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KHADJI-MURÁT

Khadji Murat Prefacio Boris Schnaiderman

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Prefácio

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KHADJI-MURTLiev TolstiKHADJI-MURTTraduo e prefcioBORIS SCHNAIDERMAN5Khadji-Murt de Tolsti j circulou em nosso meio mais de uma vez, absurdamente, como O diabo branco, ttulo de vrios lmes nele inspirados. Realmente, essa histria tem algo de violentamente cinematogrco, as imagens nela parecem j dispostas com vistas ao ento novssimo gnero. E o texto, esse texto que no Ocidente poucas vezes suscitou a mesma admirao que entre os russos o que soa bem es-tranho , certamente um dos momentos mximos atingidos por Tolsti ccionista. Vale a pena reetir um pouco sobre o que ele representa no conjunto da obra tolstoiana. Os vastos romances Guerra e paz e Ana Karinina do-nos os grandes planos em que aparece a vida de um povo, o uir da histria, a interao do individual e do coletivo, sem que o primeiro desaparea no segundo. Pelo contrrio, a viso pa-normica se constitua de tal modo que os menores detalhes eram elaborados com perfeio, capricho e apego profundo materialidade da existncia e uma vitalidade incrvel. No foi por acaso que Eisenstein chamou a ateno para o que havia PrefcioBoris Schnaiderman6 7de cinematogrco em Tolsti antes da existncia do cinema. Na realidade, o mximo de realizao literria parecia pedir a superao da literatura e o aparecimento de uma nova arte. Mestre em traar vastssimos panoramas e quadros mins-culos, Tolsti passava do grande romance para o conto de pou-cas pginas com a versatilidade e leveza de movimento que se tornariam caractersticas da cmera de cinema. E nesses seus deslocamentos entre o total e o particular, a meio caminho, deteve-se com peculiar empenho no gnero intermedirio a novela. Esta lhe permitia penetrar a fundo na problemtica hu-mana, aliar o apego sensual vitalidade da existncia e reetir profundamente sobre os caminhos desta. depois de 1880 que atinge a mxima perfeio como novelista. De fato, realizaes como A morte de Ivan Ilitch, Padre Srgio, O diabo e outras fazem pendant ao que atingira com os seus grandes romances.No entanto, o seu apego composio fazia com que no se detivesse num determinado momento da realizao e pro-curasse sempre novas formas. Se depois de Ana Karinina deixou de lado as grandes construes e se aproximou das formas populares, o seu xito na estruturao de novelas, a partir da dcada de 1880, estava tambm pedindo a sua supera-o. Tolsti lana-se, ento, elaborao de um romance, que ele vai condensando, conseguindo assim uma sntese entre o que realizara em Guerra e paz e as suas novelas. Da o romance curto Khadji-Murt. Sua construo tem algo de prodigioso, ela me fascina sem-pre, o exemplo perfeito de uma construo esfrica (para utilizar uma expresso de Cortzar).1 Seu incio e seu nal so marcados pela metfora do tufo de or, que fora pisado por uma roda, mas se erguera, persistente em seu af de vida, e que lembrara ao escritor aquela velha histria caucasiana, que ele presenciara em parte e iria completar com o depoi-mento de testemunhas oculares. Mas entre esses limites, na conteno exigida pela estruturao da esfera, que exuberncia, que riqueza de perspectivas, que intensidade!Era bem pattica essa luta de Tolsti pela criao de algo di-ferente, para contar uma histria que lhe dizia tanto. E ele pros-seguiu muitos anos nessa luta, escrevendo furiosamente, at en-contrar formas mais adequadas de expresso, mas no se satisfa-zendo nunca, pois, aos oitenta anos, antes de largar sua casa para se soltar pelas estradas, onde encontraria a morte, conservava sempre mo aquele manuscrito, que ele considerava inacabado. Assim, a histria da criao dessa obra est ligada histria da velhice e da morte de Tolsti, morte essa em pleno fervor criativo, em plena vivncia e domnio dos meios de expresso. Houve quem falasse ento em demncia senil, em trai-o arte, em dedicao exclusiva de Tolsti sua tarefa de 1Cf. Julio Cortzar, Do conto breve e seus arredores, in Valise de cronpio. So Paulo: Perspectiva, 1974, p. 228. 