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Londrina 2013 CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO LAÍS REGINA GARCIA RIBEIRO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM PACIENTES COM DPOC: COMPARAÇÃO COM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS E DIFERENÇAS SEGUNDO O GÊNERO E NÍVEIS DE GRAVIDADE DA DOENÇA. LAÍS REGINA GARCIA RIBEIRO

LAÍS REGINA GARCIA RIBEIRO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E … · obrigada por cada conselho, cada oração e cada momento de comunhão ao lado de . vocês! À grande amiga de conhecimento

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Londrina 2013

CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

LAÍS REGINA GARCIA RIBEIRO

EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM PACIENTES COM DPOC: COMPARAÇÃO COM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS E

DIFERENÇAS SEGUNDO O GÊNERO E NÍVEIS DE GRAVIDADE DA DOENÇA.

LAÍS REGINA GARCIA RIBEIRO

Londrina 2013

LAÍS REGINA GARCIA RIBEIRO

EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM PACIENTES COM DPOC: COMPARAÇÃO COM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS E

DIFERENÇAS SEGUNDO O GÊNERO E NÍVEIS DE GRAVIDADE DA DOENÇA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina - UEL e Universidade Norte do Paraná - UNOPAR), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação.

Orientador: Prof. Dra Vanessa Suziane Probst.

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Ribeiro, Laís Regina Garcia

R367e Equilíbrio estático e dinâmico em pacientes com DPOC: comparação

com indivíduos saudáveis e diferenças segundo o gênero e níveis de gravidade da

doença / Laís Regina Garcia Ribeiro. Londrina: [s.n], 2013.

xii; 83p.

Dissertação (Mestrado). Ciências da Reabilitação. Universidade Norte do

Paraná/Universidade Estadual de Londrina.

Orientadora: Profª Drª. Vanessa Suziane Probst

1- Ciências da reabilitação - dissertação de mestrado – UNOPAR/UEL 2-

Doença pulmonar obstrutiva crônica 3- Equilíbrio postural 4- Idoso 5- Exercício 6-

Reabilitação I- Probst, Vanessa Suziane, orient. II- Universidade Norte do Paraná.

III- Universidade Estadual de Londrina.

CDU 615.816 :616.24

LAÍS REGINA GARCIA RIBEIRO

EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM PACIENTES COM DPOC: COMPARAÇÃO COM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS E

DIFERENÇAS SEGUNDO O GÊNERO E NÍVEIS DE GRAVIDADE DA DOENÇA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina [UEL] e Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________ Prof. Dra. Vanessa Suziane Probst

Universidade Norte do Paraná

_______________________________ Prof. Dr. Fabio de Oliveira Pitta

Universidade Estadual de Londrina

_______________________________ Prof. Dra. Nidia Aparecida Hernandes

Universidade Norte do Paraná

Londrina, 21 de fevereiro de 2013.

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Antonio e Cinira, sem os quais

eu nada seria. Pois seu amor e dedicação

incondicional à mim me proporcionaram tudo o

que eu sou e me impulsionaram à saltar pelos

obstáculos. Devo a realização desse trabalho à

Deus e à vocês!

AGRADECIMENTO

Não poderia começar de forma diferente, portanto, digo que devo

tudo isso à Deus. Somente pela Sua sustentação, pela Sua provisão e pela fé nas

Suas promessas foi que consegui cumprir mais esse sonho, nascido do coração de

Deus e brotado em meu coração. Agradeço por ter sido instrumento em Suas mãos,

e por ter me proporcionado o privilégio de dividir sonhos, experiências e sentimentos

com pessoas tão especiais que surgiram em meu caminho.

Agradeço à minha orientadora Prof. Dra. Vanessa Suziane Probst

pela confiança depositada, me proporcionando essa maravilhosa oportunidade.

Deus a colocou em meu caminho para que, por meio das mãos DEle, você me

moldasse e me mostrasse o princípio desse longo caminho de conhecimento.

Obrigada por todos os momentos de companherismo e de amizade vividos nesses

anos de convivência!

Aos meus tão amados pais Antonio e Cinira, por cada segundo de

vida vividos ao seu lado. Quando penso em cada sacrifício feito pela minha

felicidade, meu amor e admiração por vocês só aumentam! Nem mesmo o fato da

saudade conviver conosco pôde mudar a nossa ótima relação, marcada por

companherismo, amizade, paciência, apoio. Vocês são, e foram ainda mais nesses

dois anos, minha rocha, minha fortaleza. E em cada momento de dificuldade, suas

palavras sempre me confortavam e me faziam lembrar de tudo o que realmente vale

a pena. Muito obrigada pela vida, pela educação, pela dignidade, pelo caráter e pelo

infalível amor!

Ao meu irmão Marco Antonio pelo apoio sempre demonstrado, seu

amor é insubstituível, “irmãozinho”. Aos meus avós Lídia, Sebastião, Maria (in

memoriam) e José também pelo grande amor e admiração sempre à mim

demonstrados. A sabedoria vivida por vocês e à mim transferida em valiosas horas

de conversa é muito preciosa para mim!

Às irmãs à mim cencedidas por Jesus Manuela, Laís Francisco, Ana

Carolina, Tatiane e Shimene. Tudo mudou em minha vida nesses anos e vocês

foram presentes de Deus pra mim e participaram diretamente dessa mudança. Muito

obrigada por cada conselho, cada oração e cada momento de comunhão ao lado de

vocês!

À grande amiga de conhecimento Myriam Merli. Conhecer você foi

um grande privilégio, ainda mais dividir meu dia-a-dia e as experiências acadêmicas.

Digo que sem a sua ajuda eu não teria conseguido. E o que me deixa ainda mais

feliz é saber que essa amizade vai muito além desses dois anos, uma amizade

verdadeira! Ao meu grande amigo e companheiro de turma Rafael Mesquita, que

com sua admirável paciência e amor pelo “ensinar” pôde contribuir grandemente

com minha evolução, mostrando-me direções de caminhos pelos quais ele já havia

passado. À Professora e companheira de trabalho Josiane pelos momentos

compartilhados, muito obrigada!

À todos os colegas de turma do mestrado e aos colegas do LFIP,

muito obrigada pelos momentos de descontração, pelos conselhos e incentivo. O

apoio e amizade de vocês foram muito importantes.

Agradeço muito também aos Professores da banca, Dr Fabio Pitta e

Dra. Nidia Hernandes, por terem aceito contribuir com o trabalho. Além disso, a

convivência com vocês nesses anos foi muito importante. O Professor Fabio foi para

mim um grande exemplo de humildade, sempre reconhecendo as qualidades de

todos que o cercam. E a Nidia foi um exemplo de determinação.

O meu muito obrigada ainda à todos os Professores do mestrado

que contrubuiram para o construir do meu conhecimento, em especial à Professora

Karen Fernandes, que com sua doçura e paciência pôde sempre estar disponível em

ajudar-me, e aos Professores Rubens e Denilson que contribuiram muito para que

esse trabalho fosse realizado.

À todos os alunos de iniciação científica que participaram do projeto

sendo peça fundamental para que tudo corresse bem.

Aos funcionários Gleydson, Suzi e Kátia, que conviveram

intensamente conosco nessa caminhada, sempre dispostos à nos ajudar. Obrigada

pela amizade também. Aos pacientes que participaram, que sempre nos recebiam

com carinho e admiração!

Por fim, agradeço à todos que aqui não foram citados, mas que de

alguma forma contribuiram para a realização desse trabalho. Muito obrigada!

“E se clamares por entendimento, e por inteligência alcançares a tua voz, se como prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos: escudo é para os que caminham na sinceridade.”

Provérbios 2:3-7

RIBEIRO, Laís Regina Garcia. Equilíbrio estático e dinâmico em pacientes com DPOC: comparação com indivíduos saudáveis e diferenças segundo gênero e níveis de gravidade da doença. 2013. 79 fls. Trabalho de Conclusão de Curso do

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina [UEL] e Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2013.

RESUMO

Introdução: Sugere-se que portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

(DPOC) apresentam pior equilíbrio quando comparados a indivíduos saudáveis. Desconhece-se, contudo, se nos indivíduos com DPOC há diferenças no equilíbrio segundo o gênero ou os diferentes níveis de gravidade da doença. Objetivo: Comparar o equilíbrio estático e dinâmico entre portadores de DPOC e indivíduos saudáveis, e verificar se há diferença nesses desfechos entre homens e mulheres, bem como entre pacientes com diferentes níveis de gravidade da doença. Métodos:

27 pacientes com DPOC e 25 indivíduos saudáveis tiveram avaliados seu equilíbrio estático, por meio da plataforma de força (variáveis: Área do COP, Velocidade Ântero-Posterior (AP) e Velocidade Médio-Lateral (ML)), e dinâmico por meio do teste Timed Up & Go (TUG). Os indivíduos com DPOC foram avaliados também quanto à gravidade da doença pela classificação do Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) e pelo índice Body-Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea, and Exercise Capacity (BODE). Resultados: Quando comparados aos indivíduos saudáveis, os pacientes com DPOC apresentaram pior equilíbrio estático (Área do COP: 12,5[8,8-17,9] vs. 10,1[9,4-13,6] cm2, respectivamente; P=0,03), e dinâmico (10[9-11] vs. 8[7-9] s, respectivamente; P=0,0001). Homens com DPOC apresentaram pior equilíbrio estático em relação às mulheres em todas as variáveis da plataforma de força (Área do COP: 16,8[11,8-18,9] vs. 11,1[8,5-13,4] cm2, respectivamente; P=0,01; Velocidade AP: 4,8[3,7-5,6] vs. 2,9[2,5-3,6] cm·s-1, respectivamente; P=0,001; Velocidade ML: 3,9[3,4-4,9] vs. 3,4[2,4-4] cm·s-1, respectivamente; P=0,02). Não houve diferença na análise do equilíbrio entre os grupos de pacientes com diferentes níveis de gravidade da doença segundo o GOLD ou BODE. Conclusão: Portadores de DPOC apresentam pior equilíbrio estático e dinâmico quando comparados a indivíduos saudáveis. Além disso, o equilíbrio em indivíduos com DPOC está mais comprometido nos homens e parece não ser diferente segundo os níveis de gravidade da doença.

Palavras-chave: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Equilíbrio Postural; Idoso;

Exercício; Reabilitação.

RIBEIRO, Laís Regina Garcia. Static and dynamic balance in patients with COPD: comparison with healthy subjects and differences according to gender and disease severity. 2013. 79 fls. Trabalho de Conclusão de Curso do Programa

de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina [UEL] e Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2013.

ABSTRACT

Background: It has been suggested that patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) have worse balance when compared to healthy elderly. However, it remains unknown, however, whether there are differences in balance according to gender or among the different degrees of disease severity. Aim: We aim

to compare static and dynamic balance between COPD patients and healthy subjects and to verify if there are differences in these outcomes between men and women, as well as among patients with different degrees of disease severity. Methods: 27 patients with COPD and 25 healthy elderly had their static balance evaluated by the force platform (variables: COP Area, Anteroposterior Velocity (AP), Mediolateral Velocity (ML)), and dynamic balance, by the Timed Up an Go test (TUG). Subjects with COPD were also evaluated according to the disease severity, by the Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) classification and by the Body-Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea, and Exercise Capacity (BODE) classification. Results: When compared to the healthy elderly, patients with COPD

presented worse static (COP Area: 12,5[8,8-17,9] vs. 10,1[9,4-13,6] cm2, respectively; P=0,03) and dynamic balance (10[9-11] vs. 8[7-9] s, respectively; P=0,0001). Men with COPD had worse static balance than women in all force platform variables (COP Area: 16,8[11,8-18,9] vs. 11,1[8,5-13,4] cm2, respectively; P=0,01; AP Velocity: 4,8[3,7-5,6] vs. 2,9[2,5-3,6] cm·s-1, respectively; P=0,001; ML Velocity: 3,9[3,4-4,9] vs. 3,4[2,4-4] cm·s-1, respectively; P=0,02). There were no differences in the analysis of balance between the groups of patients with different degrees of disease severity according to the GOLD and BODE classification. Conclusion: Patients with COPD present worse static and dynamic balance when compared to healthy subjects. Moreover, balance in subjects with COPD is more affected in men and seems not to be different according to the degrees of disease severity. Keywords: Chronic Disease; Postural Balance; Aged; Exercise; Rehabilitation.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Plataforma de força BIOMEC 400 (EMG System do Brasil, SP Ltda.) .....

