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“JUNTOS VALORIZAMOS LISBOA” REGULAMENTO DO PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO RELATÓRIO DE PONDERAÇÃO

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“JUNTOS VALORIZAMOS LISBOA”

REGULAMENTO DO PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO

RELATÓRIO DE PONDERAÇÃO

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 2

Índice

RELATÓRIO DE PONDERAÇÃO

1. INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………………………………………..3

2. DISCUSSÃO PÚBLICA ............................................................................................................................... 10

2.1 Diário da República ……………………………………………………………………………………………………...10

2.2 Boletim Municipal…………………………………………………………………………………………………………10

2.3 Portal da CML....................................................................................... ……………………………………………10

2.4 Comunicação Social ................................................................................................................ …………………10

3.MODALIDADES DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ................................................................................................. 10

3.1 Plataforma e conta de correio eletrónico………………………………………………………………………………11

3.2 Participação escrita junto ao centro de atendimento da Câmara Municipal de Lisboa…………………………..11

3.3 Participação escrita junto ao cento de documentação da Câmara Municipal de Lisboa………………………..11

4.SESSÕES PÚBLICAS .................................................................................................................................. 11

4.1 - Apreciação e aprovação do projeto em reunião pública da Câmara Municipal de

Lisboa……………………..........................................................................................................................................11

4.2-Sessão de apresentação e debate do Projeto de Regulamento do Património Imobiliário,aprovado e

submetido a consulta pública por deliberação da Câmara Municipal de Lisboa através da Proposta

n.º634/CM/2016 promovida pela Assembleia Municipal de Lisboa……………………………………………………..12

5.CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍODO DE CONSULTA PÚBLICA ............................................................. 12

5.1 Contributos Políticos…………………………………………………………………………………………………….12

5.2 Contributos orgânicos e internos………………………………………………………………………………………14

5.3 Contributos do setor empresarial local………………………………………………………………………………..16

5.4 Participação externa e dos interessados em geral ………………………………………………………………….............24

6.ANÁLISE E RESULTADO DOS CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍODO DE CONSULTA PÚBLICA .................... 25

6.1 Ponderação técnica dos Contributos

Políticos……………………………………………………………………………………………………………………...25

6.2 Ponderação dos contributos orgânicos e internos………………………………………………………………….38

6.3 Ponderação dos contributos do setor empresarial local…………………………………………………………...49

6.4 Ponderação da participação externa e dos interessados em geral ……………………………………………...70

7.CONCLUSÃO ..............................................................................................................................................72

8.ANEXOS

8.1- Principais referências legais e regulamentares……………………………………………………………………….73

8.2 - Principais referências bibliográficas e doutrinais……………………………………………………………………111

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 3

1. INTRODUÇÃO

A aprovação e sujeição a consulta pública do projeto de regulamento do património imo-

biliário do Município de Lisboa traduz o culminar de um processo complexo, importante e

necessário para a gestão patrimonial da Cidade.

A Proposta n.º 634/2016 aprovada pela Câmara Municipal, por maioria e sem votos con-

tra, configura a resposta técnico-jurídica a uma exigência política e de gestão pública

suportada numa Moção aprovada, por unanimidade, pela Câmara e em duas Recomen-

dações da Assembleia Municipal de Lisboa.

A necessidade de alterar profundamente o regulamento de 1968 não é recente. A desa-

dequação das soluções normativas face à legislação vigente justifica, por si só, a elabo-

ração deste trabalho a par do imperativo de boa gestão, sustentada, sustentável e da

preservação da equidade intergeracional, corolários incontornáveis do interesse público

municipal neste domínio.

A função social elevada do património público impõe ajustada ponderação dos custos e

benefícios presentes e intergeracionais prosseguidos em cada operação concreta quanto

à solução e procedimento adotado muito para além da sua vertente financeira e da racio-

nalidade económica dos recursos públicos.

É que, o impacto que as operações patrimoniais detêm no desenvolvimento e na quali-

dade de vida da Cidade no presente e no futuro exige uma base normativa juridicamente

sólida, enquadradora dos termos e condições das propostas a aprovar pelos órgãos mu-

nicipais para efeito da fundamentação da decisão pública, informada, responsável e sin-

dicável.

Este documento construiu-se tomando por base a identificação dos pilares estratégicos

da gestão patrimonial subordinando-os à respetiva missão, visão e valores às quais atri-

buiu expressa dignidade normativa erguendo todas as soluções jurídicas em torno destas

finalidades promovendo a vinculação decisória e de procedimento bem como a transpa-

rência e previsibilidade de resultados face à aprovação municipal casuística das opera-

ções patrimoniais realizadas sem base regulamentar ainda que juridicamente enquadra-

das.

Noutro plano, tivemos presente que a inventariação dos ativos imobiliários a par da quali-

dade da gestão integra o feixe de objetivos que o sistema de controlo interno preconiza

através de métodos e procedimentos eficientes capazes de prevenir qualquer ilegalidade

ou erro que possa ser potencial ou efetivamente lesivo para o interesse público munici-

pal.

O regulamento visa precisamente debelar aqueles riscos e todos aqueles que foram as-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 4

sinalados no plano de prevenção de riscos de gestão da Câmara Municipal de Lisboa

concretizando a totalidade das medidas propostas com salvaguarda da transparência,

eficácia e eficiência da gestão imposta pelo princípio da boa administração.

As soluções normativas gizadas tiveram em conta as boas práticas internacionais que

enfatizam a responsabilização da decisão pública através da respetiva fundamentação e

publicitação salvaguardando sempre a sustentação orçamental dos encargos e a medida

da vantagem para o erário do Município através da monitorização dos recursos face aos

resultados obtidos.

Neste percurso, a maior dificuldade foi sem margem para dúvida de natureza jurídica,

circunstância certamente partilhada por outras equipas que antes de nós tentaram reali-

zar este trabalho, justificando por isso enquadramento sucinto nesse âmbito.

A abundância, dispersão e paradoxal insuficiência da legislação existente com incidência

direta no património imobiliário e nas formas de administração e gestão seja no domínio

público e privado maxime no âmbito municipal exigiu uma análise meticulosa dos diplo-

mas aplicáveis, por forma a respeitar, articular e sobretudo encontrar a margem de discri-

cionariedade consentida ao Município e que lhe permitisse estabelecer por regulamento

os critérios e as formas ou regimes da administração patrimonial sobre o domínio priva-

do.

É que, se é certo que a Constituição e a Lei estabelecem regime especial próprio para o

domínio público igualmente aplicável aos Municípios o mesmo não acontece no que se

refere à administração do domínio privado das autarquias cabendo à gestão municipal

deliberar os instrumentos jurídicos a utilizar na gestão daquele domínio.

Por conseguinte, a dedicação de um capítulo à administração do domínio público resulta

de uma opção meramente sistemática que permite agregar num único documento a ges-

tão do património imobiliário da Cidade, que em nada contraria mas apenas densifica e

concretiza o previsto nos instrumentos constitucionais e legais aplicáveis, cujas soluções

apenas reproduz como se impõe sublinhar.

Efetivamente existem regimes jurídicos distintos para o domínio público e para o domínio

privado. Os primeiros são classificados pela Constituição e pela Lei. Estão sujeitos a um

regime de direito público que inclui a regulação de plenos poderes de uso, administração,

tutela e defesa por parte do Município. Encontram-se fora do comércio jurídico, não po-

dem ser objeto de direitos privados ou de transmissão por instrumentos de direito privado

(inalienabilidade) sendo insuscetíveis de aquisição por usucapião (imprescritibilidade) e

são absolutamente impenhoráveis.

O domínio público só deixa de estar submetido a este regime por alteração legal de clas-

sificação ou, noutro âmbito, quando sejam desafetados das utilidades públicas que justifi-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 5

caram a sujeição àquela disciplina ao abrigo de regimes específicos passando a ingres-

sar no domínio privado do Município mediante deliberação da assembleia municipal nos

termos consentidos por lei.

Este regime especial de direito público decorre do facto dos bens do domínio público

assumirem uma importância fundamental enquanto expressão da identidade natural, his-

tórica e cultural para a realização das liberdades fundamentais visando a preservação da

solidariedade intergeracional para a efetivação do bem-estar económico e social.

Os bens do domínio privado não estão diretamente adstritos à prossecução daqueles

objetivos constitucionais, subordinam-se a critérios de eficiência e de racionalidade eco-

nómica necessária à boa gestão dos recursos públicos através das figuras jurídicas pre-

vistas no direito civil independentemente das suas formas (aquisição, alienação, consti-

tuição de direito de superfície, direito de uso e habitação, permuta, arrendamento e dos

demais instrumentos de direito privado), traduzindo uma opção jurídica discricionária ain-

da que vinculada à estratégia de desenvolvimento e de sustentabilidade submetida ao

interesse público municipal como expressamente se dispõe nos Pilares Estratégicos, na

Missão, Visão, Valores e Inventariação do Património Imóvel.

Por conseguinte, se é certo que o direito público quando dispõe prevalece como sucede

com o domínio público, tal não esgota a capacidade jurídica do Município para a prosse-

cução das suas múltiplas atribuições e competências legais em consequência da sua

personalidade jurídica. A margem de discricionariedade administrativa está centrada

apenas na gestão do domínio privado mas essa circunstância jurídica não só não impede

como exige a sujeição concomitante a outros instrumentos legais ou regulamentares com

incidência patrimonial do ordenamento jurídico geral.

Assumiu-se neste trabalho o ensinamento da melhor doutrina que realça que o direito

privado utilizado pelo Município e pelas entidades públicas em geral “não é exatamente

igual à utilização do direito privado pelos privados” estando obrigado a respeitar as cha-

madas “vinculações jurídico-públicas” a montante e a jusante da decisão ou deliberação

municipal como corolário da sua personalidade que sendo jurídica também é pública

(personalidade jurídica pública).

Esta circunstância determina que as operações imobiliárias sobre o domínio privado, não

sejam reguladas apenas pelo direito civil mas também pelos princípios públicos consa-

grados em normas de direito público e pelas chamadas “vinculações de natureza jurídico-

pública” por apelo ao princípio da juridicidade.

De outro modo, a atuação de direito privado pelos Municípios “contém um limite de licitu-

de intransponível face à iniciativa privada que é o da subordinação ao interesse público

que lhe delimita a extensão da sua capacidade jurídica bem como a legitimidade e com-

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DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 6

petência pública dos seus órgãos”.

Por conseguinte, a gestão das operações patrimoniais imobiliárias sobre o domínio priva-

do gizada neste regulamento teve em consideração a subordinação às vinculações jurídi-

co-públicas doutrinalmente assinaladas e ainda aos princípios específicos do património

imobiliário que passamos a assinalar nos termos seguintes:

a) Sujeição ao interesse público (cf. Artigo 266.º n.º 1 da CRP e artigo 4.º do CPA)

sob pena de desvio de poder;

b) Princípio da legalidade e da juridicidade entendidos como absoluta subordinação

à Lei e ao Direito no mais amplo sentido da plenitude do ordenamento jurídico (cf.

Artigo 266.º n.º 2 da CRP e artigo 3.º do CPA);

c) Princípio da boa administração na gestão imobiliária de acordo com os princípios

da economia, eficiência e eficácia tendo em vista o crescimento e a redução da

despesa na ótica do interesse público municipal (cf. artigo 266.º da CRP, artigo

5.º do CPA e artigo 10.ºE da LEO por força do n.º 6 do artigo 3.º daquele diplo-

ma);

d) Vinculação aos princípios do Regime do Património Imobiliário Público (cf. artigos

1.º a 12.º do Decreto-Lei 280/2007);

e) Respeito pelas finalidades de política pública de solos, nomeadamente a garantia

de desenvolvimento sustentável, da regeneração do território e promoção da re-

qualificação das áreas degradadas, da solidariedade intra e intergeracional, da

equidade e da participação dos cidadãos (cf. Lei das Bases Gerais da Política

Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo, Regime Jurídico

dos Instrumentos de Gestão Territorial e Plano Diretor Municipal);

f) Vinculação aos princípios constitucionais, direitos e garantias fundamentais e re-

gime de responsabilidade civil extracontratual do Estado e demais entidades pú-

blicas (cf. Parte I. título I e artigos 266.º, 168.º e 271.º da CRP e Parte I, Capítulo

II do CPA);

g) Sujeição a regras procedimentais transparentes sobre os termos em que a admi-

nistração recorre à atuação contratual privada, definição dos poderes das partes

e garantias jurisdicionais incluindo o recurso à arbitragem voluntária;

h) Princípio da adequação procedimental e celebração de acordos endoprocedimen-

tais rigorosos, transparentes e capazes de garantir a salvaguarda do interesse

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 7

público no âmbito da atuação jurídico-privada (cf. Artigo 56.º e 57.º do CPA);

i) Autovinculação aos princípios contidos na norma de controlo interno e ainda aos

valores de boa administração na gestão imobiliária, designadamente os seguin-

tes:

Qualidade da atuação pautada pela eficiência, eficácia e imparcialidade;

Igualdade pela atuação de forma justa, isenta e independente;

Informação, partilha e difusão através dos meios próprios de forma geral e

transparente;

Inovação e criatividade pela mobilização de vontades, conhecimento e com-

petências;

Integridade da conduta e adoção de comportamentos profissionais, correção,

boa-fé, honestidade, respeito e lealdade;

Participação ativa antecipando necessidades e alcançando soluções eficazes

e eficientes;

Responsabilidade social pela atuação responsável e solidária, promovendo

bem-estar social e proteção ambiental;

Transparência através da decisão fundamentada com base em regras claras

e critérios objetivos, com publicitação de resultados e adoção de comporta-

mentos que reforcem confiança e credibilidade;

j) Sujeição à jurisdição e fiscalização do Tribunal de Contas nos termos da Lei, in-

dependentemente da natureza jurídica do ato ou contrato a celebrar no âmbito

das operações patrimoniais imobiliárias bem como à tutela inspetiva de natureza

não jurisdicional levada a cabo pela Inspeção-Geral de Finanças.

Trata-se, pois, de um regulamento administrativo que não sendo de execução respei-

ta todos os diplomas que direta ou indiretamente, dispõem sobre a competência, do-

minialidade e gestão imobiliária e de solos cumprindo destacar pela sua importância,

designadamente os seguintes:

Constituição da República Portuguesa (CRP);

Lei de Bases de Política de Solos, de Ordenamento do Território e de Ur-

banismo (LBPPSOTU);

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 8

Regime Jurídico do Património Imobiliário (RJPPI);

Regime Jurídico do Procedimento extraordinário de registo dos bens imó-

veis do domínio privado e do procedimento extraordinário de regulariza-

ção da situação jurídico-registral dos bens do domínio privado das autar-

quias locais;

Regime Jurídico das Autarquias Locais (RJAL);

Sistema de Normalização Contabilística das Administrações Públicas

(SNC);

Norma de Controlo Interno da CML (NCI);

Plano de Prevenção de Riscos de Gestão, incluindo os de corrupção e in-

frações conexas (PPRG);

Código do Procedimento Administrativo (CPA);

Código das Expropriações (CE);

Código dos Contratos Públicos (CCP);

Regime Jurídico de Urbanização e Edificação (RJUE);

Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT);

Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (RJRU);

Lei de Bases da Política e do Regime de Proteção e Valorização do Pa-

trimónio Cultural (LBPRPVP);

Plano Diretor Municipal de Lisboa (LBPRPVPC);

Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas (LOPTC);

Código Civil (CC);

Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e Demais

Entidades Públicas (RJCEEP);

Regime Jurídico do Arrendamento Urbano (RJAU).

Estes diplomas e demais instrumentos (PDM/NCI/ PPRG) foram minuciosamente anali-

sados pelo que se justifica colocar em evidência as disposições relevantes sobre patri-

mónio imobiliário em documento anexo ao presente relatório de ponderação.

Por último, importará sublinhar que a conclusão deste trabalho traduz um objetivo parti-

lhado por todas as forças políticas sem exceção cujo projeto foi objeto esclarecimento e

auscultação antes da sujeição à aprovação pela Câmara Municipal e que angariou parti-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 9

cipação efetiva quer na fase de consulta pública, quer em momento anterior através da

formalização de sugestões e contributos concretos cuja pertinência ditou a sua incorpo-

ração imediata.

Prescindindo de detalhar os contributos apresentados em sede de consulta pública, que

serão objeto de análise própria no ponto 5 deste relatório, não podemos deixar de evi-

denciar as principais sugestões deduzidas em momento anterior das quais destacaremos

as seguintes:

1) Formalização articulada da norma habilitante (PPD/PSD e CDS/PP);

2) Exclusão da aplicação do regulamento à gestão dos parques hortícolas sujeitos a

regras específicas de acesso e de utilização das respetivas hortas (Vereador Sá

Fernandes/ Independente);

3) Definição de parques hortícolas para efeito do Regulamento (Vereador Sá Fer-

nandes/ Independente);

4) Ablação das expressões “Programa de Governo” reportado à Cidade (PPD/PSD);

5) Autovinculação da consignação de receita proveniente das alienações com inter-

valo estabelecido (PPD/PSD);

6) Introdução de norma específica sobre Valores, Missão e Visão da Gestão Patri-

monial (Cidadãos por Lisboa);

7) Alteração das regras relativas ao saneamento de dívida (Cidadãos por Lisboa);

8) Densificação e alteração do manual de boas práticas de avaliação imobiliária

(Cidadãos por Lisboa);

9) Identificação e divulgação do património imobiliário através da aplicação de ca-

dastro (Cidadãos por Lisboa);

10) Densificação das competências da Assembleia e da Câmara Municipal (CDS/PP);

11) Concretização do pressuposto de alienação de imóveis degradados (CDS/PP);

12) Previsão de outro prazo de duração de direito de superfície (CDS/PP).

Encarámos este trabalho como um desafio técnico relevante mas não o assumimos como

encerrado e definitivo. A sua abrangência e transversalidade será objeto de monitoriza-

ção e acompanhamento após a entada em vigor por comissão específica a designar pelo

executivo municipal que analisará as observações, reclamações, sugestões e demais

contributos que forem apresentados pelos interessados e pelos demais serviços munici-

pais.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 10

2. DISCUSSÃO PÚBLICA

O projeto de regulamento foi objeto de consulta pública nos termos do artigo 100.º e

101.º do Código do Procedimento Administrativo.

A natureza das matérias tratadas justificou pela sua relevância a mais ampla divulgação por forma a permitir maior participação de interessados tendo sido por essa razão pro-posta e aprovada a publicação em Diário da República, não obstante a publicação no Boletim Municipal e no sítio da internet da Câmara Municipal de Lisboa bastassem para dar cumprimento à previsão legal, o que fez com que o documento estivesse em consulta pública entre os dias 22 de dezembro de 2016 e 13 de março de 2017

2.1- Diário da República

Nos termos da deliberação da Câmara que aprovou a Proposta n.º 634/2016 a publica-ção do Projeto de Regulamento do Património Imobiliário em Diário da República ocorreu no dia 30 de janeiro tendo sido concedido para efeito de consulta pública o prazo de 30 dias úteis, contados nos termos do artigo 87.º do Código do Procedimento Administrativo.

2.2 – Boletim Municipal

Para além da publicação em Diário da República nos termos da citada deliberação pro-moveu-se ainda a publicação oficiosa no B. M. da Câmara Municipal de Lisboa por forma a permitir a mais ampla divulgação e participação por de todos os interessados.

2.3- Portal da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal de Lisboa

A Câmara e a Assembleia Municipal promoveram à divulgação do projeto de regulamento para efeito de consulta pública nos respetivos sítios institucionais.

2.4- Comunicação Social Promoveu-se ainda à divulgação do projeto de regulamento através da publicação de

avisos junto da imprensa designadamente em jornais nacionais de grande tiragem, no-

meadamente no jornal semanário “Expresso” e nos jornais diários “Público” e “Diário de

Notícias”.

3. MODALIDADES DA PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

Relatório de Ponderação

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A recolha de sugestões referida no artigo 101.º do Código do Procedimento Administrati-vo incluiu a disponibilização de formulários específicos escritos e digitais para efeito da participação por parte dos interessados. 3.1-Plataforma e conta de correio eletrónico

A recolha de sugestões através de meios eletrónicos concretizou-se através do Portal

http://www.cm-lisboa.pt/participar/lisboa-cm-debate através da conta de correio eletrónico

da Direção Municipal de Gestão Patrimonial para [email protected].

No correio eletrónico da DMGP em [email protected]. foram recebidos dois documentos:

(1) Contributo deduzido pelo Bloco de Esquerda contendo propostas concretas de al-

teração ao regulamento e respetivos fundamentos;

(2) Pedido de esclarecimento específico acompanhado de sugestão concreta devi-

damente fundamentada;

3.2- Participação escrita junto ao centro de atendimento e de documentação da Câmara Municipal de Lisboa.

O processo n.º 34032/CML/16 relativo ao projeto de regulamento municipal de gestão

patrimonial do Município de Lisboa foi disponibilizado para consulta em papel no Centro

de atendimento e de documentação no período discorrido entre o dia 22 de dezembro de

2016 e o dia 13 de março de 2017.

Findo o período foram registadas 0 (zero) sugestões, 0 (zero) consultas e 0 (zero) pro-

postas.

3.3- Recebeu-se ainda “documento interno” produzido pelo setor empresarial local do

Município, concretamente pela EGEAC contendo vários pedidos de esclarecimento, su-

gestões e algumas discordâncias não fundamentadas.

4. SESSÕES PÚBLICAS DE APRESENTAÇÃO

4.1- A Câmara Municipal de Lisboa apreciou, aprovou e sujeitou a consulta pública o pro-

jeto de regulamento de património imobiliário em reunião pública de Câmara, realizada

no dia 30 de novembro de 2016.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 12

4.2- Assembleia Municipal de Lisboa realizou no dia 7 de fevereiro de 2017 uma iniciativa

pública específica inteiramente dedicada à apresentação e debate do projeto de Regula-

mento do Património Imobiliário do Município de Lisboa.

A apresentação pública do documento foi efetuada pelo Vereador do Pelouro, Arq.to Ma-

nuel Salgado à qual se seguiu o período de debate por parte dos interessados.

5. CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍODO DE CONSULTA PÚBLICA

5.1- Contributos Políticos

Algumas forças políticas representadas no órgão executivo, designadamente o Movimen-

to Cidadãos por Lisboa, PPD/PSD,CDS/PP e o Vereador independente José Sá Fernan-

des optaram por apresentar os seus contributos em momento anterior à apreciação e

aprovação do projeto de regulamento pela Câmara Municipal. O CDS/PP fez ainda juntar

na reunião deliberativa um documento contendo algumas sugestões de natureza correti-

va incluindo renumeração de alíneas, etc. (Cf. doc. anexo)

O Bloco de Esquerda (BE) formalizou os respetivos contributos durante o período de

consulta pública tendo apresentado propostas materiais de alteração ao Regulamento do

Património Imobiliário do Município de Lisboa (cf. doc. anexo).

O documento apresentado contém 2 partes. Na primeira parte procura justificar-se o teor

das alterações sugeridas na segunda parte através da “Exposição de Motivos” de nature-

za genérica, decomposta em 6 subtítulos:

i) Enquadramento;

ii) Da natureza das políticas de gestão fundiária;

iii) Preservação da capacidade do Município para o futuro;

iv) Política de gestão do Património que assegure o Direito à Habitação;

v) Gestão Transparente;

vi) Conclusão.

A segunda parte contém as propostas concretas de alteração e a redação proposta para

as disposições seguintes:

Artigos 7.º, 13.º, 14.º,15º,17,º18.º,19º, 22.º, 28.º, 103.º,103-A.º, 104.º,106.º,120.º e 193.º

Alguns contributos configuram mera alteração de expressões v.g. “previsível” em vez de

“perspetivação”. Outros quantificam, reforçam ou reiteram o conteúdo vinculativo das

previsões normativas já consagradas e outros traduzem alterações materiais que resul-

tam da postura política assumida no sentido de limitar a alienação de imóveis municipais

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 13

para a habitação a favor dos chamados “direitos reais menores”, in casu, o “direito de uso

e de habitação”.

No essencial, as alterações materiais sugeridas são as seguintes:

1) Configuração da venda como exceção na política de gestão do património imobi-

liário municipal “consagrando como regra a alienação por recurso à constituição

temporária de direitos reais, mantendo a raiz da propriedade no Município” (subli-

nhado nosso) artigos 7.º e 15.ª;

2) Consagração de maioria qualificada de 2/3 dos membros do órgão competente

para a “opção excecional pela venda” (artigos 18.º e 19.º);

3) Estabelecimento do “regime regra para a constituição de direito de uso e habita-

ção” no âmbito da alienação direta de património municipal ocupado para habita-

ção (artigos 103.º, 104.º, 106.º e aditamento de 103.º A);

4) Limitação da possibilidade de renovação do direito de superfície e eliminação do

regime especial de venda da propriedade plena nas situações em que se consti-

tuiu o direito de superfície (artigo 120.º);

5) Aumento do percentual da receita prevista na alínea d) e e) do n.º 2 do artigo 4.º

do Fundo Municipal de Sustentabilidade Ambiental e Urbanística de Lisboa;

6) Inclusão obrigatória de “ativos imobiliários que estejam a ser utilizados ou sejam

passíveis de ser utilizados na prossecução de uma política de acesso ao Direito à

Habitação, assegurando a capacidade de alojamento projetado para 10% da mé-

dia da população da Cidade nos últimos 3 recenseamentos gerais da população”;

7) Registo da informação sobre as pretensões de aquisição, utilização ou outras de

caráter urbanístico por parte dos particulares relativamente a Património Imobiliá-

rio do Município;

8) Dever de comunicação à Direção Municipal de Gestão Patrimonial por parte dos

serviços responsáveis pelo controlo prévio das operações urbanísticas das áreas

de cedência para o domínio público e privado e respetiva finalidade no âmbito da

emissão de alvarás de loteamento e operações de impacte semelhante bem co-

mo pedidos de informação prévia que recaiam sobre bens integrantes do Patri-

mónio Imobiliário do Município;

9) Consagração do direito de uso e habitação a favor dos habitantes habitacionais

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 14

de prédios propriedade do Município de Lisboa destinado exclusivamente à habi-

tação dos usuários e respetiva família e a determinação do respetivo preço atra-

vés de fórmula própria;

10) Renovação automática do direito de superfície, por períodos de 10 anos, caso

nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita com a antecedência

mínima de 1 ano antes do respetivo termo bem como a possibilidade de anteci-

pação do respetivo termo a favor do Município mediante pagamento de compen-

sação ao superficiário a calcular de acordo com a fórmula de cálculo do valor do

direito, sem prejuízo da extinção nos termos gerais de acordo com o disposto no

artigo 1536.º do CC, incumprimento ou verificação da condição resolutiva.

5.2- Contributos Orgânicos e Internos

A) A Direção Municipal de Gestão Patrimonial deduziu os contributos seguintes:

1. Alteração do artigo 110.º nº 4 do projeto no sentido de permitir que em casos

devidamente justificados e comprovados por atestado médico de incapacida-

de multiuso de percentual igual ou superior a 30% de natureza superveniente

possa cancelar-se ou extinguir-se o ónus de inalienabilidade antes de discor-

ridos 10 anos;

2. Retirar a expressão “preferencial” das hastas públicas (cf. artigo 34.º n.º 4,

66.º, 96.º, 129.º todos do projeto);

3. Densificar as formas de cooperação com a administração central (cf. artigo

211.º do projeto);

4. Prever a cessação das ocupações sempre que o montante da dívida atinja

determinado valor da renda anual para além dos procedimentos jurídicos

ajustados;

5. Alargar o prazo para a publicitação das hastas sempre que os bens a vender

tenham sido objeto de pedido de informação prévia deduzido por qualquer

particular no ano anterior;

6. Prever a possibilidade de recurso a serviços especializados de mediação

imobiliária, por procedimento prévio de contratação pública, sempre que as

hastas públicas realizadas fiquem reiterada e sucessivamente desertas;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 15

7. Prever a possibilidade de afetação de parcelas do domínio privado para abas-

tecimento de combustíveis líquidos em vez de restringir a hipótese à conces-

são de domínio público;

8. Incluir o exercício do direito legal de preferência entre as formas de aquisição

da propriedade em disposição específica;

9. Expurgar do artigo 149.º a referência da hora para entrega de candidatura

deixando essa condição para o programa do concurso;

10. Permitir que a adjudicação definitiva prevista no artigo 155.º n.º 1 possa ser

decidida por despacho do Vereador do Pelouro;

11. Substituir a referência a “escritura” mencionada no artigo 172.º n.º 3 por “con-

trato”.

12. Previsão de cláusula de resolução do direito de superfície por razões de inte-

resse público, com extinção automática do ónus e reversão da propriedade

plena ao Município mediante ressarcimento devido ao superficiário;

13. Levar a registo todos os factos jurídicos que importem a extinção de direitos,

ónus e encargos registados, designadamente a cláusula de resolução do di-

reito de superfície por razões de interesse público;

14. Levar a registo a renúncia à indemnização, em caso de eventual expropria-

ção, pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imóveis abran-

gidos por planos de melhoramento municipais;

15. Previsão de questão prejudicial à apreciação do requerimento do exercício de

direito de preferência sempre que o mesmo pedido tenha sido deduzido e

apreciado através da plataforma “Casa Pronta”;

B) O Departamento de Políticas e Gestão da Habitação formalizou os contributos

seguintes:

1) Prolongamento do prazo previsto no n.º 1 do artigo 187.º relativo ao envio para a

Divisão de Execução Fiscais de 90 para 180 dias;

2) Alterar a ordem do artigo 187.º (cedências de utilização) para 185.º (direito de su-

perfície) para conformação sequencial de acordo com o n.º 3 do artigo 180.º;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 16

3) Abrir a possibilidade de ser possível recorrer a outro regime de gestão de imóveis

habitacionais para além da alienação prevista no artigo 103.º sem prejuízo da

prevalência da alienação aos ocupantes habitacionais.

4) Incluir na cláusula de exclusão da aplicação do regulamento à administração cor-

rente dos bens do domínio público e privado municipal transferido para as empre-

sas municipais, os acordos de pagamento de dívida e cobrança coerciva.

5) Alterar a epígrafe do artigo 21.º para “Serviço responsável pela gestão patrimoni-

al”;

6) Assegurar a especificidade dos programas que incidam sobre património em bair-

ros municipais e territórios de intervenção específica no setor da habitação pela

introdução de disposição própria;

7) Incluir nas condições de candidatura às cedências de utilização a inexistência de

dívidas a qualquer empresa do setor empresarial do Município;

8) Prever a possibilidade de restringir aos residentes locais, as candidaturas à atri-

buição de arrecadações, garagens autónomas ou lugares de garagem para uso

não comercial nos procedimentos previstos no Capítulo IV, Secção I.;

9) Ressalvar no regime da gestão de condomínios, a representação da GEBALIS,

nos bairros cuja gestão lhe tenha sido transferida nos termos estatutários;

10) Incluir no artigo 212.ºa revogação do artigo 2.º do regulamento geral dos merca-

dos retalhistas de Lisboa.

5.3- Contributos do Setor Empresarial Local:

A Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) deduziu em “do-

cumento interno” as sugestões seguintes:

1) Introdução de numeração ao artigo 2.º;

2) Dispensa da exigibilidade de cópia do documento de identificação na instrução de

procedimentos;

3) Junção ao projeto do anexo III referido no artigo 207.º;

4) Recomendação de revisão final de ortografia e gramática.

Em paralelo, procurou fazer-se uma escalpelização hermenêutica sobre algumas disposi-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 17

ções regulamentares colocando, nesse âmbito, uma série de dúvidas, questões e pedi-

dos de esclarecimento relativos à EGEAC e que passam a referir-se de forma, tão sucin-

ta, quanto possível atenta a forma da exposição:

No ponto 1 analisa o artigo 2.º sobre o objeto e âmbito de aplicação, referindo que

que a “informação cadastral existente nos serviços de património da CML mostra-

se extremamente débil e desatualizada” exemplificando com o “Palácio Marquês

de Tancos” supostamente devoluto quando ocupado com a sede da EGEAC.

Questiona sobre “o que são regras e regulamentos próprios” e “em que consiste o

regime de gestão condicionada” prosseguindo com as definições contidas no pró-

prio regulamento.

Refere a necessidade de juntar ao projeto de regulamento o Anexo III menciona-

do no artigo 207.º, n.º 2 considerando-o imprescindível para o esclarecimento de

dúvidas tal como o documento a que se refere a alínea o) do artigo 19.º e que

consiste na lista de aprovação anual dos imóveis a aprovar em simultâneo com o

orçamento e plano de atividades;

Refere que “a alínea d) supra exclui também a aplicação do regulamento a situa-

ções que, à cautela, se identificam como eventualmente aplicáveis a parte da ac-

tividade da EGEAC: venda ambulante (manjeriqueiras, vendedores de artesanato

e de farturas?), mercados de rua (?), arrais e retiros populares nas condições in-

dicadas” (sublinhado nosso);

“Por último, a alínea f), talvez a que mais diretamente se aplique à totalidade do

universo da EGEAC, independentemente da atividade, se bem que existem duas

condicionantes: uma que a gestão dos bens esteja conferida estatutariamente (o

que, no caso da EGEAC, não se mostra atualizado); outra que se prende com a

ressalva final da alínea, o que nos deixa sem saber exatamente o que pensar

(“sem prejuízo do especialmente previsto neste regulamento”), quando nenhuma

secção/capítulo/artigo existe dedicado especificamente a este enquadramento de

gestão” (sublinhado nosso) solicitando esclarecimento

No ponto 2 aprecia o artigo 3.º relativo às definições mencionando que ”ressal-

vada melhor opinião, sem prejuízo do melhor esclarecimento” considera que os

imóveis acometidos à gestão da EGEAC são subsumíveis na alínea h)h) e no

ponto iv da citada disposição “por via de disposição estatutária”;

No ponto 3 analisa os artigos 4.º a 14.º dedicado aos “Princípios”, passando a

identifica-los, sem prejuízo de considerar “redundante” a referência ao princípio

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 18

da “Boa administração” ao mesmo tempo que realça os princípios da onerosidade

(art. 6.º) e da concorrência (art. 8.º).

No que se refere ao disposto no artigo 12.º, critica a redação da disposição por

não reproduzir de forma expressa a imputação da responsabilidade que resulta

do disposto no Regime Jurídico da Responsabilidade Civil Extracontratual do Es-

tado e Pessoas coletivas de Direito Público, ao mesmo tempo que questiona se,

no caso na EGEAC, existem “prerrogativas de poder público?” “E que parte da

atividade é regulada pelo direito administrativo?”. Supostamente, “Um exercício

constante, neste último caso…”;

No ponto 4 comenta o artigo 15.º dedicado aos “Pilares estratégicos da gestão

patrimonial” fazendo aquela que é a sua leitura e cita alínea e) do artigo 15.º con-

siderando “curiosa” a expressão utilizada, depreendendo-se, in fine, sem concre-

tizar a razão.

