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Jovens comunicadores · Porém, é preciso cautela em relação a uma suposta democratização da comunicação, com o advento da internet, que se encontra inserida na lógica do

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Jovens comunicadorestecendo redes

- Comunicação Popular e Comunitária -

Caderno de formação 3

2015

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Apresentação .....................................................................................................06

1. Comunicação Popular e comunitária na era da internet.........08

1.2 Dicas de Oficinas de Comunicação Popular...................................09

2. Democratização dos meios de comunicação no Brasil.............14

3. Projeto de Lei da Mídia Democrática...................................................16

4. Agitação e Propaganda................................................................................18

4.1 Técnica de Estêncil........................................................................................18

5. Referências.........................................................................................................22

Sumário

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Para os camponeses, a comunicação é um componente importante na luta pela terra e pela reforma agrária. Ao longo dos anos, alguns processos de comunicação ajudaram na formação e or-ganização das comunidades assentadas por meio de cadernos camponeses, revistas e jornais, tais como o jornal e a revista Sem Terra, que fornece elementos sobre o funcionamento da sociedade brasileira, seu viés político-ideológico e econômico, compreendendo o sistema capitalista no seu embate a ser travado na luta de classes.

As rádios dos assentamentos são outro instrumento importante na organização popular. Ex-pressam os pontos de vistas das comunidades rurais, seus anseios e questionamentos sobre a reali-dade que as cerca. Embora, a legislação brasileira acerca das rádios comunitárias, dificilmente, leve em conta o campo brasileiro, uma vez que o limite de alcance para transmissão de rádio comunitária é de 1 km. O que não atende as grandes extensões dos assentamentos rurais.

Quando se trata da organização de trabalhadores rurais, o enfrentamento às barreiras do monopólio midiático é constante. Por isso, além das iniciativas de comunicação popular, também tem-se experiências de comunicação em rede. Com o aumento de usuários com acesso à internet os camponeses percebem nessa plataforma a possibilidade de fazer o contraponto à mídia burguesa, com a construção de páginas virtuais de movimentos, organizações, cooperativas e associação, blo-gs de coletivos, entre outros que retratam a vida no campo a partir daqueles que a vivenciam.

Apresentação

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Outra iniciativa de inserção política na internet é o uso das redes sociais, facebook e twitter, principalmente pelos jovens do campo, que além de estimular a interação social com pessoas em diversos pontos do país, transforma a experiência de uma ferramenta, de natureza individual, em algo coletivo. Logo a luta pela terra, por reforma agrária e o direito de produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos está intrinsecamente ligada à luta pela democratização da comunicação no Brasil. Pois a criminalização e invisibilização das lutas e da realidade camponesa faz parte de um posicionamento da grande mídia monopolizada que atende aos interesses das grandes empresas, do latifúndio e do agronegócio.

O presente Caderno de Formação n° 3 – Comunicação Popular e Comunitária é o terceiro da série de publicações sobre os temas da comunicação e cultura organizadas pelo projeto “Jovens Comunicadores Tecendo Redes”, uma realização da Casa Brasileira de Pesquisa e Cooperação com o patrocínio da Petrobras.

O propósito do projeto é articular uma rede nacional de jovens multiplicadores de ações de comunicação e cultura nas áreas da reforma agrária das cinco regiões do Brasil. Isto proporciona a criação de novas oportunidades para os jovens do campo e maior participação no debate sobre as questões fundamentais da nossa sociedade, para a construção de alternativas aos problemas que se apresentam. Para tal, o projeto parte do acúmulo construído por várias organizações do campo nas áreas de juventude, cultura e comunicação e busca fortalecer ações coletivas já existentes.

Este caderno apresenta o debate da comunicação popular e comunitária na era da inter-net, o projeto de democratização da comunicação e algumas técnicas de agitação e propaganda. Também propõe um conjunto de orientações e subsídios técnicos de práticas comunicativas, para a apropriação da juventude do campo na organização e fortalecimento de processos de comunicação popular e comunitária que expressam à realidade das comunidades camponesas.Boa leitura e bom trabalho a todas e todos!

Equipe do projeto “Jovens Comunicadores Tecendo Redes”.

