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Superintendência Regional no Estado do Amazonas
JULGAMENTO DE RECURSO
TERMO: DECISÓRIO
PROCESSO nº: 50601.001771/2018-51
REFERÊNCIA: PREGÃO ELETRÔNICO nº 253/2018-01
OBJETO: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE
MANUTENÇÃO (CONSERVAÇÃO/ RECUPERAÇÃO) RODOVIÁRIA REFERENTE AO
PLANO ANUAL DE TRABALHO E ORÇAMENTO – PATO, RODOVIA: BR-319/AM,
TRECHO: MANAUS/AM (PRF) – DIV. AM/RO, SUBTRECHO: IGARAPÉ PIQUIÁ –
IGARAPÉ REALIDADE, SEGMENTO: KM 513,10 – KM 589,40, EXTENSÃO: 76,30
KM, A CARGO DO DNIT, SOB A COORDENAÇÃO DA SUPERINTENDÊNCIA
REGIONAL DO DNIT NO ESTADO DO AMAZONAS
RECORRENTE: CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS LTDA
A Pregoeira do DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES – DNIT, nos Estados do Amazonas, no exercício de suas atribuições
designadas na Portaria 895, de 10 de maio de 2017, e por força dos art. 4º, incisos XVIII
e XX da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002; art. 8º, inciso IV do Decreto nº 5.450, de
31 de maio de 2005, e, subsidiariamente, do inciso II do art. 109 da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993, apresenta, para os fins administrativos a que se destinam suas
considerações acerca das razões do Recurso (DOC.01) apresentado pela Licitante
CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS LTDA, na data de 12 de Novembro de
2018, CONTRA HABILITAÇÃO da empresa CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A.
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SÍNTESE DOS FATOS
O Pregão Eletrônico nº 253/2018-01, com sessão pública ocorrida em
17/08/2018, teve como 1ª classificada a empresa LCM CONSTRUÇÕES S/A, com lance
final de R$ 29.684.197,00, sendo desclassificada após análise da documentação
(DOC.02) pela área técnica, dentre outros, pelo fato de não demonstrar através de
atestados, conforme Edital e termo de referência, a execução do serviço: “Reciclagem
com Incorporação de revestimento Asfáltico à base com adição de brita comercial e
cimento”, bem como a execução da quantidade mínima do serviço: “Recuperação de
Pontes de madeira de lei”.
A 2ª classificada foi a empresa CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A, com lance final de R$ 29.999.994,50, sendo desclassificada
após Relatório final da área técnica (DOC.03), datado de 21/09/2018, sob o argumento
de que havia descumprido o seguinte item do edital:
7.2.5. – Apresentar na composição de seus preços:
7.2.5.2 custo de insumo em desacordo com os preços do mercado”.
Ocorre que, tal valor é o referente ao profissional “montador” e foi
apresentado na Planilha de preço idêntico ao orçamento disponibilizado pelo DNIT
(doc.04), entretanto, está de fato apresentando valor abaixo do previsto na Convenção
Coletiva de trabalho vigente para a categoria profissional em questão.
Antes da desclassificação o correto seria fazer diligência, tendo em vista a
possibilidade de correção de Planilha sem alterar o valor final da mesma, entendimento
que se coaduna com o do Tribunal de Contas da União:
“Erro no preenchimento da planilha de formação de preço do licitante não
constitui motivo suficiente para a desclassificação da proposta, quando a
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planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração do preço
ofertado. (Acórdão 1.811/2014 – Plenário)”.”
Verificamos ainda que, o TCU indicou ser DEVER da Administração a
promoção de diligências para o saneamento de eventuais falhas na proposta e reafirmou
a impossibilidade de o licitante majorar o valor inicialmente proposto:
“A existência de erros materiais ou omissões nas planilhas de custos e preços
das licitantes não enseja a desclassificação antecipada das respectivas
propostas, devendo a Administração contratantes realizar diligências junto às
licitantes para a devida correção das falhas, desde que não seja alterado o
valor global proposto. (Acórdão 2.546/2015 – Plenário).”.
Ocorre que, a diligência não foi realizada nesse momento por um equívoco e
inobservância da necessidade de realiza-la e a empresa CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A foi desclassificada. A próxima classificada, RONDOMAR
CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA, foi convocada e não apresentou
proposta/documentação para análise, sendo desclassificada.
Nessa fase da Licitação, a empresa CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A protocolizou um “ Recurso” (DOC. 05), que foi aceito e
recebido como uma manifestação da empresa, para que a Administração tomasse
conhecimento da possibilidade da diligência não realizada anteriormente, evitando assim
que passasse para as próximas classificadas e retificasse, o quanto antes, o erro, tendo
em vista que a diligência não é mera faculdade do Pregoeiro e sim um DEVER.
Dessa forma, antes de convocar a 4ª classificada, CONSTRUTORA
MEIRELLES MASCARENHAS LTDA, houve o retorno à 2ª classificada, CASTILHO
ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A, para realização da diligência.
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Tal manifestação da CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A
foi publicada no portal do dnit (www.dnit.gov.br) para que todos os interessados
tomassem conhecimento e citada em chat do comprasnet, conforme abaixo
demonstrado:
Tela do Portal do DNIT (WWW.DNIT.GOV.BR – Licitações –
Superintendência Regional do DNIT/AM:
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Mensagens trocadas no chat do comprasnet com os Licitantes
informando que os Documentos estarão no disponíveis no portal
do DNIT:
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Pois bem, a diligência foi feita, a proposta da CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A foi retificada sem alterar o valor global e a empresa, por
estar com a documentação regular e a proposta dentro dos ditames legais, foi
HABILITADA, gerando o inconformismo da CONSTRUTORA MEIRELLES
MASCARENHAS LTDA.
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Vale ressaltar que a CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS LTDA
também protocolizou MANIFESTAÇÃO (DOC.06) na sede do DNIT/AM, em 29 de
outubro de 2018, antes da HABILITAÇÃO da CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A, com os fatos e fundamento semelhantes às razões do
Recurso administrativo, apresentado no comprasnet, APÓS HABILITAÇÃO da
CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A , objeto da presente análise.
Examinando cada ponto discorrido na peça recursal da empresa
CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS LTDA em confronto com as
contrarrazões da empresa CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A,
com a legislação e com os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais correlatos,
exponho abaixo as medidas adotadas e as ponderações formuladas que fundamentaram
a decisão final.
