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Bòccas. Carlos Heuse.

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ALFÂNDEGA N. 24

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Salesianos de Santa ftdsa (gravuras)Sangue Paulista..........Mario Behnn|r.

.¦¦¦'.".O Principe de Lahos..... .Coelho Netto.Gueishas (soneto) Luiz Guimarães (filho).Suzanne Desprès.. ... ... . Arthur Azevedo.Assimilação do Immigrante. F. O. Schmidt.Vida Social.........Durante o Bombardeio.... Virgílio Várzea.A Excursão do Presidente Eleito (gravuras).Exposiçfo-Málhôa, .. . . . ... Gonzaga Duque.O Namoro no Rio de Janeiro Fantasio.Ò Qriaria,. •• ..

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O chefe do Laboratório Municipal: Ch. G-irard.

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Pirector-proprietário

JORGE SCHMIDT IASSIGNATURA ANNUAL

INTERIOR 20S000 EXTERIOR 25500(1NUMERO AVULSO 2S000 - ATRAZADOB3S000 I

Redacçâo e OfficinasRUA DA ALFÂNDEGA, 24

PIO DE JANEIROANNO III

JULHO iqoõ

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N. 7

ENDEREÇO TELEGRAPHICO KÓSMOS-RIO - CAIXA DO CORREIO N. 1085

(Sroni(#OI apresentado ás Câmaras

um projecto de lei, aucto-risando o poder executivoa mandar a Portugal umnavio de guerra, que con-duza ao Brasil os restosmortaes do Imperador D.

Pedro e da Imperatriz D.Thereza Christina.E diz-se que outro projecto de lei vae serapresentado, revogando a lei do banimentoda familia Imperial.

Não sei, e ninguém o pode prever, quala sorte reservada a essas duas propostas.Todos os annos são apresentados á consi-deração das Câmaras mais de dusentosprojectos, dos quaes apenas dez ou vinteconseguem atravessar os passos difficeis eperigosos das tres discussões. Pouqinssi-mos cliegam á 3a discussão; raros vão atéa segunda: e a immensa maioria fica nolimbo da primeira. D'estes últimos, algunssão considerados objecto de deliberação,

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apenas por uma condescendente tolerância,como uma demonstração de apreço pessoaíou uma platônica satisfação dada aos seusauctores; são os projectos extravagantes,ou perigosos, e que não passam de tolicesde deputados ingênuos, ou de boutades dedeputados frondetirs...

Os projectos, mandando reintegrar noseio da terra brasileira os corpos de D. Pe-dro II e de D. Thereza Christina, e revo-gando o banimento da familia Imperial, nãosão tolices nem boutades. Acho-os pérfei-tamente lógicos e justos, e não sei porquemotivo haviam as Câmaras de desprezal-os.

Mas, em todo o vasto e timorato Brasil,ainda lavra um certo medo da Restauração.'Em tudo os homens desconfiados e medro-sos vêem uma velleidade sebastianista... Eos fabricantes de boatos já andam por abi,cochichando de ouvido em ouvido que tu-do está combinado para o levante monar-chista, e que, se os despojos mortaes de D.Pedro II viessem para o Rio de Janeiro, nodia da sua cbegada haveria.um bernarda-monstro, e no mesmo momento em que ocorpo do monarcha morto fosse collocadono seio da terra, o corpo do seu neto vivoseria collocado no throno...

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Esses boatos talvez encontrem creditonas almas tímidas e assustadas, que enchema Câmara e o Senado, e talvez por isso osdois projectos tenham a sorte de tantosoutros, que nunca passaram de projectos,como flores de rhetorica que nunca setransformam em fructos de realidade.

Não faltam no Brasil, nas Câmaras e fó-ra dellas, essas almas tímidas, que teemmedo de tudo, e vivem a tremer diante defantasmas: almas-vetitoinhas, que oscillamperennemente entre opiniões extremas, aosabor da ventania dos acontecimentos, ai-mas-pêndulas, aimas-gyrasóes, almas-camc-leões, que vivem oscillaudo, gyrando, mu-dando de cõr, e ás quaes a Natureza deu osupplicio da hesitação perpetua...

Para essas almas hesitantes e medrosas,tudo é ameaça, tudo é barulho de guerra,tudo é clamor de morticínio, tudo é cheirode sangue, tudo é ranger de guilhotinas,tudo é tumulto de espanto e de terror. Bas-ta que um monarchista dê um espirro, paraque elles cuidem que esse espirro é o an-núncio da restauração!

Déra-lhes o acaso a Republica, que nemtodas ellas haviam pedido, mas que todashaviam aceitado, calladas e recolhidas, co-mo convém a almas que não amam os ris-cos da resistência, nem da adhesão enthu-siastica. Essas pobres almas, uma vez pro-clamada a Republica, ficaram dois diastrancadas a sete chaves dentro de uma pru-dente reserva. Ao terceiro dia, levantaramum cantinho da persiana, e espiaram me-drosamente as ruas. Não havia motins...O sangue não rolava, em ondas vivas erubras, pelos rêgos das calçadas; não pas-savam carroções, atulhados de condemna-dos á morte, a caminho do patibulo; nãoavermelhavam o horisonte os fogaréos dareacção... Os burguezes trabalhavam; ospolíticos especulavam; os jornalistas pedi-ani empregos públicos; os poetas sonha-vam; e o conde d'Eu, sabendo que as insti-tuições nascentes lhe garantiam a fortuna,declarava que não esperava outra cousa dagentileza dos vencedores... Então, desafo-gadas do medo pânico, sahiram a adherir,

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não com grandes gestos de enthusiasmo,nem com retumbantes phrases campanudas,mas com aquelle calmo silencio sorridente,que ainda é e sempre será o melhor meiode adherir a tudo... E foram vivendo esorrindo, vendo que dos abusos velhosnasciam abusos novos, que, sob formas va-rias, as paixões eram as mesmas, e que, seo regimem havia mudado, não havia mu-dado a essência da politica...

Com o correr dos tempos, essas almastimoratas foram assaltadas por outros ter-rores. Desencadearam-se revoltas sobre re-voltas, ferveram ambições, entrechocaram-se partidos, fez-se do estado-de-sitio umEstado no Estado, puseram-se rebelliõessobre amnistias e amnistias sobre rebelli-ões, — e tudo ficou sendo o que era notempo do Império, e as almas tímidas des-cansaram...

Esse descauço, porém, nunca foi e nuncaserá absoluto. Agora, o medo que tira osomno e perturba a digestão dos medrososé a Restauração, com a violência das vin-ganças, uma forca em cada esquina e umaguilhotina em cada praça, os cárcerescheios de gente, e as ruas cheias de san-gue... E essa gente até tem medo de umcadáver! até tem medo do corpo embalsa-mado do ultimo imperador, — como sedentro do esquife de carvalho e chumbo,que o ha-de trazer, possa vir, traiçoeira-mente escondido, o corpo vivo do Res-taurador!

Que profunda tolice, e que susto ri-diculò, ó almas desmoralisadas pelo medo!

A verdade é que o partido monarchistajá deu tudo quanto tinha de dar: algunsbanquetes e alguns manifestos. A restaura-ção é um sonho, uma illusão, um fantasma,uma esperança que já ninguém alimenta,uma já casualidade com que já ninguémconta.

Mas quem póde dar firmeza e confiançaás ventoinhas, aos pêndulos, aos gyrasóes,aos camaleões?

Por isso, é bem possivel que as Câmaras,aterradas, ou simplesmente precavidas, tra-tem de abafar os dois projectos de lei, não

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querendo tomar a responsabilidade dessasduas medidas generosas e nobres.

E' um erro. E' mais do que um erro: éuma estulticie.

Em primeiro logar, mão seria de esperarque a familia imperial, aproveitando-se darevogação do banimento, viesse de novohabitar o Brasil. A familia imperial é genteajuisada e cauta, que já se habituou a viverna Europa, e passa muito bem por lá, emsanta paz e santo ócio, desfrüctandò a suagorda fortuna, e pouco disposta a vir me-tter-se em complicações aqui... Em segun-do logar, para que a lei da trasladação dosrestos mórtaés de D. Pedro II e sua esposapudesse ter execução, seria preciso que afamilia autorisasse à trasladação, o que, aomenos já e já, não é muito provável.

Assim, as Câmaras, sem arriscar a suaresponsabilidade, podiam approvar os doisprojectos, cujo alcance é apenas moral, ecuja approvação agora seria positivamenteplatônica e innócua.

Mas as Câmaras teem medo...Medo ridiculò! medo de uni cadáver!Pouco importa! mais anuo menos anno,

esses dois projectos serão convertidos emleis; mais anuo menos anno, acalmados osvãos temores, e acalmado também o resèn-tiniento da familia do nosso ultimo impe-rador, o corpo de D. Pedro II e o de suaesposa virão repousar na terra do Brasil. E'fatal, é inevitável, é inilludivel, — porque ésupremamente justo.

Na sua famosa ode Lè Reto urde U Em-pereur, Victor Hugo dizia ao cadáver deNapoleão:

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Sire, vous reviendrez dans votre capitule,San» toesiii, sans covabat, sans lutte et sans fnféur,Trahié par hnit chevaux sons Farche triomplinle.

Eu hahit (1'emperetir!En vous voyant passer, ô ehof du grau d em pire!Le peuple et les sòldats tomberontà genoux.Mais vous ne poürrez pas voas peneher pour leur dire:

Je suisconlent <le vous!

C»r, ô géant! couclié dans une ombre profonde,Pendflut quautourde voits. eoinme autourd'uu ami.Séveilleront Paris, et Ia Fraoce, et le monde,

Vous serez eu dormi i

E realisou-se a prcífecia do poeta: Napo-leão reentrou em Paris, e dorme o seu ul-timp soinno, no Pantheon, no seio da terrafranceza.

Também D. Pedro II reeiitrará no Rio deJaneiro. Não se lhe poderão applicar aquel-les bellos versos de Hugo a Napoleão, —porque D. Pedro II não' foi um Napoleão.Não chegou a ser um grande monarcha:foi, porém, um homem bom e justo, umbrasileiro que sinceramente amou o Brasil,um noJi>re espirito tolerante e esclarecido,'um nobre servidor da Pátria.

A Pátria reclama o seu corpo,- e ha-dtjtel-o. Quando elle voltarão Rio de Janeiro'não haverá talvez aquelle triumpho, queHugo previa para a chegada de Napoleão:mas haverá o affecto, o contentamento, orespeito còmmovido de toda a Pátria, reee-bendo o cadáver de um filho amado.'

Se as Câmaras abafarem os projectos,praticarão uma tolice. Mas a tolice seráreparada, - - porque ha-de afinal chegar umdia em que deixaremos de ter medo defantasmas.

O. B.

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eoeeASf Assumpto serio em notas ligeiras)

RA, direis, boccas! Que nos servemi boccas?...

E nós vos responderemos— Muito.Quando não servem para o alimento,

que é a sua funcção, prestam para dizer coisasboas e más, bonitas e feias e... escreveu Char-les le Briun : «Norosto é a bocca que,sem duvida, marcamais particularmen-te os movimentos docoração ».

Nem tanto! Mas,o que é innegavel,é que existindo di-versas boccas maisou menos celebres,como a bocca domundo, a bocca doinferno e outras, semfalarmos na boccado matto a bocca hu-mana é de todas amais estimavel e...temível.

Ha boccas que va-lem physionomias.Verdade é que osphysiognomistaslhes não dão grandeimportância, masninguem dirá quenão prestam comodocumentos esclare-cedores.

Olhemos para astres boccas que aquitemos sob os ns. I,II e IIII e dizei-mese ellas não indicamreflexão, persisten-cia, tenacidade?

Estas boccas não riem, quando muito sor-riem, se é que a isso chegam! Em compen-sação falam com fluencia, discursam. Masdiscursam com cautella, mesmo porque o se-guro morreu de velho, e ellas são segurascomo cadeados de segredo.

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Estas boccas, senhores, valem ouro... Ourofino ou, como mais precioso — Ouro Preto,pois das bandas de lá veiu a primeira: Co-nhecem-na?

Façam o favor de nos dizer se nesta nãoestá a discrição de uni homem de Estado, atépoderiamos perguntar, de um presidente eleito?Ahi os lábios não apparecem, os bigodes sãocompactos e cobrem-na como um reposteirode gabinete secreto. Quando fala não se a vêmodular as palavras, não se lhe percebe acommoção que as dita, ouve-se-a, unicamenteouve-se-a. E para quem governa já é umavantagem. Fazer se ouvir sem ser percebido é

um ideal para o ho-

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ib___»____..¦•a . _....,.-

O auctor deste artigo não é um extranho para os leitores«le "Kósmos". Carlos Ilense aqui já collaborou com um bemacolhido.artigo sobre .-/ Physionomia <• as Mãos. O actual ar-tigo não é. como aquelle, um estudo de especialidade: masconstitue uma interessante charge, escripta finamente, sem seafastar nuiito da arte que elle cultiva com amor.

