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GERAIS BELÉM, DOMINGO, 13 DE JULHO DE 2014 paixão pela leitura, arte e cultura uniu ainda mais um grupo de amigos formado por 10 jovens, que têm entre 18 e 19 anos, e resultou na criação do projeto Contadores de Sonhos. O objetivo é arrecadar livros di- dáticos ou não em todas as áreas do conhecimento para doação durante ações de incentivo à lei- tura desenvolvidas junto a crian- ças, jovens, adultos e idosos em espaços públicos ou privados ajudando no desenvolvimento social. O projeto foi criado em março deste ano, e sua primeira ação, na prática, aconteceu no último domingo, 6, na Praça da República, em Belém, onde 115 livros foram doados. A partir do projeto, segundo Hélio Aguiar, um dos criadores do projeto, o grupo visa incentivar a leitura, instigar a imaginação e promover alegria com as apresen- tações teatrais e musicais realiza- das durante as ações de doação de livros. “Criamos o grupo a partir da vontade de fazermos algo em comum e pelo desenvolvimento da sociedade. Vimos que a leitura, a arte e a cultura eram consenso entre nós, aí criamos o projeto. Durante as ações a gente conver- sa com as pessoas sobre a impor- tância da leitura. Na ação da Pra- ça da República, ocasião em que acontecia o último Arraial do Pa- vulagem deste ano, que atrai um público diversificado, muita gente prestigiou e interagiu com a gente. Conseguimos doar 115 livros dos 120 que levamos”, conta Hélio. Dentre os 120 livros havia didáticos, infantis e técnicos. Alguns destaques são para a li- teratura regional, como a obra “Primeira Manhã, de Dalcídio Jurandir, e “Viagens e assombra- ções”, de Walcir Monteiro. Além das literaturas estrangeiras “Os Lusíadas”, de Luiz de Camões e “O Diário de Anne Frank”, de Otto H. Frank e Mir Jam Press- ler. “Agradecemos imensamen- te a todos que participaram de nossa primeira ação e somos gratos pelo reconhecimento e JOVENS CRIAM CLUBE DE LIVROS PROJETO VISA AMPLIAR A PRÁTICA DE TROCAR E DOAR OBRAS LITERÁRIAS DE TEOR TÉCNICO, CIENTÍFICO E DIDÁTICO A CLEIDE MAGALHÃES Da Redação n O grupo de amigos que transformou paixão pela leitura em projeto de ação sócio-educativa TARSO SARRAF/AMAZÔNIA Ainda segundo a doutora em Estudos Linguísticos, a impor- tância da leitura é a possibilidade de troca de saberes entre os sujei- tos, o que leva à aprendizagem e ao crescimento do indivíduo em diversas áreas resultando no cres- cimento da sociedade. “Nosso desenvolvimento inte- lectual, afetivo e também político só se realiza na relação com os outros sujeitos com quem inte- ragimos cotidianamente, quanto mais diversificada for essa rela- ção, mais complexo e rico se tor- na esse desenvolvimento, crian- do condições para experiências mais positivas em sociedade. O hábito da leitura contribui para que você possa perceber os fenô- menos sociais e suas implicações na vida de todos, sejam eles bons ou ruins, sejam eles próximos ou distantes, de maneira mais críti- ca, evitando a simplificação dos fatos. Isso é muito importante para você poder se relacionar em sociedade. Alguém que investe em sua permanente formação por meio da leitura constante assumirá sempre uma atitude questionadora diante dos fatos sociais, indagando sobre suas ra- zões e suas consequências. Um verdadeiro leitor não tem uma ati- tude passiva diante da vida social. Pessoas que sabem mais podem gerar ainda mais conhecimento e isso gera desenvolvimento social, cultural, afetivo, cidadão, todos necessários para o crescimento positivo de uma sociedade”, ex- plica Fátima. Fátima Pessoa ressalta também que a formação de um leitor envol- ve fatores bem diversos como a ex- periência da leitura, que deve estar próximo do cidadão, para que este desenvolva o hábito da leitura. Além disso, é preciso que veja as pessoas com quem convive lendo, como a família, os amigos, as pessoas no ambiente de trabalho ou de lazer, na escola, etc. “Quanto