............................................................................................................................... 30

Figura 2 – Análise estabilográfica utilizando a plataforma de força BIOMEC 400;

EMG System do Brasil (Ltda) ................................................................................ 31

Figura 3 – Realização do teste unipodal sobre a plataforma de força ................... 32

Figura 4 – Realização do teste “Timed Up and Go” ............................................. 33

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características gerais dos indivíduos estudados ................................... 53

Tabela 2 – Características gerais e de equilíbrio dos pacientes com Doença

Pulmonar Obstrutiva Crônica segundo a classificação do GOLD ............................ 54

Tabela 3 – Características gerais e de equilíbrio dos pacientes com Doença

Pulmonar Obstrutiva Crônica segundo a classificação pelo índice BODE .............. 55

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

%pred porcentagem do predito

%prev porcentagem do previsto

AP Ântero-Posterior

ABC Activities of Balance Confidence

AFAR Atividade Física Auto-Relatada

ATS American Thoracic Society

AVD Atividade de vida diária

BESTest Balance Evaluation Systems Test

BODE Body-Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea, and Exercise Capacity

BOS Base de Sustentação

CCI Coeficiente de Correlação Intraclasse

cm·s-1 centímetro por segundo

cm2 centímetros ao quadrado

COM Centro de Massa

COP Centro de Pressão

COPD Chronic Obstructive Pulmonary Disease

CPCS Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde

CVF Capacidade Vital Forçada

DP Distância Percorrida

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

EELO Estudo sobre Envelhecimento e Longevidade

EP Erro Padrão

FMP Força Muscular Periférica

GOLD Global Initiative for Chronic Pulmonary Disease

Hz Hertz

IMC Índice de Massa Corpórea

Kg Kilograma

LFIP Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar

ML Médio-Lateral

N.m Newton por metro

O2 Oxigênio

OMS Organização Mundial da Saúde

PFQ Pico de Força de Quadríceps

PLATINO Projeto Latino Americano de Investigação de Doença Pulmonar Crônica

RMS Raiz Média Quadrática

TC6min Teste de Caminhada de seis minutos

TUG Timed Up and Go

UEL Universidade Estadual de Londrina

UNOPAR Universidade Norte do Paraná

VEF1 Volume expiratório forçado no primeiro segundo

VEF1·CVF-1 Relação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a

capacidade vital forçada

VO2máx Consumo máximo de oxigênio

VPPB Vertigem Posicional Paroxística Benigna

VVM Ventilação Voluntária Máxima

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................ 17

2.1. ENVELHECIMENTO ................................................................................................................17

2.2. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) .....................................................18

2.3 EQUILÍBRIO POSTURAL...........................................................................................................20

2.3.1 Equilíbrio Estático ...........................................................................................................22

2.3.2 Equilíbrio Dinâmico ........................................................................................................23

2.3.3 Avaliação do Equilíbrio Postural.....................................................................................24

2.3.4 Equilíbrio postural no paciente com DPOC ....................................................................26

3. ARTIGO ................................................................................................................ 34

ABSTRACT: ................................................................................................................. 36

CONCLUSÃO GERAL ................................................................................................. 58

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 59

APÊNDICES ................................................................................................................. 66

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e esclarecido ..............................................67

APÊNDICE B - Ficha de avaliação da espirometria...............................................................69

APÊNDICE C - Ficha de avaliação da plataforma de força...................................................71

APÊNDICE D - Ficha de avaliação do teste Timed Up and Go ............................................72

APÊNDICE E - Ficha de avaliação do Teste de Caminha de seis minutos .........................73

APÊNDICE F - Ficha de avaliação da Dinamometria e Teste de 1RM ................................74

ANEXOS ..................................................................................................................... 75

ANEXO A - Pareceres do Comitê de Ética em Pesquisa ......................................................76

ANEXO B - Normas de formatação do periódico Revista Brasileira de Fisioterapia

Brazilian Journal of Physical Therapy (RBF/BJPT) ...........................................................78

15

1 INTRODUÇÃO

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é definida como uma

doença prevenível e tratável, caracterizada por uma limitação crônica ao fluxo

aéreo, acompanhada por muitas alterações pulmonares, além de alterações

extra-pulmonares e comorbidades importantes que podem contribuir para a

gravidade da doença1. A limitação ao fluxo aéreo é progressiva e associada à

uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou gases tóxicos,

sendo o tabagismo o exemplo mais frequente de partícula nociva1.

A doença é caracterizada pela redução do volume expiratório forçado no

primeiro segundo (VEF1) e a hiperinsulflação, que levam à limitação

ventilatória, causando dispneia ao paciente1;2. Além disso, existem evidências

de que as alterações que ocorrem no pulmão, como consequência da

inflamação e o estresse oxidativo, podem estar envolvidos nos mecanismos de

desenvolvimento dos efeitos sistêmicos da DPOC3. Um desses efeitos é a

perda de peso, muito comum nesses pacientes. O baixo peso tem sido

considerado indicador independente de sobrevida4. A perda da massa magra

do corpo resulta, ainda, em disfunção muscular periférica, com consequente

diminuição da capacidade para realizar exercícios e da qualidade de vida,

alterações que também são importantes determinantes de prognóstico e

sobrevida em pacientes com DPOC5;6.

Fato que merece ser lembrado, ainda, é que os portadores de DPOC

são, em sua grande maioria, idosos. Sabe-se que a aptidão física como

velocidade de marcha, força muscular periférica e equilíbrio postural são

importantes para a saúde e estado funcional de idosos. Contudo, o

envelhecimento vem acompanhado de alterações morfológicas, funcionais e

bioquímicas, que levam à deterioração progressiva do organismo7. Dentre as

alterações músculo esqueléticas que ocorrem com o envelhecimento, pode-se

citar a diminuição do controle postural, o que contribui para a perda de

independência nas funções de vida diária8, com consequentemente aumento

da incidência de quedas nessa população9. Sendo assim, os prejuízos

causados diretamente pela DPOC acrescidos aos déficits do envelhecimento

podem levar à redução mais acentuada do controle postural10;11.

16

Até o momento, é escassa a literatura disponível acerca das diferenças

no equilíbrio, tanto estático quanto dinâmico, entre pacientes portadores de

DPOC e indivíduos saudáveis. Os poucos estudos disponíveis indicam uma

diminuição do equilíbrio em pacientes portadores de DPOC quando

comparados a indivíduos saudáveis. Contudo essa informação ainda não está

bem estabelecida na literatura, principalmente no que diz respeito aos

mecanismos relacionados a esse déficit de equilíbrio. Até o momento, poucos

estudos demonstraram que a diminuição da força muscular periférica, da

capacidade de exercício e da função pulmonar, dispneia e necessidade de uso

de oxigênio suplementar em algum momento do dia estavam de alguma forma

relacionados ao pior equilíbrio dos pacientes com DPOC 10;12-14. Demonstra-se,

portanto, a necessidade de melhor investigar as alterações do equilíbrio nesses

pacientes, tanto o equilíbrio estático, que se faz importante pela manutenção

da postura contra a força da gravidade, quanto o dinâmico, necessário para o

controle postural nas atividades funcionais e na marcha15.

O esclarecimento dessas informações se faz importante pois pode

influenciar diretamente na abordagem terapêutica desses pacientes. Com o

preenchimento das lacunas acerca do assunto, o tratamento desses pacientes

pode se tornar mais específico e eficaz, gerando benefícios relacionados ao

equilíbrio.

Sendo assim, o presente estudo objetivou comparar o equilíbrio estático

e dinâmico entre pacientes portadores de DPOC e indivíduos saudáveis e

verificar se há diferença no equilíbrio entre homens e mulheres portadores de

DPOC, bem como entre os pacientes com diferentes níveis de gravidade da

doença.

17

2 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1. ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo progressivo e irreversível que provoca

alterações e desgastes em vários sistemas funcionais, no qual ocorrem

mudanças morfológicas, funcionais e bioquímicas, que alteram

progressivamente o organismo humano, tornando-o mais susceptível às

agressões intrínsecas e extrínsecas16. Esse processo está diretamente

relacionado à queda das funções dos indivíduos, como declínio da função

neuromuscular, diminuição da capacidade de exercício pelo desuso da

musculatura, refletindo diretamente na aptidão física e nas atividades

funcionais17.

A diminuição do desempenho muscular e consequente desempenho

funcional do idoso está relacionada à perda de massa muscular esquelética, ou

fenômeno conhecido como sarcopenia, que se acelera a partir da sexta década

de vida18. Os efeitos da perda começam a ser aparentes em torno dos 50 anos

de idade e na maior parte das variáveis da aptidão física a perda é gradativa,

em torno de 1% ao ano ou 10% por década de vida8. A sarcopenia é um termo

amplo que engloba os efeitos de diferentes alterações, tais como a redução do

número de unidades motoras recrutadas no músculo e de suas frequências de

disparo, diminuição da taxa de impulso nervoso, redução do número e tamanho

das fibras musculares, entre outros19-21. Além disso, Kido e colaboradores

demonstraram que tanto a força muscular quanto a contratilidade decrescem

proporcionalmente com a idade22. Vale ressaltar também que, geralmente, a

perda de massa muscular nos idosos é compensada por ganhos de massa

gorda23.

Com relação aos fatores causadores da sarcopenia, incluem-se a perda

intrínseca da função contrátil do músculo, redução da dieta de proteínas, efeito

de esteróides gonadais, aumento de estímulos catabólicos, e redução do nível

de atividade física24-26. As consequências são atrofia e fraqueza dos músculos,

o que acaba por levar a uma diminuição importante na produção de força

muscular17, na mobilidade funcional27, no consumo máximo de oxigênio

18

(VO2máx)24 e consequente prejuízo na execução de outras atividades como

caminhar, subir e descer escadas, sentar e levantar. Com esses déficits, o

idoso torna-se então, mais frágil e desta forma, mais susceptível a quedas27;28.

A redução da capacidade aeróbica está entre as mais importantes

alterações que ocorrem no envelhecimento, e está diretamente relacionada à

independência funcional e qualidade de vida29.

Não se pode deixar de destacar ainda, as alterações do envelhecimento

que ocorrem nos mecanismos biomecânicos e neuromusculares de comando

do controle postural durante as tarefas funcionais que exigem adequado

equilíbrio30. Tais alterações geram um déficit no equilíbrio dos idosos, o que por

sua vez associam-se também ao aumento do risco de quedas e/ou lesões

musculoesqueléticas graves por quedas30;31. Considerando as graves

consequências de um déficit no equilíbrio, os mecanismos envolvidos no

controle do equilíbrio postural precisam continuar a ser investigados.

2.2. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)

Define-se DPOC como uma doença prevenível e tratável, caracterizada

por persistente limitação ao fluxo aéreo, geralmente progressiva e associada a

uma resposta inflamatória crônica aumentada das vias aéreas e pulmões a

partículas e gases nocivos1. Além disso, é importante ressaltar que as

exacerbações da doença e as comorbidades associadas contribuem para a sua

gravidade1.

A DPOC é considerada uma grande causa de morbidade e mortalidade

no mundo, que resulta em prejuízos sociais e econômicos, que têm crescido

substancialmente32;33. De acordo com a Organização Mundial de Saúde

(OMS)34, sessenta e cinco milhões de pessoas tem DPOC moderada à grave.

Em 2002, a DPOC foi a quinta causa de morte no mundo e mais de três

milhões de pessoas morreram por conta da DPOC em 2005, o que

correspondeu à 5% das mortes globais. Projeções demonstram que a

prevalência da doença possa aumentar mais de 30% em 10 anos, se medidas

de ações não forem tomadas com urgência em relação aos fatores de risco,

como a redução do tabagismo. Se progressos em relação aos fatores de risco

19

não forem alcançados, a DPOC poderá tornar-se a terceira maior causa de

morte no mundo nos próximos 10 anos34.

Em relação aos números da DPOC na América Latina, o Projeto Latino

Americano de Investigação de Doença Pulmonar Obstrutiva (PLATINO)

observou a prevalência da doença em indivíduos acima de 40 anos em cinco

países (Brasil, Chile, México, Uruguai e Venezuela). Em todos os países, a

prevalência aumentou com a idade, havendo maior prevalência em indivíduos

idosos (acima de 60 anos de idade), além de uma maior incidência da doença

em homens do que em mulheres35. O mesmo estudo observou na cidade de

São Paulo, Brasil, que a incidência de homens com DPOC foi de 18%, e de

14% para mulheres36.

Dentre os fatores que influenciam a doença, o tabagismo, sem dúvida, é

o principal, contudo não o único. Evidências confirmam a influência da

susceptibilidade genética sobre o surgimento da doença36;37, além da

incidência de asma na infância e exposição a outras partículas ou gases

nocivos1, e da possibilidade de deficiência da proteína alfa-1 antitripsina38.

Para o diagnóstico da DPOC, além do exame clínico, faz-se necessária

a avaliação espirométrica. Valores de VEF1·CVF-1 (relação entre o volume

expiratório forçado no primeiro segundo e capacidade vital forçada) menores

do que 0,70 após broncodilatador confirmam a presença de DPOC segundo o

Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD)1. Além disso, a

doença pode ser classificada de acordo com sua gravidade, sendo: GOLD I –

leve – VEF1≥80% do previsto; GOLD II – moderada – 50%≤VEF1<80% do

previsto; GOLD III – grave – 30%≤VEF1<50% do previsto; GOLD IV– muito

grave –VEF1<30% do previsto1.

Uma outra opção utilizada também para a avaliação da gravidade da

doença é o índice BODE (Body-Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea, and

Exercise Capacity). Trata-se de um índice multidimensional que leva em

consideração quatro variáveis que predizem importantes desfechos da doença:

o IMC (0 a 1 ponto), para a avaliação da composição corporal; o volume

expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) após medicação

broncodilatadora (0 a 3 pontos), para a avaliação do grau de obstrução ao fluxo

aéreo; a pontuação na escala do Medical Research Council (MRC) (0 a 3

pontos), para a avaliação da limitação por dispneia na vida diária; e a distância

20

percorrida no Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6min) (0 a 3 pontos), para

a avaliação da capacidade de exercício5. A pontuação final desse índice pode

variar de 0 a 10 pontos, sendo que maiores valores indicam pior condição do

paciente. De acordo com a pontuação final no índice os indivíduos podem

ainda ser separados em quartis, que também estão associados à gravidade da

doença: quartil I, 0 a 2 pontos; quartil II, 3 a 4 pontos; quartil III, 5 a 6 pontos e;

quartil IV, 7 a 10 pontos5.

Com relação aos prejuízos causados pela DPOC, pode-se dizer que a

doença é caracterizada por manifestações locais e sistêmicas1. Dentre as

manifestações locais, observa-se uma inflamação de vias aéreas e destruição

do parênquima pulmonar, o que contribui para uma limitação ao fluxo aéreo

com consequente limitação ventilatória, que se traduz em dispneia e limitação

das AVDs39. Já as manifestações sistêmicas, são caracterizadas por alterações

nutricionais, como a perda de peso e disfunções da musculatura respiratória e

periférica40. As alterações nos músculos esqueléticos têm sido relacionadas a

vários fatores, incluindo a diminuição do condicionamento físico, metabolismo

de aminoácidos, inflamação sistêmica e estresse oxidativo2.

