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LAÉRCIO WANDERLEY DOS SANTOS PROPAGAÇÃO E PRODUÇÃO DE MUDAS DE MULUNGU, Erythrina velutina WILLD. (FABACEAE) E JUCÁ, Caesalpinia ferrea MART. EX TUL. (CAESALPINIACEAE) EM MOSSORÓ-RN Tese apresentada à Universidade Federal Rural do Semiárido, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Agronomia: Fitotecnia ORIENTADORA: Profª Titular Maria de Fátima Barbosa Coelho Mossoró - RN 2011

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LAÉRCIO WANDERLEY DOS SANTOS

PROPAGAÇÃO E PRODUÇÃO DE MUDAS DE MULUNGU,

Erythrina velutina WILLD. (FABACEAE) E JUCÁ, Caesalpinia

ferrea MART. EX TUL. (CAESALPINIACEAE) EM MOSSORÓ-RN

Tese apresentada à

Universidade Federal Rural do

Semiárido, como parte das

exigências para obtenção do

título de Doutor em Agronomia:

Fitotecnia

ORIENTADORA:

Profª Titular Maria de Fátima Barbosa Coelho

Mossoró - RN

2011

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“...agora sim! Chegamos ao

sancto - dos – sanctos das três

águas. A suínã grossa, com

poucos espinhos, marca o meio

da clareira. Muito mel, muita bojuí,

jataí, urucu, e toda raça de

abelhas e vespas, esvoaçando;

formigas marinhando tronco

acima. A sombra é farta. E há os

ramos, que trepam por outros

ramos. E as flores rubras, em

cachos extremos-vermelhíssimas

ofuscantes, queimando os olhos,

escaldantes de vermelhas...”

ROSA, JOÃO GUIMARÃES,

Sagarana . Rio de Janeiro. Nova

Fronteira, 2001. 280 p.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e ao Divino Pai Eterno por tudo que tenho

recebido, pela força, serenidade e coragem concedidas na realização

deste trabalho.

Agradecimento especial à minha esposa Ciraide Rodrigues de

Sousa Santos e meus filhos Tayná Maria de Sousa Santos e Laércio

Wanderley dos Santos Júnior pelo apoio, compreensão e torcida para

que eu pudesse chegar a este momento.

A professora DS. Maria de Fátima Barbosa Coelho pela

orientação, confiança, dedicação, amizade e ensinamentos na

execução do trabalho e na minha vida profissional.

Agradeço também a Universidade Federal Rural do Semiárido

(UFERSA), a CAPES e a Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT) pela oportunidade de fazer esse curso de pós-graduação;

Aos professores Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo e Jefferson

Luís Dallabrona Dombroski pelo apoio e orientações e aos colegas

pela amizade.

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BIOGRAFIA

LAÉRCIO WANDERLEY DOS SANTOS, filho de Álvaro de Almeida

Wanderley e Maria Luíza dos Santos Wanderley, nasceu em 21 de

maio de 1955 no Rio de Janeiro-RJ. Graduou-se em Agronomia pela

Universidade Federal de Mato Grosso em 1980. Especialista em

Fundamentação Metodológica do Ensino Superior pela UFMT em

1983 (Cuiabá-MT) e, em Biologia Geral pela Faculdade Auxilium de

Lins em 1988 (Lins-SP). Cursou Mestrado em Agricultura Tropical no

período de 2004 a 2006 na Universidade Federal de Mato Grosso. É

professor Adjunto IV pela UFMT/CUA desde 1981. Ingressou no

Doutorado em Fitotecnia pela UFERSA - Universidade Federal Rural

do Semiárido em março de 2009.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DE LITERATURA DE

MULUNGU, Erythrina velutina Willdenow. (FABACEAE) E JUCÁ,

Caesalpinia ferrea MART. EX TUL. (CAESALPINIACEAE) .......................

Pg. 17

1INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................ 18

2 REVISÃO DE LITERATURA. ...................................................................... 19

2.1 MULUNGU (E. velutina)............................................................................ 19

2.1.1 Ocorrência............................................................................................... 19

2.1.2 Descrição botânica.................................................................................. 21

2.1.3 Propriedades fitoterápicas....................................................................... 22

2.1.4 Ornamentação......................................................................................... 23

2.1.5 Outras utilidades...................................................................................... 23

2.1.6 Fenologia.................................................................................................. 23

2.1.7 Obtenção de sementes............................................................................ 24

2.1.8 Armazenamento....................................................................................... 24

2.1.9 Reprodução.............................................................................................. 24

2.2 JUCÁ (C. ferrea)......................................................................................... 25

2.2.1 Ocorrência................................................................................................. 25

2.2.2 Descrição botânica.................................................................................... 25

2.2.3 Propriedades fitoterápicas......................................................................... 28

2.2.4 Outras utilidades........................................................................................ 29

2.2.4.1Madereira.................................................................................................. 29

2.2.4.2 Ornamental............................................................................................. 30

2.2.4.3 Industrial................................................................................................. 30

2.2.4.4 Forrageira............................................................................................... 30

2.2.5 Ecologia..................................................................................................... 30

2.2.6 Fenologia................................................................................................... 30

2.2.7 Reprodução............................................................................................... 31

2.3 GERMINAÇÃO E DORMÊNCIA DE SEMENTES ...................................... 31

2.4 PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA .............................................................. 33

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2.5 REFERÊNCIAS........................................................................................... 45

CAPÍTULO II – ÉPOCAS DE COLETA E SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE

SEMENTES DE MULUNGU E JUCÁ ................................................................

52

RESUMO............................................................................................................ 53

ABSTRACT ........................................................................................................ 54

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 55

2 ÉPOCA DE COLETA E SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMEN TES DE

E. velutina.........................................................................................................

56

2.1 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 56

2.1.1 Local........................................................................................................... 56

2.1.2 Clima.......................................................................................................... 57

2.1.3 Teste de emergência................................................................................. 57

2.1.4 Delineamento estatístico........................................................................... 58

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 58

3 ÉPOCA DE COLETA E SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE

C. ferrea.............................................................................................................

62

3.1 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 62

3.1.1 Local.......................................................................................................... 62

3.1.2 Teste de emergência................................................................................. 62

3.1.3 Delineamento estatístico........................................................................... 63

3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 63

4 CONCLUSÔES............................................................................................... 66

5 REFERÊNCIAS............................................................................................... 67

CAPÍTULO III – CONDIÇÕES DE AMBIENTES E SUBSTRATOS NA

PRODUÇÃO DE MUDAS DE Erythrina velutina Willd. E Caesalpinia ferrea

MART. EX TUL. EM MOSSORÓ-RN ................................................................

72

RESUMO............................................................................................................ 73

ABSTRAC T........................................................................................................ 74

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1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 75

2 CONDIÇÕES DE AMBIENTE E SUBSTRA TOS NA PRODUÇÃO DE

MUDAS DE E. velutina........................................................................................

76

2.1 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 76

2.1.1 Local.......................................................................................................... 76

2.1.2 Produção de mudas.................................................................................. 76

2.1.3 Delineamento estatístico........................................................................... 77

2.1.4 Área foliar.................................................................................................. 77

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 79

3 CONDIÇÕES DE AMBIENTES E SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO D E

MUDAS DE C. ferrea.........................................................................................

86

3.1 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 86

3.1.1 Local.......................................................................................................... 87

3.1.2 Produção de mudas................................................................................... 87

3.1.3 Delineamento estatístico........................................................................... 87

3.1.4 Área foliar................................................................................................... 88

3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 89

3.3 CONCLUSÕES............................................................................................ 94

4 REFERÊNCIAS............................................................................................... 95

CAPÍTULO IV – PROPAGAÇÃO DE E. velutina E C. ferrea, PELO MÉTODO

DE ESTAQUIA, EM MOSSORÓ-RN ..................................................................

99

RESUMO............................................................................................................. 100

ABSTRACT ........................................................................................................ 101

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 102

2 PROPAGAÇÃO DE E. velutina POR ESTAQUIA......................................... 103

2.1 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 103

2.1.1 Experimento 01 – Propagação de E. velutina por estacas lenhosas, em

diferentes substratos, na estação seca...............................................................

104

2.1.2 Experimento 02 – Propagação de E. velutina por estacas lenhosas e

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doses de AIB (ácido indolbutírico) na estação

chuvosa............................................................................................................

105

2.1.3 Experimento 03 – Propagação de E. velutina por meio de estacas

herbáceas, em diferentes substratos, na estação chuvosa.................................

106

2.1.4 Experimento 04 – Propagação de E. velutina por estacas semilenhosas

procedentes de brotações de árvore jovem, e uso de AIB, na estação

seca......................................................................................................................

106

2.1.5 Experimento 05 - Propagação de E. velutina por estacas semilenhosas

procedentes de mudas, com até 12 meses de idade e uso de AIB, na estação

seca......................................................................................................................

106

2.1.6 Experimento 06 - Propagação de E. velutina por estacas semilenhosas,

procedentes de mudas com 6 meses de idade e uso do AIB, na estação

chuvosa...............................................................................................................

107

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 107

3 PROPAGAÇÃO DE C. ferrea POR ESTAQUIA ............................................. 119

3.1 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 119

3.1.1 Experimento 01 - Propagação de C. ferrea por meio de estacas lenhosas

extraídas de árvores, e doses de AIB, na estação seca.....................................

121

3.1.2 Experimento 02 - Propagação de C. ferrea, por meio de estacas

semilenhosas oriundas de brotações, e doses de AIB (0 a 4.000 mg L-1) na

estação seca........................................................................................................

121

3.1.3 Experimento 03 - Propagação de C. ferrea por meio de estacas

semilenhosas, oriundas de brotações, e doses de AIB (0 a 8.000 mgL-1) na

estação seca........................................................................................................

121

3.1.4 Experimento 04 - Propagação de C. ferrea por meio de estacas

semilenhosas provenientes de brotações, e tipos de substratos, na estação

seca..................................................................................................................

122

3.1.5 Experimento 05 – Propagação de C. ferrea por estacas semilenhosas

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oriundas de brotações, e doses de AIB, na estação

chuvosa...............................................................................................................

122

3.1.6 Experimento 06 – Propagação por estacas semilenhosas oriundas de

brotações de C. ferrea e tipos de substratos na estação

chuvosa..............................................................................................................

122

3.1.7 Experimento 07 – Propagação de C. ferrea por estacas herbáceas e tipos

de substratos na estação seca............................................................................

123

3.1.8 Experimento 08 – Propagação por estacas herbáceas de C. ferrea e

doses de AIB na estação

chuvosa................................................................................

123

3.1.9 Experimento 09 – Propagação por estacas semilenhosas extraídas de

mudas de C. ferrea, obtidas por meio de sementes, com 14 meses de idade, e

doses de AIB na estação seca...........................................................................

123

3.1.10 Experimento 10 – Propagação por estacas semilenhosas extraídas de

mudas de C. ferrea obtidas por meio de sementes, com 6 meses de idade, e

doses de AIB, na estação chuvosa....................................................................

123

3.1.11 Experimento 11 – Propagação por estacas extraídas de raízes de C.

ferrea com 11 cm de comprimento, obtidas de mudas e submetidas a diferentes

substratos na estação seca................................................................................

124

3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 124

4 CONCLUSÕES............................................................................................... 130

5 REFERÊNCIAS............................................................................................... 131

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LISTAS DE TABELAS E FIGURAS

CAPÍTULO I Pg.

Figura 1. Árvore de E. velutina em área de ocorrência natural, a 100 m na

margem direita do rio Melancia. Setembro de 2010. Mossoró –

RN..................................................................................................

20

Figura 2. Ocorrência de Mulungu (E. velutina), no Brasil (Carvalho,

2008)..............................................................................................

21

Figura 3. Floração em agosto e frutos/sementes coletados no mês de

outubro de 2010, no campus da UFERSA, Mossoró-RN..............

24

Figura 4. Árvore (A), folhas alternas (B), frutos e sementes (C) de C. ferrea

em Mossoró-RN, 2010...................................................................

27

Figura 5. Bancas de “raizeiros” que comercializam frutos de C. ferrea em

Mossoró-RN,2010..........................................................................

29

CAPÍTULO II

Tabela 1. Médias das características de sementes de E.velutina sob

diferentes métodos de superação de dormência tegumentar e

épocas de coleta em Mossoró-RN..................................................

60

Tabela 2. Médias das características de sementes de C. ferrea sob diferentes

técnicas para superação de dormência tegumentar e épocas de

coleta, em Mossoró-RN...................................................................

64

CAPÍTULO III

Figura 1. Folha de mulungu, discos e furador de rolhas................................. 78

Figura 2. Emergência das plântulas de E. velutina em ambiente sombreado e

a pleno sol. Mossoró – RN, 2010.....................................................

80

Tabela 1. Médias das características de mudas de E.velutina sob condições

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de ambientes e substratos em Mossoró-RN, 2009....................... 81

Figura 3. Umidade e precipitação em Mossoró-RN, 2009.Fonte: Estação

Meteorológica da UFERSA - Universidade Federal Rural do

Semiárido.......................................................................................

82

Figura 4. Temperaturas em Mossoró-RN, 2009. Fonte: Estação

Meteorológica da UFERSA - Universidade Federal Rural do

Semiárido.......................................................................................

83

Tabela 2. Características dos substratos utilizados na produção de mudas de

E. velutina, em Mossoró, RN, 2009. Fonte: Laboratório de solos da

UFERSA.........................................................................................

84

Tabela 3. Médias estimadas em cm2, das áreas foliares de mudas de

E.velutina, corrigidas pela equação Y= 0,843x, sob condições de

ambientes e substratos em Mossoró-RN, 2009..............................

85

Figura 5. Comparação entre as médias de áreas foliares de mudas de E.

velutina, cultivada à pleno sol e à 50% de sombreamento, pelo

método do disco e do scanner........................................................

86

Figura 6. Foliólulos de C. ferrea e integrador de área foliar modelo Área

Meter AM 300, e balança modelo ACCULAB Sartorius

group..............................................................................................

88

Figura 7. Início da emergência de C. ferrea no terceiro dia após a semeadura

e ao final de quarenta e sete dias, em Mossoró-RN,

2009................................................................................................

89

Tabela 4. Médias das características de mudas de C. ferrea sob condições

de ambientes e substratos em Mossoró-RN, 2009.........................

90

Tabela 5. Médias estimadas em cm2, das áreas foliares de mudas de

C.ferrea, sob condições de ambientes e substratos em Mossoró-

RN, 2009........................................................................................

92

Figura 8. Médias de áreas foliares de mudas de C. ferrea, cultivada em

ambiente sombreado pelo método do integrador de área

foliar................................................................................................

93

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CAPÍTULO IV

Figura 1. Estacas lenhosas de E. velutina, em casa de vegetação, no

campus da UFERSA, em Mossoró-RN, maio de

2010...............................................................................................

105

Figura 2. Plântulas oriundas de estacas semilenhosas de E. velutina

extraídas de árvore jovem, tratadas com AIB, após 45 dias no leito

de enraizamento. Mossoró-RN, 2010.............................................

110

Figura 3. Número de raízes das estacas semilenhosas extraídas de árvore

jovem de E. velutina. Mossoró-RN, 2010.......................................

111

Figura 4. Plântulas oriundas de estacas semilenhosas de E. velutina,

extraídas de mudas com até 12 meses de idade, tratadas com AIB.

Mossoró-RN, 2010........................................................................

111

Figura 5. Plântulas de E. velutina oriundas de estacas, procedentes de

mudas com 6 meses de idade, no período chuvoso, submetidas à

dose de 0 mgL-1 de AIB. Mossoró-RN, 2011.................................

112

Figura 6. Plântulas de E. velutina oriundas de estacas, procedentes de

mudas com 6 meses de idade, no período chuvoso, submetidas à

doses de 1.000; 2.000; 3.000; 4.000; 5.000 e 6.000 mgL-1 de AIB.

Mossoró-RN, 2011.........................................................................

113

Figura 7. Médias do número de folhas e brotações de E. velutina obtidas de

estacas extraídas de mudas com 6 meses de idade, no período

chuvoso, submetidas ao AIB. Mossoró-RN, 2011

114

Figura 8. Médias do número e biomassa seca de raízes de E. velutina

obtidas de estacas extraídas de mudas com 6 meses de idade, no

período chuvoso, submetidas ao AIB. Mossoró-RN,

2011................................................................................................

114

Figura 9. Médias de temperatura máxima e umidade relativa do ar no local,

sombreado, dos experimentos em 2010. Mossoró-RN..................

116

Figura 10. Médias de temperatura máxima e umidade relativa do ar no local,

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sombreado, dos experimentos em 2011. Mossoró-RN.................. 116

Tabela 1. Características do substrato (casca de arroz carbonizada) utilizado

para o enraizamento de E. velutina, em Mossoró-RN,

2010.........................................................................................................

119

Figura 11 Estacas semilenhosas, extraídas de mudas de C. ferrea com 14

meses de idade, em outubro de 2010............................................

125

Figura 12. Estacas semilenhosas extraídas de mudas de C. ferrea com 6

meses de idade e testemunha (0 mg.L -1 de AIB) em 2011...........

126

Figura 13. Estacas semilenhosas extraídas de mudas de C. ferrea com 6

meses de idade e doses de AIB (2.000 a 8.000 mg.L -1 ) em maio

de 2011...........................................................................................

126

Figura 14 Estacas extraídas de raízes de C. ferrea, com 18 cm de

comprimento, que foram submetidas a doses de AIB: 0; 2.000;

4.000; 6.000 e 8.000 mgL-1, em dezembro de 2010.....................

128

Figura 15. Percentual de enraizamento, biomassa seca das raízes, número de

raízes e comprimento da maior raiz de estacas extraídas de raízes

de C. ferrea, com 18 cm de comprimento, em dezembro de 2010.

129

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RESUMO

SANTOS, Laércio Wanderley dos. Propagação e produção de

mudas de mulungu ( Erythrina velutina Willd.) e jucá

(Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.) em Mossoró-RN. 2011. Tese

(Doutorado em Agronomia: Fitotecnia) – Universidade Federal Rural

do Semiárido (UFERSA), Mossoró-RN, 2011.

Erythrina velutina Willd. e Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. são

utilizadas na medicina popular do Nordeste. A casca de E. velutina

apresenta ação antiepatotóxica, anti-inflamatória e sedativa. O

extrato hidroalcoólico dos frutos de C. ferrea tem ação anti-

inflamatória, imunoestimulante, hiperglicemiante e inibitória de

tumores. Este trabalho foi desenvolvido na UFERSA. O objetivo foi

avaliar o efeito de métodos de propagação em diferentes ambientes

e épocas na produção de mudas de E. velutina e C. ferrea em

Mossoró-RN. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado.

As sementes destas espécies apresentam dormência tegumentar,

que é superada quando escarificadas na extremidade oposta à

micrópila, podendo ser armazenadas em câmaras frias, sem perdas

significativas na emergência das plântulas por um período de 2 anos

para E. velutina e 3 para C. ferrea. Mudas de E. velutina e C. ferrea

podem ser produzidas, por meio de sementes, a pleno sol e em

substratos que contenham matéria orgânica. Podem ser produzidas,

também, por meio de estacas semilenhosas oriundas de plantas

jovens de E. velutina com 6 a 12 meses de idade obtendo-se 90 a

95% de enraizamento, e por meio de estacas, com 18 cm de

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comprimento, provenientes de raízes de mudas de C. ferrea.

Quando submetidas à dose de 6.000 mgL-1 de AIB pode-se obter até

85% de enraizamento.

Palavras chave: germinação, Erythrina velutina, Caesalpinia ferrea, mudas

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ABSTRACT

SANTOS, Laércio Wanderley dos. Propagation and production of

seedlings of Erythrina velutina WILLD. e Caesalpinia ferrea Mart.

ex Tul. in Mossoró-RN. Thesis (Doctorate in Agronomy: Plant

Science) - Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA),

Mossoró-RN, 2011.

Erythrina velutina Willd. and Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. are

used in folk medicine of northeastern Brazil. The bark of E. velutina

has antiepatotoxica, anti-inflammatory and sedative action. The

hydroalcoholic extract of the fruits of C. ferrea has action anti-

inflammatory, immunostimulant, hyperglycaemic and inhibition of

tumors.

The study was conducted at the UFERSA. The aim of this study was

to evaluate the effect of methods of propagation in different

environments and times in the production of the seedlings of the E.

velutina and C. ferrea in Mossoró-RN. The experiment was

conducted in a completely ramdomized. The seeds of this species

present tegument dormancy that is overcome when scarified the end

opposite the micropyle and may be stored in cold storage without

significant losses in seedling emergence for a period of 2 years for E.

velutina and 3 for C. ferrea. Seedlings of E. velutina and C. ferrea

can be produced from seed in full sun and substrates with organic

matter. They can also be produced by means of semihardwood

cuttings derived from seedlings of E. velutina with 6 to 12 months,

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resulting in 90 to 95% rooting. And the cuttings, with 18 cm in length,

from roots of seedlings of C. ferrea, when subjected to a dose of

6.000 mg L-1 of IBA, can get up to 85% rooting.

