Upload
dinhbao
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 1Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
SUMÁRIO
4 CURIOSIDADE
PETRA - A CIDADE OCULTA
A arqueologia contribuindo para adescoberta dos antecedentes culturais doNovo Testamento
7 CONFIANÇA
E O SOCORRO CHEGOU
Um exemplo de fé
8 ESTUDO
A MEDIUNIDADE NA BÍBLIA
Comprovação de citações bíblicas sobre amediunidade
10 ESCLARECIMENTO
CHICO XAVIER E A CULTURA DO MÉDIUM
A dedicação de Chico Xavier à doutrinaEspírita
12 APRENDIZADO
NOS DOMÍNIOS DA SOMBRA
O planejamento de espíritos menos felizespara “derrubar” o Espiritismo
14 CAPAYVONNE PEREIRA E A MEDIUNIDADEA extraordinária história de vida da médiumYvonne Pereira
20 REFLEXÃO
MILAGRE OU FENÔMENO
Conceitos sobre milagre, fenômeno e fé
24 EXPERIÊNCIA
MENSAGEM DE UM SACERDOTE
A história de um sacerdote e seuaprendizado após o desencarne
27 COM TODAS AS LETRAS
VAI ESTAR SAINDO? FUJA DO MODISMO
Importantes dicas de nossa língua portuguesa
Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112
Assinaturas
Assinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)
FALE CONOSCO
A Felicidade que aPrece Proporciona
EDITORIALEdição
Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar” – Depto. Editorial
Equipe Editorial
Adriana Levantesi
Rafael Dimarzio
Rodrigo Lobo
Sandro Cosso
Thais Cândida
Zilda Nascimento
Jornalista Responsável
Renata Levantesi (Mtb 28.765)
Editoração
Fernanda Berquó Spina
Rafael Augusto D. Rossi
Revisão
Zilda Nascimento
Administração e Comércio
Elizabeth Cristina S. Silva
Apoio Cultural
Braga Produtos Adesivos
Impressão
Citygráfica
O Centro de Estudos Espíritas
“Nosso Lar” responsabiliza-se
doutrinariamente pelos artigos
publicados nesta revista.
[email protected] (19) 3233-5596
Vinde, vós que desejais crer.
Os Espíritos celestes acor-
rem a vos anunciar gran-
des coisas. Deus, meus filhos, abre
os seus tesouros, para vos outorgar
todos os benefícios.
Homens incrédulos! Se
soubésseis quão grande bem faz a
fé ao coração e como induz a alma
ao arrependimento e à prece! A
prece! Ah! Como são tocantes as
palavras que saem da boca daque-
le que ora! A prece é o orvalho di-
vino que aplaca o calor excessivo
das paixões. Filha primogênita da
fé, ela nos encaminha para a senda
que conduz a Deus. No recolhimen-
to e na solidão, estais com Deus.
Para vós, já não há mistérios; eles
se vos desvendam. Apóstolos do
pensamento, é para vós a vida. Vos-
sa alma se desprende da matéria e
rola por esses mundos infinitos e
etéreos, que os pobres humanos des-
conhecem.
Marchai, marchai pelas veredas
da prece e ouvireis as vozes dos an-
jos. Que harmonia! Já não são o ru-
ído confuso e os sons estrídulos da
Terra; são as liras dos arcanjos; são
as vozes brandas e suaves dos
serafins, mais delicadas do que as
brisas matinais, quando brincam na
folhagem dos vossos bosques. Por
entre que delícias não caminhareis!
A vossa linguagem não poderá ex-
primir essa ventura, tão rápida en-
tra ela por todos os vossos poros, tão
vivo e refrigerante é o manancial
em que, orando, se bebe.
Dulçurosas vozes, inebriantes per-
fumes, que a alma ouve e aspira,
quando se lança a essas esferas des-
conhecidas e habitadas pela prece!
Sem mescla de desejos carnais, são
divinas todas as aspirações. Também
vós, orai como o Cristo, levando a
sua cruz ao Gólgota, ao Calvário.
Carregai a vossa cruz e sentireis as
doces emoções que lhe perpassa-
vam n’alma, se bem que vergado ao
peso de um madeiro infamante.
Sim, Ele ia morrer, mas, para viver
a vida celestial na morada de seu
Pai.
KARDEC, Allan. ESE Cap. XXVII
item 23. 120ª edição. Tradução
Guillon Ribeiro.
por Santo Agostinho (Paris, 1861)
ASSINE: (19) 3233-55964| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
Petra - A Cidade Oculta
�
Queimar incenso era ato
comum de adoração
em templos e santuá-
rios antigos. Acreditava-se que a
fragrância forte e agradável subia
até a divindade cultuada. A fuma-
ça do incenso também mascarava
o odor capitoso dos animais tosta-
dos e queimados em sacrifício.
Queimava-se também incenso para
adocicar o ar na presença dos reis
assírios e persas, e outras pessoas
talvez também o tenham usado para
esse fim.
Eram necessárias enormes quan-
tidades de incenso para suprir as de-
mandas do mundo grego e romano.
O ingrediente básico era o olíbano,
a seiva de uma árvore que cresce
no sul da Arábia. Caravanas de
mercadores com fileiras de came-
los e jumentos cruzavam lentamente
o deserto de sul a norte, transpor-
tando carregamentos de incenso
até Gaza e Damasco, de onde eram
exportados para todo o Mediterrâ-
neo. Levavam de volta, em troca,
finos objetos de metal, cerâmica e
vidro das fábricas do Egito, da Síria
e da Grécia. No sul da Arábia, os
estados de Sabá, Ma’in e Qataban
enriqueceram-se com esse comér-
cio.
Nas viagens, as caravanas para-
vam onde havia água e abrigo. Al-
guns desses locais de parada trans-
formaram-se em cidades importan-
tes. A mais famosa delas é Petra.
Essa cidade foi erguida num vale
entre penhascos de arenito verme-
lho e róseo, onde o elevado platô
do deserto desce ao grande vale
alongado ao sul do mar Morto.
Nos séculos entre 300 a.C. e 150
d.C., uma das principais rotas do
incenso passava ao lado de Petra ou
por dentro dela, guinando a oeste
rumo à cidade costeira de Gaza. Os
cidadãos vendiam mantimentos e
ofereciam acomodações aos viajan-
tes, e os reis impunham impostos.
Assim a cidade enriqueceu.
O povo de Petra, os nabateus,
era uma tribo árabe que se havia
assentado, passando a viver segun-
do os ditames da moda da época,
sob influência grega. Sem o traba-
lho dos arqueólogos em Petra e em
outras cidades, pouco se saberia
acerca desse povo.
Os nabateus eram exímios
assimiladores de cultura estrangei-
ra. Suas cidades, templos e túmulos
têm projetos e ornamentos de ins-
piração egípcia e fenícia, grega e
romana. Sua língua era árabe, mas
tomaram emprestado o alfabeto
aramaico para escrevê-la. Dos
nabateus, esse alfabeto passou aos
árabes, tendo-se alterado os forma-
tos das letras com o passar dos sé-
culos.
Depois que os romanos conquis-
taram Petra em 106 d.C., a cidade
perdeu o poder. O povo viveu ali
durante séculos ainda, mas os ter-
remotos e o abandono levaram os
edifícios à ruína, até nenhuma casa
restar de pé, sendo enfim esqueci-
da a cidade. Os exploradores de
nossos dias descobriram-na, iden-
tificando-a como Petra, em 1812.
Algumas escavações foram feitas
por arqueólogos americanos, britâ-
nicos e jordanianos, mas ainda há
muito para descobrir sobre a cida-
de.
No seu auge, durante a primei-
ra metade do século I d.C., o reino
nabateu controlava boa parte da
Transjordânia e a região mais me-
ridional da Palestina ( O Neguebe).
No reinado do seu soberano mais
poderoso, Aretas IV (cerca de 9
a.C. até 40 d. C.), a nação chegou
a controlar Damasco por certo tem-
por Alan Millard
CURIOSIDADE
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 5Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Na pedra macia dos rochedos, o povo
de Petra esculpiu os monumentos que
deram fama à cidade
�
po. (O apóstolo Paulo fugiu do “que
governava sob rei Aretas” em Da-
masco, sendo baixado do muro da
cidade num cesto.)
Nessa época, segundo revelam
estudos recentes, uma grande rua
cruzava o centro de Petra, e ergue-
ram-se edifícios esplêndidos nos
terraços que a ladeavam. A rua
dava num templo quadrangular,
construído segundo o antigo mode-
lo de pórtico, lugar santo e santuá-
rio que o próprio Salomão seguira.
Espalhadas ao longo do vale, de
cada lado da rua principal, ficavam
as casas e oficinas da cidade. Al-
gumas eram construídas com pe-
dras finamente lavradas, e a arga-
massa das paredes internas era de-
corada com molduras e pinturas.