A propósito do n.º 2 dessa disposição, considera que “caso se confirme que o pa-

trimónio sob gestão da EGEAC se encontra no regime de gestão condicionada,

configurará uma nova obrigação que, internamente, ressalvada melhor opinião, e

atento o elenco de competências neste momento conhecido resultante da reorga-

nização funcional, deverá ser assegurada pela DGF”.

Mais adianta estar em idêntica situação o disposto “nos artigos 17.ª a), 21.º, n.º 1,

b) e d); 22.º n.ºs 2,4,5, e 6 (neste caso com dúvidas acerca da aplicabilidade à

EGEAC, o que conviria de igual modo questionar em sede de esclarecimento”;

No ponto 5 aprecia o artigo 16.º que incide sobre a “Missão, visão e valores”, co-

mentado apenas que “A maior ligação à EGEAC encontrar-se-á na alínea f) do n.º

1 – mas como? Já o n.º 3 enfatiza os valores e os já bem conhecidos requisitos

dos 3 E´s”: economia, eficiência e eficácia;

No ponto 6 cita a epígrafe do artigo 17.º “Finalidades da inventariação e cadas-

tro”;

O ponto 7 incide sobre os artigos 17.º, 18.º e 19.º, concretamente sobre as com-

petências da Assembleia, Câmara e Presidente da Câmara Municipal, fazendo

um resumo sucinto das respetivas competências, acrescentando no que se refere

às competências do Presidente da Câmara o que passa a reproduzir-se integral-

mente:

“No 3.º caso, destaca-se a avaliação da manutenção dos pressupostos que determina-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 19

ram a sujeição dos imóveis do domínio privado municipal ao regime de gestão condicio-

nada, retirando e afetando a este regime sempre que tal se justificar (g) – ponto que inte-

ressará sobremaneira à EGEAC -; aprovar os documentos internos de gestão patrimoni-

al (j); aprovar, mediante parecer fundamentado da DMGP, a atribuição de imóveis a ser-

viços municipais, bem como a cedência ou afetação de uso em gestão condicionada dos

que se encontrem sob a administração corrente daqueles serviços (k) - a EGEAC não é

um serviço da CML, mas uma empresa, dotada de autonomia administrativa, financeira

e patrimonial, mas …?; aprovar as alterações de uso de imóveis em regime de gestão

condicionada, ainda que dentro da mesma área de intervenção, mediante parecer fun-

damentado a emitir pelo serviço municipal competente em gestão patrimonial (l); autori-

zar os serviços gestores (quais? EGEAC não é um serviço, mas será uma entidade ges-

tora?) a cederem a terceiros os imóveis sob sua gestão, desde que a título precário e

temporário (m) – todavia, outro preceito do diploma parece pôr termo a cedências precá-

rias como configurar?

Não envolvendo, aparentemente ou expectavelmente, de forma direta a EGEAC, a pre-

visão regulada na alínea o), sobre a denúncia de contratos de arrendamento sem de-

pendência de ação judicial nas situações aí descritas suscita-nos as maiores reservas”.

Ainda no âmbito daquelas disposições refere que “Assiste ao PCM as dúvidas de in-

terpretação e de integração de lacunas (v) – Embora o artigo 211.º já particularize as

dúvidas de interpretação a esclarecer por despacho do PCM, “misturando” com o regime

de interpretação e de integração de lacunas do Código Civil“. Acrescentando depois,

que “Desde já, um excelente exercício para o esclarecimento de dúvidas de interpreta-

ção (que não de integração de lacunas!) será, por exemplo, descodificar o que se pre-

tende com a redação que, neste momento, apresenta o n.º 2 do artigo 20.º”.

No ponto 8 procura escalpelizar-se o artigo 21.º reportando às competências da

DMGP, destacando nele as potenciais ligações entre as alíneas a), b) d) e k) e

“atuações expectáveis por parte da EGEAC” apesar da expressão referida nas

alíneas d) e k) ser a de “serviços municipais”.

Destaca-se ainda o eventual benefício contido na alínea h) “no que se refere a

avaliações de imóveis (por exemplo, para fixação de um valor de renda para a ca-

fetaria do Museu do Aljube?)”.

Por fim, acrescenta-se a propósito da alínea l), do n.º 1 daquele mesmo artigo

21.º que à DMGP “assiste a responsabilidade por pequenas obras e interven-

ções”, solicitando a melhor concretização do conceito, recorrendo v.g. ao valor da

empreitada, acrescentando depois que “Para tanto, existirá planeamento e proce-

dimentos destinados à otimização da respetiva utilização (alínea e) do n.º 2)”;

O ponto 9 aprecia o artigo 22.º sobre o dever de comunicação e de consulta pré-

via dos outros serviços municipais, reafirmando necessidade de clarificação sobre

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 20

se a EGEAC estará abrangida naqueles “circuitos ou, idealmente, de a redação

ser melhorada nessa conformidade em caso afirmativo”. Aspeto que anota como

“especialmente relevante” na disposição nas situações das alíneas n.º 2, 4, 5, 6, 7

e 8 alegando depois que o n.º 9 padece de “desconformidade legal”, sem funda-

mentar, nem indicar a norma (s) jurídica (s) violada.

O ponto 10 analisa o artigo 23.º incidente sobre regime do domínio público e nele

evidencia “reservas”, sem justificar, à alínea e) do n.º 2 “ ao prever a gratuitidade

do “uso comum ordinário (…) salvo disposição em contrário ou nos casos em que

o aproveitamento seja divisível e proporcione vantagem especial” repetido no n.º

2 do artigo 36.º.

O ponto 11 dedica a sua atenção ao artigo 26.º que versa sobre os regimes de

gestão do domínio privado municipal, referindo o que passa a reproduzir-se:

“Apenas neste domínio encontramos o regime de gestão condicionada ou o de

execução”, sem acrescentar mais nada.

O ponto 12 aprecia o artigo 27.º relativo ao regime de gestão condicionada real-

çando nele o seguinte:

Este regime subtrai, transitoriamente, o imóvel do domínio privado ao regime de

execução e ao princípio da disponibilidade patrimonial (a regra), sem prejuízo da

sua sujeição aos princípios da eficiência e da boa administração por parte dos

“serviços gestores” – (EGEAC?)

Relativamente ao n.º 2 da disposição, cita o disposto nas alíneas a) e b) conside-

rando a alínea a) “um pouco vago e subjetivo ou interessante dependendo do

fim?”, sem deduzir a respetiva fundamentação.

No que se refere ao n.º 3 daquele mesmo artigo 27.º reproduz o teor da alínea a),

questionando depois “o que são estas finalidades? E a relação do Município

quanto ao espaço ocupado como sede pela EGEAC, como configurar?

Em seguida, cita a alínea b) do n.º 3, comentando que “ sem desprimor de melhor

clarificação, defende-se que os imóveis sob gestão da EGEAC são passíveis de

se enquadrar nesta previsão”.

Por fim, reproduz o disposto na alínea c) do n.º 3 e questiona se “esta previsão

contraria ou complementa a da alínea o) do n.º 2 do artigo 19.º? – A lista de imó-

veis sob gestão condicionada é competência da Câmara e definida anualmente,

com orçamento e plano de atividades. Ou há 2 listas?”.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 21

Relativamente ao disposto nos n.ºs 6 e 8 do artigo 27.º realçam-se, respetivamen-

te, nas previsões a “reavaliação ordinária da permanência no regime no início de

cada mandato, havendo transição automática para o regime de execução em ca-

so de alteração de pressupostos”, considerando, neste âmbito, que “seria rele-

vante que estes fossem conhecidos a priori), e das responsabilidades de adminis-

tração dos serviços gestores de património”.

De seguida, identifica o âmbito normativo do n.º 9 da mesma disposição sugerin-

do clarificação da menção à “área de intervenção”;

Considera o n.º 10 “totalmente contraditório, nos próprios termos, ao permitir “ain-

da que informalmente” uma cedência que venha a ser autorizada pelo PCM, sem

mais fundamento legal, no quadro de um regulamento que tem como pilar a proi-

bição desse tipo de cedências” e entende “também muito discutível, pela sua re-

dação, a aplicação do enunciado no n.º 11 à EGEAC”.

No ponto 13 analisa o artigo 37.º reportado às cedências de utilização a outras

entidades públicas e nele assinala a possibilidade de cedência a título precário,

por auto de cedência e de aceitação, aplicando-se o princípio da onerosidade. In-

terrogando, sem mais, como comentário à disposição, “Regra cuja reciprocidade

a EGEAC devesse considerar?

O ponto 14 incide sobre o artigo 38.º relativo ao uso comum extraordinário, ques-

tionando de seguida:

“O uso comum extraordinário (que é o quê?) dos imóveis do domínio público fica

sujeito a autorização (por parte de quem?) e ao pagamento das taxas previstas

no Regulamento Geral de Taxas, Preços e Outras Receitas do Município de Lis-

boa, de acordo com as condições fixadas no n.º 2. Acrescentando, como chama-

da de atenção, que “considerando-se a defesa da eventual aplicabilidade à

EGEAC, tal implicar que uma empresa de Direito Privado aplique taxas, um con-

ceito de Direito Público”.

No ponto 15 dedica-se ao artigo 39.º e ss sobre a utilização privativa de domínio

público fazendo um resumo do n.º 1 sustentando depois que a aplicação da dis-

posição a todo o tipo de ocupação do domínio público como mencionado no n.º 2

“poderá acarretar problemas para a gestão de alguns equipamentos e algumas

actividades da EGEAC caso os exactos poderes de gestão dessa não sejam

atempadamente esclarecidos/acautelados”, sem identificar qualquer dúvida e/ou

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 22

problema de gestão”.

Considera depois que face ao enunciado no n.º 4 do artigo 41.º, “não parece ser

possível a EGEAC, se para o efeito for considerada um particular, reunir as con-

dições requeridas para vir a beneficiar de licença de utilização privativa do domí-

nio público, excepto para eventos ocasionais (alínea c), pelo que não será esta a

via a explorar”, sem identificar aquela que considera ser a “via” ajustada ou apre-

sentar outra alternativa.

De seguida, refere que de acordo com o artigo 50.º “se se considerar a EGEAC

uma entidade privada, poderá o Município celebrar um contrato administrativo de

concessão para o uso ou exploração privativa de parcelas do domínio público

municipal, por prazo fixado “por deliberação dos competentes órgãos municipais

no ato de atribuição” (art.º 51.º)” ficando o contrato sujeito a contrapartida finan-

ceira nos termos definidos no artigo 52.º e às obrigações elencadas nos artºs 53.º

e 54.º relativas à concessionária e concedente, respetivamente.

No ponto 16 aprecia o artigo 82.º sobre a concessão de exploração, considerando

que a redação do n.º 4 deixa a duvida sobre a improrrogabilidade do prazo de 30

anos referido no n.º 3, ao admitir-se “em circunstâncias excecionais que não de-

termina, ainda que devidamente fundamentadas, a alteração do prazo e de outros

elementos fundamentais do contrato”.

O ponto 17 incide sobre o artigo 83.º e ss e limita-se a identificar a epígrafe do

capítulo III: “Gestão do domínio privado do Município”;

No ponto 18 aprecia o artigo 117.º sobre “Entidades públicas e entidades privadas

de reconhecido mérito público” assinalando nele como fragilidade a indefinição

dos conceitos empregues tal como no artigo 124.º, n.º 1, a propósito do usufruto,

no artigo 130.º n.º 1 relativo ao comodato, “sendo que, neste caso, a figura pode-

rá ser do potencial interesse da EGEAC, atenta a previsão da alínea b) do n.º 2,

sendo esta competência da CM mediante proposta do PCM ou do vereador com

competência em matéria de património. A referência a este tipo de entidades en-

contra-se igualmente no n.º 2 do artigo 136.º e no n.º 1 do artigo 210”.

No ponto 19 debruça-se sobre o artigo 136.º e ss relativo às “Cedências de utili-

zação”. Considerando neste âmbito que “Não se alcança se por um constrangi-

mento de sistematização ou se por intenção, porventura o resultado aqui espe-

lhado parece contrariar a lógica da construção do regulamento, ao insistir numa

janela de possibilidade de tudo se manter na mesma, ou seja, cedências precá-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 23

rias de curta duração. E sem qualquer salvaguarda da posição do ocupante”.

Acrescentando depois que cumpre registar que “todo o processo é absolutamente

transparente, atento o processo de candidaturas regulado nos artigos 137.º e

138.º”.

No ponto 20 analisa o artigo 173.º e ss sobre a “Gestão de contratos e ocupa-

ções”, resumindo neste âmbito a competência da Direção Municipal de Gestão

Patrimonial. A este propósito levanta a dúvida “sobre a figura que a EGEAC deve-

rá assumir neste contexto” supondo “evidente a necessidade de mínimos de inte-

racção com aquele serviço”, apontando “a DGF como a UO mais adequada a

adequar os procedimentos que se revelarem necessários a essa interacção” (sub-

linhado nosso).

Considera que “Aquelas diligências acometidas à DMGP encontram-se indissoci-

adas do regulado nos art.º s 190.º e ss (inventário e cadastro), ressaltando aqui o

disposto nos n.ºs 7 e 8 do art.º 199.º- no primeiro caso, obrigação de inscrição e

de registo; no segundo, de afixação de placa de identificação de propriedade”.

O ponto 21 aprecia o art.º179.º e ss relativo à “Recuperação de créditos e regula-

rização de dívidas” sugerindo “a ponderação da aplicabilidade referencial na

EGEAC do disposto nos artigos 180.º e 181.º, em alguns pontos em modo mais

simplificado”. Depois chama atenção para a irregularidade do previsto na alínea

a) do n.º 4 do artigo 180.º reportada à exigência de cópia do documento de identi-

ficação.

O ponto 22 reporta ao artigo 201.º sobre a “Aplicação no tempo” resumindo de

forma muito sucinta o que nele se dispõe.

O ponto 23 incide sobre as “cedências precárias” e nele se refere a redação dos

seus números “parece contrariar tanto o artigo 201.º como o próprio art. 136.º e

ss, sendo ele próprio contraditório entre si, uma vez que, como já mencionado, se

bem se compreendeu o presente projeto (e admite-se o contrário), não se conclui

quais são, a final as diferenças entre as “cedências precárias” e “cedências de uti-

lização”, igualmente precárias.

O ponto 24 aborda o artigo 207.º relativo aos “Ativos imobiliários em gestão con-

dicionada” sublinhando nele a sua importância e considerando que “O n.º 1 de-

termina o prazo de um ano a contar da entrada em vigor do regulamento para

que, sob proposta da DMGP, os prédios municipais sejam incluídos num dos re-

gimes de gestão previstos” enquanto o n.º 2 “adianta encontrarem-se sujeitos ao

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 24

regime de gestão condicionada os prédios constantes do anexo III – o tal que,

nem do índice do PR, existe lamentavelmente”.

O ponto 25 incide sobre o artigo 209.º relativo à comissão de acompanhamento e

nele se suscitam duas interrogações, designadamente se seria descabido a

EGEAC e outras empresas municipais como a GEBALIS integrarem aquela co-

missão.

Finalmente, o ponto 26 aprecia o artigo 212.º versa sobre a “Norma revogatória”

colocando as maiores reservas sobre a redação da alínea a) na parte em que

considera que o regulamento revoga “qualquer outra disposição normativa, inde-

pendentemente da sua natureza jurídica, na parte em que colida com o estabele-

cido no presente regulamento”.

A sustentação assenta em reservas de “índole constitucional e duplas: quanto à

força do regulamento para revogar diplomas de categoria superior (o que a reda-

ção supra parece admitir) e quanto à possibilidade de, por essa via, se obterem

efeitos retroativos”. As “segundas” reservas são “factuais e materiais, prendem-se

com a ligação aos despachos e deliberações de transferência de gestão de equi-

pamentos municipais para a EGEAC. Como admitir que podem os mesmos ser

agora contrários ao presente regulamento?! Inadmissível!”, terminando, desta

forma, a análise e a prestação de contributos ao projeto de regulamento.

5.3- Participação externa e dos interessados em geral

Rececionámos uma única participação por parte de um interessado particular que

formalizou através caixa de correio eletrónico da DMGP as ques-

tões/esclarecimentos seguintes:

Solicita esclarecimento sobre se o “novo código sobre o património imobi-

liário” abrange o património não habitacional nos bairros municipais.

Refere que o artigo 212.º não revoga de forma expressa a norma do artigo

2.º do “Regulamento dos Mercados Retalhistas de Lisboa que aplica este

normativo, por adaptação, às lojas geridas pela Gebalis (ou seja, ao imo-

biliário nos bairros municipais)”.Consequentemente sugere a respetiva in-

clusão em capítulo próprio, com regras próprias adequadas àquela reali-

dade passando a justificar pelas razões seguintes:

(1) O instrumento que rege estas lojas -Regulamento dos Mercados Reta-

lhistas de Lisboa – foi pensado para Mercados e, por essa razão, não

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 25

está devidamente estruturado para a realidade das lojas, arrecada-

ções e armazéns inseridos nos Bairros Municipais – desajuste que é

maior por a adaptação das normas ser em muitas situações inadaptá-

vel;

(2) Tratar-se de um acervo patrimonial bastante grande no conjunto imo-

biliário municipal para justificar a sua regulação;

(3) Contribuir para a uniformização num único diploma, dos princípios,

das regras gerais e especiais, de modo a obter-se a racionalidade na

aplicação do Direito, designadamente no preenchimento de lacunas e

de dissipação de dúvidas sobre as normas a aplicar;

(4) Haver vantagens na transparência e no acesso à informação, permi-

tindo condensar num único instrumento tornando mais fácil o acesso à

informação, estabilidade e certeza jurídica obstando à sua dispersão.

6. ANÁLISE E RESULTADOS DOS CONTRIBUTOS APRESENTADOS NO PERÍO-

DO DE DISCUSSÃO PÚBLICA

6.1- Ponderação técnica dos contributos políticos

PROPOSTA

ANÁLISE

Configuração da venda como exceção

na política de gestão do património

imobiliário municipal “consagrando

como regra a alienação por recurso à

constituição temporária de direitos re-

ais, mantendo a raiz da propriedade no

Município”, promovendo a alteração

aos artigos 7.º e 15.º, consagrando a

venda como exceção.

No plano formal importará clarificar que tecnicamente, não existe propriamente a “alienação por recurso à constituição temporária de direitos reais”. Em rigor, o que parece defender-se não é a aliena-ção tout court mas a constituição de direitos reais menores ou deri-vados, mantendo a propriedade na esfera jurídica do Município como se refere na parte final da proposta e que só, em casos exce-

cionais, será alienada.

Configuração da venda como exce-

ção na política de gestão do patri-

mónio imobiliário municipal “consa-

grando como regra a alienação por

recurso à constituição temporária

de direitos reais, mantendo a raiz

da propriedade no Município”, pro-

movendo a alteração aos artigos 7.º

e 15.º, consagrando a venda como

exceção.

No que se refere à habitação municipal a sugestão avançada não

se afigura a mais ajustada atenta a experiência dos serviços mu-

nicipais competentes com experiência feita nesta matéria desde

2008, data em que foi criado o Núcleo de Alienação de Imóveis

Municipais, quando referem que “ na generalidade das situações,

é possível determinar que o candidato à aquisição é acompanha-

do da legítima expetativa de aquisição plena da fração, na lógica

da sua transmissão às gerações seguintes, sendo esta uma das

principais motivações para avançar para a aquisição da proprie-

dade”.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 26

PROPOSTA

ANÁLISE

Configuração da venda como exce-

ção na política de gestão do patri-

mónio imobiliário municipal “consa-

grando como regra a alienação por

recurso à constituição temporária

de direitos reais, mantendo a raiz

da propriedade no Município”, pro-

movendo a alteração aos artigos 7.º

e 15.º, consagrando a venda como

exceção.

Como poderá verificar-se infra no ponto 6.2 relativo aos contribu-

tos internos e orgânicos, a experiência revela “que a grande mai-

oria destes candidatos não poderia aventar a possibilidade de

aquisição se estivesse no mercado normal de compra e venda de

habitação, pelo que está a lançar mão das suas economias, mui-

tas vezes de uma vida inteira, para realizar o sonho legítimo de

adquirir a propriedade da casa onde habita”.

No que se refere à política de gestão do património imobiliário

municipal é importante salientar que o Município, no exercício

das suas atividades, se encontra balizado por um feixe de atribui-

ções e competências legais.

Neste feixe de competências encontramos de forma expressa a

“administração do domínio público” e a possibilidade de adquirir,

onerar e alienar património no que se refere ao domínio privado,

prevendo-se até como procedimento o recurso à hasta pública.

Por conseguinte, a lei das autarquias locais limita a atuação mu-

nicipal à “administração” do património do domínio público que,

por força diplomas específicos é também indisponível (inaliená-

vel, impenhorável, imprescritível).

No que se refere ao domínio privado, os únicos segmentos de

competência evidenciados no diploma apontam no sentido, preci-

samente, da disponibilidade através da oneração e alienação. A

análise sistemática de outros diplomas legais, nomeadamente o

regime financeiro das autarquias locais consagra a autonomia fi-

nanceira que, entre outros poderes, aponta no sentido da “gestão

do património”. No caso de existir “plano de saneamento” vai até

mais longe no sentido de tal plano incluir maximização de recei-

tas contemplando, entre outras medidas, as operações de aliena-

ção de património. Para além destes aspetos legalmente supor-

tados, oferece-se como incontornável o princípio da “boa admi-

nistração” que obriga a administração pública, maxime autár-

quica, a pautar-se por critérios de eficiência e economicidade,

não existindo suporte legal que sustente ou aponte no sentido da

municipalização” da propriedade dos bens do seu domínio priva-

do em detrimento de objetivos de boa gestão pública e expres-

samente previstos.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 27

PROPOSTA ANÁLISE

Configuração da venda como exce-

ção na política de gestão do patri-

mónio imobiliário municipal “consa-

grando como regra a alienação por

recurso à constituição temporária

de direitos reais, mantendo a raiz

da propriedade no Município”, pro-

movendo a alteração aos artigos 7.º

e 15.º, consagrando a venda como

exceção.

De resto, a proposta contraria até a posição do proponente face à redação que sugere para a alínea j) do artigo 15.º no que se refe-re à afetação de porquanto não havendo alienações, ou havendo apenas em situações excecionais, dificilmente haverá receitas para as finalidades indicadas na disposição.

Por fim, sempre se acrescentará que, assim como os particulares são chamados a executar os planos urbanísticos, nada impede que os particulares sejam chamados através da aquisição de pa-trimónio desnecessário a contribuir para a recuperação, reabilita-ção urbana e para a criação de emprego dinamizando a econo-mia local. CONCLUSÃO: I) A constituição de direito de uso e habitação com a manuten-

ção da propriedade por parte do Município, não se afigura apelativa, não encontrando recetividade junto dos candidatos à habitação municipal, tornando, comparativamente, mais vantajoso o arrendamento, porquanto exonera o arrendatário da responsabilidade das obras relativas ao edificado recaindo esse ónus sobre o erário público;

II) A alienação para além de ir ao encontro da vontade dos can-didatos que, de outra forma, não teriam possibilidade de ace-der à propriedade da habitação tendo em conta os respetivos rendimentos, promove a boa gestão dos recursos públicos exonerando o Município dos encargos inerentes à manuten-ção e conservação do imóvel alienado;

III) Nada obstante, nada impede adição de norma que preveja ou

reproduza essa hipótese que aliás resulta da lei e que consis-te na constituição temporária de direitos reais condensando no regulamento todas as possibilidades jurídicas, acolhendo-se, nesta parte, a proposta avançada, sem vincular os órgãos municipais ao recurso à figura em detrimento da gestão atra-vés de outros direitos reais que se mostrem mais ajustados à prossecução do interesse público municipal.

Consagração de maioria qualificada

de 2/3 dos membros do órgão

competente para a “opção pela

venda” (artigos 18.º e 19.º).

O quórum deliberativo por maioria qualificada encontra-se ex-pressamente previsto na Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na sua redação atual. Consequentemente, desaconselha-se, juridi-camente, a previsão de “maiorias qualificadas” nos casos não previstos expressamente na Lei.

CONCLUSÃO: Desaconselha-se o proposto por desrespeito à hierar-quia de normas e dever de subordinação do regulamento à Lei.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 28

PROPOSTA ANÁLISE

Estabelecimento do “regime regra para a constituição de direito de uso e habitação” no âmbito da alienação di-reta do património municipal ocupado para habitação (artigos 103.º, 104.º, 106.º e aditamento do artigo 103.º A)

Reitera-se sobre esta proposta a análise contida no ponto 1 desta

análise que é a seguinte:

No que se refere à habitação municipal a sugestão avançada não se afigura a mais ajustada atenta a experiência dos serviços municipais competentes com experiência feita nesta matéria des-de 2008, data em que foi criado o Núcleo de Alienação de Imó-veis Municipais, quando referem que “ na generalidade das situa-ções, é possível determinar que o candidato à aquisição é acom-panhado da legítima expetativa de aquisição plena da fração, na lógica da sua transmissão às gerações seguintes, sendo esta uma das principais motivações para avançar para a aquisição da propriedade”.

Como poderá verificar-se infra no ponto 6.2 relativo aos contri-butos internos e orgânicos, a experiência revela “que a grande maioria destes candidatos não poderia aventar a possibilidade de aquisição se estivesse no mercado normal de compra e venda de habitação, pelo que está a lançar mão das suas economias, mui-tas vezes de uma vida inteira, para realizar o sonho legítimo de adquirir a propriedade da casa onde habita”.

CONCLUSÃO:

a) A constituição de direito de uso e habitação, com a manu-tenção do direito de propriedade na esfera jurídica do Mu-nicípio, não se afigura apelativa, não encontrando recetivi-dade junto dos candidatos à habitação municipal, tornan-do, comparativamente, mais vantajoso o arrendamento, porquanto exonera o arrendatário da responsabilidade das obras relativas ao edificado recaindo esse ónus sobre o erário público;

b) A alienação para além de ir ao encontro da vontade dos candidatos que, de outra forma, não teriam possibilidade de aceder à propriedade da habitação tendo em conta os respetivos rendimentos, promove a boa gestão dos recur-sos públicos exonerando o Município dos encargos ineren-tes à manutenção e conservação do imóvel alienado.

c) Nada obstante, nada impede adição de norma que preveja ou reproduza essa hipótese que aliás resulta da lei e que consiste na constituição temporária de direitos reais con-densando no regulamento todas as possibilidades jurídi-cas, acolhendo-se, nesta parte, a proposta avançada, sem vincular os órgãos municipais ao recurso à figura em de-trimento da gestão através de outros direitos reais que se mostrem mais ajustados à prossecução do interesse públi-co municipal

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 29

PROPOSTA ANÁLISE

Limitação da possibilidade de renova-

ção do direito de superfície e elimina-

ção do regime especial de venda da

propriedade plena nas situações em

que se constituiu o direito de superfície

(artigo 120.º).

O direito de superfície previsto na disposição já se encontra

limitado com um prazo mínimo e máximo (20 e 75 anos, respe-tivamente). Contudo, não se vê nenhuma razão de interesse público que impeça, antes pelo contrário, que a renovação se faça por períodos mais curtos (10 anos) limitando dessa forma o direito de superfície, caso não haja oposição escrita de ne-nhuma das partes e desde que o Município de Lisboa não ne-cessite da parcela ou dos prédios nela edificados para obras de renovação urbana ou outro fim de interesse público.

Relativamente à interdição da possibilidade de alienar o imóvel ao superficiário como previsto no n.º 3 do artigo 120.º proce-dem, nesta matéria, as mesmas razões que afastam o regime-regra da disponibilidade (alienação) sugerido pelo interessado. Efetivamente, se a realização da boa gestão e valorização dos recursos públicos se demonstrar em concreto mais ajustada através da alienação do património, não se afigura adequado onerar o erário municipal com custos desnecessários para man-ter o imóvel na sua esfera jurídica.

CONCLUSÃO:

a) Não se encontra qualquer objeção, muito pelo contrário, que impeça a limitação da renovação do direito de superfí-cie, nomeadamente através do encurtamento do prazo de renovação ao invés da renovação automática pelo limite mínimo, máximo ou outro, dentro daqueles limites, que te-nha sido contratualizado. Consequentemente, deverá nes-ta parte acolher-se a proposta sugerida alterando parcial-mente o artigo 120.º n.º 1.

b) Não se encontra qualquer razão que impeça a alienação da propriedade ao superficiário desde que os objetivos de valorização e de boa gestão dos recursos públicos assim o exijam pelo que deve manter-se o disposto no n.º 3 do ar-tigo 120.º

Aumento do percentual da receita prevista na alínea d) e e) do n.º 2 do artigo 4.º do Fundo Municipal de Sus-tentabilidade Ambiental e Urbanística de Lisboa.

A atual redação da disposição não impede o aumento do per-

centual da receita. O que se salvaguarda na disposição é um valor mínimo de receita que tem de ser observado, nada impe-dindo que esse valor possa ser aumentado por deliberação municipal.

CONCLUSÃO: A redação da disposição não impede o aumento do percentual da receita como foi sugerido pelo que não se afigura necessário alterar a sua redação para alcançar o objetivo proposto.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 30

PROPOSTA ANÁLISE

Inclusão obrigatória de “ativos imobiliá-

rios que estejam a ser utilizados ou se-

jam passíveis de ser utilizados na

prossecução de uma política de aces-

so ao direito à habitação, assegurando

a capacidade de alojamento projetado

para 10% da média da população da

Cidade nos últimos 3 recenseamentos

gerais da população”.

Trata-se de uma proposta de natureza essencialmente política cuja concretização naquele percentual ou noutro, porventura, mais ou menos generoso, poderá ser definida por deliberação municipal subsumível a várias disposições regulamentares inclu-indo os próprios Pilares Estratégicos da Gestão Patrimonial no domínio da prossecução dos programas setoriais de habitação ao abrigo do disposto no artigo 15.º alínea d), 2.ª parte, ficando os respetivos imóveis abrangidos pelo disposto no artigo 27.º n.º 3 alínea b) do regulamento.

A fixação desta regra, com percentual definido, condicionaria a elaboração dos programas políticos sobre a habitação e os res-petivos mandatos que teriam de alterar o regulamento sempre que quisessem promover políticas de habitação distintas colo-cando desde logo em causa a estabilidade e segurança jurídica do documento.

Registo da informação sobre as pre-tensões de aquisição, utilização ou ou-tras de carácter urbanístico por parte dos particulares relativamente a Patri-mónio Imobiliário do Município.

Trata-se de um contributo relevante do ponto de vista da transparência do procedimento mas discordamos da sua in-serção sistemática por aditamento ao artigo 17.º que versa sobre as “Finalidades da Inventariação e Cadastro”. Assim, optámos por aditar a previsão ao artigo 22.º que regula o “Dever de comunicação e de consulta prévia dos outros serviços municipais” concretamente no seu n.º 3.

A importância do contributo justificou ainda a criação de uma disposição específica sobre esta matéria por forma a ser criado um registo de dados como passa a prever-se no Título V (Disposições finais e Transitórias).

Dever de comunicação à DMGP por parte dos serviços responsáveis pelo controlo prévio das operações urbanís-ticas das áreas de cedência para o domínio público e privado e respetiva finalidade no âmbito da emissão de al-varás de loteamento e operações de impacte semelhante bem como pedi-dos de informação prévia que recaiam sobre bens integrantes do património imobiliário do Município.

Reitera-se sobre esta proposta o vertido no ponto que antecede porquanto se trata de matéria que incluímos no artigo 22.º, sem prejuízo da previsão de registo de dados em disposição especí-fica transitória.

Consagração do direito de uso e habi-tação a favor dos “habitantes habitaci-onais” de prédios da propriedade do Município de Lisboa destinado exclusi-vamente à “habitação” dos usuários

Reiteram-se, neste ponto, as considerações efetuadas na pri-meira proposta que prefere a constituição temporária de direitos reais em detrimento da transmissão da propriedade aos habi-tantes de imóveis municipais.

Como tivemos ocasião de sustentar, com base no saber e ex-periência dos serviços municipais competentes, trata-se de uma solução sem futuro e que não se afigura apelativa junto dos po-tenciais interessados que não têm outra hipótese por falta de recursos para adquirir habitação senão através da forma atual-mente prevista. Durante o pagamento, o Município mantém a reserva da propriedade e só depois é que se efetua a transmis-são da propriedade plena.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 31

PROPOSTA ANÁLISE

Consagração do direito de uso e habi-

tação a favor dos “habitantes habitaci-onais” de prédios da propriedade do Município de Lisboa destinado exclusi-vamente à “habitação” dos usuários

Acresce que do ponto de vista da valorização e da boa gestão dos recursos públicos a manutenção deste edificado na esfera jurídica do Município onera o erário público que continuará na qualidade de proprietário a ser responsável pela sua manuten-ção e conservação.

Contudo, o disposto anteriormente não impede a adição no regulamento da possibilidade de poder recorrer-se à constitui-ção de direito de uso e habitação, embora esta possibilidade já decorra da lei, nos casos em que, ponderados os aspetos vin-dos de referir, tal hipótese se venha, porventura, a revelar ajus-tada por deliberação municipal.

Por conseguinte foi consagrada expressamente a possibilidade do direito de uso e habitação e respetivos requisitos como pro-posto a par da alienação já prevista

Renovação automática do direito de

superfície, por períodos de 10 anos, caso nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita com a ante-cedência mínima de 1 ano antes do termo bem como a possibilidade de antecipação do término do direito de superfície mediante o pagamento de compensação ao superficiário de acor-do com a fórmula de cálculo do valor do direito, sem prejuízo da extinção nos termos do artigo 1536.º do CC, in-cumprimento ou verificação da condi-ção resolutiva.

Considera-se conveniente e prudente a sugestão prevista pelo que se reitera nesta parte a análise efetuada supra sobre a limi-tação ao direito de superfície pela previsão de renovação do prazo por períodos de 10 anos ao invés da renovação automá-tica pelo prazo contratualizado desde que observado o limite máximo e mínimo estipulado de 25 e 75 anos respetivamente.

Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas neste âmbito procurámos aperfeiçoar a redação de

algumas disposições, acolhemos as alterações propostas em várias disposições (cf. sublinhado a cor

verde) e mantivemos a redação de outras, com base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos se-

guintes:

Artigo 7.º

(Princípio da Equidade Intergeracional

1- O princípio da equidade na administração imobiliária visa a distribuição ponderada e paritária

dos benefícios e encargos intergeracionais, incluindo a repartição planeada e equitativa no tem-

po dos custos de manutenção, conservação e de beneficiação e a perspetiva de evolução do

mercado imobiliário permitindo o desenvolvimento futuro das políticas municipais de intervenção

nos solos e no mercado fundiário de forma responsável e paritária.

2- Para efeito do disposto no número anterior, as decisões municipais relativas à alienação, onera-

ção, aquisição e à escolha das formas de administração imobiliária devem atender à distribuição

de benefícios e custos entre gerações de modo a que os encargos presentes não comprometam

as gerações futuras, salvaguardando as suas legítimas expetativas através de uma ponderação

e distribuição equilibrada dos custos preservando a intervenção estratégica do Município na

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 32

construção de uma cidade sustentável que garanta a qualidade de vida urbana, o direito à habi-

tação e à sua fruição.

