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  • azendo uso deste espao, inicio falando da alegria que invadiu nossos coraes pelas beatificaes do arcebispo de El Salvador, dom Oscar Romero e da missionria da Consolata, Irm Irene Ste-fani, acontecidas na vspera da Solenidade de

    Pentecostes, dia 23 de maio.Para nosso povo, o ms de junho se reveste de uma

    importncia especial. Assim tambm para a Famlia Consolata. Os missionrios e as missionrias convidam voc a celebrar a Solenidade de Nossa Senhora Consolata, cuja festa no dia 20. Para o Bem-aventurado Jos Alla-mano, fundador dos Missionrios da Consolata, em 1901, e das Missionrias da Consolata, em 1910, a Consolata a Fundadora e Me. Na presente edio, Fbio Pereira Feitosa, ao mesmo tempo que trata dos santos juninos (Antnio, Joo e Pedro), trata da Solenidade de Corpus Christi e ainda sobre esse assunto, Edson Luiz Sampel, em Misses Responde, fala sobre o assunto sob a tica do cnon 920 do Cdigo de Direito Cannico. Fernando Altemeyer Junior conduz-nos ao atual pontificado do papa Francisco, como o 266 sucessor de Pedro, com todas as caractersticas que lhe so peculiares.

    A Irm missionria da Consolata, Maria Gregria Tontini narra a sua experincia missionria de 32 anos, em Moambique, na frica. Seu apostolado, naquela misso, se circunscreve entre os trabalhos nas pastorais carcerria, familiar e da sade. Tambm a partir de Mo-ambique, o Superior dos missionrios da Consolata, padre Diamantino Guapo Antunes, destaca a celebrao dos 90 anos de presena do Instituto Misses Consolata naquele pas. Em entrevista, padre Pietro Plona, aps uma visita Monglia, nos fala do que ser missio-nrio numa realidade de fronteira. Na rubrica frica, Joseph Mampia convida a olharmos de maneira crtica a atual crise de imigrantes no Norte de frica para a Europa. Destacamos tambm a preparao para o 2 Congresso Missionrio Nacional de Seminaristas que ser realizado na arquidiocese de Belo Horizonte em julho prximo. Para tal, padre Jaime Carlos Patias nos fala dos bastidores deste grande encontro que dever movimentar a juventude em formao do nosso pas.

    Por fim, no comeo do ms celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente. Roberto Malvezzi, em sua colaborao, ao mesmo tempo que traz personagens que defende-ram o meio ambiente, apresenta o cenrio catastrfico pelo qual passa o planeta. Assim como Malvezzi, muitos propem a mentalidade ecolgica e a espiritualidade de Francisco de Assis como possveis sadas para a atual crise. Por isso, desde j, nesta ingente empreitada, podemos contar com a intercesso dos Bem-aventurados Oscar Romero e Irene Stefani. Peamos que roguem por ns!

    SUMRIOJUNHO 2015/05

    OPINIO -------------------------------------------------04 Unidade Crist Jos BizonESPECIAL -------------------------------------------------05 Todo dia dia do ambiente! Roberto Malvezzi (Gog)PR-VOCAES ---------------------------------------06 Coragem, Ele chama por vocs! Geoffrey BorigaINFNCIA MISSIONRIA ------------------------------07 O que a Bblia diz sobre bullying Andr Luiz de NegreirosVOLTA AO MUNDO ------------------------------------08 Notcias do Mundo Agncia Fides / Catholic Herald / Rdio Vaticano/BBCESPIRITUALIDADE ---------------------------------------10 Entre Corpus Christi e os santos juninos Fbio Pereira FeitosaTESTEMUNHO ------------------------------------------12 32 anos de misso em Moambique Maria Gregria Tontini FORMAO MISSIONRIA --------------------------14 Missa e famlia: a primeira, a nica, a ltima Pedro Jos ContiF EM AO -------------------------------------------16 Quem sustenta a Terra so os ecossistemas Marcus Eduardo de OliveiraFAMLIA CONSOLATA ---------------------------------17 Acordo com a Consolata Francesco PaveseFRICA ---------------------------------------------------22 A iluso de uma vida melhor Joseph MampiaSIA ------------------------------------------------------23 Comunicar experincias de Deus Mrio de CarliDESTAQUE DO MS -----------------------------------24 Uma histria com futuro Diamantino Guapo Antunes MISSO EM CONTEXTO -----------------------------26 2 Congresso Missionrio Nacional de Seminaristas Jaime Carlos PatiasBBLIA ----------------------------------------------------29 A fora da Eucaristia Boris A. Nef UlloaENTREVISTA ---------------------------------------------30 Misso na Monglia Joaquim GonalvesATUALIDADE ---------------------------------------------32 A luz de Francisco, o sucessor de Pedro Fernando Altemeyer JuniorVOLTA AO BRASIL --------------------------------------34 Ag. Brasil / Ag. Sindical / BF / CN / Folha / MPF-MS.

    E D I T O R I A LBEM-AVENTURADOS

    ROMERO E IRENE

    1. Encontro da JuventudeMissionria na Parquia

    Nossa Senhora Consolata,So Paulo, SP.

    Foto: Cleber Pires

    F

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  • Ano XLII - N 05 Junho 2015

    Rua Dom Domingos de Silos, 11002526-030 - So PauloFone/Fax: (11) 2238.4595Site: www.revistamissoes.org.brE-mail: [email protected]

    Redao

    Diretor: Paulo Mz

    Editora: Maria Emerenciana Raia

    Equipe de Redao: Rosa Clara Fran-zoi, Joseph Mampia, Stephen Ngari,Isaack Mdindile e Carlos R. Marques

    Colaboradores: Andr L. de Ne-greiros, Boris A. Nef Ulloa, Francesco Pavese, Marcus E. de Oliveira, Nei A. Pies, Edson L. Sampel, Mrio de Carli, Domingos F. Forte, Joseph Onyango Oye, Joaquim Ferreira Gonalves, e Jaime C. Patias

    Agncias: Adital, Asia News, CIMI, CNBB, Ecclesia, Fides, POM, Misna e Vaticano

    Diagramao e Arte: Cleber P. Pires

    Jornalista responsvel:Maria Emerenciana Raia (MTB 17532)

    Administrao: Luiz Andriolo

    Sociedade responsvel: Instituto Misses Consolata(CNPJ 60.915.477/0001-29)

    Impresso: Grfica SerranoFone: (11) 2201.4449

    Colaborao anual: R$ 60,00BRADESCO - AG: 545-2 CC: 38163-2Instituto Misses Consolata(a publicao anual de Misses de 10 nmeros)

    MISSES produzida pelosMissionrios e Missionrias da Consolata

    Fone: (11) 2238.4599 - So Paulo/SP (11) 2231.0500 - So Paulo/SP (95) 3224.4109 - Boa Vista/RR

    Membro da PREMLA (Federao de Imprensa Missionria Latino-Americana).

    ISSN 2176-5995

    Mural do Leitor

    De 28 de abril a 3 de maio de 2015, participamos de uma se-mana de Animao Vocacional na Comunidade de So Jos Operrio da Parquia de So Sebastio, cidade de Campo Belo, diocese de Oliveira, Minas Gerais. Padre Antnio Orestes, proco, quis in-tegrar a festa de So Jos Operrio e o Ano da Vida Consagrada para despertar no corao dos fiis o chamado para a Vida Religiosa, missionria e sacerdotal. O tema da semana foi Com So Jos, sirvamos ao Senhor com alegria. As atividades foram organizadas da seguinte forma: visita Escola Jos Otaviano Neves, visita s fa-mlias, encontros com as crianas, caminhada pela paz com o tema: Somos pela paz e encontro com jovens e adolescentes. Nesse dia, cada Congregao pode apresen-tar o seu carisma. Durante todos os dias havia grupos rezando na

    Igreja com a exposio do Sants-simo Sacramento no perodo da tarde, pois a Eucaristia a fonte da Misso e da vocao.Todas essas atividades foram de-senvolvidas por uma equipe de 13 missionrios: um padre diocesano (Campo Belo), missionrias da Consolata (Piumhi), irms Servas do Esprito Santo (Campo Belo), Filhas de So Camilo (So Paulo) e Franciscanas TC (So Paulo), padres Passionistas (Rio de Janei-ro), Crzios (Campo Belo) e irms Scolpias (Belo Horizonte). Foi uma experincia muito bonita com a variedade dos carismas trabalhan-do e todos juntos construindo o Reino de Deus. A semente foi lanada. Confiamos ao cuidado do Senhor da messe para que d frutos na hora certa.

    Pela Comunidade de PiumhiIrm Carleta Longo, missionria da Consolata.

    Animao Vocacional

    FOTO

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    UNIDADE CRIST

    texto-base da Semana de Orao deste ano foi preparado pelas Igrejas do Conselho Na-cional de Igrejas Crists do Brasil. O evento foi realizado entre os dias 17 e 24 de maio. O encontro entre Jesus e a mulher samari-

    tana nos convida a experimentar gua de um poo diferente e tambm a oferecer um pouco da nossa prpria gua. Na diversidade, nos enriquecemos uns aos outros. A Semana de Orao pela Unidade Crist sempre um momento pri-vilegiado para orao, encontro e dilogo. uma oportunidade para reconhecer a riqueza e o valor que esto presentes no outro, no diferente, e para pedir a Deus o dom da unidade.

    Destaco trs passos histricos e fundamentais, sobre a Semana de Orao ocorridos antes do Conclio Vaticano II.

    Primeiro passo: O papa Leo XIII, no sculo XIX promulgou a encclica Provida Mater. Em 1895 estabeleceu uma novena, entre as celebraes da Ascenso e de Pentecostes, pela reconciliao dos cristos. Ainda Leo XIII, na encclica Divinum Illud Munus de 1897, disse: decre-tamos, portanto, e mandamos, que em todo o mundo catlico, neste ano, e sempre no futuro, a festa de Pentecostes seja precedida pela novena em todas as igrejas, parquias, e tambm nos outros templos e oratrios, conforme a orientao dos Ordinrios.

    Segundo passo: Em Graymoor, Nova York, EUA, em 1908, o Rev. Paul James Wattson fundador dos Frades Franciscanos da Reconciliao - e o Rev. Spencer Jones, ambos da Igreja Episcopal Anglicana, propem a Oitava

    Ode Jos Bizon

    de Orao pela Unidade dos Cristos. A data para a celebrao: de 18 a 25 de janeiro, entre as festas da ctedra de Pedro e a converso de So Paulo. At hoje, no hemisfrio Norte, a Semana de Orao acontece neste perodo, enquanto que no hemisfrio Sul ela acontece entre as festas da Ascenso e Pentecostes.

    Terceiro passo: Em Lion, na Frana, em 1935 o padre Paul Couturier, foi quem organizou, pela primeira vez, a Semana de Orao pela Unidade Crist.

    O Decreto Unitatis Redintegratio do Conclio Vati-cano II sobre o ecumenismo, afirma: sem dvida necessrio que os fiis catlicos, na ao ecumni-ca, se preocupem com os irmos, rezando por eles, comunicando-se com eles sobre assuntos da Igreja dando os primeiros passos em direo a eles.

    Em 1966, a Comisso F e Constituio do Conselho Mundial de Igrejas e o Pontifcio Conselho pela Uni-

    dade dos Cristos, do Vaticano, constituram uma Comisso Mista e iniciaram a elaborao do texto em conjunto que culminou, em 1968, na Semana de Orao pela Unidade dos Cristos, com o tema: Para o Louvor de Sua Glria, (Ef 1, 14). Desde ento, a Comisso Mista prepara o material ou solicita a um grupo ecumnico de um pas a elaborao do subsdio, a partir de sua experincia ecumnica. O texto-base da Semana de Orao de 2012 foi preparado pelos cris-tos da Polnia, que escolheram como tema 1Cor 15, 51-58 Todos seremos transformados pela vitria de nosso Senhor Jesus Cristo.