Numa área os nabateus eram es-
pecialistas: a fabricação de cerâmi-
ca. Os artesãos nabateus aprende-
ram a fazer objetos finos como por-
celanas, mas feitos à mão na roda
do oleiro, e não em fôrmas. Os pra-
tos eram especialmente finos, pin-
tados em marrom com desenhos flo-
rais. Esse tipo de cerâmica fina que-
bra-se facilmente, e por isso são bem
raros exemplares inteiros. Mas tan-
tos são os cacos encontrados nos
sítios nabateus, que é evidente ter
sido a cerâmica bem comum - e não
fabricada por um único artesão para
clientes ricos.
A cidade de Petra era protegida
por uma muralha dotada de torres
e pelos rochedos e penhascos que a
cercavam. Na pedra macia desses
rochedos, o povo de Petra esculpiu
os monumentos que deram fama à
cidade. Eles queriam enterrar seus
mortos de modo que jamais fossem
esquecidos, e perceberam que o
arenito era bem apropriado ao
entalhamento.
Seus canteiros abriam na rocha
uma porta que dava para um gran-
de recinto. Ali podiam-se colocar
algumas sepulturas, e podia-se,
também, escavar outras câmaras
mortuárias a partir do recinto prin-
cipal. Ao que parece, alguns dos
recintos eram planejados para que
os parentes pudessem visitar os
túmulos e executar ali rituais em
homenagem aos mortos.
O paredão rochoso fora do
túmulo era também preparado para
o entalhamento. Na maioria dos
casos era alisado, lavrado para que
parecesse haver ali uma porta feita
de pedra e, acima, um telhado.
Os cidadãos mais ricos, a famí-
lia real e gente ligada a ela tinham
túmulos ainda mais magníficos. Para
CURIOSIDADE
Túmulos escavados nos rochedos
ASSINE: (19) 3233-55966| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
O povo de Petra, os nabateus, era uma
tribo árabe que se havia assentado, sob
influência grega
CURIOSIDADE
eles, a rocha era esculpida em for-
ma de templo romano.
Os visitantes de Petra vêem
primeiro o mais belo. Ao avançar
pelo estreito desfiladeiro de dois
quilômetros de comprimento que
conduz à cidade, nada se vê senão
paredões rochosos. De repente surge
à frente, ao final da garganta, uma
maravilhosa escultura cor-de-rosa.
Acima de uma entrada com pi-
lares, vêem-se colunas entalhadas
na pedra com delicadas imagens
em relevo entre elas. No alto, no
frontão que fica trinta metros aci-
ma do solo, há um grande vaso de
pedra. É maciço, mas o povo da re-
gião atirou nele durante anos, es-
perando quebrá-lo para encontrar
ouro lá dentro.
O túmulo é ainda chamado Te-
souro do Faraó, El-Khazne. Nin-
guém sabe de quem é o túmulo; um
importante estudioso afirma que foi
construído para Aretas IV.
Os espetaculares túmulos esca-
vados na rocha em Petra e as pe-
dras caídas de uma cidade que já
foi grande um dia revelam o fausto
e a técnica que os nabateus exibi-
am no tempo em que o rei Herodes
erguia seus esplêndidos edifícios (v.
“Herodes – o grande construtor de
castelos”). Além do templo
construído ao final da rua princi-
pal, havia outros lugares sagrados
em Petra, e um deles é de especial
interesse. Dezenas de metros aci-
ma da cidade, no topo de um gran-
de rochedo, ergue-se um alto. Não
é um templo no estilo grego ou ro-
mano, mas um “lugar alto”
semítico, construído segundo um
costume antiqüíssimo.
Uma avenida processional esca-
vada na rocha, com degraus cui-
dadosamente esculpidos, conduzia
ao cume do monte. Ali o fiel che-
gava a uma área sagrada. Duas co-
lunas de pedra a delimitavam, não
feitas de blocos de pedra, mas cria-
das pela lapidação da rocha, até que
se erguessem isoladas. Cada uma
tem cerca de seis metros de altura,
e entre elas há um espaço de vários
metros – portanto, retirou-se gran-
de volume de rocha. Essas colunas
lembram aquelas encontradas nos
templos cananeus (v. “Cidades con-
quistadas de Canaã”).
Além das colunas, o cume do
rochedo foi eliminado. Abriu-se
uma área plana de cerca de 14 por
6 metros, com um banco lavrado na
rocha em três lados. No quarto lado,
voltado a leste, fica o altar esculpi-
do na rocha, ao qual se chega por
um lance de três degraus. À esquer-
da do altar outros degraus sobem
até uma bacia circular escavada na
rocha. Um dreno que sai da bacia
faz supor que os animais eram aba-
tidos ali. Embora o altar seja gran-
de o bastante para que uma pessoa
se deite sobre ele, não há indícios
de que os nabateus sacrificassem
seres humanos.
Por muitos séculos, os nabateus
e sua cidade ficaram esquecidos.
Sua redescoberta é outra proeza da
arqueologia e uma contribuição aos
antecedentes culturais do Novo
Testamento. �
Fonte:
MILLARD, Alan. Descobertas dos Tempos
Bíblicos. Págs 157 – 160. Editora VIDA. São
Paulo/ SP. 1999.
“A
lto”
sem
ític
o, b
em a
cim
a da
cid
ade.
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 7Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
CONFIANÇA
Nessa manhã fui para oescritório apreensivo.Na véspera, Sérgio
Paulo me telefonara de São Paulo:- Papai, depois de amanhã é o
último dia de pagar a escola; se nãopagar o trimestre, não poderei as-sistir às aulas.
- Fala com fulano e sicrano, epor esses dias farei o reembolso.
- Já falei, papai, não podem ar-ranjar.
- Fica tranqüilo, não há de fal-tar.
Sentei-me à escrivaninha e pus-
me a pensar em como sair da difi-
culdade. A quantia, no estado fi-
nanceiro em que me achava, era
grande para mim. Não me atrevia
a pedir um empréstimo, por peque-
no que fosse, a ninguém, pois era
novo na cidade; o que diriam de
mim? Meus pensamentos tornavam-
se sombrios.
E vi, vi com estes olhos que a
terra há de comer: materializou-se
na soleira da porta um mago negro,
um ser das Trevas; alto, trajava am-
pla túnica preta, que lhe cobria in-
teiramente o corpo: mangas
largas, pretas as luvas, o ca-
puz comprido terminado em
ponta, cujas bordas lhe caíam
pelo peito, ombros e costas, ti-
nha dois buracos para os olhos
de um brilho metálico.
Entrou, e apoiou uma das
mãos na mesa. E mantivemos
o seguinte diálogo mental,
depois que me refiz do susto:
- Vida dura, não?
- Que fazer? Não mereço
coisa melhor.
- Merece sim; é só você
querer.
- Não vejo como.
- Pois pense num ricaçoque você conheça; em poucotempo nossa falange o fará
quatro vezes mais rico do que ele.Creio que sorri à idéia. E, sem-
pre mentalmente, perguntei-lhe:- E qual o preço? Quanto isso me
custará?- Quase nada. Abandone o Es-
piritismo, esqueça-o, não escrevamais livros, e não publique os queescreveu; cuide só de negócios, edeixe o resto por nossa conta.
E, mentalizando firmemente,respondi-lhe:
- É um preço muito caro; não
posso pagar.
- Você não sabe o que perdeu -
retrucou chispando de ira.
E recuando dois passos, desva-
neceu-se.
Três horas da tarde; um calor de
sufocar. Quem entra no escritório
com um largo sorriso na face, e a
testa porejando de suor? O Faria;
sim, o Faria em carne e osso; e dis-
pensando cumprimentos foi logo
dizendo:
- Eliseu, rapaz! Acabo de re-
ceber um dinheiro que eu tinha
emprestado a um conhecido há
anos, nem me lembrava mais dis-
so, e ele veio pagar-me. Então
pensei: esse camarada usou o di-
nheiro tanto tempo e não me fez
falta; o Eliseu está começando
aqui, e todo começo é duro; vou
levar-lho para que o use também
por uma temporada. �
E o socorro chegou!por Eliseu Rigonatti
Fonte:
RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das
Recordações. Págs. 67-68. Ed. Pensamento.
São Paulo/S.P.
Não vos aflijais, pois, dizendo: Que comeremos? Que beberemos?
Com que cobriremos? Porque os gentios é que se cansam por estas
coisas. Porquanto vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas elas.
Matheus, 6:31-32
ASSINE: (19) 3233-55968| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
ESTUDO
� Qual foi a primeira mani-festação mediúnica? Comquem? Em que situação?As manifestações são fenômenos
registrados em todos os povos e em
todas as épocas, pois a mediunidade
é uma faculdade natural do ser
humano. Sempre existiram encar-
nados e desencarnados a se utiliza-
rem dela para a comunicação en-
tre os dois planos da vida. Muitas
religiões tiveram origem nas mani-
festações mediúnicas. Muitas cul-
tivaram e muitas ainda cultivam a mediunidade, como relembra Léon
Denis, no capítulo VI, “Comunhão
dos vivos com os mortos”, de seu
livro “No Invisível”, e também po-
demos acompanhar na história dos
santos da Igreja Católica, ou no
culto dos evangélicos com a mani-
festação do “espírito santo”.