8 9pregador e doutrinrio. Pobres palavras, diante da realidade to pujante desse ancio incrvel, lutando at o m, fazendo planos, transbordante de vida! Deblaterando contra a arte e entregando-se voluptuosamente ao trabalho artstico. Costuma-se apontar os anos de 1896 a 1904 como o pero-do de elaborao desse texto. Na realidade, foram os anos em que Tolsti se dedicou a ele com mais anco. Mas o tema o acompanhou durante boa parte de sua vida. A edio das Obras Completas, promovida pela Academia de Cincias da URSS e reali-zada entre 1928 e 1960, em noventa volumes, contm numerosos materiais que permitem acompanhar essa realizao. No tendo podido utilizar essa monumental obra, vou referir-me a um estu-do efe tuado na base desse texto: Sobre Khadji-Murt, de Vtor Schklvski, em seu livro A prosa literria Reexes e anlises.2 Ocial do exrcito russo no Cucaso, em luta contra os montanheses, Tolsti escreve em carta ao irmo Siergui que Khadji-Murt rendeu-se h dias ao governo russo. Na ocasio, ele condenou o ato, considerando que o primeiro valento (djiguit) e homem decidido em toda a Tchetchnia cometeu uma baixeza. Aquela histria de lutas no Cucaso e da participao de Khadji-Murt nelas foi, ainda, tema de aulas de Tolsti, em 2Vtor Schklvski, Khudjestvienaia prosa Razmichlnia i razbri. Moscou: Sovitski Pisstiel (Escritor Sovitico), 1961. 1862, na escola para camponeses que fundara em sua proprie-dade de Isnaia Poliana. Data de 19 de julho de 1896 a anotao no dirio que seria o ncleo inicial da novela: uma descrio daquela plantinha esmagada por uma roda e que se reergue teimosa. Lembrou-me Khadji-Murt. Quero escrever. Defende a vida at o m; sozinha no meio do vasto campo, assim mesmo a defendeu de algum modo.E com a mesma obstinao que Tolsti se entrega elabo-rao desse texto. Anotaes de dirio permitem concluir que essa elaborao no cessaria com a data geralmente admitida: 1904. Schklvski escreve, no ensaio j referido: Khadji-Murt no foi concludo. Essa obra parece que no tem aquilo que se chama um texto cannico. Ela foi reelaborada e escrita muitas vezes. A ltima referncia a esse trabalho data dos anos de 1905 a 1906. E ainda Schklvski quem nos informa: os rascunhos encontrados aps a morte de Tolsti somam 2 166 pginas e sabe-se que muitas se perderam, pois, quando viajava, ele car-regava consigo os manuscritos. O crtico chama a ateno para as palavras de Grki, pro-feridas num encontro com jovens operrios, participantes de um crculo literrio:3 3Obras reunidas (Sobrnie Sotchininii) de Maksim Grki, em trinta volumes, Moscou: Goslitizdt (Editora Estatal de Literatura), 1949-56, vol. XXVI. 10 11Pode-se aprender com Tolsti aquilo que eu considero uma das maiores realizaes da criao literria a sua plasticidade, o re-levo prodigioso da representao.Quando se l Tolsti, resulta no estou exagerando, falo de impresses pessoais uma sensao como que da existncia fsica de suas personagens, a tal ponto a sua imagem habilmente en-talhada; ela parece estar diante de voc, d at vontade de toc-la com o dedo.Isso que mestria. Por exemplo, em sua novela Khadji-Murt h uma pgina surpreendente. muito difcil transmitir em palavras o movimento atravs do espao. Khadji-Murt avana a cavalo por um