3- (…)

a) (…);

b) A perspetivação ou previsível (…);

c) A perspetivação ou previsível (…);

Artigo 13.º

(…)

Artigo 14.º

(Princípio do controlo e da racionalidade patrimonial)

1- Os serviços municipais competentes devem organizar e manter atualizados, relativamente a ca-

da imóvel, todos os elementos informativos, para aferir a boa administração, eficiência, econo-

mia, eficácia e transparência da gestão do património imobiliário do Município de Lisboa, desig-

nadamente:

a) Natureza, valor e utilização dos bens imóveis;

b) Valor do custo de aquisição, administração e respetiva utilização;

c) As manifestações de interesse de privados, seja por via de interpelação ou propostas de

negócio jurídico, seja por via de pedidos relativos a pretensões urbanísticas.

2- (…).

Artigo 15.º

(Pilares Estratégicos da Gestão Patrimonial)

1- (…).

a) (…).

b) (…).

c) (…) tendo em conta a necessidade de manter uma reserva que salvaguarde a capacidade

do Município para a médio e longo prazo prosseguir as suas políticas setoriais e manter

uma efetiva capacidade de intervenção na regulação do mercado, por via direta ou indireta.

d) O acervo patrimonial a preservar neste domínio deverá ser apto para prevenir efeitos espe-

culativos (…).

e) (…).

f) (…).

g) (…)

h) (…).

i) (…).

j) (…)

k) (…)

2-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 33

Artigo 18.º

(Assembleia Municipal)

(…)

Artigo 19.º

(Câmara Municipal)

(…)

Artigo 22.º

(Dever de comunicação e de consulta prévia dos outros serviços municipais)

1- (…);

2- (…);

3- Os serviços responsáveis pelo controlo prévio das operações urbanísticas, nomeadamente lote-

amentos e operações com impacte semelhante, deverão, obrigatoriamente, comunicar à Direção

Municipal de Gestão Patrimonial, a emissão de todos os alvarás, respetivas áreas de cedência

para domínio público ou privado e respetiva finalidade bem como de todos os pedidos de infor-

mação prévia que incidam sobre bens integrantes do Património Imobiliário do Município.

4- (…);

5- (…);

6- (…);

7- (…):

8- (…):

9- (…).

Artigo 28.º (Reserva Imobiliária)

1- A reserva imobiliária integra o regime de gestão condicionada nos termos do n.º 2 o artigo 27.º

sendo constituída pelos imóveis seguintes:

a) Terrenos de que o Município não possa dispor livremente em razão dos usos a que estejam

vinculados por força de cedências obrigatórias feitas por particulares no âmbito de opera-

ções urbanísticas, nos termos do RJUE para implantação de espaços verdes, equipamentos

de utilização coletiva e infraestruturas;

b) Imóveis que tenham vindo à propriedade municipal em resultado de compensação em es-

pécie legalmente admissível e cujos usos estejam igualmente vinculados à operação urba-

nística de que emergem;

c) Imóveis que tenham ingressado no património municipal em consequência de ato expropria-

tivo do qual decorra o uso subordinado à finalidade pública que a fundamentou;

d) Terrenos que ingressem no património municipal por força de negócio jurídico, a título gra-

tuito ou oneroso, que os vincule ao cumprimento de determinada finalidade ou prazo quando

exista.

e) Terrenos que integrem a estrutura ecológica municipal.

2- Sem prejuízo do disposto no número 1, a reserva imobiliária pode ainda decorrer de deliberação

dos órgãos municiais competentes integrando os ativos imobiliários que, pela sua natureza, di-

mensão, localização ou importância estratégica devam ser preservados para a realização de fu-

turas intervenções municipais, designadamente:

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 34

a) Obras de regeneração urbana,

b) Renovação de infraestruturas;

c) Novos equipamentos públicos ou melhoria de acessibilidade ao transporte público.

3- Para efeito do disposto no número anterior, a reserva imobiliária integra ainda os terrenos muni-

cipais com área superior a 3 hectares ou aqueles que, independentemente da sua área, inte-

grem zonas a consolidar com área superior a 5 hectares, salvo deliberação em contrário do ór-

gão deliberativo

4- A integração de ativos previstos no n.º 2 e n.º 3 em regime de reserva imobiliária não impede a

sua valorização, nem a afetação a usos temporários compatíveis que possam ser aptos à sua

gestão eficaz, desde que tal não comprometa a função que, originariamente, lhe foi atribuída

mediante autorização do Presidente da Câmara.

5- A afetação ou subtração de ativos municipais ao regime de reserva imobiliária resulta de delibe-

ração do órgão deliberativo, sob proposta do órgão executivo devidamente fundamentada.

Artigo 103.º (Alienação direta ou constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)

1- Os imóveis habitacionais ocupados podem ser diretamente alienados ou ser objeto de constitui-

ção do direito de uso e habitação nos termos do Código Civil para habitação própria e perma-

nente dos seus adquirentes ou para gozo do direito de uso e habitação por parte dos seus usuá-

rios.

2- A opção municipal pela constituição do direito de uso e habitação ou pela alienação dos imóveis

habitacionais ocupados será condicionada ao princípio da boa administração, ao número de inte-

ressados em imóveis municipais ou à ponderação e perspetivação dos custos e encargos relati-

vos à sua manutenção e conservação para o erário municipal versus procura pelo direito de uso

e habitação em detrimento da aquisição da propriedade.

3- O pagamento do preço de compra dos imóveis ou de constituição de uso e habitação em bairros

municipais pode ser feito em prestações.

4- No caso de alienação será registada reserva de propriedade a favor do Município de Lisboa que

vigorará até ao integral pagamento do preço.

5- Sem prejuízo do disposto no 109.º, com o pagamento integral do preço na data da celebração do

contrato de compra e venda ou com a última prestação, nos casos previstos no artigo 107.º em

que é admitido o pagamento em prestações com reserva de propriedade, o Município de Lisboa

transmite a propriedade plena do imóvel para o respetivo adquirente.

Artigo 103.º-A (Constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)

1- A constituição de direito de uso e habitação em favor dos ocupantes habitacionais de prédios da

propriedade do Município de Lisboa será constituída a favor, no máximo, de 3 dos ocupantes da

fração ou prédio à data do pedido que passarão a ser havidos como usuários.

2- O imóvel destina-se exclusivamente à habitação dos usuários e respetiva família.

3- Na família dos usuários compreendem-se apenas o cônjuge, não separado judicialmente de

pessoas e bens, as pessoas que com eles vivam em união de facto, os filhos, outros parentes a

quem sejam devidos alimentos.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 35

4- O usuário e o morador usuário não podem trespassar ou locar o seu direito, nem onerá-lo por

qualquer modo.

5- Ficam a cargo dos usuários as reparações ordinárias, as despesas de administração e os impos-

tos e encargos anuais como se fossem usufrutuários, nos termos do código civil.

6- O direito de uso e habitação extingue-se:

a) Pela morte do último usuário;

b) Pelo incumprimento reiterado do disposto no n.º 2;

c) Pelo incumprimento do disposto no n.º 4.

7- O disposto no número anterior não é aplicável quando sobreviverem aos usuários filhos menores

ou parentes a quem por estes sejam devidos alimentos fixados por acordo ou judicialmente, pro-

longando-se o direito de uso e habitação em favor exclusivo destes, até que deixem de ser ne-

cessários comprovadamente os alimentos.

8- O título constitutivo do direito de uso e habitação contemplará as condições previstas no presen-

te artigo, aplicando-se no que não estiver especialmente estabelecido o disposto no artigo 1485.º

do Código Civil.

Artigo 104.º (Adquirentes de imóveis habitacionais)

1- Cada imóvel será alienado ou onerado pela via de constituição do direito de uso e habitação pela

seguinte ordem de preferência:

(…) Artigo 106.º

(Determinação do preço)

1- O preço de alienação de fração ou prédio habitacional é determinado pela fórmula que resulta dos artigos 38.º a 46.º, do Código de Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro, com aplicação de um Fator de Utilização Habitacional estabeleci-do no número seguinte, com arredondamento para a dezena de euros imediatamente superior:

( )

Em que:

Pv = Preço de venda.

Vc= Valor base dos prédios edificados.

A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação.

Ca = Coeficiente de afetação.

Cl= Coeficiente de localização.

Cq = Coeficiente de qualidade e conforto.

Cv = Coeficiente de vetustez.

Ki = Factor de utilização habitacional.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 36

2- O factor de utilização habitacional corresponde a uma redução pelo número total de anos de ocupa-

ção, conforme a tabela seguinte:

Anos Fator

Menos de 10 anos 0,85

Entre 11 e 20 anos 0,80

Entre 21 a 30 anos 0,75

Entre 31 e 40 anos 0,70

Mais de 40 anos 0,65

3- O preço de venda de fogos construídos ao abrigo de Programas de Financiamento ou outra legisla-ção especial, corresponderá ao valor máximo que resultar da respetiva legislação, salvo se da apli-cação da fórmula prevista nos números anteriores resultar preço inferior.

4- O preço é apurado no ano do despacho favorável de venda.

5- O candidato que exercer a opção pelo pronto pagamento do preço na data da celebração do contrato de compra e venda pode solicitar ao Município de Lisboa autorização para promover o registo provi-sório, por natureza, de aquisição e de hipoteca, para efeitos de contratação de financiamento bancá-rio à aquisição.

6- O preço de constituição de direito de uso e habitação sobre a fração ou prédio habitacional é deter-minado pela fórmula prevista no n.º 1 com as especificidades previstas nos números seguintes.

7- O fator idade média dos adquirentes do direito de uso e habitação corresponde a uma redução em função da idade média dos beneficiários, conforme a tabela seguinte:

Idade média dos beneficiários Fator

De 20 a 30 anos 0,7

De 30 a 40 anos 0,6

De 40 a 50 anos 0,5

De 50 a 60 anos 0,4

Mais de 60 anos 0,3

8- O preço de venda de fração ou prédio habitacional é determinado pela fórmula que resulta dos arti-gos 38.º a 46.º do Código do imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), aprovado pelo Decreto-n.º 287/2003, de 12 de novembro, com a aplicação de um Factor de Utilização Habitacional estabelecido no número seguinte, com arredondamento para a dezena de euros imediatamente superior:

( )

Em que:

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 37

Pv = Preço de venda.

Vc= Valor base dos prédios edificados.

A = Área bruta de construção mais a área excedente à área de implantação.

Ca = Coeficiente de afetação.

Cl= Coeficiente de localização.

Cq = Coeficiente de qualidade e conforto.

Cv = Coeficiente de vetustez.

Ki = Factor de utilização habitacional.

9- O factor de utilização habitacional corresponde a uma redução pelo número total de anos de ocupa-

ção, conforme a tabela seguinte:

Anos Fator

Menos de 10 anos 0,85

Entre 11 e 20 anos 0,80

Entre 21 a 30 anos 0,75

Entre 31 e 40 anos 0,70

Mais de 40 anos 0,65

10- O preço de venda de fogos construídos ao abrigo de Programas de Financiamento ou outra legisla-ção especial, corresponderá ao valor máximo que resultar da respetiva legislação, salvo se da apli-cação da fórmula prevista nos números anteriores resultar preço inferior.

11- O preço é apurado no ano do despacho autorizador da constituição do direito.

12- O candidato que exercer a opção pelo pronto pagamento do preço na data da celebração do contrato de compra e venda pode solicitar ao Município de Lisboa autorização para promover o registo provi-sório, por natureza, de aquisição e de hipoteca, para efeitos de contratação de financiamento bancá-rio à aquisição.

Artigo 120.º (Prazo do direito de superfície)

1- O prazo de constituição do direito de superfície é fixado na deliberação do competente órgão

municipal, com um prazo mínimo de 20 anos e máximo de 75 anos, renovando-se automatica-

mente por períodos de 10 anos, caso nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita

com a antecedência mínima de 1 ano, desde que o Município de Lisboa não necessite da parce-

la ou dos prédios nela edificados para obras de renovação urbana ou outro fim de interesse pú-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 38

blico.

2- (…)

3- Decorrido que esteja metade do prazo do direito de superfície, poderá o superficiário requerer ao

Município a aquisição da propriedade plena fundamentando a sua pretensão.

4- O Município ponderará os fundamentos do pedido de acordo com o interesse público municipal e

de acordo com os princípios da boa gestão pautado pelos critérios de economia e racionalidade

económica, e caso o superficiário esteja na situação prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 122.º

do presente regulamento e caso o pedido seja aceite, o preço devido será apurado pela aplica-

ção da seguinte fórmula:

5- (…)

6- (…)

7- (…)

8- (…)

9- (…)

Artigo 193.º (Ficha de Inventário)

A ficha de inventário tem como objetivo a identificação de cada bem imóvel desde a sua aquisição

até ao abate, inscrevendo-se nela toda a informação relevante para a caracterização do bem, tendo

em conta a sua origem e relações económico-financeiras que lhes estão associadas eventuais alte-

rações e outros fatores patrimoniais que ocorram ao longo da vida útil, bem como as manifestações

de interesses privados na aquisição ou utilização bem e deve constar em suporte informático.

6.2- Ponderação dos contributos orgânicos e internos

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL

PROPOSTA ANÁLISE

Alteração do artigo 110.º n.º 4 no sen-tido de permitir que, em casos devida-mente justificados e comprovados por atestado médico de incapacidade de multiuso de percentual igual ou superi-or a 50% comprovadamente superve-niente à data da aquisição possa can-celar-se ou extinguir-se o ónus de ina-lienabilidade antes de discorrido o pra-zo de 10 anos

A atual redação apenas permite o cancelamento do ónus de inalienabilidade para além do decurso do prazo (10 anos), nos casos de morte ou invalidez permanente e absoluta do adqui-rente ou outras situações devidamente justificadas ficando, nes-te caso, sujeito ao pagamento de uma compensação corres-pondente à diferença entre o valor de venda pelo Município e a primeira alienação a terceiros que até ao ano 5.º será de 95%;

Sucede que a atribuição de incapacidade igual ou superior a 50% já compromete a inserção no mercado de trabalho e a au-tonomia da própria pessoa, sendo excessivo nestas situações, impor-lhes o ónus de inalienabilidade durante 10 anos ou sujei-tá-los à compensação referida, quando elas próprias deixam de ter possibilidade auferir os rendimentos necessários ou até de poder continuar a habitar no imóvel por carecerem de apoio de terceiras pessoas. Situações destas, supervenientes à aquisi-ção, não são raras mas merecem tutela desde que devidamen-te comprovadas.

Por conseguinte, procedeu-se à alteração do n.º 4 do artigo 110.º relativo ao ónus de inalienabilidade e introduziu-se altera-ção ao artigo 111.º, acrescentando o n.º 2

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 39

PROPOSTA ANÁLISE

Retirar a expressão “preferencial” das hastas públicas

Apesar de não haver rigidez legal que imponha aos Municípios a realização da hasta pública para a realização dos negócios ju-rídicos sejam de alienação ou de oneração do património, o re-gulamento consagrou o recurso à hasta pública como regime regra. Consequentemente justifica-se, plenamente, a ablação da expressão preferencial das respetivas disposições (Cf. artigo 34.º n.º 4, 66.º, 96.º, 129.º todos do projeto).

Densificação das formas de cooperação com a administração central (Cf. Artigo 210.º)

A gestão do património imobiliário público reclama uma incon-tornável relação institucional entre o Estado e o Município, quer no âmbito da identificação e regularização patrimonial, quer no âmbito do alcance das soluções patrimoniais conjuntas mais ajustadas à prossecução das respetivas atribuições. As refor-mas legislativas em curso contemplam várias medidas sendo de destacar, pela sua importância, o recente regime jurídico ex-traordinário de registo e de regularização jurídico-registral, quer o projeto de aproveitamento do património imobiliário público que regula precisamente o “Programa de Cooperação entre o Estado e as Autarquias Locais”.

O Município de Lisboa e o Estado têm prosseguido com êxito programas de colaboração entre si permitido uma melhor ges-tão do património imobiliário público através de protocolos e ou-tros instrumentos.

Por conseguinte, justifica-se a introdução de disposição norma-tiva dedicada às formas de colaboração e de cooperação entre o Estado e o Município do domínio do património imobiliário.

Prever a cessação das cedências de utilização precárias não habitacionais sempre que o montante da dívida atin-ja determinado valor da renda anual para além dos procedimentos jurídicos adequados (Cf. Artigo. 205.º)

Trata-se de cedências ou ocupações precárias ainda que one-rosas que justificam, por imperativo de boa gestão, a inclusão no contrato de cláusula que preveja a cessação imediata da ocupação sempre que o percentual anual em dívida seja igual ou superior a 75%, sem prejuízo dos demais procedimentos ju-rídicos necessários à concretização da cobrança.

Alargamento do prazo de publicitação das hastas públicas sempre os bens imóveis a alienar tenham sido objeto de pedido de informação prévia eficaz e favorável ou até mesmo desfavorável ou ineficaz (Cf. Artigo 151.º)

O particular que possui um pedido de informação prévia válido e favorável está numa posição de vantagem face aos demais interessados no imóvel e mesmo que o pedido seja desfavorá-vel também existe um conhecimento mais aprofundado sobre as condicionantes respetivas;

Consequentemente deverá alargar-se o prazo da divulgação da hasta pública para garantir paridade e concorrência efetiva no ato público da hasta e permitir a licitação entre vários concor-rentes.

Prever a possibilidade de recurso à mediação imobiliária mediante proce-dimento prévio de contratação pública por prévia qualificação, em caso de deserção reiterada da hasta, acrescido de percentual a favor do Município so-bre o valor da venda que exceder o preço base (Cf. Artigo 172.º-A)

Na hipótese do imóvel não ser necessário à prossecução de

atribuições que justifiquem a sua integração no regime da ges-tão condicionada e não preencha os requisitos necessários pa-ra inclusão na reserva imobiliária, não se justifica insistir na rea-lização de hastas que vão ficando, sucessivamente, desertas, nem se justifica manter o imóvel na esfera do Município one-rando o erário municipal.

Nestas situações, é defensável recorrer ao mercado através dos procedimentos de contratação pública adjudicando a alie-nação do imóvel a serviços especializados.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 40

PROPOSTA ANÁLISE

Prever a possibilidade de afetação de parcelas do domínio privado para abastecimento de combustíveis líqui-dos em vez de restringir a hipótese à concessão do domínio público (Cf. Ar-tigo 116.º)

Justifica-se que o Município também possa dispor do seu do-mínio privado para instalação de bombas de abastecimento através de hasta de oneração ou até de alienação ao invés de circunscrever a hipótese a concurso de concessão sobre o do-mínio público.

Em rigor faz até mais sentido que tais instalações ocorram no domínio privado atenta o valor do domínio público que merece classificação legal.

Previsão de questão prejudicial à apreciação do requerimento do exercí-cio de direito de preferência sempre que o mesmo pedido, deduzido pelos mesmos requerentes tenha sido apre-ciado e decidido pelo Município atra-vés da plataforma “Casa Pronta” (Cf. Artigo 88.º)

Trata-se de medida de celeridade procedimental e de boa ges-tão de recursos prevenindo a duplicação de processos, com os mesmos intervenientes e o mesmo objeto.

Efetivamente, se o requerente já deduziu o pedido junta da Casa Pronta e se o Município já se pronunciou, informando se exerce ou não a preferência, não existe qualquer dever de de-cisão nos termos do artigo 13.º n.º 2 do Código do Procedimen-to Administrativo. Estamos claramente diante uma questão pre-judicial que obsta ao desenvolvimento do procedimento admi-nistrativo e que acresce ao elenco exemplificativo contido no ar-tigo 109.º daquele mesmo Código.

Expurgar do artigo 149.º a referência à hora de entrega da candidatura dei-xando essa condição para o programa de candidatura.

Justifica-se esta ablação trata-se de uma referência de proce-dimento a incluir no programa em cada programa de candidatu-ra à hasta.

Permitir que a adjudicação definitiva prevista no artigo 155.º n.º 1 possa ser decidida por despacho do Vereador do Pelouro

O Presidente da Câmara poderá delegar essa competência no Vereador do Pelouro.

Substituir a referência a “escritura” mencionada no artigo 172.º n.º 3 por “contrato”

Trata-se de contrato pelo que deve operar-se a substituição.

Introdução de cláusula de direito de resolução, por razões de interesse pú-blico com reversão automática da pro-priedade plena ao Município mediante ressarcimento ao superficiário nos termos do regulamento (Cf. artigo 120.º)

Trata-se de uma cláusula de salvaguarda por razões de inte-resse público à semelhança do resgate em matéria de conces-são. Parece inequívoca a bondade desta disposição. O interes-se particular na manutenção do contrato não pode sobrepor-se ao interesse público na sua extinção, sem prejuízo do dever de indemnização ao superficiário.

Completar a redação quanto aos fundamentos da alienação

Levar a registo predial todos os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus e encargos registados, designadamente a cláusula de rever-são dos direitos de superfície;

Levar a registo a renúncia à indemni-zação, em caso de eventual expropria-ção, pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imóveis abran-gidos por planos de melhoramento municipais.

Não obstante, tais factos serem subsumíveis à tipificação conti-da no artigo 2.º do Código do Registo Predial justifica-se pela sua importância a previsão. Assim, deverá alterar-se a epígrafe do artigo 119.º(“Registo de Propriedade” para “Registo Predi-al”), introduzindo nela as situações seguintes:

A cláusula de reversão do direito de superfície e demais factos que importem a extinção de direitos, ónus e encargos regista-dos devem ser levados a registo para salvaguarda eficácia di-ante terceiros nos termos da alínea z) do artigo 2.º do Código do Registo Predial;

A renúncia à indemnização, em caso de eventual expropriação pelo aumento do valor resultante de obras realizadas em imó-veis abrangidos por planos de melhoramento municipais nos termos previstos na alínea u) do n.º 1 do Código do Registo Predial.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 41

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E GESTÃO DA HABITAÇÃO

Prolongamento do prazo previsto no n.º1 do artigo 187.º de 90 para 180 di-as.

Trata-se de medida de proteção social porquanto findo o prazo para o cumprimento da obrigação pode ocorrer reavaliação so-cial que justifique novo acordo de pagamento de dívida.

Alterar a ordem do artigo 187.º (ce-dências de utilização) para 185.º (direi-to de superfície) para conformação se-quencial de acordo com o n.º 3 do arti-go 180.º

Trata-se de alteração sistemática coerente não só com a dispo-sição invocada mas também com a natureza dos direitos, colo-cando primeiro os de natureza obrigacional (arrendamen-to/cedências) e depois o de natureza real (superfície).

Abrir a possibilidade de recorrer a outro regime de gestão de imóveis ha-bitacionais para além da alienação prevista no artigo 103.º, sem prejuízo da prevalência da alienação a ocupan-tes habitacionais

Pelas razões aduzidas supra, o regime regra nesta matéria como é defendido pelo próprio Departamento de Políticas de Gestão de Habitação é o da alienação de imóveis a ocupantes habitacionais mas nada impede a previsão de outras formas de gestão, incluindo o direito de uso e habitação.

Por conseguinte, consagra-se a hipótese no artigo 103.º A.

Incluir na cláusula de exclusão da aplicação do regulamento à adminis-tração corrente dos bens do domínio público e privado municipal transferido para as empresas municipais os acor-dos de pagamento de dívida e cobran-ça coerciva

Com o devido respeito, considera-se que esta previsão já seria subsumível à previsão. Contudo e, para que não ressaltem dú-vidas, a hipótese será estipulada;

Por razões de natureza sistemática, será inclusa na disposição regulamentar cuja epígrafe é precisamente nos “Acordos de pagamento” (Cf. artigo 180.º)

Alterar a epígrafe do artigo 21.º para “Serviço responsável pela gestão pa-trimonial “

Pese embora a circunstância de não se justificar a sugestão, não se encontra vantagem na alteração. O regulamento deve primar pela sua clareza e, neste momento, a competência per-tence à DMGP. É claro que, nada impede que em sede de re-organização dos serviços, a unidade orgânica possa ser altera-da, mas haverá sempre um serviço responsável pelas compe-tências. Por conseguinte, não se justifica a alteração.

Assegurar a especificidade dos pro-gramas que incidam sobre património em bairros municipais e territórios de intervenção específica.

Consideramos que a gestão corrente dos imóveis em bairros municipais e territórios específicos geridos pela Gebalis é sub-sumível não só ao artigo 2.º, n.º 2 alínea f) como estão inclusos no âmbito dos imóveis em regime de gestão condicionada nos termos do artigo 27.º, n.º 2 alínea a) e n.º 3 alínea b) da mesma disposição;

Por conseguinte, considera-se dispensável a ressalva sugerida no que se refere a bairros municipais e territórios intervencio-nados por se inscreverem em programas municipais sectoriais no âmbito da habitação.

Incluir nas condições de candidatura às cedências de utilização a inexistên-cia de dívidas a qualquer empresa do setor empresarial do Município

Trata-se de medida pertinente e que será inclusa nas condições de candidatura previstas no artigo 137.º

Prever a possibilidade de atribuir sem concurso as arrecadações, garagens autónomas ou lugares de garagem pa-ra uso não comercial, desde que inte-gradas em bairros municipais e sem-pre que tal se revele a melhor solução para o interesse municipal.

Esta possibilidade parece ajustada do ponto de vista da boa gestão, devendo no entanto ser assumida como excecional.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 42

Ressalvar no âmbito da gestão de condomínios a representação da GE-BALIS nos bairros cuja gestão lhe te-nha sido transferida nos termos estatu-tários.

Trata-se de medida subsumível ao disposto no n.º 2 do artigo 2.º alínea f) mas não vemos qualquer inconveniente em intro-duzir essa ressalva na disposição dedicada à gestão de con-domínios

Incluir no artigo 212.º a revogação do artigo 2.º dos mercados retalhistas de Lisboa.

A norma revogatória incluirá a previsão como sugerido.

Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas procurámos acomodar os contributos alterando e

aperfeiçoando algumas disposições (cf. sublinhado a cor verde) e mantendo a redação de outras, com

base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos seguintes:

Artigo 110.º (…)

1. (…);

2. (…);

3. (…);

4. O Município autorizará o seu cancelamento nos casos de morte, invalidez permanente e absolu-

ta do adquirente ou incapacidade permanente global superior ou igual a 50% superveniente à

data da aquisição devidamente comprovada por atestado médico de incapacidade multiuso e

ainda noutras situações devidamente fundamentadas.

5. (…).

Artigo 111.º (…)

1- Antes de decorrido o prazo previsto no artigo anterior, a pedido do adquirente, pode a Câmara

Municipal ou o Presidente da Câmara mediante delegação da competência, suscetível de subde-

legação no respetivo vereador, autorizar o levantamento do ónus de inalienabilidade, mediante o

pagamento de uma compensação correspondente à diferença entre o valor da venda pelo Muni-

cípio e a primeira alienação a terceiros, nos termos do quadro seguinte:

(…)

2- A compensação prevista no número anterior não se aplica às situações excecionais previstas no

n.º 4 do artigo 110.º.

Artigo 34.º (…)

1. (…); 2. (…); 3. (…); 4. Todos os imóveis municipais que se encontrem em regime de execução poderão ser alienados

ou onerados através de hasta pública, ficando a escolha de outro tipo de procedimento sujeito a decisão dos órgãos municipais competentes.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 43

5. (…)

Artigo 66.º (…)

1- O direito à ocupação do domínio público municipal para os fins previstos no artigo anterior, faz-

se por concessão ou por simples licença, devendo, pelo menos, a primeira, ser atribuída através de procedimento de hasta pública, no termos do artigo 147.º e seguintes.

2- (…); 3- (…); 4- (…).

Artigo 96.º

(…)

1- (…); 2- Os imóveis do domínio privado do Município são alienados através de hasta pública, nos termos

do artigo 147.º e ss.

(…)

Artigo 129.º (…)

1- O arrendamento de imóveis municipais é realizado por hasta pública, aplicando-se os procedi-

mentos previstos nos artigos 147.º e seguintes. 2- (...)

3- (…)

ARTIGO 211º (Formas de cooperação entre o Estado e o Município)

1- Para além dos instrumentos previstos no artigo anterior, o Município poderá ainda colaborar com

o Estado em programas ou outros instrumentos específicos de aproveitamento de património imobiliário público que permitam mediante a prestação de contrapartidas específicas fixadas de acordo com o princípio da onerosidade, preparar e concretizar os procedimentos administrativos necessários à rentabilização patrimonial, incluindo a cedência de utilização temporária de imó-veis do Estado a favor o Município.

2- O Município poderá ainda aderir ou participar em programas ou outros instrumentos de gestão de património público nos termos em que a lei vier a aprovar, sem prejuízo do exercício das competências que igualmente lhe venham a ser atribuídas no âmbito da descentralização admi-nistrativa.

Artigo 205.º

(…) 1- (…); 2- (…); 3- (…); 4- As dívidas contraídas depois daquele prazo estão sujeitas ao regime geral previsto neste

regulamento, incluindo a cessação imediata da ocupação física do imóvel não habitacional sempre que o montante de dívida atinja valor igual ou superior a 75% da respetiva renda anual excecionadas as ocupações habitacionais sujeitas ao regime específico previsto no artigo 103.º e ss deste regulamento.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 44

5- O disposto no número anterior não prejudica a cobrança da dívida de acordo com a discipli-na jurídica aplicável aos respetivos contratos ou títulos de ocupação.

Artigo 151.º

(Publicitação do procedimento e realização do ato público)

1- O prazo de publicitação da hasta pública não poderá ser inferior a 30 dias úteis contados a partir da data da divulgação das peças do procedimento e a data da realização do ato público.

2- Nos casos de alienação ou oneração de imóveis que tenham sido abrangidos por pedido de in-formação prévia homologados favoravelmente, ainda que condicionadamente, nos termos do ar-tigo 14 e ss do regime jurídico de urbanização e edificação, o prazo previsto no número anterior será alargado por período nunca inferior a 50%.

3- O ato público realizar-se-á na data, hora e local, indicados no programa de concurso. 4- Só podem intervir no ato público os candidatos ou seus representantes legais que, para o efeito

estiverem devidamente legitimados, bastando, para tanto, a exibição dos respetivos cartões de cidadão ou passaportes e de procuração com poderes para o ato.

Artigo 172.º-A (Procedimento)

1- Nas situações expressamente previstas nas alíneas a) e b) do artigo anterior e, sem prejuízo do

disposto no n.º 2, a concretização do procedimento de ajuste direto nas condições estipuladas poderá realizar-se por recurso à bolsa de mediadores imobiliários, a constituir de acordo com o regime de contratação pública relativo à aquisição de serviços, tendo em vista a promoção pro-fissional e divulgação alargada nos mercados nacionais e internacionais dos imóveis integrados no regime de disponibilidade tendo em vista a boa gestão patrimonial.

2- No caso previsto no número anterior, o valor da receita proveniente da alienação, não poderá ser inferior ao “preço-base” da hasta pública após a dedução da comissão que incidirá sobre a pres-tação de serviço de mediação de acordo com as condições a estabelecer no caderno de encar-gos para efeito do procedimento de contratação pública.

3- Caso não seja possível alienar o imóvel nas condições indicadas no prazo do contrato de media-ção imobiliária, não será devida qualquer comissão em conformidade com os pressupostos a es-tabelecer no “caderno de encargos” para efeito do procedimento de contratação pública para a constituição da bolsa de mediadores imobiliários.

4- Na hipótese da promoção do imóvel efetuada pela mediação imobiliária permitir um valor de mercado superior ao valor do “preço base” fixado na hasta pública, após a dedução do valor da comissão devida pela prestação do serviço nos termos da contratação pública, poderá haver lu-gar à perceção de um prémio não superior a 2% do valor do acréscimo de acordo com as condi-ções a fixar no caderno de encargos para efeito da prestação do serviço de mediação imobiliária.

5- A bolsa de mediadores imobiliários a contratar de acordo com o regime da contratação pública a que se refere o n.º 1 deverá ter a periodicidade máxima de 3 anos.

Artigo 116.º

(Direito de Superfície)

1- (…) 2- (…); 3- (…); 4- (…) 5- 6- Com observância do procedimento concorrencial previsto no n.º 1 e 2, poderá o Município de

Lisboa constituir direito de superfície a favor de terceiros sobre o domínio privado para instalação e exploração de estação de serviços ou postos de abastecimento, sem prejuízo do disposto na Lei quanto à construção, instalação e exploração de tais equipamentos, aplicando-se, com as devidas adaptações, disciplina contida na Secção IV do capítulo II.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 45

Artigo 88.º (Aquisição sem consulta ao mercado)

1- (…); 2- (…) 3- O exercício do direito legal de preferência inscreve-se no âmbito do disposto no n.º1. 4- No âmbito do procedimento de consulta para efeito do exercício do direito legal de preferência a

decisão municipal tomada sobre a intenção de venda efetuada pelos mesmos requerentes, para o mesmo imóvel nas mesmas condições junto da Casa Pronta, exonera a reapreciação do mes-mo pedido, nas mesmas condições e circunstâncias, prejudicando eventual procedimento admi-nistrativo deduzido no mesmo momento junto do Município à margem daquela plataforma.

Artigo 149.º (Entrega do processo de candidatura)

O processo de candidatura deverá ser entregue nas horas, termos e condições fixadas no pro-grama do concurso do respetivo procedimento de hasta pública.

Artigo 155º

(Adjudicação definitiva) 1- (…) 2- (…); 3- A decisão de adjudicação definitiva prevista no n.º 1 é suscetível de subdelegação no Vereador

do Pelouro, devendo a respetiva notificação ser instruída com a minuta do contrato.

Artigo 172º (Admissibilidade)

1- (…); 2- (…); 3- No caso previsto na alínea c) do n.º 1, a celebração do contrato fica condicionada à realização

imediata das obras indispensáveis à salvaguarda das condições de segurança ou de remoção da insalubridade no prazo e condições previstas no relatório municipal que deverá fazer parte in-tegrante das condições do ajuste direto, sob pena de anulação da adjudicação, sem prejuízo da eventual responsabilidade civil por danos causados em caso de incumprimento.

Artigo 120.º (Prazo do direito de superfície)

1- O prazo de constituição do direito de superfície é fixado na deliberação do competente órgão

municipal, com um prazo mínimo de 20 anos e máximo de 75 anos, renovando-se automatica-

mente por períodos de 10 anos, caso nenhuma das partes se oponha mediante oposição escrita

com a antecedência mínima de 1 ano, desde que o Município de Lisboa não necessite da parce-

la ou dos prédios nela edificados para obras de renovação urbana ou outro fim de interesse pú-

blico.

2- (…)

3- Decorrido que esteja metade do prazo do direito de superfície, poderá o superficiário requerer ao

Município a aquisição da propriedade plena fundamentando a sua pretensão.