� Por que Moisés proibiu asmanifestações mediúnicas?Para corrigir os abusos e desvios
na prática mediúnica, pois estavam
empregando para fins egoístas, mes-
quinhos, em vez de utilizá-la com
serenidade, honestidade e visando
os fins superiores para os quais Deus
a destinou: comprovação da imor-
talidade, fraternidade e consolação
esclarecimento e progresso da hu-
manidade (encarnada ou não).
Entretanto, Moisés continuou
empregando sua mediunidade para
“falar com Deus”, ou seja, para fa-
zer o intercâmbio mediúnico com
os espíritos que vinham instruir em
nome do Altíssimo, a fim de bem
liderar o povo israelita. E até dese-
java que todo o povo fosse profeta
(porta-voz, médium), “e o senhor
lhes desse o seu espírito”, como ve-
mos em Números 1:26/29.
A mediunidade na Bíbliapor Therezinha Oliveira
... a mediunidade é uma faculdade
natural do ser humano
�
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 9Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
� Quais personagensbíblicas que se posicionam arespeito do fenômeno?Não obstante a tão propalada
proibição de Moisés, com freqüên-
cia lemos na Bíblia relatos em que
autoridades ou pessoas comuns fa-
lam ou agem sob influência de es-
píritos e também de outros tipos de
comunicações, como sonhos e vi-
sões. Esses fenômenos, espontâne-
os e legítimos, tinham natural acei-
tação de todos.
� Jesus manifestava-se a res-peito?Sim, exemplificando o diálogo
com os espíritos, instruindo os seus
discípulos sobre o uso de suas fa-
culdades mediúnicas e estimulan-
do-os ao exercício delas: “Curai os
enfermos, limpai os leprosos,
ressuscitai os mortos”( tragam de
volta os desencarnados, deixem que
eles se manifestem). E recomendou
o exercício gratuito dessa faculda-
de: “De graça recebeste, de graça
daí”. Note-se que, em todo Novo
Testamento não se encontra mais,
nem uma vez sequer, esta proibição
do intercâmbio com o Além.
� O texto de Samuel, no An-tigo Testamento, relata umasessão mediúnica?Sem dúvida.Embora usando as
expressões da época (“faze-me subir
a Samuel”, pede Saul), temos nessa
passagem a descrição perfeita do fe-
nômeno, com estes pormenores:
- vendo o espírito de Samuel, a
médium é informada de que o
consultante é o rei Saul, o que a
apavora, pois o exercício mediúnico
estava proibido para o povo e era
punido com a morte, mas Saul a
tranqüiliza de que nenhum mal lhe
acontecerá.
- há diálogo entre o espírito e o
rei Saul, recebendo este a notícia
do que tanto temia: por ter se des-
viado das leis divinas, ele e seus fi-
lhos desencarnariam na batalha do
dia seguinte.
� O livro de Tobias (que nãoaparece nas edições popula-res da Bíblia) relata realmen-te o caso de materializaçãodo anjo Rafael? Como issopode ser explicado?Se esse relato é verdadeiro ou
não, foge à nossa competência, tal-
vez esteja um tanto deturpado, en-
tretanto, é verdade que os espíri-
tos podem se materializar. Kardec
examinou esse tipo de fenômeno e
denominou de “aparição tangível”,
o que corresponde melhor ao que
nele ocorre.
O espírito materializado é um
“agênere” (não foi gerado fisica-
mente, como nós, os encarnados);
mas não é usual se mantenha por
tanto tempo materializado, como
sugere no livro de Tobias.
Há ainda, neste livro, vários
outros fenômenos de caráter
miraculoso, fugindo ao que conhe-
cemos dos fenômenos produzidos
pelos bons espíritos, fenômenos que,
conquanto admiráveis, sempre se
realizam dentro de certas leis e li-
mites e mais com finalidades de
edificação geral.
� Quais os personagens bí-blicos que desenvolveram, dealguma forma, a mediunida-de?No velho testamento, vemos os
profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel,
Daniel e outros, como porta-vozes
da espiritualidade, com a missão de
transmitir aos israelitas mensagens
de conselhos, advertências (e, às
vezes, anúncios de acontecimen-
tos), para que o povo não desviasse
da boa conduta, da adoração ao
Deus único e do cumprimento dos
seus desígnios. Igualmente médiuns
foram Saul e Davi, reis de Israel, e
exerceram sua mediunidade; mui-
tas pessoas comuns também reve-
lavam essa faculdade.
Nos tempos de Evangelho, a prá-
tica era tão usual entre os seguido-
res de Jesus que João Evangelista
aconselhava em sua carta “Amados,
não acrediteis em todos os espíri-
tos, mas experimentais se os espíri-
tos são de Deus”; e Paulo, para ori-
entar escreve um “mini-livro dos
médiuns”, que é a I Epístola aos
Corintios, caps. 12 a 14, na qual
aborda os “carismas” (dons espiri-
tuais) e o comportamento dos pro-
fetas (médiuns) na reunião. �
ESTUDO
ASSINE: (19) 3233-559610| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
�
ESCLARECIMENTO
Ontem estive em São
Paulo e, ocasional
mente, encontrei o
Chico Xavier na Livraria Espírita
Boa Nova, à rua Aurora n° 706,
exemplar estabelecimento livreiro
do nosso grande amigo Stig Roland
Ibsen.
Não acreditei a princípio que isso
fosse possível: encontrar nosso ilu-
minado médium, ali, “dando sopa”,
pois que hoje, não obstante isso lhe
fira a modéstia, ele é IBOPE.
Mas era ele mesmo, de carne e
osso; aquela encantadora figura
que, ao tempo que nos fala, relata
casos, diz um chiste, converte tudo
em ensino evangélico, pede-nos
desculpa de fazê-lo.
E sabem o que fazia Chico
Xavier, na livraria?
Aquilo que todo afeiçoado apre-
cia demais fazer: Olhava-os
enfileirados nas prateleiras, cada
qual com sua personalidade, uns
magros, outros gordos, coloridos,
belos, ou feios, mas todos limpinhos
e disciplinados; folheava-os e de-
sejava comprar alguns. Stig, ao
lado, com a fidalguia característi-
ca, para não lhe gerar constrangi-
“... a ordem dos nossos orientadores
espirituais é de que estudemos
sempre”
CHICO XAVIER
e a Cultura do Médiumpor Mario B. Tamassia
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 11Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
ESCLARECIMENTO
mento, dava seus palpites, mos-
trava o ângulo em que o autor
se colocava ao expor a matéria.
Assim, ia caminhando nosso hu-
milde Chico, como a abelha
que pousasse de flor em flor, no
afã de arranjar o pólem.
Disse-lhe, então: “Veja, só,
Chico. Você, que é o maior pro-
dutor de livros do mundo e ain-
da ligado a mil e um compro-
missos da Seara, visitando livra-
rias e encontrando tempo para
ler. Quem diria!”
- “Sabe, Tamassia... Tenho
atração por livros. Leio os que
posso e os que me permite a vis-
ta, o tempo escasso e meu grau
medíocre de cultura. Mas, den-
tro das minhas limitações, me
esforço ao máximo, porque,
além de tudo, eu não sou mé-
dium privilegiado e a ordem dos
nossos orientadores espirituais é
de que estudemos sempre...”
Chico comprou vários volu-
mes e pagou religiosamente,
depois de remexer em todos os
bolsos, cheios de papel, pedidos,
bilhetes, recomendações, solici-
tações, cartas, cartões, para no
fim encontrar uma solitária nota
de Cr$ 100,00 num envelope.
Um Mercúrio sobrecarregado
de pedidos aos deuses, mas de
bolsos vazios!
Enquanto isso eu ficava a
matutar que belo exemplo
Mediunismo não é milagrismo
Chico dava aos nossos médiuns.
Quantos deles conhecemos nós que
parecem ter gosto pelo cultivo da
ignorância. Entendem erradamen-
te que ser médium é dar uma de
telefone público, como se disses-
sem: “Se o espírito quiser falar por
meu intermédio, que fale...”
Não compreendem estes mé-
diuns que mesmo um pianista exí-
mio como Chopin nunca consegui-
ria tocar o seu Estudo Revolucio-
nário num piano sem feltro, com os
martelinhos quebrados. A cabeça
do médium se assemelha à caixa do
piano com seu mecanismo através
do qual o espírito, chame-se
Augusto dos Anjos, Cornélio Pires
ou Rui Barbosa devem encontrar as
teclas para apertar. Mediunismo
não é milagrismo. As leis
psicodinâmicas, em processo de
interação espírito-matéria, funcio-
na e esse funcionamento exige a
correspondência entre os planos. Se
estamos na Terra, temos de dar aos
espíritos a parte que nos toca e eles
a parte que lhes diz respeito, no
Mundo dos Espíritos. �
Fonte:
Jornal “Alavanca”, janeiro de 1975.
