17
Luanda em plena expansão imobiliária REVISTA BIMESTRAL DA EMBAIXADA DE ANGOLA EM MOÇAMBIQUE - N.º3 - MARÇO/ABRIL 2011 O africano está sempre na moda «Se eu pudesse, estaria sempre a viajar» Maria Eugénia da Cruz Beatriz Costa

Kandando III

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Kandando III

Luanda em plenaexpansão imobiliária

revi

sta

bim

estr

al d

a em

baix

ada

de a

ng

ola

em m

oçam

biqu

e -

n.º3

- m

arço

/abr

il 2

011

O africanoestá semprena moda

«Se eu pudesse, estaria semprea viajar»Maria Eugénia da Cruz Beatriz Costa

Page 2: Kandando III
Page 3: Kandando III

PROPRIEDADE E EDIÇÃOEmbaixada de Angolaem MoçambiqueAv. Kenneth Kaunda, 783Maputo - Moçambique

DIRECÇÃOEmbaixador Garcia Bires

ADIDO DE IMPRENSAEduardo Sousa

DIRECÇÃO EDITORIALHelga Nunes

COLABORAÇÃOEurico VasquesLecticia Munguambe Nina TembaTeresa PereiraTholedo MundauSara Grosso

FOTOGRAFIAS

Amândio VilanculosLuís MuiangaQuintiliano dos SantosANGOPEmbaixada de Angolaem Moçambiquegettyimagesgoogle.com

DESIGN GRÁFICORui Batista

PAGINAÇÃOBenjamim Mapande

PUBLICIDADEPUBLICARRua da Sé, Hotel Rovuma,3º andarMaputo - Moçambique

IMPRESSÃOBrinrodd Press

TIRAGEM5.000 ex.

ficha

téc

nica

08

10

TV Cabo lança preços ZAPem Angola e Moçambique

Sonangol e BP Angola recebem naviosde grande porte para produção e descarga do petróleo

22Angola lidera crescimentomundial em 2012

17Sá Miranda considerapositivas relações entre Angola e Nigéria

09Luanda será a 2ª mais rica cidade de África

14Cooperação Angola - Moçambique:Já há frutos a vista

18Demografia em Angola e Luanda

12Angola comemorounove anos de paz

23Economia angolana devecrescer 7% em 2011

27O africano está sempre na moda

28Embaixada de Angola prometeapoio à comitiva dos jogos Africanos

sum

ário

11Malha rodoviária interliga oito capitais de províncias

Page 4: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 7M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 16

nota de abertura

Garcia BiresEmbaixador de Angolaem Moçambique

Tendo esse movimento

através das forças progressistas

da época participado em

várias actividades políticas e

diplomáticas, passou a ser

uma realidade que nenhuma força política

administrativa a podia subestimar e, por vias disso, questionar a sua

existência e razão de ser.

EMBAIXADA DA REPÚBLICA DE ANGOLA NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE AVENIDA KENNETH KAUNDA, 783, MAPUTO TEL: (+258) 21 493139 / 21 493691 . FAX: (+258) 21 493930 / (+258) 21 493928 email: [email protected] site: embaixadadeangolaemmoz.com

No passado dia 21 de Abril de 1961, precisamente há 50 anos, na pacata cidade de Casablanca, no Reino de Marrocos, sob o olhar pan-africano de Sua Majesta-de, o Rei Mohamed V, um dos activos líderes do grupo de países progressistas da primeira década dos anos sessenta, período das independências das ex-colónias predominantemente francesas, os dirigentes da FRELIMO, MPLA, MLSTP E O PAIGC, fundavam a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas, CONCP.A CONCP tinha como objectivo imediato o de coordenar a actividade política e diplomática dos movimentos que representavam os mais nobres ideais e interes-ses dos povos de Moçambique, Angola, S.Tomé e Príncipe e os da Guiné-Bissau e Cabo Verde.Sucessora da Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colónias Portuguesas (FRAIN), a CONCP cedo se tornou em porta-voz das lutas que se processavam em círculos fechados e envolta em teorias desde as principais cidades e quiçá aldeias das colónias, até no coração da própria “ metrópole”.Tendo esse movimento através das forças progressistas da época participado em várias actividades políticas e diplomáticas, passou a ser uma realidade que nenhu-ma força política administrativa a podia subestimar e, por vias disso, questionar a sua existência e razão de ser.O impacto que o 4 de Fevereiro de 1961 produziu no sistema colonial português e a sua imediata repercussão em África, na Ásia, nas Américas e em alguns círculos europeus, com maior destaque nos países nórdicos, assim como no seio dos movi-mentos que conduziam as lutas libertadoras, foi imediato.A acção dos patriotas que na manhã do 4 de Fevereiro levantaram as armas para a reconquista da liberdade e identidade de todos os angolanos, se tornou em acelerador e na entrega incondicional dos demais povos que se encontravam sob a dominação colonial-fascista.

Cinquenta anos depois, a CONCP cumpriu com o seu dever histórico. Nossos países estão livres. Os PALOP, sucessores da CONCP, tornaram-se no novo instrumento e estão incumbidos não somente de prosseguir a coesão dos novos países, mas acima de tudo de ser um instrumento que deverá levar para outros patamares os destinos dos nossos povos e dos países que compõem esta grande família.

Ao comemorarmos o quinquagésimo aniversário da fundação da CONCP, num mundo hoje globalizado, novos desafios estão à espreita e cada vez mais outros concorrentes de todos e vários quadrantes surgirão. Estejamos pois aptos para sermos membros activos e efectivos dessa globalização e acima de tudo empreen-dedores para a construção de países genuinamente nossos, humanos e onde cada cidadão seja especial e tenha a mesma voz, a mesma razão.

Na criação da CONCP o Senhor Adelino Gwamberepresentou a UDENAMO, MANU e UNAMO.

A FRELIMO foi fundada em 1962.

Page 5: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 9M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 18 9

dest

aque

destaque

TVCabo lança pacotes Zapem Angolae Moçambique

A TvCabo, operador pioneiro em Angola e Moçambique na distribuição simultânea de televisão e de internet por cabo, iniciou em Abril a comercia-lização dos pacotes de televisão da ZAP, anuncia em comunicado a empresa de-tida pela ZON Multimédia.

A nova oferta será distribuída atra-vés dos pacotes «ZAP MINI, ZAP MAX e ZAP PREMIUM», coincidindo com o lançamento de uma nova imagem e uma nova assinatura naqueles merca-dos: "TVCABO – Tem Tudo a Ver".

A mais recente oferta da TVCABO naqueles dois países de expressão por-tuguesa «vai permitir aos clientes o aces-so a mais canais, com preços desde 1.450 AKZ, em Angola, e desde 550 MT, em Moçambique», detalha a nota da opera-dora.

TELECOMUNICAÇÕES FORMAÇÃO

Brasileira GrowUp capacita profissionais em Angola

A GrowUp, empresa brasilei-ra de consultoria em gestão com sede em Porto Alegre, esteve à frente de uma série

de capacitações realizadas junto a um grupo de 35 profissionais da angolana DGM Sistemas.

A empresa desenvolve projectos de infraestrutura de gestão para o governo angolano e contratou a GrowUp com o objetivo de qualificar seus funcionários nas áreas de negociação e administra-ção de conflitos e comunicação.

As capacitações realizadas ocorre-ram na capital do país, Luanda. O curso de comunicação foi ministrado pela fo-noaudióloga Débora Brum, e o módulo de negociação e administração de con-flitos foi conduzido por Antonio Kle-ber. Segundo Clarice Carneiro, sócia da GrowUp, o nível de satisfação dos dois treinamentos foi de 100%, identificado através de uma pesquisa de satisfação aplicada imediatamente após a conclu-são de cada módulo realizado.

A GrowUp Ciência em Gestão é es-pecializada na implantação de produtos

de gestão. Fundada em 1996, a GrowUp vem

facilitando processos de optimização de gestão, através da aplicação de me-todologias, em conjunto com os gesto-res dos clientes, utilizando ferramentas que geram resultados mensuráveis. Está presente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

INVESTIMENTOS

Angola vai elevar para 1 milhão de dólares o valor mínimo para investimento estrangeiro

A proposta de lei contempla um con-junto de benefícios que visam tornar o país atractivo, sobretudo para os gran-des investidores. A proposta da nova Lei de Bases de Investimento Privado em apreciação pela Assembleia Nacio-nal angolana prevê que o valor mínimo para investimento estrangeiro no país seja de 1 milhão de dólares.

Segundo o deputado Sérgio dos San-tos, do Grupo Parlamentar do MPLA, o país precisa de investimentos que te-nham significado para o seu desenvol-vimento e "não tanto aquele pequeno investimento que pode ser periférico".

A proposta de lei contempla um con-junto de benefícios que visam tornar o país atractivo, sobretudo para os gran-des investidores.

A proposta de Lei de Bases de In-vestimento Privado, apresentada pelo governo angolano ao Parlamento, pre-vê a redução da burocracia no processo de constituição de empresas, acesso a financiamentos e a organização empre-sarial.

O governo angolano está igualmente a preparar nova legislação para incenti-var a constituição de micros, pequenas e médias empresas.

Luanda será a 2ª mais rica cidade da África Subsariana

L uanda será a 4ª cidade mais populosa e a 2ª mais rica da África subsariana em 2025. Segundo um relatório

do Mckinsey Global Institute (MGI), datado de Março, que considera o de-senvolvimento social e económico en-tre 2007 e 2025. As cidades angolanas estão incluídas no top 600 entre duas mil que foram analisadas pelo MGI. Este ranking representa cerca de 60% do crescimento previsto para o PIB global.