    Francisco disse que o chama-do unidade, no seguimento do Senhor Jesus Cristo implica tam-

    bm uma forte exortao ao compromisso comum no nvel da caridade, em favor de todos aqueles que sofrem no mundo por causa da misria e da violncia, e precisam de forma particular da nossa misericrdia, especialmente especificou o papa o testemunho de nossos irmos e irms perseguidos nos leva a crescer na comunho fraterna.

    Jos Bizon diretor da Casa da Reconciliao, da arquidiocese de So Paulo e ponto de referncia para o Ecumenismo e o Dilogo Inter-Religioso.

    OPINIO

    Semana de Orao pela Unidade Crist deste ano teve como tema

    D-nos um pouco da tua gua (Jo 4,7)

  • JUNHO 2015 MISSES 5

    emos o costume de inventar uma data refe-rencial para centenas ou milhares de assuntos, pessoas, eventos que so importantes para o conjunto da humanidade. Uma dessas datas o Dia Mundial do Meio Ambiente.

    Convenhamos que a dedicao de inmeras pessoas mundo afora ao tema no coisa de um dia por ano. H gente pagando com a prpria vida a defesa de um ambiente propcio vida de todos. um paradoxo, dar a prpria para que outros tenham vida. Mas, os

    cristos entendem perfeitamente o que essa expresso quer dizer. A esto nossos mrtires dessa causa como Chico Mendes, Ir. Dorothy e tantos outros movidos pelo amor vida.

    Essas datas, porm, tm o dom de chamar a ateno para essas questes cruciais. Ser consequente com o que lemos, debatemos e nos propomos a fazer pos-teriormente seja como pessoa, grupo, comunidade

    Tde Roberto Malvezzi (Gog)

    ou humanidade sempre um passo que s a histria pode contar.

    O fato que nossa Terra apresenta sinais de cansa-o, como um animal acuado que aos poucos se torna violento, podendo partir para cima de seu agressor e at extermin-lo.

    Uma das reaes da Terra, to alertada por in-meros cientistas, que Ela reagir cada vez mais com fenmenos extremos, como secas, enchentes, furaces, calor intenso, nevascas inimaginveis, assim por diante. Esses fenmenos, mesmo em territrio brasileiro, so cada vez mais agressivos e apavorantes.

    Francisco e a ecologiaO problema que no sabemos exatamente onde

    vamos parar. Os cientistas tecem cenrios sobre o futuro, mas, sobre uma mesma realidade, s vezes fazem dezenas de cenrios. Nunca sabemos qual de-

    les ser e nem mesmo se ser um deles. Relembro aqui cenrios sobre a nossa regio semirida brasileira, com temperaturas mais altas, menos disponibilidade de gua, perda de solos agrcolas, expanso das reas desertificadas e tantas tragdias socioambientais.

    Notcias nos dizem que o papa Francisco est por lanar um do-cumento importantssimo sobre a questo ecolgica. H quanto tempo a Igreja nos deve um posicionamento claro sobre essa questo! A esperan-a que ele j venha carregado de tantas lutas e reflexes das igrejas locais e de tantos amantes da defesa do ambiente.

    Afinal, nas bases, j estamos presentes nessa realidade h mui-tas dcadas. Para ns a defesa da

    criao, do dom de Deus, o qual temos a obrigao de cultivar e guardar (Gn 2, 15). Portanto, no comear, mas continuar e aprofundar. Quem sabe o documento do papa venha como um novo sopro do Esprito para que sejamos capazes de renovar a face da Terra.

    Roberto Malvezzi (Gog) agente da Comisso Pastoral da Terra, Juazeiro, BA.

    ESPECIAL

    Dia 5 de junho, comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente.

    TODO DIA DIA DO AMBIENTE!

    OMAR

    HAV

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    TTY

    IMAG

    E

    A prpria populao ajuda no socorro s vtimas do terremoto no Nepal, abril de 2015.

  • Dezembro 2013 -JUNHO 2015 MISSES6

    PR-VOCAES

    ueridos jovens, o Senhor faz um convite es-pecial a cada um de vocs. Contando com a vossa grande generosidade, notem que Deus espera uma resposta favo-rvel de cada um, no intuito de colaborarmos incansavel-

    mente no seu desgnio de salvao para toda a humanidade. Com toda certeza, a era digital oferece propos-tas que aparentemente so chiques, atraentes e quase merecedoras de ateno urgente. Nem sempre valem muito estas propostas, pois elas so bem passageiras em comparao com tudo o que Deus nos oferece. Portanto, preciso parar um pouco e discernir melhor a vontade de Deus para a prpria vida. Constate-se que feito isso, a vida tomar um rumo melhor na busca do Reino, e todo o resto ser dado por acrscimo.

    Zona de confortoA vida em si parece ser muito

    bela, especialmente quando cada um se encontra na sua zona de con-forto. Cristo coloca insistentemente um grande desafio para cada um de vocs: quem quiser seguir-me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Com isso, pretende dizer que a vida no nos pertence. Ela um dom de Deus, que a Ele devemos livre e generosamente oferecer. Tomar a cruz diz respeito conformao vida plena em Cristo. Assim ns nos tornamos outros Cristos naquilo que somos e fazemos. Mas no que o seguimento seja apenas uma repetio do que Jesus e faz, mas, sim, um lanar-se cada vez mais em guas profundas, fazendo com que todo o mundo creia e reconhea que Jesus Cristo o Senhor! Pois nutridos por Jesus, o mestre por excelncia, o mundo ser contagiado com a brasa verdadeira do amor divino. Se assim

    Qde Geoffrey Boriga fizermos, a globalizao das indiferenas ser vencida.

    Efetivamente, no somos feitos para ns mesmos, mas, sim, para o servio de Deus e dos irmos e irms. A exemplo dos primeiros apstolos que deixaram suas redes de imediato sem saber o que lhes esperava, do mesmo modo, se hoje voc ouvir a voz de Deus, no

    feche o seu corao, mas d uma resposta favorvel, servindo Deus como um sacerdote, missionrio ou missionria, religioso ou religiosa ou leigo ou leiga bem engajado.

    Queridos jovens, vamos de mos juntas construir um mundo melhor, uma sociedade onde possamos viver o Evangelho de Jesus Cristo, uma comunidade de perdo e amor. Portanto, vamos juntos acolher o chamado de Jesus, vamos segui-lo neste convite que nos leva a meditar numa vida de felicidade sem limites que devemos procurar. este o nosso com-promisso!

    Geoffrey Boriga, imc, seminarista queniano em So Paulo, SP.

    CORAGEM, ELE CHAMA POR VOCS!

    Ouvir a voz de Deus nos dias atuais um desafio e requer ateno! Porm, Ele

    continua chamando.

    CLEB

    ER P

    IRES

    Jovens missionrios e adolescentes da Parquia N. Sra. Consolata, Jardim So Bento, So Paulo.

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    tema um problema social atual e muito preocupante. Ele um dos assuntos mais tratados pela educao, tendo em vista que crescente o nmero de agresses fsicas e psicolgicas contra indivduos incapazes de

    se defender. Geralmente geradas em escolas publicas e se estendendo a toda uma sociedade.A prtica intimidadora, preconceituosa e separatista

    de algumas pessoas, deixa-nos cada vez mais preo-cupados com o tipo de sociedade da qual fazemos parte. O assunto no indito. Verificamos algumas passagens onde podemos identificar atos preconcei-tuosos e vexatrios que a Bblia relata.No livro dos Reis (2Rs 2, 23-24) observamos: Ento [Eliseu] subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saram da cidade, e zombavam dele,

    O QUE A BBLIA DIZSOBRE BULLYING

    INFNCIA MISSIONRIA

    Ode Andr Luiz de Negreiros

    O assunto no indito. Que tal assumirmos o

    combate prtica do bullying nos grupos da Infncia e Adolescncia Missionria?

    dizendo: Sobe, calvo; sobe, calvo! E, virando-se ele para trs, os viu, e os amaldioou em nome do Senhor. Ento duas ursas saram do bosque, e despedaaram 42 daqueles meninos.Tal atitude incitou a uma reao instantnea do profeta Eliseu, e segundo a palavra dele, os zombadores foram punidos. Vamos meditar: Eliseu era careca. Isso era fato! Mas, isso dava o direito de algum desprez-lo? A atitude do profeta nos lembra o que diz o livro de Tiago (Tg 3); onde encontramos que da nossa boca sai bno ou maldio.

    PecadoNo livro dos Salmos, especificamente no primeiro versculo do Salmo 1, parte B, est escrito: Bem--aventurado o homem que no anda no conselho do mpios, no se detm no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Entendemos que o problema a roda, os assuntos e as intenes.

    Seremos bem-aventurados se no nos deixarmos influenciar. Escarnecer zombar, desprezar e discriminar gratuitamente. Devemos evitar cair nessa cilada.Outro profundo versculo, que nos ajuda a entender que a Bblia condena essa prtica, est no livro de Mateus (Mt 12, 34): A boca fala do que o corao est cheio. Podemos dizer que toda ofensa que podemos atribuir a algum primeiro surgiu no nosso corao. Depois a palavra sai como fogo, agressiva e vexatria; como est escrito na carta aos Romanos (Rm 3, 13-14): veneno de vbora est nos seus lbios, a boca, eles a tm cheia de maldio e de amargura.Portanto, o que era uma ofensa, so-cialmente pode muito bem ser com-

    preendida como um pecado, pois se deixa de olhar Cristo na vida do prximo, alm de no exercer um dos maiores mandamentos do prprio Jesus: amai--vos uns aos outros. Que tal assumirmos o combate prtica do bullying em nossos grupos de Infncia e Adolescncia Missionria?

    Andr Luiz de Negreiros Secretrio Nacional da Pontifcia Obra da IAM.

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    Fontes: Agncia Fides, Catholic Herald, Rdio Vaticano/BBC.

    para o Brasil, fugindo da perseguio sofrida a partir de 1915 pelo Imprio Otomano, atual Turquia. Os cristos armnios preparavam-se para celebrar a Pscoa, no dia 24 de abril de 1915, quando receberam ordens de deixar suas casas em 24 horas. O governo dos jo-vens turcos comeou a perseguio a lderes religiosos, polticos, intelectuais e artistas na atual cidade de Istambul e mais de 800 pessoas foram deportadas e mortas. A partir de ento, caravanas com homens, mulheres e crianas comearam a deixar suas cidades e andar pelo deserto em direo Aleppo e Beirute. Muitos morriam pelo caminho, mas a maioria dos que conseguiam chegar era desviada para a cidade sria de Dier-el--Zor, comparada Auschwitz. A Turquia no reconhece o fato.

    NepalIgreja ajuda vtimas do terremoto

    O papa Francisco enviou uma ajuda de 100 mil dlares aos desabrigados e desalo-jados pelo terremoto de magnitude 7,9 que assolou o Nepal no dia 25 de abril e atingiu oito milhes de pessoas. O auxlio concreto chegou ao pas dos Himalaias por meio do Pontficio Conselho Cor Unum, diretamente Igreja local.

    Cuba x EUARal Castro visita o papa

    No domingo, 10 de maio, o presidente cubano Ral Castro encontrou-se com o papa Francisco no Vaticano. Os dois conver-saram durante pouco mais de 50 minutos principalmente sobre a situao de Cuba e de sua relao com os Estados Unidos. Aps o encontro, o presidente cubano afirmou que, graas ao papa Francisco, ele pretende voltar para a Igreja. O presidente cubano explicou: Eu sou do Partido Comunista Cubano, que no permite crenas [religiosas], mas agora estamos permitindo, um passo importante. Aps a revoluo cubana nos anos 1950, o governo tomou propriedades da Igreja, expulsou clrigos e declarou Cuba uma nao ateia. As relaes entre Cuba e o Vaticano, bem como entre Cuba e os Estados Unidos, foram muito difceis desde ento. O papa Francisco tem trabalhado ativamente para melhor-las.