Campinas/S.P.
ASSINE: (19) 3233-559612| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
APRENDIZADO
Em compacta assembléia do
reino das sombras, um po-
deroso soberano das trevas,
diante de milhares de falangistas da
miséria e da ignorância, explicava o
motivo da grande reunião.
O Espiritismo com Jesus, aclaran-
do a mente humana, prejudicava os
planos infernais.
Em toda parte da Terra, as criatu-
ras começavam a raciocinar menos
superficialmente! Indagavam, com se-
gurança, quanto aos enigmas do sofri-
mento e da morte e aprendiam, sem
maior dificuldade, as lições da Justiça
Divina. Compreendiam, sem cadeias
dogmáticas, os ensinamentos do Evan-
gelho. Oravam com fervor. Meditavam
na reencarnação e passavam a inter-
pretar com mais inteligência os deve-
res que lhes cabiam no Planeta.
Muita gente entregava-se aos livros
nobres, à caridade e à compaixão, ilu-
minando a paisagem social do mundo
e, por isso, todas as atividades da som-
bra surgiam ameaçadas...
Que fazer para conjurar o perigo?
E pediu para que os seus assessores
apresentassem sugestões.
Depois de alguns momentos de ex-
pectativa, ergueu-se o comandante das
legiões da incredulidade e falou:
- Procuremos veicular a crença de
que Deus não existe e de que as criatu-
ras viventes estão entregues a forças cru-
éis e fatais da Natureza...
O maioral das trevas, porém, obje-
tou, desencantado:
- O argumento não serve. Quanto
mais avança nos trilhos da inteligên-
cia mais reconhece o homem a Pater-
nidade de Deus, sendo atraído inelu-
tavelmente para a fé ardente e pura.
Levantou-se, no entanto, o
orientador das legiões da vaidade e
opinou:
- Espalharemos a notícia de que
Jesus nada tem a ver com o Espiritis-
mo, que as manifestações dos
desencarnados se resumem num caso
fisiológico para as conclusões da Ci-
ência, e, desnorteando os profitentes
da Renovadora Doutrina, faremos
com que gozem a vida no mundo,
como melhor nos pareça, sem qualquer
obrigação para com o Evangelho e, as-
sim, serão colhidos no túmulo, com as
mesmas lacunas morais que trouxeram
do berço...
O rei das sombras anuiu, compla-
cente:
- Sim, essa ilusão já foi muito im-
portante, contudo, há milhares de pes-
soas despertando para a verdade, na
certeza de que as portas do sepulcro
não se abriram para os vivos da Terra,
sem a intervenção de Jesus.
Nesse ponto, o diretor das falanges
da discórdia pôs-se de pé e conclamou:
- Sabemos que a força dos espíritas
nasce das reuniões em que se congre-
gam para a oração e para o aprendiza-
do da Vida Espiritual, e nas quais to-
mam contacto com os Mensageiros da
Luz... Assim sendo, assopraremos a
cizânia entre os seguidores dessa ban-
deira transformadora, exagerando-
lhes a noção da dignidade própria.
Separá-los-emos uns dos outros com
o invisível bastão da maledicência.
Chamaremos em nosso auxílio os
polemistas, os discutidores, os carre-
gadores de lixo social, os fiscais do pró-
ximo e os examinadores de consciên-
cias alheias para que os seus templos
se povoem de feridas e mágoas incurá-
veis e, assim, os irmãos em Cristo sa-
berão detestar-se uns aos outros, com
sorrisos nos lábios, inutilizando-se
para as obras do bem.
O chefe satânico, todavia, consi-
derou:
- Isso é medida louvável, contudo
necessitamos de providência de efeito
mais profundo, porque sempre apare-
ce um dia em que as brigas e os desa-
cordos terminam com os remédios da
humildade e com o socorro da oração.
Nos Domínios da Sombra
O Espiritismo com Jesus, aclarando a
mente humana, prejudicava os planos
infernais
�
por Chico Xavier / Humberto de Campos
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 13Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
A essa altura, ergueu-se o condu-
tor das falanges da desordem e ponde-
rou:
- Se o problema é de reuniões, con-
seguiremos liquidá-lo em três tempos.
Buscaremos sugerir aos membros des-
sas instituições que o lugar dos
conclaves é muito longe e que não lhes
convém afrontar as surpresas desagra-
dáveis da via pública. Faremos que o
horário das reuniões coincida com o
lançamento de filmes especiais ou com
festividades domésticas de data fixa.
Improvisaremos tentações determina-
das para os companheiros que possu-
am maiores deveres e responsabilida-
des junto às assembléias, a fim de que
os iniciantes não venham a perseve-
rar no trabalho da própria elevação.
Organizaremos dificuldades para as
conduções e atrairemos visitas afetu-
osas que cheguem no momento exato
da saída para os cultos espíritas-cris-
tãos. Tumultuaremos o ambiente nos
lares, escondendo chapéus e bolsas,
carteiras e chaves para que os crentes
se tomem de mau humor, desistindo
do serviço espiritual e desacreditando
a própria fé.
O soberano das trevas mostrou lar-
ga satisfação no semblante e ajuntou:
- Sim, isso é precioso trabalho de
rotina que não podemos menosprezar.
Entretanto, carecemos de recurso di-
ferente...
O responsável pelas falanges da
dúvida, ergueu-se e disse:
- As reuniões referidas são sempre
mais valiosas com o auxílio de médiuns
competentes. Buscaremos desalentá-
los e dispersá-los, penetrando a onda
mental em que se comunicam com os
Benfeitores Celestes, fazendo-lhes
crer que a palavra do Além resulta de
um engano deles próprios, obrigando-
os a se sentirem mentirosos, palhaços,
embusteiros e mistificadores, sem
qualquer confiança em si mesmos, para
que as assembléias se vejam incapazes
e desmoralizadas...
O mentor do recinto aprovou a
alegação, mas considerou:
- Indiscutivelmente, o combate aos
médiuns não pode esmorecer, entretan-
to, precisamos de providência mais viva,
mais penetrante...
Foi então que o orientador das
falanges da preguiça se levantou, tomou
a palavra, e falou respeitoso:
- Ilustre chefe, creio que a melhor
medida será recordar ao pensamento
de todos os membros das agremiações
espíritas que Deus existe, que Jesus é o
Guia da Humanidade, que a alma é
imortal, que a Justiça Divina é
indefectível, que a reencarnação é uma
verdade inconteste e que a oração é uma
escada solar, reunindo a Terra ao Céu...
O soberano das sombras, porém,
entre o espanto e a ira, cortou-lhe a
palavra, exclamando:
- Onde pretende chegar com se-
melhantes afirmações?
O comandante dos exércitos pregui-
çosos acrescentou, sem perturbar-se:
- Sim, diremos que o Espiritismo
com Jesus, pedindo às almas encarna-
das para que se regenerem, buscando o
conhecimento superior e servindo à
caridade, é, de fato, o roteiro da luz,
mas que há tempo bastante para a re-
denção, que ninguém precisa incomo-
dar-se, que as realizações edificantes
não efetuadas numa existência podem
ser atendidas em outras, que tudo deve
permanecer agora como está no ínti-
mo de cada criatura na carne para ver
como ficarão depois da morte, que a
liberalidade do Senhor é incomensu-
rável e que todos os serviços e refor-
mas da consciência, marcados para
hoje, podem ser transferidos para ama-
nhã... Desse modo, tanto valem vive-
rem no Espiritismo como fora dele,
com fé ou sem fé, porque o salário de
inutilidade será sempre o mesmo...
O rei das sombras sorriu, feliz, e
concordou:
- Oh! Até que enfim descobrimos
a solução!...
De todos os lados ouviam-se riso-
nhas exclamações:
- Bravos! Muito bem! Muito bem!
O argumento do astucioso condu-
tor das falanges da inércia havia ven-
cido. �
...há milhares de pessoas despertando
para a verdade...
APRENDIZADO
Fonte:
XAVIER, Francisco Cândido / CAMPOS,
Humberto. Contos e Apólogos. Págs. 173-
177
ASSINE: (19) 3233-559614| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
por Yvonne Pereira
Yvonne Pereira
e a Mediunidade
�
Creio que nasci médium
já desenvolvido, pois,
jamais me dei ao traba-
lho de procurar desenvolver facul-
dades medianímicas.” Algumas fa-
culdades se apresentaram ainda em
minha primeira infância: a
vidência, a audição e o próprio des-
dobramento em corpo astral, com o
curioso fenômeno da morte aparen-
te. Creio mesmo, e o leitor ajuiza-
rá, que o primeiro grande fenôme-
no mediúnico ocorrido comigo se
verificou quando eu estava com
apenas vinte e nove dias de exis-
tência.