Key words: germination, Erythrina a velutina, Caesalpinia ferrea, seedlings

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CAPITULO I

INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DE LITERATURA SOBRE

MULUNGU, Erythrina velutina WILLDENOW. (FABACEAE), E JUCÁ,

Caesalpinia ferrea MART. EX TUL. (CAESALPINIACEAE)

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A espécie Erythrina velutina Willdenow (Fabaceae) apresenta

árvore decídua, heliófita e é nativa da Caatinga do nordeste brasileiro,

possuindo dispersão mais ligada às subáreas úmidas das margens de

rios, mesmo de pequeno porte, ou áreas rebaixadas, um pouco alagáveis

durante a época das chuvas. É conhecida popularmente como mulungu,

suinã, canivete, corticeira, pau-de-coral, sanaduí, sanaduva, saranduba,

bico-de-pássaro dentre outros. Suas aplicações vão desde o

sombreamento dos cacaueiros e arborização de praças e parques

públicos até a confecção de tamancos e jangada (LIMA, 1989). A casca é

empregada com frequência na medicina popular do nordeste brasileiro

(LORENZI, 2002; VIRTUOSO, 2005). A demanda crescente e o extenso

extrativismo vêm paulatinamente inserindo diversas espécies medicinais,

inclusive o mulungu, na categoria de plantas vulneráveis, ou seja, aquelas

com probabilidade de passar à categoria de espécie em perigo de

extinção, se continuar sendo explorada excessivamente, se seu habitat

for destruído e se sua sobrevivência não tiver sido assegurada (FACHIM

e GUARIM, 1995).

A Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. é uma espécie arbórea, de

pequeno porte, própria da Região Nordeste, do Ceará à Bahia, na

Caatinga arbórea e arbustiva (DUCKE, 1953; MAIA, 2004). Esta espécie é

encontrada em quase todo o Estado do Ceará, sendo, porém, mais

frequente nas serras do Araripe e do Apodí, parte Leste, Oeste e Sul do

Estado (MAIA, 2004; LORENZI, 2008). O jucá é uma espécie de múltiplos

usos pela população da Caatinga: medicinal, madeireira, ornamental,

tintorial, forrageira dentre outros (MAIA, 2004). O emprego do jucá, por

tão longo tempo, nas práticas caseiras da medicina popular, bem como as

comprovações experimentais da atividade anti-inflamatória e antitumoral,

são motivos suficientes para o desenvolvimento de estudos

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complementares (LORENZI, 2008). A espécie corre perigo de diminuição

drástica, não apenas pelo corte da sua madeira, mas, em médio prazo,

pela falta de estabelecimento de novas plantas (MAIA, 2004). As áreas

desmatadas por conta do corte de lenha para carvão e estacas,

anualmente, atingem aproximadamente 1x106 ha computando-se

unicamente CE, RN, PB e PE (SALCEDO e SAMPAIO, 2008). Desta

forma, é urgente multiplicar o mulungu e o jucá em reflorestamentos de

áreas degradadas, sendo indispensável o manejo do pastoreio (MAIA,

2004). É necessário, portanto, assegurar a conservação desses

importantes recursos genéticos. Embora a conservação in situ seja o tipo

mais adequado para populações perenes naturais, estas devem ser

complementadas pela conservação ex situ (SANTOS e COELHO, 2008).

Tais obstáculos podem ser sanados através de pesquisas agronômicas,

determinando as técnicas adequadas de produção de mudas vigorosas e

isentas de pragas e doenças (AMARAL et al., 2006). O objetivo deste

trabalho foi avaliar o efeito de diferentes métodos de propagação,

ambientes e épocas na produção de mudas de mulungu (Erithrinyna

velutina Willd.) e jucá (Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.) em Mossoró-RN.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 MULUNGU (E. velutina)

2.1.1 Ocorrência

Ocorre na Caatinga do Nordeste e na floresta latifoliada

semidecídua de Minas Gerais, preferencialmente nas formações

secundárias, apresentando, entretanto, dispersão bastante irregular e

descontínua (Figura 2) e, nas Antilhas, no norte da Venezuela, no norte

da Colômbia, no Equador, e no Peru (LIMA, 1989; LORENZI, 2002;

CARVALHO, 2008).

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Figura 1 . Árvore de E. velutina em área de ocorrência natural, a 100 m na

margem direita do rio Melancia. Setembro de 2010. Mossoró – RN. Foto do

autor.

Outras espécies deste gênero com características semelhantes e

com o mesmo nome popular ocorrem em outras regiões do país: BA, PE,

DF, GO, MT, MS, MG, RJ, PR e SP (LIMA, 1989; ALMEIDA et al., 1998).

Ocorre também com os nomes: arbe-a-coral na Guiana Francesa; bucare,

pinon-da-costa e pinon-espinhosa em Cuba; bucare e peonita na

Venezuela; cocho e coral na Colômbia; coral-bean-tree na Inglaterra; e

poro-blanco em Costa Rica (EPAMING, 1993).

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Figura 2. Ocorrência de Mulungu (E. velutina), no Brasil (Carvalho, 2008).

2.1.2 Descrição botânica

Divisão: Angiospermae; Classe: Dicotyledoneae; Sub-classe:

Archiclamydeae; Ordem: Rosales; Família: Leguminosae; Sub-família:

Faboídeae; Gênero: Erythrina; Espécie: Erythrina velutina Willdenow

(JOLY, 1987). Divisão: Magnoliophyta; Classe: Magnoliopsida; Sub-

classe: Rosideae; Ordem: Fabales; Família: Fabaceae; Gênero: Erythrina;

Espécie: Erythrina velutina Willdenow (CRONQUIST, 1981). Sinônimos:

Chirocalix velutina Walp, Corallodendron velutinum (Willd.) Kuntze,

Erythrina aculeatissima Desf. e Erythrina splendida Diels (LORENZI,

2008). Neste trabalho foi utilizada a classificação de Cronquist (1981). O

gênero apresenta 115 espécies distribuídas em todas as regiões tropicais.

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Destas, 70 ocorrem na América, 12 no Brasil, havendo 8 especificamente

no Nordeste (CARVALHO, 2008).

A árvore é decídua, de copa aberta e arredondada, muito florífera e

ornamental (LIMA, 1989; LORENZI, 2002), aculeada, de 6 a 12 m de

altura (Figura 1). Apresentando folhas compostas trifolioladas, alternas,

de folíolos cartáceos, velutino-pubescentes, medindo de 3 a 12 cm de

comprimento e flores vermelho-coral, grandes, dispostas em panículas

racemosas com raque pulverulenta, formadas com a árvore totalmente

despida de sua folhagem (Figura 4). Os frutos são do tipo legume,

deiscente, com 5 a 8 cm de comprimento, contendo 1-3 sementes

reniformes de cor vermelha e brilhantes (LORENZI, 2002).

2.1.3 Propriedades fitoterápicas

São atribuídas às preparações da casca de E. velutina

propriedades sudorífica, sedativa, emoliente (hidratante) e peitoral, e a

preparação do seu fruto seco, atribui-se ação anestésica local, usado na

forma de cigarro como odontálgico. O infuso da casca é empregado como

sedativo e calmante de tosses e bronquites, bem como para o tratamento

de verminoses e hemorróidas e, o seu cozimento (decocto) é usado para

acelerar a maturação de abcessos nas gengivas (MATOS, 1999;

LORENZI, 2002; VIRTUOSO, 2005). Estudos farmacológicos de E.

velutina constataram significativa atividade espasmolítica do extrato e

atividades curarizante, antimuscarínica e depressora do SNC (Sistema

Nervoso Central), compatíveis com as propriedades preconizadas pela

medicina popular para esta planta. Sua análise fitoquímica mostrou

também a presença de diversos alcalóides do tipo comumente encontrado

nas espécies de Erythrina (LORENZI, 2002). Virtuoso (2005) atribuiu a

esta espécie atividade antibacteriana moderada contra Staphilococcus

aureus e Streptococcus pyogenes e constatou a presença de uma

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substância denominada estigmasterol, com funções antiepatotóxica, anti-

inflamatória, sedativa e preventiva de vários tipos de câncer.

2.1.4 Ornamentação

A árvore é ornamental, principalmente quando em flor (Figura 3),

empregada no paisagismo de ruas, praças e jardins (LORENZI, 2002).

2.1.5 Outras utilidades

As aplicações de E. velutina vão desde o sombreamento de

cacaueiros e, como cerca viva pela facilidade com que brota de estacas

espetadas no próprio local até a confecção de tamancos, jangadas,

brinquedos e caixotaria pela maciez da madeira (LORENZI, 2002); é

usada também para mourões de cerca (Lima, 1989). A espécie apresenta

efeitos alelopáticos. Centenaro et al. (2009) observaram que o extrato

etanólico e frações de E. velutina, em ensaio alelopático com sementes

de Lactuca sativa, são capazes de influenciar a germinação e crescimento

de L. sativa. Trata-se de uma árvore de grande resistência à seca,

apresentando rusticidade e podendo ser usada para recuperação de

áreas degradadas (LORENZI, 2002).

2.1.6 Fenologia

Floresce a partir do final do mês de agosto com a planta sem

folhas, até dezembro (Figura 3). Os frutos amadurecem de janeiro a

fevereiro (LORENZI, 2002). As flores são polinizadas por pássaros

(GRATIERI-SOSSELLA, 2005; SAZIMA et al., 2009). Estudo realizado por

Façanha (1996) revelou a presença de nectários estruturais posicionados

em diferentes regiões da estrutura floral.

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Figura 3 . Floração em agosto e frutos/sementes coletados no mês de

outubro de 2010, no campus da UFERSA, Mossoró-RN. Fotos do autor.

2.1.7 Obtenção de sementes

Segundo Lorenzi (2002) os frutos devem ser colhidos diretamente

da árvore quando iniciarem a abertura e queda espontâneas. Em seguida

deixa-los ao sol para completar a abertura e liberação das sementes. Um

quilograma contém aproximadamente 2.850 sementes.

2.1.8 Armazenamento

As sementes de mulungu são ortodoxas e quando acondicionadas

nas embalagens de papel, pano ou vidro podem ser armazenadas nos

ambientes de laboratório, geladeira e câmara fria, durante 225 dias sem

perdas significativas na emergência das plântulas (SILVA, 2008).

2.1.9 Reprodução

E. velutina reproduz-se tanto por sementes como por estacas

(LORENZI, 2002). No entanto, Carvalho (2008) afirma que a espécie

propaga-se muito mal por estacas. A reprodução seminal é obtida

colocando-se as sementes para germinar, logo após serem colhidas, sem

nenhum tratamento, diretamente em embalagens individuais contendo

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substrato organoarenoso peneirado; as sementes devem ser irrigadas

diariamente (LORENZI, 2002). No gênero Erythrina já foi demonstrado

que as sementes apresentam dormência tegumentar (SILVA et al., 2006).

A testa ou partes endurecidas dos envoltórios da semente são

impermeáveis à água, mantendo-a dormente ou quiescente

(FACHINELLO et al., 2005). A germinação de E. velutina é epígea do tipo

fanerocotiledonar com início no terceiro e finalização no décimo quinto dia

e, a escarificação manual do tegumento com lixa nº. 80, na extremidade

oposta à micrópila ou nas duas extremidades, sem embebição é eficiente

para a superação da dormência das sementes (SILVA, 2008). A

emergência ocorre em 10-25 dias (LORENZI, 2002).

2.2 JUCÁ (C. ferrea)

2.2.1 Ocorrência

Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. é uma espécie própria da Região

Nordeste, do Ceará à Bahia, na Caatinga arbórea e arbustiva (DUCKE,

1953; MAIA, 2004). No Estado do Ceará, sendo é mais frequente nas

serras do Araripe e do Apodí, parte leste, Oeste e Sul do estado (MAIA,

2004; LORENZI, 2008).

2.2.2 Descrição botânica

A família Caesalpiniaceae compreende cerca de 150 gêneros

(JOLY, 1987). O gênero Caesalpinia L. é composto de 100-150 espécies

cujo centro de distribuição na América do Sul encontra-se no Norte da

Argentina e Nordeste do Brasil (DUCKE, 1953). Caesalpinia ferrea Mart.

ex Tul (=C.ferrea var. cearensis Huber) é conhecida popularmente como

jucá, ibirá - obi, Baje de jucá, pau - ferro, imirtá - itá, muirá - obi, muirá -

itá, jucazeiro e pau – de - jucá (DUCKE, 1953; MACHADO et al., 1992;

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MAIA, 2004; LORENZI, 2008). O nome Caesalpinia é em homenagem ao

botânico italiano, Andréa Caesalpinio (CARVALHO, 1994) e jucá vem da

palavra indígena yuca, que significa matar, pois com ela os índios kariri-

shoko faziam seus tacapes (MAIA, 2004).

O jucá é uma espécie arbórea de pequeno porte com até 5 a 7 m

(até 10 m) de altura, de tronco curto, ramificado quase desde a base,

medindo até 30 cm de diâmetro (DAP) e, provido de casca fina que se

renova anualmente, deixando manchas mais claras resultantes da queda

de placas de ritidoma (Figura 4A). O lenho, tanto do tronco como dos

galhos, é quase branco, muito duro e difícil de quebrar. Tem folhas

alternas (Figura 4B), compostas bipinadas de 2 a 4 pinas com 4 a 6 pares

de folíolos, oval-elíticos a levemente obovados (os do ápice). As flores

são amarelas, pequenas, dispostas em panículas terminais, com corola

zigomorfa com quatro pétalas laterais e uma superior, com finas listras na

face interna das pétalas; estames em número de dez, agrupados em

oposição à pétala superior com filetes pilosos na base e alternadamente

de 2 tamanhos, 0,4 e 0,5 cm, rosados; ovário central, verde-claro com

estilete vermelho e estigma claro (JOLY, 1987; LIMA, 1989; VIDAL e

VIDAL, 2000; MAIA, 2004; LORENZI, 2008).

Os frutos (Figura 4C) são do tipo legume achatado: bivalvo, com

duas deiscências longitudinais, monocárpico, geralmente polispérmico, de

cor cinza amarelada, quase pretos quando maduros e secos, bem

achatados e um pouco encurvados, medindo até 10 cm de comprimento

por 2 cm de largura e 0,5 cm de espessura, contendo algumas sementes

(2-5 por fruto), pardo claras, lisas, lustrosas, duríssimas, dificilmente

separadas da vagem (JOLY, 1987; VIDAL e VIDAL, 2000).

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Figura 4. Árvores (A), folhas alternas (B), frutos e sementes (C) de C.

ferrea em Mossoró-RN, 2010. Fotos do autor.

Com o nome popular pau-ferro são conhecidas, no entanto, outras

variedades de Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. designadas por

Caesalpinia ferrea var. leiostachya Benth., de porte bem maior,

alcançando altura de 20-30 m, com tronco liso e descamante com

manchas brancas sobre fundo escuro e folhas glabras com 9-11 pinas, e,

Caesalpinia ferrea var. ferrea, de porte pequeno a médio, conhecida

também como pau-ferro, usada na arborização de ruas (CARVALHO,

1994; LORENZI, 2002; LORENZI, 2008). A variedade parvifolia apresenta

de 12 a 20 folíolos (DUCKE, 1953; CARVALHO, 1994).

B

C

A

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Pela detalhada descrição de Tulasne torna-se evidente que

Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. (=C.ferrea var. cearensis Huber)

corresponde ao jucá e não ao pau-ferro da mata do Rio de Janeiro e das

serras do Nordeste (DUCKE, 1953). O tronco é tortuoso e sempre mais

baixo em relação às outras variedades, até 10 m; o número de pinas é de

2 a 3, raramente 4; o de folíolos 4 a 6 pares. Os pecíolos pubescentes do

lado inferior dos folíolos; o tipo de inflorescência; a coloração da casca do

tronco e o fruto geralmente curvado (Figura 4C) distinguem esta espécie

da Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. var. leiostachya Benth. (DUCKE,

1953).

2.2.3 Propriedades fitoterápicas

A tintura obtida dos frutos é tida como excelente medicação em

curativos de contusões e ferimentos, para estancar hemorragias e, em

compressas no tratamento de luxações (LORENZI, 2008). Segundo

antigo costume da medicina popular do Nordeste, a tintura é preparada à

quente, na proporção de 100 g das vagens trituradas para um litro de

álcool diluído a 70% com água. Diluída com água na proporção de 10 por

1 e espessada com açúcar forma um xarope muito popular no Nordeste

para o tratamento caseiro da tosse, bronquite e coqueluche. A infusão da

entrecasca é usada para os mesmos fins (LORENZI, 2008). A entrecasca

do caule e os frutos também são usados como adstringentes,

antidiabéticos e para combater diarréia e sangramentos (MAIA, 2004;

MATOS, 1999). O chá das folhas ou dos frutos e das raízes é

antidiarréico, sendo as raízes também antitérmicas. Os índios kariri-shoko

e shoko fazem da madeira o chá ou lambedor para fortalecer o sangue

(tônico) e contra gripes. A garrafada da casca diminui o fluxo menstrual

(MAIA, 2004). Em recente estudo farmacológico do extrato hidroalcoólico

dos frutos dessa planta foi comprovada a ação contra tumores

provocados pelo vírus Epstein-Barr (LORENZI, 2008).

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O extrato mostrou também, em outros ensaios, ação

imunoestimulante e anti-inflamatória, bem como atividade

hiperglicemiante, atribuídas ao derivado do ácido elágico e seu derivado

trihidroxilado e uma potente atividade inibitória de tumores. O emprego do

jucá, por tão longo tempo, nas práticas caseiras da medicina popular

(Figura 5), bem como as comprovações experimentais da atividade anti-

inflamatória e antitumoral, são motivos suficientes para o desenvolvimento

de estudos complementares, visando a sua validação como medicamento

fitoterápico (LORENZI, 2008).

Figura 5. Bancas de “raizeiros” que comercializam frutos de C. ferrea em Mossoró-RN, 2010. Fotos do autor. 2.2.4 Outras utilidades 2.2.4.1 Madeireira

A madeira de C. ferrea é rígida, muito pesada, com cerne bem

distinto do alburno por causa da sua cor castanho escuro, quase preto e

duro, fácil de trabalhar. A madeira grossa e seca é ligeiramente elástica,

todavia, quando nova, com pequeno diâmetro, obedece as torções com

muita facilidade. É usada para confecção de cabos de ferramentas,

canzis, esteios, clavas, arcos, móveis que necessitam de dobraduras,

rodas, aros, estacas, lenha e carvão. Contém grande quantidade de

celulose e lignina, podendo ser utilizada para a produção de álcool

combustível e coque metalúrgico (MAIA, 2004).

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2.2.4.2 Ornamental

C. ferrea é utilizada na arborização de ruas, parques e jardins

devido às suas características morfológicas: casca de colorido variado,

folhagem perene e floração abundante (LIMA, 1989; MAIA, 2004).

2.2.4.3 Industrial

Seus frutos triturados e misturados com argila ferruginosa

constituem tintura negra para peças de vestuário (LIMA, 1989; MAIA,

2004).

2.2.4.4 Forrageira

A importância forrageira do jucá aumenta pelo fato de ser uma das

poucas plantas da Caatinga que mantém a folhagem verde durante a

estação seca (MAIA, 2004).

2.2.5 Ecologia

O jucá cresce sob um amplo espectro de condições, mas prefere

solos argilosos profundos, ou solos de tabuleiro e coluviões profundos. A

espécie é encontrada ao longo de margens de rios e riachos e pés de

serra. A vagem é muito procurada pelos animais domésticos e silvestres

como os veados. A planta nova não sobrevive ao pastoreio (MAIA, 2004).

De acordo com Maia (2004) o jucá não forma matas puras, mas se

encontra em agrupamentos, junto com o cumaru, angico, pau-d’arco,

mofumbo, juazeiro e jurema-preta. O tronco, quando atinge maturação

natural, às vezes apresenta-se oco. Essa espécie é utilizada em

programas de reflorestamento de áreas degradadas.

2.2.6 Fenologia

A floração ocorre na época chuvosa e na época de transição

chuvosa/seca, seguida pela frutificação (MAIA, 2004). A polinização é

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feita por abelhas, provavelmente, da espécie Melipona subnitida (ROSA

et al., 2010).

2.2.7 Reprodução

A espécie reproduz-se facilmente por sementes e brotações do

caule. Os frutos são indeiscentes e devem ser quebrados para a liberação

das sementes e, contém aproximadamente 2.000 a 2.500 sementes por

Kg. As sementes apresentam dormência mecânica, que é quebrada pelo

trato intestinal de ruminantes ou atritando-se a semente sobre lixa ou

outra superfície áspera (MAIA, 2004). Fowler e Bianchetti (2000)

recomendam a escarificação mecânica para a superação da dormência

das sementes de jucá. Após isto as sementes germinam, com boa taxa,

dentro de dez dias após a semeadura, a qual pode ser feita em

recipientes (MAIA, 2004).

2.3 GERMINAÇÃO E DORMÊNCIA DE SEMENTES

A germinação de uma semente, segundo Bewley e Black (1994),

começa com a absorção de água (embebição) e termina com o início do

alongamento do eixo embrionário, culminando com a emissão da radícula

e, consequentemente, o rompimento dos envoltórios. No entanto, muitas

espécies apresentam dormência tegumentar (MARCOS FILHO, 2005;

SILVA et al., 2007; MELO e CUNHA, 2008) e só germinam quando

submetidas a condições especiais que alterem o tegumento.

Conforme revisão de Reis e Martins (1989), a dormência é um dos

fatores de importância fundamental para a permanência da espécie em

campo, sob condições de adversidade climática. Algumas dessas

sementes mantidas no solo podem, em determinadas situações, embeber

água e emergir em intervalos sucessivos, quando as condições

ambientais passarem a favoráveis (REIS e MARTINS, 1989).

