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Kung Fu Kung Fu Estudos Avançados Volume 12 - Edição Especial Centro Filosófico do Kung Fu – Internacional 1983 www.centrofilosoficodokungfu.com.br

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Kung FuKung FuEstudos Avançados

Volume 12 - Edição Especial

Centro Filosófico do Kung Fu – Internacional1983

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© Centro Filosófico do Kung Fu - Internacional

“Se atravessarmos a vida convencidos de que a nossa é a única maneira de pensar que

existe, vamos acabar perdendo todas as oportunidades que surgem a cada dia”

(Akio Mor i ta)

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EDITORIAL

Esta publ icação é o 12° volume da coletânea de textos e provérbios

publicados na home-page do Centro Fi losófico do Kung Fu - Internacional , que

visa a orientação e o aprimoramento cultural dos art istas marciais.

É muito interessante para o leitor divulgá-la no meio das artes marciais;

pois estará contribuindo para a formação de uma classe de art istas e praticantes

de melhor nível que, com certeza, nosso meio estará se enriquecendo.

Bom trabalho !

Um abraço !

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SUMÁRIO

CENTRO FILOSÓFICO DO KUNG FU - INTERNACIONAL .................................................................5

ENSINANDO SEM VIOLÊNCIA.................................................................................................................... 7

LUZ DA SABEDORIA PARA TODOS..........................................................................................................9

QUANDO ALCANÇAMOS A SABEDORIA?............................................................................................11

DISCORDANDO DE NÓS............................................................................................................................ 13

NEM TUDO É MUITO SIMPLES COMO VEMOS..................................................................................15

RETRIBUIÇÃO................................................................................................................................................ 18

SEMENTES DE SABEDORIA..................................................................................................................... 21

O VALOR DO TEMPO.................................................................................................................................. 24

TUDO É GRANDE.......................................................................................................................................... 26

IMPEDIMENTOS............................................................................................................................................ 28

SEMPRE EM MOVIMENTO......................................................................................................................... 30

SER DE VERDADE....................................................................................................................................... 32

OPINIÕES DIFERENTES............................................................................................................................ 34

VIDA OU MORTE........................................................................................................................................... 37

POR QUE DEVEMOS REALIZAR..............................................................................................................39

NÃO SOMENTE O QUE VEMOS...............................................................................................................41

MAIS SOBRE OS ESTILOS........................................................................................................................ 43

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CENTRO FILOSÓFICO DO KUNG FU - INTERNACIONAL

O CENTRO FILOSÓFICO DO KUNG FU - Internacional possui uma coletânea de

informações, minuciosamente elaboradas, que revive o grande espíri to das artes

marciais e que agora está à sua disposição.

Esta coletânea é atualizada com frequência, procurando manter os estudantes

das artes marciais sempre sintonizados com importantes informações sobre o seu

autoaperfeiçoamento. Ao mesmo tempo em que se exercitam, em busca de um

corpo mais bem preparado, têm aqui a oportunidade para exercitar sua mente e

seu espírito em busca do equi l íbrio, da renovação de conceitos e do crescimento

moral e intelectual.

Mas aí vem uma pergunta: Como poderemos nos aprimorar moral e

intelectualmente através de aposti las, textos e provérbios?

Confúcio, um dos mais conhecidos sábios chineses foi int i tulado, em sua época,

ha mais de 2.800 anos, como O SÁBIO DE MIL GERAÇÕES. Confúcio foi um dos

Mestres que pautaram a "história das artes marciais chinesas"; o tempo tratou de

sedimentar seus conhecimentos sobre a conduta moral dos indivíduos, que hoje

são respeitados mundialmente. Assim, o CENTRO FILOSÓFICO DO KUNG FU

INTERNACIONAL vem com a proposta de relembrar grandes conceitos e

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pensamentos, não só de Confúcio, mas também, de grandes sábios que já

passaram pela humanidade. Cabe a cada um de nós t irar ou não proveito para o

próprio crescimento.

Outra questão relevante é compreender qual a f inalidade suprema das artes

marciais. - No templo de Shaolin, por exemplo, cada encontro dos mestres com

outras pessoas era precedido da frase: "Que a paz de Buda esteja com você !" -

Qual o significado disso? Na verdade, a cultura das artes marciais sempre teve

sua maior batalha travada no próprio interior dos indivíduos, uma luta contínua

contra as próprias fraquezas e imperfeições. É praticamente impossível buscar

um aprimoramento pessoal, seja nas artes marciais, seja em outro esporte que

exija maior domínio, sem antes se melhorar como pessoa.

Ao contrário do que se deduz a arte de lutar é a arte da paz. O verdadeiro lutador

treina mil dias mesmo sabendo que poderá uti l izar seus conhecimentos em um

único dia; e talvez nunca uti l izá-los. Contudo, seu esforço maior é para o

autoaprimoramento, a melhoria de si mesmo e a consequente construção de um

mundo melhor. - Mesmo o guerreiro ama os dias de paz. Assim, nós não

poderíamos ter outro propósito, senão, o de contribuir para a construção de um

caminho de paz, harmonia, aprimoramento moral e contribuição para que o

homem seja sempre diferente a cada dia, sempre diferente para melhor. Que

uti l ize seus braços, suas pernas e, principalmente, sua visão, para alcançar as

alturas em benefício de seu próximo. - Pratique a arte marcial com um propósito;

um propósito de paz, de crescimento e de automelhoria. Um propósito realmente

elevado...

Que a paz esteja com você !

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ENSINANDO SEM VIOLÊNCIA

Discípulo: Observando na Humanidade a imensa quantidade de homens

maus, não se recomenda medidas drásticas em favor da disciplina e da ordem

Mestre?

Mestre: É a forma de comportamento que determina os resultados. - Atente

bem:

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

Discípulo: Como assim, Mestre?

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Mestre: Devemos sempre acrescentar algo de bom às situações em

desequilíbrio. - Isso equivale a dizer:

Sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição

benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Seja exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis

que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do

desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mestre de amanhã.

Alimenta a "boa parte" do teu irmão e segue para diante.

A vida converterá o mal em detritos e o Mestre Maior fará o resto.

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LUZ DA SABEDORIA PARA TODOS

Discípulo: A sabedoria é alcançada por todos Mestre?

Não há diferença entre homens bons e homens maus?

Mestre: Crês que há um só Deus: fazes bem. Também os demônios o creem,

e estremecem. - Essa advertência é de essencial importância no aviso

espiritual.

Esperar benefícios do Céu é atitude comum a todos. Adorar o Mestre Maior

pode ser trabalho de justos e injustos.

Admitir a existência do Governo Divino é traço dominante de todas as

criaturas.

Aceitar o Supremo Poder é próprio de bons e maus.

Discípulo: Então há diferença entre crer na Sabedoria Divina e fazer-lhe a

vontade, Mestre?

Mestre: A inteligência é atributo de todos. A cognição procede da experiência.

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O ser vivo evolve sempre e quem evolve aprende e conhece.

A diferenciação entre o gênio do mal e o gênio do bem permanece na

direção do conhecimento.

Discípulo: O que o senhor quer dizer, Mestre?

Mestre: O demônio, como símbolo de maldade, executa os próprios desejos,

muita vez desvairados e escuros.

O anjo identifica-se com os desígnios do Mestre Maior e cumpre-os onde se

encontra.

Recorda, pois, que não basta a escola religiosa a que te filias para que o

problema da felicidade pessoal alcance a solução desejada.

Adorar o Senhor, esperar e crer n’Ele são atitudes características de toda a

gente.

O único sinal que te revelará a condição mais nobre estará impresso na ação

que desenvolveres na vida, a fim de excetuar-lhes os desígnios, porque, em

verdade, não adianta muito ao aperfeiçoamento o ato de acreditar no bem que

virá e sim a diligência em praticar o bem, hoje, aqui e agora.

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QUANDO ALCANÇAMOS A SABEDORIA?

Discípulo: Quando alcançamos a sabedoria, Mestre, qual o nosso

comportamento?

Mestre: Em todas as atividades da vida, há quem alcance a maioridade natural

entre os seus parentes, companheiros ou contemporâneos.

Há quem se faz maior na experiência física, no conhecimento, na virtude ou

na competência.

De modo geral, contudo, aquele que se vê guindado a qualquer nível de

superioridade costuma valer-se da situação para esquecer seu débito para com

o espírito comum.

Discípulo: Como assim, Mestre?

Mestre: Muitas vezes quem atinge a maioridade financeira torna-se avarento,

quem encontra o destaque científico faz-se vaidoso e quem se vê na galeria do

poder abraça o orgulho vão.

A Lei da Vida, porém, não recomenda o exclusivismo e a separatividade.

Segundo os princípios divinos, todo progresso legítimo deve se converter em

bênçãos para a coletividade inteira.

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Discípulo: Mas não é difícil praticar isso, Mestre?

Mestre: A própria Natureza oferece lições sublimes nesse sentido:

Cresce a árvore para a frutificação.