Tendo vindo ao mundo na
noite de Natal, 24 de Dezembro, a
23 de janeiro, durante um súbito
acesso de tosse, em que sobreveio
sufocação, fiquei como morta. Tudo
indica que, em existência pretéri-
ta, eu morrera afogada por suicídio,
e aquela sufocação, no primeiro mês
do meu nascimento, nada mais se-
ria que um dos muitos complexos
que acompanham o Espírito do sui-
cida, mesmo quando reencarnado,
reminiscências mentais e
vibratórias que a traumatizam por
períodos longos, comumente.
Durante seis horas consecu-
tivas permaneci com rigidez cada-
vérica, o corpo arroxeado, a
fisionomia abatida e macilenta do
cadáver, os olhos aprofundados, o
nariz afilado, a boca cerrada e o
queixo endurecido, enregelada,
sem respiração e sem pulso. O úni-
co médico da localidade, pequena
cidade do sul do Estado do Rio de
Janeiro, hoje denominada Rio das
Flores, mas então chamada Santa
Teresa de Valença, o único médico
e farmacêutico, examinando-me,
constataram a morte súbita por
sufocação, à falta de outra “causa
mortis” mais lógica. A certidão de
óbito foi, portanto, legalmente pas-
sada. Minha avó e minhas tias tra-
taram de me amortalhar para o se-
pultamento, à tarde, pois o “óbito”
ocorrera pela manhã, bem cedo. Eu
era recém-chegada na família e, por
isso, ao que parece minha morte
| 15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
não abalava o sentimento de nin-
guém, pois, havendo ao todo vinte
e oito pessoas na residência rural
de minha avó materna, onde nas-
ci, porquanto a família se havia reu-
nido para as comemorações do na-
tal e do Ano-Novo, ninguém de-
monstrava pesar pelo acontecimen-
to, muito ao contrário do que se
passara na residência do fariseu
Jairo, há quase dois mil anos...
Vestiram-me, então, de bran-
co e azul, como o “Menino Jesus”,
com rendinhas prateadas na túni-
ca de cetim, faixas e estrelinhas, e
me engrinaldaram a fronte com
uma coroa de rosinhas brancas.
Chovia torrencialmente e esfriara
o tempo, numa localidade própria
para o veraneio, como é a minha
cidade natal. A eça mortuária, uma
mesinha com toalhas rendadas,
com as velas e o crucifixo tradicio-
nal, encontrava-se à minha espe-
ra, solenemente preparada na sala
de visitas. Nem minha mãe chora-
va. Mas esta não chorava porque
não acreditava na minha morte.
Opunha-se terminantemente que
me expusessem na sala e encomen-
dassem o caixão mortuário. A fim
de não excitá-la, deixaram-me no
berço mesmo, mas encomendaram
o caixãozinho, todo branco, borda-
do de estrelinhas e franjas doura-
das... Minha mãe, então, quando
havia já seis horas que eu me en-
contrava naquele estado insólito,
conservando-se ainda católica ro-
mana, por aquele tempo, e vendo
que se aproximava a hora do enter-
ro, retirou-se para um aposento so-
litário da casa, fechou-se nele,
acompanhou-se de um quadro com
estampa representando Maria, Mãe
de Jesus, e, com uma vela acesa,
prostrou-se de joelhos ali, sozinha,
e fez a invocação seguinte, concen-
trando-se em preces durante uma
hora:
- “Maria Santíssima, Santa
Mãe de Jesus e nossa Mãe, vós, que
também fostes mãe e passastes pe-
las aflições de ver padecer e mor-
rer o vosso Filho sob os pecados dos
homens, ouvi o apelo da minha an-
Vestiram-me de branco e azul,como o
“Menino Jesus”, com rendinhas
prateadas na túnica de cetim
�
ASSINE: (19) 3233-559616| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
gústia e atendei-o, Senhora, pelo
amor do vosso Filho: Se minha fi-
lha estiver realmente morta,
podereis levá-la de retorno a Deus,
porque eu me resignarei à inevitá-
vel lei da morte. Mas se, como
creio, ela estiver viva, apenas so-
frendo um distúrbio cuja causa ig-
noramos, rogo a vossa intervenção
junto a Deus Pai para que ela tor-
ne a si, a fim de que não seja sepul-
tada viva. E como prova do meu
reconhecimento por essa caridade
que me fareis eu vo-la entregarei
para sempre. Renunciarei aos meus
direitos sobre ela a partir deste
momento! Ela é vossa! Eu vo-la
entrego! E seja qual for o destino
que a esperar, uma vez retorne à
vida, estarei serena e confiante,
porque será previsto pela vossa pro-
teção”.
Muitas vezes, durante a mi-
nha infância, minha mãe narrava-
me esse episódio da nossa vida por
entre sorrisos de satisfação, repe-
tindo cem vezes a prece que aí fica,
por ela inventada no momento,
acrescentando-a do Pai Nosso e da
Ave Maria, e, igualmente entre sor-
risos, era que eu a ouvia dizer, tor-
nando-me, então, muito eufórica
por isso mesmo:
- Eu nada mais tenho com
você... Você pertence a Maria, Mãe
de Jesus...
Entrementes, ao se retirar do
aposento, onde se dera a comunhão
com o Alto, minha mãe abeirou-se
do meu insignificante fardo carnal,
que cultivava imerso em catalepsia,
e tocou-o carinhosamente com as
mãos, repetidas vezes, como se
transmitisse energias novas através
de um passe. Então, um grito estri-
dente, como de susto, de angustia,
acompanhado do choro
inconsolável de criança, surpreen-
deu as pessoas presentes. Minha
mãe, provável veículo dos favores
caritativos de Maria de Nazaré, le-
vantou-se do berço e despiu-me a
mortalha, verificando que a grinal-
da de rosinhas me feria a cabeça.
As velas que deveriam alu-
miar o meu cadáver foram retira-
das e apagadas, a eça foi destituí-
da das solenes toalhas rendadas, o
crucifixo retornou ao oratório de
minha avó e a casa funerária rece-
bera de volta um caixão de
“anjinho”, porque eu revivera para
os testemunhos que, de direito, fos-
sem por mim provados, como espí-
rito revel que fora no passado... e
revivera sob o doce influxo mater-
nal de Maria, Mãe de Jesus.
Recordando, agora, nestas
páginas, esse patético episódio de
minha presente existência, a mim
narrado tantas vezes pelos meus fa-
miliares, nele prefiro compreender
também um símbolo, a par do fenô-
meno psíquico: ingressando na vida
terrena para uma encarnação
expiatória, eu deveria, com efeito, �
As velas que deveriam alumiar o meu
cadáver foram retiradas e apagadas...
| 17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
morrer para mim mesma, renunci-
ando ao mundo e às suas atrações,
para ressuscitar o meu espírito,
morto no pecado, através do respei-
to às leis de Deus e do cumprimen-
to do dever, outrora vilipendiado
pelo meu livre-arbítrio. Não
obstante, que seria o fato acima
exposto se não a faculdade que co-
migo viera de outras etapas anti-
gas, o próprio fenômeno mediúnico
ainda hoje, quando, às vezes, es-
pontaneamente, advêm transes
idênticos ao acima narrado, en-
quanto, em espírito, eu me vejo
acompanhando os Instrutores Espi-
rituais para com eles socorrer so-
fredores da Terra e do espaço, ou
assistir, sob seus influxos vibratórios
mentais, aos dramas do mundo in-
visível, que mais tarde são descri-
tos em romances ou historietas?
Aos quatro anos de idade já
eu me comunicava com Espíritos
desencarnados, através da visão e
da audição: via-os e falava com
eles. Eu os supunha seres humano,
uma vez que os percebia com essa
aparência e me pareciam todos
muito concretos, trajados como
quaisquer homens e mulheres. Ao
meu entender de então, eram pes-
soas da família, e por isso, talvez,
jamais me surpreendi com a presen-
ça deles. Uma dessas personagens
era-me particularmente afeiçoada:
eu a reconhecia como pai e a pro-
clamava como tal a todos os de
casa, com naturalidade, julgando-
a realmente meu pai e amando-a
profundamente. Mais tarde, esse
espírito tornou-se meu assistente
ostensivo, auxiliando-me poderosa-
mente a vitória nas provações e tor-
nando-se orientador dos trabalhos
por mim realizados como espírita e
médium. Tratava-se do Espírito
Charle, já conhecido do leitor atra-
vés de duas obras por ele ditadas à
minha psicografia: Amor e Ódio e
Nas Voragens do Pecado.
