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Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP ASSINE: 0800 770-5990 | 1 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP ASSINE: (19) 3233-5596

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITAnossolarcampinas.org.br/site/wp-content/uploads/2015/03/revista... · cruzava o centro de Petra, e ergue-ram-se edifícios esplêndidos nos terraços

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Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 1Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

SUMÁRIO

4 CURIOSIDADE

PETRA - A CIDADE OCULTA

A arqueologia contribuindo para adescoberta dos antecedentes culturais doNovo Testamento

7 CONFIANÇA

E O SOCORRO CHEGOU

Um exemplo de fé

8 ESTUDO

A MEDIUNIDADE NA BÍBLIA

Comprovação de citações bíblicas sobre amediunidade

10 ESCLARECIMENTO

CHICO XAVIER E A CULTURA DO MÉDIUM

A dedicação de Chico Xavier à doutrinaEspírita

12 APRENDIZADO

NOS DOMÍNIOS DA SOMBRA

O planejamento de espíritos menos felizespara “derrubar” o Espiritismo

14 CAPAYVONNE PEREIRA E A MEDIUNIDADEA extraordinária história de vida da médiumYvonne Pereira

20 REFLEXÃO

MILAGRE OU FENÔMENO

Conceitos sobre milagre, fenômeno e fé

24 EXPERIÊNCIA

MENSAGEM DE UM SACERDOTE

A história de um sacerdote e seuaprendizado após o desencarne

27 COM TODAS AS LETRAS

VAI ESTAR SAINDO? FUJA DO MODISMO

Importantes dicas de nossa língua portuguesa

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta 13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

Assinaturas

Assinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

FALE CONOSCO

A Felicidade que aPrece Proporciona

EDITORIALEdição

Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar” – Depto. Editorial

Equipe Editorial

Adriana Levantesi

Rafael Dimarzio

Rodrigo Lobo

Sandro Cosso

Thais Cândida

Zilda Nascimento

Jornalista Responsável

Renata Levantesi (Mtb 28.765)

Editoração

Fernanda Berquó Spina

Rafael Augusto D. Rossi

Revisão

Zilda Nascimento

Administração e Comércio

Elizabeth Cristina S. Silva

Apoio Cultural

Braga Produtos Adesivos

Impressão

Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar” responsabiliza-se

doutrinariamente pelos artigos

publicados nesta revista.

[email protected] (19) 3233-5596

Vinde, vós que desejais crer.

Os Espíritos celestes acor-

rem a vos anunciar gran-

des coisas. Deus, meus filhos, abre

os seus tesouros, para vos outorgar

todos os benefícios.

Homens incrédulos! Se

soubésseis quão grande bem faz a

fé ao coração e como induz a alma

ao arrependimento e à prece! A

prece! Ah! Como são tocantes as

palavras que saem da boca daque-

le que ora! A prece é o orvalho di-

vino que aplaca o calor excessivo

das paixões. Filha primogênita da

fé, ela nos encaminha para a senda

que conduz a Deus. No recolhimen-

to e na solidão, estais com Deus.

Para vós, já não há mistérios; eles

se vos desvendam. Apóstolos do

pensamento, é para vós a vida. Vos-

sa alma se desprende da matéria e

rola por esses mundos infinitos e

etéreos, que os pobres humanos des-

conhecem.

Marchai, marchai pelas veredas

da prece e ouvireis as vozes dos an-

jos. Que harmonia! Já não são o ru-

ído confuso e os sons estrídulos da

Terra; são as liras dos arcanjos; são

as vozes brandas e suaves dos

serafins, mais delicadas do que as

brisas matinais, quando brincam na

folhagem dos vossos bosques. Por

entre que delícias não caminhareis!

A vossa linguagem não poderá ex-

primir essa ventura, tão rápida en-

tra ela por todos os vossos poros, tão

vivo e refrigerante é o manancial

em que, orando, se bebe.

Dulçurosas vozes, inebriantes per-

fumes, que a alma ouve e aspira,

quando se lança a essas esferas des-

conhecidas e habitadas pela prece!

Sem mescla de desejos carnais, são

divinas todas as aspirações. Também

vós, orai como o Cristo, levando a

sua cruz ao Gólgota, ao Calvário.

Carregai a vossa cruz e sentireis as

doces emoções que lhe perpassa-

vam n’alma, se bem que vergado ao

peso de um madeiro infamante.

Sim, Ele ia morrer, mas, para viver

a vida celestial na morada de seu

Pai.

KARDEC, Allan. ESE Cap. XXVII

item 23. 120ª edição. Tradução

Guillon Ribeiro.

por Santo Agostinho (Paris, 1861)

ASSINE: (19) 3233-55964| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

Petra - A Cidade Oculta

Queimar incenso era ato

comum de adoração

em templos e santuá-

rios antigos. Acreditava-se que a

fragrância forte e agradável subia

até a divindade cultuada. A fuma-

ça do incenso também mascarava

o odor capitoso dos animais tosta-

dos e queimados em sacrifício.

Queimava-se também incenso para

adocicar o ar na presença dos reis

assírios e persas, e outras pessoas

talvez também o tenham usado para

esse fim.

Eram necessárias enormes quan-

tidades de incenso para suprir as de-

mandas do mundo grego e romano.

O ingrediente básico era o olíbano,

a seiva de uma árvore que cresce

no sul da Arábia. Caravanas de

mercadores com fileiras de came-

los e jumentos cruzavam lentamente

o deserto de sul a norte, transpor-

tando carregamentos de incenso

até Gaza e Damasco, de onde eram

exportados para todo o Mediterrâ-

neo. Levavam de volta, em troca,

finos objetos de metal, cerâmica e

vidro das fábricas do Egito, da Síria

e da Grécia. No sul da Arábia, os

estados de Sabá, Ma’in e Qataban

enriqueceram-se com esse comér-

cio.

Nas viagens, as caravanas para-

vam onde havia água e abrigo. Al-

guns desses locais de parada trans-

formaram-se em cidades importan-

tes. A mais famosa delas é Petra.

Essa cidade foi erguida num vale

entre penhascos de arenito verme-

lho e róseo, onde o elevado platô

do deserto desce ao grande vale

alongado ao sul do mar Morto.

Nos séculos entre 300 a.C. e 150

d.C., uma das principais rotas do

incenso passava ao lado de Petra ou

por dentro dela, guinando a oeste

rumo à cidade costeira de Gaza. Os

cidadãos vendiam mantimentos e

ofereciam acomodações aos viajan-

tes, e os reis impunham impostos.

Assim a cidade enriqueceu.

O povo de Petra, os nabateus,

era uma tribo árabe que se havia

assentado, passando a viver segun-

do os ditames da moda da época,

sob influência grega. Sem o traba-

lho dos arqueólogos em Petra e em

outras cidades, pouco se saberia

acerca desse povo.

Os nabateus eram exímios

assimiladores de cultura estrangei-

ra. Suas cidades, templos e túmulos

têm projetos e ornamentos de ins-

piração egípcia e fenícia, grega e

romana. Sua língua era árabe, mas

tomaram emprestado o alfabeto

aramaico para escrevê-la. Dos

nabateus, esse alfabeto passou aos

árabes, tendo-se alterado os forma-

tos das letras com o passar dos sé-

culos.

Depois que os romanos conquis-

taram Petra em 106 d.C., a cidade

perdeu o poder. O povo viveu ali

durante séculos ainda, mas os ter-

remotos e o abandono levaram os

edifícios à ruína, até nenhuma casa

restar de pé, sendo enfim esqueci-

da a cidade. Os exploradores de

nossos dias descobriram-na, iden-

tificando-a como Petra, em 1812.

Algumas escavações foram feitas

por arqueólogos americanos, britâ-

nicos e jordanianos, mas ainda há

muito para descobrir sobre a cida-

de.

No seu auge, durante a primei-

ra metade do século I d.C., o reino

nabateu controlava boa parte da

Transjordânia e a região mais me-

ridional da Palestina ( O Neguebe).

No reinado do seu soberano mais

poderoso, Aretas IV (cerca de 9

a.C. até 40 d. C.), a nação chegou

a controlar Damasco por certo tem-

por Alan Millard

CURIOSIDADE

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 5Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Na pedra macia dos rochedos, o povo

de Petra esculpiu os monumentos que

deram fama à cidade

po. (O apóstolo Paulo fugiu do “que

governava sob rei Aretas” em Da-

masco, sendo baixado do muro da

cidade num cesto.)

Nessa época, segundo revelam

estudos recentes, uma grande rua

cruzava o centro de Petra, e ergue-

ram-se edifícios esplêndidos nos

terraços que a ladeavam. A rua

dava num templo quadrangular,

construído segundo o antigo mode-

lo de pórtico, lugar santo e santuá-

rio que o próprio Salomão seguira.

Espalhadas ao longo do vale, de

cada lado da rua principal, ficavam

as casas e oficinas da cidade. Al-

gumas eram construídas com pe-

dras finamente lavradas, e a arga-

massa das paredes internas era de-

corada com molduras e pinturas.