Entre 2007 e 2025, Luanda vai crescer e transformar-se numa das principais cidades da região. Em termos de po-pulação, será a 4ª da África Subsariana, prevendo-se um crescimento superior a 51%. Em termos de PIB total, a capital de Angola melhora a posição, ocupando o 2º lugar do ranking, avançando quase 80%. Quando considerado o PIB per ca-pita, desce para o 5º, embora seja uma das cidades que mais cresce neste item. O forte crescimento faz supor o apareci-

mento da classe média na capital.

Huambo

A única área urbana que ascende ao pódio das cidades do futuro é o Huam-bo, segundo o MGI, mas em lugares mais modestos no ranking da África Subsariana, embora o crescimento da população entre 2007 e 2015 coloque o Huambo na fasquia das cidades peque-nas, o aumento da riqueza é assinalável: O PIB total cresce 84%, enquanto o PIB per capita avança 68%.

Na África Subsariana, 15 cidades entram no Top 600 entre as 143 anali-sadas. Além de Angola, África do Sul, Ghana, Nigéria, Quénia, Sudão, RDC, são os países representados no ranking. Nas cidades, o pelotão da frente inclui ainda Abadam, Abuja, Accra, Cape Town, Cartum, Durban, East London, Johannesburg, Lagos, Luanda, Nairobi, Pretoria e Kinshasa.

DR.

goo

gle

DR.

goo

gle

DR.

goo

gle

«A empresa desenvolve projectos de infraestrutura de gestão para o governo angolano e contratou a GrowUp com o objetivo de qualificar seus funcionários nas áreas de negociação e administração de conflitos e comunicação.»

DESENVOLVIMENTO

Page 6: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 1 1M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 11 0

DR.

Malha rodoviária

interliga oito capitais de província

Ang

ola A

ngolaVIAS DE COMUNICAÇÃO

O Programa de Reabilitação de Infraestruturas Rodo-viárias, nos últimos nove anos, permitiu a interli-

gação de oito capitais de provincia por estradas asfaltadas, facto que reduz o tempo e custo de transporte de pessoas e bens.

Estas grandes vias, durante o conflito armado, estiveram impossibilitadas de beneficiar de manutenção, daí a deterio-ração gradual e consequente destruição da maior parte da sua estrutura.

Agora, nesta nova era de paz no país, o governo está engajado num ambicio-so programa de restabelecer a rede fun-damental de estradas, ligando todas as capitais de província às regiões produ-toras e os principais pólos industriais e comerciais, como passo fundamental da estratégia para a recuperação da produ-ção e do crescimento socioeconómico de Angola.

Como consequência, a gestão do processo de recuperação da malha ro-doviária está a cargo do INEA e GNR, que as consignaram a várias empreitei-ras. Estas empreiteiras têm trabalhado, nestes últimos nove anos, mais de seis mil e 200 quilómetros de estradas reabi-litadas em todo território nacional.

No geral, estão mobilizados em todo o país mais de 54 empresas construto-ras, sendo 29 nacionais e 25 estrangei-ras. Além destas estão ainda engajadas mais de 22 empresas fiscalizadoras, 14 das quais nacionais.

De acordo com um documento do INEA, até ao ano de 2004, mais de 70 por cento da rede de estradas de Angola encontrava-se em avançado estado de degradação.

ESTRADAS

Nesse sentido, em 2005, primeiro ano do programa, foram lançadas as obras de reabilitação dos troços Kifan-gondo/Caxito/Uíge/Negage,Lucala/Cacuso, Alto Dondo desvio da Munen-ga, Huambo/Caála, Quirima/Sautar/, Lombe/Kota, desvio da Matala/Matala, Lobito Benguela, entre outros.

Neste quadro, com os recursos dis-ponibilizados de 2005 e 2006, foram recuperados mais de quatro mil quiló-

metros de estrada, sendo 60 por cento do projecto assegurado com recursos do tesouro nacional e 40 por cento com financiamento externo. Ainda neste pe-ríodo foram montadas 60 unidades de pontes metálicas provisórias e 20 unida-des de pontes definitivas.

A partir de 2009, nota-se uma quebra nos resultados. Ao ritmo de 2008/2009, esperava-se atingir o acumulado de 13,000 quilómetros de estradas reabili-tadas no final de 2011.

Falando propriamente de 2011, real-ça-se a conclusão dos troços Quibala/Waku kungo, Kifangondo/Caxito/Uige/Negaje, Luanda/Sumbe/Benguela, Hu-ambo/Bié, Luanda/Ndalatando/Malan-ge, Namibe/Huíla.

Sobre pontes, um levantamento re-cente aponta que em diversas regiões do país foram instaladas, nos últimos anos mais de 400 pontes nos principais eixos rodoviários nacionais.

PONTES

Entre as pontes já concluídas estão também as dos rios Catumbela, Dande, Keve, Lucala um, Kwanza, Calombutão, Calonga, Kunhunguembua, Lufefela, Kwanza (Cangandala) e ainda passa-gens superiores dos Caminhos de Ferro de Luanda, nas províncias do Bengo, Kwanzas Norte e Sul, Benguela, Huíla, Huambo e Luanda.

Enquadram-se ainda neste grupo as pontes sobre os rios Bero, Giraúl, Cava-co, Coporolo, Cubal da Hanha, Cunene, entre outras.

No domínio das pontes, das cerca de 1500 existentes ao nível da rede funda-mental de estradas, aproximadamente 500 delas encontravam-se parcial ou totalmente destruídas em 2004.

Para o período subsequente (2011/2013) prevê-se a reabilitação de um adicional de 7.500 quilómetros da rede fundamental e complementar, in-cluindo 1.400 pontes de diverso porte.

Este ano será implementado um pro-grama de conservação e manutenção de estradas e pontes, tendo o Ministério do Urbanismo e Construção, através do Instituto de Estradas de Angola (INEA), efectuado a pré-qualificação das empre-sas.

Sonangol e BP Angola recebem navios de grande porte para produção e descarga de petróleo

A empresa estatal angolana de petróleos Sonangol jun-tamente com a britânica BP Exploration (Angola)

e seus parceiros do Bloco 31 receberam dois dos maiores navios de produção, armazenamento e descarga de petróleo (FPSO), em águas ultra-profundas.

A cerimónia de entrega dos navios teve lugar em Singapura, nos estalei-ros da Jurong Shipyard - subsidiária da Sembcorp Marine’s, empresa que fez a conversão do Fpso para a Modec, em-presa subcontratada pela BP e seus par-ceiros, todas associadas da Sonangol.

A produção do projecto Psvm, que é composto pelo conjunto dos campos Plutão, Saturno, Vénus e Marte, será efectuada por um navio de produção, armazenamento e descarga (FPSO – do Inglês “Floating Production Storage and Offload vessel).

Projectado para trabalhar por mais de 20 anos, o navio possui uma dimen-são de 355 metros de comprimento, 57 de largura, um peso de 20 mil toneladas e 22,2 metros de calado. O FPSO alber-ga 120 pessoas a bordo e tem uma capa-cidade de produção de 150 mil barris, sendo capaz de armazenar um milhão e 800 mil barris de petróleo e processar 245 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

O FPSO é equipado com uma das maiores torres externas já construídas no sector de petróleo, parte da qual

contém um mecanismo de encaixe pro-jectado por um engenheiro angolano, Kimi de Sousa. Muitas das componen-tes do projecto foram fabricadas em Angola. Este é apenas um exemplo da integração dos quadros angolanos e da participação de companhias angolanas na indústria.

O acto de baptismo decorreu em Sin-gapura, no estaleiro marítimo da em-presa Jurong Shipyard e foi testemunha-do por várias individualidades, entre elas a destacar o vice-ministro dos Pe-tróleos, Aníbal Silva, em representação do ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, o embaixador de Angola na Singapura, Flávio Fonseca, respon-sáveis da Sonangol, BP e seus parceiros empreiteiros do projecto.

O Fpso Psvm foi construído segundo elevados padrões de segurança, quali-dade e excelência técnica, demonstra-dos pela Jurong, Modec, BP, bem como os estaleiros de fabricação em Angola e em outras partes do mundo, tendo atingido um desempenho louvável de segurança no trabalho que resultou em 8,1 milhões de horas-homem sem aci-dentes humanos.

Após alguns acertos finais, o Fpso na-vegará para o campo Psvm, localizado a cerca de 400 quilómetros a nordeste de Luanda, onde permanecerá por cer-ca de 20 anos. O FPSO irá navegar por motores próprios para Angola, sendo o primeiro a fazê-lo no offshore angolano.

SoNANGoLjá explorano Iraque

A Sonangol iniciou a sua ac-tividade no Iraque, começando a respectiva perfuração. A activida-de angolana começou nos cam-pos campos de Najma (Najmah) e Qaiyara (Qaiyarah) na região setentrional de Ninewa, no Iraque, de acordo com o jornal angolano “O País”.

A Sonangol ganhou um concur-so público lançado pelo governo iraquiano em 2009 para a atribui-ção de concessões petrolíferas. A petrolífera angolana tem o objec-tivo de produção de 120 mil bar-ris por dia no campo de Qaiyarah, enquanto em Najma, que possui reservas de 858 milhões de barris, a meta de produção fixada é de 110 mil barris diários.

