116
JULIANO MARCON BALTAZAR DIVERSIDADE E ASPECTOS ECOLÓGICOS DE FUNGOS PORÓIDES ( HYMENOCHAETALES E POLYPORALES ) EM REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL RECIFE FEVEREIRO/2010

JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

JULIANO MARCON BALTAZAR

DIVERSIDADE E ASPECTOS ECOLÓGICOS DE FUNGOS PORÓIDES

(HYMENOCHAETALES E POLYPORALES) EM REMANESCENTES DE

MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL

RECIFE

FEVEREIRO/2010

Page 2: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE FUNGOS

DIVERSIDADE E ASPECTOS ECOLÓGICOS DE FUNGOS PORÓIDES

(HYMENOCHAETALES E POLYPORALES) EM REMANESCENTES DE

MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL

Juliano Marcon Baltazar Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos do Departamento de Micologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia de Fungos. Área de Concentração: Taxonomia e Ecologia de Fungos Orientador: Dra. Tatiana Baptista Gibertoni

RECIFE

FEVEREIRO/2010

Page 3: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon Diversidade e aspectos ecológicos de fungos poróides (Hymenochaetales e Polyporales) em remanescentes de Mata Atlântica no Estado de Pernambuco, Brasil / Juliano Marcon Baltazar. – Recife: O Autor, 2010. 115 folhas : il., fig., tab.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Biologia de Fungos, 2010.

Inclui bibliografia.

1. Micologia – Pernambuco, Brasil 2. Fungos 3. Ecologia 4. Taxonomia I. Título. 579.59 CDD (22.ed.) UFPE/ CCB – 2010- 044

Page 4: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses
Page 5: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Pra cada voz da verdade

Outra diz: talvez não seja!

12 linhas, Siba e a Fuloresta

Dedico a Lari e Pepe, minha família em Recife,

e a meus pais, incentivadores incondicionais de

tudo o que faço.

Page 6: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Agradecimentos

Agradeço a Dra. Tatiana Baptista Gibertoni, por aceitar orientar-me durante este

trabalho e pelas muitas contribuições durante todo o mestrado. Também agradeço pelo

apoio e pela colaboração em trabalhos que foram além do proposto no projeto.

Ao Dr. Paulo J. P. Santos (Depto Zoologia/UFPE), pelo auxílio imprescindível no

delineamento do projeto e nas análises ecológicas.

Aos membros da banca examinadora desta dissertação, pelas contribuições: Dra. Clarice

Loguercio Leite, Dra. Rosa Mara Borges da Silveira, Dr. Aristóteles Góes Neto e Dr. Iuri

Goulart Baseia.

Aos responsáveis pelas áreas de coleta, por permitirem o acesso às áreas e a coleta dos

materiais: à direção do Parque Dois Irmãos, ao Ricardo Souza Leão (administrador da

RPPN Carnijó), ao Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Caruaru

(Brejo dos Cavalos), e a Júlia Alves da ONG AMATUR e a Prefeitura Municipal de

Limoeiro (Mata do Estado).

A todos que auxiliaram ou acompanharam as coletas: Gilson Régio (Mata do Estado),

José Luciomario de Araújo (Brejo dos Cavalos), Larissa Trierveiler Pereira, Victor Rafael

M. Coimbra, Mônica Antunes Ulyssèa, Felipe Wartchow, Tatiana Baptista Gibertoni e

Valéria Santana.

À Dra. Leonor Costa Maia, curadora do Herbário Pe. Camille Torrend (URM), pelo

acesso às exsicatas depositadas neste herbário e por solicitar o empréstimo de exsicatas de

outros herbários. A todos que trabalham naquele herbário, pelo auxílio na localização de

exsicatas e no tombamento dos materiais deste trabalho. Aos curadores do herbários

FLOR, JPB, K e O, pelo empréstimo de materiais.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela

concessão de bolsa. Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos pelo auxílio

anual concedido. À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de

Pernambuco (FACEPE, APQ-0444-2.03/08), pelo financiamento parcial do projeto. À Pró-

Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ), pelo auxílio para a

participação no IV Congresso Latino-Americano de Micologia. À Associação Micológica

Carlos Spegazzini, pela concessão da “Beca Jorge E. Wright” durante o mesmo congresso.

Ao Dr. Leif Ryvarden (Universidade de Oslo, Noruega), pelo auxílio na identificação de

alguns espécimes e pela colaboração em alguns trabalhos.

Page 7: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Aos diversos micólogos que contribuíram com este trabalho pelo envio de bibliografia

ou por discussões: Dra. Adriana de Melo Gugliotta, Dr. Aristóteles Góes Neto, Dra.

Clarice Loguercio Leite, Dr. Gregory M. Mueller, Dra. Maria Alice Neves, Dr. Mario

Rajchenberg, MSc. Mateus A. Reck, BSc. Mauro Westphalen, Dra. Rosa Mara Borges da

Silveira, Dr. Shaun Pennycook, Dr. Tuomo Niemelä e Dr. Yu-Cheng Dai. À MSc. Allyne

C. G. Silva e MSc. Elisandro R. D. Santos, pelos trabalhos em parceria.

Aos professores das disciplinas que cursei, pela contribuição à minha formação.

Aos colegas de laboratório, pelo convívio, pelas discussões e pelos momentos de

descontração.

Por fim, agradeço a todos que me apoiaram durante estes dois anos de mestrado,

especialmente a minha esposa Larissa, a Penélope, a minha família, aos colegas de

mestrado e a meus amigos. Muito obrigado por tudo!

Page 8: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

RESUMO

Os fungos poróides são caracterizados pelos basidiomas com himenóforo tubular/poróide.

A maioria das espécies desse grupo se desenvolve sobre madeira morta decompondo este

substrato. Com o objetivo de contribuir com o conhecimento sobre esses organismos no

Brasil, a diversidade e aspectos ecológicos de fungos poróides foram investigados em

quatro remanescentes de Mata Atlântica em Pernambuco. Percorreu-se um transecto de

500 × 20 m, em nove visitas a campo em cada área de estudo no período de junho/2008 a

maio/2009. Foram coletados 922 espécimes correspondendo a 67 espécies, 35 gêneros, oito

famílias e duas ordens. Duas espécies são novas para a ciência, cinco são novas

ocorrências para o Brasil, dez para o Nordeste e dez para Pernambuco. Nove espécies

foram encontradas em todas as áreas, enquanto o total de espécies encontradas em somente

uma das quatro áreas foi 39. A diversidade de fungos poróides não diferiu

significativamente entre os tipos vegetacionais estudados, enquanto houve diferença entre

as épocas chuvosa e seca. O número de ocorrências foi maior do que o esperado no estágio

intermediário de decomposição do substrato, e menor do que o esperado no estágio

avançado. O número de troncos disponíveis em uma classe de diâmetro parece ser mais

importante para a ocorrência de fungos poróides do que a área de madeira disponível nesta

classe, enquanto a área parece ser importante para o número de espécies.

Palavras-chave: Basidiomycota, Agaricomycetes, Aphyllophorales, ecologia, taxonomia.

Page 9: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

ABSTRACT

The polypores are characterized by the basidiomata with tubular/poroid hymenophore.

Most of the polypores species are wood decayer. In order to increase the knowledge about

these organisms in Brazil, the diversity and ecological aspects of polypores were

investigate in four Atlantic Rain forests remants in the State of Pernambuco. A transect of

500 × 20 m was surveyed nine times in each area from June/2008 to May/2009. A total of

922 specimens were collected, corresponding to 67 species, 35 genera, eight families and

two orders. Two species are new to science, five are new records from Brazil, ten to the

Northeastern region and ten to Pernambuco. Nine species were found in all four areas,

while 39 species were found only in one of the four areas. There was no significant

difference of the diversity of polypores among the studied vegetagion types, while there

was difference between the rainy and dry seasons. The number of occurrences was higher

than expected in the decay stage 2, and less than expected in decay stage 3. The number of

available trunks in a diameter class seems to be more important to the polypores incidence

than the available wood area in the same class, while this area seems to be important to the

number of species.

Key-words: Basidiomycota, Agaricomycetes, Aphyllophorales, ecology, taxonomy.

Page 10: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Lista de figuras

Pág.

Figura 1 – Características microscópicas de “Coltricia velutina” ................................ 40

Figura 2 – Características microscópicas de “Diplomitoporus ellipsosporus” ............. 67

Figura 3 – Características macroscópicas de “Coltricia velutina” ............................... 95

Figura 4 – Basidiomas de novos táxons e novas ocorrências para o Brasil .................. 96

Figura 5 – Número de gêneros e espécies encontrados por família .............................. 97

Figura 6 – Número de espécimes coletados por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA

= RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos) ............................

98

Figura 7 – Número de espécies coletadas por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA =

RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos) ................................

98

Figura 8 – Curvas cumulativas de espécies para as áreas estudadas (DI = Parque

Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos) .

99

Figura 9 – Valores totais de precipitação mensal nas áreas de coleta durante o

período de junho/2008 a maio/2009 .............................................................................

102

Page 11: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Lista de tabelas

Pág.

Tabela 1 – Famílias e espécies de fungos poróides encontradas, indicando as novas

ocorrências para o estado de Pernambuco (PE), para a região Nordeste (NE), para o

Brasil (BR) e para a ciência (CI) ..................................................................................

22

Tabela 2 – Simililaridade entre as áreas calculadas com o índice de Sørensen ........... 99

Tabela 3 – Estatísticas R (p<0,001 e número de permutações>4000 para todos os

valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator

área (Rglobal = 0,758, p < 0,001, número de permutações = 10000) ..............................

100

Tabela 4 – Estatísticas R (p<0,001 e número de permutações>4000 para todos os

valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator

área para setembro/2008 (Rglobal = 0,433, p < 0,001, número de permutações =

10000) ...........................................................................................................................

100

Tabela 5 – Estatísticas R (p<0,001 e número de permutações>4000 para todos os

valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator

área para maio/2009 (Rglobal = 0,341, p < 0,001, número de permutações = 10000) ....

101

Page 12: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

SUMÁRIO

Pág.

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15

2.1. Fungos poróides em Mata Atlântica ....................................................................... 15

2.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides ................................................................ 16

3. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 18

3.1. Áreas de coleta ........................................................................................................ 18

3.2. Coletas, herborização e análise dos espécimes ....................................................... 19

3.3. Análise dos dados ecológicos ................................................................................. 20

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 22

4.1 Taxonomia ............................................................................................................... 22

4.1.1. Fomitopsidaceae .................................................................................................. 27

4.1.2. Ganodermataceae ................................................................................................ 31

4.1.3. Grammotheleaceae .............................................................................................. 36

4.1.4. Hymenochaetaceae .............................................................................................. 37

4.1.5. Meripilaceae ........................................................................................................ 56

4.1.6. Phanerochaetaceae ............................................................................................. 58

4.1.7. Polyporaceae ....................................................................................................... 60

4.1.8. Schizoporaceae .................................................................................................... 93

4.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides nas áreas estudadas ................................ 96

4.2.1. Diversidade de fungos poróides nas áreas estudadas .......................................... 96

4.2.2. Análises de similaridade (ANOSIM) .................................................................. 99

4.2.3. Importância do nível de decomposição e do tamanho do substrato na

composição das espécies ...............................................................................................

102

5. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 105

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 106

Page 13: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 13

1. INTRODUÇÃO

Os fungos poróides são basidiomicetos macroscópicos caracterizados por apresentarem

o himenóforo tubular ou poróide (Gilbertson & Ryvarden, 1986; Alexopoulos et al., 1996).

Muitas espécies deste grupo possuem relações filogenéticas distantes, o que já era

reconhecido por Donk (1964). Este autor classificou as espécies poróides nas famílias

Bondarzewiaceae, Coniophoraceae, Corticiaceae, Hymenochaetaceae, Ganodermataceae,

Polyporaceae e Thelephoraceae. Estas famílias, entretanto, também acomodam espécies

com outras configurações himenoforais que não tubular/poróide. Segundo o sistema de

classificação adotado por Kirk et al. (2008), as espécies de basidiomicetos poróides estão

distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes.

Atualmente, cerca de 1200 espécies desses organismos são conhecidas, de um total em

torno de 100 mil espécies descritas no Reino Fungi (Mueller et al., 2007). Entretanto, a

diversidade fúngica é estimada em torno de 1,5 milhão de espécies (Hawksworth, 1991),

sendo este número visto como conservador em trabalhos mais recentes (Cannon, 1997;

Hawksworth, 2001). Considerando estes dados, o conhecimento atual do reino

corresponderia à cerca de 7% da real diversidade.

A maioria das espécies de basidiomicetos poróides se desenvolve sobre madeira morta

decompondo este substrato. Entretanto, existem também espécies capazes de colonizar

tecidos vegetais vivos, sendo algumas delas estritamente parasitas (Alexopoulos et al.,

1996). Recentemente foi comprovado que algumas espécies de Coltricia e Coltriciella,

fungos que se desenvolvem no solo ou madeira em decomposição, são capazes de

estabelecer relações ectomicorrízicas (Tedersoo et al., 2007).

As espécies decompositoras de madeira são aquelas que possuem papel ecológico mais

evidente, visto que são os principais decompositores de madeira em todos os ecossistemas

arbóreo-arbustivos do mundo (Rossman et al., 1998). Eles degradam a matéria orgânica,

permitindo que esta seja reutilizada por outros organismos, além de disponibilizar áreas do

solo de florestas ocupadas por matéria orgânica morta (Hyde & Lee, 1995). Os fungos

poróides estão entre os poucos organismos capazes de degradar lignina, o que os torna

imprescindíveis no processo de decomposição (Carlile et al., 2001).

Graças a essa capacidade, algumas espécies desse grupo de fungos estão sendo

estudadas quanto o seu potencial biotecnológico. Exemplos são a utilização desses fungos

Page 14: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 14

em biorremediação de solos, tendo em vista a capacidade de algumas espécies em degradar

organopoluentes (Namhyun et al., 2000), bem como em processos de polpação e no

tratamento de efluentes nas indústrias de celulose e papel (Raghukumar, 2000).

A Mata Atlântica é uma formação vegetal arbórea, tipicamente tropical, que abrange a

região litorânea da costa brasileira do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, com

algumas incursões no interior das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e da

Argentina e Paraguai. Estima-se que sua área original era cerca de 1,36 milhões de km2

(Porto et al., 2006), e atualmente está reduzida a 7,26% desse valor (Fundação SOS Mata

Atlântica & INPE, 2008).

Por outro lado, os brejos de altitude são ilhas de formações vegetacionais úmidas e

subúmidas, inseridas nas zonas semi-áridas do agreste e do sertão nordestinos (Andrade-

Lima, 1960; 1961). São caracterizados por uma vegetação arbórea mais densa

condicionada pela orografia, proporcionando um microclima diferenciado com

pluviosidade superior à do entorno, que é constituída por vegetação xerófita de caatinga

(Andrade-Lima, 1960; Andrade & Lins, 1964). Os brejos são considerados disjunções da

floresta estacional semidecidual montana (IBGE, 1985), sendo esta um dos tipos

vegetacionais que compõem a Mata Atlântica (Veloso et al., 1991).

A Zona da Mata de Pernambuco tem sido investigada quanto à diversidade de

basidiomicetos poróides (Cavalcanti, 1976; 1987; Gibertoni & Cavalcanti, 2000; 2003,

Gibertoni et al., 2004a,b,c). Entretanto, nenhum estudo específico sobre estes organismos

em brejos de altitude foi realizado até o momento. Cavalcanti (1976) relata a ocorrência de

18 espécies nestas vegetações, porém seu trabalho foi dedicado a Zona da Mata, que é

composta principalmente por Mata Atlântica de planície.

O presente trabalho objetivou contribuir para o conhecimento relativo à diversidade de

fungos poróides em áreas de Mata Atlântica de Pernambuco, especialmente brejos de

altitude, além de investigar parâmetros ecológicos (diversidade, análises de similaridade e

relações com o substrato) de comunidades destes fungos em brejos de altitude e floresta

Atlântica de terra baixa.

Page 15: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Fungos poróides em Mata Atlântica

O início dos estudos de basidiomicetos poróides em Mata Atlântica coincide com a

primeira coleta de um fungo realizada no Brasil, já que este se trata de um espécime de

Pycnoporus sanguineus coletado em 1767 nas cercanias da cidade do Rio de Janeiro

(Fidalgo, 1970).

Até meados do século XIX, os relatos desses fungos em Mata Atlântica são esporádicos

e nenhum trabalho sistemático foi realizado (Fidalgo, 1968c). As primeiras contribuições

substanciais à esse conhecimento foram publicadas por micólogos europeus, com base em

espécimes coletados por naturalistas do mesmo continente em viagens ao Brasil (Berkeley,

1842; Hennings, 1902; 1904a,b; Patouillard, 1907).

Posteriormente, três europeus residentes no Brasil fizeram uma importante contribuição

ao estudar basidiomicetos poróides dos estados da Bahia e Rio Grande do Sul,

principalmente (Rick, 1907; 1924; 1938a,b; 1959a,b; 1960; Theissen, 1911; 1912; Torrend,

1920a,b; 1922; 1926; 1935, 1938). Infelizmente, muitos dos espécimes estudados por estes

autores carecem de informações precisas sobre o local de coleta, o que impossibilita

afirmar em qual bioma brasileiro estas espécies ocorrem com base apenas em seus

trabalhos.

As contribuições recentes mais importantes têm sido publicadas por grupos de pesquisas

situados nos estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina

(Baltazar & Gibertoni, 2009).

O primeiro trabalho sobre fungos poróides no estado de Pernambuco foi publicado por

Tavares (1939), que registra a ocorrência de 23 espécies. O Instituto de Micologia, fundado

e dirigido pelo Professor Augusto Chaves Batista, produziu três trabalhos sobre o tema nas

décadas de 40 e 60 do século passado (Batista, 1949; Batista & Bezerra, 1960; Singer,

1961).

Posteriormente, uma contribuição significante foi dada por Cavalcanti (1976), que

registrou a ocorrência de 37 espécies para a Zona da Mata de Pernambuco e alguns brejos

de altitude. Nas duas décadas seguintes, o único trabalho em áreas de Mata Atlântica em

Page 16: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 16

Pernambuco tratou do primeiro relato de Albatrellus ovinus (Schaeff.) Kotl. & Pouzar para

o Brasil (Cavalcanti, 1987).

Uma nova contribuição significativa ao conhecimento destes organismos em

Pernambuco só ocorreu nesta década, com os trabalhos de Gibertoni & Cavalcanti (2000;

2003), Gibertoni (2004) e Gibertoni et al. (2004a,b,c).

Recentemente, Baltazar & Gibertoni (2009) compilaram as espécies de fungos poróides

registradas para a Mata Atlântica brasileira, juntamente com outras espécies anteriormente

classificadas na Ordem Aphyllophorales. Nas referências bibliográficas deste artigo estão

relacionados praticamente todos os trabalhos sobre esses fungos em Mata Atlântica.

2.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides

Os estudos sobre aspectos ecológicos de fungos poróides tiveram início recentemente, e

geralmente estão incluídos em trabalhos que os abordam juntamente com outros grupos de

basidiomicetos xilófilos. Alguns desses trabalhos avaliam a relação entre diversidade e os

estágios sucessionais de florestas (Iwabuchi et al., 1994; Sippola & Renval, 1999; Nordén

& Paltto, 2001; Packham et al., 2002; Rolstad et al., 2004). Com exceção de Nórden &

Paltto (2001), todos os trabalhos encontraram uma correlação positiva entre riqueza de

espécies e idade dos fragmentos florestais, sendo a causa desses resultados, segundo os

autores, devido à maior oferta de madeira morta com grande variedade de estágios de

decomposição em fragmentos mais antigos. Nórden & Paltto (2001) encontraram uma

correlação negativa entre estes fatores, porém não souberam explicar estes resultados.

Hattori (2005), estudando basidiomicetos poróides em florestas do Japão, concluiu que a

composição florística influencia a riqueza e diversidade deste grupo de fungos.

Outros trabalhos abordam a influência de distúrbios ambientais e/ou fragmentação de

habitat na composição das comunidades fúngicas (Bader et al., 1995; Lodge & Cantrell,

1995; Lindblad, 1998; 2001a; Sverdrup-Thygesona & Lindenmayer, 2003; Lindhe et al.,

2004; Pentillä et al., 2004; 2006; Yamashita et al., 2008). De uma forma geral, todos os

trabalhos concluem que distúrbios ambientais e/ou fragmentação de habitat afetam

negativamente a riqueza e diversidade desse grupo.

Outro tema recorrente na literatura é a avaliação da influência de características do

substrato na composição de comunidades fúngicas (Renvall, 1995; Lindblad, 1998; 2001a;

Nordén & Paltto, 2001; Heilmann-Clausen & Christensen, 2004; Nordén et al., 2004;

Urcelay & Robledo, 2004; Siitonen et al., 2005; Gibertoni et al., 2007; Gibertoni, 2008;

Page 17: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 17

Küffer et al., 2008). A maioria dos trabalhos demonstra que a riqueza e diversidade de

fungos poróides estão positivamente relacionadas ao tamanho ou estágio de decomposição

do substrato, porém os resultados discordam quanto às classes de tamanho e de

decomposição que apresentam maior ocorrência e número de espécies de fungos poróides.

A especificidade ou preferência por hospedeiro também foi estudada em alguns

trabalhos recentes (Lindblad, 2000; Gilbert & Sousa, 2002; Gilbert et al., 2002; 2008;

Robledo et al., 2006; Drechsler-Santos et al., no prelo). Com exceção de Gilbert et al.

(2002), todos os trabalhos encontraram algum grau de preferência ou especificidade de

hospedeiro em espécies de fungos poróides.

Alguns trabalhos parecem ser exclusivos no tema abordado. Núñez (1996) avaliou a

presença de basidiomicetos poróides em um gradiente de altitude e umidade, e concluiu

que florestas úmidas podem servir como refúgios para que estes esporulem, já que a

maioria dos basidiomas encontrados em florestas secas estava estéril. A mesma autora não

encontrou diferenças significantes em relação à altitude. Lindblad (2001b) investigou a

diversidade de basidiomicetos poróides e corticióides ao longo de um gradiente de

precipitação, concluindo que a diversidade varia de florestas secas para úmidas.

Recentemente, Urcelay & Robledo (2009) analisaram a relação entre tamanho do substrato

e tamanho dos basidiomas, e encontraram uma relação positiva entre esses fatores.

A maioria dos trabalhos citados acima foi realizada em florestas subtropicais,

temperadas ou boreais. Entretanto, alguns trabalhos foram realizados em florestas tropicais

(Lodge & Cantrell, 1995; Lindblad, 2000; 2001a,b; Gilbert & Sousa, 2002; Gilbert et al.,

2002; 2009; Yamashita et al., 2008). Os únicos trabalhos realizados no Brasil são os de

Gibertoni et al. (2007), Gibertoni (2008) e Drechsler-Santos et al. (no prelo).

Page 18: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 18

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Áreas de coleta

As áreas onde foram realizadas as coletas compreendem quatro remanescentes de Mata

Atlântica no estado de Pernambuco, sendo dois brejos de altitude (Brejo dos Cavalos e

Mata do Estado) e duas áreas de floresta Atlântica de terra baixa (Parque Dois Irmãos e

Reserva Ecológica Carnijó).

O Parque Ecológico João de Vasconcelos Sobrinho (BC), conhecido popularmente por

Brejo dos Cavalos, está situado no município de Caruaru, entre 800 a 950 m de altitude

(Bandeira & Vasconcellos, 2004). O parque, que possui uma área de 90,41 km2 (Santos &

Tabarelli, 2004), abriga uma floresta exuberante e de considerável diversidade (CPRH,

1994), o que levou a Conservation International do Brasil et al. (2000) a considerá-lo área

prioritária para a conservação da Mata Atlântica. O parque é uma das Unidades de

Conservação de brejos de altitude sobre o maciço da Borborema, criado através da Lei

Municipal Nº 2.796, de 07/07/1983 (Locatelli et al., 2004).

O outro brejo de altitude explorado, a Mata do Estado (ME), está situado no município

de São Vicente Férrer e possui uma área de 41,40 km2 e altitude por volta de 550 m

(Santos & Tabarelli, 2004). Assim como o Brejo dos Cavalos, a Mata do Estado também

está situada sobre o maciço da Borborema, e faz parte do complexo da Serra do

Mascarenhas e Jundiá. É uma importante reserva florestal, pois possui cerca de 30

nascentes, destacando-se aquelas que contribuem para a formação das Bacias dos Rios

Siriji e Capibaribe-Mirim (CPRH, 1994).

O Parque Dois Irmãos (DI) está localizado no município de Recife e possui uma área de

374 ha. Este parque corresponde a um dos mais significativos do Estado em extensão e

biodiversidade, sendo formado por um remanescente de Mata Atlântica em estágio

avançado de regeneração. Por isso, assim como o Brejo dos Cavalos, foi considerado pela

Conservation International do Brasil et al. (2000) como área prioritária para a conservação

da Mata Atlântica. Atualmente a área é administrada pela Companhia de Saneamento de

Pernambuco (COMPESA).

A Reserva Ecológica Carnijó (CA), ou Reserva Particular do Patrimônio Natural

Fazenda Santa Beatriz de Carnijó, foi reconhecida como RPPN pelo IBAMA em 2001.

Page 19: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 19

Está situada no município de Moreno, ao nível do mar, e é formada por remanescentes de

Mata Atlântica, totalizando uma área de 126,5 ha (Reserva Ecológica Carnijó, 2008).

3.2. Coletas, herborização e análise dos espécimes

Em cada área de estudo foi definido um transecto de 500 × 20 m em uma trilha pré-

existente, dividido em 5 subtransectos de 100 × 20 m. Foram realizadas expedições

mensais em cada área de julho a novembro de 2008, e bimestrais de janeiro a maio de

2009. Espécimes foram coletados sempre que encontrados em bom estado; aqueles

encontrados em grau avançado de deterioração não foram coletados. Os basidiomas foram

retirados do substrato com auxílio de uma faca ou canivete, e acondicionados em sacos de

papel, nos quais foram anotados os dados da coleta (data, transecto, substrato, número do

tronco quando este estava marcado). Em laboratório, os basidiomas foram mantidos em

estufa a 45 °C por um período de 2-4 dias para secagem (Fidalgo & Bononi, 1989),

variando para cada material.

A análise macroscópica dos basidiomas foi feita a olho nu e em microscópio

estereoscópico, e as seguintes características foram observadas: modo de inserção no

substrato, tamanho (comprimento, largura, espessura), consistência, cor e características

das superfícies do píleo e dos poros, dos tubos, do contexto e da margem do basidioma. As

cores foram codificadas de acordo com a carta de Watling (1969).

Para a análise microscópica foram feitos cortes a mão livre de diferentes partes do

basidioma (cobertura do píleo, contexto e tubos) em microscópio estereoscópico,

utilizando uma lâmina de aço. Os cortes foram colocados entre lâmina e lamínula, para

observação em microscópio de luz com diferentes objetivos: em solução aquosa de

hidróxido de potássio 3-5% e floxina a 1% para a observação e medição de

microestruturas, sendo o primeiro um hidratante e a segunda um corante citoplasmático;

em reagente de Melzer (Ryvarden, 2004) para observação das reações das paredes das

microestruturas, que podem ser negativas ou positivas — amilóides (tom azul a roxo) ou

dextrinóides (tom castanho a avermelhado); e em azul de algodão, para observar a reação

nas microestruturas, sendo estas chamadas de cianófilas quando a reação for positiva. As

características microscópicas observadas foram: sistema hifálico e características das hifas,

basídios, basidiosporos e elementos estéreis (cistídios, setas, medas, etc). As

microestruturas foram medidas com auxílio de uma ocular micrometrada em aumento de

Page 20: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 20

1000x, e ilustrações foram feitas utilizando uma câmara clara acoplada ao microscópio de

luz.

Após as análises macro e microscópicas os espécimes foram identificados com apoio de

bibliografia especializada, principalmente os trabalhos de Ryvarden & Johansen (1980),

Gilbertson & Ryvarden (1986; 1987), Ryvarden (2004; 2005), Núñez & Ryvarden (1995;

2000; 2001). Adotou-se o sistema de classificação de Kirk et al. (2008) para os níveis

taxonômicos acima de gênero.

Os espécimes identificados foram depositados no Herbário Padre Camille Torrend

(URM) do Departamento de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco.

3.3. Análise dos dados ecológicos

Para as análises de dados, foram construídas planilhas no programa Microsoft Excel

2003® relacionando a presença (1) ou ausência (0) de cada espécie em cada uma das 36

visitas a campo (nove visitas em cada uma das quatro áreas). A partir dessas planilhas,

foram realizadas análises utilizando o software PRIMER® 5.2.4. (Plymouth Routines in

Multivariate Ecological Researches).

Foi utilizado como medida de similaridade nas análises de similaridade (ANOSIM) o

índice de Sørensen, que é calculado pela fórmula S = 2c/a+b, na qual a representa o

somatório das ocorrências de todas as espécies na primeira localidade, b, o somatório das

ocorrências de todas as espécies na segunda localidade, e c o somatório das ocorrências

comuns a ambas as localidades (Sørensen, 1948). O resultado varia entre 0 (desigualdade

absoluta) e 1 (igualdade absoluta).

A ANOSIM consiste em um teste de permutações que permite testar

diferenças/similaridades entre grupos de amostras (Clarke & Warwick, 1994; Clarke &

Gorley, 2001). A ANOSIM (com um fator ou com dois fatores cruzados) foi utilizada para

investigar se existe diferença significativa na estrutura da associação de fungos poróides

quando as amostras são organizadas de acordo com os seguintes fatores: época de coleta

(mês seco ou chuvoso) e área (Dois Irmãos, Carnijó, Mata do Estado e Brejo dos Cavalos)

ou tipo de vegetação (mata atlântica de terra baixa ou brejo de altitude).