Numa área os nabateus eram es-

pecialistas: a fabricação de cerâmi-

ca. Os artesãos nabateus aprende-

ram a fazer objetos finos como por-

celanas, mas feitos à mão na roda

do oleiro, e não em fôrmas. Os pra-

tos eram especialmente finos, pin-

tados em marrom com desenhos flo-

rais. Esse tipo de cerâmica fina que-

bra-se facilmente, e por isso são bem

raros exemplares inteiros. Mas tan-

tos são os cacos encontrados nos

sítios nabateus, que é evidente ter

sido a cerâmica bem comum - e não

fabricada por um único artesão para

clientes ricos.

A cidade de Petra era protegida

por uma muralha dotada de torres

e pelos rochedos e penhascos que a

cercavam. Na pedra macia desses

rochedos, o povo de Petra esculpiu

os monumentos que deram fama à

cidade. Eles queriam enterrar seus

mortos de modo que jamais fossem

esquecidos, e perceberam que o

arenito era bem apropriado ao

entalhamento.

Seus canteiros abriam na rocha

uma porta que dava para um gran-

de recinto. Ali podiam-se colocar

algumas sepulturas, e podia-se,

também, escavar outras câmaras

mortuárias a partir do recinto prin-

cipal. Ao que parece, alguns dos

recintos eram planejados para que

os parentes pudessem visitar os

túmulos e executar ali rituais em

homenagem aos mortos.

O paredão rochoso fora do

túmulo era também preparado para

o entalhamento. Na maioria dos

casos era alisado, lavrado para que

parecesse haver ali uma porta feita

de pedra e, acima, um telhado.

Os cidadãos mais ricos, a famí-

lia real e gente ligada a ela tinham

túmulos ainda mais magníficos. Para

CURIOSIDADE

Túmulos escavados nos rochedos

ASSINE: (19) 3233-55966| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

O povo de Petra, os nabateus, era uma

tribo árabe que se havia assentado, sob

influência grega

CURIOSIDADE

eles, a rocha era esculpida em for-

ma de templo romano.

Os visitantes de Petra vêem

primeiro o mais belo. Ao avançar

pelo estreito desfiladeiro de dois

quilômetros de comprimento que

conduz à cidade, nada se vê senão

paredões rochosos. De repente surge

à frente, ao final da garganta, uma

maravilhosa escultura cor-de-rosa.

Acima de uma entrada com pi-

lares, vêem-se colunas entalhadas

na pedra com delicadas imagens

em relevo entre elas. No alto, no

frontão que fica trinta metros aci-

ma do solo, há um grande vaso de

pedra. É maciço, mas o povo da re-

gião atirou nele durante anos, es-

perando quebrá-lo para encontrar

ouro lá dentro.

O túmulo é ainda chamado Te-

souro do Faraó, El-Khazne. Nin-

guém sabe de quem é o túmulo; um

importante estudioso afirma que foi

construído para Aretas IV.

Os espetaculares túmulos esca-

vados na rocha em Petra e as pe-

dras caídas de uma cidade que já

foi grande um dia revelam o fausto

e a técnica que os nabateus exibi-

am no tempo em que o rei Herodes

erguia seus esplêndidos edifícios (v.

“Herodes – o grande construtor de

castelos”). Além do templo

construído ao final da rua princi-

pal, havia outros lugares sagrados

em Petra, e um deles é de especial

interesse. Dezenas de metros aci-

ma da cidade, no topo de um gran-

de rochedo, ergue-se um alto. Não

é um templo no estilo grego ou ro-

mano, mas um “lugar alto”

semítico, construído segundo um

costume antiqüíssimo.

Uma avenida processional esca-

vada na rocha, com degraus cui-

dadosamente esculpidos, conduzia

ao cume do monte. Ali o fiel che-

gava a uma área sagrada. Duas co-

lunas de pedra a delimitavam, não

feitas de blocos de pedra, mas cria-

das pela lapidação da rocha, até que

se erguessem isoladas. Cada uma

tem cerca de seis metros de altura,

e entre elas há um espaço de vários

metros – portanto, retirou-se gran-

de volume de rocha. Essas colunas

lembram aquelas encontradas nos

templos cananeus (v. “Cidades con-

quistadas de Canaã”).

Além das colunas, o cume do

rochedo foi eliminado. Abriu-se

uma área plana de cerca de 14 por

6 metros, com um banco lavrado na

rocha em três lados. No quarto lado,

voltado a leste, fica o altar esculpi-

do na rocha, ao qual se chega por

um lance de três degraus. À esquer-

da do altar outros degraus sobem

até uma bacia circular escavada na

rocha. Um dreno que sai da bacia

faz supor que os animais eram aba-

tidos ali. Embora o altar seja gran-

de o bastante para que uma pessoa

se deite sobre ele, não há indícios

de que os nabateus sacrificassem

seres humanos.

Por muitos séculos, os nabateus

e sua cidade ficaram esquecidos.

Sua redescoberta é outra proeza da

arqueologia e uma contribuição aos

antecedentes culturais do Novo

Testamento. �

Fonte:

MILLARD, Alan. Descobertas dos Tempos

Bíblicos. Págs 157 – 160. Editora VIDA. São

Paulo/ SP. 1999.

“A

lto”

sem

ític

o, b

em a

cim

a da

cid

ade.

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 7Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

CONFIANÇA

Nessa manhã fui para oescritório apreensivo.Na véspera, Sérgio

Paulo me telefonara de São Paulo:- Papai, depois de amanhã é o

último dia de pagar a escola; se nãopagar o trimestre, não poderei as-sistir às aulas.

- Fala com fulano e sicrano, epor esses dias farei o reembolso.

- Já falei, papai, não podem ar-ranjar.

- Fica tranqüilo, não há de fal-tar.

Sentei-me à escrivaninha e pus-

me a pensar em como sair da difi-

culdade. A quantia, no estado fi-

nanceiro em que me achava, era

grande para mim. Não me atrevia

a pedir um empréstimo, por peque-

no que fosse, a ninguém, pois era

novo na cidade; o que diriam de

mim? Meus pensamentos tornavam-

se sombrios.

E vi, vi com estes olhos que a

terra há de comer: materializou-se

na soleira da porta um mago negro,

um ser das Trevas; alto, trajava am-

pla túnica preta, que lhe cobria in-

teiramente o corpo: mangas

largas, pretas as luvas, o ca-

puz comprido terminado em

ponta, cujas bordas lhe caíam

pelo peito, ombros e costas, ti-

nha dois buracos para os olhos

de um brilho metálico.

Entrou, e apoiou uma das

mãos na mesa. E mantivemos

o seguinte diálogo mental,

depois que me refiz do susto:

- Vida dura, não?

- Que fazer? Não mereço

coisa melhor.

- Merece sim; é só você

querer.

- Não vejo como.

- Pois pense num ricaçoque você conheça; em poucotempo nossa falange o fará

quatro vezes mais rico do que ele.Creio que sorri à idéia. E, sem-

pre mentalmente, perguntei-lhe:- E qual o preço? Quanto isso me

custará?- Quase nada. Abandone o Es-

piritismo, esqueça-o, não escrevamais livros, e não publique os queescreveu; cuide só de negócios, edeixe o resto por nossa conta.

E, mentalizando firmemente,respondi-lhe:

- É um preço muito caro; não

posso pagar.

- Você não sabe o que perdeu -

retrucou chispando de ira.

E recuando dois passos, desva-

neceu-se.

Três horas da tarde; um calor de

sufocar. Quem entra no escritório

com um largo sorriso na face, e a

testa porejando de suor? O Faria;

sim, o Faria em carne e osso; e dis-

pensando cumprimentos foi logo

dizendo:

- Eliseu, rapaz! Acabo de re-

ceber um dinheiro que eu tinha

emprestado a um conhecido há

anos, nem me lembrava mais dis-

so, e ele veio pagar-me. Então

pensei: esse camarada usou o di-

nheiro tanto tempo e não me fez

falta; o Eliseu está começando

aqui, e todo começo é duro; vou

levar-lho para que o use também

por uma temporada. �

E o socorro chegou!por Eliseu Rigonatti

Fonte:

RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho das

Recordações. Págs. 67-68. Ed. Pensamento.

São Paulo/S.P.

Não vos aflijais, pois, dizendo: Que comeremos? Que beberemos?

Com que cobriremos? Porque os gentios é que se cansam por estas

coisas. Porquanto vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas elas.

Matheus, 6:31-32

ASSINE: (19) 3233-55968| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

ESTUDO

� Qual foi a primeira mani-festação mediúnica? Comquem? Em que situação?As manifestações são fenômenos

registrados em todos os povos e em

todas as épocas, pois a mediunidade

é uma faculdade natural do ser

humano. Sempre existiram encar-

nados e desencarnados a se utiliza-

rem dela para a comunicação en-

tre os dois planos da vida. Muitas

religiões tiveram origem nas mani-

festações mediúnicas. Muitas cul-

tivaram e muitas ainda cultivam a mediunidade, como relembra Léon

Denis, no capítulo VI, “Comunhão

dos vivos com os mortos”, de seu

livro “No Invisível”, e também po-

demos acompanhar na história dos

santos da Igreja Católica, ou no

culto dos evangélicos com a mani-

festação do “espírito santo”.