DAS RAZÕES DO RECURSO E ANÁLISE PONTUAL
a) PERDA DA CHANCE DE NEGOCIAÇÃO DE PREÇO
RECURSO CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS: “ Antes de mais nada cabe desde já fazer uma consideração acerca do preço obtido na sessão de lances. Em razão da recusa da proposta da licitante Castilho Engenharia, a Construtora Meirelles Mascarenhas – CMM, seria a próxima a ser convocada para apresentar sua proposta para aceitação, oportunidade e que poderia negociar seu preço com a Ilustre Pregoeira, nos termos do art. 4º, inc. XVI, da Lei nº. 10.520/2002. Contudo, em razão do procedimento ilegal que julgou recurso extemporâneo da licitante Castilho Engenharia, a CMM não chegou ser convocada, ficando impossibilitada de realizar qualquer negociação. Neste sentido, aproveita esta oportunidade para declarar formalmente que tem interesse de negociar seu preço e ofertar o mesmo valor proposto pela licitante Castilho Engenharia, na cifra de R$ 29.999.994,50 (vinte e nove milhões, novecentos e noventa e nove mil, novecentos e noventa e quatro reais e cinquenta centavos).
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Portanto, fica consignado, desde já, o interesse da Licitante CMM de ofertar o valor de R$ 29.999.994,50.”
A Recorrente alega, inicialmente, que perdeu a oportunidade de negociar seu
preço, já que era a próxima a ser convocada para apresentar sua
proposta/documentação para aceitação após a recusa da proposta da empresa
CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A, e que em razão do
procedimento ilegal da Pregoeira que analisou o recurso extemporâneo, realizando a
diligência em vez de passar para a próxima classificada, a Recorrente não chegou a ser
convocada, ficando impossibilitada de realizar qualquer negociação.
Ocorre que, não há ilegalidade no procedimento adotado pela equipe de
pregoeiros em “analisar e julgar” o recurso apresentado de modo extemporâneo pela
CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A. O referido documento apenas
apontou uma possível falha da área técnica em não sugerir diligência para correção da
planilha de preços apresentada.
A realização de diligência está amparada pela Legislação aplicada, pela
doutrina e pela jurisprudência do Tribunal de Contas.
De acordo com o §3° do Art. 43 da Lei geral de Licitações:
É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta.
O Decreto 5450/2005 que disciplina o Pregão Eletrônico afirma:
Art. 11 – Caberá ao pregoeiro, em especial: I – Coordenar o processo licitatório. Art. 26 (In omissis)
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[...] § 3o No julgamento da habilitação e das propostas, o pregoeiro poderá sanar erros ou falhas que não alterem a substância das propostas, dos documentos e sua validade jurídica, mediante despacho fundamentado, registrado em ata e acessível a todos, atribuindo-lhes validade e eficácia para fins de habilitação e classificação.
Nesse mesmo sentido posiciona-se Marçal Justen Filho:
“Em primeiro lugar, deve destacar-se que não existe competência discricionária para escolher entre realizar ou não a diligência. Se os documentos apresentados pelo particular ou informações nele contidas envolverem pontos obscuros – apurados de ofício pela Comissão ou por provocação de interessados-, A REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS SERÁ OBRIGATÓRIA. Ou seja, não é possível decidir a questão (seja para desclassificar o licitante, seja para reputar superada a questão) mediante uma escolha de mera vontade. Portanto, a realização da diligência será obrigatória se se houver dúvidas relevantes”. (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 12ª Ed., São Paulo: Dialética,2008, p.556)
Vale ressaltar que mesmo que o Recurso extemporânea da CASTILHO
ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A não tivesse sido aceito, ele seria lido e a
Pregoeira tomaria conhecimento da situação e voltaria para diligenciar.
A empresa CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS LTDA aduz
ainda que era a próxima a ser convocada após a desclassificação da CASTILHO
ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A, o que não é verdade. A Recorrente era a
4ª classificada e a empresa Castilho a 2ª classificada, ou seja, antes da Recorrente tinha
a 3ª classificada, RONDOMAR CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA, que não
apresentou proposta e documentação quando convocada, sendo desclassificada da
Licitação. Nesse momento, antes mesmo de passar para a convocação da próxima foi
verificado a necessidade de diligenciar a 2ª classificada.
A seguir, consta a Tela do sistema comprasnet com a classificação das
empresas mencionadas para uma melhor elucidação da situação REAL:
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Vale ressaltar que o valor da proposta da 2ª classificada CASTILHO
ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A foi R$ 29.999.994,50 e da Recorrente foi
R$ 32.492.830,00, totalizando uma diferença de R$ 2.492.835,50 para os cofres
públicos.
b) VIOLAÇÃO AOS PRICÍPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO E DO
ART. 4º DA LEI 10.520.
RECURSO CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS:
“O procedimento perpetrado pela i. Pregoeira é absolutamente ilegal e inconstitucional. Após a recusa da proposta da licitante Castilho Engenharia o procedimento adequado seria a convocação da próxima licitante, a empresa CMM, para que esta pudesse apresentar sua proposta de preço e documentação de habilitação. No entanto – contrariando, já de início, os incisos XVIII e XXI, do art. 4º, da Lei nº. 10.520/2002, que preveem fase recursal única posterior à declaração do vencedor da licitação -, a licitante Castilho Engenharia interpôs recurso administrativo contra a decisão que havia recusado sua proposta. O procedimento por si só já denota ilegalidade, uma vez que a interposição de recursos deve ser realizada em seu momento adequado, respeitando a ritualística processual.
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Pois bem, não bastasse a empresa apresentar recurso administrativo fora do momento processual adequado, o fez em contrariedade ao disposto nos itens 9.2 e 9.3.3 do edital e art. 26, caput, do Decreto nº. 5.450/2005, que preveem que os recursos serão apresentados no sistema do pregão eletrônico. No caso concreto, o Sistema Compras Governamentais. Vejamos: 9.2. Declarado o vencedor e decorrida a fase de regularização fiscal de microempresa ou empresa de pequeno porte, se for o caso, será concedido o prazo de no mínimo vinte minutos, para que qualquer licitante manifeste a intenção de recorrer, de forma motivada, isto é, indicando contra qual(is) decisão(ões) pretende recorrer e por quais motivos, em campo próprio do sistema. ---------------------------------------------------------------------- 9.3.3. Uma vez admitido o recurso, o recorrente terá, a partir de então, o prazo de três dias para apresentar as razões, pelo sistema eletrônico, ficando os demais licitantes, desde logo, intimados para, querendo, apresentarem contrarrazões também pelo sistema eletrônico, em outros três dias, que começarão a contar do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos elementos indispensáveis à defesa de seus interesses. ---------------------------------------------------------------------- Art. 26. Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá, durante a sessão pública, de forma imediata e motivada, em campo próprio do sistema, manifestar sua intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de três dias para apresentar as razões de recurso, ficando os demais licitantes, desde logo, intimados para, querendo, apresentarem contra-razões em igual prazo, que começará a contar do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos elementos indispensáveis à defesa dos seus interesses. Mais estarrecedor ainda é que a Ilustre Pregoeira recebeu este recurso interposto fora do momento processual adequado e protocolado em meio físico, ao contrário do disposto no edital e na legislação, violando de uma só vez os princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da publicidade e da legalidade, previstos no art. 5º, do Decreto nº. 5.450/2005, no art. 3º, da Lei de Licitações, no art. 37, caput, e inc. XXI, da Constituição Federal.”