Devido ao conflito armado no país e ao embargo imposto em 1990, o Iraque não desenvolve a exploração petrolífera há vários anos.

DR.

ENERGIA

Page 7: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 11 2 M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 1 3

Ang

ola A

ngola

Angola comemorou nove anos de paz

A ssinalou-se a 4 de Abril o nono aniversário da assi-natura do Memorando de Entendimento Comple-

mentar ao Protocolo de Lusaka, entre o governo angolano e a Unita - acto que mudou o curso da História da Repúbli-ca de Angola.

O acordo, realizado em 2002 no Pa-lácio dos Congressos, em Luanda, e as-sistido pelo Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, e por representantes da comunidade nacional e internacional, simbolizou o fim de um longo período de guerra, que deixou milhares de deslocados, mutilados e ór-fãos.

A partir da assinatura do documen-to, o 4 de Abril foi instituído como fe-riado nacional e passou a ser, entre os angolanos, uma referência histórica importante na luta do povo, por mar-car uma viragem decisiva no processo político e no desenvolvimento de An-gola. A data constitui, igualmente, uma das maiores conquistas do povo angola-no após a Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975.

Actualmente, o país vive um am-biente de paz justa e definitiva, um momento particularmente importan-te na sua história, nunca antes experi-mentado pelo povo angolano, mesmo num passado longínquo, bem como desde o nascimento de Angola como um Estado independente e soberano. Justa porque a paz alcançada não foi uma imposição de forças externas, mas o resultado de esforços dos angolanos, que entenderam que havia a necessi-dade da cessação das hostilidades e de encetarem o processo de conclusão das tarefas remanescentes do Protocolo de Lusaka, tendo em vista o estabeleci-

mento da paz e a consequente reconci-liação e reconstrução do país.

Pela primeira vez um protocolo vi-sando a paz foi assinado, em territó-rio nacional, sem qualquer mediação externa. Esta paz corresponde aos interesses mais legítimos do povo an-golano. É definitiva porque a paz con-quistada está e deve ser consolidada no dia-a-dia dos angolanos, através de ac-ções e atitudes práticas, devendo todos contribuir para que este processo seja irreversível. É vontade dos angolanos que sejam removidos todos os factores do passado, de modo a se construir uma pátria unida, solidária e madura, orien-tada pelos valores da unidade nacional, da democracia, liberdade, justiça social e pelo respeito dos direitos humanos.

Conquistada a paz, novos desa-fios se colocam ao povo angolano, pois torna-se necessário continuar a envidar esforços para a sua consoli-dação, através do desenvolvimento de um conjunto de acções, que visem combater a fome e a pobreza. Deve-se também promover a tolerância e o respeito pela diferença de opiniões e filiação partidária, bem como in-centivar o sentimento patriótico da população, sobretudo nas crianças e jovens, e fortalecer as instituições do Estado Democrático de Direito como premissa indispensável para encetar, com firmeza, novos passos rumo ao crescimento harmonioso do país.

Citando o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, «quem ama verdadeiramente a Paz tem de saber perdoar, reconciliar-se com o seu próxi-mo, contribuindo assim para uma união verdadeira e sólida dos angolanos, sem prejuízo para as divergências que uns e outros possam expressar».

Se a 4 de Abril de 2002 os angolanos deram um exemplo ao Mundo, nos dias 5 e 6 de Setembro de 2008 con-firmaram esta maturidade, elegendo com civismo, num clima de paz, har-monia e fraternidade, sem recurso à violência verbal ou física, os deputa-dos ao Parlamento.

Hoje, Angola está a conquistar o seu lugar no topo do contexto das nações africanas, quer a nível político e eco-nómico, quer desportivo. Em Janeiro de 2010, o país realizou o Campeo-nato Africano das Nações (CAN-2010 Orange), que serviu para demonstrar ao mundo que Angola é uma terra de paz e de democracia.

«José Eduardo dos Santos: «quem ama verdadeiramente a Paz tem de saber perdoar, reconciliar-se com o seu próximo, contribuindo assim para uma união verdadeira e sólida dos angolanos, sem prejuízo para as divergências que uns e outros possam expressar»

PRESIDêNCIA

Page 8: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 1 5M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 11 4

DR

DR

emba

ixad

a embaixada

A cooperação entre Moçam-bique e Angola a nível par-lamentar vem crescendo a olhos vistos nos últimos

anos. Os parlamentos dos dois Países rubricaram, em 2010, um acordo de cooperação de dois anos para o reforço da capacidade institucional das assem-bleias e respectivos deputados.

Estão contemplados no referido pro-grama de cooperação, que termina no presente ano, o reforço das capacidades institucionais nas áreas da actividade le-gislativa, representativa, fiscalizadora e diplomacia parlamentar.

No âmbito do programa, os parla-mentos de Moçambique e Angola pro-põem-se disponibilizar informações e documentação necessárias durante os intercâmbios de experiências de depu-

tados dos dois países, a realizar-se futu-ramente.

As acções de troca de experiências, a serem suportadas pelos dois parla-mentos compreendem visitas de estu-do, jornadas parlamentares alusivas aos dois Estados e concertação no domínio parlamentar.

Durante o mês de Setembro de 2010, teve lugar a VIIIª Sessão da Comissão Bilateral Moçambicano - Angolana para a Cooperação Económica, Técnico-Científica e Cultural. O evento foi re-alizado na sequência do Acordo Geral de Cooperação Económica, Científica, Técnica e Cultural entre o Governo da República de Angola e o Governo da República de Moçambique, assinado em Luanda, ao 5 de Setembro de 1978.

CooperaçãoParlamentar também ganha músculo

N as vésperas do término da sua missão em Moçam-bique, o embaixador de Angola em Moçambique,

João Garcia Bires, aponta como maior ganho, a criação de um espaço que irá permitir um futuro sólido na coopera-ção entre os dois países.

Quando convidado a fazer um ba-lanço, dentre vários êxitos, Garcia Bires verifica que já está desbravado um ca-minho para a cooperação entre os dois países. Dentro de dez ou quinze anos poder-se-á colher frutos dos alicerces já existentes.

O contacto que o diplomata efectuou com várias províncias em Moçambique permitiu o descortinar de aspectos co-muns com os da sua terra natal, facto que ajudou em parte no desempenho da sua missão. O maior número de Portos nos dois países é uma das várias van-tagens comuns que futuramente irão marcar diferença. Entretanto, a maior das vantagens é a paz. Mais do que nunca, Angola e Moçambique possuem hoje os melhores caminhos para alicer-çarem a cooperação bilateral devido ao ambiente que se vive.

Garcia Bires, aponta os dois países como dos poucos a nível da região que possuem água e terra, o que lhes con-fere a vantagem de serem as portas de entrada na área do comércio. O desafio que se coloca é fazer o melhor uso da vantagem das comunicações marítimas para que haja o respectivo reflexo na economia.

Actualmente, é visível o esforço do Executivo angolano que continua a tra-balhar no sentido de preparar as con-dições para entrar em peso na zona de comércio livre.

Por outro lado, a implementação dos objectivos consubstanciados no Progra-ma de reconstrução angolana que visam o relançamento da economia e fortale-cimento do empresariado local irão tra-zer cada vez maior dinâmica na política externa angolana. A acção tem como um dos maiores enfoques a região da SADC, particularmente Moçambique.

Durante a palestra que Garcia Bires

orientou, no contexto do 25° aniversá-rio do Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), ficou notória a vontade de cooperação entre os dois pa-íses, segundo a leitura dos académicos. Entretanto, alguns aspectos deverão ser ultrapassados. Em parte, a palestra visava também o encurtamento de dis-tâncias entre os dois estados. Angola e Moçambique podem estar próximos na medida em que já há voos directos Ma-puto –Luanda. «Entretanto, a distância pode ser maior se não conhecermos a realidade cultural um do outro,» segun-do observou Patrício José, Director do ISRI.

As duas economias dos PALOPS que mais crescem a nível mundial, segundo o Banco Mundial, Angola (6.5 por cen-to) e Moçambique (5.5) exigem cada vez mais um redobrar de esforços por parte dos seus académicos. «Surpreen-dente,» é como Garcia Bires qualifica a ansiedade que os estudantes do ISRI demonstraram em aprofundar os seus conhecimentos sobre o trajecto históri-co de Angola. O mais gratificante para Bires é o facto de ter orientado uma palestra no ISRI no fim da sua missão em Moçambique. «Calha bem, na medi-da em que, os estudantes da diplomacia poderão usar os dados nas suas teses,» assegurou.

Durante a palestra no ISRI, Garcia Bires, explicou todo o processo condu-cente à solidificação da independência de Angola até ao actual quadro consti-tucional. O instrumento estabelece uma plataforma da política externa do País. A dissertação do embaixador foi siste-matizada de modo a orientar a forma-ção dos estudantes. Depois da palestra, Bires espera que os estudantes de diplo-macia se empenhem cada vez mais e conservem a responsabilidade porque o futuro diplomático corresponde ao fu-turo da segurança de um país. Por sua vez, Patrício José, Reitor do ISRI, faz lembrar que Joaquim Chissano também já orientou uma palestra no ISRI. O di-rigente assegura que mais figuras diplo-máticas irão visitar aquela instituição de ensino de modo a abrirem o horizonte diplomático dos estudantes.