Cresce a fonte para benefício do solo.

Se cresceste em experiência ou em elevação de qualquer espécie, lembra-te

da comunhão fraternal com todos.

O Sol, com seus raios de luz, não desampara a furna barrenta e não desdenha

o verme. Desenvolvimento é poder.

Repara como empregas as vantagens de que a tua existência foi

acrescentada.

O Espírito Mais Alto de quantos já se manifestaram na Terra aceitou o sacrifício

supremo, a fim de auxiliar a todos, sem impor condições.

Não te esqueças de que, segundo o Estatuto Divino, o "menor é abençoado

pelo maior".

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DISCORDANDO DE NÓS

Discípulo : Porque muitas pessoas discordam de nós, Mestre?

Mestre : Precisamos ser valorizados pelas nossas obras, e não pelas nossas

palavras.

Discípulo : Como assim, Mestre?

Mestre : Todos experimentamos a tendência de consagrar a maior estima apenas

àqueles que leiam a vida pela cart i lha dos nossos pontos de vista. Nosso

devotamento é sempre caloroso para quantos nos esposem os modos de ver, os

hábitos enraizados e os princípios sociais, todavia, nem sempre nossas

interpretações são as melhores, nossos costumes os mais nobres e nossas

diretrizes as mais elogiáveis.

Daí procede o imposit ivo de desintegração da concha do nosso egoísmo para

dedicarmos nossa amizade e respeito aos companheiros, não pela servidão

afetiva com que se l iguem ao nosso roteiro pessoal, mas pela fidel idade com que

se norteiam em favor do bem comum.

Discípulo : Então não podemos nos guiar pelas aparências, Mestre?

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Mestre : Se amamos alguém tão só pela beleza física, é provável encontremos

amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do monturo.

Se estimamos em algum amigo apenas a oratória bri lhante, é possível esteja ele

em afl i t iva mudez, dentro em breve.

Se nos consagramos a determinada criatura só porque nos obedeça cegamente,

é provável estejamos provocando a queda de outros nos mesmos erros em que

temos incidido tantas vezes.

Discípulo : O senhor quer dizer, então, que nós, com nosso egoísmo, podemos

nos prejudicar e também a nossos semelhantes, Mestre?

Mestre : É imprescindível aperfeiçoar nosso modo de ver e de sentir, a f im de

avançarmos no rumo da vida Superior.

Busquemos as criaturas, acima de tudo, pelas obras com que beneficiam o tempo

e o espaço em que nos movimentamos, porque, um dia, compreenderemos que o

melhor raramente é aquele que concorda conosco, mas é sempre aquele que

concorda com o Mestre Maior, colaborando com ele, na melhoria da vida, dentro

e fora de nós.

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NEM TUDO É MUITO SIMPLES COMO VEMOS

Discípulo : Muitas pessoas vêm tudo como muito simples, isso é correto Mestre?

Mestre : Não faças tu comum o que a Sabedoria Divina puri ficou.

Discípulo : Como assim, Mestre?

Mestre : Existem expressões de ensinamento que, à maneira de f lores a se

salientarem num ramo, devem ser retiradas do conjunto para que nos

deslumbremos ante o seu bri lho e perfume peculiares.

A voz subl ime da sabedoria abrange horizontes muito mais vastos que nossos

problemas individuais.

Discípulo : Então significa que não estamos vendo as coisas como elas são, ou

não estamos conseguindo aprender os ensinamentos, Mestre?

Mestre : O homem comum está rodeado de glórias na Terra, entretanto,

considera-se num campo de vulgaridades, incapaz de valorizar as riquezas que o

cercam.

Cego diante do espetáculo soberbo da vida que lhe emoldura o desenvolvimento,

tripudia sobre as preciosidades do mundo, sem meditar no paciente esforço dos

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séculos que a Sabedoria Infini ta uti l izou no aperfeiçoamento e na seleção dos

valores que o rodeiam.

Discípulo : Será que o homem não consegue perceber as riquezas do mundo,

Mestre?

Mestre : Será que conseguimos responder algumas destas questões?

Quantos milênios terá exigido a formação da rocha?

Quantos ingredientes se harmonizam na elaboração de um simples raio de

Sol?

Quantos óbices foram vencidos para que a flor se materializasse?

Quanto esforço custou a domesticação das árvores e dos .animais?

Quantos séculos terá empregado a paciência do céu na estruturação

complexa da máquina orgânica em que o espíri to encarnado se manifesta?

Discípulo : São questões que de difíci l resposta Mestre. Acredito que são mais

para reflexão, do que para explicação.

Mestre : A razão é luz gradativa, diante do sublime.

Não te esqueças de que o Mestre Maior te situou a experiência do dia a dia num

verdadeiro paraíso, onde a semente minúscula retribui na média do infinito por

um e onde águas e flores, solo e atmosfera te convidam a produzir, em favor da

multipl icação dos Tesouros Eternos.

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Cada dia, agradeça a Sabedoria Divina que te agraciou com as oportunidades

valiosas e com os dons divinos.

Pensa, estuda, trabalha e serve; por isso, não suponhas comum e muito simples

o que Deus puri f icou e engrandeceu ao longo do tempo.

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RETRIBUIÇÃO

Discípulo : O que receberemos em troca por sermos bons, Mestre?

Mestre : Sua pergunta exprime a ati tude de muitos corações nos templos

rel igiosos.

Discípulo : Porque Mestre?

Mestre : Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama, de imediato:

— "Que receberei?"

Discípulo : Isto é errado, Mestre?

Mestre : A resposta a essa questão se derrama, si lenciosa, através da própria

vida.

O que recebe o grão maduro, após a colheita? - O tr i turador que o ajuda a

puri f icar-se.

Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre? - O fermento que a transforma

para a uti l idade geral.

Que privi légio caracteriza o pão, depois do forno? - A graça de servir.

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Discípulo : Isto significa que precisamos sofrer sem esperar por recompensas,

Mestre?

Mestre : Não se formam bons homens para adornos vivos do mundo, e sim, para

a ação regeneradora e santi f icante da existência.

Isso não é sacri f ício e nem exige recompensas.

Discípulo : Mas esse desejo do homem não foi sempre assim, Mestre?

Mestre : Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o espólio dos

vencidos e, com eles, se rodeavam de grati f icações de natureza física, com as

quais abreviavam a própria morte.

No caminho do bem, contudo, o quadro é diverso. - Vencemos, em companhia do

Mestre Maior, para nos fazermos irmãos de quantos nos part i lham a experiência,

guardando a obrigação de ampará-los e ser- lhes úteis.

Muitos que desejaram saber qual lhe seria a recompensa pela adesão à Boa

Nova, viram, de perto, a necessidade da renúncia.

Quanto mais se lhe acendrou a fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade

lhe foram requeridos.

Quanto mais conhecimento adquiriu, a mais ampla caridade foi constrangido, até

o sacri f ício extremo.

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Se o homem deixar, pois, por devoção ao Mestre Maior, os laços que o prende às

zonas inferiores da vida, recordará que, por felicidade sua, receberá do Céu a

honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a glória de servir.

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SEMENTES DE SABEDORIA

Discípulo: Porque nossos orientadores nos dizem que devemos nos contentar

com pouco, Mestre?

Mestre: Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso

contentes.

Discípulo: O que significa isso, Mestre?

Mestre: Avalie com atenção:

• O monopolizador de trigo não poderá abastecer-se à mesa senão de

algumas fatias de pão, para saciar as exigências da sua fome.

• O proprietário da fábrica de tecidos não despenderá senão alguns metros

de pano para a confecção de um costume, destinado ao próprio uso.

• Ninguém deve alimentar-se ou vestir-se pelos padrões da gula e da

vaidade, mas sim de conformidade com os princípios que regem a vida

em seus fundamentos naturais.

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Discípulo: Então acumular riquezas é uma ilusão, Mestre?

Mestre: Por que esperas o banquete, a fim de ofereceres algumas migalhas ao

companheiro que passa faminto?

Por que reclamas um tesouro de moedas na retaguarda, para seres útil ao

necessitado?

A caridade não depende da bolsa. É fonte nascida no coração.

É sempre respeitável o desejo de algo possuir no mealheiro para socorro do

próximo ou de si mesmo, nos dias de borrasca e insegurança, entretanto, é

deplorável a subordinação da prática do bem ao cofre recheado.

Discípulo: Fazer o bem independe das posses que temos, Mestre?

Mestre: Descerra, antes de tudo, as portas da tua alma e deixa que o teu

sentimento fulgure para todos, à maneira de um astro cujos raios iluminem,

balsamizem, alimentem e aqueçam.

A chuva, derramando-se em gotas, fertiliza o solo e sustenta bilhões de vidas.

Aprenda a dividir o pouco, e a insignificância da boa vontade, amparada pelo

amor, e isso se converterá com o tempo em prosperidade comum.

Discípulo: O senhor quer dizer que nossas ações são como sementes que

plantamos, Mestre?