Foram considerados meses secos aqueles em que o valor total de precipitação mensal

foi abaixo do limite inferior do intervalo de confiança (95%) para o valor médio anual das

médias históricas mensais de precipitação. Os valores de precipitação foram fornecidos

pelo Laboratório de Metereologia de Pernambuco do Instituto de Tecnologia de

Page 21: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 21

Pernambuco (LAMEPE/ITEP). Para a RPPN Carnijó, foram utilizados os dados de

precipitação da estação metereológica localizada no município de Vitória de Santo Antão,

pois não existe estação metereológica no município de Moreno, onde está localizada a

reserva. Como o alcance de cada estação metereológica é de 150 Km, e os dois municípios

são vizinhos, estes dados são considerados confiáveis.

Também no PRIMER®, foi gerada a curva cumulativa de espécies (curva de coletor) de

cada área. Esta foi construída a partir das permutações dos meses que compunham a

amostra de cada área (número de permutações = 10000). Para gerar a curva, foram

utilizados os dados de presença e ausência das espécies nos cinco subtransectos de cada

área, em cada uma das nove visitas a campo (total = 45). A curva cumulativa de espécies é

uma relação espécie-área que indica suficiência/insuficiência amostral (Schilling & Batista,

2008).

Também foi investigada a importância do nível de degradação e do tamanho do

substrato (diâmetro, área e volume) para a diversidade dos fungos poróides decompositores

de madeira. Para isso, os troncos caídos com diâmetro maior que 10 cm e comprimento

maior que 2 m foram marcados, numerados, medidos, e sua área e volume foram

calculados. O estágio de decomposição do substrato foi avaliado de acordo com

metodologia proposta por Nordén & Paltto (2001); foi considerado estágio 1 a madeira

ainda rígida em que uma faca penetre no máximo 2 mm com a força da mão; no estágio 2,

quando a faca penetrar facilmente 2-20 mm com a força da mão; e no estágio 3 a madeira

frágil em que a faca penetre facilmente através do tronco. Testes de χ2 foram realizados

para avaliar se houve um número de ocorrências ou de espécies maior ou menor do que o

esperado para cada classe de decomposição ou de tamanho do substrato. O programa

StatiGraphics® 3.6 foi utilizado para estabelecer os limites das classes de tamanho (área,

volume e diâmetro). O número de ocorrências e o de espécies esperados para cada classe

foi calculado pela divisão do número de troncos na respectiva classe pelo número total de

troncos.

Page 22: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Taxonomia

Foram encontradas 67 espécies, distribuídas em 35 gêneros e oito famílias (Tabela 1). O

enquadramento em nível de família segue o trabalho de Kirk et al. (2008). Para cada

família é fornecida uma chave para a identificação dos gêneros. Para facilitar a utilização

deste trabalho na identificação de fungos poróides, os gêneros de Fomitopsidaceae,

Grammotheleaceae, Meripilaceae, Phanerochaetaceae, Polyporaceae e Schizoporaceae

são tratados em uma única chave.

Uma discussão é fornecida para cada gênero, assim como uma chave para a

identificação das espécies daqueles gêneros com duas ou mais espécies encontradas. Para

cada espécie são fornecidas referências para descrições completas, uma lista dos materiais

examinados, distribuição, substrato e comentários. Descrição, fotos dos basidiomas e

desenhos das microestruturas são fornecidos para as espécies novas para a ciência, bem

como fotos dos basidiomas das espécies registradas pela primeira vez para o Brasil. As

fotos dos basidiomas estão localizadas no final desta seção, enquanto os desenhos das

microestruturas estão logo após a respectiva espécie. Os nomes ainda não publicados

validamente são citados entre aspas, seguidos das respectivas autoridades quando citados

pela primeira vez.

Além das referências citadas para cada espécie, boas descrições podem ser encontradas

em Overholts (1953), Cunningham (1965), Ryvarden & Johansen (1980), Corner (1984;

1987, 1989a,b; 1991), Gilbertson & Ryvarden (1986; 1987), Núñez & Ryvarden (2000;

2001) e Ryvarden (2004; 2005), além dos bancos de dados CBS (http://www.cbs.knaw.nl/

databases/aphyllo/database.aspx) e Mycobank (http://www. mycobank.org/).

Tabela 1. Famílias e espécies de fungos poróides encontradas, indicando as novas ocorrências para o estado de Pernambuco (PE), para a região Nordeste (NE), para o Brasil (BR) e para a ciência (CI).

Famílias e espécies Novas ocorrências Fomitopsidaceae Jülich Fomitopsis cupreorosea (Berk.) J. Carranza & Gilb. PE Fomitopsis lilacinogilva (Berk.) J.E. Wright & J.R. Deschamps BR Fomitopsis nivosa (Berk.) Gilb. & Ryvarden

Page 23: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 23

Tabela 1. Continuação Famílias e espécies Novas ocorrências

Laetiporus sulphureus (Bull.:Fr.) Murrill PE Ganodermataceae Donk Amauroderma omphalodes (Berk.) Torrend Amauroderma partitum (Berk.) Wakef. Amauroderma sprucei (Pat.) Torrend Ganoderma australe (Fr.) Pat. Ganoderma chalceum (Cooke) Steyaert NE Ganoderma stipitatum (Murrill) Murrill Grammotheleaceae Jülich Grammothele cf. fuligo (Berk. & Broome) Ryvarden NE Hymenochaetaceae Imazeki & Toki Coltricia cinnamomea (Jacq.) Murrill “Coltricia velutina” Baltazar & Gibertoni CI Coltriciella navispora T.W. Henkel et al. Fomitiporella umbrinella (Bres.) Murrill Fomitiporia maxonii Murrill Fulvifomes fastuosus (Lév.) Bondartseva & S. Herrera “Fulvifomes melleoporus” (Murrill) Baltazar & Gibertoni PE “Fulvifomes membranaceus” (J.E. Wright & Blumenf.) Baltazar & Gibertoni

“Fulvifomes merrillii” (Murrill) Baltazar & Gibertoni PE “Fuscoporia chrysea” (Lév.) Baltazar & Gibertoni BR Fuscoporia ferrea (Pers.) G. Cunn. NE Fuscoporia gilva (Schwein.) T. Wagner & M. Fisch. Fuscoporia senex (Nees & Mont.) Ghob.-Nejh. “Hymenochaete iodina” (Mont.) Baltazar & Gibertoni “Inonotus portoricensis” (Overh.) Baltazar & Gibertoni PE Inonotus pseudoglomeratus Ryvarden BR Phylloporia chrysita (Berk.) Ryvarden Phylloporia spathulata (Hook.) Ryvarden PE Meripilaceae Jülich Rigidoporus lineatus (Pers.) Ryvarden Rigidoporus vinctus (Berk.) Ryvarden Phanerochaetaceae Jülich Antrodiella hydrophila (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden PE Antrodiella versicutis (Berk. & M.A. Curtis) Gilb. & Ryvarden Polyporaceae Fr. ex Corda Coriolopsis caperata (Berk.) Murrill

Page 24: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 24

Tabela 1. Continuação Famílias e espécies Novas ocorrências

Coriolopsis rigida (Berk. & Mont.) Murrill Datronia decipiens (Bres.) Ryvarden PE Dichomitus cavernulosus (Berk.) Masuka & Ryvarden “Diplomitoporus ellipsosporus” Baltazar et al. CI Diplomitoporus venezuelicus Ryvarden & Iturr. BR Earliella scabrosa (Pers.) Gilb. & Ryvarden Flabellophora obovata (Jungh.) Núñez & Ryvarden Flabellophora parva Corner NE Fomes fasciatus (Sw.) Cooke Hexagonia hydnoides (Sw.) M. Fidalgo Hexagonia papyracea Berk. Lenzites stereoides (Fr.) Ryvarden Nigrofomes melanoporus (Mont.) Murrill Nigroporus vinosus (Berk.) Murrill Pachykytospora alabamae (Berk. & Cooke) Ryvarden NE Pachykytospora papyracea (Schwein.) Ryvarden NE Perenniporia contraria (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden Perenniporia martia (Berk.) Ryvarden Perenniporia ochroleuca (Berk.) Ryvarden PE Polyporus arcularius (Batsch) Fr. NE Polyporus dictyopus Mont. Polyporus guianensis Mont. Polyporus ianthinus Gibertoni & Ryvarden Polyporus leprieurii Mont. Polyporus puttemansii Henn. NE Polyporus tenuiculus (P. Beauv.) Fr. Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill Tinctoporellus epimiltinus (Berk. & Broome) Ryvarden NE Trametes lactinea (Berk.) Sacc. NE Trametes membranacea (Sw.) Kreisel Trichaptum durum (Jungh.) Corner BR Trichaptum sector (Ehrenb.) Kreisel Schizoporaceae Jülich Hyphodontia flavipora (Berk. & M.A. Curtis ex Cooke) Sheng H. Wu

PE

Page 25: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 25

Chave para as famílias de fungos poróides

1a. Basidiosporos com parede dupla, a interna ornamentada e pigmentada, a externa hialina

e delgada ................................................................................................... Ganodermataceae

1b. Basidiosporos com uma parede, lisa a ornamentada, delgada a distintamente espessa,

hialina a pigmentada ............................................................................................................ 2

2a. Basidiomas em tons de marrom, castanho e amarelo, escurecendo permanentemente

ao contato com KOH (reação xantocróica), sistema hifálico mono a dimítico, hifas

generativas com septo simples, geralmente amarelas a castanhas em KOH .....................

............................................................................................................ Hymenochaetaceae

2b. Basidiomas de coloração variada, raramente escurecendo ao contato com KOH,

sistema hifálico mono, di ou trimítico, hifas generativas com grampo de conexão ou

septo simples, geralmente hialinas em KOH .................... outras famílias (chave abaixo)

Chave para os gêneros de Fomitopsidaceae, Grammotheleaceae, Meripilaceae,

Phanerochaetaceae, Polyporaceae e Schizoporaceae

1a. Basidiosporos radialmente estriados ............................. Pachykytospora (Polyporaceae)

1b. Basidiosporos lisos ........................................................................................................ 2

2a. Hifa generativa com septo simples ........................................................................... 3

2b. Hifa generativa com grampo de conexão ................................................................. 5

3a. Basidioma carnoso quando fresco, fibroso e macio quando seco .....................................

................................................................................................ Laetiporus (Fomitopsidaceae)

3b. Basidioma cartilaginoso, coriáceo ou lenhoso quando fresco, rígido quando seco ...... 4

4a. Basidioma vináceo escuro a negro, sistema hifálico dimítico, hifas amareladas a

castanhas, cistídios raros, castanhos ..................................... Nigrofomes (Polyporaceae)

4b. Basidioma creme, alaranjado a rosado, sistema hifálico monomítico, hifas

geralmente hialinas, cistídios presentes ou ausentes, hialinos ...........................................

............................................................................................... Rigidoporus (Meripilaceae)

5a. Himênio restrito ao fundo dos tubos ....................... Grammothele (Grammotheleaceae)

5b. Himênio recobrindo inteiramente os tubos, exceto as bordas dos dissepimentos ......... 6

6a. Basidioma ressupinado, substrato com uma zona vermelha distinta ...........................

.......................................................................................... Tinctoporellus (Polyporaceae)

6b. Basidioma ressupinado a estipitado, substrato sem zona vermelha .......................... 7

Page 26: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 26

7a. Hifas esqueletais arboriformes ou do tipo Bovista ........................................................ 8

7b. Hifas esqueletais raramente ramificadas, não do tipo arboriforme ou Bovista ........... 10

8a. Basidiosporos subglobosos a elipsóides ou lacrimóides, com parede espessa,

truncados ou não, dextrinóides a indextrinóides ................ Perenniporia (Polyporaceae)

8b. Basidiosporos elipsóides a cilíndricos, com parede delgada, nunca truncados ou

dextrinóides ..................................................................................................................... 9

9a. Basidioma ressupinado a efuso-reflexo, hifas esqueletais fortemente dextrinóides .........

.................................................................................................... Dichomitus (Polyporaceae)

9b. Basidioma estipitado a raramente pileado séssil, hifas esqueletais dos dissepimentos

dextrinóides em uma espécie ....................................................... Polyporus (Polyporaceae)

10a. Cistídios himeniais presentes ................................................................................ 11

10b. Cistídios himeniais ausentes ................................................................................. 12

11a. Sistema hifálico pseudo-dimítico (hifas generativas com parede espessa e septos

distantes), hifas incrustadas nos dissepimentos, cistídios capitados ......................................

.............................................................................................. Hyphodontia (Schizoporaceae)

11b. Sistema hifálico distintamente dimítico, hifas sem incrustações, cistídios subulados a

clavados ..................................................................................... Trichaptum (Polyporaceae)

12a. Contexto branco a creme ou ocráceo, hifas geralmente hialinas .......................... 13

12b. Contexto marrom dourado, marrom escuro, rosado, vináceo ou negro, hifas

hialinas ou pigmentadas ................................................................................................ 19

13a. Basidioma distintamente estipitado, píleo flabeliforme a espatulado, raramente

dimidiado .............................................................................. Flabellophora (Polyporaceae)

13b. Basidioma ressupinado a pileado séssil, podendo ter uma base contraída ou sub-estipe

............................................................................................................................................ 14

14a. Basidioma cartilaginoso e flexível quando fresco, denso, rígido e geralmente

translúcido quando seco ............................................... Antrodiella (Phanerochaetaceae)

14b. Basidioma coriáceo a fibroso ou lenhoso ............................................................. 15

15a. Basidioma ressupinado ............................................... Diplomitoporus (Polyporaceae)

15b. Basidioma pileado séssil a efuso-reflexo .................................................................. 16

16a. Píleo com uma cutícula vermelho escura a negra originando-se na base em direção

a margem ................................................................................... Earliella (Polyporaceae)

16b. Píleo sem cutícula ................................................................................................. 17

Page 27: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 27

17a. Poros sinuosos a daedalóides, terminações de hifas esqueletais projetando-se acima do

himênio ........................................................................................... Lenzites (Polyporaceae)

17b. Poros circulares a angulares, sem terminações hifais projetando-se acima do himênio

............................................................................................................................................ 18

18a. Basidioma anual, superfície do píleo velutínea a tomentosa, raramente glabra ........

................................................................................................... Trametes (Polyporaceae)

18b. Basidioma perene, superfície do píleo glabra, raramente velutínea ..........................

.......................................................................................... Fomitopsis (Fomitopsidaceae)

19a. Sistema hifálico dimítico ........................................................................................... 20

19b. Sistema hifálico trimítico ........................................................................................... 21

20a. Basidioma efuso-reflexo, contexto dúplex, parte superior marrom clara e inferior

marrom escura, com uma linha negra separando-as, hifas esqueletais amarelas a marrom

claras ......................................................................................... Datronia (Polyporaceae)

20b. Basidioma efuso-reflexo a pileado séssil com uma base contraída, contexto

homogêneo, contexto vináceo claro a marrom vináceo ou púrpura escuro, linha negra

ausente, hifas esqueletais marrom escuras a marrom ferrugíneas .....................................

............................................................................................... Nigroporus (Polyporaceae)

21a. Basidioma lenhoso, muito rígido, píleo aplanado a ungulado ... Fomes (Polyporaceae)

21b. Basidioma coriáceo, flexível a levemente rígido, píleo aplanado a convexo ............ 22

22a. Píleo e contexto vináceo a rosado ............................ Fomitopsis (Fomitopsidaceae)

22b. Píleo e contexto marrom ....................................................................................... 23

23a. Superfície do píleo velutínea a hirsuta, variavelmente zonada, contexto marrom claro

a marrom dourado, escurecendo em contato com KOH, superfície dos poros branca a

ocrácea ou canela ....................................................................... Coriolopsis (Polyporaceae)

23b. Superfície do píleo glabra ou com pêlos negros, grossos, às vezes ramificados no

ápice, quando glabra concentricamente zonada, contexto marrom a marrom escuro, não

escurecendo em contato com KOH, superfície dos poros marrom a marrom escura .............

..................................................................................................... Hexagonia (Polyporaceae)

4.1.1. Fomitopsidaceae Jülich

Fomitopsis P. Karst.

Gênero trametóide caracterizado pelos basidiomas perenes, píleo geralmente glabro e

por causar podridão castanha (Gilbertson & Ryvarden, 1986). Assim como outros gêneros

Page 28: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 28

trametóides, apresenta o sistema hifálico dimítico a trimítico e basidiosporos elipsóides a

cilíndricos. Os basidiomas das espécies deste gênero são muito parecidos aos de espécies

de Trametes, porém estas causam podridão branca e têm basidiomas geralmente anuais

com píleo velutíneo a tomentoso. Fomitella supina (Sw.) Murrill é separada de Fomitopsis

unicamente pelo tipo de podridão (Ryvarden, 1991).

Chave para as espécies de Fomitopsis

1a. Basidioma branco a bege, 6-8 poros por mm ..................................... Fomitopsis nivosa

1b. Basidioma vináceo a rosa ou marrom claro, 1-4 poros por mm .................................... 2

2a. Poros angulares a daedalóides, 1-3 por mm, dissepimentos finos a levemente

espessos, basidiosporos (4,5-) 5-7 × 2,5-3 μm ........................... Fomitopsis cupreorosea

2b. Poros circulares a raramente angulares, 2-4 (-5) por mm, dissepimentos espessos,

basidiosporos 8-11 × 3-4 μm ..................................................... Fomitopsis lilacinogilva

Fomitopsis cupreorosea (Berk.) J. Carranza & Gilb., Mycotaxon 25(2): 476 (1986).

Basiônimo. Polyporus cupreoroseus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 233

(1856).

Descrição. Carranza-Morse & Gilbertson (1986).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico João de

Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 441 (URM 81345);

12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 593 (URM 81346); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 761 (URM 81347); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1012

(URM 81348); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1194 (URM 81349); 03/VI/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1723 (URM 81350); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí),

19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 612 (URM 81351); 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al.

JMB 613, 630 (URM 81352, 81353); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira

JMB 882, 912 (URM 81354, 81355); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1683 (URM

81356).

Distribuição. Neotropical (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Sergipe (Baltazar & Gibertoni,

2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie para

Pernambuco.

Page 29: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 29

Substrato. Angiospermas em decomposição (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986); o

espécime URM 81351 foi coletado sobre árvore viva (ver discussão em F. lilacinogilva).

Comentários. Difere das demais espécies do complexo Fomitopsis rosea (Alb. &

Schwein.) P. Karst. pelos poros daedalóides e grandes, 1-3 por mm (Carranza-Morse &

Gilbertson, 1986). Fomitopsis lilacinogilva, outra espécie encontrada em Pernambuco,

difere pela superfície dos poros e pelo tamanho dos basidiosporos.

Fomitopsis lilacinogilva (Berk.) J.E. Wright & J.R. Deschamps, Revista Invest. Agropec.,

Ser. 2, Biol. Prod. Veg. 12(3): 143 (1975). Figura 4C

Basiônimo. Polyporus lilacinogilvus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 1 3: 324 (1839).

Descrição. Cunningham (1965), Ryvarden & Johansen (1980) e Carranza-Morse &

Gilbertson (1986).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 740 (URM 81357); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 995 (URM 81358); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1647 (URM 81359).

Distribuição. Aparentemente austral, conhecida para América do Sul, Austrália, África do

Sul e Tasmânia (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986). Este é o primeiro registro da

espécie para o Brasil.

Substrato. Em angiospermas em decomposição (Carranza-Morse & Gilbertson, 1986); os

espécimes URM 81357 e URM 81359 foram coletados na base de árvores vivas.

Comentários. O basidioma vináceo, tornando-se mais claro e geralmente em tons

amarronzados quando seco, e os basidiosporos grandes, 6,5-12 × 3-5 μm, caracterizam F.

lilacinogilva. Fomitopsis feei (Fr.) Kreisel é muito similar, porém seus basidiomas são

mais amarronzados e os basidiosporos menores, 5-7 × 2-3,5 μm em F. feei (Carranza-

Morse & Gilbertson, 1986). Fomitopsis cupreorosea, outra espécie do mesmo complexo

que ocorre em Pernambuco, difere pelos poros daedalóides e basidiosporos menores.

Apesar de dois espécimes terem sido coletados em árvores vivas, não foi possível

determinar se o tecido vegetal onde se desenvolveram estava vivo ou morto. Este é um

assunto interessante a se explorar, visto que algumas espécies do gênero podem ser

parasitas, como é o caso de Fomitopsis pinicola (Sw.) P. Karst.

Fomitopsis nivosa (Berk.) Gilb. & Ryvarden, N. Amer. Polyp., Vol. 1: 275 (1986).

Basiônimo. Polyporus nivosus Berk., Hooker’s J. Bot. 8: 196 (1856).

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986) e Buchanan & Hood (1992).

Page 30: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 30

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 575 (URM 81360); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 736 (URM

81361); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 991 (URM 81362);

16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1143 (URM 81363); 21/V/2009,

J.M. Baltazar et al. JMB 1607 (URM 81364).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980; Buchanan & Hood, 1992); no

Brasil, conhecida para Amapá, Bahia, Pará, Paraná e Pernambuco (Silva & Gibertoni,

2006; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Comentários. Os basidiomas brancos de F. nivosa são semelhantes aos de espécies de

Tyromyces P. Karst. (Ryvarden & Johansen, 1980), porém estas têm o sistema hifálico

monomítico. Fomitopsis meliae (Underw.) Gilb., outra espécie que ocorre no Brasil, é

similar, mas apresenta o píleo mais escuro e poros ligeiramente menores (Gilbertson &

Ryvarden, 1986).

Laetiporus Murrill

As espécies deste gênero são caracterizadas pelos basidiomas pileados sésseis a

estipitados, carnosos (semelhantes aos de espécies de Boletaceae) e leves quando secos,

sistema hifálico monomítico, hifas generativas com septo simples e microestruturas sem

reação em Melzer, o que as torna fáceis de reconhecer (Burdsall & Banik, 2001).

Laetiporus sulphureus (Bull.:Fr.) Murrill, Mycologia 12(1): 11 (1920).

Basiônimo. Boletus sulphureus Bull., Herb. Fr. 9: tab. 429 (1789).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Burdsall & Banik (2001).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 12/III/2009, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1444 (URM 81365).

Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Góes-Neto, 1999; Baltazar

& Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie para Pernambuco.

Substrato. Angiospermas em decomposição, frequentemente em árvores vivas, raramente

em coníferas (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Espécie de fácil identificação devido ao seu basidioma carnoso, macio e

amarelo cítrico a alaranjado quando fresco, tornando-se leve e amarronzado quando seco.

Microscopicamente, é caracterizada pelo sistema hifálico monomítico, hifas generativas

Page 31: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 31

com septo simples, basidiosporos hialinos e ovóides a elipsóides. Laetiporus persicinus

(Berk. & M.A. Curtis) Gilb., outra espécie do gênero que ocorre no Brasil, apresenta

basidiomas estipitados e marrom rosados, além de se desenvolverem em raízes ou na base

de árvores vivas (Burdsall & Banik, 2001).

4.1.2. Ganodermataceae Donk

Chave para os gêneros de Ganodermataceae

1a. Basidiosporos elipsóides, truncados, parede interna com ornamentação geralmente

distinta, basidioma pileado séssil a lateralmente estipitado ............................... Ganoderma

1b. Basidiosporos globosos a amplamente elipsóides, não truncados, parede interna com

ornamentação geralmente sutil, basidioma lateralmente a centralmente estipitado ...............

......................................................................................................................... Amauroderma

Amauroderma Murrill

Gênero caracterizado pelos basidiomas estipitados e basidiosporos geralmente globosos

a subglobosos e com ornamentação sutil. As espécies neotropicais apresentam basidioma

estipitado, com exceção de Amauroderma andinum Ryvarden, e apenas Amauroderma

coltricioides T.W. Henkel et al. possui basidiosporos com a parede lisa (Ryvarden, 2004).

Muitos basidiomas coletados estavam estéreis ou os basidiosporos não haviam se

desenvolvido completamente, o que impossibilitou sua identificação.

Chave para as espécies de Amauroderma

1a. Poros grandes, 1-3 por mm, medas geralmente presentes ......... Amauroderma partitum

1b. Poros pequenos, 4-7 por mm, medas ausentes .............................................................. 2

2a. Superfície dos poros bege, contexto com duas linhas negras brilhantes que se

originam no estipe, basidiosporos 12,5-14 × 10-12,5 μm ..... Amauroderma omphalodes

2b. Superfície dos poros alaranjada quando jovem, tornando-se branca posteriormente,

contexto sem linhas negras ou com linhas escuras fracas e opacas, basidiosporos (6,5-)

7-8 × 6-7 μm ................................................................................. Amauroderma sprucei

Page 32: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 32

Amauroderma omphalodes (Berk.) Torrend, Brotéria Bot. 18: 131 (1920).

Basiônimo. Polyporus omphalodes Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 172

(1856).

Descrição. Furtado (1981) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1695 (URM 81366).

Distribuição. Provalvemente Neotropical, porém conhecida somente na América do Sul

(Furtado, 1981; Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Alagoas, Amazonas, Bahia,

Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e Santa

Catarina (Sampaio, 1916; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Madeira em decomposição no solo.

Comentários. Espécie caracterizada por duas linhas negras presentes no contexto,

originárias geralmente do estipe, sendo que o contexto entre estas linhas é mais frouxo do

que o restante. É uma espécie similar à A. sprucei, da qual difere devido à cor da superfície

dos poros e tamanho dos basidiosporos, além das linhas no contexto.

Amauroderma partitum (Berk.) Wakef., Bull. Misc. Inform. Kew: 242 (1934).

Basiônimo. Polyporus partitus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 170 (1856).

Descrição. Ryvarden (2004) e Gomes-Silva et al. (no prelo).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 325, 328, 333, 340, 350 (URM 80063, 80060, 80059, 80061,

80062); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 515 (URM 80064); 16/IX/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 809, 819, 829, 838, 841, 872 (URM 81367, 81368, 81369, 81370,

81371, 81372); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1070, 1080 (URM

81373, 81374); 21/I/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB 1332, 1337 (URM 81375, 80065);

07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1550, 1553, 1561, 1564, 1566,

1567 (URM 81376, 81377, 81378, 81379, 81380, 81381).

Distribuição. Provavelmente Neotropical, registrada para Brasil, Guiana e Venezuela

(Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Amazonas, Pará, Paraíba, Pernambuco e

Rondônia (Gomes-Silva et al., no prelo).

Substrato. No solo ou em madeira em decomposição no solo.

Comentários. Amauroderma partitum é caracterizada pelos poros grandes e estipe fino.

Furtado (1981) e Ryvarden (1984) consideram esta espécie sinônimo de Amauroderma

calcigenum (Berk.) Torrend. Entretanto, esta apresenta basidiomas robustos com píleo

Page 33: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 33

infundibiliforme e espesso, enquanto A. partitum possui basidiomas frágeis e menores com

píleo delgado e geralmente flexível. Os basidiosporos destas duas espécies também são

diferentes — 10-13 × 7-9,5 (-10) μm em A. partitum e (11-) 12-15 × 9-12 μm em A.

calcigenum (Gomes-Silva et al., no prelo).

Amauroderma sprucei (Pat.) Torrend, Brotéria Bot. 18: 121 (1920).

Basiônimo. Ganoderma sprucei Pat., Bull. Soc. Mycol. Fr. 10: 75 (1894).

Descrição. Ryvarden (2004) e Decock & Herrera-Figueroa (2006).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 364 (URM 81392); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí),

28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1661 (URM 81383).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Amazonas, Minas

Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe

(Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. No solo ou em madeira em decomposição.

Comentários. A superfície dos poros geralmente alaranjada em basidiomas jovens

caracteriza A. sprucei. Anteriormente, foi considerada uma espécie diferente de A.

dubiopansum (Lloyd) Ryvarden, diferindo unicamente pela cor da superfície dos poros —

alaranjada nesta e branca na primeira (Ryvarden, 2004). Entretanto, esta variação depende

do desenvolvimento do basidioma (Decock & Herrera-Figueroa, 2006), e colorações

intermediárias podem ser encontradas em alguns espécimes.

Ganoderma P. Karst.

Ganoderma agrupa espécies com basidiomas pileados sésseis a estipitados, superfície

do píleo lacada a opaca, e basidiosporos geralmente elipsóides, com ápice truncado e

ornamentação na parede interna evidente (Ryvarden, 2004). O gênero Elfvingia P. Karst.

foi aceito por alguns autores para separar as espécies com a superfície do píleo opaca

(Murrill, 1908; Cunningham, 1965). Entretanto, autores modernos aceitam Elfvingia como

um subgênero de Ganoderma (Moncalvo & Ryvarden, 1997; Gottlieb & Wright, 1999;

Ryvarden, 2004).

Page 34: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 34

Chave para as espécies de Ganoderma

1a. Superfície do píleo opaca, cutícula ausente, porém uma linha negra pode ocorrer abaixo

da cutícula ............................................................................................. Ganoderma australe

1b. Superfície do píleo lacada, cutícula formada por uma paliçada com terminações hifais

amilóides .............................................................................................................................. 2

2a. Basidioma pileado séssil, basidiosporos 10-12 μm na maior dimensão ......................

........................................................................................................ Ganoderma chalceum

2b. Basidioma lateralmente estipitado a raramente pileado séssil, basidiosporos 7-9,5

μm na maior dimensão .................................................................. Ganoderma stipitatum

Ganoderma australe (Fr.) Pat., Bull. Soc. mycol. Fr. 4: 1712 (1887).

Basiônimo. Polyporus australis Fr., Elench. Fung. 1: 108 (1828) [1821].

Descrição. Gottlieb & Wright (1999) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 445 (URM 81384);

12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 599 (URM 81385); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 749 (URM 81386); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1367 (URM 81387);

27/I/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1367 (URM 81388); 17/III/2009,

J.M. Baltazar et al. JMB 1474 (URM 81389); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1690

(URM 81390); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 334

(URM 81391); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1340 (URM 81392).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Bahia, Minas

Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São

Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-

Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).

Comentários. Ganoderma australe é caracterizada por apresentar basidiomas grandes,

com píleo aplanado, superfície do píleo marrom e a presença de uma linha negra abaixo da

cútis. É similar a G. applanatum (Pers.) Pat., espécie restrita a zonas temperadas, da qual

difere por apresentar uma linha negra no contexto mais espessa e esporos levemente

maiores (Ryvarden & Johansen, 1980).