Quanto ao tratamento da doença, a cessação tabágica consiste na

intervenção com maior capacidade de influenciar a evolução natural da

DPOC41. Contudo, terapia medicamentosa e reabilitação pulmonar também

fazem parte da abordagem terapêutica desses pacientes1. A terapia

medicamentosa tem o objetivo de melhorar a obstrução ao fluxo aéreo. Dentre

os medicamentos, os broncodilatadores são os mais utilizados, mas os

costicoesteróides são indicados dependendo da evolução e do quadro de cada

paciente1. A reabilitação pulmonar, que envolve o exercício físico e medidas

educacionais1, é considerada de fundamental importância para o tratamento

desses pacientes, tendo como principais objetivos a redução dos sintomas,

melhora da qualidade de vida e do sistema emocional, e aumento das AVDs42.

2.3 EQUILÍBRIO POSTURAL

O equilíbrio postural é obtido pela integração e coordenação de múltiplos

sistemas corporais, sendo eles o somato-sensorial, vestibular, visual, auditivo e

motor. A visão é o sistema primariamente envolvido na nossa locomoção, para

21

evitar os obstáculos ao longo do caminho. O sistema vestibular detecta

alterações lineares e angulares. Já o sistema somato-sensorial detecta a

posição e a velocidade de todos os segmentos corporais, seu contato (impacto)

com objetos externos (incluindo o solo), e a orientação da gravidade43. As

informações recebidas do ambiente externo são interpretadas pelo sistema

nervoso central para que sejam adotadas as adequadas reações da cabeça,

olhos, tronco e movimentos de membros inferiores para a manutenção da

postura43.

Para maiores interpretações relacionadas ao equilíbrio, faz-se

necessário a colocação de alguns conceitos básicos, de acordo com o estudo

de Winter et al.43:

Equilíbrio (Balance): termo genérico que descreve a dinâmica da

postura corporal em prevenir a queda. Está relacionada às forças

inerciais que agem sobre o corpo e as características inerciais

sobre cada segmento corporal;

Postura: Descrição da orientação de qualquer segmento corporal

em relação ao vetor gravitacional, sendo esta, uma média angular

da vertical;

Centro de Massa (COM): Ponto equivalente da massa corporal

total, que é a média ponderada do COM de cada segmento

corporal no espaço. É uma variável passiva controlada pelo

sistema de controle postural;

Centro de pressão (COP): É a localização do ponto do vetor da

força vertical de reação do solo. Ela representa a média

ponderada de todas as pressões aplicadas sobre a superfície da

área em contato com o solo;

Em torno de um terço a metade da população mundial acima de 65 anos

de idade relatam alguma dificuldade com o equilíbrio ou com a

deambulação43;44. A capacidade de controlar o equilíbrio é um pré-requisito

para a realização de muitas atividades de vida diária e garante a habilidade de

manter um estilo de vida independente45.

Contudo, os indivíduos tornam-se mais susceptíveis a quedas frente às

alterações do sistema músculo-esquelético que ocorrem com o

22

envelhecimento46, além dos fatores intrínsecos como gênero (maior prevalência

no gênero masculino) e raça (maior prevalência em brancos)47. Além disso, as

quedas estão associadas à maior morbi e mortalidade, diminuição da

funcionalidade e necessidade precoce de cuidados domiciliares48, constituindo

um importante problema de saúde pública devido a sua alta incidência e

geração de custos assistenciais49. Um estudo de prevalência de quedas

realizado no Brasil pôde identificar uma incidência de 28% de idosos que já

sofreram quedas dentre uma amostra representativa de todas as regiões do

país50.

A partir das principais definições estabelecidas, passa-se a novos

detalhamentos sobre o equilíbrio.

2.3.1 Equilíbrio Estático

O equilíbrio estático pode ser definido como a habilidade de manter o

COM no interior da base de suporte ou sustentação (BOS)45;51. Este

mecanismo ocorre por meio da integração dinâmica de forças internas e

externas e de fatores que envolvem o ambiente44. Como exposto

anteriormente, os sistemas envolvidos no equilíbrio são responsáveis pelas

reações para a manutenção do equilíbrio postural43;45;51;52. Assim sendo, a

habilidade de controle do COM e da BOS durante as AVDs resulta na

combinação de estratégias reativas (compensatórias) e/ou preditivas

(antecipatórias) para as reações adequadas, a fim de preservar o equilíbrio e a

postura diante de perturbações externas53;54.

Para manter o corpo em equilíbrio durante uma postura estática, existem

algumas estratégias de movimento compensatório provenientes do controle

postural, que são geralmente utilizadas dependendo das necessidades

decorrentes da dificuldade da tarefa e da presença ou não da perturbação

externa43;45;53;55. São elas, estratégia de tornozelo, de quadril e de tronco.

A estratégia de tornozelo ocorre com a ação dos músculos flexores e

extensores do tornozelo nas reações de perturbações no sentido Ântero-

Posterior (AP), enquanto que a do quadril ocorre através dos músculos de

flexão, extensão, abdução e adução do quadril, predominando nas reações do

23

sentido Médio-Lateral (ML). Já os músculos do tronco participam

principalmente nas correções posturais quando o COM é projetado anterior ou

posteriormente da linha de gravidade31;53;55.

Devido às alterações músculo-esqueléticas nos idosos, essas

estratégias podem estar comprometidas55. Além disso, evidências confirmam o

declínio proporcional do equilíbrio com a idade56.

2.3.2 Equilíbrio Dinâmico

A capacidade de alternar entre o suporte em duas pernas para o suporte

em uma perna é necessária para muitas tarefas motoras diárias como girar,

subir escadas, caminhar e se vestir15.

O fato do ser humano ser bípede, cria um grande desafio para o sistema

de controle do equilíbrio31. Uma desvantagem do aparelho locomotor bipodal,

consiste em manter períodos de manutenção da postura corporal em um único

membro de suporte57. E para evitar que ocorra o deslocamento total do corpo

para a linha média, um contrabalanceio ao redor do quadril e a parte inferior do

tronco é necessário, garantindo a transferência de peso adequada para a outra

perna. O momento de contrabalanceio é em grande parte gerado pelos

abdutores de quadril e flexores laterais do tronco, e ajustados pelos eversores

e inversores do tornozelo58-60.

Evidências mostram que idosos apresentam um pior controle de quadril

na marcha quando comparados a adultos jovens. Isso se deve ao fato de

idosos apresentarem um menor comprimento da passada. Provavelmente isso

se deva pela piora da habilidade em controlar a postura de tronco superior no

plano sagital, pois os idosos adotam uma passada mais curta para diminuir a

força de reação no solo, e essa diminuição na reação, por sua vez, piora o

controle postural de tronco superior no plano sagital15;61.

Patla et al.62 sugerem dois mecanismos de controle postural durante a

marcha humana. O primeiro deles, o mecanismo proativo, refere-se ao

mecanismo de controle que ocorre antes que o corpo detecte um potencial de

ameaça à estabilidade. Já se as ameaças ao equilíbrio não são detectadas

previamente, o mecanismo de controle reativo é necessário, e respostas

24

rápidas para se recuperar o equilíbrio devem ser adotadas. Além disso, o

mesmo autor identificou que idosos levam mais tempo para adotar estratégias

de reação de equilíbrio durante a marcha do que adultos jovens.

2.3.3 Avaliação do Equilíbrio Postural

Tendo em vista a grande relevância clínica acerca das investigações do

equilíbrio e consequentemente das quedas como um agravo na saúde dos

idosos, diferentes instrumentos de avaliação clínicos e laboratoriais do

equilíbrio postural têm sido desenvolvidos e aplicados, como, por exemplo, a

plataforma de força, testes funcionais, ou escalas preditoras de quedas31. Uma

avaliação clínica adequada do equilíbrio é de grande importância tanto para o

diagnóstico quanto para a tomada de decisões na prática clínica.

Um dos instrumentos de escolha para a avaliação do equilíbrio estático

tem sido a plataforma de força, considerada atualmente padrão-ouro para esse

tipo de avaliação31. Por meio de tal instrumento obtém-se os parâmetros de

estabilidade postural derivados das medidas do COP. Portanto, ela revela de

forma direta os mecanismos biomecânicos e neuromusculares (força,

ajustamentos posturais, recuperação dos limites de estabilidade postural)

associados ao controle postural para manutenção do equilíbrio31;44;45;63;64.

A plataforma de força é constituída por sensores (células de carga) que

quantificam a magnitude da força de reação dos pés na posição vertical. A

partir das medidas da plataforma, os sinais elétricos de força são

transformados por meio de uma análise estabilográfica, que seria a medida do

registro da contínua oscilação do corpo humano, originando outros parâmetros

do equilíbrio43 (Figura 1). A medida do COP não é sinônimo da localização do

centro de massa do corpo (COM). Contudo, o COP se ajusta para manter o

COM dentro dos limites de suporte, como já mencionado anteriormente.

Para a interpretação sobre o resultado dos testes de equilíbrio sobre a

plataforma de força são utilizadas as variáveis derivadas do COP quantificadas

no domínio do tempo e da frequência, tais como a amplitude de deslocamento

do COP por meio da raiz média quadrática (RMS), a frequência média ou

mediana de oscilações do COP e a velocidade média de deslocamento do

25

COP, em ambas as direções do movimento (AP e ML)64-66 (Figura 2). Essas

medidas têm sido utilizadas para avaliar as estratégias de equilíbrio em

diferentes populações (pacientes com problemas ortopédicos, câncer, DPOC,

crianças, idosos, jovens, atletas)11;67;68. Alguns estudos têm determinado a

validade e confiabilidade dessas medidas63-66;69. Em geral, os parâmetros mais

sensíveis, e consequentemente os mais fidedignos, para detectar as diferenças

no equilíbrio postural entre diferentes grupos de indivíduos são a área elipse de

deslocamento do COP e a velocidade de oscilação do COP em ambas as

direções do movimento (AP e ML) (com os valores do coeficiente de correlação

intra-classe (CCI) variando entre 0.72 a 0.85 e erro padrão (EP) entre 0.2 a

1.3)63-65;70. Além disso, estudos recentes mostraram que a direção ântero-

posterior sozinha é capaz de identificar possíveis alterações no equilíbrio em

idosos71. Dessa forma, a utilização de apenas alguns parâmetros principais já

seria suficiente para avaliar o equilíbrio postural dessa população.

Com relação aos testes realizados sobre a plataforma de força, é

possível observarmos em muitos estudos a análise do equilíbrio por meio do

teste de apoio unipodal (com apenas um dos membros em contato com a

superfície da plataforma) (Figura 3). Esse protocolo tem sido utilizado em

muitos estudos para avaliação de diversos distúrbios do equilíbrio (doenças

ortopédicas, vestibulares, neurológicas e sistêmicas)66;72-74. A abordagem do

apoio unipodal é usada uma vez que exige do indivíduo o equilíbrio por si só,

controle do suporte de peso e do alinhamento vertical de diferentes segmentos

corporais70.

Além da plataforma de força, outros instrumentos podem ser utilizados

para avaliação do equilíbrio. Grande parte deles consiste em testes funcionais,

ou escalas preditoras de quedas31;75. Como exemplos podem ser citadas: a

escala ABC (Activities of Balance Confidence), na qual a auto-percepção do

equilíbrio é avaliada por meio de 16 diferentes atividades de vida diária76; a

Escala Funcional de Berg, incluindo 14 itens de atividades relacionadas ao

equilíbrio, podendo predizer o risco de quedas72;77; a Escala de equilíbrio de

Tinneti, que além da avaliação do equilíbrio inclui também a avaliação da

marcha71 e o teste Timed Up and Go (TUG)78, que avalia o equilíbrio funcional

(ou dinâmico) e prediz a incidência de quedas. Um aprofundamento a respeito

deste último teste mencionado anteriormente será feito a seguir.

26

O teste TUG78 é o mais curto e simples dentre os testes clínicos de

equilíbrio, e provavelmente o mais confiável, pois utiliza o tempo como critério

de desempenho, por meio de um cronômetro, ao invés de escalas de

avaliação79. O TUG tem sido amplamente utilizado devido à facilidade de sua

aplicação clínica80. Além disso, mostra a predição do risco de quedas nos

idosos81;82. Sua boa aplicabilidade clínica está relacionada também com a

identificação do comprometimento de muitas habilidades relacionadas à

mobilidade, como girar e as transições de sentado para em pé, que requerem

controle postural78. O TUG apresenta excelente confiabilidade inter-avaliador

(CCI=0,98) e teste-reteste (CCI=0,99), com sensibilidade e especificidade,

ambas, de 87%81.

Para a realização do teste são necessários equipamentos simples como

uma cadeira com braços, um cronômetro e um percurso reto de 3 metros. O

paciente é orientado a sentar-se na cadeira, devidamente posicionado, e ao

comando do avaliador deve se levantar sem apoiar os membros superiores,

caminhar 3 metros na sua velocidade usual de marcha, girar, retornar o

percurso e sentar-se novamente, encostando-se na cadeira (Figura 4). O

tempo começa a ser cronometrado a partir do comando “vai” até o momento

em que o indivíduo senta-se novamente na poltrona, com as costas

repousando no encosto da cadeira78;81. Dados da literatura indicam que idosos

que levam mais de 14 segundos para completar o TUG apresentam um alto

risco para quedas81.

2.3.4 Equilíbrio postural no paciente com DPOC

Como citado anteriormente, poucos estudos compararam o equilíbrio

entre pacientes com DPOC e indivíduos saudáveis pareados10-14;83. A avaliação

do equilíbrio nesses estudos foi feita por meio de diferentes testes e os

detalhes metodológicos de cada estudo são descritos a seguir.