Mestre: Observe bem: Algumas sementes, atendidas com carinho, no curso

dos anos, podem dominar glebas imensas.

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Estejamos alegres e auxiliemos a todos os que nos partilhem a marcha,

porque, segundo a sábia palavra do Mestre, se possuímos a graça de contar

com o pão e com o agasalho para cada dia, cabe-nos a obrigação de viver e

servir em paz e contentamento.

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O VALOR DO TEMPO

Discípulo: Muitas vezes parece que temos todo o tempo do mundo. Esse

sentimento é correto, Mestre?

Mestre: Quase sempre, enquanto a criatura humana respira na carne jovem, a

atitude que lhe caracteriza o coração para com a vida é a de uma criança que

desconhece o valor do tempo.

Dias e noites são curtas para a internação em alegrias e aventuras fantasiosas.

Discípulo: Mas isso não é normal, Mestre?

Mestre: Na verdade não.

Engodos mil da ilusão efêmera que obscurecem o olhar e as horas que se

esvaem num turbilhão de anseios inúteis.

Raras pessoas escapam de semelhante perda.

Geralmente, contudo, quando a maturidade aparece e a alma já possui relativo

grau de educação, o homem reajusta apressado a conceituação do dia.

Discípulo: Com o amadurecimento o homem muda de pensamento quanto ao

verdadeiro valor da vida, Mestre?

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Mestre: Se observarmos o correr da vida, vemos que a postura do homem vai

se alterando conforme amplia-se o seu grau de entendimento.

A semana é reduzida para o que lhe cabe fazer.

Compreende que os mesmos serviços, na posição em que se encontra, se

repetem a determinados meses do ano, perfeitamente recapitulados, qual

ocorre às estações de frio e calor, floração e frutescência para a Natureza.

Agita-se, inquieta-se, desdobra-se, no afã de multiplicar as suas forças para

enriquecer os minutos ou ampliá-los, favorecendo as próprias energias.

E, comumente, ao termo da romagem, a morte do corpo surpreende-o nos

ângulos da expectativa ou do entretenimento, sem que lhe seja dado recuperar

os anos perdidos.

Discípulo: Isto significa que existe uma barreira entre a realidade e a ilusão no

que pensamos Mestre?

Mestre: Não te embrenhes na selva humana, despreocupado de tua

habilitação à luz espiritual, ante o caminho eterno que tens a percorrer.

Vale-te, pois, do tempo e não te faças tardio na preparação para o teu próprio

crescimento.

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TUDO É GRANDE

Discípulo: Como a natureza nas dá lições de crescimento, Mestre?

Mestre: Observe atentamente alguns acontecimentos:

• Quando o vaso se retirou da cerâmica, dizia sem palavras:

— Bendito seja o fogo que me proporcionou a solidez.

• Quando o arado se ausentou da forja, afirmava em silêncio:

— Bendito seja o malho que me deu forma.

• Quando a madeira aprimorada passou a brilhar no palácio, exclamava,

sem voz:

— Bendita seja a lâmina que me cortou cruelmente, preparando-me a

beleza.

• Quando a seda luziu, formosa, no templo, asseverava no íntimo:

— Bendita seja a feia lagarta que me deu vida.

• Quando a flor se entreabriu, veludosa e sublime, agradeceu, apressada:

— Bendita a terra escura que me encheu de perfume.

• Quando o enfermo recuperou a saúde, gritou, feliz:

— Bendita seja a dor que me trouxe a lição do equilíbrio.

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Por isso, devemos agradecer a tempestade que renova, a luta que aperfeiçoa,

o sofrimento que ilumina, a alvorada que é a maravilha do céu que vem após a

noite na Terra.

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IMPEDIMENTOS

Discípulo: Porque aparecem obstáculos em nossa caminhada, Mestre?

Mestre: Por onde transites, na Terra, transportando o vaso de tua fé a

derramar-se em boas obras, encontrarás sempre impedimentos a granel,

dificultando-te a ação.

• Hoje, é o fracasso nas tentativas iniciais de progresso.

• Amanhã, é o companheiro que falha.

• Depois, é a perseguição descaridosa ao teu ideal.

• Afligir-te-ás com o fel de muitos lábios que te merecem apreço.

• Sofrerás, de quando em quando, a incompreensão dos outros.

• Periodicamente encontrarás na vanguarda obstáculos mil, induzindo-te à

inércia ou à negação.

• A carreira que nos está proposta, no entanto, deve desdobrar-se no

roteiro do bem incessante...

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Discípulo: O que fazer com as pessoas e circunstâncias que nos compelem ao

retardamento e à imobilidade, Mestre?

Mestre: Pondo de lado todo o impedimento.

Discípulo: Mas isso resolve os problemas, Mestre?

Mestre: Colocar a dificuldade à margem, porém, não é desprezar as opiniões

alheias quando respeitáveis ou fugir à luta vulgar.

É respeitar cada individualidade, na posição que lhe é própria, é partilhar o

ângulo mais nobre do bom combate, com a nossa melhor colaboração pelo

aperfeiçoamento geral.

E, por dentro, na intimidade do coração, prosseguir com o Mestre Maior, hoje,

amanhã e sempre, agindo e servindo, aprendendo e amando, até que a luz

divina brilhe em nossa consciência, tanto quanto inconscientemente já nos

achamos dentro dela.

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SEMPRE EM MOVIMENTO

Discípulo: Porque a inércia nos destrói, Mestre?

Mestre: Mesmo diante das maiores dificuldades da vida, devemos sempre nos

erguer e prosseguir:

• Sair da cova escura da ociosidade para o campo da ação regeneradora.

• Erguer-se do chão frio da inércia para o calor do movimento

reconstrutivo.

• Elevar-se do vale da indecisão para a montanha do serviço edificante.

• Fugir à treva e penetrar a luz.

• Ausentar-se da posição negativa e absorver-se na reestruturação dos

próprios ideais.

Discípulo: Podemos dizer que cada dia é uma nova oportunidade para nossa

melhoria, Mestre?

Mestre: Quantos de nós, filhos pródigos da Vida, depois de estragarmos as

mais valiosas oportunidades, clamamos pela assistência do Mestre, de acordo

com os nossos desejos menos dignos, para que sejamos satisfeitos?

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Quantos de nós descemos, voluntariamente, ao abismo, e, lá dentro, atolados

na sombria corrente de nossas paixões, exigimos que o Todo Misericordioso se

faça presente, ao nosso lado, através de seus divinos mensageiros, a fim de

que os nossos caprichos sejam atendidos?

Se é verdade, no entanto, que nos achamos empenhados em nosso

soerguimento, coloquemo-nos de pé e retiremo-nos da retaguarda que

desejamos abandonar.

Aperfeiçoamento pede esforço.

Panorama dos cimos pede ascensão. - Se aspiramos ao clima da Vida

Superior, adiantemo-nos para a frente, caminhando com os padrões do Mestre

Maior.

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SER DE VERDADE

Discípulo: Alguns amigos me disseram que nem sempre somos verdadeiros

em nossas ações, o que quer dizer isso Mestre?

Mestre: Em toda parte, há pessoas que começam a crer e que já creem, nas

mais variadas situações.

Aqui, alguém aceita aparentemente os bons conselhos para ser agradável às

relações sociais.

Ali, um indagador procura o campo da fé, tentando acertar problemas

intelectuais que considera importantes.

Além, um enfermo recebe o socorro da caridade e se declara seguidor da Boa

Nova, guiando-se pelas impressões de alívio físico.

Amanhã, todavia, ressurgem tão insatisfeitos e tão desesperados quanto antes.

Discípulo: Então todos somos superficiais, Mestre?

Mestre: Nos arraiais da aprendizagem, tais fenômenos são frequentes.

Encontramos grande número de companheiros que se afirmam pessoas de

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fé, por haverem identificado a sobrevivência de algum parente muito doente,

porque se livraram de alguma dor de cabeça ou porque obtiveram solução para

certos problemas da luta material; contudo, amanhã prosseguem duvidando de

amigos respeitáveis, acolhem novas enfermidades ou se perdem através de

novos labirintos do aprendizado humano.

Discípulo: Labirinto, Mestre?

Mestre: Sim.

Que tipo de espírito habita nosso interior?

O da fascinação? O da indolência?

O da pesquisa inútil?

O da reprovação sistemática às experiências dos outros?

Se não abrigamos o espírito de santificação que nos melhore e nos renove

para o bem, a nossa fé representa frágil candeia, suscetível de apagar-se ao

primeiro golpe de vento.

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OPINIÕES DIFERENTES

Discípulo: Alguns dizem que os homens se confrontam e se matam por terem

opiniões diferentes e um não compreende o outro; isso é verdade, Mestre?

Mestre: A fraternidade é uma das maiores dificuldades do homem.

Ele tenta explicar o inexplicável, muitas vezes impondo o entendimento pela

força.

Analise com cuidado o nosso comportamento:

• Organizamos concílios célebres, formulando atrevidas conclusões acerca

da natureza Divina e da Alma, do Universo e da Vida.