Existe controvérsia quanto ao nome correto para a espécie, considerada por alguns

autores como G. tornatum (Pers.) Bres. (Gottlieb & Wright, 1999). A publicação de

Page 35: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 35

Polyporus tornatus Pers. antecede formalmente a de P. australis (1826 e 1828,

respectivamente); porém o Código Internacional de Nomenclatura Botânica define a obra

onde P. australis foi proposta como parte do Systema Mycologicum, publicado em 1821,

antecedendo assim a publicação de P. tornatus (McNeill et al., 2006). Para discussões mais

detalhadas neste assunto consultar Steyaert (1975), Ryvarden & Johansen (1980),

Moncalvo & Ryvarden (1997), Gottlieb & Wright (1999) e Loguercio-Leite et al. (2005).

Ganoderma chalceum (Cooke) Steyaert, Bull. Jard. Bot. Nat. Belg. 37: 481 (1967).

Basiônimo. Polyporus chalceus Cooke, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinb. 13: 135 (1879).

Descrição. Ryvarden (2000; 2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 10/III/2009,

J.M. Baltazar et al. JMB 1383 (URM 81393).

Distribuição. Pantropical, nos neotrópicos é conhecida apenas para Colômbia (Ryvarden,

2004) e Brasil, no Rio Grande do Sul (Westphalen et al., no prelo). Este o primeiro registro

para o Nordeste.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).

Comentários. Os basidiosporos de G. chalceum apresentam uma variação de tamanho

muito parecida às de G. resinaceum Boud., e as duas espécies são praticamente idênticas

microscopicamente (Ryvarden, 2004). O contexto da primeira, entretanto, possui uma ou

duas linhas negras brilhantes, o que diferencia facilmente as duas espécies. Ganoderma

chalceum pode ser confundida com um basidioma pileado séssil de G. stipitatum,

entretanto o tamanho dos basidiosporos é suficiente para separá-las — 7-9,5 μm na maior

dimensão nesta, 10-12 μm na primeira.

Ganoderma stipitatum (Murrill) Murrill, N. Amer. Fl. 9(2): 122 (1908).

Basiônimo. Fomes stipitatus Murrill, Bull. Torrey bot. Club 30(4): 229 (1903).

Descrição. Murrill (1908) e Ryvarden (2000; 2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1018

(URM 81394); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1288 (URM 81395); 27/I/2009, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1368 (URM 81396); 17/III/2009, J.M. Baltazar et

al. JMB 1493 (URM 81397); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 402, 405, 413, 416 (URM 81398, 81399, 81400, 81401);

08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 546, 550 (URM 81402, 81403); 14/VIII/2008, J.M.

Page 36: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 36

Baltazar & et al. JMB 702 (URM 81404); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 953 (URM 81405); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

1093, 1096, 1097, 1099, 1102, 1120, 1124 (URM 81406, 81407, 81408, 81409, 81410,

81411, 81412); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1254, 1258, 1259,

1261, 1264, 1270 (URM 81413, 81414, 81415, 81416, 81417, 81418); 23/I/2009, J.M.

Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1346, 1349 (URM 81419, 81420); 12/III/2009, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1438, 1453 (URM 81421, 81422); 21/V/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1596, 1598, 1601, 1618 (URM 81423, 81424, 81425, 81426); Recife,

Parque Dois Irmãos, 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1030 (URM

81427); 19/I/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1209 (URM 81428);

21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1306 (URM 81429); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1530 (URM 81430).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará,

Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rondônia (Baltazar &

Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).

Comentários. Ganoderma stipitatum é caracterizada pelo píleo lacado e o contexto com

uma ou duas linhas negras resinosas. Geralmente, os basidiomas são lateralmente

estipitados, mas podem ser pileados sésseis. Neste caso, o espécime pode ser confundido

com G. chalceum que, no entanto, possui basidiosporos maiores — 7-9,5 μm na maior

dimensão em G. stipitatum, 10-12 μm em G. chalceum.

Muitos espécimes coletados nos neotrópicos e identificados como G. lucidum (Curtis)

P. Karst., espécie restrita a zonas temperadas, podem se tratar de G. stipitatum, pois são

espécies macroscopicamente semelhantes (Moncalvo & Ryvarden, 1997; Gibertoni, 2004).

4.1.3. Grammotheleaceae Jülich

Grammothele Berk. & M.A. Curtis

Grammothele é caracterizado por basidiomas ressupinados a efuso-reflexos, poros

irregulares e rasos, e himênio restrito à base dos tubos (Ryvarden, 1991). Kirk et al. (2008)

aceitam este gênero em Grammotheleaceae. Entretanto, um estudo filogenético com dados

moleculares o coloca em Polyporaceae (Larsson, 2007).

Page 37: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 37

Grammothele cf. fuligo (Berk. & Broome) Ryvarden, Trans. Br. mycol. Soc. 73(1): 15

(1979).

Basiônimo. Polyporus fuligo Berk. & Broome, J. Linn. Soc., Bot. 14(2): 53 (1875).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Reck & Silveira (2009).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carinijó, 14/VIII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 695 (URM 81754).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Amazonas, Pará, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni,

2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009; Reck & Silveira, 2009).

Substrato. Monocotiledôneas, especialmente palmeiras e bambus (Ryvarden & Johansen,

1980; Reck & Silveira, 2009).

Comentários. Espécie caracterizada pelo basidioma azulado ou acinzentado, poros

pequenos, e por ocorrer em monocotiledôneas, o que a difere das demais espécies do

gênero que também ocorrem no Brasil (Reck & Silveira, 2009). Apesar de o material

estudado estar estéril, suas características se enquadram nas descritas acima, além de ter

sido coletada sobre palmeira.

Se confirmada a presença de G. fuligo na RPPN Carnijó, este será o primeiro registro da

espécie para o Nordeste.

4.1.4. Hymenochaetaceae Imazeki & Toki

Chave para os gêneros de Hymenochaetaceae

1a. Contexto dúplex, parte superior frouxa e inferior densa, geralmente separadas por uma

linha negra ........................................................................................................................... 2

1b. Contexto homogêneo ..................................................................................................... 3

2a. Seta himenial presente ........ (ver comentários em “I. portoricensis”) Hymenochaete

2b. Seta himenial ausente ............................................................................... Phylloporia

3a. Basidioma estipitado ...................................................................................................... 4

3b. Basidioma ressupinado a pileado séssil ......................................................................... 5

4a. Basidiosporo ornamentado ........................................................................ Coltriciella

4b. Basidiosporo liso ........................................................................................... Coltricia

5a. Basidiosporo dextrinóide, globoso, hialino e com parede espessa ............... Fomitiporia

5b. Basidiosporo indextrinóide; se hialino, com parede delgada a levemente espessa ....... 6

Page 38: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 38

6a. Seta himenial presente, sistema hifálico monomítico a dimítico .............................. 7

6b. Seta himenial e hifa setal ausentes, sistema hifálico distintamente dimítico ............ 8

7b. Hifa setal ausente, basidiosporos hialinos a amarelados, hifas generativas nos

dissepimentos incrustadas ................................................................................... Fuscoporia

7a. Hifa setal presente, basidiosporos amarelos a marrons, hifas generativas sem

incrustações ............................................................................................................. Inonotus

8a. Basidiosporos marrom a marrom ferrugíneo ........................................ Fomitiporella

8b. Basidiosporos amarelos a marrom ferrugíneo claro quando velhos .......... Fulvifomes

Coltricia Gray

O gênero é caracterizado por basidiomas estipitados, contexto homogêneo e sistema

hifálico monomítico (Ryvarden, 2004). As espécies incluídas em Coltricia que não

apresentam seta parecem formar um grupo natural, o que tem sido suportado por dados

moleculares (Wagner & Fischer, 2002b). Entretanto, espécies com setas são motivo de

discussão e têm sido incluídas em diferentes gêneros como Inonotus e Onnia P. Karst.

(consultar Buchanan & Ryvarden, 1988; Núñez & Ryvarden, 2000; Ryvarden, 2005; Dai

& Niemelä, 2006).

Chave para as espécies de Coltricia

1a. Margem glabra, (1-) 2-4 poros por mm, basidiosporos amplamente elipsóides a

oblongo elipsóides, 6,5-9,5 μm na maior dimensão .......................... Coltricia cinnamomea

1b. Margem ciliada, (4-) 5-7 poros por mm, basidiosporos subglobosos a amplamente

elipsóides, 5,5-6,5 μm na maior dimensão ............................................ “Coltricia velutina”

Coltricia cinnamomea (Jacq.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 31(6): 343. 1904.

Basiônimo. Boletus cinnamomeus Jacq., Collnea bot. 1: 116. 1787 (1786).

Descrição. Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 10/III/2009,

J.M Baltazar et al. JMB 1395 (URM 80105); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1557, 1562 (URM 80106, 80107).

Material adicional examinado. BRASIL. Rondônia: Porto Velho, Estação Ecológica de

Cuniã, II/2008, no solo, A.C. Gomes-Silva 409 (URM 79172).

Page 39: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 39

Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden, 2004); no Brasil, é conhecida para Amazonas, Pará,

Paraná, Pernambuco, Rondônia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (Baltazar & Gibertoni,

2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva et al., 2009).

Substrato. Solo.

Comentários. Esta espécie é caracterizada pela superfície dos poros amarela em espécimes

jovens, além de apresentar poros grandes. O tamanho dos basidiosporos é semelhante aos

de C. focicola (Berk. & M.A. Curtis) Murrill e C. perennis (L.) Murrill. Entretanto, eles

são oblongo elipsóides e com a parede mais espessa e mais escuros do que os de C.

focicola. Os basidiosporos de C. perennis também são principalmente oblongo elipsóides,

enquanto em C. cinnamomea eles são geralmente amplamente elipsóides. Além disso, C.

perennis possui as hifas da cobertura do píleo dicotomicamente ramificadas, característica

ausente em C. cinnamomea (Gilbertson & Ryvarden, 1986; Ryvarden, 2004).

“Coltricia velutina” Baltazar & Gibertoni, ined. Figuras 1 e 3

Basidioma anual, solitário a gregário, central a lateralmente estipitado, leve quando

seco. Píleo circular a semi-circular, centralmente deprimido, até 1,55 cm em diâmetro e até

0,5 mm em espessura total, papiráceo, flexível. Superície do píleo uniforme, brilhante,

azonada a concentricamente zonada, vilosa a tomentosa, pêlos eretos no centro e reclinados

em direção à margem, fulvo-ferrugíneo (14), tabaco (19), marrom púrpura (22) a marrom

vináceo (25). Margem aguda, inteira a recortada, reta a recurvada, com tufos de pêlos,

estéril até 0,5 mm, da mesma cor que a superfície do píleo. Superfície dos poros canela

(10), fulva (12), tabaco castanha (17) a marrom clara (28), poros circulares a angulares, (4-

) 5-7 por mm, dissepimentos inteiros, levemente espessos. Contexto homogêneo, fibroso,

compacto a levemente frouxo, da mesma cor que a superfície do píleo, até 0,16 mm de

espessura. Tubos da mesma cor que a superfície dos poros, até 0,34 mm de profundidade.

Estipe da mesma cor que a superfície do píleo, cilíndrico, rígido a flexível, velutíneo a

tomentoso, brilhante, rugoso, até 6,4 cm de comprimento e 0,3 cm de diâmetro,

frequentemente ramificado próximo ao ápice.

Sistema hifálico monomítico; hifas generativas com septo simples, amarelas muito

claras a marrom claras, com parede delgada a espessa, sinuosa, esparsamente ramificadas,

2,5-6,5 μm de diâmetro. Basídios subclavados a clavados, hialinos, com parede delgada,

12-15 × 7-8 μm. Basidiosporos subglobosos a amplamente elipsóides, amarelos muito

claros a marrom ferrugíneo claros, parede levemente a distintamente espessa, lisa, 5,5-6,5

(-7) × (4-) 4,5-5,5 (-6) μm, fraca a distintamente dextrinóide.

Page 40: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 40

Figura 1. Características microscópicas de “Coltricia velutina”. A. Basídios. B. Basidiosporos. C. Hifas generativas. (escala = 10 μm).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,

J.M Baltazar et al. JMB 326, 337, 338, 339, 353 [URM 80108, 80109 (duplicata em JPB),

80110, 80111, 80112 (holótipo)]; 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 503 (URM

80113); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 858 (URM 80114); 15/X/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1067 (URM 80115).

Material adicional examinado. C. barbata: BRASIL. Paraná: Morretes, Porto de Cima,

Parque do Marumbi, 27/VI/1995, no solo, A.A.R. de Meijer 3085 (O, isótipo); C.

globispora: BRASIL. Rondônia: Porto Velho, Parque Natural Municipal de Porto Velho,

II/2008, no solo, A.C. Gomes-Silva 280 (URM 79581, holótipo); “C. velutina”: BRASIL.

Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Mata de Gurjaú, VII/2001, no solo, T.B.

Gibertoni (URM 77452); Tamandaré, Reserva Biológica de Saltinho, 15/VI/2009, no solo,

L.Trierveiler-Pereira et al. (URM 80116, JPB).

Distribuição. Conhecida em três áreas no estado de Pernambuco.

Substrato. Solo.

Page 41: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 41

Comentários. “Coltricia velutina” é caracterizada por seus basidiomas pequenos,

superfície do píleo velutínea a tomentosa e brilhante, margem ciliada e basidiosporos

dextrinóides. Macroscopicamente esta espécie é quase idêntica a C. barbata Ryvarden &

de Meijer, diferindo unicamente pela superfície do píleo que é glabra nesta.

Microscopicamente, os basidiosporos das duas espécies são distintos, diferindo em forma,

tamanho, cor e reação em Melzer (globosos a subglobosos, 5-6 μm, marrom dourados a

marrom ferrugíneos e negativos em Melzer em C. barbata).

Coltricia globispora Gomes-Silva et al. possui basidiosporos similares aos de “C.

velutina”: globosos a subglobosos, 6-7 × 5,5-7 μm, porém indextrinóides.

Macroscopicamente as duas espécies são facilmente distinguíveis: C. globispora possui o

basidioma maior e mais robusto, medindo 5,5 cm de diâmetro e até 3,5 mm de espessura,

além de possuir a superfície do píleo opaca.

Representa uma espécie nova para a ciência.

Coltriciella Murrill

O gênero é caracterizado pelos esporos finamente ornamentados e pigmentados

(Ryvarden, 2004). Além disso, os basidiomas são tipicamente pequenos e variam de

pendentes a estipitados. É um gênero próximo a Coltricia, o que é suportado por dados

moleculares (Wagner & Fischer, 2002b), do qual difere pela morfologia do basidiosporo.

Coltriciella navispora T.W. Henkel, Aime & Ryvarden, in Aime, Henkel & Ryvarden,

Mycologia 95(4): 617. 2003.

Descrição. Aime et al. (2003) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 16/IX/2008,

J.M Baltazar et al. JMB 831, 832 (URM 80102, 80103); 15/X/2008, J.M Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB1052 (URM 80104).

Material adicional examinado. BELIZE. Distrito de Cayo: Guacamayo Bridge, Mecal

River, 01/XI/2002, L. Ryvarden 45818 (O, como C. oblectabilis); EUA: Geórgia: Athens,

Universidade da Geórgia, 23/VIII/1978, R.L. Gilbertson 11835 (O, como C. oblectabilis);

GUIANA. Pakaraima Mountains: Upper Potaro River, 01/VI/2001, T. Henkel 7576 (O,

isótipo de C. navispora); MADAGASCAR: Cariou, 02/V/1933, s/leg. (O, como C.

oblectabilis); BRASIL. Amazonas: Manaus, 1900, E. Ule (Mycotheca brasiliensis exs.

48) (K, holótipo de Polystictus oblectabilis); Paraíba: Mamanguape, Reserva Biológica

Guaribas, XI/2001, T.B. Gibertoni (URM 77456); Pernambuco: Cabo de Santo

Page 42: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 42

Agostinho, Mata de Gurjaú, XI/2001, T.B. Gibertoni (URM77454); VI/2002, T.B.

Gibertoni (URM77455).

Distribuição. Neotropical, porém um espécime de Madagascar e outro do estado norte

americano da Geórgia (subtropical) foram estudados. Citada para a Guiana (Aime et al.,

2003) e para os estados da Paraíba e Pernambuco (Baltazar & Gibertoni, 2009).

Substrato. Madeira em decomposição.

Comentários. Esta espécie foi descrita como diferindo de C. oblectabilis (Lloyd) Kotl. et

al. pelo tamanho e forma dos basidiosporos — elipsóides, 7-10 μm na maior dimensão em

C. oblectabilis versus naviculares, 10-14 μm na maior dimensão em C. navispora (Aime et

al., 2003; Ryvarden, 2004). O estudo do isótipo desta, entretanto, revelou basidiosporos

medindo (8-) 8,5-11,5 (-12) × 3,5-5 μm e com a forma variando de oblongo elipsóides a

naviculares. Também foram estudados espécimes identificados por Ryvarden como C.

oblectabilis, os quais apresentavam basidiosporos com a mesma forma e tamanhos

similares aos do isótipo de C. navispora, o que sugere que esta seja um sinônimo posterior

daquela. Entretanto, existem problemas taxonômicos e nomenclaturais com o nome C.

oblectabilis. O suposto tipo desta espécie contém informações divergentes em seu

envelope, algumas fazendo referência a esta própria espécie, enquanto outras se referem a

Polyporus oblectans Berk. (= Coltricia cinnamomea). Apesar de algumas destas anotações

descreverem os basidiosporos deste material como os descritos para C. oblectabilis, os

basidiomas estudados estavam estéreis e se parecem macroscopicamente com C.

cinnamomea, o que reforça a idéia de que esta exsicata seja o tipo de P. oblectans. Para

esclarecer esta questão, o outro espécime tipo, aparentemente depositado em K

(Cunningham, 1965), deve ser encontrado.

Além disto, o nome C. oblectabilis parece ser inválido. Quando Kotlaba et al. (1984)

propuseram a transferência da espécie para Coltriciella, o basiônimo citado é Polyporus

oblectabilis Lloyd. Entretando, Lloyd (1912) cita a espécie como Polystictus oblectabilis e

não a introduz como espécie nova. Este autor também não cita o trabalho onde a espécie

foi descrita, e até o momento não foi possível localizá-lo. Desta forma, adota-se aqui o

nome C. navispora para os espécimes encontrados neste trabalho por se tratar de um nome

validamente publicado, e pela comparação dos materiais encontrados com o tipo desta

espécie.

Page 43: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 43

Fomitiporella Murrill

Fomitiporella agrupa espécies perenes com sistema hifálico dimítico, basidiosporos

marrons e sem setas (Wagner & Fischer, 2002b). Algumas espécies, principalmente

aquelas com basidioma ressupinado, podem ser confundidas com espécies de Fulvifomes.

Entretanto, os basidiosporos neste gênero são amarelos, característica suficiente para

distinguir os dois gêneros (Baltazar & Gibertoni, no prelo).

Fomitiporella umbrinella (Bres.) Murrill, N. Amer. Fl. 9(1): 13. 1907.

Basiônimo. Poria umbrinella Bres., Hedwigia 35: 282. 1896.

Descrição. Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 342, 369 (URM 81132, 81133); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al.

JMB 485, 519, 522, 535 (URM 81134, 81135, 81136, 81137); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar

et al. JMB 641, 675, 683, 686 (URM 81138, 81139, 81140, 81141); 16/IX/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 815, 855, 865, 869 (URM 81142, 81143, 81144, 81145); 15/X/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1039, 1079 (URM 81146, 81147); 19/XI/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1216 (URM 81148); 21/I/2009, J.M. Baltazar

et al. JMB 1308 (URM 81149); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1386, 1423, 1427

(URM 81150, 81151, 81152); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

1538, 1548, 1578 (URM 91153, 81154, 81155).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para Alagoas, Bahia,

Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina

e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição.

Comentários. Fomitiporella umbrinella é semelhante macroscopicamente a “Fulvifomes

melleoporus” e “Fulvifomes membranaceus”. Entretanto, a cor dos basidiosporos é

suficiente para separá-la destas. Outra característica marcante da espécie é a presença de

uma linha negra próxima ao substrato.

Fomitiporia Murrill

Este é um gênero bem delimitado morfologicamente por possuir basidiosporos muito

característicos: globosos, hialinos, com parede espessa e dextrinóides (Wagner & Fischer,

2002b). Além disto, os basidiomas são perenes, o sistema hifálico é monomítico a dimítico

Page 44: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 44

— subdimítico segundo Dai et al. (2008) — e poucas espécies possuem setas, sendo, neste

caso, himeniais e escassas.

Fomitiporia maxonii Murrill, N. Amer. Fl. 9(1): 11 (1907).

Descrição. Ryvarden (2004) e Decock et al. (2007).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 764 (URM 81156);

Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 390, 397

(URM 81157, 81158); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 561, 568 (URM 81159,

81160); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 719, 730, 741 (URM 81161, 81162,

81163); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 971, 984 (URM 81164,

81165); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1130, 1137, 1149 (URM

81166, 81167, 81168); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1267, 1271

(URM 81169, 81170); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1358, 1365

(URM 81171, 81172); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1457

(URM 81173); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1626, 1640 (URM 81174, 81175);

Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 518 (URM 81176);

19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1234 (URM 81177); 10/III/2009,

J.M. Baltazar et al. JMB 1411, 1426 (URM 81178, 81179).

Distribuição. Neotropical (Decock et al., 2007); no Brasil, citada para Paraná,

Pernambuco e Rio Grande do Norte (Baltazar & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004; Decock et al., 2007).

Comentários. Fomitiporia maxonii foi anteriormente considerada sinônimo de F. punctata

(Fr.) Murrill (Ryvarden, 1985). Entretanto, outros trabalhos as consideram espécies

distintas, o que é apoiado por dados moleculares (Larsen & Cobb-Poulle, 1990; Ryvarden,

2004; Decock et al., 2007). Basidiomas de F. maxonii possuem a margem distintamente

amarelada, enquanto em F. punctata a margem é castanha. A primeira também possui

basidiosporos menores que a última (Ryvarden, 2004).

Fulvifomes Murrill

Gênero caracterizado por basidiomas perenes, sem setas, e com basidiosporos elipsóides

e amarelos (Wagner & Fischer, 2002b). Espécies ressupinadas podem ser confundidas com

algumas espécies de Fomitiporella, porém os basidiosporos são marrons neste gênero.

Algumas espécies pileadas apresentam o píleo rimoso, como aquelas do complexo F.

Page 45: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 45

rimosus (Berk.) Fiasson & Niemelä. Apesar de, em última instância, o gênero ser

delimitado apenas pelas características do basidiosporo, sua segregação de outros grupos

de Phellinus s.l. é sustentada por filogenia baseada em dados morfológicos e moleculares

(Fiasson & Niemelä, 1984; Wagner & Fischer, 2001; 2002b).

Chave para as espécies de Fulvifomes

1a. Basidioma pileado a efuso-reflexo ................................................................................ 2

1b. Basidioma ressupinado .................................................................................................. 3

2a. Basidioma dimidiado a ungulado, superfície do píleo tornando-se negra a cinza e

rimosa, superfície dos poros marrom escura ................................. “Fulvifomes merrillii”

2b. Basidioma efuso-reflexo a séssill e amplamente aderido, aplanado a convexo,

superfície do píleo não rimosa, superfície dos poros dourada a canela .............................

.......................................................................................................... Fulvifomes fastuosus

3a. Basidiosporos 4-5 × 3-3,5 μm, 4-6 poros por mm ................. “Fulvifomes melleoporus”

3b. Basidiosporos 3-4 × 2,5-3 μm, 5-9 poros por mm ............. “Fulvifomes membranaceus”

Fulvifomes fastuosus (Lév.) Bondartseva & S. Herrera, Mikol. Fitopatol. 26(1): 13 (1992).

Basiônimo. Polyporus fastuosus Lév., Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 3 2: 190 (1844).

Descrição. Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 21/V/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1631 (URM 81122); Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 514 (URM 81123); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 857, 862

(URM 81124, 81125); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1238

(URM 81126); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1540, 1571, 1572

(URM 81127, 81128, 81129).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Alagoas, Amazonas,

Bahia, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande

do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Santa Catarina (Groposo et al., 2007; Baltazar &

Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004); o espécime URM 81122

foi coletado na base de uma árvore viva.

Comentários. Fulvifomes fastuosus é caracterizada pelos basidiomas efuso-reflexos a

amplamente aderidos e geralmente grandes (até 60 × 30 cm), com o contexto e a superfície

Page 46: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 46

dos poros em tons de amarelo. Compartilha as mesmas características macroscópicas com

Phellinus rhytiphloeus (Mont.) Ryvarden, da qual difere pela forma e tamanho dos

basidiosporos — globosos, 4-5,5 μm de diâmetro nesta; subglobosos a elipsóides, 4,5-6,5 ×

4-5,5 μm na primeira (Ryvarden, 2004). O estudo de seus tipos se torna necessário para

confirmar se estas são a mesma espécie. Fulvifomes grenadensis (Murrill) Murrill, outra

espécie similar, possui a superfície do píleo vilosa, enquanto em F. fastuosus esta é glabra,

e basidiosporos com o diâmetro levemente menor, 3-4 μm (Ryvarden, 2004).

“Fulvifomes melleoporus” (Murrill) Baltazar & Gibertoni, ined.

Basiônimo. Fomitiporella melleopora Murrill, N. Amer. Fl. 9(1): 13 (1907).

Descrição. Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 531 (URM 81130); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 660

(URM 81131).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada anteriormente para Bahia,

Mato Grosso e Rio Grande do Norte (Bononi et al., 2008; Baltazar & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004). Esta é a primeira citação

da espécie para Pernambuco.

Comentários. Espécie parecida a “F. membranaceus”, da qual difere pelos poros e

basidiosporos maiores — 4-6 poros por mm, basidiosporos 4-5 × 3-3,5 μm em “F.

melleoporus”; 5-9 poros por mm, 3-4 × 2,5-3 μm em “F. membranaceus”. Também é

similar a Fomitiporella umbrinella, da qual difere pela cor dos basidiosporos.

“Fulvifomes membranaceus” (J.E. Wright & Blumenf.) Baltazar & Gibertoni, ined.

Basiônimo. Phellinus membranaceus J.E. Wright & Blumenf., Mycotaxon 21: 422 (1984).

Descrição. Wright & Blumenfeld (1984) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado

(Sirijí), 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1173 (URM 81294).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Bahia e Pernambuco

(Baltazar & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Wright & Blumenfeld, 1984; Ryvarden,

2004).

Comentários. A espécie foi descrita originalmente como tendo basidiosporos hialinos.

Posteriormente, Ryvarden (2004) ampliou o conceito específico para compreender

Page 47: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 47

espécimes com basidiosporos hialinos a amarelos. Espécie semelhante a “F. melleoporus”,

da qual difere pelo tamanho dos poros e basidiosporos, e de Fomitiporella umbrinella, da

qual difere pela cor dos basidiosporos.

“Fulvifomes merrillii” (Murrill) Baltazar & Gibertoni, ined.

Basiônimo. Pyropolyporus merrillii Murrill, Bull. Torrey Bot. Club 34: 479 (1907).

Descrição. Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 16/IX/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 860 (URM 81295); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1568 (URM 81296).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada anteriormente para Bahia e

Paraná (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009). Esta é a primeira

citação da espécie para Pernambuco.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).

Comentários. Espécie próxima a F. rimosus, diferindo unicamente pelos poros maiores

nesta (4-5 por mm versus 7-10), e de Phellinus piptadeniae Teixeira, da qual difere pelo

tamanho dos poros e dos basidiosporos (Ryvarden, 2004). Um estudo molecular destas

espécies se faz necessário para melhor compreender suas relações e afirmar quantas

espécies existem neste complexo.

Fuscoporia Murrill

Este é um gênero bem delimitado morfologicamente, caracterizado pelo sistema hifálico

monomítico a dimítico, com algumas espécies apresentando o sistema hifálico

intermediário entre estes, além da presença de setas himeniais, hifas generativas nos

dissepimentos incrustadas, e basidiosporos hialinos, indextrinóides (Wagner & Fischer,

2002b). Pelo menos duas espécies, F. contigua (Pers.) G. Cunn. e F. ferruginosa (Schrad.)

Murrill, apresentam hifas setais (Groposo et al., 2007). Fuscoporia é morfologicamente

similar a Inonotus s.s., principalmente pela estrutura hifálica, porém as espécies deste

gênero têm basidiosporos pigmentados.

Chave para as espécies de Fuscoporia

1a. Basidioma ressupinado ....................................................................... Fuscoporia ferrea

1b. Basidioma efuso-reflexo a pileado séssil, solitário a imbricado ................................... 2

Page 48: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 48

2a. Píleo pequeno, até 1,5 × 0,3 cm e até 2,5 mm de espessura, basidiosporos 2,5-3 μm

de largura ....................................................................................... “Fuscoporia chrysea”

2b. Píleo até 15 × 15 cm e até 3 cm de espessura, basidiosporos 3-5 μm de largura ..... 3

3a. Basidioma coriáceo e flexível, contexto até 2 cm de espessura, basidiosporos hialinos ..

..................................................................................................................... Fuscoporia gilva

3b. Basidioma coriáceo rígido a lenhoso, contexto até 0,5 cm de espessura, basidiosporos

hialinos a amarelos com parede levemente espessa .................................. Fuscoporia senex

“Fuscoporia chrysea” (Lév.) Baltazar & Gibertoni, ined. Figura 4D

Basiônimo. Polyporus chryseus Lév., Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 3 5: 301 (1846).

Descrição. Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado

(Sirijí), 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1164 (URM 81293).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004). Primeiro registro desta espécie para o Brasil.

Substrato. Angiospermas em decomposição.

Comentários. “Fuscoporia chrysea” é caracterizada por basidiomas efuso-reflexos, com

píleos pequenos e imbricados. Fuscoporia gilva é similar, porém difere pelos basidiomas

maiores, pela cor da superfície dos poros e tamanho dos poros — marrom, 6-8 por mm em

F. gilva, e amarela, 5-6 por mm em “F. chrysea”.

Por haverem poucas coletas desta espécie, Ryvarden (2004) afirma que o atual conceito

possa compreender apenas uma fase inicial do desenvolvimento do basidioma, sendo que

um píleo maior poderia vir a se desenvolver posteriormente.

Fuscoporia ferrea (Pers.) G. Cunn., Bull. New Zealand Dept. Sci. Industr. Res. 73: 7

(1948).