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A dormência representa uma condição em que o conteúdo de água

nos tecidos é pequeno e o metabolismo das células é praticamente nulo,

permitindo que a semente seja mantida sem germinar por um período

relativamente longo (FACHINELLO et al., 2005), mesmo em condições

favoráveis de umidade, temperatura, luz e oxigênio (IPEF, 1997). Cerca

de dois terços das espécies arbóreas, possuem algum tipo de dormência

das sementes (IPEF, 1997). É, portanto, um recurso utilizado pelas

plantas para a perpetuação e o estabelecimento nos mais variados

ambientes (IPEF, 1997, ZAIDAN e BARBEDO, 2004). No entanto, para os

viveiristas o mecanismo de dormência se torna uma desvantagem,

induzindo grande desuniformidade entre as mudas além de perda das

sementes por deterioração, uma vez que permanecem mais tempo no

solo antes da germinação (SMIDERLE et al., 2005).

As principais causas de dormência estão a existência de sementes

com: (a) tegumento impermeável à água e/ou oxigênio; (b) embrião

fisiologicamente imaturo ou rudimentar; (c) substâncias inibidoras da

germinação; (d) embrião dormente, nesse caso a dormência é superada

com choque térmico ou luz e, (e) combinação dessas causas. E os

principais processos para a superação de dormência das sementes são:

(a) escarificação química, que é feita geralmente com ácidos sulfúrico,

clorídrico etc.; (b) escarificação mecânica (abrasão das sementes sobre

uma superfície áspera); (c) estratificação, tratamento úmido à baixa

temperatura; (d) choque de temperatura, com alternância de temperaturas

variando em aproximadamente 20ºC, em períodos de 8 a 12 horas e, (e)

água quente, utilizada em sementes que apresentam impermeabilidade

do tegumento, consistindo na imersão das sementes em água com

temperatura de 76 a 100ºC, com um tempo de tratamento específico para

cada espécie (IPEF, 1997).

Todos esses métodos apresentam vantagens e desvantagens, de

modo que cada um deles deve ser estudado levando-se em conta,

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também, o custo efetivo e sua praticidade de execução; além disso, as

sementes podem apresentar diferentes níveis de dormência; assim, de

modo que o método empregado deve ser efetivo na superação da

dormência, sem prejudicar as sementes (PASSOS et al., 2007). Segundo

Smiderle e Souza (2003) a busca de metodologias para análise de

sementes, principalmente florestais, é de fundamental importância dentro

da pesquisa científica para a preservação de espécies ameaçadas e para

a multiplicação dessas em programas de reflorestamento. A dormência é

de ocorrência comum em sementes de muitas espécies de leguminosas

(REIS e MARTINS, 1989) como Erythrina speciosa Andr. e Erythrina

crista-galli,L. (CARVALHO et al., 1980; SILVA et al., 2006) entre outras.

2.4 PROPAGAÇÃO POR ESTAQUIA

O método de propagação consiste em um conjunto de práticas

destinadas a perpetuar as espécies de forma controlada e tem o objetivo

de aumentar o número de plantas, garantindo a manutenção das

características essenciais da cultura. Podem ser agrupados em dois tipos:

propagação sexuada, que se baseia no uso de sementes e propagação

assexuada, baseada no uso de estruturas vegetais (HOFFMANN et al.,

2005 b). Fundamentalmente, a diferença entre as duas formas é a

ocorrência da mitose e da meiose. Enquanto na propagação assexuada a

divisão celular implica na multiplicação simples (mitose), mantendo o

número de cromossomos inalterado, na propagação sexuada a meiose

proporciona a redução do número de cromossomos (HOFFMANN et al.,

2005 b). Como consequência da forma de propagação, pode-se observar

que as variações fenotípicas entre plantas propagadas assexuadamente

oriundas de um mesmo antecessor são decorrentes apenas das

variações ambientais. Entretanto, quando a propagação se realiza por

meio de sementes, as variações observadas entre as plantas são

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proporcionadas pelas variações genéticas e ambientais, bem como pela

interação entre ambas (XAVIER et al., 2009).

A propagação por sementes, em fruticultura, é importante na

produção de porta-enxertos; em casos em que a semente é a única forma

viável de propagação como o mamoeiro, o coqueiro e o maracujazeiro, e

em espécies em fase inicial de exploração comercial como é o caso das

frutíferas nativas (FACHINELLO et al., 2005). Esse tipo de propagação é

responsável pela variação populacional, devido à segregação e à

recombinação de genes e pelo surgimento de novas variedades, uma vez

que na natureza, predomina a polinização cruzada, que assegura o maior

intercâmbio de genes dentro de uma mesma espécie (HOFFMANN et al.,

2005b).

Quando as plantas matrizes são homozigotas e a autofecundação

é predominante, os descendentes apresentarão características muito

semelhantes às plantas que os originaram (HOFFMANN et al., 2005b). A

propagação vegetativa é o processo de multiplicação que ocorre por meio

da regeneração de partes da planta: ramos, gemas, folhas, raízes e

outros (FACHINELLO et al., 2005).

Na produção comercial de mudas, a propagação assexuada é, por

vezes, mais importante que a propagação sexuada, por diversas razões:

normalmente é mais rápida que a propagação por semente, o período

improdutivo é mais curto, devido à redução da fase juvenil cuja duração é

de 2 ou mais anos; há uma padronização das características agronômicas

das plantas matrizes previamente selecionadas (FACHINELLO et al.,

2005; XAVIER et al., 2009); o teor de RNA (Ácido Ribonucléico) produzido

é maior; possibilita uma maior uniformidade das plantas e permite a

produção de plantas idênticas à planta-mãe, o que é importante na

preservação das características agronômicas desejáveis. A propagação

pelo método de estaquia possibilita a perpetuação de clones de plantas,

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que são altamente heterozigotas, e perderiam suas características com a

propagação sexuada (HOFFMANN et al., 2005 a).

Por outro lado, indivíduos propagados por estacas podem

apresentar desvantagens: são susceptíveis ao ataque de patógenos

devido ao corte provocado na formação das estacas (MAIA et al., 2008); a

exposição a um ambiente continuamente desfavorável pode conduzir à

deterioração progressiva do clone, com perda gradual do vigor e da

produtividade, ainda que o genótipo básico não se altere (HOFFMANN et

al., 2005 a). O método de estaquia tem sido utilizado em espécies de

clima temperado há muito tempo. No entanto, a clonagem de árvores

adultas por meio da estaquia somente foi obtido com sucesso no início da

década de 1970, na Australia. No Brasil, os trabalhos pioneiros com

sucesso no enraizamento de estacas de Eucalyptus, em nível

experimental, remontam ao ano de 1975 (XAVIER et al., 2009). Pouco se

conhece sobre a propagação vegetativa pela técnica de enraizamento de

estacas de espécies florestais brasileiras. A maior parte da produção de

mudas dessas espécies ainda é por meio de sementes (XAVIER et al.,

2009).

Ao longo dos últimos anos, foram desenvolvidos trabalhos de

estaquia com: erva-mate (Ilex paraguaiensis), araucária (Araucaria

angustifólia), pau-brasil (Caesalpinia echnata), aroeira (Schinus

terebinthifolius), pau-de-leite (Sapium glandulatum) fícus (Ficus enormis)

corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli), corticeira-do-mato (Erythrina

falcata), pau-de-sangua (Croton celtidifolius), araticum-de-porco (Rollinia

rugulosa), cedro rosa (Cedrela fissilis), mogno (Swietenia macrophylla),

angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa), imbuia (Ocotea porosa) e

jequitibá-rosa (Cariniana estrellensis) (XAVIER et al., 2009).

Os tipos mais adequados de estaca varia com a espécie ou com a

cultivar e são classificadas de acordo com o grau de lignificação em

herbáceas, semilenhosas ou lenhosas. Cada tipo permite uma

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capacidade diferente de enraizamento (FACHINELLO et al., 2005). Todo

o processo de regeneração de uma planta pela propagação vegetativa

somente é possível devido à desdiferenciação, processo pelo qual células

de um tecido já diferenciado retornam à atividade meristemática e

originam um novo ponto de crescimento, dada a totipotencialidade, uma

vez que ela contém toda a informação genética necessária para

reconstituir todas as partes da planta e suas funções (FACHINELLO et al.,

2005; XAVIER et al., 2009).

As células que se tornam meristemáticas dividem-se e originam

primórdios radiculares. Depois, células adjascentes ao câmbio e ao

floema iniciam a formação de raízes (FACHINELLO et al., 2005). Em

estacas herbáceas, que não possuem um câmbio desenvolvido, as raízes

podem surgir acompanhando os feixes vasculares, a partir da epiderme e

do periciclo, as semilenhosas do floema e as lenhosas do câmbio

(FACHINELLO et al., 2005). A estaca herbácea possui maior capacidade

para regeneração de uma nova planta, devido à sua maior juvenilidade

fisiológica, no entanto, dada a sua consistência tenra, apresenta o

inconveniente de ter baixa resistência à desidratação com posterior

decomposição. A lenhosa apresenta maior capacidade de sobrevivência,

porém possui maior dificuldade em enraizar devido ao maior grau de

maturação fisiológica e de lignificação da estaca. Quanto à estaca

semilenhosa, esta apresenta consistência intermediária entre a herbácea

e a lenhosa (XAVIER et al., 2009).

A época do ano pode exercer grande influência no enraizamento,

pelo fato de as condições fisiológicas da planta matriz serem

influenciadas pelas variações sazonais (XAVIER et al., 2009). A época do

ano em que as estacas são coletadas, está estreitamente relacionada à

consistência da estaca, sendo que aquelas coletadas em um período de

crescimento vegetativo intenso (primavera/verão), portanto mais

herbáceas, tendem a enraizar mais, enquanto que as coletadas no

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inverno são mais lignificadas e possuem menor capacidade de

enraizamento. A influência da época de coleta das estacas para o

enraizamento pode ser atribuída às condições climáticas, especialmente

temperatura e disponibilidade de água (FACHINELLO et al., 2005).

Estacas devem ser coletadas no seu máximo vigor vegetativo e de

turgidez, visto a vulnerabilidade ao estresse hídrico, diante da dificuldade

de reidratação dos tecidos sem a presença de um sistema radicular

(XAVIER et al., 2009). A casca pode constituir-se numa barreira à

emergência das raízes. Um anel de esclerênquima contínuo, altamente

lignificado, entre o floema e o córtex, pode ser uma das causas da

dificuldade de enraizamento em determinadas espécies. Caso esse

esclerênquima não seja rompido mecanicamente, as raízes podem

emergir na base da estaca (FACHINELLO et al., 2005; XAVIER et al.,

2009). Para algumas espécies, cortes laterais na base da estaca

favorecem o enraizamento, especialmente naquelas em que o

esclerênquima se constitui numa barreira física á emissão de raízes.

Propiciada por esses cortes, a exposição do câmbio também pode facilitar

a absorção de substâncias promotoras do enraizamento. A divisão celular

é estimulada pelo aumento na taxa respiratória e nos teores de auxinas,

carboidratos e etileno nessa área lesionada. Para tanto, efetuam-se 1 a 2

cortes superficiais (em bisel) de 2,5 a 5,0 cm na base da estaca

(FACHINELLO et al., 2005).

As estacas provenientes de plantas jovens enraízam com mais

facilidade e isso se manifesta com mais frequência em espécies de difícil

enraizamento. Possivelmente, esse fato está relacionado com o aumento

no conteúdo de inibidores e com a diminuição no conteúdo de cofatores

do enraizamento, à medida que aumenta a idade da planta. É

recomendável a obtenção de brotações jovens em plantas adultas, as

quais, mesmo não caracterizando uma verdadeira condição de

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juvenilidade, apresentam maior potencial de enraizamento (FACHINELLO

et al., 2005).

O rejuvenescimento pode ser considerado uma forma de reverter a

planta do estágio adulto para o juvenil, recuperando a competência da

totipotência. A poda drástica e a indução de ramos adventícios em

porções de raízes são métodos utilizados para o rejuvenescimento de

plantas (XAVIER et al., 2009). No rejuvenescimento por estaquia seriada,

as estacas são enraizadas e, a partir de suas brotações, são coletadas

novas estacas, as quais são novamente enraizadas, e assim

seriadamente, até obter os resultados desejados. Resultados satisfatórios

são obtidos em Eucalyptus, após duas ou mais gerações de estaquia

seriada (XAVIER et al., 2009).

Segundo Xavier et al. (2009) quanto mais juvenil for o propágulo

maior é a chance de sucesso de enraizamento, quer em termos de

percentual, rapidez de formação e qualidade das raízes, quer pela

capacidade de crescimento da nova planta. Esses autores citam

pesquisas com Ilex paraguaiensis (erva-mate) nas quais obtiveram-se

91,7% e 39,4% de enraizamento em estacas caulinares e foliares,

respectivamente, provenientes de plantas matrizes de um ano de idade, e

de apenas 6,8% e 2,6% para aquelas oriundas de plantas de 60 anos.

Geralmente, estacas com maior diâmetro apresentam maior

quantidade de substâncias de reserva e tendem a enraizar mais

(FACHINELLO et al., 2005). De modo geral, existem evidências de que o

enraizamento adventício demanda grande gasto de energia, e o manejo

fisiológico para aumentar os carboidratos na planta matriz se torna,

muitas vezes, essencial para alcançar resultados satisfatórios na

propagação por estaquia (FACHINELLO et al., 2005; XAVIER et al.,

2009). A importância dos carboidratos refere-se ao fato de que a auxina

requer uma fonte de carbono para a biossíntese dos ácidos nucléicos e

proteínas para a formação de raízes (FACHINELLO et al., 2005; XAVIER

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et al., 2009). Um conteúdo equilibrado de alguns nutrientes como o

fósforo, o potássio, o cálcio e o magnésio também favorece o

enraizamento. O fósforo desempenha papel importante na transferência

de energia da célula, na respiração e na fotossíntese, cujas limitações de

disponibilidade no início do ciclo vegetativo podem causar em restrições

no desenvolvimento, das quais a planta não se recupera posteriormente

mesmo aumentando o suprimento de P a níveis adequados (GRANT et

al., 2001). O potássio (K) atua na ativação de grande número de enzimas

e está envolvido no controle estomático e transporte de carboidratos. O

cálcio (Ca) é requerido para a elongação e divisão celular, o que sugere

uma grande importância desse elemento na iniciação radicular

(FACHINELLO et al., 2005; XAVIER et al., 2009).

O zinco é ativador do triptofano, precursor da auxina (AIA), e deve

estar presente para que se dê a formação das raízes. Cuidados devem

ser tomados, especialmente, com o conteúdo de nitrogênio e de

manganês na planta-mãe. Níveis elevados de nitrogênio favorecem as

brotações em detrimento do enraizamento (FACHINELLO et al., 2005;

XAVIER et al., 2009). A alta relação C/N é um índice que tem sido

correlacionado positivamente com o percentual de enraizamento. Estacas

com baixa relação C/N, devido a um elevado teor de N, são pobres em

compostos necessários ao enraizamento. O manganês (Mn) atua como

ativador do AIA oxidase, o qual destrói as auxinas endógenas, afetando

negativamente o enraizamento (FACHINELLO et al., 2005; XAVIER et al.,

2009). O boro (B) faz parte da síntese do RNA, atua no processo de

divisão celular, regula os níveis de auxinas pelo aumento da atividade do

AIA oxidase e é necessário para a emissão de novas raízes (XAVIER et

al., 2009).

A sanidade durante a estaquia é influenciada pelo grau de

contaminação do material propagativo, pelo substrato, pela qualidade da

água de irrigação e pelos tratamentos fitossanitários que venham a ser

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feitos nesse período (FACHINELLO et al., 2005). Caso as estacas

permaneçam mergulhadas em água durante muito tempo, pode ocorrer a

anaerobiose, ou seja, falta de oxigenação das estacas, resultando em

perdas de seu potencial de enraizamento (XAVIER et al., 2009).

Outro fator que pode ser prejudicial ao enraizamento é a luz devido

à degradação de compostos fotolábeis, como as auxinas. Geralmente, a

baixa intensidade luminosa sobre a planta-mãe, antes da coleta das

estacas, tende a favorecer a formação de raízes, provavelmente devido à

preservação das auxinas e de outras substâncias endógenas em

detrimento dos compostos fenólicos (FACHINELLO et al., 2005). Nas

condições brasileiras, a maioria dos estudos mostra que a diminuição nos

níveis de luz natural promove aumento no enraizamento de estacas

(XAVIER et al., 2009). O estiolamentro dos ramos, dos quais serão

retiradas as estacas, facilita o enraizamento e é prática recomendada,

especialmente no caso de espécies de difícil enraizamento. Nos tecidos

estiolados são encontrados teores baixos de lignina e altos de auxinas

endógenas e de outros cofatores do enraizamento, uma vez que esses

últimos compostos são sensíveis à luz (FACHINELLO et al., 2005).

Na região basal da estaca, onde serão formadas as raízes, é

necessário que se mantenha um ambiente completamente escuro, para

favorecer o enraizamento (FACHINELLO et al., 2005). Maior porcentagem

de enraizamento em estacas de guaranazeiros foi obtida devido ao

estiolamento de ramos com fita preta plástica e adesiva, ainda na planta,

na base da futura estaca (RODRIGUES e LUCHESI, 1987). Além do

estiolamento e da aplicação de reguladores de crescimento, outras

técnicas podem ser utilizadas para favorecer o enraizamento das estacas,

dentre as quais podemos citar a injúria mecânica, que consiste de

incisões (ferimentos) na base das estacas. As lesões nos tecidos

estimulam a divisão celular, produzindo primórdios radiculares,

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possivelmente devido ao acúmulo de carboidratos, auxinas e síntese de

etileno nessa região lesada (HARTMANN et al., 2002).

Quanto à temperatura, em espécies florestais, um bom

enraizamento pode ser conseguido em um amplo intervalo de

temperatura, variando de 15 e 35 ºC. As temperaturas do ar

excessivamente altas devem ser evitadas, pois podem promover a

brotação da parte aérea antes do enraizamento, levando a um consumo

excessivo de reservas, devido à elevação da transpiração, e à

consequentemente perda de água pelas folhas. Por outro lado, as baixas

temperaturas diminuem o metabolismo das estacas, levando a um maior

tempo para o enraizamento, ou, até mesmo, o não desenvolvimento e

crescimento radicial (XAVIER et al., 2009).

O aumento da temperatura, especialmente em espécies herbáceas

e semilenhosas, estimula uma taxa de transpiração, induzindo o

murchamento da estaca. Além disso, pode favorecer a brotação das

gemas antes que o enraizamento tenha ocorrido, o que é indesejável

(FACHINELLO et al., 2005). Para Hoffmann et al. (2005 a) um dos

problemas a serem enfrentados em estufas, na maioria das regiões

brasileiras, é o aumento excessivo da temperatura, o que geralmente

limita a produção de mudas. Temperaturas ao redor de 35 a 40ºC limitam

o crescimento das raízes da maioria das espécies lenhosas. Por isso,

além de uma boa ventilação, é fundamental um bom sistema de

resfriamento e de sombreamento (HOFFMANN et al., 2005 a).

A pressão de turgor também é essencial para promover a força

necessária à expansão celular, facilitando a emergência das novas raízes

das estacas (XAVIER et al., 2009). Para que haja divisão celular, é

necessário que as células se mantenham túrgidas. Por sua vez, a alta

umidade favorece o desenvolvimento de patógenos, para os quais devem

ser dispensados cuidados especiais (FACHINELLO et al., 2005). Além do

controle de temperatura, umidade e doenças, o substrato também é um

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fator importante para o enraizamento de estacas (TILLMANN et al., 1994;

HOFFMANN et al., 2005 a).

O substrato destina-se a sustentar as estacas durante o

enraizamento, mantendo sua base num ambiente úmido, escuro e

suficientemente aerado. Diferentes materiais são utilizados como meios

para enraizamento, tais como areia, vermiculita, casca de arroz

carbonizada, turfa, solo ou mistura de ambos. A escolha do substrato é

feita levando-se em consideração a espécie, o tipo de estaca, as

características do substrato, a facilidade de obtenção e o custo de

aquisição (HOFFMANN et al., 2005a). Compostos orgânicos podem ser

fonte de inóculos de organismos saprófitos (HOFFMANN et al., 2005a). A

casca de arroz carbonizada é um substrato de fácil obtenção e baixo

custo, no entanto, a presença de sais pode ser prejudicial em estacas

herbáceas (HOFFMANN et al., 2005a). A casca de arroz carbonizada

apresenta pH neutro, baixa salinidade (115 gL-1), boa porosidade (72%),

elevado espaço de aeração (55%), baixa retenção de água (17% de água

disponível, 7% de facilmente disponível e 1% de água tamponante) e

estabilidade estrutural (FIRMINO e BELLÉ, 2000; KÄMPF, 2000).

As auxinas também são essenciais no processo do enraizamento,

possivelmente porque estimulam a síntese de etileno que por sua vez

favorece a emissão de raízes. O AIA (ácido Indolacético) constitui-se na

auxina natural que é sintetizada nas gemas apicais e folhas novas, de

onde é translocada para a base da planta, por um mecanismo de

transporte polar. Os ápices radiculares também produzem auxinas, mas

não há acumulação nas raízes, devido ao elevado teor de substâncias

inativadoras de auxinas nessa parte da planta (Fachinello et al., 2005).