    NigriaLibertadas mulheres do Boko Haram

    O exrcito da Nigria afirmou ter libertado quase 300 mulheres e meninas aps uma ofensiva contra o grupo Boko Haram. O porta--voz da Defesa nigeriana, Chris Olukolade, precisou: tropas do exrcito capturaram e destruram trs campos de terroristas den-tro da floresta de Sambisa, resgatando 200 meninas e 93 mulheres. As 200 meninas no so aquelas que foram capturadas em Chibok em abril de 2014 - cujo destino ainda desconhecido - e que foram motivo de uma campanha internacional pedindo sua libertao. O arcebispo de Jos, dom Igna-tius Kaigama, afirmou que pode imaginar o sofrimento das famlias cujas filhas foram sequestradas e que a comunidade e as famlias esto com elas.

    LbiaEstado Islmico mata 30 cristos

    Dois meses aps a decapitao dos 21 cristos coptas do Egito, em fevereiro de 2015, o grupo terrorista Estado Islmico divulgou um novo vdeo em que 30 cristos foram mortos na Lbia. O vdeo acusa os cristos de serem protagonistas de uma cruzada, cujo objetivo seria de assassinar muulmanos. O mesmo vdeo mostra a destruio de cruzes, altares e imagens religiosas em igrejas, que foram substitudos pelo emblema do grupo. As vtimas do ato eram cristos etopes. Metade deles foi executada a tiros e a outra metade dos homens foi decapitada.

    ArmniaGenocdio foi o primeiro do sc. XX

    O povo armnio, que sofreu o primeiro genocdio do sculo XX, com 1 milho e 500 mil mortos ainda est espera de um reconhecimento. Muitos armnios migraram

    JUNHO 2015 MISSES8

  • ensar em juventude pensar no futuro, no amanh e, consequentemente, mergulhar na esperana de um mundo melhor, mais fraterno, feliz, misericordioso, mais cristo. A Igreja no deixa de pousar o seu olhar acolhedor nesta

    fase da vida to essencial e importante, no cansa de enviar e ensinar a juventude a construir sua casa sobre a rocha firme. Abre os braos para abraar a cada um que queira seguir verdadeiramente as pe-gadas do Senhor e Mestre, Jesus Cristo. Lembramos do papa Joo Paulo II que tinha um carinho especial pelos jovens. Nas suas falas, sempre recordava que a Igreja olha para os jovens e que os jovens so a sua esperana. Tambm Bento XVI pedia aos jovens para viverem a sua juventude sem buscar coisas efmeras. O papa Francisco no se cansa de dizer juventude para que no deixe roubar suas esperanas e por isso que ele nos convida neste ms a rezar para que a vocao Vida Consagrada seja despertada no corao dos jovens.

    Diferentemen-te da profisso, que atrai uma pes-soa pelo gosto do prprio trabalho ou pela remune-rao, que exige, portanto, uma qua-lificao especfica, a vocao Vida Religiosa e ao sa-cerdcio no uma escolha pessoal. A vocao chama-do de Deus - con-vocao: vinde e vede (Jo 1, 39), ou como aconte-ceu com Mateus, quando Jesus o viu e disse: segue--me (Mt 9, 9).

    A inteno mis-sionria deste ms

    convida a juventude a viver a fidelidade e dar a razo das suas vidas, convertendo-se em testemunhos luminosos dentro das limitaes humanas e nas

    INTENO MISSIONRIAde Joseph Onyango Oiye

    PPara que o encontro pessoal com Jesus suscite em muitos jovens o desejo de Lhe oferecerem a prpria vida no sacerdcio ou na vida consagrada.

    preocupaes do dia a dia. no cotidiano do povo cristo que os jovens devem procurar teste-munhar que s Deus e seu Reino podem encher de sentido defini-tivo a existncia humana, pois, a Vida Consagra-da, um dom divino que a Igreja recebeu do Senhor.

    Sabemos que nos dias de hoje, cada vez mais difcil para os jo-vens ouvirem a voz de Deus. Os rudos so mui-tos, os atrativos mltiplos e a bus-ca de respostas imediatas dificultam o saber ouvir, do alto da montanha, a voz de Deus que chama.

    Portanto, rezemos com toda Igreja para que, o encontro pessoal com Jesus suscite em muitos jovens o desejo de Lhe oferecerem a prpria vida no sacerdcio ou na Vida Consagrada e que os re-ligiosos, as religiosas e consagrados sejam para o mundo testemunhas de que existe outra forma de viver com sentido. Rezemos para que sejam entre ns sinais vivos e confiveis do amor de Deus e de seu Reino. Com eles vamos formar a grande comunidade, que a Igreja, em sua misso de evangelizao. E que muitos jovens descubram que vale a pena dar a vida quele que por primeiro deu a Sua vida por ns, Cristo Jesus.

    Joseph Onyango Oiye, imc, seminarista queniano em Braslia, DF.

    FOTO

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    Renato Ziviani, seminarista da Consolata.

    Valdeyr dos Santos, seminarista da Consolata.

    JUNHO 2015 MISSES 9

  • JUNHO 2015 MISSES10

    ESPIRITUALIDADE

    O ms de junho nos motiva a refletir

    sobre a Eucaristia e a devoo aos

    santos mais populares da Igreja.

    de Fbio Pereira Feitosa

    nto Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se no comerdes a carne do Filho do homem, e no beberdes o seu san-

    gue, no tereis a vida em vs mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no ltimo dia. Pois a minha carne verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe meu sangue perma-nece em mim e eu nele (...). Estas palavras retiradas do Evangelho de Joo (Jo 6, 53-56), fazem meno instituio da Eucaristia, Corpus Christi, o Corpo de Cristo.

    A expresso latina que significa Corpo de Cristo tambm uma importante Festa de Guarda da Igreja Catlica, ou seja, uma celebrao qual os fiis so obri-gados a comparecer, sendo um feriado religioso. No Brasil esta festividade ocorre na primeira quinta-feira aps a festa litrgica da Santssima Trindade, o que lhe confere um carter mvel, por no ter uma data fixa.

    E

    ENTRE CORPUS CHRISTI E OS SANTOS JUNINOS

    Origem Qual o objetivo e as razes da

    festividade de Corpus Christi? Esta celebrao objetiva celebrar de forma solene a Eucaristia, insti-tuda na Quinta-Feira Santa no momento da ltima ceia de Jesus com seus apstolos, quando ele tomou o po e o vinho e os divi-diu. As razes da efemride so encontradas em Lieja, na Blgica e so atribudas a Santa Juliana de Mont Cornillon, quando esta ainda era priora da Abadia de mesmo

    nome. Desde jovem, Santa Juliana possua verdadeira venerao ao Santssimo Sacramento e como tal, acalentava o desejo da criao de uma festa em sua honra. A cada dia mais este anseio aumentava, sendo impulsionado por vises que traduziam a vontade divina. Foi a partir desta inspirao que surgiu a festa de Corpus Christi. No ano de 1264, o Papa Urba-no IV, percebendo a importncia desta celebrao, por meio da Bula Transiturus de hoc mundo,

    Procisso de Corpus Christi pelas ruas de So Manuel, SP.

  • JUNHO 2015 MISSES 11

    esto serragem, borra de caf, areia, flores, tecidos, tampinhas de gar-rafas e descartveis que iriam para a reciclagem.

    Festa dos santosO ms de junho alm de ser o

    ms de Corpus Christi tambm o mesmo ms da festa de trs dos santos mais populares da Igreja Catlica: Antnio, Joo e Pedro.

    Santo Antnio nasceu em Lis-boa, em uma rica famlia, porm abdicou de tudo e ingressou na Ordem dos Franciscanos, foi mis-sionrio e aps ser atingindo por uma enfermidade, regressou Europa e fixou-se na Itlia. Era um grande conhecedor da Bblia e seus sermes tocavam todos os que o ouviam. Em 13 de junho de 1231, aos 35 anos, Antnio faleceu, sendo canonizado no ano seguinte.

    O dia de So Joo Batista, 24 de junho, ao contrrio de outros santos, aquele que celebra o seu nascimento e no a sua morte. Joo Batista foi primo, profeta e precursor de Jesus Cristo. Como profeta, Joo Batista denuncia aquilo que no estava de acordo com o projeto divino e aps re-preender o rei Herodes Antipas, acaba sendo preso e martirizado.

    Comemora-se o dia de So Pedro em 29 de junho. Pedro, antes cha-mado de Simo, foi um pescador da Galileia, escolhido como o lder dos apstolos e foi o responsvel por criar a comunidade crist de Roma. Assim como Joo Batista, tambm foi martirizado, sendo crucificado de cabea para baixo. Pedro considerado o primeiro papa da Igreja Catlica, sendo cha-mado pelo prprio Jesus Cristo.

    Que o Corpo e o Sangue de Cristo nos fortalea para que, a exemplo de Santo Antnio, So Joo Batista e So Pedro possa-mos seguir os exemplos de Jesus de forma simples e verdadeira.

    Fbio Pereira Feitosa graduado em Histria. Desen-volve pesquisas sobre a histria da Igreja.

    a contemplar o mistrio supremo da nossa f: a Santssima Eucaris-tia, presena real do Senhor Jesus Cristo no Sacramento do Altar. Cada vez que o sacerdote revive o sacrifcio eucarstico, na orao da consagrao, ele repete: Este o meu corpo (...) este o meu

    sangue. Ele empresta sua voz, as mos e o corao a Cristo, que quis permanecer conosco e ser o corao da Igreja.

    Uma das caractersticas mais tpicas da festa de Corpus Christi a confeco de tapetes, nos quais o Santssimo Sacramento passa em cortejo. Esta tradio foi trazida ao Brasil pelos portugueses. O eixo te-mtico dos tapetes gira em torno da Eucaristia. Estes so confeccionados a partir de uma enorme variedade de materiais, dentre os mais comuns

    ampliou a festa para toda a Igreja e delegou a Toms de Aquino a funo de preparar a leituras e os textos litrgicos propcios.

    Um dos pontos mais altos desta celebrao o cortejo do Santssimo Sacramento, o qual os fiis em um ato de devoo,

    acompanham em procisso. Esta tem como objetivo fazer meno caminhada do povo de Deus, que ser alimentado pelo Corpo de Cristo, assim como os hebreus foram alimentados no deserto, pelo Man vindo do cu, alm de representar um ato de profunda comunho com a comunidade e um momento de manifestao pblica da nossa f.

    Ao refletir sobre a celebrao de Corpus Christi, o papa emrito, Bento XVI, afirma que ela: convida

    JLIO

    CS

    AR

  • JUNHO 2015 MISSES12

    TESTEMUNHO

    m dia, uma colega de es-cola me disse: Estou indo para o colgio das irms da Consolata em Rio do Oeste. Aquilo me pegou

    de surpresa e me deixou triste, porque estava perdendo uma das minhas melhores amigas. Mas, ao mesmo tempo despertou minha curiosidade. Em casa perguntei para minha me quem eram as irms da Consolata. Ela me explicou que eram missionrias vindas da Itlia e que tinham um colgio para adolescentes e jovens estudantes e tambm as que pensavam em ser missionrias como elas.

    No final daquele ano, 1955, minha colega veio de frias. Esta-va muito contente. Ela falava das irms com entusiasmo e acabou pondo mais lenha na fogueira... Isto para dizer que Deus serve-se de mediaes para chamar quem Ele quer. Como no meu caso.

