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Kung Fu Trabalho Pronto

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AGRADECIMENTOS

“A figura máxima, vulnerável mestre é representado como individuo muito especial, capaz de derrotar um exército, e ao mesmo tempo, capaz de cuidar do seu tempo com coisas simples, como brincar com um cão abandonado, cozinhar e tocar flauta à sombra de uma árvore. Porém essa representação (figura do mestre) pode estar presente de uma forma ou de outra em todas as pessoas que possibilitaram na realização deste trabalho”. (APOLLINI,2004 pag. 09)

Confesso que ao analisar essa dedicação, é nítido que a qualquer momento você pode colher bons frutos. A partir do momento que você valoriza uma fonte de pesquisa e quando você sintetiza o teor da pesquisa sem perder a qualidade que propagou ao longo das informações.

Sendo assim, a inspiração, motivação, responsabilidade e a proposta oferecida pelo nosso professor me fez com que o grupo buscasse o real motivo do bem estar físico e mental dentro

da prática da arte marcial Chinesa com um tema muito específico: Kung-fu (功夫).

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste trabalho procuramos investigar as transformações observadas ao longo do tempo, no conteúdo de natureza corporal / não corporal, pertencentes ao universo da arte marcial oriental.

A arte marcial pesquisada foi Kung-Fu, porém existe mais de 3.000 estilos corporais de luta, sendo assim, procuramos analisar todas as informações e para uma melhor leitura e desenvolvimento sobre o conteúdo.

Para investigar a evolução do “subuniverso Kung-Fu” em aspectos não corporais e corporais buscamos trabalhar em dois caminhos, um caráter bibliográfico e outra de caráter empírico.

O primeiro caminho relacionou os principais elementos que compõem o Universo teórico do Kung-Fu. A História da arte marcial; relação da arte marcial e imigração; representação da arte dos praticantes e iconografia religiosa.

O Segundo caminho se ocupou de investigar as transformações do universo corporal de alguns estilos a partir de informações baseadas em vídeos e por professores e alunos brasileiros. De acordo com APOLLINI,2004 para ter uma base essencial e uma forte fonte de pesquisa, precisamos levar em consideração as seguintes informações:

1. O primeiro, uma história da arte marcial chinesa, construídas a partir de bases acadêmicas, com total atenção especial ao “Kung-Fu”. O Caráter histórico ainda são relativamente tímidos no Brasil.

2. O Segundo, o papel da Imigração chinesa da transplantação do Kung-Fu para o Brasil.3. O terceiro, as fontes de representação e auto representação encontradas ao longo das últimas

três décadas no Brasil, ( Filmes, revistas, sites, livros, músicas e jogos de computador.O Cruzamento dos dois caminhos e das dicas repassadas por (APOLLINI,2004),foi

descobrir que a arte marcial Chinesa praticada no Brasil, principalmente em entendimento religioso, ético e esportista vem adquirindo características cada vez mais locais. A fim de compreender o porquê dessa transformação e de transformar um cenário do nosso objeto de estudo.

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1. A HISTÓRIA

...Misto de esporte, medicina, espiritualidade, folclore e estratégia de combate foi senso sistematizado e hoje é identificado com o nome de Kung-Fu.

A história do Kung-Fu é representada através da origem de vários estilos, são apenas relatos anedóticos1, que apenas foi passado de geração em geração.

“Com o passar do tempo, o universo do Kung-Fu brasileiro criou raízes próprias e a produção do conhecimento passou por um processo de nacionalização.”2

Não existe embasamento histórico comprovado, tampouco científico, porém carregam reflexos da cultura.APOLLONI,2004, afirma que esses reflexos da cultura é baseado de “informação de mestre (verdade absoluta)” X “entendimento do aluno”... Observa que a ligação se dá através da consultas a livros de vulgarização do conhecimento. (grifo meu).

Desde modo são impressões apenas originadas de impressões. Se já não bastasse tamanha dificuldade ainda existe inúmeros estilos de Kung-Fu praticados no Brasil e no mundo com uma nova história para contar. Contudo não é meu enfoque a contemplação da história de cada um dos estilos tradicionais e modernos da arte marcial chinesa e sim o histórico que contribuiu para a formação do Kung-Fu que conhecemos atualmente.

As artes marciais apenas se originou da necessidade de autodefesa dos indivíduos à proteção da nação. Politicamente, com mais de cinco mil anos, a China é um complexo da história da humanidade conhecido como kung fu. O mais antigo sinal da cultura física da china, foram encontrado na caverna de Zhoukoudian, onde os homens viviam há cerca de quinhentos mil anos. Inúmeros esqueletos de cavalos e cervos levaram a diversos pesquisadores a concluir que aquelas pessoas já possuíam habilidades de cavalgar. Pequenas bolas, arcos, flechas, com proximidade de quarenta mil anos, demonstraram quão antiga é a cultura física entre os chineses. Um fato muito curioso são as danças que viveram entre o povos há cerda de três mil e quatrocentos anos nas paredes das caverna Yunnan, e descobertas históricas sobre esse período, mostraram que as danças eram utilizadas para cura. Variados esportes e passatempos chineses “atuais”, “originaram-se das habilidades e estilos de vida do povo que habitava o continente chinês entre três e quatro mil anos atrás.”3 Esse misto de esporte, medicina, espiritualidade, folclore e estratégia de combate foi senso sistematizado e hoje é identificado com o nome de Kung-Fu. No período dos Estados combatente(475-221 a. C.) o confronto entre homens dirigindo suas bigas e armados com longas lanças foi uma arte militar difundida

Estas “habilidades guerreiras” foram aprimoradas pelos artistas marciais ao longo dos séculos. Somente a partir do século XIV, com advento das armas de fogo que as habilidades militares com armas brancas perderam o valor combativo. A partir de então, as artes guerreiras deram então “lugar aos exercícios com objetivos muito mais artísticos e com vistas a manutenção à saúde, do que para exclusiva defesa pessoal.” Veja acima (tabela 1) a Cronologia das dinastias Shang e periodo republicano Chinês, que é o periódo histórico mais antigo, confirmado pela arqueologia e apontado por pesquisadores que se dedicam a história e origem das artes marciais chinesas. Para facilitar a interpretação ocidental dos fatos históricos que contribuíram para o desenvolvimento do Kung-Fu na China e sua forte introduzida na raiz

1 anedótico adj. 1. Relativo a anedota. 2. Que encerra anedota. Dicionário PRIBERAM da língua Portuguesa.2 APOLLONI, 2004 cit. p. 119.3 Knuttgen, H. G; Qiwei, M. e Zhongyuan, W. Sport in China. Illinois USA, Human Kinetics Bookks 1190, p. 4/6 tradução livre).

Tabela 1 Cronologia das Dinastias e do período republicano Chinês.

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brasileira. A tabela foi adaptada pela pesquisa pioneira de Apolloni. Vamos observar a presença marcante do mosteiro Budista de Shaolin na cronologia apresentada.

Fase Época Fato Relevante

Pré

-Sh

ao

lin

1.500 a 1.122 a.c.

Dinastia Shang, Espadas, lanças, punhais e machados de bronze. Primeiros registros da arte Marcial Chinesa.

1000 a.c.Dinastia Chou. Representações, em peças de bronze, de figuras humanas em

posturas de combate.

722 a 481 a.c.Registros de Práticas marciais no “Livro dos Ritos” e nos “Anais da Primavera

e Outono”. Lao tzu escreve o Clássico taoísta Tao-Te-Ching. Na obra condena o uso das armas.

403 a 221 a.c.“Era dos Reinos combatentes”. Sun Tzu escreve a obra dos “treze

mandamentos” ou a “arte e a guerra”.206 a.c. a 220

d.c.Origem Religiosa Kung-Fu

64 Fundação do primeiro mosteiro Budista chinês, o Bai Ma(“Cavalo Branco”).

136 a 208 O Médico Taoísta Hua To cria os “Jogos dos Cinco Animais”402 Fundação, segudo a tradição de Pai-lien She (“Sociedade de lótus Branco”)

No período Pré-shaolin que ocorreram os primeiros indícios de prática marcial na civilização chinesa. Ex.: Armas confeccionadas em bronze e armas semelhantes encontradas usadas atualmente no Kung-Fu. O período é muito marcado por guerras travadas entre reinos de “Chin, chi, Wei, Wu, Chu e Yueh, que levam ao desenvolvimento acelerado de tecnologias e do pensamento militar” – é a “Era dos Reinos combatentes”. (Apolloni, 2004. P. 24-25). O Surgimento do jogo “Cinco Animais” criado pelo médico taoísta Hua To. Esses jogos era exercidos voltados para a saúde e imitavam movimento de cinco animais – “ da grua, do urso, do tigre, do veado e do macaco”. 4

4 Imagem dos Cinco animais retirada (curitibakungfu.wordpress.com).

Fig. 1. Jogo dos Cinco Animais. Praticas utilizadas pela medicina com objetivo de fortalecimento dos órgãos e ossos.

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As artes marciais chinesas, então passam a assumir aspectos relacionados à atividade física e saúde. O que muito autores afirmam ser a base da marcialidade Chinesa. (Apolloni, 2004. P. 26-27)

Busca de longevidade e a cura são prática do Kung-Fu que buscou através das técnicas de respiração, exercícios físicos (Como o Chi Kung), bem como técnicas próprias da medicina tradicional, visando à renovação dos órgãos internos e o fortalecimentos do ossos e músculo. Nessas técnicas incluem-se as práticas de meditação do budismo indiano, que foi introduzido na china do início da nossa era Cristã.

Os monges budistas foram os maiores responsáveis pela sistematização e divulgação do Kung-Fu pelo mundo. Principalmente os do Templo de Shao lin (“Jovem Floresta”), fundado em 495 d.C., na província de Henan.

Mesmo com tantas contradições históricas e formas de interpretação que uma sociedade impõe sobre a outra, Henning (1998, p,99 trad. Livre do inglês) confirma que realmente existiu a prática marcial em Shaolin, porém não necessariamente originada lá. As artes marciais não eram um privilégio de uma casta ou grupo, mas de uma boa parcela da sociedade chinesa.