Smith et al.11, por exemplo, utilizaram a plataforma de força para

avaliação do equilíbrio estático de um grupo de pacientes com DPOC. Por

outro lado, Butcher et al.10 e Roig et al.83 utilizaram outros métodos de

posturografia para a avaliação do equilíbrio desses pacientes. Butcher e

27

colaboradores10 avaliaram os pacientes por meio do sistema Balance System

(Chattecx Corp., Hixson, Tenn), onde placas com sensores de equilíbrio eram

posicionadas nos pés dos participantes, medindo o deslocamento postural do

indivíduo (em centímetros). Já o método utilizado por Roig e colaboradores83 foi

o Sensory Organization Test (SOT) que consiste em um instrumento que avalia

a oscilação postural, permitindo avaliar a intensidade e coordenação da

resposta motora aos estímulos visuais, vestibulares e somatossensoriais

recebidos na postura ortostática. Quanto às avaliações do equilíbrio dinâmico,

Butcher et al.10, por exemplo, avaliaram os pacientes por meio do teste TUG.

Já Beauchamp et al.12 e Ozalevli et al.14 utilizaram a escala de equilíbrio de

Berg para a avaliação de pacientes portadores de DPOC.

Outra informação relevante é que outros autores têm evidenciado o risco

de quedas em pacientes com DPOC84;85. Ambos os estudos traçaram o perfil

dos pacientes com DPOC que relataram ou não ter sofrido quedas. Roig e

colaboradores84 identificaram uma incidência de 32% de pacientes que

sofreram quedas no último ano, sendo que os mesmos, em relação aos

pacientes que não sofreram quedas, eram mais velhos, com maior incidência

do gênero feminino e uso de oxigênio suplementar, usavam mais

medicamentos e apresentavam maior número de comorbidades. Contudo, não

foi observada diferença na função pulmonar e na variável do equilíbrio

(pontuação na escala ABC). Já Beauchamp et al.85, com a mesma

comparação, verificaram que os pacientes que relataram quedas apresentaram

pior equilíbrio, maior incidência de uso de oxigênio suplementar e relataram

mais dispneia, mas não foi observado relação com a capacidade de exercício e

a função pulmonar.

Com relação aos fatores relacionados ao equilíbrio nesses pacientes,

Beauchamp et al.12, em um estudo realizado com 20 portadores de DPOC,

realizaram a avaliação do equilíbrio por meio do BESTest, e identificaram

associação positiva entre o equilíbrio e atividade física auto-relatada e FMP.

Além disso, o modelo de regressão linear múltipla incluindo idade, atividade

física auto-relatada e força muscular periférica explicou 35% da variação nos

dados do equilíbrio. Já Butcher et al.10 avaliaram 30 pacientes com DPOC,

tendo o equilíbrio sido avaliado por meio de posturografia (Balance System) e

pelo teste TUG, e encontraram associação entre a função pulmonar e o

28

equilíbrio dinâmico. Eisner et al.13 observaram associação negativa entre o

equilíbrio e o uso de oxigênio suplementar em 1202 indivíduos portadores de

DPOC com o equilíbrio avaliado por meio de Teste Funcional de Alcançar e

Ozalevli et al.14 observaram relação também negativa com a dispneia e a

saturação periférica de oxigênio em 36 indivíduos com DPOC avaliados pela

escala de equilíbrio de Berg.

É importante destacar que, ao estudar o equilíbrio, tanto a manutenção

postural contra a força da gravidade (i.e. equilíbrio estático), quanto o controle

postural nas atividades funcionais (i.e. equilíbrio dinâmico) devem ser

abordados para um entendimento mais profundo acerca do assunto.

Especificamente em pacientes com DPOC, a avaliação dessas duas variáveis

(equilíbrio estático e dinâmico) refletem aspectos envolvidos tanto nas AVD’s

quanto na AFVD desses indivíduos. Uma avaliação mais completa do equilíbrio

nessa população pode contribuir na explicação de alguns mecanismos

relacionados com a funcionalidade, capacidade de exercício e força muscular

periférica, por exemplo. E esse estudo mais profundo, pode traçar ainda melhor

o perfil do paciente portador de DPOC. Além disso a avaliação do equilíbrio

nesses pacientes com ferramentas internacionalmente conhecidas ainda

precisam ser melhor exploradas.

Para tanto, o presente estudo fará uso de duas ferramentas para

avaliação do equilíbrio em pacientes com DPOC e em idosos saudáveis, a

plataforma de força (equilíbrio estático) e o teste TUG (equilíbrio dinâmico),

com o objetivo de comparar o desempenho das duas populações.

29

ILUSTRAÇÕES

30

Figura 1. Plataforma de força BIOMEC 400 (EMG System do Brasil, SP Ltda.).

A plataforma de força contém quatro células de carga posicionadas de forma

retangular. Mede 500x500x100 mm e pesa 22 kg.

31

Figura 2. Análise estabilográfica utilizando a plataforma de força BIOMEC 400;

EMG System do Brasil (Ltda).

32

Figura 3. Realização do teste unipodal sobre a plataforma de força.

33

Figura 4. Realização do teste “Timed Up and Go”.

34

3. ARTIGO

TÍTULO: Equilíbrio estático e dinâmico em pacientes com DPOC: comparação com indivíduos saudáveis e diferenças segundo o gênero e níveis de gravidade da doença. Título resumido: Análise do equilíbrio em pacientes com DPOC. TITLE: Static and dynamic balance in patients with COPD: comparison with healthy subjects and differences according to gender and disease severity. (Formatado segundo as normas de submissão do periódico Revista Brasileira de Fisioterapia)

Palavras-chave: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Equilíbrio Postural; Idoso; Exercício; Reabilitação. Keywords: Chronic Disease; Postural Balance; Aged; Exercise; Rehabilitation.

Autores:

Laís Regina Garcia Ribeiro1, Josiane Marques Felcar1, Myriam Fernanda Merli1, Rafael Mesquita1,2, Denilson de Castro Teixeira1,3, Karen Barros Parron Fernandes1, Rubens Alexandre da Silva Júnior1, Vanessa Suziane Probst1,2. 1Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde (CPCS), Universidade Norte do Paraná (UNOPAR); Londrina, Paraná, Brasil. 2Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar (LFIP), Departamento de Fisioterapia, Universidade Estadual de Londrina (UEL); Londrina, Paraná, Brasil. 3Centro de Educação Física (CEF), Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Londrina (UEL); Londrina, Paraná, Brasil. Contatos autora correspondente: Vanessa S. Probst

Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) Av Paris, 675 – Jd Piza, 86041-120, Cx. P. 401, Londrina, Paraná, Brasil

Fone: 43 3371-7990

E-mail: [email protected]

35

Resumo: Introdução: Tem-se sugerido que portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva

Crônica (DPOC) apresentam pior equilíbrio quando comparados a indivíduos

saudáveis. Desconhece-se, contudo, se nos indivíduos com DPOC há

diferenças no equilíbrio segundo o gênero ou entre os diferentes níveis de

gravidade da doença. Objetivo: Comparar o equilíbrio estático e dinâmico

entre portadores de DPOC e indivíduos saudáveis, e verificar se há diferença

nesses desfechos entre homens e mulheres, bem como entre pacientes com

diferentes níveis de gravidade da doença. Métodos: 27 pacientes com DPOC e

25 indivíduos saudáveis tiveram avaliados seu equilíbrio estático, por meio da

plataforma de força (Área do COP), e dinâmico por meio do teste Timed Up &

Go (TUG). Os indivíduos com DPOC foram avaliados também quanto à

gravidade da doença pela classificação do Global Initiative for Chronic

Obstructive Lung Disease (GOLD) e pelo índice Body-Mass Index, Airflow

Obstruction, Dyspnea, and Exercise Capacity (BODE). Resultados: Quando

comparados aos indivíduos saudáveis, os pacientes com DPOC apresentaram

pior equilíbrio estático (12,5[8,8-17,9] vs. 10,1[9,4-13,6] cm2, respectivamente;

P=0,03), e dinâmico (10[9-11] vs. 8[7-9] s, respectivamente; P=0,0001).

Homens com DPOC apresentaram pior equilíbrio estático em relação às

mulheres (16,8[11,8-18,9] vs. 11,1[8,5-13,4] cm2, respectivamente; P=0,01).

Contudo, não houve diferença no equilíbrio entre os níveis de gravidade da

doença segundo o GOLD ou BODE. Conclusão: Portadores de DPOC

apresentam pior equilíbrio estático e dinâmico quando comparados a indivíduos

saudáveis. Além disso, o equilíbrio em indivíduos com DPOC está mais

comprometido nos homens e parece não ser diferente segundo os níveis de

gravidade da doença.

36

ABSTRACT:

Background: It has been suggested that patients with Chronic Obstructive

Pulmonary Disease (COPD) have worse balance when compared to healthy

elderly. However, it remains unknown, however, whether there are differences

in balance according to gender or among the different degrees of disease

severity. Aim: We aim to compare static and dynamic balance between COPD

patients and healthy subjects and to verify if there are differences in these

outcomes between men and women, as well as among patients with different

degrees of disease severity. Methods: 27 patients with COPD and 25 healthy

elderly had their static balance evaluated by the force platform (COP Area), and

dynamic balance, by the Timed Up an Go test (TUG). Subjects with COPD were

also evaluated according to the disease severity, by the Global Initiative for

Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) classification and by the Body-Mass

Index, Airflow Obstruction, Dyspnea, and Exercise Capacity (BODE)

classification. Results: When compared to the healthy elderly, patients with

COPD presented worse static (12,5[8,8-17,9] vs. 10,1[9,4-13,6] cm2,

respectively; P=0,03) and dynamic balance (10[9-11] vs. 8[7-9] s, respectively;

P=0,0001). Men with COPD had worse static balance than women (16,8[11,8-

18,9] vs. 11,1[8,5-13,4] cm2, respectively; P=0,01). However, there were no

differences in balance among the different degrees of disease severity

according to the GOLD and BODE classification. Conclusion: Patients with

COPD present worse static and dynamic balance when compared to healthy

subjects. Moreover, balance in subjects with COPD is more affected in men and

seems not to be different according to the degrees of disease severity.

37

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), apesar de

ser uma doença primariamente pulmonar, apresenta também manifestações

sistêmicas importantes1. Dentre essas pode-se citar a desnutrição, a disfunção

muscular respiratória e periférica, e o descondicionamento físico2. A DPOC é

causada principalmente por exposição a gases e/ou partículas tóxicas como o

cigarro, que é considerado causa de grande morbidade e mortalidade no

mundo1.

Além de todas as alterações que ocorrem como consequência da

doença, é importante ressaltar que a DPOC afeta principalmente indivíduos

idosos. O processo de envelhecimento, mesmo em indivíduos livres de

doenças, vem acompanhado de alterações fisiológicas e morfológicas do

sistema musculoesquelético que afetam diretamente a aptidão física e a

capacidade funcional, com consequente redução do controle postural3. Sendo

assim, os prejuízos causados diretamente pela DPOC, acrescidos aos déficits

que ocorrem com o envelhecimento podem levar a uma redução mais

acentuada do controle postural4;5.

A redução do controle postural tem sido evidenciada pela diminuição do

equilíbrio tanto estático quanto dinâmico6;7. É importante salientar que

enquanto o equilíbrio estático se faz importante para a manutenção da postura

contra a força da gravidade, o equilíbrio dinâmico é necessário para o controle

postural nas atividades funcionais e durante a marcha8.

Até o momento, a literatura é escassa acerca das diferenças no

equilíbrio estático e dinâmico entre pacientes portadores de DPOC e indivíduos

saudáveis. Os poucos estudos disponíveis indicam uma diminuição do

equilíbrio em pacientes portadores de DPOC quando comparados a indivíduos

saudáveis, contudo essa informação ainda não está totalmente estabelecida.

Além disso, não se sabe se há diferenças no equilíbrio estático e dinâmico

entre homens e mulheres portadores de DPOC, e entre os pacientes com

diferentes níveis de gravidade da doença. O esclarecimento dessas

informações se faz importante pois pode influenciar na abordagem terapêutica

desses pacientes. Com o preenchimento dessas lacunas acerca do assunto, o

38

tratamento dos pacientes com DPOC pode se tornar mais específico e eficaz,

gerando benefícios diretamente relacionados ao equilíbrio.

Sendo assim, o presente estudo objetivou comparar o equilíbrio estático

e dinâmico entre pacientes com DPOC e indivíduos saudáveis, e verificar se há

diferença nesses desfechos entre homens e mulheres bem como entre os

pacientes com diferentes níveis de gravidade da doença.

1. MÉTODOS

1.1. Delineamento e Amostra

Foi realizado um estudo transversal de julho de 2011 a outubro de 2012,

na Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, em Londrina – Paraná, Brasil,

com uma amostra de conveniência composta por 52 indivíduos, sendo 27

pacientes portadores de DPOC e 25 idosos aparentemente saudáveis (grupo

controle).

Os pacientes com diagnóstico de DPOC foram provenientes de um

projeto de pesquisa em andamento na instituição, cujo objetivo é comparar o

efeito de dois protocolos de treinamento físico em diferentes desfechos nesses

pacientes. Já a amostra de idosos aparentemente saudáveis foi proveniente de

um outro projeto de pesquisa que teve como objetivo identificar os indicadores

das condições de saúde da população idosa de Londrina, Paraná.

