que a Loja esteja a coberto de profanos - o que constitui o primeiríssimo e constante dever de todo o franco-maçom - dá uma sensação de segurança e de reserva, pois impede que possa penetrar os olhares do mundo externo e proporciona ao maçom a oportunidade de "soltar" as rédeas que lhe restringem e de ser seu eu real, esse

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Eu Superior que teme apresentar-se livre e francamente, em todas as partes, menos nos sagrados recintos do Templo, onde os homens confiam nele e lhe chamam de Irmão. Porque o nome de Irmão é altamente mágico. Assim como “todo o mundo é um cenário e todos os homens são comediantes”, assim o maçom tem que representar um papel em sua Loja, na qual pode tirar a falsa máscara que, forçosamente, há de levar no mundo e colocar a outra muito mais nobre de maçom. E desta maneira, ao mesmo tempo em que se regozija de que o modo de maçom lhe permita falar e agir como muitas vezes houvesse desejado fazer no mundo, se tivesse atrevido, encontra em sua Loja tal oportunidade para manifestar qual a verdadeira natureza de seu ser que, raríssimas vezes, poderia encontrá-la em outra parte. De maneira que o elemento de ficção, associado a algo de caráter dramático, torne possível que o homem real seja, por uns momentos, aquilo que pretendia ser.

Deve haver muitos MM.'. que anelam a chegada de um dia em que seja possível sentir e agir no mundo externo do mesmo modo como o fazem na Loja, e em que as normas desta sejam as do mundo. A bondade, a tolerância, a benevolência e a amizade mútuas, a cortesia e a ajuda, a camaradagem e a fidelidade são os verdadeiros elementos de nossa obra na Loja, são os fundamentos do Templo que, cimentados na virtude, há de ser erigido pela Ciência, cada vez com maior Sabedoria. Porém, estas coisas não podem existir mais que parcialmente no mundo, porque o coração dos homens é ainda duro e a ignorância lhes cega. Por isto, termos de cerrar à força nossas Lojas, para evitar que suas sagradas coisas sejam maculadas e que seja manchada a alfombra do Templo.

O ideal da Maçonaria constitui um fator imenso na vida de todo o verdadeiro maçom, porque se enraíza mais profundamente do que qualquer “sprit de corps” e é o espírito mesmíssimo da vida. Para o maçom, a Ordem é uma Divindade que não pode ser maculada jamais com a mais leve mancha, é uma estrela eterna, um imóvel sol dos céus, um centro do qual não pode afastar-se, a menos que seja falso consigo mesmo.

Quanta poesia encerra o nome da Ordem! Os homens têm sentido através de todas as épocas sua ideologia em todos os países do mundo têm feito cerimônias semelhantes às que fazemos agora e às que os filhos dos nossos filhos ensinarão a seus descendentes. A celebração dos ritos maçônicos remonta à noite dos tempos pré-históricos. As cerimônias da qual as nossas se derivam, foram celeradas por homens de todas as raças e centenas de idiomas e dialetos, em climas escalonados desde o tórrido Equador até os pólos gelados, na cidade, bosque, em férteis planícies e áridos desertos e sobre as montanhas mais altas e os vales mais profundos. A Franco-Maçonaria tem existido onde quer que hajam vividos os homens e suas eternas tradições e “landmarks” tÊm sido transmitidos de geração em geração, enlaçando o passado com o presente, e este com o futuro em uma humana solidariedade e ligando tudo em uma indissolúvel unidade com o G.'. A.'. que, do centro, traçou as linhas em que temos de construir seu Sagrado Templo e ordenou a seus fiéis obreiros que trabalhassem nele para completar a obra de Suas Divinas Mãos. A poesia da Franco-Maçonaria sobrepuja todas as outras poesias; porque estas são temporais e fugazes, enquanto que aquela não tem em conta o transcorrer do tempo, nem as mutações modificam em nada seus antigos e imutáveis fundamentos (landmarks). Que mistério encerra isto? Que mistério se oculta por trás destas singelas e profundas cerimônias? Pode alguém satisfazer satisfatoriamente esta pergunta? Será algum homem capaz de dar uma resposta satisfatória antes de chegar a ser mais que homem e de ler estes verdadeiros ss.'. dos quais unicamente ouvimos em nossas Lojas os segredos substituíveis? Assim retorna mos como sempre a esse misterioso e intangível elemento que nos prende com garra mais poderosa que a do leão; é este elemento que constitui a verdadeira razão para que os homens se façam Franco- Maçons e que “uma vez que alguém seja franco- maçom, o seja para sempre!” Cada segredo comunicado é o prelúdio de ulteriores segredos; cada novo toque não é, em realidade, senão as chaves de passe que nos abre a porta de regiões cada vez mais próximas do coração, de que se sustenta o esoterismo da Franco-Maçonaria.