X. da R..

mem de Estado.A segunda é uma

bocca de lei e de leisestá cheia.

Cremos que nãoha inconveniênciaem declarar o nomedo seu possuidor. E'o illustre snr. Lúciode Mendonça, ma-gistrado, homem deletras, acadêmico einquebrantavél re-publicano.

Como a primeiranão se lhe vê os la-

Vl[ bios. Está fechadanum segredo. Masadvinhà-se-lhea f«.r-ma sob os bastoscabellos curvos dobigode. Deve ter oslábios sensuaes dosartistas e as commis-suras recalcadas dosinflexíveis. O lábioinferior deve ser tu-mido, indicando aeloqüência. Esta co-mo a primeira per-tence á classe dasdissimuladas, ondetambém se deve pôra de n. IX. de quemais adiante falare-mos.

As boccas dissimuladas se dividem emfrias e ardentes, isto é, em insensíveis e sen-suaes. E tanto estas como aquellas se subdi-videm em apparentes e francas.

Na subdivisão das dissimuladas-sensuaes-francas, temos a de n. III. E' uma bocca severa,mas tem todos os característicos da sensual quedifficilmente se contem. O seu corte rectilineoinculca energia, resistência; a saliência do cen-tro do lábio superior indica sensualidade, eella a tem muito accentuada, a grossura dolábio inferior dons oratórios, mas de palavra

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fluente e correcta. Copiamol-a de um jornal-ista que honra o paiz... em que está, e serána Câmara dos Deputados a defesa de umaterra que se transforma como o scenario deuma mágica

Na classe das dissimuladas, porem o queha de mais notável, pela raridade, é a boceaque, contendo alguns dos característicos daanterior descripta, possue tambem a formaaguda, como está firmemente indicada na fi-gura n.X. Esta fôrma denota tendências artisti-cas em espíritos práticos e activos. Napoleao IGuizot, Manzini, lord Beasconfeld, possuíamesta fôrma de bocea.

A agudeza da figura ri. IX vence a espes-sura do bigode, e á respeitável cabeça do seupossuidor deve dàr uma expressão de vivaci-dade que lhe suavisará a energia.

Não diremos a quem ella pertence. A nossafigura é decalcada de uma excellente pho-tographia e, como essa phvsionomia é hojeadmirada e venerada por todos os brasileirosque amam á sua pátria, não será precisa muitaargúcia para se descobrir o grande patrícioque a possue e sempre anda com passos largos.Nesta classe poucas conhecemos que te-uham o desenho tão nitido como a de n XChamam-na tambem bocea de assovio. Nãoriam E' uma designação justa. Pela disposiçãodos lábios ella parece assoviar, mas nem sem-pre entoa, mormente quando ordena resoluçõespromptas... Uü... neste caso, assovia que nemum puxa côvos barriga-verde na pesca das-tainhas... E a que aqui está pertence a um ma-gnço que ha de ser nos fasios da nossa politicae da Industria um homeinzarrão!...

As boccas voluptuosas, constituem umaclasse mais numerosa; a bem dizer, a maioriadas boccas são voluptuosas.Em geral são os artistas que apresentam

os melhores typos dessa fôrma.Entre ellas distinguimos as voluptuosas in-contidas, as voluptuosas risonhas e as mixtas.Entre as voluptuosas risonhas, a menoscommum é a que, pela recta do seu corte, temo caracter enérgico, o qual se funde de maneiraadmirável com a docilidade. a meiguice daforma indicativa. São rarissimas essas boccasTemos um bom exemplo dellas na figura n. VIII.E', como se vê, alegre, bondosa, mas aomesmo tempo enérgica. Os que assim a pos-suem são indivíduos de hábitos morigerados,

de moral severa, mas meigos na sua vida pri-vada ç delicados para com os extranhos, che-gam a ser geitosos. Essa bocea sorri sempre.Se for de homem politico sorrirá entrando noCattete e sorrirá de lá sahindo para concordarcom o rira bien qui rira le dernier...

Das voluptuosas incontidas temos algunsbons exemplares. A de n. IV, em que talveznao se reconheça a sra. Lucinda Simões, de-senha a ardencia do seu temperamento gran-demente artístico. Sem ser bonita possue urna

.expressão extraordinária de ternura, de elo-queucia, de espiritualidade. E' uma bocea quevale olhos!

Da mesma maneira, mas um pouco maiscarregada na sua característica sensual, temosa figura n. V, que a discrição nos impede denominar a sua possuidora. Copiamol-a dapresnature. Só o qne nos é licito adiantar é quepertence a uma das mais intelligentes e dis-tinetas senhoras da nossa alta sociedade.Esta bocea tem todos os característicos deum grande espirito. Tem a saliência labial dosensualismo e em gráo muito elevado, tém arécta do seu talho indicando energia, tem ascommissuras duplas, a inferior inculòando ameiguice, a ternura, a superior indicando ai-tivez opportuna, subtilidade irônica; tem o lábioinferior decaindo e tumido afirmando elo-

quencia e humorismo, E' uma linda bocea,pela riqueza da sua significação e que só en-contra quasi um simile na de n. VI, uma dasboccas masculinas de mais feliz expressão queconhecemos. Ora, se por ella escorre a fui-guração da Via Láctea!... E de quem seráella, leitoras, que amaes a Poesia e vos deli-ciaes com a .belleza e a graça» das Corife-rendas Literárias?...

Entre as voluptuosas damos duas boccasmagníficas como exemplares. E' o sr. PauloBarreto quem nos ófferece o typo VII, umexemplar de sensualidade, de ironia e meiguicemas meiguice infantil, e a figura XI obtivemosno adorado poeta sr. Alberto de Oliveira, quereúne á fôrma voluptuosa, e das melhores aserenidade das mixtas.

Desses últimos, que são pouco communs.obtivemos bons exemplos nas figuras XII eXIIIdo srs. Felix Pacheco e Mario Pederneiras'O sr. Felix tem o corte réctelineo, o lábio su-penor em arco de flexa, que inculca melan-colia, e o lábio inferior proporcionado com <>superior, donde se infere tendências para aobservação, para a metículosidade, um tantoprejudicadas pela polpa sensual do lábio su-perior. A bocea do sr. Mario é, como diz oseu amigo e nosso fino, magnífico narrador, osr. Lima Campos, «a porta frágil da ternura».Bocea de artista, tem, no emtanto, o equili-brio de uma bocea de moça intelligente ediscreta, uma verdadeira bocea doce7 o qued algum modo, lembra a do seu popular irmão,o Raul, o maior trocadilhista que veio aomundo.

E, agora, que chegamos ao fim dessasnotas... sem valor, digam as leitoras se não écaso para ficar de bocea-aberta quem leucousas tão insulsas sobre boccas fechadas!...

Por isso mettemos a viola no sacco. que-reinos dizer, calamos a bocea, mesmo porquequem na tem fechada não engole moscas nemdiz tolices. Antes assim pensássemos ao co-meçar estas linhas...

Carlos Hense.

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KOSMOS

CL

5ANQUE PAULISTA

—»

^

manno de 1720 foi particularmente trágicoa a recente povoação de Villa Rica.O gênio violento e desconfiado de

D. Pedro de Almeida Portugal, Conde deAssumar (*) quizera pôr termo, de vez, ás re-voltas contra os delegados do rei, de que eramférteis aquelles riquíssimos territórios, seus po-voadores sempre feridos nos interesses pelasimpiedosas e afiadas garras do fisco regio,que das riquezas extrahidas do solo pelo bandode aventureiros que o invadira, accorridos detodas as partes, pretendia ficar com a partedo leão.

Sempre as exigências fiscaes produziram alidessas assomadas rebeldias; a sacra fames auricausadora das rixas sanguinolentas entre Pau-listas,e Emboabas, aquelles descobridores doterritório, estes novatos idos de Portugal enorte do paiz. não se applacára com as des-cobertas de novas e abundantes catas, antes seapurara com o rápido e constante augmentode população e era com mal contida irritaçãoque os mineiros recebiam as medidas decre-tadas pela metrópole para acautelar os inte-resses da coroa.

De Felippe dos Santos a Tiradentes tãogrande foi a extorsão que no anno da Incõn-fidencia, atrazados os pagamentos, avolumadaa divida e exhaustos os povos, a derrama pro-vocaria necessariamente os distúrbios que es-peravam os mallogrados conspiradores de VillaRica.

O caracter do povo das Minas, formadopelos mais variados elementos, era naturalmenteinclinado ás lutas que lhe haviam embalado oberço, não sendo de admirar que só um espiritoresoluto como o de Albuquerque pudesse con-ter-lhe os assomos e ainda assim, antes pelapolitica das meias concessões do que por me-didas violentamente repressoras.

Ainda em via de formação as suas povoa-ções, predominava em algumas o puro ele-mento descobridor- o paulista; em outras, avul-tava o elemento novo-o reinol ou o bahiano,odiando-se intensamente esses agrupamentos

cV ° Conde de Assumar, suecessor de 1). Braz Balthaiarda Silveira, tomou posse do governo em S. Paulo a 4 de Se-lembro de 1717, entrando em Villa Rica a iV de Dezembrodo mesmo anno.

Dezembar^ador José João Teixeira Coelho. InstrucçaoPàfáo (..ovemo da Capitania de Minas Geraes—Msc. da Bi-bhotheca Nacional. k

— origem da rivalidade que apesar dos temposdecorridos ainda se pode notar entre variaszonas do listado.

O Paulista odiava por egual o reinol e obahianp como era em geral chamado o filho•dò norte do paiz, que elle considerava iisur-padores do que legitimamente lhe pertenciapelo direito de descobridor e primeiro povoador;estes lhe retribuíam com usura esse sentimento'que ainda na época actual perdura, si bemque muito attenuado, nas classes populares dosdous vastos Estados, ainda quando o sertanejonortista perlustraudo as longas vias do sertão,desce do seu Estado á apanha do café emestiladas viagens, cujas fadigas assás competi-sam os rápidos lucros da colheita da preciosarubiacea.

Poypações havia, comtudo, em que os douselementos se equilibravam, d'esse equilíbrio re-sultando garantias á publica tranqüilidade.

Naquelles tempos mais extremava, o sen-timento que separava os dous grupos o or-gulho do paulista que, glorioso e enfatuadode sua nobre ascendência, limitava e restringiao circulo de suas relações que o preconceitoarraigado não deixava romper. Espirito des-confiado, amargurado ainda pelas derrotas quesoffrera nas recentes lutas, mautinha-se arredio detodos quantos não pertencessem ao seu grêmio;entre as principaes famílias multiplicavam-seas allianças e é por essa razão que ainda, comalgum trabalho, se pode hoje averiguar a ge-nealogia de varias famílias mineiras, todas oi itm-das de troncos paulistas.

Rara a alliança fora desse meio, sempre*fea-lisada contra a vontade paterna; para os novatosreservava o fidalgo orgulhoso as suas nume-rosas bastardas mamelucas.

Nos mezes de Junho e fuího dera-se omotim chefiado por Paschoal da "Silva Oui-marães, rico proprietário de varias catas, Se-bastião Xavier da Veiga Cabral, o ex-ouvidorManoel Mosqueira Rosa e Fellippe dos SantosFreire, contra a autoridade regia representadapelo Conde de Assumar.

Este soube aproveitar-se habilmente do res-sentimento que guardavam os Paulistas e dellesse acercando, obteve que o auxiliassem com asua experiência, o seu valor e mais com ( sseus escravos e aggregados.

Com esse soccorro conseguiu na noite' de14 de Julho apoderar-se das pessoas de Pas-choal, Veiga Cabral e Mosqueira que despachoulogo para o Rio prisioneiros. A 16, tremendarevindicta de passadas humilhações-mandouatear fogo ás casas de propriedade de Paschoalno morro ainda hoje conhecido pelo nome deQueimado produzindo um incêndio voraz que -tudo destruiu em pouco tempo—e prendeu a

-.

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KOSMOS0== D

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Felippe dos Santos, que após um julgamentoprecipitado a 19 ou 20 foi enforcado e seucorpo arrastado pelas ruas da Villa atado ácauda de fogoso cavallo — barbara execuçãoque mais tarde valeu as mais tremendas aceusa-ções ao Conde.

Foi nesse anno de trágicos horrores quesuecedeu o facto commovente que narra oerudito Dr. Diogo de Vasconcellos (*) e quepara aqui transladamos com a devida venia.

Morava na Villa o coronel Antônio deOliveira Leitão, paulista de distineta nobreza,descendente do capitão-mór Antonio de Oli-veira e de Dona Genebra Leitão de Vasconcellos.