Garcia BiresEmbaixador de Angola em Moçambique

Cooperação Angola – Moçambique:Já há frutos à vista

Page 9: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 1 7M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 11 6

DR

cooperaçãoco

oper

ação

Angola vai apoiarórgãos de comunicaçãosocial da Guiné-BissauAjuda institucional aos órgãos de comunicação social da Guiné-Bissau incluirá assistência técnica, formação de quadros e cobertura de eventos.

O governo angolano vai con-ceder ajuda institucional aos órgãos de comunicação social da Guiné-Bissau, nos

domínios da assistência técnica, forma-ção de quadros e cobertura de eventos.

Esta intenção vem expressa num processo verbal assinado em Bissau, en-tre as ministras da Comunicação Social da Guiné-Bissau, Maria Adiatu Djaló Nandingna, e de Angola, Carolina Cer-queira, no termo da visita que esta últi-ma efectuou àquele país lusofono de 19 a 23 de Março.

De acordo com o processo verbal, as partes reconhecem a necessidade de formalização de um protocolo de coo-peração entre as agências noticiosas de Angola (ANGOP) e da Guiné-Bissau (ANG), sobretudo no que diz respeito ao intercâmbio de notícias.

Prevê-se ainda protocolos de coope-ração e acções de formação profissional, apetrechamento e assistência técnica, visitas de estudo e estágios sobre gestão e modernização, arquivo e publicidade a nível de todos os órgãos, nomeada-mente televisão, rádio e jornal.

Neste sentido, as ministras decidi-ram, numa primeira fase, arrancar com a assistência técnica aos órgãos de co-municação públicos da Guiné-Bissau e, na segunda etapa, apoiar tecnicamente o Governo guineense para assistir os meios privados.

Para o efeito, comprometeram-se estudar mecanismos que possibilitem a formação contínua de jornalistas gui-neenses dos órgãos públicos e privados no CEFOJOR, em Angola ou em Bissau, através de programação de módulos de capacitação e seminários, bem como a formação de formadores.

Segundo o documento, as duas dele-gações concluíram que a cooperação bi-lateral tem decorrido de forma regular, particularmente após a visita a Angola, no ano findo, da ministra da Comuni-cação Social da Guiné-Bissau, Maria

Adiatu Djaló Nandingna.Lembra ainda que, a deslocação da

governante resultou na ida a Bissau, de técnicos da comunicação social ango-lana, a qual permitiu retomar as emis-sões da televisão da Guiné-Bissau, que se encontravam paralisadas há mais de seis meses.

Nesta base, as duas responsáveis re-gozijaram-se pelo clima de cordialidade que caracterizou as discussões secto-riais, e concordaram em manter con-tactos permanentes, através de visitas periódicas recíprocas, tendo realçado a importância da comunicação social no processo da consolidação da paz e tran-quilidade social.

Decidiram manter consultas regu-lares relativamente à sua participação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), bem como concer-tações entre os ministros responsáveis pela comunicação social da comunida-de lusófona.

Decidiram igualmente trabalhar em conjunto para viabilizar a instalação de uma rádio comunitária ao serviço da Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau (Missang).

Maria Nandingna, também minis-tra da Presidência do Conselho de Mi-nistros, da Comunicação Social, dos Assuntos Parlamentares e Porta-voz do Governo guineense, convidou a sua homóloga para efectuar uma visita de trabalho a Guiné-Bissau, em data a acordar, para passar em revista todos os assuntos ligados ao sector de comunica-ção social.

Carolina Cerqueira integrou uma delegação chefiada pelo ministro da Defesa Nacional, Cândido Pereira Van-Dúnem, que segunda-feira procedeu ao lançamento oficial da Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau (Missang), que vai ajudar nas acções da reforma do sector da defesa e segurança guineense, nos próximos dois anos

Sá Miranda considera positivasrelações entre Angola e Nigéria

A s relações de cooperação no ramo militar entre as repúblicas de Angola e da Nigéria foram consi-

deradas como sendo positivas pelo se-gundo comandante do Estado Maior do Exército angolano, general Gouveia Sá Miranda.

O general fez esta afirmação em de-clarações à imprensa no final de um encontro que manteve com o chefe da delegação de estudantes do curso de Comando e Estado Maior das Forças Armadas da Nigéria, brigadeiro general

Fergus D. Bobay.A alta patente militar angolana refe-

riu ainda que o resultado da troca de ex-periência entre os dois países tem sido positivo. Realçou igualmente a impor-tância de estar-se informado da forma como os dois países estão a preparar os seus quadros neste domínio.

A delegação de estudantes do curso de Comando e Estado Maior das Forças Armadas da Nigéria encontrou-se em Angola com o objectivo de constatar a experiência e os desafios das forças ar-madas nacionais na gestão de desastres

e calamidades, no sentido de compará-la à experiência do seu país. A mesma tem ainda como objectivo permitir aos estudantes descobrir áreas de coopera-ção bilateral e multilateral em África, bem como fortalecer as relações já exis-tentes entre Angola e a Nigéria.

O colégio é uma instituição interna-cional de formação militar, que selec-cionou neste ano um total de 10 países para serem visitados por 10 grupos (Angola, Benin, Camarões, Etiópia, Ghana, Lesoto, Níger, Ruanda, Senegal e África do Sul.

Nigéria

Angola

«A delegação de estudantes do curso de Comando e Estado Maior das Forças Armadas da Nigéria encontrou-se em Angola com o objectivo de constatar a experiência e os desafios das forças armadas nacionais na gestão de desastres e calamidades, no sentido de compará-la à experiência do seu país.»

Page 10: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 1 9M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 11 8

DR

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 1 9

gran

de p

lano

grande plano

Mercado residencial

O mercado residencial an-golano, especificamente o mercado da “Grande Lu-anda” encontra-se bastante

activo mas enfrenta hoje um enorme desafio. Partindo de um estágio em que qualquer produto (independentemente da sua qualidade) era vendido – quase sempre em planta - passou-se para uma etapa na qual os compradores exigem ver e “sentir” o produto final. Para essa mudança de paradigma contribuiu mui-to a não entrega de alguns produtos. Ou seja, houve promoções que não termi-naram, uma enorme desilusão das áreas compradas em planta, invariavelmente consideradas pequenas, que traduz uma falta de maturidade da procura.

O modelo de negócio da promoção imobiliária residencial, irá, pois, mudar. Se os promotores, por regra, financia-vam os seus projectos com recurso a vendas em planta e em capital bancário, provavelmente passarão a assistir a uma

banca muito mais selectiva nos seus fi-nanciamentos, e apoiada cada vez mais em consultores externos aquando das decisões de financiamento/investimento que lhes são propostas. A redução das vendas em planta é já uma realidade e também por isso a comercialização e o marketing dos produtos terão, cada vez mais, uma maior expressão e importân-cia no mercado imobiliário angolano.

Em paralelo com outros mercados internacionais, a nova realidade descrita irá naturalmente seleccionar os interve-nientes do mercado, afectando também o comportamento da procura e a sua de-cisão. Esta será, também por isso, cada vez mais exigente no tipo de produto (desde os acabamentos às áreas) e na forma de aquisição desse produto.

Outra grande mudança que irá afec-tar transversalmente o mercado imobili-ário angolano – incluindo promotores, banca, consultores e todos os seus res-tantes agentes – relaciona-se com a mu-

dança da política de contratação da área empresarial.

Em nossa opinião, a procura mudou radicalmente passando do cliente indi-vidual para o empresarial.

Internacionalmente, mais de 95% das empresas multinacionais, têm uma filo-sofia não patrimonialista, o que significa que preferem o arrendamento à compra, mesmo em mercados onde o pay-back se situe entre 5 a 7 anos (como é o caso de Angola). Assim, não afectam os seus balanços com activos fora da sua acti-vidade e canalizam meios, entre outras consequências.

Na nossa opinião, é neste ponto que se irá registar uma mudança forte, ou seja, a grande procura vai passar do modelo de compra directa para arren-damento, conduzindo à necessidade de introduzir a figura do “Investidor Insti-tucional” para preencher as necessida-des do Promotor (vender) e dos Clientes (arrendar).

Demografia em Angola e Luanda

C om base em vários estudos e inquéritos, realizados nos últimos anos, foi possível elaborar um modelo de

projecção demográfica de Luanda (ca-pital de Angola) que reflecte o período entre 2000 e 2025. O modelo considerou que a taxa de fecundidade se mantém constante até ao ano 2025 sendo seguida de um decréscimo moderado da mor-talidade sendo o índice de migrações constante. Quanto a Angola no seu con-junto, foram utilizados dados fornecidos e projectados pelas Nações Unidas rela-tivos ao mesmo período.

Em suma, e segundo os dados do Re-latório de Mercado Imobiliário, realiza-do pela consultora Abacus em associa-ção com Savills, estima-se que em 2025, Luanda tenha uma população com cerca de 14,7 milhões de habitantes, o que sig-

O sector imobiliário angolano continua a centrar-se quase exclusivamente na cida-de de Luanda. Encontra-

se actualmente em fase ascendente de crescimento sendo um mercado com pouca maturidade e que tem inerentes várias características. Em 2010, foi in-troduzida uma nova experiência (que se perspectiva continuar em 2011) e que é precisamente um controlado aumento da oferta em alguns segmentos, o que tem influenciado as ideias dominantes do mercado.