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1. Comunicação Popular e Comunitária na era da internet

Conforme Cicília Peruzzo (2006), a comunicação popular surge com os movimentos populares do Brasil e da América Latina das décadas de 1970 e 1980, como forma alternativa de comunicação, através da participação democrática e luta dos movimentos e organizações populares, por melhores condições de vida.

A comunicação popular também é chamada de alternativa, participativa, horizontal, comunitária e dialógica. Essas práticas de comunicação têm o mesmo sentido político, pois são expressão de gru-pos populares excluídos, que lutam por direitos sociais e políticos.

Portanto, a comunicação popular é produzida pelo próprio povo e destinada a ele, através de suas organizações e movimentos populares, na luta pela sobrevivência e mudanças sociais. “[...] Possui conteúdo crítico-emancipador e reivindicativo e tem o “povo” como protagonista principal, o que o torna um processo democrático e educativo” (PERUZZO, 2006, p. 4).

Assim, o povo se torna protagonista do processo de comunicação, que passa a ter um papel político para a classe trabalhadora na expressão de sua visão de mundo e construção de uma sociedade igualitária.

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Sociedade em Rede e as mídias digitais

Tendo em conta a importância da comunicação popular e comunitária na organização de meios de comunicação em que os trabalhadores conseguem expressar sua realidade, com o avanço tecno-lógico a sociedade capitalista cria novos canais de comunicação, como a internet que possibilitam outras formas de informação. Segundo Castells (2006), a internet é inicialmente desenvolvida nos EUA, a partir de 1960, como ferramenta de comunicação militar alternativa durante a guerra.

Nas ultimas décadas observa-se um crescimento expressivo no acesso dos usuários à internet. Da-dos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (2012), apontam que em 2011, cerca de 74 milhões de brasileiros tinham acesso à internet, atingindo 38% dos domicílios brasileiros, quatro em cada dez domicílios.

Ao mesmo tempo, as desigualdades sociais, econômicas e geográficas ainda dificultam o acesso a essas tecnologias, para uma parcela significativa da população. O uso do computador ainda é muito superior na área urbana, que concentra 51% dos equipamentos, enquanto na área rural esse acesso equivale a somente 16% da população.

Por outro lado, a internet e as redes sociais possibilitam a criação de novas relações sociais que podem questionar o controle do monopólio da mídia, gerando formas coletivas e colaborativas de comunicação, com a produção de informações por diversos segmentos populares e cidadãos, dando origem a novas práticas de comunicação, que estimulam a participação e ampliação da democracia.

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Pois, a partir da rede virtual os cidadãos, com acesso aos aparatos informáticos e digitais e os grupos populares, antes marginalizados pelos grandes meios de comunicação, se tornam “sujeitos ativos” dos processos comunicativos e produtores de conteúdo. Os cidadãos, em geral adquirem novos es-paços para desenvolver práticas de comunicação, que podem ser produzidas nas comunidades, não necessitando de profissionais de comunicação e divulgadas diretamente na internet.

Porém, é preciso cautela em relação a uma suposta democratização da comunicação, com o advento da internet, que se encontra inserida na lógica do capitalismo. Esse é o caso das grandes redes que monopolizam a informação: Google, Yahoo, MSN, etc. Mas, ainda que seja um produto da socieda-de capitalista a internet pode ser apropriada pelos trabalhadores para o questionamento das suas condições de vida, das desigualdades sociais, expressão da sua realidade e busca por justiça social.

Nesse contexto, a internet se afirma como um novo canal de comunicação que concentra uma in-finidade de linguagens e conteúdos, reforçando o papel da comunicação popular e comunitária na reivindicação de direitos e melhoria das condições de vida, pelos movimentos sociais e grupos popu-lares. Cenário em que a comunicação popular segue tendo papel fundamental na expressão desses trabalhadores; como por exemplo, os agricultores e agricultoras assentados em áreas de reforma agrária, auxiliando na organização, desenvolvimento sociocultural e melhoria das condições de vida dessas comunidades do campo.