mais se lê, mais se incentiva outras pessoas a lerem, porque se passa a reconhe- cer a leitura como um ato cotidiano e os objetos de leitura como fonte de informação e aprendizagem. O ide- al é que os livros e as revistas tam- bém estejam à nossa disposição cotidianamente para que sejam incorporados à nossa rotina como um prazer diário”, afirma. A diretora adjunta do Instituto de Letras e Comunicação da UFPA lista também algumas dicas para que seja desenvolvido o hábito da leitura. “A pessoa precisa de uma motivação para aprender algo, para querer saber sobre algo. Os livros e revistas são fonte de in- formação, você os lê para buscar essa informação. Então é neces- sário descobrir o que interessa ao leitor em formação. Ler é selecio- nar o que você gosta, o que você precisa saber, o que é relevante para você aprender em uma de- terminada situação. E como ler é também bem diverso. Você pode ler para uma satisfação pessoal e não precisa fazer anotações do que lê. Quanto mais motivador for o texto que você está lendo, mais envolvido você estará com a leitu- ra até o final”, orienta. Para a realização de uma tarefa escolar ou uma tarefa de trabalho, aleitura ganhaoutras dimensões, segundo orienta Fátima Pessoa. Sobre a vontade de quem quiser ajudar o projeto Contadores de Sonhos, basta contactar com o grupo pelo Facebook (Contadores de Sonhos) ou Instagram (conta- doresdesonhos) ou ligar para: 91 - 8226 5489 / 8094 3764. O grupo agradecerá pela doação. HÁBITO DA LEITURA LEVA AO CRESCIMENTO INTELECTUAL E CULTURAL Na visão de Fátima Pessoa, doutora em Estudos Linguísti- cos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretora adjunta do Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), inicia- tiva como essa que visa garantir o acesso de cidadãos brasileiros aos livros e às revistas é sempre importante. “É preciso garantir o lugar da leitura no cotidiano do cidadão. Ter acesso ao livro e à re- vista em diferentes lugares, sendo possível emprestá-los, trocá-los, comprá-los e ainda comentar so- bre eles é fundamental para que mais pessoas reconheçam que essa prática é prazerosa e, princi- palmente, enriquecedora. Qual- quer ação nesse sentido está en- gajado na formação de leitores”, ressalta Fátima. Para alcançar essa quantidade de arrecadação, o grupo criou uma página no Facebook (Contadores de Sonhos) e outra no Instagram (contadoresdesonhos), que já con- tam com centenas de seguidores e pessoas que curtiram as páginas. Nelas, qualquer pessoa pode deixar um recado e fazer sua doação que os membros do projeto vão até o lo- cal buscar os livros. Para incentivar a participação do público, terá no Facebook sorteio do livro “Extraor- dinário”, de R.J. Palacio. Contadores - Larissa Almeida, estudante do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo e também membro do projeto, res- salta que toda ajuda à doação de livros é bem vinda. “Esperamos que mais pessoas sejam contado- res e possam sonhar com a gente. Recebemos todos os tipos de li- vros. Neste momento, o projeto se volta para arrecadar livros prin- cipalmente infantis, que serão doados a um abrigo de crianças e adolescentes do Tapanã. Estamos cada vez mais determinados e motivados a levar o projeto adian- te”, diz Larissa. Além de Hélio e Larissa, par- ticipam do projeto Paula Ferrei- ra, Raina Brandão, Ney Soares, Marcos Pantoja, Jéssica Macedo, Camila Nascimento, Tainá Ma- chado e Giordana Rodrigues. Eles moram em diferentes bairros da Região Metropolitana de Belém e se reúnem uma vez por semana em espaços públicos de Belém ou na casa de um dos membros para planejamento das ações mensais. DOUTORA EM LINGUÍSTICA ELOGIA INICIATIVA apoio. Foi gratificante ver cada sorriso e o olhar das pessoas diante dos livros doados. Todo o esforço foi devidamente re- compensado com as palavras de agradecimento dos visitan- tes e nos incentivou ainda mais a seguir com o projeto”, diz o jovem.