No grupo controle foram incluídos indivíduos com idade superior a

cinquenta anos, de ambos os gêneros, independentes na sua vida diária, com

função pulmonar normal, ausência de comorbidades graves e/ou

incapacitantes que pudessem interferir na realização das avaliações, ausência

de distúrbios do equilíbrio como labirintite ou Vertigem Posicional Paroxística

Benigna (VPPB), ausência de fraturas prévias dos membros inferiores,

ausência de distúrbios audiovisuais graves, e que aceitaram participar

voluntariamente do estudo. Os pacientes com DPOC, com exceção da função

pulmonar normal, deveriam apresentar os mesmos critérios, além de

diagnóstico de DPOC segundo o GOLD1, ausência de exacerbações e/ou

infecções respiratórias nos últimos três meses, e não ter seguido nenhum

programa de exercícios físicos regular nos últimos seis meses. Foram

39

excluídos os indivíduos que não compreendessem e/ou conseguissem realizar

os testes propostos, ou que optassem a qualquer momento por finalizar sua

participação no estudo.

O presente estudo foi aprovado pelo comitê de bioética da Universidade

Norte do Paraná – UNOPAR (Anexo A) e todos os participantes assinaram o

termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A).

1.2 Procedimentos

Inicialmente todos os indivíduos tiveram avaliados dados demográficos,

como gênero, idade, e comorbidades; e antropométricos, como peso e altura. A

partir do peso e da altura o Índice de Massa Corpórea (IMC) foi calculado

(peso·altura-2).

1.2.1 Função Pulmonar

Espirometria simples (Pony FX, Cosmed, Itália) foi realizada para

assegurar o diagnóstico de DPOC nos pacientes portadores da doença -

seguindo os critérios do GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung

Disease)1 –, e para confirmar a função pulmonar normal nos indivíduos

saudáveis. O teste foi realizado de acordo com padronização internacional9 e

considerando os valores de referência para a população brasileira10.

1.1.1. Gravidade da doença

1.1.1.1. Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD)1

Após realizada a espirometria, os pacientes com DPOC foram

classificados em GOLD I (leve), GOLD II (moderado), GOLD III (grave) e GOLD

IV (muito grave)1.

1.1.1.2. Índice Body-Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea, and

Exercise Capacity (BODE)

O índice BODE foi utilizado também para a avaliação da gravidade da

doença, porém trata-se de um índice multidimensional que leva em

40

consideração quatro variáveis que predizem importantes desfechos da doença:

o IMC (0 a 1 ponto), para a avaliação da composição corporal; o volume

expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) após medicação

broncodilatadora (0 a 3 pontos), para a avaliação do grau de obstrução ao fluxo

aéreo; a pontuação na escala do Medical Research Council (MRC) (0 a 3

pontos), para a avaliação da limitação por dispneia na vida diária; e a distância

percorrida no Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6min) (0 a 3 pontos), para

a avaliação da capacidade de exercício11. A pontuação final desse índice pode

variar de 0 a 10 pontos, sendo que maiores valores indicam pior condição do

paciente11. De acordo com a pontuação final no índice os indivíduos podem

ainda ser separados em quartis, que também estão associados à gravidade da

doença: quartil I, 0 a 2 pontos; quartil II, 3 a 4 pontos; quartil III, 5 a 6 pontos e;

quartil IV, 7 a 10 pontos11.

1.1.2. Equilíbrio postural estático

O equilíbrio postural estático foi avaliado por meio do teste de equilíbrio

unipodal realizado em uma plataforma de força (BIOMEC400, EMG System do

Brasil Ltda, Brasil), que já se mostrou válida e confiável em idosos12.

Antes do teste, todos os indivíduos foram familiarizados e orientados em

relação ao protocolo do mesmo, que consistiu em permanecer em apoio

unipodal com o membro inferior de preferência, descalço, com os olhos abertos

e direcionados a um alvo fixo, que estava posicionado à altura dos olhos dos

indivíduos e a aproximadamente 2,5 metros de distância. Os braços foram

mantidos paralelos ao corpo e o membro inferior contralateral flexionado a

aproximadamente 45º. Para maior segurança dos indivíduos, um dos

investigadores permaneceu próximo aos participantes durante todo o teste.

O teste foi realizado três vezes, com duração máxima de 30 segundos

cada e intervalo de repouso de também 30 segundos entre cada repetição12.

Detalhes metodológicos a respeito da utilização do software da

plataforma de força foram descritos previamente por Silva et al.12. As variáveis

utilizadas para as análises foram: intervalo de 95% da área elipse do Centro de

Pressão (Área do COP) (em cm2) e velocidade média de oscilação do COP

41

(MVel em cm·s-1) nas direções de movimento Ântero-posterior (AP) e Médio-

lateral (ML). A média desses parâmetros nos três testes foi utilizada para a

análise estatística12.

1.1.3. Equilíbrio postural dinâmico

O equilíbrio postural dinâmico foi avaliado por meio do teste Timed Up &

Go (TUG)13. O teste requer que o indivíduo se levante de uma cadeira com

apoio para as costas, sem apoiar os membros superiores, caminhe 3 metros

em um ritmo confortável (o habitual para o paciente) e retorne até a cadeira,

sentando-se também sem apoiar os membros superiores. O percurso de 3

metros foi delimitado por um cone, de forma que os indivíduos foram orientados

à contorná-lo para voltar até a cadeira. O tempo que o indivíduo levou para se

levantar da cadeira, contornar o percurso e sentar-se novamente foi

cronometrado e considerado como resultado do teste. Os indivíduos realizaram

o teste duas vezes, sendo considerado para análise o teste de melhor

desempenho. Permitiu-se um intervalo de dois minutos para repouso entre as

repetições.

Estudos prévios já demonstraram que o TUG apresenta boa

confiabilidade intra- e inter-observador13, e que o seu resultado pode ser

considerado preditor de quedas em idosos14.

1.1.4. Capacidade funcional de exercício

O TC6min foi utilizado para avaliar a capacidade funcional de exercício.

Esse teste foi realizado em um corredor de 30 metros, de acordo com o

protocolo sugerido pela American Thoracic Society (ATS)15. Foram realizados

dois testes, sendo o teste com maior distância percorrida utilizado para análise.

Além de ser um teste de fácil aplicação e amplamente utilizado, o TC6min é

válido e reprodutível em pacientes com DPOC16. Utilizaram-se os valores de

referência de Troosters et al.17 para a comparação com os valores previstos.

42

1.1.5. Força Muscular Periférica

A avaliação da força muscular periférica (FMP) foi realizada somente

nos pacientes com DPOC. Tal avaliação foi feita por meio do pico de força de

extensão do quadríceps (PFQ), mensurado no membro inferior de dominância

do paciente18. Um dinamômetro portátil (microFET2, Hoggan Health, EUA)

fixado em um equipamento de multiestação de musculação foi utilizado para o

registro do PFQ19. A melhor de três medidas aceitáveis e reprodutíveis foi

considerada para análise. O PFQ foi expresso em Newton por metros (N.m) e

em porcentagem do valor previsto (% prev)20.

1.2. Análise Estatística

Os dados foram analisados no programa estatístico GraphPad Prism 5.0

(GraphPad Software Inc., San Diego, CA, USA). Adotou-se o nível de

significância estatística de 5% (P<0,05) para todos os testes aplicados.

A distribuição de normalidade dos dados foi verificada por meio do teste

de Shapiro-Wilk. Como a maior parte dos dados apresentou distribuição não

normal, estatística não paramétrica foi utilizada, sendo as análises descritivas

apresentadas em mediana e intervalo interquartílico 25%-75%.

A comparação das características gerais, do equilíbrio entre o grupo

DPOC e o grupo saudável, entre homens e mulheres de cada grupo e entre os

grupos de acordo com a gravidade da doença foram feitas por meio do teste de

Mann-Whitney, enquanto que a comparação do gênero foi realizada por meio

do teste Qui-quadrado. As correlações entre idade, peso, altura, IMC, VEF1,

distância percorrida no TC6min e FMP com as variáveis do equilíbrio dos

portadores de DPOC foram testadas por meio do coeficiente de correlação de

Spearman.

43

2. RESULTADOS

As características gerais como dados demográficos e antropométricos,

função pulmonar, capacidade de exercício, FMP e estado funcional dos

indivíduos estudados encontram-se na Tabela 1. Todas as características

foram semelhantes entre os grupos, com exceção do VEF1 em porcentagem do

previsto, da relação entre o VEF1 e a capacidade vital forçada (VEF1·CVF-1), e

da distância percorrida no TC6min, que foram menores nos pacientes com

DPOC. As comorbidades mais prevalentes entre os portadores de DPOC foram

hipertensão arterial (45%), alergias (33%) e doenças da tireoide (19%),

enquanto que nos indivíduos saudáveis foram hipertensão arterial (44%),

doença reumática (32%) e alergias (28%).

No que diz respeito ao equilíbrio estático, foi possível observar diferença

na variável Área do COP, sendo o equilíbrio de pacientes portadores de DPOC

pior que o de indivíduos saudáveis (Figura 1A). Não foram observadas

diferenças entre esses grupos para as variáveis velocidade AP (3,7[2,9-4,0] vs.

3,2[2,7-4,6] cm·s-1, respectivamente) e ML (3,8[3,2-4,5] vs. 3,7[2,9-3,9] cm·s-1,

respectivamente), P>0,05 para ambas. Já em relação ao teste de equilíbrio

dinâmico (TUG), os indivíduos com DPOC também apresentaram pior

desempenho quando comparados aos saudáveis (Figura 1B).

Em relação ao gênero, foi possível observar que no grupo de indivíduos

com DPOC os homens apresentaram pior equilíbrio estático que as mulheres,

tanto na Área do COP quanto na Velocidade AP e ML (Figura 2). Contudo, não

houve diferença entre os gêneros em relação ao equilíbrio dinâmico (teste

TUG) (homens: 9[8-11] s vs mulheres: 10[9-13] s; P>0,05). Quanto às mesmas

comparações nos indivíduos saudáveis, não foram observadas diferenças tanto

para as variáveis do equilíbrio estático quanto do dinâmico (P>0,05 para

todas).

Na comparação do equilíbrio de homens e mulheres entre os indivíduos

com e sem a doença, foi observado que os homens com DPOC apresentaram

pior equilíbrio quando comparados aos homens saudáveis, tanto o equilíbrio

estático (Área do COP: 16,8[11,8-18,9] vs. 10,1[8,6-10,6] cm2, respectivamente

(P=0,001); Velocidade AP: 4,8[3,7-5,6] vs. 3,1[2,5-3,9] cm·s-1, respectivamente

44

(P=0,003) e; Velocidade ML: 3,9[3,4-4,9] vs. 3,6[2,8-3,8] cm·s-1,

respectivamente (P=0,01)), quanto o dinâmico (TUG: 10[9-11] vs. 8[7-9] s,

respectivamente (P=0,009)). Já as mulheres com DPOC apresentaram

equilíbrio dinâmico mais comprometido quando comparado ao das mulheres

saudáveis (TUG: 10[10-13] vs. 8[7-9] s, respectivamente (P=0,001)), não

apresentando diferença estatística para as variáveis do equilíbrio estático

(P>0,05 para todas).

Os indivíduos portadores de DPOC foram separados em 2 grupos de

acordo com a classificação do GOLD: GOLD II (moderada; n=8) e GOLD III-IV

(grave e muito grave; n=19); nenhum indivíduo foi classificado como GOLD I

(Tabela 2). Esses grupos apresentaram-se semelhantes em relação ao perfil

antropométrico, força muscular periférica e capacidade de exercício,

diferenciando-se nas variáveis da função pulmonar (Tabela 2). Já com relação

à classificação segundo o BODE, os indivíduos foram separados também em 2

grupos: Quartis I-II (n=20) e Quartis III-IV (n=7) (Tabela 3).

A comparação das variáveis do equilíbrio estático e dinâmico entre os

grupos separados segundo os graus de obstrução ao fluxo aéreo do GOLD não

revelou diferença estatisticamente significante (Tabela 2). Na comparação das

mesmas variáveis, porém entre os grupos separados de acordo com o BODE,

também não foram observadas diferenças estatísticas significantes (Tabela 3).

Na análise das correlações no grupo de pacientes com DPOC, foi

possível observar correlação da idade com a Área do COP, Velocidade AP e

ML (r=0,47, r=0,60 e r=0,40, respectivamente; P<0,03 para todas), porém não

houve correlação dessas últimas variáveis com a altura, peso, IMC, VEF1,

TC6min ou FMP (-0,06<r<0,28; P>0,05 para todas). Já o TUG correlacionou-se

com a altura, IMC e TC6min (m) (r=-0,43, r=0,38 e r=-0,49, respectivamente;

P<0,04 para todas), não apresentando relação com as demais variáveis (-

0,07<r<0,22; P>0,05 para todas).

45

3. DISCUSSÃO

O presente estudo mostrou que o equilíbrio estático e dinâmico em

pacientes portadores de DPOC é mais comprometido que em indivíduos

saudáveis com características semelhantes. Além disso, os homens com

DPOC mostraram pior equilíbrio estático quando comparados às mulheres

portadoras da mesma doença. Já o equilíbrio estático das mulheres com DPOC

mostrou-se semelhante ao das idosas saudáveis. Contudo, não foi possível

observar, no presente estudo, diferenças no equilíbrio entre os grupos com

diferentes níveis de gravidade da doença, classificados segundo o GOLD ou

BODE.

O interesse pela investigação do equilíbrio em portadores de DPOC tem

ganhado destaque apenas recentemente. Os estudos que compararam o

equilíbrio entre indivíduos com e sem a doença, apontam que indivíduos

portadores de DPOC apresentam um equilíbrio mais comprometido quando

comparados a indivíduos saudáveis4;5;21-24. Analisando os demais estudos

disponíveis, foi possível observar que Smith et al.5, por exemplo, utilizando a

plataforma de força, atualmente considerada o “padrão-ouro” para avaliação do

equilíbrio estático, identificaram pior equilíbrio em um grupo de portadores de

DPOC. Por outro lado, Butcher et al.4 e Roig et al.24 utilizaram outros métodos

de posturografia para a avaliação do equilíbrio em portadores de DPOC.