Os monges de Shao lin acreditavam que poderiam alcançar a iluminação, desde que em meditação eliminassem os obstáculos criados pela mente humana. A prática meditativa consistia em ficar imóveis durante horas, sentados em posição de lótus de pernas cruzadas5. (Lima, 1995)

Muito apartados de atividades físicas constantes, os monges perceberam que cotidiano, dedicado exclusivamente à meditação em repouso, prejudicava de mais a saúde e que as doenças decorrentes do sedentarismo eram fortes obstáculos para a tão almejada iluminação. Sendo assim, foi criada dezoito rotinas (Sequência de movimentos) do Kung-Fu de Shao Lin, para tirar a fadiga e sensação de cansaço provado pelas longas horas de meditação. Porém outras rotinas foram criadas com intuitos muito diferentes. Por exemplo: uma vez que o templo ficava numa floresta e que os monges precisavam se defender de animais selvagens, criaram um conjunto de rotinas para auto defesa, chamado hsin-i(coração-e-mente).

5 O Tao da Educação, p. 120/121 – Lima, Luzia Mara Silva.

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Dado o contato direto com o meio selvagem, muitas destas rotinas possuem movimentos que imitam animais ou baseiam-se nos elementos da natureza. Movimentos suaves como a água, com respirações que fazem fluir o ar, de bases firmes da terra e golpes que cortam como metal. Velozes como serpente, fortes como o tigre e sutis como a garça. A essas rotinas e às práticas meditativas e sua atmosfera pacífica, o Templo de Shao Lin era passagem de forasteiro e viajantes. Foi um local ideal para abrigo de soldados desertores e

rebeldes fugitivos, representantes do povo e guerreiros por excelência. Se por outro lado, estes abrigados abraçaram a fé budista e tornaram-se monges, por outro lado não deixaram de se

dedicar ao Kung-Fu. Protegidos pelos muros, os monges de Shao lin desenvolveram como nunca a arte que praticavam6.

Fase

Época

Fato Relevante

495

Fundação , próximo de Luoyang(Henan), do mosteiro de

Shaolin.

610 a 624

Bandoleiros atacam Shaolin: início da relação entre os monges e a

marcialidade. Os monges de Shaolin participam da campanha

de Li Shimin contra Wang Schichongm que foi determinante

para a implantação da Dinastia Tang.

1515

Sholar Du Um redescobre a Estela do mosteiro de Shaolin

Sec. XVI

Aparecimento de artistas marciais itinerantes na China.

6

Fig. 2. Criança fazendo estilo Shaloin Bêbado.

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Sh

ao

linSec. XVII

Desenvolvimento em Chenjiagou, do estilo Tai-Chi-chuan.

Sec XVIII Disseminação da lenda dos monges “fundadores da tríade” ”socidade entre o céu e a terra”. Segundo a tradição incêndios destroem os mosteiros de Shaolin Henan e

Fujian;.

s-S

hao

lin

1900 Rebelião dos Boxers. Derrota do movimento sectário Chinês.

1917 Mao Tsé-Tung escreve o ensaio “Um estudo sobre a cultura Física”

Anos 20

Movimento de resgate e institucionalização das artes márcias. Criação de institutos e realizações de competições. Em 1928, incêndio no mosteiro de Shaolin.

1949 Comunistas chegam ao poder na China. Fuga de mestres no país.

1954 Criação do Moderno Wushu.

Anos 60

Revolução cultural Chinesa. Nova debandada de mestre na China. Chega ao Brasil através do grão-mestre Chan kowk Wai (1960)

1966Chegada do Mestre Lee Chung Deh ao Brasil. Introdutor do estilo Shaolin do norte da

Região Sul do Brasil, na década de 70.Anos

80Reforma e reocupação de Shaolin. Nomeação de um abade para o templo.

1990 O Wu-shu é incluído entre os esportes de competição nos jogos asiáticos.

Séc. XXI

O governo da China inicia a campanha para transformar o Wushu em esporte olímpico.

Após tantos regimes repressivos dos impérios, os mosteiros passaram a ser frequentemente invadidos pelos soldados a fim de resgatar os rebeldes fugitivos e punir os monges por acoberta-los. Durante tais invasões, das quais restavam poucos sobreviventes, as edificações eram quase totalmente destruídas. Shao lin não foi exceção. Prevenindo-se, os monges investiam em treinamentos e técnicas marciais e utilizavam somente como ultima alternativa para garantir as próprias vidas.

Lima,1995, “A união da meditação da observação aguçada do mundo, da alimentação adequada, do equilíbrio emocional, numa só prática deu aos monges, um superior auto controle”.

Logo o prestígio deste e de outros mosteiros favoreceram e chamaram a atenção de diversos jovens de diversas partes que tentavam aprimorar seu conhecimentos, suas técnicas de combate para defender muitas vezes seus povoados. Com a prática do Kung-Fu, os soldados dos impérios tornaram-se cada vez mais suscetíveis a derrotas. Após tantas derrotas muitos imperadores proibiram a prática do Kung-Fu, fecharam as escolas, assassinaram os mestres, discípulos e praticantes.

Mesmo assim, os fiéis ao Kung-Fu, procuraram outras alternativas de desenvolver a arte. A ópera de Pequim foi criada por pessoas que estavam proibidas de exercer sua arte. Eram apresentado ao público peças teatrais com referências aos bons momentos que tiveram até o final com as guerras.

Também temos a Ópera do Rei Macaco, era para o público infantil e adulto. O estilo bêbado teve sua real origem fingindo-se embriagado o praticante podia treinar sem que os soldados imperiais percebessem da sua real habilidade.

Tabela 2 TABELA DE SHAOLIN E PÓS SHAOLIN

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Os impérios nem sempre era contrários ao Kung-Fu. Muitas vezes o país teve a ajuda dos artistas marciais. Durante muito tempo o Kung-Fu foi valorizado por seu aspecto combativo. Naquela época(tempos de violência) foi utilizada em questões de vida ou morte.

Com o desenvolvimento bélico foi tomado lugar nos confrontos corpo-a-corpo, a arte marcial deixou de

ser praticada para fins de combate. Dotada de própria filosofia e sempre com o objetivo de aprimoramento ao ser humano. A arte marcial chinesa pendurou e hoje é conhecida mundialmente, As famosas apresentações da ópera de Pequim7, do circo acrobático de Xanguai e a Dança do Leão8, por exemplo, continua atraindo curiosos de todas as partes do planeta.

4. - Mesmo assim, os fiéis ao Kung-Fu, procuraram outras alternativas de desenvolver a arte. A ópera de Pequim foi criada por pessoas que estavam proibidas de exercer sua arte. Eram apresentado ao público peças teatrais com referências aos bons momentos.

7 Em Julho de 1998, a ópera de Pequim fez uma série de apresentações no teatro Municipal de São Paulo, durante o festival internacional das artes cênicas. – FIAC. A companhia de Pequim teve de agendar espetáculos extras, a fim de atender ao público excedente. In: O Estado de São Paulo Domingo 2 de Agosto de 1998.8 Na China, Contam Lendas que leões apareciam para afugentar os demônios das fazendas, protegendo as colheitas. Por isso a Dança do leão acontece em todas as comemorações (casamentos, aniversários, inaugurações, etc.) Para atrair bons agouros

Fig. 3. - O Kunf Fu acabou-se sendo direcionado para a arte, camuflando a sua origem contra a extinção da política. (Dança do Leão)

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1.1 BUDISMO

O Budismo e as Artes Marciais Chinesas restringiu-se ao fato de este tipo de prática ter ocorrido no interior do mosteiro de Shaolin (ícone reconhecido pela comunidade budista quanto pela marcial). De acordo com Apolloni (2004, p. 154), “ O budismo aparece ligado fundamentalmente, ao nome do mosteiro de Shaolin (Em alguns altares aparecem imagens budistas)”

Nascido na índia, o Budismo é composto por um conjunto de tradições religiosas e ensinamentos éticos e filosóficos. Por possuir essas características não é só simplesmente religião e sim uma tradição.

A propagação do Budismo se baseia em um mito e lenda sua origem conta a história de um príncipe indiano Siddhartha Gautama, considerado pelos budistas como o “Buda Histórico” (BUDDHA...2006)9. De acordo com a tradição que contempla, Siddhart teria nascido por votla do século VI a.C, no nordeste da índia. Membro de uma família muito rica, foi educado pelos melhores professores do seu tempo, tornando-se um gênio em vários campos do conhecimento. Também desenvolveu grandes habilidades marciais.

Siddhartha vivia recolhido em seus luxuosos palácios e não conhecia a crueldade da realidade da sociedade que pertencia. Quando saiu do palácio pela primeira vez, viu o sofrimento indiano. Frustado com o que viu renunciou a vida imperial deixou esposa e filhos para se dedicar ao fim do sofrimento e a buscar o caminho da paz.

Durante seis anos isolado em um floresta e privando-se dos prazeres da riqueza e do luxo material Siddhartha percebeu que só o estilo de vida não iria trazer mudanças para o fim do sofrimento. “Subitamente ele compreendeu que a entrega aos prazeres mundanos e ao ascetismo são dois extremos; O ideal é seguir o caminho do meio”(BUDDHA...,2006)

9 Em nosso trabalho, optamos pela grafia “Buda”. A grafia Buddha porém é mantida nas citações.

Fig. 6. BUDA - O Budismo consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir o nirvana (estado total de paz e plenitude)

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Viajou para cidade de Bodh Gaya, onde se acreditava que os seres iluminados do passado atingiram o despertar. Sentou-se sob uma figueira e jurou que só se levantaria quando atingisse a iluminação. “O despertar ou a iluminação é o estado mais elevante de virtude e sabedoria no Buddhismo não esxite conceito de “pecado original” porque todos os seres tem o potencial de atingir o despertar”. Após três dias de vigília, Siddhartha atingiu o Bodhi a iluminação, o despertar. “ “ A partir de então, ele passou a ser conhecido como Budhha (o iluminado e como o sábido dos Shakyas). Desde então, Buda passou a viajar constantemente para transmitir o Dharma, os ensinamentos budistas10.

Atualmente no Budismo é a religião mais difundida na Asia, onde conta com aproximadamente 300 milhões de seguidores(PERGUNTAS...2006). Tamanha propagação criou diversas escolas budistas. Na China, a tradição budista predominante é a Mahayana ou “Grande Veículos” uma de suas principais vertentes é o Budismo Chan. A principal prática dessa escola é a meditação11.