4- O Município ponderará os fundamentos do pedido de acordo com o interesse público municipal e

de acordo com os princípios da boa gestão pautado pelos critérios de economia e racionalidade

económica, e caso o superficiário esteja na situação prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 122.º

do presente regulamento e caso o pedido seja aceite o preço devido será apurado pela aplica-

ção da seguinte fórmula:

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 46

5- (…)

6- (…)

7- (…)

8- (…)

9- (…)

10- O prazo previsto no n.º 1 ou excecional fixado nos termos do número anterior, não prejudica o di-

reito de resolução por razões de interesse público com reversão automática da propriedade ple-

na ao Município mediante ressarcimento ao superficiário aplicando-se, com as devidas o regime

previsto, para o resgate da concessão.

Artigo 199º (Registo predial)

1- Aquisição de qualquer prédio para o domínio privado do Município está sujeita à inscrição

matricial junto da Autoridade Tributária e do Registo Predial respetivamente, nos termos da lei.

2- Sem prejuízo do disposto no número anterior, o Município prossegue o trabalho de regulari-zação de situações pré-existentes, no sentido de identificar os prédios do domínio público e privado municipal, garantindo para estes últimos o devido registo e inscrição da matriz.

3- A regularização prevista no número anterior será feita de acordo com o procedimento extra-ordinário de regularização da situação jurídico-registral dos bens do domínio privado do Mu-nicípio e através do procedimento extraordinário de registo dos bens imóveis daquele mes-mo domínio.

4- Atual n.º 3 5- Atual n.º 4 6- Nos termos e, para efeito do número que antecede, serão também levadas a registo as situ-

ações seguintes: a) Todos os factos jurídicos que importem a extinção de direitos, ónus e encargos regista-

dos, designadamente a cláusula de reversão dos direitos de superfície; b) A renúncia à indeminização, em caso de eventual expropriação, pelo aumento do valor

resultante de obras realizadas em imóveis abrangidos por planos de melhoramento municipais.

7- Atual n.º5 8- Atual n.º 6 9- Atual n.º 7 10- Atual n.º 8

Artigo 185º (Cedências de utilização)

1- Nas cedências para fins habitacionais, o incumprimento do pagamento do preço devido pela

ocupação por prazo igual ou superior a 180 dias, contados da data limite para proceder ao pa-gamento, implica a remessa das faturas para a Divisão de Execuções Fiscais para que seja ins-taurado o correspondente procedimento de execução fiscal. 2- (…) 3- (…) 4- (…) 5- (…) 6- (…) 7- (…).

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 47

Artigo 187º (Direito de superfície)

Artigo 103.º-A

(Constituição do direito de uso e habitação de imóveis habitacionais)

1- A constituição de direito de uso e habitação em favor dos ocupantes habitacionais de pré-

dios da propriedade do Município de Lisboa será constituída a favor, no máximo, de 3 dos

ocupantes da fração ou prédio à data do pedido que passarão a ser havidos como usuários.

2- O imóvel destina-se exclusivamente à habitação dos usuários e respetiva família.

3- Na família dos usuários compreendem-se apenas o cônjuge, não separado judicialmente de

pessoas e bens, as pessoas que com eles vivam em união de facto, os filhos, outros paren-

tes a quem sejam devidos alimentos.

4- O usuário e o morador usuário não podem trespassar ou locar o seu direito, nem onerá-lo

por qualquer modo.

5- Ficam a cargo dos usuários as reparações ordinárias, as despesas de administração e os

impostos e encargos anuais como se fossem usufrutuários, nos termos do código civil.

6- O direito de uso e habitação extingue-se:

d) Pela morte do último usuário;

e) Pelo incumprimento reiterado do disposto no n.º 2;

f) Pelo incumprimento do disposto no n.º 4.

7- O disposto no número anterior não é aplicável quando sobreviverem aos usuários filhos me-

nores ou parentes a quem por estes sejam devidos alimentos fixados por acordo ou judici-

almente, prolongando-se o direito de uso e habitação em favor exclusivo destes, até que

deixem de ser necessários comprovadamente os alimentos.

8- O título constitutivo do direito de uso e habitação contemplará as condições previstas no

presente artigo, aplicando-se no que não estiver especialmente estabelecido o disposto no

artigo 1485.º do Código Civil.

Artigo 180.º

(Acordo de Pagamento)

1- (…) 2- (…) 3- (…) 4- (…) 5- (…) 6- Os acordos de pagamento de dívida e cobrança de dívida devida pela ocupação de bens do

domínio público e privado municipal cuja gestão esteja transferida para as empresas municipais nos termos dos respetivos estatutos não estão abrangidos pela presente disposição.

Artigo 137.º

(Candidatura) 1- (…);

a) (…) b) (…) c) (…)

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 48

d) (…) e) (…) f) Declaração comprovativa da inexistência de dívidas às empresas municipais, subscrita pelo

próprio sob compromisso de honra, ou mediante declaração emitida pelas empresas muni-cipais.

2- (…) 3- (…).

Artigo 172º

(Admissibilidade) 1- (…);

Alíneas a) a i) (…) j) Atribuição de arrecadações, garagens autónomas ou lugares de garagem para uso não co-mercial, desde que integradas em bairros municipais e sempre que tal se revele a melhor solu-ção para o interesse municipal.

2- (…); 3- No caso previsto na alínea c) do n.º 1, a celebração do contrato fica condicionada à realização

imediata das obras indispensáveis à salvaguarda das condições de segurança ou de remoção da insalubridade no prazo e condições previstas no relatório municipal que deverá fazer parte integrante das condições do ajuste direto, sob pena de anulação da adjudicação, sem prejuízo da eventual responsabilidade civil por danos causados em caso de incumprimento.

Artigo 176.º

(Gestão de condomínios)

4- (…) 5- (…) 6- Nos bairros municipais cujos prédios estejam submetidos ao regime de propriedade horizontal e

cuja gestão pertença à GEBALIS a respetiva competência pertence empresa.

Artigo 212.º (Norma revogatória)

Com a entrada em vigor do presente regulamento são revogadas:

a) As disposições do regulamento do património municipal de 1968 sobre imóveis e património imobiliário e qualquer outra disposição normativa que não tenha carácter legal ou que prevaleça sobre a norma municipal nos termos da lei na parte que colide com o presente regulamento.

b) (…); c) (…); d) (…); e) O Regulamento Municipal de Abastecimento de Combustíveis Líquidos na área do domínio pú-

blico. f) O artigo 2.º dos Regulamento Geral dos Mercados Retalhistas de Lisboa

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 49

6.3- Ponderação dos contributos e esclarecimento de questões provenientes do setor empresarial local (EGEAC)

PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO ANÁLISE

Questiona-se se os imóveis acometi-dos à gestão da EGEAC se subsumem ou não ao conceito de gestão condici-onada

Os imóveis acometidos à gestão da EGEAC se, e enquanto, estiverem subordinados à prossecução das atividades culturais inscritas no objeto social da empresa e cumprirem os objetivos que justificaram a atribuição dessa gestão, integram o regime de gestão condicionada por subsunção ao disposto no artigo 27.º n.º 2, alínea a) e n.º 3 alínea b).

Consequentemente, os ateliers municipais e as atuais “conces-sões” de equipamentos no âmbito do projeto inscrevem-se nos imóveis abrangidos pelo âmbito normativo da gestão condiciona-da.

Questiona-se as áreas de intervenção da CML versus Egeac no âmbito de atividades específicas, tais como, in-ventariação para a conservação, ma-nutenção dos imóveis (artigo 21.º al. e), por não se mostrarem consentâ-neas com a intervenção de uma em-presa municipal enquanto entidade gestora de património municipal, na forma como os preceitos se acham re-digidos

Afigura-se a existência de lapso na subsunção normativa invoca-da. Em todo o caso, sempre importará esclarecer que a EGEAC enquanto entidade responsável património municipal que foi co-metido à sua gestão é responsável pela sua manutenção, inven-tariação e estado de conservação nas mesmas condições em que o recebeu.

Questiona-se a utilização de conceitos sem definição prévia, tais como, “inte-resse público” ou “entidades públicas e privadas de reconhecido mérito públi-co”.

A noção de “interesse público” consagrada na Constituição e na Lei configura um conceito estrutural no Direito administrativo ori-entador atividade pública sendo, em si mesmo, um conceito vago e indeterminado, insuscetível de definição normativa. Tem sido a doutrina e a jurisprudência que se têm debruçado sobre o alcan-ce hermenêutico do conceito, estabelecendo a fronteira jurídica entre a margem de poder discricionário consentido (não sindicá-vel judicialmente) e os respetivos limites ou vinculações jurídicas. Tais limites, decorrem do princípio da legalidade e, uma vez ul-trapassados, serão não apenas judicialmente sindicáveis como serão suscetíveis de pôr em causa a bondade da atuação públi-ca.

Trata-se de matéria cuja colocação neste âmbito, poderá afigu-rar-se desenquadrada Com todo o respeito, diríamos que não compete ao regulamento definir aquilo que é o interesse público. Trata-se de um conceito discricionário, dinâmico e cuja integra-ção compete aos órgãos municipais que, em cada momento, sus-tentados em critérios de mérito, oportunidade e conveniência, ponderam e decidem as melhores soluções para a prossecução do interesse público concreto que pretendem levar a cabo em cada momento, sem prejuízo do respeito pelas regras legais e regulamentares aplicáveis sob pena de invalidade.

Consequentemente, o conceito de interesse público e de reco-nhecido mérito público são conceitos indeterminados e dinâmicos que carecem de integração administrativa concreta por parte dos órgãos municipais competentes de acordo com critérios de opor-tunidade e conveniência insuscetíveis de definição no regulamen-to.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 50

PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO ANÁLISE

Questiona-se “a não previsão de uma cláusula de salvaguarda de direitos adquiridos vs “na parte que colida com o estabelecido no presente regulamen-to””.

A citação normativa levantada inscreve-se na redação dada à

norma revogatória. Percebe-se a colocação mas impõe-se escla-recer que são postas em causa, situações distintas. Uma coisa é a “não previsão de uma cláusula de direitos adquiridos”, outra é a revogação das normas do regulamento anterior sobre património imobiliário e de quaisquer outras que colidam com o disposto no regulamento atual.

Considera-se desnecessária a inclusão de norma de salvaguarda de direitos adquiridos atento o disposto n.º 1 do artigo 141.º do CPA que interdita a retroatividade dos regulamentos de conteúdo desfavorável.

Diferente, é a situação da revogação, com eficácia para futuro, a partir da data da sua publicação (ex nunc). Neste âmbito, impor-tará recordar que “A regra da revogação dos regulamentos, por substituição da disciplina vigente por outra nova (e não por ab-rogação pura), só vale para os regulamentos de execução ou complementares, destinados a tornar aplicáveis as leis existen-tes, mas já não para os chamados regulamentos autónomos ou independentes, que se baseiam numa simples norma de compe-tência, despida de conteúdo conformador de relações jurídicas: estes podem ser revogados pura e simplesmente, se essa revo-gação for expressa”. (Oliveira, Mário Esteves e Outros, em co-mentário ao Código do Procedimento Administrativo).

Questiona-se a exigência de cópia de documento de identificação“ o que, sem invocação de lei habilitante, con-substanciará ilícito”

Sublinha-se a pertinência da abordagem, sendo que o ilícito não decorre, propriamente, da falta de invocação da lei habilitante mas do facto de existir previsão legal que impede a reprodução do cartão de cidadão em fotocópia ou por qualquer outro meio, salvo consentimento do titular e nas demais circunstâncias tipifi-cadas no n.º2 do artigo 5.º da Lei n.º 7/2007, de 5 de fevereiro, na sua redação atual,

Por conseguinte, passará a reformular-se a redação do artigo 180.º n.º 4.

Sublinha-se a aplicação à EGEAC de procedimentos e conceitos e a produ-ção de efeitos resultantes da aplicação do artigo 201.º

Tal como sucede nas outras empresas municipais e nos serviços da Câmara o regulamento terá obviamente impacto na respetiva atuação e gestão do património municipal.

No que se refere às empresas, tal impacto refletir-se-á no âmbito da função acionista no âmbito do regime jurídico do setor empre-sarial local e das participações municipais.

Chama-se a atenção para a falta do anexo III previsto no artigo 207.º, n.º 2.

Trata-se de um défice de instrução que será colmatado pela junção do documento.

Sublinha-se a revisão final de ortogra-fia e gramática

Todos os trabalhos realizados na DMGP são objeto dessa revi-

são e, estamos em crer, que a proponente procura fazer o mes-mo nos documentos que elabora como, certamente, terá aconte-cido na presente situação. Por conseguinte, acolhe-se e partilha-se a sugestão pela sua pertinência, sem deixar de assinalar que o documento em análise, não observa o novo acordo ortográfico, obrigatório desde 1 de janeiro de 2012 e não faz qualquer ressal-va a esse respeito como seria desejável.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 51

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 1:

Introduzir numeração ao artigo 2.º

Aparentemente, a alínea a) do artigo 2.º subtrai a aplicação do regulamento a parte “significativa” da atividade da EGEAC relativa aos imóveis munici-pais afetos à cultura, mas tal requer validação pelo seguinte:

Apesar de passar a haver preocupação com inventário e cadastro, “o facto é que em experiências mais ou menos recentes, a informação cadastral, existente nos serviços de património da CML mostra-se extremamente débil e desatualizada. Por exemplo, o Palácio Marquês de Tancos era publicamente anunciado como devolu-to, quando ainda tinha ocupações, entre as quais a da sede da EGEAC”. Questiona o que são “regras e regula-

mentos próprios”; “No caso específico do Castelo de S.

Jorge, a propriedade deste não é mu-nicipal, encontrando-se a cometido ao Município através de auto de cedência, tendo aquele, por seu turno, transferi-do a gestão para a EGEAC desde o início da laboração da empresa – co-mo enquadrar?

Questiona sobre o regime de gestão condicionada? Reproduzindo depois, por citação, a definição contida no pre-âmbulo e aludindo à definição incluída no artigo 3.º, sem acrescentar mais nada.

Adianta que o artigo 207.º n.º 2 “fixa em elenco de prédios urbanos sujeitos ao regime de gestão condicionada, constante do anexo III”, mas “tal anexo não existe”, não sendo “sequer” referi-do no índice do diploma, comprome-tendo o esclarecimento de dúvidas de património afeto à EGEAC. “Acresce ainda o disposto na alínea o) do art. 19.º, ao referir a aprovação anual da lista de tais imóveis em simul-tâneo com o orçamento e plano de ac-tividades do Município, bem como o que especificamente se refere no arti-go 27.º, a que iremos mais adiante”.

Acolhe-se a sugestão, trata-se um de um lapso que passa a corrigir-se numerando o artigo 2.º;

Considera-se a redação contida na alínea a) do artigo 2.º bas-tante explícita, tanto mais, que terá sido percebida, não se al-cançando a razão da necessidade de validação, nem o alcance da dúvida atenta a justificação apresentada que, para além de duvidosa é pretérita e, portanto, necessariamente anterior a es-te documento;

Importará ainda clarificar que a informação cadastral existente nos serviços de património, não “é débil, nem desatualizada”, o que, apenas por desconhecimento, poderia conceder-se.

Efetivamente, os serviços municipais não só desenvolveram a

aplicação Lisboa Interativa, na área dos Sistemas de Informa-ção Geográfica que disponibiliza a informação georreferenciada sobre a Cidade de Lisboa como elaboraram o esboço de cadas-tro em todo o Município de Lisboa. O trabalho realizado neste âmbito tem servido também de referência nacional e internacio-nal que, pela sua qualidade, tendo sido consecutiva e recente-mente premiado;

“Normas e regulamentos próprios” são disposições específicas a que estão sujeitos os imóveis incluídos no regime de gestão condicionada geridos pelos vários setores da atividade munici-pal, incluindo a ação social, cultura, educação, desporto e cultu-ra e outras atividades municipais;

A referência preambular, a definição contida no artigo 3.º e a disciplina referida no artigo 27.º traduzem, com precisão, o re-gime de gestão condicionada, nada mais havendo a acrescen-tar ou a esclarecer. A própria EGEAC depois de colocar a ques-tão, transcreveu a resposta do regulamento.

Confirma-se que o anexo III, referido no artigo 207.º n.º2, não se encontra junto, nem consta do índice. Circunstância que passa a corrigir-se através da respetiva junção.

Denota-se lapso na subsunção normativa efetuada. A matéria referida consta da alínea q) do artigo 19.ºque prevê atualização anual, em conjunto com o orçamento e o plano de atividades, da lista dos imóveis municipais que integram o regime de ges-tão condicionada previsto no artigo 27.º do presente regulamen-to.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 52

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Refere que atribuição de imóvel muni-cipal aos diferentes serviços munici-pais, bem como a afetação em gestão condicionada é competência do Presi-dente da Câmara, nos termos descri-tos na alínea k) do art.º 20.º;

Acrescenta depois “que a alínea d) supra exclui também a aplicação do regulamento a situações que, à caute-la, se identificam como eventualmente aplicáveis a parte da atividade da EGEAC: venda ambulante (manjeri-queiras, vendedores de artesanato e de farturas?), mercados de rua (?), ar-raiais e retiros populares nas condi-ções acima indicadas”;

Por último, termina o ponto 1, referindo “que a alínea f), talvez a que mais dire-tamente se aplique à totalidade do uni-verso da EGEAC, independentemente da actividade, se bem que existem du-as condicionantes: uma, que a gestão dos bens esteja conferida estatutaria-mente (o que, no caso da EGEAC, não se mostra actualizado); outra que se prende com a ressalva final da alínea, o que nos deixa sem saber exatamen-te o que pensar (“ sem prejuízo do es-pecialmente previsto neste regulamen-to”), quando nenhuma sec-ção/capítulo/artigo existe dedicado es-pecificamente a este enquadramento de gestão”, pelo que requer a clarifica-ção do alcance (sublinhado nosso).

No que se refere à alínea k) do artigo 20.º não foram colocadas quaisquer objeções ou dúvidas;

Sobre a “ alínea d) supra” teria sido importante clarificar a dis-posição porquanto “supra” tinham sido mencionadas 5 artigos. De todo o modo, importará esclarecer que após análise do con-teúdo, a EGEAC pretendia referir-se ao disposto na alínea d) do n.º 2 do artigo 2.º do projeto de regulamento. Impondo-se escla-recer que as “dúvidas” assinadas por “ponto de interrogação” são esclarecidas pela própria redação da estipulação normati-va. Com efeito, o elenco de situações subtraídas ao regulamen-to ali mencionado é, meramente exemplificativo, como se dis-corre da expressão “designadamente” e acrescido da referência aos respetivos regulamentos específicos;

Deste modo, se as situações mencionadas, como “manjeriquei-

ras, vendedores de artesanato, de farturas”, se inscrevem na atividade, com regras próprias, prosseguida pela EGEAC, de-vem ser subsumidas na alínea d) do nº 2 do artigo 2.º;

No que se refere à alínea f) do n.º 2 do artigo 2.º, confirma-se

que se trata de disposição destinada a abranger a universalida-de de bens cuja gestão foi transferida para o setor empresarial local do Município de Lisboa onde a EGEAC se inscreve. A re-ferência aos estatutos inclusa na disposição está correta sendo que a alegada “desatualização” não colide com o que os mes-mos estipulam. Efetivamente, se é certo que o artigo 4.º dos es-tatutos da EGEAC, identificam os equipamentos cuja gestão es-tá afeta à empresa, também é verdade que o artigo 5.º dos mesmos estatutos atribui à Câmara Municipal de Lisboa a pos-sibilidade de delegar na EGEAC a “ administração dos bens do domínio público ou privado do Município que sejam afetos ao exercício da sua atividade”.

Consequentemente, a EGEAC para além de gerir os equipa-

mentos mencionados nos estatutos gere ainda aqueles que a Câmara, por delegação, delibere colocar sobre a sua gestão. Por conseguinte, considera-se correta a referência aos estatu-tos não se retirando daí qualquer desatualização e, igualmente correta, a ressalva contida na parte final da alínea f) do n.º 2 do artigo 2.º. É que, o facto da administração corrente de tais equipamentos estar excluída do âmbito do regulamento, tal não significa que tais bens deixem de ser municipais (salvo o Caste-lo de S. Jorge que pertence ao Estado), sendo ao Município que compete decidir aqueles cuja administração deve delegar e que termos observado o disposto no Regulamento do Patrimó-nio do Município.

Assim, não se afigura necessária a inclusão de qualquer seção, capítulo ou artigo, que particularize a situação dos bens afetos à EGEAC.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 53

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 2 -Artigo 3.º- Definições

Ressalta-se a utilidade da disposição do ponto de vista das suas definições, sem prejuízo de ressaltar o conteúdo e o alcance da alínea h)h) do artigo 3.º sobre o regime da gestão condiciona-da, interpretando, a esse respeito, que poderá defender-se que se encontram “nessa situação os imóveis de proprie-dade municipal acometidos à gestão da EGEAC por via de previsão estatu-tária”.

Confirma-se o alcance hermenêutico efetuado pela EGAC, sendo aliás um bom exemplo do alcance prático da referência contida na parte final do artigo 2.º alínea f), quando ressalva “o especialmente previsto neste Regulamento”, como acabou de explicitar-se no ponto que antecede.

Ponto 3 -Artigos 4.º a 14.º- Princípios

Neste âmbito, não se coloca inicial-mente nenhuma dúvida, identificam-se apenas os princípios – “tidos aqui co-mo princípios gerais (art. 4.º n.º 2)”.

Considera redundante a referência ao princípio da “boa administração” e identifica os demais princípios especi-ais.

Discorda com a redação do artigo 12.º por considerar que o mesmo conduz a “curiosa circunstância: só os trabalha-dores em funções públicas, os dirigen-tes e os titulares de órgãos municipais podem ser responsabilizados, discipli-nar, financeira e criminalmente. Toda-via, assim não é se atentarmos no dis-posto no n.º 5 do artigo 1.º da Lei 67/2007, na sua atual redação, que re-fere “ As disposições que, na presente lei, re-

gulam a responsabilidade das pessoas coleti-vas de direito público, bem como dos titulares dos seus órgãos, funcionários e agentes, por danos decorrentes do exercício da função ad-ministrativa, são também aplicáveis à respon-sabilidade civil das pessoas coletivas de direito privado e respetivos trabalhadores, titulares de órgãos sociais, representantes legais ou auxili-ares, por acções ou omissões que adoptem no exercício de prerrogativas de poder público ou que sejam reguladas por disposições ou princí-pios de direito administrativo”

Confirma-se o elenco dos princípios gerais que foi identificado mas corrige-se a subsunção normativa efetuada porquanto tais princípios constam do n.º 1 do artigo 4.º;

Com todo o respeito pela invocada “redundância” apontada ao princípio da “boa administração”, não se partilha esse entendi-mento. Não nos parece que essa previsão seja, de todo, juridi-camente redundante, pelo contrário. Importa salientar que este princípio constitui uma das importantes inovações trazidas pelo comummente designado “novo Código do Procedimento Admi-nistrativo” cujo conteúdo normativo assenta em critérios de efi-ciência, economicidade e celeridade. Trata-se aliás de um dos princípios mais relevantes na gestão do património imobiliário cujo incumprimento não é isento de consequências jurídicas;

Em rigor e, salvo o devido respeito, temos dificuldade em per-ceber como é possível, em termos jurídicos, retirar esta ilação a respeito do artigo 12.º É que o regulamento não pode afastar a lei e, como se refere e bem, a lei existe. Consequentemente, nos termos do anexo ao diploma que aprovou o regime jurídico da responsabilidade civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de direito público, concretamente no n.º5 do artigo 1.º, essa responsabilidade é extensível e aplicável às pessoas cole-tivas de direito privado e seus trabalhadores no âmbito das ações e omissões praticadas no âmbito do direito público;

Dito de outro modo, não é pelo facto do regulamento não incluir aquelas pessoas coletivas de direito privado e respetivos traba-lhadores, quando atuam no âmbito do direito público, que a EGEAC e demais entidades, ficará dispensada de cumprir a lei. Aliás, o mesmo se passaria se o regulamento não contivesse aquela disposição, estaria nos mesmos termos sujeito àquele regime jurídico.

A disposição é esclarecedora ao imputar a responsabilidade pelo incumprimento do disposto na lei e no regulamento;

No entanto, não se vê qualquer inconveniente em aditar ao artigo 12.º a aplicabilidade às pessoas coletivas privadas e res-petivos trabalhadores para que não reste qualquer dúvida.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 54

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Questiona, após a citação do artigo 1.ºn.º 5 da Lei 67/2007, o seguinte: “Mas, no caso da EGEAC, existem prerrogativas de poder público? E que parte da atividade é regulada pelo di-reito administrativo? Um exercício constante, neste último caso…”

Anota-se alguma perplexidade na colocação. A proponente a

propósito da análise que faz ao disposto no artigo 12.º do Re-gulamento chama a atenção para a circunstância do regime contido na Lei n.º 67/2007 ser aplicável também às pessoas co-letivas privadas e respetivos trabalhadores. Depois, questiona como é que aplica aquele diploma e qual o âmbito da sua ativi-dade que é regulada pelo direito administrativo.

Importa precisar que o objeto desta análise técnica se circuns-creve ao regulamento do património imobiliário. O esclareci-mento sobre qual o domínio da atividade da empresa que se rege pelo direito administrativo, por implicar prorrogativas de poder público, é uma questão jurídica à margem deste regula-mento e, que estamos em crer, que a empresa deve conhecer e/ou colocar aos seus serviços jurídicos.

Ponto 4 -Artigos 15.º- Pilares estraté-gicos da gestão patrimonial

Neste ponto, faz um pequeno resumo do disposto no n.º 1 do artigo 15.º, ressaltando nele, a parte que reproduz, relativa ao artigo 15.º n.º 1, alínea e), in fine”, quando refere”(…) ou das atri-buições do Município de acordo com as opções estratégicas plasmadas nos instrumentos estruturantes da gestão da Cidade” cuja expressão considera “curiosa”;

No que se refere ao disposto no n.º2

do artigo 15.º, considera, que caso se confirme que o património sob gestão da EGEAC se encontra sob gestão condicionada, defende-se que “atento o elenco de competências resultante da reorganização funcional, deverá ser assegurada pela DGF”. Estendendo a sugestão ao disposto nos artigos 17.ºalínea a), 21.º n.º1, alínea b) e d); 22.º, n.ºs 2,4,5 e 6, sem prejuízo de questionar a aplicação desta última disposição à EGEAC.

Trata-se de um resumo sucinto, sem qualquer pedido de escla-recimento ou colocação de dúvida, assinalando como “curiosa” a expressão utilizada no artigo 15.º, n.º 1 alínea e) in fine;

Dispõe o n.º 2 do artigo 15.º que “os imóveis afetos ao regime

de gestão condicionada serão objeto de monotorização pluria-nual, coincidente com o mandato autárquico, para verificação da conformidade das respetivas valências às finalidades públi-cas que ditaram a sujeição àquele regime, sem prejuízo de veri-ficações extraordinárias que se revelem necessárias”. A EGEAC propõe, certamente por lapso, que essa verificação e monitorização, fique a cargo da DGF (Divisão de Gestão de Frotas). Estamos em crer, que quereria referir-se à Direção Municipal de Gestão Patrimonial.

No que se refere à eventual aplicação do artigo 22.º à EGEAC,

trata-se de matéria expressamente excluída por força do artigo 2.º, n.º 2 alíneas d) e f).

Ponto 5 -Artigos 16.º- Missão Visão e Valores

Neste âmbito, refere apenas o seguin-te: “A maior ligação à EGEAC encon-trar-se-á na alínea f) do n.º 1 – mas como? Já o n.º 3 enfatiza os valores e os já bem conhecidos requisitos “dos 3 E`s”: economia, eficiência e eficácia”.

O artigo 16.º reporta à missão, visão e valores da gestão do património imobiliário do Município de Lisboa, no seu todo, sem particularizar de modo específico o setor empresarial local.

Os critérios da economia, eficácia e eficiência são os corolários jurídicos do princípio de boa administração aplicável à gestão do património imobiliário do Município como um todo.

Relatório de Ponderação

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PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 6 -Artigos 17.º- Finalidades da inventariação e cadastro – descritivo

Nada a referir, neste ponto, reproduz-se apenas a epígrafe do artigo 17.º

Ponto 7 -Artigos 17.º, 18.º e 19.º- Competências da AM, da CM e do PCM

A propósito do “1.º caso” faz um resu-mo sucinto das competências da AM, identificadas no artigo 18.º;

A propósito do “2.º” (“caso”), faz uma súmula das competências da Câmara Municipal contidas no artigo 19.º;

“No 3.º caso” elenca e interroga algu-mas competências do Presidente da Câmara relativamente à EGEAC, nos termos que passa a reproduzir-se: “No 3.º caso, destaca-se a avaliação da manutenção dos pressupostos que determinaram a sujeição dos imóveis do domínio privado municipal ao regi-me de gestão condicionada, retirando e afectando a este regime sempre que tal se justificar (g) – ponto que interes-sará sobremaneira à EGEAC-; aprovar os documentos internos de gestão pa-trimonial (j); aprovar, mediante parecer fundamentado da DMGP, a atribuição de imóveis a serviços municipais, bem como a cedência ou afectação de uso em gestão condicionada dos que se encontrem sob a administração corren-te daqueles serviços (k) – A EGEAC não é um serviço da CML, mas uma empresa, dotada de autonomia admi-nistrativa, financeira e patrimonial, mas…?, aprovar as alterações de uso de imóveis em regime de gestão con-dicionada, ainda que dentro da mesma área de intervenção, mediante parecer fundamentado a emitir pelo serviço municipal competente em gestão pa-trimonial (l); autorizar os serviços ges-tores (quais? EGEAC não é um servi-ço, mas será uma entidade gestora?) a cederem a terceiros os imóveis sob a sua gestão, desde que a título precário e temporário (m) – todavia, outro pre-ceito do diploma parece pôr termo a cedências precárias …como configu-rar?

Este ponto contém um erro na identificação dos artigos. Anali-sado o conteúdo do chamado “1.º, 2.º e 3.º caso”, verifica-se que a matéria apreciada versa sobre o teor do disposto nos ar-tigos 18.º, 19.º e 20.º, sendo que, nos dois primeiros casos, se faz uma súmula (sucinta) das competências elencadas. “No 3.º caso” (artigo 20.º), identificam-se algumas competências e co-locam-se interrogações indiferenciadas;

As questões colocadas a propósito do “3.º caso” partem de pressupostos equívocos. É que, percebendo embora que o dis-posto na alínea g) do artigo 20.º possa interessar à EGEAC, a verdade é, que se trata de uma mera verificação da manuten-ção dos pressupostos;

A sujeição dos imóveis ao regime de gestão condicionada care-ce de deliberação municipal que, como se viu supra, é objeto de apreciação anual em conjunto com o plano de atividades e orçamento. E sendo certo, que a administração corrente dos bens do domínio público e privado municipal cuja gestão foi transferida para a EGEAC está excluída do âmbito deste Regu-lamento. Não é menos verdade que, que tais imóveis continu-am a ser do Município, salvo o castelo de S. Jorge. Consequen-temente, ainda que não se apliquem estas normas regulamen-tares à administração desses imóveis, a verificação dos pres-supostos que justificaram a transferência para a gestão da em-presa, continua a ser necessária, designadamente a verificação da afetação às respetivas finalidades que, em caso de desvio, poderá até justificar alteração estatutária ou cessação de dele-gação.

Importa ter presente que a EGEAC é uma empresa municipal detida a 100% pelo Município que exerce sobre ela a sua fun-ção acionista através da emanação de orientações estratégicas em assembleia geral, sem prejuízo de estar vinculado ao cum-primento do dever de informação à entidade participante, tendo em vista o seu acompanhamento e controlo nos termos do re-gime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais. Portanto, importará reter que, não sendo um serviço da Câmara mas de outra pessoa jurídica de natureza privada e com autonomia como é referido, tal não significa que não esteja sujeito a condicionalismos que decorrem do regime jurídico próprio a que estão sujeitas e à prossecução do objeto contido nos estatutos

Sem prescindir, o disposto na alínea j) e k) reporta essencial-mente à atividade de patrimonial desenvolvida pela DMGP.

No que se refere à alínea k) como é referido - e bem- a EGEAC não é um serviço, consequentemente está fora deste âmbito;

Relativamente à alínea m), a redação da norma pode conduzir à interpretação defendida, mas não existe coincidência no re-gime como se desenvolverá no ponto 23.

Relatório de Ponderação

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PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ainda no ponto 7, refere “que a previ-

são regulada na alínea o), sobre a de-núncia de contratos de arrendamento sem dependência de acção judicial nas situações aí descritas suscita-nos as maiores reservas” (sublinhado nosso);

Por fim, refere que “Assiste ainda PCM as dúvidas de interpretação e de integração de lacunas (v) -“Embora o art.º 211.º já particularize as dúvidas de interpretação a esclarecer por des-pacho do PCM, “misturando” com o regime de interpretação e de integra-ção de lacunas do Código Civil”. Acrescentando depois o seguinte:

“Desde já, um excelente exercício para o esclarecimento de dúvidas de inter-pretação (que não de integração de la-cunas!) será, por exemplo, descodificar o que se pretende com a redação que, neste momento, apresenta o n.º 2 do art.º 20.º”

A previsão contida na alínea o) do artigo 20.º decorre da con-sagração na lei de um regime especial aplicável ao arrenda-mento dos bens imóveis do domínio privado das autarquias lo-cais contido no artigo 126.º do Regime Jurídico do Património Imobiliário do Município de Lisboa (Decreto-lei 280/2007 de 07 de agosto na sua atual redação). Consequentemente, não se justifica, no plano jurídico, a reserva suscitada.

Relativamente, à última questão e, sem prejuízo do colação pouco objetiva no sentido em que tudo “merece reservas”, sem justificar jurídica ou legalmente, ou fazendo uso de colocações irónicas, como acontece com as interrogações abstratas que atingem o seu ponto mais alto, na presente sugestão, configu-rada como “excelente exercício” para dilucidação de dúvidas, passamos a esclarecer o seguinte:

1) A leitura jurídica e objetiva da alínea v) do artigo 20.º e do artigo 211.º permite verificar que as disposições não só não são incompatíveis como estão em absoluta sintonia;

2) Não existe qualquer “mistura” dos institutos, nem no plano literal, nem no plano jurídico. No plano literal, não dizemos “interpretação ou integração de lacunas”, utiliza-se a partí-cula copulativa “e”. No plano jurídico também não se al-cança a alegada “mistura” porquanto remetemos para os critérios hermenêuticos contidos no Código Civil e que são distintos entre si. A interpretação é regulada pelo artigo 9.º e a integração no artigo 10.º;

3) O artigo 20.º é a disposição que aglutina todas as compe-tências legais e regulamentares do Presidente da Câmara relativas à gestão do património imobiliário. A alínea v) da disposição regula a competência para a interpretação e pa-ra integração de lacunas, remetendo para os critérios téc-nicos contido no Código Civil. Consequentemente, a inter-pretação em caso de dúvida hermenêutica e a integração em caso omissão de norma não é feita de forma arbitrária mas realiza-se de acordo com os critérios contidos na Lei.