São formas de comunicação popular e comunitária os meios de comunicação alternativos à grande imprensa, em que as comunidades participam na construção de práticas e veículos de comunicação, como as rádios comunitárias, rádios-poste, jornais das comunidades, cooperativas, escolas, TVs co-munitárias, vídeos e documentários, blogs, entre outros.

#Como fazer comunicação popular e comunitária nos assentamentos?

>> Organizar debates nas comunidades e escolas dos as-sentamentos com os jovens para discutir e compreender o que é comunicação popular;

>> Discutir com os jovens quais as práticas de comunica-ção popular mais se adéqua a realidade das comunida-des locais;

>> Organizar oficinas para o desenvolvimento de práti-cas de comunicação popular. Como oficinas de rádios co-munitárias, audiovisual, teatro, agitação e propaganda, jornais, produção de notícias, entre outros

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#Dicas de Oficinas de comunicação popular

>> Oficina: Jornal impresso

Como construir um jornal?

- Discutir com a comunidade assentada qual será o enfoque, nome, editorias, periodicidade, equipe responsável, forma de manutenção financeira, local e equipamentos para produção.- Dependendo da periodicidade, por exemplo, mensal – reali-zar reunião de pauta para o levantamento dos assuntos, avalia-ção da edição anterior e divisão de responsável por editorias;- Discutir editoria por editoria, e levantar os responsáveis por cada matéria/artigo.

- Encomendar os textos sugeridos aos responsáveis.

- Acompanhar o processo de elaboração do conteúdo.

- Garantir boas imagens para ilustrar e complementar o enten-dimento dos textos.

- Fazer a edição do conteúdo e enviar para o responsável pela diagramação. Elaborar títulos (objetivos e atrativos para pren-der a atenção do leitor), linhas finas (com informações funda-mentais para a compreensão do conteúdo), olhos (trecho des-tacado na página), legendas das fotos (não ultrapassar duas linhas), crédito das imagens.

- Revisar as páginas diagramadas.

- Acompanhar o envio à gráfica e verificar se o jornal chega em boas condições.

- Distribuir no assentamento e comunidade local.

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#Dicas de Oficinas de comunicação popular

>> Oficina: Produção de notícia

Passo a passo

- Reunir informações sobre o assunto;

- De preferência, ir até o local em a atividade ou acontecimento é realizado. Usar equipamentos (gravador ou celular que grave áu-dio, máquina fotográfica e/ou filmadora) para garantir o registro das informações e imagens;

Para construir o texto: Começar pelo lead ou pirâmide invertida: Lead (termo inglês, que significa “guia” ou “o que vem à frente”). No lead responda as seguinte questões:

- O que realizaram? Que atividade fizeram? (Seminário, Encontro, curso...)

- Quem? Qual foi a entidade, coletivo, movimento que organizou a atividade?

- Quando ocorreu tal iniciativa? E quantas pessoas participaram?

- Por que estiveram mobilizados? Por que realizaram tal atividade?

- Onde foi realizada? O local foi a escola de um assentamento? (Não esqueça de incluir em qual município e estado está locali-zado).

- Como? Aqui você desenvolve o que foi realizado.

- É importante registrar a fala de pessoas chaves sobre os temas centrais das atividades.

- O texto precisa ser objetivo, com frases curtas e verbos no pre-sente;

- Cuidado com o excesso de adjetivos que tornam o texto pan-fletário;

- O título e a legenda das imagens precisam chamar atenção do leitor para o texto e apresentar uma noção geral da notícia. Título apresentar o fato que está acontecendo ou vai acontecer.

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#Dicas de Oficinas de comunicação popular

>> Oficina: Como produzir uma notícia para a internet?

A produção de notícias para internet tem apenas um diferen-cial das notícias impressas, pois devem ser mais curtas e ob-jetivas. Para isso também vale utilizar o lead básico dos jor-nalistas (como apresentado na oficina de produção de notícia acima).

- Outro fator de registro importante é o uso de fotografias que expressem como foi desenvolvido o espaço para que seja pos-tado junto com o texto.

- Este é um exemplo de como produzir notícia para internet, porém, podemos utilizá-la para veicular outras formas de pro-dução de informação, como por exemplo, artigos jornalísticos, reportagens, entre outros.

- Distribuir no assentamento e comunidade local.