• Incentivamos guerras arrasadoras que implantaram a miséria e o terror

naqueles que não podiam crer pelo diapasão da nossa fé.

• Disputamos o sepulcro do Divino Mestre, brandindo a espada mortífera e

ateando o fogo devorador.

• Criamos comendas e cargos religiosos, distribuindo o veneno e

manejando o punhal.

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• Acendemos fogueiras e erigimos cadafalsos, inventamos suplícios e

construímos prisões para quantos discordassem dos nossos pontos de

vista.

• Estimulamos insurreições que operaram o embate de irmãos contra

irmãos, em nome do Mestre Maior que testemunhou com seu sacrifício o

devotamento à Humanidade inteira.

• Edificamos palácios, famosos pela suntuosidade e beleza, pretendendo

reverenciar-lhe a memória, esquecidos de que ele, em verdade, não

possuía uma pedra onde repousar a cabeça.

E, ainda hoje, alimentamos a separação e a discórdia, erguendo trincheiras de

incompreensão e animosidade, uns contra os outros, nos variados setores da

interpretação.

Entretanto, a palavra do Mestre é insofismável.

Não nos faremos titulares da Boa Nova simplesmente através das atitudes

exteriores.

Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência, da justiça que sustenta

a ordem, do progresso material que enriquece o trabalho e de assembleias que

favoreçam o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a luz do

amor, pode perder-se nas sombras.

Seremos admitidos ao aprendizado superior, cultivando o Reino de Deus que

começa na vida íntima.

Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples, amparando-nos

mutuamente.

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Fraternidade que trabalha e ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e

o serviço que asseguram a vitória do bem.

Atenda-mo-la, onde estivermos.

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VIDA OU MORTE

Discípulo: Porque para alguns a vida é vida e para outros a vida é morte,

Mestre?

Mestre: Se perguntássemos ao grão de trigo que opinião alimenta acerca do

moinho, naturalmente responderia que dentro dele encontra a casa de tortura

em que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que ele se ausenta aprimorado

para a glória do pão na subsistência do mundo.

Se indagássemos da madeira, com respeito ao serrote, informaria que nele

identifica o algoz de todos os momentos, a dilacerar-lhe as entranhas; todavia,

sob o patrocínio do suposto verdugo, faz-se delicada e útil para servir em

atividades sempre mais nobres.

Se consultarmos a pedra, com alusão ao buril, certo esclarecerá que

descobriu nele o detestável, perseguidor de sua tranquilidade, a feri-la,

desapiedado, dia e noite; entretanto, é dos golpes dele que se eleva aos

tesouros terrestres, aperfeiçoada e brilhante.

Assim, a alma.

Assim, a luta.

Peçamos o parecer do homem, quanto à carne, e pronunciará talvez

impropriedades mil.

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Ouça-mo-lo sobre a dor e registraremos velhos disparates verbais.

Solicitemos-lhe que se externe com referência à dificuldade, e derramará fel e

pranto.

Contudo, é imperioso reconhecer que do corpo disciplinado, do sofrimento

purificador e do obstáculo asfixiante, o espírito ressurge sempre mais

aformoseado, mais robusto e mais esclarecido para a imortalidade.

Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa.

O que te parece derrota, muita vez é vitória.

E o que se te afigura em favor de tua morte, é contribuição para o teu

engrandecimento na vida eterna.

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POR QUE DEVEMOS REALIZAR

Discípulo: Quando começar, Mestre?

Mestre: Os homens esperam pelo Mestre e o Mestre espera igualmente pelos

homens.

Ninguém acredita que o mundo se redima sem almas redimidas.

O Mestre, para estender a sublimidade do seu programa salvador, pede braços

que o realizem e intensifiquem.

Discípulo: Mas como assim, Mestre?

Mestre: O Mestre Maior começou seu apostolado, buscando o concurso de

seus discípulos, para atacar o serviço da regeneração planetária.

E, desde o primeiro dia da Boa Nova, convida, insiste e apela, junto das almas,

para que se convertam em instrumentos de sabedoria e progresso, dando-nos

a perceber que a redenção procede do Alto, mas não se concretizará entre as

criaturas sem a colaboração ativa dos corações de boa vontade.

Discípulo: E porque o Mestre se preocupa em acompanhar seus discípulos?

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Mestre: É que, se a Humanidade não pode iluminar-se e progredir sem a

orientação Divina, o Mestre Maior não dispensa os homens na obra de

soerguimento e sublimação do mundo.

A Seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros.

Semelhante afirmativa prova a importância por ele atribuída à contribuição do

indivíduo.

Amemos e trabalhemos, purificando e servindo sempre.

Onde estiver um seguidor do Mestre Maior aí se encontra um mensageiro

Celestial para a obra incessante do bem.

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NÃO SOMENTE O QUE VEMOS

Discípulo: Porque nem tudo é realmente como vemos, Mestre?

Mestre: Aprenda a ver com os olhos do coração:

• Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de

conhecimentos superiores que fortaleçam a alma.

• Não só a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e

nobreza dos sentimentos.

• Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a

educação que aperfeiçoa as maneiras.

• Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o

esforço próprio que anula o defeito íntimo.

• Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa

invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado

e respeitável.

• Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória,

mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que

enriqueçam a consciência eterna.

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• Não somente claridade para os olhos mortais, mas também luz divina

para o entendimento imperecível.

• Não só aspecto agradável, mas igualmente utilidade viva.

• Não apenas flores, mas também frutos.

• Não somente ensino continuado, mas igualmente demonstração ativa.

• Não só teoria excelente, mas também prática santificante.

• Não apenas nós, mas igualmente os outros.

Bom gosto, harmonia e dignidade na vida exterior constituem dever, mas não

nos esqueçamos da pureza, da elevação e dos recursos sublimes da vida

interior, com que nos dirigimos para a Eternidade.

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MAIS SOBRE OS ESTILOS

Discípulo : Será que o senhor poderia fazer um comparativo dos principais

esti los, Mestre?

Mestre : Os mais de 300 esti los que temos hoje foram construídos com a história

da China, durante muitas batalhas, culturas e crenças dos seus imperadores e

dinastias. - Relatar todos seria quase que impossível em tão pouco tempo; mas

posso destacar algumas característ icas dos mais conhecidos:

HUNG GAR

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

Hung Gar é um dos p r inc ipa is

es t i los de Kung Fu. O es t i lo

Hung Gar é fo rmado por c inco

técn icas p r inc ipa is : Dragão ,

Serpente , T ig re , Leopardo e

Garça. O est i lo é ca rac te r izado

por base de pernas e mãos

fo r tes . Sua p r inc ipa l

ca rac te r ís t i ca é a u t i l i zação do

a taque e defesa ao mesmo

tempo.

Surg iu na D inas t ia Ch ing , no ano de 1734 , época em que o imperador

Yung J ing Ordenou a des t ru ição do Templo Shao l in .

Depo is da des t ru ição do temp lo, somente c inco monges sobrev ive ram

ao massacre , sendo e les : Ng Mu i , Gee S in , Pak Me i , Miu H in , Fung To

Tak . - Desses sobrev iven tes , o monge Gee S in teve como d iscípu lo um

rapaz de nome Hung He i Kun, que ma is ta rde cons t ru iu um novo temp lo

Shao l in onde ens inava o Kung Fu nos mo ldes t rad ic iona is , sendo o seu

es t i lo conhec ido ma is ta rde como Hung Gar (Fami l ia Hung) .

Nos u l t imos cem anos em Cantão , reg ião Su l da Ch ina , ex is t i ram dez

mest res que se des tacaram por sua hab i l idade in igua lave l .

Por a lcançarem grande fama, chegando a se r conhec idos como os Dez

T ig res de Can tão . Den t re e les , c inco e ram eram mest res de Hung Gar :

T i i K iu San , Sou Rak Fuú , Wong Fe i Hung . - O in t roduto r do es t i lo na

Amer ica do Su l e Bras i l , fo i o Mest re Lee Hon Kay(L i Hon K i ) .

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LOUVA A DEUS

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

O inse to cu ja aparênc ia

é de ma io r devo to do

mundo, tem que ser o

Louva-a -Deus. Com as

patas d ian te i ras

cos tume i ramente

pos ic ionadas de fo rma a

suger i r as mãos jun tas

de um devo to , e le se

to rnou o inse to ma is

re fe r ido em todas as

a r tes marc ia is . Esse

inse to se to rnou tão

venerado , não por causa

da sua aparente aura de

re l ig ios idade , mas por

causa de sua

reconhec ida fe roc idade ,

combat iv idade e

tenac idade de v ida . Há

t rezen tos e c inquen ta

anos um mest re de lu ta ,

Wang Lang, exa l tava a

pequena mas at iva

c r ia tu ra , c r iando o es t i lo

Louva-a -Deus de auto

defesa .