4) O disposto no n.º 2 do artigo 20.º é juridicamente muito cla-ro e não gera qualquer dificuldade jurídica que reclame o recurso ao disposto no n.º1, alínea v) do artigo 20.º. Como se sabe, “a delegação de poderes ou de competências” é um instituto próprio da desconcentração administrativa. Consequentemente, a disposição diz, exatamente o que quer dizer. Ou seja, o facto das competências previstas pertencerem ao Presidente da Câmara, não obstaculiza a capacidade do Presidente poder delegar ou subdelegar as competências legais ou regulamentares previstas na norma que forem suscetíveis de desconcentração, através do ins-tituto da delegação de poderes.

5) Por último, sempre se recordará que disposição idêntica está igualmente contida n.º 2 do artigo 19.º no âmbito das competências da Câmara Municipal.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 57

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

6) Sem prescindir, e ainda que não tenha sido indicado, verifi-cámos que a redação do artigo 211.º poderia ser melhora-do e corrigidas as disposições remissivas para o Código Civil passando a alterar-se em conformidade.

Ponto 8 – Artigo 21.º - Competências

da DMGP

Neste ponto, sublinha as matérias contidas nas alíneas a), b), d) e k) e a sua ligação com “atuações expectáveis da EGEAC, ainda que a designação adotada nas alíneas d) e k) seja a de “serviços municipais”.

Acrescenta que o disposto na alínea h)

daquele mesmo artigo 21.º contém “potencialidades de que a EGEAC po-derá beneficiar, no que se refere a avaliação de imóveis (por exemplo, pa-ra fixação de um valor de renda para a cafetaria do Museu do Aljube?)”

Ressalta ainda a competência contida

na alínea l) do n.º 1, do artigo 21.º para realizar “pequenas obras e interven-ções”, sugerindo “a melhor definição deste conceito, por exemplo recorren-do-se ao valor da empreitada)”, refe-rindo que “Para tanto, existirá planea-mento e procedimentos destinados à optimização da respetiva utilização (alínea e) do n.º 2)”.

Considera-se pertinente a referência pelo que deverá acrescen-tar-se à alínea d) e k) a referência às empresas municipais e não apenas aos serviços, sendo de referir que relativamente àquelas apenas releva o património que continua a ser munici-pal ainda que seja gerido pela Câmara. Ou seja, não está em causa o património próprio da empresa que não é municipal porque esse não se inscreve no âmbito deste regulamento.

Confirma-se que a competência para as avaliações imobiliárias pertence à Direção Municipal de Gestão Patrimonial incluindo imóveis municipais cuja gestão seja direta ou que tenha sido transferida para as empresas ou para as Juntas de Freguesia pertence à Direção Municipal de Gestão Patrimonial.

A competência para realizar pequenas obras e intervenções é

diminuta, atento o valor e a complexidade das mesmas, sendo desnecessário particularizar uma vez que o exercício desta competência não opera de forma a isolada mas de forma articu-lada com os demais serviços municipais competentes.

Ponto 9 – Artigo 22.º - Dever de co-

municação e de consulta prévia dos outros serviços municipais.

Questiona se a EGEAC está “abrangi-da nestes circuitos ou, idealmente, de a redação ser melhorada nessa con-formidade em caso afirmativo”. Consi-derando que esse esclarecimento é “especialmente relevante nas situa-ções previstas nos n.ºs 2,4,5,6,7 e 8.

Considera-se oportuna esta referência. Contudo, as informa-

ções a solicitar e a prestar sobre o património municipal afeto à empresas municipais deve concretizar-se nos termos do regime jurídico do setor empresarial local.

Por conseguinte, ressalvado o disposto no n.º 2 cuja obrigação de comunicar recai sobre os serviços municipais competentes para a emissão de licença de ocupação e utilização do domínio público, as informações elencadas nos restantes números po-derão ser prestadas nos termos do regime específico, designa-damente ao abrigo do disposto na alínea f) n.º 1 do artigo 42.º da Lei 50/2012, na sua atual redação, junto do órgãos executi-vo da entidade pública participante que, por sua vez, deverá re-portar a informação relativa ao património imobiliário à Direção Municipal de Gestão Municipal.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 58

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Por fim, ainda neste Ponto 9, refere que a previsão do n.º 9 suscita “algu-mas reservas quanto à sua eventual desconformidade legal” (Sublinhado nosso).

Anota-se perplexidade diante a “eventual desconformidade

legal” da previsão n.º 9 do artigo 22.º. Com efeito, o regime ju-rídico do património imobiliário público contido no Decreto-lei 280/2007, na sua redação atual, estabelece no seu artigo 1.º, alínea a) “As disposições gerais e comuns sobre a gestão dos bens imóveis dos domínios públicos do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais” (sublinhado nosso). Ora, um desses princípios jurídicos diretamente aplicável ao domínio público e, respetivos imóveis, é precisamente a “autotutela”.

Dispõe o artigo 21.º do citado Decreto-lei 280/2007 que a “Ad-ministração tem a obrigação de ordenar aos particulares que cessem a adoção de comportamentos abusivos, não titulados, ou, em geral, que lesem o interesse público a satisfazer pelo imóvel e reponham a situação no estado anterior, devendo im-por coercivamente a sua decisão, nos termos do Código do Procedimento Administrativo e demais legislação aplicável”

Por conseguinte, o que se retira do n.º 9 do artigo 22.º é que

sem prejuízo da participação criminal a que se referida no nú-mero 8 aplicável em caso de roubo, furto ou vandalismo, tais procedimentos, não prejudicam o dever de autotutela do Muni-cípio face aos particulares que adotem comportamentos abusi-vos, não titulados, ou, em geral, que lesem o interesse público a satisfazer pelo imóvel obrigando-os a repor a situação no es-tado anterior.

Esta disposição – n.º 9 do artigo 22.º - reproduz precisamente o

disposto em norma legal diretamente aplicável ao património público pelo que não pode retirar-se qualquer desconformidade legal.

Ponto 10 – Artigo 23.º - Regime do

domínio público

Destaca “a atenção para a alínea e) do n.º 2, ao prever-se a gratuitidade do “uso comum ordinário (…) salvo dispo-sição em contrário ou nos casos em que o aproveitamento seja divisível e proporcione vantagem especial“ por considerar, sem justificar, que a reda-ção suscita reservas.

Reitera o reparo relativamente ao

disposto no n.º 2 do artigo 36.º que re-pete o princípio.

A apreciação evidencia, de novo, eventual desconhecimento do regime jurídico contido no Decreto-lei 280/2007, na sua atual redação. Como tivemos ocasião de esclarecer nos pontos que antecedem aquele diploma aplica-se ao domínio público;

Por conseguinte, aplica-se diretamente o disposto no seu artigo 25.º cujo n.º 2 estipula que “O uso comum ordinário dos imóveis do domínio público é gratuito, salvo disposição em contrário nos casos em que o aproveitamento seja divisível e proporcione vantagem especial”;

Concluiu-se, pois, que o disposto no artigo 23.º do Regulamen-

to limita-se a reproduzir o contido na Lei aplicável, por razões de natureza sistemática, como se explicitou na nota justificativa e na presente introdução.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 59

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 11 – Artigo 26.º - Regime de

gestão do domínio privado municipal

Refere sobre este ponto o seguinte:

“Apenas neste domínio encontramos o re-

gime de gestão condicionada ou de exe-

cução”

Com efeito, o artigo 26.º identifica a gestão do domínio privado municipal que é uma matéria que inscreve no âmbito da margem de discricionariedade consentida ao Município para regular, ao contrário do que sucede com o domínio público que tem regime legalmente definido.

Os regimes de gestão condicionada e de execução correspon-dem às categorias criadas pelo regulamento para organizar inter-namente a administração e a gestão do património imobiliário do Município de Lisboa sobre o domínio privado.

Ponto 12- Artigo 27.º - Regime de

gestão condicionada

Destaca que este “regime subtrai, tran-

sitoriamente, o imóvel do domínio privado

ao regime de execução e ao princípio da

disponibilidade patrimonial (a regra), sem

prejuízo da sua sujeição aos princípios da

eficiência e da boa administração por parte

dos “serviços gestores” (EGEAC?)”

(sublinhado nosso);

Acrescenta depois que “O n.º 2 determi-

na que integram este regime os imóveis

municipais (e só estes) que:

a) Estejam afectos ao prosseguimento

de atribuições próprias, com afecta-

ção de uso em algum dos diferentes

domínios da actividade municipal, e

que não devam ser dispensados de

tais fins com base em critérios de ra-

cionalidade económica – um pouco

vago e subjetivo ou interessante de-

pendendo do fim?

b) Integrem a reserva imobiliária definida

no Art. 28.º” (sublinhado nosso).

Refere que o “n.º 3 acrescenta que se

entende que “o imóvel está afecto ao pros-

seguimento de atribuições próprias do Mu-

nicípio sempre que”:

a) “Seja necessário para a instalação e funcionamento de serviços munici-pais ou outras finalidades de inte-resse público” – o que são estas fi-nalidades? E a relação do Município quanto ao espaço ocupado como sede pela EGEAC, como configurar?

A EGEAC, por analogia, aos serviços gestores do Município que têm afeto património do domínio privado subsumível ao re-gime de gestão condicionada, deverá também gerir o património cuja gestão lhe foi transferida de acordo com aqueles princípios,

Com todo respeito pela opinião sustentada não podemos parti-lhar o entendimento. Como é sabido, quer as atribuições munici-pais no âmbito da pessoa coletiva Município, quer o objeto social das empresas locais que se inscreve naquelas atribuições está legalmente consagrado (cf. artigo 23.º do Anexo I à Lei 75/2013, de 12 de setembro na sua redação atual e artigo 20.º da Lei 50/2012, na sua redação atual);

Por conseguinte, não se afiguram ambiguidades na disposição no plano do direito administrativo. A alínea a) estipula que é ne-cessário que tais imóveis estejam afetos à atividade municipal inscrita no âmbito das respetivas atribuições e que o interesse público da atividade desenvolvida naquele imóvel seja superior à racionalidade económica que resultaria do seu exercício noutro imóvel pela estrita aplicação de critérios de boa gestão;

Como tivemos ocasião de referir anteriormente, o interesse público é um conceito de direito administrativo indeterminado o que não se significa que seja arbitrário. A legitimidade das finali-dades elencadas afere-se de acordo com as atribuições postas por lei a cargo do Município;

Relativamente ao espaço ocupado pela EGEAC, como sede, apenas poderia haver relação com o Município caso a sede da empresa funcionasse em imóvel cuja titularidade pertencesse ao Município.

Não sendo esse o caso, a EGEAC é uma pessoa coletiva pri-vada, dotada de autonomia jurídica, administrativa e financeira e também de património próprio. Consequentemente, poderá para o exercício da seu objeto social realizar os negócios jurídicos ne-cessários, incluindo tomar de arrendamento imóveis, por exem-plo, para alterar a sua sede ou adquirir imóvel para o mesmo efei-to.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 60

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RE-

SERVAS ANÁLISE

b) “Em obediência a um princípio de

racionalidade e melhor aproveita-mento económico, sejam necessá-rios e adequados para o cumprimen-to de programas municipais sectori-ais, nomeadamente nas áreas da habitação, da cultura, da acção so-cial, do desporto e, genericamente, da reabilitação e regeneração urba-na –sem desprimor de melhor clarifi-cação, defende-se que os imóveis sob gestão da EGEAC são passíveis de se enquadrar nesta previsão” (sublinhado nosso);

c) “Outros imóveis estratégicos para a concretização de projetos de interesse público municipal relevante que não se-jam passíveis de concretização imedia-ta, por decisão do Presidente da Câma-

ra”.- “A lista de imóveis sob gestão condicionada é competência da Câmara e definida anualmente, com orçamento e plano de atividades. Ou há 2 listas? (sublinhado nosso);

Sublinha a “previsão constante nos n.ºs 6

e 8 acerca, respetivamente, da reavaliação

ordinária da permanência no regime no

início de cada mandato, havendo transição

automática para o regime de execução em

caso de alteração de pressupostos (logo,

seria relevante que esses fossem co-

nhecidos a priori), e das responsabilida-

des de administração dos serviços gesto-

res de património” (sublinhado nosso);

Refere que o “n.º 9 prevê que as altera-

ções ao uso dos imóveis em regime de

gestão condicionada, dentro da mesma

“área de intervenção” (conceito que seria

importante, também, clarificar), “neces-

sitam de autorização do PCM ou do vere-

ador com competência subdelegada para

o efeito, e de parecer fundamentado do

serviço municipal de gestão patrimonial”

(sublinhado nosso);

Efetivamente, os imóveis sob gestão da EGEAC que sejam da titularidade do Município e cuja gestão tenha sido transferida para a empresa inscrevem-se na alínea b) do n.º 3 do artigo 27.º , mas também no n.º 2 alínea a) da mesma disposição.

A forma como a questão é colocada induz em erro. Não exis-tem duas listas. São situações distintas no tempo e nas circuns-tâncias. Como é sabido o plano de atividades e o orçamento é anual e, em anexo, seguirá a lista do património municipal em gestão condicionada. Questão diferente é, em momento distinto, surgirem imóveis que, pelas suas características, se revelem es-tratégicos para a concretização de projetos de interesse munici-pal relevante que não sejam passíveis de concretização imediata, por exemplo, por falta de disponibilidade financeira. Veja-se, por exemplo, a situação de um imóvel relativamente ao qual o Muni-cípio decide exercer a preferência por ter tais caraterísticas e que não coincide com o momento da aprovação anual do plano de atividades, nem como o orçamento. Nessa altura, o imóvel será colocado neste regime e integrará a lista dos imóveis que consta-rão do anexo no ano seguinte em conformidade com os pressu-postos fixados,

No que se refere ao comentário gizado a propósito do n.º 6 e 8,

importa esclarecer que os pressupostos são conhecidos porque estão estabelecidos. Com efeito, o artigo 27.º nos seus vários números e alíneas é bastante claro na identificação das circuns-tâncias que podem gerar a colocação dos imóveis neste Regime. Consequentemente, o despacho do Presidente da Câmara terá sempre de ser fundamentado nos termos do regulamento.

Relativamente às dúvidas colocadas a propósito do n.º 9, im-

porta esclarecer que a alteração ao uso do imóvel, em regime de gestão condicionada, dentro da mesma área de intervenção, re-porta àquele conjunto de situações em que, no mesmo segmento da atividade municipal, por exemplo, cultural, desportiva ou outra, o imóvel é mais necessário para a prossecução de uma finalida-de, do que para outra, por exemplo, é mais necessário o imóvel para loja social do que para creche, porque entretanto foi constru-ída outra, ou qualquer outra circunstância, que se considere rele-vante e que justifique a alteração na prossecução da mesma ati-vidade.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 61

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ainda no Ponto 12 considera que o n.º

10 do artigo 27.º é “totalmente contra-ditório, nos próprios termos, ao permitir “ainda que informalmente” uma cedên-cia que venha a ser autorizada pelo PCM, sem mais fundamento legal, no quadro de um regulamento que tem como pilar a proibição desse tipo de cedências” (sublinhado nosso);

Por fim, refere que é “também muito discutível, pela sua redação, a aplica-ção do enunciado no n.º 11 à EGEAC” (sublinhado nosso);

A lógica desta disposição é precisamente a mesma da alínea que lhe antecede. Existe, por exemplo, manifesto interesse públi-co nessa cedência para a melhor realização desse segmento de atividade. Esta alteração também carece de autorização do Pre-sidente da Câmara porquanto existe uma alteração de circuns-tâncias, as quais – também elas – terão de ser subsumíveis nas normas do Regulamento;

A contradição não se demonstra. Confirma-se que o regula-mento pretende acabar e acaba com as “cedências precárias” como decorre de forma muito clara do disposto no artigo 204.º. O que a previsão contida no n.º 10 do artigo 27.º salvaguarda é a cedência de utilização prevista no artigo 23.º do já citado Decre-to-lei 280/2007

Relativamente ao disposto no n.º 11 do artigo 27.º importa re-cordar o disposto no artigo 2.º, n.º 2, alínea f), sem prejuízo de assinalar o dever de informação a que a entidade empresarial es-tá sujeita no quadro do regime jurídico do setor empresarial local como tivemos ocasião de expressar a propósito dos comentários ao artigo 22.º para o qual se remete.

Ponto 13- Artigo 37.º - Cedências de

utilização a outras entidades públicas

Destaca o disposto no artigo 37.º que, grosso modo, “prevê que os bens do domínio público municipal possam ser cedidos a título precário, por auto de cedência e aceitação, aplicando-se o princípio da onerosidade”.

De seguida, questiona o seguinte: “Regra cuja reciprocidade a EGEAC devesse considerar?”

Sublinha-se que esta matéria reproduz o regime contido no Decreto-lei 280/2007, nomeadamente o contido no artigo 23.º sem esquecer a aplicação das disposições gerais, in casu, o princípio da onerosidade, aplicável ex vi do artigo 1.º, alínea a) do mesma diploma legal.

Ponto 14- Artigo 38.º - Uso comum ex-

traordinário

Neste propósito refere “ O uso comum

extraordinário (que é o quê) dos imó-

veis do domínio público fica sujeito a

autorização (por parte de quem?) e ao

pagamento das taxas previstas no Re-

gulamento Geral de Taxas, Preços e

Outras Receitas do Município de Lis-

boa, de acordo com as condições fixa-

das no n.º 2”;

De seguida, acrescenta que que caso

se defenda a “aplicabilidade à EGEAC,

tal implicar que uma empresa de Direi-

to Privado aplique taxas, um conceito

de Direito Público”.

O conceito e regime do uso comum extraordinário do domínio público consta do artigo 26.º do Decreto-lei 280/2007,

As empresas municipais estão sujeitas ao regime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais na sua atu-al redação em todos os segmentos da sua atividade, incluindo sendo o caso no exercício das prerrogativas e poderes de autori-dade que porventura lhe tenham delegadas e que estejam asso-ciadas à gestão do domínio público com regime legal definido.

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PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 15- Artigo 39.º e ss- Utilização

privativa de domínio público

Aqui se refere “que os particulares possam adquirir direitos de uso privati-vo do domínio público municipal, por li-cença ou concessão, neste caso, pre-ferencialmente por hasta pública, para se garantir a concorrência, a boa ges-tão pública e a transparência”;

Anuncia que “a aplicação do artigo a todo o tipo de ocupação do domínio público (n.º 2), o que poderá acarretar problemas para a gestão de alguns equipamentos e algumas atividades da EGEAC, caso os exactos poderes de gestão desta não sejam atempada-mente esclarecidos/acautelados”;

Declara que “as condições de utiliza-ção privativa são reguladas no art.º. 40.º e o licenciamento na secção se-guinte (artº. s 41.º e ss)”;

Acrescenta que de acordo com o n.º 4 do artigo 41.º, não parece ser possível a EGEAC, “se para o efeito for consi-derada um particular, reunir as condi-ções requeridas para vir a beneficiar de licença de utilização privativa do domínio público, excepto para eventos ocasionais (alínea c), pelo que não se-rá esta via a explorar, ainda que o pre-ceito refira “sem prejuízo do disposto em regulamento específico”;

Refere que “nos termos do artigo 50.º caso se considere que “a EGEAC uma entidade privada, poderá o Município celebrar um contrato administrativo de concessão para uso ou exploração pri-vativa de parcelas do domínio público municipal, por prazo fixado “por delibe-ração dos competentes órgãos munici-pais no acto de atribuição” (art.º 51.º)”;

Refere que o “contrato é sujeito a contrapartida financeira nos termos de-finidos no art.º 52.º e às obrigações elencadas nos art.s 53.º (para a con-cessionária) e 54.º (para o conceden-te).”

A gestão dos bens imóveis do domínio público das autarquias locais encontra-se regulada na Lei vinculando o Município e tam-bém, como é óbvio, o setor empresarial local;

Consequentemente, os imóveis que sejam do domínio público e cuja gestão tenha sido transferida para a EGEAC através dos es-tatutos ou por delegação, nos termos estatutários estão também sujeitos àquele regime e aos demais diplomas, incluindo o Códi-go dos Contratos Públicos.

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PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 16- Artigo 82.º- Concessão de exploração Neste ponto, apenas refere que “Resta

ao PR um único art.º para a previsão da figura da concessão de exploração, sujeitando-a a um prazo de 30 anos, improrrogável (n.º 3), embora a reda-ção do n.º 4 deixe a dúvida sobre esse facto admitir, em circunstâncias exce-cionais que não determina, ainda que devidamente fundamentadas, a altera-ção do prazo e de outros elementos fundamentais do contrato”.

Confirma-se o entendimento sufragado. A regra é a indicada, sem prejuízo da possibilidade de alteração excecional nas condi-ções indicadas no n.º 4.

Ponto 17- Artigo 83.º e ss – Gestão do domínio privado do Município

Confirma-se que o artigo 83.º e seguintes, versa sobre a maté-ria indicada.

Ponto 18- Artigo 117.º – Entidades públi-cas e entidades privadas de reconhecido mérito público (sublinhado nosso) Refere que a previsão se relaciona

com a “utilização do direito de superfí-cie”;

Acrescenta depois que “Em qualquer caso, não é definido, ou não se encon-trou a definição, para nenhum dos conceitos empregues, o que se consi-dera uma enorme fragilidade para o preceito” (sublinhado nosso);

Por fim, anota que “Situação idêntica coloca-se a propósito do artigo 124.º, n.º 1 (usufruto), do artigo 130.º, n.º 1 (comodato) – sendo que, neste caso a figura poderá ser do potencial interes-se da EGEAC, atenta a previsão da alínea b) do n.º 2, sendo esta compe-tência da CM, mediante proposta do PCM ou do vereador com competência em matéria de património. A referência a este tipo de entidades encontra-se igualmente no n.º 2 do artigo 136.º e no n.º 1 do art.º 210.º”

Em Direito, uma pessoa coletiva uma entidade pública, ou seja, uma pessoa coletiva de direito público, i.é, com personalidade ju-rídica pública;

Pese embora não ser esta, a sede própria, sempre poderemos adiantar juridicamente que apesar diversidade concetual, no es-sencial, a doutrina tem desenvolvido vários critérios que conjuga-damente contribuem para a delimitação ou identificação do con-ceito, sendo de destacar, designadamente os seguintes: a) Critério do fim através do qual se afere natureza finalística da

pessoa coletiva em função da natureza do fim ou interesse prosseguido permitindo distinguir as pessoas coletivas públi-cas das pessoas coletivas privadas;

b) Critério do modo de criação em função da respetiva natureza jurídica do ato permitindo distinguir as pessoas coletivas pú-blicas com as criadas por outras pessoas coletivas públicas sob a forma de lei ou ato administrativo;

c) Critério do regime jurídico aplicável e da titularidade de pode-res públicos ou de autoridade, poderes e deveres públicos que permite aferir a natureza jurídica pública ou privada da pessoa coletiva em função da sua sujeição ao direito admi-nistrativo ou ao direito privado;

d) Critério da integração em função da sua inclusão jurídica na organização administrativa do Estado ou da Administração Autónoma;

Assim, são indubitavelmente pessoas coletivas públicas o Es-tado, Regiões Autónomas, Autarquias Locais, Institutos Públicos, Entidades Públicas Empresariais, Associações Públicas e outras corporações públicas e Entidades Administrativas Independentes.

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PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 18- Artigo 117.º – Entidades públi-cas e entidades privadas de reconhecido mérito público (sublinhado nosso)

Refere que a previsão se relaciona

com a “utilização do direito de superfí-

cie”;

Acrescenta depois que “Em qualquer caso, não é definido, ou não se encon-trou a definição, para nenhum dos conceitos empregues, o que se consi-dera uma enorme fragilidade para o preceito” (sublinhado nosso);

Por fim, anota que “Situação idêntica coloca-se a propósito do artigo 124.º, n.º 1 (usufruto), do artigo 130.º, n.º 1 (comodato) – sendo que, neste caso a figura poderá ser do potencial interes-se da EGEAC, atenta a previsão da alínea b) do n.º 2, sendo esta compe-tência da CM, mediante proposta do PCM ou do vereador com competência em matéria de património. A referência a este tipo de entidades encontra-se igualmente no n.º 2 do artigo 136.º e no n.º 1 do art.º 210.º”

Encontradas as pessoas coletivas privadas por contraponto às pessoas coletivas públicas de acordo com os critérios vindos de enunciar chegamos à noção de “reconhecido mérito público”;

O mérito público poderá discorrer do reconhecimento da utilida-de pública da pessoa coletiva privada nos termos da Lei ou resul-tar das chamadas “indeterminações estruturais” inscritas no âm-bito do poder discricionário da administração como tem sido assi-nalado na doutrina, sendo muito abundantes até, podendo nós, a título meramente exemplificativo elencar o já abordado “interesse público” a par de outros conceitos, tais como, “bem como”, “con-veniência de serviço”, “solução adequada” e também “reconheci-do mérito público”.

A discricionariedade administrativa assenta em critérios de oportunidade e conveniência deixando à Administração a integra-ção destes conceitos indeterminados com respeito pelo quadro normativo, porquanto são conceitos discricionários, mas não são arbitrários, requerem ponderação e fundamentação do ponto de vista do concreto interesse público a prosseguir.

Ponto 19- Artigo 136.º e ss – Cedências de utilização

Afirma-se que se prevê a “utilização temporária de imóveis a outras entida-des públicas ou privadas, mediante a celebração de um protocolo de colabo-ração, auto de cedência ou outra forma permitida por lei”;

Acrescenta-se depois que “não se alcança se por um constrangimento de sistematização ou se por intenção, porventura o resultado aqui espelhado parece contrariar a lógica da constru-ção do regulamento, ao insistir numa janela de possibilidade de tudo se manter na mesma, ou seja, cedências precárias de curta duração. E sem qualquer salvaguarda da posição do ocupante”, sem embargo de registar que “todo o processo é absolutamente transparente, atento o processo de candidaturas regulado nos art.s 137.º e 138.º”

A ilação retirada não se confirma como se verifica do teor do artigo 204.º;

Esta figura não é introduzida pelo regulamento. Trata-se de instrumento previsto no artigo 23.º da Lei 280/2007, na sua reda-ção atual;

Tendo por base essa figura prevê-se a possibilidade de ser passível de utilização também no âmbito do domínio privado à semelhança do que sucede com o Estado naquele mesmo diplo-ma.

A posição do Município e do ocupante, à semelhança do que se passa no Estado, fica devidamente acautelada pelo procedimento e pelo título, porquanto o auto de cedência cujo cumprimento é fiscalizado pelo Município, acautela a denúncia, a todo o tempo, sempre que razões de interesse público assim o justifiquem.

Por outro lado, o ocupante não frustra expetativas conhece desde logo a natureza precária da cedência e respetivas conse-quências estando na sua disponibilidade aceitar ou não, firmar ou não o auto de cedência nos termos previstos no regulamento.

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PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 20 - Artigo 173.º e ss – Gestão de contratos e ocupações Destaca a competência da DMGP para

manter “permanentemente actualizado o cadastro de ocupantes de património imobiliário municipal”, com fixação de prazo das diversas diligências.

Acrescenta depois que “Pese embora não existir, neste momento, certeza sobre a figura que a EGEAC deverá assumir neste contexto, pressupõe-se evidente a necessidade de mínimos de interacção com aquele serviço, pelo que, como acima já defendido, atenta a presente organização funcional, apontar-se-á a DGF como a UO mais adequada a adequar os procedimentos que se revelarem necessários a essa interacção”.

Refere ainda que as “diligências aco-

metidas à DMGP encontram-se indis-sociadas do regulado nos art.ºs 190.º e ss (inventário e cadastro), ressaltando aqui o disposto nos n.ºs 7 e 8 do art. 199.º - no primeiro caso, obrigação de inscrição e de registo; no segundo, de afixação de placa de identificação de propriedade”

Nesta matéria, importará recordar que a EGEAC está abrangida pelo disposto no artigo 2.º, n.º 2, alínea f);

O Município de Lisboa conhece o património cuja gestão trans-feriu para a EGEAC. Tal não invalida que seja requerida e pres-tada informação mais específica sobre esta matéria mas será sempre no quadro do regime jurídico do setor empresarial local e das participações municipais, nomeadamente no âmbito dos de-veres de informação contidos no artigo 42.ºn.º 1 alínea f).

Não vemos como possa ser possível extrair essa conclusão. As

competências da DMPG incidem sobre a administração e gestão do património imobiliário do Município de Lisboa nos vários seg-mentos da intervenção, domínio público, domínio privado, gestão de contratos, etc. O cadastro e inventário é um dos segmentos mais importantes da atividade do ponto de vista da boa gestão. Justifica, por isso, a dedicação de um título específico sobre esta matéria para que, de forma mais técnica e detalhada, concretize as competências previstas nas alíneas a), b), f), g) todos do n.º 1 do artigo 21.º, sob a epígrafe “Direção Municipal de Gestão Pa-trimonial”.

Ponto 21 - Artigo 179.º e ss – Recupera-ção de créditos e regularização de dívidas Sugere a “ponderação da aplicabilida-

de referencial na EGEAC do disposto nos art.ºs 180.º e 181.º, em alguns pontos em modo mais simplificado”;

Salienta a irregularidade do previsto na alínea a) do n.º 4 do art. 180.º-exigência de cópia de documento de identificação.

Além do património cuja gestão o Município transferiu para a EGEAC esta também dispõe de património próprio para gerir com autonomia no respeito pelas orientações estratégicas que lhe fo-rem definidas em Assembleia Geral pelo representante nomeado pela Câmara para exercer a função acionista junto da empresa.

Nesta conformidade, a EGEAC deverá gerir o seu património de acordo com os princípios de boa gestão mais ajustados à apresentação dos resultados equilibrados nos termos do regime jurídico do setor empresarial local e das participações locais.

Destaca-se a importância deste reparo e, como foi assinalado

supra, a redação será reformulada em conformidade com o dis-posto no artigo 5.º da Lei n.º 7/2007, de 5 de fevereiro, com as alterações introduzidas pela Lei n.º91/2015, de 2 de agosto.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 66

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 22 - Artigo 201.º– Aplicação no tempo

Refere que “Considerando a aplicação do PR para futuro, as situações em vi-gor dispõem de um ano para a ele se adaptarem”

Reitera-se o teor da referência que corresponde ao disposto no n.º 2 do artigo 201.º.

Ponto 23 - Artigo 204.º– Cedências precá-rias

Considera que a “actual redação de ambos os n.ºs parece contrariar tanto o art.º 201.º como o próprio art. 136.º e ss, sendo ele próprio contraditório en-tre si, uma vez que, como já mencio-nado, se bem se compreendeu o pre-sente projeto (e admite-se o contrá-rio),não se conclui quais são, afinal, as diferenças entre “cedências precárias” e “cedências de utilização”, igualmente precárias.

Percebe-se a colocação mas existem diferenças de regime. No plano formal, importa assinalar que enquanto as “cedências

precárias” eram decididas por ato administrativo, individual e concreto e reguladas com as devidas adaptações pelo procedi-mento contido no CPA. As “cedências de utilização” têm base re-gulamentar sendo disciplinadas, por norma geral e abstrata, per-mitindo uma aplicação uniforme e paritária aos respetivos desti-natários;

No plano material, importa anotar que as “cedências precárias” não tinham estipulação de prazo e eram gratuitas. As cedências de utilização são onerosas e não podem ter prazo superior a 3 anos, sem prejuízo do Município poder cessá-las a todo o tempo, sempre que o interesse público o justificar.

A montante das diferenças referidas, importará voltar a lembrar que a figura decorre diretamente do disposto no artigo 23.º do Decreto-lei 280/2007, tendo o regulamento estendido ao domínio privado, regime equivalente ao fixado na lei.

Ponto 24 - Artigo 207.º– Ativos imobiliá-rios em gestão condicionada – MUITO IMPORTANTE

Anota que o “n.º 1 determina o prazo de um ano a contar da entrada em vi-gor do regulamento para que, sob pro-posta da DMGP, os prédios municipais sejam incluídos num dos regimes de gestão previstos”, adiantando depois que n.º 2 refere que os prédios cons-tantes do anexo III se encontram sujei-tos ao regime de gestão condicionada “ o tal que, nem no índice do PR, exis-te, lamentavelmente”.

Como tivemos ocasião de referir supra será junto o anexo e feita apresentação identificando tais imóveis, sem prejuízo de os mesmos já serem suscetíveis de ser conhecidos atenta o nível de concretização das previsões contidas nos vários números e alí-neas constantes do artigo 27.º

Ponto 25 - Artigo 209.º– Comissão de acompanhamento Interroga se será descabido a EGEAC

integrar, tal como as outras empresas municipais, como a GEBALIS.

Cumpre sublinhar sobre esta matéria o disposto no artigo 2.º, n.º 2, alínea f) bem como a circunstância incontornável das em-presas municipais serem pessoas coletivas distintas da pessoa coletiva Município, sem prejuízo da sujeição às orientações estra-tégicas que lhe são definidas pelo acionista em sede de assem-bleia geral.

A disposição prevê que a comissão de acompanhamento seja designada pela Câmara com o máximo de 5 elementos sendo evidente a importância destes serem destinatários, imediatos e diretos das previsões regulamentares.

Sem prescindir, nada impede que as empresas municipais pos-sam dirigir as suas observações, reclamações ou sugestões junto da comissão de acompanhamento.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 67

PROPOSTAS, ESCLARECIMENTOS E RESERVAS

ANÁLISE

Ponto 26 - Artigo 212.º – Norma revogató-ria Refere que o disposto na “alínea a)

suscita as maiores reservas quanto a considerarem-se revogadas, com o presente regulamento, “qualquer outra disposição normativa, independente-mente da sua natureza jurídica, na par-te em que colida com o estabelecido no presente regulamento”.

Considera que “as primeiras reservas são objetivamente de índole constitu-cional, e duplas: quanto à força do re-gulamento para revogar diplomas de categoria superior (o que a redacção supra parece admitir); e quanto à pos-sibilidade de, por essa via, se obterem efeitos retroactivos”;

As segundas reservas são “factuais e materiais, prendem-se com a ligação aos despachos e deliberações de transferência de gestão de equipamen-tos municipais para a EGEAC. Como admitir que podem os mesmos ser agora contrários ao presente regula-mento?! Inadmissível!” (sublinhado nosso).

Anota-se a pertinência da colocação. Efetivamente, a redação permite retirar a interpretação sustentada pelo que deverá ser al-terada. Consequentemente, da alínea a) do artigo 212.º será ex-purgada a expressão “independentemente da sua natureza jurídi-ca”, passando a constar (…) “e, qualquer outra disposição norma-tiva que não tenha carácter legal ou que prevaleça sobre a norma regulamentar nos termos da lei”.

Conclusão: Considera oportuno aproveitar a possibili-dade conferida pela fase de discussão pública em que o diploma se encontra para apresentar contributos e sobretudo solicitar esclarecimentos “tendo em conta o universo de património gerido pela EGEAC, a nossa missão e valores defini-dos pelo próprio acionista, e o objecto do regulamento que parece esquecer esta realidade” (sublinhado nosso).

O regulamento não só não esquece o universo do património municipal gerido pela EGEAC como acautela a autonomia da empresa quanto à gestão desse património. Por essa razão, ex-cluiu a aplicação do regulamento às empresas municipais no que se refere à gestão corrente dos bens do domínio público e priva-do municipal cuja gestão foi transferida pelo Município.