Este foi o primeiro governador e Logar-Tenente de Martini Affonso de Souza na Ca-pi tan ia de São Vicente.

O coronel pertencia á classe dos mais con-spicuos moços de São Paulo, sua pátria, e demuitas oceasiões em que se uotabilisou, con-ta-se que nas festas ali celebradas quando aVilla tomou posse de cidade em 1712, foi umdos càvalleiros mais applaudidos, ganhandomuitas sortes e acabando por arrebatar em de-lírio o povo, que assistia o espectaculó, comde uma só cutilada cortar a cabeça do touro,façanha que referimos segundo se acha naobra de Pedro Tacques.

Tendo se casado em São Paulo com DonaBranca, neta de Dona Isabel Ribeiro de Al-varénga, cuja nobreza lhe era igual, senão maiorá sua, o coronel exerceu em São Paulo oscargos da Republica, e como Ouvidor substi-tuto reputou-se pela rectidão e critério de seusactos.

Tendo se mudado para Villa Rica com asua familia collocou-se esta logo na estima dasprincipaes; e naquell.es tempos é bem de seentender que as familias recatando-se, forma-vam uma roda pequena, mas aristocrática, se-parada por completo do commum do povo, edas dissenções.

Orgulhoso e altivo o coronel Leitão tinhauma filha única, adorável donzella de extremaformosura e de quem tinha desmedido zelo naedade em que ella estava, para não se inclinarpor moço que não fosse egual, o que bemraro se achava.

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Historia Antiga lias Minas Geraes por Diogo de Vascon-cellós. Rello Horizonte, 1904.

Não admittia até então a minima duvidasobre a filha estar isenta de qualquer paixão;mas por fim começou a suspeitar de sugges-toes por um rapaz de somenos qualidaae.

- Torturado de duvidas poz-se a espreitar amoça, e um dia, véspera do Natal de 1720, emque ella sahiu ao quintal, estando a sacudirum lenço para o estender ao sol o pae, en-tendeu ser aquillo um signal convencionado;desceu precipitadamente a escada, e encontran-do-a num quarto térreo da casa, cravou-lheuma faca no coração.

Morreu instantaneamente.D. Branca sahiu como louca, em gritos pela

rua.O povo acudiu ao logar e o namorado

enfurecido com seus companheiros, atacou acasa que os amigos do Coronel defenderam,não faltando quem lhe desse razão em antesquerer a filha morta que casada com quemnão n'a merecia, segundo os preconceitos daépoca.

O enterro da moça foi feito neste tumulto,sendo preciso que o Conde de Assumar viesseda Villa do Carmo a toda a pressa para evitarmaiores conseqüências.

Preso o Coronel que se poderá justificarpor um accesso de loucura, o Conde o envioupara ser julgado na Bahia onde a Relação ocondemnou á morte; e como não podia serenforcado réu de nobre condição, ergueram-lhe um alto cadafalso a que subiu, e nelle foidecapitado aos 16 de Junho de 1721.

O mais que se conta a respeito de DonaBranca, pertence aos dominios da lenda e sócomo tal poderíamos aqui reproduzil-o.

Entregue ás resignações de mulher verda-deiramente christã mas dominada sempre deinfinita tristeza, foi, senão a fundadora, a per-petua zeladora da Capella do Senhor BomJesus dos Perdões.

A filha innocente não carecia dessa lem-branca; e pois ahi temol-a, pobre viuva aos pésde quem poderia perdoar o próprio homemque a desgraçou, mas a quem ella tanto haviaamado e a quem' ainda cuidava ser útil na doriuconsolavel de seus derradeiros dias.»

d)Rio-Julho-906.

Mario Bèhring.

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KOSMOS

O Principe òe La bos

¦fpVUANDO lhe disseram que o physico,pedira alem da conducção, uma guardade fortes cavalleiros que lhe garantissema vida nos andurriaes assolados pelos ban-

didos e tantas moedas de ouro quantos fossemos dias que passasse no castello, ergueu-se no

: leito o ríspido suzerano bramindo, a apontara arca em que guardava o thesouro:

-Dali não me salie moeda para tão refal-sado villão! O que eu lamento é não ter forçaspara montar o meu ginete e empunhar umalança porque lhe havia de mostrar como cos-turno responder a affrontas da ralé. D'ali nãome salie moeda. Disse e cahio no leito pro-strado e gemendo.

Foi tamanho o furor, tão violento o ar-ranque, tão despejados os movimentos do an-cião que se lhe abriram as feridas do peito eo sangue jorrou aos golfões.

Sollicita e ligeira a filha acudio a tempo deestancar a copiosa hemorragia e, com palavrasmeigas e socegadas, serenou o animo do paecontendo-lhe os abafos e os protestos fureiitesda avareza e, para distrahil-o, á falta cie me-nestrel ou jogral que lhe cantasse, ao som darota, um Iais ou uma cantilena, tomando ameada e dobrando o Unho, improvisou o ro-mance ao Principe de Lahos.

«Logo que subio ao throno o principegalhardo, do reino a melhor lança e o cavai-leiro mais apposto, ordenou se fizessem grandesobras militares ao longo da fronteira, se cio-tasse a esquadra de navios possantes, se alis-tassein no exercito os mancebos das principaesfamílias. Queria-os jovens e de boa sombra,armados com esplendor para que todos quantosos vissem ficassem deslumbrados. Assim foifeito.

Restauraram-se as muralhas, armaram-segalés altivas, escolheram-se os esbeltos infantese os mais gentis cavalleiros.

O que maravilhava, porém, não era a es-pessura das muralhas, não era o porte ciosnavios, nem era, tão pouco, o numero da sol-dadesca, mas o fausto que em tudo se notava.

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As muralhas eram pintadas como paredesde paços, as náos andavam sempre empave-sadas, como em festa, com a companha ves-tida de linho alvo, vergando remos que eramde sandalo; os infantes, mais pareciam donzeisde paço, vestidos de purpura, com arcos quetrescalavam, escudos que eram baixellas, lançascom espiculos de prata e que direi dos cavai-leiros? se os telizes eram de trama de ouropodeis imaginar como seria o mais.

Toda essa ostentação era apenas para avista: nem as muralhas offereciam resistênciaporque as pedras, mal assentadas, rolariam aoprimeiro embate abrindo brechas ao inimigo,nem os infantes manejavam as armas e

^os

cavalleiros só em torneios galantes escaramu-cavam.

O principe contentava-se com possuir exer-citos e uma esquadra numerosa-que lhe im-portava a impericia do soldado e a inexpe-riencia da maruja? Lá estavam os vistososesquadrões e no molhe, velas abertas, arfava aesquadra.

Succedeu que um monarcha ambicioso, cujoreino confinava com o de Lahos, resolveu le-vantar-se em armas contra o principe garridoe pondo em campo o seu valente exercito esoltando nos mares a sua aguerrida frota, im-poz-se com arrogância. Foi então que uni aiofalou ao príncipe:Senhor, é tempo de fazerdes sahir avossa gente. Guarnecei as muralhas, confiaeo commando da tropa a um general arguto,entregai a um hábil capitão a esquadra e fa-cilmente fareis recuar o ousado que nos ameaçacom affronta.

Que! exclamou o príncipe. Queres queexponha os meus infantes que tanta vista fazemcom os seus saios de purpura, as suas ene-midas de prata, os seus escudos de aço bru-nido e as suas lanças tauxiadas á gente rudee solaz que ahi vem? Hei de lançar guietespreciosos e cavallareiros que levam 110 corpothesouros em pedrarias contra uma horda demaltrapilhos? Achas que navios laminados aprata abrindo velas de linho, foram feitos paraabordar chavécos? Não! E deixou-se estar.

Chegou ás muralhas a cliusma bravía elogo foi iniciado o assalto.

No mar as galeras ricas soffrerãm o abalrooda frota inimiga e, uma a uma, foram sos-sobrando. Correu o aio a palácio.

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1=KÓSMOS

O príncipe admirava a sua gente de guerraque manobrava ao sol, num campo fechado.As ascuas scintillavam, os cocáres dos elmoseram de todas as cores e os cavai los, cabeandoairosamente ao gesto dos cavalleiros, faziamrebrilhar os arreios e as armas. Estròndavarnos instrumentos, refulgia o aceiro.

Que lindo!-Senhor, tornou o áulico alarmado, em-

quanto vos extasiaes no lustre da vossa genteo inimigo vareja os muros da cidade. Já seouve o vozeio confuso, as tubas roucas resoam,tinem armas nas ruas.

Em pouco estarão comvosco. Fazei sahira vossa gente-que, ao menos, se defenda avossa residência e o throno.

Não deu resposta o príncipe. Expor ámorte aquelle brilhante exercito... E deixou-seestar contemplando o garbo e o luzimentodos infantes e dos cavalleiros.

Um tumulto assustou-o: era tarde. Quandose lembrou de bradar aos seus guerreiros mãosbrutas arrastaram-no e, manietado, captivo, láfoi o príncipe de Lahos.» Calou-se a donzella.

Soergueu-se o enfermo e, fitando os olhosna filha que baixara a cabeça loura e reto-mara a meada e o fuso, bradou:

Por Deus! e os guerreiros?Os guerreiros?Sim. Porque não sahiram em defeza do

seu soberano?-Porque elle não os tinha para batalhar,

mas para simples encanto dos olhos.Essa agora! Guerreiros querem-se na

lucta, não são histriões para divertimento decortes. De que lhe servio exercito tão nume-roso e tão rico se acabou em tamanha mi-seria ás mãos dos brutos?

-Lastimai-o, senhor: tinha mais amor ásarmas resplandecentes do que a pátria e áprópria vida. Não tendes vós ali na arca moe-das sem conta, barras de ouro e de prata,

-.3

pedrarias e baixellas? Não nutris nas vastascampinas tantos guietes aderençados ? Nãodispondes de cavalleiros fieis ao vosso com-mando? Emtanto, a Morte ronda o castello e,em breve, estará comvosco porque vos negaisa ceder ao pedido do physico. Moedas amea-lhadas são economias que devem sahir ao re-clamo da necessidade. A formiga, no inverno,alimenta-se com o que recolheu no estio. Valemais que um reino a vossa vida e, se suecum-birdes, ainda que vos forrem de ouro o túmuloe o incrustem de gemmas não deixareis deapodrecer como o animal que morre na char-néca. Quem fica debruçado a contemplar the-souros esquece todos os deveres: a avare ¦¦ éo peior crime. Se o príncipe licuvesse atfen-dido á voz do aio ainda seria rei e não estariaa gemer no fundo de um ergastulo carregadode ferros.

-Quq venha o physico! bradou o fidàígo.Manda-lhe a conducção e os cavalleiros e quelhe digam que, alem das moedas do ajuste,terá ainda um vaso de ouro cheio de besantesno dia em que eu puder vestir a couraça ebrandir a faicha d'armas. Exércitos querem-seem campo.

E moedas em gyro, quando é preciso,disse a donzella, E, levantando-se para tran-smittir as ordens de seu pae, suspirou: Tivesseo príncipe ouvido as palavras do aio e aindahoje seria rei do lindo paiz de Lahos.

E onde fica esse paiz? indagou o velhointeressado.

Onde fica? Só os poetas o sabem, meusenhor, os poetas que tudo conhecem porquea imaginação os leva a toda a parte. Hei deperguntar a um mcnestrel. Disse e sorrindosahio a transmittir as ordens necessárias paraque fossem buscar o physico á montanha.

Coelho Nftto.

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"""^IgOijBg^^^ Tokio Março de 1006.

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c. HO.T2.lirS.Cl\ illusti ...;ão ó devida a nm «lustro pintor jãponex, dos mais famosos artistas daquelle maravilhoso .. forte pala .ia Braça e .lo fluament •.,.,/« C KJnftaaut.-. conta 81 annos de edade, foi o imaglnoBO decorador .1., palácio Imperial de Shtba, onde a eloqüência Lmagetica da sua fama. ia e a eorreccSo .Io seu delir

actualmentesimo .l.'s,-iili.> deixaram obra celebrada a conutfovente.

qne,correcçSo «Io s«u Uelica.lis-

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KÓSMOS=ás—S- /<**«* W

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SUZANNE DESPRÍS

I^URANTE o largo periodo(SP de trinta annos, tenho vistodesfilar victoriosas no palcofluminense muitas actrizes es-trangeiras de grande fama, acomeçar pela Ristori, que aItália ama e venera como umarelíquia palpitante do seu pas-sado artístico, e terminandoem Tina Di Lorenzo, que re-presenta um curioso periodode transição entre as velhastradições e os processos mo-demos da arte do theatro.

No meio dessa phalange deartistas que vi passar, applau-dindo-as com todo o cntliu-siasmo da minhalma, destaca-se, pela sua originalidade, pelaimpressão, que nos causa, deuma arte nova, que se impõe ánossa intellígencia e ao nossoespirito, a doce figura de Suzainie Desprès.