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2. Democratização dos meios de comunicação no Brasil

Hoje os meios de comunicação de massa, como jornal, revista, rádio, televisão, internet tem papel importante no desenvolvimento e organização das sociedades atuais. A mídia tem condições de di-recionar e influenciar as relações sociais, na formação de uma visão de mundo ou ideologia, padrões de consumo, valores morais, culturais e políticos. Interferindo direta e indiretamente no comporta-mento da população.

Desse modo, os meios de comunicação são instrumentos fundamentais para auxiliar nas mudanças das relações sociais, políticas, econômicas e culturais dos cidadãos. No entanto, o acesso democrá-tico aos meios de comunicação e à liberdade de expressão é um direito humano fundamental, que deve ser garantido a todos os cidadãos, independente da classe social, religião, gênero, entre outros. A Constituição Federal proíbe a formação dos oligopólios e os monopólios dos meios de comu-nicação. Mas, historicamente no Brasil, a mídia está concentrada em alguns grupos econômicos, familiares, políticos, religiosos, etc., Conforme, Lima (2004), no Brasil o controle da mídia impressa, televisiva e radiofônica se restringe a 13 grupos familiares, sendo oito principais grupos no setor de rádios e TVs e cinco no controle dos grandes jornais e revistas do país. As rádios e TVs comunitárias, criadas para ampliar a liberdade de expressão da população são margi-nalizadas e criminalizadas pelo Governo Federal, que fechou milhares de experiências comunitárias nos últimos anos.

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O único interesse da grande imprensa é aumentar os lucros com a comercialização da informação e dominar o sistema de comunicação e entretenimento, limitando a liberdade de expressão da maior parte da população, em especial, aos trabalhadores, como as famílias assentadas nas áreas de re-forma agrária, que em geral, não obtêm espaços na grande imprensa para expressar a realidade do campo e a produção de alimentos da agricultura familiar e camponesa.

Ao divulgar informações sobre o campo, na maioria das vezes a grande mídia trata a luta de tra-balhadores pelo direito à terra e a produção de alimentos saudáveis dos assentamentos de forma pejorativa e/ou negativa, considerando esses agricultores como violentos e atrasados. Por outro lado, o modelo do agronegócio é tratado pelos grandes meios de comunicação como algo moderno. Porém, esse modelo somente produz commodities (pinus, eucalipto, cana de açúcar, soja, etc.) para exportação, e não alimentos necessários à população, além disso, desde 2009 transformou o Brasil no maior consumidor de veneno do mundo, aumentando a contaminação dos alimentos e do meio ambiente.

Nesse cenário, a luta pela terra, por reforma agrária e o direito de produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos está intimamente ligada à luta pela democratização da comunicação no Brasil, pois a criminalização das lutas e da realidade camponesa faz parte de um posicionamento político da mídia monopolizada que defende os interesses das grandes empresas, do latifúndio e do agronegócio.

Por isso, os trabalhadores do campo e cidade precisam lutar pela democratização da mídia, que elimine o monopólio e contribua para a ampliação da democracia, bem como na organização de veí-culos de comunicação popular e comunitária para expressão dos trabalhadores e o desenvolvimento do campo.

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3. Projeto de Lei da Democratização dos Meios

A construção de um país mais democrático e desenvolvido depende da garantia do direito à comu-nicação para todos e todas. O que isso significa?Ampliar a liberdade de expressão para ter mais diversidade e pluralidade nos meios de comunicação.

Porém, como os trabalhadores e as trabalhadoras, jovens, crianças e idosos do campo estão repre-sentados nos meios de comunicação? Há espaços para a promoção da diversidade cultural do cam-po, diferenças regionais e produção de alimentos sem veneno, pela agricultura camponesa? Temos canais disponíveis para a produção e divulgação de conteúdos dos diversos segmentos da sociedade na mídia brasileira?

Para que isso ocorra a população precisa se mobilizar para a criação de uma lei que garanta a liber-dade de expressão do povo.

Dezenas de organizações da sociedade civil defendem a criação de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática, através da campanha “Para Expressar a Liberdade – Uma nova lei para um novo tempo”.