Durante minha primeira in-
fância esse Espírito falava-me mui-
tas vezes, usando de autoridade e
energia, assim como a entidade
“Roberto”, também entrevista pelo
leitor nos volumes Dramas da Ob-
sessão, de Adolfo Bezerra de
Menezes, e Memórias de um Suici-
da, como sendo o médico espanhol
Roberto de Canalejas, e que teria
existido na Espanha pelos meados
do XIX século. Lembro-me ainda
de que, muitas vezes, sentada no
soalho, a brincar com as bonecas,
eu via Roberto numa cadeira que
Aos quatro anos de idade já eu me
comunicava com Espíritos desencarnados,
através da visão e audição
�
ASSINE: (19) 3233-559618| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
não poderia haver preocupação de
reter na lembrança o assunto da-
quelas convenções. Essa entidade
era por mim distinguida muito per-
feitamente, trajada como os ho-
mens do século XIX, mostrando
olhos grandes e vivos, muito pro-
fundos, cabelos fartos e altos na
frente, pequena barba circulando
o rosto e terminando suavemente
em ponta, no queixo, e bigodes re-
lativos, espessos. Dir-se-ia pessoa
doente, pois, trazia faces encovadas
e feições abatidas, e mãos descar-
invariavelmente era posta no mes-
mo local. Ele curvava-se, apoiava
os cotovelos nos joelhos e sustenta-
va o rosto com as mãos numa atitu-
de muito humana, e assim, triste-
mente, pois, era um Espírito triste,
me falava com doçura e eu respon-
dia. Não sei se tais conversações
seriam telepáticas ou verbais, sei
apenas que eram reais. Mas não
pude consersar lembranças do as-
sunto de que tratavam. Aliás, tudo
me parecia comum, natural, e,
como criança que era, certamente
Era esse o Espírito companheiro de
minhas existências passadas, a quem
poderosos laços espirituais me ligam
nadas e muito brancas. Era esse o
Espírito companheiro de minhas
existências passadas, a quem pode-
rosos laços espirituais me ligam, a
quem muito feri em idades pretéri-
tas e por quem me submeti às du-
ras provações que me afligiram nes-
te mundo, na esperança de reaver
o perdão da lei de Deus pelo mal
outrora praticado contra ele pró-
prio.
Foi somente aos oito anos de ida-
de que se repetiu o fenômeno de
desprendimento parcial a que cha-
mamos “morte aparente”, o qual, no
entanto, sempre espontâneo, dos
dezesseis anos em diante se tornou,
por assim dizer, comum em minha
vida, iniciando-se então a série de
exposições espirituais que deram
em resultado as obras literárias por
mim recebidas do Além através da
psicografia auxiliada pela visão es-
piritual superior. Repetindo-se, po-
rém, o fenômeno, aos meus oito
anos de idade, recebi, através dele,
em quadros parabólicos descritos
com a mesma técnica usada para a
literatura mediúnica, o primeiro
aviso para me dedicar à Doutrina
do Senhor e do que seria a minha
vida de provações, sendo essa ex-
posição produzida singelamente, à
altura de uma compreensão infan-
til.
Quem conhecer a vida da céle-
bre heroína francesa Joana d’Arc e
atentar em certos detalhes que cir-
cundaram a sua mediunidade, com-
preenderá facilmente que as enti-
dades espirituais que se comunica-
vam com ela, e às quais ela atri-
buía os nomes dos santos por ela
venerados, cujas imagens existiam
na igrejinha de Domremy, sua ter-
ra natal, facilmente compreenderá�
| 19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Fonte:
PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recordações
da Mediunidade. Págs. 23-29. FEB. Rio de
Janeiro/RJ. 1988.
também o que exporei em seguida,
pois o fenômeno espírita jamais será
isolado ou será particular a uma
única pessoa, porque a técnica para
produzí-lo é idêntica em toda par-
te e em todas as idades, referência
feita aos operadores espirituais.
Joana fora criada desde o berço
amando aquela igreja e as imagens
nela expostas com a denominação
de Santa Catarina, Santa Margari-
da e São Miguel. E porque racioci-
nasse que, realmente, as imagens
retratavam aquelas almas eleitas
que ela acreditava desfrutando a
bem-aventurança eterna, confiava
nelas, certa de que jamais lhe ne-
gariam amor e proteção. Mas a ver-
dade era que as entidades celestes
que se mostravam a Joana, e lhe
falavam, nada mais seriam que os
seus próprios guias espirituais ou os
Guardiães Espirituais da coletivida-
de francesa, como Santa
Genoveva, São Luís ou Carlos Mag-
no, que tomariam a aparência da-
quelas imagens a fim de infundi-
rem respeito e confiança àquele
coração heróico, capaz de um feito
importante que se refletiria até
mesmo além-fronterias da França.
Também nada impediria que as vi-
sões de Joana fossem realmente
materializações dos Espíritos da-
queles vultos da igreja de Domremy,
dado que Santa Catarina e Santa
Margarida tivessem, com efeito,
existido. Quanto a São Miguel, ci-
tado no Velho Testamento pelos
antigos profetas, possui essa
credencial para a própria identida-
de. O acontecimento, aliás, é co-
mum nos fastos espíritas e o caso
de Joana não é isolado na história
das aparições supranormais, con-
quanto seja dos mais positivos e
belos de quantos temos notícias.
Assim, nos meus oito anos de ida-
de, fato analógico passou-se, em-
bora com caráter muito restrito e
particular, em condições de
vidência, é verdade, diversas do
ocorrido em Domremy, mas funda-
mentado nos mesmos princípios. �
... as entidades celestes que se
mostravam a Joana, nada mais seriam
que os seus próprios guias espirituais...
Joana D´Arc tendo a visão do Arcanjo Miguel. Por Eugene Thirion (1876)
ASSINE: (19) 3233-559620| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
Que seria milagre?
A palavra milagre sig-
nifica: coisa admirável, extra-
ordinária, surpreendente. Popu-
larmente, porém (sob a influência
da teologia predominante no país),
por milagre entende-se:
fato sobrenatural (que
está além ou fora da Na-
tureza), algo inusitado e
inexplicável, uma der-
rogação das leis da
Natureza, pela qual Deus daria
mostra de seu poder.
Em princípio, Deus poderia
fazer milagres, pois para Ele tudo é
possível. Mas não o faz, não derroga
nem anula as leis da Natureza, por-
que Ele mesmo as fez perfeitas e o
que é perfeito não precisa ser mo-
dificado.
A demonstração da grande-
za, sabedoria e poder de Deus não
está em fazer milagres, mas, sim, em
haver criado leis tão perfeitas, que
nelas tudo está previsto e providen-
ciado, sem nada corrigir nem im-
provisar.
A explicação espírita dosmilagres
Antigamente, havia muitas
coisas consideradas como maravi-
lhoso ou sobrenatu-
ral. Algumas nem
eram fatos reais, mas
apenas crendices ou su-
perstições sem fundamen-
to. Outras eram fenômenos
verdadeiros (fatos natu-
rais) e foram considera-
das milagres por esta-
rem mal explicadas
ou serem desconhe-
cidas as suas causas.
O círculo do
maravilhoso ou do sobrenatural
vem diminuindo ao longo dos tem-
pos, pelo progresso do conheci-
mento humano, através:
- da Ciência, que revela as
leis que regem os fenômenos do
campo material;
- do Espiritismo, que revela
e demonstra a existência dos Es-
píritos e como agem sobre os flui-
dos, explicando certos fenômenos
como efeito dessa causa espiritu-
al.
As curas realizadas por Je-
sus, por exemplo, foram conside-
radas pelo povo como milagres, no
sentido que a palavra tinha na
época: o de coisa admirável, pro-
dígio.
Atualmente o Espiritismo
Milagre ou Fenômeno?por Therezinha Oliveira
Os fatos tidos como milagres nada
mais são do que fenômenos que estão
dentro das leis naturais
�
REFLEXÃO
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 21Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
esclarece que os fenômenos de
cura se dão pela ação fluídica,
transmissão de energias, interven-
ção no perispírito, e permite exa-
minar e compreender as curas rea-
lizadas por médiuns (espíritas ou
não) ou por pessoas dotadas de ex-
celente magnetismo. Essa explica-
ção não diminui nem invalida as
curas admiráveis, feitas por Jesus;
pelo contrário, leva-nos a reconhe-
cer que Jesus tinha alto grau de sa-
bedoria e ação, para poder acionar
assim as leis divinas e produzir tais
fenômenos.
Em conclusão
Os fatos tidos como milagres
nada mais são do que fenômenos;
fenômenos que estão dentro das leis
naturais; são efeitos cuja causa es-
capa à razão do homem comum. Po-
dem ocorrer sempre que se conju-
guem os fatores necessários para
isso.
Se há coisas que parecem
inexplicáveis para nós, é porque
nosso grau de instrução na atuali-
dade ainda não nos possibilita a
compreensão desses fenômenos.
E se não produzirmos com fa-
cilidade fenômenos como esses, é
porque ainda não desenvolvemos
suficientemente as nossas faculda-
des espirituais.
Mas tudo que acontece está
sempre dentro de leis divinas. Leis
que, sendo perfeitas e imutáveis,
não podem nem precisam ser
derrogadas, anuladas.
Os milagres que o espiritismofaz
O Espiritismo coloca ao nos-
so alcance muitos recursos espiri-
tuais com os quais se torna possível
acionarmos certas leis naturais e
produzirmos alguns fenômenos que
ajudem ao próximo e a nós mesmos.
Mas quem procurar o Espiri-
tismo somente para obter cura ime-
diata de seus males físicos e espiri-
tuais, ou para resolver de pronto
seus problemas materiais, poderá
ficar decepcionado.