Essa artista, pela sua intransigência, pelasua preoecupação do modernismo, pelo seu

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culto á observação e á verdade, foi perseguidapelo conservâtorismo official do seu paiz.Basta dizer que na Comédie Française, onde

ella entrou levada pelos dousgrandes prêmios de tragédia ecomedia que alcançou no Con-servatorio, não lhe deram outropapel a crear senão aquellainsignificante Petite a mie, que,tendo sido escripta expressa-mente para ella, dir-se-ia ex-pressamente escripta... para oactor Féraudy.

Mas nós, brasileiros, nãoestamos, felizmente, ajoujadosá arte clássica, e não rega te-amos o nosso enthusiasmo átalentosa interprete de Ibsen.

Quando ella aqui estevepela primeira vez, ha tres an-nos, trazida por Autoine, foimuito admirada e applaudidana Blanchette, nas Remplaçan-tes, na Filie Elisa, na Dupee no Poil de Carotte, — tãoapplaudida e tão admirada, queo famoso actor-emprezario jul-gou de bôa politica subtrahil-a,o mais que pudesse, á nossaadmiração eaos nossos applau-sos, deixando-a ficar nos bas-tidores.

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KÓSMOSa

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Por isso, foi alegremente recebidaa noticia de que Suzanne Desprésvoltava ao Rio de Janeiro sem o jugodo irritadiço creador do Theàtro-Li-vre; entretanto, ainda desta vez nãose pôde dizer que viesse em boascondições; veio com uma troupe malorganisada, insufficiente, de quinzefiguras apenas, composta de bons ar-tistas, convenho, mas não habituadosuns aos outros, e, por conseguinte,sem aquella homogeneidade qne notheatro só resulta do trabalho emcommum.

Para Suzanne Després conviriaum grupo de artistas com os mesmosideaes. os mesmos sentimentos, a mes-ma educação que ella. Nesse particu-lar, pode-se mesmo affirmar que eraaté certo ponto preferível a sua si-tuação na companhia Antoiue. onde,pelo menos, ella estava ou devia estarmais á vontade.

O melhor do seu repertório nãonos foi mostrado. Esperemos queLugne'-Poe, seu marido, rcalise o de-sejo, que o anima, de voltar comella ao Rio de Janeiro, trazendo osartistas de UCEuvre»; aprecial-a-liemos, então, no seu verdadeiro qua-dro.

Racine proporcionou-nos, cornonenhum outro atictor, ensejo deadmirar todas as modalidades dotalento de Suzanne Després.

Ella não tem trinta annos: é ain-da muito nova para reproduzir fi-cimente o typo physico da madrastade flypolito; pondo, porém, de ladoesta circumstançia, em todo caso pre-ferivel á da velhice esforçando-se emvão por parecer mocidade, que deli-ciosa interpretação a da Phedraf

Eoi a primeira vez que ouvi Su-zanne Després dizer versos. Ninguémmelhor os dirá. Os ouvidos estran-geiros, como os nossos, não perdemum hemistichio, não perdem uma pa-lavra, não perdem uma syllaba! E' a perfeição!

A monstruosa declaração que Phedra faza Hvpolito do seu amor incestuoso, foi ditacom uma arte irreprehensivel, e esse é o trechomais perigoso da immortal tragédia.A encantadora artista, uma vez em que lhefiz essa mesma observação de a achar jovende mais para interpretar aquella madrasta amo-rosa, disse-me, com uma adorável modéstia,

que não representava ainda definitivamente o

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Suzanne Després dans Phèdre

papel de Phedra, mas i trabalhava-o . parad'aqui a uns dez annos represental-o tal qualo sente e advinlia. Por esse tempo o seu nome,espero, será universal, e a sua Phedra, umaPhedra completa, impeccavel, única, passearátruunphante por todo o mundo civilisado.

E' também uma delicia ouvir Suzanne Des-prés falar de Eleonora Duse, que lhe consagra

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Suzanne Üesprés dans Poil de- Carotte

um affecto de irmã, ou de mãe, e é por ellaadorada com um sentimento quasi religioso.Tenho presente a carta que a Duse lheescreveu de Londres, nas vésperas da sua

partida para o Brasil. Vou reproduzil-a aqui.Vejam como é carinhosa e sincera, no seudesalinho de phrases que não foram escriptaspara o publico:

< Suzanne-Mon cceur facompanhe.Tous, tons mes souhaités sont pour toi

et avec toi.J'aurais tant voulu te voir avant tondepart, mais il ma été impossible.Je voudrais pouvoir faire quelque chose

pour, aider ton travail pour faciliter tápeine, pour augmenter Ia foi et Ia confi-ance en toi même. Une pauvre lettre nepeut pas grande chose.

Cest pourtant triste.Mais cette bonne parole, ce bon, bon,

bon baiser que jé mets içi pour toi doitfapporter bonheur.

Si mon travail pourait aider le tien!Si tu savais comme je taimcrais alors!

Le bon baiser-à toi du fond, du fonddu meiJleur de mon cceur.

Bon voyage! —oui, oui, je sais ta pennedans ce momeiit! oui! —je sais ce que c'estdaller loin au travail.

Mon cceur pensera a toi sur mer et àlà rampe!Travai lie bien!Bon courage!Bon retour!Un bon, bon baiser!»

Que rumor de beijos escriptos, mas quen-tes e sonoros!Estou certo de que elles cantaram aos ou-

vidos de Suzanne Després à Ia rampe, duranteas representações com que o seu talento nosinebriou.

^=>

Terminando este artigo faço votos, maisuma vez, para que o illustre e svmpathicoLugné-Poe volte o mais breve possível, reali-sando o seu desejo de offerecer ás nossasovações os artistas e o repertório de «UÇEuvre»

Arthur Azevkdo

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<§:KOSMOS

2>

ASSIMILAÇÃO DO IMMIGRANTE

r*\OTAVEL escripto, devido á penna de

py distineto extrangeiro, que estudou brilhai!-(«. temente uma tríade de problemas na-

cionaes: — o Indiistríalismo, a Instrucção e aImmigração, suggerio-nos estas linhas desata-viadas, que não obstante talvez mereçam aattenção bondosa dos leitores d'esta formosarevista, devido á magnitude do assumpto deque se oecupam.

Queremos tratar especialmente do ultimoponto abordado, tomando como ponto de par-tida as palavras do illustrado escriptor citado,quando diz: «Portanto todas as nações sul-americanas teem que ponderar o que é já umaquestão actual em alguns estados do Brasil ena Argentina, a saber: —o problema de assi-mijar os seus im migrantes.»

Realmente, quem estuda e acompanha cri-teriosamente o nosso movimento progressivo;quem avalia isento de animo as forças quecooperam para a nossa grandeza e vê tambémas energias que se desviam e que se perdem,devido á falta d'uma orientação tenaz e segura,devido á falta de exame e estudo dos pro-blemas, cuja solução se julga ainda extempo-ranea, esses podem divisar, sem muito esforço,que a —assimilação do im migrante — é na ver-dade uma questão actual, cheia de interesse,digna do estudo dos competentes, merecedorada attenção governamental.

E' um facto inconcusso que o Brasil é umpaiz cosmopolita. Vemol-o agora assim, n'umaescala relativamente pequena, porque a grandecorrente immigratoria ainda não começou ver-dadeiramente.

Mas o caso é que mais dia, menos dia, se-remos eminentemente cosmopolitas.

Os agrupamentos isolados, distinetos, sepa-rados, formando uma espécie de estado noestado, não podem vingar entre as nações li-vres da livre America.

Entretanto, da nossa parte, não podemosnem devemos ficar inactivos, sonhando com as

leis fataes, que hão de manifestar sua influen-cia, sem a nossa cooperação. E' certo que hagrandes leis fixas e immutaveis, que não po-demos derogar e ás quaes temos que nos cur-var; mas por outro lado é bom lembrar quesomos demasiadamente propensos a crear leisfataes para justificar a nossa inacção, a nossaindifferença, perante problemas que julgamossó possam ser resolvidos por essas mesmasleis! Somos em demasia fatalistas, confesse-mol-o, e infelizmente devido a isso temos apren-dido muita coisa na dura escola da esperien-cia. Oxalá nos aproveitem essas licções!

Devemos, pois, tratar de promover efumafôrma segura e sensata a assimilação do im-migrante. Dirão, talvez, que isso também viráfatalmente; mas contestaremos com factos elo-quentes, dignos de observação e aos quaes émister oppôr barreiras. No sul da Republica,onde a immigração vai-se tornando mais densa,vemos o caso interessante do im migrante re-sistir deliberadamente á assimilação; conser-vando e transmittindo aos filhos as suas idéasde exclusivismo, e, o que é mais triste, menos-prezando e não raro diffamando as coisas nacio-naes. Rendamos aqui um preito de respeito eapreço ás excepções honrosas, mas infelizmenteconstituindo uma minoria bem alarmante.

E' triste, é reprovável, esse exclusivismo,ainda mais quando nos lembramos da phrased'um escriptor francez que disse com verdade:« Pour qui contemple en grand Ia nature tòuty tend a Pünité par 1'assimilation.»

E se a assimilação é uma lei fundamentalda vida, é a mudança das matérias, continua,entre o corpo physico e o meio cósmico queo rodeia, porque não o será também entre asvarias raças que aqui aportam, que se fixam eque entre nós fazem o seu habitai; porque nãose sujeitarão ellas a essa assimilação, de queresultará uma renovação de seiva útil ao in-dividuo, á nação, á pátria, a essa pátria novae grandiosa?!

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Afinal, o immigrante que se fixa no nossosolo, aqui constitue o seu home, a sua pátria,o seu lar. Vem trabalhar, vem collaborar com-nosco, e nós devemos comprehender-lhes asideas e os sentimentos, não para deixar-nosgovernar; mas antes pelo nosso poder de as-similação, para reproduzil-as com energia, bel-leza e possivel aperfeiçoamento que nos ga-rantam a acção sobre essas raças, de maneiraque o nosso Brasil seja como o cadinho, emque misturados vários povos, vários usos, va-rios costumes, varias línguas, varias tradicçõesvenham a ser fundidos na grandiosa nacional-idade Brasileira!

Não é um sonho de patriota visionário;é antes um ideal, que se realizará, talvez n'umfuturo não remoto. Temos esperança de queesses mesmos immigrantes que hoje resistemdeliberadamente á assimilação, que nos criticammuitas vezes injustamente, que nos diffamam,virão tambem participar d'esse bello ideal, queos nossos irmãos do Norte vêem realizandotão brilhantemente. Ali, ainda que exista aindauma resistência de certos visionários, certo éque em pouco tempo o próprio immigrante emuito mais seus filhos consideram-se fieis Ame-ri ca nos.

Aqui, infelizmente, pelas plagas do sul,existe ainda o plano organisado e tenaz de su-jeitar até as próprias gerações posteriores doimmigrante a esse processo de resistência atudo o que é pátrio a tudo o que é nacional!Como acima affirmamos, as excepções são pe-

KÓSMOS9

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¦• . -.quenas; o ideal de collaborar para ò engian-decimento da nova Pátria, está lamentável-ineuie mesclado, obumbrado, com ideas ex-clusivistas, que nos lembrem o celebre dito deLincoln, aqui de justa applicação: «Não sepode escrever a Historia para traz.»

Sim: a Historia do Brasil não pôde retro-gradar. Si na natureza tudo tende á unidade,pela assimilação, o sonho de qualquer Estadono Estado nunca ha de passar d'um sonho!No dia em que a estrada de ferro penetrarnossos invios sertões, nossos remotos núcleoscoloniaes; no dia em que o nosso poder deassimilação, reproduzir com máscula energiaas mais bellas idéas e nobres sentimentos,massas humanas e varias raças despertarão at-tonitas, para depois contemplarem confiantes,aquelle pavilhão auri-verde, que as abriga, queas protege, e de que se orgulharão!

Para a realização d'este ideal devemos tra-balhar. Estudemos o problema, vejamos o quepôde contribuir mais prompta e efficazmentepara a sua solução, e que a hegemonia doBrasil na America do Sul se firme ainda maispela addição da força de assimilação que devedistinguir um povo viril, fadado aos mais altosdestinos, maximé si estiver escudado na justiçaque eleva as nações!

Rio Grande, 1906.

..cio.

F. G. SCHMJDT.

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VrlIíDfi. S<O>C0,?SíL

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Mistress W. B. Straing, actualmente no Rio de Janeiro,-esposa do Magnate W. B. Straing,das estradas de ferro do West.-Estados Unidos.