� Por que Moisés proibiu asmanifestações mediúnicas?Para corrigir os abusos e desvios

na prática mediúnica, pois estavam

empregando para fins egoístas, mes-

quinhos, em vez de utilizá-la com

serenidade, honestidade e visando

os fins superiores para os quais Deus

a destinou: comprovação da imor-

talidade, fraternidade e consolação

esclarecimento e progresso da hu-

manidade (encarnada ou não).

Entretanto, Moisés continuou

empregando sua mediunidade para

“falar com Deus”, ou seja, para fa-

zer o intercâmbio mediúnico com

os espíritos que vinham instruir em

nome do Altíssimo, a fim de bem

liderar o povo israelita. E até dese-

java que todo o povo fosse profeta

(porta-voz, médium), “e o senhor

lhes desse o seu espírito”, como ve-

mos em Números 1:26/29.

A mediunidade na Bíbliapor Therezinha Oliveira

... a mediunidade é uma faculdade

natural do ser humano

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 9Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

� Quais personagensbíblicas que se posicionam arespeito do fenômeno?Não obstante a tão propalada

proibição de Moisés, com freqüên-

cia lemos na Bíblia relatos em que

autoridades ou pessoas comuns fa-

lam ou agem sob influência de es-

píritos e também de outros tipos de

comunicações, como sonhos e vi-

sões. Esses fenômenos, espontâne-

os e legítimos, tinham natural acei-

tação de todos.

� Jesus manifestava-se a res-peito?Sim, exemplificando o diálogo

com os espíritos, instruindo os seus

discípulos sobre o uso de suas fa-

culdades mediúnicas e estimulan-

do-os ao exercício delas: “Curai os

enfermos, limpai os leprosos,

ressuscitai os mortos”( tragam de

volta os desencarnados, deixem que

eles se manifestem). E recomendou

o exercício gratuito dessa faculda-

de: “De graça recebeste, de graça

daí”. Note-se que, em todo Novo

Testamento não se encontra mais,

nem uma vez sequer, esta proibição

do intercâmbio com o Além.

� O texto de Samuel, no An-tigo Testamento, relata umasessão mediúnica?Sem dúvida.Embora usando as

expressões da época (“faze-me subir

a Samuel”, pede Saul), temos nessa

passagem a descrição perfeita do fe-

nômeno, com estes pormenores:

- vendo o espírito de Samuel, a

médium é informada de que o

consultante é o rei Saul, o que a

apavora, pois o exercício mediúnico

estava proibido para o povo e era

punido com a morte, mas Saul a

tranqüiliza de que nenhum mal lhe

acontecerá.

- há diálogo entre o espírito e o

rei Saul, recebendo este a notícia

do que tanto temia: por ter se des-

viado das leis divinas, ele e seus fi-

lhos desencarnariam na batalha do

dia seguinte.

� O livro de Tobias (que nãoaparece nas edições popula-res da Bíblia) relata realmen-te o caso de materializaçãodo anjo Rafael? Como issopode ser explicado?Se esse relato é verdadeiro ou

não, foge à nossa competência, tal-

vez esteja um tanto deturpado, en-

tretanto, é verdade que os espíri-

tos podem se materializar. Kardec

examinou esse tipo de fenômeno e

denominou de “aparição tangível”,

o que corresponde melhor ao que

nele ocorre.

O espírito materializado é um

“agênere” (não foi gerado fisica-

mente, como nós, os encarnados);

mas não é usual se mantenha por

tanto tempo materializado, como

sugere no livro de Tobias.

Há ainda, neste livro, vários

outros fenômenos de caráter

miraculoso, fugindo ao que conhe-

cemos dos fenômenos produzidos

pelos bons espíritos, fenômenos que,

conquanto admiráveis, sempre se

realizam dentro de certas leis e li-

mites e mais com finalidades de

edificação geral.

� Quais os personagens bí-blicos que desenvolveram, dealguma forma, a mediunida-de?No velho testamento, vemos os

profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel,

Daniel e outros, como porta-vozes

da espiritualidade, com a missão de

transmitir aos israelitas mensagens

de conselhos, advertências (e, às

vezes, anúncios de acontecimen-

tos), para que o povo não desviasse

da boa conduta, da adoração ao

Deus único e do cumprimento dos

seus desígnios. Igualmente médiuns

foram Saul e Davi, reis de Israel, e

exerceram sua mediunidade; mui-

tas pessoas comuns também reve-

lavam essa faculdade.

Nos tempos de Evangelho, a prá-

tica era tão usual entre os seguido-

res de Jesus que João Evangelista

aconselhava em sua carta “Amados,

não acrediteis em todos os espíri-

tos, mas experimentais se os espíri-

tos são de Deus”; e Paulo, para ori-

entar escreve um “mini-livro dos

médiuns”, que é a I Epístola aos

Corintios, caps. 12 a 14, na qual

aborda os “carismas” (dons espiri-

tuais) e o comportamento dos pro-

fetas (médiuns) na reunião. �

ESTUDO

ASSINE: (19) 3233-559610| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

ESCLARECIMENTO

Ontem estive em São

Paulo e, ocasional

mente, encontrei o

Chico Xavier na Livraria Espírita

Boa Nova, à rua Aurora n° 706,

exemplar estabelecimento livreiro

do nosso grande amigo Stig Roland

Ibsen.

Não acreditei a princípio que isso

fosse possível: encontrar nosso ilu-

minado médium, ali, “dando sopa”,

pois que hoje, não obstante isso lhe

fira a modéstia, ele é IBOPE.

Mas era ele mesmo, de carne e

osso; aquela encantadora figura

que, ao tempo que nos fala, relata

casos, diz um chiste, converte tudo

em ensino evangélico, pede-nos

desculpa de fazê-lo.

E sabem o que fazia Chico

Xavier, na livraria?

Aquilo que todo afeiçoado apre-

cia demais fazer: Olhava-os

enfileirados nas prateleiras, cada

qual com sua personalidade, uns

magros, outros gordos, coloridos,

belos, ou feios, mas todos limpinhos

e disciplinados; folheava-os e de-

sejava comprar alguns. Stig, ao

lado, com a fidalguia característi-

ca, para não lhe gerar constrangi-

“... a ordem dos nossos orientadores

espirituais é de que estudemos

sempre”

CHICO XAVIER

e a Cultura do Médiumpor Mario B. Tamassia

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 11Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

ESCLARECIMENTO

mento, dava seus palpites, mos-

trava o ângulo em que o autor

se colocava ao expor a matéria.

Assim, ia caminhando nosso hu-

milde Chico, como a abelha

que pousasse de flor em flor, no

afã de arranjar o pólem.

Disse-lhe, então: “Veja, só,

Chico. Você, que é o maior pro-

dutor de livros do mundo e ain-

da ligado a mil e um compro-

missos da Seara, visitando livra-

rias e encontrando tempo para

ler. Quem diria!”

- “Sabe, Tamassia... Tenho

atração por livros. Leio os que

posso e os que me permite a vis-

ta, o tempo escasso e meu grau

medíocre de cultura. Mas, den-

tro das minhas limitações, me

esforço ao máximo, porque,

além de tudo, eu não sou mé-

dium privilegiado e a ordem dos

nossos orientadores espirituais é

de que estudemos sempre...”

Chico comprou vários volu-

mes e pagou religiosamente,

depois de remexer em todos os

bolsos, cheios de papel, pedidos,

bilhetes, recomendações, solici-

tações, cartas, cartões, para no

fim encontrar uma solitária nota

de Cr$ 100,00 num envelope.

Um Mercúrio sobrecarregado

de pedidos aos deuses, mas de

bolsos vazios!

Enquanto isso eu ficava a

matutar que belo exemplo

Mediunismo não é milagrismo

Chico dava aos nossos médiuns.

Quantos deles conhecemos nós que

parecem ter gosto pelo cultivo da

ignorância. Entendem erradamen-

te que ser médium é dar uma de

telefone público, como se disses-

sem: “Se o espírito quiser falar por

meu intermédio, que fale...”

Não compreendem estes mé-

diuns que mesmo um pianista exí-

mio como Chopin nunca consegui-

ria tocar o seu Estudo Revolucio-

nário num piano sem feltro, com os

martelinhos quebrados. A cabeça

do médium se assemelha à caixa do

piano com seu mecanismo através

do qual o espírito, chame-se

Augusto dos Anjos, Cornélio Pires

ou Rui Barbosa devem encontrar as

teclas para apertar. Mediunismo

não é milagrismo. As leis

psicodinâmicas, em processo de

interação espírito-matéria, funcio-

na e esse funcionamento exige a

correspondência entre os planos. Se

estamos na Terra, temos de dar aos

espíritos a parte que nos toca e eles

a parte que lhes diz respeito, no

Mundo dos Espíritos. �

Fonte:

Jornal “Alavanca”, janeiro de 1975.

