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Grupo de jovens da MENINA, em 2003 Uma das minhas mais significa- tivas experiências durante o tempo em que morei na querida cidade de Franca, foi conhecer a Dona Nina, já no finalzinho de suas forças físi- cas, mas ainda plena de sabedoria, histórias, idealismo e um amor que raramente se encontra neste planeta. Mesmo depois do seu desencarne, em 1996, tive o privilégio de poder participar de algumas atividades do Berçário Dona Nina e das reuniões da Sociedade Espírita Legionárias do Bem, onde fui acolhido, com imenso carinho, por amigos que se tornaram inesquecíveis. Por volta do final do ano de 2002, fui convidado pela direção da casa a aceitar o desafio de reiniciar os tra- balhos da sua Mocidade Espírita, in- tegrando os jovens em seu programa de evangelização e estudos doutri- nários, retomando o trabalho que já havia sido iniciado e conduzido com extrema dedicação pela Dona Sônia Assaid Munhoz. E foi assim que, em 2003, no que hoje a gente chama de “salão velho” – um pouco antes do início das refor- mas que resultaram no magnífico pré- dio que, atualmente, abriga as obras da Legionárias do Bem - iniciamos as reuniões com o público jovem inte- ressado, aos domingos à tarde. Era uma galera muito animada e, para começar, resolvemos dar um nome à Mocidade, algo que fosse mais atrativo e comunicasse melhor o nosso objetivo. Fizemos algumas reuniões e um concurso interno que definiram o novo nome: Mocidade Espírita “Nina”, ou simplesmente MENINA. Mais adiante, os jovens quiseram criar uma camiseta também, e assim fomos fortalecendo a identidade e o sentimento de pertencimento do gru- po. Tenho uma saudade imensa desta época e daquela turma tão especial, Julho/2017 - Nº 63 - Ano VI com quem pudemos conversar so- bre os temas doutrinários, e questões profundas como autoconhecimento, inteligência emocional, afetividade, sexualidade, vida em família, carreira e outros, sempre à luz dos princípios espí- ritas, fundamentados nas obras básicas e auxiliados por auto- res como Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, Ham- med, Ermance Du- faux, etc. Dinâmicas de gru- pos, rodas de diálogo, músicas, aulas, palestras - a gente mesclava tudo isso para tentar envolver a todos e manter o interesse dos jovens, num mundo já tão cheio de apelos externos. Contávamos com a ajuda e a pre- sença eventual da Dona Sônia, do Paulinho de Paula, da Yvone Ew- bank, de participantes da USE e de outras Mocidades e outros amigos que compartilhavam seu conheci- mento conosco. Mocidade que perdura! Depois veio a reforma do prédio e passamos a funcionar provisoriamen- te no salão da sopa, até que a nova sede ficasse pronta. Aos poucos o gru- po foi amadurecendo e novos líderes foram surgindo naturalmen- te, como deve ser. Afinal, a Mocidade Espírita é justamen- te este laboratório e esta escola de pre- paração dos jovens para os desafios que a vida reserva a todos nós, além de preparar profissionais éticos, cidadãos cons- cientes e os novos líderes e dirigen- tes da casa espírita ou do movimento espírita local, regional, estadual e até nacional. Para isso são fundamentais os en- contros, confraternizações, congres- sos, festivais de arte e de música que tanto agradam aos jovens, propiciam o surgimento de novas amizades, aprofundam os estudos, oferecem uma dimensão mais crítica e mais abrangente do alcance e da aplicação dos princípios espíritas em nossa so- ciedade. E assim, aos poucos, fui delegan- do tarefas e passando o bastão. Afinal, os jovens precisam de líderes jovens, que além do conhecimento doutriná- rio, sejam capazes de acompanhá-los nestes eventos, com perfil dinâmi- co, envolvente e empreendedor, que mantenham a energia e a motivação em alta. Por motivos particulares e profis- sionais, deixei a amada Franca no iní- cio de 2009. Mas antes disso, em 2008, a ME- NINA já havia se tornado uma jovem madura, independente e segura, e passou a ser liderada por jovens saí- dos do próprio grupo. Sempre, como também deve ser, com a supervisão dos dirigentes do centro. Pois, na casa espírita ideal não há grupos hermeticamente isolados. Jovens, crianças, adultos e o pessoal da terceira idade devem conviver em harmonia, apoiando-se e complemen- tando-se. E mesmo que suas reuniões aconteçam separadamente, os mais experientes devem apoiar os mais novos, velhos e jovens precisam ser ouvidos, e não podem faltar eventos e atividades em que todas as gerações possam atuar conjuntamente, como eventos, corais, bazares, reuniões pú- blicas, obras sociais, etc. De onde estiver, Dona Nina, a nossa Tia Nina, deve estar muito or- gulhosa desta moçada que leva adian- te o ideal pelo qual ela dedicou uma vida inteira, um ideal de amor amplo e incondicional, próprio das grandes almas que Deus envia para nos lem- brar das máximas: “Amai ao próximo como a ti mesmo” e “Vós sois o sal da terra”. Parabéns, MENINA! E parafrase- ando a saudosa educadora e evangeli- zadora Dona Marisa Nalini, acrescen- to: sigam fazendo a diferença! Na casa espírita ideal não há grupos hermeticamente isolados. Jovens, crianças, adultos e o pessoal da terceira idade devem conviver em harmonia César Tuccci

