Kelsen Elementos Do Estado

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/23/2019 Kelsen Elementos Do Estado

    1/4

    3. Elementos do Estado como domnio de validade da ordem jurdica. O poder do

    Estado

    A teoria tradicional considera como elementos do Estado a populao, o

    territrio e o poder1, a partir dos quais define o Estado como o poder que se exerce

    sobre uma determinada populao, nos limites de determinado territrio. Ora, se define

    o Estado como ordem jurdica, Kelsen s pode definir esses elementos em termos

    exclusiamente jurdicos. !i"nifica di#er, se o Estado $ uma ordem jurdica, no ser%

    possel apreender seus elementos de um ponto de ista sociol"ico, o qual procura

    saber o que efetiamente so, mas apenas a partir de uma perspectia normatiista, que

    busca saber sob quais condi&es $ possel interpret%'los como elementos do Estado.

    Kelsen obsera, ento, que, se o Estado $ uma ordem jurdica, os assim c(amados

    elementos do Estado nada mais podem ser seno o domnio de alidade da ordem

    jurdica).

    *elo conceito de populao busca'se indicar o conjunto de indiduos que pertencem a

    um Estado, indiduos esses + como era o caso da ustria nos tempos de Kelsen + no

    raro radicalmente diferentes entre si, em termos de ln"ua, raa, reli"io, classe,

    interesse, etc. *ara o autor, esses crit$rios sociol"icos ou naturalistas no podem, sem

    eicular interesses polticos e ideol"icos, explicar a pertena de uma multiplicidade ao

    Estado, que o conceito de populao pressup&e. O crit$rio dessa pertena no pode ser

    outro al$m da submisso a uma mesma ordem coercitia centrali#ada. Assim, a

    populao no $ um dado de fato- pressup&e uma ordem jurdica %lida que permite que

    um conjunto de indiduos seja interpretado como populao, na medida em que esteja

    submetido mesma ordem jurdica, isto $, em que a conduta de todos os indiduos

    desse conjunto seja re"ulada pela mesma ordem jurdica. /a afirmar0 a populao do

    Estado $ o domnio pessoal de i"2ncia da ordem jurdica estadual34.

    *elo conceito de territrio indica'se um espao delimitado. Esse espao pode coincidir

    com o espao "eo"r%fico do Estado, mas no tem necessariamente de s2'lo- um exemplo

    15eja'se 6E7789EK. Teora General del Estado, p. 4:;'4*/, p. 41;.

    3KE7!E9. >*/, p. 41

  • 7/23/2019 Kelsen Elementos Do Estado

    2/4

    disso $ o fato de a maioria das ordens jurdicas modernas considerar o espao

    compreendido no interior de naios e aeronaes como extens&es do territrio do Estado.

    ?esmo na (iptese em que o territrio coincida com o espao "eo"r%fico, as fronteiras

    que demarcam esse espao no so sempre naturais, mas fictcias. Assim, a

    determinao do espao delimitado que caracteri#a o territrio do Estado no $ dada por

    uma obserao natural, mas por uma interpretao normatia0 nen(um con(ecimento

    naturalstico, mas s um con(ecimento jurdico pode dar a resposta questo de saber

    se"undo que crit$rio se determinam os limites ou fronteiras do espao estadual3 =. !er%

    interpretado como territrio do Estado o espao em que al(a uma ordem jurdica-

    donde Kelsen conclui0 o c(amado territrio do Estado apenas pode ser definido como o

    domnio espacial de i"2ncia de uma ordem jurdica estadual3@.

    *oder'se'ia di#er que se interpreta como populao e territrio do Estado aqueles

    indiduos, independentemente de suas caractersticas naturais e sociais, e aquele

    espao, independentemente de suas fronteiras "eo"r%ficas, sobre os quais o Estado

    exerce o poder.

    ?as que $ o poder do Estado Ora, assim como a populao e o territrio, o

    poder do Estado tampouco $ dado por uma obserao sociol"ica. *oderia s2'lo, fosse

    o Estado um ser real, o que, para Kelsen, no $ o caso0 o Estado $ uma fico, fruto deum pensamento substanciali#ador3:- (% to'somente uma ordem jurdica que re"ula a

    conduta (umana. 9unca, portanto, $ o Estado quem atua, mas somente um indiduoB.

    !e se di# que o Estado exerce o poder, isso si"nifica que um indiduo ou "rupo de

    indiduos reali#a certa conduta atribuel ao Estado. /e modo que, para definir o poder

    do Estado, no basta demonstrar o exerccio de fato do poder por um indiduo ou

    "rupo de indiduos, quer di#er, no basta explic%'lo apenas em termos de fora- $

    preciso saber sob que condi&es se pode interpretar o poder de um indiduo ou "rupocomo poder do Estado, e se interpreta o poder de um indiduo ou "rupo como poder do

    Estado ao se pressupor a exist2ncia de uma norma jurdica que autori#a esses indiduos

    4KE7!E9.Idem, ibidem.

    5KE7!E9.Idem, ibidem.

    6KE7!E9. TPD, p. 1

  • 7/23/2019 Kelsen Elementos Do Estado

    3/4

    a exercerem esse poder;. /a Kelsen di#er que o fenCmeno do poder se manifesta no

    cumprimento de uma norma

  • 7/23/2019 Kelsen Elementos Do Estado

    4/4

    for "lobalmente efica#, mas sempre que for "arantida por um poder0 atr%s de todo

    ordenamento social que consideramos %lido (% um poder31@.

    15KE7!E9.Diritto e pace..., :