1.2. CONFUCIONISMO

Kong Fu Tseu (ou Confúcio, seu nome latinizado), teria nascido em 551 a.C., uma época pouco promissora na China. Foi um personagem muito influente na história Chinesa pois dono de uma visão política-social reformadora, foi capaz de influenciar toda uma nação com sua filosifia.(CONFÚSIO, 1978 P.11-12).

Confúcio dedicou-se desde muito cedo aos estudos. Ainda adolescente já era considerado erudito, temia chegar a velhice sem nenhum conhecimento. E por isso, acreditava que a educação era o único caminho importante da vida.

Seu princípio era “aprender a cada dia alguma coisa que se ignora e cada mês assegura-se de que nada se esqueceu”(CONFÚCIO, 1978 p.13). Seus métodos são aplicados na educação moderna, com aulas diárias (conhecimento novo a cada dia) e com avaliações mensais e bimestrais (a cada mês assegurar-se que nada se esqueceu).

Porém confucionismo vai além da educação. Segundo a reportagem publicada pela revista “Super Interessante”(SGARIONI, 2004, P.44) “o Confucionismo pode ser entendido como um conjunto de normas de comportamento”. Uma grande mistura de filosofia, ética, política e educação, o confucionismo estabelece um meio simples de vida em sociedade que a ética e moral prevalecem e estabelecem o caminho a ser seguido.

10 Os Ensinamento do Budismo têm como estrutura a ideia de que o ser humano está condenado a reencarnar infinitamente após a morte e passar sempre pelos sofrimentos do mundo material. O que a pessoa fez na vida será considerada, será considerado na próxima vida e assim sucessivamente. Esta ideia é conhecida como carma. Ao enfrentar os sofrimentos da vida. O espírito pode atingir o estado de nirvana(pureza espiritual) e chegar ao fim das reencarnações. (Origem... 2006).11 Em chinês Chan

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1.3. TAOÍSMO

O Taoísmo é sem dúvida a mais complexa e a melhor expressa cultura e pensamento da civilização chinesa. Atribui-se a criação a figura de Lao tsé12.Um homem sábio que foi contemporâneo do Confúcio, porém a pouca informação histórica que dele nos resta não nos permite comprovar se a história da sua vida é genuína. Ele deixou quie estão compilados em sua única obra o – Tao Te King. O título de sua obra pode ser traduzido para o português aproximado como o “Livro do sentido da Vida”(TSÉ, 2002 p. 8). O propósito de seus ensinamento é explicar o sentido da vida e a ordem das coisas. O Tao pode ser interpretado como: “ Caminho e virtude”(GRANET , 1997, P.191).

Os ensinamentos Taoístas, assim como toda filosofia Chinesa, baseiam-se nos conceitos de Yin e Yang. Estes elementos constituem o equilíbrio Universal. São entendidos como duas forças antagônicas e ao mesmo tempo complementares. Quando estão em equilíbrio a ordem natural de todas as coisas fluirá também equilibrada.

2. TERMINOLOGIA / IDEOGRAMAS

12 Em chinês, “Velho Sábio”

Fig. 8. Yin Yang - . Estes elementos constituem o equilíbrio Universal. São entendidos como duas forças antagônicas e ao mesmo tempo complementares.

Fig. 7. - Estátua no Templo de Confúcio.

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Antes de entrar no histórico da arte marcial chinesa e o surgimento do Kung-fu é muito importante os esclarecimentos dos termos específicos que facilitarão a leitura.

“Os chineses, porém, jamais utilizaram Kung-Fu para identificar sua arte marcial. Eles adotam os termos Wushu e Guoshu , que significam, respectivamente, ‘Arte Guerreira’ e ‘Arte Nacional’. .”(APOLLONI,2004)13

Vejamos etimologicamente, o termo “Kung-Fu”:

“Trabalho árduo e contínuo que leva a perfeição14.”

“Tempo de Habilidade15.”

“Uma construção pessoal, contínua e árdua, mas não necessariamente sofrida, posto que depende do trabalho, esforço e de transformação16”

“Habilidade intuitiva obtida pela repetição de uma ação” 17

“Habilidade para executar qualquer função que leve sempre a perfeição”18

“Kung-Fu, é uma versão oriental do Lema Olímpico, que por sua vez, também prega odesenvolvimento humano".19

Como podemos analisar, o termo é genérico e vale para diversas funções além do marcial.

“As diversas formas de artes márcias muitas vezes são confundidas entre si. Kung-Fu é o termo mais conhecido para designar todas as formas de artes marciais desenvolvidas e praticadas na China.”(APOLLONI,2004)20

Quando o homem executa determinada tarefa com total perfeição, habilidade,

dedicação, respeito, honestidade, fidelidade e postura o “Kung-Fu” estará presente em sua própria filosofia.

13 APOLLONI,2004. P. 54 –Dissertação “SHAOLIN A BRASILEIRA”14 Oliveira, Rafael Orlando. Monografia “PAIDÉIA A CHINESA?” A formação do individuo através da prática do Kung-fu. Op. cit., p, 7.15 (ACADEMIA SINO-BRASILEIRA DE KUNG-FU, Wènjuàn - 问卷 / Versão muito curta de uma história muito longa, SP 1996;)16 (Lima, 95, p. 111 .O Tao da Educação, Ed. Agora.)17 (Tradução de “Kung-Fu” em DERRICKSON, “Chinese for..., p. 19;S/D)18 (Huard, 1990;Minick, 1975; Xing, s/d;Zaohua, 1988).19

Brownell (2008) O LEMA OLÍMPICO CITIUS, ALTIUS, FORTIUS pode ser traduzido por “mais veloz, mais alto, mais forte”. Significa uma mensagem de aperfeiçoamento humano, expressando a conclamação do Comitê Olímpico Internacional (COI) a todos os participantes do Movimento Olímpico, convidando-os a uma superação pessoal, de acordo com o Espírito Olímpico. (TUBINO; TUBINO; GARRIDO, 2007, p.652)20 APOLLONI,2004. P. 54 –Dissertação “SHAOLIN A BRASILEIRA”

Fig. 9.- Kung-Fu

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Kung é um ideograma utilizado para representar “trabalho árduo”, grande dedicação”, “esforço físico

e mental”. É formado pela junção de dois outros ideogramas

Esse ideograma significa “Força”. Representado pelo um desenho de arado. Então se fizermos um

esforço, veremos que o desenho do arado foi preservado.

Primeiro Ideograma, traduzido do chinês para o Português como “mente”.

Fu transmite a ideia e oposição de maturidade. Símbolo também “marido”. Aquele que constitui uma família e se responsabiliza por ela. Vejamos mais detalhadamente esse ideograma. Fu também composto por dois traços que formam o Ideograma “pessoa”. Este ideograma nasceu do desenho de uma “pessoa de pé”, com os braço ao longo do corpo e as pernas afastadas. Já os traços horizontais, quando cortam o ideograma “pessoa” representa “presilhas no cabelo”. Sendo assim que “fu” significa originariamente, “pessoa com presilhas no cabelo21

Na china os anciãos não costumavam cortar os cabelos, quanto mais longos fossem, subentendia-se que mais velhos eram. As pessoas mais velhas utilizam presilhas e isso demostrava muito prestigio entre as famílias e o povo. Sendo assim, o chineses sempre preservaram a Sabedoria(experiência de vida) e à velhice.

Sabemos que todas as manifestações é sempre envolvente de uma pessoa para outra.

“Através de um objeto simbólico que o primeiro sujeito criou e que o segundo, de alguma maneira é capaz de compreender, apreciar ou a ele reagir” (Moraes, Regis de Violência e educação, op. cit., p. 20.)

Dessa maneira esses movimento simulam “ataque e defesa” que imitam os animais. Aos movimentos contidos no Kung-Fu, dá-se o nome de “Wushu”. Tradução literal é do Chinês que significa “Arte Marcial”. Vejamos mais Ideogramas a seguir:

“Wu”, ideograma que simboliza “marcial”, é composto por um conjunto de outros ideogramas que significa “parar”, “deter”, “conter” e “machado”.

O “machado” é aquele que corta, agride, deixa marcas suficientes para destruir, derrubar. Unindo as suas ideias, então temos que “wu” significa, em sua raiz, “parar a violência”.22

21 Lima, 95, p. 110.O Tao da Educação, Ed. Agora.

22 Morais, Régis de Violência e Educação, op., p.20.

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O termo “Wushu” é usado para diferenciar a forma olímpica ou competitiva desenvolvida também na china, para que o Kung-Fu adquirisse um aspecto padronizado e esportivo23 . Kung-Fu e Wushu referem-se à mesma coisa, porém de maneiras diferentes. Este tem sua origem nos campos de batalha, está diretamente ligado a marcialidade. Na década de 20 incorpora aspectos esportivos, consolidando-se como esporte na década 50. Surge a partir de uma perspectiva mais filosófica; referem-se à marcialidade, porém não mais como um adestramento guerreiro e sim como um “Caminho de vida”.

TERMINOLOGIA

PALAVRA ORIGEMSIGNIFICADO OCIDENTAL

CONCLUSÃO IDEOGRAMA

Kung-Fu24

Ficou relacionado aos diversos estilos de arte marcial chinesa devido aos filmes Hong Kong e devido a

uma série televisa “Kung-fu” do início dos anos 70, que contava a história de um jovem que se

dedicava ao monge Shaolin, no velho oeste americano, e de seu esforço e dedicação na busca de seu

desenvolvimento pessoal.

Gongfu25

Composto de duas palavras GONG26 que significa conquista,

mérito, trabalho, técnica; e FU27 que significa homem adulto. A

combinação das duas palavras referem-se ao desenvolvimento das

duas habilidades. Através da sua dedicação com o tempo.

Erroneamente pensam que o termo GONGFU significa,

como tal, algum tipo de sistema de luta.

Qualquer pessoa que procure desenvolver uma técnica, talento

ou prática que exija paciência, perseverança, dedicação e tempo para que se atinja certo grau de habilidade e dita ter GONGFU.

WushuReferência para as técnicas

tradicionais.

Na década de 90 houve uma tendência equivocada

no ocidente de utilizar a palavra Wushu para se

referir as técnicas modernas de competição. O Comitê Olímpico Internacional

reconheceu arte marcial chinesa utilizando-se do termo Wushu.

Ambos são termos equivalentes para se referir a arte marcial

chinesa.

