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1 WWW.FOCANORESUMO.COM MARTINA CORREIA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PROCESSO DO TRABALHO Élisson Miessa e Henrique Correia - No processo do trabalho, O VALOR DA CAUSA NÃO É CRITÉRIO PARA DELIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA, MAS SERVE TÃO SOMENTE PARA DEFINIR O RITO PROCESSUAL (sumário, sumaríssimo ou ordinário). - NÃO SE ADMITE ARBITRAGEM NOS CONFLITOS INDIVIDUAIS, SÓ COLETIVOS (os direitos dos trabalhadores são irrenunciáveis, o trabalhador é hipossuficiente e o estado de subordinação do trabalhador presume viciada sua vontade em aderir a cláusula compromissória). - OJ 62 da SDI-II: é necessário o PREQUESTIONAMENTO como pressuposto de admissibilidade em recurso de natureza extraordinária, AINDA QUE SE TRATE DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. - Competência ABSOLUTA MATÉRIA, PESSOA, FUNCIONAL. - A incompetência absoluta gera nulidade absoluta do processo (nulidade dos atos decisórios). Pode ser alegada até mesmo na ação rescisória. - Competência RELATIVA TERRITORIAL. Não pode ser conhecida ex officio (OJ 149). - ADMITE-SE A EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA NO BOJO DA CONTESTAÇÃO (simplicidade, ≠ do processo civil). - Sendo alegada a incompetência relativa, o juiz incompetente encaminhará os autos ao juízo competente, sendo válidos todos os atos praticados, inclusive os decisórios. - Verificada a conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, pode ordenar a reunião de ações. Os autos serão enviados para o JUÍZO EM QUE FOI DISTRIBUÍDA A PRIMEIRA AÇÃO (a prevenção dá-se com A DISTRIBUIÇÃO DA RECLAMAÇÃO). - COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA E DA PESSOA o art. 114 da CF/88 estabelece a competência da Justiça do Trabalho, abaixo analisada. 1. AÇÕES ORIUNDAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO, ABRANGIDOS OS ENTES DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DF E DOS MUNICÍPIOS - Com a EC 45/04, a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar ações referentes à relação de TRABALHO (gênero). A relação de EMPREGO é uma espécie da relação de trabalho, assim como o trabalho autônomo, o estágio, o trabalho voluntário etc. RELAÇÃO DE TRABALHO Relação de emprego Trabalho autônomo Trabalho eventual Estágio Trabalho avulso Trabalho voluntário - Há 3 correntes a respeito da competência da Justiça do Trabalho nas relações de consumo:

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MARTINA CORREIA

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PROCESSO DO TRABALHO

Élisson Miessa e Henrique Correia

- No processo do trabalho, O VALOR DA CAUSA NÃO É CRITÉRIO PARA DELIMITAÇÃO DA

COMPETÊNCIA, MAS SERVE TÃO SOMENTE PARA DEFINIR O RITO PROCESSUAL (sumário,

sumaríssimo ou ordinário).

- NÃO SE ADMITE ARBITRAGEM NOS CONFLITOS INDIVIDUAIS, SÓ COLETIVOS (os direitos dos

trabalhadores são irrenunciáveis, o trabalhador é hipossuficiente e o estado de subordinação do

trabalhador presume viciada sua vontade em aderir a cláusula compromissória).

- OJ 62 da SDI-II: é necessário o PREQUESTIONAMENTO como pressuposto de admissibilidade em

recurso de natureza extraordinária, AINDA QUE SE TRATE DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA.

- Competência ABSOLUTA MATÉRIA, PESSOA, FUNCIONAL.

- A incompetência absoluta gera nulidade absoluta do processo (nulidade dos atos decisórios). Pode

ser alegada até mesmo na ação rescisória.

- Competência RELATIVA TERRITORIAL. Não pode ser conhecida ex officio (OJ 149).

- ADMITE-SE A EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA NO BOJO DA CONTESTAÇÃO (simplicidade, ≠ do

processo civil).

- Sendo alegada a incompetência relativa, o juiz incompetente encaminhará os autos ao juízo

competente, sendo válidos todos os atos praticados, inclusive os decisórios.

- Verificada a conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, pode ordenar

a reunião de ações. Os autos serão enviados para o JUÍZO EM QUE FOI DISTRIBUÍDA A PRIMEIRA

AÇÃO (a prevenção dá-se com A DISTRIBUIÇÃO DA RECLAMAÇÃO).

- COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA E DA PESSOA o art. 114 da CF/88 estabelece a

competência da Justiça do Trabalho, abaixo analisada.