Julho/2017 - Nº 63 - Ano VI Grupo de jovens da MENINA, em ... · nas regiões superiores da vida espiritual, podendo ... A palavra bem define os dias atu-ais. ... resolvi fazer uma

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Page 1: Julho/2017 - Nº 63 - Ano VI Grupo de jovens da MENINA, em ... · nas regiões superiores da vida espiritual, podendo ... A palavra bem define os dias atu-ais. ... resolvi fazer uma

Grupo de jovens da MENINA, em 2003Uma das minhas mais significa-

tivas experiências durante o tempo em que morei na querida cidade de Franca, foi conhecer a Dona Nina, já no finalzinho de suas forças físi-cas, mas ainda plena de sabedoria, histórias, idealismo e um amor que raramente se encontra neste planeta. Mesmo depois do seu desencarne, em 1996, tive o privilégio de poder participar de algumas atividades do Berçário Dona Nina e das reuniões da Sociedade Espírita Legionárias do Bem, onde fui acolhido, com imenso carinho, por amigos que se tornaram inesquecíveis.

Por volta do final do ano de 2002, fui convidado pela direção da casa a aceitar o desafio de reiniciar os tra-balhos da sua Mocidade Espírita, in-tegrando os jovens em seu programa de evangelização e estudos doutri-nários, retomando o trabalho que já havia sido iniciado e conduzido com extrema dedicação pela Dona Sônia Assaid Munhoz.

E foi assim que, em 2003, no que hoje a gente chama de “salão velho” – um pouco antes do início das refor-mas que resultaram no magnífico pré-dio que, atualmente, abriga as obras da Legionárias do Bem - iniciamos as reuniões com o público jovem inte-ressado, aos domingos à tarde.

Era uma galera muito animada e, para começar, resolvemos dar um nome à Mocidade, algo que fosse mais atrativo e comunicasse melhor o nosso objetivo.

Fizemos algumas reuniões e um concurso interno que definiram o novo nome: Mocidade Espírita “Nina”, ou simplesmente MENINA. Mais adiante, os jovens quiseram criar uma camiseta também, e assim fomos fortalecendo a identidade e o sentimento de pertencimento do gru-po.

Tenho uma saudade imensa desta época e daquela turma tão especial,

Julho/2017 - Nº 63 - Ano VI

com quem pudemos conversar so-bre os temas doutrinários, e questões profundas como autoconhecimento, inteligência emocional, afetividade, sexualidade, vida em família, carreira e outros, sempre à luz dos princípios espí-ritas, fundamentados nas obras básicas e auxiliados por auto-res como Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, Ham-med, Ermance Du-faux, etc.