KuoshuSeu significado é literalmente: arte marcial

Significado contemporâneo

Guoshu

Significa arte nacional28

Este termo deixou de ser utilizado na China por volta do final da década de 20 por razões puramente políticas.

Significado tradicional

23 Kung-Fu – versão curta de uma história muito longa. 1998, p.324 Em Negrito* Pinyin é o sistema oficial da romanização, por fonética silábica, para a língua Chinesa na República Popular da China. O Pinyin é reconhecido pela UNESCO (Órgão da O.N.U); Como sistema oficial de romanização da língua Chinesa, e o Brasil como signatário da O.N.U deve observar o mesmo sistema. Pinyin palavras compostas não se usa o hífen(-)25 Gongfu de acordo com o dicionário Chinês da Oxford University Press: tempo; esforço; trabalho; perícia (de dançarinos, ginastas, etc.); art; prática.26 Gong de acordo com o dicionário Chinês da Oxford University Press: fazer meritório; mérito; conquista; perícia (de dançarinos, ginastas, etc.)27 Fu de acordo com o dicionário Chinês da Oxford University Press: marido; homem.28 Guo de acordo com o dicionário Chinês da Oxford University Press: país; estado; nação.

Fig. 10. Wushu / Arte Marcial

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O Comitê Olímpico Internacional reconheceu arte marcial chinesa utilizando-se do termo Wushu. No ocidental a grande maioria das entidades que praticam a arte marcial chinesa continuam a utilizar-se do termo “Kung-Fu”, por ser mais conhecido pela população, mas também já se utilizando o termo Wushu, como meio para popularizar o uso do termo mais adequado, por isso sempre vamos nos deparar nas academias ou clubes a combinação dos dois termos: Kungfu-Wushu.

Mesmo com interpretações tão diferentes no Ocidente e no Oriente, os termos parecem ser complementares, fato que podemos também evidenciar são através dos uniformes adotados nas academias de Kung-Fu no Brasil.

Para finalizarmos este amplo panorama na minha opinião, Wushu é apenas uma segunda face do Kung-Fu. Isto é baseado pelas informações artísticas e filosóficas que se manifestaram ao longo da história. Não estou deixando uma ideia reducionista de Wushu; afinal, ele já é por si só uma busca de superação.

Através de diversos estudiosos o Kung-Fu ficou literalmente visado como um aprimoramento global do ser humano, inclusiva a arte marcial29 que é praticado. Sendo assim, vou utilizar o termo “Kung-Fu”, vou me referir desde os movimentos da arte marcial tradicional chinesa até objetivos técnicos, até seu contexto mais amplo.

Igualmente também para “arte marcial"” ou simplesmente “marcial”, estarei me referindo à conotação que o ideograma representa.

3. CHEGADA DO KUNG-FU NO BRASIL

29 Minick, Michael. A Sabedoria Kung-Fu. RJ, ARTENOVA, 1975.

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“Quem conhece os outros é sábio, quem conhece a si mesmo é iluminado”. Meditações do Kung-Fu & Sabedoria Chinesa Proverbial – Ellen Kei Hua

Nos últimos quarenta anos, arte marcial Chinesa, conhecida como “Kung-Fu”, saltou das telas do cinema de Hong Kong para conquistar o mundo. As pessoas podem até não conhecer essa prática de corporais e filosóficas, porém saber de onde veio à história pode ser lúdico ou baseadas no senso comum. Apesar de não possuirmos no Brasil uma colônia Chinesa de mais expressiva em termos numéricos30. O Brasil conheceu o moderno Kung-Fu praticamente ao mesmo tempo em os demais países do Ocidente31.

Por aqui, como em quase todos os lugares fora da china e da grande faixa histórica de chineses (Sudeste asiático), a aproximação entre sociedade e marcialidade chinesa se deu fundamentalmente a partir da indústria de entretenimento do século XX(literatura popular, cinema e televisão).

(APOLLINI,2004) “Bruce Lee, Jackie Chan, Matrix, Kill Bill, Tigre e o Dragão e Tekken”, quem nunca assistiu um destes filmes e que nunca se perguntou sobre a fascinação da luta ou do exibicionismo que a arte marcial oferecia? Todo esse universo levou imigrantes conhecedores da arte marcial de seu país abrir academias em cidade brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro. Hoje, apesar de não haver necessariamente um registro do número total dos praticantes brasileiros, pode-se dizer que o Kung-Fu é praticado em pontos tão remotos dos grandes centros urbanos quanto Acre e Rondônia.

Na segunda década do século XX, em outubro de 1915 com a chegada e a ocorrência da primeira aparição pública de dois mestres de Judô, chamados Sanshiro Satake e Mitsuyo Maeda (mais tarde chamado de “Conde “Koma”). Góis Junior e Lourenço(2003) dizem que os dois mestres apresentaram-se marcialmente desafiando outros lutadores em diversas cidades do Brasil (Porto Alegre, Rio de Janeira, São Paulo, Salvador, Recife, São Luíz e Belém).

Blaser, Silva, Marrera(2006), em seu trabalho de levantamento de dados históricos observaram que a arte marcial Chinesa levou mais décadas que o Judô para sua introdução no país. A fuga e migração de diversos Mestres da China para diversas partes do globo, principalmente para Hong Kong.

“Vários mestres foram obrigados a fugir de seus países de origem para não sofrerem e até serem mortos pela Revolução Cultural Chinesa. Isso implicou na disseminação do Kung-Fu por todo o mundo e no Brasil na Chegada do estilo Shaolin do Norte, (Oficialmente, o primeiro a ter um representante tradicional no país)”32

Os primeiros mestres de Kung-Fu chegaram ao Brasil apenas quarenta e quatro anos mais tarde que os de Judô, ou seja, em 1959. Sobre personalidades do Kung-Fu que migraram para o Brasi, Blaser, Silva e Marrera(2006) abordam nomes bastante relevantes para o desenvolvimento da cultura sino-marcial no país.

Mestre Estilo

30 Acredita-se que, atualmente, vivam no Brasil entre cem mil e duzentos mil imigrantes chineses e descendentes (algo entre 0,05% e 0,11% do total

da população do país); Em outros países como Estados Unidos, Peru e Cuba, essa população é bem mais significativa.

31 Informações de caráter histórico, porém apontam para um conhecimento “remoto” do termo Cong-Fu: jesuítas franceses o utilizaram para

descrever exercícios físicos e respiratórios praticados na China do século XVIII.

32 OLIVEIRA, Rafael, 2006, p.19.

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Wong Sun Keung Tai chi chuan

Chan Kowk Wai Shaolin do Norte

Chiu Ping Lok Fei Hok Pai

Li Wing Kay Garra de águia, Louva-a-Deus, Sete estrelas e Shuai Chiao.

Li hon ki Hung Gar e Wing Chun

Hu Chao Tien Seperte Divina

Blaser, Silva e Marrera(2006), avaliando o caráter cultural de entidade e órgãos para ajudarem na organização e difusão da arte marcial chinesa no Brasil, apontam que a primeira federação criada no país foi do Estado de São Paulo no ano de 1989 (Federação Paulista de Kung-Fu Wushu – FPKF) e em níveis nacionais, a primeira Confederação surgiu três anos após 1992 (Confederação Brasileira de Kung-Fu/Wushu – CBKW). – Fígura 5

Sendo assim, podemos observar que o Kung-Fu é novo em níveis organizacionais no Brasil, tendo aproximadamente cinquenta anos do início da imigração dos primeiros mestres vindos ao país menos de duas décadas na formação da primeira entidade nacional que rege a arte.

Hoje, O Brasil é considerado pela comunidade marcial mundial o país com o melhor Kung-Fu do hemisfério ocidental. Essa titulação se deve a qualidade dos resultados das delegações e atletas Brasileiros em competições internacionais incluindo Mundiais.

4. DIVISÕES DO KUNG FU

Fig. 5. CBKW – Surgiu após três anos 1992.

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O Kung-Fu não é abrangente apenas no aspecto filosófico. Sua prática contem inúmeras variações às quais chamamos de estilos ou escolas. Atualmente a prática do Kung-Fu, em seu lado esportivo, é competitivo é subdividida em dois principais tipos de estilo.

Os estilos externo de Kung-Fu são aqueles que seguem um caminho

desenvolvimento “do interior para exterior” da pessoa, ou seja, enfatiza o primeiro o fortalecimento dos ossos e dos músculos, que por consequência fortalecerão os órgãos internos, e por fim, a energia vital humana (ch’i ). São estilos que que se manifestam pelos movimento velozes e bastante flexíveis, ou lento e forte. Dependendo da característica de cada escola. Essas características são provenientes do momento da criação do estilo quando o seu precursor focalizou sua observação principalmente nos movimento e comportamentos, de determinado animal. Como tigre, a garça, a serpente, o louva deus, o macaco, o urso), ou elaborou determinado conjunto de técnicas de respiração, meditação e combate. Dada a beleza de seus movimentos e sua plasticidade, os estilos, externos são frequentes utilizados na produção de filmes e teatros.

Os estilos internos do Kung-Fu caracterizam-se pelos movimentos que visam primeiro o movimento do (ch’i ), que levará a naturalmente, Ao desenvolvimento dos órgãos internos, dos ossos e dos músculos. Em geral são mais lentos, compassados com suavidade e ao mesmo tempo há explosão. Há maior ênfase em técnicas respiratórias e de meditação, principalmente devido à herança das antigas práticas de cura e de busca de conectividade.

Dentre esta categoria de estilos estão pa kua e hsin-i mas, sem dúvidas, o mais conhecido em todo o mundo é o t’ai chi chuan. Seus movimentos lentos permitem ao praticante entrar em contato íntimo consigo mesmo, percebendo o envolvimento de todas as partes do corpo e das emoções em ato simples, como dar um passo à frente. Por si só, esses movimentos propiciam a tomada de “consciência de sua propriocepção consciente.”

Fig. 11. Gráfico, subdivisões do Kung-Fu.

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5. KUNG-FU CENÁRIO ESPORTIVO E ACADÊMICO

Tradicionalmente nas academias de Shaolin do Norte, encontramos um altar em um lugar de destaque, posicionado no alto da parede principal para qual os alunos se voltam durante o treinamento.

FORMAÇÃO DOS PRATICANTES

Um dos elementos não corporal do sistema Sino-Brasileiro de Kung-Fu é a placa votiva(Fig 11)33, que carrega um conteúdo filosófico que permeia toda arte marcial Chinesa, que engloba todos os estilos do Kung-Fu existentes.