Porque somente se realiza o que
estiver dentro das leis divinas. E o
Espiritismo não tem por finalidade
principal a realização de fenôme-
nos, mas, sim, o progresso moral da
humanidade.
O maior milagre que o Espi-
ritismo faz não é tirar problemas e
dores do nosso caminho. É explicar-
nos o porquê das coisas e ensinar-
nos: como podemos melhorar a nós
mesmos para gerarmos efeitos feli-
zes; como prevenir e resolver pro-
blemas espirituais, desde que em-
preguemos vontade e esforço no
sentido do bem;ou ainda, como su-
portar aquilo que, por ora, não pode
ser mudado porque nos serve de ex-
piação ou prova.
As obras que podemos fazer
Jesus realizava coisas extra-
ordinárias, devido à sua grande
evolução espiritual. Afirmou, po-
rém: “aquele que crê, em mim, fará
também as obras que eu faço e ou-
tras maiores fará, porque eu vou
para junto do Pai” (Jo 14:12)
De fato, Jesus apenas fez uma
Jesus realizava coisas extraordinárias,
devido à sua grande evolução
espiritual
�
REFLEXÃO
ASSINE: (19) 3233-559622| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
amostragem das realizações espiri-
tuais possíveis e, tendo ele
retornado ao plano espiritual, os
Espíritos que continuam
reencarnado na Terra poderão fa-
zer aqui muitos fenômenos admirá-
veis, ainda mais que o ser humano
está evoluindo e cada vez mais
aprendendo como lidar com as leis
e forças do mundo espiritual.
Para realizar fenômenos espi-
rituais, porém, é preciso ter fé.
Que é fé?
Fé é a convicção quanto às coi-
sas espirituais, a certeza de que, não
obstante escapem aos nossos senti-
dos comuns (por serem invisíveis e
impalpáveis), elas existem, são re-
ais e funcionam.
A fé vem como resultado do
conhecimento que se tenha a res-
peito das coisas espirituais. Pode-
mos adquirí-la:
- pela observação direta de fe-
nômenos espirituais, objetivos ou
subjetivos, ocorridos com nós mes-
mos ou com outras pessoas;
- raciocinando sobre os fenôme-
nos da vida universal, para deduzir
deles as leis e fatos que transcen-
dem aos nossos sentidos;
- por informações sobre as reali-
dades espirituais que nos forem
dadas por outros (encarnados ou
não), que nos mereçam confiança
e respeito, por sua sabedoria e au-
toridade moral.
Fé e ação
A fé constitui o ponto de
apoio indispensável para a ação es-
piritual. Tanto que Jesus dizia
freqüentemente: “A tua fé te sal-
vou”.
A fé deve levar à ação, se-
não fica um conhecimento espiri-
tual inoperante, o que levou Tiago
a dizer: “A fé sem obras é morta”.
(Tg 2:20)
Fé raciocinada
Para levar à fé acertada, a fé tem
de ser esclarecida e bem fundamen-
tada.
Uma fé:
- que nos permita entender
quem somos, de onde viemos, por
que estamos no mundo e para onde
iremos após a morte; ou seja, que
somos Espíritos filhos de Deus, vin-
dos do plano espiritual, aqui encar-
Fé, é a convicção quanto às coisas
espirituais, a certeza de que elas
existem, são reais e funcionam
�
REFLEXÃO
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 23Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Fonte:
OLIVEIRA, Therezinha. Iniciação ao Espiri-
tismo. Págs. 63 – 68. Editora Allan Kardec.
Campinas/ S.P.
nados para progredirmos, até
retornarmos ao plano de onde vie-
mos;
- que nos mostre que podemos
agir sobre coisas e seres e como de-
vemos fazê-lo;
- que nos leve a querer fazer o
bem, porque é o único caminho bom
para todos;
- que nos assegure amparo e au-
xílio divinos para as nossas boas re-
alizações espirituais, através de Je-
sus e dos bons Espíritos, seus emis-
sários junto a nós;
- que nos dê coragem para per-
severar no esforço evolutivo e na
prática do bem, pela certeza de que
alcançaremos resultados
satisfatórios, agora ou depois, aqui
ou na imortalidade.
Uma fé assim é que “trans-
porta montanhas” (Mt 17:20), ou
seja: faz suportar sofrimentos, supe-
rar dificuldades, transformar situa-
ções e pessoas.
A nossa fé
Já temos alguma fé (conhe-
cemos alguma coisa da vida espiri-
tual) e com essa fé, embora ainda
pequena, já temos conseguido rea-
lizar alguma coisa, superar dificul-
dades, suportar situações.
Mas, se a cultivarmos (pelo
estudo, observação e exercício das
coisas espirituais), nossa fé cresce-
rá e nos permitirá fazer coisas mais
difíceis e importantes, verdadeira-
mente admiráveis.
Senhor, aumenta-nos a fé.
(Lc 17:5)
Tenhamos fé
Em Deus: sua bondade e po-
der são infinitos, não deixando ne-
nhuma de suas criaturas ao aban-
dono; o que for realmente bom e
necessário, Deus nos concederá, se
fizermos a nossa parte.
... se cultivarmos nossa fé, esta
crescerá e nos permitirá fazer coisas
mais difícies e importantes...
Em Jesus: como nosso Mes-
tre espiritual, Guia de nossas almas
e Luz em nosso caminho para Deus.
Nos bons Espíritos: porque
eles executam a vontade divina
dentro do que sabem e do que po-
dem, amparam e socorrem as cria-
turas, conforme o merecimento ou
a necessidade delas.
Em nós mesmos: confiemos
em nossas forças e possibilidades,
pois somos criaturas de Deus. �
REFLEXÃO
ASSINE: (19) 3233-559624| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
�
Em nossa reunião da noite
de 18 de novembro de
1954, os recursos
psicofônicos do médium foram ocu-
pados pelo nosso Irmão C. T., que
fora, algum tempo antes, assistido
em nossa agremiação.
Nosso amigo C. T., que não po-
demos designar senão pelas inici-
ais, por motivos facilmente compre-
ensíveis, trouxe-nos interessante
relato de suas próprias experiênci-
as, do qual salientamos o trecho em
que se reporta à emoção de que se
viu possuído, quando, ao fitar,
compungido, um velho crucifixo,
escutou a voz de um Amigo Espiri-
tual, acordando-lhe a consciência
para a verdadeira compreensão de
Jesus; consideramos de indizível
beleza semelhante tópico da pre-
sente mensagem para referir-se ao
Cristo Vivo, fora de santuários de
pedra, servindo incessantemente
em favor do mundo.
Irmãos.
A experiência dos mais velhos é
auxílio para os mais jovens.
Quem atravessou o vale da mor-
te pode ajudar aos que ainda tran-
sitam nos trilhos obscuros da exis-
tência carnal...
A gratidão, por isso, impele-me
a trazer-vos algo de mim.
Quando de meu primeiro
contacto convosco, saí vencido, não
convencido...
Acreditei fôsseis magnetizadores
Mensagem de um Sacerdotepor Arnaldo Rocha e Francisco Cândido Xavier
Acordava, identificando a mim próprio
e, reconhecendo-me o sacerdote
categorizado que eu era
socorrendo um enfermo difícil.
E eu despertava de um pesadelo
horrível...
Acordava, identificando a mim
próprio e, reconhecendo-me o sa-
cerdote categorizado que eu era,
ressurgia, revoltado e impenitente.
Debalde benfeitores espirituais
estenderam-me os braços.
Em vão consoladoras vozes se me
fizeram ouvir.
As ordenações e
convencionalismos da Terra jaziam
petrificados em minha cabeça-
dura.
Fizera da autoridade a minha
EXPERIÊNCIA
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 25Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
expressão de força que se elevava
nas funções hierárquicas com o pro-
pósito de dominar o pensamento
dos próprios irmãos.
E por mais que a piedade me
dirigisse cativantes exortações,
recalcitrei, desesperado...
Não supunha a morte fosse aque-
le fenômeno de reavivamento.
Minhas impressões do corpo fí-
sico mostravam-se intactas e mi-
nhas faculdades, intangíveis...
Reclamei meus títulos e exigi
minha casa e, naturalmente, para
não se delongarem através de con-
versação inútil, companheiros espi-
rituais tomaram-me as mãos.
Num átimo, vi-me à porta sela-
da de meu domicílio, mas agora,
sem ninguém...
Decerto, meus caridosos condu-
tores entregavam-me à própria
consciência.
Aflito, gritei por meus servido-
res, contudo, minhas vozes morre-
ram sem eco.
A noite avançara...
Desrespeitosa algazarra alcan-
çou-me os ouvidos.
Desafetos gratuitos pronuncia-
vam sarcasticamente o meu nome,
em meio da sombra espessa:
- “Abram a porta ao senhor bis-
po!”
- “Assistência para o dono da
casa!...”
- “Atendam ao visitante ilus-
tre...”
- “Lugar para Sua Eminência!...”