    Sou Maria Gregria Tontini, cata-rinense, nascida no atual municpio de Ascurra. Venho de uma famlia simples, numerosa e profundamen-te crist. Com meus cinco irmos - hoje casados e com filhos - sou-bemos aproveitar bem dos sbios

    de Maria Gregria Tontini

    Uensinamentos dos nossos pais, j falecidos. Eles nos educaram nos moldes da poca; mas, o que nos passaram, serviu para que todos ns assumssemos a vida com se-riedade e responsabilidade.

    No final das frias, janeiro de 1956, minha colega preparava-se para retornar ao colgio. Insisti com meus pais para que me deixassem ir com ela, s por alguns dias. E fui. As irms me encantaram: eram alegres e entusiastas. Faziam de tudo para que aquela turma de adolescentes e jovens barulhentas e alegres, se formassem bem para o futuro. Alm do estudo elas da-vam tambm formao religiosa. Falavam da frica e do que elas faziam l. Contavam que, por causa da guerra, tinham sido expulsas, como todos os missionrios e mis-sionrias do pas da Etipia, antiga Abissnia. Aquilo deixava todas muito curiosas.

    Nova vidaForam suficientes trs dias para

    que eu sentisse que aquele era o meu lugar. Alguma coisa dentro de mim me confirmava. Em fevereiro de 1957, fui para ficar. Eu tinha 14 para 15 anos. Senti muito deixar meus pais, meus irmos e cole-gas, mas, o entusiasmo ajudou a amenizar a situao. Meu pai me acompanhou at o colgio e lembro que fui muito bem acolhida. Com o passar do tempo eu fui me apai-xonando pela vida missionria. que para as adolescentes e jovens que aspiravam misso, era minis-trada uma formao diferenciada; e aquilo ia alimentando o nosso desejo e o nosso sonho futuro.

    Terminado o estudo em Rio do Oeste, Santa Catarina, em So Paulo continuei me preparando para a Profisso Religiosa no cha-mado Noviciado; tempo em que se comea a ter mais contato com os

    Missionria da Consolata relata

    trabalho no campo da sade, a servio dos irmos e irms. Uma vida dedicada

    Misso.

    32 ANOS DE MISSOEM MOAMBIQUE

    Irm Maria Gregria em atendimento.

    FOTO

    S: A

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  • JUNHO 2015 MISSES 13

    contedos da vida religiosa missio-nria do Instituto. Em Sorocaba, So Paulo, fiz a experincia dos meus primeiros anos de vida missionria. Em vrias parquias me dediquei catequese e, ao mesmo tempo, ia me aprofundando na espiritua-lidade do fundador, o padre Jos Allamano. Manifestei o desejo de fazer o curso de Enfermagem, o que me foi concedido. Em So Paulo, frequentei a Escola de Enfermagem Camiliana, na Lapa, e fiz estgio em vrios hospitais particulares , que me proporcionaram uma ba-gagem bem slida e consistente, para poder enfrentar os grandes desafios que encontrei na Misso.

    Sonho da MissoEm 1983, disse adeus ao Brasil

    e parti para Moambique, indo morar na Provncia do Niassa. Cla-ro, no seria normal se eu no tivesse sentido apartar o corao ao deixar a ptria, a famlia e ir a uma terra distante e ali acolher um povo novo, usos e costumes bem diferentes dos nossos. Mesmo que a lngua fosse a mesma - o portugus - precisei ter muita f naquele Deus que me escolheu, me chamou e me enviou... Ademais, era tempo de guerrilha, faltava

    liberdade religiosa, pois predo-minava a ideologia marxista. Aos poucos, fui me inserindo no novo mundo. Comecei a trabalhar no Centro de Sade do governo, onde j atuava uma irm da Consolata e duas senhoras parteiras. Alm do trabalho especfico, ali eu pude viver um pouco da experincia dos primeiros cristos. Quando o Centro terminava o expediente, vinha um grupo de crianas, cujos pais eram funcionrios e ns as preparvamos para a catequese, sem que ningum soubesse. Era proibido falar de Deus. Quando as crianas estavam preparadas, de carro amos com elas para outra Regio e l eram realizados os atos religiosos. As crianas sabiam disso e eram alertadas, para que, quando algum lhes perguntasse o que tinham ido fazer em Lichin-ga, respondessem que tinham ido visitar parentes. Foram tempos difceis aqueles! E muitos cristos morreram por causa de sua f.

    "Eu atendo a todos, mas as

    minhas preferidas so as gestantes e

    as crianas".

    Vida a servioAtualmente estou na comunidade

    de Maa e continuo no campo espec-fico da sade. Neste Posto trabalham comigo: um mdico, seis tcnicos de medicina, 16 enfermeiras, duas farmacuticas, dois tcnicos de labo-ratrio e cinco parteiras. Eu atendo a todos, mas as minhas preferidas so as gestantes e as crianas. Atravs do teste do vrus HIV, sempre procuro verificar que a vida da me no esteja ameaada; acompanho com muito cuidado as que precisam tomar os medicamentos retrovirais, pois, sabe-se da importncia da presena da me na famlia, especialmente quando ainda tem filhos peque-nos. Acontece muitas vezes que, mulheres grvidas, ao descobrirem que foram tradas pelos maridos, querem abortar. Ai se comea um longo caminho de conscientizao e catequese, at que a me aceite levar a gestao at o fim. Ainda bem que na cultura local, as tias maternas e as avs colaboram no cuidado e na educao dos sobrinhos e netos. Muitas dessas mes, algum tempo aps terem dado luz, voltam ao Posto com os filhos nos braos, felizes, para agradecer, dizendo que valeu a pena no terem abortado. Nestas situaes, a gente precisa de muita ajuda de Deus, de muita luz do Esprito Santo, para ter nos lbios palavras sbias que toquem o cora-o dessas mes feridas. Para ns, missionrias, isso traz uma grande alegria, pois, so vidas que esto sendo salvas.

    Na comunidade de Maa somos quatro irms e nos dividimos no tra-balho apostlico, acompanhando vrias pastorais: carcerria, familiar, sade, promoo da mulher e au-las de tica na Escola Secundria da diocese. Temos esperana de que nos prximos anos, teremos tambm vocaes missionrias, pois as famlias esto recebendo uma slida formao crist.

    Maria Gregria Tontini, MC, missionria h 32 anos em Moambique.Irm Maria Gregria com irms da comunidade e o padre Frizzi (dir.).

  • FORMAO MISSIONRIA

    lguns anos atrs, um bis-po, que faleceu h poucos dias, pregando um retiro aos padres, nos convidou a celebrar as missas como se

    todas fossem a primeira, a nica, a ltima. Ele queria nos exortar a celebrar as missas, ao longo de toda a nossa vida sacerdotal, com o mesmo entusiasmo e alegria da nossa Primeira Missa, com f e devoo total, como se fosse a nica missa da nossa existncia humana e, por fim, com a entrega da nossa vida, como se aquela fosse a ltima celebrao antes do en-contro definitivo com o Pai. Muitas vezes me lembrei destas palavras. No posso dizer sempre, porque a pressa e outras preocupaes me levam a refletir sobre outras coisas mesmo antes e durante a celebrao. Distraes tambm no faltam. Quando lembrava aquelas palavras, achava a ideia bonita, mas muito sentimental. Sobretudo

    Ade Pedro Jos Conti

    nunca me agradou pensar que a missa que estava rezando pudesse ser a ltima. No entanto, no ano passado tive um grave acidente de carro. Estava voltando para casa e tinha celebrado trs missas naquela tarde. Pensei mesmo que fosse morrer e que aquelas teriam sido, desta vez de verdade, as minhas ltimas missas. Sobrevivi. Quando, enfim, me tiraram das ferragens do carro estava inteiro, apenas uma vrtebra cervical quase quebrada. Agora penso mais sobre aquelas palavras. Entendi que so muito mais que um sentimento ou uma emoo, so um verdadeiro com-promisso. Elas do sentido ao meu

    trabalho pastoral, minha vida a servio do povo de Deus, minha f, ao sacramento da Ordem que recebi um dia. Decidi, portanto, repetir mais, para mim mesmo e para os outros estas palavras.

    Onde tudo comeaVou comear por onde tudo

    comea: a famlia. Ela um gran-de dom de Deus, mas tambm um caminho aberto para doar a prpria vida, colocando-a a ser-vio dos demais. Quem constitui famlia, somente para a prpria satisfao, prpria segurana ou por medo da solido, logo fica decepcionado. Ter uma famlia uma grande alegria, mas tambm algo exigente. Pede sacrifcio e doao. No somente alguns momentos, mas a vida toda. As crianas geradas no amor exigem entrega feita de noites insones, de carinho e de colo. Os adoles-centes querem ser autnomos, independentes, mas ainda so os pais a confort-los quando ex-perimentam as dificuldades para vencer as primeiras provaes da vida. Muitas vezes os jovens reconhecem o valor da prpria famlia somente quando a deixam ou quando, na hora das decises, lembram-se das palavras sbias dos mais velhos. Conheo pais que choram por no conseguir oferecer aos seus familiares no o suprfluo, o ltimo lanamento da moda, mas o necessrio: comida suficiente, uma casa acolhedora, escola e remdio. Quantos avs contribuem com as suas aposenta-dorias para os estudos dos netos. Conseguem se satisfizer com pou-Batismo em Cuemani, Caquet, Colmbia.

    ARQU

    IVO

    IMC

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    MISSA E FAMLIAA PRIMEIRA, A NICA, A LTIMA

    A famlia um grande dom de

    Deus, mas tambm um caminho

    aberto para doar a prpria vida, colocando-a a

    servio dos demais.

  • co, para que os netos alcancem o seu sonho na vida.

    Os noticirios nos apresentam famlias desestruturadas, pais e filhos irresponsveis, jovens e adultos violentos, crianas e ido-sos machucados; ns sabemos, porm, que a maioria das nossas famlias busca a paz e a unio. Quantas das nossas casas, bonitas ou comuns, humildes e pobres, nas periferias, na beira dos rios, no interior da Amaznia, so ver-dadeiros templos, igrejas onde se reza, se agradece, se chora e se exulta juntos. Todos os que ofere-cem as suas vidas para a alegria e o bem dos outros, das suas famlias e dos demais, todos aqueles que constroem a paz e a unio, todos aqueles que semeiam amor, so sacerdotes junto a Jesus. Ele amou e ensinou a amar com toda a sua vida, perdoou os pecados, carregou a ovelha perdida, deu esperana a quem errava na escurido, rezou pela unidade. Todos ns, batizados, somos discpulos-missionrios des-te Jesus. Todos somos chamados a oferecer as nossas vidas para que tantos outros tambm tenham vida e vida plena de esperana e alegria.

    Igreja domsticaToda famlia crist uma igreja

    domstica, quer dizer, uma igreja--comunidade, no importa se pequena, mdia ou grande; o que vale a unio, o amor entre os seus membros, a disponibilidade em se ajudar e servir uns aos ou-tros. Quem deve comear tudo isso? Quem deve ensinar dando o exemplo? Devem ser os pais, sem dvida alguma. Toda famlia nasce do amor entre o esposo e a esposa; este amor vivido e praticado que comunicado aos filhos. Passa pelo trabalho dos mais adultos, quando os filhos s dependem deles. Mas os mais jovens tambm podem colaborar. O bem-estar da famlia no movido somente a dinheiro ou a bens de consumo, feito de alegria, pacincia, responsabilida-

    de, obedincia, humildade, partilha de tudo, tambm das pequenas tarefas que at os pequenos po-dem cumprir.