O altar possui algumas finalidades: trabalha com um conduta religiosa(vontado aos antepassados) e institucional normativo(Destinada a uma linha de contuda).

Apesar de estar focalizada em um local ao qual todos se dirigem em sinal de respeito, a placa é um elemento, muitas vezes, icognito, para o praticantes. Pois, é composto por ideogramas Chineses arcáicos. Já o conteúdo filosófico da placa é transmitido para os praticante pelos professores que utilizam como propósito de embasamento e legitimação dos conteúdod práticos. A seguir mostraremos a transcrição apresentada por Apolloni34

33 Imagem: Academia Senda, novembro de 2006.34

A transcrição integral (texto e figuras) assim como a liberdade de adaptação a este trabalho, foi através do artigo “PAIDÉIA A CHINESA?” o trecho encontra-se em CURITIBA 2006 P. 22/23.

NOTAS ESPECÍFICAS :

1 Tradução feita em fevereiro de 2004 e acompanhada pelo autor (Rodrigo Apolloni).2 Foto 1 feita em junho de 2004. Fotos 2 e 3 feitas em junho de 2003. Acervo do autor. As placas 1 e 3 têm fundo vermelho. A placa 2 tem fundo amarelo “envelhecido”. Em todas, os caracteres foram escritos em preto.3 STEVENS, K., “Chinese Gods…”, p. 23. Trad. livre do inglês.4 STEVENS, K., “Chinese Gods…”, p. 82.5 Inf. disp. no site chinês <http://www.chinavoc.com/kungfu/schools/cata_chj.asp> (c. 21.06.2004)6 Para um estudo acadêmico da obra, ver<http://clausius.engr.utk.edu/planetc/books/outlaws/text/history.html> (c. 21.06.2004)7 Ver <http://concise.britannica.com/ebc/article?eu=406998> (c. 21.06.2004)8 Inf. disp. em <http://www.chinatravelclub.com/topsight/19.asp> (c. 21.06.2004)9 Sobre a Dinastia Tang, ver cap. 2 desta dissertação.10 Informações em <http://www.allempires.com/empires/song/song1.htm> (c. 21.06.2004)11 À esquerda, tumbas; à direita, ícones em pedra representando os personagens. Imagens extraída de http://www1.china.org.cn/features/photos/zhejiang/zjcity.htm#> (c. 21.06.2004)12 Por razão de editoração, dividimos a coluna em dois blocos. A leitura deve ser feita de cima para baixo, começando pelo bloco da esquerda.13 Sobre Ta Mo, ver cap. 2 desta dissertação.14 Sobre Shaolin, ver cap. 2 desta dissertação.15 Sobre a historicidade do “mito de Ta Mo”, ver o cap. 2 da dissertação de APOLLONI, "Shaolin à Brasileira...".16 STEVENS, K., “Chinese Gods…”, p. 128.

Fig. 11. - Placa votiva do estilo Shaolin do Norte e Placa no contexto do altar da Academia Senda.

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Figura 12 - Entendimento dos termos que faz parte de uma placa Vocativa.

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Entendimento dos termos:

(1) – Título – Os ideogramas de “abertura” da placa do Shaolin do Norte (leitura da esquerda para a direita) são, seguramente, a melhor indicação do direcionamento confucionista desse elemento

iconográfico. Literalmente, segundo o médico acupunturista Pan Yi Bo (tradutor), os ideogramas podem ser traduzidos por algo como “Mestre Exemplar, Modelo Eterno”, título tradicionalmente atribuído a

Confúcio.

(2) – Código Ético 1 - Nessa coluna (leitura de cima para baixo), segundo o tradutor, está delineado o papel do verdadeiro mestre de uma arte marcial. Literalmente, os

ideogramas poderiam ser traduzidos por algo como “Ensinamento de Cultura, Filosofia e Artes Marciais – para Servir o Mundo”. Novamente, a presença é confucionista, ligada,

aparentemente, aos valores fundamentais de Reverência Fraternal (Ti), Propriedade (Li), Honradez (I) e Integridade.

(3) – Código Ético 2 – Nessa coluna (leitura de cima para baixo), segundo o tradutor, está uma afirmação da qualidade da arte ensinada. Literalmente, os ideogramas podem

ser traduzidos por algo como “Conhecimento correto, forma, maneira, técnica, princípios – arte marcial ministrada é original e correta.” Aqui, os elementos se ligam, em um primeiro

momento, à afirmação da qualidade do mestre; a “tradução confucionista” se dá pela associação com os princípios de Lealdade (Hsin) – para com os alunos, Propriedade (Li)

– dos conhecimentos, Honradez (I) – na afirmação chancelada, por escrito, dos conteúdos que o mestre domina, e Integridade (Lien) – na correção e originalidade dos

ensinamentos.

(4) – “Oferecer” - Aqui, mais uma vez, está presente um elemento confucionista. “Oferecer”, sem dúvida, remete ao mandamento confucionista de “Servir o Mundo”.

(5) – “Servir” – A palavra é a própria essência do Confucionismo, na razão em que remete à virtude e ao desprendimento como qualidades fundamentais ao ser humano

correto.

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(6) – “Zhou Tong” –. A primeira referência encontrada relaciona Zhou Tong (o “Pequeno Rei”) a Yue Fei (14). Ele teria ensinado ao general de Song as técnicas de um estilo de Kung-Fu chamado Chuojiao (5). A segunda referência é literária: Zhou Tong é um dos

personagens da novela clássica “Os Fora-da-Lei do Pântano” (também conhecida como “Crônicas da Margem das Águas”) (6), escrita entre 1290 e 1400 por Shi Nai’na e Luo Guanzhong. A novela se refere a fatos reais ocorridos no período de vida de Yue Fei.

(7) – “Zu Lai Tzu” – De todos os componentes da placa, este foi o de tradução mis incerta. Em princípio, Zu Lai é um termo budista chinês oriundo da transliteração do termo

indiano Vairocana, “aquele que vem com o sol”. No Budismo Mahayana, Zu Lai (Vairocana) seria a contraparte cósmica de Sakyamuni (7). O mais intrigante, em relação ao termo, é a terminação Tzu, que, em princípio, poderia ser traduzida como “Venerável” ou “Sábio”. Não acreditamos que essa terminação possa ser aplicada à divindade, uma

vez que, normalmente, designa seres humanos. Além disso, há que se considerar o contexto da placa: em um elemento iconográfico quase que exclusivamente confucionista (à exceção dos elementos Ta Mo e Sao Lin, relacionados a uma existência temporal), a

presença de uma figura budista altamente esotérica parece incongruente.

(8) – “Zhang Xian” – Genro de Yue Fei (14), se manteve leal a ele. Acabou preso, executado e sepultado junto com o sogro e com o cunhado, Yue Yun (8).

(9) – “Yue Yun” – A referência, nesses ideogramas, é a um indivíduo, mais propriamente a Yue Yun, filho mais velho de Yue Fei (14). Yue Yun viveu na passagem entre o período das chamadas “Cinco Dinastias e Dez Reinos” e a Dinastia Song (960 – 1279). As cinco

dinastias foram Liang Posterior (907 – 923), Tang Posterior (923 – 936), Jin Posterior (936 – 946), Han Posterior (947 – 950) e Zhou Posterior (950 – 960); os dez reinos foram Wu (902 - 937), Shu Inicial (907 - 925), Wu Yue (908 - 978), Min (909 - 946), Tang do Sul

(937 - 975), Chu (927 - 951), Han do Sul (917 - 971), Nan Ping (925 - 963), Shu Tardio (934 - 965) e Han do Norte (951 - 979). A época, que sucedeu à Dinastia Tang (9), e

antecedeu à Dinastia Song, foi de violentos confrontos pelo poder. Por volta de 1130, as tropas da Casa de Song, lideradas pelo general Yue Fei, haviam imposto sérias derrotas ao reino de Jin e estavam prestes a dominar a cidade de Kaifeng. Por instigação de um

traidor chamado Qin Hui, o imperador Gao Zong foi convencido de que deveria abandonar o combate e adotar uma estratégia de paz e alianças. Por conta disso, Yue

Yun, Yue Fei e Zhang Xian (9, 14 e 8) foram chamados a Nanjing, onde acabaram presos. Foram executados em 1141 (10) (veja foto abaixo) (11).

Tumbas de Yue Yun, Yue Fei e Zhang Xian em Zhejiang

(10) – “Genealogia Shaolin” (12) – A finalidade do texto central da placa do Shaolin do Norte é indicar a origem do estilo praticado. Tanto, que os dois primeiros ideogramas (leitura de cima para baixo) são Sao e Lin – Shaolin. A coluna ainda relaciona os nomes de Ta Mo (Bodhidharma) (13) como fundador da arte marcial e, também, o de Yue Fei/Yue Wei (14).

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(11) – “Sao Lin” (Shaolin) – “Bosque [do Pico] Shao ”, nome do mosteiro construído por volta de 495 na cadeia de montanhas Song (Songshan), em Henan (14).

(12) – “Fundador” – Os dois ideogramas identificam Ta Mo (ver item 13) como fundador da marcialidade em Shaolin.

(13) – “Ta Mo (Bodhidharma)” – Considerado o patriarca do Zen Budismo, Bodhidharma teria chegado à China no início do século VI. Ele teria vivido no mosteiro de Shaolin por

sete anos, entre 520 e 527. Segundo a tradição das artes marciais, ele teria ensinado aos monges uma série de técnicas respiratórias que estariam na base do estilo de luta

originário do templo (15).

(14) – “Yue Fei/Yue Wan” – Como observado no item 9, Yue Fei foi um general da Dinastia Song. Ainda sobre este personagem, vale observar que ele foi alçado à condição de divindade pela religiosidade popular. Herói nacional, passou a ser reverenciado como

padroeiro dos exércitos e, no norte da China durante a primeira metade do século XX, como “Deus da Guerra”. Em tempos recentes passou, também, a ser a divindade tutelar

de mercadores e lojistas (em Beijing, ainda hoje os lojistas chacoalham seus ábacos pela manhã para homenagear Yue Fei) (16).

Como podemos observar, o conteúdo da placa remete valores referências históricos-geográficos budistas. Os personagens que aparecem imortalizados estão relacionados ao confucionismo pois são considerados homens/heróis de guerra que seguiram seus ensinamentos ao longo da tradição Chinesa.