As giberelinas (ácido giberélico) têm como principal ação o

estímulo ao crescimento do caule e, em concentrações a partir de 10-3

molar, inibem o enraizamento. Em espécies com elevados teores de

citocininas, em geral são mais difícil de enraizar. Por outro lado, uma

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relação auxina/citocinina alta estimula a formação de raízes. O ácido

abscísico, embora ao inibir a síntese de giberelinas, possa favorecer o

enraizamento, os resultados com esse hormônio são contraditórios. O

etileno, em baixas concentrações (próximas a 10 mg.L-1), estimula a

formação e o desenvolvimento de raízes. Entretanto, o efeito do etileno é

mais dependente de interações complexas do que da simples

concentração desse regulador (FACHINELLO et al., 2005).

No entanto, os níveis de AIA na planta são baixos em tecidos já

diferenciados. Assim, é necessário que haja um balanço adequado,

especialmente entre auxinas, giberelinas e citocininas. As principais

auxinas sintéticas são: AIA (ácido indolacético); AIB (ácido indolbutírico);

ANA (ácido naftaleno acético) e 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxi-acético).

No entanto, o AIA é fotossensível, sujeito à decomposição enzimática

(oxidase do AIA) e bacteriana; o ANA é mais fitotóxico que o AIA; o 2,4D

é altamente fitotóxico, a concentração ótima fica muito próximo do limite

de toxidez. Em altas concentrações, são produzidas raízes grossas e

atrofiadas (FACHINELLO et al., 2005).

Entre os produtos sintéticos o AIB é, provavelmente, o melhor

material para uso geral, porque geralmente não é tóxico para plantas

sobre uma ampla faixa de concentração e é eficaz na promoção do

enraizamento de um grande número de espécies de plantas (HARTMANN

et al., 2002). Este produto geralmente é utilizado na forma de solução

diluída ou concentrada. Entende-se por solução diluída aquela cuja

concentração do fitorregulador varia de 20 a 200 mg.L-1, e concentrada

aquela que apresenta uma concentração do fitorregulador variando entre

200 e 10.000 mg L-1, por isso, a imersão da base das estacas (1,5 a 2,5

cm) é feita por um período em torno de 5 segundos. A exposição por um

tempo mais prolongado, bem como a utilização de concentrações muito

elevadas, podem ocasionar efeitos fitotóxicos (FACHINELLO et al., 2005).

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Em algumas espécies, é possível a propagação por meio de

estacas provenientes de raízes. Segundo Manica et al. (2000) a formação

de mudas de goiabeira por meio de estacas de raízes é obtida com

facilidade e sempre resulta em elevada porcentagem de pegamento. Para

Manica et al. (2000) deve se fazer uma rigorosa seleção da planta-matriz

e ao redor do tronco da planta selecionada, remover cuidadosamente a

terra e, quando aparecerem as raízes, devem ser coletadas aquelas com

0,7 a 1,2 cm de diâmetro, quando serão retiradas e preparadas as

estacas com 15 a 22 cm de comprimento.

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CAPÍTULO II

ÉPOCAS DE COLETA E SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE

SEMENTES DE MULUNGU E JUCÁ

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ÉPOCAS DE COLETA E SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA DE

SEMENTES DE MULUNGU E JUCÁ

RESUMO

Estas espécies são utilizadas na medicina popular do nordeste brasileiro.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes métodos de

superação de dormência de sementes de mulungu e jucá coletadas em

duas épocas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente

casualizado em esquema fatorial 4 x 2 (quatro métodos de superação de

dormência e duas épocas de coleta) com quatro repetições de 25

sementes. Os métodos de superação de dormência foram (T1)

testemunha; (T2) sementes escarificadas do lado oposto à micrópila; (T3)

imersas em água à 80 ºC por cinco minutos e (T4) imersas em água à

100ºC por dois minutos. As características avaliadas foram: porcentagem

de emergência; índices de velocidade de emergência; altura da parte

aérea; comprimento da maior raiz; biomassa seca das raízes e da parte

aérea. As sementes de E. velutina e C. ferrea apresentam dormência

tegumentar, que é superada quando escarificadas na extremidade oposta

à micrópila, e não são afetadas pela época de coleta podendo ser

armazenadas em câmaras frias, sem perdas significativas na emergência

das plântulas por um período de 2 anos para E. velutina e 3 para C.

ferrea.

Palavras chave: germinação, Erythrina velutina, Caesalpinia ferrea, Caatinga

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HARVEST TIMING AND OVERCOMING DORMANCY IN MULUNGU

AND JUCA SEEDS

ABSTRACT

These species are used folk medicine of northeastern Brazil. The aim of

this study was to evaluate the different methods of overcoming of mulungu

and juca seeds dormancy colleted in two seasons. It was used a

completely randomized design in schema factorial 4 x 2 (four methods of

overcoming of dormance and two seasons of colletcted) with four

replications of 25 seeds. The methods of overcoming of dormancy were

(T1) witness; (T2) scarified seed opposite micropyle; (T3) seeds in water

at 80 ºC for five minutes and (T4) seeds boiled at 100ºC for two minutes.

The evaluated characteristics were: emergency percentage; emergency

speed index; plant height; root lenght; dry biomass of roots an shoots. The

seeds of E. velutina and C. ferrea presents tegumental dormancy that is

overcome when scarified on the opposite the micropyle and is not

affected by the of time of collected. May be stored in cold chambers,

without significant losses in seedling emergence for a period of 2 years for

E. velutina and 3 for C. ferrea.

Key words: germination, Erythrina velutina, Caesalpinia ferrea, Caatinga

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1 INTRODUÇÃO

O estudo da propagação através de sementes envolve a germinação

que vai desde a ativação dos processos metabólicos da semente até a

emergência da radícula e da plúmula (FACHINELLO et al., 2005). No

entanto, em algumas espécies as sementes apresentam dormência

tegumentar e só germinam quando submetidas a condições especiais que

alteram o tegumento. Neste tipo de dormência a testa ou partes

endurecidas dos envoltórios da semente são impermeáveis à água,

mantendo-a dormente ou quiescente (FACHINELLO et al., 2005) e isto

ocorre devido à presença de tegumento duro, impermeável à água que

dificulta o processo de absorção de água pela semente e restringe os

processos físicos e as reações metabólicas básicas da germinação

(BORGES et al., 2004; MARCOS FILHO, 2005).

A impermeabilidade do tegumento pode ser superada por meio da

escarificação, termo que se refere a qualquer tratamento que resulte na

ruptura ou no enfraquecimento do tegumento, permitindo a passagem de

água e dando início ao processo germinativo (MARCOS FILHO, 2005). A

escarificação mecânica constitui-se em um método simples e de baixo

custo, sendo indicada como o método mais eficiente para a promoção da

germinação em sementes de várias espécies como o cambucí (Capsicum

baccatum L.); a cássia gigante (Cassia grandis L.); a chorona (Samanea

saman Merril) e o camboatá (Cupania vernalis Camb.(LOPEs et al., 1998;

LIMA JÚNIOR, 2004; CARNEIRO et al., 2010). A água quente é outro

método utilizado na quebra da dormência, sendo eficiente em sementes

de Leucaena leucocephala (Lam.) Wit. (Teles et al., 2000) e Peltophorum

dubium Sprengel (Taubert) (OLIVEIRA, 2000).

A aplicação e a eficiência desses tratamentos dependem da

porcentagem da dormência, a qual está relacionada com a espécie, o

lote, a idade da semente e a época de maturação/colheita dos frutos

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(TOKUHISA et al., 2008). Como exemplo tem-se as sementes de

Dimorphandra mollis Benth. que submetidas a diferentes tratamentos pré-

germinativos apresentaram variações na germinação, em função da data

e do local de coleta das sementes, o que pode estar associado ao estágio

de maturação e à influência do ambiente (OLIVEIRA et al., 2008). Apesar

de sua importância econômica, o mulungu e o jucá possuem limitações

quanto ao processo de formação de mudas devido à ocorrência de

dormência tegumentar, dificultando a germinação das sementes, que

ocorre de forma lenta e em baixa porcentagem (et al., 2006a; MAIA,

2004).

A dormência tegumentar é comum em muitas espécies de

leguminosas e constitui um dos fatores de importância fundamental para a

permanência, sob condições de adversidade climática, da espécie em

campo, pois algumas dessas sementes mantidas no solo podem, em

determinadas situações, embebere água e emergir em intervalos

sucessivos, quando as condições ambientais passarem a ser favoráveis

(REIS e MARTINS, 1989). Entretanto, para o uso de uma espécie na

regeneração de áreas degradadas, sistemas agroflorestais e produção de

mudas, faz-se necessária a emergência rápida e uniforme. Assim, o

objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes métodos de

superação de dormência em sementes de mulungu e jucá coletadas em

duas épocas diferentes.

2 ÉPOCA DE COLETA E SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE

SEMENTES DE E. velutina

2 .1 MATERIAL E MÉTODOS 2.1.1 Local

A semeadura foi realizada, em 11 de dezembro 2010, no viveiro do

Departamento de Ciências Vegetais, da UFERSA - Universidade Federal

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Rural do Semiárido, localizado em Mossoró-RN, coordenadas geográficas

5º 11’S e 37º20’W, com altitude de 18 m a.n.m (SILVA et al., 2002). O

material coletado, contendo folhas flores e frutos de Erythrina velutina

Willd. encontra-se tombado no Herbário Dárdano de Andrade Lima-

MOSS sob número 13041.

2.1.2 Clima

O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é

BSwh’, isto é, seco e muito quente, com duas estações climáticas: uma

seca que vai geralmente de junho a janeiro, e uma chuvosa, de fevereiro

a maio (CARMO FILHO et al., 1991).

2.1.3 Teste de emergência

As sementes usadas no experimento foram coletadas nos meses

de novembro de 2008 e novembro de 2010, em 6 árvores, no campus da

UFERSA. As sementes coletadas em 2008 foram armazenadas no

laboratório de sementes do Departamento de Ciências Vegetais da

UFERSA em ambiente de câmara fria com temperaturas de 16 a 18 ºC e

umidade relativa do ar de 50 a 55%. Para o teste de emergência de E.

velutina foram utilizadas bandejas de polietileno com 50 células tendo

cada célula a capacidade de 115 cm³. Nos tratamentos as sementes

foram escarificadas e imersas em água com temperaturas de 80 ºC por 5

minutos e 100 ºC por 2 minutos. Para a escarificação mecânica

(desponte) foi utilizada uma tesoura de poda. Foram semeadas com o hilo

voltado para cima, no substrato composto de areia. As bandejas foram

mantidas em ambiente de casa de vegetação. Foram analisadas, em 12

de dezembro de 2010, as seguintes variáveis: altura da parte aérea (mm);

comprimento da maior raiz (mm); biomassa seca das raízes e parte aérea

(mg), percentuais de emergência e IVE (índice de velocidade de

emergência).

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As medidas de altura e comprimento da maior raiz foram obtidas

com o auxilio de uma régua e as de biomassa por meio de uma balança

analítica modelo ACCULAB Sartorius group. As etapas da emergência

foram observadas e anotadas diariamente até o décimo quinto dia após a

semeadura. A porcentagem de germinação foi calculada pela fórmula: %E

= N/A x 100. Com N = número total de plântulas emergidas e A = número

total de sementes semeadas. Para o IVE, anotou-se diariamente o

número de sementes germinadas até o décimo quinto dia. O cálculo foi

efetuado pela fórmula proposta por Maguire (1962): IVE = E1/N1 + E2/N2

+...+ En/Nn. Sendo E = número de plântulas emergidas na primeira,

segunda até a última contagem e N = número de dias da semeadura à

primeira, segunda até a última contagem.

2.1.4 Delineamento estatístico

Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado,

em esquema fatorial 4 x 2 (quatro métodos de superação de dormência e

duas épocas de coletas), com 4 repetições de 25 plantas na parcela.

Sendo cada parcela composta de vinte e cinco plântulas. Os tratamentos

foram: (T1) Testemunha; (T2) desponte das sementes do lado oposto à

micrópila; (T3) sementes imersas em água à 80°C por cinco minutos e

(T4) a 100 ºC por dois minutos. As épocas de coleta das sementes foram

(1) 2008 e (2) 2010 a fim de comparar o percentual de emergência em

função do envelhecimento. As análises dos dados foram realizadas

empregando-se o programa SAEG - Sistema Para Análises Estatísticas e

Genéticas - versão 9.1 (RIBEIRO JR. e MELO, 2009), obtendo-se análise

de variância e teste de médias (Tukey ao nível de 5% de probabilidade).

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A germinação iniciou-se no terceiro dia após a semeadura e ao

final do décimo quinto dia verificou-se que o maior percentual de

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germinação, 98%, ocorreu nas sementes coletadas nas duas épocas, que

foram despontadas (escarificadas) no lado oposto à micrópila (Tabela 1),

concordando com Silva (2008) de que a germinação de E. velutina inicia-

se no terceiro e é finalizada no décimo quinto dia, e que a escarificação

manual do tegumento na extremidade oposta à micrópila (ou nas duas

extremidades) é eficiente para a superação da dormência das sementes.

Verificou-se que as plântulas oriundas das sementes que foram

escarificadas (despontadas), apresentaram os maiores valores para todas

as características analisadas independente da época de coleta das

sementes (Tabela 1), concordando com Alves et al. (2004) que também

verificaram os maiores valores de comprimento da parte aérea (altura),

comprimento da maior raíz e biomassa seca de plântulas de Bauhinia

divaricata L. obtidas de sementes que foram despontadas na região

oposta à micrópila. No gênero Erythrina já foi demonstrado que as

sementes apresentam dormência tegumentar (SILVA et al., 2006b). A

testa ou partes endurecidas dos envoltórios da semente são

impermeáveis à água, mantendo-a dormente ou quiescente

(FACHINELLO et al., 2005). O percentual de emergência depende de

fatores internos como estado de dormência, qualidade da semente e

potencial de emergência da espécie e externos como água, temperatura,

gases e luz (FACHINELLO et al., 2005).

Os maiores percentuais de emergência, 98%, e índices de

velocidade de emergência, 34,7%, foram verificados nas plântulas nas

quais o método utilizado para eliminar a dormência das sementes foi o

desponte manual do tegumento com tesoura de poda na extremidade

oposta à micrópila, possivelmente por ter permitido a embebição de água

pela semente (Tabela 1). Este método tem se mostrado eficiente em

muitas espécies de Leguminosas. Carvalho et al. (1980) verificaram que

sementes da espécie Erythrina speciosa Andr. são, logo após colhidas,

profundamente dormentes devido à impermeabilidade de sua casca à

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água, e perceberam que a escarificação das sementes é capaz de

promover rapidamente a germinação com plântulas resultantes maiores e

mais pesadas.

TABELA 1. Médias das características de sementes de E.velutina sob

diferentes métodos de superação de dormência tegumentar e épocas de

coleta em Mossoró-RN.

TRATAMENTOS*

Características ÉPOCAS T1 T2 T3 T4 C.V. (%)

Al (mm) 2010 101,0 Ba 162,5 Aa 36,2 Cb 33,7 Cb 25,5

2008 101,5 Ba 164,7 Aa 88,7 Ba 98,2 Ba

CMR (mm) 2010 59,5 ABa 83,7 Aa 28,7 BCb 15,5 Cb 25,8

2008 70,2 ABa 99,0 Aa 61,2 Ba 66,5 ABa

BSA (mg) 2010 300,0 ABa 425,0 Aa 125,0 BCb 100,0 Cb 27,8

2008 300,0 Ba 500,0 Aa 275,0 Ba 300,0 Ba

BSR (mg) 2010 100,0 ABa 175,0 Aa 100,0 ABa 25,0 Ba 48,9

2008 100,0 Aa 150,0 Aa 125,0 Aa 100,0 Aa

E (%) 2010 17,0 Ba 98,0 Aa 2,0 Cb 2,0 Cb 7,5

2008 20,0 Ba 98,0 Aa 19,0 Ba 24,0 Ba

IVE (%) 2010 3,9 Ba 34,7 Aa 0,3 Ba 0,5 Ba 33,9

2008 11,5 Ba 34,3 Aa 3,4 Ba 3,6 Ba Letras maiúsculas comparam médias dentro das linhas e minúsculas dentro das colunas, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * T1 (testemunha); T2 (sementes despontadas na extremidade oposta à micrópila); T3 (imersas em água à 80ºC por 5 minutos) e T4 (imersas em água à 100ºC por 2 minutos).

Esses dados concordam com os resultados de Crepaldi et al.(1998)

que avaliaram métodos de superação de dormência de sementes de jucá

através da escarificação mecânica, na região lateral com lixa n. 80 e

química (ácido sulfúrico) e verificaram que os métodos foram altamente

eficientes na quebra de dormência. Eles concordam também com os

resultados de Alves et al. (2004) que obtiveram as maiores porcentagens

de emergência de plântulas de Bauhinia divaricata L. quando utilizaram a

escarificação por meio do desponte na região oposta à micrópila.

No entanto, as provenientes de sementes que foram fervidas antes

da semeadura apresentaram os menores valores em todas as variáveis

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analisadas, principalmente para as oriundas de sementes coletadas em

2010. Os menores índices de germinação, 2%, ocorreram nas sementes

que foram fervidas a 80°C por cinco minutos e 100ºC por dois minutos,

quando se utilizou sementes coletadas em 2010 e 19% para as sementes

coletadas em 2008 (Tabela 1). A imersão em água quente não foi

eficiente para a superação da dormência de sementes de leguminosas:

Erythrina crista-galli L. (SILVA et al., 2006b); Copaifera langsdorffii

(PEREZ e PRADO, 1993); Trifolium repens L. (MEDEIROS e NABINGER,

1996); Bauhinia monandra Britt. e Bauhinia ungulata L. (ALVES et al.,

2000); Mimosa caesalpiniaefolia Benth. (BRUNO et al., 2001); Bauhinia

divaricata L. (ALVES et al., 2004) e de Peltophorum dubium (Spreng.)

Taub (OLIVEIRA et al., 2003; PIROLI et al., 2005).

A dormência representa uma condição em que o conteúdo de água

nos tecidos é pequeno e o metabolismo das células é praticamente nulo,

permitindo que a semente seja mantida sem germinar por um período

relativamente longo (FACHINELLO et al., 2005). Conforme revisão de

Reis e Martins (1989), essa característica é de ocorrência comum em

muitas espécies de leguminosas e constitui um dos fatores de importância

fundamental para a permanência da espécie em campo, sob condições

de adversidade climática. Algumas dessas sementes mantidas no solo

podem, em determinadas situações, embeber água e emergir em

intervalos sucessivos, quando as condições ambientais sem tornarem

favoráveis (REIS e MARTINS, 1998). As sementes da maioria das

espécies de Erythrina podem ser armazenadas com sucesso por muitos

anos, em câmara com cerca de 5 ºC e 30 a 40% de umidade relativa,

condição encontrada em geladeira doméstica (SILVA et al., 2006b). As

sementes de mulungu são ortodoxas e podem ser armazenadas nos

ambientes de laboratório, geladeira e câmara fria, por um período de 2

anos sem perdas significativas na emergência das plântulas, superior

portanto, aos 225 dias apontados por Silva (2008).

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3 ÉPOCA DE COLETA E SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE

SEMENTES DE C.ferrea

3.1 MATERIAL E MÉTODOS

3.1.1 Local

As sementes de jucá foram semeadas em 11 de dezembro 2010,

no viveiro do Departamento de Ciências Vegetais da UFERSA -

Universidade Federal Rural do Semiárido, em Mossoró-RN, coordenadas

geográficas 5º 11’S e 37º20’W, com altitude de 18 m a.n.m (SILVA et al.,

2002), BR-110, Km 47, Bairro Costa e Silva. O material coletado,

contendo folhas flores e frutos de Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.,

encontra-se tombado no Herbário Dárdano de Andrade Lima- MOSS sob

número 11752.

3.1.2 Teste de emergência

As sementes usadas no experimento foram coletadas em outubro

de 2007 e novembro 2010, em duas árvores, no campus da UFERSA. As

sementes coletadas em 2007 foram armazenadas no laboratório de

sementes do Departamento de Ciências Vegetais da UFERSA. Para o

teste de germinação de C. ferrea foram utilizadas bandejas de polietileno

com 50 células, tendo cada célula a capacidade de 115 cm³ de volume.

Nos tratamentos as sementes foram escarificadas e fervidas. Para a

escarificação mecânica foi utilizada lixa n° 60. As sementes foram

semeadas no substrato composto de areia. As bandejas foram mantidas

em ambiente de casa de vegetação e as etapas de emergência foram

observadas e anotadas diariamente, até o décimo oitavo dia após a

semeadura.

Foram analisadas as seguintes características: altura da parte

aérea (cm); comprimento da maior raiz (cm); biomassa seca das raízes e

parte aérea (g) percentuais de emergência e índices de velocidade de

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emergência. As medidas de altura e comprimento da maior raiz foram

obtidas com o auxilio de uma régua e de biomassa por meio de balança

de precisão. A porcentagem de emergência foi calculada pela fórmula:

%E = N/A x 100. Com N = número total de plântulas emergidas e A =

número total de sementes semeadas. Para índice de velocidade de

emergência (IVE), anotou-se diariamente o número de sementes

germinadas até o décimo oitavo dia. O calculo foi efetuado pela fórmula

proposta por Maguire (1962): IVE = E1/N1 + E2/N2 +...+ En/Nn. Sendo E

= número de plântulas emergidas na primeira, segunda até a última

contagem e N = número de dias da semeadura à primeira, segunda até a

última contagem.