Wang um no táve l guer re io que t inha hab i l idades com a espada fo i ao Templo

Shao l in e pub l icou um desa f io aos monges para testa r suas hab i l idades con t ra

e le em due lo amigáve l . Dev ido á sua ins is tênc ia , o monge mest re permi t iu a

Wang que um nova to fosse env iado para lu ta r con t ra e le . - Para a su rp resa e

vexame de Wang, e le fo i dec is ivamente der ro tado por um nov iço . Se iso lando

nas montanhas Wang es tava de te rminado a p rovar suas hab i l idades aos

monges. - E le t re inou d i l igen temente seu es t i lo “Caminho da Espada” (Ts ien

Tao) enquan to cons tan temente se exerc i tava e fo r ta lec ia seu co rpo . E le vo l tou

ao monasté r io convenc ido que es tava p ron to a most ra r aos monges sua

super io r idade. Os monges ace i ta ram ma is uma vez o conv i te para testa r suas

hab i l idades. - Novamente e le en f ren tou o monge ma is novo . Com um sen t imento

de en tus iasmo e le venceu o jovem monge p r inc ip ian te . Der ro tou a inda out ro

monge , de ba ixa g raduação , e out ro de ca tegor ia ma is e levada. Wang es tava

começando a sen t i r con f iança em sua invenc ib i l idade , a té que en f ren tou o

monge mest re . Com a o rdem Shao l in observando , Wang não fo i capaz de tocar

o mest re .

Novamente , pa ra t ra ta r de seu co rpo e do seu o rgu lho fe r ido , Wang

desapareceu na f lo res ta para contemp lação . Um d ia , enquan to descansava

deba ixo de uma á rvore, Wang ouv iu a longa no ta aguda de uma c iga r ra em um

ga lho ba ixo no a rbus to ac ima de le . O lhando para o a l to , Wang reparou em um

f rág i l e com aparênc ia quase quebrad iça Louva-a -Deus enga jado em uma lu ta

de v ida ou mor te com a g rande c iga r ra . - A c iga r ra es tava fazendo o máx imo.

Sua cabeça con t ra o Louva-a -Deus quase o imob i l i zava com sua tenac idade. Fo i

quando o Louva-a -Deus reag iu com fe roc idade usando sua fo r te v i rada de patas

e mordendo a boca para agar ra r a robus ta c iga r ra e des faze- la da pos ição em

que es tava . - O ca rn ívo ro Louva-a -Deus consumiu a sua v í t ima . A l tamente

impress ionado com o que v i ra Wang dec id iu cap tu ra r o inse to v i to r ioso e en tão

observar os seus mov imentos de fens ivos e o fens ivos.

Usando um grave to de pequeno compr imento e le p rovocava o Louva-a -Deus em

todas as d i reções. Invar iave lmente o Louva-a -Deus, com sua cabeça capaz de

v i ra r pa ra qua lquer d i reção , se de fend ia quando p rovocado de f ren te ou de

cos tas . O perseveran te inse to to rnou-se a insp i ração de Wang para o seu novo

s is tema de combate .

Com cu idado met icu loso , e le o rdenava os mov imentos de fens ivos e o fens ivos

do inse to em uma ar te de lu ta humana. E le a d iv id iu em t rês p r inc ipa is

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ca tegor ias :

• Peng Pu, método impor tan te de ba te r ou t i ra r o an tagon is ta de seu

ba lanço ;

• Lan T ’seh , usado para rest r ing i r ou reduz i r a fo rça do oponen te; e

• Pa Tsou , a defesa “o i to co tove los” .

Depo is de sua p reparação pessoa l , e le f ina lmente acred i tou que es tava p ron to

para tes ta r seu novo es t i lo de lu ta con t ra o mest re dos monges.

A rmado com seus mov imentos insp i rados no Louva-a -Deus, Wang

ex t raord inar iamente der ro tou o mest re dos monges com suas tá t icas de inse to

se lvagem nunca an tes usadas por um homem.

Os monges ace i ta ram respe i tosamente a sua der ro ta , mesmo com surp resa , e

p rocura ram aprender o novo e es t ranho s is tema. A pa lavra de sua v i tó r ia se

espa lhou pe las p rov ínc ias . Wang Lang e ra o novo heró i das a r tes marc ia is .

Sendo logo rodeado por d isc ípu los . O sonho das a r tes marc ia is de Wang Lang

fo i f ina lmente rea l izado . Sua esco la de auto de fesa do Louva-a-Deus se to rnou

ex t remamente p roeminen te no Nordes te da Ch ina , cons iderada por a lguns como

sendo a ma io r du ran te seu tempo de v ida .

O veneráve l Wang morreu anos ma is ta rde , fe l i z e famoso mest re de lu ta . De

qua lquer fo rma, sua cu idadosa herança do es t i lo Louva-a -Deus se d iv id iu na

d inas t ia Ch ’ ing quando quat ro d isc ípu los , cada um dese jando fazer inovações e

se des l iga ram da esco la fundadora .

O Mest re Louva-a -Deus d isse en tão que seus dese jos poder iam ser sa t is fe i tos

com uma cond ição , que cada d isc ípu lo nomeasse seu s is tema ind iv idua lmente ,

de acordo com as marcas das cos tas de um Louva-a -Deus captu rado por cada

um.

Um t inha a aparênc ia do s ímbo lo Y in -Yang (Ta i T ’s i ) , ou t ro parec ia com uma

f lo r de ame ixa (Me i Hua) e no out ro um con jun to de marcas que t inham a

aparênc ia de se te es t re las (Ts i T ’s ing ) .

Houve um Louva-a -Deus que não t inha marca aparen te . Este es t i lo f i cou

conhec ido como es t i lo desp ido (es t i lo sem marca – Kwong P ’an) .

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LEOPARDO / PANTERA

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

O pr inc ipa l go lpe do Leopardo é

um punho ve loz e pene t ran te ,

seme lhan te a uma machadada ,

pa ra a tacar pon tos v i ta is e

cos te las . Sua técn ica desenvo lve

a fo rça muscu la r e a ve loc idade .

Os mov imentos são ráp idos ,

poderosos e p rocuram a

imob i l i zação.

Desenvo lv ido pe lo monge Mot , o es t i lo do Leopardo vem da famí l ia do

es t i lo do T ig re e é usado para desenvo lve r ve loc idade e fo rça .

Esse es t i lo tem mov imentos não o r todoxos , r i tmo quebrado , e técn icas

ráp idas . Sua ca rac te r ís t i ca p r inc ipa l é o a taque com o punho de

mane i ra ráp ida e ve loz .

MACACO

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

Est i lo de Kung Fu do nor te e é

cons iderado por mu i tos se r um

dos es t i los ma is incomuns e não

o r todoxos das a r tes marc ia is . É

composto de mov imentos ,

ca rac te r ís t i cas , e esp í r i to dos

macacos . Es te est i lo é mu i to

fo r te nas pernas e sa l tos .

A h is tó r ia de Ta Sheng, ou Kung Fu de Macaco , começa p róx imo ao f im

da D inas t ia Ch ing (1644-1911) , quando um lu tador do nor te da Ch ina ,

Kou Sze estava p reso por mata r um a ldeão . O cas t igo para esse c r ime

e ra mor te ou p r isão perpé tua . Para sa lva r Kou Sze de qua lquer

pena l idade um amigo ín t imo e in f luente consegu iu subornar o ju iz pa ra

reduz i r a pena de Kou Sze a o i to anos de p r isão. Para Kou Sze , a

p r isão se to rnou uma bênção .

A p r isão f i cava s i tuada em uma f lo res ta nos a r redores de c idade. Por

um est ranho des t ino a jane la da ce la dava de f ren te para um bosque de

árvores a l tas que abr iga ram uma co lôn ia de macacos tagare lando

b r incando e ba lançando de á rvo re em árvore .

Fasc inado pe las a r t imanhas b r inca lhonas dos macacos ent re a árvo re ,

Kou Sze gas tou horas os observando todos os d ias no háb i ta t na tu ra l

de les . E le cu idadosamente es tudou o compor tamento de les em

s i tuações d i fe ren tes , e depo is de longos anos e ra capaz de d is t ingu i r

as ca rac te r ís t i cas d i fe ren tes dos macacos .

Depo is de ca tegor iza r cada macaco por sua hab i l idade e técn icas, Kou

Sze percebeu que es tas ações e ram compat íve is com o Te i Tong , um

Kung Fu que e le t inha aprend ido de in fânc ia . Kou Sze dec id iu comb inar

então es te o Te i Tong com os mov imentos de macaco .

O f im do te rmo de p r isão de le marcou o ve rdade i ro começo da ar te de

Ta Sheng (o Grande Sa lva ) . Kou Sze nomeou es te macaco espec ia l que

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l u ta em honra de So l Wu Kung , o Re i de Macaco legendár io na V iagem

de fo lc lo re “ch inesa para o Oeste “ .

Kou Sze fundou a a r te de Ta Sheng em vár ios p r incíp ios de manobras

que inc luem ag i l idade, agar ra r , ca i r e sa l ta r .