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KOSMOS

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Durante o BombardeioAo tempo da revolta de 6 de setembro de 93

I

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fundo da chácara, á varanda rendilhadae florida de um bonito pavilhão demármore erguendo-se num verde altoda collina, a Magdalena Graça, com o

seu perfil deesculptura romana, os olhos negrosluzindo num clarão de saudade, fitava inces-santemente o mar, muda e muito pallida, naattitude interrogadora, enigmática de uma Es-phinge.

Havia quasi um mez que ella não parava,afflicta e inquieta, a alma em sobresaltos, numatristeza constante, porque desde que rebentaraa revolta não vira mais o noivo, um moçoaltivo e nobre que tinha o culto do dever eda honra, e que era official do Aquidaban.

A ultima noite em que tinham estado juntosfôra idealizadora e branca. No Espaço ermo eprofundo radiavam as estrellas, em malhashieroglyphicas, na sua luz viva e tremula. Dojardim em torno evolavam-se aromas subindodas moitas de roseiras e cravos, errando subtile deliciosamente no ar cheio de uma alvuraepithalamica, de urn vago suspirar de estrophescariciosas do Cântico^ dos Cânticos. Unidosambos e quasi de mãos dadas, num recantode varanda onde estavam isolados de todos,ella como que surprehendera, a principio, umavaga e recôndita preoccupação nos seus olhosternos de marujo. Interrogara-o a respeito. Elleporém lhe dissera calmamente, a sorrir, quenão tinha nada. Preoccupado, por que? Quetolice! Se estava tão feliz e só entregue aopensamento intimo deambos-a próxima união,para sempre, dos seus destinos e dos seuscorações!... E serenara logo, a ingênua, acre-ditando tanto nas suas palavras*! Venturosaassim, nem percebera sequer a commoção queo sacudia, á despedida, e que elle se esforçavapor dissimular quando a beijou na fronte enas mãos!... E dizer-se que havia ainda quemacreditasse que o coração advinha... Se assimfosse! Mas eram historias... Infelizmente o co-ração não advinha. não!...

Na manhã seguinte a capital despertara sobo pavor da revolução. A esquadra toda estavaao largo, fluctuava em linha de ataque paraos lados da Armação. No Aquidaban, o pos-sante couraçado, tremulava o pavilhão dochefe — o contra-al mirante Custodio José deMello. Ao tope dos mastaréos dos demais na-vios de guerra e dos mercantes de que se

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apossara a maruja iusurrecta, palpitava ao sô-pro rijo do largo uma infinidade de bandeiri-nhas brancas, que eram o signal convencionadoda revolta contra o governo do Marechal Fio-riano. Os vasos das esquadras estrangeiras —portugueza, norte-americana, ingleza, allema,franceza, italiana-vendo que a lueta ia travar-se entre os navios revolucionários e as forta-lezas legaes da barra e de outros pontos dolittoral de Guanabara, tinham deixado campolivre á acção fundeando para o fundo da ba-hia. Assim, no amplo ancoiadorno que ficaentre a ilha das Cobras, as de Mocanguê eoutras, e a ponta da Armação, Pão de Assu-car e morro do Pico, manobravam as grandesnaves rebeldes com algumas torpedeiras, pa-quetes armados em guerra, rebocadores e Ian-chás a vapor que cruzavam de uns Iocaes paiaoutros em pequenos e rápidos itinerários, le-vando ou trazendo ordens, a desenharem noar espiraes de fumo alvo e sobre as ondasespelhadas curvas esteiras de espuma. Em todaa volta do littoral, pelos cáes, á retaguarda dasextensas linhas de soldados da guarda-nacio-nal que os guarnecia para repellir qualquerassalto das torpedeiras e lanchas singrandopróximo, o jdovo agglomerava-se, tanto comosobre as colunas ou outeiros afastados, ou abei-rados do mar... "

Desde esse dia que começara para ella umasérie de desasocegos e aprehensões incessantes.E justamente na terrível manhã de alarme epânico para toda a cidade, achava-se elle deserviço a bordo do navio-chefe, e não fôiarendido, e de certo se vira envolvido na revÒ-lução, porque nunca mais lhe apparecera nemd'elle tivera noticia. A principio ainda espe-rava vêl-o a cada instante. Mas depois, com odecorrer dos dias, capacitara-se de que elle,effectivamente, como quasi toda a sua classe,estava mettido na guerra civil.

E agora os seus sobresaltos e sustos toma-vam-se verdadeira angustia, pois ia travar-se oprimeiro bombardeio. Por isso, postada á va-randa rendilhada do alto pavilhão de mármoreda sua chácara, não cessava de olhar as águasmansas da bahia, onde as grandes unidades daesquadra revolucionaria, em manobras prepa-rativas, trocavam já os primeiros signaes parao ataque...

II

Nesse dia, desde o alvorecer que circulavapela capital da Republica a nova apavoradoiade que o almirante Custodio de Mello ia atacar,com a sua esquadra, as fortalezas da barra.

Então o exôdo que entrara de ter logarlogo ao primeiro dia da revolta augmentoü con-sideravelmente, agora louco e tumultuoso, em

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KOSMOS^:

torrentes de íamilas que se despenhavam uadirecção do interior, para o listado do Rio oude Minas.

O commercio fechara muito cedo, precipi-tadamente. Nas carroças, bonds, carros, emfimem toda a espécie de vehiculos de passageirosou de carga, a população laboriosa e ordeiraapinhava-se, num clamor e num pânico, reco-Ihendo desordenadamente ás suas casas, oufugindo para os arrabaldes e subúrbios.

Nas ruas e praças desertas pairava um arsombrio e sinistro de desolação e de abandono,só cortado de instante a instante pelo grossoestrépito das numerosas patrulhas de cavallariada policia ou do exercito.

E apenas viam-se pelos outeiros e.montes,numa attitude ao mesmo tempo anciosa ecuriosa, algumas famílias da alta sociedade eoutras que ainda não haviam podido ou tidotempo de emigrar, emquanto os homens dopovo, que em geral nada têm a perder e nadatemem, mantiuham-se na mesma posição dosprimeiros dias, agglomerados por traz das deu-sas fileiras da guarda-nacional que ennegreciaos cáes sob as armas faiscantes, dando á me-tralha um rendez-vous dantesco.

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III

O Aquidaban, de bandeira vermelha aocalcez do niastro-grande, os mastaréos de ga-veas e joanetés amados, o pavilhão nacionalarvorado á mezena na sua primitiva armaçãode fragata, rompia a avançada e já ganhava aa altura de Villegagnon, mais numa marcharonceira, de «carroça», como se diz no mardos navios muito lentos, que andam poucoou quasi nada. E não andava senão á razãode uma milha por hora, pois estava com asmachinas e caldeiras estragadas. Tinha entre-tanto um aspecto soberbo, aterrador, no seulongo e amplo costado couraçado ao lumedágua e todo pintado a negro, com as supers-trueturas brancas, a grossa e alta chaminé co-roada por um curvo penacho de fumo espi-ralando no ar. De vez em quando, do redúctode proa jorrava um relâmpago escarlate, umvômito de névoa alva que ondulava e se abriaentre os mastros, seguido de um ribombo detrovão atroando as vagas. A torre de vaute,mais formidável ainda, também explodia a seu

.turno, abalando céos e terra pelos seus pos-santes canhões armstrong.Após o Aquidaban vinha o Trajano, o ele-

gante cruzador de madeira, que é um modelode construcção naval. Manobrava com precizãooffereccndo ás vezes, em inusitado arrojo, ocostado inteiro ás balas que lhe jogavam con-tiuuamente as fortalezas da barra. Alas as suaspeças de 70, alvejando-as sempre, não cessa-

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vam de lhes arremessar ás muralhas balas razase granadas.

Em terra, os partidários da revolta —queeram a maior parte da cidade —rompiam demomento a momento numa grita emocional,mixtò de enthusiasmo e temor ante a attitudegalharda, posto que arriscada, do barco emmeio ao fogo vivo dos fortes.

—La vae afundar-se! exclamavam estes. Nãoé desta que elle escapa! soltavam alguns. Outrosdiziam : —Mas é um doido aquelle EructuosoMonteiro (primeiro-tenente commandante doTrajano) a expor assim o seu navio! Outrosainda, em maior numero e mais confiantes nasorte, afogando o vozear dos demais berravam:—Qual afundar-se, nem meio afundar-se! Fogoé assim. O Monteiro é valente e está cuni-prindo o seu dever. Elle bem sabe o que faz.Ora ensinar o «padre nosso» ao vigário...Chêtas! Era o que faltava!...

E o Trajano continuava a fluetuar e a fazerfogo bravamente, embora já com alguns rom-bos no c seo, os quaes os marinheiros iamtapando a bujões de pinho e lona alcatroada.

Em frente á Nictheroy, junto da Armação,destacava contra a sombra da costa o velhocouraçado Sete de Setembro, alli abandonado eencalhado desde o inicio da luta por achar-seimprestável. O antigo couraçado de casa-matapousava adornado a bombordo e lembravatristemente um fim trágico de naufrágio... Maisadiante, ao sul de Gragoatá, forte que estavaem poder do governo mas que não poderáser ainda convenientemente artilhado, o Javary— outro velho couraçado - servia apenas debateria fluctuante, atirando de longe em longecom os seus grossos canhões de 400 contraos baluartes legaes.

O Republica, um pequeno mas excellentecruzador, então o mais moderno navio da es-quadra, chegado havia pouco da Europa como Tiradentes nessa oceasião em Montevidéo,evoluía á retaguarda do Aquidaban e na mes-ma linha do Trajano, a zombar continuamente,como este, do poder das fortalezas da barra.'Os seus canhões dalma longa e grande alcancefaziam freqüentes disparos. E o seu coniman-dante, um joven capitão-tenente riograndense,de uma bravura e ardor medievaes, famoso emuito popular nessa época pela façanha quepraticara, mezes antes, bombardeando PortoAlegre contra o governo de Castilhos a bordoda canhoneira Marajó - taes habilidades deguerra e de náutica desenvolvia com o seuligeiro navio, enfrentando incólume os pontosmais expostos e perigosos, que dir-se-ia andarem alguma experiência ou exercício de fogopelas águas de Guanabara.

Então, o populacho que se apinhava no'scáes por traz da guarda-nacional, tomado de

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arrebatainento e de júbilo, batia freneticamenteas palmas e saudava o dènòdado marujo emruidosa acclamação:

— Viva o Lara! Viva o Lara!Cosida á ponta da Armação boiava a velha

corveta Guanabara, desmastreada e só em cas-co, porque ia a desarmar quando a insurreiçãorebentou. Não obstante, como tinha por com-mandante o celebre sargento Silvino, bravorapaz que, havia um anno, revoltara a fortalezade Santa Cruz, e, sósiuho com a sua guarui-ção, se batera contra as forças de terra doMarechal Floriano; não obstante, essa velhacorveta, agora transformada em pontão ou bar-caça, fazia certeiro e bem nutrido fogo sobreas posições inimigas.

Entre as ilhas de Mocanguê e a ponta daAreia desenrolava-se um extraordinário con-glomerato de cascos e uma secca e extensafloresta de mastros formado pelo Tamandaré,a Marajó, o Madeira, os paquetes armadosem guerra Venus, Marte, Pallas, ftaóca, Me-teoro, Uranus, Laguna e outros, pertencentesá Frigorífica, ao Lloyd, á Linha Costeira, áCruzeiro, á Esperança Marítima, á Macahé &Campos e á Paulista, as grandes e pequenascompanhias brasileiras de navegação a vapor.Junto á Bdia das Agulhas, numa espécie decurto descampado daguas, sobresahia, quasiá parte e solitária d'entre as demais naves,como num antigo quadro de batalha naval deoutros tempos, o arruinado e desprezado ar-cabouço de teca da Índia da lendária e glori-osa fragata Amazonas, em que o immortal ai-mirante Barroso vencera Riachuelo na já remotae talvez esquecida campanha do Paraguay.Para o fundo da bahia, fora da linha de logo,viam-se ainda destacar as artísticas mastreaçõese costados das corvetas lusitanas Mindello eAffonso d1 Albuquerque, do cruzador francezAréthuse, do cruzador inglez Sirius e das uni-dades das esquadras americana, italiana e alie-mã, como o S. Francisco, o Dogati, a Arcoria.E por traz destes a multidão nacional e inter-nacional dos barcos de vela ~ cutters, hiatesescunas, sumacas, polacas, lúgars, barcas, ga-léras-fluctuando indistinetamente á distancia...

Esse dia sombrio e humido, despido dealegria e de sol, cheio de escuros turbilhõesde nuvens que rolavam e se adensavam poucoa pouco no céo como para desabarem maistarde em tormenta, parecia repassado de im-mensa melancolia.

Mas o bombardeio não cessava, cada vezmais renhido...