desladeiro, acompanhado de seus nkeres (ajudantes). Por cima do desladeiro, o cu como um rio. No cu, estrelas. As estrelas se movem no rio azul, em relao curva do desladeiro. Desse modo ele nos transmitiu que os homens estavam de fato em movimento.Schklvski transcreve em seu ensaio um fragmento mais curto que esse e conta a seguir:A. M. Grki relatou-me como aconteceu a leitura do trecho depois desaparecido: Tolsti leu em voz alta a descrio que acabamos de citar, tirou os culos de ao, limpou-os e disse, dirigindo-se a si mesmo: Como o velho escreveu bem!Em seguida apanhou um lpis vermelho e riscou essa passagem.Asseguro que essa recomendao correta.Grki no me disse quando ocorreu essa leitura.Isso pode ter acontecido em Gaspra,4 em 1901, quando Grki viveu muito tempo perto de Tolsti, ou ento em outubro de 1902, em Isnaia Poliana. A exatido do relato de Grki pode ser conrmada no s pelo fato de que o trecho citado no aparece no texto, mas tambm porque ele gura ali modicado.Tolsti releu a descrio referida e ela lhe pareceu deslocada, como que demasiado local.Provavelmente, fazia muito tempo que lhe passara o desejo de escrever plasticamente. Nos detalhes que ento utilizava, no to forte o desejo de pintar quanto o desejo de dirigir de modo novo a ateno e desven-dar o signicado dos acontecimentos, as ligaes entre eles. O trecho paisagstico eliminado foi transformado em trecho composicional, isto , introduzido nos elos de signicao.Vejamos agora como isso aparece no texto da variante em que se deteve o trabalho de Tolsti:As estrelas brilhantes, que pareciam correr sobre os cimos das rvores, enquanto os soldados caminhavam pela mata, haviam parado e luziam intensamente entre os ramos despidos.4Na Crimeia. 12 13Em seguida, na novela, as estrelas so vistas pelos soldados e passam da descrio para a conversa, como que suscitando-a:Novamente tudo se calou, apenas o vento agitava os galhos das rvores, ora descobrindo, ora escondendo as estrelas.5Segue-se um dilogo e, depois, o crtico mostra como, tam-bm em outras passagens, as estrelas marcam o desenrolar da ao.O livro de Vtor Schklvski de 1961, mas eu no o havia lido ainda, quando escrevi o artigo Implicaes de uma reviso de texto,6 no qual trato do mesmo problema o das diferenas entre as verses conhecidas da novela.Defrontei-me com ele em decorrncia da minha preocupa-o de melhorar tradues que zera em outros tempos. Ora, havia sado em 1949, com pseudnimo, pela editora Vecchi, uma traduo minha desse texto, qual o editor dera justamente o ttulo to detestado por mim: O diabro branco. Para realiz-la, eu me baseara no texto russo publicado pela editora Ladjnikov, de Berlim. Alm da novela, esse livro continha vrios rascu-nhos de Tolsti para sua elaborao. Refazendo a traduo, para 5Nestaltimapassagem,otextocitadodifereligeiramentedaqueleque utilizei. 6Publicado no Suplemento Literrio de O Estado de S. Paulo, em 1/6/1963. uma edio da Cultrix,7 baseei-me num texto russo que repro-duzia o da publicao da Academia de Cincias, em noventa volumes, e que me surpreendeu pelas diferenas encontradas.Aqui est um trecho do meu artigo de 1963:As suas preocupaes temticas, em Khadji-Murt, so em parte um desenvolvimento de ideias j abordadas em Guerra e paz. A conde-nao veemente da guerra e dos abusos do poder, que a determinam necessariamente, se aparece na novela, estava expressa numa forma bem mais drstica nos rascunhos preliminares. Nicolau I, que perso-nicava para Tolsti a corrupo pelo poder, chamado ali Nicolai das Varas, por aluso ao espancamento com varas que ele mandava aplicar com tamanha frequncia. Para que, naquele tempo, um homem estivesse testa do povo russo, precisava