Alega, mais uma vez, nesse item que, após a recusa da proposta da Licitante
CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A, o procedimento adequado
seria a convocação da próxima classificada, que seria a Recorrente CONSTRUTORA
MEIRELLES MASCARENHAS.
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Ocorre que, conforme podemos verificar na tela do sistema comprasnet acima
a próxima classificada foi a empresa RONDOMAR CONSTRUTORA DE OBRAS LTDA,
tendo a mesma sido convocada e não apresentado proposta e documentação.
Alega ainda que, contrariamos o disposto nos incisos XVIII e XXI, do art. 4º da
Lei 10.520/2002, que preveem fase recursal única posterior a declaração do vencedor
da licitação, tendo em vista a aceitação do Recurso extemporâneo da Recorrida
Construtora Castilho.
Vejamos o que prevê o art. 4º da Lei 10.520/2002, in verbis:
“Art. 4º. A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos
interessados e observará as seguintes regras:
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata
e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o
prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando
os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contrarrazões em
igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do
recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;
XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a adjudicação do
objeto da licitação ao licitante vencedor;”
A previsão dos artigos mencionados não condiz com a situação da Licitação
em que o recurso extemporâneo foi aceito, uma vez que não havia LICITANTE
DECLARADA VENCEDORA, apenas um “ Recurso” que informava que não havia sido
diligenciado a Proposta quando era cabível, que poderia ter sido aceito ou não pela
Pregoeira e mesmo não sendo aceito, a Pregoeira já havia tomado conhecimento da
situação e da necessidade de corrigir o equívoco de não ter realizado a Diligência.
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Verificamos, portanto, que os dispositivos elencados pela Recorrente não se
aplicam a situação, ainda mais que Recurso Administrativo é o recurso cabível de
qualquer decisão administrativa, em face de razões de legalidade e de mérito, não
necessariamente o Recurso que foi apresentado é o mesmo previsto no art. 4º da Lei
10.520/2002, que é outra situação.
A Recorrente argumenta insistentemente de que foi violado o Contraditório e
Ampla defesa ao aceitar o Recurso extemporâneo da Construtora Castilho como se
aceitando o Recurso, tivesse declarando a mesma vencedora. Entretanto, informamos
que o Recurso foi aceito, realizado a diligência necessária e verificando que a empresa
estava apta e com toda a documentação regular foi a mesma habilitada e aí sim dado o
prazo para manifestação de intenção de Recurso para os interessados diante da
declaração de Habilitada, previsto no art. 4º da Lei 10.520/2002.
Acreditando tratar-se de uma falta de conhecimento acerca do sistema
comprasnet informamos aos interessados que apenas quando há HABILITAÇÃO de
alguma empresa é que é possibilitado a fase de intenção de Recurso. O recurso
extemporâneo não mudou nenhuma Habilitação de empresa, foi aceito mais como uma
peça informativa do que um recurso propriamente dito e a diligência foi realizada como
deveria ter sido realizada anteriormente, independente de “Recurso”.
Ademais, o fato de haver necessidade de se promover diligência retira
qualquer obrigatoriedade em convocar o próximo colocado antes do cumprimento desta.
Qual o sentido de dar prazo para contraditório de uma realização de diligência
não realizada por equívoco da Administração, podendo, ainda, a empresa ser Habilitada
ou Inabilitada após a diligência?
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A lei é clara em disciplinar a necessidade de contraditório quando há
DECLARAÇÃO DE EMPRESA VENCEDORA, o que não era o caso até aquele
momento.
O recurso apresentado serviu como base apenas para que a comissão de
licitação retificasse seus atos e procedesse com a realização de diligência, no sentido de
promover a adequação da Planilha de preço com relação ao salário do profissional
abaixo da Convenção Coletiva de Trabalho.
De qualquer forma as razões apresentadas no recurso extemporâneo foram
publicadas no portal do DNIT, dando total publicidade dos atos adotados, conforme
cópia da tela constante na síntese dos fatos da presente.
Após o cumprimento da diligência, a proposta da CASTILHO ENGENHARIA
E EMPREENDIMENTOS S/A foi aceita e habilitada, em seguida foi aberta a fase de
recurso administrativo, provando que não houve violação aos princípios do contraditório
e da ampla defesa, visto que a Recorrente apresentou suas razões recursais aqui
respondidas.
c) DETERMINA A CONDUTA CORRETA DO PREGOEIRO
RECURSO CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS:
“A conduta correta do Pregoeiro no caso seria a de inadmitir o processamento do recurso, por evidente violação da forma legal, ou, na pior das hipóteses dar processamento ao recurso mas não lhe dar conhecimento, extinguindo o pedido sem resolução de mérito, nos termos do art. 63, inc. I, da Lei nº. 9.784/99. “
Não cabe a Recorrente determinar a conduta que acredita que deve ser
seguida pelo pregoeiro, uma vez que suas ações seguem estritamente o que preconiza
o manual do pregoeiro, a legislação aplicada e a jurisprudência consolidada do Tribunal
de Contas da União.