Butcher e colaboradores4 avaliaram os pacientes por meio do Balance System

(Chattecx Corp., Hixson, Tenn), onde placas com sensores de equilíbrio eram

posicionadas nos pés dos participantes, medindo o deslocamento postural do

indivíduo (em centímetros). Já o método utilizado por Roig e colaboradores24 foi

o Sensory Organization Test (SOT), que consiste em um instrumento que

permite avaliar a oscilação postural por meio da intensidade e da coordenação

da resposta motora aos estímulos visuais, vestibulares e somatossensoriais

recebidos na postura ortostática. Tais sistemas são mais acessíveis

financeiramente e uma forma prática de se obter o deslocamento postural,

contudo, não são tão acurados e precisos quanto a plataforma de força25. Já

Beauchamp et al.21 avaliaram o equilíbrio de pacientes com DPOC por meio do

sistema “lean-and-release”, que consiste em provocar perturbações posturais

46

externas, observando as estratégias compensatórias de controle postural do

indivíduo. Os mesmos autores utilizaram também, assim como Ozalevli et al.23,

a escala de equilíbrio de Berg, encontrando um pior equilíbrio em pacientes

portadores de DPOC quando comparados a indivíduos saudáveis14;16. Nota-se

nos estudos citados, portanto, a presença de um maior comprometimento do

equilíbrio nos portadores de DPOC.

Vale ressaltar, ainda, que o presente estudo foi o primeiro a utilizar, na

mesma amostra, duas abordagens de avaliação do equilíbrio, fazendo o uso do

“padrão ouro” para avaliação do equilíbrio estático (plataforma de força), bem

como um teste internacionalmente reconhecido para a avaliação do equilíbrio

dinâmico (TUG), o que traz uma maior confiabilidade aos resultados. A

avaliação do equilíbrio de forma estática e dinâmica faz-se importante para que

se possa identificar especificamente onde está o comprometimento, se nas

atividades de ortostatismo para a manutenção da postura contra a força da

gravidade (estático), ou se na manutenção postural durante atividades

funcionais (dinâmico). A identificação do sistema de equilíbrio comprometido é

importante pois pode direcionar o tratamento do mesmo, tornando-o mais

específico e eficaz.

No que diz respeito ao equilíbrio estático, alterações no controle dos

músculos do tronco e redução dos movimentos do tronco estão associados a

um aumento no deslocamento do centro de pressão em outras populações

estudadas previamente26. Além disso, estudos já evidenciaram a relação das

medidas de oscilação postural com o risco de quedas27. No presente estudo, foi

possível observar diferença no equilíbrio estático entre os grupos somente na

variável Área do COP. Já Smith, et al5 encontraram diferenças significativas

nas variáveis de velocidade de deslocamento do COP no sentido ML e na Raíz

Quadrada Média do deslocamento do COP no sentido ML. Provavelmente, isso

não ocorreu no presente estudo uma vez que os pacientes com DPOC

apresentaram força muscular periférica relativamente preservada (76% do valor

previsto), o que pode ter contribuído para a realização de adequadas

estratégias de equilíbrio específicas no sentido AP e ML.

Com relação ao equilíbrio dinâmico, avaliado por meio do teste TUG,

observou-se diferença significativa entre os dois grupos, dado semelhante ao

encontrado por Butcher et al.4. O TUG é o mais simples, mais curto e

47

provavelmente o mais confiável dos testes clínicos de equilíbrio, pois utiliza o

tempo marcado no cronômetro como variável principal, ao contrário de escalas

de classificação25. É um teste com boa aplicabilidade clínica, boa validade e

confiabilidade13;14. Além disso, foi considerado preditor de quedas em idosos13

e tem sido amplamente utilizado como método de avaliação do equilíbrio na

literatura28. Já Beauchamp et al.21, Eisner et al.15 e Ozalevli et al.23 utilizaram

instrumentos diferentes para a avaliação do equilíbrio dinâmico, como o

Balance Evaluation System Test (BESTest), a escala de Berg e o teste

funcional de alcançar. Apesar desses estudos terem encontrado resultados

semelhantes aos nossos na comparação do equilíbrio dinâmico de indivíduos

com e sem DPOC, os instrumentos utilizados por eles apresentam algumas

limitações. O BESTest, por exemplo, leva um tempo maior para ser realizado

(30 minutos), a escala de Berg apresenta baixa sensibilidade para detecção de

quedas, e o teste funcional de alcance avalia apenas uma única tarefa25.

No presente estudo foi observado também que homens portadores de

DPOC apresentaram um pior equilíbrio quando comparados às mulheres com a

mesma doença. Até o momento nenhum estudo havia realizado a comparação

entre gêneros em indivíduos com DPOC. O fato dos homens com DPOC terem

apresentado pior equilíbrio pode ser justificado devido às mulheres estarem

mais envolvidas em atividades que exigem maior equilíbrio, como, por

exemplo, as atividades domésticas. Além disso, justifica-se homens e mulheres

com DPOC apresentarem pior equilíbrio que os respectivos gêneros saudáveis,

devido ao maior comprometimento de indivíduos com DPOC em relação a

capacidade de exercício29 e estado funcional, por exemplo, o que os leva a

realizar menos atividades que exijam equilíbrio em comparação aos pares

saudáveis.

A respeito das comparações do equilíbrio relacionadas à gravidade da

doença (de acordo com o GOLD e o BODE), foi possível observar que não

houve diferenças entre os pacientes com doença mais grave quando

comparados aos pacientes com doença menos grave, tanto no equilíbrio

estático, quanto no dinâmico. Contudo, o número de indivíduos em cada

subgrupo do GOLD e BODE pode ter influenciado esses resultados. Assim,

estudos com maiores amostras e distribuição mais equitativa entre os

diferentes níveis de gravidade da doença são necessários para a confirmação

48

desses resultados. De acordo com o conhecimento dos autores, o presente

estudo foi o primeiro a investigar o equilíbrio nos diferentes níveis de gravidade

da DPOC. Butcher et al.4 observaram que pacientes com DPOC que faziam

uso de O2 suplementar apresentavam pior função pulmonar e equilíbrio quando

comparados a pacientes que não faziam uso de O2, evidenciando uma possível

relação entre função pulmonar e equilíbrio.

Os mecanismos envolvidos nas alterações de equilíbrio no idoso já

estão bem estabelecidos na literatura3;30;31. Já os fatores responsáveis pelo pior

equilíbrio em pacientes portadores de DPOC estão menos claros, mas pode-se

citar o nível atividade física, FMP e idade21. Beauchamp e colaboradores21

puderam identificar associação positiva entre o equilíbrio e a atividade física

autorrelatada e a FMP, sendo que a idade, a atividade física autorrelatada e a

FMP explicaram 35% da variação nos dados do equilíbrio. O presente estudo

encontrou, também, associação entre idade e variáveis do equilíbrio estático

(Área do COP, Velocidade AP e ML). Outras variáveis que mostraram

associação com o equilíbrio nesses pacientes foram a função pulmonar e a

capacidade de exercício4. Butcher e colaboradores4 mostraram correlação

positiva do VEF1 e da distância percorrida no TC6min com o TUG. O mesmo

pôde ser observado no presente estudo, em que o TUG apresentou associação

com o TC6min, além da altura e IMC. Outros fatores que também estão

associados são a sensação de dispneia5;23, o uso de oxigênio suplementar23 e

a saturação periférica de oxigênio23, ou seja, fatores que estão diretamente

relacionados com uma pior função pulmonar.

Apesar dos esforços, o presente estudo apresenta algumas limitações.

Tanto os indivíduos saudáveis quanto os pacientes com DPOC apresentaram

algumas comorbidades, o que poderia contribuir para alterações no equilíbrio.

Contudo, acredita-se que isso não comprometeu os resultados uma vez que os

dois grupos apresentaram proporções similares de comorbidades. A ausência

de pacientes com DPOC com classificação GOLD I também pode ser

considerada uma limitação, pois não foi possível avaliar as questões

relacionadas ao equilíbrio nesse grupo de pacientes. Todavia, o acesso a

pacientes GOLD I é difícil, pois geralmente tais pacientes são assintomáticos e

dificilmente procuram assistência médica. Além disso, a ausência de avaliação

de FMP nos indivíduos saudáveis impossibilitou a comparação com o grupo

49

DPOC. Por fim, o tamanho da amostra, principalmente a de pacientes com

DPOC, pode ter prejudicado algumas análises. Uma amostra maior

possibilitaria a comparação mais adequada entre os diferentes níveis de

gravidade da doença.

Visto a importância da avaliação do equilíbrio em pacientes com DPOC,

nota-se a relevância do presente estudo, que abordou nessa população tanto o

equilíbrio estático quanto o dinâmico, fazendo uso de ferramentas precisas

para a avaliação desses desfechos. O presente estudo pode contribuir para o

direcionamento terapêutico na abordagem com esses pacientes, sendo

interessante investigar os efeitos de programas de reabilitação pulmonar sobre

o equilíbrio, seja os convencionais ou programas com inclusão de

componentes específicos para o treino de equilíbrio nesses pacientes.

4. CONCLUSÃO

Em suma, pacientes portadores de DPOC apresentam pior equilíbrio

estático e dinâmico quando comparados a indivíduos saudáveis com

características semelhantes. Além disso, o equilíbrio de homens com DPOC é

pior que o das mulheres com essa doença. Os diferentes níveis de gravidade

da doença parecem não causar diferenças sobre o equilíbrio, porém novos

estudos são necessários para comprovar esses achados.

50

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53

Tabela 1. Características gerais dos indivíduos estudados.

DPOC Saudáveis P

Gênero (H/M) 27(14/13) 25(13/12) 0,99

Idade (anos) 62[59-72] 67[65-69] 0,20

Peso (kg) 66[58-72] 70[66-76] 0,20

Altura (m) 1,62[1,57-1,68] 1,64[1,55-1,66] 0,78

IMC (kg·m-2) 26[21-29] 27[26-29] 0,14

Nº. comorbidades associadas

2[1-2] 2[2-3] 0,11

VEF1·CVF-1 (%) 55[48-61] 85[77-87] <0,0001

VEF1 (% prev) 42[33-51] 88[79-100] <0,0001

TC6min (m) 496[460-549] 572[526-633] <0,0001

TC6min (% prev) 82[76-90] 98[94-102] <0,0001

PFQ (N·m) 73[63-121] - -

PFQ (% prev) 74[67-86] - -

Dados expressos em frequência absoluta ou mediana [intervalo interquartílico]. DPOC: Doença Pulmonar

Obstrutiva Crônica; H: homens; M: mulheres; IMC: Índice de Massa Corpórea; VEF1: volume expiratório

forçado no primeiro segundo; CVF: capacidade vital forçada; TC6min: Teste de Caminhada de 6 minutos;

PFQ: Pico de força do quadríceps; m: metros; % prev: porcentagem do previsto; N·m: Newton metros.

54

Tabela 2. Características gerais e de equilíbrio dos pacientes com DPOC

segundo a classificação do GOLD.

GOLD II GOLD III-IV P

Gênero (H/M) 3/5 11/8 0,58

Idade (anos) 63[59-71] 62[59-72] 0,97

IMC (kg·m-2) 28[21-31] 25[22-28] 0,09

VEF1·CVF-1 (%) 61[52-69] 52[46-59] 0,04

VEF1 (% previsto) 56[53-60] 38[32-43] <0,0001

TC6min (m) 525[467-563] 495[460-532] 0,27

TC6min (% prev) 82[79-97] 85[76-90] 0,85

PFQ (N·m) 78[62-96] 73[63-121] 0,65

PFQ (% prev) 77[62-96] 73[67-83] 0,65

Área do COP (cm2) 11,8[8,8-13,7] 13,9[8,7-19,1] 0,35

Velocidade AP (cm·s-1) 3,6[2,8-3,9] 3,7[2,9-5,4] 0,32

Velocidade ML (cm·s-1) 3,8[3,3-4] 3,8[3,1-4,6] 0,99

TUG (s) 10[9-13] 10[9-11] 0,16

Dados expressos em frequência absoluta ou mediana [intervalo interquartílico]. DPOC: Doença Pulmonar

Obstrutiva Crônica; M: mulheres; H: homens; IMC: Índice de Massa Corpórea; VEF1·CVF-1

: relação entre

o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital forçada; VEF1: volume expiratório

forçado no primeiro segundo; TC6min: Teste da caminhada de 6 minutos; m: metros; % prev:

Porcentagem do previsto; PFQ: Pico de força do quadríceps; N·m: Newton metros; Área do COP: área de

elipse de confiança de 95% do centro de pressão; Velocidade AP: velocidade média de oscilação do

centro de pressão na direção ântero-posterior; Velocidade ML: velocidade média de oscilação do centro

de pressão na direção médio-lateral; TUG: Timed Up & Go.

55

Tabela 3. Características gerais e de equilíbrio dos pacientes com DPOC

segundo a classificação pelo índice BODE.

Quartis I-II Quartis III-IV P

Gênero (H/M) 11/9 3/4 0,58

Idade (anos) 63[59-71] 62[60-76] 0,38

IMC (kg·m-2) 26[21-29] 26[19-30] 0,89

VEF1 (% previsto) 46[36-55] 33[26-40] 0,005

MRC (pontos) 2[2-4] 4[4-4] 0,001

TC6min (m) 496[460-548] 500[405-551] 0,89

TC6min (% prev) 82[78-91] 88[69-90] 0,76

PFQ (N·m) 85[67-127] 63[45-66] 0,005

PFQ (% prev) 80[61-87] 69[68-74] 0,26

Área do COP (cm2) 12,2[8,8-19] 13,6[8,8-14,3] 0,76

Velocidade AP (cm·s-1) 3,6[2,8-5,4] 3,7[3,4-4,9] 0,69

Velocidade ML (cm·s-1) 3,8[2,9-4,6] 3,7[3,3-4] 0,85

TUG (s) 10[9-11] 11[9-12] 0,57

Dados expressos em frequência absoluta ou mediana [intervalo interquartílico]. MRC: Medical Research

Council. Para o significado das demais abreviações, ver Tabela 2.