Basiônimo. Polyporus ferreus Pers., Mycol. Eur. 2: 89 (1825).

Descrição. Cunningham (1965) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmão, 13/VI/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 356 (URM 81180).

Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecido para os estados do Rio

Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro

registro da espécie para a região Nordeste.

Substrato. Angiospermas e coníferas em decomposição (Ryvarden, 2004).

Page 49: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 49

Comentários. Fuscoporia ferrea difere de F. ferruginosa pela presença de hifa setal nesta.

Fuscoporia punctatiformis (Murrill) Zmitr. et al., outra espécie similar, difere pelos

basidiosporos menores — 5-7,5 × 2-2,5 μm em F. ferrea e 4-6 × 1,5-2 μm em F.

punctatiformis (Ryvarden, 2004).

Fuscoporia gilva (Schwein.) T. Wagner & M. Fisch., Mycologia 94(6): 1013 (2002).

Basiônimo. Boletus gilvus Schwein., Schrift Nat Ges Leipzig. 1: 96 (1822).

Descrição. Loguercio-Leite & Wright (1995) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 430, 434, 436 (URM

81181, 81182, 81183); 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 588, 589, 592 (URM 81184,

81185, 81186); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 755, 765, 777a (URM 81187,

81188, 81206); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1006, 1013, 1026

(URM 81189, 81190, 81191); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1191, 1196, 1198, 1208

(URM 81192, 81193, 81194, 81195); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1286 (URM

81196); 27/I/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1371 (URM 81197);

17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1477, 1486, 1487, 1495 (URM 81198, 81199, 81200,

81201); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1706, 1708, 1710, 1718 (URM 81202,

81203, 81204, 81205); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 388, 403, 409 (URM 81207, 81208, 81209); 08/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 537, 543, 559, 570 (URM 81210, 81211, 81212, 81213); 14/VIII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 694, 706, 731, 732 (URM 81214, 81215, 81216, 81217);

23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 941, 950, 966, 974, 985, 986, 993

(URM 81218, 81219, 81220, 81221, 81222, 81223, 81224); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1110, 1122, 1133, 1138, 1139 (URM 81225, 81226, 81227,

81228, 81229); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1354, 1359, 1360 (URM

81230, 81231, 81232); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1443,

1455, 1458 (URM 81233, 81234, 81235); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1599

(URM 81236); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 367

(URM 81237); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 482, 490, 491, 492, 493, 527, 533,

534 (URM 81238, 81239, 81240, 81241, 81242, 81243, 81244, 81245); 12/VIII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 646, 647, 648, 652, 654, 673, 678, 685 (URM 81246, 81247, 81248,

81249, 81250, 81251, 812452, 81253); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 821, 822,

823, 824, 826, 840 (URM 81254, 81255, 81256, 81257, 81258, 81259); 15/X/2008, J.M.

Page 50: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 50

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1044, 1045, 1075 (URM 81260, 81261, 81262);

19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1219, 1220, 1221, 1229 (URM

81263, 81264, 81265, 81266); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1313, 1315, 1316b,

1321, 1323 (URM 81267, 81268, 81279, 81269, 81270); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al.

JMB 1376, 1389, 1392, 1422, 1425 (URM 81271, 81272, 81273, 81274, 81275);

07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1533, 1543, 1549 (URM 81276,

81277, 81278); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 19/VII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 629 (URM 81280); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 781

(URM 81281); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 911 (URM

81282); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1166 (URM 81283); 30/XI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 1299 (URM 81284); 29/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB

1372 (URM 81285); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1502, 1507

(URM 81286, 81287); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1660 (URM 81288).

Distribuição. Cosmopolita (Loguercio-Leite & Wright, 1995); no Brasil, é conhecida para

Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará,

Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,

Rondônia, Roraima, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Bononi et al., 2008; Baltazar &

Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas vivas e em decomposição (Ryvarden, 2004).

Comentários. Fuscoporia gilva é uma das espécies mais coletadas e citadas para regiões

tropicais, e é caracterizada por apresentar grande variação morfológica. É muito similar a

F. callimorpha (Lév.) Groposo et al., da qual difere pela superfície do píleo finamente

tomentosa, além da forma das setas himeniais — subulada em F. callimorpha e ventricosa

em F. gilva (Groposo et al., 2007). Outra espécie similar é F. bifurcata Baltazar et al., da

qual difere pelas setas himeniais com ápice bifurcado e os basidiosporos maiores nesta

(Baltazar et al., 2009).

Fuscoporia senex (Nees & Mont.) Ghob.-Nejh., in Ghobad-Nejhad & Dai, Mycotaxon

101: 208 (2007).

Basiônimo. Polyporus senex Nees & Mont., in Montagne, Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 2 5: 70

(1836).

Descrição. Ryvarden (2004).

Page 51: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 51

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008,

tronco caído em decomposição, J.M. Baltazar et al. JMB 574 (URM 81292); São Vicente

Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 479 (URM 81289).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Amazonas, Bahia,

Maro Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina (Bononi et al., 2008;

Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Madeira em decomposição (Ryvarden, 2004).

Comentários. Espécie caracterizada por seus basidiomas geralmente rígidos e o contexto

delgado. Macroscopicamente, é similar a Fulvifomes fastuosus, diferindo desta por possuir

setas himeniais. Fuscoporia torulosa (Pers.) T. Wagner & M. Fisch., outra espécie similar,

difere pela superfície do píleo azonada e pela margem e superfície dos poros mais escuras

(Ghobad-Nejhad & Dai, 2007). Um dos espécimes estudados possui a superfície do píleo

escruposa, característica incomum para a espécie.

Hymenochaete Lév. sensu Wagner & Fischer (2002a)

Tradicionalmente, Hymenochaete foi utilizado para acomodar espécies de

Hymenochaetaceae com himenóforo liso. Entretanto, um estudo filogenético baseado em

dados moleculares mostrou que espécies do gênero lamelar a poróide Cyclomyces Kunze

ex Fr. são congenéricas as de Hymenochaete (Wagner & Fischer, 2002a). Estes autores

propuseram a sinonímia destes gêneros, porém rejeitando Cyclomyces a favor de

Hymenochaete, sendo este gênero considerado atualmente conservado (McNeill et al.,

2006). Larsson et al. (2006) reavaliaram o clado himenoquetóide com análises

filogenéticas, e as duas espécies de Cyclomyces incluídas nas análises se posicionaram em

um clado com as demais espécies de Hymenochaete, corroborando os resultados de

Wagner & Fischer (2002a).

Hymenochaete sensu Wagner & Fischer (2002a) é caracterizado por basidiomas

ressupinados a estipitados, píleo delgado e flexível, superfície do píleo geralmente

velutínea a tomentosa, himenóforo liso, lamelar a tubular, sistema hifálico monomítico,

setas himeniais retas e basidiosporos cilíndricos a elipsóides.

“Hymenochaete iodina” (Mont.) Baltazar & Gibertoni, ined.

Basiônimo. Polyporus iodinus Mont., Ann. Sci. nat. II 16: 108. 1841.

Descrição. Ryvarden (2004).

Page 52: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 52

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 604 (URM 81119);

25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 775 (URM 81120); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1025 (URM 81121).

Distribuição. Pantropical (Cunningham, 1965; Ryvarden, 2004); no Brasil, conhecida para

Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina

(Sampaio, 1916; Baltazar & Gibertoni, 2009).

Substrato. Madeira em decomposição; o espécime URM 81119 foi coletado em árvore

viva.

Comentários. Esta espécie é similar a H. cyclolamellata T. Wagner & M. Fisch.

[=Cyclomyces fuscus Kunze ex Fr., non Hymenochaete fusca (P. Karst.) Sacc.], da qual

difere pela superfície himenial e largura dos basidiosporos (poróide, 2-2,5 μm em “H.

iodina” e concentricamente lamelar, 1,5-2 μm em H. cyclolamellata (Ryvarden, 2004).

Corner (1991) atribuiu pouco peso a estas variações, e considerou “H. iodina” como uma

variedade de H. cyclolamellata. Entretanto, a superfície himenial parece ser uma

característica importante em nível específico, e estas espécies são consideradas como

distintas neste trabalho. Hymenochaete porioides T. Wagner & M. Fisch. [=Cyclomyces

tabacinus (Mont.) Pat., non Hymenochaete tabacina (Sowerby) Lév.], outra espécie

semelhante, difere pelos poros e setas himeniais menores.

Inonotus P. Karst.

Inonotus s.s. é um gênero morfologicamente muito parecido a Fuscoporia,

diferenciando-se principalmente pelos basidiosporos pigmentados e com a parede

levemente espessa no primeiro (Baltazar & Gibertoni, no prelo). São características do

gênero basidiomas anuais a perenes, o sistema hifálico monomítico a dimítico, e a presença

de hifas setais e/ou setas himeniais em muitas espécies (Wagner & Fischer, 2002b).

Chave para as espécies de Inonotus

1a. Poros 4-6 por mm, setas himeniais escassas, 15-25 μm de comprimento, basidiosporos

5-6 × 4-4,5 μm ........................................................................... Inonotus pseudoglomeratus

1a. Poros 8-10 por mm, setas himeniais abundantes, 20-40 μm de comprimento,

basidiosporos 3,5-5 × 3-4 μm ......................................................... “Inonotus portoricensis”

Page 53: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 53

“Inonotus portoricensis” (Overh.) Baltazar & Gibertoni, ined.

Basiônimo. Fomes portoricensis Overh., in Seaver & Chardón, Sci. Surv. Porto Rico &

Virgin Islands 8(1): 158 (1926).

Descrição. Fidalgo (1968b) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008,

tJ.M. Baltazar et al. JMB 500, 504 (URM 81297, 81298); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al.

JMB 836 (URM 81299); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1223,

1224 (URM 81300, 81301); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. 1401 (URM 81302);

07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1547 (URM 81303).

Distribuição. Neotropical (Ryvarden, 2004); no Brasil, citada para Alagoas e Bahia

(Baltazar & Gibertoni, 2009), sendo este seu primeiro registro para Pernambuco.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004).

Comentários. Espécie similar a I. pachyphloeus (Pat.) T. Wagner & M. Fisch. e outras

espécies pertencentes ao mesmo complexo, pode ser diferenciado por apresentar o contexto

falsamente homogêneo, pois o tomento desaparece no início do desenvolvimento, expondo

uma linha negra, além dos basidiosporos pigmentados desde o início do desenvolvimento

(Fidalgo, 1968b). O sistema hifálico desta espécie, assim como de suas similares, tem sido

motivo de controvérsias na literatura. Fidalgo (1968b) considera seu sistema hifálico

dimítico, composto de hifas generativas e hifas setais esqueletais (“setal skeletal hyphae”

em Fidalgo, op. cit.), um termo não encontrado em outros trabalhos. Ryvarden (2004)

considera o sistema hifálico também como dimítico, porém composto por hifas generativas

e hifas esqueletais. Os materiais estudados apresentam o sistema hifálico intermediário,

com hifas generativas hialinas com parede delgada a amareladas com parede levemente

espessas, estas com septos raros e distantes uns dos outros, além de hifas setais no contexto

e setas tramais.

Inonotus pseudoglomeratus Ryvarden, Syn. Fungorum 15: 78 (2002). Figura 4E

Descrição. Ryvarden (2004; 2005).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 15/X/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1082 (URM 81290); 10/III/2009, J.M. Baltazar

et al. JMB 1430 (URM 81291).

Distribuição. Neotropical, porém rara (Ryvarden, 2004; 2005). Citada para Belize e

Venezuela, este é o primeiro registro da espécie para o Brasil.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden, 2004; 2005).

Page 54: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 54

Comentários. Espécie caracterizada pelo píleo concentricamente zonado e umbonado,

além da superfície dos poros amarelo olivácea escura e das setas himeniais raras. Segundo

Ryvarden (2004; 2005), esta espécie lembra I. glomeratus (Peck) Murrill da América do

Norte temperada, porém esta apresenta setas himeniais abundantes e basidiomas

ressupinados. Inonotus patouillardii (Rick) Imazeki também é similar a I.

pseudoglomeratus, porém a primeira possui a superfície do píleo azonada e quebrando-se

em blocos, além de poros e basidiosporos maiores — 4-6 poros por mm, 5-6 × 4-4,5 μm

em I. pseudoglomeratus; 3-4 poros por mm, 6-8 × 4-5,5 μm em I. patouillardii (Ryvarden,

2004).

Phylloporia Murrill

Phylloporia é um gênero bem delimitado morfologicamente e molecularmente,

caracterizado pelo contexto dúplex, ausência de setas e sistema hifálico geralmente

monomítico — dimítico em duas espécies (Wagner & Ryvarden, 2002). Ocorre geralmente

em troncos e ramos de árvores vivas, podendo ocorrer em madeira morta ou em matéria

orgânica em decomposição no solo.

Chave para as espécies de Phylloporia

1a. Em árvores vivas ou mortas, basidioma pileado séssil, solitário a imbricado,

basidiosporos subglobosos, marrom amarelado claros ........................ Phylloporia chrysita

1b. No solo em meio à serrapilheira, basidioma lateralmente estipitado, basidiosporos

amplamente elipsóides, amarelos ..................................................... Phylloporia spathulata

Phylloporia chrysita (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 235 (1972).

Basiônimo. Polyporus chrysites Berk., Hooker's J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 233 (1856).

Descrição. Wagner & Ryvarden (2002) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1024

(URM 81304); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 18/IX/2009, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 900 (URM 81305).

Distribuição. Neotropical (Wagner & Ryvarden, 2002); no Brasil, conhecida para Acre,

Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa

Page 55: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 55

Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva &

Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas vivas e em decomposição.

Comentários. Esta espécie é caracterizada pelos basidiomas macios devido ao tomento

relativamente espesso, além dos poros e basidiosporos pequenos. Frequentemente, é

confundida com espécies de Inonotus, e em muitos herbários é possível encontrar

espécimes identificados como Inonotus sp. ou como seu sinônimo I. corrosus Murrill. É

similar a P. weberiana (Sacc.) Ryvarden, uma espécie paleotropical, da qual difere pelos

basidiosporos amarelos claros e menores nesta espécie (Wagner & Ryvarden, 2002).

Phylloporia spathulata (Hook.) Ryvarden, Syn. Fungorum 5: 196 (1991).

Basiônimo. Boletus spathulatus Hook., Syn. Pl. (Kunth) 1: 9 (1822).

Descrição. Wagner & Ryvarden (2002) e Ryvarden (2004).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 743 (URM 81306);

03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1697 (URM 81307); Moreno, RPPN Carnijó,

17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 392, 393 (URM 81308, 81309);

08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 564 (URM 81310); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 720 (URM 81311); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 969

(URM 81312); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1135 (URM

81313); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1634 (URM 81314); São Vicente Férrer,

Mata do Estado (Sirijí), 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1084

(URM 81315).

Distribuição. Pantropical (Wagner & Ryvarden, 2002); no Brasil, citada para Amazonas,

Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa

Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro

registro desta espécie para Pernambuco.

Substrato. No solo em meio à serrapilheira.

Comentários. Devido o seu basidioma estipitado, esta espécie foi amplamente aceita no

gênero Coltricia. Entretanto, o contexto dúplex e os basidiosporos pigmentados e pequenos

a caracterizam como uma espécie típica de Phylloporia, e seu posicionamento neste gênero

é sustentado por análises moleculares (Wagner & Ryvarden, 2002). Phylloporia veracrucis

(Sacc.) Ryvarden, outra espécie que pode apresentar basidiomas estipitados, difere

Page 56: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 56

principalmente pelos basidiosporos levemente maiores — 4-4,5 × 3-3,5 μm nesta, 3-4 × 2-

3 μm em P. spathulata (Wagner & Ryvarden, 2002).

4.1.5. Meripilaceae Jülich

Rigidoporus Murrill

Gênero caracterizado pelos basidiomas geralmente rígidos e leves quando secos,

sistema hifálico monomítico a aparentemente dimítico, hifas generativas com septo

simples, cistídios tramais com parede espessa presentes ou ausentes, cistidíolos

mamiliformes geralmente presentes e basidiosporos hialinos, ovóides a subglobosos

(Gilbsertson & Ryvarden, 1986). Espécies de Oxyporus são muito similares macro- e

microscopicamente, diferindo por apresentarem basidiomas mais claros, presença de

cistídios himeniais e ausência de cistídios tramais e cistidíolos mamiliformes (Ryvarden,

1991).

Chave para as espécies de Rigidoporus

1a. Basidioma ressupinado a raramente efuso-reflexo, linha negra próxima ao substrato

geralmente presente, basidiosporos 4-5,5 × 3-4 µm .............................. Rigidoporus vinctus

1b. Basidioma efuso-reflexo a subestipitado, raramente ressupinado, linha negra próxima

ao substrato ausente, basidiosporos 4,5-6 × 4-5 µm ............................. Rigidoporus lineatus

Rigidoporus lineatus (Pers.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 236 (1972).

Basiônimo. Polyporus lineatus Pers., Gaudichaud Bot. Frey. Voy. Monde: 174 (1827).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 449, 450 (URM 81431,

81432); 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 582, 585 (URM 81433, 81434);

25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 759 (URM 81435); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al.

JMB 1698, 1715, 1717 (URM 81436, 81437, 81438); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 395, 399 (URM 81439, 81440); 08/VII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 555 (URM 81441); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 692,

699, 717, 722 (URM 81442, 81443, 81444, 81445); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 933 (URM 81446); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Page 57: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 57

Pereira JMB 1085 (URM 81447); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

1247 (URM 81448); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1342 (URM

81449); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1434 (URM 81450);

21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1587, 1592, 1604, 1624, 1636 (URM 81451, 81452,

81453, 81454, 81455); Recife, Parque Dois Irmãos, 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB

1407 (URM 81456); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 19/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 632 (URM 81457); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 784 (URM 81458); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

1505, 1525 (URM 81459, 81460); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1653, 1664, 1679

(URM 81461, 81462, 81463).

Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Amapá, Bahia, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e

Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Rigidoporus lineatus é praticamente idêntica macroscopicamente a R.

microporus (Sw.) Overeem. Microscopicamente, elas são separadas pela ausência de

cistídios na última. Entretanto, uma observação cuidadosa deve ser realizada, porque os

cistídios podem ser escassos ou estarem localizados imersos na trama em alguns espécimes

de R. lineatus. Os basidiosporos destas duas espécies apresentam tamanhos levemente

distintos [4,5-6 × 4-5 µm em R. lineatus, 3,5-5 × 3,5-4 µm em R. microporus (Gilbertson

& Ryvarden, 1986)], porém não o suficiente para separar as espécies com base apenas

nesta característica.

Rigidoporus vinctus (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 143 (1972)

Basiônimo. Polyporus vinctus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 9: 196 (1852).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 21/V/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1593 (URM 81464).

Distribuição. Pantropical e em partes quentes de zonas temperadas (Ryvarden &

Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio

Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva &

Gibertoni, 2009).

Substrato. Em angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Page 58: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 58

Comentários. Espécie caracterizada pela grande variação de cor do basidioma, geralmente

em tons rosados quando fresco podendo tornar-se acinzentado a preto quando seco. Os

basidiomas são rígidos e, quando delgado, as margens geralmente se curvam ao secar. Os

basidiosporos são ovóides a subglobosos e, frequentemente, colapsam em KOH.

4.1.6. Phanerochaetaceae Jülich

Antrodiella Ryvarden & I. Johans.

Antrodiella compreende espécies com basidioma macios e densos, cerosos quando

frescos, tornando-se duros e semi-translúcidos quando secos, sistema hifálico dimítico,

hifas generativas com grampo de conexão, cistídios ausentes ou presentes, e basidiosporos

hialinos, pequenos, subglobosos, elipsóides a alantóides (Ryvarden & Johansen, 1980).

Sua separação de outros gêneros como Flabellophora, Flaviporus Murrill, Flavodon

Ryvarden, Junghuhnia Corda, Oxyporus (Bordot & Galzin) Donk, Steccherinum Gray e

Tyromyces P. Karst. é confusa em alguns casos (Ginns, 1980; 1984; Ryvarden, 1991; Dai

& Niemelä, 1997), e a revisão de muitas espécies tropicais destes gêneros é necessária para

melhor delimitá-los (Rajchenberg, com. pess.).

Chave para as espécies de Antrodiella

1a. Basidioma subestipitado, flabeliforme a espatulado, basidiosporos elipsóides, 3-3,5 ×

2-2,5 μm ............................................................................................. Antrodiella hydrophila

1b. Basidioma pileado séssil a estipitado, dimidiado a flabeliforme, basidiosporos

cilíndricos a alantóides, 4-4,5 × 1-1,5 μm ........................................... Antrodiella versicutis

Antrodiella hydrophila (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden, Mycotaxon 20(2): 343 (1984).

Basiônimo. Polyporus hydrophilus Berk. & M.A. Curtis, J. Linn. Soc., Bot. 10(45): 306

(1868) [1869].

Descrição. Lowe (1975) e Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mara do Estado

(Sirijí), 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1655, 1687 (URM 81466, 81467).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Paraná e São Paulo (Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro de A.

hydrophila para Pernambuco.

Page 59: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 59

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Os basidiomas desta espécie são flabeliformes a espatulados e flexíveis

quando frescos, rígidos e curvados quando secos, o que a tornam característica. Sua

posição taxonômica é incerta, sendo aceita por outros autores nos gêneros Flaviporus ou

Tyromyces (Lowe, 1975; Ginns, 1980).

Antrodiella versicutis (Berk. & M.A. Curtis) Gilb. & Ryvarden, N. Amer. Polyp. 1: 158

(1986).

Basiônimo. Polyporus versicutis Berk. & M.A. Curtis, J. Linn. Soc., Bot. 10(45): 308

(1868) [1869].

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 579 (URM 81468);

17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1496 (URM 81469); 12/VII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 579 (URM 81468); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1720 (URM 81470);

Moreno, RPPN Carnijó, 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 965, 992,

998 (URM 81471, 81472, 81473); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

1112, 1121, 1142, 1153 (URM 81474, 81475, 81476, 81477); 21/XI/2008, J.M. Baltazar &

L. Trierveiler-Pereira JMB 1263, 1277 (URM 81478, 81479); 21/V/2009, J.M. Baltazar et

al. JMB 1642, 1643 (URM 81480, 81481); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 329 (URM 81482); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 649, 688

(URM 81483, 81484); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 868, 873 (URM 81485,

81486); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1035, 1077, 1083 (URM

81487, 81488, 81489); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1211,

1241, 1244 (URM 81490, 81491, 81492); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1380,

1385, 1403 (URM 81493, 81494, 81495); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1531 (URM 81496); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 21/X/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 1171 (URM 81497); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1501 (URM 81498); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1681 (URM

81499).

Distribuição. Neotrópicos e América temperada (Gilbertson & Ryvarden, 1986); no

Brasil, conhecida para Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande

do Sul, São Paulo e Sergipe como A. versicutis e Bahia, Paraná, Pernambuco, Rio Grande

Page 60: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 60

do Sul e São Paulo como A. duracina (Pat.) I. Lindblad & Ryvarden (Baltazar & Gibertoni,

2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas (Gilbertson &

Ryvarden, 1986).

Comentários. Esta espécie é caracterizada pelo basidioma geralmente estipitado e os

basidiosporos alantóides e pequenos. Seu contexto é geralmente composto apenas por hifas

generativas, e por isso é microscopicamente muito similar a Flabellophora obovata,

distinguindo-se apenas pela forma e tamanho dos basidiosporos.

A relação entre A. duracina e A. versicutis permanece incerta. Lowe (1975) as considera

espécies distintas baseado apenas no tamanho dos poros. Gilbertson & Ryvarden (1986)

consideraram esta uma característica sem peso taxonômico, e propuseram a sinonimização

das espécies. Lindblad & Ryvarden (1999) as mantiveram separadas, justificando esta

decisão pelo fato de materiais neotropicais apresentarem diferenças no tamanho dos poros

e composição do contexto, sendo composto principalmente por hifas generativas em A.

duracina e por esqueletais em A. versicutis. Os materiais aqui estudados apresentam

grande variação no tamanho dos poros e composição do contexto, não sendo possível

separá-los em dois grupos distintos em nível específico. Dessa forma, as duas espécies são

consideradas sinônimos. Assim como A. hydrophila, A. versicutis têm sua posição em nível

genérico não esclarecida, pois alguns autores a consideram em Tyromyces (Murrill, 1907;

Lowe, 1975; David & Rajchenberg, 1985).

4.1.7. Polyporaceae Fr. ex Corda

Coriolopsis Murrill

Coriolopsis é caracterizado por basidiomas anuais, geralmente com cores amarronzadas,

contexto dourado a marrom, sistema hifálico trimítico, hifas esqueletais e conectivas

amareladas a castanhas e basidiosporos cilíndricos a oblongo elipsóides, hialinos e com

parede delgada (Ryvarden & Johansen, 1980). É um gênero próximo a Trametes, do qual

difere unicamente pela cor das hifas (Ryvarden, 1991). O tipo de podridão e o

comportamento nuclear são idênticos nestes gêneros, o que levou Corner (1989b) a

considerá-los sinônimos. Outros gêneros trametóides também diferenciados

morfologicamente pela coloração do basidioma e/ou das hifas são Datronia, Hexagonia e

Pycnoporus. Como estas diferenças em coloração são geralmente causadas pela

Page 61: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 61

composição química (Gilbertson & Ryvarden, 1986), estes gêneros são aceitos sensu

Ryvarden (1991).

Chave para as espécies de Coriolopsis

1a. Linhas concêntricas em torno dos pontos de adesão do basidioma ao substrato

presentes, superfície do píleo bege a marrom clara, contexto dourado, hifas esqueletais e

conectivas amarelas .................................................................................. Coriolopsis rigida

1b. Linhas concêntricas em torno dos pontos de adesão do basidioma ao substrato ausentes,

superfície do píleo marrom escuro a negra, contexto marrom a marrom escuro, hifas

esqueletais e conectivas marrom douradas .......................................... Coriolopsis caperata

Coriolopsis caperata (Berk.) Murrill, N. Amer. Fl. 9(2): 77 (1908).

Basiônimo. Polyporus caperatus Berk., Grevillea 9(51): 98 (1881).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 751, 753, 772 (URM

81500, 81501, 81502); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1008, 1023

(URM 81503, 81504); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1189, 1204, 1206 (URM

81505, 81506, 81507); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1284 (URM 81508);

17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1480, 1488 (URM 81509, 81510); 03/VI/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1699, 1700, 1711, 1722 (URM 81511, 81512, 81513, 81514); Moreno,

RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 374, 375, 386, 394

(URM 81515, 81516, 81517, 81518); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 542, 553, 563,

573, 576, 577 (URM 81519, 81520, 81521, 81522, 81523, 81524); 14/VIII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 696, 709, 718, 724, 734, 738, 739 (URM 81525, 81526, 81527, 81528,

81529, 81530, 81531); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 943, 956,

964, 977, 990, 996, 997, 1000 (URM 81532, 81533, 81534, 81535, 81536, 81537, 81538,

81539); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1089, 1094, 1126, 1128,

1131, 1148, 1150, 1152, 1154 (URM 81540, 81541, 81542, 81543, 81544, 81545, 81546,

81547, 81548); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1248, 1250, 1255,

1265, 1268, 1276, 1279 (URM 81549, 81550, 81551, 81552, 81553, 81554, 81555);

23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra JMB 1343, 1345, 1353, 1355, 1363 (URM

81556, 81557, 81558, 81559, 81560); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira

Page 62: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 62

JMB 1437, 1441, 1456, 1462, 1467, 1468 (URM 81561, 81562, 81563, 81564, 81565,

81566); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1591, 1595, 1630, 1644 (URM 81567, 81568,

81569, 81570); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 345,

351, 368 (URM 81571, 81572, 81573); 07/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 486, 517,

525 (URM 81574, 81575, 81576); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 639, 642, 650,

684 (URM 81577, 81578, 81579, 81580); 16/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 808, 810,

813, 825, 833, 866, 871 (URM 81581, 81582, 81583, 81584, 81585, 81586, 81587);

15/X/2008, J.M. Baltazar& L. Trierveiler-Pereira JMB 1034, 1036, 1046, 1051, 1074,

1078 (URM 81588, 81589, 81590, 81591, 81592, 81593); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1212, 1217, 1218, 1239, 1242 (URM 81594, 81595, 81596,

81597, 81598); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1309, 1310, 1316b, 1333, 1335, 1338

(URM 81599, 81600, 81613, 81601, 81602, 81603); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB

1379, 1384, 1387, 1397, 1421, 1428 (URM 81604, 81605, 81606, 81607, 81608, 81609);

07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1539, 1544, 1574, (URM 81610,

81611, 81612); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 475 (URM 81614); 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 606, 622, 627, 631

(URM 81615, 81616, 81617, 81618); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira

JMB 779, 788, 800, 805 (URM 81619, 81620, 81621, 81622); 18/IX/2008, J.M. Baltazar

& L. Trierveiler-Pereira JMB 876, 889, 893, 913, 923 (URM 81623, 81624, 81625, 81626,

81627); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1158, 1165 (URM 81628, 81629);

30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1292, 1298, 1304 (URM 81630, 81631, 81632);

19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1503, 1506, 1518, 1528 (URM

81633, 81634, 81635, 81636); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1672, 1686 (URM

81637, 81638).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Acre,

Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco,

Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa

Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-

Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Coriolopsis caperata é uma espécie de fácil identificação a campo devido à

superfície do píleo geralmente escura e concentricamente zonada, e a superfície dos poros

branca tornando-se bege em basidiomas velhos. Espécimes ressupinados e efuso-reflexos

Page 63: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 63

podem se parecer com C. rigida. Entretanto, a cor do basidioma e das hifas devem ser

suficientes para separar estas espécies.

Coriolopsis rigida (Berk. & Mont.) Murrill, N. Amer. Fl. 9(2): 75 (1908).

Basiônimo. Trametes rigida Berk. & Mont., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 11: 240 (1849).