1. AÇÕES ORIUNDAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO, ABRANGIDOS OS ENTES DE DIREITO

PÚBLICO EXTERNO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DA UNIÃO, DOS

ESTADOS, DO DF E DOS MUNICÍPIOS

- Com a EC 45/04, a Justiça do Trabalho passou a ser competente para julgar ações referentes à

relação de TRABALHO (gênero). A relação de EMPREGO é uma espécie da relação de trabalho, assim

como o trabalho autônomo, o estágio, o trabalho voluntário etc.

RELAÇÃO DE TRABALHO

Relação de emprego

Trabalho autônomo

Trabalho eventual

Estágio Trabalho avulso

Trabalho voluntário

- Há 3 correntes a respeito da competência da Justiça do Trabalho nas relações de consumo:

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A relação de consumo é bifronte: do ângulo do consumidor, há uma

relação de consumo (justiça comum); do lado do prestador de

serviço, há relação de trabalho (justiça do trabalho).

Competência da Justiça do Trabalho para julgar as ações propostas pelo prestador de

serviços ou pelo consumidor em face do prestador de serviço.

Competência da Justiça Comum para julgar as relações de

consumo. Consumidor (destinatário final) ≠ tomador de serviços (destinatário

intermediário). Entendimento majoritário (STJ)*

*Súmula 363 do STJ: COMPETE À JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR A AÇÃO DE COBRANÇA

AJUIZADA POR PROFISSIONAL LIBERAL CONTRA CLIENTE (relação de consumo, não de trabalho).

- A JUSTIÇA DO TRABALHO NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÕES PENAIS

(ADI 3.684).

- Entes de direito público externo o STF entende que, nas causas de natureza trabalhista, o

ESTADO ESTRANGEIRO se submete à jurisdição brasileira e, consequentemente, à competência da

Justiça do Trabalho, uma vez que se trata de atos de gestão, e não de atos de império. Contudo,

esses entes têm IMUNIDADE DE EXECUÇÃO. Assim, a Justiça do Trabalho poderá reconhecer que o

trabalhador laborou para o ente estrangeiro e condená-lo, mas não poderá penhorar bens ou

dinheiro de tais entes, devendo valer-se da carta rogatória. Exceções:

a) Quando o Estado estrangeiro renunciar à imunidade;

b) Quando houver no território brasileiro bens que, embora pertencentes ao ente externo,

não tenham nenhuma vinculação com as finalidades essenciais inerentes às relações

diplomáticas ou representações consultes mantidas em nosso país.

- Já as ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS têm IMUNIDADE ABSOLUTA DE JURISDIÇÃO.

- OJ 416 da SDI-I: as organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de

jurisdição quando amparados por norma internacional incorporada ao ordenamento jurídico

brasileiro, não se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos atos

praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de renúncia expressa

à cláusula de imunidade jurisdicional.

ESTADOS ESTRANGEIROS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

NÃO TÊM IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO IMUNIDADE ABSOLUTA

TÊM IMUNIDADE DE EXECUÇÃO

- Servidores da Administração Pública empresas públicas e sociedades de economia mista se

submetem ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações

trabalhistas (competência da Justiça do Trabalho).

- Quanto à União, aos Estados, Municípios, às autarquias e fundações públicas, depende da relação

de trabalho.

Relação de emprego (servidores celetistas) Relação estatutária ou trabalho temporário

JUSTIÇA DO TRABALHO JUSTIÇA COMUM

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- Súmula 137 do STJ: compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público

municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário.

- Súmula 218 STJ: compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual

decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.

- Alteração do regime de celetista para estatutário competência da Justiça do Trabalho limitada

ao período do regime celetista, inclusive restringindo a execução àquele período.

- OJ 138 da SDI-I: compete à JUSTIÇA DO TRABALHO julgar pedidos de direitos e vantagens previstos

na legislação trabalhista referente a PERÍODO ANTERIOR À LEI 8.112/90, mesmo que a ação tenha

sido ajuizada após a edição da referida Lei. A superveniência de regime estatutário em substituição

ao celetista, mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista.

2. AS AÇÕES QUE ENVOLVAM EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE

- Incluem-se as AÇÕES POSSESSÓRIAS (ex.: Banco ajuíza interdito proibitório para evitar protestos

dentro ou na porta do banco), as AÇÕES INDENIZATÓRIAS decorrentes do exercício do direito de

greve (ex.: trabalhadores quebram maquinários da empresa durante o movimento) e AÇÕES DE

OBRIGAÇÃO DE FAZER, a fim de garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao

atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

- SV 23: A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÃO POSSESSÓRIA

AJUIZADA EM DECORRÊNCIA DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELOS TRABALHADORES DA

INICIATIVA PRIVADA. Servidores públicos Justiça Comum.