Outra corrente filosófica muito conhecida e importante religiosamente é o Taoismo. Elementos iconográficos encontrados nos uniformes adotados pelas academias. brasileiras de Shaolin do norte por exemplo.

Lho Hã

O termo é formado pelos ideogramas Lho e Hã (六合), que podem ser traduzidos,

respectivamente, por "seis" e "união" ou "harmonia". De acordo com o médico acupunturista Pan Yi Bo, a idéia de "União dos Seis" - ou de "Seis Harmonias" - está vinculada a conceitos

chineses que envolvem energia (Chi) e, por conseqüência, uma dinâmica universal. O ano possui dois pares de estações Yin (Inverno e Outono) e dois pares de estações Yang (Verão e Primavera). Segundo a concepção chinesa, elas se opõem; mais do que isso, cada uma das

estações carrega, em si, três momentos energéticos, de elevação, plenitude e declínio. As seis harmonias seriam dadas pelas inter-relações entre os seis momentos das estações que se

opõem. O mesmo vale, necessariamente, para a própria dinâmica das polaridades: algo cresce (elevação), chega a plenitude (plenitude) e declina (declínio), dando origem à inversão polar que

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segue o mesmo caminho. (APOLLONI, 2004 P.139)

Dragão

No pensamento chinês, o dragão (龍 ou Lung) é associado à polaridade masculina Yang e sua

contraparte feminina, Yin, à fênix; em muitas representações, porém, essa contraparte feminina é representada na forma de uma pérola. No caso da camiseta do Sistema Sino-Brasileiro, o

dragão abraça um conjunto de Pa Kua/Tai-Chi(APOLLONI, 2004 P.139)

Na China tanto os estilos internos quanto externos fazem parte do conteúdo escola desde 1975, visando muitas mais ao autoconhecimento e à saúde do que à aplicação técnica. Para que isso se efetivasse, os movimento de difícil execução foram suprimidos, colocando a pratica ao alcance de todos.

Quando as competições de Kung-Fu, atualmente há duas modalidade, básicas, combates e formas. Nos combates, as regras similares às do Boxe, com confronto entre dois atletas e vitória por pontos ou nocaute. Essa categoria existe conta com vários seguidores.

A competição de “formas” tem regras muito similares às de ginástica artística e da ginástica rítmica desportiva. O atleta entra na quadra, demonstra sua rotina, reverencia os árbitros e somente então está efetivamente terminada sua participação. As forma por sua vez dividem-se em duas categorias “tradicionais” e “olímpicas”.

Nas forma “tradicionais”, os participantes apresentam rotinas do estilo que praticam ( como serpente, macaco, o bêbado, o louva-a-deus, o tigre e a garça). Dentro dessa modalidade há a categoria “luta combinada”, quando os praticantes (duplas ou grupos) apresentam a simulação de luta, demonstrando a aplicação das técnicas contidas nas formas. Adequação da técnica nos manuseios e na execução de movimentos de espadas, punhais, bastões e lanças, equilíbrio, precisão e espírito, (energia do atleta no momento em que exibe sua sequência. Expressão e ética (postura do atleta diante da comissão julgadora e dos demais atletas antes e durante a competição.) Vestimenta (principalmente em relação a ordem, à limpeza e à coerência – trajes típicos do Kung-Fu). São alguns itens que definem a pontuação do competidor.

A segunda principal categoria são as “Formas Olímpicas”, é constituída de rotinas não tradicionais. São aquelas que tem coreografias compostas de movimentos extraídos, de diferentes formas de Kung-Fu, unidos numa só sequência. No caso de arte marcial Chinesa tradicional torna-se um esporte olímpico, estas formas seriam as sequências, compulsórias de movimentos nas competições, Os competidores apresentariam a mesma rotina, saindo o vencedor aquele que executasse a melhor perfeição. Os estilos internos t’ai chi chuan e hsin-i,

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pa kua fazem parte das competições nas categorias “formas internas tradicionais” e “olímpicas”.

5.2. - ALGUNS ESTILOS DE COMBATES DO KUNG-FU35

Shaolin Sul (Choy Li Fat ou càilǐfó quán 蔡李佛拳) – Ao contrariado estilo do Norte,

utiliza mais braços em movimentos curtos e fortes. Além dos socos usa as mãos em posição de guarda imitando a pata de um tigre.

Figura 13 – Estilo Shaolin do Sul

Louva a Deus (Ton Long ou tángláng 螳螂 ) – Utiliza a mão em forma de ganchos,

bastante eficiente para chaves de braços e a decorrente imobilização do oponente. Há vários estilos de Ton Long: O estilo ensinado na escola Shaolin pelo Mestre Chan Kwok Wai é o Louva a Deus sete estrelas.

Figura 14 – Estilo Shaolin do Sul

Luo Han (luóhàn 罗汉) – É uma variante do sistema Shaolin, caracterizado por pulos e

desvios rápidos.

35 Informações preservadas e autorizadas através da Associação Cultural e Desportiva Shaolin Chan Kung-Fu do Estado de São Paulo.

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Sistema Interno (Nèijiā 內家 ) – Caracterizado pelos movimentos circulares e suaves,

sem a aparente utilização da força física e sim dos fluxos e canais energéticos (qì 气).

Tai Chi Chuan (tàijíquán 太极拳) – São movimentos lentos e circulares envolvendo as

mãos, os braços, o ombro, a cintura e as pernas; o corpo todo em sincronização sem limites. Visa combater a instabilidade gerada pela força bruta e atingir um equilíbrio físico e mental. Hoje é praticado como terapia devido aos seus benefícios a saúde.

Figura 15 – Tai Chi Chuan

Pa Qua (bāguà 八卦 ) – Ao contrario do Tai Chi, este estilo possui passos rápidos e

posições que facilitam a mobilidade, os golpes são executados com as mãos em forma de pata. É feito em círculo com passos determinados, geralmente em número de 8 e é baseado nos diagramas do I Ching (yìjīng 易经).

Xingyiquan (xíng yì quán 形意拳) – É um estilo que se baseia tanto nas formas internas

como externas. Sua defesa é executada desviando a força do oponente, fazendo-o desequilibrar-se e completando a seqüência com golpes de mãos fechadas ou chutes.

O aluno deve seguir o estilo principal que é o Shaolin Norte e conhecer vários outros estilos através de Kati(s), tanto de mãos como de armas. Cada estilo possui vários tipos de armas que podem variar de um simples bastão a complicada corrente. Todas as armas servem como prolongamento dos braços e dos movimentos e, além disso, são essenciais no desenvolvimento motor, principalmente da coordenação. Sua pratica constante caracteriza-se por ser um excelente exercício de modelação do corpo, constituindo ótimos resultados.

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5.3. ARMAS NO SISTEMA SHAOLIN DO NORTE

Com um passado marcial riquíssmo, a China acabou por desenvolver ou importar centenas de tipos de armas. Muitas são conhecidas de quem pratica Kung-Fu, outras não. Abaixo, você confere a descrição de algumas armas que estão entre as mais comuns na prática marcial chinesa Apesar de representadas em tamanho reduzido, as armas estão em escala aproximada nentre si.

Normalmente, as armas chinesas são classificadas em "longas", "médias", "curtas", "articuladas" e "de arremesso". Há, porém, outras classificações, que levam em conta, por exemplo, a classe social de origem da arma.

- Bastão (gùnzi 棍子): É à base das armas longas e quase sempre a primeira que o praticante

aprende. Existem vários Kati(s) para esta arma cujos efeitos são mortais.

- Facão (dāndāo 单刀 ): Presente em quase todos os estilos de Kung-Fu, geralmente as

técnicas se caracterizam simples, porém extremamente eficientes na conclusão dos golpes.

- Espada (jiàn 剑): Seu uso exige grande habilidade, pois se trata de uma arma leve que nunca

deve chocar-se direto com a arma adversária. Sendo duplamente cortante, requisita do aluno reflexos rápidos, “atenção” e estabilidade na movimentação.

- Punhais (bǐshǒu 匕首): Eram utilizados nas lutas corporais. É perigoso até para quem o usa,

podendo se não houver o devido cuidado, acarretar em ferimentos decorrentes de sua utilização. Hoje faz parte dos treinos por se tratar de uma arma tradicional.

- Armas Longas (chángqiāng 长枪): Lança (qiāng 枪), facão punho longo (dàdāo 大刀), Kuan

Tão (guāndāo 关刀 ou yǎnyuèdāo 偃月刀), tridente (pá 扒), vara de pescador diàoyú gùn 釣魚棍 eram habitualmente usados a cavalo. São capazes de desenvolver a coordenação de um

praticante entre os braços e o restante do corpo.

- Bastões Bi–articulados (shuāng jiǎo jiē gǎn 双铰接杆): Uma parte longa e a outra curta,

bastante eficiente, pois a ponta articulada exerce a função de uma corrente.

- Bastões Tri–articulados (sānjiégùn 三节棍 ): Considerado como a mais difícil de manejar

entre as armas longas. Possui ao mesmo tempo as características de bastão, corrente e bastão curto, sendo ensinados apenas para alunos mais experientes.

- Ganchos (gōu 钩): Conhecido como o rei das armas, possui corte e pontas em toda a sua

extremidade, exceto o lugar por onde é segurado. É capaz de fazer frente, em combate, a qualquer arma. Seus movimentos são adaptados para desarmar o adversário.

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- Corrente (jiǔ jié biān 九节鞭 ): Uma das armas mais difíceis de ser manejada, muito útil,

eficaz e exige anos de prática para um bom e total aperfeiçoamento.

- Nunchaku: (shuāngjiégùn 双截棍 ) Uma arma muito eficiente e, que se tornou bastante

conhecida, por ser difundida

Lança (Qiang) - Arma longa, perfurante e contundente, de uso militar. Produzida normalmente em madeira ou bambu, com uma extremidade dotada de uma ponta em metal ou

pedra. A ponta podia ser produzida por um corte longitudinal na extremidade do bastão. Essa extremidade era endurecido no fogo. Por sua enorme longevidade na

cultura chinesa, é conhecida como a "Rainha das Armas".

Bastão (Gun) - Arma longa produzida com madeira, bambu ou ferro. Contundente e, em determinadas

técnicas, perfurante. Arma de uso universal, é normalmente associada aos monges budistas chineses

(em especial, os de Shaolin) a partir do kakkara, um bastão comum a esses religiosos.