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 538, 571, 572 (URM 81639, 81640, 81641); 14/VIII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 693, 733, 735 (URM 81642, 81643, 81644); 23/IX/2008, J.M. Baltazar

& L. Trierveiler-Pereira JMB 936, 938, 988, 989 (URM 81645, 81646, 81647, 81649);

16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1091, 1092, 1109, 1140 (URM

81649, 81650, 81651, 81652); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

1442 (URM 81653); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 30/XI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 1303 (URM 81654); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1523 (URM 81655).

Distribuição. Neotropical, extendendo-se a algumas áreas temperadas da Argentina e

Estados Unidos (Gilbertson & Ryvarden, 1986); no Brasil, conhecida para Alagoas, Bahia,

Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Roraima, São Paulo, Santa

Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-

Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente coníferas (Gilbertson & Ryvarden,

1986).

Comentários. Espécie caracterizada pela presença de linhas concêntricas em torno dos

pontos de adesão do basidioma ao substrato (Trierveiler-Pereira et al., 2009). Além desta

característica, difere de C. caperata pela coloração do basidioma e das hifas. Coriolopsis

floccosa (Jungh.) Ryvarden é muito similar, e C. rigida têm sido freqüentemente

considerada seu sinônimo (Ryvarden & Johansen, 1986; Ryvarden, 1991). Entretanto,

como a distinção entre as duas não está clara e espécimes neotropicais são freqüentemente

identificados como C. rigida, este é o nome aqui adotado para os materiais estudados.

Datronia Donk

Datronia se diferencia de outros gêneros trametóides pela cor do basidioma e das hifas

esqueletais. Apesar de Gilbertson & Ryvarden (1986) e Ryvarden (1991) descreverem o

gênero como dimítico com hifas esqueletais ramificadas, estes mesmos autores aceitam

Page 64: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 64

espécies trimíticas, e.g. D. scutellata (Schwein.) Gilb. & Ryvarden. Uma revisão das

espécies deste gênero e de Coriolopsis, com uma especial atenção ao sistema hifálico,

poderá esclarecer a delimitação destes gêneros.

Datronia decipiens (Bres.) Ryvarden, Mycotaxon 33: 308 (1988).

Basiônimo. Trametes decipiens Bres., Annls mycol. 18(1/3): 40 (1920).

Descrição. Ryvarden (1988).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1283 (URM 81656).

Distribuição. Espécie rara, mas provavelmente distribuída por toda a América do Sul, com

espécimes coletados na Bahia e sudeste do Brasil (Ryvarden, 1988). Este é o primeiro

registro da espécie para Pernambuco.

Substrato. Galho de angiosperma caído em decomposição.

Comentários. Datronia decipiens é caracterizada pelo basidioma delgado, contexto dúplex

com uma linha negra separando as porções superior e inferior, poros grandes e

basidiosporos elipsóides, diferindo das demais espécies do gênero principalmente por estas

duas últimas características (Ryvarden, 1988).

Existem poucas coletas desta espécie até o momento. O tipo foi coletado na Bahia, e

Ryvarden (1988) relata a existência de uma coleta no sudeste do Brasil. No banco de dados

do Herbarium Ryvardenius (http://www.bio.uio.no/bot/ryvardenius/index.html) estão

registrados três espécimes: dois coletados no Brasil, um provavelmente em São Paulo e o

outro é provavelmente, uma duplicata do tipo; o terceiro espécime foi coletado na

Colômbia.

Dichomitus D.A. Reid

O gênero é caracterizado por basidiomas ressupinados a raramente efuso-reflexos,

superfície dos poros e contexto brancos a marrom claros, sistema hifálico dimítico, hifas

generativas com grampo de conexão, hifas esqueleto-ligadoras hialinas, dextrinóides ou

negativas em Melzer, basidiosporos cilíndricos a oblongo elipsóides, geralmente acima de

10 μm na maior dimensão (Masuka & Ryvarden, 1999).

As características microscópicas são muito parecidas às de Polyporus, e os dois gêneros

parecem ser filogeneticamente próximos (Ryvarden, 1991). Megasporoporia Ryvarden &

J.E. Wright difere de Dichomitus apenas pela reação dextrinóide das hifas esqueletais, e

aqui é aceito como sinônimo como sugerido por Masuka & Ryvarden (1999).

Page 65: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 65

Pachykytospora é um gênero próximo às espécies de Dichomitus com hifas dextrinóides,

diferindo pelos basidiosporos ornamentados no primeiro.

Dichomitus cavernulosus (Berk.) Masuka & Ryvarden, Mycol. Res. 103(9): 1127 (1999).

Basiônimo. Polyporus cavernulosus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 8: 235

(1856).

Descrição. Ryvarden et al. (1982) e Masuka & Ryvarden (1999).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico João de

Vasconcelos Sobrinho, 17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1473 (URM 81657);

03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1702 (URM 81658); Moreno, RPPN Carnijó,

23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 975 (URM 81659); 16/X/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1136 (URM 81660); 21/XI/2008, J.M. Baltazar

& L. Trierveiler-Pereira JMB 1272 (URM 81661); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M.

Coimbra JMB 1347, 1352, 1361 (URM 81662, 81663, 81664); 12/III/2009, J.M. Baltazar

& L. Trierveiler-Pereira JMB 1459, 1470 (URM 81665, 81666); Recife, Parque Dois

Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 529 (URM 81667); 15/X/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1056 (URM 81668); 19/XI/2008, J.M. Baltazar &

L. Trierveiler-Pereira JMB 1243 (URM 81669); 21/I/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB

1307, 1322, 1336 (URM 81670, 81671, 81672); 10/III/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB

1394, 1431 (URM 81673, 81674); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

1558 (URM 81675); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 28/VIII/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 795 (URM 81676); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 880 (URM 81677); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1183

(URM 81678); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1305 (URM 81679); 28/V/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1675, 1682 (URM 81680, 81681).

Distribuição. Pantropical, porém não confirmada para Ásia (Masuka & Ryvarden, 1999);

no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do

Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni,

2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Masuka & Ryvarden, 1999).

Comentários. Espécie caracterizada pelos poros grandes, hifas esqueleto-ligadoras

dextrinóides e basidiosporos cilíndricos, hialinos, lisos e grandes. Pachykytospora

papyraceae é muito similar, diferindo pelos basidiosporos ornamentados, porém espécimes

estéreis das duas espécies são difíceis de distinguir.

Page 66: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 66

Diplomitoporus Dománski

São características do gênero o basidioma ressupinado a efuso-reflexo, fibroso e branco

a creme, sistema hifálico dimítico a trimítico, hifas generativas com grampo de conexão,

hifas esqueletais negativas em Melzer a fracamente amilóides e basidiosporos hialinos,

com parede delgada, elipsóides a alantóides. Espécies de Antrodia P. Karst. apresentam as

mesmas características, porém causam podridão marrom. A delimitação entre

Diplomitoporus e Antrodiella é vaga, diferindo, segundo Gilbertson & Ryvarden (1986) e

Ryvarden (1991), por este gênero apresentar basidiomas cartilaginosos e basidiosporos

menores. Entretanto, espécies com tamanho de basidiosporos dentro da variação aceita

para Antrodiella têm sido descritas em Diplomitoporus, e.g. D. costaricensis I. Lindblad &

Ryvarden e D. stramineus Ryvarden & Iturr. Algumas espécies de Skeletocutis possuem

características comuns a Diplomitoporus, porém as hifas são incrustadas (Ryvarden, 1991).

Neste trabalho, o gênero é aceito como diferindo de Antrodiella apenas pela

consistência e aspecto do basidioma, porém análises moleculares seriam necessárias para

averiguar a importância desta característica e as relações entre espécies destes gêneros.

Chave para as espécies de Diplomitoporus

1a. Basidiosporos amplamente elipsóides a raramente subglobosos ou oblongo elipsóides,

4-5 × (2,5-) 3-3,5(-4,5) μm ................................................. “Diplomitoporus ellipsosporus”

1b. Basidiosporos cilíndricos, 4-4,5 × 1-1,5 μm ..................... Diplomitoporus venezuelicus

“Diplomitoporus ellipsosporus” Baltazar, Ryvarden & Gibertoni, ined. Figuras 2 e 4A

Basidioma ressupinado, até 12 × 6 cm e 2,5 mm de espessura, fibroso, levemente macio

quando fresco, rígido quando seco. Superfície dos poros branca a creme (4, 7 e 52) quando

fresco, creme a ocrácea quando seco (30, 32 e 52), poros angulares em partes do basidioma

voltadas para o solo, elongados em porções inclinadas em relação ao solo, (4-) 6-8 poros

por mm. Margem fértil a estéril até 3,5 mm, da mesma cor que a superfície dos poros a

amarronzada (12, 17). Contexto fibroso a algodonoso, ceráceo em algumas partes,

homogêneo, da mesma cor que a superfície dos poros, até 0,5 mm de espessura. Tubos da

mesma cor que a superfície dos poros, ceráceos, opacos a brilhantes, até 2,5 mm de

profundidade.

Sistema hifálico dimítico; hifas generativas com grampo de conexão, hialinas, com

parede delgada a levemente espessa e lisa, ramificadas e sinuosas, 2-3 (-4) μm de diâmetro,

Page 67: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 67

abundantes no contexto, não encontradas na trama; hifas esqueletais hialinas, retas a

sinuosas, não ramificadas, com parede espessa a sólida, 3-5,5 μm de diâmetro. Basídios

clavados, hialinos, com parede delgada, 12-18 × 4-5 μm, colapsam facilmente em KOH.

Cistídios ausentes; cistidíolos subclaviformes a fusóides, hialinos, com parede delgada e

lisa. Basidiosporos elipsóides a amplamente elipsóides, hialinos, com parede delgada a

levemente espessa e lisa, frequentemente com gútulas, 4-5 × (2,5-) 3-3,5 (-4) μm, IKI-.

Figura 2. Características microscópicas de “Diplomitoporus ellipsosporus”. A. Cistidíolos. B. Basidios. C. Basidiosporos. D. Hifas generativas. E. Hifas esqueletais. (escala = 10 μm).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado

(Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 461 (URM, holótipo; O, isótipo);

19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 636 (URM); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 787 (URM); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira

JMB 891, 903 (URM); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1177 (URM); 28/V/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1666, 1673, 1676, 1684 (URM).

Page 68: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 68

Material adicional examinado. D. costaricensis: COSTA RICA. Guanacaste: Santa

Rosa National Park, 22/VI/1997, I. Lindblad 3144 (O); D. stramineus: EQUADOR.

Sucumbíos: Reserva Natural de Cuyabeno, 15/VI/1993, M. Núñez 249 (O);

REPÚBLICA DOMINICANA. Valverde: Mao, El Fundo de Los Quemados,

01/IX/2001, O.P. Perdomo et al. 1071-A (O).

Distribuição. Conhecida apenas para uma localidade no estado de Pernambuco.

Substrato. Angiospermas em decomposição.

Comentários. Espécie caracterizada pelo basidioma fibroso, sistema hifálico dimítico,

basidiosporos elipsóides a amplamente elipsóides e microesturas negativas em Melzer.

Diplomitoporus costaricensis e D. insularis Ryvarden são muito similares macro e

microscopicamente a “D. ellipsosporus”, diferindo pelos basidiosporos — elipsóides a

levemente oblongo-elipsóides, 4-5 × 2-2,75 μm em D. costaricensis e globosos em D.

insularis (Hjortstam & Ryvarden, 2009a). O tamanho dos basidiosporos de D. stramineus é

similar ao de “D. ellipsosporus”, porém a primeira possui basidiomas mais delgados (até

1,5 mm de espessura), poros menores [4-5 (-6) por mm] e basidiosporos oblongo-

elipsóides a elipsóides levemente curvados, 5-6 × 2-3 μm [elipsóides, 4,5-5 × 2,7-3 μm na

descrição original (Ryvarden & Iturriaga, 2003)]. Diplomitoporus venezuelicus, outra

espécie similar, apresenta basidiomas mais delgados e basidiosporos cilíndricos. Além

dessas diferenças, “D. ellipsosporus” é a única entre as espécies acima que possui

cistidíolos.

Representa uma espécie nova para ciência.

Diplomitoporus venezuelicus Ryvarden & Iturr., Mycologia 95(6): 1069 (2003). Figura 4B

Descrição. Ryvarden & Iturriaga (2003).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado

(Sirijí), 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 797 (URM 81682);

18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 921 (URM 81683); 21/X/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 1157 (URM 81684).

Material adicional examinado. D. venezuelicus: BRASIL. Pará: Melgaço, Estação

Científica Ferreira Penna, VII/2006, T.B. Gibertoni (URM); D. dilutabilis: BRAZIL.

Santa Catarina: Florianópolis, Trindade, Campus da UFSC, 24/I/1989, C. Loguercio-

Leite & J. Furlani 108 (FLOR 10556, holótipo).

Distribuição. Conhecido anteriormente para a Venezuela (Ryvarden & Iturriaga, 2003).

Este é seu primeiro registro para o Brasil, onde ocorre no Pará e em Pernambuco.

Page 69: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 69

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Iturriaga, 2003).

Comentários. Diplomitoporus venezuelicus é uma espécie similar à D. costaricensis, “D.

ellipsosporus”, D. insularis e D. stramineus (ver comentários em “D. ellipsosporus”).

Entretanto, é a única espécie deste grupo que apresenta basidiosporos cilíndricos, 4-4,5 ×

1-1,5 μm.

Diplomitoporus dilutabilis Log.-Leite & J.E. Wright possui basidiosporos cilíndricos a

levemente alantóides. Porém, estes são maiores do que os de D. venezuelicus, medindo 4,5-

5,5 × 2,5-3 μm, além dos poros serem maiores em D. dilutabilis, 4-6 por mm., enquanto D.

venezuelicus possui 6-8 poros por mm.

Earliella Murrill

Gênero monotípico muito similar a Trametes. É caracterizado pelo basidioma anual a

perene, ressupinado, efuso-reflexo ou pileado, com a presença de uma cutícula escura,

geralmente vermelha, que se origina na base e se desenvolve em direção a margem

(Gilbertson & Ryvarden, 1986). Microscopicamente, Earliella é indistinguível de Trametes

(Ryvarden, 1991).

Fomitella Murrill, outro gênero trametóide monoespecífico, também apresenta cutícula

escura, diferindo de Earliella pela cor do contexto e da superfície dos poros. Entretanto, é

possível que se trate de um único gênero.

Earliella scabrosa (Pers.) Gilb. & Ryvarden, Mycotaxon 22(2): 364 (1985).

Basiônimo. Polyporus scabrosus Pers., Voy. Uranie. Bot. 5: 172 (1827).

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 541 (URM 81685); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira

JMB 939 (URM 81686); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1249

(URM 81687); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1605 (URM 81688).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Acre,

Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Rondônia,

Roraima, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al.,

2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Comentários. Earliella scabrosa é similar a algumas espécies de Fomitopsis e Trametes

[e.g. F. nivosa e T. cubensis (Mont.) Sacc.], das quais difere pela presença de uma cutícula

Page 70: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 70

geralmente avermelhada na superfície do píleo. Fomitella supina também possui uma

cutícula escura, e difere de E. scabrosa pela cor do contexto e da superfície dos poros

(Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Flabellophora G. Cunn.

Flabellophora é caracterizado pelos basidiomas central a lateralmente estipitados, poros

pequenos (geralmente 8-10 por mm), sistema hifálico monomítico no contexto e dimítico

na trama, basidiosporos subglosos a elipsóides e microestruturas negativas em Melzer

(Núñez & Ryvarden, 2001).

O gênero é próximo a Antrodiella, sendo difícil a delimitação de muitas espécies aceitas

em ambos os gêneros (ver discussão em Antrodiella). Difere de Microporellus

principalmente pelas hifas esqueletais dextrinóides neste gênero.

Existe uma discussão na literatura quanto à presença ou ausência de grampo de conexão

em F. superposita (Berk.) G. Cunn., espécie tipo do gênero. Cunningham (1965) descreve

as hifas generativas desta espécie sem grampos de conexão, e aceita o gênero como

monoespecífico, o que foi aceito posteriormente por Jülich (1984). Corner (1987) revisou o

tipo de Polyporus superpositus Berk. e descreveu abundantes hifas com grampo de

conexão no contexto do estipe, incluindo várias espécies nesse gênero. Este conceito tem

sido aceito por diversos autores, inclusive com descrições de espécies novas (Ryvarden,

1991; Hattori, 2000; Núñez & Ryvarden, 2001; Ryvarden & Iturriaga, 2003). Entretanto,

Rajchenberg (com. pess.) estudou o tipo de P. superpositus e não encontrou grampos de

conexão em nenhuma parte dos basidiomas. Neste trabalho, Flabellophora é aceita sensu

Corner (1987), porém é reconhecida a possibilidade de que as espécies aqui aceitas não

pertençam a este gênero.

Chave para as espécies de Flabellophora

1a. Superfície do píleo zonada concentricamente, vinácea a bege e marrom quando fresca,

em tons de bege e cinza quando seca, basidiosporos 4-5 × 3-4 μm . Flabellophora obovata

1b. Superfície do píleo azonada a estriada radialmente, branca a creme claro, basidiosporos

3,5-4 (-4,5) × (2-) 2,5 μm ..................................................................... Flabellophora parva

Page 71: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 71

Flabellophora obovata (Jungh.) Núñez & Ryvarden, Syn. Fungorum 14: 294 (2001).

Basiônimo. Polyporus obovatus Jungh., Praemissa in floram cryptogamicam Javae

insulae: 65 (1838).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Núñez & Ryvarden (2001).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 422, 426 (URM 81689,

81690); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 752, 774 (URM 81691, 81692);

17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1485 (URM 81693); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al.

JMB 1704, 1713, 1724, 1727 (URM 81694, 81695, 81696, 81697); Moreno, RPPN

Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 380, 406, 410, 418 (URM

81698, 81699, 81700, 81701); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 551 (URM 81702);

14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 713, 716, 737 (URM 81703, 81704, 81705);

23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 981 (URM 81706); 16/X/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1095, 1147 (URM 81707, 81708); 12/III/2009,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1436, 1445, 1447, 1451, 1460 (URM 81709,

81710, 81711, 81712, 81713); 21/V/2009, J.M. Baltazar & et al. JMB 1589, 1613, 1616,

1625, 1641 (URM 81714, 81715, 81716, 81717, 81718); Recife, Parque Dois Irmãos,

13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 362 (URM 81719); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al.

JMB 812 (URM 81720); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1552,

1579 (URM 81721, 81722); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 459, 464 (URM 81723, 81724); 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB

620, 623 (URM 81725, 81726); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

793, 796, 803 (URM 81727, 81728, 81729); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 887, 919 (URM 81730, 81731); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB1155,

1161, 1178 (URM 81732, 81733, 81734); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1295

(URM 81735); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1654, 1659 (URM 81736, 81737).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Amazonas, Bahia, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio

Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni,

2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Espécie caracterizada pela superfície do píleo concentricamente zonada em

tons vináceos e bege quando fresco, tornando-se acinzentada quando seco. Ao contrário da

descrição de Hattori (2000), os materiais estudados têm o contexto dominado por hifas

Page 72: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 72

generativas, o que está de acordo com Ryvarden & Johansen (1980). Antrodiella versicutis

tem o contexto similar e, microscopicamente, somente os basidiosporos distinguem as duas

espécies. Anteriomente, esta espécie foi aceita em Microporellus Murrill (Ryvarden &

Johansen, 1980; Gilbertson & Ryvarden, 1986), porém atualmente apenas espécies com

hifas dextrinóides são aceitas neste gênero (Hattori, 2000; Núñez & Ryvarden, 2001).

Decock (2007) aceita espécies sem reação em Melzer em Microporellus, porém limita o

gênero a espécies com basidiosporos subglobosos à lacrimóides, sendo os de F. obovata

elipsóides.

Flabellophora parva Corner, Beih. Nova Hedwigia 86: 42 (1987).

Descrição. Corner (1987).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1017

(URM 81738); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1199 (URM 81739); 26/XI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 1287 (URM 81740); 17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1494 (URM

81741).

Distribuição. Aparentemente Neotropical, citada para a localidade tipo no Peru (Corner,

1987) e para o estado do Paraná (Ryvarden & Meijer, 2002). Este é o primeiro registro da

espécie para o Nordeste.

Substrato. Angiospermas em decomposição, porém Ryvarden & Meijer (2002) citam um

espécime coletado em um tronco de Pinus sp.

Comentários. Espécie caracterizada pelos píleos sobrepostos em um mesmo estipe, porém

espécimes jovens podem apresentar um único píleo. Flabellophora superposita também

apresenta esta característica, porém as hifas generativas do píleo possuem septo simples.

Assim como F. obovata, F. parva também possui o contexto monomítico. Esta,

entretanto, possui a superfície do píleo bege a creme claro e azonada a estriada

radialmente, enquanto F. obovata o píleo é vináceo a bege e marrom. Microscopicamente,

F. parva possui basidiosporos menores (ver medidas na chave acima).

Fomes (Fr.) Fr.

Gênero caracterizado pelo basidioma de formas variadas, lenhoso e rígido, superfície do

píleo concentricamente zonada, glabra, em tons de cinza, marrom e preto, contexto com

um núcleo micelial formado por esclerídeos, basidiosporos cilíndricos, hialinos, com

parede delgada, 10-20 μm de comprimento (Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Page 73: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 73

Fomes fasciatus (Sw.) Cooke, Grevillea 14(69): 21 (1885).

Basiônimo. Boletus fasciatus Sw., Fl. Ind. Occid. 3: 1922 (1788).

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. 442 (URM 81742);

12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. 605 (URM 81743); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al.

760, 777b (URM 81744, 81745); Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira 396 (URM 81746); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. 723 (URM

81747); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira 976 (URM 81748); 16/X/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira 1132 (URM 81749); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira 1269 (URM 81750); 23/I/2009, J.M. Baltazar & V.R.M. Coimbra 1357

(URM 81751); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. 1635 (URM 81752); Recife, Parque Dois

Irmãos, 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. 839 (URM 81753).

Distribuição. Neotropical avançando em partes temperadas dos Estados Unidos

(Gilbertson & Ryvarden, 1986); no Brasil, conhecida para Alagoas, Pará, Paraíba,

Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar

& Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Comentários. Espécie de fácil identificação pelas características descritas acima para o

gênero. Difere de F. fomentarius (L.) Fr., outra espécie do gênero, pelo comprimento dos

basidiosporos (10-14 em F. fasciatus e 15-20 em F. fomentarius). Em campo, pode ser

confundida com um espécime jovem de G. australe, porém esta não possui o núcleo

micelial típico de Fomes (Gilbertson & Ryvarden, 1986). Microscopicamente, os

basidiosporos distinguem estas espécies, sendo elipsóides, truncados e com parede dupla, a

interna ornamentada em G. australe, enquanto em F. fasciatus eles são cilíndricos, com

parede simples e lisa.

Hexagonia Fr.

Gênero caracterizado pelos basidiomas sésseis, poros geralmente grandes e hexagonais,

sistema hifálico trimítico com hifas esqueletais e conectivas pigmentadas, e basidiosporos

cilíndricos e grandes (Ryvarden & Johansen, 1980). Difere dos demais gêneros trametóides

principalmente pelas características dos poros (ver discussão em Coriolopsis para mais

detalhes).

Page 74: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 74

Chave para as espécies de Hexagonia

1a. Superfície do píleo hirsuta, poros 2-4 por mm .............................. Hexagonia hydnoides

1b. Superfície do píleo finamente velutínea a glabra, poros 1-2 por mm ...............................

............................................................................................................. Hexagonia papyracea

Hexagonia hydnoides (Sw.) M. Fidalgo, Mem. New York Bot. Gard. 17: 64 (1968).

Basiônimo. Boletus hydnoides Sw., Fl. Ind. Occid. 3: 1942 (1806).

Descrição. Fidalgo (1968a) e Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 16/IX/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 870 (URM 81755); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1060, 1081 (URM 81756, 81757); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1210, 1246 (URM 81758, 81759); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al.

JMB 1326, 1330, 1339, 1341 (URM 81760, 81761, 81762, 81763); 10/III/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1405, 1429 (URM 81764, 81764); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1554 (URM 81766).

Distribuição. Pantropical (Fidalgo, 1968a); no Brasil, conhecida para Alagoas, Amazonas,

Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro,

Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar &

Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Comentários. Espécie caracterizada pelos densos pêlos na superfície do píleo. Hexagonia

hirta (P. Beauv.) Fr. também possui pêlos no píleo, e difere de H. hydnoides pelos poros

menores (Ryvarden & Johansen, 1980). Trichaptum perrottetii (Lév.) Ryvarden é

semelhante macroscopicamente, porém a presença de cistídios e os basidiosporos menores

desta espécie as separam facilmente.

Hexagonia papyracea Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 1 10: 379 (1843) [1842].

Descrição. Fidalgo (1968a) e Gilbertson & Ryvarden (1986).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 23/IX/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 980, 1001 (URM 81767, 81768); 16/X/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1111, 1144 (URM 81769, 81770); 21/XI/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1278 (URM 81771).

Page 75: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 75

Distribuição. Neotropical (Gilbertson & Ryvarden, 1986); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná,

Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, São

Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Bononi et al., 2008; Baltazar et al., 2009; Baltazar &

Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Fidalgo, 1968a).

Comentários. Espécie caracterizada pelos basidiomas delgados e flexíveis, superfície do

píleo geralmente glabra e zonada e os poros grandes (Gilbertson & Ryvarden, 1986),

características que também a separam de H. hydnoides. Citada frequentemente como H.

variegata Berk., um sinônimo posterior (para discussão sobre este problema nomenclatural

ver Fidalgo [1968a]).

Lenzites Fr.

Gênero caracterizado pelos basidiomas pileados sésseis, superfície superior glabra a

hirsuta, himenóforo lamelar a daedalóide, as vezes com poros verdadeiros em algumas

partes, branco a amarelado, contexto da mesma cor do himenóforo, basidiosporos

cilíndricos e terminações de hifas esqueletais e conectivas frequentemente se projetando

acima do himêmio (Ryvarden & Johansen, 1980).

É próximo a Trametes, do qual distingue pelo himenóforo, distintamente poróide neste,

e pelas terminações hifais que se projetam acima do himênio (Gilbertson & Ryvarden,

1986). Entretanto, existem espécies com características intermediárias entre os dois

gêneros, e seu posicionamento em nível genérico permanece incerto (Ryvarden, 1991).

Lenzites stereoides (Fr.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 232 (1972).

Basiônimo. Daedalea stereoides Fr., Nova Acta R. Soc. Scient. upsal., Ser. 3 1: 99 (1851).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 767 (URM 81772);

30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1016 (URM 81773); 29/X/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 1197 (URM 81774); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1285

(URM 81775).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Sergipe

(Sampaio, 1916; Góes-Neto, 1999; Baltazar & Gibertoni, 2009).

Page 76: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 76

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Espécie caracterizada pelo himenóforo muito variável, de poróide

verdadeiro a daedalóide e mais raramente hidnóide; microscopicamente, as terminações de

hifas esqueletais e conectivas que se projetam acima do himênio são características

(Ryvarden & Johansen, 1980). Lenzites betulina (L.) Fr. e L. acuta Berk., que também

ocorrem nos neotrópicos, diferem de L. stereoides por possuirem o himenóforo lamelar

(Ryvarden & Johansen, 1980; Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Nigrofomes Murrill

Gênero monoespecífico caracterizado pelo basidioma rígido e escuro, violáceo a preto,

com sistema hifálico dimítico, hifas generativas com septo simples e basidiosporos

amplamente elipsóides e hialinos (Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Nigrofomes melanoporus (Mont.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 31(8): 425 (1904).

Basiônimo. Polyporus melanoporus Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 17: 127 (1842).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Gilbertson & Ryvarden (1987).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 417 (URM 81776); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 545, 548 (URM 81777, 81778); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 698

(URM 81779); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1098, 1103 (URM

81780, 81781); 12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1439 (URM

81782); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1602, 1603 (URM 81783, 81784).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Roraima e São

Paulo (Fidalgo et al., 1965; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Macroscopicamente, Nigroporus melanoporus pode ser confundida com

Nigroporus vinosus, porém aquela possui hifas generativas com septo simples e

basidiosporos amplamente elipsóides, enquanto Nigroporus vinosus possui hifas

generativas com grampo de conexão e basidiosporos cilíndricos a alantóides (Gilbertson &

Ryvarden, 1987).

Page 77: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 77

Nigroporus Murrill

Este gênero é caracterizado pelos basidiomas violáceos a negros, mais raramente

rosados, sistema hifálico dimítico, hifas generativas com grampo de conexão e hifas

esqueletais escuras (Ryvarden & Johansen, 1980). Nigrohydnum Ryvarden parece ser o

gênero mais próximo, diferindo pelo himenóforo hidnóide (Ryvarden, 1991).

Nigroporus vinosus (Berk.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 32(7): 361 (1905).

Basiônimo. Polyporus vinosus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 9: 195 (1852).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 697 (URM 81785); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 942, 963, 972, 999 (URM 81786, 81787, 81788, 81789); 16/X/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1115, 1151 (URM 81790, 81791); 21/XI/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1253 (URM 81792); São Vicente Férrer, Mata do

Estado (Sirijí), 21/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1160 (URM 81793); 30/XI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 1293 (URM 81794).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Acre,

Amapá, Mato Grosso Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul,

Rondônia, São Paulo e Santa Catarina (Sampaio, 1916; Baltazar & Gibertoni, 2009;

Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Esta espécie é caracterizada pelos basidiomas sésseis e dimidiados a

flabeliformes com uma base contraída, além dos poros pequenos. Difere de Nigrofomes

melanoporus pelas hifas generativas com grampo de conexão e os basidiosporos

cilíndricos a alantóides. Espécimes sésseis de Trichaptum durum podem ser similares,

porém estes possuem cistídios.

Pachykytospora Kotl. & Pouzar

Gênero bem delimitado, caracterizado pelos basidiosporos oblongo elipsóides, hialinos

e equinulados, sendo estas ornamentações arranjadas longitudinalmente resultando em um

aspecto estriado (Ryvarden, 1991). As hifas esqueletais são dextrinóides, e as duas

espécies encontradas neste trabalho se parecem àquelas de Dichomitus com esta

característica (=Megasporoporia), especialmente D. cavernulosus.