- Súmula 189 TST: a Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve.

- A Justiça do Trabalho não é competente para as ações penais decorrentes do exercício do direito

de greve.

- STJ GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS DE ÂMBITO NACIONAL, QUE ABRANJA MAIS DE UMA

REGIÃO DA JUSTIÇA FEDERAL OU QUE COMPREENDA MAIS DE UMA UNIDADE DA FEDERAÇÃO. Nos

demais casos, em se tratando de servidores públicos federais, a competência será do respectivo TRF.

- Dissídio de greve finalidade de declarar a abusividade ou não da greve. Competência originária

dos Tribunais. Se atingir apenas o território de um TRT, será dele a competência. Se atingir mais de

um, será do TST.

3. AS AÇÕES SOBRE REPRESENTAÇÃO SINDICAL, ENTRE SINDICATOS, ENTRE SINDICATOS E

TRABALHADORES, E ENTRE SINDICATOS E EMPREGADORES

- Interpretação extensiva para incluir as FEDERAÇÕES e as CONFEDERAÇÕES.

- A Justiça do Trabalho não tem competência para as ações decorrentes de sindicatos de servidores

estatutários.

- Assertiva correta do CESPE: o sindicato representante de uma categoria funcional realizou processo

eleitoral para a escolha de nova diretoria. Duas chapas inscreveram-se para concorrer ao pleito. Após

a eleição, a chapa vencida constatou diversas irregularidades, e a comissão eleitoral, ignorando esses

fatos, proclamou o resultado das eleições: declarou a outra chapa vencedora. Nessa situação, caso a

chapa derrotada, ou algum candidato, tenha interesse em mover ação judicial para questionar a

validade dessa eleição, deve mover a competente ação na Justiça do Trabalho.

4. OS MANDADOS DE SEGURANÇA, HABEAS CORPUS E HABEAS DATA, QUANDO O ATO

QUESTIONADO ENVOLVER MATÉRIA SUJEITA À SUA JURISDIÇÃO

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- Mandado de segurança tanto tribunais como as varas do trabalho têm competência para seu

julgamento. Ex.: contra ato do auditor fiscal do trabalho ou do superintendente regional do trabalho

na interdição de estabelecimento (em ambos os casos, a competência é do juiz).

- HC era utilizado na hipótese de depositário infiel. Contudo, com a SV 25, o HC passou a ser de

difícil incidência.

- HD também de difícil utilização. Ex.: órgão de fiscalização do trabalho nega informações sobre

processo administrativo em que o empregador está sofrendo penalidade administrativa.

5. OS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ENTRE ÓRGÃOS COM JURISDIÇÃO TRABALHISTA,

RESSALVADO O DISPOSTO NO ART. 102, I, O

- Os conflitos de competência poderão ser suscitados pelos JUÍZES e TRIBUNAIS, pelo MP e pela

PARTE INTERESSADA ou seu representante (art. 805).

- É vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição quando já houver oposto na causa

exceção de incompetência (art. 806). Ex.: empregado ajuíza reclamação em SP. A empresa interpõe

exceção de incompetência alegando que a prestação dos serviços ocorreu em Vitória. Sendo acolhida

a exceção e enviados os autos para Vitória, não poderá a empresa suscitar, por exemplo, conflito

negativo, ou seja, que a Vara do Trabalho de Vitória também não é competente para o caso. Nada

impede, contudo, que o empregado arguisse incompetência da Vara de Vitória para o caso (parte

que não suscitou o conflito).

TRT

Vara do Trabalho x Vara do Trabalho ou juiz de direito investido de jurisdição trabalhista (vinculados ao mesmo Tribunal)

TRT x TRT

TRT x Vara do Trabalho vinculada a outro TRT

TST Vara do Trabalho x Vara do trabalho

ou juiz de direito com jurisdição trabalhista (vinculados a Tribunais

diferentes)

STJ

TRT ou Vara do Trabalho x juiz de direito, TJ, juiz federal ou TRF

STF

TST x TJ, TRF, juiz de direito ou juiz federal

- Não existe conflito de competência entre TRT e Vara do Trabalho a ele vinculada. Nesse caso, há

hierarquia, devendo a Vara acatar a decisão do TRT (súmula 420 do TST).