56

Figura 1. Comparação do equilíbrio estático e dinâmico entre pacientes com

DPOC e indivíduos saudáveis.

Dados apresentados em mediana [intervalo interquartílico]. DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica;

A: equilíbrio estático; Área do COP: área de elipse de confiança de 95% do centro de pressão; B:

equilíbrio dinâmico; TUG: Timed Up & Go.

DPOC Saudáveis

8

10

12

14

16P<0,0001

B

Tem

po

TU

G (

s)

DPOC Saudáveis4

8

12

16

20

24

28P=0,03

rea d

o C

OP

(cm

2)

57

Figura 2. Comparação do equilíbrio estático entre homens e mulheres com

DPOC.

Dados apresentados em mediana [intervalo interquartílico]; A: Área do COP (área de elipse de confiança

de 95% do centro de pressão); B: Velocidade AP (velocidade média de oscilação do centro de pressão na

direção ântero-posterior); C: Velocidade ML (velocidade média de oscilação do centro de pressão na

direção médio-lateral).

Homens Mulheres

2

3

4

5

6

7

P=0,001

B

Velo

cid

ad

e A

P (

cm

.s-1

)

Homens Mulheres

2

3

4

5

6

7

P=0,02

C

Velo

cid

ad

e M

L (

cm

.s-1

)

Homens Mulheres0

10

20

30

P=0,01

A

Áre

a d

o C

OP

(cm

2)

58

CONCLUSÃO GERAL

Em suma, pacientes portadores de DPOC apresentam pior

equilíbrio estático e dinâmico quando comparados a indivíduos saudáveis com

características semelhantes. Além disso, o equilíbrio de homens com DPOC é

pior que o das mulheres com essa doença. Os diferentes níveis de gravidade

da doença parecem não causar diferenças sobre o equilíbrio, porém novos

estudos são necessários para comprovar esses achados. Além disso, também

é importante investigar os efeitos de programas de reabilitação pulmonar sobre

o equilíbrio, seja nos convencionais ou em programas com inclusão de

componentes específicos para o treino de equilíbrio nesses pacientes.

59

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66

APÊNDICES

67

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

INFORMAÇÕES SOBRE O ESTUDO

Título do estudo: Efeitos de dois protocolos de treinamento na atividade de vida

diária e equilíbrio em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

Pesquisador responsável: Profa. Dra. Vanessa Suziane Probst

Prezados(as) Senhores(as):

Sabe-se que programas de treinamento com exercícios melhoram a

capacidade de exercício, força muscular, sintomas e qualidade de vida em pacientes

com DPOC. No entanto, pouco se sabe sobre os efeitos desses programas no que diz

respeito ao equilíbrio. Além disso, ainda não se sabe se o treino de endurance e força,

preconizado como melhor opção de treinamento atualmente, é, de fato, superior a

outras modalidades de exercício, como por exemplo, exercícios na água.

Objetivo: comparar os efeitos de dois programas de 3 meses de treinamento físico em

pacientes com DPOC: um realizado na água (hidrocinesioterapia) e outro no solo

(programa tradicional). O trabalho será realizado na Universidade Norte do Paraná

(Unopar) em Londrina e incluirá 40 pacientes.

Procedimentos: Todos os indivíduos incluídos serão submetidos a uma avaliação

inicial (pré-tratamento) e outra após 3 meses de intervenção, composta pelos

seguintes testes: avaliação antropométrica (medidas de peso e altura); espirometria

(teste simples e não-invasivo que avalia a função pulmonar); Manovacuometria (teste

simples e não-invasivo que avalia a força muscular respiratória); Teste de 1RM e

Dinamometria (testes simples e não-invasivos que avaliam a força muscular

periférica); Teste de Caminhada de 6 minutos e Teste de caminhada de Shuttle (testes

para avaliação da tolerância ao exercício); Aplicação de questionários que avaliam a

Atividade de Vida Diária (atividades do dia-a-dia); Bioimpedância (testes simples e

não-invasivo que analisa a composição corporal); Plataforma de força (teste simples e

não-invasivo que avalia o equilíbrio).

Custos: A pesquisa é gratuita e, portanto, não envolve qualquer custo por parte dos

indivíduos. Não haverá qualquer gratificação financeira pela participação.

68

Riscos: Nenhum dos procedimentos a serem utilizados constitui risco direto para a

integridade física ou moral dos participantes. Além disso, os participantes poderão

abandonar o procedimento a qualquer momento que acharem conveniente, sem

qualquer prejuízo para si ou qualquer outra pessoa.

Benefícios: é sabido que o treino com exercício resulta em melhora da falta de ar,

capacidade de exercício, força muscular e qualidade de vida em pacientes com

DPOC. Dessa forma, é esperado que as duas modalidades de treinamento que serão

realizadas nesse estudo levem a resultados benéficos aos pacientes. O que

esperamos responder com o estudo é se a melhora observada após treinamento de

uma das modalidades é superior a outra.

Sigilo: A identidade dos participantes será sempre preservada, embora os resultados

da pesquisa possam ser divulgados em publicações e eventos científicos.

Agradecemos à valiosa colaboração e colocamo-nos à disposição nos

telefones (43) 3371-7990 ou 3371-7816 para qualquer esclarecimento que se fizer

necessário.

Atenciosamente,

Profa. Vanessa Suziane Probst Coordenadora do Projeto

69

APÊNDICE B - Ficha de avaliação da espirometria

Espirometria

Nome:

___________________________________________________________

ID: ______

Data: ___ / ___ / ___ Avaliador: _______________________

Idade: ________ Peso: ________ Altura: ________

ESPIROMETRIA

1. Pré-Bd

1.1. Capacidade vital lenta (CVL)

Parâmetro Medido Predito (Pereira, 2007)

%Predito

CVL (L)

VRE (L)

VE (L/m)

Rf (1/m)

Vt (L)

Vt/Ti (L/s)

Ti/Ttot

1.2. Capacidade vital forçada (CVF)

Parâmetro Medido Predito (Pereira, 2007)

%Predito

BEST FVC (L)

BEST FEV1 (L)

BEST PEF (L/s)

FVC (L)

FEV1 (L)

PEF (L/s)

MEF75% (L/s)

MEF50% (L/s)

MEF25% (L/s)

FEF25-75% (L/s)

FET 100% (s)

VEXT (ml)

FEV1/FVC (%)

FEV1/VC (%)

Lung Age (yrs)

1.3. Ventilação voluntária máxima (VVM)

Parâmetro Medido Predito (Pereira, 2007)

%Predito

MVV (L/M)

MRf (1/M)

70

MVt (L)

MVVt (s)

Laudo: ____________________________________________________

2. Pós-Bd

2.1. Capacidade vital lenta (CVL)

Parâmetro Medido Predito (Pereira, 2007)

%Predito

CVL (L)

VRE (L)

VE (L/m)

Rf (1/m)

Vt (L)

Vt/Ti (L/s)

Ti/Ttot

2.2. Capacidade vital forçada (CVF)

Parâmetro Medido Predito (Pereira, 2007)

%Predito

BEST FVC (L)

BEST FEV1 (L)

BEST PEF (L/s)

FVC (L)

FEV1 (L)

PEF (L/s)

MEF75% (L/s)

MEF50% (L/s)

MEF25% (L/s)

FEF25-75% (L/s)

FET 100% (s)

VEXT (ml)

FEV1/FVC (%)

FEV1/VC (%)

Lung Age (yrs)

2.3. Ventilação voluntária máxima (VVM)

Parâmetro Medido Predito (Pereira, 2007)

%Predito

MVV (L/M)

MRf (1/M)

MVt (L)

MVVt (s)

GOLD: __________________

71

APÊNDICE C - Ficha de avaliação da plataforma de força

Plataforma de força

Nome:

___________________________________________________________

ID: ______

Data: ___ / ___ / ___ Avaliador: _______________________

Idade: ________ Peso: ________ Altura: ________

Sinais vitais

PA FC SpO2 Borg D Borg F

Pré-teste

Pós-teste

Apoio unipodal – membro de preferência (UNIP) - Membro de escolha:

- Duração: 30” / Repouso: 30” sentado / Tentativas: 3

Teste 1 Teste 2 Teste 3

Observações:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

72

APÊNDICE D - Ficha de avaliação do teste Timed Up and Go

Timed Up and Go (TUG)

Nome:

___________________________________________________________

ID: ______

Data: ___ / ___ / ___ Avaliador: _______________________

Idade: ________ Peso: ________ Altura: ________

Materiais: Cadeira com braços e encosto; percurso de 3m marcado no solo;

cronômetro.

*O primeiro teste é para familiarização do paciente ao teste. Anote os valores

dos 2 testes, mas só será válido o valor do 2°; Dê um intervalo de 2 min entre o

1º e 2º teste.

1. Comece o teste com o paciente sentado na cadeira com as costas

apoiadas e os braços repousando sobre os braços da cadeira;

2. Instruções: “Quando eu disser a palavra ‘VAI’, o senhor(a) vai se

levantar da cadeira, caminhar o percurso demarcado no chão em um

ritmo confortável (sem correr), contornar a marcação no fim do percurso,

retornar e sentar-se na cadeira encostado novamente.”

3. Inicie o cronômetro na palavra “VAI” e pare quando o indivíduo estiver

sentado e encostado corretamente na cadeira.

Sinais vitais

PA FC SpO2 Borg D Borg F

Pré-teste

Pós-teste 1

X

Pós-teste 2

Tempo do teste 1:______ segundos

Tempo do teste 2:_________ segundos

Observações:

_______________________________________________________________

73

APÊNDICE E - Ficha de avaliação do Teste de Caminha de seis minutos

Teste da Caminhada de Seis Minutos (TC6min)

Nome:

___________________________________________________________

ID: ______

Data: ___ / ___ / ___ Avaliador: _______________________

Frases de incentivo:

- 1º min: Você está indo bem. Ainda restam 5 minutos.

- 2º min: Mantenha um bom trabalho. Ainda restam 4 minutos.

- 3º min: Você está indo muito bem. Já foi metade do teste.

- 4º min: Mantenha um bom trabalho. Faltam apenas 2 minutos.

- 5º min: Você está indo muito bem. Falta apenas 1 minuto para

terminar o teste.

- 6º min: Pare!

1º Teste Hora: ___________ Oxigênio: ___ l/min Obs.:____________________________

Antes Depois Recup.

SaO2

FC

Borg D

Borg F

30 420

60 450

90 480

120 510

150 540

180 570

210 600

240 630

270 660

300 690

330 720

360 750

390 780

Distância:

2º Teste Hora: ___________ Oxigênio: ___ l/min Obs.:____________________________

Antes Depois Recup.

SaO2

FC

Borg D

Borg F

30 420

60 450

90 480

120 510

150 540

180 570

210 600

240 630

270 660

300 690

330 720

360 750

390 780

Distância:

74

APÊNDICE F - Ficha de avaliação da Dinamometria e Teste de 1RM

Dinamometria e Teste de 1RM

Nome:

___________________________________________________________

ID: ______

Data: ___ / ___ / ___ Avaliador: _______________________

Dominância de membros

MMSS Destro ( ) MMII Destro ( )

Canhoto ( ) Canhoto ( )

Teste de 1RM

Quadríceps femoral: ______

Bíceps braquial: ______

Tríceps braquial: ______

Dinamometria

Altura do banco (orifício em que está o pino): 1º ( ) 2º ( ) 3º ( ) 4º

( ) 5º ( )

Argola da corrente em que está o prendedor: __________________

Apoio do joelho: Superior ( ) Médio ( ) Inferior ( )

Apoio da perna: Superior ( ) Inferior ( )

MID 1ª: ______ 2ª: ______ 3ª: ______ 4ª: ______ 5ª: _____

6ª: ______ 7ª: ______ 8ª: ______ 9ª: ______ 10ª:______

Maior valor: ______

MIE 1ª: ______ 2ª: ______ 3ª: ______ 4ª: ______ 5ª:______

6ª: ______ 7ª: ______ 8ª: ______ 9ª: ______ 10ª:______

Maior valor: ______

OBSERVAÇÕES:

______________________________________________________________

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ANEXOS

76

ANEXO A - Pareceres do Comitê de Ética em Pesquisa

77

78

ANEXO B - Normas de formatação do periódico Revista Brasileira de

Fisioterapia Brazilian Journal of Physical Therapy (RBF/BJPT) http://www.scielo.br/revistas/rbfis/pinstruc.htm

ISSN 1413-3555 versão impressa

ISSN 1809-9246 versão online

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

Forma e apresentação do manuscrito

Submissão eletrônica

Processo de revisão

Áreas do conhecimento

Escopo e política

A Revista Brasileira de Fisioterapia/Brazilian Journal of Physical Therapy (RBF/BJPT) publica artigos originais de pesquisa cujo objeto básico de estudo refere-se ao campo de atuação profissional da Fisioterapia e Reabilitação, veiculando estudos clínicos, básicos ou aplicados sobre avaliação, prevenção e tratamento das disfunções de movimento.

O conselho editorial da RBF/BJPT se compromete a publicar investigação científica de excelência, de diferentes áreas do conhecimento.