Page 78: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 78

Dai & Niemelä (2002) consideram Pachykytospora como sinônimo de Haploporus

Singer. Entretanto, este gênero possui basidiomas pileados e basidiosporos dextrinóides

com um padrão de ornamentação diferente das espécies de Pachykytospora. Por esta razão,

Pachykytospora é aceito como gênero distinto neste trabalho.

Chave para as espécies de Pachykytospora

1a. 4-5 poros por mm, basidiosporos 8-12 × 4-6 μm .................. Pachykytospora alabamae

1b. 2-4 poros por mm, basidiosporos 12,5-15 × 6-7 μm ............ Pachykytospora papyracea

Pachykytospora alabamae (Berk. & Cooke) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).

Basiônimo. Polyporus alabamae Berk. & Cooke, Grevillea 6(40): 130 (1878).

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1987).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado

(Sirijí), 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 789 (URM 81795);

18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 894 (URM 81796).

Distribuição. Tropical e subtropical (Gilbertson & Ryvarden, 1987); no Brasil, conhecida

para Pará, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar &

Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro de P.

alabamae para o Nordeste.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Pachykytospora alabamae, P. papyracea e P. nanospora A. David &

Rajchenb. são as espécies do gênero conhecidas na região Neotropical até o momento. As

duas primeiras diferem pelo tamanho dos poros e dos basidiosporos — 4-5 poros por mm,

basidiosporos 8-12 × 4-6 μm em P. alabamae e 2-4 poros por mm, basidiosporos 12,5-15 ×

6-7 μm em P. papyracea. As demais características são idênticas nas duas espécies.

Pachykytospora nanospora difere pelos basidiosporos elipsóides, 5-6 (6,5) × 3-4 μm

(David & Rajchenberg, 1992).

Pachykytospora papyracea (Schwein.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).

Basiônimo. Boletus papyraceus Schwein., Schr. naturf. Ges. Leipzig 1: 99 (1822).

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1987).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 746 (URM 81797).

Page 79: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 79

Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980; Gilbertson & Ryvarden, 1987);

no Brasil, conhecida para Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Bononi, 1984;

Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro desta espécie para o Nordeste.

Substrato. Angiospermas e gimnospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen,

1980).

Comentários. Espécie muito similar à P. alabamae, da qual difere pelos poros e

basidiosporos maiores (ver medidas na chave e na discussão de P. alabamae). Dichomitus

cavernulosus possui basidiomas similares, com poros do mesmo tamanho aos de P.

papyracea e hifas esqueletais dextrinóides. Diferem pelos basidiosporos, com parede

ornamentada em P. papyracea e lisa em D. cavernulosus, além da presença de hifas

esqueleto-ligadoras nesta.

Perenniporia Murrill

Perenniporia é caracterizado por basidiosporos elipsóides a truncados, geralmente com

parede espessa, sistema hifálico dimítico com hifas esqueletais arboriformes variavelmente

dextrinóides (Ryvarden, 1991; Decock, 2001). Recentemente, Perenniporiella Decock &

Ryvarden foi descrita para acomodar espécies previamente classificadas em Perenniporia,

porém possuindo basidiosporos subglobosos a globosos, com parede espessa e não

truncados (Decock & Ryvarden, 2003).

Chave para as espécies de Perenniporia

1a. Basidiomas grandes, até 15 × 10 cm e 8 cm de espessura, píleo aplanado a raramente

ungulado, basidiosporos lacrimóides .................................................... Perenniporia martia

1b. Basidiomas menores, até 10 cm de diâmetro e 2 cm de espessura, píleo tríquetro a

ungulado, basidiosporos subglobosos à elipsóides .............................................................. 2

2a. Superfície do píleo marrom avermelhado a chocolate, basidiosporos subglobosos à

elipsóides, não truncados, 3,5-5 μm na maior dimensão ............. Perenniporia contraria

2b. Superfície do píleo branca a creme, basidiosporos elipsóides com ápice truncado,

12-17 μm de comprimento ........................................................ Perenniporia ochroleuca

Page 80: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 80

Perenniporia contraria (Berk. & M.A. Curtis) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).

Basiônimo. Polyporus contrarius Berk. & M.A. Curtis, Trans. Linn. Soc. London, Bot.,

Ser. 2 2: 60 (1882).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Decock et al. (2001).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 08/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 557 (URM 81798); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira

JMB 1127 (URM 81799); 21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1266

(URM 81800); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1614 (URM 81801).

Distribuição. Aparentemente pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980; Decock et al.,

2001); no Brasil, conhecida para Pará, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul (Gerber et

al., 1999; Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Perenniporia contraria é muito similar a P. subanosa (Bres.) Decock et al.,

da qual difere por possuir a margem aguda, poros menores e hifas esqueletais mais

estreitas (Decock et al., 2001). Os basidiosporos de ambas as espécies são típicos de

Perenniporiella, porém as características das hifas esqueletais não estão de acordo com a

circuscrição deste gênero (Decock & Ryvarden, 2003); segundo estes autores o

posicionamente destas espécies permace não resolvido, uma vez que a morfologia do

basidiosporo não sustenta sua acomodação em Perenniporia.

Perenniporia martia (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 143 (1972).

Basiônimo. Polyporus martius Berk., Hooker’s J. Bot. 8: 198 (1856).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Gerber et al. (1999).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 15/X/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1029 (URM 81802).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte,

Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Gerber et al., 1999; Bononi et al., 2008; Baltazar &

Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. O basidioma lenhoso, muito rígido, e os basidiosporos lacrimóides

caracterizam P. martia e a difere das demais espécies pileadas do gênero. Ryvarden &

Johansen (1980) consideraram Fomes latissimus Bres. sinônimo de P. martia, porém,

Page 81: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 81

posteriormente, Ryvarden (1988) as considerou espécies distintas devido a presença de

cistídios encrustados na primeira, e propôs a combinação P. latissima (Bres.) Ryvarden.

Perenniporia ochroleuca (Berk.) Ryvarden, Norweg. J. Bot. 19: 233 (1972).

Basiônimo. Polyporus ochroleucus Berk., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 4: 53 (1845).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 444, 451 (URM 81803,

81804).

Distribuição. Cosmopolita (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para

Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Gerber et al., 1999; Góes-Neto,

1999; Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie para Pernambuco.

Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas (Ryvarden &

Johansen, 1980).

Comentários. Esta espécie difere de P. ohiensis (Berk.) Ryvarden pela superfície do píleo

cinza a preta e poros e basidiosporos menores nesta última (Loguercio-Leite et al., 2008).

Corner (1989a) não considera esta variação significante e trata estas espécies como

sinônimos. Perenniporia detrita (Berk.) Ryvarden também é muito similar, porém possui

basidiosporos menores. Segundo Decock & Ryvarden (1999), estas três espécies formam

um grupo homogêneo e estudos de compatibilidade são necessários para confirmar quantas

espécies existem neste complexo.

Polyporus P. Micheli ex Adans.

Polyporus, segundo a emenda proposta por Donk (1960) e aceita pela maioria dos

autores modernos (Corner, 1984; Gilbertson & Ryvarden, 1987; Ryvarden, 1991;

Loguercio-Leite, 1992; Núñez & Ryvarden, 1995; Silveira & Wright, 2005), é

caracterizado pelos basidiomas estipitados desenvolvendo-se diretamente em madeira ou a

partir de um esclerócio, sistema hifálico dimítico, hifas generativas com grampo de

conexão e hifas esqueleto-ligadoras ou do tipo Bovista, e basidiosporos cilíndricos a

subelipsóides. Algumas espécies de Dichomitus possuem hifas similares, porém os

basidiomas são ressupinados a efuso-reflexo (Ryvarden, 1991).

Page 82: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 82

Chave para as espécies de Polyporus

1a. Estipe negro, geralmente com cutícula .......................................................................... 2

1b. Estipe concolor ao píleo ou ausente .............................................................................. 5

2a. Superfície do píleo vinácea escura a negra ................................. Polyporus dictyopus

2b. Superfície do píleo creme, ocrácea ou bege ............................................................. 3

3a. Poros (5-) 7-10 por mm, hifas esqueleto-ligadoras dos dissepimentos variavelmente

dextrinóides ........................................................................................... Polyporus leprieurii

3b. Poros 0,5-4 por mm, hifas indextrióides ....................................................................... 4

4a. Estipe lateral a excêntrico, 3-4 poros por mm, basidiosporos 8,5-11 (-12) × 3,5-4 (-

4,5) μm ............................................................................................ Polyporus guianensis

4b. Estipe central a levemente excêntrico, 0,5-1,5 poros por mm, basidiosporos 6,5-10 ×

2,5-3,5 μm ..................................................................................... Polyporus puttemansii

5a. Superfície do píleo vinácea a marrom clara, poros circulares, 5-6 por mm .....................

.................................................................................................................Polyporus ianthinus

5b. Superfície do píleo creme a ocrácea, poros hexagonais a elongados, 1-2 por mm ....... 6

6a. Basidioma coriáceo quando fresco, basidiosporos 7-9 μm de comprimento ...............

......................................................................................................... Polyporus arcularius

6b. Basidioma carnoso a membranáceo quando fresco, basidiosporos 9-12 μm de

comprimento ................................................................................... Polyporus tenuiculus

Polyporus arcularius (Batsch) Fr., Syst. mycol. 1: 342 (1821).

Basiônimo. Boletus arcularius Batsch, Elench. fung.: 97 (1783).

Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 07/V/2009,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1536 (URM 81805).

Distribuição. Cosmopolita (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Pará,

Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009;

Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro de P. arcularius para o

Nordeste.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).

Comentários. Polyporus arcularius é caracterizada pelos poros hexagonais a elongados.

Segundo Silveira & Wright (2005), esta espécie difere de P. arcularioides A. David &

Rajchenb. pela presença de escamas na superfície do píleo, cílios na margem e medas em

Page 83: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 83

P. arcularius. Entretanto, a ocorrência de escamas e cílios parece ser variável (Núñez &

Ryvarden, 1995; Louza & Gugliotta, 2007). O material estudado não apresentou medas, e

esta característica não foi encontrada em descrições de outros autores. Núñez & Ryvarden

(1995) consideram P. arcularioides sinônimo de P. tenuiculus, o qual difere de P.

arcularius pelos basidiomas carnosos quando frescos. Considerando a discordância entre a

delimitação de P. arcularioides segundo os autores citados acima, o material estudado é

aqui denominado P. arcularius.

Polyporus dictyopus Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 3: 349 (1835).

Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 427 (URM 81806);

Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 383, 400

(URM 81807, 81808); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 567 (URM 81809);

14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 714 (URM 81810); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 951 (URM 81811); 16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1090 (URM 81812); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1622, 1623, 1649

(URM 81813, 81814, 81815); Recife, Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 495 (URM 81816); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1388 (URM 81817);

07/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1581 (URM 81818); São Vicente Férrer, Mata do

Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 452, 463 (URM 81819, 81820);

19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 617, 626, 635 (URM 81821, 81822, 81823);

18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 905, 918 (URM 81824, 81825);

19/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1509, 1511 (URM 81826, 81827);

28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1652, 1662, 1667 (URM 81828, 81829, 81830).

Distribuição. Pantropical (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Alagoas,

Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio

Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe (Baltazar &

Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).

Comentários. Polyporus dictyopus é caracterizada pela presença de uma cutícula negra na

superfície do píleo e no estipe, porém é uma espécie muito variável morfologicamente

(Loguercio-Leite, 1992; Núñez & Ryvarden, 1995). É muito similar à P. melanopus (Pers.)

Fr., porém esta é restrita a zonas temperadas (Silveira & Wright, 2005).

Page 84: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 84

Polyporus guianensis Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 13(1): 201 (1840).

Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 710 (URM 81832); Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 330, 331, 344, 370 (URM 81833, 81834, 81835, 81836); 07/VII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 487 (URM 81837); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 640,

643 (URM 81838, 81839); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 817, 818, 837, 864, 867

(URM 81840, 81841, 81842, 81843, 81844); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1038, 1040, 1041, 1054 (URM 81845, 81846, 81847, 81848); 19/XI/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1225 (URM 81849); 10/III/2009, J.M. Baltazar

et al. JMB 1402 (URM 81850); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 466 (URM 81851); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 794 (URM 81852); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB

892 (URM 81853); 12/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1174 (URM 81854).

Distribuição. Ásia e América do Sul tropicais (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil,

conhecida para Acre, Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande

do Sul, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni,

2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).

Comentários. Espécie próxima a P. leprieurii, porém facilmente separada pelos poros e

basidiosporos maiores (Loguercio-Leite, 1992; Núñez & Ryvarden, 1995). Assim como

descrito para P. leprieurii, também foram encontrados espécimes de P. guianensis

produzindo rizomorfos.

Polyporus ianthinus Gibertoni & Ryvarden, in Gibertoni, Ryvarden & Cavalcanti, Syn.

Fungorum 18: 53 (2004).

Descrição. Gibertoni et al. (2004b).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 12/III/2009, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1446 (URM 81855); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al.

JMB 1621 (URM 81856); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 458, 468, 472 (URM 81857, 81858, 81859); 18/IX/2008, J.M. Baltazar

& L. Trierveiler-Pereira JMB 879 (URM 81860); 19/III/2009, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1524 (URM 81861).

Page 85: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 85

Distribuição. Neotropical, conhecida para o Brasil, Guiana e Venezuela (Gibertoni et al.,

2004b; Ryvarden & Iturriaga, 2004); no Brasil, conhecida para o Pará e Pernambuco

(Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Gibertoni et al., 2004b).

Comentários. Espécie caracterizada pelo píleo vináceo a marrom claro, tornando-se um

pouco mais claro quando seco. É muito similar macroscopicamente a P. grammocephalus

Berk., diferindo pelo píleo ocráceo a bege. Microscopicamente, diferem pelo comprimento

dos basidiosporos: 5-6 μm em P. ianthinus e 6-8 μm em P. grammocephalus (Gibertoni et

al., 2004b).

Polyporus leprieurii Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 13: 203 (1840).

Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 20/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 428 (URM 81862);

03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1714 (URM 81863); Moreno, RPPN Carnijó,

17/VI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 382 (URM 81864); 14/VIII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 708, 715, 729 (URM 81865, 81866, 81867); 12/III/2009, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1461 (URM 81868); Recife, Parque Dois Irmãos,

13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 365 (URM 81869); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al.

JMB 502 (URM 81870); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 25/VI/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 457, 462, 465 (URM 81871, 81872, 81873); 19/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 618, 624 (URM 81874, 81875); 28/VIII/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 792 (URM 81876); 18/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 899, 904, 928 (URM 81877, 81878, 81879); 21/X/2008, J.M. Baltazar et al.

JMB 1170, 1172 (URM 81880, 81881); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1300, 1301

(URM 81882, 81883); 28/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1670, 1677 (URM 81884,

81885).

Distribuição. Espécie tropical a subtropical, ocorre nas Américas e leste da Ásia (Núñez &

Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Acre, Amazonas, Alagoas, Bahia, Mato

Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo,

Santa Catarina e Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).

Comentários. Espécie caracterizada pelo basidioma lateralmente estipitado, píleo

geralmente espatulado e poros pequenos. Também é comum nesta espécie a produção de

Page 86: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 86

rizomorfos, semelhantes a um estipe alongado e tortuoso (Núñez & Ryvarden, 1995).

Difere de P. guianensis principalmente pelos poros e basidiosporos menores — (5-) 7-10

poros por mm, basidiosporos (4-) 4,5-9 × 2-2,5 (-3) μm em P. leprieurii e 3-4 (-5) poros

por mm, basidiosporos (9,5-) 10-11 × 3,5-4 μm em P. guianensis.

Polyporus puttemansii Henn., Hedwigia 43: 200 (1904).

Descrição. David & Rajchenberg (1985) e Silveira & Wright (2005).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: São Vicente Férrer, Mata do Estado

(Sirijí), 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 621 (URM 81886); 19/III/2009, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1513, 1514, 1516, 1520 (URM 81887, 81888,

81889, 81890).

Distribuição. Espécie Netropical e subtropical, citada para a Argentina, Brasil e Guiana

(David & Rajchenberg, 1985; Silveira & Wright, 2005); no Brasil, conhecida para Paraná,

Rio Grande do Sul e São Paulo (Baltazar & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da

espécie para o Nordeste.

Substrato. Angiospermas em decomposição.

Comentários. Polyporus puttemansii é caracterizado pelo estipe geralmente central e pelos

poros grandes. Silveira & Wright (2005) consideram esta espécie como uma variedade de

P. guianensis. Os materiais estudados, entretanto, parecem diferir o suficiente para manter

estas espécies separadas. Os espécimes identificados como P. puttemansii apresentam o

píleo mais fino, cartilaginoso e frágil, enquanto os de P. guianensis são mais espessos,

coriáceos e rígidos. A inserção do estipe também difere, e nos materiais identificados como

P. guianensis estes foram sempre laterais. Polyporus guianensis parece ser mais próxima a

P. leprieurii, inclusive pela produção de rizomorfos.

Polyporus tenuiculus (P. Beauv.) Fr., Syst. mycol. 1: 344 (1821).

Basiônimo. Favolus tenuiculus P. Beauv., Fl. Oware 1(8): 74 (1806).

Descrição. Núñez & Ryvarden (1995) e Silveira & Wright (2005).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1019

(URM 81891); 26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1291 (URM 81892); 17/III/2009,

J.M. Baltazar et al. JMB 1479, 1498, 1499 (URM 81893, 81894, 81895); 03/VI/2009, J.M.

Baltazar et al. JMB 1721, 1728 (URM 81896, 81897).

Page 87: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 87

Distribuição. Pantropical (Núñez & Ryvarden, 1995); no Brasil, conhecida para Acre,

Alagoas, Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de

Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa Catarina e

Sergipe (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Núñez & Ryvarden, 1995).

Comentários. Espécie morfologicamente muito variável, é caracterizada pelos basidiomas

brancos a creme, carnosos quando frescos, e os poros grandes, hexagonais a elongados

(Silveira & Wright, 2005). Polyporus philippinensis Berk. difere pelo píleo marrom claro e

poros menores do que os de P. tenuiculus, e cruzamentos entre as duas resultaram

negativos (Silveira & Wright, 2002). Polyporus saltensis (Speg.) R.M. Silveira & J.E.

Wright também é similar a P. tenuiculus, porém possui hifas generativas com septo

simples.

Pycnoporus P. Karst.

Gênero trametóide caracterizado pela cor vermelha a alaranjada, conferida pelo

pigmento cinabarina (Gripenberg, 1951; Smânia et al., 1998). A coloração e esta

característica química o diferenciam de Trametes. A diferença na coloração de outros

gêneros trametóides também pode ser causada por diferenças na composição química,

argumento utilizado por Ryvarden (1991) para aceitá-los como gêneros distintos.

Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill, Bull. Torrey bot. Club 31(8): 421 (1904).

Basiônimo. Boletus sanguineus L., Sp. pl., Edn 2 2: 1646 (1763).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Gilbertson & Ryvarden (1987).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 591 (URM 81898);

Moreno, RPPN Carnijó, 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira. JMB 948

(URM 81899); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1633 (URM 81900); Recife, Parque

Dois Irmãos, 13/VI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 354 (URM 81901); 07/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 510, 520 (URM 81902, 81903); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB

657, 661 (URM 81904, 81905); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 814, 845 (URM

81906, 81907); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1057, 1068 (URM

81908, 81909); 19/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1215, 1230 (URM

81910, 81911); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1324 (URM 81912); 10/III/2009, J.M.

Page 88: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 88

Baltazar et al. JMB 1415 (URM 81913); 07/V/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1555 (URM

81914).

Distribuição. Pantropical e em algumas áreas subtropicais (Ryvarden & Johansen, 1980;

Gilbertson & Ryvarden, 1987); no Brasil, conhecida para Alagoas, Amapá, Amazonas,

Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná,

Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São

Paulo e Santa Catarina (Bononi et al., 2008; Baltazar & Gibertoni, 2009; Drechsler-Santos

et al., 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Pycnoporus sanguineus possui basidiomas mais delgados e basidiosporos

ligeiramente menores que P. cinnabarinus (Jacq.) P. Karst. (4-6 × 2-2,5 μm na primeira, 6-

8 × 2,5-3 μm nesta), espécie restrita a áreas temperadas do hemisfério norte. Sua sinonímia

já foi proposta, porém estas espécies são sexualmente incompatíveis (Gilbertson &

Ryvarden, 1987).

Tinctoporellus Ryvarden

Gênero caracterizado pela alteração de cor que os espécimes causam no substrato,

tornando-o avermelhado (Ryvarden, 1991). Suas características macro e microscópicas são

similares as de Antrodia, Antrodiella e Diplomitoporus. Assim como estas duas últimas, é

causador de podridão branca (Rajchenberg, 1983), diferindo pela alteração na cor do

substrato.

Tinctoporellus epimiltinus (Berk. & Broome) Ryvarden, Trans. Br. mycol. Soc. 73(1): 18

(1979).

Basiônimo. Polyporus epimiltinus Berk. & Broome, J. Linn. Soc., Bot. 14(2): 54 (1875).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 419 (URM 81915); 08/VII/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 544 (URM 81916); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 725 (URM 81917);

16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1101, 1129 (URM 81918, 81919);

21/XI/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1260 (URM 81920); 23/I/2009,

J.M. Baltazar &V.R.M. Coimbra JMB 1344 (URM 81921); 21/V/2009, J.M. Baltazar et al.

JMB 1637 (URM 81922); São Vicente Férrer, Mata do Estado (Sirijí), 28/VIII/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 780 (URM 81923).

Page 89: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 89

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para Pará e

Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o

primeiro registro para o Nordeste.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Espécie de fácil identificação devido ao basidioma azulado a cinza com

poros pequenos, e pelo substrato tornar-se distintamente avermelhado (Ryvarden &

Johansen, 1980). Difere de T. isabelinus Ryvarden & Iturr. pela ausência de cistídios e a

forma e tamanho dos basidiosporos — cilíndricos, 3-3,5 × 1 μm em T. isabelinus e

elipsóides, 4-4,5 × 2-3 μm em T. epimiltinus. Além disso, em T. isabelinus a mudança de

cor do substrato é mais sutil do que em T. epimiltinus (Ryvarden & Iturriaga, 2003).

Trametes Fr.

Gênero caracterizado pelos basidiomas geralmente anuais, pileados sésseis, himenóforo

distintamente poróide, branco a creme ou acinzentado, contexto branco, sistema hifálico

trimíticos, hifas generativas com grampo de conexão, hifas esqueletais e conectivas

hialinas, cistídios ausentes, basidiosporos cilíndricos a alantóides, hialinos, e por causar

podridão branca (Ryvarden & Johansen, 1980).

Fomitopsis é muito similar, porém possui basidiomas perenes e causa podridão

castanha. Pycnoporus difere unicamente pela coloração vermelha a alaranjada dos

basidiomas, conferida pela produção de cinabarina. Coriolopsis e Datronia também são

próximos a Trametes, e diferenciam-se principalmente pelas hifas esqueletais e conectivas

castanhas a douradas. Os basidiomas de Lenzites são similares aos Trametes, porém

possuem o himenóforo lamelar a daedalóide e terminações hifais projetando-se acima do

himênio (Ryvarden, 1991). Consultar a discussão destes gêneros para mais detalhes.

Chave para as espécies de Trametes

1a. Basidioma cortíceo a fibroso, rígido, 2-12 mm de espessura .............. Trametes lactinea

1b. Basidioma cartilaginoso a coriáceo, flexível, até 2 mm de espessura ..............................

.......................................................................................................... Trametes membranacea

Trametes lactinea (Berk.) Sacc., Syll. fung. 6: 343 (1888).

Basiônimo. Polyporus lactineus Berk., Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 1 10: 373 (1842).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Corner (1989b).

Page 90: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 90

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 12/VIII/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 664 (URM 81924).

Distribuição. Pantropical (Ryvarden & Johansen, 1980); no Brasil, conhecida para o Pará

(Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro para o Nordeste.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Espécie similar a T. elegans (Spreng.) Fr., da qual difere pelos poros

sinuosos à daedalóides e pelas terminações hifais projetando-se acima do himênio nesta

última (Corner, 1989b). Trametes incana Lév. também é similar, porém possui a superfície

do píleo zonada e amarronzada (Ryvarden & Johansen, 1980).

Trametes membranacea (Sw.) Kreisel, Monografias, Ciencias, Univ. Habana, Ser. 4 16:

83 (1971).

Basiônimo. Boletus membranaceus Sw., Fl. Ind. Occid. 3: 1922 (1806).

Descrição. Corner (1989b) e Silveira & Guerrero (1991).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Moreno, RPPN Carnijó, 17/VI/2008, J.M.

Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 412, 414 (URM 81925, 81926); 08/VII/2008, J.M.

Baltazar et al. JMB 547 (URM 81927); 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 701 (URM

81928); 23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 954 (URM 81929);

16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1104 (URM 81930); 12/III/2009,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1440 (URM 81931); 21/V/2009, J.M. Baltazar

et al. JMB 1611 (URM 81932).

Distribuição. Pantropical (Corner, 1989b; Silveira & Guerrero, 1991); no Brasil,

conhecida para Amapá, Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio

Grande do Sul e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni,

2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas.

Comentários. Trametes pavonia (Hook.) Ryvarden e T. versicolor (L.) Lloyd são

similares a T. membranacea, porém esta apresenta o tomento menos desenvolvido e

basidiosporos com tamanho e forma diferentes daqueles — cilíndricos a oblongo-

elipsóides, 4,5-5 × 2-2,5 μm em T. membranacea, elipsóides, 5-6 × 3-4 μm em T. pavonia

e cilíndricos, 5-6 × 1,5-2 μm em T. versicolor (Gilbertson & Ryvarden, 1987; Gibertoni,

2004).

Page 91: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 91

Trichaptum Murrill

Gênero caracterizado pela superfície dos poros violácea a púrpura em espécimes

frescos, tornando-se amarronzado quando velho e/ou seco, sistema hifálico dimítico,

presença de cistídios e basidiosporos cilíndricos (Ryvarden, 1991). Estudos moleculares e

ultraestruturais apontam seu posicionamento em Hymenochaetales (Rajchenberg &

Biachinotti, 1991; Ko & Jung, 1999; Larsson et al., 2006).

Chave para as espécies de Trichaptum

1a. Píleo 2-20 mm de espessura, superfície dos poros marrom à vinácea, 8-10 poros por

mm, basidiosporos 3,5-5 μm na maior dimensão .................................... Trichaptum durum

1b. Píleo 0,5-4 mm de espessura, superfície dos poros cinza, 3-6 poros por mm,

basidiosporos 6-7 μm na maior dimensão ................................................ Trichaptum sector

Trichaptum durum (Jungh.) Corner, Beih. Nova Hedwigia 86: 219 (1987). Figura 4F

Basiônimo. Polyporus durus Jungh., Praemissa in floram cryptogamicam Javae insulae: 62

(1838).

Descrição. Ryvarden & Johansen (1980) e Corner (1987).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Recife, Parque Dois Irmãos, 13/VI/2008,

J.M. Baltazar et al. JMB 346, 347, 348, 349, 352, 361 (URM 81936, 81937, 81038, 81939,

81940, 81941); 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 496, 497, 499, 505, 508, 512, 513,

516, 523, 526, 530 (URM 81942, 81943, 81944, 81945, 81946, 81947, 81948, 81089,

81949, 81950, 81951); 12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 651, 655, 663, 666, 667,

669, 677, 679, 680, 682 (URM 81952, 81953, 81954, 81955, 81956, 81957, 81958, 81959,

81960, 81961, 81961); 16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 827, 828, 842, 844, 848, 856,

863 (URM 81090, 81962, 81963, 81964, 81965, 81966, 81967); 15/X/2008, J.M. Baltazar

& L. Trierveiler-Pereira JMB 1049, 1050, 1058, 1062, 1064, 1069, 1071, 1076 (URM

81968, 81969, 81970, 81971, 81972, 81973, 81974, 81975); 19/XI/2008, J.M. Baltazar &

L. Trierveiler-Pereira JMB 1233, 1236, 1237, 1240, 1245 (URM 81976, 81977, 81978,

81979, 81980); 21/I/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1317, 1320, 1334 (URM 81981,

81982, 81983); 10/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1396, 1406, 1409, 1414, 1418, 1419

(URM 81984, 81985, 81986, 81987, 81988, 81989); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1545, 1546, 1551, 1556, 1559, 1560, 1565, 1570, 1573, 1575

(URM 81990, 81991, 81992, 81993, 81994, 81995, 81996, 81997, 81998, 81999).

Page 92: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 92

Distribuição. Pantropical, porém raro nas Américas, onde é conhecido somente para a

Venezuela (Ryvarden & Johansen, 1980; Ryvarden & Iturriaga, 2001). Este é o primeiro

registro da espécie para o Brasil.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Ryvarden & Johansen, 1980).

Comentários. Esta espécie é caracterizada pela superfície do píleo geralmente tomentosa e

sulcada, superfície dos poros vinácea a púrpura e os poros pequenos, 7-9 (-10) por mm. É

macroscopicamente similar a algumas espécies de Nigroporus e os cistídios facilmente

colapsam, o que levou alguns autores a aceitá-la neste gênero (Murrill, 1907; Ryvarden &

Johansen, 1980). Trichaptum fumosoavelaneum (Romell) Rajchenb. & Bianchin. é similar,

porém possui basidiomas e poros maiores, 2-3 por mm (Gibertoni et al., dados não

publicados).

Trichaptum sector (Ehrenb.) Kreisel, Monografias, Ciencias, Univ. Habana, Ser. 4 16: 84

(1971).

Basiônimo. Boletus sector Ehrenb., Horae Phys. Berol.: 86 (1820).

Descrição. Corner (1987) e Gilbertson & Ryvarden (1987).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 12/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 596, 597 (URM 82000,

82001); 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 747, 758 (URM 82002, 82003);

17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1475, 1476, 1482 (URM 82004, 82005, 81006);

03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1709 (URM 82007); Recife, Parque Dois Irmãos,

12/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 638 (URM 82008); 15/X/2008, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1031 (URM 82009); 07/V/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-

Pereira JMB 1532 (URM 82010).

Distribuição. Neotropical (Gilbertson & Ryvarden, 1987); no Brasil, conhecida para

Alagoas, Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio

Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar & Gibertoni, 2009;

Gomes-Silva & Gibertoni, 2009).