3.1.3 Delineamento estatístico

Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado,

em esquema fatorial 4 x 2 (quatro métodos de superação de dormência e

duas épocas de coletas), com 4 repetições de 25 plântulas parcelas. Os

tratamentos foram: (T1) testemunha; (T2) sementes escarificadas do lado

oposto à micrópila; (T3) fervidas à 80°C por cinco minutos e (T4) fervidas

à 100ºC por dois minutos. As épocas de coleta das sementes foram (1)

2007 e (2) 2010. As análises dos dados foram realizadas empregando-se

o programa SAEG - Sistema Para Análises Estatísticas e Genéticas -

versão 9.1 (RIBEIRO JR. e MELO, 2009), obtendo-se análise de variância

e teste de médias (Tukey ao nível de 5% de probabilidade).

3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As menores médias de porcentagens de germinação foram

verificados para as testemunhas, 23% (2007) e 29% (2010). A

germinação iniciou-se no terceiro dia após a semeadura e ao final do

décimo oitavo dia verificou-se que os maiores percentuais de germinação

(82,7% e 74,7%) ocorreram nas sementes coletadas em 2007 e 2010,

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respectivamente, as quais foram submetidas à escarificação mecânica no

lado oposto à micrópila (Tabela 2). As sementes de jucá apresentam

dormência tegumentar, que é quebrada pelo trato intestinal de ruminantes

ou atritando-se a semente sobre lixa ou outra superfície áspera (MAIA,

2004). As sementes coletadas em 2007, que permaneceram

armazenadas em laboratório apresentaram maior percentual de

emergência; altura (T3); comprimento da maior raíz (T2) e biomassa seca

da parte aérea (T1) superior às coletadas em 2010, tal fato pode estar

relacionado à maior maturação fisiológica das sementes coletadas em

2007 que permaneceram armazenadas até 2010.

Carvalho et al. (1980) verificaram que sementes da espécie

Erythrina speciosa Andr. são, logo após colhidas, profundamente

dormentes devido à impermeabilidade de sua casca à água.

TABELA 2. Médias das características de sementes de C. ferrea sob

diferentes técnicas para superação de dormência tegumentar e épocas de

coleta, em Mossoró-RN.

TRATAMENTOS

Características ÉPOCAS T1 T2 T3 T4 C.V. (%)

Al (cm) 2007 6,6 BCa 8,3 Aa 7,1 ABa 5,5 Ca 11,2

2010 6,2 ABa 7,4 Aa 5,4 Bb 5,0 Ba

CMR (cm) 2007 9,3 Ba 13,0 Aa 10,2 Ba 8,3 Ba 13,6

2010 8,8 Aa 11,0 Ab 9,3 Aa 8,8 Aa

BSA (g) 2007 1,9 Ba 3,6 Aa 0,9 Bb 0,9 Ba 28,7

2010 0,8 Cb 3,2 Aa 1,9 Ba 1,3 BCa

BSR (g) 2007 0,2 Ba 0,8 Aa 0,3 Ba 0,2 Ba 10,6

2010 0,3 ABa 0,7 Aa 0,4 ABa 0,2 Ba

E (%) 2007 23,0 Da 82,7 Aa 52,5 Bb 34,5 Cb 10,6

2010 29,0 Da 74,7 Ab 64,0 Ba 43,0 Ca

IVE (%) 2007 0,8 Ca 9,7 Aa 2,5 Ba 1,0 Ca 11,8

2010 0,8 Ca 9,4 Aa 2,5 Ba 1,0 Ca Letras maiúsculas comparam médias dentro das linhas e minúsculas dentro das colunas, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * T1 (testemunha); T2 (sementes escarificadas na extremidade oposta à micrópila); T3 (imersas em água à 80ºC por 5 minutos) e T4 (imersas em água à 100ºC por 2 minutos). AL (altura); CMR (comprimento da maior raiz); BSA/BSR (Biomassa seca aérea e das raízes); GE (germinação) e IVE (índice de velocidade de emergência).

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Smith et al. (1987) verificaram que a germinação de sementes de

grão-de-bico (cultivar garnet), conservadas a 22 ºC, melhora com a idade,

atingindo o máximo aos 23 meses após a colheita. Sementes de uvaia

(Eugenia uvalha Cambess) também não devem ser semeadas logo após

sua retirada dos frutos (SCALON et al., 2004). A técnica de escarificação

de sementes aplicada proporcionou as maiores médias para quase todas

as variáveis analisadas, independente da época em que as sementes

foram coletadas. Apenas o comprimento da maior raiz das plântulas

oriundas de sementes coletadas em 2010 não apresentou diferença entre

as médias dos tratamentos analisados. Esses resultados são

concordantes com os de Alves et al. (2004) que também verificaram os

maiores valores de porcentagem de germinação, índice de velocidade de

emergência, comprimento da parte aérea, comprimento da maior raíz e

biomassa seca de plântulas de Bauhinia divaricata L. obtidas de

sementes que foram despontadas (escarificadas) na região oposta à

micrópila. Para Lima et al., (2006) a escarificação mecânica do tegumento

de sementes de C. ferrea recém coletadas é eficiente para a superação

da dormência por favorecer a embebição de água e promover maior

porcentagem de germinação.

A escarificação mecânica constitui-se num método simples e de

baixo custo, indicado como o mais eficiente para a promoção da

germinação em sementes de pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.

var. leiostachia Benth.), cássia gigante (Cassia grandis L.), chorona

(Samanea saman Merril) (Lopes et al., 1998) e camboatá (Cupania

vernalis Camb.) (Lima júnior, 2004). A escarificação mecânica com lixa é,

portanto, recomendada para a superação da dormência das sementes de

jucá, que após isto, germinam com boa taxa dentro de dez dias após a

semeadura (FOWLER e BIANCHETTI, 2000; Maia, 2004).

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4 CONCLUSÕES

Nas condições em que os experimentos foram conduzidos, os

resultados permitem concluir que a germinação de sementes de E.

velutina e C. ferrea é rápida, podendo atingir médias de até 98 e 82,7%

de emergência, respectivamente, quando escarificadas na extremidade

oposta à micrópila, e essas sementes podem ser armazenadas nos

ambientes de laboratório, em câmaras frias, sem perdas significativas na

emergência das plântulas.

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CAPÍTULO III

CONDIÇÕES DE AMBIENTE E SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE

MUDAS DE Erythrina velutina WILLD. E Caesalpinia ferrea MART. EX

TUL. EM MOSSORÓ - RN

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CONDIÇÕES DE AMBIENTE E SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE

MUDAS DE Erythrina velutina WILLD. E Caesalpinia ferrea MART. EX

TUL. EM MOSSORÓ - RN

RESUMO

Erythrina velutina Willd. e Caesalpinia ferrea Mart ex Tul. são espécies

utilizadas na medicina popular que ocorrem no Nordeste brasileiro. O

objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de diferentes substratos e

ambientes na produção de mudas de E. velutina e C. ferrea. O

delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em

esquema fatorial 5 x 2 (cinco substratos e dois ambientes) com quatro

repetições de 10 plantas na parcela. Os substratos foram solo, solo +

esterco bovino 2:1 v/v, solo + esterco bovino 3:1 v/v, areia + esterco bovino

2:1 v/v e areia + esterco bovino 3:1v/v. As características avaliadas foram:

diâmetro do coleto, altura, biomassa das raízes, da parte aérea e área

foliar. Para E. velutina não houve diferença significativa para o diâmetro

entre os diferentes substratos. Os substratos que continham esterco bovino

favoreceram o desenvolvimento em altura e biomassa. O ambiente a pleno

sol favoreceu o diâmetro e a biomassa das raízes enquanto a altura foi

favorecida pelo sombreado. Para C. ferrea não houve diferença

significativa para o diâmetro do coleto entre os diferentes substratos e

ambientes. Os substratos que continham esterco bovino favoreceram o

desenvolvimento em altura e biomassa nos dois ambientes. A área foliar foi

favorecida pelo ambiente sombreado e pelos substratos que continham

esterco bovino em ambas as espécies. Mudas de E. velutina e C. ferrea

podem ser produzidas a pleno sol em substratos que contenham matéria

orgânica.

Palavras-chave : plantas medicinais, propagação, matéria orgânica,

Caatinga.

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AMBIENT CONDITIONS AND SUBSTRATES IN THE PRODUCTION OF

SEEDLINGS OF Erythrina velutina WILLD. E Caesalpinia ferrea

MART. EX TUL. IN MOSSORÓ - RN

ABSTRACT

Erythrina velutina Willd. and Caesalpinia ferrea Mart ex Tul. are species

used in folk medicine that occur in Northeastern Brazil. The aim of this

study was to evaluate the effect of different substrates and environments

in the production of seedling of E. velutina. It was used completely

randomized design in factorial 5 x 2 (five substrates and two

environments) with four replications of 10 plants in each plot. The

substrates were soil, soil + cattle manure 2:1 v/v, soil + cattle manure 3:1

v/v, sand + cattle manure 2:1 v/v and sand + cattle manure 3:1 v/v. The

evaluated characteristics were: diameter, height, biomass of roots, shoots

and leaf area. In E. velutina there was no significant difference for the

diameter between the different substrates. The substrates containing

manure promoted the development in height and biomass. The

environment in full sun favored the diameter and biomass of the roots

while the height was increased shade. In C. ferrea there was no significant

difference for the diameter between the different environments and

substrates. The substrates containing manure promoted the development

in height and biomass in both environments. Leaf area was favored by

shade and substrates containing cattle manure in both species. Seedlings

of E. velutina and C. ferrea may be grown in full sun on substrates

containing organic matter.

Keywords : medicinal plants, propagation, organic matter, Caatinga.

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a procura por mudas de espécies florestais

nativas tem crescido no Brasil em razão da necessidade de

reflorestamento. No entanto, há poucos dados sobre o crescimento de

espécies nativas como o mulungu (CARVALHO, 2008) e o jucá em

plantios, o que torna importante a produção de mudas destas espécies. A

produção de mudas florestais com qualidade, quantidade e diversidade

suficiente é uma das fases mais importantes para o estabelecimento de

bons povoamentos com espécies nativas (GONÇALVES et al., 2000).

Na formação de mudas, o substrato deve apresentar fácil

disponibilidade de aquisição e transporte, ausência de patógenos, riqueza

em nutrientes essenciais, pH adequado, boa textura e estrutura, para

proporcionar uma boa germinação e desenvolvimento do sistema

radicular (ARAÚJO et al., 2010) e, o uso de matéria orgânica no substrato

é um dos fatores que influenciam na absorção de nutrientes (YAMANISHI

et al., 2004). O substrato deve ser preferencialmente argiloarenoso para

que, ao ser retirado do saco de plástico, por ocasião do plantio, o torrão

com a muda não se quebre facilmente e ocasione perda de mudas no

campo (GOMES e COUTO, 1986).

Nos últimos anos o agricultor passou a ter uma nova visão sobre a

adubação orgânica dando importância à utilização de estercos que,

normalmente eram descartados na propriedade, passando a fazer uso

desse material como agente modificador das condições físicas e químicas

do solo e elevando o nível de fertilidade (ARF et al., 2000; SOUTO et al.,

2005). Conforme explicações de Malavolta (1979) o esterco bovino, além

de melhorar os aspectos químicos, físicos e biológicos do solo e aumentar

a retenção de água, funciona como um armazém de nutrientes, liberando-

os gradativamente para a planta. A diferença no tempo de decomposição

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dos estercos assegura um fluxo contínuo de nutrientes no solo (SOUTO

et al., 2005).

Outro fator a ser estudado, pelo fato de a região semiárida ser

caracterizada por altos índices de iluminação diária, é a interferência de

diferentes níveis de luz recebidos pelas plantas em seu desenvolvimento

(MELO e CUNHA, 2008). Por isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o

efeito de diferentes substratos na produção de mudas de mulungu

Erythrinyna velutina Willd. e jucá Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. a pleno

sol e sob 50% de sombreamento, no viveiro do campus da UFERSA em

Mossoró-RN.

2 CONDIÇÕES DE AMBIENTE E SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE

MUDAS DE E. velutina

2.1 MATERIAL E MÉTODOS 2.1.1 Local

A semeadura das sementes de mulungu foi realizado, em 20 de junho

2009, no viveiro do Departamento de Ciências Vegetais, campus da

UFERSA - Universidade Federal Rural do Semiárido, localizado em

Mossoró-RN, coordenadas geográficas 5º 11’S e 37º20’W, com altitude

de 18 m a.n.m (SILVA et al., 2002), BR-110, Km 47, Bairro Costa e Silva.

O material coletado, contendo folhas flores e frutos de Erythrina velutina

Willd., encontra-se tombado no Herbário Dárdano de Andrade Lima-

MOSS sob número 13041.

2.1.2 Produção de mudas

As sementes de E.velutina foram escarificadas, utilizando-se lixa nº

60, do lado oposto à micrópila, e semeadas em vinte de junho de dois mil

e nove, com o hilo voltado para cima, em substratos acondicionados em

sacolas de polietileno com dimensões de 15 x 25 cm, em dois ambientes:

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pleno sol e 50% de sombreamento. Os substratos utilizados foram solo do

local de origem das plantas, mistura deste solo e esterco bovino, areia e

mistura de areia e esterco. O solo que participou da composição dos

substratos é o mesmo tipo utilizado na construção civil e recebe a

denominação de “arisco” em Mossoró-RN. É definido pela ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas) como solo proveniente de

granitos e gnaisses, com minerais parcialmente decompostos, sendo

arenosos ou siltosos, com baixo teor de argila e de cor variada (MATTOS,

2001). Para cada substrato foi realizada a análise química e física no

laboratório da UFERSA. As observações foram realizadas a cada 15 dias.

As plântulas foram irrigadas uma vez ao dia.

2.1.3 Delineamento estatístico O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em

esquema fatorial 5 x 2 (cinco substratos e dois ambientes) com quatro

repetições de 10 plantas na parcela. Os substratos foram solo, solo +

esterco bovino 2:1 v/v, solo + esterco bovino 3:1 v/v, areia+esterco bovino

2:1 v/v e areia+esterco bovino 3:1 v/v. Os ambientes foram pleno sol e

50% de sombreamento. As características analisadas foram o diâmetro à

altura do coleto (cm), altura da planta (cm), biomassa verde e seca da raiz

e da parte aérea (g) e área foliar (cm2). As análises dos dados foram

realizadas empregando-se o programa SAEG - Sistema Para Análises

Estatísticas e Genéticas - versão 9.1 (RIBEIRO JR. e MELO, 2009),

obtendo-se análise de variância e teste de médias (Tukey ao nível de 5%

de probabilidade).

2.1.4 Área foliar A área foliar foi determinada para as plântulas, nos dois ambientes,

pelo método do disco (FERNANDES, 2000), utilizando-se as fórmulas:

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78

Este método consistiu na coleta de 5 plântulas por parcela e na

extração de 10 discos dos folíolos por plântula, com o auxilio de um

furador de rolhas de diâmetro de 14,5 mm, aleatoriamente, evitando-se as

nervuras. Foi obtido o peso (g) dos discos e dos folíolos de cada plântula

separadamente em balança analítica modelo ACCULAB Sartorius group.

A validação do método do disco foi realizada empregando-se o programa

computacional Sigma Scann Pro 5. Foram extraídos folíolos de 4 - 5

plântulas por tratamento, em cada ambiente, aleatoriamente. Este método

consistiu na extração de 4 discos por plântula, com o auxilio de um

furador de rolhas de diâmetro de 14,5 mm, evitando-se as nervuras

(Figura 1). Os discos e os folíolos de cada plântula foram pesados

separadamente, e em seguida, foram escaneados e submetidos ao

programa Sigma Scann Pro 5.

Figura 1. Folha de mulungu, discos (esquerda) e furador de rolhas

(direita).

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Os dados foram submetidos à análise de regressão. O método do

disco utilizado foi comparado com o método de referência (Scanner). Os

dados das áreas foliares obtidas pelo método do disco foram corrigidos

pela equação Y= 0,843x resultante da análise de regressão linear dos

dois métodos (Figura 09).

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se que a emergência das sementes iniciou-se no terceiro

dia após a semeadura (Figura 2), e ao final do décimo quinto dia,

verificou-se uma média de 96,4 % de emergência de plântulas no

ambiente sombreado e 86% a pleno sol, concordando com Silva (2008)

em que a emergência de E. velutina inicia-se no terceiro e finaliza no

décimo quinto dia e, a escarificação manual do tegumento com lixa na

extremidade oposta à micrópila é eficiente para a superação da

dormência das sementes. Na Tabela 1 pode-se constatar, após 80 dias

da instalação do experimento, que não houve diferença significativa a 5%

de probabilidade pelo teste de Tukey para o diâmetro entre os diferentes

substratos, enquanto o ambiente a pleno sol favoreceu esta variável

(Tabela 1). A maior quantidade de luz disponível permitiu, provavelmente,

uma maior produção de fotoassimilados, que se acumularam no caule das

plantas, proporcionando os maiores diâmetros no ambiente a pleno sol.

Muitos autores têm verificado a tendência de maiores diâmetros do caule

quando as plantas são submetidas a condições de pleno sol. Com relação

às suas respostas à luminosidade o mulungu apresenta indícios de

comportamento ecológico de espécies pioneiras, com relação às suas

respostas à luminosidade (MELO e CUNHA, 2008).

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Figura 2 . Emergência das plântulas (A) e plântulas de E. velutina em

ambiente sombreado (B) e a pleno sol (C e D). Mossoró – RN, 2009.

Almeida et al. (2005) verificaram um comportamento diferencial em

espécies pioneiras. Plantas pioneiras ou intolerantes à sombra são aquelas

que necessitam de clareiras naturais como sítio de regeneração

(HARTSHORN, 1978). Em acácia (pioneira), houve uma redução no

diâmetro do caule à medida em que foi aumentado o sombreamento. Melo

e Cunha (2008) avaliando o crescimento de E. velutina sob diferentes

níveis de luminosidade no município de Patos-PB, consideraram o sol

pleno como o mais indicado para a produção de mudas. No entanto, o

maior desenvolvimento em altura das mudas ocorreu no ambiente

A B

C D

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sombreado e nos substratos que continham esterco bovino (Tabela 1).

Segundo Melo e Cunha (2008) a altura da parte aérea apresenta

comportamento inversamente proporcional aos níveis de luminosidade

recebidos pelas plantas. O rápido desenvolvimento obtido pelas mudas

sombreadas deve-se à busca de luminosidade pelas plantas menos

favorecidas, de acordo com Melo e Cunha (2008), este comportamento é

comum em áreas florestais, onde há competitividade entre as espécies.

TABELA 1. Médias das características de mudas de E.velutina sob

condições de ambientes e substratos em Mossoró-RN, 2009.

CARTERÍSTICAS.* AMB. SUBSTRATOS**

S1 S2 S3 S4 S5 C.V.%

DC (cm) Pleno sol 1,95 Aa 2.21 Aa 2.04 Aa 2.10 Aa 2.18 Aa 9,6

50% somb. 1.61 Ab 1.83 Ab 1.84 Aa 1.81 Ab 1.80 Ab

AL (cm) Pleno sol 45.85 Ba 60.30 ABb 69.35 Ab 69.40 Ab 65.55 Ab 11,2

50% sombr. 55.80 Ba 80.10 Aa 93.02 Aa 90.50 Aa 80.75 Aa

BFA(g) Pleno sol 63.10 Aa 102.96 Aa 103.36 Ab 104.05 Aa 109.72 Aa 24,7

50% somb. 65.51 Ba 123.85 Aa 143.52 Aa 119.90 Aa 112.04 ABa

BFR(g) Pleno sol 15.35 Ba 27.47 ABa 23.00 ABa 29.95 ABa 35.67 Aa 31,2

50% sombr. 13.84 Aa 22.30 Aa 24.08 Aa 21.94 Aa 23.11 Ab

BSA(g) Pleno sol 12.15 Aa 22.83 Aa 21.91 Aa 20.72 Aa 22.22 Aa 26,8

50% sombr. 11.78 Ba 22.12 ABa 25.06 Aa 22.32 ABa 20.55 ABa

BSR(g) Pleno sol 2.77 Ba 6.20 Aa 4.64 ABa 5.85 Aa 5.65 Aa 26,5

50% somb. 2.72 Aa 3.89 Ab 4.60 Aa 3.96 Ab 4.18 Aa Letras maiúsculas comparam médias dentro das linhas e minúsculas dentro das colunas, pelo teste de Tukey a 5%. *DC (diâmetro do coleto); AL (altura); BFA (biomassa fresca da parte aérea); BFR (biomassa fresca da raiz); BSA (biomassa seca da parte aérea) e BSR (biomassa seca da raiz). ** S1 (solo); S2 (solo + esterco 2:1); S3 (solo + esterco 3:1); S4 (areia + esterco 2:1) e S5 (areia + esterco 3:1).

Siebeneichlen et al. (2008) verificaram em plantas da espécie

Tabebuia heptaphyilla, cultivadas em ambiente de 50% de luminosidade

um maior crescimento em altura do que as cultivadas em pleno sol.

Resultados obtidos por Almeida et al. (2005) para moreira e fedegoso,

também concordam que a maior altura em espécies lenhosas ocorre em

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condições sombreadas. Ao se comparar as espécies isoladamente,

Almeida et al. (2005) observaram que no tratamento de 50% de

sombreamento, as espécies jatobá e fedegoso acumularam maiores teores

de clorofila total, e a moreira nos tratamentos 30% e 50% de

sombreamento. Este maior acúmulo de clorofila nos níveis de maior

sombreamento pode ser devido à compensação da espécie a menor

quantidade de radiação disponível.