Todos os diversos elementos de que temos falado em particular, dizendo que fazem chamamentos isolados ao maçom, não são mais que os instrumentos individuais que formam uma orquestra; considerada em si a grande sinfonia é mais sublime que todas as partes apesar de que a harmonia combinada destas é a que a torna audível. Ela nos murmura coisas que nenhum instrumento do mundo pode expressar, a não ser em fragmentos, em sucessões de notas que interpretem na terra, submetidas às leis do tempo e do espaço, as melodias do céu, as quais só os celestes ouvidos podem escutar em toda sua íntegra. Antes de nos fazemos Franco-Maçons, devemos sentir um leve rumor que, infiltrando-se através dos espessos muros da Loja cerrada, desperte esses tênues estremecimentos melódicos em nossos corações. Isto é o que aviva esse secreto estímulo que nos arrasta para o esquadro, onde nosso primeiro passo é dado em ignorância, se bem que tendo a certeza interna de que a luz há de chegar com toda a segurança. Enquanto damos os nossos primeiros passos secretos, descobrimos muitos, elementos agradáveis no Ritual maçônico que nos produzem estranho assombro e tanta satisfação que, jamais nos arrependeremos, de haver posto a proa para a aventura. As magníficas frases antigas, a dignidade e a harmonia dos movimentos, da cor e da eufonia, comprazem aos sentidos e às almas dos homens fatigados pela tensão e pela distração das coisas mundanas. A ampla e singela fi losofia de vida, a simples declaração de fraternidade, a ética de fidelidade e amizade, a verdade sem dogmas, a religião sem seita, a reverência sem sacrifícios da dignidade, o amor sem sentimentalismo; todos estes são elementos importantes a contribuírem para despertar a Maçonaria no coração do Maçom. E o gosto de viver em um ambiente de fraternidade, a oportunidade de livrar-se da armadura que, por necessidade, há de vestir o homem nos campos de luta do mundo exterior da Loja, o livre intercâmbio de sentimentos fraternais, sem temor às más inteligências e repulsas, constituem, também, valiosos elementos da chamada Maçonaria.

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Alguns dos fatores que unem o Maçom com a Ordem através de laços que nada pode romper, nem afrouxar, são as seguintes: uma troca de máscara, um novo papel a aprender, um pretexto que é nosso secreto ideal, um conhecimento antecipado do futuro que temos a certeza de chegar um dia, uma homenagem gloriosa a uma sublime Divindade, uma submersão no mais grandioso sonho que o mundo tem conhecido, um laço secreto que nos ume com todas as classes de homens que a terra produziu e uma tradição mais antiga e venerável que todas as havidas e por haver.

Porém, que é a chamada em si? Todas estas coisas não são senão nomes e acessórios: qual é a substância de que todas elas são sombras? Que coisa há na selva virgem que chama os seres selvagens? Que são essas sagradas coisas que murmuram as montanhas ao ouvido do homem, das alturas, de forma tão silenciosa e tão sonora, que apaga o estrépito dos demais cânticos da Terra; essas coisas que o mar sussurra ao marujo; o deserto ao árabe; o gelo ao explorador dos pólos; as estrelas ao astrônomo; a sã filosofia ao observador e os materiais do ofício ao artesão? No homem existe algo que é mais que o homem, o qual se chama a Franco-Maçonaria. Esta chamada vem do mais santo e maior que nele existe, ao que só ele poderá conhecer, quando se converta no Mestre da Loja de sua própria natureza, quando chegue a ser ele mesmo. Assim como o golpe do malhete, que o M.'. dá, repercute em todo o T.'. , encontrando eco no ocidente, sul e noroeste e transpassando até mesmo os muros da L.'. para chegar ao mundo externo, assim também, a Franco-Maçonaria lança uma chamada aos mais recônditos santuários do sacratíssimo ser humano; uma chamada que há de ser respondida, que não admite rechaço, que lhe ordena voltar-se para enfrentar a Luz. Assim como todos os irmãos respondem à ordem do M.'. pelo s.'. , assim responde o homem à chamada da Franco-Maçonaria, ainda que não conheça em que esta consiste, e responde com sua vida. Ele não pode fazer outra coisa que obedecer; abandonar a empresa e morrer; ele deve responder e prosseguir na eterna busca da palavra perdida, que não é nenhuma palavra, porém algo que está oculto no c.'. . De maneira que, a chamada da Franco-Maçonaria é complexa e múltipla, ao mesmo tempo em que é simples e única. Na Franco-Maçonaria existem muitas coisas que hão de acalmar os anelos dos corações humanos, e, no entanto, a Franco-Maçonaria em si, isto é, em sua esplêndida perfeição, é uma coisa que nunca poderá encher-nos até transbordar, até que o homem deixe de ser homem, para converter-se em um Ser Divino, o que há de ocorrer seguramente, na consumação dos tempos. A Franco-Maçonaria é virtude e ciência, ética e filosofia, religião e fraternidade; porém, nenhuma destas coisas, por si só, é ela. Não há multidão de células que possa fazer um organismo vivo, nem galáxia de estrelas que possa formar um cosmos, nem raios de luz que possam fazer um sol. Do mesmo modo, nenhum agrupamento de elementos de beleza ou de fraternidade pode fazer a Franco-Maçonaria; esta cria todas essas coisas, dá ao ser muitos pontos de perfeição, mas continua sendo um mistério que se pode descrever perpetuamente, porém jamais se explicar. A isto se deve que a chamada da Maçonaria seja o que é, e que nós a amamos, porque o homem é também um ser que se pode descrever perpetuamente, porém, jamais, explicar- se. De modo que, na Franco-Maçonaria, o homem se busca a si mesmo, e através de seus mistérios e cerimônias, "Júpiter faz aceno a Júpiter".

N.:E.: Créditos: Artigo recebido – pela Internet –dos IIr.:

Ir∴ JOÃO CARLOS DA SILVEIRA, MM Pod∴ Grão-Mestre

Ir∴ FRANCISCO C.L. PUCCI, MM Gr∴ Bibliotecário da

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