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d) DESCONHECIMENTO DO SISTEMA DO COMPRASNET PARA FASE DE
RECURSO
RECURSO CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS: “ Contudo, a i. Pregoeira foi ainda mais longe e além de receber recurso manifestamente incabível, analisou e julgou o referido recurso sem que fosse aberto prazo para contrarrazões pelas demais licitantes, em ofensa ao disposto no item 9.3.3 que determina que após a admissão do recurso os demais licitantes serão intimados para, querendo, apresentarem contrarrazões também pelo sistema eletrônico. A violação de uma regra editalícia, por si só, já dá ensejo à anulação do ato administrativo, dada a previsão legal de que os agentes públicos e os licitantes deverão obedecer às disposições contidas no instrumento convocatório, conforme art. 3º, caput e art. 41, caput, da Lei de Licitações e Contratos. No entanto, o plexo de ilegalidades vai além. O expediente de análise do recurso sem ouvir as demais partes se trata de uma situação que viola os princípios e regras mais básicas do nosso ordenamento jurídico. Não bastasse a senhora Pregoeira receber um recurso totalmente fora do momento processual e fora do ambiente eletrônico, violando o princípio da publicidade e da instrumentalidade das formas, ainda analisou o recurso sem sequer oportunizar a apresentação de contrarrazões pelos demais licitantes. Não recaem dúvidas de que qualquer recurso, em qualquer esfera, seja penal, cível, administrativa, previdenciária e et cetera, deverá passar pelo crivo da ampla defesa e do contraditório da outra parte interessada. É inconcebível que haja a interposição de um recurso e que este seja julgado sem que haja a análise pelos demais interessados no processo e lhe seja garantido o direito de apresentar contrarrazões. Não deveria ser preciso, mas diante da absurdez do caso concreto, a CMM vem consignar que houve tão óbvia violação ao art. 5º LV da Constituição Federal, ao art. 3º, caput, e 109, § 3º da Lei nº. 8.666/93, art. 2º e art. 63, inc. I, da Lei nº. 9.784/99, art. 4º, inc. XVIII, da Lei nº. 10.520/2002, art. 26, do Decreto nº. 5.450/2005 e itens 9.2 e 9.3.3 do edital. O cometimento de qualquer ação ou omissão que viole os deveres de imparcialidade e legalidade representa um ato de improbidade administrativa, prevista nos arts. 4º, caput, e art. 11, da Lei nº. 8.429/92, podendo acarretar “pena de perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de
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três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente”, nos termos do art. 12, inc. III, da Lei nº. 8.429/92. “
Todo procedimento adotado se deu na fase de aceitação das propostas e
como já demonstrado, não é apenas uma faculdade, mas um dever do pregoeiro
promover a realização de diligências.
A desclassificação da CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS
S/A não poderia ser mantida, pois a comissão ao manter essa decisão e negar a
possibilidade de correção da planilha de formação de preços estaria indo de encontro a
entendimento já consolidado pelo DNIT em outras licitações.
Em diversas licitações promovidas pelo Órgão, incluindo a Superintendência
no Estado do Amazonas, foi possibilitada a correção de planilhas apresentadas com
erros sanáveis. Como exemplo temos o Pregão 26/2017 - SRDNIT/AM, objetivando a
contratação de empresa de consultoria especializada em Gestão Ambiental, para a
Prestação dos Serviços de Supervisão e Gerenciamento Ambiental, bem como, a
elaboração de Programas Ambientais no âmbito da execução dos Serviços de
Manutenção/Conservação da Rodovia BR-319/AM/RO.
A não realização da diligência na fase de aceitação das propostas, violaria o
princípio da eficiência, pois demandaria tempo para analisar nova proposta sabendo que
a desclassificada estava apta e dependia apenas de correção.
O Recorrente, neste ponto, mais uma vez demonstra total desconhecimento
do rito do Pregão Eletrônico. A fase para interposição de recursos administrativos inicia-
se APÓS A DECLARAÇÃO DO VENCEDOR DO CERTAME, conforme o art. 4º, inc.
XVIII, da Lei nº. 10.520/2002:
[...]declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar
imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será
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concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões
do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para
apresentar contrarrazões em igual número de dias, que começarão
a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada
vista imediata dos autos.(grifo nosso).
A licitante CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A
apresentou suas alegações antes de declarado vencedor, não cabendo neste momento
abertura de prazo no sistema para a CMM contrarrazoar. Tão logo a licitante CASTILHO
ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A foi habilitada o prazo foi aberto a todos os
demais licitantes.
Como pode alegar a Recorrente que foi violado seu direito ao contraditório e a
ampla defesa se ela mesma impetrou o Recurso Administrativo em análise? Como pode
alegar violação ao princípio da publicidade de os motivos que fizeram com que a
comissão de licitação revisasse a desclassificação da CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A se estes foram publicados no portal do DNIT?
Vale ressaltar que, na licitação em apreço, apenas a CONSTRUTORA
MEIRELLES MASCARENHAS interpôs Recurso Administrativo contra habilitação
da CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A.
e) OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
RECURSO CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS:
“ E no caso notoriamente houve não só a agressão ao princípio da legalidade, em razão da
violação de todos os dispositivos já mencionados, como ainda houve ofensa aos princípios da
imparcialidade e da publicidade.
A i. Pregoeira agiu à margem da lei, dando tratamento diferenciado à licitante Castilho
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Engenharia, a fim de que a sua peça recursal não fosse submetida às críticas dos demais licitantes,
criando em seu favor um verdadeiro privilégio e ainda “escondeu” dos demais licitantes a peça do
recurso da Licitante para que as demais participantes não tivessem acesso à mesma.
Trata-se de um notório caso de violação aos princípios da publicidade, da impessoalidade e da
isonomia, que obviamente amolda-se ao ato de improbidade previsto no art. 11, da Lei nº.
8.429/92.”
Por si só a interposição deste recurso pela CONSTRUTORA MEIRELLES
MASCARENHAS desqualifica suas alegações no tocante à violação ao contraditório,
ampla defesa e publicidade.
É no mínimo de se estranhar que a recorrente defenda em suas razões a
violação do princípio da Publicidade sendo que todos os documentos que deram origem
a realização da diligência foram publicados. Mais espantoso ainda é o fato de que em
suas razões a Recorrente não ataca o conteúdo da diligência nem muito menos sua
realização, a CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS se atem apenas em
atacar, de forma leviana, a conduta dos pregoeiros em nítida demonstração de
desconhecimento dos procedimentos operacionais do pregão eletrônico.
Em seu devaneio a Recorrente, de maneira leviana e desprovida de qualquer
embasamento legal, ataca a honra da Pregoeira do DNIT, atribuindo a esta conduta
tipificada como crime, como podemos observar:
[...]Pregoeira agiu à margem da lei, dando tratamento diferenciado
à licitante Castilho Engenharia, a fim de que a sua peça recursal
não fosse submetida às críticas dos demais licitantes, criando em
seu favor um verdadeiro privilégio e ainda “escondeu” dos demais
licitantes a peça do recurso da Licitante para que as demais
participantes não tivessem acesso à mesma.
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De acordo com o Código Penal Brasileiro, imputar falsamente a alguém fato
tipificado como crime constitui o crime de Calúnia, tipificado no Art. 138 do diploma
penal:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido
como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a
propala ou divulga.
Tais alegações por parte da CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS
atacam diretamente a honra e a reputação dos Pregoeiros do DNIT, pois devido à
publicidade presente nos procedimentos licitatórios, as inverdades propagadas pela
Recorrente podem causar danos suscetíveis de reparação.
A lei faculta ao Pregoeiro sempre, em sede de cognição recursal, a
possibilidade de reconsiderar seus atos, conforme art. 56, § 1º, da Lei nº. 9.784/99 e art.