O plantio das mudas coincidiu com o declínio do período chuvoso

na região de Mossoró, que elevou a umidade relativa do ar em torno de

70% e amenizou as temperaturas médias neste período (25,4 a 28,1 ºC),

o que pode ter contribuído para o desenvolvimento inicial das mudas

(Figuras 3 e 4).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

jun jul ago set out nov

meses

umid

ade

(%)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

prec

ipita

ção

(mm

)

Umidade Precipitação

Figura 3 . Umidade e precipitação em Mossoró-RN, 2009. Fonte: Estação

Meteorológica da UFERSA - Universidade Federal Rural do Semiárido.

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Temperaturas médias (2009)

24

24,5

25

25,5

26

26,5

27

27,5

28

28,5

Jun Jul Ago Set Out Nov

Figura 4 . Temperaturas em Mossoró-RN, 2009. Fonte: Estação Meteorológica da

UFERSA - Universidade Federal Rural do Semiárido.

No ambiente sombreado, a irrigação foi realizada por aspersão,

proporcionando maior volume de água para as plântulas, enquanto no

ambiente a pleno sol as mudas foram regadas manualmente após o

período chuvoso, o que também pode ter contribuído para a obtenção de

maiores médias de altura e biomassa aérea no ambiente sombreado. A

matéria orgânica supriu as necessidades nutricionais exigidas pelas mudas

de E. velutina, para o seu desenvolvimento e produção de biomassa fresca

ou seca. O alumínio na forma de cátion trocável (Al3+) pode ser tóxico para

muitas espécies vegetais, afetando a morfologia das raízes, o que influi

diretamente na absorção dos nutrientes e da água (MEURER et al. (2004),

no entanto, foi verificado, 0,0 (zero) cmolc.dm-3 de Al3+ e teores de Ca2+,

Mg2+, P, K+, nos substratos que continham esterco bovino curtido (Tabela

2), números considerados bons, segundo recomendações para uso de

corretivos e fertilizantes da CFSEMG (1999). O Al precipita-se com valores

de pH acima de 5,5.

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TABELA 2. Características dos substratos utilizados na produção de

mudas de E. velutina, em Mossoró, RN, 2009. Fonte: Laboratório de solos

da UFERSA.

IDENTIFICAÇÃO pH P K + Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+

(água) mg.dm-³ cmolc.dm-3 Solo 5,8 1,9 26,2 16,7 1,8 2,4 0,05 Solo + Esterco (2:1) 7,1 165,9 550,1 127,3 2,1 2 0 Solo + Esterco (3:1) 6,9 92,3 355,5 82,7 1,6 1,4 0 Areia + Esterco (2:1) 7,6 152,1 461,5 96,9 2,1 1,6 0

Areia + Esterco (3:1) 7,7 108,3 223,8 62,4 2 2,2 0 Fonte: Laboratório de fertilidade do solo e nutrição de plantas da UFERSA.

A biomassa fresca da parte aérea apresentou as maiores médias,

para as mudas produzidas no substrato composto por solo e esterco (3:1),

no ambiente sombreado. A biomassa seca da parte aérea, no entanto,

não foi influenciada pelas condições do ambiente e foi maior nos

substratos com esterco bovino (Tabela 1). Segundo Larcher (2000) as

plantas sob baixa luminosidade tendem a expandir o limbo foliar,

aumentando a área de captação de luz sem, no entanto, aumentar a

massa seca. Os menores valores da biomassa das raízes ocorreram no

substrato testemunha (solo) e no ambiente sombreado (Tabela 1). Para

este substrato (Tabela 2), foram verificados valores considerados baixos

para K3+, muito baixos para P e, médios para Ca2+, Mg2+ e Al3+ (CFSEMG,

1999).

Um conteúdo equilibrado de alguns nutrientes como o cálcio (Ca) o

magnésio (Mg) o fósforo (P) e o potássio (K) favorece o enraizamento e o

desenvolvimento das plantas. O Ca é requerido para a elongação e

divisão celular. O K atua na ativação de grande número de enzimas e

está envolvido no controle estomático e transporte de carboidratos

(FACHINELLO et al., 2005; XAVIER et al., 2009). O fósforo desempenha

papel importante na transferência de energia da célula, na respiração e na

fotossíntese, cujas limitações na sua disponibilidade no início do ciclo

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vegetativo, podem resultar em restrições no desenvolvimento, das quais a

planta não se recupera posteriormente mesmo que se aumente o

suprimento de P a níveis adequados (GRANT et al., 2001).

A elevação nos preços dos insumos básicos, principalmente dos

fertilizantes dependentes de petróleo, associada à queda na produtividade

das culturas, decorrente do mau uso do solo, evidencia a necessidade de

se buscar alternativas que ofereçam possibilidades de aumento da

fertilidade, como forma de melhorar os recursos naturais, sem onerar a

produção (ARF et al., 2000).

O esterco bovino melhora os aspectos químicos, físicos e

biológicos do solo, aumenta a estabilidade de agregados e a retenção de

água, favorecendo a disponibilização dos nutrientes (MALAVOLTA, 1979).

As maiores médias de área foliar foram verificadas no ambiente

sombreado, para as plântulas cultivadas nos substratos que continham as

misturas de solo e esterco (3:1 v/v) e areia e esterco (2:1 v/v) e as

menores para as cultivadas no tratamento com solo (Tabela 3 e Figura 5).

Para Siebeneichlen et al. (2008) trabalhando com Tabebuia heptaphyilla,

verificou que há uma tendência dos valores de área foliar desta espécie

serem maiores no ambiente com 50% de luminosidade.

TABELA 3 . Médias estimadas em cm2, das áreas foliares de mudas de

E.velutina, corrigidas pela equação Y= 0,843x, sob condições de

ambientes e substratos em Mossoró-RN, 2009. S1 S2 S3 S4 S5 Ambiente Solo Solo + E (2:1) Solo + E (3:1) Areia + E (2:1) Areia + E (3:1) Are foliar

Pleno sol

1095,69 Ba

1742,55 ABa

1954,91 ABb

1790,16 ABb

2275,04 Aa

50% somb.

1564,64 Ca

2527,19 ABa

3378,00 Aa

2883,33 Aa

2353,97 ABa

C.V.% 25.36 * Letras maiúsculas comparam médias dentro das linhas e minúsculas dentro das colunas pelo teste de Tukey a 5%. E= esterco bovino.

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Área Foliar (E. velutina )

y = 0,8433xR2 = 0,9715

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 50 100 150 200 250Mét. Disco

Mét

. Sca

nner

Figura 5 . Comparação entre as médias de áreas foliares de mudas de E.

velutina, cultivada à pleno sol e à 50% de sombreamento, pelo método do

disco e do scanner.

Desse modo a determinação da área foliar é fundamental para

estudar aspectos fisiológicos que envolvam análise de crescimento,

fotossíntese e transpiração (MARROCOS et al., 2010). Quanto menor a

luminosidade, maior área foliar é necessária para produzir um grama de

matéria seca (BENINCASA, 2003). Para Benincasa (2003) muitas vezes

as condições de autosombreamento, que diminuem a eficiência

fotossintética da cultura, diminuem também a evapotranspiração, a qual,

na maioria dos casos, é mais limitante para a produtividade do que a

diminuição da fotossíntese líquida. Pela análise de regressão linear

verificou-se que o método do disco é eficiente para a determinação de

área foliar de E. velutina.

3 CONDIÇÕES DE AMBIENTES E SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO D E

MUDAS DE C. ferrea

3.1 MATERIAL E MÉTODOS

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3.1.1 Local

As sementes de jucá foram semeadas em 20 de junho de 2009, no

viveiro do Departamento de Ciências Vegetais, campus da UFERSA -

Universidade Federal Rural do Semiárido, localizado em Mossoró-RN,

coordenadas geográficas 5º 11’S e 37º20’W, com altitude de 18m a.n.m

(SILVA et al., 2002), BR-110, Km 47, Bairro Costa e Silva. O material

coletado, contendo folhas flores e frutos de Casalpinia ferrea Mart. ex Tul.,

encontra-se tombado no Herbário Dárdano de Andrade Lima- MOSS sob

número 11752.

3.1.2 Produção de mudas

As sementes usadas no experimento foram extraídas de frutos de

jucá coletados em maio de 2009, de três árvores existentes no campus da

UFERSA. Para a quebra da dormência das sementes foi utilizado o

método de escarificação mecânica com lixa de nº 60 do lado oposto ao

hilo. Os substratos utilizados foram, também, solo, mistura de solo e

esterco bovino, areia e mistura de areia e esterco bovino. Os substratos

foram acondicionados em sacolas de polietileno de 15 x 25 cm. Para cada

substrato foi realizada a análise química no laboratório da UFERSA. As

observações foram realizadas a cada sete dias. Para as medidas de

diâmetro e altura do caule utilizou-se um paquímetro digital e uma trena,

respectivamente.

3.1.3 Delineamento estatístico

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em

esquema fatorial 5 x 2 (cinco substratos e dois ambientes) com quatro

repetições de 10 plantas na parcela. Os substratos foram arisco, solo +

esterco bovino 2:1 v/v, solo + esterco bovino 3:1 v/v, areia+esterco bovino

2:1 v/v e areia+esterco bovino 3:1 v/v. Os ambientes foram pleno sol e

50% de sombreamento. As características analisadas foram o diâmetro à

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altura do coleto (mm), altura da planta (mm), biomassa verde e seca da

raiz e parte aérea (g) e área foliar (cm2). As análises dos dados foram

realizadas empregando-se o programa SAEG - Sistema Para Análises

Estatísticas e Genéticas - versão 9.1 (RIBEIRO JR. e MELO, 2009),

obtendo-se análise de variância e teste de médias (Tukey ao nível de 5%

de probabilidade).

3.1.4 Área foliar A área foliar foi determinada para as plântulas, nos dois ambientes,

pelo método do disco (FERNANDES, 2000), utilizando-se a fórmula:

A área dos discos foi determinada pelo integrador de área foliar

modelo Área Meter AM 300 (Figura 6). Este método consistiu na coleta de

5 plântulas por parcela e na extração de 15 foliólulos (unidade da folha

composta) por plântula. Foi obtido o peso(g) da amostra (PD) de 15

foliólulos e das folhas (PF) de cada plântula, separadamente, em balança

analítica modelo ACCULAB Sartorius group (Figura 6). Cada amostra de

15 foliólulos foi submetida ao integrador de área foliar para a obtenção da

área.

Figura 6. Foliólulos de C. ferrea e integrador de área foliar modelo Área

Meter AM 300 (B), e balança modelo ACCULAB Sartorius group (A).

B A

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3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A emergência das plântulas iniciou-se no terceiro dia após a

semeadura, no ambiente sombreado (Figura 7), e ao final de quarenta e

sete dias, verificou-se uma média de 82% de emergência de plântulas no

ambiente sombreado e 89,5% a pleno sol, concordando com Fowler e

Bianchetti (2000), que recomendam a escarificação mecânica por três

segundos, para a superação da dormência das sementes de jucá. Para

Maia (2004) as sementes de C. ferrea germinam com boa taxa, dentro de

dez dias após a semeadura.

Figura 7. Início da germinação de C. ferrea no terceiro dia após a

semeadura (A) e plântulas (B), em Mossoró-RN, 2009.

O início do experimento coincidiu com o declínio do período

chuvoso na região de Mossoró, que elevou a umidade relativa do ar, em

torno de 70% e amenizou as temperaturas médias neste período de

condução do experimento (25 a 27 ºC), o que pode ter contribuído para o

desenvolvimento inicial das mesmas (Figuras 3 e 4). No ambiente

sombreado a irrigação foi realizada por aspersão, enquanto no ambiente

a pleno sol, as mudas foram regadas manualmente após o fim do período

chuvoso. Para as mudas produzidas, verificou-se, após 90 dias após a

instalação do experimento, que não houve diferença significativa a 5% de

A B

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probabilidade pelo teste de Tukey, para o diâmetro entre os diferentes

substratos e ambientes (Tabela 4). Tal fato pode ser decorrente do

pequeno diâmetro do caule de jucá no início do desenvolvimento das

plântulas, conforme verificado na Tabela 4.

TABELA 4. Médias das características de mudas de C. ferrea sob

condições de ambientes e substratos em Mossoró-RN, 2009.

CARACT.* AMBIENTE SUBSTRATOS** C.V.%

S1 S2 S3 S4 S5 DC (mm) Pleno sol 3.52 Aa 3.80 Aa 3.65 Aa 3.50 Aa 3.60 Aa 11.24

50% somb. 3.32 Aa 3.78 Aa 3.75 Aa 3.67 Aa 3.47 Aa

AL (mm) Pleno sol 215.5 Bb 378.5 Ab 415.5 Ab 403.0 Ab 397.0 Ab

11.31

50% somb. 394.0 Ba 704.0 Aa 649.0 Aa 625.0 Aa 597.0 Aa

BFA (g) Pleno sol 2.19 Bb 5.96 Ab 6.56 Ab 6.96 Ab 6.96 Ab 16.02

50% somb. 3.97 Ba 9.75 Aa 10.36 Aa 10.37 Aa 9.21 Aa

BFR (g) Pleno sol 2.74 Ba 3.18 Ba 5.91 Aa 6.25 Aa 6.40 Aa 26.37

50% somb. 4.16 Aa 4.08 Aa 3.75 Ab 4.15 Ab 3.99 Ab

BSA (g) Pleno sol 1.11 Ba 3.07 Aa 3.16 Ab 2.98 Ab 3.07 Aa 15.74

50% somb. 1.77 Ba 3.52 Aa 3.87 Aa 3.94 Aa 3.59 Aa

BSR (g) Pleno sol 1.34 Ba 2.11 ABa 2.81 Aa 2.49 Aa 2.75 Aa 23.34

50% somb. 1.87 Aa 1.69 Aa 1.63 Ab 1.78 Ab 1.68 Ab

Letras maiúsculas comparam médias dentro das linhas e minúsculas dentro das colunas, pelo teste de Tukey a

5%. DC (diâmetro do coleto); AL (altura); BFA (biomassa fresca da parte aérea); BFR (biomassa fresca da

raiz); BSA (biomassa seca da parte aérea) e BSR (biomassa seca da raiz). ** S1 (solo); S2 (solo + esterco 2:1);

S3 (solo + esterco 3:1); S4 (areia + esterco 2:1) e S5 (areia + esterco 3:1).

No entanto, o maior crescimento das plântulas em altura ocorreu

no ambiente sombreado e nos substratos que continham esterco bovino

(Tabela 4). Para Melo e Cunha (2008) a altura da parte aérea apresenta

comportamento inversamente proporcional aos níveis de luminosidade

recebidos pelas plantas. O rápido desenvolvimento obtido pelas mudas

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sombreadas deve-se à busca de luminosidade pelas plantas menos

favorecidas. De acordo com Melo e Cunha (2008), este comportamento é

comum em áreas florestais, onde há competitividade entre as espécies.

Siebeneichlen et al. (2008) verificaram em plantas da espécie

Tabebuia heptaphyilla, cultivadas em ambiente com 50% de luminosidade

um maior crescimento em altura do que nas cultivadas em pleno sol.

Resultados obtidos por Almeida et al. (2005) para moreira e fedegoso,

também concordam que a maior altura em muitas espécies lenhosas

ocorre em condições sombreadas. O ambiente sombreado também

favoreceu o desenvolvimento da biomassa fresca da parte aérea (Tabela

4). Segundo Larcher (2000) as plantas sob baixa luminosidade tendem a

expandir o limbo foliar, aumentando a área de captação de luz, sem no

entanto, aumentar a massa seca. Tal fato pode ter contribuído para que a

biomassa seca da parte aérea tenha tido pouca variação entre os

ambientes (Tabela 4). A biomassa das raízes também apresentou as

maiores médias quando se utilizou substratos que continham esterco

bovino na composição. No entanto, estes resultados ocorreram no

ambiente a pleno sol (Tabela 4). A matéria orgânica supriu as

necessidades nutricionais exigidas pelas mudas de C. ferrea, para o seu

desenvolvimento e produção de biomassa (Tabela 2) por apresentar

valores de Ca, Mg, P e K considerados bons, segundo recomendações da

CFSEMG (1999).

Os maiores valores de biomassa das raízes ocorreram nos

substratos que continham esterco e no ambiente a pleno sol (Tabela 4).

Para o substrato que não continha esterco foram verificadas as menores

médias de biomassa das raízes. Este substrato com pH igual a 5,8

também apresentou alumínio na sua composição. O alumínio na forma de

cátion trocável (Al3+) pode ser tóxico para muitas espécies vegetais,

afetando a morfologia das raízes, o que influi diretamente na absorção

dos nutrientes e da água (MEURER et al., 2004). No entanto, o ambiente

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sombreado favoreceu o maior desenvolvimento de área foliar para as

mudas de C. ferrea cultivadas nos substratos que continham esterco

bovino na composição (Tabela 5 e Figura 8). As menores médias de área

foliar foram verificadas para as plântulas que emergiram no substrato sem

mistura de esterco. Para este substrato (Tabela 2), foram verificados

valores considerados baixos para potássio (K3+) e muito baixos para

fósforo (P) (CFSEMG, 1999).

A diminuição de aportes orgânicos nos solos produz perdas do

equilíbrio do ecossistema edáfico, diminuindo a atividade biológica e a

biodiversidade (VALARINI, 2009). O esterco bovino, além de melhorar os

aspectos químicos, físicos e biológicos do solo e aumentar a retenção de

água, funciona como um armazém de nutrientes, liberando-os

gradativamente para a planta (MALAVOLTA, 1979).

TABELA 5 . Médias estimadas em cm2, das áreas foliares de mudas de C.

ferrea, sob condições de ambientes e substratos em Mossoró-RN, 2009. S1 S2 S3 S4 S5

Ambiente Solo Solo + E. (2:1) Solo + E. (3:1) Areia + E. (2:1) Areia + E. (3:1)

Afol Pleno sol 447.09 Aa 478.88 Ab 477.26 Ab 485.06 Ab 507.21 Ab

50% somb. 358.24 Ba 843.40 Aa 808.29 Aa 908.23 Aa 840.23 Aa

C.V.% 26.26

* Letras maiúsculas comparam médias dentro das linhas e minúsculas dentro das colunas pelo

teste de Tukey a 5%. E= Esterco bovino

As médias de área foliar determinadas pelo método do integrador

apresentaram elevado coeficiente de determinação (R2), com um bom

ajuste dos pontos, indicando elevada concordância (Figura 8). Para

Siebeneichlen et al. (2008) há uma tendência dos valores de área foliar

serem maiores no ambiente com 50% de luminosidade.

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Jucá (50% Sombreamento)y = -69,376x2 + 519,13x - 42,593

R2 = 0,8715

0100200300400500600700800900

1000

0 2 4 6

Substratos

Áre

a fo

liar

Figura 8 . Médias de áreas foliares de mudas de C. ferrea, cultivada em

ambiente sombreado, pelo método do integrador de área foliar.

O aumento da área foliar da planta mostra a habilidade da espécie

em utilizar a radiação fotossinteticamente ativa e alocar os

fotoassimilados. Quanto menor a luminosidade, maior área foliar é

necessária para produzir um grama de matéria seca (BENINCASA, 2003).

Para Benincasa (2003), muitas vezes as condições de

autosombreamento, que diminuem a eficiência fotossintética da cultura,

diminuem também a evapotranspiração, a qual, na maioria dos casos, é

mais limitante para a produtividade do que a diminuição da fotossíntese

líquida. Comparando as espécies de jatobá, fedegoso e moreira,

isoladamente, Almeida et al. (2005) observaram que no tratamento de

50% de sombreamento, as espécies jatobá e fedegoso acumularam

maiores teores de clorofila total, o mesmo aconteceu com a moreira nos

tratamentos 30% e 50% de sombreamento. Este maior acúmulo de

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clorofila nos níveis de maior sombreamento pode ser devido à

compensação da espécie à menor quantidade de radiação disponível.

3.3 CONCLUSÕES

Mudas de E. velutina e C. ferrea podem ser produzidas a pleno sol,

ou em ambiente sombreado, em substratos que contenham esterco

bovino curtido.

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CAPÍTULO IV

PROPAGAÇÃO DE Erythrina velutina WILLD. E Caesalpinia ferrea

MART. EX TUL. PELO MÉTODO DE ESTAQUIA, EM MOSSORÓ-R N

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PROPAGAÇÃO DE Erythrina velutina WILLD. E Caesalpinia ferrea

MART. EX TUL. PELO MÉTODO DE ESTAQUIA, EM MOSSORÓ-R N

RESUMO

Erythrina velutina Willd. e Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. ocorrem no

Nordeste brasileiro e são usadas na medicina popular. O objetivo deste

estudo foi avaliar o efeito do método de estaquia em E. velutina e C.

ferrea usando diferentes substratos, tipos de estacas (lenhosas, semi-

lenhosa e herbáceas) e doses de AIB (ácido indolbutírico) em ambiente

sombreado. As estacas foram coletadas em duas épocas (estação seca e

chuvosa). Foi usado o delineamento experimental inteiramente

casualizado, com quatro repetições. As características avaliadas foram

número de folhas; número de raízes; comprimento da maior raiz;

biomassa seca da parte aérea; biomassa seca das raízes; porcentagem

de brotações e de enraizamento. Os resultados indicaram que estacas

semilenhosas, coletadas de plantas jovens de E. velutina, com 6 a 12

meses de idade, são as mais recomendadas para a propagação desta

espécie, com 90% a 95% de enraizamento. No entanto, não houve efeito

significativo do AIB para o percentual de enraizamento de E. velutina.