A t ravés do es tudo cu idadoso dos háb i tos do macaco Kou Sze pôde

des t igu i r as reações dos macacos e os ca tegor iza - los em c inco

persona l idades d i fe ren tes , c r iando as c inco fo rmas do macaco :

O Macaco a l to

O Macaco de made i ra

O Macaco Perd ido

O Macaco de Pedra

O Macaco Bêbedo

Esse es t i lo fo i passado de geração em geração até que o Mest re Chat

de Cho L ing dec id iu passar no in te i ro Ar te de Pekkwar e todas as c inco

fo rmas do macaco e ens inou a Pau l ie Z ink que passou ao seu amigo

in t imo Mest re Michae l Matsuda .

Um grande mest re tambem que conheceu es ta a r te do Macaco fo i Wang

Lang, c r iador do s is tema Louva-a -Deus, que aprove i tou a lgumas

carac te r ís t i cas do macaco para aper fe içoar o seu es t i lo .

SERPENTE DIV INA

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

O est i lo Shen She

Chuen (se rpente

d iv ina ) o r ig inou-se na

p rov ínc ia de Fu j ien

quando um Monge do

Templo do Bambu

min is t rou a Hsu Y in

Fong uma técn ica

par t i cu la r do temp lo

chamada Hok She

Tchu (un ião da Garça

e da Serpen te ) .

Após a mor te do Monge Hsu es tas técn icas fo ram apr imoradas e em homenagem

ao Monge, o es t i lo fo i bat izado de Shen She Chuen, que s ign i f i ca “Punho da

Serpen te D iv ina ” , uma vez que o Ideograma “Shen” para os ch ineses s ign i f i ca

Deus.

Cons is te em defesa e t raba lha mov imentos o fens ivos com apunha la r e mov imentos

de espada cor tan tes . Há foco na ve loc idade dos g i ros e mov imentos de co rpo

con t ínuos .

O es t i lo Shen She Chuen é execu tado com as mãos escu lp indo a cabeça de uma

serpen te em uma mis tu ra de “duro ” e “suave” .

Con tando com mov imentos len tos e suaves, o adversár io pode surp reender -se com

sua f lex ib i l idade , ve loc idade e fo rça, desde que bem concen t rado ch i (Energ ia

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In te r io r ) .Seu ob je t ivo nos a taques é a busca dos pon tos v i ta is como o lhos,

ga rgan ta , p lexos , vão en t re as côxas e abdômem.

O es t i lo chegou ao Bras i l em 1980 sob superv isão do Mest re Hu Chao T ien ,

d isc ipu lo e f i lho do Mest re Hu Sh i Wen. Ho je o est i lo tem a superv isão do Mest re

Dan i Hu (Hu Chao Hs i l ) , f i lho do Mest re Hu Chao T ien . “O Punho da Serpente ”

possu i se is fases a f im de desenvo lve r os c inco conce i tos do es t i lo , que são :

- Ve loc idade: a tacar com ba t idas ráp idas e inesperadas , usando passos ráp idos ,

áge is e leves ;

- Envo lv imento : a cu r ta d is tânc ia , envo lve r os membros do oponen te con fund indo

suas pos tu ras e usando-as a seu favor . Quando a longa d is tânc ia , aguardar a

aber tu ra de uma postu ra adequadamente con t ida;

- Surp resa: a tacar em d i fe rentes ângu los con t inuamente ;

- Sa l tos : pa ra t rás ou para os lados , ev i tando ataques desnecessár ios e não

comprometendo os membros p r inc ipa is para locomoção e equ i l íb r io ;

- Fuga : quebrando o con ta to e escapando quando o go lpe não ob t ive r a

pene t ração adequada;

É represen tado no Bras i l po r Dan i Hu que começou a p rat ica r o es t i lo com se is

anos de idade em Macao, um porto te r r i to r io po r tuguês no Mar da Ch ina .

BÊBADO

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

Essa técn ica s i tua em como se o

p ra t ican te es t ivesse embr iagado .

Combina mov imentos como

t ropeçar , ba lançar e ca i r

exa tamente como um bêbado . As

mãos se pos ic ionam como se

es t ivesse segurando uma x ica ra

ch inesa ou um copo em que os

bêbados tomam suas beb idas . O

es t i lo do bêbado ex ige mu i ta

hab i l idade , f lex ib i l idade po is usa

chu tes , voadoras , semi -mor ta is ,

A lenda con ta que ex is t iam o i to imor ta is que ded icavam o tempo á

p ra t ica da med i tação. Combinavam as técn icas ant igas de Yoga

Ch inesa (Ka i Men / Ch i Kung) ob tendo hab i l idades ex t raord inár ias .Com

o passar do tempo e les aprenderam e desenvo lve ram técn icas

avançadas como o es t i lo bêbado .Es tes o i to g randes mest res

aprenderam a dominaram o con t ro le da energ ia (Ch i Kung em seu n íve l

ma is avançado) .

Dent ro des te g rupo hav ia uma mon ja que e ra háb i l no mane jo de todas

as técn icas de pernas que se desenvo lveu a t ravés da Ch i Kung marc ia l .

Es te es t i lo fo i levado ao temp lo Shao l in pa ra se r ens inado aos a lunos

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ro lamentos para con fund i r o

oponen te .

O p ra t ican te têm que ser ráp ido

e f ing i r defesa enquan to es tá

ten tando a tacar e apon tando em

uma d i reção mas a tacando em

out ro .

Vár ios graus de embr iaguez são

demonst rados por gamas

d i fe ren tes de mov imentos e

expressões no o lho .

ma is avançados . Após a des t ru ição do Templo vá r ios monges

escaparam e se esconderam em a lde ias , e para não se rem

reconhec idos t rocavam seus nomes e se ves t iam como mend igos .

Em cada a lde ia de ixavam ens inamentos que os a ldeões os me lhoravam

adaptando a seus costumes e es t ru tu ras f í s icas .

Nessas t rans fo rmações su rg iu o est i lo do bêbado do su l da Ch ina, que

não é tão v is toso e s im e fe t ivo na lu ta , nesse momento nasce o bas tão

do mend igo do su l , nome dado em honra a um monge que caminhava

pe las a lde ias fazendo-se passar por mend igo cego e que mane java seu

bas tão com grande hab i l idade .

O est i lo do bêbado com o tempo fo i aper fe içoando , mas perd ia sua

essênc ia por se r um es t i lo d i f í c i l de aprender e execu ta r . Todos

es tamos aptos para es ta ta re fa , mesmo sendo necessár ia uma

p reparação f í s ica , menta l e esp i r i tua l mu i to re f inada .

Es te es t i lo se des taca pe la hab i l idade de enganar o in imigo u t i l i zando o

desequ i l íb r io , g i ros , sa l tos, esqu ivas e acrobac ias, u t i l i zando a fo rça do

oponen te con fund indo-o .

As técn icas são u t i l i zadas com energ ia in te rna desde o Tan T ien , fo rça

do abdome, quadr is e ombros , que se comb inam para lançar go lpes de

punhos e pernas segu idos de ras te i ras .

A f ina l idade do es t i lo é mante r o co rpo em bom estado no p lano f í s ico

para t ransfo rmar e a rmazenar energ ia (Ch i Kung) que é usada em

n íve is ma is avançados .

À p rá t ica do es t i lo bêbado é um con jun to de técn icas a l tamente

re f inadas, e por i sso é cons iderada como o l im i te máx imo do p lano

f í s ico dos lu tadores .

CHIN'NA

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

Chin ’Na ( “Ch in ” s ign i f i ca

apresar , agar ra r , “Na” s ign i f i ca

con t ro la r ) é uma técn ica Ch inesa

mui to an t iga , desenvo lv ida

Ch in ’Na é a ar te de lu ta r agar rando e con t ro lando o oponen te . Suas

ra ízes vêm do T ien Hsueh (a taque aos pon tos v i ta is ) e Shua i Ch iao

( lu ta que cons is te em lançar o oponen te ) , que da tam de mi lha res de

anos a t rás – mu i to an tes do moderno A ik ido de ho je e do J iu -J i t su

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pr inc ipa lmente pe los monges

Shao l in e aper fe içoada

pos te r io rmente pe lo famoso

guer re i ro Yeuh Fe i , que v isava

p r inc ipa lmente o con t ro le e

domín io do adversár io , sem ser

necessár io matá - lo

serem organ izados na soc iedade moderna.

Ch in ’Na Shao l in é a mãe de todas as a r tes que agar ram. Desde que os

monges de Shao l in se compromete ram com uma v ida de não-v io lênc ia

as técn icas de Ch in ’Na e ram uma fo rma impor tan te de de fesas para

e les .Permi t i r ia neut ra l i za r o a taque de um oponen te sem o go lpear !

Embora o Ch in ’Na tenha s ido usado de uma fo rma ou de out ra por

mu i tos anos , os monges de Shao l in o t rans fo rmaram numa a r te ao invés

de somente técn icas .