Alabarda (Kwan Tao) - Arma longa, pesada, produzida em madeira com partes metálicas (lâmina e bulbo) em

ferro, bronze ou aço. Contundente, perfurante e cortante. Associada ao guerreiro divinizado Kwan Kung.

Facão (Dao ou Tou) - Arma média, produzida em pedra, bronze, ferro ou aço, com empunhadura em madeira ou

metal e lenços para efeito psicológico/limpeza de restos de sangue. Associada aos militares e, como ferramenta de

trabalho, ao capesinato.Espada (Jing) - Arma média, perfurante e cortante.

Produzida em pedra, bronze, ferro e aço, com barbelas (fios de tecido presas à empunhadura). Associada à mitologia. O tipo mais conhecido possui duplo fio e

empunhadura para uma mãoBastão bi-articulado (San-Tie-Gun) - Arma longa e articulada. Produzida normalmente em madeira, com

partes de ligação (correntes) em metal. Arma de origem utilitária - peças semelhantes eram utilizadas na China para a separação de grãos das hastes dos cereais - foi adaptada para uso marcial. Acredita-se que tenha sido

usada contra inimigos protegidos por escudos.

Corrente (Ji Bian) - Arma articulada, produzida em metal. Consiste, essencialmente, de um conjunto de cadeias

unidas (corrente) dotado de pesos nas extremidades. As técnicas incluem giros longos, arremesos e defesas amplas - sua principal característica ofensiva é a de enrolamento de partes do corpo do adversário com a

produção de múltiplas lesões.

Bengala - Arma média e especial, de origem utilitária. Contundente e, em casos especiais,

perfurante e contundente. Produzida em madeira e,

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em alguns casos, acrescida de uma lâmina curta, oculta. Arma associadas aos idosos, bandidos e

boêmios.

Aros ou Argolas (Quan ou Lun) - Arma dupla, especial, cortante. Os aros mais simples são os

acima representados, mas são conhecidas peças dotadas de ganchos e crescentes.

Punhal (Bi Shou) - Arma curta, perfurante e cortante. Produzida em pedra, bronze, ferro e aço. Por seu caráter de arma "oculta", foi associada a

boêmios e bandidos.

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5.4 . REGULAMENTOS

SISTEMA SHAOLIN DO NORTE KUNG-FU – Wushu (系统北少林功夫 - 武术)

Como escrever de 1 a 10 em chinês:1.............…… yī…................ 一2.................… èr…....…....... 二3.................… sān……......... 三4..................... sì………........ 四5.................… wǔ…….......... 五6..................... liù................... 六7..................... qī.................... 七8..................... bā................... 八9..................... jiǔ. ................. 九10................... shí................... 十As cinco primeiras posturas básicas do Kung-Fu Shao Lin:1 – Mǎ Bù 马步2 – Gōng Bù 弓步3 – Xū Bù 虚步4 – Xiē Bù 歇步5 – Pū Bù 仆步Lì Zhēng 立正 ou Yùbèi 预备 = Sentido, Prepare

Bào Quán Lǐ 抱拳礼 = Saldação da Palma e do Punho

Jūgōng 鞠躬 – Curvar-se

Shao (少) = Jovem / Lin (林) = Floresta

Seis princípios básicos para o ShaoLin Kung-Fu:

1. Seja hábil; os movimentos devem ser variados e flexíveis, nunca telegrafados.2. Seja discreto; derrote seu oponente utilizando-se de sua própria força.3. Seja corajoso; ataque sem hesitação toda vez que houver oportunidade.4. Seja rápido; o oponente pode ver suas mãos, mas não seu soco.5. Seja impetuoso; golpeie os pontos vitais.6. Seja prático; todos os movimentos possuem um fim estratégico.

Dificuldades a serem vencidas:

1. A surpresa;2. A indecisão;3. A duvida;4. O medo.

Virtudes a serem adquiridas:

1. Cortesia: respeito dentro e fora da academia para com os mestres,professores, adversários e em todo relacionamento do dia a dia.2. Domínio de si mesmo: calma em qualquer circunstância e contra qualquer

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adversário.3. Honradez: respeitar os seus princípios.4. Saúde espiritual: harmonia do corpo e do espírito.5. Perseverança: ser determinado em seus objetivos.6. Humildade: simplicidade na maneira de ser e de agir.

RESPEITO / HIERARQUIA36

1. Cumprimentar professores, instrutores, auxiliares e todos os alunos presentes na forma tradicional.2. É proibido falar palavras de baixo calão (palavrões), isso mostra sua educação ou falta dela.3. Acatar e respeitar as ordens dos instrutores e auxiliares.4. Cruzar as pernas ao sentar no ambiente de treino.5. Participar o professor ou instrutor ao entrar ou sair da sala de treino.6. Respeitar superiores e subordinados dentro das graduações do estilo.7. É proibido treinar com uniforme incompleto, sujo, mal cheiroso ou ainda rasgado.8. Não chegar atrasado ao treino. Seja pontual.9. É proibido fumar no ambiente da Academia.10. Não treinar com unhas compridas, anéis, correntes ou objetos cortantes, nem mascar chicletes ou balas durante os treinos.11. Não fazer lutas sem a presença do professor ou instrutor.12. Não atrase o pagamento da mensalidade, pois ela é apenas uma modesta contribuição daquilo que você esta aprendendo.13. Seja fiel ao seu professor e ao seu estilo, pois agora você faz parte da família Shaolin Kung-Fu.14.É proibida a permanência de alunos na secretaria, sem justa causa, tendo em vista facilitar o atendimento aos visitantes.15. Não tocar nas armas nem treinar com as mesmas sem permissão.16. Não pedir matéria para professor e instrutor, pois eles sabem a hora e quantidade certa de ensinar, seja paciente.

36 Apostila básica para praticantes do estilo Shaolin Chain Kung-Fu / Professor Filho, Paulo Di Nizo.

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5.5 PEDAGOGIA DA ARTE MARCIAL

CONTEÚDO TEÓRICO FILOSÓFICOCONTEÚDO

PRÁTICO “NÃO CORPORAL”

BUDISMO CONFUCIONISMO TAOÍSMO EXPLICAÇÃO

Hierarquia Marcial

Sabedoria / Visão de

pensamentos Corretos

Compreensão entre Anciãos e Jovens /

Modelo de conduta / Família

Humilhação ( No sentido de

humildade)

O respeito à hierarquia

marcial funciona como em uma

família: respeito ao mais velhos

e aos praticantes com mais tempo na

prática.

Defesa PessoalÉtica e

Moralidade / Ação correta

Servir a ao Mundo / Honradez /

Conhecimento correto / Equidade

Não ação / Moderação / Condenação às armas e a

Guerra / Compaixão

A arte marcial só deve ser

utilizada para o bem ou em

casos extremos, como para

defesa pessoal.

Valores Marciais- Disciplina- Respeito- Cortesia- Coragem

- Perseverança

Caminho Octuplo

Modelo de Conduta /

Conhecimento correto

Moderação

O praticante deve adestrar-se no caminho marcial para

transforma-se em um indivíduo

melhor.

Auto-Conhecimento

Caminho Octuplo

IntegridadeLeis da

Natureza / Yin Yang

O objetivo não é conhecer técnicas

marciais para derrotar o

adversário, mas para derrotar o

“falso eu”.

Equilíbrio: Corpo, Mente e

EspíritoMeditação Integridade

Tao: equilíbrio universal / Yin

Yang

Não adianta apenas possuir

o corpo fisicamente bem

preparado. O objetivo maior a

formação de homem integral.

A última etapa do processo de formação pela arte marcial chinesa localizamos na figura do professor ou mestre de Kung-Fu. É na imagem que este transmite aos praticantes encontram o modelo de conduta ou modelo de indivíduo que devem perseguir para transformar-se em artistas márcias. Esta é uma etapa muito importante pois cada um terá um familiaridade do seu professor. Exaltando as características mais importantes.

A tabela acima tem a intenção de explicação da relação existente entre os conteúdos não corporais baseados nas afirmações de (CURITIBA...2006).

“Desta forma, os conteúdos são intuídos por Alunos e Professores que muitas vezes buscam subsídios em fontes teóricas do conhecimento popular. Estas fontes ocupam o campo

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de representação e da auto representação. Respectivamente como o não praticante e o praticante concebem o Kung-Fu” (Apolloni, op. cit p. 89)

Os professores procuram incutir em seus alunos valores éticos e morais, através da transmissão oral dos conteúdos filosóficos marciais (Budismo, confucionismo e Taoísmo).

Será no campo da autotransformação que vamos nos interferir pois acontece a etapa do processo de formação humano.

6. “ DUAS MANEIRAS DE ENCARAR ARTE MARCIAL NA EDUCAÇÃO”

ENXERGANDO OS LIMITES VISLUMBRANDO AS POSSIBILIDADES

Não há muitos profissionais da educação motora com formação em artes marciais.

É preciso que os profissionais da Educação motora tenham formação em artes marciais.

Não há muitos profissionais das artes marciais com formação em educação

motora.

É preciso que profissionais das artes marciais tenham formação em educação motora.

Não há muitas pesquisas sobre artes marciais adaptadas e pessoas portadoras

de deficiências.

É preciso desenvolver pesquisas sobre artes marciais adaptadas e pessoas portadoras de

deficiência.

Não há propostas de utilização das artes márcias na psicopedagogia, como auxiliar no atendimento de grupos de alunos com

dificuldades de aprendizagem.

Urgem propostas de utilização das artes marciais na Psicopedagogia, como auxiliar no

atendimento de grupos de alunos com dificuldades de aprendizagem.

Poucas experiências foram feiras sobre as artes marciais nos cursos de formação de

professores.

Muitas experiências precisam ser feitas sobre as artes marciais nos cursos de formação de

professores.

Não há trabalhos suficientes sobre as contribuições das artes márcias para o

desenvolvimento da capacidade de concentração dos alunos com déficit de

atenção

Inúmeros trabalhos devem ser feitos sobre as contribuições das artes marciais para o

desenvolvimento da capacidade de concentração dos alunos com déficit de

atenção.