109, § 4º, da Lei de Licitações. Mas jamais permitiu que um ato de revogação fosse
tomado em momento inadequado, violando o rito processual.
Por tudo exposto resta claro que a conduta da pregoeira em rever seus atos e
possibilitar a correção da proposta durante a fase de aceitação ocorreu dentro da mais
estrita legalidade como podemos observar o disposto na Instrução Normativa n° 02 da
Secretária de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, em seu artigo 24, vejamos:
Quando a modalidade de licitação for pregão, a planilha de custos
e formação de preços deverá ser entregue e analisada no
momento da aceitação do lance vencedor, em que poderá ser
ajustada, se possível, para refletir corretamente os custos
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envolvidos na contratação, desde que não haja majoração do
preço proposto. (grifo nosso).
f) JULGADOS QUE NÃO SE AMOLDAM A SITUAÇÃO EM CONCRETO
RECURSO DA CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS:
“ Trata-se de um notório caso de violação aos princípios da publicidade, da impessoalidade e da
isonomia, que obviamente amolda-se ao ato de improbidade previsto no art. 11, da Lei nº.
8.429/92.
Sobre este ponto, o Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas já aplicou sanções de improbidade
por cometimento de atos ilícitos, em procedimento licitatório, que atentavam contra o princípio da
publicidade.
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DECISÃO QUE RECEBEU A INICIAL. LITISCONSORTE PASSIVO
NECESSÁRIO. DESNECESSIDADE. INTERESSE DE AGIR DO PARQUET. CONFIGURADO. INÉPCIA DA
INICIAL. INEXISTÊNCIA. INDÍCIOS DA PRÁTICA DE ATOS ÍMPROBOS. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DO
“IN DUBIO PRO SOCIETATE”. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO IMPROVIDO. [...] 2. Na hipótese dos
autos a ação de improbidade administrativa tem como causa de pedir a frustração da licitude do
procedimento licitatório (falta de publicidade [...] em flagrante violação aos princípios da
legalidade e moralidade que regem a administração pública, motivo pelo qual, com fulcro na
teoria da asserção, é notório o interesse de agir do Parquet na presente demanda. [...] NEGO
PROVIMENTO ao recurso para manter incólume a decisão recorrida. É como voto. 1Art. 3° As
disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta. [...] (TJMA – Processo nº. 0805711-07.2017.8.10.0000, 1ª Câmara Cível, Rel.
Des. Kléber Costa Carvalho, julgado em 26.06.2018)
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Na esfera do Controle Externo também recaem sanções possíveis à i. Pregoeira. A jurisprudência
do TCU é firme no sentido de que dos atos que importem em violação do edital e da lei poderá
decorrer a imposição de multa ao Pregoeiro. Vejamos:
Acórdão nº 558/2010 – Plenário: [...] 9.4. aplicar, desde logo, ao então Pregoeiro Oficial multa no
valor de R$ 15.000,00; [...] 9.4.3.2. infração ao disposto no art. 26 do Decreto 5.450/2005,
adjudicando o item em 24/12/2008, apesar de intenção de recurso em 23/12/2008, não
observando o prazo de 3 (três) dias previsto;
Além do Pregoeiro, o cometimento de atos ilícitos que violam o ordenamento jurídico também
pode levar à responsabilização da autoridade que homologar a licitação, conforme jurisprudência
do TCU abaixo:
Em relação à responsabilidade da autoridade homologadora do certame, endossou as
considerações da unidade técnica no sentido de que, nos termos da jurisprudência majoritária do
TCU, “a homologação de procedimento licitatório é ato administrativo que conserva o condão de
ratificar todos os atos pretéritos praticados, assumindo a responsabilidade integral a autoridade
signatária”. A atribuição de responsabilidade à autoridade homologadora derivaria, de um lado,
do fato de que “tendo liberdade relativa para montar suas equipes de trabalho, supõe-se serem de
sua confiança os subordinados colaboradores, cujas falhas são absorvidas sob sua
responsabilidade, por culpa in eligendo”. E, de outro, porque “na matéria em comento, sendo
processo cuja remessa à Procuradoria Jurídica havia sido comunicada a um nível abaixo da linha
hierárquica ..., muito mais atenção deveria ser-lhe devotada, especialmente porque as
irregularidades seriam facilmente detectadas a partir da análise da ata do pregão, isoladamente, o
que abre ensanchas para a caracterização da culpa in vigilando” (grifos do relator). O Tribunal, ao
acolher a proposta do relator, rejeitou as razões de justificativas apresentadas pela pregoeira e
pelo gestor que homologou o certame, aplicando-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei
8.443/1992. [TCU – Acórdão nº. 3785/2013 - Segunda Câmara, Rel. Min. José Jorge, julgado em
Superintendência Regional no Estado do Amazonas
02/07/2013]
Veja que o procedimento absolutamente ilegal da Ilma. Pregoeira pode levar não apenas à sua
responsabilização, mas também ao da autoridade homologadora da licitação, trazendo prejuízos
não só para a Licitante CMM, como para a esfera funcional da própria Pregoeira e de outros
agentes públicos.”
Agradecemos as informações e julgados constantes no Recurso da
Recorrente acerca da possível responsabilização dos Agentes Públicos envolvidos na
licitação. Entretanto, além de já possuirmos conhecimento do teor destes e pautar nossa
conduta sempre de acordo com os mesmos, informamos que os julgados não se
amoldam ao fato em tela. Senão, vejamos:
1) Sanção aplicada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão-
Violação aos princípios da publicidade, da impessoalidade e da
isonomia:
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
DECISÃO QUE RECEBEU A INICIAL. LITISCONSORTE PASSIVO
NECESSÁRIO. DESNECESSIDADE. INTERESSE DE AGIR DO PARQUET.
CONFIGURADO. INÉPCIA DA INICIAL. INEXISTÊNCIA. INDÍCIOS DA
PRÁTICA DE ATOS ÍMPROBOS. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DO “IN
DUBIO PRO SOCIETATE”. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO IMPROVIDO. [...]