A RBF/BJPT publica os seguintes tipos de estudo, cujo conteúdo deve manter vinculação

direta com o escopo e com as áreas descritas pela revista:

a) Estudos experimentais: estudos que investigam efeito(s) de uma ou mais intervenções em desfechos diretamente vinculados ao escopo e áreas da RBF/BJPT. Estudos experimentais incluem estudos do tipo experimental de caso único, quasi-experimental e ensaio clínico. A Organização Mundial de Saúde define ensaio clínico como “qualquer estudo que aloca prospectivamente participantes ou grupos de seres humanos em uma ou mais intervenções relacionadas à saúde para avaliar efeito(s) em desfecho(s) em saúde". Sendo assim, qualquer estudo que tem como objetivo analisar o efeito de uma determinada intervenção é considerado como ensaio clínico. Ensaios clínicos incluem estudos de caso único, séries de casos (único grupo, sem um grupo controle de comparação), ensaios controlados não aleatorizados e ensaios controlados aleatorizados. Estudos do tipo ensaio controlado aleatorizado devem seguir as recomendações do CONSORT (Consolidated Standards of Reporting Trials), que estão disponíveis em: http://www.consort-

statement.org/consort-statement/overview0/.

Neste site, o autor deve acessar o CONSORT 2010 checklist, o qual deve ser preenchido e encaminhado juntamente com o manuscrito. Todo manuscrito ainda deverá conter o CONSORT Statement 2010 Flow Diagram. A partir de 2014, todo processo de submissão de

estudos experimentais deverá atender a essa recomendação.

b) Estudos observacionais: estudos que investigam relação(ões) entre variáveis de interesse relacionadas ao escopo e áreas da RBF/BJPT, sem manipulação direta (ex: intervenção). Estudos observacionais incluem estudos transversais, de coorte e caso-controle.

c) Estudos qualitativos: estudos cujo foco refere-se à compreensão das necessidades, motivações e comportamentos humanos. O objeto de um estudo qualitativo é pautado pela análise aprofundada de uma unidade ou temática, que incluem opiniões, atitudes, motivações e padrões de comportamento sem quantificação. Estudos qualitativos incluem

79

pesquisa documental e estudo etnográfico.

d) Estudos de revisão de literatura: estudos que realizam análise e/ou síntese da literatura de tema relacionado ao escopo e áreas da RBF/BJPT. Estudos de revisão narrativa crítica ou passiva só serão considerados quando solicitados a convite dos editores. Manuscritos de revisão sistemática que incluem metanálise terão prioridades em relação aos demais estudos de revisão sistemática. Aqueles que apresentam quantidade insuficiente de artigos selecionados e/ou artigos de baixa qualidade e que não apresentam conclusão assertiva e válida sobre o tema não serão considerados para a análise de revisão por pares.

e) Estudos metodológicos: estudos centrados no desenvolvimento e/ou avaliação das propriedades psicométricas e características clinimétricas de instrumentos de avaliação. Incluem também estudos que objetivam a tradução e/ou adaptação transcultural de

questionários estrangeiros para o português do Brasil.

No endereço http://www.equator-network.org/resource-centre/library-of-health-research-reporting, pode ser encontrada a lista completa dos guidelines disponíveis para cada tipo de estudo, por exemplo, o STROBE (STrengthening the Reporting of OBservational studies in Epidemiology) para estudos observacionais, o COREQ (Consolidated Criteria For Reporting Qualitative Research) para estudos qualitativos, o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para revisões sistemáticas e metanálises e o GRRAS (Guidelines for Reporting Reliability and Agreement Studies) para estudos de confiabilidade. Sugerimos que os autores verifiquem esses guidelines e atendam ao checklist correspondente antes de submeterem seus manuscritos.

Estudos que relatam resultados eletromiográficos devem seguir o Standards for Reporting EMG Data, recomendados pela ISEK - International Society of Electrophysiology and

Kinesiology (http://www.isek-online.org/standards_emg.html).

Aspectos éticos e legais

A submissão do manuscrito à RBF/BJPT implica que o trabalho na íntegra ou parte(s) dele não tenha sido publicado em outra fonte ou veículo de comunicação e que não esteja sob consideração para publicação em outro periódico.

O uso de iniciais, nomes ou números de registros hospitalares dos pacientes deve ser evitado. Um paciente não poderá ser identificado por fotografias, exceto com consentimento expresso, por escrito, acompanhando o trabalho original no momento da submissão.

Estudos realizados em humanos devem estar de acordo com os padrões éticos e com o devido consentimento livre e esclarecido dos participantes conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (Brasil), que trata do Código de Ética para Pesquisa em Seres Humanos e, para autores fora do Brasil, devem estar de acordo com Comittee on Publication Ethics (COPE).

Para os experimentos em animais, considerar as diretrizes internacionais (por exemplo, a do Committee for Research and Ethical Issues of the International Association for the Study of Pain, publicada em PAIN, 16:109-110, 1983).

Para as pesquisas em humanos e em animais, deve-se incluir, no manuscrito, o número do parecer de aprovação pela Comissão de Ética em Pesquisa. O estudo deve ser devidamente registrado no Conselho Nacional de Saúde do Hospital ou Universidade ou no mais próximo de sua região.

Reserva-se à RBF/BJPT o direito de não publicar trabalhos que não obedeçam às normas

legais e éticas para pesquisas em seres humanos e para os experimentos em animais.

80

Para os ensaios clínicos, serão aceitos qualquer registro que satisfaça o Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, ex. http://clinicaltrials.gov/e/ou http://www.actr.org.au. No Brasil, os autores podem acessar o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos-REBEC no endereço http://www.ensaiosclinicos.gov.br/. A lista completa de todos os registros de ensaios clínicos pode ser encontrada no seguinte endereço: http://www.who.int/ictrp/network/primary/en/index.html.

A partir de 01/01/2014 a RBF/BJPT adotará efetivamente a política sugerida pela Sociedade Internacional de Editores de Revistas em Fisioterapia e exigirá na submissão do manuscrito o registro prospectivo, ou seja, ensaios clínicos que iniciaram recrutamento a partir dessa data deverão registrar o estudo ANTES do recrutamento do primeiro paciente. Para os estudos que iniciaram recrutamento até 31/12/2013 a RBF/BJPT aceitará o seu registro ainda que de forma retrospectiva.

Critérios de autoria

A RBF/BJPT recebe, para submissão, manuscritos com até seis (6) autores. A política de autoria da RBF/BJPT pauta-se nas diretrizes para a autoria do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas exigidos para Manuscritos Submetidos a Periódicos Biomédicos (www.icmje.org), as quais afirmam que "a autoria deve ser baseada em 1) contribuições substanciais para a concepção e desenho, ou aquisição de dados, ou análise e interpretação dos dados; 2) redação do artigo ou revisão crítica do conteúdo intelectual e 3) aprovação final da versão a ser publicada.” As condições 1, 2 e 3 deverão ser todas contempladas. Aquisição de financiamento, coleta de dados e/ou análise de dados ou supervisão geral do grupo de pesquisa, por si só, não justificam autoria e deverão ser reconhecidas nos agradecimentos.

Os conceitos contidos nos manuscritos são de responsabilidade exclusiva dos autores. Todo material publicado torna-se propriedade da RBF/BJPT, que passa a reservar os direitos autorais. Portanto, nenhum material publicado na RBF/BJPT poderá ser reproduzido sem a permissão, por escrito, dos editores. Todos os autores de artigos submetidos deverão assinar um termo de transferência de direitos autorais, que entrará em vigor a partir da data de aceite do trabalho.

Forma e apresentação do manuscrito

A RBF/BJPT considera a submissão de manuscritos com até 3.500 palavras (excluindo-se página de título, resumo, referências, tabelas, figuras e legendas). Informações contidas em anexo(s) serão computadas no número de palavras permitidas.

O manuscrito deve ser escrito preferencialmente em inglês. Quando a qualidade da redação em inglês comprometer a análise e avaliação do conteúdo do manuscrito, os autores serão informados.

Recomenda-se que os manuscritos submetidos em inglês venham acompanhados de certificação de revisão por serviço profissional de editing and proofreading. Tal certificação deverá ser anexada à submissão. Sugerimos os seguintes serviços abaixo, não excluindo outros:

- American Journal Experts (http://www.journalexperts.com); - Scribendi (www.scribendi.com); - Nature Publishing Groups Language Editing (https://languageediting.nature.com/login).

Antes do corpo do texto do manuscrito deve-se incluir uma página de título e identificação, palavras-chave e o abstract/resumo. No final do manuscrito inserir as referências, tabelas,

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figuras e anexos.

Título e identificação

O título do manuscrito não deve ultrapassar 25 palavras e deve apresentar o máximo de informações sobre o trabalho. Preferencialmente, os termos utilizados no título não devem constar na lista de palavras-chave.

A página de identificação do manuscrito deve conter os seguintes dados:

Título completo e título resumido com até 45 caracteres, para fins de legenda nas páginas impressas;

Autores: nome e sobrenome de cada autor em letras maiúsculas, sem titulação, seguidos por número sobrescrito (expoente), identificando a afiliação institucional/vínculo (unidade/instituição/cidade/estado/país). Para mais de um autor, separar por vírgula;Autor de correspondência: indicar o nome, endereço completo, e-mail e telefone do autor de correspondência, o qual está autorizado a aprovar as revisões editoriais e complementar demais informações necessárias ao processo;

Palavras-chaves: termos de indexação ou palavras-chave (máximo seis) em português e em inglês.

Abstract/Resumo

Uma exposição concisa, que não exceda 250 palavras em um único parágrafo, em português (Resumo) e em inglês (Abstract), deve ser escrita e colocada logo após a página de título. Referências, notas de rodapé e abreviações não definidas não devem ser usadas no Resumo/Abstract. O Resumo e o Abstract devem ser apresentados em formato estruturado.

Introdução

Deve-se informar sobre o objeto investigado devidamente problematizado, explicitar as relações com outros estudos da área e apresentar justificativa que sustente a necessidade do desenvolvimento do estudo, além de especificar o(s) objetivo(s) do estudo e hipótese(s), caso se aplique.

Método

Descrição clara e detalhada dos participantes do estudo, dos procedimentos de coleta, transformação/redução e análise dos dados de forma a possibilitar reprodutibilidade do estudo. O processo de seleção e alocação dos participantes do estudo deverá estar organizado em fluxograma, contendo o número de participantes em cada etapa, bem como as características principais (ver modelo fluxograma CONSORT).

Quando pertinente ao tipo de estudo deve-se apresentar cálculo que justifique adequadamente o tamanho do grupo amostral utilizado no estudo para investigação do(s) efeito(s). Todas as informações necessárias para estimativa e justificativa do tamanho amostral utilizado no estudo devem constar no texto de forma clara.

Resultados

Devem ser apresentados de forma breve e concisa. Resultados pertinentes devem ser reportados utilizando texto e/ou tabelas e/ou figuras. Não se devem duplicar os dados constantes em tabelas e figuras no texto do manuscrito.

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Discussão

O objetivo da discussão é interpretar os resultados e relacioná-los aos conhecimentos já existentes e disponíveis na literatura, principalmente àqueles que foram indicados na Introdução. Novas descobertas devem ser enfatizadas com a devida cautela. Os dados apresentados nos métodos e/ou nos resultados não devem ser repetidos. Limitações do estudo, implicações e aplicação clínica para as áreas de Fisioterapia e Reabilitação deverão ser explicitadas.

Referências

O número recomendado é de 30 referências, exceto para estudos de revisão da literatura. Deve-se evitar que sejam utilizadas referências que não sejam acessíveis internacionalmente, como teses e monografias, resultados e trabalhos não publicados e comunicação pessoal. As referências devem ser organizadas em sequência numérica de acordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto, seguindo os Requisitos Uniformizados para Manuscritos Submetidos a Jornais Biomédicos, elaborados pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas – ICMJE.

Os títulos de periódicos devem ser escritos de forma abreviada, de acordo com a List of Journals do Index Medicus. As citações das referências devem ser mencionadas no texto em números sobrescritos (expoente), sem datas. A exatidão das informações das referências constantes no manuscrito e sua correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es). Exemplos:http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html.

Tabelas, Figuras e Anexos.

As tabelas e figuras são limitadas a cinco (5) no total. Os anexos serão computados no número de palavras permitidas no manuscrito. Em caso de tabelas, figuras e anexos já publicados, os autores deverão apresentar documento de permissão assinado pelo autor ou editores no momento da submissão.

Para artigos submetidos em língua portuguesa, a(s) versão(ões) em inglês da(s) tabela(s), figura(s) e anexo(s) e suas respectivas legendas deverão ser anexados no sistema como documento suplementar.

-Tabelas: devem incluir apenas os dados imprescindíveis, evitando-se tabelas muito longas (máximo permitido: uma página, tamanho A4, em espaçamento duplo), devem ser numeradas, consecutivamente, com algarismos arábicos e apresentadas no final do texto. Não se recomendam tabelas pequenas que possam ser descritas no texto. Alguns resultados simples são mais bem apresentados em uma frase e não em uma tabela.

-Figuras: devem ser citadas e numeradas, consecutivamente, em arábico, na ordem em que aparecem no texto. Informações constantes nas figuras não devem repetir dados descritos em tabela(s) ou no texto do manuscrito. O título e a(s) legenda(s) devem tornar as tabelas e figuras compreensíveis, sem necessidade de consulta ao texto. Todas as legendas devem ser digitadas em espaço duplo, e todos os símbolos e abreviações devem ser explicados. Letras em caixa-alta (A, B, C, etc.) devem ser usadas para identificar as partes individuais de figuras múltiplas.

Se possível, todos os símbolos devem aparecer nas legendas; entretanto, símbolos para identificação de curvas em um gráfico podem ser incluídos no corpo de uma figura, desde que não dificulte a análise dos dados. As figuras coloridas serão publicadas apenas na versão online. Em relação à arte final, todas as figuras devem estar em alta resolução ou em sua versão original.Figuras de baixa qualidade não serão aceitas e podem resultar em

atrasos no processo de revisão e publicação.

-Agradecimentos: devem incluir declarações de contribuições importantes, especificando sua

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natureza. Os autores são responsáveis pela obtenção da autorização das pessoas/instituições nomeadas nos agradecimentos.