    Em famlia, ningum pode ser somente servido; todos devem aprender tambm a servir e a dar valor colaborao dos outros. Para isso precisam aprender a agradecer: na mesa, pelo po de cada dia, antes de dormir, pelo carinho e a ateno que foram dados e rece-bidos. Generosidade e gratuidade se aprendem com o leite materno, dizem os antigos. Nunca vai mudar. Os primeiros evangelizadores e catequistas dos seus filhos sem-pre sero os pais. Quando, numa famlia, nunca se encontra tempo para rezar e agradecer juntos ao Senhor por tudo aquilo que somos e temos, provavelmente os mais jovens, bem cedo, iro considerar intil, ou at bobagem, ir missa. s vezes, porm, pode acontecer o contrrio. Por ocasio do Batismo, da Primeira Eucaristia ou da Crisma de um filho, pais distrados ou super atarefados, reencontram o caminho da parquia, conhecem os padres, os catequistas, outros pais. Voltam a lembrar-se da f crist que no s no atrapalha a vida, mas

    ajuda a enxergar mais longe nos afetos e nos laos familiares. Estes unem as pessoas e, descuidados, podem se romper para nunca mais poder ser atados de volta.

    Em famlia se aprende a conviver com as diferenas das geraes, dos temperamentos, dos gostos. Aprendem-se a tolerncia e o per-do. Faz-se a experincia da vida que chega e da despedida de quem amamos e que nos amou; se expe-rimenta a alegria de estarem todos juntos e se sente o vazio deixado por quem falta. Ningum intil, ningum sobra, porque todos so preciosos. Assim as famlias cres-cem e diminuem no nmero, mas nunca podem desistir de multiplicar o amor. Evangelho puro, simples, cotidiano. Sem pregaes porque vivido. Toda famlia crist uma pequena Igreja, sacramento vis-vel do amor de Deus. A mesa das refeies se torna altar. Ao seu redor todos so sacerdotes das suas vidas oferecidas. Como Jesus.

    neste sentido que acredito seria muito bom que tambm todos aqueles e aquelas que decidem for-mar uma famlia pensassem que ela deveria ser mesmo no s a primeira, mas tambm a nica e, portanto, tambm a ltima e melhor obra do seu compromisso de cristos. Se os padres devem oferecer a si mesmos quando repetem as palavras do Senhor: Isto o meu corpo... e apresentam ao Pai a comunidade toda, cabe aos esposos, aos pais, aos filhos, a todas as nossas famlias dizerem tambm: aqui estamos ns, Pai, com as nossas belezas e fraquezas, com as nossas angstias e esperanas, com os nossos medos e as nossas coragens; por tudo isso, Senhor, na fora do Esprito Santo, fazei de ns um s corpo e um s esprito. Assim rezamos na missa. Assim devemos rezar nas nossas famlias. Cada uma a primeira, a nica, a ltima. Com Jesus, sempre a melhor.

    Pedro Jos Conti, bispo de Macap, AP.

    Igreja domstica asitica.

    DIVU

    LGA

    O

    JUNHO 2015 MISSES 15

  • JUNHO 2015 MISSES16

    F EM AO

    relao da economia com o meio ambiente intensa, com o uso dos servios ecossis-tmicos. No se pode perder de vista que o sistema econmico um sistema aberto que troca energia com o ambiente. Nessa

    troca, recebe energia nobre (limpa) e a devolve de forma degradada (suja).

    O fluxo de benefcios produzidos por um ecos-sistema inclui funes essenciais para a sobrevi-vncia dos humanos e de outras espcies. Quem

    sustenta a vida na Terra so os ecossistemas. Sem esses servios ecossistmicos (disponibilidade de gua potvel, regulao do clima, biodiversidade, fertilidade do solo etc), no h produo de absolu-tamente nada. Sem energia, no h trabalho. Sem sistema ecolgico, no h sistema econmico; sem natureza, no h produtos, no h economia, no

    Ade Marcus Eduardo de Oliveira

    h sistema produtivo e a vida, como a conhecemos em sua plenitude, no se desenvolve. A economia est inserida ( dependente) de um sistema maior, finito e materialmente fechado, embora aberto ao fluxo energtico.

    Ao desconsiderar o sistema ecolgico em sua amplitude, a teoria neoclssica tradicional ignora o que realmente se sucede em termos de movimen-tao dentro de um sistema econmico, a saber: entra (materiais) e sai (resduos); entra matria e energia, sai ejetada a poluio.

    Parte de um todoEm outras palavras, a economia apenas uma

    parte de um todo; o todo o meio ambiente. No se pode esquecer que, de forma inequvoca, o pro-cesso de produo econmica vem necessariamente acompanhado da gerao de resduo e poluio. De toda sorte, essa relao entre a economia e o capital natural, cada vez mais emblemtica, envolve

    alguns aspectos pertinentes, como alteraes do clima potencialmente provocadas pela ao do homem--econmico; exagero de produtos txicos ejetados no meio ambiente como resposta s polticas de cres-cimento da economia sem respeito aos limites fsicos da natureza; a falta de energia e matria para lidar com as manifestaes e os desejos da sociedade de consumo que so cada vez mais intensos.

    por isso que o relacionamento entre a Terra e a economia tem de ser harmonioso, visto que a segun-da (economia) parte da primeira

    (Terra). Se o desejo maior for pela preservao de todas as formas de vida no planeta, comecemos pela preservao dos servios ecossistmicos, afinal, so esses que sustentam a vida na Terra.

    Marcus Eduardo de Oliveira economista e professor de economia da FAC FITO e da UNIFIEO, em So Paulo. [email protected]

    QUEM SUSTENTA A TERRA SO OS ECOSSISTEMAS

    gua, biodiversidade e fertilidade do solo so ecossistemas e

    precisam ser preservados, se quisermos manter a Terra viva.

    HTTP

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  • JUNHO 2015 MISSES 17

    de Francesco Pavese

    Bem-aventurado Jos Alla-mano foi reitor do San-turio de Nossa Senhora Consolata durante 46 anos. Foi um tempo precioso

    para realizar o sonho de semear, com grande zelo, a devoo a Maria a tal ponto que o local se tornou um centro de alta referncia para a espiritualidade mariana. Ele no se ocupou apenas com atividades espirituais, mas realizou o pro-jeto de restaurao e ampliao do Santurio de um modelo to artstico, que at hoje muito admirado. Esse dinamismo vinha desde sua juventude quando ele j manifestava um relacionamento espiritual muito grande com Ma-ria. Um missionrio do primeiro grupo escreveu: Um dia no final de uma reflexo sobre a Consola-ta ele dizia: o que buscar!... uma devoo que nasa do corao. Se eu tivesse que escrever a histria das consolaes que recebi de Maria durante todo este tempo que sirvo o Santurio, diria que foram anos cheios de consolao, no isentos de sofrimentos e Deus sabe quantos! Mas ali, aos ps da Consolata, tudo fica resolvido.

    Tesoureiro e guardaNa prolongada atividade no

    Santurio, Allamano percebeu que Nossa Senhora atendia as necessi-dades dos devotos que lhe pediam oraes. Por isso no ousava rejeitar os ttulos populares que o povo lhe atribua de secretrio,guarda e tesoureiroda Consolata. Em

    Oum dos seus escritos enviados aos missionrios que trabalhavam na frica dizia que na festa do dia 20 de junho havia colocado todos nas mos de Maria, para que os fizes-se santos. E terminava com esta afirmao: creio que Maria me escutou ... eu sou seu secretrio... seu tesoureiro e tenho o direito de ser atendido antes de outros. Esta prerrogativa, atribuda a ele, ainda hoje. Quantas pessoas confessam ter recebido graas de Maria por sua mediao!

    Podemos acrescentar ainda outro aspecto que ilustra muito bem o relacionamente dele com Maria. comum em todos os san-tos fundadores de congregaes religiosas olhar para a fundao como uma obra de Deus e dizer que eles so apenas seus instru-mentos. Allamano manifestava a mesma convico, mas com uma peculiaridade: estava convencido que a base da fundao era Maria Consolata. Isso era fruto de uma fecunda experincia espiritual e que ele transmitia constantemente aos seus missionrios e missionrias.

    No se cansava de repetir que a verdadeira fundadora era a Conso-lata e por isso no gostava de ser chamado de Fundador. Quando escuto ser chamado de Fundador, meu sentimento vai em sentido contrrio. Tinha a certeza de que tudo tinha comeado em Deus e com Maria e que sempre fizera o esforo para escutar as inspitaes deles. A esse respeito citamos aqui uma das suas afirmaes: esta casa missionria pertence a Deus desde o comeo e somente dele; por isso no falem mentiras afirmando

    que isto ou aquilo foi fulano que o fez. No, senhor, foi Maria a fun-dadora e o incio de tudo vem de Deus. No dia 19 de maro de 1912 quando os seminaristas celebravam o onomstico dele e o chamaram de Fundador, ele respondeu: no me chamem de Fundador, um exagero. A fundadora somente Maria Consolata.

    Francesco Pavese, imc, missionrio na Itlia.

    FAMLIACONSOLATA

    ACORDO COM A CONSOLATA

  • UM NOVO ESTILO

    DE VIDAde Rosa Clara Franzoi

    erto dia passou em Anfo um jovem que aspirava vida missionria. Mercedes no mais conteve em si o desejo de consagrar-se a

    Deus e dedicar sua vida ao Evan-gelho na frica. Ela quer partir, tornar-se missionria. Um dia o pai a surpreende conversando com aquele jovem na rua e a repreende: se voc tem algo para conversar com ele, convide-o a entrar em casa. Mas, Mercedes e o jovem Bartolomeu Liberini, s tinham em comum um interesse: a vida missionria. E no dia 10 de janeiro de 1911, Liberini deixava Anfo para ser missionrio da Consolata, no Instituto h pouco fundado pelo padre Jos Allamano, em Turim.

    Em casa, Mercedes comenta: Eu gostaria de estar no lugar dele. O pai escuta em silncio. Aconselhando-se depois, com o proco, este o convence a deix-la ir. Mercedes explode de alegria. Os poucos dias que lhe restam, antes de deixar sua casa, apressa-se em se despedir das famlias, das mes, das crianas, dos amigos. Distribui muitos santinhos de Jesus e lembra a todos que preciso am-lo muito e torn-lo mais conhecido. s suas irms pede que sejam boas, que frequentem a Igreja, que estudem bastante e que amem muito a Jesus.

    A despedidaDia 19 de junho de 1911, Mer-

    cedes se despede de sua casa, de seu lindo lago, da igreja pa-roquial. Suas irms abraam-na emocionadas. Adeus, Mercedes, dizem-lhe as amigas e o povo da cidade. E este foi um adeus de verdade, pois as pessoas de Anfo nunca mais a viram. No entan-to, ningum jamais a esquecer. Muitos anos mais tarde, quando ela j no estar mais nesta ter-ra, as pessoas ainda diro: cada vez que a lembro ou algum fala dela, experimento uma alegria imensa. Na carruagem do pai, sentada entre ele e o proco, padre Capitnio, ela viaja rumo a Turim; e antes do anoitecer chegam ao destino: o Instituto das Mission-rias da Consolata, fundado apenas um ano antes por Jos Allamano, com a finalidade da evangelizao dos no-cristos. O santo cnego Allamano, acolhe pessoalmente a jovem como um dom da Consolata.

    o 27 membro que ingressa em sua Famlia Missionria.

    Mercedes apresentada Ma-dre Celestina Bianco - uma Irm da Congregao de So Jos, a quem Allamano confiara a orientao temporria do Instituto nascente. Madre Celestina era uma mulher forte, iluminada, apaixonada pela meditao da Sagrada Escritura, em especial, pelos escritos de So Paulo. Filha da sua poca, era inclinada a dar mais nfase ao aspecto austero da vida religiosa. O que voc sabe fazer?, pergunta-lhe madre Celesti-na. Um pouco de tudo, responde a jovem com desenvoltura. timo, tambm aqui - conclui a madre - voc far um pouco de tudo.