2. Na hipótese dos autos a ação de improbidade administrativa tem como
causa de pedir a frustração da licitude do procedimento licitatório (falta de
publicidade [...] em flagrante violação aos princípios da legalidade e
moralidade que regem a administração pública, motivo pelo qual, com fulcro
na teoria da asserção, é notório o interesse de agir do Parquet na presente
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demanda. [...] NEGO PROVIMENTO ao recurso para manter incólume a
decisão recorrida. É como voto. 1Art. 3° As disposições desta lei são
aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie
sob qualquer forma direta ou indireta. [...] (TJMA – Processo nº. 0805711-
07.2017.8.10.0000, 1ª Câmara Cível, Rel. Des. Kléber Costa Carvalho,
julgado em 26.06.2018)
Transcrevemos abaixo a Ementa trazida pelo Recorrente, na íntegra:
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0805711-07.2017.8.10.0000 – PAÇO DO LUMIAR
Agravante : Cineas de Castro Santos Filho
Advogado : Ivson Brito Maniçoba (OAB/MA 7486)
Agravado : Ministério Público do Estado do Maranhão
Promotora : Gabriela Brandão da Costa Tavernard
Proc. de Justiça : Sandra Lúcia Mendes Alves Elouf
Relator : Desembargador Kleber Costa Carvalho
EMENTA
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DECISÃO QUE RECEBEU A INICIAL. LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO. DESNECESSIDADE. INTERESSE DE AGIR DO PARQUET. CONFIGURADO. INÉPCIA DA INICIAL. INEXISTÊNCIA. INDÍCIOS DA PRÁTICA DE ATOS ÍMPROBOS. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DO “IN DUBIO PRO SOCIETATE”. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Não prospera o argumento de necessidade de formação de litisconsorte passivo necessário entre o agente público da CAEMA e o agravante, visto que não há o menor indício de que agentes da concessionária tenham induzido ou concorrido à prática do ato de improbidade administrativa imputado aos demandados, isto é, à frustração da licitude do procedimento licitatório.
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2. Na hipótese dos autos a ação de improbidade administrativa tem como causa de pedir a frustração da licitude do procedimento licitatório (falta de publicidade, ausência de pesquisa de preços, inexigibilidade de condições exigidas por lei), contratando serviços com altos custos, prestados com baixa qualidade, em total prejuízo ao erário e flagrante violação aos princípios da legalidade e moralidade que regem a administração pública, motivo pelo qual, com fulcro na teoria da asserção, é notório o interesse de agir do Parquet na presente demanda.
3. Tratando-se de decisão que apenas recebeu a petição inicial da ação de improbidade administrativa, autorizando, desse modo, a continuidade do processo, impera o princípio do in dubio pro societa, a fim de possibilitar o maior resguardo do interesse público, desde que evidenciado meros indícios de cometimento de atos enquadrados na Lei de Improbidade Administrativa, consoante determinam os artigos 17, §§ 7º, 8º e 9º da Lei nº 8.429/9.
4. Melhor sorte não assiste ao agravante quanto a argumentação de inépcia da inicial e impossibilidade de exercer a ampla defesa e contraditório, porquanto inexiste divergência entre o que narrado na inicial e as provas produzidas pelo Parquet relativamente aos atos de improbidade imputados ao agravante.
5. Recurso improvido.
A presente decisão trata de agravo de instrumento interposto por Cineas de
Castro Santos Filho, em face da decisão proferida nos autos de ação civil pública por ato
de improbidade administrativa proposta contra si pelo Ministério Público do Estado do
Maranhão, que recebeu a inicial e determinou a citação do requerido, devido a
irregularidades encontradas que consubstanciam-se em fraude no processo licitatório e
pagamento por serviços não executados nos moldes como contratados, denotando
baixa qualidade.
De fato, o art. 6º, XIV, “f”, da Lei Complementar nº 75/1993, dispõe entre as
funções institucionais do Ministério Público da União, promover a defesa da probidade
administrativa, dando a Lei nº 8.429/1992 concretude a esse controle, ao dispor que
qualquer agente público, servidor ou não, se sujeita às suas penalidades quando pratica
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atos de improbidade contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer
dos Poderes da União (art. 1º).
Ocorre que em momento algum houve frustração da licitude do procedimento
licitatório, que pudesse assemelhar ao caso.
2) Jurisprudência do TCU - Acórdão nº 558/2010 - Imposição de multa ao
Pregoeiro:
Acórdão nº 558/2010 – Plenário: [...] 9.4. aplicar, desde logo, ao então
Pregoeiro Oficial multa no valor de R$ 15.000,00; [...] 9.4.3.2. infração ao
disposto no art. 26 do Decreto 5.450/2005, adjudicando o item em
24/12/2008, apesar de intenção de recurso em 23/12/2008, não observando o
prazo de 3 (três) dias previsto;
O presente julgado diz respeito a fase APÓS HABILITAÇÃO da empresa,
quando então abre no sistema do comprasnet o prazo para intenção de recurso que
deve ser aceito pelo Pregoeiro para que a licitante interessada apresente suas razões.
Ocorre que, essa fase é posterior a realização da diligência que é o objeto de toda essa
celeuma.
Ademais, a prova de que não se aplica a este caso a jurisprudência do TCU
trazida é o fato de estar sendo respondido aqui justamente as razões recursais da
Recorrente, após intenção de recurso aceito pela Pregoeira no comprasnet.
3) Jurisprudência do TCU - Acórdão nº. 3785/2013 – Homologação pelo
Superintendente:
A Licitação não foi Homologada pois ainda encontra-se na fase de Recurso,
fase esta que antecede a adjudicação da vencedora e posterior Homologação pela
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autoridade competente, que no caso do DNIT cabe ao Superintendente Regional do
DNIT.
Informamos que todos os procedimentos licitatórios do órgão, após a
conclusão da Licitação são submetidos à Procuradoria Federal Especializada do
DNIT/AM e só após o Parecer deste, opinando pela regularidade dos procedimentos
adotados é que os processos são submetidos à autoridade competente que Homologará
ou não o certame.
g) HABILITAÇÃO INDEVIDA DA LICITANTE CASTILHO ENGENHARIA
RECURSO DA CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS:
“ A empresa Castilho Engenharia jamais poderia ter sido habilitada neste certame. A Licitante
apresentou atestado de capacidade técnica contendo informações não condizentes com o contrato
apresentado, firmado junto à Concessionária Auto Raposo Tavares S.A.
O atestado de capacidade técnica, expedido pela Concessionária, em 14/12/2017, aponta que no
item 4.31, da planilha descritiva de serviços da obra de duplicação – Km 284 + 150 ao Km 297 +
750, a Licitante teria instalado 107,73m de Tubo Tunnel Liner BSTM, diâmetro 1,80m.
No entanto, analisando o contrato que foi juntado após diligência, em 14/09/2018, verifica-se que
o contrato entre a Licitante e a Concessionária só contemplam a instalação de 45,09m deste tubo.
Daí surgem dois grandes problemas.
O primeiro é a possível falsidade do atestado em si. A Licitante apresentou um atestado de
capacidade técnica que possui informações distintas daquelas apostas no contrato que lastreia o
atestado, sem qualquer justificativa documental para esta distinção.
(...)
O segundo ponto pelo qual esta diferença de quantitativos torna impossível a habilitação da
Licitante é o fato de que o edital requereu que houvesse comprovação de pelo menos 50% de
execução dos serviços descritos no Projeto Básico.