IV

Das duas ruas denominadas Senador Ver-gueiro e Marquez de Abrantes que ligam oCattete a Botafogo, era na segunda que se

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achava o palacete do Marquez da Graça, umcasarão antigo mas solarengo, cercado de va-randas dé mármore e pousado ao centro de umvasto jardim, no primeiro tracto plano do terrenoque se desenrolava para os fundos em suavesondulações de collinas plantadas de arvoresfruetiferas e que iam findar em doces pendo-res e largo trecho de planície 110 arrabaldedas Larangeiras.

Era justamente no mais alto e amplo visodessas collinas, de onde se dominava o admi-ravel panorama da bahia, que se elevava orendilhado pavilhão de mármore em que estavaa Magdalena Graça, a filha mais nova do Sr.Marquez, acompanhada de todos os seus, dealguns parentes e de famílias amigas que as-sistiam ao bombardeio. Mas fora, por todos ospontos da coluna, sobre os descampados rei-vosos ou á sombra das velhas e frondosasmangueiras, viam-se gentis e chalradores gru-pos de senhoras, moças, crianças, homens erapazes da visinhança que para alli haviamaffluido desde cedo, afim de gozarem o tem-vel mas curioso espectaculo "da luta entre aesquadra insurrecta e as fortificações do go-verno.

No momento em que o combate ia maisrenhido, estranhos de toda a parte escalavame transpunham com desenvoltura, e sem re-pressão, os muros de pedra que guardavamos domínios do Sr. Marquez-um perfeito ty-po de antigo fidalgo-e cobriam a collina atoda a roza-dos-ventos, commentando numa tu-multuosa voseria de rua as peripécias, acciden-tes e aspectos do bombardeio.

Mas a Magdalena Graça, ao pavilhão demármore, no recanto de varanda onde se aui-nhara entre as irmãs e amigas, quasi não pies-tava attenção ás cousas em volta, cada vezmais pálida e emocinada, o binóculo em punho,a fixar ora as fortalezas da barra, ora os na-vios, e, sobretudo o Aquidaban, onde estavao noivo.

Então Santa Cruz. São João e a Lage —ba-luartes governistas —faziam fogo como nunca,tendo as muralhas de granito,

"em cuja base as'

ondas marulham dia e noite em largos crivosdespuma, inteiramente envoltas em pastas defumo alvadio que a brisa do mar ia levandoe espalhando, aos poucos, pelos morros dascercanias. Os seus tiros repetidos buscavamincessantemente os navios rebeldes, particular-mente o Aquidaban, o Trajano e o Republicaque as affroutavam mais de perto e mais dam-nos lhes faziam. Emtanto o pequeno alcancede suas peças antigas e de certo também ainexperiência dos artilheiros, bem como a tácticados vasos de guerra mantendo-se em cous-tante movimento, inutilizavam por completotodos os seus projetís, que. ou não attingiamesses alvos movediços, ou se perdiam,

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e além, pelas águas da bahia. E somente umamoderna peça de 500, que o Marechal Florianomandara montar á ultima hora em São João,e que os intrépidos rapazes da Escola Militarhaviam pitorescamente appellidado de vovópelo seu peso e dimensões colossaes, guarne-cida e manejada por esses mesmos rapazes,lograva fazer, de vez em quando, um ou outrodisparo certeiro...

De repente um desses tiros da vovó foiafundar-se bem ao pé do Aquidaban, levan-tando enorme jorro d-espuma.

Todos os que estavam na collina, na maiorparte partidários da revolta, estremeceram aovêr aquillo: e os que se haviam sentado er-guerani-se logo, gritando conjunetamente comos outros, num ar de terror:

— Lá bateu rio Aquidaban! Lá bateu noAquidaban!

Ao ouvir tal grito geral a Magdalena Graça,que vira também o projectil cahir junto aocouraçado-chefe, ficou subitamente gelada enuma forte emoção, lembrando-se que essebello navio podia ser de repente posto a pique,carregando para o fundo do mar as centenasde vidas preciosas que tinha no bojo e entreellas a do seu noivo querido.

Entretanto a bala da vovó nem mesmo derecochête podéra tocar o alvo, porque se afun-dará por estibordo á distancia de alguns metros;distancia que, encurtando a perspectiva paraos que estavam em terra, dava um engano ávisão, parecendo que a bala attingira o Aqui-daban. Mas o poderoso couraçado, troandoininterruptamente os canhões, continuava a sus-tentar galhardamente a primitiva posição.

Comtudo, a Magdalena Graça, muito ner-vosa e quasi a chorar, abandonou em seguidao pavilhão, e, de braço dado com o pai ecercada das irmãs e amigas, desceu para opalacete. Apenas ahi chegou, correu pressurosaão quarto e, accendendo as velas do seu pe-

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queno oratório, caliio de joelhos deante deuma imagem de Nossa Senhora dos Nave-gantes a pedir pela "vida do noivo e de todosaquelles que, como elle, estavam empenhadosno terrível combate...

Entardecia. A collina continuava apinhadade gente. Mas ao longe, nas águas, o bom-bardeio parecia acalmar, espaçando os seustiros.

O céo, apagado e nevoento desde pelamanhã, de repente escureceu ainda mais. Umnevoeiro denso, vindo do Atlântico em direcçãoá barra, entrou a invadir tudo sepultando asfortalezas num sombrio acarvoado. Lufadasagrestes intumesciam o mar, que rebentava eespumava. E um aguaceiro tumultuoso despe-nhou-se em bátegas.

Na collina da bella chácara do Marquez daGraça a multidão debandou incontinente, osguardas-chuvas ou sombrinhas abertas, em de-manda das habitações próximas ou longínquas:o mesmo suecedia em toda a cidade, na linhados cáes e nas encostas e altos dos outeirose montes. Pelas ruas e praças os tramways evehiculos de toda a espécie corriam, apinhados,em todas as direcções.

O grandioso scenario da bahia subitamentemudara. Além, ao norte, na linha extrema dohorisonte, a Serra dos Órgãos não se avistavamais. As outras serras menores que cercam emamphitheatro a bahia, afogavam-se na espessafusinagem. O mar, a ilha das Cobras, as deMocanguê, Villegagnon, Nictheroy, tudo seafundava na neblina.

Cessara de todo o bombardeio.E o Aquidaban, o Traja no, o Republica,

o Javary, a Guanabara e os outros navios re-voltosos, bem assim as demais embarcaçõesem geral, tinham desapparecido também, comosossobrados...

Virgílio Várzea.

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CASCATA KÓSMOS-TRES CÓRREGOS-THERESOPOL1S

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A Excursão do Presidente Eleito. *«•'*»;

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Qnii di lipmu Brazileira [Syidicida]

^Jordo do ^aquele "ffyaranhãe," en\ viagem especial do

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N. 3 26 de junho de 1906

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ESTA longa e aceidentada via-gein, em que transportamos

no limitado bojo de um navio tamanhas etão varias actividades, tantos e tâo desen?contrados sentimento», a carga nao estariacompleta si nella nâo houvesse logar para a«lor. Ksta è a bagagem constante de toda acaminhada humana, o passageiro incom-modo, mas irrecusável,que apparecc quandonào se o deseja e toma o lógar forcado naconstrangida companhia.

Esquecemos uma e outro, deixamos, «a-tisfeitos, o fardo e companheiro no porto desahida, cuidando que nSooa teríamos a moles-tar a expansão e o \rabalho fecundo desta,viagem Jriumphal; e eis que subitamentenosapparecem, vindos náo se sabe por queignorado caminho, remettidos e guiados porqual desconhecido consignatario de desas-três. A dôr. reclamou o seu logar; forçosofoi-lhe dar o logar de direito...

A actividade publica tem a condição es-tranha de deshumanisar para a multidão asindividualidades que a exercem. Nào ascomprehendeinos,decommuiu,com a mesmasubordinação e a mesma fragilidade vulgar,não têm, para a massa, outra alma nem ou.tro corpo nem outro sentir que não sejam osque derivam da funcção social ou politica;passam ..por nós como estatuas humanas,figuras integradas na sociedade e na pátria,

.mas desintegradas da alegria e da dor...Somente quando um golpe como o de agorase abate rude, brusca, inesperadamente so-bre uma personalidade publica é que com-prehêndeníos que cilas são compostas damesma sensibilidade «* que esta é a própria.condição do esforço e da victoria...

Ao illustre Sr. Ur. Affonso Penna, tãoru-demento ferido em delicadíssimos sentimen-tos, justamente quando mais expostos seachavam', pela expansão de duas horas feli-zes, á violência do choque, não repetiremosas palavras tíe Pombal ao velho-Marialva*a condueta de S. Kx. nossa violenta sorprezadiz liem q"ue já nào nos cabe esse appello.O linizil limita-se a registrar aqui a solida-rierdude do jornalismo ititierante com essador pungente, tanto mais dolorosa quanto ú

'mister recalca'-al»emifundo para que se nãolibá no inundo exterior que os homens de

v.o>tad<» taínlh-iu s>*ut<;m, tamboin vibram,tamhem stiifretii."..

T ^WPEXXADAS

Aqui, onde a facecia e o exaltamentoChiaparam juntos, como em viva fragua, .Só tem guarida agora o lueto e a maguaOe uma dór forte e de um afastamento.

Em .vão dar brilho e alacridade tentoA esta secção que o pranto lava e en xagua:Leva o navio sobre o curso dágua -Sombra de morte só neste momento».

E mais empana o brilho vacillante,Deste soneto, na saudade inimerso,A ausência desse que ficou distante;

Do versifleador faceto e tentoQue o louvor, magua ou satyra chispanteSabe, fluente, traduzir no verno.

Gil-Bro- •. - (Em falia do outro)

ECHOS E XOTAS

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BORBOLETAS DO MARNfio devia flear encerrada no ram-

ráo costumeiro das viagens banaesessa que o Maranhão vae fazendo.

E náo ficará.Pelo menos, para a vasta seara de

eulomologia social teremos unia con-huiçáo a fazer.• E' a da descoberta de uma nova es-pecie de borboletas, as borboletas domar.

Leitores poéticos, almas abertaspara o sonho, pontilharáo de ura iro-nico sorriso a leitura dessa nossa des-coberta, n' um attestado flagrante dequo nos suppõem, como bons jorna-listas, uns razoáveis passadores démentiras, espécie de conto do vigáriode curso forçado no jornalismo.

Certo a sua desconfiança náo deixade ter seus visos de justiça.

De facto, nós também pensávamosque sé nos jardins,, sobre os vastoseslendaes olentes e polychromicos dasflores enlre-abertas, é que esses sus-piros luminosos da natureza vivessempara floria e o orgulho das corolfaslascivas, arrepiadas pelos seus conta-ctos voluptuosos. E tínhamos bastascarradas de razáo. r ST,

Mas qu;z a desgraça ou a .ventura

•O BRAZIL" 6 o orçram de menor ¦circuloçAo tio mur-do.

que as víssemos nesta viagem do Ma-ranhão e nâo resistíssemos ao intentode divifigal-as.

; Náo comporta ares de communiea-çâo scieutifica a natureza dos artigosdesta secçáo. Portanto, vaga, impre-cisa será o que dellas diremos. Nadade belleza as distingue. Com a exiguagamma das cores pobres das vestesmasculinas, em horas solemncs, essesinsectoi primam pela brutalidade dotamanho, pelo desgracioso* do mover,pelo ridículo das situações. Executam,emfim, o perfeito e absoluto contrastedas suas irmás dos jardins, de quemapenas guardam a decantada volubili-dade. v

Cremes a espécie que descobrimosser um caso esporádico da vasta fa-milia das borboletas sociaes.

As que observamos antes da eclosãofinal, que se fez pelas alturas da Bahia,no estado embryonario, apresentamaccentuados característicos com os*traços geraes do homem. A continua-çáo,dorém, das observações demons-tram o falso da apreciação.

Como habito essencial das nossasborboletas do mar, tem ellas o vezo de,em deparando dentro do nosso navioessas extranhas flores denominadasmulheres, ficarem tontas, fakirisa-das, a rodopiar horas inteiras, sol-tando depois guinclios apaixonados,em posturas enternecidas, o que astorna de uni interessante supremo.

Como sedimentos esparsos, apôs es-tas exhibicões deixam sempre jkíIosportos de onde partem rciangulos depapeispintalgadosonde exliibem o gra-phismo todo das linguagens b:\joujas.

Resumidamente assim descriptas,osnossos leitores estáo aptos para com-prehender o nome por quo seriio desi-gnados na nossa memória scientifica-papüio-coioite-jor?ialistirns, c quonos, valerá, certamente, as glorias daAcademia de Sciencias, quando essaexistir. R.

Em Santarém, onde, como a propósito,toparam uma balança, pesaram-se algunscorpos itinerantes, verificando-se um au-gmento geral de peso.

O pessoal está engrossando... de corpo !