    Mercedes inicia a primeira etapa da formao, voltada ao estudo, orao e ao trabalho nos diversos afazeres domsticos: horta, jardim, cozinha, limpeza... O dia cheio; j no h espao para ficar pensando em si mesma. Embora sentindo a di-ferena do estilo de vida, Mercedes acha tudo aquilo bonito, tudo bom e at divertido. Para ela a presena mais importante est ali: Jesus. Ela tem muita boa vontade e quer tornar-se santa. Chega a pedir s colegas que a ajudem a se libertar dos defeitos, pois diz: a madre nem sempre me v; ao contrrio, vocs esto sempre comigo. Madre Celestina percebe logo as atitudes de convico da recm-chegada e a estimula a crescer sempre mais no amor e na caridade. Em 12 de janeiro de 1912, Mercedes veste o hbito religioso e recebe de Jos Allamano um nome novo: irm Irene que significa: paz. Inicia, as-sim, a etapa do noviciado, tempo durante o qual, atravs do estudo do Carisma e do Regulamento do Instituto e por meio da orao assdua, a jovem se prepara para a consagrao a Deus, mediante os votos religiosos. (na prxima edio: A vida na frica)

    Rosa Clara Franzoi, MC, animadora missionriaem So Paulo.

    C

    Irm Irene deixaAnfo para tornar-se

    missionria da Consolata.

    JUNHO 2015 MISSES18

  • ntre os dias 5 e 12 de feve-reiro, o Conselho Indigenista Missionrio - CIMI Regional Norte 1 realizou a sua XXXV Assembleia na Casa de Cura,

    Boa Vista, Roraima, congregando os missionrios e as missionrias das equipes do Regional Norte 1, lideranas indgenas e convidados.

    ASSEMBLEIA DO CIMI EM RORAIMA

    LEIGOS EM MISSO

    de Philip Njoroge

    de Leslie Aparecida Manoo

    E

    XXXV Assembleia refletiu sobre o

    Projeto Bem Viver e urbanizao.

    A Regio Norte 1 composta pelas regies Tef, Rio Madeira (Borba, Humait) Vale do Javari (Tabatinga, Atalaia do Norte), Alto Rio Negro (Barcelos), Rio Purus (Lbrea, Ta-pau), Sede em Manaus, PIAMA, e Roraima. A Assembleia congregou cerca de 100 participantes.

    Houve debate sobre alguns te-mas como minerao, urbanizao e Povos Indgenas. Saulo Feitosa apresentou o tema da Assem-

    bleia, falando sobre o Projeto Bem Viver, em contraposio ao capitalismo. O Projeto con-templa valori-zar a dimenso humana, afetiva e espiritual dos Povos Indgenas e ter acesso e utilizao dos bens materiais em harmonia

    com a natureza e com as pessoas, pois no se pode viver bem se os demais vivem mal e a natureza depredada.

    No dia 9 de fevereiro, Egydio Schwade, membro do CIMI lanou o livro A ditadura militar e o genocdio do Povo Waimiri-Atroari. Os bispos de Borba, Tef, Alto Solimes, Rio Negro, Roraima, Parintins, Coari, Manaus e Itacoatiara, alm do bispo emrito de Coari e o Secre-trio Regional da CNBB estiveram presentes no dia 11 de fevereiro.

    Durante a Assembleia houve ainda, dois momentos de lazer. No dia 10, um passeio numa rea histrica que se encontra na Terra Indgena So Marcos, de nome Pe-dra Pintada. Na noite do dia 11 de fevereiro, um teatro preparado por uma famlia colombiana na cidade de Santa Ceclia, perto de Boa Vista. No final da Assembleia foi feita a programao do ano de 2015.

    Philip Njoroge, imc, missionrio em Roraima.

    s Leigos Missionrios da Consolata participaram de uma experincia em Ita-pevi, municpio da Gran-de So Paulo, durante a

    Pscoa, entre os dias 2 e 5 de abril. J haviam realizado algumas aes solidrias em prol das pessoas da regio, porm, nem todos do grupo as conheciam pessoalmen-te. Assim, a experincia foi muito

    boa, pois puderam compartilhar e dividir momentos de comunho e fraternidade.

    Os Leigos puderam constatar que o que muitas vezes pouco para alguns, na verdade muito para outros. Cada momento par-tilhado foi de grande aprendizado para todos.

    Eles acompanharam a procisso da Via Sacra e posteriormente a pea teatral com a morte e cru-cificao de Jesus, com todas as passagens, desde a sua juventude.

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  • AcolhidaChamou ateno a acolhida que

    tiveram. Destaque para o encontro com Landinho, de 39 anos, mora-dor da regio e portador de certa deficincia mental. Sorriso simples e largo, conhece a Palavra de Deus e procura viv-la. No reclama da vida que leva. Landinho perdeu a mo h poucos meses e sofre com a impacincia, a intolerncia e a incompreenso das pessoas mais prximas.

    Os Leigos Missionrios levaram roupas, calados e brinquedos, que haviam recebido como doao. As crianas gostaram muito dos brinquedos e em uma casa na qual haviam dez pequenos, quando eles receberam a sacola com roupas e brinquedos, correram para o quarto e foram dividir entre si os presentes.

    Essa situao mostrou aos Lei-gos o quo pequenos e egostas to-dos somos, mas tambm deu a eles a oportunidade de serem pessoas melhores e olhar o prximo com os mesmos olhos com que Cristo nos olha. Situaes como essas do a

    oportunidade de se criar empatia com as pessoas, colocando-se em seus lugares e agindo conforme gostaramos que agissem conosco.

    Leslie Aparecida Manoo, LMC, Leiga Missionria da Consolata em So Paulo, SP.

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  • MISSES RESPONDE

    O CORPO DE DEUSNO CDIGO CANNICO

    JUNHO 2015 MISSES 21

    lei mais importante da Igreja, isto , o Cdigo Cannico, no deixa de salvaguardar o San-tssimo Sacramento. Inflige-se at mesmo a pena de excomunho para certas condutas vis relativamente s hstias consagradas

    (cnon 1367).Gostaria de aproveitar o momento da solenidade de

    Corpus Christi para sublinhar dois pontos relevantes, que correspondem a situaes corriqueiras nalgumas comunidades eclesiais.

    O primeiro ponto diz respeito errnea da no-menclatura ministro extraordinrio da eucaristia, empregada para designar determinados leigos que assistem o padre na distribuio das espcies santas. preciso frisar que no existe a figura do ministro extraordinrio da eucaristia; s existe o ministro ordinrio da eucaristia: o bispo ou o padre. H, isto sim, o ministro ordinrio da comunho (o bispo, o

    Ade Edson Luiz Sampel

    padre ou o dicono) e o ministro extraordinrio da comunho, que so exatamente esses leigos probos, de reputao ilibada, nomeados para coadjuvar o mi-nistro ordinrio no momento da comunho eucarstica.

    Importncia da EucaristiaO segundo ponto que tem de ser elucidado toca

    obrigao do fiel de comungar ou receber o santssimo corpo de nosso Senhor Jesus Cristo. O cdigo claro: todo fiel, depois que recebeu a santssima eucaris-tia pela primeira vez, tem a obrigao de receber a sagrada comunho ao menos uma vez por ano. Esse preceito deve ser cumprido no tempo pascal, a no ser que, por justa causa, se cumpra em outro tempo dentro do ano (cnon 920, pargrafos 1 e 2). bvio que quem puder, encontrando-se em estado de graa, deve comungar na missa de todo domingo. Por outro lado, se um catlico participa da missa dominical, cumprindo, assim, o 3 mandamento do declogo, mas no comunga, por um motivo de foro ntimo, que no necessita ser revelado a ningum,

    est esse indivduo em pleno exer-ccio de seus direitos e no deve ser discriminado pela assembleia ou pelo proco. No sejamos mais realistas que o rei! A norma citada acima no d margens dvida.

    A teologia do Santssimo Sacra-mento procura equacionar tanto o aspecto do banquete eucarstico quanto a nuana do sacrifcio. Para alguns estudiosos, esta nuana sacri-fical resta um tanto quanto apagada da mente dos participantes da missa. Alis, o papa emrito trouxe luz para deslindar esta questo: devemos reaver a conscincia de que a eu-caristia no privada de valor se no se recebe a comunho: nesta

    percepo, problemas dramaticamente urgentes, como a admisso ao sacramento dos divorciados casados novamente, podem perder muito de seu peso opressivo (A f em crise?, p. 99).

    Edson Luiz Sampel doutor em Direito Cannico pelaPontifcia Universidade Lateranense, de Roma e membroda Unio dos Juristas Catlicos de So Paulo (Ujucasp).

    Todo fiel, depois que recebeu a santssima eucaristia pela primeira vez, tem a obrigao de receber a

    sagrada comunho ao menos uma vez por ano. (cnon 920)

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  • JUNHO 2015 MISSES22

    de Joseph Mampia

    migrao constitui uma das questes da atualidade mundial que no deixa ningum indiferente. Esta situao afeta muitos pases do mundo em via de desenvolvimento, entre os quais os pases africanos. Mas ser que

    ela um mal?Em si, a migrao no uma anomalia. Ela antes

    de mais nada, uma realidade antropolgica de todos os tempos e de todas as sociedades da histria. Con-

    sultando o universo bblico, podemos observar que a histria da revelao judaico-crist contm vrios casos. Observa-se que os patriarcas e matriarcas de Israel, nossos antepassados na f, foram migrantes. Abrao e Sara migraram para Gerara no reinado de Abimelec em busca da sobrevivncia (Gn 21, 22-30).

    Muito tempo depois, Isaac filho de Abrao, tambm foi para Gerara quando sobreveio a carestia no pas (Gn 26). Enfim, Jac e seus filhos eram migrantes no Egito procura de boas condies de existncia (Gn 46). No seu Evangelho, Mateus tambm nos apresenta Jesus, Maria e Jos, migrantes no Egito fugindo da ira de Herodes (Mt 2, 13-3,1). Deixando de lado o universo bblico, a memria histrica apre-senta numerosos casos de migraes dos povos de um pas ou continente para outro. Neste sentido, a migrao em si no constitui um mal. Em cada dia h migraes atravs do mundo por razes diversas: trabalho ou negcios, segurana, perseguio. Nestes casos, nunca as migraes constituram uma questo assustadora. Pois a migrao se insere na lgica da cooperao ou da confraternizao universal. Mas, o que faz com que as migraes atuais atraiam a ateno de todo o mundo?

    Ilegalidade e morteConvm notar que qualquer migrao deve seguir

    os processos legais. Mas, atualmente, mui-tos casos africanos so ilcitos. Centenas de jovens, por falta de emprego ou em funo das instabilidades polticas, se lanam na aventura, arriscando suas vidas procura da sobrevivncia no ocidente. Criou-se um mito segundo o qual, a vida melhor est no estrangeiro. Infelizmente, muitos destes jovens no tm perspectivas claras sobre o futuro, nem formao ou carreira profissional bem definida.

    Muitos viajam escondidos nos barcos, na parte submersa. Durante a viagem, h muitos riscos com as correntes mediterrneas. Os que se escondem nos contineres, morrem sufocados no caso de acidentes. Os outros que chegam aos pases de destino nem sempre encontram a vida fcil e abraam o vale-tudo

    profissional. Para os pases onde desembarcam, estas situaes de entradas ilegais que escapam ao controle constituem questes inquietantes e problemas s polticas securitria, econmica e demogrfica.

    Joseph Mampia, imc, seminarista queniano em So Paulo, SP.

    Jovens africanos acreditam que encontraro uma situao melhor

    no estrangeiro e arriscam a prpria vida em travessias ilegais rumo ao

    desconhecido.