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De acordo com o quadro de quantidades do Projeto Básico, os itens Bueiro metálico com chapas
múltiplas MP 100 com revestimento em epóxi - D = 2,00 m - brita comercial, Código 605709 e
Bueiro metálico com chapas múltiplas MP 152 com revestimento em epóxi - D = 3,05 m - brita
comercial, Código 605724, terão 100 metros cada, totalizando 200 metros deste tipo de serviço.
No entanto, o contrato firmado com a Concessionária demonstra que só houve a execução de
45,09m de Tubo Tunnel Liner BSTM, diâmetro 1,80m. Logo, quantitativo demonstrado abaixo de
50% (cinquenta por cento) do quantitativo orçado no certame. A Licitante comprovou ter
executado apenas 22,54% do item.
Portanto, também por este motivo deve ser inabilitada, já que o quantitativo efetivamente
demonstrado no contrato não atinge o mínimo de 50% do exigido no edital.”
(...)
A documentação de Habilitação das Licitantes passa por uma rigorosa análise
da área técnica do DNIT/AM, não sendo diferente no presente caso. Nenhum
documento apresentado pela licitante CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A foi objeto de qualquer questionamento final dos (as)
Engenheiros (as) responsáveis pela análise.
O Contrato nº 09.372/2015 celebrado entre a CONSESSIONÁRIA AUTO
RAPOSO TAVARES S.A. e a CONSTRUTORA CASTILHO S.A. foi assinado em 02 de
julho de 2015 e como aponta a Recorrente, o Atestado de Capacidade Técnica foi
expedido em 14 de dezembro de 2017, passados mais de dois anos de sua assinatura.
É natural que durante a execução de obras de engenharia ocorram alterações
de quantitativos ocasionando diferença nas quantidades previstas no contrato inicial,
inclusive é de inteiro conhecimento da Recorrente uma vez que tais alterações de
quantitativos em contratos por ela firmados com o próprio DEPARTAMENTO NACIONAL
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DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES – DNIT na mesma situação já ocorreu:
SR-397/2014 – Processo: 50601.000.389/2012-34 / SR – 949/2014 – Processo:
50601.000.001/2013-86.
Em nenhum momento a originalidade dos Atestados Apresentados pela
Construtora Castilho S.A. foi questionada pelo Corpo Técnico do DNIT, pois não há
nenhum indício que aponte para a irregularidade suscitada pela Recorrente.
RECURSO DA CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS:
“ Não obastante a irregularidade formal do atestado, que o fulmina completamente, e o fato do
quantitativo efetivamente comprovado estar abaixo em cerca de 22,54% do que foi exigido no
edital, faz-se necessário considerar ainda que o item apresentado pela Licitante, o Tubo Tunnel
Liner BSTM, diâmetro 1,80m, não atende qualitativamente os itens “Bueiro metálico com chapas
múltiplas MP 100 com revestimento em epóxi - D = 2,00 m - brita comercial, Código 605709” e
“Bueiro metálico com chapas múltiplas MP 152 com revestimento em epóxi - D = 3,05 m - brita
comercial, Código 605724
Na execução do TUNNEL LINER, DIÂMETRO 1,80M, a técnica principal do sistema caracteriza-se
por um processo não destrutivo da rodovia, onde as estradas já estão pavimentadas e em pleno
funcionamento.
Essa técnica tem como base principal utilização de mão de obra de montadores e ajudantes. A
técnica se resume em escavações manuais a pequenas profundidades que vão sendo preenchidas
pela montagem das chapas pelo montador, processo sucessivo, seguro e mais econômico que o
processo convencional que utiliza máquinas pesadas e corte da rodovia.
A sua construção tem como escopo principal permitir a travessia de pessoas, veículos ou animais
para lados opostos de rodovias situadas em áreas urbanas, fazenda de gado ou áreas de
preservação ambiental. Trechos que em algum momento já construídos necessitam de alguma
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adequação a nova realidade urbana sem a interrupção do tráfego existente.
Por outro lado, na execução do BUEIRO METÁLICO DIÂMETRO 3,05 m, destina-se a estradas que
não possuem um projeto rodoviário implantado de asfalto e com sua drenagem superficial e
profunda definida em projeto.
O processo utiliza uma técnica destrutiva do estrada , com abertura de vala a céu aberto nos
talvegues que cruzam a estrada . Essa metodologia utiliza equipamentos como escavadeira para
escavações, compactadores para o aterro e guindaste para içamento das peças ou do próprio
bueiro além da mão de obra de montadores e ajudantes para estruturação das chapas e
andaimes. Nesse tipo de bueiro se faz necessário a execução de um lastro de brita compactado
para seu assentamento.
A implantação desse tipo de bueiro com as dimensões do projeto se torna muito mais complexo e
distinto da técnica de montagem de um tunnel liner de 1,80 m de diâmetro.
Essa distinção fica mais evidente analisando os insumos utilizados na composição do DNIT do
SICRO 2 especificada na época da execução em relação a composição do bueiro metálico exigido
no SICRO projetado na data atual.
Este pontos precisam ser submetidos à equipe técnica da Coordenação de Engenharia do DNIT,
que é quem possui a expertise necessária à análise da adequação do atestado de capacidade
técnica ao objeto do edital. A adjudicação de um objeto de tamanha importância a uma empresa
que não demonstre capacidade técnica para tal coloca em risco a execução das obras, o que pode
levar a perda de recursos.
É sabido que dezenas de obras são paralisadas em razão de serviços mal prestados, por empresas
que não possuem expertise necessária à execução de determinados itens. Situações como estas
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paralisam obras importantes e causam perdas de recursos do Estado.
A exigência de apresentação do atestado de capacidade técnica visa, justamente, trazer à
Administração Pública uma garantia da capacidade do licitante, cercando de maior segurança a
contratação.
No caso concreto, a Licitante Castilho não demonstrou ter expertise na instalação de tubos
metálicos de grande diâmetro, colocando em check a sua capacidade de executar o objeto, seja
por ter executado a instalação e tubos de pequeno diâmetro, seja porque executou pouco maia de
45m lineares, o que não atende às exigências editalícias.”
Neste ponto a Recorrente alega que a Recorrida teria apresentado Atestado
de Capacidade Técnica incompatível com o objeto licitado, pois afirma que o diâmetro
comprovado para execução de Bueiros Metálicos seria inferior ao exigido.
Pois bem, o Termo de Referência do Edital prevê no item 5.1, página 38,
comprovação de execução de serviço de Bueiro Metálico, não exigindo tamanho
específico de diâmetro.