Campinas/S.P.

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

APRENDIZADO

Em compacta assembléia do

reino das sombras, um po-

deroso soberano das trevas,

diante de milhares de falangistas da

miséria e da ignorância, explicava o

motivo da grande reunião.

O Espiritismo com Jesus, aclaran-

do a mente humana, prejudicava os

planos infernais.

Em toda parte da Terra, as criatu-

ras começavam a raciocinar menos

superficialmente! Indagavam, com se-

gurança, quanto aos enigmas do sofri-

mento e da morte e aprendiam, sem

maior dificuldade, as lições da Justiça

Divina. Compreendiam, sem cadeias

dogmáticas, os ensinamentos do Evan-

gelho. Oravam com fervor. Meditavam

na reencarnação e passavam a inter-

pretar com mais inteligência os deve-

res que lhes cabiam no Planeta.

Muita gente entregava-se aos livros

nobres, à caridade e à compaixão, ilu-

minando a paisagem social do mundo

e, por isso, todas as atividades da som-

bra surgiam ameaçadas...

Que fazer para conjurar o perigo?

E pediu para que os seus assessores

apresentassem sugestões.

Depois de alguns momentos de ex-

pectativa, ergueu-se o comandante das

legiões da incredulidade e falou:

- Procuremos veicular a crença de

que Deus não existe e de que as criatu-

ras viventes estão entregues a forças cru-

éis e fatais da Natureza...

O maioral das trevas, porém, obje-

tou, desencantado:

- O argumento não serve. Quanto

mais avança nos trilhos da inteligên-

cia mais reconhece o homem a Pater-

nidade de Deus, sendo atraído inelu-

tavelmente para a fé ardente e pura.

Levantou-se, no entanto, o

orientador das legiões da vaidade e

opinou:

- Espalharemos a notícia de que

Jesus nada tem a ver com o Espiritis-

mo, que as manifestações dos

desencarnados se resumem num caso

fisiológico para as conclusões da Ci-

ência, e, desnorteando os profitentes

da Renovadora Doutrina, faremos

com que gozem a vida no mundo,

como melhor nos pareça, sem qualquer

obrigação para com o Evangelho e, as-

sim, serão colhidos no túmulo, com as

mesmas lacunas morais que trouxeram

do berço...

O rei das sombras anuiu, compla-

cente:

- Sim, essa ilusão já foi muito im-

portante, contudo, há milhares de pes-

soas despertando para a verdade, na

certeza de que as portas do sepulcro

não se abriram para os vivos da Terra,

sem a intervenção de Jesus.

Nesse ponto, o diretor das falanges

da discórdia pôs-se de pé e conclamou:

- Sabemos que a força dos espíritas

nasce das reuniões em que se congre-

gam para a oração e para o aprendiza-

do da Vida Espiritual, e nas quais to-

mam contacto com os Mensageiros da

Luz... Assim sendo, assopraremos a

cizânia entre os seguidores dessa ban-

deira transformadora, exagerando-

lhes a noção da dignidade própria.

Separá-los-emos uns dos outros com

o invisível bastão da maledicência.

Chamaremos em nosso auxílio os

polemistas, os discutidores, os carre-

gadores de lixo social, os fiscais do pró-

ximo e os examinadores de consciên-

cias alheias para que os seus templos

se povoem de feridas e mágoas incurá-

veis e, assim, os irmãos em Cristo sa-

berão detestar-se uns aos outros, com

sorrisos nos lábios, inutilizando-se

para as obras do bem.

O chefe satânico, todavia, consi-

derou:

- Isso é medida louvável, contudo

necessitamos de providência de efeito

mais profundo, porque sempre apare-

ce um dia em que as brigas e os desa-

cordos terminam com os remédios da

humildade e com o socorro da oração.

Nos Domínios da Sombra

O Espiritismo com Jesus, aclarando a

mente humana, prejudicava os planos

infernais

por Chico Xavier / Humberto de Campos

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 13Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

A essa altura, ergueu-se o condu-

tor das falanges da desordem e ponde-

rou:

- Se o problema é de reuniões, con-

seguiremos liquidá-lo em três tempos.

Buscaremos sugerir aos membros des-

sas instituições que o lugar dos

conclaves é muito longe e que não lhes

convém afrontar as surpresas desagra-

dáveis da via pública. Faremos que o

horário das reuniões coincida com o

lançamento de filmes especiais ou com

festividades domésticas de data fixa.

Improvisaremos tentações determina-

das para os companheiros que possu-

am maiores deveres e responsabilida-

des junto às assembléias, a fim de que

os iniciantes não venham a perseve-

rar no trabalho da própria elevação.

Organizaremos dificuldades para as

conduções e atrairemos visitas afetu-

osas que cheguem no momento exato

da saída para os cultos espíritas-cris-

tãos. Tumultuaremos o ambiente nos

lares, escondendo chapéus e bolsas,

carteiras e chaves para que os crentes

se tomem de mau humor, desistindo

do serviço espiritual e desacreditando

a própria fé.

O soberano das trevas mostrou lar-

ga satisfação no semblante e ajuntou:

- Sim, isso é precioso trabalho de

rotina que não podemos menosprezar.

Entretanto, carecemos de recurso di-

ferente...

O responsável pelas falanges da

dúvida, ergueu-se e disse:

- As reuniões referidas são sempre

mais valiosas com o auxílio de médiuns

competentes. Buscaremos desalentá-

los e dispersá-los, penetrando a onda

mental em que se comunicam com os

Benfeitores Celestes, fazendo-lhes

crer que a palavra do Além resulta de

um engano deles próprios, obrigando-

os a se sentirem mentirosos, palhaços,

embusteiros e mistificadores, sem

qualquer confiança em si mesmos, para

que as assembléias se vejam incapazes

e desmoralizadas...

O mentor do recinto aprovou a

alegação, mas considerou:

- Indiscutivelmente, o combate aos

médiuns não pode esmorecer, entretan-

to, precisamos de providência mais viva,

mais penetrante...

Foi então que o orientador das

falanges da preguiça se levantou, tomou

a palavra, e falou respeitoso:

- Ilustre chefe, creio que a melhor

medida será recordar ao pensamento

de todos os membros das agremiações

espíritas que Deus existe, que Jesus é o

Guia da Humanidade, que a alma é

imortal, que a Justiça Divina é

indefectível, que a reencarnação é uma

verdade inconteste e que a oração é uma

escada solar, reunindo a Terra ao Céu...

O soberano das sombras, porém,

entre o espanto e a ira, cortou-lhe a

palavra, exclamando:

- Onde pretende chegar com se-

melhantes afirmações?

O comandante dos exércitos pregui-

çosos acrescentou, sem perturbar-se:

- Sim, diremos que o Espiritismo

com Jesus, pedindo às almas encarna-

das para que se regenerem, buscando o

conhecimento superior e servindo à

caridade, é, de fato, o roteiro da luz,

mas que há tempo bastante para a re-

denção, que ninguém precisa incomo-

dar-se, que as realizações edificantes

não efetuadas numa existência podem

ser atendidas em outras, que tudo deve

permanecer agora como está no ínti-

mo de cada criatura na carne para ver

como ficarão depois da morte, que a

liberalidade do Senhor é incomensu-

rável e que todos os serviços e refor-

mas da consciência, marcados para

hoje, podem ser transferidos para ama-

nhã... Desse modo, tanto valem vive-

rem no Espiritismo como fora dele,

com fé ou sem fé, porque o salário de

inutilidade será sempre o mesmo...

O rei das sombras sorriu, feliz, e

concordou:

- Oh! Até que enfim descobrimos

a solução!...

De todos os lados ouviam-se riso-

nhas exclamações:

- Bravos! Muito bem! Muito bem!

O argumento do astucioso condu-

tor das falanges da inércia havia ven-

cido. �

...há milhares de pessoas despertando

para a verdade...

APRENDIZADO

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido / CAMPOS,

Humberto. Contos e Apólogos. Págs. 173-

177

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

por Yvonne Pereira

Yvonne Pereira

e a Mediunidade

Creio que nasci médium

já desenvolvido, pois,

jamais me dei ao traba-

lho de procurar desenvolver facul-

dades medianímicas.” Algumas fa-

culdades se apresentaram ainda em

minha primeira infância: a

vidência, a audição e o próprio des-

dobramento em corpo astral, com o

curioso fenômeno da morte aparen-

te. Creio mesmo, e o leitor ajuiza-

rá, que o primeiro grande fenôme-

no mediúnico ocorrido comigo se

verificou quando eu estava com

apenas vinte e nove dias de exis-

tência.