Jovens criam clube de livros

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BELÉM, doMingo, 13 dE juLho dE 2014

paixão pela leitura, arte e cultura uniu ainda mais um grupo de amigos formado

por 10 jovens, que têm entre 18 e 19 anos, e resultou na criação do projeto Contadores de Sonhos. O objetivo é arrecadar livros di-dáticos ou não em todas as áreas do conhecimento para doação durante ações de incentivo à lei-tura desenvolvidas junto a crian-ças, jovens, adultos e idosos em espaços públicos ou privados ajudando no desenvolvimento social. O projeto foi criado em março deste ano, e sua primeira ação, na prática, aconteceu no último domingo, 6, na Praça da República, em Belém, onde 115 livros foram doados.

A partir do projeto, segundo Hélio Aguiar, um dos criadores do projeto, o grupo visa incentivar a leitura, instigar a imaginação e promover alegria com as apresen-tações teatrais e musicais realiza-das durante as ações de doação de livros. “Criamos o grupo a partir

da vontade de fazermos algo em comum e pelo desenvolvimento da sociedade. Vimos que a leitura, a arte e a cultura eram consenso entre nós, aí criamos o projeto. Durante as ações a gente conver-sa com as pessoas sobre a impor-tância da leitura. Na ação da Pra-ça da República, ocasião em que acontecia o último Arraial do Pa-vulagem deste ano, que atrai um público diversificado, muita gente prestigiou e interagiu com a gente. Conseguimos doar 115 livros dos 120 que levamos”, conta Hélio.

Dentre os 120 livros havia didáticos, infantis e técnicos. Alguns destaques são para a li-teratura regional, como a obra “Primeira Manhã, de Dalcídio Jurandir, e “Viagens e assombra-ções”, de Walcir Monteiro. Além das literaturas estrangeiras “Os Lusíadas”, de Luiz de Camões e “O Diário de Anne Frank”, de Otto H. Frank e Mir Jam Press-ler. “Agradecemos imensamen-te a todos que participaram de nossa primeira ação e somos gratos pelo reconhecimento e

jovens criam clube de livrosprojeto visa ampliar a prática de trocar e doar obras literárias de teor técnico, científico e didático

ACLEIDE MAGALHÃES

Da Redação

n O grupo de amigos que transformou paixão pela leitura em projeto de ação sócio-educativa

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Ainda segundo a doutora em Estudos Linguísticos, a impor-tância da leitura é a possibilidade de troca de saberes entre os sujei-tos, o que leva à aprendizagem e ao crescimento do indivíduo em diversas áreas resultando no cres-cimento da sociedade.

“Nosso desenvolvimento inte-lectual, afetivo e também político só se realiza na relação com os outros sujeitos com quem inte-ragimos cotidianamente, quanto mais diversificada for essa rela-ção, mais complexo e rico se tor-na esse desenvolvimento, crian-do condições para experiências mais positivas em sociedade. O hábito da leitura contribui para que você possa perceber os fenô-menos sociais e suas implicações na vida de todos, sejam eles bons ou ruins, sejam eles próximos ou distantes, de maneira mais críti-ca, evitando a simplificação dos fatos. Isso é muito importante para você poder se relacionar em sociedade. Alguém que investe em sua permanente formação por meio da leitura constante assumirá sempre uma atitude questionadora diante dos fatos sociais, indagando sobre suas ra-

zões e suas consequências. Um verdadeiro leitor não tem uma ati-tude passiva diante da vida social. Pessoas que sabem mais podem gerar ainda mais conhecimento e isso gera desenvolvimento social, cultural, afetivo, cidadão, todos necessários para o crescimento positivo de uma sociedade”, ex-plica Fátima.