São pouquíssimas as propostas de metodologia de ensino das artes marciais

direcionada para o público ocidental

Devem ser estimuladas as propostas de metodologia de ensino das artes márcias

direcionada par ao público ocidental

São irrelevantes, para o Brasil, os estudo sobre artes marciais de tradição oriental,

porque nossa cultura é ocidental.

São relevantes, para o Brasil, os estudos sobre artes márcias de tradição oriental,

justamente porque nossa cultura é ocidental.

São restritas as possibilidades de introdução da arte marcial na educação,

porque faltam pesquisas científicas nesse

São imensas as possibilidades de introdução da arte marcial na educação, porque

precisamos de mais pesquisas científicas

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sentido. nesse ramo.

6.1 SEQUÊNCIA DE EXERCÍCIOS BÁSICOS DO KUNG-FU PARA APRESENTAR EM UMA ESCOLA OU COMUNIDADE.

Os exercícios a seguir fazem parte de um material de apoio aos treinamentos ,entregue aos alunos experimental. As explicações (ao lado de cada figura) destinadas aqueles que já estavam familiarizados com os exercícios e aos nomes de cada posição foram mantidas em sua redação original

A) Exercícios de aquecimento – rotação das articulações.

1. Sentados, perna direita flexionadas é esquerda estendida. Flexionar e estender os dedos do pé esquerdo (dez vezes). Repetir o

exercício com o pé direito.

2. Apoiar o tornozelo esquerdo sobre a coxa direita.Com as mãos girar o pé esquerdo em

sentido horário (dez vezes) e anti-horário (dez vezes). Repetir com o pé direito.

3. Cruzar as pernas e ficar em pé, sem apoiar as mãos ao chão.

4. Posição de sentido (punhos fechados na altura da cintura, forçando um

cotovelo em direção ao outro , nas costas). Erguer a perna direita

mantendo o joelho o mais elevado possível. Girar

a perna, do joelho para baixo, em sentido horário (dez vezes) e anti-horário (dez vezes). Repetir o exercícios com a perna esquerda.

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5. Perna e braços afastados, em posição de crucifixo. Girar o braço direito em

sentido horário (dez vezes), passando pelo alto da cabeça, indo para o lado esquerdo, passando rente ao chão e

voltando novamente para a posição de crucifixo. Repetir o exercício em sentido anti-horário (dez vezes).

Lembrete: os braços ficam sempre em linha reta.

6. Posição de crucifixo. Girar os ombros para frente (dez vezes) e para trás

(dez vezes).

7. Girar os braços para frente (dez vezes) e para trás (dez vezes

8. Braços estendidos á frente do tronco. Girar os pulsos para dentro (dez vezes) e para fora (dez vezes).

9. Braços estendidos á frente do tronco. Abrir e fechar as mãos rapidamente , como se os dedos explodissem para

fora (dez vezes).

10. Girar a cabeça em sentido horário (dez vezes) e anti-horário (dez vezes)

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B) San Sin (Três Estelas) – Exercícios tradicionais do Kung Fu – Estilo da Serpente.

1. Posição de sentido. Mapu (cavalo). Arco positivo (ou arco e flecha) voltado para a esquerda. Alternar os

braços acima da cabeça: direito, esquerdo e direito . Virar para direita e alternar os braços: esquerdo,

direito e esquerdo. Repetir o exercício completo(6 vezes).

2. Sentido. Mapu Arco positivo voltado para esquerda. Pontas dos dedos unidas e punho totalmente

flexionado. Braço direito estendido acima da cabeça e braço esquerdo abaixo, ao longo do corpo. Forçar os braços para trás (três vezes). Segurar o pé esquerdo na mão direita, olhando para cima. Voltar a posição anterior e forçar os braços mais uma vez para trás. Virar para esquerda e repetir a sequência completa

(seis vezes).

3. Sentido.Mapu (forçar três vezes para baixo). Arco positivo voltado para esquerda (forcar três vezes para baixo). Recuar a postura para o arco negativo, ainda

voltado para esquerda (forçar trezes vezes para baixo) .Voltar a posição de Mapu e repetir a sequência para o

lado direito. Repetir completo (seis vezes).

4. Sentido.Mapu.Flexionar totalmente a perna esquerda e estender a direita. Sola do pé inteira no chão. Mão esquerda na linha da cintura, com a palma da mão para cima. Mão direita apontando para o pé direito,

com a palma para baixo (forçar três vezes para baixo). Continuar com a perna esquerda flexionada, indo para o arco positivo para a esquerda e braços estendidos para cima da cabeça, forçando para trás(três vezes). Voltar em Mapu e repetir o movimento para o outro

lado ( repetir a sequência completa (seis vezes).

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B) San Sin (Três Estelas) – Exercícios tradicionais do Kung Fu – Estilo da Serpente. – PARTE II

5. Sentido.Estender a perna direita á frente do tronco. Gira lá pra trás, olhando para a planta do pé direito, por cima do ombro esquerdo. Voltar a perna estendida para a frente do tronco e unir novamente os pés. Fazer o mesmo movimento

com a perna esquerda. Repetir a mesma sequência completa (seis vezes).

6. Pernas e braços afastados, em crucifixo. Mão direita protegendo a axila esquerda, com a palma

da mão voltada para fora. Braço esquerdo estendido acima da cabeça. Flexionar a perna

esquerda e estender a direita, voltado a ponta do pé para cima. Descer o tronco á direita, tentando

tocar a mão esquerda no pé direito. Fazer o mesmo movimento para o outro lado e repetir a

sequência completa (seis vezes).

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7. AUTENTICIDADE DO KUNG-FU.

Uma estrutura muscula bem tonificada37. O treino do Kung-Fu ativa o metabolismo do seu corpo que faz você queimar as calorias e as gordurinhas indesejadas. Com apenas alguns meses de treinamento você já se sentirá muito mais flexível, leve e sua silhueta estará visivelmente mais definida. Além de tonificar os músculos do seu corpo todo, o Kung-Fu também é eficaz em fortalecer o seu sistema imunológico, tornando-o menos suscetível às doenças.  

Maior flexibilidade. Com o treino regular seu corpo se tornará mais flexível e condicionado.  

Aumento da força e agilidade. O treino regular ajuda a aumentar a resistência e faz seu corpo ficar em ótima forma. Conforme seu corpo estiver em exposição às intensas rotinas de exercício físico, seu corpo se tornará mais forte e mais resistente através do tempo.  

Maior coordenação física e mental. O treino constante habilita sua mente e corpo a se conectarem instantaneamente e eficientemente enquanto você treina a defesa contra os ataques desferidos do seu parceiro de treino. Esse tipo de treino também aumenta significativamente seu tempo de resposta.  

Menor tempo de resposta e maior foco. O Kung-Fu envolve muita estratégia nas suas lutas, então sua mente também será treinada para desenvolver novas táticas para ajuda-lo a atacar e defender-se do seu oponente.  

Valores morais e disciplina. O Kung-Fu é realmente uma atividade que envolve muitas filosofias, então você irá aprender como controlar-se e como respeitar seus semelhantes mesmo quando eles são seus oponentes.  

Expande e fortalece os laços sociais. O treino regular trará a você a oportunidade de conhecer novas pessoas e de socializar com diferentes tipos de gente. Essa também é uma ótima forma de aumentar sua confiança e autoestima.

37 Dicas: Escola Shen Zhen de Artes Marciais Shen Zhen Tao, Wing Chun, Sanshou, Tai Chi e Defesa Pessoal.Av. Brasil, 3080, 1º Andar, sala 14 Tel. : (44) 3034-6762

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8. CONCLUSÃO

Durante toda esta pesquisa, diversas informações de naturezas foram apresentadas, interpretadas e estudadas, para tentar correlacionar os ensinamentos das antigas filosofias orientais com o cotidiano dos praticantes de Kung-Fu.

De forma clara e objetiva, foi possível observar que os referidos ensinamentos realmente ajudaram a combater emoções alimentadas pelo ego humano (raiva, frustração, ira, mágoa, ciúme, dentre outros).

Em apenas 40 anos, o Brasil assimilou cinco séculos de arte marcial organizada em estilos e pelo menos 35 séculos de movimentações guerreiras chinesas.

Descobrimos também que a mídia é a principal motivadora do ingresso dos alunos no Kung-Fu nesta pesquisa, fazendo uso do Kung-Fu com uma face massiva de humor (desenhos animados e filmes cômicos) ou de poder de autodefesa (filmes de ação).

O Kung-Fu brasileiro – visto em sua totalidade ou, especificamente, em relação ao estilo Shaolin do Norte – foi formado a partir da fusão de valores tradicionais chineses (a arte marcial chinesa como produto nacional) e de valores transculturais (a arte marcial chinesa como produto não adstrito às fronteiras nacionais). Enquanto os elementos corporais (no caso do Shaolin do Norte) foram plasmados a partir de informações tradicionais chinesas, os de natureza não-corporal receberam sua principal influência da senda transcultural, calcada, sobretudo, em produtos da indústria do entretenimento e em leituras locais do Kung-Fu. Nesse contexto, a tradição oral é tomada com respeito, mas complementada por informações de várias fontes. Assim, a primeira hipótese geral se confirma, uma vez que, de fato, o subuniverso semântico de natureza não-corporal do Kung-Fu é moderno e de fulcro transcultural.

Por fim, acreditamos na contribuição que a arte marcial chinesa, ou seja, o Kung-Fu pode propiciar a formação humana do praticante. São valores éticos e morais que podem ser transplantados para a nossa vida cotidiana e nortear o nosso modelo de conduta perante a sociedade. Estes valores podem ser aplicados na nossa relação com o outro, com o mundo e na relação que travamos com nós mesmos. Isto seria a formação humana pelo Kung-Fu – conduzir a vida com maestria.

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Foto do buda

<http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/imagens/budismo/buda.jpg> acessado em 8/9/2012 - às 15:08

Foto de Taoismo

<http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/orientalismo_taoismo.htm> acessado em 8/9/2012 - às 15:14

Foto do Confuicionismo - Confucius Statue at the Confucius Temple.jpg

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Confucius_Statue_at_the_Confucius_Temple.jpg acessado em 8/9/2012 - às 15:18

foto estilo Shaolin do Sul

<http://kungfushaolindosul.blogspot.com.br/p/contato.html> acessado em 8/9/2012 - às 15:18

Foto Tai chi chuan

<http://www.casadasoficinas.com.br/cursos_yoga.html> acessaso em 8/9/2012 - às 21:23

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