Dinâmicas de gru-pos, rodas de diálogo, músicas, aulas, palestras - a gente mesclava tudo isso para tentar envolver a todos e manter o interesse dos jovens, num mundo já tão cheio de apelos externos.

Contávamos com a ajuda e a pre-sença eventual da Dona Sônia, do Paulinho de Paula, da Yvone Ew-bank, de participantes da USE e de outras Mocidades e outros amigos que compartilhavam seu conheci-mento conosco.

Mocidade que perdura!

Depois veio a reforma do prédio e passamos a funcionar provisoriamen-te no salão da sopa, até que a nova sede ficasse pronta.

Aos poucos o gru-po foi amadurecendo e novos líderes foram surgindo naturalmen-te, como deve ser. Afinal, a Mocidade Espírita é justamen-te este laboratório e esta escola de pre-paração dos jovens para os desafios que a vida reserva a todos nós, além de preparar

profissionais éticos, cidadãos cons-cientes e os novos líderes e dirigen-tes da casa espírita ou do movimento espírita local, regional, estadual e até nacional.

Para isso são fundamentais os en-contros, confraternizações, congres-sos, festivais de arte e de música que tanto agradam aos jovens, propiciam o surgimento de novas amizades, aprofundam os estudos, oferecem uma dimensão mais crítica e mais

abrangente do alcance e da aplicação dos princípios espíritas em nossa so-ciedade.

E assim, aos poucos, fui delegan-do tarefas e passando o bastão. Afinal, os jovens precisam de líderes jovens, que além do conhecimento doutriná-rio, sejam capazes de acompanhá-los nestes eventos, com perfil dinâmi-co, envolvente e empreendedor, que mantenham a energia e a motivação em alta.

Por motivos particulares e profis-sionais, deixei a amada Franca no iní-cio de 2009.

Mas antes disso, em 2008, a ME-NINA já havia se tornado uma jovem madura, independente e segura, e passou a ser liderada por jovens saí-dos do próprio grupo. Sempre, como também deve ser, com a supervisão dos dirigentes do centro.

Pois, na casa espírita ideal não há grupos hermeticamente isolados. Jovens, crianças, adultos e o pessoal da terceira idade devem conviver em harmonia, apoiando-se e complemen-tando-se. E mesmo que suas reuniões aconteçam separadamente, os mais experientes devem apoiar os mais novos, velhos e jovens precisam ser ouvidos, e não podem faltar eventos e atividades em que todas as gerações possam atuar conjuntamente, como eventos, corais, bazares, reuniões pú-blicas, obras sociais, etc.

De onde estiver, Dona Nina, a nossa Tia Nina, deve estar muito or-gulhosa desta moçada que leva adian-te o ideal pelo qual ela dedicou uma vida inteira, um ideal de amor amplo e incondicional, próprio das grandes almas que Deus envia para nos lem-brar das máximas: “Amai ao próximo como a ti mesmo” e “Vós sois o sal da terra”.

Parabéns, MENINA! E parafrase-ando a saudosa educadora e evangeli-zadora Dona Marisa Nalini, acrescen-to: sigam fazendo a diferença!

Na casa espírita ideal não há grupos

hermeticamente isolados. Jovens,

crianças, adultos e o pessoal da terceira

idade devem conviver em harmonia

César Tuccci

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Pág. 02 Suplemento - USE - Franca - A Nova Era - Julho 2017

Pergunta: Como um mesmo mentor pode orientar diversos Centros ao mesmo tempo? (José Paulo)

Resposta: Os espíritos escolhidos como mentores de um centro espírita são altamente

evoluídos e dedicaram suas vidas em benefício dos mais necessitados, na vivência das virtudes preconizadas pelo Cristo. Portanto, são entidades situadas nas regiões superiores da vida espiritual, podendo, perfeitamente, fazer vibrar seus perispíritos, num sistema de irradiação à distância, e atender a vários centros ao mesmo tempo.

Por outro lado, como são entidades de elevada hierarquia moral e intelectual, coordenam falanges de abnegados operadores no bem.