Isso tudo de permeio com
irreverentes gargalhadas.
Receando o ridículo, busquei a
igreja que me era familiar.
Sacerdotes amigos vigiavam em
oração.
Contudo, por mais que apelasse
para a minha condição de chefe,
ninguém me assinalou as súplicas
aflitivas.
Ajoelhei-me diante das imagens
a que rendia culto, no entanto, ja-
mais como naquela hora havia re-
parado com tanta segurança a frie-
za dos ídolos que representavam
objetos sagrados de minha fé.
Desejava fazer-me sentido, ou-
vido, tocado...
Então, como se um ímã me pro-
vocasse, retrocedi apressadamen-
te...
Em passos ligeiros, desci à pe-
quena câmara escura.
Fora atraído por meus próprios
restos.
Ali descansava, na escuridão si-
lenciosa, o corpo que me servira.
O bafio repelente do túmulo
obrigava-me a recuar...
Algo, porém, me constrangia a
compulsória aproximação.
Toquei as vestes rotas e senti
que minha alma se justapunha aos
ossos desnudados...
Queria reassumir a posição ver-
tical entre os homens.
Mas apenas vermes e mais ver-
mes eram, ali, a única nota de vida.
Dominado de terrível pavor, tor-
nei ao altar para as orações mais
íntimas... Orações que brotassem
de mim, diferentes daquelas que
decorara para iludir o tempo.
Procurei um velho crucifixo.
Ali, estava a cruz do Senhor.
Ali descansava, na escuridão silenciosa,
o corpo que me servira
EXPERIÊNCIA
�
ASSINE: (19) 3233-559626| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP
FidelidadESPÍRITA | Julho 2005
Não era um ídolo, era um sím-
bolo.
Via-me sozinho, desanimado, e
orei, compungidamente.
Rememorei os ensinamentos do
Mestre Divino, que recolhia as al-
mas desarvoradas e enfermas para
restituir-lhes o alento...
E uma voz à retaguarda, cuja
inflexão de energia e brandura não
conseguiria traduzir, exclamou para
meu espírito fatigado:
- Amigo, tua casa da terra cer-
rou-se com teus olhos!...
Teus poderes eclesiásticos estão
agora reduzidos a um punhado de
cinzas...
E de todas as atividades sacer-
dotais que exerceste, permanece
tão-só esta de agora - a tua própria
fé ressuscitada na humildade do
coração!
Cristo não permanece crucifica-
do nos altares de pedra, disputan-
do a reverência daqueles que su-
pões prestigiar-lhe a memória, a pre-
ço de incenso e ouro...
Jesus está lá fora! Com as mães
que se sentem desamparadas, com
os discípulos que sustentam em si
mesmos, duro combate!...
O Senhor caminha ao longo da
velha senda que o homem palmilha,
há milênios, procurando aqueles
que anelam amealhar fraternidade
e luz, serviço e renovação...
Avança ao encontro das almas
fiéis que repartem o tempo entre a
lição que educa e o trabalho que
santifica...
Busca as crianças sem ninho,
asilando-as nos braços daqueles
que lhe recordam a amorosa exor-
tação...
Respira nas fábricas, onde o suor
dos humildes pede socorro...
Ora nos círculos atormentados
da luta redentora, onde corações
restaurados no Evangelho intentam
a construção de nova estrada para
o futuro...
Cristo vive lá fora, reconfortan-
do os caluniados e enxugando as
lágrimas de quantos se sentem mor-
rer na solidão dos vencidos...
O senhor, ainda e sempre, é o
Celeste Peregrino do mundo...
Nas noites frias, é o agasalho dos
que não receberam a graça do lar...
Junto ao fogão sem lume, é o
calor que regenera as energias dos
que não puderam adquirir uma cô-
dea de pão...
Enfermeiros nos hospitais,
conchega de encontro ao peito dos
doentes em abandono...
Amigo infatigável dos cegos e
dos leprosos, dos cansados e dos tris-
tes, instila-lhes, generoso, a bênção
da esperança...
O Mestre jamais envergou a tú-
nica da ociosidade que lhe quadra-
ria ao coração como um sudário de
morte...
Vamos! Vamos em busca do Se-
nhor Ressuscitado!
Procuremos o Cristo, além da
cruz, tomando a cruz que nos é pró-
pria, a fim de encontrá-lo na gran-
de ressurreição!...
Aflito, mas devolvido a mim
mesmo, senti frio...
Minha igreja estava gelada,
mas, ao calor da prece, roguei ao
Céu permissão para esposar novo
roteiro, sob a luz viva do Evange-
lho restaurado, na religião do es-
forço humanitário e social, com o
templo guardando a fé por base e a
caridade por teto...
E abraçando convosco a senda
renovada, tento agora avançar para
o futuro sublime!...
Que o Senhor nos ampare. �
Procuremos o Cristo, além da cruz,
tomando a cruz que nos é própria...
Fonte:
XAVIER, Francisco Cândido. Instruções
Psicofônicas. Págs.173 – 177. Feb.
Rio de Janeiro/R.J. 2005.
EXPERIÊNCIA
Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 27Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596
Vai estar saindo?
FUJA DO MODISMO
COM TODAS AS LETRAS
Por mais que elas se tenham tornado muito comuns hoje, evite usarfrases como: O presidente Fernando Henrique Cardoso, ele foi reeleito no
primeiro turno. / O Imposto de Renda, ele onera muito a classe média. / A
vocalista do grupo, ela virá ao Brasil ainda este ano. A repetição dossujeitos o presidente e ele, o Imposto de Renda e ele e a vocalista do grupo
e ela constitui hoje um dos mais arraigados vícios da conversação eprincipalmente dos improvisos feitos no rádio e na televisão.A pessoa inicia a oração, faz uma pausa e, para deixar mais claro osentido do que está afirmando, repete o pronome, como em: A opera-
ção do deputado (pausa), ela vai ser feita amanhã cedo. É mais um erro aevitar.Trata-se possivelmente de uma influência da língua inglesa, que agrupaverbos como em I will be doing. Só que essa forma se traduz em portu-guês por vou fazer e não por estarei fazendo ou vou estar fazendo.Portanto, fuja da moda e de frases como: Eu vou “estar levando” os
estudos a você amanhã. / Vamos “estar concluindo” os trabalhos na
próxima semana. Diga apenas, como sempre se fez: Vou enviar os estudos
a você amanhã. / Vamos concluir os trabalhos na próxima semana.
Vai e não irá fazer
São as flexões do presente do indicativodo verbo ir (vou, vais, vai, vamos, vades,vão) e não irá, iremos, etc., que se li-gam ao infinitivo para definir uma açãofutura imediata, em orações como: Eles
vão (e não “irão”) participar da festa. / O
técnico vai (e não “irá”) reformular total-
mente o elenco do clube. / Todos nós va-
mos (e não “iremos”) iniciar amanhã as
aulas de ginástica.A razão: há uma resistência muito gran-de no Brasil em relação ao futuro sim-ples (irá, fará, dirá, participará), quemuitos consideram rebuscado ou pou-co eufônico. Acontece que “irá partici-par” ou “irá iniciar” são futuro, do mes-mo modo, equivalendo a “participará”e “iniciará”, exatamente que se queremevitar.
Você concorda com esta construção: Nós vamos estar saindo esta noite? Ela vem sendo cada
vez mais empregada no lugar de: Nós vamos sair esta noite. Bem, ela pode até não ser
errada, propriamente, mas seu uso não encontra apoio na linguagem dos bons escritores.
Absolutamente desnecessária, já se tornou mais um dos modismos que contaminam uma conversa
ou um texto, como os outros dois que vamos examinar nesta página.
O presidente (pausa), ele ...
por Eduardo Martins
Fonte:
MARTINS, Eduardo. Com todas as Letras.
Pág. 48. Editora Moderna.
São Paulo / SP.
Assim como as criaturas, em geral, converteram as produçõessagradas da Terra em objetivo de perversão dos sentidos, movimentoanálogo se verifica no mundo, com referência aos frutos do pensamento.
Freqüentemente as mais santas leituras são tomadas à contade tempero emotivo, destinado às sensações renovadas que condigamcom o recreio pernicioso ou com a indiferença pelas obrigações maisjustas.
Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida.
O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianosvasto campo de observações pouco dignas.
Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos anotandodeficiências da letra ou catalogando possíveis equívocos, a fim deespalharem sensacionalismo e perturbação? Alinham, com avidez, ascontradições aparentes e tocam a malbaratar, com enorme desprezopelo trabalho alheio, as plantas ternas e dadivosas da fé renovadora.
A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamenteexpressiva.
É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizadorepresente conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espírito dereligiosidade precisa penetrar a leitura séria, com real atitude deelevação.
O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler paraalcançar novidades emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para atender a Deus,cumprindo-lhe a Divina Vontade.
“Quem lê, atenda.”Jesus - (Matheus, 24:15.)
Emmanuel - por Chico XavierVinha de Luz. Págs.15-16