O Ch in ’Na é uma técn ica a l tamente e fe t iva que é ens inada atua lmente

as po l íc ias em todo o mundo .

No in íc io de 1600 os func ionár ios do governo buscaram métodos ma is

coerc ivos para sub jugar os c r iminosos sem os mata r . O Ch in ’ Na

evo lu iu em um s is tema comp le to de captu ra r e de te r , que fo ram

desenvo lv idos na d inas t ia Ch ’ ing (1644-1911 d.C. ) . Fo i quando o

Ch in ’Na se to rnou par te do p rograma de t re ino bás ico para o exérc i to

ch inês e po l ic ia da p rov ínc ia .

O Shua i Ch iao é uma fo rma de lu ta r na qua l é comb inada a fo rça f í s ica

com a técn ica para lançar os oponen tes de uma pos ição parada . O

Ch in ’Na usa man ipu lação para lançar o oponen te . Ch in ’Na é usado para

imob i l i za r qua lquer par te do co rpo de uma pos ição em pé ou de uma

pos ição no chão .

Ao cont rá r io da conv icção popu la r , o Ch in ’Na t raba lha no chão. Na

rea l idade é me lhor no chão do que de pé porque não há como o

oponen te se esqu iva r , uma vez que suas a r t i cu lações fo ram

imob i l i zadas.

O Ch in ’Na não tem fo rmas, só técn icas de apresamento bás icas e

avançadas (Tsouh Guu – des locando os ossos) executadas com mu i tas

va r iações . Acrescente a isso , técn icas de d iv id i r o múscu lo / tendão (Fen

G in ) imped indo a resp i ração (B ih Ch i ) , imped indo ou b loqueando a

ve ia /a r té r ia (Duann Mie ) , p ress ionar a a r té r ia , e p ress ionar as

cav idades (T ien Hsueh) , e você tem um s is tema ext remamente e fe t ivo

de con t ro la r seu oponen te . Na rea l idade , é um s is tema mu i to c ien t í f i co

baseado nos mov imentos mecân icos .

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Em gera l , d iv id i r o múscu lo / tendão, des locar o osso e a lgumas técn icas

de imped i r a resp i ração são re la t ivamente fáce is de aprender , e a

teo r ia que os envo lve é fác i l de en tender . Já b loquear a ve ia /a r té r ia e

cav idades são técn icas a l tamente avançadas que ex igem conhec imento

deta lhado do loca l onde são ap l icadas . Es tas técn icas podem causar a

mor te , ass im o ins t ru to r deve se r mu i to cu idadoso a quem passar es te

conhec imento .

DRAGÃO

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

O Dragão é um an ima l mís t ico

com poderes inc r íve is sobre o

céu e a te r ra . É conhec ido por

suas fo rmas de a taques e

defesas fechadas e pegadas

mu i to per igosas e dest ru t ivas ,

como ataques ao joe lho ,

to rnoze lo , jun tas e co tove lo .

Os mov imentos são longos ,

con t ínuos e coeren tes .

A o r igem des te es t i lo en igmát ico é f requen temente ques t ionado , mu i tos

es tud iosos d izem que o es t i lo teve o r igem nos anos 1750 – 1800 e fo i

desenvo lv ido pe lo monge Bud is ta ta i landês – Yuk .

Durante um fes t iva l chamado Yue Shen , pa ra qua l v inha lu tadores de

Kung Fu de toda a Ch ina , Yuk conheceu Lan Y iu Kwa i que faz ia

demonst rações nes te fest iva l . Yuk lhe d i i sse que o seu Kung Fu e ra

bon i to mas não t inha uso pra t ico . A Mon ja Lan ao ouv i r i sso o rdenou

que 11 es tudantes o a tacassem, mas os mesmos não fo ram capazes

nem de tocar Yuk .

Impress ionada e la p rópr ia o a taca e ordenou também que seus

es tudan tes a tacassem novamente . Mas des ta vez Yuk der ruba todos os

es tudan tes menos Lan . D ian te desta pura demonst ração de Kung Fu a

mon ja Lan ca i ao pé de Yuk e pede que a ace i te como d isc ípu lo .

Yuk ace i tou e começou a ens inar a Mon ja que se to rnou um dos “5

t ig res de Can tão” e Yuk f i cou conhec ido como um Mest re de Dragão .

Es te es t i lo é conhec ido por de fesas e a taques fechados e “Mok K iu ”

(en t re laçar os braços) . Possu i c inco fo rmas que most ram o poder do

Dragão , que são conhec idas como: NGAN (o lhos) , SUN, (mente ) , SAU

( pa lma) , YIU (c in tu ra ) , MA (pos ição de cava lo ) .

O p ra t ican te p rec isa dominar es tas c inco fo rmas que co r repondem

ex te rnamente a Oração , A r , Fogo , Água e Ter ra e in te rnamente ín ic io ,

esp i r i to , resp i ração(Ch i ) , f luênc ia e es tab i l idade in te r io r .

Quando o p ra t ican te domina estas c inco fo rmas assoc iadas ex te rna e

in te rnamente e le está ap to a perceber o poder do Dragão .

TREINAMENTO

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O t re inamento des te es t i lo é comp lexo , po is u t i l i za d ive rsas t rans ições

de pos ições . Em aprendendo os mov imentos , o es tudan te go lpeará duro

em b loco , fazendo com que o seu co rpo f ique fo r ta lec ido . Es te es t i lo

tende a desenvo lve r exaus t ivamente o Ch i (Energ ia In te rna) .

GARÇA BRANCA

CARACTERÍSTICAS HISTÓRIA

Garça Branca conhec ido

por seus mov imentos áge is

de chu tes , to rções e

a taques per igosos .

O s is tema Pa i Ho de Kung Fu (Garça Branca) fo i o r ig inado na D inas t ia Ming

(1368-1644) , po r um lama T ibe tano , Ada to (Orddo to , A ta tuo jun , Ah Da t Ta ,

e tc . ) , nasc ido em 1.426 an tes de Cr is to no começo do re ino Hsun Chung na

d inas t ia Ming.

Ada to es tava med i tando pac i f i camente no out ro lado da montanha do T ibe te ,

e duran te sua med i tação e le , av is tou uma e legan te Garça Branca ,

aquecendo-se ao so l quando , sub i tamente , um macaco se lvagem apareceu

da f lo res ta p róx ima e a tacou a Garça agar rando-a pe las asas .

O pássaro es tava assus tado, mas este fug iu do a taque do macaco e

v ingou-se usando seu longo b ico para b ica - lo . Segu iu -se uma ba ta lha

v io lenta . O macaco que e ra norma lmente cons iderado a t ivo e ág i l não e ra

par pa ra a Garça . Ada to observou a lu ta mu i to a tentamente .

E le es tava fasc inado pe la esper teza ex ib ida pe los do is an ima is . A lu ta

te rminou comp letamente por um tempo e o macaco es tava começando a

demonst ra r s ina is de cansaço quando sub i tamente, como um ra io , o b ico da

Garça go lpe ia um dos o lhos do macaco que p ro fe r iu um gr i to agudo de dor

enquan to o sangue f lu ía do o lho dan i f i cado .

O macaco começou a sa l ta r e fug iu para o abr igo na f lo res ta de onde hav ia

sa ído .

No in íc io da lu ta , Ada to apenas observou mas não pensou mu i to sobre e la .

Porém, quando e le observou ma is a ten tamente , começou a no ta r que os do is

an ima is usavam métodos d i fe ren tes de lu ta e que suas técn icas e ram

s is temát icas e met icu losas . Os mov imentos da Garça Branca e ram

par t icu la rmente evas ivos , anu lando cada mov imento de a taque do macaco ,

não impor tando a ve loc idade em que eram des fe r idos.

Depo is de observar os mov imentos de lu ta dos do is an ima is , Ada to fo rmou

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um s is tema de técn icas de punhos e pernas em sua mente . Como resu l tado

de mu i ta exper imentação e p rá t ica, o Kung Fu Garça Branca começou a se

fo rmar .

Após te rminada a pesqu isa e ana l ise , fo ram cr iadas 8 (o i to ) técn icas

fundamenta is dos mov imentos natu ra is da Garça Branca e ado tado a lguns

jogos dos pés do macaco . Ada to incorporou as técn icas novas ao a rsena l

marc ia l que e le hav ia aprend ido no temp lo e a is to deu o nome de “O rug i r

do leão” , ma is ta rde o es t i lo fo i renomeado para Kung Fu Pa i Ho ou Pak Hok

no d ia le to can tonês.

O Kung Fu da Garça Branca é conhec ido como a a r te Imper ia l du rante a

d inas t ia Ch ing (1644-1912) , po rque os guardas rea is t re ina ram o Kung Fu

Garça Branca para p ro teger a famí l ia rea l . Também é cons iderado como um

dos ma is e legan tes e bon i tos es t i los do Kung Fu Ch inês.