ter perdido todos os atributos humanos: tinha de ser uma criatura mentirosa, ateia, cruel, ignorante e estpida, e precisava no apenas sab-lo, mas estar convencido de ser o paladino da verdade e da honra e um sbio go-vernante, benfeitor do seu povo. Assim era Nicolai. E nem podia ser diferente. Toda a sua vida fora uma preparao para isso [...] Existe somente uma explicao para to surpreendente fenmeno: o que grande perante os homens uma vilania perante Deus. E no por acaso o grande perante os homens, aqueles que esto nas alturas 7Novelas russas (So Paulo: Cultrix, 1963), livro por mim organizado. Para a presente edio, tornei a fazer o texto traduzido.14 15da grandeza e que passam a ser os piores homens do mundo, mas constitui uma lei eterna e indubitvel: aquele que est nas alturas da grandeza deste mundo deve ser um homem profundamente per-vertido, e isso no pode ser de outro modo. Tolsti expe como o sistema de lisonja, a prpria educao, todo o ambiente palaciano, tinham de fazer com que Nicolau I se tornasse o tirano que foi. Mais ainda: graas ao sistema, o destino do czar, antes de nascer, j esta-va traado. E Tolsti passa em revista a galeria da famlia reinante: o bbado contumaz, devasso, siltico e ateu Piotr,8 que decepa-va cabeas de strieltzi9 com suas prprias mos, para se divertir, e que aparecia ao povo erguendo louvores sacrlegos a Cristo, com uma caixa de garrafas de vodca, feio de Evangelho, e uma cruz feita de piteiras em falo; a sua terrvel av,10 a assassina do mari-do, a pecadora movida apenas pela vaidade e por uma repugnante sensualidade senil, e que era protegida e louvada por todos que a rodeavam; o alemo estpido, av de Nicolai,11 que endoidecera como todos eles, fora de autoridade, e que partilhava com ela as lisonjas, sendo depois assassinado pelos amantes da sua devassa mulher; todas aquelas mulheres e raparigas, libertinas, estpidas e analfabetas que reinaram antes dele e depois de Piotr. Todos eles 8Pedro, o Grande. 9Corpo de tropa que se revoltou contra Pedro, o Grande. 10Catarina, a Grande. 11Pedro III. estavam, segundo Tolsti, absolutamente certos de serem os ver-dadeiros benfeitores do povo. E tudo isso resultava num quadro sinistro: Enquanto Nicolai se extasiava no camarote real do Teatro Bolchi, quer com a disciplina rgida das bailarinas que erguiam sincrnicas oitenta pernas musculosas, envoltas em meias justas, quer com as formas femininas; naquele mesmo instante, milhares, dezenas de milhares de pessoas mes, esposas, pais, lhos supor-tavam terrveis tormentos morais, por ordem desse nico homem.Exauriam-se anos a o, perdendo a razo ou morrendo de tu-berculose nas fortalezas, homens bons, cultos, inteligentes, os me-lhores homens russos, culpados unicamente de querer libertar a Rssia do rude autoritarismo dos Araktchiev12 e de outros que tais e, com sacrifcio do seu prprio bem-estar, conceder liberdade a milhes de escravos, reduzidos a bichos pelos desumanos senhores de terras. Exauriam-se e faleciam nas casamatas, nos calabouos e no degredo, dezenas de milhares de poloneses, tambm os melho-res homens da sua sociedade, unicamente porque desejavam viver segundo as tradies seculares do seu povo, amavam a ptria e es-tavam prontos a sacricar tudo para atingir esse objetivo. Milhares de homens morriam espancados at com varas, por continuarem professando a f ancestral e no se terem reconhecido como adep-tos da f em que os tinham inscrito as autoridades. 