As características essenciais do sector imobiliário são:

• Manutenção de uma excessiva de-pendência governamental;

• Concorrência diminuta, que con-duz a aumentos das margens de lucro e a situações de monopólio (apesar de, em determinados segmentos se ter vindo a assistir a um aumento da oferta em con-sequência do aumento da concorrência);

• Custos associados à transacção de propriedade são elevados, tal como o ca-pital inicial para a aquisição de activos imobiliários;

• Poucos terrenos com escritura colo-nial registada (de posse plena);

• Insegurança jurídica na transmis-são da propriedade, especialmente terra;

• Custos dos materiais de construção excessivamente caros;

• Falta de terrenos no centro da Cida-de, o que tem potenciado o segmento da recuperação/ reconstrução urbana (com cada vez mais exemplos na cidade);

• Falta de ordenamento do território;• Falta de Plano Director para a Cida-

de objectivo e claro;• Necessidade de infraestruturas bá-

sicas;• Número elevado de construções

anárquicas (apesar de cada vez mais re-duzidas).

As características do mercado têm vindo a manter-se. Contudo, foi intro-duzido um novo dado dominante, que tem influenciado o mercado: na área imobiliária de Angola todos são “espe-cialistas” de mercado. Trata-se de um dado introduzido por alguns dos agen-tes do próprio mercado como por enti-dades terceiras e marginais à actividade imobiliária.

Por essa razão, o mercado imobiliário angolano é caracterizado pela ideia - de-finitivamente errada no conjunto, mas certa em parte - de que há excesso de oferta imobiliária e dos produtos serem caros. Nessa análise não estão conside-radas as localizações, o tipo de produto ou mesmo o subsegmento em causa (es-

critórios/comércio/logística/industrial).A promoção imobiliária em Angola/

Luanda pode demorar não menos de 4 a 6 anos, desde o momento da posse da terra até à produção final do produto imobiliário. Assim, o segmento imobili-ário é um dos mais difíceis da actividade económica e um dos que representam maiores riscos porque as alterações ve-rificadas nos últimos dois anos podem ter uma influência determinante no resultado final, sendo que estas, dificil-mente estarão preparadas para eventu-ais alterações de fundo (como as que se verificaram). E é precisamente isto que hoje se passa com alguns produtos no mercado.

Muito se tem falado sobre as dificul-dades no escoamento de determinados produtos. É um facto que o ritmo a que assistíamos - em especial no que res-peita o segmento de topo do mercado residencial - decresceu. Mas esse de-créscimo deve-se ao tipo de investidor/comprador para esse produto em con-creto, por ser muito sensível a alterações económicas.

Este relatório irá analisar os vários subsegmentos do mercado imobiliário e diferencia-los, bem como detalhar as respectivas manutenções da procura.

Mercado imobiliário existente

nifica que 54% da população angolana estará a viver naquela cidade. Os res-tantes 46% da população estarão distri-buídos um pouco por todo o território nacional, que contará com 27 milhões

de habitantes. A necessidade de altera-ção da estrutura de Luanda é, pois, uma evidência, pois só dessa forma será pos-sível que a cidade sustente o crescimento previsto da sua população.

SECTOR IMObILIáRIO SECTOR IMObILIáRIO

Page 11: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 2 1M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 12 0

DR

Quin

tilian

o do

s Sa

ntos

gran

de p

lano

grande planoO mercado residencial caracteriza-

se por:• Escassez de oferta residencial para

venda e principalmente para o arrenda-mento no que respeita o segmento mé-dio e médio alto em Luanda Cidade;

• Continuação da diferenciação entre os vários segmentos do mercado;

• Lentidão na concretização de al-guns dos projectos residenciais para o segmento médio;

Realizada uma análise da oferta ver-sus procura, podemos delimitar Luanda em várias zonas:

• Centro de Luanda/Luanda Velha – Ingombotas e Marginal, uma das zonas com maior desenvolvimento, com cons-trução de edifícios de dimensão signi-ficativa a nível residencial e escritórios;

• As zonas mais procuradas, as de-

nominadas zonas nobres são Miramar, Bairro Azul, Alvalade, Cruzeiro, Vila Alice, Cidade Alta e Baixa da Luanda. A destacar ainda outras zonas de forte procura: a Maianga e Maculusso.

• Entre os empreendimentos a serem entregues em 2011 nas localizações re-feridas destaca-se o edifício Moncada Prestige, do Grupo Lena, o edifício So-lar de Alvalade, o edifício Platinium, o empreendimento Comandante Gika (Bairro de Alvalade) e o Rei Katiavala.

• Talatona / Luanda Sul – A procura de habitação centra-se nos condomí-nios construídos para habitação que apostam nos segmentos alto e médio alto. De entre os vários empreendi-mentos salientam-se os Terraços do Atlântico, o Condomínio Imbondeiro, o Condomínio Kyanda, as Residências

Valores praticadosde venda e arrendamento

N o que se refere ao cada vez mais importante mercado de arrendamen-to residencial, Luanda

caracteriza-se, actualmente, por uma clara falta de oferta de espaços adequa-dos aos Business Plan das organizações. Hoje em dia já não bastam os investi-dores particulares. Como já referimos, será necessário passar a existirem “In-vestidores Institucionais” que alavan-quem com escala este emergente sub-segmento.

Ainda com forte actividade, existe o “mercado” de Guest-Houses, que, para muitas organizações, principalmente as de escala reduzida, pretende ser o con-

junto de escritório e parte da área resi-dencial com todos os serviços incluídos. Outra característica deste segmento prende-se com a exigência dos proprie-tários no recebimento das rendas com cerca de 12 meses de avanço – apesar de serem números que têm vindo a dimi-nuir.

Já nos produtos usados, é comum o inquilino ficar responsável pelo paga-mento das obras de adaptação e remo-delação, deduzindo-se na renda os in-vestimentos realizados. Nestes casos, os proprietários pretendem curtos prazos de arrendamento para que, findo o pra-zo, possam colocar o activo no mercado por valores mais elevados.

de Talatona, etc.• Camama – Zona dirigida essen-

cialmente ao segmento médio, com valores inferiores à zona de Talatona. É uma zona de crescimento de projectos com escala.

• Benfica – Zona de possível expan-são onde a distribuição dos terrenos é efectuada de forma ordenada. De men-cionar que existem projectados alguns empreendimentos que poderão influen-ciar decisivamente a envolvente como o Projecto da Escom e Mota-Engil, no Largo do Patriota.

• Viana – Cada vez mais a afirmar-se como a zona industrial preferencial dada a proximidade de Luanda. Tem assistido a uma expansão ao nível resi-dencial e de entre os empreendimentos residenciais destacam-se as Vilas de Lu-anda da Imporáfrica junto à Filda e à estação de comboios de Viana.

• Zona Norte - De franca expansão e beneficiando do fecho da via expres-so até à rotunda do Roque, da saída do mercado do Roque Santeiro, local onde surgirá um projecto do segmento alto. Estas facilidades colocam a zona nor-te a poucos quilómetros e minutos do centro de Luanda. Destaca-se o condo-mínio fechado Ocean Village como o empreendimento de referência da zona.

«Como já referimos, será necessário passar a existirem “Investidores Institucionais” que alavanquem com escala este emergente subsegmento.»

SECTOR IMObILIáRIO

«...é neste ponto que se irá registar uma mudança forte, ou seja, a grande procura vai passar do modelo de compra directa para arrendamento, conduzindo à necessidade de introduzir a figura do “Investidor Institucional” para preencher as necessidades do Promotor (vender) e dos Clientes (arrendar).

SECTOR IMObILIáRIO

Page 12: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 12 2

economia

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 2 3

Fonte: BES, FMI; EIU (Jan. 2010), Country report.

Doing Business

2008 2009 2010 2011

Começar Negócios/Business start-up (Ranking) 170 169 164

Nº de procedimentos/Number of steps 170 169 164

Duração (Dias)/Duration (Days) 12 8 8 8

Obtenção de Licenças de Construção/Obtaining a Construction Licence

Nº de procedimentos/Number of steps 14 12 12 12

Duração (Dias)/Duration (Days) 337 328 328 328

Custo (% PNB per capita)/Cost (% of income capita) 1,109.7 831.1 597.7 694.3

25%

20%

15%

10%

5%

0%2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011£

Fonte: BES, FMI; EIU (Jan. 2010), Country report.

Crescimento do PIB em Angola

Taxa de Inflação

300%

250%

200%

150%

100%

50%

0%2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011£

Fonte: BES, FMI

econ

omia

Angola lidera crescimento mundial em 2012

A ngola apresentará um dos maiores índices de cresci-mento mundiais no pró-ximo ano (10,5%), sendo

apenas superada pela economia ira-quiana (12,6%) de acordo com o relató-rio anual, World Economic Outlook, do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado esta semana.

Angola crescerá muito acima da média estimada para a economia mun-dial em 2012 (4,5%). O FMI revê em alta as estimativas para a evolução da economia nacional em relação às suas previsões de Outubro de 2010. Assim, a taxa de crescimento estimada para o PIB em 2011 passa de 17,1% para 7,8% e, no que respeita a 2012, a previsão de crescimento de 16.3% formulada em Outubro é elevada agora para 10,5%. O crescimento estimado para este ano (7,8%), traduz uma recuperação mui-to significativa em relação aos 1,6% de crescimento do PIB registados pela eco-nomia angolana, de acordo com o FMI, em 2010.

balança Corrente melhora

Também a balança corrente regista uma evolução muito positiva, passando de uma posição deficitária de 1,8% do PIB em 2010 para um excedente cor-respondente a 6,2% do PIB este ano e de 9,5% no próximo. Tendo presente as estimativas divulgadas pelo Fundo, em Outubro de 2010, constata-se uma melhoria muito sensível da posição an-golana, já que, na altura, as previsões apontavam para um saldo da balança corrente, em percentagem do PIB, de 1,3% em 2011 e de 3,3% no próximo.