Substrato. Angiospermas em decomposição, raramente em coníferas (Gilbertson &

Ryvarden, 1987).

Comentários. Espécie caracterizada pelos basidiomas geralmente flabeliformes, pequenos,

superfície do píleo cinza a amarronzada e superfície dos poros cinza a preta, com

dissepimentos geralmente lacerados (Gilbertson & Ryvarden, 1987). Schizophyllum

Page 93: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 93

commune Fr. possui basidiomas com forma e coloração similares aos de T. sector, porém é

facilmente separada pelo himenóforo lamelar.

4.1.8. Schizoporaceae Jülich

Hyphodontia J. Erikss. emend. E. Langer

Hyphodontia foi originalmente descrito para agrupar espécies corticióides com

superfície himenial lisa, sistema hifálico monomítico e lagenocistídios e cistídios septados

(Wu, 2000; Hjortstam & Ryvarden, 2009b). Entretanto, outros gêneros apresentam

características microscópicas muito similares a Hyphodontia, incluindo Schizopora Velen,

diferindo principalmente pela superfície himenial e tipos de cistídios. Características

ultraestruturais e dados moleculares demonstraram que aquelas características

morfológicas não são suficientes para separar estes gêneros (Langer, 1998). Além de

Schizopora, outros cinco gêneros são considerados sinônimos de Hyphodontia, todos eles

mais antigos que este. Entretanto, Hyphodontia é o gênero com maior número de espécies

descritas (Wu, 2000) e, para evitar desvantagens com essa mudança nomenclatural, Langer

et al. (1996) propuseram rejeitar os nomes genéricos com prioridade e conservar

Hyphodontia, o que é aceito atualmente pelo Código Internacional de Nomenclatura

Botânica (McNeill et al., 2006; Kirk et al, 2008). Este conceito tem sido adotado por

autores modernos (Langer & Dai, 1998; Greslebin & Rajchenberg, 2000; Wu, 2000).

Entretanto, outros autores preferem manter Schizopora como um gênero independente para

acomodar as espécies distintamente poróides (Rajchenberg, 2006; Hjortstam & Ryvarden

2009b).

Neste trabalho, Hyphodontia é aceito como sinônimo de Schizopora. São características

do gênero a superfície himenial lisa a poróide, sistema hifálico monomítico a dimítico,

hifas generativas ramificadas formando um ângulo agudo, ápices hifais frequentemente

incrustados e presença de cistídios.

Hyphodontia flavipora (Berk. & M.A. Curtis ex Cooke) Sheng H. Wu, Mycotaxon 76: 54

(2000).

Basiônimo. Poria flavipora Berk. & M.A. Curtis ex Cooke, Grevillea 15(73): 25 (1886).

Descrição. Gilbertson & Ryvarden (1986) e Wu (2000).

Material examinado. BRASIL. Pernambuco: Caruaru, Parque Ecológico Professor João

de Vasconcelos Sobrinho, 25/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 766, 769, 773 (URM

Page 94: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 94

81316, 81317, 81318); 30/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1014, 1021

(URM 81319, 81320); 29/X/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1201 (URM 81321);

26/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1290 (URM 81322); 27/I/2009, J.M. Baltazar & L.

Trierveiler-Pereira JMB 1370 (URM 81323); 17/III/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1490,

1492 (URM 81324, 81325); 03/VI/2009, J.M. Baltazar et al. JMB 1705 (URM 81326);

Moreno, RPPN Carnijó, 14/VIII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 704 (URM 81327);

23/IX/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 957, 961 (URM 81328, 81329);

16/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1108, 1123 (URM 81330, 81331);

12/III/2009, J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1454 (URM 81332); Recife,

Parque Dois Irmãos, 07/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 521 (URM 81333);

16/IX/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 834, 854, 859 (URM 81334, 81335, 81336);

15/X/2008, J.M. Baltazar & L. Trierveiler- Pereira JMB 1073 (URM 81337); 19/XI/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 1228 (URM 81338); São Vicente Férrer, Mata

do Estado (Sirijí), 19/VII/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 615 (URM 81339); 28/VIII/2008,

J.M. Baltazar & L. Trierveiler-Pereira JMB 783 (URM 81340); 18/IX/2008, J.M. Baltazar

& L. Trierveiler-Pereira JMB 885, 917 (URM 81341, 81342); 21/X/2008, J.M. Baltazar et

al. JMB 1180 (URM 81343); 30/XI/2008, J.M. Baltazar et al. JMB 1294 (URM 81344).

Distribuição. Pantropical a pantemperada (Wu, 2000); no Brasil, conhecida para Alagoas,

Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, São Paulo e Santa Catarina (Baltazar &

Gibertoni, 2009; Gomes-Silva & Gibertoni, 2009). Este é o primeiro registro da espécie

para Pernambuco.

Substrato. Angiospermas em decomposição (Gilbertson & Ryvarden, 1986).

Comentários. Espécie próxima a H. paradoxa (Schrad.) Langer & Vesterh., da qual difere

pela superfície himenial, poróide irregular a irpicóide nesta e distintamente poróide em H.

flavipora, além do tamanho dos basidiosporos — 3,5-5 × 2,5-3,5 μm nesta, 5-6 (-6,5) ×

3,5-4 μm na primeira (Gilbertson & Ryarden, 1986).

Page 95: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 95

Figura 3. Características macroscópicas de “Coltricia velutina”. A. Basidiomas. B. Superfície do píleo. C. Superfície dos poros (escalas: A = 2 cm, B e C = 1 cm).

Page 96: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 96

Figura 4. Basidiomas de novos táxons e novas ocorrências para o Brasil. A. “Diplomitoporus ellipsosporus”. B. Diplomitoporus venezuelicus. C. Fomitopsis lilacinogilva. D. “Fuscoporia chrysea”. E. Inonotus pseudoglomeratus. F. Trichaptum durum. (escalas = 2 cm).

4.2. Aspectos ecológicos de fungos poróides nas áreas estudadas

4.2.1. Diversidade de fungos poróides nas áreas estudadas

As 36 visitas a campo resultaram em 922 espécimes coletados nas trilhas demarcadas e

identificados até o nível específico. Estes correspondem a 66 espécies, distribuídas em 35

gêneros, oito famílias e duas ordens (Hymenochaetales e Polyporales). O gênero com

Page 97: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 97

maior número de espécies encontradas foi Polyporus, com sete espécies, seguido por

Fulvifomes e Fuscoporia, com quatro espécies cada. A família melhor representada foi

Polyporaceae, com 18 gêneros e 32 espécies, seguida por Hymenochaetaceae, com nove

gêneros e 18 espécies (Figura 5).

2 2 1

9

1 1

18

14

6

1

18

2 2

32

10

5

10

15

20

25

30

35

Fomito

psidac

eae

Ganod

ermata

caeae

Grammothelea

ceae

Hymen

ocha

etaceae

Meripila

ceae

Phane

rocha

etacea

e

Polypora

ceae

Schizo

porac

eae

GênerosEspécies

Figura 5. Número de gêneros e espécies encontrados por família.

As espécies com maior número de espécimes coletados foram Coriolopsis caperata

(139), Fuscoporia gilva (108) e Trichaptum durum (66). Juntas, estas três espécies

contribuem com aproximadamente 34% do total de espécimes coletados.

A área com maior número de espécimes coletados e espécies identificadas foi o Parque

Dois Irmãos, com 335 espécimes e 33 espécies, seguida pela RPPN Carnijó, com 304

espécimes distribuídos em 30 espécies (Figuras 6 e 7). Nove espécies foram encontradas

em todas as quatro áreas amostradas: Antrodiella versicutis, Coriolopsis caperata,

Dichomitus cavernulosus, Flabellophora obovata, Fuscoporia gilva, Hyphodontia

flavipora, Polyporus dictyopus, Polyporus leprieurii e Rigidoporus lineatus. Seis espécies

foram encontradas em três áreas de coleta, enquanto 12 foram encontradas em duas áreas

de coleta. Trinta e oito espécies foram encontradas em apenas uma das quatro áreas de

coleta (14 em DI, nove em CA, sete em ME e oito em BC), o que corresponde a

aproximadamente 59% do total de espécies encontradas.

Page 98: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 98

335

304

149

134

DICAMEBC

Figura 6. Número de espécimes coletados por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos).

33

30

2627

0

5

10

15

20

25

30

35

DI CA ME BC

Áreas de coleta

Núm

ero

de e

spéc

ies

Figura 7. Número de espécies coletadas por área (DI = Parque Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos).

Apesar do esforço de coleta e do elevado número de espécimes e espécies encontrados,

as curvas cumulativas de espécies das quatro áreas estudadas não se estabilizaram (Figura

8) e apenas a curva da RPPN Carnijó demonstra uma tendência à estabilidade. Isto mostra

que são necessárias mais coletas para melhor conhecer a diversidade de espécies de fungos

poróides destas áreas. Os mesmos resultados foram encontrados em outros trabalhos

realizados em áreas tropicais (Lindblad, 2001b; Gilbert et al., 2002; Gibertoni, 2008), nos

quais não houve tendência à estabilidade da curva cumulativa de espécies. Por outro lado,

em um estudo realizado em áreas boreais, Heilmann-Clausen & Christensen (2004)

obtiveram curvas estáveis tanto para basidiomicetos poróides como para corticióides.

Page 99: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 99

0

5

10

15

20

25

30

35

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43

amostras

núm

ero

de e

spéc

ies

DICAMEBC

Figura 8. Curvas cumulativas de espécies para as áreas estudadas (DI = Parque Dois Irmãos; CA = RPPN Carnijó; ME = Mata do Estado; BC = Brejo dos Cavalos).

4.2.2. Análises de similaridade (ANOSIM)

As similaridades entre as áreas estudadas foram calculadas utilizando o índice de

Sørensen (Tabela 2) e as análises de similaridade (ANOSIM).

Em um estudo de liquens em áreas de Mata Atlântica de Pernambuco, Cáceres (1999)

considerou valores de similaridade altos aqueles superiores a 0,42. Lindblad (2001a),

estudando basidiomicetos xilófilos em florestas tropicais na Costa Rica, considerou valores

de similaridade altos aqueles superiores a 0,4.

Tabela 2. Similaridade entre as áreas calculadas com o índice de Sørensen.

CA ME BC

DI 0,476 0,373 0,533

CA 0,571 0,491

ME 0,453

Considerando estes valores, apenas o Parque Dois Irmãos e a Mata do Estado diferem

quanto à riqueza de espécies. Os maiores valores de similaridade foram encontrados entre a

RPPN Carnijó e a Mata do Estado e o Parque Dois Irmãos e o Brejo dos Cavalos.

Curiosamente, isto forma dois pares compostos por uma mata de terra baixa e um brejo de

altitude.

Page 100: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 100

Na ANOSIM para o fator área, foram observados altos valores de R, indicando alta

dissimilaridade, entre o Parque Dois Irmãos e as demais áreas de coleta (Tabela 3). As

demais áreas tiveram valores de R abaixo do valor do Rglobal, porém muito próximos a este.

Tabela 3. Estatísticas R (p < 0,001 e número de permutações > 4000 para todos os valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator área (Rglobal = 0,758, p < 0,001, número de permutações = 10000).

CA ME BC

DI 0,996 0,769 0,883

CA 0,698 0,751

ME 0,488

A mesma análise foi feita somente para setembro/2008 (Tabela 4) e maio/2009 (Tabela

5) para verificar uma possível alteração em relação à dissimilaridade geral entre as áreas

(Tabela 3). Esses meses foram escolhidos por serem os meses com maior número de

espécies coletadas, por estarem em períodos distintos, sendo o primeiro seco e o último

chuvoso, e por serem temporalmente distantes, o que evita falsas repetições causadas por

espécimes perenes.

Tabela 4. Estatísticas R (p < 0,001 e número de permutações > 4000 para todos os valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator área para setembro/2008 (Rglobal = 0,433, p < 0,001, número de permutações = 10000).

CA ME BC

DI 0,756 0,668 0,408

CA 0,574 0,202

ME 0,178

Nestas análises, foram obtidos resultados de dissimilaridades menores entre as áreas do

que quando considerados todos os meses amostrados. Isto pode ter ocorrido devido à

perenidade dos basidiomas de algumas espécies. A re-coleta de indivíduos, principalmente

das espécies abundantes, pode exagerar as diferenças entre as áreas. Dessa forma, a

replicação temporal em um mesmo local de amostragem parece distorcer os resultados de

Page 101: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 101

similaridade. A replicação espacial, feita com um rodízio de transectos em uma mesma

área, poderia levar a resultados de similaridade mais próximos da realidade.

Tabela 5. Estatísticas R (p < 0,001 e número de permutações > 4000 para todos os valores de R) entre os pares de áreas calculadas com ANOSIM considerando o fator área para maio/2009 (Rglobal = 0,341, p < 0,001, número de permutações = 10000).

CA ME BC

DI 0,528 0,55 0,316

CA 0,262 0,114

ME 0,308

A ANOSIM também foi utilizada para comparar a composição das espécies

considerando o fator tipos vegetacionais (mata de terra baixa versus brejo de altitude). O

valor de Rglobal inferior a 0,5 indica que a composição das espécies não foi estatisticamente

diferente entre os tipos vegetacionais (Rglobal = 0,321; p < 0,001; número de permutações =

10000), o que demonstra que as diferenças causadas pelos tipos de vegetação são menos

importantes do que as diferenças entre as áreas. Estes resultados, assim como aqueles

obtidos com o índice de Sørensen e a ANOSIM para as áreas, demonstram que a

composição das espécies de basidiomicetos poróides não varia entre mata atlântica de terra

baixa e brejo de altitude. Entretanto, Santos et al. (2007) concluíram que, de modo geral, as

comunidades de plantas vasculares dos brejos de altitude são mais similares entre si do que

com áreas de mata atlântica de terra baixa.

Para verificar o motivo do alto valor de dissimilaridade entre o Parque Dois Irmãos e a

RPPN Carnijó, foi utilizada a ANOSIM para obter os valores de dissimilaridade entre os

subtransectos de cada uma das áreas, resultando em dez comparações entre os cinco

subtransectos de cada uma delas. Esta análise foi efetuada juntamente com o fator época de

coleta. Para a RPPN Carnijó, quatro das 10 comparações entre subtransectos obtiveram

valores acima do Rglobal (= 0,547, p < 0,001), o que demonstra que estes são

significativamente diferentes entre si. Para o Parque Dois Irmãos, sete dos 10 pares de

subtransectos foram dissimilares entre si (Rglobal = 0,557, p < 0,001). Esses resultados de

dissimilaridade entre os subtransectos de uma mesma área sugerem que os subtransectos

podem estar apresentando dependência temporal devido à presença de espécies perenes, o

Page 102: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 102

que pode estar contribuindo para os altos valores de dissimilaridade entre as áreas ao

utilizar os meses como replicação (Tabela 3).

Também foi utilizada a ANOSIM considerando o fator época de coleta. Para determinar

quais meses são considerados secos e quais são chuvosos durante o período de coleta,

foram observados os valores totais de precipitação mensal nas áreas estudadas (Figura 9).

Com base no valor médio anual das médias históricas mensais de precipitação, foram

considerados meses secos as coletas de setembro, outubro, novembro de 2008 e janeiro de

2009 no Parque Dois Irmãos; setembro, outubro, novembro de 2008 e março de 2009 na

RPPN Carnijós; agosto, setembro, outubro, novembro de 2008 e janeiro de 2009 na Mata

do Estado; e setembro, outubro e novembro de 2008 no Brejo dos Cavalos.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Jun Jul Ago Set Out Nov Jan Mar Mai

Mês

Prec

ipita

ção

(mm

)

DICABCME

Figura 9. Valores totais de precipitação mensal nas áreas de coleta durante o período de junho/2008 a maio/2009.

O resultado da ANOSIM para o período de coleta demonstrou que existe uma diferença

significativa entre os meses secos e os chuvosos (Rglobal = 0,175, p = 0,024), no entanto,

esta diferença é muito fraca, indicando uma composição de espécies similar entre os

períodos, apenas com uma alteração na dominância das espécies.

4.2.3. Importância do nível de decomposição e do tamanho do substrato na

composição das espécies

Foram marcados 294 troncos: 93 no Parque Dois Irmãos, 60 na RPPN Carnijó, 77 na

Mata do Estado e 64 no Brejo dos Cavalos. Para os cálculos de χ2, o número esperado para

Page 103: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 103

cada classe de decomposição ou tamanho do substrato foi calculado pelo número de

troncos na respectiva classe dividido pelo número total de troncos.

Em relação ao nível de decomposição do substrato, o número de ocorrências foi maior

do que o esperado para o nível intermediário (nível 2) e menor do que o esperado para o

nível avançado (nível 3) (χ2 = 19,32; gl = 2; p < 0,05). Por outro lado, o número de

espécies foi menor do que o esperado para as classes intermediária e avançada e maior do

que o esperado para a classe inicial (nível 1), porém estes resultados não foram

estatisticamente significantes (χ2 = 7,92; gl = 2; p > 0,05). Aparentemente, o nível de

decomposição do substrato não influencia a composição das espécies lignolíticas, porém

afeta a sua frequência. O número de ocorrências acima do esperado no nível dois pode ter

ocorrido porque poucas espécies têm habilidade para colonizar o nível um com sucesso. Já

no nível três, o número de ocorrências foi abaixo do esperado, porque provavelmente os

recursos do substrato já estão esgotados, o que desfavorece a colonização por fungos

poróides lignolíticos. Resultados similares foram encontrados para basidiomicetos poróides

e corticióides em áreas de Mata Atlântica, onde houve uma ocupação maior em substratos

em estágios intermediários a avançados de decomposição (Gibertoni et al., 2007). Em

estudos com o mesmo grupo de organismos em florestas boreais, também houve mais

ocorrências do que o esperado em estágios intermediários de decomposição (Bader et al.,

1995; Lindblad, 1998; 2001a). Em florestas tropicais da Costa Rica, entretanto, Lindblad

(2001a) encontrou uma leve preferência de basidiomicetos poróides e corticióides por

estágios iniciais ou não preferência por estágios de decomposição.

Com relação ao tamanho do substrato, não foram observadas mais ocorrências ou

espécies do que o esperado para classes de área (χ2 = 6,9; gl = 14; p > 0,05 para número de

ocorrências; χ2 = 3,3; gl = 14; p > 0,05 para número de espécies) e volume (χ2 = 15,1; gl =

14; p > 0,05 para número de ocorrências; χ2 = 17,33; gl = 14; p > 0,05 para número de

espécies).

Quanto ao diâmetro, o número de espécies observadas foi menor do que o esperado nas

duas classes de menor diâmetro (0,1-0,12 cm e 0,125-0,16 cm), e maior do que o esperado

para a classe 6 (28,5-36 cm) (χ2 = 17,38; gl = 6; p < 0,05). Estes resultados coincidem com

os obtidos por Lindblad (2001a), que encontrou maior ocorrência em classes de diâmetro

maiores. Urcelay & Robledo (2004) também encontraram maior ocorrência em classes de

diâmetro maiores e intermediárias em florestas andinas da Argentina. Entretanto, deve se

considerar que troncos com o mesmo diâmetro podem possuir comprimentos diferentes.

Para corrigir esse problema, o teste de χ2 foi refeito, desta vez calculando o valor esperado

Page 104: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 104

para cada classe de diâmetro como o somatório das áreas dos troncos naquela classe

dividido pelo somatório das áreas de todos os troncos (esperado proporcional à área

disponível e não ao número). Nesta análise, o número de ocorrências e o número de

espécies observado foram maiores do que o esperado para classes de diâmetro menores e

menor do que o esperado para classes de diâmetro maiores (χ2 = 76,89; gl = 6 para o

número de ocorrências; χ2 = 14,56; gl = 6 para o número de espécies). Esses resultados

demonstram que o número de troncos disponíveis em uma classe de diâmetro parece ser

mais importante para a ocorrência de fungos poróides do que a área de madeira disponível

nessa classe, enquanto esta área parece ser importante para o número de espécies. Isto pode

ser o resultado da elevada ocorrência de poucas espécies e da raridade de uma importante

proporção do total de espécies da associação.

Page 105: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 105

5. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos conclui-se que:

- As áreas estudadas apresentam uma considerável diversidade de fungos poróides,

sendo importantes para a conservação da diversidade destes organismos em Mata

Atlântica.

- Embora a Mata Atlântica seja o bioma brasileiro mais investigado em relação aos

organismos estudados, é necessária a continuidade dos estudos neste bioma, visto que

as curvas cumulativas de espécies das áreas estudadas não se estabilizaram ao final do

presente trabalho e resultados relevantes foram obtidos: duas espécies novas para a

ciência, cinco novos registros para o Brasil, dez novos registros para o Nordeste e dez

novos registros para Pernambuco.

- Poucas espécies (nove) são comuns às quatro áreas estudadas, enquanto muitas

espécies (39) são conhecidas em apenas uma das quatro áreas.

- Os tipos vegetacionais mata atlântica de terra baixa e brejo de altitude não diferem

quanto à diversidade de espécies de basidiomicetes poróides.

- A composição das espécies difere entre os meses secos e chuvosos.

- Os fungos poróides são mais freqüentes no estágio intermediário de decomposição e

menos freqüentes no estágio avançado, porém o estágio de decomposição não afeta a

composição das espécies desses organismos.

- Para maximização do conhecimento sobre a diversidade de fungos poróides em

ecossistemas de mata atlântica seria necessário: realizar coletas em diferentes tipos

vegetacionais; estabelecer transectos extensos em cada área estudada, ou realizar

rodízio de transectos para abranger uma área extensa; realizar coletas nos períodos seco

e chuvoso; durante a coleta, examinar todos os troncos, independente do seu estágio de

decomposição.

Page 106: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aime, M.C., Henkel, T.W., Ryvarden, L. 2003. Studies in neotropical polypores 15: new and interesting species from Guyana. Mycologia 95(4): 614-619.

Alexopoulos, C.J., Mims, C.W., Blackwell, M. 1996. Introductory mycology. 4th ed. New York, John Wiley & Sons Inc.

Andrade, G.O., Lins, R.C. 1964. Introdução ao Estudo dos Brejos Pernambucanos. Arquivos do Instituto de Ciências da Terra, Recife II: 21-34.

Andrade-Lima, D. 1960. Estudos fitogeográficos de Pernambuco. Arquivo do Instituto de Pesquisas Agronômicas de Pernambuco 5: 305-341.

Andrade-Lima, D. 1961. Tipos de floresta de Pernambuco. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileiros 2: 69-85.

Bader, P., Jansson, S., Jonsson, B.G. 1995. Wood-inhabiting and substratum decline in selective logged boreal spruce forests. Biological Conservation 72: 355-362.

Baltazar, J.M., Trierveiler-Pereira, L., Loguercio-Leite, C. 2009. A checklist of xylophilous basidiomycetes (Basidiomycota) in mangroves. Mycotaxon 107: 221-224.

Baltazar, J.M., Gibertoni, T.B. 2009. A checklist of the aphyllophoroid fungi (Basidiomycota) recorded from the Brazilian Atlantic Forest. Mycotaxon 109: 439-442.

Baltazar, J.M., Gibertoni, T.B. no prelo. New combinations in Phellinus s.l. and Inonotus s.l. Mycotaxon.

Baltazar, J.M., Trierveiler-Pereira, L., Loguercio-Leite, C., Ryvarden, L. 2009. Santa Catarina Island mangroves 3: A new species of Fuscoporia. Mycologia 101(6): 859-863.

Bandeira, A.G., Vasconcellos, A. 2004. Efeitos de Perturbações Antrópicas sobre as Populações de Cupins (Isoptera) do Brejo dos Cavalos, Pernambuco. In: Porto, K.C., Cabral, J.J.P., Tabarelli, M. (orgs). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, pp. 145-151.

Batista, A.C. 1949. Espécies de Amauroderma do Jardim Zoo-Botânico do Recife. Boletim da Secretaria de Agricultura, Industria e Comercio, Estado de Pernambuco 16: 122-133.

Batista AC, Bezerra JL. 1960. Basidiomycetes vulgares em o nordeste brasileiro. Publicações do Instituto de Micologia da Universidade do Recife 294: 1-30.

Berkeley, M.J. 1842. Notice of some fungi collected by C. Darwin Esq. in South America and the Islands of the Pacific. Annals and Magazine of Natural History, including Zoology, Botany, and Geology 9(60): 443-448.

Bononi, V.L.R. 1984. Basidiomicetos do Cerrado da Reserva Biológica de Moji-Guaçu, SP. Rickia 11: 1-25.

Bononi, V.L.R., Oliveira, A.K.M., Quevedo, J.R., Gugliotta, A.M. 2008. Fungos macroscópicos do Pantanal do Rio Negro, Mato Grosso do Sul, Brasil. Hoehnea 35(4): 489-511.

Buchanan, P.K., Hood, I.A. 1992. New species and new records of Aphyllophorales (Basidiomycetes) from New Zealand. New Zealand Journal of Botany 30: 95-112.

Buchanan, P.K., Ryvarden, L. 1988. Type studies in the Polyporaceae – 18. Species described by G.H. Cunningham. Mycotaxon 31(1): 1-38.

Page 107: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 107

Burdsall Jr., H.H., Banik, M.T. 2001. The genus Laetiporus in North America. Harvard Papers in Botany 6(1): 43-55.

Cáceres, M.E.S. 1999. Liquens foliícolas da Mata Atlântica de Pernambuco (Brasil): diversidade, ecogeografia e conservação. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco.

Cannon, P.F. 1997. Diversity of the Phyllachoraceae with special reference to the tropics. In: Hyde, K.D. Biodiversity of Tropical Microfungi. Hong Kong, Hong Kong University Press, pp. 255-278.

Carlile, M.J., Watkinson, S.C., Gooday, G.W. 2001. The Fungi. 2nd ed. London, Elsevier Academic Press.

Carranza-Morse, J., Gilbertson, R.L. 1986. Taxonomy of the Fomitopsis rosea complex (Aphyllophorales; Polyporaceae). Mycotaxon 25(2): 469-486.

Cavalcanti, M.A.Q. 1976. Introdução ao conhecimento dos basidiomicetos poliporóides da Zona da Mata de Pernambuco. Tese de Livre-Docência, Universidade Federal de Pernambuco.

Cavalcanti, M.A.Q. 1987. Ocorrência de Albatrellus ovinus no Brasil. Boletin Micológico 3(2): 139-143.

Clark, K.R., Warwick, R.M. 1994. Change in marine communities – an approach to statistical analysis and interpretation. 1st ed. Plymouth, PRIMER-E.

Clark, K.R., Gorley, R.N. 2001. PRIMER version 5: User manual/tutorial. Plymouth, PRIMER-E.

Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, SEMAD/Instituto Estadual de Florestas-MG. 2000. AVALIAÇÃO e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Brasília, MMA/SBF.

Corner, E.J.H. 1984. Ad Polyporaceas II and III. Beihefte zur Nova Hedwigia 78: 1-225. Corner, E.J.H. 1987. Ad Polyporaceas IV. Beihefte zur Nova Hedwigia 86: 1-265. Corner, E.J.H. 1989a. Ad Polyporaceas V. Beihefte zur Nova Hedwigia 96: 1-218. Corner, E.J.H. 1989b. Ad Polyporaceas VI. Beihefte zur Nova Hedwigia 97: 1-197. Corner, E.J.H. 1991. Ad Polyporaceas VII. Beihefte zur Nova Hedwigia 101: 1-175. CPRH – Companhia Pernambucana de Controle da Poluição Ambiental e de

Administração dos Recursos Hídricos. 1994. Projeto Piloto da Bacia Hidrográfica do Rio Goiana, Pernambuco. Macrozoneamento. Recife, publicado pelos autores.

Cunningham, G.H. 1965. Polyporaceae of New Zealand. New Zealand Department of Scientific and Industrial Research Bulletin 164: 1-304.

Dai, Y.C., Niemelä, T. 1997. Changbai wood-rotting fungi 6. Study on Antrodiella, two new species and notes on some other species. Mycotaxon 64: 67-81.

Dai, Y.C., Niemelä, T. 2002. The polypore genera Abundisporus and Perenniporia (Basidiomycota) in China, with notes on Haploporus. Annales Botanici Fennici 39: 169-182.

Dai, Y.C., Niemelä, T. 2006. Hymenochaetaceae in China: hydnoid, stereoid and annual poroid genera, plus additions to Phellinus. Acta Botanica Fennica 179: 1-78.

Dai, Y.C., Cui, B.K., Decock, C. 2008. A new species of Fomitiporia (Hymenochaetaceae, Basidiomycota) from China based on morphological and molecular characters.

Mycological Research 112(3): 375-380. David, A., Rajchenberg, M. 1985. Pore fungi from French Antilles and Guiana. Mycotaxon

22(2): 285-325. David, A., Rajchenberg, M. 1992. West African polypores: news species and

combinations. Mycotaxon 45: 131-148.

Page 108: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 108

Decock, C. 2001. Studies in Perenniporia. Some Southeast Asian taxa revisited. Mycologia 93(4): 774-795.

Decock, C. 2007. On the genus Microporellus, with two new species and one recombination (M. papuensis spec. nov., M. adextrinoideus spec. nov., and M. terrestris comb. nov.). Czech Mycology 59(2): 153-170.

Decock, C., Ryvarden, L. 1999. Studies in Perenniporia: Perenniporia detrita and its taxonomic synonyms. Mycologia 91(2): 386-395.

Decock, C., Herrera-Figueroa, S., Ryvarden, L. 2001. Studies in Perenniporia. Perenniporia contraria and its presumed taxonomic synonym Fomes subannosus. Mycologia 93(1): 196-204.

Decock, C., Ryvarden, L. 2003. Perenniporiella gen. nov. segregated from Perenniporia, including a key to neotropical Perenniporia species with pileate basidiomes. Mycological Research 107(1): 93-103.

Decock, C., Herrera-Figueroa, S. 2006. Neotropical Ganodermataceae (Basidiomycota): Amauroderma sprucei and A. dubiopansum. Cryptogamie Mycologie 27(1): 3-10.

Decock, C., Herrera-Figueroa, S., Robledo, G., Castillo, G. 2007. Fomitiporia punctata (Basidiomycota, Hymenochaetales) and its presumed taxonomic synonyms in America: taxonomy and phylogeny of some species from tropical/subtropical areas. Mycologia 99(5): 733-752.