O Projeto de Lei da Mídia Democrática propõe regulamentar os artigos 5, 21, 220, 221, 222 e 223 da Constituição Federal, estabelecendo direitos e deveres para a Comunicação Social Eletrônica. A proposta prevê regras claras e transparência nas concessões de rádio e TV, consolidar o sistema público de comunicação, garantir o direito de resposta a toda população, possibilitar a programação regional e independente em todas as emissoras, impedir o monopólio e oligopólio do setor, fomen-tar a cultura nacional e a diversidade da nossa sociedade, e estabelecer a participação popular na regulação das políticas de comunicação.

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Para ser apresentado ao Congresso Nacional o Projeto de Lei da Mídia Democrática precisa de 1 milhão e 300 mil assinaturas.

A campanha é uma iniciativa do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que reúne vários movimentos sociais e entidades.

#Dicas: De debate e ações

>> Para conhecer o projeto de Lei acesse o site: (www.para-expressaraliberdade.org.br) ou o facebook (www.facebook.com/fndc.br);

>> Vídeo “Levante Sua Voz”. Sobre Direito Humano à Comu-nicação. Disponível em: http://goo.gl/RBH9O3

>> Vídeo “Cordel do Marco Regulatório”. Sobre a importân-cia de uma regulamentação que democratize as comunica-ções no Brasil. Disponível em: http://goo.gl/jlrdlkVídeo “Comunicação em outras palavras”. Sobre democrati-zação da comunicação pública. Disponível em: http://goo.gl/EWti dF

>> Durante as oficinas regionais do Projeto Tecendo Redes, organize debates nos assentamentos, escolas e comunidades rurais sobre a Lei da Mídia Democrática e a necessidade de democratização dos meios de comunicação e o projeto de Lei. Reúna informações sobre a concentração da mídia na sua região e como isso interfere na vida das comunidades. Cons-trua argumentos para buscar apoiadores ao projeto.

>> Organize coletas de assinaturas. Para isso consulte no busque no site da campanha “Para Expressar a Liberdade” o KIT DE COLETA e materiais de divulgação do Projeto.

>> Discutir quais oficinas de comunicação popular e comu-nitária potencializar na regional para construção de proces-sos de comunicação que garantam a expressão das famílias assentadas, como jornais colaborativos, rádios comunitárias, blogs, vídeos, documentário fotográfico, teatro, etc.

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4. Agitação e Propaganda

A agitação e propaganda é um conjunto de métodos e formas que podem ser utilizados como tá-tica de agitação, denúncia e fomento à indignação das classes populares e politização de massas em processos de transformação social.

Consideramos que o estêncil seja um desses métodos. Segundo fontes de pesquisa (GARCIA, 1990) a expressão agitação e propaganda foi criada pelos revolucionários russos, para designar as diversas formas de fazer agitação de massas e ao mesmo tempo divulgar os projetos políticos da revolução.

Agitprop é o termo que sintetiza a expressão agitação e propaganda. Esse termo foi disseminado por diversos países, bem como as experiências dos grupos, brigadas ou coletivos de agitadores e propagandistas.

4.1 Técnica de Estêncil

O que é Estêncil?

Técnica urbana de pintura que ficou famosa por ser rápida, simples e de fácil manuseio utilizada para fazer cartazes, intervenções em paredes, camisetas, etc. Muito utilizada por sua praticidade, custo baixo e agilidade para fazer comunicação popular, o Estêncil é um importante instrumento de agitação e propaganda que facilita ações diretas e permite intervenções rápidas e esteticamente agradáveis que denunciem a opressão e repressão do sistema político hegemônico contra a classe trabalhadora.

O estêncil é basicamente um desenho ou uma frase recortado numa forma de plástico. Ao passar tinta por cima, a figura fica na parede, no papel, ou na camiseta, como um carimbo. Assim, a mes-ma imagem pode ser aplicada várias vezes em locais diferentes.

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Para que serve o Estêncil?

A arte também pode ser feita para questionar a realidade. O consumo de agrotóxicos aumenta? A tentativa de assassinatos no campo sobe? A Reforma Agrária está parada? É simples. Liberte sua criatividade e use a arte para reivindicar e/ou manifestar suas ideias e insatisfações sobre isso.