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O JORNALS1NHO PUBLICADO A BORDO DO MARANHÃO

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EGREJA DA PENHA RECIFE

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PRAÇA 15 DE NOVEMBRO E FACULDADE DE DIREITO- REClFi

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RUA MARQUEZ DE OLINDA E ARCO DA CONCEIÇÃO-RECIFE

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INTERIOR DO CONVENTO DE S. FRANCISCO-OLINDA -PERNAMBUCO

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uma excellente collecção Silva Porto.Foi numa vivenda burgueza de Bota-

fogo. Casa e moradores tinham o mesmo as-pecto caturra. O dono era baixóte, já grisalho,e caponêava uma reduzida ninhada de more-nitas redondinhas, muito discretas nos seusmeneios de dengues sinhásinhas e nos enfeitesparcos de suas roupas domingueiras. E todos,capão-papae e ninhada morenita, escorregavampara o dilettantismo das bellas-artes, isto é,para a pintura, que é mansa, e para a da mu-sica em pianno, que é feroz.

Um dia o homenzinho teve saudades deexul, arrebanhou a sua ninhada e foi ser bra-zileiro n'aldeia pacata que lhe viu os cueiros.Houve leilão na chácara. Foi nessa oceasiãoque pude vêr os quadros de Silva Porto. Eramquatro paizageus vigorosamente pintadas, deuma interpretação sentida, repassadas da seivada terra dos esmondos e das pastagens, hori-sontes que faziam scismares, arvores quasi fa-lantes de tão expressivas no seu colorido, re-banhos, varas e boiadas, e n'uma ou noutrao saloio rude ou cachôpa varina característica-mente portuga. A verdade restmibrava das telasna discripção exacta dos contornos e cores,com a indicativa inconfundível de um estyloem cujo vigor se percebia a exuberância do.formoso temperamento artistico que o creára.

Vendo a exposição do snr. José Malhôarecordo-me de Silva Porto. lia entre os doisopposições de esthesias, mas ha em ambos aconcordância nacionalista e a sinceridade doexpressivismo. E' sob este ponto de vista queo snr. Malhôa me interessa grandemente.

Com todos os segredos da paleta e umaimportante pratica do difficil desenho, elle fixao typo observado com a naturalidade surpre-endida. E' como se o kodackizasse. E por esseconsiderável poder reteutivo, as suas figuras,quaesquer que sejam ellas, ficam vivas nosquadros. Assim, a sua numerosa collecção, ora

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exposta nó salão nobre do Gabinete Portuguezde Leitura, não cança, não enfada, não aturde.Dir-se-á que vamos vendo, atravez de janellasde diversas dimensões, a vida intensa da Na-tureza em dados momentos de hora e na suainfinita variedade de aspectos.

De tanto se pôde induzir que a sua ten-dencia artística é para o naturalismo. O snr.Malhôa, na sua arte de communicação imme-diata, si combina com a paciente coordenaçãodos compositores, não arranja os themas, nãose inclina para determinados assumptos dosquaes pudesse apurar o que mais fundamentese apegasse á sensibilidade; é, antes, levadopela sua intuição esthetica, que o faz encontrardes' logo o motivo pineturesco, porque a cul-tura do seu sexto sentido e o exercício bemutilisado de seus apparelhos visuaes lhe guiamnessa expontânea apprehensão do necessáriopara o quadro. Pelo menos eu o observo as-sim e assim me dizem a diversidade dos seusassumptos e a naturalidade das scenas que ocompletam. Esta naturalidade é feita do snr-preendido no vulgar da vida, não força acommoção do amador, entra-lhe nalina insi-nuantemente, attráe-lhe a sympatlha e o vibrasem o abalo das tragédias e dos trancendenta-lismos. Iguala-se-lhe a índole, neste ponto, comos hollandezes do fecundo periodo da pinturade costumes.

E, realmente, o snr. Malhôa possue umaimpulsiva affectibilidade para os humildes; oviver simples dos camponios, as scenas pro-vincianas, o feitio achavascado do montanhez,o typo sadio da. varina, a miséria fuliginosados casaes, dão-lhe os melhores dos seus qua-dros, são os themas predilectos da sua paleta.Basta vêr esse quadrinho do Viuvo, um nadamenos que um palmo, para se comprehenderaté onde chega a sua sensibilidade no tocanteao typo rústico. E' um misero manél, já ve-lhusco, que a saudade empurrou para umcanto de muro. Sentou-se nos degráos esbar-rondados dum alpendre e, sem lucto por lhefaltarem os patacos, mas simplesmente nas suasvestes grossas de lã amarella, quêda-se a con-teniplar o espaço, na dormencia scismarientado que se foi. Ai, pobre delle!... que ali estásosinho, co'os filhos talvez nos brazis ou n'A-frica, e sem a boa velhinha que lhe aqueciaos caldos e lhe sorria aos dias!... Ai, pobredelle, que traz o coração a sangrar!...

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KÓSMOS

Meu coração, não batas, pára!Meu coração, vae-te deitar!A nossa dôr, bem sei, é amara,A nossa dôr, bem sei, é amara,Meu coração, vamos sonhar

E os pincéis do snr. José Malhôa eterniza-ram toda a tristeza desse sonho nos olhoscontemplativos do inconsolavel velhinho! Ahi,nessa pequenina figura, commovedoramenteexpressiva, tem-se os recursos technicos doartista. O desenho sáe-lhe firme, minucioso,exacto. E com o desenho vem a côr, que éapanhada do natural com rigorosa observaçãoe conscienciòsámente passada para a tela. Mas,o colorido seria de pouca valia, se não liou-vesse para o realçar e para completar o con-torno desenhado, o modelado admirável quevivifica a figura, que lhe dá a palpitação dasartérias e o volume anatômico do corpo.

O quanto se admira nesse velhinho estálargamente nas demais figuras. As duas cabe-citas das Pupillas do Snr. Reitor (quem nãoconhece a Ouida e a Clarinha da deliciosanovella de Júlio Diniz!), o Provocando, o AzeiteNovo, as Sardinhas, o Viatico, em summa,todas as suas figuras são tratadas com o mesmocuidado. Essas, porem, indicam a maneira de-licada da sua pintura, são trabalhos paciente-mente feitos pela certeza das pinceladas e peloacabado das minúcias; demais, cada uma deper si, contem o interesse da scena que compõe,salvo a do Viuvo e o Provocando, que sãoisoladas. Fora dos «quadros de cavallete», (vá,que ainda assim se lhes chamem!) o seu valorde figurista não perde as affirmações impres-sionantes da sua delicadeza.

Vemol-o na Ti-Anna, a velha fiandeira, noCavalheiro de São Thiago, nas Cócegas, noretrato da senhora pallida

A realidade conseguida pelo snr. Malhôacom a Ti-Anna constitue, só por si, um doselementos de importância da exposição. Estu-dada, sem duvida, por um magnífico modelo,mas estudada á capricho, a cabeça resalta datela com uma vida que fere á primeira miradaa quem relancêa a vista pelos quadros. Nãolhe falta uma ruga; os olhos estão a fictar e omovimento da língua a lamber o fio é fia-gran te.

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Não quiz o artista limitar-se a reproducçãoexacta do que poderia contentar o amador,procurou compensar esse rigor com o interessede um effeito de luz, jogado num detalhe decarnação, e o fez com a sua mestria. Esseeffeito está no pescoço, destacado dos pan nosnegros que vestem a figura; é de penumbrae recebe a intercessão do negrume das vestes.Não sei se todos que admiram a figura perce-bem-Ihe o capricho technico ou se vacillamcom a desigualdade causada pelo colorido dasmãos e do rosto com o dessa parte desnudadamas, certo, que aos olhos dos que vêem commaior cuidado o effeito se apresenta com asua intenção. A habilidade que ahi está cor-responde a que se admira no ar livre intitu-lado Cócegas, a maior de suas telas, depoisdos retratos dos reis de Portugal. Como naTi-Anna o snr. Malhôa conduziu a luz de ma-neira a dar grande interesse ao quadro, des-contada a differença dos ambientes. Aind'assimas transições da luz, sem o archaico recursodo claro-escuro, foram vencidas com affoutezae as duas figuras de camponios ficam emmagnífico relevo no espaço da linda e vastapaisagem do trigal.

D'ahi para o Cavalheiro de São Thiago, ouos retratos dos reis de Portugal a passagem ébrusca. Ao que as Cócegas representam derústico, de violento dentro da natureza do seuassumpto, o retrato da snra D. Amélia, porexemplo, oppõe de delicado na sua côr sere-namente rosea, na belleza fina de sua cabeça,na larga, bonita mancha de seda do vestido,ou esse arrogante atrapalha-moças Cavalheirode São Thiago antepõe a suavidade da luzque o illumina, o contornado elegante, aristocra-tico do seu desenho. Sendo, porem, typosoppostos, são da mesma maneira vigorosa nafactura, sinceros na reprodução imagetica.

Num domina a luz crila, a luz franca doar livre; ha a grandeza planimetrica da paiza-gem loura de trigos em ceifa, a grandeza aéreados céos, do horizonte; a gamma em doistons do solo juncado de palissada, a corpura-tura animal dos saloios em folga, o desalinhosujo de suas vestes das fadigas; noutro é ofidalgo de epiderme finíssima, de arrogânciano porte, na pompa aristocrática da sua capade cavalheiro, no atrevimento desafiador doseu sombrero, no delgado voluptuoso da suamão enluvada. Em ambos, porem, a feitura se

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inculca pela precisão dos tons, pela justezados valores, pela segurança das linhas, quesão familiares ao artista, já como vemos nessa

grande paizagem das Cócegas, já como está

patente nas difficuldades vencidas n''Apanha dasCastanhas, em que a dominancia dos ama-rellos das frondes não desharmonisa a tona-lidade acinzentada do quadro. E tudo issodelicia a vista que o contempla, direi mais:encanta-nos.

Encanta como essa cabeça pallida, que olha

para nós com umas pequenas mas intelligentespupillas negras, e lá está no seu vestido branco,de magro busto aprumado na moldura douro.A finura anêmica de sua cutis, o descoradoda sua pequenina bocca, a alma que seus olhosteem, attráem a nossa sympathia que, sem sa-ber quem ella seja, chega ao desejo de quasiamai-a.

E' que o artista nol-a apresenta viva, comesse dom, que é delle, de tudo fazer palpitarao toque dos seus pincéis. E fal-o. Não só nafigura, também na paizagem, porque essa nosé transmittida com a fidelidade reproductorada sua visão.

Cada um desses quadrinhos, seja o cre-

pusculo lento duma tarde nas várzeas, seja omeio-dia estivai nos caminhos incertos dos

pendores, deve ser exactamente o que elle viue o que verdadeiramente existe.

Mas, por isso mesmo, a sua Índole, a suadisposição artística, tende para o naturalismo

e, como derivante esthetica, para a pinturaanedoctica.

O snr. Malhôa está bem com qualquer as-sumpto, estará sempre melhor com as scenasda vida rústica. Elle é o pintor da gente po-bre que presente a miséria, ou já sente a fome,como no Lar sem pão, é o pintor da alegriado rapazio como na Passagem do comboio,dos pequeninos delictos da mocidade provin-ciana como nas Uvas do snr. cura, dos costu-mes populares como na Volta do Zé Poeira,nas Sardinhas, no Azeite Novo, na Morte doPorco e outros, e outros, que nos trazem osmodos da vida portugueza no pittoresco dosseus typos e scenas.

A fidelidade com que reproduz e o seuamor á vida rústica dos homens dos camposfazem delle, depois de Silva Porto, um dosmais genuinos pintores portuguezes, qualidadeque mais se avulta por se lhe não perceberinfluencia extranha que o desvie da sinceri-dade expressora da sua obra.

E ella é e será como a obra litteraria deAlmeida Garret, como a paizagenada de SilvaPorto, como a caricatural de Bordallo Pinheiro,a feição de um povo que perdeu a sua forçanacional, mas conserva ainda a espiritualidadeque o mantém com honra na civilisaçãooccidental.

Julho de 1906.Gonzaoa Duque

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0 NAMORO NO RIO DE JANEIRO

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UEM é que já não tem visto, de dia ouá noite, em todos os bairros do Rio, emBotafogo como na Cidade Nova, no En-genho Velho como na Aldeia Campista,ao sol ou á chuva, insensível ás intem-

peries è ao ridículo, o nosso typo clássico donamorador de esquina, encostado ao lampiãodo gaz, com o olhar erguido para uma janella,embebido na adoração extatica da sua Ella?