Com o passar dos sécu los, o Kung Fu Garça Branca teve mu i tos mest res

famosos que o desenvo lve ram em vár ios s is temas d i fe ren tes : Lama Pa i , Hop

Gar , o Rug ido de Leão , Pak Hok, S i J ih Hao , Garça Branca e Lama Kung Fu.

Nos anos ent re 1 .850 e 1 .865 duran te a d inas t ia Ch ing, o g rande Monge

Hs ing Lung Lo Jung, um dos p r ime i ros d isc ípu los de Adato , v ia jou para o su l

da Ch ina com seus qua t ro d isc ípu los monges Ta Ch i , Ta We i , Ta Yuan e Ta

Chueh . E les começaram a p ropagar as técn icas de mãos da es t re la caden te

e es t i lo do nor te de Kung Fu segundo seu atua l t í tu lo de es t i lo “Pa i Ho” .

O g rande Hs ing Lung e seus qua t ro d isc ípu los es tavam enc lausurados no

moste i ro Ló tus , na montanha T ing Hu , do d is t r i to de Chao Ch ing, Kwang

Tung . Fo i lá que o Monge Hs ing Lung ace i tou quat ro a lunos , os qua is não

e ram monges, e passou para e les os segredos do Kung Fu Pa i Ho . Esses

qua t ro d isc ípu los e ram Wong Yan Lam, Chan Yun , Chou Heung Yuen e Chu

Ch i Y iu . Depo is um out ro , chamado Wong Lam Ho i , se juntou aos qua t ro .

Wong Lam Ho i e ra i rmão de sangue de Wong Yan Lam e e ra de Nan Ha i

d is t r i to de Kwang Tung .

E les fo ram os c inco g rão-mest res que f i ca ram responsáve is pe la p ropagação

do Kung Fu Pa i Ho no Su l da Ch ina , logo após sua c r iação . Os segu idores

ac ima menc ionados como os c inco g rão-mest res , hav iam nomeado Ng Siu

Chung como o p r inc ipa l expoente do es t i lo Pa i Ho .

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Uma es ta tue ta do Buda fe i ta de ouro fo i dada juntamente por Wong Yan Lam

e Chu Ch i Y iu à Ng S iu Chung . Es ta es ta tue ta fo i he rança do es t i lo Pa i Ho e

somente o g rão-mest re do est i lo es tava incumb ido da responsab i l idade de

guardá- la . Naque le tempo, Ng S iu Chung to rnou-se o guard ião ou t imone i ro

do es t i lo Pa i Ho de Kung Fu . Os g rão-mest res Chan Yun e Chou Heung Yuen

morre ram cedo . A ta re fa de p ropagação da a r te marc ia l Pa i Ho es tava

p r inc ipa lmente sobre Wong Yan Lam e Chu Ch i Y iu .

Chan Hak Fu (Chen Ke Fu) : Um dos mest res ma is famosos de Kung Fu Garça

Branca , ap resen tou ao mundo sua o rgan ização : a Federação In te rnac iona l de

Kung Fu Pak Hok (Wh i te Crane) na Aus t rá l ia em 1972 . E le abr iu suas

esco las em Hong Kong , Macau , Aus t rá l ia e vá r ios loca is nos Estados Un idos ,

como Nova Io rque , Ca l i fó rn ia , San Franc isco e tc .

O monge Ah Dat Ta, even tua lmente , ens inou o es t i lo a out ro monge do

temp lo esse monge e ra o grande S ing Lung o qua l , ma is ta rde , amp l iou o

s is tema c r iando as técn icas de mãos da es t re la caden te (Lau S ing Kuen) .

Mu i tas técn icas den t ro da fo rma Fe i Hok Sau (mãos de garça voadora )

es tavam ext remamente avançadas para p r inc ip ian tes e ass im a d iv isão

“punhos da es t re la caden te ” fo i c r iada para con te r as fo rmas ma is bás icas.

E las são : Luk Lek Kuen (Forma das se is fo rças) , Chu i t Yap Bo Kuen (Forma

avançar e recuar o passo) , T i t L in Kuen (Forma da cade ia de fe r ro ) , S iu Ng

Y ing Kuen (Forma dos c inco pequenos an ima is ) , T in Gong Kuen (Forma da

u rsa ma io r ) , Lo Han Kuen (Forma de Bodh isa t tva , San to Bud is ta ) , S iu Kam

Kongo Kuen (Forma do pequeno d iamante ) , Ta i Kam Kongo Kuen , (Forma do

ma io r d iamante ) , Ta i Ng Y ing Kuen (Forma dos c inco g randes an ima is ) , Kun

Na Sau Kuen (Forma de agar ramento com as mãos) , Tsu i Ba Hs ien Kuen

(Forma dos o i to imor ta is bêbedos) , Tsu i Lo Han Kuen (Forma de Bodh isa t tva

bêbedo) , Lo Han Chu t Dong Kuen (Forma Bodh isa t tva encer ra a caverna) ,

Kua i J ih Kuen (Forma do Bando le i ro ) , Lo Han Y i Sap Se i Jang Kuen (Forma

de v in te e quat ro co tove los de Bodh isat tva ) e Tsu i Kam Kongo Kuen (Forma

de d iamante bêbedo) .

Os mov imentos das fo rmas ac ima são p r inc ipa lmente c i rcu la res e mu i to

compactos . Porém, essas são , po r tan to , as p r inc ipa is fo rmas do es t i lo . As

técn icas ma is avançadas são as fo rmas:

• Mui Fa Kuen (Forma da f lo r de ame ixa) , a execução dessa fo rma

s imbo l iza a f lo r de ame ixa abr indo suas pé ta las , most rando sua

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be leza (conhec imento ) e per fume (Ch i ) , e incorpora a essênc ia dos

mov imentos da garça comb inados com o Kung Fu c láss ico.

• Fe i Hok Sau (Mão de garça voadora ) , essa fo rma fo i ded icada a todo

o n íve l fundamenta l das técn icas de lu ta do s is tema Pa i Ho e es tava

composta de ambos os go lpes de punhos e técn icas de mãos

aber tas .

• Nei Lah Sau, essa fo rma fo i ded icada às técn icas de lu ta avançadas

e es tava composta de agar ramento e técn icas de to rções . Com

espec ia l i zação em combate nos pon tos v i ta is do oponen te .

• Dou Lo Sau , essa fo rma é fundamenta l no Kung Fu Pa i Ho e es tá

inc lusa na fo rma in t i tu lada “Agu lha envo lv ida no a lgodão” .

• Min Lo i Jam Kuen (Forma agu lha envo lv ida no a lgodão) , essa fo rma

é um pouco do Kung Fu es tá t ico que enfa t iza a função da mente . A

mente con t ro la os mov imentos do co rpo e membros . De modo que a

fo rma “agu lha envo lv ida em a lgodão” pode ser cons iderada, de ce r ta

fo rma, Kung Fu in te rno o qua l é o pon to de par t ida para os ma is

a l tos es tág ios de t raba lho in te rno chamado “ t raba lho in te rno Pa i Ho” .

Aque le que é bastante p reparado para p ra t ica r es tes t raba lhos

in te rnos se rá capaz de usar sua mente para con t ro la r não só a

resp i ração mas também a c i rcu lação sanguínea e o metabo l ismo do

co rpo , execu tando , dessa fo rma, em per fe i ta harmon ia com o

un ive rso .

A lém das fo rmas menc ionadas ac ima são rea l izados mov imentos como

técn icas comp lementa res das fo rmas do macaco (Hou Chuen) , do t ig re (Fu

J iao ) , do leopardo (Pao Ch ’uan) , do d ragão (Long Chuen) e da se rpen te (She

Chuen) .

O est i lo Pa i Ho (garça b ranca) também u t i l i za a rmas em suas fo rmas.

No to ta l são ma is de 10 (dez) as p r inc ipa is a rmas ens inadas no es t i lo Pa i

Ho .

São e las :

• Bastão norma l (Shang Kuan Shu) ,

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Page 56: Kung Fucentrofilosoficodokungfu.com.br/coletanea kung fu 12.pdf · EDITORIAL Esta publicação é o 12° volume da coletânea de textos e provérbios publicados na home-page do Centro

• Nunchaku de duas par tes (Lan T ih Kuan) ,

• Facão de gume s imp les (Tan Tao Kuen) ,

• Faca de borbo le ta (Wu T ip Tao) ,

• Lança de uma ponta ou uma cabeça (Tan Tou Ch ’ iang) ,

• Gancho o re lha ou cabeça de t ig re (Hu Tou Kou) ,

• Facão em fo rma de me ia - lua ou facão de Kwan Kun (Kuan Tao) ,

• Nunchaku de t rês par tes (San T ih Kuan) ,

• Punha l dup lo (Erh P i Shou) , Gar fo de t rês pon tas – t r iden te com

bas tão (San Ch ’a Kuan) e

• Espada s imp les e dup la (Ch ien Tao) .

IMPORTANTE:

Esta coletânea é o 12° volume da série e é fornecida gratuitamente.

Consulte nossa pagina na INTERNET com frequência.

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