12Ministro da Guerra na fase mais absolutista do reinado de Alexandre I. 16 17Centenas de milhares de soldados pereciam em exerccios est-pidos, paradas, manobras e em guerras ainda mais estpidas e cruis, contra homens que defendiam sua liberdade na Polnia, na Hungria e no Cucaso. Tudo isso se fazia por vontade desse nico homem. Indiscutivelmente, era culpado de tudo e no podia deixar de sab-lo, estava a par de todos esses horrores que se processavam por sua ordem. Mas, se algo se fazia sem a sua ordem direta, em todo caso ele podia suspend-lo. No o suspendia, porm, e no podia deixar de saber que era culpado de todas as atrocidades praticadas. E, no entanto, Tolsti retirou da ltima redao esses quadros sinistros sobre a corrupo pelo poder. Teria feito isso por temor censura? improvvel. Boa parte das suas obras dos ltimos anos cou indita, aguardando publicao pstuma, e entre elas no poucas atingiram virtualmente o mesmo pthos na condenao do sistema vigente, e s puderam ser publicadas aps a queda do regime czarista. A gura de Nicolau I, apresentada sob essa luz sinistra e com um fundo de pica indignao, exigia uma vasta obra, e Tolsti pretendeu, com Khadji-Murt, apresentar algo mais conciso. O seu projetado romance Os dezembristas, com o mero estudo da poca imediatamente anterior ao argumento pretendido, j se conver-tera em Guerra e paz, mas Tolsti continuava preocupado com o perodo histrico que se seguira coroao de Nicolau I. Todavia, ele cuidou de evitar que a sua obsesso com um panorama bem mais vasto o prejudicasse na apresentao do seu pequeno quadro. Descries magncas, aluses a fatos da poca, digresses lo-scas e outros materiais foram deixados de lado, a m de no prejudicar uma estrutura mais singela da obra. E o que a princpio se escrevera com a chama da indignao, foi reduzido aos lampe-jos mais comedidos da ironia, que aparecem na redao nal do captulo dedicado a Nicolau I. Criticou-se muitas vezes a Tolsti a intromisso da losoa na sua obra romanesca, mas a se tem um exemplo da sua profunda compreenso das exigncias da estrutu-rao, numa obra literria: o que parecia ao escritor cabvel num vasto romance era eliminado implacavelmente quando se tratava de enquadrar a obra em limites mais estreitos.Somente assim, cortando os excessos, equilibrando os diferen-tes elementos da narrativa, no deixando que um tema como a corrupo pelo poder passasse totalmente do plano simblico para o da argumentao explcita, disciplinando sucessivamente o que escrevia, Tolsti conseguiu realizar essa verdadeira obra-prima. Tratando da elaborao angustiada dessa obra, acrescentei no mesmo artigo: NoestudoqueacompanhaumaediodeKhadji-Murt,13 V.Manulovcitatrechosdecartasediriosdoescritor,eque 13Leningrado:GossudrstvienoieIzdtielstvoDitskoiLitieratri(Editora Estatal de Literatura Infantil), 1962.18testemunham essa tortura ntima relacionada com a obra. Ora ele se justicava, armando que esse texto expressava a sua con-denao do despotismo; ora confessava ter-se entregue ao trabalho predileto como um bbado. Segundo Manulov, a se manifesta, sobretudo, o conito entre o artista e o pregador da no resistn-cia ao mal. O artista criara um tipo msculo, que se impunha pelo seu vigor, e isso anal contradizia a concepo tolstoiana funda-mental. Eis, em todo caso, aceitando-se a tese, mais uma das to famosas contradies de Tolsti. De todo modo, ainda repetindo o que escrevi em 1963, [...] o que no padece dvida o fato de se tratar de um dos pon-tos mais altos de toda a sua obra, digno de gurar ao lado de A morte de Ivan Ilitch e das pginas melhores de Guerra e paz e Ana Karinina. E a importncia da obra parece ainda mais evidente quando se estuda, mesmo numa parte mnima, a sua penosa elaborao. Agora, decorridos tantos anos, resta-nos constatar: os fatos narrados neste livro adquiriram pungncia ainda maior devido recente Guerra da Tchetchnia. KHADJI-MURT