6. AS AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E PATRIMONIAL, DECORRENTES DA

RELAÇÃO DE TRABALHO (EC 45/04)

- Súmula 392 do TST: nos termos do art. 114 da CF/88, a Justiça do Trabalho é competente para

dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de

trabalho.

- SV 22: A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AS AÇÕES DE

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO

PROPOSTAS POR EMPREGADO CONTRA EMPREGADOR, INCLUSIVE AQUELAS QUE AINDA NÃO

POSSUÍAM SENTENÇA DE MÉRITO EM PRIMEIRO GRAU QUANDO DA PROMULGAÇÃO DA EC 45/04.

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Assim, OS PROCESSOS JÁ SENTENCIADOS NA JUSTIÇA COMUM NÃO SÃO ALCANÇADOS PELA EC

45/04 (súmula 367 STJ).

- Não confundir com a hipótese de instalação da Junta de Conciliação e Julgamento, em que cessa a

competência do juiz de direito em matéria trabalhista. Nesse caso, cessará inclusive a execução das

sentenças por ele proferidas (súmula 10 STJ).

- Assertiva correta do CESPE: em determinado município, uma reclamação trabalhista tramita

perante vara cível, dada a inexistência, na localidade, de vara do trabalho e dada a falta de jurisdição

das existentes no Estado. Nessa situação, caso venha a ser instalada uma vara trabalhista nessa

localidade, a ação deve ser remetida à vara do trabalho, seja qual for a fase em que esteja, para que

lá continue sendo processada e julgada, sendo esse novo juízo o competente, inclusive, para

executar as sentenças já proferidas pela Justiça Estadual.

Quando promulgada a EC 45/04, as ações de indenização por danos morais e patrimoniais

decorrentes de ACIDENTE DE TRABALHO passaram a ser de competência da Justiça do Trabalho.

OS PROCESSOS JÁ SENTENCIADOS NA JUSTIÇA COMUM CONTINUARÃO NELA.

Havendo INSTALAÇÃO DE JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO, cessará a competência do juiz de

direito em matéria trabalhista. ATÉ A EXECUÇÃO DOS PROCESSOS JÁ

SENTENCIADOS PASSA A SER COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

- Distinguir duas situações:

Ações acidentárias, que derivam do acidente de trabalho, EM FACE DO

EMPREGADOR JUSTIÇA DO TRABALHO

Ações acidentárias, que derivam do acidente de trabalho, EM FACE DO

INSS JUSTIÇA ESTADUAL

Ações regressivas propostas pelo INSS EM FACE DO

EMPREGADOR JUSTIÇA FEDERAL

- Os sucessores ou herdeiros do empregado podem ajuizar ação indenizatória por danos morais em

face do empregador, com base no acidente de trabalho. A competência também será da Justiça do

Trabalho.

7. AS AÇÕES RELATIVAS ÀS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS IMPOSTAS AOS

EMPREGADORES PELOS ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO

- Se o MTE aplica multa a uma empresa e ela quiser anular o auto de infração, deverá ajuizar ação na

Justiça do Trabalho.

8. A EXECUÇÃO, DE OFÍCIO, DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVISTAS NO ART. 195, I, A, E II, E

SEUS ACRÉSCIMOS LEGAIS, DECORRENTES DAS SENTENÇAS QUE PROFERIR

- Se o juiz do trabalho condenar, por exemplo, ao pagamento do 13º salário e das horas extras,

deverá executar de ofício as contribuições sociais incidentes sobre tais verbas.

- Pela CLT, a JT é competente para executar de ofício as contribuições sociais incidentes sobre

todas as sentenças trabalhistas, sejam elas condenatórias, homologatórias de acordo ou

DECLARATÓRIAS da relação de emprego.

- Porém, para o TST e o STF, NÃO CABE À JUSTIÇA DO TRABALHO EXECUTAR DE OFÍCIO AS

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE AS SENTENÇAS DECLARATÓRIAS DO VÍNCULO DE

EMPREGO, mas apenas sobre as sentenças condenatórias e homologatórias de acordo trabalhista.

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Então, se o juiz do trabalho reconhecer a relação de emprego, A UNIÃO QUE DEVERÁ AJUIZAR

UMA AÇÃO DE EXECUÇÃO CONTRA O EMPREGADOR NA JUSTIÇA FEDERAL. Súmula 368 TST:

I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A

competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-

se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo

homologado, que integrem o salário de contribuição.

- OJ 414: compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da CONTRIBUIÇÃO REFERENTE AO

SAT, que tem natureza de contribuição para a seguridade social, pois se destina ao financiamento

de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho.