    A

    A ILUSO DE UMAVIDA MELHOR

    REDE

    ANGO

    LA.IN

    FO

    Africanos deriva na costa da Itlia.

  • JUNHO 2015 MISSES 23

    A terceira pessoa da Santssima Trindade a

    responsvel pelo caminhar da Igreja desde sempre.

    para anunciar aos gregos, o Cristo crucificado e ressuscitado. Enfrentou as dificuldades dos cristos--judeus que tinham um projeto missionrio ainda baseado na Lei de Moiss. Paulo surpreendeu a todos ao anunciar que era para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5, 1). O dilogo que estabelece, seja com os gregos, seja com os cristos-judeus, ainda um percurso missionrio atual, em que uns avanam, mas, outros permanecem dentro de uma viso restrita e legalista. Se conseguimos salvaguardar a caridade, j temos sempre meio caminho andado. Dividimo-nos muito mais pelas leis internas, do que pelos modos de fazer a caridade.

    Caminho sempre difcilNa atualidade, o papa Francisco desde os primeiros

    dias do seu pontificado, soube suscitar expectativas de uma comunho entre as Igrejas com palavras e gestos. Isto foi reconhecido tambm pelos no--catlicos, que tm obedecido vontade de Jesus na orao ltima ao Pai: que sejam um para que o mundo creia (Jo 17, 21). Falo assim das Igrejas Catlicas Orientais Ortodoxas e da Igreja Catlica de Rito Latino, que revelaram sinais de impasse na ltima reunio da comisso do dilogo catlico-ortodoxo, realizada em Am. O dilogo prosseguir a partir do Snodo a ser realizado em 2016, como ocasio para impulsionar a sintonia entre as Igrejas Ortodoxas. O gesto significativo das Igrejas, seja a de Roma ou a de Constantinopla, que devem deixar de olhar sobre si prprias, para olhar para Jesus Cristo. Depois, a percepo de Igreja, mais como comunho e parti-cipao do que como organizao, reconhecendo Jesus Cristo como seu Senhor, capaz de dar unidade e reunir todos os cristos para que permaneam obedientes ao Evangelho e procurem cumprir a Sua vontade no que diz respeito unidade dos seus dis-cpulos. Devemos ter a honestidade de reconhecer que temos histrias diferentes, uma no Ocidente e outra no Oriente Mdio.

    Permanecer certa a exigncia evanglica, de que o ecumenismo, tornar-se- sempre uma questo de obedincia ao nico Senhor da Igreja e da histria: Jesus Cristo!

    Mrio de Carli, imc, missionrio em Feira de Santana, Bahia.

    cristianismo nasceu da experincia de Deus partilhada por Jesus Cristo. uma experin-cia diferentemente vivenciada daquela dos judeus. O testemunho de Cristo nos trouxe uma nova possibilidade de viver a vida unida

    em Deus, no mais baseada em leis (embora necessi-temos delas), como aquelas que Moiss deixou, mas numa relao de comunho, de participao, na qual a graa e o amor de Deus que agem para salvar o ser humano. A inovao que Jesus Cristo deixou traz um misto de choques, desentendimentos e perturba-es no seio das Igrejas Catlicas. Jesus comunicou e ampliou o leque das percepes sobre a experincia de Deus, levando o ser humano a uma relao de

    amor, de comu-nho, de parti-cipao na vida trinitria. Se para os judeus era di-fcil perceber tais intuies, ainda hoje continuam sendo motivos de buscas e de tentativas de su-

    perar barreiras religiosas e suas experincias de Deus. Jesus continua sendo um cone no dilogo e na comunicao da experincia de Deus como Pai, numa relao de dilogo, comunho e colaborao na obra salvfica do ser humano.

    Pedro comunicou seu encontro com o Mestre, parecendo-lhes que era mais fcil permanecer em Jerusalm para cuidar dos seus. De fato, ele no aguentou. Por isso, foi a Roma. Paulo, por sua vez, o apstolo das gentes, viu a intuio deixada por Estevo, o primeiro mrtir, e partiu alm-fronteiras

    de Mrio de Carli

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    COMUNICAREXPERINCIAS DE DEUS

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    ENCA

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    Grupo Inter-religioso, Vale dos Sinos, RS.

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    JUNHO 2015 MISSES24

    concreta vivida em Moambique nestes 90 anos de presena e ao missionria. O pas celebra em 2015, 40 anos de independncia.

    O passado no presenteOs primeiros seis missionrios

    que chegaram a Moambique em 1925 estabeleceram-se na Mis-so de So Pedro Claver de Miru-

    az agora precisamente 90 anos que o primeiro mis-sionrio da Consolata, pa-dre Lus Perlo, viajava do Qunia para Moambique.

    Foi combinar com as autoridades eclesisticas e civis a vinda dos missionrios da Consolata para Moambique. Esta viagem abriu as portas para a entrada dos mis-sionrios neste pas, o que veio a acontecer no dia 30 de outubro de 1925. Conhecer o nosso passado ajuda-nos a compreender quem somos e o que fazemos. Por isso, os eventos que celebramos so ocasio para um confronto srio e aprofundado com a experincia

    de Diamantino Guapo Antunes

    F

    DESTAQUE DO MS

    UMA HISTRIA COM FUTURO

    ro, na atual diocese de Tete. Em 1926, alargaram a sua presena ao Niassa, fundando dois anos depois a Misso de Nossa Senhora da Consolata de Massangulo. O Niassa, assume-se como o centro de irradiao da evangelizao. A partir de 1938, foram fundadas as misses de Mepanhira, Mitcue (1939), Maa (1940), Lichinga (1945), Maiaca (1947), Cbue (1950), Nsinje (1960), Metangula (1962), Cuamba (1962), Etatara (1962), Marrupa (1965), Majune (1965), Mecanhelas (1966), Mi-tande (1966), Nipepe (1967) e j mais recentemente, em 2002, Entre-Lagos e Metarica.

    InhambaneEm 1946, os missionrios da

    Consolata entraram no Sul do Save, na atual diocese de Inhambane e fundaram as misses de Massinga (1946), Nova Mambone (1946), Mapinhane (1947) e Maimelane (1948). Nos anos 60 surgem as misses de Muvamba (1960), Vilan-

    Misssionrios da Consolata

    trabalham em Moambique h

    90 anos.

    Dom Lerma, imc, bispo de Guia, em viista pastoral a Vehiua.

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    ESEG

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    Primeira capela construda em Mamdimba, 1926.

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    JUNHO 2015 MISSES 25

    Na arquidiocese de Nampula, os missionrios comearam a trabalhar em 1983 no seminrio interdio-cesano de Nampula e em 1992 inauguraram o seminrio Mdio da Consolata, assumindo em seguida as parquias de Santa Maria e de Nossa Senhora da Paz. Em 2011, regressaram a Tete e em 2013 as-sumiram os trabalhos da Parquia de Nossa Senhora da Consolata de Fingo.

    O ano de 2015 lembra-nos igual-mente os 50 anos de partida para a misso alm-fronteiras dos primei-ros dois missionrios da Consolata

    culos (1966) e Funhalouro (1967) e em 1973 a Misso e o Centro Catequtico do Guia.

    Na arquidiocese de Maputo, comearam a sua atividade mis-sionria em 1948 ao assumirem o cuidado pastoral da Misso de Liqueleva. Em seguida, fundaram as parquias de Matola (1951), Machava (1956), Boane (1963), Infulene (1972) e assumiram as Parquias de Liberdade (1982) e Mrtires do Uganda (2010). Nos anos 90 inauguraram o Seminrio Filosfico na Matola e o Noviciado de Laulane.

    brasileiros: padre Gelindo Scottini (1933-2001) e Vidal Moratelli, am-bos oriundos da Parquia Nossa Senhora Consolata de Rio do Oeste, SC. Partiram contentes, abrindo caminho para outros que seguiriam depois.

    Quem so e onde esto?Hoje trabalham em Moambique

    46 missionrios, nas dioceses de Lichinga, Guru, Nampula, Tete, Inhambane e Maputo. Destes, 40 so padres, dois so irmos e quatro so leigos. Salienta-se a presena dos bispos de Tete e do Guru, tambm eles missionrios da Consolata.

    Esto presentes em seis provn-cias, de norte a sul do pas, com profundas diversidades lingusticas e culturais. Para alm do portugus, lngua oficial de Moambique, os missionrios lidam com 10 idiomas diferentes: ronga, bitonga, xitswa; ndau; chinyungue; chisenga; pimbe; elomwe, macua e ciyao, do rovuma ao Maputo, do zumbo ao ndico.

    Prioridades pastoraisOs missionrios esto atentos

    e dispostos a responder aos novos desafios pastorais a servio da Igreja local e da sua consolidao, dan-do prioridade evangelizao dos no-cristos; acompanhamento e formao dos j cristos, sobretudo dos agentes de pastoral; servios qualificados Igreja local e inser-o nas novas situaes/desafios missionrios: juventude, famlia, pobreza urbana, inculturao e di-logo inter-religioso, Justia e Paz etc.

    A razo da presena dos missio-nrios em Moambique e con-tinuar a ser a evangelizao dos no-cristos. A motivao principal desta escolha est na opo do Instituto Misses Consolata pelas situaes mais especificamente missionrias Ad Gentes, deixando ao clero local e a outros missionrios as parquias j consolidadas.

    Diamantino Guapo Antunes, imc, Superior Regional dos missionrios da Consolata em Moambique.

    Primeiro grupo de missionrios que chegou a Moambique, 1925.

    Primeira casa construda em Mamdimba,1926.

  • s Diretrizes para a Formao dos Presbteros da Igreja no Brasil (Doc. 93 da CNBB) afirmam que, a formao pastoral-missionria deve

    ser o princpio unificador de todo o processo formativo (estudos e prticas pastorais) que qualifica o presbtero para o seu ministrio sempre impregnado pela ao do Esprito de Deus (cf. 300). Da a ne-cessidade de o seminarista cultivar uma slida espiritualidade missio-nria para enfrentar os desafios da

    Ade Jaime Carlos Patias

    de seminrios, formadores, bispos e convidados.

    Em sua fase de preparao o Congresso conta com uma equipe de coordenao e diversas equipes de trabalhos. O Conselho Missio-nrio Regional (Comire) Leste 2 da CNBB, o Conselho Missionrio Dio-cesano (Comidi) de Belo Horizonte, esto diretamente empenhados na organizao.

    Os congressistas sero hospeda-dos pelas famlias de trs parquias nas proximidades da PUC Minas. A organizao ter tambm o apoio do Seminrio Arquidiocesano, co-munidades religiosas, alguns mo-vimentos eclesiais e a Juventude Missionria (JM).

    Na realizao do evento as POM contam com a parceria da Orga-nizao dos Seminrios e Institu-tos do Brasil (OSIB); a Comisso Episcopal para a Ao Mission-ria e Cooperao Intereclesial da CNBB; a Comisso Episcopal para os Ministrios Ordenados e a Vida Consagrada e a Conferncia dos Religiosos do Brasil (CRB).

    ProgramaoConsta na programao, con-

    ferncias, grupos de reflexo, testemunhos e celebraes. As interpelaes do papa Francisco sobre a formao do presbtero, a misso e seus desafios para a formao, a responsabilidade para com a misso Ad Gentes, a viso dos leigos e leigas sobre os futuros presbteros, e a organizao dos Comises, so os principais temas a serem debatidos. Entre os con-ferencistas confirmados esto o cardeal dom Cludio Hummes, presidente da Comisso para a Amaznia, dom Esmeraldo Barreto

    De 9 a 12 de julho, a PUC de Belo

    Horizonte reunir cerca de 300

    participantes entre seminaristas, reitores

    de seminrios, formadores, bispos e

    convidados.

    misso hoje. Isso implica passar de uma pastoral de mera conservao para uma pastoral decididamente missionria (DA 370).