Você perguntaFelipe Salomão

Esta seção responde a perguntas dos leitores?Vale dizer que coordenam as atividades de muitos espíritos benfeitores

que lhes são subordinados. Assim, permanecendo numa espécie de direção geral, enviam seus

subordinados que, devidamente assistidos por ele, agem em seu nome, fazendo o que ele faria.

Envie sua pergunta: [email protected].

Quando há a aproximação de uma entidade espiritual, o médium sente ou capta as emanações energé-ticas desse Espírito e isto determina um impacto das vibrações do campo mental do Espírito sobre o médium. Este impacto atua nos corpos energé-ticos com repercussão no organismo.

Poder-se-ia designar de pulso me-diúnico este impacto de energias, tal qual designamos o impacto do fluxo de sangue nas artérias de pulso san-guíneo.

Esse impacto das energias do es-pírito ocasiona uma súbita produção de adrenalina com uma série de efei-tos sobre o organismo do médium. Efeitos que no médium educado, dis-ciplinado, estudioso e corretamente desenvolvido são facilmente absor-vidos chegando a ser facilmente con-troláveis.

O fenômeno mediúnico é, portan-to, um fenômeno adrenérgico, isto é, ocasiona maior liberação de adrena-lina.

Há um grande número de reper-cussões orgânicas em indivíduos do-tados de sensibilidade mediúnica que, ou não se apercebem do fato, não o compreendem ou ainda possuem blo-queios ideológicos, religiosos ou ou-tros que impedem o livre e saudável curso do fenômeno mediúnico.

Desta forma, nos médiuns em desequilíbrio, assim como no seu coração, aumenta a frequência do batimento cardíaco (taquicardia), diversas importantes artérias do or-ganismo ao receberem o fluxo de adrenalina tem sua contração altera-

Interferência do fenômeno mediúnico no tempo de ação de um medicamento

da, dentre essas citaremos as artérias renais.

Essas artérias irrigam todo o siste-ma de filtração dos rins, portanto mo-dificando a velocidade de eliminação de substâncias pela urina.

Médiuns que não exercem ade-quadamente a mediunidade, não se educam, não controlam, nem traba-lham de forma disciplinada poderiam ter seu volume e frequência de mic-ção modificados.

Como cada fármaco tem um pa-drão de tempo de manutenção na corrente sanguínea e eliminação uri-nária, o padrão fármaco-cinético, ou seja, de movimentação do medica-mento no organismo se alteraria. Daí, medicamentos não fazerem o efeito desejado, em certos casos.

A mediunidade, por si só, não cau-sa sintomas, mas, sim, o seu mau uso ou desuso.

Dr. Ricardo Di Bernardi é médico home-opata, escritor e orador espírita.

Há um grande número de repercussões

orgânicas em indivíduos dotados

de sensibilidade mediúnica

Ricardo Di Bernardi

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A palavra bem define os dias atu-ais. Todos corremos contra o tempo, atribulados com o acúmulo de afaze-res e, numa análise geral, não conse-guimos dar conta dos compromissos, que se adiam, ficam comprometidos ou até esquecidos.

Isso ocorre na esfera individual e coletiva, haja vista o volume de pro-vidências diárias com enorme gama

de assuntos e, seja por negligência, incapacidade ou limitações de todo gênero, acabam desdobrando-se em consequências outras que exigirão novas providências e reparos de alto custo, não só financeiros como morais e mesmo psicológicos e emocionais, sem falar dos prejuízos decorrentes. Observe-se, por exemplo, os acúmu-los de lixo ou sucata, sem quaisquer providências, abandonados, gerando doenças e ambientes de prostituição ou de vandalismo. E isso é apenas um exemplo material. Transfira-se a ques-tão para o aspecto moral. O fato real, entretanto, é que as atribulações des-viam os focos essenciais.

O mais interessante, porém, é que muitas delas poderiam ser evitadas. Ocorrem por força de nossos compor-tamentos ainda egoístas, gananciosos ou negligentes.