Já a inflação, de acordo com as pre-visões do Fundo, continua a constituir um dos maiores quebra-cabeças da política económica, passando, em ter-mos médios, de 14,5% em 2010 para 14,6% este ano e descendo para 12,4% em 2012. Neste capítulo, as perspectivas pioram em relação às projecções de Ou-tubro último, as quais apontavam para 13,3% em 2010, 11,3% em 2011 e 10,9%

em 2012. Angola irá crescer claramente acima

da média da economia mundial (4,5% em 2012) e mesmo acima da taxa de crescimento prevista para os mercados emergentes (6,5%). Crescerá, de acordo com as previsões do FMI, também mui-to acima da média da África Subsariana (5,5% em 2011 e 5,9% em 2012) e dos países africanos exportadores de petró-leo (6,9% em 2011 e 7% em 2012). Em 2011, o crescimento angolano só será superado pelo do Gana (13,7%), sendo que Angola é o país africano que mais crescerá no próximo ano e, abstraindo do caso do Iraque, que tem as suas es-pecificidades em termos de crescimento sustentável, a economia angolana será mesmo a que mais crescerá no planeta em 2012.

Para o FMI a posição externa do país é positiva, pois é visto como um credor líquido e a variação do preço das com-modities terá um impacto globalmente muito positivo na balança comercial nacional.

Na verdade, os efeitos negativos de-correntes da evolução dos preços dos produtos alimentares são sobejamente compensados pelos produzidos pela elevação do preço do petróleo. O FMI estima que a procura mundial de pe-tróleo atinja, este ano, os 89,4 milhões de barris diariamente (mbd), valor que compara com os 87,9 mbd consumidos em 2010 e os 85 mbd consumidos em 2009.

Recuperação mundial abranda

No seu conjunto a economia mun-dial vai crescer 4,4% este ano, registan-do assim uma ligeira desaceleração em relação aos 5% registados em 2010. Tan-to as designadas “economias avançadas” como as emergentes reflectem o abran-damento da recuperação internacional, com as primeiras a reduzir a sua taxa de crescimento de 3% em 2010 para 2,4% em 2011 e as segundas a cair dos 7,3% alcançados em 2010 para os 6,5% esti-mados para 2011.

No próximo ano, a economia global deverá melhorar ligeiramente o seu de-sempenho, alcançando um crescimento de 4,5%. De destacar que, entre o grupo dos BRIC, apenas a Rússia e a África do Sul aumentam o seu ritmo de cresci-mento. A China, que crescera 10,3% em 2010, deverá aumentar o seu produto em 9,6% este ano e em 9,5% em 2012.

A Índia desacelera do seu crescimen-to de 10,4% de 2010 para 8,2% este ano e 7,8% no próximo. Também o Brasil regista uma quebra: se em 2010 a eco-nomia brasileira cresceu 7,5%, estima-se que se quedará pelos 4,5% este ano e 4,1% no próximo. Pelo contrário, a Rússia, que cresceu 4% em 2010, cres-cerá 4,8% este ano, abrandando o ritmo de evolução da sua economia em 2012 (4,5%).

Já a África de Sul, o país neófito dos BRIC, recupera este ano do modes-to crescimento que verificou em 2010 (apenas 2,8%). Assim, em 2010, cres-cerá 3,5% e em 2011 3,8%. O maior problema da economia sul-africana é a elevada taxa de desemprego: atingiu 24,8% da população activa em 2010 e baixará para 24,4% este ano e 23,7% no próximo.

Economia angolanadeve crescer 7% em 2011

N os últimos 18 a 20 meses, e após alguns anos de eu-foria, a economia angola-na deparou-se com a ne-

cessidade de realizar alguma contenção, situação a que não estava habituada por estar em total contra-ciclo se compara-da com as elevadas taxas de crescimento registadas em períodos anteriores.

Em 2006, por exemplo, a economia angolana chegou a registar um cresci-mento acima dos 18%.

Apesar da crise mundial e de esta não lhe ter sido imune, Angola apresen-ta-se hoje como país de francas oportu-nidades de crescimento, facto atestado na confiança depositada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e na in-jecção estimada de um montante apro-ximado de USD 883 milhões, em linha com o cumprimento e a implementação de programas objectivos traçados em sectores não petrolíferos.

O FMI previu – para 2010 – um crescimento da economia angolana nos 2,5%, sendo as perspectivas para 2011 na ordem dos 7,1%. Por seu lado, o Banco Espírito Santo (BES) estimou para Angola um crescimento de 4,3% (2010) e para 2011 apontou para um crescimento na ordem dos 7,3%. Tam-bém o Banco Português de Investi-mento (BPI) apontou para 5% de cres-cimento em 2010 e 7,5% em 2011.

Os dados referidos são muito posi-tivos e são ainda reforçados pela forte previsão de crescimento dos sectores não petrolíferos, que também contri-buirão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola.

A média de inflação estimada no ano de 2010 é de 13,5% e em 2011 são espe-rados valores abaixo dos 13%.

Os principais bens para a acelera-ção dos preços têm sido os produtos alimentares e as bebidas, bem como os combustíveis (2010).

Positivo, mas ainda com poucos re-sultados práticos na economia de An-gola foi a redução da taxa de juro de re-desconto para 25%, por parte do Banco Nacional de Angola (BNA). Importante mencionar ainda que no Doing Business – índice elaborado pelo Banco Mundial

que reflecte a facilidade na realização de negócios de várias economias analisa-das – posiciona Angola em 164º lugar (anos 2010 e 2011), o que reflecte uma ligeira melhoria face ao ano transacto. Dos vários itens analisados, destaca-se positivamente a facilidade na obtenção de crédito e pela negativa, refere-se o sub-índice relativo a começar um ne-gócio e ainda a obtenção de licenças de construção.

Os principais parceiros de Angola são, em termos de importação, os Es-tados Unidos da América (EUA), a Co-reia do Sul e Portugal. Nas exportações, os principais mercados são também os EUA e ainda a China, França e o Chile.

A economia chinesa tem tido um pa-pel fundamental em Angola, especial-mente pelas linhas de crédito abertas, que se têm revelado fundamentais para as obras estruturantes a realizar no país.

O FMI revê em alta as estimativas para a evolução da economia nacional em relação às suas previsões de Outubro de 2010. Assim, a taxa de crescimento estimada para o PIB em 2011 passa de 17,1% para 7,8% e, no que respeita a 2012, a previsão de crescimento de 16.3% formulada em Outubro é elevada agora para 10,5%.

Page 13: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 12 4

Am

ândi

o Vi

lanc

ulos

Am

ândi

o Vi

lanc

ulos

figura

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 2 5

Figu

ra«Se eu pudesse,estaria sempre a viajar»Maria Eugénia da Cruz é uma angolana nascida em Benguela, que frequentou a universidade em Portugal e que, depois de casar com Mário Machungo, veio viver para Moçambique onde dedicou a sua vida profissional ao sector da Educação. Entre tantas mudanças ocorridas na sua vida, sente-se naturalmente um pouco desenraízada, mas, ao mesmo tempo, ainda mantém alguns elos com a terra que a viu nascer. Já não vai a Angola há cerca de 13 anos se pudesse estaria sempre a viajar.

M aria Eugénia da Cruz, natural de Benguela, conheceu o então es-tudante de Economia,

Mário Machungo, que era natural de Maxixe (Inhambane), quando ain-da frequentava o curso de Línguas na Universidade Clássica de Lisboa. Re-montam a esses tempos as atribulações vividas por tantos outros jovens de ori-gem africana, que frequentavam a fa-mosa ‘Casa dos Estudantes do Império’ durante a época colonial. Um sítio não só histórico como emblemático, pelos imensos testemunhos de um período que antecedeu e envolveu a Revolução e Independência das ex-colónias.

Ficaram gravadas na sua memória o enfrentar de um certo choque cultu-ral. Um choque que afectava, segundo a mesma, mais os moçambicanos do que os angolanos. «A ligação aqui em Moçambique é, e sempre foi, muito mais próxima da África do Sul. Nós, os angolanos, estávamos mais ligados a Portugal, ou à chamada Metrópole», justifica Maria Eugênia, acrescentando que a ligação dos angolanos a Portugal era muito mais próxima, até em termos de alimentação. «No meu tempo, em Angola, não havia tantos produtos provenientes da África do Sul. Mas aqui não. Eu acho que foi esse o cho-que. Uma terra diferente. Estações e clima diferentes. Enfim… tudo isso a acrescentar a um ambiente distinto aquando das datas festivas».

De acordo com a ex-professora, era extremamente aborrecido passar o Na-tal, o Fim de Ano, o Aniversário e ou-tras épocas festivas distante do lar. De modo que, nessas alturas, procurava-se compensar a ausência dos amigos e da família, no aconchego dos estudantes.

Ou seja, o espírito de protecção abraça-va os estudantes das universidades e dos institutos, de cursos e anos distintos, in-dependentemente da sua proveniência geográfica.

«Na Casa dos Estudantes do Im-pério convivíamos todos juntos, fos-semos de Cabo Verde, Moçambique, Angola ou de São Tomé. E na altura, não havia divisões. Todos nos enten-díamos», garante Maria Eugénia com os olhos distantes e postos no Passado.