    Com o objetivo de animar e aprimorar a formao missionria dos futuros presbteros em vista de um autntico esprito missionrio, as Pontifcias Obras Missionrias (POM) promovem, entre os dias 9 e 12 de julho, o 2 Congresso Missio-

    nrio Nacional de Seminaristas. Motivado pelo tema: O missio-nrio presbtero para uma Igreja em sada, e o lema: Ide sem medo para ser-vir (papa Fran-cisco), o evento reunir, na PUC Minas, em Belo Horizonte (MG), cerca de 300 participantes entre semina-ristas, reitores

    COMIRELeste 2 CNBB

    9 a 12 julho 2015 - PUC Minas Belo Horizonte (MG)Informaes: tel.: (61) 3340 4494 | E-mail: [email protected] | www.pom.org.br

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    Congresso Missionrio Nacional de Seminaristas

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    Pe. Jaime C. Patias no 5 Formise em Mariana, MG.

    JUNHO 2015 MISSES26

    MISSO EM CONTEXTO

    2 CONGRESSO MISSIONRIO NACIONAL

    DE SEMINARISTAS

  • dos os organismos atuantes na misso. O livrinho traz pistas de reflexes sobre os fundamentos e desafios da misso, animao e cooperao missionria. Alm disso, o documento orienta a or-ganizao do Conselho Missionrio de Seminarista (Comise), organismo que tem por finalidade animar os seminaristas a uma slida espiri-tualidade e formao missionria.

    O subsdio foi distribudo pelos seminrios e casas de formao de todo o Brasil (Filosofia e Teolo-gia) e est sendo estudado pelos seminaristas como preparao ao evento. Com isso, o Congresso j comeou e est provocando uma reflexo sobre a formao do futu-ro presbtero para uma Igreja em sada missionria, conforme nos pede o papa Francisco.

    A vocao da Igreja

    O Conclio Vaticano II definiu a Igreja peregrina como missionria por natureza (AG 2): essa sua vocao prpria, sua identidade mais profunda (cf. EN 14), sua razo de ser, sua essncia estruturante e seu servio humanidade (cf. DP 1145; RMi 2). Portanto, a Igreja chamada a estar em sada como o seu Senhor que sabe ir frente, sabe tomar iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar s encruzilhadas dos ca-minhos para convidar os excludos (EG 24). Essa vocao da Igreja deve ser assumida por seus discpulos missionrios. Por isso, a urgncia de uma formao que coloque a misso no corao dos presbteros.

    No podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos tem-plos, somente celebrando belas liturgias e realizando encontros voltados para a comunidade local, mas urgente ir em todas as dire-es (DA 548). O prprio ardor missionrio do presbtero deve contagiar todo o povo de Deus.

    Jaime Carlos Patias, imc, secretrio nacional da Pontifcia Unio Missionria.

    de Farias, bispo auxiliar de So Lus (MA) e presidente da Comisso para Ao Missionria da CNBB e Marliza Schuina, presidente do Conselho Nacional do Laicato.

    O Congresso ser encerrado com uma peregrinao ao San- turio Estadual Nossa Senhora da Piedade, a 60 km de Belo Horizonte onde ser celebrada a Eucaristia de envio pelo arcebispo, dom Walmor Oliveira de Azevedo.

    Explicao do cartazNa imagem um jovem sobressai

    do globo entre os mapas dos con-tinentes. Os traos ligam o corpo do jovem presbtero ao mundo, indicando a realidade onde ele deve viver sua misso. Uma das linhas contorna a cabea do jovem e desce ao longo do corpo em forma

    de cajado. Esta com outro trao vindo do mapa forma uma cruz sobre seu corao. O missionrio presbte-ro como bom pastor, tem a misso na men-te e no corao.

    A veste branca na mo esquerda tem estilo de uma tnica para indicar que o jo-vem deve viver atento vocao a qual foi chamado, mas ao mesmo tempo, deve viv-la junto ao povo, por isso a manga di-reita de uma cami-sa. Tudo est unido misso de Deus Trindade retratado nas trs linhas que contornam a parte es-querda do desenho. O cartaz contm as co-res missionrias dos continentes (verme-lho, amarelo, verde, azul e branco) que, somados ao globo e ao mapa simbolizam a misso universal,

    na qual as Igrejas locais esto con-vocadas a cooperar. Essa viso reforada pelo tema e o lema do Congresso.

    A ideia original do cartaz do seminarista Silas de Oliveira, da Comunidade de Ao Pastoral, em Pouso Alegre (MG) e a arte final de Wesley T. Gomes, designer das POM.

    Cartilha de preparaoPara envolver o maior nmero

    de seminaristas na reflexo sobre essa temtica, a Pontifcia Unio Missionria elaborou uma cartilha com quatro roteiros de encontros. O texto extrado das orientaes para a animao missionria da Igreja no Brasil propostas pelo Conselho Missionrio Nacional (Comina) e que servem para to-

    Objetivo geral do CongressoAnimar e aprimorar a formao missio-

    nria dos futuros presbteros em vista de um autntico esprito missionrio

    Objetivos especficos - Alimentar uma mstica missionria ca-

    paz de animar os futuros presbteros para misso universal

    - Evidenciar a natureza missionria no ministrio presbiteral para uma Igreja em sada

    - Incentivar a criao e a articulao de Conselhos Missionrios de Seminaristas (Comises)

    - Aproximar as casas de formao da atividade de animao e cooperao missio-nria da Igreja local atravs dos Conselhos Missionrios

    - Motivar o envolvimento dos semina-ristas nos projetos diocesanos de misso

    - Incentivar experincias missionrias significativas durante a formao

    - Suscitar eventos de formao missio-nria (Formises) entre os seminaristas nos diversos nveis

    - Favorecer uma experincia de partilha entre os seminaristas do todo o Brasil.

    JUNHO 2015 MISSES 27

  • JUNHO 2015 MISSES28

    hamadas hoje de festas juninas, foram, no passado, denominadas festas joaninas, seja porque ocorrem aqui no ms de junho, seja porque, tendo sua origem em pases catli-cos da Europa, inicialmente homenageavam

    So Joo Batista. Incluram-se nas comemoraes os outros santos mais populares lembrados nesse ms: Santo Antnio, o casamenteiro, e So Pedro, com as chaves do cu; justas e interesseiras homenagens, pois nunca faltaram promessas e simpatias.

    Chegaram ao Brasil no tempo ainda da colonizao portuguesa, mas foram incorporando elementos de

    outras culturas: a quadrilha, praticada na Frana, que lembrava o minueto danado pelos nobres da corte; os fogos de artifcio, desenvolvidos pelos chi-neses; da Espanha e Portugal veio a dana da fita. A fogueira e as comidas tpicas tm grande significado e nos levam a um remoto passado de encontro de

    Cde Carlos Roberto Marques

    FESTAS JUNINASfamlias e comunidades.

    Houve tempo em que as festas eram familiares. Faziam-se as fogueiras nos quintais das casas, cha-mavam-se os amigos e os parentes, rezava-se, e cada um contribua com um prato de doces ou salgados. O desaparecimento desses espaos levou as festas para ambientes menos intimistas, como clubes, escolas, igrejas. Resultaram da as quermesses, muitas vezes transformando as festas em atividade econmica, com fins lucrativos, perdendo um pouco da religio-sidade. Seriam apenas mais um momento de lazer. No Nordeste, ao par da religiosidade de seu povo, o So Joo ponto alto do turismo, representando grande fonte de emprego e renda.

    Adorvel teimosia

    Mas a fora da tradio ainda persiste em man-ter o esprito da festa: a homenagem aos santos e o encontro de famlias e amigos. Nas pequenas cidades do interior, nas roas e nas periferias, ain-

    da se erguem aquele mastro com a figura dos trs santos: Santo Antnio, com o menino Jesus; So Joo, no jaleco de l natural, tendo nos braos o cordeiro; e So Pedro, que nunca larga aquela enorme chave. Fogueiras so acendidas, bolo de milho e quento so servidos e temas religiosos so cantados ou danados.

    Se bateu saudade ou des-pertou curiosidade, espero que consiga ainda ver uma dessas. Vai testemunhar o lado puro, simples e inocente do nosso povo. Algumas manifestaes aproximam-se da ingenuidade. Mas dessa gente, desse povo, em meio do qual muitos de ns nascemos, que realmente sinto orgulho e saudade. Todos em volta da fogueira, casas

    abertas, ruas iluminadas apenas pela lua e pelas estrelas, e tudo era alegria e paz. Mas foi tudo um sonho, acordei!

    Carlos Roberto Marques Leigo Missionrio da Consolata LMC,e membro da equipe de redao.

    CIDADANIA

    28

    A religiosidade popular expressa em alegria e

    simplicidade.

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  • JUNHO 2015 MISSES 29

    Notemos que o Esprito que atualiza a fora da Palavra de Cristo em ns. o mesmo e nico Esprito que torna presente o Corpo e o Sangue do Senhor entre ns. O alimento que regenera e sacia, a bebida que purifica e fortalece, o Corpo e o Sangue do Se-nhor! Sim, so eles que sustentam e renovam em ns o amor primeiro, o zelo missionrio, a solidariedade

    para com o prximo, a sensibilidade apostlica que enxerga as dores e feridas de nosso tempo presente. O seu Corpo e Sangue so o grande dom que o prprio Senhor deixou aos seus(as) discpulos(as). Deixemo--nos alimentar e converter por Ele. Celebrar a Ceia como dom, sem mrito de nossa parte, nos coloca na perspectiva de permitir que Ele nos configure e nos transforme. O Corpo e Sangue do Senhor tem a fora de infundir em ns, na sua Igreja, a capacidade de reproduzir o seu modo de ser e de viver, isto , a sua prtica que agrada ao Pai, seu Evangelho. Assim, ns temos a possibilidade de experimentar sua vida, aquela marcada pelo amor que se doa e se oferece em favor dos irmos e irms(s).

    Neste Tempo Comum, portanto, alimentados pelo Senhor, como nos ensina o Apstolo, vivamos uma f ativa, um amor oblativo e uma esperana perse-verante (1Ts 1, 3).

    Boris A. Nef Ulloa proco da Imaculada Conceio, Ipiranga, So Paulo. Professor de Teologia Bblica na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assuno da PUC-SP, e Coordenador do Programa de Estudos Ps-Graduados em Teologia da PUC-SP.

    om a concluso do Tempo Pascal, ingressa-mos no Ciclo Ordinrio da Liturgia, isto , no chamado Tempo Comum. Somos convi-dados a encontrar o Senhor na simplicidade de nossas aes, atividades, responsabili-

    dades e obrigaes. Seguimos nosso caminho de discpulos(as) celebrando a f no Senhor Ressuscitado e professando-a na sua Palavra que nos promete e concede o dom do Esprito. Este caminho do discipu-lado missionrio longo, s vezes, rduo e exigente, sendo que muitos(as) so chamados(as) a fazer, de formas diversas, a experincia da perseguio. H quem se admire e se escandalize com a perseguio contra os cristos. Contudo, o testemunho e a misso que o Senhor nos confiou no algo neutro, amorfo, pelo contrrio, possui bases slidas, princpios cla-ros: a prtica e a vivncia pessoal e comunitria do seu Evangelho, aquele que nos comunica a graa de sermos introduzidos no Reino do Pai.

    Muitos se perguntam, como podemos, de fato, perseverar em meio a tantas opes e ofertas de uma sociedade que, cada vez mais, se organiza em torno da idolatria do dinheiro, do possuir, do acumular bens? Como resistir a tudo aquilo que se ope ao Evangelho do Senhor? Como discernir o que evanglico do que no ? Como no sucumbir frente aos apelos de