A Lei Geral de Licitações nos diz que é obrigatório o estabelecimento de
parâmetros objetivos para análise da comprovação (atestados de capacidade técnico-
operacional) de que a licitante já tenha prestado serviços pertinentes e compatíveis em
características, quantidades e prazos com o objeto da licitação (art. 30, inciso II, da Lei
8.666/1993).
As exigências previstas no edital em relação à capacidade de execução do
objeto devem ser aquelas estritas ao serviço, não podendo extrapolar a razoabilidade,
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pois não se pode ferir a competitividade do certame. O TCU se manifestou a respeito do
tema em seu Acórdão nº 1.567/2018 Plenário:
[...] Caracteriza restrição à competitividade da licitação a exigência,
como critério de habilitação, de atestado de qualificação técnica
comprovando experiência em tipologia específica de serviço.
Conforme sólida jurisprudência do TCU, consolidada na Súmula 263:
“admite-se a inclusão, no edital da licitação, de exigência de
comprovação de capacidade técnico-operacional de licitantes,
conquanto que limitada às parcelas de maior relevância e valor
significativo do objeto a ser contratado.”
Ainda sobre o mesmo tema destacamos o Acórdão 1585/2015 Plenário que
diz:
é irregular a delimitação pelo edital de tipologia específica de obras
para fins de comprovação de capacidade técnica de licitante,
devendo ser admitida a apresentação de atestados que
demonstrem a realização de empreendimentos de natureza similar
ao objeto licitado, sob pena de ficar configurada restrição à
competitividade
Resta claro que qualquer tentativa de exigir diâmetro especifico estaria indo
de encontro à jurisprudência da Corte de Contas e violando o princípio maior das
licitações públicas, a competitividade.
A Construtora Castilho S.A. apresentou a comprovação de execução do
serviço BSTM (Bueiro Simples Tubular Metálico) na quantidade exigida pelo Edital
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através dos atestados emitidos pelo CREA/SP e pela CART. Estes foram aprovados
pelo Corpo Técnico do DNIT que pauta suas análises em critérios técnicos e de acordo
com as orientações do TCU.
Mais uma vez, informamos que toda documentação de empresa convocada
em Licitações de Serviços/Obras de Engenharia passa por uma rigorosa análise da área
técnica do DNIT que emite seu julgamento sobre os documentos apresentados, sendo
de conhecimento da Recorrente uma vez que todos os Relatório de análise de
documentação estão no portal do DNIT, bem como pela experiência da Recorrente que
já participou de diversas Licitações com o DNIT/AM e firmou inúmeros contratos com o
mesmo.
Informamos ainda que todos os Relatórios de análise técnica passaram pelo
crivo e estão devidamente assinados pelo Coordenador de Engenharia do DNIT/AM.
h) ATESTADO FALSO – ATENTA CONTRA A LISURA DO EMISSOR: CREA/SP
RECURSO DA CONSTRUTORA MEIRELLES MASCARENHAS:
“ Outro ponto de uma importância e que requer a análise por parte da Coordenação de
Engenharia, é o fato de que os documentos apresentados trazem forte dúvida sobre a lisura do
atestado registrado junto ao CREA.
O contrato firmado entre a Castilho Engenharia e a Concessionária Auto Raposo Tavares S.A.
apresentava valor estimado de R$ 40.717.558,88 (quarenta milhões, setecentos e dezessete mil,
quinhentos e cinquenta e oito reais e oitenta e oito centavos), em 02/07/2015.
O contrato continha uma planilha dos serviços a serem executados, chamado Quadro de
Quantidades e Preços, que juntos totalizavam o valor acima.
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Estranho é que comparando com a planilha apresentada pela Castilho Engenharia junto ao CREA,
vê-se que quase todos os itens da planilha tiveram seus quantitativos alterados (bueiros metálicos
mais que dobrou); uma série de serviços foram acrescentados, conforme pode ser visto na Seção 9
“Serviços não previstos...”, da planilha que acompanha a CAT; e mesmo assim, diante de tantos
redimensionamentos e acréscimos de serviços, o valor do contrato continuou exatamente o
mesmo, conforme pode ser visto na anotação de responsabilidade técnica, registrada no CREA/SP,
no dia 17/01/2018.
A possibilidade de um serviço de engenharia, desta envergadura, permanecer o mesmo, após
tantas alterações de quantitativos e inclusão de serviços não previstas, é praticamente nula.
Exemplos: Item 1.3, teve redução de cerca de 80%; Item 2.1, teve aumento superior a 100%; Item
3.9, teve redução de cerca de 85%; Todos da obra de duplicação – Km 284 + 150 ao Km 297 + 750.
Assim como estes, diversos outros itens das planilhas apresentadas demonstram substanciais
alterações, que somadas aos serviços não inclusos não previstos tornam absolutamente incredível
a veracidade e/ou correção formal e material do atestado de capacidade técnica firmado pela
Concessionária Auto Raposo Tavares.
Razão pela qual, considerando as discrepâncias do atestado e capacidade técnica, bem como a sua
insuficiência diante das exigências do edital, é medida que se afigura justa, legal e necessária, a
inabilitação da Castilho Engenharia.”
Finalizando o Recurso da Recorrente, faz uma afirmação, desprovida de qualquer
prova, no mínimo, Séria, quando afirma que há “forte dúvida sobre a lisura do atestado registrado
junto ao CREA.”, com a intenção de alegar que o Atestado de capacidade Técnica apresentado
pela licitante CASTILHO ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS S/A seria falso.
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Como tal afirmação foge da alçada do DNIT, que não é responsável pela emissão do
documento, apenas analisa, na fase de Habilitação, o documento apresentado pela Licitante,
solicitamos o encaminhamento da questão ao CREA/SP para ciência e manifestação sobre o
assunto.
CONCLUSÃO
Concluo que as razões de recorrer apresentadas não se mostraram
suficientes para conduzir a reforma da decisão atacada, seja para anular os atos
administrativos realizados após o protocolo do Recurso extemporâneo da Castilho
Engenharia e Empreendimentos S/A, seja para inabilitar a mesma.
Em suma, a RECORRENTE não apresentou qualquer evidência que
corroborasse suas alegações. Seu recurso apresenta-se muito mais como acusações a
Pregoeira que conduziu a Licitação do que como recurso propriamente dito. Destarte,
não merece prosperar.
DECISÃO
Em face do acima exposto, INDEFIRO O RECURSO, MANTENDO A
HABILITAÇÃO da CONSTRUTORA CASTILHO ENGENHARIA E
EMPREENDIMENTOS S/A, pelos motivos ora aduzidos.
Manaus, 22 de Novembro de 2018.
Lidiane Martha Coutinho Menezes Back
Matrícula DNIT 3435-5 – Pregoeira Oficial do DNIT/AM
Original assinado