Da intensa época académica, Maria Eugénia guarda bons e maus momen-tos. Recorda com um travo amargo uma experiência pela qual passou graças à sua companheira de quarto e que dizia respeito a um suposto envio de bombas para Luanda. Um episódio triste e do-loroso do qual não gosta nada de falar. Mas relembra igualmente peripécias relacionadas com festas e passeios na praia e no campo, que partilhava com os seus amigos de antanho. O seu baú de afectos encerra num interior entre-aberto as viagens que fez pela Europa quando ainda era estudante. E se Ma-ria Eugénia pudesse, ainda hoje estaria sempre a viajar.

Mas retornando ao Passado. Quando os cinco anos da sua licenciatura acaba-ram, Maria Eugénia formou-se e foi a 30 de Abril de 1970 que desposou Mário Machungo, na capital portuguesa. Ao mesmo tempo, Machungo licenciou-se em Economia no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (IS-CEF) da Universidade Técnica de Lis-boa, em 1969. E diante da eminência de Machungo rumar para Moçambique, a sua esposa solicitou ao então Ministério

do Ultramar um lugar como professora em Lourenço Marques. «Tivemos de nos casar, pois só assim eu teria direi-to à passagem e às regalias do Banco», confessou com um sorriso tímido nos lábios.

Era uma vez em Moçambique

A vida do casal na capital de Mo-çambique começou mais precisamen-te no Hotel Tivoli, sendo que somente mais tarde, e apesar das dificuldades da altura, é que ambos conseguiram en-contrar uma casa a seu gosto. «Foi uma coisa verdadeiramente épica porque, naqueles tempos, arranjar casa era complicado. A não ser que fossemos morar para a Matola ou para os su-búrbios. Quase que não se alugavam casas na Capital. Então, fomos morar na actual Av. Eduardo Mondlane para um prédio novo», relembra.

Entre 1970 e 1974, paralelamente

com o cargo de economista no Banco de Fomento Nacional, Mário Machungo leccionou no Instituto Comercial e na Faculdade de Economia da Universida-de de Lourenço Marques, onde assumiu o cargo de director da Faculdade.

Maria Eugénia começou a sua car-reira profissional na área da Educação, em Moçambique, dando aulas de Por-tuguês e Inglês no antigo Liceu António Enes (actual Escola Francisco Manyan-ga), deixando para trás as opções que o Ministério do Ultramar lhe deixava no sentido de ir leccionar para Timor ou para a Ilha de Moçambique. Mas, ficar longe do marido era uma questão posta de parte, como tal Maria Eugénia res-pondeu negativamente e dedicou-se ao ensino na então Lourenço Marques.

«Eu disse que não queria ir para Timor nem para a Ilha de Moçambi-que e então disseram-me para ficar cá (em Maputo). Primeiro, estive como eventual e depois passaram-me para

«A ligação aqui em Moçambique é, e sempre

foi, muito mais próxima da África do Sul. Nós, os

angolanos, estávamos mais ligados a

Portugal, ou à chamada Metrópole»

Page 14: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 12 6

opin

ião

comunidade

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 2 7

figur

a Gostos& Preferências

O que gosta de fazer nos seus tempos livres?

«Gosto de fazer jardinagem, que é um bom exercício.»

Quais são os escritores da sua eleição?

«Eça de Queirós, Mia Couto e o autor angolano Pepetela.»

Qual foi o país que mais gostou de visitar até hoje?

«Turquia, Cuba, Cabo Verde e Zimbabwe, onde passei umas lin-das férias no princípio da governa-ção de Robert Mugabe. E quando estive em Angola, fiz uma longa viagem até Benguela, Luanda e à Huíla.»

E quais são os locais de re-ferência para si em Moçambi-que?

Gostei muito da vila de Mani-ca: o clima lá era muito agradável. Mas também gostei de Cabo Del-gado. Durante três anos vivi na Zambézia, e íamos muitas vezes a Nampula e Inhambane. Também conhecemos as ilhas das Quirim-bas, Bazaruto e Santa Carolina.

o ensino técnico e colocaram-me, por imperativos de serviço, na Escola Co-mercial», explica.

Mais tarde, viria a trabalhar para o Ministério da Educação (tendo parti-cipado na Avaliação do Desempenho dos Alunos e na Comissão dos Exames, bem como na área da Planificação) e depois foi para a Universidade Pedagó-gica. «Estive em Inglaterra para tirar mais algumas especializações. Estudei um pouco mais o Inglês e a Didáctica e passei para a Universidade Pedagó-gica onde existia o curso de Formação de Professores».

A par e passo, a carreira política de Mário Machungo iniciou-se em 1974, quando foi nomeado ministro da Co-ordenação Económica do Governo de Transição. Entre 1974 e 1986, assumiu diversas pastas na qualidade de minis-tro, nomeadamente as da Indústria e Comércio, Indústria e Energia e Agri-cultura e Plano.

Em 1983, foi nomeado Governador da província da Zambézia, cargo que acumulou com o de ministro do Pla-no. Em 1986, foi nomeado Primeiro Ministro, cargo que acumulou com a pasta do Plano. E ao longo de todo esse tempo, Maria Eugénia esteve ligada ao sector da Educação, tendo leccionado até 1987.

Laços que a unem a Angola

A ex-professora sempre conseguiu conciliar a sua actividade profissional com a sua vivência familiar. Teve duas filhas. A filha mais velha nasceu no tem-po colonial, em 1971, e faz 40 anos este ano e a mais nova nasceu em 1976.

A ligação a Angola desvaneceu-se com o grassar do tempo, fosse em rela-ção a Benguela (local onde nasceu) ou a Luanda, cidade para a qual se mudou com a família aos sete anos de idade. Seu pai era técnico de Rádio e traba-lhou na famosa ‘Casa Americana’ e via-java bastas vezes pelo país devido aos rádio-clubes e às estações de rádio que existiam nas províncias e exigiam a sua presença.

Nessa época, Maria Eugénia era uma miúda muito sossegada. Um sossego e serenidade que ainda hoje imperam na sua personalidade envolta numa simpa-tia deveras contagiante.

«Dizem que eu olhava muito, mas que não falava. Eu gostava muito de observar e é um hábito que me ficou», refere, acrescentando ao mesmo tempo

que sente saudades da sua família e de outras coisas. «Recordo-me muito de cenas da minha infância. De sítios, de cheiros, de histórias. Mas fiquei um pouco desenraízada de alguns sítios. Primeiro desenraizei e fui viver para Portugal. Depois vim para aqui, mas nunca me enraízei assim muito. Tudo porque houve uma grande mudança e, às vezes, fico como espectadora dos meus sítios, mas tenho saudades… Faço parte do filme, mas ao mesmo tempo fico de fora a olhar».

Aliás, a ex-docente cultiva um certo desapego em relação a alguns prazeres, como a dança e à cozinha, mas em con-trapartida não resiste em dedicar-se à arte da decoração, da jardinagem e das viagens, sendo que as viagens assumem-se mesmo como a sua maior paixão. Se Maria Eugénia pudesse estaria sempre a viajar pelo Mundo, no sentido de co-nhecer outras culturas. Gostaria de via-jar com o marido, com quem adora dar longos passeios. Isto, quando o mesmo não se encontra ocupado com as suas diversas actividades profissionais, uma vez que Mário Machungo - que outrora participou, ao lado de Joaquim Chissa-no, no desenrolar das negociações que conduziram à assinatura dos Acordos de Paz, em 1992 – é presidente do Con-selho de Administração do Millenium BIM - Banco Internacional de Moçam-bique, desde 1995.

No que diz respeito a viajar para e por Angola, Maria Eugénia afirma que já não vai à sua terra natal há cerca de 13 anos, mas que partilha muitos bons momentos com amigos angolanos que, volta e meia, vêm a Maputo. Uma liga-ção por amizade que a mantém unida à sua terra.

«Na Casa dos Estudantes do Império convivíamos todos juntos, fossemos de Cabo Verde, Moçambique, Angola ou de São Tomé. E na altura, não havia divisões. Todos nos entendíamos»

A experiência de já ter pal-milhado o mundo e bebido a inspiração de diferentes culturas estimulou múlti-

plas ambições em Beatriz Costa, uma empreendedora angolana que reside agora em Moçambique.

A sua ligação à Moda é um facto indesmentível. Desde a sua forma de vestir às jóias que usa, passando pela decoração da sua loja, o mote implícito passa por um mood de recorte africano, sem dúvida vivo, handcrafted, pleno de cor e odor. O seu Bazart está localizado em pleno coração da cidade de Maputo, e bate ritmos musicais a paredes meias com a famosa Casa de Ferro.

A ‘Loja da Beatriz’ abre diariamente as portas e janelas duma autêntica ‘casa de sonho’, com requintes arquitectóni-cos coloniais, onde a cultura franco-moçambicana é useira e vezeira pela proximidade com o incontornável Cen-tro Cultural.

Ir ao Bazart é um acto de puro prazer. O espaço não é grande mas é sobretudo cozy e tem o predicado de juntar o que de melhor os estilistas moçambicanos fazem, juntando obras de outros que se expressam além fronteiras.

Na análise do percurso da empreen-dedora, sobressai a leitura de que afinal o africano está sempre na moda. «Só o africano é que não sabe que tudo o que é África está na moda», destaca Beatriz Costa, cujo maior desafio é criar um in-tercâmbio que ligue os PALOPS através da moda. Para o efeito, a angolana vi-sitou recentemente a sua terra natal no sentido de pesquisar o que por lá se faz.