A definição da palavra já indica a

Pág. 03Suplemento - USE - Franca - A Nova Era - Julho 2017

Tratemos de nos organizar para evitar as atribulações que

podem ser evitadas e aprendamos adminis-trar aquelas que não

podem

AtribulaçõesOrson Peter Carrara - [email protected]

questão: aflição, sofrimento moral, acontecimento desagradável, agrura, adversidade.

Naquelas que não podem ser evi-tadas, todavia, e resultantes dos testes de aprendizados e amadurecimento, vale recordar que nesse programa de aperfeiçoamento moral que devemos abraçar continuamente, o pensamento de Emmanuel no livro Abrigo, é mar-cante. Reproduzo alguns trechos par-ciais do extraordinário capítulo com o mesmo título Atribulações:

a. Se há crentes aguardando vida fácil, privilégios e favores na Terra, em nome do Evangelho, semelhante atitude deve correr à conta de si mes-mos. Jesus não prometeu prerrogati-vas aos seus continuadores;

b. Asseverou que os discípulos e seguidores teriam aflições e que o mundo lhes ofereceria ocasiões de luta, sem esquecer a recomendação de

bom ânimo;c. Se o Mestre aludiu tanta vez à

necessidade de ânimo sadio, é que não

ignorava a expressão gigantesca dos serviços que esperavam os colabora-dores;

d. A experiência humana ainda é um conjunto de fortes atribulações, que costumam multiplicar-se à medi-da que se nos eleve a compreensão;

e. Responsabilidades e compro-missos envolvem sofrimentos e preo-cupações.

Peço ao leitor refletir sobre os itens acima, especialmente o “d”. Eles têm grande utilidade para nosso amadure-cimento, no enfrentamento das adver-sidades que nos conferirão imensos aprendizados e experiência. Por isso conclui aquele autor: “(...) porém te-nhamos fé e bom ânimo. Jesus venceu o mundo.”

E, claro, agora podemos dizer de nós mesmos: tratemos de nos orga-nizar para evitar as atribulações que podem ser evitadas e aprendamos ad-ministrar aquelas que não podem.

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Pág. 04 Suplemento - USE - Franca - A Nova Era - Abril Julho 2017

Hoje, resolvi fazer uma limpeza em meu escritório e, no meio da ba-gunça, encontrei um folder antigo sobre mocidade espírita, com um con-ceito da época, já que fora impresso para um EEDME (Encontro Estadual de Dirigentes de Mocidade Espírita), hoje EECDME (Encontro Estadual de Comissão Diretora de Mocidade Espí-rita).

Se não me trai a memória, o encon-tro aconteceu no ano de 1986. E eu es-tava lá. Fomos divididos em grupos, distribuídos em salas de aula, com o objetivo de conceituar o que é moci-dade espírita, sobre o que debatemos exaustivamente. Depois, em plenária do mesmo encontro, votamos pelo texto que melhor denotava o objeto do nosso estudo.

Então definimos que “Mocidade Espírita é um grupo de jovens que se reúnem com o objetivo de estudar a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, e temas atuais à luz do Espiri-tismo, contribuindo, assim, para a in-formação e formação moral do jovem. O grupo denominado mocidade é um departamento do Centro Espírita, no qual realiza suas reuniões de estudo e desenvolve tarefas. Praticando os pre-ceitos de Jesus, a Mocidade interage no meio-social. Estrutura atividades que atendam aos interesses e neces-sidades do jovem que dela participa. Através do Movimento de Unificação, busca seu aperfeiçoamento”. Esse é o texto que aprovamos na época e que foi divulgado por meio de folder.

Foi na Mocidade que eu conheci a USE, a União das Sociedades Espíri-tas do Estado de São Paulo, entidade federativa que coordena o Movimento Espírita no Estado. A USE está come-morando, neste ano, 70 anos de ser-viços prestados aos centros espíritas e ao movimento espírita.