Estacas coletadas a partir de raízes de mudas de C. ferrea, com 18 cm de

comprimento, são as mais recomendadas para a propagação desta

espécie, com 85% de enraizamento. O maior índice de enraizamento

ocorreu quando aplicou-se a dose de 6.000 mgL-1 de AIB. Recomenda-se

a formação e manutenção de plantas matrizes através da técnica de

jardim clonal para fornecer material jovem e saudável em maior escala

para a propagação destas espécies por estacas.

Palavras-chave : mulungu, jucá, Caatinga, estaquia

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PROPAGATION OF Erythrina velutina Willd. AND Caesalpinia ferrea

MART. EX TUL. BY THE METHOD OF CUTTING, IN MOSSORÓ- RN

ABSTRACT

Erythrina velutina Willd. and Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. occur in

Northeastern Brazil and are used in folk medicine. The aim of this study

was to evaluate the effect of cutting method in E. velutina and C. ferrea

using different types of cuttings (woody, semi-woody and herbaceous),

substrates and IBA (indolebutyric acid) in shaded environment. The

cuttings were collected in two times (dry and rainy seasons). It was used

completely randomized design with four replications. Was evaluated the

number of leaves; number of roots; length of roots; shoot dry biomass; dry

biomass of roots; percentage of shoots and rooting. The results indicated

that semi-hardwood cuttings, collected from young plants of E. velutina,

with 6 to 12 months old, are most recommended for the propagation of this

species, with 90% to 95% rooting. However, there was no significant effect

of IBA for rooting percentage of E. velutina. Cuttings collected from roots

of seedlings of C. ferrea, with 18 cm of lenght, are more recommended for

the propagation of this species, with 85% rooting. The highest rooting

occurred when was applied the level of 6.000 mg L-1 IBA. It is

recommended the formation and maintenance of mother plants through

the technique of clonal garden to provide young and healthy material on a

larger scale for the propagation of these species by cuttings.

Keywords: coral tree, jucá, Caatinga, cutting

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1 INTRODUÇÃO

O mulungu (Erythrina. velutina) e o jucá (Caesalpinia ferrea) são

espécies utilizadas na medicina popular do Nordeste brasileiro com ação

comprovada por pesquisas científicas (VIRTUOSO, 2005; LORENZI,

2008). São utilizadas, também, para fins madeireiros, ornamentais e

industriais, entre outros. Assim, a crescente demanda e o intenso

extrativismo têm contribuído para a redução do número de plantas nas

áreas de ocorrência natural destas espécies. Segundo Fachim e Guarim

(1995) o mulungu corre o risco de passar à categoria de espécies em

perigo de extinção se continuar sendo explorado excessivamente e se

sua sobrevivência não for assegurada. O jucá embora seja de fácil

germinação, corre perigo de diminuição drástica, não apenas pelo corte

da sua madeira, mas, a médio prazo, pela falta de estabelecimento de

novas plantas (MAIA, 2004).

É necessário, portanto, assegurar a conservação desses

importantes recursos genéticos, que por se tratar de espécies de

interesse medicinal, torna-se necessária a preservação de suas

características genéticas. No entanto, a produção de mudas destas

espécies ainda é feita por meio de sementes, as quais apresentam

dormência tegumentar que requerem escarificação. Segundo Hoffmann et

al. (2005b) esse tipo de propagação é responsável pela variação

populacional, devido à segregação e à recombinação de genes e pelo

surgimento de novas variedades, uma vez que na natureza, predomina a

polinização cruzada, que assegura o maior intercâmbio de genes dentro

de uma mesma espécie.

A propagação vegetativa pelo método de estaquia possibilita a

perpetuação de clones de plantas, que são altamente heterozigotas, e

perderiam suas características com a propagação sexuada (HOFFMANN

et al., 2005a) utilizada atualmente para estas espécies. A propagação por

estaquia é considerada uma importante ferramenta no melhoramento de

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103

plantas, especialmente no cultivo de plantas medicinais (EHLERT et al.,

2004).

Na produção comercial de mudas, a propagação assexuada é, por

vezes, mais importante que a propagação sexuada, por diversas razões:

normalmente é mais rápida que a propagação por semente. O período

improdutivo é mais curto, devido à redução da fase juvenil cuja duração é

de dois ou mais anos (FACHINELLO et al., 2005; XAVIER et al., 2009),

além de possibilitar uma maior uniformidade das plantas e permitir a

produção de plantas idênticas à planta-mãe, o que é importante na

preservação das características agronômicas desejáveis (HOFFMANN et

al., 2005 b). Pouco se conhece sobre a propagação vegetativa pela

técnica de enraizamento de estacas de espécies florestais brasileiras,

principalmente de plantas medicinais. Deve-se, portanto, investigar por

meio de pesquisas as técnicas adequadas de produção de mudas

vigorosas e isentas de pragas e doenças pelo método de estaquia. O

objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do método de estaquia em

ambiente sombreado utilizando-se diferentes substratos, doses de AIB

(ácido indol butírico) e diferentes tipos de estacas (coletadas em duas

épocas), de na produção de mudas de mulungu (Erythrina velutina Willd.)

e jucá (Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.) em Mossoró-RN.

2 PROPAGAÇÃO DE E. velutina POR ESTAQUIA 2.1 MATERIAL E MÉTODOS Foram testados, no campus da UFERSA, diferentes tipos de

estacas e substratos, doses de AIB (ácido indolbutírico) e épocas de

coleta do material propagativo. Foram utilizadas estacas lenhosas e

semilenhosas, com o mínimo de duas gemas, extraídas das porções

basais e medianas dos ramos e herbáceas extraídas dos ápices dos

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104

ramos. Foi efetuada uma lesão de 2 a 3 cm, em bisel, na base de cada

estaca para expor o câmbio e favorecer o enraizamento.

As estacas foram imersas, por 5 minutos, em solução de hipoclorito

de sódio a 0,6% para a desinfecção e, em seguida, lavadas em água

corrente. As estacas foram imersas por 5 segundos na solução de AIB. A

solução foi preparada diluindo-se o produto em 125 mL de álcool 93º GL e

completando-se o volume com 125 mL de água destilada de acordo com

a metodologia indicada por Hartmann et al. (1990) e Fachinello et al.

(2005).

Nos experimentos em que o AIB foi utilizado o substrato foi

constituído de casca de arroz carbonizada. Foi enterrado, em torno de 2/3

de cada estaca nos substratos, acondicionados em sacolas ou bandejas

de polietileno. As estacas foram envolvidas com saquinhos de polietileno

como forma de prevenção contra a desidratação. Foram efetuadas duas

irrigações diárias na estação seca, e uma a cada dois dias, na chuvosa.

Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado em 6

(seis) experimentos descritos abaixo. O experimento 01 foi instalado em

casa de vegetação e os demais em ambiente sombreado. As análises dos

dados foram realizadas empregando-se o programa SAEG - Sistema Para

Análises Estatísticas e Genéticas - versão 9.1. As médias foram

comparadas pela análise de regressão.

2.1.1 Experimento 01 - Propagação de E. velutina por estacas

lenhosas, em diferentes substratos, na estação seca

As estacas de mulungu foram colocadas para enraizar em 22 de

maio de 2010, em casa de vegetação, sob irrigação por aspersão. As

estacas, com diâmetros entre 0,4 e 1,2 cm e comprimento de 12 cm,

foram extraídas de duas árvores existentes no campus da UFERSA. Os

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105

substratos foram acondicionados em sacolas de polietileno com

dimensões de 15 x 25 cm (Figura 1A).

Figura 1 . Estacas lenhosas de E. velutina (A), em casa de vegetação (B),

no campus da UFERSA, em Mossoró – RN, maio de 2010.

Os tratamentos consistiram de cinco tipos de substratos (solo; fibra

de coco; solo + esterco bovino 2:1 v/v; solo + resíduo de jitirana 3:1v/v e

esterco bovino + resíduo de jitirana 1:1 v/v.) com quatro repetições de 10

estacas na parcela, totalizando 200 estacas. O resíduo de Jitirana

(Merremia aegyptia L.), espécie expontânea da Caatinga, tem sido

utilizado no Rio Grande do Norte na produção orgânica de hortaliças

(LIMA et al., 2007).

2.1.2 Experimento 02 - Propagação de E. velutina por estacas

lenhosas e doses de AIB (àcido Indolbutírico) na estação chuvosa

Iniciou-se no período chuvoso, em 01 de abril de 2011. Foram

utilizadas estacas lenhosas, com 18 cm de comprimento e 1,0 cm de

diâmetro que foram acondicionadas em bandejas de polietileno com 50

células de 115 cm³ de volum. Utilizou-se casca de arroz carbonizada

(CAC) como substrato. Aplicou -se cinco tratamentos (0, 2.000, 4.000,

A B

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106

6.000 e 8.000 mg.L-1 de AIB) com quatro repetições de 10 estacas na

parcela.

2.1.3 Experimento 03 - Propagação de E. velutina por meio de

estacas herbáceas, em diferentes substratos, na est ação chuvosa

O experimento foi instalado em 13 de maio de 2011. Utilizou-se

estacas herbáceas, com 12 cm de comprimento e 0,4 a 1,0 cm de

diâmetro, acondicionadas em bandejas de polietileno, com 50 células de

115 cm³ de volume. Os tratamentos foram casca de arroz carbonizada;

fibra de coco; vermiculita e areia, com quatro repetições de 10 estacas na

parcela, totalizando 160 estacas. As parcelas foram subdivididas em 5

estacas com um par de folíolos seccionados ao meio, e 5 estacas nuas.

2.1.4 Experimento 04 - Propagação de E. velutina por estacas

semilenhosas procedentes de brotações de árvore jov em, e uso de

AIB, na estação seca

O experimento foi instalado em 10 de agosto de 2010. As estacas

foram extraídas de brotações de árvores que sofreram poda severa há

aproximadamente doze meses, aproximadamente. Consistiu no

tratamento das estacas com 5 doses de AIB (0; 1.000; 2.000; 3.000 4.000

e 5.000 mg L-1) com 4 repetições de 5 estacas na parcela, totalizando 120

estacas. Utilizou-se CAC como substrato. Foram utilizadas estacas com

12 cm de comprimento e diâmetros variando de 0,3 a 1,3 cm,

acondicionadas em sacolas de polietileno com dimensões de 11 x 22 cm.

2.1.5 Experimento 05 - Propagação de E. velutina por estacas

semilenhosas procedentes de mudas, com até 12 meses de idade e

uso de AIB, na estação seca

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107

O experimento foi instalado em 08 de agosto de 2010. As estacas

foram extraídas de plantas jovens, remanescentes de mudas de E.

velutina com até 12 meses, obtidas de sementes e cultivadas no ano

anterior. Consistiu de 5 tratamentos (0; 1.000; 2.000; 3.000 e 4.000 mg L-1

de AIB) com quatro repetições de 5 estacas na parcela, totalizando 100

estacas, considerando-se a escassez de material. As mudas foram

envolvidas com fita escura para protegê-las da luz, durante os sete dias

anteriores à extração das estacas. Foram utilizadas estacas com 12 cm

de comprimento e diâmetros de 0,4 a 1,2 cm as quais foram

acondicionadas em bandejas de polietileno, com 50 células de 115 cm³ de

volume. Utilizou-se o substrato constituído de CAC.

2.1.6 Experimento 06 - Propagação de E. velutina por estacas

semilenhosas, procedentes de mudas com 6 meses de i dade e uso

do AIB, na estação chuvosa

O experimento foi instalado em 12 de maio de 2011. As estacas

com 12 cm de comprimento e 0,5 a 1,2 de diâmetro foram extraídas de

mudas de E. velutina, com 6 meses de idade, e acondicionadas em

bandejas de polietileno com 50 células de 115 cm³ de volume. Consistiu

de sete tratamentos (0; 1.000; 2.000; 3.000, 4.000, 5.000 e 6.000 mg L-1

de AIB) com quatro repetições de 10 estacas na parcela, totalizando 280

estacas. Utilizou-se CAC como substrato.

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO Após 85 dias, da instalação do experimento 01 (estacas lenhosas

na estação seca) em casa de vegetação, verificou-se que apenas o

substrato desprovido de matéria orgânica (solo) não apresentou

brotações. No entanto, apenas uma estaca enraizou. Houve ocorrência

de patógenos e decomposição ocasionando a morte de mais de 80% das

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108

estacas. Tal fato pode ter ocorido porque elas ficaram susceptíveis ao

ataque de patógenos, devido ao corte efetuado por ocasião da extração

das estacas, houve também elevação da temperatura e umidade

proporcionada pela irrigação por aspersão no interior da estufa (Figura 1).

A alta umidade pode ocasionar a anerobiose, ou seja, falta de

oxigenação das estacas, resultando em perdas de seu potencial de

enraizamento (XAVIER et al., 2009). Para Hoffmann et al. (2005a),

temperaturas ao redor de 35 a 40ºC, limitam o crescimento das raízes da

maioria das espécies lenhosas. Os substratos utilizados, à base de

resíduos orgânicos, também podem ter contribuído para a decomposição

das estacas. Compostos orgânicos podem ser fonte de inóculos de

organismos saprófitos (HOFFMANN et al., 2005a).

No experimento 02 (estacas lenhosas coletadas na estação

chuvosa e tratadas com doses de AIB) verificou-se após 35 dias da

instalação, índices de 50 a 75% de brotações e enraizamento de apenas

duas estacas. Comparando-se, no entanto, com as condições ambientais

do experimento anterior constatou-se que neste não houve a morte das

estacas. Observou-se, no entanto, que mesmo entre as estacas que

sobreviveram nos dois experimentos a taxa de enraizamento verificada

em ambos foi de apenas 0,5 e 1%, respectivamente. Tal fenômeno pode

estar relacionado com a consistência das estacas. Segundo Xavier et al.

(2009) estacas lenhosas apresentam maior capacidade de sobrevivência

em relação às herbáceas e semilenhosas, mas possuem maior

dificuldade em enraizar devido ao maior grau de maturação fisiológica e

de lignificação da estaca.

O Experimento 03 (propagação de E. velutina por meio de estacas

herbáceas, em diferentes substratos, na estação chuvosa) não

apresentou enraizamento aos 18 dias após serem fixadas no leito de

enraizamento. Ocorreu a decomposição das estacas. Conforme

explicações de Xavier et al. (2009) a estaca herbácea possui maior

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109

capacidade para regeneração de uma nova planta devido à sua maior

juvenilidade fisiológica, no entanto dada a sua consistência tenra,

apresenta o inconveniente de ter baixa resistência à desidratação com

posterior decomposição.

Para o experimento 04 (estacas semilenhosas procedentes de

brotações de árvore jovem e doses de AIB na estação seca) aos 45 dias

após as estacas serem colocadas para enraizar, em ambiente

sombreado, verificou-se que apenas o número de raízes apresentou

efeito significativo para as estacas em que foi aplicada a maior dose,

5.000 mg L-¹, de AIB. A maior média de número de raízes foi verificada

nas estacas que receberam a maior dose do fitorregulador (Figura 3). A

média de enraizamento entre os tratamentos foi de 40% (Figura 2). No

entanto, o fitorregulador não apresentou efeito significativo para a

porcentagem de enraizamento.

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110

Figura 2. Plântulas oriundas de estacas semilenhosas de E. velutina

extraídas de árvore jovem, tratadas com AIB, após 45 dias no leito de

enraizamento. Mossoró-RN, 2010.

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111

y = 0,0005x + 1,2357R2 = 0,8309

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

0 2.000 4.000 6.000

mgL- 1 (AIB)

raíz

es

Figura 3. Número de raízes das estacas semilenhosas extraídas de

árvore jovem, de E. velutina. Mossoró-RN, 2010.

No experimento 05 utilizando-se estacas semilenhosas

procedentes de mudas de E. velutina com até 12 meses, tratadas com

AIB na estação seca, não foi verificado aos 28 dias após serem fixadas ao

substrato, diferenças significativas para nenhuma das características

avaliadas.

Figura 4. Plântulas oriundas de estacas semilenhosas de E. velutina,

extraídas de mudas com até 12 meses de idade tratadas com AIB.

Mossoró-RN, 2010.

1000 e 2000mg. L-1 4000 mg. L-1

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112

Verificou-se que o fitorregulador não influenciou no enraizamento.

No entanto, a média entre os tratamentos foi de 71% de estacas

enraizadas (Figuras 5 e 6). No experimento 06 (propagação de E. velutina

por estacas semilenhosas, procedentes de mudas com 6 meses de idade

e uso do AIB na estação chuvosa) verificou-se, após 33 dias da

instalação, uma média de 88,6% de enraizamento.

Figura 5. Plântulas de E. velutina oriundas de estacas, procedentes de

mudas com 6 meses de idade, no período chuvoso (A), submetidas à

dose de 0 mgL-1 de AIB. Mossoró-RN, 2011.

A B

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113

Figura 6. Plântulas de E. velutina oriundas de estacas, procedentes de

mudas com 6 meses de idade, no período chuvoso, submetidas à doses

de 1.000 (A); 2.000 (B); 3.000 (C); 4.000 (D); 5.000 (E) e 6.000 mgL-1 de

AIB (F). Mossoró-RN, 2011.

E F

A

D C

B

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114

Número de folhas

y = -0,0004x + 2,4839R2 = 0,8463

00,5

11,5

22,5

3

0 2.000 4.000 6.000 8.000

mg/L (AIB)

Brotações (%)

y = -0,0112x + 89,196R2 = 0,95

0

20

40

60

80

100

0 2.000 4.000 6.000 8.000

mg/L (AIB)

Figura 7. Médias do número de folhas e brotações de E. velutina obtidas

de estacas extraídas de mudas com 6 meses de idade, no período

chuvoso, submetidas ao AIB. Mossoró-RN, 2011.

O fitorregulador aplicado proporcionou, no entanto, uma relação

inversa entre o desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular

(Figuras 7 e 8). O crescente aumento nas concentrações do AIB

favoreceu o desenvolvimento do sistema radicular em detrimento da parte

aérea.

Número de raízes

y = 0,0015x + 3,375R2 = 0,9773

02468

101214

0 2.000 4.000 6.000 8.000

mg/l (AIB)

Biomassa seca das raízes (mg)

y = 3E-06x2 + 0,0021x + 55,238R2 = 0,8917

0

50

100

150

200

0 2.000 4.000 6.000 8.000

mg/L (AIB)

Figura 8. Médias do número e biomassa seca de raízes de E. velutina

obtidas de estacas extraídas de mudas com 6 meses de idade, no

período chuvoso, submetidas ao AIB. Mossoró-RN, 2011.

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115

Verificou-se para os experimentos 04, 05 e 06 (estacas

semilenhosas de E. velutina) que o percentual de enraizamento aumentou

com a redução da idade das plantas matrizes das quais foram extraídas

as estacas, independente da estação do ano. Esse fato está relacionado

com o aumento no conteúdo de inibidores e com a diminuição de

cofatores de enraizamento, à medida que aumenta a idade da planta

(FACHINELLO et al., 2005). Por isso, de modo geral, os estudos com

propagação vegetativa de espécies florestais pela técnica de

enraizamento de estacas têm-se concentrado em materiais juvenis

(XAVIER et al., 2009).

Fatores ambientais como sombreamento, influenciaram na redução

das temperaturas e aumento do percentual de umidade no local dos

experimentos podendo ter contribuído para o sucesso do enraizamento

das estacas. A luz está relacionada à degradação de compostos

fotolábeis como as auxinas. Portanto, a baixa intensidade luminosa sobre

as estacas tende a favorecer a formação de raízes, provavelmente devido

à preservação das auxinas e de outras substâncias endógenas em

detrimento aos compostos fenólicos (FACHINELLO et al., 2005).

As temperaturas máximas (médias de 30,9 a 32,3ºC) e umidade

relativa do ar (médias de 48,7 a 58,1%) verificadas no local (sombreado)

do experimento no período de agosto a dezembro de 2010 (Figura 9) e

médias de 29,9 a 31,3 ºC de temperaturas máximas e 61 a 70% de UR

nos meses de março a junho de 2011 (Figura 10) podem ter influenciado

favoravelmente no enraizamento das estacas.

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116

30,0

30,5

31,0

31,5

32,0

32,5

Ago Set Out Nov Dez2010

Tem

. máx

ima

(ºC

)

444648505254565860

UR

(%

)

T. máxima (ºC) UR (%)

Figura 9 . Médias de temperatura máxima e umidade relativa do ar no

local, sombreado, dos experimentos em 2010. Mossoró-RN.

29,0

29,5

30,0

30,5

31,0

31,5

Mar Abr Mai Jun2011

Tem

p. m

áxim

a (º

C)

565860626466687072

UR

(%

)

T. máxima (ºC) UR (%)

Figura 10 . Médias de temperatura máxima e umidade relativa do ar no

local, sombreado, dos experimentos em 2011. Mossoró-RN.