Por conseguinte, teve presente a inexistência de subordinação hierárquica bem como o facto de se tratar de outra pessoa jurídi-ca, com personalidade e capacidade própria que foi criada nos termos da lei como empresa local de gestão de serviços de inte-resse geral à qual compete gerir o património cultural do municí-pio de Lisboa nos termos dos estatutos, incluindo as delegações previstas no artigo 5.º daqueles mesmos estatutos;

O património transferido para a gestão da EGEAC encontra-se, todo ele, incluído no regime de gestão condicionada enquanto se verificarem os respetivos pressupostos a verificar pelo Município no âmbito da função acionista;

A relação entre Município e a EGEAC no âmbito da gestão patrimonial e demais matérias far-se-á sempre, no quadro da Lei 50/2012, sem prejuízo da sujeição aos demais diplomas, incluin-do o regime jurídico do património imobiliário público sempre que atue no âmbito do domínio público.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 68

Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas procurámos acomodar os contributos alterando e

aperfeiçoando algumas disposições (cf. sublinhado a cor verde) e mantendo a redação de outras, com

base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos seguintes:

Artigo 180.º (…)

1- (…);

2- (…);

3- (…);

4- O requerimento previsto no número anterior será instruído nos termos seguintes:

a) Fotocópia do cartão de cidadão ou do cartão da empresa e disponibilização do código de

acesso à certidão permanente do registo comercial, caso seja concedido consentimento pe-

lo titular, na falta deste consentimento, a identidade será verificada mediante a exibição do

cartão de cidadão ou número de pessoa coletiva junto do trabalhador competente ou pela

indicação do respetivo número na identificação do devedor requerente.

b) (…)

c) (…)

5- (…)

Artigo 2.º (…)

1- O presente regulamento estabelece a disciplina normativa de todos os atos de gestão e adminis-

tração incidentes sobre todo o património imobiliário do Município de Lisboa, incluindo a respeti-

va inventariação, cadastro, registo e demais mecanismos adequados à sua conservação, valori-

zação e reabilitação.

2- Ficam excluídos do âmbito deste Regulamento:

a) (…)

b) (…)

c) (…)

d) (…)

e) (…)

f) (…)

g) (…)

Artigo 12.º (…)

1- Os titulares dos órgãos municipais, os dirigentes e trabalhadores em funções públicas são res-

ponsáveis pelo cumprimento na lei, incluindo o disposto no regime jurídico da responsabilidade

civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de direito público e pelo cumprimento neste

regulamento podendo ser responsabilizados, disciplinar, financeira e criminalmente pelos atos e

omissões de que resulte a violação dos respetivos deveres.

2- O disposto no número anterior aplica-se, com as devidas adaptações, aos titulares dos órgãos

sociais das empresas municipais e respetivos trabalhadores, incluindo o disposto no regime jurí-

dico da responsabilidade civil extracontratual do Estado e pessoas coletivas de direito público

nos termos do n. 5.º do seu artigo 1.º

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 69

Artigo 21.º (…)

1- (…).

a) (…);

b) (…);

c) (…);

d) Manter atualizada a listagem dos bens imóveis do domínio privado municipal que integram o

regime de gestão condicionada e o regime de execução propondo as alterações e afetações

de uso que, a cada momento, se mostrem mais adequadas à proteção do interesse munici-

pal, bem como os bens imóveis disponíveis para integração em bolsas de cedência, arren-

damento ou venda a terceiros ou programas setoriais promovidos ou desenvolvidos por ou-

tros serviços ou empresas municipais;

e) (…);

f) (…);

g) (…);

h) (…);

i) (…);

j) (…);

k) Emitir parecer fundamentado sobre a atribuição de imóvel municipal aos diferentes serviços

municipais, bem como a cedência ou afetação de uso de imóveis em gestão condicionada

que se encontrem sob a administração corrente daqueles serviços ou empresas municipais.

Artigo 211.º

(…)

As dúvidas surgidas no âmbito da interpretação deste regulamento e integração de lacunas se-

rão dirimidas por despacho do Presidente da Câmara em conformidade com as regras e critérios

de interpretação e integração de lacunas contidas nos artigos 9.º e 10.º do Código Civil.

Artigo 212.º

1) Com a entrada em vigor do presente regulamento são revogadas:

a) As disposições do regulamento do património municipal de 1968 sobre imóveis e patri-

mónio imobiliário e qualquer outra disposição normativa que não tenha caráter legal ou

que prevaleça sobre a norma regulamentar municipal nos termos da lei na parte em que

colida com o estabelecido no presente regulamento.

b) (…)

c) (…)

d) (…)

e) (…).

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 70

6.4- Ponderação da participação externa e dos interessados em geral

PROPOSTAS

ANÁLISE

Solicita esclarecimento sobre se o “novo código sobre o património imobi-liário” abrange o património não habi-tacional nos bairros municipais.

Em rigor, não é proposto um Código sobre o Património Imobi-liário embora pudesse fazer algum sentido criar um Código Muni-cipal onde fosse agregada toda a matéria regulamentar que, co-mo se sabe, obedece a regras jurídicas e de legística que são específicas.

Este regulamento abrange o património não habitacional nos bairros municipais ainda que de forma indireta, porquanto o artigo 2.º, n.º 2, alínea f) exclui do âmbito do regulamento a administra-ção corrente dos bens do domínio público e privado municipal cu-ja gestão esteja transferida para as empresas municipais nos termos do estatutos;

O património indicado integra a gestão transferida para a Geba-lis, consequentemente integra programas municipais específicos estando sujeitos à gestão condicionada nos termos do artigo 27.º

Refere que o artigo 212.º não revo-ga de forma expressa a norma do artigo 2.º do “Regulamento dos Merca-dos Retalhistas de Lisboa que aplica este normativo, por adaptação, às lojas geridas pela Gebalis (ou seja, ao imo-biliário nos bairros municipais)”, con-sequentemente, sugere respetiva inclusão em capítulo próprio, com regras próprias adequadas àquela realidade passando a justificar pelas razões seguintes:

a) O instrumento que rege estas lojas -Regulamento dos Merca-dos Retalhistas de Lisboa – foi pensado para Mercados e, por essa razão, não está devida-mente estruturado para a reali-dade das lojas, arrecadações e armazéns inseridos nos Bairros Municipais – desajuste que é maior por a adaptação das nor-mas ser em muitas situações inadaptável;

b) Trata-se de acervo patrimonial bastante grande no conjunto imobiliário municipal para justifi-

car a sua regulação; c) Contribuir para a uniformização

num único diploma, dos princí-pios, das regras gerais e espe-ciais, de modo a obter-se a ra-cionalidade na aplicação do Di-reito, designadamente no pre-enchimento de lacunas e de

A atual redação do artigo 212.º não revoga essa disposição. A questão colocada também é partilhada pela Direção Municipal de Habitação e Desenvolvimento Local.

A importância do contributo justifica a inclusão na norma revo-gatória do artigo 2.º do Regulamento Geral dos Mercados Reta-lhistas de lisboa;

Percebe-se a bondade do argumento, contudo, considerou-se que administração corrente do património gerido pelas empresas municipais ficaria excluída do âmbito de aplicação deste regula-mento precisamente porque as empresas conhecem melhor as especificidades do património que gerem podendo, por isso, no respeito pelos regime jurídico do património imobiliário público quando atuam sobre o domínio público ou no respeito pelo códi-go civil, arrendamento e demais legislação quando atuam no di-reito privado, elaborar os programas mais ajustados ao patrimó-nio que gerem;

Os princípios e regras gerais constam do regulamento do pa-trimónio de toda a legislação aplicável em matéria patrimonial de-vendo ser aplicados pelas empresas municipais.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 71

dissipação de dúvidas sobre as normas a aplicar;

d) Haver vantagens na transpa-rência e no acesso à informa-ção, permitindo condensar num único instrumento tornando mais fácil o acesso à informa-ção, estabilidade e certeza jurí-dica obstando à sua dispersão.

Concluída, pois, a análise às propostas apresentadas procurámos acomodar os contributos alterando e

aperfeiçoando algumas disposições (cf. sublinhado a cor verde) e mantendo a redação de outras, com

base nos fundamentos aduzidos supra, nos termos seguintes:

Artigo 212.º (Norma revogatória)

Com a entrada em vigor do presente regulamento são revogadas:

a) As disposições do regulamento do património municipal de 1968 sobre imóveis e património imobiliário e qualquer outra disposição normativa que não tenha carácter legal ou que prevaleça sobre a norma municipal nos termos da lei.

b) (…); c) (…); d) (…); e) O artigo 2.º dos Regulamento Geral dos Mercados Retalhistas de Lisboa f) Atual e)

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 72

7. CONCLUSÃO

A elaboração deste regulamento configura um passo importante para a gestão patrimoni-

al da Cidade de Lisboa e sobretudo para a transparência dos procedimentos nesta maté-

ria conferindo a todos estabilidade e certeza jurídica promovendo ao mesmo tempo a boa

gestão pública, o desenvolvimento sustentado e sustentável e a equidade intergeracional.

A consulta pública não constituiu uma mera formalidade jurídica tendo despoletado o

interesse proativo de vários quadrantes, não apenas político mas também dos serviços

municipais, do setor empresarial municipal e dos interessados em geral.

Procurámos escalpelizar, ponto por ponto, todos os contributos, sugestões e pedidos de

esclarecimento conferindo rigor e transparência à análise e às soluções alcançadas.

A pertinência das questões e sugestões apresentadas justificou a alteração de várias

disposições regulamentares e o aperfeiçoamento de outras contribuindo de forma decisi-

va para a melhoria da redação final do documento.

Esperamos que este trabalho não fique parado no tempo encerrado nas suas próprias

soluções mas que seja um documento aberto, participado e cuja aplicação seja acompa-

nhada por forma a estar sempre atenta às melhores soluções e em absoluta sintonia com

as alterações legais que venham a ser consagradas.

Submete-se, pois, à aprovação dos órgãos municipais competentes o presente Relatório

de Ponderação que faz parte integrante da proposta que submete o Regulamento à

aprovação Municipal.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 73

8-ANEXO

8.1 – Principais referências legais e regulamentares

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA (CRP)

Constituição da República

Portuguesa

(CRP)

ARTIGO 17.º O regime dos direitos, liberdades e garantias aplica-se

aos enunciados no título II e aos direitos fundamentais de nature-

za análoga.

ARTIGO 18.º Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos,

liberdades e garantias são diretamente aplicáveis e vinculam as en-

tidades públicas e privadas, sendo que a Lei só os pode restringir

nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as

restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos

ou interesses constitucionalmente protegidos.

ARTIGO 80.º Subordinação do poder económico ao poder político

e Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produ-

ção, de acordo com o interesse coletivo (entre outros);

ARTIGO 82.º N.º2 - O sector público é constituído pelos meios de

produção cuja propriedade e gestão pertencem ao Estado ou a ou-

tras entidades públicas;

ARTIGO 84.º - Identificação dos bens do domínio público, águas

territoriais, leitos, fundos, lagos, lagoas, cursos de água e seus lei-

tos, camadas aéreas superiores ao território acima do limite reco-

nhecido ao proprietário ou superficiário, jazigos minerais, estradas,

linhas férreas, outros bens classificados por Lei (n.º 1). A Lei defi-

ne quais os bens que integram o domínio público das autarquias

locais, bem como o seu regime, condições de utilização e limites

(N.º 2).

ARTIGO 62.º N.º 2 – A requisição e a expropriação por utilidade

pública só podem ser efetuadas com base na Lei e mediante o pa-

gamento de justa indemnização;

ARTIGO 165 N.º 1 – Reserva relativa de competência legislativa da

Assembleia da República – Definição e regime dos bens do domí-

nio público;

ARTIGO 235.º As autarquias locais são pessoas coletivas territoriais

dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de in-

teresses próprios das populações respetivas. Os municípios são au-

tarquias locais (cf. Artigo 236.º);

ARTIGO 237.º As atribuições e a organização das autarquias locais,

bem como a competência dos seus órgãos, serão reguladas por lei,

de harmonia com o princípio da descentralização administrativa;

ARTIGO 238.º As autarquias locais têm património e finanças pró-

prias. As receitas próprias incluem obrigatoriamente as provenien-

tes da gestão do seu património e as cobradas pela utilização dos

seus serviços;

ARTIGO 266º - Subordinação à Lei e ao interesse público e princí-

pios da igualdade, proporcionalidade, justiça, imparcialidade e res-

peito pelos direitos e interesses dos cidadãos;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 74

ARTIGO 268.º - Direitos e garantias dos cidadãos (administrados) e

tutela dos interesses legalmente protegidos;

ARTIGO 271.º - Responsabilidade civil, criminal e disciplinar pelas ações ou omissões praticadas no exercício das funções públicas;

LEI DE BASES DE POLÍTICA PÚBLICA DE SOLOS, DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DE URBANISMO

(LBPPSOTU)

Lei de Bases de Política Pública de Solos, de Orde-namento do Território e de Urbanismo (LBPPSOTU)

FINALIDADES E MEIOS DE INTERVENÇÃO ADMINISTRATIVA NO SOLO COM

INCIDÊNCIA ESPECÍFICA NA GESTÃO PATRIMONIAL IMOBILIÁRIA

ARTIGO 2.º e 3º - Finalidades políticas públicas e atuações adminis-trativas e sua sujeição aos respetivos princípios gerais;

ARTIGO 4º a 7.º - Direitos e deveres gerais aplicáveis com as devi-das adaptações;

ARTIGO 8.º - Deveres municipais específicos aplicáveis no âmbito da promoção das suas políticas públicas de solos;

ARTIGO 12º - Dever municipal de identificar, nos programas e planos, as áreas territoriais a reabilitar e regenerar e promover as ações adequadas à prossecução desses objetivos;

ARTIGO 18º - Reserva do solo para infraestruturas urbanísticas, equipamentos, espaços verdes e outros espaços de utilização cole-tiva sobre a propriedade privada obriga à sua aquisição no prazo previsto no plano territorial ou instrumento de programação sob pena de caducidade ou no prazo de 5 anos na falta de prazo;

ARTIGO 19º - Dever de promover a reestruturação da propriedade, reconfiguração dos limites cadastrais e contribuir para a execução de operações de reabilitação e regeneração;

ARTIGO 22.º Os espaços de uso público e os equipamentos e in-fraestruturas de utilização coletiva integram o domínio público ou privado da administração;

ARTIGO 23.º Afetação de bens imóveis do domínio privado a fina-lidades de política pública de solos;

ARTIGO 24.º - Dever de identificação no plano de atividades, or-çamento e documentos de prestação de contas, os imóveis do domínio público ou privado e outros ativos patrimoniais afetos a finalidades de política fundiária e identificação das formas de in-gresso dos imóveis na titularidade pública ou da sua afetação a fi-nalidades públicas (aquisição originária, reafectação de terrenos de titularidade pública, compra e venda, permuta, arrendamento, lo-cação financeira e outros de natureza análoga, sucessão, doação e renúncia, expropriação por utilidade pública, cedências no âmbito das operações urbanísticas e compensações perequativas);

ARTIGO 31.º - As autarquias podem ceder, a título precário e com caracter oneroso, a utilização de bens do domínio privado para as-segurar a prossecução de finalidades de política pública de solos nos termos da Lei. A cedência deve ser fundamentada e procurará garantir conservação, valorização e rentabilização dos bens cedi-dos;

ARTIGO 32.º - As autarquias podem celebrar contratos de conces-são ou conceder licenças de uso privativo de bens do domínio pú-blico nos termos da Lei;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 75

Lei de Bases Gerais da

Política Pública de Solos,

de Ordenamento do Territó-

rio e de Urbanismo

(Lei 31/2014)

ARTIGO 34.º- Expropriação por utilidade pública para a prossecu-ção de finalidades concretas de política de solos, mediante o pa-gamento da justa indemnização nos termos da Lei;

ARTIGO 35.º- Aquisição através de venda forçada quando os pro-prietários não cumpram os ónus e deveres decorrentes das opera-ções de regeneração previstas nos planos municipais nos termos da Lei;

Artigo 62.º n.º 4- Fundo municipal de sustentabilidade ambiental e urbanística ao qual são afetas receitas resultantes da redistribuição para promover a reabilitação urbana, sem prejuízo de poder afetar outras receitas para promover a criação, manutenção e reforço de infraestruturas, equipamentos ou áreas de uso público.

ARTIGO 69.º A avaliação é feita de acordo com o método mais apropriado tendo em conta a situação concreta (método compara-tivo de valores de mercado, de capitalização do rendimento ou de custo de reposição a definir em Lei);

Artigo 71.º- O solo urbano é avaliado atendendo ao conjunto do solo e benfeitorias realizadas considerando o valor correspondente ao aproveitamento ou edificabilidade concreta estabelecida no pla-no aplicável ou na sua falta valor referente à edificabilidade média, deduzidos os valores médios de cedência média por via perequati-va nos termos da Lei e considerando o valor do edificado bem como o valor dos ónus previstos para a edificabilidade concreta prevista em plano. As benfeitorias são avaliadas de forma inde-pendente mediante a aplicação de critérios diferenciadores de ava-liação que atendam à respetiva conformidade com a Lei e planos urbanísticos.

REGIME JURÍDICO DO PATRIMÓNIO PÚBLICO IMOBILIÁRIO

(RJPPI)

Regime Jurídico do Patri-

mónio Imobiliário Público

(Decreto-Lei 280/2017)

IMÓVEIS DO DOMÍNIO PÚBLICO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

ARTIGO 1.º- Regime aplicável à gestão dos bens imóveis do domí-nio público das autarquias locais;

ARTIGOS 2.º a 12.º-Princípios gerais específicos da atividade admi-nistrativa no âmbito do património imobiliário (boa administração, onerosidade, equidade, concorrência, transparência, responsabili-dade e controlo);

ARTIGOS 14.º a 19.º -Disposições gerais do domínio público (clas-sificação, titularidade, desafetação, inalienabilidade, imprescritibili-dade);

Artigos 22.º e 24.º - Utilização pela Administração (reservas domi-niais, cedências de utilização e mutações dominais subjetivas);

Artigo 25.º a 29.º - Uso ordinário, extraordinário, títulos de utiliza-ção, conteúdo de utilização privativa e extinção);

Artigos 53.º a 58.º ex vi 23.º 2 devidamente adaptado;

Artigo 126.º - Arrendamento de bens imóveis do domínio privado das autarquias locais.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 76

REGIME JURÍDICO DO PROCEDIMENTO EXTRORDINÁRIO DE REGISTO DE BENS IMÓVEIS E DE

REGULARIZAÇÃO DA SITUAÇAO JURÍDICO- REGISTRAL DE BENS IMÓVEIS DO DOMÍNIO PRIVA-DO DAS AUTARQUIAS LOCAIS (RJPERRE)

Regime Jurídico dos Pro-

cedimentos Extraordinários

de Registo e de Regulari-

zação da situação jurídico-

registral de bens imóveis

do domínio privado das

autarquias locais

ARTIGO 1.º-Estabelece o procedimento extraordinário de registo e do procedimento extraordinário de regularização da situação jurídico- registral dos bens imóveis do domínio privado das au-tarquias locais

ARTIGOS 2.º a 5.º-Disposições gerais (âmbito, competência, re-gularidade fiscal e representação gráfica georreferenciada).

ARTIGOS 6.º a 12.º -Procedimento extraordinário de registo de bens imóveis.

Artigos 13.º e 18.º - Procedimento extraordinário de regulariza-ção da situação jurídico-registral dos bens imóveis.

Artigo 19.º a 25.º - Disposições complementares e finais.

REGIME JURÍDICO DAS AUTARQUIAS LOCAIS (RJAL)

Regime Jurídico das Autarquias Locais (Lei 75/2013)

ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS MUNICIPAIS

ARTIGO 2.º -Constituem atribuições municipais a promoção e sal-vaguarda dos interesses próprios das respetivas populações, desig-nadamente nos domínios referidos no n.º 2 do artigo 23.º;

ARTIGO 3.º- Os Municípios prosseguem as suas atribuições atra-vés do exercício pelos respetivos órgãos das competências legal-mente previstas, nomeadamente no domínio da gestão (Cf. Alínea d));

ARTIGO 23.º - Constituem atribuições do Município a promoção e salvaguarda dos interesses próprios das respetivas populações, em articulação com as freguesias. Os Municípios dispõem de atribui-ções no domínio do Património e da promoção do desenvolvi-mento (cf. alíneas e) e m) do n.º 2);

ARTIGO 32.º -A Câmara municipal tem as competências materiais e de funcionamento previstas na 75/2013, sem prejuízo das de-mais competências legais de acordo com o disposto no artigo 3.º do mesmo diploma.

RJAL – ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Regime Jurídico das

Autarquias Locais (Lei

75/2013)

ASSEMBLEIA MUNICIPAL -COMPETÊNCIAS PATRIMONIAIS ESPECÍFICAS

(ARTIGO 25.º)

Aprovação dos instrumentos estratégicos necessários à prossecu-

ção das atribuições dos Municípios, nomeadamente os programas

estratégicos de rentabilização e valorização do património munici-

pal nas opções do plano e proposta de orçamento (Cf. alínea a) e

h) do n.º 1) do Art. 25.º);

Autorizar a Câmara Municipal a adquirir, alienar ou onerar bens

imóveis de valor superior a 1000 vezes a RMMG e fixar as respe-

tivas condições gerais, podendo determinar o recurso à hasta pú-

blica (Cf. n.º 1, alínea i) do Art. 25.º);

Autorizar a Câmara Municipal a celebrar contratos de concessão e fixar as respetivas condições gerais (Cf. n.º 1 alínea p) do Art. 25.º).

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 77

Regime Jurídico das

Autarquias Locais (Lei

75/2013)

Deliberar sobre a afetação ou desafetação de bens do domínio pú-blico municipal (Cf. n.º 1 alínea q) do Art. 25.º);

Pronunciar-se e deliberar sobre todos os assuntos que visem a prossecução das atribuições do Município (Cf. n.º 2 alínea k) do Art. 25.º);

Apreciar o inventário dos bens (imóveis), direitos e obrigações pa-trimoniais e a respetiva avaliação, bem como apreciar e votar os documentos de prestação de contas (Cf. nº. 2, alínea l) do Art. 25.º).

RJAL- CÂMARA MUNICIPAL

Regime Jurídico das

Autarquias Locais (Lei

75/2013)

CÂMARA MUNICIPAL - COMPETÊNCIAS PATRIMONIAIS ESPECÍFICAS

(ARTIGO 33.º)

Elaborar e submeter à aprovação da assembleia municipal os pla-nos necessários à realização das atribuições municipais (Cf. n.º 1 alínea a);

Elaborar e submeter a aprovação da assembleia municipal as op-ções do plano e a proposta do orçamento, que integram os pro-gramas estratégicos de rentabilização e valorização do património municipal (Cf. n.º 1 alínea c));

Adquirir, alienar ou onerar bem imóveis de valor até 1000 vezes o rendimento mínimo mensal garantido (RMMG);

Alienar em hasta pública, independentemente de autorização da Assembleia Municipal bens imóveis de valor superior a 1000 ve-zes o rendimento mínimo mensal garantido, desde que a alienação decorra da execução das opções do plano e a respetiva deliberação tenha sido aprovada por maioria de 2/3 dos membros da assem-bleia municipal em efetividade de funções (cf. n.º 1 alínea h);

Elaborar o inventário dos bens, direitos e obrigações patrimoniais do Município e respetiva avaliação (Cf. n.º 1, alínea i);

Administrar o domínio público municipal (Cf. n.º1 alínea qq)

Propor a declaração de utilidade pública para efeitos de expropri-ação (Cf. n.º 1 alínea vv));

RJAL- PRESIDENTE DA CÂMARA

Regime Jurídico das

Autarquias Locais (Lei

75/2013)

PRESIDENTE DA CÂMARA -COMPETÊNCIAS PATRIMONIAIS ESPECÍ-

FICAS

(ARTIGO 35.º)

Elaborar e manter atualizado o cadastro dos bens móveis e imó-

veis do Município (Cf. alínea d);

Outorgar contratos em representação do Município, incluindo aqueles que incidem sobre negócios jurídicos imobiliários (cf. n.º 2, alínea f); Praticar os atos necessários à administração corrente do património do Município e à sua conservação (Cf. n.º 2 alínea h);

Proceder aos registos prediais do património imobiliário do Mu-nicípio, bem como a registos de qualquer outra natureza (cf. n.º 2 alínea i);

Ordenar o despejo sumário dos prédios cuja expropriação por uti-lidade tenha sido declarada (cf. n.º 2 alínea l).

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 78

REGIME DE DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NOS MUNICÍPIO E ENTIDADES INTERMUNICIPAIS

Regime Jurídico de

delegação de compe-

tências nos Município

e entidades intermuni-

cipais (Decreto-Lei

30/2015)

ARTIGO 2.º- A delegação concretiza-se através de contratos inte-radministrativos

ARTIGO 4º- Os contratos interadministrativos prevêem a transfe-rência dos recursos financeiros necessários e suficientes para o exercício das competências delegadas.

ARTIGO 5.º- Os contratos interadministrativos podem prever a transferência da titularidade e da gestão do património, incluindo imóveis afetos ao serviço público em relação ao qual as compe-tências são delegadas com cláusula de reversão sujeita a registo. O contrato constitui título bastante para o registo dos imóveis a fa-vor dos Municípios

ARTIGO 7.º- O contrato interadministrativo estabelece mecanis-mos de monitorização e acompanhamento da evolução da execu-ção, sendo divulgados periodicamente

ARTIGO 12.º- Até à integração no Fundo Social Municipal , as transferências de recursos financeiros para os Municípios foram efectuadas por recurso a verbas do orçamento do programa or-çamental do delegante

PLANO OFICIAL DE CONTABILIDADE DAS AUTARQUIAS LOCAIS

(POCAL)

Decreto -Lei n.º 54-A/99,

de 22 de fevereiro (ver-

são atual)

O Pocal integra os critérios de valorimetria a par dos princípios orçamentais e contabilísticos e das demais regras previsionais do-cumentos previsionais e de prestação de contas;

O sistema de contabilidade das autarquias locais estabelece pro-cedimentos relativos a operações de registos e especifica os do-cumentos sendo de realçar além dos documentos e livros dos mo-vimentos financeiros, o inventário e os critérios de valorimetria.

BENS IMÓVEIS - refere-se a infraestruturas, terrenos e recursos naturais, edifícios e outras construções respeitantes a bens do domínio público e a investimentos em imóveis e imobilizações corpóreas.

NATUREZA JURÍDICA - os bens das autarquias locais pertencem ao domínio público ou ao domínio privado. O primeiro é consti-tuído pelos bens que estão afetos ao uso público ou os que qual-quer norma jurídica classifique como coisa pública e o segundo é constituído pelos bens que estão no comércio jurídico-privado.

2.7.2 O MÉTODO PARA O CÁLCULO DAS AMORTIZAÇÕES DO

EXERCÍCIO É O DAS QUOTAS CONSTANTES. A quota anual de

amortização determina-se aplicando aos montantes dos elementos

do ativo imobilizado em funcionamento as taxas de amortização

definidas na Lei. O valor unitário e as condições em que os ele-

mentos do ativo imobilizado sujeitos a depreciação ou a depere-

cimento possam ser amortizados num só exercício são os defini-

dos na lei. A fixação de quotas distintas para o ativo imobilizado

corpóreo adquirido em segunda mão, é determinado pelos órgãos

deliberativo sob proposta do executivo;

2.8.1 –INVENTÁRIO – As autarquias locais elaboram e mantêm

atualizado o inventário de todos os bens, direitos e obrigações

constitutivas do seu património de acordo com os critérios de va-

lorimetria do capítulo 4.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 79

Decreto -Lei n.º 54-A/99,

de 22 de fevereiro (ver-

são atual)

2.9 CONTROLO INTERNO inclui nomeadamente o plano de or-ganização, políticas, métodos e procedimentos de controlo bem como procedimentos definidos pelos responsáveis autárquicos que contribuam para assegurar o desenvolvimento de atividades de forma ordenada, eficiente para salvaguarda dos ativos, preven-ção e deteção de ilegalidade, fraude e erro, a exatidão e a integri-dade dos registos contabilísticos e a da informação financeira;

2.9.2 Os objetivos gerais de controlo diretamente aplicáveis ao pa-trimónio imobiliário são designadamente os seguintes: cumpri-mento das deliberações dos órgãos e das decisões dos respetivos titulares, a salvaguarda do património, o incremento da eficiência das operações, a adequada utilização dos fundos e o cumprimento dos limites legais à assunção de encargos, o controlo das aplica-ções e do ambiente informático com incidência patrimonial e a transparência e a concorrência no âmbito dos mercados públicos.

3.1.1.1 g) PRINCÍPIO DA NÃO CONSIGNAÇÃO – o produto de quaisquer receitas não pode ser afeto à cobertura de determinadas despesas, salvo quando essa afetação for permitida por Lei.

4 - CRITÉRIOS DE VALORIMETRIA - o ativo imobilizado, inclu-indo investimentos adicionais ou complementares, deve ser valo-rizado ao custo de aquisição ou ao custo de produção. Quando os elementos tiverem vida útil limitada ficam sujeitos a uma amorti-zação sistemática durante esse período, sem prejuízo das exceções expressamente consignadas.

4.1.4 –Quando se trate de ativos do imobilizado obtidos a título gratuito deverá considerar-se o valor resultante da avaliação ou o valor patrimonial definido nos termos legais ou, caso não exista disposição aplicável, o valor resultante da avaliação segundo crité-rios técnicos que se adequem à natureza desses bens devendo o respetivo critério ser espelhado nos anexos específicos. Caso este critério não seja exequível, o imobilizado assume o valor zero até ser objeto de uma grande reparação assumindo então o montante desta. Na impossibilidade da valorização dos bens ou quando es-tes assumam o valor zero, devem ser identificados em anexo e jus-tificada aquela impossibilidade.

4.1.7 – Os bens do domínio público são incluídos no ativo imobi-lizado da autarquia local responsável pela sua administração ou controlo, estejam ou não afetos à sua atividade operacional. A va-lorização destes bens será efetuada, sempre que possível, ao custo de aquisição ou ao custo de produção.

4.1.11- Os bens do imobilizado não são insusceptíveis de reavalia-ção, salvo se existirem normas que a autorizem e que definam os respetivos critérios de valorização

CAPÍTULO 04 (contas de classificação económica) -“Rendimentos de propriedade”, grupo 03 “Rendas de terrenos” -Esta rubrica abrange a receita proveniente do arrendamento de terrenos e da constituição do direito de superfície a favor de pessoas singulares ou coletivas. Apenas são de considerar os rendimentos da propri-edade rústica.

CAPÍTULO 06 (contas de classificação económica) Venda de bens e prestação e prestação de serviços correntes – inclui o produto da venda de bens duradouros, inventariados ou não, que inicialmente não tenham sido classificados como bens de capital ou de inves-timento, inclui rendas de prédios urbanos;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 80

CAPÍTULO 08 (contas de classificação económica) – venda de bens de investimento – compreende os rendimentos provenientes da alienação, a título oneroso, de bens de capital que na aquisição ou construção tenham sido contabilizados como investimento.

SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS

(SNC)

Decreto-Lei n.º 192/2015 de 11 de setembro (SNC)

SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA DAS ADMI-

NISTRAÇÕES PÚBLICAS:

ARTIGO 3.º -O SNC -AP aplica -se a todos os serviços e organis-mos da administração central, regional e local que não tenham na-tureza, forma e designação de empresa, ao subsetor da segurança social, e às entidades públicas reclassificadas:

ARTIGO 17.º -Revoga o Pocal;

ARTIGO 18.º - Entrará em vigor em 01 de janeiro de 2017;

ARTIGO 9.º O sistema de controlo interno a adotar pelas entida-des públicas engloba, designadamente, o plano de organização, as políticas, os métodos e os procedimentos de controlo, bem como todos os outros métodos e procedimentos definidos pelos respon-sáveis que contribuam para assegurar o desenvolvimento das ati-vidades de forma ordenada e eficiente, incluindo a salvaguarda dos ativos, a prevenção e deteção de situações de ilegalidade, fraude e erro, a exatidão e a integridade dos registos contabilísticos e a pre-paração oportuna de informação orçamental e financeira fiável;

ARTIGO 13.º Integração de lacunas e aplicação subsidiária dos se-guintes diplomas:

As Normas Internacionais de Contabilidade Pública que estiverem em vigor;

O SNC;

As Normas Internacionais de Contabilidade adotadas na União Europeia;

As Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo Interna-tional Accounting Standards Board.

NORMA DE CONTROLO INTERNO (NCI)

NCI

(NORMA DE CONTROLO

INTERNO)

ARTIGO 14.º DOCUMENTOS PREVISIONAIS -o serviço competente

pela gestão do património imobiliário elabora um plano de

alienações de bens de investimento, sustentado em propostas

consistentes, devidamente valorizadas e com prazo de execu-

ção consentâneo com o do orçamento em preparação;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 81

NCI

(NORMA DE CONTROLO INTERNO)

ARTIGO 48.º - BOAS PRÁTICAS :

Evitar designar os mesmos ele-

mentos, de forma reiterada, para os

júris de procedimentos de contra-

tação com objetos idênticos;

Sensibilizar os trabalhadores a

cumprir escrupulosamente os de-

veres de isenção;

Garantir o dever de isenção asse-

gurando que quem realiza o levan-

tamento de necessidades não parti-

cipa no procedimento de contrata-

ção e quem participa no procedi-

mento de contratação não redige o

contrato;

ARTIGO 53.º - DESPESA (PRINCÍPIOS) as dota-

ções orçamentais devem ser utilizadas se-

gundo os princípios da economia, da efici-

ência e da eficácia;

ARTIGO 72.º - IMOBILIZADO (PRINCÍPIOS) inte-

gra todos os bens, direitos e obrigações

constitutivos do património municipal,

quer sejam da sua propriedade, incluindo

bens do domínio público de que seja res-

ponsável pela sua administração e controlo,

estejam ou não afetos à sua atividade ope-

racional, quer estejam em regime de loca-

ção financeira.

ARTIGO 73.º - GESTÃO E REGISTO DE BENS

IMÓVEIS – o serviço competente pela gestão

do património imobiliário, em colaboração

com os restantes serviços, efetua o levan-

tamento, coordenação e sistematização da

informação de todos os bens imóveis per-

tencente ao Município;

Tais bens constam do inventário

desde a aquisição até ao abate;

A cada bem corresponde uma fi-

cha individual, criada com a entre-

ga da fatura, escritura ou documen-

to legal que titule a aquisição, a

qual contém informação estipulada

na legislação em vigor;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 82

NCI

(NORMA DE CONTROLO INTERNO)

O serviço responsável pela gestão

do património imobiliário cria,

classifica e atualiza as fichas indivi-

duais dos bens definitivos perten-

centes ao Município, devendo os

demais serviços intervenientes no

processo de aquisição e gestão de

bens imóveis reportar àquele toda

a informação necessária à inventa-

riação, com destaque para os indi-

cados de seguida;

Cópia de acordos ou sentenças re-

lacionadas com expropriações ou

indemnizações, sem prejuízo dos

contratos que impliquem disposi-

ção ou oneração de bens imóveis,

escrituras celebradas (compra,

venda, permuta, cessão, doação)

atualmente integrados na Direção

Municipal do Património Imobiliá-

rio;

Cópia dos alvarás de loteamento

acompanhada de planta de síntese

onde constem as áreas de cedência

para os domínios privado e público

do Município;

Caso se trate de bens em curso o

Departamento de Contabilidade,

após a sua conclusão, fornece a in-

formação necessária para a criação,

classificação ou atualização das fi-

chas individuais.