Nós somos uma raça de namoradores. I ler-damos isto dos nossos avós, — porque já osportuguezes dos séculos passados namoravamcomo nós namoramos, da rua para a janella,e da janella para a rua, trocando olhadélasmeigas. Cada raça namora como pode... ecomo sabe. Na Córsega, não ha namoros semfacadas; na Polônia, dizem que, para exprimiro seu amor, os namorados trocam murros epontapés; os inglezes namoram jogando o

foot- bali, —nós namoramos olhando, revirandoos olhos, dá rua para a janella, eda janella para a rua, «na chumba-ção , como se diz em gyria carioca...Não nos envergonhamos por isso!Camões, o grande Camões, antes dese metter nas aventuras demar e guerra que lhe vale-ram a perda de um olho, eantes de escrever o poemadivino que o immortalisou,— foi um grandenamorador, e ua-morava á modada sua raça, comonós namora-mos, passan-do noites emclaro, debai-xo de ventoe chuva, comos olhos pre-g a d o s n a sgelosias dassuas namora-das, que fo-ram muitas.Ao orgulhodos rapazesbrasileiros dehoje, já devebastar estacerteza : ellesnamoram co-mo Camões o namorador de esquina

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namorava;— e uma cousa, que Camões fazia,não pode ser de nenhum modo uma cousaque envergonhe a gente.

Mas o «namorador de esquina» não con-stitúe por si só o gênero -dos «namoradoresdo Rio>. E' apenas uma espécie, — uma dasmuitas espécies do gênero, que é vastíssimo.Cada classe social namora do seu modo; e,além disso, o Namoro serve-se de todos osmeios que encontra, e de todos os vehiculos,e de todas as situações. Ha o «namoro narua», o «namoro na sala», o «namoro nobond»; o «namoro á janella», e... Mas vejamose estudemos somente algumas das espécies dodilatado gênero.

E, logo em primeiro logar, consideremoso namoro chie, o namoro pschutt, — que te.mo nome pretencioso de flirt...

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^/A\Amm.O FLIRT

Que é o flirt? Não ha definição perfeita.E', como dizem alguns, um namoro inoffensivo,— um namoro sem conseqüências, — que nãoacaba nunca, —nem na pretoria... nem na Casade Detenção. Words, words, ivords, — como di-zia o sombrio I lamlet, que também flertavacom a innocente Ophelia... Mas o flirt. nemsempre se limita ao exercicio da palavra e doolhar: ás vezes, vae um pouco mais longe, atéo beijo, passando pelas estações intermediáriasdo aperto de mão e do roçar de pé. E' umnamoro fidalgo, comedido, cheio de sublinhase de subintenções, um pouco perverso, ás ve-zes um pouco descarado, mas sempre elegante,

v^ sempre pschutt, encobrindo a sua pouca ver-gonha com o verniz da distineção. O flirt éo namoro dos salões aristocráticos: não escan-dalisa, não offende as conveniências sociaes;c é tolerado, com um sorriso condescendente,por muitos pães c muitos maridos, que (não

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lhes gabo a confiança nem o gosto!) achamque elle é apenas uma exigência da boa edu-cação... Fiem-se nisso e não corram!

Nem todos os namorados, porém, namoramcom phrasesgalantes eluvas de pei-lica, citandoBourget eSthendhal, eanalysaudosubtilezasdepsychologiaamorosa.Nas salas daburguezia,o namoro émais franco,mais positi-vo,eaomes-mo tempomaisinteres-saute. Vedeessepar,que,depois deuma quadri-lha ou deuma põlka,veioconver-

sara janella...

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DANDO SORTE...

Elle e ella dansaram juntos, e, juntinhos,no vão da janella, estão agora continuando aconversa começada durante a dança. Na sala,continua a dansa, ou ha conversas animadas :e muitas velhas namoradeiras aposentadas, emuitos rapazes invejosos murmuram, olhandoo par feliz: "Descaramento! aquella serigaitae aquelle sujeito não teem vergonha: estãodando sorte á vista dè todos!..." Elle e ella,porém, não escutam essa murmuráção málé-volas, e continuam a conversar, baixinho, n'umzum-zum de besouros. Juramentos, protestos,promessas, entrevistas combinadas, — a janellaouve tudo isso discretamente, como uma cum-plice complacente e muda. D'aqui a poucotempo tudo aquillo acabará na igreja,—se nãohouver briga, que atrapalhe os planos do casalde pombiuhos, — e se o pombo-calçudo nãoabandonar a rola incauta, deixando-a naquellatriste situação de heroina da famosa poesiade Casemiro de Abreu:

Tu pergunta ras: — «que é da minha croa?»E eu te diria : « desfolhou-a o vento! -D'esse «namoro á janella», que se faz durante

as soirees, e com o consentimento tácito oufranco dos papás e das mamans, ha uma va-riante: é o «namoro á rótula», em que ellafica de dentro e elle de fora, e que, na gyria,tem o nome de «abarracadõ».

Estrellas que brilhaes no céo —«castas es-trellas de Othelo! bonds que passaes pela rua,cheios de gente curiosa e escarninha! guardas-nocturnos, que apitaes! —podeis brilhar, podeispassar, podeis apitar... Nem o vosso olhar defogo, ó estrellas, nem o vosso barulho, ó bonds,nem os vossos apitos, ó guardas,—perturbamaquelle doce colloquio delicioso, em que ellee ella se embebem, á noite, esquecidos de tudoe de todos, lembraudo-se apenas do seu amor,dos seus juramentos, das suas esperanças...Chegou a hora da despedida. E' tarde. A luavae alta no céo. Já, lá dentro da casa, soou avoz irritada da mamãe ou da titia: «menina!

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f\O NAMORO ABARRACADO »

já não são horas de estar á ja-nella!» A entrevista vae acabar.Ella, com os olhos baixos, aper-tando os dedos da mão ífelle,soluça: «Se meesqueceres, beboum copo de ácido phenico!»E elle, desesperado, riscando acalçada com a ponta da ben-gala. rósna: «Se aquelle teu pri-mo, que costuma vir aqui, con-tinúa a te namorar, quebro-lhea cara!»

Mas ha ainda* namoro « do bond para ajanella...»

Namorar assim, chama-se grãar, no calãodo namoro.

Esse namorador é o melhor freguez das com-panhias de bonds. A's quatro horas da tarde,já a menina está á janella. penteada e faceira,com uma fita na trança e uma rosa no eólio.— á espera a?èíle. E lá vem o bond. Já delonge, o olhar cTelle vem esticado, comprido,comendo a janella... O bond passa, e o olharvae virando, virando, virando, esticando emsentido contrario: é um olhar de borracha,um olhar de puxa-puxa, um olhar que nuncamais acaba... E a scena repete-se tres, quatro,

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«GRELANDO-

cinco vezes por dia. Ha namorados de bond,que fazem quotidianamente vinte viagens, dezpara cima, dez para baixo. Quando o bond éda Carris Urbanos ou da Villa Isabel, ainda adespeza é pequena... Mas quando é de Botafogoou da Muda, são quatro mil réis por dia, centoe vinte mil réis por mez, metade do ordenadodo namorador! A quanto obrigas, Amor!

Quanto ao « namoro na rua , também sedivide em duas classes, o namoro elegante darua do Ouvidor e da Avenida, e o plebeu, dasviéllas mal aíamadas.

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O elegante é toda uma sciencia compli-cada de idas e vindas, de demoradas esperas; deespias e tocaias, de encontros combinados oufortuitos. O namorado sabe ou prevê os dias emque a namorada vem «a compras» na Avenidaou na rua do Ouvidor. Espera-a, segue-a, páraá porta da loja em que ella entra, senta-se namesa mais próxima da mesa da Colombo ouda CastcllÕcs em que ella se senta: e ou se con-tenta com esse namoro á distancia, ou ganhacoragem, e, affrontando a ira da mamãe in-dignada, arrisca um comprimento, um apertode mão, uma troca de palavras, em que ambosfingem uma surpresa que não teem: Oh! poraqui, senhorita! não imaginava que ia hoje teresta ventura e esta honra...» E ella: <Oh!nós sahimos tão pouco... Appareça, doutor,a p pareça!..

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E encerre-mos a ga-leria com onamoro pit-toresco, masás vezes sair-g ir i n a r i o,dos nossosbra vi, — na-moro tam-bem de rua,em que o«povo da ly-ra» deslttm-bra as suasellas com aostentaçãoda sua bra-vura e doseu desem-peno...

« AO VENCEDOR, AS BATATAS ! . . .

As Dulcinéas escuras, que são o prêmioda victoria, ficam á janella, assustadas e com-movidas, emquanto os paladinos resolvem, apassos de capoeiragem, a rivalidade amorosa.«Ao vencedor, as batatas! » — dizia o QaincasBorba de Machado de Assis. « Ao vencedor,os meus beijos!» — dizem as damas d'estesnamoradores de viélla.

Namoro elegante ou namoro reles, namorode litteratura ou namoro de cabeçadas,— tudoé manifestação de amor, e tudo é digno deinteresse e de estudo... Namorae, rapazes eraparigas: o namoro é uma lei universal, por-que é o estudo preparatório para o fecundoamor, para esse

«amor, che mu ove il sole e Cal tre stellc»,como disse o Dante, que também, no seutempo, deve ter sido um grande namorador...

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O ORIANAIA expansão commercial que tem tido

estes últimos tempos o nosso paiz, trouxeinestimáveis resultados não sendo dentreestes dos menos apreciáveis a melhoria dosmeios de transporte em que rivalisam aspoderosas emprezas de navegação extran-geiras, cujos possantes navios sulcam aságuas brasileiras.

Outr'ora, o serviço d'aquellas na carreiraAmerica do Sul, se fazia unicamente comos paquetes qne longas viagens em outraslinhas aconselhavam aposentar.

Um bello movimento appareceu agora,conhecida a nossa terra, e, melhor avaliadosos nossos recursos, de modo que uma luctade benéficos resultados se abre entre ás di-versas companhias, cada qual se esmerandoem apresentar melhores specimens dessesmonstros marítimos, em cujo bojo enorme— verdadeiras cidades fluctiiantes que nãoidealisou a imaginação extraordinária deum Verne — somem-se os productos danossa lavoura, transportados a longiquos

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territórios em troca das maravilhas da Eu-ropa industrial

E' um destes o novo paquete Oriana daThe Pacific Steatn Navigation Companyqne vem de fazer a primeira viagem aoBrasil, fundeando em meiados deste mez,na magestosa Guanabara, a excelsamenteformosa bahia, que Edmundo de Ami-eis proclamou a primeira do mundo, semrival, depois de haver visitado a de Constan-tinopla.

Solucionando o problema da navegaçãobritânica em que se empenham as associa-ções marítimas da Inglaterra, a The Pacificmandou construírem Whitenich, no Clyde,o Oriana que foi lançado ao mar no dia26 de Abril, de accordo com as classifica-ções do Lloyds and Board of Trades.

D'esta fôrma a Companhia do Pacificoprocura atigmentar a sua frota que já conta44 vapores!

A lucta da còncurrencia é proveitosa atépara as próprias corporações marítimas por

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isso que estimula as outras e o estimulodeve de ser sempre imitado, quando útil.

No nosso paiz, o Lloyd Brasileiro, tradi-cional empreza de navegação, remodelandoo seu archaico material fluctuante, ertçom-mendou aos estaleiros da Gran Bretanha aconstrucção de novos navios.

E' de crer bem que a reorganisação doLloyd fosse mais um estimulo do que mes-mo vontade de reformar a sua velha flotilha.

O paquete Uriana está absolutamentedestinado para o serviço rápido de malaspostaes, entre os portos inglezes, notada-mente os de Liverpool e Londres e os daAmerica do Sul, escalando nos principaesdo Norte do Brasil e de Montevidéo.

As costas de este até Valparaizo e Pana-má; as costas oceidentaes serão trafegadaspelo bonito vapor inglez.

As dimensões d'este são: comprimento,480 pés; largura, 56 e 3 pollegadas; altu-ra, até o convéz superior, 39 pés, arquean-do a embarcação cerca de 8.000 toneladasbrutas.

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Temaccomodações para 200 passageirosde Ia classe; 150 de 2a e 550 de 3a, sendoque esta possúe beliches que a Companhiajulga perfeitamente arejados e com todas asmodernas prescripções de hygiene.

O salão de jantar dos passageiros deproa pode comportar para mais de 100 pes-soas sentadas.

As suas machinas são de quádrupla ex-pansão, da força de oito mil cavallos, demaneira que o vapor possa deslocar a ve-locidade de 17 milhas por hora, sendo queas caldeiras podem ainda trabalhar com apressão de 215 libras. As helices são de 3pás e a construcção do confortável Orianafoi fiscalisada pelos engenheiros Conlane Thompson, representantes da The Pa-cific.

Esta está apurando a construcção de umnovo paquete, que deverá vir ao Brasil den-tro de poucos mezes.

Não foi, pois, sem justa razão que o po-eta dos Escravos chamou a Inglaterra denavio que Deus na Mancha ancorou...

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