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Page 1: jurisprudenciacostume.pdf

O costume na jurisprudência internacional Excerto 1 “Quanto aos comportamentos acima descritos, no entanto, o Tribunal deve sublinhar que,

como foi lembrado nos casos da Plataforma continental do mar do Norte, para a formação de uma nova regra consuetudinária, os actos correspondentes devem, não só ‘representar uma prática constante’, mas, além disso, estar ligados a uma opinio juris sive necessitatis. Os Estados que actuem dessa forma, ou outros Estados que estejam em posição de reagir, deverão ter-se comportado de uma forma que testemunhe ‘a convicção de que essa prática é obrigatória pela existência de uma regra de direito. A necessidade de tal convicção, ou seja, a existência de um elemento subjectivo, está implícita na própria noção de opinio juris sive necessitatis’ (TIJ, Col., 1969, p. 44, § 77)’.”

Caso Actividades militares e paramilitares na Nicarágua e contra esta (Nicarágua c. Estados Unidos da

América), fundo, acórdão, TIJ, Col., 1986, pp. 108-109, § 207 Excerto 2 “Vinculado como está pelo artigo 38º do seu Estatuto a aplicar, inter alia, o costume

internacional ‘como prova de uma prática geral aceite como direito’, o Tribunal não pode ignorar o papel essencial de uma prática geral. Quando dois Estados acordam em incorporar num tratado uma regra particular, o seu acordo é suficiente para tornar essa regra numa regra jurídica, que os vincula; mas, no domínio do direito internacional consuetudinário, não basta que as partes tenham a mesma opinião quanto ao conteúdo do que consideram uma regra. O Tribunal deve verificar se a existência da regra na opinio juris dos Estados é confirmada pela prática.”

Caso Actividades militares e paramilitares na Nicarágua e contra esta (Nicarágua c. Estados Unidos da

América), fundo, acórdão, TIJ, Col., 1986, pp. 97-98, § 184 Excerto 3

“Não deve esperar-se que a aplicação das regras em questão seja perfeita na prática estadual,

no sentido de os Estados se absterem de recorrer à força ou à intervenção nos assuntos internos dos outros Estados de forma totalmente consistente. O Tribunal não considera que, para que uma regra esteja estabelecida consuetudinariamente, a prática correspondente deva ser rigorosamente conforme a essa regra. Para deduzir a existência de regras consuetudinárias, parece-lhe suficiente que, de uma maneira geral, os Estados conformem a sua conduta a essas regras, e que eles próprios considerem os comportamentos não conformes à regra como violações desta e não como manifestações do reconhecimento de uma nova regra. Se um Estado age de uma forma que, aparentemente, não é possível conciliar com uma regra reconhecida, mas defende a sua conduta invocando excepções ou justificações contidas na própria regra, daí resulta uma confirmação da regra, mais do que o seu enfraquecimento, quer a atitude desse Estado possa ou não justificar-se nessa base.”

Caso Actividades militares e paramilitares na Nicarágua e contra esta (Nicarágua c. Estados Unidos da

América), fundo, acórdão, TIJ, Col., 1986, p. 98, § 186

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Excerto 4 “[O]s Estados interessados devem ter o sentimento de estarem a conformar-se ao que

equivale a uma obrigação jurídica. A frequência ou mesmo carácter habitual dos actos não é, em si mesma, suficiente. Há muitos actos internacionais, por exemplo no domínio do protocolo, que são realizados quase invariavelmente, mas que apenas se devem a simples considerações de cortesia, conveniência ou tradição, e não ao sentimento de uma obrigação jurídica.”

Casos da Plataforma continental do mar do Norte (República Federal da Alemanha/Dinamarca; República

Federal da Alemanha/Países Baixos), acórdão, TIJ, Col., 1969, p. 44, § 77 Excerto 5 “[V]erifica-se simplesmente que, em certos casos – em número escasso –, Estados

acordaram em traçar, ou traçaram, os limites que lhes dizem respeito segundo o princípio da equidistância. Nada prova que tenham agido dessa maneira porque a isso se sentiam juridicamente vinculados por uma regra obrigatória de direito consuetudinário, sobretudo se se pensar que outros factores puderam motivar a sua acção.”

Casos da Plataforma continental do mar do Norte (República Federal da Alemanha/Dinamarca; República

Federal da Alemanha/Países Baixos), acórdão, TIJ, Col., 1969, pp. 44-45, § 78 Excerto 6 “Mesmo se o decurso de um breve lapso temporal não constitui por si, necessariamente, um

obstáculo à formação de uma nova regra de direito internacional consuetudinário a partir de uma regra que, originariamente, tinha natureza puramente convencional, seria sempre indispensável que, no período em questão, por breve que tivesse sido, a prática dos Estados, incluindo a dos Estados particularmente interessados, tivesse sido frequente e praticamente uniforme no sentido da disposição invocada, e que, além disso, se tivesse manifestado de modo a evidenciar um reconhecimento geral de que está em causa uma regra de direito ou uma obrigação jurídica.”

Casos da Plataforma continental do mar do Norte (República Federal da Alemanha/Dinamarca; República

Federal da Alemanha/Países Baixos), acórdão, TIJ, Col., 1969, p. 43, § 74 Excerto 7 “Por conseguinte, o Tribunal não pode aceitar que o Governo da Colômbia tenha provado a

existência de um tal costume. Mas, mesmo que pudesse admitir-se que esse costume existia apenas entre certos Estados da América Latina, não poderia ser invocado perante o Peru que, longe de a ele ter aderido pelo seu comportamento, ao contrário o repudiou, abstendo-se de ratificar as convenções de Montevideu de 1933 e 1939, as que primeiro incluíram uma regra sobre a qualificação do delito em matéria de asilo diplomático.”

Caso relativo ao Direito de asilo (Colômbia/Peru), acórdão de 20 de Novembro de 1950, TIJ, Col., 1950, pp.

277-278 Excerto 8 “Os factos submetidos ao Tribunal revelam tanta incerteza e contradições, tanta flutuação e

contradições no exercício do asilo diplomático e nas opiniões oficialmente expressas em várias

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ocasiões; houve uma tal inconsistência na rápida sucessão de convenções sobre o asilo, ratificadas por alguns Estados e rejeitadas por outros, e a prática foi, nos vários casos, tão influenciada por considerações de oportunidade política, que não é possível deduzir de tudo isto um uso constante e uniforme aceite como de direito quanto à alegada regra da qualificação unilateral e definitiva do delito.”

Caso relativo ao Direito de asilo (Colômbia/Peru), acórdão de 20 de Novembro de 1950, TIJ, Col., 1950, p.

277 Excerto 9 “O Tribunal está em presença de um caso concreto com características especiais. Pelas suas

origens, a causa remonta a um período e diz respeito a uma região em que as relações entre Estados vizinhos não eram reguladas por regras formuladas com precisão, mas amplamente determinadas pela prática.

Por conseguinte, quando o Tribunal considera estar em presença de uma prática claramente

estabelecida entre dois Estados e que as Partes aceitam regular as suas relações, o Tribunal deve atribuir um efeito decisivo a essa prática tendo em vista a determinação dos seus direitos e obrigações específicos. Essa prática particular deve prevalecer sobre quaisquer regras gerais.”

Caso do Direito de passagem em território indiano (Portugal c. Índia), fundo, acórdão de 12 de Abril de 1960,

TIJ, Col., 1960, p. 44