Os registos contabilísticos referentes à valorização

do imobilizado são da competência do Departa-

mento de Contabilidade em articulação com o

serviço competente pela gestão do património

imobiliário.

OUTROS DOCUMENTOS:

PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS DE GESTÃO, INCLUINDO OS DE CORRUPÇÃO

E INFRAÇÕES CONEXAS

PATRIMÓNIO

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 83

RISCOS IDENTIFICADOS MEDIDAS PROPOSTAS

Existência de um Regu-

lamento de Património,

aprovado no ano de 1986,

que se tornou desajusta-

do face às necessidades

atuais

Continuar a integrar a maté-ria respeitante ao património municipal nos programas de revisão da regulamentação municipal.

Concretizado

Falta de inventariação

integral do património

municipal

Continuar a efetuar o levan-tamento sistemático e exaus-tivo de todo o património imobiliário municipal da CML e verificar o registo predial;

Adequar o modelo global de dados para suportar a captura de informação resultante dos levantamentos de património realizados no âmbito das fis-calizações de todo o patri-mónio da CML;

Garantir a sistematização do acesso às intervenções que originam alterações nos es-paços públicos/privados via SIG (Sistema de Informação Geográfica) ou procedimen-to manual;

Preparar a publicitação inte-gral, no sítio do Município, do cadastro do território municipal.

Concretizado

Necessidade de melho-

ria de articulação entre

os serviços da CML com

atribuições em matéria

de património, urbanis-

mo e edificações

Continuar a melhorar a ar-ticulação entre os vários serviços com atribuições em matéria de património, urbanismo e edificações, desenvolvendo um sistema de informação do patrimó-nio integrado com o siste-ma de gestão urbanística.

Concretizado

(Regulamento)

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 84

Reduzido controlo nas

contraprestações (entre-

ga de bens futuros) a

efetuar pelos particulares

Estabelecer mecanismos de controlo com suporte in-formático

Concretizado

(Ablação de en-

trega de bens

futuros)

Necessidade de demons-

tração acrescida da pros-

secução do interesse

público nos negócios

jurídicos subjacentes aos

complementos de lote e

permutas

Garantir o cumprimento das regras mínimas para a fundamentação dos negó-cios e publicitação da reali-zação desses negócios atra-vés de mecanismos apro-priados

Concretizado

(Regulamento)

Ausência de fundamen-

tação na avaliação dos

bens permutados

Continuar a dar integral cumprimento ao disposto no ponto 5 da Deliberação n.º 8/CM/08 que impõe “ em todas as avaliações que ultrapassem um dado valor e dimensão, a fixar na mesma metodologia, seja obrigatoriamente a avalia-ção externa, com recurso a pelo menos duas auditorias, cujos métodos de cálculo e respetivos resultados deve-rão ser comparados com os utilizados e explicitados pe-los serviços da CML”

Concretizado

Regulamento do

Património Imobi-

liário, Manual de

Boas Práticas e de

Avaliação Imobiliá-

ria

CÓDIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (CPA)

CPA

ARTIGO 2.º N.º 3 – Os princípios gerais da atividade administrati-

va e as disposições do CPA que concretizam preceitos constituci-onais são aplicáveis a toda e qualquer atuação da Administração Pública, ainda que meramente técnica ou de gestão privada:

ARTIGO 3.º a 19º - Princípio da Legalidade; Princípio da Prossecu-

ção do interesse público e da proteção dos direitos e interesses

dos cidadãos, Princípio da Boa Administração, Princípio da Igual-

dade, Princípio da Proporcionalidade ou da proibição do excesso,

Princípios da justiça e da razoabilidade, princípio da Imparcialida-

de, Princípio da Boa-Fé, Princípio da Colaboração com os particu-

lares, Princípio da Participação, Princípio da Decisão, Princípios

aplicáveis à Administração Eletrónica, Princípio da Gratuitidade,

Princípio da Responsabilidade, Princípio da Administração Aber-

ta, Princípio da Proteção dos Dados Pessoais e Princípio da Coo-

peração leal com a União Europeia;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 85

CPA

ARTIGO 69.º a 76.º - Garantias de Imparcialidade (Procedimentos Patrimoniais);

ARTIGO 97.º A 101.º e 135.º A 145.º - Procedimento e Regulamento Administrativo;

Artigo 121.º a 125.º - Audiência de interessados nos procedimen-tos de âmbito patrimonial;

Artigo 127.º a 133.º- Decisão e outras causas de Extinção do pro-cedimento de âmbito patrimonial;

Artigo 148 e ss- Ato Administrativo nos procedimentos patrimo-niais;

Artigo 200.º - Os órgãos da Administração Municipal podem cele-brar contratos administrativos sujeitos a um regime substantivo de direito ad-ministrativo, ou contratos submetidos a um regime de direito privado. São administrativos os que como tal estão classificados no CCP ou em legislação especial, os quais podem ser celebrados para a prossecu-ção das atribuições e finalidades públicas;

Artigo 201.º - A formação dos contratos cujo objeto abranja pres-tações que estejam, ou sejam suscetíveis de estar, submetidas à concorrência de mercado, encontra-se sujeita ao regime estabeleci-do no CCP, sendo-lhes especialmente aplicáveis os princípios da transparência, igualdade e concorrência;

Artigo 202.º- As relações contratuais administrativas são regidas pelo CCP ou lei especial. No âmbito dos contratos sujeitos a um regime de direito privado são aplicáveis ao contraente público as disposições deste Código que concretizam preceitos constitucio-nais e os princípios gerais da atividade administrativa.

Código das Expropriações (CE)

LEI 168/99, DE 18 DE

SETEMBRO, na sua ver-

são atual

O CÓDIGO DAS EXPROPRIAÇÕES APLICA-SE A TODO O PROCEDIMENTO EX-

PROPRIATIVO POR UTILIDADE PÚBLICA INSCRITA NAS ATRIBUIÇÕES MUNICI-

PAIS. O Município está vinculado a todas as disposições mas destacamos

no regime os aspetos seguintes:

ARTIGO 1.º, 23.º,24.º- Sujeição ao pagamento contemporâneo da justa indemnização calculada à data da declaração de utilidade pú-blica;

ARTIGO 2.º- Princípio do interesse público, no respeito pelos direi-tos e interesses legalmente protegidos dos expropriados e demais interessados, princípios da legalidade, justiça, igualdade, proporci-onalidade, imparcialidade e boa-fé;

ARTIGO 3º- Princípio da proporcionalidade, da necessidade e da

proibição do excesso ARTIGO 5.º Direito de reversão quando os

bens não sejam aplicados às finalidades que determinaram a ex-

propriação ou se entretanto tiverem cessado as finalidades da ex-

propriação;

ARTIGO 9º A expropriação incide pode direitos reais e obrigacio-

nais pelo que os interessados para este efeito serão, além do ex-

propriado, os titulares de qualquer direito real ou ónus sobre o

prédio a expropriar ou respetivos arrendatários.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 86

LEI 168/99, DE 18 DE

SETEMBRO, na sua ver-

são atual

ARTIGO 10º - A resolução de expropriar deve estar devidamente fundamentada, nomeadamente com a causa de utilidade pública a prosseguir e norma habilitante, os bens a expropriar, os proprietá-rios e demais interessados conhecidos, previsão do montante dos encargos a suportar com a expropriação e a identificação e a pre-visão nos instrumentos de gestão territorial para os imóveis a ex-propriar e para a zona da sua localização;

ARTIGO 11º O Regime regra é o da aquisição pela via do direito privado antes de ser requerida a declaração de utilidade pública salvo nos casos de atribuição de carácter de urgência à expropria-ção para as obras de interesse público ou expropriação urgentís-sima (artigos 15.º e 16.º);

ARTIGO 12.º e 14º -A Competência para a declaração da utilidade pública das expropriações da iniciativa da administração local au-tárquica, para efeitos de concretização do plano de urbanização ou plano de pormenor eficaz é da responsabilidade da Assembleia Municipal sendo comunicada ao membro do Governo responsá-vel pela área da Administração Local, nas restantes situações, compete à Câmara Municipal propor a declaração de utilidade pú-blica ao membro do Governo responsável;

ARTIGO 17.º - Publicação da declaração de utilidade pública na 2.ª Série do Diário da República, data a partir da qual começa a con-tar-se o prazo de validade (1 ano) se não for promovida a arbitra-gem ou 18 meses se o processo não for remetido a Tribunal (ex-propriação litigiosa), sob pena de caducidade que não é do conhe-cimento oficioso.

ARTIGO 19.º, 20.º e 21.º- A entidade competente para declarar a utilidade pública pode autorizar a posse administrativa dos bens a expropriar desde que os trabalhos sejam urgentes e aquela provi-dência se torne indispensável para o início imediato e demais con-dições legalmente previstas incluindo a vistoria ad perpetuam rei me-moriam destinada a fixar os elementos de facto suscetíveis de desa-parecerem e cujo conhecimento seja de interesse ao julgamento do processo.

Artigo 33.º a 37.º - Expropriação amigável – Acordo com o ex-propriado antes da promoção da arbitragem incidente sobre mon-tante da indemnização, pagamento da indeminização, modo de sa-tisfazer as prestações, indemnização através da cedência de bens ou direitos (se aplicável) expropriação total e condições acessórias.

Artigo 38.º a 73.º Expropriação litigiosa – Na falta de acordo so-bre o valor da indemnização é fixado por arbitragem, com recurso aos tribunais comuns, nos termos processuais fixadas no Código;

Artigo 74.º a 79.º Reversão dos bens expropriados a requerer à entidade que tiver declarado a utilidade pública da expropriação nos termos e demais condições fixadas no Código.

Código dos Contratos Públicos (CCP)

ARTIGO 1.º N.º1-O CCP estabelece a disciplina aplicável à con-tratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos que revistam a natureza de contrato administrativo;

ARTIGO 1.º N.º2 e N.º4 – O Regime da parte II do presente Código é aplicável à formação dos contratos públicos entendi-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 87

CÓDIGO DOS CON-

TRATOS PÚBLICOS,

na sua versão atual

(CPP)

dos como todos aqueles que, independentemente da sua de-signação e natureza, sejam celebrados pelo Município, sendo-lhes aplicáveis os princípios da transparência, igualdade e con-corrência;

ARTIGO 1.º N.º3- A parte III do Código (regime substantivo dos contratos administrativos), é igualmente aplicável, com as necessárias adaptações, aos procedimentos destinados à atri-buição unilateral, pelo Município adjudicante, de quaisquer vantagens ou benefícios, através de ato administrativo ou equiparado, em substituição da celebração de um contrato pú-blico;

ARTIGO 1.º N.º5 - O regime substantivo dos contratos públicos estabelecidos na parte III é aplicável aos contratos que revis-tam a natureza de contratos administrativos;

Artigo 1.º n.º 6 – Reveste a natureza de contrato administrati-vo o acordo de vontades, independentemente da sua forma ou designação, celebrado entre contraentes públicos e co-contratantes ou somente entre contraentes públicos, que se in-tegre nas categorias seguintes:

Contratos que, por força da Lei ou da vontade das partes, sejam qualificados como contratos administra-tivos ou submetidos a um regime substantivo de direi-to público;

Contratos com objeto passível de ato administrativo de mais contratos sobre o exercício de poderes públi-cos;

Contratos que confiram ao co-contratante direitos es-peciais sobre coisas públicas ou exercício de funções dos órgãos do contraente público (Município);

Contratos que a Lei submeta, ou admita que sejam submetidos, a um procedimento de formação regula-do por normas de direito público e em que a presta-ção do co-contratante possa condicionar ou substituir, de forma relevante, a realização das atribuições do contraente público (Município).

POR CONSEGUINTE, todos os contratos de concessão da dominialidade pública (uso privativo e exploração) são contratos administrativos por força da alínea c) do n.º 1 do artigo 1.º do CCP estando sujeitos ao regime jurídico substantivo dos contratos administrativos, constante da parte III do Código (Cf. artigos 278.º e ss do CPP), que não impede que por decisão da enti-dade adjudicante (Município) possa também aplicar-se a parte II relativa aos procedimentos de formação dos contratos públicos, nomeadamente o concurso públi-co para salvaguarda da transparência, igualdade e con-corrência.

O REGIME SUBSTANTIVO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS cons-

tante do artigo 278.º e ss do CCP APLICA-SE À CONCESSÃO DO USO

PRIVATIVO E EXPLORAÇÃO DA DOMINIALIDADE PÚBLICA por se

tratar de um contrato administrativo, sendo de destacar os aspetos

seguintes:

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 88

CÓDIGO DOS CON-

TRATOS PÚBLICOS

(CPP)

ARTIGO 278.º-Os contraentes públicos podem celebrar quais-quer contratos administrativos para a prossecução das suas atribuições, nomeadamente de concessão do uso privativo e exploração da dominialidade pública;

ARTIGO 280.º- O CCP aplica-se às relações contratuais jurídi-cas administrativas e no que não for suficientemente discipli-nado por aplicação dos princípios gerais de direito administra-tivo, são subsidiariamente aplicáveis às relações contratuais ju-rídicas administrativas, as restantes normas de Direito admi-nistrativo e na falta destas, o Direito Civil;

ARTIGO 281.º- O contraente público não pode assumir direi-tos ou obrigações manifestamente desproporcionados ou que não tenham conexão material direta com o fim do contrato;

ARTIGO 282.º- Só há lugar à reposição do equilíbrio financeiro quando, tenho em conta a repartição do risco entre as partes, o facto invocado como fundamento desse direito altere os pressupostos nos quais o co-contratante determinou o valor das prestações a que se obrigou, desde que o contraente públi-co conhecesse ou não devesse ignorar esses pressupostos, não podendo a reposição colocar qualquer das partes em situação mais favorável que a que resultava do equilíbrio financeiro ini-cialmente estabelecido, não podendo cobrir eventuais perdas que já decorriam desse equilíbrio ou eram inerentes ao risco próprio do contrato;

ARTIGOS 283.º - A nulidade e a anulabilidade procedimental de-

termina nas condições do Código a invalidade do contrato ad-ministrativo, mas o efeito anulatório pode ser afastado por de-cisão judicial ou arbitral, quando, ponderados os interesses públicos e privados em presença, e a gravidade da ofensa ge-radora do vício do ato procedimental em causa, a anulação do contrato se revele desproporcionada ou contrária à boa-fé ou quando se demonstre inequivocamente que o vício não impli-caria uma modificação subjetiva do contrato celebrado nem uma alteração do seu conteúdo essencial.

ARTIGOS 284.º e 285.º- Os contratos administrativos celebra-dos em violação dos princípios e normas injuntivas são anulá-veis, sendo nulos os contratos subsumíveis previsões típicas do artigo 161.º do CPA ou quando o vício determine a nulida-de por aplicação dos princípios gerais de Direito Administrati-vo, sendo-lhes igualmente aplicáveis as disposições do Código Civil relativas à falta e vícios de vontade (artigos 240.º a 257.º) e admitida a redução e conversão nos termos dos artigos 292.º e 293.º do Código Civil;

Artigo 286.º a 301.º - A execução do contrato deve confor-mar-se à boa-fé e ao interesse público, estando as partes vin-culadas pelo dever de colaboração mútua, devendo o contra-ente público exercer as respetivas competências de autoridade para prevenir ou reprimir a violação por terceiros de vínculos

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 89

CÓDIGO DOS CON-

TRATOS PÚBLICOS

(CPP)

jurídico-administrativos de que resulte a impossibilidade da boa execução do contrato e pelo co-contrante e obtenção por este das receitas a este tenha direito;

Artigo 302.º a 310.º - O Município (contraente público) pode nos termos do contrato e deste Código exercer os poderes se-guintes:

Dirigir o modo de execução das prestações;

Fiscalizar o modo de execução do contrato;

Modificar unilateralmente as cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das prestações pre-vistas no contrato por razões de interesse público;

Aplicar as sanções previstas para a inexecução do contrato;

Resolver unilateralmente o contrato.

Artigo 303.º - Princípios respeitantes aos poderes de direção e de fiscalização:

Cabe ao Município o poder de direção e fiscalização estritamente necessário à prossecução do interesse público e para além das ações contratuais a direção pelo contraente público consiste na emissão de or-dens, diretivas ou instruções sobre o sentido das esco-lhas necessárias nos domínios da execução técnica, fi-nanceira ou jurídica das prestações contratuais;

Artigo 307.º n.º 2- As declarações do Município no âmbito dos poderes de direção, fiscalização de execução do contrato têm a natureza de ato administrativo, nomeadamente:

Ordens, diretivas ou instruções no exercício dos po-deres de direção e de fiscalização;

Modificação unilateral das cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das prestações pre-vistas por razões de interesse público;

Aplicação das sanções previstas para a inexecução do contrato;

Resolução unilateral do contrato.

Artigo 311.º a 315.º - Modificações objetivas do contrato ad-ministrativa;

Artigo 316.º a 324 – Cessão da posição contratual admitida pelo Código;

Artigo 325.º a 329.º - Incumprimento do contrato, sendo de ressaltar que o contraente público, pode a título sancionatório, resolver o contrato e aplicar as sanções nele previstas em caso de incumprimento pelo co-contratante.

Artigo 330.º a 335.º -Causas de extinção de contrato por ra-zões de interesse público e outros fundamentos do contraente

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 90

público.

Cumprimento, revogação e resolução por incumpri-mento, resolução por razões de interesse público e reso-lução com fundamento na alteração anormal e imprevisí-vel das circunstâncias.

Artigo 336.º e 337.º- Contratos com objeto passível de ato administrativo e demais contratos sobre o exercício de pode-res públicos, as parte podem:

Fixar livremente o prazo de vigência e os pressupos-tos da sua modificação, caducidade, revogação ou re-solução, salvo direitos ou interesses legalmente indis-poníveis, outra coisa resultar da lei ou da natureza do poder exercido através do contrato;

Extinguem-se, por caducidade, por força da verifica-ção dos factos determinantes da caducidade dos atos administrativos que aqueles substituem;

Os contratos pelos quais o contraente público se vin-cula a praticar (ou não praticar )um ato administrativo com certo conteúdo extinguem-se por força da altera-ção ou impossibilidade superveniente de concretiza-ção dos pressupostos que ditariam o exercício da dis-cirionariedade administrativa n sentido convenciona-do.

Artigo 338.º - Contratos interadministrativos ou entre Con-traentes Públicos:

Aos contratos interadministrativos não são direta-mente aplicáveis as disposições sobre o regime subs-tantivo dos contratos administrativos (Parte III) que contratam entre si num plano de igualdade jurídica, segundo a harmonização do desempenho das suas atrabuições, sem prejuízo de aplicar aquele regime aos contratos em que um dos contraentes públicos se submeta ao exercício dos poderes de autoridade pelo outro.

ARTIGO 407º SS – Disposições gerais de concessões de obras e serviços são aplicáveis subsidiariamente ao contrato de con-cessão de exploração do domínio público por forla do ARTI-

GO 408.º DO CCP.

Artigo 409.º- As entidades adjudicantes podem conceder a execução e conceção de obras públicas ou gestão de serviços e, mediante estipulação contratual, podem exercer as os pode-res de autoridade seguintes:

Expropriação por utilidade pública e utilização, prote-ção;

Gestão das infraestruturas afetas ao serviço público;

Licencimento e concessão, nos termos da Lei aplicá-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 91

vel à utilização do domínio público, da ocupação ou do exercício de qualquer atividade nos terrenos, edifi-cações e outras infraestruturas que lhe estejam afetas;

Artigo 410.º e 411.º- O prazo é fixado em função do período de tempo necessário para a amortização e remuneração, me normais condições de rendibilidade da exploração, do capital investido pelo concessionário e, na falta de estipulação contra-tual, será de 30 anos, nele se incluindo a duração de qualquer prorrogação contratualmente prevista. O concessionário, salvo estipulação em contrário, deve ter a sua sede em Portugal e deve ter por objeto social exclusivo as atividades integradas na concessão;

Artigo 414.º e 415.º- Obrigações e direitos do concessionário, nomeadamente:

Informar o concedente de qualquer circunstância que possa condicionar o normal desenvolvimento das ati-vidades concedidas;

Fornecer ao concedente, ou a quem este desiganar, qualquer informação ou eleborar relatórios sobre a execução do contrato;

Obter todas as licenças, certificações, credenciais ou autorizações necessárias ao objeto do contrato;

Explorar, em regime exclusivo, a atividade concedida e receber a respetiva retribuição;

Utilizar nos termos da Lei do contrato os meios do domínio público necessários ao desenvolvimento das atividades concedidas.

Artigo 420.ºa 423.º Direitos do concedente, nomeadamente:

Estabelecer tarifas mínimas ou máximas;

Sequestrar a concessão;

Resgatar a concessão;

Exigir a partilha equitativa do acréscimo de benefícos financeiros, nos termos do artigo 341.º;

Resolução;

Artigo 4.º n.º 2, alínea c) - CONTRATOS EXCLUÍDOS- O CCP não é aplicável:

Contratos de compra e venda;

Contratos de doação;

Contratos de permuta;

Contratos de arrendamento de bens imóveis ou con-tratos similares.

Regime Jurídico de Urbanização e Edificação (RJUE)

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 92

REGIME JURÍDICO DE

URBANIZAÇÃO, na sua

versão atual.

ARTIGO 14.º, alínea f)- O pedido de informação prévia para ope-ração de loteamento ou em área não abrangida por plano de pormenor ou obra de construção, ampliação ou alteração em área não abrangida por plano de pormenor ou operação de lote-amento deve prever as áreas de cedência destinadas à implanta-ção de espaços verdes, equipamentos de utilização coletiva e in-fraestruturas viárias;

ARTIGO 44.º - O proprietário e os demais titulares de direitos re-ais sobre o prédio a lotear cedem gratuitamente ao município as parcelas para implantação de espaços verdes públicos e equipa-mentos de utilização coletiva e as infraestruturas que, de acordo com a lei e a licença ou comunicação prévia, devam integrar o domínio municipal;

ARTIGO 44.ºN.º 4-Se o prédio a lotear já estiver servido pelas in-fraestruturas a que se refere a alínea h) do artigo 2.º ou não se justificar a localização de qualquer equipamento ou espaço verde públicos no referido prédio ou ainda nos casos referidos no n.º 4 do artigo anterior, não há lugar a qualquer cedência para esses fins, ficando, no entanto, o proprietário obrigado ao pagamento de uma compensação ao município, em numerário ou em espé-cie, nos termos definidos em regulamento municipal;

ARTIGO 44.º N.º 5 -O proprietário e demais titulares de direitos reais sobre prédio a sujeitar a qualquer operação urbanística que nos termos de regulamento municipal seja considerada como de impacte relevante ficam também sujeitos às cedências e compen-sações previstas para as operações de loteamento;

ARTIGO 45.º N.º1 - O cedente tem o direito de reversão sobre as parcelas cedidas nos termos do artigo anterior sempre que estas sejam afetas a fins diversos daqueles para que hajam sido cedidas, sendo aplicável à reversão e à indemnização o Código das Ex-propriações com as devidas adaptações;

ARTIGO 45.º N.º5. – As parcelas que tenham revertido para o ce-dente ficam sujeitas às mesmas finalidades a que deveriam estar afetas aquando da cedência, salvo quando se trate de parcela a afetar a equipamento de utilização coletiva, devendo nesse caso ser afeta a espaço verde, procedendo-se ainda ao averbamento desse facto no respetivo alvará ou à sua integração na comunica-ção prévia;

ARTIGO 77.º N.º1, alínea f) – O alvará de licença da operação de loteamento ou de obras de urbanização, contêm várias especifi-cações, nomeadamente “as cedências obrigatórias, sua finalidade e especificações das parcelas para integrar no domínio munici-pal”

Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT)

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 93

REGIME JURÍDICO DOS

INSTRUMENTOS DE GES-

TÃO TERRITORIAL, na sua

versão atual

ARTIGO 96.º - O PDM define o quadro estratégico de desenvolvimen-to territorial do Município e o correspondente modelo de organização, cumprindo ressaltar pela sua importância patrimonial específica os as-petos seguintes:

Os objetivos de desenvolvimento económico local e as medidas de intervenção municipal no mercado de solos;

Os critérios de sustentabilidade a adotar, bem como os meios dis-poníveis e as ações propostas, que sejam necessários à proteção dos va-lores e dos recursos naturais, recursos hídricos, culturais, agrícolas, flores-tais e a identificação da estrutura ecológica municipal;

Identificação das áreas de interesse público para efeitos de expro-priação, bem como a definição das respetivas regras de gestão;

Os critérios para a definição das áreas de cedência e a definição das respetivas regras de gestão, assim como a cedência média para efeitos de perequação.

ARTIGO 99.º- O PLANO DE URBANIZAÇÃO adota ao conteúdo mate-

rial apropriado às condições da área territorial a que respeita, aos obje-

tivos das políticas urbanas nos termos de referência e na deliberação

municipal que determina a sua elaboração, cumprindo ressaltar, pela sua

importância patrimonial específica, entre outros, os aspectos seguintes:

A conceção geral da organização urbana, a partir da qualifica-

ção do solo, definindo a rede viária estruturante, a localização

de equipamentos de uso e interesse coletivo, a estrutura eco-

lógica, bem como o sistema urbano de circulação, de trans-

porte público e privado e de estacionamento;

A definição do zonamento para a localização das diversas

funções urbanas, designadamente habitacionais, comerciais,

turísticas, de serviços, industriais e de gestão de resíduos, bem

como a identificação das áreas a recuperar, a regenerar ou a

reconverter;

As condições de aplicação dos instrumentos da política de so-

los e da política urbana previstos na Lei, em particular os que

respeitam à reabilitação e regeneração urbanas e áreas urbanas

degradadas.

ARTIGO 102.º O PLANO DE PORMENOR adota o conteúdo material

apropriado às condições da área territorial a que respeita, aos objetivos

e aos fundamentos técnicos previstos nos termos de referência e na

deliberação que determina a sua elaboração, cumprindo ressaltar, pela

sua importância patrimonial específica, entre outros, os aspectos se-

guintes:

As operações de transformação fundiária preconizadas e a de-

finição das regras relativas às obras de urbanização;

O desenho urbano, exprimindo a definição dos espaços pú-

blicos, incluindo os espaços de circulação viária e pedonal de

estacionamento, bem como o respetivo tratamento, a locali-

zação de equipamentos e zonas verdes, os alinhamentos, as

implantações, a modelação do terreno e a distribuição volu-

métrica;

Operações de demolição, conservação e a reabilitação das

construções existentes;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 94

Regras para a ocupação e para a gestão de espaços públicos;

Regulamentação da edificação, incluindo os critérios de inser-

ção urbanística e o dimensionamento dos equipamentos de

utilização coletiva, bem como a respetiva localização no caso

de equipamentos públicos;

A estruturação das ações de compensação e de redistribuição

de benefícios e encargos.

ARTIGO 108.º - EFEITOS REGISTAIS – O PP com as menções legal-

mente previstas e devidamente instruído constitui título bastante para

a individualização no registo predial dos prédios resultantes das ope-

rações de transformação fundiária nele prevista, incidindo apenas so-

bre as inscrições prediais em que o requerente surja como titular;

As parcelas de terreno cedidas ao Município integram-se no

domínio municipal no ato de individualização no registo pre-

dial dos lotes respetivos e estão sujeitas a cadastro predial;

ARTIGO 153.º- POLÍTICAS PÚBLICAS DE SOLOS – O Município pode

adquirir ou alienar bens imóveis para a prossecução de finalidades de

política pública de solo e, sem prejuízo de outras finalidades prevista

na Lei, os bens imóveis do domínio privado do Município podem

também, ser afetos à prossecução finalidades de políticas públicas,

nomeadamente às seguintes:

Regulação do mercado do solo, tendo em vista a prevenção

da especulação fundiária e a regulação do respetivo valor;

Aplicação dos princípios supletivos aplicáveis aos mecanis-

mos de redistribuição de benefícios e encargos;

Localização de infraestruturas, de equipamentos e de espaços

verdes e outros espaços de utilização coletiva;

Realização de intervenções públicas nos domínios da prote-

ção civil, da agricultura, das florestas, da conservação da natu-

reza, da habitação social e da reabilitação e regeneração urba-

nas;

Execução programada dos planos territoriais.

ARTIGO 154.º- RESERVA DO SOLO –Os planos podem estabelecer re-servas de solo para a execução de infraestruturas urbanísticas, de equipamentos e de espaços verdes e outros de utilização coletiva;

A reserva do solo que incida sobre prédios de particulares deter-mina a obrigatoriedade da sua aquisição no prazo estabelecido no pla-no territorial ou no respetivo instrumento de programação;

Os Municípios são responsáveis pela aquisição dos prédios abran-gidos pela reserva do solo em benefício da qual foi estabelecida, sendo obrigados a declarar a caducidade e a proceder à redefinição do uso, salvo se tiver sido previsto um regime de solo supletivamente aplicá-vel;

ARTIGO 155.º- DIREITO DE PREFERÊNCIA- Os Municípios têm o direito de exercer preferência nas transmissões de prédios, realizadas ao abrigo do direito privado e a título oneroso, no âmbito de execução de planos de pormenor ou de unidades de execução, designadamente

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 95

para reabilitação, regeneração ou restruturação da propriedade.

ARTIGO 156.º- DIREITO DE SUPERFÍCIE - Os Municípios podem constituir direitos de superfície sobre bens imóveis do seu domínio privado para a prossecução de finalidades de política pública do solo.

O direito de superfície é constituído a título oneroso, exceto quan-do as operações a realizar pelo superficiário prossigam diretamente interesses públicos relevantes e constituam contrapartida económi-ca suficiente do direito conferido.

Quando o direito de superfície for constituído a título oneroso, a contrapartida exigida ao superficiário pode consistir no pagamento de quantia pecuniária, única ou periódica, ou em qualquer outra prestação que assegure a equivalência financeira em relação ao be-nefício conferido.

ARTIGO 158.º- CONCESSÃO DE UTILIZAÇÃO E EXPLORAÇÃO DO

DOMÍNIO PÚBLICO -Os Municípios podem celebrar contratos de concessão ou conceder licenças de uso privativo de bens que integram o seu domínio público, designadamente para efeitos de utilização, ex-ploração ou gestão de infraestruturas urbanas e de espaços e equipa-mentos de utilização coletiva, sendo-lhes aplicável o disposto no Có-digo dos Contratos Públicos e demais legislação complementar.

Artigo 159.º - EXPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA - Podem ser expropriados os terrenos ou os edifícios que sejam necessários à execução dos programas e dos planos territoriais, bem como à realiza-ção de intervenções públicas e instalação de infraestruturas e de equi-pamentos de utilidade pública de acordo com o procedimento previs-to no Código das Expropriações.

Artigo 160.º e 161.º- VENDA FORÇADA e ARRENDAMENTO FOR-

ÇADO - Em alternativa à expropriação prevista no artigo anterior, po-dem ser sujeitos a venda forçada:

Os bens imóveis necessários às operações de regeneração ou de reabilitação urbana, quando os respetivos proprietários não cum-pram os ónus e deveres decorrentes de plano territorial;

Os edifícios em ruína ou sem condições de habitabilidade, bem como das parcelas de terrenos resultantes da sua demolição, nas si-tuações previstas no regime jurídico da reabilitação urbana;

Os edifícios e as frações autónomas objeto de ação de reabilitação podem também ser sujeitos a arrendamento forçado;

O procedimento da venda forçada obedece ao disposto no artigo 62.º e 63.º do regime jurídico da reabilitação e o do arrendamento forçado os termos previstos no artigo 59.º do mesmo regime;

Artigo 163.º - DIREITO À EXPROPRIAÇÃO - Os proprietários podem exigir a expropriação por utilidade pública dos seus terrenos necessá-rios à execução dos planos, quando se destinem a retificação de es-tremas, indispensável à realização do aproveitamento previsto em pla-no de pormenor.

Artigo 176.º - REDISTRIBUIÇÃO DE BENEFÍCIOS E ENCARGOS –

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 96

Os planos territoriais garantem a justa repartição dos benefícios e en-cargos e a redistribuição das mais-valias fundiárias entre os diversos proprietários, a concretizar nas unidades de execução, devendo prever mecanismos diretos ou indiretos de perequação devendo a redistribui-ção tomar em consideração, entre outros, pela sua incidência patrimonial específica, os objetivos seguintes:

A obtenção pelos municípios de meios financeiros adicionais para o financiamento da reabilitação urbana, da sustentabilidade dos ecossistemas e para garantia da prestação de serviços ambinetais;

A disponibilização de terrenos e de edifícios ao Município para a construção ou ampliação de infraestruturas, de equipamentos colectivos e de espaços verdes e outros espaços de utilização coletiva;

A supressão de terrenos expetantes e da especulação imobiliária;

A correção dos desequilíbrios do mercado urbanístico;

A promoção do mercado de arrendamento por via da criação de uma bolsa de oferta de base municipal;

A realização das infraestruturas urbanísticas e de equipamentos coletivos em zonas carenciadas

Artigo 177º.- MECANISMOS DE PEREQUAÇÃO – Os Municípios po-

dem utilizar, designadamente, os mecanismos de perequação seguin-

tes:

Estabelecimento da edificabilidade média do plano;

Estabelecimento de área de cedência média;

Repartição dos custos de urbanização.

Artigo 178º.- DISTRIBUIÇÃO DE BENEFÍCIOS– O valor dos benefí-

cios atribuídos a cada proprietário é o resultado da diferença entre a

edificabilidade abstracta e o direito concreto de construção que lhe é

atribuído, expressa em metros quadrados de área de construção de

acordo com os índices e parâmetros estabelecidos no plano (s).

Quando o direito concreto de construção do proprietário for in-

ferior à sua edificabilidade abstrata, o proprietário deve receber

uma compensação, nos termos a prever em regulamento munici-

pal, designadamente, através das seguintes medidas alternativas

ou complementares:

Desconto das taxas que tenha de suportar;

Aquisição pelo município, por permuta ou compra, da parte

do terrenos menos edificável;

Transmissão de uma área correspondente à edificabilidade em

defeito (crédito de edificabilidade).

Quando o direito concreto de construção do proprietário for supe-

rior à sua edificabilidade abstrata, o proprietário, deve compensar

essa diferença, em numerário ou em espécie, designadamente atra-

vés da transmissão para o domínio privado do Município de uma

área correspondente à área de construção em excesso.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 97

Em qualquer caso, a compensação será devida no momento do con-

trolo prévio da operação urbanística.