Do período de novembro de 1992 a março de 1994, fui diretor do Departa-mento de Mocidades da USE Estadu-al, na gestão de Antônio César Perri de Carvalho, onde além do apoio recebi-do, viajei pelo Estado, conheci melhor a USE e sua estrutura democrática. Representei-a em diversos eventos da FEB (Federação Espírita Brasileira) em Brasília, Goiânia, Porto Alegre e

Nosso maior legado (trabalho prestado) foi a aproximação dos jovens ao Mo-vimento Espírita

A Mocidade Espírita, a USE e minha vida Adolfo de Mendonça Junior

São Paulo, por exemplo; também fui assessor do bloco norte (USE Regio-nal Franca e USE Regional Ribeirão Preto), na última gestão do saudoso Attilio Campanini, no triênio 2003 a 2006, além de ter sido presidente da USE In-termunicipal e da USE Regional de Franca.

Eu diria que nosso maior legado foi a apro-ximação dos jovens ao Movimento Espírita, de-monstrando que é possível o trabalho em equipe, entre jovens e adultos, pela união e unificação. Apaixonei-me pela USE e pela máxima: a USE “[...] não impõe nem interfere nas atividades do Centro Espírita, mas sugere, orienta, aproxima e divulga experiências”. Participando das reuniões do Departa-mento de Mocidade, das reuniões do CDE (Conselho Deliberativo Estadu-al) e do CDI (Conselho Deliberativo da USE Intermunicipal), aprendi o que é democracia participativa e sua importância.

A minha juventude foi laureada com o estudo e a vivência de prin-cípios que até hoje norteiam minha vida. Numa época de transição da in-fância à vida adulta, no momento em que a Alma assume a sua verdadeira personalidade, a mocidade foi muito importante em minha adolescência e em minha vida. Nela tive uma orien-

Thermutes Lourenço, co-fundadora da Mocidade Espírita de Franca.

tação segura. Reconhecendo minhas tendências negativas, sei que a Mo-cidade contribuiu para que eu me tor-nasse um homem de bem ou melhor, um homem que luta contra suas más

tendências.Foi uma época de

muita felicidade e de muito trabalho: as cami-nhadas com o médium Zé Paulo, da Casa da Prece, do Jardim Cen-tenário; as visitas aos

velhinhos do Lar de Ofélia, no Jardim Planalto; as reuniões do Departamen-to de Mocidade, no Judas Iscariotes; as monitorias da Comenesp (Confra-ternização das Mocidades Espíritas do Norte do Estado de São Paulo); os estudos do Grupão, no Centro Espírita Esperança e Fé, aos domingos à noite; as reuniões festivas no último sábado

do mês, onde cumprimentávamos os aniversariantes; as campanhas contra o aborto e pena de morte, temas ainda hoje tão sensíveis aos jovens; as gin-canas da MEMB (Mocidade Espírita Maria Barini); as festas juninas e o GEFA (Grande Encontro de Final de Ano).

O ponto forte da mocidade espíri-ta é o estudo em grupo, onde apren-demos ao manusear os livros, nesse caso, as obras fundamentais de Allan Kardec.

O estudo em grupo, ainda é um desafio para o movimento espírita. Te-mos que aprender com os jovens essa prática tão importante e libertadora, que nos possibilita estudar e refletir sobre a obra de Allan Kardec. “Tanto para os jovens como para os adultos o estudo em grupo é o mais eficiente até porque nós não podemos esquecer que na base do Cristianismo, o próprio Jesus desistiu de agir sozinho, procu-rando agir em grupo (XAVIER, 1975, p.28)”. Para os centros espíritas inte-ressados em estudar em grupo, com técnicas de ensino, indico o livro “Pre-parar aulas de evangelização a partir de O Evangelho segundo o Espiritis-mo, de Allan Kardec: crianças, jovens e adultos, vol. 1”, de Thermutes Lou-renço, para o estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Fonte bibliográfica:XAVIER, Francisco Cândido.

A terra e o semeador. Pelo Espírito Emmanuel. Araras (SP), IDE, 1975. Disponível em: [http://www.institu-tochicoxavier.org.br/wp-content/uplo-ads/2015/03/aterraeosemeador.pdf]. Acesso em 30 de maio de 2017.