Quais materiais devemos utilizar?

- Radiografia (chapa de Raios-X). Pode ser obtida gratuitamente em qualquer hospital ou clínica médica. Pode-se usar também folha de transparência. - Estilete - Caneta permanente - Imagem em papel ou tela do computador - Tinta (Acrílica, de serigrafia ou spray)- Rolinho pequeno

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Limpando a radiografia

Como a radiografia é escura, para visualizar a imagem através dela é preciso deixá-la transparente. Só assim você conseguirá copiar o desenho.

Como faço isso?

Deixe a chapa de molho uns 15 min. na água com clorofina forte e então esfregue com uma espon-ja até sair toda a parte preta. Cuidado. Utilize luvas para se proteger. Depois lave com água limpa e está pronta para desenhar.

Qual desenho escolher?

A função do desenho deve ser facilitar a criação do molde, mas sem perder a mensagem que pre-tende transmitir. Por isso, prefira um desenho em preto e branco. Ao cortar as partes pretas você terá o molde.

Veja modelos aqui: http://goo.gl/zzMKI0

Como desenhar o molde?

A imagem precisa ser adaptada ao Estêncil. Se não for feito direito, pode dar erra do na hora de cortar. Por isso, temos que observar as “ilhas” do desenho. As bolinhas no meio da letra são como uma ilha. Precisa de uma “ponte” para manter o desenho original. (Usar imagens ilustrativas de passo a passo)

Se a imagem está adaptada para o Estêncil, apenas passe do papel ou do computador para a cha-pa, utilizando a caneta de escrever em CD. Se preferir você mesmo pode desenhar a caneta direta-mente na folha em branco.

Cortando o molde:

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Coloque a chapa numa superfície dura (madeira, azulejo ou vidro), procure manter a mão apoiada na superfície e corte o molde, aos poucos e com firmeza, tirando o preto. Não deixe o estilete mui-to de pé, pois fica mais difícil cortar. E cuidado para não cortar as pontes da imagem, senão as ilhas cairão danificando a imagem original.

Molde pronto agora é pintar.

Fixe o molde em superfície lisa e reta, você pode optar por fixar com fita adesiva. É importante to-mar cuidado para que o molde fique preso à superfície, pois assim a tinta não irá vazar para lugares indevidos e se o molde mexer durante a pintura poderá borrar tudo e estragar a arte.

Você pode usar o molde que confeccionou para pintar:

- Na parede use tinta acrílica ou spray fosco (o com brilho escorre mais). - Na camiseta use tinta de serigrafia. Aplique no tecido. Não esqueça de colocar um jornal ou pape-lão no meio para não manchar o outro lado à camiseta.

CAMPANHA PARA EXPRESSAR A LIBERDADE. Guia de Mobilização da Lei da Mídia Democrática. 2013. Disponível em: <www.fndc.org.br/publicacoes/manuais/guia-de-mobilizacao-da-lei-da-mi-dia-democratica-194/>.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. 9ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006. (A Era da Informação: eco-nomia, sociedade e cultura, v. 1).

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no Brasil: TIC Domicílios e TIC Empresas 2011. São Paulo, 2012. Disponível em: <www.op.ceptro.br/cgi-bin/cetic/tic-domicilios-e-empresas-2011.pdf>.

GARCIA, Silvana. Teatro da militância. São Paulo: Perspectiva/Edusp, 1990.

LIMA, V. A. Mídia: Teoria e Política. 2ª ed. São Paulo: Perseu Abramo, 2004.

PERUZZO. C. M. K. Revisitando os conceitos de comunicação popular, alternativa e comunitária. In: XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Núcleo de Pesquisa “Comunicação para Cidadania”. Anais... Brasília-DF. INTERCOM/UnB, 6 a 9 de set. 2006. p.1-17. Disponível em: <www.portcom.intercom.org.br/pdfs/116338396152295824641433175392174965949.pdf>.

5. Referências

Ficha TécnicaOrganização:

Equipe do projeto “Jovens Comunicadores Tecendo Redes”

Projeto gráfico e diagramação:Marina Tavares

Realização:Casa Brasileira de Pesquisa e Cooperação

Email:[email protected]

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