Artigo 179º.- COMPRA E VENDA DE EDIFICABILIDADE – A com-

pensação devida pela distribuição de benefícios, poderá fazer –se atra-

vés de contratos de compra e venda de edificabilidade entre os pro-

prietários ou entre estes e a Câmara Municipal, podendo assumir a

forma de créditos de edificabilidade nos termos do regulamento do

plano, sendo comunicadas à Câmara e sujeitas a inscrição no registo

predial.

Artigo 182º.- ÁREA DE CEDÊNCIA MÉDIA - O plano diretor munici-pal ou intermunicipal fixa uma área de cedência média para a instala-ção de infraestruturas, de equipamentos e espaços urbanos de utiliza-ção coletiva, aplicável à perequação intraplano a realizar a nível muni-cipal.

Para efeitos da cedência média são considerados os parâmetros de dimensionamento das áreas destinadas à implantação de espa-ços verdes, de equipamentos e de infraestruturas de utilização co-letiva, nos termos definidos no regime jurídico da urbanização e edificação;

A cedência efetiva é realizada, de acordo com o plano, no ato de individualização no registo predial dos lotes constituídos por pla-no de pormenor ou no procedimento de controlo prévio de ope-rações de loteamento ou de operações com impacte relevante ou semelhante a loteamento;

Quando a área de cedência efetiva for superior à cedência média, o proprietário deve, quando pretenda realizar operações urbanísti-cas, ser compensado, nos termos previsto no plano ou em regula-mento municipal.

Quando a cedência efetiva for superior à cedência média, o pro-prietário tem de compensar os demais proprietários ou pagar a res-petiva compensação urbanística em regulamento municipal.

Artigo 187º e 188º.- PRINCÍPIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO – Os Mu-nicípios devem promover permanente avaliação da adequação e con-cretização da disciplina consagrada nos programas e planos territoriais por si elaborados, suportada nos indicadores qualitativos e quantitati-vos neles previstos, podendo fundamentar propostas de alteração do plano ou dos respetivos mecanismos de execução, designadamente com os objetivos seguintes:

Garantir a criação ou alteração coordenada das infraestruturas e dos equipamentos;

Corrigir distorções de oferta no mercado imobiliário.

Regime Jurídico da Reabilitação (RJIGT)

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 98

REGIME JURÍDICO DA

REABILITAÇÃO Urbana,

na sua redação atual

ARTIGO 3.º- A reabilitação urbana, contribui para a prossecução de vários objetivos, cumprindo ressaltar, pela sua importância patrimoni-al específica, entre outros, os seguintes:

Assegurar a reabilitação dos edifícios que se encontram degradados ou funcionalmente inadequados;

Reabilitar tecidos urbanos degradados ou em degradação;

Melhorar as condições de habitabilidade e de funcionali-dade do parque imobiliário e dos espaços não edificados;

Afirmar os valores patrimoniais, materais e simbólicos como factores de identidade, diferenciação e competitivi-dade urbana;

Promover a sustentabilidade ambiental, cultural, social e ecomómica dos espaços urbanos;

Fomentar a revitalização urbana, orientada por objetivos estratégicos de desenvolvimento urbano, em que as ações de natureza material são concebidas de forma integrada e ativamente combinadas na sua execução com interven-ções de natureza social e económica.

Assegurar a integração funcional e a diversidade económi-ca e sócio- cultural nos tecidos urbanos existentes;

Requalificar os espaços verdes, os espaços urbanos e os equipamentos de utilização coletiva;

Qualificar e integrar as áreas urbanas especialmente vulne-ráveis, promovendo a inclusão social e a coesão territorial;

Assegurar a igualdade de oportunidades dos cidadãos no acesso às infraestruturas, equipamentos, serviços e fun-ções urbanas;

Recuperar espaços urbanos funcionalmente obsoletos, promovendo o seu potencial para atrair funções urbanas inovadoras e competitivas.

ARTIGO 4.º - PRINCÍPIOS GERAIS – A política da reabilitação ur-bana obedece a vários princípios que, por serem complementares aos princípios gerais e específicos sobre a gestão do património imobiliário, cumpre destacar:

Princípio da responsabilização dos proprietários e titulares de ou-tros direitos, ónus e encargos sobre os edifícios, conferin-do-se à sua iniciativa um papel preponderante na reabili-tação do edificado e sendo-lhes, nessa medida, imputa-dos os custos inerentes a esta atividade;

Princípio da solidariedade interageracional, assegurando a transmissão às geraçõs futuras de espaços corretamente ordenados e conservados;

Princípio da sustentabilidade, garantindo que a intervenção assente num modelo financeiramente sustentado e equi-librado e contribuindo para valorizar as áreas urbanas e os edifícios intervencionados através de soluções inova-doras e sustentáveis do ponto de vista sócio-cultural e ambiental;

Princípio da integração, preferindo a intervenção em áreas cuja delimitação permita uma resposta adequada e articu-lada às componentes morfológica, económica, social,

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 99

cultural e ambiental do desenvolvimento urbano;

Princípio da coordenação, promovendo a convergência, a ar-ticulação, a compatibilização e a complementaridade en-tre as várias ações de iniciativa pública, entre si, e entre estas e as ações de iniciativa privada.

Princípio da contratualização, incentivando modelos de exe-cução e promoção de operações de reabilitação urbana e de operações urbanísticas tendentes à reabilitação basea-dos na concertação entre a iniciativa pública e a iniciativa privada;

Princípio da proteção do existente, permitindo a realização de intervenções no edificado que, embora não cumpram o disposto em todas as disposições legais e regulamentares aplicáveis à data da intervenção, não agravam a descon-formidade dos edifícios relativamente a estas disposições ou têm como resultado a melhoria das condições de se-gurança e salubridade da edificação ou delas resulta uma melhoria das condições de desempenho e segurança fun-cional, estrutural e construtiva da edificação e o sacrifício decorrente do cumprimento daquelas disposições seja desproporcionado em face da desconformidade criada ou agravada pela realização da intervenção;

Princípio da justa ponderação, promovendo uma adequada ponderação de todos os interesses relevantes em face ads operações de reabilitação urbana, designadamente os in-teresses dos proprietários ou de outros titulares de direi-tos sobre edifícios objeto de operações de reabilitação;

Princípio da equidade, assegurando a justa repartição dos encargos e benefícios decorrentes da execução das ope-ração de reabilitação urbana.

ARTIGOS 5º, 9.º e 10.º- COMPETÊNCIA – O Município é compe-tente no quadro desde e dos demais regimes para promover as medidas necessárias à reabilitação das áreas urbanas degradadas, sem prejuízo de o poder fazer diretamente ou através de uma em-presa do setor empresarial local (entidade gestora) que adotará a designação de sociedade de reabilitação urbana (SRU) se o seu objeto social exclusivo for a gestão de operações de reabilitação urbana.

ARTIGO 6º - DEVER DE REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS –Os proprietários têm o dever e assegurar a reabilitação e conservação dos seus imóveis, abstendo-se, estes e os demais titulares de direi-tos que lhes confira legitimidade, de adotar qualquer comporta-mento que agrave a sua segurança, salubridade, deterioração ou ar-ranjo estético

ARTIGOS 7.º a 11.º - A DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE REABILI-

TAÇÃO URBANA compete à Assembleia Municipal, sob proposta da Câ-mara, podendo a aprovação desta delimitação fazer-se em simultâ-neo com a operação de reabilitação urbana através de instrumento próprio ou de plano de pormenor de reabilitação podendo a respetiva operação de reabilitação urbana ser simples (reabilitação do edifica-do) ou sistemática (estratégia de reabilitação urbana) ou sistemática (intervenção integrada de reabilitação de uma área, dirigida à reabi-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 100

litação do edificado e à qualificação de infraestruturas, equipamen-tos, espaços verdes, urbanos e de utilização coletiva, visando a re-vitalização do tecido urbano associada a um programa de investi-mento público).

Os instrumentos de programação que enquadram quer a estratégia de reabilitação urbana (operações de reabilita-ção urbana simples), quer o programa estratégico de rea-bilitação urbana (operações de reabilitação urbana siste-mática) são geridos pelo Município, ou por uma empresa do setor empresarial local que, se tiver como objeto social exclusivo a gestão de operações de reabilitação, adota a designação de Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU, EM, SA);

Os modelos de execução podem ser de iniciativa dos parti-culares com o apoio da entidade gestora (Município ou SRU) ou através de administração conjunta.

Os modelos de excução podem ser de iniciativa das enti-dades gestoras, diretamente, através de administração conjunta ou através de parcerias (estas, apenas nos casos de operações de reabilitação urbana sistemática, no do-mínio da unidade de intervenção ou de execução), através de concessão de reabilitação, ou contrato de reabilitação urbana, sendo que, em qualquer caso, a formação e exe-cução da concessão ou do contrato se rege pelo disposto no CCP (Artigos 42.º e 43.º do RJRU);

ARTIGOS 12.º a 16.º - AS ÁREAS DE REABILITAÇÃO URBANA – incidem sobre espaços urbanos degradados, com obsolescência de edifícios e infraestruturas, podendo abranger áreas e centros histó-ricos, património imóvel classificado ou em vias de classificação.

A Proposta de delimitação das áreas de reabilitação urba-na a sujeitar à aprovação da assembleia deve ser funda-mentada e conter:

a) Memória descritiva e justificativa, critérios e objetivos a prosseguir;

b) Planta com delimitação da área abrangida e quadro dos benefícios fiscais associados aos impostos muni-cipais.

c) Caso a delimitação não seja aprovada em conjunto com a aprovação da operação de reabilitação, aquela caduca no prazo 3 anos, caso a operação não seja aprovada.

ARTIGO 16.º- AS OPERAÇÕES DE REABILITAÇÃO URBANA – A aprovação destas operações, faz-se através de instrumento próprio ou plano de pormenor de reabilitação, devendo conter a definição do tipo de operação e reabilitação urbana, bem como a estratégia de reabi-litação ou urbana ou o programa estratégico de reabilitação urba-na, consoante a operação seja simples (reabilitação do edificado) ou sistemática (requalificação e revitalização do tecido urbano de área determinada).

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 101

ARTIGO 17.º e 21.º- COMPETÊNCIA – A aprovação das operações de reabilitação urbana através de instrumento próprio ou de plano de pormenor de reabilitação urbana pertence à Assembleia Muni-cipal, sob proposta da Câmara.

ARTIGO 20.º-A – ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO da opera-ção de reabilitação urbana – O Município e/ou a empresa local (sociedade reabilitação urbana), elabora, anualmente, um relatório de monitorização da operação de reabilitação em curso para apre-ciação da assembleia municipal e, a cada 5 anos, submete à assem-bleia um relatório de avaliação da execução, podendo ser acompa-nhado de alteração do instrumento de programação (estratégia de reabilitação urbana ou programa estratégico de reabilitação urba-na), consoante o caso, sendo os relatórios e os termos da sua apre-ciação, obrigatoriamente, divulgados na página eletrónica do Mu-nicípio.

ARTIGO 22.ºe 24.º- PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO

URBANA- estabelece a estratégia integrada de atuação e as regras de uso e ocupação do solo e dos edifícios necessários para promo-ver e orientar a valorização e modermização do tecido urbano e revitalização económica, social e cultural na sua área de interven-ção, devendo conter, além do contéudo material previsto no RJIGT, especificidades, cumprindo destacar, entre outras, apenas as que têm conteúdo patrimonial específico:

A delimitação das unidades de execução, para efeitos de programação da execução do plano;

Valorização e proteção de bens patrimoniais, culturais, na-turais e paisagísticos existentes na sua área de intervenção e sua adequação estratégica de revitalização económica, social e cultural da sua área de intervenção, em articulação com as demais políticas urbanas do Município;

Identificação e classificação sistemática dos edifícios, das infraestruturas urbanas, dos equipamentos e dos espaços urbanos e verdes de utilização coletiva de cada unidade de execução, estabelecendo as suas necessidades e finalidades de reabilitação e modernização ou prevendo a sua demoli-ção, quando aplicável

ARTIGO 29.º As ações de reabilitação de edifícios tendentes à exe-cução de uma operação de reabilitação urbana simples devem ser reali-zadas, preferencialmente, pelos proprietários e demais titulares de direitos que lhes confiram essa legitimidade, sem prejuízo da com-petência da respetiva entidade gestora (Município ou SRU);

ARTIGO 31.º- As intervenções tendentes à execução de uma opera-ção de reabilitação urbana sistemática deve ser promovidas pelas enti-dades gestoras (Município ou SRU), sem prejuízo dos deveres de reabilitação de edifícios que impendem sobre particulares e da ini-ciativa particular na promoção da reabilitação urbana.

ARTIGO 32.º- EFEITOS DA APROVAÇÃO DE UMA OPERAÇÃO DE

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 102

REABILITAÇÃO URBANA SISTEMÁTICA:

Constitui causa de utilidade pública para efeitos da expro-priação, ou

Causa da venda forçada dos imóveis existentes na área abrangida, bem como

Constituição de servidões necessárias sobre os imóveis para a execução da operação de reabilitação urbana.

ARTIGO 33.º - PROGRAMA ESTRATÉTICO DE REABILITAÇÃO

URBANA – orienta as operações de reabilitação urbana sistemáti-cas, cumprindo ressaltar, entre outras, aquelas que têm incidência patrimonial:

Apresentar as opções estratégicas de reabilitação e de revi-talização da área de reabilitação urbana, compatíveis com as opções e desenvolvimento do Município;

Identificar as ações estruturantes da reabilitação, distin-guindo nomeadamente as têm por objeto os edifícios, as infraestruturas urbanas, os equipamentos, os espaços ur-banos e verdes de utilização coletiva, e as atividades eco-nómicas;

Estipular unidades de execução ou intervenção da opera-ção de reabilitação urbana e definir os objetivos específi-cos a prosseguir no âmbito de cada uma delas.

ARTIGO 34.ºe 35.º- Podem prever-se unidades de execução nas operações de reabilitação urbana sistemática suportadas em plano de pormenor e unidades de intervenção nas aprovadas por instru-mento próprio, podendo corresponder à totalidade da área ou em casos de particular interesse público a um edifíco.

A delimitação das unidades de intervenção é facultativa mas pode constituir pressuposto do recurso a determina-das modalidades de execução de operações de reabilitação urbana sistemática em parceria com entidades privadas, podendo ser requerida pelos proprietários e sendo essa delimitação da competência do Município, ou da Câmara, se a entidade gestora, for uma SRU.

ARTIGO 39.ºa 43.º- Os modelos de execução das operações de re-abilitação urbana, são os seguintes:

Execução por iniciativa dos particulares e administração conjunta;

Execução por iniciativa da entidade gestora, podendo re-correr a parcerias com entidades privadas através da con-cessão da reabilitação urbana e contrato de reabilitação urbana.

O contrato de reabilitação urbana pode prever transferên-cia para a entidade contratada dos direitos de comerciali-zação dos imóveis reabilitados e de obtenção dos respeti-vos proventos, bem como, nomeadamente, a aquisição do direito de propriedade ou a constituição do direito de su-perfície sobre os bens a reabilitar por esta, ou a atribuição de um mandato para a venda destes bens por conta da en-tidade gestora;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 103

O contrato de reabilitação urbana está sujeito a registo e deve designadamente prever, entre outros, os aspetos se-guintes:

Transferência para a entidade contrada da obriga-ção de aquisição dos prédios existentes sempre que se possa fazer por via amigável;

Preparação dos processos expropriativos que se revelem necessários para a aquisição da proprie-dade pela entidade gestora;

Repartição dos encargos decorrentes das indem-nizações;

As contrapartidas a estabelecer pelas partes con-tratantes podem ser em espécie;

O contrato deve ser precedido, na medida do possível, com todos os interessados envolvidos de modo a que possam assumir compromisso com a entidade gestora.

ARTIGO 54.º, 58.ºa 62.º - A entidade gestora pode, consoante, o ti-po da respetiva operação de reabilitação utilizar, entre outros, os instrumentos seguintes:

Direito de preferência, nas transmissões a título oneroso, entre particulares, de terrenos, edifícios ou frações situados em área de reabilitação urba-na;

Arrendamento forçado, se após a realização das obras pela entidade gestora o proprietário, no prazo máximo de quatro meses, não proceder ao ressarcimento integral das depesas incorridas pela entidade gestora, ou não der de arrendamento o edifício ou fração por um parzo mínimo de cinco anos afetando as rendas ao ressarcimento daque-las despesas, pode a entidade gestora arrendá-lo, mediante concurso público, igualmente por cinco anos, renovável nos termos do artigo 1096.º do Código Civil

Servidões administrativas necessárias à reinstala-ção e funcionamento das atividades localizadas nas zonas de intervenção;

Expropriação dos terrenos, edifícios e frações ne-cessários à execução da operação de reabilitação urbana nos termos do Códido das Expropriações e de acordo com o princípio da proporcionalida-de, atendendo aos interesses públicos e privados em presença;

Venda forçada do edifício ou fração em hasta pública a quem oferecer melhor preço e se dispu-ser a cumprir a obrigação de reabilitação no prazo inicialmente estabelecido, contado da da data da arremetação, casos os proprietários não cumpram a obrigação de reabilitar, tendo a entidade gestora e o Município direito de preferência na alienação do imóvel em hasta públicaoncretizado através ompetentesCâmara municipal tem as competên-cias materiais e de funcionamento previstas na

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 104

75/2013, sem prejuízo das demais competências legais de acordo com o disposto no artigo 3.º do mesmo diploma.

Plano Diretor Municipal de Lisboa (PDM)

PDM

ARTIGO 1.º N.º 3 - O PDM aplica -se à totalidade do território do

Município de Lisboa, vinculando as entidades públicas e ainda, di-

reta e imediatamente, os particulares;

ARTIGO 2.º - OBJETIVOS ESTRATÉGICOS –….estabelece as gran-

des estratégias de desenvolvimento, as orientações e as políticas

urbanísticas para o território municipal, define a programação da

respetiva execução e as regras para a contratualização, com os vá-

rios atores que intervêm no território, para responder aos objeti-

vos fixados nos Termos de Referência aprovados em fevereiro de

2003 e aos desafios colocados na Carta Estratégica de Lisboa

2010/2024, dos quais se destacam, entre outros, os seguintes:

Promover a reabilitação e a regeneração urbana, alargando o con-

ceito de área histórica a toda a Cidade consolidada como forma de

defesa e valorização do seu património histórico, cultural e paisa-

gístico;

ARTIGO 9.º - CLASSIFICAÇAO DO SOLO – A totalidade da área do

Município é classificada como solo urbano que é constituído por

terrenos urbanizados e inclui os solos afetos à estrutura ecológica

municipal necessárias ao equilíbrio do espaço urbano;

ARTIGO 26.º - ÂMBITO E PRINCÍPIOS - A estrutura patrimonial

municipal integra os bens culturais imóveis de interesse arquitetó-

nico, histórico, paisagístico, arqueológico e geológico que, pela sua

particular relevância, devem ser especialmente tratados e preserva-

dos no âmbito dos atos de gestão e planeamento, com vista à res-

petiva valorização e integração urbana;

ARTIGO 26.º N.º 2- As intervenções sobre os bens da estrutura pa-

trimonial municipal devem privilegiar a sua conservação e valori-

zação, a longo prazo, de forma a assegurar a sua identidade e a evi-

tar a sua destruição, descaracterização ou deterioração;

ARTIGO 80.º - A programação da execução do PDML é estabele-

cida pela Câmara Municipal no âmbito da aprovação das Grandes

Opções do Plano (planos plurianuais de investimento) e dos pla-

nos anuais de atividades, concretizando as opções e prioridades de

desenvolvimento urbanístico para a área do município, privilegi-

ando, entre outras, as intenções seguintes:

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 105

Disponibilização de solo para equipamentos de utilização cole-tiva, espaços verdes e infraestruturas necessários à satisfação das carências detetadas;

Oferta de solo urbanizado e controlo do mercado de solos;

ARTIGO 84.º- Constituição de um sistema de incentivos a opera-ções urbanísticas com interesse municipal mas que se revelam me-nos vantajosas do ponto de vista da promoção imobiliária privada, a desenvolver através de regulamento municipal, sendo os critérios a adotar para efeito de avaliação do interesse municipal, entre ou-tros, os seguintes:

A reabilitação de edifícios;

A transmissão para o domínio municipal de áreas verdes, integradas em Espaços consolidados e a consolidar verdes de recreio e produção, a título gratuito e como acréscimo às cedências legalmente exigíveis, quando haja lugar a estas, nos termos dos n.ºs 8 e 9 do artigo 50.º do regulamento do PDM;

A oferta suplementar de estacionamento para residentes em zonas com défice de estacionamento, nos termos dos n.ºs 2 e 4 do artigo 77.º do presente Regulamento;

ARTIGO 86.º- Cabe ao programa local de habitação concretizar vá-rios objetivos, nomeadamente a valorização do património habita-cional municipal;

ARTIGO 87.º- As operações de loteamento e as demais operações urbanís-

ticas com impacte relevante ou semelhante a uma operação de loteamento

contribuem para a dotação de áreas destinadas a espaços verdes e de utili-

zação coletiva, a equipamentos de utilização coletiva, a infraestruturas,

nomeadamente arruamentos viários e pedonais e a estacionamento público

na cidade, a ceder gratuitamente para o domínio municipal pelo proprietá-

rio e/ou pelos demais titulares de direitos reais sobre o terreno sobre o

qual incidem as referidas operações urbanísticas com o objetivo de conso-

lidar padrões de sustentabilidade ambiental e de exigência qualitativa de

equipamentos coletivos.

Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas (LOPTC)

)

LOPTC

ARTIGO 1.º e 2.º - Os Municípios estão sujeitos aos poderes de ju-risdição do Tribunal de Contas que fiscaliza a legalidade e regula-ridade das receitas e das despesas públicas, aprecia a boa gestão fi-nanceira e efetiva responsabilidades por infrações financeiras;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 106

LOPTC

ARTIGO 5.º- Compete ao Tribunal de Contas fiscalizar previamente a legalidade e o cabimento orçamental dos atos e contratos de qual-quer natureza que sejam geradores de despesa ou representativos de quaisquer encargos e responsabilidades, diretos ou indiretos, para os Municípios, bem como apreciar a legalidade, bem como a econo-mia, eficácia e eficiência, segundo critérios técnicos, da gestão fi-nanceira do Município, incluindo a organização, o funcionamento e a fiabilidade dos sistemas de controlo interno e, ainda, julgar a efeti-vação de responsabilidades financeiras de quem gere e utiliza di-nheiros públicos.

Artigo 44.º - A fiscalização prévia tem por fim verificar se os atos, contratos ou outros instrumentos geradores de despesa ou repre-sentativos de responsabilidades financeiras diretas ou indiretas estão conformes às Leis em vigor e se os encargos têm cabimento em verba orçamental própria, constituindo fundamento de recusa de visto a desconformidade de tais atos, contratos de demais instru-mentos que implique:

Nulidade;

Encargos sem cabimento em verba orçamental própria ou vio-lação direta de normas financeiras;

Ilegalidade que altere ou possa alterar o respetivo resultado fi-nanceiro.

ARTIGO 45.º- Os atos, contratos e demais instrumentos sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal de Contas podem produzir todos os seus efeitos antes do visto ou da declaração de conformidade exceto quanto aos pagamentos a que deram causa, por isso, a recusa impli-ca apenas a ineficácia jurídica dos atos, contratos e demais instru-mentos após a data da notificação da decisão aos organismos inte-ressados.

ARTIGO 46.º- Estão sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal Con-tas, entre outros, os seguintes:

Contratos de obras públicas, aquisição de bens e serviços, bem como outras aquisições patrimoniais que impliquem despesa de valor igual ou superior ao montante fixado na Lei do Orçamento de Estado nos termos da Lei;

Minutas dos contratos de valor igual ou superior ao fixado nas Leis do Orçamento, cujos encargos, ou parte deles, te-nham de ser satisfeitos no ato da sua celebração;

Os contratos aqui referidos compreendem os acordos, pro-tocolos ou outros instrumentos de que resultem ou possam resultar encargos financeiros ou patrimoniais para o Muni-cípio;

ARTIGO 49.º- O Tribunal de Contas também pode exercer a fiscali-zação concomitante através da realização de auditorias, e se apurar a ilegalidade do procedimento pendente ou de ato ou contrato ainda não executado, notifica a entidade para sujeição a visto prévia e não lhe dar execução antes do visto, sob pena de responsabilidade fi-nanceira.

ARTIGO 57.º- Sempre que os relatórios das ações de controlo (audi-torias) do Tribunal evidenciem indícios de factos constitutivos de responsabilidade financeira os processos são remetidos ao Ministé-rio Público para efeito de julgamento da responsabilidade financei-ra;

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 107

LOPTC

ARTIGO 59.º e 60.º- Nos casos de alcance, desvio de dinheiros ou valores públicos e ainda de pagamentos indevidos, pode o Tribunal condenar o responsável a repor as importâncias abrangidas pela in-fração, sem prejuízo de qualquer outro tipo de responsabilidade em que o mesmo possa incorrer, haverá ainda reposição por não arre-cadação de receitas nos casos de prática, autorização ou sanciona-mento, com dolo ou culpa grave, que impliquem a não liquidação, cobrança ou entrega de receitas com violação das normas legais aplicáveis.

ARTIGO 61.º- A responsabilidade financeira pela reposição dos res-petivos montantes recai sobre o agente ou agentes da ação e tam-bém nos dirigentes ou membros de órgãos de gestão administrativa e financeira dos Municípios e pode ainda recair nos trabalhadores que nas suas informações não esclareçam de assuntos da sua com-petência de harmonia com a Lei

ARTIGO 62.º a 64.º- Responsabilidade direta, subsidiária, solidária e avaliação da culpa.

ARTIGO 65.º a 70.º - Sem prejuízo da responsabilidade financeira reintegratória pode haver lugar a responsabilidade financeira e san-cionatória pela aplicação de multas, entre outras, nos seguintes ca-sos:

Pela não liquidação, cobrança ou entrega nos cofres do Es-tado das receitas devidas;

Pela violação de normas sobre a assunção, autorização ou pagamento de despesas públicas ou compromissos;

Pela violação de normas legais ou regulamentares relativas à gestão e controlo orçamental, de tesouraria e de Patrimó-nio;

Pela execução de contratos a que tenha sido recusado o vis-to ou de contratos que não tenham sido submetidos à fisca-lização prévia quando a isso estavam legalmente sujeitos;

Pela utilização d dinheiros ou outros valores públicos em finalidade diversa da legalmente prevista;

Pelo não acatamento reiterado e injustificado das injunções e recomendações do Tribunal.

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 108

Código Civil (CC)

CC

ARTIGO 202.º - Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas, mas consideram-se fora do comércio jurídico todas as coisas que não pode ser objeto de direitos privados, tais como as que se encontram no domínio público e as que são, por sua natureza, insuscetíveis de apropriação individual;

ARTIGO 204.º- Coisas Imóveis são, entre outras, os prédios rústi-cos e urbanos, bem como os direitos que lhe são inerentes; Elabo-rar e submeter à aprovação da assembleia municipal os planos ne-cessários à realização das atribuições municipais (Cf. n.º 1 alínea a);

ARTIGO 219.º- Liberdade de forma – A validade da declaração ne-gocial não depende da observância de forma especial, salvo quan-do a lei a exigir;

ARTIGO 240.º a 257.º e 292.º e 293.º- Falta e vícios de vontade bem como a redução e conversão dos negócios jurídicos de direi-to privado e ainda aos contratos administrativos ex legis artigos 284.º e 285.º do CCP;

Artigo 405.º e ss – Fontes das obrigações;

Artigo 424.º e ss – Cessão da posição contratual;

Artigo 428.º - Exceção do não cumprimento do contrato

Artigo 432.º e ss Resolução do contrato;

Artigo 437.º Resolução ou modificação do contrato por alteração das circunstâncias;

Artigo 440.º a 442.º Antecipação do cumprimento, contrato de promessa de compra e venda e sinal);

Artigo 623.º e ss – Garantias especiais das obrigações (caução, consignação de rendimentos, penhor, hipoteca, privilégios credi-tórios, direito de retenção);

Artigo 762.ºa 816.º- Cumprimento e incumprimento das obriga-ções;

Artigo 817.º e ss Ação de cumprimento e execução e execução específica;

Artigo 874.º e ss Compra e venda e outros contratos onerosos (Artigo 939.º);

Artigo 1022.º e ss- Locação e Regime Jurídico do Arrendamento Urbano;

Artigo 1129.ºa 1141.º Comodato

Livro III – Direito das coisas

Artigos 1251.º e ss( Posse), Artigos 1287 a 1297 .º(Usucapião);

Artigo 1302.º e ss (Direito de Propriedade);

Artigo 1524.º e ss (Direito de Superfície) - Artigo 1527.º e ss – O direito de superfície constituído pelo Estado ou por outras pesso-as coletivas públicas em terreno do seu domínio privado fica sujei-to a legislação especial e, subsidiariamente, às disposições do Có-digo Civil;

Artigo 1543.º a 1575.º - Servidões prediais

Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado

e Demais Entidades Públicas

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 109

Regime da Responsa-

bilidade Civil Extracon-

tratual do Estado e

Demais Entidades Pú-

blicas

(LEI N.º 67/2007, DE 31

DE DEZEMBRO)

ARTIGO 1.º e 7.º- O Município responde pelos danos resultantes do exercício da função administrativa, ou seja, pelos atos e omis-sões adotadas no exercício de prorrogativas de poder público ou reguladas por disposições ou princípios de direito administrativo, bem como a responsabilidade dos titulares dos órgãos e trabalha-dores em funções públicas por danos decorrentes de ações e omis-sões adotadas no exercício da função administrativa e por causa desse exercício;

ARTIGO 3.º- Quem esteja obrigado a reparar um dano deve re-constituir a situação que existiria se não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação, sendo fixada a indemnização em dinheiro quando aquela reparação não seja possível e compreende danos patrimoniais e não patrimoniais, bem como os danos já produzidos e os danos futuros, nos termos gerais de Direito;

ARTIGO 6.º- Direito de regresso, nos casos tipificados, é obrigató-rio sem prejuízo do procedimento disciplinar a que haja lugar;

ARTIGO 7.º - O Município é ainda responsável pelo facto ilícito no âmbito da função administrativa quando os danos não tenham re-sultado de comportamento concreto de um titular de órgão ou trabalhador determinado, ou não seja possível provar a autoria pessoal da ação ou omissão, mas devam ser atribuídos ao funcio-namento anormal do serviço, entendido este , quando, atendendo às circunstâncias e a padrões médios de resultado, fosse razoavel-mente exigível ao serviço uma atuação suscetível de evitar os da-nos produzidos.

ARTIGO 8.º- Os titulares dos órgãos e trabalhadores são responsá-veis pelos danos que resultem de ações ou omissões ilícitas no exercício da função administrativa, cometidas com dolo ou com diligência e zelo manifestamente inferiores àqueles a que se encon-travam obrigados em razão do cargo, sendo o Município respon-sável solidário, se as ações ou omissões referidas no número ante-rior tiverem sido cometidas por estes no exercício das suas fun-ções e por causa desse exercício, havendo direito de regresso con-tra os responsável (titulares dos órgãos ou trabalhadores), sem pre-juízo de procedimento disciplinar;

ARTIGO 9.º- Consideram-se ilícitos as ações dos titulares dos ór-gãos ou trabalhadores no exercício de funções públicas que violem disposições ou princípios constitucionais, legais ou regulamentares ou infrinjam normas de natureza técnica ou deveres objetivos de cuidado e de que resulte a ofensa de direitos ou interesses legal-mente protegidos, havendo também ilicitude quando a ofensa de direitos ou interesse legalmente protegidos resulte do funciona-mento anormal do serviço.

ARTIGO 10.º- A culpa dos titulares dos órgãos e trabalhadores no exercício de funções públicas deve ser apreciada pela diligência e aptidão que seja razoável exigir, em função das circunstâncias de cada caso, de um titular de um órgão ou trabalhador zeloso e cumpridor, presumindo-se a existência de culpa leve na práticas de atos jurídicos ilícitos, salvo a demonstração de dolo ou culpa gra-ve. Também se presume culpa leve o incumprimento de deveres d vigilância, por aplicação dos princípios gerais da responsabilidade civil, havendo responsabilidade solidária no caso de pluralidade de responsáveis nos termos do artigo 497.º do Código Civil;

ARTIGO 11.º- O Município responde civilmente pelo risco, ou seja, pelos danos decorrentes de atividades, coisas ou serviços adminis-

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 110

trativos especialmente perigosos, salvo quando, nos termos gerais, se prove que houve força maior ou concorrência de culpa do lesa-do, atentas as circunstâncias, respondendo ainda solidariamente quando o facto culposo de terceiro tenha concorrido para a pro-dução ou agravamento dos danos, sem prejuízo do direito de re-gresso.

DIREITO LEGAL DE PREFERÊNCIA

Regime Jurídico dos Instrumen-tos de Gestão Territorial (DL 80/2015);

Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (DL 307/ 2009, na reda-ção do DL 136/2014)

Lei de Bases da Política e do Regime de Pro-teção e Valori-zação do Patri-mónio Cultural

ARTIGO 155.º DIREITO DE PREFERÊNCIA - Os Municípios têm o di-

reito de exercer preferência nas transmissões de prédios, realizadas ao

abrigo do direito privado e a título oneroso, no âmbito de execução

de planos de pormenor ou de unidades de execução, designadamente

para reabilitação, regeneração ou restruturação da propriedade (Regi-

me Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial);

ARTIGO 54º.e ARTIGO 58.º- O Município, na qualidade de entidade

gestora, pode utilizar consoante o tipo de reabilitação urbana vários

instrumentos de execução, nomeadamente, o direito de preferência

nas transmissões a título oneroso, entre particulares, de terrenos, edi-

fícios ou frações situadas em área de reabilitação urbana (Regime Jurídico

da Reabilitação Urbana)

ARTIGO 37.ºDIREITO DE PREFERÊNCIA – Os Municípios gozam, pe-

la ordem indicada, do direito de preferência em caso de venda ou da-

ção em pagamento de bens classificados ou em vias de classificação

ou dos bens situados na respectiva zona de proteção, sendo prejuízo

de outros direitos de preferência concedidos à Administração Pública

pela legislação avulsa, sendo aplicável ao seu exercício o disposto nos

artigos 416.º a 418.º e 1410.º do Código Civil, devidamente adaptado

(Lei de Bases da Política e do Regime de Proteção e Valorização do Património

Cultural );

Relatório de Ponderação

DIREÇÃO MUNICIPAL DE GESTÃO PATRIMONIAL 111

8.1 – Principais referências bibliográficas e doutrinais

ESTORNINHO; MARIA JOÂO, “ A Fuga para o Direito Privado Contributo para o estudo

de direito privado da Administração Pública”; Ed. Almedina.

LUIS S. CABRAL DE MONCADA, “Direito Económico”, Ed. Coimbra.

MÁRIO ESTEVES DE OLIVEIRA, PEDRO COSTA GONÇALVES, J. PACHECO AMO-

RIM, “Código do Procedimento Administrativo”, comentado, 2.ª Ed. Almedina.