Tendo vindo ao mundo na

noite de Natal, 24 de Dezembro, a

23 de janeiro, durante um súbito

acesso de tosse, em que sobreveio

sufocação, fiquei como morta. Tudo

indica que, em existência pretéri-

ta, eu morrera afogada por suicídio,

e aquela sufocação, no primeiro mês

do meu nascimento, nada mais se-

ria que um dos muitos complexos

que acompanham o Espírito do sui-

cida, mesmo quando reencarnado,

reminiscências mentais e

vibratórias que a traumatizam por

períodos longos, comumente.

Durante seis horas consecu-

tivas permaneci com rigidez cada-

vérica, o corpo arroxeado, a

fisionomia abatida e macilenta do

cadáver, os olhos aprofundados, o

nariz afilado, a boca cerrada e o

queixo endurecido, enregelada,

sem respiração e sem pulso. O úni-

co médico da localidade, pequena

cidade do sul do Estado do Rio de

Janeiro, hoje denominada Rio das

Flores, mas então chamada Santa

Teresa de Valença, o único médico

e farmacêutico, examinando-me,

constataram a morte súbita por

sufocação, à falta de outra “causa

mortis” mais lógica. A certidão de

óbito foi, portanto, legalmente pas-

sada. Minha avó e minhas tias tra-

taram de me amortalhar para o se-

pultamento, à tarde, pois o “óbito”

ocorrera pela manhã, bem cedo. Eu

era recém-chegada na família e, por

isso, ao que parece minha morte

| 15Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

não abalava o sentimento de nin-

guém, pois, havendo ao todo vinte

e oito pessoas na residência rural

de minha avó materna, onde nas-

ci, porquanto a família se havia reu-

nido para as comemorações do na-

tal e do Ano-Novo, ninguém de-

monstrava pesar pelo acontecimen-

to, muito ao contrário do que se

passara na residência do fariseu

Jairo, há quase dois mil anos...

Vestiram-me, então, de bran-

co e azul, como o “Menino Jesus”,

com rendinhas prateadas na túni-

ca de cetim, faixas e estrelinhas, e

me engrinaldaram a fronte com

uma coroa de rosinhas brancas.

Chovia torrencialmente e esfriara

o tempo, numa localidade própria

para o veraneio, como é a minha

cidade natal. A eça mortuária, uma

mesinha com toalhas rendadas,

com as velas e o crucifixo tradicio-

nal, encontrava-se à minha espe-

ra, solenemente preparada na sala

de visitas. Nem minha mãe chora-

va. Mas esta não chorava porque

não acreditava na minha morte.

Opunha-se terminantemente que

me expusessem na sala e encomen-

dassem o caixão mortuário. A fim

de não excitá-la, deixaram-me no

berço mesmo, mas encomendaram

o caixãozinho, todo branco, borda-

do de estrelinhas e franjas doura-

das... Minha mãe, então, quando

havia já seis horas que eu me en-

contrava naquele estado insólito,

conservando-se ainda católica ro-

mana, por aquele tempo, e vendo

que se aproximava a hora do enter-

ro, retirou-se para um aposento so-

litário da casa, fechou-se nele,

acompanhou-se de um quadro com

estampa representando Maria, Mãe

de Jesus, e, com uma vela acesa,

prostrou-se de joelhos ali, sozinha,

e fez a invocação seguinte, concen-

trando-se em preces durante uma

hora:

- “Maria Santíssima, Santa

Mãe de Jesus e nossa Mãe, vós, que

também fostes mãe e passastes pe-

las aflições de ver padecer e mor-

rer o vosso Filho sob os pecados dos

homens, ouvi o apelo da minha an-

Vestiram-me de branco e azul,como o

“Menino Jesus”, com rendinhas

prateadas na túnica de cetim

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

gústia e atendei-o, Senhora, pelo

amor do vosso Filho: Se minha fi-

lha estiver realmente morta,

podereis levá-la de retorno a Deus,

porque eu me resignarei à inevitá-

vel lei da morte. Mas se, como

creio, ela estiver viva, apenas so-

frendo um distúrbio cuja causa ig-

noramos, rogo a vossa intervenção

junto a Deus Pai para que ela tor-

ne a si, a fim de que não seja sepul-

tada viva. E como prova do meu

reconhecimento por essa caridade

que me fareis eu vo-la entregarei

para sempre. Renunciarei aos meus

direitos sobre ela a partir deste

momento! Ela é vossa! Eu vo-la

entrego! E seja qual for o destino

que a esperar, uma vez retorne à

vida, estarei serena e confiante,

porque será previsto pela vossa pro-

teção”.

Muitas vezes, durante a mi-

nha infância, minha mãe narrava-

me esse episódio da nossa vida por

entre sorrisos de satisfação, repe-

tindo cem vezes a prece que aí fica,

por ela inventada no momento,

acrescentando-a do Pai Nosso e da

Ave Maria, e, igualmente entre sor-

risos, era que eu a ouvia dizer, tor-

nando-me, então, muito eufórica

por isso mesmo:

- Eu nada mais tenho com

você... Você pertence a Maria, Mãe

de Jesus...

Entrementes, ao se retirar do

aposento, onde se dera a comunhão

com o Alto, minha mãe abeirou-se

do meu insignificante fardo carnal,

que cultivava imerso em catalepsia,

e tocou-o carinhosamente com as

mãos, repetidas vezes, como se

transmitisse energias novas através

de um passe. Então, um grito estri-

dente, como de susto, de angustia,

acompanhado do choro

inconsolável de criança, surpreen-

deu as pessoas presentes. Minha

mãe, provável veículo dos favores

caritativos de Maria de Nazaré, le-

vantou-se do berço e despiu-me a

mortalha, verificando que a grinal-

da de rosinhas me feria a cabeça.

As velas que deveriam alu-

miar o meu cadáver foram retira-

das e apagadas, a eça foi destituí-

da das solenes toalhas rendadas, o

crucifixo retornou ao oratório de

minha avó e a casa funerária rece-

bera de volta um caixão de

“anjinho”, porque eu revivera para

os testemunhos que, de direito, fos-

sem por mim provados, como espí-

rito revel que fora no passado... e

revivera sob o doce influxo mater-

nal de Maria, Mãe de Jesus.

Recordando, agora, nestas

páginas, esse patético episódio de

minha presente existência, a mim

narrado tantas vezes pelos meus fa-

miliares, nele prefiro compreender

também um símbolo, a par do fenô-

meno psíquico: ingressando na vida

terrena para uma encarnação

expiatória, eu deveria, com efeito, �

As velas que deveriam alumiar o meu

cadáver foram retiradas e apagadas...

| 17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

morrer para mim mesma, renunci-

ando ao mundo e às suas atrações,

para ressuscitar o meu espírito,

morto no pecado, através do respei-

to às leis de Deus e do cumprimen-

to do dever, outrora vilipendiado

pelo meu livre-arbítrio. Não

obstante, que seria o fato acima

exposto se não a faculdade que co-

migo viera de outras etapas anti-

gas, o próprio fenômeno mediúnico

ainda hoje, quando, às vezes, es-

pontaneamente, advêm transes

idênticos ao acima narrado, en-

quanto, em espírito, eu me vejo

acompanhando os Instrutores Espi-

rituais para com eles socorrer so-

fredores da Terra e do espaço, ou

assistir, sob seus influxos vibratórios

mentais, aos dramas do mundo in-

visível, que mais tarde são descri-

tos em romances ou historietas?

Aos quatro anos de idade já

eu me comunicava com Espíritos

desencarnados, através da visão e

da audição: via-os e falava com

eles. Eu os supunha seres humano,

uma vez que os percebia com essa

aparência e me pareciam todos

muito concretos, trajados como

quaisquer homens e mulheres. Ao

meu entender de então, eram pes-

soas da família, e por isso, talvez,

jamais me surpreendi com a presen-

ça deles. Uma dessas personagens

era-me particularmente afeiçoada:

eu a reconhecia como pai e a pro-

clamava como tal a todos os de

casa, com naturalidade, julgando-

a realmente meu pai e amando-a

profundamente. Mais tarde, esse

espírito tornou-se meu assistente

ostensivo, auxiliando-me poderosa-

mente a vitória nas provações e tor-

nando-se orientador dos trabalhos

por mim realizados como espírita e

médium. Tratava-se do Espírito

Charle, já conhecido do leitor atra-

vés de duas obras por ele ditadas à

minha psicografia: Amor e Ódio e

Nas Voragens do Pecado.