A bem dizer, Beatriz sonha replicar em Angola o que conseguiu fazer em Moçambique. E Cabo Verde será a sua

O africano está sempre na moda

Beatriz Costa cumpriu na sua vida um itinerário algo intrigante. Investiu anos em terra brasilis, Portugal, Suiça, Estados Unidos da América e, actualmente, reside em Mo-çambique. Apesar das voltas que já deu ao Globo, uma coisa é certa, não deixou nunca que o seu espírito mwangolé se apagasse. «Angola está dentro de mim… é o meu berço», afirma com uma voz segura, de quem sabe perfeitamente que o trilho que deve seguir.

No entanto, a empresária verifica com pouco entusiasmo

que muita gente confunde Angola com a cidade de Luanda, como se a capital fosse identificativa de toda uma nação. «Angola é um país rico e esse facto é que possibilita um enorme fluxo de pessoas a convergir para lá». Segundo a mesma, a motivação deste fluxo é justamente o dinheiro e o que se julga poder adquirir com ele. Então, na óptica das pessoas que escalam o país, ir para Angola significa ir para Luanda. Daí que as restantes províncias ainda não estejam a ser exploradas de forma expressiva.

próxima meta. Aliás, a empresária espe-ra que a moda moçambicana possa vir a ser exportada para aquele arquipélago, gerando um intercâmbio cultural fru-tuoso.

A forte intervenção do artesanato na moda africana e na moçambicana, de um modo particular, é um dado que Beatriz Costa joga para o tabuleiro dos seus projectos.

As prateleiras, os armários, os cabi-des e as cestas do Bazart exibem imen-sos objectos de artesanato e vestuário feito de tecidos locais. E este mosaico vivo promete, muito em breve, projec-tar-se em outros países do continente.

Aliás, o Bazart já está a prever apresen-tar o portfolio digital dos seus produtos Made in Africa dentro em breve na In-ternet.

A expectativa é que o website venha a facilitar a comercialização dos produ-tos moçambicanos. «É preciso colocar Moçambique fora de Moçambique», defende Beatriz Costa. A empreende-dora verifica com algum desconforto o facto de grandes lojas como a de Inda-ba, na África do Sul, comercializarem artefactos de todos os países da África Austral, com a excepção dos produtos de Moçambique.

Am

ândi

o Vi

lanc

ulos

Am

ândi

o Vi

lanc

ulos

Confunde-se Angola com Luanda

Page 15: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 2 9M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 12 8

DR.

goo

gle

DR

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 12 8

O Ministério da Juventude e Desportos vai contar com a embaixada de Angola em Moçambique durante a

participação do país nos Jogos Pan-afri-canos de Setembro próximo, em Mapu-to. A confirmação é do embaixador an-golano, Garcia Bires, quando falava aos jornalistas no final de um encontro com a delegação nacional que participou na reunião do Comité Organizador dos Jogos (COJA). No encontro, realizado na sala de reuniões da embaixada, o di-rector nacional dos desportos, Raimun-do Ricardo, explicou ao diplomata as acções extras-desportivas inseridas no programa, destacando-se as actividades

culturais.A “Missão Cultural dos Jogos Pan-

africanos” pretende divulgar a imagem de Angola durante os jogos por via de uma Casa de Angola na cidade de Ma-puto, onde vão ser realizados espectá-culos musicais, exposição de pintura e visualização de vídeos. Além de Rai-mundo Ricardo, participaram na reu-nião do Comité Organizador dos Jogos, o chefe de missão e o seu adjunto, An-tónio da Luz e Mário Rosa, o presiden-te do Comité Paralímpico Angolano, Leonel da Rocha Pinto, que participou igualmente na condição de presidente do Comité Paralímpico Africano.

Embaixada de Angolapromete apoio à comitivados Jogos Africanos

ONU divulga alerta sobrerisco de expansão da tuberculose multiresistenteO Brasil integra o grupo dos 22 países em desenvolvimento que concentram 80% dos casos mundiais da doença.

A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu a comunidade internacional que é necessário ampliar os

esforços para diagnosticar e tratar cerca de 2 milhões de pessoas no mundo que, de 2011 a 2015, poderão ter tuberculose multirresistente a tratamentos conven-cionais, chamada de MDR-TB, na sigla em inglês para Multi-Drug-Resistant.

A tuberculose MDR não responde aos medicamentos usados no tratamen-to convencional da doença e, se não for controlada a tempo, aumenta o risco de propagação, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo Global de Luta contra a Sida, Tubercu-lose e Malária.

Em 2008, 440 mil casos de tubercu-lose multirresistente foram registados e 150 mil pessoas morreram. Na véspera do Dia Mundial da Tuberculose, a ONU apelou para os líderes mundiais que re-

dobrem os esforços para diagnosticar e tratar a doença.

«Muitos países fizeram progressos. Mas, apesar da escala de esforços, o mundo precisa de fazer muito mais para cuidar dos pacientes com MDR-TB», afirmou a directora-geral da OMS, Margaret Chan. «Não podemos permi-tir que a MDR-TB se espalhe sem con-trole.»

O director-executivo do Fundo Glo-bal de Luta contra a SIDA, Tuberculose e Malária, Michel Kazatchkine, afirmou que a tuberculose multirresistente é uma ameaça para todos os países. Se-gundo ele, é preciso fazer um esforço extraordinário para resolver o proble-ma.

Em 2009, 9,4 milhões de pessoas foram diagnosticadas com tuberculo-se e 1,7 milhões morreram, incluindo 380 mil pessoas que eram portadoras do vírus HIV. O Brasil integra o grupo

dos 22 países em desenvolvimento que concentram 80% dos casos mundiais da doença. Por ano, são notificados cerca de 72 mil casos e de 5 mil mortes por tuberculose.

«Muitos países fizeram progressos. Mas, apesar da escala de esforços, o mundo precisa de fazer muito mais para cuidar dos pacientes com MDR-TB», afirmou a directora-geral da OMS, Margaret Chan. «Não podemos permitir que a MDR-TB se espalhe sem controle.»

saúdedesp

orto

Page 16: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 1 3 1M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 13 0

cult

ura

Henrique Artes

encanta Brasil

O grupo angolano de teatro, Henrique Artes encantou o Brasil com a exibição do espectáculo “Hotel Komar-

ca,” durante o Festival de Teatro Lusó-fono (FESTLUSO), que teve lugar no estado de Piauí.

Devido ao sucesso alcançado, o gru-po é apontado como um forte candidato

Documentário“De Angola à Contra Costa” começaa ser filmadoem Luanda

Um documentário intitulado “De Angola à Contra Costa”, que preten-de reconstituir a viagem realizada pe-los exploradores Hermenegildo Cape-lo e Roberto Ivans, vai ser rodado em Luanda, a partir desta sexta-feira.

O produtor português José Borges

salientou que as filmagens terão como “pano de fundo” uma recriação ter-restre entre Angola e Moçambique, que deu lugar ao “Mapa Cor-de-rosa”, apresentado na conferência de Berlim em 1887.

Segundo José Borges, encontra-se já em Luanda uma equipa de cine-astas e produtores portugueses, que estão a recolher mais dados, pre-vendo, com profissionais nacionais, recolher informações no âmbito da investigação nas províncias do Na-mibe, Huíla, Bié e Moxico, depois de Moçambique.

«A obra começa na província do Na-

mibe vai ainda ser rodada na Zâm-bia e tem o seu final em Moçambique, onde vamos mostrar as diferentes rela-ções comerciais entre Angola e Moçam-bique, e as transformações e importân-cia que estes países tiveram nas suas regiões», explicou.

O produtor sublinhou que o pro-jecto vai mostrar as transformações profundas, avanços e desenvolvimen-to que Angola teve nos últimos nove anos de paz. Referiu ainda que o do-cumentário, que vai ser rodado em dois meses, conta com o apoio da TPA e será consumido essencialmente nas redes de televisão de países da CPLP.

a participar do Festluso e do Festival de Teatro de Língua Portuguesa (FESTLIP) no Rio de Janeiro na edição deste ano.

O espectáculo Hotel Komarca, cuja temática é a vida dos reclusos nas cadeias angolanas teve muita aceita-ção no exigente público brasileiro na medida em que os sul-americanos se debatem também com muitos proble-mas relativos à mesma problemática.

Os sonhos “enterrados,” o desabafo, ou ainda as frustrações vividas pelos personagens (reclusos) são alguns dos elementos que prendem o espectador no enredo existente em Hotel Komarca, colocando-o num constante suspense em relação ao desenlace.

O tema deixaria, em qualquer ence-nador, a tentação de fazer o público vi-ver uma compaixão pelos personagens. Entretanto, Flávio Ferrão, encenador da peça surpreende por explorar um facto dramático (estar encarcerado) mas de forma cómica. O facto oferece uma es-pécie de humanidade entre os persona-gens para com a audiência.

O FESTLUSO contou ainda com a participação do grupo moçambicano Lareira, que exibiu a Cavaqueira do Poste e o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo (Cabo Verde) com a peça “Os Amantes”.

O grupo Henrique Artes conta ainda com uma participação na V Amostra Latina de Teatro realizada em Abril de 2010, em São Paulo, Brasil.

O colectivo Henrique Artes foi fun-dado em 2000 e no seu palmarés já foi distinguido, em 2004, como vencedor do Prémio de Teatro da Cidade de Lu-anda.

DR.

DR.

Page 17: Kandando III

M A R Ç o . A B R I L . 2 0 1 13 2