Fátima Pessoa ressalta também que a formação de um leitor envol-ve fatores bem diversos como a ex-periência da leitura, que deve estar próximo do cidadão, para que este desenvolva o hábito da leitura. Além disso, é preciso que veja as pessoas com quem convive lendo, como a família, os amigos, as pessoas no ambiente de trabalho ou de lazer, na escola, etc. “Quanto mais se lê, mais se incentiva outras pessoas a lerem, porque se passa a reconhe-cer a leitura como um ato cotidiano e os objetos de leitura como fonte de informação e aprendizagem. O ide-al é que os livros e as revistas tam-bém estejam à nossa disposição cotidianamente para que sejam incorporados à nossa rotina como um prazer diário”, afirma.

A diretora adjunta do Instituto de Letras e Comunicação da UFPA

lista também algumas dicas para que seja desenvolvido o hábito da leitura. “A pessoa precisa de uma motivação para aprender algo, para querer saber sobre algo. Os livros e revistas são fonte de in-formação, você os lê para buscar essa informação. Então é neces-sário descobrir o que interessa ao leitor em formação. Ler é selecio-nar o que você gosta, o que você precisa saber, o que é relevante para você aprender em uma de-terminada situação. E como ler é também bem diverso. Você pode ler para uma satisfação pessoal e não precisa fazer anotações do que lê. Quanto mais motivador for o texto que você está lendo, mais envolvido você estará com a leitu-ra até o final”, orienta.

Para a realização de uma tarefa escolar ou uma tarefa de trabalho, aleitura ganhaoutras dimensões, segundo orienta Fátima Pessoa. Sobre a vontade de quem quiser ajudar o projeto Contadores de Sonhos, basta contactar com o grupo pelo Facebook (Contadores de Sonhos) ou Instagram (conta-doresdesonhos) ou ligar para: 91 - 8226 5489 / 8094 3764. O grupo agradecerá pela doação.

hábito da leitura leva ao crescimento intelectual e culturalNa visão de Fátima Pessoa,

doutora em Estudos Linguísti-cos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretora adjunta do Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), inicia-tiva como essa que visa garantir o acesso de cidadãos brasileiros aos livros e às revistas é sempre importante. “É preciso garantir o lugar da leitura no cotidiano do cidadão. Ter acesso ao livro e à re-vista em diferentes lugares, sendo possível emprestá-los, trocá-los, comprá-los e ainda comentar so-bre eles é fundamental para que mais pessoas reconheçam que essa prática é prazerosa e, princi-palmente, enriquecedora. Qual-quer ação nesse sentido está en-gajado na formação de leitores”, ressalta Fátima.

Para alcançar essa quantidade de arrecadação, o grupo criou uma página no Facebook (Contadores de Sonhos) e outra no Instagram (contadoresdesonhos), que já con-tam com centenas de seguidores e pessoas que curtiram as páginas. Nelas, qualquer pessoa pode deixar um recado e fazer sua doação que os membros do projeto vão até o lo-

cal buscar os livros. Para incentivar a participação do público, terá no Facebook sorteio do livro “Extraor-dinário”, de R.J. Palacio.

Contadores - Larissa Almeida, estudante do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo e também membro do projeto, res-salta que toda ajuda à doação de livros é bem vinda. “Esperamos que mais pessoas sejam contado-res e possam sonhar com a gente. Recebemos todos os tipos de li-vros. Neste momento, o projeto se volta para arrecadar livros prin-cipalmente infantis, que serão doados a um abrigo de crianças e adolescentes do Tapanã. Estamos cada vez mais determinados e motivados a levar o projeto adian-te”, diz Larissa.

Além de Hélio e Larissa, par-ticipam do projeto Paula Ferrei-ra, Raina Brandão, Ney Soares, Marcos Pantoja, Jéssica Macedo, Camila Nascimento, Tainá Ma-chado e Giordana Rodrigues. Eles moram em diferentes bairros da Região Metropolitana de Belém e se reúnem uma vez por semana em espaços públicos de Belém ou na casa de um dos membros para planejamento das ações mensais.

doutora em linguística elogia iniciativa

apoio. Foi gratificante ver cada sorriso e o olhar das pessoas diante dos livros doados. Todo

o esforço foi devidamente re-compensado com as palavras de agradecimento dos visitan-

tes e nos incentivou ainda mais a seguir com o projeto”, diz o jovem.