Durante minha primeira in-

fância esse Espírito falava-me mui-

tas vezes, usando de autoridade e

energia, assim como a entidade

“Roberto”, também entrevista pelo

leitor nos volumes Dramas da Ob-

sessão, de Adolfo Bezerra de

Menezes, e Memórias de um Suici-

da, como sendo o médico espanhol

Roberto de Canalejas, e que teria

existido na Espanha pelos meados

do XIX século. Lembro-me ainda

de que, muitas vezes, sentada no

soalho, a brincar com as bonecas,

eu via Roberto numa cadeira que

Aos quatro anos de idade já eu me

comunicava com Espíritos desencarnados,

através da visão e audição

ASSINE: (19) 3233-559618| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

não poderia haver preocupação de

reter na lembrança o assunto da-

quelas convenções. Essa entidade

era por mim distinguida muito per-

feitamente, trajada como os ho-

mens do século XIX, mostrando

olhos grandes e vivos, muito pro-

fundos, cabelos fartos e altos na

frente, pequena barba circulando

o rosto e terminando suavemente

em ponta, no queixo, e bigodes re-

lativos, espessos. Dir-se-ia pessoa

doente, pois, trazia faces encovadas

e feições abatidas, e mãos descar-

invariavelmente era posta no mes-

mo local. Ele curvava-se, apoiava

os cotovelos nos joelhos e sustenta-

va o rosto com as mãos numa atitu-

de muito humana, e assim, triste-

mente, pois, era um Espírito triste,

me falava com doçura e eu respon-

dia. Não sei se tais conversações

seriam telepáticas ou verbais, sei

apenas que eram reais. Mas não

pude consersar lembranças do as-

sunto de que tratavam. Aliás, tudo

me parecia comum, natural, e,

como criança que era, certamente

Era esse o Espírito companheiro de

minhas existências passadas, a quem

poderosos laços espirituais me ligam

nadas e muito brancas. Era esse o

Espírito companheiro de minhas

existências passadas, a quem pode-

rosos laços espirituais me ligam, a

quem muito feri em idades pretéri-

tas e por quem me submeti às du-

ras provações que me afligiram nes-

te mundo, na esperança de reaver

o perdão da lei de Deus pelo mal

outrora praticado contra ele pró-

prio.

Foi somente aos oito anos de ida-

de que se repetiu o fenômeno de

desprendimento parcial a que cha-

mamos “morte aparente”, o qual, no

entanto, sempre espontâneo, dos

dezesseis anos em diante se tornou,

por assim dizer, comum em minha

vida, iniciando-se então a série de

exposições espirituais que deram

em resultado as obras literárias por

mim recebidas do Além através da

psicografia auxiliada pela visão es-

piritual superior. Repetindo-se, po-

rém, o fenômeno, aos meus oito

anos de idade, recebi, através dele,

em quadros parabólicos descritos

com a mesma técnica usada para a

literatura mediúnica, o primeiro

aviso para me dedicar à Doutrina

do Senhor e do que seria a minha

vida de provações, sendo essa ex-

posição produzida singelamente, à

altura de uma compreensão infan-

til.

Quem conhecer a vida da céle-

bre heroína francesa Joana d’Arc e

atentar em certos detalhes que cir-

cundaram a sua mediunidade, com-

preenderá facilmente que as enti-

dades espirituais que se comunica-

vam com ela, e às quais ela atri-

buía os nomes dos santos por ela

venerados, cujas imagens existiam

na igrejinha de Domremy, sua ter-

ra natal, facilmente compreenderá�

| 19Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Fonte:

PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recordações

da Mediunidade. Págs. 23-29. FEB. Rio de

Janeiro/RJ. 1988.

também o que exporei em seguida,

pois o fenômeno espírita jamais será

isolado ou será particular a uma

única pessoa, porque a técnica para

produzí-lo é idêntica em toda par-

te e em todas as idades, referência

feita aos operadores espirituais.

Joana fora criada desde o berço

amando aquela igreja e as imagens

nela expostas com a denominação

de Santa Catarina, Santa Margari-

da e São Miguel. E porque racioci-

nasse que, realmente, as imagens

retratavam aquelas almas eleitas

que ela acreditava desfrutando a

bem-aventurança eterna, confiava

nelas, certa de que jamais lhe ne-

gariam amor e proteção. Mas a ver-

dade era que as entidades celestes

que se mostravam a Joana, e lhe

falavam, nada mais seriam que os

seus próprios guias espirituais ou os

Guardiães Espirituais da coletivida-

de francesa, como Santa

Genoveva, São Luís ou Carlos Mag-

no, que tomariam a aparência da-

quelas imagens a fim de infundi-

rem respeito e confiança àquele

coração heróico, capaz de um feito

importante que se refletiria até

mesmo além-fronterias da França.

Também nada impediria que as vi-

sões de Joana fossem realmente

materializações dos Espíritos da-

queles vultos da igreja de Domremy,

dado que Santa Catarina e Santa

Margarida tivessem, com efeito,

existido. Quanto a São Miguel, ci-

tado no Velho Testamento pelos

antigos profetas, possui essa

credencial para a própria identida-

de. O acontecimento, aliás, é co-

mum nos fastos espíritas e o caso

de Joana não é isolado na história

das aparições supranormais, con-

quanto seja dos mais positivos e

belos de quantos temos notícias.

Assim, nos meus oito anos de ida-

de, fato analógico passou-se, em-

bora com caráter muito restrito e

particular, em condições de

vidência, é verdade, diversas do

ocorrido em Domremy, mas funda-

mentado nos mesmos princípios. �

... as entidades celestes que se

mostravam a Joana, nada mais seriam

que os seus próprios guias espirituais...

Joana D´Arc tendo a visão do Arcanjo Miguel. Por Eugene Thirion (1876)

ASSINE: (19) 3233-559620| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

Que seria milagre?

A palavra milagre sig-

nifica: coisa admirável, extra-

ordinária, surpreendente. Popu-

larmente, porém (sob a influência

da teologia predominante no país),

por milagre entende-se:

fato sobrenatural (que

está além ou fora da Na-

tureza), algo inusitado e

inexplicável, uma der-

rogação das leis da

Natureza, pela qual Deus daria

mostra de seu poder.

Em princípio, Deus poderia

fazer milagres, pois para Ele tudo é

possível. Mas não o faz, não derroga

nem anula as leis da Natureza, por-

que Ele mesmo as fez perfeitas e o

que é perfeito não precisa ser mo-

dificado.

A demonstração da grande-

za, sabedoria e poder de Deus não

está em fazer milagres, mas, sim, em

haver criado leis tão perfeitas, que

nelas tudo está previsto e providen-

ciado, sem nada corrigir nem im-

provisar.

A explicação espírita dosmilagres

Antigamente, havia muitas

coisas consideradas como maravi-

lhoso ou sobrenatu-

ral. Algumas nem

eram fatos reais, mas

apenas crendices ou su-

perstições sem fundamen-

to. Outras eram fenômenos

verdadeiros (fatos natu-

rais) e foram considera-

das milagres por esta-

rem mal explicadas

ou serem desconhe-

cidas as suas causas.

O círculo do

maravilhoso ou do sobrenatural

vem diminuindo ao longo dos tem-

pos, pelo progresso do conheci-

mento humano, através:

- da Ciência, que revela as

leis que regem os fenômenos do

campo material;

- do Espiritismo, que revela

e demonstra a existência dos Es-

píritos e como agem sobre os flui-

dos, explicando certos fenômenos

como efeito dessa causa espiritu-

al.

As curas realizadas por Je-

sus, por exemplo, foram conside-

radas pelo povo como milagres, no

sentido que a palavra tinha na

época: o de coisa admirável, pro-

dígio.

Atualmente o Espiritismo

Milagre ou Fenômeno?por Therezinha Oliveira

Os fatos tidos como milagres nada

mais são do que fenômenos que estão

dentro das leis naturais

REFLEXÃO

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 21Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

esclarece que os fenômenos de

cura se dão pela ação fluídica,

transmissão de energias, interven-

ção no perispírito, e permite exa-

minar e compreender as curas rea-

lizadas por médiuns (espíritas ou

não) ou por pessoas dotadas de ex-

celente magnetismo. Essa explica-

ção não diminui nem invalida as

curas admiráveis, feitas por Jesus;

pelo contrário, leva-nos a reconhe-

cer que Jesus tinha alto grau de sa-

bedoria e ação, para poder acionar

assim as leis divinas e produzir tais

fenômenos.

Em conclusão

Os fatos tidos como milagres

nada mais são do que fenômenos;

fenômenos que estão dentro das leis

naturais; são efeitos cuja causa es-

capa à razão do homem comum. Po-

dem ocorrer sempre que se conju-

guem os fatores necessários para

isso.

Se há coisas que parecem

inexplicáveis para nós, é porque

nosso grau de instrução na atuali-

dade ainda não nos possibilita a

compreensão desses fenômenos.

E se não produzirmos com fa-

cilidade fenômenos como esses, é

porque ainda não desenvolvemos

suficientemente as nossas faculda-

des espirituais.

Mas tudo que acontece está

sempre dentro de leis divinas. Leis

que, sendo perfeitas e imutáveis,

não podem nem precisam ser

derrogadas, anuladas.

Os milagres que o espiritismofaz

O Espiritismo coloca ao nos-

so alcance muitos recursos espiri-

tuais com os quais se torna possível

acionarmos certas leis naturais e

produzirmos alguns fenômenos que

ajudem ao próximo e a nós mesmos.