Donk, M.A. 1960. The generic names proposed for Polyporaceae. Persoonia 1: 196-265. Donk, M.A. 1964. A conspectus of the families of Aphyllophorales. Persoonia 3: 199-324. Drechsler-Santos, E.R., Gibertoni, T.B., Góes-Neto, A., Cavalcanti, M.A.Q. 2009. A re-

evaluation of the lignocellulolytic Agaricomycetes from the Brazilian semi-arid region. Mycotaxon 108: 241-244.

Drechsler-Santos, E.R., Santos, P.J.P., Gibertoni, T.B., Cavalcanti, M.A.Q. no prelo. Ecological aspects of Hymenochaetaceae in an area of Caatingas (semi-arid) in Northeast Brazil. Fungal Diversity.

Fiasson, J.L., Niemelä, T. 1984. The Hymenochaetales: a revision of the European poroid taxa. Karstenia 24: 14-28.

Fidalgo, M.E.K. 1968a. The genus Hexagona. Memoirs of the New York Botanical Garden 17(2): 35-108.

Fidalgo, O. 1968b. Phellinus pachyphloeus and its allies. Memoirs of the New York Botanical Garden 17(2): 109-147.

Fidalgo, O. 1968c. Introdução à história da micologia brasileira. Rickia 3: 1-44. Fidalgo, O. 1970. Adições à história da micologia brasileira I. A coleta mais antiga. Rickia

5: 1-3. Fidalgo, O., Fidalgo, M.E.P.K., Furtado, J.S. 1965. Fungi of the “Cerrado” region of São

Paulo. Rickia 2: 55-71. Fidalgo, O., Bononi, V.L.R. 1989. Técnicas de coleta, preservação e herborização de

material botânico. São Paulo, Instituto de Botânica. Fundação SOS Mata Atlântica, INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). 2008.

Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica – Período 2000–2005. Relatório técnico publicado pelos autores.

Furtado, J.S. 1981. Taxonomy of Amauroderma (Basidiomycetes, Polyporaceae). Memoirs of the New York Botanical Garden 34: 1-109.

Gerber, A.L., Neves, M.A., Loguercio-Leite, C. 1999. Some species of Perenniporia Murrill (Poriales, Basidiomycotina) from Southern Brazil. Revista Brasileira de Botânica 22(2): 185-193.

Ghobad-Nejhad, M., Dai, Y.C. 2007. The genus Phellinus s.l. (Basidiomycota) in Iran. Mycotaxon 101: 201-222.

Page 109: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 109

Gibertoni, T.B. 2004. Aphyllophorales (Basidiomycotina) em áreas de Mata Atlântica do Nordeste Brasileiro. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Pernambuco.

Gibertoni, T.B. 2008. Polyporoid fungi (Agaricomycetes, Basidiomycota) in the Estação Científica Ferreira Penna (State of Pará, Brazilian Amazonia): diversity and ecological aspects. Scientifica Acta 2(2): 70-74.

Gibertoni, T.B., Cavalcanti, M.A.Q. 2000. Novos registros de Aphyllophorales para o Brasil. Acta Botanica Brasilica 14(3): 267-271.

Gibertoni, T.B., Cavalcanti, M.A.Q. 2003. A mycological survey of the Aphyllophorales (Basidiomycotina) of the Atlantic Rain Forest in the state of Pernambuco, Brazil. Mycotaxon 89: 203-211.

Gibertoni, T.B., Ryvarden, L., Cavalcanti, M.A.Q. 2004a. Poroid fungi (Basidiomycota) of the Atlantic Rain Forest in Northeast Brazil. Synopsis Fungorum 18: 33-43.

Gibertoni, T.B., Ryvarden, L., Cavalcanti, M.A.Q. 2004b. Studies in neotropical polypores 18 New species from Brazil. Synopsis Fungorum 18: 44-56.

Gibertoni, T.B., Ryvarden, L., Cavalcanti, M.A.Q. 2004c. New records of Aphyllophorales (Basidiomycota) in the Atlantic Rain Forest in Northeast Brazil. Acta Botanica Brasilica 18(4): 975-979.

Gibertoni, T.B., Santos, P.J.P., Cavalcanti, M.A.Q. 2007. Ecological aspects of Aphyllophorales in the Atlantic rain forest in northeast Brazil. Fungal Diversity 25: 49-67.

Gilbert, G.S., Ferrer, A., Carranza, J. 2002. Polypore fungal diversity in a moist tropical forest. Biodiversity Conservation 11: 947-957.

Gilbert, G.S., Sousa, W.P. 2002. Host specialization among wood-decay polypore fungi in a Caribbean mangrove forest. Biotropica 34(3): 396-404.

Gilbert, G.S., Gorospe, J., Ryvarden, L. 2008. Host and habitat preferences of polypore fungi in Micronesian tropical flooded forests. Mycological Research 112(6): 674-680.

Gilbertson, R.L., Ryvarden, L. 1986. North American Polypores. Vol. 1. Oslo, Fungiflora. Gilbertson, R.L., Ryvarden, L. 1987. North American Polypores. Vol. 2. Oslo. Fungiflora. Ginns, J. 1980. The genus Flaviporus Murrill (Polyporaceae). Canadian Journal of Botany

58(14): 1578-1590. Ginns, J. 1984. New names, new combinations and new synonymy in the Corticiaceae,

Hymenochaetaceae and Polyporaceae. Mycotaxon 21: 325-333. Góes-Neto, A. 1999. Polypore diversity in the state of Bahia, Brazil: a historical review.

Mycotaxon 72: 43-56. Gomes-Silva, A.C., Gibertoni, T.B. 2009. Checklist of the aphyllophoraceous fungi

(Agaricomycetes) of the Brazilian Amazonia. Mycotaxon 108: 319-322. Gomes-Silva, A.C., Baltazar, J.M., Ryvarden, L., Gibertoni, T.B. no prelo. Amauroderma

calcigenum (Ganodermataceae, Basidiomycota) and its presumed synonym A. partitum. Nova Hedwigia.

Gomes-Silva, A.C., Ryvarden, L., Gibertoni, T.B. 2009. New and interesting species of Hymenochaetaceae from the Brazilian Amazonia. Mycological Progress 8(4): 273-279.

Gottlieb, A.M., Wright, J.E. 1999. Taxonomy of Ganoderma from southern South America: subgenus Elfvingia. Mycological Research 103(10): 1289-1298.

Greslebin, A., Rajchenberg, M. 2000. The genus Hyphodontia in the Patagonian Andes forests of Argentina. Mycologia 92(6): 1155-1165.

Gripenberg, J. 1951. Fungus pigment. I. Cinnabarin, a colouring matter from Trametes cinnabarina Jacq. Acta Chemica Scandinavica, 12: 590-595.

Groposo, C., Loguercio-Leite, C., Góes-Neto, A. 2007. Fuscoporia (Basidiomycota, Hymenochaetales) in Southern Brazil. Mycotaxon 101: 55-63.

Page 110: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 110

Hattori, T. 2000. Type studies of the polypores described by E. J. H. Corner from Asia and the West Pacific I. Species described in Polyporus, Buglossoporus, Meripilus, Daedalea, and Flabellophora. Mycoscience 41: 339-349.

Hattori, T. 2005. Diversity of wood-inhabiting polypores in temperate forest with different vegetation types in Japan. Fungal Diversity 18: 73-88.

Hawksworth, D.L. 1991. The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation. Mycological Research 95(6): 641-655.

Hawksworth, D.L. 2001. The magnitude of fungal diversity: the 1.5 million species estimate revisited. Mycological Research 105(12): 1422-1432.

Heilmann-Clausen, J. Christensen, M. 2004. Does size matter? On the importance of various dead wood fractions for fungal diversity in Danish beech forests. Forest Ecology and Management 201:105-117.

Hennings, P. 1902. Fungi S. Paulenses II a cl. Puttemans collecti. Hedwigia 41: 295-311. Hennings, P. l904a. Fungi fluminenses a cl. E. Ule collecti. Hedwigia 43: 78-95. Hennings, P. 1904b. Fungi S. Paulenses III a cl. Puttemans collecti. Hedwigia 43: 197-209. Hjortstam, K., Ryvarden, L. 2009a. A preliminary checklist of Aphyllophorales from the

Seychelles. Synopsis Fungorum 26: 10-23. Hjortstam, K., Ryvarden, L. 2009b. A checklist of names in Hyphodontia sensu strictu –

sensu lato and Schizopora with new combinations in Lagarobasidium, Lyomyces, Kneiffiella, Schizopora and Xylodon. Synopsis Fungorum 26: 33-55.

Hyde, K.D., Lee, S.Y. 1995. Ecology of mangrove fungi and their role in nutrient cycling: what gaps occur in our knowledge? Hydrobiologia 295: 107-118.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1985. Atlas nacional do Brasil: região Nordeste. Rio de Janeiro, IBGE.

Iwabuchi, S., Sakai, S., Yamagushi, O. 1994. Analysis of mushroom diversity in sucessional young forests and equilibrium broad-leaved forests. Mycoscience 35: 1-14.

Jülich, W. 1984. Basidiomycetes of South-East Asia. 3. On Flabellophora Cunn., the pancake fungus. International Journal of Mycology and Lichenology 1: 319-325.

Kirk, P.M., Cannon, P.F., Minter, D.W., Stalpers, J.A. 2008. Ainsworth and Bisby’s dictionary of the fungi. 10th ed. Wallingford, CAB International.

Ko, K.S, Jung, H.S. 1999. Molecular phylogeny of Trametes and related genera. Antonie van Leeuwenhoek 75: 191-199.

Kotlaba, F., Pouzar, Z., Ryvarden, L. 1984. Some polypores, rare or new for Cuba. Česká Mykologie 38(3): 137-145.

Küffer, N., Gillet, F., Senn-Irlet, B., Aragno, M., Job, D. 2008. Ecological determinants of fungal diversity on dead wood in European forests. Fungal Diversity 30: 83-95.

Langer, E. 1998. Evolution of Hyphodontia (Corticiaceae, Basidiomycetes) and related Aphyllophorales inferred from ribosomal DNA sequences. Folia Cryptogamica Estonica Fascículo 33: 57-62.

Langer, E., Hallenberg, N., Knudsen, H., Kõljalg, H., Langer, G., Larson, K.H., Oberwinkler, F., Parmasto, E., Ryvarden, L., Vesterholt, J. 1996. Proposal to reject the names Hylodon and Schizopora in favour of Hyphodontia, nom. cons. (Fungi, Corticiaecae). Taxon 45: 685-686.

Langer, E., Dai, Y.C. 1998. Changbai wood-rotting fungi 8. Hyphodontia syringae sp. nov. Mycotaxon 67: 181-190.

Larsen, M.J., Cobb-Poulle, L.A. 1990. Phellinus (Hymenochaetaceae) A survey of the world taxa. Synopsis Fungorum 3: 1-206.

Larsson, K.H. 2007. Re-thinking the classification of corticioid fungi. Mycological Research 111(12): 1040-1063.

Page 111: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 111

Larsson, K.H., Larsson, E., Kõljalg, U. 2004. High phylogenetic diversity among corticioid homobasidiomycetes. Mycological Research 108(9): 983-1002.

Larsson, K.H., Parmasto, E., Fischer, M., Langer, E., Nakasone, K.K., Redhead, S.A. 2006. Hymenochaetales: a molecular phylogeny for the hymenochaetoid clade. Mycologia 98(6): 926-936.

Lindblad, I. 1998. Wood-inhabiting fungi on fallen logs of Norway spruce: relations to forest management and substrate quality. Nordic Journal of Botany 18: 243-255.

Lindblad, I. 2000. Host specificity of some wood-inhabiting fungi in a tropical forest. Mycologia 92: 399-405.

Lindblad, I. 2001a. Wood-inhabiting fungi in primary and secondary seasonally dry tropical forest, Costa Rica. In: Lindblad, I. Diversity and distribution of wood-inhabiting Basidiomycetes on decomposing logs-examples from tropical and boreal forests. PhD Thesis. Oslo, University of Oslo, pp. 1-23.

Lindblad, I. 2001b. Diversity of poroid and some corticioid wood-inhabiting fungi along the rainfall gradient in tropical forests, Costa Rica. Journal of Tropical Biology 17: 353-369.

Lindblad, I., Ryvarden, L. 1999. Studies in neotropical polypores 3. New and interesting Basidiomycetes (Poriales) from Costa Rica. Mycotaxon 71: 335-359.

Lindhe, A., Åsenblad, N., Toresson, H.-G. 2004. Cut logs and high stumps of spruce, birch, aspen and oak – nine years of saproxylic fungi succession. Biological Conservation 119: 443-454

Lloyd, C.G. 1912. Synopsis of the stipitate polyporoids. Mycological Writings 3: 95-208. Locatelli, E., Machado, I.C., Medeiros, P. 2004. Riqueza de Abelhas e a Flora Apícola em

um Fragmento da Mata Serrana (Brejo de Altitude) em Pernambuco, Nordeste do Brasil. In: Porto, K.C., Cabral, J.J.P., Tabarelli, M. (orgs). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, pp. 153-178.

Lodge, D.J., Cantrell, S. 1995. Fungal communities in wet tropical forests: variation in time and space. Canadian Journal of Botany 73: 1391-1398.

Loguercio-Leite, C. 1992. El género Polyporus (Polyporaceae) en la Isla de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil. Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 28(1-4): 27-36.

Loguercio-Leite, C., Wright, J.E. 1995. The genus Phellinus (Hymenochaetaceae) on the Island of Santa Catarina, Brazil. Mycotaxon 54: 361-388.

Loguercio-Leite, C., Groposo, C., Halmenschlager, M.A. 2005. Species of Ganoderma Karsten in a subtropical area (Santa Catarina State, Southern Brazil). Iheringia, Série Botânica 60(2): 135-139.

Loguercio-Leite, C., Michels, J., Baltazar, J.M. 2008. Austro-American lignolytic polypores (Agaricomycetes) – new records for Southern Brazil. Mycotaxon 104: 205-213.

Louza, G.S.G., Gugliotta, A.M. 2007. Polyporus Fr.(Polyporaceae) no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP, Brasil. Hoehnea 34(3): 365-382.

Lowe JL. 1975. Polyporaceae of North America. The genus Tyromyces. Mycotaxon 2(1): 1-82.

Masuka, A.J., Ryvarden, L. 1999. Dichomitus in Africa. Mycological Research 103(9): 1126-1130.

McNeill, J., Barrie, F.R., Burdet, H.M., Demoulin, V., Hawksworth, D.L., Marhold, K., Nicolson, D.H., Prado, J., Silva, P.C., Skog, J.E., Wiersema, J.H., Turland, N.J. (eds.) 2006. International Code of Botanical Nomenclature (Vienna Code) adopted by the

Page 112: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 112

Seventeenth International Botanical Congress Vienna, Austria, July 2005. Ruggell, Gantner Verlag.

Moncalvo, J.M., Ryvarden, L. 1997. A nomenclatural study of the Ganodermataceae Donk. Synopsis Fungorum 11: 1-114.

Mueller, G.M., Schmit, J.P., Leacock, P.R., Buyck, B., Cifuentes, J., Desjardin, D.E., Halling, R.E., Hjortstam, K., Iturriaga, T., Larsson, K.H., Lodge. D.J., May, T.W., Minter, D., Rajchenberg, M., Redhead, S.A., Ryvarden, L., Trappe, J.M., Watling, R., Wu, Q. 2007. Global diversity and distribution of macrofungi. Biodiversity Conservation 16: 37-48.

Murrill, W.A. 1907. (Agaricales) Polyporaceae (pars). North American Flora 9(1): 1-72. Murrill, W.A. 1908. (Agaricales) Polyporaceae (conclusio). North American Flora 9(2):

73-131. Namhyun, C., Lee, I.S., Song, H.S., Bangm W.G. 2000. Mechanisms used by white-rot

fungus to degrade lignin and toxic chemicals. Journal of Microbiology and Biotechnology 10(6): 737-752.

Nordén, B., Paltto, H. 2001. Wood-decay fungi in hazel wood: species richness correlated to stand age and dead wood features. Biological Conservation 101: 1-8.

Nordén, B., Ryberg, M., Götmark, F., Olausson, B. 2004. Relative importance of coarse and fine woody debris for the diversity of wood-inhabiting fungi in temperate broadleaf forests. Biological Conservation 117:1-10.

Núñez, M. 1996. Fructification of Polyporaceae s.l. (Basidiomycotina) along a gradient of altitude and humidity in the Guanacaste Conservation Area (Costa Rica). Journal of Tropical Ecology 12: 893-898.

Núñez, M., Ryvarden, L. 1995. Polyporus (Basidiomycotina) and related genera. Synopsis Fungorum 10: 1-85.

Núñez, M., Ryvarden, L. 2000. East Asian Polypores Volume 1. Ganodermataceae and Hymenochaetaceae. Synopsis Fungorum 13: 1-168.

Núñez, M., Ryvarden, L. 2001. East Asian Polypores. Volume 2. Polporaceae s. lato. Synopsis Fungorum 14: 169-522.

Overholts, L.O. 1953. The Polyporaceae of the United States, Alaska and Canada. Ann Arbor, University of Michigan Press.

Packham, J.M., May, T.W., Brown, M.J., Wardlaw, J., Mills, A.K. 2002. Macrofungal diversity and community ecology in mature and regrowth wet eucalypt forest in Tasmania: A multivariate study. Austral Ecology 27: 149-161.

Patouillard, N. 1907. Basidiomycètes nouveaux du Brésil recueillis par F. Noack. Annales Mycologici Editi in Notitiam Scientiae Mycologicae Universalis 5(4): 364-366.

Penttilä, R., Siitonenb, J., Kuusinena, M. 2004. Polypore diversity in managed and old-growth boreal Picea abies forests in southern Finland. Biological Conservation 117: 271-283.

Penttilä, R., Lindgren, M., Miettinen, O., Rita, H., Hanski, I. 2006. Consequences of forest fragmentation for polyporous fungi at two spatial scales. Oikos 114: 225-240.

Raghukumar, C. 2000. Fungi from marine habitats: an application in bioremediation. Mycological Research 104(10): 1222-1226.

Rajchenberg, M. 1983. Cultural studies of resupinate polypores. Mycotaxon 17: 275-293. Rajchenberg, M. 2006. Los Políporos (Basidiomycetes) de los Bosques Andino

Patagónicos de Argentina. Bibliotheca Mycologica Band 201: 1-300. Rajchenberg, M., Bianchinotti, V. 1991. Trametes fumoso-avellanea (Aphyllophorales): a

taxonomic study. Nordic Journal of Botany 11(2): 225-230. Reck, M.A., Silveira, R.M.B. 2009. Grammothele species from southern Brazil.

Mycotaxon 109: 361-372.

Page 113: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 113

Renvall, P. 1995. Community structure and dynamics of wood-rotting Basidiomycetes on decomposing conifer trunks in northern Finland. Karstenia 35: 1-51.

Reserva Ecológica Carnijó. 2008. Reserva Ecológica Carnijó. Disponível em: <http://www.reservacarnijo.com.br/>. Acesso em: 14 maio 2008.

Rick, J. 1907. Contributio ad monographiam Agaricearum et Polyporaceaerum Brasiliensium. Broteria, Serie Botanica 6: 65-96.

Rick, J. 1924. Contributio ad monographiam Polyporaceaerum riograndensium II. Broteria, Serie Botanica 21: 5-11.

Rick, J. 1938a. O gênero Polystictus no Rio Grande do Sul. Anais da Primeira Reunião Sul-Americana de Botânica 2: 251-270.

Rick, J. 1938b. Poliporos Riograndenses. Anais da Primeira Reunião Sul-Americana de Botânica 2: 271-307.

Rick, J. 1959a. Basidiomycetes eubasidii in Rio Grande do Sul – Brasilia. 2. Thelephoraceae. Iheringia: Botanica 4: 61-124.

Rick, J. 1959b. Basidiomycetes eubasidii in Rio Grande do Sul – Brasilia. 3. Hypochnaceae, Clavariaceae, Craterellaceae, Hydnaceae. Iheringia: Botanica 5: 125-192.

Rick, J. 1960. Basidiomycetes eubasidii in Rio Grande do Sul – Brasilia. 4. Meruliaceae, Polyporaceae, Boletaceae. Iheringia: Botanica 7: 193-295.

Robledo, G.L., Urcelay, C., Domínguez, L., Rajchenberg, M. 2006. Taxonomy, ecology and biogeography of polypores (Basidiomycetes) from Argentinian Polylepis woodlands. Canadian Journal of Botany 84: 1561-1572.

Rolstad, J., Saetersdal, M., Gjerde, I., Storaunet, K.O. 2004. Wood-decaying fungi in boreal forest: are species richness and abundances influenced by small-scale spatiotemporal distribution of dead wood? Biological Conservation 117: 539-555.

Rossman, A.Y., Tulloss, R.E., O’Dell, T.E., Thorn, R.G. 1998. Protocols for an all taxa biodiversity inventory of fungi in a Costa Rican conservation area. Boone, Parkway Publishers.

Ryvarden, L. 1984. Type studies in the Polyporaceae 16. Species described by J.M. Berkeley, either alone or with other mycologists from 1856 to 1886. Mycotaxon 20(2): 329-363.

Ryvarden, L. 1985. Type studies in the Polyporaceae 17. Species described by W.A. Murrill. Mycotaxon 23: 169-198.

Ryvarden, L. 1988. Type studies in the Polyporaceae – 20. Species described by G. Bresadola. Mycotaxon 33: 303-327.

Ryvarden, L. 1991. Genera of polypores, nomenclature and taxonomy. Synopsis Fungorum 5: 1-363.

Ryvarden, L. 2000. Studies in neotropical polypores 2: a preliminary key to neotropical species of Ganoderma with a laccate pileus. Mycologia 92(1): 180-191.

Ryvarden, L. 2004. Neotropical Polypores Part 1. Introduction, Ganodermataceae & Hymenochaetaceae. Synopsis Fungorum 19: 1-229.

Ryvarden, L. 2005. The genus Inonotus a synopsis. Synopsis Fungorum 21: 1-149. Ryvarden, L., Johansen, I. 1980. A preliminary polypore flora of East Africa. Oslo,

Fungiflora. Ryvarden, L., Wright, J.E., Rajchenberg, M. Megasporoporia a new genus of resupinate

polypores. Mycotaxon 16(1): 172-182. Ryvarden, L., Iturriaga, I. 2001. Studies in neotropical polypores 9. A critical checklist of

poroid fungi from Venezuela. Mycotaxon 78: 393-405. Ryvarden, L., Iturriaga, I. 2003. Studies in neotropical polypores 10. New polypores from

Venezuela. Mycologia 95(6): 1066-1077.

Page 114: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 114

Ryvarden, L., Iturriaga, I. 2004. Studies in neotropical polypores 21 New and iteresting species from Venezuela. Synopsis Fungorum 18: 68-75.

Sampaio, A.J. 1916. A flora de Matto Grosso. Arquivos do Museu Nacional 19: 1-127. Santos, A.M.M., Tabarelli, M. 2004. Integridade, Esforço e Diretrizes para Conservação

dos Brejos de Altitude da Paraíba e Pernambuco. In: Porto, K.C., Cabral, J.J.P., Tabarelli, M. (orgs). Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba: história natural, ecologia e conservação. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, pp. 309-318.

Santos, A.M.M., Cavalcanti, D.R., Silva, J.M.C., Tabarelli, M. 2007. Biogeographical relationships among tropical forests in north-eastern Brazil. Journal of Biogeography 34: 437-446.

Schilling, A.C., Batista, J.L.F. 2008. Curva de acumulação de espécies e suficiência amostral em florestas tropicais. Revista Brasileira de Botânica 31(1): 179-187.

Siitonen, P., Lehtinen, A., Siitonen, M. 2005. Effects of Forest Edges on the Distribution, Abundance, and Regional Persistence of Wood-Rotting Fungi. Conservation Biology 19: 250-260.

Silva, G.T. da, Gibertoni, T.B. 2006. Aphyllophorales (Basidiomycota) em áreas urbanas da Região Metropolitana do Recife, PE, Brasil. Hoehnea 33(4): 533-543.

Silveira, R.M.B. da, Guerrero, R.T. 1991. Aphyllophorales poliporóides (Basidiomycetes) do Parque Nacional de Aparados da Serra, Rio Grande do Sul. Boletim do Instituto de Biociencias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (48): 1-127.

Silveira, R.M.B. da, Wright, J.E. 2002. Polyporus s. str. in southern South America: mating tests. Mycological Research 106 (11): 1323-1330.

Silveira, R.M.B. da, Wright, J.E. 2005. The taxonomy of Echinochaete and Polyporus s. str. in southern South America. Mycotaxon 93: 1-59.

Singer, R. 1961. Fungi of Northern Brazil. Publicações do Instituto de Micologia da Universidade de Recife 304: 1-26.

Sippola, A.-L., Renvall, P. 1999. Wood-decomposing fungi and seed-tree cutting: A 40-year perspective. Forest Ecology and Management 115: 183-2001.

Smânia, E.F.A., Smânia Jr., A., Loguercio-Leite, C. 1998. Cinnabarin synthesis by Pycnoporus sanguineus strains and antimicrobial activity against bacteria from food products. Revista de Microbiologia 29(4): 317-320.

Sørensen, T. 1948. A method of stablishing groups of equivalent amplitude in plant sociology based on the similarity of species contents and its application to analysis of the vegetation of Danish commons. Biologiske Skrifter 5: 1-34.

Steyaert, R.L. 1975. The concept and circumscription of G. tornatum. Transactions of the British Mycogical society 65(3): 451-467.

Sverdrup-Thygeson, A., Lindenmayer, D.B. 2003. Ecological continuity and assumed indicator fungi in boreal forest: the importance of the landscape matrix 2002. Forest Ecology and Management 174: 353-363.

Tavares, I. 1939. Catalogo dos fungos de Pernambuco. Boletim da Secretaria de Agricultura, Industria e Comercio, Estado de Pernambuco 4(1): 1-33.

Tedersoo, L., Suvi, T., Beaver, K., Saar, I. 2007. Ectomycorrhizas of Coltricia and Coltriciella (Hymenochaetales, Basidiomycota) on Caesalpiniaceae, Dipterocarpaceae and Myrtaceae in Seychelles. Mycological Progress 6(2): 101-107.

Theissen, F. 1911. Polyporaceae austro-brasilienses imprimis rio grandenses. Wien, Kaiserlich-Königlichen Hof- und Staatsdruckerei.

Theissen, F. 1912. Hymenomycetes Riograndenses. Broteria, Serie Botanica 10: 5-28. Torrend, C. 1920a. Les Polyporacées du Brésil. Le genre Ganoderma. Broteria, Serie

Botanica 18(1): 23-42.

Page 115: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses

Baltazar, Juliano Marcon – Fungos poróides em Mata Atlântica em Pernambuco 115

Torrend, C. 1920b. Les Polyporacées du Brésil. Polyporacées stipitées. Broteria, Serie Botanica 18(1): 121-142.

Torrend, C. 1922. Les Polyporacées du Brésil. Les genres Amauroderma et Lignosus. Broteria, Serie Botanica 18(2): 21-42.

Torrend, C. 1926. Les Polyporacées stipitées du Brésil. Broteria, Serie Botanica 22(1): 74-88.

Torrend, C. 1935. Les Polyporacées du Brésil. Broteria, Serie Botanica 31(3): 108-120. Torrend, C. 1938. As poliporaceas da Bahia e estados limítrofes. Anais da Primeira

Reunião Sul-Americana de Botânica 2: 325-341. Trierveiler-Pereira, L., Baltazar, J.M., Loguercio-Leite, C. 2009. Santa Catarina Island

mangroves 4 – xylophilous basidiomycetes. Mycotaxon 109: 107-110. Urcelay, C. & Robledo, G. 2004. Community structure of polypores (Basidiomycota) in

Andean alder wood in Argentina: Functional groups among wood - decay fungi? Austral Ecology 29: 471-476.

Urcelay, C. & Robledo, G. 2009. Positive relationship between wood size and basidiocarp production of polypore fungi in Alnus acuminata forest. Fungal Ecology 2: 135-139.

Veloso, H.P., Rangel-Filho, A.L.R., Lima, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro, IBGE.

Wagner, T., Fischer, M. 2001. Natural groups and a revised system for the European poroid Hymenochaetales (Basidiomycota) supported by nLSU rDNA sequence data. Mycological Research 105(7): 773-782.

Wagner, T., Fischer, M. 2002a. Classification and phylogenetic relationships of Hymenochaete and allied genera of the Hymenochaetales, inferred from rDNA sequence data and nuclear behaviour of vegetative mycelium. Mycologial Progress 1(1): 93-104.

Wagner, T., Fischer, M. 2002b. Proceedings towards a natural classification of the worldwide taxa Phellinus s.l. and Inonotus s.l., and phylogenetic relationships of allied genera. Mycologia 94(6): 998-1016.

Wagner, T., Ryvarden L. 2002. Phylogeny and taxonomy of the genus Phylloporia (Hymenochaetales). Mycological Progress 1(1): 105-116.

Watling, R. 1969. Colour Identification Chart. Edinburgh, Her Majesty’s Stationary Office.

Westphalen, M.C., Reck, M.A., Silveira, R.M.B. no prelo. Ganoderma chalceum and Junghuhnia meridionalis: new records from Brazil. Mycotaxon 111.

Wright, J.E., Blumenfeld, S.N. 1984. New South American species of Phellinus (Hymenochaetaceae). Mycotaxon 21: 413-425.

Wu, S.-H. 2000. Studies on Schizopora flavipora s.l., with special emphasis on specimens from Taiwan. Mycotaxon 76: 51-66.

Yamashita, S., Hattori, T., Momose, K., Nakagawa, M., Aiba, M., Nakashizuka, T. 2008. Effects of Forest Use on Aphyllophoraceous Fungal Community Structure in Sarawak, Malaysia. Biotropica 40(3): 354-362.

Page 116: JULIANO MARCON BALTAZAR - repositorio.ufpe.br · distribuídas em 16 famílias e oito ordens, todas elas classificadas em Agaricomycetes. Atualmente, cerca de 1200 espécies desses