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117

Nas condições brasileiras, a maioria dos estudos mostra que a

diminuição nos níveis de luz natural promove aumento no enraizamento

de estacas. Para Xavier et al. (2009) em espécies florestais, um bom

enraizamento pode ser conseguido em um amplo intervalo de

temperatura, variando de 15 e 35 ºC. As temperaturas do ar

excessivamente altas (35 a 45º C) devem ser evitadas, pois podem

promover a brotação da parte aérea antes do enraizamento levando a um

consumo excessivo de reservas devido à elevação da transpiração, com a

consequente perda de água pelas folhas (HOFFMANN et al., 2005a).

O aumento da temperatura em espécies herbáceas e

semilenhosas, estimula a taxa de transpiração, induzindo o murchamento

da estaca. Além disso, pode favorecer a brotação das gemas antes que o

enraizamento tenha ocorrido, o que é indesejável (FACHINELLO et al.,

2005). Portanto, de acordo com Hoffmann et al. (2005a), além de uma

boa ventilação é fundamental um bom sistema de resfriamento e de

sombreamento. Neves et al. (2006) comparando estacas caulinares

procedentes de árvores adultas (herbáceas, semilenhosas e de rebrota) e

estacas de mudas oriundas de sementes de Erythrina falcata, coletadas

em quatro épocas do ano e o efeito do AIB em casa de vegetação

climatizada (25 a 30ºC e UR do ar acima de 80%), verificaram uma maior

porcentagem de enraizamento (73%) para estacas oriundas de mudas,

sem influência do AIB.

Trabalhando com Erythrina crista-galli L. em clima subtropical

úmido com chuvas bem distribuídas durante o ano e temperatura média

anual em torno de 17ºC, Gratieri-Sossella et al. (2008) utilizando o mesmo

tipo de estacas, substrato e doses de AIB, obtiveram resultados

semelhantes (75 a 100% de enraizamento), também, sem influência direta

do AIB. Utilizando-se explantes de plântulas com 14 dias de idade em

temperatura média de 25ºC, Costa et al. (2010) obteve enraizamento in

vitro de E. velutina, independente das doses de fitorreguladores utilizadas

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118

nos meios de cultura. Esses resultados reforçam que o AIB pode não ter

influência direta no percentual de enraizamento de estacas E. velutina.

Outros fatores como condicionamento da estaca e substrato

podem, também, ter favorecido o enraizamento das estacas de E.

velutina. Os cortes laterais na base das estacas, principalmente em

espécies que apresentam esclerênquima que se constitui em barreira

física à emissão de raízes, propiciam a exposição do câmbio, o que pode

facilitar a absorção de substâncias promotoras do enraizamento. A divisão

celular é estimulada pelo aumento da taxa de respiração e nos teores de

auxinas, carboidratos e etileno nessa área lesionada (FACHINELLO et al.,

2005).

O substrato constituído de casca de arroz carbonizada utilizado

apresenta as condições necessárias para o enraizamento tais como pH

neutro, baixa salinidade (115 gL-1), boa porosidade (72%), elevado

espaço de aeração (55%), baixa retenção de água (17% de água

disponível, 7% de facilmente disponível e 1% de água tamponante) e

estabilidade estrutural (FIRMINO e BELLÉ, 2000; KÄMPF, 2000c). Esse

substrato é livre de plantas daninhas; nematóides e patógenos; não

necessita de tratamento químico para esterilização, em razão de ter sido

esterilizado com a carbonização.

Para Fachinello et al. (2005) o substrato mais adequado para o

enraizamento varia conforme a espécie, podendo-se considerar que um

bom substrato deve reunir as seguintes características: reter água

suficiente para manter as células túrgidas, evitando o murchamento da

estaca; garantir aeração suficiente, por meio de um adequado espaço

poroso; aderir bem à estaca e as raízes formadas; não favorecer a

contaminação e o desenvolvimento de patógenos e saprófitos; ter baixo

custo e fácil aquisição e, não conter ou liberar substâncias fitotóxicas á

estaca. Os resultados da análise do substrato (Tabela 1) apresentaram

valores de Ca, Mg e K, considerados como muito bons pela CFSEMG

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119

(1999). A relação C/N foi alta em função do baixo teor de N. Estacas com

alta relação C/N, devido a um baixo teor de N, são ricos em compostos

necessários ao desenvolvimento das raízes (FACHINELLO et al., 2005;

XAVIER et al., 2009). O N é fundamental no início do enraizamento, por

participar da síntese de ácidos nucléicos e proteínas (HARTMANN et al.,

1990).

TABELA 1. Características do substrato (casca de arroz carbonizada)

utilizado para o enraizamento de E. velutina, em Mossoró, RN, 2010.

IDENTIFICAÇÃO K+ Ca2+ Mg2+ Al3+

M.O.

N

C/N

Casca de arroz carbonizada mg.dm-³ cmolc.dm-3

g.kg-1

554,6 19,7 7,30 0,0

82,33

0,81

58,9 Fonte: Laboratório de solos da UFERSA.

Um conteúdo equilibrado de cálcio (Ca), magnésio (Mg), fósforo (P)

e potássio (K) favorece o enraizamento e o desenvolvimento das plantas.

O (Ca) é requerido para a elongação e divisão celular. O (K) atua na

ativação de grande número de enzimas e está envolvido no controle

estomático e transporte de carboidratos e o Magnésio (Mg) é ativador de

grande número de enzimas e tem participação na clorofila (FACHINELLO

et al., 2005; XAVIER et al., 2009). Embora o resultado da análise não

tenha apresentado fósforo (P) os minerais existentes apresentam as

condições mínimas para o desenvolvimento inicial das plântulas até

serem transplantadas para o campo.

3 PROPAGAÇÃO DE C. ferrea POR ESTAQUIA

3.1 MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido na UFERSA - Universidade Federal

Rural do Semiárido. Foram utilizadas estacas lenhosas e semilenhosas,

com duas ou mais gemas, extraídas das porções basais e medianas dos

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120

ramos e herbáceas extraídas dos ápices dos ramos. Foi efetuada uma

lesão de 2 a 3 cm, em bisel, na base de cada estaca para expor o câmbio

e favorecer o enraizamento. As estacas foram imersas, por 5 minutos, em

solução de hipoclorito de sódio a 0,6% para a desinfecção e, em seguida,

lavadas em água corrente. Foi retirado o ápice das estacas lenhosas e

semilenhosas. As estacas tratadas com doses de AIB (ácido Indolbutírico)

foram imersas por 5 segundos em soluções preparadas, diluindo-se o

produto em 125 mL de álcool 93º GL e completando-se o volume com 125

mL de água destilada, de acordo com a metodologia indicada por

Hartmann et al. (1990) e Fachinello et al. (2005).

Foram enterrados cerca de 2/3 de cada estaca nos substratos,

acondicionados em bandejas de polietileno com 50 células de 115 cm³ de

volume, nos experimentos de 01 a 10, e em sacolas de polietileno com

dimensões de 11 x 22 cm nos experimentos 11 e 12. As estacas foram

envolvidas com saquinhos de polietileno como forma de prevenção contra

a desidratação. Foram avaliadas as seguintes características: número de

raízes; comprimento da maior raiz (cm); biomassa seca da parte aérea e

das raízes (mg); brotações (%) e enraizamento (%). Utilizou-se o

delineamento experimental inteiramente casualizado nos experimentos

que apresentaram médias superiores a 30% de enraizamento. As

análises dos dados foram realizadas empregando-se o programa SAEG -

Sistema Para Análises Estatísticas e Genéticas - versão 9.1 (RIBEIRO

JR. e MELO, 2009), obtendo-se análise de variância e teste de médias

(Tukey a 5% de probabilidade) e a comparação de doses de AIB, pela

análise de variância da regressão.

O experimento foi mantido em ambiente sombreado. Foram feitas

duas irrigações diárias na estação seca, e uma a cada dois dias, na

chuvosa. A espécie estudada foi C. ferrea, testando tipos de substrato,

doses de AIB, épocas de coleta e comprimento de estacas em 11

experimentos descritos a seguir.

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121

3.1.1 Experimento 01 - Propagação de C. ferrea por meio de estacas

lenhosas extraídas de árvores, e doses de AIB, na e stação seca

O experimento foi instalado em 21 de agosto de 2010, utilizando-se

estacas com 12 cm de comprimento e diâmetros ao redor de 1,0 cm, que

foram extraídas de árvores adultas. E consistiu no tratamento das estacas

com doses de 0; 1.000; 2.000; 3.000, 4.000 e 5.000 mg L-1 de AIB, em

quatro repetições de cinco estacas na parcela, totalizando 120 estacas.

Utilizou-se como substrato casca de arroz carbonizada.

3.1.2 Experimento 02 - Propagação de C. ferrea, por meio de estacas

semilenhosas oriundas de brotações, e doses de AIB (0 a 4.000 mg L -

1) na estação seca

O experimento foi instalado em 21 de setembro de 2010. Foram

utilizadas estacas extraídas de árvore de C. ferrea, aos 60 dias após poda

severa, com medidas de 12 cm de comprimento e diâmetros de 0,6 a 1,0

cm. Como substrato foi utilizada a mistura de casca de arroz carbonizada

e esterco bovino curtido (3:1 v/v). Os tratamentos foram doses de 0;

1.000; 2.000; 3.000 e 4.000 mg L-1 de AIB, com quatro repetições de cinco

estacas na parcela, totalizando 100 estacas.

3.1.3 Experimento 03 - Propagação de C. ferrea por meio de estacas

semilenhosas, oriundas de brotações, e doses de AIB (0 a 8000 mgL -

1) na estação seca

O experimento foi instalado em 27 de outubro de 2010. Foram

utilizadas estacas com medidas de 13 cm de comprimento e 0,8 a 1,2 cm

de diâmetros. Como substrato foi utilizada a mistura de casca de arroz

carbonizada e esterco bovino curtido (3:1 v/v). Os tratamentos foram

doses de 0; 2.000; 4.000; 6.000 e 8.000 mg L-1 de AIB, com quatro

repetições de dez estacas na parcela, totalizando 200 estacas.

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122

3.1.4 Experimento 04 - Propagação de C. ferrea por meio de estacas

semilenhosas provenientes de brotações, e tipos de substratos, na

estação seca

Foram utilizadas, em 03 de dezembro de 2010, 4 tratamentos

(casca de arroz carbonizada; areia; fibra de coco e solo da área de

ocorrência natural da espécie) distribuídos em 4 repetições de 10 estacas

na parcela. Foram utilizadas estacas com 18 cm de comprimento e média

de 1,0 cm de diâmetro.

3.1.5 Experimento 05 – Propagação de C. ferrea por estacas

semilenhosas oriundas de brotações, e doses de AIB, na estação

chuvosa

O experimento foi instalado em 29 de março de 2011. Foram

utilizadas estacas com medidas de 18 cm de comprimento e diâmetros de

0,9 a 1,2 cm e substrato de casca de arroz carbonizada. Os tratamentos

foram doses de 0; 2.000; 4.000; 6.000 e 8.000 mg L-1 de AIB, com quatro

repetições de dez estacas na parcela, totalizando 200 estacas.

3.1.6 Experimento 06 – Propagação por estacas semil enhosas

oriundas de brotações de C. ferrea e tipos de substratos na estação

chuvosa

O experimento foi instalado em 21 de março de 2011. Foram

utilizadas estacas medindo 18 cm de comprimento e média de 1,0 cm de

diâmetro. Os tratamentos foram: areia, casca de arroz carbonizada, fibra

de coco, vermiculita e solo, com quatro repetições de cinco estacas na

parcela, totalizando 100 estacas.

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123

3.1.7 Experimento 07 – Propagação de C. ferrea por estacas

herbáceas e tipos de substratos na estação seca

O experimento foi instalado em 30 de outubro de 2010. Foram

utilizadas estacas, com dois foliólulos, medindo 10 cm de comprimento e

diâmetros em torno de 0,3 a 0,4 cm. Os tratamentos foram casca de arroz

carbonizada; fibra de coco; vermiculita e solo + esterco (3:1 v/v) com

quatro repetições de cinco estacas na parcela, totalizando 80 estacas.

3.1.8 Experimento 08 – Propagação por estacas herbá ceas de C.

ferrea e doses de AIB na estação chuvosa

O experimento foi instalado em 16 de abril de 2011. Foram

utilizadas estacas com dois foliólulos, seccionados ao meio, medindo 12

cm de comprimento e diâmetros em torno de 0,25 a 0,4 cm. Os

tratamentos foram 0; 1.000; 2.000; 3.000 e 4.000 mg.L-1 de AIB, com

quatro repetições de cinco estacas na parcela, totalizando 100 estacas.

3.1.9 Experimento 09 – Propagação por estacas semil enhosas

extraídas de mudas de C. ferrea, obtidas por meio de sementes, com

14 meses de idade, e doses de AIB na estação seca

O experimento foi instalado em 21 de agosto de 2010. Foram

utilizadas estacas medindo 12 cm de comprimento e diâmetros em torno

de 1,0 cm. Os tratamentos foram doses de 0; 1.000; 2.000; 3.000 e 4.000

mg.L-1 de AIB, com quatro repetições de cinco estacas na parcela,

totalizando 100 estacas.

3.1.10 Experimento 10 – Propagação por estacas semi lenhosas

extraídas de mudas de C. ferrea obtidas por meio de sementes, com

6 meses de idade, e doses de AIB, na estação chuvos a

O experimento foi instalado em 20 de março de 2011. Foram

utilizadas estacas medindo 18 cm de comprimento e diâmetros em torno

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de 1,0 cm. Os tratamentos foram 0; 2.000; 4.000; 6.000 e 8.000 mg.L-1 de

AIB, com quatro repetições de cinco estacas na parcela, totalizando 100

estacas.

3.1.11 Experimento 11 – Propagação por estacas extr aídas de raízes

de mudas de C. ferrea com 16 meses de idade e 18 cm de

comprimento, submetidas a diferentes doses de AIB, na estação

seca

O experimento foi instalado em 29 de outubro de 2010. Foram

utilizadas estacas medindo 18 cm de comprimento e diâmetros em torno

de 0,8 a 1,2 cm. Os tratamentos foram 0; 2.000; 4.000; 6.000 e 8.000

mg.L-1 de AIB, com quatro repetições de cinco estacas na parcela,

totalizando 100 estacas.

3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se, após 60 dias da instalação do experimento, que as

estacas lenhosas de C. ferrea coletadas na estação seca (experimento

01) não enraizaram e apresentaram apenas 17% de brotações. As

semilenhosas, retiradas de brotações, com até 60 dias no leito de

enraizamento, na estação seca, e com até 23 dias na chuvosa

(experimentos 02 a 06), também não enraizaram e apresentaram apenas

15 a 30% de brotações independente dos tratamentos aplicados e da

época de coleta das estacas. Foi constatada a presença de patógenos

nas estacas que foram submetidas a substratos compostos de resíduo

orgânico. As estacas herbáceas (experimentos 07 e 08) não brotaram e

também não enraizaram após 15 dias, independente da época de coleta

das estacas.

Segundo Neves et al. (2006) as desvantagens da estaquia incluem

a dificuldade de se induzir a produção de raízes adventícias em muitas

espécies.

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Para as estacas semilenhosas extraídas de mudas de C. ferrea com 14

meses de idade (experimento 09), verificou-se aos 60 dias, a presença de

18% de brotações e de três estacas enraizadas: uma no tratamento de

3.000 e duas no de 4.000 mg.L-1 de AIB (Figura 11).

Figura 11. Estacas semilenhosas, extraídas de mudas de C. ferrea com

14 meses de idade, em outubro de 2010.

No entanto, as estacas semilenhosas extraídas de mudas de C.

ferrea com 6 meses de idade (Figura 12), na estação chuvosa

(experimento 10), apresentaram, após 45 dias no leito de enraizamento,

uma média de 17% de enraizamento entre os tratamentos, com maior

percentual, 30%, para as estacas que não foram tratadas com AIB,

embora não tenha havido diferenças significativas entre os tratamentos

aplicados (Figura 12B).

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126

Figura 12. Estacas semilenhosas extraídas de mudas de C. ferrea com 6

meses de idade e testemunha (0 mgL -1 de AIB) em 2011.

Figura 13. Estacas semilenhosas extraídas de mudas de C. ferrea com 6

meses de idade e doses de AIB (2.000 a 8.000 mg.L -1 ) em maio de 2011.

A B

D C

B A

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No experimento 11 (estacas com medidas de 18 cm de

comprimento extraídas de raízes de mudas de C. ferrea, na estação seca)

aos 50 dias após as estacas serem enterradas no substrato, constatou-se

que a dose de 6.000 mgL-1 de AIB aplicada (Figura 13C) proporcionou as

maiores médias de enraizamento das estacas (85%). As menores médias

de enraizamento (40%), número de raízes (1,8) e de comprimento de

raízes (3,2 cm) ocorreram nas estacas em que não foi aplicado o

fitorregulador (Figura 14). Silva et al. (2011) trabalhando com estacas de

raízes de mama-cadela (Brosimum gaudichaudii Tréc.) também obtiveram

os maiores índices de enraizamento no tratamento em que foi aplicada a

maior dose de AIB (1.000 mgL-1).

Verificou-se que o NR, o CMR, a BSR e o ENR% apresentaram

maiores médias à medida que se aumentou a concentração do

fitorregulador até a dose de 6.000 mg.L-1 (Figura 15). Esses resultados

comprovam que o jucá pode ser propagado a partir de estacas oriundas

de raízes. Embora estacas de raízes não apresentem gemas vegetativas,

observou-se nesta espécie, uma boa média de brotações (Figura 14A),

demonstrando boa totipotencialidade (capacidade de uma só célula

originar um indivíduo multicelular) conforme explicações de Fachinello et

al. (2005) e Xavier et al. (2009), resultando em um equilibrio entre a parte

aérea (média de 65% de brotações) e o sistema radicular (média de 68%

de enraizamento).

Para Hartmann et al. (1990) melhores resultados com estacas de

raízes são susceptíveis de ser atingidos se forem retiradas a partir de

plantas jovens no final do Inverno ou início da primavera, quando as

raízes estão bem abastecidas com alimentos armazenados, e antes da

planta iniciar um novo crescimento. A retirada da estaca deve ser evitada

na primavera, quando a planta está se desenvolvendo. É importante

manter a polaridade correta da estaca quando plantada.

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128

Figura 14. Estacas extraídas de raízes de C. ferrea, com 18 cm de

comprimento (A), que foram submetidas a doses de AIB: 0 (B); 2.000 (C);

4.000 (D); 6.000 (E) e 8.000 mgL-1 (F), em dezembro de 2010.

Trabalhando com goiaba, Manica et al., (2000) verificou que a

formação de mudas dessa espécie, por meio de estacas de raízes, é

A

D C

B

F E

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129

obtida com facilidade e sempre resulta em elevada porcentagem de

pegamento, quando são escolhidas aquelas com 0,7 a 1,2 cm de

diâmetro e 15 a 22 cm de comprimento.

Silva et al. (2011) obteve 51,3% de enraizamento, por meio de

estacas oriundas de raízes de Brosimum gaudichaudii com 2 anos de

idade em ambiente sombreado.

.

y = -2E-06x2 + 0,021x + 24,239R2 = 0,9453

0102030405060708090

0 5.000 10.000

mg/L (AIB)

Enr

aiza

men

to (

%)

y = 0,0107x + 15,765R2 = 0,9732

0

20

40

60

80

100

120

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000

mg/L (AIB)

Bio

mas

sa s

eca

das

raíz

es

(mg)

y = 0,0027x + 0,9841R2 = 0,9361

0

5

10

15

20

25

0 5.000 10.000

mg/L (AIB)

Núm

ero

de R

aíze

s

y = -4E-07x2 + 0,0048x - 0,0697

R2 = 0,82350

2

4

6

8

10

12

14

16

0 5.000 10.000

mg/L (AIB)

Com

p.M

aior

Raí

z (c

m)

Figura 15 . Percentual de enraizamento, biomassa seca das raízes,

número de raízes e comprimento da maior raiz de estacas extraídas de

raízes de C. ferrea, com 18 cm de comprimento, em dezembro de 2010.

Estes resultados concordam com os de Fachinello et al. (2005) de

que estacas provenientes de plantas jovens enraízam com mais

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130

facilidade. Segundo estes autores, isso se manifesta com mais frequência

em espécies de difícil enraizamento. Portanto, fatores como a idade das

mudas das quais foram retiradas as estacas de jucá (16 meses), o

comprimento (18 cm) e o diâmetro das estacas (0,8 a 1,2 cm), podem ter

contribuído positivamente no enraizamento. Esses resultados apontam

para a perspectiva de se trabalhar com estacas retiradas de materiais

jovens preferencialmente de jardins clonais.

4 CONCLUSÕES

Nas condições em que os experimentos foram conduzidos, os

resultados permitiram concluir que a partir de estacas semilenhosas

procedentes de brotações de árvore jovem de mulungu (E. velutina) pode-

se obter até 55% de enraizamento; concluiu-se também que estacas

semilenhosas extraídas de mudas de E. velutina com até 12 meses de

idade pode se obter até 90% de enraizamento e, de estacas procedentes

de mudas com 6 meses de idade até 95%;

O jucá (C. ferrea) pode ser propagado por meio de estacas

extraídas de mudas com 6 meses de idade, podendo obter até 30% de

enraizamento; e concluiu-se também qu estacas com 18 cm de

comprimento, procedentes de raízes de plântulas de C. ferrea são as

mais indicadas para a propagação, podendo-se obter até 85% de

enraizamento; outra conclusão resultante deste trabalho é que o AIB

influencia no enraizamento de estacas de jucá obtidas a partir de raízes

de plântulas;

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