Mas quem procurar o Espiri-

tismo somente para obter cura ime-

diata de seus males físicos e espiri-

tuais, ou para resolver de pronto

seus problemas materiais, poderá

ficar decepcionado.

Porque somente se realiza o que

estiver dentro das leis divinas. E o

Espiritismo não tem por finalidade

principal a realização de fenôme-

nos, mas, sim, o progresso moral da

humanidade.

O maior milagre que o Espi-

ritismo faz não é tirar problemas e

dores do nosso caminho. É explicar-

nos o porquê das coisas e ensinar-

nos: como podemos melhorar a nós

mesmos para gerarmos efeitos feli-

zes; como prevenir e resolver pro-

blemas espirituais, desde que em-

preguemos vontade e esforço no

sentido do bem;ou ainda, como su-

portar aquilo que, por ora, não pode

ser mudado porque nos serve de ex-

piação ou prova.

As obras que podemos fazer

Jesus realizava coisas extra-

ordinárias, devido à sua grande

evolução espiritual. Afirmou, po-

rém: “aquele que crê, em mim, fará

também as obras que eu faço e ou-

tras maiores fará, porque eu vou

para junto do Pai” (Jo 14:12)

De fato, Jesus apenas fez uma

Jesus realizava coisas extraordinárias,

devido à sua grande evolução

espiritual

REFLEXÃO

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

amostragem das realizações espiri-

tuais possíveis e, tendo ele

retornado ao plano espiritual, os

Espíritos que continuam

reencarnado na Terra poderão fa-

zer aqui muitos fenômenos admirá-

veis, ainda mais que o ser humano

está evoluindo e cada vez mais

aprendendo como lidar com as leis

e forças do mundo espiritual.

Para realizar fenômenos espi-

rituais, porém, é preciso ter fé.

Que é fé?

Fé é a convicção quanto às coi-

sas espirituais, a certeza de que, não

obstante escapem aos nossos senti-

dos comuns (por serem invisíveis e

impalpáveis), elas existem, são re-

ais e funcionam.

A fé vem como resultado do

conhecimento que se tenha a res-

peito das coisas espirituais. Pode-

mos adquirí-la:

- pela observação direta de fe-

nômenos espirituais, objetivos ou

subjetivos, ocorridos com nós mes-

mos ou com outras pessoas;

- raciocinando sobre os fenôme-

nos da vida universal, para deduzir

deles as leis e fatos que transcen-

dem aos nossos sentidos;

- por informações sobre as reali-

dades espirituais que nos forem

dadas por outros (encarnados ou

não), que nos mereçam confiança

e respeito, por sua sabedoria e au-

toridade moral.

Fé e ação

A fé constitui o ponto de

apoio indispensável para a ação es-

piritual. Tanto que Jesus dizia

freqüentemente: “A tua fé te sal-

vou”.

A fé deve levar à ação, se-

não fica um conhecimento espiri-

tual inoperante, o que levou Tiago

a dizer: “A fé sem obras é morta”.

(Tg 2:20)

Fé raciocinada

Para levar à fé acertada, a fé tem

de ser esclarecida e bem fundamen-

tada.

Uma fé:

- que nos permita entender

quem somos, de onde viemos, por

que estamos no mundo e para onde

iremos após a morte; ou seja, que

somos Espíritos filhos de Deus, vin-

dos do plano espiritual, aqui encar-

Fé, é a convicção quanto às coisas

espirituais, a certeza de que elas

existem, são reais e funcionam

REFLEXÃO

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 23Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

Fonte:

OLIVEIRA, Therezinha. Iniciação ao Espiri-

tismo. Págs. 63 – 68. Editora Allan Kardec.

Campinas/ S.P.

nados para progredirmos, até

retornarmos ao plano de onde vie-

mos;

- que nos mostre que podemos

agir sobre coisas e seres e como de-

vemos fazê-lo;

- que nos leve a querer fazer o

bem, porque é o único caminho bom

para todos;

- que nos assegure amparo e au-

xílio divinos para as nossas boas re-

alizações espirituais, através de Je-

sus e dos bons Espíritos, seus emis-

sários junto a nós;

- que nos dê coragem para per-

severar no esforço evolutivo e na

prática do bem, pela certeza de que

alcançaremos resultados

satisfatórios, agora ou depois, aqui

ou na imortalidade.

Uma fé assim é que “trans-

porta montanhas” (Mt 17:20), ou

seja: faz suportar sofrimentos, supe-

rar dificuldades, transformar situa-

ções e pessoas.

A nossa fé

Já temos alguma fé (conhe-

cemos alguma coisa da vida espiri-

tual) e com essa fé, embora ainda

pequena, já temos conseguido rea-

lizar alguma coisa, superar dificul-

dades, suportar situações.

Mas, se a cultivarmos (pelo

estudo, observação e exercício das

coisas espirituais), nossa fé cresce-

rá e nos permitirá fazer coisas mais

difíceis e importantes, verdadeira-

mente admiráveis.

Senhor, aumenta-nos a fé.

(Lc 17:5)

Tenhamos fé

Em Deus: sua bondade e po-

der são infinitos, não deixando ne-

nhuma de suas criaturas ao aban-

dono; o que for realmente bom e

necessário, Deus nos concederá, se

fizermos a nossa parte.

... se cultivarmos nossa fé, esta

crescerá e nos permitirá fazer coisas

mais difícies e importantes...

Em Jesus: como nosso Mes-

tre espiritual, Guia de nossas almas

e Luz em nosso caminho para Deus.

Nos bons Espíritos: porque

eles executam a vontade divina

dentro do que sabem e do que po-

dem, amparam e socorrem as cria-

turas, conforme o merecimento ou

a necessidade delas.

Em nós mesmos: confiemos

em nossas forças e possibilidades,

pois somos criaturas de Deus. �

REFLEXÃO

ASSINE: (19) 3233-559624| Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

Em nossa reunião da noite

de 18 de novembro de

1954, os recursos

psicofônicos do médium foram ocu-

pados pelo nosso Irmão C. T., que

fora, algum tempo antes, assistido

em nossa agremiação.

Nosso amigo C. T., que não po-

demos designar senão pelas inici-

ais, por motivos facilmente compre-

ensíveis, trouxe-nos interessante

relato de suas próprias experiênci-

as, do qual salientamos o trecho em

que se reporta à emoção de que se

viu possuído, quando, ao fitar,

compungido, um velho crucifixo,

escutou a voz de um Amigo Espiri-

tual, acordando-lhe a consciência

para a verdadeira compreensão de

Jesus; consideramos de indizível

beleza semelhante tópico da pre-

sente mensagem para referir-se ao

Cristo Vivo, fora de santuários de

pedra, servindo incessantemente

em favor do mundo.

Irmãos.

A experiência dos mais velhos é

auxílio para os mais jovens.

Quem atravessou o vale da mor-

te pode ajudar aos que ainda tran-

sitam nos trilhos obscuros da exis-

tência carnal...

A gratidão, por isso, impele-me

a trazer-vos algo de mim.

Quando de meu primeiro

contacto convosco, saí vencido, não

convencido...

Acreditei fôsseis magnetizadores

Mensagem de um Sacerdotepor Arnaldo Rocha e Francisco Cândido Xavier

Acordava, identificando a mim próprio

e, reconhecendo-me o sacerdote

categorizado que eu era

socorrendo um enfermo difícil.

E eu despertava de um pesadelo

horrível...

Acordava, identificando a mim

próprio e, reconhecendo-me o sa-

cerdote categorizado que eu era,

ressurgia, revoltado e impenitente.

Debalde benfeitores espirituais

estenderam-me os braços.

Em vão consoladoras vozes se me

fizeram ouvir.

As ordenações e

convencionalismos da Terra jaziam

petrificados em minha cabeça-

dura.

Fizera da autoridade a minha

EXPERIÊNCIA

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: 0800 770-5990 | 25Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SPASSINE: (19) 3233-5596

expressão de força que se elevava

nas funções hierárquicas com o pro-

pósito de dominar o pensamento

dos próprios irmãos.

E por mais que a piedade me

dirigisse cativantes exortações,

recalcitrei, desesperado...

Não supunha a morte fosse aque-

le fenômeno de reavivamento.

Minhas impressões do corpo fí-

sico mostravam-se intactas e mi-

nhas faculdades, intangíveis...

Reclamei meus títulos e exigi

minha casa e, naturalmente, para

não se delongarem através de con-

versação inútil, companheiros espi-

rituais tomaram-me as mãos.

Num átimo, vi-me à porta sela-

da de meu domicílio, mas agora,

sem ninguém...

Decerto, meus caridosos condu-

tores entregavam-me à própria

consciência.

Aflito, gritei por meus servido-

res, contudo, minhas vozes morre-

ram sem eco.

A noite avançara...

Desrespeitosa algazarra alcan-

çou-me os ouvidos.

Desafetos gratuitos pronuncia-

vam sarcasticamente o meu nome,

em meio da sombra espessa:

- “Abram a porta ao senhor bis-

po!”