9. OUTRAS CONTROVÉRSIAS DECORRENTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO, NA FORMA DA LEI

- Ex.: CADASTRAMENTO NO PIS (súmula 300 TST); INDENIZAÇÃO PELO NÃO FORNECIMENTO DAS

GUIAS DO SEGURO-DESEMPREGO (súmula 389, I); COMPLEMENTAÇÃO DE PENSÃO POSTULADA

POR VIÚVA DE EX-EMPREGADO (OJ 26); DIREITO FUNDADO EM QUADRO DE CARREIRA (Súmula 19

TST); DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE

DOS TRABALHADORES (súmula 736 STF).

- COMPETÊNCIA NORMATIVA A JUSTIÇA DO TRABALHO É O ÚNICO RAMO DO JUDICIÁRIO QUE

TEM COMPETÊNCIA PARA CRIAR NORMAS GERAIS E ABSTRATAS. A criação de tais normas ocorre

por meio de dissídio coletivo (competência originária dos Tribunais – TRT ou TST).

- Art. 114, §2º, CF/88: recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é

facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a

Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao

trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

- Assertiva errada do CESPE: Raul e diversos trabalhadores desligaram-se do sindicato representativo

de sua categoria profissional, por discordarem da forma radical e pouco democrática como foram

conduzidas as assembleias destinadas à aprovação da pauta de reivindicações a ser apresentada à

categoria econômica. Nessa situação, por força do princípio constitucional da liberdade de filiação, as

regras da futura norma coletiva a ser pactuada não serão aplicadas ao contrato de trabalho de Raul.

A negociação coletiva tem força cogente. É norma obrigatória, independentemente de filiação.

- COMPETÊNCIA FUNCIONAL a competência poderá ser da Vara do Trabalho, do TRT ou do TST.

- Em se tratando de AÇÃO ANULATÓRIA, A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA SE DÁ NO MESMO JUÍZO EM

QUE PRATICADO O ATO SUPOSTAMENTE EIVADO DE VÍCIO (OJ 129 da SDI-II).

- Nos Tribunais, compete ao Relator decidir sobre o PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA,

submetendo sua decisão ao Colegiado respectivo, INDEPENDENTEMENTE DE PAUTA, NA SESSÃO

IMEDIATADAMENTE SUBSEQUENTE (OJ 68 da SDI-II).

- Assertiva correta do CESPE: os TRTs são competentes para processar e julgar os mandados de

segurança impetrados contra atos dos juízes do trabalho da respectiva jurisdição, assim como as

ações rescisórias contra as sentenças que forem por estes proferidas ou contra os acórdãos oriundos

do próprio Tribunal.

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- COMPETÊNCIA TERRITORIAL disciplinada no art. 651 da CLT:

REGRA GERAL LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. MESMO QUE A CONTRATAÇÃO TENHA OCORRIDO EM OUTRO LUGAR OU NO ESTRANGEIRO. Prestação em mais de uma localidade último local.

AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL (1ª EXCEÇÃO)

LOCAL DA AGÊNCIA OU FILIAL DA EMPRESA A QUE ESTÁ SUBORDINADO O EMPREGADO (regra principal). DOMICÍLIO DO EMPREGADO OU LOCALIDADE MAIS PRÓXIMA, A CRITÉRIO DO EMPREGADO (regra subsidiária – na falta de agência ou filial ou se o empregado não estiver subordinado a nenhuma delas).

EMPREGADO BRASILEIRO QUE TRABALHA NO EXTERIOR

(2ª EXCEÇÃO)

A VARA DO TRABALHO É COMPETENTE SE O EMPREGADO FOR BRASILEIRO E NÃO HOUVER CONVENÇÃO INTERNACIONAL DISPONDO EM CONTRÁRIO. Prevalece que a competência será do local em que a empresa tiver sede ou filial no Brasil.

EMPREGADOR QUE PROMOVE A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS FORA DO LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO

CONTRATO (3ª EXCEÇÃO)

LOCAL DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO OU DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS (OPÇÃO DO EMPREGADO).

- OJ 130 da SDI-II:

I - A competência para da ACP fixa-se pela extensão do dano.

II - Em caso de dano de abrangência regional, que atinja cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma

Vara do Trabalho, a competência será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que

vinculadas a TRTs distintos.

III - Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há competência concorrente para

a ACP das varas do trabalho das sedes dos TRTs.

IV - Estará prevento o juízo a que a PRIMEIRA AÇÃO HOUVER SIDO DISTRIBUÍDA.

- O FORO DE ELEIÇÃO É INAPLICÁVEL NO PROCESSO DO TRABALHO.