- “Assistência para o dono da

casa!...”

- “Atendam ao visitante ilus-

tre...”

- “Lugar para Sua Eminência!...”

Isso tudo de permeio com

irreverentes gargalhadas.

Receando o ridículo, busquei a

igreja que me era familiar.

Sacerdotes amigos vigiavam em

oração.

Contudo, por mais que apelasse

para a minha condição de chefe,

ninguém me assinalou as súplicas

aflitivas.

Ajoelhei-me diante das imagens

a que rendia culto, no entanto, ja-

mais como naquela hora havia re-

parado com tanta segurança a frie-

za dos ídolos que representavam

objetos sagrados de minha fé.

Desejava fazer-me sentido, ou-

vido, tocado...

Então, como se um ímã me pro-

vocasse, retrocedi apressadamen-

te...

Em passos ligeiros, desci à pe-

quena câmara escura.

Fora atraído por meus próprios

restos.

Ali descansava, na escuridão si-

lenciosa, o corpo que me servira.

O bafio repelente do túmulo

obrigava-me a recuar...

Algo, porém, me constrangia a

compulsória aproximação.

Toquei as vestes rotas e senti

que minha alma se justapunha aos

ossos desnudados...

Queria reassumir a posição ver-

tical entre os homens.

Mas apenas vermes e mais ver-

mes eram, ali, a única nota de vida.

Dominado de terrível pavor, tor-

nei ao altar para as orações mais

íntimas... Orações que brotassem

de mim, diferentes daquelas que

decorara para iludir o tempo.

Procurei um velho crucifixo.

Ali, estava a cruz do Senhor.

Ali descansava, na escuridão silenciosa,

o corpo que me servira

EXPERIÊNCIA

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2005

Não era um ídolo, era um sím-

bolo.

Via-me sozinho, desanimado, e

orei, compungidamente.

Rememorei os ensinamentos do

Mestre Divino, que recolhia as al-

mas desarvoradas e enfermas para

restituir-lhes o alento...

E uma voz à retaguarda, cuja

inflexão de energia e brandura não

conseguiria traduzir, exclamou para

meu espírito fatigado:

- Amigo, tua casa da terra cer-

rou-se com teus olhos!...

Teus poderes eclesiásticos estão

agora reduzidos a um punhado de

cinzas...

E de todas as atividades sacer-

dotais que exerceste, permanece

tão-só esta de agora - a tua própria

fé ressuscitada na humildade do

coração!

Cristo não permanece crucifica-

do nos altares de pedra, disputan-

do a reverência daqueles que su-

pões prestigiar-lhe a memória, a pre-

ço de incenso e ouro...

Jesus está lá fora! Com as mães

que se sentem desamparadas, com

os discípulos que sustentam em si

mesmos, duro combate!...

O Senhor caminha ao longo da

velha senda que o homem palmilha,

há milênios, procurando aqueles

que anelam amealhar fraternidade

e luz, serviço e renovação...

Avança ao encontro das almas

fiéis que repartem o tempo entre a

lição que educa e o trabalho que

santifica...

Busca as crianças sem ninho,

asilando-as nos braços daqueles

que lhe recordam a amorosa exor-

tação...

Respira nas fábricas, onde o suor

dos humildes pede socorro...

Ora nos círculos atormentados

da luta redentora, onde corações

restaurados no Evangelho intentam

a construção de nova estrada para

o futuro...

Cristo vive lá fora, reconfortan-

do os caluniados e enxugando as

lágrimas de quantos se sentem mor-

rer na solidão dos vencidos...

O senhor, ainda e sempre, é o

Celeste Peregrino do mundo...

Nas noites frias, é o agasalho dos

que não receberam a graça do lar...

Junto ao fogão sem lume, é o

calor que regenera as energias dos

que não puderam adquirir uma cô-

dea de pão...

Enfermeiros nos hospitais,

conchega de encontro ao peito dos

doentes em abandono...

Amigo infatigável dos cegos e

dos leprosos, dos cansados e dos tris-

tes, instila-lhes, generoso, a bênção

da esperança...

O Mestre jamais envergou a tú-

nica da ociosidade que lhe quadra-

ria ao coração como um sudário de

morte...

Vamos! Vamos em busca do Se-

nhor Ressuscitado!

Procuremos o Cristo, além da

cruz, tomando a cruz que nos é pró-

pria, a fim de encontrá-lo na gran-

de ressurreição!...

Aflito, mas devolvido a mim

mesmo, senti frio...

Minha igreja estava gelada,

mas, ao calor da prece, roguei ao

Céu permissão para esposar novo

roteiro, sob a luz viva do Evange-

lho restaurado, na religião do es-

forço humanitário e social, com o

templo guardando a fé por base e a

caridade por teto...

E abraçando convosco a senda

renovada, tento agora avançar para

o futuro sublime!...

Que o Senhor nos ampare. �

Procuremos o Cristo, além da cruz,

tomando a cruz que nos é própria...

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Instruções

Psicofônicas. Págs.173 – 177. Feb.

Rio de Janeiro/R.J. 2005.

EXPERIÊNCIA

Julho 2005 | FidelidadESPÍRITA

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Vai estar saindo?

FUJA DO MODISMO

COM TODAS AS LETRAS

Por mais que elas se tenham tornado muito comuns hoje, evite usarfrases como: O presidente Fernando Henrique Cardoso, ele foi reeleito no

primeiro turno. / O Imposto de Renda, ele onera muito a classe média. / A

vocalista do grupo, ela virá ao Brasil ainda este ano. A repetição dossujeitos o presidente e ele, o Imposto de Renda e ele e a vocalista do grupo

e ela constitui hoje um dos mais arraigados vícios da conversação eprincipalmente dos improvisos feitos no rádio e na televisão.A pessoa inicia a oração, faz uma pausa e, para deixar mais claro osentido do que está afirmando, repete o pronome, como em: A opera-

ção do deputado (pausa), ela vai ser feita amanhã cedo. É mais um erro aevitar.Trata-se possivelmente de uma influência da língua inglesa, que agrupaverbos como em I will be doing. Só que essa forma se traduz em portu-guês por vou fazer e não por estarei fazendo ou vou estar fazendo.Portanto, fuja da moda e de frases como: Eu vou “estar levando” os

estudos a você amanhã. / Vamos “estar concluindo” os trabalhos na

próxima semana. Diga apenas, como sempre se fez: Vou enviar os estudos

a você amanhã. / Vamos concluir os trabalhos na próxima semana.

Vai e não irá fazer

São as flexões do presente do indicativodo verbo ir (vou, vais, vai, vamos, vades,vão) e não irá, iremos, etc., que se li-gam ao infinitivo para definir uma açãofutura imediata, em orações como: Eles

vão (e não “irão”) participar da festa. / O

técnico vai (e não “irá”) reformular total-

mente o elenco do clube. / Todos nós va-

mos (e não “iremos”) iniciar amanhã as

aulas de ginástica.A razão: há uma resistência muito gran-de no Brasil em relação ao futuro sim-ples (irá, fará, dirá, participará), quemuitos consideram rebuscado ou pou-co eufônico. Acontece que “irá partici-par” ou “irá iniciar” são futuro, do mes-mo modo, equivalendo a “participará”e “iniciará”, exatamente que se queremevitar.

Você concorda com esta construção: Nós vamos estar saindo esta noite? Ela vem sendo cada

vez mais empregada no lugar de: Nós vamos sair esta noite. Bem, ela pode até não ser

errada, propriamente, mas seu uso não encontra apoio na linguagem dos bons escritores.

Absolutamente desnecessária, já se tornou mais um dos modismos que contaminam uma conversa

ou um texto, como os outros dois que vamos examinar nesta página.

O presidente (pausa), ele ...

por Eduardo Martins

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com todas as Letras.

Pág. 48. Editora Moderna.

São Paulo / SP.

Assim como as criaturas, em geral, converteram as produçõessagradas da Terra em objetivo de perversão dos sentidos, movimentoanálogo se verifica no mundo, com referência aos frutos do pensamento.

Freqüentemente as mais santas leituras são tomadas à contade tempero emotivo, destinado às sensações renovadas que condigamcom o recreio pernicioso ou com a indiferença pelas obrigações maisjustas.

Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida.

O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianosvasto campo de observações pouco dignas.

Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos anotandodeficiências da letra ou catalogando possíveis equívocos, a fim deespalharem sensacionalismo e perturbação? Alinham, com avidez, ascontradições aparentes e tocam a malbaratar, com enorme desprezopelo trabalho alheio, as plantas ternas e dadivosas da fé renovadora.

A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamenteexpressiva.

É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizadorepresente conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espírito dereligiosidade precisa penetrar a leitura séria, com real atitude deelevação.

O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler paraalcançar novidades emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para atender a Deus,cumprindo-lhe a Divina Vontade.

“Quem lê, atenda.”Jesus - (Matheus, 24:15.)

Emmanuel - por Chico XavierVinha de Luz. Págs.15-16